JORNAL DE NEGÓCIOS / Bom Despacho-MG

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DESTAQUE

Bom Despacho (MG), 15 Novembro 2021

Ano XXXII - Nº 1.621 • Fundado em 12/05/1989

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Bom Despacho (MG), 15 Novembro 2021 • GRÁTIS 1 EXEMPLAR

Santa Casa ganha CTI e novo Centro Cirúrgico

Especial Páginas 6, 7 e 8

Página 3

Aos 90 anos, carinhoso lança dois novos discos de músicas e causos

Bertolino declara nulo o contrato da Copasa

Sindicato Rural fará Expobom em julho

Página 5

Página 3

LEIA NA PÁGINA 5

FERNANDO

CABRAL

Estou afastado da Câmara

Carinhoso: uma vida admirável

Página 4

Página 8

ALEXANDRE MAGALHÃES

Comprando em Bom Despacho Página 10

PAULO

HENRIQUE

As chuvas chegaram finalmente Página 11


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É proibida a reprodução total ou parcial, em qualquer meio de comunicação, dos textos e anúncios produzidos pelo Jornal de Negócios - A publicação não autorizada por escrito sujeita o(s) infrator(es) às penalidades legais - Editor: Alexandre Borges Coelho - Tiragem: 6.500 exemplares – Impresso na Sempre Editora / BH – Editoração e Arte: Jornal de Negócios – Opiniões emitidas em artigos assinados não representam a opinião do Jornal, sendo responsabilidade exclusiva do autor – Distribuição livre em Bom Despacho, Araújos e Engenho do Ribeiro e dirigida em Martinho Campos, Moema, Luz, Pompéu, Abaeté e Nova Serrana - Este exemplar é propriedade do Editor, que autoriza a entrega grátis de 1 jornal por pessoa.

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O Instituto Municipal de Previdência dos Servidores Públicos de Bom Despacho, na pessoa de sua Presidente, vem CONVOCAR os servidores públicos efetivos, os aposentados e pensionistas do município para a eleição de seus representantes nos Conselhos Administrativo e Fiscal para o mandato com início em 1/1/2022 e término em 31/12/2023. Cada segmento – servidor ativo e inativo – elegerá um membro efetivo e um suplente em voto direto e secreto para compor o Conselho Administrativo. Para o Conselho Fiscal será eleito um titular e um suplente, podendo ser servidor ativo, inativo ou pensionista. O candidato mais votado será o titular e o segundo colocado será o suplente. A eleição será realizada na sede do BDPREV, na Rua Pedro Simão Vaz, 780 - Jardim dos Anjos, no dia 09 de dezembro de 2021, de 8 horas às 17 horas sem intervalo. O servidor que se interessar em candidatar deverá efetuar sua inscrição na sede do Instituto de 8 as 17 horas até o dia 2 de dezembro de 2021. Bom Despacho, 30 de novembro de 2021. CLARETE APARECIDA TEIXEIRA Presidente do BDPREV Rua Pedro Simão Vaz, 780 – Jardim dos Anjos – Bom Despacho/MG - Fone (37)3521-3840 - bdprev@bomdespacho.mg.gov.br

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DESTAQUE

PM apreende carros por perturbação do sossego no Engenho

A Polícia Militar apreendeu dois veículos na praça central do distrito do Engenho do Ribeiro na noite de domingo, 7/11, por perturbação do sossego. Os militares foram até o local após receberem denúncia pelo 190 informando que ambos os carros estavam com som ligado

em alto volume incomodando os moradores. Os proprietários dos veículos foram presos e levados para a Delegacia de Polícia Civil, enquanto os dois carros foram apreendidos e removidos para o pátio credenciado do Detran (iBom) / Foto 7°BPM/PMMG.

BD: Polícia prende acusados de matar mulher de 17 anos

Bom Despacho (MG), 15 Novembro 2021

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Santa Casa ganha CTI e novo Centro Cirúrgico Prefeitura de Bom Despacho e Santa Casa inauguraram os novos Centro de Terapia Intensiva (CTI) e Centro Cirúrgico do hospital. A solenidade, realizada na manhã de sexta (19), teve apresentação e bênção das instalações, descerramento de placa, pronunciamentos de lideranças e coquetel. A nova área de CTI fica no andar superior do prédio e tem 10 leitos. Segundo o presidente da Santa Casa, Vânio Maia, o CTI será credenciado pelo SUS em janeiro próximo. Já o novo Centro Cirúrgico é composto de 6 salas equipadas com “tecnologia de última geração”, informa a Prefeitura. Ele vai substituir o antigo centro cirúrgico, que será desativado. A construção do CTI começou em setembro/2019. Sua conclusão estava prevista para setembro/2020, mas a obra atrasou devido à pandemia de Covid-19. O presidente Vânio Maia disse ao Jornal de Negócios que foram investidos aproximadamente R$ 6,5 milhões na construção. Origem dos recursos A maior parte dos recursos para a obra veio através do município. Em 2019 e 2020 a Prefeitura repassou R$ 5.127.461,22 para o CTI e o Centro Cirúrgico. Desse total, mais de R$ 3,1 milhões são oriundos de recursos próprios do município, venda de lotes feita pela Prefeitura e dinheiro do Fundo Nacional de Saúde direcionado para atendimento especializado de saúde. Outros quase R$ 2 milhões vieram de emendas parlamentares federais e estaduais repassadas ao município e direcionadas à Santa Casa. O prefeito Bertolino da Costa disse ao Jornal de Negócios que o CTI é uma “importante conquista” para Bom Despacho

Fotos: Santa Casa e Ascom/PMBD

e toda a região. “Com nosso CTI funcionando diminuirá muito a transferência de pacientes graves para BH e outras cidades em busca de tratamento intensivo. A maioria dos casos será resolvida aqui mesmo na Santa Casa. Ganham os moradores de Bom Despacho e de toda a região”. Para o presidente Vânio Maia, o novo CTI será “um divisor de águas”. Segundo ele, “hoje, todos os pacientes que precisam de CTI são estabilizados e transferidos para BH, Divinópolis ou outras cidades. Muitos infelizmente não resistem e morrem no caminho, mas isso vai mudar com o nosso CTI”. CTI Covid O novo CTI da Santa Casa não tem relação com o CTI Covid, que devido à pandemia foi instalado em caráter provisório no espaço onde ficaria a nova maternidade do hospital. Os 20 leitos do CTI Covid, mantidos pelo SUS, só podem atender pacientes contaminados por Covid-19. Sua destinação será definida pelo Ministério da Saúde diante do recuo da pandemia (iBom / Fotos: Santa Casa e Prefeitura BD).

O administrador Henrique (esq), presidente Maia, prefeito Bertolino e vice-prefeita Juliana (dir)

Maia e Bertolino cortam a fita inaugural acompanhados de deputados presentes ao evento

Sargento Clebert (esq) e capitão Marcos (dir) fizeram as prisões Na tarde da quinta-feira (11/ 11), militares do Tático Móvel e da 50ª Companhia da PMMG prenderam dois homens procurados pela Justiça e que estavam com mandados de prisão em aberto. Segundo informações da Polícia Militar, eles são acusados de matar uma adolescente de 17 anos em Bom Despacho no dia 25 de setembro deste ano. Os suspeitos foram localizados a partir de investigação da Polícia Civil (PC), que apontou os locais onde eles poderiam estar se escondendo. “A PC passou as

informações e os militares foram verificar”, disse ao iBOM a tenente Lorena Azevedo, assessora de Comunicação do 7° Batalhão. Durante a batida policial os militares receberam denúncia pelo telefone 190 indicando a localização exata dos procurados. O barracão onde eles estavam, na rua Perdigão, bairro São Vicente, foi cercado pelos militares e ambos os suspeitos foram presos e levados para a Delegacia de Polícia Civil, onde ficaram à disposição da Justiça (iBom) / Foto: 7°BPM/PMMG.

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Sindicato Rural Carinhoso 90 anos: fará Expobom uma vida admirável 2022 em julho Projeto Mais Grãos faz

PÁGINA 8

O Sindicato Rural de Bom Despacho confirmou a realização da Expobom 2022 nos dias 7 a 10 de julho do ano que vem. Essa edição da festa marcará os 50 anos da exposição agropecuária de Bom Despacho. O presidente do Sindicato, Patrick Brauner, disse ao Jornal de Negócios que a Expobom 2022 “manterá o formato de exposição agropecuária e industrial voltada principalmente para negócios, novas tecnologias, fomento e valorização do produtor rural”. Na última

Expobom, em 2019, o volume de negócios efetivados chegou a R$ 10 milhões. Shows Segundo Patrick, a questão de shows ainda está em aberto. “A Prefeitura de Bom Despacho vai apoiar o Sindicato e será correalizadora do evento. Dependendo das negociações e apoios em negociação, poderemos ter um show com artista de renome nacional”, afirmou. Pré-reservas de espaços na Expobom devem ser feitas diretamente no Sindicato Rural pelo telefone 3521.2622.

seminário no Parque de Exposições dia 25/11

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Mulher procura familiares em BD PÁGINA 11


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Bom Despacho (MG), 15 Novembro 2021

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Estou afastado da Câmara. E agora? Antigamente circulava em Bom Despacho a expressão “contou só para os engraxates”. Isto significava que a notícia – geralmente um boato, uma maledicência, uma futrica – havia sido espalhado pela cidade inteira. O que os engraxates tinham a ver com isto, explico mais abaixo. Mas adianto que, hoje em dia, as redes sociais fazem o trabalho que antigamente era feito pelos engraxates da Praça. Aqueles moleques eram rápidos, mas nada se compara à eficiência das redes sociais como máquina de espalhar mexericos, fazer intriga e moer reputações.

FERNANDO

CABRAL

Fernando Cabral é licenciado em Ciências Biológicas, advogado, auditor federal e vereador em Bom Despacho

Somente os mais erados vão se lembrar dos engraxates. Já os mais jovens nunca devem ter ouvido. Afinal, parece que até mesmo a profissão de engraxate acabou. Mas, na pitoresca Bom Despacho de cinquenta, setenta anos atrás, os engraxates eram figuras notáveis. Aos domingos eles chegavam na Praça da Matriz pouco antes de acabar a missa das seis. Carregavam uma caixa de madeira com conteúdo bem conhecido. Dentro dela, duas latas de tinta, duas latas de graxa, duas flanelas, duas escovas e um par de protetor de meias. Assim formavam um conjunto para engraxar sapato preto e outro conjunto para engraxar sapato marrom. Sob as árvores enormes que existiam ali na época, eles iam se instalando, um após outro, ao longo do passeio. Cadeira não precisavam ter. Os fregueses se assentavam nos bancos de cimento que ornavam os passeios. Em cada um, a propaganda do patrocinador: Casa Seleta, Fonte Calçados, A Triunfante. Quando a primeira missa acabava, começava o trabalho. Os fregueses iam se assentando nos bancos e o engraxate começava o seu trabalho. Tinham que trabalhar rápido para atender mais de um freguês. Primeiro, a escova para tirar o pó; depois, a tinta, aplicada em pés alternados. Finalmente a graxa, a escova novamente e a flanela para dar o brilho final. Lá ia mais um freguês com o sapato brilhante. A mágica da comunicação acontecia enquanto o sapato ganhava brilho. O freguês soprava seus fuxicos nos ouvidos do engraxate e de quem mais estivesse perto e o engraxate, em retribuição, passava adiante as

Entenda o caso O fato O TSE me afastou. Entendo que o fez de forma equivocada. Por isto mesmo já entrei com recurso ao STF e segundafeira (22/11) entrarei com outro recurso no próprio TSE. Acredito que o erro será reconhecido e corrigido. O motivo Segundo o TSE, eu estava impedido de ser candidato em 2020. A razão seria outro processo que ainda está em andamento no TRE, em Belo Horizonte. No TRE

fofocas dos outros fregueses que já havia atendido.

nheiro federal que entrada na cidade.

Como os fregueses do domingo vinham de todos os bairros, fazendas e povoados de Bom Despacho, no final do dia todo mundo, em todos os recantos, sabia das fofocas da cidade.

É aí que entra o engraxate bêbedo dos tempos atuais. Segundo áudio que ele divulgou nas redes sociais, quem paga meu salário é a própria prefeitura porque o governo federal desconta o valor no FPM.

Por isto dizer que “só contou para os engraxates” era o mesmo que dizer que contou para todos os moradores de Bom Despacho. Não há mais engraxates na Praça da Matriz. Até a profissão parece quase extinta. No entanto, a ânsia para ouvir novidades – verdadeiras ou falsas – parece fazer parte da personalidade de muita gente. Com a chegada da Internet e das redes sociais, a comunicação que demorava o tempo de uma engraxada no sapato passou a demorar apenas o tempo de apertar de algumas teclas. A partir daí, o alastramento acontece com a velocidade da luz. Isto significa que chegou a hora de atualizar a expressão. Em vez de dizer “contou só para os engraxates”, podemos dizer “só colocou na rede”. Hoje, porém, com um molho mais forte composto por doses elevadas de maledicência, pitadas de injúria e alguns traços de calúnia. Tudo temperado por uma vontade enorme de aumentar e distorcer. Pois bem. Num processo confuso e numa decisão controversa, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) me afastou do exercício da vereança. Isto é fato. É fato também que decisão ainda não é definitiva e que ainda cabem recursos diversos. Alguns, ao próprio TSE; outros, ao STF. Mas, para os novos engraxates de Bom Despacho, os fatos pouco importam. Um exemplo disto circulou hoje (19/11) nas redes sociais. Como os bom-despachenses sabem, eu nunca recebi salário de prefeito ou de vereador. Sempre fui pago como servidor público federal. Isto é vantajoso para Bom Despacho porque a prefeitura economiza. É vantajoso também porque é mais di-

É uma bobagem sem tamanho. Mas vamos por partes. O FPM (Fundo de Participação dos Municípios) é formado por uma parte do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e uma parte do IR (Imposto de Renda). O dinheiro resultante é dividido entre todos os municípios brasileiros conforme a população de cada um. Assim, embora o dinheiro seja arrecadado pelo Governo Federal, ele pertence aos municípios e não pode ser mexido. Já o salário dos servidores públicos federais que ocupam cargos eletivos é pago com dinheiro federal. No meu caso, com dinheiro do orçamento do Tribunal de Contas da União. É isto que determina a lei 8.112/1990, no seu artigo 94. Quem quiser, é só conferir. Mas, é claro, isto não interessa ao engraxate bêbedo dos tempos atuais. O que lhe interessa é fazer circular a mentira para os seus seguidores. Se é que ele tem seguidores.

O processo no TRE se refere a quatro coisas: a) um convênio que a prefeitura assinou com a Associação Bicho Amigo para cuidar dos nossos animais de rua; b) um convênio que a prefeitura assinou com a Cooperativa de Catadores para que cuidassem da coleta seletiva em Bom Despacho; c) um artigo que publiquei neste Jornal de Negócios em defesa das urnas eletrônicas; d) o pagamento de uma gratificação a uma coordenadora de Unidade Básica de Saúde. Relevante dizer que os dois convênios estavam previstos em lei e já vinham de anos anteriores. Portanto, regulares. O artigo em defesa da urna era apenas uma atualização de um texto que publiquei numa revista americana em 1993. A gratificação decorria de uma lei que manda pagar um adicional a todos os servidores que desempenham a função de coordenador de UBS. Tudo isto parece muito surreal, pois nada há aí que contrarie as leis eleitorais. Nada mesmo. A pergunta que se pode fazer é se é permitido roubar e desviar dinheiro público, mas não é permitido cuidar dos animais, reciclar lixo, defender as urnas eletrônicas como conquista da democracia e pagar gratificações determinadas por lei. Mas, o que é mais estranho: o TSE determinou meu afastamento por uma ação cujo julgamento nem terminou ainda em segundo grau. Mas, enfim, estes são os fatos. Não que eles importem, pois os engraxates da era da Internet continuarão divulgando suas futricas e fake news como sempre fizeram. Estou afastado, mas não derrotado ou amedrontado. Agora é continuar trabalhando pelo bem comum e, quem sabe, me preparando para um provável novo encontro com as urnas em 2022 ou 2024. Neste meio tempo, aproveito para agradecer a todo o povo de Bom Despacho pelo apoio que sempre recebi e tenho recebido. Obrigado a todos. A solidariedade me emociona.

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Outro exemplo é ele e outros dizerem que não poderei ser candidato a prefeito a 2024. Outro fuxico dos engraxates, bêbedos ou não. Se a população quiser, a saúde permitir e Deus deixar, poderei ser candidato a prefeito em 2024. Isto, se eu não me candidatar antes a deputado federal ou estadual para defender os interesses de Bom Despacho e de nossa região. Mas, enfim, os engraxates do passado se foram e já estão quase esquecidos. Da mesma forma também passarão e serão esquecidos os engraxates das redes sociais. Ao fim e ao cabo, o que ficam são as obras, as ações e seus resultados. As palavras o vento leva.

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Bom Despacho (MG), 15 Novembro 2021

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Bertolino declara nula a concessão da Copasa O prefeito Bertolino da Costa declarou a nulidade do contrato de concessão da Copasa em Bom Despacho. A medida foi assinada por ele na manhã da quarta-feira (17/11), na companhia do procurador geral do município, Kleverson Mesquita Mello. Bertolino determinou também a realização de processo licitatório para fazer novo contrato de concessão do serviço de água e esgoto na cidade, “com livre concorrência e aberto a todos os interessados”. Para não haver interrupção do serviço, o Prefeito determinou ainda que a Copasa mantenha a prestação do fornecimento de água, coleta e tratamento de esgoto em Bom Despacho “até que novo contrato seja firmado” pelo município por meio de licitação pública (iBom) / Foto: Ascom/PMBD.

Prefeito acatou parecer do Procurador > Copasa foi contratada sem licitação, diz Kleverson Mello O prefeito declarou a nulidade do contrato da Copasa – assinado em 2009 na gestão de Haroldo Queiroz – com base em parecer da Procuradoria Jurídica do município. Segundo a Procuradoria, na época o contrato foi celebrado com dispensa de licitação, contrariando dispositivo expresso da Constituição Federal. No artigo 175 a Constituição estabelece que a prestação de serviços públicos é incumbência do Poder Público e diz que esses serviços devem

ser prestados diretamente ou através de concessionária “sempre através de licitação” – conforme o Jornal de Negócios noticiou com exclusividade em sua edição anterior. O primeiro contrato de Bom Despacho com a Copasa foi assinado em 1972. Ele venceu em 2002 e foi sendo estendido através de aditivos. Em 2009, o então prefeito Haroldo Queiroz assinou novo contrato com a concessionária por mais 30 anos. Mas segundo o

procurador do município, Kleverson Mesquita Mello, o contrato de 2009 descumpriu exigência constitucional. “Não houve licitação ou qualquer procedimento administrativo sequer para falar da dispensa de licitação. É portanto um ato nulo viciado no nascedouro”, afirmou o procurador ao Jornal de Negócios. No parecer jurídico entregue ao prefeito na terça-feira (16/ 11), Kleverson ressalta que o contrato assinado em 2009 não observou “a determinação

contida na Constituição da República, artigo 175, restando ausente a contratação por meio de processo licitatório, com ampla concorrência e incentivo à competitividade”. Diante disso, o procurador afirma que o instrumento é “nulo de pleno direito” e conclui que, “diante do poder da autotutela [do município], [o contrato] deverá ser denunciado com a realização de processo licitatório nos termos da lei”.

Copasa contesta e diz que Concessionária “age com sempre prestou serviços fins de empresa privada”, “de forma adequada” diz Procurador Geral > Se houver extinção, concessionária quer indenização de R$ 35 milhões No processo administrativo em que o Prefeito declarou a nulidade do contrato de concessão, a Copasa alega não haver inconstitucionalidade ante a existência de gestão associada do serviço de água e esgoto através do convênio de cooperação firmado entre Estado e Município, o que, segundo ela, dispensaria a necessidade de procedimento licitatório. Em sua defesa, a que o Jornal de Negócios teve acesso, a Copasa diz ainda ser uma entidade da administração indireta do Estado e que o próprio setor jurídico do município de Bom Despacho concluiu, em 2009, pela “legalidade de todo o procedimento de contratação”. Nessa linha,

apresenta decisões do TJMG (Tribunal de Justiça de Minas Gerais) que embasariam seu entendimento. Ainda segundo a Copasa, os serviços de fornecimento de água, coleta e tratamento de esgoto em Bom Despacho “sempre foram prestados de forma adequada” com “regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas”. Por fim, a concessionária argumenta que possível extinção do convênio de cooperação depende de “auditoria técnica especializada” e de pagamento prévio de indenização pelo município à Copasa no valor de R$ 35.277.931,00 atualizáveis.

> Para Kleverson, serviço da Copasa é tarifado visando lucro Para o procurador geral do município, Kleverson Mesquita Mello, embora exista convênio de cooperação firmado entre Estado e Município, a Copasa não se enquadraria como entidade da administração indireta do Estado de Minas Gerais “para receber o benefício da dispensa de licitação prevista Lei 8.666/ 93”, que regulamenta as licitações no país. “A Copasa é empresa pública de economia mista” que “possui 49,68% do seu capital entregue ao controle da iniciativa privada”, afirma. No seu parecer, a que o Jornal de Negócios teve acesso, o procurador diz ainda que “a prestação de serviços de tratamento de água e esgoto”

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é tarifada pela empresa visando lucro, “ou seja, age de modo e com fins de empresa privada, devendo assim ser considerada, nos termos da Constituição da República, artigo nº 173, § 1º, inciso II” “Por tais razões, a Copasa, sendo empresa de caráter privado, deve se submeter às regras previstas no artigo 175 da Constituição da República, notadamente a participação em processo licitatório com ampla concorrência, concorrência esta que é sempre benéfica ao poder concedente, eis que conduz a um melhor preço e uma qualidade maior na prestação de serviços”, conclui o Procurador (iBom) / Foto: Ascom/PMBD.

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Bom Despacho (MG), 15 Novembro 2021

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Aos 90 anos, carinhoso lança dois novos discos de músicas e causos

Dia 22 de novembro, o bom-despachense Antônio Rafael Soares Filho, o Carinhoso, completa 90 anos de idade. Músico, compositor, cantor, poeta, radialista e comunicador, Carinhoso ainda se mantém na ativa como apresentador de dois programas de rádio que vão ao ar de segunda a sábado pela Nova Veredas FM, de Bom Despacho. A data será marcada com o lançamento de seus dois novos discos (“A Mãe Falou” e “Trem Bão Gostoso”), produzidos por Carinhoso entre março/ 2020 e julho/2021, período no qual ficou afastado do

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rádio por causa da pandemia. Forçado a permanecer isolado em casa, Carinhoso não se aquietou. “Se não posso ir fazer meu programa, vou preparar um material novo pra voltar à rádio e alegrar a vida nesse momento complicado, gravar tudo que tenho vontade”, afirmou. Com apoio do filho Daniel Couto, também músico, e de uma equipe de músicos t r a b a l h a n d o remotamente, Carinhoso gravou sanfona e voz. Daniel cuidou da produção musical e executiva, engenharia de som e gravação dos violões, violas e guitarras.

O resultado são dois novos discos. Cada um traz 19 faixas com músicas instrumentais, canções, causos e declamações. “São uma celebração à vida que gostaria de compartilhar com família, amigos, colegas, fãs e parceiros”, diz Carinhoso. Perguntado pelo Jornal de Negócios sobre o que o inspira a manter-se na ativa e quais seus planos para o futuro, Carinhoso respondeu: “Sou inspirado pelo que Deus me deu, pois tenho saúde, alegria e disposição. Por isso é meu dever, enquanto puder, fazer o melhor que dou conta.”


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Bom Despacho (MG), 15 Novembro 2021

A trajetória do artista que, desde pequeno, já tocava acordeon Carinhoso é filho de Antônio Rafael Soares e Maria José do Nascimento. Nasceu dia 22 de novembro de 1931 na fazenda Pulador, município de Bom Despacho, onde viveu a infância com 12 irmãos. Trabalhou na lida da roça e aprendeu com o pai o ofício de carpinteiro. Ainda criança ganhou uma sanfona e começou a fazer apresentações com o pai e os irmãos, também violeiros e cantadores. Na adolescência formou um trio com os irmãos Messias e Anísio para animar festas. Em 1950 chegou a ir para Belo Horizonte com o irmão Anísio para estudar música. Lá se apresentaram na Rádio Inconfidência e acabaram ganhando um programa na emissora. Questões familiares o fizeram voltar para a Fazenda Pulador em 1951. Sete anos depois casou-se com Rosa Maria do Couto Soares, a Dona Zezi, com quem teve 9 filhos. Aqui continuou tocando acordeon com os irmãos. Na década de 70 formou dupla com o irmão Paulino, o Cachimbeiro. Tempos depois lançam seu primeiro disco, “Cristo Maior Amigo”. Em 1980, Carinhoso e Cachimbeiro voltam para a Rádio Inconfidência, na capital, onde permanecem por cinco anos apresentando um programa sertanejo.

Capa de um dos discos que Carinhoso lança dia 22 de novembro, data em que faz 90 anos De 1981 a 1990 a dupla lançou três discos: o single “A Padaria da Maria” (1981), o LP “Sem Rumo na Vida” (1982) e “O Dia em que a Terra Falou” (1990). Em 1993 a dupla se desfaz e Carinhoso entra na Rádio Veredas FM de Bom Despacho. No ano seguinte lança o disco solo “Carinhoso – Nas Ondas do Rádio”, que mescla causos e músicas e se torna uma referência para as produções seguintes do artista. Sua paixão pelo rádio ficou demonstrada ao formar-se, com 65 anos de idade, no curso de Radialista da PUC Minas, em 1996.

Em 2003 Carinhoso inaugura na Rádio Difusora Bondespachense o “Programa Sertanejo” e lança o CD “Carinhoso – A Alegria do Povo”. Um ano depois lança novo CD com versões remasterizadas de 20 sucessos da dupla Carinhoso e Cachimbeiro. Depois desse vieram mais três: “Carinhoso – A Alegria do Rádio” (2006), “Carinhoso – A Alegria Está no Ar” (2013) e “O Trenzinho da Alegria” (2017), que traz causos, declamações, faixas autorais e releituras instrumentais de sanfona (iBom).

LEIA a coluna de Tadeu Araújo na próxima página Carinhoso 90 anos: uma vida admirável

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Bom Despacho (MG), 15 Novembro 2021

Carinhoso 90 anos: uma vida admirável

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Projeto Mais Grãos faz seminário no Parque de Exposições dia 25/11 O Sindicato Rural de Bom Despacho promove na quintafeira (25/11) um seminário sobre o projeto Mais Grãos. Ele será realizado presencialmente no Parque de Exposições. A programação tem palestras sobre tendências de mercado, armazenagem, preço futuro, crédito, seguro rural e gestão agrícola, entre outros temas. Segundo o presidente do Sindicato, Patrick Brauner, o projeto é uma iniciativa do Sebrae com o objetivo de levar conhecimento técnico e orientação para produtores interessados em produzir ou aumentar sua produção de grãos.

Carinhoso com a esposa D. Zezi e os 9 filhos

Tadeu de Araújo Teixeira é professor, escritor e fundador da ABDL

Nascido em 22/11/1931, completa 90 anos de idade Antônio Rafael Filho, o nosso Carinhoso, casado há 63 anos com Maria do Couto Soares (Zezi), compositor, instrumentista e cantor sertanejo. Com aparência jovem de corpo e na mente, conservado, lúcido e produtivo, ainda cuida de sua fazenda e de suas músicas. Em 2019, em que quase ninguém mais planta nem colhe, ele colheu 2001 sacos de milho em 19 hectares de terra. Em 2021, vai repetir a dose: plantou milho para colher mais que da última vez. Um cidadão que dá exemplo, fazendo fartura numa época de vacas tão magras. Ele nasceu no Pulador, ali ao lado do Córrego Areado, na fazenda de seus pais, a velha matriarca dona Maria José e o do pai Antônio Rafael Soares. Naqueles tempos em que abundavam engenhos de açúcar e de alambiques de aguardente, ele era o “engenheiro”, chamado para instalar e consertar essas máquinas de produção tão importantes desde o Brasil Colônia. E Carinhoso, na adolescência já aprendera com o pai todas as artes da carpintaria e seus segredos e a cuidar dos engenhos das fazendas da redondeza. E na família desenvolveu seus grandes dotes musicais e poéticos. Desde a infância tocava com perfeição a sanfona e depois consagrouse como compositor de letras e músicas admiráveis. Letras que têm cheiro de terra e ares de João Guimarães Rosa. A escola em primeiro lugar Acreditava nos trabalhos e produção da roça, mas sua fé maior eram os estudos. Nos anos 30, estudou até o 3º ano no Pulador e fez o 4º no Coronel Praxedes. O que aprendeu no primário na matemática e no português lhe serve talvez mais que a muitos que já terminaram todo o 1º grau. Sua composição sobre Jesus Cristo de cerca de mais de 20 emocionantes versos, que Carinhoso declamou para mim em sua casa, deixou-me admirado pela linguagem rica e rimas maravilhosas. Por fé na escola, em 1950 já tinha uma casa na Avenida

São Vicente, onde sua esposa veio morar com os filhos para estudarem. Um amante e mestre de nossa cultura e de nossas tradições, conserva aquele casarão de mais de cem anos, até hoje, com telhado, forro, janelas e portas de madeira, piso que imita os velhos pisos de assoalho, toda pintada de um azul forte e bonito. Quando os filhos terminaram o 1º grau em Bom Despacho, vendeu seu gado e comprou um apartamento em Belo Horizonte, onde os filhos todos, salvo o Rafael, hoje comerciante bem sucedido em Nova Serrana, formaram-se em cursos universitários. Valeu a pena seu tirocínio e os sacrifícios dele e de dona Zezi. Os filhos corresponderam com talento e esforço. Em termos de realização pessoal e profissional estão todos bem colocados: uma filha é tenente coronel reformada da PMMG, outros funcionários públicos federais e estaduais em diversas áreas e empresários de sucesso. Bombando na Rádio Inconfidência Por volta de1949-1950, aos 18 anos, Carinhoso formou uma dupla sertaneja com seu irmão Messias. Era a dupla Mangueira e Marajá. Ele na sanfona e o irmão no violão encantavam o público cantando e contado causos e histórias do sertão de agrado dos ouvintes. Mas no Pulador havia uma mãe religiosa e zelosa da educação dos filhos, que temia as más influências do mundo longe do lar natal. Dizia ela: - Filho não é para soltar por este mundo afora. A gente cria-os para Deus e bem juntos da gente. Isto revela uma mãe cristã dos anos 50, muito compreensível então. Por insistência e para acalmar as preocupações maternas, eles botaram a sanfona e a viola no saco e voltaram pra Bom Despacho, em obediência à mãe, como era costume naquela época. O retorno vitorioso Mas ele retornou em 1980, mais maduro e com mais força e determinação, com a dupla Carinhoso e Cachimbeiro, esse seu irmão. Em teste na Rádio Inconfidência, ofereceram-lhe um programa só deles, repetindo o sucesso anterior. Acho que já com o bordão famoso “a mãe falou”, que conquistou o público de Minas e do Brasil e até no exterior, onde chegava o som da grande rádio dos mineiros. De 1980 a 1985, Carinhoso e Cachimbeiro tiveram sua época de ouro, astros da

música pop sertaneja, que lançaram canções bastante populares e de comprovado sucesso. Muitas eram as composições de Carinhoso e de seu irmão. Nesse tempo, com a fama da dupla de Bom Despacho se expandindo, foram convidados para um teste na TV Alterosa, pelo Paulo, diretor da emissora, que os acolheu como artistas de primeira linha e propôs-lhe um contrato com bons salários para se apresentarem na Alterosa. A televisão era a consagração, Carinhoso ficou entusiasmado. Porém, seu parceiro, Cachimbeiro não quis ir para a TV. E a fama e o dinheiro? Nada o convenceu a ficar. Sozinho, Carinhoso não tinha como apresentar-se. Assim o belo contrato não se realizou. Em 1985, premido por outras obrigações, Carinhoso retornou a Bom Despacho. Nunca parou de compor letras e músicas. Não deixou de tocar e cantar. De editar CDs, um deles com 10 mil cópias. Levava também principalmente, às escolas, seus conhecimentos da cultura popular local, da qual Carinhoso é um mestre e divulgador. Seu talento continuava a encantar os bomdespachenses e aos que participavam de suas apresentações de valor. Hoje duas emissoras de rádio daqui puseram seus microfones em programas que exaltam a cultura e personagens de nossa terra. A Nova Veredas com os conhecimentos e capacidade de Carinhoso, de 2ª a 6ª – às 6 da manhã e às 16h30m, e a Rádio Ativa, nos domingos de manhã, o Homero Couto, ícone de uma família que ama e propaga nossa cultura e tradição, criou uma importante programação. Homero encanta a todos com belas músicas, personagens e informações que conservam expandem nosso conhecimento histórico do município. Gratidão Graças aos patrocinadores das artes, que se multiplicam em Bom Despacho, Carinhoso, aos 90 anos, antes do natal, vai editar mais 2 CDS, com dois títulos consagrados em seus bordões na rádio: “A mãe falou!” e “Trem bão gostoso!” Serão 6000 cópias de composições de sua autoria. Carinhoso agradece emocionado esses patrocínios. “A mãe falou que vocês e suas empresas vão ser abençoados. E nós saudamos, tal atitude desses empresários, aqui no Jornal de Negócios, há mais de 30 anos servindo as letras, as artes e a informação da Cidade Sorriso.

Além das palestras, o projeto Mais Grãos vai oferecer também acompanhamento técnico, visitas à Embrapa e dias de campo. “A proposta é aumentar a produtividade da cultura de grãos, criando novas oportunidades de negócio e renda para os produtores de Bom Despacho e região”, afirmou. Este seminário havia sido programado anteriormente para o dia 2/9, mas acabou sendo adiado devido à pandemia. Interessados devem confirmar presença pelo telefone 3521.2622. A participação no evento é gratuita.

Programação do Seminário 08h00

Café

08h20

Abertura

08h30

Palestra “Tendências de Milho e Soja”, com equipe do Banco do Brasil

09h20

Palestra “A Nova Agricultura Irrigada: Eficiência e Sustentabilidade”, com Everardo Mantovani, da UFV

09h40

Palestra “Leasing Pivô Central: Opção Segura de Produção Irrigada”, com Hiran Moreira

10h00

Palestra “Projeto Mais Grãos”, com Fabiana Santos Vilela, do Sebrae

10h20

Case Avivar Alimentos / Projeto Mais Grãos

10h40

Cases Produtores Rurais da Região

11h30

Encerramento


Bom Despacho (MG), 15 Novembro 2021

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Prefeitura vai criar Que a verdade seja conhecida, diz Cabral Cartão Social para famílias carentes Entrevista exclusiva: Fernando Cabral

O vereador Fernando Cabral (foto) foi afastado do cargo por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A decisão, publicada esta semana, causou muita repercussão na cidade, pois Cabral foi o vereador mais votado da história. Em nota à imprensa, Cabral afirmou que seu afastamento “se deve a questões técnicas de registro de candidatura e não a qualquer deslize que eu tenha cometido”. Ele afirmou também que a decisão “contraria os fatos e vai contra as posições assumidas pelo TSE em processos análogos”. Cabral recorrerá da decisão – no próprio TSE e no Supremo Tribunal Federal (STF). Após seu afastamento, ele deu entrevista exclusiva ao Jornal de Negócios. Nela, o ex-prefeito fala do caso e das medidas judiciais, explica que não está inelegível, critica opositores que “buscam me amedrontar e me afastar da política” e diz que será candidato novamente se sua saúde permitir. “A única forma decente de um político ser afastado é pelo voto popular. Este negócio de tapetão tem sempre um ar de coisa podre”, afirma. Leia na entrevista abaixo. JORNAL DE NEGÓCIOS Por quê o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) determinou seu afastamento do cargo de vereador?

possíveis e nós vamos usálos.

FERNANDO CABRAL - Acho que os ministros erraram ao julgar a causa. Este foi o motivo do afastamento. Erraram porque concluíram que eu não podia ser candidato nas eleições de 2020. No entanto, eu não tinha nenhum impedimento. Tanto assim que meu registro foi aprovado pela Juíza Eleitoral e depois confirmado por sete desembargadores. Os ministros do TSE disseram que eu não podia ser candidato porque embargos declaratórios (um recurso processual) não tem efeito suspensivo. No entanto, a liberação para eu me candidatar não foi consequência de embargos declaratórios, mas sim de decisão dos desembargadores do TRE-MG. Eles erraram, também, porque aplicaram jurisprudência nova nas eleições de 2020. No entanto, isto é proibido por decisão do STF.

CABRAL - Não. Esta decisão não afeta minha elegibilidade. Ela apenas me afasta da vereança porque (segundo o TSE), eu não poderia ter sido candidato. Mas ela não interfere em nada nos meus direitos políticos.

Quem entrou com ação na Justiça pedindo seu afastamento? Quando foi isso? CABRAL - Quem entrou foi o PSD, partido da candidata Joice Quirino, sob a presidência do ex-vereador Marcelão. Quem assumirá seu lugar na Câmara por enquanto? Num primeiro momento teremos que aguardar a decisão da juíza. Isto está marcado para o dia 23 próximo, terça-feira. No entanto, aqui parece que o TSE errou de novo. Segundo as leis e jurisprudência vigentes, quem deve assumir minha vaga é minha suplente, Tereza Ferraz. Mas, neste ponto, a decisão do ministro é confusa, para dizer o mínimo. Vamos ter que aguardar. Essa decisão do TSE é definitiva? Ou há recurso? Você vai recorrer? CABRAL - A decisão ainda não transitou em julgado, ou seja, ainda não está consolidada. Pode ser mudada pelo próprio TSE. Cabe também recurso ao STF. O primeiro já entramos esta noite (18/nov). Vamos aguardar o resultado. Mas há outros recursos

Se a decisão do TSE for mantida você fica inelegível?

Em nota divulgada à imprensa você afirma que a decisão do TSE “contraria os fatos” e vai contra decisões do Tribunal em casos semelhantes. Explique melhor, por favor. CABRAL - Sim, é verdade. O TSE afirma que eu não podia ser candidato porque um recurso pendente de julgamento no TRE não me dava este direito. No entanto, o meu direito não decorria deste recurso, mas sim de uma decisão dos desembargadores. Desta forma o TSE contrariou os fatos. Mas ele errou também ao inovar a jurisprudência e aplicá-la imediatamente, o que não é permitido. Você afirmou também que seu afastamento se deve a “questões técnicas de registro de candidatura e não a qualquer deslize”. É um consolo? CABRAL - Para mim não é consolo. No entanto, acho que é importante o povo de Bom Despacho saber disto, que foram questões técnicas de registro da candidatura. Há tantos políticos afastados por corrupção, desvio de dinheiro e outros ilícitos, que há sempre o risco de eu ser colocado no mesmo saco. O risco é maior ainda porque aqueles que buscam me amedrontar e me afastar da política não têm hesitado em fazer este tipo de insinuação nas redes sociais. Assim sendo, embora não seja consolo, é necessário que a verdade seja divulgada e conhecida por todos. Especialmente, é claro, por aqueles que votaram em mim. Na mesma nota você lamenta que “a oposição use isto para tentar me desabonar com boatos que vão muito além da notícia”. Quais são esses boatos? CABRAL - Bom, o fato é que,

> Cartão com crédito pré-pago será entregue a famílias em situação de vulnerabilidade para compra de cesta básica, kit higiene e outros benefícios eventuais mantidos pela Ação Social

no momento, estou afastado da vereança por causa da decisão do TSE. O resto são boatos. Por exemplo, que não posso mais ser candidato a prefeito, vereador ou deputado. Posso sim. Posso e, se minha saúde permitir, provavelmente serei. A única forma decente de um político ser afastado é pelo voto popular. Este negócio de tapetão tem sempre um ar de coisa podre. Você diz ser necessário respeitar decisões da justiça “por mais esdrúxulas que sejam”. Mas como se sente por dentro diante dessa situação? CABRAL - Eu me sinto muito desconfortável. No entanto, como advogado e como cidadão de idade avançada, sei que a finalidade da justiça não é fazer justiça como o povo acredita e espera. A finalidade da justiça é encerrar pendengas. Quando o Estado intervém em disputas, raramente ele faz justiça. Pergunte a qualquer um que já tenha litigado e você poderá confirmar isto. Em sua nota, você afirma que, estando ou não na Câmara, continuará “trabalhando em prol de nossa cidade”. Pretende ser candidato a deputado no ano que vem? CABRAL - Ser candidato a deputado é uma das possibilidades. Acho que Bom Despacho precisa de um representante. Idealmente, na Câmara Federal. Se não for possível, na Assembleia Legislativa. Mas vou estudar isto com calma. Preciso também ouvir o que a população pensa a respeito. E nas próximas eleições municipais, pretende ser candidato a prefeito ou vereador? CABRAL - Não descarto a possibilidade de ser candidato a prefeito novamente. Quando saí da prefeitura depois de 8 anos de trabalho continuado eu estava bem cansado. Achei que não seria mais candidato a nada. Agora estou mais descansado e já considero esta possibilidade. Mas, o que tem realmente me impulsionado a considerar concorrer novamente são os pedidos que recebo todos os dias dos eleitores. Apesar das dificuldades, penso que não posso decepcioná-los (iBom).

O secretário de Desenvolvimento Social, Eduardo Costa, com equipe que cuida da implantação do Cartão Social em Bom Despacho (Foto: Ascom/PMBD) A Prefeitura de Bom Despacho anunciou a criação do Cartão Social para atender famílias em situação de vulnerabilidade no município. Em vez de entregar cesta básica, material de construção e kit de higiene para as famílias atendidas, a Prefeitura fornecerá aos beneficiários um cartão de crédito pré-pago. A própria família usará o cartão para comprar os itens que quiser nas lojas credenciadas. O prefeito Bertolino da Costa destacou para o Jornal de Negócios as vantagens do Cartão Social. “A própria família compra os itens da cesta básica onde quiser, escolhe produtos que realmente precisa e na quantidade necessária. Ou seja: o cartão dá oportunidade de escolha e mais dignidade às pessoas. Além disso, há outro aspecto importante: as famílias beneficiadas farão suas compras nos estabelecimentos da cidade, valorizando o comércio local e fazendo o dinheiro circular em Bom Despacho”. Atualmente, cerca de 400 famílias são beneficiadas todo mês com a cesta básica na cidade. “Considerando

99922.2361

5 pessoas por família, são 2.000 pessoas atendidas”, explicou ao Jornal de Negócios a coordenadora de compras da Secretaria de Desenvolvimento Social, Lívia Carolina de Sousa Silva. Têm direito ao Cartão Social beneficiários cadastrados no CadUnico da Assistência Social. Além de comprar cesta básica e kit higiene, o cartão poderá ser usado também para pagar auxíliofuneral, material de construção e outros benefícios eventuais concedidos pela

Ação Social. Segundo Lívia, o crédito inicial do cartão será em torno de R$ 150,00 por mês. Esse valor será revisto a cada 6 meses e poderá variar dependendo das necessidades da família e da inclusão de outros benefícios eventuais. A implementação do Cartão Social depende de aprovação de lei específica na Câmara Municipal. Segundo a coordenadora Lívia, o projeto de lei para sua implantação será enviado ao Legislativo ainda este ano.


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Bom Despacho (MG), 15 Novembro 2021

E agora, Padre Belchior em Bom Despacho?

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Fazendo minhas compras no comércio de Bom Despacho ALEXANDRE

MAGALHÃES Alexandre Sanches Magalhães é empresário, consultor e professor de marketing, mestre e doutor pela USP e apaixonado por SP e BD

Ilustração mostrando Padre Belchior na juventude LÚCIO EMÍLIO JÚNIOR Há alguns anos, meu tio Bil Morais (Mário Lúcio Morais) realizou um antigo sonho: formou-se em História em uma universidade federal em São Gotardo. E ele escolheu como tema de seu trabalho de conclusão de curso a história da família de sua mãe, Irene Morais, em Bom Despacho. O fio da meada levava a uma personagem histórica de grande importância: o Padre Belchior, figura próxima ao patriarca da independência, Bonifácio Andrada. Consta que depois de gritar “independência ou morte!”, o imperador teria dito a Padre Belchior a famosa frase: “e agora, Padre Belchior?” O trabalho em questão investigou os hoje pouco lembrados e tumultuados dias do Primeiro Império. O patriarca da independência era ligado a Barbacena e o Padre Belchior tinha origem em Diamantina, mas sua paróquia era em Pitangui. Esses dois mineiros, no coração do Império, eram parentes. Ambos estudaram Direito em Coimbra. Algum tempo depois veio de lá uma criança, supostamente filha do Padre, que o Padre Belchior deixou aos cuidados

do Major da Piraquara e esposa, uma criança chamada Júlia. Ela ficou conhecida como Júlia a Francesa. Júlia veio a ter um papel importante no povoamento da região Centro-Oeste de Minas. Padre Belchior enviou-a para morar em nossa região. Ela passou a viver junto ao Major da Piraquara e esposa. Minha avó, mãe de Bil Morais, chamava-se Irene Madeira Morais e era descendente direta desse Major. O nome Júlia permaneceu uma tradição na família, eternizando a matriarca. Aos onze anos essa menina casouse com o irmão mais novo do Major. Júlia era Oliveira e o marido Cardoso. A minha família materna (que é a mesma de Bil Morais) é descendente direto do major, ele era avô do poeta Zé da Vó Gontijo (editado pelo SESC há alguns anos). Ao morrer, o Padre Belchior citou em seu testamento que Júlia era tida por ele como filha. E assim, Bil Morais conseguiu realizar um excelente trabalho de pesquisa que confirmou a hipótese de que nossa família materna ligou-se a um gênio político como Padre Belchior. Lúcio Emilio do Espírito Santo Júnior é filósofo, professor e escritor

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Há muitos anos, quando eu ainda era um jovem adulto, lembro-me de estar em uma mesa de bar com amigos, alguns já casados, e o assunto era comprar coisas em outros países, especialmente nos Estados Unidos, especificamente em Miami. Alguns casais que estavam à mesa haviam comprado roupas, berço, mamadeira e tudo para seus filhos ainda em gestação na cidade de Miami, no estado da Flórida. Muitos paulistanos aproveitavam uma viagem para a Disney, em Orlando, também no estado da Florida, e compravam todo enxoval de seus filhos que estavam por nascer. Durante muito tempo, o paulistano de classe média pensava assim: é mais barato comprar tudo fora e trazer os produtos em malas lotadas. Hoje, com o dólar a quase R$ 6,00, talvez não valha mais a pena fazer isso. Lembro-me que algum tempo depois, na mesma mesa do bar, alguém comentou que o desemprego estava alto. Comentei algo como “claro, vocês compram tudo em Miami. O emprego que poderia estar aqui em São Paulo migrou para os Estados Unidos”. O pessoal ficou uns segundos em silêncio, como se estivessem processando a informação e que jamais haviam pensado neste processo de causa e efeito, ou seja, se compro uma geladeira na China, e hoje é possível comprar tudo fora do Brasil pelas lojas virtuais, o emprego fabril está na China e não no Brasil. Claro, aqui estarão outros profissionais, como o que fará a importação, o transporte, a entrega, entre outras etapas do processo de compra. Hoje, a grande briga dos Estados Unidos com a China é a transferência dos empregos industriais para o país asiático. Grande parte do que se consome nos Estados Unidos tem a etiqueta “made in China”, indicando que as pessoas que fabricaram aquele produto estão em outro país.

Sempre penso sobre os efeitos de minhas compras para a economia local. Prefiro sempre comprar em locais perto de minha residência, pois ajudo a garantir que aquele empreendimento perto de casa tenha mais chance de sobreviver. Isso serve para comprar uma pizza, uma geladeira, um livro, uma calça ou sapato. Se compro um sapato em Nova Serrana e o trago a São Paulo, alguma loja em minha cidade deixará de vender um par de sapatos para mim e diminuirá sua chance de sobrevivência. Sou um pouco chato com isso e sempre busco comprar na vizinhança de minha casa. Em Bom Despacho, ajo da mesma forma. Tento privilegiar as pequenas lojas ao redor da casa de minha namorada bomdespachense. Por exemplo: se quero tomar uma cerveja, posso ir ao supermercado e pagar um pouco menos pelo item, ou ir ao bar do Willian e comprar dele, pagando um ou dois reais a mais por garrafa, mas ajudando a manter um comércio local funcionando. E pagando um ou dois salários para seus ajudantes. Quando comecei a ir a Bom Despacho, saía de São Paulo com minhas compras feitas. Levava daqui o sabonete, a pasta de dente e todos os produtos que poderia comprar no comércio local. Hoje, saio de minha cidade natal levando apenas as roupas que vou

usar, mas adquiro os produtos do dia a dia quando chego a Bom Despacho. Isso me deixa mais feliz, pois São Paulo tem uma pujança econômica maior, pois são vinte milhões de pessoas circulando e comprando, enquanto Bom Despacho tem 0,2% da população paulistana, ou seja, cada estabelecimento depende muito mais de cada comprador. Claro, há produtos que não faz sentido comprar em outras cidades, como escola para os filhos, pão e leite, ou o almoço do dia a dia. Mas, considero que comprar um par de tênis ou sapatos em Bom Despacho é muito melhor do que comprar em Nova Serrana. Pode até ser mais barato comprar na outra cidade, mas afeta o dinheiro em circulação em Bom Despacho, o número de empregos, os tributos pagos localmente, entre outras coisas. Há uns dois meses, eu e minha namorada bom-despachense decidimos que iríamos correr uma maratona em 2022, mais para o final do ano. Se tudo der certo, queremos viajar a algum lugar distante e aproveitar a ocasião e correr os 42 quilômetros da prova mais famosa de corrida. Para nos prepararmos bem, decidimos que contrataríamos um treinador para nos deixar melhor para esta prova que

não conhecemos. A primeira ideia foi contratar um profissional em São Paulo, pois conheço vários e muitos deles muito bons. Há duas semanas, minha namorada bom-despachense me perguntou se eu não estaria de acordo em contratar alguém em Bom Despacho. Nomeou cinco ou seis profissionais, alguns que conheço pessoalmente. Achei a ideia excelente e partimos para concretizar esta alternativa. Fiz ontem meu quarto treino sob a supervisão do Gean. A cada treino eu termino extenuado, pois ele me exige muito. Porém, estou achando ótimo ter esta parceria. Farei parte dos treinos em São Paulo, no asfalto, com muita poluição, com muitos carros, motos e ônibus e, outra parte das atividades em Bom Despacho, correndo em estrada de terra, com muito verde, muitos bichos, pisos irregulares e na companhia de minha namorada bom-despachense. Escrevi toda esta coluna para mencionar que contratei um treinador de Bom Despacho para melhorar minhas corridas diárias. Foi uma decisão que me deixou muito feliz, pois isso indica que já considero Bom Despacho como minha cidade. E isso não é qualquer coisa, é uma decisão importante. E mais, ajudo a movimentar a economia de minha segunda cidade.


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As chuvas chegaram. E nós, vamos continuar errando? PAULO

HENRIQUE Paulo Henrique Alves Araújo é gestor e servidor público, mestre em computação e gerente de projetos de inovação

As chuvas voltaram, em bom volume até aqui, graças a Deus! Depois de uma estiagem que castigou Bom Despacho, o céu tem nos agraciado com um bom bocado de água desde meados de outubro. Tão necessária para a vida, essas águas têm um valor e um sabor especial em uma terra cortada por tantos rios e com tanta produção agrícola. Mas, ao mesmo tempo, trazem preocupações que precisamos discutir e superar.

O compositor e escritor bom-despachense Toninho Saudade (Foto: Arquivo Toninho Saudade)

Essa tal felicidade mora aqui mesmo ITAMAR OLIVEIRA Itamar de Oliveira, Brasinha, é jornalista e escritor bom-despachense

A Libélula Editora acaba de nos oferecer uma lição de vida. Com a produção gráfica e artística do poeta e compositor Wagner Cruz e com a cuidadosa preparação de originais da professora Regina Garbazza, estamos diante de uma obra de imaginação criadora de um jovem bomdespachense que é motivo de alegria e orgulho para quem aprecia o talento da nossa gente. Em tempos sombrios de uma pandemia planetária devastadora, o livro do nosso conterrâneo Toninho Saudade é uma espécie de brisa, quase oxigênio, que sopra no espaço mais democrático da nossa caminhada, repleta de rupturas autoritárias, que temos o dever fraterno de compartilhar. Afinal a história vivida, inventada e contada pelo autor tem sabores e os saberes que estão presentes no nosso cotidiano e nem sempre são vistos e sentidos por nós. Uma série de ditados populares que representam um tesouro da nossa cultura como a tal felicidade que está guardada no fundo de um baú que é

muito difícil traduzir em palavras. Ternura, afeto e acolhimento talvez sintetizem em dose única - a solidariedade - tudo que o autor conseguiu colocar na história, nos personagens e na paisagem que pode nos vacinar contra a dor, o sofrimento e a intolerância que está transformando nossos sonhos em pesadelos. O livro do Toninho é a história de um menino que nasce e vive em Bom Despacho e sabe muito bem que as borboletas da Mata do Batalhão ainda moram bem pertinho do Tiro, ao lado das piscinas, onde quem tinha patente e sobrenome podia nadar e aprender a nadar com bons professores. Ainda tem borboleta bem perto da bomba que abastecia a Vila Militar de água potável. Tem borboleta perto do campinho, poeirento e irregular, onde grandes craques da fantasia, como o nosso Toninho Saudade, descobriram as bolas, as bonecas, as árvores que nenhum espigão é capaz de inspirar. A mata das borboletas e dos nossos sonhos não morre jamais. Outros zezinhos, joaozinhos, pedrinhos e tunicos não permitirão. Como o Toninho Saudade nos garante com o seu livro repleto de ternura.

Quantas secas já levantaram o risco de desabastecimento em Bom Despacho? Em 2017, chegamos ao fundo do poço na relação com nossa tradicional fornecedora de água tratada. Ameaçamos tirar a concessão, recebemos algumas melhorias, mas persiste a sensação de que estamos por um fio d´água. Conseguimos, neste ano, negociar uma redução em tarifas de água e esgoto com a empresa – razão justa sim para comemorar. Mas não fica a impressão de que te compensaram por prestar um serviço ruim? Estamos novamente às voltas com as tempestades iniciais da estação chuvosa. E, com elas, reaparecem os casos de alagamento, os buracos no asfalto, as grotas nas ruas e estradas de terra, rachaduras nas paredes. Sei que vamos tapar os buracos, pavimentaremos as vias de chão batido e brita assim que possível, faremos os reparos no reboco e estruturas das edificações. Mas, novamente, não vejo planejamento para aumentar a permeabilidade do solo nas nossas áreas urbanas, para deixar entrar e ser armazenado esse tanto de água que nos perturba agora e nos fará falta daqui uns meses. Sinto falta também das árvores no centro de BD, das sombras agradáveis e da

proteção natural ao caminho para drenagem e armazenamento da água que os céus nos dão. E as margens dos nossos rios, secos e assoreados, e que têm que nos prover com a água potável? O relatório de impacto ambiental elaborado como etapa prévia da derivação do São Francisco para o Rio Picão foi muito claro: se Bom Despacho não melhorar a proteção do leito desses rios e das nascentes que ficam nas imediações de suas margens, a derivação será um traque de festa junina, uma celebração rápida e passageira. Amiga, amigo, não sou “ecochato”, tenho inclusive muitas atitudes condenáveis pelas pessoas mais comprometidas com o meio ambiente. Mas não podemos ser estúpidos. Há comprometimentos sérios do meio ambiente em Bom Despacho, cujas responsabilidades são compartilhadas por muitos. Vamos ao caso da água. A Copasa tem responsabilidade? Muita, ficou anos deitada em berço esplêndido só faturando com as contas de água e esgoto pagas em dia por um povo honesto, enquanto fechava os olhos à obrigação de investir para que esse recurso não se esgotasse. Mas está longe de estar sozinha nisso.

Ou foi ela quem fechou o perímetro central de Bom Despacho com asfalto e concreto e tirou a permeabilidade do solo por ali? Ou ainda foi ela quem retirou a vegetação das margens dos rios e das encostas de seus vales e nascentes? Porque aí ficou fácil para a terra descer à vontade nas enxurradas até os leitos quando chove, bem como facilitou secá-los na estiagem - e transformar o Picão em um córrego em grande parte do seu percurso, por exemplo. Quando a gente vê o presidente do Brasil evitar estar presente em uma conferência mundial do clima “porque seria certamente massacrado”, temos várias posições a assumir. Você pode se posicionar a favor do presidente, afinal ele tem razão quando diz que os países da Europa e América do Norte nos cobram preservação porque eles já desmataram tudo o que tinham e querem que nós sejamos os fiéis da balança global. Você pode se posicionar contra o presidente, porque acredita que ele faz uma gestão temerária na área de meio ambiente e está comprometendo nosso futuro e boa parcela do nosso presente com isso. Você pode não dar a mínima para o assunto, porque essa

discussão não tem nada a ver com sua vida ou com a vida em Bom Despacho. Será mesmo? Essa situação me lembrou um antigo conto sobre um homem com muita fé em Deus que se deparou com um dilema quando sua casa foi tomada por uma enchente. Ele pedia a Deus que o protegesse daquela situação. Apareceu um canoeiro e o chamou para saírem dali. Ele, firme, dizia: “Não vou abandonar meu lar, Deus há de me salvar!”. A chuva não parava, a água subindo, veio um barco a motor e o chamou a sair dali. Mas ele se manteve estático em casa, firme na sua crença. Quando já se segurava ao telhado da casa, veio um helicóptero oferecer resgate, mas ele continuou se negando a sair. Faleceu. Chegando ao céu, inconformado, foi questionar Deus sobre seu abandono à própria sorte. E Deus, perplexo: “Mas quem você acha que enviou o canoeiro, o barco a motor e o helicóptero?” Esta Terra é nossa. Nossa responsabilidade e nossa sobrevivência. Há vários sinais de que cuidamos mal dela e de que sucessivas chances têm nos sido dadas de melhorar, seja em Bom Despacho, em Brasília ou em Paris. Vamos continuar esperando? O quê?

Mulher procura familiares em BD > Seus pais se mudaram da cidade há mais de 40 anos, quando ela não havia nem nascido Alzineide dos Santos Oliveira, 40 anos (foto), está à procura de familiares em Bom Despacho. Ela é a filha caçula de José Lourival dos Santos e Maria Neide dos Santos, que se mudaram de Bom Despacho há mais de 40 anos. Alzineide nasceu em 02/02/ 1981 na cidade de Peixe, no Tocantins, região Norte do Brasil, onde os pais residiam na época. Sua mãe morreu quando ela tinha apenas 2 anos de idade. O pai faleceu posteriormente. Alzineide não conhece Bom Despacho mas tenta há muito tempo fazer contato com parentes na cidade. “Eu nunca estive em Bom Despacho mas gostaria muito de conhecer meus familiares, minha história e minhas origens”, disse Alzineide em

contato com o Jornal de Negócios. Atualmente, ela vive em Goiânia/GO, onde trabalha como doméstica. Através de informações obtidas de longe, em cartório, Alzineide descobriu que seu pai tinha cinco irmãos: José Jairo Elias dos Santos, José Itelvino Elias dos Santos, Maria José Elias dos Santos, Maria Teresa Elias dos Santos e Maria Regina Elias dos Santos. A mãe tem um irmão chamado Marcílio dos Santos. Entretanto, ela nunca conseguiu contato com ninguém. “Eu sou a filha mais nova e meus irmãos mais velhos nunca falaram nada pra mim. Queria muito conhecer minha família. Por isso peço ajuda”. Quem tiver informações ou for parente pode fazer contato com Alzineide pelo whatsapp (62) 98630-0479.


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Bom Despacho (MG), 15 Novembro 2021

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