JORNAL DE NEGÓCIOS / Bom Despacho-MG

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Bom Despacho (MG), 15 Janeiro 2022

DESTAQUE

Ano XXXII - Nº 1.625 • Fundado em 12/05/1989

FERNANDO

CABRAL

Chuvas e

1

Bom Despacho (MG), 15 Janeiro 2022 • GRÁTIS 1 EXEMPLAR

aquecimento

global

Bom Despacho e a independência

Página 4

Página 8

ALEXANDRE MAGALHÃES

A água e suas facetas

PAULO

HENRIQUE

Página 10

A mente sofre e adoece Página 11

Prefeito anuncia plano de reconstrução após chuvas

AGRADECIMENTO:

ANTÔNIO JÚLIO DE MACEDO ELE SE FOI... MAS NUNCA DESISTIU DE LUTAR PARA CONSEGUIR O TRANSPLANTE QUE TANTO DESEJAVA. FORAM 6 ANOS DE LUTAS E HEMODIÁLISES.

“DEMOROU MAS CHEGOU”

ASSIM DISSE ELE. COMO ELE QUERIA, COMO ELE SONHAVA… NUNCA DESISTAM DOS SEUS SONHOS POIS ELE NUNCA DESISTIU DOS DELE.

LUZ NA DOENÇA DE MEU AMADO MARIDO, PAI E AVÔ A TODOS QUE FORAM

EM ESPECIAL AOS COLEGAS DE HEMODIÁLISE QUE LHE TRAZIAM MOMENTOS DE DESCONTRAÇÃO EM TANTOS MOMENTOS DIFÍCEIS JUNTOS. AO DR. FABRÍCIO, DRª ANA E TODA A EQUIPE DA NEFROBOM O NOSSO AGRADECIMENTO.

Bertolino: expectativa para 2022 é muito positiva

NÓS O AMAMOS E ISSO É PARA SEMPRE! ESPOSA : MARIA INÊS FREITAS CABRAL DE MACEDO FILHOS : JOÃO PEDRO FREITAS CABRAL DE MACEDO NETOS :

THEREZA CRISTINA FREITAS CABRAL DE MACEDO MARIA CLARA FREITAS CABRAL DE MACEDO VALENTINA E PEDRO ANTONIO

Gente em Destaque Thomas Oliveira: sempre é possível melhorar Juiz Luiz Carlos Santos é o novo presidente da Amagis

ENTREVISTA EXCLUSIVA NAS PÁGINAS 6 E 7

PÁGINA 10


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Bom Despacho (MG), 15 Janeiro 2022 quel Paiva de Oliveira, 280 - Ana Rosa – R$ 90 mil – Célia – 99995.8434

Requerimento de Licença Ambiental Simplificada MG PESCADOS, por determinação da prefeitura municipal de Morada Nova de Minas, Sistema Municipal de Meio Ambiente, torna público que solicitou por meio do processo Administrativo Nº 00042/2021, Licença Ambiental Simplificada LAS/RAS para atividade Aquicultura em tanque rede e Tanque Aéreo de Combustível, localizada na fazenda Melancia Lugar Pitomba.

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Requerimento de Licença Ambiental Simplificada MARCELO DE ARAUJO, por determinação da prefeitura municipal de Morada Nova de Minas, Sistema Municipal de Meio Ambiente, torna público que solicitou por meio do processo Administrativo Nº 00043/2021, Licença Ambiental Simplificada LAS/RAS para atividade Aquicultura e Tanque Rede e Bovinocultura extensiva, localizada na fazenda Melancia Lugar Pitomba.

Licenciamento Ambiental POSTO DE SERVIÇOS BOM DESPACHO LTDA – CNPJ 17.497.348/0001-39, torna público que obteve junto a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Bom Despacho, a Licença Ambiental Simplificada, através do processo administrativo nº 4265/ 2021, para a atividade de Posto Revendedor de Combustíveis, localizado a Rodovia BR262 – Km 481,8 – Perímetro Urbano – CEP 35600-000

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Requerimento de Licença Ambiental Simplificada FRIGORIFICO SERRA DO PEIXE, por determinação da prefeitura municipal de Morada Nova de Minas, Sistema Municipal de Meio Ambiente, torna público que solicitou por meio do processo Administrativo Nº 00044/ 2021, Licença Ambiental Simplificada LAS/ RAS para atividade Preparação de Pescado e Tanque Aéreo de Combustível, localizada na fazenda Melancia Lugar Pitomba.

Whatsapp: (37)99922-2361 - e-mail: jornal@joneg.com.br CNPJ 40.615.727/0001-06 - Bom Despacho - MG Impresso por O Tempo Serviços Gráficos - 2101.3544

É proibida a reprodução total ou parcial, em qualquer meio de comunicação, dos textos e anúncios produzidos pelo Jornal de Negócios - A publicação não autorizada por escrito sujeita o(s) infrator(es) às penalidades legais - Editor: Alexandre Borges Coelho - Tiragem: 6.500 exemplares – Impresso na Sempre Editora / BH – Editoração e Arte: Jornal de Negócios – Opiniões emitidas em artigos assinados não representam a opinião do Jornal, sendo responsabilidade exclusiva do autor – Distribuição livre em Bom Despacho, Araújos e Engenho do Ribeiro e dirigida em Martinho Campos, Moema, Luz, Pompéu, Abaeté e Nova Serrana - Este exemplar é propriedade do Editor, que autoriza a entrega grátis de 1 jornal por pessoa.

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DESTAQUE

Inscrição no processo seletivo do Censo 2022 termina dia 21, sexta

Bom Despacho tem 46 vagas para Recenseador Após ter o prazo adiado, termina sexta-feira (21/01) o prazo de inscrição no processo seletivo de Recenseador e Agente Censitário para o Censo 2022 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Para o cargo de Recenseador é necessário apenas o Ensino Fundamental completo. Não se exige experiência. A taxa de inscrição custa R$ 57,40 e pode ser paga pela Internet ou em qualquer banco. A remuneração é por produção. Para Agente Censitário é preciso ter Ensino Médio. Não se exige experiência. A taxa de inscrição é de R$ 60,50 e os salários são de R$ 1.700,00 (Agente Censitário Supervisor) e R$ 2.100,00 (Agente Censitário Municipal). Além do salário, os agentes censitários terão direito a auxílio-alimentação, auxílio-transporte, auxílio

pré-escola, férias e 13º salário. Vagas em BD Em Bom Despacho há 46 vagas para Recenseador e 7 vagas para Agente Censitário. Veja no final do texto como se inscrever. As provas serão realizadas dia 27/03/2022. Na seleção para recenseador o candidato deve escolher, no ato da inscrição, a área em que deseja trabalhar. Essa área pode ser um ou mais bairros, ou uma comunidade. A jornada de trabalho recomendável para os recenseadores é de, no mínimo, 25 horas semanais. O recenseador pode trabalhar em qualquer horário, especialmente naqueles em que pode encontrar os moradores em casa, incluindo finais de semana e feriados. Para os Agentes Censitários a jornada é de 40 horas semanais, sendo oito horas diárias.

Para se inscrever aponte a câmera do celular para os QR Codes abaixo, conforme sua opção

Recenseador

Agente Censitário

PM prende 4 com drogas e arma em Bom Despacho Quatro pessoas foram presas pela Polícia Militar em BD acusadas de envolvimento com tráfico de drogas. A primeira ocorrência foi dia 29/12 na rua José Fatal, bairro Ana Rosa, onde os policiais suspeitaram das atitudes de um homem e o abordaram. Com ele foram encontrados e apreendidos uma balança de precisão, um tablete de maconha e saquinhos de porcionar a droga, além de 200 reais. O acusado foi preso e levado para a Delegacia de Polícia Civil com o material apreendido. A outra ocorrência foi na noite de quarta-feira, em bairro não

informado pela PM, e terminou com a prisão de dois homens e uma mulher. Nela, os militares flagraram um suspeito entregando um papelote de cocaína para outro homem e deram voz de prisão a ambos. Em seguida os policiais entraram na residência do homem que vendia a droga e lá encontraram 1 revólver Taurus calibre 38, munição, drogas e R$ 1.770,00. No local, a esposa do acusado também foi presa acusada de participação no tráfico. Os três foram conduzidos à Delegacia junto com a arma, drogas e dinheiro apreendidos /Foto: Ascom/7°BPM.

Bom Despacho (MG), 15 Janeiro 2022

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Prefeito anuncia plano de reconstrução após chuvas O prefeito Bertolino da Costa reuniu o secretariado no gabinete na manhã de quarta (12). O objetivo foi anunciar um plano de ação emergencial para reconstrução da cidade após os estragos feitos pelas fortes chuvas dos últimos dias. Na reunião, Bertolino determinou que as secretarias de Obras, Trânsito, Desenvolvimento Econômico e Agricultura, Desenvolvimento Social e a Defesa Civil façam o levantamento das demandas a serem atendidas pela Prefeitura. Dia 6 de janeiro o prefeito já havia decretado Situação de Emergência em Bom Despacho por causa “dos danos causados em vias públicas urbanas e rurais, deslizamentos de encostas, riscos de desabamentos e inundações”. A medida é condição necessária para pleitear recursos federais para a defesa civil local. Durante a Situação de Emergência todos os órgãos municipais são mobilizados na “resposta ao desastre”. Por isso, as secretarias de Administração, Fazenda e Planejamento,

O secretário Wallace Campos (Administração), o prefeito Bertolino, a secretária Fátima Rodrigues (Planejamento) e o procurador Kleverson Mello.

bem como a Procuradoria Jurídica do município, também estão envolvidas nas ações a serem executadas.

Na tarde da quarta-feira Bertolino visitou áreas prejudicadas pelos temporais para ver de perto a situação dos moradores e definir

medidas a serem tomadas pela administração municipal para “restaurar as condições de vida das pessoas afetadas”.

Força da água destruiu o acesso à Ponte da Amizade, entre BD e Leandro Ferreira O trânsito na Ponte da Amizade – divisa entre Bom Despacho e Leandro Ferreira – está interditado por tempo indeterminado. No dia 10/1 o Rio Lambari passou por cima da ponte e alagou a margem do lado de Bom Despacho. A força da água desbarrancou o solo e deixou uma grande erosão próxima à cabeceira da ponte, tornando impossível atravessar o local. A capelinha em honra a Padre Libério que existia no local também foi levada pelas águas. Como a estrada é municipal, a recuperação do acesso será feita pelo município, mas a data do início das obras ainda não foi confirmada pela Prefeitura. Enquanto durar a interdição, o acesso de Bom Despacho a Leandro Ferreira tem de ser feito passando pela BR 262. (iBOM) / Foto: Rede social

BR 262 interditada perto de Córrego Danta O trânsito no Km 562 da BR 262 está interditado perto de Córrego Danta desde o dia 10/ 1. De acordo com informações passadas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), a movimentação do solo no local está comprometendo a segurança dos usuários. Na segunda-feira (10/1) um caminhão tombou no local. Devido à situação de risco, o trecho foi interditado para evitar acidentes. Desvio - O desvio para quem

está na 262 é feito pela BR 354 e aumenta o trajeto em quase 50 km. Quem segue na direção do Triângulo Mineiro deve sair da 262 no km 544, no município de Luz, entrar na rodovia MG 891, passar por Córrego Danta, pegar a BR 354 e voltar à BR 262 perto de Cachoeirinha, no km 568. O caminho é o mesmo no sentido contrário para quem vem do Triângulo e Alto Paranaíba em direção à capital. (iBOM) / Foto: Rede social


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Bom Despacho (MG), 15 Janeiro 2022

DESTAQUE

Chuvas e Aquecimento Global Nosso planeta está ficando mais quente. No entanto, isto não é novidade. Faz mais de 50 anos que os cientistas nos têm alertado para o fenômeno e seus perigos. Apesar disto, os governos pouco fizeram para remediar o mal já feito ou para evitar que continue piorando. Nos últimos dias Bom Despacho, o Estado de Minas e algumas outras regiões do Brasil tiveram uma pequena amostra do que nos espera nos próximos anos: mais chuva, mais seca, e — paradoxalmente — mais frio e mais calor. É a mudança climática que se tornando visível para todos.

FERNANDO

CABRAL

Fernando Cabral é licenciado em Ciências Biológicas, advogado, auditor federal e ex-prefeito de Bom Despacho

Os bom-despachenses estão enfrentando um mês de janeiro molhado. Enfrentamos chuvas torrenciais faz mais de uma semana. Chuvas tão intensas provocam danos. As ruas estão destruídas, as estradas rurais estão intransitáveis e muitas pontes foram levadas. As culturas das várzeas estão se afogando com o transbordamento de rios e córregos. As culturas dos locais mais altos estão sob risco de apodrecimento e ataque por pragas. Nas hortas a destruição é grande porque a maioria das hortaliças não suporta excesso de umidade. A BR-262 e a MG-164 estão não apenas esburacadas, sofreram com desbarrancamentos, quedas de árvores, escorregamento de encostas. Muitas pontes foram cobertas pelas águas. É a imagem do caos. A restauração deste cenário de destruição que Bom Despacho vive exigirá esforço, tempo, e dinheiro. O momento exige compreensão e paciência de todos nós. Levaremos semanas — talvez meses — até termos tudo em ordem. Por quê? Por que o Planeta está vivendo esta situação calamitosa de chuvas concentradas alternadas com secas prolongadas? Bom, há décadas o Planeta vem vivendo mudanças climáticas severas. Os primeiros sinais de alarme surgiram de forma

convincente há meio século. No entanto, alguns prenúncios já haviam sido observados na década de 40 do século passado. Portanto, há mais de 80 anos. De lá para cá, a situação vem se agravando a passos largos. O que os cientistas achavam que poderia levar um século para acontecer já está acontecendo. A temperatura média do Planeta subiu 1,2 C. É muito. E vai pior irremediavelmente se chegar a 2 C. O que significa isto? Com o aquecimento cidades como Paraty, Santos, Rio de Janeiro, Vitória e Nova Iorque serão totalmente ou parcialmente inundadas. Em muitas o mar já avançou. Os terrenos mais altos alternarão períodos de secas prolongadas com períodos de chuvas excessivas. A vida desaparecerá de forma cada vez mais acelerada. É o que já está acontecendo com os corais do mundo inteiro: estão morrendo. Apesar das evidências das mudanças climáticas, ainda há quem duvide. Alguns, porque estão pouco se importando com o futuro do Planeta; outros, porque se confundem com os sinais aparentemente contraditórios que nos chegam. Um exemplo típico é que, em algumas regiões da terra a temperatura está diminuindo. Como isto é possível, se os cientistas estão dizendo que a temperatura está aumentando? Mas é fácil de entender. O aumento da temperatura está derretendo o gelo nos polos e no alto das montanhas. Os rios e as correntes marinhas levam estas águas frias para longe. Nas regiões onde elas chegam, há um esfriamento. Por isto, nevar no Egito, como aconteceu recentemente, é um péssimo sinal. O aquecimento pode ser comprovado pelo recuo das geleiras,

pelo desaparecimento das geleiras no topo das montanhas, pela chuva que está caindo onde só caia neve, pelo desprendimento de icebergs, pelo encolhimento das calotas polares, pela média das temperaturas medidas nos termômetros. Como acontece? O gás dióxido de carbono (CO2) é o principal responsável, seguido pelo metano. Quando produzidos em pequenas quantidades estes gases são prontamente transformados, absorvidos ou queimados (como acontece com o fogo fátuo, que é a queima espontânea do metano). Mas, quando produzidos em milhões e milhões de toneladas por ano, as plantas e as águas não conseguem absorvê-los. O excesso sobe para a alta atmosfera e bloqueia a saída de calor da terra. É o chamado efeito estufa. O efeito estufa acontece porque a luz que vem do sol chega até a Terra, mas as ondas de calor em que parte dela se transforma não voltam para o espaço. O CO2 não deixa. É como acontece na estufa: a luz do sol entra pelo teto e aquece o ar, mas ele fica preso e a estufa esquenta. Acontece que, desde a revolução industrial, a humanidade passou a queimar muitos combustíveis em grande quantidade: lenha, carvão mineral, betume, xisto, turfa, petróleo. Tudo isto gera muito dióxido de carbono. Segundo estudos recentes, a produção de eletricidade e calor contribuem com 25% do efeito estufa; a agricultura e a produção de madeira, 24%; a indústria, 21%, os transportes, 14%. O restante se distribui entre construção civil e outros. O metano também é um gás de

efeito estufa. O que preocupa é que sua produção vem aumentando muito por causa da criação de porcos, frangos e gado confinados (animais não confinados não geram excedente de metano). A aceleração O corte das florestas acelera o efeito estufa. Mas o maior motivo da aceleração é o próprio derretimento do gelo. O gelo reflete muita luz. Com isto, parte da luz do sol é lançado de volta ao espaço e não se transforma em calor. Mas, o aquecimento derrete o gelo e expõe a terra. Como ela é mais escura, mais luz é transformada em calor. Isto significa que o aquecimento é um processo autoalimentado. Uma vez começado, ele tende a se acelerar cada vez mais. A água no ar O calor maior aumenta a quantidade de água que evapora dos rios e dos mares. O ar fica mais carregado e as chuvas ficam mais longas e mais fortes. Mas, como o aquecimento também interfere com os ventos que transportam vapor d’água e nuvens, o clima fica mais irregular. Ora uma região recebe muita chuva, ora fica na seca. É o que já está acontecendo no mundo todo. Desta forma, o que vimos acontecer em Bom Despacho é um provável efeito do aquecimento global. Nos últimos anos vínhamos tendo secas; agora tivemos muita chuva. É a marca da mudança climática. Agravantes Por sí só as chuvas concentradas são um grande problema. Mas, nas cidades — e mesmo no campo — temos um agravante: a impermeabilização do solo. Nas cidades, por causa do asfalto e do cimento; nas áreas rurais, por causa da compactação do solo e eliminação

das árvores. A consequência disto é que a água da chuva corre muito rapidamente, forma enxurradas fortes que logo se tornam enchentes. A destruição aumenta. Para piorar, o solo não retém a água e as minas secam. Solução A solução para o problema que a humanidade criou não é fácil, nem rápida, nem indolor. Ela passa pela eliminação da queima de petróleo, pela recuperação de florestas, pelo aumento das áreas de infiltração nas cidades, pelo controle das queimadas, por mudanças na forma de criar porco, frango e gado estabulado. Tecnologia para isto, já temos. Mas não temos a vontade política dos governantes nem o apoio que a população precisa dar às medidas necessárias. Por exemplo, aumento do transporte público em detrimento do transporte pessoal; geração de energia fotovoltaica em vez de usar termelétricas, aumento das áreas verdes nas casas, adoção de novas tecnologias agrícolas adequadas aos trópicos e aos cerrados. Recuperação Nos últimos 10 dias Minas teve 24 mortes provocadas pela chuva e 300 cidades estão em situação de emergência. Muitas, em situação bem pior do que Bom Despacho. Isto não nos serve de consolo, mas nos alerta para o tempo que será necessário para consertar tudo. O Governo de Minas não tem recursos para atender a todas as 300 cidades de uma vez. O Governo de Bom Despacho não tem recursos para reparar tudo em poucos dias. Nesta situação, teremos que ter resignação e paciência. Mas, para evitarmos problemas cada vez maiores no futuro, precisamos agir e torcer para que o aquecimento global não continue se agravando de forma tão acelerada.


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Bom Despacho (MG), 15 Janeiro 2022

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Chuvas afetam 127 mil produtores rurais em MG

Levantamento preliminar feito pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (EmaterMG) mostra que cerca de 127 mil produtores rurais, de 416 municípios mineiros, sofreram algum tipo de dano por causa das chuvas nas últimas semanas. Entre os municípios com estimativa de áreas afetadas, a produção de feijão 1ª safra foi a mais prejudicada, com

42,2% da área a ser colhida. As regiões Norte, Cerrado, Nordeste, Leste e Central foram as mais atingidas. Já na produção de hortaliças, é estimado um comprometimento de 37% da área, principalmente nas regiões Nordeste, Leste e Central de Minas Gerais. A produção de milho (safra verão) tem uma estimativa de 23,3% de área afetada, com destaque para as regiões Norte, Nordeste e Central.

Abastecimento - De acordo com informações coletadas pela Emater-MG na Ceasaminas, até o momento, não houve impacto significativo na oferta de frutas e hortaliças para o mercado atacadista. Porém, em algumas praças da Ceasa no interior do estado, houve redução de oferta de produtos como beterraba, mandioca, quiabo e mandioquinha-salsa, comercializados nos mercados locais e regionais.

Nos bolsões verdes das regiões metropolitanas, onde se concentra a maior produção de folhosas, ainda há possibilidade de impacto no abastecimento por causa das condições climáticas. A Emater-MG lembra que, no período chuvoso, já é comum haver redução da área plantada. Há ainda alguns pontos de interdição em rodovias que podem prejudicar o escoamento de produtos como morango e

batata, principalmente nas regiões Sul e Campo das Vertentes. Pecuária - Na pecuária leiteira, a estimativa da Emater-MG mostra que, nos municípios prejudicados pelas chuvas, 21,4% da produção de leite foi comprometida, principalmente nas regiões Nordeste, Leste e Central. Uma pesquisa feita pelos técnicos da empresa com 96 laticínios no estado indicou que, em média,

a queda na captação de leite foi de 9%, principalmente pela dificuldade de deslocamento em algumas localidades. Outras atividades que registram possibilidade de dano com as chuvas foram piscicultura (28,3%), avicultura caipira (23,7%), pecuária de corte (17,7%) e suinocultura caipira (15%). (Texto Emater / Editado pelo iBOM) / Foto: Divulgação Emater

Motorista erra ponte, cai na enchente e morre afogado Mais uma tragédia causada pelas chuvas: um homem morreu afogado na noite do sábado (8/1) quando a camionete que dirigia caiu dentro de um córrego na estrada que liga Bom Despacho à comunidade de Capivari dos Eleutério. De acordo com informações obtidas pelo iBOM, ele estava numa Ford F1000 e tentou

atravessar a ponte sobre um córrego durante uma enchente. Devido à escuridão e ao grande volume de água, o motorista errou a ponte e a camionete caiu dentro do córrego, ficando submersa na água. O motorista morreu afogado dentro do veículo. A ponte onde houve o acidente é estreita e não tem proteção lateral.

O corpo da vítima foi retirado de dentro da camionete pelos Bombeiros e entregue para a funerária. As polícias Militar e Civil também atenderam à ocorrência. De acordo com publicações em rede social, a vítima, de idade não informada, seria de Betim e teria uma fazenda próximo ao Capivari (iBOM) / Foto: Redes sociais.

PM resgata trio em carro ilhado pela correnteza

Três homens foram resgatados pela Polícia Militar de um veículo que ficou ilhado na Ponte dos Ferreira, em BD, na tarde de domingo (9/1). Segundo a PM, o trio, de 50, 52 e 65 anos, tentou atravessar a ponte num Fiat Uno quando ela já estava encoberta pela enchente. No meio da ponte o veículo encalhou, parou de funcionar e começou a encher de água. Devido à forte correnteza os ocupantes não tinham como sair do carro. Além de estarem com água na altura do peito, o Uno poderia ser levado pela correnteza. Desesperados, eles ligaram para o 190 e pediram socorro à PM. A corporação imediatamente enviou equipes do policiamento ostensivo e homens da Polícia Militar de Meio Ambiente para o local. O Corpo de Bombeiros também foi acionado mas, diante do risco

iminente de afogamento das vítimas, os policiais, com ajuda de pessoas que estavam no local, resgataram os três ocupantes do veículo antes da chegada dos Bombeiros. O iBOM apurou que os militares utilizaram cordas para amarrar e retirar os 3 homens de dentro do carro. Todos foram resgatados sem ferimentos. O Fiat Uno foi deixado no local devido à falta de condições para removê-lo naquele momento. Após o resgate, o trio gravou um vídeo falando do ocorrido e agradecendo a Polícia Militar pelo esforço. No depoimento, um deles contou que estavam numa região que foi inundada e tentaram atravessar a ponte. “Uma coisa que só a gente mesmo que estava lá junto sabe o que é água tá pondo já no peito da gente. (…) Nos trouxeram à vida de novo”, afirmou. (iBOM) / Foto: PMMG.


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Bom Despacho (MG), 15 Janeiro 2022

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ENTREVISTA EXCLUSIVA:

Minha expectativa para

Ao completar o primeiro ano de mandato, o prefeito Bertolino da Costa deu entrevista exclusiva ao Jornal de Neg Você entrou no segundo ano de mandato. O que os bom-despachenses podem esperar da sua gestão? Estamos trabalhando em vários projetos de infraestrutura para a cidade. São projetos para estimular o desenvolvimento, atrair investimentos, gerar empregos e melhorar a qualidade de vida em Bom Despacho. Quais são esses projetos? Há muitos. Entre eles destaco anel rodoviário, duplicação e iluminação da entrada da cidade da BR 262 até a Rua do Rosário, extensão da avenida Dr. Juca, implantação de uma usina fotovoltaica do município e iluminação pública de LED em toda a cidade e nos povoados rurais. O anel rodoviário é uma obra buscada há anos. Agora sai? O projeto do anel rodoviário será entregue agora no final de janeiro, com o orçamento da obra e tudo mais. Ele vai ligar a rodovia MG-164 à BR 262, passando perto da Garça. Seu custo está estimado em R$ 32 milhões. O trajeto é o mesmo que vinha sendo planejado na gestão anterior? O anel começará do lado da fábrica nova do Fubá Rocinha, na BR 262, e sairá perto da fábrica de rações da Cooperbom, na MG-164. Fizemos algumas alterações no trajeto para diminuir a extensão da obra e aproveitar mais trechos de estradas municipais já existentes. Esses trechos serão melhorados, alargados e asfaltados. Com isso também evitaremos conflitos com proprietários rurais. De onde virão os recursos para a construção do anel rodoviário? Temos um crédito préaprovado de R$ 44 milhões no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para investir em infraestrutura urbana. Além disso, o município dispõe de recursos próprios para executar obras. O Anel Rodoviário traz desenvolvimento para Bom Despacho e melhoria da qualidade de vida na cidade. Ele cria um novo vetor de crescimento que atrai empresas para cá devido à boa logística de Bom Despacho.

Empresas geram emprego e desenvolvimento. Ao mesmo tempo, o Anel tira tráfego de veículos pesados de dentro da cidade, aumentando a segurança no trânsito e diminuindo gastos com manutenção de vias públicas. O dinheiro economizado poderá ser empregado em outros serviços e obras na cidade. Como Bom Despacho obteve esse crédito préaprovado no BNDES? Estamos buscando esse crédito desde o ano passado. Com apoio do economista e consultor Paulo Rabello de Castro, que já foi presidente do BNDES e do IBGE, apresentamos ao banco um dossiê com dados socioeconômicos de Bom Despacho. Entre outros, os números mostram a organização das contas públicas do município, transparência administrativa e projetos estruturais em andamento. Esses dados comprovam que o município tem gestão fiscal responsável, trabalha com planejamento orçamentário e cumpre a Lei de Responsabilidade Fiscal. Depois de analisar os números, e considerar nossa capacidade de pagamento, os técnicos do BNDES definiram essa linha de crédito pré-aprovada no valor de R$ 44 milhões para infraestrutura urbana. Essa sinalização antecipada do BNDES é muito promissora. Mostra que a operação de crédito para investirmos em infraestrutura é plenamente viável e não vai comprometer a saúde financeira do município. São financiamentos com até 8 anos de prazo e dois anos de carência para pagamento. As taxas são muito pequenas. É dinheiro público para investimento em infraestrutura, projetos de desenvolvimento e melhorias para o cidadão. Esses recursos serão utilizados também para duplicar o acesso à 262? Sim. Duplicar e iluminar o acesso da cidade à BR 262 pela Rua do Rosário também abre novos vetores de desenvolvimento. Facilita o acesso à 262, aumenta a segurança dos usuários e dá mais fluidez ao tráfego numa parte da cidade que está crescendo muito. Milhares de pessoas passam por esse trecho todos os dias para trabalhar, estudar e outros destinos. E a iluminação pública da cidade: será realmente

trocada por LED? Atualmente, de cada 10 lâmpadas de iluminação pública na cidade, quatro são de LED. Até o final deste ano a Prefeitura vai trocar toda a iluminação pública de Bom Despacho por LED. Toda mesmo, incluindo os povoados rurais e o distrito do Engenho do Ribeiro. Iluminação de LED é muito mais eficiente, gasta menos recursos públicos, dá mais conforto e aumenta a segurança pública. Onde tem iluminação de LED há diminuição de até 50% nos índices de criminalidade. Você disse há pouco que um dos seus projetos é montar uma usina fotovoltaica. É uma obra de custo elevado. Há recursos para isso? Estamos avaliando a possibilidade de montar uma usina fotovoltaica do município para atender ao consumo de energia elétrica dos órgãos e repartições municipais, escolas, unidades de saúde e iluminação pública. A previsão inicial é investir R$ 15 milhões na montagem dessa usina, mas ela vai reduzir imensamente a despesa do município com a Cemig. Assim que o investimento na usina for pago será possível reduzir inclusive o valor da CIP pago hoje pelos contribuintes. Para fazer essas obras o município depende de recursos próprios e de financiamento do BNDES. Mas a contratação do financiamento precisa ser aprovada pela Câmara Municipal... O município tem capacidade de pagamento e crédito préaprovado no BNDES como poucas cidades do porte de Bom Despacho conseguem. Além disso, todos esses projetos são de interesse público e vão gerar empregos e desenvolvimento para a cidade. Portanto, tenho certeza que a Câmara não vai faltar com o povo de Bom Despacho. Obvio, cabe aos vereadores analisar e aprovar. Mas confio na capacidade de julgamento deles e no compromisso de todos com o bem estar da população E a Casa de Cultura? No início do mandato você afirmou que ela seria montada no antigo Clube Bom Despacho após a Secretaria da Saúde desocupar o local... Realmente, nosso projeto era

montar a Casa de Cultura no prédio do antigo Clube Bom Despacho. Mas isso pode mudar. Estamos avaliando outras alternativas diante da possibilidade de outros espaços que estarão disponíveis. Essa questão será decidida ainda este ano. Outra obra anunciada foi o Parque Mata do Batalhão. Como está seu andamento? A implantação do Parque Mata do Batalhão está na fase de consulta pública. Isso é uma exigência legal. O município já fez também um levantamento da fauna e flora da mata. A próxima etapa do trabalho é a construção de trilhas e da infraestrutura no local. Nossa previsão é instalar o parque no primeiro semestre deste ano. O município também está relicitando o cercamento da área, porque a empresa que ganhou a licitação anterior abriu mão e não realizou a obra. A pandemia trouxe muitas dificuldades sociais e econômicas. Isso impactou a capacidade financeira do município? Em 2021 não faltou dinheiro. Fizemos gestão eficiente dos recursos. Além disso, tivemos muito apoio de deputados que encaminharam emendas destinando recursos para Bom Despacho. Outro aspecto fundamental foi a pontualidade dos repasses do governo do Estado. O Governo Zema manteve os repasses rigorosamente em dia e ainda continuou pagando os atrasados deixados pelo governo anterior. Agora no início de 2022 o Governo de Minas acaba de pagar a dívida do Fundeb no valor de R$ 14 milhões. Em dezembro 2021 iniciou o pagamento de atrasados da Saúde, no valor de 16 milhões. Por sua vez, o Governo Federal repassou tudo que foi necessário e ainda pagou um auxílio emergencial para usar em ações de recuperação póspandemia. Foram mais de 3 milhões. Tudo isso nos ajudou a atravessar esse período difícil causado pela pandemia. E qual é sua expectativa para 2022? Minha expectativa para 2022 é muito positiva. Gestão eficiente, recuperação da economia, continuidade dos repasses federais e estaduais, tudo isso é fundamental para melhorar os resultados da administração municipal. E

O prefeito Bertolino da

continuaremos nossos contatos políticos buscando destinação de mais recursos para Bom Despacho através de emendas parlamentares. Um dos problemas recorrentes em Bom Despacho é o lixão. Há soluções à vista? Sim. O município já contratou uma empresa para revitalizar a área do atual lixão. O trabalho a ser feito no local engloba montar sistema de drenagem de chorume para eliminar a contaminação do solo, e de gases para evitar riscos de explosão e incêndio. Além disso a empresa fará a compactação do material, montagem de taludes e gramação de toda a área. Nossa expectativa é que dentro de 3 anos a área do lixão seja transformada num mirante. Este ano a Prefeitura vai iniciar ampla campanha na cidade para que as pessoas participem da coleta seletiva visando diminuir o lixo. Ter a participação das pessoas é fundamental para o resultado que todos queremos. Em 2021 cedemos um


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: Bertolino da Costa Neto

a 2022 é muito positiva

gócios. Nela, o prefeito fala das dificuldades encontradas, dos projetos em andamento e dos planos para o futuro. Por falta de votação da Câmara Municipal, Bom Despacho perdeu um repasse de R$ 8 milhões para investimentos na educação. Esse recurso nos permitiria construir 54 salas de aula para implantar jornada integral em todas as escolas de ensino fundamental de Bom Despacho. Se a Câmara tivesse votado e aprovado o projeto, em pouco tempo os alunos das cinco escolas municipais com ensino fundamental ficariam na Escola das 7h às 17h30. É mais tempo na Escola recebendo educação, alimentação e cuidados de profissionais, enquanto os pais ficam liberados para trabalhar. Além disso, parte desses R$ 8 milhões seriam utilizados para comprar material didático e equipamentos para as escolas. Críticos do projeto afirmam que as cidades da região não quiseram aderir ao Mãos Dadas... Não é verdade. De 11 cidades da região que tinham escola para municipalizar, 9 aderiram à proposta do Estado e já receberam os recursos. Moema, por exemplo, recebeu 5 milhões. Santo Antônio do Monte recebeu 6,5 milhões. Enquanto isso, Bom Despacho, que poderia ter recebido 8 milhões, ficou sem nada porque a Câmara não votou o projeto em 2021.

a Costa (Foto: Arquivo)

caminhão novo para a Reciclabom coletar e transportar materiais recicláveis. De janeiro a novembro a cooperativa reciclou mais de 156 toneladas de materiais. Implantamos também a reciclagem de vidros. Em um mês foram retiradas mais de 10 toneladas de vidros. Beneficia o meio ambiente e gera mais emprego e renda para os catadores. Este ano também vamos instalar novas lixeiras seletivas na cidade. E quanto à destinação do lixo? Por enquanto, o lixo normal continuará sendo levado para o aterro. Restos de construção, madeira e poda de árvores serão reaproveitados, gerando mais empregos. O município vai contratar uma empresa para realizar esse trabalho ainda no primeiro semestre deste ano. Como ficou a questão da municipalização proposta pelo projeto Mãos Dadas, que rendeu muitas discussões na cidade?

Ainda é possível reverter essa situação se o projeto for votado pela Câmara este ano? Agora dependemos do Estado manter a proposta do Mãos Dadas este ano. Se mantiver, esperamos que a Câmara coloque o projeto em votação e o aprove pensando nas milhares de crianças que serão beneficiadas em Bom Despacho. Que pense nas crianças, não no interesse de pequenos grupos. Os casos de Covid diminuiram nos últimos tempos. Você está otimista? Sim. As internações pela Covid caíram nos últimos meses. Estou feliz principalmente porque não têm ocorrido mais mortes pela doença em Bom Despacho. Para isso foi essencial o esforço e a colaboração das equipes de saúde, em todos os níveis. Mas é importante manter o cuidado. Não deixar de vacinar, evitar aglomerações, usar máscaras. E manter distanciamento se tiver sintomas gripais. A nova variante Omicron é motivo de preocupação para todos.

O que muda na Saúde com o recuo da pandemia e a posse da nova secretária Tamara Bicalho? Retomamos as cirurgias eletivas, exames e atendimentos especializados. Além disso estamos reestruturando a atenção básica de saúde, investindo em treinamento das equipes, monitoramento e acompanhamento de pacientes. A ideia é que o cidadão receba mais atenção nas UBS. Lá, a grande maioria dos problemas de saúde pode ser resolvida. Estamos buscando fazer mais medicina preventiva. E o Cartão Social, anunciado no final do ano passado, quando começa a ser entregue às famílias carentes? Quem terá direito a ele? Enviamos o projeto do Cartão Social para a Câmara no dia 25 de novembro. Agora depende dos vereadores aprovarem. Atualmente, cerca de 400 famílias cadastradas recebem mensalmente cesta básica e outros benefícios eventuais da Prefeitura. Com o Cartão Social essas famílias poderão comprar os itens da cesta onde quiserem e escolhendo o que mais precisam. Terão mais dignidade. As fortes chuvas de janeiro provocaram grandes estragos na malha viária da cidade, além de desmoronamentos, erosão e alagamentos em diversos pontos de Bom Despacho. Que ações a população pode esperar do Executivo para enfrentar esses problemas? Estamos preparando um plano de ação para recuperar os estragos da chuva. No primeiro momento, equipes da Prefeitura estão trabalhando diuturnamente, junto com Bombeiros, Defesa Civil e Polícia Militar, implementando medidas paliativas para socorrer pessoas afetadas, preservar a vida e evitar danos maiores. Com a estiagem vamos iniciar um grande mutirão para recuperar toda a cidade dos estragos feitos pelas tempestades, que são muitos, especialmente em ruas e avenidas. Qual será o prazo necessário para essa recuperação?

Isso está sendo avaliado. Ainda não é possível fixar prazo. Os estragos foram muito grandes e estão sendo avaliados pelas equipes da Prefeitura. As vias públicas foram muito danificadas. E o trabalho de recuperação por enquanto depende também de massa asfáltica que é fornecida por empresas particulares. Por enquanto como? A Prefeitura pretende montar uma usina de asfalto? Vamos licitar a compra de uma mini usina móvel de asfalto para o município. Ela é montada em cima de um caminhão e vem acompanhada de patrol, pá carregadeira e rolo compactador. Essa mini usina agiliza as operações tapa buraco. Será muito útil para complementar a manutenção de ruas e avenidas. Um dos projetos mais ousados da sua gestão é a construção da adutora de água do São Francisco para o Rio Picão. Em que pé está o projeto? O Sebrae pagou a realização do Zoneamento Ambiental Produtivos (ZAP) e o Termo de Referência para contratar a elaboração dos projetos da adutora de água do São Francisco para o Rio Picão. Essa obra está orçada em R$ 120 milhões. Feito o projeto vem a etapa de licenciamento ambiental. Estamos vendo com a Universidade Federal de Viçosa (UFV) a possibilidade dela fazer os projetos, aproveitando que já existe um convênio do município com aquela instituição. Se a UFV não fizer, a Prefeitura contratará uma empresa especializada para elaborar os projetos. Nossa expectativa é que o projeto estrutural fique pronto este ano. Quem está gerenciando o projeto é o engenheiro e administrador Jacques Gontijo. Ele foi nomeado por decreto e faz trabalho voluntário. Seu papel é coordenar, acompanhar e definir etapas para construção da adutora. A Prefeitura anunciou que 4 mil famílias teriam isenção de IPTU em Bom Despacho. Essa isenção será a partir deste ano? Infelizmente, não. Como o projeto da nova planta genérica de valores alterando a tributação do IPTU não foi votado pela Câmara, a isenção não pode ser aplicada no IPTU deste ano. Nossa expectativa é que os

vereadores aprovem o projeto em 2022 para valer a partir de 2023. Isso vai beneficiar quase 4 mil famílias, corrigir distorções históricas do IPTU em Bom Despacho e fazer justiça social. Este ano também enviaremos para a Câmara o novo Plano Diretor de Bom Despacho, que será elaborado pela Universidade Federal de Viçosa. O plano será discutido com a sociedade e submetido à apreciação dos vereadores. Espero que seja aprovado este ano. Plano Diretor é fundamental para organizar e orientar o desenvolvimento da cidade. Ser prefeito, especialmente numa época como a atual, mudou muito a sua vida? Sim, muito. Restringi minha atividade como médico. É uma rotina muito pesada. Quando você tem interesse realmente de fazer as coisas, de realizar seus ideais, a rotina de prefeito torna-se muito pesada. Mas minha disposição não mudou. Continuo disposto a realizar o que me propus. As dificuldades são muito grandes, mas a cada conquista essa disposição se renova. Desafios e decepções? Vida pública exige alto grau de renúncia e disposição para ouvir. Em democracia não se pode impor nada. Temos de conviver com o contraditório. Tudo é conversado. A grande dificuldade é quando o contraditório não é embasado na transparência e no interesse da maioria da população, mas em questões pessoais e eleitoreiras. Você não poderá disputar a eleição para prefeito em 2024. O que pretende fazer depois? Na verdade, eu sou é médico. Estou prefeito. Sempre encarei política como instrumento para fazer o bem, para colocar em prática os ideais de justiça social que você cultiva na sua vida. Não encaro como profissão. Alguma chance de sair candidato a deputado este ano? Com todos esses projetos em andamento na Prefeitura, minha intenção é conclui-los. Em que pese confiar plenamente na competência da minha vice-prefeita Juliana e da nossa equipe, hoje não vislumbro essa perspectiva.


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2022: Bicentenário da Independência Tadeu de Araújo Teixeira é professor, escritor e fundador da ABDL

Neste ano, no dia 7 de setembro, comemoramos o Bicentenário da Independência do Brasil proclamada em 1822. Naquele dia, Paulo Bregaro, o estafeta (o carteiro) da corte entregou a D. Pedro, nas margens do Riacho do Ipiranga, em São Paulo, a correspondência vinda de Portugal. Os poderosos d’além mar ordenavam a destituição do príncipe Regente D. Pedro de seu cargo, seu imediato retorno a Lisboa e o retrocesso de nosso país a mera colônia, retirandolhe o título que tinha de Reino Unido a Portugal e Algarves desde a chegada de D. João VI e de toda a sua corte em 1.815 ao Rio de Janeiro. O príncipe entregou os papéis recebidos do carteiro ao Padre Belchior Pinheiro que era seu confessor e conselheiro. E de imediato ordenou-lhe que os lesse em voz alta. Ao final da leitura eloquente do sacerdote, D. Pedro, como era de costume, com voz irada, perguntou-lhe: - E agora, padre Belchior!? Ao que o sacerdote mineiro respondeu com o peito ufano

Independência ou Morte, do pintor paraibano Pedro Américo (óleo sobre tela, 1888). de patriotismo: - Agora só lhe resta proclamar a Independência... E foi o que ele fez naquele dia, naquela data de 7 de setembro, no ano de 1822, bradando: Independência ou Morte! Brado ecoado por toda a sua comitiva, que selou nossa separação de Portugal e o nascimento de mais uma nação livre na América Latina.

Bom Despacho e a Independência Famílias como a do Dr. Fúlvio, do Sr. Pedrinho, da antiga e consagrada Casa Pedrinho na Praça Inconfidência, a família do velho Zé Alexandre e outras dos tempos do arraial do Bom Despacho são descendentes de uma icônica figura da história de nossa cidade. Segundo o dr. Nicolau Teixeira Leite, o mais profundo conhecedor das tradições e raízes do município, ele a conheceu nos princípios do século XX e aqui ela era chamada como Júlia, a Francesa. Era filha do Padre Belchior. Este, quando voltou da França, trouxe consigo uma menina, que segundo rezam seus inventários ele reconhecia como sua legítima filha. Quando se tornou vigário de Pitangui, Padre Belchior a trouxe para a fazenda da Piraquara. Para a casa de uma família muito amiga dele, da qual faziam parte os irmãos José Alexandre e Alexandre José Cardoso. Seus pais eram conhecidos como Barão e Baronesa da Piraquara, mais tarde muito íntimos do Imperador Pedro Segundo. Aqui ela foi cuidada no seio dessa família e casou-se aos 12 anos com um dos irmãos Cardoso.

Os irmãos Andradas e o Padre Belchior Padre Belchior aparece na pintura de Pedro Américo, montado numa grande e garbosa mula, na comitiva do futuro Imperador do Brasil. Tornou-se sem dúvida figura de destaque do grande ato da libertação de um povo. Ele era sobrinho de José Bonifácio, o Patriarca da Independência e de seus irmãos Antônio Carlos

Aconteceu que lá por 1824, em plena criação da Constituição Brasileira, D. Pedro, que queria uma carta ditatorial, se desentendeu com os Andradas, seus grandes amigos e conselheiros. Dono

de atitudes coléricas, destituiu-os de seus cargos na constituinte e os degredou para a França. Expulsos do torrão que amavam e defendiam, afastados do príncipe que respeitavam e assessoravam, foram colocados em um navio no Rio de Janeiro – os três

irmãos e o padre Belchior – e partiram humilhados. Lá ficaram isolados e esquecidos esses grandes patriotas, que só puderam voltar a seu país, nos finais da década de 20 dos anos de 1800. Aqui retomaram seus lugares e o prestígio que os haviam consagrado como grandes e valorosos brasileiros.

Papa João XXIII: "o novo nome da paz era o progresso" Nos anos 60, antes do golpe de 1964, quando a maioria dos jovens e dos estudantes lutavam pela igualdade, a paz e a justiça social em todo o país, um dos nossos grandes ícones era o Papa João XXIII. Em uma de suas prédicas ele afirmou que "o novo nome da paz era o progresso". Aliás o adágio popular já dizia que “em casa que falta pão ninguém tem razão”. Hoje, com base na afirmação daquele amado Sumo Pontífice, ouso afirmar que nossos empresários contribuem não só para o desenvolvimento, mas também para a paz da comunidade local.

Júlia teve vários filhos e filhas que vieram formar as famílias que já citei e outras mais. São bom-despachenses legítimos, descendente do Padre Belchior, seu antepassado ilustre que os liga e liga a nossa cidade ao palco do grito da “Independência ou Morte”, às margens do Ipiranga em São Paulo. Gente que pode dizer com orgulho que Padre Belchior seu pai, avô, bisavô, trisavô ou mais participou do 7 de setembro de 1822, 200 anos atrás, da decisão de D. Pedro de separar o nosso país de Portugal.

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e Martim Francisco, atores maiores também do ato de nossa independência.

Dr. Fúlvio Cardoso, industrial da Fábrica de Tecidos e da Companhia Força e Luz, que tantos benefícios trouxeram para Bom Despacho

Com suas empresas e projetos eles geram empregos que harmonizam os cidadãos, as famílias e o progresso do povo e permanecem em nossa memória. Entre os que se destacaram em Bom Despacho, eu me lembro, embora fosse bem criança, da projeção que tinha, nos anos de 1950, a firma comercial dos Costa Irmãos, de José Teodoro e dos filhos Burrutê e Quinzinho com grande armazém na esquina da Rua Marechal Floriano Peixoto com Avenida São Vicente. Depois surgiu como enorme potência econômica o comércio do Leão da Esquina, de Dona Maria, Antônio Orsini, Noel e depois João Canoa, cuja sede paulatina e apropriadamente se instalou em várias esquinas do centro da cidade. Eles foram os primeiros a modernizar o centro da cidade com construção de grandes prédios na Praça da Matriz. Não podemos nos esquecer do Dr. Fulvio Cardoso, homenageado com uma placa de “O Industrial” pelo Dr. Robinson no Sesc. Industrial da Fábrica de Tecidos e da Companhia Força e Luz, que tantos benefícios trouxeram ao município e à sua população. E nesse grupo seleto de benfeitores, lembramo-nos de Afonso Nogueira, Pedro Gontijo e outros no ramo dos altos fornos. Os supermercados Fidelis, liderados pelo Elísio Fidelis inicialmente. O Almir do Vap,

Rafael Martins na indústria do polvilho. A Cooperativa Agropecuária. Na área de crédito as cooperativas do Sicoob, lideradas habilidosamente pelo empresário José Fúlvio Cardoso. Na área da medicina, as enormes conquistas da Santa Casa. Atualmente, entre tantas potências econômicas do município, há que se destacar o surgimento do empreendedorismo genial dos irmãos Eduardo e Tarcísio (o Guerra) Amaral, que enaltecem Bom Despacho em diversos ramos das atividades econômicas: agropecuária, granjas de aves, sapatos e tênis - fábrica dos enteados de Eduardo Amaral com produção de 10 mil pares por mês e criação de 800 empregos no setor E coroando seus empreendimentos, a potente fábrica de ração animal que junto com outros empreendimentos enriquecem a zona urbana com belas e funcionais construções civis. Tudo isto mostra Bom Despacho com uma face de cidade mais moderna e mais feliz, esse progresso é segundo o Papa João XXIII o nome da paz social. Benvindo, pois, a nossos pequenos e grandes empresários, que não tive como citar a todos, à nossa terra do Bom Despacho do Vale do Picão.

O menino, a gramática, chuva e sol A Gramática de Domingos Paschoal Cegalla, entre as figuras de linguagem, destaca que personificação ou onomatopeia “é a figura pela qual fazemos os seres inanimados ou irracionais agirem e sentirem como pessoas humanas.” Exemplo: O jardim que o luar acaricia… / Os sinos chamam para o amor / O rio tinha entrado em agonia Vejam a onomatopeia expressiva criada pelo Rafael, filho de 3 anos do Alisson e da Gabriela (foto acima), para expressar a amolação com tanta chuva ininterrupta dos últimos dias em Minas Gerais. Disse o menino para interpretar o sentimento dos adultos e talvez os dele próprio: “Mamãe, o sol está cansado dessa chuva!”


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Câmara devolveu R$ 2,2 Polícia pega arrombadores de milhões para o município loja e apreende drogas em BD

A Câmara Municipal de Bom Despacho fechou o ano de 2021 devolvendo a quantia de R$ 2.226.000,00 para os cofres da Prefeitura. Esse dinheiro é a sobra do repasse financeiro que o Executivo faz para o Legislativo ao longo do ano. Conforme determina a Constituição Federal, o Executivo deve repassar mensalmente à Câmara os recursos necessários para seu funcionamento. Em BD, que tem população inferior a 100 mil habitantes, essa transferência é de no

máximo 8% do orçamento municipal do ano anterior. “Mesmo com todas as dificuldades que atravessamos em 2021 (…) conseguimos manter os custos do Legislativo sem aumento de despesas. É um recorde na história da nossa cidade”, afirmou a vereadora Keké Oliveira, que presidiu o Legislativo em 2021. O vereador Pastor Alex Alves, vice-presidente da Mesa Diretora no período, chamou de “momento histórico” fazer a “maior devolução já efetuada”

pelo Legislativo em Bom Despacho. Segundo ele, “a atenção e o cuidado com o patrimônio público sempre estiveram na pauta da Mesa Diretora” O prefeito Bertolino da Costa também disse que a devolução de mais de R$ 2 milhões “demonstra a responsabilidade desta Câmara com o dinheiro público”. Segundo o Prefeito, “os recursos devolvidos pela Câmara serão usados em educação, saúde e infraestrutura, que são essenciais para os cidadãos” (Foto: PMBD)

Associação dos Servidores Municipais tem nova diretoria Tomou posse dia 3 de janeiro a nova diretoria da Associação dos Servidores Municipais de Bom Despacho (ASSEM) para o biênio 2022-2023. A nova presidente da entidade é Márcia Aparecida Vidal Santos, 52 anos, servidora da Secretaria Municipal de Fazenda. Márcia afirmou para o Jornal de Negócios que pretende “atuar ao lado dos servidores pelas causas da categoria e também dar sequência ao bom trabalho que vinha sendo feito pelo José Antônio, que expandiu e deu mais credibilidade para a associação”. Segundo ela, uma de suas primeiras ações será buscar meios de transformar o Cartão ASSEM num cartão eletrônico de débito. Hoje, associado e conveniado precisam ligar no escritório da ASSEM para usar o cartão. O associado para saber limite disponível, e o conveniado para confirmar a venda.

Márcia Aparecida, a nova presidente da ASSEM

“Queremos um sistema mais moderno e eficiente”, afirmou. Além disso, Márcia quer também desenvolver um aplicativo para que os associados possam acessar informações sobre saldo e uso do cartão através do celular. “O objetivo é melhorar para servidores e conveniados”. A nova presidente disse também ao Jornal que pretende investir na infraestrutura da sede social, estimulando seu uso para eventos de associados e terceiros. Fundada em 1987, a ASSEM tem sede administrativa na Praça da Estação e uma sede social própria na rua José Delgado Chaves (antiga rua Catete), no bairro Dom Joaquim, com salão para 180 pessoas. Atualmente a entidade tem 932 associados e convênio com 370 empresas e prestadores de serviço locais.

A Polícia Militar registrou duas ocorrências de destaque na terça-feira (4/1), em Bom Despacho. A primeira foi de madrugada, quando uma loja foi arrombada no centro da cidade. A outra foi a prisão de um jovem com mais de R$ 10 mil em drogas e uma arma no bairro de Fátima. Arrombamento Na rua Dr. Miguel, quase esquina com Praça da Matriz, dois menores de 16 anos arrombaram a porta de uma loja de acessórios de celulares e levaram carregadores, caixas de som e um drone. A PM foi acionada, fez rastreamento e localizou os dois adolescentes. Segundo o iBOM apurou, um dos

arrombadores foi reconhecido através das imagens gravadas por câmeras de segurança da própria loja. Após serem pegos, os menores confessaram o crime e disseram que repassaram os produtos furtados para outro menor de 17 anos, que também foi rastreado e pego pelos miliares. Os três envolvidos foram levados para a Delegacia de Polícia Civil junto com o material furtado. Arma e droga apreendidas Uma guarnição que patrulhava o bairro de Fátima na tarde de terça-feira suspeitou de um rapaz e o abordou na porta de casa,

encontrando com ele um cigarro de maconha. Já dentro da residência os militares localizaram e apreenderam um revólver calibre 38, munição, duas barras de maconha, seis pedras brutas de crack, 64 pedras de crack embaladas para venda, dinheiro e um papelote de cocaína. De acordo com um militar ouvido pelo iBOM, toda a droga está avaliada em R$ 10 mil. Ainda segundo esse militar, o rapaz, de 19 anos, não tinha passagens anteriores pela Polícia. Ele foi preso em flagrante e levado para a Delegacia com a arma e as drogas apreendidas. A Polícia Civil vai investigar o caso (iBOM) – Foto: Arquivo JN e PMMG/7°BPM.

Jacaré à solta na rua

A Polícia Militar foi acionada para capturar dois jacarés que apareceram soltos nas zonas urbanas de Martinho Campos e Abaeté dia 30/12. O que surgiu em Abaeté era um jacaré pequeno. Já o de Martinho Campos era um animal de porte maior e deu mais trabalho devido ao risco de atacar e ferir as pessoas empenhadas na sua captura. A equipe da Polícia Militar de Meio Ambiente teve o apoio de homens do policiamento geral para a captura dos répteis. Ambos foram recolhidos e depois liberados em área de mata (iBOM c/ informações da PMMG) / Foto: rede social.

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A água e as suas múltiplas facetas MAGALHÃES Alexandre Sanches Magalhães é empresário, consultor e professor de marketing, mestre e doutor pela USP e apaixonado por SP e BD

“Água que nasce na fonte / Serena do mundo / E que abre um profundo grotão / Água que faz inocente / Riacho e desagua / Na corrente do Ribeirão / Águas escuras dos rios / Que levam a fertilidade ao sertão / Águas que banham aldeias / E matam a sede da população / Águas que caem das pedras / No véu das cascatas / Ronco de trovão / E depois dormem tranquilas / No leito dos lagos / No leito dos lagos / Água dos igarapés / Onde Iara mãe d’água / É misteriosa canção / Água que o sol evapora / Pro céu vai embora / Virar nuvens de algodão / Gotas de água da chuva / Alegre arcoíris / Sobre a plantação / Gotas de água da chuva / Tão triste são lágrimas / Na inundação / Águas que movem moinhos / São as mesmas águas / Que encharcam o chão / E sempre voltam humildes / Pro fundo da terra / Pro fundo da terra / Terra! Planeta água / Terra! Planeta água / Terra! Planeta água / Água que nasce na fonte / Serena do mundo / E que abre um profundo grotão / Água que faz inocente / Riacho e desagua / Na corrente do Ribeirão / Águas escuras dos rios / Que levam a fertilidade ao sertão / Águas que banham aldeias / E matam a sede da população / Águas que movem moinhos / São as mesmas águas / Que encharcam o chão / E sempre voltam humildes / Pro fundo da terra / Pro fundo da terra / Terra! Planeta água/ Terra! Planeta água / Terra! Planeta água / Terra! Planeta água / Terra! Planeta água / Terra! Planeta água”. A letra acima é da música “Planeta Água”, do Guilherme Arantes. Mas, a minha preferida sobre o tema é esta do Djavan, cujo título é “Água”. “Tudo que se passa aqui não passa de um naufrágio / Eu me criei no mar e foi lá que eu aprendi a nadar / Pra nada, eu aprendi pra nada / A maré subiu demasiada e E tudo aqui está que é água / Que é água / Água pra encher, água pra manchar / Água pra vazar a vida / Água pra reter, água pra rasar / Água na minha comida / Água pra encher, água pra manchar / Água pra vazar a vida / Água pra reter, água pra rasar / Água na minha comida / Água, aguaceiro, aguadouro / Água que limpa o couro, couro até mata / Água, aguaceiro, aguadouro / Água que limpa o couro, couro até mata / Água, aguaceiro, aguadouro / Água que limpa o couro, couro até mata / Água, aguaceiro, aguadouro / Água que limpa o couro, couro até mata / Água, aguaceiro, aguadouro / Água que limpa o couro, couro até mata...”. A água é um dos elementos mais lindos, mais imprevisíveis (e percebam que trabalhei na Somar Meteorologia por dez anos), mais salvadores, mais destruidores de todos. Um dos maiores estranhamentos que tenho com a água é que em espanhol este elemento é masculino: él água ou “o água”. Pela instabilidade, violência que pode atingir e

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Thomas Oliveira: sempre é possível melhorar, fazer mais O bom-despachense Thomás Henrique de Oliveira Resende, 27 anos, assumiu a subsecretaria de Gestão de Recursos Humanos da Secretaria de Estado da Educação. Especialista em Direito pela PUC Minas e graduando em Letras pela UFMG, Thomas tem no currículo passagens em diversos órgãos públicos do Estado desde que saiu de Bom Despacho há 10 anos. Solteiro, Thomás é filho da professora Aparecida Oliveira e Luiz Resende. Nasceu e foi criado em Bom Despacho. Estudou nas Escolas João Dornas, Egídio Benício, Coronel Praxedes e formouse no Colégio Tiradentes. Aos 17 anos mudou-se para Belo Horizonte para cursar Direito na UFMG. De junho/2020 a dezembro/ 2021 atuou como assessorchefe da Subsecretaria de Articulação Educacional. Deixou o cargo para assumir a Subsecretaria de Gestão de Recursos Humanos da Secretaria de Educação. Em entrevista ao Jornal de Negócios, Thomas fala do seu trabalho e da relação com Bom Despacho.

ALEXANDRE

Capitólio: lazer que se transformou em tragédia destruição que pode causar, faz todo sentido que seja masculino, como consideram os povos que falam espanhol. Começo essa reflexão com uma pequena homenagem aos que morreram em Furnas. Há poucos anos, passei um dia inteiro ali com minha então namorada bom-despachense e minha sogra. Lembro-me claramente que nadei por um bom tempo com dona Geni exatamente no local onde a rocha de desprendeu e matou muitas pessoas. Poderia ter sido nós a morrer ali. Tristeza e homenagem aos mortos. Há muitos anos eu rezo todos os dias para que chova muito em São Paulo, pois nossas represas estão sempre em torno de 20% da capacidade de água. Passamos maus bocados com a falta d’água há menos de uma década. Lembrome que na casa de minha mãe havia água a cada três dias, como forma de economia, imposta pelo governo estadual. E percebam que minha mãe mora em um bom bairro, tem uma boa casa, ou seja, não está na tradicional lista de população abandonada pelo estado. Por causa desse período, mudei minha vida totalmente no que se refere a água. Até hoje tomo banho com um balde embaixo do corpo, recolhendo cada gota de água, que depois será utilizada nos vasos sanitários. A cada chuva, minha mãe abre os inúmeros baldes de 100 litros que ficam no quintal, guardando essa água para lavar o quintal, usar nos vasos sanitários etc. Meu banho, que antes era de muitos minutos, hoje resumese a cinco minutos. Apesar de minhas torcidas pela chuva constante, quando vejo o que está acontecendo no sul da Bahia e em Minas Gerais, é impossível não ficar emocionado. A água, que dá vida, pode trazer a morte. Infelizmente ou felizmente, a natureza tem sua própria lógica, podendo ficar muito tempo sem ter chuvas e ter muita chuva em poucas horas. Minha amiga bom-despachen-

se, a Iara Queiroz, havia me convidado para a inauguração de um espaço de shows que criou em Bom Despacho. Eu estava muito empolgado, pois iria voltar à cidade que tanto adoro, iria rever meus amigos bom-despachenses, iria voltar a encontrar minha exnamorada bom-despachense, e quem sabe, retomar nosso caminho juntos... Por causa da chuva, a Iara nos avisou que a inauguração de sua “casa de shows” está adiada para quando a chuva permitir. Puxa, não vou ver meus amigos, nem minha exnamorada bom-despachense. Vi imagens de lugares que adoro em Bom Despacho, todos que frequento com alguma regularidade. Vi imagens da Ponte da Amizade e do Rio Lambari, no qual costumo nadar. Nuuuu, a água está sobre a ponte. Linda imagem à distância, mas que medo de estar ali... Vi imagens de uma estrada em Pitangui no qual pedalamos algumas vezes. Vi imagens de um bar que tomei algumas cervejas em um dos passeios. Tudo inundado. Vi imagens das rodovias que sempre trafego quando estou em Bom Despacho: muitos buracos, muitos deslizamentos, muitos problemas... A natureza depende de quem a olha: algo que não gosto, pode ser a salvação de outras pessoas. Espero que São Pedro encontre um equilíbrio entre a quantidade de chuvas em São Paulo, pois precisa chover muito aqui, e em Minas Gerais, especialmente, Bom Despacho. E no sul da Bahia, no Maranhão, na Amazônia, enfim, em todos os lugares. E que as chuvas me permitam voltar a Bom Despacho rapidamente e tomar umas no espaço da Iara Queiroz... e reencontrar minha ex-quem sabe futura-namorada bomdespachense... Como dizia a música do Demetrius: “chuva traga o meu benzinho, pois preciso de carinho...”.

DESTAQUE

Quais são, a seu ver, os principais desafios do cargo que ocupa? Quando falamos de Recursos Humanos estamos falando do coração de qualquer instituição. A rede estadual de Educação de Minas Gerais é gigante. São mais de 230 mil servidores ativos espalhados em toda Minas Gerais e mais de 200 servidores no órgão central. Gerenciar essa equipe tão grande é um desafio. Além disso, sinto que é um desafio cuidar da vida funcional de todo mundo, estando atento às necessidades e às melhorias que, dentro das nossas possibilidades, podemos fazer. É muito interessante estar na área de Recursos

secretária Gabriela Fernandes. Projetos maravilhosos e que certamente elevarão a educação no município.

Humanos porque o poder transformador é muito grande. Como é sua relação atual com Bom Despacho? Vem muito à cidade? Do que tem mais saudade aqui? Vou sempre! Minha mãe e meu pai moram na cidade, assim como tias, primos, amigos. Sempre de 15 em 15 dias estou na Cidade Sorriso para rever as pessoas que amo e recarregar as baterias. Tenho boas lembranças da minha infância brincando na rua com meus amigos e das férias escolares passadas na casa da minha tia Maria, no Engenho do Ribeiro. Como vê a cidade e suas perspectivas? Bom Despacho é uma cidade acolhedora e que há alguns anos tem a atenção do Executivo municipal para o desenvolvimento econômico e social. Temos potencial para mais. Sempre é possível melhorar, fazer mais. Posso falar com muita propriedade da Educação que acompanho de perto. É lindo o trabalho que vem sendo desenvolvido pela

A Prefeitura quer a municipalização das Escolas, mas a Câmara ainda não votou o projeto enviado pelo Executivo. A seu ver, a municipalização é benéfica para o município? Por quê? É de responsabilidade do município a oferta dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, de acordo com a Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. E para que haja essa absorção pelo município de Bom Despacho, o Estado de Minas Gerais está oferecendo um aporte financeiro para investimento na Educação municipal que será utilizado para construção de novas escolas e ampliação de outras visando melhor atender aos estudantes bom-despachenses, além de fortalecer programas como o Educonecta e implantação do CMAE. Além disso, com a adesão ao Projeto Mãos Dadas o município receberá as verbas do FUNDEB, QESE, PNAE e PDDE. Falo isso com propriedade porque acompanhei de perto esse anseio da administração municipal em aderir e em aplicar os recursos que serão recebidos de forma a alavancar a educação do município, ampliando o atendimento e levando às crianças uma realidade diferenciada. Então vejo sim como muito positiva a adesão de Bom Despacho ao Projeto Mãos Dadas e seria muito bom que o projeto fosse votado e aprovado pelos vereadores, para viabilizar à Secretaria Municipal de Educação e aos estudantes de Bom Despacho essa oportunidade. (iBOM) / Foto: Arquivo pessoal

Juiz Luiz Carlos Santos é o novo presidente da Amagis O juiz bom-despachense Luiz Carlos Rezende e Santos tomou posse dia 3/1 como presidente da Associação dos Magistrados Mineiros (Amagis) para o triênio 2022-2024. Ele foi eleito dia 3 de dezembro juntamente com a nova diretoria da entidade. Em discurso após a eleição, Luiz Carlos afirmou que “a maior vitória foi o fortalecimento da união e integração da magistratura mineira, do interior com a capital, do 1º com o 2º grau, dos ativos com os aposentados e pensionistas. Continuemos juntos. Unidos. Que Deus continue nos abençoando”. Uma das maiores associações de magistrados estaduais do Brasil, a Amagis tem entre seus objetivos velar pela independência do Poder Judiciário, lutar pelos direitos dos magistrados e promover o congraçamento da classe. Em vídeo divulgado no Youtube após sua eleição, Luiz Carlos defendeu a formação continuada dos magistrados e disse que sua gestão vai “aprimorar o incentivo aos estudos permanentes de juízes e juízas, não apenas na

área do Direito”. Luiz Carlos é filho do também juiz Fernando Humberto dos Santos. Em 23 anos de carreira na magistratura foi juiz auxiliar do Conselho Nacional de Justiça e da vice-presidência do TJMG. Atualmente compõe,

designado pelo Ministério da Justiça, o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP) e é membro da Corte Eleitoral do TRE-MG. (iBOM, c/ informações da Amagis) / Foto: Eduardo Rocha


nalista e escritor bom despachense

DESTAQUE

Bom Despacho (MG), 15 Janeiro 2022

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A mulher loira e a A mente sofre e estátua do poeta adoecetambém LÚCIO EMÍLIO JÚNIOR

PAULO

No mês que passou, obtive junto a Júlio Campos, um dos componentes da banda Bone Machine citada na coluna “Olha o Grau, Imprensa Digital”, que saiu em dezembro, um conjunto de textos de seu pai, Paulo T. Campos, publicados originalmente em O Bom Despacho, jornal que circulou na cidade na década de 60. Como Júlio obteve também um texto inédito, resolvi publicá-lo aqui nessa coluna. Segue essa interessante contribuição logo abaixo: "Era noite. A cidade de Salvador dormitava calmamente sob os raios meigos da lua cheia. Uma brisa fresca soprava do mar, envolvendo a terra com sua carícia suave e desalinhando os cabelos loiros de uma linda mulher, cujo passo altivo e elegante mostrava pertencer à casta das pessoas bafejadas pela felicidade e pela fortuna. - Marta! Marta!.. Ela parou e procurou com os olhos deslumbrados aquela voz que a chamava pelo nome. Ficou indecisa. Tentou continuar mas... - Martinha! Não temas; sou eu, eu... Era incrível, a boca saía da boca da estátua! Da estátua do poeta! Fez um tremendo esforço para fugir, porém estas palavras novamente a detiveram: - Olhe, você também vai me abandonar! Venha dar-me um pouco de alívio. Olhos dilatados, passo titubeante, aquele vulto caminha como que atraído por um ímã poderoso, em direção do busto que a chamava. Um mistério poderoso, indecifrável, impregnava o ambiente como se aquilo tudo obedecesse a uma incognoscível vontade. - Que queres de mim, ó gloriosa estátua? - Gloriosa! ...então não sabe o significado desta palavra. Fui poeta. Leguei a esta humanidade tão heterogênea, tão ingrata, todas as inspirações da minh´alma, todas as frutas do meu talento, todas as lágrimas da minha dor. E afinal, o que recebi? Nada, ou melhor, acusações, injúrias, como se fosse um louco! Louco! Antes ser louco do que poeta! Resolvi tomar, quando da escravidão, a defesa do negro, não para ter um tema para escrever, mas para realizar qualquer coisa que justificasse minha passagem efêmera pela face da Terra. Os fazendeiros, a população rural, como você sabe, não me perdoaram, a mim e a meus companheiros. Mas não desanimeis; pelo contrário, prossegui cada vez mais arrojado até que a morte veio dar-me assunto, arrancando-me deste mundo tão traiçoeiro. - Mas agora, não vês o tamanho do teu triunfo? Perguntou Marta. - Ora, menina, triunfo, glória, que são isso depois da morte? Só na vida essas coisas são invejadas, porque só nela

HENRIQUE Paulo Henrique Alves Araújo é gestor e servidor público, mestre em computação e gerente de projetos de inovação

Festas de final de ano, férias, cliques, postagens e alegria nas redes. Ao mesmo tempo, a angústia ronda os lares de algumas famílias. Uma sensação de descompasso com essa “exibição de felicidade”, um questionamento sobre qual seu lugar nesse mundo, um vazio angustiante porque faltam perspectivas ou meios para atingi-las, uma tristeza profunda sem explicação razoável. Infelizmente, roteiros mais comuns do que gostaríamos. Relatos recentes me lembraram histórias passadas e me deixaram a sensação de que valia a pena escrever um pouco a respeito. Neste início de ano, um amigo me confidenciou que venceu há pouco um processo de depressão. No ano passado, outros dois relataram que a depressão tinha tomado seus filhos, e um terceiro que acreditava que sua mãe estava depressiva. Tema delicado, difícil de abordar, imagine quando acontece diante de nossos olhos, em nossas casas. De repente, você se dá conta de que uma pessoa normalmente cheia de vitalidade se torna murcha, apagada. Ou excessivamente irritada, com tudo tomando uma dimensão muito maior do que tem. As doenças da mente são um tema sensível, de que pouco falamos e pouco conhecemos.

Paulo Campos em dois momentos da sua vida temos carne, e a carne é sedenta de louros e prazeres. A alma, porém, somente quer a paz e o sossego. E que vale erigir monumentos e mais monumentos luxuosos, custosos, em louvor de um vate, se este, enquanto vivia, nada teve para incentivar a sua vida árdua? - Servem para mostrar à posteridade teu talento genial. - À posteridade! Não, não, mil vezes não! Então não sabe que poucas, pouquíssimas são as que compreendem a poesia. Os homens de hoje não se dão ao trabalho de buscar a beleza através da arte. A beleza física das mulheres, esta sim, tem a admiração de mais de meio mundo. - E ela não é uma arte? Interrogou a mulher. - Sim, respondeu o poeta, mas não criada pelos homens e sim por Deus. - Não sei a que ponto queres chegar. - Quero dizer que só vocês, mulheres e belas, tem uma existência luminosa, reverberando, em plena mocidade, o que há de mais adorável - a formosura. Vivem sempre cercadas de admiradores, recebendo a toda hora, palavras de elogios, gestos de amizade. Não têm a solidão, o tédio e as angústias do poeta, ao contrário: passam os dias sempre cheios de emoção. Conhecendo, de momento em momento, sensações novas. - E achas nisto algo de grande, de eloquente? Insistiu Marta. Como é ilógico este teu

pensamento! Como é mesquinho e passageiro o dote da beleza: dá-nos algumas horas de alegria em troca de longas horas de sofrimentos, ao passo que a tua glória e a de teus companheiros permanecerá indelével no cérebro de toda a humanidade. Assim que começamos a envelhecer os galanteios e os admiradores desaparecem como por encanto e, então, começamos a pedir a Deus para que a “piedade infinita do termo de todas as coisas nos recolha ao seio do esquecimento os restos inúteis de um destino sem epitáfio”. É provável que este diálogo vivo e dramático tenha continuado ainda por muito tempo; eu, porém, não lhes posso afirmar tal coisa, porque acordei assombrado, alucinado, procurando, por toda parte, a Martinha linda e o poeta genial. Paulo Campos" Lúcio Emilio do Espírito Santo Júnior é filósofo, professor e escritor

Eu cresci na era de Daniel Larusso e Cobra Kai. Há muitas coisas fantásticas nessa nossa geração, mas algumas nem tanto. Um exemplo é a abordagem rasa e muitas vezes jocosa sobre as dores e doenças da mente. Aprendi que psicologia era uma bobagem, para não dizer frescura, e que psiquiatria era coisa de “gente doida”. Tinha para mim que uma conversa com um amigo seria sempre suficiente e melhor do que uma sessão de terapia. A gente até ouvia burburinhos, mas faltava informação de verdade sobre o tema. Os tabus eram muitos para tratar dos problemas da mente - e acredito que ainda são. Notem que, por exemplo, se eu adjetivasse essa expressão e usasse problemas “mentais”, a maioria já entenderia bem diferente o que escrevi. Precisamos vencer essas barreiras e abrir espaço para que as pessoas conheçam um pouco mais, saibam lidar melhor com desequilíbrios e entendam que pedir ajuda pode ser necessário. Acredito ser fundamental aceitarmos que a mente também é um órgão vivo, que pode precisar de apoio para se desenvolver, pode se machucar e pode adoecer. Para tanto, precisamos nos abrir para, além do apoio das pessoas mais próximas, contar com o suporte de profissionais capacitados, como psicólogos e psiquiatras. Já tive o auxílio de psicólogos em momentos e situações distintas da minha vida. Além de contatos pontuais em

processos seletivos e de acompanhamento profissional, fiz psicoterapia em duas oportunidades. Numa, fiz por orientação de um amigo, em um momento profissional crítico. Eu era cético quanto a fazer terapia, defendia a tese de que uma pessoa próxima seria muito melhor do que um estranho para discutir meus problemas e dúvidas. No entanto, aquele amigo me convenceu de que eram coisas distintas – ou pelo menos suscitou dúvida suficiente para me levar até as primeiras sessões. Ele argumentava que, assim como eu estudara por alguns anos para me tornar um profissional de tecnologia e depois de gestão, um psicólogo recebia a capacitação para facilitar o desenlace de “nós mentais”, o autoconhecimento e o desenvolvimento de habilidades psicossociais. Foi fantástico, aprendi muito sobre mim e desenvolvi algumas habilidades que me foram e são muito úteis. A outra oportunidade aconteceu quando chegou ao fim meu primeiro casamento. Eu me via sem chão, não sabia como seguir sem a continuidade do projeto mais importante da minha vida, a família que eu tinha constituído. Tinha a sensação de que, com o fim do casamento, tinha fracassado, e perderia meus filhos e a família que tínhamos constituído. Já se vão 12 anos e, ainda que não seja a família que concebemos, conseguimos uma versão que nos enche o coração. Meus filhos sempre tiveram muito presentes pai e mãe e nunca perderam a visão de que somos uma família, ainda que diferente. Há casos, entretanto, em que os apoios das pessoas próximas e de um psicólogo são insuficientes. A tristeza pode avançar até a depressão e sua mente pode não responder apenas com os estímulos externos. Entra nesse caso outro profissional essencial para nossos cuidados com a mente, o psiquiatra. Uma especialização da medicina, a psiquiatria é responsável pelo diagnóstico e tratamento de doenças da mente em geral. Popularmente associado à prescrição de medicamentos

“tarja preta”, o trabalho de um psiquiatra é bem mais amplo do que prescrever remédios controlados. Além do tratamento de quadros depressivos ir além da medicação, eles atuam em uma série de outras doenças da mente, desde distúrbios do sono até o tratamento de dificuldades de desenvolvimento social e intelectual, atendendo de crianças até idosos. Quero deixar claro que sei que não tenho a formação ou o conhecimento necessário para tratar de assunto tão delicado. Sei ainda que há várias outras condições em que esses profissionais da saúde podem nos ajudar. Sugiro inclusive que o JN traga pessoas capacitadas para abordar esse assunto. Mas, percebendo o sofrimento recente de alguns, quis trazer um pouco de informação, usando alguns casos como ilustrações. Nossa mente é complexa. Num mundo com excesso de informações e alternativas, com uma cultura que acelera e intensifica mudanças, com uma sociedade que vende uma espetacularização da vida, há sim motivos para nossa mente sofrer. Além desses elementos externos, cada um de nós tem sua genética e sua história que podem contribuir para doenças da mente. Vale ressalvar, entretanto, que nem todo sofrimento é doença. Acredito sim que nossa mente tem capacidade para superar inúmeras adversidades sozinha, e temos que cuidar para não banalizar doenças como a depressão. Cuidado com a automedicação, com a hipocondria, com as receitas milagrosas que chegam pelos aplicativos de celular e com os maus profissionais, que existem em todas as profissões. Busquem informação. O fato é que precisamos de conhecimento, para compreender um pouco melhor, ter a consciência de que problemas e doenças da mente podem nos acometer a todos e que há tratamentos. A ignorância turva nossa visão, pode machucar e trazer danos irreparáveis.


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Bom Despacho (MG), 15 Janeiro 2022

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