JORNAL DE NEGÓCIOS / Bom Despacho-MG

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DESTAQUE

Bom Despacho (MG), 31 Maio 2022

Ano XXXIII - Nº 1.634 • Fundado em 12/05/1989

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Bom Despacho (MG), 31 Maio 2022 • GRÁTIS 1 EXEMPLAR

Edição Especial Bom Despacho 110 anos CONFIRA NA ÚLTIMA PÁGINA

Bertolino: deixar um legado de transformação é o que me motiva

FERNANDO

CABRAL

Melhor que ser surdo e cego

1° de Junho 2022: 110 anos de história

Página 6

Página 10

ALEXANDRE MAGALHÃES

As ruas de minha BD Página 15

PAULO

HENRIQUE

Obrigado. Hora de despedida Página 13

O (re)encontro na antiga piscina da Mata do Batalhão após 50 anos

Bom Despacho ganha novo CAPS AD para usuários de drogas

Sindicato Rural fez o lançamento da Expobom 2022

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Bom Despacho (MG), 31 Maio 2022

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PEDIDO DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL BLUMINASINDUSTRIAECOMERCIODECOUROSLTDA, CNPJ: 41.254.018/0001-05, por determinação da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – SEMAD/MG, Superintendência de Projetos Prioritários - SUPPRI, torna público que solicitou, por meio do Sistema de Licenciamento (SLA) 2022.05.01.003.0002240, a Licença Ambiental Concomitante (LP+LI), para Fabricação de wet-blue e/ ou de couro por processo completo, a partir de peles até o couro acabado, com curtimento ao cromo e Processamento de subprodutos de origem animal para produção de sebo, óleos e farinha, localizada na Rodovia BR 352, Km 389, município de Martinho Campos/MG.

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É proibida a reprodução total ou parcial, em qualquer meio de comunicação, dos textos e anúncios produzidos pelo Jornal de Negócios - A publicação não autorizada por escrito sujeita o(s) infrator(es) às penalidades legais - Editor: Alexandre Borges Coelho - Tiragem: 6.500 exemplares – Impresso na Sempre Editora / BH – Editoração e Arte: Jornal de Negócios – Opiniões emitidas em artigos assinados não representam a opinião do Jornal, sendo responsabilidade exclusiva do autor – Distribuição livre em Bom Despacho, Araújos e Engenho do Ribeiro e dirigida em Martinho Campos, Moema, Luz, Pompéu, Abaeté e Nova Serrana

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Este exemplar é propriedade do Editor, que autoriza a entrega grátis de apenas 1 jornal por pessoa.

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Batida entre três veículos deixa cinco feridos na BR 262 Duas crianças foram socorridas de helicóptero e levadas para o Hospital João XXIII, em BH

Um grave acidente na BR 262, entre Bom Despacho e Nova Serrana, deixou 5 pessoas feridas na tarde do domingo (29/5). O acidente ocorreu em frente ao Posto Jalé, e envolveu três veículos. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), um Fiat Idea Adventure de Bom Despacho que vinha no sentido capital/ interior invadiu a contramão, bateu na lateral de um VW Voyage de Belo Horizonte que trafegava em sentido contrário e depois colidiu de frente num Fiat Palio também de Belo Horizonte que seguia

atrás do Voyage. Entre os feridos havia duas crianças que estavam no Fiat Palio. Elas foram socorridas em estado grave pelo helicóptero dos Bombeiros e levadas para o Hospital João XXIII, em Belo Horizonte. Ainda segundo a PRF, o motorista do Fiat Ideia foi levado para o Pronto Atendimento de Bom Despacho e o motorista do Fiat Palio foi removido para o hospital de Pará de Minas. A pista da BR 262 só foi liberada por volta das 18 horas. (iBOM / Foto: PRF)

Caminhão quebra e fecha o trânsito durante horas na Rua do Rosário

Um caminhão quebrou na Rua do Rosário na tarde da sextafeira (27/5) e interditou totalmente o trânsito no sentido bairro-centro até o início da noite. A quebra ocorreu no momento em que o caminhão manobrava para entrar numa marmoraria e descarregar as pedras de granito que transportava. O motorista, Vinícius, contou ao iBOM que o compressor da direção quebrou quando ele estava manobrando e não foi mais possível mover o caminhão para desobstruir a pista.

Segundo o motorista, foi sorte a direção quebrar naquele local porque se isso ocorresse quando ele estava na rodovia as consequências poderiam ser piores. Vinícius, que mora no bairro Babilônia, em Bom Despacho, tinha buscado a carga em Cachoeiro do Itapemirim, no Espírito Santo. Após descarregar o veículo iria para casa descansar. Mecânicos passaram a tarde trabalhando no conserto do caminhão, que só pode ser retirado do local à noite. (iBOM / Fotos: iBOM)

Evento na Praça vai trocar lixo reciclável por mudas de árvores Na próxima segunda-feira, 6 de junho, a Secretaria de Meio Ambiente e a Reciclabom vão trocar materiais recicláveis por mudas de árvores de espécies nativas e frutíferas. O evento, que será realizado às 8h30, na Praça da Matriz,

visa comemorar o Dia Mundial de Meio Ambiente, celebrado em 5 de junho. Podem ser levados para troca materiais como papelões, papéis, latas de alumínio (de cerveja ou refrigerante), garrafas pets. Os materiais não podem ter

nenhum tipo de contaminação – ou seja, estar misturados lixo orgânico ou resíduos úmidos. “Pedimos à população que abrace essa causa, que leve os reciclados que são gerados na sua casa para serem destinados à

Cooperativa de Catadores. Fazendo isso estarão contribuindo com o meio ambiente e destinando de forma correta os resíduos”, afirmou o gerente da Secretaria de Meio Ambiente, Tiago Freitas (Fonte: PMBD).

ABAP comemorou 50 anos de atuação

No dia 14/5 a ABAP (Aliança Bondespachense de Assistência e Promoção) comemorou os 50 anos da sua fundação com solenidade na sede do Ciame (Rua José Camilo dos Santos, 3 – Ozanan). A programação teve homenagem aos atuais e ex-diretores da instituição, missa em ação de graças, entrega do selo de responsabilidade social conferido pela ABAP e apresentação do coral Voz & Vida. O selo de responsabilidade

social foi entregue para Acibom, Câmara Municipal, Cooperbom, Credesp, Santa Casa e 7º Batalhão em reconhecimento ao apoio dessas instituições à causa da ABAP. Fundada em 15.05.1972, a ABAP é uma entidade sem fins lucrativos que se dedica a educar e promover crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade ou de risco (Foto: Educandos da Abap – Imagem publicada na página da Abap no Facebook).

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SindicatofezlançamentodaExpobom2022 Na festa de lançamento, 50 expositores já confirmaram reserva de stands durante a feira O Sindicato Rural de Bom Despacho realizou na noite de quarta-feira (11/5) o coquetel de lançamento da 50ª Expobom, que acontece de 6 a 9 de julho. A festa de lançamento foi realizada no Parque de Exposições, com presença de autoridades, empresas, instituições ligadas ao agronegócio e show ao vivo de Ricardinho Trindade. Conforme o Jornal de Negócios já havia noticiado, a procura recorde de stands levou o Sindicato a ampliar a área da exposição e a incluir duas novas ruas para comportar mais participantes. Durante o lançamento foram confirmadas as reservas de 50 stands por empresas e instituições ligadas ao agronegócio. Para o presidente do Sindicato, Patrick Brauner, este ano a Expobom alcançará novo patamar. “Com o crescimento da feira e o fortalecimento do agronegócio, nossa expectativa é chegar a R$ 30 milhões em negócios”, afirmou ao Jornal. No lançamento, Patrick destacou o papel e a importância do produtor rural na comunidade e na realização da Expobom. Ele disse que o novo formato da exposição – que se transformou numa feira técnica e de negócios – coloca Bom Despacho no roteiro dos grandes eventos agropecuários de Minas Gerais. O presidente reafirmou que o foco da Expobom não é promover grandes shows, mas fomentar o desenvolvimento do agronegócio em Bom Despacho e região. Entre as atrações confirmadas este ano ele citou Rodada de Negócios, Julgamento de Gir Leiteiro, Feira Pró Genética e Competição de Mangalarga Marchador. Jacques: produtores dão exemplo O produtor Jacques Gontijo Alvares – expresidente de Credibom, Cooperbom e CCPR Itambé - disse que é importante valorizar o agronegócio e elogiou o “sangue novo” na diretoria do Sindicato que transformou a Expobom numa feira técnica agropecuária. Jacques lembrou que o Brasil está hoje entre os dois maiores produtores de alimentos do mundo graças ao trabalho do homem do campo e afirmou que “os produtores bomdespachenses dão exemplo de pioneirismo na diversificação das atividades nas fazendas”. Carlos: grande sonho Carlos Humberto de Araújo, diretor

administrativo da Cooperbom, elogiou a diretoria do Sindicato - a quem definiu de “conjunto de abnegados voluntários que lutam por um grande sonho”. E arrematou dizendo que “para se realizar um grande sonho é preciso antes ter um grande sonho”. Carlos reafirmou o apoio da Cooperativa Agropecuária de Bom Despacho, patrocinadora master do evento. Enes: modelo correto Enes Custódio Fialho, diretor comercial da Cooperbom, também parabenizou os diretores do Sindicato pela “coragem” de transformar a Expobom em evento de valorização do agronegócio. “Trazer tecnologia para os produtores e promover o comércio do agro, este é o modelo correto”, destacou. Vinícius: fomento ao agro O presidente da Câmara Municipal de Bom Despacho, Vinícius Pedro Tavares Araújo, parabenizou o “jovem guerreiro” Patrick Brauner e sua diretoria por transformarem a exposição numa feira de fomento ao agronegócio e também reafirmou o apoio do Poder Legislativo municipal ao evento. Bertolino: agro é desenvolvimento O prefeito Bertolino da Costa disse que Patrick Brauner, ao assumir a presidência do Sindicato, “encarnou o espírito do homem do campo, do agronegócio”, e promoveu a “ressurreição do Sindicato”. Segundo o Prefeito, a 50ª Expobom “mostra a garra e a persistência do homem do agronegócio” desde os tempos em que os produtores rurais andavam de carro de boi até hoje, quando seus filhos e netos usam drones no campo. Para ele, “falar em desenvolvimento de Bom Despacho é falar do desenvolvimento do agronegócio”. (iBOM)


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Mais notícias da cidade no Instagram @jornaldenegocios

PARABÉNS, BOM DESPACHO! Essa é uma data para celebrar! A nossa querida Bom Despacho está completando 110 anos e começo agradecendo o carinho dessa cidade que sempre me acolheu tão bem, me elegendo deputado federal majoritário nas últimas eleições. Relembro aqui fatos marcantes da cidade e informo os recursos que indiquei para o município.

São José, utilizados no custeio para a manutenção do serviço socioassistencial ofertado na entidade. Atento às urgências que surpreenderam o país e o mundo com a expansão da COVID-19, destinei R$ 300.000,00 com o objetivo de fortalecer o sistema de saúde municipal para o enfrentamento de emergência de saúde ocasionada pelo coronavírus.

Nos últimos três anos, destinei R$ 1.228.383,00 para a cidade, recursos percebidos pela população que comemora essa data especial na melhoria da qualidade dos serviços públicos nas áreas de Saúde e da Assistência Social.

Já estão assegurados recursos para aquisição de uma patrol para o município, no valor de R$ 573.000,00, e para o recapeamento asfáltico da Avenida Carlos Cardoso de Carvalho, no bairro São José, no valor de R$ 481.104,00. Em 2022, já indiquei mais R$ 85.000,00 para o SERDI da Apae, R$ 300.000,00 de custeio para a Santa Casa de Bom Despacho e R$ 300.000,00 para construção da Via Sacra da Cruz do Monte, que serão investidos na revitalização e iluminação da capela e da praça. Ou seja, um presente de aniversário para o município no valor de R$ 685.000,00.

Entre 1912 e 1920, foi criada a primeira escola pública estadual e construída a Santa Casa. Integrante contemporâneo dessa história, destinei recursos de custeio, no valor de R$ 590.000,00, para a Santa Casa de Bom Despacho, e mais R$ 92.033,00 de custeio para a manutenção dos serviços de saúde de média e alta complexidade ofertados pelo município aos usuários do SUS. Ainda nos anos 20 do século passado, a cidade iniciou a ousada construção da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Bom Despacho, erguida com a ajuda voluntária de toda a população e, na década de 80, abraçou a primeira instituição comprometida com a cidadania dos seus filhos com deficiência a Apae. Participei dessa iniciativa desde

a sua fundação e mantenho até hoje o mesmo compromisso firmado em 1982 com as pessoas com deficiência e suas famílias. Foram R$ 75.000,00 para a manutenção do Centro Dia da Apae de Bom Despacho, um espaço que promove a inclusão social dos usuários desde os cuidados básicos do dia-a-dia até a organização da vida independente. Ali, as mães das

pessoas com deficiência são participantes ativas e recebem apoio e orientação para o desenvolvimento da autonomia dos seus filhos no cotidiano familiar e comunitário.

Outra ação do nosso mandato foi a destinação de R$ 96.350,00 para manutenção do serviço de saúde ofertado no Serviço Especializado de Reabilitação em Deficiência

EDUARDO BARBOSA Deputado Federal

Veja notícias diárias de Bom Despacho acessando o site do Jornal de Negócios

Intelectual (SERDI) da Apae, local de avaliação, diagnóstico e acompanhamento das pessoas com deficiência intelectual que, também, oferece tratamento às pessoas autistas. Sem esquecer aqueles personagens vivos dessa caminhada histórica, destinei R$ 75.000,00 para o Lar de Idosos

A chave da memória, ainda que pareça circunscrita temporalmente e diga respeito à comemoração do aniversário de 110 anos de Bom Despacho, está, sobretudo, na revisão de uma imagem primordial em cujo centro contém o maior valor da rica e duradoura história de Bom Despacho: a qualidade de vida da sua gente. Parabéns Bom Despacho!

www.iBOM.com.br


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É melhor ouvir e ver isso do que ser surdo e cego FERNANDO

CABRAL

Fernando Cabral é licenciado em Ciências Biológicas, advogado, auditor federal e ex-prefeito de Bom Despacho

Nosso corpo tem um complexo e refinado sistema de defesa que nos protege contra invasores e contra falhas internas. Os invasores são bactérias, fungos, vírus e outros elementos animados ou inanimados que colocam nossa saúde em risco. As falhas são internas, como células que envelhecem, adoecem ou degeneram. O câncer, por exemplo, tem início com uma célula que quer se tornar imortal e tem muita disposição para se multiplicar e crescer. Pois bem, os corpúsculos que formam nosso sistema imunológico (sistema de defesa) patrulham nosso corpo sem parar. Quando encontram uma coisa estranha, cercam, destroem e eliminam. Incansáveis, eles fazem isto milhões de vezes por dia, todos os dias das nossas vidas. Esta atuação incessante é necessária porque nossa pele é um repositório de agressores, o ar que respiramos está carregados de inimigos e a comida que comemos vem acompanhada de grande número de invasores. Como se não bastasse, entre os 40 bilhões (bilhões!) de células que temos, todos os dias algumas viram semente de câncer estabelecem moradia onde nasceram, ou saem passeando de carona no nosso sangue para assentar colônia em outro lugar. Na maior parte das vezes, todos estes vírus, bactérias, fungos, e células desgovernadas são imediatamente detectados, capturados e destruídos pelo sistema imunológico. Quando escapam, viram doença. A gripe, a covid-19, a varíola, o hérpes zoster (cobreiro) são exemplos de doenças que se estabelecem quando o sistema imunológico falha. Se a falha for temporária, logo a defesa se reforça e vence o invasor. É o que costuma acontecer com gripe e outras viroses. Mas, se a falha for permanente, a doença se torna crônica ou nos leva à morte. É o que acontece com o hérpes zoster (crônica) e costuma acontecer com a varíola (matava muita gente). Com as células degeneradas ou extraviadas acontece a mesma coisa: elas são logo destruídas e recicladas num processo chamado apoptose e autofagia. Apoptose é quando a célula morre por ação interna programada e autofagia é quando a célula ingere parte de si mesma para eliminar organelas (partes da célula) que não estão funcionando bem. Na apoptose a célula morre, mas na autofagia, ela se renova. Em ambos os casos, o material da célula é reciclado e usado no próprio corpo.

Dizem que desgraças acontecem em penca. A rigor, isto não é verdade, mas muitas vezes é o que nos parece. No final de 2019 sofri uma crise medonha de espondilite. Durante muitas semanas, mal conseguia respirar por causa da dor. Já no início de 2022, ainda não totalmente recuperado da crise, sofri um descolamento de retina no olho direito e uma uveíte galopante

Ambas as coisas ajudam na manutenção de nossa saúde. Espondilite anquilosante Tudo vai bem até que alguma coisa dá errado. O sistema de defesa se confunde, mete os pés pelas mãos e começa a atacar e destruir o próprio corpo. Nascem as doenças autoimunes. Há uma penca delas: lúpus, psoríase, vitiligo, artrite reumatóide. Mais de 50 já foram catalogadas. Entre elas a espondilite anquilosante. Foi esta que me atacou. As duas principais manifestações da espondilite são a uveíte e a inflamação das vértebras (espinha) e das juntas. Uveíte é inflamação da úvea, uma parte interna do olho. Normalmente a inflamação é uma coisa boa e necessária. É por meio dela que o sistema de

no olho esquerdo. Conclusão: entrei no mês de maio de 2022 completamente cego do olho direito e enxergando quase nada do olho esquerdo. Como se não bastasse, tive que ouvir pessoas irem às redes sociais dizer que minha doença é fingimento. A maldade de algumas pessoas não tem limite. Mas, é como diz o ditado, é melhor ouvir e ver isto do que ser surdo e cego.

defesa realiza seu trabalho. Quando sofremos um corte o local fica quente, vermelho, inchado e dolorido. A mesma coisa quando pegamos uma gripe e nossa garganta fica vermelha, inchada, dolorida. É a inflamação trabalhando para proteger o corpo, fechar o corte ou eliminar o organismo invasor. Contudo, nas doenças autoimunes a inflamação se torna generalizada e crônica. Todo o corpo sofre. No caso da espondilite, a inflamação se concentra na região das vértebras e virilhas. Na metade dos pacientes, ataca os olhos também. Com o tempo, esta inflamação leva a doenças cardíacas, pulmonares e digestivas. Mas, de imediato, leva à cegueira permanente (se a uveíte não for tratada imediamente) e também ao curvamento e ao

enrijecimento da coluna. O paciente em estado avançado da doença fica corcunda e não consegue movimentar a coluna e o pescoço. Descolamento da retina A retina é a parte do fundo do olho onde se forma a imagem. É a parte sensível à luz que permite nossa visão. Normalmente ela fica colada no fundo do olho onde é mantida lá pelo humor vítreo, aquela gelatina transparente que temos dentro do olho. Com a idade, ou por causa de traumatismo, a retina pode se despregar. É o descolamento. A perda de visão é imediata e será tanto mais abrangente quanto maior for o descolamento. Quem sofre de descolamento da retina precisa ser operado rapidamente sob pena de a

perda da visão se tornar definitiva. Mesmo com a cirurgia, há casos em que a visão não é recuperada. Porém, se tudo correr bem, a visão começa a voltar umas duas semanas após a cirurgia. O processo de recuperação se estende por até seis meses. Meu caso Tive minha primeira manifestação da espondilite aos quarenta anos. Foi quando sofri o primeiro ataque de uveíte. De lá para cá, foram uns 15 episódios. Alguns separados por semanas, outros por vários anos. Infelizmente, os médicos não associaram uma coisa com a outra. Repetidamente fiz exames para tuberculose, toxoplasmose, hérpes e outros. Sempre negativos. Felizmente, em todas estes episódios o tratamento com esteroide deu resultados rápidos. Somente em 2012 ficou constatado que eu tinha uma predisposição genética para espondilite. Mas, somente em 2019 tive uma manifestação típica na espinha. Sofri dores intensas e não conseguia me movimentar. Mesmo assim, o diagnóstico ainda levou alguns meses. Com os tratamentos melhorei muito. Neste momento só tenho dor e restrição de movimento no pescoço (coluna cervical). Dia 1º de maio sofri o descolamento de retina no olho direito. Ao mesmo tempo, tive um ataque de uveíte no olho esquerdo. Fiquei cego de um olho e quase cego do outro. No dia 4 de maio fui operado. Devagar, a visão do olho direito está voltando. O esquerdo já começou a melhorar também. Usando lupa, consigo ler letras grandes (como este texto que estou escrevendo). De longe já vejo vultos. Minha expectativa é muito positiva, embora talvez ainda tenha que fazer outra cirurgia para retirar a sujeira que a inflamação deixou no meu olho. Por que estou tornando isto público? Bom Despacho tem cerca de 300 pessoas que sofrem com espondilite anquilosante. A maioria não sabe disto e se trata como se sofresse de dores musculares, má postura ou problemas mecânicos de coluna. No entanto, enquanto estes males pedem repouso, a espondilite pede movimento. O paciente de espondilite não deve repousar, mas sim se exercitar (dentro do possível). O exercício diminui a dor, aumenta ou preserva a flexibilidade e ajuda a combater a inflamação. Outro motivo é que a doença confunde. Algumas vezes ataca um olho (sempre um), outras vezes a coluna (ou outras juntas). Como pode a mesma doença tirar a visão e enrijecer a coluna? Pode porque a marca registrada dela é a inflamação. Quando ela inflama os olhos, temos a uveíte; quando inflama a coluna, temos a espondilite;

quando ela inflama as juntas temos a artrite. Na coluna e nas juntas a inflamação causa dores agonizantes e leva à imobilidade. Nos olhos, leva à turvação da vista e à cegueira. No entanto, com tratamento e exercícios, quase sempre a doença pode ser controlada e suas consequências evitadas ou adiadas. A doença é incurável, mas não intratável. Desta forma, divulgar esta doença que não é tão rara (mais de um milhão de brasileiros) pode ajudar muita gente a iniciar o tratamento mais cedo e evitar suas consequências mais graves. Mas tenho outra preocupação que decorre de ataques que venho sofrendo nas redes sociais. Um cidadão bom-despachense e seus asseclas têm me criticado porque digo que estou doente e continuo praticando esportes. Neste momento estou de repouso por causa da cirurgia, mas pratico esportes porque gosto, porque é bom para a saúde e, principalmente, porque é o único tratamento incontroverso da espondilite. Todos os demais ajudam, mas podem causar outros problemas. Além disto o esporte é muito barato. Para se ter uma ideia, o medicamento que me foi receitado custa mais de R$ 5 mil a ampola e precisa ser aplicado uma vez por mês. Para quem sofre de espondilite, esporte é terapia obrigatória (dentro do que a dor permitir). Por isto me preocupo quando ouço esta pessoa e seus asseclas me criticando por eu fazer exercícios. Eles podem convencer outros pacientes a não praticarem esportes. Isto, porém, seria péssimo para a saúde deles. Nós, que sofremos de espondilite, precisamos nos movimentar sempre. Não fosse por esta preocupação eu me contentaria com o que nos ensina o velho ditado: melhor ouvir essas bobagens e maldades ditas por este cidadão e seus comparsas do que ser surdo ou cego. Estas semanas de quase cegueira e repouso têm sido uma lição de humildade e uma oportunidade para elevar meu respeito por aqueles que, por nascimento ou fatalidade, foram privados da mobilidade, da visão, ou de qualquer dos sentidos. São pessoas admiráveis que vencem barreiras e não se encolhem quando o destino coloca adversidades em seu caminho. Quanto a mim, espero e confio que em poucos dias terei a espondilite novamente controlada, uveíte curada, retina colada e visão restaurada. Tenho muito por fazer. Sou pré candidato a Deputado Federal. Se o eleitor assim decidir, representarei e defenderei em Brasília os interesses de Bom Despacho e da nossa região. A começar pela duplicação da BR-262 que é um assunto que não pode ser esquecido.


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Bom Despacho ganha novo CAPS AD Nova unidade de saúde vai atender dependentes de álcool, crack e outras drogas

Inauguração teve discursos emocionados

A Prefeitura inaugurou dia 18/5 o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD) de Bom Despacho. Ele foi instalado na rua Geraldo do Totonho, esquina com rua Leopoldina, bairro São Geraldo. A nova unidade de saúde recebeu o nome da psicóloga e ex-servidora Ângela Maria Ferreira, já falecida, “que sempre lutou pelo bem dos nossos pacientes”, destacou o prefeito Bertolino da Costa durante a inauguração. A secretária de Saúde, Tamara Bicalho, explicou ao iBOM que o CAPS AD oferece atendimento especializado para crianças, adolescentes e adultos que sejam dependentes de álcool, crack e outras drogas e queiram se . Não é necessário agendamento prévio. A unidade acolhe usuários em crise por consumo ou abstinência de álcool e drogas, oferece consultas individuais e em grupo. Além disso, também realiza atividades para reinserir o paciente na sociedade. Sua equipe é composta de 3 psicólogos, 1 psiquiatra, 1 médico, 1 assistente social, 1 técnico

A solenidade de inauguração do CAPS BD foi marcada por discursos emocionados. Dalva Mesquita e Geralda Santos, moradoras do bairro São Vicente e mães de dependentes químicos, falaram das suas experiências e da luta diária para cuidar dos filhos e “evitar que a família seja destruida”. Ambas são integrantes do grupo Semeando no Campo, fundado há 7 anos no São Vicente e formado hoje por 15 mães de dependentes de álcool, crack e outras drogas.

de enfermagem e 1 terapeuta ocupacional. “O CAPS AD fica de portas abertas de segunda a sexta-feira das 7h00 às 17h00. À noite e nos finais de semana, se houver necessidade de assistência, o dependente deve ser levado ao PA. Lá ele receberá atendimento e será colocado num dos 9

leitos psiquiátricos que ficam disponíveis na Santa Casa”, disse Tamara. Falando ao iBOM, o prefeito Bertolino da Costa disse que a criação do CAPS AD “traz mais esperança e apoio para dependentes químicos em Bom Despacho”, que agora passam a receber atendimento

especializado. “É mais um serviço implantado para cuidar da nossa população”, afirmou. Bertolino destacou a importância da nova unidade lembrando que “nos últimos anos houve crescimento dos casos de dependência química, especialmente devido à pandemia de Covid-19”.

A psicóloga Mariana Ferreira filha da psicóloga Ângela Ferreira, que deu nome à unidade - agradeceu a homenagem à sua mãe e reafirmou a importância da criação do CAPS BD em Bom Despacho para acolher e tratar os dependentes químicos da cidade. A secretária de Saúde, Tamara Bicalho, explicou como funciona a estrutura de atendimento da saúde mental da cidade. Disse ter ficado comovida com os relatos das mães Dalva e Geralda, do Grupo Semeando no Campo, e arrematou: “agora temos unidade de atendimento especializado para atender

esses casos e apoiar essas famílias”. Citando situações e casos com que lida na igreja a que pertence, o vereador Pastor Alex afirmou que o CAPS AD é “um sonho”. Segundo ele, tratar a dependência química evita que os quadros de saúde se agravem e diminui até as internações e usos de leitos na Santa Casa. “O CAPS BD é um centro de referência que pode abarcar todos os trabalhos [de tratamento de dependentes químicos] existentes na cidade”, afirmou. O prefeito Bertolino disse que a inauguração do CAPS AD é “um dia extremamente feliz” porque a unidade oferece tratamento humanizado para dependentes químicos. “Álcool e drogas não destroem só o usuário, eles corroem a família”, afirmou. Bertolino também elogiou as “mães guerreiras” do Grupo Semeando no Campo “que não se entregam” diante das dificuldades. A solenidade foi encerrada com apresentação do Coral Cantando a Vida, formado por dependentes em tratamento na rede municipal de saúde (Foto: iBOM).


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Entrevista: Bertoli

Bertolino: deixar um legado de tr Em entrevista exclusiva ao Jornal de Negócios, o prefeito Bertolino da Costa fala das entregas da sua gestão, das suas expectativas e frustrações no cargo. Numa conversa de mais de 4 horas com o editor Alexandre Borges, o prefeito destacou a importância da educação para “transformar as pessoas” e reafirmou seu compromisso de implementar a escola em horário integral na rede municipal. Bertolino também falou da importância do empreendedorismo para desenvolver a cidade e das frustrações causadas pela burocracia. E disse que gostaria de ser lembrado como alguém que “construiu bases para o desenvolvimento” de Bom Despacho. Veja na entrevista a seguir.

Você completou mais de 2 anos à frente da Prefeitura, incluindo o período em que substituiu Cabral. Qual foi sua maior entrega nesse tempo? Não há uma coisa que seja muito mais importante que as demais. Estamos fazendo várias entregas. Minha gestão na Prefeitura praticamente coincidiu com a pandemia de Covid-19, que trouxe grandes desafios para os gestores públicos. Nesse período a Prefeitura repassou o maior volume de recursos financeiros da história para a Santa Casa. Reformamos, ampliamos e abrimos novas UBS. Aumentamos as equipes de saúde, que trabalharam dia e noite para atender a população. Tanto que Bom Despacho foi a cidade que teve o menor número de mortes de Covid por 1.000 habitantes na região. Este dado apenas fala por si. O mérito, claro, é do trabalho e da dedicação das equipes da Secretaria Municipal de Saúde, do Comitê de Enfrentamento, das equipes da Santa Casa e do CTI. Foi um esforço conjunto em favor da vida que deu bons resultados. Mesmo com todas as dificuldades e desafios da Covid, a Prefeitura não parou. Fora o atendimento da Covid, o que considera mais relevante nesse período? A Prefeitura asfaltou dezenas de quilômetros de ruas. Fez também a limpeza dos mais de 800 bueiros da cidade, coisa nunca realizada antes. O setor de Obras não parou. Quando no final de 2021 vieram as piores chuvas já vistas em Bom Despacho nos últimos 50 anos, o asfaltamento e a limpeza de bueiros ajudaram a evitar estragos ainda maiores. Se os bueiros não tivessem sido limpos antes das chuvas, os alagamentos seriam muito maiores, prejudicando mais a população.

Algo mais? Outra grande entrega foi sem dúvida a Escola em tempo integral, que vem sendo implantada nos locais onde há o número de salas necessárias. Começamos na Escola Flávio Cançado, que já tinha estrutura para isso. Agora vamos construir 20 salas na Escola Dona Duca, para que ela tenha educação em tempo integral já no começo de 2023. Havendo recursos financeiros vamos estender a educação integral para outras escolas municipais. Digo sempre que sou produto da educação pública. Sei por convicção e vivência a importância da escola para transformar as pessoas. Por isso meu compromisso é buscar a educação de melhor qualidade. E a escola integral é o caminho, inclusive porque tira crianças da rua enquanto os pais trabalham. Destaco também a implantação do Educonecta na rede fundamental de ensino, para oferecer Laboratório de Informática e Internet às crianças. Além disso, todas as escolas de ensino fundamental têm aulas de Inglês, Tecnologia da Informação e Empreendedorismo. Neste ano de 2022 os alunos do ensino fundamental e dos anos iniciais passaram a receber também o material didático do FTD, usado por escolas de alta qualidade em vários lugares do país. Mesmo sendo médico, você sempre se refere primeiro à educação. Por quê? Como médico, o que sei fazer é cuidar das pessoas. Disse há pouco que sou produto da educação pública. Sei da sua importância. Por isso, como prefeito, cuidar bem das pessoas passa por melhorar a educação das nossas crianças, desenvolver projetos de capacitação e inclusão de jovens, adultos e até idosos. Claro, e também investir na qualidade e na

efetividade dos serviços de saúde, ampliar a assistência social, melhorar a infraestrutura da cidade para dar mais mobilidade e conforto às pessoas. Inclui ainda cuidar do esporte, lazer e cultura. Como gostaria de ser lembrado ao deixar a Prefeitura? Como alguém que construiu bases para o desenvolvimento. Deixou um legado para a cidade. Que promoveu mudanças criando mais transparência, agilidade e modernização administrativa para facilitar a vida do cidadão e nortear o crescimento da cidade com regras claras, transparentes, justas e adequadas. Que pensou no futuro, enfim. Dê um exemplo de medida tomada por você que tem impacto no futuro… Dias atrás assinei a Ordem de Serviço para elaboração do novo Plano Diretor e a revisão do Código de Obras do município. Às vezes o cidadão não avalia a importância de medidas como essas, que são estruturantes. O Plano Diretor que existe em Bom Despacho foi elaborado há muitos anos. Não atende mais as necessidades do município e as demandas do desenvolvimento. Por isso a Prefeitura contratou a Universidade Federal de Viçosa (UFV) para elaborar um novo plano, moderno, conectado com os novos tempos. Esse plano terá participação efetiva da comunidade e da Câmara de Vereadores. A grande importância do Plano Diretor é que ele vai direcionar o crescimento da cidade de maneira organizada, criar regras para construção e moradias, estabelecer áreas para comércio e indústria, evitando conflitos e desorganização urbana. O Código de Obras também é muito antigo e cria entraves

que hoje não se justificam. Ele é falho e não atende as necessidades atuais de quem vai construir. Na verdade, diria até que dificulta a vida de quem quer construir e investir em Bom Despacho – criando empecilhos para o empreendedorismo que é fundamental para o desenvolvimento da cidade, a geração de emprego e renda na cidade. Empreendedorismo tem sido uma palavra muito presente na sua fala ... Sim. Empreendedores promovem o desenvolvimento, geram empregos, riquezas e oportunidades de crescimento. Por isso, a ordem é facilitar a vida de quem investe ou quer investir em Bom Despacho. Um exemplo disso é o PraFrenteBD, programa criado em 2021 para ajudar pequenos empreendimentos prejudicados pela pandemia de Covid-19 em Bom Despacho. A previsão é beneficiar 700 pequenos empreendedores na cidade em parceria com as cooperativas de crédito. Dados atualizados pelo secretário de Desenvolvimento Econômico, Eduardo Couto, mostram que até dia 23 de maio o PraFrenteBD havia feito 256 operações de crédito, que liberaram R$ 3.775.500,00 para pequenos empreendedores locais através das cooperativas de crédito. Bom Despacho também foi a 4ª cidade do Estado a assinar o Decreto de Liberdade Econômica em Minas, que promove a simplificação e a desburocratização do ambiente de negócios e facilita a geração de empregos e renda. Nosso intuito é facilitar e estimular o empreendedorismo na cidade. Você sofre frustrações por entregas que ainda não conseguiu realizar?

Sim, a angústia de saber o que precisa ser feito e às vezes até ter o dinheiro para fazer, mas as coisas não andarem do jeito que esperamos por causa da burocracia, morosidade e dos trâmites demorados do sistema. Lidar com a burocracia nos níveis municipal, estadual e federal muitas vezes deixa a gente angustiado, ansioso. Um exemplo: a dificuldade para contratar profissionais qualificados numa situação em que hoje os salários da Prefeitura estão abaixo do mercado. Os trâmites e prazos no setor público não correm no mesmo ritmo que as expectativas das pessoas que esperam obras e realizações. Isso me deixa angustiado. Você citou o exemplo da contratação de pessoal. Há outras situações? Quais? Sim, muitas. Olho Vivo, por exemplo, que já poderia estar funcionando. O atraso na recuperação das vias públicas da cidade após as chuvas do final do ano pela demora na entrega de asfalto foi outra. A contratação de médicos especialistas em algumas áreas, que esbarra em dificuldades salariais e operacionais. Enfim, há muitas outras situações. Câmara Municipal e servidores cobram um Plano de Cargos e Salários para resolver a questão de pessoal…. Eu fui o prefeito que tomou a decisão de criar um Plano de Cargos e realizou a empreitada. Contratamos uma empresa especializada nisso e entregamos a proposta do plano. Essa proposta está sendo discutida por uma comissão de servidores e depois irá para a Câmara. Fizemos a nossa parte, mas a discussão tem se arrastado


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ino da Costa Neto

ransformação é o que me motiva federal e estadual. O município está buscando recursos no BNDES. Com que objetivo? Estamos pretendendo um crédito pré-aprovado de R$ 54 milhões para investir na infraestrutura de BD, como anel rodoviário e duplicação da entrada da cidade até a BR 262.

Foto: ASCOM PMBD

Não é usual o BNDES trabalhar diretamente com municípios que tenham população inferior a 100 mil habitantes, caso de Bom Despacho. Como chegou lá?

porque o sindicato dos servidores não tem correspondido ao que foi previamente combinado entre Prefeitura, comissão de servidores e o próprio sindicato. Atropelou o processo e não cumpriu prazos de entrega das proposições que ficou de apresentar. Espero que os servidores, e principalmente o sindicato, compreendam a necessidade de corrigir as distorções atuais para então se pensar em implementar uma política salarial digna, justa e que permita progressão na carreira. Do contrário, todos os servidores sairão prejudicados. Estou com a consciência tranquila porque fiz o que era necessário. Em 2020 combinei de fazer o plano. Licitei e contratei a empresa, que trabalhou muito e depois apresentou o projeto. Agora, é com os servidores e seus representantes. Qual é o maior desafio a ser resolvido pelo Plano de Cargos e Salários? Hoje, existe um mosaico de carreiras, sem planejamento e com muita desigualdade. Em alguns casos existem até 3 cargos para uma mesma função, com salários diferentes e horários de trabalho diferentes. Isso vem de muitos anos. Passou por vários prefeitos. Quanto mais demorar uma solução definitiva, representada pelo Plano de Cargos e Salários, maior será a dificuldade para resolver o problema. O desafio é dar condição digna para os servidores, que são de fato quem carrega a prefeitura. Como anda a relação com a Câmara Municipal? Temos tentado desde o início do mandato buscar uma relação respeitosa e construtiva com a Câmara. Afinal, eu já fui vereador e sei que ali é o lugar do debate, do aprimoramento das ideias.

Infelizmente, alguns vereadores têm acirramento de posições. Se opõem a alguns projetos do Executivo antes mesmo de conhecer o que eles trazem e sua importância para a comunidade e para a administração do município. Alguns fazem oposição pela oposição. Eu respeito a posição ideológica de cada um, mas penso que diferenças políticas e partidárias não podem estar acima dos interesses da cidade. Mas acho que felizmente temos conseguido avançar e buscado entendimento com a maioria para trabalhar em projetos do interesse de Bom Despacho. Temos divulgado para a comunidade os projetos que estamos enviando ao Legislativo para que a população acompanhe. Isto não é feito no sentido de pressionar, mas por transparência, com o intuito de esclarecer a população, que tem direito de ser informada. Quais são atualmente os seus maiores desafios no cargo? Digo que o principal desafio da administração municipal é criar em Bom Despacho o melhor ambiente para se empreender no Brasil. Isso envolve condições materiais, parcerias e engajamento das pessoas e instituições. É desafiador mas estamos trabalhando neste sentido. e hoje temos um conjunto de circunstâncias que nos ajudam. Uma dessas circunstâncias são instituições participativas e fortes como Cooperbom, Cooperativas de Crédito, CDL Acibom, Sindicato Rural, entre outras. Existem pessoas à frente dessas instituições que comungam dessa mentalidade e nos ajudam a fazer parcerias importantes em busca de resultados. Outra circunstância favorável são os apoios que temos nos governos

Através do trabalho do Dr. Paulo Rabello, que já havia feito um estudo da situação sócioeconômica de Bom Despacho para nos ajudar a definir e implementar grandes projetos estruturantes. Os resultados desse trabalho, que mostrou as muitas vantagens competitivas de Bom Despacho, foram determinantes para que o BNDES abrisse caminho para as negociações com o município. Como disse há pouco, se conseguirmos esses recursos no BNDES poderemos executar duas obras importantes para o desenvolvimento da cidade, que são o anel rodoviário e a duplicação da entrada da cidade pela 262. Como estão as relações políticas do Prefeito de Bom Despacho neste ano de eleições estaduais e federais? Temos cultivado boas relações políticas em nível estadual e federal. Prova disso é o número expressivo de recursos financeiros que vieram para Bom Despacho através de emendas e indicações parlamentares. Em 2021 e 2022 recebemos volume recorde de recursos. Mas essas boas relações políticas também nos permitem correr atrás de grandes projetos para o município com apoio dos governos federal e estadual. Um exemplo é o caso da derivação de água do São Francisco para o Rio Picão, que dará um grande impulso na produção do agronegócio em Bom Despacho. Pode falar dessas relações? Temos recebido apoio de lideranças políticas de expressão nacional, como os senadores Rodrigo Pachego e Alexandre da Silveira. O deputado Luís Tibé, presidente nacional do meu partido, o Avante, já nos encaminhou quase R$ 4 milhões em um ano e meio mesmo sem ter sido votado em Bom Despacho. Os deputados Domingos Sávio e Eduardo Barbosa, que têm um histórico de atuação de longa data conseguindo recursos e encaminhando projetos de interesse de Bom Despacho no governo federal. Deputado Diego Andrade, um dos parlamentares mais influentes do Congresso Nacional. Mesmo não tendo participado da minha campanha, Diego tem construido conosco uma parceria muito benéfica para

Bom Despacho liberando recursos financeiros e encaminhando vários projetos nossos junto ao governo federal. Aliás, esse caso do Diego Andrade mostra o quanto é importante colocar os interesses da cidade acima de interesses e vaidades pessoais. Construir novas relações, pensar no bem de Bom Despacho acima de questões partidárias e eleitorais, acima de qualquer outra coisa. Há também deputados como Lafayette Andrade e Subtenente Gonzaga, com quem tenho relação respeitosa e dos quais recebemos, através da Prefeitura, alguns recursos para o município. E no plano estadual? Temos apoio efetivo dos deputados Antônio Carlos Arantes e Fábio Avelar, que têm nos ajudado com recursos parlamentares e atuado como os principais interlocutores de Bom Despacho junto ao governo do Estado na defesa dos nossos projetos. Estamos também construindo parcerias com o deputado Wendel Mesquita que certamente irão beneficiar Bom Despacho. Você disse que Bom Despacho recebeu volume recorde de recursos. Vieram através de quem? Pretendo divulgar o volume de recursos destinados à cidade por cada parlamentar, além dos projetos encaminhados e apoiados por eles em favor de Bom Despacho. Acho importante que a comunidade veja o resultado desse trabalho, do compromisso dos deputados com a cidade. O apoio de deputados é fundamental para qualquer administração municipal. Aniversário da cidade é habitualmente data de anúncio de obras e projetos. O que teremos este ano? Estão previstas as assinaturas de várias Ordens de Serviço (OS). Entre elas a Revitalização do Lixão. Esta medida faz parte do programa Bom Despacho Lixo Zero, que prevê várias outras iniciativas como mudança e ampliação do pátio de reciclagem da Reciclabom, instalação de mais de 200 lixeiras para coleta seletiva na cidade e início da reciclagem de material de construção e de podas e cortes de árvores. Vamos iniciar também a troca de todas as lâmpadas de iluminação pública da cidade. Todas as ruas de Bom Despacho, mais Engenho do Ribeiro e povoados, receberão lâmpadas de LED, que iluminam muito mais e gastam menos energia. Estamos licitando também o programa Smart City, ou Cidade Inteligente. Esse projeto leva Internet via cabo para toda a cidade, interligando prédios públicos, escolas, postos de saúde, repartições administrativas e demais unidades da Prefeitura. Todos os serviços públicos serão interligados com rede Internet

de altíssima velocidade, garantindo agilidade e mais eficiência na prestação de serviços ao cidadão, tudo online. O Cidade Inteligente permitirá grandes avanços em Bom Despacho. Uma das mais importantes, com reflexos na segurança pública, é o sistema de videomonitoramento com mais de 200 câmeras de alta resolução instaladas pela cidade, além de Engenho do Ribeiro e povoados rurais. Permitirá também implantar o serviço de Wi-Fi gratuito de alta velocidade em 12 praças da cidade, com acesso livre para os cidadãos. Outra novidade é que abrimos licitação para construir 20 novas salas de aula na Escola Dona Duca e duas novas UBS, no Esplanada e no São Bento. Essas obras serão feitas através de construção modular, uma nova técnica muitíssimo mais rápida, mais eficiente e de custo menor. É uma nova tecnologia está ganhando espaço na construção civil em todo o mundo por sua rapidez e eficiência. Você não pode ser candidato novamente em 2024, porque está no segundo mandato. Portanto, tem dois anos e meio de governo. O que pretende deixar nesse prazo? Como já falei, quero concluir meu mandato construindo bases para o desenvolvimento de Bom Despacho. Vou também trabalhar para deixar Bom Despacho em boas mãos na próxima eleição municipal. Precisamos de pessoas que tenham compromisso com ética, transparência e desenvolvimento da cidade. E temos bons nomes para isso. Quais? Ora, muitos nomes... [risos]. Mas tudo tem seu tempo. Agora é hora de trabalhar, de cumprir os compromissos assumidos. Ainda é cedo para falar sobre nomes. Vai e vem, volta a mesma pergunta: você pretende ser candidato a deputado? Eu realmente estou muito focado no meu mandato. Em princípio, não tenho essa pretensão. Minha preocupação atual é com a administração de Bom Despacho. Até as próximas eleições, daqui a mais de 4 anos, tem muita água pra rolar. O que virá depois depende da eleição deste ano e de muitas outras coisas. Nessa altura do seu mandato, você faria diferente alguma coisa que fez como prefeito? Quando se lida com tanta gente, com tantas situações diferentes, às vezes esbarramos em alguém ou tomamos uma atitude intempestiva. Claro que acho isso ruim. Mas no geral não há nada que eu mudaria radicalmente. Eu e minha equipe na Prefeitura estamos trabalhando muito. Talvez no final do mandato eu veja coisas que poderia ter feito diferente. Hoje ainda não.


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1° de junho 2022: 110 anos de história uma vez que está assegurada a independência municipal. Quatro dias depois, a futura vila entrava em sua roupagem de festa para receber a mensagem viva da sua emancipação na pessoa do Coronel Tininho, do filho que regressava triunfante.

Tadeu de Araújo Teixeira é professor, escritor e fundador da ABDL

Preparativos para o grande dia

Esta crônica está fundamentada em antigos jornais e inúmeras fontes históricas de arquivo pessoal do Dr. Nicolau Teixeira Leite, um dos maiores conhecedores das origens, da história e dos personagens de Bom Despacho. Aqui nascido em 1897, aqui faleceu em 1994, aos 97 anos. Em 1912, na data festiva da instalação de nosso município e da cidade, ele tinha já 14 anos. Conheceu e curtiu grandes vultos da terra como o Cel. Tininho, Pe. Nicolau, Pe. Augusto, Faustino Teixeira, Dr. Miguel, Dr. Hugo Gontijo, Profa. Chiquinha Soares, Maria Guerra e outros. Prestou inúmeros benefícios ao nosso povo e a nossa cidade como líder na Santa Casa, na Paróquia, na Sociedade de S. Vicente de Paulo, na ABAP, advogado e como professor e diretor da Escola E. Miguel Gontijo, como prefeito, vereador e presidente da Câmara Municipal. O cidadão e escritor Mário Morais e cronista de jornal (in memoriam) escreveu que Dr. Nicolau foi o maior vulto da história de Bom Despacho no século XX.

permaneceu por quase um mês em Belo Horizonte, capital de Minas, pequena cidade com somente 14 anos de idade, a atormentar os políticos e a incomodar os que governavam até que lhes dessem a segurança de que a sua terra não mais veria decorrer o ano seguinte como tributária de outro município. Vale a pena saber que isto custava um pouco mais de renúncia, de boa vontade do que hoje seria exigido.

Fiz consultas também em textos jornalísticos do Pe. Vicente Rodrigues e do cronista Paulo Teixeira Campos de O Bom Despacho.

Em 1911, uma viagem a Belo Horizonte se fazia em 3 dias: 6 léguas a cavalo e no segundo dia, ia-se até Felipe Galvão, onde se pegava um trenzinho infame, e no terceiro dia, por uma linha nova, há pouco inaugurada, sem horário e sem segurança, chegava-se à capital, quando a chegada não ficasse para o outro dia.

Grato a todos e também ao Eurico Chaves e Nicomedes T. Campos, editores do jornal.

Vultos e fatos da independência de Bom Despacho O Coronel Tininho Vale a pena saber que Faustino Assunção (o Coronel Tininho), nascido em Abaeté, mas filho adotivo muito extremado de Bom Despacho, encorajado pelo velho vigário da paróquia (Pe. Nicolau) e por seus companheiros de conquistas, em agosto e setembro de 1911

A exaustiva viagem

O corre-corre dos líderes e a reza do povo Na capital, o corre-corre o espera com seráfica paciência, o andar quando preciso e o parar quando necessário. O deixar para amanhã aquilo com que se contava hoje e não ter pressa numa angústia de tempo... O sorrir sempre para todos, embora muitas vezes cansado de acariciar com o arminho da alegria. Cá na aldeia o povo reza numa sofreguidão que vale por todos os martírios.

A maior de todas as notícias Até que numa memorável tarde de setembro, um despacho telegráfico, mandado ao vigário da paróquia por via da estação de Paramirim e trazido pelo correio, vem dizer a todos de

O tempo que decorreu até 1º de junho de 1912 foi de entusiástica preparação. Levantouse o Paço Municipal, prédio para a sede da prefeitura e o edifício para o primeiro grupo escolar, também obtido na mesma época, o que demandou muito trabalho e penosos sacrifícios, considerando as exíguas possibilidades econômicas do tempo. Mas tudo se fez e, em 1º de junho de 1912, como não estivesse concluída a construção do edifício destinado ao município, a sua instalação, e consequente funcionamento da Câmara Municipal, se fez no salão da Santa Casa de Misericórdia, situada no velho casarão do Miguel Dias desde 1903, quando fora ali instalada num terreno que compreende hoje o Clube Bom Despacho e o lote da Escola Cel. Praxedes. A eleição dos vereadores e do presidente A Câmara se compunha de 7 vereadores: vereador especial: Gustavo Lopes Cançado,

295 votos. Pe. Nicolau Ângelo del Duca, 206 votos. Faustino Assunção (Tininho), 193 votos. Faustino Teixeira, 189 votos. Francisco Lopes Cardoso, 188 votos. Manuel Marques Gontijo, 177 votos. E Antônio M. Gontijo Filho, 177 votos. Outros candidatos votados: Vital Campos, 7 votos. Manoel Gontijo, 5 votos. Altino Teodoro da Costa, 2 votos. A Lei N° 13 de 21/06/1913 Na reunião preparatória, presidida pelo Pe. Del Duca, foi eleito presidente da Câmara o Coronel Tininho. Não havia eleição nem a denominação de prefeito naquela época, e o Presidente da Câmara assumia também o cargo de Chefe do Executivo e então de prefeito. No ano seguinte, pela Lei N° 13, de 21 de junho, foi instituído dia da festa municipal a data de primeiro de junho, até hoje celebrado como o dia do aniversário da cidade. Registros históricos I - O primeiro capelão da ermida de Nossa Senhora do Bom Despacho chamava-se Pe. Francisco de Assis. Isto em 1801. II – Em 1812, o alferes Manuel Tavares da Silva conseguiu de D. João Vi, então “por graça de Deus, Príncipe Regente de Portugal e Algarves daquém e dalém mar, “a licença para a

ermida se tornar capela pública”. Já então o Padre se chamava Miguel Dias Maciel. III – Hoje afirma-se que nosso município possui mais de 60 mil habitantes. Em 1911, ano em que foi aprovada a lei estadual, que criou o nosso município, a população de Bom Despacho era de 1.544 pessoas, assim distribuídas: adultos masculinos: 483; femininos: 606; crianças do sexo masculino: 187; do sexo feminino: 143; velhos dos dois sexos: 125. Casas, incluídas as de capim: 289. IV – O território que hoje forma o município de Bom Despacho já pertenceu a 3 cidades de Minas: de início a Mariana, primeira capital do Estado. A partir de 1715, a Pitangui, a Vila do Ouro. E a seguir, no século XIX, já havia o arraial e éramos distrito de Santo Antônio do Monte, cujo primeiro nome foi Iaúma, até a instalação da Vila de N.S. do Bom Despacho, em 1912. V - No dia 1º de junho de 1961, o jornal “O Bom Despacho” anunciava que “comemorando o jubileu de ouro, Bom Despacho receberá o melhor presente! TELEVISÃO – Belo Horizonte, Rio e São Paulo. A TV BOM DESPACHO que será inaugurada dia 1º de junho de 1961 fazendo parte dos festejos de aniversário da cidade”.


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O (re)encontro na antiga piscina da Mata do Batalhão depois de 50 anos Naquele local, há 50 anos, Eloisa e Raimundo se conheceram. Casaram-se e fizeram carreira no Norte do Brasil. Após meio século voltaram para viver em BD ROBERTA GONTIJO ARAÚJO TEIXEIRA

Algumas vezes tive a oportunidade de ir embora e construir a vida em outros lugares, mas no final das contas, sempre arrumei minhas malinhas e pus o pé na estrada de volta pra ca. Acredito que a vida e nossos amores moram quase sempre nos detalhes, no prazer da rotina diária que buscamos pra tornar tudo mais aprazível e um pouco mais seguro e é isso que morar em Bom Despacho representa pra mim: aconchego. Bom Despacho tem as delícias de uma cidade interiorana, como a intimidade entre os habitantes, a segurança de se caminhar pelas ruas sem medo, um trânsito sem engarrafamentos diários e um ritmo de vida menos frenético.

Eloisa e Raimundo no casamento (direita) e hoje (esquerda): reencontro no mesmo lugar

E claro, como todo lugar que nos é caro, Bom Despacho tem suas peculiaridades: a linda Vila Militar, a exuberante Matriz, as estradas de terra acessíveis que nos permitem corridas, caminhadas e pedaladas no meio do mato, a mata do Batalhão, que eu particularmente amo e as pessoas que acabam se tornando, todas, queridos familiares. Aqui a gente ainda consegue achar tempo pra fazer de tudo um pouco. Além do mais, apesar de pequena, a cidade conta com bons cursos de idioma, boas escolas, boas academias e, ainda que em número reduzido, com gostosos botecos e restaurantes. É verdade que ainda há muito por fazer: temos poucas opções de emprego, o aproveitamento e a coleta seletiva do lixo ainda engatinham, as queimadas intencionais são inúmeras, particularmente nos períodos de seca. São restritas as opções de lazer e cultura... mas acredito que essas mudanças competem a nós que fizemos a opção de aqui viver - realizar, ainda que lentamente, ainda que com pequenas contribuições. Mas não é sobre minha relação com Bom Despacho que quero falar. Gostaria de contar sobre um casal que conheci há pouco e casualmente, em virtude das minhas histórias e paixões pela Mata do Batalhão. Sérgio Rodrigues, meu dermatologista e amigo querido, ligou-me desejando saber sobre uma suposta piscina no interior da Mata do Batalhão. Contou-me sobre um casal de amigos e seu filho que desejavam encontrá-la mas não estavam conseguindo. Prontifiquei me a ajudar e levá-los às ruínas da piscina, o que pra mim, de fato, foi uma alegria. Contatos trocados, numa manhã fria e ensolarada, nos encontramos na Panolli,

Eloisa e Raimundo com Roberta e o filho Otávio fizemos as devidas apresentações e fomos para a nossa exploração. O passeio, claro, foi intercalado por deliciosas narrativas e muita emoção. O filho do casal, Otávio, na verdade queria levar os pais à piscina, porque eles iam comemorar 50 anos de relacionamento e tinham se conhecido ali, na antiga piscina da Mata do Batalhão. A história e as ruínas dessa piscina sempre me emocionaram. Acho fantástico que, em 1944, tenha sido construída, no meio daquela mata linda, frondosa e cheia de bichos uma piscina olímpica para uso da população e depois ampliada e amplamente utilizada. Bom, retomando a história, o casal Maria Eloisa de Oliveira Gama, bom-despachense, com origens no povoado do Vilaça, encontrou, em agosto de 1972, nas dependências da piscina da mata, o então aspirante Raimundo Otávio da Costa Gama, hoje coronel da Polícia do Estado do Pará. Namoraram a maior parte do tempo à distância, trocando cartas e encontrando-se apenas nas férias do meio e fim do ano. Em janeiro de 1975 casaramse, construíram suas vidas no Pará, tiveram 3 filhos: Vivianne, Mara e Otávio (que

foi o intermediário de toda a conversa, do encontro e também o atento fotógrafo do passeio). Maria Eloisa formou-se bióloga pela Universidade Federal do Pará, fez um belo e diferenciado trabalho por lá, apresentou projetos e contribuiu com o meio ambiente da região, como servidora da Assembleia Legislativa do Estado do Pará. Hoje se aposentou e adivinhem? Voltou com seu coronel para Bom Despacho não apenas para revisitar o local do primeiro encontro onde tive o grande prazer de leva-los -, mas resolveram aqui morar. Revisitando e andando com eles pela mata, pude usufruir de deliciosas companhias e apreciar o dinamismo, empolgação, inteligência e sensibilidade com que eles vivem e lidam com o entorno. Foi um presente conhecê-los e presenciar o retorno deles ao local do primeiro encontro, com direito a lembranças, papos, risadas, aventuras e cliques. Fico feliz que tenham escolhido Bom Despacho pra morar. Acho que têm muito a contribuir para que esta cidade se torne ainda mais promissora e aconchegante. Roberta Gontijo Araújo Teixeira é servidora pública federal.


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Enfim, muito obrigado! É a hora da despedida Foto do arquivo de Célio Luquini, publicada pelo Bar do Tonhão

PAULO

HENRIQUE Paulo Henrique Alves Araújo é gestor e servidor público, mestre em computação e gerente de projetos de inovação

Tudo tem um fim. Feliz ou infelizmente, tudo tem um fim. E é chegado o momento desta coluna se despedir. Aqui no Jornal de Negócios com vocês desde agosto de 2020, a coluna se despede nesta edição. Mas antes de tratar disso, quero falar de outras duas importantes despedidas recentes em BD. Padre Jayme No final da década de 1960, surgiu em Bom Despacho o Roda Viva, movimento cristão de jovens liderado por um jovem padre da cidade, Jayme Lopes Cançado. Visionário, ele quis desenvolver um trabalho de formação cristã (e cívica!) com adolescentes, faixa etária que contava com pouco apoio da Igreja Católica, até por ser considerada de difícil trato. Era comum evangelizar crianças e adultos, mas os jovens tinham poucos programas que falassem diretamente a eles. Eu fui um dos milhares de jovens bom-despachenses que tiveram o prazer de participar do Movimento Roda Viva, de ser parte do rebanho de Padre Jayme. Participei de jornadas e encontros, fui membro de grupos de jovens e vivi na minha juventude a parte mais efervescente de minha vida católica. Morador da Avenida das Palmeiras e frequentador da Igreja do Rosário, eu tinha mais intimidade com o saudoso Padre Vicente, a quem visitava frequentemente para tomar um café ou um livro emprestado, falar de meus conflitos e aspirações, discutir o mundo. Tempos bons... Mas Padre Jayme também foi figura marcante naquela fase da vida de toda uma geração de bomdespachenses católicos, que aprenderam a viver a religião com alegria, entusiasmo e visão de vida cristã como serviço. Retomei o contato com ele nos últimos anos, já idoso. Meu pai, Majela, tornou-se seu motorista e amigo fiel, acompanhando-o por um bom tempo de casa até diversos compromissos, desde a fisioterapia ou alguma consulta médica até as missas mensais na Capela dos Alves. Nos últimos 5 anos, quase sempre que eu ia a Bom Despacho, meu pai me levava para uma visita àquele querido amigo, fosse para levar um jornal, rememorar histórias do passado, falar de política ou comentar algum feito do América. Momentos maravilhosos, abençoados! Padre Jayme, o senhor transformou nossas vidas e nunca será esquecido. Deus seguramente já o tem em bom lugar. Sua benção! Milton Milton José Teixeira, ou Miltão da Dirol, também nos deixou

Foto: iBOM

DESTAQUE

Padre Jayme Lopes

Miltão da Dirol

neste mês de maio. Conheci Milton na infância, quando viajávamos juntos de férias frequentemente. Não sei dizer como isso começou, mas, dentre outros amigos que também acompanhavam minha família nas viagens de férias, Milton, Fátima e suas filhas eram os mais frequentes. Não consigo pensar em Caldas Novas na minha infância sem ver a imagem deles conosco.

viram no negócio que ele iniciou na região uma oportunidade, tiveram apoio dos políticos e das administrações locais e transformaram aquela cidade em um polo muito mais próspero do que Bom Despacho. Ele dizia que todos que entraram para a política em BD – e ele apostou em muitos – se perderam e se apequenaram depois que assumiram cargos eletivos. E que, por isso, não torcia por meu sucesso na política, porque tinha carinho e respeito muito grande por mim e nossa família. Opinião de empreendedor e conselho de pai.

Milton sempre me impressionou pelo vozeirão e firmeza no olhar. Era até engraçado ver ele e meu pai conversando. Enquanto Milton trovejava e ria alto, meu pai falava manso, compassado. Lembro-me de nos encontrarmos de madrugada na piscina do Hotel Privê, para tomar um banho quente na primeira água do dia. Lembro de nos sentirmos milionários quando ganhávamos uma rodada no bingo do hotel à noite. E ainda houve aqueles constrangimentos de adolescência quando se propunha que tinham que arranjar o casamento dos filhos de um com as filhas do outro. A face que eu tinha do Milton – Miltão da Dirol, empresário poderoso à época - era uma que acredito que poucos conhecessem. O tempo passou, a minha vida adulta chegou e mantínhamos contatos raros, em eventos em Bom Despacho ou batepapos com meu pai na rua por aqui. Em 2020, por oportunidade da candidatura a vereador, procurei Milton para buscar apoio. Conheci finalmente o Miltão, o empreendedor. Já um pouco debilitado por problemas de saúde que vinha enfrentando há alguns anos, ele marcou comigo no banco ali no Edifício Assunção que tem o nome dele gravado. A voz continuava a mesma, forte e alta, e ele me mostrou uma visão bem negativa da política bom-despachense, especialmente quanto ao subdesenvolvimento da cidade. Disse que estava completando 50 anos que começara seu negócio de produção de aves, a Granja Ana Rosa, que fora pioneiro nisso na região, alcançara considerável sucesso e realização, mas nunca contara com o apoio das administrações municipais. “Nunca!” - ele foi muito enfático nisso. Enquanto isso, concorrentes de Pará de Minas

Miltão será sempre Milton para mim. Isa, Gisa e Grazi, meus sentimentos. Enfim, muito obrigado Por fim, esta coluna se despede hoje do JN. Comecei a coluna em agosto de 2020, a convite de Alexandre, para apresentar ideias que vinha discutindo com lideranças locais para promover o desenvolvimento de BD. A coluna girou um bom tempo em torno desses temas, especialmente enquanto eu os vivia junto com vocês aí na cidade, no segundo semestre daquele ano. No final de 2020, retornei a Brasília, para retomar meu trabalho na Câmara dos Deputados, onde sou servidor concursado desde 2008. Nunca abordei esse lado da minha vida por aqui, até porque o enfoque foi sempre tratar questões e histórias de BD. Mas já se vão 1 ano e meio longe da cidade e meus textos foram também se distanciando. Hoje, não me sinto confortável para escrever sobre BD como antes, minha visão é muito limitada e frequentemente tenho que recorrer ao passado para me aproximar de vocês. Decidi que é hora de parar. A Alexandre e ao Jornal de Negócios, muito obrigado pela oportunidade. Escrever aqui foi a realização de um sonho e a rememoração de tempos de juventude em que a redação era parte muito viva do meu dia a dia. A você que leu e acompanhou esta coluna por tanto tempo, concretizando esse meu sonho de adolescência, o meu melhor muito obrigado. Que Deus siga abençoando a você e sua família! Um grande abraço e a gente se vê por aí.


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Bom Despacho (MG), 31 Maio 2022

Boleka: um discípulo do Profeta Gentileza LÚCIO EMÍLIO JÚNIOR Sempre admirei o trabalho de Geraldo Majela de Mesquita, o professor Boleka. Andréa da turma Pelourinho foi a primeira a elogiar esse grande artista e arte-educador para mim, ainda nos anos 90, ao tempo da banda Mayoma. Mayoma era um sucesso local. Boleka, além de músico popular, é também professor junto a mim na escola Wilson Lopes, bem como tem a sua própria escola de música. Ele conta que Boleka, originalmente nome artístico, agora é o seu nome verdadeiro. Geraldo virou apelido, brinca ele. Junto de sua escola de música e seu trabalho nas escolas, ele é um importante agitador cultural local. Ele foi o primeiro a me falar do trabalho de Eduardo Lucas Andrade, escritor, psicólogo e meu atual editor. Ele me emprestou o seminal livro Psicanálise e Educação, de autoria de Eduardo. Recentemente, Boleka redigiu um ótimo artigo para a Rede Futura de Ensino, chamado Hierofanias da Arte: A Escrita e a Intervenção Cultural do Profeta Gentileza, texto onde ele analisa uma figura fascinante: o profeta Gentileza. José Datrino, o chamado Profeta Gentileza, assim como a forma como ele inscreveu na cidade do Rio de Janeiro o seu pensamento e sua vida. Trata-se de figura que originou lendas em torno dele. Ele vivia nas ruas do Rio de Janeiro pregando a gentileza e bondade, oferecendo flores aos passantes. Para expressar-se, ele pintou nos muros do Viaduto do Caju mensagens que traduziam seu pensamento: ele se dizia Jesus de Nazaré e queria ensinar o caminho do perdão como sendo o caminho da verdade e da moral aos seres humanos. Gentileza recebeu uma revelação divina (hierofania) e a partir dela apresenta um princípio universal: a “gentileza”, que é o que ele prega no dia a dia. Ele acredita na gentileza como um absoluto, ou seja, uma solução para os problemas presentes e pretéritos da humanidade.

neiro. Gentileza pintou murais que lhe deram prestígio social de artista urbano. Ele transmitia seu pensamento através da pregação nos sinais e esquinas, assim como tinha sua própria roupa e sua escrita peculiar. Após ter seus escritos apagados como se fossem pichações comuns, fato que gerou polêmica, obteve apoio de um movimento que obrigou a prefeitura do Rio a restaurar a obra. Ele também foi um inspirador de obras artísticas: duas canções de artistas da MPB foram dedicadas a ele: Gentileza de Gonzaguinha e uma canção homônima de Marisa Monte. Sua trajetória mostra como uma figura lendária (e evidentemente um indivíduo acometido de transtorno mental), em conflito, inclusive, com as religiões estabelecidas, obteve grande aceitação social como artista. Boleka é um discípulo do profeta Gentileza e sempre difunde a máxima aos alunos: gentileza gera gentileza. Eu sou grande admirador do trabalho de Boleka e até postei a canção Quarta-Feira de Cinzas, de sua autoria, em meu canal do youtube, que pode ser vista apontando a câmera do celular para o QR Code abaixo. Lúcio Emilio do Espírito Santo Júnior é filósofo, professor e escritor.

Gentileza, uma figura ao mesmo tempo marginal e muito presente na cidade, produziu uma obra que tornou-se patrimônio cultural do Rio de Ja-

José Datrino, o Profeta Gentileza, no RJ

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PUBLIEDITORIAL

110 anos de Bom Despacho

Sicoob Credibom renova o seu compromisso com o futuro do município Fazer 110 anos com excelente nível de desenvolvimento e reunindo condições importantes para ser considerado um lugar agradável e acolhedor, bom de morar e de criar raízes, é uma condição privilegiada entre os 853 municípios das Minas Gerais. Mas isso não é de graça! Afinal, não foram apenas as riquezas do solo propício à criação de gado e lavoura que permitiram atingir esse cenário promissor. É uma conquista de seu povo comprometido com o trabalho, com o empreendedorismo, com o respeito pela terra, com o desenvolvimento da região, somado a gestões municipais competentes. Bom Despacho é assim: uma cidade acolhedora, próspera, que respeita a terra e seu povo. Que se abre à evolução e à prosperidade de forma consciente, unindo desenvolvimento à preservação ambiental, à qualidade de vida e à responsabilidade social. Não foi gratuitamente que o Sicoob Credibom encontrou em Bom Despacho o berço esplêndido para plantar suas raízes cooperativistas, neste município que acolhe novas ideias e que se torna parceiro e receptivo ao crescimento de empresas que querem fazer a diferença na vida das pessoas e na região. Há 36 anos o Sicoob Credibom vem traçando uma trajetória que orgulha seus cooperados e toda a região de Bom Despacho, contribuindo desde sua constituição para o desenvolvimento do agronegócio e, a partir de 2005, para os demais segmentos da economia, por meio da oferta de soluções

financeiras completas em condições mais acessíveis e justas. Com quatro agências bem estruturadas e tecnológicas, sendo três em Bom Despacho, e uma no distrito do Engenho do Ribeiro, o Sicoob Credibom mantem sua proposta de proximidade junto a seus associados, conhecendo suas necessidades e a realidade do mercado local para apoiar conquistas pessoais e de seus negócios. Acompanhando o mercado, oferece ao público que anseia por agilidade e comodidade a sua conta digital, disponibilizando um completo portfólio de produtos e serviços de forma prática e segura, suportada por tecnologia de última geração, mas oferecendo ao cooperado digital um atendimento próximo e acolhedor do cooperativismo. Com o propósito de promover

justiça social e prosperidade para seus cooperados e para as comunidades onde está presente, o Sicoob Credibom, como empresa cooperativa, tem em seu DNA a responsabilidade social e, por isso, está envolvido nos principais projetos e ações de interesse da região de Bom Despacho, como é o caso do projeto Pra Frente BD. Outros projetos e ações por iniciativa da cooperativa ou em parceria com outras instituições da região vêm sendo implementados ao longo dos anos, como o Bolsa Escola, Escola de Informática, Projeto de Recuperação do Rio

Capivari, além de apoio ao esporte local e a instituições filantrópicas como Metástase do Amor, ADEFIS, APAE e Asilo São José, entre outras. Hoje, parabenizamos Bom Despacho pelos 110 anos e reafirmamos nosso compromisso com as questões importantes para o município. Desejamos que Bom Despacho continue sua trajetória desenvolvimentista, preservando o meio ambiente e seus valores, contando sempre com uma cooperativa financeira para construirmos juntos um futuro cada vez mais promissor.


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As ruas de minha BD ALEXANDRE

MAGALHÃES Alexandre Sanches Magalhães é empresário, consultor e professor de marketing, mestre e doutor pela USP e apaixonado por SP e BD

“O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia / Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia / Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia / O Tejo tem grandes navios / E navega nele ainda, / Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está, / A memória das naus. / O Tejo desce de Espanha / E o Tejo entra no mar em Portugal. / Toda a gente sabe isso. / Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia / E para onde ele vai / E donde ele vem. / E por isso, porque pertence a menos gente, / É mais livre e maior o rio da minha aldeia. / Pelo Tejo vai-se para o Mundo. / Para além do Tejo há a América / E a fortuna daqueles que a encontram. / Ninguém nunca pensou no que há para além / Do rio da minha aldeia. / O rio da minha aldeia não faz pensar em nada / Quem está ao pé dele está só ao pé dele.” O poema acima é de Alberto Caiero, um dos apelidos de Fernando Pessoa. O poema chama-se “O rio da minha aldeia”. Sempre que alguém me pergunta algo sobre Bom Despacho ou me pede para comparar a cidade com São Paulo, este poema do grande Fernando Pessoa me vem à mente. Bom Despacho não é tão grande como São Paulo, não é tão rica como São Paulo, mas Bom Despacho é a terra de gente que amo... por isso, Bom Despacho é mais importante do que qualquer outra cidade na minha vida... e que faz aniversário dia 1° de junho. Meus cantinhos em BD Em São Paulo há milhares de restaurantes, milhares de bares, milhares de cafés, milhares de tudo. Mas, por isso mesmo, sou um anônimo nestes milhares de lugares. Em Bom Despacho, há menos diversidade, mas em todos os lugares que frequento, muito pelo carinho que as pessoas têm com minha família bomdespachense, sou tratado pelo nome, como uma pessoa única e importante. Isso não tem preço... Sinto-me em casa na Panolli, onde a Sandy e a Gilvania me tratam com tanta atenção. Mesma situação quando vou ao Na Praça Lanches, onde me sinto um rei pelo tratamento que recebo do Ivan, da Flavia, da Tamara, da Silvinha... Onde em São Paulo vou encontrar o sorriso sempre aberto do seu Tarcisio do Xuá? Impossível! Quando vou ao KiMassa, a Thais já sabe que não como carne e anota minha salada substituindo todos os elementos de origem animal por vegetais e legumes. E passou a instrução para todos os atendentes! Que carinho! Até a atendente do Fidelis da Linha já sabe que vou atrás de empadas de palmito. Às vezes eu estou a vinte metros dela e ela já me faz um sinal de negativo ou positivo, indicando “não tenho” ou “hoje tenho empadas de palmito”, sempre acompanhado de um sorriso. Na Praça de Esportes, me sinto em casa! Dos porteiros, Serginho e Dinho, passando pelo pessoal da academia, o Lineker e Michele, ao professor de natação (que nem faço), o Marcelo, um acolhimento apaixonante. E o

atendimento no Bar do Fabinho e da Ana? Sem comentários. Os dois estão sempre sorridentes, acompanhados dos ajudantes. E a Mercearia do William, o lugar mais simples, frequentado por gente da vizinhança, mas onde sou recebido sempre com uma simpatia sem igual do próprio William e de sua ajudante Fantinha. O William até me deu o barco do Palmeiras, que ficava em uma parede do estabelecimento, alegando que só eu torcia pelo Palmeiras... Citaria toda a cidade, se houvesse espaço. A Matinha, minha paixão Todos os domingos e em alguns dias de semana, corro na Matinha, perto dos Cristais. Não canso de me emocionar com a mata, os bichos, os gritos dos macacos, os animais que aparecem ocasionalmente, como cobras, veados, quatis, seriemas, as enormes borboletas azuis cintilantes, entre tantos outros. Ah, a Matinha de Bom Despacho não é a Amazônia ou o Pantanal, mas é a mata de minha terra adotiva... Lembrei o Fernando Pessoa novamente. As festas populares Paulistano e ignorante que sou (perdão pela redundância) sobre a cultura brasileira, adorei conhecer as festas populares de Bom Despacho. Participei de duas e me emocionei muito: Folia de Reis e Reinado. Acompanhei o grupo de Folia de Reis liderado pelo Luis Alberto na casa de uma amiga, a Eleuza, e fiquei feliz com a beleza da festa e com as músicas. Gostaria de ver pessoalmente a Dança das Enxadas, que vi em vídeo e gostei muito. Espero participar dessas festas por muitos anos, aprendendo mais sobre a cultura popular brasileira. Circuito dos Ranchos e CorreBom Duas coisas que me encantam em Bom Despacho: o Circuito dos Ranchos e a CorreBom. Exemplos de disposição, organização, paixão e prazer. O primeiro, um grupo de amigos que decidiram se encontrar mensalmente para tomar boa música, beber e comer bem. É tão apaixonante, que decidi aprender violão. Contratei o Leo Assunção e estou tentando muito... E a CorreBom, grupo de corredores que congrega gente de todas as idades, todas as velocidades e todas as distâncias. Todos trabalham arduamente só pensando no bem-estar dos bom-despachenses. Que orgulho de pertencer a estes dois grupos. Todas as rosas têm espinhos... Todas as paixões são acompanhadas por brigas ocasionais. Como costumo dizer que nós só brigamos quando temos interesse em continuar a convi-

ver. Então, tenho minhas diferenças com Bom Despacho, pois amo esta relação. Grande parte da cidade não tem calçadas (passeios, como dizem por estas bandas), o que obriga muita gente a andar pelo meio da rua. Além de perigoso para os moradores, pois podem ser atropelados, há lugares que se pode torcer ou quebrar uma perna se insistirmos em andar pelo passeio. A cidade cheira a queimado em grande parte do ano, especialmente no período de estiagem. Os bom-despachenses, até os que conheço e considero como amigos, colocam fogo no mato, no lixo, em restos em geral. Além de ecologicamente condenável, torna a respiração mais difícil, especialmente de quem gosta de caminhar, correr ou pedalar pela linda cidade. Cães e gatos dominam a cidade. Em todas as ruas de Bom Despacho é possível encontrar cachorros dormindo do meio da rua, comendo lixo, dormindo nas portas de muitas lojas, enfim, uma tristeza. Muitos são atropelados, porque vivem soltos. O problema aparece quando os animais decidem te perseguir e morder nas estradas de terra. Vejo muitas situações desagradáveis quando corro ou pedalo. Um bom programa de castração e adoção de cães e gatos poderia ajudar a resolver o problema. Talvez, uma lei obrigado o dono do animal a castrá-lo, com punição financeira para quem não o fizesse, poderia ser um impulso para resolver o problema. Apesar da atuação da Bicho Amigo, o problema é muito grande e difícil de resolver. Lixo nas estradas de terra. Escrevi recentemente sobre a quantidade de lixo que encontro nas estradas de terra. Na maioria das vezes, durante meus exercícios eu encontro latinhas de cerveja, garrafas plásticas de água e coisas assim. Mas, há lugares onde há toneladas de lixo, restos de construção, sofás, animais mortos e descartados ali... uma tristeza. Campanhas de conscientização e multas pesadas, talvez ajudem a melhorar a situação. A estradinha de terra entre a Avenida Dr. Roberto Queiroz e a Estrada do Pica Pau sempre me deixa triste, pois há dezenas de pontos com muito lixo... Parabéns, BD! Não é todos os dias que se faz 110 anos. Hoje, Bom Despacho tem exatamente o dobro de minha idade, mas ainda é uma criança. Que continue esta cidade acolhedora, com essa gente maravilhosa, simpática, trabalhadora e cheia de sonhos. Que preserve suas tradições! Parabéns, Bom Despacho e povo bom-despachense! Que eu possa comemorar muitos aniversários seus nas próximas décadas!


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