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O corte Guarda de Congo Catupé Estrela do Oriente

já não eram bem vistas, passaram a ser perseguidas.

Pra minha surpresa e tristeza, Luiz me falou que, logo após esse período, por volta de 1932, com a perseguição em alta, a capela da Pracinha da Inconfidência teve que ser destruída, sob a alegação da necessidade de alargamento da rua do Rosário, no trecho onde está hoje a rua Dr. Miguel.

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A tradição, no entanto, manteve-se forte entre algumas das grandes famílias de Bom Despacho, tais como os Cardoso, os Lopes Cançado, os Rufino e outras tantas devotas de Nossa Senhora do Rosário. Assim, por volta de 1940, alguns membros dessas famílias passaram a reivindicar a liberação e o retorno da festa.

Dentre eles, segundo Luiz, destaca-se dona Zezé do João Araújo, que era categórica na reivindicação da volta dos festejos, exigindo, inclusive, que seu marido fosse fazer diretamente ao Padre a exigência. Segundo ele, a história que corre é que João Araújo, sob pressão da Dona Zezé, foi bem incisivo com o padre, chegando até a mostrar-lhe uma arma de fogo na cintura como forma de convencimento pelo retorno do Reinado.

Certa feita, já com a festa voltando a se fortalecer, esteve em Bom Despacho o deputado Austragésilo de Mendonça que, encantado com a tradição, juntou-se à dona Zezé do João Araújo e a outros membros da comunidade e construíram o salão que até hoje é utilizado e se situa na rua da Olaria. Os homens contribuíram com a força física e

A família de Miguel, pai do Luiz, meu ilustre narrador, residia, inicialmente, nas Grotadas, região da Chapada, perto de Moema, mudando-se após para o Buriti, Salitre, onde nasceu Miguel, e, finalmente, com Miguel ainda bem pequeno, para Bom Despacho. Instalaram-se na Vila Aurora, bairro da minha infância e onde Miguel também cresceu, conheceu, ainda criança, a esposa Vilma, com quem chegou a brincar nas ruas do bairro. Criou família e morou por ali durante toda a vida. Manteve sempre acesa a chama do louvor a Nossa Senhora e, de pé, o Corte Guarda de Congo Catupé Estrela do Oriente, deixado como herança por seu pai.

Mas o corte, ao que sabe Luiz, nem sempre esteve nas mãos da família. Num período anterior, Zé, Nina e Maria Leite, que moravam onde fica a fazenda dos Germanos, eram os donos do pequeno Corte. Zé Ingrácia, amigo comum de Alberto, pai do Miguel e de Zé Leite, convidou Alberto para ajudar a compor e ampliar o corte. Alberto de pronto aceitou o convite.

Acontece, que neste período, nos idos de 1930 e, pelos motivos já narrados acima, a festa do reinado foi paralisada e, quando retornou, eles (Zé Ingrácia e Alberto) passaram a dançar no corte do Baiano, que, segundo Luiz escutou, não os recebeu muito bem.

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