Caderno expoagas 2014

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MARCELO G. RIBEIRO/JC

Porto Alegre, quarta-feira, 20 de agosto de 2014 Caderno Especial do Jornal do ComĂŠrcio


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Porto Alegre, quarta-feira, 20 de agosto de 2014

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Caderno Especial do Jornal do Comércio

FEIRA

MARCELO G. RIBEIRO/JC

Varejo busca se adequar às tendências

A 33ª Convenção Gaúcha de Supermercados − Expoagas 2014, maior feira supermercadista do Cone Sul, começou na manhã de ontem e se estende até esta quinta-feira, dia 21. Pelo Centro de Eventos da Fiergs, em Porto Alegre, devem passar cerca de 38 mil players da cadeia de abastecimento, entre profissionais do autosserviço, varejo e indústria de todo o País. A Feira de Negócios reunirá 344 expositores de 105 segmentos fornecedores de produtos, equipamentos e serviços para o varejo. Além de supermercados, a feira recebe representantes de empresas de hotéis, bares, restaurantes, açougues, padarias, lojas de R$ 1,99 e de bazar, petshops, lojas de conveniência e outros setores. A cerimônia de abertura ocorreu no Teatro do Sesi. Diversas autoridades prestigiaram o evento, como o presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, Gilmar Sossella, representando o governo do Estado; o secretário adjunto da Secretaria Mu-

nicipal da Produção, Indústria e Comércio (Smic), Pablo Mendes Ribeiro, representando o Executivo municipal; o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Fernando Yamada; presidentes e representantes de entidades como Sistema Fecomércio, Sebrae-RS, OAB-RS, CDL Porto Alegre, Fiergs e ADVB-RS e representantes das associações supermercadistas da maioria dos estados brasileiros. O presidente da Associação Gaúcha de Supermercados, Antônio Cesa Longo, deu as boas-vindas, ressaltando o momento de integração entre gerações, setores e linguagens promovidos pela Expoagas, uma oportunidade única para a qualificação, o aprendizado e a promoção de bons negócios entre os participantes. “Não é exagero considerarmos Porto Alegre a capital do varejo brasileiro nas próximas 72 horas. Aqui, estarão reunidos homens e mulheres de negócios e milhares de companhias de todos os tamanhos e diferentes lugares

do Brasil e da América Latina”, afirmou Longo. Para o varejo, segundo o dirigente, este é o momento de buscar qualificação, conhecimento de tendências e fechamento de parcerias. Para a indústria, a hora é de buscar o diferencial, justificar investimentos, expandir a carta de clientes, apresentar novidades e lançamentos e, sobretudo, concretizar negociações. Longo criticou o que chamou de “verdadeiro imbróglio tributário”, que emperra a igualdade de concorrência e o desenvolvimento do País. “Exemplo disso é o caso de uma grande fornecedora de carnes, que tem 49 infrações por sonegação e está com um passivo de R$ 1,3 bilhão em dívidas de ICMS junto ao estado de Goiás, sem contar os créditos presumidos gerados em outros estados brasileiros.” No entanto, elogiou as mudanças do Supersimples ou Simples Nacional, já com efeitos a partir de 2015. “O sistema, que seria para todas as micro e pequenas empresas, era, na

verdade, setorizado e vedado a uma série de atividades. Com essa mudança, ganham os empresários, mediante o incremento de negócios e a simplificação das obrigações fiscais, ganha o cidadão com o aumento da oferta, com a liberdade de concorrência e com a sadia circulação de riquezas e ganha até mesmo o governo, com a quebra da informalidade e a recuperação da arrecadação.” Longo propôs a revisão da composição da cesta básica de Porto Alegre pelo Dieese, formatada em 1938. “Hoje, uma cesta básica que não inclui sabonete e creme dental e contém mais de um quilo de manteiga está totalmente defasada das reais necessidades de uma família. E padronizando as quantidades dos itens pesquisados nas diferentes regiões, as distorções serão corrigidas e veremos que Porto Alegre claramente não tem a cesta básica mais cara do Brasil”, instigou. Esses e outros temas importantes para o setor serão levantados e debatidos durante os três dias de feira.

Moisés Michelon recebe troféu de Supermercadista Honorário Neste ano, a Agas homenageia um precursor da Expoagas com o troféu de Supermercadista Honorário. Prestes a comemorar 80 anos de vida, Moisés Michelon, diretor do Hotel Villa Michelon e fundador da marca Isabela, foi o

destaque da abertura do evento. Michelon incentivou a criação da primeira reunião de supermercadistas do Estado, em 1982. “Tive a oportunidade de desenvolver minha atividade profissional ao mesmo tempo em que vi o desenvol-

vimento do autosserviço nacional”, recorda. “Nesse tempo todo, acompanhei o trabalho da Agas, não como defensor dos supermercadistas apenas, mas como congregador de indústrias, profissionais de autosserviços e fornecedores

que, juntos, trabalham para melhor atender ao consumidor. Foi assim que eu também sempre trabalhei, crescendo junto com todos, em parceria. Ser lembrado por vocês realmente me envaidece e me deixa muito feliz.”

•Editor-Chefe: Pedro Maciel (maciel@jornaldocomercio.com.br)•Editora de Cadernos Especiais: Ana Fritsch (anafritsch@jornaldocomercio.com.br)•Subeditoras: Cíntia Jardim (cintiajardim@ jornaldocomercio.com.br) e Sandra Chelmicki (sandra@jornaldocomercio.com.br)•Reportagem: Andréa Lopes•Projeto gráfico e diagramação: Ingrid Müller•Editor de Fotografia: João Mattos•Revisão: André Fuzer, Daniela Florão, Luana Lima e Thiago Nestor


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FEIRA

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Programação Completa

Novidades fomentam negócios A 33ª Expoagas vem com inovações. A intenção é fomentar ainda mais os negócios nos diversos segmentos representados na feira e segmentar a programação técnica, que passa a abranger gestores e colaboradores dos mais diferentes setores do varejo e da indústria. “Muitas mudanças refletem a preocupação em oportunizar crescimento a toda a cadeia, já que a indústria gaúcha perdeu cerca de 15% de participação no PIB do Estado nos últimos cinco anos”, diz o presidente da Agas, Antônio Cesa Longo. “Esse é um cenário que nos preocupa, porque uma economia só é forte e tem seu crescimento sustentável se a indústria também se desenvolve.” Para a Expoagas, contudo, os números costumam ser animadores. Em 2013, o evento movimentou R$ 333,8 milhões em transações entre varejistas e expositores. A Feira de Negócios

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deverá reunir mais de 38 mil pessoas, segundo estimativas da Agas. Originalmente, um encontro de negócios do setor supermercadista, a Expoagas vem atraindo outros setores do comércio, como padarias, açougues, lojas de conveniência, restaurantes, hotéis, bazares, hospitais, farmácias, lojas de R$ 1,99, agropecuárias, petshops e outras empresas de varejo. Todas buscam novidades, condições especiais de pagamento, tendências de mercado, novas tecnologias, networking, qualificação profissional e novas parcerias. “Hoje, o supermercadista divide uma loja em diversos pequenos negócios: a padaria é um, o açougue é outro negócio, a mercearia também, e todos têm de se rentabilizar. Além disso, cada vez mais empresas do setor estão oportunizando locações de sublojas, como farmácias, livrarias, restaurantes e gráficas,

19 DE AGOSTO 9h  Solenidade de abertura - Teatro do Sesi 10h  Palestra magna - A música venceu - João Carlos Martins - Teatro do Sesi

transformando o supermercado em um centro de conveniência e de negócios”, destaca Longo. Neste ano, 23,5% dos expositores são estreantes. Pela primeira vez, a feira conta com estandes de companhias que vendem geradores, além de escritórios de advocacia e de empresas de segurança e carro-forte. “Trata-se de reflexo das demandas do setor e das necessidades dos consumidores. A instabilidade dos serviços de energia e as altas taxas de contas de luz, em um País com hidrelétricas abundantes e energia limpa, são gargalos do varejo. Os escritórios advocatícios também têm no comércio um número crescente de clientes, já que o emaranhado tributário e as novas exigências trabalhistas dificultam a compreensão pelo empresário. Por outro lado, saudamos a diminuição da informalidade no setor”, justifica Longo.

12h  Abertura da feira de negócios - Centro de Eventos 12h30  Almoço dos Presidentes - Uma reflexão sobre o futuro do varejo - Silvio Laban e Romano Pansera - Sala Compet do Centro de Eventos 13h30  Visita-técnica - Walmart e Oniz Distribuidora - Instrutor Rogério Machado Centro logístico 14h  Curso - Gerenciamento de categorias e pricing - Alexandre Ribeiro - CAT  Seminário Jurídico - Sustentabilidade - Juarez Freitas e Ricardo Voltolini - CAT 16h  Palestra - Transformando sua loja no maior vendedor - Janer Costa - CAT  Agas Mulher - A arte de ser leve - Leila Ferreira - Centro de Convenções 18h  Workshop - Alternativas para alavancar a venda de queijos - Santa Clara - CAT 22h  Encerramento das atividades do dia 20 DE AGOSTO 10h  Palestra magna - A vida que vale a pena ser vivida - Clóvis de Barros Filho Teatro do Sesi 12h  Abertura da feira de negócios - Centro de Eventos 13h30  Visita-técnica - Varejo - Zaffari e Asun Supermercados - Instrutor Janer Costa 14h  Curso - Obtendo melhores resultados com fornecedores - Alexandre Ribeiro - CAT  Workshop - Operação com pão congelado - Superpan - CAT 16h  Palestra - Mudanças no mercado brasileiro e impactos no consumo - Cláudio Czarnobai (Nielsen) - CAT  Agas Jovem - A moderna liderança por adesão - Dado Schneider - Centro de Convenções  Curso - Estratégia financeira e risco de expansão - Alexandre Ribeiro - CAT 22h  Encerramento das atividades do dia

DANIELA VILLAR/DIVULGAÇÃO/JC

21 DE AGOSTO

A expectativa é de reunir mais de 38 mil pessoas no evento

Recursos humanos em destaque Principal diferencial da programação deste ano, o Seminário de RH apresenta o consultor e colunista Max Gehringer, que comanda um debate sobre mercado de trabalho do qual também participam as gestoras de pessoas da Rede Unidasul, Maria Augusta, e do Super Maia, Nayra Maia. Outra novidade é o Almoço dos Presidentes, com convidados e dirigentes da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), da Agas e de outras asso-

ciações estaduais do setor. O encontro será comandado pelo diretor da Coexistir Consultoria, Silvio Laban, e pelo presidente do Instituto Popai Brasil, Romano Pansera. Para aliar os conhecimentos teóricos das palestras e seminários à rotina prática do setor, as visitas técnicas ocorrem sempre às 13h30min, guiadas por professores do Departamento de Capacitação da Agas. Tradicionais espaços para mulheres e sucessores do setor, o Agas Mulher

apresenta a jornalista Leila Ferreira e sua “Arte de ser leve”, e o Agas Jovem traz o publicitário, professor e painelista Dado Schneider, que aborda o tema “A moderna liderança por adesão”. No Centro de Aperfeiçoamento Técnico (CAT), a programação foi expandida, contando com cursos, palestras e workshops. Na Feira de negócios, o sorteio de prêmios entre os compradores inclui um automóvel Hyundai HB20 e, neste ano, mais dois notebooks.

10h  Palestra magna - A arte de fazer gols: transformando desafios em oportunidades - Clovis Tavares - Teatro do Sesi 12h  Abertura da feira de negócios - Centro de Eventos 13h30  Visita-técnica - Indústria - Vonpar e Trivialy - Instrutor Pedro Savi 14h  Seminário de RH - Mercado de trabalho: postura empreendedora na construção de carreira - Max Gehringer - Teatro do Sesi - Participações: Maria Augusta (Unidasul) e Nayra Maia (Super Maia) 20h  Sorteio de automóvel entre os compradores da feira 21h  Encerramento do evento

Ingressos Valor do ingresso para os três dias:  Varejistas sócios da Agas: R$ 50,00  Varejistas não sócios Agas: R$ 70,00  Fornecedores sócios da Agas: R$ 70,00  Fornecedores não sócios da Agas: R$ 120,00  Visitantes: R$ 120,00

Palestras: gratuitas para participantes da Expoagas 2014. Restrições: não será permitido o acesso à feira para menores de 18 anos; o acesso dos visitantes será proibido após as 21h. Mais informações: (51) 2118-5200 ou expoagas@agas.com.br.


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MAPA DA FEIRA

Confira localização dos expositores Sexy Machine DogPatrol Friolack Pecanita

Árticos

Sirecom Chocoflores Trade Natural

Pretense Mineração Movitec

Milaneska Saúde

s dola Gôn

H Imu offm nui an n zad or a

Koch Adv.

rama

Gelo Rei

Cultu

Farger Geradores

inae

RV Sist

Lum

HD Distribuidora

Luminus Life

Interfood Latinex

Saque e Pague

MPonto


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PALESTRAS

A arte de transformar desafios em oportunidades SANDRA PASCHOAL SOLUÇÕES EM PALESTRAS/DIVULGAÇÃO/JC

Mágico conhecido na cidade de São Paulo nos anos 1980, Clóvis Tavares iniciou sua carreira aos nove anos. Aos 18, já realizava 240 shows infantis por ano, hipnotizando a gurizada. A migração para a publicidade veio naturalmente, com direito a especialização em marketing nos Estados Unidos. Hoje, é um dos palestrantes mais requisitados do Brasil. Na Expoagas 2014, Tavares falará sobre “A arte de fazer gols transformando Para Tavares, um dos principais desafios do empresário brasileiro é a confiança no futuro

desafios em oportunidades”, em palestra magna nesta quinta-feira, 21 de agosto, às 10h. Para Tavares, um dos principais desafios do empresário brasileiro é a confiança no futuro. “A sensação que se tem é que não existe mais aquele otimismo de anos atrás. Todo e qualquer investimento é medido com critérios elevados e isso gera um travamento na economia. Se continuarmos jogando do mesmo jeito e esperando um milagre, ele não vai acontecer”, acredita. Em sua concepção, a única saída para fazer uma mudança radical é tomar atitudes radicais. “Não se pode perder peso se não deixarmos de comer coisas gostosas e gastarmos a energia acu-

mulada.” O mágico acredita que as empresas já estão nesse regime, já evoluíram e viram que não dá para sobreviver do jeito que estavam há cinco anos, por exemplo. O momento, afirma Tavares, é de contenção de despesas e liberação de criatividade. “Somente assim, algo novo surgirá. Times que tinham excelentes atacantes perderam a Copa, porque depositaram toda a expectativa em cima do astro principal e não ouviram a equipe, a torcida e as críticas. As empresas não podem cair no mesmo erro.” E o palestrante sentencia: “Ouvir a equipe e os clientes é um caminho que transforma desafios em oportunidades e muitas vezes não custa nada.”

SANDRA PASCHOAL SOLUÇÕES EM PALESTRAS/DIVULGAÇÃO/JC

O primeiro dia da Expoagas conta sempre com o encontro Agas Mulher. Nesta edição, a jornalista Leila Ferreira é a palestrante. Com mestrado em Comunicação pela Universidade de Londres, Leila foi apresentadora de tevê por 10 anos. Há outros 10, atua como palestrante e escreve livros, entre eles “A arte de ser leve”, tema de sua palestra na Expoagas. “Hoje, há um excesso de exigências e faltam tempo, energia, poder aquisitivo e motivação para cumpri-las. Sentimos a obrigação permanente de desempenhar vários papéis e nos sairmos bem em todos. É como se fôssemos

testados o tempo todo, e fica difícil manter a alma leve quando a vida vira uma série de provas de vestibular”, explica, justificando a abordagem do assunto. “O que muitas vezes nos escapa é que a maioria dessas cobranças não vem do mundo exterior, mas de nós mesmos. O estilo de vida moderno exige pressa, e pressa vicia, acostumando a todos à vida sem pausas.” Aí entra a necessidade de mais leveza nas atitudes, no trabalho, nos relacionamentos. “A leveza não é um presente que a vida nos dá. É uma construção diária, feita a partir de escolhas nem sempre fáceis”, teoriza Lei-

la. “Há limitações que escapam ao nosso controle, claro, mas muitas variáveis dependem de nossas escolhas e de nossa capacidade de priorizar.” Ter gentileza para com todos, cultivar o bom humor e não viver em função dos aplausos alheios formam o caminho em direção à leveza, segundo ela. “Pessoas com mais capacidade de se relacionar e mais competentes em criar ambientes favoráveis têm mais chance de desarmar conflitos. A leveza pode não resolver a situação de Gaza, por exemplo, mas é uma arma eficientíssima para enfrentar nossas batalhas cotidianas.”

SANDRA PASCHOAL SOLUÇÕES EM PALESTRAS/DIVULGAÇÃO/JC

Leveza é uma arma para enfrentar batalhas cotidianas Leila acredita que pessoas com cap cidade de se relacionar têm mais chance de des rmar con itos

A modeeerna liderança por adesão

Segundo Schneider, é importante e aderir a me etas, diretrizes e determinaçções dos superiores

Doutor em cooomunicação com mais de 30 anos de experiência em marketing em em m mpresas como Claro, DM9, Grupoo RBS e Escala, Dado Schneiderr vai falar na Expoagas 20114 sobre “A moderna liderançça por adesão”, nesta quartaa-feira, dia 20. Para ele, m mais complexo do qu ue compreender as m mudanças que vêm em ritmo frenético é d decifrar o que motiv va, causa admiração ed desperta respeito em uma equipe. “A liderança

por adesão é o oposto à liderança por coação”, explica. No século XX, quando as estruturas organizacionais eram basicamente verticais, a ordem vinha de cima para baixo — a autoridade era exercida à base de temor. “Liderar mudou. Com estruturas mais horizontais, a liderança por adesão é a maneira de um superior hierárquico conseguir que seus comandados sigam suas orientações.” Segundo Schneider, no século XXI, não é temendo a chefia que se trabalha. É aderindo a metas, diretrizes e determinações dos superiores que uma equipe vai se desenvolver

e atuar. Nesse sentido, um líder é quem consegue realizar algo através dos outros com naturalidade, e não com demonstrações de poder antiquadas ou anacrônicas. “Acatar uma determinação sem pestanejar é algo bem raro, pois perguntamos os porquês e precisamos de mensagens claras da chefia”, explica Schneider. “Nem todo mundo tem vocação para liderar, mas creio que esta seja mais uma atividade que se pode aprender.” E como liderar-se a si mesmo? “Vivendo com um mínimo de visão de longo prazo e planejamento pessoal.”


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QUALIFICAÇÃO

Depois de um período de bastante demanda em relação aos cursos de qualificação na área técnica, em 2014, a Agas percebeu uma necessidade de mercado nos cursos de gestão com ênfase na liderança de equipes, atualização na gestão de pessoas, gestão de processos e gestão de departamentos. “Até 2013, 70% dos cursos realizados eram operacionais. Hoje, podemos considerar uma distribuição mais equilibrada”, atesta Angelita Garcia, coordenadora de capacitação da associação supermercadista. Na área de gestão, a carência de investimento ainda é maior, segundo a coordenadora. “Os líderes do século XXI precisam ir muito além do conhecimento técnico. Um líder que se preze tem que entender de gente, pois é o ser humano o verdadeiro diferencial das empresas triunfadoras”, afirma. Segundo ela, há uma nova competição instalada no mundo organizacional: a luta pelos melhores cérebros e pelos melhores talentos. “O RH deve se reinventar. O comportamento dos profissionais mudou. Ele se posiciona como cliente interno. Neste sentido, ele também tem suas escolhas e preferências individuais, selecionando empregos e empresas que lhe oferecem boas condições e oportunidades de trabalho. E só uma liderança

eficaz pode influenciar no desenvolvimento de competências, aumentando, assim, a retenção de talentos.” Os cursos ministrados na Agas buscam preparar os líderes com princípios adequados para um gestor lidar com suas equipes de trabalho, despertando amor à bandeira que representam, comprometendo e mostrando que a capacitação é uma das ferramentas capazes de fomentar o desenvolvimento das equipes. “Percebemos em cursos operacionais que os colaboradores não fazem as coisas porque não sabem. Falta engajamento e comprometimento”, diz a coordenadora. Nos cursos da Agas, também são abordadas condutas éticas e técnicas para um desempenho de alta performance da gerência. “Só o gestor bem preparado atende com qualidade as expectativas e necessidades da organização em que trabalha.” A cada ano, o mix de cursos da Agas é atualizado conforme as necessidades do mercado, não só com novas opções, mas também com novos métodos de ensino e conteúdos programáticos. Em 2014, foi introduzido na grade o curso de libras, em parceria com a Secretaria Municipal de Acessibilidade e Inclusão Social de Porto Alegre. Angelita vibra com a formatura da

FREDY VIEIRA/JC

Entidade investe em cursos de gestão

primeira turma, que ocorreu no começo de agosto. O curso dará condições a profissionais do varejo supermercadista de atenderem uma população com mais de 80 mil surdos. Outro curso inserido neste ano é a pós-graduação Psicologia nas Organizações e no Trabalho, realizado com a Universidade de Caxias do Sul (UCS). “Essa qualificação vem atender a um novo momento do RH das empresas, o estratégico, que vem antes da gestão de recursos humanos e já faz a diferença nos resultados da organização”, afirma Angelita. A primeira turma terá início em setembro. Contudo, a

grade de cursos operacionais segue com a mesma atenção, com destaque para a formação de mulheres açougueiras e os cursos de e-social, normas regulamentadoras, coleta seletiva e até frutas ornamentais. Os cursos da Agas são realizados em todo o Rio Grande do Sul, disponibilizando inclusive aulas in company. O projeto De Olho no Futuro, por exemplo, leva qualificação em um veículo itinerante. O tradicional GES – Gestão Estratégica em Supermercados capacita gestores em um curso de quatro meses de duração. Outra ação é a Universidade

Angelita acredita que é preciso muito mais do que conhecimento técnico

Corporativa do Varejo, com o curso superior de Gestão em Supermercados, para qualificar ainda mais os administradores e proprietários de empresas do autosserviço gaúcho com o primeiro curso superior para gestores de supermercados, reconhecido pelo MEC, no Brasil. Há ainda o supermercado modelo do Centro de Capacitação, com estrutura completa para cursos teóricos e práticos. Interessados devem procurar a Agas pelo telefone (51) 2118-5200 ou e-mail cursos@agas.com.br.

BRUNO LABRES/PREFEITURA DE TAQUARI/JC

Aprendizado que leva ao crescimento

Para Roberta, construir e aproveitar as oportunidades é essencial

A trajetória de Roberta Porto comprova que apostar na qualificação é garantir o crescimento profissional. Gerente de varejo da Certaja, em Taquari, ela vem participando dos cursos da Agas desde 2009. Começou a trabalhar na empresa em setembro de 1994, como recepcionista. “Com o passar do tempo, fui buscando qualificação. Concluí graduação em Administração de Empresas e fui ampliando meu saber e minha prática com os cursos da Agas. Hoje, coordeno dois supermercados e uma loja de departamentos.” Trata-se de um reflexo da preocupação da Certaja com a capacitação de seus funcionários. Conforme a gerente, a empresa disponibiliza vários treinamentos internos e

externos, além de auxiliar financeiramente aqueles que fazem cursos técnicos e de graduação, pós-graduação e mestrado, por exemplo. A Escola Móvel da Agas ocupou o estacionamento do Super Certaja na penúltima semana de julho. Foram os campeões de público das cidades por onde a carreta passou, com participação de toda a comunidade. “Todos têm as mesmas oportunidades, o que precisamos é ter atitude e mostrar o nosso melhor. Não podemos esperar que as oportunidades batam à porta, devemos construí-las e aproveitá-las”, diz. Hoje, a Certaja atua na área supermercadista, de beneficiamento de arroz, agroveterinária e na geração e nos serviços de energia elétrica.


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SUSTENTABILIDADE

Nesta edição da Expoagas, a sustentabilidade novamente será um dos temas mais discutidos. Contudo, a intenção é ampliar o conceito, que vai além da preocupação ambiental. “Qualquer empresa ou organização tem que ser ecologicamente correta, mas também precisa ser socialmente responsável e economicamente viável. Esssa é a sustentabilidade em que acreditamos”, explica o presidente da Agas, Antônio Cesa Longo. O assunto dominará um dos painéis da convenção, capitaneado por Ricardo Voltolini. O jornalista é um dos primeiros consultores especializados em sustentabilidade empresarial no Brasil, tendo atendido algumas das mais importantes organizações

brasileiras. Diretor-presidente da empresa Ideia Sustentável, ele é autor do livro Conversas com Líderes Sustentáveis, base da palestra que ministrará no evento. Para o jornalista, um líder sustentável é aquele que consegue contestar modelos e criar possibilidades de uma nova economia, com resultados éticos, justos e economicamente viáveis, gerando valor e bem-estar para toda a sociedade. “Os verdadeiros líderes acreditam e adotam valores de sustentabilidade como ética, transparência, diversidade, credibilidade, senso de justiça, respeito ao outro e cuidado com o meio ambiente.” Para tanto, o líder sustentável deve incluir no planejamento estratégico de seus negócios o

chamado “triple bottom line”. “Trata-se do equilíbrio entre os indicadores ambientais, sociais e econômicos. Não adianta se preocupar só com o resultado econômico, é preciso ser ético e acreditar nisso”, especifica o consultor, que também prevê: “Quem não assumir suas responsabilidades e ampliar sua visão, revendo conceitos de lucro, respeitando o funcionário e o consumidor e cuidando da natureza e das fontes de energia ficará para trás”. Tatiana Donato Trevisan, gerente de Sustentabilidade do Walmart Brasil, explica que, nas questões referentes à sustentabilidade e responsabilidade social corporativa, a liderança conta com o apoio permanente de equipes de

ANTONIO PAZ/JC

Conceito vai além das questões ambientais diferentes áreas internas. Oito Plataformas de Sustentabilidade são conduzidas: cadeia de suprimentos, construções, cadeia logística, impacto zero (gestão de resíduos), insumos, clima e energia, clientes conscientes e funcionários conscientes. Formadas por diferentes grupos de trabalho, as plataformas estão estruturadas para atingir as metas estabelecidas em cada um dos pilares da estratégia de sustentabilidade – clima e energia, produtos mais sustentáveis e gestão

de resíduos –, válida para as operações em todos os países. “Todas têm targets definidos e devem prestar contas periodicamente sobre o andamento das atividades, bem como apresentar oportunidades, riscos e desafios identificados.” Para executar sua tarefa, cada grupo recebe orientações e acompanhamento trimestral. Participam dos encontros formadores de opinião, fornecedores e entidades como as organizações não governamentais Akatu e WWF.

Walmart Brasil é considerado um dos exemplos no quesito


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MERCADO

Setor cresce até 6% no primeiro semestre

Variedade de preços e opções de um mesmo tipo de artigo dão o tom no Asun Supermercados

MARCO QUINTANA/JC

O setor supermercadista gaúcho manteve seu crescimento na casa dos 4% a 6% no primeiro semestre do ano. E o segundo semestre deve seguir no mesmo patamar. Os números fechados do ano de 2013, apontados pelo Ranking Agas, mostram um crescimento real de 7%, 39% no setor supermercadista no Rio Grande do Sul. Em valores nominais, o percentual vai para 13%. Os números são atribuídos à crescente busca do consumidor por confiabilidade, conveniência e facilidade nas formas de pagamento. As 331 empresas gaúchas participantes do levantamento acumularam faturamento bruto total de R$ 17,9 bilhões – o que representa, segundo a associação, 81,8% do faturamento total do segmento gaúcho. Assim, o setor atinge no Rio Grande do Sul um faturamento de R$ 21,9 bilhões, representando 7,05% do PIB do Estado, estimado pela Fundação de Economia e Estatística (FEE) em R$ 310,5 bilhões. E foram as empresas de médio porte que mais cresceram em 2013. Segundo Antônio Cesa Longo, presidente da Agas, a capacidade maior de investimento e o apelo local destas empresas são os principais fatores para este crescimento. “As empresas médias são identificadas historicamente com a sua cidade ou comunidade. É o supermercado em que o dono conhece o cliente e o chama pelo nome, em que o consu-

midor se sente em casa. Contudo, há espaço para todos. O essencial é identificar o que o público daquele ponto está buscando.” A diversificação das atividades é uma forte aposta dos supermercadistas para o incremento de seu faturamento: 39% dos supermercados gaúchos oferecem serviços de recarga de celular; 18,7% contam com serviços bancários, como a possibilidade de pagamento de contas; e 10,8% dispõe de restaurante ou lanchonete. Já na área dos produtos

de marca própria, houve uma diminuição no número de empresas que oferecem estes itens. Em 2012, 39% dos supermercados possuíam artigos de marca própria. No ano passado, o percentual caiu para 16%. “Nenhuma empresa estampará seu nome em um produto de baixa qualidade e, por isso, a marca própria só é produzida quando seu custo-benefício é interessante ao supermercadista e ao consumidor”, explica o dirigente. Em termos nacionais, o Rio Grande do Sul cresceu de 7,7% em

MARCOS NAGELSTEIN/JC

Aumenta a concentração de mercado

Produtos funcionais e saudáveis vão ao encontro do que o consumidor quer encontrar nas gôndolas

Outro dado que chama a atenção no Ranking Agas 2013 é o crescimento da concentração de mercado. As 10 maiores empresas do setor obtiveram, juntas, um faturamento de R$ 12,09 bilhões, representando 55,2% do total do setor. Entretanto, a participação desses grupos no mercado de trabalho é bem menor: com 42,4 mil funcionários, as 10 maiores empresas concentram 46,2% da mão de obra empregada. “Isso mostra que a pequena e a média empresa empregam mais e estão mais atentas ao diferencial do atendimento na disputa por seu espaço no mercado”, observa o presidente da Agas, Antônio Cesa Longo. A Expoagas 2014 evidencia produtos de setores como equipamentos, bazar e importados, cada vez mais adquiridos por supermercados de pequeno e médio portes. Produtos funcionais e “saudáveis”, itens para animais e lançamentos que trazem praticidade ao cotidiano vão ao encontro do que o consumidor quer encontrar nas gôndolas. “A indústria identificou que o consumidor quer ter opções de tamanhos e de diferentes preços, por isto muitas novidades dos estandes ficarão por conta da variedade e do lançamento de novas embalagens”, aposta Longo.

2012 para 8% no ano passado. “O setor supermercadista brasileiro registrou um faturamento de R$ 272,2 bilhões em 2013, um crescimento real de 5,8% na comparação com 2012”, assinala o presidente. O tíquete médio nos supermercados gaúchos é de R$ 41,97. “Há uma diminuição no número de visitas na loja e um aumento no valor gasto em cada compra, em função da falta de tempo e do trânsito cada vez mais intenso nas cidades maiores”, explica Longo.

Ranking Agas 2013 Faturamento anual

Superior a R$ 1 bilhão

 Companhia Zaffari (Porto Alegre) 13,9%

De R$ 400 milhões até R$ 1 bilhão  Unidasul (Esteio) 12,4%

De R$ 300 milhões até R$ 400 milhões

 Supermercados Guanabara (Rio Grande) 26,5%

De R$ 200 milhões até R$ 300 milhões

 Master ATS Supermercados (Erechim) 17,5%

De R$ 100 milhões até R$ 200 milhões  Supermercados Nicolini (Bagé) 24,6%

De R$ 50 milhões até R$ 100 milhões  Super Kan (Porto Alegre) 36,4%

De R$ 25 milhões até R$ 50 milhões

 Supermercado Formenton (Canoas) 41,6%

De R$ 10 milhões até R$ 25 milhões  Supermercado Kern (Ivoti) 82,9%

Até R$ 10 milhões

 Sonaglio Comércio de Alimentos (Alvorada) 171,3% FONTE: AGAS


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ABRAS/DIVULGAÇÃO/JC

Segundo João Carlos de Oliveira, presidente da Associação Latino Americana de Supermercados (Alas), que reúne entidades ligadas a alimentos por meio de supermercados nos 18 países mais importantes da América Latina e Estados Unidos, o crescimento do setor no primeiro semestre nesta região ficará em torno de 1,5%. “Já sabemos que vários segmentos estão tirando o pé do acelerador, mas em relação a supermercados, os números continuam bons”, avalia o dirigente gaúcho. “Temos que lembrar que em um período não tão bom o supermercado é o último que é cortado pela população. A pessoa pode trocar de marca, levar um produto mais simples, abandonar supérfluos, mas não vai deixar de comprar itens para a alimentação.” A Copa do Mundo, segundo ele, ajudou no consumo de produtos que as pessoas levaram para dividir com os amigos enquanto assistiam aos jogos, como petiscos, bebidas e até carne para o churrasco. Esse pico, diluído nos 12 meses do ano, contudo, não será relevante no número de vendas do período. “O supermercado também reflete o mercado de hotéis e restaurantes, cujo aumento

Honda entende que o setor supermercadista apresentou crescimento moderado devido ao ritmo mais lento da economia brasileira

no faturamento auxilia, por tabela, o crescimento das vendas no varejo supermercadista.” O brasileiro, segundo Oliveira, diminuiu seu ritmo de compra, mas segue consumindo mais do que há anos atrás. “Não é o caso de outros segmentos, como o da construção civil. Recentemente, estive em um evento da área e empresários me relataram que a expansão dos últimos anos não estava mais se refletindo, e que eles já estavam revendo os lançamentos para 2015”, aponta. Contudo, para projetar o perfil do mercado em 2015 ainda é cedo. “Vivemos uma era globalizada. As quatro maiores redes do mundo são as quatro maiores redes de supermercados da América Latina. As redes locais, sim, é que têm que se qualificar para fazer frente a esta globalização.” O dirigente da Alas recorda os sérios problemas de abastecimento enfrentados na Venezuela e o congelamento de preços em supermercados argentinos. Nos demais países, a curva de crescimento foi geral, com destaque para Chile e Peru. “Na América Central, vemos a Nicarágua se desenvolvendo e o México apresentando números bastante

PAULO PEPE/DIVULGAÇÃO/JC

Os números continuam bons para os supermercadistas

Para Oliveira, vários segmentos estão tirando o pé do acelerador, mas em relação a supermercados, os números continuam bons

interessantes”, exemplifica. Se há algo em que os supermercados na América Latina e no Brasil ainda deixam a desejar em relação aos estabelecimentos dos Estados Unidos é quanto ao uso da tecnolo-

gia. “A tributação elevada de equipamentos torna inviável a modernização de indústrias e supermercados. Contudo, em relação a recursos humanos, não perdemos nada para as grandes redes europeias”, avalia.

Pesquisa registra faturamento de R$ 272,2 bilhões em 2013 Dados divulgados pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras) mostram que no primeiro semestre de 2014, as vendas do setor supermercadista acumulam alta de 1,57%, em comparação ao mesmo período do ano passado. Para o presidente do Conselho Consultivo da Abras, Sussumu Honda, o setor supermercadista apresentou crescimento moderado devido ao ritmo mais lento da economia brasileira. “Alguns indicadores já mostram que evoluímos muito pouco neste ano. E nosso índice de vendas evidencia que esse desaquecimento impactou também nos resultados do setor”, afirma Honda. A taxa

de geração de empregos, por exemplo, vem caindo bastante, e cresceu apenas 0,06% em junho em relação ao mês anterior. Na mesma linha, o índice de confiança também diminuiu, afetando a disposição de compra do consumidor. A pesquisa Ranking Abras/Superhiper 2014, realizada pelo Departamento de Economia e Pesquisa da associação em parceria com a Nielsen, aponta que o setor supermercadista registrou faturamento de R$ 272,2 bilhões em 2013 — um crescimento real de 5,5% na comparação com o ano anterior, e atingiu 5,6% do PIB. De acordo com o estudo, o faturamento das 20 maiores

empresas evoluiu 10,7%, passando dos R$ 172,2 bilhões em 2013. “Todos esses dados mostram que o setor supermercadista continua evoluindo, com grandes, médias e pequenas empresas muito bem estruturadas para atender o consumidor brasileiro. Isto mostra o grau de desenvolvimento do varejo brasileiro, que compete de igual para igual com o que há de melhor no varejo mundial”, resume Sussumu Honda. Em tempo: a Associação conta com mais de 84 mil lojas no Brasil. O setor é um dos maiores empregadores do País, com 1 milhão de colaboradores diretos e cerca de 3 milhões indiretos.


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Porto Alegre, quarta-feira, 20 de agosto de 2014

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Caderno Especial do Jornal do Comércio

AGAS

Poucas semanas antes de chegarem aos lares brasileiros, os principais lançamentos e apostas da indústria para o segundo semestre são conhecidos na Convenção Gaúcha de Supermercados – Expoagas. Antecipar tendências é um dos objetivos do trabalho da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas). “A feira vem como um termômetro de vendas para o varejo, que fomenta, para o segundo semestre, seus estoques para o que costuma ser o melhor período de vendas do ano”, atesta Francisco Miguel Schmidt, gerente executivo da Agas. Promovida há mais de três décadas, a Expoagas é uma das ações da Agas para estimular o desenvolvimento do autosserviço no Estado e no País. A qualificação segue como um dos principais braços da instituição, que atinge, anualmente, cerca de 7 mil profissionais do setor. “São desde proprietários e gerentes até funcionários do chão de loja, que recebem treinamento em projetos como a escola móvel, que percorre o Interior levando cursos a uma cidade diferente a cada semana, o curso superior de Gestão em Supermercados e outras ações”, especifica Schmidt. Além disso, outras feiras, seminários e convenções são organizados na Capital e no Interior, congregando cerca de 70 mil pessoas ligadas ao setor todos os

anos. “Estamos atentos às necessidades dos supermercadistas, para que o segmento siga otimizando o atendimento à população.” Uma série de gargalos vem atrapalhando os negócios dos supermercadistas, entre eles a qualificação. “As dificuldades de interpretação das diferentes legislações tributárias, os problemas com logística e a gestão de recursos humanos certamente são os mais expressivos”, aponta o gerente executivo. Há uma carência de mão de obra, além de uma mudança no perfil das novas gerações. O pleno emprego é comemorado, porém, este cenário positivo do mercado faz com que seja mais difícil treinar, manter e formar profissionais a longo prazo. “Tradicionalmente, os melhores gerentes de supermercado são os que começaram em funções menores, mas o setor está encontrando dificuldades para reter seus talentos. É um quadro novo para o qual o varejo precisa estar atento, e este é um tema de recorrentes debates na entidade.” Os cursos de atendimento vem sendo melhor trabalhados pela instituição, e as medidas do governo que incentivam a informalidade e o turnover nas empresas, como o Seguro-Desemprego, deveriam ser revistas. Para a Expoagas, a associação ampliou a programação técnica, com

FREDY VIEIRA/JC

Qualificação e informação para estimular o mercado

a inclusão de cursos e workshops para áreas básicas como padaria, açougue e laticínios. As visitas técnicas a supermercados, indústrias e centros de distribuição garantem a experimentação da prática aliada à teoria. “O grande seminário de RH debaterá a gestão de pessoas. No teatro principal, teremos as palestras magnas abordando temas motivacionais, de gestão e de superação de metas, além das tradicionais programações

Para Schmidt, a entidade está atenta às necessidades dos supermercadistas, para que o segmento siga otimizando o atendimento à população

para as mulheres e para os jovens supermercadistas.” Tudo isso contribui para a qualificação e a melhoria do desempenho e, consequemente, do ganho dos supermercados. O consumidor, melhor atendido, ganha por tabela.

FREDY VIEIRA/JC

Centrais de Negócios vão além da rede de compras

Unisuper conta com mais de uma centena de lojas no Rio Grande do Sul

Criadas para fortalecer os pequenos comerciantes, auxiliando-os nas negociações com os grandes grupos, as Centrais de Negócios são uma valiosa alternativa para sobreviver em um mercado competitivo como é o supermercadista. Baseadas no conceito de associativismo, as centrais têm seu berço em Santa Maria (RS), no final dos anos 1980, e ganharam o Brasil. “Hoje, esse segmento representa cerca de 14% do faturamento do setor supermercadista gaúcho”, informa Francisco Schmidt, gerente executivo da Agas. Na sua origem, esse modelo era basicamente de rede de compras: pequenas empresas que se uniam para comprar coletivamente e barganhar melhores preços junto aos fornecedores. Hoje, as centrais vão além, oferecendo serviços de marketing, nutricionistas, assessoria de merchandising, produção de encartes e outras assistências. “São organizações fortalecidas que auxiliam os pequenos

e médios a enfrentarem os grandes concorrentes do setor.” A Unisuper, por exemplo, conta com mais de cem lojas espalhadas pelo Estado. A mais recente loja própria foi inaugurada no bairro Guajuviras, em Canoas. Para ajudar na solidificação das centrais gaúchas e buscar constantemente a renovação, a Agas criou o seu Comitê das Centrais de Compras do Estado. O grupo ampara as redes, criando estratégias e planejamentos para sua evolução e promovendo eventos de integração e qualificação. “O grande segredo do setor é aliar o conteúdo teórico com a vivência do chão de loja”, destaca o presidente da associação, Antônio Cesa Longo. Na Fiergs, em Porto Alegre, será montado um supermercado-conceito, com setores de uma loja real. “Nesse espaço haverá oportunidades para quem procura abrir um supermercado e para quem já possui um e quer otimizar seu atendimento aos clientes”, conclui Longo.


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ENTREVISTA

Varejista precisa ser atento e perspicaz para prosperar

Na gestão de Antônio Cesa Longo, a Expoagas consolidou-se como a maior feira varejista do Cone Sul e a Agas promoveu sua interiorização, calcada na qualificação profissional. Longo também é vice-presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e diretor da Companhia Apolo de Supermercados, com sede em Bento Gonçalves, que atua com oito lojas na Serra gaúcha. Em julho, recebeu a Medalha do Mérito Farroupilha, a mais alta distinção outorgada pela Assembleia Legislativa do Estado para homenagear cidadãos que prestam relevantes serviços ao desenvolvimento do Rio Grande do Sul. “Vivemos em um grande condomínio, onde todos têm um papel a cumprir: antes de reivindicarmos melhorias em Brasília, precisamos cuidar dos nossos municípios. Ainda é cedo para prever 2015, mas o supermercadista é um otimista por natureza, está em seu DNA. Estaremos preparados para atender as necessidades do consumidor”, garante. Jornal do Comércio - Qual o perfil do mercado gaúcho de supermercados hoje? Antônio Cesa Longo - É um setor muito nervoso em que o varejista que mais prospera é o mais atento, o mais perspicaz. Os hábitos de consumo estão mudando, e o supermercadista tem que acompanhar este cenário. Hoje, o consumidor quer garantir o básico no começo do mês para, depois, ir em busca de supérfluos. Há mais volume de compra, maior tíquete médio e uma redução nos números de visitas ao mês.

JC - Como foi o desempenho do setor no primeiro semestre de 2014 e quais as perspectivas para o segundo? Longo - O setor vem mantendo seu crescimento na casa dos 4% a 6%. É um segmento que não sofre grandes prejuízos em períodos de crise, e nem tem crescimentos fora do padrão em momentos de euforia econômica. O segundo semestre deve seguir o mesmo patamar. JC - Como anda a questão da qualificação de funcionários, sobretudo os técnicos? Muito se comenta sobre a falta de mão de obra nessa área. Longo - Há uma carência, mas a questão do RH é mais abrangente. Além da falta de mão de obra qualificada, é necessário uma completa gestão de pessoas, a partir de novas exigências do governo, como o e-Social. Entendemos que a falta de colaboradores é um “problema bom”, a dificuldade seria se houvesse falta de clientes. A Agas está trabalhando neste cenário, qualificando cerca de sete mil pessoas ao ano, em cursos de níveis gerencial e operacional, na Capital e no Interior. Em seis anos, treinamos cerca de 30 mil pessoas, o que representa um terço da mão de obra do setor. JC - Em relação à tecnologia, os supermercados gaúchos vêm se beneficiando das novas possibilidades para o setor? Longo - O setor está atento, e a tecnologia está ao alcance de todos. Há recursos que não foram implantados ainda por uma questão cultural, como as compras por celular e o self

Para Longo, os hábitos de consumo estão mudando, e o supermercadista tem que acompanhar este cenário

FREDY VIEIRA/JC

Neto de imigrantes italianos, economista com pós-graduação em Gestão Empresarial e Administração em Marketing, Antônio Cesa Longo é presidente da Agas desde dezembro de 2012. Para ele, o consumidor esteve mais cauteloso em 2013. “Os hábitos de consumo estão mudando, e temos que acompanhar este cenário. O consumidor enfrentou a elevação do preço do tomate, a crise do leite, a questão da erva-mate... Em um ano atípico, o supermercadista provou seu trabalho, otimismo e criatividade, superando percalços e, mais uma vez, atingindo um crescimento acima da economia no Estado”, aponta. O setor vem mantendo seu crescimento entre 4% e 6%, e, segundo Longo, deve seguir assim no segundo semestre de 2014.

check-out. São ferramentas que serão incorporadas aos poucos, ao longo dos próximos anos. JC - Como os supermercados gaúchos vêm lidando com o quesito sustentabilidade e quais as medidas tomadas para diminuir os impactos do setor? Longo - No caso das sacolas, o Rio Grande do Sul foi modelo para o Brasil. Enquanto todo o País defendia o fim da distribuição de sacolas, o Estado manteve uma postura que defendeu a redução gradual dos plásticos. A partir disso, houve uma diminuição no fornecimento de 600 milhões de sacolas ao ano pelos supermercados gaúchos. Graças a um trabalho em que tivemos o apoio do Ministério Público e da Fecomércio/RS, conseguimos manter a distribuição no Estado. São Paulo, Minas e outros locais que baniram as sacolinhas tiveram de voltar atrás. Mas trabalhamos sustentabilidade com um conceito muito mais amplo: queremos empresas preocupadas com o meio ambiente, mas não apenas isso. As organizações têm de ser socialmente responsáveis e, principalmente, economicamente viáveis. A sustentabilidade não está só no verde, mas em todos os setores de uma empresa. Inclusive este é o tema do nosso Seminário Jurídico da Expoagas 2014. JC - Que contrapartida social os supermercados gaúchos vêm adotando nas comunidades em que atuam? Longo - O supermercado sempre é a segunda casa do seu consumidor e, muitas vezes, o porta-voz das comunidades. No Interior, os empresários

do setor normalmente têm relação próxima com as prefeituras e acabam fazendo este papel. Além disso, cada empresa tem sua estratégia de engajamento social: algumas promovem eventos, outras cuidam de praças, e há as que fazem ações sociais, como campanhas do agasalho e auxílio a instituições. O lado social sempre está presente no setor. JC - A Copa do Mundo ajudou os supermercadistas ou atrapalhou? Longo - Ajudou quem soube aproveitar e atrapalhou quem não se preparou. Alguns itens registraram crescimento na procura, como pipocas, cervejas e vinhos. Mas o que houve efetivamente foi a migração do consumo, o cliente procurou itens diferentes dos habituais. JC - E as Eleições? Quais as perspectivas para 2015? Longo - O setor é otimista e acredita sempre no desenvolvimento do País, independentemente de quem forem os eleitos. Seguiremos participando da construção de uma sociedade melhor, tanto em níveis regionais quanto na esfera federal. Queremos uma economia sólida, que cresça uniformemente. Estamos preocupados com a questão da indústria, que sofreu uma queda de 20% de participação no PIB do Rio Grande do Sul nos últimos cinco anos. Este é um cenário que precisa se alterar. Vivemos em um grande condomínio, onde todos têm um papel a cumprir: antes de reivindicarmos melhorias em Brasília, precisamos cuidar dos nossos municípios. Ainda é cedo para prever 2015, mas o supermercadista é um otimista por natureza.


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Quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Caderno Especial do Jornal do ComĂŠrcio


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