Caderno Fapergs

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Caderno Especial do Jornal do Comércio Porto Alegre, sexta-feira, 23 de maio de 2014

Fundação comemora meio século de pesquisa e inovação


Entidade

artigo

História

Quando um cientista tem a oportunidade de se manifestar acerca dos desafios e dificuldades para que a indústria do Rio Grande do Sul se torne mais competitiva, ele vai necessariamente relacioná-los com a capacidade da comunidade científica gaúcha de transferir conhecimento “de ponta” para alavancar a intensidade tecnológica dos setores industriais. Um aspecto interessante da economia regional, publicado em 2013 no caderno de indicadores econômicos da Fundação de Economia e Estatística do Estado (FEE), diz respeito ao volume das exportações gaúchas no ano de 2012. O Rio Grande do Sul situou-se em 5º lugar quando comparado a outros estados brasileiros. Neste cenário, a agropecuária foi responsável por uma participação de 15,6%, enquanto a indústria da transformação contribuiu com 82,7% do total. Nesta segunda área produtiva, as exportações dos setores de calçados e artigos de couro, celulose, produtos químicos e metalurgia obtiveram crescimento negativo. Na agropecuária, ao contrário, a variação foi positiva. Apesar de ignorar fatores relacionados ao desempenho da economia mundial e regional, às estiagens e políticas de financiamento nesta análise, arrisco um palpite: os produtos que nos ajudam a elevar o PIB gaúcho não respondem pela maioria das exportações, enquanto os setores que mais exportam não o fazem com produtos de alto valor tecnológico agregado (se assim fosse, os setores da indústria da transformação relacionados ao plástico, ao couro, à celulose e à metalurgia, entre outros, teriam alavancado a participação do Estado nas exportações em um percentual bem maior do que os 7,2% registrados, quando comparado a outras unidades da federação). Costuma-se verificar nas análises de especialistas que, além de fatores externos, questões como estiagem, capacidade de irrigação, capacidade de escoamento de produtos e possibilidade de prevenção de doenças nos rebanhos costumam afetar diretamente a agropecuária. Por outro lado, na indústria da transformação, além dos aspectos da economia mundial, somos atingidos pela carência da mão de obra, as dificuldades em viabilizar o patenteamento de nossos processos industriais, bem como pelas dificuldades inerentes à introdução de processos inovadores, os quais ainda dependem em grande escala da importação

de insumos e maquinaria. Uma explicação para estes problemas pode residir no fato de que a invenção de produtos e processos, decorrentes da pesquisa e desenvolvimento (inovação) no Brasil, e, consequentemente, também em nosso Estado, nos deixa em posição desfavorável no cenário mundial. Países como Argentina e África do Sul conseguem melhores indicadores nestes aspectos. Para modificar o cenário negativo, órgãos federais como a Finep, as fundações de amparo à pesquisa como a Fapergs, além de instituições universitárias, alavancaram nestas atividades os gastos com pesquisa e desenvolvimento no Brasil, aplicando anualmente em torno de 1% do PIB desde o início dos anos 2000. Determinações como a Lei de Inovação e a Lei do Bem também auxiliaram na colaboração entre empresas e universidades. O desafio à frente é proporcionar um crescimento acelerado nestas relações, colocando o conhecimento gerado pela academia científica a serviço da geração de novas tecnologias, além de incrementar o papel do Estado e do País na produção científica internacional. A Fapergs, posicionada estrategicamente neste cenário, vai contribuir para que o Estado sinta a explosão tecnológica. Em fase de recuperação, a fundação é o principal agente de fomento à ciência, tecnologia e inovação do Rio Grande do Sul. A Fapergs contribui para o avanço científico desde os anos 1960. De lá para cá, seu papel foi fundamental na criação da técnica do plantio direto, no avanço da medicina, na estruturação de grandes laboratórios que são referência nas áreas da física e da informática, bem como na química e na biotecnologia. Desde os anos 2000, a instituição proporciona a interação universidade-empresa com editais que deram origem a algumas invenções como, por exemplo, o desenvolvimento de módulos de material reciclado para a construção civil, entre outros. No último triênio, a Fapergs foi reestruturada para atender tanto a ciência básica, quanto as demandas de interação universidade-empresa. As ações incluíram o aumento de fomento aos estudantes de pós-graduação, para a fixação de doutores no Estado, a popularização da ciência por meio de mais de 2 mil bolsas de iniciação científica – incluindo programas que beneficiam professores de escolas públicas e alu-

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Fapergs 50 anos: uma festa para muitos nos do ensino fundamental –, para a fixação de doutores nas empresas, a internacionalização dos projetos das instituições de ensino superior e a manutenção de pesquisas de cientistas em todas as áreas do conhecimento. Mais de 50 instituições ligadas à pesquisa científica são atendidas. No último ano, a Fapergs destacou-se em nível nacional com o programa Tecnova RS, que irá repassar recursos de subvenção a 75 micro e pequenas empresas de base tecnológica estadual. Estabeleceu-se no último triênio uma rede de cooperação que inclui secretarias de Estado, ministérios, Finep, Capes, CNPq, Sebrae, Sistema Fiergs, Badesul e Rede de Incubadoras e Parques Tecnológicos. Os avanços foram patrocinados pelo repasse de recursos financeiros do Estado e pelo estabelecimento de convênios com instituições federais. Nossa reestruturação, com o apoio da Secretaria de Ciência, Inovação e Desenvolvimento Tecnológico (SCIT), incluiu também uma nova sede, um novo plano de carreira para os funcionários e, ainda, a modificação da Lei de Criação da instituição. Este cenário proporcionará, em médio prazo, que a fundação obtenha repasses crescentes de recursos do tesouro do Estado, aumente a captação de recursos federais, inicie a busca de recursos internacionais e empresariais, sem abandonar a missão de fomentar o apoio às pesquisas científicas na fronteira do conhecimento. Além disso, possibilitará a transformação da indústria agropecuária e de serviços. É chegada a hora de todos, juntos, comemorarmos os 50 anos de história da Fapergs. A festa é sua, é nossa, é da pesquisa e inovação e do setor produtivo. Com projetos adequados, auxílio da comunidade científica e, principalmente, com a valorização da sociedade gaúcha, nos tornaremos referência internacional em pouco tempo. É a pesquisa científica contribuindo para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul. Nádya Pesce da Silveira Diretora-presidente da Fapergs

A Fundação de Amparo à Pesquisa no Rio Grande do Sul (Fapergs), tradicional entidade vinculada à Secretaria da Ciência, Inovação e Desenvolvimento Tecnológico do Rio Grande do Sul, está entre os protagonistas no cenário da pesquisa nacional. Em sua atividade fim, promove os estudos científicos no Estado, acompanhado e promovendo sua evolução tecnológica. A Fapergs é a segunda fundação criada especificamente para pesquisa do Brasil – depois apenas de São Paulo. Desde 1964, atua na formação de recursos humanos (com financiamento de mais de 2 mil bolsas de iniciação científica por ano), no fomento à pesquisa (por meio do programa Pesquisador Gaúcho e do auxílio Recém-Doutor) e no intercâmbio científico. Na década de 1960, um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), que percebeu a carência por uma entidade de promoção da pesquisa, reuniu esforços para a concretização da entidade. Por decreto do então governador Ildo Meneghetti, nascia, em 1964, a Fapergs. Para Nádya Pesce da Silveira, presidente da Fapergs, investir em pesquisa é movimentar a economia e qualificar as empresas e as pessoas. “É um investimento que retorna”. É muito importante a existência de uma entidade sólida para gerir os recursos estaduais e os provenientes de convênios ou de parcerias. “A Fapergs viveu períodos de maior e menor investimento. Essa inconstância levou a certa desorganização. Por isso, nesta gestão, o primeiro trabalho foi reorganizar a fundação e prepará-la para que possamos receber todo o investimento previsto com boa administração. O plano de recuperação da Fapergs incluiu a captação de recursos e o desenvolvimento de um plano de carreira para os funcionários”, afirma Nádya. A entidade comemora um recorde em editais: R$ 112 milhões, em 2013. Os valores proporcionaram a retomada das bolsas de mestrado e pós-doutorado e apoios a eventos. Até o final da gestão, de 2011 a 2014, a Fapergs terá aplicado R$ 324 milhões em pesquisa científica, que corresponde a R$ 178 milhões de recursos do Estado e R$ 146 milhões captados de agentes públicos e privados. No período, foram feitas 58 seleções públicas de projetos de pesquisa. De 2007 a 2010, foram 33, totalizando uma aplicação de R$ 62,2 milhões. A Fapergs consolidou o Prêmio Pesquisador Gaúcho, iniciativa do ex-presidente Rodrigo Costa Mattos, que destaca pesquisadores das áreas científicas e tecnológicas que contribuíram significativamente para o desenvolvimento do Estado. Atualmente, oferece mais de 2 mil bolsas de iniciação científica em diversas áreas do conhecimento e, em parceria com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), tem mais de 2 mil bolsas de mestrado e doutorado.

expediente Editor-Chefe: Pedro Maciel•Editora de Cadernos Especiais: Ana Fritsch•Subeditoras: Cíntia Jardim e Sandra Chelmicki•Reportagem: Flavia Mu•Projeto gráfico e editoração: Ingrid Müller•Editor de Fotografia: João Mattos•Revisão: André Fuzer, Daniela Florão, Luana Lima e Thiago Nestor

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A entidade oportuniza o desenvolvimento de estudos científicos que contribuem diretamente para a sociedade. “A ciência ainda não é um tema cotidiano no Rio Grande do Sul e no Brasil. Porém, há diversos exemplos que comprovam que estamos muito mais próximos das pessoas do que se imagina, e que os resultados dos estudos trazem pequenas revoluções diárias”, comenta Nádya. Desde pratos refratários até as lentes de contato gelatinosas, os xampus e os cremes hidratantes, passando pela gastronomia molecular, tudo passa pesquisa científica. O Rio Grande do Sul é reconhecido pela grande comunidade científica. “O número de pesquisadores gaúchos reconhecidos iguala-se a São Paulo”, revela. Além das pesquisas locais, a Fapergs apoia a criação de ciência de ponta. “Temos estudos com reconhecimento mundial nas áreas de astronomia, saúde humana, biologia e petroquímica”, afirma. A pesquisa também é responsável por restaurar o passado. “Temos inúmeros estudos nas áreas de Ciências Sociais e Letras que, na maior parte das vezes, são difíceis de serem popularizados. Mas é o que mantém esse conhecimento vivo”, reconhece.

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de cinco décadas de pesquisa

Equipe de colaboradores da instituição que faz acontecer

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história

A vida profissional de Douglas Basso confunde-se com a história da Fapergs. Dos 50 anos da fundação, Seu Dodô, como é conhecido no escritório, acompanha há 38 anos a evolução da entidade, das pesquisas e, especialmente, do aporte financeiro que tem aumentado consideravelmente nos últimos anos. O servidor é tesoureiro da Fapergs, e, por isso, percebe no dia a dia o bom momento que vive a entidade. “Temos estrutura para receber grandes investimentos. E, comparando com tempos passados, é um orgulho ver tantos projetos em desenvolvimento. Percebo uma valorização da pesquisa com o passar do tempo. Os pesquisadores gaúchos são cada vez mais reconhecidos”, comemora. Entre as grandes conquistas da Fapergs está a definição do plano de carreira — tão aguardado por funcionários que, assim como Dodô, acreditam no futuro da fundação. “Muita gente já passou por aqui. Os concursados estavam sempre em busca de algo melhor. O plano de carreira é algo muito esperado, pois

oportuniza o crescimento dos servidores e qualifica a Fundação”, afirma. Nos anos 1970, a Fapergs contava com uma pequena equipe. “Éramos apenas sete pessoas trabalhando. Todos faziam de tudo!”, recorda-se. E, desde aquele tempo, o clima no ambiente de trabalho sempre foi de cooperação. “Pude acompanhar de perto a batalha dos diretores. E, como todos sempre estiveram muito envolvidos com pesquisas, aprendi muito sobre diversas áreas”. Dos projetos mais memoráveis, Dodô tem carinho especial pelo Museu de Ciências Naturais do Ceclimar, em Imbé. Com carinho, Dodô lembra-se de todos os diretores que já passaram pela Fapergs. “Tinha uma relação próxima com os professores Irajá Damiani Pinto e Silvio Torres. Mario Rigatto, grande pesquisador e figura com sua clássica gravatinha borboleta. Fernando Antônio Lucchese, médico cardiologista, que teve bolsa da Fapergs para estudar no exterior e, mais tarde, tornou-se presidente e tanto

ANTONIO PAZ/JC

Tempo de casa e lembranças para recordar

fez pela saúde. E Geraldo Ronchetti Caravantes a quem agradeço sempre pela confiança de me nomear tesoureiro”, destaca. Há alguns anos, Seu Dodô tinha contato mais próximo com os pesquisadores, orientando-os sobre as questões financeiras das

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Arno Müller é uma das figuras que mais incentivou a pesquisa no Rio Grande do Sul. O engenheiro metalúrgico é mestre pelo Instituto de Tecnologia da Aeronáutica (ITA) e doutor pela Universidade Nacional de Rosario, na Argentina. Como pesquisador, é reconhecido pela construção e pela operação do primeiro forno solar brasileiro, e pela primeira obtenção de titânio metálico no Brasil. Na década de 1990, esteve à frente do Conselho Superior da Fapergs. “Tínhamos poucos recursos, mas fazíamos muito”, relembra. De acordo com Müller, o Estado teve um

para igual”, comenta. Stein reconhece os colegas pelo caminho, pelo cheiro e, ao telefone, consegue perceber a ansiedade, a expectativa e as emoções de quem busca informação sobre editais e bolsas de iniciação científica. O servidor perdeu a visão aos 16 anos, quando ainda morava em São Paulo das Missões, quase na fronteira com a Argentina. Depois de três anos de tentativas de recuperar a visão, decidiu que era hora de encarar o problema e adaptar-se. “Minha família não queria, mas vim sozinho para Porto Alegre. Não teria futuro lá”, ressalta.

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Segundo Stein, a relação entre os colegas é de igual para igual

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bolsas e sobre a prestação de contas. “E, até hoje, temos toda uma preocupação em tratá-los muito bem”, comenta. Aos 70 anos, o servidor — de espírito jovem e bom humor contagiante — tem energia de sobra para aprender e atualizar-se.

Dedicação para fazer o futuro da pesquisa

Apoio a uma história de superação

A voz por trás da central telefônica da Fapergs é gentil e prestativa. Graças aos avanços tecnológicos − como o software que faz a leitura de tudo que está na tela do computador — o servidor público Valmir Paulo Stein, deficiente visual, tem uma vida profissional próspera. “Sou só cego. Possuo todas as outras habilidades”. E foi isso que encontrou na Fapergs: Stein ingressou na fundação em 2006, conquistando a vaga de reserva de mercado — destinada para pessoas com deficiência — por meio de concurso público. “Na Fapergs, me sinto bem com meus colegas. Nossa relação é de igual

Basso trabalha na entidade há 38 anos

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início tardio nos investimentos em cursos de pós-graduação. “Quando terminei o doutorado na Argentina e retornei para a Ufrgs, tínhamos pouquíssimos profissionais com tal qualificação. E precisávamos implementar com urgência um programa de pós-graduação. Contamos, então, com professores internacionais, o que foi muito enriquecedor”, comenta. E todo o seu empenho fez a diferença: alunos e professores motivados e entusiasmados com as aulas. “Temos pessoas de alta qualificação. E, hoje, já vemos grandes atuações destes pesquisadores nas universidades. Os conceitos na Capes seguem em alta”, comemora.

Para Müller, Estado teve um início tardio nos investimentos em cursos de pósgraduação


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tecnologia

A tecnologia é uma das ferramentas para fazer inovação. E, em apoio às novas ideias e negócios de empresas gaúchas, a Fapergs oferece incentivos e oportunidades para que empreendedores tornem seus projetos realidade, fazendo a conexão entre a pesquisa científica, o desenvolvimento de tecnologia, a transmissão de conhecimentos e o universo corporativo. Uma ferramenta de inteligência em mídias sociais, que nasceu dentro da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e ficou incubada no Centro de Empreendimentos em Informática de 2010 a 2013, começa a ganhar o mundo. O Sentimonitor, criado por um grupo de ex-alunos e professores da Ufrgs, é uma plataforma que aposta nas mídias sociais: compara e ordena pessoas e postagens em dimensões como atividade, alcance e engajamento para que os clientes possam focar nas pessoas e conteúdos capazes de amplificar suas ações e gerar os melhores insights, atingindo resultados com menos tempo e esforço. A ideia já conquista clientes no Brasil e na União Europeia, especialmente nas

áreas de mídia, marketing, segurança, eleições, pesquisa e governo. Com a plataforma, é possível ter acesso a indicadores que promovem inputs valiosos para inteligência competitiva e estratégica das empresas. Desde seu lançamento, no final de 2010, em Porto Alegre, o Sentimonitor conta com apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) Inovação e Pesquisa, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Cnpq), Fapergs, Ufrgs e RedEmprendia. Terminado o período de incubação, o grupo já possui sede própria e uma equipe formada por 14 pessoas – 5 sócios e 9 colaboradores. Já são mais de 23 clientes diretos. O Sentimonitor foi reconhecido como uma iniciativa inovadora de alto potencial e impacto em eventos como La Red Innova Startup Competition 2012 (São Paulo/Brasil), Spin Redemprendia 2012 (Madri/Espanha) e Web Summit Alpha Startups 2013(Dublin/Irlanda). Recentemente, a plataforma esteve entre as 21 startups selecionadas pela Apex-Brasil para participar do SXSW Startup Village 2014 (Austin/Texas). “O apoio

SENTIMONITOR/DIVULGAÇÃO/JC

Fapergs dá incentivo para empresas de base tecnológica

Startup apresentou projeto a investidores norte-americanos no SXSW da Fapergs nos permite manter a vantagem lastreada em inovação tecnológica que tivemos desde nossa fundação e competir em exigentes mercados, como é o caso dos EUA. No exterior, existe uma busca por sofisticação quando se fala em tecnologia. No SXSW, fomos os únicos

representantes gaúchos a apresentar um projeto aos investidores norte-americanos”, afirma Hugo Pinto, gerente geral da startup. De acordo com Hugo Pinto, o mercado de atuação da empresa prospera. “Os dados apontam crescimento de 30% ao ano para a

tecnologia que oferecemos. São informações estratégicas para tomada de decisão, pois preveem resultados, possibilitando a antecipação de atitudes. É um mercado dominado por players internacionais. Então, é muito importante que se possa desenvolver tecnologia no Brasil”, comenta.

Projeto reverte em vantagens para o meio ambiente

Conectores desenvolvidos pela Dersehn evitam a fuga de energia

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meio ambiente. “São conectores que geram eficiência energética no ponto de contato. Em vez de emendar a fiação, o correto é conectá-la, desde que seja com dispositivos apropriados”, comenta. A Dresehn esteve incubada no Centro de Incubação de Empresas da

DRESEHN/DIVULGAÇÃO/JC

Em Pelotas, os recursos do Programa de Apoio à Pesquisa em Empresas (Pappe) auxiliaram o empresário João Carlos Sehn e a equipe da Dersehn na produção de conexões elétricas que evitam a fuga de energia. O projeto, por consequência, traz economia para os consumidores e vantagens para o

Região Sul (Ciemsul), da Universidade Católica de Pelotas (Ucpel), sob orientação da Faculdade de Engenharia Elétrica. O projeto “Conector Unipolar com Bornes Móveis” contou com recursos do Pappe, da Secretaria de Ciência, Inovação e Desenvolvimento Tecnológico do RS (SCIT) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do RS (Fapergs), junto com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Governo Federal, fundamentais para a adequação das matrizes às normas internacionais. Os recursos recebidos alcançaram R$ 200 mil, sendo 50% provenientes da Finep e os outros 50% da Fapergs. “Os recursos da Finep foram destinados ao pagamento de serviços vinculados ao projeto. Já os da Fapergs possibilitaram a confecção de matrizes, aquisição de ferramentas e maquinários. Serei sempre grato pelos recursos recebidos, até porque, graças a esse dinheiro, foi possível certificar o conector. Hoje, o

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conector CA-10 da Dersehn é o único certificado no Brasil, com base em norma de eficiência energética (NBR IEC 60998)”, explica o empresário. O negócio da Dersehn está baseado em sustentabilidade e segurança. Mas pode também trazer resultados no bolso dos consumidores. “Criamos um dispositivo que elimina a fuga de energia nas instalações elétricas. E isso traz ganhos no final do mês. O percentual depende de cada instalação. Já tivemos um caso em que a redução foi de 62% na conta de luz em uma residência de Canguçu. Há também um exemplo de 16% de redução na conta somente pela anulação das emendas de um chuveiro em Pelotas. Há muita flexibilidade nesses percentuais. O importante é a segurança que os produtos proporcionam. Precisamos de instalações eficientes e seguras em nossos prédios. Se houver economia, é lucro para o proprietário ou morador”, comenta.


mercado

Estado alcança valor recorde em editais A área da pesquisa científica nunca esteve tão em alta no Rio Grande do Sul. Em 2014, o governo estadual comemora um recorde histórico em editais na área: serão R$ 500 milhões investidos em projetos até o final da gestão. Somadas às iniciativas da Fapergs, os aportes chegam a R$ 95,2 milhões. “O Estado tem tradição em pesquisa, porém carece da inovação, que se caracteriza pela transmissão do conhecimento gerado”, reconhece Cleber Prodanov, secretário de Ciência, Inovação e Desenvolvimento Tecnológico do Rio Grande do Sul (SCIT). De acordo com o secretário, o Rio Grande do Sul vive um momento de preparação para a inovação. “Estamos criando um ‘ecossistema’ que motive e retenha os pesquisadores. Apostamos na criação e

nas melhorias de lugares próprios para fazer tecnologia.” O programa de polos tecnológicos, só no último ano desta gestão, teve investimentos de mais de R$ 21 milhões, crescimento de 683% em relação ao último ano da gestão anterior, quando o investimento foi de R$ 3 milhões. A SCIT divulgou, ainda, recursos na ordem de R$ 13,3 milhões para os parques tecnológicos, de R$ 7,3 milhões para a indústria criativa e de R$ 5,5 milhões para as incubadoras de base tecnológica. Para Prodanov, são investimentos assim que possibilitarão, no futuro, que pesquisadores façam carreira no Brasil e no Rio Grande do Sul. “Não tínhamos muitas perspectivas nas áreas da ciência, inovação e tecnologia, mas estamos revertendo esse quadro. O Programa Pesquisador Gaúcho,

MARCO QUINTANA/JC

ligado à Fapergs, tem contribuído para que os profissionais mantenham-se no Estado. Entre os desafios da SCIT estão consolidar os parques tecnológicos – prontos e com pessoas trabalhando –, tornar o Rio Grande do Sul o 2º polo da indústria criativa no Brasil, superando São Paulo e ficando atrás apenas do Rio de Janeiro, e fortalecer o Polo Espacial Gaúcho, uma iniciativa do governo estadual em convênio com empresas de tecnologia, universidades, Forças Armadas e institutos científicos que irá desenvolver e transferir tecnologia para o segmento espacial e de solo. Conforme Prodanov, consolidação dos parques tecnológicos é um dos desafios da secretaria

Transformar faz parte do seu papel

INSCRIÇÕES ABERTAS INSCRIÇÕES INSCRIÇ ÕES ABERTAS ABERTA ABER TASS INSCRIÇÕES ABERTAS PARA DOUTORADO INSCRIÇÕES INSCRIÇ ÕES ABERTAS ABERTA ABER TASS INSCRIÇÕES ABERTAS

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mercado

Atualmente, o Estado possui 26 polos em 24 regiões, que representam a descentralização do desenvolvimento tecnológico. E, em todos os cantos do Rio Grande do Sul, surgem pesquisas e inovações que trazem benefícios para a população. Os programas de incentivo e os projetos apoiados pelo governo, através da Fapergs e das entidades vinculadas à Secretaria Ciência, Inovação e Desenvolvimento Tecnológico do Rio Grande do Sul (SCIT), não ficam restritos a salas de aula, laboratórios e centros de estudos − eles impactam a sociedade e podem transformá-la. Em Caxias do Sul, aproveitando a força do setor têxtil da Serra Gaúcha, o Polo UCS, através do TecModa, capacita designers das micro e pequenas empresas da malharia retilínea que buscam diferenciais de mercado. O projeto incentiva o uso de sistemas especializados que otimizam o processo de desenvolvimento do produto, diminuindo os custos industriais, trazendo agilidade para o trabalho e provando que não é preciso ser uma grande companhia para inovar. Por tratar-se do maior estado produtor de erva-mate do Brasil — em média, 263.928 toneladas/ano — e considerando as possibilidades de contribuir com a produção rural e desenvolvimento da indústria do Estado, o Polo URI realiza pesquisas, em parceria com a Embrapa, para encontrar maneiras de promover melhorias no setor em Erechim. Uma das grandes realizações do projeto é o estudo sobre a embalagem de alumínio a vácuo, que aumentou a validade dos produtos de 30 dias para dois anos, algo decisivo para o comércio do insumo em todo o

JOÃO MATTOS/JC

Descentralização acompanha vocações regionais

País. Já em Pelotas, o arroz está entre os carros-chefes da economia local. Por isso, o Polo de Inovação Tecnológica em Alimentos da Região Sul promove pesquisas para diversificar a matriz na região e agregar valor aos produtos que utilizam o grão como matéria-prima. Os resultados — mais conhecimento sobre produção, armazenamento e manejo industrial — têm impacto nacional, uma vez que o Estado produz 64% do arroz brasileiro.

Atuação da Secretaria de Ciência, Inovação e Desenvolvimento Tecnológico de 2011 a 2014 456 municípios atuantes nos projetos 26 polos tecnológicos distribuídos em 24 regiões 15 parques tecnológicos: 3 consolidados e 12 em implementação 264 empresas instaladas nos parques Mais de 14 mil empregos gerados por meio dos parques 19 incubadoras credenciadas em 12 municípios envolvidos R$ 203 milhões da SCIT e da Fapergs repassados a projetos para as universidades

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Na região de Ijuí, mais de 400 agricultores têm acesso aos resultados das pesquisas realizadas pelo Polo Unijuí, que estuda sistemas forrageiros irrigados para produção de leite. Os pesquisadores formam e divulgam conhecimento sobre manejo de espécies, definindo as que apresentam melhor desempenho em sistema de produção irrigado e menos impacto ambiental, ajudando os produtores locais, que já têm experiência na agricultura e na pecuária, mas que têm investido forte na atividade leiteira.

A área da saúde também ganha incentivos. Em Espumoso, o Polo UPF desenvolve um programa de pesquisa em plantas medicinais para aprimorar o conhecimento, o uso e a produção, e, assim, levar as novidades para a rede pública. Outro exemplo é a pesquisa sobre a acácia negra, utilizada pela indústria calçadista e como fonte energética, que agora tem nova função a partir das pesquisas do Polo Feevale, de Novo Hamburgo, podendo ser utilizada também pela indústria cosmética.

Destaque em Pelotas, arroz gaúcho domina o mercado nacional

Investimentos que retornam para a sociedade Os recursos disponibilizados pela Secretaria de Ciência, Inovação e Desenvolvimento Tecnológico promovem o desenvolvimento de pesquisas que, mais adiante, trazem respostas efetivas para a sociedade. “A ciência e a tecnologia são as ferramentas para o desenvolvimento. É isso que eleva a produtividade do Estado, incrementa o PIB e aumenta a renda per capita. Com isso, temos melhores níveis de bem-estar da população”, comenta Prodanov. E é impossível negar: o Rio Grande

do Sul é reconhecido pela agricultura. No entanto, a tecnologia pode ser uma aliada para a evolução, qualificação e aprimoramento de tal característica. “Exportar soja é importante, mas existe uma infinidade de possibilidades de produtos com doses de valor agregado que podem surgir com o incentivo à inovação”, reconhece o secretário. Os trabalhos realizados pelos polos tecnológicos buscam valorizar a vocação das regiões do Estado, que têm suas peculiaridades. “As próprias regiões definem suas áreas de

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excelência e, a partir daí, propõem projetos que podem beneficiar a economia local. É nosso dever ainda, enquanto secretaria, promover o desenvolvimento harmônico e a troca de conhecimento entre as regiões”, complementa. Para Prodanov, o Estado está em um bom momento para a pesquisa. “Dinheiro não falta. Precisamos é de bons projetos. E, especialmente, de propostas de estudos que transfiram conhecimento para a sociedade e que tenham resultados na vida das pessoas.”


pesquisa e desenvolvimento

Investimento para garantir o futuro O investimento das empresas em Pesquisa e Desenvolvimento é reconhecido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul (Fapergs) por meio do selo “Aqui tem pesquisa”. O resultado, produtos e processos inovadores e melhoria da qualidade de vida dos seus públicos, torna a pesquisa uma ferramenta para alavancar o desenvolvimento sustentável do Estado. Conheça a seguir algumas empresas chanceladas com o selo “Aqui tem pesquisa”.

Na Gerdau, inovar faz parte do dia a dia do negócio e, por isso, é parte do gerenciamento da organização. A empresa conta com áreas de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), nos segmentos de aços especiais e aços planos, no Brasil, na Espanha e nos Estados Unidos. Há investimento forte na capacitação dos colaboradores: 600 mestres e doutores fazem parte do time de alto desempenho. Um importante resultado atingido com os investimentos em pesquisa e inovação é o aumento da nacionalização de componentes de montadoras recém-chegadas ao Brasil e de montadoras com alto grau de importação de componentes. Outro objetivo é oferecer aos diferentes mercados consumidores de aços planos, como o da construção civil, soluções inovadoras e competitivas que agregarão valor às suas respectivas cadeias. Em 2013, cerca de 10% do volume de entregas de aços especiais da Gerdau no mundo corresponderam a produtos criados nos últimos três anos, com destaque para projetos que contribuem para a

Badesul aposta no Estado

redução de emissões veiculares. Com o lançamento global do Programa Inovação, a companhia busca, de forma estruturada e perene, identificar novas oportunidades de geração de valor para seus negócios, seja em produtos e serviços, processos internos, gestão ou modelos de negócio.

Empresa produz aços especiais para atender, principalmente, à indústria automotiva

Tecnologia de ponta na HT Micron Investir em pesquisa e desenvolvimento é uma condição para a continuidade da HT Micron, uma empresa que produz chips encapsulados de memórias Dram para computadores, módulos de memória e memórias para smartphones e tablets. O trabalho na área é realizado por equipe própria, formada por engenheiros, e também por meio do convênio de cooperação tecnológica com a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), fortalecendo o relacionamento e a troca entre empresa e universo acadêmico. Os estudos do grupo estão focados na implementação de novas técnicas e melhorias no curto prazo. No médio e no longo prazo, o foco é para novos produtos, que se complementam com pesquisas de mercado, onde são coletadas informações para o estudo da viabilidade. A HT Micron é a segunda empresa do País no domínio do processo de encapsulamento e testes de semicondutores.

HT MICRON/DIVULGAÇÃO/JC

O Badesul, maior agência de fomento do Brasil, liberou, em 2013, mais de 1,3 bilhões para investimentos dos empresários gaúchos. Por meio da linha de financiamento para o desenvolvimento de produtos e serviços inovadores, o Inovacred, o Badesul tem proporcionado a evolução de empresas que têm dificuldade em captar recursos para inovação. A linha Inovacred financia a pesquisa a partir contratação das equipes participantes do projeto (técnicos, mestres, doutores), a aquisição de equipamentos, matéria-prima, patenteamento, licenciamento, prototipagem, testes, diárias e viagens e todas as etapas envolvidas nos estudos de produto ou serviço inovador. O Badesul é parceiro da Fapergs no projeto Tecnova, que proporciona R$ 25 milhões de recursos para pesquisa e o desenvolvimento.

IVSON MIRANDA/DIVULGAÇÃO/JC

Gerdau investe em capacitação

Processo produtivo em contínuo aperfeiçoamento

BADESUL/DIVULGAÇÃO/JC

Instituição liberou R$ 1,3 bilhões em recursos em 2013

A Ecocitrus, Cooperativa dos Citricultores Ecológicos do Vale do Caí, investiu em estrutura e estudos para desenvolvimento de um processo inovador: a extração de óleos essenciais utilizando bergamotas ainda verdes provenientes do raleio. Hoje, a cooperativa comercializa para empresas de alimentos do Brasil e, principalmente, da Europa – a França está entre os principais clientes. Desde 2009, a Ecocitrus desembolsou R$ 1 milhão para erguer a estrutura necessária para a fabricação de óleos, que tem aproximadamente 2 mil m2 de área e está localizada em Montenegro. Outros R$ 4 milhões, recursos buscados no Banco Regional de Desenvolvimento (Brde), foram investidos na fábrica de sucos que ocupa a mesma área. O óleo extraído é utilizado na fabricação de perfumes e cosméticos. A valorização do produto da empresa se dá por meio do cuidado dos associados com a matéria-prima, que têm certificação de orgânicos. A extração do óleo da fruta é feita a frio, e o resultado é um óleo de excelente qualidade.

ECOCITRUS/DIVULGAÇÃO/JC

Ecocitrus inova no agronegócio

Óleos vegetais são extraídos da bergamota

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pesquisa e desenvolvimento

Inovação gera resultados para clientes da Artecola ARTECOLA/DIVULGAÇÃO/JC

As empresas Artecola Química, Arteflex e MVC têm negócios diferentes, mas estão unidas pela inovação, para se diferenciar e gerar resultados únicos para cada um dos seus clientes. Um dos lançamentos da Artecola Química dá demonstrações de que o trabalho feito em laboratório pode chegar às prateleiras com êxito. O Artepowder é um adesivo em pó, revolucionário no mercado mundial, feito para colagem de solados de calçados: não deixa resíduos, não usa solventes e promove uma economia de até 27% no custo do par colado, de até 70% no tempo do processo e até 95% na quantidade de adesivo utilizada. Foram cinco anos de investimentos, entre pesquisa e testes para garantir a excelência do produto. “Trabalhamos para que a inovação gere resultados sustentáveis para a empresa e para o mercado. Os investimentos em pesquisa têm garantido esse posicionamento”, comenta Lisiane Kunst Bohnen, diretora executiva da Artecola Química. Desde o lançamento, em 2012, o produto já conquistou as grandes marcas nacionais e internacionais de calçados. “O investimento em pesquisa resultou numa ampliação de potencial de mercado em 1.000%.”, revela.

Companhia se dedica para criar produtos revolucionários

Empresa atende a clientes como a Petrobras

Braskem valoriza profissionais da área A pesquisa de ponta na indústria petroquímica exige mão de obra qualificada e, por isso, a Braskem dispõe de mais 164 profissionais que trabalham com pesquisa no Centro de Tecnologia e Inovação de Triunfo (CT&I), entre pesquisadores, engenheiros, químicos e técnicos. “Nós incentivamos que nossos colaboradores qualifiquem-se com mestrados e doutorados”, afirma Fabio Lamon, líder da área de Ciência de Polímeros da Braskem. Entre os importantes resultados alcançados do CT&I, destacam-se os 19% do volume comercializado de polipropileno e polietilenos da Braskem no País, em 2013, oriundos de novos produtos desenvolvidos nos últimos três anos. No ano passado, foram depositados 112 novos documentos de patentes, dos quais 25 são novas invenções e 87 extensões, totalizando 764 documentos.

ENEIDA SERRANO/DIVULGAÇÃO/JC

O Laboratório Industrial Farmacêutico Lifar, que integra o Grupo Dimed, trabalha na produção e desenvolvimento de cosméticos, medicamentos e alimentos. Entre seus principais clientes está a Panvel, que, em meio crescimento contínuo, vislumbrou oportunidades para o desenvolvimento e comercialização de produtos de marca própria. Atualmente, a rede demanda a pesquisa e o desenvolvimento contínuo de linhas que fazem sucesso nas prateleiras das farmácias, como Vert, Secret, Basic e Homem. “Investir em P&D resulta em novos produtos lançados com êxito, e na satisfação de colocar no mercado produtos seguros e de qualidade ímpar”, ressalta Suriene Castellan Leal, gestora de P&D do Lifar. O setor de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) é composto por farmacêuticos, engenheiros químicos e técnicos em constante aprimoramento e com foco no mercado. “O processo de desenvolvimento surge das necessidades dos clientes, que demandam um direcionamento de produto. Após diversos ensaios técnicos e clínicos completos, o produto aprovado entra em produção”, comenta.

Há 30 anos, a Altus Sistemas de Automação desenvolve soluções próprias para automação e controle de processos industriais. A empresa criou a série de controladores programáveis Nexto, que se consagrou, em 2011, com o prêmio iF Design Awards, um dos mais importantes da área. A Altus desenvolveu também unidades terminais remotas, como a Série Hadron Xtorm. As duas inovações são utilizadas nos serviços prestados pela empresa em grandes clientes, como a Petrobras. Além disso, a empresa percebeu a necessidade de ampliar o quadro de funcionários e se envolver com as instituições de ensino, medidas que resultaram em crescimento nacional e internacional. A empresa, que nasceu no ambiente acadêmico, valoriza o desenvolvimento técnico de seus colaboradores por meio do programa Academia Altus.

ALTUS/DIVULGAÇÃO/JC

Altus reconhecida com prêmio de design

Laboratórios Lifar em expansão

Petroquímica patenteou 25 novas invenções em 2013

Necessidades dos clientes impulsionam produção

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A Celulose Riograndense investe em pesquisas ambientes há quase 30 anos. Os estudos realizados pelo Centro de Pesquisa Tecnológica da empresa têm foco socioambiental e de inovação em campos como aumento da produtividade em menor área, melhoramento da madeira para celulose e diminuição do impacto para meio ambiente. O Centro conta com uma equipe multidisciplinar que realiza estudos sobre a interação entre os plantios florestais e os aspectos ambientais locais. “Trabalhamos em busca de novos conhecimentos sobre diversos assuntos de interesse da empresa, entre eles meio ambiente e tecnologia, o que reflete em resultados para a empresa, mas também para o entorno”, comenta Gleison Augusto dos Santos, coordenador de Tecnologia Florestal.

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CELULOSE RIOGRANDENSE/DIVULGAÇÃO/JC

LIFAR/DIVULGAÇÃO/JC

Sustentabilidade na Celulose Riograndense

Resultados são revertidos para o entorno


projetos de destaque

Profissão: pesquisador Jeito científico de olhar para o céu Thaisa Storchi Bergmann é professora do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), do Departamento de Astronomia, e chefe do Grupo de Pesquisa em Astrofísica. A astrônoma é especialista em atividade nuclear de galáxias e está entre os 12 pesquisadores brasileiros mais citados em publicações internacionais. No currículo, contribuições científicas importantes e reconhecidas pela Associação Brasileira de Ciências (ABC), como a descoberta de um disco de acréscimo em torno de um buraco negro supermassivo (BNS) em uma galáxia próxima. As pesquisas de Thaisa também têm o apoio da Fapergs. Uma delas trata da análise de dados obtidos através de observação nos telescópios do Observatório Gemini, nos Estados Unidos. O estudo da alimentação de BNS no centro das galáxias promoveu novas descobertas. “Os buracos negros supermassivos estão presentes no núcleo das galáxias, influenciando a sua evolução pelos efeitos de feedback que produzem. Quando os BNS estão capturando matéria da vizinhança — através dos discos de acreção que levam o gás orbita. O gás cai, e parte é ejetada a partir do disco de acreção, por meio de jatos e ventos, impossibilitando a formação de estrelas e explicando, então, por que o número de estrelas é menor do que o esperado”, detalha.

ARQUIVO PESSOAL/DIVULGAÇÃO/JC

É por meio dos recursos disponibilizados pela Fapergs que pesquisadores podem dedicarse a estudos capazes de mudar a vida das novas gerações. São mais de duas mil bolsas de iniciação científica e outras duas mil bolsas de mestrado e doutorado em parceria com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Em 50 anos, a Fapergs fomentou pesquisas de relevância e reconhecimento internacional nas mais variadas áreas do conhecimento. Conheça algumas delas a seguir.

Recentemente, as pesquisas de Thaisa tiveram apoio da Fapergs Os resultados trazem motivação para a continuidade dos estudos. “Acho que descobertas científicas como essa permitem avançarmos no conhecimento do Universo em que vivemos. Este é o valor do trabalho”, garante.

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projetos de destaque

Química verde muito antes da moda “sustentável” pioneiro realizado pelo pesquisador: os estudos com líquidos iônicos orgânicos para aplicação na indústria petroquímica. “Nosso laboratório tem estreita relação com a Petrobras e, em alguns momentos, com a Braskem. Desenvolvemos processos verdes de química sustentável, minimizando a emissão dos poluentes e os gastos de energias e água”, explica. A partir da necessidade específica de imobilização dos catalisadores para que pudessem ser reaproveitados, Dupont e sua equipe buscaram entender as propriedades dos líquidos, que são solventes facilmente modulados. Os resultados foram além da necessidade: diversas áreas usufruem do conhecimento no dia a dia, como a indústria, a biomedicina, materiais. Desde 1992, quando retornou ao Brasil, após o doutorado em Química pela Universi-

Dupont, único brasileiro entre os cem químicos mais influentes do mundo

ANTONIO PAZ/JC

O cientista gaúcho Jairton Dupont é o único brasileiro entre os cem químicos mais influentes do mundo. O professor do Instituto de Química da Ufrgs ficou na 83ª posição do ranking elaborado pela agência internacional Thomson Reuters. Entre 2000 e 2010, publicou 120 artigos sobre química, obtendo 6.964 citações. Dupont já venceu vários prêmios nacionais e internacionais, como o Humboldt Young Research Award, concedido pelo Ministério da Educação, Ciência e Tecnologia da Alemanha, o Scopus da Elsevier-Capes, a medalha do Journal of the Brazilian Chemical Society, o Prêmio Finep Inventor Inovador e o World Intelectual Property Organization Award. É, ainda, condecorado com a Grã-cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico. Esses são reconhecimentos pelo trabalho

dade Louis Pasteur de Estrasburgo, na França, recebe o apoio da Fapergs em diversos projetos voltados para química verde - muito antes da “febre da sustentabilidade”. “Já são mais de 20 anos de dedicação ao mesmo assunto. O conhecimento não pode ser aplicado imedia-

tamente. É preciso conhecer o básico para, a partir disso, criar tecnologias e inovações”, comenta. Para Dupont, no entanto, seu legado é outro. “Acredito que minha maior contribuição seja a formação de profissionais de pesquisa”, afirma.

O ritmo acelerado das evoluções da genética

Toda a nova descoberta na área médica tem aplicação na saúde da população. Através da pesquisa, é possível desvendar novos caminhos para que as pessoas vivam mais e melhor. Renato Abdala Karam Kalil é cirurgião cardiovascular e responsável por significativos avanços na utilização das células-tronco em transplantes e cirurgias do coração. Afinal, acredita que a atuação do médico complementa-se com a profissão de pesquisador. “Quem faz pesquisa contribuiu para os avanços médicos”, sentencia. Kalil é pesquisador e professor do Programa de Pós-Graduação em Cardiologia do Instituto de Cardiologia

Quando decidiu pelo curso de História Natural – hoje, Ciências Biológicas –, o pesquisador Francisco Mauro Salzano não fazia ideia do que eram os estudos de genética e não poderia esperar que esse fosse o seu legado como cientista. “Eu só queria dar aula”, revela. Fez muito mais do que isso: Salzano é referência nacional e internacional pelos estudos realizados sobre migração humana, em especial de populações indígenas. É autoridade quando se trata de comunidades xavantes do Centro do Brasil e tem contribuições significativas sobre a evolução humana, efeito da chegada do homem nas Américas e áreas médicas. Em 1950, quando terminava o bacharelado em História Natural, percebeu que precisava ampliar os conhecimentos em zoologia e, ao lado de alguns colegas, fez um grupo de estudos. “Aquilo chamou a atenção do professor Antônio Cordeiro, um dos pioneiros da genética no Brasil, que fez o convite para que trabalhássemos em seu laboratório”, relembra. Desde então, é reconhecido pela dedicação às pesquisas. Já são mais de 20 prêmios, entre eles o Almirante Álvaro Alberto para Ciência e Tecnologia, a condecoração Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico, o Annual Award da Ibero-American Society of Human Genetics, o Franz Boas High Achievement Award, da Human Society Biology Association, e o título Doutor Honoris Causa, da Universidade Paul Sabatier, na França. Salzano fez o pós-doutorado nos Estados Unidos, acessando a cultura e a ciência norte-americana. Mas sempre negou os convites para pesquisar no exterior. “Prefiro o estilo de vida brasileiro. Sempre tive o sentimento de que deveria contribuir com o meu País e com a ciência brasileira”, comenta. O professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) esteve entre os idealizadores da Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul (Fapergs), na intenção de, justamente, promover e dar condições para a pesquisa local. “A entidade já teve momento de altos e baixos. Tenho acompanhado o bom trabalho realizado pela professora Nádya Pesce da Silveira para a recuperação da fundação”, reconhece. E Salzano, mesmo com tantos feitos, continua na ativa. “Considero o trabalho uma diversão. Não poderia imaginar que o desenvolvimento da genética seria tão vertiginoso. É a ciência do século XX e segue numa evolução fantástica”, comemora. Atualmente, desenvolve um projeto de pesquisa, apoiado pela Fapergs e pelo CNPq, através do Programa de Apoio a Núcleos de Excelência (Pronex), envolvendo a evolução molecular em indígenas latino-americanos e o processo histórico de misturas étnicas em populações urbanas e rurais da região.

FREDY VIEIRA/JC

Medicina alinhada às mais modernas técnicas do Rio Grande do Sul e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Em 2014, Kalil encerra um ciclo como coordenador da Rede Gaúcha de Células-Tronco e Terapia Celular. A iniciativa, que teve apoio da Fapergs e CNPq, através do Programa de Apoio a Núcleos de Excelência (Pronex), reuniu pesquisadores gaúchos de todas as regiões, representando instituições de ensino de todo o Estado, que, divididos em 12 grupos, desenvolveram, nos últimos três anos, conhecimentos importantes e inéditos em diversas áreas. A pesquisa com as células-tronco permite entender o funcionamento e o crescimento dos organismos e, a partir disso, como os tecidos do corpo humano modificam-se ao longo da vida adulta ou quando está doente. A terapia celular promove a troca de células doentes por células novas e saudáveis. Durante o período de atuação da Rede Gaúcha de Células-Tronco e Terapia Celular, Kalil participou de um grupo que fez estudos detalhados da função das células-tronco relacionada à idade e doenças do coração. “Chegamos a importantes resultados: a cardiopatia e a idade influenciam na célula-tronco e em sua resposta quando utilizada”, revela. Para o cardiologista, a Fapergs tem papel fundamental para o desenvolvimento das pesquisas médicas e de tantas outras áreas do conhecimento. Além da Rede Rede Gaúcha de Células-tronco e Terapia Celular, Kalil já contou com o apoio da entidade em diversos outros momentos. “A Fapergs proporciona importantes incentivos para os profissionais da ciência através do Programa Pesquisador Gaúcho e, através de seus recursos, possibilita a realização de eventos científicos relevantes, como simpósios e congressos. As bolsas de iniciação científica estimula que os futuros médicos também sigam trabalhando com a pesquisa, que traz grandes avanços para a área da saúde”, afirma. Com pesquisas, Kalil obteve avanços na utilização das células-tronco em transplantes e cirurgias do coração

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sociedade

Bolsas aproximam pesquisadores e comunidade entrei na faculdade soube exatamente do que se tratava. Fiquei encantada pelas infinitas possibilidades”, afirma. Isso porque, assim como a maior parte dos estudos científicos, a Biotecnologia é multidisciplinar, envolvendo biologia, química, física, estatística e informática, por exemplo. Em 2012, Luiza candidatou-se como voluntária de iniciação científica no Instituto de Ciência e Tecnologia de Alimentos da Ufrgs. Naquele momento, André Glock, mestrando da Engenharia de Alimentos, começava sua pesquisa sobre produção de frutooligossacarídeos utilizando enzimas imobilizadas. Os frutooligossacarídeos são açúcares não convencionais, não metabolizados pelo organismo humano e considerados prebióticos, característica que promove uma série de benefícios à saúde humana, desde a redução de colesterol sérico até o auxílio na prevenção de alguns tipos de câncer. “Estava no 2º semestre da graduação. Então, aproveitei a oportunidade para me familiarizar com o universo acadêmico e científico. E tive a certeza de que a pesquisa é base para as inovações na indústria e, consequentemente, para tudo que consumimos”, comenta. Depois de dois meses, a dedicação foi reconhecida: Luiza conquistou uma bolsa de iniciação científica da Fapergs. A prestação de contas dos alunos se dá no Salão de Inicia-

Luiza estuda Biotecnologia Molecular na Ufrgs e é voluntária de iniciação científica no Instituto de Ciência e Tecnologia de Alimentos da instituição

MARCO QUINTANA/JC

As ciências ainda possuem territórios a descobrir, especialmente para os mais jovens. Os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês) comprovam o fato. Na avaliação da disciplina de ciências — aplicada, a cada três anos, com estudantes de 15 anos para analisar habilidades consideradas “essenciais para a completa participação em sociedades modernas” —, o Brasil fica na 59ª posição do ranking, atrás de países como Cazaquistão e Malásia. China, Japão e Cingapura, locais onde a inovação acontece, estão no topo da lista de desempenho dos países em educação científica. As bolsas e os editais da Fapergs ajudam a diminuir a distância entre a comunidade científica e a sociedade. A preparação para a carreira de cientista é longa e não muito fácil. É preciso persistência, dedicação e motivação, que, muitas vezes, está na aventura de ver o que há pela frente. “Não ouvimos por aí alguém dizer ‘sempre sonhei em cursar Biotecnologia’ ou ‘quando crescer, quero ser biotecnólogo’. Afinal, é uma profissão que, até pouco tempo, nem existia”, diverte-se Luiza Fichtner Aydos, de 19 anos, estudante de Biotecnologia Molecular na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ainda na escola, durante as aulas de biologia, descobriu o curso e amadureceu a ideia ao longo do Ensino Médio. “Só quando

ção Científica. Em sua primeira participação, em 2013, a estudante conquistou o Prêmio Jovem Pesquisador, concedido para trabalhos de destaque nas áreas de Ciências Agrárias, Biológicas, da Saúde, Exatas e da Terra, Humanas, Sociais Aplicadas, Engenharias e Linguística, Letras e Artes. O trabalho “Imobilização de frutofuranosídeo frutohidrolase para a produção de frutooligossacarídeos”, orientado por Plinho Hertz, conquistou o prêmio

em Ciências Agrárias, que engloba Engenharia de Alimentos, Veterinária e Agronomia. “É um reconhecimento e uma motivação para seguir uma carreira como pesquisadora. Ainda tenho muito a experimentar na área. Minha previsão de formatura é em 2017 e, até lá, vou decidir se quero atuar na comunidade acadêmica ou na indústria, mas tenho certeza de que quero trabalhar com pesquisa”, garante.

FLÁVIA MU/DIVULGAÇÃO/JC

Oportunidade única

Adolescentes da Escola Municipal Padre Nunes são beneficiados por bolsa

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A pesquisa científica como futuro profissional torna-se uma possibilidade também para adolescentes da Escola Municipal Padre Nunes, de Gravataí. Eles foram beneficiados pelas bolsas do edital do Programa de Iniciação em Ciências, Matemática, Engenharias, Tecnologias Criativas de Letras (Picmel), por meio do projeto “Escola Sustentável: Agricultura Ecológica, Energia Solar e Captação da Água da Chuva como Elemento Educador no Município”, proposto por Aline Cristiane Pan, pesquisadora da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs). “Nossa equipe de pesquisadores auxilia a Escola a adotar uma postura de responsabilidade ambiental. São realizadas atividades práticas”, explica Rosane Souza da Silva, professora e pesquisadora da Faculdade de Biociências e do Instituto do Meio Ambiente e Recurso Naturais da Pucrs e também responsável pelo projeto.

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Além das bolsas para alunos e professor responsável — que serão os multiplicadores da ideia e das novidades para os mais de mil alunos da escola e para a comunidade —, o edital prevê verba para implementação do projeto. Na Escola Padres Nunes, serão três eixos de atuação: agricultura ecológica, energia solar e aproveitamento da água da chuva. Entre as próximas atividades estão o desenvolvimento das hortas na escola, da cisterna de ferrocimento e do aquecedor de água térmico solar. “A expectativa é enorme. Já temos um cronograma de atividades em execução”, afirma Rosane. Para a pesquisadora, essa é uma oportunidade única na vida das meninas. “É o momento de pensarem no futuro e, em muitos casos, de começar a ajudar financeiramente em casa. As bolsas da Fapergs provam que é possível ganhar dinheiro estudando, pesquisando e transmitindo conhecimento”, comemora.


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