Caderno feira do livro 2014

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Livro Feira do

JOÃO MATTOS/JC

Porto Alegre, 31 de outubro e 1 e 2 de novembro de 2014 | Caderno Especial | jornaldocomercio.com/feiradolivro

Encontro do

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Comemorando 60 edições, começa nesta sexta-feira a Feira do Livro de Porto Alegre. Cerca de 130 barracas vão levar, mais uma vez, os livros ao encontro da população em plena Praça da Alfândega.


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Porto Alegre, 31 de outubro e 1 e 2 de novembro de 2014 | Caderno Especial | Jornal do Comércio

A caminho da renovação ou, pelo menos, o início dessa renovação. Plantamos esta ideia na Câmara Rio-Grandense do Livro e que deve ser muito mais explorada no ano que vem”, revela. Como o poder público tem influência na formatação da feira, um ano eleitoral acaba sempre dificultando seu planejamento. Mesmo assim, Cena pondera que, com bons patrocínios - como Bndes, Braskem e Petrobras -, o orçamento atual supe-

ANTONIO PAZ/JC

programação

Celebrando seis décadas de existência, a Feira do Livro de Porto Alegre aposta em uma renovação no seu perfil. “Ela não é “sessentona”, é “sessentinha”. É como se nós estivéssemos começando uma nova história”, explica o presidente da Câmara Rio-Grandense do Livro, Marco Cena, em seu primeiro ano da gestão que compreende o biênio 2014/2015. E esse novo início parte da página 60, mote de toda a campanha da feira. Neste sentido, a praça ganha uma sinalização especial que destaca páginas 60 de livros famosos da literatura mundial - como Metamorfose, de Franz Kafka -, espalhadas pela área de oito mil metros quadrados. “Ainda temos um livro comemorativo composto por esse material. Será uma publicação especial com sessenta páginas 60, todas com palavras grafadas que formam mensagens para o público”, explica Cena. Em um ano movimentado por grandes eventos como a Copa do Mundo e as eleições, a realização da Feira do Livro de PortoAlegre acabou sendo um desafio maior. Para Cena, o apoio de sua equipe foi o crucial. “Todos compraram a proposta de tentar fazer uma feira de cara nova

rou o do ano passado, que girou em torno de R$ 2,4 milhões. “Não é uma feira exatamente como queríamos, pela falta de uma verba maior, mas o que conseguimos vai além das expectativas”, complementa. Dentre os planos propostos por Cena está o de melhorar a relação do público visitante de outras cidades com a Feira do Livro. Para isso, foi realizada uma parceria com os Grafis-

Barracas pela praça

Marco Cena assumiu a Câmara Rio-Grandense do Livro no ano em que a feira completa 60 edições

No total, a Feira do Livro abre nesta sexta-feira com 127 bancas - 102 expositores na área geral, 14 na infantojuvenil, além dos 11 na área internacional. Basicamente estruturada na mesma formatação do ano passado, o evento abriu mais espaço para área infantojuvenil, que teve um aumento de 55% em números de expositores em relação a 2013, quando seu tamanho diminuiu consideravelmente devido às obras do Cais do Porto. “As dificuldades do espaço ainda são as mesmas, mas agora tivemos mais tempo para estruturar melhor”, diz o presidente da CRL, Marco Cena. A área estará mais valorizada e muitos expositores que acabaram saindo retornaram. Cena lembra também que, apesar do menor espaço, a venda de livros do segmento foram maiores no ano passado do que em 2012, quando a área infantojuvenil

se encontrava ainda no Cais. Outro espaço que está sendo tratado com mais atenção é a praça de alimentação, que também sofreu com problema de espaço. “Temos uma praça enxuta, mas que promete ser um ambiente temático, bonito e principalmente com ofertas bacanas”, relata. Mesmo com o menor espaço, a edição passada da Feira do Livro terminou com alta de 2,26% nas vendas (comercialização de 420.384 exemplares). Com o aumento de bancas, a tendência é que o saldo venha a ser positivo. Mas o presidente da CRL reforça que a parte mais importante não é a comercial. “A Feira do Livro de Porto Alegre é, sobretudo, a chance de colocarmos o livro e a literatura na rua, é a chance de fazer as pessoas interagem mais, participando de oficinas e debates. Essa é a grande sacada: a festa do livro”.

tas Associados do Rio Grande do Sul (Grafar), entidade composta por cartunistas e artistas gráficos do Estado, que vão administrar a Loja da Feira, personalizando os produtos lá vendidos. “Segundo uma pesquisa, 40% do público não é de Porto Alegre. Então, eles estão atrás de alguma lembrança que evidenciasse que eles estiveram na Feira do Livro. Temos que atender a esse público também”, explica. Para o ano que vem, a ideia é colocar uma loja com vitrine, semelhante à Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que Cena visitou neste ano. Aliás, aprender com o exemplo de eventos internacionais é uma das propostas da nova gestão. “Desejamos que, a partir do ano que vem, a feira também tenha um espaço para negociações entre autores, editores e livreiros. Queremos fortalecer essa relação, que acreditamos faltar por aqui”, explica Cena. Nessa edição, a área internacional já estará mais ampla, com 11 bancas. Também há atividades capitaneadas pelo país homenageado - o Canadá. A inspiração vem de eventos como a Feira de Frankfurt, na Alemanha. A ideia é que o público internacional conheça os autores e ilustradores daqui para expandir a literatura brasileira e que, em 2015, já ocorra uma programação específica, com palestras.

Todas as peças no lugar Faça uma selfie no estande do JC na Feira e poste com a hashtag #expandasuamente. Ela pode ser publicada neste espaço.

Livro Feira do

Editor-Chefe: Pedro Maciel Secretário de Redação: Guilherme Kolling Editor de Cultura: Cristiano Vieira (cristiano.vieira@ jornaldocomercio.com.br) Reportagem: João Vicente Ribas e Rafael Gloria

Publicação Especial Editor de Fotografia: João Mattos Fotografia: Claiton Dornelles Projeto Gráfico e Diagramação: Juliano Bruni Revisão: André Fuzer, Juliana Mauch, Luana Lima e Thiago Nestor

“Organizar a Feira do Livro de Porto Alegre é semelhante ao desafio de montar um quebra-cabeça”, revela Jussara Rodrigues, coordenadora de programação da Câmara Rio-Grandense do Livro (CRL) e responsável pelas atividades destinadas ao público adulto. É montar peça por peça, espalhadas entre 130 mesas-redondas, 28 oficinas, cerca de 700 sessões de autógrafos e 70 apresentações artísticas nos 17 dias de evento. Como a proposta da 60ª Feira de Porto Alegre é a renovação, a grade recheada de eventos promove uma feira voltada para o seu tempo, procurando colocar autores do Rio Grande do Sul em contato com autores do mundo, assim como os leitores em contato com os seus escritores favoritos. “Interação é uma das palavras de ordem: interação das artes, interação entre escritores e leitores e interação entre o mercado editorial”, explica Jussara. Nesta edição, não ocorre uma temática diária ou blocos específicos

ANTONIO PAZ/JC

de assunto, embora haja cipantes no ano passado. tendências percebidas Outra atividade que por Jussara. “Temos fez muito sucesso em muitos jornalistas lan2013 e que está de volta é çando livros, o próprio o Festival de Roteiro Aupatrono, Airton Ortiz, diovisual de Porto Aleé um exemplo, além de gre (Frapa), que ocorre biógrafos e a temática de de 13 a 16 de novembro terror. Mas é uma feira no Santander Cultural, aberta a diversos assunna Casa de Cultura Matos”, explica. A terceira rio Quintana e no Centro edição do projeto Tu, Cultural CEEE Erico VeFrankenstein - que vai rissimo - mesmo que não reunir novamente autoseja uma programação res durante uma noite literária. “O roteiro em si na Biblioteca Pública do “Concluir a é a literatura vista, a liteEstado do Rio Grande programação ratura que se pode ver”, do Sul escrevendo con- é como montar explica Jussara. A coorquebra-cabeças”, tos de horror -, promete denadora sempre tem diz Jussara mobilizar as atenções. a preocupação de que a “Foi uma atividade que nos deu programação artística que se soma muita alegria. Neste ano, teremos à da feira seja também derivada da uma turma maravilhosa de escritores representação de um texto, e o roteibrasileiros e internacionais, como o ro tem um papel fundamental. “No norueguês Nikolaj Frobenius”, avisa. Frapa, a gente tem tentado trazer essa Haverá também o lançamento do li- discussão, porque o Rio Grande do vro produzido pelos escritores parti- Sul é um grande polo”, avalia.

De vários países Nos destaques da programação, estão autores como o espanhol Javier Moro, autor de best-sellers como Paixão Índia e O sári vermelho. Já de Portugal estão escalados Gonçalo Tavares, autor do premiadíssimo Jerusálem, e Nuno Carmaneiro, que escreveu Debaixo de algum céu, apenas seu segundo romance e que já foi premiado. Ainda há o autor israelense Nir Baram, que trata de temáticas políticas e sociais do oriente. A sueca Cattarina Ingelman-Sundberg, que já vendeu mais de 500 mil

cópias de seus livros, também participa da feira. As negociações com os escritores demoram, muitas vezes, quase um ano. “Já estamos fechando parcerias para a próxima edição”, conta Jussara Rodrigues. Para a programação dedicada à Polônia, foi convidado o escritor Pawel Huelle, autor de Quem foi David Weiser. Do lado brasileiro, a poeta e atriz Elisa Lucinda, Sérgio Vaz, expoente da literatura feita na periferia, e Maurício de Sousa, pai da Mônica, fecham os destaques.


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O último dos livreiros Rafael Gloria

Edgardo Xavier é um dos pioneiros que criaram a Feira do Livro, em 1955

JONATHAN HECKLER/JC

emprego, porque logo viu um anúncio no jornal que procurava por “um livreiro fluente em língua francesa” para trabalhar em Porto Alegre. “Nunca tinha exercido aquela profissão, mas, como desde os 11 anos estou ligado ao livro por amor, resolvi tentar e fui o escolhido entre 16 concorrentes”, explica. Na segunda-feira, após ser contratado, ele adentrou a Livraria Leonardo da Vinci sem experiência na função e sem saber nada sobre a cidade. “Uma loucura”, ele exclama com os olhos rememorando o passado. “Contudo, me fez muito bem, aprendi rapidamente a função e frequentemente viajava para outras cidades a fim de fazer negócios”, complementa. Em PortoAlegre, a primeira coisa que Xavier fez foi desbravar o bairro Praia de Belas que, na época, ainda não era aterrado. Chegando lá, foi surpreendido por um grupo de pessoas empunhando bandeiras brancas e vermelhas - do Sport Club Internacional. “Lembro-

-me de achar aquilo deveras curioso, porque eram as mesmas cores do clube de Futebol Benfica, do qual atuei como atleta de rugby durante uns quatro anos”, relata. A identificação com a cidade, percebe-se, foi quase que imediata. Na livraria Leonardo Da Vinci, que tinha sede na avenida Salgado Filho, reuniam-se escritores e intelectuais da época, como Mario Quintana e Erico Verissimo, atraídos pelos últimos lançamentos em língua francesa e portuguesa, especialidades do estabelecimento. “Hoje é comum, mas, na época, fui o primeiro a fazer eventos em uma livraria: lançamentos, tarde de autógrafos, exposições e teatro”, explica. Com o advento da Feira do Livro de Porto Alegre, em 1955, as livrarias foram para as ruas, aproximando-se mais do público. Para Xavier, esse é um dos grandes motivos por ela ter dado tão certo. “A feira ainda alcança a proposta inicial, que é pôr o povo em

contato com o livro. Antigamente havia um certo receio em entrar nas livrarias, como se fosse templo religioso, mas a feira democratizou isso”, acredita. Em sua avaliação, uma das mudanças é que antigamente o caráter de confraternização entre os livreiros era maior. “Hoje, o comércio impera, mas tudo muda. Não tem mais como ser daquele jeito com a quantidade atual de expositores e barracas”, afirma. Xavier lembra que, antes, ocorria uma festa no fim do evento, organizada por ele, que envolvia todos que trabalharam na feira. “Ia do diretor ao mais humilde dos carregadores, era muito bonito”, afirma. É neste momento de lembranças que ele busca uma fotografia em uma pasta de recordações. Na imagem estão seis livreiros, que parecem se divertir usando perucas imitando a figura clássica do juiz de direito, em um momento de descontração durante a festa. “Sabe qual é

perfil

Sentado, com a barba por fazer e o inseparável aparelho de oxigênio sempre ligado. Desse jeito, até parece que o tempo finalmente atingiu Edgardo Xavier, prestes a completar 92 anos (em 12 de dezembro). Ele é único remanescente da turma de livreiros fundadores da Feira do Livro de Porto Alegre em 1955. Mas só parece. O português nascido no bairro de Alfema, na cidade de Lisboa, leva a vida de uma forma digna dos seus conterrâneos desbravadores dos mares que buscavam um novo mundo séculos atrás. Xavier chegou ao Rio de Janeiro em 1951 e, apesar de nunca esquecer aquela madrugada em que viu a orla marítima de Copacabana iluminada pela primeira vez, acabou fixando residência em Porto Alegre, um punhado de anos mais tarde, em 1954. Cidade em que assumiu a função que levaria para o resto da sua vida: a de livreiro. Sua paixão pelo livro, entretanto, vem da infância, bem de antes de sair de Portugal por não concordar com o governo autoritário de António de Oliveira Salazar. “Minha família não tinha dinheiro para viajar nas férias, então a única maneira de me manter quieto era me dar um livro”, relembra. Costumava consumir muita literatura francesa, motivado pelas aulas do idioma na escola.Acabou pegando afeto pelo país, que sonhava conhecer. Mal sabia ele que esse aprendizado adiantado ajudaria a tomar as rédeas de sua vida mais tarde. Definindo-se como um homem que sempre detestou a rotina, Edgardo Xavier nunca se imaginou trabalhando em um escritório, trancado entre quatro paredes. Mas foi exatamente essa a primeira oportunidade que surgiu quando ele chegou ao Rio. Como bom aventureiro, ele abraçou a oferta. “Eu trabalhava numa casa de louças e cristais e um dia duas senhoras francesas entraram na loja e ninguém conseguia atendê-las. Então, eles (os donos) se lembraram do português que falava francês”, explica. Acontece que as freguesas eram secretárias da embaixada francesa e, encantadas, contrataram Xavier para atuar na representação diplomática. Ele não ficou muito tempo no novo

a tristeza? O único que não morreu aqui fui eu”, aponta. O livro da moda, naquela ocasião, foi O advogado do diabo, romance do escritor australiano Morris West publicado em 1959, daí as perucas. Em outra fotografia, que ilustra essa página, aparece a saudosa banca da Leonardo da Vinci. E o livreiro que esteve em todas as Feiras do Livro de Porto Alegre dificilmente vai poder comparecer na sexagésima edição devido aos problemas de saúde. “Meu médico quer que eu vá, mas eu teria que levar o aparelho respiratório junto. Tenho um horror a piedade e, absolutamente, não quero inspirar isso nos outros”, revela Xavier. Ele recorda as palavras do seu conterrâneo, o poeta Fernando Pessoa, também um desbravador, ao parafrasear trecho do poema Lisboa revisitada justificando, lamentavelmente, a sua ausência: “vão sem mim/ ou me deixem-me ir sozinho/ não há razão para eu ir junto”, finaliza.


troféu cultura econômica

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Os destaques em economia e negócios

Única premiação literária especializada promovida durante a Feira do Livro, o Troféu Cultura Econômica chega à 11ª edição em 2014. O prêmio, realizado pelo Jornal do Comércio com patrocínio do Badesul e apoios da Câmara Rio-Grandense do Livro e Santander Cultural, reconhece os principais lançamentos nacionais da literatura de economia e negócios, além de destacar personalidades, projetos culturais, editoras e livrarias. A cerimônia ocorre na

próxima terça-feira, às 19h30min, no átrio do Santander Cultural, quando os troféus em bronze, criados pela artista plástica Cláudia Stern, serão entregue aos 17 laureados. O evento tem como objetivo destacar livros técnicos e didáticos escritos por autores brasileiros. Dentre os contemplados, estão obras relacionadas às seguintes categorias: Administração, Relações Internacionais, Inovação e Empreendedorismo, Turismo e Gastronomia, Contabilidade, Direito, Economia, Logística, Marketing e Comunicação Social.

Além da produção literária, também serão homenageadas pessoas e instituições com destaque na área cultural. Neste ano, serão premiados o programa Fome de Ler, como homenagem especial, o publicitário Dado Schneider, como destaque especial, a Belas Artes, como editora, e o Beco dos Livros na categoria Livraria. O Troféu Cultura Econômica é um dos principais eventos promovidos anualmente pelo JC, que completou 81 anos em 2014. Para o diretor-presidente do JC, Mércio

Tumelero, o prêmio virou um dos principais acontecimentos da Feira do Livro. “Criamos o troféu com a finalidade de reconhecer livros, autores, livrarias, editoras e empresas que incentivam as atividades culturais no Rio Grande do Sul, especialmente nas áreas de economia e negócios”, afirma Tumelero. O Badesul destaca que o troféu tem o papel de valorizar um segmento literário indispensável para a formação e a capacitação de bons profissional no mundo dos negócios. “O prêmio divulga e incentiva a produção e a

leitura do segmento literário direcionado aos negócios, promovendo o desenvolvimento cultural, social e econômico do Rio Grande do Sul. O troféu também fomenta o desenvolvimento ao enaltecer livros técnicos de autores brasileiros, incentivando a pesquisa e a produção nacional voltada para o segmento”, ressalta Marcelo Lopes, presidente da instituição. Após apremiação,oslivrosestarão à disposição dos visitantes no estande do jornal. Regulamento e informações em www.portalderelacionamentojc. com.br/trofeu-cultura-economica.

Astomiro Romais, diretor da CRL

FOTOS MARCO QUINTANA/JC

Nikão Duarte, da Unisinos Valter Kuchenbecker, da Ulbra

Luciana Hoppe, da Unilasalle

Antonio Ferrari, do Senac Jorge Araujo, da Ufrgs Nadege Lomando, da Unisinos Sigrid Diercks, da Estácio de Sá

Ângela Kretschmann, da Unisinos e Cesuca Dineia Anziliero, da Uniritter Mauro Fonseca, da FMP Saulo Armos, da Pucrs

Alziro Rodrigues, da Pucrs Marcelo Aimi, da ESPM Rosana Sacchet, da Ufrgs

Christian Spessato, do Badesul

COMISSÃO TÉCNICA


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PREMIADOS 2014 DESTAQUE ESPECIAL

EDITORA

LIVRARIA JONATHAN HECKLER/JC

JONATHAN HECKLER/JC

HOMENAGEM ESPECIAL

Programa Fome de Ler - incentiva a formação de mediadores de leitura e articula ações de letramento, envolvendo escritores e ilustradores brasileiros, acadêmicos, educadores, alunos e instituições das comunidades escolares. Criado pela Ulbra.

RELAÇÕES INTERNACIONAIS O Cebri e as relações internacionais, de Leonardo Paz. Ed. Senac. Reúne textos de três experientes embaixadores que, além de terem servido o Brasil no exterior, ocuparam postos no governo federal que lhes permitiram acompanhar de perto as mudanças globais.

DIREITO Direito de autor. Denis Borges Barbosa. Ed. Lumen Juris. O livro propõe uma construção e desconstrução da doutrina autoral à luz de uma visão em que patentes, marcas, desenhos industriais têm muito a dizer.

COMUNICAÇÃO SOCIAL Comunicação empresarial: alinhando teoria e prática. Wilson da Costa Bueno. Ed. Manole. A obra resgata os principais temas que envolvem a teoria e a prática da comunicação das organizações, buscando não apenas fixar conceitos relevantes, mas contemplar a realidade do mercado brasileiro.

Dado Schneider, publicitário e palestrante. Autor do livro O mundo mudou...Bem na minha vez! Ed. Integrare. Frases em forma de posts, que podem ser lidas aleatoriamente, formam os 21 minicapítulos que compõem o primeiro livro de Dado.

MARKETING Pesquisa de marketing: uma orientação para o mercado brasileiro. Walter Nique e Wagner Ladeira. Atlas. Guia prático dos passos necessários para a realização de pesquisa de marketing. Marketing no Brasil. Laura Gallucci e Francisco Gracioso. Ed. ESPM. Após dois anos de pesquisas e com textos de 22 colaboradores, o livro conta a história do marketing no País desde seu surgimento.

ADMINISTRAÇÃO Perenidade, estratégias e iniciativas para prolongar a longevidade empresarial. Emerson Carlos Colin. Ed. Atlas. Tem como temática o conceito que coloca a preservação de riqueza em primeiro plano, sujeitando retorno e crescimento a ela. O autor argumenta que gerar retorno e crescer é mais fácil quando perenidade é relegada.

COMUNICAÇÃO SOCIAL Desafios do Jornalismo. Carlos Alberto Pereira, Francisco de Assis e Maria Elisabete Antonioli. Ed. Appris. Esta coletânea discute tendências e aplicações da atividade jornalística, bem como aspectos inerentes aos profissionais que a desenvolvem.

Belas-Letras - a editora surgiu em abril de 2008 com o compromisso de aproximar a literatura dos temas da era digital e da cultura pop. Inclui projetos de publicação inovadores e alguns dos nomes mais admirados pelos jovens no mundo do entretenimento brasileiro, entre músicos, apresentadores, atores, blogueiros e outros artistas.

MARKETING/ COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Gestão da informação sobre a satisfação de consumidores e clientes. Edmundo Brandão. Ed. Atlas. O livro procurar oferecer um conteúdo importante para empresas que se posicionem como adotantes ou que pretendam adotar uma orientação, de fato, para o mercado.

CONTABILIDADE

Coletânea: curso de contabilidade. Marcelo Cavalcanti Almeida. Ed. Atlas. Conjunto de quatro livros de contabilidade em IFRS/CPC, abordando os temas das normas internacionais de contabilidade em sequência e por grau crescente de complexidade.

LOGÍSTICA Logística reversa: processo a processo. Rogério Valle e Ricardo de Souza. Ed. Atlas. O livro busca esmiuçar a rotina de um fluxo que traz produtos recebidos e usados pelos clientes de volta a unidades de produção capazes de lhes dar uma nova vida.

Beco dos Livros – A Beco dos Livros é comandada por Peter Dulius (na foto) e é reconhecida por comercializar livros usados. De um ponto inicial na rua General Vitorino, a rede hoje é composta por quatro unidades no Centro de Porto Alegre.

ECONOMIA Desenvolvimento econômico do Rio Grande do Sul. Ely José de Mattos e Izete Pengo Bagolin. Edipucrs. O objetivo é contribuir para responder a questões sobre a economia do Estado, com esforços de diversos pesquisadores que têm se debruçado sobre esse tema.

TURISMO/GASTRONOMIA Os banquetes do imperador. Francisco Lellis e André Boccato. Ed. Senac. Reúne 130 cardápios do século XIX colecionados por D. Pedro II. Os documentos foram doados pelo imperador à Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro pouco antes de sua morte e figuram como preciosos registros gastronômicos.

INOVAÇÃO/EMPREENDEDORISMO Novos negócios inovadores de crescimento empreendedor no Brasil. Silvio Meira. Casa da Palavra. O autor discorre sobre como a combinação educação e oportunidade pode fazer florescer grandes projetos para enriquecimento pessoal e para o desenvolvimento da nação.


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Incentivo para ler

Outro grupo de estudantes com crédito para compra de livros será o dos vencedores da Olimpíada da Língua Portuguesa. O projeto premiou 125 alunos e 129 professores gaúchos, na última edição. Eles poderão gastar cada um mais de R$ 100,00 na feira. As atividades de incentivo à leitura da Câmara Rio-Grandense do Livro e da Secretaria Municipal de Educação junto às escolas terão neste ano uma mostra. A 1ª edição do Porto Leitura Alegre (PLA) exibe ao público, nesta sexta-feira, as experiências do programa Adote um escritor. Neste ano, são 132 encontros, entre estudantes e autores de livros infantis. O trabalho desenvolvido em cada escola será exposto em banners. Também ocorrerá um festival de contadores de histórias.

Com apelo jovem

JC na Feira do Livro

A Feira do Livro costuma incluir nomes que atraem grande público. Maurício de Sousa vem pela segunda vez. A primeira havia sido em 2006, quando o escritor paulista recebeu o título de Cidadão de Porto Alegre. O criador da Turma da Mônica autografa no dia 7 de novembro o livro Magali 50 Anos. Entre os destaques também está o patrono de 2012, Luiz Coronel, que lança no dia 14 sua versão para crianças da lenda do Negrinho do Pastoreio. A best-seller Thalita Rebouças conversa com leitores dia 2, às 17h, no Teatro Sancho Pança. Ela lança 360 dias de sucesso, sobre a fama repentina de uma banda jovem.

A partir desta sexta-feira, o Jornal do Comércio marca presença por meio de um estande interativo no centro da praça, em frente ao chafariz. O local estimula a interatividade através de selfies que poderão ser publicadas tanto no impresso quanto nos canais digitais. Para isso, os visitantes precisam utilizar a hashtag promocional #expandasuamente. A equipe de jornalismo estará durante os 17 dias do evento fazendo a melhor cobertura dos acontecimentos e da programação cultural, através de cadernos diários. O JC disponibilizará wi-fi, troca de livros e um totem com tomadas de energia para o público recarregar a bateria de seus smartphones.

Sônia Zanchetta comemora o bônus-livro, direcionado para estudantes de escolas públicas

JONATHAN HECKLER/JC

levam escritores nas escolas e preparam as turmas para a feira. Também devem movimentar as compras na área infantojuvenil programas federais, como o vale-cultura. Sônia vem incentivando os 14 livreiros participantes a habilitarem operadoras que recebem o cartão-magnético. O benefício oferece R$ 50,00 mensais, cumulativos, para trabalhadores de empresas cadastradas. O programa possibilita maior acesso à cultura pelo consumo de produtos artísticos. Em contrapartida, o governo isenta as empresas de encargos sociais e trabalhistas sobre o valor do benefício concedido, e ainda permite abater a despesa no Imposto de Renda.

infantojuvenil

Entre as novidades da Feira do Livro deste ano está o bônus-livro. Cerca de 6 mil alunos de escolas públicas de 17 municípios do Estado foram selecionados para o programa da Câmara Rio-Grandense do Livro. Cada um receberá R$ 30,00 para adquirir, na feira, os títulos que mais gostar entre 91 autores participantes da programação. A coordenadora da área infantil e juvenil da Feira do Livro, Sônia Zanchetta, comemora a concretização deste projeto, que era discutido há algumas edições. Para ela, o bônus-livro vem somar no incentivo aos professores e no acesso dos alunos à leitura. É parte de um trabalho que já conta com outros programas que


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De longe, um outro olhar que o que está lá longe é melhor e mais bonito do que o que está aqui, perto de nós. Quando viajamos pelo mundo inteiro, a gente vai aprendendo a valorizar as coisas pelo que elas realmente são, e não pelo que elas parecem que são. No final de uma viagem, quando a gente regressa, acaba se dando conta que na nossa cidade tem coisas tão interessantes quanto o que vimos lá fora. O mais importante de uma viagem é voltar para casa, porque voltamos enriquecidos emocional, intelectual e espiritualmente. E, como uma pessoa melhor, mais completa, mais experiente, conseguimos ver no ponto de partida coisas que não tínhamos nos dado conta antes de sair.

João Vicente Ribas

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JC Feira do Livro - Qual a diferença entre escrever romance, crônica e jornalismo de aventura? Airton Ortiz - Primeiro pela linguagem.A linguagem da reportagem informa, é precisa, não pode deixar margem para o leitor interpretar. Tem que dar a informação prontinha. A

Com 17 livros na bagagem, o patrono Airton Ortiz valoriza o elemento local em seus textos

JOÃO MATTOS/JC

patrono

aepígrafe doromance Gringo (2012),Airton Ortiz escreveu que somos o resultado das viagens que fazemos, dos livros que lemos e das pessoas que amamos. O pensamento virou “meme” na internet e já tem mais de um milhão de visualizações. A frase também sintetiza o estilo de vida do patrono da 60ª Feira do Livro de Porto Alegre. Falando sobre literatura, críticas, aventura, regionalismo e um novo lançamento, Ortiz concedeu entrevista ao Jornal do Comércio em sua casa, no bairro Assunção. Prestes a completar 60 anos - mesma idade da feira -, o autor já autografou na Praça da Alfândega dois romances, quatro compilações de crônicas e dez de reportagem. Os livros são resultado de suas aventuras por lugares tão diferentes como o monte Everest e a floresta amazônica. No próximo dia 6, ele lança o 17º livro, sobre suas impressões da capital francesa. Ortiz se diz um regionalista de carteirinha, mas não ortodoxo. Jornalista, editou na segunda metade dos anos 1980 o jornal Tchê, e manteve um editora de livros com o mesmo nome. Entre a reportagem e a ficção, viaja e escreve baseado na cultura e na identidade do Rio Grande do Sul, entrando em contato com outras culturas e não perdendo a referência. “A gente viaja não para perder as referências, mas para aumentá-las”, afirma. Na entrevista, o patrono viajante comenta que ocorre uma mudança no olhar da pessoa que viaja, tanto sobre os locais que visita quanto sobre o que vive. E observa que no mundo inteiro as pessoas têm um carinho enorme pelo Brasil. “Quem fala mal do País são os brasileiros”, diz. Após sua escolha como patrono, o autor foi alvo de críticas. O escritor e colunista Juremir Machado da Silva escreveu contestando Ortiz, no seu papel de editor, por ter publicado em 1985 o livro Brasil sempre, redigido pelo sargento do exército Marco Pollo Giordani. Segundo a crítica, a publicação é racista e defende os torturadores do regime militar. Quando perguntado sobre a acusação, o patrono compara sua função de editor na época com a da Feira do Livro. “A feira não seleciona os livros que vão ser lançados, não há censura prévia, é uma tribuna realmente democrática”, afirma. E defende o direito de qualquer autor colocar o seu trabalho à disposição do leitor, sobre qualquer assunto, por qualquer editora. “Quem tem que julgar é o leitor, não a feira”, conclui.

crônica é uma linguagem mais elaborada, mais sutil, vai deixando espaço para o leitor completar a história que ele está lendo. Ela mais sugere. É um texto mais literário. Já a linguagem do romance é mais sofisticada ainda. O romancista insinua uma história, o leitor também vai completando de acordo com a experiência dele. É uma linguagem somente literária. A comunicação na arte é individualizada. Uma obra tem um significado diferente pra cada pessoa que observa. Mais importante do que o que o escritor narra é o que ele não narra, porque deixa espaço para o leitor. Eu entrei para a crônica porque queria falar sobre cidades.As reportagens que fiz eram sobre grandes travessias por regiões selvagens. Mudou o enfoque e a linguagem. Na ficção, eu posso

aprofundar muito mais as questões psicológicas da história. O importante é o personagem, sua reação diante da viagem. JC Feira do Livro - No romance Gringo, Victor é um viajante inexperiente, que apresenta uma certa ingenuidade e vai amadurecendo na estrada. Foi uma forma de mostrar a cultura dos mochileiros através da sensibilização do protagonista? Ortiz - Sim, é uma mescla da técnica chamada romance de formação com a literatura de viagem. Normalmente, no romance de formação, o personagem evolui emocionalmente a partir de uma tragédia. Mas não é preciso viver uma tragédia para renascer. Basta que se entre em contato com uma realidade muito diferente

da tua, para descobrir um novo mundo. E a ideia do Gringo é exatamente essa. Mostrar um cara que acreditava que a cidade onde morava era o centro do mundo, e na medida em que vai viajando, entra em contato com outra realidade, outra cultura, outros povos, outros viajantes que estão na estrada em busca de experiência, e vai evoluindo. No final do livro, ele é um cara completamente diferente de quando começou. JC Feira do Livro -Após uma viagem, valorizamos mais o lugar onde vivemos? Ortiz - A viagem é uma forma de desenvolver o autoconhecimento, mas é também uma maneira muito boa de valorizar as nossas coisas, porque nós temos a mania de achar

JC Feira do Livro - Como tu recebeste a polêmica a respeito do livro Brasil sempre? Ortiz - A polêmica é boa quando fica só no campo das ideias, não despenca para o lado pessoal. Acho fundamental que as pessoas possam expressar as suas ideias. Se alguém não concorda, escreve outro texto combatendo, mas nunca impedir que as pessoas divulguem as suas opiniões. Eu não concordo com muitos livros que estão no mercado, mas defendo ardentemente o direito de eles serem publicados, a liberdade de expressão. Prefiro que as pessoas assumam, digam, e não fiquem enrustidas. Se a pessoa é racista, comunista, democrata, capitalista, maragato ou chimango, prefiro que ela diga e assine embaixo. JC Feira do Livro - Como foi a experiência do jornal Tchê, na segunda metade dos anos 1980? Ortiz - O Tchê tinha uma linha editorial bem definida. Não era preconceituoso em relação à cultura regionalista. Os outros eram e são até hoje. Para a mídia cultural, o regionalismo é coisa de grosso. O Tchê era regionalista, mas não ufanista. Criticávamos quando tinha que criticar, sem sentimento de culpa. E elogiávamos quando tinha que elogiar, sem achar que estava fazendo alguma concessão. Isto deu para o jornal uma credibilidade muito grande. Ele era respeitado tanto pelos regionalistas mais conservadores quanto pelos que não gostavam de regionalismo. Porque viam que os argumentos eram consistentes. Foi uma referência na época. Tá faltando hoje um veículo assim. JC Feira do Livro - O olhar regionalista do Airton Ortiz aparece quando ele escreve um livro sobre Paris? Ortiz - Claro. Eu viajo o mundo inteiro em busca das culturas típicas de cada lugar. É sobre isso que eu escrevo. Vou ignorar a cultura típica do lugar onde eu nasci? Seria uma incoerência muito grande. Não me interessa ir a Paris comer bife e batatinha frita. Não, eu tenho que comer o que eles comem e escrever sobre isso para o leitor brasileiro saber como é a cultura destes lugares.


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Porto Alegre, 31 de outubro e 1 e 2 de novembro de 2014

Caderno Especial | Jornal do ComĂŠrcio


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