Expoagas 2013 Caderno Especial do Jornal do ComĂŠrcio
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Porto Alegre, quarta-feira, 21 de agosto de 2013
Uma feira plurissetorial
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Expoagas 2013
Caderno Especial do Jornal do Comércio
FEIRA
Termômetro do mercado varejista gaúcho
O Centro de Eventos da Fiergs, em Porto Alegre, abriga desde ontem a Convenção Gaúcha de Supermercados - Expoagas 2013. Tradicional termômetro do mercado varejista gaúcho, o evento chega à 32ª edição. A cerimônia de abertura, realizada na manhã desta terça-feira, no Teatro do Sesi, contou com a presença de autoridades como o governador do Estado, Tarso Genro, o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, deputados, vereadores e representantes do poder judiciário. Também estiveram presentes o presidente da Fiergs, Heitor José Müller; o presidente da Fecomércio-RS, Zildo De Marchi; o presidente da Associação Latino-Americana de Supermercados (Alas), João Carlos Oliveira; e o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Fernando Yamada. Todos foram recebidos por Antônio Cesa Longo, presidente da Agas, que enfatizou o caráter diversificado do evento. “A Expoagas 2013 consolida-se, sobretudo, como uma feira plurissetorial, já que, além de supermercados, fazemos questão da participação de varejistas de segmentos como hotéis, restaurantes, padarias, bares, farmácias e lojas de conveniência”, afirmou Longo. “Queremos proporcionar as mesmas ferramentas de competitividade e os mesmos fornecedores a todos os setores, em uma de-
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Abertura ocorreu ontem pela manhã na Fiergs
mocrática e igualitária disputa pelos clientes.” O dirigente agradeceu o diálogo aberto que o governo do Estado tem travado com o setor supermercadista e a atenção a algumas de suas reivindicações, como no caso da redução do ICMS da bebida de soja, do apoio ao setor atacadista e da indústria local, além da implementação da nota fiscal gaúcha. “Agora somos parceiros também para colocar o suco de uva com a alíquota diferenciada de cesta básica”, disse. O suco da fruta representa mais de 40% da produção de toda a uva do Estado. “Fazemos aqui um apelo aos presidentes de associações de supermercados do Brasil para que sirvam somente vinhos nacionais em seus eventos e estimulem seus associados a aumentarem o espaço desses produtos nas gôndolas dos supermercados.” Atualmente, 65% das vendas de vinho nos supermercados gaúchos são de produtos nacionais. Em sua lista de reivindicações, o empresário incluiu mais incentivo à irrigação e ao escoamento, garantia de preço mínimo para a produção e atenção especial à logística. “Trata-se de um dos grandes entraves do setor, fazendo com que nossas empresas necessitem de um estoque maior, desnecessário, de cerca de 10 dias, onerando as companhias com um valor de cerca de R$ 2 bilhões, que poderiam estar gerando mais
renda e estão locados como estoque de segurança, aumentando o risco de vencimentos e quebras de produtos”, justificou. Longo também pediu mais investimentos na diversificação de culturas, lembrando a questão do preço da erva-mate. “Registramos dificuldades de produção e alta de até 40% nos preços. O consumidor é quem está pagando essa conta.” A isenção de ICMS de itens da cesta básica também em nível estadual, a eliminação da necessidade dupla de inspeção da entrada de carne com osso no Estado, a necessidade da legislação local prever expressamente a possibilidade de creditamento do ICMS suportado na aquisição de material utilizado na construção e na ampliação das lojas e o restabelecimento do convênio que garante o crédito de ICMS aos supermercados referente à energia elétrica também foram levantados por Longo como questões urgentes a serem resolvidas para o incremento do setor varejista gaúcho. Evitando o confronto, o governador do Estado reconheceu os problemas, mas preferiu destacar os números que colocam o Rio Grande do Sul, segundo ele, em situação privilegiada em relação a outros estados do País. “O crescimento da agricultura familiar e, sobretudo, o crescimento da indústria, que registrou aumento de 11% no primeiro semes-
tre de 2013 em relação ao mesmo período do ano passado, demonstram que não somos mais um Estado na rabeira do crescimento econômico. Esses dados são importantes para nós e para o comércio em geral, especialmente para o setor supermercadista, que tem a capilaridade de distribuição do setor de alimentos.” Tarso Genro lembrou que o Rio Grande do Sul é o único estado da federação que tem um Plano Safra específico, que cobre com recursos locais das agências financeiras as lacunas do plano nacional, e ressaltou que o esforço do Estado é baseado na redução drástica das desigualdades sociais, no aumento de consumo, potencial e renda da população e no combate às desigualdades regionais. “A luta pela igualdade é, na verdade, o que faz a diferença”, resumiu. Um momento de emoção da cerimônia ocorreu com a homenagem ao presidente da Fecomércio-RS, Zildo De Marchi. “Zildo foi o responsável, entre outras conquistas, pela introdução do saquinho de leite e de iogurte no varejo gaúcho”, ressaltou Longo, que entregou ao homenageado o troféu de Supermercadista Honorário 2013. Aclamado como um dos grandes empresários do Estado e atuando há 41 anos em entidades de classe, De Marchi foi diretor da Lacesa. Hoje preside a Uniagro Alimentos.
Expediente Editor-Chefe: Pedro Maciel•Editora de Cadernos Especiais: Ana Fritsch•Subeditoras: Cíntia Jardim e Sandra Chelmicki•Reportagem: Andréa Lopes•Projeto gráfico e editoração: Ingrid Müller•Editor de Fotografia: João Mattos•Revisão: Adriana Grumann, Gustavo Rückert, Juliana Mauch e Mauni Lima Oliveira.
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FEIRA
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Programação EXPOAGAS 2013
Agas projeta volume recorde de negócios
Hoje (21/8) 9h Palestra magna – Arnaldo Jabor – Perspectivas do Brasil contemporâneo – Teatro do Sesi 10h30 Palestra magna – Professor Lievore – O varejo de sucesso: lições brasileiras ao varejo americano – Teatro do Sesi 12h Abertura da feira de negócios – Centro de Eventos 13h Palestra – Paulo Ferreira – Novos rumos na gestão de pessoas – CAT 15h Palestra – Cláudio Forner – Dicas para montagem de loja e geomarketing – (Sebrae) – CAT 16h Palestra – AGAS Jovem – Gustavo Cerbasi – Toda empresa deve produzir dinheiro – Debate com Nelson Eggers (Fruki Bebidas), Rogério Tondo (Orquídea Alimentos) e Vanderlei Micheletto (Mili Papéis) – Centro de Convenções 17h Palestra – Carlos Eduardo Santos (Sensormatic) – Aumente a lucratividade do supermercado: não deixe que as perdas sejam maiores que o lucro – CAT 22h Encerramento das atividades do dia
Amanhã (22/8) 9h Palestra magna – Carlos Hilsdorf – Alta performance em negócios de varejo – Teatro do Sesi 10h30 Palestra magna – Marcelo Tas – Inovação: a criatividade na Era Digital – Teatro do Sesi 12h Abertura da feira de negócios – Centro de Eventos
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13h Palestra – Raul Cohen – O avanço da acessibilidade e inclusão social – CAT
Em 2012, aproximadamente 5 mil empresas de varejo visitaram a feira
No primeiro semestre de 2013, o setor supermercadista gaúcho manteve o crescimento médio dos últimos anos, cerca de 6%. Mas para o presidente da Agas, Antônio Cesa Longo, o volume de negócios a serem concretizados nos três dias da Expoagas 2013 deverá chegar a R$ 330 milhões, número 8,4% superior ao do ano passado. “Há otimismo e uma ansiedade dos supermercadistas em relação às novidades da feira. Esse é o momento do setor abastecer seus estoques e modernizar as lojas para
o final do ano, melhor período de vendas para o varejo”, pontua. Mais do que uma feira do setor supermercadista gaúcho, a Expoagas 2013 consagra-se como um evento plurissetorial, com participação de visitantes de segmentos como padarias, açougues, lojas de conveniência, restaurantes, hotéis, bazares, hospitais, farmácias, lojas de R$ 1,99, agropecuárias e outras empresas de comércio. Todos vão à feira de negócios atrás de novidades, condições especiais de pagamento, novas tendências
de mercado, tecnologias aplicadas ao varejo, qualificação profissional, novas parcerias e networking. “Queremos ser uma grande vitrine para a indústria, pois teremos compradores de toda a América Latina”, enfatiza Longo. Pequenos fornecedores garantiram seu lugar na feira investindo em estandes menores, pré-formatados, mais baratos. Para estimular o fechamento de negócios já durante a feira, os visitantes que efetuarem pelo menos R$ 1 mil em compras dos expositores concorrem a um
GM Celta zero quilômetro. Durante os três dias de evento, a Agas espera receber cerca de 88 caravanas trazendo supermercadistas de todo o interior do Estado. Conforme levantamento do Instituto Segmento Pesquisas, no ano passado 70,5% dos negócios foram fechados por compradores do Rio Grande do Sul, 21,6% por varejistas de outros estados do País e 7,72% por compradores da América Latina. Ao todo, representantes de 4.780 empresas de varejo visitaram a Expoagas em 2012.
15h Palestra – Airton Dória – Oportunidades de negócio para a Copa de 2014 – CAT 16h Seminário Jurídico – Eugênio Mussak – A empresa e as mudanças: como enfrentá-las? – Debate com Paulo Tramontini (advogado), Fábio Canazaro (tributarista), Pedro Schneider (supermercadista), Antonio Romacho (supermercadista), Edina Fassini (advogada), Arlei Karpinski (supermercadista), Patrique Nicolini Manfroi (supermercadista) e Angelita Garcia (AGAS) – Teatro do Sesi 17h Palestra – Flávia Ponte (GS1 Brasil) – Novas tecnologias, novos horizontes em automação – CAT 20h Sorteio de automóvel entre os compradores da feira 21h Encerramento do evento
Ingressos para visitação na feira: Varejista sócio AGAS: R$ 30,00 Fornecedor sócio AGAS: R$ 50,00 Varejista não sócio AGAS: R$ 50,00
Novos segmentos marcam o evento de 2013 A maioria dos expositores está retornando à feira e estreiam no evento cerca de 17%. O perfil dos representantes de 103 segmentos distintos acompanha as tendências do que se vê nas gôndolas gaúchas. Neste ano, destacam-se entre as 340 companhias participantes o número de empresas de setores como bebidas, papéis premium, pet e animal, alimentos funcionais, carnes, importados e higiene e beleza. Quatro segmentos chegam
pela primeira vez à Expoagas: descarte de lixo eletrônico, brinquedos e utensílios infantis, assessoria em comércio internacional e soluções em farmácia e medição. No ano passado, já haviam sido agregados aos corredores do evento os expositores de construção civil, flores, pisos e revestimentos. “Essa realidade apenas reflete a demanda de supermercadistas e consumidores”, resume Longo. Os gaúchos ainda dominam entre os
expositores, com 75,2% das empresas. São Paulo (10,9%), Santa Catarina (5,74%) e Paraná (5,17%) vêm na sequência. Além desses estados, empresas de outras regiões do País, da Itália e da Argentina também estarão participando da feira. “O objetivo é este, oportunizar à pequena indústria gaúcha condições iguais de disputa e contato com os mesmos clientes disponíveis para as grandes multinacionais”, afirma o presidente da Agas.
Fornecedor não sócio AGAS / Visitante: R$ 100,00
Ingressos para as palestras magnas: Sócio AGAS - gratuito Não sócio AGAS - R$ 30,00
Restrições: Não será permitido o acesso à feira para menores de 18 anos; O acesso dos visitantes será proibido após as 21h.
Mais informações: (51) 2118-5200 ou expoagas@agas.com.br
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Pavilhão 3
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Tedesco
Zinpão
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PALESTRAS
supresas e para alcançar uma competitividade maior”, resume. O palestrante contará algumas histórias de empresas de sucesso comercial que pecaram no quesito financeiro e no planejamento estratégico. “Gigantes do varejo como Mappin e Arapuã, mesmo no auge de sua atividade comercial, não tiveram visão financeira e quebraram”, recorda. Em seguida, Cerbasi elencará os cinco princípios básicos que todo empreendedor deve seguir para não ter problemas – os interessados deverão ir à Expoagas para saber quais são.
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fluxo de caixa ou a negociação de prazos com os fornecedores. Descuidos ou desconhecimento nessas áreas pode transformar o negócio em inviável a médio ou longo prazo.” Na Expoagas, Cerbasi fará um apanhado geral dos elementos de inteligência financeira que normalmente faltam às empresas de pequeno e médio portes, principalmente àquelas administradas por uma família, em que o próprio empreendedor cuida de tudo. “É preciso dar atenção à contabilidade e à gestão financeira para não se ter
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Cerbasi afirma que descuidos na área podem tornar o negócio inviável
Consciência financeira é fundamental Aclamado consultor financeiro, com vários livros de sucesso lançados na área de finanças pessoais, Gustavo Cerbasi vem à Expoagas 2013 para afirmar: toda empresa deve produzir dinheiro. E nem todas produzem. “Quando há uma margem de lucro limitada, como é o caso dos micro e pequenos empresários da área do varejo, um pequeno erro ou detalhe pode levar a grandes desastres”, explica. “Consciência financeira é fundamental para não se investir demais, por exemplo, em estoques, ou para não se perder de vista o
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Investir no ser humano, não no RH
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Paulo Ferreira, presidente do Instituto Eckart Desenvolvimento Humano e Organizacional, fala sobre os novos rumos na gestão de pessoas, no Centro de Aperfeiçoamento Técnico da Expoagas 2013. Para ele, o maior desafio está em conciliar a mão de obra atual com as organizações do passado. Mas faz uma ressalva: “A nova geração é exatamente igual à do passado, estamos nos enganando dizendo que a gurizada é diferente”. Profissional da neurociência, Ferreira afirma que o que muda são as influências sociais que o cérebro recebe a cada período. “A ideia para a Expoagas é que possamos fazer uma reflexão sobre a realidade que temos Novas gerações demandam novos métodos, segundo Ferreira
hoje: estamos tratando os problemas atuais com técnicas do passado”, avalia. “Temos que evoluir para outros métodos que envolvam as novas gerações. Lidamos com uma geração que, aos 30 anos, ainda vive com os pais. Eles querem tudo pronto, acham que é desnecessário estudar, porque acham tudo na internet.” Em contrapartida, Ferreira acredita que avançamos muito em tecnologia e informação, mas pouco do ponto de vista comportamental. “É preciso reduzir a hierarquia e aumentar a autonomia, estimulando a disciplina. Isso significa investir no ser humano, o que não significa fomentar o setor de RH. Pelo contrário, é preciso extinguir os departamentos de RH”, teoriza. “Não vejo uma ação efetiva, um plano estratégico de recursos humanos sendo desenvolvido e sustentado na maioria das empresas.”
Um dos principais palestrantes da Expoagas 2013, José Alfredo Lievore, ou Professor Lievore, como se autointitula, começou a trabalhar com o público aos oito anos, quando engraxava sapatos e vendia pipoca na frente do cinema. Formado em marketing de varejo com especialização em administração, marketing e finanças na universidade americana de Drexel, Professor Lievore vai falar no evento sobre as lições que o varejo brasileiro pode dar ao varejo americano. Lievore recorda que o americano inventou o marketing, o autosserviço, o entretenimento. Mas o varejo americano abusou do desperdício de energia, de água, de petróleo, de dólares e, principalmente, de gente. “A estrutura do país, estradas, habitação, educação, tecnologia, segurança, mais aquela vocação para dar descontos e atrair o consumidor, eles têm”, concorda. “Mas no Brasil temos gente que faz aconte-
cer com um décimo de tudo isso. Temos criatividade e determinação. Aqui, apesar de todos os problemas, temos pessoas que pensam como dono do mercadinho mesmo sendo só o atendente da peixaria. Gente que grita lá do fundo da loja ‘ô freguesa, vai levar o peixe hoje? Eu limpo para a senhora’. Isso se chama ‘diferencial diferente’”, resume. Para ele, o maior problema enfrentado por empresas de todos os ramos é a falta de comprometimento de seus funcionários. “O cara sai de casa e vai ficar oito horas ou mais lá no mercadinho, mas só vai o corpo trabalhar. A cabeça fica em casa com a esposa, filhos, as contas para pagar. É preciso entender que, se a empresa não tiver sucesso, nós também não o teremos. E é preciso ser diferente. Empresas são muito parecidas. O ‘diferencial diferente’ são as pessoas.”
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Chave para o sucesso é focar nas pessoas
Falta de comprometimento prejudica as empresas, diz Lievore
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MERCADO
Rapidez e informação à disposição, prateleira cheia de possibilidades e espaço especialmente destinado a novos e diversificados produtos. Para o presidente da Agas, Antônio Cesa Longo, esse é o cenário do mercado gaúcho de supermercados, um terreno onde quem se destaca é quem melhor entende as mudanças e exigências dos consumidores - que estão diariamente se reinventando. “A padaria não pode oferecer só o pão quente, deve ampliar seu mix de produtos. E a tecnologia e a capacitação são grandes aliadas, pois oxigenam a maneira de ofertar os produtos e a gestão de pessoas, inclusive das que lidam diretamente com o público”, afirma. As etiquetas inteligentes vêm como exemplo do uso da tecnologia para levar ao consumidor mais informações sobre os produtos adquiridos no supermercado. Imagine pegar um iogurte na prateleira e, ao passar no caixa, a etiqueta avisar que o produto já passou da validade. O histórico do produto, sua origem e até informações nutricionais podem ser adicionadas ao GS1 DataBar, um código de barras diferenciado, com dimensões reduzidas e maior capacidade de armazenar dados. A tecnologia começou a ser disseminada em 2010 pela GS1 Brasil - Associação Brasileira de Automação. O GS1 DataBar possibilitará a identificação de produtos com espaço limitado, com melhor desempenho de leitu-
ra e capacidade de incluir informações adicionais, como números de série e lote e vencimento. Itens como cosméticos, componentes eletrônicos e de telecomunicações, ferragens, joias, entre outros, poderão ser facilmente identificados. “Trabalhamos efetivamente no suporte e na orientação ao varejo para que o País adote o GS1 DataBar”, destaca João Carlos de Oliveira, presidente da GS1 e da Associação Latino-Americana de Supermercados (Alas). “Nosso problema para agilizar a implementação do sistema é a dificuldade com a importação, que está muito cara, mas acredito que nos próximos três anos já poderemos contar com esse tipo de etiqueta nos supermercados brasileiros”, explica. Hoje o equipamento passa por testes-piloto em supermercados de São Paulo, mas ainda não chegou ao consumidor final. “O mais interessante da nova etiqueta é a disponibilidade de espaço para acumular informações. O consumidor poderá ter em mãos uma espécie de DNA do produto, com seu histórico desde sua produção até chegar ao caixa”, ressalta Oliveira. Sobre o mercado varejista de supermercados, o dirigente avalia que a globalização também chegou às gôndolas. “Temos perfis de lojas bastante parecidos em países tão diferentes como Nicarágua e Chile. As grandes redes dominam os mercados e também contribuem para esse nivelamento”, finaliza.
Novo código de barras vai disponibilizar o histórico dos produtos
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Perfil do consumidor demanda investimentos em tecnologia
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Planejamento para aproveitar a Copa do Mundo
Equipes precisam se preparar para lidar com consumidores diferentes
A Copa do Mundo Fifa 2014, assim como outros eventos de caráter mundial, como seminários e congressos, podem ser uma oportunidade para o setor supermercadista. “A palavra-chave aqui é planejamento”, indica Airton Dória, consultor, professor da Pucrs e dos cursos da Agas e um dos palestrantes do evento na Fiergs. Elaborar um conjunto de ações internas e externas planejadas, sincronizadas e convergentes é dica importante para aproveitar a oportunidade de forma mais eficaz. “Fundamentalmente, dois aspectos devem ser levados em conta nesse planejamento: adequação dos produtos e serviços e preparação da equipe para lidar com pessoas que falam e consomem de forma diferente.” Mais uma vez, estar atento às novas formas de consumo é um aspecto que necessita ser compreendido e aplicado. “Estrangeiros irão procurar estabelecimentos supermercadistas que ofereçam produtos e serviços que possam se assemelhar aos dos estabelecimentos encontrados em seus países de origem. Portanto,
aquilo que para nós brasileiros é o trivial, pela nossa cultura de consumo, para os estrangeiros não é tão óbvio assim. Precisaremos oferecer a conveniência e a customização para entregar produtos e serviços”, indica Dória. Para ele, o supermercadista gaúcho tem dificuldades para lidar com mudanças de consumo. “Temos uma cultura atrelada à tradição. Porto Alegre tem 1,4 milhão de habitantes, e não conseguimos ter supermercados com funcionamento 24 horas, algo que é inimaginável em outros centros urbanos com essa população ou até mesmo com uma menor.” O consultor lembra que produtos e serviços são cada vez mais commodities. “O que faz um cliente comprar num supermercado e não comprar no seu concorrente? Essa é a pergunta que necessita ser feita e refeita diariamente.” Nesse sentido, Airton Dória acredita que atendimento qualificado, relacionamento com o cliente e ações de pós-vendas, entre outras, se bem planejadas e realizadas, poderão significar verdadeiras inovações no setor supermercadista.
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Produtos para animais domésticos aquecem o mercado comercialização de um ano para cá é a alta sensibilidade dos clientes às novidades. Lançamentos da indústria nas categorias de acessórios, snacks e rações aquecem muito o mercado quando chegam às prateleiras dos supermercados”, atesta Franceli Prado, gerente comercial do Walmart Brasil. “Além disso, o aumento do número de pessoas que moram sozinhas e de casais é componente que impacta no crescimento das vendas nessa linha de produtos.” Quem já consumia esse tipo de produto começa a migrar para as linhas de rações premium e para petiscos, como ossinhos, e acessórios para embelezar cães, gatos e quem mais chegar para fazer parte da família. A força do segmento é comprovada, também, pelos números da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação. Segundo a Abinpet, o faturamento do mercado pet - indústrias de alimentação, cuidados, medicamentos e serviços - foi de R$ 14,2 bilhões em 2012, um crescimento recorde de 16,4% em relação ao ano anterior.
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Brigite e Priscila têm coleção de 700 pares de lacinhos
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O aumento da renda das famílias e a divisão do poder de decisão de compra nos núcleos familiares provocaram, além do aumento do consumo de produtos tradicionais da cesta básica, a diversificação na compra. São produtos diferenciados, que há pouco tempo não entrariam nos carrinhos de muitas das famílias que hoje os consomem. A Expoagas 2013 mostra que este é o caso dos alimentos funcionais, aqueles específicos para determinados benefícios de saúde ou dieta; dos itens de beleza e bem-estar, que atraem cada vez mais os homens à compra; e, sobretudo, os produtos destinados aos animais de estimação. “Cabe ao supermercadista estar em dia com as novas necessidades de consumo do público e ter jogo de cintura para atendê-las a contento”, alerta Antônio Cesa Longo, presidente da Agas. Algumas redes já acataram ao chamado. No Walmart, a venda dos produtos pet da bandeira TodoDia teve crescimento de 12,5% neste ano, até agora, na comparação com o mesmo período de 2012. “Um dos fatores que contribuíram para o aumento da
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Carmen diz que está sempre atenta aos lançamentos
Elas levam a vida que muito marmanjo pediu a Deus. Brigite e Priscila, irmãs da raça Maltês, são paparicadas pela dona, a professora Carmen Paula da Silva Pinto, 45 anos, como se fossem suas filhas. Além dos cuidados tradicionais, Carmen mantém um lado do armário só para elas. “São umas quatro gavetas e umas cinco caixas cheias de laços. Elas têm 700 pares, tenho mania de colecionar, e acaba sendo uma terapia”, afirma. Carmen conta que, quando era criança, a cultura era de que cachorro devia ficar na rua. “Quando saí de casa, a solidão bateu. Resolvi ir atrás de um cachorrinho para me fazer companhia. Voltei com as duas no colo.” Hoje elas dominam a casa, dormem na cama e fazem suas estripulias sem delimitações geográficas. Há uma década, quando pegou as “gurias”, Carmen não tinha tantas opções. “De quatro anos para cá que percebo que tanto as pet shops quanto os supermercados estão ampliando a oferta de produtos. E eu ando sempre fuçando novidades.”
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SUSTENTABILIDADE
Redução das sacolas plásticas é alternativa meros da Agas apontam a redução no consumo de sacolas plásticas em 19% no período entre julho e dezembro de 2012 em relação ao ano anterior, mesmo considerando o aumento de 7,3% do número de clientes nas lojas. “Cuidar do meio ambiente e ter essa consciência, preocupação e atitude é tarefa de todos. É preciso educar também o consumidor”, emenda Longo. Em contrapartida à preocupação ecológica, há o uso das sacolas plásticas para armazenamento de lixo pelo consumidor. Pesquisa do Ibope divulgada pela Agas aponta que 100% das sacolas plásticas são reutilizadas como saco de lixo. “Nossos estudos mostram que 65% das sacolas plásticas saem dos caixas sem ter sua capacidade total utilizada e que 13% dos gaúchos levam sacolas extras para outras utilizações em casa”, atesta Ezequiel Stein, diretor da Agas que coordena a questão sustentável na entidade. “Se as sacolas plásticas forem proibidas nos supermercados, cada família gaúcha será onerada, em média, em R$ 15 mensais com a compra de embalagens para destinar seu lixo.” Para ele, o supermercado acaba virando bode expiatório. “Veja quantos produtos nós compramos diariamente que são embalados com plástico, como massas e refrigerantes, por exemplo. E outros ainda que são vendidos, como bacias, baldes... A discussão ambiental
Rede gaúcha incentiva o comportamento sustentável dos consumidores
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Em dia com as questões ambientais e de olho nas necessidades e opinião dos consumidores gaúchos, Agas, Ministério Público do RS e Fecomércio/ RS uniram-se, em 2012, na campanha Sacola bem utilizada ajuda o meio ambiente. Em junho deste ano, as entidades reafirmaram a parceria na realização do 3º Fórum das Sacolas Plásticas - Uma alternativa: a redução. O evento reuniu especialistas, autoridades, consumidores, varejo e indústria, e a decisão de não eliminar totalmente as sacolas plásticas do varejo gaúcho apoia-se em resultados dos debates, seminários, pesquisas e reuniões promovidos pelas entidades parceiras com apoio da OAB/ RS e do Procon/RS, além do governo do Estado. “Em 2011, pesquisa do Instituto Segmento demonstrou que 81% dos gaúchos eram contrários ao fim das sacolas, número endossado pelo Movimento das Donas de Casa do RS e por diversos estudos de opinião. Por isso propusemos a diminuição gradativa do uso”, justifica o presidente da Agas, Antônio Cesa Longo. Com um ano de campanha, grande parte das redes de supermercados do Estado já aderiu ao projeto. Empacotadores foram treinados e lojas passaram a estampar, em suas sacolas, o selo Sacola bem utilizada ajuda o meio ambiente, lembrando o consumidor de sua responsabilidade na questão. Nú-
deve ser muito mais ampla”, entende. A Braskem também desenvolveu a chamada sacola plástica verde, feita com o chamado polietileno verde. O material, criado a partir do etanol da cana-de-açúcar, tem matéria-prima 100% renovável. O diferencial da resina é a captura de CO2 da atmosfera, contribuindo para o meio ambiente com a redução dos gases do efeito estufa. Cada quilo de plástico verde produzido captura 2,5 quilos de gás carbônico. Essas sacolas plásticas são utilizadas pela rede Zaffari Bourbon, que também co-
loca à disposição do consumidor as sacolas retornáveis de fabricação própria. Essas, aliás, viraram coqueluche, estampando as ruas nos braços e ombros dos gaúchos, mesmo fora do supermercado. “O layout colorido, produzido pela Agência Matriz, chamou a atenção dos consumidores, além de ser prática e resistente, suportando até 12 quilos”, atesta Claudio Luiz Zaffari, diretor do grupo. Produzida no Brasil, China e Índia a partir de TNT, ráfia e algodão, a sacola retornável está disponível na rede Zaffari Bourbon desde 2009.
Consciência cidadã na hora de usar, produzir e comercializar sacolas retornáveis JOÃO MATTOS/JC
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Funcionária da Biblioteca do Colégio de Aplicação da Ufrgs, Sandra Kiescheloski, 58 anos, sempre foi preocupada com questões relacionadas ao meio ambiente e aos animais e, em sua vida, um lado alimenta o outro. O uso cada vez mais extensivo das sacolas retornáveis na hora de ir ao supermercado lhe despertou a ideia de começar a colocar em prática a vontade de costurar e passar a produzir sacolas artesanais para vender e, com a renda, custear os gastos com os bichinhos resgatados e tratados pelo projeto Bichos do Campus da Ufrgs, do qual é voluntária há oito anos. “Nunca tinha visto uma máquina de costura na vida, mas resolvi tentar. E não é que aprendi e Sandra cria seus produtos com patchwork e outras técnicas
gostei?”, conta. Hoje, Sandra produz sacolas retornáveis criadas em costura artesanal egípcia, algodão cru, aplicações de patchapliquè e patchwork e até com o uso de embalagens tetra pak, aquelas utilizadas em caixinhas de leite, seu mais novo sucesso comercial. “Elas conservam a temperatura, o pessoal está gostando de usar para levar lanche para o trabalho”, justifica, contente com o resultado. Foi o trabalho com os animais que despertou Sandra para a consciência sustentável. “Ainda uso alguma coisa de sacola plástica para armazenar o lixo, mas prefiro a de pano quando vou às compras.” Em casa, ela divide o espaço com a máquina de costura, as bolsas produzidas, os cães Crecrê e Judi e mais vários gatos. “Muitas pessoas falam em consciência ecológica e proteção animal. Poucos partem para a ação. É o que eu procuro fazer”, ensina.
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QUALIFICAÇÃO
O crescimento do setor, a diversificação de público e, consequentemente, as necessidades de consumo, colocam diariamente o mercado supermercadista à prova. Diferenciar-se, seja no atendimento, na oferta do mix de produtos, na gestão de pessoas, de marketing e comercial, entre outros, tornou-se questão fundamental para gestores e funcionários. Sendo assim, qualificar é palavra de ordem para micro, pequenas, médias e grandes redes do varejo nacional. Em dia com as necessidades do mercado e pronta para auxiliar em seu crescimento e qualificação, a Agas promove diferentes ações de capacitação durante todo o ano, por todo o Estado. A entidade conta com cerca de 70 cursos das mais diversas áreas, do nível operacional ao estratégico, desenvolvidos em parceria com a Escola Nacional de Supermercados (ENS). Há cursos de gestão e cursos livres para a área operacional - padeiro, confeiteiro, cartazista, açougueiro. “O setor vive se expandindo e mudando, por isso os profissionais da área devem estar atentos à qualificação para não pararem no tempo”, afirma Angelita Garcia, coordenadora de capacitação
da Agas que desenvolve os cursos, apoiada pelos assessores de capacitação Leandro Santos, Fábio Gomes e Jaderson Carvalho. Um dos cursos mais conhecidos da Agas é o de Gestão Estratégica em Supermercados (GES), que tem duração de seis meses e, desde sua criação, em 2007, já capacitou mais de 500 gestores do varejo. As aulas, que ocorrem um dia por semana, envolvem questões de estratégia, humanização, ambiente e processos, com exposições, leituras dirigidas, atividades ao ar livre, estudos de casos, exercícios e atividades de campo, como visitas a lojas, indústrias e centros de distribuição. “O GES alia as teorias à prática e à vivência dos alunos, focando na gestão em varejo”, resume Angelita. “O curso também serve como horas complementares para quem quiser seguir e cursar o GES Superior, feito em parceria com a Universidade de Caxias do Sul (UCS).” No mês de julho, a Agas promoveu o primeiro encontro do Comitê de RH, que reuniu 40 bandeiras de supermercados em um encontro para troca de informações, questionamentos e propostas. “A partir desse encontro,
MARCO QUINTANA/JC
Agas foca na qualificação profissional para auxiliar no crescimento do mercado
conseguimos ver o que o mercado precisa para seus funcionários e reunimos informações para atualizar os cursos para 2014, além de avaliarmos como andam cargos e salários dos trabalhadores”, conta Angelita. Em breve, a Agas lançará uma pesquisa
relacionada ao nível da remuneração dos trabalhadores em supermercados, informando sobre questões como turn-over, por exemplo. “Assim queremos contribuir para a qualificação e a melhoria da qualidade dos trabalhadores do varejo”, justifica.
Conforme Angelita, qualificar é palavra de ordem para o varejo nacional
ANTONIO PAZ/JC
De olho no aprimoramento constante
Jurandir fez o GES da Agas e acredita que o curso alia experiência aos ensinamentos
Egresso da rede Dosul, onde começou a trabalhar em supermercados há 27 anos, Jurandir dos Santos, 47, hoje é supervisor de lojas do Grupo Asun, onde já está há 15 anos. Atento às novidades e às mudanças do mercado, Jurandir sempre procurou fazer cursos para se aprimorar. “Não dá para ficar parado. Sempre trabalhei em empresas que estimularam a qualificação. E os cursos da Agas auxiliam muito o trabalhador de supermercado a enxergar além da sua tarefa do dia a dia”, analisa. Na rede Asun ele já começou como subgerente. Há pouco tempo fez o GES da Agas para atualizar seus conhecimentos, adquiridos em tantos anos no varejo. “É praticamente uma minifaculdade”, teoriza. “Você vê a questão administrativa, gestão de pessoas, a parte jurídica, mar-keting, financeiro, operação de lojas. O curso é bem focado e você consegue aliar a sua experiência aos ensinamentos.” Jurandir ainda acrescenta que “a troca com os colegas de aula, que são profissionais do varejo como você, é muito rica.” O gerente de recursos humanos do Grupo Asun, Paulo Roberto Garin, reforça as afirmações de Jurandir. “A Agas é nosso parceiro na questão da capacitação de
trabalhadores. Em um mercado extremamente competitivo, dinâmico e exigente, precisamos todos de atualização constante.” Garin especifica que o Grupo Asun costuma enviar seus funcionários para participar de cursos operacionais, como açougueiro, padeiro, confeiteiro, frente de caixa e atendimento, e também para o curso de gestão. “Também tratamos com a Agas sobre cursos in company, que a entidade esquematiza conforme a nossa necessidade. Queremos ir fundo na questão da segurança no trabalho, sobretudo em relação a trabalho em altura, com eletricidade, com produtos químicos, como fazer o manuseio correto dos produtos.” O aprendizado de novos conteúdos, a revisão de conteúdos antigos e ter contato com outros colegas, que trazem outras realidades de mercado, estimulam o Asun a fomentar o gosto pelo estudo em seus funcionários, tudo subsidiado pela empresa. “Também temos um funcionário nosso fazendo o GES Superior que a Agas promove em parceria com a UCS. É um crescimento para a empresa, que terá um funcionário formado, e para ele mesmo, o que muito nos orgulha”, conclui o gerente de RH.
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ENTIDADE
Criado em 2004, o setor de Capacitação da Agas tem um histórico de mais de 26 mil profissionais treinados. A ideia, agora, é oportunizar treinamento não apenas aos colaboradores de supermercados, mas também a jovens talentos maiores de 18 anos em busca do primeiro emprego e a profissionais que estejam fora do mercado e não tenham experiência em varejo. Desde o ano passado, a Agas promove cursos gratuitos em Porto Alegre e pelo Interior para formar novos profissionais em busca de empregabilidade no setor supermercadista. O Projeto Empregar já capacitou, só neste ano, 348 profissionais em áreas básicas da operação, como empacotamento, atendimento, operação de caixa e suprimentos. “Em 2009, percebemos o apagão da mão de obra no setor e, ao mesmo tempo, a necessidade de capacitação de muita gente que nos procurava para pedir trabalho. Com o projeto, contribuímos para levar mais pessoas ao mercado, oxigenando-o”, afirma a coordenadora de capacitação Angelita Garcia. Além da parte prática, são tratados, nas aulas, assuntos como ética, comprometimento, perfil de conduta, apresentação pessoal, comprometimento profissional, conscientização de oportunidades para o plano de carreira e tendências de mercado. Assim que é terminado o curso, já é feita uma entrevista com cada aluno e as informações ficam no banco de da-
dos da entidade, que as disponibiliza para a rede supermercadista. O sucesso do projeto se espalhou. Procurada pela Apae de Esteio, a Agas reuniu-se, em julho, com Raul Cohen, secretário municipal de acessibilidade e inclusão social de Porto Alegre, para tratar sobre a inclusão de pessoas com deficiência (PCD) no mercado supermercadista da Capital. “É preciso, além de treinar os PCDs, preparar os outros funcionários. Assim, as empresas ficarão realmente preparadas para receber os PCDs, não só para cumprirem com a exigência de contratá-los”, diz Angelita. Desde o ano passado, a Agas já capacitou 127 pessoas portadoras de deficiências para o trabalho no varejo. A Agas também mantém convênio com o Sebrae, contribuindo com o conteúdo programático do curso da área de varejo disponibilizado via Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). E para facilitar a vida das empresas que têm dificuldades em financiar os cursos de seus funcionários, Agas e Sebrae oferecem meia bolsa de estudos para as que faturam até R$ 3,6 milhões ao ano e estejam com tributos fiscais em dia. Os cursos da entidade também são levados até as redes do Interior com o projeto De Olho no Futuro - Seu Veículo de Capacitação Profissional. Em uma carreta que percorre as estradas do Estado, com paradas em
AGAS/DIVULGAÇÃO/JC
Capacitação alia tradição, ensino e responsabilidade social
Carreta percorre estradas gaúchas, com paradas em cidades diferentes a cada semana, para capacitar supermercadistas e colaboradores
cidades diferentes a cada semana, são capacitados supermercadistas e colaboradores em áreas estratégicas. A carreta é totalmente equipada, possibilitando a realização de aulas práticas, e comporta aulas para até 50 pessoas. As próximas paradas até o final do ano serão em Porto Alegre, Alvorada, Igrejinha, Vacaria, Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Farroupilha, Tramandaí e Cidreira. Nos meses de janeiro e fevereiro, a Agas também promove o Projeto
Verão, no qual são oferecidos cursos sobre culinária, beleza e bem-estar. No verão de 2013, o projeto circulou de Quintão a Torres, reunindo 1.303 veranistas. E como a gurizada não pode ficar de fora, a Carreta Kids é a extensão infantil do Projeto Verão, oferecendo atividades com produção de brinquedos com sucata, por exemplo. “Assim, toda a família aprende e se diverte também nas férias, e nos aproximamos, inclusive, do consumidor”, emenda Angelita.
AGAS/DIVULGAÇÃO/JC
GES Superior é destaque com curso inédito no setor
Professores especializados integram o conhecimento teórico e prático
O tradicional GES da Agas cresceu, apareceu e ganhou nova faceta, o GES Superior. Em parceria com a Universidade de Caxias do Sul (UCS), a entidade oferece a formação superior inédita no setor supermercadista, reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC). “O GES da Agas é voltado ao público interessado em orientações técnicas para administrar o negócio. Já o GES Superior alia a prática à teoria. Se no GES o aluno tem aulas sobre fluxo de caixa, no GES Superior o tema é matemática financeira. Um complementa o outro e cada um tem suas especificidades”, especifica a coordenadora de capacitação Angelita Garcia. “Contamos com professores especializados em suas áreas, que têm, além do conhecimento técnico e teórico, o conhecimento prático, pois são profissionais e consultores de grandes empresas do varejo.” Como é o único curso superior da área, o GES Superior já recebeu alunos de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. As inscrições
para o vestibular, que ocorre em novembro, já estão abertas. “Para o próximo ano, já estamos em tratativas para elaborarmos um curso de pós-graduação. Tivemos um encontro com 25 gestores das maiores bandeiras do Estado e eles nos passaram essa necessidade”, adianta. Na outra ponta, os cursos livres atendem à demanda de quem trabalha no açougue, na padaria, no caixa do supermercado. Neste ano, 358 profissionais já passaram pelos cursos livres da Agas. A entidade também desenvolve sob demanda cursos conforme a necessidade das empresas e que não constam na grade tradicional. São os cursos in company que, de março a julho deste ano, já foram contratados por 65 empresas, qualificando mais de 655 profissionais do varejo. Os programas são personalizados, com aulas construídas pelos professores da Agas e os representantes das empresas. Mais informações sobre as ações de qualificação da Agas podem ser obtidas pelo e-mail capacitação@agas.com.br .
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ENTREVISTA
Presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo é otimista em relação ao mercado, que cresceu pouco mais de 5% no primeiro semestre deste ano. É incisivo quando o assunto é diversificação de oferta e qualificação de gestores e de funcionários dos supermercados. “As lojas que mais se destacam são as que melhor entenderam as mudanças e estão de olho nas novas exigências dos consumidores”, resume. Para o dirigente, o sucesso de um supermercado hoje reside na oferta diversificada de segmentos e, dentro de cada segmento, na oferta variada de produtos. Ele exemplifica: “Quem não tinha área de beleza e bem-estar hoje tem. Atualmente, para uma padaria, vender pão sempre quentinho é básico. É preciso ser diferente, diversificar”.
todos os anos. Isso gera novas necessida- o debate relacionado a assuntos como des nos clientes, incentiva novos hábitos o novo consumidor, gestão de pessoas, de consumo. Cabe ao setor de super- inclusão social, geomarketing, consumo mercados fazer uma pré-seleção, estar feminino e questões jurídicas. Grandes atento ao que o consumidor quer de fato e pequenos lojistas vão poder aprender e saber conquistá-lo em pouco tempo. mais com os palestrantes e trocar expeNinguém fica mais do que 40 segundos riências uns com os outros. em frente a uma prateleira escolhendo JC - Como a tecnologia pode auum produto. O autosserviço proporciona xiliar os supermercadistas? isso, o consumidor com mais renda tem Longo - Oferecendo mais informaior poder de decisão e precisa de me- mação ao cliente, mais credibilidade. nos tempo para deciCreio que o uso das dir o que quer, nem etiquetas inteligentes precisa de ninguém seja o próximo passo. para auxiliá-lo nessa Etiquetas que trazem tarefa. não só informação de A indústria coloca no JC - Qualificar preço mas de quando gestores e funcionáo produto foi elaboramercado, em média, rios auxilia no sudo, qual a validade e cerca de 12 mil itens cesso desta tarefa? sua procedência, por Longo - É preexemplo. Acredito novos todos os anos. ciso qualificar a que, em um prazo de equipe e aproveitar Isso gera novas três a cinco anos, já necessidades nos oportunidades. Mas será possível enconqualificação não é trar esse tipo de tecnoclientes. só relacionamento, logia à disposição dos atender com um sorconsumidores. O auriso bonito. É preciso toatendimento digital estar disposto a abrir também pode surgir horizontes, ampliar serviços e catego- como uma boa alternativa, prática, rárias de produtos, diferenciar-se no que pida, mas para um futuro mais distante. se oferece ao consumidor. A Agas empeJC - Qual é a sua avaliação quannha-se nessa questão da qualificação, e to à internet como canal de vendas? a Expoagas 2013 também contribui com Longo - O consumidor gaúcho tem informação para o setor varejista como a necessidade de tocar, de sentir o cheium todo, não só o de supermercados. ro, de ver o produto de perto. O que vem Nosso objetivo com a feira e as palestras ocorrendo com mais frequência é a vené proporcionar um ambiente de negó- da pela internet, com as pessoas pedincios e também de capacitação, sobre- do os produtos que precisam pelo site tudo relacionada a este novo e variado do supermercado e indo até a loja para mercado, que precisa da ampliação da retirar seu pedido. E é o modelo que oferta de produtos. Vamos ter palestras vejo ter mais perspectivas de dar cermagnas com gente conhecida nacional- to. O delivery pela internet, em supermente, que trará a visão geral sobre o mercados, não vingou ainda, apesar de País e temas do varejo e da era digital. haver um público single, o profissional Além disso, teremos os encontros no que viaja, mora sozinho e quer chegar Centro de Aperfeiçoamento Técnico em casa e encontrar as compras feitas. (CAT), que vão propor o aprendizado e Aqui no Sul também há outra situação
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Jornal do Comércio - Como foi o desempenho do setor no primeiro semestre e quais são as perspectivas para o segundo? Antônio Cesa Longo - Nesta primeira metade de 2013, crescemos pouco mais de 5%. Temos boas perspectivas sara o segundo semestre, já que a indústria local cresceu acima da média. Tudo está ligado, então o incremento da indústria e da agricultura fomenta o crescimento dos supermercadistas também. Temos uma perspectiva de crescimento para o segundo semestre de mais 4%. JC - Qual é o perfil do mercado gaúcho de supermercados hoje? Longo - Os supermercados vêm trabalhando para acompanhar as mudanças de perfil dos consumidores. Temos mais famílias com mais renda e mais gente com poder de decisão de compra, ou seja, mais pessoas de uma mesma família trabalhando. Assim nascem novos perfis e novas tendências de mercado. É preciso que o varejista esteja atento a essas mudanças. Hoje temos investimentos em mais de um mercado e vários tipos de cliente dentro de uma mesma loja. Há perfis distintos de consumidor, é preciso que tenhamos várias lojas dentro de uma só para atender a todos esses perfis variados. Então, por exemplo, o setor de padaria cada vez vai se especializando mais, trazendo produtos diferenciados, além do pão de todos os dias. Os mercados de alimentos funcionais, beleza e higiene e para pets também cresceram bastante. O segredo é trabalhar essas diversas ramificações de produtos como se fossem centros separados dentro da mesma loja. JC - Como os gestores se adaptaram a esse novo público? Longo - Gerir um supermercado hoje em dia é uma questão bastante complexa. A indústria coloca no mercado, em média, cerca de 12 mil itens novos
MARCO QUINTANA/JC
Diversificar para crescer
que não vingou: as lojas abertas 24 horas. Em algumas capitais, esse mercado cresceu muito, mas aqui no Estado, não. As empresas que investiram nesse nicho pararam de investir, justamente porque os gaúchos ainda não têm esse hábito. JC - Um tema recorrente em relação aos supermercados é a questão da sustentabilidade, do uso das sacolas plásticas. Como o senhor vem acompanhando esse movimento? Longo - É um tema importante e que não pode sair de discussão. Os supermercados sabem de sua responsabilidade, vêm acompanhando o assunto. Discutimos internamente com supermercadistas de todo o Brasil. Acho importante verificarmos todas as vertentes do assunto antes que o uso da sacola plástica seja proibido definitivamente. Lei boa é lei que todo mundo consegue cumprir. Entendemos que o consumidor também tem sua parcela de responsabilidade nessa questão. E aqui também entra a questão da qualificação dos profissionais que trabalham nos supermercados. Eles também precisam ser sensibilizados para a causa. JC - Eventos como a Copa do Mundo podem fomentar o setor? Como os supermercadistas podem aproveitar essa onda? Longo - Os supermercados acabam sendo os grandes fornecedores de produtos para os micro e pequenos estabelecimentos, sobretudo restaurantes, empresas que fornecem alimentação pronta. Estamos esperando cerca de 5 mil varejistas na Expoagas 2013, que não são só supermercadistas, são empreendedores de diversas áreas e que podem, com os temas propostos no evento, qualificar-se e abrir novas frentes de atuação. Mais uma vez eu digo que é preciso diversificar e ser rápido para atender às novas necessidades dos consumidores, que são os maiores beneficiados.
Para Longo, o incremento da indústria e da agricultura também fomenta o crescimento dos supermercadistas
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