Farina 125anos

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Soluções moldadas em confiança Porto Alegre, terça-feira, 8 de novembro de 2011 Caderno Especial do Jornal do Comércio


Porto Alegre, terça-feira, 8 de novembro de 2011

Farina um negócio de 125 anos

Empresa produz componentes para máquinas agrícolas e para a indústria automotiva pesada

Diretoria tem planos de construir uma nova planta na região

FOTOS GUILHERME JORDANI/DIVULGAÇÃO/JC

Caderno Especial do Jornal do Comércio

A EMPRESA

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Quando o Sr. Giuseppe Farina partiu de Gênova na Itália em 1879 não imaginava que do outro lado do oceano Atlântico, em uma terra de muitas promessas, mas completamente desconhecida, ele faria história com o seu sobrenome. Passados 132 anos, os seus descentes seguem escrevendo a história que ele começou. A Officina de Ferreiro de Farina Giuseppe, fundada em 1886, é hoje a Farina S/A Componentes Automotivos, uma empresa com 560 funcionários que não esquece do seu passado e, por causa dele, não deixa de mirar o seu futuro. A Farina é uma referência no segmento metal-mecânico. Especializada em peças fundidas e usinadas é fornecedora de alguns dos principais fabricantes globais, com produção de peças como tambores de freio, cubos de roda e outros conjuntos, para a indústria automotiva pesada e, também, polias, rotores e outros componentes para máquinas agrícolas. Com produção de duas mil toneladas/ mês, a empresa tem seu diferencial de rentabilidade ao agregar cada vez mais valor aos seus produtos. “Hoje a Farina produz a mesma tonelagem, mas ganhando três vezes mais, com mais valor agregado ao produto, bem mais acabado”, explica o diretor presidente Ayrton Giovannini. Para isso a empresa vem investindo cada vez mais na ampliação e qualificação do setor de usinagem da empresa, com aquisição de maquinário novo, importado do Japão, um investimento de R$ 5 milhões. De acordo com Giovannini, era um desejo antigo ter um setor de usinagem próprio dentro do parque da empresa, reduzindo a terceirização do serviço. “As empresas que não usinaram quebraram”, conta. A nova aquisição também exigiu mais mão de obra; 50 novos funcionários foram contratados. Os investimentos já mostram resultados. A projeção é de que para 2011 a empresa tenha um crescimento de 8% em relação ao ano passado, uma estimativa de R$ 140 milhões de faturamento.

Um mercado competitivo e muito exigente A Farina atua em um mercado onde os produtos têm um grau de especificidade muito grande. Além de atender a demandas diretas de montadoras, trabalhando sob encomenda, compete com grandes indústrias nacionais e internacionais. Segundo dados da Associação Brasileira de Fundição (Abifa), o setor de fundição no Brasil tem 1.400 empresas, com um potencial de crescimento significativo nos próximos anos. Estimativas da entidade indicam investimentos de US$ 1,5 bilhão até 2015, o que deve elevar a capacidade produtiva nacional para cerca de 6 milhões de toneladas de fundidos anuais a partir de 2016, 30% a mais sobre a capacidade atual, hoje estimada em 4,8 milhão/ano. Para 2011, a produção

Expediente:

total do setor deve chegar a 3,6 milhões de toneladas. “Não temos um produto que vendemos com uma propaganda, ou na prateleira de uma loja. O cliente precisa confiar na Farina hoje, pensando que tem um fornecedor em potencial amanhã. Nós vendemos confiança, tecnologia, atendimento, qualidade”, explica Gilberto Peruffo, diretor comercial da empresa. Com essa perspectiva, a Farina apoia sua produção em pilares como capital humano, equipamentos de última geração e no desenvolvimento e controle de processos de qualidade nos mais diferentes setores da indústria. “As pessoas são um diferencial da Farina. A produção de ferro fundido é uma commoditie. Temos que agregar valor com tecnologia”, diz Peruffo. E

há planos de expansão. A empresa estuda a construção de uma nova planta na região, na mesma linha de fundição e usinagem. “Ainda estamos estudando, mas é um plano para daqui a dois anos”, conta Ayrton Giovannini. Desde 2003 a empresa direciona a sua produção para atender com cada vez mais precisão as demandas das montadoras. “Decidimos focar e hoje 10% dos nossos itens são de reposição e 90% de produtos para as montadoras, agregando cada vez mais valor”, conta o diretor comercial. Segundo Peruffo, para trabalhar com este tipo de cliente é necessário ter um evolução técnica constante. “Isso dá uma perspectiva de futuro e mais segurança para o cliente”. Esse olhar atento às ne-

Caderno Especial do Jornal do Comércio; Reportagem: Karine Vieira; Revisão: Letícia Presotto e Aline Grodt

cessidades dos clientes, na opinião do diretor presidente Ayrton Giovannini é um dos fatores que sustentam a longevidade e a consolidação da marca. Outro ponto fundamental na gestão da empresa é a relação com os funcionários. “Nós fomos uma das primeiras empresas do setor a ter um programa de participação dos resultados. O funcionário sabe das metas. É um jogo aberto, com reunião constantes para acompanhar o que está acontecendo. Isso faz um bom ambiente de trabalho. Fomenta o diálogo e o questionamento”, conta Giovannini. Para ele a chave está no trabalho em equipe. “Produzir é razoavelmente fácil. Montar um equipe e vender é difícil. Você tem que ter uma equipe”.


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A inovação está no processo A marca Farina sedimentou seu nome no mercado pela busca constante do desenvolvimento de uma excelência dos processos produtivos em todas as etapas. Em um segmento tão complexo e específico como é o da produção de componentes automotivos, o controle de qualidade, da logística de fabricação e, principalmente, de entrega dos produtos faz a diferença. “A Farina tem um nível de exigência de confiabilidade. A programação com o cliente é toda eletrônica, do processo de entrada até o processo de entrega. Para isso é necessário um sistema de controle, de gestão”, explica Felipe Vargas, gestor de controladoria e TI. Toda a operação parte de projetos dos clientes que já estão prontos. Os engenheiros da empresa trabalham no desenvolvimento das peças em parceria com as montadoras e analisam se é possível fazer modificação para reduzir ainda mais os custos da produção, tornar a peça ainda melhor com a sugestão de troca de materiais, diminuir o peso,

de todos os seus desdobramentos, desde a matéria-prima até a entrega. A Farina tem como meta manter seus indicadores de qualidade, performance de entrega e produtividade dentro dos padrões de excelência das montadoras. Hoje, por exemplo, o indicador de performance de entrega da Farina está entre 95% e 99%, índice muito expressivo em um mercado em que a confiança entre fornecedor e cliente é a principal moeda. “Quando entrega um projeto, o cliente sabe quando está pronto e quando o caminhão está saindo da Farina”, diz Vargas. Para melhorar mais os indicadores, a empresa atua em duas frentes, a automação de processos e a qualificação dos funcionários. “Nossa prioridade é o tempo. E para isso tem que ter informação para tomar decisões rápidas. A automação e o investimento em pessoas com mais qualificação resulta em uma profissionalização da gestão”, avalia Vargas. “Todo o processo é feito com o controle de informação e com a gestão de capital humano. Trabalhamos com vários suportes para tentar minimizar o trabalho manual. Cada vez mais a controladoria dá suporte à gestão reduzindo perdas e aumentando a produtividade”, comenta Vargas. O controle e a Nível de exigência é alto em todas as etapas de produção permanente atualipor exemplo. “Existe uma parceria zação de um sistema de informações efetiva com as montadoras. Em tão complexo exigem um investimento qualquer dificuldade se tem o suporte médio de 1,5% do faturamento da das empresas”, conta Delmar Tesser, empresa. Hoje, cerca de 150 pessoas fagerente industrial. zem parte da rede interna com acesso A conexão com as montadoras às informações do processo produtivo. é permanente, com uma troca de Para Adelar Fenner, gerente adminisinformações em todas as etapas trativo-financeiro, o investimento em da produção, um processo de tecnologia vai além da automação do transparência que necessita de processo. “Tecnologia é todo o processistemas de informações avançados, so. É a forma de fazer algo eliminando que permitam a rastreabilidade o desperdício e sendo eficiente.”

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perfil

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Empresa acompanha a evolução dos clientes e investe em tecnologia

Informação como estratégia do negócio Ao acompanhar as exigências do mercado e as necessidades das montadoras, a Farina vem aprimorando cada vez mais, também, o desenvolvimento dos seus processos internos de gestão. Algo que reverte em uma aproximação ainda maior com os clientes que enxergam na empresa um parceiro para futuros negócios. “Temos que estar próximos ao cliente e para isso é preciso uma gestão centrada em resultados. A empresa procura trilhar o caminho da autossustentabilidade. Um caminho de longevidade”, diz Adelar Fenner, gerente administrativo-financeiro. Para ele, o segredo da Farina é o compartilhamento da gestão, com a atuação e parceria da diretoria, dos acionistas e um comitê de gestão. Este comitê é formado por um grupo heterogêneo de profissionais que têm conhecimentos específicos sobre os processos produtivos da empresa. “Isso resulta em uma gestão consolidada em uma visão sistêmica do negócio”,

define Fenner. É a adoção de um modelo de especificidades que se somam para um conhecimento que vem dando resultados positivos para a empresa que hoje já trabalha com o máximo da sua capacidade instalada, cada vez mais automatizada e mais competitiva. A empresa acompanhou a evolução dos seus clientes e buscou se adequar às exigências do mercado, investindo em tecnologia, com um trabalho de fortalecimento interno de ação integrada entre todas as partes do processo produtivo, sempre em constante avaliação e remodelação. “O cliente exige que a gente se adeque e isso é bom para a empresa, porque assim ela está olhando os seus próprios processos”, analisa Felipe Vargas. Fenner também entende que esse posicionamento traz cada vez mais credibilidade junto às montadoras. “Queremos ser reconhecidos pelos clientes como uma solução”, resume.


História

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Tradição de 125 anos FABIANO MAZZOTTI/DIVULGAÇÃO/JC

A Farina, por sua história pioneira em Bento Gonçalves, ajudou a alavancar o setor metalúrgico e a construir o polo industrial da Serra gaúcha

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história da Farina se confunde com a origem do município de Bento Gonçalves, na Serra gaúcha. Aliás, começou alguns anos antes, quando a cidade ainda era a Colônia de Dona Isabel, em 1879. O local que na metade do século XIX era conhecido como Cruzinha - uma denominação por causa de uma cruz sobre a sepultura de um possível tropeiro ou traçador de lotes coloniais – foi definida como colônia em 1870, pelo Governo da Província, já com a preocupação de receber os primeiro imigrantes que chegavam ao Brasil. A partir de 1875 começaram a vir para o Rio Grande do Sul as primeiras emigrações do norte da Itália originárias, principalmente, das regiões de Vêneto, Lombardia Trento e Friuli. Pois foi na Lombardia, na localidade de Torricella Del Pizzo, província de Cremona, que nasceu o fundador da Farina, Giuseppe Farina, em 1853. Em Cremona, os Farina trabalhavam no cultivo da terra,

em vinhedos, mas a grande maioria tirava o sustento como artesões, marceneiros, ferreiros e moveleiros. Ele, aos 26 anos, em 1879, como milhares de imigrantes italianos, resolveu deixar pra trás a terra natal para buscar um novo horizonte de possibilidades, com mais trabalho e esperança na América. A primeira parada em terras brasileiras foi no porto de Santos, em São Paulo. Depois, veio diretamente para a Colônia de Dona Isabel, uma área de mata virgem, onde o seu primeiro emprego foi abrindo picadas, desbravando a região para que os novos moradores pudessem se assentar. Giuseppe logo começou a trabalhar como auxiliar-ponteiro agrimensor e depois passou a forjar pequenos objetos de metal, como facas e ferraduras. Naquele tempo ele utilizava uma bigorna de pedra e o ferro para a manufatura tinha que ser trazido de São Sebastião do Caí. Até então, a vida dele se confundia com a realidade de tantos outros

imigrantes na região que lutavam para sobreviver e começavam a formar as primeiras famílias. Ele se casou em 1883, com Sofia, moça que conheceu em uma colônia onde hoje fica a cidade de Veranópolis. Enfrentando muitas dificuldades ao lado da esposa, Giuseppe conseguiu montar em 1886 a Officina de Ferreiro de Farina Giuseppe. Era o começo da história de uma empresa e ajudou a construir um município que hoje abriga uma forte indústria metalmecânica. “A Farina, pela história da sua fundação, conseguiu alavancar o setor e é uma das responsáveis pelo crescimento do polo em Bento Gonçalves”, lembra Juarez Piva, presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Bento Gonçalves (SIMMME). Atualmente o polo é formado por 354 indústrias e já é o segundo segmento econômico com mais força na cidade, atrás apenas do setor moveleiro e à frente da vitivinicultura, responsável por mais de 6 mil empregos diretos.

Para chegar até esses impressionantes números de um polo que hoje se destaca na indústria nacional, a cidade de Bento Gonçalves passou por muitas transformações. A cidade deixou de ser Colônia de Dona Isabel em 1890, recebendo o nome que tem hoje em homenagem a um dos heróis da Revolução Farroupilha, Bento Gonçalves. A cidade manteve sempre a vocação agrícola, com o desenvolvimento significativo da produção vitivinícola, além da agricultura de subsistência. Somente nas primeiras décadas do século XX, a cidade começou a moldar o potencial industrial, principalmente com a expansão do setor moveleiro. A Farina acompanhou tudo isso evoluindo junto com o município. “É uma história de nos deixa muito orgulhosos. Quem sabe quantas empresas saíram da Farina”, comenta o presidente do SIMMME. Empresas essas que formam um segmento industrial que nos últimos dois anos registrou um crescimento de 5%.


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Da bigorna à usinagem com a inclusão de novos sócios. Neste período, a indústria como um todo vinha se consolidando na Serra, colaborando para que Bento Gonçalves se tornasse uma das dez cidades mais ricas do Rio Grande do Sul. E a Farina faz parte disso. “São poucas as empresas que conseguem fazer 100 anos, ainda mais mantendo os familiares. Ainda mais 125 anos e com capital próprio. Isso já é uma vitória”, avalia Ayrton Giovannini, diretorpresidente. Giovannini acompanha essa trajetória há 42 anos. Em 1977 assumiu como diretorsuperintendente e há 12 anos está à frente da companhia como diretor-presidente. “Hoje temos uma marca consolidada e estamos atentos ao que as indústrias precisam. Conseguimos sobreviver e a situação é a melhor para o futuro”, comenta.

GUILHERME JORDANI/DI VULGAÇÃO/JC

Os 125 anos de Farina guardam uma memória de muito trabalho e dedicação dos seus fundadores que, ao longo do tempo, souberam ver o futuro e se adaptar às exigências do mercado, passando para as gerações que vieram o valor dessa trajetória. E isso começou ainda com o trabalho dos filhos de seu Giuseppe: Egydio, Antônio e João, que se tornaram cotistas da então José Farina e Filhos, em 1938. Nesta época, o italiano Giuseppe já tinha se afastado dos negócios e deixado a companhia nas mãos dos herdeiros. No ano seguinte, em 1939, há uma mudança de nome para Irmãos Farina e, em 1952, Irmãos Farina e Cia Ltda. Dezessete anos depois, há uma uma nova modificação e transforma o tipo de sociedade, de limitada para sociedade anônima,

Relação de confiança com as montadoras é fundamental, avalia Giovannini

Um dos diferenciais da empresa é a relação que mantém com as montadoras. “A Farina conquistou uma posição de destaque pela forma de atender à clientela, com investimento em logística. A contrapartida é o auxílio mútuo pelas montadoras”. Essa parceria mostra a confiança que o mercado tem no trabalho da empresa. “Temos que estar sempre à frente. A indústria montadora quer desenvolver um item, isso leva um ano. A indústria

automobilística tem planos para três, quatro anos”, explica o presidente. Para se manter oferecendo qualidade, confiança e inovação para os seus clientes está projetada a criação de um novo parque fabril. “É um passo importante na atualização da Farina. Temos que andar junto com os clientes. Uma nova unidade é fundamental para melhorar ainda mais nossos resultados”, destaca Ayrton Giovannini.

Central de resíduos está em uma área de 25 hectares e é monitorada pela Fepam

Investimentos na área ambiental Pelo respeito à cidade em que atua e sua população, a Farina vem investindo em um grande projeto de responsabilidade ambiental. A proposta visa a minimizar os efeitos causados pelos resíduos industriais. “Temos que produzir com respeito ao meio ambiente. O empresário tem que ter uma nova visão. Ele é um distribuidor de renda e não um usurpador”, comenta o diretor-presidente Ayrton Giovannini. Com essa visão, a empresa foi uma das primeiras empresas de fundição a ter a sua própria central de resíduos, uma área de 25 hectares monitorada pela Fundação Estadual de Proteção

Ambiental (Fepam). Outra ação do projeto é a modernização dos equipamentos, com a compra de fornos elétricos que reduzem a produção de resíduos em cerca de 1.300 toneladas por ano. Também houve investimento em um sistema de controle ambiental e em uma estação de tratamento de efluentes, segundo as normas da legislação ambiental. Para Giovannini, a preocupação com o meio ambiente é fundamental. Segundo ele, é importante investir na produção, mas com responsabilidade: “você tem que gerar emprego, mas emprego satisfatório, sustentável”.

Outro diferencial da Farina é a funcionário que fica o primeiro ano na aposta nas pessoas. Muitos funcioná- empresa dificilmente sai em função das rios aprenderam um ofício e buscaram oportunidades oferecidas”, comenta o elevar a sua competência técnica nos presidente Ayrton Giovannini. É o caso cursos oportunizados pela indústria. do diretor comercial Gilberto Peruffo, Essa característica destaca-se nas pa- que está há 32 anos na fábrica. Ele colavras de quem atua diretamente junto meçou na produção e, a cada nova oporaos trabalhadores do setor, como o pre- tunidade, aprendeu e cresceu. “A Farisidente do Sindicato dos Trabalhadores na é uma escola por esse aprendizado das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas constante. Há espaço para quem sabe e de Material Elétrico (STIMMME), Elvio aproveitar as oportunidades e aposta na Lima: “a Farina tem uma contribuição sua formação.” muito forte para nossa região”. Lima Nos seu aniversário de 125 anos, a enfatiza o apoio da companhia no apri- Farina volta a olhar para o seu passamoramento dos trabalhadores, como na do e relembra uma história construída parceria com o Centro Profissionalizan- por muitas mãos. “Os funcionários são te do Setor Metalmecânico e Material importantes para a Farina. Afinal, se teElétrico (Cepromec), que atende a traba- mos 125 anos, nós devemos a eles”, diz lhadores de 19 municípios. Giovannini. Os alunos frequentam cursos de informática, autoelétrica, metrologia, relações humanas e operacionais. Somente neste ano 380 trabalhadores passaram pelo centro, e muitos estão hoje operando as máquinas que movem a Farina. “A empresa valoriza os colaboradores, tanto os novos quanto os que têm 20, 30 anos de casa”, ressalta Lima. A política de valorização dos funcionários cria uma perspectiva de crescimento profissional. “O Capacitação dos funcionários é constante GUILHERME JORDANI/DI VULGAÇÃO/JC

FABIANO MAZZOTTI/DIVULGAÇÃO/JC

Um espaço para aprendizagem e crescimento

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Tecnologia, inovação, qualidade, confiança, credibilidade. São palavras que estão na cartilha da Farina como uma realidade, não apenas para os seus clientes, as montadoras, mas também para os seus colaboradores. A elas se agregam ainda dois conceitos essenciais: segurança no trabalho e melhoria contínua. Atenta à eficácia dos seus processos produtivos, a empresa entende que a garantia de uma produção eficiente é um ambiente saudável. O setor de segurança do trabalho atua no mapeamento sobre todo o processo produtivo com o registro documental sobre as condições de trabalho. “Fazemos também um levantamento ergonômico, pois temos a percepção de que a segurança nessa área é necessária”, conta Luís Roberto da Silva, engenheiro de segurança no trabalho. Essa observação levou a empresa a fazer ajustes que parecem simples, como mudar o posicionamento de máquinas,

GUILHERME JORDANI/DIVULGAÇÃO/JC

Segurança e qualidade no trabalho

Empresa prioriza qualidade do trabalho dos seus colaboradores

organizar os locais de produção, o trabalho de conscientização dos cuidados necessários na mecanização. Além disso, são expedidas ordens de serviço que explicam como os

funcionários devem fazer o trabalho da melhor maneira, mas sempre visando à segurança. “A Farina vem fazendo um plano de ação para que os processos fiquem cada vez

mais limpos e mais leves”, explica Silva. “Hoje os funcionários já tem uma consciência diferente. Sabem dos riscos. É uma mudança de cultura”, avalia o engenheiro. Uma das ações importantes é a implantação da ginástica laboral que apesar da resistência inicial de alguns colaboradores mais tímidos, hoje é aprovada pela grande maioria. São apenas 15 minutos para cada turma, mas que fazem toda a diferença, além de melhorar a relação entre os funcionários. Existe um canal constante de comunicação entre os funcionários e a equipe do setor de segurança, formada por quatro técnicos de segurança do trabalho, duas enfermeiras e um médico. Essa abertura permite que os colaboradores indiquem os problemas e ajudem a encontrar soluções de melhorar o ambiente de trabalho. “Não podemos ser corretivos. Temos que evitar doenças e acidentes. O que nós queremos é buscar a prevenção”, destaca Silva.

Transformando processos Uma cultura na Farina é a atenção aos processos em todos os níveis. E para isso é necessário um canal de comunicação entre gestores e colaboradores. O setor de melhoria contínua atua diretamente na manutenção deste diálogo. Quem está à frente deste trabalho é André Giovannini, coordenador de melhoria contínua e, também, trineto do Giuseppe Farina, fundador da empresa. O coordenador trouxe para a indústria da família a experiência de sucesso da melhoria contínua que aprendeu nas empresas em que trabalhou. “Através de algumas prioridades definidas pela empresa busca-se ver com os funcionários o que precisa ser modificado e daí se começa a controlar e ver se o problema pode ser resolvido interna ou externamente”, explica. Entre as ações do setor está a semana Kaizen, uma ferramenta de gestão onde durante o período se trabalha, primeiramente, alguns conceitos teóricos com os funcionários. Depois, os colaboradores discutem as melhores alternativas para resolver o problema, que são avaliadas e estabelecidas como estratégias de solução. A ideia é de que na semana seguinte já possam ser vistas melhorias no setor. “A sugestão normalmente é do funcionário. Recebemos ideias fantásticas dos

FARINA/DIVULGAÇÃO/JC

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Durante as semanas Kaizen, colaboradores discutem estratégias para solução de problemas

colaboradores”, conta Giovannini. De acordo com o coordenador já existe um canal direto entre os colaboradores e os gestores, de maneira informal, o que mostra que a cultura da melhoria contínua é uma realidade. “Quando o setor foi criado em 2009, nós vimos que as demandas eram grandes. Hoje as pessoas já perguntam quando vai ter uma semana Kaizen no seu setor”, revela. Um quinto da empresa já participou

da semana Kaizen e o projeto é que todos participem. “A melhoria contínua tem que estar em todos os funcionários, fazendo acontecer. É uma mudança”. Segundo André Giovannini, um dos diferencias deste processo é o desenvolvimento de um olhar amplo dos funcionários sobre os processos da empresa, observando como um todo, um pensamento sistêmico de gestão. A aceitação

por parte dos colaboradores e o empenho em discutir os problemas, pensar soluções, buscando novas ideias para melhorar a qualidade do trabalho, mostram a integração e o comprometimento da equipe. “O futuro é promissor. Todos estão colaborando. É o movimento grande da melhoria. Hoje muitos se perguntam como funcionava antes sem o setor. Esse é o nosso principal feedback”, avalia.


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Foco no funcionário

Muitos funcionários vieram de outras cidades e tiveram na Farina a oportunidade de mudar de vida

FARINA/DIVULGAÇÃO/JC

Recursos humanos

CARLOS BEN/DIVULGAÇÃO/JC

Ginástica laboral evita lesões e propicia momentos de descontração

Um dos mais importantes patrimônios da Farina são os colaboradores. Centenas de pessoas que diariamente constroem parte das suas histórias de vida no chão da indústria, em meio ao maquinário, nos corredores, trabalhando muito para manter a excelência e a tradição de 125 anos da empresa. Muitos vieram de longe e encontraram em Bento Gonçalves um novo lar e, na Farina, uma oportunidade para mudar de vida. É o caso de Luís Carlos de Oliveira, coordenador do turno noturno, que há 18 anos, em 1993, deixou para trás a vida como agricultor no Oeste do Rio Grande do Sul e resolveu tentar a sorte na serra gaúcha. “Vim trabalhar na colheita da uva em janeiro e falavam que a cidade tinha emprego, oportunidade. Quando cheguei em Bento vi que aqui era uma cidade legal e resolvi ficar”, lembra.

Oliveira começou no setor de rebarbação e ao longo do tempo foi buscando o seu espaço, tratando de aprender mais a cada dia. Fez vários cursos, terminou os estudos e hoje tem um cargo como gestor, coordenando o trabalho de 195 pessoas. “Trabalhar aqui mudou a minha vida. Eu tive um crescimento dentro da empresa, mas o crescimento pessoal é o que mais me motiva a continuar.” Casado, com um filho de 15 anos, Oliveira se prepara para ser pai novamente, em novembro. Sua meta é continuar crescendo. O próximo passo? Cursar a faculdade de administração, com o apoio da empresa. “Hoje a Farina oferece várias oportunidades. Isso marca. Se eu tivesse ficado na colônia, não teria esse chance. Foi um crescimento junto com a empresa”, avalia.

Mais de três décadas de dedicação e evolução

Incentivos e comunicação eficiente estimulam bons profissionais

Um dos mais antigos funcionários, com 35 anos de casa, Ademar Bressan saiu de Guaporé, onde também deixou a agricultura, para trabalhar na Farina em 1976. “Eu sou um funcionário multifuncional”, define-se com propriedade de quem já passou por todos os setores da empresa, qualidade, rebarbação, usinagem, marcharia, serviços externos, e, agora, é coordenador do setor de rebarbação. A chegada na Farina foi por meio de um primo que trabalhava na empresa. A evolução profissional se somou à construção de uma nova vida em Bento Gonçalves, onde casou e teve dois filhos.

As palavras do coordenador Luís Carlos de Oliveira traduzem a política de valorização dos funcionários, um dos pilares da gestão de recursos humanos da Farina. O auxílio-escola e o auxílio-faculdade, com o pagamento de até 50% da mensalidade de cursos profissionalizantes e de graduação, são exemplos de aposta na educação. “É necessário incentivar o estudo para ter pessoas cada vez mais qualificadas”, explica o coordenador de recursos humanos, Sérgio Mattielo. Funcionários bem preparados merecem oportunidades e, para isso, a empresa desenvolveu um plano de cargos e salário. “Cada coordenador transmite para os subordinados o que é necessário fazer para crescer”, conta Matiello, ressaltando que também ajuda a combater a rotatividade.

Hoje, aos 53 anos, Bressan comanda um grupo de 62 pessoas e procura passar tudo o que aprendeu nestas quase quatro décadas de experiência. “A Farina valoriza muito as pessoas. Qualquer funcionário que ficar na empresa tem oportunidade de crescimento. Como gestor faço o mesmo, incentivo os colaboradores a se desenvolverem.” Segundo ele, a motivação para permanecer por tantos anos na empresa foi a rotatividade de funções. “Isso é muito importante. Dá um ânimo. É um emprego novo, não se torna uma rotina. A Farina tem essa qualidade de ajudar a evoluir”, avalia.

Para valorizar seus colaboradores, a Farina também mantém um programa de participação nos lucros. Outro ponto importante é um canal de comunicação com os colaboradores por meio de uma pesquisa de clima, realizada a cada dois anos. A valorização passa ainda pelo cuidado com a saúde, através da ginástica laboral. Além de evitar lesões, serve para criar um momento de descontração. Os efeitos são sentidos na motivação dos funcionários nos esportes, segundo Edegar Cordeiro, presidente da Associação do Funcionários da Farina. Há 10 anos os colaboradores participam dos Jogos do Sesi e a empresa vem conquistando consecutivamente o primeiro lugar no evento. “Os funcionários estão mais motivados e mais focados nas modalidades para as competições”, conta.


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Jornal do ComĂŠrcio


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