JC Mulher

Page 1

JC

ACRร LICO SOBRE TELA DE DJALMIRA ROSA/JC

Mulher

Porto Alegre, terรงa-feira, 10 de setembro de 2013


Índice Comportamento........................2 Mercado de trabalho.................4 Perfil ........................................6 Dicas bacanas ..........................7 Mulheres na cultura ..................8 Opinião...................................10 Turismo ..................................12 De Salto Alto - Moda ...............14 Beleza ....................................15 Saúde e bem-estar .................16 Dicas de livros ........................18 Dicas de filmes .......................19 Responsabilidade social .........21

Caderno Especial do Jornal do Comércio

Comportamento

Elas buscam mais prazer Muita coisa mudou desde que a palavra feminismo surgiu na França de 1880. O termo em si nunca foi popular, mas suas reivindicações por educação, direito à propriedade e voto das mulheres ganharam o Ocidente. Primeiramente, o movimento garantiu conquistas práticas como o voto. Depois, chegou a áreas mais subjetivas, como a sexualidade. O resultado de séculos de contestação é que as mulheres têm reconhecidos os mesmos direitos que os homens e assumem buscar satisfação própria. Embora assumam a busca de mais prazer, a censura social, o rígido padrão de beleza disseminado nos meios de comunicação e a busca por encaixar-se nesse roteiro arbitrário funcionam como freios à expressão da sexualidade feminina. “A mulher nunca teve tanto medo de não ser boa o suficiente, nunca está satisfeita com sua imagem”, traduz a educadora sexual Paula Fernanda. O paradoxo do excesso de informação disponível é que persistem dúvidas básicas. “A informação está disponível, mas as pessoas não a buscam”, considera a psicóloga e terapeuta

Neusa aconselha os casais a saírem de casa para renovar o desejo

MARIANA FONTOURA/JC

2

Porto Alegre, terça-feira, 10 de setembro de 2013

sexual Laura Meyer da Silva. Segundo especialistas, um dos obstáculos a serem ainda enfrentados nessa busca é interno e, às vezes, bastante sutil. “Os meninos têm permissão para explorar a sexualidade”, compara a educadora sexual Neusa Pandolfo. Em suas palestras, ela constata que a principal angústia das mulheres ainda está relacionada ao orgasmo. Também há o mito de que o orgasmo só vale se for simultâneo ao do parceiro, que ela combate explicando que homens e mulheres têm ritmos biológicos diferentes. “O mais importante é a quali-

dade do tempo que dedicamos à pessoa que amamos”, observa Neusa, que aconselha os casais a sair de casa para encontros sexuais. “Quando saímos, não levamos as contas, os filhos, os problemas”, explica. A curiosidade sobre o mercado erótico é um dos efeitos de toda essa transformação que permeia as últimas gerações. “Os produtos de sex shops ajudam em muito o relacionamento”, descreve a Neusa. Para ela, o interesse das mulheres nesse tipo de consumo demonstra que elas se preocupam mais em preservar o relacionamento.

Liderança nas compras em sex shops Expediente Editor-Chefe Pedro Maciel Editora de Cadernos Especiais Ana Fritsch Subeditoras Cíntia Jardim e Sandra Chelmicki Reportagem Ana Esteves e Sandra Hahn Projeto gráfico e editoração Ingrid Müller Editor de Fotografia João Mattos Revisão Adriana Grumann, Daniela Florão, Juliana Mauch e Mauni Lima Oliveira

Vários sinais indicam que as mulheres assumem mais abertamente a busca de prazer sexual. Um deles é sua liderança na compra de produtos em sex shops. Nos pontos físicos de venda, respondem por 68% da demanda, segundo a Associação Brasileira das Empresas do Mercado Erótico e Sensual (Abeme). “As mulheres vêm trocar experiências, destravar-se”, conta a proprietária da Amani Nur, Letícia Cardoso. A orientação nos pontos de venda é importante, pois a legislação determina que os produtos não usem termos explícitos no rótulo, diz a presidente da Abeme, Paula Aguiar. A oferta de produtos é bastante variada, desde velas comestíveis de baixa temperatura, perfumes que prometem ativar feromônios, cosméticos que provocam calor ou frio, lingerie eró-

tica com tecidos sensíveis e vibradores que não lembram o modelo tradicional. Os fabricantes estão atentos ao interesse das mulheres e a seu potencial de consumo. A marca pioneira desse setor no mundo fez um reposicionamento para ficar mais próxima do público feminino, comenta a presidente da Abeme. A literatura erótica que aproveitou o sucesso do best-seller “50 tons de cinza” aumentou o interesse em produtos sensuais – as vendas de lojistas ligados à Abeme cresceram 10% até agora em 2013. Fraco como obra, o livro teve efeito positivo na sexualidade feminina, avalia a colunista de sexo e cultura Carol Teixeira, autora do blog A Obscena Senhorita C. “Erotizou as mulheres, especialmente aquelas que não eram confortáveis com o tema”.

Consumo de produtos eróticos no Brasil Por idade

33%

26 a 35 anos

49%

18 a 25 anos

18%

Mais de 36 anos Por estado civil

45% Casada/ união estável

39% Namora FONTE: ABEME

2% Não respondeu

4% Separada/ divorciada

10% Solteira AURACEBIO PEREIRA/ARTE/JC


Caderno Especial do Jornal do Comércio

Porto Alegre, terça-feira, 10 de setembro de 2013

3

Popularizada no Brasil por uma novela, a pole dance pode ser um instrumento para trabalhar a sensualidade, mas também várias outras vertentes ao mesmo tempo, diz a professora da modalidade Suelen Mello na academia Pránah. Mulheres que têm traumas e buscam um resgate pessoal praticam pole dance – em que os movimentos são ligados a uma barra fixa – para melhorar a autoestima, conta ela. “Pode trabalhar a sensualidade, ser atleta, bailarina ou acrobata, depende do objetivo de cada um”, acrescenta. Ainda há preconceito com a prática, que começou no circo e foi levada a clubes de striptease no exterior, conta Suelen. Depois da primeira aula, descreve, as mulheres percebem que envolve confiança pessoal – em exercícios de força na barra, por exemplo – e superação para vencer medos, como o de sustentar-se longe do solo. Professora de yoga, Suelen se interessou pela pole dance com a novela e buscou cursos de formação. A progressão é gradativa, e um iniciante demora cerca de um mês para começar na barra. “O principal é confiar em si mesmo”, ressalta para quem tem interesse em praticar a pole dance. Outra forma de trabalhar a sensualidade é por meio de ensaios fotográficos. Especializada em fotos sensuais, Emanuele Kanitz conta que, às vezes, as mulheres não contam sobre as fotos a ninguém

MARIANA FONTOURA/JC

Dança estimula a sensualidade

Suelen diz que ainda há preconceito em relação à pole dance

por receio de receber críticas. Depois de verem o resultado, elas decidem a quem irão mostrá-las. “É um elogio que elas se dão. Elas enxergam uma mulher que não veem todos os dias”, diz. A fotógrafa explica que assina um termo de sigilo sobre o material e que as sessões são reser-

vadas – não há sequer assistente no estúdio ou local escolhido. A maior parte das mulheres que a procura para um ensaio sensual tem entre 30 e 40 anos e toma a decisão após um problema amoroso. “Tento entender o que cada uma espera”, salienta Emanuele.

ARQUIVO PESSOAL/DIVULGAÇÃO/JC

Barreiras que ainda precisam ser superadas

Muitas clientes têm bloqueio para conversar sobre suas preferências, diz Letícia

MARIANA FONTOURA/JC

Para Carol, hoje a mulher se sente mais responsável pelo próprio prazer

Logicamente é difícil mover uma montanha. Por isso, apesar de tantas voltas da revolução sexual, barreiras aparentemente superadas resistem ao tempo. “A permissão (das mulheres) para buscar sexo por prazer existe, mas não mudamos conceitos tão rapidamente”, avalia a psicóloga e terapeuta sexual Laura Meyer da Silva sobre a influência da sociedade no comportamento de cada um. Segundo Laura, uma queixa recorrente é a falta de interesse sexual. “Como elas não têm prazer, acabam evitando o sexo”, comenta. Diante da queixa dos maridos, diz a terapeuta, buscam apoio. Outro obstáculo é a vergonha do corpo, enfatiza a educadora sexual Paula Fernanda, que há 10 anos trabalha com o tantra – uma filosofia que, segundo define, significa expansão da consciência. “Não temos ideia de quão adormecido é nosso corpo”, avalia Paula. “Uma pessoa que tem prazer é mais livre”, defende. A colunista de sexo e cultura Carol Teixeira acredita que, nos últimos anos, a mulher se sente mais responsável pelo próprio prazer, mas ainda tem muito que evoluir. Para ela, o orgasmo ainda é tabu porque todo mundo finge que não é um problema. “Como o prazer das mulheres é menos óbvio que o dos homens, é mais importante que ela fale a respeito com seu parceiro”, sugere. “As mulheres falam muito em dar prazer ao parceiro, mas sempre digo que o prazer primeiro é o próprio”, conta a proprietária da Amani Nur, Letícia Cardoso. As clientes que passam por sua loja relatam situações

comuns, como o bloqueio em conversar sobre suas preferências, dificuldade em ter orgasmo ou curiosidade sobre sexo anal. “Chegam com um problema em busca de uma solução”, observa. Muitas mulheres reclamam da falta de orgasmo, mas resistem em se masturbar, afirma a fisioterapeuta especializada em sexualidade Débora Pádua. Ela começa com uma aula de anatomia e explica como a paciente deve se masturbar. “Achamos que as mulheres estão bem informadas, conhecem a anatomia, mas não é bem assim”, descreve, ao observar que há poucos espaços para tirar dúvidas concretas – algumas têm bloqueio até com o ginecologista, mas com um profissional especializado, ele desaparece. “Quando as pessoas veem alguém de jaleco branco que explica como fazer, elas se permitem”, comenta Débora. Descobrir que problemas antigos têm novas abordagens pode ser um bônus decorrente da busca por mais prazer. A dispareunia (dor na relação sexual) tem fisioterapia específica, mas poucas pessoas sabem disso, diz Débora. A anorgasmia, ou seja, a falta de orgasmo – outra situação comum nos consultórios médicos – é enfrentada com produtos e terapia especiais. Há aparelhos, por exemplo, para estimular o canal vaginal. As modalidades de ginástica que fortalecem o assoalho pélvico – um conjunto de 13 músculos localizado no abdômen –, além de benéficas para a saúde em geral, têm influência no prazer sexual, observa Débora.


4

Porto Alegre, terça-feira, 10 de setembro de 2013

Caderno Especial do Jornal do Comércio

Mercado de trabalho

Empreendendo de salto alto

Pesquisa realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) indica que o número de mulheres empreendedoras aumentou 21% no País, entre 2001 e 2011, enquanto o número de homens nessa mesma situação aumentou 10% no período. Como consequência, a participação da mulher passou de 29% para 31% do total de empreendedores em solo brasileiro. Ainda segundo o Sebrae, 37% das mulheres empreendedoras são consideradas chefes do seu domicílio, 50% são cônjuges, 9% são filhas e 3% têm outro tipo de parentesco no domicílio. A economista e coordenadora da assessoria econômica do Sistema Fecomércio, Patrícia Palermo, disse que as mulheres empreendem mais por necessidade, se comparadas aos homens, pois precisam conciliar o trabalho com a família. “A sociedade é muito mais anuente com o homem que sai para trabalhar e deixa seus

filhos do que com a mulher nessa mesma situação. Isso acontece em todas as faixas de renda e em todos os níveis salariais”. Para Patrícia, aquelas que decidem por ter negócio próprio entendem que não serão apenas donas do seu negócio, mas também dos seus horários, e que é possível compatibilizar melhor a vida profissional com a pessoal. “Percebemos que essa tendência é ainda maior entre as classes baixas, que têm mais necessidade de ter controle sobre seus lares”, avalia. O reflexo está nos dados da pesquisa do Sebrae, cujo objetivo foi o de apresentar o perfil comparativo das mulheres que possuem um negócio (empreendedoras), com os homens que também o possuem ao longo de 10 anos. No grupo feminino, aumentou a proporção das donas de negócio que são chefes de domicílio: a proporção subiu de 27% para 37%. Em 2001, havia 1,5 milhão de donas de negócio chefes de domicílio,

MARIANA FONTOURA/JC

As mulheres brasileiras estão empreendendo mais, criando seus próprios negócios, buscando mais autonomia e ingerência sobre seu tempo. Especialistas afirmam que ter empresa própria e não depender de patrão facilita a vida de quem, além de trabalhar, muitas vezes cuida dos filhos, da casa e precisa de tempo para cuidar de si mesma.

ou seja, 27% das donas de negócio. Em 2011, o número subiu para 2,6 milhões, crescimento de 73%. Entre 2001 e 2011, a proporção de mulheres empreendedoras com 50 anos ou mais passou de 25% para 31% do total de empreendedoras do País. Por mais que tenha crescido o número de mulheres em cargos de chefia, elas ainda estão em menor número. E se a chefia aumenta salários e ainda está mais em mãos masculinas isso vai acabar aumentando a remuneração dos homens em média. “É importante frisar que os homens são mais

Segundo desprendidos de outras facetas de Patrícia, sua vida para se dedicar à carreira, crescer, ganhar mais. A mulher, necessidade motiva a quase sempre, tende a compatibiliabertura zar as coisas”, analisa. Além disso, de muitas a questão da carreira e disponibiliempresas dade de mudar de cidade tem a ver com o relógio biológico. O homem pode ter filhos aos 80 anos, as mulheres não. Essa temporalidade também acaba afetando a decisão delas. Há estudos que mostram que elas preferem mais liberdade e flexibilidade em detrimento de salários e responsabilidades maiores. “Destaco ainda que existem as questões sexistas”, ressalta.

Irene ressalta que a liberdade de horário não signifca menos horas trabalhadas

MARIANA FONTOURA/JC

Negócio próprio permite filhos próximos Patrícia Palermo, economista e coordenadora da assessoria econômica do Sistema Fecomércio, avalia que, como muitas mães precisavam ajudar em casa e ao mesmo tempo ter renda, abriam seus próprios negócios considerando a necessidade. “Antes, ter restaurante era a alternativa. Mas, o que se percebe agora é uma redução no número de mulheres que empreendem por necessidade e um aumento daquelas que o fazem por oportunidade,” informa. Sobre a questão salarial, a economista destaca que ainda se percebe a remuneração feminina cristalizada num patamar inferior à masculina. Desde 2003, os salários femininos representam cerca de 70% da remuneração masculina, conforme a Fecomércio. Já a economista, Irene Galeazzi, ressalta que mesmo com o crescimento do número de mulheres empreendedoras nas classes mais baixas, elas ainda preferem ter a carteira assinada. “Essa onda de empreendedorismo cresceu, mas com base pequena. O crescimento é real, mas não tão extenso”, considera. Segundo ela, a intenção de montar o próprio negócio aumenta muitas vezes por falta de emprego competitivo, em função da idade

avançada e do nível de escolaridade. “Essa escolha ajuda na liberdade de horário, mas é preciso frisar que essas empreendedoras não trabalham menos. Têm, sim, alta jornada de trabalho de 60 horas por semana quando donas de negócios familiares, enquanto que, no trabalho formal, a carga é de 44 horas”, diz. A vantagem, segundo a economista é ter os filhos próximos, mais do que visar a lucro e renda. Para Patrícia, a rigidez de algumas leis trabalhistas acaba prejudicando as mulheres. “A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) cria algumas dificuldades no mercado de trabalho brasileiro. Talvez fosse mais interessante para a mulher trabalhar 12 horas num dia e folgar um dia inteiro, por exemplo”. Uma maior flexibilização poderia beneficiar não só as mulheres, mas também o empregador. Segundo ela, essa rigidez do mercado é, de certa forma, punitiva, principalmente para as mulheres, que muitas vezes têm que se adequar em função de família, de filhos. “A sociedade coloca nos braços das mulheres uma responsabilidade maior com as famílias. Deles espera-se o provimento e isso amenizou, mas ainda existe”.


Caderno Especial do Jornal do Comércio

Porto Alegre, terça-feira, 10 de setembro de 2013

5

Competências femininas equilibram carreira e família empresas com mais facilidade de mudanças e com um desejo verdadeiro de continuidade através das gerações são aquelas em que há mulheres fortes, que garantiram ou ainda garantem a unidade familiar com ações concretas pela preservação da família e do negócio”, diz. Outra característica importante, também considerada feminina, é o entendimento do erro como uma possibilidade de desenvolvimento, dando oportunidades para que as pessoas cresçam. “Essas diferenças mostram uma sensibilidade maior da mulher, que, se bem trabalhadas no contexto empresarial, dão muito mais vantagens às organizações. Quando elas estão presentes também nas lideranças dos negócios, essas características ficam mais evidentes nos processos de gestão e são percebidas pelos funcionários e por todos os públicos envolvidos.” Sobre o aumento do número de empreendedoras,

Patrice destaca que a necessidade de sustentar e oferecer uma melhor qualidade de vida às famílias é um ponto fundamental para fazer com que elas se lancem no mundo corporativo. “As mulheres têm mais capacidade do que os homens em se envolver com várias atividades ao mesmo tempo. Portanto, se tiverem uma boa ideia, penso que não é mais difícil para elas abrir uma empresa e organizar tudo para o bom funcionamento do negócio. Acredito que a mudança esteja no espaço dado aos empreendedores em geral, espaço este antes só acessado por homens. Se este espaço existe, é claro que a mulher vai exercê-lo e vivenciá-lo”, afirma. A especialista conta que, cada vez mais, as empresas familiares têm buscado ajuda para assuntos de gestão e sucessão, percebendo que é necessário trabalhar questões emocionais de forma mais clara e transparente, separan-

Segundo Patrice, é preciso entender as prioridades e as necessidades profissionais e pessoais

ARQUIVO PESSOAL/DIVULGAÇÃO/JC

A psicóloga especialista em empresas familiares Patrice Gaidzinski afirma que o equilíbrio entre o contexto familiar e o profissional é ainda um grande desafio para as mulheres. Segundo ela, atualmente, muitas mulheres têm conseguido avançar em suas carreiras profissionais mantendo os papéis de mãe e mulher com a mesma competência, realidade muito diferente de 10 ou 20 anos atrás. “A mulher tem que entender as prioridades e as necessidades de seu trabalho e de sua vida pessoal. De nada adianta ter sucesso profissional com dificuldades em casa. São desafios que o mundo contemporâneo exige, e é preciso se adaptar.” No seu trabalho com empresas, Patrice observa que as competências mais requisitadas são as chamadas “femininas”, tais como: preocupação com valores, administração de conflitos a favor do grupo, paixão e flexibilidade. “As

do os assuntos de gestão dos assuntos de família. “Para tal, têm encontrado auxílio nas ferramentas de governança corporativa, na montagem de fóruns adequados para tratar diferentes assuntos, assim como discutir decisões futuras redefinindo questões familiares do passado.” Patrice identifica que a gestão das empresas familiares tem modificado as

formas de relação interpessoal e, dessa forma, reorganizam a família e os negócios. Antigamente, uma das queixas frequentes era que o negócio da família era feito para ser sucedido pelo filho homem e não pela filha mulher. Hoje, isso já se modificou. O segredo do sucesso, e, como consequência, da sucessão, é a competência, e não mais o gênero.

Sucesso com pedras semipreciosas A veia empreendedora da designer de joias Debora Ioschpe começou cedo: “Desde criança fazia bijuterias e amava as pedras e, com o dinheiro ganho com esse trabalho, comprava mais pedras diferentes para a minha coleção. Eram todas semipreciosas,

mas eram meu grande tesouro”, relembra. Ela conta que a carreira se iniciou por acaso, quando trabalhava num escritório de arquitetura, no tempo em que cursava faculdade de desenho industrial. “Estava focando minha futura carreira para o design de

mobiliário, quando em 2001 participei de um concurso de design de joias. Tirei o primeiro lugar e levei meu trabalho para a feira de Las Vegas. Depois, meu pai me deu dinheiro para que eu comprasse muitas pedras diferentes, pois as mulheres iam que-

MARIANA FONTOURA/JC

Debora quer ver igualdade de direitos entre os gêneros

rer minhas joias na minha volta. E ele estava certo”, lembra. A empresária conta que em um mês vendeu tudo e buscou conhecer novos fornecedores de pedras e fabricas. Debora diz que hoje as filhas já começam a seguir o mesmo caminho. “Este ano, elas me pediram para fazer bijus. Lembrei-me da minha infância e de quanto o brinquedinho evoluiu. O desenho melhorou, as técnicas se aprimoraram, e as pedras são cada vez mais diferentes”. Debora exalta a crescente participação das mulheres em cargos de lideranças e como empreendedoras. “Temos o grande poder de dar a vida, e isso nos faz muito mais poderosas do que os homens, que nos ganham pela sua agressividade no mercado e pelo tempo de trabalho, já que nós mulheres temos que parar para amamentar e criar nossos filhos. Essa é uma grande bênção.” A designer diz que as mulheres têm talentos diferentes e formas diferentes de abordar as coisas e que, quando focadas e seguras, vão longe. “Desde criança eu já dizia: sou ‘mulherista’ e assim continuo sendo. Quero ver as mulheres tendo os mesmos direitos que os homens, o mesmo nível de poder de decisão de mercado e assim por diante.” Debora reforça que as conquistas das mulheres são um grande desafio, mas que quem chega ao topo é porque tem talento e não tem medo de trabalhar, sabe aproveitar as oportunidades e ir atrás delas”.


6

Porto Alegre, terça-feira, 10 de setembro de 2013

Caderno Especial do Jornal do Comércio

Perfil Bettina Becker

A empresária e organizadora de eventos Bettina Becker, que em outubro de 2012 inaugurou um dos espaços de eventos mais badalados de Porto Alegre, a Casa NTX, conta um pouco de sua vida e de suas preferências em relação a moda, lazer, viagens e compras. Ela fala sobre superstição e a preferência pelas figas, além dos perfumes e dos apetrechos indispensáveis e que não podem faltar na bolsa. Há 20 anos à frente da NB eventos, ela fala sobre família e também sobre o início da carreira voltada para o mundo dos eventos. Para ela, o sucesso da Casa NTX reside no fato de o espaço ter sido pensado para atender aos pedidos mais inusitados. No teto, por exemplo, a cada três metros quadrados, a estrutura suporta o peso de uma tonelada. Um dos grandes momentos da Casa foi o show de aniversário do rei Roberto Carlos, realizado em abril deste ano. O sucesso é tanto que o espaço já conta com reserva para uma festa em 2016. Quem é: Bettina Becker, 49 anos, organizadora de eventos, casada, mãe de Pedro e Rodolfo. Em que cidade nasceu: Porto Alegre. Quando começou sua ligação com o mundo dos eventos? Sou formada em direito e advogava. Minha mãe começou a organizar coquetéis e comecei a auxiliar. Acabamos montando uma empresa de eventos juntamente com minhas irmãs, que está completando 20 anos. Ano passado, inauguramos a Casa NTX, um lindo espaço para eventos.

Quais as roupas prediletas para sair à noite: Depende da ocasião, acabo usando trajes mais discretos em função do meu trabalho.

FOTOS MARIANA FONTOURA/JC

Organizando sonhos

Melhor compra pessoal: Um lindo acessório.

Compulsão por... Trabalho. Segredos de beleza: Rosto bem lavado e uma alimentação saudável.

Como você definiria seu estilo? Por quê? Básico, clássico com um toque fashion.

Cheiro: Jean Paul Gaultier 2.

Gosta de viajar? Qual a sua melhor viagem? Por quê? Adoro viajar. Não saberia dizer a melhor, todas são especiais, inesquecíveis. A última é sempre a melhor, acabo de chegar da Itália, foi maravilhoso.

Bebida: Champagne. Não resisto também a uma boa caipiroska.

Melhor compra em viagem: Todas. Melhor compra para a casa: Adoro peças para mesa, como copos e pratos. Amuleto da sorte: Uma penca de figas feita pela minha mãe.

Sabor: Tudo que é bom.

De quem gostaria de herdar o guarda-roupa? Coco Chanel. O que não pode faltar no guardaroupa? Um preto básico. Como dizia Chanel: “Uma mulher precisa de apenas duas coisas: um vestido preto e um homem que a ame”. O que não pode faltar na bolsa? Celular, batom e um lápis de olho. O que não pode faltar neste verão? Um toque de cor. O que gosta de fazer nas horas de lazer: Ficar em casa, curtir a família, amigos.

Qual a roupa ideal para usar no dia a dia: Casual. Uso muito jeans e camisa/ camiseta e blazer.

Cor preferida: Preto. Truques para levantar um visual: Um bom make up.

Usa alguma peça de família? Sim, uma pulseira Cartier “Juste un Clou”. Bichos de estimação? Não tenho. Coleciono... Bom humor.


Caderno Especial do Jornal do Comércio

Porto Alegre, terça-feira, 10 de setembro de 2013

7

Dicas bacanas

Pelos encantos e quatro cantos de Porto Alegre por Angela Di Verbeno, empresária e designer Da cozinha tailandesa para um brechó de moda no bairro Moinhos de Vento, dos ares da gastronomia francesa para uma boa livraria em Porto Alegre. Esses roteiros estão entre os preferidos de Angela, que dá dicas sobre os melhores lugares da Capital para desfrutar da boa gastronomia, comprar presentes e garimpar roupas exclusivas.

A boa mesa e os vinhos e o cordeiro da Vinum são opções que ela também privilegia. Para um café, o escolhido é o Press. Angela também indica a baguette do Armazém dos Importados como a melhor da Capital. “Gosto de comer bem, mas o melhor lugar é na minha casa. Eu e meu marido adoramos cozinhar. Para eu frequentar, o restaurante tem que ser bom.”

LETÍCIA REMIÃO/DIVULGAÇÃO/JC

Hashi Art Cuisine Rua Desembargador Augusto Loureiro Lima, 151 (51) 3328-0005 De segunda a sábado, das 19h30min à meianoite www.hashi.com.br

Moda e presentes Com a rotina movimentada, que inclui viagens frequentes, Angela acaba comprando roupas e calçados em vários locais. Mas Porto Alegre tem uma loja de artigos vintage que está entre as preferidas da empresária, o Me Gusta Brechó, com peças alternativas a preços acessíveis. “Tem um fato curioso sobre uma roupa que comprei no Me Gusta. Fui na festa do Roberto Carlos com um vestido de R$ 350. Quando cheguei, várias pessoas queriam tirar fotos comigo. Falaram que eu era a mulher mais bonita da festa por causa do vestido, e todo mundo queria saber onde eu tinha comprado. Resultado: no outro dia, o brechó lotou! Ali tem muito vestido de festa que as mulheres usam uma única vez, pois já saíram

Vinum Enoteca Rua Marquês do Herval, 52 (51) 3395-4597 De segunda a sábado, das 10h às 22h30min http://vinumenoteca. wix.com/vinum

Cultura e diversão Apaixonada por cinema e apreciadora de diversas formas de arte, como o teatro e a literatura, Angela indica a Fundação Iberê Camargo como lugar obrigatório. “As pessoas têm que descobrir mais o museu. É lindo, foi uma obra muito criticada, mas é fantástico, tem uma arquitetura linda, exposições ótimas.” O Margs é sua dica para exposições especiais. “O público gaúcho é muito inteligente, são pessoas bem informadas.” Angela se define como uma pessoa “do dia”, que não costuma sair muito à noite. “Conheço a Provocateur, onde minhas amigas frequentam.” Ela conta que costuma receber os amigos para jantar, em uma proposta mais fechada, intimista, quando assistem a filmes que são debatidos.

na coluna social com aquela roupa, então vai para o Me Gusta pela metade do preço. Tem que garimpar, é um brechó muito chique.” Angela dá preferência para coisas que gostaria de ganhar - uma livraria é um local que costuma frequentar muito quando quer presentear alguém. “Amo ganhar livros e dá-los de presente. A Saraiva é ótima, a Cultura é excepcional e a Fnac do Barra Shopping, uma diversão. Também adoro presentear com DVDs.” A empresária conta que adora os clássicos do cinema e que possui uma coleção de filmes antigos, como Candelabro Italiano, Gata em Teto de Zinco Quente e Cidadão Kane, que são sempre boas opções de presente.

MARCOS NAGELSTEIN/JC

Me Gusta Brechó Rua Dinarte Ribeiro, 30/1º andar (51) 3573-4500 De segunda a sexta, das 10h às 18h, e no sábado, das 10h às 17h http://brechomegusta. blogspot.com.br

MARIANA FONTOURA/JC

Fundação Iberê Camargo Avenida Padre Cacique, 2.000 (51) 3247-8000 De terça-feira a domingo (inclusive feriados), do meio-dia às 19h, exceto quinta-feira, quando o horário se estende às 21h. Entrada franca www.iberecamargo.org.br Margs Praça da Alfândega (51) 3227-2311 De terça a domingo, das 10h às 19h, com entrada franca www.margs.rs.gov.br

Angela no Me Gusta Brechó, uma de suas lojas favoritas

MARIANA FONTOURA/JC

Entre os lugares preferidos de Angela, estão o Koh Pee Pee, com um ambiente e comida que ela considera maravilhosos, e o Hashi Art Cuisine, especializado em comida contemporânea e que também oferece pratos da culinária japonesa. “Adoro o linguado com brie feito no Hashi.” O Le Bateau Ivre, com destaque para os filés e o foie gras, típicos do interior da França,

Livraria Cultura Shopping Bourbon Country Avenida Túlio de Rose, 80, loja 302 (51) 3028-4033 De segunda a sábado, das 10h às 22h, e no domingo e em feriado, das 14h às 20h www.livrariacultura. com.br


8

Porto Alegre, terça-feira, 10 de setembro de 2013

Caderno Especial do Jornal do Comércio

Mulheres na cultura

A literatura atrelada ao ensino

Trabalho movido pela ousadia e pela inspiração O trabalho nem sempre combina com inspiração. Mas na rotina destas mulheres que vivem cercadas de livros, atividades culturais, artes plásticas e audiovisuais a inspiração está em toda a parte. E, em um ciclo contínuo, retroalimenta as atividades da escritora e professora de literatura Jane Tutikian, da jornalista Bebê Baumgarten, da arquiteta Regina Galbinski Teitelbaum e da produtora de cinema Liliana Sulzbach. Em comum, elas aproveitaram uma boa dose de ousadia para transformar inspiração em projetos profissionais.

trar em cena”, lembra, referindo-se à timidez que a atrapalhava. Sobre comunicação e a relação com a mídia, a jornalista, que lidera a BD Divulgação, afirma: “Meu tempo é este. Gosto de ouvir e compreender as mudanças”. Apesar do chamariz de eventos como o Em Cena para enraizar o teatro entre os espectadores, o público é sazonal na capital gaúcha, considera. Fora do Em Cena e do Porto Verão Alegre, a frequência ainda é pequena. Entre vários outros trabalhos de seu currículo, a BD também cuida da divulgação do Cabaré do Verbo, uma mostra artística realizada na Casa de Cultura Mario Quintana. Além disso, a empresa atuou durante 15 anos com a Opus Promoções como principal cliente.

MARIANA FONTOURA/JC

À frente da BD Divulgação, Bebê respira cultura

Esta época do ano costuma se parecer a uma maratona para a jornalista Bebê Baumgarten. É quando ela faz a assessoria de imprensa do Porto Alegre Em Cena. Com dezenas de grupos na programação, as entrevistas se multiplicam, mas a energia colocada no atendimento à imprensa é recuperada com os espetáculos, conta Bebê. O trabalho intenso em setembro ganha inspiração no palco, mas a preparação física para aguentar o ritmo desses 20 dias do evento vem do esporte, diz esta corredora, que também anda de bicicleta e faz aulas de circo. A altura do trapézio preocupa menos do que ter de enfrentar o público em um palco, compara Bebê, que sempre gostou de teatro e atuou como atriz aos 17 anos. “Era um sofrimento en-

Ser escritora é a melhor forma de estar perto das pessoas, assume Jane

MARIANA FONTOURA/JC

Meu tempo é este

A síndrome da folha em branco não assusta a escritora Jane Tutikian. A paisagem vazia que produz incontáveis noites de insônia em tantos autores é vencida com uma estratégia: “Só sei começar a escrever quando tenho a última frase”, conta a professora de Literatura na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e patrona da Feira do Livro de Porto Alegre em 2011. Depois dela, “as coisas começam a vir à superfície”, explica Jane, que em 1984 recebeu o prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro, um dos mais importantes da literatura nacional – em 2013, por exemplo, recebeu 2 mil inscrições em suas várias categorias. Ganhar o Jabuti de Literatura Juvenil com seu segundo livro, A Cor do Azul, foi um grande desafio, lembra Jane. “Nenhum escritor quer ser o escritor de um só livro”, observa sobre a responsabilidade de superar expectativas após o prêmio. A Cor do Azul trata da passagem da infância para a adolescência. Quando pequena, a primeira história que a impressionou foi a do patinho feio, que se achava sem graça e sonhava em ser cisne. Algo nela se parecia a sua vida. “Era alta, reta, de cabelo curto, mal-acabada como a Belém-Brasília”, brinca, ao resgatar a memória da adolescência. Foi essa a época em que ela mais leu. O Apanhador no Campo de Centeio, do norte-americano J.D. Salinger foi o primeiro livro

com palavrões, e a francesa Simone de Beauvoir lhe apresentou suas Memórias de Uma Moça Bem comportada. “Era uma geração existencialista”, relaciona, lembrando-se da época em que tomou contato com essa corrente de pensamento, que, de certa forma, está presente em seus livros. A literatura foi uma opção atrelada ao ensino. Ser escritora “é a melhor forma de estar perto das pessoas”, resume. Mas para que isso fosse possível, tinha que ser também professora de literatura, conta Jane, que trabalhou durante 10 anos em uma escola em que foi diretora antes de passar à universidade e a seu ciclo acelerado de educação. “Os alunos passam muito rápido por nós.” Mesmo em um ambiente acostumado aos livros, os alunos chegam à universidade, de forma geral, com pouca leitura, avalia Jane, que dirige o Instituto de Letras da Ufrgs. “O problema está na formação do leitor”, opina, sobre a responsabilidade usualmente atribuída pelos pais à escola. Para quem não costuma ler diariamente, ela recomenda o livro de contos Felicidade Clandestina, de Clarice Lispector. A primeira história relata o acesso da personagem a um livro muito desejado. “Às vezes, sentava-me na rede com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo. Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com seu amante.”


Caderno Especial do Jornal do Comércio

Porto Alegre, terça-feira, 10 de setembro de 2013

Galeria terá espaço para novos artistas, cursos e oficinas

A arte como investimento está crescendo no Brasil, diz Regina

Estrutura enxuta propicia a realização de vários projetos

MARIANA FONTOURA/JC

Regina visita exposições para selecionar artistas e também realiza ao menos uma mostra por mês na galeria. Em agosto, o espaço recebeu pinturas da porto-alegrense Maria Inês Rodrigues, artista que começou a estudar desenho aos 14 anos com Vasco Prado e Zorávia Bettiol. Em setembro, os visitantes da galeria poderão ver peças em cerâmica de 13 artistas do atelier Tania Resmini. Duas novidades foram introduzidas em 2013. A primeira foi a oferta de cursos teóricos e oficinas – que são abertos a qualquer interessado, mesmo sem conhecimento prévio – a partir de março. Os iniciantes são orientados, em cursos semestrais ou anuais, sobre como desenvolver a criatividade. “Os alunos buscam uma atividade lúdica”, observa. A segunda novidade é a criação de um espaço específico para novos artistas, que começa a funcionar este mês, como uma maneira de diversificar ainda mais a oferta. Regina analisa que a arte ainda é algo distante de gerações sem acesso, e o trabalho das escolas é importante para despertar a curiosidade das crianças com visitas guiadas a museus e exposições.

MARIANA FONTOURA/JC

A arte sobre o papel, principalmente em gravuras, foi o ponto de partida para criar uma galeria em 1996. Com a Gravura Galeria de Arte, a intenção era oferecer obras mais acessíveis, lembra a proprietária, Regina Galbinski Teitelbaum, arquiteta que investiu no projeto junto com a irmã, Renata Galbinski Horowitz. A gravura é uma obra numerada em série limitada. Pouco tempo depois, foi necessário ampliar a oferta, e atualmente a galeria trabalha com gravuras, pinturas, esculturas e fotografias de mais de 60 artistas. Regina explica que o foco principal é buscar peças que se adaptem em dimensão e estilo para atender às necessidades apresentadas por arquitetos, seu principal público, junto com compradores individuais. A arte como investimento também está crescendo, em parte estimulada pela visibilidade do Brasil em frentes econômicas e culturais, analisa Regina, que trabalhou durante 20 anos como arquiteta antes de criar a galeria. As mostras e bienais são um ponto de partida para conhecer e selecionar os artistas com os quais a galeria irá trabalhar. Nesse processo de mão dupla,

9

A busca por trabalhos mais autorais levou a diretora de cinema Liliana Sulzbach a sair de uma grande produtora e criar, em 2009, a Tempo Porto Alegre. A inspiração veio de sua experiência na Alemanha, onde foi estudar depois de cursar Comunicação (Jornalismo e Publicidade) no Rio Grande do Sul. “Sonhava em ter uma estrutura enxuta que pudesse crescer nos momentos de produção”, explica. No país europeu, trabalhou em longas-metragens e, posteriormente, em uma segunda etapa, no departamento de reportagem da Spiegel TV. Cada projeto começa com a descoberta de um tema, que leva à pré-produção e à busca de fontes de financiamento – concursos, fundos e Lei de Incentivo à Cultura, entre outros. Este mês ela começou a pré-produção de um filme que será rodado em Tóquio, no Japão, com financiamento do governo metropolitano local. O filme Sakkã (futebol em japonês), um curta-metragem, será dirigido por Liliana, com equipe e elenco japoneses. Na história de ficção, o time de futebol de uma ilha da área metropolitana de Tóquio disputará uma partida contra um adversário da capital. As filmagens provavelmente serão feitas em outubro. Liliana tem saudade dos cinemas de rua, um ambiente em extinção em quase todas as cidades brasileiras, mas diz que busca o filme que lhe interessa

onde ele estiver sendo exibido. Ela mantém o hábito de ver filmes na sala de cinema, mas confessa certo aborrecimento com o público, motivado pelos celulares que tocam com frequência e pelos espectadores que conversam durante a projeção. A difusão dos filmes na internet não tem atrapalhado o licenciamento de seus trabalhos para a televisão, avalia Liliana. O filme A invenção da Infância (2000), por exemplo, dirigido por Liliana – que recebeu, entre outros prêmios, o de Melhor Média-Metragem no Festival de Gramado – está disponível no site Porta Curtas. “Sempre conseguimos distribuição, mesmo para os curtas”, comemora lembrando que Porto Alegre é uma das cidades com projeto permanente de exibição desse formato nos cinemas. “Todas as janelas são possíveis, e é bom trabalhar com todas elas”, afirma sobre as várias possibilidades de exibição em tevês fechadas, abertas, internet e cinemas. Desde que foi criada, a Tempo Porto Alegre já produziu uma peça de teatro (Marleni), um curta de ficção (Amigos bizarros do Ricardinho), um documentário média-metragem (A Cidade), foi coprodutora de um longa-metragem (Dalua Downhill), uma série de tevê (Sonho de guri), um episódio da série alemã Mitten im Leben, documentários para o Canal Futura e uma videoinstalação para a Expo Xangai.

Novo curta será filmado em Tóquio, explica Liliana


10

Porto Alegre, terça-feira, 10 de setembro de 2013

Caderno Especial do Jornal do Comércio

Opinião

O que se passa na cabeça das mulheres? Família, carreira, vaidade e lazer são temas que borbulham na cabeça das mulheres diariamente. Como aliar o cuidado dos filhos com a correria do trabalho e ainda tratar do corpo, da pele e, se sobrar um pouco de tempo, curtir umas férias? Três mulheres modernas e descoladas esmiúçam esses temas e contam como encaram cada um deles.

Eleonora Rizzo

Iva Cardinal

Uma das idealizadoras da Confraria do Batom

Empresária, sócia dos restaurantes Al Dente e Moeda

Família

Vaidade

Clichês à parte, creio que, no momento em que vivemos, mais do que nunca, a família é a base de tudo. Além de muita coisa boa, a “vida real” nos apresenta também um mundo cercado de violência, desamor, competição. Ter uma família amorosa, com espaço para o diálogo e respeito, é um porto seguro e uma bênção - além de ser uma referência e exemplo para a educação dos mais jovens.

Toda mulher pode e merece ser admirada pela sua beleza. Se a natureza não lhe deu esse atributo, podemos mudar essa situação. Podemos fazer valer desde cuidados básicos com a alimentação e exercícios físicos até os tratamentos estéticos e cosméticos mais avançados. Cuidados ao escolher as peças do guarda-roupa que mais favorecem e que estejam adequadas ao estilo da mulher também merecem uma atenção. Todo esse conjunto colabora com a autoestima feminina e ao fato de cada mulher poder sentir-se mais poderosa e segura quando está feliz com sua aparência física. Não concordo com exageros, que inclusive levam a prejuízos à saúde.

Carreira

MARIANA FONTOURA/JC

Eleonora acredita que uma carreira tem de alimentar a alma e o espírito

Família

Vaidade

Precisamos nos abastecer desse veio fundamental durante toda a vida. Assim, sempre lembramos e nos é lembrado de quem somos, de onde viemos e por que estamos aqui. É a nossa identidade emocional e ética nos apontando como devemos nos conduzir pela vida e nos mostrando que temos sempre para onde voltar. A família nos ensina praticamente tudo sobre os princípios das relações, respeito, amor e amizade. Mãe, pai, irmãos, tios, primos, avós... todos esses laços nos fortificam diariamente, nos aconchegam, nos ensinam, e, sem dúvida, deixam em nós lembranças inesquecíveis e exemplos que passaremos adiante.

A vaidade é muito importante na vida, claro que uma vaidade do tamanho certo. Para mim, dosar a vaidade é fundamental, é muito ruim viver sem ela, mas muito nocivo se afogar em suas águas. Para mim, o que há de sábio no conselho de Paulo Mendes Campos é justamente a capacidade de rir de si mesmo e não se levar a sério demais. Quando estamos muito vaidosos ou sem vaidade alguma, é bom parar, respirar fundo e dar uma boa gargalhada.

Sou jornalista, e acho que sempre serei. Trabalhei em rádio e jornal por 13 anos, e já faz 25 anos que trabalho com alimentação. De tudo que vivi e vi nessa longa estrada, a mensagem mais verdadeira é: siga seu coração, trabalhe em um ramo em que você possa colocar amor. Trabalhar sem amor é azedar a vida, ninguém pode se envolver, se empolgar, vibrar, se não tiver emoções na jogada. Buscar uma profissão apenas para ganhar dinheiro é um engano muito grave e pode surtir um efeito de desilusão barra pesada. É óbvio que quanto mais bem preparado você estiver, mas fácil será ter sucesso nas suas escolhas.

Lazer

Mesmo com uma vida corrida, os momentos de lazer precisam existir. Não abro mão de estar com as amigas, de ler um bom livro, e visitar lugares interessantes. Considero momento de lazer cursos não ligados ao meu dia a dia, mas que me fazem “desligar”, como aulas de dança, alta gastronomia e pinturas especiais. Com filhos pequenos, os momentos de lazer muitas vezes incluem as crianças, e isso direciona a programação, seja uma viagem, seja outra atividade.

Lazer

Como amo meu trabalho, ele se torna meu lazer muitas vezes. Não gosto muito dessa separação quase física que muitos fazem do trabalho e do lazer. Não sofro porque trabalho, pelo contrário. Jamais conseguiria trabalhar com um ramo que não me fizesse vibrar. Sou uma viciada sem remédio por ler, e muito. Adoro romances policiais de todas as cepas. Adoro frequentar livrarias, sou assídua da Londres, que fica ali na Osvaldo Aranha, em frente à Redenção. Alimento com meus amigos Tiaraju Brockstedt e Luciano Alabarse, também leitores vorazes, uma troca constante de dicas. Gosto muito de manter meus amigos próximos e alguns clientes queridos abastecidos de livros emprestados por mim. Ler me faz viver tantas vidas dentro da minha vida que quase posso sentir cada página lida.

MARIANA FONTOURA/JC

Carreira

Cada vez mais as mulheres estão atuantes e dedicadas à sua carreira, galgando postos que até então eram restritos apenas aos homens. Seja por prazer ou pela busca da sua realização e independência financeira, vemos cada vez mais mulheres empreendendo negócios de sucesso, trocando a estabilidade de um emprego fixo e dando vazão a suas ideias. O desafio sempre é conciliar a vida pessoal e a profissional, para manter dentro do possível um equilíbrio entre atenção a filhos, companheiro, trabalho, estudo e lazer – mas, sim, este equilíbrio é possível, com disciplina e organização. Se puder contar com uma equipe de apoio eficiente ou com horários flexíveis de trabalho, menos árdua se torna essa tarefa de equilibrar tudo.

Toda mulher, segundo Iva, pode e merece ser admirada pela sua beleza


Caderno Especial do Jornal do Comércio

Porto Alegre, terça-feira, 10 de setembro de 2013

11

Janaína Bercht Proprietária da Choice Casa de Festas e maratonista Família

Vaidade

Sou casada há 12 anos com o educador físico e empresário Dámien Bercht, mãe de dois filhos, Manuela (5 anos) e Enzo (1 ano e 11 meses). Sempre desejei ter uma duplinha, e sendo um casal, é ainda mais perfeito. Dois universos muito diferentes, cada um com seus prazeres, descobertas, desafios, dois amores! Jamais poderia cogitar de passar por esta vida sem vivenciar a maternidade. Amo ver neles um pedaço de mim. Por eles, tudo! Tenho adoração pela minha família, mas não consigo e nem quero ter minha vida, meus objetivos e expectativas direcionadas apenas a ela. Preciso muito estar ativa profissionalmente. Meu maior projeto de vida é o equilíbrio entre trabalho, família e vida pessoal.

Vaidosa, sim, mas sem exageros! Tanto sem exageros que fiquei mais de três anos longe da academia. Com dois filhos pequenos e trabalho parecia difícil, quase impossível, me priorizar, mas nessa busca do equilíbrio me dei conta de que estava faltando o “eu”. A família estava ok. O trabalho estava ok. E euzinha, estava? Não, não estava. Eu que curtia academia, estava totalmente parada. Sempre gostei de musculação, mas precisava de mais, muito mais para dar um up, a ponto de persistir. Minha personal foi fundamental! Persisti, resgatei o gosto pela musculação e me apaixonei pela corrida. Em janeiro deste ano contratei um treinador de corrida. Planilha semanal! Acompanhamento nutricional e mais personal yoga. Dois objetivos traçados: em abril, correr 10km em Santiago do Chile e, em agosto, a meia maratona do Rio de Janeiro (21km). Cá estou, os dois objetivos foram vencidos!

O maior projeto de vida de Janaina é o equilíbrio entre trabalho, família e vida pessoal

MARIANA FONTOURA/JC

Carreira

Por 13 anos exerci a advocacia trabalhista empresarial. Cansei da razão e me entreguei por completo à emoção. Um passo fundamental na busca do tão sonhado equilíbrio. A palavra de ordem foi coragem! Há quatro anos estou à frente de uma casa de festas em Porto Alegre. Com foco nos pequenos, a Choice Casa de Festas agora é Kids Choice. Também sou sócia na Bahcasei, especializada na criação de sites personalizados para casamento.

Lazer

Viajar, viajar, viajar com e sem meus pitocos. Momentos família e outros casal. Adoro estar com amigos e, pensando em como melhor recebê-los, participei do Curso de Gastronomia D’Elas, do Grêmio Náutico União, descobrindo a partir daí o prazer em cozinhar.


12

Porto Alegre, terça-feira, 10 de setembro de 2013

Caderno Especial do Jornal do Comércio

Turismo

Em busca de novas experiências Viajar sozinha ou com um grande grupo. Conhecer as cidades a pé ou no lombo de um cavalo. Visitar o Japão ou a África. As preferências são diversas, mas os objetivos, bem parecidos: trilhar o mundo em busca de novas experiências, da convivência com diferentes povos e culturas e do grande aprendizado que essas vivências proporcionam. A coordenadora de comunicação digital do Grupo A, Elisa Viali, e a pecuarista e professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Elizabeth Cirne-Lima, contam suas andanças mundo afora.

EDUARDO ROCHA/DIVULGAÇÃO/JC

No lombo do cavalo pelas paisagens sul-africanas

Elizabeth sonhava em conhecer a África desde criança

As paisagens estonteantes de Waterberg, na África do Sul, foram cenário para a realização da viagem dos sonhos da pecuarista e professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Elizabeth Cirne-Lima. “Desde criança sonhava em conhecer a África, conviver com os animais selvagens. Poder fazê-lo a cavalo foi uma experiência maravilhosa.” A viagem foi mais uma das tantas vivenciadas por ela como membro e única mulher dos Cavaleiros da Paz, que viaja pelo mundo levando a tradição gaúcha. O grupo conta com 25 pessoas e sempre viaja junto, pilchado e a cavalo, divulgando a cultura gaúcha. Foram sete dias de viagem, durante os quais eles cavalgavam, em média, 25 quilômetros por dia. “É preciso muito preparo físico. Cuido da alimentação e faço exercícios, como corrida e rédeas, modalidade de esporte equestre”, conta.

Ela costuma viajar, a cada dois anos, para países ligados às associações da raça bovina Devon, em jornadas organizadas pela Associação Internacional de Devon. Elizabeth também é vice-presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Devon – para Estados Unidos, Inglaterra, Canadá, Nova Zelândia. “É uma maneira muito legal de conhecer países, conheço fazendas e lugares maravilhosos, com vínculo ao meu trabalho. Aliás, 99% das minhas viagens estão relacionadas ao trabalho.” Elizabeth revela que sempre que planeja viagens de lazer não resiste e acaba incluindo algo com cavalos ou pecuária. “Depois de um longo período sem férias, planejei no ano passado ir para uma fazenda de amigos, nos Estados Unidos. Eles criam Devon e fui trabalhar com eles na fazenda, acordava de manhã e lidava com o gado. Isso para mim é lazer e não deixa de ser trabalho”.

Em meio aos animais selvagens

A viajante conta que andava na mata selvagem, com os animais soltos

como faz em outros roteiros no Brasil. Mas como estava em uma reserva cheia de animais selvagens, precisou da orientação dos funcionários do hotel sobre a viabilidade da aventura notívaga. “Eles coordenaram o acampamento e organizaram uma fogueira enorme, com todas as camas num círculo, em volta do fogo. Animais selvagens não se aproximam quando há fogo.”

Outras aventuras

Elizabeth diz que conhecer lugares a cavalo dá uma visão das coisas completamente diferente e quando faz isso com um grupo de pessoas é ainda mais mágico. “Tem esse tempo todo nosso, com esse grupo, e conversamos muito. É comum cavalgar com uma pessoa que conhecemos ontem e depois de dois dias juntos já somos amigos íntimos”.

EDUARDO ROCHA/DIVULGAÇÃO/JC

As cavalgadas na África foram em uma reserva de 12 mil hectares, onde os cavalos conviviam harmonicamente com animais selvagens típicos da região. Com isso, os cavalarianos podiam se aproximar de zebras, rinocerontes, búfalos selvagens de forma inacreditável. “Andávamos dentro da mata selvagem, com os animais soltos, e chegávamos a menos de 10 metros de algumas feras”. Como os fundadores dos Cavaleiros da Paz são pessoas ligadas à cultura, como músicos, historiadores e escritores, havia uma demanda de conhecer um pouco da cultura local, da música dos costumes. “Como estávamos no meio do mato, os funcionários do hotel fizeram uma surpresa: uma parilla à noite, no campo, e todos eles fizeram um coro de vozes maravilhoso, uma apresentação de grande alegria, na beira do fogo, comendo carne e cantando. Uma interação incrível de troca cultural”. Para não perder a tradição, o grupo dormia acampado, no meio da floresta,

Elizabeth conta outra aventura, quando foi do Rio de Janeiro até San Martin de Los Andes, ao Sul de Bariloche. A viagem durou 45 dias, período no qual buscaram não pegar estradas principais, só estradas pequenas de chão batido. “Quando voltamos ao Rio, trafegamos pela beira de praia, passando pelas cidades, até chegar ao Paraná. Foi maravilhoso.” O gosto por aventuras veio dos pais. Desde criança viajava para o Interior do Estado, acompanhando o pai – o ex-ministro da Agricultura Luiz Fernando Cirne Lima – que administrava propriedades rurais. “Esse gosto de andarilho vem de casa. Adoro viajar de carro e tenho que gostar, pois minha propriedade fica em Bom Jardim da Serra, a 400 quilômetros de Porto Alegre”. Ela conta que as viagens em família eram verdadeiras odisseias, passando por lugares sem pontes, tendo que andar em balsas, sem lugares para parar e comer. Fazíamos uma grande farofa em família. Viagem com frescura não me agrada”, revela.


Caderno Especial do Jornal do Comércio

Porto Alegre, terça-feira, 10 de setembro de 2013

13

As dores e as delícias de viajar sozinha Uma viagem, sozinha para a Colômbia, no fim de 2012, foi uma das experiências que mais marcaram a vida de viajante da jornalista Elisa Viali. Para ela, quando se viaja sozinha, todo o sucesso - ou fracasso - da viagem depende só de você. “A sensação é extremamente libertadora, mas um certo medinho sempre bate à porta; afinal de contas, é bom ter alguém em quem pôr a culpa se algo não der certo.” Brincadeiras à parte, Elisa diz que toda experiência de entender uma cidade desconhecida sozinha, de se ver obrigada a fazer amizades e a contar com os outros, de se fazer entender em uma língua diferente, é uma lição de vida e tanto. “Para quem é tímida, como eu, é um aprendizado ligado no turbo! Nessas horas, você se dá conta do quanto é importante poder contar com a generosidade das pessoas, pois ninguém se vira no exterior sem ajuda.” “Foi incrível porque foi a primeira vez em que viajei completamente sozinha. Eu tive férias coletivas no trabalho no período do Natal e do Ano-Novo e decidi, de última

hora, que não queria passar mais um ano em Porto Alegre durante essa época”, conta. Ela comprou uma passagem para Bogotá, com paradas em Cartagena e San Andrés, e passou o Natal “solita” em terra desconhecida, e o “Ano-Novo no avião, para economizar na passagem”, brinca. Para ela, estar sozinha é estar aberta a conhecer pessoas diferentes, o que não costuma ocorrer em viagens em grupo. Na Colômbia, conheceu artistas como o grafiteiro Toxicomano e fez amizade com uma norte-americana, uma brasileira, uma inglesa, três argentinos e uma chinesa. “Voltei para casa com a sensação de que o mundo é muito maior do que as nossas preocupações.” No entanto, para se viajar sozinha, é preciso tomar alguns cuidados: “É basicamente o mesmo de quando você viaja com alguém – cuide dos seus pertences em locais de grande circulação, tire uma cópia dos seus documentos mais importantes, guarde bem seu dinheiro, não desgrude do seu passaporte, não aceite nada de estranhos, não leve mais na mala do que possa carregar, essas coisas.”

Elisa costuma viajar, no mínimo, uma vez por ano. “Não conheci alguém que tenha se arrependido de ter gastado dinheiro em uma viagem.” Neste ano, além da Colômbia, ela já pôde “investir” mais uma vez: fez sua segunda viagem mais marcante, conhecendo o Japão, onde também passou alguns dias sozi-

nha. “Na última semana de viagem, fiquei com a minha irmã, o marido e minha sobrinha, mas os primeiros 10 dias foram de sobrevivência total às diferenças entre oriente e ocidente”, conta. Além de trazer na bagagem a memória de paisagens incríveis, como a da ilha de Miyajima, Elisa voltou com histórias en-

graçadas para contar. “Estava em Hiroshima e fui conhecer uma das maiores lojas japonesas de mangá. Na seção para maiores de 18 anos, só tinha uns dois japoneses com jeito de nerd escolhendo algumas revistas. Eles me lançaram de canto um olhar repressor, o que me deixou completamente constrangida”, diz.

ELISA VIALI/DIVULGAÇÃO/JC

Mangá para maiores

No museu dos Cosmonautas, em Moscou

Para os turistas de primeira viagem

ELISA VIALI/ARQUIVO PESSOAL/JC

Uma dica básica para turistas de primeira viagem, segundo Elisa, é aprender algumas palavras da língua local. Parece óbvio, mas, segundo ela, há muitos turistas que não se preocupam com esse detalhe. “E faz a diferença, viu? O pessoal é muito mais simpático se você mostra interesse em aprender a cultura deles.” Um GPS, de acordo com a jornalista, salva vidas. “Antes de sair para o passeio do dia, é legal carregar o Google Maps e depois usar o GPS do celular para ras-

trear o caminho.” Por último, ela aconselha que se leve um kit de primeiros socorros. “Já passei muito mal em uma viagem e fui salva pelo remédio de um amigo.” Segundo Elisa, o segredo para planejar as viagens, com custo-benefício, é se antecipar, o que torna possível pesquisar voos e configurar os “alertas de preço”, que muitos sites disponibilizam. “Além disso, muitos hostels têm a mesma qualidade de um hotel e saem pela metade do preço.” Para a jorna-

lista, uma das coisas que mais dá prazer na hora de viajar é conhecer como vivem outras pessoas em lugares diferentes do mundo. Saber por onde elas caminham todos os dias, em que lugares elas se divertem, o que elas comem. “É como se você fosse outra pessoa durante algumas semanas, como se pudesse ter uma vida completamente diferente da sua. É uma sensação boa, de liberdade. O aprendizado que se adquire após uma viagem é o que fica.”

Ela gosta de tudo um pouco: visitar museus, monumentos, ir a festas. Em Moscou, até tour pelas estações de metrô ela fez. “Lá, cada estação é quase uma atração turística, é sensacional.” Para montar os roteiros, geralmente ela dá uma lida nos guias de viagem, faz pesquisa online e tenta falar com alguém que já tenha ido para aquele local. “Mas é sempre bom deixar espaço para o imprevisto – esses momentos não pensados em geral rendem experiências divertidas.”

Na frente de um painel de Toxicomano, grafiteiro de Bogotá


14

Porto Alegre, terça-feira, 10 de setembro de 2013

Caderno Especial do Jornal do Comércio

ANA FRITSCH

anafritsch@jornaldocomercio.com.br

DE SALTO ALTO Especial

Tendências primavera-verão 2014 As cores vivas estão em alta, dentre elas amarelo, azul, vermelho, verde e laranja. Podem ser usadas em camisas, jaquetas, shorts ou calças, dando um ar moderno à produção. Para equilibrar o visual, sapatos em tons claros. A bolsa pode ser bem colorida. FOTOS SPFW/DIVULGAÇÃO/JC

A temporada de verão 2014 do São Paulo Fashion Week (SPFW) apresentou, em geral, coleções minimalistas e comerciais, que saem das passarelas diretamente para o varejo, seja ele brasileiro ou internacional. Ainda efeito da crise europeia e norte-americana, imagino, onde não se pode dar ao luxo de experimentar. Os desfiles confirmam a máxima do britânico David Shah, expert em tendências: “a simplicidade é o último grau de sofisticação”. A dica para não se perder no meio de tantas alternativas é optar por peças que combinem com teu estilo e tipo físico e que sejam versáteis, que possam ser usadas em diferentes ocasiões.

Água de Coco por Liana Thomaz

As listras nas cores azul e branco, bem como figuras abstratas, estarão muito fortes, assim como no preto e branco. Para combinar, sapatos em tons neutros, como marrom, marinho e vinho.

Água de Coco

As estampas serão, sem dúvida, a principal aposta da estação. As estampas de azulejo português chegam com força e variações nas cores e tamanhos. Para as mulheres que desejam ousar, um sapato amarelo fica interessante. Bolsa pequena, em tom neutro.

Têca por Helô Rocha

Outra aposta que surpreende é o preto e branco, pois continua desde o inverno de 2012. Para as mulheres que desejam ousar, um sapato vermelho quebra a obviedade.

Têca por Helô Rocha

No que diz respeito aos tecidos, vamos ver peças fluidas, leves e menos coladas ao corpo. Dentre eles, as sedas, crepes e cetins, na sua maioria em vestidos longos, pantalonas e chemises. Se o vestido longo for estampado, opte pela neutralidade dos calçados. Se for em tom único, pode ousar nas cores. Colcci

As calças pantalonas e flare voltam com tudo neste verão e são ótimas para o dia a dia. Na parte de cima, escolha peças mais ajustadas para alongar a silhueta. Fundamental sapatos mais pesados, de solado mais grosso.

Tufi Duek


Caderno Especial do Jornal do Comércio

Porto Alegre, terça-feira, 10 de setembro de 2013

15

Beleza

De bem com o espelho Vaidade, saúde, autoestima. Por esses e outros motivos, as mulheres recorrem cada vez mais aos tratamentos em clínicas estéticas. São muitas as técnicas empregadas em consultórios médicos e que podem ter resultados incríveis na renovação da pele e na melhora da circulação sanguínea. “Prevenir é o melhor jeito, não importa o estágio em que estamos, o importante é começar. Mesmo que pareça tarde, nunca é”, avalia a médica Letícia Villwock. culos que formam as rugas de expressão, sem ter qualquer influência sobre aumento de volume, tampouco tira a expressão. Se bem aplicada, fica natural, com aspecto jovial e relaxado. É considerada a forma mais eficaz de tratar ou prevenir as marcas de expressão, segundo Letícia, pois os preenchimentos são contraindicados e cirurgia plástica não paralisa essa musculatura. Paralelamente ao uso de técnicas desse tipo, um dos cuidados mais simples que pode ser dispensado à pele durante todo o ano, mas principalmente no verão, é a proteção contra às radiações solares ultravioleta UVA e UVB. Elas causam danos como manchas, envelhecimento precoce e câncer de pele. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), o recomendado é a utilização de produtos com fator de proteção solar de, no mínimo, 30, independentemente da pele e da época do ano. “Acertar o protetor solar é um jogo de erro e acerto, tem que experimentar até encontrar”, avisa Letícia.

Letícia acredita que nunca é tarde para começar a cuidar da pele

MARIANA FONTOURA/JC

Botox, Prosigne, Dysport, Botulift, os nomes comerciais são diversos, assim como também são muitos os mitos e verdades sobre o uso e os efeitos dessas substâncias. Letícia diz que independente do nome comercial, a toxina botulínica costuma levar a culpa por várias deformações faciais. “Quem já não ouviu alguém exclamando: fulana colocou botox na boca e ficou horrível.” No entanto, explica que a toxina botulínica não é usada frequentemente na boca, mas em rugas frontais da testa, localizadas na região no meio das sobrancelhas e nos “pés de galinha”. Pode ser usada também no colo, pescoço e em casos de hiperidrose (suor excessivo) palmar, plantar e axilar. Se bem indicado e aplicado por um bom profissional médico, a toxina botulínica costuma ter um efeito natural e bonito, dando leveza e jovialidade à face. “As pessoas percebem que tem algo melhor, mas não conseguem definir o quê. Quando olhamos para alguém e percebemos que ela colocou a toxina, provavelmente essa foi mal colocada”. A toxina botulínica paralisa os mús-

Microagulhamento cutâneo no combate à flacidez Um aparelho que promove milhares de micro colunas de perfuração na epiderme e derme tem demonstrado muita eficiência no processo de restauração rápida da pele, formando um tecido firme, novo e saudável, visando corrigir imperfeições. O microagulhamento por roller é um aparelho simples e descartável para tratamento de pele, constituído por um rolo com microagulhas, que recuperam o colágeno e a elastina. “Ele promove a renovação da pele, buscando oferecer resultados em vários

Procedimento acelera a renovação da pele

Os danos à pele causados pela radiação UV são costumeiramente tratados com os peelings químicos médicos, com grande poder clareador. Letícia explica que as regiões do corpo mais acometidas são colo, face e mãos. “Os peelings consistem na aplicação de ácidos sobre a pele, com o objetivo de ‘queimá-la’ superficialmente, para que se acelere o processo de retirada das células da pele velha e manchada e a exteriorização de células jovens e sem pigmento, dando um aspecto mais claro e jovial”, diz. São necessárias de três a seis sessões para obter um resultado satisfatório e acompanhamento médico subsequente para a manutenção. Os efeitos dos ácidos sobre a pele podem aparecer mais rapidamente quando utilizados em alta concentração. Nos procedimentos, podem ser usados diversos tipos, de acordo com o resultado que se deseja obter e com a profundidade que se deseja atingir ou mesmo se associando vários tipos de ácidos.

MARIANA FONTOURA/JC

MARIANA FONTOURA/JC

Peeling químico se propõe a espantar manchas

Novidade no mercado, tratamento é livre de efeitos colaterais

casos: tratamento de flacidez corporal e facial, correção de rugas leves e médias, rejuvenescimento cervical e das mãos, cicatrizes de acne e estrias”, diz Letícia. São realizadas no mínimo três sessões para que seja notado um resultado relevante, com intervalo de 30 dias entre elas. Apesar de absolutamente novo, o tratamento é extremamente simples, não oferecendo efeitos colaterais ou contraindicações. A anestesia tópica é feita anteriormente para trazer conforto na realização do procedimento.


16

Porto Alegre, terça-feira, 10 de setembro de 2013

Caderno Especial do Jornal do Comércio

Saúde e bem-estar

Alimentação saudável retarda o envelhecimento

“Para auxiliar o organismo a manter uma renovação adequada, é necessário aumentar no cardápio a quantidade de alimentos com propriedades antioxidantes”, recomenda Vera. Fazem parte desse grupo a cebola roxa, o repolho roxo, a beterraba, a berinjela, o espinafre e a couve, entre outros. Eles têm compostos fenólicos que conseguem retirar o oxigênio livre das células. O consumo de oxigênio natural da multiplicação celular leva à formação de radicais livres, associados ao envelhecimento. Ao mesmo tempo, deve-se reduzir o uso de produtos oxidantes e preparar mais alimentos em casa. Entre os oxidantes, estão gorduras trans (encontradas em alimentos industrializados, como biscoitos, pipocas de micro-ondas e sorvetes, entre outros), margarina, frituras, açúcar, doces e farinhas refinadas brancas. Vera observa que esses componentes produzem calor rapidamente, mas a um custo elevado

para as células, pois resultam em oxigênios livres. A farinha integral demora mais para gerar calor e, por isso, provoca menos oxidação do que a farinha branca. A oferta variada dos restaurantes que vendem comida por peso tem vantagens e riscos. É mais fácil ingerir saladas nos bufês, mas também mais químicos camuflados na comida, usados comumente em aditivos e temperos prontos, ressalta a nutricionista. Os caldos que entram na preparação de arroz e feijão (ou são adicionados ao recipiente em que eles ficam expostos) são exemplos desses aditivos. Um conselho para quem precisa comer diariamente em um bufê é primeiro examinar toda a oferta de alimentos e só depois preparar seu prato. “Assim, evita-se comer por impulso, uma tática importante para quem tem pouco autocontrole”, ensina. A dieta antienvelhecimento é prolongada (pode

MARIANA FONTOURA/JC

No processo natural que ocorre no corpo humano, as células morrem em um ciclo de 120 dias. “Se esse ritmo é mais rápido do que o normal, elas desaparecem sem que haja tempo de reproduzir seu código genético, acelerando o envelhecimento celular”, explica a nutricionista Vera Lisboa.

ser feita durante toda a vida) e tem características específicas. Ao contrário da detox, por exemplo, que exclui os laticínios, aqui eles estão permitidos, assim como as carnes vermelhas. “Independentemente da dieta que sigam ou de seus objetivos, o ideal é cortar completamente os

refrigerantes, incluindo os dietéticos”, diz Vera. Produtos como ciclamato e sacarina – que realçam o sabor doce – devem ser evitados por sua capacidade de alterar as células. A sucralose é um substituto desses componentes que não apresenta riscos à saúde, recomenda a nutricionista.

Vera afirma que o ideal é preparar os alimentos em casa

MARIANA FONTOURA/JC

Dieta detox melhora a capacidade do fígado

O mirtilo é uma fruta rica em propriedades antioxidantes

Mais lembrada após os exageros de fim de ano, a dieta desintoxicante, conhecida como detox, tem sido gradativamente popularizada em inúmeras variações. A ideia de reduzir as toxinas do corpo não é uma invenção contemporânea: já aparecia em registros de antigas culturas. Mas, na época atual, ganhou visibilidade pela adesão de celebridades. “O objetivo da dieta detox é fazer uma limpeza real do fígado para que o órgão tenha melhor capacidade de funcionamento”, explica a nutricionista Vera Lisboa. Como efeito, ele também passa a produzir menos colesterol. O começo parece difícil, pelas restrições que apresenta, mas a dieta tem uma resposta rápida com perda de peso, conta Vera. Essa fase dura de sete a 10 dias, e nela todos os laticínios e alimentos com glúten são retirados da alimentação. Carnes vermelhas, álcool e café também estão excluídos.

“Com as restrições a determinados grupos de alimentos, é mais difícil segui-la se o paciente se alimenta fora de casa”, observa. Após esse período inicial, é importante saber sair da dieta, ressalta ela, reintroduzindo os produtos de maneira diferenciada. Os lácteos, por exemplo, serão reintegrados ao cardápio, mas em menor quantidade. A rotina deve ser adaptada a cada pessoa, a seus hábitos e necessidades. No entanto, uma regra geral é não consumir carboidratos à noite (veja sugestão de cardápio na pág. ao lado). Quem não tem como meta emagrecer pode comer pão sem glúten. Frutas como o mirtilo, uma fonte de flavonoides (efeito antioxidante), entram tanto na dieta detox quanto em um cardápio antienvelhecimento. Uma dica é consumir algum alimento de propriedades antioxidantes especialmente nas ocasiões sociais em que não é possível resistir a alimentos de baixa capacidade nutricional e pouco saudáveis.


Caderno Especial do Jornal do Comércio

Porto Alegre, terça-feira, 10 de setembro de 2013

Uma dieta para cada objetivo

Dieta detox

Seja para reduzir as toxinas ou retardar o envelhecimento celular, as dietas detox e antienvelhecimento favorecem a qualidade de vida. Veja dois exemplos que podem inspirar o cardápio do dia a dia.

Café da manhã

• Um suco (3 fatias de abacaxi, 5 folhas de hortelã, 1 folha de couve, 5 folhas de espinafre, meia maçã, 1 colher de mirtilo, 1 colher de framboesa) • 1 ovo (mexido ou cozido) • 1 fatia de pão sem glúten com geleia ou mel • 1 fruta (opcional)

• Um suco (água de coco em caixinha, 1 colher de sopa de mirtilo, 2 colheres de sopa de framboesa, 1 copo de suco de laranja) • 1 fruta com aveia • 2 fatias de pão integral com creme de ricota (ou um sanduíche de queijo)

Lanche

• Dois pedaços de queijo ou um iogurte

• Uma fruta da estação

Almoço

Almoço

• Uma salada de vegetais crus ou cozidos • Duas porções de carne (ou ovos) • Um suflê, torta ou refogado de legumes • Uma porção pequena de carboidratos (de preferência integrais)

Lanche • Uma fruta ou biscoito sem glúten MARIANA FONTOURA/JC

Dieta antienvelhecimento

Café da manhã

• Uma salada com vegetais orgânicos (temperada com óleo de oliva) • Frango ou peixe • Arroz integral ou massa sem glúten (em pequena quantidade para quem quiser perder peso) Beber água com um pouco de limão após a refeição

A cebola é rica em propriedades antioxidantes

17

Janta • Sopa de legumes (pode incluir frango) • Peixe ou frango • Salada ou ovos mexidos Pode acompanhar pão sem glúten se o objetivo não é emagrecer

Lanche

Lanche • Biscoito integral ou pão de queijo • Café ou chá verde

Janta • Sopa de legumes (pode incluir queijo ou tofu) • Salada caprese • Filé com queijo derretido

Obs.: O tamanho das porções varia de acordo com o objetivo da dieta. Essas são apenas sugestões de cardápio. Para personalizá-los de acordo com as suas necessidades, consulte um nutricionista. FONTE: NUTRICIONISTA VERA LISBOA


18

Porto Alegre, terça-feira, 10 de setembro de 2013

Caderno Especial do Jornal do Comércio

Dicas de filmes

Cinema para elas e por elas A temática feminina no cinema: funções, personalidades e atividades diversas realizadas por elas e para elas. Comédias e dramas que mostram a entrega com que as mulheres costumam desempenhar qualquer tarefa, nesta seleção sugerida pela Espaço Vídeo.

Paris-Manhatan

Diretor: Ben Lewin

Diretora: Sophie Lellouche

Um tetraplégico de 38 anos quer deixar de ser virgem e busca auxílio de uma terapeuta, além de conselhos de seu padre (William Macy, que ganhou destaque por Fargo, dirigido por Joel Coen). O filme se sustenta na interpretação autêntica de Helen Hunt, que mostra naturalidade em cenas delicadas. Em ritmo de comédia, ressalta os aspectos mais difíceis da vida de Mark O´Brien (John Hawkes) e se concentra em suas descobertas emocionais. Sua melhor contribuição é lembrar-nos que as sensações de prazer começam com pequenos gestos.

A atriz Alice Taglioni interpreta a personagem principal, uma mulher bonita, apaixonada pelo seu trabalho como farmacêutica e pelos filmes de Woody Allen. Chega a recomendar os filmes às pessoas que procuram a farmácia em busca de algum medicamento e até mesmo a conversar com o diretor em seus pensamentos. A família da jovem quer que se case, mas ela ignora estes apelos.

EUROPA FILMES/DIVULGAÇÃO/JC

FOX VIDEO/DIVULGAÇÃO/JC

As sessões

Virada no jogo

A comédia estrelada por Ingrid Guimarães (Alice) destaca o sucesso da Sexy Delícia. A empresária aparece mais rica e poderosa. O filme, que ultrapassou os 4 milhões de espectadores nas salas de cinema do Brasil, debate a dificuldade da personagem em manter-se no topo. Ela está cada vez com menos tempo pro marido, pro filho adolescente e até pra si mesma, o que gera ansiedade e estresse.

A datilógrafa Diretor: Régis Roinsard Filme de estreia do francês Régis Roinsard, A Datilógrafa é uma comédia romântica ambientada na década de 1950 em estilo visual parecido com o da série de tevê Mad Men. Conta a história de uma jovem (Débora François) que busca emprego como secretária, mas que não tem aptidão para o cargo, exceto por sua rapidez com a máquina de escrever. Essa habilidade a leva a disputar competições de velocidade na datilografia, um tipo de prova real na França da época.

PARIS FILMES/DIVULGAÇÃO/JC

Diretora: Roberto Santucci

WARNER/DIVULGAÇÃO/JC

De pernas pro ar 2

Baseado no livro “Game Change”, escrito pelos jornalistas Mark Halperin e John Heilemann, Virada no Jogo conta a indicação da então governadora do Alaska, Sarah Palin, como candidata a vice-presidente na chapa de John McCain, do Partido Republicano, derrotado pelo Democrata Barack Obama para a presidência dos Estados Unidos em 2008. A semelhança física da atriz Julianne Moore com a governadora foi acentuada pela maquiagem, figurino, penteado e até o sotaque, que procurou imitar. O filme mostra uma despreparada candidata para um posto de tamanha visibilidade, particularmente frágil nas questões de política exterior, escalada para tentar romper o favoritismo do adversário. A abordagem – que mostra comediantes explorando as falhas da candidata – irritou Palin.

O lado bom da vida Diretor: David O. Russell Pat Solatano, interpretado por Bradley Cooper, perdeu tudo - casa, trabalho e mulher. Depois de oito meses em uma instituição mental, condenado por agredir o amante de sua mulher, volta a viver na casa dos pais. Está determinado a reatar com sua mulher, mas conhece uma jovem problemática e o plano se complica.

CALIFORNIA FILMES/DIVULGAÇÃO/JC

Diretor: Jay Roach

Pieta Diretor: Kim Ki-Duk O sul-coreano Kim Ki-Duk ganhou o Leão de Ouro no Festival de Veneza 2012 com Pieta, que narra a história de um homem contratado por agiotas para cobrar dívidas. Solitário e sem escrúpulos, tem sua vida alterada pela chegada de uma mulher que diz ser sua mãe. Ao apresentar o filme em Veneza, o diretor contou que visitou duas vezes o Vaticano e ficou com a imagem da obra de Michelangelo (Pietá) durante muitos anos em sua mente. Explicou que seu objetivo era falar sobre o capitalismo extremo e sua influência nas relações humanas.


Caderno Especial do Jornal do Comércio

Porto Alegre, terça-feira, 10 de setembro de 2013

19

Dicas de livros

LIVRARIA CULTURA/DIVULGAÇÃO/JC

Interesse feminino pautado pela literatura de época Histórias de mulheres em diferentes épocas aparecem nesta lista sugerida pela Livraria Cultura. As obras são de autoras de várias nacionalidades, incluindo a gaúcha Martha Medeiros e a chilena Marcela Serrano, para quem as palavras têm poder curativo.

A graça da coisa

Dez mulheres

Autora: Martha Medeiros

Autora: Marcela Serrano A pedido de uma psicanalista, nove mulheres de diferentes idades e ocupações se reúnem para contar suas histórias às demais. A escritora chilena partiu da ideia de que a palavra tem poder curativo, ou seja, uma vez verbalizados, os dramas podem ser mais bem tratados. Segundo a autora, o livro resgata a ideia que tinha em seu primeiro romance: a de que, no fundo, todas as mulheres têm a mesma história para contar.

A casa dos amores impossíveis Autora: Cristina López Barrio Cada geração de mulheres desta família está condenada a ter destinos trágicos em suas relações amorosas. O livro se passa na Espanha antes do início do século XX.

A amante do rei Em meio às armadilhas da corte, o amor de um monarca pode representar poder e riqueza, mas também a mais brutal das ameaças. Viúva de um mercador, dona de um segredo capaz de abalar todo o reino, a plebeia Alice Perrers é afastada da família para viver sob a proteção da rainha Filipa da Inglaterra. Porém, sua beleza e perspicácia atraem Eduardo III, e o caso de amor entre eles logo se transforma em um escândalo na corte.

LIVRARIA CULTURA/DIVULGAÇÃO/JC

Autora: Emma Campion

LIVRARIA CULTURA/DIVULGAÇÃO/JC

LIVRARIA CULTURA/DIVULGAÇÃO/JC

LIVRARIA CULTURA/DIVULGAÇÃO/JC

O livro reúne crônicas publicadas entre 2011 e 2013. “Sou uma escritora de apartamento”, conta na primeira delas, atribuindo tom pejorativo à expressão. “Deveríamos estar cercados por jardins, margens de rio, praias abertas, mas vivemos confinados entre quatro paredes que de certa forma aleijam a inspiração.”

A história de uma viúva Autora: Joyce Carol Oates

Jardim de inverno

Nesta história verdadeira, a escritora norte-americana conta a inesperada morte de seu marido por complicações decorrentes de pneumonia. Eles foram casados por 47 anos.

LIVRARIA CULTURA/DIVULGAÇÃO/JC

Autora: Kristin Hannah Meredith e Nina Whiston são tão diferentes quanto duas irmãs podem ser. Uma ficou em casa para cuidar dos filhos e da família. A outra seguiu seus sonhos e viajou o mundo para tornar-se uma fotojornalista famosa. No entanto, com a doença de seu pai, as irmãs encontram-se novamente, agora ao lado de sua fria mãe, Anya, que, mesmo nesta situação, não consegue oferecer qualquer conforto às filhas.

O visconde que me amava Autora: Julia Quinn A temporada de bailes e festas de 1814 acaba de começar em Londres. Como de costume, as mães ambiciosas já estão ávidas por encontrar um marido adequado para suas filhas. Ao que tudo indica, o solteiro mais cobiçado do ano será Anthony Bridgerton, um visconde charmoso, elegante e muito rico que, contrariando as probabilidades, resolve dar um basta na rotina de libertino e arranjar uma noiva. Logo ele decide que Edwina Sheffield, a debutante mais linda da estação, é a candidata ideal. Mas, para levá-la ao altar, primeiro, terá que convencer Kate, a irmã mais velha da jovem, de que merece se casar com ela.


20

Porto Alegre, terça-feira, 10 de setembro de 2013

Caderno Especial do Jornal do Comércio

Responsabilidade social

Um esforço concentrado que se transforma em projetos ao longo de todo o ano. Assim funciona o principal processo que arrecada recursos para o investimento social do Instituto Lojas Renner, Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) criada em 2008 para apoiar a inserção da mulher no mercado de trabalho. Durante quatro dias, entre 12 e 15 de agosto, 5% das vendas líquidas e livres de impostos de todas as unidades físicas das Lojas Renner (198) e do comércio eletrônico no site da empresa são revertidos para o instituto como parte da campanha Mais Eu. De acordo com o diretor executivo da empresa, Jair Kievel, a campanha envolve parceiros da imprensa para divulgar que as compras realizadas nesses quatro dias têm parte do resultado transferido ao instituto. “Queremos comunicar ao cliente que temos um investimento social”, explica sobre a mobilização durante esse período. Em 2013, a campanha arrecadou R$ 1,455 milhão, 11% acima do valor registrado no ano passado. A verba arrecadada durante o Mais Eu se soma a outras fontes de recursos, como os decorrentes de incentivos legais – a Lei Rouanet e a Rede Parceria Social do governo do Estado do Rio Grande do Sul – para apoiar programas como a Escola de Costura e a Escola do Varejo, entre outros. Desde 2008, a campanha Mais Eu já somou, em todas as edições, R$ 6,392 milhões, beneficiando 7.834 mulheres participantes de 61 projetos em 17 estados e no Distrito Federal.

ITA KIRSCH/DIVULGAÇÃO/JC

Por um mercado de trabalho com mais presença feminina

O apoio pode ser viabilizado por editais que convocam a apresentação de projetos, identificação de programas de alto impacto social e incentivo à formação de mão de obra – caso das Escolas de Varejo e de Costura. “A indústria de confecção tem uma grande carência de funcionários capacitados”, diz Kievel. Em Porto Alegre, um dos projetos apoiados pela campanha é o Construindo Arte e Resgatando a Cidadania (Coopearte), localizado na Vila Bom Jesus. O foco do grupo é trabalhar no desenvol-

vimento de geração de renda para mulheres por meio, justamente, da costura e do artesanato. No ano passado, com o apoio aos parceiros, o instituto incentivou a formação de 800 costureiros, mas a necessidade do setor é bem maior. Às vezes, a identificação de um projeto relevante independe de edital. “Se a organização não tomou conhecimento da seleção por edital, mas percebemos que tem um projeto importante, vamos até ela”, conta o executivo. O varejo é uma habitual porta

Na Vila de entrada de jovens no mercado Bom Jesus, de trabalho e é nesse ponto que costureiras atua a Escola de Varejo. “Mostramos que essa é uma área para e aprendizes aperfeiçoam desenvolver carreira”, observa. O suas foco nas mulheres é uma decor- habilidades rência natural do caminho seguido pela Renner. Elas representam seu público-alvo, e a rede definiu a estratégia de ser percebida como “cúmplice da mulher moderna”. A filosofia aparece nos números da varejista: 80% de seus clientes são mulheres e também 70% dos colaboradores.

Em 2012, instituto incentivou a formação de 800 profissionais

ITA KIRSCH/DIVULGAÇÃO/JC

Retorno para as comunidades Os editais para apresentação de projetos do Instituto Lojas Renner são divulgados no primeiro semestre, mas o instituto recebe sugestões o ano inteiro. “É importante estabelecer metas para cada um. Queremos retorno para a sociedade”, ressalta. As organizações da sociedade civil ainda estão pouco habituadas a trabalhar com objetivos e prestação de contas, de acordo com o diretor executivo, Jair Kievel, mas essa é uma capacitação necessária para

que os projetos recebam financiamento e obtenham bons resultados. Os projetos apresentados são submetidos a um comitê de avaliação formado por consultores externos e por funcionários do instituto. “É um processo intenso e rígido.” O instituto tem três frentes de atuação: educação e formação profissional, empreendedorismo e geração de renda, e inserção no mercado de trabalho, sempre com foco específico nas mulheres.


Caderno Especial do Jornal do ComĂŠrcio

Porto Alegre, terça-feira, 10 de setembro de 2013

21


22

Porto Alegre, terça-feira, 10 de setembro de 2013

Caderno Especial do Jornal do ComĂŠrcio


Caderno Especial do Jornal do ComĂŠrcio

Porto Alegre, terça-feira, 10 de setembro de 2013

23


24

Porto Alegre, terça-feira, 10 de setembro de 2013

Caderno Especial do Jornal do ComĂŠrcio


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.