Caderno Especial do Jornal do Comércio PORTO A L EGR E , S E X TA-F E I R A , 20 DE DE Z E M BRO DE 201 3
SKYPORTO IMAGENS AÉREAS/DIVULGAÇÃO/JC
Beira-Rio é o palco do grande espetáculo
Mundial e eleições mobilizam o Estado
editorial
copa/mobilidade
Dificuldades do ano que chega têm de ser enfrentadas com realismo
Apenas duas das 14 obras da Copa ficarão prontas
Pedro Maciel
Patrícia Comunello
Editor-chefe
Se forem levadas em conta as previsões dos empresários gaúchos sobre o PIB em 2014, a conclusão é de que o Estado está mergulhado em um clima de pessimismo quase generalizado. Com exceção da FCDL, que projeta a quase irrealista alta de 5,5% a 7% no ano que vem, e da Fecomércio, que espera 2,8%, as outras federações preveem um 2014 pior do que 2013. Os índices esperados variam de 0,2%, no pior cenário da Fiergs, a 2%, da Federasul. Mesmo ressalvando que a alta do PIB gaúcho em 2013 ficará em torno de 6%, uma base alta em virtude do baixo resultado de 2012, os números projetados para 2014 parecem excessivamente baixos. Haverá razões concretas para tão pouca falta de esperança? O País enfrenta problemas evidentes com a política fiscal, com a inflação que teima em fugir do centro da meta, e com o início da redução da compra de bônus anunciada pelos Estados Unidos no dia 18 de dezembro – o que previsivelmente elevará a cotação do dólar, trazendo dificuldades adicionais às nossas exportações, e podendo resultar em algum acréscimo da inflação no Brasil. Mas certamente nem tudo são agruras: o Estado e o País continuam com um nível invejável de empregados; o crédito, apesar da retração no final deste ano, deve manter um cenário de consumo razoável em 2014; e os cidadãos comuns continuam acreditando que suas vidas vão melhorar no curto e no médio prazos. Afinal, nos últimos anos, milhões
de brasileiros, integrantes da já famosa classe C, foram incluídos no processo de consumo e, mesmo que no momento se dediquem ao pagamento das dívidas contraídas no ápice do crédito facilitado, eles representam uma parcela importante de tudo o que o comércio vende. É plausível, também, esperar para o ano que vem o início da recuperação das economias globais, muitas delas já dando os primeiros sinais de saída da profunda crise iniciada em 2008 e que teve como símbolo icônico a quebra do banco Lehman Brothers. O crescimento do PIB, em 2013 e do esperado para 2014, embora abaixo do que seria desejável para as necessidades brasileiras, não pode ser considerado desprezível, afinal estamos em meio a uma persistente crise internacional, que prejudica as exportações, seja pela redução de dinheiro em circulação no mundo, seja pela criação de barreiras protecionistas pelos países mais afetados, que buscam maneiras de reduzir os gastos para alcançar o equilíbrio financeiro. Evidentemente, não cabe às lideranças empresariais do Estado ou de qualquer unidade da federação vender ilusões e alardear fantasias. É sempre mais realista identificar os problemas para enfrentá-los em busca de soluções. Mas cabe também, considerar o efeito da exibição de tanto pessimismo. Será que nas ruas as pessoas nutrem o mesmo sentimento? Se esperarmos que as coisas deem errado, não estaremos contribuindo para um resultado negativo? Não é mais correto reconhecer as dificuldades que se anunciam no horizonte e trabalhar para vencê-las? Caderno Especial do Jornal do Comércio PORTO A L EGR E , S E X TA-F E I R A , 20 DE DE Z E M BRO DE 201 3
Beira-Rio é o palco do grande espetáculo
A foto que ilustra a capa do caderno Perspectivas 2014 foi obtida com uma câmera instalada em um veículo aéreo não tripulado. O trabalho foi feito pela empresa Skyporto Imagens Aéreas (www.skyporto.com.br).
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foto da capa
Mundial e eleições mobilizam o Estado
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patriciacomunello@jornaldocomercio.com.br
A preparação de Porto Alegre como uma das 12 subsedes da Copa do Mundo de 2014 seguiu o roteiro de convocação para a seleção brasileira. Antes do Mundial, o técnico escala mais jogadores para escolher os melhores, que defenderão as cores do País. Na reta final, o grupo é fechado e anunciado. A Capital teve 14 projetos de intervenções em mobilidade, orçados em quase R$ 900 milhões, inscritos no programa de financiamento federal para as subsedes e enquadrados na matriz de responsabilidades, documento firmado com o Comitê Organizador Local (COL), braço da Federação Internacional de Futebol (Fifa), para tratar das soluções nas cidades – de sistemas de transporte ao estádio. Dos 14 projetos, dois devem ser concluídos até junho, quando ocorrem os cinco confrontos no estádio Beira-Rio. Esta é a aposta do prefeito José Fortunati e de sua equipe. Está na conta da administração como factível a conclusão do complexo do entorno do Beira-Rio (prioridade, por ser a região com maior impacto nos jogos) e do viaduto da Rodoviária, com andamento acelerado. Fortunati acredita que o viaduto na avenida Bento Gonçalves, no traçado da Terceira Perimetral, também possa ser concluído. “É uma obra complexa, mas pode dar tempo”, disse o prefeito. Diante do que era claro no começo de 2013 – não daria tempo para executar o emaranhado de intervenções até os jogos, principalmente viadutos e novas soluções (como os BRTs, sistema de ônibus rápidos) -, a gestão comunicou em junho passado que transferiria o rol de obras da matriz da Copa para o PAC Mobilidade, com exceção do complexo do entorno do estádio.
A medida teve o aval da presidente Dilma Rousseff, após garantia de que os prazos seriam revistos, mas os financiamentos permaneceriam. As restrições incluíram falta de areia e problemas técnicos e em licitações. “Nosso compromisso é dar condição no entorno do Beira-Rio. A conclusão das demais obras dependerá do cronograma”, reforça o coordenador técnico da Secretaria Municipal de Gestão, Rogério Baú. O viaduto da Rodoviária, que consumirá R$ 31,5 milhões (não ficará pronta a tempo a área para ônibus, orçada em R$ 8 milhões e com previsão de começo de obras em março), entra na cota da possibilidade, mas tudo indica que será concluído até março. Alguns detalhes técnicos, na instalação de pilares de sustentação na proximidade da estação da Trensurb (ao lado da Rodoviária) acabaram adiando o término, que chegou a ser prometido para novembro de 2013. O urbanista que já presidiu a seção gaúcha da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetos (Asbea-RS) Jorge Debiagi não considera negativa a revisão de prazos e aponta que o mais importante é executar os projetos para melhorar a estrutura da cidade. “Para dar tempo, tinha de ter começado cinco anos antes, mas a Copa está dando oportunidade de realizar as obras”, credita o urbanista, que minimiza também os transtornos previstos. O presidente do Sindicato dos Engenheiros do Estado (Senge-RS), José Luiz de Azambuja, lembra que a entidade preveniu sobre os atrasos na largada da organização das metas. Azambuja afirma que parte dos atrasos foi gerada pela falta de projetos executivos, dispensados nas regras de licitações. “Para acelerar a execução, tem de simplificar leis, garantir cumprimento de contratos e qualificar o quadro de carreira de engenheiros e outros técnicos do setor público”, lista o dirigente.
expediente Pedro Maciel secretário de redação Guilherme Kolling editores Ana Fritsch, Cíntia Jardim, Cristiano Vieira, Daniel Sanes, Juliano Tatsch, Luiz Guimarães, Paula Coutinho, Paula Sória Quedi, Sandra Chelmicki editor de fotografia João Mattos editora de imagem Beth Botini projeto gráfico e editoração Auracebio Pereira reportagem Adriana Lampert, Alexandre Leboutte, Cláudia Rodrigues Barbosa, Deivison Ávila, Fábio Iasnogrodski, Fernanda Nascimento, Fernando Soares, Guilherme Darros, Isabella Sander, Jair Stangler, Jefferson Klein, Jessica Gustafson, Jimmy Azevedo, Júlia Lewgoy, Luis Felipe Abreu, Michele Rolim, Nestor Tipa Júnior, Patrícia Comunello, Patrícia Knebel, Priscila Mengue, Priscila Pasko, Rafael Vigna, Roberta Mello, Roberto Hunoff, Ricardo Gruner diagramação Adão Santos, Juliano Bruni, Ingrid Müller, Lilian Martins, Luis Felipe Corullón, Luís Gustavo Van Ondheusden, Taciana Pessetto revisão Adriana Grumann, André Fuzer, Juliana Mauch e Mauni Lima Oliveira editor-chefe
economia copa/mobilidade
JOÃO MATTOS/JC
Terão conclusão até a Copa
Falta concluir o viaduto na avenida Pinheiro Borda (foto acima), ligando a avenida Beira-Rio à zona Sul, e corredores de BRTs (avenida Padre Cacique). Estão concluídas a duplicação da BeiraRio e a segunda ponte sobre o Arroio Dilúvio. Valor: R$ 170 milhões (inclui R$ 24,8 milhões para pavimentação dos corredores BRT).
Complexo da Rodoviária
O viaduto da Rodoviária conectará as avenidas Júlio de Castilhos com a Castelo Branco (saída da Capital). Falta licitar o terminal de ônibus sob a ponte. Valor: R$ 31,5 milhões.
JOÃO MATTOS/JC
Complexo do entorno do Beira-Rio
Poderá ser entregue até a Copa Viaduto da avenida Bento Gonçalves
Em execução. R$ 60 milhões.
Não serão concluídas até a Copa Duplicação da rua Voluntários da Pátria (R$ 95,3 milhões, existência de sítio arqueológico), prolongamento da avenida Severo Dullius (R$ 83 milhões, remoção de lixo), trincheiras na Terceira Perimetral (R$ 194,1 milhões, estudos técnicos e demora em licitações) e duplicação da avenida Tronco (R$ 156 milhões, atraso em remoção de famílias), sistema de ônibus BRT (R$ 246,7 milhões) - as obras de pavimentação dos 26,7 quilômetros de corredores nas avenidas João Pessoa, Bento Gonçalves, Protásio Alves e Padre Cacique ficarão prontas, mas as 106 novas estações previstas para implementar o modelo em Porto Alegre ainda não terão sido construídas.
Aeromóvel e aeroporto terão avanços na operação Não foram apenas as obras para melhorar o deslocamento e o uso de transporte público na Copa que acabaram sendo suprimidas como obrigação para o Mundial. A ampliação da pista de pousos e decolagens do Aeroporto Internacional Salgado Filho, dos atuais 2,1 mil metros de extensão para quase 3,1 mil, também acabou sendo excluída da matriz de responsabilidades, só que da cota do governo federal. O adiamento não deve comprometer a capacidade de pousos e decolagens, garante a Infraero. O Aeromóvel, que conecta o Terminal de Passageiros 1 (TPS1) do aeroporto até a estação da Trensurb, estará operando a pleno, segundo a estatal de trens. O coordenador do novo equipamento, Sidemar da Silva, diz que, a partir de 6 de janeiro, começam os testes com o veículo para 300 passageiros. Na metade de fevereiro, Silva garante que o novo transporte, que percorre menos de um quilômetro, estará rodando comercialmente, e no mesmo horário do trem metropolitano. “Será das 5h30min às 23h30min, podendo operar de forma diferenciada durante o Mundial, dependerá da demanda, é bem flexível”, antecipou o coordenador. Em novembro, uma média de 1,4 mil pessoas diariamente usou o veículo menor (que tem capacidade para 150 passageiros por viagem), e, no Mundial, a média diária poderá chegar a 7 mil usuários ao dia. Para elevar a eficiência e o número de transportados, Silva cita que deverá ser encurtado o intervalo entre as viagens, que hoje é de dez minutos, para quatro minutos. O aeromóvel, que custou quase R$ 40 milhões e que foi o primeiro a usar sistema de propulsão a ar a rodar sobre trilhos no Brasil e segundo do modelo desenvolvido pela metalúrgica gaúcha Coester em operação no
mundo (o primeiro funciona desde os anos de 1980 em um parque em Jacarta, na Indonésia), conectará o terminal aeroviário aos trens. Por dia, 200 mil passageiros se movimentam entre a Capital e as estações que chegam a Novo Hamburgo. A superintendência da Infraero no Estado informa que estão em andamento pelo menos três frentes de obras e melhorias técnicas. Um dos recursos de equipamentos mais aguardados é o ILS, que permitirá que pilotos e aeronaves pousem em condições meteorológicas adversas (com pouca visibilidade e “teto” das nuvens, por exemplo). O Salgado Filho opera hoje com um ILS Cat I. e agregará o II. A finalização das instalações deve ocorrer em dezembro. O investimento soma R$ 46,5 milhões. Após o término da instalação, o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) fará voos de inspeção do equipamento. Após essa etapa, a Agência Nacional de Aviação (Anac) deve alterar a homologação do aeroporto, elevando o nível da operação. Também está em andamento a ampliação e reforma da área de embarques do TPS1; a ampliação da área de desembarque, com mais duas esteiras de bagagens; a ampliação de pátios de pousos e decolagens; e reformas em estrutura, como banheiros. O investimento total deve chegar a R$ 246,3 milhões, com término em maio de 2014. Até a Copa, a capacidade do complexo deve alcançar 18,9 milhões de passageiros ao ano, com expectativa de alcançar 11,7 milhões de usuários nos dois terminais. Em 2013, a capacidade é 13,1 milhões. Em 2012, foram 8,2 milhões entre embarques e desembarques. “O aeroporto já está apto a atender à demanda gerada pela Copa”, assegurou a superintendência regional.
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economia copa/turismo
Adriana Lampert adriana@jornaldocomercio.com.br
A corrida de empresários gaúchos para reformar, ampliar e inaugurar novos hotéis a tempo de receber os turistas da Copa de 2014 é um exemplo das iniciativas de diversos segmentos da área de serviços da Capital no decorrer dos últimos anos. Se a Fifa exige 15 mil leitos de hospedagem para acomodar os visitantes que passarem pelas cidades onde acontecerão os jogos do Mundial, Porto Alegre e Região Metropolitana já contabilizam quase 19 mil unidades disponíveis. No entanto, outros projetos não serão concretizados no fim do primeiro semestre do ano que vem, como a ampliação da pista do aeroporto Salgado Filho e a implementação de um centro de eventos público com capacidade para 10 mil pessoas. Mas alguns avanços devem vingar antes de junho. Melhor infraestrutura e consequente rapidez de fluxo nos corredores de ônibus, acessibilidade em táxis, calçadas e prédios públicos, sinalização turística, treinamento de profissionais do comércio e dos serviços em espanhol e inglês, ampliação da linha turística, entre outras ações, integram as promessas de iniciativas voltadas para bem receber os visitantes no Mundial. Nem todos estes projetos estão executados a pleno – alguns ainda nem saíram do papel –, mas a expectativa é de que em maio de 2014 muito do que ainda está pendente tenha sido finalizado. De acordo com o presidente do Sindicato da Hotelaria e Gastronomia de Porto Alegre e Região Metropolitana (Sindpoa), José de Jesus dos Santos, de 2010 até janeiro de 2013 o número de restaurantes, bares e cafeterias aumentou consideravelmente: de 4,9 mil para atuais 10 mil empresas. Resultado de diversas parcerias da entidade, as equipes
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de ponta passaram por uma série de capacitações. No total, 306 pessoas foram formadas em funções como auxiliar de cozinha, garçom, camareira, recepcionista e organizador de eventos para hotelaria, e 2 mil profissionais tiveram acesso ao Programa de Segurança Alimentar, que disseminou boas práticas e melhor gestão em bares e restaurantes. Diversos cursos de inglês voltados a funcionários de hotelaria e gastronomia também foram realizados pelo Sindpoa, contemplando em torno de 4 mil pessoas. “Uma parceria com a Secretaria de Acessibilidade ainda promoveu o treinamento de mais de 200 funcionários para atendimento de pessoas com deficiências. Outros 2 mil tiveram a oportunidade de conhecer os pontos turísticos da cidade, via Linha Turismo da Capital”, enumera Santos. Segundo ele, a ideia é que estes profissionais estejam preparados para informar turistas quando abordados. Para o titular da Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa), João Bosco Vaz, a maior preocupação está no “cartão de apresentação” de Porto Alegre. “Infelizmente, no aeroporto há empresas cujos profissionais ainda não têm o mínimo preparo para a prestação de serviços”, critica. No segundo domingo de dezembro, Vaz presenciou a dificuldade que jornalistas de Honduras tiveram ao tentar alugar um carro no desembarque do Salgado Filho. De cinco locadoras disponíveis, eles buscaram uma das mais conhecidas, mas não conseguiram efetivar o aluguel porque o responsável do grupo que portava o cartão de crédito corporativo não tinha carteira de motorista. “A menina simplesmente negou o serviço. Isso é vergonhoso.” Vaz considera que a prestação de serviços é um dos setores que não pode falhar. Ele admite que não será possível “100% de acerto”.
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FREDY VIEIRA/JC
Serviços terão rotina acelerada com o Mundial
Ampliação da pista não fica pronta, mas prefeitura espera que serviços internos do aeroporto melhorem
Toda frota de táxi de Porto Alegre será acompanhada por sistema de rastreamento Em 2014, deve ocorrer uma série de medidas para a qualificação do sistema de transporte de táxis e ônibus, os dois modais estratégicos da cidade sob a coordenação da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC). Em janeiro, será lançado edital para que empresas especializadas ofereçam serviço de rastreamento de toda a frota de táxi da Capital, composta de mais de 3,9 mil veículos. “Esta é uma modernização da própria legislação (Lei Geral do Serviço de Táxis, prevista para ser votada no dia 20 de dezembro)”, comenta o diretor de Operações da EPTC, Vanderlei Capellari. Por meio de um sistema operacional de gestão e acompanhamento, a EPTC terá acesso a informações básicas, desde se o veículo em circulação está livre ou ocupado, pas-
sando por seu posicionamento na cidade, até horário de embarque e roteiro executado com determinado passageiro. “Com o rastreamento, será possível identificar episódios de cobranças acima do valor ou de itinerários propositalmente maiores do que o necessário, como aconteceu no WMA (Campeonato Master de Atletismo)”, informa Capellari. A Central de Operação ainda terá comunicação direta com o motorista, apontando os eventos onde faltam veículos e há demanda. Promessa que já se estende há mais de ano também deverá ser cumprida nos próximos meses: a licitação de 120 veículos acessíveis para transporte de cadeirantes, com sistema de embarque diferenciado. Atualmente, nenhum táxi que roda na cidade
tem essa estrutura. Segundo a EPTC, dois modelos de veículos foram aprovados pela área técnica, Doblo (Fiat) e Spin (GM). Ambos têm rampa para embarque e capacidade para transportar três passageiros além de uma cadeira de rodas. “Esses veículos custam em média de R$ 8 mil a R$ 12 mil acima do preço do modelo original. Mas os permissionários de táxi têm isenção de impostos. Com isso, o valor cai 40%”, explica. No caso dos ônibus, o sistema passará por licitação de operadores, com “critérios mais rígidos”. Haverá, pela primeira vez, contrato com as empresas. Outra novidade serão as medições do sistema de qualidade, item que irá melhorar a remuneração de acordo com o desempenho, a exemplo de Curitiba.
economia copa/turismo
O maior desafio da EPTC, durante a Copa, será reduzir o tempo de viagem dos ônibus que circulam na cidade, para ter regularidade, cumprindo tabelas programadas. “Se o tempo de viagem é maior, exige mais frota, o que aumenta o custo”, explica diretor de Operações, Vanderlei Capellari. Segundo o gestor, um GPS, inserido nos ônibus, irá medir os deslocamentos dos mais de 1,7 mil veículos. Outra meta é aumentar o trajeto do corredor da avenida Sertório até abril do ano que vem. Serão feitas melhorias em torno dos atuais 7 km e implementados outros 1,5 mil km de prolongamento até a avenida Assis Brasil, com construção de duas novas estações. Do outro lado da cidade, a reforma do corredor da Cavalhada, na avenida Juca Batista, deve ser finalizada até janeiro. Já a rede completa irá operar normalmente em dias de jogos, porém sem transitar pela avenida Padre Cacique, afirma. Paralelamente, um sistema de transporte especial para torcedores, com oito linhas para chegar ao estádio Beira-Rio, facilitará o deslocamento de quem não ficará hospedado na Capital. “Vamos direcionar frota para levar os torcedores do Aeroporto Salgado Filho ao estádio, no caso dos holandeses (que vão depois para o Rio de Janeiro), e da Rodoviária até o estádio, no caso dos argentinos, que seguem para Curitiba”.
Na opinião do titular da Secretaria Municipal de Turismo (SMTur), Luiz Fernando Moraes, Porto Alegre estará bem preparada para atender aos visitantes da Copa de 2014. “Há uma mobilização geral do setor privado e de várias secretarias do Município. No caso da SMTur, estamos cumprindo o cronograma de quase todas as atividades relacionadas à qualificação, sinalização turística e centros de informação.” O projeto de acessibilidade de pontos turísticos está pronto e aguarda aval da Caixa Econômica Federal para iniciar as licitações. Até maio, as pequenas intervenções necessárias devem ter sido executadas, garante Moraes. “Isso vai ser licitado pela Comissão de Obras de Mobilidade da Copa, uma parceria entre várias secretarias, inclusive com a de Acessibilidade.” A pasta do Turismo, que aguardava definição das seleções que viriam para a Capital, agora corre para produzir diversos materiais, com foco nos idiomas: francês, espanhol, inglês, coreano e holandês. São guias de serviços turísticos, serviços da cidade, agenda cultural, passeios de barco, saídas da Linha Turismo, horários e local da Funfest, espaços de feiras de artesanato, de produtos orgânicos, acampamento Farroupilha, entre
MARCOS NAGELSTEIN/JC
Projeto de acessibilidade de pontos turísticos aguarda licitação
Ônibus entram no radar da EPTC
Cronograma de qualificação, sinalização turística e centros de informação está sendo cumprido outros. Tudo isso será distribuído nos Centros de Informação ao Turista (CIT) e em hotéis, restaurantes e postos de gasolina. Dentro dos CITs, haverá reforço de guias, intérpretes e a ampliação de horário de atendimento, sinaliza Moraes. No aeroporto, o
posto de atendimento funcionará pelo menos das 6h às 24h, com profissionais experientes e bilíngues. No caso de alguns idiomas, haverá intérpretes virtuais, por telefone. Ainda está prevista a implementação de um quarto veículo da Linha Turismo e uma jardineira
em momentos de maior movimento. Além do tradicional roteiro que sai do Centro Histórico, passando por bairros como Cidade Baixa, Moinhos de Vento e uma parte da Zona Sul, haverá roteiros especiais para os Caminhos Rurais do Lami e Belém Novo.
JONATHAN HECKLER/JC
MARCELO G. RIBEIRO/JC
Empresários e entidades encaram o Mundial como grande oportunidade de negócios
Luiz Henrique Hartmann
Vitor Augusto Koch
A Copa do Mundo de 2014 deve promover mudanças significativas no País, além de ser uma grande oportunidade de negócios. Com essa visão, empresários de diversos setores do comércio e do serviço estão se preparando para aproveitar o período. De acordo com o vice-presidente do Sindiatacadista, Luiz Henrique Hartmann, graças ao Mundial, os setores de bebidas, tecidos e armarinhos e gêneros alimentícios devem crescer mais de 10% no primeiro semestre de 2014. Segundo o dirigente, muitos atacados já estão preparando estoques e programan-
do campanhas de publicidade e programas conjuntos. “Na área de bebidas, o incremento chega a ser de 25%.” Já as micro e pequenas empresas de transporte, do setor gastronômico, pousadas e produtos artesanais vêm sendo qualificadas e preparadas, desde 2010, pelo Sebrae-RS, a fim de identificar oportunidades de negócios que o megaevento pode oferecer. O presidente da entidade, Vitor Augusto Koch, ressalta a consultoria mercadológica e as ações de promoção comercial entre os integrantes do Programa Sebrae
2014. No geral, já aconteceram 2,5 mil atendimentos, incluindo projetos em diversas áreas. Entre outras ações, a entidade disponibilizou aplicativo mobile para smartphones, que oferece vários filtros, como a seleção de restaurantes pela localização, tipo de comida, preços e fachada dos estabelecimentos. “Seguimos trabalhando com a busca da qualificação das empresas. Estamos sinalizando orientações importantes, como a questão da moeda, da importância de aceitar dólares, euros, pesos, ou seja, não deixar de vender”, complementa Koch.
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economia copa/tecnologia
Patricia Knebel patricia.knebel@jornaldocomercio.com.br
Das movimentações no Aeroporto Internacional Salgado Filho, hotéis e restaurantes, passando pelo fluxo de carros nas principais ruas até o rápido atendimento em caso de necessidade de ambulância ou dos serviços de segurança. O Centro Integrado de Comando de Porto Alegre (CEIC) vai ser os olhos da capital gaúcha durante a Copa do Mundo 2014. Serão 840 câmeras de monitoramento acompanhando ao vivo pontos estratégicos. “O CEIC é um grande visualizador da cidade que nos permite saber tudo que está acontecendo e tomar medidas preventivas”, explica o coordenador-geral do Centro Integrado de Comando, Airton Costa. O planejamento não envolve apenas o trânsito. A segurança será uma das prioridades e vai ser reforçada com a presença de câmeras e compartilhamento das imagens com a Secretaria da Segurança. Fatores climáticos também receberão atenção especial. O Mundial acontece no inverno, e as circunstâncias climáticas podem exigir desvios nas ruas em função de alagamentos. “Na Copa do Mundo vamos receber muitas pessoas de fora, e a rotina da cidade vai ser modificada. É importante que todos os serviços da cidade estejam funcionando muito bem”, comenta Costa. Boa parte do trabalho será realizada de forma integrada com as instituições estaduais, em uma união de forças. Isso já aconteceu durante o jogo Brasil x Franca, realizado na Arena em 2013. Outro teste foi na visita do secretário-geral da Copa do Mundo, Jérôme Valcke, a Porto Alegre, em outubro. A Copa do Mundo é um dos grandes eventos que o CIEC ajudará a monitorar, mas o grande foco é atender a cidade. Costa comenta que o trabalho, iniciado em outubro de 2012, traz resultados importantes. Graças às ferramentas de acompanhamento do clima, por exemplo, foi possível adotar as providências necessárias quando, no inverno desse ano, a capital viveu uma semana atípica de frio intenso. “De posse de informações estratégicas, diversos órgãos adotaram medidas para diminuir os efeitos desse frio. Tanto que não tivemos nenhum óbito decorrente disso naqueles dias”, comemora. Ele cita como exemplo a ampliação dos horários de atendimento na saúde, a distribuição de cobertores para moradores de rua e a retirada preventiva de pessoas onde havia risco de enchente.
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MARCELO G. RIBEIRO/JC
CEIC aposta na prevenção
Centro Integrado de Comando de Porto Alegre vai ser os olhos da capital gaúcha durante a Copa do Mundo de 2014
Modelo Ultra HD 4K será a grande novidade nas transmissões em TV Para os torcedores que verão os jogos em casa, pela televisão, a grande novidade será a tecnologia 4K (Ultra HD), com maior qualidade de cores, brilho e nitidez que o 2K (Full HD). Patrocinadora da Copa do Mundo, a Sony tem o desafio de trazer essa tecnologia para a transmissão dos jogos. A empresa é a única no mundo que possui equipamentos “end-to-end” em 4K. Isso significa participação desde a captação em 4K com suas câmeras, ilhas de edição e
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monitoração profissional com seu monitor às projeções em telas de cinema, chegando até as casas dos consumidores com os televisores 4K. “O nosso grande desafio é fazer essa captação de imagens em 4K”, comenta o gerente de marketing de Broadcast da Sony Brasil, Luis Fabichak. Para isso acontecer, ele explica que ainda é necessária uma definição de como esse tipo de sinal poderá trafegar e qual processo deve ser utilizado.
economia JONATHAN HECKLER/JC
copa/tecnologia
Telefonia tem missão de garantir a eficiência
Na preparação para receber turistas e atletas do mundo todo durante a Copa do Mundo, a tecnologia nunca esteve tão próxima do esporte para garantir momentos memoráveis. Quando o assunto é a telefonia, o 3G e 4G estarão lado a lado para garantir uma melhor qualidade dos serviços. Um dos pontos críticos serão os estádios – as operadoras sabem que o fluxo de fotos e vídeos sendo postados nas redes sociais durante os jogos vai ser significativo. Por isso, estão investindo mais de R$ 200 milhões para oferecer também uma cobertura indoor nos 12 estádios.
O diretor de redes da TIM Sul, Paulo Domingo, comenta que está sendo feito um trabalho pioneiro pelas operadoras de compartilhamento de infraestrutura. Do lado de fora dos estádios, cada empresa prestará os seus serviços de forma individual. Dentro, os players se uniram em um consórcio para fornecer a cobertura móvel. “Chegamos ao consenso de que não valeria a pena fazer um investimento separado para uma área confinada”, observa. No Inter, já está tudo acertado. Cada operadora investirá nos seus equipamentos, mas as antenas serão com-
partilhadas. Além da estrutura indoor, a TIM aposta na colocação de estações móveis. Serão três em torno dos campos de jogos para atendimento dos usuários que estão chegando. A Oi tem a convicção de que o Brasil oferecerá uma experiência positiva de comunicação durante grandes eventos. De acordo com o SindiTelebrasil, a quarta geração da telefonia móvel (4G), já chegou a 74 municípios, incluindo as 12 cidades-sede da Copa do Mundo. Até o dia 31 de dezembro, todas as prestadoras estarão operando nas capitais que sediarão os jogos.
Aposta no 3G e 4G para qualificar os serviços
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economia copa/beira-rio
Jair Stangler jair@jornaldocomercio.com.br
O 31 de dezembro de 2013 será uma data histórica para o Sport Club Internacional. Nesse dia, a construtora Andrade Gutierrez encerra as obras de reforma do Estádio Beira-Rio. O retorno do time à sua casa traz expectativa de incremento de receitas em dias de jogos. Além disso, como o estádio vai sediar cinco jogos da Copa do Mundo de 2014, o clube prevê um forte ganho de imagem. “Nossa expectativa é de poder adicionar em torno de R$ 20 milhões de receita no próximo ano”, prevê o presidente da Comissão de Obras do Beira-Rio, Maximiliano Carlomagno. A projeção leva em conta o aumento do público médio, com a nova setorização do estádio, que manteve 85% do Beira-Rio sob gestão do clube, e também com mecanismos de precificação. O fim da obra é também uma ótima notícia para a Brio, empresa responsável pela obra, formada por 50% de capital da Andrade Gutierrez e 50% do BTG Pactual. A Brio tem direito a explorar as novas áreas do Beira-Rio por 20 anos como contrapartida para a realização da reforma. “Temos a exploração das cadeiras VIPs, exploração das suítes, dos camarotes, dos eventos, da publicidade no estádio, do estacionamento e das lojas”, explica Marcelo Flores, presidente da Brio. A comercialização dos novos produtos deve começar ainda neste ano. Flores afirma que os contratos para bares e restaurantes devem ser firmados ainda neste ano. Em relação às 44 lojas que fazem parte do primeiro andar do estádio, a Brio não tomará posse delas até a Copa do Mundo, uma vez que a Fifa vai utilizar essas áreas. A empresa quer inaugurar o shopping em 15 de novembro do ano que vem. O clube ainda não definiu se o time vai jogar o Gauchão no Beira-Rio ou em outro estádio. “O presidente Giovanni Luigi tem a expectativa de jogar os primeiros jogos do Gauchão no Beira-Rio”, afirma Carlomagno. Esses jogos serviriam como teste para o estádio, que deverá estar funcionando perfeitamente na festa de reinauguração, dias 5 e 6 de abril. No dia 6, o Inter enfrenta o Peñarol, em partida que reprisa a estreia do estádio em 1969. Vinte e um dias antes do início da Copa, a Fifa toma posse do estádio e devolve cinco dias após a final. Mesmo sem receber nada da Fifa, o clube acredita que vale a pena receber a Copa. “A pesquisa sobre os últimos estádios que foram utilizados em Copa indicam que passam a ter um incremento de público”, diz Carlomagno.
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JONATHAN HECKLER/JC
Receita será ampliada em R$ 20 milhões
Estádio do Internacional vai sediar cinco jogos da Copa do Mundo de 2014; clube espera fortalecimento de imagem
Reformas permitem adaptação às normas da Fifa A reforma do Beira-Rio transformou totalmente o estádio. Para poder sediar os jogos da Copa do Mundo, o clube se adaptou às mais recentes exigências e aos padrões internacionais do futebol e às normas técnicas previstas pela Fifa. Ao todo, foram investidos pela Brio R$ 330 milhões. Além de dinheiro próprio, a Brio também conseguiu um financiamento junto ao Bndes, que será pago em 20 anos. O estádio conta com 66 novos camarotes e suítes, 55 skyboxes, 5 mil cadeiras VIP, um edifício garagem - com 3 mil vagas para o torcedor -, bares e restaurantes, e o shopping com 44 lojas que será construído no primeiro andar do estádio. As novas áreas
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serão exploradas pela Brio, enquanto o Inter permanece com os direitos sobre bilheteria e as 2 mil vagas do atual estacionamento. Para a Copa, o estádio terá capacidade para 51,5 mil torcedores. O Internacional procurou preservar o direito dos sócios e garante 70% dos lugares com preço acessível e menos de 30% de lugares marcados. Os ingressos serão precificados por qualidade de jogo em A, B e C, com os jogos B sendo cobrados até 40% mais baratos do que os jogos A e os jogos classificados como C com até 70% de desconto sobre os jogos A, definidos no início da temporada. O clube afirma que, no momento, não há previsão de aumento de mensalidade para os sócios.
economia entrevista
Patrícia Comunello patriciacomunello@jornaldocomercio.com.br
Como “técnico” de Porto Alegre, o prefeito José Fortunati (PDT) avalia que a sua condução dos preparativos para a Copa do Mundo de 2014 merece nota 7. A auto-avaliação comedida tem uma explicação. Percalços na escalada das obras de mobilidade na Capital reduziram a apenas dois projetos do pacote de 14 que devem ser concluídos – o entorno do Beira-Rio e o viaduto da Rodoviária. Mas Fortunati não se arrepende de ter assumido tanto compromisso, aproveitando a bonança de financiamento, e admite: “Fui maluco, mas um maluco consciente”. Extasiado com a beleza do novo estádio colorado, o prefeito revela a sua tática para os próximos seis meses que antecedem os jogos. – O que significa ver o Estádio Beira-Rio ganhando nova forma? josé fortunati – É uma emoção. Um dos grandes legados que Porto Alegre terá: um estádio construído com recursos privados, da Andrade Gutierrez e do clube. Mesmo com parte do dinheiro vindo do Bndes, o Inter pagará a sua casa, diferentemente de de outras arenas que tiveram 100% de recursos de governos estaduais ou da União. No novo Gigante da Beira-Rio, o torcedor será tratado como cliente. Antes ele era relegado a décimo plano. jc – O senhor é o “técnico” de Porto Alegre para a Copa, está desde o começo dessa preparação, antes mesmo da escolha da subsede. Que nota o senhor dá ao seu trabalho? fortunati – Dá para dar nota 7, com toda tranquilidade. Nem todas as obras, infelizmente, ficarão prontas, o que independe da nossa vontade devido a problemas que impediram o cumprimento de prazos. São exemplos o sítio arqueológico na rua Vojornal do comércio
luntários da Pátria, a pedra no cruzamento da rua Anita Garibaldi com avenida Carlos Gomes, o lixo em quantidade inesperada no prolongamento da avenida Severo Dullius e a falta de areia para os corredores dos BRTs. Além disso, tivemos três licitações desertas para construção de moradias dos reassentados da avenida Tronco. Mas dou nota 10 para o fim do ano, pois as obras estarão numa fase muita adiantada, deixando seu legado. Quem melhor aproveitou a oportunidade da Copa para investimentos fomos nós. Começamos com R$ 100 milhões e chegamos a R$ 900 milhões. jc - E não foi coisa de maluco mesmo? fortunati – Acho que fui meio louco mesmo, reconheço, e sabia das dificuldades que enfrentaria. Muitos não se dão conta, mas tocamos os 14 projetos com o mesmo grupo que administra a cidade. Fui maluco, mas um maluco consciente. Sabia dos percalços, conheço obras públicas, elas não acontecem no prazo, o que também ocorre nas privadas. Meu desafio era entregar as obras até o fim do mandato (em dezembro de 2016) e vou fazê-lo. A Copa do Mundo serviu de desculpa para buscar os recursos, que serão pagos e com carência maior e financiamento a juros adequados. Foi o cavalo passando encilhado, não podíamos perdê-lo. jc – Diante dos percalços, admitidos pelo senhor, não teria sido melhor fazer menos obras? fortunati – Claro que não, e por um motivo simples. Já tinha estado na prefeitura da Capital de 1997 a 2000, sabia dos gargalos em mobilidade e que era o momento e a oportunidade ímpar para fazer obras como a da Tronco, gravada no plano diretor desde 1979. Tenho certeza de que Porto Alegre é uma antes e será outra depois das obras. jc – Como foi anunciar a retirada das obras da matriz de responsabilidades da Copa? fortunati – É importante ressaltar que
Sabia dos percalços, conheço obras públicas, elas não acontecem no prazo, o que também ocorre nas obras privadas. Meu desafio era entregar as obras até o fim do mandato.
JONATHAN HECKLER/JC
Prefeito da Copa dá nota 7 para execução de obras
Segundo José Fortunati, Beira-Rio será um dos grandes legados da Copa do Mundo em momento algum essa medida colocou em risco a realização da Copa em Porto Alegre. O entorno do Beira-Rio está garantido. Politicamente os recursos para as obras estavam ligados ao Mundial e com a meta de finalizar para a competição, mas a vida me mostrou as dificuldades e que seria impossível, que não dependia da minha vontade e da minha equipe. A opção era clara: assumir publicamente que algumas obras ficariam prontas para a Copa e retirar as que haviam sofrido interrupções. Achei estranho que determinado jornal disse que a Capital havia perdido as obras para a Copa. Opa, a este capítulo não assisti. Mudamos juridicamente, transferindo ao PAC Mobilidade. jc – Afinal, o que ficará pronto até a Copa? fortunati – As obras do entorno do Beira-Rio, onde está a elevada da Pinheiro Borba, ficarão prontas com toda a certeza. Estamos tentando concluir até junho a elevada da avenida Bento Gonçalves, e ficará pronto o viaduto da Rodoviária. As pistas dos corredores de ônibus ficarão prontas, mas as paradas não. Como o trato é de ter o sistema completo, admito que não ficará pronto. A licitação para o sistema será concluída em 2014 e deve ser coordenada com o sistema da Região Metropolitana, que cabe ao Estado. Mapearemos os hotéis onde estarão os turis-
tas e reforçaremos linhas de ônibus, colocando mais carros em horários de pico. Muito provavelmente haverá ponto facultativo nos serviços públicos, reduzindo o tráfego dos dias de jogos. Vamos analisar a interrupção de aulas em escolas de algumas regiões. jc – Com tanta obra em andamento não vai gerar transtornos durante o Mundial? fortunati – Estamos explicando às agências de turismo e às seleções que virão que não haverá transtornos. Nos dias dos jogos, teremos um esquema especial, sem feriados, que seriam um contra-senso. De cada quatro pessoas que virão à cidade, apenas uma irá ao estádio, o que as outras três farão? Será a hora de gastar para gerar emprego e renda ao comércio e aos serviços. Estamos fazendo uma licitação para o mobiliário urbano. Melhor do que hoje, com certeza. jc – A Copa gerou despesas. Isso acarreta dificuldades para custeio? fortunati – Criou porque tivemos de antecipar contrapartidas. Somente agora receberemos os recursos da Caixa Econômica Federal. A partir de janeiro os recursos devem começar a chegar, para seguir as obras. Já esgotamos o que tínhamos para pagar as empresas. Ou o governo federal libera as verbas ou as obras começarão a parar. São R$ 600 milhões que temos a receber até o fim do pacote de obras.
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economia comércio exterior
Balança comercial deve ter um desempenho favorável
MAURO SCHAEFER/ARQUIVO/JC
Fernando Soares
presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). O dirigente da AEB estima para 2014 um dólar na casa de R$ 2,25, com exportações atingindo US$ 239 bilhões. A tendência é de balança superavitária, na faixa de US$ 7,2 bilhões, conforme estudo divulgado pela associação. No ano passado, o Brasil finalizou novembro com déficit acumulado de US$ 89 milhões. O resultado de dezembro (ainda indisponível), porém, vai tornar a balança superavitária. “O superávit de 2013 deve ficar em US$ 700 milhões.” Já o Rio Grande do Sul, às vésperas de uma nova supersafra de grãos, pode colher um bom resultado na balança comercial. “Não vamos ter um crescimento tão alto, porque em 2013 viemos de uma base de comparação baixa de 2012. Mas acredito que 2014 será um bom ano para as exportações gaúchas, que devem ser puxadas novamente pela soja”, enfatiza Guilherme Risco, economista da Fundação de Economia e Estatística (FEE). Um motivo para o otimismo apontado pelo economista da FEE é o dólar mais
fernando.soares@jornaldocomercio.com.br
Exportadores gaúchos traçam cenários distintos Com expectativas diferentes, dois dos principais setores exportadores do Rio Grande do Sul traçam suas estratégias de comércio exterior para 2014. Os calçadistas preveem mais um ano de dificuldades, enquanto os moveleiros creem que o câmbio favorável e a renovação de benefícios do governo federal para exportação, como o programa Reintegra, podem representar um estímulo para o segmento. “Temos perspectiva de queda nas exportações em 2014. O consumo nos principais países compradores do Hemisfério Norte segue caindo, assim como a competitividade do produto brasileiro. Somado a tudo isso, estamos tendo dificuldades na entrega dos produtos para a Argentina”, explica Heitor Klein, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). Segundo o dirigente, o embargo argentino resultou em um prejuízo de US$ 15 milhões em 2013.
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De janeiro a outubro de 2013, as vendas internacionais renderam US$ 900,7 milhões ao País, queda de 1,2% frente ao desempenho do ano anterior. Somente as transações com a Argentina apresentaram retração de 12,1%, chegando a US$ 107,4 milhões. As vendas totais do Rio Grande do Sul atingiram US$ 319,6 milhões, diminuição de 0,2%. Cansados da instabilidade do mercado argentino, os fabricantes de móveis gaúchos passaram a priorizar outros mercados, tendência que deve se consolidar em 2014. “Vamos esquecer a Argentina e trabalhar em mercados como Peru, Chile e Uruguai. A retomada da economia dos Estados Unidos também deve render novos contratos em 2014”, salienta Ivo Cansan, presidente da Associação das Indústrias de Móveis do Rio Grande do Sul (Movergs). Ele lembra que as exportações de 2013 devem atingir US$ 750 milhões em todo o País, com o Estado sendo o principal vendedor.
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JOÃO MATTOS/JC
Prosseguimento da política de estímulos econômicos dos EUA pode ser determinante, avalia Castro
Após um ano de instabilidade na balança comercial brasileira, 2014 deve apresentar um cenário mais favorável. Há perspectiva de que a valorização do câmbio dos últimos meses impacte nos novos contratos de venda a serem firmados e ajude a reduzir o volume de importações. No entanto, o caminho até o superávit pode ser complicado. A possibilidade de redução do crescimento da China, a instabilidade da relação com a Argentina e a tendência de queda nos preços das commodities poderão definir os rumos das transações verde e amarelas. Além disso, o prosseguimento ou não da política de estímulos econômicos dos Estados Unidos pode ser determinante. “Caso os estímulos sejam encerrados, a taxa de câmbio sobe, porque reduz a liquidez no mercado. Só que o Banco Central vai intervir para que o câmbio não aumente. O governo vai utilizar artilharia pesada, até porque será um ano eleitoral”, projeta José Augusto de Castro,
valorizado. Como a mudança de taxa ocorreu com mais velocidade em 2013, os contratos vigentes ainda não tiveram o efeito do câmbio, algo que passa a acontecer a partir de agora. “Se o câmbio se mantiver nesse patamar valorizado, isso vai ter um impacto forte nas exportações. Mas é importante que não haja oscilações fortes, pois isso gera um clima de incerteza”, pondera Guilherme Risco. A Federação das Indústrias do Estado (Fiergs) prevê que as exportações gaúchas atingirão um patamar entre US$ 20,4 bilhões e US$ 21,9 bilhões e que as importações ficarão entre US$ 16,1 bilhões e US$ 17,7 bilhões. O desempenho seria distinto do projetado para 2013, quando as vendas internacionais vão finalizar em US$ 24 bilhões, e as compras, em US$ 16,8 bilhões. “Alguns produtos industriais começam a ser tornar viáveis para a exportação, em função do câmbio. Em relação às commodities, viemos de um ano com preços valorizados, que não devem se repetir. Por isso, devemos exportar o mesmo volume de grãos, mas obtendo um valor menor”, diz Heitor Müller, presidente da Fiergs.
Para calçadistas, 2014 deverá ser um ano de dificuldades, em uma relação repleta de altos e baixos com a Argentina
economia Tempestade perfeita para investimentos Rafael Vigna rafael.vigna@jornaldocomercio.com.br
A expressão “tempestade perfeita” vem sendo empregada por analistas econômicos para classificar a exposição do Brasil aos riscos internos e externos de uma conjuntura econômica desfavorável à retomada dos investimentos. No horizonte de curto prazo, nem mesmo a Copa do Mundo salvará a economia nacional das trovoadas que se anunciam para 2014. Inflação pressionada pela meta, câmbio em elevação, déficit em conta de transações correntes, fuga de
Martins avalia que o BC deve continuar a trajetória de elevação dos juros
50 mil pontos. O BC afirma que vai continuar a trajetória de elevação dos juros e a inflação está dada entre 5,5% e 6%. Não estou otimista, mas as coisas ruins já estão precificadas”, analisa o presidente da Apimec-Sul, Marco Antônio dos Santos Martins. As boas-novas, conforme Martins, dependerão muito da atenção dispensada a alguns nichos de mercado. Vigilância sobre os papéis da Petrobras, os ativos de risco e a precificação das cotas de Fundos Imobiliários são algumas dicas para a composição de carteiras. Com base no fechamento do terceiro trimestre, os problemas para
capitais com uma ameaça de rebaixamento de rating, aliados à elevação da taxa de juros que remunera os Treasury bills (T-bills) norte-americanos, são algumas das nuvens negras que pairam sobre o mercado financeiro. Para os investidores, a previsão de dólar próximo ao patamar de R$ 2,50 no primeiro trimestre, a manutenção da taxa Selic em dois dígitos e a expectativa de novas altas intensificam as amarras em produtos de CDI e renda fixa. “Em 2014, teremos Copa do Mundo, menos PIB e mais inflação. A taxa de câmbio é uma incógnita. A bolsa não arranca dos
o ambiente econômico parecem mesmo dispostos a permanecer. A indústria cresce de forma moderada para incrementar o Produto Interno Bruto (PIB) e os investimentos federais caíram para 19,1% do PIB (apenas 1% no trimestre). Da mesma forma, o estoque de poupança não atinge sequer o nível de 15% do PIB. Além disso, o déficit em transações correntes se encaminha para abocanhar uma fatia de 4% do PIB (3,67% no fechamento do terceiro trimestre), ou o equivalente a US$ 82 bilhões. Na outra ponta da balança, os chamados Investimentos Estrangeiros Diretos (IEDs) somavam ape-
nas US$ 59 bilhões no período. Com isso, para ser zerado, o saldo de US$ 23 bilhões depende de financiamentos externos, principalmente os que ingressariam via capital volátil. O panorama, de acordo com o economista e diretor executivo da NGO assessoria financeira em comércio exterior e câmbio, Sidnei Moura Nehme, coloca o Brasil na lista dos emergentes mais vulneráveis do planeta. Isso porque, até o início de dezembro, o País liderava o ranking de perdas provocadas pelos fundos internacionais, com US$ 8,3 bilhões retirados do mercado nacional.
Medidas de arrocho devem marcar nova gestão no País JONATHAN HECKLER/JC
Insuficiência de fluxo em moeda estrangeira Por falta de poupança interna, o Banco Central (BC) tem recorrido às reservas externas. Com o dólar em disparada, o novo viés de alta promete ampliar o ciclo de retração dos fluxos em moeda estrangeira. “Já existe insuficiência de recursos para financiar o déficit”, sentencia o diretor executivo da NGO assessoria financeira em comércio exterior e câmbio, Sidnei Moura Nehme. De acordo com Nehme, o BC mantém os esforços para dar liquidez ao mercado de câmbio por meio de linhas especiais. No entanto, a insuficiência de dólares atingiu a marca de US$ 9,5 bilhões na data base de 29 de novembro. Para o executivo, sequer a elevação da Selic funcionará como apelo para a atração de capital estrangeiro. Isso porque os Estados Unidos confirmam uma recuperação aparente das contas e tendem a chamar os investidores para os T-bills com vencimento em dez anos. Como os emergentes se tornam mais atrativos, o Brasil deve sentir a ameaça da concorrência de países como México, Chile, Peru e Colômbia. Exemplo disso, segundo Nehme, pode ser encontrado na análise do número de IPOs (ofertas públicas iniciais de ações) realizadas em 2013. “Sempre ficávamos com a grande parcela dos IPOs realizados na América Latina. Em 2012, ficamos com 80% e, neste ano, o percentual foi reduzido a 47%”, comenta. No entanto, para Nehme, o ano será marcado pelo esgotamento da matriz de crescimento sustentada por consumo e facilidades de acesso ao crédito. “A partir de agora, sem investimentos, não haverá crescimento, mas já não há um nível adequado de poupança para fazê-los”, comenta.
MARCELO G. RIBEIRO/JC
mercado financeiro
Gianetti projeta o enfrentamento do problema fiscal
Ex-professor da Universidade de São Paulo (USP), da universidade de Cambridge e do Instituto Insper, o economista Eduardo Giannetti, identifica um cenário preocupante de deterioração macroeconômica e baixo crescimento crônico. Por isso, as mudanças no ambiente externo e o problema estrutural fiscal brasileiro devem se tornar os pilares de medidas impopulares que tendem a marcar o primeiro ano do novo mandato presidencial, em 2015. “É certo que o vencedor do próximo pleito, independente de quem seja, vai herdar uma situação muito difícil e vai ter de amargar um primeiro ano de governo marcado por ajustes e medidas impopulares necessários para que a economia brasileira recupere um crescimento sustentado superior ao patamar de 2% estabelecido nos últimos anos”, analisa. Entre as medidas de arrocho, Gianetti projeta o enfrentamento do problema fiscal que estimula uma carga tributária superior a 36% do PIB. “Isso está totalmente fora do padrão para os países de renda média. Temos um déficit nominal na ordem de 3% do PIB e 40% da renda brasileira transita pelo setor público. Se não bastasse isso, a capacidade de investimento fica restrita ao PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que representa apenas 2,4% do PIB”, salienta. PORTO A L EGR E , S E X TA-F E I R A , 20 DE DE Z E M BRO DE 201 3
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economia contas públicas x investimentos
Crise fiscal do Estado demanda resolução Rafael Vigna rafael.vigna@jornaldocomercio.com.br
Mesmo que o Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul dê sinais de recuperação após a estiagem que devastou a safra passada, a melhora da economia gaúcha depende da resolução de outra crise, desta vez, de ordem fiscal. Com o esgotamento da capacidade de endividamento, as provisões orçamentárias para o próximo exercício limitam os investimentos a R$ 2,5 bilhões – o equivalente a 7,8% da receita corrente líquida (RCL). Enquanto isso, um novo déficit, na ordem de R$ 2,7 bilhões, materializa-se na relação entre as receitas e as despesas acumuladas no ano. A exemplo do ano passado, a saída para o aperto continua dependendo do projeto de lei complementar (PLC 99/2013) que altera o indexador das dívidas de estados e municípios.
O texto aprovado na Câmara dos Deputados e pronto para a apreciação no Senado muda o fator de correção de IGP-DI mais 6% ao ano para IPCA mais 4% ou Selic (o que for menor). Para o Rio Grande do Sul, mais do que reduzir para aproximadamente R$ 15 bilhões o total até 2028, a mudança de indexador significa a abertura de um novo espaço fiscal para a tomada de empréstimos. Atualmente, o estoque da dívida atinge a marca de R$ 42 bilhões. Conforme explica o economista Darcy Francisco Carvalho dos Santos, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) instituiu que os estados com dívidas acima de 2% da RCL deveriam abater o passivo em prazo de 15 anos. Como para o Rio Grande do Sul a relação era de 2,75%, o excedente foi incluído em uma trajetória de renegociação que também estipulou o limite de pagamentos em 13% da receita, gerando um novo saldo residual.
Na avaliação de Santos, sem o novo indexador não haverá empréstimos. “Já existiram financiamentos até sem margens, mas as contas federais também estão deterioradas neste momento”, comenta. Atualmente, com a capacidade fiscal empatada, resta ao Rio Grande do Sul uma pequena margem de endividamento. Segundo o economista, entretanto, a aprovação do PLC pode trazer efeitos ainda mais perversos para as obrigações contábeis do Estado. Isso porque o governo federal aprovou R$ 89 bilhões em linhas de financiamentos aos estados, dos quais R$ 2,6 bilhões ao Rio Grande do Sul. O panorama é complementado pela perspectiva de um passivo trabalhista superior a R$ 10 bilhões em razão do não cumprimento integral do piso nacional do magistério e outros R$ 7 bilhões em precatórios. Para Santos, a conjunção estabelece um cenário de ingovernabilidade para o Estado a partir de 2015.
MARCELO G. RIBEIRO/JC
Novo indexador abrirá espaço para busca de R$ 5,5 bilhões em operações de crédito até 2015
Odir Tonollier projeta redução no saldo da dívida com a reestruturação do passivo
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Envolvido diretamente nas discussões sobre o novo indexador da dívida dos estados há pelo menos dois anos, o secretário estadual da Fazenda, Odir Tonollier, acredita que o processo possa estar próximo de uma resolução. A expectativa é de que a aprovação do texto ocorra em fevereiro do ano que vem, logo após o término do recesso do Legislativo. Mesmo com a demora, um dos dispositivos institui efeitos retroativos ao recálculo (por IPCA mais 4%) para janeiro de 2013. O fator anularia o peso dos serviços da dívida sobre o estoque acumulado nos últimos 12 meses. O secretário projeta a redução de R$ 1 bilhão no saldo no primeiro ano do novo indexador e a abertura de R$ 5,5 bilhões em novos espaços fiscais até dezembro de 2015 (R$ 2 bilhões em 2014 e R$ 3,5 bilhões em 2015). Jornal do Comércio – O que mudou nas discussões sobre o indexador ao longo do ano? Odir Tonollier - O governo federal aceitou desvincular a questão da dívida da reforma do ICMS. Isso deu maior facilidade ao processo. Conseguimos a aprovação na Câmara dos Deputados e nas comissões (de Constituição e Justiça e Assuntos Econômicos) do Senado. O governo federal prefere que seja votado em 2014, na abertura dos trabalhos do Legislativo, em fevereiro de 2014. Isso ocorre pelas percepções fiscais de 2013. JC – Quais seriam os efeitos financeiros do adiamento da votação para 2014? Tonollier – Na conta, não significaria tanto. Isso porque os efeitos retroativos já estão previstos no texto do projeto. Portanto, não teria um efeito financeiro. O recálculo dos 4% mais IPCA começaria de forma retroativa ao dia 1 de janeiro de 2013. Neste
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caso, ganharíamos R$ 1 bilhão a menos no estoque da dívida. JC – Qual é a real dependência entre a aprovação do PLC e a capacidade fiscal do Estado? Tonollier – Começaríamos a reduzir a dívida em R$ 1 bilhão já no primeiro ano. E assim sucessivamente até o fim do contrato. Desta forma, ao completar os 30 anos, o saldo seria muito pequeno, diferentemente da situação atual, que tornaria o valor impagável. JC – E para os investimentos no curto prazo? Tonollier – Para os novos investimentos, significa que, a partir de 2014, recuperaríamos um espaço fiscal de aproximadamente R$ 2 bilhões. Isso independentemente dos financiamentos já obtidos. Em dezembro de 2015, teríamos condições de abrir um novo espaço fiscal na ordem de R$ 3,5 bilhões. Essa é a principal vantagem. JC – A abertura de novos espaços fiscais não significaria a troca de uma dívida por outra? Tonollier – Não, isso não procede. Mesmo com novas operações de crédito, a dívida continuará em uma trajetória decrescente. Quando falamos em abertura de espaços fiscais, não nos referíamos ao montante de endividamento atual, e, sim, à trajetória prevista pelo programa de ajuste fiscal definido no momento em que a dívida foi contraída. A meta é chegar a 2018 com a dívida equivalente ao valor da receita corrente líquida de um ano. Em 1998, o Estado devia o equivalente a três vezes a sua receita corrente líquida de um ano. Hoje, na metade do contrato, a proporção é de duas vezes a receita corrente líquida de um ano. A meta é chegar a uma vez, mesmo com os novos financiamentos.
economia polo naval
Jefferson Klein jefferson.klein@jornaldocomercio.com.br
AGENCIA PETROBRAS/DIVULGAÇÃO/JC
Ultrapassando as fronteiras
Iesa finalizará primeiros módulos em Charqueadas
A base de Charqueadas da Iesa Óleo e Gás conseguiu a licença de operação em outubro e já está operando. A planta produz módulos de compressão para seis plataformas replicantes que serão instaladas na área do pré-sal. Segundo o presidente da companhia, Valdir Lima Carreiro, as primeiras encomendas da unidade serão entregues no dia 19 de julho de 2014. As últimas serão finalizadas até 2017. O executivo afirma que a encomenda feita pela Petrobras e por parceiros está dentro do cronograma. “Após 2015, esperamos alcançar novos contratos de módulos, sejam para plataformas, sejam para a modularização de plantas de processo.” Além disso, a Petrobras e seus parceiros têm a opção de aumentar em mais oito módulos sua encomenda em Charqueadas, algo que deve ser definido até janeiro. De acordo com Carreiro, em 2014 praticamente todas as atividades de construção de módulos serão desenvolvidas, assim como testes e a entrega das primeiras unidades. Ele acredita que mais contratações acontecerão para atender à demanda por novas plataformas para o pré-sal.
O polo naval gaúcho continuará com uma boa demanda em 2014, confirmando a sua consolidação. No entanto, a novidade é que, além da tradicional operação em Rio Grande, começam a se materializar as atividades em São José do Norte e Charqueadas. Conforme a assessoria de imprensa da Petrobras, a carteira de projetos compreende para o próximo ano trabalhos em três FPSOs (unidades flutuantes que produzem e armazenam petróleo) dentro do Rio Grande do Sul: P-74, P-75 e P-77. O casco da P-74 está sendo convertido no Rio de Janeiro. Posteriormente, seguirá para São José do Norte. Será o primeiro FPSO construído pelo grupo Estaleiros do Brasil (EBR) na cidade. Em 2013, a última plataforma a deixar Rio Grande foi a P-58. No início de dezembro, as obras de implantação do estaleiro no P-58 foi a última plataforma a sair de Rio Grande em 2013 em direção aos campos petrolíferos do País município atingiram um patamar de 40% do total planejado. A expectativa é de que Responsável pela construção dos oito cascos os módulos para a P-74 comecem a ser desenvolvi- para as plataformas FPSOs e dos três navios-sonda, a dos no primeiro trimestre de 2014. Em São José do Ecovix prevê aplicar U$S 1,15 bilhão no Estaleiro Rio Norte, a plataforma passará pela fase de constru- Grande. Desse montante, 67% já foi aportado. Para ção dos módulos e integração, prevista para come- o presidente Gerson Almada, o cenário é promisçar no primeiro semestre de 2015. A conclusão dos sor, tendo como horizonte a exploração do pré-sal O grupo EBR, que fará a integração da plataforma P-74 em São José do Norserviços deverá ocorrer no final desse mesmo ano. no Brasil, o que irá gerar novas oportunidades para te, pretende incentivar a instalação de um cluster naval no município, com a Já as obras de construção e integração dos módulos o segmento. “Estamos investindo no Estaleiro Rio atração de empresas para compor a cadeia de suprimentos do estaleiro. “O esda P-75 e da P-77 serão executadas no estaleiro Ho- Grande (como é conhecida sua unidade de produção) taleiro no centro do cluster e todos os supridores de equipamentos e materiais nório Bicalho (da Quip), em Rio Grande. O início da pensando não apenas na demanda interna, fruto da ficarão próximos para atender ao empreendimento com matérias-primas”, defabricação e da montagem dos módulos das platafor- exploração do pré-sal, mas também em encomendas talha o presidente da companhia, Alberto Padilla. O executivo se diz otimista mas está previsto para o primeiro semestre de 2014. internacionais.” Outro ponto ressaltado por Almada com o setor naval para 2014 e espera que o segmento siga com a demanda que Os navios chegarão ao estaleiro para a integração dos é a recente parceria fechada com um consórcio de tem registrado nos últimos tempos. Inclusive, reforça, há a perspectiva de aumódulos ao casco no segundo semestre de 2015 e no cinco empresas japonesas liderado pela Mitsubishi mento das encomendas devido aos leilões envolvendo o pré-sal. Esse cenário primeiro semestre de 2016, respectivamente. Ainda Heavy Industries. deve render novos postos de trabalho na região. em Rio Grande, está em andamento o trabalho nos Em 2014, terá início a construção do ERG3 (subO gerente comercial do EBR, Luiz Felipe Camargo, afirma que a intenção é macascos dos oito FPSOs replicantes (quase idênticos) divisão do estaleiro), onde serão desenvolvidas ximizar a contratação de mão de obra local. Para isso, o EBR fechou parceria com o e nas três sondas de perfuração para o pré-sal. Mais atividades industriais na fabricação de tubulação Sebrae e com a prefeitura para serem aplicados cursos em São José do Norte. Essa para o centro do Estado, as atividades concentram-se e blocos planos e curvos complementares às ofi- ação deverá ocorrer ainda no primeiro semestre de 2014. Serão formados profisnos 24 módulos para os seis primeiros replicantes (P- cinas. A área abrigará também serviços de apoio, sionais como soldadores, montadores de andaime, entre outros. Camargo lembra 66 a P-71), que estão em montagem em Charqueadas como um amplo almoxarifado, galpões para uso de ainda que está em discussão utilizar uma embarcação para levar trabalhadores de desde maio de 2013. subfornecedores e um grande pátio de estocagem. Rio Grande até São José do Norte durante a integração da P-74.
EBR espera formação de cluster em São José do Norte
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economia Renovação das concessões será vinculada à qualidade Jefferson Klein jefferson.klein@jornaldocomercio.com.br
Ainda não há uma definição sobre como o governo federal procederá para renovar as concessões de diversas distribuidoras de energia elétrica que estão vencendo entre 2015 e 2017 (37, das 63 do País). Esse é um tema cujo debate será intensificado em 2014. Porém, para os analistas e empreendedores do setor, não restam muitas dúvidas que o critério adotado será o do serviço de qualidade. O diretor da Siclo Consultoria em Energia, Paulo Milano, destaca que muitas resoluções recentes da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) têm enfatizado o cuidado com o consumidor, indicando que o assunto deverá se estender para a renovação. Detalhes como atendimento ao consumidor, tempo de retorno às demandas, entre outros pontos devem ser abordados. “Há a preocupação de melhorar”, afirma Milano. A redução do número e do tempo das interrupções do fornecimento de energia deve ser outra condicionante à renovação das concessões. A melhora ou não do desempenho das distribuidoras será acompanhada por indicadores como o FEC (Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora) e o DEC (Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora). Este último indicador, inclusive, aponta a necessidade de aprimoramento no segmento de distribuição. De acordo com a Aneel, os brasileiros
ficaram, em média, 18,65 horas sem luz em 2012. O número ultrapassou o limite estipulado pela agência para aquele ano, que foi de um DEC de 15,87 horas. Já o FEC, que representa o número de vezes que pode faltar energia, foi de 11,10 e não excedeu o limite estabelecido de 13,18. Se o cliente final pode se entusiasmar com a perspectiva de um serviço prestado mais eficiente, não deve apostar em uma conta mais barata. Apesar de o governo federal ter vinculado a renovação dos ativos de geração e transmissão de energia ao corte no custo de suas produções, Milano não acredita que o processo da área de distribuição possa ser vinculado à redução nos valores de tarifa. O diretor da Siclo acrescenta que, ao mesmo tempo em que busca atender aos interesses do consumidor, a Aneel procura preservar a saúde financeira das companhias. “Não adianta ter uma empresa que não tenha condições de prestar um bom trabalho, não dá para tirar leite de vaca morta”, compara o consultor. Outra hipótese, além da renovação, seria submeter as concessões a novas licitações, mas Milano considera pouco provável que as concessões sejam disputadas outra vez. O especialista pondera que isso somente ocorreria em casos extremos, em que as distribuidoras passem por dificuldades e a qualidade do serviço é precária. O diretor da Siclo acrescenta que um novo processo licitatório passaria uma imagem de insegurança ao mercado e requereria um investimento muito grande por parte dos eventuais interessados.
Meta é encontrar o equilíbrio entre tarifa e serviço tarifária, mantendo o equilíbrio das distribuidoras para que honrem seus compromissos com os investimentos exigidos pelo órgão regulador. A empresa gaúcha é uma das companhias que terá o contrato de distribuição vencendo em 2015.
FERNANDO C. VIEIRA/CEEE/DIVULGAÇÃO/JC
Não há dúvidas em afirmar que todos os consumidores de energia querem um serviço de qualidade. A questão é saber o quanto pagar por isso. O presidente do Grupo CEEE, Gerson Carrion, frisa que este é o desafio: buscar a modicidade
Contrato de distribuição do Grupo CEEE vence em 2015
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O dirigente comenta que a qualidade não pode ser argumento para onerar em demasia a conta, diferentemente do que ocorre com uma empresa do setor de telefonia, por exemplo. Nesta última, o cliente pode escolher entre mais de uma operadora, enquanto que, no setor de eletricidade, o consumidor residencial é considerado “cativo”. Carrion defende que, no momento da decisão sobre a renovação, é necessário analisar o nível de satisfação dos clientes com as suas distribuidoras. O dirigente acrescenta que o setor de distribuição no Brasil está extremamente regulado, e a renovação das concessões será amplamente discutida no próximo ano no âmbito da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Ministério de Minas e Energia e Aneel.
MAURO SCHAEFER/ARQUIVO/JC
energia
Indicador aponta a necessidade de aprimoramento na distribuição
Carvão espera melhor preço nos leilões e eólica mantém desempenho O último leilão de geração de energia de 2013, ocorrido no dia 13 de dezembro, confirmou o que se verificou ao longo do ano quanto a duas fontes que existem em abundância no Estado: o sucesso da fonte eólica e as dificuldades enfrentadas pelo carvão. Os projetos eólicos emplacaram cerca de 2,3 mil MW (sendo 152 MW no Rio Grande do Sul) e os a carvão, novamente, não tiverem nenhum vencedor. “Em 2014, governo e empreendedores têm que chegar a um número (em relação ao preço da energia) que não seja mágico”, defende o presidente da Associação Brasileira do Carvão Mineral (ABCM), Fernando Zancan. Uma opção para viabilizar os projetos a carvão é a realização de certames por fontes ou regionais. Nessa última opção,
crescem as chances no Sul do Brasil, que concentra praticamente toda a reserva desse mineral no País. Se o carvão quer esquecer o ano que está acabando, a presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Elbia Melo, destaca que as expectativas continuam muito favoráveis. A fonte somou 4,71 mil MW contratados em 2013. “Talvez não seja possível repetir o desempenho, que foi excepcional em 2014, mas certamente será um ano muito bom.” A dirigente calcula que, no próximo ano, pelo menos 2 mil MW serão contratados (montante que poderia abastecer aproximadamente metade do Rio Grande do Sul). Elbia reitera que a eólica seguirá sendo uma das fontes mais competitivas, ao lado das grandes hidrelétricas.
economia agronegócio
Nestor Tipa Júnior
nestor@jornaldocomercio.com.br
Se em 2013 se comemorou o bom momento do agronegócio gaúcho e brasileiro, onde o Estado teve a segunda maior colheita da história e recorde na produção de soja, em 2014 se contemplará a maior produção de todos os tempos no Rio Grande do Sul. É o que indicam os prognósticos de entidades que avaliam a produção de grãos. A previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de que a safra gaúcha de grãos chegue a 30,73 milhões de toneladas, 8,7% acima das 28,85 milhões de toneladas do período 2012/2013 e acima do recorde da safra 2010/2011 de 28,88 milhões de toneladas. Os últimos números da Emater também consolidam uma safra recorde de grãos (29,26 milhões de toneladas). Além da soja, os números apontam um recorde na produção de trigo no Estado, com uma colheita de 2,91 milhões de toneladas do cereal. De acordo com o gerente-técnico da Emater, Dulphe Pinheiro Machado Neto, é cedo para se chegar a uma avaliação da expectativa da safra, pois as culturas de verão estão em período de plantio. No entanto, o desenvolvimento da semeadura leva a crer que a tendência deve se confirmar. No milho, os indícios de redução de produção já foram revertidos no último levantamento da Conab, que mantém uma estabilidade próxima de 5,5 milhões de toneladas. Para a soja, a previsão é de que a colheita ultrapasse as 13 milhões de toneladas colhidas no Estado. Já os números da Emater apontam colheita de 12,76 milhões de toneladas. O crescimento da soja no Estado, além dos preços, se deve também à entrada da oleaginosa em espaços da Metade Sul. A dobradinha, que trouxe resultados para os arrozeiros na safra passada, vai se repetir com força neste período 2013/2014. “Mais de 300 mil hectares de soja serão plantados em terras arrozeiras”, estima o presidente do Instituto Riograndense do Arroz (Irga), Cláudio Pereira. Os reflexos do bom momento, que deve se estender por 2014, são celebrados pelas indústrias de máquinas agrícolas. De janeiro a novembro, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o número de unidades comercializadas foi de 77,21 mil. A perspectiva é que se ultrapasse as 80 mil unidades vendidas neste ano, consolidando um ano de recorde nas vendas. Para o presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Estado (Simers), Claudio Bier, o fato se deve à manutenção do juro do PSI em 3,5%.
MOACYR LOPES JUNIOR/FOLHA IMAGEM/JC
Ano para bater recorde de safra
Cenário do campo Preços: Para o analista de mercado Carlos Cogo, o ano será de preços elevados para a soja e um pouco menores para o milho, mas ainda acima de valores médios praticados em outros anos. “O produtor deve entrar o quinto ano de preços remunerados. As duas culturas representam cerca de 90% da renda no setor de grãos”, explica. No arroz, segundo o especialista, o ano deve ser de estabilidade de preços.
Clima:
Além da soja, os números apontam um recorde na produção de trigo no Estado
Os próximos seis meses serão de normalidade climática, segundo os prognósticos do Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada do Rio Grande do Sul (Coopaergs). No entanto, conforme a coordenadora do órgão e pesquisadora-chefe da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro), Bernadete Radin, podem ocorrer períodos com menor intensidade de chuva, o que é tradicional na época. “A cultura do milho é mais sensível à deficiência hídrica. A soja tem uma tolerância maior à falta de chuva”, salienta. As indicações aos produtores são o escalonamento do plantio em alguns períodos e a diversificação do uso de variedades.
Safra gaúcha de grãos Cultura Soja Arroz Milho Trigo Demais culturas Total
Safra 2012/2013 (mil/t) 12.534,9 7.933,4 5.383,5 1.894,8 522,8 28.269,4
Safra 2013/2014 (mil/t) 13.208,8 8.333,9 5.421,0 3.090,7 680,7 30.735,2
Variação 5,4% 5% 0,7% 63,1% 30,2% 8,7%
Otimismo para o mercado das carnes Prejudicados pelos embargos impostos pelos demais países, os setores de carnes do Brasil preveem um ano mais tranquilo a partir de 2014. A expectativa dos dirigentes das entidades promotoras das exportações brasileiras é de abertura de novas fronteiras e a reconquista de mercados. O setor de carne bovina espera fechar o ano com exportações de US$ 6,5 bilhões de toneladas, 15% acima dos US$ 5,7 bilhões exportados em 2012. O recorde foi atingido em novembro, com o valor de US$ 6 bilhões embarcados. Para o próximo ano, segundo
o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Antônio Camardelli, a expectativa é chegar a US$ 8 bilhões em comercialização. “Acreditamos que até o final do primeiro semestre consigamos reverter alguns embargos como China, Japão, Arábia Saudita, entre outros”, salienta. Para os exportadores de carne de frango, a expectativa é atingir até o final de dezembro uma receita de US$ 8 bilhões, com estimativa de crescimento de até 2,5% do mercado internacional para os brasileiros.
Conforme o presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Francisco Turra, novos mercados e ampliações de embarques para países já compradores estão na pauta. “Temos novas plantas aprovadas para a China, temos também possibilidade de abrir mercado em países como Paquistão e Mianmar”. A Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs) projeta para 2014 crescimento acima de 15% nas exportações em volume. Segundo o presidente da entidade, Rui Vargas, a demanda externa continuará aquecida.
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economia Setor acredita que manterá o crescimento
Roberta Mello roberta@jornaldocomercio.com.br
Ainda que não repita o desenvolvimento dos últimos dez anos, o mercado imobiliário não deve apresentar uma retração preocupante no ano que vem. Após um boom impressionante a fim de atender à demanda reprimida da população brasileira, a tendência é que a indústria da construção civil trabalhe sem grandes estoques em 2014, mas siga com uma média de crescimento em torno de 2,5%, conforme dados do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Rio Grande do Sul (Sinduscon/RS). Há mais de 20 anos convivendo com a possibilidade de a instabilidade da economia brasileira transformar, a qualquer momento, o sonho da casa própria em pesadelo, os consumidores e as empresas do ramo viram a situação mudar nos anos 2000. Em meados dessa década, os bancos voltaram a investir no financiamento de imóveis e, paralelamente, o governo federal criou o Minha Casa Minha Vida, que ajudou a aquecer o mercado e democratizar o acesso à moradia. “Este foi o momento de atender à primeira grande demanda reprimida, com o ano de 2010 batendo todos os recordes em vendas e em novas construções e se consolidando como o melhor ano de todos os tempos para a construção civil”, recorda
o presidente do Sinduscon, Ricardo Sessegollo. Após suprir esse grande desejo de compra, “o mercado entra num patamar de normalidade”, prevê o secretário de Habitação e Saneamento do Rio Grande do Sul (Sehabs), Marcel Frison. A segurança das linhas de crédito é um dos pilares de sustentação do mercado, o que garante que, mesmo com preços encarados por muitos como proibitivos, uma bolha imobiliária ou crise semelhante à que ocorreu nos Estados Unidos (subprime) sejam alternativas descartadas. “No Brasil, só compram aqueles que têm condições e há um subsídio estatal ao crédito. Quanto maior é a fragilidade financeira do cidadão, maior é o subsídio do Estado”, enfatiza Frison. O presidente do Sinduscon/RS lembra, ainda, que “no financiamento imobiliário, caso as parcelas não sejam pagas, a entidade financeira tem resguardado o direito a se apropriar do imóvel, o que garante que quase não tenhamos inadimplência”. A questão judiciária evoluiu proporcionalmente ao desenvolvimento do setor e ao acesso da população aos bens. Especializado em direito imobiliário, o advogado Rodrigo Carlan destaca que a alienação fiduciária, alternativa à hipoteca, e a possibilidade de depósito em controverso são soluções para a insegurança que rondava o mercado. Porém, Carlan pondera que ainda falta muito para a profissionalização total
MARCOS NAGELSTEIN/JC
construção civil
Mercado nega a retração e possibilidade de uma bolha imobiliária no próximo ano do setor, “o que se reflete no grande número de reclamações judiciais sobre as construtoras em geral, que ainda sofrem ações por atrasos, má qualidade de materiais e outros”. Por outro lado, as construtoras apontam a falta de mão de obra e a morosidade na liberação dos projetos como os grandes entraves a serem enfrentados em 2014. A construção civil é o maior empregador do Estado, com 166 mil empregados no Rio Grande do Sul e 55 mil em Porto Alegre, mas faltam mais de 40 mil trabalhadores qualificados para atuar no setor, pontua o Sinduscon. Além disso, “hoje, um projeto
leva até um ano para ser aprovado. Esperamos que esse tempo caia para seis meses ainda no ano que vem”, diz Sessegollo. Mesmo com as reclamações gerais de que os valores dos imóveis na Capital estão acima do ideal, todos defendem que os preços estão dentro da normalidade e são semelhantes aos encontrados nas grandes cidades do País e devem se estabilizar. O diretor comercial e de incorporação da Cyrela Goldsztein, Ricardo Jornada, avisa que o mercado está experimentando uma acomodação. “Devemos ter preços, daqui para frente, mais alinhados com a variação do custo da construção, o INCC”, projeta.
Classes populares estão no alvo dos investimentos Apesar de o setor defender que os preços dos imóveis estão dentro da média de outras capitais, também é consenso que os valores dos terrenos são proibitivos, o que impede que as moradias populares - principalmente amparadas pelo Minha Casa Minha Vida (MCMV) - deslanchem. Mesmo tendo apresentado a maior queda no déficit habitacional na comparação com os demais estados brasileiros (31,8%), o Estado ainda tem cerca de 180 mil residências
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em condições precárias, conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio (Pnad) de 2012. “O que preocupa é que a maior parte desse déficit continua sendo de famílias das classes mais baixas”, lamenta o secretário de Habitação e Saneamento, Marcel Frison. Ricardo Jornada, da Cyrela Goldzstein, diz que a empresa já investiu nos segmentos populares, mas a dificuldade em encontrar áreas que se enquadrem no programa fez
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com que o ritmo fosse reduzido em 2013. “Os terrenos são caros, e as razões são muitas, mas a escassez é a principal”, adverte. Como alternativa, o governo estadual criou o projeto Banco de Terras, uma carteira que abrigará um conjunto de áreas de domínio do Estado possíveis de serem utilizadas para fins habitacionais. A estimativa é de assentamento de 20 mil famílias na primeira fase, o que significará investimentos da ordem de R$ 1 bilhão.
Com imóveis voltados principalmente para as classes populares, a construtora e incorporadora MRV Engenharia já comercializou 2 mil unidades na Região Metropolitana de Porto Alegre dentro do MCMV. Ainda que o alto custo dos terrenos traga dificuldades para as construções, o gestor executivo de vendas da empresa, Marcelo Alves, ressalta que a população contemplada pelo programa “não é o futuro, mas o presente do mercado consumidor”.
economia metalmecânico
Indústria aposta em alta de 6% economia@jornaldocomercio.com.br
A reedição de safra agrícola recorde é a principal aposta da indústria metalmecânica de Caxias do Sul para manter, em 2014, o processo de recuperação iniciado neste ano após as perdas expressivas registradas em 2012. Na avaliação de Getúlio Fonseca, presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico (Simecs), é possível zerar eventuais perdas neste ano e projetar crescimento real de 5% a 6%. “A sinalização é positiva, pois várias empresas já estão com carteiras plenas até o final do primeiro semestre de 2014, o que influencia toda a cadeia de fornecedores. Apenas condições climáticas muito adversas que prejudiquem a safra podem mudar este cenário”, analisa. Em 2013, a alta será de 12% sobre o ano anterior, com destaque para o incremento acima de 15% na área automotiva. Esse segmento foi prejudicado no último exercício pela introdução da motorização Euro-5 na linha de veículos comerciais, que inibiu especialmente as compras de caminhões. Já a atividade eletroeletrônica, fortemente prejudicada pelas importações de
função de estoque da produção. No segmento de ônibus, outra atividade de peso na economia de Caxias do Sul, as perspectivas são menos otimistas em função das indefinições em relação às políticas públicas de transporte coletivo urbano e rodoviário. “Esse mercado deve se sustentar principalmente por ação do governo federal em torno do programa Caminho da Escola, que está em fase final de ajustes para as compras do ano que vem”, acentua. Mesmo estimando crescimento nos níveis produtivos, o presidente do Simecs alerta para a possibilidade de a atividade reduzir ainda mais os quadros funcionais. A medida tem o objetivo de trazer maior competitividade para os produtos, além de melhorar também as vendas externas, que em 2013 cairão em torno de 10%. Fonseca afirma que o setor fechará cerca de 2 mil vagas neste ano. Ele reconhece o eventual problema social, mas defende a medida como forma de as empresas se tornarem mais produtivas por meio de investimentos em automação. “É preciso fazer mais com menos. O custo unitário do trabalho é muito alto na cidade. A massa salarial cresce, e a produtividade diminui”, observa. Porém, existem outros ingre-
JÚLIO SOARES/DIVULGAÇÃO/JC
Roberto Hunoff
Para Fonseca, cenário será positivo produtos asiáticos, encerrará o ano com redução de 10%. Na avaliação do presidente do Simecs, o setor de veículos rebocados pesados, popularmente conhecidos como carretas, será o mais
favorecido, juntamente com o de caminhões, pois também funcionam como silos ambulantes. Fonseca observa que, pela falta de silos estacionários no campo, os implementos acabam desempenhando
dientes que podem interferir no resultado final das empresas. Dentre eles, o peso dos insumos, em especial do aço, o mais representativo na formação dos custos. O Simecs, juntamente com outras entidades, quer a redução das alíquotas de importação do aço para fazer frente ao aumento dos preços praticados pelas siderúrgicas nacionais. “No meio do ano, o governo elevou as alíquotas para proteger as usinas brasileiras, na expectativa de que não elevariam os preços. Mas o reajuste veio, e em índices muito acima da inflação”, explica Fonseca. Para a virada do ano, já existem informações de altas de 20% a 25%. Quanto à política pública de financiamento para as compras de equipamentos, Fonseca entende que as mudanças não deverão trazer prejuízos. O PSI/Finame, sistema que alavancou as vendas em 2013, terá juros de 6%, diante dos 3,5% atuais. A grande dúvida é quanto à disponibilidade de dinheiro. “Neste final de ano, o setor enfrenta o atraso na liberação dos recursos para efetivar a entrega dos produtos. Os pedidos estão feitos, os equipamentos prontos para a entrega, mas falta a garantia do recebimento do valor. É uma situação incômoda”, diz.
Efeitos em cadeia
Produção de ônibus será menor
A expectativa de manutenção dos preços das commodities agrícolas em patamares elevados, consequência da quebra da safra de grãos em alguns países produtores, como os Estados Unidos, e do incremento da demanda mundial por alimentos, deverá impulsionar as vendas internas de tratores em 10% no próximo ano. Esse segmento será, no entendimento de Hugo Zattera, diretor-presidente da Agrale, o grande impulsionador do mercado doméstico, com reflexos na área de caminhões e de implementos rodoviários. O objetivo da montadora é crescer nas mesmas bases dos volumes nacionais, porém, ações mais agressivas de vendas podem elevar a participação. Na área de veículos comerciais, Zattera aposta em alta não superior a 6%, bem como a indústria nacional de implementos rodoviários, que deverá fechar o ano com alta de 5%. Norberto Fabris, diretor corporativo de implementos e veículos das Empresas Randon, reforça a importância da manutenção do crédito PSI/Finame em função de que 60% a 70% das vendas de veículos rebocados deste ano serão por essa modalidade. No segmento de veículos especiais fora de estrada, Fabris acredita que o governo não irá adquirir o mesmo volume de máquinas dos últimos anos. Como decorrência, vislumbra estabilidade no segmento leve e crescimento na área de mineração.
A falta de resposta efetiva dos governos às reivindicações populares do meio do ano criou quadro repleto de indefinições para o segmento do transporte coletivo urbano de passageiros. O mesmo se aplica ao transporte rodoviário, ainda no aguardo de definições sobre as licitações das linhas de longo curso. Em função disso é que José Antonio Fernandes Martins, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus, acredita que a produção de 2014 será semelhante à deste ano, em torno de 34 mil unidades. A Marcopolo estabeleceu sua estratégia para o próximo ano projetando queda de 3,5% na produção. A expectativa é de produzir
de problema no segmento de ônibus se concentra nos modelos para viagens de longo curso em função das indefinições na concessão das linhas rodoviárias.
MARCOPOLO/DIVULGAÇÃO/JC
20.850 unidades. No Brasil, a produção é estimada em 18 mil carrocerias, em queda de 5%. O diretor-presidente da Agrale, Hugo Zattera, acredita que o gran-
Marcopolo prevê queda na produção no próximo ano PORTO A L EGR E , S E X TA-F E I R A , 20 DE DE Z E M BRO DE 201 3
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entrevista especial
Minha expectativa não é a mesma da Fiergs, meu cenário é positivo. É provável que não se tenha o mesmo desenvolvimento deste ano, que está relacionado com a recuperação de uma estagnação anterior, mas seguramente cresceremos mais do que o Brasil. Se o País crescer 3%, o Estado vai crescer 4,5% a 5% (em 2014).
Pedro Maciel, Guilherme Kolling e Paula Coutinho O governador Tarso Genro (PT) projeta que o Estado terá um crescimento superior ao do País em 2014 e fala em uma expansão do PIB gaúcho entre 4,5% e 5%, bem superior às estimativas das federações empresariais. Embora admita que os 6% de 2013 serão atingidos sobre um ano de baixo crescimento (2012), é otimista para o próximo período em função de políticas indutoras de desenvolvimento. Em relação às contas públicas, maior dificuldade do Estado nas últimas décadas, o governador prevê que a renegociação da dívida dos estados com a União sai em fevereiro, o que dará fôlego para extinguir o passivo de 2014 a 2027. Nesta entrevista ao Jornal do Comércio, Tarso ainda fala dos investimentos públicos e privados previstos para o Rio Grande do Sul. jornal do comércio - Entidades e federações têm feito projeções de crescimento que vão do pior cenário, da Fiergs, de 0,2%, até os da Federasul, 2%, e da Fecomércio, 2,8%. Qual é a sua expectativa para o Rio Grande do Sul em 2014? tarso genro - Bom, não é a mesma da Fiergs. É uma instituição que tem se caracterizado por uma disseminação de pessimismo com o futuro do Estado, diferentemente de outras entidades que vêm tendo uma prudência maior para emitir suas opiniões. Quando assumimos o governo, dissemos que o Estado cresceria o dobro do País. Não nos enganamos, vai crescer mais do que o dobro. E isso está relacionado com a qualidade da classe trabalhadora, a capacidade empreendedora dos nossos empresários, ações estratégicas do governo federal e do governo estadual. A Fiergs não parte de uma avaliação de conjunto, mas de uma visão de negócios imediata, o que é natural para uma entidade que é corporativa e representa os interesses muito concretos do empresariado. Meu cenário é positivo. É provável que não se tenha o mesmo crescimento deste ano, que está relacionado com a recuperação de uma estagnação anterior, mas seguramente nós cresceremos mais do que o Brasil. Se o Brasil crescer 3% no ano que vem, vamos crescer 4,5% a 5%, incluindo o conjunto de políticas indutoras, que considero importante para uma previsão mais sensata. jc - O agronegócio, em 2012, registrou uma safra pior, este ano foi boa; em 2014 será melhor. Que outros fatores contam nessa projeção? tarso - Desde o microcrédito até investimentos em infraestrutura do governo federal, um ascenso nos investimentos estaduais, já corrigimos muitas coisas na máquina, e há um argumento que é dado
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pela Farsul, os nossos investimentos em políticas de irrigação aqui no Estado, que mantêm um impacto positivo inclusive na safra. Então, são vários fatores que vão determinar um crescimento sólido, mas evidentemente menor, porque a fase de recuperação da economia gaúcha já passou. A nossa economia agora está estabilizada para o crescimento. JC – O senhor começou criticando a previsão da Fiergs. O empresariado está sendo pessimista? Poderia contribuir de uma forma melhor para o crescimento do Estado? tarso – As demandas da Fiergs sobre o Estado sempre se cingiram em três ou quatro pontos: menos impostos, mais incentivos e ataque ao salário-mínimo regional. Temos que compreender e respeitar, agora isso não é agenda para um Estado como o Rio Grande do Sul. Outra coisa é a relação que empresas, internacionais e nacionais, e aqui do Estado têm com o governo para desenvolver negócios. São duas relações que têm que ser distinguidas. A relação com os empresários produtivos, que investem, trabalham, se renovam, é muito boa. E a relação com a Fiergs também é muito boa, mas é muito limitada, pois representa um setor da indústria cujas demandas são colocadas de maneira reiterada, permanente, uma visão de como os empresários devem se relacionar com o Estado a partir das suas entidades. Ambas as opiniões são respeitáveis, agora a voz da Fiergs a respeito da economia do Estado sempre se mostrou equivocada, não só em relação a índices de crescimento como também em relação às funções públicas do Estado. Um exemplo: a Fiergs se manifesta contra o uso dos depósitos judiciais no nosso governo. Por que não fez isso antes? Deve ter algum motivo talvez ideológico, programático, mas não está revelado nessa demanda o interesse público, porque o Estado tem que funcionar, pagar
Não faltam recursos para investimento; o Estado tem um passivo anterior de desestruturação financeira e de dificuldades técnicas para investir em função da depredação da máquina pública.
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MARCELO G. RIBEIRO/JC
Estado crescerá mais do que o País
Governador Tarso Genro projeta que o PIB do Estado se expandirá entre 4,5% e 5% no próximo ano
servidores, investir, fazer renúncia fiscal para os empresários investirem aqui. jc - O Estado sofre com a falta de recursos para investimentos. Pode se esperar uma melhora? tarso - O Estado não tem falta de recursos para investimento, o Estado tem um passivo anterior de desestruturação financeira e de dificuldades técnicas para investir em função da depredação da máquina pública. Tínhamos um planejamento neste ano de, nos projetos estratégicos, investir R$ 1,75 bilhão. Já bateu agora em dezembro R$ 1,7 bilhão, portanto vamos cobrir a maior meta de investimentos. No ano que vem, isso vai dobrar. jc - Quanto à perda de recursos do imposto de fronteira, avaliada em R$ 500 milhões, qual é o peso na composição de valores para investimento? tarso - É significativo, porque são recursos do caixa do Tesouro. O caixa do Tesouro investe muito pouco, usamos mais investimentos do governo federal, em saneamento, estradas. Então, isso pode reduzir a capacidade própria para investimento, que é pequena. Mas nosso entendimento é de que a norma votada pela Assembleia é inconstitucional. jc - O que pode ajudar para dar um fôlego é a renegociação da dívida dos estados. Sai em 2014? tarso - Há um acordo nacional para essa votação, na primeira semana de fevereiro, o que confirma felizmente a nossa tese de que esse é o primeiro passo para uma reestruturação completa da nossa dívida. jc - O saque dos depósitos judiciais já chegou a R$ 5 bilhões? tarso - Orientei, desde o primeiro saque, que fique (depositado) aquilo que a lei determina e que o resto passe para a conta do Estado. Foi a orientação que dei ao Odir (Tonollier, secretário da Fazenda), o que ele está cumprindo rigorosamente. O resto vai para a sustentabilidade e o crescimento econômico, para o Estado poder girar a sua conta financeira. jc - Houve um crescimento não só nominal, mas real na arrecadação nos últimos anos. Em 2013, serão mais R$ 3 bilhões ante 2012. Ainda assim, as despesas superam as receitas. Como equilibrar? tarso - Toda estratégia de governo que estamos desenvolvendo foi aprovada pelo meu partido e aliados e também ancorará o nosso próximo programa de governo. Isso está colocado na seguinte centralidade: em 2027, a dívida se extingue, e temos que desenvolver de 2014 a 2027 políticas de transição. Essas políticas compõem um novo endividamento, baixando a dívida para um patamar irrisório em comparação ao atual. Essa é a minha estratégia de longo prazo. jc - E os investimentos privados, como o da CMPC, que planeja uma segunda planta? tarso - Isso está em conversações preliminares.
Na reunião que fiz no Chile, suscitei a necessidade de investir mais aqui, em função até da confiança que eles despertaram nos empresários locais, que são os principais fornecedores de insumos. Quando anunciamos R$ 1 bilhão em compras no Estado, sugeri que eles apresentassem uma nova proposta de investimento e que estaríamos na vanguarda para promover e facilitar o andamento dessa segunda etapa para o fortalecimento da companhia de celulose, que fez o maior investimento privado da história do Estado. jc - A CMPC entraria no espaço de outras plantas previstas para o Estado que desistiram há anos? tarso - Na verdade, as outras não tinham feito nada ainda, estavam apenas pretendendo e se precipitaram, porque tem uma questão federal das terras, mas nada que não possa ser discutido ao longo de um processo, com ofertas de investimentos concretas, como fez a Companhia Celulose Riograndense. jc - Vislumbra outros investimentos privados? Há o polo naval, que já está deslanchando... Prevê novos grandes investimentos captados nas viagens internacionais? tarso - Para o ano que vem, o polo naval estará saturado de encomendas. Vai ter que trabalhar muito para cumprir. Estão vinculados ao desdobramento do pré-sal, e isso ocorrerá no ano que vem. Não temos com clareza quais são as novas demandas da Petrobras e do governo federal ao setor, mas que virão novas demandas, virão. O pré-sal vai demandar a partir de 2015, 2016, novos investimentos da Petrobras para compra de serviços e também, evidentemente, para a construção de plataformas. jc - Na campanha de 2010, o senhor falava em expandir incentivos não só para as grandes empresas, mas para a base tradicional do Estado. tarso - Essas reformas, do ponto de vista legal, já foram feitas. Pode haver algum ajuste, e não são
Para o ano que vem, o polo naval estará saturado de encomendas. Não temos com clareza quais são as novas demandas da Petrobras ao setor, mas o pré-sal vai demandar novos investimentos.
reformas que reestruturam o Fundopem, mas que reestruturaram setores por inteiro. Foi o que aconteceu agora com o Fundoleite, da cadeia do leite, com a reestruturação do setor cooperativo. São incentivos fiscais que estamos dando para setores que não recebiam. E há vultosos recursos do governo federal para financiamento da agricultura familiar, somados ao Plano Safra local. Então, o Rio Grande do Sul não é mais o mesmo. Pode-se dizer que nem tudo está realizado, que tem muito a se fazer. Agora, a base jurídica indutora, a base de financiamento, a base relacionada a incentivos para investimentos que vêm de fora do Estado e de fora do País, tudo está feito. Então, o crescimento econômico que o Estado está tendo, que às vezes podem pensar que é totalmente espontâneo, é resultado de um conjunto de políticas. jc - Infraestrutura é um gargalo, não só do Estado, mas nacional. Como está a questão dos acessos asfálticos, uma demanda dos municípios? tarso - Não conseguimos investir tudo o que queríamos nas ligações municipais, mas estamos fazendo um número de obras superior ao dos dois governos anteriores em relação ao passivo que há de ligações municipais. Pretendíamos terminar todas as ligações municipais no nosso governo, mas há problemas contratuais graves. Há impotência de uma parte das empresas para cumprir os contratos, a metade ganha a licitação e não cumpre, isso vai atrasando. Revisamos nosso plano para que até o fim do governo 60% a 70% das ligações estejam prontas, o resto licitado ou em andamento para abater esse passivo de 104 ligações municipais, que é um passivo dos últimos 50 anos. jc - A recém-criada EGR (Empresa Gaúcha de Rodovias) deslancha em 2014? Agora em dezembro ela assumirá os polos Metropolitano e de Gramado. tarso - A EGR já deslanchou. Ocorre que há uma certa tendência na imprensa de cobrir os problemas e não as obras e investimentos que a EGR já fez. Isso é natural, porque a expectativa era de que a EGR fracassasse, por uma visão que defende pedágios privados e tem relações de afeto muito grande com essas concessionárias. O que a EGR está fazendo nas estradas tem um efeito local, não são divulgadas de maneira estadual, mas os problemas são divulgados. jc - O ano eleitoral pode trazer alterações na agenda administrativa de investimentos? tarso - Nada, nada. Tivemos votações na Assembleia, e há alguma avaliação de que o Estado está perdendo e está recuando no Legislativo em relação aos seus projetos estratégicos. É uma análise equivocada. O grande debate do ano eleitoral será o seguinte: o Estado evolui para um patamar superior de desenvolvimento, democracia, participação, distribuição de renda ou não? Argumentamos que sim.
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política vozes das ruas
Os integrantes do movimento social protagonista dos maiores protestos ao longo de 2013 prometem “não sair das ruas” de Porto Alegre no próximo ano. Apesar do arrefecimento das manifestações no segundo semestre, os militantes do Bloco de Luta projetam um período de intensas mobilizações para manter o preço da tarifa de transporte coletivo sem reajuste e contestar a realização da Copa do Mundo. A promessa de retomada acontece em um momento em que os principais líderes do movimento são investigados pela polícia, com a suspeita de participação em atos de violência que culminaram na depredação de prédios públicos e privados durante as manifestações. Diante do que consideram uma “criminalização dos movimentos sociais”, os manifestantes se dizem mobilizados. Lorena Castillo, da Federação Anarquista Gaúcha - uma das organizações que compõem o Bloco de Luta -, afirma que os governos não deram respostas para as pautas defendidas pelo grupo e que o retorno às ruas é inevitável. “Apesar da iniciativa dos governos de frear o máximo possível as manifestações, estaremos mobilizados para ganhar as ruas em torno das pautas e demarcar a nossa força.” A militante avalia que o grupo não pode ser visto apenas pelas mobilizações que tomaram as ruas da cidade e defende que o coletivo, assim como os movimentos que o integram, deve se organizar. “Não vamos nos retirar das ruas. Mas uma das grandes questões é que, apesar das ruas terem, de fato, um grande potencial e uma força tremenda, elas são insuficientes. Sem espaços de organização de base, não teremos acúmulo político. E a nossa luta é pela construção contínua em diversos espaços, como sindicatos e locais estudantis”, afirma. O estudante Matheus Gomes, integrante do PSTU - um dos poucos partidos de esquerda que compõem o Bloco de Luta -, acredita que o desafio é reunificar as pautas. “As manifestações continuam ocorrendo, não com a mesma massividade, mas pautas específicas continuaram se desenvolvendo. Temos que reunificar para novamente termos grandes mobilizações. E isso tem grande possibilidade de ocorrer, porque as questões que o movimento levantou continuam sem solução, tanto as pautas do Bloco quanto as que a população trouxe em junho”, disse. Ambos acreditam que a realização da Copa do Mundo poderá ser o evento deflagrador de mobilizações e criticam as legislações específicas do evento, as quais classificam como “Estado de exceção”. “A tendência é crescer a repressão aos movimentos sociais. Infelizmente, esta foi a marca das respostas do governo: repressão e criminalização dos movimentos sociais. Para não acontecer algo semelhante a junho, durante a Copa do Mundo, o governo vai garantir o endurecimento contra as manifestações e não solucionará a série de problemas que vêm com a Copa”, avalia Gomes. “A questão que precisam entender é que não somos contra o futebol como um esporte, mas contra um evento como este, que traz consequências para a sociedade como um todo. Ela (Copa do Mundo) chega, usa mão de obra precarizada, remove comunidades e criminaliza a pobreza, recebe recursos e impõe um Estado de autoritarismo, limitando que a faixa de cinco quilômetros ao redor do estádio terá uma legislação própria, com os direitos democráticos sendo atropelados. É isso que contestamos”, finaliza Lorena.
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Mobilizações populares de junho de 2013 ganharam repercussão nacional SAMUEL MACIEL/JC
Fernanda Nascimento fernanda.nascimento@jornaldocomercio.com.br
FABIO RODRIGUES POZZEBOM/ABR/JC
‘Não vamos sair das ruas’, avisa o Bloco de Luta
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Enfrentamento entre ativistas e policiais gerou tensão e violência
política vozes das ruas
Um dos especialistas que acompanharam as manifestações populares de junho, o cientista político e professor da Ufrgs Paulo Sérgio Peres projeta um 2014 com muitas mobilizações. De acordo com ele, os dois acontecimentos mais importantes da agenda brasileira no próximo ano - a Copa do Mundo e as eleições - impulsionarão a realização de novas mobilizações. “Há condições mais antigas que se somam a uma mais recente. Já sabemos que em ano de eleições presidenciais há um maior volume de manifestações e greves, que tomam a agenda política desde os primeiros meses do ano e costumam se generalizar até as vésperas do processo eleitoral. As condições mais recentes e que podem se manifestar novamente são os protestos ocorridos em junho deste ano.” Peres acredita que, por ter sido muito ampla, a agenda de protestos de junho não foi ple-
namente atendida e há grande margem para que o movimento retorne - novamente fragmentado. “A imensa nação de chuteiras pode protestar por não ter vagas nos estádios ou pela escalação do (técnico da seleção brasileira, Luiz Felipe Scolari) Felipão. Pequenos partidos de esquerda mais radical, movimentos sociais mais organizados e organizações políticas anarquistas, além dos adeptos da estratégia Black Bloc, provavelmente, tentarão reacender a chama de junho. Ao lado disso, os partidos de oposição ao governo federal poderão recorrer a estratégias das mais variadas para gerar um clima de incentivo aos protestos”, estima. Para o professor, se as manifestações se tornarem uma onda, como aconteceu este ano, o endurecimento de legislações - que em alguns estados passaram a enquadrar manifestantes envolvidos em episódios de violência como terroris-
tas - poderá ter efeito contrário ao esperado pelo governo. “Os grupos mais organizados de esquerda certamente não se importarão com isso, pelo contrário, essa legislação até reforça sua visão de que o Estado é repressor. Os militantes desses grupos que, por ventura, forem considerados terroristas poderão até se transformar em heróis do movimento. Esse é o paradoxo que o Estado e a Justiça enfrentam nessa situação”, avalia. Entretanto, o cientista político acredita que as leis poderão ter efeito sobre outros grupos, mais distantes da esquerda ou sobre a população mais pobre. “Acredito que poderá ter algum efeito inibidor em outros grupos. Só que os indivíduos desses grupos já são pouco propensos a manifestações mais incisivas ou violentas. No meio de tudo isso, acaba acontecendo que alguns incautos ou socialmente mais frágeis pagarão o pato”, adverte o professor.
ANTONIO PAZ/JC
Eleição e Copa impulsionam protestos, diz Peres
Professor prevê novos atos
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política eleição presidencial
Tendo iniciado 2013 em uma situação tranquila, em que seu governo recebia a aprovação de 63% da população no mês de março, a presidente Dilma Rousseff (PT) teve uma queda brusca na avaliação popular logo após as manifestações de junho - fato ocorrido com praticamente todos os governantes -, quando apenas 31% dos brasileiros aprovavam seu governo. Agora, chega ao final do ano com boa recuperação, atingindo um índice de 43% de ótimo e bom, segundo pesquisa do Ibope, além de figurar como vitoriosa, segundo levantamentos de opinião, ainda no primeiro turno, na disputa para a presidência da República, nos cenários contra Aécio Neves (PSDB) e o governador pernambucano, Eduardo Campos (PSB). Embora o calendário eleitoral defina que as convenções partidárias serão realizadas entre 10 e 30 de junho do próximo ano, Dilma é a pré-candidata do PT à reeleição, e a sigla vem avançando nas conversações com os partidos da coalizão governista para a manutenção da aliança no pleito de 2014. Neste cenário, a chapa vitoriosa em 2010 deve ser mantida, com o vice-presidente Michel Temer (PMDB) mantendo a dobradinha. Entre os partidos que integram o governo Dilma, também o PP, o PDT e o PCdoB têm indicado que seguirão caminhando junto à petista. Em seu discurso de posse para mais um mandato na presidência do PT, há pouco mais de uma semana, Rui Falcão exaltou os 11 anos de governo petista no Brasil, afirmando que a principal tarefa é reeleger Dilma, “para dar continuidade ao processo de transformações no País inaugurado pelo
Senador tucano aposta em desgaste do governo do PT
MOREIRA MARIZ/AGÊNCIA SENADO/JC
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Depois de três pleitos em que o PSDB polarizou com o PT na disputa pela presidência da República, mas acabou derrotado - duas vezes por Lula e uma por Dilma Rousseff -, o provável candidato tucano, senador Aécio Neves, aposta no desgaste da administração petista e no discurso da novidade, ao concorrer pela primeira vez ao Planalto. Além disso, pretende valorizar os oito anos da administração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB, 1995-2002), renegados nas campanhas dos tucanos José Serra (2002 e 2010) e Geraldo Alckmin (2006). Para o deputado federal Nelson Marchezan Júnior (PSDB), “talvez não tenha sido dado o destaque adequado”, nos pleitos anteriores, às “conquistas” obtidas pela gestão FHC. “As grandes mudanças institucionais e estruturais que reorganizaram o Brasil aconteceram nos anos 1990, no governo FHC. Não aconteceu nada de novo depois.” O tucano também afirma que muitos programas instituídos por Lula e Dilma são oriundos do PSDB, como o Bolsa Família, carro-chefe da administração petista na área social. Os tucanos esperam contar com o apoio do DEM e do recém-criado Solidariedade (SDD).
Após queda brusca nas pesquisas, petista reage presidente Lula”. Sobre a política de alianças, Falcão diz que a presidente Dilma ainda não definiu como será sua participação nos palanques regionais, onde os partidos que compõem seu governo são adversários, como no Rio Grande do Sul, que deverá ter o enfrentamento entre Tarso Genro (PT) - que deve disputar a reeleição -, Vieira da Cunha (PDT), além do candidato do PMDB gaúcho, que ainda não definiu se apoiará Dilma.
Eduardo Campos pretende ser a terceira via da disputa ao Planalto
Socialista defende ‘novo ciclo’ da política
MOREIRA MARIZ/AGÊNCIA SENADO/JC
leboutte@jornaldocomercio.com.br
Partido aliado do PT desde a primeira campanha de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência da República, em 1989, o PSB desembarcou do governo Dilma Rousseff (PT) em setembro deste ano com o intuito de propor uma candidatura alternativa à histórica polarização entre PT e PSDB. A saída foi coordenada pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente nacional do PSB e pré-candidato ao Palácio do Planalto. Campos defende que deva haver um “novo ciclo” na política brasileira, preservando conquistas econômicas dos governos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB, 1995-2002) e os avanços na área social implementados pelo ex-presidente Lula (2003-2010), continuados por Dilma. Desde o início de outubro, Campos conta com o apoio expressivo da ex-senadora Marina Silva, que se filiou ao PSB quando teve a criação do partido Rede Sustentabilidade negada pelo Tribunal Superior Eleitoral. Marina, que fez cerca de 20 milhões de votos em 2010 - quando ainda estava no PV, ficando em terceiro lugar na disputa pela presidência da República, segue aparecendo nas pesquisas de intenção de voto com índices superiores aos de Campos, estimulando especulações sobre a possibilidade de ela vir a ser a cabeça de chapa do PSB, o que é rechaçado pelo líder do PSB na Câmara dos Deputados, Beto Albuquerque. O PPS nacional deixou seu aliado tradicional, o PSDB, e formalizou nesta semana apoio a Campos.
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Para Randolfe, PT e PSDB seguem o mesmo modelo MOREIRA MARIZ/AGÊNCIA SENADO/JC
Alexandre Leboutte
EVARISTO SA/AFP/JC
Dilma recupera a popularidade
Aécio Neves deve resgatar conquistas da gestão FHC
Candidato do P-Sol acredita em alternativa de mudança Entre as candidaturas de partidos menores, o senador do P-Sol, Randolfe Rodrigues, do Amapá, deve se apresentar como “uma alternativa de esquerda, socialista e democrática”, conforme resolução aprovada no congresso da sigla. Randolfe derrotou a ex-deputada Luciana Genro na disputa para representar a sigla. “Nosso protagonismo nas jornadas de junho, especialmente entre a juventude, credenciou o P-Sol como alternativa de mudanças para o Brasil”, diz a resolução. Randolfe entende que os governos do PSDB e do PT são a continuidade de um mesmo modelo.
política eleição estadual
Sucessão no Piratini Jimmy Azevedo
politica@jornaldocomercio.com.br
Cinco partidos já garantiram que terão candidatura própria para o governo gaúcho em 2014. Novos nomes aparecem, como o da senadora Ana Amélia Lemos (PP) e o do deputado federal Vieira da Cunha (PDT). Os dois partidos, com força no Interior, não concorreram como cabeça de chapa em 2010, o que pode acirrar o pleito do ano que se vislumbra. O PDT, até dias atrás, era base
PT
O nome de Tarso Genro como candidato à reeleição está sacramentado através de resolução interna do PT. Com a saída de PDT e PSB da base governista, o objetivo é reforçar a parceria com outros aliados: “Temos centrado nossas alianças no PCdoB e no PTB. Nossa vontade e a do governador é que o (Sérgio) Zambiasi (PTB) seja o vice. Com o PCdoB discutimos a vaga ao Senado”, afirma Ary Vanaz-zi, presidente estadual. Apesar da orientação partidária, o governador ainda não confirma a candidatura e lança para fevereiro a definição, condicionando o aceite à aprovação no Congresso do projeto de reestruturação da dívida estadual com a União.
PMDB
O PMDB está focado na elaboração de um programa de governo que seja antagônico ao que está em curso. “Nós teremos candidatura própria” é a palavra de ordem entre os peemedebistas. A tendência é confirmar José Ivo Sartori, duas vezes prefeito de Caxias do Sul. “Estamos montando o programa, não adianta ter candidato sem ter o que oferecer”, projeta Edson Brum, presidente estadual. Nacionalmente, o grupo que defende o nome de Sartori - integrado por Pedro Simon e José Fogaça - quer apoiar Eduardo Campos (PSB) para presidente. Já a ala de Eliseu Padilha e Mendes Ribeiro Filho quer a reeleição de Dilma Rousseff (PT).
PP
do governador Tarso Genro (PT), que deve tentar a reeleição. O PP aposta na exposição de décadas na imprensa da comunicadora Ana Amélia Lemos, que fez quase 3,5 milhões de votos para o Senado em 2010. O PMDB, que já teve três governadores, quer retornar ao Piratini com um novo nome: José Ivo Sartori, cujas administrações em Caxias do Sul são reconhecidas. Outra candidatura posta é a de Roberto Robaina (P-Sol), que já disputou o governo em 2006. A seguir um panorama do que será a corrida eleitoral pelo governo do Rio Grande do Sul.
O PP teve como último governador Jair Soares, eleito em 1982, pelo PDS, antiga Arena. Mais de 30 anos depois, a sigla sonha em voltar ao poder. O nome de Ana Amélia Lemos vem sendo construído desde 2010, quando eleita senadora. Com o maior número de prefeitos no Estado, o PP se mobiliza em encontros regionais. “O partido está animado. Ela (Ana Amélia) é percebida como candidata. As pessoas têm a ideia de que a mudança passa pelo nome dela”, diz Celso Bernardi, presidente estadual. No Estado, a base está dividida entre Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) para a presidência. Desde o governo Lula, o PP nacional é aliado do PT.
PDT
Aliado do governo Tarso Genro (PT) desde o início da gestão, em 2011, o PDT se diz, agora, independente para tentar retornar ao Piratini depois de mais de duas décadas. O candidato é o deputado federal Vieira da Cunha. O PDT pode entrar na disputa ao estilo “bate e assopra”, pelo fato de ter ocupado secretarias importantes na gestão petista, como é o caso da pasta da Saúde. “Vamos concluir o programa de governo, uma proposta que seja simples, exequível e eficiente. Não seremos oposição (a Tarso), mas um partido alternativo ao que está aí. Não vamos negar tudo, nem aceitar tudo”, explicou Romildo Bolzan Júnior, presidente estadual.
P-Sol
Um dos fundadores do P-Sol e candidato ao governo em 2006, Roberto Robaina retornará à cena política em 2014. Em 2012, concorreu à prefeitura da Capital. A sigla acredita que as mobilizações de junho, impulsionadas pelos atos que resultaram na redução das tarifas de ônibus, são a certeza de que o P-Sol terá uma votação expressiva. “Deveremos ter uma aliança com o PSTU e o PCB. Somos o contraponto aos políticos tradicionais. O P-Sol sempre esteve junto aos movimentos de rua. Robaina surge nessa conjuntura como contraponto e contestação às candidaturas Tarso, Ana Amélia e ao PMDB”, afirmou Pedro Ruas, presidente estadual.
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geral infraestrutura
Obras da nova ponte do Guaíba começarão a partir de junho ARTE DE AURACEBIO PEREIRA SOBRE IMAGENS DNIT/JC
Complexo viário da rua Dona Teodora
Complexo viário da rua Dona Teodora Ilha Humaitá
Ilha das Flores
Saco do Cabral Construção de dois viadutos < Guaíba
Nova ponte
Saco da Alemoa Alargamento da ponte Saco da Alemoa
Ilha Grande dos Marinheiros
Ponte atual
Canal Furado Grande
Cláudia Rodrigues Barbosa claudia@jornaldocomercio.com.br
Entre tantas obras que estão sendo realizadas em Porto Alegre, a nova ponte do Guaíba é, sem dúvida, uma das mais importantes. O anúncio do início da construção, cogitado para ocorrer a partir de junho, deve marcar o ano de 2014. Um dos pontos que pode trazer problema para o andamento do cronograma é a necessidade de desapropriar no mínimo 850 famílias. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) não irá divulgar o valor do orçamento porque a licitação ocorrerá por Regime Diferenciado de Contratação (RDC). O vencedor será anunciado no dia 4 de fevereiro, em Brasília, e a gestão da ponte funcionará por meio de uma integração entre o Dnit e a prefeitura da Capital. O projeto deve ser entregue em seis meses e o período de execução está previsto para 36 meses. Conforme o projeto inicial, o bairro Navegantes, em Porto Alegre, passará por diversas desapropriações nos próximos anos. Na região, será implantado o chamado Complexo Viário da rua Dona Teodora. Esta readequação do sistema viário compreende sete viadutos com duas faixas de tráfego cada para ligar a rua Dona Teodora e os dois sentidos da avenida
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Presidente Castelo Branco ao primeiro trecho da nova ponte (sob essa ótica, o último ponto ficaria na Ilha das Flores). Outra área com bastante desapropriação a ser feita é a Ilha Grande dos Marinheiros. A nova ponte, que servirá como alternativa para acessar o Sul do Estado a partir da Capital, terá 7,3 km de extensão, duas faixas de tráfego e um acostamento por sentido. A estrutura possuirá também dois vãos de 143 metros de extensão para a passagem de embarcações. No segundo trecho, a ponte contará com uma estrutura convencional em via elevada até a Ilha Grande dos Marinheiros. Neste local, dois viadutos se interligarão à ponte nos dois sentidos da rodovia, pelas BRs 116 e 290. O projeto prevê ainda o alargamento de uma ponte existente sobre o Saco da Alemoa para aumentar a capacidade de fluxo e evitar congestionamento próximo à Ilha das Flores. A via, que recebe o fluxo oriundo de Porto Alegre em direção a Guaíba, precisará ter quatro faixas para incorporar o tráfego que vem da nova ponte somando-se ao da velha. “Serão mais 500 metros com três faixas neste sentido e após retorna para duas pistas nos dois sentidos. No outro lado, em direção à Capital, o motorista pode optar em qual ponte vai transitar, dividindo o fluxo. Aí não há a necessidade de aumentar o nú-
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Ilha do Pavão Porto Alegre
mero de pistas”, explica o engenheiro Carlos Alberto Vieira, coordenador do projeto no Dnit. Conforme o superintendente do Dnit no Estado, Pedro Luzardo Gomes, o projeto da empresa vencedora da licitação terá que respeitar as restrições mínimas já determinadas pelo anteprojeto do órgão, “como o gabarito de navegação e a altura que pega o cone de aproximação do aeroporto”. Tanto Gomes quanto Vieira acreditam que as obras possam começar a partir de junho ou no máximo até outubro, porque o projeto pode ir sendo entregue aos poucos. À medida que o Dnit aprovar, a empresa pode dar andamento à obra, montando acampamento e dando início a algumas etapas. “Certamente a empresa vai iniciar a mobilização de acampamento, talvez alguma coisa dentro d’água. Nesta contratação o Departamento colocou tudo junto, a parte ambiental, a parte de desapropriação, a acomodação provisória das pessoas, todas as licenças necessárias. A empresa que ganhar vai ter que fazer tudo. Ou seja, não depende de mais nenhuma contratação. Isso vai dar uma agilidade muito grande”, afirma. A estimativa de tráfego não mudará muito quando a nova ponte ficar pronta, em 2017/2018. Atualmente, transitam 51 mil veículos/dia na ponte móvel. O superintendente assegura que até lá o número chegará a 53 mil, mas com duas pontes.
geral mobilidade
Jessica Gustafson jessica@jornaldocomercio.com.br
A Capital teve um ano marcado por discussões em torno do tema mobilidade. Com diversas obras viárias de grande porte sendo realizadas simultaneamente, o porto-alegrense enfrentou o caos no trânsito com a perspectiva de que em 2014 desfrutaria dos resultados das intervenções, que somam um investimento de R$ 888 milhões. Com atraso nos cronogramas, nem todas as promessas se concretizarão. Em relação aos BRTs, apenas na zona Sul os novos coletivos têm previsão de circulação. Já em relação ao metrô, as obras começam apenas em 2015. A empresa que irá operar o transporte hidroviário urbano de passageiros entre o Lami e a Arena do Grêmio deve ser escolhida entre o fim de 2014 e o início de 2015. A licitação dos ônibus da Capital também não deve sair neste ano, conforme previsto. O secretário municipal de Gestão e Acompanhamento Estratégico, Urbano Schmitt, afirma que, mesmo com atrasos nos novos modais, a população terá uma melhora substancial na mobilidade. “Em 2014, veremos os resultados dos investimentos, pois a maioria das obras será concluída”, garante. O secretário lembra que no dia 12 de março serão abertas as propostas de manifestação de interesse para a construção do metrô da Capital, cujo modelo de construção (shield ou tatuzão), mesmo sendo mais caro (R$ 4,8 bilhões), traz menos interferências. A partir dessa data, uma equipe técnica, formada pelo município e pelo governo do Estado, fará a avaliação dos projetos e escolherá o melhor. Com essa definição, será aberto o edital de licitação de contratação do consórcio que construirá e operará o metrô. “Temos a expectativa de que até o fim de 2014 possamos ver a licitação concluída, com possibilidade de contratação da empresa. O mais provável é que as obras se iniciem em 2015. Serão quatro anos de construção, com início da operação em 2019”, afirma. O prazo de concessão do serviço será de 25 anos. Em relação aos BRTs, Schmitt ressalta que a fase atual é a mais complexa. A troca do asfalto por placas de concreto deve ser concluída até junho de 2014. A segunda etapa será a construção das estações e dos terminais. Segundo Schmitt, esta fase deve ser concluída até o fim do ano que vem. Mesmo sem a finalização total das estações, ele diz que os BRTs já
FREDY VIEIRA/JC
Metrô e BRTs vão atrasar operação
Em apenas uma parte da avenida Protásio Alves asfalto já foi substituído por placas de concreto podem começar a operar na cidade, mas isso dependerá da licitação do transporte coletivo, que incluirá a operação dos BRTs e dos ônibus normais. O lançamento desse edital, previsto para acontecer em dezembro deste ano, também enfrenta entraves. Vanderlei Cappellari, diretor-presidente da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), explica que a intenção é realizar primeiro a licitação dos ônibus da Capital. Contudo, existe a necessidade de adequar o modelo da cidade com o da Região Metropolitana. Por isso, a previsão de licitar até o fim deste ano não deve se concretizar. Ainda está sendo discutida com o Estado a elaboração de um edital único para a Capital e para os outros municípios. Entretanto, Cappellari ressalta que o prefei-
to José Fortunati prefere a separação das licitações, por isso ainda não há definição. Outro obstáculo no lançamento do edital das linhas urbanas é exatamente a operação dos BRTs. Porto Alegre foi dividida pela EPTC em quatro eixos, que são as bacias operacionais. Uma é a bacia pública da Carris, que não precisará ser licitada. As outras três são privadas: Sul, Leste e Norte. A Norte será a que sofrerá o maior impacto, pois é lá que operará o metrô. Nesta região, o BRT não circulará. A Sul deve começar a operar até outubro. Além disso, a licitação do transporte urbano da Capital ainda depende do julgamento pelo Tribunal de Contas do Estado do modelo tarifário que deve ser utilizado. A votação em plenário só ocorrerá em 2014.
Novos catamarãs apenas em 2015 Com os percalços que o início do transporte urbano hidroviário na Capital vem passando, a ideia de licitar toda a orla – da Arena até o Lami – pode ser colocada em prática apenas em 2015. A CatSul deve operar, após a liberação da Marinha, os trajetos até o BarraShoppingSul e a Ilha da Pintada. “Para a empresa, é difícil fazer os investimentos, pois pode perder a licitação. Por isso, estamos prevendo um recurso do município para estas linhas. A nossa equipe está elaborando o edital de concessão de toda a costa do Guaíba”, afirma Cappellari.
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geral saúde
Isabella Sander
geral@jornaldocomercio.com.br
O ano de 2014 deve ser especial no que se refere à saúde no Rio Grande do Sul. Somente a Secretaria Estadual de Saúde (SES) prevê a abertura de mais 17 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Neste ano, pelo menos nove UPAs foram concluídas e inauguradas em todo o Rio Grande do Sul. Segundo o então secretário estadual da Saúde, Ciro Simoni, já estão funcionando duas unidades em Canoas e uma em Novo Hamburgo, Porto Alegre, Santa Maria, Vacaria, Bom Princípio, Bagé e Lajeado. Em setembro, foi aberta, em Canoas, no bairro Guajuviras, a segunda UPA da cidade. A primeira UPA começou os trabalhos em junho de 2012, no bairro Rio Branco. As primeiras UPAs que devem abrir no Estado em 2014 são em Cachoeira do Sul, Venâncio Aires e Santo Ângelo, que estão em fase de finalização, faltando apenas terminar a compra dos equipamentos. Outras obras, que estão quase acabadas, são as de Cruz Alta, Frederico Westphalen e Alegrete – esta deve ser a última a ser aberta, já que permanece em fase de compra de equipamentos e contratação de pessoal. As unidades mais atrasadas são as de Três Passos, Santa Rosa, Erechim, Bento Gonçalves, São Borja, Tramandaí e Caxias do Sul. A meta, definida em 2009, é de chegar ao final de 2014 com 30 UPAs. Conforme Simoni, os prefeitos do interior vinham reclamando da falta de recursos para as unidades. “Por isso, o Ministério da Saúde baixou uma portaria para aumentar o investimento, mas, por enquanto, esse acréscimo não acontecerá. Então, o Estado resolveu ampliar o custeio também”, informa o secretário. As UPAs I - atendem de 50 a 100 mil habitantes - recebem R$ 85 mil da SES por mês, mas, a partir de 2014, receberão R$ 135 mil. As UPAs II - 100 a 200 mil habitantes -, que hoje recebem R$ 150 mil, passarão a contar com R$ 225 mil. Por fim, as UPAs III - 200 a 300 mil habitantes - passarão de um aporte de R$ 250 mil para R$ 350 mil em 2014. Atualmente, o Estado repassa um valor referente a 50% do que o ministério destina às unidades. “Os gastos estimados com uma UPA I são de R$ 195 mil, o que faz com que o município sempre tenha prejuízo. Estamos tentando reverter a situação”, afirma o secretário. Conforme ele, há cidades que, em função dos valores, desistiram das obras, como Campo Bom. Em Porto Alegre, até agora, apenas a UPA Moacyr Scliar, na zona Norte, está funcionando. Contu-
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NÂNDRIA OLIVEIRA/DIVULGAÇÃO/JC
Estado deve ter pelo menos mais 17 UPAs
UPA 24 horas no bairro Rio Branco, primeira a ser aberta em Canoas, foi inaugurada em junho de 2012 do, segundo a coordenadora de Urgências e Emergências da Secretaria Municipal da Saúde, Fatima Ali, o projeto regional da Capital prevê oito unidades. A próxima a ser construída será a UPA Partenon, na avenida Bento Gonçalves. “Estamos aguardando a cessão do terreno pelo Estado, para começarmos a construir. O governo estadual alegou, ao longo de 2013, que está tramitando a liberação do terreno, mas, por enquanto, nada”, diz. O Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) fará a gestão do local, que deve atender a cerca de 400 pessoas por dia. Após a cessão, também será necessário que o projeto tramite na Secretaria Municipal de Urbanismo (Smurb) e na Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam). As UPAs, conforme Fatima, são pensadas para serem implantadas em lugares
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estratégicos de alta circulação de pessoas. “Assim, construiremos, além dessas duas unidades, mais uma no bairro Navegantes e outra na zona Sul. Além disso, os pronto-atendimentos da Bom Jesus, da Lomba do Pinheiro e da Cruzeiro do Sul serão adaptados e se transformarão em UPAs II”, destaca. O Hospital da Restinga, por sua vez, terá uma unidade interna, sendo a primeira UPA hospitalar da Capital, de porte III. O prazo para que as unidades da Bom Jesus, da Lomba do Pinheiro e da Restinga sejam entregues é o primeiro semestre de 2014. “Esse tipo de unidade vem para qualificar o atendimento, e não aumentar a complexidade ou o número de pessoas atendidas”, esclarece Fatima. A UPA Moacyr Scliar realiza cerca de 400 atendimentos por dia, semelhante ao que o pronto-atendimento da Cruzeiro do Sul recebe hoje,
quantidade que deve seguir a mesma. A UPA Navegantes já está com local definido – nas proximidades do Terminal Cairu –, e estão sendo feitas desapropriações no terreno. A construção deve ser iniciada em 2014. Já a UPA zona Sul deve funcionar nos entornos do bairro Serraria, mas ainda não há terreno definido. Os trabalhos em relação a ela, por enquanto, concentram-se apenas no desenvolvimento do projeto. “No que pensamos para Porto Alegre em termos de urgência, essas unidades são fundamentais, por isso insistimos tanto com o Estado para realizar a cessão logo. Os locais facilitam o acesso ao atendimento, já que são próximos de onde as pessoas moram, e também porque de 75% a 80% dos pacientes que buscam a emergência são de média complexidade, não sendo necessário ir aos hospitais”, avalia Fatima.
esporte copa do mundo
AFP/JC
PEDRO SILVEIRA/FOLHAPRESS/JC
RAFAEL RIBEIRO/CBF/DIVULGAÇÃO/JC
Campeões do passado otimistas com a seleção
Zito acredita na equipe e na força da torcida Fábio Utz Iasnogrodski fabioutz@jornaldocomercio.com.br
Ao longo da história, o Brasil já montou grandes equipes e criou inúmeros ídolos. Gerações de torcedores lembram com carinho dos times de sua época, daqueles que levaram o País a ser considerado o principal expoente no mundo do futebol. Desde 1930 até hoje, 19 Copas do Mundo foram realizadas. O País conquistou cinco delas. E quem participou dessas caminhadas acredita que 2014 pode, sim, ser o ano do hexa. O Jornal do Comércio ouviu Zito, campeão em 1958 e 1962, Tostão, da equipe de 1970, e Taffarel, vencedor em 1994. jc - Que características você considera importante que a seleção brasileira tenha para atingir o mesmo sucesso em 2014?
Tostão ressalta vantagem de jogar em casa
- Tem que ter um grupo qualificado. Isso é o principal. tostão - O Brasil está no caminho certo, formou um bom time, organizado, com bons jogadores. Além disso, o mais importante é que a equipe mostrou saber jogar em casa. Isso, na maioria das vezes, é uma grande vantagem. taffarel - Como a Copa será realizada no Brasil, a nossa seleção deve já começar com força total, união do grupo, grande concentração, muita estrutura emocional, e, sobretudo, jogando um bom futebol para empolgar os nossos torcedores. jc - É possível enquadrá-la entre as favoritas? Por quais razões? zito - Para mim, pode. É o que de melhor tem no mundo. Além de ser um dos melhores times, em casa, a torcida empurra. zito
Taffarel diz que o Brasil confia em Felipão
tostão - Está se criando um ambiente de que o Brasil é o grande favorito, não perde de jeito nenhum. Isso é perigoso. Ele é apenas um dos favoritos, junto com Alemanha, Espanha e Argentina. taffarel - Com certeza. Joga em casa, tem tradição, cresce nesse tipo de competição, os adversários respeitam. jc - O Neymar de hoje pode ser o que foram Romário, Ronaldo e Pelé em outros Mundiais? zito - Pode sim. Tem tudo para fazer um grande campeonato. tostão - Do ponto de vista técnico, o nosso grande trunfo é ele. Está entre os grandes jogadores do mundo. Pode ser, sim. taffarel - Tomara. A seleção precisa muito desse jogador de peso, que preocupa o adversário, que faz o
imprevisível e que resolve sozinho. jc - Se pudesse dar um conselho ao Felipão neste momento pré-Copa, qual seria? zito - Não tenho condições de dar conselho. Quero que ele tenha muita sorte, forme uma bela seleção e traga o título para nós. tostão - Eu não falaria que o Brasil vai ganhar a Copa. Eu não usaria essa tática. Eu sei que ele faz isso, porque acha que vai aumentar mais a atmosfera positiva. Isso tem um certo perigo, mas não é conselho, porque não estou dizendo que está errado. É apenas uma dúvida. taffarel - Não precisa de conselhos, somente saber que, assim como eu, milhões de brasileiros estão confiando nele e na seleção, torcendo para que, mais uma vez, o Brasil seja campeão.
Paulo Paixão fala no comprometimento do grupo O preparador físico Paulo Paixão estava na comissão técnica de Luiz Felipe Scolari na conquista do pentacampeonato em 2002. Agora, novamente ao lado do velho parceiro,
destaca o comprometimento que os atletas estão apresentando, fator que exalta como importante para se ir em busca de uma nova conquista. “Não que os outros grupos não
tivessem, mas este, especificamente, está demonstrando algo muito legal, sem qualquer vaidade pessoal”, diz. Conforme Paixão, a seleção tem um padrão de jogo estabelecido, e o tra-
balho precisa continuar nesse caminho. “Nós estamos trabalhando com o intuito de atingir a expectativa. A confiança está equilibrada, não ultrapassou a questão da soberba.”
O Mundial de 1950 em Porto Alegre Deivison Ávila deivison@jornaldocomercio.com.br
Em 1950, a Copa do Mundo estava apenas em sua quarta edição. O evento ocorreu de 24 de junho a 16 de julho e teve como sede o Brasil, com jogos em Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. O País foi escolhido por unanimidade na época, sendo um sucesso no quesito infraestrutura e exemplo para o mundo. Para receber o evento na Capital, o Estádio dos Eucaliptos foi reformado, com a derrubada do antigo pavilhão de madeira, na rua Silveiro, no bairro Menino Deus, e a construção de uma arquibancada de concreto. A Capital recebeu dois jogos da seleção do México, contra Iugoslávia e Suíça. Na partida dos mexicanos contra os suíços, os dois times entraram em campo com camisas vermelhas. O Inter não podia ajudar, porque as suas também eram da mesma cor, e os mexicanos acabaram jogando com as camisetas de listras verticais azuis e brancas do Cruzeiro de Porto Alegre. A Suíça acabou derrotando o México por 2 a 1 no dia 2 de julho. Quatro dias antes, os mexicanos haviam levado 4 a 1 da Iugoslávia. A expectativa era grande, afinal, durante a década de 1940, não houve a realização das Copas previstas, por causa da Segunda Guerra Mundial. O Brasil foi, então, o país escolhido. Para a ocasião, foram construídos estádios, entre eles o Maracanã, na época o maior do mundo. A Copa de 1950 não teve uma final, e sim um quadrangular final. Espanha e Suécia foram goleadas pelo Brasil e eliminadas por placares apertados pelo Uruguai. A última partida, coincidentemente, envolvia o primeiro e o segundo colocados, e ficou conhecida como “Maracanaço”. Diante do maior público de todas as Copas (199.854 pessoas), no dia 16 de julho, o Brasil abriu o placar com Friaça. O Uruguai empatou com Schiaffino. O resultado daria o título aos brasileiros. Entretanto, aos 34 minutos, Ghiggia virou o placar, dando o bicampeonato à Celeste.
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copa o mapa da
TRINTA E DUAS SELEÇÕES. SETECENTOS E TRINTA E SEIS ATLETAS. UM SONHO. A conquista máxima no esporte mais popular do mundo. O Brasil será o palco do maior evento esportivo do planeta em 2014. Depois de 64 anos, a Copa do Mundo retorna ao país do futebol. As estrelas estarão dentro de campo. Vindas dos cinco continentes, elas esperam encantar os torcedores e estar no Maracanã, dia 13 de julho, para levantar a taça e soltar o grito de campeão.
México Estados Unidos
Honduras Do atual elenco, 12 jogadores atuaram na Copa de 2010. Em um grupo em que a França é franca favorita, só por um milagre para os hondurenhos tirarem a segunda vaga às oitavas de Equador ou Suíça. | Posição no ranking da Fifa: 41º | Destaque: Carlos Costly, 31 anos, atacante
Costa Rica Disputando a sua quarta Copa, a Costa Rica deve ser o “saco de pancadas” do grupo D, que conta com Uruguai, Itália e Inglaterra. | Posição no ranking da Fifa: 31º | Destaque: Bryan Ruiz, 28 anos, meia-atacante
Colômbia
A força física continua sendo uma marca da equipe. Nas eliminatórias, porém, o Equador não venceu nenhum jogo longe da altitude de 2.800 m de Quito. | Posição no ranking da Fifa: 23º | Destaque: Antonio Valencia, 28 anos, meia
UEFA (Europa)
Brasil Única seleção a estar presente em todos os Mundiais, o Brasil irá atrás da sexta conquista. Campeão em 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002, o time canarinho conta com o apoio da torcida para levantar a taça. | Posição no ranking da Fifa: 10º | Destaque: Neymar, 21 anos, atacante
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Equador
Concacaf (América Central, do Norte e Caribe)
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Sob a batuta do argentino Jose Pekerman, a expectativa é de que a Colômbia seja uma equipe com mais espírito competitivo. | Posição no ranking da Fifa: 4º | Destaque: Radamel Falcao Garcia, 27 anos, atacante
ZONAS DE CLASSIFICAÇÃO Conmebol (América do Sul)
Os norte-americanos vão para sua sétima Copa consecutiva. Sob o comando do alemão Jürgen Klinsmann, o desejo é poder ir mais longe do que de costume. | Posição no ranking da Fifa: 14º | Destaque: Jozy Altidore, 24 anos, atacante
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O futebol mexicano é conhecido pelo seu estilo cadenciado e pouco efetivo. Porém, conta com jogadores hábeis e não costuma vender barato suas derrotas. | Posição no ranking da Fifa: 20º | Destaque: Javier ‘Chicharito’ Hernández, 25 anos, atacante
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Uruguai Chile
AFC (Ásia) e OFC (Oceania)
Os chilenos chegam a sua nona Copa com a esperança de conseguir avançar na competição e, ao menos, igualar sua melhor colocação em Mundiais, o 3º lugar em 1962. | Posição no ranking da Fifa: 15º | Destaque: Alexis Sánchez, 25 anos , atacante
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CAF (África)
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A Celeste quer repetir 1950 e faturar um Mundial no Brasil. Campeão da primeira copa da história (1930), o time mantém a base da seleção quarta colocada em 2010. | Posição no ranking da Fifa: 6º | Destaque: Edinson Cavani, 26 anos, atacante
Argentina A bicampeã mundial (1978 e 1986) vem forte para o torneio. Primeiros colocados nas eliminatórias, os “hermanos” querem dar fim ao jejum de 20 anos sem um título com a seleção principal. | Posição no ranking da Fifa: 3º | Destaque: Lionel Messi, 26 anos, meia-atacante
Textos de Juliano Tatsch Arte de Juliano Bruni CRÉDITO DAS IMAGENS: AL-WATAN DOHA / KARIM JAAFAR/AFP/JC (TAÇA) | FRANCK FIFE/AFP/JC (NEYMAR) | ANDRES-LARROVERE/AFP/JC (MESSI) | EDUARDO MARTINS/A TARDE/FUTURA PRESS/JC (CAVANI)
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Inglaterra
Bélgica
Os ingleses não ostentam o favoritismo de edições anteriores. Com futebol pragmático e de velocidade, os súditos da rainha querem surpreender e faturar sua segunda taça (campeã em 1966). | Posição no ranking da Fifa: 13º | Destaque: Wayne Rooney, 28 anos, atacante
CRÉDITO DAS IMAGENS: ROBERTO VAZQUEZ/FUTURA PRESS/JC (INIESTA) | ROBERTO VAZQUEZ/FUTURA PRESS/JC (PIRLO) | KARIM JAAFAR/AFP/JC (CRISTIANO RONALDO)
O treinador Marc Wilmots tem em suas mãos uma das melhores gerações do futebol do país das últimas décadas, o que mostra que os belgas não estão para brincadeira. | Posição no ranking da Fifa: 11º | Destaque: Eden Hazard, 22 anos, meia-atacante
França Após o fracasso em 2010, quando foi eliminada na primeira fase, os franceses esperam repetir o feito de 1998 e faturar mais um Mundial. | Posição no ranking da Fifa: 19º | Destaque: Franck Ribéry, 30 anos, meia-atacante
Espanha
es
ta
I ni
Com um time leve e o preciso toque de bola, a Fúria quer mostrar que a sua melhor geração da história ainda tem lenha para queimar. | Posição no ranking da Fifa: 1º | Destaque: Andrés Iniesta, 29 anos, meia
Holanda
Croácia
Os holandeses sempre chegam como candidatos ao título. Com uma escola de movimentação e organização tática inovadora, a Laranja Mecânica quer deixar para trás o passado de três finais perdidas e levar para casa o primeiro caneco. | Posição no ranking da Fifa: 9º | Destaque: Arjen Robben, 29 anos, atacante
Os croatas surpreenderam o mundo em 1998, quando ficaram em terceiro lugar na Copa da França. A classificação para o Brasil veio na repescagem, com empate e vitória sobre a Islândia. | Posição no ranking da Fifa: 16º | Destaque: Luka Modric, 28 anos, meia-atacante
Bósnia-Herzegovina
Alemanha
Marcado pela guerra de independência contra a Iugoslávia entre 1992 e 1995, o país vai estrear em Mundial. A equipe é entrosada, e quase todos os jogadores atuam no exterior. | Posição no ranking da Fifa: 21º | Destaque: Edin Dzeko, 27 anos, atacante
Os tricampeões do Mundo (1954, 1974 e 1990) contam com sua melhor geração desde a Copa de 1990. Terceira colocada em 2006 e 2010, a Alemanha chega o ao Brasil como uma das favoritas. | Posição no ranking da Fifa: 2º | Destaque: Mesut Özil, 25 anos, meia
Rússia Os russos ficaram em primeiro lugar no grupo F das eliminatórias europeias, desbancando Portugal. Sede do próximo Mundial, a Rússia quer preparar a seleção para fazer bonito em casa em 2018. | Posição no ranking da Fifa: 22º | Destaque: Aleksandr Kerzhakov, 31 anos, atacante
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Irã A equipe carece de vivência em grandes competições, pois quase todos os atletas estão em clubes iranianos, o que deve pesar no ano que vem. | Posição no ranking da Fifa: 45º | Destaque: Javad Nekounam, 33 anos, meia
Itália
Suíça Os suíços não costumam dar espetáculo dentro de campo. Com um futebol defensivo, a força da equipe está em dificultar ao máximo o trabalho dos ataques adversários. | Posição no ranking da Fifa: 8º | Destaque: Xherdan Shaqiri, 22 anos, meia
A sempre favorita Azzurra conta com a mescla de experiência e juventude no grupo para vencer a Copa pela quinta vez (1934, 1938, 1982 e 2006). O time deve apresentar, no Brasil, um futebol menos defensivo e mais dinâmico | Posição no ranking da Fifa: 7º | Destaque: Andrea Pirlo, 34 anos, meio-campista
Portugal
Grécia
A classificação suada sobre a Suécia mostrou o quanto os portugueses queriam estar no Brasil em 2014. O grupo experiente dá indícios que os lusos não virão para passear. | Posição no ranking da Fifa: 5º | Destaque: Cristiano Ronaldo, 28 anos, atacante
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A seleção grega tem como ponto forte o sólido sistema defensivo. A copa de 2014 será a terceira participação grega em Mundiais (1994 e 2010). | Posição no ranking da Fifa: 12º | Destaque: Georgios Samaras, 28 anos, atacante
Japão O estilo nipônico é de toque de bola e habilidade no ataque. Nas eliminatórias asiáticas, não se impôs com facilidade como em campanhas anteriores, mas chega ao Brasil como a principal força da Ásia. | Posição no ranking da Fifa: 48º | Destaque: Keisuke Honda, 27 anos, meia-atacante
Coreia do Sul Os sul-coreanos chegam à sua oitava Copa com um grupo sem estrelas e apostando na força do conjunto para conseguir avançar na competição. | Posição no ranking da Fifa: 54º | Destaque: Koo Ja-Cheol, 24 anos, meia
Argélia No último Mundial, a Argélia somou apenas um ponto. Nem o fato de ter a maioria dos jogadores jogando na Europa deve fazer com que os argelinos consigam passar da primeira fase. | Posição no ranking da Fifa: 26º | Destaque: Sofiane Feghouli, 23 anos, meia-atacante
Nigéria Costa do Marfim A equipe, muito forte fisicamente, possui ataque perigoso, entretanto a defesa não se acerta. | Posição no ranking da Fifa: 17º | Destaque: Didier Drogba, 35 anos, atacante
O time não tem o estilo vistoso e leve da equipe que conquistou a Olimpíada de 1996. Apesar de escalar três atacantes, costuma fazer poucos gols. | Posição no ranking da Fifa: 36º | Destaque: Victor Moses, 23 anos, atacante
Gana É considerada a seleção africana com o melhor conjunto. Seu ponto forte é o meio de campo, de muita marcação e experiência internacional. | Posição no ranking da Fifa: 24º | Destaque: Kevin Prince Boateng, 26 anos, meia
Camarões
Austrália
Os camaroneses surpreenderam em 1990 ao vencer a Argentina e serem eliminados nas quartas de final para a Inglaterra na prorrogação. Depois disso, nunca mais obteve resultados significativos em Mundiais. | Posição no ranking da Fifa: 51º | Destaque: Samuel Eto’o, 32 anos, atacante
O recém-chegado treinador Ange Postecoglu só dirigiu o time em uma partida e tem pouco tempo para colocar jogadores inexperientes no lugar de veteranos que não conseguem render como antes. | Posição no ranking da Fifa: 59º | Destaque: Tim Cahill, 34 anos, atacante PORTO A L EGR E , S E X TA-F E I R A , 20 DE DE Z E M BRO DE 201 3
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inter
Sem dinheiro, mas com criatividade
Casa nova, espírito renovado
Fábio Utz Iasnogrodski fabioutz@jornaldocomercio.com.br
Depois de um 2013 que começou com muita expectativa, em função das altas quantias despendidas na formação do grupo para a disputa da Copa Libertadores da América, veio a frustração. A equipe, em determinado momento da primeira fase, chegou a empolgar, mas a queda de rendimento e a eliminação logo nas oitavas de final interromperam o sonho do tricampeonato. Apesar disso, o ano seguiu, e com Renato Portaluppi no comando após a queda de Vanderlei Luxemburgo, o Grêmio chegou ao vi- Enderson Moreira, que estava no Goiás, será ce-campeonato nacional e garantiu o técnico do Tricolor na próxima temporada para o 2014 que está por começar a possibilidade de novamente disputar a palavra é bastante mencionada entre os principal competição do continente. Des- dirigentes: criatividade. “É preciso ter uma ta vez, no entanto, o clube vive um novo capacidade de avaliação adequada e um momento, e a formação do time se dará de bom diagnóstico de jogadores. A partir disforma bem diferente. so, temos plenas condições de sucesso. Não O presidente Fábio Koff já publicizou adianta trazermos alguém de nome apenas as dificuldades financeiras existentes, tanto para trancar a carreira de quem já está com que isso impossibilitou a renovação do con- a gente. Essa não é a nossa política de futrato de Renato e levou o clube a apostar em tebol”, enfatiza Romildo Bolzan Júnior, que um técnico emergente e mais barato: Ender- também integra a direção gremista. son Moreira, que neste ano levou o Goiás à Ou seja, fica claro que o nome não vai sexta colocação no Campeonato Brasileiro, ser fator preponderante na hora de escolher disputando uma vaga na Libertadores até a quem fará parte do plantel. Hein cita, por última rodada. Com uma readequação or- exemplo, o modo como foi trazido o zagueiçamentária que também atinge o futebol, ro Rhodolfo, que não era aproveitado no se enaltece, primeiramente, a base do time, São Paulo. Assim, na base dos retoques, se que terminou o Brasileirão em segundo buscará a qualidade necessária para encalugar. “Ficar próximo de ganhar um cam- rar a competição sul-americana. “Existe um peonato tem o seu significado. Com alguns mapeamento, e as correções serão feitas retoques, acredito que há condições de se com calma”, completa. montar um time para vencer”, avalia Nestor Na tentativa de “formar ativos imporHein, integrante do conselho de administra- tantes”, como definiu Bolzan, a intenção é ção tricolor. continuar apostando em jovens que posPara alcançar o chamado ponto de sam entrar na equipe e, no futuro, render equilíbrio, com um plantel competitivo e dividendos. “Necessitamos do fortalecidentro de uma nova realidade salarial, uma mento da nossa base”, avalia o conselheiro.
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GILMAR LUÍS/JC
grêmio
Deivison Ávila deivison@jornaldocomercio.com.br
Depois de mais um ano conturbado com troca de técnicos, brigas internas e todos os jogos disputados fora de Porto Alegre, o ano de 2014 reserva, pelo menos, uma grande alegria para o torcedor colorado: o retorno para o Beira-Rio. Depois de uma longa obra, que se iniciou em 1956, o Gigante da avenida Padre Cacique foi inaugurado no dia 6 de abril de 1969. Exatamente 44 anos mais tarde, um novo Beira-Rio renasce: moderno, tecnológico e de alma nova, para receber cinco jogos da Copa do MunCampeão do mundo em 2006 pelo Colorado, do, que será disputada no Brasil. Além da disputa do Mundial, Abel voltará a comandar o time no ano que vem a previsão da direção vermelha é voltar a disputar os jogos do Inter na tradi- assistir jogos no Beira-Rio sejam associados, cional casa o mais breve possível. A previ- tamanho será o número de associações e o são de conclusão das obras é no dia 31 de grau de envolvimento do sócio com o clube”, dezembro, mas uma extensão no prazo pre- acrescenta o homem do marketing colorado. vê o encerramento para fevereiro. Antes da Além de atrair o torcedor com a nova entrega definitiva do estádio para a Fifa, a casa, a direção trouxe de volta um grande entidade exige três eventos-teste. No entan- ídolo: o técnico Abel Braga, comandante das to, não está fora dos planos realizar alguns duas maiores conquistas da história do clujogos do Campeonato Gaúcho no remodela- be, a Libertadores da América e o Mundial do espaço. de Clubes em 2006. Depois de algumas seA abertura oficial ocorre no dia 5 de manas de incerteza, o presidente Giovanni abril, com uma grande festa, seguida, no Luigi definiu o ex-diretor de futebol Marcelo dia seguinte, de uma partida com o Peñarol, Medeiros como vice-presidente de futebol. do Uruguai. O vice-presidente de marke- A partir do acerto desses dois nomes, o ting, Adauri Silveira, aponta 2014 como um clube dá início à reformulação do grupo de grande ano para o clube, quando o sócio jogadores. poderá se reencontrar com o seu estádio. Medeiros planeja um cenário totalmen“Será o ano para trazer de volta o torcedor te diferente para o clube em 2014. “O novo para conhecer o novo estádio. Isso nos dá a estádio trará ao nosso torcedor um estado perspectiva muito grande em arrecadações, anímico muito positivo. Os nossos jogadores além de criar um clima para que o time se e profissionais do clube também têm conscisinta em casa”, planeja o dirigente. ência do significado deste momento. Então, “A ideia do clube é resgatar todos os só- a empolgação que o Abel está revelando em cios inadimplentes, conquistar novos para o retornar e conduzir o Inter neste cenário é quadro associativo e fechar a temporada fa- a mesma dos atletas e da diretoria”, aponta zendo com que todas as pessoas que forem o dirigente.
GILMAR LUÍS/JC
esporte
cultura gestão
Ricardo Gruner ricardo.gruner@jornaldocomercio.com.br
O orçamento de R$ 85 milhões para 2014 não é o único motivo pelo qual o secretário de Estado da Cultura, Luiz Antonio de Assis Brasil, comemora. Segundo ele, o teto da Lei de Incentivo à Cultura (LIC) subirá para R$ 50 milhões no ano que vem - a princípio, seu último no comando da pasta. Comparativamente, de acordo com o secretário, a pasta terá um volume de recursos 517% maior do que no último ano do governo anterior. Como os últimos 12 meses de mandato envolvem a realização da Copa do Mundo, Assis Brasil ainda destaca que o Ministério da Cultura fará uma programação intensa durante o evento. Museus e centros culturais como Casa de Cultura Mario Quintana e Memorial do Rio Grande do Sul serão qualificados. Sobre o MinC, aliás, há convênios celebrados que somam R$ 50 milhões. Com todos estes recursos, serão concluídos os convênios dos Pontos de Cultura -
ação que começou a ser implantada neste ano -, entre outras atividades. Outra questão em pauta é o Centro Cenotécnico do Estado, que será dividido em duas unidades: a sede da Voluntários da Pátria passará por reformas para abrigar cenários, por exemplo. Já a nova unidade, na Júlio de Castilhos, será palco para ensaios, oficinas e apresentações. Segundo Assis Brasil, falta assinar o termo de compromisso entre Estado e prefeitura de Porto Alegre para repasse da verba a título de ressarcimento pela desapropriação do espaço do novo projeto da Voluntários da Pátria. “Quanto ao da Júlio de Castilhos, estamos na fase de preparo da licitação para a reforma do espaço, uma vez que o projeto já existe”, completa o secretário. Paralelamente, tudo indica que a ocupação do Hospital Psiquiátrico São Pedro pelos grupos de teatro locais ocorrerá de forma definitiva. Faltam apenas alguns detalhes técnicos. No primeiro semestre de 2014, isso estará definido, conforme o secretário.
FREDY VIEIRA/JC
Cofre mais folgado
Assis Brasil comemora orçamento de R$ 85 milhões para o próximo ano
Novas atribuições em Porto Alegre Priscila Pasko
JONATHAN HECKLER/JC
sendo implementada uma nova modalidade de gestão compartilhada”, explica Jacoby. Para Com novos setores fazenele, a ideia é atrair um número do parte da rotina da Secretamaior de turistas. ria da Cultura de Porto Alegre É esperado, ainda, que (SMC), além dos eventos e daa Copa do Mundo fomente a tas comemorativas movimenatividade cultural da cidade, tando a agenda cultural da já que a Capital será uma das cidade, o orçamento da pasta sedes dos jogos. Estão previsfoi reforçado. Após ter trabatas programações especiais na lhado com verbas de R$ 48 miUsina do Gasômetro e uma edilhões em 2013, a previsão para ção extraordinária do Acampa2014 é de aproximadamente mento Farroupilha, que, no ano R$ 80 milhões. A injeção no que vem, erguerá os piquetes orçamento justifica-se, por já no mês de junho. “Será um exemplo, pela manutenção e ponto alto em termos de imaconservação dos monumentos gem, como referência cultural históricos e artísticos nas pra- Roque Jacoby destaca investimentos do Estado e do Brasil. Vamos ças, para as quais estão previsoferecer um produto distinto e tos R$ 2 milhões. exclusivo”, comenta Jacoby. Cerca de R$ 19,5 milhões serão destinados ao PAC Com as obras adiantadas, deve ser inaugurada Cidades Históricas, com parte do recurso direcionada à em 27 de março a Cinemateca Capitólio. Outro espaço recuperação do Mercado Público. Outros R$ 9,6 milhões cultural, a Usina do Gasômetro, aguarda para 2014 a deverão incrementar as obras do sambódromo, que abertura de licitação para requalificação do espaço. Jacontará com novas arquibancadas. O secretário Roque coby diz ainda não saber o montante necessário para Jacoby também informa que foi criado um comitê ges- as obras, mas acredita que os trabalhos possam ser initor conjunto com as comunidades carnavalescas. “Está ciados após a Copa do Mundo.
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cultura Margs homenageia Mário Röhnelt Priscila Mengue
O Margs prepara uma programação ampla e variada para o próximo ano. Ao todo, serão 14 exposições, entre coletivas e monográficas, que trarão artistas e curadores regionais, nacionais e estrangeiros. Das quatro mostras já definidas, um dos destaques é O corpo elétrico - que deve ocorrer em setembro e aborda como o corpo é retratado ao longo da história da arte. Segundo o diretor do Margs, Gaudêncio Fidelis, a escolha segue uma proposta de trazer “novas perspectivas curatorais sobre as obras do acervo e sobre a produção local”. Um pouco antes, em abril, o Margs planeja abrir um mostra retrospectiva com trabalhos do pelotense Mário Röhnelt. Além de exibir obras conhecidas e ou-
tras inéditas, o evento também irá realizar o lançamento de um livro sobre o legado do artista, que produz desde os anos 1960 e transita por diversas abordagens, como pop art, expressionismo e pintura monocromática. A curadoria será de José Francisco Alves. Já a atual curadora-chefe do Margs, Ana Zavadil, está à frente da realização de duas exposições que abordam as características da arte na contemporaneidade. Com lançamento previsto para maio ou junho, Útero, museu e domesticidade: Gerações do feminino na arte terá apenas trabalhos realizados por mulheres. O cânone pobre, por sua vez, deve abrir no local em novembro e pretende questionar a relação entre o valor artístico e a constituição material das obras e dar espaço para trabalhos que utilizam materiais menos nobres e duráveis.
MARGS/DIVULGAÇÃO/JC
centros culturais
Corpo humano é o tema de uma das mostras de 2014
ED VIGGIANI/ESTADÃO CONTEÚDO/AE/CODIGO/DIVULGAÇÃO/JC
Iberê em comemoração Júlia Lewgoy
O xodó da Fundação Iberê Camargo (FIC) deve marcar o encerramento de 2014 a partir de 18 de novembro: a exposição em comemoração ao centenário do pintor e gravurista que dá nome ao espaço, inaugurada no dia em que ele faria aniversário se estivesse vivo. Ocupando todos os andares, a mostra tratará da influência da obra de Iberê Camargo na contemporaneidade. O segundo semestre inclui também a exposição Traçar o espaço, marcar o tempo, a partir de 21 de agosto, com curadoria do italiano Gianfranco Maraniello. A iniciativa traz para Porto Alegre importantes obras da vanguarda surgida no final dos anos 1960 na Itália, movimento conhecido como arte povera (em português, arte pobre). Eliminar as barreiras entre a arte
Vik Muniz será tema de exposição no Santander Cultural em maio
O Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MAC-RS) deve ganhar sua sede em 2014. O projeto estava prometido para novembro deste ano, mas atrasou. A obra deve estar pronta em abril de 2014. A instituição funcionará junto ao centro cultural do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFRS), localizado no prédio da rua Coronel Vicente que abrigou recentemente a Ulbra Saúde. Entretanto, apesar da mudança, segundo o diretor, André Venzon, o acervo do MAC-RS permanecerá na Casa de Cultura Mario Quintana, onde se encontra atualmente. A exposição que deve celebrar o museu na nova casa está planejada
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para maio de 2014 e chama-se MAC 21, com curadoria do Paulo Gomes. Já o Santander Cultural promete uma programação variada. Um dos nomes mais celebrados da arte contemporânea, Vik Muniz será tema de exposição no Santander Cultural em maio. A mostra vai privilegiar suportes como fotografias, vídeos e colagens, com curadoria de Lígia Canongia. Outro destaque é a realização, pela terceira vez, do projeto RS Contemporâneo, que privilegia a produção emergente do Rio Grande do Sul. Em 2014, serão quatro exposições individuais no Santander: Isabel Ramil, Romy Pocztaruk, Ismael Monticelli e Daniel Escobar.
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LUIZ EDUARDO ROBINSON ACHUTTI/DIVULGAÇÃO/JC
Novidades no Centro da Capital
e o cotidiano da sociedade era o objetivo do grupo, que “empobrecia” suas criações. A arte brasileira representada por Antonio Dias é tema de mostra que abre em 13 de março. Com curadoria de Paulo Sérgio Duarte e preparada especialmente para o espaço, a exposição apresenta composições do artista feitas a partir de 1999. Nascido na Paraíba, Antonio Dias se afirmou no cenário internacional com a premiação na Bienal de Paris de 1967. Ainda em março, no dia 29, estreia As horas, exposição que apresenta a última fase de Iberê Camargo, com curadoria do italiano Lorenzo Mammi. O caráter político marca a mostra Liberdade em movimento, a ser aberta em 29 de maio com curadoria de Jacopo Visconti, em que obras de arte contemporânea utilizam o ato de andar no fazer artístico.
Fundação Iberê Camargo celebra os 100 anos de nascimento do artista gaúcho
Jornal do ComĂŠrcio
Porto alegre, sexta-feira, 20 de dezembro de 2013
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cultura Michele Rolim
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O próximo ano marca o surgimento de um novo evento em Porto Alegre: a primeira edição do Festival Sesc de Circo Moderno, que será realizada em outubro no Sesc Campestre. A proposta é reunir conhecidos nomes da arte circense, trazendo ao Estado artistas nacionais e internacionais. O festival terá um formato de apresentação em lona e a ideia é oferecer uma programação para diversos públicos, de crianças a adultos. A programação do Porto Alegre em Cena, em 2014, deve contar com um dos mestres do teatro con-
temporâneo, o canadense Robert Lepage, com uma versão de Hamlet. Lepage esteve na Capital em 1998, com Needles and Opium. Já o Festival de Teatro de Rua pretende investir em ações que deram certo em 2013, como a internacionalização do evento. Destaque da edição deve ficar para a companhia francesa Génerik Vapeur e o espetáculo Bivouac. Também está prevista a Sagração da primavera, de Roger Bernat, da Espanha. Outro aguardado evento de teatro, o Palco Giratório do Sesc (de 3 a 25 de maio de 2014) já confirmou as presenças de Cia do Latão (SP), Alfândega 88 (RJ), Teatro de Anônimo (RJ) e Angel Vianna.
Teatro de rua terá mais atrações internacionais vindas da França e da Espanha
De cursos a mostras de arte temporânea, Isay Weinfeld, também cineasta e designer de móveis. Acessado por uma rampa e em forma de caixa, o prédio, de três pavimentos e 3,2 mil metros quadrados, contará com espaços distribuídos em forma de galeria, divididos em salas de aula, auditório, espaço expositivo, laboratório gastronômico, cafeteria e salão de eventos. O empreendimento incluirá, ainda, espaço comercial para artigos educativos, artísticos, culturais e de design. O projeto prevê ainda a preservação de árvores do terreno.
Nas alturas com o Cirque du Soleil
INSTITUTO LING/DIVULGAÇÃO/JC
A zona Norte de Porto Alegre ganhará um novo espaço cultural e educacional, dedicado às diversas áreas do conhecimento em 2014. O Centro Cultural do Instituto Ling será inaugurado em agosto, na rua João Caetano, no bairro Três Figueiras, e é inspirado na Casa do Saber, em São Paulo. A proposta é oferecer ao público atividades como teatro, cinema, música, exposições de arte, cursos de curta duração, seminários e debates. O projeto é assinado por um dos principais nomes da arquitetura brasileira con-
MARIE-REINE MATTERA/DIVULGAÇÃO/JC
Circo e teatro nos festivais
MAURO SCHAEFER/ARQUIVO/JC
espetáculos e educação
Centro Cultural do Instituto Ling será inaugurado no bairro Três Figueiras
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Porto Alegre será a última parada de Corteo
A partir de 7 de março, Porto Alegre recebe o espetáculo Corteo, do Cirque du Soleil, em tenda que será montada ao lado do Bourbon Shopping Wallig. A Capital será a última parada da turnê brasileira da trupe canadense, depois de ter passado por cinco cidades - São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba e Rio de Janeiro. Corteo, que significa “cortejo” em italiano, conta a história do palhaço Mauro, que imagina um desfile alegre e festivo. O espetáculo será apresentado em um palco de 360° e foi concebido com números aéreos, nos quais os artistas “voam” de seis a 12 metros de altura, utilizando técnicas de trampolim, corda bamba, trapézio e barras fixas. Quem assina a direção é o ítalo-suíço Daniele Finzi Pasca. Estarão no palco artistas de 20 nacionalidades, entre eles, cinco brasileiros. A temporada na Capital se encerra em 13 de abril.
cultura inaugurações
Júlia Lewgoy
cultura@jornaldocomercio.com.br
Primeira construção projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer em Porto Alegre, o Memorial Luís Carlos Prestes será finalizado em janeiro, com inauguração prevista para o primeiro semestre de 2014. Com curvas e vidros - características de obras de Niemeyer - e vermelho, tom da militância comunista, o prédio é uma homenagem ao líder político gaúcho e abrigará um acervo encarregado de contar sua história. O terreno do memorial está localizado na esquina da Edvaldo Pereira Paiva (Beira-Rio) com a Ipiranga, à beira do Guaíba. A curadoria do espaço ainda não foi definida entre os apoiadores do memorial, mas a maior parte do material exposto será composta por artigos doados por amigos e familiares, entre eles a filha de Prestes, a historiadora Anita Leocádia. O espaço contará com cafeteria, miniauditório e área para exposições culturais temporárias. O projeto também inclui uma biblioteca virtual. Niemeyer doou o desenho do
projeto em função da amizade de longa data com Prestes, parceiro nas ideias comunistas. O convite para que o memorial fosse projetado partiu de familiares de Prestes e de um grupo de amigos comunistas. O encaminhamento oficial para a realização do memorial foi dado em 1990 pelo vereador Vieira da Cunha, hoje deputado federal. O terreno, então, foi doado pela prefeitura de Porto Alegre. Iniciada em abril de 2012, a construção é tocada pela Federação Gaúcha de Futebol. A entidade ergue a obra de R$ 8 milhões em troca de metade do terreno de 10 mil metros quadrados, onde também constrói sua nova sede, mirando a Copa do Mundo de 2014. Depois de concluída a obra, a federação também será responsável pela manutenção e pela segurança do prédio. Luís Carlos Prestes foi líder da revolta tenentista na década de 1920 e da marcha revolucionária denominada Coluna Prestes. Por defender ideais socialistas, ele viveu clandestinamente no Brasil casado com a comunista judia alemã Olga Benário e foi perseguido por mais de 50 anos.
ANTONIO PAZ/JC
Ícone à beira do Guaíba
Oscar Niemeyer projetou memorial em homenagem a Luís Carlos Prestes na avenida Beira-Rio
Mais tempo para o Multipalco
MARCO QUINTANA/JC
Ricardo Gruner
ressalta ele), mas destaca as novidades do espaço. ricardo.gruner@jornaldocomercio.com.br A sala da orquestra estará entregue nos próximos meses. Com a concha acústica, a praça e o restaurante As obras do Multipalco do Theatro São Pedro pros- já operando em 2013, a construção deve ter o acrésseguirão no ano que vem, com previsão de inaugu- cimo da subestação transformadora até junho, que ração em 2015. Coordenador do projeto, José Roberto fornecerá energia elétrica à estrutura do local. “O vaDiniz de Moraes não detalha o que falta para a conclu- lor da subestação é de R$ 1,8 milhão, obra que vai ser são total (“fundamentalmente, é recurso financeiro”, tocada pela CEEE”, explica Moraes. Um projeto patrocinado pela Petrobras resultará na finalização dos sistemas elétrico, hidráulico e de lógica. Realizada esta etapa, a edificação dependerá apenas da instalação da central térmica (custo de R$ 4,4 milhões) e da sala principal, que é o teatro. “Nunca tivemos nenhum tostão de orçamento público de qualquer esfera, mas pelo menos andamos. Estamos atrás dos nossos patrocinadores para as duas coisas. As demais salas são menores dentro do contexFaltam recursos para a conclusão das obras, afirma Moraes to do todo”, lembra Moraes.
Sala da Ospa apenas em 2015 Ponto de honra do governo do Estado na área cultural, a construção da Sala Sinfônica da Ospa teve sua previsão de conclusão adiada. As atividades começaram no início de 2012 e, inicialmente, estimava-se a finalização no primeiro semestre de 2014. Entretanto, segundo o secretário Luiz Antonio de Assis Brasil, a conclusão das obras ficará para 2015. O projeto contempla uma sala de concertos, um museu da música, salas de ensaio e escola de música - além da sede administrativa. Com qualificação acústica internacional, o local não suportará óperas nem montagens cênicas, diferenciando-se de teatros convencionais. Com fundações já colocadas no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, nas proximidades da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, o futuro edifício será peça rara no País - o que se transformou em um complicador. “Existe no Brasil apenas um edifício construído para ser sala sinfônica. Isso significa pouca expertise acumulada nesse tipo de construção”, salienta o secretário. Na etapa atual, houve necessidade de serem feitas duas licitações, por exemplo, uma vez que todas as empresas concorrentes foram inabilitadas na primeira delas. “A obediência ao que prevê a Lei 8.666/93 faz com que se cumpra uma série de passos a cada licitação”, lembra o secretário. A lei estipula as regras para licitações na área pública. Finda esta segunda licitação, os recursos estão em fase de análise. Estima-se que este processo esteja concluído até janeiro de 2014 e que a terceira etapa - a construção da supraestrutura do prédio - seja realizada em 18 meses. Faltaria ainda uma última licitação, para finalizar a edificação. PORTO A L EGR E , S E X TA-F E I R A , 20 DE DE Z E M BRO DE 201 3
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Porto Alegre, sexta-feira, 20 de dezembro de 2013
SEJA EXPOSITOR. A Feira do Empreendedor 2014 é uma grande oportunidade para a sua empresa expor a sua marca e fazer grandes negócios. De 11 a 14 de setembro, das 14h às 21h, no Centro de Exposições da Fiergs, acontecerão palestras, cursos, workshops, exposição de diversas oportunidades de negócio e eventos voltados para fomentar o empreendedorismo e a competitividade das micro e pequenas empresas. Participe! Informações para exposição: Adriana Hartmann: hartmann@sebrae-rs.com.br ou (51) 3216-5121.
Jornal do Comércio