Vinhos & Espumantes

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Porto Alegre, sexta-feira, 22 de novembro de 2013 Caderno Especial do Jornal do Comテゥrcio


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Porto Alegre, sexta-feira, 22 de novembro de 2013 Caderno Especial do Jornal do Comércio

CONSUMO

O consumo de vinhos brancos e espumantes aumenta significativamente no País durante o verão. Dados do Ibravin apontam que o mercado já ultrapassa os 20 milhões de litros por ano entre nacionais e importados

Muitos brasileiros têm optado pelo consumo de vinhos brancos e espumantes no verão. Dados do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) revelam que, em quase 20 anos, o consumo de espumante aumentou dez vezes no País, passando de 2,46 milhões de litros em 1993 para 20,03 milhões em 2012. Desse total, 2,17 milhões de litros eram de espumantes nacionais e 289 mil litros de importados, em 1993. Já em 2012 foram consumidos 14,73 milhões de litros de nacionais contra 5,31 milhões de importados. Conforme a diretora de promoção do Ibravin, Andréia Milan, as vendas de espumantes cresceram 12% em 2012, em comparação com 2011 e, de janeiro a setembro deste ano o incremento também chega a 12%, se comparado com mesmo período de 2012. “É um mercado de mais de 20 milhões de litros por ano, entre nacionais e importados, e que tem crescido ano após ano”, diz. Segundo Andréia, a grande concentração de vendas ainda é no final do ano, mas esse cenário tem se alterado. “O grande desafio ainda é desmistificar o consumo para que seja degustado o ano inteiro”, diz. “No entanto, mais de 40% das vendas ainda acontecem nos últimos três meses do ano.”

Mercado da bebida tem crescido ano após ano

JOÃO MATTOS/JC

Espumantes a qualquer hora, em qualquer lugar

De acordo com a diretora, a importância da mudança de hábito dos brasileiros em relação ao consumo de espumantes também acaba tendo reflexos nas vendas de vinhos brancos e tintos. “O consumo de espumante é uma porta de entrada para novos consumidores, pois nosso grande concorrente ainda continua sendo a cerveja.

As mulheres, por exemplo, começam degustando um Moscatel, depois passam para um vinho Rosé até chegarem ao tinto.” Para o presidente da Associação Brasileira de Enologia, Luciano Vian, a formação de novos degustadores passa pelos espumantes e vinhos brancos, por serem mais “fáceis para quem

começa a beber, pois não exigem tanto de quem está degustando”. Segundo ele, os Moscatéis têm menos teor alcoólico e características aromáticas de frutas, flores e elevado teor de açúcar. O dirigente destaca ainda que o aumento do consumo se deve também ao fato de serem considerados “elegantes e nobres.”

CLAITON DORNELLES/JC

Setor quer aumentar consumo de vinhos brancos

Brasileiros privilegiam os tintos, que representam 95% do mercado

Expediente

Se o consumo de espumantes já está virando mania entre os brasileiros, o mesmo não ocorre com os vinhos brancos, cujo consumo ainda é considerado muito baixo. “É um nicho a ser muito explorado, e o consumo incentivado, pois mais de 95% do consumo no País é de vinhos tintos”, disse a diretora de promoção do Ibravin, Andréia Milan. No início deste ano, o instituto lançou, em parceria com entidades supermercadistas, a campanha No Verão Vá de Branco, justamente para quebrar o paradigma, mostrando que o verão combina com vinho branco. Conforme dados do Ibravin, de janeiro a março, são comercializados, em média, 500 mil litros de vinho branco no País. Em 2012, de janeiro a setembro, foram consumidos 3,17 milhões de litros de vinhos brancos, volume que teve in-

cremento de 4,67% no mesmo período deste ano, quando alcançou 3,32 milhões de litros. Em todo ano de 2012, o consumo chegou a 5 milhões de litros, cerca de 25% de um total de 19 milhões de litros de vinhos finos consumidos. Andréia lembra que há duas décadas o cenário era completamente diferente, pois 70% do consumo era de vinhos brancos. Mas as propriedades antioxidantes do vinho tinto, rico em polifenóis presentes nas cascas e nas sementes das uvas vermelhas, desbancaram os brancos. “Foi o chamado Paradoxo Francês, que comprovava os benefícios de beber vinho tinto”. No entanto, o vinho branco também tem muitos benefícios, como o menor teor alcoólico, podendo ser consumido com grande variedade de pratos, inclusive com churrasco.

Editor-Chefe: Pedro Maciel • Editora de Cadernos Especiais: Ana Fritsch • Subeditoras: Cíntia Jardim e Sandra Chelmicki • Reportagem: Ana Esteves• Projeto gráfico e editoração: Ingrid Müller • Editor de Fotografia: João Mattos • Revisão: Adriana Grumann, Daniela Florão, Juliana Mauch e Mauni Lima Oliveira


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Campanha valoriza produtos nacionais

Venda de espumantes cresce 15% em 2013

A descontração do brasileiro e os vinhos especiais elaborados no País serão o foco de uma ação conjunta do setor produtivo e do varejo. O objetivo é valorizar os vinhos e espumantes nacionais, além de alavancar as vendas

JOÃO MATTOS/JC

A venda de espumantes teve um incremento de 15% em um comparativo entre 2012 e 2013, em parte graças às campanhas de fomento ao consumo da bebida. “São um incentivo para toda cadeia e até mesmo para os sucos, que cresceram 40% em vendas”, observa o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo. As festas de final de ano e as férias alavancam tradicionalmente as vendas, que no período respondem por 54,3% do faturamento do ano. Devem ser vendidos em 2013 mais de 11 milhões de litros de espumante e mais de 7 milhões de litros de vinhos finos. Para aproveitar o período favorável do ano, a campanha publicitária Beba com Descontração será lançada no final de novembro. O público-alvo são os jovens adultos, entre 25 e 34 anos, que já são consumidores e gostam de experimentar estilos novos e diferentes de vinho. “Queremos desmistificar a ideia de que beber vinho é algo complicado que exige um ritual. Vamos falar em novos momentos de consumo, em qualquer lugar e situação”, diz o gerente de marketing do Ibravin, Diego Bertolini.

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Garrafas com fechamento rosqueável garantem praticidade

A alegria de beber vinhos e espumantes de forma descontraída, criativa e desvinculada de qualquer comemoração. Esse é o mote da campanha publicitária que será lançada no final de novembro pelo Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) em parceria com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e a Associação Gaúcha de Supermercados (Agas). A campanha intitulada Beba com Descontração valoriza os vinhos elaborados no País e a forma descomplicada de viver e de se divertir dos brasileiros. “Esta é uma ação de mídia conectada com o varejo, pois visa

estimular o consumidor a optar por rótulo brasileiro quando for às compras. No Brasil, de cada quatro garrafas de vinho vendidas, três são em supermercados”, informa o gerente de marketing do Ibravin, Diego Bertolini. “Os consumidores precisam estar cientes de que os vinhos são multifuncionais, pois permitem um leque muito grande de combinações com diferentes pratos na gastronomia, sempre equilibrando as texturas da comida e da bebida”, afirma o presidente da Associação Brasileira de Enologia, Luciano Vian. Entre as estratégias das vinícolas para facilitar e incentivar a de-

gustação de vinhos e espumantes em locais como praia e piscina está a criação de embalagens menores, mais fáceis de abrir. “Lançamos, neste ano, uma espumante com garrafa no formato baby, para facilitar o consumo e aproximar ainda mais nossos clientes dos nossos produtos”, diz Adolfo Lona, enólogo e diretor da vinícola Adolfo Lona. Também para facilitar a vida do consumidor, a Cooperativa Vinícola Garibaldi lançou produtos com tampa rosqueável, chamada screw caps. A linha Frisante Garibaldi Relax possui tampas feitas de alumínio. “Esse fechamento começou a ser usado em vinhos mais

populares, mas comprovou sua aptidão para todos os tipos”, afirma o enólogo da Garibaldi, Gabriel Ca��� rissimi. Segundo ele, a grande vantagem desse tipo de tampa é que dispensa a utilização de saca-rolha. “É uma forma prática de consumir”, aponta. “Queremos turbinar o desempenho dos vinhos e espumantes no mercado e melhorar a fatia abocanhada pelos vinhos produzidos no Brasil. Para estimular a escolha pelos rótulos nacionais estamos apostando em uma das principais qualidades do povo brasileiro: a descontração”, disse o diretor executivo do Ibravin, Carlos Paviani.


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MERCADO

Simples Nacional beneficiaria 92% das vinícolas gaúchas A possibilidade de contar com uma medida para desonerar a indústria vitivinícola do País, promovendo o seu enquadramento no Simples Nacional, poderá trazer benefícios para 92% das vinícolas instaladas no Estado. A previsão é do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), que aponta como principal vantagem dessa iniciativa o incremento da competitividade dessas empresas frente à concorrência com os vinhos e espumantes importados. A articulação rumo à desoneração está sendo realizada pelo Ibravin junto a parlamentares federais, os quais receberam uma nota técnica que justifica a inclusão do setor no Simples Nacional. O Instituto também realizou dez audiências públicas em vários estados brasileiros para discutir, entre outros temas, a entrada de outros segmentos no regime simplificado de tributação. “Os argumentos são fortes para a desoneração, especialmente o que aponta o grande número de empresas que seriam beneficiadas sem que isso signifique prejuízo na arrecadação de impostos”, comenta o diretor executivo do Ibravin, Carlos Paviani. No Rio Grande do Sul, das

559 empresas, 510 poderiam ser incluídas no Simples, ou seja, 12% do faturamento gerado pelo setor, segundo Paviani. Já em Santa Catarina, essa possibilidade atingiria 85 das 89 empresas ativas no estado. “Seria uma forma de concorrer em igualdade com produtos importados cujos impostos são menores do que as taxas no Brasil.” Seria uma grande vantagem especialmente para as vinícolas que vendem para pequenos varejos, restaurantes e por meio do enoturismo. Segundo Paviani, a concorrência no mercado de vinho é muito acirrada pelo fato de o produto ser bastante globalizado. “Isso permite que outros produtores entrem e acessem o mercado brasileiro com taxas baixas, fator que faz parte dos gargalos do setor”, ressalta. Além do problema das taxas, o setor sofre com dificuldades de logística, especialmente para o Sudeste do País, onde há grande consumo. Outros entraves são o custo e a baixa escala de produção para vinhos finos. “Isso favorece o consumo de vinhos produzidos por grandes produtores mundiais, como Chile, Argentina, Itália e França”, explica o diretor.

Segundo Paviani, das 559 empresas, 510 seriam desoneradas

GABRIELA MO/DIVULGAÇÃO/JC

Uma iniciativa para desonerar a indústria vitivinícola brasileira pode beneficiar a grande maioria das empresas gaúchas produtoras de vinhos e espumantes. A oportunidade de enquadramento no Simples Nacional também pode aumentar a competitividade em relação aos importados

JOÃO MATTOS/JC

Produção impulsionada

Mudança na forma de tributação estimularia a agroindústria familiar

Outros benefícios do enquadramento do setor no Simples seriam o incentivo à produção da bebida, o impulso à formalização dos produtores e a manutenção das pequenas cantinas no mercado, além do estímulo aos produtores da agroindústria familiar. “Para o ingresso nesse sistema, é necessário enquadrar-se na definição de microempresa ou de empresa de pequeno porte, cumprir os requisitos previstos na legislação e formalizar a opção pelo regime simplificado”, explica o diretor executivo do Ibravin, Carlos Paviani. As empresas que elaboram exclusivamente suco de uva ou vinagre já possuem a alternativa de se enquadrar no Simples. Paviani ressalta que identifica, em Brasília, interesse por parte das autoridades na ampliação das categorias que integram o regime

simplificado de tributação. Conforme o dirigente, enquanto o benefício não vem, muitas empresas têm apostado em alternativas para burlar o problema da concorrência, como a diversificação de produtos, a inclusão em indicação geográfica e estratégias de diferenciação de forma coletiva. O Simples Nacional é um regime compartilhado de arrecadação, cobrança e fiscalização de tributos, aplicável às microempresas e empresas de pequeno porte, previsto na Lei Complementar nº 123, de 2006. Abrange a participação da União, dos estados e municípios. O regime engloba os seguintes tributos: IRPJ, CSLL, PIS/Pasep, Cofins, IPI, ICMS, ISS e a Contribuição para a Seguridade Social destinada à Previdência Social a cargo da pessoa jurídica (CPP), recolhidos num único documento de arrecadação.


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Projeto Histórias do Vale deve fomentar vendas

SILVIATONONIBRAVIN/DIVULGAÇÃO/JC

A ideia de criar uma marca própria para fomentar ainda mais a comercialização de vinho no País começa a tomar forma e virar realidade para 12 vinícolas do Vale dos Vinhedos. No início de novembro, elas apresentaram o estudo para criação da marca Histórias do Vale, produto-âncora de um projeto que pretende inserir no mercado vinhos mais acessíveis, com preços inferiores a R$ 20,00, e de excelente qualidade. Vinícolas como Almaúnica, Casa Valduga, Cavas do Vale, Aurora, Dom Cândido, Don Laurindo, Gran Legado, Larentis, Miolo Wine Group, Peculiare, Terragnolo e Torcello colocarão em garrafas e rótulos suas histórias, seus aromas e sabores. A iniciativa busca unir produtores para o fortalecimento do Vale dos Vinhedos. “O Histórias do Vale é mais do que uma nova marca para nós. Esse projeto representa uma tomada de consciência de nossos associados em prol da união regional”, comenta o presidente da Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale), Juarez Valduga. De acordo com Valduga, cada garrafa leva uma experiência pro-

Marca própria representará 12 vinícolas do Vale dos Vinhedos

dutiva que atravessou um século e que encontra, nos últimos anos, um amadurecimento refletido em qualidade e representatividade. “Cada um de nós abrirá mão de um pedacinho de mercado para construir, em conjunto, um futuro no qual todos colherão mais frutos”, explica Valduga. Cada vinícola integrante do projeto fará o seu próprio vinho. A identidade visual é a mesma para todos, com

pequenas variações de ícones e informações. Em pequenas produções, que partem de mil e não devem ultrapassar 20 mil garrafas, Histórias do Vale será um produto competitivo com padrão de qualidade garantido por degustadores. O objetivo inicial da Aprovale é distribuir o produto na Região Turística Uva e Vinho, da Serra gaúcha, e em áreas específicas do Rio Grande do Sul. “Queremos

que o crescimento da marca seja mais orgânico”, comenta. O enoturismo é imprescindível para o crescimento do vinho brasileiro em longo prazo e só existe enoturismo com a união de produtores e empreendedores das várias áreas ligadas ao setor. “Com a marca coletiva, buscamos conquistar clientes individuais, assim como restaurantes e lojas do Estado e posteriormente, do País”, conclui.

O fortalecimento da região é um dos principais objetivos da criação de uma marca própria por diversas vinícolas. Com o projeto, vinhos mais acessíveis e de excelente qualidade estarão disponíveis tantos aos consumidores individuais quanto aos restaurantes e lojas


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MERCADO

Comercialização ganha fôlego As vendas de vinhos e espumantes tomaram fôlego a partir de agosto e apresentaram reação excepcional depois de um primeiro semestre morno, com a estagnação da comercialização do setor. Conforme dados levantados pelo Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), de janeiro a setembro, foram comercializados 164,7 milhões de litros de vinhos, dos quais 14,7 milhões oriundos de variedades viníferas e 149,9 milhões de mesa. O montante representa um incremento de 4,53% em relação a 2012, quando foram vendidos 157,5 milhões de litros de ambas as qualidades de uvas. No mesmo período, a venda de espumantes chegou a 7,5 milhões de litros, com incremento de 12,75% em relação a 2012. No total de vinhos de mesa, viníferos, outros vinhos e espumantes, foram comercializados 173,7 milhões de litros, 4,88% a mais do que em 2012. Para o presidente do conselho deliberativo do Ibravin, Alceu Dalle Molle, o segundo semestre tradicionalmente se mostra mais dinâmico do que o primeiro. “As estratégias de promoção que vêm sendo alinhadas com o setor supermercadista e com os distribuidores começam a surtir efeito”, analisa. Ele acredita que houve

Dalle Molle confirma que o momento é de retomada dos negócios

JANICE PRADO/DIVULGAÇÃO/JC

Depois de um semestre de estagnação, as vendas no setor apresentaram uma alta considerável a partir de agosto. A perspectiva até o final de 2013 é de aquecimento ainda maior, com o alinhamento de estratégias de promoção junto ao setor supermercadista e aos distribuidores

uma ampliação da exposição dos vinhos brasileiros nos pontos de venda. “A situação deve melhorar com as ações construídas com o varejo, o que resultaria em redução das importações. Temos uma perspectiva de aquecimento das vendas”, explica Dalle Molle. Dentro do segmento de vinhos de mesa, foram vendidos 150

milhões de litros, ante a venda de 2012, que chegou a 94,7 milhões de litros. Nesta categoria, a venda de engarrafados apresentou o melhor resultado, com crescimento de 8,77%, representando um volume de 39,6 milhões de litros em comparação com os 36,4 milhões de 2012. Essa tendência de migração entre vinhos de mesa

a granel para engarrafados vem se intensificando desde 2011. Para especialistas, o resultado, apesar de positivo, não é satisfatório, pois os estoques das empresas estão bastante altos e logo entrará a próxima safra, o que demanda apoio de medidas governamentais para auxiliar no escoamento dos volumes estocados.

JOÃO MATTOS/JC

Sucos de uva despontam como preferidos

Venda de sucos naturais e concentrados registrou alta de 32,83% no primeiro semestre deste ano

O conceito de saúde atrelado ao consumo de sucos de uva 100% naturais tem colaborado, e muito, para manter o produto no topo do mercado. Os índices de comercialização mantêm o desempenho positivo nos últimos anos. Os sucos 100% naturais, prontos para consumo, e os concentrados registraram alta de 32,83%, com 50,8 milhões de litros vendidos no primeiro semestre deste ano. Entre agosto e setembro, esse montante sofreu novo incremento, chegando a 54,1 milhões de litros. O maior destaque são os sucos prontos naturais, que ampliaram a comercialização em 45,7%, num comparativo entre o mesmo período de 2012. O desempenho dos sucos naturais é comemo-

rado pelo setor pois o produto representa uma alternativa para o processamento das uvas americanas e híbridas utilizadas para o vinho de mesa. Porém, apesar de favorável, o mercado não compensa os volumes processados a partir dessa matéria-prima. O consumo do suco gira em torno de 50 milhões de litros, enquanto que o dos vinhos de mesa ficam entre 200 milhões de litros. Segundo dados do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), houve a influência das compras de suco de uva por parte da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) com articulação do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), dentro do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), no montante de 5 milhões de litros.


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AVALIAÇÃO NACIONAL DE VINHOS

Vale dos Vinhedos se destaca Reconhecida como a maior avaliação de vinhos de uma mesma safra do planeta, a 21ª edição – Safra 2013 chega a sua maioridade consolidada. Estiveram presentes apreciadores de 13 estados brasileiros, além do Distrito Federal, e de oito países

Participantes degustaram 16 vinhos selecionados entre os 30% mais representativos

GILMAR GOMES/DIVULGAÇÃO/JC

Cerca de 850 apreciadores de vinhos participaram da Avaliação Nacional de Vinhos, realizada no final de setembro. Os participantes degustaram 16 vinhos selecionados entre os 30% representativos da Safra 2013. No total, 63 vinícolas inscreveram 309 amostras. Conforme o presidente da Associação Brasileira de Enologia (ABE), Luciano Vian, os vinhos expressam a realidade e as características da safra recente. “Em 2013, a chuva prejudicou algumas variedades tardias, ao mesmo tempo em que as precoces foram beneficiadas”. Segundo ele, a avaliação também é uma oportunidade para os consumidores conhecerem novas tendências e produtos. Vian destaca que a avaliação tem o papel de apresentar novas regiões brasileiras produtoras de vinhos e de retratar os movimentos que o setor e o mercado consumidor espelham. “Os vinhos que estarão no mercado nos próximos anos já despontam na avaliação.” Para cada amostra servida foram utilizadas 90 garrafas, totalizando mais de 1, 4 mil garrafas. Do Vale dos Vinhedos, se destacaram Casa Valduga Vinhos Finos, Vinícola

Aurora, Miolo Wine Group, Vinícola Almaúnica e Dom Cândido Vinhos Finos. Vian explica que só é permitido escolher um vinho por empresa e, no máximo, quatro da mesma variedade. Reconhecida como a maior avaliação de vinhos de uma mesma safra do planeta, a 21ª Ava-

liação Nacional de Vinhos – Safra 2013 chega a sua maioridade consolidada. Nessas 21 edições, 4,8 mil amostras foram avaliadas e 13 mil pessoas testemunharam o momento maior do vinho brasileiro. Desde 1993, quando foi criada pela ABE, a avaliação vem exercendo forte influência na evolução da

produção nacional e na promoção do vinho junto ao mercado consumidor, atraindo olhares do mundo todo. Na edição deste ano, participaram apreciadores de 13 estados brasileiros, além do Distrito Federal, e de oito países (Alemanha, Austrália, Brasil, Chile, Cuba, Estados Unidos, Itália e Uruguai).


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MÃO DE OBRA

Demanda por enólogos é grande

Falta de pessoal especializado preocupa Uma das grandes preocupações do setor vitícola brasileiro é a demanda de profissionais especializados . Mesmo qualificados, muitos jovens não querem permanecer no campo. Além da escassez da mão de obra, as vinícolas ainda enfrentam a dificuldade de trazer trabalhadores de outros estados

À medida que os brasileiros se profissionalizam no consumo de vinhos e espumantes, se qualificam e buscam mais informações sobre o que estão degustando, cresce a demanda por enólogos. No entanto, o que se verifica é uma falta desses profissionais, especialmente em restaurantes, junto aos consumidores. Conforme o presidente da Associação Brasileira de Enologia (ABE), Luciano Vian, faltam enólogos tanto nas vinícolas como nas atividades vinculadas ao enoturismo. “O que se verifica é que os especialistas são absorvidos em todas as áreas das empresas ligadas à vitivinicultura, desde o acompanhamento das uvas, cultivo e compras até o marketing e o enoturismo. Então, faltam profissionais para tanta demanda”. O especialista explica que o enólogo é aquele profissional que atua desde o cultivo da uva, passando pela elaboração da bebida, engarrafamento e pós-engarrafamento. “É o controle que se precisa ter com o vinho já na garrafa para ele manter a qualidade”, diz Vian. A formação do enólogo passa não só por um paladar apurado, mas também por conhecimentos de botânica e de fisiologia vegetal, como irrigação, adubação, poda e sistemas de condução de vinhedo. Faculdades e cursos não faltam no Brasil, no entanto, é preciso formar profissionais e pulverizá-los no mercado.

A maior qualificação do setor vitícola brasileiro demanda, cada vez mais, profissionais especializados para atuarem desde os pomares até a ponta final da cadeia. No entanto, faltam trabalhadores. O presidente da Comissão Interestadual da Uva, vinculada ao Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Olir Schianevin, explica que o problema começa no momento em que as sementes caem no solo para germinar novos parreirais. “Nas vinícolas familiares, os jovens não querem mais ficar no campo e trabalhar como agricultores na propriedade. Preferem estudar e fazer carreira nas grandes cidades”, diz Schianevin. Além disso, as famílias estão cada vez menores e os pais incentivam seus filhos a trabalhar em outras atividades. “Preferem que os filhos saiam da colônia, pela insalubridade do trabalho, por ter que trabalhar nos finais de semana e pelas poucas perspectivas de renda, de futuro”, afirma o dirigente.

A época da poda e da colheita da uva são as que mais demandam pessoal e também as que menos contam com mão de obra especializada. Para Schianevin, é preciso pensar em incentivos para que os jovens permaneçam no campo, tornando o meio rural mais atrativo, com melhores condições de infraestrutura, inclusão digital e lazer. “Ainda é preciso pensar em políticas públicas de seguro agrícola, garantia de preços, mas mesmo assim é difícil, pois está arraigada na cabeça do jovem a ideia de que na cidade é melhor.” O Ibravin desenvolveu um projeto junto à Secretaria Estadual da Educação, o Jovem na Zona Rural, no qual passou informações sobre o potencial da agricultura, as profissões e a importância de agregar valor e diversificar culturas na propriedade. “Também verificamos que os jovens que se qualificam, que se formam como enólogos, não querem mais saber de trabalhar na lavoura. É o outro lado da moeda”, diz Schianevin.

O presidente da Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale), Juarez Valduga, diz que, além da escassez de mão de obra especializada, é difícil para o produtor trazer pessoas de fora para trabalhar nos parreirais. “Pela falta de pessoal, muitos produtores adotaram a contratação de mão de obra sazonal, que é pouco especializada e acaba encarecendo a produção. Isso muitas vezes traz insegurança para as famílias, pois são pessoas desconhecidas”, afirma Valduga. Segundo o dirigente, também há necessidade de mão de obra para trabalhar especificamente com enoturismo, função que acaba sendo acumulada pelos enólogos. “Muitas pessoas não querem trabalhar nos finais de semana, feriados e acabam não seguindo essa carreira”, diz. Para Valduga, é preciso promover uma mudança de perfil em algumas empresas familiares, com foco mais profissional e empresarial.

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Época da poda e da colheita da uva são os períodos mais críticos

Faltam profissionais também nas atividades vinculadas ao enoturismo


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Mercado gaúcho carece de sommeliers Mesmo concentrando a maior produção de vinhos e espumantes do País, o Rio Grande do Sul é um dos estados em que mais faltam sommeliers para atender a consumidores muitas vezes ávidos por conhecer detalhes da harmonização e degustação dessas bebidas. Essa lacuna pode ser verificada em restaurantes e lojas especializadas. Se por um lado cresce a qualidade dos produtos, por outro faltam

profissionais para demonstrar os atributos e até mesmo para ajudar no marketing do vinho e do espumante brasileiros. Conforme o presidente da Associação Brasileira de Enologia (ABE), Luciano Vian, o trabalho do sommelier complementa o do enólogo. “O Brasil cresce muito na enogastronomia, valoriza cada vez mais sabor e textura em detrimento da quantidade, o que demanda

um bom vinho. É nesse ponto que entra o sommelier, cujo número no mercado é abaixo da demanda”. Segundo o presidente da ABE, muitos sommeliers se formam e não ingressam no mercado, pois estudam apenas porque apreciam vinhos e querem harmonizá-los. “Não conheço um só restaurante em Porto Alegre que conte com o trabalho de um sommelier”, afirma a presidente da As-

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Consumidores muitas vezes estão ávidos por conhecer detalhes da harmonização e degustação de bebidas

sociação Brasileira de Sommeliers (ABS) seção Rio Grande do Sul, Regina Kowalsky. Segundo ela, a falta dos profissionais em parte se justifica pelos baixos valores pagos, especialmente em restaurantes, que muitas vezes optam por treinar garçons, que não têm qualificação para atuar orientando os clientes. Ela ressalta que a atividade do sommelier, muitas vezes confundida com a do enólogo, vai desde a compra dos vinhos até a harmonização com diferentes tipos de pratos. Além desses fatores, os cursos são caros, fator que dificulta a entrada de mais profissionais no mercado. Essa realidade é bem diferente em outras capitais do País, como São Paulo, onde não se produz vinhos, mas os restaurantes especializados contam sempre com sommeliers. “Parece contraditório, mas é verdade: em São Paulo e no Rio de Janeiro há bem mais profissionais atuando em restaurantes e lojas especializadas, coisa que não vemos nem mesmo na Serra Gaúcha. É no mínimo estranho que na região Sul, grande produtora de vinhos e espumantes, onde o visitante é exposto a enorme variedade dessas bebidas, não haja a figura do sommelier, de alguém especializado que oriente, explique, recomende”, completa.

O Brasil cresce muito na enogastronomia, e os consumidores estão cada vez mais exigentes, valorizando o sabor e a textura em vez de quantidade. O Rio Grande do Sul, apesar de ser um grande produtor de vinhos e espumantes, possui uma evidente carência de sommeliers

O alto custo para contratação de um sommelier para atuar em restaurantes, cujos salários podem oscilar entre R$ 1,5 mil e R$ 3 mil, é um dos motivos apontados pela diretora executiva da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes seccional Rio Grande do Sul (Abrasel RS), Thaís Kapp, para a falta desses profissionais no mercado gaúcho. “Muitos restaurantes têm optado por treinar garçons para atuar como sommeliers. Eles investem em cursos básicos, cujos custos são mais baixos, para que eles tenham o conhecimento do vinho e possam desempenhar essa função”, afirma Thaís. Na sua avaliação, o setor passa por uma grande transformação. “Trata-se de um processo em evolução no qual está se cons-

truindo a cultura de sommelier. O próprio cliente está aprendendo a usar esse serviço. Acredito que, em breve, a realidade será outra, com muito mais sommeliers em vinícolas, bares e restaurantes.” Conforme a dirigente, a maioria dos profissionais que se formam no Rio Grande do Sul é absorvida pelo mercado paulista e carioca. “É um investimento muito alto para sua formação e o mercado de Porto Alegre não tem como absorvê-los neste momento. É impossível arcar com salários tão altos”. Thaís conta que há pouco tempo apenas dois restaurantes da Capital trabalhavam com sommeliers formados e com todas as certificações. “Hoje desconheço restaurantes que ofereçam esse tipo de serviço em Porto Alegre.”

Se de um lado da cadeia faltam sommeliers, na outra ponta também são poucos os profissionais que elaboram o vinho, os chamados cantineiros. O presidente da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), Dirceu Scottá, diz que sobram vagas para essa atividade. “Os cantineiros fazem o vinho, o elaboram na prática. É um trabalho mais braçal, e poucos se interessam”. A saída, segundo ele, é promover uma maior profissionalização das empresas familiares. “Os produtores precisam ter consciência de que os vinhedos são empresas, dão lucro. Vivemos num mercado feroz em que é preciso ser muito competitivo para não perder espaço para os importados, que cada vez mais abocanham nossa fatia de mercado”, afirma Scottá.

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Restaurantes preferem investir na qualificação de garçons

Estabelecimentos apostam em cursos básicos, cujos custos são mais baixos


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ENÓLOGO DO ANO

A qualidade dos vinhos e espumantes produzidos no Brasil, que a cada dia conquistam mais adeptos, foi chancelada pelo enólogo Juliano Perin. Eleito, em novembro, Enólogo do Ano de 2013,ele ressalta que os espumantes têm se destacado de forma especial pelos resultados positivos dos diferentes terroirs do Estado

Em entrevista ao Jornal do Comércio, o enólogo Juliano Perin detalha os segredos do sucesso dos espumantes, ressalta os diferenciais que permitem ao Brasil concorrer com os vinhos importados e revela parte dos mistérios para avaliar um bom vinho. Graduado em enologia em Mendoza, Argentina, Juliano Perin fez mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos na Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais. Atuou como docente por dois anos nas disciplinas de Enologia e Técnicas de Laboratório no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS), campus Bento Gonçalves. Hoje é enólogo da vinícola Chandon. Jornal do Comércio – Em relação à vitivinicultura brasileira, como vês a qualidade, a diversidade e as principais estratégias para o setor enfrentar a concorrência com importados? Juliano Perin – Acho que a qualidade dos vinhos brasileiros melhorou muito nos últimos anos. Esse avanço é fruto de investimento em novos vinhedos, variedades e clones mais adaptados às condições de solo e clima, em novas tecnologias e na especialização dos profissionais da área. O setor está mais preparado para enfrentar a concorrência com os vinhos importados, que na maioria das vezes não é justa em função, principalmente, da carga tributária que comparativamente é muito mais elevada no Brasil. Uma boa estratégia seria explorar uma parte do mercado que atualmente está se direcionando ao consumo de vinhos com teor alcoólico baixo que, de certa forma, naturalmente é produzido em algumas regiões do Brasil. JC – Os vinhos e espumantes se equiparam aos melhores do mundo? O que diferencia os nossos vinhos/espumantes dos importados? Perin – O vinho brasileiro vem conquistando cada vez mais prêmios e medalhas em concursos internacionais, evidenciando o patamar qualitativo alcançado. Já somos reconhecidos como um

ARQUIVO PESSOAL /DIVULGAÇÃO/JC

Especialista exalta características dos vinhos brasileiros

Perin acredita que o setor está mais preparado para enfrentar a concorrência

país vitivinícola que tem como expressão maior os espumantes, visão que não se tinha até o final da década de 1990. Acho que uma das características de nossos produtos é o frescor em boca, conferido pela acidez naturalmente presente. No caso dos espumantes, normalmente apresentam aromas finos com notas florais, frutadas e algumas vezes de especiarias doces, podendo desenvolver com o tempo complexidade, com notas de frutas cristalizadas, frutas secas e de torrefação. JC – O que é preciso fazer para ganhar cada vez mais espaço no mercado? Perin – O mais importante é conquistar o consumidor pela qualidade dos produtos, já que avaliza a competência da cadeia como um todo e, mais especificamente, da empresa produtora. Não acredito que haja uma receita vencedora e fadada ao sucesso no mercado de vinhos. Existem inúmeras possibilidades para alcançar o sucesso, embora quase todas passem pela combinação do estilo do vinho/espumante que agrade à maior parte dos consumidores, aliada a uma comunicação eficiente. Outro fator primor-

dial é a melhoria e manutenção da qualidade ao longo dos anos. Fico muito contente quando determinado vinho brasileiro transpõe dez anos, 15 anos de vida fiel ao seu estilo e à sua personalidade, e ainda capaz de seduzir os mesmos consumidores. Isso advém da correta maneira de trabalhar de determinado vinho e todos os investimentos para alcançar esse resultado. JC – É real a percepção de que os consumidores de vinhos e espumantes estão mais exigentes? Perin – O consumidor brasileiro é por sua natureza muito curioso e aberto a novidades. Há alguns anos se constata um maior interesse por parte dos consumidores brasileiros por vinhos e espumantes. Observa-se um número maior de pessoas participando de cursos de degustação, bem como de visitas a vinícolas e viagens de enoturismo. Claro que esses consumidores mais bem informados se tornam cada vez mais exigentes. Acho que há muito a ser feito para os consumidores que estão fora dessa categoria, a grande maioria. Precisamos chegar cada vez mais perto deles, seja

por intermédio de degustações orientadas, seja por publicações que visem a esclarecer e desmistificar o consumo do espumante. JC – E quanto à degustação? Quais os segredos dos vinhos e espumantes? Perin – A degustação exige muita dedicação e, lógico, um pouco de talento também. Para um profissional da área, qualquer aroma detectado não deve passar despercebido, pois isso pode ajudar a compreender determinada sensação numa avaliação do produto. A arte de entender e explicar determinado vinho/espumante exige muito treino, disciplina e rotina. Igualmente importante é degustar habitualmente produtos diferentes, além de participar, na medida do possível, de degustações comentadas com profissionais mais experientes. O objetivo é melhorar os procedimentos e comparar as diferentes percepções do produto. Essas bebidas encantam e continuarão encantando os consumidores de todas as partes do mundo. A essência da bebida é a natureza dela, que nos permite experimentar sensações associadas ao prazer e ao bem-estar em nossa aventura humana.


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NOITE DE GALA

Vinícolas premiadas, sabores únicos e muita literatura. Assim foi a Noite de Gala dos Vinhos e Espumantes, maior festa da região dos Vinhedos onde os vinhos brasileiros premiados internacionalmente são a principal atração. O evento, que ocorreu no dia 8 de novembro no Dall’Onder Grande Hotel, em Bento Gonçalves, contou com a presença de várias vinícolas que apresentaram seus produtos premiados. Um dos destaques da 17ª edição do evento foi a relação da gastronomia com a literatura. Dez obras da literatura americana, mexicana e brasileira inspiraram a decoração das ilhas e proporcionaram uma experiência especial

aos convidados. Sabores identificados com os clássicos foram ressaltados nas receitas e estimularam a imaginação do público. “O evento reuniu representantes das vinícolas Miolo, Casa Valduga, Salton, Aurora, Bodega Coppetti & Czarbonay, Casa Gacia e Cia Piagentini, que apresentaram seus produtos distribuídos pelos ambientes da festa”, afirma a organizadora da Noite de Gala, Maria da Glória De Gasperi Todeschini. Outro destaque foi o show do músico Michael Sullivan, autor de sucessos da música popular brasileira (MPB). Com 40 anos de carreira e mais de 1,2 mil músicas gravadas, o cantor animou a noite com canções que fizeram história.

SILVIA TONON/DIVULGAÇÃO/JC

Maior festa da região dos Vinhedos chega à 17ª edição

Requinte e sofisticação marcaram o jantar

Vinhos e espumantes premiados foram apresentados no evento realizado no dia 8 de novembro. Além da relação gastronômica com a literatura, a Noite de Gala contou com show do músico Michael Sullivan


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TURISMO

Caminhos de Pedra, um recorte da Itália em plena Serra gaúcha O turismo e os vinhos podem andar de mãos dadas. É o que mostra o roteiro dos Caminhos de Pedra, onde se pode apreciar um pouco da cultura italiana e da vitivinicultura. Se o passeio se estender, há opções de hospedagem para os românticos, os apaixonados pela gastronomia e os que buscam diversão

ANGELA MARTINS/DIVULGAÇÃO/JC

Entre as novidades, o Parque das Esculturas tem 22 obras esculpidas em pedra basalto

A paisagem e a arquitetura dos Caminhos de Pedra, em Bento Gonçalves, remetem os visitantes à província de Belluno, na região do Vêneto, de onde veio boa parte dos imigrantes italianos. Localizados a poucos quilômetros de Porto Alegre, são uma das atrações turísticas mais visitadas e admiradas da Serra gaúcha. O roteiro conta com mais de 50 pontos de observação, como a Salumeria Caminhos de Pedra, uma das novidades do roteiro. Trata-se de uma casa de pedra com vários tipos de salames. “São produtos típicos que remontam ao tempo da colonização”, afirma o idealizador dos Caminhos de Pedra, Tarcísio Michelon. Ele destaca, ainda, a Cantina Strapazzon, construída em pedra irregular, por volta de 1880. “Ela tem características das casas de pedra da primeira geração de imigrantes. Depois, foi adaptada para a função

de cantina. Os visitantes podem conhecer todo o processo de elaboração do vinho”, explica Michelon. A Casa da Tecelagem é outro ponto imperdível. Um velho casarão construído em 1915, em Flores da Cunha, foi desmontado e transferido para os Caminhos em 2004. Atualmente pertence à família de Justina Foresti, mantendo a produção manual de tecidos em teares artesanais. Em ambas atrações, o visitante pode adquirir produtos típicos. A Pousada Cantelli, construída em 1878, é uma opção de hospedagem. Daquele período ainda está conservado o revestimento em madeira de uma das paredes do quarto do casal - onde se conserva uma imagem de Nossa Senhora. Já no local onde era a cozinha, foi mantido o guarda-comida, embutido na parede de pedra. “Uma excelente opção para quem quer ficar

no coração dos Caminhos de Pedra, no estilo bed and breakfest”, diz o idealizador do roteiro. A Casa das Massas e do Artesanato é outro destaque. Um casarão de madeira, construído por volta de 1910, foi desmontado e reconstruído pelo atual proprietário que, com a família, recebe o visitante colocando à disposição peças de artesanato, souvenirs e lembranças. No andar superior funciona um pequeno museu, onde está exposto o ferramental utilizado tradicionalmente pelos artesãos locais para trabalhar a madeira. Na cozinha, funciona uma fábrica de massas caseiras, que produz artesanalmente tortéi, capeletti, massas e biscoitos. Para degustar as frutas típicas da região, o visitante pode conhecer a Casa das Pequenas Frutas, onde são comercializados mirtilo, framboesa, amora e morango. “No verão também são servidas uvas

sem agrotóxicos, que podem ser consumidas assim que colhidas”, detalha Michelon. Outra atração do Caminho é o Parque das Esculturas, onde estão expostas 22 obras esculpidas em pedra basalto, criadas durante duas edições do Simpósio Internacional de Escultores e que ficarão permanentemente no local. “É uma exposição de nível internacional, na qual artistas do Brasil, da Colômbia, da Coreia, da Costa Rica e da França esculpiram mais de quatro toneladas”, diz Michelon. Ele destaca, ainda, o parque temático da Casa da Ovelha, com apresentações de cães da raça Border Collie, tosquia e mamadeira para cordeiros. “Já está funcionando na modalidade soft open, mas estará a pleno vapor durante o verão. É uma atração e tanto para as crianças”. Essas duas programações são organizadas pela rede Dall’Onder de Hotéis.


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Festas de luzes no Natal e Ano Novo do Villa Michelon típica italiana. “Começamos com uma reza, para depois degustarmos comidas típicas dos imigrantes italianos como salame, copa, queijo, cuca e grôstoli. Tudo regado a vinhos e sucos das vinícolas do Vale dos Vinhedos”, diz. O evento se encerra com a apresentação dos corais de comunidades vizinhas e com a orquestra de gaita de Santa Teresa. “Será muita fartura de comida, bons vinhos do Vale e música para dançar até o sol raiar.” A programação de verão do hotel, que vai de dezembro a março, inclui ainda pacotes especiais que contam com o Jantar Italiano, aos sábados, com coral típico e também visitas ao parreiral, onde os visitantes poderão conhecer as o cultivo de videiras e algumas castas que dão origem aos vinhos do Vale. Também é possível saborear as uvas, colhidas direto do pé, conhecer as trilhas ecológicas e fazer passeios pela fazendinha, que reúne diversos animais domésticos.

JOÃO MATTOS/JC

Uma festa de luzes e sons marcará as comemorações de Natal e Ano Novo do Hotel Villa Michelon, no coração do Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves. As tradicionais ceias serão acompanhadas de queima de fogos de artifício, show musical, visita do Papai Noel e do Terno de Reis. “Vamos promover uma grande celebração para que o novo ano traga muitas coisas boas”, diz o proprietário do Hotel Villa Michelon, Moysés Michelon. Além da programação de fim de ano, o hotel agendou para o dia 1 de fevereiro a Festa de Abertura da Vindima, quando será realizada a colheita de uvas do parreiral-modelo, localizado na propriedade. “Vamos celebrar a abertura da colheita junto com convidados, autoridades, rainhas da Fenavinho e da Fenachamp e também com os turistas.” Segundo o empresário, as uvas colhidas serão esmagadas com os pés, como manda a tradição, e depois será realizado o Filó, uma festa

Farina aposta no romantismo e lança novos espaços

Restaurante Art In Tavola tem cardápio com pratos típicos italianos em ambiente sofisticado

Para aproveitar o clima de romantismo da Serra gaúcha, o Farina Park Hotel, localizado em Farroupilha, inaugura no final do verão um novo espaço destinado aos casais apaixonados. São dois apartamentos com sacada e solarium localizados na parte da frente do hotel, com vista panorâmica. “Queremos investir nesse nicho do turismo romântico com esses novos quartos voltados para o vale que temos na frente do hotel. Nossa intenção é vender pacotes de lua de mel, aniversário de casamento e Dia dos Namorados”, informa o diretor do hotel, Eduardo Farina. Se-

gundo ele, também estão sendo feitos investimentos para reequipar os quartos com novas televisões de LCD, além da instalação de equipamentos mais modernos na academia. Enquanto os novos quartos não ficam prontos, os casais podem aproveitar a programação de final de ano do hotel com os jantares de Natal e Ano Novo. “São eventos tradicionais para reunir a família e os amigos e celebrar”, diz o executivo. A Ceia de Natal em Família será realizada no dia 24 de dezembro, às 21 horas. Serão servidos pães, panetones e quiches com motivos

de Natal, saladas e frios, pratos quentes, sobremesas, frutas, chás e cafés. Já a Ceia de Reveillon, marcada para o dia 31 de dezembro, às 21h, contará com música ao vivo e espumante para os convidados até a 1h30min, com um cardápio de frios, saladas, pratos quentes, sobremesas e frutas. Após a virada do ano, será servida a tradicional lentilha da sorte. Outra atração do hotel é o Restaurante Art In Tavola, com um cardápio com pratos típicos italianos. “É um ambiente sofisticado que oferece pratos clássicos, além de uma carta de vinhos nacionais e importados”, diz.

Tradicionais ceias são acompanhadas de queima de fogos de artifício, show musical, visita do Papai Noel e do Terno de Reis

Um coral de crianças cantando músicas natalinas, acompanhado de uma orquestra filarmônica, será uma das grandes atrações de final de ano do hotel Dall’Onder, em Bento Gonçalves. As apresentações serão sempre à noite, nos dias 21, 22, 23 e 25 de dezembro, no Dall’Onder Grande Hotel. As crianças são de comunidades carentes e fazem parte do Instituto Tarcísio Michelon. “Nas horas vagas, as salas do hotel são transformadas em conservatórios”, diz o presidente da Rede Dall’Onder de Hotéis, Tarcísio Michelon. A programação de verão do Dall’Onder Grande Hotel e do Dall’Onder Vittoria Hotel inclui o Jantar Sob as Estrelas, que será realizado no dia 21 de fevereiro. Michelon destaca a Colheita ao Luar, que acontece todas as quintas e sábados, a partir das 19h30min. Uma atração promovida pelo Dall’Onder em parceria com a vinícola Lovara. Na ocasião, os participantes podem degustar vinhos, espumantes e produtos da região, além de colher uvas. “Nosso Jantar Harmonizado é outro destaque. Será realizado todas as noites, combinando aromas e sabores para os amantes da enogastronomia”, diz o presidente.

SUZI ISABEL ZANELLA/DIVULGAÇÃO/JC

VILLA MICHELON /DIVULGAÇÃO/JC

Música e boa gastronomia marcam festividades do Dall’Onder

Programação de verão inclui o Jantar Sob as Estrelas, que será realizado em fevereiro


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QUALIDADE

Há muito a comemorar nos 100 anos do espumante

JOÃO MATTOS/JC

Os espumantes completam 100 anos no mercado nacional em meio à concorrência com os importados. Equiparando-se em qualidade aos melhores do mundo, o momento é de brindar o aumento no consumo nacional e a exigência do consumidor brasileiro

Fenachamp comemora o centenário da bebida no Estado

Danilo Ucha ucha@jornaldocomercio.com.br

No ano em que o Brasil comemora 100 anos da produção do primeiro vinho espumante, então chamado de champagne (1913), é possível brindar a muito mais do que isso. Primeiramente, ao nível de qualidade alcançado pelo produto nacional, que equivale hoje aos melhores do mundo, e, depois, à conquista do mercado internacional. O produto, exatamente por essa qualidade, teve 172,8 mil litros exportados em 2012, comercialização antecedida pelo crescimento das vendas no mercado interno, que antes só consumia o produto importado. No ano passado, foram comercializados mais de 12,5 milhões de litros de espumante, com variação positiva de 12% sobre 2011 no mercado interno. Nos últimos cinco anos, a média acumulada de crescimento é de 35%. A evolução do produto se deu graças à melhor seleção, ao trata-

mento mais criterioso das uvas, aos melhores cuidados nos vinhedos e à maior dedicação nas cantinas, com uso de técnicas e tecnologias inovadoras. Com mais qualidade, as vendas aumentaram; e com demanda maior, cresceu o número de produtores. O melhor exemplo do crescimento da oferta foi dado no 8º Concurso do Espumante Brasileiro, realizado em outubro, em Garibaldi, com 259 espumantes sendo apresentados por 69 vinícolas. Os 68 degustadores não foram econômicos: premiaram 83 espumantes de 43 vinícolas com duas Grandes Medalhas de Ouro (acima de 92 pontos), 59 de Ouro (de 88 a 91 pontos) e 22 de Prata (de 84 a 87 pontos). Tudo isso mostra que produzir espumantes se tornou um bom negócio. Porém, como tudo o que é atraente demais, o investimento no setor também apresenta riscos. Produtores tradicionais, preocupados com a manutenção da qualidade e do prestígio obtidos, temem que a

atração pelo lucro fácil gere a produção de espumantes inferiores. Em junho de 2013, o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) concedeu o registro oficial de marcas coletivas para o Consórcio de Produtores de Espumantes de Garibaldi (CPEG), fundado em 2007. Trata-se de um indicador de origem e de qualidade, pois os pro-

dutores atestam que seguem todas as normas de qualidade para a elaboração de espumantes exigidas pelo grupo. No Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves, o Inpi concedeu uma denominação de origem, cujo selo cobre os espumantes. Flores da Cunha e Monte Belo também conquistaram indicação de procedência para seus produtos.

Os vinhos representativos da safra 2013 Base para Espumante 1. Chardonnay - Casa Valduga Vinhos Finos 2. Riesling Itálico/Chardonnay/Pinot Noir Chandon do Brasil 3. Pinot Noir - Vinícola Geisse Branco Fino Seco Não Aromático 4. Riesling Itálico - Vinícola Aurora 5. Chardonnay - Cooperativa Vinícola Nova Aliança 6. Chardonnay - Luiz Argenta Vinhos e Espumantes 7. Chardonnay - Vinícola Góes & Venturini

Branco Fino Seco Aromático 8. Sauvignon Blanc - Miolo Wine Group Tinto Fino Seco Jovem 9. Cabernet Franc - Vinícola Salton Tinto Fino Seco 10. Merlot - Bueno Bellavista Estate 11. Cabernet Sauvignon - Rasip Agropastoril 12. Malbec - Vinícola Almaúnica 13. Marselan - Dom Cândido Vinhos Finos 14. Teroldego - Vinícola Don Guerino 15. Teroldego - Vinícola Monte Rosário Vinhos Rotava 16. Merlot - Vinícola Perini


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Enólogos comentam produtos avaliados durante o 8º Concurso do Espumante Brasileiro É claro que os enólogos que produzem os espumantes só podem falar bem deles. Mas conversei com vários, para sentir o clima. Luciano Vian, presidente da Associação Brasileira de Enologia, destaca que, entre os espumantes que estão no mercado, “há jovens e maduros”. Isso demonstra, segundo ele, uma qualidade consolidada, porque até pouco tempo os espumantes brasileiros não ficavam muito tempo na garrafa. “A presença marcante de reservados de safras mais antigas é destaque”, enfatiza. No concurso de Garibaldi, ele aponta como salutar a grande quantidade de estilos. No primeiro evento, realizado em 2001, foram 52 amostras inscritas por 25 vinícolas. Já no evento de 2013, foram 259 amostras apresentadas por 69 produtores. “Mais empresas estão produzindo espumantes com características cada

vez mais variadas, consequência também de investimentos em tecnologia”, analisa. O enólogo Thiago Salvadori Peterle, ao falar dos dois espumantes recentemente lançados pela vinícola Dunamis - Dunamis Brut e Dunamis Extra Brut -, comenta que os produtos são intensos e diferenciados devido à identidade, à delicadeza e ao volume. Já o enólogo Dirceu Scottá, da vinícola Dal Pizzol, reforça que “o País é reconhecido mundialmente pela qualidade de seus espumantes”. Já uma das críticas de vinhos mais conceituadas do mundo, a inglesa Jancis Robinson, destaca o espumante brasileiro Cave Geisse Brut 1998 e o Cave Geisse Terroir Nature, produzidos por Mário Geisse, em Pinto Bandeira. “Cada país tem sua característica e, sem dúvida, esta é uma região para espumantes.”

Adriano Miolo, enólogo e diretor do Miolo Wine Group, considera que o reconhecimento da bebida é reflexo dos investimentos constantes na qualidade dos espumantes. O enólogo Magno Basso, da vinícola Basso, também ressalta a importância do trabalho desenvolvido nas videiras para alcançar bons resultados. Quanto às premiações, Jones Valduga, da Domno do Brasil, acredita que “os destaques reafirmam o prestígio nacional da linha Nero, que possui espumantes vibrantes e jovens, e da linha Alto Vale, um rótulo clássico de nossa vinícola”. Também o gerente da vinícola Don Giovanni, Daniel Panizzi, acredita que o reconhecimento demonstra que “estamos no caminho certo”. Outra revelação na produção de espumantes é a nova e fabulosa região produtora vinícola do Rio Grande do Sul - a Campanha.

O diretor de marketing da Campos de Cima, Pedro Candelária, recentemente premiada com a medalha Gran Ouro em Garibaldi, diz que “a Campanha é uma das regiões vitivinícolas que mais crescem no Brasil, resultado de um trabalho árduo e de qualidade da produção local”, diz. Os britânicos, que em dois anos alcançarão a marca de 126 milhões de garrafas de espumante consumidas por ano, aprovaram os 19 produtos de nove empresas brasileiras que foram levados pelo projeto Wines of Brasil (Apex-Ibravin). O primeiro evento voltado exclusivamente à bebida no Reino Unido, realizado em outubro, apresentou espumantes das vinícolas Basso, Casa Valduga, Garibaldi, Miolo, Aurora, Campos de Cima, Don Giovanni, Caves Geisse e Salton. “O espumante é um dos produtos brasileiros mais reconhecidos

internacionalmente”, afirma Roberta Baggio Pedreira, gerente de promoção comercial do Wines of Brasil. Um novo desafio está sendo incentivado pelo Ibravin e pelo enólogo Juarez Valduga, da Casa Valduga, depois de uma sugestão do famoso crítico inglês de vinhos Gary Vaynerchuk em entrevista publicada no The Wall Street Journal: criar um novo nome para o espumante brasileiro, assim como existe Cava, na Espanha, Champagne, na França, Prosecco e Asti, na Itália, Sket, na Alemanha, Sparkling Wine, nos Estados Unidos, Crémant, na própria França, fora de Champagne. De minha parte, discordo. Já foi árdua demais a batalha para fixar o nome “espumante” depois que os franceses nos proibiram de usar Champagne (agora já se pode usar de novo). Hoje, a denominação é bem aceita.


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GARIBALDI

Oscar Ló, presidente da Garibaldi, apresenta a estrela da cooperativa durante a Fenachamp

A palavra Acordes foi a escolhida para batizar os novos produtos do portfólio da Cooperativa Vinícola Garibaldi porque traduz o desenrolar de uma orquestra e a criação de uma obra-prima. “É uma linha de vinhos super premium, criada para ter a cara do Brasil. É composta por um espumante produzido a partir de cortes Chardonnay e Pinot Noir, um vinho tinto varietal Merlot e um branco Chardonnay”, afirma o enólogo da Garibaldi, Gabriel Carissimi. As três novidades já estão no mercado, mas terão o lançamento oficial realizado em janeiro de 2014, quando a vinícola completa 83 anos. Os produtos são resultado de uma longa pesquisa que levou à seleção das melhores castas produzidas pelos viticultores vinculados à Garibaldi. “Todo ano observávamos uma qualidade maior oriunda dos parreirais desses produtores, que tinham as melhores uvas, resultando nos melhores vinhos”, explica. Carissimi revela que o Acordes Chardonnay, safra 2012, é considerado o primeiro vinho branco ícone da vinícola e apresenta-se límpido,

Espumante e vinhos tinto e branco super premium são as novas apostas, explica Carissimi

com cores que vão do amarelo-esverdeado ao palha. “Sua boa composição alcoólica permite combinações com aves, peixes condimentados ou grelhados, peixes gordurosos, massas com molhos vermelhos e molhos à base de cogumelos e nozes”, descreve. Já o espumante Acordes Brut Tradicional foi criado com base

JOÃO MATTOS/JC

Empresa completa 83 anos em janeiro e comemora com o lançamento de três produtos: um espumante produzido a partir de cortes Chardonnay e Pinot Noir, um vinho tinto varietal Merlot e um branco Chardonnay. As novidades são resultado de uma longa pesquisa, que levou à seleção das melhores castas produzidas

JOÃO MATTOS/JC

Linha Acordes revela obras-primas

em metodologias francesas, apresentando uma coloração amarelo palha com reflexos dourados. Sua cremosidade permite que o espumante seja servido em companhia de pratos estruturados e condimentados, carnes de caça, risotos, queijos e massas. Já o Garibaldi Acordes Merlot, safra 2011, tem características não reveladas.

“Para deixar a curiosidade em quem degusta.” Serão produzidas apenas três mil garrafas de cada rótulo, e a aposta para comercialização é no segmento on-trade, especialmente em restaurantes com vocação gastronômica, além da própria vinícola, com vendas pelo site e na cave da Garibaldi.

MARCO LUIGI

MARCO LUIGI/DIVULGAÇÃO/JC

Espumantes da safra 2001 são destaque

Envelhecimento diferencia Brut e Nature, diz Valduga

Depois de passar uma década descansando na cave de pedra da vinícola Marco Luigi, os espumantes Brut 10 anos e Nature 10 anos elaborados a partir de uvas Chardonnay e Pinot Noir chegam ao mercado para fazer história. “São produtos totalmente diferenciados, mais envelhecidos, tipo espumantes franceses e que, pelo seu diferencial, ganharam duas medalhas de ouro no Concurso Internacional de Vinhos do Brasil”, destaca o diretor da Marco Luigi, Leonardo Valduga. Valduga explica que o Nature recebe bem mais licor de expedição na sua formulação, elemento que confere sabor adocicado à bebida, do que o Brut. “O Nature é

um produto para paladares mais exigentes, voltado para um mercado novo. Tivemos ótima aceitação, especialmente entre pessoas que gostam de casar o espumante com gastronomia”, diz. Ele destaca a maior qualificação e exigência dos consumidores de espumantes, tendência que fez com que a Marco Luigi optasse por uma maior diversificação dos seus produtos, que vão de espumantes prosecco até o nature. “Muitas pessoas organizam seus eventos oferecendo um prosecco de entrada, depois um nature durante as refeições e finalizam com o moscatel com a sobremesa. São degustadores quase profissionais”, explica. Valduga conta que a produção de

ambos os espumantes é pequena, não ultrapassando 1,8 mil garrafas para cada produto. Outro destaque fica por conta do espumante Moscatel produzido pela Marco Luigi, premiado também com quatro medalhas, em diferentes concursos. “As premiações são importantes balizadoras de qualidade dos produtos. Sempre nos inscrevemos para saber como está a aceitação dos nossos produtos, como eles estão evoluindo no mercado”, diz. O Moscatel foi elaborado com uvas Moscato provenientes de um vinhedo minuciosamente planejado. Elaborado através da fermentação em autoclave, com temperatura controlada.


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GRAN LEGADO

Ícone Omaggio Nature é destaque que, apesar de não ser de linha, poderá voltar com nova tiragem, sempre que for registrada uma safra espetacular”, conta. Devido ao longo período de maturação o Omaggio apresenta extraordinária complexidade aromática, com notas de frutos secos, amêndoas, especiarias e torrefação. “Para esse resultado, a qualidade da matéria-prima é parte indissociável no processo”, diz Bernardi. As uvas foram cultivadas em vinhedos próprios, junto à vinícola, no Vale dos Vinhedos. As videiras estão localizadas em encostas, numa altitude relativamente superior à do Vale, o que favorece o cultivo de uvas destinadas à elaboração de vinhos e espumantes diferenciados. A comercialização será feita por meio de venda direta no varejo e no site da vinícola ou em lojas

especializadas. Bernardi diz que o nome Omaggio, termo que significa homenagem em italiano, é um reconhecimento ao legado deixado pelos colonizadores que vieram da Itália e se instalaram na região. “Eles trouxeram sua bagagem, amor e experiência no cultivo da videira e na elaboração de vinhos”, afirma. A grande vocação da Gran Legado, lembra o enólogo, é a elaboração de espumantes, os quais conquistaram um grande número de premiações em concursos internacionais, desde o primeiro ano da vinícola, 2009. “Entre as maiores distinções está o primeiro ouro do Brasil no Wine Challenge, de Londres, para o Gran Legado Espumante Brut Champenoise, um dos mais importantes e representativos concursos do mundo”, analisa.

Devido ao longo período de maturação, que chega a 46 meses, produto apresenta extraordinária complexidade aromática, com notas de frutos secos, amêndoas, especiarias e torrefação

CARLOS BEN/DIVULGAÇÃO/JC

Uma homenagem ao paladar. Assim é o Omaggio Nature, espumante Premium 2009 com maturação de 46 meses lançado recentemente pela Gran Legado Vinhos e Espumantes. O produto permaneceu quase quatro anos maturando nas garrafas e foi elaborado a partir do processo champenoise, com as variedades Chardonnay – predominante – e Pinot Noir, ambas da safra 2009. “Trata-se de um extra brut, produto ícone com produção específica deste ano limitada a 1,4 mil garrafas todas elas numeradas”, afirma o enólogo da Gran Legado, Christian Bernardi. Foram três anos e dez meses em maturação sur lie (em contato com as borras). “Essa bebida exprime o talento do Brasil em elaborar espumantes únicos, com qualidade superior. Um produto

Extra brut tem produção limitada a 1,4 mil garrafas


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MIOLO

Diversidade de produtos é marca registrada da vinícola O Miolo Wine Group aposta na diversificação dos produtos para concorrer em igualdade com vinhos e espumantes importados e, seguindo a estratégia, apresenta ao mercado uvas pouco conhecidas do consumidor brasileiro. A série destaca variedades como Grenache, Chenin Blanc, Verdejo, Sémillon, Pinotage, Gamay e Syrah, produzidas no Vale de São Francisco, na Bahia e na Campanha gaúcha, onde são elaborados espumantes naturais pelo método Charmat. Já na Serra gaúcha, no Vale dos Vinhedos, são produzidos espumantes pelo método tradicional ou Champenoise com as típicas Chardonnay e Pinot Noir. “Hoje produzimos 62 vinhos brasileiros diferentes e estamos num processo de forte consolidação de todas estas marcas.”, afirma o enólogo da Miolo, Miguel Almeida. O Grupo Miolo, hoje, produz vinhos e espumantes em três regiões vitícolas brasileiras totalmente diferentes, mas que conferem peculiaridades muito próprias aos produtos. Segundo Almeida, a grande diversificação de uvas é diretamente proporcional ao tamanho territorial do Brasil. “O nosso país possui muitos ambientes e, portanto, adaptações naturais dife-

JOÃO MATTOS/JC

Com uma estratégia voltada ao mercado interno, a Miolo investe na tendência de aumento das vendas de vinhos e espumantes no verão. Para enfrentar a concorrência com importados, a vinícola constata que o consumidor brasileiro está cada vez mais exigente e qualificado

Miolo produz hoje 62 vinhos brasileiros diferentes que estão consolidando suas marcas

rentes”, explica considerando que em função disso o Chardonnay da Serra Gaúcha é totalmente diferente do Chardonnay da Campanha Gaúcha: o primeiro é fresco, ácido, estreito e fino, já o segundo é tropical, amplo, ameno e untuoso. O enólogo destaca a tendência de aumento do consumo de vinhos e espumantes em época de calor,

especialmente os vinhos leves, de frescor ácido e com efervescência. “Nós trabalhamos e queremos que cresça ainda mais o consumo em todo o Brasil.” Ele comenta que, mais do que preço, já que uma cerveja premium de 600 ml tem o mesmo custo que um espumante brasileiro Charmat de 750 ml, por exemplo, a questão está na mudan-

ça cultural, na mudança de hábitos e de rotinas”, analisa. Almeida reforça que as bebidas de preferência para o verão serão os espumantes e frisantes e os vinhos brancos e rosados. Segundo ele, das regiões vitícolas de clima quente e topografia plana saem os vinhos frutados, de acidez equilibrada.

ADOLFO LONA

JOÃO MATTOS/JC

Embalagens baby se consolidam

Para Lona, o novo formato é econômico

A mudança de perfil dos consumidores de espumantes e o aumento do interesse pela degustação da bebida têm contribuído para a consolidação no mercado de um produto diferenciado, lançado em meados deste ano pela vinícola Adolfo Lona. Trata-se da versão baby das embalagens das espumantes da linha Brut Rosé, campeão de vendas em todo o Brasil. “É uma garrafa de 187 ml, ideal para restaurantes, onde as pessoas em vez de pedirem uma taça podem optar pela garrafa”, explica Adolfo Lona, proprietário e enólogo da vinícola. Além disso, o novo formato é mais econômico, já que evita o desperdício de espumantes que são abertos para servir taças e acabam ficando sem gás. “A garrafa baby também tem tido ótima aceitação

entre pessoas que moram sozinhas ou que consomem individualmente o produto, especialmente o público feminino que tem impulsionado o consumo”, afirma Lona. Segundo ele, o Brut Rosé é elaborada com cortes de variedades Pinot Noir e Chardonnay, resultando em um “produto amável ao paladar, agradável fresco, que conta não só com o frutado da Chardonnay, mas também com a uva tinta, que dá toque especial”. Além disso, é considerado um produto que proporciona ampla variedade de harmonização, mais do que o espumante branco, pois a uva tinta marca mais. Assim, Lona acredita que é possível degustar a Brut Rosé não só com refeições à base de peixe, mas também com frango e massas com molho vermelho. “É mais

gastronômico do que os Nature, que são mais degustados com frutos do mar. Esse é mais um fator que contribui para o sucesso dessa bebida no País”. Outro produto que também tem aumento no consumo é o Brut Branco da Adolfo Lona, mais fresco, mais jovem por ser fácil de beber. “Costumamos ter boa demanda no verão, já que a bebida se adapta muito a momentos mais descontraídos, como na beira da praia, podendo ser degustada com aperitivos, canapés, onde a gastronomia não é o centro das atenções”, destaca Lona. O enólogo comenta ainda o grande sucesso do Nature Rosé da Orus, cujas 600 garrafas produzidas foram vendidas mesmo antes de o produto ser lançado.


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MARSON

Cave aposta no bom momento dos espumantes

CLAITON DORNELLES/JC

Uma empresa familiar preocupada com os pequenos detalhes e apaixonada pelo vinho. É assim que o sócio-diretor da Cave Marson Vinhos e Espumantes, João Marson, caracteriza a vinícola, cuja história remonta a 1887. Naquele ano, os primeiros imigrantes da família chegaram ao Estado. De lá pra cá, são quase 130 anos de trabalho focado na produção de vinhos e espumantes. “Temos como destaque o Brut Charmat Marson, que neste ano ganhou medalha de Ouro no concurso Espumantes do Brasil e a segunda medalha de Prata no concurso Chardonnay Du Monde, na França”, disse Marson. Frente ao sucesso dos espumantes da cave e à crescente demanda pelo produto no mercado interno, o executivo revelou que planeja investir na ampliação e modernização de equipamentos da vinícola, localizada em Cotiporã. “Eu acredito muito no espumante, pois hoje é moda. É um produto que vou investir sem medo, pelo grande mercado que possui. Por isso vamos fazer esse up grade para fomentar a produção”, disse. A intenção é passar de 60 mil garrafas de vinhos e espumantes para 100 mil produzidos ao ano. João Marson destaca ainda a produção de vinhos e o pioneirismo da vinícola em trabalhar com variedades de uvas pouco conhecidas. “Neste ano, lançamos o Touriga Nacional, uma variedade tinta, e em 2014 vamos apresentar o Petit Verdot”, anuncia.

João Marson comemora trabalho com uvas pouco conhecidas

Com o sucesso de seus espumantes e a crescente demanda, a família Marson aumentará a produção da vinícola. Entre vinhos e espumantes, a intenção é produzir 100 mil garrafas por ano. Para isso, planeja investir na ampliação e na modernização de equipamentos


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ALMAÚNICA

A Vinícola Almaúnica, de Bento Gonçalves, já comercializou 50% da produção do Parte Dois. Considerado vinho luxury, o produto é elaborado com varietais Merlot e Cabernet Sauvignon, com uvas colhidas na safra histórica de 2012. A maturação é feita em barris de carvalho novos franceses

O mercado de vinhos do País receberá, em 2015, uma grata surpresa com o lançamento do vinho Parte Dois, produzido pela Vinícola Almaúnica, de Bento Gonçalves. O grande diferencial da bebida está no estágio de 26 meses em barris de carvalho novos franceses. “É o nosso primeiro grande vinho, totalmente distinto do que encontramos no mercado, elaborado com varietais Merlot e Cabernet Sauvignon”, enfatiza o diretor executivo e enólogo da vinícola, Márcio Brandelli. O empresário explica que o nome Parte Dois foi escolhido pois a uva que compõe o vinho é oriunda do lote dois da vinícola, que obedece ao conceito de terroir muito utilizado pelos produtores de vinhos franceses. “O vinho vai ser composto por 19 barris de Merlot e quatro barris de Cabernet Sauvignon, todas uvas colhidas na safra histórica de 2012”, explica o executivo. O Merlot é o único classificado na Avaliação de Vinhos de 2012 e que agora entra no corte do Parte Dois, que será 95% desse varietal e 15% Cabernet. O Parte Dois recebeu um trabalho de maturação diferenciado, já que foram usadas duas tanoarias: uma francesa, Seguin-Moreau, e uma portuguesa, a J.M.

Brandelli explica que o vinho foi projetado em 2008 e será comercializado em 2015

GILMAR GOMES/DIVULGAÇÃO/JC

Melhores safras e maturação especial são destaque

Gonçalves, além do estágio bem prolongado em barrica. Segundo Brandelli, o lançamento deve ocorrer em maio de 2015, pois, após estágio de barrica, a bebida fica mais um ano na garrafa, na cave da vinícola. Serão 6,9 mil garrafas, com numeração no rótulo, considerado um Ultra Premium. “É um vinho luxury elaborado só com as melhores safras e feito em barris novos”, esclarece.

O vinho foi projetado em 2008, quando os proprietários da vinícola compraram o terreno para implantação do parreiral no qual foram cultivadas mudas importadas da França. O vinho foi pensado desde a insolação das videiras, maturação e importação das mudas. A comercialização será feita apenas em lojas especializadas, direto ao cliente pelo site da vinícola ou em alguns restaurantes. “Temos

uma boa carta de clientes, mesmo com pouco tempo de mercado. Já temos 50% da produção do Parte Dois comercializada pelo crescimento de consumidores mais exigentes, que buscam vinhos mais polidos.” Brandelli destacou ainda os detalhes de vestimenta do vinho, o qual será engarrafado em garrafas ultraespeciais, cápsula de estanho, mais refinada, e rolha comprida.

PIZZATO

Guia reconhece o produto como o melhor Merlot do Brasil em 2013/2014

PIZZATO/DIVULGAÇÃO/JC

Vinhedos únicos e um grande Merlot Prêmios e reconhecimento marcaram o ano de 2013 para a Pizzato Vinhas e Vinhos, de Bento Gonçalves. Um dos grandes destaques, o Pizzato DNA 99, foi eleito o melhor vinho do País pelo Guia Adega de Vinhos do Brasil 2013/2014 - o único guia totalmente independente do País - e pela revista Decanter. O produto é feito somente em colheitas excepcionais, é um Single Vineyard Merlot, ou seja, oriundo de vinhedos específicos e únicos. “Foram grandes distinções, inclusive pelo jornal francês Le Monde, que destacou a qualidade do DNA 99”, afirma o sócio e enólogo da vinícola, Flávio Pizzato.

Ele explica que o nome é uma homenagem ao primeiro Merlot, feito em 1999, o qual mudou a cara do Merlot do Brasil, por ser originado de safra excelente. “O atual DNA 99, versão 2008, carrega o mesmo DNA daquele produzido no final dos anos 1990”, explica. As vinhas que originaram essas bebidas são antigas, com baixa produção e clima do período de crescimento e amadurecimento similar ao da safra 1999. Pizzato diz que as vinhas são manejadas pelas mesmas pessoas que elaboram os vinhos, os quais apresentam um aroma que lembra caldo de frutas vermelhas flambadas, geleia, especiarias, baunilha e ameixas secas.

Entre os destaques para consumo no verão, o enólogo cita os espumantes Pizzato Brut Branco e Fausto Brut Branco, ambos citados pelo Guia Adega de Vinhos do Brasil 2013/2014 e que computaram mais de 90 pontos. Além disso, o Fausto Brut Branco e o Pizzato Brut Rosé receberam recentemente duas medalhas de ouro no Concurso do Espumante Brasileiro. O Pizzato Brut Branco tem cor amarelo-claro e reflexos esverdeados, com perlage fina e abundante. Aromas de flores brancas, pão, frutas cítricas e cristalizadas. Amplo na boca, acidez e álcool equilibrados, de bom corpo, refrescante e cremoso. “Harmoniza

com peixes, frutos do mar e carnes”, diz o enólogo. Ele destaca ainda o vinho Pizzato Chardonnay como opção para o verão, por ser “bastante encorpado, com muita fruta, frescor e ideal para peixes, massas brancas, pratos leves pouco condimentados, saladas frias e frutos do mar”. Já a linha Fausto de espumantes, com o Brut Branco, tem aromas de flores de citros, frutas cítricas maduras, frutas cristalizadas e pão fresco. “Trata-se de uma linha mais leve do que a Linha Pizzato, e se apresenta com alta complexidade e refrescância. É uma bebida completa para a estação mais quente do ano”, completa Pizzato.


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PETERLONGO

Comemoração dos 100 anos do espumante tem lançamento especial Em 2013, o primeiro espumante do Brasil, produzido por Manoel Peterlongo, completa 100 anos. A Vinícola Peterlongo comemora a data com o lançamento do seu primeiro espumante elaborado com uvas de Encruzilhada do Sul, na Serra do Sudeste. Trata-se do Peterlongo Privillege Brut Rosé, produzido a partir do Método Charmat, 100% Pinot Noir. “Essa bebida se destaca pela belíssima nuance rosada, perlage delicado e aromas que remetem a romã e amoras”, afirma o enólogo da Peterlongo, Ricardo Morari. A sugestão do especialista é harmonizar com pratos à base de peixes, canapés e gastronomia asiática. Além desse lançamento, a Peterlongo continua apostando forte no público jovem e na alta demanda por espumantes, especialmente na época de verão. “O foco maior é nos espumantes jovens e com maior frescor, pois costumam ser os preferidos dos consumidores para degustar na praia ou num happy hour”, comenta Morari. Entre as opções, estão o Moscatel Branco e Moscatel Rosé da linha

Presence. “O branco é perfeito para momentos de descontração. Apresenta cremosidade com acidez equilibrada e boa persistência. Com excelente perlage, harmoniza com sobremesas, principalmente com musses de frutas ácidas, como limão e laranja”, explica. Já o Moscatel Presence Rosé tem aromas frutados e doces. Elaborado a partir da variedade Moscato de Hamburgo, combina bem com sobremesas mais delicadas e especiais. “O Rosé caiu no gosto dos consumidores, tanto o Moscatel quanto o Brut”, confirma. Morari acredita que o apelo visual é muito atrativo para as mulheres, mas também tem conquistado adeptos entre o público masculino. “A qualidade do Rosé melhorou muito nos últimos dois anos e está atraindo mais público”, analisa o enólogo. Outro destaque apontado pelo especialista é o Privillege Brut Rosé Peterlongo, elaborado com a variedade Merlot. “O produto harmoniza com carnes brancas no geral, pato, salmão, pratos à base de frango e queijos leves”, orienta.

Segundo Morari, a Peterlongo continua apostando forte no público jovem

JOÃO MATTOS/JC

A Vinícola Peterlongo comemora os 100 anos do espumante no Brasil com lançamento do Peterlongo Privillege Brut Rose. Elaborado com uvas de Encruzilhada do Sul na Serra do Sudeste, destaca-se pela nuance rosada, perlage delicado e aromas que remetem a romã e amoras

MONTE REALE

FABIO GRISON/DIVULGAÇÃO/JC

Tradição e grande prêmio marcam produção

Eleida destaca o espumante Moscatel pelo excelente equilíbrio entre o açúcar e a acidez

Vieram do Valle del Mis, na Itália, as primeiras mudas de videiras trazidas pelo patriarca Pietro Mioranza, que deram origem aos parreirais da Vinhos Monte Reale. Do pioneirismo do imigrante italiano surgiram produtos top, como os espumantes Valdemiz Moscatel e Valdemiz Brut, bebidas com ótima aceitação durante o verão, graças ao aumento do consumo pelo público brasileiro. “O Moscatel se diferencia pelo excelente equilíbrio entre o açúcar e a acidez. Já o Brut alia toques frutados e aromas próprios da autólise das leveduras”, explica a sócia-proprietária da vinícola, Eleida Mioranza. Ela destaca ainda os vinhos brancos e rosés da marca Valdemiz. “O

Valdemiz Chardonnay é excelente para a época de calor com seu aroma jovem e frutado”, diz. Esse varietal possui ótima intensidade aromática e aromas de frutas tropicais. “Harmoniza perfeitamente com peixes e frutos do mar”, comenta a executiva. Já o Valdemiz Rosé, elaborado a partir da variedade Merlot, apresenta delicadeza e jovialidade em todas as suas características, aromas delicados, de frutas vermelhas, e florais intensos, ideal para harmonizar com saladas e antepastos. Segundo Eleida, outro destaque da vinícola é o Sospirolo Clássico 2005, um vinho elaborado com as variedades das uvas Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Tannat e Ancelota.

“Ele é produzido apenas em safras muito especiais, como foi a de 2005, e indicado com pratos à base de carne vermelha e de caça”, diz o enólogo da vinícola, Lucas Guerra. O espumante Valdemiz Moscatel possui perlage de borbulhas muito finas e intensas, e o aroma lembra mamão papaia e frutas cítricas. A harmonização do Moscatel pode ser feita com canapés, massas com queijos e frutos do mar e principalmente sobremesas. Guerra diz que o espumante brut possui grande versatilidade de harmonização, podendo ser consumido com uma boa entrada, e depois com risoto de aspargos, de frutos do mar, ou com uma porção de ostras.


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SALTON

Vinícola lança primeiro espumante da linha Intenso Para Daniel Salton, produto inova com características tropicais

ALBAARTE/DIVULGAÇÃO/JC

Uma variedade típica italiana de uvas aromáticas e de perfumes finos é o grande diferencial do espumante Salton Intenso Malvasia, primeira dessa linha desenvolvida pela Vinícola Salton. No mercado desde outubro, o espumante busca inovar apostando nas características tropicais do País. “A Malvasia é uma variedade pouco comum, cultivada na região da Serra gaúcha, que reúne as condições ideais para produção de espumantes e vinhos tranquilos. Tem corpo leve e presença de aromas intensos no olfato e paladar”, afirma o diretor-presidente da empresa, Daniel Salton. O espumante é brilhante, com tonalidade palha e reflexos esverdeados. O Intenso Malvasia se destaca pelo desprendimento de pequenas borbulhas de gás em forma de rosário, tendo boa formação de espuma e persistência. O executivo detalha que o espumante possui aroma de flores, como o de acácia e frutas cítricas como maçã verde, que combina com queijos e pastas suaves, peixes, frutos do mar e canapés. Seu sabor é fresco, agradável e cremoso. “É um produto voltado para o consumidor jovem, público que substituiu a cerveja pelo espumante”. O diretor-presidente destaca

ainda que mais uma vez o vinho Salton Talento foi escolhido como o vinho do Papa e foi servido ao sumo pontífice durante a Jornada Mundial da Juventude, realizada em julho, no Rio de janeiro. “Foi um produto da safra 2007 que, em função dessa situação, teve grande procura e esgotou-se logo e abriu espaço para um vinho

da mesma marca produzido com uvas da safra de 2009”, relata. O Salton Talento faz parte dos produtos top, sendo um dos vinhos mais premiados da vinícola. Ele é resultado dos cortes das uvas Cabernet Sauvignon (60%), Merlot (30%) e Tannat (10%). Outro destaque da Salton é a terceira edição do Salton Gamay, um produto co-

nhecido no mundo como o primeiro vinho da safra para comemorar o fim da colheita. Para este ano, o rótulo foi desenvolvido pelo artista plástico gaúcho Victor Hugo Porto, que se inspirou no cotidiano da vindima, representado pela mulher. A tela pintada especialmente para o Salton Gamay 2013 leva o nome de Colheita da Uva.

Corpo leve e aromas intensos são algumas das características tropicais do primeiro espumante da linha Intenso, desenvolvido pela Salton. O produto é voltado para o público jovem, que substitui a cerveja pelo espumante. A vinícola também destaca o Salton Talento, escolhido pelo Papa durante a sua vinda ao Brasil

AURORA

ROALI MAJOLA/DIVULGAÇÃO/JC

Demanda aquecida para o verão

Guerra acredita num aumento de 10% nas vendas de espumantes

O bom momento do espumante no mercado brasileiro faz com que o diretor-geral da Vinícola Aurora, Alem Guerra, aposte num crescimento de 10% nas vendas de espumantes pela empresa, em 2013. “A demanda está aquecida, e o verão faz aumentar o consumo especialmente de variedades moscatel, prosecco e de vinhos frisantes, pelo seu frescor e por serem aromáticos e mais leves do que os vinhos tintos”, acredita Guerra. Segundo o dirigente, o crescimento de vendas nos vinhos frisantes pode chegar a 30%, já que são bebidas ainda mais leves, nas versões branco e rosé, com grande aceitação entre o público feminino. “O espumante Aurora Moscatel Branco também

tem ótima aceitação e está entre os mais premiadas do Brasil: conquistou cinco medalhas internacionais e, até o momento, em 2013, já conquistou sete medalhas internacionais em concursos de vinhos e espumantes, todos com reconhecido pela Organização Internacional do Vinho”, afirma o diretor. A bebida apresenta coloração amarelo-esverdeado e, ao olfato, aromas adocicados, com notas florais e de mel. Ao paladar é doce, delicado, apresentando grande equilíbrio entre doçura e acidez. O executivo também destaca o movimento de retomada do mercado dos vinhos brancos, os quais, por algum tempo, foram preteridos em função do apelo dos vinhos tintos, muito vinculados a questões de

bem-estar e saúde. “Percebemos um retorno do consumo dos brancos, especialmente no verão, sendo preferido por nichos bem definidos. Não diria que o tinto perde espaço, mas, sim, que ambos estão conquistando seus públicos específicos.” Guerra salienta que, entre os destaques da Aurora para o final de ano, estão os kits de vinhos e espumantes. “São caixas decoradas, com a garrafa de espumante ou vinho e mais as taças, ideais para presentes de fim de ano”. O executivo também destacou outros espumantes com ótima aceitação como o Aurora Brut Chardonnay, Aurora Brut Rose, para um público mais dirigido, que há mais tempo tem o hábito de tomar espumantes.


24 Porto Alegre, sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Caderno Especial do Jornal do ComĂŠrcio


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