Jornaldos Bairros
Agosto 2015 Ano 19 Nº 07
Publicação da União das Associações de Bairros de Caxias do Sul - Filiada à FRACAB e à CONAM
Policiamento Comunitário é questionado Foto: Karine Endres
Lideranças questionam a falta do policiamento comunitário nos bairros. Bairro Nossa Senhora de Fátima (Fátima Alta) é um exemplo contundente. O módulo da Brigada que ficava em frente à escola foi retirado. Local recebeu uma pracinha com brinquedos infantis. O espaço comporta diversos equipamentos de lazer, mas sem segurança, se transformam em espaço de drogadição.
Agenda Comunitária 21/08 |18h30 - Audiência pública ‘Dividir a Maesa? Sim ou Não?’ | Câmara de Vereadores 28/08 | 09h às 17h - Reunião geral da diretoria - Planejamento | Sede da UAB 29/08 | 19h30 - Abertura do Campeonato Interbairros Série Prata e Veteranos |Ginásio Enxutão 12/09| 13h30 - Assembléia Geral | Sede da UAB
Jornal dos Bairros Agosto de 2015
Opinião
Editorial Política, movimentos e democracia Cabe aos movimentos sociais uma das tarefas mais importantes das democracias: constituir a política enquanto ato cotidiano, na busca pela cidadania e democracia.. Os conhecimentos de política estão apoiados em um vocábulo grego, polis (cidade) e cidadania se fundamenta em uma expressão latina correspondente, civitatem. Os dois termos indicam que se reflita na atuação da vida em sociedade. Quando falamos em cidadania , nós a enaltecemos como se fosse uma dimensão superior à política. Não devemos desmerecer a política, como se fosse pertencente a um campo menos expressivo e inferior à cidadania. Através da política é possível construir a cidadania e a democracia, na definição política do termo: bem comum, igualdade social e dignidade coletiva. E, nesse sentido a cidadania e a democracia se revigoram e se reinventam. Como afirma o teólogo e ecologista Leonardo Boff: “o ser humano é um ser de participação, um ator social, um sujeito histórico e coletivo de construção de relações sociais o mais igualitárias, justas, livres e fraternas possíveis dentro de determinadas condições histórico-sociais”. O conhecimento social e o desenvolvimento político são dois aspectos que cada vez mais vem se desvendando como instrumentos de emancipação e autonomia do cidadão que deseja entender a sociedade e atuar como autor, construtor e reconstrutor de realidades. Ao pensarmos a democracia unicamente como ideal de igualdade, acabamos por aniquilar a liberdade. Existe um grande perigo em conceber todos os indivíduos como iguais , pois excluiremos o direito democrático da diferença, a possibilidade de pensar de maneira diferente e de ser diferente.
A educação para a cidadania é componente fundamental da democracia. Mas muitas vezes, devido à uma série de falhas, que muitas vezes começa na escola, este aprendizado não é feito no cotidiano. Preencher esta lacuna também é papel dos movimentos sociais. É através da luta pelas diversas melhorias que perpassam o cotidiano, que através dos movimentos construímos a cidadania e a democracia. Juntos construindo novas formas de nos relaciona, de discutir, de aprovar propostas, objetivos e formas de organização. É através do conhecimento coletivo e participação que as profundas conquistas são garantidas. Neste sentido, o movimento comunitário vem consolidando seu papel. Diversas instâncias da entidade têm por objetivo construir pautas coletivas e aprofundar os debates. É através da Assembleia Geral, fórum soberano e preponderante sobre todas as deliberações da entidade. É através das reuniões da diretoria, dos departamentos, que estas determinações são aplicadas. Além disso, também contamos com o Fórum dos Avaliadores Populares do Transporte Público e Coletivo, também conhecido como Fórum dos Usuários. Esta é uma instância tripartite, sob coordenação da secretaria municipal de Trânsito, Transporte e Mobilidade. É neste espaço que os comunitaristas levam à prefeitura e à Visate as demandas e considerações dos avaliadores populares. As informações são dispostas. Mas não cabe à UAB executá-las. Porém, o papel de fiscalizadora e formadora sobres este tema é feito com dignidade. A mesma dignidade que move a cidadania na busca por direitos, igualdade, liberdade e solidariedade.
Jornal dos Bairros Expediente: Veículo da União das Associações de Bairros de Caxias do Sul – UAB - Rua Luiz Antunes, 80, Bairro Panazzolo – Cep: 95080-000 - Caxias do Sul Filiada à Federação Riograndense de Associações Comunitárias e de Moradores de Bairros (FRACAB) e a Confederação Nacional de Associações de Moradores (CONAM) Presidente: Flávio Fernandes Diretora de Imprensa e Comunicação: Paula Cristina da Rosa - comunicacao.uab@gmail.com Editora: Karine Endres - MTb. 12.764 - karine.endres@gmail.com Reportagem: Karine Endres e Matheus Teodoro Editoração e Design Gráfico: Karine Endres E-mail: jornaldosbairroscx@gmail.com Telefone: 3238.5348 Tiragem: 10.000 exemplares Conselho Editorial: Antonio Pacheco de Oliveira, Flávio Fernandes, Joce Barbosa, Jucemar Alves, Karine Endres, Paula da Rosa, Paulo Sausen, Valdir Walter e Email: uabcaxias@gmail.com Comercial: 3219.4281 Os textos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores.
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Movimentos Populares Por André De Campos
Os movimentos populares devem ser estruturados em cima de eixos temáticos de luta e de enfrentamento do sistema, que contribuam para a implementação de projetos políticos sólidos e alcançáveis. Ao longo da história dos movimentos, delinearam-se três modelos de projetos: um liberal-reacionário, ligado aos setores elitistas, oligárquicos, entreguistas e ao capitalismo internacional; outro projeto reformista-nacionalista e outro democrático-popular progressista este sim, canalizando os interesses das camadas menos abastadas. Na realidade, os movimentos populares possuem um papel tático na eleição de certos políticos e partidos, na implantação de programas de governo e na condução das políticas públicas. Portanto, propor a organização do movimento popular a partir do local de moradia, de um bairro, de uma região, setorizado ou delimitado, ao invés de propor a sua organização por eixos de luta, pode representar uma estratégia na construção do mesmo. Porém, não se subestimar o poder popular, minimiza-lo, reproduzir as mazelas sociais, as relações de dominação e alienação e não possibilitar o real enfrentamento. Novas organizações, modelos e mecanismos de produção e luta devem ser desenvolvidos e definidos por meio de estratégias que resultem de uma análise de suas estruturas de funcionamento, bem como das correlações de forças democráticas e progressistas. Essas organizações devem ser estruturadas através das bases, com suporte teórico-ideológico intelectual, que democraticamente irão construir e delinear os eixos temáticos de enfrentamento, as macro-necessidades, dando força e sustentação ao movimento através da participação em massa. Os movimentos desarticulados e individuais perdem força por serem imediatistas e por rivalizarem com outros movimentos da mesma base. Outro erro estratégico e primário. Os movimentos populares nasceram da necessidade de enfrentamento aos graves problemas e mazelas que tanto maltrataram e continuam vitimando os menos abastados, traba-
lhadores em geral. É evidente o seu potencial transformador e também as suas limitações nas últimas décadas, que salientam a sua crise quanto a mobilização e capacidade de intervir nas políticas públicas. Entendo que os movimentos sociais em geral continuam a ter um papel importante na democratização brasileira, e o movimento popular urbano em particular continua provocando mudanças nas legislações e políticas urbanas em busca de melhores condições de vida e de acesso aos direitos sociais básicos, como moradia, saúde e educação de qualidade e simultaneamente, abrindo espaços para a participação das camadas populares na esfera pública. Assim, a luta por direitos no movimento popular é essencial para o aprofundamento e universalização da cidadania, ou seja, para a crescente democratização das relações sociais. Enquanto comunitaristas e militantes das causas sociais, ainda temos um longo caminho a percorrer para a construção de cidades socialmente equilibradas e mais justas, numa perspectiva de distribuição igualitária dos bens e serviços de consumo coletivo e de melhores condições de vida para os seus cidadãos. Sem a desalienação dos desejos e das ambições individuais, sem projetos populares coesos, coletivos e eficientes, sem a reconstrução de uma sensibilidade ética e política, não haverá formas de modificar a perversidade do sistema. * André De Campos, diretor do departametno de Educação da UAB, é professor de História e Sociologia e especialista em História do Brasil. As opiniões e informações constantes nos artigos assinados são de intereira responsabilidade de seus autores. Elas podem ser enviadas para jornaldosbairroscx@gmail.com
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Transporte
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Comissão irá reavaliar regimento do Fórum dos Usuários O Fórum dos Usuários de 8 de agosto trouxe um assunto importante para a pauta. A discussão e mudança do atual regimento do Fórum foi proposto pelo departamento de Transportes da UAB e pela secretaria municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade (SMTTM). “A Tânia e eu discutimos na prefeitura em uma vez que ela foi buscar demandas para o Villa Lobos, para que a gente avaliasse se não era hora de revisar o regimento interno do Fórum dos Usuários. Que como tudo na vida, tem que ser avaliado e melhorado”, fala Manuel Marrachinho, secretário de SMTTM. Para isso, foi constituída uma comissão que elaborará um novo regimento, que será apresentado para os avaliadores populares até o último Fórum do ano. Segundo o secretário, a SMTTM apresentou dois nomes para participar da comissão. São eles o diretor executivo de Transportes, Gervário Longui, e a agente administrativa, Custódia Regina Luciano Terres. Já a Visate indicou Carlos Alberto de Andrade, gerente de Transporte, e Fábio Evandro Rossatto, assessor técnico de Planejamento. A UAB indicou
Foto: Karine Endres
UAB e SMTTM propõem revisão do atual regimento do Fórum dos Avaliadores do Transporte
Tânia Menezes e Sérgio Campos, que são diretores de Mobilidade da entidade. “Esta equipe forma aquele conjunto de entidades e pessoas que vão formular uma proposta para algumas alterações do regimento interno do Fórum”, afirma Marrachinho. Segundo ele, este é o pontapé inicial, com o grupo como mediador da discussão. “Vamos reunir aqui, discutir o assunto até o ultimo Fórum “Tem muita gente do ano. Se der tempo, já será que acha que não no próximo”. existe, mas o regiA metodologia proposmento existe sim” ta por ele é que a comissão Tânia Menezes, se reúna e depois apresensobre o te a proposta em um Fórum regimento do de Usuários somente para Fórum dos este fim. “Acredito muito Usuários no Fórum e na importância
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Regimento do Fórum
Primeiro Artigo do Regulamento: O Fórum de Avaliação Popular de Qualidade dos Serviços Públicos de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros, criado pelo decreto 10.497, de 31 de agosto de 2001, é o mecanismo de avaliação popular da qualidade fundamentada na participação
voluntária do movimento comunitário de Caxias do Sul, e tem como finalidade colher de forma ordenada os conceitos e opiniões da comunidade sobre a urbanidade, prestresa, adequação, acolhidade, frequência e pontualidade no transporte coletivo, bem como da modicidade da tarifa.
deste trabalho”. Ele ressaltou a importância de que todos os avaliadores e presidentes de bairro participem. “Por isso eu peço que todos os avaliadores possam vir aqui e colocar suas preocupações e anseios quan-
to ao rumo do Fórum”. “Se o Fórum vai ficar como está, ou diferente, são vocês que decidirão soberanamente. Nós vamos respeitar o que as Amobs decidirem, essa decisão vai ser coletiva, em conjunto”, afirmou.
Cobrança Tânia Menezes lembrou que muitas vezes foi solicitado que essas avaliações fossem feitas. “Tem muita gente que acha que não existe, mas o regulamento existe sim”. Ela inclusive citou o primeiro artigo do decreto que criou o espaço de debate e avalição do transporte público coletivo. {Leia mais abaixo}. Segundo ela, a UAB deverá providenciar uma cópia deste documento para enviar aos e-mails dos presidentes, que estejam cadastrados na secretaria da entidade. “Vamos mandar uma cópia para quem têm e-mail. Vamos discutir isso com as pessoas que tem o cartão de avaliador popular, para que a gente discuta o funcionamento do Fórum. Depois que a gente debater entre nós, eu e o Sérgio levaremos essa proposta para Assembleia. Meu jeito de trabalhar não é fazer tudo sozinha. Tudo o que eu fizer em nome da UAB será discutido com vocês”, fala.
Pautas do Conselho Municipal A UAB também tem assento no Conselho Municipal de Trânsito e Transporte de Caxias. À este conselho cabe, por exemplo, aprovar ou não os aumentos das tarifas do transporte.
Este semana tem reunião do Conselho, e uma das pautas é o aumento da tarifa. “Gente, discutir planilha não é uma coisa que se faz da noite para o dia. Queremos cópia desses processos e vamos discutir. E depois
vamos proporcionar um momento para a gente discutir e levar esses assuntos até vocês. Queremos qualificar esse fórum e que nossa opinião seja ouvida e levada até o prefeito”, afirma.
Polêmica O diretor de Transporte da secretaria, Gervásio Longui, gerou uma polêmica ao defender que as demandas apresentadas pelos presidentes durante o Fórum sejam encaminhadas de uma forma mais protocolar. “ Não adianta a gente ficar a tarde inteira aqui discutindo, nós levando pau e nada resolver”. “Precisamos chegar aqui com as demandas mais claras, com protocolos e documentos”, afirmou.
“Desde quando entrei na secretaria, tivemos problemas que foram apresentados, mas como não tinham protocolo, eu não podia dar encaminhamento”, diz. “ Eu teria que fazer um estudo, juntar documentação. Para vocês entenderem, tem processos que são uma pasta de papelada, que passa por vários departamentos. Ele cita como exemplo a alteração em uma linha. “Eu te-
nho que fazer um estudo para ver se vai alterar em outro bairro, já que o transporte coletivo é para várias pessoas. Não posso te conceder uma mudança, se ela vai beneficiar menos pessoas do que aquelas prejudicadas”, afirmou. Ele foi contrariado pelos presidentes e o próprio secretário afirmou que o protocolo na secretaria não exclui sua apresentação no Fórum dos Usuários.
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Transporte
Reclamações constantes O fato das obras do SIM Caxias estarem prejudicando de forma constante as linhas de ônibus foi uma reclamação comum. As obras não estão sendo sinalizadas e divulgadas com antecedência, fazendo com que as pessoas percam compromissos importantes. Se houvesse aviso prévio das mudanças, o transtorno poderia ser evitado. A diminuição do atendimento aos finais de semana, quando menos “voltas” são feitas, também foi queixa comum. Ônibus que atendem vários loteamentos em geral são motivo de reclamação, já que a busca por melhorias em alguns lugares acaba prejudicando outros bairros e loteamentos. Os avaliadores populares também pediram revisão nos dias e horários de picos de várias linhas. Existem diversas situações que precisam de um atendimento diferenciado,
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Despedida
como nos horários de fim de expé”. Também tem o problema O Fórum dos Usuários tamBenetton, que foi desligado da pediente dos trabalhadores no na região do Martcenter. “Pesbém foi o momento dos avaempresa. Uma nova equipe, shopping Iguatemi e nos horásoas que trabalham lá têm que liadores deixarem suas consicomandada por Carlos Alberto rios de aulas da UCS. contar com o transporte próprio derações para o ex-diretor de de Andrade, assume as tarefas. Segundo Maria Claudete ou da empresa”, afirma. Transporte da Visate, Sérgio O secretário Marrachinho Cardoso, presidente aproveitou para fazer um Foto: Karine Endres do Vila do Rosário agradecimento público II, o problema de ao Benetton. “Faço aqui transporte é a quesum agradecimento ao Betão mais importannetton, que como tudo te do seu bairro.. “O na vida, cumpriu um ciclo. que diz a planilha da E dando boas-vindas ao Visate é o nosso soCarlos e sua equipe. Tenho, mas não cornho a convicção de que responde à realidaele vai fazer um trabalho de. O carro que pastão bom quanto o Benetsa pelo shopping no ton”, disse. fim do expediente e Tânia Menezes, em que traz as pessoas nome da UAB, também sopara o bairro acaba licitou que as considerapassando de hora ções da entidade fossem em hora”, explica. transmitidas ao ex-diretor. “É gente cansada “Ele foi fundamental para na parada esperana construção da Visate do mais de hora ou e vai ficar sempre nosso então optam por carinho e respeito a ele”, fazer o percurso à afirmou. Avaliadores lotaram auditório Carlos Anflor no primeiro Fórum do novo mandato
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Formação
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Formação busca esclarecer e integrar presidentes Com o objetivo de integrar os novos presidentes de bairros ao movimento comunitário, o Departamento de Formação da UAB promoveu, no dia 15 de agosto, o Seminário de Formação Volmar Dias Machado – ‘Fera’. Na ocasião, também foram apresentadas as funções de cada diretoria da entidade e o estatuto da UAB. De acordo com Joce Barbosa, diretora do departamento de Formação, o curso contou, em sua maioria, com a presença de “novatos”. “O seminário foi muito produtivo, pois
além de ter ensinado os líderes a fazerem uma ata ou um livro caixa, o que é mais burocrático, também procuramos integrá-los à política do movimento”, explica. “As pessoas saíram daqui com um pouco mais de conhecimento e experiência, captando que a união é o que faz a diferença dentro das Amobs e da UAB”, disse. Eleito no último pleito como presidente da entidade, Flávio Fernandes também destacou a importância da reunião. “Como muitos não tinham o conhecimento de como fazer o básico, antecipamos o oferecimento do curso. Tivemos uma boa renovação, por isso além de ensinarmos como fazer a declaração de imposto de renda e a prestação de contas da forma correta, também procuramos destacar as importâncias da UAB, da Fracab e da Conam”, afirmou.
Manhã de dinâmica e palestras Os comunitaristas iniciaram o curso com uma dinâmica, no Auditório José Carlos de Anflor. Com um novelo de lã, cada um deles teve de se apresentar e passar o fio para outro colega, até que uma enorme teia se formasse no meio do círculo. Encerrada a atividade, Joce destacou que o propósito da atividade foi mostrar que o movimento comunitário é marcado por desafios e obstáculos, mas que é possível vencê-los com a união de todos. Após, houve o primeiro painel do dia, com o presidente de honra da UAB, Luiz Pizzetti. “Lembro que começamos a fundação da entidade, há mais de cinquenta anos, aos pouquinhos, para não sermos cassados pela ditadura. Desde lá, soube que não podemos aceitar que os direitos trabalhistas não sejam cumpridos e que o nosso país regrida. Somente o povo organizado pode transformar a sociedade”, ponderou ele. Em seguida, quem pales-
trou foi a diretora do departamento de Mobilidade Urbana da UAB, Tânia Menezes, que destacou a importância da mulher nas organizações comunitárias. “Diante dos afazeres diários em suas casas, as mulheres perceberam o quanto o poder público deixa a desejar, pois com uma rua de chão batido, por exemplo, as residências sujam mais. Sem rede de água adequada, as roupas não podem ser lavadas adequadamente. E é por isso que no movimento temos cada vez mais mulheres como presidentes de bairros”, colocou. Ela também lembrou do período em que foi presidente da UAB. “Tenho muito orgulho de ter sido presidente da entidade, pois foi um papel muito importante e reconhecedor que assumi. Porém, fico triste porque muitas mulheres com capacidade de desempenhar este papel ainda não concorreram ao posto.”
Foto: Matheus Teodoro
Seminário buscou capacitar lideranças para trabalharem com os documentos das Amobs
Ao final do seminário, os participantes receberam seus certificados. Joce agradeceu aos presentes e adiantou que, no próximo curso de formação, que ocorrerá possivelmente em novembro, serão discutidos o estatuto da UAB e a Lei Orgânica de Caxias do Sul.
Organização do trabalho Na parte da tarde, as melhores formas de se organizar o trabalho das Amobs estiveram em pauta. Os participantes tiraram suas dúvidas e puderam acompanhar explicações sobre como produzir corretamente
documentos burocráticos, mas muito importantes para o dia a dia das associações, como livros-ata, livros-caixa, ofícios, requerimentos, além das declarações de imposto de renda e salários. A última, caso haja algum funcionário remunerado, deve ser feita anualmente.
Homenagem ao ‘Fera’ O seminário de formação da UAB prestou homenagem ao comunitarista Volmar Dias Machado, conhecido por todos como ‘Fera”. Ele militou no movimento comunitário por mais de uma década, intregrando diversas gestões como diretor da UAB. Ele faleceu em 3 de novembro de 2014, aos 49 anos, devido à insufiência respiratória. Uma crise de asma interrompeu umajetória que foi motivo de orgulho para familiares e companheiros de luta. Fera era irmão de Jussara Roncatto, atual diretora de Planejamento e Urbanismo da UAB e pai de Camila Prigol Machado, Simpatia Comunitária na corte das Mais Belas de 2010 a 2012. Volmar Machado nasceu no dia 3 de junho de 1964 em Nova Prata. Segundo Jussara, a família veio para Caxias do Sul em 1976, quando passaram
a residir na rua Sarmento Leite. Duas décadas depois, a família se mudou para o bairro Bom Pastor, onde ele ingressou no comunitarismo Jusssara lembra que o irmão iniciou sua rajetória no movimento comunitário ainda na segunda gestão de Tânia Menezes como presidente da UAB. Mas o início da sua militância foi pelo sindicalismo, através do Sindicato dos Metalúrgicos, quando começou a trabalhar na Engemac, há cerca de trinta anos. Fera era filiado ao PCdoB, partido que defendeu e militou até o fim de sua vida. Segundo Jussara, uma das
principais características do seu irmão era a dedicação e a lealdade. “Muitas vezes ele assumia responsabilidades que não eram dele, para preservar outras pessoas. Ele era uma pessoa muito boa. Chegava até a dar raiva. Com frequência ele se prejudicava para ajudar aos outros”, relata Jussara.
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Geral
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Seja voluntário do Centro de Valorização da Vida O Centro de Valorização à Vida (CVV) abriu as inscrições para o Programa de Seleção de Voluntários. O curso para seleção de novos voluntários ocorre no dia 12 de setembro de 2015, às 13h30m, na rua General Mallet, nº 189, bairro Rio Branco, junto à Lefan. As inscrições podem ser feitas por meio do fone (54) 3019-1141 ou pelo e-mail caxiasdosul@cvv.org.br . O curso é gratuito e não tem limites de vagas. Para participar basta ser maior de idade (18 anos de idade ou mais) e ter disponibilidade de quatro horas semanais para conseguir realizar plantões e disposição em ouvir as pessoas. A capacitação permite ao público o aprimoramento do “ouvir”, através de novas posturas. Para Carlos Correia, volun-
tário do CVV há 22 anos, quem busca a ajuda do Centro normalmente está vivendo um momento de conflitos internos, sensação de solidão e necessidade de conversar. “Além de auxiliar outras pessoas, a possibilidade de ouvi-las traz benefícios diretos para nós. Com o tempo, muitas vezes mudamos a forma como encaramos a vida, as outras pessoas e nós mesmos”, comenta.
Sobre o CVV O CVV - Centro de Valorização da Vida, fundado em São
Paulo em 1962, é uma associação civil sem fins lucrativos, filantrópica, reconhecida como de Utilidade Pública Federal em 1973. Presta serviço voluntário e gratuito de apoio emocional para todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo. Os mais de um milhão de atendimentos anuais são realizados por 2.200 voluntários em 18 estados mais o Distrito Federal. Em Caxias,o Posto do CVV atua desde maio de 2012, constituído integralmente por voluntários. Atende diariamente, das 08h às 22h, por meio do telefone 3019-1141, inclusive finais de semana e fe-
blica Municipal através da Lei nº Municipal 7.702/13. Curso para seleção para novos voluntários O CVV é assoDia 12 de setembro, às 13h30 ciado ao Befrienders Rua General Mallet, nº 189, Worldwide (www.bebairro Rio Branco frienders.org), entiInscrições: 3019-1141 dade que congrega caxiasdosul@cvv.org.br . as instituições congêneres de todo o riados. Em decorrência da immundo e participou da força taportância do trabalho realizarefa que elaborou a Política Nado, a Instituição foi reconhecida cional de Prevenção do Suicídio como Serviço de Utilidade Púdo Ministério da Saúde.
Fique por dentro
Segunda a Sexta 6h às 8h - Bom dia 87.5 - Osmar Gasperin 8h às 10h - Voz dos Bairros - José Peroni 10h às 12h - Manhã do Ouvinte - Luciano Behm 16h às 18h - Guigo Show - Rodrigo Fontinel 18h às 19h - Fala Tchê - Sílvio Souza 19h às 20h - Voz do Brasil 20h às 22h - Misturadão - Cláudio Renato
|54| 3041.1273 www.radiouabfm.com facebook.com/radiouabfm87.5 WhatsApp: 9683.8831 Rua Francisco Getúlio Vargas, nº 1215, Bairro Petrópolis
Sábado 8h30 às 10h30 - Atualizando Notícias - Antonio Pacheco 10h30 às 12h30 - Sabadão do Sucesso - Marcílio Rodrigues 14h às 16h - Show de Bandas - Marcos Oliveira
Domingo 9h às 13h - Repontando 14h às 16h -
Tradições - Albery de Mattos e
Os Bons Momentos
Chiquinho Estão de Volta Gilberto Godoy
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Segurança
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Policiamento Comunitário está em foco Foto: Matheus Teodoro
A efetividade do policiamento comunitário em Caxias foi uma das pautas da Assembleia Geral da UAB, em 1º de agosto, que colocou a segurança pública no centro dos debates. O Programa Municipal de Segurança e Proteção (PROMSEP), em tramitação na Câmara de Vereadores, também foi apresentado pelo secretário municipal de Segurança e Proteção Social, Roberto Lousada. Mas foi o terceiro ponto da reunião, o policiamento comunitário, o mais debatido. O secretario Lousada e o comandante do Policiamento Comunitário do 12º Batalhão da Brigada Militar, capitão Amilton Turra de Carvalho - mais conhecido como capitão Turra - falaram sobre como está sendo este modelo de policiamento em Caxias. Antes mesmo da fala do comandante e do secretário sobre o assunto, os presidentes fizeram suas considerações (leia mais ao lado). O problema compartilhado por todos os bairros onde há este tipo de policiamento é o fato dele não estar sendo permanente. Segundo o comandante, não há efetivo suficiente para atender o policiamento comum e o comunitário. Então, ao mesmo tempo em que precisam focar a atenção no bairro, as viaturas precisam atender as ocorrências quando forem as mais próximas ou as disponíveis. “Os primeiros grupos que foram instalados conseguiram atender a demanda de sua comunidade. Mas o próprio bom resultado do trabalho e a demanda de outras comunidades não assistidas fez com o trabalho fosse estendido. Mas de onde saem esses policiais? Do efetivo que já atua no Batalhão”. Segundo ele, já está sendo reivindicado mais efetivo. “À partir do momento em que houverem ingressos, serão ampliados os núcleos”, afirma. “O policiamento é também uma questão de percepção. Quando há toldos, ou placas anunciando a polícia comunitária, isso traz um efeito de sensação de segurança. Nem
que a viatura não esteja lá parada”, diz. “Não podemos pedir que uma viatura fique no bairro, com o efetivo fazendo atividade preventiva, com um fato importante acontece ao lado. Então, a ação preventiva, que é o principal foco do policiamento comunitário, acaba sendo deixado de lado, o que é um grande problema”, afirma Turra.
Encaminhamento na Civil Para piorar, quando faz um encaminhamento para a Polícia Civil – nos casos em que atua em flagrante - a mesma guarnição (PMs e viatura) é obrigada a realizar várias etapas até a conclusão do início do inquérito pela Civil. Este procedimento chega a durar oito horas, nas quais os policiais que fizeram o atendimento não podem se afastar. “Eu não posso resolver esse problema. O policial que faz uma prisão em flagrante encaminha para a delegacia, depois vai para a UCS fazer o exame de corpo delito e volta para delegacias. Eu não posso ficar brigando com os outros órgãos e pedir que tais policiais sejam atendidos de forma diferente. É um regramento que vem do Estado”, explica. Somadas à outras peculiaridades da Brigada Militar, o trabalho comunitário acaba sendo muito prejudicado. Turra afirma ter que respeitar a jornada dos brigadianos. “Eu não posso aumentar em uma hora, porque corro o risco destas horas não serem pagas”. Outros direitos como licença remunerada e férias também precisam ser respeitadas.
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Lideranças atentas às novas informações sobre segurança durante a Assembleia
Perfil Além disso, não é qualquer policial que pode trabalhar neste tipo de policiamento. Ele precisa ter um perfil adequado, de convivência com aquela comunidade. “Ele faz um curso específico para esta tarefa”. Outro ponto analisado é se aquele policial não quer ser do policiamento comunitário apenas para garantir um benefício financeiro. “O propósito é fixar aquele policial na comunidade, para
“Os primeiros grupos que foram instalados conseguiram atender a demanda de sua comunidade. Mas o próprio bom resultado do trabalho e a demanda de outras comunidades não assistidas fez com o trabalho fosse estendido. Mas de onde saem esses policiais?” Capitão Turra
que ele vivencie aquela realidade, que os problemas daquele bairro também vão afetar sua família, que ele conheça os moradores. Ele se torna mais interes-
sado, aproxima da comunidade, humaniza o profissional. Ele não é mais aquele que só interfere em um determinada situação e sai”, explica o comandante.
Caxias é modelo Foto: Ícaro de Campos
nais, que tem por objetivo avaliar e certificar este trabalho. “Semana passada, representantes de 22 estados vieram Comissão japonesa avalia policiamento em Caxias aqui conhecer esse nosso projeto. Nosso O município vem implanprojeto no sentido de dizer que tando desde 2012 um progranão é apenas da Brigada, mas de ma piloto de policiamento toda a comunidade. Aqui existe comunitário, que vem sendo de fato uma comunidade. Não modelo para o resto do país. adiante eu instalar esse tipo de Nos últimos seis meses, Catrabalho se não houver um senxias já recebeu a visita de tido de comunidade”, diz. duas comissões internacio-
Em parceria com o movimento comunitário Turra lembrou que muito deste modelo de policiamento foi desenvolvido dentro da UAB, com um trabalho de parceria. “O projeto piloto começou em 2012, com 11 bairros contemplados. A eleição desses núcleos foi de acordo com o mapa da criminalidade e com os critérios e com a votação realizada aqui”, lembra. Hoje temos 26 núcleos, 36 bairros e 78 políciais antendendo.
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Segurança
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O papel da prefeitura O secretário municipal Roberto Lousada explicou como se dá a parceria entre governo municipal e estadual para a implementação do policiamento comunitário. “Este modelo é uma união entre estado e município, sendo homens e equipamentos fornecidos pela Brigada Militar, e o pagamento do aluguel dos brigadianos nos bairros pelo município”, explica. Para Lousada,
tem que haver compreensão de que a Brigada não tem condições de ampliar o policiamento para toda o município. “Seria ótimo se pudéssemos ter policiamento comunitário em toda Caxias, mas temos que ter noção das condições de disponibilidade de homens pelo 12º Batalhão, e também das condições financeiras da prefeitura”, afirma. Hoje, Caxias conta com 26
Saiba onde tem Núcleos do Policiamento Comunitário em Caxias do Sul 1. Colina Sorriso / Santa Lúcia / Cohab 2. Floresta / San Vito / Medianeira 3. Rio Branco 4. São Pelegrino 5. Panazzolo / Cristo Redentor / Exposição 6. Lourdes 7. Sagrada Família 8. Petrópolis / Presidente Vargas 9. Bela Vista 10. Santa Catarina / Pio X 11. Núcleo de Coordenação dos 10 primeiros núcleos 12. Cinquentenário I e II 13. Marechal Floriano 14. Madureira / Universitário / Jardim América 15. Cruzeiro 16. Ana Rech 17. Vila Cristina 18. Serrano 19. Planalto 20. Desvio Rizzo 21. Esplanada 22. Fátima 23. Núcleo de Coordenação dos 11 núcleos acima 24. Forqueta (Núcleo do Interior) 25. Criúva / Vila Seca (Núcleo do Interior) 26. Fazenda Souza / Vila Oliva / Galópolis / Santa Lúcia do Piaí (Núcleo do Interior)
núcleos e 82 brigadianos no policiamento comunitário. Com o pagamento do auxílio moradia para os policiais, no valor de R$ 717,12, o valor total investido em policiamento comunitário pela prefeitura chega a R$ 58 mil reais por mês.
156 O secretário lembrou que as demandas e denúncias referentes à segurança podem ser feitas pelo número 156. “Essa demanda será encaminhada para a secretaria e haverá um número de protocolo, que vai permitir acompanhar o processo”, explicou.
Investimentos Municipais
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Presidentes apontam dificuldades Antes do comandante da Brigada Militar falar, os presidentes de bairro apontaram as dificuldades com o policiamento comunitário. Segundo Vagner Marçal, presidente do São Leopoldo, sua comunidade foi uma das primeiras a receber o policiamento comunitário. Mas agora ele sumiu. “A gente conseguia resolver várias coisas com a policia comunitária e agora, estamos sentindo essa falta”. Para Maria Aparecida Stecca – a Cida Pedreira – presidente do Portinari, quando o policiamento comunitário começou, “era a coisa mais linda do mundo”. “Agora ele sumiu”, afirma. Segundo ela, que afirma que um dos maiores problemas do Portinari é a drogadição, o policiamento faz muita falta. “Agora sumiu o policiamento. O celular do policiamento não atende, os drogados e os traficantes tomaram conta. Os moradores estão se sentido acuados. Na nossa área verde é um tormento. Para lá eles levam o fruto dos roubos. Até desmanchar os carros eles estão desmanchando”, denuncia. Edson Stecanellla, presidente do São Salvador, também fez relatos preocupantes. “Estamos abandonados no São Salvador. Os pichadores começam na igreja do São Caetano
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“Agora sumiu o policiamento. O celular do policiamento não atende, os drogados e os traficantes tomaram conta” Maria Aparecida Stecca
e vão até chegar no centro comunitário. Então, eles voltam e vão colocando fogo em todas as lixeiras pelo caminho. Por fim, saem de carro e moto fazendo zoeira”, afirma. Segundo ele, em fevereiro a sua casa foi apedrejada. Em outro momento, eles pararam carros nas rua e disseram “presidente morre, nós vamos te pegar”. “É a última vez que estou avisando vocês. A coisa vai pegar”, disse. Luis Carlos de Oliveria, o ‘Luizão Metalúrgico’, presidente do Esplanada, alertou sobre a grande área que o policiamento comunitário pretende cobrir na região, dificultando o trabalho. “A região envolve mais de 40 loteamentos e bairros e em torno de 120 mil habitantes. E Além disso, a guarnição acaba se deslocando para outras região que nem são do Esplanlada, como o Desvio Rizzo e Forqueta”, relata.
Depois de falar das ações da pasta, o titular da SSPPS mostrou aos presentes o quanto o Município investe, especificamente na área da segurança pública. São mais de R$ 370 mil/ ano repassados pela Prefeitura à Brigada Militar, Polícia Civil, Superintendência dos Serviços Penitenciários (SUSEPE), Instituto Geral de Perícias (IGP) e Conselho Comunitário Pró-Segurança Pública (CONSEPRO); e mais de R$ 5 milhões/ano (valor estimado para 2015) que são investidos na manutenção das câmeras de videomonitoramento da cidade, combustível para órgãos da Segurança do Estado, manutenção da Central de Alarmes da Guarda Municipal, bem como a implantação Foto: Karine Endres do novo sistema de radiomonitoramento digital e aquisição de equipamentos para a GM, auxílio-moradia aos policiais do Policiamento Comunitário e convênio da Justiça Restaurativa. “Ainda há mais de R$ 1,3 milhão do Fundo de Reequipamento do Corpo de Bombeiros (FUNREBOM), recursos arrecadados pelos bombeiros, o qual No Esplanada, 120 mil habitantes são atendidos por uma viatura do comunitário gerenciamos”.
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Segurança
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Panorama do Policiamento O Jornal dos Bairros procurou outros presidentes de Amobs para falarem sobre o policiamento comunitário nas suas comunidades. Confira os depoimentos:
Madureira Para a presidente da Amob Madureira, Teresinha Susin Peroni, a situação no bairro está bem complicada. “Fiquei sabendo que a viatura que nos atendia foi recolhida porque estava com problemas. Estou apreensiva com esta informação, porque ficamos com uma sensação de insegurança ainda maior”, afirma Teresinha. Segundo ela, antes mesmo da viatura ter sido recolhida, o policiamento já apresentava alguns problemas. “Agora, com estes parcelamentos dos salários pelo governo do Estado, a situação ficou ainda pior”, afirma. A presidente afirma que no início, o policiamento era bem efetivo, mas que as mudanças estão gerando insegurança. “Estamos bem apreensivos que este modelo acabe. Acredito que o policiamento comunitário é a solução para os problemas, e gostaríamos muito que continuasse”, afirma.
Universitário No bairro Universitário, o policiamento comunitário não existe mais, acredita o presidente da Amob, José Ivan de Souza Melo. Lá, a viatura também foi recolhida para o Batalhão e as rondas não estariam mais acontecendo. “Fomos o primeiro núcleo da região e a gente tinha um trabalho bem razoável”, explica. Segundo ele, o policiamento comunitário traz uma sensação de segurança. “O policiamento comunitário é muito importante. Sabemos que o efetivo da Brigada está defasado e, talvez até mesmo por isso, o fato dos brigadianos morarem no bairro aumenta a sensação de segurança”, acredita.
Fátima Baixa No bairro Fátima, o policiamento comunitário teve início em em 2013. Segundo a presidente da Amob Nossa Senhora de Fátima (Fátima Baixa), Cleusa Faria de Oliveira, no início havia mais rondas. “Agora soubemos que eles estão atendendo ocorrências em outros locais da cidade”, afirma. Porém, ela destaca que quando os policiais são chamados no bairro, eles sempre atendem.
“Já melhorou muito do que era, mas acreditamos que possa ser melhorado ainda mais. Se a polícia passasse mais vezes, seria melhor, porque quando os criminosos veem que a polícia não está na rua, se sentem impunes para praticar os crimes”, afirma.
Nossa Senhora de Fátima Já o presidente do Nossa Senhora de Fátima (Fátima Alto) e também vice da UAB, Jucemar Alves, o principal problema foi a retirada do módulo policial que havia em frente à escola Castelo Branco. “Esse módulo sempre foi referência para o pessoal e foi retirado para a implementação da polícia comunitária”, relata. Mas segundo ele, com a saída do módulo da praça do bairro, o local ficou praticamente abandonado. “Agora é local de tráfico, prostituição e roubos. Nós vamos lu-
tar pela volta do nosso módulo ou uma viatura apenas para o bairro Fátima, que hoje ela atende o bairro e mais 13 loteamentos”, afirma. Jucemar cita ainda o dado de que a Brigada faz uma média de uma viatura para cada 10 mil habitantes. “Apenas no Fátima temos 20 mil habitantes, sem considerar os outros 13 bairros atendidos por este núcleo de policiamento”, explica. Foto: Karine Endres
Fátima quer retorno do módulo na praça do bairro
Promsep irá reunir 19 iniciativas de segurança A prefeitura municipal de Caxias apresentou na Câmara de Vereadores um projeto de lei que cria o Programa Municipal de Segurança e Proteção (PROMSEP). O projeto de lei 74/2015 tramita na Câmara desde 18 de junho deste ano. Se virar lei, o PROMSEP buscará se alinhar ao Programa Nacional de Segurança Pública Cidadã. A iniciativa local pressupõe diversas diretrizes, como a promoção dos direitos humanos e a intensificação de uma cultura de paz, além do fortalecimento da Guarda Municipal. O projeto reúne 19 iniciativas de segurança da prefeitura, que já estão em andamento. Entre essas ações estão a Justiça Restaurativa, as Comissões Internas de Prevenção a Acidentes e Violência Escolar (CIPAVE), Policiamento Comunitário, Gabinete de Gestão Integrada Municipal (GGI-M), atividades das coordenadorias da Mulher, Acessibilidade, Juventude e Igualdade Racial, ações de enfrentamento ao crack e outras drogas e a Operação Bondes. Já entre as diretrizes do programa,
que será analisado pelo Legislativo, estão a promoção dos direitos humanos, com ênfase na busca de uma cultura de paz; criação e fortalecimento de redes sociais e comunitárias; fortalecimento da Guarda Municipal; articulações para recuperar espaços públicos; e promoção da participação de jovens e adolescentes moradores de rua em programas educativos, sociais e de combate à fome. O programa define como foco prioritário ações que visem jovens, entre 15 e 29 anos, principalmente aqueles em situação de vulnerabilidade social.“O objetivo do Programa Municipal de Segurança e Proteção é definir um norte, colocando no papel as diretrizes para dar condições ao município de se apoderar das ações da área de segurança”, disse o secretário municipal de Segurança Pública e Proteção Social, Roberto Louzada.
Segurança Pública e Cidadania O PROMSEP está alinhado com a Lei Federal nº 11.530, de 2007, que ins-
tituiu o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (PRONASCI). Se aprovado no Legislativo, será executado pelo Município em cooperação com os órgãos de Segurança Pública do Estado e da União.
Foto: Luiz Carlos Erbes
Trabalho em rede Para a diretora de Mobilidade Urbana da UAB e presidente da Amob Villa Lobos e Vergueiros, Tânia Menezes, está na hora do Secretário Louzada explica Promsep poder público municipal fortalecer “Não é cabível que a FAS, que receo trabalho em rede, que subsidia ações e be R$ 1,5 milhão do Ministério do Desenprogramas com o o Pronsep. “O progravolvimento Social, apenas para procurar ma é muito bom, mas ainda temos que aqueles que tem problema, não consiga. ajojar os bois. As pessoas não sabem As pessoas continuam desnutridas, idotrabalhar em rede. Cada um quer fazer sos abandonados, crianças sem roupa, do seu jeito”, afirma. sendo abusadas, sem ir para a escola. E Ela cita o trabalho que deve ser dea assistente social quer que o miserável senvolvido pela Fundação de Assistêna procure na UBS? O pessoal tem que cia Social, que alinhado ao Brasil Sem aprender a bater de porta em porta, asMiséria, do Governo Federal, deve bussim como nós comunitaristas fazemos”, car e cadastrar as famílias em situação afirmou. de miséria.
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Juventude
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Conferência da Juventude propõe mudanças para o Brasil O dia 1º de agosto foi o momento da juventude de Caxias se reunir na 3ª Conferência Municipal da Juventude e discutir as mudanças que se desejam para o nosso futuro. Com o tema “As várias formas de mudar o Brasil”, 150 jovens, de 44 entidades de Caxias se encontraram na Faculdade La Salle. O evento contou a participação do ministro-chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Pepe Vargas. A Conferência Municipal da Juventude seguiu a diretriz nacional e debateu 11 eixos: Participação, Educação, Trabalho, Diversidade e Igualdade, Saúde, Cultura, Direito a Comunicação, Esporte e Lazer, Meio Ambiente, Território e Mobilidade, e Segurança e Paz. Pela manhã foi realizado o painel de políticas públicas, onde Matheus Castro, Paula
Cervelin Grassi e Sandra Cecilia Peradelles, apresentaram o Estatuto da Juventude, seus princípios e diretrizes. Depois do almoço, a plenária foi dividida em eixos temáticos para discutir e propor ideias de políticas públicas para a juventude. Após este momento houve o cadastramento e votação de entidades que desejavam de ter representantes no Conselho Municipal da Juventude (COMJUVE). O coordenador da Juventude, Vinícius Iraí Nascimento, lembrou que a Conferência não ocorria em Caxias do Sul há quase quatro anos. “Em dois anos e sete meses, a Coordenadoria da Juventude criou mais de 10 novas ações com o intuito de envolver os jovens e promove, depois de quase quatro anos, mais uma Conferência”, disse.
UAB participa Michel Cristiano de Souza, diretor do departamento de Juventude da UAB, ressaltou a experiência que foi ter participado da conferência. “Enquanto jovem, acredito que foi um
Fotos: Sara Verza
Etapa Nacional
Departamento da Juventude participou dos debates em Caxias
espaço bastante produtivo e bem diferente, para quem não tinha experiência neste tipo de evento. Já enquanto diretor, o encontro foi enriquecedor, por abrir espaço de diálogo e contato com outras entidades e com o próprio Conselho da Juventude”, fala. O diretor relata que uma das demandas que foram aprovadas foi apontada pelo departamento de Juventude da UAB. “Defendemos que haja a abertura de espaços de discussão dos jovens dentro da própria rede pública de ensino. Estes espaços devem servir para os jovens terem mais formação sobre temas como participação popular, políticas para a juventude e cidadania”, afirma.
Representando a UAB, participaram além de Michel, o diretor Gabriel Godoy e a integrante da Juventude, Shania Pandolfo. Ingrid Bonatto, Simpatia Comunitária da UAB, também esteve presente pela entidade. Entre as sugestões dos jovens, assuntos como MAESA, reestruturação escolar, UFRGS, FIES, direitos humanos, creches públicas, aborto, drogas, acessibilidade, entre outros. Todas as propostas retiradas na Conferência Municipal serão levadas para a Conferência Estadual, que ocorre em outubro em Porto Alegre e, posteriormente para a Nacional, que ocorre no mês de dezembro, em Brasília.
A 3º Conferência Nacional da Juventude foi lançada pelo Governo Federal em 26 de fevereiro e está prevista para ser realizada na primeira semana de dezembro. Para a presidenta do Conselho Nacional de Juventude, Ângela Guimarães, é preciso combater o genocídio da juventude negra. “Um dos gargalos é que o Brasil é um dos países onde é inseguro ser jovem, [pois] 30 mil mortos por ano são incompatíveis com o futuro e com o projeto de sociedade em que acreditamos”, enfatizou.
Estatuto da Juventude De acordo com a Secretaria-Geral da Presidência, 800 mil jovens participaram das duas conferências anteriores, que aprovaram, dentre outros, o Plano Juventude Viva e o Estatuto da Juventude.
O que é a Conferência? A 3ª Conferência Municipal de Juventude é um amplo processo de debate e participação sobre o que a juventude quer para nossa cidade. É um espaço, para discutir, analisar, reivindicar e propor ações para os poderes públicos, mas
também para pactuar instrumentos de monitoramento e ação entre as redes de organizações, com foco no controle social das políticas públicas de juventude.
Objetivo O objetivo da 3ª Conferência é atualizar a agenda da juventude para o desenvolvi-
mento do Brasil, reconhecendo e potencializando as múltiplas formas de expressão juvenil, além de fortalecer o combate a todas as formas de preconceito. As propostas e resoluções da etapa nacional servirão de subsídio para a elaboração do Plano Nacional de Juventude.
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Velhos problemas no Cidade Nova IV Pauta recorrente em outras regiões do município, a regularização fundiária também é um desejo da comunidade do Cidade Nova IV que vê, neste processo, o primeiro passo para a melhoria dos serviços públicos. Ruas pavimentadas e tratamento adequado de esgoto, por exemplo, são realidades distantes do loteamento. O presidente da Amob, Acilio Saling, explica que o pro-
cesso de habitação do loteamento iniciou há aproximada-
Problemas também com o esgoto Atualmente, o esgoto de toda a comunidade é despejado a céu aberto, atrás da Rua B, em uma área verde que faz divisa com o bairro Reolon, contribuindo para a poluição do meio ambiente e a proliferação de doenças. Na esquina das ruas B e I, em dias de chuva forte, os bueiros transbordam e a água, que não tem para onde vazar, se junta com os dejetos, alagando as vias e impossibilitando a passagem de carros e pessoas. “A administração municipal diz que as obras de melhoria não ocorrem porque não estamos regularizados. Só que não precisa estar regularizado para ter esgoto tratado. Isso é questão de saúde pública, é o básico”, coloca a vice-presidente, Isabel Cristina. Essencial para a mobilidade dos moradores, a pavimentação das ruas também é precária. As vias do Cidade Nova IV são esburacadas e não possuem 8 metros de largura, como determina o Plano Diretor de Caxias do Sul. Isso complica a passagem dos ônibus do transporte coletivo, mas não é possível alargá-las devido à urbanização já consolidada. Educação e lazer também são demandas Outro problema enfrentado pela comunidade é a falta de vagas nas escolas municipais da região. Construída com materiais sustentáveis e próxima de uma área verde do Cidade Nova I, a Escola Ecológica sanaria o déficit, mas está com as
obras paradas. Segundo o projeto original, apresentado em 2012, a estrutura contará com telhas translúcidas, para captar a energia solar, além de possuir compartimentos para captar água da chuva e separar o lixo. O prédio deveria ter sido entregue em junho do ano passado. “Reivindicamos mais vagas na Escola Érico Cavinato, o que facilitará a vida das mães que precisam trabalhar. Além disso, defendemos o inicio das obras da nova escola no Cidade Nova, que era para ficar pronta em junho do ano passado e nem teve os investimentos iniciados”, diz Acilio. “A obra está virando um elefante branco e os materiais podem se deteriorar”, complementa Isabel. Além da Escola Ecológica, as obras do Centro de Artes e Esportes Unificados (Ceu) também estão paradas. O projeto do governo federal, com contrapartida da Prefeitura, deveria ter sido concluído em dezembro de 2013, o que não ocorreu. O atraso nos investimentos faz com que os moradores das proximidades não tenham nenhum local com opções de lazer. Ainda sobre educação, faltam vagas na educação infantil, já que não há creches próximas do loteamento, e no ensino médio. Sem escolas estaduais na região dos bairros Cidade Nova e Mariani, os estudantes se deslocam aos colégios Aristides Germani, no Rio Branco, Cristóvão de Mendoza, no Cinquentenário, ou até mesmo ao Emílio Meyer, no Exposição.
mente 20 anos, com o objetivo inicial de se construir um condomínio fechado. “Era um condomínio fechado, constituído basicamente por policiais militares. Eles, aos poucos, foram vendendo seus terrenos, e hoje a maioria das propriedades nem é mais de brigadianos”, afirma Acílio. Porém, o loteamento ainda não tem a regularização de escrituras e matrículas dos imóveis oficializada pela Prefeitura. A luta para alcançar esse objetivo é antiga e está sendo encaminhada pela secretaria mu-
nicipal de Urbanismo. “A luta já tem mais de uma década, mas agora tivemos a notícia de que o processo já está caminhando, inclusive com a definição do mapa urbanístico pela secretaria”, afirma o presidente. Ele também explica que já uma proposta para a denominação das ruas, que agora aguarda aprovação na Câmara de Vereadores. “Com a aprovação do projeto de lei que determina estes nomes pela Câmara, já poderá ser encaminhado o pedido de CEP”, explica Acílio.
Com a aprovação deste projeto, será resolvido um dos principais problemas da comunidade, já que hoje as correspondências não são entregues, pois as ruas não contam com CEP. “As cartas são entregues em uma caixa comunitária, quando são. Porque na verdade, na grande maioria das vezes, as correspondências não chegam aqui e ficam retidas na agência central. É muito frequente perdemos os dias de vencimento dos boletos, já que as cartas não chegaram”, explica ainda o presidente. Foto: Matheus Teodoro
Transporte público não passa em determinadas ruas devido às más condições da via
Melhoria no Centro Comunitário depende dos moradores As lidernças também pedem a atenção da Prefeitura
para a situação em que se encontra o centro comunitário do bairro, que está sendo ampliado a partir de verba arrecadada com almoços. “Como não temos o apoio de ninguém, estamos melhorando o local por conta própria, a partir de almoços organizados por nós aos domingos. A estrutura atual, de madeira, está com o telhado comprometido”, afirma Acilio. “Temos que arrecadar verba para transferir a cozinha para
um lugar mais aconchegante e mais adequado, com higiene. Queremos que as pessoas se sintam bem no centro”, diz Isabel, destacando que o local, mesmo em situação precária, sedia ensaios de um CTG e de um grupo de capoeira, duas vezes por semana, e um encontro semanal do Clube de Mães. Ao lado do centro, espera-se que seja construída uma quadra de esportes. O projeto já está pronto mas ainda não há previsão para o inico das obras.
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Cooperativismo habitacional comemora 20 anos em Caxias Em Caxias do Sul, a Cooperativa Habitacional Marianinha de Queiróz é exemplo do modelo que usa o cooperativismo como uma das soluções para o problema habitacional. Em 2015, a cooperativa comemora vinte anos, contando com 5 prédios que somam 80 apartamentos, 35 casas e 40 sobrados. Embora formalizada apenas em 1995, Rosana Saldanha Pereira, presidente da Amob, conta que a cooperativa teve início ainda em 1989, com uma
ocupação em um terreno da prefeitura, O terreno deveria ter sido usado para a construção de moradias populares, o que não tinha acontecido até então. “Depois, em 1992, conseguimos uma instalação provisória de luz com a CEEE (Companhia Estadual de Energia Elétrica). Era um poste de luz e apenas um contador”, lembra. Segundo ela, as famílias que queriam usar aquela luz puxavam um fio e depois dividiam a conta. A presidente conta ainda que na época, através da ajuda da então secretaria de Habitação, Rosane Fátima Hambsch Nascimento, o Samae trouxe água para o Marianinha, mas novamente os moradores dividiam a conta, pois era apenas um registro.
Fotos: Karine Endres
Cooperativa teve início em uma ocupação de um terreno para moradias populares, em 1989
Surge a cooperativa “Começamos a discutir a criação de uma cooperativa habitacional em 1993, sendo que não havia nenhum exemplo em Caxias”, relata Rosana. “Recebemos a visita de um cooperativista uruguaio, chamado Walter Mario Rodrigues Mazzone, que mostrou a ideia do cooperativismo habitacional no Uruguai. Até então, os moradores eram ocupantes do terreno”, relata a presidente. Porém, havia um empecilho. “Não se pode fazer uma cooperativa em cima de uma terra que não é tua”, afirma Rosana. Então, foi feito um acordo com a prefeitura e foi pago pelo terreno durante quatro anos. “Pagamos, em valores da época, em torno de 95 mil reais, para uma área de 25 mil m2”, conta. Segundo ela, foram anos de muito sacrifício para os moradores, porque na época, era um valor muito alto. “Éramos em 62 moradores e tínhamos que economizar muito para honrar o contrato e pagar pela área. Era comum que, de dois litros de leite que se comprava, passamos a comprar um para que pudéssemos pagar”, lembra.
“Enquanto a gente quitava o terreno, começamos a organizar a cooperativa. Fizemos cotas limitadas de sócios, como o terreno era uma área bem grande, novos moradores foram chegando. Mas os novos também pagavam o mesmo que os antigos tinham pago e chegamos ao número de 155 sócios”. Em 1995 foi oficialmente constituída da Cooperativa Habitacional Marianinha de Queiróz, completando vinte anos em 2015.
Novas melhorias Rosane lembra que como muitas moradias não estavam em boas condições, o poder
público foi novamente chamado. “Cadastramos todos os moradores no Fundo da Casa Popular, o Funcap, que então intermediou um financiamento junto à CEF para a construção de prédios e sobrados”, relata. O contrato com a Caixa Econômica Federal foi então assinado em novembro de 1997, durante a gestão de Pepe Vargas. “As obras iniciaram em janeiro de 1998 e todos os prédios e sobrados foram entregues até dezembro de 1999. Como as casas estavam em bom estado, elas permaneceram”. Hoje a cooperativa conta com toda a infraestrutura, incluindo a primeira estação de
tratamento de esgoto construída pelo Samae. Segundo Rosana, a cooperativa Marianinha de Queiróz é também a primeira cooperativa habitacional do Brasil.
Dificuldades “As maiores dificuldades foram fazer os moradores entenderem que as mudanças seriam para melhor. Que sair de uma casa para um apartamento era melhor, afinal, estariam ocupando um espaço regular e não mais uma área que não era sua”, explica. Segundo ela ainda, toda a definição urbanística das vias, iluminação pública e pa-
Novos projetos Mas o Marianinha de Queiróz não deixou de inovar. Agora, a comunidade está instalando cisternas para a captação da água da chuva, que poderá ser utilizada para fins que não exijam água tratada. “Dos cinco prédios da cooperativa, quatro já possuem cisternas. Elas são de 5 mil3 cada. Segundo ela, o investimento
foi de 5 mil reais por cisterna, em valores de 2005. “O custo da água reduziu em torno de 30%”, relata. “Se não tem água na cisterna, ninguém usa água do Samae para lavar os veículos”, explica. A iniciativa serviu de modelo para várias moradores da cooperati-
va, que implementaram as cisternas nas suas casas.
vimentação também demoraram muito. “Agora em 2015 estamos efetuando a regularização fundiária, com cada morador tendo a sua propriedade no seu nome, o que não feito quando da assinatura com o Funcap”, explica. Segundo Rosana, isto não foi feito na época da assinatura dos contratos com a Caixa e foi um erro. “Fizemos uma grande assembleia, quando cada morador concordou que cada unidade fosse no nome do próprio morador”, explica. Segundo ela, essa medida é solicitada pelos moradores há mais de dez anos. “Queríamos realizar o desmembramento e a regularização da propriedade. Mas sempre havia algum entrave. Agora, finalmente conseguimos iniciar esta regularização, com a aceitação das condições pelos moradores e pela prefeitura”. Rosana explica que o Funcap pagou os valores dos sobrados e dos apartamentos à Caixa e agora, com a regularização definitiva, os moradores irão pagar o valor destes imóveis de volta para o Funcap, que poderá nvestir estes recursos em outros locais de moradia popular.
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Rede elétrica gera perigo Foto: Matheus Teodoro
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No Loteamento União, são os fios que seguram o poste
No loteamento União a situação da rede elétrica se inverteu. Em vez dos postes darem sustentação aos fios, são os fios que impedem que um poste de madeira apodrecida tombe, na rua Adélia Padilha Souza Ribeiro. Para o presidente da Amob, José Laerte Nunes de Lima, o equipamento de iluminação pública corre o risco de cair a qualquer momento. “Funcionários da concessionária, a RGE, estiveram aqui duas vezes, vistoriaram o poste mas não fizeram a troca, alegando que para isso teriam de deixar a comunidade por um dia inteiro sem energia elétrica e outros serviços”, diz. Segundo ele, os morado-
res não se importariam em ficar sem internet ou telefone por 24 horas, pois um novo poste traria segurança. O comunitarista destaca ainda que, em meados de 2012, todos as estacas antigas da via foram substituídas por modelos de concreto, com exceção do poste que ameaça cair. Ele tem consigo três protocolos de atendimento junto à RGE, um registrado em 2014 e dois neste ano. “O poste pode cair para qualquer lado da rua, causando um acidente muito feio. Não queremos que ninguém perca a vida por conta disso. O que queremos é a solução”, afirma.
“Isto me preocupa bastante, tanto é que, à noite e em dias de temporal, eu procuro fechar o bar por conta do perigo.” Nereu Peroni
Além da via ser da linha do ônibus, bem em frente ao poste com problema, está localizado um bar que vem perdendo sua clientela. “Isto me preocupa bastante, tanto é que, à noite e em dias de temporal, eu procuro fechar o bar por conta do perigo. Precisamos que providências sejam tomadas, pois estou perdendo clientes que temem algum acidente”, afirma o proprietário Nereu Peroni. A RGE foi procurada pela equipe do Jornal dos Bairros e, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que a substituição do poste já está programada para a ocorrer em caráter de urgência.
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Saúde
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Hepatites são perigosas e podem ser transmitidas sem contato sexual As hepatites são inflamações do fígado, na maior parte das vezes caudadas por diversos tipos de vírus. A gravidade da doença varia de acordo com o tipo do vírus. Os mais comuns são os do tipos ‘A’, ‘B’, ou ‘C’. Quando não tratadas, as hepatites costumam evoluir para a cirrose, e em sequência, para o câncer de fígado. Em relação à Hepatite C, uma das mais agressivas, o contágio é feito com o contato sangue à sangue, que pode ocorrer nas transfusões de sangue ou em salões de beleza e clínicas odontológicas, por exemplo. O vírus deste tipo de hepatite pode sobreviver até cinco dias fora do corpo humano em uma gota de sangue. Quando uma pessoa com a cutícula aberta, por exemplo, entra em contato com este sangue em um alicate de unha, pode haver o contágio. Por isso a importância desse tipo de instrumento ser de uso pessoal e não compartilhado.
Luta O Dia Mundial de Luta Contra às Hepatites, em 28 de julho, busca chamar a atenção para informações como estas. Por serem doenças silenciosas nem sempre a pessoa infectada com o vírus apresenta sintomas, por essa razão, milhares de pessoas são portadores das
Foto: Divulgação
Prevenção
Município oferece testes gratutios para verificar a presença dos vírus das hepatites
hepatites B ou C e não sabem. O diagNo Serviço Municipal de Infectolonóstico e o tratamento precoce dessas gia o Ambulatório de Hepatites Virais é doenças podem evitar a evolução para o local onde as pessoas com casos concirrose ou câncer de fígado. firmados de hepatites B e/ou C recebem O diagnóstico é feito através de um atendimento de uma equipe especializaexame de sangue, que é específico para da e, se houver indicação, realizam todo identificar o tipo o tratade vírus que está mento, Onde buscar ajuda causando a hepaque é feito No Serviço Municipal de Infectologia tite. Somente com com me- Ambulatório de Hepatite Virais exames de sangue dicações O Serviço funciona junto ao Centro é possível saber se específiEspecializado de Saúde, localizado está ou não com alcas fornena rua Sinimbu, nº 2.231, de guma das hepatites cidas pelo segunda a sexta-feira, das 7h às 17h. virais. SUS.
Para prevenir as hepatites virais deve-se: não compartilhar objetos como: escovas de dentes, lâminas de barbear ou de depilar, seringas e agulhas, cachimbos e canudos (caso usuário de drogas), materiais para fazer tatuagens e piercings; utilizar material de manicure individual ou esterilizado. Além disso, é fundamental usar preservativos em todas as relações sexuais. Contra a hepatite B temos a vacina, gratuita, que faz parte do calendário de vacinas do Ministério da Saúde e foi ampliada para pessoas até os 49 anos.
Silenciosa e agressiva A hepatite C é considerada uma doença silenciosa, pos sintomas se fazem presentes somente nas fases avançadas da doença, quando o paciente já desenvoleu a cirrose ou o câncer de fígado. Por isso é recomendando que todas as pessoas com mais de 45 anos faça o teste para detectar o vírus da hepatite C que está disponível no SUS. Esta hepatite é causada pelo vírus C (HCV) e a transmissão ocorre de forma parenteral (na gestação ou amamentação), por meio de transfusão de sangue (principalmente antes de 1993), compartilhamento de material para preparo e uso de drogas, objetos de higiene pessoal (lâminas de barbear e depilar, alicates de unha) além de outros objetos utilizados para a confecção de tatuagem e colocação de piercings, sexual e vertical. Não é muito frequente a transmissão deste tipo de hepatite através das relações sexuais, pois é preciso que as duas pessoas tenham feridas nas áreas de contato. Para realização do teste o usuário pode procurar o Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) ou uma das 47 UBSs do município onde será encaminhado para o serviço especializado. A rede municipal de saúde oferece aos usuários amplo acesso ao diagnóstico, inclusive consulta especializada e exames laboratoriais, além da distribuição da medicação pelo CAMMI.
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Mais Belas
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Alice, Greice e Nariane representam a beleza negra de Caxias O trio que representará a beleza das mulheres negras de Caxias do Sul pelos próximos dois anos foi conhecido pouco depois das 0h40min do dia 25 de julho, no ponto de cultura UAB Cultural. Alice Ribeiro da Silva, 18 anos, foi eleita a Mais Bela Negra 2015, Greice Cândido de Almeida, 17, foi escolhida como a Miss Afro, e o troféu de Original Brasilidade ficou com Nariane Witt da Cruz, 20. Ao todo, 15 jovens, com idades entre 15 e 23 anos, participaram do concurso. O corpo de jurados contou com a participação da diretora do departamento de Etnias da UAB, Juçara Quadros, do vice-prefeito, Antonio Feldmann, secretária da Cultura, Rubia Frizzo, e com a rainha da Festa da Uva 2010, Tatiane Frizzo, entre outros integrantes. O júri avaliou as meninas considerando a beleza, criatividade e expressividade.
Autoestima e visibilidade Juçara Quadros destacou que o evento serve para quebrar os paradigmas impostos pela sociedade quanto à população negra. “A escolha tem como finalidade principal aumentar a au-
Fotos: Antônio Lorenzett
À esquerda, Greice é a Miss Afro. Alice (centro) foi escolhida Mais Bela Negra e, à direita, Nariane recebeu o trofeú Original Brasilidade
toestima das mulheres negras, que não se enquadram no padrão de beleza imposto pela sociedade, que é o da mulher loira e de olhos azuis. Além disso, também serve para fortalecer a conscientização dos que fazem, mas também dos que não fazem parte do movimento negro, principalmente na questão
social”, disse. Já para Elvino Santos, um dos organizadores do evento, o mesmo é mais uma das ações voltadas para a etnia, fazendo com os negros tenham a sua participação reconhecida na sociedade caxiense. “Defendemos e publicamos que o concurso não é me-
ramente um concurso de beleza, tanto é que temos uma passarela diferente, voltada para as questões da etnia. Queremos e estamos trabalhando para que em Caxias o negro tenha a sua participação e o seu reconhecimento”, afirmou ele. A escolha da Mais Bela Negra e da Miss Afro 2015 é uma
realização da Prefeitura de Caxias do Sul, através Conselho Municipal da Comunidade Negra (Comune), do departamento de Arte e Cultura Popular, das coordenadorias municipais da Juventude, da Mulher e de Promoção e Igualdade Racial, além do ponto de cultura UAB Cultural, com apoio da TV Caxias.
A escolha Depois que os jurados foram apresentados ao público, as candidatas fizeram um desfile coletivo. Em seguida, iniciaram-se os desfiles individuais, que antecederam as apresentações artísticas de cada uma delas. Neste momento, segundo o regulamento do concurso, elas deveriam homenagear a força da mulher afro, através de canto ou dança, por exemplo. Representante da UAB, a jovem Stephanie Ferreira Barboza, 18, fez uma dança de homenagem às mulheres do continente africano. “Reproduzi, em minha apresentação, uma dança que as mulheres faziam com seus bebês nas costas, quando iam
para as plantações. Essa era a forma de pedir aos deuses proteção e uma colheita satisfatória no campo”, destacou. O momento mais esperado da noite veio após o fim das manifestações artísticas. Primeiramente, foi entregue o troféu de Original Brasilidade para Nariane, dona da melhor performance. Em seguida, Greice tornou-se Miss Afro e, finalmente, foi anunciada o nome da Mais Bela Negra: Alice, que recebeu a notícia com emoção e o apoio de sua torcida. “Não imaginei que iria ganhar, pois todas as meninas tinham beleza e grande potencial. Mas agora, que estou jun-
Stephanie Barbosa (à direita, primeira em pé) representou o movimetno comunitário no concurso
to ao movimento negro, espero contribuir com a valorização da cultura afrodescendente, que
é baixa em Caxias e região”, afirmou. Alice representou o Espor-
te Clube Juventude, enquanto Greice e Nariane não representaram entidades.