JORNAL EXPIA!
S
ejam
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N
11
DEZEMBRO/2020
bem-vindos à décima primeira edição do Jornal
EDIÇÃO ESPECIAL DE PANDEMIA
ex πa!
AT X L E
Um Jornal do curso Matemática-
Licenciatura da UFMT de Cuiabá. Apesar de não ter sido possível nossa circulação pela universidade,
esta edição especial se dá a partir das discussões levantadas pela turma do de pandemia.
ex πa!
neste longo período
O texto de abertura é uma breve re exão feita pelas estudantes Anna Julya e Bruna,
representantes do Centro Acadêmico de Matemática, sobre a exibilização das aulas. professores Vinicius e Djeison descrevem as atividades realizadas pelo
ex πa!
Em seguida, os
no ano de 2020. Em tempos
de terra plana (sic!) e negacionismos de todos os tipos, o resgate das geometrias não euclidianas para uma formação autêntica dos professores de Matemática surge nas linhas da iniciação cientí ca dos estudantes Stephanny e Heitor. O professor Reinaldo disserta sobre o ser homem-máquina a partir do lme O ho-
mem bicentenário e o estudante Rheder cutuca as bolhas. E tem mais: a professora Cida faz um relato de experiência na disciplina de Educação Matemática III e o estudante Markus faz uma apresentação da Mafalda, escolhida como a homenageada desta edição em nossas tirinhas. Ao nal, temos ainda uma re exão do professor Aldi sobre avaliação escolar.
N
Informes
Da redação
a pandemia o Jornal e πa! adquiriu uma nova forma de
da comunidade acadêmica. Um exemplo aterrador vem da
continuar seus trabalhos e ao longo dos encontros ocor-
eleição para a reitoria em 2020; ela não apenas atropelou a
ridos neste ano de 2020 tem levado estudantes e professores
tradição histórica de democracia na UFMT, como também
a discutirem sobre o papel e as potencialidades deste espaço
pôs m ao voto paritário e excluiu os professores aposen-
para a formação extracurricular dos professores de Matemá-
tados de sua participação.
tica. Uma discussão importante e necessária, principalmente
nesta escolha mostra exatamente o que este tipo de eleição
ao abarcar questões que atravessam a nossa vida, a nossa
signi ca, ou como se diz por aí: Democracia pra inglês ver!
x
realidade e o nosso futuro.
U
Todos os alunos e professores
do curso de Matemática-Licenciatura do campus Cuiabá da UFMT estão convidados a participar. As reuniões são sema-
m
A baixa adesão de estudantes
grupo de professores do departamento de Matemá-
tica tem se reunido periodicamente neste período de
pandemia pra discutir o trabalho docente. O grupo se auto-
nais, quartas-feiras às 15h30, e os interessados podem soli-
intitula Boteco da Geometria Redonda e pretende ser um
citar a participação pelo e-mail: <expia.ufmt@gmail.com>.
grupo de estudo, pesquisa, extensão e além de...; algo certa-
decisão de prorrogar o mandato do professor Reinaldo
mente não convencional nesta universidade. Além de discu-
de Marchi na che a do departamento de Matemática
tir a prática docente e o dia-a-dia na universidade, ele tem
foi tomada pela maioria dos professores do colegiado de de-
como meta a promoção de cursos de extensão atrelados aos
partamento. Uma prorrogação por mais 6 meses a contar a
mais diversos interesses advindos dos seus membros. A arte
partir do dia 15 de outubro de 2020.
Se essa decisão será
tem sido um tema bem-vindo em suas discussões. O Bo-
respeitada ou não pela direção do ICET, aí é outra história.
teco espera que logo aí o fruto destes encontros possa ser
O fato é que a consulta para a escolha do chefe de departa-
compartilhado com os estudantes sob a formas de interven-
mento na Matemática é uma prática histórica, no sentido de
ções mais efetivas junto à comunidade da Matemática.
A
mento, votam para escolher o próximo representante. Além
O
do voto paritário, o debate de ideias, as propostas e as dis-
2021/1). A proposta da administração superior reduz dras-
cussões são nuances deste processo que levam todos os en-
ticamente os dias letivos de cada um destes semestre. Pre-
volvidos há - ao menos por um momento - re etir sobre
valecendo esta proposta, temos a certeza de que isto acar-
as situações que envolvem o contexto do departamento. O
retará pesadas consequências tanto aos estudantes quanto
momento de pandemia não apenas tem di cultado este exer-
aos professores. É preciso estar atento aos debates e enca-
cício pleno, como também as consultas que vêm ocorrendo
minhamentos para que a comunidade acadêmica não saia -
neste período têm apontado para a destruição de conquistas
mais uma vez - prejudicada.
que estudantes do curso de Matemática-Licenciatura e do PROFMAT, bem como técnicos e professores do departa-
ex πa!
gostaria de chamar a atenção de seus leito-
res sobre os encaminhamentos no CONSEPE acerca
do calendário acadêmico 2021 (semestres 2020/1, 2020/2 e
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Flexibilização no curso de Matemática
D
EDIÇÃO ESPECIAL DE PANDEMIA
estudantes Anna Julya e Bruna do C. A. de Matemática
evido à pandemia de Covid-19, a Universidade Federal
vantagem da exibilização só vale para as disciplinas que,
de Mato Grosso passou a ofertar disciplinas no modo
de fato, não necessitam de laboratótios ou de aulas práticas.
exibilizado e não obrigatório.
O seu caráter não obriga-
E nota-se que há uma grande desistência por parte dos estu-
tório deu-se em razão de nem todos possuírem acesso aos
dantes no decorrer das disciplinas; algo que parece ocorrer
materiais e às condições necessárias para o estudo. Diante
devido à di culdade de entendimento dos conteúdos, prin-
disso, houve uma variedade de opiniões - tanto por parte de
cipalmente aqueles que envolvem um estudo mais formal da
alunos quanto de professores - em que se questiona a quali-
Matemática. Também ainda não há divulgação de pesqui-
dade de ensino, uma vez que existem inúmeras di culdades
sas que indiquem a e cácia desta exibilização: quantos
ao se estudar e trabalhar em casa, principalmente pelo fato
alunos se matricularam?; quantos alunos abandonaram as
de, em geral, não ser um ambiente adequado para se fa-
disciplinas?; quantos alunos consideram que aprenderam o
zer pesquisas e estudos. Há diversas situações também que
que estava sendo ensinado? Por último, queremos salientar
podem dispersar o foco, acarretando em menor desempe-
que o curso de Matemática não exige apenas atenção, paci-
nho do aluno; sem contar os inúmeros problemas técnicos
ência, observação, raciocínio, mas também muita conversa e
ou não que podem surgir, como a queda de internet, os áu-
troca de experiências; por isso, ter uma proximidade maior
dios ruins, a falta de laboratórios, a falta de experiência de
com professores, colegas de curso, monitores, etc., torna a
alunos e professores ao lidarem com a plataforma, etc. Por
aprendizagem mais efetiva e menos penosa. Uma vez que o
se tratar de uma experiência nova, ainda há muitas falhas
curso de licenciatura tem como objetivo capacitar os estu-
que precisam ser corrigidas. Por outro lado, com o ensino
dantes a se tornarem professores, entendemos que o contato
à distância, não se faz necessário deslocar até a universi-
humano é essencial.
dade, viabilizando principalmente os que moram longe ou
demia, o ensino à distância de algumas disciplinas pode ser
em outra cidade (com economia de tempo e dinheiro em
uma opção interessante e necessária, mas ele tem limitações
transportes, alimentação fora de casa, etc.) e possibilitando
sérias que precisam ser consideradas e discutidas entre todos
os estudantes de conhecerem e se adaptarem às novas tecno-
nós.
Enquanto alternativa diante da pan-
logias para o ensino. Contudo, percebe-se que este tipo de
Das brechas que nos restam
O
professores Vinicius dos Santos e Djeison Benetti
ano de 2020 vai ser lembrado como o ano da parada;
nosso cotidiano, sobre o que gostamos ou não na universi-
o ano em que mudamos nossos hábitos cotidianos e
dade e no curso de Matemática; en m, um espaço aberto
até a forma de nos relacionarmos com os outros. Ficamos
para uma ação verdadeiramente acadêmica. Conseguimos?
distantes, isolados, tristes. Tristeza para quem perdeu pes-
Não sabemos!
soas queridas; tristeza por não podermos levar nossa vida
volvermos um bate-papo livre com os estudantes pudemos
como antes, por não podermos nos encontrar, por não po-
reconhecer também algumas possibilidades.
dermos voltar pra universidade.
Com o isolamento social,
por meio da apresentação de temas em Matemática, Educa-
ex πa!
passamos a realizar as reuniões do Jornal
Mas tentamos apesar de tudo.
Ao desen-
Por exemplo,
semanal-
ção Matemática, Etnomatemática, Psicologia da Educação,
mente, de forma virtual e do jeito que a internet de cada
etc., que surgiam espontaneamente durante as conversas, -
participante possibilitava.
Debatemos a nossa situação na
zemos discussões muito interessantes, com apontamentos de
pandemia, as propostas para o seu enfrentamento e, princi-
livros, lmes, séries, etc., de modo a auxiliar os estudan-
palmente, a virtualização pela qual passava a universidade.
tes em seus interesses pessoais e de pesquisa.
Muitos problemas foram apontados e vivenciados.
Diante
trabalho de conclusão de curso, da iniciação cientí ca, da
desses novos desa os não nos preocupamos em produzir edi-
pós-graduação, do trabalho docente e da realidade em sala
ções do
ex πa!, mas buscamos manter o projeto vivo.
As reu-
de aula.
Falamos do
Em geral, falamos sobre tudo aquilo que os es-
niões virtuais proporcionaram o contato entre estudantes e
tudantes de Matemática poderiam fazer - fora da sala de
professores na perspectiva de uma re exão sobre a realidade
aula - para se implicarem mais e tornar o percusso no curso
e de uma crítica acadêmica longe do engessamento tradicio-
mais signi cativo. As reuniões do
nal de uma aula. Essa, na verdade, sempre foi a nalidade
ram verdadeiros espaços de brechas, cada um ali palpitando,
do projeto: um espaço de discussão para trocar ideias sobre
perguntando, contribuindo... E assim seguimos! 2
ex πa!
no ano de 2020 fo-
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Tradução de Non-Euclidean Geometry de A. D. Aleksandrov
estudante Stephanny Suzan
ste trabalho de iniciação cientí ca consistiu na tradução
nhar seu processo de construção: o surgimento de uma geo-
parcial do texto Non-euclidean geometry do matemá-
metria por meio do questionamento da outra, a novidade e
tico russo A. D. Aleksandrov.
Trata-se de um texto que
toda a incredulidade da época de seu nascimento. Ademais,
descreve o nascimento - no século XIX - da primeira geo-
a geometria euclidiana é um caso limite da geometria de
metria não euclidiana; dada a partir da negação do Quinto
Lobachevsky, cujo estudo desencadeou aplicações e contri-
postulado de Eucildes, da aplicação de uma matemática ex-
buições para a física moderna. Por m, além dos conteúdos
perimental e do estudo da sua relação com a realidade. Ela
propriamente matemáticos, há outro fator que contribuiu
se tornou até motivo de recusa entre muitos matemáticos
para o estudo do material: a tradução. A tradução permite
da época.
Geômetras como Gauss, Schweikart e Taurinus
a comunicação entre diferentes idiomas, possibilita uma me-
conseguiram encontrar seu sentido lógico, mas ainda assim
lhor propagação dos conhecimentos e, de certa forma, os
ela não era reconhecida como uma nova geometria e muitos
torna públicos e acessíveis. No contexto do trabalho feito,
estudiosos desacreditaram de seu potencial.
a tradução permitiu identi car alguns problemas quanto à
Lobachevsky
seguiu o caminho desses e outras geômetras, porém, ele foi
interpretação matemática:
mais longe ao desenvolver uma série de consequências lógicas
e até mesmo a tradução errônea de um conceito; fatos que
da contradição do Quinto postulado de Euclides. Ele ainda
mostram como é importante o conhecimento matemático, já
defendeu a experimentação dessas teorias, pois para ele a
que a mínima alteração pode levar a um erro que impede o
veri cação dessa geometria deveria acontecer assim como as
leitor de entender a teoria. É possível perceber a di culdade
outras leis físicas, por experimentos, como as observações
de se estabelecer uma pro ciência matemática; o quanto o
astronômicas.
O fato da geometria não euclidiana não fa-
aprofundamento dos seus conteúdos estabelece uma lingua-
zer parte do curso de Matemática-Licenciatura da UFMT,
gem própria. De fato, uma explicação de forma intuitiva até
revela um potencial para gerar boas discussões, principal-
permite o entendimento, mas enquanto um estudioso(a) de
mente no que compete à apresentação de um jeito diferente
Matemática é necessário que se tenha certa uência, pois se
de ver a Matemática. Isso acontece ao podermos acompa-
trata de uma literatura destinada a um estudo preciso.
E
tou mostrar que a negação não era possível, mas não obteve
As geometrias não euclidianas e suas aplicações
colocações, ordem de palavras
estudante Heitor de Pontes
ste trabalho de iniciação cientí ca consistiu num estudo introdutório sobre as geometrias não euclidianas. Du-
tal resultado.
Ao contrário do que buscava, Lobachevsky
rante o seu período foram feitas as leituras do texto Non-
obteve uma nova geometria, chamada hoje de geometria hi-
euclidean geometry de A. D. Aleksandrov e dos livros Con-
perbólica, a primeira geometria não euclidiana.
vite às geometrias não-euclidianas de L. Coutinho e Intro-
Riemann e Gauss, partindo de uma negação diferente do
dução à teoria da relatividade de M. A. Costa. Infelizmente
Quinto axioma de Euclides, desenvolveram a geometria es-
o tema da geometria não euclidiana não faz parte da grade
férica.
curricular do curso de Matemática-Licenciatura da UFMT.
nos dias de hoje, sendo presentes na física, astronomia, car-
Assim sendo, as atividades visaram estudar os conceitos bá-
togra a e etc. Uma boa aplicação da geometria esférica está
sicos dessas geometrias e onde são aplicadas.
Tal projeto
no sistema de coordenadas e no GPS. Ambas as geometrias
também foi realizado pensando-se no ensino de tais concei-
também se zeram presentes no desenvolvimento da teoria
tos e como isso impactaria os estudantes em sala de aula.
da relatividade: ela foi criada por Einstein no início do sé-
Dessa forma, a proposta também visava a atuação do pro-
culo XX com a intenção de explicar alguns fenômenos que
fessor de Matemática, buscando contribuir para que novas
intrigavam a física na época, fenômenos esses que as leis de
formas de pensamento (matemático e crítico) surgissem para
Newton não explicavam mais.
além da rigidez dos currículos atuais.
Desde que Euclides
quanto a teoria da relatividade atuam no GPS. Nos cálcu-
de Alexandria elaborou os axiomas da geometria elementar,
los inclusos no GPS, há o cálculo de posição identi cando
houve uma grande repercussão em torno do Quinto axioma,
a latitude, longitude e altitude de um indivíduo no globo
o axioma das paralelas, com tentativas de reduzi-la a uma
terrestre, em que por meio das ideias da teoria da relativi-
proposição dos outros quatro axiomas; essa repercussão du-
dade considera-se um ajuste nos relógios dos satélites que
rou cerca de 2 mil anos e intrigou muitos estudiosos.
determinam a posição para que os cálculos sejam os mais
No
início do século XIX, Lobachevsky publicou sua solução uti-
As geometrias não euclidianas são muito utilizada
precisos possíveis.
lizando uma ideia contrária ao axioma das paralelas; ele ten3
Também
Tanto a geometria esférica
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Isto ca feliz em ser útil!
o
professor Reinaldo de Marchi
lme O Homem Bicentenário encontramos muito
logia para que envelheça junto com sua companheira; e no
conteúdo para re exão. Tal lme começa quando a fa-
momento de sua morte é reconhecido como o humano An-
mília Martin, uma família futurista americana, compra um
drew Martin. Podemos fazer uma analogia dessa cção com
novo utensílio doméstico: o robô chamado Andrew (inter-
uma história muito real, a escravidão. O robô foi comprado
pretado por Robin Williams), usado para realizar tarefas
para executar as rotinas diárias e, portanto, tinha dono e
domésticas simples.
No decorrer da trama, aos poucos o
funções bem de nidas inicialmente. Ele era uma posse, uma
robô vai apresentando traços característicos de um ser hu-
coisa, algo que se vende no mercado. Ao longo da história,
mano, como curiosidade, criatividade e personalidade pró-
muitas pessoas também foram vistos dessa maneira, sendo
pria.
A frase Isto ca feliz em ser útil! , dita sempre por
reduzidos a uma posse e negociados como coisas ou animais.
Andrew, mostra como ele deveria ser visto pelos humanos,
Após a concessão da alforria ao robô, o mesmo ainda era
como uma coisa, uma propriedade, um escravo. Seu senhor
visto como uma máquina de executar serviços domésticos, e
dá-lhe permissão para desenvolver sua criatividade e com o
aqui quero destacar o preconceito das pessoas em vê-lo como
dinheiro que ganhava como relojoeiro, abre uma conta em
um humano, mesmo apresentando todas as características
um banco. Logo, o robô deseja ser livre e propõe ao senhor
de um. O escravo que passou a ser livre ainda carregava
comprar sua alforria, e o senhor, mesmo contrariado, aceita
resquícios do passado diante da sociedade. É de causar es-
e pede para que o robô deixe a casa. Andrew então vai em
panto como, nos dias atuais, a maioria dos trabalhadores são
uma jornada para encontrar outros robôs semelhantes a ele e
usados como máquinas, que existem apenas para realizarem
que desenvolveram traços como o seu, mas não tem sucesso.
as atividades ordenadas. Aqui temos o caminho inverso ao
No entanto, conhece um engenheiro que faz-lhe melhorias fí-
apresentado no lme: o homem se transformando em um in-
sicas, transformando-o em um androide. Mesmo não sendo
divíduo autômato, de comportamento maquinal, repetitivo.
mais propriedade da família Martin, ele nunca se afasta to-
Não me re ro, portanto, a maneira como as máquinas faci-
talmente dessa família, e ao longo dos anos, depara-se com
litam nossa vida nos dias atuais, mas é necessário perceber
a partida de vários deles. Apaixona-se por uma descendente
que não somos como elas, que não perdemos nossas caracte-
dessa família e com a ajuda de seu amigo engenheiro, torna-
rísticas humanas. Pinte, cante, dance, faça artesanato, leia
se cada vez mais humano, ao ponto de ser possível casar-se.
livros, escreva textos e, sobretudo, tente utilizar estas ati-
Solicita na justiça para que seja reconhecido como humano,
vidades criativas para compreender o mundo ao qual você
mas o juiz lhe nega o pedido, alegando que o mesmo não
está inserido e assim ser capaz de lutar pelas coisas e pelas
morre.
causas que realmente nos fazem humanos.
Ao passar dos anos, decide implantar uma tecno-
Enquanto isso na Bolha da UFMT
estudante Br. Barros diretamente do CEU Itália contido
na bolha estudada da UFMT, vizinha de bairro de uma bolha com cheiro de sangue e pólvora, sem estudo, mas
C
com vários Deuses no bolso.
aros
leitores e leitoras, vocês sabem o que é uma bo-
pandemia e também COVID-19, apesar dessa bolha car na
substantivo 1.erupção cutânea globosa,
CEU, onde é frio, com pouca iluminação, sem uma internet
cheia de serosidade, líquido, pus ou sangue, causada por in-
de qualidade, sem manutenção preventiva, com histórico de
amação, queimadura, atrito, efeito de certas enfermidades
incêndio e uma gestão complicada. Nessa bolha estudada,
etc.; ampola, empola. 2.bola ou glóbulo cheio de gás, ar ou
que ca na CEU, se você é um COVIDIANO-19 assim como
vapor que se forma (ou se formou) em alguma substância
eu, os gestores logo se agitam e mandam aquelas pessoas
líquida ou pastosa, esp. ao ser agitada ou por ebulição ou
estudadas que gostam de cortar e fazer pontos irem ao seu
fermentação. Essa tal de bolha é um treco estranho e com-
socorro. E isso pra mim é uma prova empírica de que assim
plexo, quem diria que até o pai dos burros em sua enorme
como no lixão; nas bolhas também podem crescer ores. E
sabedoria, contemplaria somente as bolhas da base. Aquelas
a tortuosa caminhada em busca da saúde, de muitos que
com ensino fundamental sabe?! A bolha que quero vos falar,
vivem em outras bolhas, de outros níveis de escolaridade,
é uma bolha estudada, uma bolha acadêmica. Nela também
também podem ser agraciadas pela dedicação dos pro ssi-
existe in amações, enfermidades, cheiro de gás (mas só se
onais e futuros pro ssionais que gostam de cortar e fazer
vocês se sentarem ao lado do meu amigo nas aulas sobre a
pontos. Aos cortadores e fabricantes de pontos; um abraço!
dona Joaninha). Esses gases são violentos e cam na memó-
Aos pro ssionais que possuem a mania de gostar de salvar
ria. Voltando ao assunto das bolhas, porque o objetivo não
gente, toda minha gratidão s2
lha?
Bolha:
é falar sobre atulências. Nessa tal bolha acadêmica existe 4
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Formação de professor/pesquisador na disciplina de Educação Matemática III
E
professora
Aparecida Augusta da Silva
m
conformidade com as preocupações atuais da educa-
abá está se tornando cada vez mais quente?
que discutiu
ção, que envolvem ações no âmbito da formação inicial
a interligação entre desmatamento e clima, mais especial-
de professor/pesquisador, em 2019, na disciplina de Educa-
mente, a relação entre ausência de arborização urbana e ilhas
ção Matemática III, foi proposta aos estudantes uma investi-
de calor. Além disso, contou como atividade plantação de
gação com o objetivo de interligação entre teoria, neste caso
mudas de ipês no campus da Universidade.
Modelagem Matemática, e os problemas do cotidiano. Para
RESÍDUOS PLÁSTICOS: UM OLHAR POR MEIO DA
tanto, no processo de sala de aula, foi sugerido a escolha
MODELAGEM MATEMÁTICA. Autores:
de um tema de interesse do estudante para exploração do assunto. Os temas escolhidos pelos estudantes foram: Por
sumo:
que Cuiabá está se tornando cada vez mais quente?; Proble-
como a educação ambiental pode con-
tribuir que discutiu a problemática do lixo no Brasil e no
pode contribuir; A ilusão dos números aplicados aos preços
mundo, observando seus impactos no meio ambiente e uma
e seus impactos nanceiros; Transporte coletivo e questões
análise da percepção da sociedade em relação ao consumo
ambientais; Utensílios culinários e medidas; Consumismo e a
de plástico. Também discutiu-se a contribuição da educação
matemática; Da confecção à loja: construção de uma cami-
ambiental com o objetivo de levar as pessoas a uma re exão
seta; Um passeio no Pantanal. Alguns trabalhos foram de-
sobre o seu consumo.
senvolvidos em grupos e outros de forma individual. Após a
A ILUSÃO DOS NÚMEROS APLICADOS AOS PREÇOS
escolha do tema, houve pesquisa exploratória para compre-
E SEUS IMPACTOS FINANCEIROS: UMA REFLEXÃO
ensão da problemática, elencou-se problemas, que em geral,
POR MEIO DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA CRÍTICA.
As questões foram
discutidas e resolvidas com a participação de todos.
Re-
Trata-se da re exão do projeto Problemática dos
resíduos plásticos:
mática dos resíduos plásticos: como a educação ambiental
envolviam questões interdisciplinares.
Geovanna Ta-
ques Rodrigues, Thabatha Eduarda Tortorelli Nunes.
Autores: Alinne Duarte Wender, Joao Mateus Verhalen de
No
Freitas, Lucas Adelmo Rolim Wender. Resumo: Trata-se da
nal de cada apresentação abordou-se aspectos críticos da
re exão do projeto A ilusão dos números aplicados aos pre-
problemática, dentre as quais: o problema do desmatamento
ços e seus impactos nanceiros que lançou um olhar crítico
e queimadas, os lixões nas grandes cidades; o uso ilusório
para os números no comércio, discutindo especialmente as
dos números nas propagandas de compras; o valor das mar-
estratégias manipuladoras de marketing usadas pela psico-
cas agregados às confecções. Após a realização da atividade
logia dos preços.
na disciplina os estudantes foram convidados, pela professora da disciplina, para fazerem uma re exão teórica sobre
TRANSPORTE
a atividade dentro de seu processo de formação. Para tanto
TAIS: REFLEXÕES NA AULA DE MATEMÁTICA. Au-
foi sugerido escrever a experiência no formato de um artigo
tores: Stephanny Suzan Caetano Tomaz de Paula. Resumo:
com um título, resumo, uma introdução, referencial teórico,
Trata-se da re exão do projeto Transporte coletivo e ques-
análise da experiência e bibliogra a. Dos setes artigo desen-
tões ambientais que discutiu o consumo de energia por veí-
volvidos, 04 foram submetidos e aceitos para a apresentação
culos (derivados de petróleo) e a contribuição para a polui-
no 27
ção do ar e emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE).
o Seminário de Educação da UFMT - SEMIEDU,
que
no ano de 2019 teve como tema: Cuiabá 300 anos - Debates
COLETIVO
E
QUESTÕES
AMBIEN-
Tal metodologia, que articula formação inicial de professor
sobre educação, pesquisa e inovação. Após reavaliações dos
com pesquisa, possibilita ao estudante, futuro professor, de-
problemas matemáticos propostos, reestruturação dos refe-
senvolver a argumentação crítica e coerente, uma vez que
renciais teóricos e das argumentações e levantamento das
permite intervenções, reestruturações e construção de no-
potencialidades dessas discussões em um processo de ensino
vos argumentos no processo de discussão da problemática,
e aprendizagem com suporte da Modelagem Matemática,
exercitando o pensamento crítico e a re exão. Além disso,
foram elaborados os seguintes artigos:*
trabalha a autonomia na busca pela expansão de novos co-
MODELAGEM
MATEMÁTICA
E
PESQUISA-AÇÃO:
nhecimentos, tornando a pesquisa como parte integrante da
UMA EXPERIÊNCIA NUM PROCESSO DE FORMA-
formação e da atuação do futuro professor. Neste sentido,
ÇÃO EM LICENCIATURA EM MATEMÁTICA. Autores:
consideramos as ações de formação por meio da pesquisa
Polyana dos Santos Amaral, Emanuelly da Silva, Heitor Da-
um passo importante para formação de futuros professores
nilo. Resumo: Trata-se da re exão do projeto Por que Cui-
de Matemática.
* Artigos disponíveis no GT8 - Educação Matemática: <https://www.ufmt.br/ingresso/images/upload/publicacoes/ANAIS_SEMIEDU_2019.pdf>.
ESPAÇO LIVRE É NO exπa!
VENHA PARTICIPAR, VENHA CONVERSAR, VENHA ESCREVER
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EDIÇÃO ESPECIAL DE PANDEMIA
Mafalda: coube a ser o que era pra ser
A
estudante Markus Henrique
resistência da personagem Mafalda vai muito além de
vocativa e incisiva é a ideia de que uma criança seria mais
suas contestações presentes em suas histórias em qua-
consciente dos problemas sociais (sejam eles políticos, am-
drinhos. O seu espaço social foi acontecendo entre muitos
bientais, econômicos, raciais, trabalhistas, etc.)
intervalos de tempo, algo que não a impediu de ser uma per-
adultos. Em época de censuras e silenciamentos de assuntos
sonagem in uente e de estar sempre retratando fatos pontu-
sensíveis ao coletivo social, ter uma criança falando disso se-
almente atuais. Como muitas revoluções acontecem diante
ria algo desconcertante para adultos que apenas seguiam as
de situações de opressão social, com a Mafalda não foi di-
regras. Mafalda ganhou o mundo, tendo traduções em mais
ferente.
Diante de um Governo Militar que tomava a Ar-
de 30 línguas, incluindo o Guarani, língua indígena do Pa-
gentina, que não era uma exceção na época, Mafalda surgia
raguai. Transitou entre recusas e acolhimentos, de jornais a
ressigni cando seu objetivo criacional e tendo que posicionar
revistas, sofreu censura em suas divulgações internacionais
nas entrelinhas sua concepção política, sem jamais deixar de
por tocar nas fragilidades de governantes em seus governos,
expressar sua paixão pela democracia. Seu criador, popular-
fazendo dela corruptora das mentes dos jovens e crianças.
mente chamado de Quino, era lho de espanhóis, nasceu na
Apesar de todo engajamento, ela tinha seu lado criança em
argentina e teve como in uenciador inicial seu tio que era de-
suas tiras, principalmente quando se tratava das sopas que
senhista e tinha o mesmo nome; disso surgiu a necessidade de
tinha em suas refeições familiares.
seu apelido na família e que seguiu como sua marca pública.
der sua natureza, resistia em engolir seco essa refeição. A
Quino se dedicou por dez anos na elaboração de Mafalda,
questão que faz da Mafalda ser acrônica não é só pela ge-
sendo mais de 2000 produções e teve que cessar sua reali-
nialidade de seu autor, mas pelo ser humano ainda persistir
zação temendo retaliações, mas até esse episódio teve que
em atitudes e ações as quais aconteceram também na época
se dar de maneira singela depois de algum tempo do m da
de elaboração do material da personagem. Diante disso, a
elaboração das histórias.
Apesar dessa aposentadoria pre-
Mafalda estará sempre presente para nos lembrar do que
matura, Mafalda voltava dar as caras em ocasiões especiais
já aconteceu e do que poderá voltar a acontecer. Seja por
como para uma campanha da UNICEF sobre a Declaração
meio da tirinha, cartum, charge, caricatura ou quadrinhos,
Universal dos Direitos da Criança. Quino veio a falecer este
faz parte da tradição do Jornal
ano, um dia após Mafalda completar 56 anos de sua pri-
que incitem algum tipo de questionamento, de modo que a
meira aparição pública. Apesar de Mafalda ser inspirada no
Mafalda passa assim a fazer parte da nossa história.
traçado de Charlie Brown, o que faz ela ser marcante, pro-
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ex πa!
do que os
Como não podia per-
trazer sempre aquelas
ANO 4
U
◦
N
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DEZEMBRO/2020
EDIÇÃO ESPECIAL DE PANDEMIA
Sobre avaliação escolar
professor Aldi Nestor
m dia eu disse numa turma de estudantes, no início do
- Ah, mas a prova ajuda a preparar o estudante pros testes
semestre: Se algum de vocês pretende ser reprovado,
futuros, os concursos, etc. - insistirá um outro.
por favor, se esforce, tire uma nota bem baixa, porque quem
- Vá à merda - acrescentarei.
se aproximar da média eu aprovo, não quero nem saber. E
Além de tudo, eu acho a hora da prova, tanto pra estudan-
nem adianta vir com cara feia, choramingar nos cantos, con-
tes quanto pra professores, uma humilhação, um momento
tar pro coordenador.
completamente inútil e contraproducente. E car de vigia
Eu aprovo e ponto nal!
Tentei ex-
plicar que não sei a diferença, por exemplo, entre 4,0 e 5,0,
reparando se alguém vai colar é uma degradação.
quando o assunto é aprendizagem. Que dirá entre 4,9 e 5,0.
-Ah, mas e como é que você vai fazer pra saber quem estu-
Ou seja, esses números aí pra mim são só um engodo, uma
dou? quem aprendeu?
enganação. Um blefe! Ando pensando seriamente em não
- Uma prova não é capaz de saber quem estudou, muito
aplicar mais provas, nenhuma. Nem gerar número pra pro-
menos de quem aprendeu. Portanto, se essa é a questão, é
mover estudantes. Penso em dar aulas, mas a nota car por
preciso com urgência pensar criticamente sobre o mecanismo
culpa do estudante. Assim: o estudante escolhe a nota que
prova como forma de avaliação. Eu me esforço pra tornar
mais gosta e me diz. Pronto, aí eu vou lá e lanço a bendita
a escola um lugar que preste, que tenha sentido, que as pes-
nota no sistema e mando ele ir ser feliz onde quiser.
soas a frequentem porque vale à pena e não pra arrancarem
Não
sei se a lei permite isso, não sei se os estudantes entendem
um diploma medíocre que as transforma em nada.
isso, não sei quem diabos entende isso. Só sei que o sistema
Fim de papo.
escolar regredido a um número, ao valor tirado em provas
Eu continuo achando que escola pode se transformar num
e avaliações, me parece uma prostituição, um desvario con-
lugar da hora , num lugar interessante, um lugar aonde
sentido em nome de nada.
as pessoas vão, livremente, optar em frequentar. Mas não
- Ah, mas sem a avaliação os estudantes não irão estudar -
acredito que isso ocorra enquanto tiver esse massacre de pro-
questionará alguém.
vas, oprimindo e medindo as pessoas como se isso fosse pos-
- Ué, mas eles estão estudando agora? - questionarei.
sível.
AQUI ERA PRA SER UMA PROPAGANDA, MAS COMO JORNAL BOM É JORNAL QUE NÃO SE VENDE, A GENTE FAZ PROPAGANDA DA GENTE MESMO:
ESPAÇO LIVRE É NO exπa! VENHA PARTICIPAR, VENHA CONVERSAR, VENHA ESCREVER
∗
*agora sendo expressamente proibidas as receitas de sopa
Expediente: O Jornal
ex πa!
é uma publicação voltada à comunidade do curso Matemática-Licenciatura da UFMT de Cuiabá, realizada
por docentes e discentes do departamento de Matemática. Participaram desta edição os docentes Vinicius M. P. dos Santos, Djeison Benetti, Reinaldo de Marchi, Aparecida Augusta da Silva e Aldi Nestor de Souza.
E também os discentes Anna Julya Campos Correa, Bruna Emanuelly Tavares Franscisco, Stephanny Suzan Caetano
Tomaz de Paula, Heitor Danilo Mendes de Pontes, Rheder Baptistine da Costa Barros e Markus Henrique Bruno. As tirinhas da Mafalda são do Google Imagens. Contato, sugestões e críticas: <expia.ufmt@gmail.com>. Tenha acesso a todas as edições do Jornal Esta é a primeira edição do Jornal
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no endereço eletrônico <https://issuu.com/jornalexpia>.
AT X. diagramada em L E
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