USJT
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abril 2020
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ano 27
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edição 1
EXPRESSÃO JORNALISMO UNIVERSITÁRIO CRÍTICO, CIDADÃO E PLURAL
ESPECIAL - Págs. 6 a 9
"O parque é uma joia rara, a gente precisa cuidar" Guilherme Brito, Subprefeito da Mooca
Com 61 anos de existência, o Complexo Educacional e Esportivo Salim Farah Maluf passa por reformas e oferece melhorias aos visitantes
PONTO DE VISTA Especialista oferece panorama sobre a indústria 4.0 Pág. 3
VIDA DIGITAL Podcasts conquistam o público com segmentação e serviços Pág. 10
CULTURA E ARTES Surdos, autistas e cegos brilham em Orquestra Pág. 12
ESPORTE Campeonato de handebol da Freguesia do Ó é destaque em SP Pág. 14 abril 2020
EXPRESSÃO
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"O parque é uma joia rara, a CAR@ genteLEIT@R precisa cuidar" #INSTANTÂNEO Subprefeito da Mooca, Guilherme Brito
Com 61 anos de existência, o Complexo Educacional e Esportivo Salim Farah Maluf passa por reformas e oferece melhorias aos visitantes Arte da capa: Henrique Nascimento
Texto: Amanda Beiro Foto: Kaio Figueiredo
DIGITAL E ARTES ESPORTE da entre a Subprefeitura NumaVIDA cidade com um co- CULTURA Um retrato das festas Impressão 3D de 20 anos depois, Desafio e a USJT, para va-com tidiano alimentos agitadoé promessa como São juninasMooca das menores ao Galo retorna de SP P . 12 no mercado P . 11 popularidade em alta P . 14 lorização do parque, o local Paulo, em que muitas pessoas cidades EXPRESSÃO 1 abril 2020 passam o dia inteiro no tra- ainda estava aberto. Até que balho ou dentro de um trans- apareceu uma pandemia porte público, os parques são (novo coronavírus) no meio refúgios essenciais para os pe- do caminho e o parque foi fechado. Por sorte, nossos ríodos de relaxamento. O Parque da Mooca é ávidos repórteres já tinham uma das mais diversifica- feito algumas visitas ao esdas áreas de lazer da capital paço e entrevistado diversos paulista por contar com di- frequentadores. O resultado ferentes serviços, como pis- desse trabalho pode ser concina, pista de skate e até um ferido nas páginas 6, 7, 8 e 9. Há ainda muitos outros cachorródromo. O campus Mooca da Uni- assuntos interessantes nesta A cidade que não para parou. Diante da pandemia do novo coronavírus (COVID-19), a avenida mais versidade São Judas fica bem edição, produzida em dias conhecida do país, a Paulista, marcada por seu grande fluxo de pessoas de todas as partes do mundo, em frente a esse espaço, que tão angustiantes. São textos ficou vazia. A quarentena na capital e ao redor do planeta visa conter a disseminação do vírus. Apenas atrai pessoas de outros bair- feitos com responsabilidade serviços essenciais, como supermercados, farmácias e transportes, permanecem em funcionamento. e paixão. Uma prova de que Esse é o momento de ficar em casa, com segurança. ros e até estrangeiros. Quando começamos a es- o jornalismo persiste, com crever o Especial dessa edi- afinco e coragem, nas mais ção, com o objetivo de falar adversas situações. sobre uma parceria firmada Os Editores
ÇÃO E CIÊNCIAS e calor e clima fetam vida na de SP Pág. 5
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Fique em casa! #FICA A DICA
Divulgação
A partir de uma história de vida, EXPRESSÃO livro revela bastidores do Apartheid
Jornal universitário do 4º ano de Jornalismo abril 2020 • ano 27 • edição 1 Chanceler Dr. Ozires Silva
Supervisora de estágio, projeto gráfico e direção de arte Prof.ª Ana Vasconcelos MTB 25.084 - SP
Reitor Prof. Marcelo Henrik Coordenador dos cursos de JO, PP, RTV, RP e Cinema e Audiovisual Prof. José Augusto Lobato Supervisores de estágio e jornalistas responsáveis Prof. Juca Rodrigues MTB 17.428 Prof. Moacir Assunção MTB 21.984 Prof.ª Patricia Paixão MTB 30.961
Redação Alun@s do 4º ano de Jornalismo da Universidade São Judas Impressão Folha Gráfica Converse com a gente jornalexpressao@usjt.br Instagram @jorn_expressao Facebook @expressaoUSJT
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EXPRESSÃO
abril 2020
Ano: 2020 Gênero: autobiografia, humor Editora: TAG Livros 304 páginas Por que ler? Revela uma nova perspectiva sobre o Apartheid, com cultura, história e amor
Amanda Beiro
Em “Nascido do Crime”, ou “Born a Crime”, o autor e comediante Trevor Noah oferece ao leitor uma nova perspectiva sobre o Apartheid. Ele aponta como o regime de segregação racial implementado na África do Sul influenciou sua infância. O livro é uma autobiografia, originalmente publicada em 2016, nos Estados Unidos, e relançada no Brasil pela TAG, em janeiro de 2020. Trevor Noah nasceu durante o regime que proibia qualquer
tipo de relação entre brancos e negros. Por ser filho de uma mulher negra e pai branco, era nascido do crime de duas pessoas, o que explica o título da obra. O comediante cresceu ao lado de sua mãe sem a presença ou participação do pai. Cada capítulo aborda uma fase marcante na vida de Trevor, mostrando como era sua relação com a família e como ele era tratado por ser um mestiço. O livro reúne contos sobre a infância do autor, divididos em capítulos. Além da autobiografia, a cada capítulo há um fato histórico da época, explicando leis e crenças
do Apartheid. O foco da obra não é o Apartheid em si, mas como a vida do autor era influenciada, na infância, pelas crenças raciais e religiosas da época. A obra nos mostra como Trevor e sua mãe enfrentaram e se adaptaram numa sociedade racista e machista e diante de situações envolvendo o governo. Sua mãe, por exemplo, é representada no livro como uma mulher forte, corajosa e destemida. A escrita é leve e de fácil compreensão. É uma obra que deve ser lida por todos, pois é rica em cultura, história e oferece lições inspiradoras.
PONTO DE VISTA
Inteligência artificial e internet das coisas ganham espaço no Brasil Cada vez mais presente no nosso cotidiano, indústria 4.0 demanda profissionais permanentemente atualizados Ana Karla Zanatta e Larissa Fagundes
Você já ouviu falar em “indústria 4.0”? Esse é um termo vem sendo utilizado nos últimos anos para se referir ao uso, cada vez mais frequente, de algumas tecnologias para automação e troca de dados, que envolvem a chamada “internet das coisas”, a computação em nuvem e a inteligência artificial. Também chamada de “Quarta Revolução Industrial”, a indústria 4.0 está mais presente no nosso dia a dia do que imaginamos. A inteligência artificial, como o próprio nome diz, consiste em “dar” inteligência para computadores exercerem, com autonomia, funções que são feitas apenas pelos seres humanos. Um exemplo são os chatbots, os robôs de atendimento ao cliente, que respondem prontamente às perguntas e direcionam os humanos para o setor competente. Já a internet das coisas está relacionada à conectividade entre equipamentos e objetos do nosso uso corrente, como celulares e notebooks, televisões, geladeiras, carros, casas e sistemas de saúde inteligentes e interligados, capazes de reunir e transmitir dados. Nesse novo cenário de aperfeiçoamento das máquinas e do processo produtivo, encontramos também uma mudança no mercado de trabalho, que passa a demandar profissionais qualificados para funções mais específicas, voltadas a desenvolver e acompanhar essas novas tecnologias. Isso sem contar as profissões que serão substituídas por essas novas funções. Marcelo Knörich Zuffo, 53, engenheiro eletricista, mestre e doutor pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), é pesquisador e desenvolvedor de tecnologias da indústria 4.0. Zuffo é professor titular do Departamento de Engenharia de Sistemas Eletrônicos, também na USP, e atua no Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI), onde coordena pesquisas na área de engenharia de meios interativos, saúde di-
Fabio Durand/USP
desenvolvem as tecnologias de internet das coisas e inteligência artificial, esses são profissionais importantes. Que mudança de comportamento os profissionais deverão tomar para se encaixar nesta nova fase? E professores e alunos universitários? O comportamento adequado dos profissionais deve ser o de aprender sempre, não tem jeito. Agora estamos falando da indústria 4.0, mas vai ter indústria 5.0, 6.0... a inovação é constante. Então o profissional tem que se acostumar com essas inovações e se adaptar. Os professores e estudantes universitários, de todas as áreas, sejam os de exatas, de humanas ou biológicas, precisam estar permanentemente atentos a essas mudanças.
Para Marcelo Zuffo, a indústria 4.0 segue uma trajetória natural de evolução tecnológica
gital, computação de alto desempenho, realidade virtual, entre outras. Em 2018, o pesquisador recebeu, com sua equipe, o Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia. Em entrevista ao Expressão, Marcelo define a indústria 4.0, aponta direcionamentos para os profissionais contemporâneos e explica como está o desenvolvimento de projetos nessa área no Brasil. Como você define a Indústria 4.0? Quais são as suas características? A indústria 4.0 segue uma trajetória natural de evolução tecnológica no meio industrial. A indústria 1.0 é aquela indústria caracterizada pela tração animal, quando usávamos animais para o acionamento do maquinário. A 2.0 é aquela caracterizada pela tração a vapor. A 3.0 simboliza a indústria que tem como tração o óleo, o pe-
tróleo e a eletricidade. E, por fim, a indústria 4.0 é caracterizada pelo uso intensivo das tecnologias de inteligência artificial e internet das coisas. É uma indústria ultra mecanizada, graças a essas tecnologias. Qual deve ser o maior impacto dessa indústria a longo prazo? No longo prazo, o impacto da indústria 4.0 é que, eventualmente, o operário como nós conhecemos hoje desaparecerá. Ele será infelizmente substituído pela inteligência artificial. Já existe um exemplo de uma fábrica da Nike, na Alemanha, que não tem operários. Ela é toda operada por inteligência artificial. Quais profissões serão importantes neste cenário? Em vez de operários industriais, precisaremos de operários da sociedade do conhecimento, que são os especialistas que
“Estamos falando da indústria 4.0, mas vai ter indústria 5.0, 6.0... a inovação é constante.” abril 2020
Existe algum projeto atualmente no Brasil voltado para essa indústria? O Brasil tem um grande projeto chamado “Plano Nacional de Internet das Coisas” com várias ações acontecendo em paralelo. E, aqui na USP, nós começamos a induzir uma comunidade de tecnologias abertas em internet das coisas 4.0. Esse projeto se chama Caninos Loucos, vocês podem acessar através do site caninosloucos.org.br. O Caninos Loucos desenvolve computadores Single Board, com estrutura aberta (tanto hardware como software) para a internet das coisas. O objetivo do programa é formar uma comunidade de desenvolvedores para uso da tecnologia da internet das coisas no meio industrial e disseminar a aprendizagem de eletrônica embarcada no Brasil. Como foi receber o Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia 2018? O projeto Caninos Loucos foi o objeto do nosso Prêmio Mercosul de pesquisa em indústria 4.0. Fomos reconhecidos como uma plataforma importante para desenvolvimento dessas tecnologias não só no Brasil, mas nos demais países que fazem parte do Mercosul (Argentina, Uruguai e Paraguai). EXPRESSÃO
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EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS
Projetos universitários elevam autoestima na terceira idade
Conhecimento e atividades melhoram a autonomia do idoso
Crédito
dor do programa, um dos grandes efeitos do projeto é o resgate da autoestima e do entusiasmo dos idosos. “São cursos que fazem com que esse público adquira novos interesses e propósitos de vida. Eles se sentem vivos e valorizados”, destaca Dórea. IMPACTO
Sala de aula do Programa USP60+: idosos têm sua autoestima resgatada Daniella de Almeida e Fernanda Vital
O largo corredor do número 141, na rua do Anfiteatro, na Universidade de São Paulo (USP), costuma ser movimentado às terças feiras. De longe é possível perceber o entra e sai de homens e mulheres com características parecidas, inclusive dividindo o mesmo desejo que os levou até ali. Com dona Valdicilia Tozzi de Lucena não é diferente. Depois de andar alguns minutos e pegar um trem até o endereço, ela dedica cerca de duas horas e meia às aulas de espanhol. Com 64 anos e alguns sinais da idade, Val, como prefere ser chamada, faz parte dos quase 30 alunos que compõem a classe de estudo de línguas para a terceira idade na USP. É nesse cenário de aprendizado que ela preenche seu dia e fortalece suas relações interpessoais. “Pra mim, o contato humano é fundamental. Eu preciso ver gente, entender novas ideias, conversar e me relacionar com as pessoas”, destaca. Val conduz sua rotina com aulas de pilates, para tratar sua artrose nos joelhos, cuidados com seu cão 4
EXPRESSÃO
Rafael, reuniões em grupos da igreja e, agora, na busca por conhecimento. Depois de sofrer com a morte de sua mãe e com a ausência de uma rotina mais ativa, encontrou no espanhol a válvula de escape para evitar uma possível depressão: “Quando minha mãe morreu, eu precisei direcionar a minha vida. Precisei disso pra não ficar doente”. VIVA, ATIVA E FELIZ
Com 45 anos dedicados ao trabalho em finanças e assuntos fiscais, Valdicilia coleciona boas histórias, como seu primeiro contato com o espanhol, na antiga empresa onde trabalhou. Foi nos versos de um poema escrito por José Francisco Luís Borges, escritor, poeta, tradutor e ensaísta argentino, que ela encontrou o apreço pela língua que hoje lhe faz se sentir mais viva, ativa e feliz. “Em
uma das estrofes escrita em espanhol ele falava sobre a velhice e seus prazeres, isso me toca até hoje”, diz. A valorização e o entusiasmo de pessoas como a dona Valdicilia é enaltecido pelo Programa USP 60+, criado em 1994 com o objetivo de integrar idosos ao campo do conhecimento e do aprendizado. São disponibilizadas mais de 5 mil vagas para cerca de 350 opções de cursos em disciplinas regulares de graduação da USP e atividades complementares, que incluem palestras, excursões, além de práticas esportivas e didático-culturais. As aulas são ministradas em todas as unidades da universidade, não sendo necessário vínculo anterior com graduações. Com 26 anos de atuação, a iniciativa tem promovido impactos positivos. De acordo com Egídeo Dórea, médico e coordena-
Com a mesma serventia de prestação de serviço à comunidade, a Universidade São Judas Tadeu, no bairro da Mooca, possui o “Projeto Sênior Para a Vida Ativa”, que atende idosos há 10 anos, de forma gratuita, e conta com o apoio de alunos do curso de Educação Física da universidade. O projeto realiza acompanhamentos funcionais durante todo o percurso do idoso no programa e promove encontros semanais, que incentivam e despertam o gosto pela atividade física. Para Bruna Gabriela Marques, professora da universidade no Programa de Ciências do Envelhecimento, é nítida a evolução dos mais de 500 membros da terceira idade que fazem parte do projeto. “Com o idoso é muito mais visível fisicamente e intelectualmente o impacto das atividades que fazemos. Falamos de autonomia na velhice e, a partir disso, eles começam a avaliar a vida de forma diferente”, finaliza.
DESISTÊNCIA
Evasão universitária ainda é um problema a ser enfrentado Segundo a psicóloga Júlia Joyce da Silva e Rafaela Marcos
Temporária ou definitiva e incidente tanto no ensino presencial como na modalidade a distância, a desistência no ambiente universitário ainda preocupa muitas instituições de ensino superior. Os motivos da evasão estudantil são variados, como a falta de identificação com o curso, problemas financeiros, dificuldades de mobilidade (para chegar até a instituição), a dupla jornada (trabalho e estudo) e até questões psicológicas. São muitas as histórias que ilustram essa situação, como a da assistente financeira Alini Nascimento, 29 anos, que iniciou os estudos em Ciências Contábeis no primeiro semestre de 2017, na Unicid (Universidade Cidade de São Paulo), com o objetivo de crescer profissionalmente. “No início foi fácil, mas ao longo dos semestres os trabalhos aumentaram. Conciliar o emprego com os estudos tornou-se algo difícil”, diz. Além da falta de tempo para se dedicar ao curso, Alini passou por dificuldades financeiras durante o 5º semestre e, por conta disso, trancou a faculdade.
Freitas de Oliveira, é na fase de transição do ensino médio para o superior que mais aparecem empecilhos para os estudantes. A dupla jornada (caso de alunos que trabalham e estudam ao mesmo tempo) contribui para agravar problemas vividos pelo jovem nessa etapa. "Fatores como o cansaço físico e mental podem influenciar no desempenho", explica Júlia. Poucas horas de sono e ter uma má alimentação são outros componentes que interferem na participação do aluno nos projetos da universidade, segundo a psicóloga. MAIS UMA CHANCE
Tempo e dedicação são palavras companheiras de quem ingressa na faculdade após terminar o ensino médio. Para se adaptar ao novo ritmo de trabalhos e provas, Karine Firmino, 21, estudante de Direito da Universidade São Judas, procura não se cobrar tanto, ignorando a pressão de amigos e familiares. “Hoje eu estou preparada para entender que, se não deu certo, tudo bem! Vai ter mais uma chance e não preciso desistir daquilo que é o meu sonho”, explica. Isadora Davilla
ESTUDANTES IDOSOS NO BRASIL
9,2% dos brasileiros possuem 65 anos ou mais 18,9 mil universitários têm idade entre 60 e 64 anos 7,8 mil universitários têm idade acima de 65 anos abril 2020
Fonte: BBC NEWS
Karine Firmino ignora a pressão de amigos e familiares
COVID-19
Crédito?
O ministro Luiz Henrique Mandetta admitiu que o sistema de saúde do país pode entrar em colapso
Máscaras acabaram se tornando essenciais na prevenção contra o novo coronavírus Mariana Oliveira e Rafaela Oliveira
Data que no calendário cristão é voltada à reflexão, a quarta-feira de cinzas de 2020 teve um motivo a mais para levar os brasileiros a pensarem sobre a vida. Foi neste dia (26/02) que tivemos a confirmação do primeiro caso de Covid-19 (novo coronavírus) no país: um homem, de 61 anos, que havia chegado recentemente de uma viagem à Itália. Desde então o número de brasileiros contaminados aumenta diariamente. Até o fechamento desta edição o país tinha 28.320 pessoas infectadas e 1736 mortos. No mundo eram mais de 2 milhões de pessoas que contraíram o vírus e 130.000 vítimas fatais. Diante desse cenário, muitos se perguntam sobre o método mais eficaz para evitar o vírus. A doutora em Ciências
Biológicas pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e professora do curso de Medicina da Universidade São Judas (USJT), Marta Ferreira Bastos, explica que, inicialmente, a melhor opção é a prevenção, mas a eliminação do vírus pode acontecer naturalmente. Usar álcool gel e lavar as mãos com frequência, ações ostensivamente recomendadas pelas autoridades de saúde e pela mídia, realmente contribuem para evitar a contaminação. EXEMPLO
“O maior problema do novo coronavírus é a capacidade de transmissibilidade que ele tem”, salienta a doutora. Há pessoas assintomáticas que, sem o diagnóstico, infectam grande parte da população com quem têm contato. “É aí que
entra a importância do isolamento social. Você não sabe se tem ou não, mas está transmitindo”. O professor de Medicina Molecular da Universidade de Nottingham, Ian Hall, afirmou ao Science Media Center (SMC) que o número de pessoas que estão hoje com o vírus é incerta. Hall relata que a China deve ser tomada como exemplo. “A estratégia de isolamento mais extrema resultou na epidemia sob controle, com pouquíssimos casos novos sendo relatados”, ressalta. O sistema imunológico das pessoas é responsável por reconhecer agentes invasores e estruturar mecanismos de defesa. O estado nutricional e a prática de exercícios físicos contribuem na formação de anticorpos, mas os indivíduos no grupo de risco apresentam dificuldade em responder a patógenos desconhecidos, e, nesse
caso, a chance de morte causada pelo novo coronavírus aumenta. O governador do Estado de São Paulo, João Doria (PSDB-SP), assinou um decreto em 20/03 que reconhece estado de calamidade pública por conta da pandemia. Um dia depois, determinou quarentena de 15 dias em todo estado. A quarentena foi renovada. A medida, seguida por governadores de outros estados, foi criticada pelo presidente Jair Bolsonaro, que afirmou que o país está vivendo uma histeria estimulada pela mídia e que as ações de quarentena afetariam a economia. MOMENTO CRÍTICO
A doutora em Microbiologia pela Universidade de São Paulo (USP), Priscila Larcher Longo, diz que as medidas voltadas ao isolamento social são corretas: “se chegamos ao status de quarentena é porque realmente estamos num momento crítico". Priscila, que leciona na Universidade Municipal de São Caetano do Sul, completa: “Cada um de nós, nesse momento, deve ser responsável não apenas pela própria vida, mas contribuir para o bem-estar de todos: na nossa casa, na vizinhança, na nossa cidade, no mundo todo." O ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, admitiu que o sistema de saúde brasileiro pode entrar em colapso, e que a transmissão da Covid-19 só deve começar a apresentar uma queda a partir de setembro.
Universidades adotam ensino a distância devido à pandemia Lucas Garcia e Tainá Arruda Enquanto a pandemia do novo coronavírus avança a passos largos, universidades mudam as suas rotinas para proteger a comunidade acadêmica. No Brasil, várias instituições substituíram as aulas presenciais por encontros virtuais. Muitas universidades têm adotado ferramentas e aplicativos gratuitos da internet, que possibilitam a postagem de conteúdo e o sistema de videoconferência, para que professores e alunos permaneçam em interação. Já a UNIP (Universidade Paulista) está usando seu próprio Sistema de Disciplinas Online, como explica Tânia Trajano, coordenadora auxiliar do curso de Jornalismo da unidade Tatuapé: "A UNIP criou uma programação em duas etapas: uma primeira usando o nosso Sistema de Disciplinas Online, no qual, os alunos leem os textos disponibilizados na plataforma, e uma segunda fase na qual os discentes fazem atividades avaliativas propostas pelos professores." AULAS ONLINE Na Universidade São Judas Tadeu, as aulas online estão sendo realizadas no
mesmo horário das aulas presenciais, usando ferramentas do Google, por meio da parceria que a empresa mantém com a instituição. “A São Judas e o Grupo Anima como um todo entenderam que o investimento em tecnologia intensiva seria uma alternativa nesse cenário. O modelo de aulas digitais, usando mecanismos síncronos (aulas via ferramentas de vídeo e áudio em tempo real) e assíncronos (fóruns), é uma alternativa segura para isso e se alinha aos esforços de universidades de renome em todo o mundo para lidar com os impactos da pandemia”, explica o coordenador dos cursos de Comunicação e Cinema da São Judas, professor José Augusto Mendes Lobato. Milton Iovanovischi Neto, estudante de Engenharia Civil da Universidade Anhembi Morumbi, conta como está sendo o formato das aulas online disponibilizadas pela universidade. "Em uma sala virtual, de forma parecida com o skype, os alunos presentes participam da aula em vídeo chamada, através de lousas e slides. Os professores procuram criar um ambiente parecido com o das aulas presenciais", diz. Reprodução
Higienização e isolamento são palavras de ordem
Alunos de jornalismo da Sao Judas, campus Butantã, durante aula via Google Meet abril 2020
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ESPECIAL
Parque da Mooca ontem e hoje
A história e os diferenciais daquele que é um dos principais espaços de lazer da comunidade mooquense Acervo Portal da Mooca
Bonde na Rua dos Trilhos seguindo para o Hipódromo da Mooca em dia de grande prêmio Camila Borges e Lucas Nunes
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uem transita pelas ruas do tradicional bairro da Mooca, entre antigos galpões industriais e novos empreendimentos imobiliários, surpreende-se com a sensação de clima interiorano que o distrito, considerado o mais paulistano da cidade, desperta. Reduto de imigrantes italianos e palco de diversos movimentos políticos e sindicais, foi aqui que parte da história de São Paulo foi escrita. No início do século passado, em meados dos anos de 1900, a Mooca formava com o Bixiga, Bom Retiro e Brás o conglomerado de bairros industriais da cidade. Nessa região, as fábricas e os operários (em sua maioria imigrantes) predominavam. Durante o apogeu da industrialização, o distrito se tornou a zona mais populosa da capital paulista. Os bondes, cujos trilhos ainda são vistos em algumas ruas do bairro, viviam lotados, com os trabalhadores das fábricas locais. 6
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Embora sua história esteja fortemente atrelada à industrialização, o que poucos sabem é que a Mooca se converteu em um centro de lazer, após a instalação do Clube Paulista de Cavalos, conhecido popularmente como o “Hipódromo da Mooca”. HIPÓDROMO DA MOOCA
O espaço, inaugurado em março de 1875, foi cenário de ocasiões solenes e reuniões de negócios, fundamentais para a política e economia da época. A elite paulistana e pessoas de grande influência na sociedade frequentavam assiduamente o local. No site Portal da Mooca, o pesquisador Wanderley Duck, 68, escreve que, apesar da elitização do Hipódromo, a população que não desfrutava de grandes recursos financeiros também comparecia em peso: “As pessoas do povão podiam entrar, mas como não eram sócias, ficavam em uma área chamada de 'Populares.’” abril 2020
A história do Hipódromo não se limitou a ser um espaço onde a população fazia sua vida social acontecer. Em 1902, as primeiras corridas de automóveis do país foram realizadas no local, conforme relembra Duck. “Somente três carros competiam, mas tudo bem, porque a São Paulo daquela época tinha no máximo uma dúzia de veículos, então era um número significativo.” O saudoso Hipódromo da Mooca encerrou suas atividades em 1941 e, com o avanço da urbanização e o crescimento populacional, o espaço veio abaixo anos depois. SURGE O PARQUE
Após um intervalo de aproximadamente 20 anos, o local ressignificou o conceito de lazer. Em setembro de 1959, durante a gestão do prefeito Adhemar de Barros, foi o inaugurado o Centro Educacional Salim Farah Maluf, mais conhecido como Parque da Mooca. Com 67 mil metros qua-
drados de extensão e área verde, o local tornou-se rapidamente um dos principais e mais importantes espaços de lazer da região. O historiador e idealizador da página Portal da Mooca, Angelo Agarelli, 73, lembra que os mooquenses visitavam o local com frequência. “Quando o parque foi criado, era o único clube do bairro onde os habitantes podiam usufruir de momentos de lazer.” Com a implantação do Clube Juventus, no decorrer da década de 1960, Agarelli recorda que o número de frequentadores do parque caiu, mas o local permanecia sendo o principal espaço para aqueles que não eram associados. O PARQUE HOJE
O complexo conta com uma ampla estrutura e dispõe de diversos equipamentos destinados à prática de esportes e exercícios físicos. Diferentemente dos demais parques da cidade, pos-
sui três escolas, duas piscinas, uma Unidade Básica de Saúde (UBS) e é onde a Subprefeitura da Mooca está instalada. Em dezembro de 2019, a zeladoria do parque, que antes pertencia à Secretaria de Esportes, passou a ser de competência da Subprefeitura. Segundo o subprefeito da Mooca, Guilherme Brito, a transferência foi de suma importância para as intervenções que estão sendo realizadas no local. “O prefeito Bruno Covas nos deu um milhão de reais para gastar com a primeira fase de reformas. Então estamos trocando pavimento e refizemos a ciclofaixa. Depois vem a fase dois, que é deixar o parque mais bonito”, comenta. Ainda de acordo com Brito, no último ano, houve um aumento significativo no número de visitantes: “Os dados da Secretaria comprovam. Triplicou a quantidade de frequentadores.”
Você sabia? O hipódromo da Mooca foi atingido por bombardeios durante a Revolução de 1924. Em seu livro, “São Paulo merece ser destruída - História do Bombardeio à Capital na Revolta de 1924”, o professor Moacir Assunção, que leciona nos cursos de Comunicação da Universidade São Judas, conta detalhes da batalha que deixou ao menos 523 mortos e quase 5 mil feridos. “Como a Mooca era um grande centro industrial e tinha um grande número de anarquistas, foi um dos lugares mais bombardeados”, lembrou. A revolta tinha como objetivo derrubar o então presidente Artur da Silva Bernardes, após o fracasso da Revolta dos 18 do Forte de Copacabana, em 1922.
OPINIÃO DOS FREQUENTADORES
Os pontos fortes e fracos do parque
A Subprefeitura tem investido em obras para restauro do espaço. A ideia é criar uma política de tolerância zero para o que precisa ser consertado Milena Gomes
Espaço com brinquedos para as crianças Carolina Leal, Gabriela Santos e Milena Gomes
O empresário Ricardo Eustáquio, 46, também elogia o parque. Frequentador há 35 anos, joga futebol e realiza treinos com os equipamentos disponíveis na área. “Parque tem que ter árvore, limpeza e saneamento básico. Aqui tem tudo isso, então acho que está bom.” SEGURANÇA
Apesar das melhorias, há pontos que precisam ser aperfeiçoados, na visão de alguns frequentadores. Um deles diz respeito à segurança, que precisa de um reforço. Embora exista dentro do parque uma base da Guarda Civil Metropolitana (GCM) e alguns seguranças de empresa privada, que realizam rondas pelas dependências, algumas pessoas não se sentem seguras ao andar pelas áreas mais afastadas. “Eu evito de ir pra lá (diz apontando para uma área erma do parque). Fico aqui onde eu sei que tem segurança”, diz
Eunice Fernando, 24, estudante de Engenharia de Controle e Automação. PLAYGROUND
Os pedidos de melhoria na segurança chegaram até a Associação de Moradores da Mooca. “É aquilo que a gente precisa dentro de um parque, porque é aberto e o frequentador quer se sentir seguro”, ressalta Sonia Kremer, vice presidente da associação de moradores. Ela também conta que o parque é o maior do bairro e que as pessoas o conhecem desde que são crianças. Muitas gerações cresceram visitando-o. No passado, a associação chegou a receber reclamações sobre a falta de limpeza, banheiros quebrados e quadras sem manutenção, mas isso tudo antes das reformas feita pela Subprefeitura. No momento, segundo a associação, essas queixas não são apontadas. Os visitantes também desejam a ampliação do
playground, mais equipamentos para exercícios físicos, calçadas em boas condições e vestiários melhores. “O espaço é grande, então um playground só eu acho que é pouco”, avalia o pintor Alexandre de Jesus Leitão, 27. ZELADORIA CONSTANTE
A Subprefeitura da Mooca entende a importância do espaço para a comunidade e vem investindo em melhorias. Em 2019, foi investido R$ 1 milhão para a primeira fase de reformas. Andando pelo parque, é possível observar as mudanças que estão em
curso. A ciclofaixa foi refeita e todo o restante do pavimento de pedras será trocado por asfalto. Depois dessas reformas, a ideia é partir para segunda fase e deixar o parque ainda mais agradável. “Fazer toda a questão de jardim, toda questão ornamental e ir melhorando também coisas do dia a dia”, afirma o subprefeito da Mooca, Guilherme Brito. O subprefeito destaca que, com o tempo, a ideia é implementar uma zeladoria permanente e ágil no parque, que resolva os problemas imediatamen-
te. “No dia a dia vai ter gente arrumando tudo, toda hora. Até que a gente chegue a um padrão de tolerância zero, tipo o do metrô: quebrou, arruma na hora. Isso faz com que as pessoas cuidem mais dos objetos do parque e que haja menos vandalismo”, explica. Guilherme também ressalta que o fato de a manutenção do centro esportivo do parque ter passado a ser de responsabilidade da Subprefeitura contribui para que sejam mantidas as ações de zeladoria de maneira mais efetiva.
Milena Gomes
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riticado há alguns anos pela falta de zeladoria, chegando a ser alvo de reportagens na grande imprensa, o Parque da Mooca hoje é avaliado positivamente por muitos frequentadores que observam os efeitos das obras de restauro e revitalização do local, promovidas pela Subprefeitura do distrito. O espaço conta com quadras poliesportivas, ginásio, pistas de skate, piscina e playground, além de um local exclusivo para os cachorros, o cachorródromo. Esses ambientes foram reformados recentemente e são os mais utilizados pelos usuários, que reconhecem e validam todas as melhorias realizadas. “Eu venho aqui por causa da pista de skate, a daqui é muito boa quando comparada às outras”, declara Marcos Paulo, 28, estudante e morador do bairro da Liberdade, na região central de São Paulo.
Subprefeitura inicia obras para a troca do pavimento de pedras por asfalto abril 2020
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PERSONAGENS DO PARQUE
Um espaço para todos
Reunindo moradores do bairro, de outras regiões da cidade e estrangeiros, Parque da Mooca é símbolo de diversidade Alaíde Colafati
Guilherme Brito
O local está presente na memória de muitos moradores, que frequentam o espaço desde que eram crianças
Geraldo José e seus amigos jogam tranca no parque nos finais de semana Alaíde Colafati, Luis Enrique e Pasquale Augusto
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reas verdes são refúgios que nos proporcionam respirar melhor, fazer atividades físicas, passear com a família e amigos ou qualquer outro tipo de atividade que alivie o estresse do dia a dia. Melhor ainda quando a área verde oferece diversas opções de entretenimento e lazer, como piscinas, quadras e rampa de skate. Privilegiados são aqueles que moram na Mooca por terem um parque com tudo isso para chamarem de “seu”. Muito apreciado pelos moradores da região, o Parque da Mooca conta com frequentadores de diversos perfis, que colecionam boas histórias no local. Anderson Guinato, 57, conta que o espaço faz parte de sua memória afetiva. “Praticamente nasci na Mooca e frequento aqui desde que me entendo por gente. Quando ganhei a minha primeira bicicleta, 8
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em 1974, eu vinha todos os dias andar aqui, porque tinha uma pista de terra só pra isso”, recorda. Eunice Fernando, 24, explica que utiliza o local para melhorar sua saúde. “Venho de manhã para fazer caminhada, todos os dias, de segunda a sexta. A infraestrutura em si está melhor, tem mais equipamentos para as pessoas que fazem exercícios, estão fazendo manutenção. Isso é bom pra caramba”, afirma a estudante de Engenharia de Controle e Automação. O lugar ainda serve para fazer e reencontrar amigos. Os estudantes da ETEC (Escola Técnica Estadual) Professor Camargo Aranha usam o parque para algumas atividades. “Uma vez, durante a aula de educação física, fomos explorar o parque. A gente foi dar uma caminhada e encontrou algumas velhinhas dançando zumba. abril 2020
Alguns amigos e eu entramos lá e dançamos com elas. Fizemos amizade e conversamos com as velhinhas até hoje. É muito divertido!”, lembra Denner dos Anjos, 17, estudante da escola. O aposentado Geraldo José, 68, frequenta a região desde 2013 e lamenta não ter conhecido o parque antes. “Tem gente que passa na porta e não entra. Demorei para descobrir que era um local público, porque sempre era cheio de seguranças e eu achava que era algo particular”. José visita o parque nos finais de semana para jogar tranca com os amigos. NOVA GESTÃO
Após a administração passar da Secretaria Municipal de Esportes e Lazer para a Subprefeitura da Mooca em julho de 2019, mudanças na infraestrutura estão acontecendo e as pessoas notam as diferen-
ças. O pintor Alexandre de Jesus, 27, elogia o local. “É um bom lugar, com boas atividades e quadras em ótimas condições. A piscina também é bem organizada. Sempre quando tenho tempo, venho jogar bola na quadra com a minha esposa. Às vezes vamos à piscina”. O bancário Rafael Moreira, 29, nasceu na Mooca e vai ao parque desde que era criança para andar de bicicleta e jogar bola. “Aqui ficou abandonado por um tempo, víamos alguns problemas, mas agora melhorou. A área da UBS ficou melhor, reformaram as quadras, e a questão da segurança também. Só penso que o espaço poderia ser melhor divulgado”, aponta. DE BRAÇOS ABERTOS
Além da comunidade do bairro, o parque recebe visitas de pessoas de outras regiões. O ambulante
Paulo José, 42, que mora na Santa Cecília (região central), é presença frequente. “Trabalho aqui no Brás, então venho para cá durante as minhas folgas. Costumo fazer caminhada e gosto daqui pelo mix cultural. Há muitos bolivianos, paraguaios, pessoas que vêm de fora para procurar trabalho por aqui”. A assistente de gestão de políticas públicas, Lígia Cristina, 57, trabalha na Subprefeitura da Mooca há mais de três décadas e afirma que “quem realmente aproveita o espaço são estrangeiros, sobretudo os bolivianos, que usam o parque para fazer piqueniques, usar as quadras de basquete e vôlei”. O convívio com pessoas de diferentes países torna o Parque da Mooca um ambiente culturalmente diverso. Um dos estrangeiros é Humberto Flores, 25. Ele e sua família saíram da Bolí-
via em 2015 para trabalharem como costureiros nos comércios do Brás, centro de São Paulo. O parque, hoje, se tornou um refúgio para suas duas filhas. “Estou há cinco anos no Brasil e venho aqui com meus parentes. Me sinto bem, gosto de jogar bola e trazer as crianças pra brincar. Quando elas eram menores, brincávamos juntos, mas agora que estão maiores e espertas ficamos sentados, de olho”. Ângelo Passo, 34, também mudou-se para o Brasil em busca de uma oportunidade de emprego e encontrou no país um novo lar. “Estou no Brasil há dez anos e moro na Mooca há mais ou menos quatro. Corro com as outras pessoas e nunca sofri nenhum tipo de preconceito aqui. Os brasileiros são muito carismáticos. Gosto muito de estar aqui no parque”, salienta o boliviano.
PARCERIA USJT E SUBPREFEITURA
Benefícios para comunidade e alunos
Estudantes da unidade Mooca, de diferentes cursos, poderão prestar diversos serviços à comunidade do bairro Bianca Bosqueti
Reprodução
Subprefeito da Mooca, Guilherme Brito
Diretora da Universidade São Judas, campus Mooca, Maurília Veloso Hamannda Andrade, Larissa Gomes, Luiz Felipe, Marcelo Lora e Victória Lima
P
ara quem estuda ou trabalha no campus Mooca, da Universidade São Judas, bastam alguns passos para atravessar a rua Taquari e adentrar o Parque da Mooca. Um dos principais pontos de lazer do bairro está situado exatamente na frente da universidade e, por conta dessa proximidade, são diversas as possibilidades de interação e contribuição entre esses dois espaços. A direção acadêmica da unidade Mooca firmou uma parceria com a Subprefeitura do distrito, com o objetivo de implementar projetos e ações de extensão universitária no parque, voltadas a beneficiar a comunidade local e, consequentemente, os alunos da instituição, que poderão expandir os conhecimentos adquiridos na sala de aula. Além de facilitar o contato entre os moradores do
bairro e a universidade e colaborar com o desenvolvimento acadêmico dos discentes, a parceria se propõe a revitalizar o parque, oferecendo propostas que se somem às da Subprefeitura, que vem atuando para tornar o espaço mais atrativo e organizado. BENEFÍCIOS MÚLTIPLOS
“A ideia surgiu com base no propósito da São Judas e do grupo Ânima de atuar nos pilares de Ensino, Pesquisa e Extensão. Em nosso Ecossistema de Aprendizagem, as ações de extensão assumem lugar de destaque no currículo e na jornada do estudante, alinhadas com as recomendações do Ministério da Educação e com as Políticas Nacionais de Ensino”, explica a educadora Maurília Veloso Soares, diretora do campus Mooca. De acordo com Maurília, o parque oferece a
oportunidade ideal para a instituição atuar nessas áreas e, assim, desenvolver diversos projetos destinados à sociedade. Os benefícios aos alunos também são múltiplos. “É uma maneira valiosa de inserir os futuros profissionais em um cenário de completo desenvolvimento de suas habilidades, competências e conhecimentos, contribuindo para uma educação focada no protagonismo do estudante e promovendo a efetiva transformação da sociedade e do país”, complementa a diretora. Entre os projetos que serão executados pelos alunos dos cursos de Medicina Veterinária, Enfermagem, Comunicação e Cinema, Ciências Biológicas, Nutrição, Pedagogia e Educação Física estão: mapeamento da área verde do parque, criação de uma horta orgânica extensionista, realização de atividades de prevenção e
combate à hipertensão arterial sistêmica, ações preventivas voltadas a cuidar da saúde dos animais e oficinas pedagógicas. PRECIOSIDADE
Existe ainda um projeto envolvendo os cursos de Comunicação e Psicologia, voltado à produção de uma experiência de paisagem sonora para os usuários do parque. Por meio de entrevistas, coleta de informações e visitas técnicas com alunos de disciplinas do eixo sonoro (nos cursos de Comunicação), combinadas a estudos do público usuário e aspectos psicossociais, serão desenvolvidas entregas como uma playlists com trilhas originais e/ou públicas adequadas ao uso do parque, para entender a experiência sonora de quem o frequenta. O subprefeito da Mooca, Guilherme Brito, avalia como fundamental a parceria. “A comunidade aca-
dêmica pode contribuir de diversas maneiras, podemos reverter em benefício quase tudo o que os alunos produzirem. Uma ideia leva outra, é ilimitado o que dá pra gente fazer”, explica. Brito destaca que o parque é de extrema importância para a região, uma vez que sua localização é privilegiada. O complexo, situado entre os distritos da Mooca, Brás e Belém, está a poucos minutos da estação Bresser-Mooca do Metrô. “Só na Mooca, são mais de 70.000 pessoas. Se a gente juntar esses três bairros, estaríamos falando de cerca de 300 mil pessoas”, comenta. Para o subprefeito, o parque é uma preciosidade que deve ser zelada. Em comparação com outros espaços localizados na região, como o CDC Mooca e o Clube Juventus, ele permanece sendo destaque. “Temos equipamentos esportivos, abril 2020
pistas de skate, ginásios e piscinas. É uma joia rara que a gente precisa cuidar”, reitera Brito. A Subprefeitura considera a parceria fator importante para atrair novos munícipes ao local. “Quanto mais a faculdade entrar no parque e quanto mais os alunos conhecerem o espaço, mais pessoas, inclusive do entorno, vão se sentir à vontade”, avalia o subprefeito. O subprefeito ainda salienta que a parceria entre o poder público e a universidade segue uma orientação do governador João Dória (PSDB) e de Covas. “Quanto mais perto da sociedade privada e da sociedade, de um modo geral, nós estivermos, menos vamos errar e mais vamos acertar. Uma parceria com uma entidade que tem esse peso (como a Universidade São Judas) não tem como dar errado”, conclui.
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VIDA DIGITAL
Podcasts conquistam o público com segmentação e prestação de serviço Raquel Alves
Divulgação Finitude Podcast
De acordo com dados de 2019 da Abpod, existem mais de 2.000 podcasts ativos no Brasil
Danilo Cica apresenta o Voz de Pretxs Bárbara Olusete e Raquel Alves
Com a queda na procura por conteúdo nas mídias tradicionais, as produções sob demanda na forma de podcast vêm se destacando, com opções em diferentes campos, como no jornalístico, no educacional e de entretenimento. Perfeito para ser ouvido em plataformas móveis, enquanto se está a caminho de casa ou do trabalho, ou mesmo desempenhando alguma outra atividade, o podcast é uma mídia rica e livre, tanto no que se refere à temática como em termos estéticos. Segundo estudo realizado pela Associação Brasileira de Podcasters (Abpod), de 2018 a 2019 os serviços de streaming, como Spotify e Deezer e o próprio Google, entraram com muita intensidade no negócio de podcast. Existem mais de 2.000 podcasts ativos no país. Por ativos, 10
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Juliana Kunc Dantas apresenta o Finitude Podcast
a Abpod entende aqueles que são exibidos com regularidade (em geral, semanais) e que podem ser acessados por meio de diferentes plataformas. A audiência dos podcasts nas principais plataformas de streaming vem aumentando. Entre 2017 e 2018, segundo dados do próprio Spotify, o número médio de ouvintes de podcasts diários no mundo inteiro cresceu 330%. GRANDE MÍDIA
Os podcasts também já fazem parte da estratégia de negócio das mídias tradicionais. Veículos grandes consideram que este é um investimento que vale a pena. Sérgio Pinheiro, professor de Rádio e TV da Universidade São Judas e podcaster, comenta: “No Brasil o grande impacto foi em 2019 com o investimento da TV Globo que, além de produzir, passou a inserir a cultura abril 2020
do podcast em todas as suas mídias, incentivando o consumo.” O Ibope também fornece alguns dados sobre a força do segmento. De acordo com o estudo Podcast Ibope 2019, 32% dos internautas ativos no Spotify utilizam o canal para escutar podcasts. Há uma década, esse número não chegava a 5%. SEGMENTAÇÃO
A segmentação é bastante marcante nos podcasts. Embora haja opções na grande imprensa que tratam de temáticas de interesse geral da sociedade, como o podcast “Café da Manhã”, do jornal Folha de S.Paulo (aborda assuntos quentes do dia e da semana), boa parte dessas mídias é direcionada a um tema de interesse de um público específico. "Isso contribui muito para que se construa mais vínculos com os ouvintes, mais
ainda que a mídia tradicional”, destaca Sérgio. O podcast não é uma mídia de massa, não atinge o mesmo público que uma rádio FM, por exemplo. É uma nova forma não só de produzir, mas de consumir áudio. "O tempo do podcast é diferente. Por mais que seja ágil e dinâmico como um hard news, ele provoca uma desaceleração, é mais conversado. É um passatempo na primeira colocação da palavra. O ouvinte absorve o conteúdo, enquanto está fazendo algo", argumenta a jornalista e podcaster Juliana Kunc Dantas, apresentadora do Finitude Podcast, que traz olhares sobre o fim da vida, tratando de temas como envelhecimento, morte e luto. A jornalista, que já comandou a chefia de reportagem de grandes redações do rádio e da TV, hoje se de-
dica a essa experiência. Outro fator importante, na cultura dos podcasts, é o baixo custo de produção que traz cada vez mais jovens para este ambiente digital. OPORTUNIDADE
O podcast representa uma janela para jovens comunicadores inovarem no mercado. Alguns podcasts funcionam como verdadeiras plataformas para determinados públicos se engajarem. É o caso do Voz de Pretxs, que aborda a ques-
tão do negro no ambiente universitário. O podcast é feito na Universidade São Judas (no Mídia Center, núcleo experimental de audiovisual) pelo aluno Danilo Cica, do curso de Cinema. “O meu podcast eleva a voz das pessoas negras da faculdade e levanta questões muito importantes e que não receberam tanta atenção em outros espaços”, explica Danilo. Já o Finitude Podcast, comandado por Juliana, ajuda as pessoas a conversarem sobre luto, um tema que é praticamente um tabu para muitos. A jornalista bate-papo com pessoas que já enfrentaram dores relacionadas à terminalidade da vida: “Muita gente ouve o podcast, se reconhece nas situações abordadas e se sente acolhido. É um espaço de informação, de diálogo aberto e empatia. Os depoimentos que temos recebido têm nos surpreendido. Vemos que estamos conseguindo prestar esse serviço”, comenta Tanto o Voz de Pretxs como o Finitude Podcast podem ser acessados pelo Spotify.
USUÁRIOS DE INTERNET NO BRASIL QUE JÁ OUVIRAM PODCAST
40%
Fonte: Ibope Inteligência
SEGURANÇA NA REDE
Cresce demanda por profissionais de cibersegurança
Pesquisa aponta que cerca de 3,5 milhões de vagas devem ser oferecidas na área até 2021 Brenda Lima, Carolina Fernanda e Elysandra Sousa
Um levantamento realizado em 2019 pela empresa de segurança cibernética Fortinet, com base nos dados fornecidos por clientes da companhia e por entidades de classe, mostrou que o Brasil sofreu no ano passado 15 bilhões de tentativas de ataques cibernéticos em apenas três meses. Os números mostram a importância do investimento em cibersegurança, uma da carreira apontada pela Cybersecurity Ventures, empresa pesquisadora da economia cibernética global, como bastante promissora. De acordo com a entidade, cerca de 3,5 milhões de vagas de empregos na área devem ser oferecidas até 2021. A cibersegurança diz respeito a proteção de software,
redes, hardware, infraestrutura tecnológica e serviços. Trata-se de uma área fundamental para as empresas manterem suas informações digitais em sigilo e evitar tentativas de fraudes. O advogado criminalista Luiz Augusto D’Urso explica que, além de crimes relacionados ao furto de dados e invasão de sites e dispositivos, há outros tipos de delitos relacionados à cibersegurança. “São diversos os crimes cometidos na internet, como os delitos contra a honra, incitação e apologia a crimes, venda on-line de drogas, pedofilia e criação de fake news.” Em entrevista para a revista Cobertura, publicação especializada no setor de seguros, Rafael Narezzi, especialista internacional
em cibersegurança e idealizador da conferência Cyber Security Summit Brasil, afirma que o conhecimento técnico é fundamental para quem deseja atuar nessa área, porém o profissional precisa ir além da tecnologia: “Um especialista de cibersegurança precisa compreender o contexto dos negócios, entender o panorama jurídico de segurança, liderar, representar organizações externamente, comunicar-se com a alta administração, incluindo conselhos e toda a organização”.
treinamento a todos os colaboradores, indicando situações de risco como páginas e e-mails maliciosos”, explica Cleber de Lima Junior, formado em Direito e especialista em Compliance. É uma rotina extrema-
mente dinâmica, já que diariamente fraudadores buscam novas formas de burlar regras de prevenção e prejudicar clientes. “Por isso é importante manter-se atualizado e estar próximo de todas
as áreas da empresa, entendendo os riscos aos quais estamos expostos, acompanhando denúncias, bem como buscando medidas de melhora dos nossos controles internos”, finaliza.
ATAQUES A DISPOSITIVOS CONECTADOS À INTERNET Somos o terceiro país do mundo que mais recebe ataques. A China está em primeiro lugar e os EUA em segundo.
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SITUAÇÕES DE RISCO
O trabalho de quem atua na área é árduo, exigindo permanente treinamento. “Dentro do conjunto de ações desenvolvidas para uma menor exposição na internet, há a aplicação de
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Fonte: Symantec (dados de 2019)
LIVROS DIGITAIS
Pixabay
Especialistas opinam sobre o mercado do livro digital
Ebooks atraem pela praticidade Gabriela Pereira Vicente e Lucas da Silva Benedito
Quando chegaram ao Brasil há mais de uma década, os e-books levantaram polêmica. Os habituados à leitura na tela
estavam ansiosos para adquirir o produto. Os mais conservadores torceram o nariz, prometendo jamais trocar a tecnologia pelo
livro impresso. Houve ainda os fatalistas, que afirmaram que o livro físico iria morrer. O fato é que o livro impresso e o digital permanecem coexistindo. Segundo Ednei Procópio, 43, que trabalha na área desde a década de 1990 e é autor de “O livro na era digital: o mercado editorial e as mídias digitais”, hoje, no Brasil, de cada 10 mil obras lançadas por ano apenas 4 mil são encontradas simultaneamente no papel e no digital. Ou seja, 6 mil livros, aproximadamente, são impressos e não possuem uma versão vir-
tual. Para o editor, essa realidade faz com que o mercado editorial continue se sustentando. INDEPENDENTES
Aos poucos, outros players, como Kobo (Kobo Inc.) e o Lev (Saraiva), foram ingressando no mercado e o cenário atual mostra que há espaço para diferentes propostas de livro. “O fascinante de trabalhar com livro é a diversidade. Ele tem muitos formatos, gêneros e públicos. Existe uma diversidade tão grande que o ebook sempre foi algo para somar”, destaca o country
manager da Kindle Brasil, Alexandre Munhoz, em entrevista ao Meio & Mensagem, publicada em 9 de dezembro de 2019. Munhoz defende que os livros digitais oportunizaram a democratização da leitura, dando oportunidade a diversos escritores independentes. Procópio levanta um problema nesse ponto. Para o especialista, a abertura irrestrita para todos os tipos de escritores afeta a qualidade. “Na Amazon, e não apenas nela, mas em todo esse universo literário, 40% do acervo disponível é de escritores independentes. Na minha abril 2020
opinião, essas obras não têm qualidade. É muito raro encontrar edições independentes, que tenham qualidade de revisão e nos aspectos estéticos, como a diagramação e a capa”. A estudante de jornalismo Gabriela Caramigo, 20 anos, embora apaixonada por livros físicos, faz uso do livro digital quando está no transporte público para facilitar sua rotina acadêmica: “Uso principalmente para ler os livros e textos da faculdade e não precisar andar com um monte de papel. Na minha bolsa, sempre carrego o meu Kindle”, conta.
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CULTURA E ARTES
“Música do Silêncio” reafirma capacidade de pessoas com deficiência
Orquestra reúne músicos com diferentes tipos de deficiência Danielle Vieira e Nicole Matos
Em 2005, o professor de música Fabio Bonvenuto, especialista em inclusão musical, começou a oferecer aulas para estudantes de escolas públicas com algum tipo de deficiência física ou intelectual. Seu objetivo? Ensinar música lutando con-
tra o capacitismo, ou seja, a ideia de que pessoas com deficiência têm menos capacidade do que aquelas que não possuem deficiência. O projeto cresceu, passando a envolver alunos de outras idades, inclusive adultos. Hoje, a banda “Música do Silêncio”, que tem Fábio como maestro,
alcança reconhecimento até mesmo em outros países. Já se apresentou no Uruguai e em Portugal. “Toda vez que eu saio para fazer apresentação com a banda eu consigo motivar e estimular o público a olhar para as pessoas com deficiência com outros olhos, reconhecendo nelas
o valor e a qualidade artística”, explica Bonvenuto, que é maestro na Música do Silêncio. A orquestra costuma fazer apresentações em tribunais, prefeituras, faculdades e empresas. Apesar de o projeto abranger bairros localizados na zona norte de São Paulo, as aulas de Bonvenuto também são oferecidas no Conservatório Municipal de Guarulhos (município na região metropolitana de São Paulo), onde o docente é coordenador do Núcleo de Inclusão Musical. Ele oferece gratuitamente os cursos de “Musicografia Braille” e “Música do Silêncio” (mesmo nome de sua orquestra).
tocar teclado. Bruna conseguiu realizar seu desejo e, de quebra, aprendeu outros instrumentos: tumbadora, bateria e escaleta. “Através da música eu posso oferecer o meu melhor. Fico muito feliz com as experiências que a banda trouxe para mim”, ressalta. No repertório do grupo estão canções populares como “A Thousand Years”,
da cantora norte-americana Christina Perri, “Isto aqui, o que é?”, de Ary Barroso, "Descobridor dos Sete Mares", de Tim Maia, e “My Immortal”, de Evanescence. Atualmente Fábio e alguns integrantes da “Música do Silêncio” também participam de encontros religiosos na Igreja Metodista de Santana (zona norte da capital), aos sábados e domingos à noite.
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO BRASIL Participação no total da população em %
Fonte: Censo IBGE 2010
Nacho Doce
Orquestra formada por surdos, autistas e cegos já se apresentou em outros países
CANÇÕES POPULARES
A aluna Bruna Caroline, participa da banda desde 2017. Ela possui deficiência visual e entrou no projeto por gostar muito de música e ter o sonho de aprender a
DESAMPARO
Letícia Couto e Quésia Fernandes
“Acreditem! O teto para um artista era de R$ 60 milhões. Em um país como o nosso, era um exagero”. A afirmação foi feita pelo presidente Jair Bolsonaro em 2019 para justificar a redução no valor por captação de projetos da Lei de Incentivo à Cultura de R$ 60 milhões para R$ 1 milhão. A lei concede benefícios fiscais a cidadãos e empresas que investem na cultura do país, abatendo o valor investido do Imposto de Renda. 12
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A única exceção para receber uma captação de até R$ 10 milhões é para projetos apresentados que acompanhem uma empresa ou um grupo de empresas com sócio em comum. A mudança tem gerado indignação entre atores e outros membros da cadeia produtiva dos musicais, que dependem do financiamento. “É simplesmente impensável realizar algo com esse valor”, afirma a atriz e cantora Bel Braga, que trabalha no meio há quatro anos e fez parte do elenco dos musicais "Aparecida" e "Isso que é abril 2020
amor". Segundo a artista, a redução da verba dificulta as produções culturais no país. VALOR DA CULTURA
Criador do podcast A Magia dos Musicais, Erick Alves, 24, conta que com a diminuição no valor da captação muitos projetos foram afetados. “A qualidade e o conforto na produção dos espetáculos são muito prejudicados quando não há investimento”, complementa Erick. A cultura é responsável por 4% do PIB nacional, de acordo com dados do
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O setor gera emprego em diversas áreas como elenco, produção, direção, visagismo, cenografia, iluminação e outros. “Quando os projetos terminam, se você não é aprovada em outro, você está desempregada”, desabafa a atriz. “O Brasil tem uma cultura muito abrangente e precisa de mais reconhecimento, investimento e suporte, em todo o país”, destaca Erick. Para Bel, “a principal dificuldade é mostrar para as pessoas o valor da cultura.”
Divulgação
Redução de incentivos a musicais causa indignação no setor
Elenco do musical "Isso que é amor"
MISTICISMO
PERFORMANCE
Arquétipos do tarô inspiram arte pop
Os bastidores da cultura cover Anna Carolina e Bianca Machado
Isadora Bispo
Especialistas explicam vínculo dos símbolos presentes no baralho com diferentes produtos da indústria cultural
Os baralhos de cartas de tarô são dos mais variados tipos e significados Camila Gomes e Isadora Bispo
Jogo de cartas comumente buscado por aqueles que creem no esoterismo, o tarô é também uma forma de arte e aparece em diferentes produtos da indústria cultural. O baralho é citado, por exemplo, na canção "Live and Let Die", de Paul McCartney, e no oitavo filme homônimo da Franquia 007, de 1973. As cartas são destacadas ainda na série "Penny Dreadful", da Netflix, que as usa como elemento para a construção da narrativa. Por conta de referências às cortes, presume-se que o baralho tenha surgido na Itália como um jogo de cartas para a realeza, ainda sem vínculo com a finalidade de consulta e terapia, como ocorre hoje. Inicialmente produzidas à mão, as imagens que ilustram as cartas trazem símbolos com frequência trabalhados pelo campo artístico. “Os arquétipos que representam medo, amor e aflições são os mesmos símbolos usados por pintores, escritores e teatrólogos. Tanto de um
quanto de outro é o mesmo vocabulário”, explica o professor da Universidade São Judas, Marcos Horácio, que é doutor em História pela PUC/SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) e tem pós-graduação em Arte e Cultura Barroca pela UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto). PINTURA
Para Vanessa Bortulucce, historiadora da arte, da imagem e da cultura e professora da Faculdade Cásper Líbero, “a aura de mistério que cerca o tarô espalhou-se para a cultura de massa e nos mais variados produtos”. A docente explica que o mago, o louco, a morte e o diabo são alguns dos personagens representados “de modo exaustivo pelos artistas”. No Tarô Surrealista, criado em 1970 pelo pintor espanhol Salvador Dalí, a carta Dez de Espadas, que simboliza o fim de um ciclo, é representada pela obra “A Morte de Júlio César” (1798), de Vincenzo Camuccini, que narra o assas-
sinato do militar romano, mostrando ele sendo esfaqueado por 60 homens. O arcano de número XVI, A Torre, é associado à história de Babel, presente na pintura “Torre de Babel” (1563), do pintor renascentista Pieter Bruegel. Segundo a lenda, os sobreviventes do dilúvio teriam criado uma torre tão alta a ponto de chegar aos céus, unindo todos os moradores da Babilônia em um único lugar. Sem aprovar a construção,Deus teria feito as pessoas falarem idiomas diferentes e lançado um raio sobre a torre. A palavra hebraica “Babel” significa confusão e, no tarô, a carta da Torre representa mudanças. É ilustrada por um monumento em ruínas. Para a taróloga Juliana Bernardo, os arcanos do tarô podem ser observados até mesmo na imprensa. “O Jornalismo, que oferece uma visão crítica dos fatos, racional e realista, trabalha com seriedade na era das fake news, e facilmente seria representado pela carta da Justiça”, explica.
Eles realizam performances praticamente iguais às de grandes astros da indústria musical, reproduzindo coreografias, figurinos e expressões típicas do artista, após um longo trabalho de estudo sobre a banda ou cantor a ser imitado. Esse tipo de expressão artística, que proporciona aos fãs uma experiência muito próxima do que seria o contato com o ídolo, conta com a vantagem de ser mais acessível, algumas vezes até gratuita. Basta que um artista esteja estourando nas paradas musicais, para que os covers surjam. Durante o sucesso no Brasil da banda pop mexicana RBD (criada a partir da telenovela mexicana Rebelde) muitos covers apareceram e inspiraram pessoas como Thomas Eduardo Ferreira, 29, que hoje faz cover do cantor Luan Santana. "Me identifiquei muito com ele, desde ‘Meteoro’ [canção lançada pelo artista em 2009]", explica Thomas. O Luan Cover foi sendo criado pensando em cada detalhe para gerar identificação com o público. Thomas fez as mesmas tatuagens do artista para
ficar mais parecido. "Tiro dias da minha vida para me dedicar a isso", conta Celso Leonardo Oliveira de Figueiredo, 24, que faz cover oficial da cantora Pabllo Vittar. Ele é professor de ballet e jazz e enxerga sua performance como uma extensão de sua profissão. O investimento não é só no tempo dos ensaios. Os figurinos semelhantes aos da artista são difíceis de serem encontrados. Além disso, para imitar a Pablo é necessária uma montagem com perucas. DESAFIOS A inspiração também cria covers, como é o caso de Brunessa Loppez, 27, que, além de performar como drag queen, costuma se apresentar como a rapper e atriz norte-americana Lizzo, que também atua como apresentadora. "A Lizzo é uma mulher negra e gorda, que não tem vergonha de usar um body cavado e ser sexy", destaca Brunessa. Mas existem dificuldades a serem enfrentadas na cultura cover. "Por mais que aprendamos gestos e
manias do artista original, sempre vão nos comparar com a celebridade, querendo uma perfeição que não existe", desabafa Thomas. Ele afirma que já viu comentários negativos sobre seu cover nas redes sociais. Também lembra que problemas técnicos podem acontecer nas apresentações devido ao baixo orçamento. Celso ressalta que existem algumas rivalidades entre covers do mesmo artista. "É um dos maiores problemas do mundo cover. E não tem porque um querer ser melhor do que o outro, sendo que nossa missão é enaltecer o artista que a gente representa", opina. Thamires Lemos, 25, é produtora do grupo “Valnitta”, que faz cover da artista Anitta. Ela avalia que cada vez mais os covers têm perdido espaço no meio musical. “Atualmente o cover está acabando porque os espaços públicos não têm estrutura para nos apoiar”, diz a produtora de eventos. “Não é nem porque não querem, às vezes é por falta de verba mesmo”, completa. Bianca Machado
Pabllo Vittar Cover se apresenta na Fábrica de Cultura do bairro do Belém abril 2020
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ESPORTE E LAZER
Freguesia Handball Cup é referência em São Paulo Kadú Ferrarini
Torneio conta com ex-aluno que joga no Académica de Coimbra, em Portugal
Freguesia Handball Cup ocorre nos finais de semana de agosto e setembro Marcio Moreno e Thais Teixeira
"O Freguesia Cup, sem dúvida, fez parte do meu processo de aprendizagem. Me fez crescer e contribuiu com meu sonho." O depoimento de Wesley Rodrigues, 25, atleta do Académica de Coimbra, de
Portugal, mostra a importância do tradicional campeonato de handebol da Freguesia do Ó. O baiano, natural do município de Paulo Afonso, é um exemplo de como a competição realizada no bairro da zona norte de São Paulo pode contribuir com a projeção
de um atleta apaixonado por este esporte praticado com as mãos. "O torneio me ajudou a ver e aprender com outras pessoas, fui entendendo o esporte observando os outros jogarem. E também contribuiu para o meu aprendizado e amadureci-
mento como atleta", completa Wesley. O campeonato foi criado em 2003 pelo educador físico e treinador de handebol Kadú Ferrarini, 50, utilizando o ginásio do Centro Esportivo e Educacional da Freguesia do Ó (CEEFÓ), que sedia a competição até hoje. O Freguesia Handball Cup ocorre anualmente durante os finais de semana de agosto e setembro, recebendo equipes e escolas de todo o estado de São Paulo, além de arbitragem de nível nacional e até mesmo de nível internacional. "O meu sonho era deixar a nossa região como uma referência na modalidade, porque o forte do handebol estava na região do ABC paulista. Quando ofereci a proposta ao CEEFÓ, tinha
um objetivo e sabia que demandaria investimento. Estava ciente de que iria formar atletas através do que implantei nesse projeto", destaca Kadú. MOTIVO DE ORGULHO
Na comunidade do bairro, a modalidade de handebol é bastante valorizada, devido ao torneio. Para os moradores da região, o projeto foi importante, principalmente para os jovens. Gustavo Goto Maia, 23, ex-atleta, participou do torneio Freguesia Handball Cup dos 14 aos 17 anos. Também já foi à Florianópolis (SC) realizar uma triagem para participar da seletiva de handebol da Seleção Brasileira (CBHB). A mãe do ex-atleta, Luciane Muller, 46, supervisora de atendimento, relata que o torneio propor-
cionou novos conhecimentos e realizações para o filho, sendo motivo de orgulho. “Quando o Gustavo começou a praticar handebol, tornou-se mais disciplinado e adotou uma postura diferente. O treinador Kadú foi muito importante para o desenvolvimento dele, porque o acompanhou de perto, buscava e trazia em casa, e ainda preparava as marmitas. Foi um pai”, opina Luciane. A supervisora de atendimento ressalta também que não há tanta valorização do handebol no Brasil. Ela avalia que estes torneios precisam de mais divulgação na mídia, pois algumas pessoas não fazem ideia do quão dinâmico e rápido é o jogo e do quanto ele desenvolve o atleta.
SEM SEDENTARISMO
João Victor Dias Nunes e Lucas Figueiredo
Uma pesquisa feita pela consultoria IDados (divulgada pelo jornal Valor Econômico, em fevereiro de 2020), com base em números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, mostra que a quantidade de jovens de 19 a 24 anos que estudam e trabalham subiu de 45,4% em 2016 para 48,3% em 2019, somando 2,6 milhões de estudantes. Alguns desses discentes reconhecem a importância de, mesmo com uma vida corrida, realizarem 14
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atividades físicas. Outros são sedentários e justificam essa condição no dia a dia agitado. Raphael Monteiro Cavalcanti, aluno de Engenharia Civil da Universidade São Judas, na Mooca, trabalha como designer na RMC Fachadas e Revestimento. Ele treina três vezes por semana durante uma hora e leva os exercícios como prioridade. “Qualidade de vida é saúde, desenvolve o físico e o psicológico”, argumenta o estudante. O aluno admite que se sente cansado e abril 2020
que é difícil conciliar tudo, mas diz que fica com a consciência tranquila, pois “todos os compromissos estão realizados”. Para traçar uma rotina de atividades físicas é sempre importante buscar ajuda de profissionais, pois eles podem auxiliar o estudante nos treinos e na dieta a ser seguida. Além disso, cabe ressaltar que, feito de maneira irresponsável, o exercício pode danificar o corpo, gerando lesões. Para Rafael Costa, professor de Educação Física e personal trainer, o exercício é fundamental no desenvolvimento cognitivo
dos estudantes. A prática deve ser moderada, exigindo do jovem ao menos 30 minutos de atividade por dia, três vezes por semana. O momento deve ser principalmente prazeroso e relaxante. Todos os problemas e afazeres do dia a dia devem ser esquecidos. Outra questão que é bem discutida é como manter a motivação, para não acabar desistindo. “O que motiva as pessoas a continuar com treinos e dietas é ela alcançar as metas programadas. Isso é muito gratificante”, destaca o personal trainer. A médica Zuleid Linha-
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Estudo, trabalho e atividade física: como conciliar tudo?
O momento da atividade física deve ser prazeroso e relaxante; os problemas precisam ser esquecidos res Mattar, pediatra e atual presidente da Associação Brasileira de Asmáticos (Abra), destaca os benefícios da atividade física para os jovens. Ela explica que durante a prática de exercícios é liberada uma substância chamada en-
dorfina, que é o hormônio da felicidade. O estudante que pratica atividades físicas pode aumentar seu rendimento nos estudos. “Os níveis de ansiedade e estresse diminuem, por conta do bem-estar”, complementa Zuleid.
DIVERSÃO
“Treinão de patins” conquista frequentadores do Ibirapuera Darli Junior
Projeto criado por amigos oferece aulas gratuitas para iniciantes e praticantes experientes Hoje o treinão conta com a ajuda e o patrocínio da Inline Store, uma loja que trabalha com todos os tipos de patins e equipamentos do esporte. CATEGORIAS
Patinadores de todas as categorias se aquecendo para o Treinão noturno Erika Pardi e Gabriella Ribeiro
Um projeto criado por amigos que são patinadores profissionais acabou por se tornar uma opção de lazer bastante apreciada pelos frequen-
tadores do parque mais famoso da cidade de São Paulo, o Ibirapuera. Trata-se do “Treinão de Patins”, que acontece todos os domingos, às 19h30. Inicialmente, a ideia era lecionar algu-
mas aulas para patinadores avulsos, mas desde o primeiro evento houve uma grande demanda de pessoas, o que fez os amigos perceberem que poderiam ampliar o projeto, profissionalizando-o.
"No início de cada treino reunimos os voluntários responsáveis por cada turma”, explica Darli Junior, 28, um dos fundadores do treinão e integrante do comitê da BSS (Brasil, Slalom, Series). O treino passou a ser dividido em grupos de básico, intermediário, avançado e infantil. Os treineiros têm a liberdade para escolher para qual turma desejam ir, de acordo com a sua experiência. “Pessoas do Brasil e do mundo conhe-
cem o projeto e, quando vêm para São Paulo, não perdem a oportunidade de participar”, garante Darli. O treinão busca alcançar tanto aqueles não têm domínio do esporte como os que já sabem usar os patins, mas desejam se tornar profissionais, aprendendo técnicas específicas, como o slalom (slides com manobras de freio e derrapagem); o speed, que exige velocidade para corridas e maratonas; e o jump, que envolve saltos com obstáculos. Há ainda a modalidade urban, direcionada para atividades e passeios urbanos, e a street vertical, que envolve manobras radicais em rampas de skate, mega rampas e corrimão. Os professores
do treino incentivam o uso de capacetes de proteção durante as aulas, mas não é obrigatório. A prática da patinação ajuda a melhorar o condicionamento físico dos atletas. Ao andar de patins, a pessoa adquire mais força nos membros inferiores, no abdômen e no glúteo. Além disso, esse esporte trabalha a coordenação motora, os reflexos, a agilidade e a resistência muscular, principalmente pelo fato de a pessoa estar em cima de uma superfície instável. “Também ajuda no sistema cardiorrespiratório e, por ser um esporte de baixo impacto, não prejudica as articulações”, destaca o personal trainer Rodrigo Vieira.
PARQUE DA INDEPENDÊNCIA
Eventos reúnem apaixonados por carrinhos de rolimã Gabriella Brito e Raphael Ponce Sucesso no passado, o carrinho de rolimã está presente na memória afetiva de nossos pais e avós. Não tinha hora marcada. As crianças subiam a ladeira, cada uma com seu carrinho e o freio era a sola do pé. Aos poucos, videogames e celulares passaram a disputar a atenção da molecada, mas a brincadeira não morreu. Ainda existem muitos adeptos do carrinho de rolimã, que participam até mesmo de competições na área. Em parceria com a Pre-
feitura de São Paulo, a empresa Mulek de Rua, que fabrica brinquedos tradicionais, realiza um evento no Parque da Independência, onde fica o Museu do Ipiranga (zona sul), que atrai todos os finais de semana centenas de apaixonados por este lazer. A Ladeira dos Coqueiros, que tradicionalmente é usada pelos skatistas que frequentam o parque, hoje é palco também dos carrinhos de madeira. Marcio Fernandes é empreendedor e criador da Mulek de Rua. Ele fundou a empresa há sete anos com a intenção de combater o
sedentarismo e a depressão e para mostrar para as crianças que brincar fora de casa é muito divertido. Foi assim que resolveu apostar na produção de brinquedos que lembram as brincadeiras de antigamente, como o skate, o carrinho de rolimã e a bicicleta. A Mulek de Rua também realiza, com o apoio de diferentes Subprefeituras, a “Rolimã Fest”, um evento que congrega apaixonados pelo carrinho de rolimã em diferentes bairros da cidade. Durante o evento são disponibilizados gratuitamente carrinhos para a realização de test-
-drives. O uso do capacete é obrigatório. Existem diversas outras iniciativas voltadas a reunir quem gosta de brincar com carrinho de rolimã. A página "Rolimã Brasil", no Facebook, congrega vários organizadores e administradores dessa opção de lazer. Para César Masquesini, uma das pessoas que cuidam da página, o interesse na prática vem aumentando. Quem acha que esse é um esporte masculino está enganado. Cada vez mais as meninas têm praticado o esporte, algumas como competidoras.
Mulek de Rua
Carrinho de rolimã é diversão para toda a família
Assim como boa parte dos adultos que ainda hoje brincam no carrinho de rolimã, Masquesini começou a sua paixão na infância. Ele trabalha com o incentivo e execução de eventos e corridas há 13 anos. O organizador lamenta o fato de o esporte não abril 2020
ser valorizado. "Nosso país não costuma investir muito nas outras modalidades esportivas, além do futebol. Ainda é um sonho o crescimento do rolimã como esporte radical", opina.
EXPRESSÃO
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INFOGRÁFICO
Sobrou dinheiro? Saiba o que fazer com ele! Com as dívidas, nem sempre é possível contar com alguns trocados no fim do mês. Mas quando sobra uma quantia, você sabe o que fazer com ela? O Expressão oferece dicas para poupar e multiplicar a sua renda! Ana Soares, Danilo Matheus, Henrique Nascimento, Kaio Figueredo e Sthefany Almeida
Poupança
Forma de investimento popular, a poupança é também a que menos rende. É ideal para quem deseja guardar para alguma eventualidade.
Poupanças diferenciadas
Título prefixado
É um investimento no Tesouro Direto (T.D.), ou seja, na compra e venda de títulos públicos. Você já fica sabendo o quanto renderá na data de vencimento do título, que pode variar.
Tesouro IPCA Nessa modalidade do T.D., você sabe o quanto o dinheiro rende a qualquer hora e, se a inflação estiver baixa, há a proteção para não perdê-lo.
Título prefixado com juros semestrais
Tesouro Selic
É baseado na Taxa Selic, que é a taxa básica do mercado financeiro e é variável. Atualmente, ela está em 3,75% ao ano, mas já chegou a atingir o pico de 14,25%.
IMPORTANTE
"Meu objetivo é simples: tirar a pobreza de dentro das pessoas para as pessoas eliminarem a pobreza dos seus caminhos", declara o paulista, que tem os moradores das periferias como o foco de sua educação.
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abril 2020
Também faz parte do T.D., mas vence a cada seis meses, ou seja, você recebe o valor previsto ao fim desse período.
QUEM PODE ME AJUDAR?
Apesar de serem investimentos de baixo risco, antes de investir é preciso sanar as suas dívidas, criar uma reserva de emergência (para o caso de algum problema inesperado), considerar seus gastos fixos (contas, aluguel, convênio médico etc.) e procurar opções adequadas ao seu perfil de investidor.
Murilo Duarte (Favelado Investidor)
Iniciativas como Nubank, Inter e PicPay permitem que você movimente o seu dinheiro e, enquanto ele está parado na conta, rende mais que a poupança.
Como dinheiro não nasce em árvore, é preciso saber como cuidar. Essa galera pode ajudá-lo a começar nesse caminho (mas não se esqueça de conversar bem com o seu investidor para esclarecer qualquer dúvida):
Nathalia Arcuri (Me Poupe!) Ela é jornalista e dona de um canal com mais de 4,7 milhões de inscritos. Também tem livro, no qual conta como chegou aos 34 anos com carro, casa própria e mais de R$ 5 milhões investidos.
Nathália Rodrigues (Finanças com a Nath) Com 21 anos, ela sabe tanto do assunto que até recebeu o apelido de "Nath Finanças". Suas dicas são voltadas à população de baixa renda e ela ensina a poupar até nas tarefas do dia a dia!