Expressão - Edição 2 - 2019

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USJT

junho 2019

ano 26

edição 2

EXPRESSÃO JORNALISMO UNIVERSITÁRIO CRÍTICO, CIDADÃO E PLURAL

ESPECIAL - Págs. 6 a 9

PROFISSÃO: EMPREENDEDOR Com mercado formal em baixa, universitários erguem seus próprios negócios para dar impulso à carreira e bancar os estudos

EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS USP e Unicamp se unem para melhorar indicadores Pág. 4

VIDA DIGITAL Apetrechos tecnológicos demoram para pegar no Brasil Pág. 11

CULTURA E ARTES Um dia de experiência gastronômica na Cordon Bleu Pág. 13 junho 2019

LAZER Privatização de parques de SP divide frequentadores Pág. 14 EXPRESSÃO

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CAR@ LEIT@R

A sensação é típica: você está no primeiro, segundo ano da graduação e as contas em casa apertam. Pagar a universidade fica cada vez mais difícil; chega a hora de colocar em prática o que está aprendendo. Para mais de 12% dos brasileiros, porém, o tão sonhado emprego ainda não chegou. Esse e outros fatores – como o desejo de inovar ou o sonho de ter um negócio próprio – são impulsos para o empreendedorismo, que de coisa de gente sênior virou prática corriqueira entre os jovens. É sobre esse tema que o Especial desta edição trata. Nossos repórteres ouviram especialistas da sociologia, da psicologia e de administração, além de microempresários, para traçar um

Ana Paula Reis

raio-x do empreendedorismo jovem e universitário. Do mundo das startups e do comércio digital aos sonhos do emprego formal, as reportagens mostram percalços, vantagens e desvantagens de se montar um negócio, ajudando leitores a planejar e refletir sobre seus rumos e carreiras. Além do Especial, seguimos cobrindo pautas quentes, como investimentos em relevância científica, a privatização de parques púbicos e projetos culturais nas periferias. Ainda neste semestre, pretendemos dividir novidades bacanas sobre o Expressão no ambiente on-line com vocês. Aguardem e sigam nos acompanhando! Os Editores

#INSTANTÂNEO

Texto e foto: Isabela Rizza

Para nosso livro de história Em resposta ao risco de contingenciamento das verbas para educação pelo Governo Federal, estudantes e professores caminharam no dia 30 de maio do Largo da Batata até o Masp, em São Paulo, em mais um dia de luta em defesa da educação e contra cortes no setor. Chegando a quase R$ 6 bilhões e contestada na Justiça, a medida poderá afetar o funcionamento das universidades públicas federais.

#FICA A DICA

Divulgação

EXPRESSÃO “Yonlu” abre debate sobre suicídio Jornal universitário do 4º ano de Jornalismo junho 2019 • ano 26 • edição 2 Chanceler Dr. Ozires Silva Reitora Prof.ª Dr.ª Denise Campos Coordenadora dos cursos de JO, PP, RTV, RP e Cinema e Audiovisual Prof.ª Jaqueline Lemos Supervisor de estágio e jornalista responsável Prof. José Augusto Lobato MTB 0070684 - SP Supervisora de estágio, projeto gráfico e direção de arte Prof.ª Ana Vasconcelos MTB 25.084 - SP

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Redação Alun@s do 4º ano de Jornalismo da Universidade São Judas Impressão Folha Gráfica Converse com a gente jornalexpressao@usjt.br

Ano: 2018 Gênero: biografia/drama Duração: 90 minutos País de origem: Brasil

Instagram @jorn_expressao Facebook @expressaoUSJT

Patrícia Magarian Foto de capa Ana Paula Reis

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O suicídio ainda é um tabu para a nossa sociedade: pouco abordado e ex-

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plorado, embora presente em traumas familiares que duram gerações. Por isso, existe um receio muito grande entre artistas e realizadores nacionais e internacionais em tratar um tema tão delicado. “Yonlu”, filme gaúcho lançado em 2018, mostra que a tarefa, embora difícil, merece ser levada à prática. O projeto do diretor Hique Montanari conta a história real de Vinícius Gageiro Marques (Thalles Cabral), que com apenas 16 anos tirou a própria vida com o auxílio e incentivo de fóruns online. O episódio, que ocorreu em 2006, chocou por ser um dos primeiros casos de suicídio assistido via internet; sua repercussão foi global.

Com uma narração focada nos sentimentos e devaneios do porto-alegrense, que utilizava o pseudônimo “Yoñlu”, podemos perceber claramente a forma com que ele via o mundo. Criativo e introspectivo, o adolescente criou uma série de desenhos que, no projeto, foram transformados em animações. “Yonlu”, contudo, não é apenas um filme sobre suicídio ou depressão. A obra é uma celebração da arte, da música e da vida. O longa-metragem enfatiza o lado artístico de Vinícius, que falava quatro línguas e, em um estúdio improvisado em seu próprio quarto, gravou mais de 60 músicas e teve dois álbuns póstumos lançados.

Em meio a tantas produções que apresentam o suicídio de maneira irresponsável, Yonlu surge como uma luz no fim do túnel e abre uma porta tímida, mas consistente, para o debate saudável sobre o assunto.

SOBRE O DIRETOR Hiaque Montanari é um diretor, roteirista e editor brasileiro. Com diversos trabalhos feitos para a televisão, possui em seu currículo o premiado curta-metragem “Fogo” (2010). “Yonlu”, que passou pelo Festival do Rio e pela Mostra de São Paulo, é o seu longa de estreia.


PROTAGONISTA

Imagens que contam e fazem história

Tiago Queiroz e Jorge Araújo explicam como as câmeras do fotojornalismo, mais que registrar, transformam vidas Jorge Araújo

Bianca Gabriela e Mirelly Gusmão

Há pouco mais de 192 anos, a primeira fotografia era registrada por Joseph Niépce. Em 1826, após várias tentativas de gravar imagens, Niépce conseguiu dar vida e início a essa arte. Desde então, aprendemos que fotos são histórias que falam por si, sem precisar de palavras para explicá-las, tornando simples a transmissão de informação e conhecimento para diversos públicos. Muitas vezes, porém, a fotografia vai além: transforma vidas, conecta e reconecta pessoas, modifica a realidade. O fotojornalismo é, para muitos, a via de concretizar esse potencial transformador. Tiago Queiroz acredita nessa hipótese. Formou-se em Jornalismo na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e fez pós-graduação de Fotografia no Senac. Iniciou sua carreira na antiga revista “Horse Business”, que tinha como foco o mercado de cavalos, nos anos 1990. Desde lá, já sabia que o jornalismo era a via para exercitar a fotografia em sua dimensão informativa. Após passar por diversas empresas, em 2002, começou a trabalhar no jornal "O Estado de S. Paulo", onde segue até os dias de hoje.

“A melhor foto ainda não foi tirada” de minha época fossem todos autodidatas, incluindo eu mesmo.” Desde pequeno, Jorge via os jornais que seu pai trazia e ficava imaginando quem estava por trás daquelas imagens. “Foi assim que o fotojornalismo apareceu em minha vida: o desejo de poder me expressar por meio da imagem, mostrando como ela pode transformar a vida das pessoas. Uma foto nessa profissão vai além de uma arte, é texto sem palavras”, avalia. Manifestação pela Anistia em 1979 na Praça da Sé, em São Paulo foto de dentro do local; o registro exclusivo fez gerou publicações em diversos veículos. Além dele, Jorge Araújo, fotógrafo que trabalhou na "Folha de S. Paulo" entre 1973 e 2016 e conquistou mais de 60 prêmios nacionais e internacionais em sua carreira,

HISTÓRIA NAS TELAS

acredita no poder transformador da imagem. Jorge ganhou em anos anteriores os prêmios Vladimir Herzog e Esso de fotografia. Quando começou a fotografar, nos anos 1960, não havia uma formação necessária. “Isso fez com que os fotojornalistas Tiago Queiroz

VISIBILIDADE

O que sempre cativou Tiago foi a ideia de conhecer histórias e transmiti-las às pessoas. Além de cuidar das pautas definidas pelo jornal, também gosta de sugerir histórias; ao longo de sua carreira, teve algumas histórias publicadas. Recentemente, uma de suas ideias ajudou um ambientalista que recupera nascentes no pico do Jaraguá a ser chamado para fazer várias palestras sobre seu trabalho em espaços culturais da capital. O fotógrafo relembra seu trabalho mais marcante: uma fotografia única, tirada de dentro de um prédio que teve parte da laje destruída em função de um desabamento. A imagem foi icônica em sua carreira, já que ele foi o único que conseguiu tirar uma

O jogador Sócrates, com sua clássica comemoração na conquista do Campeonato Paulista de 1983

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Em comum, os fotógrafos têm a visão de que pessoas podem entender o que o profissional tem a dizer mesmo sem qualquer matéria escrita, atingindo todos os tipos de público. Hoje, diz Jorge Araújo, a história está sendo contada pela tela dos celulares – e isso vem afetando diretamente os profissionais ao redor do mundo. Com a imagem “Manifestação pela Anistia”, Jorge deixou sua marca na história da democracia brasileira. Ela foi tirada na Praça da Sé, no centro de São Paulo, na noite em que o Congresso Nacional votava o projeto – que tinha como principal objetivo reverter as punições dadas aos cidadãos brasileiros entre 1961 e 1979, no período sombrio da Ditadura Militar. Essa foto foi a grande vencedora do Prêmio Esso do ano seguinte e é considerada a imagem que mais bem representa a Anistia de 1979. Mesmo com essa trajetória nas costas, e representando uma profissão que se encarrega de produzir novos registros da grande História, com “h” maiúsculo, o fotojornalista ainda acredita que há muito a ser dito pelas lentes. Seguimos atrás do melhor fotograma. “A melhor foto ainda não foi tirada”, conclui.

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EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS

Intercâmbio universitário em alta

POR QUE CAIU?

USP, Unicamp e Unesp se unem para melhorar desempenho

Arthur Araujo e Pietra da Costa

Thiago Toledo

Acesso a outras culturas e incremento na formação estimulam estudantes a buscar experiências no exterior Leidinara Azevedo e Thiago Toledo

Estudar fora do País e buscar o conhecimento por meio de novas culturas é o sonho de muitos jovens – e o número de agências que oferecem intercâmbios em destinos ao redor do mundo tem ampliado os deslocamentos estudantis. Na Universidade São Judas, o International Office é o braço responsável por indicar uma aproximação internacional e intercultural entre instituições de ensino – englobando tanto alunos estrangeiros que desejam passar temporada no Brasil quanto estudantes que desejam fazê-lo no exterior. No Brasil, o intercâmbio estudantil cresceu 20% em 2018, segundo pesquisa feita pela Associação Brasileira de Agências de Intercâmbio do Brasil (Belta). Com tanta procura, muitas agências de turismo estão investindo nas viagens de teor acadêmico, proporcionando novas opções a quem deseja encarar uma jornada de estudos no exterior. A graduação é outra frente: de acordo com a pesquisa Selo Belta 2018, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), a categoria de quem cursa semestres de ensino superior fora do País, antes em oitavo lugar no ranking de 2015, atrás de itens como cursos de idiomas, subiu para a sexta posição. Gabriela Gomes Lopes, de 20 anos, estudante de Relações Públicas, viajou à Europa para fazer um curso

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Giselle Rubim é assistente de Internacionalização do International Office da Ânima de inglês em Malta. “É um país pequeno, mas senti que ganhei o mundo. Não só aperfeiçoei o conhecimento da língua como conquistei uma independência pessoal". Gabriela voltou ao Brasil em fevereiro de 2019 e garante que não se arrepende de ter trancado a faculdade no quarto semestre para realizar a viagem. Giselle de Carvalho Santos Rubim, 24 anos, atuante no International Office da Ânima, afirma que os jovens não têm seus estudos prejudicados em relação à viagem. “Quando o aluno é selecionado para um intercâmbio regular (um semestre), seu coordenador de curso participa de todo o processo acadêmico. Juntos, o aluno e o coordenador montam um plano de ensino do que será estudado na instituição escolhida. Com isso, o aluno pode pedir dispensa das disciplinas equivalentes ou utilizá-las como complementares às que terá aqui, aprimorando ainda mais o seu currículo.” Ela ainda ressalta que o programa está aberto para

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todos os colaboradores, docentes e alunos que desejam passar por essa experiência. “Os programas de curta duração no exterior são abertos para toda a nossa comunidade. Essas oportunidades são pagas e abordam diferentes temas. Há desde cursos intensivos de idioma até módulos internacionais e visitas técnicas”, explica.

Divulgado em 15 de janeiro deste ano, o levantamento da revista britânica "Times Higher Education" (THE) apontou que as universidades públicas paulistas vêm perdendo espaço no ranking há mais de cinco anos consecutivos entre os países emergentes. Buscando entender melhor os resultados dessas pesquisas no âmbito social, as universidades de São Paulo (USP), Estadual de Campinas (Unicamp) e Estadual Paulista (Unesp) estruturaram o Projeto Métricas (https://metricas.usp.br), que reúne pesquisadores para avançar em temas como o uso de indicadores e a participação em rankings.

Mesmo sabendo que cada local tem suas características e desafios, alguns exemplos de sucesso merecem atenção, segundo Ellie Bothwell, editora de rankings e repórter internacional da Times Higher Education. “A China é possivelmente o exemplo mais proeminente, com uma grande melhoria nos últimos anos, após décadas de investimentos.” De acordo com a editora, não existe uma fórmula única. “Cada universidade deve se concentrar em sua própria missão”. Para Ellie, o quadro das instituções paulistas é preocupante. “A sequência de cortes no financiamento do ensino superior e os sérios problemas econômicos enfrentados

pelo Brasil, combinados com a turbulência política, não prometem nada de bom para o futuro." MAIS MÉTRICAS Para o líder do Projeto Métricas, o professor da USP Jacques Marcovitch, a redução no financiamento público da pesquisa competitiva no Brasil determina a queda no ranking. Para minimizar o impacto, as universidades priorizam a gestão por indicadores. “A USP anunciou a implantação de um escritório para a gestão de indicadores, a Unicamp está empreendendo reformas ambiciosas e Unesp está implementando seu plano de longo prazo, com uma comissão multidisciplinar especial."

TRILHA DO LIXO

Descarte de lixo requer cuidados

Nancy Caprini

BENEFÍCIOS

Giselle assegura que a troca de cultura e experiências com pessoas de diversos países faz com que o indivíduo desenvolva a fundo suas capacidades. “Sempre indicamos que os alunos tirem o máximo possível do intercâmbio e criem redes de contato – este é um dos passos mais importantes para uma carreira de sucesso internacional. A ideia é que os alunos se tornem cidadãos do mundo”, finaliza.

FIQUE DE OLHO Para mais informações sobre o International Office da Ânima, acesse: www.usjt.br/intercambio.

Marcela e Nacy Caprini

O principal objetivo da coleta seletiva consiste em proteger o meio ambiente, evitando o descarte de lixo em lugares inapropriados. Quando se fala da vida universitária, com campi marcados pela ampla movimentação de pessoas – mais de 20 mil, no caso da unidade Mooca –, o cuidado com a destinação correta se torna ainda mais crítico. Na São Judas, a trilha do lixo é gerenciada por uma empresa terceirizada, especializada em serviços de limpeza. Francisca Modesta, funcionária da ISS World, atua na unidade Butantã e detalha as especificidades da

Coleta seletiva é alternativa para reduzir impactos gestão. “Uma equipe de seis pessoas recolhe o lixo das salas de aulas e dos banheiros", comenta. “Os resíduos das salas são restos de materiais escolares: folhas, lápis e às vezes embalagens. Normalmente, são recicláveis.” Já no campus da Mooca, a Ambitrans recolhe o lixo comum, enquanto a empresa Glicério é responsável pela

coleta dos recicláveis. "Eles levam para a comunidade, trabalham com a população, reciclam e fazem materiais novos como arte”, diz o funcionário da São Judas Jonathan Silva Costa Barbosa. A São Judas disponibiliza lixeiras coloridas para os alunos realizarem o adequado descarte – elas estão distribuídas nas áreas comuns.


INVESTIMENTO E RETORNO

Na ponta do lápis, a conta da ciência Retorno à sociedade contrasta com questionamento público sobre eficácia de investimentos em ciência Patrick Freitas

Movimentos de cientistas criticam cortes do Estado' Patrick Freitas e Tiago Souza

Em conversa com parlamentares na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a reitora da instituição, Sandra Regina Goulart Almeida, apresentou os resultados sociais

do incentivo científico nacional. Segundo ela, cada R$ 1 que a UFMG recebe de transferência tecnológica gera R$ 30 de retorno para o Estado – um dado que levanta dúvidas sobre a efetividade dos cortes de recursos no segmento.

Políticas públicas recentes ligadas a reorganizações ministeriais modificaram o cenário de investimentos, em meio à crise econômica vivida pelo País. Em 2017, por exemplo, a fusão de ministérios dedicados à Ciência e Tecnologia e às Comunicações resultou num corte de R$ 5,2 bilhões. Hoje, o governo federal projeta uma abordagem diferente. O ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) Marcos Pontes anunciou planos de utilização de 2% do PIB – menos do que a promessa de 3% anunciada pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) – e de aumento dos investimentos privados na comunidade científica. "Ao se configurar a redução das bolsas vinculadas

ao MCTIC, vamos perder metade dos pesquisadores ligados às áreas de desenvolvimento tecnológico" afirma Mariana Moura, que é pesquisadora do Instituto de Energia e Ambiente da USP e cofundadora do movimento Cientistas Engajados. QUANTO INVESTIMOS?

De acordo com levantamento da Pesquisa Fapesp, o Brasil investe cerca de 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB) em pesquisa e desenvolvimento. No paralelo, as empresas participaram com 47,1% do esforço nacional de P&D, abaixo de países como Alemanha (65,8%) e Japão (77,9%). O estado de São Paulo foge à regra: segundo a publicação, teve salto de 44% nos financiamentos em 20 anos.

Os recursos são direcionados ao custeio de estudos aplicados, publicações, pesquisas de campo e bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado. Bolsas funcionam como o salário dos pesquisadores: pagam desde aluguel, água e luz até alimentação e livros, uma vez que têm condições e restrições para que o beneficiário trabalhe em regime CLT. CONGELAMENTO

As universidades são responsáveis por mais de 90% da pesquisa brasileira; o anúncio de contingenciamento de R$ 1,7 bilhão dos gastos das universidades, de um total de R$ 49,6 bilhões, repercutiu negativamente na comunidade científica e gerou protestos

ao longo de maio – em 15 maio, atos ocorreram em mais de 140 municípios, com público estimado de mais de 200 mil pessoas em cidades como São Paulo e Belo Horizonte. "Estávamos fazendo milagre e, às vezes, tirando dinheiro do próprio bolso para manter as pesquisas em andamento. E o corte de 30% no repasse para as universidades deixa a pesquisa ainda mais vulnerável", afirma Moura.

LEIA MAIS Na primeira edição do Expressão de 2019, abordamos os cortes nas bolsas de pesquisa em São Paulo.

ROTA PARA O CAMPUS

Estudar longe de casa é alternativa para garantir ensino superior

Estudantes enfrentam viagens longas até a faculdade

ção. Hoje mestre em comunicação pela Universidade Metodista de São Paulo, Carla é hoje professora universitária e vê seus alunos repetirem a jornada exaustiva. “Demorava cerca de três horas no caminho de ida e volta da faculdade, por isso reconheço o esforço e a força de vontade dos meus alunos”, diz a professora.

de administração em uma faculdade na Vila Mariana. Thaís mora em Diadema e, todos os dias, leva duas horas e meia para se deslocar até a sala de aula. “Quando chove muito é complicado; por três vezes, precisei ir andando até a metade do caminho porque o trólebus

Além da preocupação com o percurso, estudantes do período noturno precisam ficar alertas com os casos de abusos sexuais relatados nos transportes públicos e ruas da cidade. “Os homens se aproveitam que o ônibus está cheio

Caroline Freitas

Caroline Freitas e Kathellen Gomes

De acordo com pesquisa realizada em 2017 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas 15% da população brasileira possui diploma de ensino superior, abaixo da média de países como Finlândia, Japão e Suécia – que lideram o ranking. Entre as razões, destaca-se a falta de vagas no ensino público, levando estudantes à formação em instituições privadas. “Eu tenho uma ótima qualidade de ensino. Além de ter nota máxima no Ministério da Educação, a universidade tem ótimos professores e grande quantidade de bolsas”, relata Gabriela Oliveira,

17 anos, estudante de arquitetura e urbanismo em uma universidade privada. Porém, não é só com a questão financeira que os alunos precisam se preocupar, embora seja difícil pagar a mensalidade e arcar com as despesas. Muitos estudantes enfrentam dificuldades diariamente para estar dentro da sala de aula. Um dos principais problemas é a locomoção: quem mora em outras cidades ou regiões distantes do centro de São Paulo precisa fazer verdadeiras viagens todos os dias para chegar ao campus. É o caso de Thaís Santos, 23 anos, estudante

não estava funcionando. Depois peguei mais três ônibus e demorei o dobro do tempo para chegar à faculdade”, conta a estudante. Moradora de Sapopemba, zona leste, a jornalista Carla Tozo viajava diariamente até São Bernardo do Campo para concluir a sua gradua-

SEGURANÇA

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para abusar da gente. É uma coisa que as mulheres passam durante o trajeto, infelizmente. Teve uma vez que um idoso passou a mão em mim; quando reclamei, os passageiros acharam que eu estava mentindo”, completa Thaís Santos. À reportagem do Expressão, as duas alunas afirmam que vale a pena o esforço realizado todos os dias, pois a universidade é a realização de um sonho profissional. A professora Tozo parabeniza os estudantes que acreditam que podem mudar o seu futuro por meio da educação. "Considero meus alunos verdadeiros guerreiros."

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ESPECIAL

Empreendedorismo universitário na ordem do dia Alexandre Arruda e Amanda Pucci

A presença ostensiva dos jovens nas universidades, graças a uma combinação da melhoria dos padrões de vida da população brasileira, do acesso facilitado ao crédito e da expansão do ensino superior privado, é uma realidade do País: são 8,3 milhões de estudantes em cursos presenciais e a distância, segundo dados do último Censo da Educação Superior, referente a 2017. Quase 20% dos jovens entre 18 e 24 anos do Brasil frequentam faculdades, universidades ou centros universitários. O maior acesso, porém, esbarra em um desafio: como encontrar emprego para todos? Com um mercado mais difícil – foram mais de 43 mil postos de trabalho fechados só em março de 2019, segundo levantamento do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) –, o jovem universitário vê no empreendedorismo uma chance de se desenvolver profissionalmente, gerar renda e conseguir se manter na faculdade. “Essa nova forma de agir surge com a diminuição de empregos formais e com as oscilações constantes do mercado nacional e mundial”, aponta Valdemirson

Brechós online são alternativas para montar negócios: renda extra e suporte aos estudos

O empreendedor Davi Gustavo no evento de lançamento de sua marca, no museu Catavento

Alves Barboza, graduado e mestre em Administração, docente e especialista em Gestão de Pessoas. “Essas situações levam as pessoas a pensar em uma nova forma de trabalhar e ser um empreendedor.” Segundo dados de pesquisa realizada em 2016 pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e pela Endeavor, 65% dos professores estão satisfeitos com a iniciativa de empreendedorismo nas universidades; entre os alunos, a média é de 36%. Para Alves, as universidades vêm se adequando às novas demandas. ‘‘As instituições de ensino vêm buscando utilizar metodologias de ensino mais criativas e inovadoras, explorando mais

A estudante de artes visuais Amábile Menezes Tolio,

de 21 anos, possui um brechó e uma loja online, junto com a sua mãe, Eneida Menezes Tolio, 62. As vendas abrangem mochilas, pochetes e nécessaires. Dessa maneira, a estudante encontrou no empreendedorismo um jeito, inclusive, de custear os estudos. “A ideia de empreender surgiu a partir dessa necessidade. Iniciei desapegando das minhas próprias coisas no Facebook, depois comecei a comprar em brechós e revender e, logo em seguida, fui vender as mochilas com a minha mãe”, diz Amábile. Às vezes, a vontade de empreender pode ter outra inspiração. É o caso de Davi Gustavo, 21. No último ano do curso de Biologia, ele passou a se interessar por

52 mi

36,4%

?

VOCÊ SABIA

Fonte: pesquisa GEM 2017 - Sebrae/IBQP

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Midiã Silva

Amábile Menezes

Mudanças do mercado de trabalho levam jovens a diversificar fontes de renda

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atividades práticas que desenvolvem as habilidades de negociação, resolução de problemas e administração de conflitos’’, afirma. Segundo o docente, os alunos normalmente buscam oportunidades por conta da dificuldade em achar vagas no mercado formal. Os benefícios, porém, são diversos. “Ao se tornar empreendedor, o aluno muda em relação às suas atitudes, à coragem de tomar decisões, à vontade de trabalhar duro. Ele também aumenta a sua capacidade de assumir responsabilidades e de enfrentar desafios e mostra um grande ganho no que diz respeito a organizar-se.” NA REDE

de brasileiros estão envolvidos em empreendedorismo

é a Taxa Total de Empreendedorismo (TTE) no Brasil

cosméticos naturais. Ao ver na faculdade como desenvolver esses produtos, ele começou a fazê-los de acordo com suas necessidades, com preço mais acessível. Percebendo esse crescimento na demanda de produtos naturais, veganos e que não fazem testes em animais, ele criou sua própria empresa, a Garden Biocosméticos. Na época, o jovem era estagiário; hoje, mesmo já tendo terminado a faculdade, pretende manter o negócio e conseguir um emprego em sua área. “Não quero que ela seja minha única fonte de renda”, diz. FORMAÇÃO NA ÁREA

O ensino sobre empreendedorismo no Brasil é recente e hoje vai além dos cursos

15,7 mi

de jovens têm empresas com até três anos e meio ou em implantação

da área de negócios; abrange, também, os campos das artes, da comunicação e de ciências exatas. Para o professor de empreendedorismo Valdemir Ventura, as universidades buscam aliar teoria e prática para capacitar profissionais quanto à elaboração de projetos. “O Ministério da Educação incluiu o tema empreendedorismo nos currículos e as instituições de ensino aplicam esse conteúdo como disciplina específica ou como tema transversal em suas grades de ensino”, diz. “O diferencial está no uso de metodologias ativas e atividades práticas para o aluno fixar esses conhecimentos, desenvolvendo habilidades específicas”, afirma. Tanto Ventura quanto Alves destacam que o universitário que possui atitude empreendedora tem mais oportunidade no mercado de trabalho. “O comportamento empreendedor já é requisito principal na seleção de candidatos”, diz Valdemir. “Antes tínhamos alunos mais interessados em absorver conceitos teóricos, já que a dificuldade para se obter informação qualificada era maior. Hoje, a universidade alinha o estudante à realidade do mercado”, diz Valdemirson.

57%

é a participação de pessoas de 18 a 34 anos em negócios em fase inicial


EFEITOS DA CRISE

Formalidade x informalidade: o dilema das novas gerações Ana Paula Reis e Virginia Barbara

Em tempo de crise econômica e risco de o País entrar em quadro de recessão técnica, uma ideia bastante comum é a de que sortudos são os que têm emprego formal, via Leis de Consolidação do Trabalho – o famoso regime CLT. Em termos quantitativos, é verdade: dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontaram, ao final do primeiro trimestre de 2019, taxa de desemprego de 12,4%, com 13,1 milhões de pessoas atrás de trabalho. Para sobreviver à fase difícil, uma saída é empreender em segmentos comerciais com baixo custo de implantação – por isso, o número de vendedores ambulantes e trabalhadores autônomos tem crescido bastante. Para ilustrar esse cenário, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) do IBGE constatou que, entre dezembro do ano passado e fevereiro de 2019, só no setor de trabalhadores domésticos, havia apenas 1.789 com carteira assinada. Já os contratados sem CLT eram 4.393. ALTERNATIVA

Descobrir-se empresário pode até ser um sonho para muitos, mas para outros vem como consequência da luta para se sustentar. Um exemplo disso é a fotógrafa Gabriela Cruz, de 24 anos, que sempre empreendeu – primeiro vendendo alimentos, depois na área de sua formação. “A venda

Fotos: Ana Paula Reis

Para muitos, empreender é uma forma de lidar com a redução de postos de trabalho CLT

Muitos jovens, como a fotógrafa Gabriela Cruz, 24, encontram no trabalho autônomo uma oportunidade de sobreviver à crise de doces deu pouco lucro, não soube administrar. Aí comecei a vender comida e, com isso, consegui comprar minha casa." Na sequência, Gabriela montou seu estúdio de fotografia, que está funcionando há três anos. "Eu quero muito alugar um espaço bem maior, ter uma equipe trabalhando comigo na parte de edição e outros no atendimento. É o meu sonho." O sociólogo Luis Alberto Ribeiro de Araújo acredita em outro fator: para ele, o fácil acesso à informação auxilia no despertar do empreendedorismo jovem. “Essa geração tem como se basear em informações, por exemplo, pesquisa de mercado sobre o segmento em que quer atuar, linhas de crédito para conseguir capital de giro,

cursos e por aí vai”. Apesar de todos esses recursos, Ribeiro salienta que a caminhada pode ser difícil. “É um caminho complexo e nem sempre facilitado pelo governo.” FOCO NA ESTABILIDADE

Caroline Lopes, de 24 anos, é professora de Educação Física e começou a trabalhar aos 14 anos como aprendiz. Com o

diploma na mão, busca fazer um concurso público para dar aulas. “Faço isso porque tem a ver com a área que sou formada e, além de o salário não ser ruim, existem diversos benefícios e é um trabalho garantido”, disse, reforçando que, ao contrário do que muitos especialistas em carreiras apontam, estabilidade também é uma preocupação para os jovens nascidos após a vi-

rada do milênio. O economista Charles Mauller aponta que, no geral, o trabalho informal não é a melhor opção – mas é melhor que nada. “Emprego informal não é bom, mas é o que temos com tanta burocracia e com custos que ninguém quer mais contratar. A situação do País está complicada, então muita gente faz bico, abre empresa extra, trabalha

de freela”, diz. Ele também encoraja os jovens a investir no mercado de capitais, um caminho para gerar rendimentos e sustentar projetos. “O jovem deve empreender sem medo e usar tudo o que puder ao seu favor. Procurar o Sebrae, estudar o mercado em que se quer entrar, conversar com as pessoas e entender o público-alvo são alguns dos caminhos.”

"O jovem deve empreender sem medo e usar tudo o que puder ao seu favor. Procurar o Sebrae, estudar o mercado em que se quer entrar, conversar com pessoas e entender o público-alvo são alguns dos caminhos."

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EXPRESSÃO

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VIDA REAL

“Ninguém acreditou em mim” Estudante de Direito e dono de uma rede de franquias relata percalços rumo à estabilidade profissional Lucas Cunha

Lucas Cunha

A descrença na capacidade de empreender foi a primeira barreira enfrentada por Paulo Henrique Cardoso, 36 anos, estudante de Direito e dono de uma rede de franquias de escolas de idiomas. Ele começou a desenvolver negócios na área educacional em 2005, quando comprou, junto com um amigo, sua primeira franquia, na região de Cotia. Em 2010, seu sócio precisou voltar para os Estados Unidos, mas as aquisições continuaram. No mesmo ano, com um novo parceiro profissional, Paulo adquiriu a segunda unidade; em 2011, veio a terceira. Em 2015, a dupla dividiu caminhos e Paulo ficou apenas com a última aquisição. Agora em nova sociedade, ele adquiriu mais três franquias, duas delas em 2017. “Desde pequeno me imaginava sendo dono do meu próprio negócio”, relata. Paulo é empresário desde os 22 anos e decidiu estudar Direito em 2015. Em entrevista ao Expressão, que correu atrás de histórias de sucesso de universitários empreendedores, ele aponta que a escolha pelo curso se deu a partir da experiência prática – conhecer a legislação empresarial virou um misto de necessidade e desejo de qualificação.

QUAIS AS MAIORES DIFICULDADES QUE VOCÊS ENFRENTARAM?

O maior problema é a alta carga tributária. É difícil conseguir lucrar no Brasil. Pode parecer bobagem, mas não sou hipócrita, não abri uma instituição de caridade; preciso e quero lucrar, mas é complicado com os altos tributos. Outro problema é a mão de obra, as gerações atuais não ligam muito para o profissionalismo. VOCÊ COMEÇOU A EMPREENDER COM 22 ANOS. O FATO DE SER JOVEM FACILITOU OU DIFICULTOU A IMPLANTAÇÃO DO NEGÓCIO?

Ser jovem me deixou com mais gana, porque realmente você é muito desrespeitado. O mercado hoje nos respeita mais por causa das startups, mas já foi pior. Quando você está em uma rede com franqueados mais velhos, você acaba sendo subestimado. Mesmo agora, que estou com 36 anos, há quem pense que estou para trás, mas não deixo nada barato. Conquistei respeito desde os 22. VOCÊ SE INSPIRA EM ALGUM EMPREENDEDOR?

Não tenho nenhuma inspiração em particular, somente o que sempre sonhei. Desde pequeno me imaginava sendo dono do meu próprio negócio. Os meus amigos me zoavam desde adolescente, diziam, "chegou o empresário". Ninguém acreditou em mim, somente eu - e aqui estou.

COMO SURGIU A IDEIA DE MONTAR UMA ESCOLA DE IDIOMAS?

Paulo: Veio de um projeto que eu tinha com um amigo americano de montarmos algo aqui no Brasil. Infelizmente, depois de cinco anos, ele teve que voltar para os Estados Unidos para ajudar na empresa dos pais. Na época, tínhamos sete funcionários; hoje temos 52 em quatro unidades, localizadas em Perus, São Roque, Cotia e Itapecerica, com um faturamento bruto anual de R$ 3 milhões. QUAL A ESTRATÉGIA DE AQUISIÇÃO?

VOCÊ TEVE INCENTIVO FAMILIAR OU DE AMIGOS?

“Eu era muito pobre e as pessoas acabam não só duvidando, mas limitando sua capacidade de sonhar.”

Fomos comprando aos poucos as escolas com problemas financeiros e reerguendo-as. Nós fizemos reformas

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EXPRESSÃO

e montamos uma nova equipe com nossa cara e perfil de trabalho.

Paulo Henrique Cardoso junho 2019

Algumas pessoas duvidavam. Eu era muito pobre e as pessoas acabam não só duvidando, mas limitando sua capacidade de sonhar. QUE CONSELHO É VÁLIDO PARA UM JOVEM EMPREENDEDOR?

Gostar do que você faz e saber que sua dedicação impacta não somente a sua vida, mas a de todos.


STARTUPS

Das salas de aula para o mundo

BOLA DA VEZ

Caroline Guimarães

Jovens testam limites do mundo dos negócios em projetos voltados à inovação

Sara Maria Freitas: empreender e mudar a vida das pessoas Caroline Guimarães e Lavinia Santos

Você com certeza já ouviu falar em startups – há, porém, muita dúvida sobre quando e onde elas surgem. A resposta pode estar dentro dos muros de instituições de ensino: muitas – talvez a maioria – das startups nasce dentro das salas de aula com pessoas comuns, que buscam em seu primeiro negócio soluções para problemas de nossos tempos – e, é claro, uma renda capaz de transformar suas vidas. O Facebook é um exemplo clássico: foi criado por Mark Zuckerberg e Eduardo Saverin nos corredores da Universidade de Harvard, em 2004, e de projeto caseiro se tornou sinô-

nimo de rede social, com mais de dois bilhões de usuários e valor de mercado de US$ 510,2 bilhões. Há também uma empresa brasileira neste cenário: em 2002, foi criado o site Buscapé, que compara preços de produtos e serviços no mercado. Sua origem? A Universidade de São Paulo, em que estudavam Romero Rodrigues, Rodrigo Borges e Ronaldo Takahashi. No lado europeu do mapa, a empresa holandesa Takeaway foi criada pelo holandês Jitse Groen em 2016 e é a maior concorrente do Uber Eats naquele país. Esta plataforma está conectada a mais de 44 mil restauran-

tes em 12 países. A ideia também surgiu na faculdade, fruto da percepção de demanda dos estudantes por alimentação rápida e conveniente. O olhar aguçado às demandas de seu entorno, somado à necessidade de inovar, é característica do empreendedorismo universitário – que também tem como marca a necessidade de encontrar quem invista no negócio: no caso, o investidor-anjo. São pessoas físicas ou jurídicas (empresas e empresários) que agregam valor financeiro ao empreendedor, o famoso smart-money, para empresas com potencial de crescimento. Mas há quem ainda arrisque conquistar mais clientes pelo retorno de outros clientes, o famoso boca a boca, como no caso de Sara Maria Freitas Silva, de 25 anos, empreendedora no ramo de sex shops e estudante de Gestão em Marketing, além de ter um emprego fixo na área de vendas. Sua empresa nasceu em função do amor ao sexo e “de como isso muda a vida das pessoas”. Sara costuma reagir com palavras de estímulo a quem teme

STARTUPS NO BRASIL Setores de destaque • Educação + tecnologia (edutechs) • Finanças (fintechs) • Propaganda/comunicação • Comércio eletrônico • Saúde/bem-estar • Mobilidade

Estados líderes • São Paulo (41%) • Minas Gerais (12%) • Rio de Janeiro (9,7%) Fontes: Associação Brasileira de Startups (ABStartups) / Agência Brasil

abrir um negócio. “Tá com medo? Então você está pronto”, reforça. CENÁRIO BRASILEIRO

O total de empreendedores no País chegou a 62 mil em 2018; há, ainda, 6 mil startups, mais que o dobro em relação às 2.519 existentes em 2012, conforme cadastro da Associação Brasileira de Startups (ABStartups). Nesse período, empresas-teste, como a companhia de serviços financeiros Nubank, saíram do status e viraram grandes negócios, com valores de mercado beirando os US$ 2 bilhões. Esse universo, porém, está longe de ser uma trilha garantida de sucesso e retorno financeiro. A psicóloga e consultora de Recursos Humanos Bárbara Guimarães lista algumas dificuldades enfrentadas pelo jovem que busca entrar nesse meio, como os desafios em relação ao pouco conhecimento de gestão empresarial, ao entendimento de um nicho de mercado, à concorrência e à paciência para ver o retorno do investimento inicial aplicado na abertura e em gastos da empresa. São entraves a serem vencidos – ainda mais considerando o crescimento de oportunidades e áreas de negócios com as plataformas digitais e a informalidade do mercado. “É uma tendência. No futuro, provavelmente, teremos uma escassez de pessoas no mercado formal em virtude da geração de jovens atual, que é muito dinâmica. Eles não terão paciência de estar no mercado”, pondera Bárbara.

Renan Coelho e Giovanna Nunes O ritmo acelerado do segmento de vendas online desperta interesse em grandes e pequenas empresas. Segundo dados levantados pelo Movimento Compre & Confie, organização de segurança eletrônica criada pela ClearSale, precursora na análise do comportamento do consumidor digital, somente no primeiro trimestre de 2019, o número de compras por meio da web no Brasil superou R$ 17 bilhões. Destaque nas áreas de moda e vestuário, o bom desempenho das aquisições virtuais vem fazendo a cabeça de empresários. O advogado Alexandre Abrahão, 28 anos, resolveu unir comodidade e consumo em um mesmo serviço, com o delivery de roupas Upperbag. O negócio foi criado em 2015 para atender pessoas que não têm tempo de ir ao shopping. Levando uma mala com peças selecionadas por personal stylist até a casa, o serviço permite ao cliente experimentar os itens enviados e decidir o que realmente quer adquirir. “Um comércio físico tem um custo imobilizado muito alto, enfrenta concorrência de lojas vizinhas e depende de a pessoa estar no local. O e-commerce proporciona melhor controle de marketing e análise do potencial das pessoas que podem entrar em sua página, fazer pedidos e se tornar possíveis clientes”, diz Alexandre. Com crescimento mensal de 10% nos pedidos, entregas e cadastros no site, o proprietário do delivery está confiante quanto ao faturamento em 2019, que pode chegar a R$ 2,5 milhões até o final do ano, superando 2018.

junho 2019

Renan Coelho

Digital concentra esforços em novos negócios

Com consultoria de imagem, Upperbag reinventa conceito das sacoleiras Brenda Rabello, outra microempreendedora, aposta em uma pegada de consumo ecológico e consciente. Aos 26 anos, a jovem formada na área de comunicação resolveu criar a Meu Jardim em Mim, em dezembro de 2017. A ideia: transformar folhas e plantas em colares, brincos e outros acessórios. “A ideia é que todos possam, com itens divertidos, levar em si o seu próprio jardim”, conta a idealizadora. Para ficar em evidência no mercado, Brenda diz que o produto deve ter diferenciais atrativos; as redes sociais, para ela, garantem um ar mais “humanizado”. O comércio digital pode até propor novas formas de operação, mas a atenção à eficiência em custos e investimentos segue sendo requisito – como no mundo analógico. Ter profissionais qualificados é a solução tradicional e mais eficaz. “Vender na internet não é de graça, essa é uma ideia ultrapassada. É necessário estudar estratégias, fazer cursos e apostar em anúncios pagos”, diz a consultora especialista em marketing digital Rachel Rodriguez.

EXPRESSÃO

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VIDA DIGITAL

Redes sociais se transformam em aliadas do bem-estar emocional Letícia Fleming e Valéria Contado

“É um misto de soco no estômago com ondas de felicidade”. É assim que Juliana Serra, de 33 anos, descreve a sensação de administrar a comunidade interativa “Relacionamento Abusivo: Grupo de Apoio Feminino”, no Facebook. Criado em maio de 2017, o grupo, que conta com mais de 10 mil membros, oferece um local para que mulheres vítimas de relacionamentos abusivos desabafem e troquem conselhos entre si. “As pessoas precisam de uma válvula de escape – e, como nem sempre elas têm dinheiro para fazer acom-

Valeria Contado

Na contramão dos casos de ódio em ambiente virtual, grupos proporcionam auxílio a internautas vítimas de haters, violência doméstica e bullying

Instagram oferece suporte para usuários panhamento psicológico, tentamos ajudar de alguma forma”, afirma Juliana. Espaços como a página exemplificam um uso positivo – e de combate a comportamentos violentos – das redes em tempos de

discursos inflamados. O auxílio na abertura de boletins de ocorrência e processos contra os companheiros é frequente. “Alguns de nós tiveram matérias voltadas à psicologia, o que nos dá uma base para compreen-

der os problemas que surgem. Todas passamos por algum tipo de relacionamento abusivo”, diz Juliana. Além do Facebook, canais voltados à difusão de mensagens instantâneas podem ser fóruns dessa natureza. L.L.* participa do grupo Inteligência Emocional, no Whatsapp, e conta que conheceu o trabalho deles em uma universidade privada de São Paulo. “Vendo o que as outras pessoas compartilham, entendo que é um problema, mas consigo controlá-lo." Pesquisa divulgada em 2017 pela Sociedade Real para Saúde, da Grã-Bretanha, revelou que o Instagram era a rede social mais

tóxica para os jovens. O aplicativo criou, então, uma hashtag para auxiliar pessoas que se sintam ansiosas ou que precisem conversar. Ao pesquisar a tag na rede (#ansiedade), o usuário é automaticamente redirecionado a páginas que possam ajudá-lo de alguma forma. Além disso, o Instagram divulga o contato do Centro de Valorização da Vida (CVV). A psicóloga Karin Goerlich afirma que a efetividade das iniciativas vai depender de quem é o profissional do outro lado da conversa. “As pessoas estão compartilhando as suas angústias, e eu vejo iniciativas como essas como um pedido de ajuda”, avalia.

INOVAÇÃO + EDUCAÇÃO Victor Hidalgo

Você está prestando atenção na aula enquanto o professor passa por diversos tópicos sobre os aspectos do Renascimento e sua importância. Ele pede, então, para os alunos pegarem seus celulares e abrirem um aplicativo; ao mirar suas câmeras, uma réplica em 3D de David, esculpido por Michelangelo, aparece ao lado do docente. Cenas como essa são cada vez comuns – ou, ao menos, prometem sê-lo – com o uso da realidade aumentada na educação. Um dos jogos mais famosos do mundo, Pokémon Go, foi pioneiro, mas hoje a prática vai além

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do lazer; hoje, pode ser uma saída na sala de aula, como demonstra um projeto de dois docentes da São Judas. Carlos Eduardo Dias Ribeiro, mestre e graduado em Arquitetura e Urbanismo, e Mairlos Parra Navarro, graduado e mestre em Engenharia Elétrica, viram a oportunidade de explorar o aprendizado com essa nova tecnologia, criando um projeto ganhador da quinta edição do Prêmio Padre Magela, promovido pelo Grupo Anima em 2018. A origem da iniciativa está no teste de uma ferramenta que enriquece o mundo dos jogos para melhorar os processos de ensino e aprendizagem.

EXPRESSÃO

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Victor Hidalgo

Docentes da São Judas testam realidade aumentada no ensino

Professores Mairlos e Carlos no Animalab: projeto de realidade aumentada ressignifica aulas “Pensamos no projeto por vários motivos: pela nossa paixão por jogos, sejam digitais, sejam de tabuleiro, e por estarmos sempre pes-

quisando a parte pedagógica que tem a ver com nosso dia a dia", diz Ribeiro. O projeto teve como objetivo criar uma ferramenta

para engajar os alunos nas disciplinas que estão cursando, gamificando o processo de ensino. O aplicativo disponibiliza conteúdos interativos espalhados em locais do campus, acessáveis via tablets e celulares, para estudar, revisar conteúdos, responder questões, desenvolver desafios, construir projetos individuais ou coletivos e complementar o conteúdo que estiver sendo apresentado em aula. O exemplo que citamos no início deste texto é apenas uma das possibilidades. “A hibridização, a sala de aula invertida, ela é uma coisa boa. Ela é parecida com a metodologia do design. A grosso

modo, é uma receita de bolo”, aponta. Mairlos Navarro identifica um potencial social mais amplo. “Tem escolas municipais e estaduais em que podemos entrar e ajudar os alunos, sem custo, usar isso para mostrar que funciona. Queremos falar a língua do aluno.” PADRE MAGELA

Criado em 2013 pelo grupo Anima, o prêmio incentiva projetos em diferentes áreas do conhecimento, com uma gratificação docente por projeto que pode alcançar até R$ 16 mil; para alunos de iniciação científica envolvidos, o valor pode ser de até R$ 4 mil.


SEM POPULARIDADE

Novos gadgets demoram para emplacar no País

MERCADO EDITORIAL

Livros digitais ainda engatinham no Brasil Rayane Moura

Filipe Mello

Acessórios que complementam o uso dos smartphones não caíram nas graças do brasileiro

Apesar de convenientes, apetrechos tecnológicos têm custo elevado e competem com celulares Filipe Mello e Paulo Clementino

Diversos tipos de apetrechos eletrônicos – os chamados gadgets – se enfileiram à disposição do público nas vitrines das lojas brasileiras, com intensa disputa de marcas. Nem todos, porém, conquistaram o público brasileiro; é o caso dos óculos de realidade virtual

e smartwatches, no mercado há cerca de quatro anos, mas ainda longe do comércio massivo de aparelhos celulares. Algumas marcas que produzem esses equipamentos chegam a entregá-los como brindes; é o caso da Samsung, que oferece ao consumidor smartwatches para celulares novos lançados na linha Galaxy S.

O influencer digital Rudy Claro, atualmente, tem um canal no YouTube com mais de 200 mil inscritos. Para ele, alguns desses gadgets não se encaixam com o padrão financeiro e o próprio estilo de vida dos brasileiros. “O maior impeditivo de que os óculos VR caiam no gosto do brasileiro é o preço alto”, aponta. Para se montar um kit completo, é necessário gastar até R$ 15 mil reais. “A gente vê empresas como a Samsung e a Apple tentando, timidamente, introduzir seus relógios e fones sem fio, mas ainda assim o público prefere comprar um aparelho [celular] de última geração." Na contramão da baixa popularidade dos óculos VR e smartwatchers, os smartphones têm presença cada vez maior em dife-

rentes estratos sociais. Vicente Martin, game designer e professor da ESPM-SP, avalia que mesmo a presença de produtos importados chineses, de preço mais acessível, não é garantia de popularidade. “Eu não vejo os smartwatches e os óculos inteligentes se popularizando tanto quanto os smartphones”, diz o professor. “O smartphone é mais prático que o tablet ou os óculos inteligentes." SEGURANÇA

Martin aponta que as chamadas wearable technologies – tecnologias “vestíveis” – ainda são de acesso restrito por conta do alto custo. O próprio consumidor fica em dúvida sobre sua real necessidade. “Em São Paulo, especificamente, muita gente pensa na hora de comprar um smartwatch por ser algo visado.”

BLOQUEIO

Fim da linha para aparelhos celulares piratas Milena Matos e Núbia da Cruz

Mais um duro golpe na pirataria de eletrônicos foi dado pelos órgãos reguladores no final do primeiro trimestre deste ano. Em março, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) fez o bloqueio de 244.217 telefones celulares em 15 estados brasileiros. O foco foi combater a situação irregular no uso de aparelhos que, sem selo de certificação do órgão oficial, representam riscos à segurança de usuários e à

integridade dos sistemas de telecomunicações. Segundo dados cedidos pela Anatel, 531.446 pessoas receberam avisos sobre o bloqueio – 50 mil das quais somente no estado de São Paulo. Os usuários foram notificados com antecedência por mensagens de texto desde o mês de janeiro. A medida faz parte da campanha Celular Legal, que teve suas primeiras investidas no Distrito Federal e em Goiás, no ano passado. O consumidor que deseja saber da legalidade do seu

aparelho pode consultar o número IMEI (sigla do inglês International Mobile Equipment Identity) – que funciona como uma espécie de RG do aparelho. Segundo Larissa Vianna, de 23 anos, que trabalha em uma empresa de telefonia no ABC paulista, o IMEI aponta a situação do item. “Com ele, descobrimos quando o aparelho está bloqueado”, aponta. O número pode ser encontrado nas configurações do celular, na caixa do aparelho, ou atrás da bateria. Larissa ainda salienta a

importância de, antes de se fazer uma compra, o cliente verificar a certificação pela Anatel. “A orientação que sempre damos é consultar o IMEI antes. A maioria compra de terceiros.” Em resposta encaminhada por e-mail ao Expressão, a Anatel destacou que a certificação garante a compatibilidade com redes de telefonia de todo o País. Além disso, pode garantir a segurança do consumidor, já que um celular sem certificação pode emitir radiação, explodir e até causar incêndios.

E-books ainda ficam atrás do suporte impresso Marcos Paone e Rayane Moura Hoje, os chamados livros digitais (ou e-books) podem ser adquiridos e lidos em dispositivos móveis, como smartphones e tablets, além do computador e de leitores de e-books. O mercado, porém, ainda não conquistou em definitivo o público brasileiro. De acordo com o Censo Digital do Livro 2017, fruto de parceria entre a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), a Câmara Brasileira do Livro (CBL) e o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), só 294 das 794 editoras pesquisadas produzem e comercializam conteúdos digitais. Isso representa 37% do setor. Somente em 2016, as editoras pesquisadas publicaram 9.483 livros digitais. De acordo com Igor Mendes, gerente do Clube Leitura, o crescimento no Brasil continua aquém das expectativas. “Hoje, o livro digital não representa nem 5% do mercado brasileiro. Nos Estados Unidos, por exemplo, chegou a quase 20%”, avalia. A resistência a sair dos meios impressos é um dos fatores. “Não foi uma coisa que a gente sentiu que o público brasileiro teve tanta receptividade.

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As pessoas ainda gostam mais de pegar, sentir o papel, ter na prateleira”, afirma o gerente da organização, que tem sua sede em Belo Horizonte (MG). Leitores entrevistados pelo Expressão concordam com as declarações de Igor. “Para mim, nada se compara ao manuseio das páginas, ao cheiro do papel e aos meus sublinhados”, aponta a professora universitária Vanessa Bortulucce. Há quem enxergue algumas vantagens – caso da estudante de Direito Vitória Nascimento. “Alguns livros têm um preço menor, existem promoções com muito mais frequência", explica. Rapidez é outro fator relevante. "Quando compro um livro digital, penso no preço e se eu faço questão ou não de tê-lo na minha biblioteca particular”. A universitária acredita que o segmento pode dar maior acesso à literatura. “A leitura digital pode ser a porta de entrada para esse mundo, fazendo com que as pessoas comprem mais livros físicos. A atual crise no mercado editorial ocorre porque a leitura não é rotina para a maioria das pessoas.”

EXPRESSÃO

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CULTURA E ARTES

Ameaças de cortes lançam alerta sobre área cultural Fernanda Souza

Governo estadual anunciou corte de R$ 148 milhões e causou polêmica entre produtores culturais e artistas

Mural do Centro Cultural São Paulo: área vive riscos Fernanda Souza e Isabela Sampaio

Demissões em massa, fim de projetos e programações culturais, alunos sem vagas, exposições canceladas e espaços fechados estão na rota de problemas a serem enfrentados pelo setor cultural de São Paulo. No final de março, o Projeto Guri, responsável por oferecer ensino musical gratuito a jovens das periferias, informou que teria de demitir 650 colaboradores e fechar cerca de 31 mil vagas. Essa medida chamou atenção para a redução de R$ 148 milhões nas verbas da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo – posteriormente revisada. Na lista dos principais projetos e espaços em risco apareceram o Theatro São Pedro, o Museu Afro Brasil, a Biblioteca de São Paulo, o Museu da Imagem e do Som, as fábricas de Cultura, a Escola de Música do Estado de São Paulo e a São Paulo Companhia de Dança, entre outros. O cantor lírico do Theatro Municipal

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Fernando de Castro criticou o anúncio. “Dei aula dois anos no Guri, foi o meu primeiro trabalho como registrado. Nesse período, tive a certeza de que por meio da cultura essas crianças terão um futuro melhor.” Manifestações contra a contenção dos gastos culturais ocorreram no centro da cidade e na Avenida Paulista em maio; a ideia foi questionar o tratamento inferior à cultura em relação a outras pastas do governo, como saúde e transporte. “As pessoas não compreendem a importância desses projetos, pois não há incentivo à cultura e à educação. Esses dois pontos são os pilares para um país estável”, opina Castro. CUSTA CARO MESMO?

No ano passado, os 11 centros culturais e os sete teatros da cidade receberam, em média, 550 mil pessoas. As 20 casas de cultura recepcionaram 400 mil e, no Centro Cultural de São Paulo, o público superou 1 milhão de visitantes. “Há muito tempo

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venho assistindo ao desmonte da cultura. Sempre tentam acabar com tudo que construímos com muito suor”, diz a produtora cultural Paola Paiotti. A assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Cultura informou ao Expressão que o município não foi afetado com a crise financeira e nem com a entrada do secretário Alexandre Youssef. Segundo a pasta, as programações, em geral, não mudaram. Em 2018, o Fundo de Promoção de Atividades Culturais repassou R$ 7 milhões para centros culturais, teatros, casas e fábricas de cultura e o Centro Cultural São Paulo. Em 2019, o número se manterá. Já no governo estadual, o discurso foi amenizado. No dia 8 de abril, o governador João Dória (PSDB) publicou um vídeo em suas redes sociais dizendo que não irá finalizar programas e fechar espaços culturais. Segundo ele, haveria um déficit de R$ 10,5 bilhões deixado pelo governo anterior, a ser resolvido por meio de extinção de estatais, cortes de cargos em comissão e transferência dos ativos onerosos do Estado à iniciativa privada, via Parcerias Público-Privadas (PPPs), concessões e privatizações.

CENTRO VIVO

Satyros movimenta programação da Praça Roosevelt

Karolyn Andrade e Keller Dantara Situada no coração da região central de São Paulo, entre as ruas da Consolação e Augusta, a praça Franklin Roosevelt é conhecida pela interação entre agito e cultura – fruto de sua condição de point dos skatistas, combinada aos bares e cafeterias de perfil eclético e dos teatros voltados à cena alternativa. A relação da praça com a cidade, entretanto, é instável. Um processo de degradação vivido a partir da década de 1980 levou ao fechamento de casas de show e espaços culturais; a virada ocorreu nos anos 2000, com a chegada do grupo Companhia de Teatro Os Sa-

tyros ao local – ponto de partida para uma redescoberta de seu potencial de combinar arte, esporte e entretenimento. A relação com quem vive nos arredores nem sempre foi tranquila. “Antigamente, pensava que a praça seria apenas para esportes, mas houve uma época que a praça era esconderijo de marginais, drogados e moradores de rua. Isso incomodou muito a vizinhança”, conta Cida Martins, 80 anos, atriz e aposentada, moradora da região. Os Satyros chegaram ao local para disputar espaço e trazer as artes para um ponto desvalorizado. Hoje, o grupo conta com

dois endereços, nos números 134 e 214 da praça, e soma no currículo apresentações de espetáculos em São Paulo (SP), Curitiba (PR) e Lisboa (Portugal). A programação é intensa: em maio, eram mais de 15 obras em cartaz. De olho no impacto social sobre a região, o grupo realiza, no início da primavera de todos os anos, a maratona cultural gratuita Satyrianas, com cerca de 7 mil artistas e 600 atrações em 78 horas de atividades. SERVIÇO Cia. de teatro Os Satyros Onde: Praça Franklin Roosevelt, 214 – Consolação

FORMAÇÃO

Escrita criativa fortalece técnicas de relato Carlito Salvatore

Em um mundo dominado pela tecnologia e totalmente conectado por aplicativos, streaming, mensagens instantâneas, e-mails e redes sociais, o hábito da escrita tem – paradoxalmente – ganhado força por meio de cursos livres de formação. Com variadas profissões e objetivos igualmente diversos, os alunos buscam a escrita criativa para recuperar o poder da ideia e da palavra.

O conceito de escrita criativa não se liga apenas à inspiração. Foi o escritor americano Edgar Allan Poe, um dos pioneiros do conto moderno e inventor do gênero ficção policial, no distante século retrasado, que defendeu a teoria de que a escrita não dependia apenas da inspiração, mas também da técnica – a ideia figura em sua obra “Filosofia da Composição”, de 1846. O objetivo central dessas atividades é dei-

xar as ideias claras, de forma concisa, tornando o texto mais agradável e de fácil compreensão para o leitor. Segundo a professora de escrita criativa Noemi Jaffe, proprietária da Escrevedeira, centro literário que oferece cursos na área, os alunos podem ou não querer se tornar escritores. “Também há pessoas que querem apenas se aperfeiçoar em suas áreas – jornalismo, advocacia, publicidade”, conta.


GASTRONOMIA

Cordon Bleu oferece experiência e formação ampla na arte da cozinha Stella Ramos

Campus em São Paulo, fruto da parceria entre o instituto e o Grupo Ânima, difunde tradição culinária francesa com diplomas adaptados à realidade dos alunos

Espaços de prática preparam alunos para atuar em estabelecimentos de renome

Stella Ramos e Kathellen Gomes

A escola gastronômica Le Cordon Bleu, fundada em Paris em 1985, em pouco tempo ganhou notoriedade e prestígio e se tornou uma grande rede de institutos internacionais de artes, gastronomia e hospitalidade. Hoje com 123 anos, a escola tem mais de 35 institutos presentes em 20 países – e implantou em 2018 duas unidades no Brasil, nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Na capital paulista, a unidade na Vila Madalena foi aberta graças a uma parceria realizada entre o instituto Le Cordon Bleu e o grupo Ânima Educação, com descontos específicos a alunos que estudem em unidades do grupo.

Márcio Lima, responsável pelo marketing da escola, afirma que o curso tem potencial de abrir portas e caminhos aos estudantes. “O aluno terá uma nomenclatura da Le Cordon Bleu internacional, insumos a utilizar, professores e, além disso, uma rede de contatos." TIPOS DE FORMAÇÃO

Os cursos oferecidos são de cuisine, pratos salgados e quentes e pâtisserie, doces e confeitaria, divididos nos módulos básico, intermediário e superior. A duração média é de três meses para cada ciclo, podendo haver pausa entre eles. Caso queira receber o “Diplôme”, válido em todo o mundo, o aluno deve concluir todo o programa.

O Le Cordon Bleu oferece, ainda, o “Le Grand Diplôme”, considerado o passaporte para oportunidades globais. “Não é fácil, exigem muita disciplina, é corrido e pesado, mas vale o esforço. Já fiz faculdade de gastronomia, inclusive, e não tem comparação”, comenta a aluna Nathalia Almeida. A instituição oferece, ainda, 21 cursos rápidos de um ou dois dias, , ministrados por chefs como os brasileiros Renata Braune e Patrick Martin. Eduardo Gomes trabalha na cozinha de produção da Le Cordon Bleu e destaca os desafios de quem segue a carreira. “É uma carreira que exige bastante. Além disso, deve-se praticar muito as técnicas aprendidas, pois só assim se chega à excelência”, conta.

IMPACTO SOCIAL

Cia Heliópolis leva artes cênicas à comunidade Piettra Costa e Cilene Tomaz

Com foco no acesso à cultura em uma das comunidades mais populosas da grande São Paulo, a Companhia de Teatro Heliópolis é uma organização não governamental que se mantém por doações e investimentos de sua plateia e pelo suporte do poder público, via Programa Municipal de Fomento ao Teatro. Além do público que frequenta as peças, os próprios atores contribuem com as peças e em sua criação e montagem. Em 2019,

destaque para a reestreia de “Sutil Violento”, após três anos de sua primeira temporada, e para a peça “(In)Justiça”, que ficou em cartaz até o dia 19 de maio na Casa de Teatro Maria José de Carvalho, na região do Ipiranga. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), um dos principais causadores da falta de acesso da população brasileira à cultura é a desigualdade social; na prática, pessoas de maior poder aquisitivo gastam 30% a mais com educa-

ção, viabilizando assim seu acesso à cultura. “A desvalorização da arte no Brasil dificulta o desenvolvimento das companhias. É recorrente a falta de investimentos externos para o crescimento dessas iniciativas”, aponta Miguel Rocha, diretor da companhia e escritor da peça “(In)justiça”. “Como em qualquer outro grupo de teatro, fazer arte no Brasil é um desafio diário, é matar um leão por dia. É por meio desse ato de resistência que as coisas acontecem, a contribuição voluntária do pú-

blico nos ajuda a manter as portas abertas.”

Piettra Costa

FORMANDO PÚBLICO

Na perspectiva do diretor Michel Rocha, o diálogo das artes cênicas com moradores de comunidades vai além do acesso à cultura; também estimula novas perspectivas, formando um público crítico e ativo. “Resistir e manter as portas abertas é o objetivo do projeto no longo prazo.” Para a professora de História Bernadeth da Silva, um dos maiores riscos de reduções em investimen-

Projeto democratiza teatro na periferia tos culturais está voltado às periferias. “A arte é muito importante fora do centro das cidades e cabe a nós promovê-la. Muitas vezes, os grupos recebem uma

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verba mínima para desenvolver estes trabalhos e, como temos visto, há um corte em curso – que afeta primeiramente os grupos da periferia”, alerta.

EXPRESSÃO

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ESPORTE E LAZER

Privatização de parques públicos esbarra em ações na justiça Lucas Alvarez

Prefeitura estima que pacote de concessões gere economia de mais de R$ 1 bilhão em 35 anos

Lucas Alvarez e Leonardo Cruz

A concessão de parques públicos para a iniciativa privada é uma das propostas mais polêmicas e debatidas da prefeitura de São Paulo. Com edital publicado em 2017, durante a gestão municipal de João Doria, hoje governador do estado, o projeto prevê a privatização de 14 parques espalhados pela cidade, incluindo o Ibirapuera, maior da América Latina e um dos principais cartões-postais da cidade. Apesar de sua publicação há dois anos, o plano tem tido dificuldades para ser posto em prática. Em julho do ano passado, já sob o mando do atual prefeito, Bruno Covas, a licitação inicial para a concessão do Ibirapuera e mais outros

genérica, grosseiramente resumidas a: ‘se obriga a cumprir a legislação’”. O QUE VEM POR AÍ?

Pessoas praticando esportes no Parque do Ibirapuera, zona sul de São Paulo cinco parques foi suspensa pela própria prefeitura. As justificativas foram a edição do texto e esclarecimentos sobre obrigatoriedades de investimentos e melhorias nos espaços.

Em janeiro de 2019, o edital foi republicado com as novas especificações; no entanto, em 8 de maio, o Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) entrou com um pedido judicial para a sua suspensão

e anulação. No documento, o MP acusa a prefeitura de não garantir a proteção ao meio ambiente necessária e afirma que “as obrigações ambientais da minuta do contrato estão previstas em redação

Polêmicas à parte, a prefeitura oficializou no dia 14 a concessão do Parque Ibirapuera, tendo como vencedora a Construcap CCPS Engenharia e Comércio, que apresentou proposta financeira de R$ 70,5 milhões, com 35 anos de vigência. Segundo a gestão municipal, será possível diminuir despesas e garantir a exploração do espaço pela empresa sem que haja cobrança à população. Os outros parques envolvidos no contrato são Eucaliptos (zona sul), Tenente Brigadeiro Faria Lima, Jardim Felicidade e Jacintho Alberto (zona norte) e Lajeado (zona leste). Apesar do resultado,

porém, o início da concessão depende da construção de um plano diretor para a atividade, fruto de acordo entre a Secretaria de Desestatização e a Secretaria do Verde e Meio Ambiente e o MP-SP. O documento deve ficar pronto nos próximos seis meses. A repercussão da proposta é mista. Marivaldo Soares Flores, de 47 anos, não acha essa ação válida. Vendedor no parque Ibirapuera há 30 anos, pensa que “o próprio parque pode se manter”. “Temos muitos pavilhões aqui que podem ser usados para gerar alguma receita”, afirma. A reportagem tentou contato com a prefeitura de São Paulo para obter esclarecimentos, mas não teve resposta até o fechamento desta edição.

ATLÉTICAS

Bianca Marques e Giselle Magno

Com o propósito de dar impulso a parcerias entre a gestão da São Judas e a comunidade universitária, a Liga Geral das Atléticas é a mais nova aliada dos estudantes que levam o nome da instituição a competições esportivas. O grupo tem a responsabilidade de representar e fortalecer a atuação de dez atléticas, que hoje representam diferentes cursos da universidade. Em 2019, a novidade é o fortalecimento do diálogo entre a diretoria

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da São Judas e a Liga, com apoio financeiro e não financeiro para as atividades. “Entendemos que é importante contribuirmos para a promoção de jogos e para que as atléticas aumentem sua participação em torneios e amistosos, uma vez que representam o esforço dos nossos alunos no esporte universitário”, diz Rodrigo Neiva, diretor do campus Mooca. Em janeiro deste ano, um amistoso entre o time de vôlei profissional da São Judas e o time da Liga marcou a parceria, com

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vitória do segundo. Para entrar e assistir ao jogo, na quadra do campus Mooca, a entrada era um quilo de alimento não perecível. “A Liga está tratando as atléticas de maneira diferente. Nossa função é ajudar a estruturá-las, a montar os times e a auxiliar no que for preciso”, diz Mohamed “Hamudi” Anissi, ex-presidente da Atlética de Engenharia por duas gestões, entre 2016 e 2018. Compõem a liderança do grupo, ainda, ex-presidentes e diretores de atléticas da Universidade São Judas.

Midia Center São Judas

Liga fortalece diálogo universidade-estudante

Fim do jogo beneficente São Judas x Liga das Atléticas em janeiro de 2019 A São Judas disponibilizará uma sala para a Liga Geral na unidade Mooca e incentivará maior inte-

gração com outros campi – como Paulista e São Bernardo. Também está em pauta a criação do Inter

São Judas – uma competição que envolverá todas as atléticas e diversas modalidades esportivas.


MAIS VISIBILIDADE

Taça das Favelas fortalece esporte comunitário Isabela Barbosa

Projeto dá visibilidade a times que divulgam comunidade Isabela Barbosa

Organizada pela Central Única das Favelas de São Paulo (CUFA-SP) e produzido pela InFavela, a Taça das Favelas chegou à cidade de São Paulo. O evento de estreia aconteceu em janeiro no Museu do Futebol, localizado no Estádio do Pacaembu, com a presença do embaixador nacional da competição, o ex-jogador Marcos Evangelista de Morais (Cafu). As partidas foram disputadas por 32 times masculinos e 16 femininos, que participaram das peneiras realizadas em São Paulo entre os dias 16

Final masculina da Taça das Favelas: transmissão e divulgação foram massivas e 17 de março. Além de revelar novos talentos no esporte, a competição tem

viés inclusivo, com a participação de moradores de diversas comunidades.

Patrocinam ou dão apoio à iniciativa os governos estadual e municipal, em-

presas de diferentes setores e a representação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil. O jogador Jonatan Andrade, 16 anos, que defende a seleção do Jardim Eliza Maria, localizado na zona norte, ressaltou a importância de participar de um torneio com essa proporção. “É a realização de um sonho e a oportunidade de ser chamado para jogar em algum clube grande, porque há muitos olheiros do futebol assistindo às partidas”. Para Denilson Teixeira da Silva, 17 anos, com-

panheiro de time de Jonatan, o sentimento é de gratidão. Apesar de jogar futebol desde os cinco anos de idade, somente na Taça das Favelas pôde se sentir um jogador profissional. “É um prazer imenso pra mim. É uma honra participar de um projeto tão grande e de tanto peso.” As equipes são formadas por jovens da periferia paulista, de 14 a 17 anos. A final do campeonato foi transmitida pelo canal SporTV. Complexo Casa Verde e Complexo Santo Antônio foram, respectivamente os campeões do futebol feminino e masculino.

PRAIA DE PAULISTANO

"Praia do sol" permite banho na Guarapiranga A típica ideia de que shoppings são as praias dos paulistanos desconsidera que, na zona sul da cidade, já existem áreas para se dar um mergulho ou pegar bronzeado. Conhecida como “prainha” pelos moradores de Interlagos, Capela do Socorro, Grajaú e região, a Praia do Sol faz parte do Parque Praia São Paulo – projeto da Prefeitura Municipal que abrange a revitalização da orla da represa Guarapiranga, um dos principais mananciais da capital. Com funcionamento das 7h às 19h, o parque está na avenida Atlântica (antiga

Robert Kennedy) e oferece espaços dedicados ao lazer e à prática de esportes. O professor Renato Sertano costuma aproveitar as áreas verdes próximas à Guarapiranga. “Os parques lineares às margens da represa, junto com as ciclovias, foram as melhores coisas que a prefeitura promoveu para o lazer e bem-estar dos cidadãos”, avalia. Quadras de futebol de areia, futebol de campo e vôlei e uma área exclusiva para competições, além de playground para crianças, ciclovias e equipamentos de ginástica, fazem parte da infraestrutura. Para quem deseja ficar conectado à internet e às redes sociais, o

alguns usam drogas aqui e na frente de todos e não estão nem aí”, critica.

Ana Paula Reis

Ana Paula Reis e Beatriz Lohana

ESTRUTURA

Às margens da represa Guarapiranga, Praia do Sol é opção de lazer para moradores da região parque possui rede de wi-fi. O parque tem quiosques e ambulantes que vendem água, refrigerantes, cervejas e porções. O comerciante Gabriel Gimenez afirmou à reportagem do Expressão que o movi-

mento não difere muito de outros balneários. “Sábado é o dia mais tranquilo por aqui, mas domingo é movimentado e tudo depende do tempo”, comenta. “O que falta é respeito por parte dos frequentadores,

A Praia do Sol é a mais popular de 18 espaços do tipo no entorno da Guarapiranga. Além disso, cinco parques públicos ajudam a proteger, conservar e promover o uso recreativo do manancial. Há, porém, problemas relacionados ao saneamento: mensalmente, são 50 toneladas de resíduos retiradas todos os meses, e um programa (Nossa Guarapiranga) do governo estadual e da prefeitura já removeu mais de 120 mil metros cúbicos

junho 2019

de lixo da represa e suas margens desde 2011. Apesar de reclamar do saneamento, Gimenez avalia positivamente os esforços de limpeza na região. Sobre a questão do lixo, “a população precisa colaborar", diz. "O pessoal que trabalha no parque e a prefeitura atuam bem”, complementa o comerciante.

PARA CHEGAR LÁ O acesso mais fácil e pela estação Socorro (Linha 9 Esmeralda da CPTM). De lá, vale pegar uma linha de ônibus (sugestão para 697010, 6960-10 e 6000-10).

EXPRESSÃO

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INFOGRÁFICO

Quem é o jovem empreendedor? Conheça o perfil de quem aposta em seu próprio negócio no País

Alexandre Arruda, Eloisa Ribeiro e Mirelly Gusmão

RAIO-X: o caso clássico

Segundo levantamento da Confederação Nacional de Jovens Empresários (Conaje), respondido por pessoas de 18 a 39 anos, 65% dos jovens empreendedores são homens e 35% são mulheres. Do total, 73% têm ensino superior completo e 9% têm ensino médio. Em todo o País, a faixa etária predominante é entre 26 e 35 anos. Entre os jovens de 18 a 20 anos, só 3% são empresários

Paulo Lima, de 27 anos, é dono de sua própria empresa. Quando a abriu, em 2014, a maior dificuldade foi o acesso a capital financeiro. “Resolvi ter meu próprio negócio depois de trabalhar em uma empresa de entregas. Vi que também poderia fazer aquilo. Só que não tinha todo esse dinheiro para investir – foi difícil conseguir fazer tudo e ainda continuar no mercado.”

Faixa etária dos empreendedores

Lide

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Fonte: Conaje

Preparação

5 características do empreendedorismo jovem

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Prop

Nível de escolaridade

Fonte: Conaje

Em média, os empreendedores têm 7,9 anos de estudo no Brasil. Com relação às faixas de escolaridade, cerca de um terço do total tem o fundamental incompleto. Por outro lado, 46% dos jovens já têm grau maior de escolaridade – 30% com ensino médio completo ou incompleto e 16% com ensino superior, completo ou em andamento.

6 requisitos de sucesso

Descobrir uma paixão

Ter um bom planejamento

Encontrar um nicho de mercado

Estar sempre inovando

Estudar para torná-lo real

Ter um capital de investimento

Fonte: Sebrae

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EXPRESSÃO

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