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Coca-Cola e UPAs entram na guerra eleitoral por Maceió

Dantas e JHC disputam vitrine de investimentos e cobram responsabilidades sobre saúde municipal

ODILON RIOS

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Especial para o EXTRA

Ogovernador Paulo Dantas (MDB) e o prefeito de Maceió JHC (PL) estão empenhados na disputa por espaços e obras em todos os cantos da capital. É uma isca para os eleitores.

O mais novo cabo de guerra são os investimentos da fábrica da Coca-Cola na capital: R$ 100 milhões e 1.500 empregos em uma nova unidade fabril de energéticos.

Então, quem fez mais pela empresa? Governo ou Prefeitura?

Em 23 de março a direção foi recepcionada pelo governador no Palácio República dos Palmares, contando com apoio, menos burocracia estatal e isenções fiscais.

Esta semana, JHC visitou a fábrica – a convite da direção – e falou do aumento da produção “depois dos nossos incentivos e desburocratização”.

No meio, a Coca-Cola lucra com a disputa dos dois lados. É um leilão ao contrário: quem dá menos para manter a multimilionária rede de refrigerantes pagando poucos impostos e subsidiada ao extremo numa terra cercada de pobreza e desemprego por todos os lados.

O governo do Estado diz que a Prefeitura deveria assumir as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da capital: são 7, mas somente 2 estão sob responsabilidade do Município.

A Prefeitura reclama que o governo está abrindo buracos pela cidade através da BRK, que executa obras de saneamento na região metropolitana.

Tudo isso é café pequeno perto dos estrategistas, operando nos dois lados:

- O grupo do senador Renan Calheiros (MDB) deve mudar a direção do diretório do partido na capital, saindo o deputado es- tadual Galba Novaes (MDB) do comando da legenda para que o deputado federal Rafael Brito (MDB) seja viabilizado na disputa municipal. A família Novaes está com JHC;

- Já o lado do prefeito tenta conter a sanha do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), em ocupar cargos comissionados e até mandar na administração municipal. Lira e JHC assinaram uma parceria que vale para a administração e as eleições. Mas o deputado não está cumprindo sua parte no acordo.

Dentro dos grupos, existem problemas e cobranças. Dantas é cobrado por hospitais privados, que falam em dívidas atrasadas e os sindicatos que cobram reajuste nos salários do funcionalismo. Dantas ofereceu zero.

JHC ofereceu 6% de reajuste em abril e 1% para outubro, mas não agradou, enfrentou greve geral ano passado e autorizou aumento na passagem de ônibus, agora em R$ 3,49. E vê sua popularidade abalada nas redes sociais, onde as críticas são mais explícitas e contundentes. Como se defendem?

Paulo Dantas – A Prefeitura não assume a sua parte na Atenção Básica à Saúde e os atendimentos nos hospitais estouram na rede pública administrada pelo Estado.

Quanto ao reajuste zero, números do Tesouro Estadual mostram que a despesa bruta de pessoal pulou de R$ 5,4 bilhões em 2021 para R$ 6,4 bilhões, “ano em que diversas carreiras públicas foram reestruturadas beneficiando os servidores”.

“Além disso, em 2021 houve aumento salarial de 4,52% e em 2022 de 10,06%, como também uma revisão especial para os profissionais da área da Segurança Pública em 15%. Outro exemplo apresentado foi a instituição do Teto Remuneratório Único, o qual traz um impacto de R$ 242 milhões até 2025, sendo que 24 carreiras foram beneficiadas pela reestruturação salarial”, diz o governo.

JHC- Os problemas na Atenção Básica vêm de décadas e semanalmente as pessoas são atendidas nos bairros em mutirão para desafogar os postos de saúde.

Quanto ao reajuste da passagem de ônibus: não terá grande impacto a quem recebe o salário mínimo. Segundo a Prefeitura, “há dois anos, quando a passagem foi reduzida em trinta centavos, caindo de R$ 3,65 para R$ 3,35, com o salário mínimo valendo R$ 1.100,00, o gasto relacionado ao transporte era correspondente a 13,40%. Considerando o salário mínimo vigente (R$ 1.320) e o gasto com 44 passagens em um mês, apesar da recomposição no preço, o maceioense irá comprometer um percentual ainda menor do orçamento doméstico: 11,63%”.

“Vale ressaltar, que no edital do contrato de concessão do serviço de transporte público coletivo de passageiros no município de Maceió está previsto um aumento anual da tarifa. No entanto, esta é a primeira vez na atual gestão que é tomada a decisão de recompor os valores, para diminuir as perdas com a inflação no biênio”, diz a Prefeitura, em nota.

Como se vê, essa série vai longe. Há fortes emoções à vista.

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