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Alagoanos comprometem 12% da renda familiar com cigarro

Dados são do Instituto Nacional do Câncer que promove a campanha

BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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Alagoas

é o segundo estado brasileiro onde os moradores mais destinam uma parcela significativa de sua renda familiar para a compra de cigarros industrializados. Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), divulgada na quarta-feira, 31, durante o lançamento da campanha “Precisamos de comida, não tabaco”, da Organização Mundial da Saúde (OMS), os alagoanos gastam, em média, 12% da renda familiar per capita mensal com cigarros.

O estudo, conduzido pela Divisão de Pesquisa Populacional do Inca, revelou que, de maneira geral, os brasileiros fumantes destinam cerca de 8% de sua renda familiar per capita mensal para a aquisição de cigarros industrializados, ou seja, os alagoanos estão acima da média nacional. No entanto, entre os fumantes na faixa etária de 15 a 24 anos, esse gasto chega a quase 10% da renda, e atinge 11% entre aqueles com ensino fundamental incompleto.

No estudo, o médico André Szklo destacou que a variação no comprometimento da renda com cigarros está mais relacionada ao rendimento do que ao gasto em si. Pessoas de baixa escolaridade e que vivem em estados ou regiões com menor renda média apresentam uma contribuição relativa maior para o gasto com cigarro. Os dados utilizados no estudo são provenientes da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019.

A pesquisa também apontou que as regiões Norte e Nordeste são as que concentram os maiores gastos com tabagismo. No Acre, estado com o maior comprometimento de renda, os gastos com cigarros chegam a 14%. Em Alagoas, que figura como um dos maiores produtores de tabaco no país (gráfico acima), esse percentual é de 12%, seguido por Ceará, Pará e Tocantins, com 11% cada. Já as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste apresentam índices menores de comprometimento de renda com o tabagismo.

André Szklo ressaltou que essa diferença entre os estados é resultado de duas variáveis: o gasto médio mensal com cigarros e o rendimento médio dos domicílios onde residem os fumantes. Por exemplo, embora Mato Grosso do Sul tenha um comprometimento menor da renda, isso pode ser atribuído tan- to a um rendimento domiciliar mais elevado nas famílias com pelo menos um fumante, quanto a um gasto proporcionalmente menor desse fumante, possivelmente devido ao preço do produto.

É importante destacar que o consumo de tabaco não apenas afeta a saúde individual, mas também representa um ônus financeiro significativo para as famílias.

A campanha “Precisamos de comida, não tabaco” busca conscientizar sobre os danos do tabagismo e incentivar a redução do consumo de cigarros, enfatizando a importância de destinar recursos financeiros para necessidades básicas, como alimentação, em vez de gastá-los com tabaco.

Como se consome um cigarro muito barato no Brasil, André Szklo disse que isso leva a pessoa a não parar de fumar e, também, que adolescentes e jovens, principalmente, acabem sendo motivados e conduzidos a começar a fumar, estimulados pelo preço muito baixo. O pesquisador alertou que o gasto com cigarro que está comprometendo a renda domiciliar poderia ser aproveitado de outra forma, como no consumo de alimentos saudáveis ou investindo em atividades de lazer, físicas, esportivas, de prevenção de uma série de doenças. Mas, ao contrário, ele está sendo direcionado para o consumo de cigarros.

Como sugestão, ele destaca a importância de ser criado de fato um imposto específico para produtos derivados do tabaco, de forma que se possa voltar a ter aumento de preço. Os recursos desse imposto seriam canalizados para o Sistema Único de Saúde (SUS), por exemplo, para tratamento de doenças relacionadas ao uso do tabaco.

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