Emancipacao 2018

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2 EMANCIPAÇÃO

Cachoeiro, 151 anos de destaque Rio e ferrovia marcam história do desenvolvimento de povoado erguido em vale a poucas dezenas de quilômetros do litoral

O povoamento ocorreu em um ponto do vale a poucas dezenas de quilômetros de distância do litoral, às margens do principal recurso natural da região, que forma bacia hidrográfica com mais de seis mil quilômetros quadrados. O Rio Itapemirim, que inspirou o seu nome, foi crucial para o surgimento do vilarejo, que posteriormente perceberia ascensão econômica, social e cultural sem precedentes no Espírito Santo, até então. O porto de Itapemirim, no encontro do rio com o Oceano Atlântico, era o mais movimentado do Estado, prevalecendo até o início do século passado.

A locomotiva Bayer Garrat deixando Cachoeiro de Itapemirim em seu primeiro teste de cargas, em 26 de março de 1930. (W. Cyril Williams: The Leopoldina)

A maior parte da principal riqueza econômica no período, o café, era produzida no Sul capixaba, lembrou o historiador Luciano Retore Moreno. Cachoeiro, portanto, tornou-se importante entroncamento ferroviário. A cidade chegou a ter 14 trens diários de passageiros, além dos cargueiros, na primeira metade do século XX, segundo o pesquisador Paulo Henrique Thiengo. Toda a produção exportada ou importada por parte de Minas Gerais e o restante do Espírito Santo passava pelo município sulino. O que significou uma das molas propulsoras do desenvolvimento da cidade.

Pioneirismo

Data Cachoeiro de Itapemirim comemora neste domingo 151 anos de emancipação política. A instalação da Câmara Municipal ocorreu em 1867. Seu perímetro territorial no passado era expressivo. Abrangia os atuais municípios de Vargem Alta, Rio Novo do Sul, Castelo, Alegre, Guaçuí, Atílio Vivácqua, Muqui,

e se estendia até a região do Itabapoana, alcançando Rio Pardo (Iúna), São José do Calçado, além de outras localidades. A data da emancipação não foi escolhida por acaso. Era o aniversário da primeira e única Constituição do Brasil Império, que fora outorgada por D. Pedro I em 25 de março de 1824.

Durante o ciclo da cana-de-açúcar, Cachoeiro, apontam historiadores, era um povoado perdido às margens do Rio Itapemirim, em uma região no qual o seu percurso é muito encachoeirado (daí o nome). O princípio da transformação se dá a partir de meados do século XIX.

Em 1864, Cachoeiro deixa de pertencer a Itapemirim. Mesmo a cidade sendo independente economicamente, ainda não estava garantida totalmente a sua emancipação política. Ela só acontece quando fazendeiros se mobilizam e decidem alugar uma casa situada na via onde é hoje a Rua

25 de Março. Finalmente, em 1867, a Câmara Municipal é instalada e Cachoeiro, emancipada. Sua evolução econômica aconteceu ao longo da era do café, sobretudo com a construção da ferrovia (Leopoldina Highway) para escoar a o opulente produção (de todo o Estado a maior) do

próprio município e das cidades vizinhas. Cachoeiro, apesar de não ser a capital, foi pioneira no Espírito Santo em vários aspectos. Por exemplo, teve acesso por ferrovia ao Rio de Janeiro, então capital brasileira, antes mesmo de Vitória. E também à luz elétrica.


3 ECONOMIA

Expectativa de porto e desafio da urbanização Economista e ambientalista reforçam importância de capacitação de mão de obra e planejamento urbano

Principal centro econômico do Sul do Espírito Santo, Cachoeiro de Itapemirim é o segundo núcleo mais importante do Estado, só ficando atrás da Grande Vitória. Polo internacional de rochas ornamentais maior centro de beneficiamento das Américas, o município é responsável pelo abastecimento de 80% do mercado brasileiro de mármore. Na região, encontra-se uma mega jazida do recurso mineral. O setor de comércio e serviços também é expressivo, gera milhares de empregos. Sobressaem-se ainda indústrias dos ramos de

laticínios e metalmecânica dedicada ao setor de rochas. A pecuária e a cafeicultura ainda são atividades significativas. PORTO Na visão do economista Yuri Sabino, a expectativa de fomento da economia local agora gira em torno do Porto Central, em Presidente Kennedy. O megaempreendimento de cerca R$ 3 bilhões teve a sua licença de instalação concedida recentemente pelo órgão ambiental federal IBAMA e deve começar a ser construído no próximo ano. Trata-se de um com-

plexo industrial-portuário privado de águas profundas, de classe mundial. O que promete colocar o Espírito Santo na rota dos maiores navios em operação no globo. “O Porto Central tem capacidade para atrair a ferrovia que ligará Vitória até o Porto de Açu, em São João da Barra, no Rio de Janeiro – quando as obras forem iniciadas, a via férrea deve começar a sair do papel”, destaca Sabino, um estudioso da infraestrutura capixaba. Porém, o economista faz a seguinte ressalva: “o progresso tem que ser planejado. Cres-

cimento econômico costuma gerar impacto ambiental e social também”. O investimento em educação, a capacitação de mão de obra, reforça Sabino, são imprescindíveis. “Um curso de Comércio Exterior, por exemplo, é fundamental. Por conta do ramo de rochas, do café, e agora por causa do setor portuário”. EXPANSÃO A expansão de Cachoeiro em direção às localidades de São Joaquim e Safra - liderada por projetos de empreendimentos da Selita (maior cooperativa de laticínios do Estado),

Unimed Sul Capixaba e do grupo educacional Multivix – abre novas perspectivas e chama atenção para a necessidade de planejamento urbano. “Penso que o crescimento de uma cidade precisa respeitar os limites estabelecidos pela lei em relação às margens dos rios e córregos, áreas de APP, topo de morros etc.”, aponta o ambientalista João Luiz Madureira Júnior. “Não podemos mais nos dar ao luxo de desrespeitar premissas básicas. A recente tragédia de Rio Novo do Sul nos mostrou isto. Crescer com sustenta-

bilidade e integração cidade/natureza”, diz, referindo-se à enxurrada que inundou o município vizinho no fim de semana passado. “Penso que a impermeabilização dos solos é grave. Deve-se evitar usar asfalto e procurar alternativas, como PAVS (bloquetes). Arborização é fundamental para amenizar áreas urbanas com focos comerciais e industriais. O futuro é o que a gente constrói hoje”, conclui o ambientalista, que desenvolve projetos de arborização urbana, preservação da vegetação de restinga e das falésias da região


4 25 DE MARÇO

História, arte e cultura na

Em trecho que antigamente servia a tropeiros e mascates ainda estão de pé casarios centenários e outras edificações que se aproximam desse tempo de existência Cachoeiro de Itapemirim polariza a segunda região mais populosa do Estado, perdendo apenas para a metropolitana. O município conta atualmente com mais de 220 mil habitantes, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A cidade já foi carinhosamente apelidada de “Princesa do Sul” e de “A Capital Secreta do Mundo”. É berço de

uma legião de ilustres, como Roberto Carlos, Sérgio Sampaio, Rubem e Newton Braga, Raul Sampaio, entre muitas outras personalidades, talentos que se despontaram em diversas áreas do conhecimento humano. Uma de suas mais belas ruas é a que foi batizada com a data histórica: 25 de Março. Situada na região central, abriga casarios centenários e

outras edificações que se aproximam desse tempo de existência. No trecho que antigamente servia aos tropeiros e mascates existe um verdadeiro corredor cultural e histórico do município. Na Rua 25 de Março estão a Casa dos Braga, o Centro Operário e de Proteção Mútua, a Casa da Memória e ainda a Casa do Estudante.

Emancipação Política de Cachoeiro

151 Anos de história

“Modéstia à parte, eu sou de Cachoeiro de Itapemirim”. Rubem Braga


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rua onde Cachoeiro surgiu Foto Divulgação

Em evidência, alguns dos imóveis históricos preservados, patrimônios culturais que representam parte da história viva de Cachoeiro de Itapemirim: Casa da Memória

Construída na década de 1920, a edificação que se tornaria no futuro um museu, com o nome Casa da Memória, foi tombada em 22 de dezembro de 1988. Casa dos Braga Um dos locais mais emblemáticos da cidade, a casa que abrigou o cronista Rubem Braga e o seu irmão poeta Newton na infância serve à população como biblioteca pública. Também é palco de eventos culturais, como lançamento de livros, saraus etc. Centro Operário O imóvel do Centro Operário e de Proteção Mútua tem mais de um século de existência. A entidade que ali funcionou é considerada precursora do sindicalismo brasileiro. Muito antes da fundação dos primeiros sindicatos, exercia funções de interesse do trabalhador, segundo historiadores locais. Casa do Estudante Fundada em 27 de março de 1947, por Pedro Estellita Herkenhoff, a Casa do Estudante de Cachoeiro de Itapemirim (CECI) foi, até a década de 1970, local de formação política e polo de irradiação cultural para várias gerações de jovens cachoeirenses.


6 TRADIÇÃO

Desfile cívico marca 151 anos de emancipação Banda marcial do Tiro de Guerra acompanha estudantes neste sábado pelo coração da cidade

Neste sábado, véspera do dia que Cachoeiro de Itapemirim completa 151 anos de emancipação política, desfile cívico escolar no centro da cidade vai exaltar a data. Desta edição do tradicional evento a Prefeitura informa que participam mais de 100 estudantes da rede pública municipal de ensino, acompanhados pela banda marcial do Tiro de Guerra. A concentração está agendada para 8h00, na Rua 25 de Março, em frente ao Shopping Cachoeiro. Marcado para começar às 9h00, o desfile partirá em direção à Câmara Municipal, onde haverá hasteamento das bandeiras e execução do Hino Nacional. Depois, por volta das

9h40, a comemoração segue na Praça Jerônimo Monteiro, com série de apresentações culturais (confira a programação completa no quadro). A organização é da Secretaria Municipal de Educação (Seme), por meio da Gerência de Arte, Cultura e Diversidade. Os alunos representam as escolas Zeni Pires Ferreira, do bairro Amaral, e Oswaldo Machado, do Baiminas. Também integram o desfile discentes matriculados em aulas de contraturno no Centro Integrado de Atividades Educacionais (Ciae) Newton Braga, do bairro Ferroviários. TEMA O tema deste ano, “Escola: Potência da vida”,

tem como objetivo oportunizar o desenvolvimento da cidadania através de atividades educacionais sobre a emancipação do município, trabalhadas, nas salas de aula, em todas as unidades de ensino da rede. “Cachoeiro possui, em sua trajetória, uma história de lutas e conquistas até sua emancipação política. Comemorar esse dia é pensar sobre as mudanças ocorridas nesse período aos dias atuais, que afetam ou não o aluno, a escola e sua comunidade, refletindo o quanto somos importantes na construção histórica do nosso município e, consequentemente, no exercício da cidadania”, justifica a secretária municipal de Educação, Cristina Lens.

Foto Divulgação

PROGRAMAÇÃO 8h – Concentração em frente ao Shopping Cachoeiro, com os estudantes envolvidos 9h – Início do desfile, com destino à Câmara Municipal, hasteamento das bandeiras e execução do Hino Nacional 9h40 – Apresentações

* Performance das balizas do Ciae, com a música “Maria Maria” * Solo de dança da aluna Ana Clara Bonfim, do Ciae, com a música “Pintor do mundo” * Performance de dança do Ciae, com a música “Alegria” * Encerramento

culturais na Praça Jerônimo Monteiro * História da emancipação política de Cachoeiro, narrada por estudantes do Ciae Newton Braga * Performance do balé infantil do Ciae, com a música “Eu sei que vou te amar”

FOTO: Alexandre Marcondes

Cachoeiro - 151 Anos Parabéns ao município e seus cidadãos

Nós, da Câmara Municipal de Cachoeiro de Itapemirim, há 151 anos estamos cada vez mais presentes e atuantes em nosso município. Trabalhamos para promover mais qualidade de vida para todos que moram aqui. A nossa história é construída, dia a dia, com a sua cooperação. Participe, acompanhe e fiscalize nosso trabalho. Sessões, toda terça-feira, às 14 horas. www.cachoeirodeitapemirim.es.leg.br

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CÂMARA MUNICIPAL de Cachoeiro de Itapemirim

Por você e nosso município.


7 POLÍTICA

MDB representa luta pela redemocratização em Cachoeiro

Movimento, que lutou contra a ditadura militar, deixou importante legado cultural na cidade

Foto Divulgação

Anos de chumbo. Quem viveu este recente período da história do Brasil sabe o que foram os anos em que a liberdade política da população brasileira foi tolhida. Muitas pessoas foram presas, torturadas e mortas em nome de um regime totalitário e violento. Foi nesse contexto que surgiu o movimento sócio-

-político que patrocinou a resistência contra a ditadura militar e reuniu a esquerda nacional. Em Cachoeiro de Itapemirim, o movimento foi encabeçado por lideranças como os ex-prefeitos Hélio Calos Manhães, Gilson Carone e Roberto Valadão, que marcaram a história política e administrativa da cidade.

Sob suas batutas, obras como a segunda etapa da Avenida Beira Rio, o Parque de Exposições do bairro Aeroporto, o Centro de Manutenção Urbana – CMU e o Aeroporto Municipal “Raimundo Andrade” elevaram o perfil progressista do município. No campo cultural, o MDB deixou legados

como a Feira da Bondade, a Bienal Rubem Braga, as casas da Memória e dos Braga e a Semana do Rei. Cachoeiro e o MDB, em especial no campo da cultura, são como gêmeos siameses. O movimento, entretanto, também sentiu os efeitos do tempo e necessitou ser renovado. Sabedores dessa premência, empresários, li-

deranças setoriais e de bairro estão imbuídos no processo de renovação do partido, liderados pelo médico e ex-vereador pelo PMDB, Adail Edmundo Lima, tendo como braço direito o empresário Luís Bandeira. Históricos do MDB também colaboram com a renovação, como o próprio Roberto Valadão, um decano do partido

e talvez o mais antigo e respeitado emedebista do Espírito Santo. Unindo o novo e o tradicional, o MDB celebra a emancipação do município num momento político singular do Brasil, onde as ruas, antiga força motriz do partido, buscam por recuperar sua importância histórica no destino do país.


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