Jornal Focas no Esporte 2013.1 - MANHÃ

Copa

o rn al de eci CaEsp

no Esporte

PÁG. 5 a 8 Jornal Laboratório da Faculdade Cearense | Curso de Jornalismo | Fortaleza | janeiro a julho 2013

Foto: Eduardo Cunha

A cidade é nossa Praias, praças e quadras são locais para as práticas de esportes urbanos

Em Fortaleza, os esportes urbanos ganham cada vez mais espaço. Praças, parques, praias e quadras são os lugares mais frequentados pelos que praticam esportes radicais. PÁG. 9 a 12

boa forma

ARTES MARCIAIS

Uma arte sem preconceitos

Devido à correria do dia a dia, as pessoas buscam opções que prometem rapidez nos resultados para obter uma boa forma PÁG. 13

Sangue, suor e lágrimas marcam a 2ª edição do The Ultimate Fighter PÁG. 16

Mulheres de todas as idades e portes físicos encontram seu espaço nas danças árabes PÁG. 15

RIVALIDADE

movimentos urbanos

MULHER

Território de Guerra

Modal Bike

A violência no futebol cearense toma proporções inimagináveis e torna a ida ao estádio um risco PÁG. 3

Os desafios, as soluções e os prazeres de quem decidiu usar a bicicleta como meio de transporte PÁG. 12

Mulheres lutam pela boa forma

Foto: Cecília Costa

Fortaleza entra na rota do MMA

Foto: Arquivo pessoal

Foto: Getty Images

Treinamento funcional

Dança do ventre

PÁG. 14

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Focas no Esporte Jornal Laboratório

OMBUDSMAN

EDITORIAL Ano de 2013, período de Copa das Confederações, a um ano da Copa do Mundo.

O mais óbvio seria falar de futebol, mas o Focas no Esporte tem um diferencial. Preferimos dar ênfase aos esportes que estão fora das grandes mídias, esportes urbanos como o le parkour e slackline. Também esportes que, muitas vezes, nem saberíamos que são esportes, como treinamento funcional, artes marciais e danças.

Sabemos que a prática esportiva traz consigo algumas problemáticas. Estão atrelados a fatores financeiros e, principalmente, humanos, já que a violência no esporte se tornou um problema de cunho social.

Contudo, é preciso lembrar do prazer proporcionado pelo exercício físico e seu bem à saúde. Mudando a vida das pessoas, deixando de ser hábito para se tornar profissão.

Priorizamos esportes alternativos, mas não poderíamos ignorar e deixar de lado a grande paixão dos brasileiros: o futebol.

Nesta edição, temos um caderno especial sobre a Copa das Confederações vista através de novos ângulos. Neste caderno, abordamos pontos positivos e negativos, com o intuito de melhor informá-los. Desejamos, então, uma deliciosa leitura!

Ser jornalista é um dos maiores desafios para a mente humana. Digo sempre aos recém-chegados à universidade que ao entrar em uma sala de aula do curso de comunicação, o aluno precisa se preparar para ser o centro das atenções entre seus amigos e familiares. Todos vão querer saber sua opinião sobre os mais diversos assuntos, desde aquele episódio da novela que está na boca de todos, até o veredito se os Estados Unidos estão agindo certo ao ameaçar invadir a Síria, ou mesmo se a funkeira Anitta é apenas uma Kelly Key melhorada. Portanto, para ser um bom jornalista é necessário ler muito, e sobre tudo. Mas também há que se especializar em alguma área - meio ambiente, economia, política, ciências, e, claro, esportes.

O Focas desta edição é um ensaio perfeito da peleja intelectual que todo jornalista precisa enfrentar até o fim da vida. Certamente alguns preferiam escrever sobre outros conteúdos, mas o assunto - esportes - instiga a capilaridade que serve como treino para esses futuros profissionais da comunicação, como se vê nas pautas do folhetim: exemplos de vida, novas modalidades esportivas, o que está na moda, rivalidades no futebol, boa forma e saúde, as oportunidades do mundo da bola, dentre outras matérias.

artigo

Além da predominância de reportagens que buscam mostrar bons exemplos, característica usual em publicações temáticas, o Focas faz uso de denúncias e questionamentos, prática sempre necessária no bom jornalismo. É o que se lê nos textos “Território de Guerra”, “A nada agradável combinação drogas e torcida”, e “O Prazer de torcer versus o medo de viver” (na verdade, o título deveria abordar o medo “morrer”) pag. 3; na entrevista “Não existe paz entre Tuf e Cearamor” (pag.

4); e nas matérias “A Copa mais cara da história”, e “Programa de Voluntariado do Governo Federal bate recorde de desorganização em Fortaleza”, ambas do Caderno Especial.

Furto-me a obrigação de tecer críticas mais ácidas ao trabalho dedicado da professora Klycia e seus pupilos. Até porque erros de edição e detalhes técnicos no uso de fontes, títulos, fotos e legendas podem ser revistos e entram na seara do corrigível.

Deixo minha admiração e votos de longevidade profissional a todos que participaram de mais essa edição do Focas. Nos vemos no mercado, e na vida. Bola pra frente, sempre.

Gevan Oliveira

Jornalista da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) e professor de jornalismo da FaC.

EXPEDIENTE Quer falar conosco?! Escreva-nos jornalfocas@gmail.com

Conselho editorial Cecília Costa // Jéssica Capistrano // João Lucas // Mariana Cunha // Pedro Henrique Silva // Vanessa Carvalho Projeto gráfico André Luís Cavalcanti Diagramação Thiago Cordeiro Bezerra - @thijoey Ombudsman Prof. Gevan Oliveira Orientação e revisão da edição Profa. Klycia Fontenele Coordenadora do Curso de Jornalismo Profa. Luana Amorim Gestor Acadêmico Prof. Marco Antonio Diretor Geral Prof. José Luiz Torres Mota Tiragem: 500 exemplares Faculdade Cearense - Campus I: Av. João Pessoa, 3884 Damas.

Fortaleza - Ceará. Fone: (85) 3201.7000. www.faculdadescearenses.edu.br Quer falar conosco?! Escreva-nos jornalfocas@gmail.com

Cecília Costa Mais do que um sonho para o atleta, o esporte é um meio de subsistência.

Em todas as modalidades o dinheiro está agregado ao êxito no desempenho dos esportistas. Faz-se necessário um investimento para obter um local próprio para treinamento, é preciso suporte técnico e materiais adequados. O patrocínio ainda é a forma mais eficiente de conseguir apoio na carreira esportiva. Surgem assim as relações comerciais entre atleta e investidor.

O esporte tornou-se troca de interesses.

O empresário aposta em um esportista ou em um clube, mas ele espera ser retribuído. Se não houver a troca de favores, não há sociedade. Mas nem sempre o atleta está na sua melhor fase, às vezes fatores físicos e psicológicos o impedem de vencer em alguma competição. A pressão em cima do atleta abala a relação com seu patrocinador e a carreira do profissional do esporte fica por um fio.

Não se deve pensar no atleta somente como uma máquina de produzir dinheiro.

Deveria haver subsídios necessários para que haja uma estabilidade para os esportistas. A cobrança amedronta e a dispersão desestimula.

Vanessa Carvalho Quando se fala em Copa do Mundo, há um assunto do qual as pessoas não se esquecem: a estética. Frequentar a academia é bom para melhorar a saúde, mas existem pessoas sem paciência de esperar até conseguir resultados. Quantos brasileiros estão agora se preparando para a Copa de 2014 perdendo calorias com remédios, desejando serem notados? Provavelmente vários, e este assunto merece uma análise aprofundada.

A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que, na América Latina, entre 0,5% e 0,7% da população entre 15 e 64 anos (cerca de 1,34 milhão e 1,89 milhão de pessoas) usam remédios para emagrecer, à base de substâncias chamadas anfetaminas. O Brasil se manteve como um dos países com maior prevalência e número absoluto de usuários desses medicamentos na América do Sul. De acordo com uma pesquisa nacional relatada no estudo, 10,5% dos estudantes brasileiros relataram o uso de anfetaminas em 2009. A porcentagem foi maior entre as mulheres, 14,1% do que entre os homens, 5,5%.

Aqui entraríamos em outra questão: até onde vale a pena ir para copiar padrões de beleza. O que fica é que, no fim, ganham os vendedores irresponsáveis das soluções que não pedem receita médica.

Investir no esporte virou “moda”

A indústria de milhões Focas no Esporte é uma publicação da disciplina Laboratório de Jornalismo Impresso, da Faculdade Cearense - Turma 2013.1 manhã. Os textos assinados refletem o trabalho jornalístico dos estudantes da disciplina.

Doses de beleza no esporte

Mariana Cunha Com a aproximação de grandes competições no Brasil, o mercado esportivo virou uma boa opção para quem quer investir e obter lucros, de maneira rápida. A Copa das Confederações em 2013, Copa do Mundo em 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 atraem empresas do mundo inteiro. Embora o que se veja seja mais expectativa do que ação de fato, há grandes investimentos nos atletas e até os próprios estudantes estão se profissionalizando no marketing esportivo.

A perspectiva para que esses investimentos tragam desenvolvimento para o país é grande e deixa o mercado aquecido. Mas e depois? Como será o esporte no país em 2017? Atualmente, o dinheiro para a área esportiva vem fácil, mas sem inteligência e conhecimento em marketing, fica difícil ter uma injeção de crescimento sólido no campo. E depois dos Jogos Olímpicos, quando a moda mudar? Enquanto não houver profissionais capacitados, pensando em aplicar seriamente no esporte, as grandes empresas continuarão a lucrar em cima desses eventos e em cima dos atletas que têm de se submeter a diversas obrigações, como treinos rígidos, para se tornarem os melhores profissionais.

Por trás do esporte

Joáo Lucas O esporte tende a ser prazeroso e sadio, mas quando o mercado por trás dele se torna uma grande responsabilidade, o caráter prazeroso e divertido pode acabar.

Ou seja, a diversão se torna obrigação, que muitas vezes se torna decepção e frustração.

Há quem consiga ter o domínio de diferenciar prazer e dever. Mas o que se vê bastante são atletas em ótimas condições financeiras, mas que não se sentem realizados.

O esporte historicamente representa saúde, diversão, bem-estar e lazer. Diferente do que tem acontecido atualmente, o atleta não pode mais cometer erros, só há espaço para a vitória e, principalmente, o ganho financeiro. Infelizmente o esporte se tornou mais lucro para alguns, do que prazer para outros.

Ainda existem aqueles que ficam alheios ao mercado e utilizam o esporte como ferramenta de trabalho sem ficarem reféns do mercado esportivo e não visam ao lucro a qualquer custo. Enfim, o mercado esportivo prejudica sim os atletas de todas as modalidades, tanto quanto prejudica os amantes do esporte.

Focas no Esporte Jornal Laboratório

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RIVALIDADE

ARTIGO

Território de Guerra

A nada agradável combinação: drogas e torcida

A violência no futebol cearense, geralmente incitada pelas torcidas organizadas, toma proporções inimagináveis e torna a ida ao estádio um risco. A fragilidade do policiamento e do Juizado do Torcedor reforçam o clima de insegurança Israel Carneiro

J

á faz certo tempo que a ida ao estádio deixou de ser um programa familiar. A violência no futebol é um problema crônico e que se arrasta há vários anos, sem nenhuma solução mais enérgica. De acordo com o levantamento feito pelo Lancenet, um dos principais sites esportivos do Brasil, até o mês de abril do ano passado, já se tinha registro de 14 mortes na capital cearense e nos últimos dez anos foram registrados 23 ocorrências. O caso de maior repercussão e que ainda está sendo investigado pela Polícia Civil foi o duplo homicídio que ocorreu em abril último, em um domingo de Clássico-Rei. Antes da partida entre Ceará e Fortaleza, torcedores trocaram tiros e dois deles acabaram mortos.

Não só o número de homicídios assola o futebol cearense. Tráfico de drogas, roubos, vandalismo e rivalidade agravam ainda mais o caso, já que não há controle de quem entra e sai dos estádios. Para coibir infrações previstas no Estatuto do Torcedor, durante os jogos, desde maio do ano passado, a Defensoria Pública disponibiliza o Juizado do Torcedor nos jogos que acontecem no Estádio Presidente Vargas e, nas partidas mais recentes, na Arena Castelão. De acordo com o coronel Carlos Ribeiro, do Comando de Policiamento da Capital (CPC),

um dos principais pontos previstos no Estatuto, e que conseguiria coibir ações delituosas, é o controle de acesso dos torcedores ao estádio, através do Cartão do Torcedor e a venda antecipada mediante um cadastro prévio. A pretensão é que haja esse controle através do cartão do torcedor, no qual o identifica.

“Todo torcedor tem que ser identificado com o cartão do torcedor. Isso já era pra estar em atividade pela Federação [Cearense de Futebol]. A outra medida é a venda antecipada de ingressos, como é feita na Europa, isso evita que pessoas, que provocam violência e desordem, entrem no estádio.”, explica o coronel da CPC. O comandante do Comando ainda detalha que o policiamento ostensivo é reforçado nos dias de jogos do Clássico-Rei, com policiamento a pé e motorizado e ainda policiamento montado em cavalos. Por outro lado, o personal trainner e professor de educação física, Francisco Eudes Bezerra, que assiste aos jogos no Estádio, ressalta as atitudes precipitadas dos policiais. “A polícia de eventos é totalmente despreparada, não difere quem é cidadão e vândalo, já chega batendo, falando de forma mal-educada. Não serve nem pra tirar dúvidas quanto ao translado das torcidas, entradas no estádio. Despreparo total!”, reclama.

Já Elisianny de Sousa Nunes, que mora a cerca de 150 metros da Arena Castelão e sempre vai ao jogos, aprova o trabalho de policiamento. “Quando há Clássico no Castelão a tor-

cida do Fortaleza sai primeiro, e depois de 40 minutos saímos. Nos sentimos mais seguros, pois nos Clássicos os policiais fizeram a volta no estádio para que não fique nenhum torcedor adversário.”, relata a estudante de 17 anos.

O clima de insegurança não só afeta as ruas e as áreas próximas à Arena Castelão: as vendas de ingressos caíram sensivelmente e ficam em torno de nove mil ingressos por jogo, de acordo com os dirigentes dos principais times cearenses. Muitas famílias preferem ficar na proteção de suas casas e ver a partida pela TV, já que a violência inicia-se geralmente antes dos jogos. O auxiliar de secretaria Everton Ytalo diz que não é raro presenciar agressões entre torcedores. “Em dias de Clássico é natural ver brigas de torcidas nas ruas. Uma vez na volta do Castelão, meu pai parou o carro em um sinal, chegando ali no terminal da Parangaba, onde vinham vários torcedores da TUF (Torcida Uniformizada do Fortaleza) a pé e um rapaz torcedor da Cearamor (torcida do Ceará) vinha de moto-táxi na rua. Derrubaram o rapaz da moto e bateram muito nele.”, relata.

Era para ser um campo pacífico. Mas não é.

O futebol cearense nunca presenciou tamanha brutalidade. Brutalidade essa que reprime e amedronta todos os fortalezenses. Que o Estatuto do Torcedor seja usado em toda sua plenitude. A população clama por isso. Independente de rivalidade, a paz e tranquilidade devem sempre vencer.

O prazer de torcer versus o medo de viver Vanessa Carvalho

O

prazer de torcer só é equiparado ao prazer de jogar. Quando um jogador entra em ação, sua energia é renovada no grito da multidão de espectadores. Os casos de violência no esporte não eram tão graves, mas essa realidade mudou.

De acordo com uma pesquisa realizada em 1994, o promotor de Justiça Fernando Capez apurou que 15% dos integrantes das torcidas organizadas tinham antecedentes criminais. Segundo o sociólogo Maurício Murad, a porcentagem de torcedores violentos é de 5% a 7% e é difícil calcular quanto são os “brigões” dentro das torcidas organizadas, pois o Governo Federal não tem os números de torcedores organizados no país.

Esse é o principal motivo pelo qual o bancário, Lúcio de Carvalho, teme ver o time do Fortaleza em campo. “Eu costumo levar meu sobrinho para o estádio. Em dias de jogo, a minha expectativa é ver o ‘vuco-vuco’ da torcida, me divertir, ver o time entrar em campo e gritar fazendo gol”, ele diz. No fim, comenta: “Teve uma vez que o sentimento foi muito ruim, porque levei meu filho para o estádio e quando chegamos lá a própria torcida brigava entre si”.

Thamyres Ferreira Está cada vez mais comum ouvir falar do envolvimento de torcedores com tráfico de drogas. Será que podemos considerar essas pessoas reais torcedores? Pessoas que aproveitam das chamadas “torcidas organizadas” para mascarar essa comercialização de drogas acabam manchando o nome do clube que dizem amar e fazendo com que os outros torcedores sejam tachados como tais.

Nas minhas idas ao estádio pude notar torcedores que durante o jogo utilizavam drogas, como por exemplo, maconha e crack. E quem já foi a algum jogo sabe que, a revista que é feita pela Policia Militar é falha e é muito fácil entrar com qualquer objeto que seja proibido, como as bebidas alcoólicas e as drogas, por exemplo.

As táticas utilizadas para essa comercialização chegam a ser curiosas. Conversando com um torcedor ele me confidenciou algumas delas: prendem a droga no pescoço e jogam o cabelo para esconder, colocam dentro do boné... Os ambulantes também atuam escondendo as drogas dentro do isopor, colocando-as embaixo dos produtos que eles vendem.

Por isso, é tão comum vermos pessoas durante o jogo usando droga, onde deveria ser um ambiente familiar e esportivo, e covenhamos, drogas e esporte não combinam em nada. A situação é ainda pior quando a venda é feita por membros de torcidas organizadas, muitas vezes, na própria sede da torcida. Quando esses casos são descobertos e expostos na mídia, o nome do clube e dos torcedores é manchado. Pois são tachados como “drogados” ou “marginais” e acabam generalizando toda a torcida por conta disso. O clube acaba sendo mal visto por todos e na maioria dos times brasileiros não há uma relação direta entre torcida organizada e a instituição.

E tudo isso nos faz pensar e nos perguntar: e o amor pelo clube, onde está?

Acaba se perdendo no meio dessa história.

Será que essas pessoas que praticam essa comercialização, são realmente torcedores ou estão apenas se escondendo atrás do escudo e se aproveitando? Acredito que um torcedor não quer ver o nome do seu time sendo alvo de piadas dos rivais. Então, o que explica tais atitudes?

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Focas no Esporte Jornal Laboratório

crônica

ENTREVISTA

Domingo, todos os caminhos levam ao estádio

“Não existe paz entre TUF e CEARAMOR”

Domingo de clássico é diferente, e a preparação começa bem antes das quatro horas da tarde. Tradição passada por meu pai, esse é o jogo mais esperado de toda a temporada. Os preparativos começam durante a semana, semana que geralmente é tomada por ansiedade. A noite que antecede o domingo é longa, o sono não vem. Sono que também não aparece para minha mãe, e não é só no sábado, geralmente a preocupação vem quando ela descobre que irá ter clássico. Até a entendo, também parte meu coração saber que ela não sossega enquanto não chegamos, mas fazer o que? Não consigo assistir a clássico pela televisão, prefiro não ver.

Amanheço no domingo com frio na barriga, é final, mais do que isso, é clássico que define campeão. Não há mais para onde correr, ou você é o homem mais feliz do mundo às 6 horas, ou o mais terrivelmente triste homem do universo no mesmo horário. Toda a programação é alterada para o fato mais importante do dia: o jogo. A caminho da partida, o medo é nítido, não pelo confronto em campo, mas pela violência, não se pode dar mole. A camisa do meu time só coloco na porta do estádio. Não posso esquecer-me de entrar com pé direito na arquibancada, superstição também faz parte do jogo. Já dentro do estádio, procuramos o mesmo setor de arquibancadas, onde vejo e encontro sempre as mesmas pessoas, rostos conhecidos há anos...

O jogo começa. Até o término não dá para ficar parado sempre olhando para o relógio. O tempo passa rápido demais, mas logo tudo muda, é gol do meu time, abraço meu pai e grito até faltar a voz. Depois do êxtase do gol, a preocupação aumenta, são 15 do primeiro tempo, há muito tempo para a história mudar. O primeiro tempo termina, é hora de sentar, pois daqui a 15 minutos serão mais 45 em pé.

O segundo tempo começa com um só pensamento: mais um gol para nosso time acabar com o jogo, levando um gol, teremos um novo jogo. Aos dez minutos perdemos nosso camisa 3, entrada violenta, o medo fica evidente. Com um jogador a menos, faltando mais 35 minutos, o empate começa a parecer bom negócio. O adversário vem para cima, será um milagre segurar esse placar, que não demora muito para mudar.

A partida está empatada, ainda faltam 15 minutos, o adversário joga com sua torcida.

Chute despretensioso de longe, o grito de gol toma conta do estádio, o jogo virou. Não há mais tempo para mudanças, a vitória parece certa para o outro lado.

A nossa torcida começa a ir embora, não arredo o pé de lá, independente do que aconteça no jogo, só saio quando o juiz apita... E apitou, fim de papo, a derrota é muito dolorida, mas perder uma final para o rival é pior que levar uma facada no peito, peito que dói com a derrota. Caminhando para a saída, não trocamos nenhuma palavra, o silêncio prevalece, só temos uma certeza ao final daquilo, eu e meu pai estaremos já na quarta-feira seguinte apoiando nosso time.

Entraremos com o pé direito e procuraremos o mesmo setor para mais uma batalha.

Foto: Divulgação

Pedro Henrique de Lima Silva

Gustavo é torcedor do Fortaleza, não pertence a nenhuma torcida organizada. ele conta como é um dia de Clássico-Rei

Thamyres Ferreira Focas: Você é de torcida organizada?

Gustavo*: Não, eu saí da Torcida Uniformizada do Fortaleza (TUF). De 2003 a 2008, foi a minha época.

Focas: Qual o meio de transporte que você utiliza para ir ao estádio?

Gustavo: Eu vou de ônibus, mas sempre volto de mototáxi. Normalmente eu levo duas camisas, eu levo uma comum e a camisa do Fortaleza. Na volta, coloco a blusa comum. É mais seguro.

Focas: Qual a sensação quando vai ao estádio?

Gustavo: A sensação é de medo, porque em alguns pontos tem gente escondida que joga pedras e até atira nos ônibus.

Focas: Como é o convívio entre os torcedores dentro da própria torcida?

Gustavo: São poucos que admitem, mas exis-

tem várias divisões dentro das torcidas, são os núcleos. Alguns desses núcleos se odeiam e até brigam entre si. Em vários jogos do Fortaleza, ano passado, alguns núcleos brigaram por motivo nenhum.

Focas: E em dia de jogo?

Gustavo: A verdade é que não existe paz entre a TUF e a Cearamor. Essa conversa de paz na TV é pura lorota. Por trás, a história é muito diferente. Marcam pela internet e se pegam mesmo.

Focas: Já viu algum ato de violência?

Gustavo: Nunca participei, mas já vi várias brigas. Uma delas próximo à Universidade Estadual do Ceará (Uece). Na Praça da Cruz Grande, vinham quatro ônibus com torcedores do Fortaleza e jogaram pedras. Os que iam nos ônibus desceram e virou uma praça de guerra.

Focas: Já sofreu alguma represália da polícia? E da torcida adversária?

Gustavo: Da polícia nunca. Da torcida, várias vezes, mesmo depois que eu saí da organiza-

da. O torcedor normal também sofre com a guerra entre as duas.

Focas: Então, você se sente seguro na ida e volta do estádio com escolta e segurança que é armada pela policia?

Gustavo: Não. A segurança armada não defende nem mesmo os cidadãos comuns. Na hora das brigas, eles apenas atiram e nem veem em quem.

Focas: Tem algum conhecimento em relação ao estatuto do torcedor?

Gustavo: Só conheço alguns pontos, por exemplo, que o torcedor não deve jogar objetos em campo. E que o torcedor que for pego destruindo o estádio pode pagar pelo que fez.

* Nome fictício.

ARTIGO

Nem todo ouro significa riqueza Pedro Henrique de Lima Silva O início de temporada do futebol brasileiro marcou o retorno do atacante Alexandre Pato, jogador vendido para o futebol italiano antes de completar seus 18 anos, em 2007, por € 22 milhões (R$ 54,3 milhões). Transferências como essas estão se tornando cada vez mais comum no futebol canarinho, muito pela sua força financeira nos últimos anos. Se tomarmos como exemplo clubes do futebol argentinos, jogar no Brasil torna-se muito mais economicamente tentador (na passagem anterior de Riquelme pelo Boca Juniors, seu salário era de R$ 220 mil aproximadamente, já Ronaldinho Gaúcho atuando pelo Flamengo tinha salário que girava em torno 1,2 milhões mensais).

Até pouco tempo atrás, jogadores com grande potencial, logo eram vendidos para o futebol do exterior. Hoje com grandes estratégias de marketing, clubes nacionais conseguem segurá-los. É o caso de Neymar, joia santista que tinha seus vencimentos mensais em torno de R$ 3,5

milhões, dos quais mais de 400 mil eram bancados pelo próprio clube e o restante por receitas publicitárias, em que o clube ganha pequena porcentagem por alguns contratos.

Grandes clubes do cenário nacional negociam suas cotas de televisão por valor acima de R$ 80 milhões . Tudo isso favorece para que esses clubes consigam cada vez mais montar estrelados elencos e manter grandes jogadores.

Na contramão de tudo isso, vemos o quase tão popular e igualmente vencedor vôlei brasileiro passando por sérios problemas econômicos ao se tratar dos clubes. A modalidade que tanto no masculino quanto no feminino já conquistou até o momento nove medalhas olímpicas, chega ao término de quase todas as temporadas com um clube a menos na Super Liga (principal torneio nacional). O último caso aconteceu na cidade de Campinas-SP, onde o time masculino quase fechou as portas por conta da saída de seu patrocinador master (a indústria farmacêutica Medley), logo substituído por uma empresa do ramo de bebidas (Brasil Kirin).

Sabe-se que o futebol, com suas 5 Copas do Mundo, obviamente terá mais visibilidade do

que qualquer outro esporte no país. Mas não se pode aceitar que a modalidade, a atual bi campeã olímpica feminina, possa fechar clubes por conta da falta de investidores. As bases das seleções de vôlei atualmente jogam no Brasil, mas esse quadro pode logo mudar, com jogadores buscando sequências e estabilidade, procurando clubes fora do país. Medida que só enfraquece a liga nacional, que já sofre muito com calendários curtos. De quatro em quatro anos a cobrança sobre esportes olímpicos é enorme, mesmo sem ter a noção da dificuldade desses atletas durante todo o ciclo olímpico, para se manter no topo.

O vôlei brasileiro tem todas as ferramentas para que possam se produzir jovens atletas e manter uma liga forte, conseguindo assim não só ter os melhores jogadores, mas com uma liga economicamente poderosa. Porém, tudo isso só funciona somado à conscientização de empresários, confederação e mídia, interessados na promoção desse evento, pois os ouros olímpicos estão na história do vôlei mundial.

Já os do futebol ainda não foram escritos na trajetória do esporte.

Caderno Especial Focas na Copa

05

caderno especial

A Copa mais cara da história

Gastos com a Copa superam 28 bilhões de reais

Foto: Eduardo Cunha

Castelão lotado em dia de jogo do Brasil na Copa das Confederações

Mariana Cunha

V

antagem geográfica, boa recepção, bons jogos e o estádio que ficou pronto mais rápido foram alguns dos motivos que fizeram de Fortaleza a sede que mais recebeu turistas estrangeiros durante a Copa das Confederações. A capital cearense foi a cidade-sede que mais vendeu ingressos para turistas não nacionais, somando 4,7% e superando o Rio

de Janeiro, que recebeu a final da competição, com 3,6%, de acordo com o site da Fédération Internationale de Football Associations (FIFA).

O custo oficial da Copa-2014 subiu 9,7% e já atingiu em torno de R$ 28 bilhões. A informação é do secretário executivo do Ministério do Esporte, Luis Fernandes, que explicou que a revisão do número oficial será feita após a Copa das Confederações. Na última atualização, em abril de 2013, o balanço oficial apontava R$ 25, 520 bilhões.

Do total da receita de 2014 direcionada à publicidade, US$ 2,2 bilhões virão de direitos

de transmissão. Contratos de publicidade são responsáveis pelo restante. A Copa do Mundo de 2014 entra para a história como a mais cara de todas. O valor gasto nesse torneio superou em 100% a Copa da Alemanha. Porém os investimentos renderam retorno para Governo e FIFA. Apesar da vinda de mais de 265 mil turistas (números relacionados ao Ceará) e da venda de quase a totalidade dos ingressos, manifestações explodiram em todo o país contestando os gastos com o mundial. Segundo manifestantes, o movimento é válido e eles exigem dos gover-

nantes investimentos em áreas como saúde, educação e transporte público.

O representante do Ministério defendeu os recursos usados na competição porque entende que eles se revertem em desenvolvimento para o país. De acordo com Fernandes é muito mais fácil negociar recursos para ciência, tecnologia e educação com a Copa. “A facilidade que temos para estruturar programas de educação é única. Ou aproveitamos ou perdemos. É uma oportunidade histórica”, afirmou o ministro Luis Fernandes, em entrevista para o portal UOL.

Programa de Voluntariado do Governo Federal bate recorde de desorganização em Fortaleza Vários problemas tornaram o Brasil Voluntário desorganizado, gerando grande insatisfação dos participantes Jéssica Capistrano

O

s selecionados para a atuação foram informados por email apenas sete dias antes da entrega do material de trabalho, informando o lugar onde deveriam ir buscar os “kits” que continham a blusa do programa, um crachá identificando-os e um passe card eletrônico com R$ 80,00 para a locomoção durante os dias de voluntariado. E foram imunizados contra o vírus H1N1.

Mas o programa fugiu do controle e deu uma aula de desorganização. Conforme o grupo dos participantes na rede social Facebook - Voluntários da Copa das Confederações – FORTALEZA, os problemas começaram com a entrega das blusas que não foram feitas de acordo com o número informado pelos partici-

pantes durante a inscrição, e receberam blusas em números bem maiores. Outra dor de cabeça foi com a falta de informações, os voluntários receberam o email com o local e a escala de atuação no início do próprio dia indicado para o trabalho.

A maioria relatou sua indignação nas redes sociais e dizia estar decepcionada com o programa e a falta de informações. A maior parte dos escalados para atuar no primeiro dia em Fortaleza 19/06, jogo do Brasil X México na Arena Castelão não compareceu, por conta da desorganização. E alguns que compareceram ainda tiverem problemas para chegar e até mesmo por o nome não consta na lista.

O Brasil voluntário é um programa de voluntariado criado pelo governo federal, sob a responsabilidade do Ministério do Esporte, para atuar nas cidades brasileiras durante a

Copa das Confederações. Auxiliando visitantes e moradores, ajudando com a mobilidade e concedendo informações nas áres de fluxo como aeroportos, pontos turísticos, estádios e festas públicas.

Os participantes se inscreveram no site do programa, preenchendo um formulário com os dados pessoais, tamanho de blusas que utilizam e fizeram um treinamento online, com conteúdo sobre a história das copas e línguas inglesa e espanhola, após os treinamentos eram feitas provas e de acordo com o aproveitamento, foram selecionados para o treinamento presencial que ocorreu em cada uma das cidades que sediam a copa.

Em Fortaleza, os treinamentos ocorreram na sede da Unipace (Universidade do Parlamento Cearense), localizada na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará. Durante quatro

fins de semana, as aulas foram sobre cultura, hospitalidade e pontos turistico da cidade, brigada de incêndio e primeiros socorros, curso da ANAC e liderança. E servia como processo eliminatório.

Os participantes que falam inglês puderam fazer uma prova de nível para receber sem custo o certificado do TOEIC - Teste de Inglês para Comunicação Internacional, um teste que mede a habilidade de estrangeiros em se comunicar em inglês, principalmente em ambiente de negócios.

Pessoas doaram sua boa vontade e tempo para ajudar o governo a tornar a copa das ConFederações um momento único e organizado e transmitir uma boa imagem do nosso país.

Contudo, vergonhosamente foram tratados com desrepeito e desorganização pelos responsáveis do projeto.

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Caderno Especial Focas na Copa

caderno especial

Copa das Confederações gera oportunidade de emprego

Foto: Arquivo pessoal

Tobias Saldanha, estudante de Jornalismo da Faculdade Cearense, conseguiu, durante a Copa das Confederações 2013, o cargo de repórter colaborador do “Estadão”, versão virtual do jornal O Estado de S. Paulo. ELE CONVERSOU COM A REDAÇÃO DO FOCAS NO ESPORTE SOBRE ESTA EXPERIÊNCIA Cecília Costa

Estudante Tobias Saldanha compõe equipe do jornal O Estado de São Paulo na Copa das Confederações

FOCAS - Como surgiu a oportunidade de trabalhar no “Estadão”?

Tobias - Tive a felicidade de ver num link do facebook, no “grupo Alunos da Joana”, a matéria sobre o 1º Curso Estado de Jornalismo Esportivo, que seria realizado pelo jornal por conta da Copa das Confederações.

A 1º fase era prova online, onde tive que responder perguntas de marcar sobre conhecimento geral em esportes, português e inglês.

Tive também que redigir um texto sobre uma partida de futebol que tinha visto recentemente e acabei fazendo o resumo do jogo entre Fortaleza e Luziânia pela Copa do Brasil, além de escrever sobre o porquê da minha escolha pelo jornalismo esportivo.

ARTIGO

FOCAS - Qual cargo você exerce?

Tobias - Estou exercendo o cargo de Repórter colaborador do Estadão durante o período da Copa das Confederações em Fortaleza. O contrato vale durante o período da competição no Brasil (1 mês).

FOCAS - Como é a rotina de trabalho durante a Copa das Confederações?

Tobias - Loucura e muita adrenalina. Pois, embora eu esteja como correspondente do Estadão em Fortaleza, não terei direito ao credenciamento para adentrar nos locais onde são territórios FIFA (Arena Castelão, Centro de Treinamento das Seleções, Hotéis).

FOCAS - O que essa experiência significa para sua carreira jornalística?

Tobias - Experiência única. O começo da realização de um sonho de infância. Sou apaixonado por futebol desde criança. Lembro-me do

meu primeiro álbum de figurinhas (Campeonato Brasileiro de 1996), das minhas incansáveis buscas pelas figurinhas faltantes. Foi o amor pelo futebol que me trouxe o interesse pelo jornalismo, por causa dele eu comecei a ler os jornais e revistas relacionados com a editoria de esportes. A área esportiva para mim é diversão e prazer por está fazendo aquilo que amo.

FOCAS - Com essa oportunidade, você acha que mais portas se abrirão?

Tobias - Com certeza. Depois de tudo o que passei e enfrentei para conquistar o meu espaço no jornalismo, poderei barganhar mais na hora de uma contratação para uma empresa. Mais o meu objetivo no momento, o sonho de consumo, é trabalhar no eixo Rio-São Paulo (Terra da garoa de preferência). O foco agora é realizar um grande trabalho aqui em Fortaleza e, depois de me formar, conseguir um emprego na área esportiva no Sudeste.

CRÔNICA Mercado e esporte

Brasil voluntário

Karlos Aires

Mariana Cunha

A Copa do Mundo é um evento que vai além do futebol. Ela mexe com vários setores do mercado financeiro. O imobiliário, o de mobilidade urbana, de hotelaria e até gastronômico. A cidade que sedia jogos da Copa tem muito a ganhar, mas também a perder.

Se analisarmos a questão de investimentos, a Federação Internacional de Futebol (FIFA) pode ser exploradora. Aproveita do espaço, dos benefícios da cidade, mas o que deixa de proporcional? Tal organização traz

turistas, reconhecimento da cidade, aumenta diversos setores do mercado local. Mas para que isso aconteça da melhor forma, a cidade passa por uma transformação extrema. São reformas e construções sem fim.

Enquanto todos os olhos estão voltados para a Copa do Mundo, outras partes padecem, como a educação, por exemplo. Se o país não está preparado para receber um evento de tal porte e ele começa a remanejar estratégias monetárias, a cautela se torna necessária.

De repente o sentimento de patriotismo vai crescendo dentro de nós, os olhos vão brilhando, a torcida para que tudo dê certo vai aumentando. A Copa das Confederações chegou.

A emoção começa a sobrepor a razão, o coração quer falar mais alto.

Mas estou aqui por ideal: mostrar o Brasil de uma maneira diferente, com os olhos do povo brasileiro. Ajudar no que for preciso. Se em campo nossa seleção não for tão boa quanto o esperado, fora dos gramados temos que

cuidar dos sonhos de cada visitante que vem à nossa capital.

Estar dentro desse universo dá uma sensação de ser importante, ser parte essencial do todo. É como se dependesse de mim para que desse certo. E de fato cada um deve fazer sua parte para que tudo corra bem, que a melhor impressão seja repassada. Ser voluntário é doar seu tempo, trabalho e talento para causas de interesse social e comunitário e com isso melhorar a qualidade de vida da comunidade.

Caderno Especial Focas na Copa

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caderno especial

FIFA Fan fest – O segundo melhor lugar para curtir a Copa do Mundo Foto: Arquivo O POVO

Cearenses comemoram vitória do Brasil, durante Fan Fest, na Praia de Iracema

Karlos Aires

E

m meio a grande onda de manifestações e protestos, existem aqueles que querem sim, torcer pelo Brasil e celebrar a Copa do Mundo e não são poucos os componentes que formam o time dos brasileiros apaixonados pelo evento. Se de um lado, tem-se um Brasil que protesta contra o gasto abusivo de dinheiro com a Copa do Mundo, do outro, a torcedores comprando ingressos para assistir a seus jogos preferidos.

Para além dos estádios, existe outro cenário

que promete ser o segundo melhor lugar para festejar os jogos da Copa, as FIFA Fan Fests. A primeira edição foi um teste realizado durante o mundial de 2006 na Alemanha. Com um resultado de sucesso, a FIFA resolveu expandir o evento por várias cidades do mundo e na edição de 2010 (África do Sul), foram selecionadas seis cidades em todo o planeta: Rio de Janeiro, Cidade do México, Roma, Paris, Berlim e Sydney.

A marca FIFA conseguiu expor o conceito visual, ligando a Copa do Mundo a um grande número de pessoas com a qual nunca havia estabelecido. No Brasil, o local escolhido foi a Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro.

Assim como nas outras cidades, os ambientes atraíram turistas e moradores locais. Segundo o site oficial da FIFA, “mais de 3,5 milhões de

pessoas estiveram nas seis sedes internacionais durante o torneio”, além de “mais de 5.200 jornalistas credenciados” para o evento.

Fan Fest 2014 Para a Copa do Mundo 2014, 12 cidades brasileiras foram escolhidas. Em Fortaleza, o local selecionado foi a Praia de Iracema, como já era esperado. A lista dos lugares foi lançada ainda no mês de abril de 2013: Belo Horizonte (Praça da Estação); Brasília (Esplanada dos Ministérios); Cuiabá (Parque de Exposições); Curitiba (Parque Barigui); Manaus (Praia do Forte); Natal (Praia da Ponta Negra); Porto Alegre (Largo Glênio Peres); Recife (Marco Zero); Rio de Janeiro (Praia de Copacabana); Salvador (Jardim de Alah); São Paulo (Vale do

Anhagabaú).

Os cearenses não precisam esperar para saber quem deve animar as Fan Fests de Fortaleza. O secretário municipal extraordinário da Copa, Domingos Neto, divulgou por meio do Twitter, as atrações. Elas são: Asa de Águia, Aviões do Forró, Biquini Cavadão, Carlinhos Brown, Diogo Nogueira, Forró do Bom, Forró do Movimento, Humberto e Ronaldo, Parangolé, Péricles, Sambô, Simone e Simaria e Tomate.

Outras bandas locais ainda serão confirmadas.

Teste antes do oficial O aterro da Praia de Iracema foi sede do “São João da Copa das Confederações 2013” durante os jogos em Fortaleza. O evento foi uma espécie de teste para a Fan Fest de 2014.

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Caderno Especial Focas na Copa

caderno especial

para além da copa

Q

uem nunca sofreu com uma disputa de pênaltis que atire a primeira pedra!

O amor pelo futebol, a angústia do torcedor, o mercado e as lembranças que envolvem esse esporte são os temas das nossas crônicas e artigos, que vão além da Copa, mostrando que não é só de futebol que vive o torcedor brasileiro.

Uma Copa inesquecível

Treinando para a vida

Israel Carneiro

João Lucas

Copa de 1998! Lá estava eu na sala, todo uniformizado com a camisa 9 do Ronaldo, esperando mais uma partida começar na TV. As bandeiras do Brasil tremulam nos tetos de cada casa. Não há tempo mais patriota do que a época dos jogos da Copa do Mundo (se canta até o Hino Nacional!).

Meus colegas pintavam o rosto de verde-amarelo. Todo jogo era uma catarse, a cidade parava. E tome GOL do Brasil! A cada acerto, era uma gritaria geral. Sentia um orgulho da nossa brasilidade.

Nem o insuportável do Galvão Bueno narrando quebrava o brilho de cada goleada. A garra de cada jogador era incrível! Era ganhar ou ganhar. O Brasil continuava invicto. O sonho de trazer a taça estava cada vez mais próximo...

Jogo entre Brasil e França, partida decisiva. Coração na mão e taça na cabeça!

Todos ansiosos pela vitória brasileira. A vitória tão esperada não veio. França goleia o Brasil de 3 a 0. “Que franceses filhos da puta!” era o que mais se ouvia nesse fim de Copa do Mundo. Decepção e choro.

O que nos restou: voltar pra nossa vida pacata e esperar, com novas esperanças, a Copa de 2002.

Felipe tem 27 anos e há cinco é praticante da Arte-Suave, mais conhecida como Jiu Jitsu. Ao contrário do que muitos pensam, Felipe não enxerga a arte apenas como um esporte, mas como um estilo de vida.

Ele começou a treinar apenas para emagrecer e deixar o sedentarismo, mas aos poucos, foi levando a sério e começou a participar de competições. Foi nesse momento que ele se apaixonou e viu que naquele tatame estava não apenas o esporte que ele amava, mas o seu segundo lar.

Felipe tem o Jiu Jitsu no seu cotidiano e já está acostumado com a rotina. Todo o seu dia é planejado para que o horário de treino não seja afetado. Essa não é uma realidade apenas do personagem principal de nossa história. Inúmeros outros praticantes têm o esporte como uma válvula de escape para o dia-a-dia ou como instrumento de trabalho. O que ambos possuem é o amor pela Arte-Suave.

Poucos entendem a filosofia transmitida por alguns esportes. No Jiu Jitsu, o respeito é, sobretudo, o valor mais importante a ser desenvolvido pelos praticantes. Felipe compreendeu isso, e hoje busca ser exemplo dentro e fora dos tatames.

A angústia de um torcedor

Por amor ao esporte

A jornada de acompanhar o esporte

O esporte transforma vidas

Márcia Gabriele

Vanessa Carvalho

Karlos Aires

Ana Cecília

Lembro que amava chegar na segunda-feira à noite em casa. Cansado, suado, mas feliz depois de boas partidas de basquete. Ah, os tempos do ensino médio.

Aí você cresce e se não seguir na carreira do esporte fica sedentário. Mas nunca é tarde pra recomeçar.

O esporte pra mim é questão de notícia, informação. Apesar de não escrever pra essa editoria, eu acompanho pelos aplicativos do smartphone. Campeonatos brasileiros, o crescimento do “Sky” no cenário nacional, as reportagens e a performance dos entrevistadores.

Mas quem não entende nada sobre o meio esportivo? Como se atualizar? Ler o caderno de esportes todo dia, pesquisar sobre as formações, times e seleções dentro e fora do Brasil.

Se você realmente precisar saber mais sobre a área, meios não faltam, mas é preciso estar sempre por dentro, a rotatividade é grande e rápida.

O esporte move grande massa, é bonito de ver a nação vibrando ao ver seu time vencer, a seleção desbancar o adversário. Se pra uns é fácil ficar por dentro, outros (como eu) tem certa dificuldade, mas nada de desistir, como no esporte: é praticando que a gente aprende.

Em todo lugar, gente de todas as idades, a qualquer momento pode se exercitar. No meu bairro, por exemplo, há duas praças amplas que são locais ideais para exercícios físicos, principalmente pelo espaço arejado e rodeado de natureza.

Nesses locais, é comum ver crianças brincando, jovens se exercitando e grupos de idosos que se reúnem para cuidar da saúde.

Existem dois projetos de aula aeróbica para idosos que chamam atenção pela animação e vitalidade que transmitem para os alunos participantes. Em época junina, é típico ter uma apresentação de quadrilha desses grupos para a comunidade. É de encher os olhos perceber que o esporte, nesse caso, rompe as barreiras e se sobressai mudando os hábitos dessas pessoas.

Além disso, nas mesmas praças, vemos jovens se destacando no esporte e ganhando visibilidade para crescer na carreira. Na minha rua, tinha um rapaz que, por jogar futsal nas quadras da pracinha, foi convidado para participar de times de futebol locais e, hoje em dia, é jogador profissional no exterior. Percebo, assim, o quanto um simples hábito cotidiano pode transformar vidas.

Faça sol, faça chuva, hoje é dia de futebol. Para uns (que já tem o ingresso garantido) é só alegria, já para outros é tristeza. Anderson, que veio de Sobral para Fortaleza, com a esperança de comprar o ingresso na hora, terá que se contentar em assistir ao jogo na casa de um amigo.

São exatamente 10h da manhã, e Anderson viu no fundo do túnel uma luz ao sintonizar o rádio na FM 93: esta anunciara que iria sortear um ingresso para o jogo do Brasil e México.

Os ouvidos de Anderson ficaram aguçados e logo, o garoto, que viajou 240 km de sua cidade natal, sentiu que podia participar do programa. Mas, para participar teria que responder: – Qual foi o placar do último jogo do Brasil e México?

Anderson começou a suar frio, viu que não sabia a resposta, mas chutou. “Brasil 2 e México 1?”. Sentiu o coração pulsar, a respiração ficou ofegante quando ouviu a resposta do outro lado de uma voz feminina: – Qual o placar, senhor? Pode repetir?

– Brasil 2 e México 1.

– A resposta está...

Quando de repente, a ligação é interrompida, o sinal caiu. Anderson ficou sem a resposta. Para seu desespero, tornou a ligar, tentou uma, duas, três vezes e só dava ocupado...

Foi quando ouviu no rádio a resposta, é Brasil 2, México 1. Parabéns à senhora Lúcia Maria...

Ninguém gosta mais do Brasil que o brasileiro, exceto, talvez, pelos japoneses.

Essa é uma afirmativa, a julgar pela já notada alegria oriental em momentos como o dia sete de abril, quando o programa “Esquenta” da Regina Casé homenageou a cultura japonesa e pôs para sambar todos os espectadores de olhos puxados.

A reação da equipe japonesa vindo ao Brasil jogar na Copa das Confederações, então, foi uma das melhores.

Embora o goleiro Gonda tenha criticado sinceramente a organização brasileira do evento, após o jogo contra os mexicanos, o time se despediu anunciando seu gosto pela ótima recepção dos brasileiros.

Parece ser um acordo em comum dos estrangeiros que na descrição do povo sempre há destaque à alegria e gentileza com as quais recebe seus convidados. Pelos comentários de técnicos e jogadores, o Brasil está pronto para a Copa.

A paixão pelo futebol se marcou presente em todas as equipes que competiram, mas se destacou muito mais entre os torcedores. A empatia japonesa pode ser colocada como a segunda melhor, apenas ultrapassada pelo Taiti. Afinal, embora tenha tido um terrível desempenho em campo, a simpatia do time superou os problemas, graças a seu grande amor pelo esporte.

Focas no Esporte Cadreno Especial é uma publicação da disciplina Laboratório de Jornalismo Impresso, da Faculdade Cearense - Turma 2013.1 manhã. Os textos assinados refletem o trabalho jornalístico dos estudantes da disciplina.

Editora Mariana Cunha

Focas no Esporte Jornal Laboratório

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movimentos urbanos

A cidade é nossa

Praias, praças e quadras são locais para as práticas de esportes urbanos Foto: Arquivo O POVO

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m Fortaleza, os esportes urbanos ganham cada vez mais espaço. Praças, parques, praias e quadras são os lugares mais frequentados pelos que praticam esportes radicais. A beira mar é um lugar comum para a prática desses esportes. É considerado o “point”.

O calçadão é dominado pelos praticantes de patins e skate. Bem próximo de lá, na areia da praia, também se encontram outras modalidades, como o parkour e slackline.

Nesses esportes, existem pessoas que praticam apenas para o lazer, como diversão de um fim de semana ou reunião entre amigos, mas

também há aqueles que retiram do esporte o sustento. Os praticantes treinam bastante para participar de competições. Dessa forma, levam a vida.

Esta reportagem especial vem com o objetivo de desmistificar o preconceito existente em cima dessas categorias. Trazer ao conhecimento da população que os esportes urbanos são práticas esportivas radicais que, como qualquer outro esporte, traz benefícios e riscos para quem os pratica. Mostrar também que esportes urbanos, iniciados nas ruas e periferias de nossa cidade, podem mudar vidas.

Espaços da cidade são utilizados na prática do parkour Foto: Arquivo pessoal

Esporte exige concentração e treino para atingir a perfeição

Luana Rodrigues “Aqui em Fortaleza um grupo de amigos viram o esporte na internet e resolveram formar um grupo, o pkvamu. Esse foi o primeiro grupo de Fortaleza, depois eles foram divulgando e a arte foi crescendo.”, relembra Rian Laison, 22, praticante de Parkour há sete anos. No centro da cidade, os praticantes de parkour reúnem-se na Praça do Parque das Crianças todos os sábados.

O parkour, arte do deslocamento, é praticado por jovens que, ao ver vídeos no youtube do idealista David Belle de Londres, começam a praticar. Os que adotam esse esporte são chamados de “traceur” (nome dado ao praticante de parkour). Eles adotam a modalidade como filosofia de vida, com base em frases de David Belle, como por exemplo: “Ser forte para ser Util” e “Ser e Durar”.

Esse esporte tem o conceito de fuga baseando-se em superar obstáculos o mais rápido possível. Jovens saltam de um ponto ao outro com intuito de conseguir a perfeição, ultrapassando obstáculos, a fim de fugir, utilizando apenas as habilidades do corpo. Os movimentos vão desde escaladas em muros, saltos mantendo-se agarrados a obstáculo até escalar em muros altos após o salto.

O esporte assemelha-se às artes maciais

e tem origem militar do “parcours du combattent”, que é o percurso do combatente baseado na disciplina militar para guerra na França, que originou o nome Parkour. Criada da palavra “parcours” substituiu o “C” pelo “K” para sugerir agressividade, e removeu o “S” em oposição à filosofia do parkour sobre eficiência.

O parkour é uma modalidade que trabalha todo o corpo, pois é um esporte de movimentos livres que dá qualidade física, flexibilidade e resistência. “Melhora a postura, trabalha muito o autoconhecimento tanto do corpo quanto da mente, também a respiração e é uma ótima terapia.”, afirma Rian Laison.

O parkour vem acompanhado de outra modalidade que não é utilizada com o mesmo objetivo da fuga. É usada para embelezar os saltos.

O freerunning, que são movimentos acrobáticos baseados em liberdade e estética. Ele é praticado em conjunto com o parkour, preferencialmente em lugares com muitos obstáculos, como pistas de skate.

“O Parkour é uma arte para a fuga enquanto que o freerunning é como se fosse uma ginastica olímpica. Em uma situação de risco no qual é preciso sair, você vai utilizar o Parkour para fugir e não giros.”, explica Felipe Strone, 24, praticante de Parkour há quatro anos.

Estilo e preconceito Com novos estilos e esportes aparecendo, o preconceito com o desconhecido é inevitável.

No parkour, os praticantes tem seu próprio estilo. Calças folgadas, com os fundos largos, blusas grandes e também folgadas e o uso de tênis fazem parte do estilo. “As roupas folgadas ajudam nos movimentos de salto e acrobacias.”, ressalta Rian Laison.

Ele conta também que devido ao esporte ser diferente, já foi abordado por policiais. Com o tempo, a polícia entendeu que eles não estragavam patrimônios públicos e pararam de abordá-los “O preconceito começa também em casa, com os pais. Eles pensam que o esporte vai nos levar para a criminalidade.”, complementa Felipe Strone.

Devido à disciplina ser independente de professores ou instrutores, a pessoa interessada procura alguém que já treine há mais tempo para conseguir algumas dicas. “A nossa segurança ao praticar é a mente e o corpo. Cada movimento é feito etapa por etapa, pois não pode passar para um nível mais avançado se não fizer os movimentos iniciais. Tem sempre que ter uma pessoa mais experiente ao lado e prudência nos movimentos.”, explica Rian Laison.

Manobras radicais Mesmo tendo o conhecimento de que podem sofrer machucados sérios ou até fatais. Os esportistas tem a consciência na segurança da prática, por isso eles não usam equipamentos de segurança, apenas utilizam tênis, blusa e

calça leve. “Eu fico observando eles praticando e acho muito perigoso.”, diz Rafaela Alves frequentadora da Praça do Parque das Crianças.

As competições acontecem em muitos países, como na Grécia, nelas há a junção do freerunning com o prakour. A execução de movimentos da forma mais perfeita possível. Mas, segundo o praticante a quatro anos de parkour, Felipe Strone, diz que a competição que existe mesmo é consigo. “A competição está dentro de mim. E a minha vitória é conseguir executar um movimento com perfeição.”, diz.

Projeto sociais Segundo Felipe, integrante do grupo de parkour que se reúne no Parque das Crianças, conta que o grupo possui dois projetos sociais. Um é a integração dos jovens que moram na favela ao esporte e o outro é a doação de sangue no Hemoce (Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará). Este segundo em decorrência aos acidentes que o esporte pode causar. Ambos os projetos estão parados devido à rotina corrida dos integrantes.

No mundo, divulgação do esporte cresceu tanto que foi feito um filme chamado 13º Distrito, onde muitas cenas exploraram as habilidades do Parkour. E artistas também aderiram como a cantora Madonna, utilizou o parkour em clipe da música Jump (Pular), Jennifer Lopes na música Follow the leader (Siga o líder).

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Focas no Esporte Jornal Laboratório

movimentos urbanos

Aterro da Praia de Iracema vira point dos praticantes de slackline Nos fins de tarde das areias da Praia de Iracema, em Fortaleza, é possível ver por todos os cantos fitas amarradas em suportes e coqueiros. É o slackline (corda bamba), que vem conquistando cada dia mais pessoas que gostam de esporte.

A modalidade, muito comum também em circos, requer equilíbrio e atenção, e muitas pessoas acabam praticando como forma de lazer.

Segundo o publicitário Marcos Alencar (30), é um grande desafio conseguir se equilibrar até passar para o outro lado da corda. “Eu me divirto quando tento fazer a travessia. Sempre caio, mas a queda na areia é muito agradável.”, conta.

A pequena Rafaely Silveira de apenas oito anos, começou a praticar o slackline há uma semana e fala que se diverte muito andando sobre a linha. Ela diz também que treina todos os dias, pois deseja conseguir completar todo o trajeto, do começo da corda ao final da corda.

“Sempre peço para minha mãe me trazer pra praia, porque na areia eu não tenho medo de

Foto: Arquivo pessoal

Márcia Sousa

subir e caminhar. Meu sonho é andar sem cair.”, revela.

De acordo com a educadora física, Kamila Alencar, a modalidade exige além de equilíbrio, muita postura e respiração. “O equilíbrio não está apenas no corpo, mas também na respiração. Se não usá-la a seu favor, você cai.”,explica a educadora.

Sobre os benefícios que o esporte proporciona á saúde, Kamila diz que é um ótimo exercício físico e que ele fortalece todos os músculos do corpo, especialmente membros inferiores e a região do abdômen.

Esporte Radical A ideia veio de alpinistas, em 1980, em um parque na Califórnia, nos Estados Unidos. Em suas escaladas, eles praticavam exercícios com o interesse de melhorar seu equilíbrio. A modalidade começou a ser praticada nas correntes dos parques, e depois em elásticos amarrados nas árvores dos quintais dos praticantes. No Brasil, as pessoas começaram a treinar nas areias das praias. Embora atraia a atenção, o esporte não está consolidado ainda.

Praticantes de slackline na Praia do Futuro

Patins conquistam pessoas e levantam polêmicas em Fortaleza

Foto: Arquivo O POVO

Rayanna Duarte

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m julho de 2012, a Prefeitura de Fortaleza proibiu a prática de patins e skate no entorno da Estátua Iracema Guardiã, na Avenida Beira-Mar, devido à grande quantidade de acidentes entre esportistas e pedestres que caminham na área. As placas proibindo a prática de patins, skate e bicicletas estendem-se da rua São Longuinho até o início do Aterrinho. Apesar da proibição, usuários continuam frequentando o local para a prática do esporte.

Jamylle Capistrano que pratica patins há cerca de dois anos na Avenida Beira-Mar, por incentivo de sua irmã, acredita que dá para esportistas e pedestres conviverem em har-

monia. “É fundamental que os esportistas se policiem e tomem bastante cuidado ao praticar o esporte no calçadão. Para os iniciantes, é importante que procurem um profissional que possa ajudá-los na prática. Portanto, é possível sim que haja harmonia entre pedestres e esportistas.”, avalia.

Com a proibição do patins na Avenida Beira-Mar, Jamylle acredita que ficou reduzida a quantidade de espaço para a prática do esporte, e ainda diz não se conformar com a pouca estrutura que Fortaleza oferece para a prática de esportes. “Praças abandonadas poderiam se tornar palco de incentivo à prática de esportes, tirando assim muitos jovens do mundo das drogas e da criminalidade.”, reflete.

Já Andressa Ramos costuma caminhar na Avenida Beira-Mar e não concorda com a prá-

tica desses esportes no Calçadão, pois teme que um deles se choque com os pedestres e cause algum acidente. “Às vezes, tenho muito medo de caminhar no calçadão com minha filha e acabar sendo atropelada por essas pessoas que já estão com um lugar definido para praticar seus esportes e continuam no local proibido, atrapalhando o fluxo de pedestres.”, reclama.

Está liberado para a prática dos esportes o trecho que vai do Largo Luís Assunção até a Ponte dos Ingleses.

Apesar do novo espaço, muitas pessoas continuam praticando patins no local proibido.

Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria Executiva Regional – SER II, a fiscalização é feita diariamente pela Prefeitura, orientando os esportistas a frequentar o novo espaço criado para a prática esportiva.

Benefícios para fugir do sedentarismo

Para quem quer fugir do sedentarismo, os benefícios de andar de patins são muitos. Além de tonificar os músculos das pernas, glúteos e abdômen, ajudam também no equilíbrio, concentração, coordenação motora, agilidade e reflexos. A prática do patins também é recomendada para quem sofre com problemas nas costas e dores na coluna, já que o esporte exige certa postura.

Jamylle Capistrano, praticante de patins, afirma que depois que começou a praticar o esporte, passou a ter melhor disposição física.

Além de ter o patins como válvula de escape para esquecer seus problemas ou pensar soluções.

Jamylle também incentiva a prática para quem quer se divertir e conhecer novas pessoas.

Focas no Esporte Jornal Laboratório

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movimentos urbanos

O skate como negação da violência A história de um pentacampeão nordestino Foto: Eduardo Cunha

Mariana Cunha

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lexandre dos Santos Menezes ou Alexandre Gato, 50 anos, apaixonado por skate. Se fosse solicitado que se apresentasse, esta frase possivelmente seria sua definição. Alexandre Gato caminha sempre com o skate ao lado, seu companheiro fiel. Pinos no corpo, clavícula quebrada, ombro deslocado, fratura na coluna, diabetes, nada disso foi motivo para que ele abandonasse a prática do esporte.

O apelido Gato surgiu no colégio, quando se escondeu da professora em uma árvore. Ao pular do local alto, caiu de pé e continuou correndo. Um amigo de classe comentou “poxa, quantas vidas esse cara tem?”. O codinome parece ter sido adequado. Hoje, Gato tem várias fraturas no corpo, pinos, dentes quebrados, mas continua firme na sua missão.

O skate punk, como ele determina sua prática, não é apenas uma diversão, é um luta contra a violência, contra as diferenças sociais, contra as guerras, contra a fome. É uma forma de fazer

com que as pessoas esqueçam o lado ruim da vida. “O skate é uma maneira de unir as pessoas, de fazer com que as pessoas esqueçam o lado negativo da vida e pensem no lado positivo.”, explica Gato.

Os estilos bown (bacia ou tigela) e vertical tiveram origem nos Estados Unidos, durante a seca de 1970, quando os skatistas usavam as piscinas vazias para praticar o esporte. Hoje, as pistas não medem menos que 3,50 m. Estes estilos são os preferidos e mais praticados por Alexandre Gato.

Gato se diz anarquista e dono de um lado espiritual muito forte, embora não faça parte de nenhuma religião. Acredita que há um ser supremo, que quer o bem e não o mal das pessoas.

Mas o estilo punk, meio agressivo e contestador, deixam esse lado escondido. Porém, Gato nunca precisou ser diferente do que é para ser aceito e respeitado na comunidade onde vive.

Como tudo começou

O início foi numa carretilha de madeira, que ele descia ladeira abaixo e em pé. Numa das muitas descidas de brincadeira ele viu a

propaganda de um refrigerante cujo prêmio era um skate para quem o achasse nas tampinhas.

Gato não ganhou. Mas a imagem do skate ficou na sua mente. Certo dia, viu um menino andando de skate e pensou “poxa, se eu consigo ficar em cima de uma carretilha, acho que dá pra ficar em cima desse negócio aí,”, relembra. Pediu o skate emprestado e foi amor à primeira vista.

Gato tinha apenas 11 anos na época.

Aos 14 anos, já estava levando a sério o skate. Passou a treinar, a se dedicar mais, mesmo contra o desejo do pai, que o chamava de malandro, vagabundo, desocupado e, inclusive chegou a quebrar um shape (a prancha do skate). Gato serrou a porta do banheiro e fez um novo shape, para desgosto maior do pai. A mãe já o apoiava, via aquilo como uma diversão, e por ele não chegar à casa bêbado ou drogado, não via mal algum.

Gato nasceu em família humilde e até hoje mora no mesmo bairro, Castelo Encantado, periferia próxima à Barra do Ceará. Foi o primeiro skatista profissional do Ceará e o primeiro pentacampeão nordestino, em 1986. Quando a família começou a ver que ele chegava com tro-

féu, premiação, dinheiro, começou a incentivar.

Até o próprio pai passou a cobrar mais treinamento, uma alimentação melhor porque agora ele era esportista.

A partir de então, Gato começou a concorrer como profissional, a representar marcas, principalmente do Sudeste, onde teve que morar um tempo, para se profissionalizar e melhorar a prática. No campeonato nacional de 1985, Gato foi o primeiro nordestino na competição, ficando na 12º colocação. Viajou em abril deste ano para Curitiba representando o Estado no campeonato nacional como convidado, com apoio do Projeto Enxame (situado no Morro Santa Terezinha) e do deputado estadual Lula Morais.

A família, principalmente a esposa, fica preocupada com as fraturas que ele possa adquirir com essa prática, mas o apoia assim como os dois filhos, que assumiram a empresa de serigrafia, criada pelo serígrafo Alexandre Gato. Os filhos deixaram o pai livre para que pudesse se divertir à vontade, com seu skate. “E eu continuo andando e quero andar até enquanto as pernas agüentarem. Até quando o papai lá de cima permitir.”, afirma Gato.

Projeto IBCC ensina basquete e valores humanos para jovens do Genibaú Mesmo em condições precárias, os alunos são motivados a vencer os desafios da vida e a competir de forma saudável Karlos Aires

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os treze anos, Hangley Félix estudava pela manhã, treinava na escola à tarde e participava do Instituto de Basquete e Cultura do Ceará (IBCC) durante a noite. O garoto cresceu, hoje é professor de geografia em três escolas de Fortaleza e continua a participar do projeto que há 11 anos vem mudando a história de moradores do bairro Genibaú e proximidades.

Ernando Ferreira é idealizador e diretor do projeto que, segundo ele, visa a “formar campeões pra vida.”. Após passar por várias escolas de basquete, ele resolveu criar seu próprio clube.

“Eu me criei dos 11 aos 22 anos aqui no Genibaú. Quando eu me mudei pro Conjunto Ceará (bairro vizinho), depois de ter passado por vá-

rios clubes, eu resolvi criar um projeto de basquete que fosse diferente de tudo o que eu já vi.

Abdicar de tudo o que eu vi de ruim dentro das chamadas ‘escolinhas’ e desenvolver outra maneira de se trabalhar o esporte.”, relata Ernando.

O IBCC nasceu em 8 de janeiro de 2000, além de ser uma escola de basquete para a comunidade o projeto ensina valores e conceitos para a vida dos jovens que se integram. Além das competições, os atletas aprendem diversas competências que são aprendidas ao longo da jornada esportiva. Um exemplo vivo é Hangley que entrou no projeto com treze anos e hoje, aos vinte e cinco, continua participando.

Por meio dos treinos de basquete no projeto, o jovem teve a oportunidade de entrar para a seleção cearense e ganhar uma bolsa no Colégio Batista. Ao terminar o terceiro ano, passou para geografia na Universidade Estadual do Ce-

ará (Uece). Hangley afirma que se não fosse o IBCC ele não teria a mesma formação humana que tem hoje. Diversos valores foram agregados à vida do professor. Lidar com pessoas diferentes, frequentar locais como a Unifor (Universidade de Fortaleza) e UFC (Universidade Federal do Ceará) e assim aprender a se comportar em diversos locais.”. O professor também conta sobre o aprendizado humano. “Compaixão, querer ajudar e querer ver o bem do próximo.

Principalmente ser uma pessoa mais humilde.”, relembra.

Hoje, o IBCC luta por melhorias nas condições. O projeto não recebe apoio do governo nem da prefeitura. O grupo se reúne toda terça e quinta às 20h na quadra da Vila Olímpica do Parque Genibau. O espaço é cedido de graça, mas existem dificuldades. “Quadra de piso de cimento, uma tabela que não é adequada, um

aro que também não é adequado, bolas de número insuficiente para o nosso trabalho.”. Ernando também fala sobre a proximidade com jovens que praticam ações criminosas no bairro. “Nós convivemos com uma realidade criminosa aqui no bairro.”, observa Ernando.

Questionado se a falta de verba atrapalhava o projeto, ele responde que o grupo consegue se ajudar. “Sempre compramos nossas bolas, nossos materiais. Quando precisamos nos deslocar para outras localidades, nós é que pagamos nossas passagens.”, conta. Ernando Ferreira tem uma grande experiência no ramo. Já foi coordenador do Basquete de Rua da Central Única das Favelas (Cufa) no Ceará. No IBCC, Ernando tem uma missão. “Pegar o esporte que os caras gostam de desenvolver e agregar os conceitos humanos. O social eles trabalham aqui junto com os outros.”, aponta.

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Focas no Esporte Jornal Laboratório

movimentos urbanos

Modal Bike Os desafios, as soluções e os prazeres de quem decidiu usar a bicicleta como meio de transporte Mariana Cunha

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Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) afirma que a média brasileira de 6,1 habitantes por carro ainda é alta e deverá cair à metade até meados de 2020. A perda do poder de sedução do carro é uma tendência mundial. Ganhar qualidade de vida na locomoção diária virou sonho de consumo da classe média. A queda do interesse do consumidor pelo carro tem diminuído à medida que esse passou a não cumprir mais o seu papel principal: a mobilidade.

A bicicleta ganhou o mundo a partir da invenção do inglês John Kemp Starley, na década de 1880, que projetou uma bicicleta semelhante às atuais. Possuía guidão, rodas de borracha,

quadro, pedais e correntes. No entanto, somente no final da década é que as primeiras bicicletas chegaram ao Brasil, vindas da Europa.

Hoje, elas ganham destaque entre os adeptos de transportes alternativos.

Na Europa e Estados Unidos, jovens estão tirando a carteira de habilitação mais tarde e dirigindo menos quilômetros. A tendência de trocar o carro por outros meios de transporte, entre eles a bicicleta, é mundial e já conquistou pessoas no Brasil. Em todo o país, há grupos que incentivam a troca do veículo de quatro rodas para a modal bike, como ficou conhecida. Em Fortaleza, o grupo Massa Crítica se encontra mensalmente para aproveitar a segurança de andar de bicicleta em grupo.

Um modo de vida diferente Uma das questões que mais incomoda no

modo de vida hoje nas grandes cidades é a perda de tempo. Qualquer coisa que faça com que o tempo não seja bem utilizado incomoda. Nisso se pode incluir o trânsito, que hoje é desgastante, e chega a ser algumas vezes irracional. 60 pessoas dentro de um transporte coletivo ocupa um espaço X, essas mesmas pessoas utilizando cada uma o seu próprio veículo ocupam um espaço muito maior. Fora os gases poluentes. A sociedade parece estar caminhando para um desenvolvimento, mas na verdade se está caminhando para um modo de vida cada vez mais precário. Isso foi o que levou o aluno Jairo de Carvalho, do 6º semestre do curso de Direito, a refletir sobre os transportes alternativos.

Jairo possui carro, mas alterna utilizando outros meios de transporte, como ônibus, metrô e bicicleta. “Dentro do seu veículo, você sentado, com ar condicionado, pode se irritar. Já quando

se faz o trajeto de bicicleta, apesar de transpirando, você tem um sentimento de liberdade incrível. Além disso, você está se exercitando, tendo uma vida mais saudável”, ressalta Jairo.

Mesmo tendo a consciência de utilização correta da bicicleta, Jairo vê a necessidade de incentivo. O simples uso do mesmo meio de transporte por outras pessoas pode ser um motivo para o aumento da prática. Foi isso que Jairo sentiu ao ver que na Faculdade Cearense outras pessoas utilizavam a bike (como é conhecida). “Quando eu vi aqui dentro da faculdade outras pessoas usando a bike isso me motivou a praticar mais”. Uma das pessoas que mais influenciou o estudante foi o professor Sidney Gonçalves que, segundo o estudante, acredita que o uso da bike não é uma diversão, e sim um dever de todos em procurar um modo alternativo de transporte.

ENTREVISTA

Mudança de hábito O professor Sidney Gonçalves nasceu em Sergipe, formou-se em filosofia na Universidade Federal da Bahia, é mestrando em sociologia e acadêmico da Faculdade Cearense (FaC). Idealizador do bicicletário na instituição onde trabalha atualmente, Sidney conta os desafios e os prazeres na mudança de transporte, feita há cerca de um ano e meio.

Focas: Como foi a transição do carro para bicicleta? por quê?

Sidney: Minha primeira motivação foi perceber uma certa irracionalidade em ser conduzido por uma máquina poluidora que pesa quase uma tonelada. Também me estressava muito com os engarrafamentos. Uma vez encostei meu automóvel e segui a pé porque não aguentei ficar parado no trânsito.

Focas: Como conheceu o modal bike?

Sidney: Comecei a pesquisar sobre a questão do transporte urbano e vi que muitas pessoas no Brasil e no mundo estavam questionando o planejamento urbano atual feito prioritariamente para privilegiar os carros particulares.

Gastam-se fortunas com ampliações de vias, com os acidentes, com os prejuízos causados pelos engarrafamentos etc., para favorecer um transporte que conduz menos de 15% da população. A maioria das pessoas não se locomove na cidade em carros particulares!

Focas: Quais as vantagens da bike?

Sidney: Adotei o modal bicicleta, há cerca de um ano e meio, para fugir do estresse do trânsito e fruir a cidade mais livremente, sem estar encapsulado na carcaça de metal motorizada.

A bicicleta é um modal excelente para distâncias de cerca de quinze quilômetros. Perdemos o medo da cidade e passamos a interagir mais de perto com as pessoas. Quando preciso me locomover de automóvel pago um ônibus, um taxi ou mesmo posso alugar por uns dias se desejar fazer uma viajem pra perto!

Focas: Como a mudança de hábito foi recebida no local de trabalho?

Sidney: Tenho recebido muito apoio dos colegas e dos estudantes. A instituição inclusive reservou um espaço para o estacionamento de bicicletas. O bicicletário foi uma idealização minha que a faculdade acatou justamente por conta da falta de estacionamento para carros.

Professor Sidney incertiva o uso da bicicleta

Foto: Mariana Cunha

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boa forma

TREINAMENTO FUNCIONAL VIRA MODA NAS ACADEMIAS DE FORTALEZA Devido à correria do dia a dia, as pessoas buscam opções que prometem rapidez nos resultados para obter uma boa forma

O

treinamento funcional acabou sendo adaptado e incluído nas aulas das academias, com a realização de exercícios livres, utilizando materiais e objetos que estimulam uma melhora na coordenação motora, destreza, força, velocidade, equilíbrio estático e dinâmico.

Contudo, existem controvérsias em relação à aplicação. De acordo com Karinne Menezes, terapeuta ocupacional, o treinamento realizado nas academias deve ser denominado de “treinamento físico” e não funcional, pois nesses ambientes é trabalhada a força em uma capacidade superior ao necessário para a sobrevivência do indivíduo, objetivando mais a hipertrofia muscular e menos a funcionalidade.

Karinne explica que nos consultórios, o treinamento funcional acontece, através de exercícios direcionados a determinadas funções, de acordo com a necessidade de cada individuo. Seu principal objetivo é a independência nas atividades de vida diária e não, a necessidade de obtenção de maior força ou melhorias na estética.

Mas, diferente do que muitos pensam esses exercicios não são tão novos assim. O treinamento funcional surgiu dos movimentos essenciais do ser humano, como: levantar, agachar, girar, avançar, abaixar, puxar e empurrar.

Segundo, Wellington Feitosa, educador físico, no princípio era utilizado para ajudar a corrigir a postura e principalmente aplicado na recuperação de lesões. É resultado de pesquisas feitas com intuito de aprimorar o desempenho físico e oferecer algo mais eficaz no treinamento de atletas de alta performance. Passou a ser utilizado no treino de todos os atletas quando foi observado que ajudava a melhorar o desempenho fisico e prevenia novas lesões.

Sua finalidade é garantir a capacidade de execução de movimentos comuns, como agachar para pegar algo e se sentar, garantindo também a execução de atividades mais específicas e complexas, como a de um nadador ou lutador de MMA- Mixed Martial Arts (artes marciais mistas). Segundo Álvaro Fontes – personal trainer, as melhorias ocorrem porque, diferente da musculação que isola alguns músculos, no treinamento funcional são realizados movimentos completos, onde a musculatura trabalhada em conjunto, gerando assim, uma força maior, com uma boa amplitude.

“A obtenção de resultados depende de cada indivíduo, da alimentação e da rotina que o praticante tem. Os treinos evoluem com bastante velocidade e ao fim de cada aula é possível perceber uma grande perda de calorias. O corpo humano se adapta à necessidade de realizar aqueles movimentos e atividades.”, explica Wellington.

Os métodos são aplicados em necessidades específicas de cada indivíduo, como em pessoas que sofreram lesões e passam por processo de reabilitação. Também pode ser realizado em atletas das mais variadas modalidades, idosos e pessoas que buscam uma melhora no condicionamento fisico. O treinamento funcional é

Fotos: Arquivo pessoal do personal trainer Alvaro Fontes

Jéssica Marques Capistrano

destinado a todas as pessoas, pois o que vai modificar o treino de um individuo para o outro é a forma de aplicação dos exercicios e o grau de dificuldade, respeitando a individualidade dos praticantes.

Existem exercícios para todos os níveis de habilidades físicas, desde alunos iniciantes a avançados. A partir dos 5 anos é possível fazer uma iniciação com trabalhos do desenvolvimento da psicomotricidade, que é uma interação entre o psiquico e o corporal do ser humano.

Geralmente, crianças com cerca de 12 anos de idade iniciam a prática da modalidade, pois o treinamento é muito amplo tendo muitas fases e processos a serem trabalhados e melhorados em todas as fases da vida. E só é contra-indicado para quem não pode fazer nenhum tipo de atividade física. “A maior dificuldade é de ir fazer a primeira aula, pois o treinamento funcional é extremamente divertido, desafiador, empolgante, sempre com desafios diferentes a cada seção de treino.”, relata Álvaro.

Uma inovação é que os treinos podem ser realizados ao ar livre, o que traz mais prazer ao praticante, pois geralmente os treinos são em lugares fechados ou em academias convencionais. Mas os resultados não influenciam no fato de ser aberto ou fechado. O grau de dificuldade não tem ligação direta com o local, tendo em vista que os movimentos e níveis são controlados e prescritos de acordo com a necessidade do praticante.

Wellington destaca ainda que a realização de qualquer exercício sem a orientação de um profissional pode causar lesões. Geralmente, são lesões articulares ou musculares, ocasionadas pela execução de movimentos errados ou séries e repetições sem a orientação, gerando tensão e sobrecarregando o praticante. “Todo e qualquer exercício ou atividade física deve ser bem orientada por um profissional de Educação Física, mas antes disso deve, o aluno, passar por exames médicos.”, recomenda Wellington.

Algumas pessoas necessitam adaptar a atividade física para que não aconteça uma sobrecarga e isso possa causar algum prejuízo à sua saúde física. Além disso, cada pessoa deve ser avaliada quanto ao exercício mais adequado para sua situação. É importante que cerca de 20 a 30 minutos antes da realização dos exercícios, ocorra um abastecimento das reservas energéticas do corpo com a ingestão de carboidratos simples, de rápida absorção para realizar o treino com energia e disposição. “Deve-se tomar cuidado com a alimentação, evitando frituras e gorduras no hábito alimentar diário, comer bastante frutas e se hidratar. É fundamental ter um descanso e dormir bem.”, alerta Álvaro.

O Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Crefito), e o Conselho dos Educadores Físicos, são os responsáveis por fiscalizar a aplicação dessas atividades. É importante lembrar que para realizar uma atividade física, deve haver uma avaliação por uma equipe de profissionais para saber suas condições fisiológicas, nesse caso seria: médico, fisioterapeuta e/ou terapeuta ocupacional e educador físico.

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MULHER

SEDENTARISMO OU ATIVIDADE FÍSICA: QUEM GANHA A BATALHA? a revista de medicina britânica “The Lancet” aponta que 1/3 da população mundial é fisicamente inativa. O percentual É maior entre as mulheres: 34% contra 28% dos homens

Vanessa Carvalho

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uando uma pessoa se acomoda, tende a ser preguiçosa mental e fisicamente, deixando todas as tarefas importantes do dia para depois de amanhã. No caso do Ceará, um dos incentivos ao exercício físico é dado por meio de práticas populares, como as provas do Ranking Caixa/CBAT de Corredores de Rua ou até a 11ª Meia Maratona de Fortaleza, ambas em fevereiro. Em 2013, Fortaleza entrou no calendário do Circuito das Estações Adidas, o maior circuito de corridas de rua do Brasil inspirado nas 4 estações do ano, provando a atenção com a saúde. Mas o que fazer quando não se pode praticar alguma atividade física?

Atividades físicas podem até não serem consideradas como parte do lazer e sim como necessidade à saúde. Mas, o fato é que muitas pessoas não conseguem se desdobrar entre trabalho, família e vida social e ainda entrar em forma. Estudantes de faculdade, jovens ou pessoas de idade sentem o cotidiano de atividades institucionais pesando na carga horária diária.

Mas e se o maior vilão para dificultar os exercícios básicos for o comodismo? Três exemplos similares, e ainda assim distintos, são os das irmãs Soldon Braga: Teresa Virginia (61), Vera Sílvia (58) e Maria Zenaide (50).

As mais novas são fumantes, mas todas afirmam que a prática física é importante.

Teresa exercitou-se pouco ao longo da vida, caminhando poucos minutos alguns dias semanais por empecilho das tarefas caseiras.

“O médico até me mandou andar para diminuir de peso, porque a coluna não está sustentando”, comenta.

Zenaide confessa já ter tentado se exercitar várias vezes em academia e caminhando, mas,

As irmãs Teresa (à dir.), Vera (meio) e Zenaide (à esq.)

salvo pela prática de hidroginástica, jamais gostou de qualquer exercício físico. Quando estudante, ela fazia na escola apenas pela obrigação das aulas de educação física. “Geralmente eu não gosto de acordar cedo porque trabalho de madrugada, então sempre tive esse hábito preguiçoso. Eu determino meu horário.”, Zenaide diz, destacando que existe uma esteira parada em casa. “Todo médico manda fazer caminhada, aí talvez eu comece a levar a sério. Mas o meu problema não é relaxamento, é por não

gostar de exercícios.”, explica.

A outra irmã, Vera, é o contrário. Ela diz que adora ver as pessoas praticando exercícios físicos e gosta de realizá-los, além de dar incentivo aos que a rodeiam. “No período que eu fazia faculdade fiquei em Fortaleza e caminhei muito, mas quando terminei eu tive que viajar a trabalho e acabei parando.”, recorda. Vera relembra ainda que “ficava mais dinâmica e tudo o que fazia era com mais vontade.”. Contudo, agora já aproveita o retorno de sua prática diária.

Crônica

Vida de afazeres, vida sedentária Vanessa Carvalho

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uando uma criança é obrigada a correr ao redor da quadra esportiva da sua escola por meio minuto, ela logo pode se questionar qual o sentido disso. Praticar educação física no meu colégio era considerado suicídio na certa, em especial pelas exigências descomunais do nosso professor.

Meus colegas nunca gostavam das aulas e eu mesma cheguei a usar um atestado médico pelo ano inteiro para não ter que suar a camisa, enquanto minhas amigas alegavam estarem com cólica. Embora nós soubéssemos o quanto valia para nossa saúde, sentir os músculos formigando era horrível.

Em casa toda a minha família concorda que

fazer no mínimo um alongamento por dia é importante. Infelizmente, poucos se dispõem a arrumar tempo e dar uma volta na praça mais perto de casa.

De início, pela manhã todos se ocupam com algum trabalho e à noite começa a ficar ruim demais uma caminhada solitária. Então, sobrariam os fins de semana. Contudo, eles também são reservados para cuidar das atividades não realizadas nos dias úteis. Sendo assim, os exemplos de exercícios fracassados já começam pelos familiares mais próximos.

Maria Lucia Olavo de Carvalho (67) é minha avó. Ela mora em Fortaleza há 58 anos e caminha na praça do mercado Bompreço, próximo à Bezerra de Menezes, há quatro meses. Diz que só não pôde se exercitar antes pela frágil saúde do esposo, o meu falecido avô diabético.

Tia Rosângela impôs a si o mesmo exercício por apenas seis meses antes de parar para

ajudar a tomar conta de seu primeiro neto. Para evitar ser assaltada à noite, caminhando na rua depois do trabalho, minha mãe, Marluce, anda quase todos os dias na esteira que comprou.

Hoje em dia eu faço caminhada, mas apenas na entrada de casa, com a companhia da minha cadela de estimação, Dolly. Às vezes, penso no histórico de tentativas falhas de exercício na família e no rosto aborrecido do meu professor de educação física quando via a quadra molhada por causa da chuva, o que impossibilitava os alunos de correrem... Chego a rir diante da comparação.

O fato é que qualquer tentativa de se exercitar, por menor que seja, vale. Quando ela não é forçada e sim incentivada, o estímulo parece chegar mais facilmente aos músculos. Pular corda, dançar e até mesmo brincar de esconde-esconde são bons exemplos disso, e para se divertir ninguém precisa de segundo convite.

Academias só para mulheres Cecília Costa Vanessa Carvalho A procura por academias especializadas no público feminino é cada vez maior.

Mulheres investem no tratamento do corpo e da saúde. As academias voltadas exclusivamente para o público feminino estão há pouco tempo no Brasil, mas já cativaram as mulheres modernas que, mesmo com a rotina estressante, não querem se descuidar da boa forma.

Segundo Antônio Cassiano Frota Ximenes, franqueado da academia Contours, são mais de 10 mil academias nesse conceito em pelo menos 27 países. No Brasil, o número deve estar em mais de 300 e todo mês mais unidades são abertas. Com equipamentos especiais e treinos específicos para o corpo da mulher, elas propõem circuitos rápidos, prometendo a perda de até 600 calorias por aula. Em Fortaleza, cerca de 5 franquias já se instalaram, como por exemplo a própria Contours, a Curves e a Tonus.

O educador físico Rodrigo Pereira explica que a diferença das academias convencionais para as academias para mulheres está no método de treino, que costuma ser diferenciado, geralmente usando o treino chamado “circuito”.

Segundo ele, nesse tipo de treino o gasto calórico costuma ser maior, pois a aluna realiza os exercícios em sequência, faz mais esforço físico e, consequentemente, gasta mais calorias.

A procura por resultados rápidos que essas academias propõem chama atenção das mulheres. A funcionária pública, Leila Duarte, encontrou na academia só para mulheres a solução para sua falta de tempo de se exercitar. “Este tipo de academia é acessível pelo fato de bastar 50 minutos, três vezes por semana de exercícios físicos.”, explica Leila.

As salas de exercícios das academias só para mulheres suportam uma média de 10 alunas e os profissionais oferecem atenção individual. O incômodo com a presença masculina em academias é um dos fatores que atrai alunas para academias femininas.

Os preços das Academias só para Mulheres em relação às academias convencionais têm um valor mais elevado. De acordo com a educadora física Bárbara Sampaio, o valor mensal das academias femininas em Fortaleza está em torno de 150 reais, enquanto a maioria das academias convencionais cobra de 50 a 70 reais. Segundo Bárbara, o preço também depende do renome da academia e da localização, podendo chegar a uma média de 100 reais por mês.

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DANÇA DO VENTRE

Uma arte sem preconceitos Mulheres de todas as idades e portes físicos encontram seu espaço nas danças árabes Foto: Cecília Costa

Alunas do Studio Natália Capistrano se apresentam no BellyDivas 2013

Cecília Costa

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pagam-se as luzes, abrem-se as cortinas.

O espetáculo vai começar. Nesse show, não há uma estrela mais brilhante, todas tem a mesma luz. Mulheres de todos os tipos sobem ao palco e exibem seu maior sorriso. A plateia está lotada para apreciar a dança do ventre em mais uma edição do espetáculo BellyDivas do Stúdio Natália Capistrano, em Fortaleza.

Giovana Rodrigues (9) se prepara para mais uma apresentação. Ela começou a dançar com apenas quatro anos, copiando a mãe, Cândida, que já praticava a dança. Ela é a “mascote” em uma turma de bailarinas adultas. “A Giovana era extremamente tímida, não se entrosava com nada. Com a dança, ela mudou totalmente, percebo que ela agora se sente mais segura.”, relembra a mãe.

A dança do ventre é uma prática que comporta todas as idades. De acordo com a professora de danças árabes, Natália Capistrano, “as crianças a partir de quatro anos já têm uma coordenação motora mínima para começar a elaborar movimentos de dança.” Para Natália, na infância, o importante é o primeiro contato da criança com a dança, sem se importar tanto com a parte técnica.

A procura pela dança árabe surge por variados motivos físicos e psicológicos. Ela, além de ser uma atividade física aeróbica, que auxilia no emagrecimento e proporciona mais flexi-

bilidade, ainda modela o corpo, deixando as formas mais femininas. A feminilidade é trabalhada e a mulher tem sua autoestima elevada.

Tereza Sousa (47) se matriculou nas aulas de dança do ventre pela necessidade de fazer uma atividade física após os quarenta anos, mas encontrou na prática da dança mais autoconfiança e energia. A dança a ajudou a diminuir a timidez. “Hoje me sinto bonita, mais segura.

Quando danço é como se tirasse um tempo só pra mim, me sinto feliz.”, revela Tereza.

A origem da dança do ventre se deu entre 7000 e 5000 anos antes de Cristo no Oriente Médio e na Ásia Meridional. Tinha como principal objetivo, através de ritos religiosos dedicados a deusas, o preparo de mulheres para se tornarem mães. Seus movimentos aliados à música e sinuosidade semelhante a uma serpente ganharam, na atualidade, elementos sensuais.

Na gravidez, a dança do ventre também é uma atividade física bem recomendada para as gestantes a partir dos 3 meses. Com a liberação médica e acompanhamento de um educador físico, a prática da dança traz muitos benefícios para a grávida como, por exemplo, melhora na respiração e postura.

Segundo a professora Natália Capistrano, a dança também auxilia na preparação para o parto, pois todos os músculos do chamado assoalho pélvico, região que dá sustentação ao útero e outros órgãos importantes, estarão fortalecidos. Mas existem determinados movimentos que a gestante não deve fazer, como dançar percussões muito fortes. ou executar movimentos de impacto.

exemplo, a professora teve que aprender libras e contou com auxílio de um intérprete. As alunas acompanham os movimentos olhando pelo espelho e, para sentirem a música e as vibrações das batidas, elas encostam a mão na caixa de som. “A ideia é a inclusão total dessas pessoas na sala de aula e no palco.”, comenta Natália.

Não há um padrão estético ideal para praticar dança do ventre. A dança do ventre é livre de preconceitos. Para praticá-la não há pré-requisitos de beleza. “Toda mulher, sendo ela gordinha ou magrinha, alta ou baixa, mais nova ou mais velha pode praticar. O importante é se descobrir mais feminina a cada dia, através da dança.”, explica a professora Natália.

Benefícios para a saúde

Dança do ventre para deficientes Deficientes também encontram seu espaço na dança do ventre. Não há turmas especiais nas academias de Fortaleza, as alunas com deficiência mental são inseridas em sala de aula convencional. A professora de dança Natália Capistrano ministra aulas para alunas especiais e explica que há alguns cuidados com a didática para que todas entendam o que está sendo proposto em sala.

Nas aulas para deficientes auditivos, por

A fisioterapeuta Andreza Mesquita (34) iniciou aulas de dança do ventre por recomendação médica. Ela sentia frequentes dores de coluna e precisava perder peso para auxiliar no tratamento. Na dança, ela encontrou benefícios para o corpo e para a mente. Além do fortalecimento muscular e do emagrecimento, adquiriu autoconfiança e aflorou sua vaidade.

“Eu perdi 11kg em 2 anos de aula. Eu tive uma melhora de 90% do meu problema de coluna. As dores são esporádicas e de curta duração.”, conta Andreza. Hoje, com seus problemas de saúde minimizados, ela pratica a dança como uma forma de relaxar e se divertir.

ENTREVISTA

Dança do Ventre para crianças

G

iovana Rodrigues, de 9 anos, é aluna do Studio Natália Capistrano. Ela dança desde os quatro anos de idade por incentivo da mãe e impressiona pela sua desenvoltura nos palcos. Dentre os espetáculos que ela já participou, está o Luzes do Oriente e o BellyDivas.

Focas - Como você entrou na dança do ventre?

Giovana - Entrei com 4 anos, agora já tenho 9.

Minha mãe que me levou pra fazer aula com ela

e com minhas duas irmãs em uma academia de dança.

Focas - Você tem vergonha de dançar?

Giovana - Tenho não, nem na aula, nem no palco.

Focas - Você gosta de dançar em turma de adulto?

Giovana - Não, eu queria que tivesse só de criança.

Porque eu gosto de ficar com crianças da minha idade.

Focas - Você sempre se apresenta?

Giovana - Sim. Já me apresentei com minha mãe

e minhas irmãs e me apresento às vezes nos eventos da academia.

Focas - Quando você crescer vai querer ser bailarina profissional?

Giovana - Eu quero ser igual à minha professora.

Ter uma academia e ser uma grande bailarina.

Focas - Onde você encontra as roupas de dança do ventre para criança?

Giovana - Minha mãe que faz as minhas iguais das outras meninas. Porque eu acho bonitas as roupas, mas nunca tem pra criança.

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Focas no Esporte Jornal Laboratório

ARTES MARCIAIS

Fortaleza entra na rota do MMA

Sangue, suor e lágrimas marcam a 2ª edição do The Ultimate Fighter Foto: Wander Roberto / Inovafoto

Casa cheia no Ginásio Paulo Sarasate

João Lucas

M

ais de 6.286 pessoas lotaram o Ginásio Paulo Sarasate para receber a final da segunda edição do TUF (The Ultimate Fighter) Brasil. Os olhares atentos dos fãs do UFC recaíram para alguns dos grandes astros presentes no evento, como Rodrigo “Minotauro” Nogueira, Fabrício Werdum, Thiago Silva, Rony “Jason”, Caio “Monstro” Magalhães e Leonardo Santos, finalista do reality.

O evento, que ocorreu no dia 8 de junho, em Fortaleza, contou com a presença de alguns ídolos do MMA, como Vitor Belfort e o campeão dos pesos médios Anderson Silva, que prestigiaram os brasileiros no TUF Brasil 2 Finale.

Em um dos combates mais esperados da noite, a lenda do MMA, Rodrigo “Minotauro” Nogueira, sucumbiu ao armlock (chave de braço) de Fabrício Werdum aos 2min41s do 2º round.

Os dois já haviam se enfrentado em 2006 na final do Grand Prix dos Pesados do Pride, evento realizando no Japão, quando Minotauro saiu vitorioso do duelo.

O finalista do The Ultimate Fighter Brasil e faixa preta de Jiu Jitsu, Leonardo Santos, sofreu um aperto no começo da luta, mas conseguiu reagir e finalizar Patolino aos 4min43s do 2º round, conquistando o tão sonhado contrato com o UFC. Após o término do UFC, Marshall Zelaznik, dirigente do Ultimate, declarou na coletiva que o evento foi um sucesso. “Eu tenho quase certeza que vamos voltar. O evento recebeu nota 10, mas se tivesse um pouquinho mais de ar condi-

Foto: Josh Hedges/Zuffa LLC via Getty Images

cionado funcionaria melhor.”, disse.

Para entender o TUF O The Ultimate Fighter é um reality show que reúne novos talentos da luta de todos os lugares do mundo. Nessa edição, o reality está sendo realizado no Brasil e conta com participação de dois grandes nomes do MMA para liderar e treinar suas respectivas equipes. Há eliminatórias para decidir os 16 candidatos que irão entrar na casa do reality e permanecer confinados, treinando até o dia das suas lutas. Os treinadores desta edição são os lutadores renomados Rodrigo “Minotauro” Nogueira e Fabrício Werdum. Eles ensinam e auxiliam nos treinamentos dos seus atletas para que cheguem até a final e conquistem o tão sonhado contrato com o UFC. O esporte vem crescendo cada vez mais e já divide o coração dos torcedores brasileiros com o futebol. Para quem acha que esse estilo de lutas nasceu nos Estados Unidos, aí vai uma surpresa. Essa ideia surgiu no Brasil com o Vale Tudo, mas só foi aperfeiçoada com a organização do UFC (Ultimate Fighting Championship).

O objetivo era encontrar o campeão absoluto de todas as artes marciais.

Atletas do Karate, Jiu Jitsu, Savate, Sumô, Boxe e Kickboxing participaram do primeiro evento que ocorreu em solo americano em 12 de novembro de 1993. Para a surpresa de muitos, um brasileiro oriundo do Jiu Jitsu, chamado Royce Gracie de 1,85m de altura e pesando 81 quilos, sagrou-se campeão mundial enfrentando lutadores com quase 20 quilos a mais. Começaram aí o prestígio e admiração dos fãs de todo o mundo pelos lutadores brasileiros.

Alguns reprovam e comparam esse estilo de

lutas com os antigos gladiadores de Roma, que eram jogados em uma arena e postos para lutar até a morte em meio a sangue e carnificina.

Isso é passado. Os atletas do século 21 são bem treinados e recebem acompanhamento médico, nutricional, psicológico e outros suportes necessários para lutar.

Apesar do sangue e hematomas durante as lutas, eles se preparam e estão prontos para isso. Muitos fazem porque realmente gostam de lutar e isso satisfaz seu ego. Outros buscam ali uma forma de sobreviver. Lutar para dar uma condição melhor para sua família é o que mais sai da boca dos lutadores.

Os salários pagos a alguns lutadores permitem algumas vezes uma vida com luxos e regalias. Chuck Lidell é um exemplo de que lutar dá dinheiro, e bastante. O lutador americano já arrecadou entre bolsas e premiações por melhor luta, nocaute ou finalização da noite, cerca de

US$ 4.3 milhões. A posição de lutador brasileiro mais bem pago do UFC é de Anderson Silva, que já acumulou cerca de US$ 2.8 milhões.

Há quem confunda essa modalidade de arte marcial com brigas. Vale ressaltar, que todos os atletas que entram no octógono – área usada para a realização das lutas – passam por uma série de exames rigorosos, há um longo processo para a contratação dos lutadores e de forma alguma são obrigados a lutar.