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Prefeito anuncia obras

REPARAÇÃO SINDICALISTA E POLÍTICOS FALAM QUAL SERIA O PAPEL DA SUZANO APÓS ELA “DEIXAR” O MUNICÍPIO À DERIVA Suzano é questionada sobre dívida social que deixou ao ‘abandonar’ Salesópolis

Por Aristides Barros reportagem@leiaogazeta.com.br

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O sindicalista Marcelo da Silva Cavalheiro Mendes, o Maquininha, 48 anos, do Sindicato dos Papeleiros de Mogi das Cruzes e Região, aponta as falhas da empresa Suzano com Salesópolis, cujo território ainda é dominado por plantações de eucaliptos, cuja extensão “se perde de vista”.

“Na minha visão, o prefeito e os vereadores, com a ajuda da Promotoria Pública, deveriam chamar a empresa para a responsabilidade social que ela teria de ter com o município. A classe política deve debater isso e buscar o melhor para a cidade, se quiserem a ajuda do Sindicato a gente entra na briga”, disse o sindicalista ao tomar conhecimento da posição dos produtores rurais da cidade em relação à companhia.

A riqueza da Suzano e a pobreza do município, nesse tema, veio em um artigo na GAZETA “assinado” por produtores rurais expondo a ascensão e queda do comércio de eucaliptos. Eles contam a época do ouro verde que, hoje, em termos financeiros, é o deserto verde de Salesópolis, que está entre as mais pobres do estado.

Salesópolis cobra mais atenção por parte da empresa Suzano

O relato é trazido em números. “Segundo o SEADE, o PIB per capita de Salesópolis em 2016 era de R$ 11.991,95, com participação no PIB do Estado com índice de 0,009618, ou seja, o mais baixo da região. Municípios vizinhos como Biritiba Mirim tem PIB per capita de R$ 23.960,00. Guararema, R$ 51.015,17, e Santa Branca, R$ 17.939,20; o que mostra a precariedade da economia de Salesópolis. Isso leva a crer que a renda per capita da cidade sequer atinge um salário mínimo, e revela o estado de pobreza da população salesopolense”, escreveram os produtores.

É incontestável que o município teve importância significativa nas cifras, hoje, bilionárias da empresa, que por décadas comprou matéria prima na cidade, incentivando produtores rurais saleso-

DESERTO

Após incentivar a produção de eucalipto, empresa teria abandonado os monocultores

BRUNO ARIB

polenses ao cultivo do eucalipto. Todavia, após “sair” de Salesópolis, deixou muitos deles endividados e outros em completa falência.

O artigo dos produtores repercutiu na região e no Sindicato que se engalfinha com a empresa na defesa dos trabalhadores. Maquininha, que já liderou muitos embates trabalhistas com a Suzano, é taxativo: “Salesópolis tem de brigar pelo que acha justo. Se sofreu danos e prejuízos e pessoas caíram em desgraça por causa disso, tem de ser reparada”, bradou.

NÃO À EXPLORAÇÃO – O trabalhador rural Benedito Marcio da Silva, 52 anos, no ofício há 30 anos, tem opinião positiva sobre a saída da Suzano, para ele foi bom. “Particularmente sim, antigamente só fazia para comer e pagar as contas, hoje a gente dá o preço. A empresa pagava o que queria, media do jeito que queria. Hoje a gente vende onde paga mais, e as serrarias pagam mais”, contou. “A Suzano cobrava muito e

pagava pouco. Não cobria gastos com maquinário, manutenção EPIs, alimentação, barraca. Tudo isso gera custo e o que ela pagava não cobria os custos”, revelou. Silva exProdutor critica o plica: “Não fato de a empresa comprar em real e receber em dólar sou contra a empresa, defendo uma coisa justa. Ela tem de respeitar os produtores, respeitar as planilhas com os preços que eles fazem, e não respeitou”, afirmou. “Diz que é parceira, é parceira dela mesmo, ganha com o nosso pro-

O que diz a empresa

Indagada sobre a visão que Salesópolis tem dela, a empresa respondeu. “A Suzano mantém o diálogo constante e desenvolve diversos projetos sociais em suas regiões de atuação. Ao longo dos anos, a empresa vem desenvolvendo também melhores práticas operacionais e aprimorando seu plano de manejo. Em Salesópolis, a empresa incentiva ações de desenvolvimento social como: Programa Colmeias, PDRT (Programa de Desenvolvimento Rural Territorial), Fibras de Salé (artesanato), e Semente, parceria realizada com o Sebrae da região. Além disso, segue avaliando possibilidades de atuação na cidade e já se colocou à disposição do Prefeito e do município para avaliar novas parcerias. A empresa está aberta ao diálogo e reforça seu compromisso com a comunidade.”

duto em dólar e paga a gente em real. Paga o que quer e isso não é justo”, concluiu.

O jornal indagou a Camat (Cooperativa Agrícola Mista do Alto Tietê) sobre o que a entidade acha sobre o possível retorno das atividades da Suzano em Salesópolis. A Camat não se manifestou.

Autoridades lamentam caos produzido pela Suzano

Cauteloso, o prefeito de Salesópolis Vanderlon Gomes (PL) não atacou, mas não economizou palavras. “Hoje, a empresa ainda opera na cidade, porém, de forma muito pequena, e com a saída do apoio ao serviço madeireiro, trouxe um prejuízo muito grande, um caos social”, afirmou.

“Porque houve a desvalorização da questão da madeira, reduziu bastante a geração de emprego. A cidade sentiu ao longo dos anos a falta de proximidade da empresa. Quando ela chegou, na década de 60, veio para incentivar. Mas tinha de pensar na responsabilidade e no caos social que traria ao sair”, lamentou.

“Salesópolis entende que a companhia foi grandemente beneficiada e não esperava que saísse deixando muita gente desempregada e com dificuldades financeiras”, afirmou. “Esperamos que ajude nos projetos sociais, educacionais e ambientais, na manutenção das estradas rurais e outras reponsabilidades”, pontuou.

Indagado se a Suzano não colabora em nada com o município, o prefeito respondeu: “Diante do que já explorou e foi beneficiada pela cidade, sua ajuda a Salesópolis é irrisória, muito pouco. Pelo porte da empresa, esperamos que olhe mais atenciosamente os projetos que encaminhamos a ela”, concluiu.

A vereadora Débora Borges (PSD), que preside a Câmara de Salesópolis, disse que “o Legislativo pode sim criar uma situação de maior participação da Suzano no município, por meio de leis e incentivo fiscal.” “Seria de grande valia que ela comprasse as madeiras e investisse na cidade, valorizando os produtores e o município que ajudou ela crescer.” A parlamentar endossa o prefeito ao reafirmar que a ajuda da Suzano a Salesópolis é irrisória. (A.B.)

CRÍTICO

O prefeito Vanderlon Gomes também faz cobranças à empresa multinacional

MOGI DAS CRUZES 462 ANOS

ENTREGAS PREFEITO ANUNCIOU INVESTIMENTO DE R$ 47,2 MILHÕES EM OBRAS E NOVOS SERVIÇOS NO MUNICÍPIO Gestão Caio Cunha anuncia pacote de obras no mês de aniversário de Mogi

Por Guilherme Alferes guilhermealferes@leiaogazeta.com.br

Na esteira da comemoração dos 462 anos da cidade, a Prefeitura de Mogi das Cruzes anunciou um pacote de oito serviços a serem entregues aos mogianos. Entre obras e serviços já finalizados e a serem iniciados nas áreas de educação, saúde, esporte e mobilidade, a administração municipal está realizando um investimento de R$ 47,2 milhões.

Deste valor total, cerca de R$ 20 milhões serão destinados à construção de uma nova escola municipal, a Escola Viva Jundiapeba, que tem previsão de entrega para o início de 2024. Localizado na esquina da Rua Professora Lucinda Bastos com a Avenida Alfredo Crestana, o complexo educacional contará com salas de aula, espaços especializados (salas de inovação tecnológica e laboratórios), auditório, biblioteca, salas de

EVOLUÇÃO

Município segue investindo para a qualidade de vida da população

BRUNO ARIB

estudo e de descanso, pátio, refeitório, quadra poliesportiva, piscina aquecida, dentre outros.

De acordo com a prefeitura, a área construída será de cerca de 6 mil m² e atenderá alunos do ensino fundamental, cuja responsabilidade é municipal, em período integral.

Questionado sobre a motivação para a escolha de Jundiapeba, o prefeito Caio Cunha (PODE) justificou que a intenção é de levar mais serviços de boa qualidade a regiões mais carentes e afastadas do centro.

“Jundiapeba é bem simbólica, é o nosso maior distrito, muito concentrado e mais afastado. Óbvio que tem Brás Cubas, mas Brás Cubas já se desenvolveu bastante. A gente equalizou a questão da quantidade populacional com a carência local”, disse.

Na área da mobilidade, a cidade passa a contar, a partir da próxima terça-feira (6), com a Central de Mobilidade Urbana. Ligada à pasta homônima, ela tem como objetivo modernizar a gestão no transporte viário, utilizando as imagens fornecidas por câmeras e radares da cidade para analisar e encontrar soluções para problemas ligados ao trânsito e ao transporte público. O contrato firmado com o Consórcio Segurança e Fluidez, responsável pelo acompanhamento e gestão dos dados, prevê o investimento anual de R$ 11,8 milhões.

Corroborando com a tese de uma gestão moderna e tecnológica da cidade, também está disponível, no site da prefeitura (www.mogidascruzes. sp.gov.br), a Plataforma GeoMogi, que reúne dados georreferenciados sobre a cidade.

Foi dado início também nas obras de reforma e revitalização na UBS Santa Tereza, que terá sua capacidade aumentada de 1.400 atendimentos por mês para 1.800. Nos esportes, a cidade vai receber uma nova quadra esportiva, no Jardim Margarida, e um novo ginásio, no Mogilar. Para finalizar, neste mês de setembro ainda será inaugurado o Espaço de Arte e Cultura, que oferecerá cursos e capacitação além de atividades esportivas e culturais.

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