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Os bares e a pandemia
Comportamento Os bares e a pandemia
Estabelecimentos da Capital criam estratégias para lidar com os limites impostos pela Covid-19 Bruna Calcanhotto Galvão
Com mais de oito meses de isolamento social, três empresários de Porto Alegre, proprietários de bares no bairro boêmio Cidade Baixa, comentam sobre este cenário desafi ador e as difi culdades de manter os estabelecimentos. Lourenço Gregianin Testa, ou “Lolly”, proprietário do Dirty Old man e do Sandbox Bar Experimental, Sandro Rodrigo Macedo, dono do 7 GastroPub e do recentemente fechado Rock N’ Soul, e Sônia Maria Ferreira Bastos, dona do InSônia, contam como é a aventura de tocar um negócio em tempos de incerteza. Com a chegada da pandemia, o bar Dirty Old Man, localizado na Rua General Lima e Silva, número 956, foi fechado em 13 de março. Houve a tentativa de implementar tele-entrega e o sistema pague e leve, mas a demanda não funcionou pela tipologia de serviços e produtos oferecidos. “Foi por muito pouco que não encerramos as atividades permanentemente”, contou Lolly.
O bar reabriu no fi nal de setembro, cumprindo as normas de distanciamento. Houve redução do número de pessoas por mesa e aumento do afastamento entre elas, ambientes com pouca ventilação foram fechados e é proibido acessar o balcão que fi ca próximo à produção de coquetéis e torneiras de chope. “Em média, estamos a menos de 20% da entrada que teríamos sem a pandemia”, disse o proprietário.
Lolly também é dono do Sandbox Bar Experimental, que segue aberto e está localizado na Rua Octávio Corrêa, 84. Os mesmos meios usados no Dirty Old Man para driblar a pandemia foram aplicados no SandBox Bar Experimental, mas logo surgiu a oportunidade de reformar o estabelecimento. O dono afi rma que a esperança para os próximos tempos para ambos bares é o controle da pandemia.
Já Sandro Macedo, dono do Rock N’Soul, localizado na Rua João Alfredo, 555, e 7 GastroPub, na Rua Castro Alves, 442, teve que fechar o primeiro. O Rock N’Soul era muito procurado por turistas por conta da temática. Porto Alegre é considerada uma das capitais que mais se nutre da vertente do Rock N’ Roll, estilo que, segundo Sandro, nunca vai morrer: “Muitas pessoas realmente visitaram o bar, por conta de ser de Rock, e por simplesmente jogar no Google, bar de Rock, e o Rock N’ Soul ser o primeiro a aparecer”.
Para lidar com a pandemia, foi feito delivery e pague e leve usando a cozinha do 7 GastroPub e entregando o mesmo cardápio, o que não funcionou por muito tempo. “Com a extensão do isolamento social, não estava mais havendo retorno, e a opção foi parar com o delivery, já que era somente uma troca de dinheiro e sendo cansativo. As pessoas perderam emprego e poder de compra, assim difi cultando todas as classes, tanto clientes quanto trabalhadores, nem as promoções eram sufi cientes. A decisão mais sensata foi manter o Rock N’Soul fechado”, conta Sandro. Antes da pandemia, estudava-se uma migração do bar para o 4° Distrito de Porto Alegre, mas, com a difi culdade em manter o aluguel da casa e a vontade de preservar o nome da marca já consagrada, a opção foi fechar momentaneamente e estudar a reabertura em outro lugar em 2021.
Sônia Bastos é proprietária do bar que se tornou famoso na página do Facebook “Porto Alegre Memes”. O InSônia foi nomeado por ela e Francisco Silipranti, que havia dito que estava a caminho do bar “insano”. Não havia uma temática certa, apenas o intuito de incentivar a cultura. Com o tempo, virou um bar cultural, e toda manifestação de arte era e é bem-vinda.
Com a chegada da pandemia, o bar fechou no dia 16 de março e agora lida com as difi culdades, presenciando outros tantos bares próximos fechando de maneira defi nitiva. O formato delivery e pague e leve segue à disposição. Sônia garante que não pretende reabrir o estabelecimento mesmo com a possibilidade de funcionar dentro das normas de distanciamento social. A proprietária conta que prefere manter a segurança das pessoas e a própria. Assim como os outros proprietários, ela não vê reabertura total do bar até haver uma vacina. A incerteza é grande, todos foram afetados e há apenas a grande dúvida de quando o “velho normal” voltará a ser apenas “normal”.