1 Edição nº 1/ Fevereiro de 2014
avoengo
''1964: o ano que não terminou'' Quais são os reflexos socioculturais na estrutura nacional advindos do golpe de 1964 e que pesam até os dias de hoje
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Sumár o Editorial, “Avo... quem?” ____________________________________ 03 Seção “E-se?”_____________________________________________05 Seção Entrevista _________________________________________07 Matéria de capa _________________________________________09 Seção “Reflexão” ________________________________________16 Seção “Esporte” __________________________________________18 Seção “Arte e Cultura” ____________________________________20 Extras, “crônica” _________________________________________22
Expediente Equipe Avoengo: Thamires Tribst: Entrevista Thaís Lacaz: “E se?” Flávia Borges: Reflexão e Política Gisele Puygcerver: Esporte Nicoly Pinto de Oliveira: Arte e Cultura/Crônicas
Planejamento Gráfico e Diagramação: Nicoly Pinto de Oliveira
Revisão Geral: Thaís Lacaz e Nicoly Pinto de Oliveira
Coordenação: Alessandra de Falco
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Avo... quem? com relação à importância deste fato nas consequências nacionais que hoje fazem parte da nossa rotina. Uma mostra de materiais que nos levem a entender (ou ao menos tentar) função de cada grupo social dentro do âmbito revolucionário. Afinal de contas, de que nos serviram aqueles vinte anos de repreensão? Não há somente uma lista infinita de coisas ruins, muito pelo contrário. O que há de tão diferente daquela época para hoje em dia além das datas? Dizem por aí que os problemas são os mesmo desde que o mundo é mundo... E se realmente for assim? Não seria bom conhecermos o passado para traçar uma linha futura muito melhor elaborada? Provavelmente. A ampulheta invertida surge dessa ideia, o voltar no tempo e, posteriormente, compreender o presente. Não criar a utopia e imaginar o que poderia ter sido feito, porém encontrar no ato passado a forma de resolução para uma questão atual, tudo isso de forma simultânea ao desenvolvimento da valorização de raízes. O que nos trouxe ao lugar onde nossos pés criaram morada? Somos tão isentos de culpa das situações nas quais nos encontramos quanto qualquer autoridade primeiramente acusada durante um julgamento. Obviamente, cada um com seu papel e sua porcentagem de paticipação... Mas somos sempre o que alguém já foi em nosso lugar.
- Nicoly Pinto de Oliveira
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Somos o que foram um dia em nosso lugar. Somos pessoas impregnadas por cicatrizes históricas herdadas por nossos antepessados, seres embebidos de valores impostos durantes anos e anos em diferentes momentos temporais. “Avoengo” é uma palavra de origem latina, que remete o sentido de ‘avós’, ancestrais, vem do direito de suceder nos bens pertencentes aos ancestrais. É justamente visando a reflexão e, em seguida, compreensão de que somos mero resultado de milhares de fatores fatídicos que um dia vieram a ser colocados em prática pelos que aqui viveram, que a ideia ‘Avoengo’ fez-se material. O dasapego às raízes, que tanto nos afasta do que somos enquanto raça humana, é cada dia mais frequente com o advindo das novas filosofias de vida. O que seria do Brasil se quem o tivesse “descoberto” fosse os britânicos ao invés dos portugueses? Que rumo tomaria a Alemanha caso Hitler jamais a tivesse dominado? Neste caso, como seria o país se a ditadura militar não tivesse governado o país por vinte anos ou, melhor ainda, como estaríamos hoje se ela não tivesse acabado? Não é dar tudo pronto, é instigar o leitor a buscar entender de onde vem sua atitude presente, o que levou seus hábitos a serem como são, o que aconteceu anos atrás e que resultou na grade cultural que hoje cerca, de diferentes maneira, variados locais. Em tributo ao ‘aniversário’ de 50 anos de Ditadura Militar no Brasil, a Avoengo deste mês escolheu este período histórico tão conturbado para iniciar sua tragetória como revista. São hipóteses, e nada além disso, levantadas
Dos meus antepassados gauleses tenho os olhos azuis pálidos, uma firmeza limitada e a falta de habilidade na luta. - Arthur Rimbaud
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2014: E se o AI 5 ainda estivesse em vigor? - Thaís Lacaz
O que você não poderia fazer...
idade de vida das pessoas em todas as esferas. E como o que já está ruim sempre pode piorar, a economia do país, que já anda mal das pernas, não estaria nada bem. Nossas indústrias estariam entregues ao capital estrangeiro, bem como nossas finanças – de certa forma, no atual contexto, isso também acontece, salvo algumas diferenças referentes ao recente estágio do capitalismo e da economia mundial. Com o advento da internet e das redes sociais, o regime militar teria mais dificuldades para manter a ordem, mas, mesmo assim, manteria tudo sobre controle – vide as ditaduras que ainda existem ao redor do mundo, a Coréia do Norte, por exemplo. Feito este quadro – de maneira superficial e com possíveis erros – de como seria o país caso a ditadura ainda perdurasse, é perceptível de que algumas situações não seriam tão diferentes do que ocorre hoje. Talvez, este Brasil hipotético que tentamos desenhar aqui, seja o mesmo em que vivemos e não percebemos.
Confira um trecho do Ato Inconstitunional nº 5, 1969 Art. 1º - São mantidas a Constituição de 24 de janeiro de 1967 e as Constituições estaduais, com as modificações constantes deste Ato Institucional. (...) Art. 4º - No interesse de preservar a Revolução, o Presidente da República, ouvido o Conselho de Segurança Nacional, e sem as limitações previstas na Constituição, poderá suspender os direitos políticos de quaisquer cidadãos pelo prazo de 10 anos e cassar mandatos eletivos federais, estaduais e municipais. Parágrafo único - Aos membros dos Legislativos federal, estaduais e municipais, que tiverem seus mandatos cassados, não serão dados substitutos, determinando-se o quorum parlamentar em função dos lugares efetivamente preenchidos. Art. 5º - A suspensão dos direitos políticos, com base neste Ato, importa, simultaneamente, em: I - cessação de privilégio de foro por prerrogativa de função;
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onsiderado um dos períodos mais obscuros da história do Brasil, o golpe militar que instaurou a ditadura no país completará em, abril deste ano, cinquenta anos. Passadas quase cinco décadas desde que os militares tomaram o poder, dentre inúmeras perguntas, surge esta: se ainda estivéssemos vivendo neste período, como estaria o país social, política e economicamente? Em um primeiro momento, essa indagação pode parecer ousada, mas, não é tanto quanto parece. Até hoje, resquícios da época ditatorial assombram o país e não é difícil imaginar a situação em que a sociedade brasileira se encontraria caso o regime militar ainda estivesse em vigor. Provavelmente a repressão, censura e o cerceamento das liberdades civis e políticas imperariam sobre o quadro social brasileiro – é bom ressaltar que essa situação não seria muito diferente do que acontece atualmente, só que de forma sutil e com o respaldo do Estado, da grande mídia e de uma parte da sociedade. Os jornais que iriam
lutar contra a ditadura, sofreriam fortes censuras. Jornalistas seriam perseguidos até serem presos e consequentemente, torturados ou mortos. A educação pública continuaria (algo que persiste até hoje) abandonada e sucateada, pois não seria do interesse dos governantes militares uma população instruída, bem preparada, com capacidade para pensar criticamente. As organizações políticas e estudantis viveriam na clandestinidade e seus militantes seriam duramente perseguidos até serem presos, torturados e mortos. E você estaria preocupado com o próximo capítulo da novela, não? Pois, é. Enquanto isso, a vida política, social e econômica do país iria por água abaixo, ao passo que os militares tentariam, de todas as formas possíveis, forjar a ideia de que ‘tá tudo muito bom, tá tudo muito bem’. Diante de tal farsa, a população sofreria as consequências de um governo repressivo, autoritário e sem um plano político, com medidas que visassem à melhoria da qual
E a liberdade para ser “patriota”?
II - suspensão do direito de votar e de ser votado nas eleições sindicais; III - proibição de atividades ou manifestação sobre assunto de natureza política; IV - aplicação, quando necessária, das seguintes medidas de segurança: a) liberdade vigiada; b) proibição de freqüentar determinados lugares; c) domicílio determinado, § 1º - O ato que decretar a suspensão dos direitos políticos poderá fixar restrições ou proibições relativamente ao exercício de quaisquer outros direitos públicos ou privados. § 2º - As medidas de segurança de que trata o item IV deste artigo serão aplicadas pelo Ministro de Estado da Justiça, defesa a apreciação de seu ato pelo Poder Judiciário.
Protestos, 2013
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9 - Thamires Tribst
“ Fiquei angustiado A
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minha prisão se deu de uma maneira muita estranha embora a cara do absurdo que foi o Brasil naquele período
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m entrevista exclusiva gravada em 2012, ao seu próprio site, Caetano Veloso, fala sobre como foi sua ida e volta de Londres durante a época da ditadura militar no Brasil. Nascido em 7 de Agosto de 1942, Caetano, desde menino se interessou pela música quando fazia visitas á Rádio Nacional no Rio de Janeiro, palco de apresentações dos maiores ídolos musicais brasileiros. Aos 19 anos de idade sua curiosidade pela música se intensifica graças á Bossa Nova e em 1963 conhece Gilberto Gil e diversos outros artistas, a partir daí sua carreira começa a decolar. Sobre o nascimento da Tropicália, o cantor afirma “eu achei que a resposta da música popular á situação brasileira deveria ser mais vital, mais violenta.” Segundo ele,
essa ideia foi crescendo e Gil dizia que essa mudança deveria ser um movimento cultural e assim deu início às primeiras raízes do Tropicalismo, em suas palavras, a resposta musical á violência que o país sofria na época. O movimento se tornou público no festival da Record onde Caetano lançou a música “Alegria, alegria” e Gilberto Gil “Domingo no Parque”. Ao ser questionado sobre ter sido preso pelos militares, após um polêmico show na boate Sucata no Rio, o cantor ressaltou “se deu de uma maneira muita estranha embora a cara do absurdo que foi o Brasil naquele período.” Caetano só foi interrogado após um mês de cárcere e acusado de ter desrespeitado a bandeira nacional em sua última apresentação na casa noturna, que dias antes foi fechada pelos militares.
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Caetano Veloso fala sobre Tropicália e o exílio político
pós 2 meses de prisão e 4 meses, Caetano e Gil, detidos e proibidos de deixar a cidade de Salvador, a única solução encontrada para se livrar da situação, foi deixar o país. O artista conta que a sugestão foi dada pelo coronel da polícia federal “aí eles apresentaram a solução de sair do Brasil, que era a única solução, e me convenceram a ir para Londres, Gil e eu ficamos dois anos fora e gravamos três discos.”. Sobre a sua volta ao país, Caetano Veloso conta “em venho ao Brasil em 71 porque meus pais iam fazer 40 anos de casados e eu ia ser o único filho ausente. Então Bethânia conseguiu uma permissão especial com o governo militar para que eu conseguisse vir ao aniversário de bodas de meus pais.”. Quando desceu do avião foi preso imediatamente por um grupo de homens a paisana “quando eu cheguei, eles me prenderam e dali me coloram em um carro e me levaram. Me interrogaram por 3 horas, queriam me convencer a fazer uma música sobre a Transamazônica (...). Depois eu tive que ir pra São Paulo, não podia raspar a barba ou o cabelo e tive que fazer duas apresentações na Globo para passar a imagem ao público de que estava tudo bem.” O cantor disse ainda que ficavam vigiando-o, com dois homens na porta da casa de sua mãe toda a noite, numa vigilância constante. “Fiquei angustiado”, conta. Caetano teve direito de ficar um mês e voltar para Londres sob as condições do governo militar. A entrevista na íntegra está disponível no site do pernambucano: (www.caetanoveloso. com.br)
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1964: o início de um período infinitamen te finito de cicatrizes socio-culturais
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empos sombrios aqueles representaram para o nosso país. Foram vinte e um anos em que o povo brasileiro agia de forma vinculada e artificial. Explico. Vinculada pelo fato de que nada se fazia se não em concordância com as ordens dos militares, à época no Poder. Artificial porque garantido não era à sociedade expressar-se conforme seus pensamentos e filosofias. As expressões a que se tinha acesso não eram fruto dos verdadeiros sentimentos, e as que eram, a elas não se tinha acesso.
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oi invocado como instrumento de legitmaçãodo regime, o velho e surrado – mas em permanente voga – discurso da “sobreposição do direito ou interesse público sobre o individual ou privado”. Tal discurso foi usado sempre quando da imposição de regimes autoritários, totalitários ou ditatoriais, e nos soa a populismo puro e descarado, onde o ventilamento de tais expressões esconde uma intenção bem mais cruel e perversa. Intenção esta que na época era a tomada do poder e a legitimação de práticas nada ortodoxas para suprimir as oposições.
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os dias atuais as mesmas expressões encontram-se dentro dos discursos de governantes ora no Poder, o que nos leva a imensa preocupação. Não duvido que suas intenções sejam as mesmas, o que não quer dizer que seus meios para alcançar o mesmo fim sejam os mesmos. Tais meios são mais sutis hoje em dia – até porque nós brasileiros, hoje mais politizados, não permitiríamos o uso dos cruéis instrumentos de “persuasão” da época, assim como haveria grande possibilidade de in-
terferência externa para que assim não ocorresse. Os reflexos da ditadura militar, que teve início em 1964 com o governo do Marechal Humberto Castello Branco, nos dias de hoje, podem ser vistos com muita clareza nos cenários econômico, político e social brasileiro.
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a economia pagamos com juros estratosféricos, o controle inflacionário. Tais juros são, ainda, o melhor remédio para a inflação, que é produto do “milagre econômico” vivido em boa parte dos vinte e um negros anos de nossa história. Os mencionados juros fazem com que estagnemos em relação à economia. Durante aquele período o Brasil chegou a crescer até 14% ao ano, como ocorreu no 7º ano do golpe (1973). Os efeitos negativos do aceleramento exacerbado e, diria, irresponsável do crescimento começaram a serem vistos durante o próprio regime, como no ano de 1981, quando houve uma retração de 4,3% do Produto Interno Bruto. Não há que se falar em conjunção de crescimento acelerado com inflação sob controle, por isso esta última chegou a atingir níveis plutônicos, como no ano de 1984 quando foi de 223,9% ao ano. Só para efeito de comparação a meta inflacionária para este ano – e não é das mais baixas – é de 6% ao ano. Chegamos então à conclusão de que a estagnação econômica atual – sem levar em conta o resultado do ano de 2004 – por que passa o Brasil tem causa remota no período do “milagre”, que estamos a precisar nos dias de hoje, mas não nos mesmos moldes, pois, nestes não desejamos a ninguém.
Na Política
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o campo da política os efeitos são mais visíveis ainda. Assim digo, por achar que à olho nu qualquer um pode identificar as aberrações que hoje estão presentes na esfera política nacional, e que são decorrentes da repressão vivida entre 1964 e 1985. Quando uso a expressão “à olho nu”, quero dizer que podem ser vistos por olhares atécnicos ao contrário dos fatores econômicos, que exigem tecnicidade monstra, a qual é estranha à esmagadora maioria populacional do país. Um dos efeitos mais evidentes dos vinte e um anos de ditadura militar não está no que o regime criou, mas sobretudo no que impediu que funcionasse e evoluísse, como o surgimento de novos líderes,
Protestos contra o regime militar durante a ditadura
a ampliação do eleitorado ou a sintonia do sistema partidário com a crescente complexidade da sociedade. O que tem nos mostrado o Congresso Nacional em todas as suas legislaturas após o fim do governo de João Figueiredo, o último dos militares, é uma atuação freqüente no que diz respeito a ataques da oposição contra os governantes no Poder, uma luta interminável, que, não importando quem ocupe o lugar de situação e governo, acaba sempre sendo do mesmo jeito. De novo remeto-os para os “anos sombrios” da ditadura, para explicar tal maneira de agir dos parlamentares. Naquela época eles não tinham muito o que fazer se não ocuparem-se em por em dúvida a legitimidade do governo, visto que o Executivo havia-lhes usurpado, ou roubado mesmo – direta ou indiretamente – em grande parte o papel legiferante que lhes era peculiar. Outra deformidade política espelhada pela ditadura nos dias de hoje, é justamente o modelo partidário sem identidade social. O povo já não se identifica com um partido ou com alguns partidos, e o culpado por isso não somos nós, mas sim os próprios, que fazem de tudo para al-
cançar seus objetivos políticos esquecendo a filosofia que apregoavam quando de suas criações. Talvez o pior mal que herdamos do patrimônio da ditadura foi o da força das oligarquias, mas este problema é só questão de tempo, e que, não havendo surpresas quanto ao ciclo natural dos seres, a biologia cuidará de resolver para nós.
Na sociedade
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oda pobreza, mendicância, mazela, sofrimento, fome, entre outros maus que vimos acontecer com uma grande parte de nossos compatriotas, é reflexo do que o nosso antigo Presidente chama indevidamente de “herança maldita”, que nada mais é do que o conjunto de erros históricos cometidos por todos os governantes – inclusive os atuais –, quando no exercício do Poder. Não podemos culpar o período que é destaque deste artigo pelas patologias sociais de que hoje sofremos. Neste período houve apenas uma contribuição, como em todos os outros regimes, democráticos, totalitários, autoritários
“De toda luta necessária, resulta novos homens mais bravos e justos - ou menos... “
Na Economia
ou ditatoriais em que vivemos ao longo de nossa sofrida história. Os militares porém, contribuíram, mesmo com suas más ações, para o desenvolvimento político na mente de nosso povo. Com toda a repressão por eles promovida, nossa sociedade atentou-se mais aos grupos políticos que constantemente criticavam o governo do momento, o que, nos “finalmentes” do regime, desaguou em campanhas de grande apelo popular como as “Diretas Já”. Tais acontecimentos causaram uma onda de politização onde observamos ter surfado uma boa parte de nossa população, principalmente camadas volumosas dos movimentos estudantis. A educação foi uma das áreas mais prejudicadas no ciclo militar de poder. Foi uma área praticamente desprezada no que respeita à sua estruturação e incentivo, e para isto há uma explicação. Não era de interesse dos governantes-militares da época que uma massa populacional tivesse acesso a um ensino de qualidade, pois temiam que se assim ocorresse, o movimento em seu desfavor, no âmbito estudantil – que já era grande –, aumentasse. Vários movimentos antigolpe preocupavam o governo. Os que mais o faziam, porém, eram os encabeçados ou capitaneados por líderes estudantis, que tinham enorme poder de controle sobre seus
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Logo...
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guisa de conclusão, digo que a democracia não é o modelo de concessão de Poder ideal, principalmente em sua forma indireta, mas ainda é o melhor e não temos conhecimento de nenhum outro modelo que a supere no que diz respeito à justiça social que – pelo menos tenta – proporciona, ao permitir que os cidadãos exerçam – mesmo que indiretamente – o Poder. O ideal das armas da razão ainda deve prevalecer ao da razão das armas, pois, como tentamos demonstrar, seguindo-se o segundo lema pode-se comprometer a felicidade de gerações e mais gerações, portanto, uni-vos, na defesa das armas da razão em desfavor da razão das armas. (Texto de Alcimor Aguiar Rocha Neto, escolhido e revisado por Thaís Lacaz)
90º de feminismo
“ O fim da ditadura não impediu que a
repressão e censura contra as manifestações cessassem. Pelo contrário, durante os protestos que ocorreram no país em 2013 e no começo desde ano, as ações da polícia – sempre por meio da violência – foram incisivas no sentido de repreender os manifestantes e desmoralizar os movimentos sociais. Portanto, a foto do período da ditadura e a dos recentes protestos que acontecem no país, possuem certa ligação e poderiam pertencer a épocas distintas. A censura e repressão permanecem, porém com diferentes rostos. E os protestantes não morreram, apenas são continuidade genealógica daqueles que levantaram e, ainda levantam, o país. “ - Thaís Lacaz e Nicoly Pinto de Oliveira
Protestos em 2013
Mude seu ponto de vista.
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AINDA FAZEM DA FLOR SEU MAIS FORTE fErrÃO - Flávia Borges
“Eu luto ao lado de uma revolução, não de um homem.”
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sta é uma frase do filme Olga (Jayme Monjardim / 2004) dita pela protagonista ao seu companheiro quando lhe apresentada suas intenções revolucionárias. Se existiu fora da ficção não se sabe, mas, decerto, ela expressa o que muitas mulheres passaram ao optar pela luta armada nos anos de Ditadura Militar no Brasil. O período de 21 anos de regime militar coincide com o momento da Segunda Onda do Feminismo, ou seja, o momento que a luta feminista ultrapassava a busca por direitos políticos e se concentrava no fim da discriminação e a igualdade completa dos sexos. Antes de lutar contra a opressão exercida pelo Estado, as mulheres precisavam enfrentar e quebrar o estereótipo de ser mulher, mesmo sendo o momento de ruptura onde o espaço publico estava sendo aberto à participação feminina, o papel da mulher na luta armada era de subordinação ao militante homem. A doutora em Sociologia Alzira Alves de Abreu em Quando eles eram Jovens Revolucionários aponta que a maioria das militantes era formada por estudantes, professoras ou tinham qualquer outra formação superior, sendo assim integrantes das denominadas camadas médias intelectualizadas, fazendo com que, possivelmente, tivessem condições para desempenhar um papel mais destacado nas formulações políticas. Portanto, embora as mulheres tivessem condições intelectuais, faltava a elas ser do género “certo”. Outra especificidade do gênero feminino neste contexto está relacionada à tortura, quando eram presas as mulheres também enfrentavam o sexismo e a violência sexual. Em reportagem na Marie Claire, Tatiana Merlino, organizadora do livro “Luta, Substantivo Feminino” (2010), afirma que “ser mulher fazia diferença. Porque ainda que os homens torturados também tivessem de ficar nus, eles tiravam as roupas na frente de homens. A mulher ficava nua diante dos
olhos cobiçosos e jocosos daqueles homens, essa era a primeira violência”. A grande maioria das mulheres que eram presas, consequentemente era estuprada pelos militares, mesmo que os homens também fossem expostos a nudez e a tortura nos órgãos genitais, o estupro foi utilizado somente contra a mulher. 50 anos depois do Golpe Militar, a mulher ainda sofre sendo o gênero “errado” e com violências especificas. A participação feminina é quase esquecida, já que a maioria dos relatos diz respeito aos homens. As injustiças e atrocidades sofridas em nome da liberdade devem ser lembradas por nós, para que continue acesa a fome de justiça e honra da mulher que luta. Seja todo ouvidos! Depoimentos de mulheres que sentiram na pele o peso ditatorial Militante, Ana Mércia Silva Roberts:
Militante, Ieda Seixas:
“Ana Mércia Silva Roberts, então com 24 anos, esforçava-se para manter os braços abertos, sustentando uma folha de papel presa entre os dedos de cada mão. Ela estava naquela posição havia horas. A cada vez que o cansaço lhe fazia baixar minimamente os braços, um choque elétrico percorria todo seu corpo. E as gargalhadas preenchiam a pequena sala. Eram vários homens, talvez oito, talvez dez. Cada um com um rosto, uma história, uma vida. “Um dos meus torturadores poderia ser meu avô, um senhor de gravata-borboleta para quem eu daria lugar no ônibus; o outro era um loiro com chapéu de caubói. Havia um homem com jeito de pai compreensivo que chegou a me dar um chocolate, e um jovem bonito com longos cabelos escuros, que andava de peito nu, ostentando um crucifixo, de codinome Jesus Cristo”
“Levaram-me para um banheiro durante a noite, no DOI-Codi, eram uns dez homens. Fiquei sentada em um banco com dois deles me comprimindo, um de cada lado. Na minha frente, em uma cadeira, sentou um cara que chamavam de Bucéfalo. Ele me dava muito tapa na cara, a minha cabeça virava de um lado para o outro, mas eu nem sentia, porque um dos homens que estava sentado ao meu lado não parava de passar a mão em mim, colocou os dedos em todos os meus orifícios. Era tão terrível que eu pedia: ‘Coloquem-me no pau de arara’. Mas aquele homem dizia: ‘Não, gente. Não precisa levar essa aqui para o pau de arara. Comigo ela vai gozar e vai falar’.
(Fonte: Marie Claire)
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futebol, ontem e hoje - Gisele Puygcerver
No final das contas, a paixão pelo futebol tem o direito de refletir até quanto na responsabilidade social de cada um, enquanto cidadão?
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m 1970, a nação brasileira estava entusiasma com a participação do Brasil na copa do mundo no México, fora a primeira vez transmitida aos que tinham condições. Contudo, escondido no meio do brilho da busca pelo tricampeonato estavam as torturas aos presos políticos da ditadura militar, à repressão e a censura não só ao meios de comunicação, como a peças teatrais, músicas, entre outros. Tão período foi denominado os anos de chumbo no qual o governo do general Emílio Garrastazu Médici utilizou de violenta repressão. O brasileiro vibrava a cada gol pois os orlofortes estavam todos na copa, usada pelo governo ditatorial para se promover. O futebol como distração das famílias mais por de trás sofrimento, dor, opressão, pessoas mortas, torturadas e procuradas. Professores, artistas também políticos e escritores sendo excilados. Enquanto isto, nas radíos ecoava o hino da copa produzido por Miguel Gustavo; a canção chamada “ Pra Frente Brasil” que gerava sentimento de orgulho pela nação. O governo militar utilizou do Ato Instituvional Nº 5 para agir de forma absolutista. Proibindo assim, manifestações populares de teor político, em casos de crime político e contra a ordem econômica suspendia o direito de habeas corpus. Foi este ato que impós a censura nós jornais, lirvos, revistas. E com estas medidas, inocentes mor-
reram ao som da vitória e conquista do Brasil da taça Julis Rimet e com gritos de “ Salve a seleção”, parte do hino da copa. Existiram orgãos de repressão dos anos de cumbo, como o Destacamento de Operações e Informações e Centro de Operações de Defesa Interna- DOI- CODI. Este, tinha como finalidade combater os inimigos internos que segundo os ditadores poderiam ameaçar a segurança nacional. Vários presos políticos foram torturados na sede do Doi- Codi, em São Paulo. Aqueles que morriam eram registrados como desaparecidos e eram enterrados em valas comuns. A realidade que os brasileiros tinham acesso era de um país que estava crescendo e se desenvolvendo. Com boas oportunidades de empregos derivadas do aumento da produção industrial e o investimento das multinacionais no país, etc. Realmente o governo ditadorial produziu pontos positivos na ecônomia e ganhos o problema é quando isto serve para incubrir perseguição e morte. Já faz quatro décadas desta vitória da seleção brasileira. Dentre os jogadores convocados para a copa de 70 podemos citar: o Pelé, Tostão, Jairzinho, Gérson, Clodoaldo, Carlos Alberto etc. O técnico da seleção a princípio era João Saldanha, porém o mesmo foi afastado por questões políticas, sendo substituído pelo futebolista Jorge Lobo Zagalo. Curiosidade
Além de conduzir os militares ao poder, a nova ordem instituída após a queda do presidente João Goulart, em 31 de março de 1964, foi também decisiva para os rumos do futebol brasileiro. O Estado, reorganizado pelos novos donos do poder, estabeleceu a partir daí uma série de imposições disciplinadoras no universo esportivo. Uma dessas primeiras demonstrações, com vistas a enquadrar nosso futebol às novas diretrizes governamentais, foi o cancelamento, pela Confederação Brasileira de Desportos (CBD), de uma partida entre as seleções brasileira e soviética. A medida, que expressava o zelo anticomunista da chamada linha-dura no poder, desarticulou a aproximação esportiva do Brasil com os países do bloco socialista, iniciada pelos governos anteriores.
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povo demonstrou paixão pelo esporte com a copa de 1970. Fazendo uma atualização destes acontecimentos no tempo chegamos a copa de 2014, que irá ser sediada pelo Brasil. Hoje o Brasil está vivendo em uma onda de protestos por N fatores, dentre eles estão os gastos com a copa do mundo, os problemas sociais do país, como educação, entre outros. Assim é possível fazer um paralelo de como em meio a estes períodos de imensa agitação social, política e econômica sobrevive a paixão pelo futebol na vida do brasileiro. Para Sabrina Morethson, 18, é uma hora imprópria para o Brasil sediar uma copa do mundo e o mesmo não possui condição para à fazer, fala isso se referindo as “ insuficiências e mazelas sociais” que existem no país. Contudo, Sabrina afirma que vai torcer pelo Brasil: “com certeza vou torcer pelo meu país, futebol é um esporte. O esporte do Brasil deve ser valorizado”, fala assim para dizer que não é a paixão pelo futebol o nosso problema, mais sim o nosso jeitinho brasileiro, a nossa facilidade em esquecer das coisas, a corrupção. E conclui dizendo: “ O esporte está aí como uma diversão, um lazer, uma prática muitas vezes ressocializadora em meio as mazelas da sociedade. O futebol brasileiro não tem culpa do governo que tem, essa culpa é exclusiva do cidadão que não exerce seu papel como deveria.” Existem vários pontos de vista quanto a relação entre esporte e o Brasil como sede da copa neste ano de 2014, porém em uma coisa quase todos concordam. Que dentro do país deveriam existir outras prioridades do que a realização de uma copa do mundo, que claro também gera renda e trabalho. Assim podemos relembrar a onda de sequestros em junho de 1970, os presos políticos e ao mesmo tempo o povo brasileiro assistindo,o capital da seleção, Carlos Alberto fazer o levantamento da taça, que mais tarde fora roubada. Tudo isto para dizer que o espírito do futebol em meio as dificuldades do brasileiro sempre esteve presente.
Pois no fim, a paixão pelo esporte fala mais alto, que seja às vezes nem para torcer pelo Brasil mais para assistir aos jogos, como é para Matheus Felipe Silva Gurgel, estudante de biologia. Existem vários pontos de vista quanto a relação entre esporte e o Brasil como sede da copa neste ano de 2014, porém em uma coisa quase todos concordam. Que dentro do país deveriam existir outras prioridades do que a realização de uma copa do mundo, que claro também gera renda e trabalho. Assim podemos relembrar a onda de sequestros em junho de 1970, os presos políticos e ao mesmo tempo o povo brasileiro assistindo,o capital da seleção, Carlos Alberto fazer o levantamento da taça, que mais tarde fora roubada. Tudo isto para dizer que o espírito do futebol em meio as dificuldades do brasileiro sempre esteve presente. Assim como em meio a repressão na ditadura havia a vibração pela nação, hoje em meio a toda insatisfação gerada com os gastos da copa do mundo, como podemos ver para Gurgel que diz ser um absurdo tanto investimento na construção de estádios que podem não ser utilizados depois ainda existem pessoas interessadas em adquirerem seus ingressos para os jogos da copa, por paixão ao esporte.
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“ A arte como meio de expressão ” - Nicoly Pinto de Oliveira
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m filme de 2007 e dirigido por Helvécio Ratton. O filme traz um enredo contextualizado na cidade de São Paulo no fim dos anos 60, quando um convento de frades dominicanos torna-se uma trincheira de resistência à ditadura na época. Movidos por suas ideologias cristãs, freis passam a apoias guerrilheiros da ALN, comandada por Carlos Marighella. A igreja apoiou a ditadura no início de sua ação, o que torna este filme interessante para conhecer uma mudança de postura daqueles que viam algo de uma forma quando, na verdade, era outra. ‘Batismo de Sangue’ é um filme forte, com cenas de tortura explícita. Vale a pena assistir se o objetivo é entender as coisas sem medo da realidade.
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ão há um estudo histórico aprofundado que não se dedique ao entendimento dos produtos artísticos da época em questão. Diversos reflexos do pensamento popular estão impregnados na arte resultante de seus trabalhos enquanto membros de uma sociedade inserida em determinado contexto histórico e, consequentemente, no que será produzido posteriormente referente àquele mesmo período. Seja por meio da música, cinema ou artes plásticas, o que é calado fisicamente se expressa de forma subjetiva. O que não é produzido no período em questão vem depois, para explicitar muito do que não poderia ser mostrado naquele momento. Entenda a ditadura de diferentes ângulos:
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pra frente, brasil!
m filme de 1982 e dirigido por Roberto Farias. Em 1970, período dos tão conhecidos “anos de chumbo”, o Brasil vibra, com a Seleção Brasileira de Futebol na Copa do Mundo sediada no México, arentemente alheio ao momento sombrio. Enquanto a população grita por gols, prisioneiros políticos são torturados. O ponto central inicia-se quando um homem comum, Jofre, pega um táxi com um militante de esquerda e é preso, injustamente, como cúmplice. Já preso, ele é submetido a inúmeras sessões de tortura. Sua família busca por ele, não contando com o apoio militar, muito pelo contrário. Uma história que contextualiza o período de uma forma muito brasileira, mostrando o descaso nacional para com a injustiça enquanto um evento esportivo está em andamento.
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o que é isso, companheiro?
m filme de 1997, dirigido por Bruno Barreto. ‘O que é isso companheiro?’ narra uma história verídica – ainda que com algumas licenças ficcionais – do sequestro do embaixador dos Estados Unidos, Charles Burke Elbrick, em 1969, por integrantes do MR-8 e ALN (grupos de guerrilheiros de esquerda da época), que buscavam trocar a liberdade do embaixador pela de companheiros que eram mantidos presos. O filme foi indicado ao oscar de melhor filme estrangeiro. A visão revolucionária guerrilheira, o convívio de seus aderentes, o filme é muito bom para, além de trazer-nos a compreensão do contexto, entender o lado “rebelde” da causa.
curiosidade... Já durante a ditadura militar, em pela vigência do AI 5 (1968), quando há um endurecimento do regime, é criada a Embrafilme – Empresa Brasileira de Filmes S/A – (1969), uma tentativa de, ao lado do Conselho Nacional de Cinema – Concine - (1976), poder agir nas atividades comerciais ou industriais relacionadas ao cinema e intervir de forma centralizada
batismo de sangue
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zuzu angel
m filme de 2006 e dirigido por Sério Rezende. Também trazendo uma história real, o filme conta um episódio da vida da estilista brasileira Zuzu Angel. Ela, fora do país distraída com seu trabalho, se mantém alheia a tudo que está acontecendo no país, enquanto seu filho, Stuart, ingressa numa luta armada contra a ditadura. Quando ela descobre que seu filho havia sido preso, ela inicia uma jornada incessante em busca de saber o que houve com seu filho, que àquela altura já havia sido torturado até a morte. A visão materna de um fato tão delicado é sensibilizante e nos traz à tona o drama de, não somente uma, mas várias mães que passaram pela mesma situação. Até hoje há corpos não localizados de pessoas presas pelos militantes naquele período.
meu caro amigo
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úsica de Chico Buarque e Francis Hime, é uma espécie de Hoje você é quem mancorrespondência musical para seu amigo Augusto Boal, exda, falou, tá falado,ilado em Portugal durante a ditadura Militar. Chico Buarque é não tem discussão.conhecido por ter sido um dos músicas mais atuantes duranA minha gen-te o período de ditadura. Sua insatsfação com o sistema políticot e que havia se estabelecido no país. fazia-se explícito em muitas de hoje anda falan-suas músicas, tais como “Apesar de Você”, “Cálice” e “Vai passar” . do de lado e olhand o pro chão, viu Você que inventou esse estado e inventou de inventar toda a escuridão você que inventou o pecado esqueceu-se de inventar O perdão... Apesar de você amanhã há de ser outro dia Eu pergunto a você onde vai se esconder
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crônica
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U Café com pão
ma xícara esmaltada de vermelho – essa migrada da casa dos pais quando a moça se casou –, moradia temporário de um café recém passado que empestava o ambiente com seu cheiro de nostalgia rural, era o objeto de atenção de Carmen. Ela, que não dormia havia mais de um dia, não sabia se se admirava com o vapor saindo do copo ou se tomava o café antes que esfriasse e poesia se desfizesse. Mas devia ser, não sei, a oitava xícara daquela manhã? Na cozinha você não sabe se o cheiro é de cigarro ou manhã, Carmen estava preocupada demais com a ausência do filho para prestar atenção nos detalhes oufativos do ambiente. Nos dias de hoje um “like” online pode levar a acusações sem fim e quem sabe resultadar em que. Dentre os tantos pensamentos que faziam-se presentes em sua mente conturbada, havia um que trazia paz... Era 1970, seus meninos ainda guris, corriam para lá e para cá no gramado – espaço de natureza que se colocava em meio à tanto cimento e asfalto, sem nem –, tão novinhos, não tinham ideia do que se passava naqueles tempos difíceis, ela degustando um bom livro e sentia-se grata por tê-los ainda tão indefesos dentro de seu âmbito protetor, afinal de contas, aquilo não havia de perdurar por muito tempo. Nos dias de hoje ela fica apreensiva com uma ida à faculdade. Carmen ri da própria inocência quando pensa que um dia acreditou no fim de algo tão pertencente ao poder governamental. E agora teme que o filho tenha tido o mesmo fim que seu pai, ativista incurável, que tanto provocou ansiedades em seu corpo... no final há somente saudade. De volto à mesa arranhada por tanta limpeza de fuzil, ela desperta com o som da maçaneta girando. Nos dias de hoje não dá para saber se isso é coisa boa ou ruim. “Mão, trouxe pão fresquinho!”. A voz muito lhe era conhecida, seu filho que tanto a preocupou ausente aparecera como se nada o tivesse acontecido. E quem pode saber se aconteceu ou não? Nos dias de hoje a gente tem que ficar alerta. - Nicoly Pinto de Oliveira
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