Acesse nosso site: www.freetrip.com.org Ano 1 Edição 1 18 de abril de 2013
A NOVA GERAÇÃO DOS MOCHILEIROS
RELATOS DE VIAGEM
Editorial
No caminho
Índice Abril 2013
Sem destino
“N
ão se viaja para ir a lugar algum, senão simplesmente para ir". Foi o escritor britânico Robert Louis Stevenson quem cunhou a frase. Usurpamos a máxima, sem vergonha: viajar é mesmo um verbo intransitivo. Não importa aonde vamos, importa é ir de uma vez. Isso porque, no fim, a intenção é sair de casa para ter contato com tudo aquilo que não faz parte da rotina. Chegar em Tóquio, Ouro Preto, Madagascar, Groenlândia ou na casa da Tia Filó em São João del Rei. Que importa? A diversão está no caminho. Entre expectativas e algumas certezas, que damos início que buscará sempre orientar, entreter e instigar o espírito mochileiro de cada leitor. O mochileiro é aquele que primordialmente, ama viajar. Esse sentimento imuniza o viajante de qualquer dificuldade que irá enfrentar durante a jornada. Mochileiro é o turista que viaja de forma independente, organiza por conta própria suas viajens, tendo como principal objetivo a busca pelo conhecimento de novas experiências. A maior virtude do viajante é a liberdade, um sentimento de que o mundo não é tão grande, que a situação financeira não é um empecilho para explorar, o mochileiro é isso, um explorador do mundo, que com coragem e determinação busca sua felicidade. Que diferente dos demais, não se situa em uma zona de conforto e nem se amarra às mesmices sociais, e cada descoberta se sente energizado e nunca completo. Pois isto que alimenta essa chama dentro do peito, uma força que dá a sensação de estar vivo em corpo e espírito, um espírito aventureiro.
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SEÇÃO FOTOS DOS LEITORES o4 Mathias Kronenberger
EDITOR Fabiano Porto DIRETOR DE REDAÇÃO Léo de Oliveira REDATOR CHEFE Gustavo Loureço REPÓRTERES Léo de Oliveira Gustavo Lourenço
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NOVOS MOCHILEIROS o5 Veja como a internet aumentou a praticidade dos viajantes
REVISÃO Fabiano Porto DIRETOR DE ARTE E DIAGRAMADOR Fabiano porto COORDENAÇÃO Alessandra de Falco Március Barcelos
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SEÇÃO ENTREVISTA o6 Relatos de viagem: Marcelo Terça - Nada. o7 Fotos
Abraços! Léo de Oliveira 2
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Free Trip
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Mochileiros da Geração Web
Por Fabiano Porto
A internet modernizou o intercâmbio de jovens em diferentes paíes que buscam novos amigos e hospedagem gratuita
P
ôr a mochila nas costas, cair no mundo, conhecer pessoas e se sentir livre. Esse tipo de aventura é, tradicionalmente, uma fase de muita diversão e de muito aprendizado na vida dos jovens. Informalmente, virou até verbo: “mochilar”. Em tempos de Google, Wikipédia e Facebook, essa maneira de viajar mudou. Os mochileiros de hoje não dormem apenas em albergues ou nas pousadas identificadas como “bed & breakfasts”. Eles agora têm uma nova opção de hospedagem: as casas de pessoas que conheceram em sites especializados. Cada site tem suas normas, mas o princípio é o mesmo. A inscrição é gratuita. Os jovens abrem as portas de casa para estranhos sem cobrar um centavo.
Da mesma maneira, eles podem ser recebidos por pessoas que nunca viram na vida, em qualquer canto do planeta A ideia é passear pelo mundo sem gastar dinheiro com hospedagem. Mas as vantagens vão muito além da simples economia com pousadas. Por meio dos sites, jovens antenados, destemidos e curiosos fazem amigos e mergulham em outras culturas. Todas as redes surgiram com uma proposta de paz e troca de experiências. Esse clima continua, mesmo com o aumento desenfreado de adeptos nos últimos anos. O site Global Free Loaders, por exemplo, tinha 60 mil inscritos em 2008. Cinco anos depois, esse número é dez vezes maior. É fácil entender o fascínio que esse tipo de intercâmbio desperta. Quem não gosta de chegar a um país estranho e ser recebido?
Afitriã
Mathias Kronenberger em viagem pela África do Sul, 2012 - Praia de Camps Bay -Cidade do Cabo 4
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Adriana com os colombianos Fernando e Cláudia, em São Paulo. Ela faz parte do CouchSurfing e já recebeu oito pessoas em sua casa. “Amamos. Os brasileiros são muito hospitaleiros e interessantes. Fizemos amigos para a vida toda”, afirmam Fernando e Cláudia.
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Entrevista
Marcelo Terça - Nada, 34,designer e artista cultural Por Gustavo Lourenço
Marcelo em viagem pela Hungria Igreja de Matias e Bastião dos Pescadores - Budapeste
Quantos mochilões vc já fez? E para onde? Sempre gostei de viajar, conhecer lugares, pes soas e vivenciar experiências que ampliassem as formas de ver o mundo. Movido por essa vontade, desde a adolescência comecei a viajar sempre que podia. Sinceramente não sei quantas viagens já fiz, mas foram muitas e boas. E de todos os tipos e durações. Fosse para algum lugar próximo (Ouro Preto, Mariana, Lavras Novas, Moeda, Serra do Cipó, por exemplo). Fosse para lugares tão distantes quanto diversos culturalmente (Santarém, Chuí, Índia, Venezuela, Budapeste). Algum deles em especial, foi o mais marcante?
Como planeja o roteiro das viagens? Pode ser conversando com pessoas que já foram para a região onde estou querendo ir, pode ser pesquisando pela internet, pode ser estudando mapas e livros. Normalmente é um pouco de cada uma dessas opções... Mas o principal é o desejo de ir e estar aberto a mudar os roteiros no caminho. Quantos dias em media em cada mochilão?
Foto: Marcelo Terça - Nada
Toda viagem tem um enorme potencial de diversão e transformação. Ao escrever aqui muitas boas lembranças reaparecem na minha memória. Uma das viagens mais interessantes e divertidas que fiz foi com minha namorada e mais um casal de grandes amigos saindo de Berlin rumo a Europa Oriental mesclando trem e bicicleta. Nessa viagem pedalamos 700km, pegamos os mais diferentes tipos de trem que você puder imaginar (sempre com nossas bicicletas) e passamos por inúmeras paisagens da Alemanha, República Tcheca, Hungria e Áustria.
As viagens que já fiz variaram muito de duração, tendo aventuras de apenas um dia, até dois mesespor vários lugares. O que costuma usar como meio de locomoção? Algum inusitado? As últimas viagens que fiz foram de avião, ônibus e carro. Mas já fiz viagens deliciosas de bicicleta, barco, trem, jipe, canoa e até de trator. Em relação à culinária, você gosta de experimentar novos sabores?
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Eu adoro experimentar as comidas típicas do lugar. Visitar os mercados, feiras. Descobrir o que se come cotidianamente em padarias, cafés, bares, restaurantes. Descobrir novos sabores e modos de cozinhar. Aprender sobre a cultura gastronômica de cada lugar e me deliciar com as suas comidas e bebidas. As mais simples, as mais populares e, quando possível, também as mias sofisticadas. Uma dica de lugar para alguém que deseja fazer o primeiro mochilão, dentro ou fora do Brasil. Sempre digo que as melhores cidades são aquelas onde temos amigos. Para uma primeira, vá visitar algum amigo que mora em outra cidade e que pode te receber. Descobrir uma cidade com a companhia de alguém que mora lá e a forma mais interessante de viver um lugar. Para o Brasil: Faça uma viagem simples para começar. Para fora: junte um pouco de dinheiro, ache uma passagem barata, pesquise um pouco sobre onde se hospedar e vá descobrir o mundo.
Você acha essencial ter companhia nas viagens, ou é possível fazer um mochilão sozinho? É perfeitamente possível viajar sozinho. Muita gente viaja assim e as pessoas vão aparecendo durante a viagem, seja para ajudar com alguma informação, seja para se tornar um novo amigo(a). Viajar sozinho é uma experiência bem intensa e forte. Vale a pena experimentar. Viver você com você mesmo e estar propenso a conhecer outras pessoas. Deixe uma mensagem para o público viajante. Adoro um poema do Paulo Leminski, acho bastante inspirador. Andar e pensar um pouco, que só sei pensar andando. Três passos, e minhas pernas já estão pensando. Aonde vão dar esses passos? Acima, abaixo? Além? Ou acaso se desfazem no vento sem deixar nenhum traço?
Foto: Marcelo Terça - Nada
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