422 Caderno de Festas

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10 JUL

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CADERNO ESPECIAL 2017 Ano XVIII | Nº 422 Director: Artur Bacelar

Caderno oferecido pelos anunciantes

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Festas do Concelho da Maia

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Manuel Jorge Costa

Entre a Secular tradição da Romaria do Bom Despacho e a Feira de Artesanato.


II

sexta-feira 7 de Julho de 2017

Página dois

maiahoje

Mensagem da Câmara Municipal da Maia

A nossa Maia em festa Até ao feriado municipal da próxima segunda-feira, 10 de Julho, a comunidade concelhia da Maia, está em festa, cumprindo a secular tradição da Romaria em Honra de Nossa Senhora do Bom Despacho, que desde meados do século passado é designada igualmente como Festas do Concelho da Maia, da nossa Maia. Nestes dias festivos, vai realizarse um vasto programa de eventos religiosos, sociais, culturais e desportivos que pela sua qualidade e dimensão, irão por certo atrair á cidade da Maia, largos milhares de pessoas. Sublinho com particular destaque, a Majestosa Procissão Mariana, que uma vez em cada ano, percorre as principais artérias da cidade, trazendo a imagem de Nossa Senhora do Bom Despacho, Padroeira da Maia, ao encontro de milhares e milhares de pessoas que habitualmente ladeiam a sua passagem, desde que sai e regressa ao Santuário que lhe foi dedicado. Cada vez mais, tenho notado um aumento muito significativo no número de pessoas que se deslocam à nossa cidade para saudar a imagem da Senhora com o Menino ao colo. Uma romagem que se repete ano após ano, há mais de 3 séculos, numa manifestação carregada de simbolismo, que nos remete para a fortíssima ligação que a Maia sempre teve á Terra e, outrora, também ao Mar. É minha funda convicção, que estas festividades são expressão viva da forma harmoniosa como a Maia conseguiu evoluir e desenvolver-se, compaginando serenamente as necessidades de um urbanismo moderno pub

que proporciona qualidade de vida e bem-estar, com uma tradição muito rica da nossa ruralidade que perdura e da qual todos nos orgulhamos, porque faz parte da essência das nossas raízes colectivas. Com uma programação muito diversificada e enriquecedora para quem se dispõe à fruição dos vários eventos que se realizam, nestes dias em que a nossa Maia está em festa, sente-se que na comunidade há sentido para a nossa pertença colectiva. Um sentido que reforça a coesão e a Paz social que há muitos anos vivenciamos. Desejo que os maiatos, enquanto anfitriões, vivam as nossas festas com entusiasmo e alegria, e desse modo sejam portadores de uma mensagem de boas vindas a entregar com um sorriso aos muitos milhares de forasteiros que nos demandam nesta altura, para partilhar connosco essa mesma alegria. Desejo igualmente que a vivência das festas do concelho da Maia 2017 sirva para mostrar o dinamismo da nossa terra e a nossa capacidade de preservar as tradições, os usos, os costumes e a nossa matriz cultural, e que sirva também para retemperar ânimos, para nos divertirmos e nos reencontrarmos todos, fazendo das praças, das ruas e de todo o espaço público afeto às festas, um espaço de fraternidade e fruição social. Vice-Presidente da Câmara Municipal da Maia António Silva Tiago pub


sexta-feira 7 de Julho de 2017

maiahoje HISTÓRIA

Especial

III

«As romarias eram um oásis no quotidiano duro, custoso, violento, monótono»

DOÇARIAS E ROMARIAS Nos meados do século passado o mundo, e mais ainda o mundo não urbano, começou a sofrer uma enorme e rápida evolução. Os progressos tecnológicos saídos da segunda guerra mundial, uma certa prosperidade, o aumento de natalidade, tudo isto contribuiu para se encarar o mundo de modo diferente. Outros valores, outros hábitos, outras práticas, foram gradualmente substituindo as anteriores. O desenvolvimento da rádio, do cinema e, pouco depois, o aparecimento da televisão, trouxeram para nossas casas outras realidades, outros gostos, outros costumes. Foi o que aconteceu às romarias. Em qualquer lado, mas sobretudo fora das cidades, a romaria era o momento mais importante do ano. No aspeto religioso, sim, mas sobretudo no profano. Sabiam-se e viam-se novidades, faziam-se compras, encontravam-se amigos e conhecidos, começava-se um namorico. E, claro, bebia-se e comia-se. Não havia, nessa altura, roulottes nem barraquinhas como hoje há. Estendia-se um enorme toldo, improvisavam-se compridas mesas

CONSTRUÇÃO

com tábuas, colocavam-se bancos corridos e cada um sentava-se. Sardinhas assadas, bacalhau assado para algumas bolsas, rojões, enchidos, petiscos variados, com destaque para o peixe frito, azeitonas, broa, vinho verde tinto, daquele que escorre na tigela, muitas vezes proveniente de Santo Tirso, outras de Amarante. A romaria do Senhor da Pedra era conhecida pelas fabulosas refeições sob a forma de pantagruélicos picnics, como nos conta Emílio Castelo Branco: «Ali se estendiam toalhas para as comezainas, e os açafates e cabazes despejavam galinhas, anhos, nacos de presunto, salpicões, alguidaradas de arroz, mais suculências neste teor, e as regueifas de Valongo. Comia-se e estragava-se, bebia-se até não caber mais». E depois havia os doces. A doçaria tradicional da zona e alguma dela importada. Várias tendas vendiam doces de várias zonas do norte do país. Pela Santa Eufémia, romaria marcante nesta região, como pelo Senhor de Matosinhos, e em outras romarias, compravam-se os «melindres». Este doce era tão tradicional

que em muitos locais lhe chamavam «doce da romaria». Em tendas, próprias ou não, vendia-se o famoso pão de ló do Bezerra de Famalicão. Ou o doce da Teixeira. Ou o seu “primo” de Paranhos. Ou ainda, no Porto e em Gaia, os Velhotes, sobretudo os de Avintes ou Valadares. Aqui mais na nossa zona, também as broinhas de erva

doce. Mas do Minho vinham os fidalguinhos, os suspiros, os bolinhos de amor. Também os preferidos das crianças, os vendedores de caramelos ou de torrão de Alicante. As romarias eram um oásis no quotidiano duro, custoso, violento, monótono. Até mesmo no comer e no beber…

Foto – Doce de Romaria. O Minho em festa.

J Maia Marques, Historiador

Investimento rondará os 2 milhões de euros

Arquiteto Siza Vieira é o autor da Casa Sede da Fundação Gramaxo

Na passada quarta-feira, dia 5 de julho, a Fundação Gramaxo, situada na Quinta da Boa Vista, realizou, nas suas instalações, a apresentação do projeto de arquitetura para a futura Casa Sede da Fundação Gramaxo, a integrar no mesmo espaço. O projeto, que implicará um investimento de cerca de dois milhões de euros a cargo exclusivo da Fundação, é da autoria do arquiteto Álvaro Siza Vieira que, du-

rante a sessão, apresentou e explicou o desenho arquitetónico que dará forma ao novo edifício. Este integrará um espaço de cultura com várias exposições temporárias e uma que exporá permanentemente o património da família Gramaxo, com obras de Vieira Lusitano, Abel Salazar, entre outros. Durante a apresentação, o arquiteto descreveu o espaço da Quinta da Boa Vista como «um mi-

lagre no centro da Maia», rico pelos espaços verdes e pelos carvalhos imponentes que apresenta. A escolha de um nome conceituado à escala mundial na área da arquitetura como o de Siza Vieira para a autoria do novo projeto da Fundação Gramaxo, segundo António Silva Tiago, vice-presidente da Câmara Municipal da Maia, irá colocar a Maia «no roteiro turístico da arquitetura mundial». Perante o desafio lançado por

Silva Tiago para que o projeto pudesse ser inaugurado em 2019, ano em que o município da Maia completa 500 anos do Foral D. Manuel I, Maria de Fátima Gramaxo, presidente do Conselho de Administração da Fundação, não disse “não” e admitiu ainda ser uma hipótese concretizável por parte da instituição privada, contudo não esquecendo que o projeto «depende das diversas entidades envolvidas».

Presentes, entre outras individualidades, estiveram os executivos Mário Nuno Neves, Paulo Ramalho e Marta Peneda, vereadores da CM Maia com os Pelouros da Cultura, das Relações Internacionais e das Relações Públicas, respetivamente, e a autarca Olga Freire, presidente da Junta de Freguesia da Cidade da Maia. Ana Sofia


IV

sexta-feira 7 de Julho de 2017

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LITERATURA

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Até ao próximo dia 10 de julho, na Fundação Gramaxo

XII Feira do Livro Até ao próximo dia 10 de julho, a Biblioteca Municipal da Maia promove a XII Feira do Livro da Maia, na Fundação Gramaxo, junto à Igreja de Nossa Senhora do Bom Despacho. A iniciativa apresenta um vasto programa ligado à literatura, complementado com a presença de autores, palestras, apresentações de teatro, poesia, dança, oficinas e horas de conto que potenciam a “figura” do livro e a importância da literatura no quotidiano de adultos e crianças. Programa: 7 de julho, sexta-feira 15h30 | Sessão de contos. “Co-

lheita de emoções” por Diana Vasco. Público-alvo: crianças 21h00 | Espetáculo. “Viagem pela história da música” por “Killer Crew”. Público-alvo: famílias 8 de julho, sábado 15h30 | Encontro. Apresentação do livro “Alguns homens, duas mulheres e eu” de Maria Rosário Pedreira. Público-alvo: adultos 21h00 | Espetáculo. “Karingana Blues” por “Bica Teatro”. Público-alvo: famílias 9 de julho, domingo • 21h00 | Espetáculo. Apresentação musical “Maiorff”. Público-alvo: famílias

10 de julho, segunda-feira • 15h30 | Sessão de contos. “Histórias com movimento” pela Biblioteca Municipal da Maia. Público-alvo: famílias • 17h00 | Encontro. Apresentação do livro “De mãos dadas com a segurança” de Renato Pita. Público-alvo: famílias • 19h00 | Encontro. Apresentação da “Revista da Maia – nova série” (vol. 2, n.º 1 -primeiro semestre 2017). Público-alvo: adultos • 21h00 | Conferência. “O processo de reforma da Igreja em Portugal nos finais da Idade Média" por Luís Amaral. Públicoalvo: adultos

HISTÓRIA

Ilustres Maiatos

Beato Domingos Jorge

Natural de S. Romão de Vermoim, filho de Jorge Pires da Cruz e de Isabel Pires, nasceu na segunda metade do século XVI. Jovem ainda, partiu para a Índia onde se revelou um comba-

tente heroico. O seu espírito aventureiro coloca-o na Rota do Japão, local perigoso onde se matavam sistematicamente os missionários e todos aqueles que o albergavam. Casa-se com uma jovem japonesa a quem, pouco depois de nascer, adotou o nome português de Isabel Fernandes, fixando residência em Funai, na periferia da cidade de Nagasáqui. Eram membros da Fraternidade do Rosário, ligada aos jesuítas, por isso não admira que tivessem recebido em casa dois missionários da Companhia de Jesus, um padre italiano, Carlos Spínola, e um irmão da Região do Porto, Ambrósio Fernandes. Em 13 de dezembro de 1618, isto é, faz no próximo ano 400 anos, soldados irrompem pela casa adentro, levando prisioneiros os dois missionários e o bom Domingos Jorge que os hospedara. Depois de cerca de uma no de prisão e tortura, é queimado, em fogo lento, na “coluna santa” de Nagasáqui a 10 de novembro de 1622. Foram beatificados por Pio IX em 1867.

www.cultura.maiadigital.pt


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ARTESANATO

sexta-feira 7 de Julho de 2017

No Parque Central da Maia

21ª Feira de Artesanato da Maia A tradição volta a repetir-se. Até ao próximo dia 10 de julho, a 21ª edição da Feira de Artesanato, integrada nas festas do concelho, reúne perto de duas centenas de artesãos de várias regiões portuguesas no Parque Central da Maia. São muitos os trabalhos expostos e vasta a oferta de produtos. Além do artesanato nacional, a feira oferece ainda aos visitantes música ao vivo, dança e muita animação. Para os mais novos, a atração é outra. O Espaço Kids, inserido no “Dia da Família”, que se realiza aos sábados, dia 1 e 8 de julho, das 15h00 às 18h00, proporciona atividades voltadas para as crianças como insufláveis, ateliers, teatro, pinturas faciais, jogos didáticos, desportos, entre outras. Todos os dias, a partir das

21h30, sobe ao palco um artista diferente num leque de dez concertos. Desde fado ao folk, e de rock à música tradicional portuguesa e cubana, são muitos e variados os estilos musicais que prometem conquistar os visitantes. No segundo sábado do evento, dia 8 de julho, às 16h00, haverá uma atuação das academias de dança.

Horário: Segunda a quinta-feira | 18h00 às 24h00 Sextas | 18h00-01h00 Sábados | 15h00-01h00 Domingos e feriado municipal | 15h00 às 24h00

Publireportagem

V


EXPOSIÇÃO

No Maia Welcome Center

Memórias da Maia Desde o passado sábado, dia 1 de julho, até 27 de agosto é possível visitar, no Maia Welcome Center, a exposição intitulada “Memórias da Maia” que celebra os 180 anos da

CURIOSIDADE

sexta-feira 7 de Julho de 2017

Especial

VI

Banda Marcial de Gueifães. A exposição tem entrada gratuita e poderá ser visitada todos os dias entre as 9h00 e as 19h00.

DESFILE

maiahoje

Integrado nas festividades da Maia

Cavalos e cavaleiros saem em marcha rumo ao Bom Despacho A Maia, mesmo com o sol já posto, ganhou cor, no passado dia 30 de junho, com a inauguração das luzes das Grandiosas Festas em

Honra de Nossa Sra. do Bom Despacho. Como já é tradição, à romaria juntaram-se as duplas de cavalos e cavaleiros trajados a rigor que en-

cheram as ruas da Maia, concretizando mais um desfile equestre. Ana Sofia

para os cristãos, o Salvador do mundo, até porque Jesus, significa, precisamente, “Deus salva”. S. Cosme Crê-se que São Cosme foi um médico e a sua santidade é lhe atribuída por ter exercido medicina sem cobrar pelos seus serviços. devoto à fé. S. Faustino Aquando do seu nascimento e vida, toda a Península Itálica se achava dominada pelo Império Romano, que havia torturado e condenado à morte Jesus Cristo. Foi neste ambiente hostil que se dedicou a espalhar a doutrina de Cristo. Ocupava o seu tempo a visitar os fiéis que, na altura, se escondiam dos perseguidores. S. Miguel Miguel é citado especificamente como “arcanjo”. Era considerado um anjo de cura, bem como protetor e líder do exército de Deus contra as forças do mal. Miguel é reinterpretado como um símbolo de humildade perante Deus. S. Tiago Pouco tempo depois da morte de

Jesus Cristo, no ano 33, o Apóstolo foi enviado à região, onde se localizavam os reinos que formam a atual Espanha, para pregar a doutrina evangélico-cristã da região. Sta. Maria O anjo Gabriel apareceu à virgem Maria, anunciando que Deus a tinha escolhido para dar à luz um filho e que este se chamaria Jesus. Sra. da Natividade Celebra o nascimento da mãe de Jesus que anunciou alegria pela aproximação da Salvação do mundo perdido. S. Pedro Pedro (Simão) teria conhecido Jesus quando este lhe pediu que utilizasse uma das suas barcas para que pudesse pregar para uma multidão que o queria ouvir. O nome de Pedro sempre encabeça a lista dos doze discípulos de Jesus. S. Romão Vendo que um perfeito romano entrava numa igreja para a destruir, foi-lhe cortada a língua para que não continuasse a exortar à conversão dos pagãos.

A devoção mantém-se aos santos padroeiros das freguesias maiatas

Santos Padroeiros da Maia ÁGUAS SANTAS Padroeira: Sra. do Ó BARCA Padroeira: S. Martinho FOLGOSA Padroeiro: Divino Salvador GEMUNDE Padroeiro: S. Cosme GONDIM Padroeiro: Divino Salvador GUEIFÃES Padroeiro: S. Faustino MAIA Padroeiro: S. Miguel MILHEIRÓS Padroeiro: S. Tiago MOREIRA Padroeiro: Divino Salvador NOGUEIRA Padroeira: Sta. Maria PEDROUÇOS Padroeira: Sra. da Natividade SÃO PEDRO DE AVIOSO Padroeiro: S. Pedro SÃO PEDRO FINS Padroeiro: S. Pedro SILVA ESCURA Padroeira: Sta. Maria STA. MARIA DE AVIOSO Padroeira: Sta. Maria VERMOIM Padroeiro: S. Romão VILA NOVA DE TELHA Padroeira: Sra. do Ó

Sra. do Ó Representa o culto à Expectação do Parto. A imagem de Nossa Senhora do Ó apresenta a mão esquerda espalmada sobre o ventre avantajado, em fase final de gravidez. S. Martinho São Martinho é padroeiro de diversas profissões (antigas e moder-

nas): curtidores, alfaiates, peleteiros, soldados, cavaleiros, restauradores (hotéis, pensões, restaurantes) e produtores de vinho. Também é o padroeiro dos mendigos. Divino Salvador Expressão popularizada referente à devoção a Jesus Cristo. Desde tempos imemoriais, o Divino Salvador é,


maiahoje INICIATIVA

sexta-feira 7 de Julho de 2017

Especial

VII

“Arte Pública na Maia”

Património edificado na Maia conhecido em percurso

“Arte Pública na Maia” foi o tema de mais uma iniciativa que se concretizou, no passado dia 1 de julho, pelo Clube UNESCO da Maia. Conscientes que na Maia existe um património edificado, sob a forma de arte pública, capaz de traduzir uma história de gentes e costumes digno de divulgação, o Clube UNESCO da Maia reuniu, associados

CONFERÊNCIA

e amigos, para um percurso de valorização e divulgação deste mesmo património. “Também Eu te digo: Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja…” foram palavras proferidas pelo presidente do Clube, Raúl da Cunha e Silva, relembrando e salientando a importância da pedra na edificação de um património, não

só material como imaterial. Pelas 9.30 horas, e tendo como ponto de encontro a Câmara Municipal da Maia, deu-se início a esta atividade, com as boas-vindas do vice-presidente do Clube, Adalberto Costa, e com as preciosas e pertinentes intervenções de Mário Aguiar, Daniela Alves e Hélder Barbosa, sobre as personalidade e gentes da Maia, Cátia da Hora e Silva, sobre as obras de arte edificadas, e de Ana Almeida, com alusão ao tipo e características da pedra usada. Com isto foi possível dar a conhecer alguma da arte pública que existe na freguesia da Cidade da Maia. Neste percurso, depois de abordada a obra de arte “Os Dados estão lançados”, seguiram-se as visitas às estátuas em homenagem, não só a diversas personalidades, como a Estátua Dr. Vieira de Carvalho, a Estátua Visconde de Barreiros, e a Estátua “O Lidador”, mas também à gente maiata, como a Estátua ao Lavrador da Maia, a Homenagem a An-

tónio Santos Leite, o Monumento à Comunidade Maiata e à Árvore de S. Francisco, esta última edificada em propriedade de gentes da Maia - a família Gramaxo. Também foi visitado o monumento “A Nossa Mãe”, obra de um escultor maiato, José Lamas, criada em 1985. Foram visitadas ainda duas obras edificadas após os vários Simpósios de Arte, já decorridos nesta cidade, e que traduzem expressões de vida - “O Grito” e “Janela para o Céu”. Mais uma vez, o Clube UNESCO da Maia uniu-se numa agradável e interessante iniciativa, à volta de um património que urge preservar e divulgar. «Acabámos de visitar estátuas em homenagem a diversas personalidades e à gente maiata, bem como obras de arte pública edificadas na cidade. Tivemos oportunidade de verificar a sua relevância, tendo presente que a sua prática, valor e significado se identificam com a cultura dos povos. As estátuas são re-

presentações simbólicas e ou imagéticas de reis, de antepassados muito importantes, de valores ideias e crenças. Neste caso, as esculturas são designadas por imagens. De uma maneira geral, a estátua tem como objectivos tornar presentes realidades ausentes, mas que importa recordar, ou seja, aqueles que por obras valerosas se foram de lei da morte libertando, como diz Camões. É do nosso conhecimento que nem todos os que se dedicam aos outros são constituídos modelos porque a construção da modelagem é uma operação muito complicada. No entanto, a sociedade precisa de ícones», disse a terminar o presidente do clube que, em fim de discurso, agradecer aos associados e amigos, bem como aqueles que ao longo de sete anos vão dando o seu esforço e dedicação para se construir na Maia um grande clube Unesco. Com a colaboração de Ana Almeida

Nas Festas da Maia

A Mulher Maiata – contributos para a economia familiar

No passado dia 2 de julho, integrada na programação das Festas da Maia, o Clube UNESCO da Maia, em colaboração com a Comissão de Festas de Nossa Senhora do Bom Despacho, levou a cabo uma conferência intitulada «A Mulher Maiata – contributos para a economia familiar». O local escolhido para acolher esta conferência foi a Casa da Eira, propriedade da Fundação Gramaxo, espaço aprazível, datado de meados do século XIX, que em tudo combinou com o tema explanado. A sessão que se iniciou a meio da tarde ficou marcada pela interação entre os palestrantes e o numeroso público presente em vários momentos de partilha de conhecimento e recordações de várias ocupações maiatas de outrora. Os trabalhos iniciaram-se com uma breve nota de abertura por parte do associado José António Ferreira e

Silva, dirigindo saudações ao público e aos representantes das instituições presentes. Teve também a palavra, na abertura desta sessão, o Vice-Presidente da Câmara Municipal da Maia, António da Silva Tiago, que expressou o seu reconhecimento pelo trabalho meritório que o Clube UNESCO da Maia tem vindo a desenvolver, em prol da cultura maiata, ao longo dos seus sete anos de existência. Seguiu-se um momento de poesia com a leitura de um texto da autoria de Fernando Pedroso. A primeira intervenção da conferência, moderada por Adriano Silva Carvalho, foi proferida pelos associados Daniela Alves e Hélder Barbosa. «As ocupações femininas da Maia entre 1870 e 1911» foi o tema dessa comunicação, a qual partiu de uma investigação levada a cabo pelos autores que se centrou no levantamento das ocupações femininas que

constam nos assentos de casamento de todas as freguesias do concelho da Maia, entre 1870 e 1911. Esta intervenção serviu de mote para os temas seguintes que foram apresentados. Intercalando as diferentes apresentações, foram lidos poemas e excertos de textos sobre as ocupações retratadas. O painel referente às diferentes ocupações femininas do concelho da Maia iniciou-se com a figura da «Leiteira», apresentada por Lourdes Graça da Cunha e Silva, numa ligação ao passado rural e agrícola do concelho da Maia e através da explicação do árduo quotidiano inerente a esta ocupação feminina. Seguidamente teve a palavra o associado José Gabriel Gonçalves que retratou a ocupação da «Pinheireira», fazendo uma pequena alusão, em termos gerais, à ocupação em si, ao processo da apanha da pinha e à sua

comercialização, partindo, num segundo momento, para o caso concreto das pinheireiras de Vila Nova da Telha. A última apresentação, partilhada, incidiu sobre a investigação realizada sobre «A Lavadeira: gentes e locais». Recorrendo a várias entrevistas realizadas a lavadeiras do concelho da Maia, a associada Liliana Aguiar deu a conhecer toda a faina inerente à lavagem da roupa e a difícil jornada que envolvia longas deslocações ao Porto, inicialmente a pé, num diálogo constante com a cidade em busca das suas freguesas. Dando continuidade a este tema, as associadas Adorinda Carvalho e Ana Almeida expuseram o seu trabalho de investigação sobre os caneiros, as pedras do lavar e os lavadouros, que ainda hoje compõem a paisagem do território maiato, e que, durante largas décadas, fizeram parte do quotidiano de muitas mulheres da Maia. Na parte final da sessão teve a palavra Paulo Ramalho, vereador com o Pelouro das Relações Internacionais da Câmara Municipal da Maia, que enalteceu todo o trabalho de investigação que tem vindo a ser realizado pelo Clube UNESCO da Maia. No encerramento da conferência, Raúl da Cunha e Silva, presidente do Clube UNESCO da Maia, sublinhou e valorizou o papel ativo que as Mulheres da Maia desempenham na sociedade, numa emancipação que se perde no tempo. Afirma que se assistiu a uma belíssima conferência feita por numeroso grupo de associados do Clube Unesco da Maia sobre alguns dos trabalhos de mulheres da Maia. Conside-

rou ainda que tem sido árduo o caminho para estabelecer a igualdade entre homem e a mulher. É que, como diz Aristóteles, «nada mais difícil do que tornar iguais as coisas desiguais». As mulheres tradicionalmente cuidavam da casa, davam à luz e criavam os filhos, eram enfermeiras, mães, esposas, vizinhas, amigas e professoras. O trabalho não-doméstico aqui analisado mostra o caminho para a igualdade. As mudanças vieram nos séculos 19 e 20; por exemplo, foi dado às mulheres o direito a remuneração igual por lei. Durante os períodos de guerra, as mulheres foram convocadas para o mercado de trabalho para realizar trabalhos que tinham sido tradicionalmente restritos aos homens. Após as guerras, elas invariavelmente perderam os seus empregos na indústria e tiveram que voltar para papéis domésticos e de serviço. Em Portugal a guerra do ultramar, a emigração maciça para a França impuseram às mulheres o trabalho não-doméstico. Houve diplomas a nível mundial a impor a igualdade entre homem e mulher como a Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948) e A igualdade de género, os direitos da Criança (1959) que são marcos históricos, rumo a essa igualdade. Ficou a promessa de uma futura publicação que reunirá vários temas relacionados com a Mulher da Maia, tendo por base toda a investigação desenvolvida até à data. Com a colaboração de Daniela Alves e Hélder Barbosa


VIII

sexta-feira 7 de Julho de 2017

maiahoje

ARTESANATO Com trabalhos expostos na Feira da Maia

Bonecas de pano fazem a “Cores de Papel” Raquel Mendes e Sílvia Neves, enfermeira e economista, respetivamente, constroem a dupla de artesãs maiatas que dá vida à Cores de Papel. Iniciaram o projeto há cerca de cinco anos e, mais recentemente, montaram um atelier aberto ao público, situado na antiga Estação dos Correios de Vermoim, com visitas por marcação. O material que trabalham é «90% reciclado», garante Raquel Mendes, referindo que na Cores de Papel utilizam pequenos retalhos de corte de confeção para dar forma às bonecas coloridas que atraem os mais pequenos. Até hoje, somam já muitos trabalhos, entre os quais a colaboração no projeto dos trajes tradicionais da mulher maiata. Ana Sofia


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