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BAGÉ, quinta-feira, 26 de março de 2020 - ANO XXV Nº 6 483 | VERSÃO DIGITAL E GRATUITA
SAÚDE
NEGÓCIOS
POLÍTICA
GRIPE
Hospital de Campanha, HU, Santa Casa e Upa formam sistema local contra o Covid-19
Categorias entendem precaução com pandemia, mas defendem reabertura do comércio
Gestores sustentam que é preciso, antes de mais nada, pensar em preservar vidas
Além de atendimento domiciliar, Município adotará sistema de aplicação drive-thru
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Como funcionará Aciba e Sindilojas a nova rede de se posicionam sobre atendimento funcionamento
Prefeitos da região Vacinação terá avaliam discurso de novidades na Rainha Bolsonaro da Fronteira
PARA EVITAR A CONTANIMAÇÃO
HORA DE ‘DESINFECTAR’ A CIDADE PARA VENCER O CORONAVÍRUS Considerada estratégica no trabalho de dirimir a possibilidade de contaminação pelo Covid-19, a Prefeitura de Bagé deu início, ontem, à desinfecção de locais onde há maior circulação de pessoas. Meta, agora, é estender operação e atingir o maior número de pontos possíveis da cidade.
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Previsão do tempo
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Opinião
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BAGÉ, 26 DE MARÇO DE 2020
João L. Roschildt
Alper Tadeu Alves Pereira
Casa, Coronavírus e roupa lavada
Ideias Magníficas
Certas profissões dependem da serenidade no momento em que a tensão se propaga no ar, de tal forma que o controle, se não for absoluto, resulta em catástrofe. Cirurgiões quando cruzam com alguma situação patológica que não estava no prontuário, mas que deve ser enfrentada na mesa cirúrgica, nem que seja para informar à família que tudo foi tentado, mas o infortúnio estava desenhado; Pilotos de Avião ao se deparar com falhas eletrônicas e mecânicas do Grande Pássaro de Aço cujo destino está em suas mãos, e se o chão for o destino, que os prejuízos sejam mínimos; Advogados lançados em meio ao julgamento, cujas provas que incriminam o cliente devem ser refutadas sem exageros ou contorcionismos a fim de levá-lo ao cadafalso com elegância. E, seguindo essa linha, imaginava ingenuamente que os homens do poder, aqueles que lutam a cada eleição para se manterem ou ascenderem aos cargos eletivos, por vocação e qualificação, além da reserva moral arguta, internamente haveria uma inabalável crença que o seu papel como condutor da nação é o de se sacrificar em prol da coletividade. Verdadeiro altruísta, herói dos tempos medievais, ressurgindo como o arquétipo do cavaleiro pronto a lutar contra os moinhos de vento que perniciosos envenenam àqueles de boas intenções. Cercado de nobres, como os da Távola Redonda, resgatariam a paz social do poço profundo da iniquidade e violência que soçobra em nossas terras sagradas. Porém esse devaneio, como um curto-circuito, é imediatamente
despejado na corrente fluida dos dejetos que representam os sonhos impossíveis, porquanto a realidade nos alardeia através da manchete: “MP 927 suspende o contrato de trabalho por quatro meses: o que muda? Segundo o governo, a MP é uma forma de “evitar as demissões em massa”; para advogados, medida deixa o trabalhador desprotegido”. O baque inicial, motivado pela chamada ao texto, como um uppercut bem colocado, me fez refletir sobre os desatinos cometidos por quem está na liderança desse País. São nas reuniões ministeriais que os assessores podem brilhar, propondo as estratégias de acordo com o que as tartarugas em cima das árvores reverberam. E, em um átimo, percebi que o bom senso perdeu a coerência de vez, sobretudo em um momento que a Nação agoniza, seja pelo avanço do vírus, seja pelo desemprego massivo que bate a nossa porta. Certo, não somos os EUA e não temos como injetar um trilhão de dólares na Economia, mas estabelecer um salvo-conduto para os empregadores despejarem os seus auxiliares ao seu falante é um escárnio assustador, que reflete o espírito geral dos que estão comandando o País; ou será que são os cirurgiões prestes a dar o golpe de misericórdia na aorta, liquidando o paciente para obter o diploma de honra ao mérito? O Grande Pássaro de Aço, pilotado pelos advogados, perdeu o combustível e antes que a explosão sacramentasse o destino, a mensagem foi deletada!
Advogado e autor do Livro Marte morreu porque os marcianos quiseram, publicado pela Chiado Books
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Coordenador do Curso de Jornalismo
Glauber Pereira
Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a posição do jornal. Por isso, a editoria não se responsabiliza pelas opiniões emitidas.
Na contemporaneidade, o maior teste de so- tencialismo, do relativismo ou da completa ignobrevivência da reclusão doméstica é a família. Ain- rância, a perspectiva de eternidade do lar é um obsda valorizada em público e em redes sociais como táculo a fugacidade da vida. Sem a possibilidade de o último estandarte da sacralidade terrena, sua per- desfrutar as estranhas vivências do espaço público, manência é tão fugaz quanto uma pandemia. a casa passa a ser uma conhecida jaula que confina Em tempos de propagação do Coronavírus os ânimos e vontades do animal selvagem que ali (Covid-19), a sociedade está sentimentalmente se encontra. endêmica em suas residências. Enclausurados Quando a casa é cárcere, somos carcereientre os que deveriam ser os mais próxiros de nós mesmos. Aquele que almeja mos, os seres humanos veem-se diante ardorosamente que o tempo escorra A incapacidade de da árdua tarefa de estreitar laços com pelas mãos quando está com seus fiaqueles que são vistos como “obrilhos, cônjuges ou familiares, que se encontrar felicidade gações”. Em uma época em que desgasta emocionalmente pensando interior vislumbra no todos os prazeres mundanos são em como não se cansar na presença encontrados fora do lar, encontrar das crianças ou que vislumbra uma lar mais uma etapa alegrias na intimidade gera uma melancolia incessante nas paredes da interioridade. de sua residência, é o típico exemangústia equiparada a das velhinhas plar desse mal-estar civilizatório “pósque esperam pelos seus ônibus em rodoviárias. -moderno”. Se antes o retorno ao lar representava o Mesmo um ideólogo disfarçado de fiencontro com o Paraíso na Terra, no vapor de nos- lósofo, como Jean-Paul Sartre, sabia que “se você sas vidas a casa significa a prisão moral do indi- sente tédio quando está sozinho é porque está em víduo. Recomendados ou determinados a ficar em péssima companhia”. Nas famílias contemporânesuas residências para evitar novas contaminações, as, não há maior solidão do que estar entre os seus. boa parte dos seres humanos vislumbra um cená- Reflexo da prevalência das aparências midiáticas, rio apocalíptico diante de seus olhos. Afinal, o que do “ter” antes do “ser”, dos laços afetivos serem “fazer” com os filhos? Como entreter um ser em vistos como meros contratos ou por conta de qualtenra idade e que demanda atenção total? Quais quer outra razão mais profunda, o fato é que lares atividades podem ser desenvolvidas em casa para desajustados produziram seres desajustados. “passar” o tempo? Será que é possível sobreviver, A incapacidade de encontrar felicidade intesem enlouquecer ou ser reduzido a “nada”, dentro rior vislumbra no lar mais uma etapa da interiorida “masmorra” doméstica? Não é necessário amar- dade. Dentro de uma existência insuficiente, o lar rar os filhos e tapar a boca do cônjuge? E a lista de é uma extensão da insatisfação. Iludidos pela vida questionamentos torturantes segue seu curso com a exterior, os primatas contemporâneos deliciam-se mesma pluralidade da quantidade de famílias. exclusivamente com o que é transitório. A falta de Com isso, não há descompasso maior de va- tranquilidade na exclusividade do lar é um reflelores do que afirmar para um contemporâneo que xo da estupidez de nossa época. Como diria Santo o “lar é o único lugar da liberdade”, como disse Agostinho, “não há lugar para sabedoria onde não Chesterton. Para os adeptos do hedonismo, do exis- há paciência”. Professor do curso de Direito da Urcamp
Cláudio Falcão
Charge Florêncio e a desinfecção nas ruas
falcaobage58@gmail.com
Cidade
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BAGÉ, 26 DE MARÇO DE 2020
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Instituições de saúde de Bagé e região se unem para montar estrutura de enfrentamento ao coronavírus
No início da noite de terça-feira, o secretário de Saúde de Bagé, Mário Mena Kalil, esteve reunido com o diretor técnico do Hospital Universitário Dr. Mário Araújo, Henry Ritta, e com o provedor interino da Santa Casa de Caridade de Bagé, Carlos Eduardo dos Santos, para debater estratégias de enfrentamento ao coronavírus na região. Após o encontro, Kalil anunciou, junto aos dois outros médicos, que Bagé contará com 77 leitos específicos para pacientes com suspeita e confirmação de covid-19. No HU serão destinados 40 leitos, sendo 30 para pacientes intermediários, ou seja, com sintomas e suspeita do vírus, e 10 para pacientes com resultados positivados. Estes casos serão tratados em uma área de isolamento, equipada e destinada à reabertura da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). “Estamos unindo esforços para ter melhor retaguarda possível para enfrentar esse momento. Por isso cedemos todo espaço da antiga UTI, que se tornará uma unidade de isolamento específica para o enfrentamento do covid-19”, destaca Ritta. Além disso, dentro da força-tarefa entre as duas instituições de saúde, o HU vai ceder equipamentos de UTI (respiradores, monitores multiparamétricos e bombas de infusão) para a CTI do coronavírus da Santa Casa. Já a Santa Casa deve abrir
FOTOS TIAGO ROLIM DE MOURA
Hospital Universitário atenderá com 30 leitos intermediários e 10 de isolamento para pacientes positivados
Santa Casa terá 37 leitos disponíveis para atendimento do coronavírus, além da possibilidade de implantação de uma UTI específica
duas unidades específicas, sendo uma delas intermediária para pacientes sintomáticos, com 17 leitos e outro espaço para atendimentos positivados, com 20 leitos isolados específicos, além de aventar a possibilidade de abertura de uma UTI específica para tratamento de pacientes infectados com o covid-19. “Temos, no momento, seis áreas de isolamento no CTI. Mas criaremos, em caso de necessidade, uma unidade intensiva específica para o coronavírus. Para isso, contamos com a adesão do HU e Prefeitura, para termos o maior número possível de respiradores, suficiente para atender os pacientes de maior gravidade”, destaca. Ou seja, ambos hospitais contarão com área destinada para a primeira internação de suspeitos até isolamento após diagnóstico. “A nossa ideia é
complicações acontecendo e assim, certamente, teremos um número maior de respiradores disponíveis em um momento de necessidade. Mas não podemos contar com essa possibilidade . Concreto mesmo são os 11 equipamentos que já temos”, aponta.
Corujão irá abrigar o hospital de campanha com cerca de 50 leitos
que, quando chegar o pico, já tenhamos os kits de teste rápido. Assim, o paciente chega em estado gripal, faz o teste e imediatamente sofre isolamento, caso o resultado seja positivo”, destaca Mena. O secretário declarou, ainda, que as duas instituições estão prontas para o atendimento, bastando, apenas, algumas adaptações e organizações necessárias.
Respiradores O secretário de saúde relatou, também, que o município, hoje, conta com 11 respiradores, sendo um deles cedido pelo município de Aceguá. Ainda há tratativas com o município vizinho para obtenção de mais dois equipamentos. Candiota também acenou com a possibilidade de ceder o equipamento hoje disponível na Fundação Assistencial e Beneficente Maria Anunciação Gomes de Godoy. “Mas ainda são tratativas. Por enquanto, trabalhamos com o número de 11 equipamentos disponíveis”, destaca Mena. Até o momento, conforme explica, nenhum caso de pacientes com coronavírus apresentou necessidade de uso dos respiradores. Além disso, a suspensão de cirurgias que não apresentam caráter de urgência também podem facilitar o uso dos respiradores disponíveis na CTI da Santa Casa hoje, em caso de necessidade extrema. “Diminuindo o número de cirurgias eletivas, teremos menos
Hospital de Campanha A previsão, segundo Kalil, é que o Hospital de Campanha, que será montado no Ginásio Corujão, cedido pela Fundação Attila Taborda, disponibilize 50 leitos de retaguarda. Ou seja, serão os leitos destinados aos pacientes negativados para o vírus que, por ventura, necessitem de atendimento hospitalar, mas não consigam internação devido à grande demanda dos hospitais em função do enfrentamento ao coronavírus. Uma primeira reunião para tratar, especificamente, sobre questões estruturais do hospital de campanha, comandado pela expertise do diretor técnico do HU e representante da Santa Casa de Caridade, com equipe a ser selecionada por ambos e financiada pelo município, estava agendada para quarta-feira. Sobre a questão estrutural, o secretário de Saúde adianta que a reitora da Urcamp e presidente da FAT, Lia Maria Herzer Quintana, já disponibilizou um profissional da área da arquitetura e uma planta do local, inclusive com as adaptações elétricas que serão necessárias, para agilizar a instalação do hospital. “Começamos a montar
essa semana a base e as estruturas, com barracas do Exército Brasileiro, cedidas para fazer a divisão dos espaços. Mas contamos com a colaboração da comunidade, que puder nos auxiliar em uma rede de solidariedade e doar camas, toalhas, lençóis, fronhas e travesseiros para essa nova estrutura”, destaca Kalil. Quem desejar doar, pode entrar em contato através dos telefones 32477250 e 32473353, que uma equipe da Prefeitura realiza a busca dos materiais. Esses 50 leitos provisórios serão destinados a pacientes em estado gripal, mas negativados para o coronavírus. É uma medida emergencial para desafogar a sobrecarga no sistema hospitalar durante o momento de pico do vírus. “Em um momento de maior fluxo, vamos precisar que as coisas sejam flexíveis. Por exemplo, os hospitais ficam com os casos específicos e o de campanha atende os outros casos. Não sabemos com o que estamos lidando e o que vai acontecer em Bagé, mas é importante termos estruturas flexíveis, com leitos e equipe para atender à todos”, destaca. Além do hospital de campanha, o município reforça o atendimento de retaguarda com a abertura de 12 leitos na Unidade de Pronto-Atendimento. “Estamos fazendo tudo para que esses leitos sejam disponibilizados o mais rápido possível, contratando equipe e organizando a estrutura e o fluxo”, destaca.
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Cidade
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BAGÉ, 26 DE MARÇO DE 2020
Empresários comentam efeitos da paralisação geral do comércio
Após a controvérsia gerada pelo pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro, na noite de terça-feira, em que criticou o distanciamento social e a suspensão das atividades econômicas como forma de combate ao coronavírus, a reportagem do Jornal MINUANO buscou avaliar a situação com as entidades representativas da classe empresarial na região, como Aciba e Sindilojas. Em Bagé, a suspensão das atividades no comércio e serviços foram suspensas, temporariamente, através da publicação do decreto 050/20, publicado no último dia 19. Sobre o posicionamento de Bolsonaro acerca da suspensão das atividades comerciais, o presidente do Sindicato dos Lojistas de Bagé, Nerildo Lacerda, concorda: “Pena que foi só uma sugestão (o pronunciamento de Bolsonaro). Se fosse um decreto, o povo todo estaria nas ruas nesse momento, trabalhando e fazendo a economia girar”, analisou. Conforme destaca Lacerda, o comércio varejista, principalmente as micro e pequenas empresas, não possuem capacidade de autossustentação por mais de sete dias sem atividades. “Senão tiverem vendas diárias, não tem como pagar os funcionários, os fornecedores, a energia, os impostos. E se não pagar os impostos, isso afeta também a Prefeitura, que vai ter queda na arrecadação e dificuldade de pagar os funcionários”, diz. Para Lacerda, a medida de suspensão temporária das atividades como alternativa de nivelamento e controle da situação do coronavírus pode levar ao caos econômico. “É pior uma pandemia econômica do que uma pandemia pelo vírus”, argumenta. Ele destaca, ainda, o trabalho que
o setor da saúde vem desenvolvendo no enfrentamento à doença. “É elogiável o que estão fazendo. Até agora tivemos sete casos confirmados e a situação tem se mantido estabilizada. Mas é isso, são os órgãos de saúde que têm que se preparar para atender a demanda, não a população. Sem o mercado girando, a economia vai parar e isso será um problema ainda maior”, destaca. Presidente da Associação Comercial e Industrial de Bagé (Aciba), Pedro Ernesto Obino destaca que a categoria entende a parada geral inicial, medida adotada pela Prefeitura de Bagé como forma de mapear o status atual da pandemia do município. Para ele, foi, também, um momento importante para estruturar a área da saúde na cidade. “Em primeiro lugar, a saúde e a vida das pessoas”, destaca. Porém, Obino se mostra preocupado, representando o receio de muitos empresários da região, com a continuidade da suspensão das atividades. “Não temos mais como continuar com o faturamento zerado. O impacto com essa primeira parada já vai ser grande. Se ela continuar, vai ser gigantesco”, define. Para aliar a manutenção da prevenção do vírus e a garantia da retomada econômica da cidade através da reabertura do comércio e serviços, a Aciba elaborou algumas sugestões para o governo municipal. A intenção é retomar, de forma gradual o comércio, seguindo uma cartilha com diretrizes e procedimentos, prevendo questões como manter a higienização dos locais de circulação, exibição constante de vídeo explicativo sobre a doença e as formas de prevenção, o distanciamento entre as pessoas e os cuidados pessoais de cada funcionário das empresas. “Pode-
TIAGO ROLIM DE MOURA
Restrições por prevenção esvaziaram a área central da cidade
mos trabalhar com meio turno, das 14h às 18h, com rodízio de funcionários, no máximo 50% de trabalhadores ou menos, de acordo com o fluxo de vendas. O funcionamento em turno único, neste primeiro momento, também geraria redução de deslocamentos da residência ao trabalho”, destaca. Além disso, Obino destaca que as atividades que podem ser executadas remotamente, em home office, por exemplo, de-
vem ser mantidas desta forma, assim como seguir com o isolamento dos grupos de risco. O presidente da entidade também se manifestou acerca da possibilidade de retomada das atividades no setor de construção civil. “Por ser uma atividade realizada a céu aberto, poderia ser retomada sem restrição de horários, sempre seguindo a cartilha de higiene e limpeza”, destaca. Para Obino, medidas como estas garantem o equilíbrio da si-
tuação, com a retomada gradual do faturamento das empresas, evitando aumentar as taxas de desemprego na cidade e problemas sociais advindos dele, como fome e aumento da violência. “Em um primeiro momento, de forma acertada, cuidamos da saúde, a parada geral possibilitou que a gente conhecesse mais profundamente a situação. Mas a questão econômica se impõe, não há como ficar desta maneira por mais tempo”, declara.
Isenção de pagamento da taxa de alvará ainda não é o suficiente, aponta Aciba Na sexta-feira, dia 20, a Aciba protocolou um pedido à Prefeitura de Bagé, solicitando a isenção de pagamento de taxas e impostos para os empresários durante o período de retomada e recuperação do comércio local. O retorno da Prefeitura foi dado on-
tem, isentando as empresas do pagamento da taxa de fiscalização/alvará até o final do mês de agosto. A resposta do município aos empresários para amenizar os efeitos negativos da pandemia no comércio local, destaca que a medida impactará “nos cofres municipais neste momento
de crise”, já que, deste modo, a Prefeitura deixa de arrecadar R$ 1,5 milhão. A resposta encerra com a sentença: “Sabemos que talvez seja pouco, mas é o que podemos fazer neste momento”. Obino, por fim, frisa que, apesar de reconhecer a importância da postergação
deste pagamento, ainda não é o suficiente para mitigar os efeitos da crise e uma nova proposta deve ser feita ao município. “Precisamos, também, de ajuda no IPTU, para que seja prorrogado da mesma forma que a taxa de fiscalização”, aponta.
Fogo Cruzado
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BAGÉ, 26 DE MARÇO DE 2020
Prefeitos da região avaliam fala de Bolsonaro e pedem que população fique em casa
O pronunciamento público do presidente da República, Jair Bolsonaro, na noite de terça-feira, dia 24, gerou polêmica em todo o país. Em especial pela declaração defender, em parte, a retomada das atividades no País, mesmo diante de um momento delicado de crescimento dos números de casos de coronavírus. Aliás, a manifestação chamou mais atenção ainda, porque caminhou no sentido contrário ao que o próprio governo, através do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, vinha pregando: o isolamento domiciliar como ferramenta básica para evitar a propagação da doença em um nível que o sistema de atendimento não teria capacidade de suportar, o que, claro, ampliaria as possibilidades de óbitos decorrente do coronavírus. Na região da Campanha, prefeitos tiveram posicionamentos imediatos de forma contrárias às declarações de Bolsonaro. O chefe do Executivo de Dom Pedrito, Mário Augusto Gonçalves, por exemplo, publicou vídeo nas redes sociais reiterando pedido para que os habitantes da Capital da Paz permanecessem em suas residências. “Mais do que nunca, é hora de ficarmos em casa. Isolamento social é uma estratégia orientada pelos profissionais da Saúde do mundo inteiro. E é por isso que nós, da Prefeitura de Dom Pedrito, estamos seguindo à risca essa determinação. É hora de preservar cada um de vocês. Não tenho dúvida que uma crise financeira irá se instaurar, mas, antes disso, precisamos vencer a crise sanitária, precisamos proteger a vida das pessoas, que serão, depois, as protagonistas para re-
cuperar a nossa cidade, a região, e o país dessa grande crise que certamente virá. Precisamos que as pessoas estejam bem, para que, depois, trabalhem e, com força, como sempre fizeram, façam Dom Pedrito se recuperar mais uma vez”, frisou ele. O prefeito de Candiota, Adriano Castro dos Santos, seguiu a mesma linha de raciocínio. Em manifestação logo após o discurso de Bolsonaro, ele escreveu, em sua página no Facebook uma declaração alegando certo temor. “Vejo com muita preocupação o pronunciamento do Presidente da República, minimizando a crise de saúde e as medidas adotadas por todo o País para a contenção e propagação do coronavírus, de forma irresponsável, sem base técnica, critica ação de governadores e prefeitos para conter a pandemia. Falando em clima, esquece que os Estados do Sul do País entram em um período de clima favorável à proliferação do vírus. Não esquecendo que o sistema de saúde está caótico e num surto de superlotação de postos e hospitais, nossos profissionais da saúde, assim como na Itália, podem ter que escolher quem vive ou morre. Por favor, idoso não é bucha de canhão para ser descartado como número em estatísticas da saúde pública, e sim, são seres humanos. Lutarei com todas as forças que tenho para preservar a vida de meus pais, avós de minhas netas, como também de todos os cidadãos que, nesse momento, precisam de proteção e de ações das lideranças políticas para não serem acometidos desta virose que está devastando o mundo”, mencionou.
Também procurado pela coluna, o chefe do Executivo de Aceguá, Gerhard Martens, que é médico, disse que o município não alterará sua rotina de prevenção, com exceção dos postos de combustíveis, que serão liberados para funcionar 24 horas por dia – o decreto estabelecia permissão entre 7h e 19h. “Estamos alertando bastante a população para ficar em casa e o pessoal tem aceitado bem, com poucas exceções (...) aos que não param de sair, pedimos que evitem aglomerações”, resumiu ao frisar que o covid-19, pelas complicações que causa é perigoso. “É um vírus que nosso organismo não tem resistência. Qualquer um pode ser acometido e os grupos de risco, pelas complicações, são mais afetados”, argumentou ao reforçar que “temos que tomar as precauções”. O chefe do Executivo de Hulha Negra, Renato Machado, foi procurado pela reportagem, mas não retornou as ligações. O vice, Marco Igor Ballejo Canto, por sua vez, em nome da gestão, disse que, neste momento, o município manterá as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS), a exemplo do já determinado em Decreto Municipal. A declaração do presidente, segundo ele, “foi meio que desastrosa”. Canto, aliás, entende que a maioria das instituições e profissionais do país não entendam como correto retomar as atividades nesse momento. “Só os empresários, amigos dele (Bolsonaro), talvez tenham concordado”, argumentou ao reiterar que a cidade, no que depender da Prefeitura, “vai manter o isolamento domiciliar como forma de prevenção”.
“É necessário bom senso”, diz Divaldo Questionado sobre o assunto, o prefeito de Bagé se pronunciou, rapidamente, durante coletiva concedida à imprensa no final da tarde desta quarta-feira. Inicialmente, disse que “estamos vivendo um momento de extremos no país. Isso é ruim. É necessário bom senso, equilíbrio, para que as decisões sejam mais acertadas, levando em consideração caso a caso”. Especificamente sobre o pronunciamento de Bolsonaro, o chefe do Executivo falou na seguinte maneira: “A fala do presidente, há uma preocupação
nítida com a questão da geração de emprego, da economia. A gestão presidenciável é baseada nos indicadores econômicos. Isso afeta mais o presidente do que qualquer outra coisa. Então é natural que ele se preocupe mais com a questão econômica e há uma disputa direta com o estado mais industrializado do país, que é São Paulo. E no meio de tudo isto estamos nós. Então é necessária uma avaliação de caso a caso”, resumiu antes de interromper a conversa porque iniciaria uma videoconferência com o governador Eduardo Leite.
DIVULGAÇÃO
Chefe do Executivo diz que equilíbrio, neste momento, é fundamental na tomada de decisões
Interino
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Felipe Valduga
Deputados pedem suspensão temporária dos depósitos de Precatórios de municípios
REPRODUÇÃO JM
Videoconferência conjunta das Comissões de Finanças e de Assuntos Municipais ouviu relato de prefeitos sobre dificuldades urgentes
Treze deputados participaram de reunião em videoconferência, juntamente com os presidentes da Famurs e Confederação Nacional dos Municípios, na manhã de quarta-feira (25). Com dificuldades financeiras e com o crescente aumento de despesas para combater a pandemia do coronavírus, os municípios solicitaram a suspensão temporária dos repasses que as prefeituras fazem ao Tribunal de Justiça, conforme prevê emenda constitucional, para quitação até 2024. “Sabemos da situação terrível para a economia, mas não temos outra opção que não seja o isolamento social. Este dinheiro fará muita diferença para os municípios, antes que chegue alguma ajuda do Estado e da União. Existem prefeituras que estão sem luvas, sem máscaras e sem álcool em gel”, declarou o presidente da Famurs, Eduardo Freire. O presidente da Confederação Nacional dos Municípios, Glademir Aroldi, solicitou ajuda para que os bancos públicos abram linhas de crédito para as prefeituras. O presidente da Comissão de Finanças, Planejamento, Fiscalização e Controle, deputado Luis Augusto Lara (PTB), que solicitou a reunião conjunta, propôs que os parlamentares façam o pedido para o TJ e CNJ juntamente com a bancada federal. “Vamos solicitar ao presidente Ernani Polo
que faça este pedido ao Presidente do Tribunal de Justiça. E amanhã, teremos encontro com membros do Conselho Nacional de Justiça, que ordena o cronograma do pagamento dos precatórios em todas as esferas. Estes recursos, se forem suspensos de forma temporária, farão uma diferença fundamental no combate ao coronavírus. Em Bagé, a prefeitura repassa mensalmente R$ 1,05 milhão para o Tribunal de Justiça. Palmeira das Missões passa de R$ 700 mil”, disse. O presidente da Comissão de Assuntos Municipais, Eduardo Loureiro (PDT), pediu que seja incluída na pauta da reunião a flexibilização no pagamento de dívidas com a União. Pepe Vargas (PT) defendeu linha de crédito junto ao BNDES para o pagamento de precatórios dos municípios. No mesmo sentido, Luiz Fernando Mainardi (PT) defendeu que a suspensão do pagamento dos precatórios por parte das prefeituras não inclua os precatórios preferenciais, que incluem idosos e doentes. Também participaram da videoconferência os deputados Fabio Branco (MDB), Juliana Brizola (PDT), Carlos Burigo (MDB), Kelly Moraes (PTB), Giusepe Riesgo (Novo), Fran Somensi (Republicanos), Dirceu Franciscon (PTB), Wilmar Zanchin (MDB), Capitão Macedo (PSL), Matheus Wesp (PSDB) e Silvana Covatti (PP).
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Cidade
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BAGÉ, 26 DE MARÇO DE 2020
Aplicação de vacina contra a gripe terá sistema “drive-thru” em Bagé Para evitar corridas aos postos de vacinação, a Secretaria de Saúde e Atenção à Pessoa com Deficiência vai mudar o esquema de vacinas. A partir desta quinta-feira, a imunização será através do agendamento, somente pelo telefone. Assim, os agentes irão fazer a visita domiciliar para os idosos, acompanhados do vacinador. O sistema de “drive thru”, no qual o idoso será vacinado pela janela, sem precisar descer do carro, também será uma estratégia adotada pela pasta. Para isso, três equipes do Camillo Gomes estarão, a partir das 8h desta quinta, no Complexo Esportivo Presidente Médici. As equipes permanecerão no Militão até acabarem as doses. Conforme a coordenadora municipal de Imunizações, Tatiana Miranda, a 7° Coordenadoria Regional de Saúde (7°CRS) informou que está previsto, para hoje, no final da tarde, a aplicação de 3 a 4 mil doses da vacina, que serão distribuídas para todas das Unidades Básicas de Saúde (UBS). Ela destaca que, para pacientes que moram no centro, as unidades para agendamento serão o Centro de Referência Sá Monmany e o Centro de Referência Mater-
no Infantil Camillo Gomes, também por telefone. A Secretaria de Saúde havia antecipado, no último sábado, a campanha nacional. Na data, foram aplicadas cinco mil doses para o público-alvo, que é composto por idosos e profissionais da saúde. Tatiana salienta que essas medidas tomadas são para evitar filas e aglomerações. “A única forma de evitar a contaminação desse público é fazendo visitas domiciliares e a vacinação de forma drive thru”, frisa. A coordenadora informa ainda que, na próxima semana, sem data prevista, mais doses da vacina devem chegar à cidade, porém, até o momento, não foi comunicada sobre a quantidade que será enviada a cada município. O secretário de Saúde, Mário Mena Kalil, afirmou que essa adaptação estará sendo realizada para preservar a população, que não deve se aglomerar enquanto aguarda para sere vacinado. Vale lembrar que a medicação contra a Influenza não combate o coronavírus. A vacina, composta por vírus inativado, é trivalente e protege contra os três vírus que mais circularam no hemisfério Sul em 2019: Influenza A (H1N1), Influenza B e Influenza A (H3N2).
Telefones para agendamento Centros de Referência: Arvorezinha – 3241- 1588 Caic – 3241 1552 Centro Social Urbano – 3241 2651 Floresta – 3241 6475 Sá Monmany – 3247 1546 Unidades de Saúde: ESF Castro Alves – 3241 9655 ESF Damé – 3242 2476 ESF Ivo Ferronato – 3247- 6004 ESF Passo das Pedras – 3240 6790 ESF Prado Velho – 3247-3876 ESF Gaúcha – 3247-3501 ESF Popular- 3241- 2802 ESF Morgado Rosa – 3242 8518 ESF Santa Cecília – 3247 1356 ESF Malafaia 3242 3016 ESF São Martin 3247 1385 ESF Dois Irmãos 3241 0774 ESF São Bernardo 3242 4137 ESF Tiarajú – 3242 7755 ESF Ivone – 3247 3273 Centro de Referência Materno Infantil Camillo Gomes – 3242 2433
Farmácias do SUS facilitam a entrega de medicamentos para evitar aglomerações A Coordenação de Políticas de Assistência Farmacêutica da Secretaria da Saúde (SES) publicou uma nota técnica em conjunto com o Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul (Cosems/RS). O documento traz medidas de enfrentamento à epidemia da Covid-19 nas Farmácias de Medicamentos Especiais do RS, para evitar a circulação e aglomerações de pessoas nesses e em outros espaços. Entre as principais mudanças está a prorrogação automática de todas as renovações da continuidade do tratamento, para que não seja necessário o retorno ao médico. Outra novidade é uma lista de medica-
mentos que podem ser retirados de forma antecipada, para dois ou três meses de consumo, respeitando os estoques de cada unidade. Como orientação aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), está a alternativa de familiares ou amigos busquem os medicamentos para idosos ou outras pessoas no grupo de risco para a Covid-19. Se for um parente direto (filho, mãe, pai), é preciso apenas levar um documento próprio. Se não for alguém da família, é preciso levar um documento próprio e do usuário (pode ser cópia ou foto), e uma declaração de autorização da retirada do medicamento, que pode ser escrita a próprio punho.
Recomendações gerais Entre outras recomendações está que cada colaborador e usuário (na medida do possível) leve sua caneta para assinatura dos recibos; limpeza mais frequente dos espaços públicos, assim como telefones, teclados, maçanetas e outros itens de uso comum; afastar as cadeiras na sala de espera para, pelo menos, 1,5 metro de distância. Ainda para facilitar a dispensação de medicamentos durante o período de isolamento social, foi publicada na última semana a portaria SES nº 208/2020, que flexibiliza prazos de validade de prescrições de medicamentos de uso contínuo por até um ano.
Confraria Borbulhas da Campanha adquire oxímetros para apoio na luta contra o Covid-19
Atendendo a pedido da Santa Casa de Caridade de Bagé, que recentemente lançou a campanha para arrecadação de recursos para aquisição de itens de necessidade básicas, a Confraria Borbulhas da Campanha realizou, nesta quarta-feira, a doação de 14 oxímetros de dedo, aparelho utilizado na medição da quantidade de oxigênio no sangue do paciente. Esses equipamentos são de extrema importância neste momento, para auxiliar a diferenciar os possíveis casos suspeitos de coronavírus. Muitas entidades, aliás, estão engajadas para, unidas com todas as forças e o apoio da população, seguindo as recomendações, vencer a pandemia que já atinge Bagé.
REPRODUÇÃO JM
Aparelhos ajudam a diferenciar possíveis casos suspeitos
Aniversariantes Adriana Aparecida Kisata Albanisa Colina Oliveira Aline Pereira Rodrigues Arlete Conde Fontes Arlete Fernandes Chana Gomes Figueiredo Claudete Terezinha Severo Daiane Ritta Gabriel Munhoz Machado Helena Lemos Dornelles Idalina Gomes Janete Collares Oliveira Leila Vidal Pichler Leontina Nogueira Alves Luiz Carlos Deibler Neiva Amestoy Bender Boteselle Nélson Garcia Júnior Nepomuceno Oliveira Osvaldo de Souza Alves Otávio dos Santos Gomes Robes Pinto Silva Filho Rômani dos Santos da Silva Sandra Ruas Tatiane Freitas Rodrigues Thais Brasil da Silva Tavares Tiago Paim Tiago Rodrigues Machado
Segurança
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Oficinas da LolliCreative Suspensão de corte de energia por contribuem com a distração falta de pagamento contemplará dos pequenos na quarentena REPRODUÇÃO JM
associados da Coopersul REPRODUÇÃO JM
Mariana faz as lives na companhia da filha Alice
Com a imposição da quarentena, por conta da pandemia de coronavírus, os pais precisam se adaptar a nova realidade, tendo os filhos em casa, em tempo integral. Para distrair os pequenos, é preciso buscar atrativos para ocupar o tempo e isso requer muita criatividade por parte dos adultos. Para ajudar nessa tarefa, a empresária Mariana Fleytas Ruas, proprietária da LolliCreative, desde que foi decretado o isolamento social, vem tentando contribuir com os pais para tornar a tarde dos pequenos mais divertidas. Através do Instagram da LolliCreative, diariamente, às 16h, a empresária faz lives, ao lado da filha Alice, de 7 anos, sugerindo brincadeiras divertidas para as crianças. “As lives são ao vivo todos os dias e são gratuitas, basta nos seguir no app instagram @Lollicreative. No Facebook é postado às 17h, nos stories”, explica. No dia 15, a empresária anunciou que a sua brinquedoteca estaria fechada devido ao covid-19, sem data para reabertura. Logo, no dia seguinte, teve a ideia de fazer as oficinas on-line para dar uma opção às crianças que estão em casa, trancadas por causa da quarentena. Ela tentou
fabricar kits para as oficinas que seriam comercializados e entregues em casa, mas com a disseminação do vírus, optou por cancelar a proposta por receio de contaminação. Mas as lives continuaram, diariamente, inclusive no sábado e domingo, sempre ao meio-dia, pelas redes sociais. Ela divulga o material necessário para que as crianças façam a separação. Mariana busca utilizar itens que se tenham em casa. “Fomentando o processo de reciclagem do lixo com utilização de embalagens e incentivando a sustentabilidade”, argumenta. Feliz em poder contribuir, Mariana conta que, a cada dia, cresce o número de mães, pais e filhos que assistem e fazem as oficinas. Assim, a empresária tenta passar uma imagem de tranquilidade. “Nesse momento, o melhor que posso fazer para contribuir são essas lives”, pontua.
Entidade atende mais de 5,8 mil familias na região
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) publicou Portaria que suspende, em todo o País, o corte de energia por 90 dias em decorrência da calamidade pública causada pela pandemia do coronavírus (Covid-19). Na região, por exemplo, a medida beneficia associados da Cooperativa Regional de Eletrificação Rural Fronteira Sul Ltda (Coopersul), que é uma permissionária da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE). A entidade é responsável pelo abastecimento elétrico nas casas de aproximadamente 5,8
mil famílias, compreendendo cerca de 1,7 mil quilômetros de rede. Há 46 anos na região, a Coopersul abastece todo o território de Aceguá, 95% de Hulha Negra, 40% de Candiota (na região da localidade de Seival) e 5% de Bagé. Conforme o presidente da Cooperativa, Jaci Jacinto Coelho, a expectativa é de que mesmo com a decisão as pessoas mantenham as contas em dia. Ele salienta que, mesmo sem o corte, os juros serão aplicados, mas haverá a possibilidade de negociação, caso a pessoa não consiga cumprir com o pagamento.
Como a medida abrange a CEEE, a dúvida do presidente, caso haja dificuldades de pagamento dos usuários, é se a Cooperativa também poderá atrasar o pagamento com a distribuidora sem perder a permissão. Na portaria da Aneel, fica suspenso, por 30 dias, os prazos processuais da Agência. Importante esclarecer que durante esse prazo, as decisões da continuarão a ser publicadas normalmente nos meios oficiais. Durante o período de suspensão, o recebimento de documentos será feito exclusivamente por meio eletrônico. Enquanto durar a medida excepcional, não haverá atendimento presencial ou recebimento de documentos pelo serviço de postagem do Protocolo-Geral da Aneel. Outra decisão importante é que as reuniões de diretoria serão exclusivamente virtuais até o dia 28 de abril. A sustentação oral de agentes do setor poderá ser realizada por vídeo gravado pela parte e encaminhado à Agência de acordo com procedimento disponível em https://aneel.gov.br/reunioes-publicas-da-diretoria. A Portaria também suspende por 90 dias os prazos para entrega, pelos agentes de geração, transmissão e distribuição, dos demonstrativos estabelecidos no Manual de Contabilidade do Setor Elétrico (MCSE) e no Manual de Controle Patrimonial do Setor Elétrico (MPSE). Os novos prazos serão contados a partir das datas limites de entrega estabelecidas nos referidos manuais.
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Cidade BAGÉ, 26 DE MARÇO DE 2020
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Cidade
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Susepe faz busca de apenados após liminar DIVULGAÇÃO
Um total de 72 já retornaram para o Instituto Penal
Após a liminar concedida, do mandado de segurança impetrado pelo MP, pela Oitava Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, que suspendeu os atos que determinaram a concessão indiscriminada de prisão domiciliar aos apenados de Bagé em virtude da pandemia do novo coronavírus, agentes da Superintendência de Serviços Penitenciários do Instituto Penal de Bagé (IPB) já começaram a recolher os apenados. Conforme o diretor do IPB, Marcel Fernandes, na noite de terça-feira, dia 24, já começaram os contatos com os apenados que
devem retornar para o Instituto. “Alguns vieram voluntariamente. Do total de 119, 100 eram daqui e 72 já retornaram, sendo que 60 voluntariamente”, detalhou. A ação, que contou com sete agentes penitenciários, foi realizada, também, entre a manhã e tarde desta quarta-feira, dia 25. “Temos alguns que estão em outras cidades Sei que quatro deles são de Pinheiro Machado e tem mais um em Cachoeirinha. Eles têm o prazo de 24 horas para retornar após serem avisados. Depois ficam na condição de foragido e é avisada a Vara de Execuções Criminais (VEC) e a Brigada
Militar e Polícia Civil, que podem fazer a recaptura”, completou. A decisão que eles deveriam retornar foi publicada nesta terça-feira, 24, e reforça que os casos concretos, individualizados, deveriam ter sido analisados sob a luz da legislação vigente e das recomendações das autoridades competentes. O mandado de segurança, assinado por todos os promotores de Justiça de Bagé, com apoio do Centro de Apoio Operacional Criminal e de Segurança Pública (CaoCrim), é contra as ordens de serviço 001/2020, 002/2020 e 003/2020, expedidas pela Vara de Execuções Criminais de Bagé, nos pontos em que concederam prisões domiciliares a presos dos regimes aberto, semiaberto e até mesmo fechado – estes, desde que não tivessem praticado crime com violência ou grave ameaça à pessoa, fossem maiores de 60 anos e/ ou portadores de doenças graves nominadas, gestantes, lactantes e mulheres com filhos até um ano de idade, com análise individual em cada Processo de Execução Criminal (PEC).
Defesa Civil concentra ações em auxílio a famílias em situação de vulnerabilidade social
Com mais de dois mil cadastros de pessoas em situação de vulnerabilidade social, a Defesa Civil, em Bagé, coordenada pelo Tenente Ronaldo Rosa, está concentrando esforços para, neste momento de distanciamento para combater a pandemia coronavírus, garantir dias melhores a quem mais precisa. Desde sexta-feira passada, a Defesa Civil está realizando doações de cestas básicas para trabalhadores autônomos (que não estão podendo trabalhar), catadores, moradores de área verde e pessoas em situações de vulnerabilidade. “Este trabalho humanitário é de premissa da Defesa Civil. Sempre que há uma catástrofe, ou algo muito grave, como é o caso da pandemia, auxiliamos as famílias. Temos oito voluntários trabalhando direto conosco”, comentou. Rosa ainda destacou que quem necessita de ajuda deve entrar em contato pelo Whatsapp (53) 999377940, apenas por essa rede social, com mensagem de texto, com nome e endereço completo. “Não adianta ficar mandando
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Prefeitura começa desinfecção nas ruas de Bagé
Ação contou com ajuda de custo e água não tratada
Com o intuito de manter o controle da propagação do coronavírus em Bagé, desde quarta-feira, ocorre o processo chamado desinfecção de ruas e estruturas externas da cidade. O procedimento teve início pela tarde, junto ao terminal de ônibus do Calçadão e, agora, deve ser estendido para demais pontos, inicialmente, do centro. Segundo o prefeito de Bagé, Divaldo Lara, esta ação é mais uma no pacote de medidas de enfrentamento contra a propagação do vírus. “Serão desinfectadas paradas de ônibus do centro da cidade, começando com a do Calçadão, que tem maior circulação de pessoas, entradas de banco, entrada da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Hospital Universitário da Urcamp e Santa Casa
de Caridade de Bagé”, destacou. O prefeito ainda pede para a população fazer a sua parte e ficar em suas residências. “Quero agradecer à empresa Maple Química, pela redução de custo do produto e pedir, para a comunidade, para que mantenha-se em casa, cuide de você e de sua família”, complementou. O trabalho será estendido a outras localidades no decorrer da semana, conforme explica o secretário de Infraestrutura e Desenvolvimento Urbano, Jorge Duarte. A água utilizada no procedimento, segundo informações da Prefeitura, não é tratada. O produto utilizado para o procedimento, de acordo com o divulgado, o Quatercap bdd 800, foi adquirido a preço de custo por meio da empresa Maple Química, com sede em Bagé.
Os motoristas de aplicativos e mototaxistas não podem circular em Bagé durante a vigência do decreto municipal que restringe movimentação de pessoas, devido à pandemia ocasionada pelo Covi-19. Conforme o secretário de Segurança e Mobilidade Urbana, José Carlos Nobre, os transportes de pessoas estão suspensos. “Somente está autorizado para entregas, tele-entregas. Precisa-se que se tenha consciência na questão da mobilidade, porque, segundo
os infectologistas, 80% da transmissão se dá pela mobilidade urbana, por isso queremos reduzir, no mínimo em 60%, para ter um achatamento da curva de contaminação”, completou. Nobre também ressalta que os ônibus estão circulando até as 21h, dentro do prazo previsto pelo toque de recolher. “Questão de consciência. E também estaremos fiscalizando para que o decreto seja cumprido na íntegra”, comentou.
Motoristas de aplicativos e mototaxistas devem suspender atividades na cidade
Itens são encaminhados conforme ordem de cadastro
diversas mensagens. Quanto mais entrar, vai indo para o final da fila, mande uma mensagem que vai ficar no cadastro, com tudo completo. E não mandem áudios, nem vídeos, apenas texto que estamos olhando. A demanda é grande para fazermos a listagem, então tem que ser simples a forma de contato”, complementou. A Defesa Civil está contando com apoio da Polícia Civil e secretarias do município, além dos oito voluntários. “Estamos visitando os bairros apenas levando para quem
está cadastrado. Poderemos voltar no local, mas tudo tem uma fila. Outra informação, não adianta ir na prefeitura pedir, tem que estar no cadastro que é feito somente pelo Whatsapp. E não adianta ligar também”, acrescentou. Aos doadores, além de itens de supermercados, quem quiser auxiliar pode doar equipamentos proteção, luvas e máscaras. “Podem deixar também nos pontos de coleta, nos supermercados. É hora de todos ajudarmos”, concluiu o coordenador da Defesa Civil.
Óbitos VALTER MADRUGA, 64 anos, trabalhador rural aposentado, solteiro. Residia na rua Dario Brossard, bairro Floresta. Deixa o filho Nataniel. MANOEL OCTÁVIO MESQUITA GONÇALVES, 74 anos, trabalhador rural aposentado, viúvo. Residia na rua Heitor Vaz Robaina, bairro Stand. Deixa os filhos Ricardo e Rejane. VERA IEDA MAGALHÃES LUZ, 74 anos, funcionária pública aposentada, solteira. Residia na avenida Tupy Silveira.
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Esportes
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Roberto Alcalde: “Se não adiasse, teríamos que desrespeitar os pedidos da saúde”
Depois de intensa pressão nos últimos dias, tanto das organizações quanto dos atletas, o Comitê Olímpico Internacional (COI), junto do governo japonês, oficializou o adiamento para 2021 das Olimpíadas e Paralimpíadas de Tóquio, que ocorreriam neste ano, em função do surto do coronavírus. Dentro desse contexto está o nadador bajeense Roberto Alcalde, que buscava índice classificatório para as Paralimpíadas. Em contato com o jornal MINUANO, Alcalde avaliou como prudente a decisão tomada pelo COI. Inclusive, ele afirma que, se as Paralimpíadas fossem mantidas, em virtude da proximidade da data, os atletas
seriam obrigados a retomar os treinamentos antes do prazo recomendado pelas organizações de saúde e repartições públicas. “Para nós, foi um alívio. Já estávamos há algumas semanas sem treinar, por conta da quarentena. Nossas competições foram canceladas e vários países estão em situação muito pior que a nossa. Se ocorressem os Jogos, iríamos ter que desrespeitar os pedidos de cuidado com a saúde para poder competir. Na minha opinião, a decisão foi muito certa. Agora, é descansar e cuidar da saúde o máximo possível, até isso passar. Depois, recomeçar o ano do zero, correndo novamente atrás do índice”, manifesta.
Se obter o índice, Alcalde participará de sua segunda Paralimpíada. A estreia ocorreu no Rio 2016, quando ficou com o quinto lugar na final dos 100m peito. Em 2019, Alcalde teve uma temporada com o saldo positivo. Fora o título brasileiro, ele conquistou medalha de ouro no Parapan, em Lima (Peru), nos 100m peito, com a marca de 1min 38s 41. Este foi o bicampeonato, visto que também havia conquistado em Toronto (Canadá), em 2015. E no Mundial, realizado em Londres (Inglaterra), Alcalde ficou com a quinta posição, nos 100m peito e no revezamento misto 4x50m medley – com o time brasileiro.
As três vezes que o futebol gaúcho precisou parar DIVULGAÇÃO
Gripe espanhola (1918)
ALESSANDRA CABRAL/ESPECIAL JM
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Atleta busca participar dos Jogos pela segunda vez
Branco manda recado: “Bagé é muito forte e vai sair dessa situação” YURI COUGO DIAS
Criada em 1918, a Federação Rio-Grandense de Desportos, atual Federação Gaúcha de Futebol (FGF), pretendia realizar, naquele ano, a primeira edição do Campeonato Gaúcho. A competição reuniria os campeões regionais, que eram Brasil de Pelotas, 14 de Julho de Santana do Livramento e Cruzeiro de Porto Alegre. No entanto, em virtude da gripe espanhola que assolou o Estado, com milhões de mortes pelo mundo, todos os jogos de futebol foram suspensos naquela temporada. Assim, a primeira edição do estadual ocorreu em 1919, quando o Brasil de Pelotas venceu o Grêmio, por 5 a 1.
Revolução de 23 (1923)
Livro detalha histórias do estadual
A segunda vez que o estadual paralisou foi em decorrência da Revolução de 1923, movimento armado em que dividiu o Rio Grande do Sul entre ximangos (partidários de Borges de Medeiros) e maragatos (aliados de Joaquim Francisco de Assis Brasil). Durante 300 dias, foram registrados 21 combates e mais de mil mortos.
A situação que a sociedade brasileira vive é totalmente atípica. No futebol, os reflexos do coronavírus são diretos, com o Gauchão e a Divisão de Acesso suspensos por tempo indeterminados. Entretanto, esta não é a primeira que vez que o futebol gaúcho é paralisado, em função de “força maior”. O jornal MINUANO consultou o livro “100 Vezes Gauchão”, escrito por Gustavo Manhago e Cléber Grabauska, publicado em 2019, o qual aponta três ocasiões em que o estadual precisou parar.
E o terceiro foi registrado em 1924, com a Revolução Tenentista. O movimento iniciado em São Paulo, em julho, chegou ao Rio Grande do Sul em outubro, justamente na época em que o Gauchão costumava acontecer. A revolta foi motivada pelo descontentamento dos militares com a crise econômica e a concentração de poder dos políticos de São Paulo e Minas Gerais.
Revolução Tenentista (1924)
Tetracampeão mundial destaca força dos bajeenses
Na série de personalidades que mandam recado para Bagé, por meio das redes sociais, obviamente, não podia faltar o bajeense tetracampeão mundial Cláudio Ibraim Vaz Leal, o Branco. Direto do Rio de Janeiro, o coordenador das categorias de base da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), mandou o seguinte recado para seus conterrâneos. “Queridos conterrâneos de Bagé, irmãos, amigos, familiares e todos que moram nessa cidade maravilhosa. Peço para
que vocês se cuidem. Por favor, fiquem em casa, lavem as mãos. É importante nos ajudarmos nessa grande batalha. Tenho que certeza que iremos vencer essa guerra, mas, para isso acontecer, temos que respeitar autoridades, ficar em casa e nos cuidarmos. Procurem informações de qualidade. Estou aqui do Rio, torcendo por vocês. O Brasil e todo o mundo estão juntos. Mas Bagé é muito forte e vai sair dessa situação. Um beijo no coração de todos”, declarou Branco.