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jornalminuano.com.br BAGÉ, quinta-feira, 16, e sexta-feira, 17 de julho de 2020 - ANO XXVI Nº 6 545 | R$ 2,00 TIAGO ROLIM DE MOURA

ESPECIAL

BAGÉ CELEBRA 209 ANOS EM PERÍODO DE TRANSFORMAÇÕES

Amanhã, 17 de julho, a Rainha da Fronteira alcança seus 209 anos de fundação. Mas mais que simplesmente comemorar, a cidade vive um período de cuidados e transformações aceleradas, motivadas pela demanda criada pela pandemia do novo coronavírus. Caderno especial, encartado nesta edição, aborda parte dessas mudanças, as projeções para o futuro e, ainda, compara o atual período com o registrado em 1918, durante a Gripe Espanhola.

COACH GAUDÉRIO

Domador bajeense faz sucesso na internet

FUNCOVID

Como funcionará programa municipal de auxílio

ENFRENTAMENTO

PANDEMIA

Prefeitura comprará R$ 2 milhões em equipamentos

Confirmados novos fechamentos da Sete

João Cabral registrou mais de 5 milhões de visualizações em vídeos publicados

Proposta de Lei prevê repasses de R$ 50 a R$ 150 para famílias carentes da cidade

Itens, como EPIs, serão utilizados por profissionais no combate ao novo coronavírus

Medida voltará a ser adotada entre sábado e domingo; praças seguem interditadas

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Previsão do tempo

7ºC

12ºC

EMPREENDEDOR - JM e empresas parceiras premiarão leitor no aniversário da cidade

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Opinião

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BAGÉ, 16 E 17 DE JULHO DE 2020

João L. Roschildt

joaoroschildt.jornalminuano@outlook.com

A diferença entre querer e poder

Sempre que algum aluno questiona minha esposa sobre “como está o professor João?”, ela responde que estou adorando a vida na caverna. Devido à pandemia e diante das minhas poucas investidas à selvagem vida comunitária, talvez ela imagine que eu seja um urso hibernando. Claro que em comparação a um urso tenho uma aparência bastante descarnada, mas é uma metáfora adequada. Não que tenha ficado em casa todo este tempo. Mas, diante da atividade profissional exercida e dos cuidados necessários que a paternidade exige, minhas saídas do ambiente doméstico são muito raras. Em alguns casos, furtivas, como levar o lixo doméstico durante a madrugada, um ato ilegal em tempos de decretos autoritários. Mas a quarentena tem algumas “vantagens”. Com um maior tempo nas virtuais redes sociais, o indivíduo pode ficar com mais acesso a bestialização social para que veja como não ficar bestializado. Em alguns casos, os estímulos são tantos que a pessoa ficará necessariamente bestializada. Por exemplo, reparem no caso dos ativistas digitais com seus desejos revolucionários. Eles não se cansam de repetir mantras de seus semideuses intelectuais sem a menor reflexão e de esparramar seu ódio do bem. Certo dia vi uma postagem indicando que a paternidade e a maternidade eram construções sociais. Ou seja, pai e mãe são resultados de obrigações impostas pela sociedade. Nada de novo. Segue a mesma linha de que gênero é uma construção social com todo aquela ladainha ideológica. É uma luta contra tudo o que gera algum obstáculo a desejos, independentemente dos resultados que esta experiência laboratorial produz. Para os adeptos destas “cons-

truções sociais”, a biologia não determina nada e influencia muito pouco. Tudo é resultado de uma sociedade opressora. Com o exagero permitido, recordo-me o quão “arbitrário” foi a gravidez de minha esposa: eu não tinha útero. Diante disso, fiquei restrito a papéis de amparo e principalmente amor. Por outro lado, com o peso de “regras sociais extremamente injustas”, minha esposa ficou muito responsável pelo desenvolvimento físico de nosso filho com alterações corporais “inadmissíveis” e que só existem por conta de uma sociedade patriarcal. Se homens engravidassem, até a Igreja Católica já teria permitido a legalização do aborto, não é assim? Após o nascimento do Joaquim, nome igualmente “arbitrário” e relacionado ao o que ele apresentava entre as pernas, vi o quanto do mundo sensorial dele dependia a presença materna. E o quanto os olhares e a busca por aconchego eram intensamente direcionados para a mãe, ao passo que meu papel se alargava na garantia de que tais situações ocorressem sem maiores preocupações. Tudo “arbitrário” e “socialmente construído”. Ao longo do desenvolvimento de meu filho, passei a representar a primeira ruptura simbólica que ele poderia ter ao afastá-lo da mãe em algumas brincadeiras. Existe maior “construção social” nisso tudo? Não, afinal essa realidade reforça o que é descrito em vários estudos realizados com comportamentos humanos e sua relação com a biologia. Biologia? Ela é “arbitrária” demais para ser aceita, diria algum revolucionário. E assim seguimos na caverna do lar. Ativistas não sabem a diferença entre querer sair da caverna e poder sair dela. Mas são os primeiros a quererem obrigar os cidadãos a não saírem de casa.

Professor do curso de Direito da Urcamp

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GERENTE COMERCIAL Adriana Robaina

EDITOR-CHEFE Felipe Valduga

Editor assistente - Sidimar Rostan • Reportagem - Viviane Becker - Cláudio Falcão - Melissa Louçan - Jaqueline Muza - Rochele Barbosa - Yuri Cougo Dias • Chargista - Cláudio Falcão • Repórter fotográfico - Tiago Rolim de Moura • Diagramação - Luís Mário Pereira - Vinícius Silva • Assistente comercial - Angelina Britto • Executiva de Contas - Dulce Dias • Distribuição - Marcos Goulart • Administrativo - Lidiane Selaje Marques • Colaboradores - José Carlos Teixeira Giorgis - Marcelo Teixeira - José Artur M. Maruri dos Santos - Jair da Silva - Dilce Helena dos Santos - Fernando Risch - João L. Roschildt • Impressão - Gráfica UMA (Grupo RBS) - Porto Alegre/RS Laboratório FACOS

Coordenador do Curso de Jornalismo

Glauber Pereira

Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a posição do jornal. Por isso, a editoria não se responsabiliza pelas opiniões emitidas.

Luiz Fernando Mainardi

Bagé na cabeça e no coração

Nesta sexta, 17, amanhã, nossa cidade completa 209 anos. E eu a escolhi como meu lar há 41 anos. Lembro como se fosse hoje aquele dia em que pela primeira vez deslumbrei a cidade, vindo de Pelotas, onde havia, também, feito o vestibular para ingressar na Universidade. Passei na Universidade Católica de Pelotas e também na FunBa, atual Urcamp. Escolhi ficar aqui. O ano era 1979 e eu tinha 18 anos. Uma vida. Já fui chamado de forasteiro. Outros também já foram, eu sei. Sempre respondi que a diferença fundamental entre um forasteiro que se aquerenciou e um morador de nascimento é que forasteiro fica por escolha. E ao escolher, constitui um laço tão ou até mais sólido do que o filho natural. Hoje, depois de tanto tempo, considero-me filho de Bagé, como qualquer outro. Mas sempre tenho na cabeça que a cidade me acolheu e sempre nutro no meu coração a necessidade de responder a esta confiança. Minha escolha por Bagé foi muito relacionada ao acolhimento que tive. Em Bagé, durante o vestibular, fiz muitos amigos locais. Foi muito incrível para mim aquela experiência, por que o vestibular durou apenas quatro dias, mas eu fiquei mais de uma semana. Senti-me em casa, acolhido, identificado, membro de uma comunidade. A decisão de viver e morar em Bagé, evidentemente, não estava totalmente clara naquela época, mas foi se consolidando a cada ano. Morava em uma pensão, da dona Erundina, que ficava ali na Tupi Silveira, perto da FunBa. Nunca vou me esquecer. Nem da turma, nem da dona Erundina, nem de todo o clima familiar e fraterno que mantínhamos. Depois, fui morar com colegas. Lembro de todos os meus endereços

na cidade. Não foram muitos, mas foram, com certeza, simbólicos de etapas que fui vencendo em minha vida bajeense. Vejo hoje que meus vínculos com a cidade sempre ficaram ancorados pelo tema da educação. Vim para estudar e me formar advogado, o que consegui. Participei do movimento estudantil e nossa principal luta era pelo ensino público e gratuito, na época um privilégio de poucos que faziam cursinho e disputavam as poucas vagas em universidades públicas que só existiam em outras cidades. Por fim, uma das minhas maiores lutas (que reuniu mais de 40 mil pessoas em um ato público na praça Silveira Martins, em 2005 ) foi exatamente para conquistar uma universidade pública para a cidade, o que conseguimos. A Unipampa e o Instituto Federal de Educação em Bagé são vitórias grandiosas da comunidade que eu tenho orgulho de ter participado. Fui conhecendo Bagé aos pouquinhos. Ninguém conhece Bagé com profundidade numa rápida visita. E nem em 10 anos. Cada canto desta cidade tem uma história profunda e grande. São mais de 200 anos fazendo parte da história de muitos povos. Sepé Tiarajú combateu aqui perto e morreu por lanças portuguesas e espanholas. O Forte Santa Tecla ainda se mostra aos mais curiosos. E os campos do Seival, onde o general Netto proclamou a República Riograndense, está a poucos quilômetros de nosso centro. A história me encantou. E uma vez, muito antes de ser prefeito, lendo sobre o cerco de Bagé, quando uma população heroica enfrentou outros heróis em uma briga entre irmãos, apaixonei-me, também, pela arquitetura da cidade. Os casarões, os prédios públicos imponentes, clássicos, robustos, mas ao mesmo tempo doces

em seus detalhes. Conheci o castelo do Visconde Ribeiro de Magalhães e ali prometi a mim mesmo que Bagé seria a minha cidade e que se um dia pudesse iria dar um cuidado especial ao seu patrimônio arquitetônico. Não minha no sentido individual, de posse, mas minha no sentido da íntima e verdadeira ligação que gostaria de ter por uma terra, por um rincão. Conheci, também, a história do Grupo de Bagé, e, saibam, me orgulhei tanto quanto qualquer bajeense nascido na Santa Casa. O resto da história, quase todo mundo em Bagé conhece. Elegi-me vereador em 1982, com apenas 21 anos. Fui reeleito, candidato a prefeito, tendo me elegido na quarta tentativa, fui deputado federal e agora estou deputado estadual, sempre representando a cidade e a região, sempre reconhecido por meus vínculos com esta terra e com este povo. Quando fui prefeito, assumi um compromisso de responder ao acolhimento da cidade e do seu povo. Por isso, eu e minha equipe trabalhávamos cerca de 14 horas diariamente. Por isso, fizemos muito. Não foi apenas criatividade, foi trabalho, suor, dedicação e amor. Mas agora, mais maduro, em uma cidade também mais madura, com muitas conquistas, mas ainda com muitos desafios, penso, novamente, com carinho, que posso e devo fazer muito mais por ela. Agora tenho uma filha bajeense, tenho uma chácara e uma plantação de oliveiras. Agora, tenho amigos de décadas e parceria de canastra, chimarrão, churrasco e até um vinho. Agora, tenho conhecidos em todas as esquinas e meu encanto pela cidade pode ser visto em meus olhares. Agora, posso dizer para todos e em qualquer lugar: tenho Bagé na cabeça. E no coração. Feliz aniversário Rainha da Fronteira.

Deputado Estadual

Esta coluna é oferecida a colaboradores que representam diferentes agremiações partidárias. As ideias nela contidas correspondem à exclusiva opinião ou versão de seus autores

Cláudio Falcão

Parabéns, Bagé!

Charge falcaobage58@gmail.com


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Cidade

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BAGÉ, 16 E 17 DE JULHO DE 2020

João Cabral: domador de cavalos de Bagé faz sucesso na internet

Na data em que se comemora o aniversário da cidade, é bom lembrar os filhos desta terra que, mesmo desgarrados, têm orgulho da sua origem. A entrevista de hoje é com o bajeense João Francisco Cabral Campos, de 39 anos, que reside, há quase 13, em Joinville, Santa Catarina. O domador e treinador de cavalos profissional, João Cabral, como é conhecido Brasil afora, tem mais de 50 mil seguidores nas rede sociais e, há cerca de um ano e meio, se tornou uma espécie de “coach gaudério” por fazer vídeos com mensagens positivas. O menino simples, que cresceu pelas estâncias de Bagé, têm vídeos publicados com mais de 5 milhões de visualizações. “Nasci em Bagé, mas cresci no interior na Bolena, onde trabalhei como peão e aprendi todo o serviço de estância. Vi uma oportunidade para usar a internet e passar uma mensagem boa. Hoje utilizo todo esse conhecimento para lidar com o cavalo e coloco tudo isso nos vídeos”, relata.

Em 1996, quando chegava em Candiota, saído da Bolena

O bajeense conta que teve alguns problemas financeiros e precisou se reerguer sozinho. “Nesta época, resolvi gravar um vídeo para falar do momento que estava passando e postei no Facebook. A partir daí, comecei a fazer outras gravações falando do que estava acontecendo no meu dia e o que fazia para superar. A aceitação foi boa e passei a usar isso para falar do cavalo, que é com o que trabalho”, comenta. Além da experiência na vida campeira, ele também trabalhou em rádios de Bagé, Candiota, Piratini, Aceguá e Melo. Teve também uma bonita trajetória artística atuando como músico, por 12 anos, sendo um dos mais jovens vocalistas na época (quando participou dos grupos “Os Tarrans”, de Antoninho Candiota e do Canto da Terra.)

Amor por suas origens O domador confessa ser um árduo defensor da cultura e da tradição gaúcha. “Nos vídeos, falo da nossa tradição de uma forma simples. E graças a Deus, isso vem dando certo. Tenho um canal no Youtube, há sete meses, onde comento especificamente de doma e do treinamento de cavalos. Me faz muito bem conversar e saber que aquilo que eu vivi aí nas estâncias de Bagé. De certa forma, ajuda outras pessoas a terem uma visão diferente do mundo. O que vemos hoje, na internet, é ilusório, Deus nos fez de uma maneira única, e cada um tem sua beleza e condição de ser. Se começarmos a almejar algo que não é para gente, iremos nos entristecer e nos transformar em pessoas amarguradas e não conseguiremos ir para frente. Procuro passar para as pessoas que é preciso ser feliz com aquilo que a gente tem”, sugere.

FOTOS ARQUIVO PESSOAL

A tradição Ele vive longe de Bagé, mas deixa claro que não saiu por falta de oportunidade, mas por questões pessoais. “Nunca me faltou nada em Bagé, vejo nossa cidade com um potencial enorme de cultura”, frisa. Cabral recorda que os jovens da sua época cultivavam a tradição gaúcha. “Esperávamos o ano inteiro pelo desfile de 20 de setembro. Converso com meus familiares e com minha filha, que mora aí, e vejo que não há mais intensidade nisso. Gosto de passar para os mais novos que não têm a oportunidade de conhecer essa história, isso me traz uma alegria muito grande”, argumenta. “No bate-papo deixa claro: é preciso se orgulhar de onde viemos, o que conquistamos e da nossa gente. Bagé tem homens extraordinários, tradicionalista como João Doglia, Orsay Azambuja, Valter Quadros, Valter Fagundes, entre outros”, ressalta. “Fico feliz por ser um cara pobre, trabalhador, por não ter dinheiro, não ser famoso, por ser um domador de cavalo e tenho muito orgulho da minha profissão. Hoje, consigo conversar com as pessoas de igual para igual”, finaliza.

“Coach gaudério” no seu Centro de Treinamento, em SC

onde eu ande, no Rio Grande, no Brasil afora, ou nesse mundão inteiro. A minha alma de campeiro me relata e me traz de vol-

ta ao meu chão galponeiro, com a minha pura essência a Rainha da Fronteira que é meu chão e minha querência”, menciona.

Parabéns à Rainha da Fronteira Em um vídeo feito a pedido do Jornal MINUANO, o bajeense parabeniza a sua cidade natal, pelos 209 anos. “Nossa Bagé é a vertente dos peões de estância, dos ginetes, os domadores, dos trovadores, dos cantadores e dos gaiteiros. Nossa Bagé é uma das vertentes mais fortes que tem da nossa cultura gaúcha. Povo bajeense se orgulha da nossa terra, assim como eu me orgulho. Não importe por

Vídeos já alcançaram mais de 5 milhões de visualizações


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Campo & Negócios

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BAGÉ, 16 E 17 DE JULHO DE 2020

Cidades da região vão receber recursos para perfuração de poços, construção de açudes e horas-máquina

O governo do Estado anunciou, ontem, recursos para o enfrentamento à estiagem e para mitigação dos danos causados pelos meses de seca no Rio Grande do Sul, entre o final do ano passado e o começo de 2020. No total, serão R$ 55,1 milhões destinados a perfuração de poços, construção de açudes e pagamento de horas-máquina para recuperação de estradas. Todas as cidades da região vão receber recursos. Os recursos resultam de ação conjunta entre o governo do Estado, a bancada federal gaúcha, a Assembleia Legislativa e o governo federal, por meio do Ministério do Desenvolvimento Regional. No total, são R$ 29,1 milhões oriundos de emendas parlamentares da bancada federal gaúcha, por meio da Fundação Nacional da Saúde (Funasa), R$ 6 milhões do Ministério do Desenvolvimento Regional e R$ 10 milhões do próprio governo do Estado. Outros R$ 10 milhões foram direcionados a partir do orçamento da Assembleia Legislativa na semana passada. O governador Eduardo Leite, do PSDB, em transmissão ao vivo pelas redes sociais, agradeceu os esforços de todos os agentes envolvidos neste processo.

“Há uma ação coordenada, desde janeiro, por parte do governo do Estado, para minimizar os danos e os prejuízos da estiagem. Além disso, estamos trabalhando juntos para viabilizar meios de prevenção e de antecipação de cuidados em relação a futuras estiagens”, detalha.

Valores

Dos R$ 55,1 milhões, R$ 10 milhões serão destinados à construção de 1.025 açudes, cuja execução ficará a cargo da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, em 102 municípios – cada um receberá dez. Esse valor, oriundo da Assembleia Legislativa, também será destinado à perfuração de 55 poços. Os R$ 10 milhões do governo do Estado servirão para a perfuração de 50 poços e para o pagamento de horas-máquinas em 53 municípios. O secretário de Obras e Habitação, José Stédile, explica que os R$ 6 milhões provenientes do Ministério do Desenvolvimento Regional serão destinados também à perfuração de poços. A Funasa perfurará o restante dos poços. Ao lembrar que a atual gestão já enfrentou três enchentes e

uma grande seca, o secretário explicou que, em todas as dificuldades, o Estado tomou medidas para auxiliar os prejudicados. “É o resultado de um trabalho conjunto. Todos os municípios com decreto de emergência reconhecido pela Defesa Civil terão, no mínimo, um poço, 102 terão dez açudes e outros 53 municípios receberão novas máquinas”, garantiu. A definição de quais municípios serão contemplados seguiu critérios técnicos, estabelecidos pela Defesa Civil e pela Emater. A situação financeira de cada município também foi levada em consideração.

Região Hulha Negra vai receber R$ 137.915 em recursos da Funasa, para perfuração de poços, e R$ 60 mil em valores da Assembleia Legislativa, para construção de açudes. Bagé vai receber R$ 70 mil em recursos da Assembleia Legislativa, para perfuração de poços. Aceguá vai receber R$ 70 mil da Secretaria de Obras, para açudes, e R$ 122.642 para hora-máquina. Candiota vai receber R$ 122.642 em valores da Secretaria de Obras e Habitação, para hora-máquina, e R$ 137.915 da Funasa, para perfuração de poços.

Lavras do Sul e Dom Pedrito também receberão recursos.

FELIPE DALLA VALLE / PALÁCIO PIRATINI

Planejamento O Plano de Enfrentamento à Estiagem é o resultado de um grupo de trabalho estabelecido para buscar alternativas e composto pelas secretarias de Obras e Habitação, Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, Governança e Gestão Estratégica e pela Defesa Civil. O governador Eduardo Leite e o secretário de Meio Ambiente e Infraestrutura, Artur Lemos Júnior, também participaram de encontros para discutir o tema.

Estiagem

O governo do Estado vem trabalhando na questão da estiagem e dos danos causados aos municípios desde janeiro, quando a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural estabeleceu um grupo para acompanhar os efeitos da situação. Em fevereiro, o governador se reuniu com a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, para apresentar demandas do agronegócio para atenuar os efeitos da seca. De janeiro até julho, algumas ações foram tomadas para auxiliar

Governador detalhou investimentos durante transmissão em redes sociais

os produtores rurais. Entre elas, a edição de duas resoluções prorrogando parcelas de contratos vigentes do Fundo de Terras do Estado do Rio Grande do Sul (Funterra) e do Fundo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento dos Pequenos Estabelecimentos Rurais (Feaper), a perfuração de poços em diversas regiões, a prorrogação do prazo para entidades encaminharem projetos ao Programa de Sementes Forrageiras e a criação da Câmara Temática de Irrigação. Outra medida mais recente foi o aumento no subsídio do Programa Troca-Troca safra 2019-2020 e anistia para a Safrinha.


Fogo Cruzado

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BAGÉ, 16 E 17 DE JULHO DE 2020

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Sidimar Rostan Funcovid-19 e autorização TSE exclui identificação biométrica nas eleições de 2020 para recolher carros abandonados dependem de sanção @sidimarrostan

sidimar_frostan@hotmail.com

sultoria. Técnicos do tribunal também participaram da primeira reunião da consultoria sanitária, que é prestada de forma gra-

tuita e pretende estabelecer um protocolo de segurança, que deverá ser replicado em todas as seções eleitorais do Brasil.

Para decidir excluir a biometria, médicos e técnicos consideraram dois fatores: a identificação pela digital pode aumentar as possibilidades de infecção, já

que o leitor não pode ser higienizado com frequência; e aumenta as aglomerações, uma vez que a votação com biometria é mais demorada do que a votação com

assinatura no caderno de votações. Muitos eleitores têm dificuldade com a leitura das digitais, o que aumenta o risco de formar filas.

rá em conta cuidados para eleitores (com regras diferenciadas para os que têm necessidades especiais), mesários, fiscais de partido, higienização do espaço físico das seções, policiais militares e agentes

de segurança, movimentação interna de servidores e colaboradores no TSE e Tribunais Regionais Eleitorais (TREs), populações indígenas e de locais de difícil acesso, além da população carcerária.

Fatores

Cartilha

O grupo de trabalho criado elo TSE deve se reunir semanalmente para definir as regras e a cartilha de cuidados. Ficou definido que a cartilha de recomendação sanitária para o dia da eleição leva-

FELIPE VALDUGA

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vai excluir a necessidade de identificação biométrica (pelas impressões digitais dos eleitores) no pleito municipal, agendado para o dia 15 de novembro. A medida, que deve ser incluída nas resoluções das Eleições 2020, e levada a referendo do plenário do TSE após o recesso do Judiciário, segue recomendação apresentada na noite de terça-feira, 14, por infectologistas que prestam consultoria sanitária. A decisão foi tomada pelo presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, após ouvir os médicos David Uip, do Hospital Sírio Libanês, Marília Santini, da Fundação Fiocruz, e Luís Fernando Aranha Camargo, do Hospital Albert Einstein, que integram o grupo que presta a con-

Impressão digital não será usada no pleito de novembro

Hamm destina mais uma emenda para APAE de Bagé

A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Bagé está sendo contemplada com mais uma emenda de autoria do deputado federal Afonso Hamm. Na quarta-feira, o parlamentar esteve na sede da entidade para entregar a confirmação do pagamento de uma nova emenda para instituição no valor de R$ 100 mil. O montante foi apresentado no Orçamento Geral da União de 2020 e é oriunda do Ministério da Saúde, via Fundo Nacional de Saúde e foi repassada pelo

governo do Estado. Durante a visita, o progressista foi recepcionado pelo presidente da APAE, Luís César Rosa da Silva, o vice-presidente, Marco Antônio Borba Bidone e as funcionárias Fernanda Oliveira e Juliana Alves. Os recursos foram liberados para as ações de custeio da APAE, que tem 30 colaboradores e desenvolve trabalho com 400 assistidos, sendo que, neste período de pandemia, tem atendido 10% desse público. “A atuação da associação é regio-

nal, atendendo os municípios de Bagé, Aceguá, Candiota e Hulha Negra. É um trabalho essencial e que atende pacientes que precisam desses atendimentos especializados. Tenho a convicção que esses recursos serão bem aplicados promovendo qualidade na vida dos assistidos”, resume. O presidente da APAE agradece o apoio que deputado tem destinado à entidade e que esse recurso é fundamental para manutenção das atividades diárias que são realizadas.

Aprovada pela Legislativo bajeense, na segunda-feira, a lei que institui o Fundo Municipal de Combate ao Coronavírus (Funcovid-19) depende, agora, da sanção do prefeito Divaldo Lara, do PTB. O chefe do Executivo também vai avaliar a lei que autoriza a Prefeitura a recolher carros abandonados. O petebista pode sancionar ou vetar as proposições. A lei do Funcovid-19, apresentada pelo Executivo, após sugestão do presidente da Câmara, vereador Esquerda Carneiro, do PTB, cria o Programa Municipal Temporário de Transferência de Renda aos cidadãos atingidos pela pandemia do novo coronavírus. O texto prevê que o auxílio emer-

gencial será concedido, de forma cumulativa, observado um valor por família e outros valores conforme seus integrantes, respeitando três faixas prioritárias abaixo. A primeira faixa contempla família com renda mensal per capta de até R$ 89,00, a segunda é aplicada às famílias com renda mensal per capta superior a R$ 89,00 e inferior a R$ 178,00, e a terceira às famílias com renda mensal per capta superior a R$ 178,00 e inferior a R$ 522,50. A concessão observará um valor fixo, por família, de R$ 150 para quem se enquadrar na primeira faixa, de R$ 100 para quem se enquadrar na segunda, e de R$ 50 para quem se enquadrar na terceira.

Cerco aos veículos abandonados

Proposta pelo líder do Progressistas, vereador Antenor Teixeira, a lei caracteriza, como abandonado, o veículo deixado em via pública, sem funcionamento e movimento, gerando acúmulo de lixo ou mato, há mais de 45 dias. Também será qualificado como abandonado o carro que estiver com vidro quebrado ou com avaria nas portas que permita acesso de pessoas sem obstrução e em casos em que seja evidente o estado de decomposição da carroceria, gerando risco à coletividade e à saúde pública. Caso a redação seja sancionada pelo prefeito, o proprietário que abandonar ou es-

tacionar veículo em situação que infrinja a lei, terá o automóvel recolhido pelo órgão executivo de trânsito municipal. Antes do recolhimento, porém, será emitida uma notificação, determinando a retirada do veículo no prazo de cinco dias. Se o prazo para retirada do carro não for atendido, o veículo será recolhido, sendo liberado somente após o pagamento das despesas, multas e outras taxas regulamentadas. Na remoção, ainda de acordo com o texto aprovado pelos vereadores, o veículo deverá ser fotografado ou filmado na situação em que se encontra, para servir como prova do abandono e consequente infração.


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Empreendedor

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BAGÉ, 16 E 17 DE JULHO DE 2020

TIAGO ROLIM DE MOURA

Pronampe

O Programa de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (PRONAMPE) lançado no início do mês de julho, pelo Governo Federal, já contemplou mais de 60 empresas bajeenses em pouco mais de sete dias. A informação foi repassada ao secretário do Desenvolvimento Econômico e Inovação, Bayard Paschoa Pereira, e pelo Gerente Geral do Banco do Brasil, Robson Silva. Até o momento, a média dos empréstimos tomados pelos empreendedores locais gira na ordem de R$ 70 mil. Segundo o secretário, entre os beneficiários, existem o comércio de confecções, oficinas mecânicas, restaurantes, agropecuárias, óticas, empresas de informática, malharias entre outras. Com isso, mais de R$ 3 milhões já foram liberados. Bayard obteve, do Gerente do BB de Bagé, que o Banco espera novas resoluções e a liberação de mais recursos para socorrer as empresas que, neste momento de pandemia, atravessam graves dificuldades. A previsão é de que, até o final do mês de julho, Itaú, Bradesco e Santander iniciem a operar os empréstimos.

Loja Líder

Cesta está recheada de delícias da região

JM e parceiros vão premiar um leitor em homenagem ao aniversário de Bagé Uma cesta cheia de delícias da terra para garantir para celebrar o aniversário da Rainha da Fronteira. Essa é a proposta da promoção que o Jornal MINUANO, em parceria com o restaurante San Valentino, vinhedo Cerros de Gaya e azeite Terra Pampa, promove para celebrar o aniversário de Bagé. Para participar, basta curtir as páginas do jornal MINUANO

nas redes sociais (Facebook e Instagram) e postar, na página do jornal no Facebook, uma foto da cidade aniversariante, seja ela atual ou antiga. O que vale é participar e homenagear Bagé. A foto com mais curtidas será a vencedora. E o prêmio é digno da celebração dos 209 anos da Rainha da Fronteira: uma cesta personalizada com delícias do San Valentino, nhoque, geleias e sobremesa para garantir um

saboroso jantar, uma garrafa de vinho Cerros de Gaya e um azeite Terra Pampa. A gerente comercial do JM, Adriana Robaina, destaca que o objetivo do MINUANO “é sempre buscar uma aproximação com o leitor, seja ele do impresso ou digital”. A postagem pode ser feita até sexta-feira, dia 17. O resultado será divulgado no dia 20 de julho, próxima segunda-feira.

A Campanha Pai Líder está recheada de promoções. E para quem quer dar aquele presente que enche os olhos, todos os casacos estão com descontos imperdíveis. Entre os destaques, paletó de veludo da Fatiota por R$ 329; paletó de veludo por R$ 249; jaqueta de veludo por R$ 349; sobretudo lã Velour por R$ 479; kaban 100% lã por R$ 449. Tudo em até 12 vezes sem juros. A Líder Premium funciona na Avenida Sete de Setembro, nº 1.027, de segunda a sábado, das 9h às 18h, sem fechar meio-dia.

Aniversariantes

16 de julho

Ademar Pereira Araceli Rocha Clarisse Rodrigues Alves Cláudia Fontes dos Santos Elizabeth Echevarria Leite Fábio Medeiros Richi Gustavo Gonçalves de Sá Ida Bielemann Hartwig Ivan Sérgio Bulcão

Luíse Lence Quintana Márcia de Lima Gafree Maria do Carmo Rossal Neto Maria Eva Barcellos de Barcelalos Rita Silveira Dias Valmir Rodrigues Vera Lúcia Fortes Etchepere Vergilio Barcelos de Deus Virginia Soares

17 de julho Aline Bassualdo Cabreira Aline Bidder Álvaro Serafim Oliveira da Rosa André Fernandes Lopes Antonio Rudinei de Souza Bernardo Barcellos Flores Domingos Salton Elbio Munhoz Gislaine Vaz Lacerda Hari Rau Helen Rose Leite de Moura Joseane Caneda da Silva Marcos Belchior

Marlon Vaz Ribeiro Berny Olga Cristina Meires Paulo Azevedo Rodrigo Mendes Nocchi Sâmela Collares Machado Simone Andrade Sônia Aparecida Antunes da Silva Tarick Sallim Ali Thirza Centeno Pereira Valkiria Bueno da Rosa Moreira Viviane Paiva Zaira Afonso Moreira


Cidade

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BAGÉ, 16 E 17 DE JULHO DE 2020

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Após intenso período de escassez de água, panorama do abastecimento é de tranquilidade em Bagé

Três meses após iniciado, o esquema de racionamento foi finalizado pelo Departamento de Água, Arroios e Esgoto de Bagé (Daeb) no final de junho. De lá para cá, as temperaturas caíram e a quantidade de precipitações aumentou, o que garantiu um cenário de tranquilidade para o abastecimento do município. De acordo com as informações repassadas pelo setor de Comunicação e Marketing da autarquia, durante o racionamento de 12 horas, a produção de água da Estação de Tratamento de Água (ETA) era de 25 milhões de litros. Com o encerramento do rodízio de abastecimento, a produção voltou ao patamar de produção de 32 milhões de litros, o mesmo de an-

tes do racionamento. Ou seja, não houve redução em relação ao que era consumido antes. Os dois meses que antecederam o anúncio do final da medida de contenção do uso da água foram de muita chuva. Em maio, o mês fechou com acumulado de 177,9 milímetros, enquanto em junho foi de 175 milímetros. Para julho, a média histórica é de 99,4 mm e, até o momento, a medição da ETA já apontou acumulado de 34,8 mm. A frequência das chuvas renderam bons resultados nas barragens. A Sanga Rasa, que chegou a ficar com déficit superior a seis metros durante o período crítico de escassez de água, agora está apenas um metro abaixo da normalidade. Os outros

dois reservatórios, Piraí e Emergencial, estão cheios. Outro dado interessante repassado pela autarquia foi o resultado do estudo de batimetria das duas maiores barragens Sanga Rasa e Piraí - realizado através da Comissão de Enfrentamento à Seca e Estiagem da autarquia. A batimetria é um levantamento relacionado às medições de profundidade de uma determinada massa de água, a topografia submersa de um determinado local. Com essa análise, foi possível identificar que, com o volume existente de água nas duas barragens, seria possível abastecer Bagé por 116 dias, quase quatro meses, sem nenhum registro de precipitação.

TIAGO ROLIM DE MOURA

DANIELA BRAGA/ESPECIAL JM

Leitores registram as baixas temperaturas da região da Campanha neste inverno

Final de semana com alta da temperatura

Maior reservatório do município, Sanga Rasa está apenas um metro abaixo do nível normal

Após uma trégua na escassez de água, com altos índices de precipitação, o frio chegou com tudo em uma semana com registro de temperatura negativa e geadas. Mas depois da madrugada fria de terça-feira, quando foi registrado -1°C, o final de semana será de calor na Rainha da Fronteira. Ainda nesta quinta, a temperatura perma-

nece baixa, com máxima de 10°C e previsão de chuvas rápidas. Na sexta-feira, a temperatura começa a aumentar, com máxima de 16°C e, no sábado, nublado, chega a 23°C. No domingo, a previsão é de 25°C, com dia claro. A temperatura mais alta deve se manter até quarta, com máxima de 26°C e depois torna a cair.


Representação simbólica da cidade Em 17 de julho de 1811, nascia a Rainha da Fronteira, uma cidade que encanta pela sua história, pela beleza do seu Pampa e pela riqueza do seu onipotente patrimônio arquitetônico. Nessa data, é impossível não ressaltar, também, um dos principais monumentos da região: o Museu Dom Diogo de Souza. É com muita satisfação que utilizamos as páginas da coluna social do JM para que o Museu Dom Diogo de Souza, uma instituição ligada à Urcamp, mantida pela Fundação Attila Taborda, com respaldo da reitora Lia Maria Herzer Quintana, celebre o aniversário de Bagé. O Museu, junto ao prédio que o abriga (Sociedade Portuguesa de Beneficência desde 1975), representa simbolicamente a cidade e sua história, pois é ele que, há 63 anos, resguarda a alma de Bagé, a partir da proposta do seu idealizador, o historiador Tarcísio Antonio da Costa Taborda. A Urcamp é, hoje, a detentora de parte da história de Bagé, mantém preservada e eternizada a memória de nossa cidade com os acervos dos Museus Dom Diogo de Souza; Museu da Gravura Brasileira e Museu Patrício Corrêa da Câmara (Forte de Santa Tecla).

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V

Museu celebra

Educação, história, cultura e lazer

Há mais de seis décadas, a Urcamp, através do Museu, se apresenta como uma instituição de referência e preservação da história e da cultura, local e regional. "Somos conscientes que o patrimônio deve ser preservado e valorizado para que a herança cultural de um povo não se perca através do tempo. A educação deve ser a principal aliada na criação de programas e projetos e o vínculo com a Urcamp é essencial para esta finalidade", declaram as gestoras do Museu, Carmen Barros e Maria Luiza Pêgas.

Um patrimônio de toda cidade

O sinuoso prédio da Beneficência Portuguesa, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (IPHAE), abriga os acervos que contam a história de Bagé, além de obras de arte, objetos, fotos e mobiliários de época. O Museu conta também com exposições temporárias que enaltecem seu diversificado acervo. O local chama a atenção pela beleza do seu próprio prédio, fundado em 1870, considerado uma das construções mais antigas e belas de Bagé, com acesso pela Rua João Telles e também pela Rua Caetano Gonçalves. Construído no topo de um terreno muito bem localizado, que reserva aos visitantes uma das mais espetaculares vistas das torres da Catedral de São Sebastião. Além da imensa galeria, o Museu apresenta os acervos arqueológico do Forte de Santa Tecla e o do Museu da Gravura Brasileira. Os itens dos acervos são constituídos de doações da comunidade, que confia suas memórias à Fundação Attila Taborda/Urcamp. Hoje, entre os tesouros que contam a história da cidade, há duas hemerotecas (coleção de jornais) com 20.000 volumes; entre eles o Aurora de Bagé, datado de 1861, O bajeense, O dever, entre outros importantes volumes.

Bagé - RS

- Fototeca (coleções de fotografias): com 120.000 fotografias com inúmeras coleções raras de fotos. - Acervo de 5.000 artefatos, - Arquivos de documentos Jorge Reis I - 1500 documentos da história de Bagé, - Jorge Reis II – Documentos do Município e Câmara Municipal dos séculos, XVIII ao XX. - Acervo de armas antigas e raras vistoriadas pelo Exército Brasileiro, - Uma biblioteca de autores bajeenses com mais de 3000 volumes, - Biblioteca Tarcísio Taborda com cerca de 7900 livros - Um fragmento lunar (pedra da lua), doado por Emílio Garrastazú Médici, de valor inestimável, provável de ser a única amostra no Brasil. Coleções do Museu Dom Diogo: 1ª Guerra Mundial, 2ª Guerra Mundial, Revolução Farroupilha, Único exemplar da Bandeira Farroupilha no Rio Grande do Sul, Revolução Federalista de 1893, Revolução de 1923, 1930, Acervo Militar, Acervo ex-presidente da República (Emílio Médici), coleção rara de Numismática desde final século XVI, coleção de armas raras e antigas, pistolas, garruchas, coleções de fotografias raras, bandeira Abolicionista e Farroupilha entre outros. Por ano, cerca de 10 mil pessoas entre acadêmicos, estudantes de escolas públicas e privadas, comunidade, turistas e pesquisadores fazem visitas guiadas e gratuitas ao local.

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Mora o legado dos Tabo Mora o sonho de um m virarem sementes de um do Tarcísio Taborda, contém sua As sagas, os símbolos, mundo. Hoje um museu ens memória e identidade e hom Não por acaso neste an do sofridos primórdios em n e dos céus, olha nossos clam O feminino está dentro da memória também como


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Vivi Becker viviminuano@hotmail.com

Amigos voluntários Os Museus mantidos pela Fundação Attila Taborda contam com o apoio da comunidade através da Associação dos Amigos dos Museus, que tem como presidentes Dr. Adauto Simões Pires e Dra. Elizabeth Fagundes.

u Dom Diogo de Souza a os 209 anos de Bagé

ANA REMONTI

Aqui que mora a alma histórica de Bagé

bordas, sólido e luminoso, diante da voragem e liquidez dos tempos. menino apaixonado por sua terra e que foi juntando os pedaços de sua alma até os projetos mais belos do Brasil: o Museu Dom Diogo de Souza. Aqui é a casa de uas raízes e sua eternidade. protagonistas, alegrias e martírios de uma Bagé que para ele era a capital do solarado recebe e tece a cultura a vida e a história num mesmo tecido vivo de menageia com beleza e zeloso trabalho, os sonhos de seu fundador. niversário de Bagé a Virgem missioneira emerge da imagem do museu lembrannossos dias de espera e angústia. Não por acaso uma mulher sagrada, da terra mores. e sobre as casas a segurar a vida e a história entre rendas e raízes. O patrimônio o imprescindível caminho da redenção. Elvira Nascimento

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Opinião

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Luiz Coronel Bagé, capital da minha infância

Existe uma cidade cujos pilares são erguidos por nossas lembranças. Ela está em nós, move-se pelos caminhos que percorremos, constituindo-se num patrimônio pessoal, intransferível, para cada um de seus habitantes. Pintamos suas paredes com as cores de nossa fantasia, sentamos à sombra de todas as ausências. A memória caminha por suas avenidas. Pessoas, momentos, fatos, são placas, são setas que balizam nossos caminhos. Lá estamos nós, na primeira página, hóspedes na Casa Paroquial, tendo por anfitrião o Monsenhor Costábile Hipólito. A mãe e seis filhos banham-se nos raios de sol que atravessam uma basculante. O pai, Janguinho, afogara-se num copo, aos trinte e quatro anos. Breve, a diáspora. Os tios assumem a ninhada. E nós, os irmãos, embora dispersos, por abençoado ditame do sangue que corre nas veias, permaneceremos unidos nos dias de chuva e nos dias de sol também. Tenho pouco mais do que três anos. Sou levado à Rua Felix da Cunha 76, hoje Getúlio Vargas. Tio Djalma me recebe. -E se Seu Getúlio disser que “pronti e pronti e probti,” que terei que ir embora? O Tio protetor alisa minha cabeça e responde : - Agora és o gurizinho da casa! Saí correndo por quartos e corredores, movido pelo mais puro contentamento. Ganhara um lugar no mundo. “A criança é o pai do homem.” Maria Amélia, irmã mais velha, leva-me pela mão ao Colégio das Freiras. Numa encenação escolar, Mariazinha é raptada por ciganos. Levanto-me na plateia é brado padecente e assombrado: -Soltem a minha irmã! A arte e vida já se fundiam como uma só e inseparável realidade. E a minha casa. Os mendigos tomando café com leite com pão e mortadela. O Tio os chamava pelo nome e sobrenome. E as velhinhas da Vila Vicentina, acolhidas com brados de alegria, como se fossem envelhecidos querubins E existia a casa dos padrinhos, Maximiano e Diva, onde fui sempre algo muito próximo a um filho adotivo. Alegria maior não existia do que voar pelos ares na torre da Igreja Auxiliadora, elevado pelas cordas que me elevavam no oscilar e tanger dos sinos. E como eu invejava os pagens, com seus penachos, fofos culotes, veludos, numa hierarquia de cores, do carmim ao branco, passando pelas tonalidades do azul, amarelo e o suntuoso branco. As famílias ricas os vestiam. A mim restava rotineira indumentária de coroinha, jogando incenso no oscilar do turíbulo, que balançava qual o pêndulo de um relógio, dos antigos carrilhões. Sonhava “namoriscar” um anjo de penas, embora apenas os anjos de papel crepom, em seu cortejo, me conferissem fugidias miradas. Existia também a casa dos tios. Tio Peri, Tio Valdemar, e os numerosos primos, cujas vidas atento eu observava. Éramos habitantes de diverso planeta. A travessia, se não chegava a ser uma aventura, pelo me-

nos rompia o pacato cotidiano. A Praça Esporte era meu pátio, meu latifúndio. Esperava a abertura dos portões como quem aguarda-se sua vez no paraíso. No Colégio dos Padres, o uniforme militar, a coluna como castigo, a caderneta. Por ter derrubado o tinteiro o Padre Conselheiro impôs a declamação do Poema “ O livro e a América”, de Castro Alves. Permeando o improvisado recital paro e pergunto : -Padre, o que é isso “Leoa a de ruiva coma?” Rir foi sempre a salvação ante culpas e padecimentos. José Dias Martins, meu tio, pai de Vanda Mourão, alcança-me uma carteira de sócio no Clube Comercial. Foi minha “carta de alforria”. Rodopiar nos salões com as belas filhas da terra foi entrar em órbita no reino dos bem-havidos. Os grandes bailes de Exposição. Eu descobria “que o mundo é grande e pequeno,” e que havia um lugar para mim. Boto pé na estrada, curso a faculdade de direito. E vieram os anos da inquietação política. Jovem, eu acreditava que o mundo teria rumos revolucionários. Discuto durante o almoço, naquele embate de ideias, que até hoje se arrastam qual lagartixas no teto. Abandono minha casa ao amanhecer, sem despedidas nem afagos. Expulso da casa dos Estudantes, por subversivo, moro na Galeria do Rosário, 14º andar, num apartamento que bem lembrava uma cabine telefônica. Batem à porta. Era ao Tio que vinha de Bagé, apenas me dizer que “as relações de afeto num família são fundamentalmente mais importantes do que nossas opções politicas. E vi seu passo se afastando no corredor. Sentei na cama e chorei. Mais tarde, caminho com o Tio - ao qual chamava de padrinho- pela Avenida Borges de Medeiros quando ele, generosamente, me diz :- Luizinho, desiste do teu plano de voltar para Bagé, tu vais ser um escritor, e Porto Alegre Já te acolhe. A vida continuou com seu roteiro. Escrever livros, errar, acertar, e as décadas se soltam ao vento qual folhas outonais. A casa de Presidente Vargas continuava a ser um núcleo disto que se chama família, com todas as despedidas que comporta, todos os sonhos que abriga. Bagé me contempla com gratas distinções quando completo 80 anos. Caminho por suas ruas largas. Por trás de seus alaridos há o grande silencio dos que partiram para sempre. A morte não nos derrota, substitui, apenas. Peço perdão por homenagear minha cidade com “recuerdos” tão pessoais. Seremos sempre a infância que um dia nos colocou ante o espelho do tempo. Um menino de olhos grandes sabe que a vida não tarda. À frente, um longo caminho, ‘as costas, um Anjo da Guarda. As cidades, sim, as cidades, depositarias fiéis de nossas vidas, guardiãs de nossa memória, manjedoura de nossa infância. Sempre direi : Bagé, é a capital da minha infância. Escritor


Cidade

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BAGÉ, 16 E 17 DE JULHO DE 2020

Pedidos de Auxílio Emergencial negados aumentam demanda da DPU de Bagé em mais de 60%

A Defensoria Pública da União (DPU) está enfrentando dificuldades para cumprir a demanda dos pedidos negados de pagamento do auxílio emergencial. O serviço começou a funcionar de forma efetiva após a assinatura de um acordo de cooperação técnica entre a DPU e Ministério da Cidadania, no dia 19 de junho. De lá para cá, a Defensoria contabilizou 460 processos, somente de pedidos de desbloqueio do beneficio. Até a data, a DPU contabilizava cerca de 100 processos de pessoas quem têm direito aos R$ 600, mas ainda não haviam recebido. O benefício financeiro foi concedido pelo Governo Federal e destinado aos trabalhadores informais, microempreendedores individuais (MEI), autônomos e desempregados, com objetivo de fornecer proteção emergencial no período de enfrentamento à crise causada pela pandemia do coronavírus. Com isso, o órgão, que já carecia de estrutura material e humana para atender demandas corriqueiras de natureza previdenciária, cível, especialmente em matéria de saúde - criminal e criminal militar, sofreu uma sobrecarga desde que come-

çaram os atendimentos relacionados ao auxilio emergencial. Conforme o defensor público federal Guilherme Francisco Paul, a unidade de Bagé conta com dois defensores e cinco servidores para receber a demanda de sete municípios. Ele salienta que mais de oito mil pessoas já procuraram informações através dos canais da Defensoria e mesmo com a abertura de novos processos ainda há uma fila de espera de 100 novos pedidos, que já estão com documentação completa, mas ainda não foi possível processar. “Esperamos que, até o final deste mês, seja cumprida a demanda”, disse. O defensor ressalta que, no mesmo período do ano passado, foram atendidos em torno de 520 processos e, este ano, até 14 de julho, já haviam 750, sendo que 460 são somente do auxílio emergencial. “Recebemos contato de várias pessoas da região, inclusive de municípios que não são atendidos pelo órgão. Existe uma dificuldade operacional pela baixa de servidores e alta procura, não havendo previsão de atendimento presencial”, pontua. As pessoas que tiveram o pedido negado, por qualquer ra-

TIAGO ROLIM DE MOURA

Foram mais de 460 pedidos para desbloqueio

zão, e que residam na área de abrangência do órgão, podem procurar a unidade, por telefone ou e-mail, para que seja verificado o motivo do bloqueio. Na hipótese em que a pessoa conseguir comprovar com documentos que tem direito ao benefício, a Defensoria irá realizar uma contestação administrativa, que é uma espécie de acordo extrajudicial com o Ministério.

Os casos mais frequentes correspondem à demora na análise e processamento do benefício; CPF restrito; situações em que o motivo da negativa é a alegada limitação do recebimento do auxílio a dois membros da família, ausência de encerramento adequado do vínculo empregatício no Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS), entre outros.

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Município irá investir cerca de R$ 2 milhões na compra de materiais de enfrentamento à Covid-19

A Prefeitura lançou, um edital para a aquisição de materiais e equipamentos de enfrentamento à Covid-19. O certame será realizado no dia 22 de julho, às 9h30min, no site www.pregaobanrisul.com.br. O pregão tem uma previsão de compras até o final do ano, para atender a Secretaria Municipal de Saúde e Atenção à Pessoa com Deficiência. Detalhes estão disponíveis no site www.bage.rs.gov.br. De acordo com a secretária de Saúde, Deise Quadros, serão adquiridos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como máscara, macacões, tocas e aventais descartáveis, luvas de procedimento, lancetas para testes rápidos, cateteres agulhados, além de termômetros digitais infravermelhos. O valor base do certame é de em torno de R$ 2 milhões e os materiais serão comprados de acordo com a necessidade de uso, até o final do ano.


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Novo Mundo - GLOBO - 18h30min Anna e Thomas duelam. Felício invade a casa de Domitila e a chantageia. Madre Assunção exige que todos deixem o convento. Greta questiona Licurgo e Germana sobre Diara. Nívea fica intrigada com Miss Liu. Thomas avisa a Egídio que Anna e Vitória estão no convento. Domitila conta a Francisco sobre a aparição de Felício. Felício se encontra com Chalaça. Greta entrega dinheiro para Ferdinando. Amália tem uma lembrança ao ouvir sobre a mãe de Cecília e desmaia. Joaquim e Anna se hospedam no palácio. Schultz fala para Wolfgang que Greta está interessada em Ferdinando. Piatã e Jacira contrariam uma lei da aldeia, e Ubirajara ameaça expulsar os dois. Thomas aparece no palácio para resgatar Anna e Vitória. Totalmente Demais - GLOBO - 19h Montanha (Toni Garrido) questiona Rosângela sobre seus sentimentos por Florisval. Jeniffer conta para o pai que Maristela o está desmoralizando na comunidade. Arthur avisa a Eliza que ela irá à nova etapa do concurso sozinha, sem saber que foi Jonatas quem sugeriu o tema da prova para favorecer a menina. Leila pergunta a Jonatas se ele ainda ama Eliza. Dorinha desperta do coma e assume a identidade de Carolina. Fina Estampa - GLOBO - 21h Crô avisa a Tereza Cristina que Griselda estava com Íris. Pereirinha garante a Enzo que descobrirá o mistério que envolve o enriquecimento repentino de Teodora. Rafael se emociona ao pensar em seu filho com Amália. Renê afirma que não perdoará Griselda e a compara a Tereza Cristina. Esther comenta com Guaracy sobre sua desconfiança com Beatriz. Tereza Cristina manda Ferdinand sequestrar Alice. Teodora procura Wallace. Alice avisa a Íris para não revelar o segredo de Tereza Cristina para Griselda.

Horóscopo

ÁRIES Explore seus talentos e sua competência para sobressair em suas atividades e mostrar do que é capaz. Se pensa em fazer alterações em seus hábitos e cortar algum vício para elevar sua qualidade de vida, a hora é agora!

TOURO Se está sem serviço e procura uma vaga, é possível que tenha boas novidades hoje. Nas amizades e na paixão, pode esperar ótimas vibes e muito entrosamento. Paquera com pessoa de outra cidade pode entusiasmar seu coração e namoro a distância tem tudo para decolar.

GÊMEOS Embora não esteja tão sociável como de costume, você vai se entender bem com as pessoas. Também terá perseverança para lutar por seus propósitos e paciência para aguardar os frutos do seu empenho. Sua sensualidade fica tinindo.

CÂNCER Parcerias e atividades em equipe vão contar com boas perspectivas. Na paquera, sentirá vontade de abrir o coração e revelar tudo o que espera do crush. Momento perfeito sem defeitos para assumir um lance mais firme.

LEÃO Mudanças que pretende fazer vão contar com aliados e você pode receber apoio de quem não espera no serviço. Também vai se dar bem com a família e pode estender a mão em assuntos que merecem discrição ou envolvam segredos.

VIRGEM Com profissionalismo, comprometimento e otimismo, pode chamar mais atenção dos chefes e superiores. Se pintar uma proposta de mudança, pense com todo carinho. Paqueras vão render bem mais do que imagina.

Palavras Cruzadas

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LIBRA Sua preocupação com uma vida saudável fará você prestar mais atenção em seus hábitos alimentares e se cuidar com mais carinho, abandonando sua vida de pessoa fitness assintomática. Na paquera, pode ser que sinta atração por algum colega.

ESCORPIÃO O momento também é propício para aprender e se aperfeiçoar através de estudos, cursos online e treinamentos. Nos assuntos do coração, vai querer compromisso e não hesitará para investir em um lance de futuro.

SAGITÁRIO Terá mais sorte para ampliar seus ganhos, inspiração para cuidar dos assuntos familiares e bom pique para realizar as suas atividades. Sua saúde se fortalece e você vai esbanjar energia: continue seguindo as orientações do distanciamento social.

CAPRICÓRNIO Pode ter sucesso com vendas online, artesanato, encomendas e atividades criativas. Seu carisma vai contar pontos importantes na paquera e você vai exercer mais atração no crush. No romance, o período será mais leve e descontraído.

AQUÁRIO Trabalho em casa deve render acima da média e você vai se dedicar com mais atenção às suas atividades. Programas caseiros com as pessoas queridas vão agradar e vocês podem se divertir bastante. Confie nas suas estratégias para encantar.

PEIXES Troca de experiências e informações serão úteis para todos, no serviço e na vida familiar. Pode contar com o apoio dos seus amigos para desenvolver um projeto ou alcançar um objetivo importante. Sua boa lábia pode fazer o crush se declarar.

Loterias

Novelas

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Lazer

FEDERAL

LOTOFÁCIL

LOTOMANIA

Sorteio: 05479

Sorteio: 1992

Sorteio: 2091

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1º prêmio 2º prêmio 3º prêmio 4º prêmio 5º prêmio -

087136 034989 003724 094861 014855

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DUPLA-SENA

MEGA-SENA

QUINA

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Sorteio: 2279

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1º- 04 24 34 35 49 50 2º- 01 26 27 32 48 50


Cidade

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Reitora da Urcamp participará Coordenador da Vigilância de lives com prefeito e deputado em Saúde de Bagé testa

A reitora da Urcamp, Lia Quintana, participará, nesta sexta-feira (17), de duas lives comemorativas ao aniversário de Bagé, que completa 209 anos. A primeira será às 11h, com o deputado estadual Luiz Fernando Mainardi, em sua página oficial no Facebook. Além de Lia, também participarão outras personalidades bajeenses, dos mais variados segmentos. Conforme repassado pela assessoria do deputado, a ideia é “juntar bajeenses e pessoas para as quais a cidade teve e tem grande importância afetiva, familiar, educacional e profissional para conversar sobre esses sentimentos que unem a todos em torno de Bagé, uma cidade icônica, que tem presença na história e na vida material e imaterial de todo o Brasil”, destaca. A segunda live do dia que Lia participará será com o prefeito Divaldo Lara, às 20h30min, em sua página oficial no Facebook. Com foco em debater sobre Saúde, segundo o chefe do

TIAGO ROLIM DE MOURA

Conversas com Mainardi e Divaldo estão marcadas para às 11h e 20h30min, respectivamente

Executivo bajeense, o espaço servirá para expor detalhes a respeito da máquina adquirida pelo Hospital Universitário (HU). O material será utilizado para realização de testes por PCR para covid-19. Além do

novo equipamento, a reitora também repercutirá sobre as recentes reestruturações feitas para o “novo HU”, assim como às articulações feitas para implantar o curso de Medicina em Bagé.

positivo para covid-19

O prefeito Divaldo Lara confirmou, em pronunciamento realizado nas redes sociais, na tarde de quarta-feira (15), que o coordenador da Vigilância em Saúde de Bagé, Geraldo Gomes, testou positivo para covid-19. Ele está em isolamento domiciliar e o quadro de saúde é estável. Segundo o chefe do Executivo bajeense, os demais trabalhadores da vigilância, bem como os familiares de Gomes, também foram submetidos a exames. Todos deram negativo para o vírus. Com isso, assume, interinamente, a Vigilância em Saúde, Valdemir Ferreira Mendes Marques. Conforme a secretária de Saúde, Deise Quadros, quem teve contato com Gomes pode procurar diretamente a Secretaria, que fará monitoramento. Segundo o prefeito, Bagé conta com 209 confirmados. Desses, há 62 pacientes ativos (57 em isolamento domiciliar e cinco hospitalizados). Desses, há um situado na UTI.

TIAGO ROLIM DE MOURA

Profissional está em isolamento domiciliar


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Segurança

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Óbitos

ALMIR BRIGNOL LEMOS, 83 anos, professor aposentado, separado. Residia na rua Professor João Carneiro, bairro Castro Alves. Deixa as filhas Marleci, Marlenir e Liliane. MARIA ZELI PINHEIRO DOS SANTOS, 70 anos, dona de casa, viúva. Residia na rua JK de Oliveira, bairro Areal, Pelotas/RS. Deixa os filhos Kátia Beatriz e Ibanez. ANTONIA MACHADO SOARES, 92 anos, doméstica aposentada, solteira. Residia na rua João Manoel, Dom Pedrito/RS. ARMANDO JARDIM PEREIRA, 91 anos, aposentado, viúvo. Residia na avenida Espanha, bairro Tarumã. Deixa o filho Hugo César. ELOY PEIXOTO GONÇALVES, 100 anos, aposentada, viúva. Residia na rua Associação Riograndense de Imprensa, bairro Mascarenhas de Moraes. Deixa os filhos Délcio, Delcema e Maria de Lurdes. JÚLIO RODRIGUES DA SILVA, 54 anos, aposentado, solteiro. Residia na rua Venâncio Aires.

BM faz manutenção no Coreto para instalação de posto

No dia 10 de julho, foi anunciado que a Brigada Militar iria instalar um posto na Praça Silveira Martins, no centro de Bagé. A cedência do segundo andar do Coreto, para o funcionamento das atividades de segurança, foi confirmada pelo secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação, Bayard Paschoa Pereira, e o comandante do 6º Regimento de Polícia Montada (6º RP Mon), major Renan Sedrez. De acordo com comandante do Esquadrão da BM, Capitão Daniel Oliveira da Silva, o prédio ainda está passando por manutenção. “Ainda estamos limpando, vamos fazer uns reparos, trocar vidros quebrados, uma nova pintura. Acredito que, na próxima semana, ocuparemos o espaço de policiamento de fato”, contou.

Tiago Rolim de Moura

Adequações são realizadas junto ao espaço

A entrega das chaves foi realizada na tarde do dia 10 de julho. Na data da entrega, as autoridades relataram que o objetivo é que seja realizado um trabalho em conjunto com

o governo municipal, por meio da secretaria de Saúde e Assistência à Pessoa com Deficiência, com o suporte da Brigada Militar em um ponto central da cidade.

Praças seguirão interditadas e avenida Sete de Setembro voltará a ser fechada

Na semana passada, o prefeito de Bagé, Divaldo Lara, decretou a interdição das praças para lazer devido ao aumento no número de casos de Covid-19 em Bagé. O decreto valeria por 10 dias, mas, segundo o coordenador da Vigilância em Saúde, Geraldo Gomes, o prazo se estenderá por mais duas semanas. Gomes destaca que a medida surtiu efeito e que as pessoas estão respeitando as fiscalizações. “Nin-

guém tentou entrar nas praças, mas é bom dizer que para as atividades físicas, caminhadas e corridas, no entorno, estão liberadas. O que não pode é se sentar na praça e fazer aglomerações”, explicou. A fiscalização dos espaços públicos é feita pela Secretaria Municipal de Segurança e Mobilidade (SSM) e, segundo o secretário José Carlos Nobre, a equipe está atuando. “Com relação à avenida Sete de Setembro, realiza-

mos uma reunião e novamente iremos fechar a via no próximo sábado, a partir das 20h, e também no domingo, a partir das 18h”, completou. Nobre ainda frisou que o momento requer cuidados de todos, em especial para evitar aglomerações. “Este momento é de solidariedade para que possamos o mais rápido possível retomar o ritmo normal da vida, ou, mais próximo ao normal”, finalizou.

Agentes interceptam, em um dia, dois arremessos de drogas ao Presídio

Agentes do Presídio Regional de Bagé (PRB) interceptaram dois arremessos de drogas ao pátio da penitenciária em um só dia. Os casos foram registrados ontem. Conforme boletim de ocorrência realizado às 14h, agentes encontraram, dentro de um invólu-

cro, aproximadamente, 300 gramas de maconha, um telefone celular, um carregador e um fone de ouvido. Esta ação, segundo mencionado no registro, foi a segunda constatação semelhante registrada na quarta-feira - a primeira havia ocorrido pela manhã.

Na primeira operação, por volta das 7h, foi encontrada, no pátio do PRB, uma sacola contendo cerca de 600 gramas de maconha e 50 gramas de cocaína. Os entorpecentes foram apreendidos e entregues na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA).

Prazo para alistamento militar é prorrogado até 30 de setembro Jovens do sexo masculino que completam 18 anos durante o ano de 2020 têm até 30 de setembro para fazer o alistamento militar obrigatório. A ampliação do prazo, que encerrava em 30 de junho, foi determinada pelo Decreto nº 10384, publicado no Diário Oficial da União

em 29 de maio. A prorrogação ocorre, exclusivamente, para o ano de 2020, em razão das medidas preventivas contra o novo coronavírus. O alistamento pode ser feito pela internet, no endereço www.alistamento.eb.mil.br. Caso o jovem perca o prazo,

estará sujeito à multa e ficará em débito com o Serviço Militar. Assim, não poderá, por exemplo, obter ou renovar passaporte, inscrever-se em concurso público ou ingressar no serviço público, obter carteira profissional, assinar contrato ou matricular-se em qualquer estabelecimento de ensino.


Esporte

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BAGÉ, 16 E 17 DE JULHO DE 2020

Eduardo Nunes e o cartel de três Copas do Mundo e três Olimpíadas DIVULGAÇÃO

Jornalista reside há 12 anos no Rio de Janeiro

Bajeense, formado na Urcamp, atuou como produtor da SporTV

Muitas vezes, os jovens jornalistas se preocupam em estar na frentes das câmeras. Porém, não se dão conta do quanto o trabalho de produção é essencial para a engrenagem. Ou seja, quanto mais qualificado for o produtor, melhor será o desenvolvimento das ideias e informações a serem transmitidas numa reportagem. E um nome que pode ser usado para exemplificar tal linha de raciocínio é um profissional da própria terra: o bajeense Eduardo de Lima Nunes, de 38 anos. Formado em Jornalismo, pela Urcamp, em 2006, atuou durante 10 anos na SporTV, com destaque para cobertura em três Copas do Mundo e três Olimpíadas, que são as maiores coberturas esportivas internacionais que se pode fazer. Por esses fatos, o Jornal MINUANO traz um breve registro da atuação do bajeense, que reside há 12 anos no Rio de Janeiro.

Do futebol para o jornalismo

Todo jornalista esportivo nasce de um apaixonado por futebol. E antes de usar a caneta e os microfones como instrumento de trabalho, muitos tentaram, antes, serem protagonistas dentro das “quatro linhas”. Na maioria das vezes, faltou técnica. No caso de Eduardo, foram as temidas lesões. Durante 11 anos, Eduardo Nunes foi atleta profissional de futebol. Entretanto, a carreira nunca serviu como impeditivo para buscar conhecimento. Este, aliás, foi um legado familiar que carregou desde sempre. “Por ser filho de professores, sempre foi

imposto, a mim, conciliar a bola e os livros. Logo, por algumas lesões sérias quando parei de jogar em 2006, decidi focar no jornalismo e canalizar no esporte”, explica. Até o dia que precisou pendurar as chuteiras, Eduardo rodou o Rio Grande do Sul, e até mesmo, a Europa. Os primeiros pontapés foram no time amador Fabrício Pilar, onde sagrou-se tricampeão estadual de futebol de raia. Depois, passou por Palmeiras (sub-17), Caxias, Brasil de Pelotas, Esportivo e Guarany. Destaque para a passagem pelo futebol da Irlanda, onde jogou até 2005. Na época, Eduardo se propôs a estudar numa universidade de Galway (Irlanda), que apoiava o esporte. O projeto era semelhante ao antigo time da Ulbra, de Canoas, que até foi finalista de Gauchão. Porém, as recorrentes lesões fizeram com que deixasse a carreira de jogador de lado para se dedicar exclusivamente à profissão de jornalismo.

Os primeiros passos na carreira

Antes de adentrar na passagem profissional, Eduardo formou-se no “ótimo curso” de Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pela Urcamp, em 2004, conforme destaca. A primeira oportunidade de botar a mão na massa surgiu na Rádio Cultura, no programa Visão Geral, pelo radialista Edgar Abip Muza. “Foi um senhor aprendizado!”, destaca. Além da radiofonia, Eduardo também considera como “excelente” a experiência que teve no extinto jornal Página VII.

O prestígio na SporTV

Trabalho aqui, trabalho ali, e uso de contatos, Eduardo parou no Rio de Janeiro para trabalhar na SporTV. Entretanto, até ser

efetivado em 2008, teve que lidar com uma série de obstáculos. “Na insistência e persistência. Provas de seleção. Períodos de teste, como prestador de serviço, até ser contratado, em definitivo, pelo Marcelo Barreto, para atuar no SporTV News, em 2008”, conta. E assim iniciou a trajetória de Eduardo, que incluiu, especialmente, o trabalho em telejornais. Obviamente, destaque para eventos internacionais, diretamente no local. Nas Olimpíadas de Pequim (2008) e Londres (2012), foi produtor e coordenador de telejornais. Na Copa do Mundo da África do Sul (2010), Eduardo desempenhou a função de produtor de eventos. Na Copa do Mundo do Brasil (2014), trabalho como produtor de conteúdo. Em 2016, nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, foi produtor de transmissões. O último trabalho no Grupo Globo concretizou-se na Copa do Mundo da Rússia, em 2018. Na ocasião, Eduardo atuou, diariamente, no núcleo base de produção da TV. “Esse foi meu último trabalho antes de sair para me dedicar à seleção de um mestrado, buscando novos desafios. Esse sempre foi meu combustível profissional”, argumenta.

Novos desafios e projetos

Com a saída da SporTV, em 2018, Eduardo direcionou seu foco para os estudos acadêmicos. Contudo, não deixou de desempenhar uma atividade profissional paralela. Em 2019, fez parte da equipe de produção do Comitê Organizador da Copa América, realizada no Brasil. E durante esse período, desenvolveu uma página no Instagram, denominada “Comentar não é palpitar”. Como já sugere o nome, o objetivo do espaço é fornecer análises e conteúdos aprofundados dos fatos que acontece no cotidiano, dentro do mundo da bola. Devido à pandemia, o processo seletivo do mestrado, que está em fase final, acabou sendo paralisado. Contudo, Eduardo segue “palpitando” e buscando novos desafios para a carreira. “Busquei uma zona de motivação para exercitar e aprender. Sempre temos a possibilidade de evoluir, através da humildade em reconhecer que jamais sabemos tudo. Ali, faço uma coluna diária, não somente buscando likes. Porém, sim, tentando ser uma ‘formiguinha’ no trabalho de maximização e educação esportivo que o Brasil tanto precisa”, finaliza.

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Contracapa

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Centro Administrativo de Bagé vai receber revitalização A Prefeitura de Bagé lançou pregão eletrônico para contratação da empresa especializada para revitalizar o prédio do Centro Administrativo. A reforma inclui a impermeabilização dos terraços e lajes dos banheiros, reparo de revestimentos das fachadas, pintura externa das fachadas, à base de cal, e preparação das superfícies, além de pintura das esquadrias de madeira. Por se tratar de um imóvel tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae), a execução do projeto tem por finalidade a preservação do prédio, e, com isso, deve ter algumas especificações. Entre as melhorias, a laje de cobertura dos sanitários deve receber manta asfáltica, e, os terraços, impermeabilização com resina acrílica incolor. Nas fachadas externas será reforçado o revestimento com tela metálica e a pintura externa deve ser a base de cal. Os recursos a serem utilizados na obra estão disponíveis dentro do orçamento geral, designados pela Secretaria de Infraestrutura e Desenvolvimento Urbano (Seinfra). A reforma e adaptação deverá ser entregue no prazo máximo de 90 dias após a assinatura do contrato e da expedição da ordem de início. O certame será realizado no dia 28 de julho, às 9h30, através do site www.pregaobanrisul.com.br. Os editais com as especificações técnicas estão disponíveis no site www.bage.rs.gov.br. O pregão será do tipo menor preço.

TIAGO ROLIM DE MOURA

Empreitada busca preservar prédio


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Especial BAGÉ, 16 E 17 DE JULHO DE 2020

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Parabéns, Bagé! São 209 anos de história, dando orgulho ao Rio Grande do Sul.

A Rainha da Fronteira é a terra de um povo que sabe reconhecer suas raízes, mas que também almeja e se dedica a construir um amanhã cada vez mais próspero. É uma honra fazer parte desta história há mais de 20 anos.

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por Melissa Louçan

Após 208 anos de um modelo de comércio e turismo consolidado, o ano em que a Rainha da Fronteira celebra 209 está sendo marcado por adaptações e mudanças constantes em todos os segmentos. Durante a pandemia de covid-19, cujas proporções e reflexos só são comparáveis à Gripe Espanhola, que dizimou parte da população no início do século XX, vários setores tiveram baixas e buscaram inovar para garantir a continuidade dos serviços, mas de forma totalmente diferente do que, até então, vinha sendo praticada. Desde o primeiro comércio realizado por estas plagas, ainda no acampamento que deu origem à cidade, até locais dedicados ao consumo que marcaram o imaginário bajeense, sejam eles o Mercado Público, a Casa A Boneca, ou, até mesmo, aqueles que atravessaram gerações e ainda hoje se mantêm na ativa, como as lojas Salim Kalil, York e Casa do Cavalo Preto, um dos diferenciais sempre foi o atendimento. Eram nestes locais que os bajeenses se encontravam durante as compras, enquanto escolhiam os produtos desejados, entre papos e chimarrão. Mas de uma hora para outra, o cenário bucólico e amistoso foi varrido pela chegada do vírus. Presidente da Associação Comercial e Industrial de Bagé (ACIBA) durante a pandemia, Pedro Ernesto Capiotti Obino é uma das lideranças mais engajadas na retomada da economia da cidade. Também presidente de uma rede de uma das mais fortes redes de loja da cidade, o empresário sentiu os reflexos e as mudanças necessárias “na carne”. Obino avalia que a pandemia foi o estopim para aceleração de uma mudança no comportamento de consumo nos bajeenses, assim como no atendimento realizado pelas empresas, que tiveram de se

O futuro no turismo

Com 209 anos de história, trazendo no currículo diversos episódios que marcaram a história do Estado, com seu próprio quinhão de revoluções e cercos, além de ter sido berço de nascimento ou local de descanso eterno de personagens de relevância histórica, como Silveira Martins, Visconde de Ribeiro Magalhães, Adão Latorre e Chico Diabo, não é de surpreender que Bagé tenha um rico cardápio de atrações turísticas para encher os olhos dos visitantes. Há alguns anos que os gestores do turismo na cidade se uniram aos agentes públicos para tentar ala-

adaptar ao novo momento. Após quase um mês de fechamento total do comércio, mantendo apenas os serviços essenciais, as empresas passaram a reabrir gradualmente. Para manter as operações neste período, deram início às vendas virtuais, com aprimoramento de sites e atendimento através de aplicativos de mensagens. Mesmo após a reabertura em tempo integral do comércio, uma parcela dos consumidores seguiu realizando as negociações através da internet, seja através de aplicativos de mensagens, redes sociais ou sites. E essa é a principal transformação no setor que marca os 209 anos da cidade. “Acredito que parte dos consumidores vão adotar esse hábito de compra via rede social. Hoje é comum ver nas vitrines os contatos da loja, principalmente WhatsApp. Essa tecnologia tem padronizado e agilizado o atendimento e deixado menos burocrático o processo de compra. É um comportamento que deve manter adesão no futuro”, destaca. Pedro aponta que alguns setores devem conseguir aderir a estas mudanças com maior facilidade. Em outros, contudo, a mudança observável será mais lenta, como o setor de confecção e calçados, que deve manter, por mais tempo, o atendimento de forma presencial, já que mesmo após pesquisar produtos e valores através das redes, os clientes preferem a validação do que foi visto por foto, experimentando as peças. “Por questão de tempo, faz sentido ser aderido (a mudança). Economiza tempo e o consumidor vai mais focado. Por isso que ressaltamos aos empresários do setor o quão importante é saber se posicionar pelas mídias sociais. Tem tudo para ser uma vantagem competitiva dos nossos comércios”, aponta. vancar o turismo como uma nova matriz econômica, abrindo espaço não somente para aqueles que buscam conhecer a história do Rio Grande do Sul através do turismo como, também, o enoturismo, que vem se expandindo e tornando marcante a presença na região, e o turismo rural, que apresenta para os visitantes todas as singuralidades da vida no campo. Contudo, esses potenciais não puderam ser aproveitados a pleno neste ano. Ao menos, não em atividades presenciais. Um dos segmentos mais atingidos durante a pandemia, os gestores de turismo aproveitaram o “ano sabáti-

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Duzentos e nove anos de transformação: como a pandemia de Covid-19 ditou novos rumos para o futuro

Tornar a cidade um roteiro turístico seguro e atrativo é o desafio dos gestores de turismo no município

Novos modelos de comércio na Rainha da Fronteira

Apesar de já atuar em um ambiente virtual mesmo antes da pandemia, foi a quarentena que possibilitou ao empresário Lucas Figueiredo, sócio dos aplicativos Delivery Much e Garupa, em Bagé, expandir os negócios. Há pouco mais de uma semana, o aplicativo de entregas passou a fornecer, além de produtos do setor de alimentação, também compras em outras áreas do comércio. Agora, através da plataforma é possível solicitar troca de botijão de gás, compras de farmácia, entrega de água mineral, além de itens de supermercado. Como muitas pessoas ainda mantêm o isolamento social, as compras através de aplicativos e serviços de mensagens passaram a ser muito mais solicitadas. Assim, Figueiredo viu um nicho de mercado a ser explorado, através de uma plataforma de que já dispunha. “Estamos indo por setores, pois é algo extremamente trabalhoso e difícil de coordenar”, explica.

Ainda dentro do segmento de aplicativos, Figueiredo apostou em uma frota especial para atender a demanda do momento, com isolamento do passageiro em um ambiente higienizado, além de fomentar as corridas através do aplicativo com um desconto durante a continuidade das complicações da pandemia. A empresária Hilda Fagundes Rangel, do segmento de confecções, também apostou no momento de dificuldade para se destacar no mercado. Atuando no comércio há mais de duas décadas, já com clientela fiel e loja física consolidada, viu a procura pelos produtos cair drasticamente no início do isolamento social. “Senti muito, principalmente no primeiro mês. Depois eu fui me adequando, me habituando com todos com todos protocolos de segurança para seguir dando atendimento às minhas clientes. Mesmo assim, ainda não conseguimos retornar com o atendimento de uma pequena parte, que está em grupo de risco”, explica.

Para manter as vendas em dia e, ainda assim, garantir segurança aos clientes, em ambiente sem aglomeração e com constante higienização, e sem a necessidade de sair de casa, a empresária investiu em uma ideia que tinha há anos: uma loja sobre rodas. Dentro de uma van, Hilda conseguiu montar um mostruário das peças disponíveis, possibilitando um atendimento móvel para quem prefere não se arriscar nas lojas. “Era uma ideia que já tinha sido pensada há tempos, mas essa situação da pandemia foi um impulso para colocar este sonho em prática. De tal forma, evito o deslocamento e garanto o atendimento exclusivo para os clientes. Dias melhores virão e estaremos preparados para o futuro”, conta. E a adaptação parece ter sido aceita com tamanha força que a empresária já pensa em abrir mão do espaço físico. “Para o futuro penso em continuar com o atendimento somente na loja móvel”, adianta.

co” para repensar, organizar e planejar novos rumos para o turismo regional. Presidente da Associação Pampa Gaúcho de Turismo (Apatur), Clori Peruzzo relata que mesmo em um momento de dificuldades e perdas, como este, o setor pôde procurar algo positivo para evoluir. E justamente isto que foi feito. “Estamos nos estruturando, trabalhando para conhecer um pouco mais das nossas potencialidades e para preparar a nossa região para receber turistas. Daqui para frente a volta vai ser lenta, gradual. O turismo foi o setor mais prejudicado pela pandemia

porque foi o primeiro que começou a perder e o último que vai parar de perder, até porque é considerado supérfluo nesse momento”, comenta. Entre as frentes de trabalho em que os gestores vêm atuando, além do planejamento de novas rotas, destacam-se alguns objetivos de conquista que devem incrementar os roteiros quando o turismo for retomado, de forma concreta e definitiva. Um destes é o selo Turismo Responsável, lançado pelo Ministério do Turismo, que estabelece boas práticas de higienização para cada segmento do setor. Em um momento de pandemia e pós-pandemia, ser-

virá como um indicador de locais e serviços do segmento que cumpram protocolos específicos para a prevenção da Covid-19. “Vamos aproveitar esse momento para estruturar o trabalho com o Cadastur e adotar esse selo. Por isso deixamos o convite para os entes públicos trabalharem em conjunto conosco para construção desse selo, o que tem que ser feito a curto prazo, pois vários municípios já o fizeram. Acredito que assim que tudo passar, a nossa região vai ter uma cara diferente, porque tem muita gente querendo vir para cá”, aposta.


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Especial

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Cidade viveu cenário de limitações semelhantes com a Gripe Espanhola

Pandemia do coronavírus cria novo contexto de interação em Bagé por Sidimar Rostan

Embora não tenha qualquer relação com a Pedra da Lua, guardada entre os bajeenses, pela Fundação Attila Taborda (FAT/Urcamp), desde a década de 1970, ou com uma cientificamente improvável radiação provocada pelo eclipse total do Sol, que colocou a cidade no mapa internacional da Astronomia, em novembro de 1966, o fluxo de agentes do governo, hermeticamente acondicionados em roupas de visual futurista, pode muito bem ser associada a uma realidade distópica. Os trajes de aparência plástica, típica de um produto do século 21, integram a rotina de combate ao novo coronavírus (Covid-19), em um contexto de pandemia que mexeu com o calendário de celebração da Semana de Bagé, quase que exclusivamente desenvolvido

FOTOS: TIAGO ROLIM DE MOURA

através de atividades acessíveis apenas pelas plataformas digitais. O maior município da Campanha gaúcha completa 209 anos colecionando decretos editados com normas para conter a disseminação do vírus. Bagé iniciou a batalha com o primeiro registro da doença, em março, proibindo a circulação de veículos de transporte coletivo interestadual, a realização de eventos, cursos presenciais, missas e cultos religiosos. Os voos regulares, ligando a cidade à capital, retomados em setembro do ano passado, também foram suspensos. A Prefeitura chegou a determinar, inicialmente, a proibição de atividades e serviços privados. Apenas farmácias, clínicas, restaurantes, funerárias, agropecuárias, supermercados, agências bancárias, postos de

combustíveis e fornecedores de gás puderam abrir as portas. E ninguém escapou à nova etiqueta de higiene. A secretária municipal de Saúde e Atenção à Pessoa com Deficiência, Deise Quadros, explica que os macacões para perigo biológico, utilizados pelos agentes da Vigilância Sanitária, em operações de fiscalização pela cidade, onde observam o cumprimento das regras de distanciamento social impostas pelo governo, exige uma higienização específica. “É feita com água e sabão. Pode ser feita com álcool 70%. Também orientamos deixar de molho em um balde, com água sanitária, de preferência”, detalha ao salientar que mais de mil unidades foram adquiridas pelo município.

dade ultrapassou a marca de 150 registros da doença, e o toque de recolher foi reforçado. O prefeito Divaldo Lara, do PTB, chegou a anunciar que festas e aglomerações passariam a ser punidas com prisão. O uso de praças, proibido desde abril, ganhou reforço em julho, com interdições integrais. De olho nos sintomas do vírus (febre, tosse, dificuldade para respirar, produção de escarro, congestão nasal, dificuldade para deglutir, dor de garganta ou coriza), registrado, pela primeira vez, em dezembro de 2019, em Wuhan, na China, a Prefeitura de Bagé iniciou a estratégia de enfrentamento, organizando, com o apoio do Exército, estruturas de triagem na Unidade de Pronto Atendimento (UPA 24h) e no Pronto Atendimento da Santa Casa de Caridade de Bagé. Um hospital de campanha foi montado no com-

plexo esportivo da Urcamp (Ginásio Corujão), áreas públicas passaram por desinfecção e barreiras sanitárias se integraram às paisagens de todos os acessos à cidade. O decreto que estabeleceu regras de distanciamento específicas para pessoas com mais de 60 anos, alcançando 20.451 bajeenses, de acordo com projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi editado no final de março, permitindo os deslocamentos para atendimento médico ou para aquisição de alimentos. Associada à condição de enfraquecimento do sistema imunológico, a preocupação com os idosos, que representam 17% da população de Bagé, também levou o município a suspender a gratuidade no sistema de transporte coletivo. Apesar do caráter exclusivo, atribuído à medida, é correto afirmar que ninguém foi poupado das limitações.

Prefeitura realizou diferentes ações de desinfecção de áreas públicas

Tradições interrompidas O hábito de perambular em carros de latarias reluzentes, pela avenida Sete de Setembro, contornando postes em uma espécie de viagem interminável pelo centro da cidade, perdeu o sentido de ritual noturno em nome do combate à pandemia. O cerco às aglomerações, fontes de disseminação do coronavírus, interrompeu a tradição do mate na praça e dos barulhentos encontros nas pistas dos postos de combustíveis. E para quem não entendeu que a vista do Pampa ao pôr do sol no Centro Histórico da Vila de Santa Thereza também pode esperar, restou o rigor da fiscalização. Estabelecida inicialmente em março, a regra de recolhimento domiciliar obrigatório, no intervalo compreendido entre 22h e 6h, foi flexibilizada pelo menos duas vezes. Em julho, entretanto, após a confirmação de 11 novos casos de Covid-19 em apenas um final de semana, a ci-

Nova indumentária Placas com alertas sobre a importância de lavar as mãos foram integradas às decorações das lojas, que passaram a disponibilizar álcool em gel e a observar normas sobre lotação, com base nas capacidades estipuladas pelos Planos de Prevenção e Proteção de Combate a Incêndio (PPCIs). Os comerciantes foram proibidos de realizar promoções que podem gerar aglomerações. Um decreto também vedou a utilização de provadores em lojas de confecções, sob pena de cassação de alvará. Em meio às mudanças, um novo acessório tornou os semblantes mais sérios, encobrindo os sorrisos. Até o final de abril, a estratégia de combate ao coronavírus recomendava, aos bajeenses, evitar o contato social, vedando a circulação de pessoas que retornavam de viagem, por exemplo, pelo período de 14 dias. O uso de máscaras, como equipamentos de proteção individual, foi declarado obrigatório ao final do mês, adiantando uma medida que só seria adotada, e de forma parcial, em âmbito nacional, por meio de lei, apenas em julho. Descartáveis ou confeccionados em pano, as máscaras só ainda não alcançaram o patamar de identidade ostentado pelos lenços, em revoluções do passado.

Agentes trajando macacões para perigo biológico transitam pela cidade, fiscalizando o cumprimento de normas adotadas para conter a disseminação do vírus

Reflexos na economia

Com restrições ao comércio, adotadas para conter a disseminação do vírus, Bagé retomou atividades de forma gradual, a partir de abril, permitindo às empresas, inicialmente, a venda on-line. Obras de pequeno porte foram autorizadas no primeiro dia do mês. Às vésperas da Páscoa, restaurantes, lancherias e lojas de venda de doces foram autorizadas a abrir as portas, observando rigorosas regras de higiene impostas pela prefeitura. Escolas, clubes, academias, cinema, bares e cursos presenciais, por outro lado, tiveram atividades suspensas no dia 15. O funcionamento do comércio varejista foi autorizado, inicialmente, em apenas um turno (das 13h às 18h30), com sistemas de escalas e home office para funcionários em grupo de risco, avançando, posteriormente, para a atuação em dois turnos. Encarada como alternativa para evitar o colapso da economia, a reabertura não garantiu a manutenção de todos os empregos.

De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o mês de abril de 2020 foi o pior dos últimos 10 anos, contabilizando o fechamento de 228 postos formais de trabalho. As marcas, no cenário econômico, são evidentes. Ao longo de dois meses, cerca de 28 mil bajeenses receberam o auxílio instituído pelo governo federal para socorrer trabalhadores informais, autônomos, desempregados, beneficiários do Bolsa Família e pessoas de baixa renda, em parcelas de R$ 600 e de R$ 1,2 mil (destinadas para mulheres chefes de família). Nesse período, as transferências para a cidade totalizaram R$ 20.555.400,00, conforme informações da Controladoria-Geral da União (CGU). O sinal de que a reação pode ser lenta, mas já começou, é apontado pelo número de novos microempreendedores individuais (MEIs), formalizados entre abril e junho, em um total de 335 registros.


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FOTOS: REPRODUÇÃO JM

Precedente histórico

Em um esforço para conter o avanço da doença, a Prefeitura desinfectou as malas dos correios e os prédios de todas as escolas. Bailes e apresentações artísticas foram proibidas, na tentativa de evitar aglomerações, e um hospital de campanha foi montado no Collegio Elementar (localizado na avenida Sete de Setembro, na esquina com a Marechal Deodoro). Foi assim que Bagé encarou a Gripe Espanhola, no segundo semestre de 1918. Todas as ações foram coordenadas pela Prefeitura, com o apoio de clubes e instituições, abrindo, à época, um precedente histórico para a organização de serviços públicos de saúde, a exemplo do que ocorre em 2020. A doença chegou ao Brasil

através dos portos, com os primeiros casos registrados, no Rio Grande do Sul, em outubro. Em Bagé, que tinha pouco mais de 43 mil habitantes, de acordo com o Diretor do Arquivo Público Municipal, Cláudio de Leão Lemieszek, que publicou um artigo sobre os reflexos do vírus, no Jornal Minuano, em 2018, mais de cinco mil pessoas foram infectadas. Em um trimestre, 184 mortes foram contabilizadas na cidade. Ninguém, no mundo, estava imune à Gripe Espanhola. Nem Rodrigues Alves, que só precisava ser votado para alcançar a Presidência da República, já que disputava o pleito com a única candidatura oficialmente registrada. O ex-presidente (que havia governado o país entre 1902 e

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Em 1918, Prefeitura (em imagem registrada pouco antes do início da Primeira Guerra Mundial) abrigava um plantonista para atender doentes

1906) contabilizou 2.240 votos, em Bagé, no pleito de março, mas não

chegou a assumir o cargo. Eleito presidente, para novo mandato,

morreu em janeiro de 1919, vítima da doença.

manente e o asseio total de latrinas e banheiros estavam entre as recomendações das autoridades. “Banhos diários, a diminuição de exercícios e a total restrição de álcool” também eram recomendados, conforme detalha Lemieszek. Sob a coordenação do prefeito Tupy Silveira e do diretor de Saúde, doutor Monteiro Alves, o município de Bagé, que abrangia os territórios de Aceguá, Candiota e Hulha Negra, foi dividido em 18 zonas, cada uma a cargo de um médico. O sistema organizado pelo município mantinha um

plantonista na Prefeitura. Lemieszek destaca que o consumo moderado de carne e dieta à base de leite, caldo e água filtrada estavam entre as múltiplas e divergentes indicações para tratar a doença. Também era recomendado o gargarejo com água oxigenada, o uso de mentol nas fossas nasais e algumas gotas de iodo. Diferentes receitas ganharam espaço em todas as regiões do Brasil, criando novas demandas e até mesmo um ícone da cultura brasileira. Se, em Bagé, mesmo sem a comprovação de

eficácia médica, o quinino (primeiro medicamento correntemente usado para tratar malária) chegou a atingir preços estratosféricos nas farmácias, motivando a importação do produto, a partir de Melo, no Uruguai, conforme relata o Diretor do Arquivo Público Municipal; no interior de São Paulo, um xarope caseiro, produzido com limão, alho, mel, e, em alguns casos, cachaça, pode ter dado início à história da caipirinha, em versão aceita pelo Instituto Brasileiro da Cachaça (IBRAC).

observa que a doença só entrou em declínio na segunda metade de dezembro de 1918. O Comissariado de Alimentos, criado por meio de decreto do prefeito Tupy Silveira, para fiscalizar a tabela de preços dos gêneros de primeira necessidade, foi então desconstituído. A retomada econômica seria verificada no biênio seguinte. Em 1920, dois anos após o início da crise de saúde pública,

avançando no projeto de abastecimento de água, a cidade passaria a integrar a seleta lista dos 75 municípios brasileiros com o serviço de saneamento. Em novembro, o Guarany conquistaria o primeiro título do Campeonato Gaúcho de Futebol, na segunda edição do certame, inaugurando um novo ciclo cultural, com o nascimento de seu principal rival, o Grêmio Esportivo Bagé.

Higiene como estratégia de combate Trabalhadores rasgavam as ruas, avançando na obra do sistema de saneamento, quando o Hospital de Beneficência Portu-

guesa, instalado no prédio que hoje abriga o Museu Dom Diogo de Souza, mantido pela Fat/Urcamp, passou a atender os primeiros pacientes. Não haviam Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), estruturas reforçadas, em 2020, para o enfrentamento do coronavírus. A higiene representava parte importante na estratégia de contenção da Gripe Espanhola. A troca frequente de roupas de cama, a ventilação per-

Registros auxiliavam no controle

Os boletins epidemiológicos, a exemplo dos informes divulgados por veículos de comunicação e mídias sociais, com atuali-

zações sobre novos casos, a realização de testes rápidos e de exames laboratoriais para a detecção do coronavírus, também integravam a rotina dos bajeenses em 1918. Mas os balanços relacionados à Gripe Espanhola, divulgados pelos jornais, atualizavam dados sobre internações e óbitos. Os registros oficiais auxiliavam na

avaliação das ações adotadas pelo poder público. Nos primeiros dias de novembro, de acordo com Lemieszek, já havia mais de mil bajeenses infectados, e, em muitas residências, todos os moradores haviam contraído o vírus, “a ponto de algumas casas de comércio não poderem abrir as portas, porque proprietários e funcionários estavam doentes”. O diretor do Arquivo Público


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Especial

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Como Bagé celebra os 209 anos: lideranças apontam rumos para o futuro por Yuri Cougo Dias

O cenário global passa por uma situação que não era vivida desde a Gripe Espanhola, no final da segunda década do século XX. Com restrições rígidas de isolamento social, para que não haja disseminação do vírus, as celebrações, sejam elas de aniversários, eventos culturais ou religiosos, praticamente deixaram de ocorrer. Os encontros passaram a ser na frente da

câmera de um computador ou celular. E ninguém consegue apontar, pelo menos com certeza, uma data concreta de quando a sociedade poderá se relacionar em sua forma integral. Entretanto, os feitos registrados no passado não deixaram de existir. Afinal, tudo que vivenciamos e a posição em que nos encontramos, no campo social, é uma consequência

Por isso que, em tese, a impressão seja de que não há razões para comemorar não passa de um engano. São justamente nesses períodos de crise que o ser humano e sociedade se reinventam e se adaptam a um novo sistema. E é com essa linha de pensamento que lideranças, instituições e repartições públicas de Bagé apontam o cenário que envolve esse marco

de 209 anos completados. Seguindo essa linha de raciocínio, o Jornal MINUANO apurou de que forma o poder público municipal trabalhou às comemorações dos 209 anos da Rainha da Fronteira. E, ainda, estabeleceu uma análise de lideranças locais, sobre quais são os rumos a serem seguidos, por Bagé, para o próximo ano – de preferência, sem pandemia.

momento muito difícil de pandemia. Porém, a Secult acha muito importante não deixar de esquecer de valorizar nossa cultura, nossa história”, contextualiza. E por falar no Cine-Drive, no dia da exibição, programado para este domingo (19), a Secult confirma que exibirá, antes do filme, um curta-metragem de 10 minutos com a homenageada da Semana de Bagé, a escritora Edy Lima. Para quem não sabe, a escritora bajeense é responsável de uma série de obras infantis. Entre elas, o clássico “A Vaca Voadora”. Aos 96 anos, ela reside em São Paulo, porém, é cria da Rainha da Frontei-

ra, onde passou 17 anos de sua longeva vida. Neste ano, foi a personagem escolhida pelo município para ser alvo de homenagens. “Ela conta com mais de 50 obras publicadas e ganhou vários prêmios. Produziu discos infantis e peças de teatro. Sempre procuramos valorizar, também, o patrimônio imaterial, de artistas que são de Bagé e que possuem expressão nacional e internacional. Ano passado foi Danúbio Gonçalves; no retrasado, os Quatro de Bagé na arte”, explica Anacarla. E dentro do planejamento para o ambiente virtual, a secretária ressalta que todas as casas e reparti-

ções relacionadas a Secult estarão com programação própria. Em especial, destaca o projeto Olhares sobre Bagé, que consiste na divulgação de vídeos, com depoimentos de bajeenses que moram fora. “Foi a forma que achamos para não deixar a cultura e o turismo parados. Mesmo nesse momento difícil, precisamos valorizar nosso potencial cultural e histórico. Mesmo em tempo de covid-19 no mundo inteiro, Bagé ainda conserva sua saúde e tem buscado todos os cuidados, via iniciativa pública, para que haja a mínima disseminação do vírus”, enfatiza.

Obviamente, com a pandemia, a visitação tornou-se inviável. Mesmo assim, a ideia foi mantida, contudo, numa nova dinâmica. “São 25 escolas que oferecem Anos Finais. Então, escolhemos 25 prédios e distribuímos um para cada escola, que desenvolveu seu trabalho, seja por pesquisa, produção de texto, fotografia, desenho ou pintura. A escola trabalhou com o aluno a distância, com as aulas remotas que estão

acontecendo. Baseado no material que estudaram, produziram trabalhos que serão (foram) postados nas redes sociais de cada escola, durante a Semana de Bagé”, salienta Rosiane. As únicas exceções foram com as escolas São Pedro e João Severiano da Fonseca. Por terem o status de cívico-militares, ambas ficaram designadas de fazer o mesmo trabalho, só que com as organizações militares de Bagé.

Esta foi a solução que a Smed encontrou para que os alunos celebrassem a data e fizessem uma reflexão do patrimônio existente na Rainha da Fronteira. “Queremos continuar com esse projeto. Quanto mais os alunos tiverem conhecimento da importância desses prédios históricos, mais vão se sentir como parte disso. Logo, irão aprender a amá-los, cuidá-los e respeitá-los”, frisa.

desse passado. E mesmo que tenhamos que recorrer, diariamente, ao uso de álcool gel e máscaras de proteção, o tempo permanece com a mesma velocidade. Sim, já foram seis meses completados. Em breve, 2021 abrirá suas portas. E como estaremos quando chegar? Ou seja, embora todas as restrições, não podemos deixar de olhar para o futuro.

Homenagem à Edy Lima e virtualização dos eventos Em tempos de normalidade, a Prefeitura, em parceria com diversos setores da sociedade, costuma elaborar uma série de eventos alusivos ao aniversário da cidade. Geralmente, integram a já conhecida “Semana de Bagé”. A programação abrange fóruns de discussões; shows em praças públicas; apresentações nos espaços culturais e escolas; exposições artísticas, dentre outras atividades que tenham como foco assinalar o aniversário da Rainha Fronteira. Naturalmente, para 2020, as comemorações tiveram que adaptar-se à realidade da pandemia no

cotidiano da população. Responsável pela Secretaria de Cultura e Turismo (Secult), Anacarla Oliveira detalha que grande parte da programação da Semana de Bagé concentrou-se em eventos realizados no formato virtual, em sua maioria, por meio de lives nas redes sociais. A exceção envolveu quatro eventos que, especificamente, foram planejados para ocorrerem presencialmente. “Programamos uma mostra de arte no Palacete Pedro Osório; uma performance musical no Imba; performance de dança no Palacete e o Cine-Drive, em parceria com o Sesc. Passamos por um

Escolas visitam prédios no ambiente on-line Quem também costuma marcar presença constante nas comemorações do aniversário de Bagé são as escolas da rede municipal. Meses antes, os professores já começam a trabalhar, dentro da sala de aula, assuntos e curiosidades com relação à Rainha da Fronteira. Neste ano, o método precisou ser modificado, de modo que o trabalho não fosse cancelado, mas que atende todas as exigências sanitárias.

De acordo com a supervisora de Artes e Ensino Religioso da Secretaria Municipal de Educação e Formação Profissional (Smed), Rosiane Dalmagro, desde a abertura do ano letivo, o principal projeto das escolas era realizar, durante a Semana de Bagé, um passeio em prédios históricos da cidade. O projeto chama-se “Bagé: conhecer para pertencer” e foi desenvolvido no Ensino Fundamental, com os Anos Finais (6º ao 9º).


Especial

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BAGÉ, 16 E 17 DE JULHO DE 2020

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mais a parte histórica, a transformação em universidade foi oficializada em 16 de fevereiro de 1989. Passadas mais de três décadas desse acontecimento, a Urcamp foi responsável pela formação de vários profissionais, que contribuíram tanto para a economia local quanto para o desenvolvimento de senso crítico e a busca por uma sociedade melhor. E esse processo de estar engajado com a cidade se justifica ainda mais com o modelo atual de ensino, da Graduação I, que oportuniza, aos alunos, resolverem demandas da própria comunidade, o que evidencia ainda mais a importância do Ensino Superior para desenvolvimento de uma cidade. Então, se a Urcamp tem tido, nas últimas décadas, parcela REPRODUÇÃO JM

Prefeito acredita em desenvolvimento da cidade em meio à crise

significativa no desenvolvimento de Bagé, é justamente num período de pandemia (leia-se crise) que é responsável por direcionar os rumos a serem tomados por uma sociedade. É nesse sentido que a reitora da Urcamp, Lia Quintana, tece sua linha de raciocínio. “Toda a população vem passando por um grande aprendizado. E a mudança e cultura de proteção, de esclarecimento, deve passar pela educação”, aponta. Assim como os setores, a pandemia fez com que empresas e instituições adaptassem suas rotinas diárias para que permanecessem ativos. Evidentemente, o processo gerou dificuldades, mas, também, oportunizou novos modelos de trabalho, conforme atesta Lia. “Todos tiveram que se adap-

tar. As aulas foram virtualizadas para que pudéssemos cumprir o conteúdo. E tem muitas situações que servirão como aprendizado; algumas delas até se solucionaram com a pandemia. No nosso caso, nas reuniões de trabalho, temos diversos campus a atender. Agora, as reuniões podem ser feitas no mesmo horário, com todo mundo junto, mediante os aplicativos de reuniões virtuais”, afirma. Dessa forma, a reitora argumenta que, embora às dificuldades enfrentadas nesse período, há um legado e aspectos positivos que poderão ser aproveitados no mundo pós-pandemia. “São recursos que permanecerão sendo utilizados, não somente pelas instituições, mas por todas as empresas e seus gestores”, finaliza.

“A Bagé que amamos sairá mais unida, com um grande rumo para o futuro”, avalia Divaldo Independente de questão político-partidária, a pandemia obrigou com que diversas bandeiras e setores da sociedade se unissem contra um único problema. Ao menos, adversários deram uma trégua em seus confrontos. E nesse trabalho de enfrentamento ao coronavírus, Bagé foi um dos primeiros municípios a adotar o distanciamento social. Somente 15 dias depois, o Governo do Estado publicou um decreto. Passados quatro meses da

abertura do distanciamento social, a Rainha da Fronteira permanece na luta contra esse inimigo invisível. E é justamente esse trabalho que Divaldo considera como fato a ser exaltado na comemoração de aniversário. “São 209 anos de um município em que a sua história representa parte da história do Rio Grande do Sul. Isso através de feitos e realizações de homens e mulheres que, das diversas formas, foram protagonistas de Bagé, tão reconhecida

dentro do território gaúcho e nacional”, salienta. Na concepção do chefe do Executivo, a Rainha da Fronteira tem plenas condições de enfrentar essa crise. Ele também acredita no progresso e evolução da sociedade, quando essa pandemia sair da vida de todos. “Ser bajeense é motivo de orgulho para todos nós. Sermos bajeenses, de uma cidade tão tradicional, que é um exemplo, atualmente, no Estado e no Brasil, por estarmos vencendo o

“Somos uma região de fronteira e precisamos estar de portas abertas”, destaca bispo Em épocas de isolamento social, a preocupação não é direcionada apenas ao fator econômico. A caridade e o estado mental das pessoas também são temas considerados primordiais para que se possa vencer uma crise desse cunho. E, portanto, valorizar a terra-natal torna-se de suma importância para que esse argumento seja colocado em prática, segundo o bispo Dom Cleonir Dalbosco. “Celebrar o aniversário da cidade é o mesmo que celebrar o aniversário de nosso

Lia aponta que pandemia deixará legado nos setores de trabalho

pai e nossa mãe. É a cidade que nos acolhe e que nos dá possibilidade de nos desenvolvermos. Por isso, é importante celebrarmos a vida, a história de um povo que, nas mais diversas formas, luta para sobreviver, cuidar de sua família. São mais de 200 anos de batalhas vencidas, com grande empenho e amor pela terra”, pontua. Outro ponto destacado pelo bispo é o forte acolhimento de Bagé com pessoas que vêm de fora. “O povo é fraterno, aco-

lhe os migrantes. Eu também sou migrante dessa terra e sinto-me bem acolhido. Mesmo nesse tempo de pandemia, é um povo que cultiva valores de solidariedade, de preocupação com os outros. Esperamos que, após esse momento, todos nós possamos sair melhores do que entramos na pandemia. Que possamos olhar a vida com mais amor e dar mais valor a própria vida”, manifesta. Justamente pelo fato de Bagé completar 209 anos, com

diversas histórias e realizações, a expectativa do bispo é de que os bajeenses tratem a pandemia como um período destinado à evolução. “Precisamos rever muitos conceitos e atitudes. A solidariedade e o amor ao próximo devem acontecer de forma natural. Que nossa consciência esteja ciente que, diante de Deus, ninguém é maior. Somos todos iguais. E que Bagé siga acolhedora. Somos uma região de fronteira e precisamos estar de portas abertas”, conclui.

coronavírus. Por estarmos vencendo uma doença que vem ceifando mais de de 70 mil vidas no Brasil inteiro. Isso faz com que mantenhamos viva nossa força, nossa garra, para seguirmos lutando, característica esta, junto da solidariedade, é a maior de todos os bajeenses. Enxergo que a Bagé que amamos sairá mais unida, com um grande rumo para o futuro e o progresso que nos aguarda. Essa a Bagé pós-pandemia que enxergo”, conclui. JAQUELINE MUZA/ ESPECIAL JM

É evidente que o desenvolvimento econômico, social e cultural de uma cidade tem relação direta com o papel desempenhado por universidades em seus campos sociais. E Bagé é um exemplo prático desse contexto, pois, foi a partir da criação da Fundação Universidade de Bagé (FUB) – hoje, Urcamp -, no dia 13 de janeiro de 1969, que a Rainha da Fronteira passou a qualificar profissionais que, anos depois, fizeram a diferença para a evolução da cidade, nos mais variados segmentos econômicos. Fruto de iniciativa protagonizada pela Fundação Attila Taborda (FAT), os cursos superiores passaram ser realidade no município, o que veio a ser estruturado como as Faculdades Unidas de Bagé (FUnBa). Contextualizando um pouco

MARCELO RODRIGUEZ BARBOZA/ ESPECIAL JM

“A mudança passa pela Educação”, aponta reitora da Urcamp

Dalbosco crê que pessoas saiam da desse período mais solidárias


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