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Com racionamento de 12 horas, Bagé ainda não tem previsão de emitir decreto de emergência
from 20230202
Bagé iniciou na quarta-feira, dia 1º, uma nova fase do seu racionamento no abastecimento de água. Das medidas iniciais de restrição na distribuição, onde o preventivo era de seis horas, durante a madrugada, chegou-se, agora, ao estágio de rodízio de 12 horas.
Essa medida já foi aplicada nos últimos anos na Rainha da Fronteira. Como muitos estudos apontam, historicamente a cidade enfrenta períodos de estiagem a secas mais severas. Um dos principais traumas das últimas décadas foi a grande seca de
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1989, que iniciara no ano anterior e só teve seu ciclo encerrado nos primeiros meses de 1990. Contudo, a situação em Bagé, assim como a de outras cidades da região, poderá se agravar, caso um regime de chuvas mais contínuo não ocorra. Muitas já emitiram decretos de situação de emergência. Bagé, até então, ainda não tem esse posicionamento.
O Jornal Minuano entrou em contato com representantes de pastas e órgãos que balizam dados para que o prefeito Divaldo Lara possa vir a emitir um de- creto de situação de emergência. Um deles é o próprio Departamento de Água, Arroios e Esgoto de Bagé (Daeb). Conforme a assessoria de comunicação da autarquia, ainda não há previsão de conclusão de dados para que o município tenha o decreto de emergência. A informação do Departamento vem após a última medição nos dois principais reservatórios da cidade. Até o dia 30 de janeiro, a Sanga Rasa estava com -4.80 metros de sua capacidade normal. Já no Piraí, o volume, na mesma data, era de -3.20 metros.
Setor 1 - Horário com abastecimento: 3h às 15h
Bairros: Centro, Madezatti, São Martins, Vila Brum, Arvorezinha, Vila Damé, Camilo Gomes, Parque Silveira Martins, Hidráulica, Popular, Narciso Suñe, Tarumã, Tupã, Stand, Vila Militar, Vila Brasil, Alcides Almeida, Mingote Paiva, Santa Cecília, Menino Deus, Floresta, Santa Carmem, Ibajé, Vila Gaúcha, Mascarenhas e arredores.
Setor 2 - Horário com abastecimento: 15h às 3h
Bairros: Getúlio Vargas, Loteamento São Pedro, Jardim do Castelo, São Bernardo, Santa Tecla, Loteamento Severo, Malafaia, Daer, Ivo Ferronato, Castro Alves, Dois Irmãos, Estrela Dalva, Ivone, Dolores, Vila Goulart, Passo das Pedras, Tiarajú, Arco, São Judas, Vila Ipiranga, Santa Tereza, Pedra Branca, Bairro Bonito, Vila dos Anjos, Santa Flora, Habitar Brasil, Morgado Rosa, Dona França, Loteamento Prado Velho, Adão Pedra, Loteamento do Parque, Industrial I, Balança e arredores.
Setor 3 - Horário com abastecimento: 6h às 18h
Bairro: São Domingos chuva para a populaçao da cidade.
Além dos prejuízos para a população urbana, que é afetada com o rodízio no abastecimento de água, o interior também é ainda mais impactado com a falta de chuvas. De acordo com o secretário de Desenvolvimento Rural de Bagé, João Pedro Finger, constantemente a pasta está levantando dados sobre os prejuízos que os produtores têm com a estiagem, o que poderá basear dados para um futuro decreto de estado de emergência. “Assim como entidades que lidam com o setor produtivo como o Sindicato Rural e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais, estamos fazendo esse levantamento constante de informações sobre como está a situação no interior do município. Além disso, estamos atuando para minimizar esses prejuízos, trabalhando com o Daeb também em medidas para facilitar o acesso à água potável, limpeza e perfuração de poços”, detalha.
E Finger reitera: “A situação é bem grave pela falta de chuvas. Houve uma melhora com a chuva que tivemos há alguns dias. Os municípios próximos já estão em situação de emergência também porque estão em uma situação pior, mas estamos fazendo todo o possível para amenizar esse panorama que atinge os moradores e produtores rurais”.
O prognóstico climático ainda não trará as notícias positivas aguardadas pela população de Bagé. É o que aponta a previsão climática divulgada pelo Climatempo. Existe a possibilidade de chuva para esta quinta-feira, dia 2. No entanto, o volume é considerado baixo pela necessidade que se tem em precipitação: cerca de 12 milímetros. Para os próximos dias, a temperatura deverá se manter elevada, o que prejudica ainda mais. O tempo seco deverá continuar até o dia 13 de fevereiro, como foi divul- gado pelo Instituto Riograndense do Arroz (Irga).
A sequência de mais dias com racionamento no abastecimento de água, falta de chuvas com volume compatível a recuperação de reservatórios e aumento em prejuízos para a principal matriz produtiva do município: a agropecuária, poderão certamente fazer com que o Executivo decrete a situação de emergência, assim como cidades da região da Campanha já o fizeram.
Na terça-feira, dia 31 de janeiro, o prefeito Marcus Aguiar emitiu decreto de situação de emergência em decorrência da estiagem que assola o município. A decisão ocorreu após a apresentação de laudos da Emater que apontaram os prejuízos para a produção primária do município, além do levantamento feito pela Assistência Social do município que também ressaltou os danos da falta de jornalminuano.com.br
O produtor Sérgio Hubert, que reside na Colônia Nova, destaca que a situação está muito complicada para os moradores do interior. O acumulado de chuvas foi muito pouco durante os últimos meses. Conforme ele, em novembro, o acumulado foi de 53 milímetros; em dezembro, chegou a 37,5 milímetros e, por fim, no mês passado, o volume total foi de 38 milímetros. “Esses acumulados podem variar de região para região, mas a média foi essa. Trata-se de uma quantidade muito baixa de chuva para a plantação de milho, que é usado para fazer silagem para os animais. Inclusive, há muitos produtores que ainda não plantaram milho. E muitos daqueles que plantaram estão antecipando o corte para silagem, pois a planta está secando, não dando tempo para a espiga de milho se formar. Ou seja, a silagem que alguns estão conseguindo fazer, é de baixíssima qualidade”, explica o produtor rural de Aceguá.
De acordo com Hubert, as pastagens da época, como o trevo e cornichão, não existem mais. E isso acaba por impactar a pecuária leiteira, que é um dos principais carros-chefe da produção agropecuária do município.
“A produção de leite foi muito reduzida. Hoje, o preço pago pelo litro de leite ao produtor é muito baixo. E os insumos, principalmente, a ração está aumentando. Então, para o produtor de leite esse período é crítico. Ele recebe pouco pelo produto; produz pouco devido à estiagem e ainda tem seus custos aumentados”, declara o produtor.
Assim como outras regiões do Rio Grande do Sul, a Campanha está sofrendo nos últimos meses com a falta de chuvas. Em 17 de janeiro, o município de Hulha Negra teve decretada situação de emergência. A decisão ocorreu a partir da constatação dos prejuízos econômicos e sociais causados a 1200 propriedades rurais, sendo que mais de 800 são pequenas propriedades em assentamentos, em áreas de até 20 hectares. Os prejuízos estão centralizados em culturas como a da produção de mel, pecuária de corte e de leite, além da agricultura.
Já Candiota teve seu decreto de situação de emergência reconhecido pela União no dia 26 de janeiro. O município também sofre com as perdas na agricultura e pecuária devido à forte estiagem. Em especial na pecuária leitera, na produção de soja e de milho.
Outro município que decretou situação de emergência recentemente foi Lavras do Sul. A cidade teve situação de emergência decretada na quarta-feira, dia 1º de fevereiro. Com a compravação dos danos causados pela falta de chuvas, tanto para a população urbana quanto rural, e os impactos causados para a produção agropecuária. Segundo a Prefeitura de Lavras do Sul, a perdas para o município já vêm desde o começo do ano passado, com uma estiagem em janeiro e pouco regime de chuvas no inverno e primavera de 2022.