jornalminuano.com.br BAGÉ, segunda-feira, 6 de abril de 2020 - ANO XXV Nº 6 492 | VERSÃO DIGITAL GRATUITA TIAGO ROLIM DE MOURA
REFORÇO CONTRA O CORONAVÍRUS
HOSPITAL DE CAMPANHA GANHA FORMA
Fruto de uma parceria entre Prefeitura e Fundação Attila Taborda (Fat), que cedeu campus esportivo da Urcamp, denominado Corujão, o Hospital de Campanha de Bagé já está pronto para receber pacientes. Com 50 leitos, estrutura servirá para atendimento de pessoas com sintomas iniciais de Covid-19 caso os leitos de demais hospitais não suportem a demanda.
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ANÁLISE
TURISMO
Priscila Vargas, assim como o marido e a filha de sete anos, receberem resultados no domingo
Em 2009, gripe suína se espalhou pelo globo terrestre, registrando dezenas de casos em Bagé
Maioria das empresas adotou como estratégia ações de marketing digital para manter clientes
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Médica com diagnóstico positivo fala sobre sintomas
REPRODUÇÃO JM
DEPOIMENTO
Coronavírus e Pesquisa avalia H1N1 motivam impacto sofrido ações de saúde por segmento semelhantes no Pampa
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Opinião
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BAGÉ, 6 DE ABRIL DE 2020
César Jacinto
pejairs@yahoo.com.br
Quem parou a Terra foi o Covid-19 e não um extraterrestre!
Quem parou a terra não foi um poderoso robô, da Organização Mundial da Saúde (OMS) e das audenominado de Glort no filme: “O dia em que a ter- toridades brasileiras da saúde, assim como pesquira parou”. Este clássico da ficção científica, dirigido sadores brasileiros e estrangeiros. Desacreditar a por Robert Wise, em 1951 faz uma leitura de um imprensa brasileira também tem sido uma estratégia período pós-guerra (2ª mundial) e os movimentos para flexibilizar as medidas de isolamento social e www.jornalminuano.com.br BAGÉ, 3 DE FEVEREIRO DE 2020 da guerra fria, quando a terra recebe a visita de um possibilitar o amplo funcionamento dos setores proalienígena, que alerta sobre a importância da paz dutivos do país, o que ocasionaria a circulação de para humanidade e que a corrida bélica poderia tra- pessoas e facilitaria a velocidade da contaminação zer danos para a terra e ameaçar outros planetas. Em pelo vírus. É compreensível a necessidade das emuma demonstração de força Glort com seus poderes presas de produzirem e assim manter empregos e inimagináveis paralisa todos os continentes, trans- pagar custos, mas este momento é delicado e quem portes estáticos, sem energia elétrica, indústrias, co- deve acenar com medidas que auxiliem os setores mércios, tudo literalmente estático, em repouso. produtivos propiciar programas de renda ARQUIVO PESSOALe também DIVULGAÇÃO Após a liminar suspendendo concurso público pelo MuniNuma trajetória nunca experimentada de avanpara os trabalhadores formais e informais deve do a realização do processo selecípio, apenas no que se refere aoser o ços tecnológicos da humanidade, quem fez a terra governo federal. tivo para médicos, ainda em jacargo de Engenheiro, nas diverparar foi um habitante mais antigo do que nós seres Aliada fundamental na conscientização do moneiro, uma nova mobilização de sas especialidades, e Arquiteto, humanos neste planeta, resistiram e sobreviveram às mento que passamos,a imprensa brasileira merece classe suspendeu a aplicação de até decisão final ou até que o Mucatástrofes, eras glaciais, adaptando-se as situações todo respeito e nicípio graças apromova ela é queapossuímos provas do concurso público da retificaçãouma do demais lúgubres e inóspitas. Um vírus que com seu po- mocracia fortalecida, sem o direito à informaPrefeitura de Bagé. Desta vez, a edital, fipois xando a remuneração de der de propagação alterou o percurso da humanidade ção não existe acordo nem mesmo sua função ação foi movida pelo Conselho com justiça, o piso previsto nasque é em pleno século XXI, o mundo parou literalmente, nos manter informados sobreeo4950-A/66”. avanço do Covid 19 Regional de Engenharia e AgroLeis 5.194/66 as indústrias fecharam totalmente ou parcialmente, no país tem sido cumprido de forma corretapara e isenta. nomia do Estado do Rio Grande Com provas previstas como consequência os comércios e indústrias estão Reportagens especiais, programas com especialistas do Sul (CREA-RS), Sindicato 8 e 9 de fevereiro, os autores da com suas portas cerradas, escolas sem aula, as reu- e atualização dos temcaram marcado os noticiários dos Engenheiros do RS (Senge) e açãocasos classifi a remuneraniões e agendas ocorrem por videoconferência. O locais, regionais e nacionais. O que tem causado Conselho de Arquitetura e Urbação “desproporcional não só com inmomento é de cautela e cuidado com si e com os dignação geral e prejudica o enfrentamento a esta nismo do Rio Grande do Sul os requisitos da investidura, mas outros. As competições esportivas também sofrerão enfermidade são as inúmeras “Fake News” que cir(CAU-RS). também com a natureza, complealterações, as olimpíadas pela primeira vez na his- culam nas redesxidade sociais dimensões geoméConforme explica Alexane, tomando sobretudo, grau de restória foram adiadas para 2021 (23Wollmann de julho analisa a 08 dequetricas com extrema velocidade,doaumentando o pânidre Wollmann, presidente do ponsabilidade cargo, afigumedida agosto), ficando um ciclo olímpico de cinco anos, co da população. Nosso reconhecimento aos setores busca correção, que já havia sido Senge, os três órgãos já haviam Bragança destaca que valor oferecido pelo certame rando-se manifestamente inconsdurante a 1ª e 2ª guerras mundiais foram canceladas. de saúde, que arriscam suas vidas para salvar outras alvo de notificação do sindicato alertado a Prefeitura sobre o “beira o desrespeito profissional” titucional, nulo, ineficaz e, porCampeonatos de futebol continentais foram adiados tantas e também a segurança que dá suporte para descumprimento da Lei Federal tanto, inábil a produzir qualquer a também. consecução do trabalho dos demais segmentos nes4950-A/66, que determina o sa- alertamos e aconselhamos. Não mobilização é uma resposta aos estudo e esforço que o profissio- efeito”. Além do inimigo real e invisível, que é o Cote momento de pandemia do da Coronavírus lário mínimo profissional. De fomos atendidos. Logo, ajuiza- profissionais, pois “o Conselho nal tem para se formar. Beira o Através assessoriaemdeque a vid-19, outros adversários surgem para complicar a união, o bom senso, o amor ao próximo e a alteridaacordo com a legislação, o piso mos para que se corrija”, desta- não pode ficar omisso” em situa- desrespeito profissional”, aponta. comunicação, a Prefeitura de situação e atrapalhar a conscientização da população de, dentre outros, são fundamentais para superação previsto aos profissionais é de ca Wollmann. ções como esta. “Com justiça e A liminar, expedida pela Bagé informou que ainda não foi referente aos danos causados por quem é acometido de todas as dificuldades geradas pelo Covid 19. R$ 5.988 para jornada de 30 hoO 2º vice-presidente do correção, entramos com o pro- Justiça Federal ainda na sexta- intimada. Assim que ocorrer a pela doença, dentre elas o discurso oficial do preras e R$ 8.982 para jornada de CREA, o engenheiro civil Fran- cesso. cação, a previsão é que o O valor oferecido (R$ -feira (31), requer urgência “para notifi www.jornalminuano.com.br BAGÉ, 2 DE MARÇO DE 2020 Professor e Mestre em Ensino sidente que procura desconstituir as determinações 40 horas. “Em 25 de novembro, cisco Bragança, explica que a 1.389,69) Executivo ingresse com recurso. é irrisório para todo o que seja suspenso o andamento
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Cidade
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Opinião
Liminar suspende realização do concurso da Prefeitura de Bagé para vagas de Engenheiro e Arquiteto
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Jornalismo
Coordenador do Curso de Jornalismo
Glauber Pereira
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Nando Cláudio Cláudio Farinha completa Charge Charge Falcão Falcão 15 anos de rádio Florêncio e a nova categoria de habilitação
Há 15 anos presente nas manhãs dos bajeenses, Nando Farinha celebra o debut de seu programa com uma novidade. A partir de hoje, o programa “Agronegócio” passa a ser chamado apenas pelo nome do radialista. Jornalista, radialista, leiloeiro, representante comercial e produtor rural, Nando Farinha estreou nas ondas do rádio em 1º de março de 2005, na Delta 99.7. “Fui pioneiro neste segmento em rádios FM”, relembra. Após 14 anos, trocou de emissora em março de 2019, passando a apresentar o programa semanal na rádio Pop Rock 98.1. Ali, deu continuidade à iniciativa, que vai ao ar de segunda a sexta, das 6h às 8h, sempre mantendo o foco em temas como agronegócio, política, economia, entrevistas e novidades. “Meu orgulho e minha alegria é receber, todos os dias, mensagens de ouvintes dizendo: como é bom te ouvir. Isso não tem preço”, destaca.
Florêncio e o turismo regional
falcaobage58@gmail.com falcaobage58@gmail.com
TIAGO ROLIM DE MOURA
Radialista, na atualidade, comanda programa na Pop Rock Bagé
com a significativa mudança do nome do programa, que agora será conhecido pelo nome do apresentador, mas sempre mantendo o foco dos assuntos que já
ria. Não copio ninguém e mantenho a minha imagem e personalidade, minha conduta e ética sempre na mesma linha. E é pelos meus ouvintes e patrocinadores
Cidade
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Produtores rurais enfrentam restrições relativas com efeitos da estiagem e combate do Covid-19 A maior circulação do coronavírus (Covid-19) é na zona urbana. Mas nem por isso os produtores rurais, que moram afastados dos centros, devem deixar de tomar alguns cuidados para garantir a própria segurança e a de funcionários. O gerente regional da Emater, Eloi Pozzer, explica que a normativa de segurança segue os mesmos padrões de conduta para todos os segmentos da sociedade: evitar, ao máximo, sair de casa e contato com outras pessoas. “No interior é mais fácil ficar em casa e ter contato com poucas pessoas, mesmo assim mantemos a orientação”, explica. Pozzer destaca que a rotina
Orientações
Para quem segue produzindo e conseguindo comercializar seu produto, a orientação é garantir alta higienização durante o manuseio dos alimentos, para evitar contágio e transmissão do vírus. “O transporte deve ser fei-
Flexibilização
A própria sede da Emater está funcionando em home office. O único trabalho de campo que ainda vinha sendo feito, a análise técnica solicitada pelos bancos para inclusão de produtores no Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (ProAgro), foi flexibilizada. Agora, os
Efeitos do clima
Mesmo em meio à pandemia de coronavírus, que vem somando óbitos pelo país, o maior inimigo dos produtores rurais é um fenômeno climático, que não pode ser com-
GUSTAVO MANSUR/ESPECIALJM
de lida no campo não mudou drasticamente com as medidas de contenção do coronavírus. Contudo, os pequenos produtores enfrentam dificuldades na hora de comercializar seus produtos, já que muitos dependem da venda direta ao consumidor, através de feiras e quitandas. “A pecuária de corte e de leite é uma atividade com prejuízo menor, mas os pequenos produtores de hortifrutigranjeiro, por exemplo, têm um prejuízo bem maior, com o fechamento de feiras e dos comércios e a restrição do ir e vir para venda de produtos e compra de insumos. Mas na campanha, a coisa não pára, seguem produzindo, porque é o ganha pão diário de muitos”, destaca.
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to com o máximo de higienização possível, tanto das pessoas, quanto dos equipamentos, com álcool em gel e sabão. Precisamos fazer a nossa parte bem feita, para tentar evitar novos casos”, afirma Pozzer. bancos aceitam as informações repassadas remotamente para inclusão no relatório, sem a necessidade de visita técnica no local. “Estamos atuando de casa, com atividades externas mínimas, nos adaptando à nova realidade e inovando porque não podemos deixar o trabalho parar”, afirma. batido com vacinas e medicamentos: a estiagem. Em um momento em que os produtores já estão em fase de preparo para encarar o inverno rigoroso
Produtores seguem com a rotina no campo para garantir alimento na mesa dos brasileiros, mas com cuidados redobrados com a higiene
do Pampa gaúcho, a preocupação maior têm sido garantir pastagem suficiente para alimentar os animais durante os períodos de baixa temperatura.
“Já estamos no período de começar a preparação das pastagens, mas sem chuva fica muito difícil de fazer. Estamos orientando que todos façam da forma que for possível,
mesmo que não tenha grande qualidade. O pior é não fazer. A pecuária de leite, por exemplo, depende disso. Se não tiver pastagem, não vai ter produção de leite”, enfatiza.
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Médica fez relato pessoal em vídeo publicado pelo Jornal Minuano
Pediatra Priscila Vargas relata experiência de enfrentar o Covid-19 Depois de ter vazado um áudio de sua autoria, dirigido a um grupo de ex-colegas de faculdade, o Jornal MINUANO procurou a pediatra Priscila Vargas para falar sobre como tem enfrentado a doença que acometeu também seu pai, o marido e a filha. Em um vídeo, feito por ela, atendendo à solicitação da reportagem, a médica falou abertamente sobre os sintomas da doença e fez um alerta para que a comunidade tenha consciência da gravidade da situação e que fiquem em casa. O vídeo foi divulgado no Facebook do Jornal MINUANO, neste domingo, por volta das 12h, logo após a confirmação das autoridades da saúde da cidade, que apontaram como positivos, os exames de Priscila e seus familiares. Em pouco mais de sete minutos, Priscila conta que há uma semana, na sexta-feira (27/03), iniciou com um quadro clinico de desanimo e cansaço, dores musculares e cefaleia. Ela conta que foi nesse mesmo dia, que seu pai, o ex-prefeito de Bagé e também médico, Luís Alberto Vargas, sofreu um mal súbito e foi levado ao hospital e, após avaliação, foram confirmadas lesões pulmonares - ele ficou alguns dias na CTI, teve alta e continuou o tratamento em sua residência. Priscila mencionou que nem ela e nem seu pai apresentaram febre, tampouco dificuldade respiratória. Disse que apenas quando se inspirava mais profundamente sentia desconforto muscular e dor nas costas. “O pai evoluiu muito bem, apesar de ter ficado hospitalizado por alguns dias. Já meu marido apresentou febre durante dois dias, além de muita dor e desanimo, permanecendo com esses sintomas por mais dias. Já a minha filha teve pouco desconforto, cefaleia e febre por dois dias; já os meninos não tiveram nenhuma
sintomatologia”, relatou. A médica alertou que o Covid-19 “não é uma gripezinha”, mas, sim, uma infecção debilitante onde o cansaço e o desanimo impedem de fazer tarefas básicas, como preparar a mamadeira de um filho. Ela frisou que mesmo acamados, o organismo é consumido, provocando a perda de peso. “É bem grave. Cuidem-se. Essa é a maneira que temos de tentar frear essa infecção na nossa cidade, Estado e País. Temos que ter isolamento social. Só assim a gente impede a disseminação da doença. Aqui em Bagé a doença é comunitária e já esta circulando na cidade. Há casos onde as pessoas não apresentam sintomas inespecíficos, 80% terão sintomas leves. Isso proporciona a disseminação da doença na cidade. E se não tomarmos cuidados teremos um surto muito grande. A nossa saúde tem grandes dificuldades, apesar de termos uma estrutura hospitalar boa, mas para atender devagar, se tivermos que atender muitos casos com gravidade, não teremos como combater. Muitos colegas da área da saúde precisaram se afastar, pois foram contaminados por estar linha de frente. E assim estamos com a estrutura abalada. Não é brincadeira, tenham cuidados com higiene pessoal. Dentro do possível, façam isolamento social e os que podem ficar em casa, permaneçam. Só assim vamos conseguir controlar a infecção”, destaca. Priscila mencionou a gratidão a todos que enviaram mensagens de conforto e orações. Ao finalizar, a médica comentou que, na próxima sexta-feira, terminará seu isolamento de 14 dias. “Não sabemos se teremos imunidade à infecção, se podemos ter reinfecção, mas espero estar parcialmente imunizada para poder voltar à rotina de trabalho”, concluiu.
Recuperado, administrador da Santa Casa fala sobre diagnóstico e os cuidados com a doença
Até o final da tarde de domingo, o boletim epidemiológico da Prefeitura de Bagé registrava 24 casos confirmados de infecção por coronavírus (Covid-19), 34 suspeitos, 52 negativos e nove recuperados. Entre aqueles que batalharam contra o vírus está Raul Vallandro, 58 anos. Administrador da Santa Casa de Caridade de Bagé, ele foi um dos primeiros confirmados na região, junto ao médico Jorge Moussa, ainda na segunda quinzena de março. Vallandro conta que os primeiros sintomas surgiram no domingo anterior à confirmação, com dores no corpo. Durante a madrugada para segunda-feira, começou a apresentar febre e, também, teve um episódio isolado de diarreia, um dos sintomas da infecção pelo vírus. “Passei a noite inteira com febre. Tomava antitérmico, a febre baixava um pouco, mas não cedia. Na segunda fui medicado no hospital, tive material coletado para o exame e fui para casa, encaminhado para isolamento”, recorda. O administrador relata que não desconfiava que fosse coronavírus, já que, no caso dele, os sintomas foram brandos, como uma gripe forte. A partir de terça-feira, não sentiu mais nenhum sintoma. As dores passaram e a febre cedeu. Mesmo assim, manteve o isolamento, conforme orientado. Na quinta-feira, recebeu o resultado do exame, positivado para infecção do covid-19. “A partir daí fiquei apreensivo, porque não estava sentindo mais nada, mas não sabia se poderia haver alguma complicação respiratória séria mais adiante. Nesse momento, passa uma série de coisas pela cabeça”, destaca. Como a família do administrador reside em Porto Alegre, para onde Vallandro se encaminha a cada duas semanas, o isolamento foi facilitado, já que não divide o apartamento com ninguém. Para garantir que o isolamento se tornasse o mais próximo do normal possível, ele seguiu trabalhando de casa e manteve uma rotina de exercícios liberados pela médica. “Ficar todo esse período sozinho, fechado em casa, não é fácil, tem que ter controle psicológico e mental. Mas o tempo inteiro trabalhei em home office e isso foi muito importante. E a ginástica em casa me ajudou a desestressar”, recorda. Como os sintomas desapareceram logo, Vallandro suspendeu os remédios para febre e dores que sentia. Mas, para ele, a rápida recuperação deve-se aos hábi-
ARQUIVO PESSOAL
Após superar sintomas, Vallandro retomou atividades
tos saudáveis diários, com alimentação equilibrada e exercícios físicos, que garantiram uma boa imunidade. “Para mim, foi uma gripe com sintomas fortes, mas que passou rápido com ajuda dos medicamentos”, frisa. Após duas semanas de isolamento, o administrador refez o exame PCR, que detecta a produção de anticorpos para combate da doença, e foi considerado recuperado. “Com o resultado negativo, fui liberado para voltar ao hospital para trabalhar. Não sinto mais nada, sigo trabalhando e levando a vida normal”, destaca Contudo, Vallandro destaca a importância dos cuidados das pessoas em relação ao vírus, para evitar contágio e, em caso positivo de infecção, manter os cuidados necessários, como o isolamento total, alimentação adequada, ingestão de muito líquido, além de seguir as orientações médicas. “Tudo isso para que as pessoas possam se recuperar do vírus e o enfrentem como uma gripe, sem maiores complicações”, finaliza. De acordo com os dados informados pela coordenadora do Centro de Operações de Emergência (COE), Flávia Marzola, os nove recuperados têm idades entre 30 e 60 anos, apresentaram quadro estável e atuam como profissionais liberais, funcionários públicos e membros da área da saúde.
Fogo Cruzado
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AGU manifesta posição pela improcedência de ação que busca restabelecer plebiscito para privatizações
@sidimarrostan sidimar_frostan@hotmail.com
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Sidimar Rostan
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Medida provisória que assegura valor de repasse do FPM beneficia cidades da região
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Candiota abriga principal mina de carvão da CRM, empresa que integra pauta de privatizações
A Advocacia-Geral da União (AGU) manifestou posição pela improcedência da Ação Direta de Inconstitucionalidade, proposta ao Supremo Tribunal Federal (STF), pelas direções nacionais do PT, do PSol e do PCdoB, para anular a emenda constitucional que retirou a exigência de plebiscito para a privatização da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), que tem gerência em Bagé, da Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul (Sulgás) e da Companhia Riograndense de Mineração (CRM), que possui mina de carvão em Candiota. A emenda que alterou o artigo 22 da Constituição foi promulgada no primeiro semestre do ano, após aprovação da Assembleia Legislativa. PT, PSol e PCdoB argumentam que a mudança, proposta pelo governo do Estado, feriu um
direito fundamental, garantido quando o plebiscito foi inserido na legislação, após as privatizações realizadas no final da década de 1990. Na petição apresentada ao STF, os partidos argumentam que ‘a concretização da garantia do plebiscito prévio, insculpida no § 4º do art. 22 da Constituição do Estado do Rio Grande do Sul, resultou de construção histórica lapidada a partir de impactos sensíveis decorrentes do processo de privatização instaurado no final dos anos 90, bem como diante da relevância da questão’. Os partidos observam, ainda, que ‘a supressão da garantia (do plebiscito) através da Emenda Constitucional 77/2019, elimina completamente a garantia de exercício de consulta popular, não apenas promovendo a retomada de
uma parcela de poder que se encontrava assegurada à soberania popular, mas promovendo efetivo retrocesso no processo de crescente participação democrática nas decisões relevantes da sociedade’. Para a AGU, a alteração na legislação foi editada ‘no adequado exercício do poder constituinte estadual e em atendimento ao interesse público de aperfeiçoar a estrutura da administração pública daquele ente federado, não havendo, como demonstrado, razão capaz de justificar a intervenção judicial’. O processo está em vista com a Procuradoria-Geral do Estado do Rio Grande do Sul (PGE-RS). A posição da AGU, que foi solicitada pelo relator da matéria, ministro Ricardo Lewandowski, em fevereiro, não representa o arquivamento da ação. Na prática, o STF ainda avalia a matéria.
Prefeitura de Dom Pedrito retoma atividades com restrições de atendimento Os serviços da Prefeitura de Dom Pedrito serão retomados na segunda-feira, com a volta do expediente em horário normal de cada setor. Para conter a transmissão do coronavírus (Covid-19), o atendimento ao público não será realizado, exceto os serviços de saúde e de assistência social, considerados essenciais. Os atendimentos se darão através de telefones e e-mails de cada setor. Nos setores em que diversos funcionários dividem o mesmo espaço, a retomada do fluxo se dará através de normativa interna de cada secretaria e da Procuradoria Jurídica, sendo repassada aos servidores pelos diretores de departamento e chefes de setor, observan-
do as medidas de proteção. A intenção é evitar a aglomeração, respeitando o distanciamento mínimo necessário. Os servidores com mais de 60 anos e as gestantes vão trabalhar em regime de teletrabalho. Não existindo a possibilidade de desempenhar suas funções dessa forma, estes servidores devem ficar à disposição durante o período de expediente, sugerindo-se que fiquem designados para atender ao público através de contato telefônico ou por meios eletrônicos. Servidores com menos de 60 anos, que fazem parte do grupo de risco, deverão comprovar a condição, apresentando laudo médico ou receituário atualizados, considera-
dos os emitidos nos últimos 90 dias. Os secretários, diretores de departamento e chefes de setor devem afastar, imediatamente, todo e qualquer servidor que apresentar sintomas de Covid-19 para isolamento domiciliar em regime de quarentena por 15 dias. As reuniões de trabalho de interesse da administração municipal deverão, preferencialmente, ser realizadas através de meios eletrônicos e, na impossibilidade, em local amplo, respeitando o distanciamento interpessoal. A utilização do ponto eletrônico na modalidade de biometria será dispensada, devendo a apuração de efetividade ser realizada por outro meio eficaz e supervisionado pelo chefe imediato.
Entre as prefeituras da região, Bagé recebe as maiores parcelas
Entre as prefeituras da região, Bagé recebe as maiores parcelas
Publicada na semana passada, a medida provisória que estabelece a prestação de apoio financeiro pela União aos entes federativos deve mitigar as dificuldades financeiras decorrentes do estado de calamidade pública decretado pelas prefeituras, para conter a disseminação do coronavírus (Covid-19). Aceguá, Bagé, Candiota e Hulha Negra serão beneficiadas pela manutenção de valores do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Com a medida, a União assume o compromisso de prestar apoio financeiro por meio da entrega do valor correspondente à variação nominal negativa entre os valores creditados a título do FPM, de março a junho do exercício de 2020, em relação ao mesmo período de 2019, anteriormente à incidência de descontos de qualquer natureza. Na prática, as prefeituras receberão os mesmos valores transferidos no ano passado. O valor do apoio financeiro será de até R$ 4 bilhões por mês, totalizando até R$ 16 bilhões no período. O FPM é composto de 22,5% da arrecadação do Im-
posto de Renda (IR) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Como as restrições ao comércio, impostas por centenas de prefeituras, reduzem a atividade industrial, a receita do IPI, principalmente, deve ser reduzida. Garantida no mesmo patamar do ano passado, independente da variação negativa, estimada em 6,47%, em março, pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), a distribuição dos recursos aos municípios é feita de acordo com o número de habitantes, onde são fixadas faixas populacionais, cabendo a cada cidade um coeficiente. Entre as prefeituras da região, Bagé recebe as maiores parcelas. No ano passado, a prefeitura recebeu R$ 2.880.895,27 em março, R$ 2.810.630,44 em abril, R$ 3.606.954,41 em maio, e R$ 2.841.190,08 em junho. Aceguá, Candiota e Hulha Negra receberam parcelas de R$ 508.393,30 em março, R$ 495.993,62 em abril, R$ 636.521,36 em maio e R$ 501.386,51 em junho do ano passado. Por conta da medida provisória, os valores serão mantidos em 2020.
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Com casos registrados em Bagé, pandemias de coronavírus e H1N1 mantêm semelhanças nas ações de contenção O mês de abril começou tenso, com uma escalada na contagem de infectados e óbitos, em todo o mundo. Como consequência, a população, receosa, passa a recorrer ao álcool em gel e máscaras, convivendo com cuidados sanitários na tentativa de frear o número de transmissões. Poderia ser abril de 2020, com o atual panorama ocasionado pelo novo coronavírus (Covid-19). Contudo, a descrição também se enquadra à cena vivenciada há 11 anos, em 2009, quando o vírus H1N1, ou gripe suína, se espalhou pelo globo terrestre, registrando dezenas de casos em Bagé. Em abril daquele ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou pandemia mundial. Os primeiros casos foram registrados no México, em março de 2009. Em maio, o vírus chegou ao Brasil. Durante a primeira onda do surto, foram re-
gistrados cerca de 60 mil casos no país, com mais de duas mil mortes. Nos últimos 10 anos, foram registrados sete mil óbitos relacionados à doença, que se tornou sazonal, mas com possibilidade de prevenção através das campanhas de vacinação. O vírus também chegou a Bagé. Em 2009, foram registrados 69 casos de contaminação por H1N1 na cidade. Deste total, 33 infectados eram do sexo masculino e 36 do feminino. As informações, fornecidas pelo Ministério da Saúde, indicam que a faixa etária mais afetada pela doença, naquele ano, foi de 20 a 29 anos, com 12 contaminados. Em seguida, menores de dois anos, de 10 a 19 anos, e maiores de 60, apresentaram dez casos, cada faixa etária. Também é possível precisar que o pico da doença aconteceu em agosto, com 32 ocorrências. Nos meses anteriores, junho e julho,
TIAGO ROLIM DE MOURA
Atualmente, números maiores de contaminados e óbitos em decorrência de H1N1 podem ser evitados a partir da vacinação adequada
foram registrados oito e 14 casos, respectivamente. Em 2009,
foi registrado apenas um óbito de um paciente que não chegou
a tempo de receber o tratamento adequado.
não prevemos necessidade de leitos, como agora. Tivemos uma melhor logística quando iniciamos o ambulatório da gripe, porque conseguimos triar os casos, trabalhar com protocolo. As pessoas não esperavam tanto, tinham um ponto de referência, conseguíamos ter a revisão de 48 horas e acesso imediato ao Tamiflu (medicamento que apresentou alta eficácia no combate ao ví-
rus)”, recorda. A efetividade do modelo e das ações adotadas contra o vírus em 2009 podem ser sentidas pela redução no número de casos registrados na cidade em 2010. Já sabendo o que enfrentariam, e com a estrutura adaptada para atender à demanda, os órgãos de saúde registraram apenas 11 casos de contaminação por H1N1 no ano seguinte ao início da pandemia, sem nenhum óbito vinculado à doença. Diferente do atual cenário, em que o principal grupo de risco para o Covid-19 é composto por idosos, a pneumologista recorda que o H1N1, naquela época, era mais agressivo, principalmente, entre gestantes e crianças. “O vírus podia ocasionar situações de casos graves em pacientes sem patologias prévias”, explica. A médica ressalta que a abertura de um ambulatório específico para o tratamento da doença realmente fez diferença nos índices registrados na Rainha da Fronteira. “Era necessário que o tratamento iniciasse imediatamente após o diagnóstico. Assim, não tivemos óbitos nos pacientes acompanhados”, comemora. Durante a época crítica, os profissionais da saúde chegavam a trabalhar das 7h às 2h, todos os
dias da semana. “Não havia Facebook e Instagram. Hoje, tudo que é feito repercute nas mídias sociais e há necessidade de informações e relatórios diários”, aponta. Comparando os dois cenários, Flávia analisa que há muitos pontos que foram efetivos em 2009 e que estão sendo aplicados em 2020 com sucesso, como a separação do atendimento de queixas respiratórias de outras patologias, através das barracas de triagem instaladas em frente às unidades de saúde; o monitoramento de casos; o andar específico no hospital para os casos positivados a fim de diminuir a circulação. “Como estamos sabendo dos problemas dos países que enfrentaram o vírus antes, tivemos condições de fazer uma preparação mínima, prevendo maior necessidade de leitos, ventiladores, suporte de UTI”, analisa. Mesmo com os preparativos, a pneumologista não descarta os fatores-surpresas que poderão ocorrer e fugir ao esquema organizado anteriormente pelas equipes da saúde.” É claro que existirão fatores que irão nos surpreender, mas já conseguimos pensar no modelo de assistência antes debatermos os casos”, adianta ela.
Experiência na linha de frente A atual coordenadora do Centro de Operações de Emergência (COE), que comanda as ações de combate ao coronavírus (Covid-19), médica pneumologista da 7ª Coordenadoria Regional de Saúde, Flávia Marzola, também atuou na linha de frente contra o H1N1. Ela relembra que o óbito registrado na cidade foi de um paciente que não buscou tratamento antes da situação se
agravar. “O caso foi de um paciente que chegou (ao hospital) e foi a óbito. Não deu tempo de fazer exames, mas como se tratava de pneumonia, ficou por vínculo (associado ao vírus)”, explica. A médica relembra e compara as situações vivenciadas pelos órgãos de saúde em 2009 e 2020, diante de uma pandemia. “Em 2009, era tudo novo. Não tivemos uma organização prévia,
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Assim como o surto de coronavírus, a gripe suína, ou H1N1, também provocou uma corrida por álcool em gel
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Parte estrutural do Hospital de Campanha já está finalizada
A montagem das estruturas do Hospital de Campanha, adaptado no Ginásio Corujão em uma parceria entre Urcamp, Prefeitura de Bagé e Hospital Universitário (HU) Doutor Mário Araújo, mantido pela Fundação Attila Taborda (Fat-Urcamp), foi finalizada no sábado. O espaço já está pronto para receber a mobília e equipamentos que irão garantir a internação de 50 pacientes durante o pico de contaminação do coronavírus. Na tarde de sábado, o secretário municipal da Saúde, Mário Mena Kalil, esteve no local junto ao prefeito, Divaldo Lara, do PTB, para averiguar os últimos preparativos do espaço. A estrutura, com barracas cedidas pelo Exército Brasileiro, foi montada em menos de uma semana. Assim, toda a parte estrutural do Hospital de Campanha fica pronta para entrar em operação. Kalil explica que, por enquanto, como não há uma demanda elevada por leitos no hospital, a estrutura permanecerá fechada. Assim que os 70 leitos da instituição de Saúde forem preenchidos, o Hospital de Campanha deve abrir as portas para receber a demanda e desafogar os demais. A previsão, de acordo com o titular da pasta de Saúde, é que o pico ocorra em duas ou três semanas. Além da demanda originada pela contaminação do coronavírus, as instituições de saúde também devem enfrentar a epidemia de H1N1, que se tornou sazonal e reaparece anualmente quando as temperaturas começam a baixar. Somando isso às internações e atendimentos por outras patologias, os hospitais podem enfrentar um período turbulento na hora de atender os bajeenses e moradores da região. Por isso o hospital de campanha funciona como uma retaguarda, atendendo as demandas mais simples, mas que requerem internação. “O pico deve acontecer em até três semanas. Para que o hospital não fique aberto, ocioso e com funcionários parados, vamos deixar o fluxo começar para depois disparar o gatilho”, explica ele. Kalil destaca que a abertura do hospital só foi possível graças aos esforços e parcerias firmadas, além da solidariedade da comunidade, que doou camas e colchões, além de roupas de cama e banho para a unidade. Ainda são necessários alguns itens, como dispensador de álcool em gel, lixeiras e mais lençóis. Uma lista com os itens ainda em falta deve ser divulgada nesta semana para que os bajeenses possam contribuir. “O que diminuirmos de custo aqui, podemos investir em outra área”, aponta o secretário. O Hospital de Campanha será composto de 50 leitos, instalados em quartos duplos, com piso lavável e estruturas sanitárias e de higienização adequadas a uma unidade de saúde. Quando confirmou a cedência da estrutura do Campus Esportivo, o Corujão, para a instalação do Hospital de Campanha, a presidente da Fat e reitora da Urcamp, Lia Maria Herzer Quintana, havia destacado a meta da Fundação, e sua instituições mantidas (HU, Urcamp, Casa da Menina, Jornal Minuano, Museu Dom Diogo de Souza e Museu da Gravura Brasileira) em contribuir de forma a garantir que Bagé supere o surto global causado pelo coronavírus. “Simplesmente estamos cumprindo com o nosso dever para superarmos essa pandemia. É o momento de unir forças, inclusive as instituições, para vencermos. Não podemos, todos, deixar de fazer a nossa parte”, frisou na oportunidade.
Os 50 leitos serão divididos em quartos duplos
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Apatur e Sebrae divulgam resultado de pesquisa sobre o impacto da Covid-19 no turismo do Pampa Gaúcho O setor de Turismo é considerado um dos mais impactados pela crise econômica decorrente da pandemia do coronavírus, de acordo com a WTTC (Conselho Mundial de Viagens e Turismo). Hotéis e pousadas vazios, equipamentos turísticos sem funcionamento, agências de turismo tendo que lidar com cancelamentos e, na melhor das hipóteses, remarcações de viagens. O fluxo turístico nas cidades foi suspenso e não se sabe quando irá normalizar. Diante desse cenário, a Instância de Governança Regional de Turismo do Pampa Gaúcho – Apatur, em parceria com o Sebrae/RS, realizou uma pesquisa virtual para ava-
liar o Impacto do Covid-19 no turismo do Pampa Gaúcho. A pesquisa foi disponibilizada no período de 26 de março a 1º de abril de 2020 e contou com a participação de 75 empresas do setor de turismo, nos segmentos de meios de hospedagem, gastronomia e prestadores de serviços turísticos. Conforme a direção da Apatur, o objetivo do estudo é compreender a situação atual das empresas do setor de turismo na região, frente ao contexto gerado pelo coronavírus; mapear o perfil dos negócios; identificar as principais fragilidades do setor; e obter um diagnóstico que permita monitorar a situação e buscar soluções assertivas, na forma de cooperação.
Resultado O resultado demonstra que o setor está sendo altamente impactado, com 57,3% das empresas sem funcionamento e 41,3% operando parcialmente. O perfil das empresas participantes da pesquisa foi analisado de acordo com o seu ramo de atuação, sendo 50,7% do ramo de alimentação, 22,7% são prestadores de serviços turísticos, 14,7% são meios de hospedagem e 12% são empreendimentos turísticos. Em relação as equipes de colaboradores, 65,4% das empresas conta com até 10 colaboradores; 20% sem colaboradores e 14,6% acima de 20 colaboradores. Os principais desafios enfrentados por estes empresários durante a quarentena, com a suspensão do funcionamento tradicional do comércio e serviços, tem sido referentes a manutenção do fluxo de caixa (73,3%), geração de novas fontes de receita (54,7%), pagamento dos cola-
boradores (53,3%) e dos fornecedores (34,7%), o que denota fragilidades em gestão dos negócios e planejamento financeiro, de acordo com o SEBRAE/RS. Outro desafio que se destaca no resultado da pesquisa diz respeito a gestão das equipes, constata-se que 27% não tem colaboradores, 21% não tem definido a estratégia em relação a equipe e 52% já tem definidas as ações, para esse momento de crise. Dentre as estratégias adotadas, 46% empresas optou por dispensar ou demitir funcionários, 31% das empresas por manter os postos de trabalhos e outros 23% por dar férias coletivas. Outros dados relevantes que demonstram claramente o impacto da crise no setor de turismo são referentes a previsão de faturamento das empresas neste período e a sua expectativa de sobrevida frente a manutenção desse cenário. Das empresas
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Para minimizar os prejuízos, 73,3% das empresas adotou como estratégia realizar ações de marketing digital
Marcado pela produção primária, setor projeta necessidade de estabelecer uma rede de cooperação e ampliar as ações de qualificação
que participaram da pesquisa, 62,6% indicou uma provável redução de 75% ou mais no seu faturamento mensal, enquanto outros 33,3% terão redução de até 50%. A estimativa em relação ao tempo de sobrevida é de até 30 dias em 47,9% das empresas, de até 60 dias em 25,3% das empresas e de 90 dias ou mais em 26,6% das empresas. A pesquisa aponta que, para minimizar os impactos e prejuízos, 73,3% das empresas adotou como estratégia realizar ações de marketing digital, utilizando as redes sociais para manter seus clientes engajados. Além disso, 30,7% das empresas estão buscando parcerias com outras empresas do setor; 30,7% estão apostando nas vendas online e no delivery. Ainda, 25,3% apostam na criação de novos produtos ou serviços e 22,7% das empresas está buscando negociação com seus fornecedores.
Por fim, cabe destacar que 80% das 75 empresas que participaram da pesquisa tem interesse em cooperar e trabalhar colaborativamente pelo setor. E, ainda, que 45,3% das empresas conta com apoio especializado, através de consultorias e instrutórias. Em parte, atribui-se este dado a
presença do SEBRAE e ao apoio que vem sendo dado pela instituição as pequenas empresas do setor de turismo da região, decorrente do Programa LÍDER, através do projeto Caminhos do Pampa Gaúcho, que visa promover o desenvolvimento turístico regional do Pampa Gaúcho.
Redes de Cooperação Frente a este resultado e ao atual cenário, onde ainda não há previsão de retomada do fluxo turístico, a Apatur destaca a necessidade de estabelecer uma rede de cooperação e ampliar as ações de qualificação com foco na atuação junto as empresas, como as realizadas pelo Sebrae e Sistema S, e fortalecer a interação do setor com os turistas, por meio dos canais digitais, com ações de posicionamento e marketing turístico. Para estimular o fluxo turístico no período pós-crise, é pre-
ciso desenvolver novos roteiros e serviços turísticos na região. A Apatur ainda ressalta ainda a importância da articulação política das entidades, instituições e governos para viabilizar medidas que assegurem a sobrevida e recuperação das empresas do turismo, como acesso a linhas especiais de crédito; auxílio governamental para pagamento da folha salarial dos colaboradores; prorrogação ou isenção de impostos e contas básicas (aluguel, luz, água, esgoto, outras) durante esse período.
Segurança
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Força Nacional garante a segurança de presídio e auxilia na orientação da população e distribuição de alimentos Desde quinta-feira passada, a Força de Cooperação Penitenciária do Departamento Penitenciário Nacional está em Bagé com 31 agentes, que desde então, desenvolveram diversos trabalhos, além de atuar na segurança do Presídio Regional. O coordenador institucional da Força de Cooperação, Claudevan Costa, destaca qye a atuação dos agentes são em diversas ações de segurança e orientação. “Temos a equipe tática, que atua na área externa do Presídio Regional de Bagé, onde é a nossa base. Não trabalhamos internamente, somente intervirmos se precisar, em caso de motins, para garantir a integridade física dos apenados e servidores da Susepe”, comentou. Costa também destacou que, além dessa atuação, a guarnição já realizou trabalho de orientação da população no centro e na periferia de
Bagé, auxiliando a Vigilância em Saúde e a Brigada Militar no toque de recolher. “Estamos trabalhando na prevenção, para minimizar a contaminação pelo Covid-19. Conversamos com a comunidade, orientando o isolamento social”, exemplificou ao mencionar que o trabalho de forma cooperativa deve ter sequência. Na manhã de sábado, a Força-Tarefa trabalhou em conjunto com a Defesa Civil, quando ajudou na distribuição de cestas básicas para cidadãos em vulnerabilidade social. “Pedimos que a comunidade obedeça. Aconselhamos sobre o isolamento social, por ser a medida de prevenção mais correta. Neste momento, tenhamos esperança, não deixemos o pavor e vamos atravessar essa situação. Estamos aqui para auxiliar”, complementou. O policial penal federal ainda
Óbitos ZOLI SALDANHA ALVEZ MUNHOZ, 80 anos, técnico em eletrônica aposentado, casado com Maria Pedrolina Soares Munhoz. Residia na rua Marcílio Dias, bairro São João. Deixa o filho Luis Paulo.
disse que outras unidades penitenciárias da região serão visitadas. Ele,
por exemplo, esteve, no domingo, em Santana do Livramento, com
uma guarnição, realizando uma avaliação da estrutura local. DIVULGAÇÃO
Agentes acompanharam Defesa Civil na entrega de cestas básicas
Manutenção da disciplina O titular da 6ª Delegacia Regional Penitenciária, delegado penitenciário Ricardo Morais, destaca que os agentes vieram para autuar em Bagé e auxiliar na região, que é composta por 11 municípios: Bagé, Dom Pedrito, Lavras do Sul, São Gabriel, Rosário do Sul, Santana do Livramento, Alegrete,
Quaraí, Uruguaiana, São Borja e Itaqui. “Ontem (sábado) 12 homens deslocaram para Dom Pedrito, onde passaram o dia todo, retornando à noite para Bagé. Hoje (domingo) os mesmos 12 homens estão em Livramento, pois, no domingo passado, houve uma rebelião”, destacou.
Morais também alerta informando que cancelamento das visitas foi prorrogado até o dia 21 de abril. “Sendo assim, o Presídio, estando sobre controle, tranquiliza a comunidade de Bagé e também os familiares dos apenados”, concluiu. O PRB, segundo ele, na atualidade, conta com 630 presos.
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Contracapa
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Morre Belchior Silva Dias, produtor CBF isenta clubes de taxas rural e ex-presidente do Guarany de registro e transferência Em nota oficial, a direção do Guarany destacou a importância do ex-mandatário na história dos 112 anos do clube. “A importância do ex-presidente é tanta que a sede do clube no estádio Estrela D´alva leva o nome de Belchior Silva Dias. Desejamos que a família tenha força para superar este momento da ausência, mas reforçar a importância de Belchior, não só para o clube, mas para toda sociedade bajeense”, finaliza.
Alvirrubro também teve atuação destacada na pecuária
Vasco pode ter redução de receitas O presidente do Vasco, Alexandre Campello, abriu o jogo sobre o as medidas que o clube vem tomando em relação à pandemia do novo coronavírus (covid-19) e à preparação para o restante da temporada de 2020. As informações são da Agência Brasil. Atletas e funcionários ganharam férias até o dia 20 de abril, porém o retorno às atividades vai depender de como estará a propagação da covid-19. Se a paralisação entrar no mês de maio, Campello prevê dificuldades financeiras para o Gigante da Colina. “Se o futebol voltar a partir de maio, nós temos a possibilidade de cumprir com todo o calendário do futebol até o final do ano entendendo que, em função das férias, as atividades vão avançar pelo mês de dezembro até próximo do Natal. Se, por outro lado, essa paralisação permanecer nos meses de junho ou julho, isso provavelmente trará um impacto muito grande nas competições com a possibilidade real de perda de receitas”.
O presidente do Vasco explicou quais seriam as medidas para tentar diminuir o prejuízo financeiro do clube. “Uma das possibilidades é trabalhar com a redução dos vencimentos, quer seja de atleta, quer seja da comissão técnica. Nós estamos trabalhando junto ao poder público com a suspensão de pagamentos de tributos e de obrigações. Junto às entidades bancárias pedindo a prorrogação dos prazos, renegociando uma série de compromissos e estamos tentando buscar receitas alternativas. Esse é o trabalho que tem sido feito no sentido de minimizar o efeito econômico e esportivo dessa epidemia, mas, certamente, algumas decisões só poderão ser tomadas a partir do momento em que ficar definido a volta das atividades”. Outra medida vai mudar drasticamente o dia a dia do Vasco. O clube deixará de treinar no CT do Almirante e vai voltar a fazer as atividades em São Januário. O centro de treinamento em Vargem Pequena, na zona oeste do Rio de Janeiro,
alguns clubes que estavam com salários atrasados estão se aproveitando do argumento de que o coronavírus gerou um abalo econômica para não apresentar uma previsão para honrar os compromissos que já estão pendente. E por conta disso, alguns jogadores que se encaixam nesse tipo de situação se recusam a ter seus salários comprometidos. é alugado e, com isso, Alexandre Campello espera reduzir custos e investir no novo CT próprio do clube. A expectativa de Alexandre Campello é inaugurar o novo CT entre o fim de junho e início de julho. Assim, o futebol do Vasco ficaria afastado da parte administrativa, em São Januário. Isso significa mais paz para o técnico Ramon Menezes comandar a equipe em um ano de eleições do Cruzmaltino. Sobre a escolha do novo treinador, Alexandre Campello justificou que há incerteza em trazer alguém de fora, uma vez que, segundo o presidente, nem todo técnico estrangeiro deu certo no Brasil. Além disso, não gostaria de contratar um brasileiro que não tenha nome “de peso”. Campello elogiou Ramon, lembrou que é muito estudioso, atualizado, conhece profundamente o Vasco e vem demonstrando sua capacidade dentro do clube como auxiliar-técnico. Com informações da Agência Brasil
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), em atenção aos impactos provocados pela paralisação do futebol em decorrência da pandemia do coronavírus, definiu por isentar todos os clubes das taxas relativas ao registro de contratos e à transferência de jogadores. A determinação já está valendo desde sexta-feira, por tempo indeterminado. A estimativa é que isso gere uma economia de R$ 1,3 milhão por mês aos clubes brasileiros. A medida inclui isenção de valores relativos ao registro de contratos definitivos, de contratos de empréstimo, de renovação, prorrogação ou rescisão
contratual, além das transferências de atletas. Dentre as preocupações com a parada, o gasto com os trâmites burocráticos da CBF era algo que deixava os clubes sob alerta. No Rio Grande do Sul, a preocupação é ainda maior, no que se refere aos rumos que serão destinados para as equipes do interior. No caso do Gauchão, o campeonato está suspenso por tempo indeterminado. Porém, a Federação Gaúcha de Futebol (FGF) agendou para o dia 20, uma reunião, por meio de videoconferência, com os dirigentes dos 12 clubes. A ideia é chegar a um consenso quanto ao desfecho da competição.
A incógnita chamada Divisão de Acesso MARCELO RIBEIRO/CADERNO7/ESPECIAL JM
Algumas equipes adotaram o corte dos direitos de imagens
informal” e, por conta disso, não iria ferir à Constituição Federal. Entretanto, em meio a essa alternativa que os dirigentes acharam, há quem acuse alguns “cartolas” de agirem com oportunismo em meio à pandemia. A maioria das alegações é proveniente dos sindicatos representam a categoria dos atletas. O argumento da classe é que
Estimativa é de uma economia de R$ 1,3 milhão por mês JEFERSON GUAREZE/CBF
JEFERSON GUAREZE/CBF
A polêmica da redução salarial dos jogadores brasileiros Sem um prazo efetivo para o retorno do futebol brasileiro (e internacional), os clubes são obrigados a remanejar suas finanças, tanto nas receitas quanto nas despesas. Consequentemente, as previsões orçamentárias para 2020 estão em cheque, visto que as competições estão atreladas aos contratos televisivos, principal fonte de receita dos clubes do primeiro escalão do país. Leia-se as séries A e B do Brasileirão. No quesito salarial, vários clubes de ponta tomaram medidas sobre isso. Em virtude da Constituição Federal vedar a possibilidade de redução salarial, os clubes tomaram outra medida: estão pagando somente o valor acordado na Carteira de Trabalho. Acontece que, várias equipes do Brasileirão acertam com os jogadores uma média de 60% dos salários vinculados à Carteira de Trabalho e outros 40% com direitos de imagem. O segundo caso, então, é interpretado pelos dirigentes como um “pagamento
LUCAS FIGUEIREDO/CBF
DIVULGAÇÃO
A Rainha da Fronteira perdeu, na sexta-feira, o produtor rural e ex-presidente do Guarany, Belchior Silva Dias, 81 anos. Destacado pecuarista, Belchior foi mandatário do clube nos anos de 1978 e 1979, com atuação relevante, também, em outras temporadas como dirigente em outras áreas do clube. Mesmo afastado do quadro diretivo nos últimos anos, nunca deixou de ajudar o clube de alguma forma, e sempre que solicitado, estava presente.
Possibilidade é da competição ser retomada no segundo semestre
A Divisão de Acesso do Campeonato Gaúcho ainda é uma incógnita. Paralisada somente com três rodadas realizadas (entre 14 que estão previstas para a primeira fase), a competição pode retornar no segundo semestre, mais precisamente entre agosto e setembro. A facilidade para encaixá-la no calendário tem como justificativa o fato de nenhum dos times estar classificado para alguma divisão nacional. Entretanto, o impasse para colocar essa ideia na prática diz respeito ao que será feito com os contratos dos jogadores e comissões técnicas, que estão em vigor até junho. Ainda não existe posições sobre questionamentos dos clubes. Se o campeonato for transfe-
rido para o segundo semestre, por exemplo, os contratos dos atletas serão mantidos e os clubes terão que seguir arcando, financeiramente, até lá? Ou os contratos serão “congelados” até o retorno das competições? E como ficam os atletas e comissão técnica no quesito financeiro? Por isso que há quem defenda que os jogadores devam ser encaminhados para o seguro-desemprego, porém, essa uma discussão que vai fora do ambiente do futebol, que exige a necessidade de uma articulação com o Ministério Público do Trabalho. E há, também, até quem peça o cancelamento da Divisão de Acesso. Ou seja, são mais dúvidas do que respostas para o futebol do interior.