O SÃO PAULO - Caderno Especial edição 2986

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Luciney Martins/O SÃO PAULO

ESPECIAL 460 ANOS | Edição 2986| 21 a 27 de janeiro de 2014

São Paulo, 460 anos de fé


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Especial 460 anos

Arquidiocese surge no século 20 Redação

Em 7 de junho de 1908, a Diocese de São Paulo se tornou Arquidiocese e sede da Província Eclesiástica de São Paulo. O primeiro arcebispo foi dom Duarte Leopoldo e Silva, tendo

sido precedido, no começo do século, ainda na fase de diocese, por dom Antonio de Alvarenga (1899-1903) e dom José de Camargo Barros (1904-1906). Ao longo do tempo, cada arcebispo buscou atender às necessidades pastorais da cidade. (DG)

Dom Duarte Leopoldo e Silva (1908-1938) Criou o Museu de Arte Sacra, o Arquivo Metropolitano (1918) e o Seminário Central do Ipiranga (1934), iniciou as obras da Catedral da Sé (1913) e organizou o 1º Congresso Eucarístico de São Paulo (1915). Também exortou os fiéis à solidariedade diante da epidemia de gripe espanhola, em 1918, e das mortes no levante Tenentista (1924) e na Revolução Constitucionalista (1932). No período, surgiram na cidade o viaduto Santa Ifigênia (1913), a Universidade de São Paulo (1935) e o Aeroporto de Congonhas (1936). Também começaram a operar os primeiros ônibus (década de 1920). A população, que em 1920 era de 579 mil pessoas, ultrapassou a marca de 1,3 milhão, em 1940.

Cidade e Igreja crescem ao longo dos séculos Assim descreveu, em carta aos seus superiores Jesuítas, José de Anchieta, que ainda não era padre: “A 25 de janeiro do ano do Senhor de 1554, celebramos, em paupérrima e estreitíssima casinha, a primeira missa, no dia da conversão do Apóstolo São Paulo e, por

isso, a ele dedicamos nossa casa”. Da “casinha” que os Padres Jesuítas, entre os quais Manuel de Paiva e Manuel da Nóbrega, construíram, surgiu, em 1556, o Colégio de São Paulo de Piratininga (atual Pátio do Colégio), ao redor do qual se formou um povoado, elevado a vila em 1558. Ao longo dos séculos, cidade e Igreja não pararam de crescer.

Reprodução

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Daniel Gomes Redação

Dom José Gaspar d´Afonseca e Silva (1939-1943) Reorganizou os serviços eclesiásticos, criou mais de 40 paróquias e o Amparo Maternal (1939), e coordenou o 4º Congresso Eucarístico Nacional (1942), antes de falecer em um desastre de avião, em 1943. No período, a cidade passou pela remodelação do sistema viário, para expandir vias no centro. Cardeal Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta (1944-1964) O primeiro cardeal da história da Igreja em São Paulo implantou na Arquidiocese as reformas do Concílio Vaticano 2º. Além disso, fundou a PUC-SP (1946), a rádio 9 de Julho e o O SÃO PAULO (1956), idealizou a campanha “Uma paróquia em cada bairro” e inaugurou, ainda sem as torres, a Catedral da Sé (1954). Em 1964, tornou-se o primeiro arcebispo de Aparecida. No período, a indústria era a força econômica da capital, que, com a intensa chegada de migrantes nordestinos, superou a marca de 3,7 milhões de habitantes, em 1960. Dom Agnelo Rossi (1964-1970) Mesmo no auge do regime militar, não se esquivou de questionar os ditadores. Também estimulou o protagonismo dos leigos e deu atenção às comunidades estrangeiras. Em 1966, a Arquidiocese foi dividida em quatro regiões episcopais. Em 1970, dom Agnelo foi designado para chefiar a Congregação para a Evangelização dos Povos. Naquele ano, viviam na capital paulista 5,9 milhões de pessoas. Cardeal dom Paulo Evaristo Arns (1970-1998) Umas de suas primeiras ações foi vender o Palácio Episcopal, utilizando o dinheiro para construir comunidades de base na periferia. “Na Campanha da Fraternidade de 1972, ele convidou os representantes das nove regiões, na época, e colocou o objetivo de criar comunidades, lideranças, e servir ao povo. A grande inovação foi de não querer estruturas ou pensar em uma Igreja instituição, mas numa Igreja povo”, recordou, ao O SÃO PAULO, o padre Ubaldo Steri, primeiro responsável pela Operação Periferia, como ficou conhecida a iniciativa. Dom Paulo enfrentou a repressão do regime militar, que impôs censura ao semanário arquidiocesano e cassou a concessão da rádio 9 de Julho. Em 1972, o Cardeal criou a Comissão Justiça e Paz. Motivou o povo pelas Diretas Já (1983-1984) e a Constituinte de 1988. No período, a cidade passou por significativas mudanças: perdas de indústrias, aumento das atividades do setor de serviços e intensificação das desigualdades sociais. Em 1974, foi inaugurado o metrô e, em 1982, o Terminal Rodoviário do Tietê. Em 1991, 9,6 milhões de pessoas viviam em São Paulo. Cardeal dom Cláudio Hummes (1998-2006) Revisitou a cidade no Seminário da Caridade, incentivando a presença da Igreja junto aos pobres. Articulou o restauro da Catedral da Sé (de 1999 a 2002) e a reabertura da rádio 9 de Julho (1999), e foi o responsável pela organização da cerimônia de canonização da Madre Paulina, em 2002. Nomeado prefeito da Congregação para o Clero, deixou a Arquidiocese em 2006. No período, houve a expansão das linhas de trens às margens do rio Pinheiros e a intensificação de ações governamentais na tentativa de solucionar as mazelas sociais. Em 2000, mais de 10,4 milhões de pessoas viviam em São Paulo. Cardeal dom Odilo Pedro Scherer (desde 2007) Entre seus feitos está a organização da celebração de canonização de Santo Antônio de Sant´Anna Galvão (2007), a condução do Ano Paulino na Arquidiocese (2008-2009), do 1º Congresso Arquidiocesano de Leigos (2010) e da Semana Missionária da JMJ (2013). Lançou as cartas pastorais “Paróquia, torna-te o que tu és” (2011) e “Senhor, aumentai a nossa fé!” (2012). A cidade mantém uma economia centrada no setor de serviços e as mazelas sociais persistem. De acordo com o Censo de 2010, 11,2 milhões de pessoas vivem na capital. Fonte de pesquisa: O SÃO PAULO, sites da Prefeitura de São Paulo e SPTrans, e livro“A Igreja nos quatro séculos de São Paulo”(1955).

Século 17: bandeirantes e a expulsão dos Jesuítas A coroa portuguesa incitou os vassalos de São Paulo a expedições pela colônia, e os bandeirantes foram: primeiro para o aprisionamento de índios ao trabalho escravo,

depois para a descoberta de riquezas minerais. Contrários à captura e escravização dos índios, os Jesuítas foram expulsos em 1640.

Século 18: surge a Diocese de São Paulo Em 1711, o rei dom João 5º elevou a vila a cidade, e começou a se cogitar a criação de um bispado, o que aconteceu em 1745. O primeiro bispo foi dom Bernardo Rodrigues Nogueira (1745-48), seguido, naquele século, por dom Antonio da Madre de Deus (1751-64), dom Manuel da Res-

surreição (1771-89) e dom Mateus Pereira (1795-1824). A cidade manteve-se como entreposto comercial para escoamento da produção da colônia. Em 1774, foi inaugurado o Mosteiro da Luz, construído por frei Antônio de Sant´Anna Galvão, canonizado em 2007.

Século 19: a chegada dos imigrantes Capital da Província desde 1815, a cidade foi palco da proclamação da Independência do Brasil, por dom Pedro 1º, em 1822, às margens do Ipiranga. A iniciativa teve o apoio do bispo dom Mateus Pereira, que foi sucedido, naquele século, por dom Manoel Joaquim Andrade (1827-47), dom Antonio de Mello (1852-61), dom Sebastião do Rego (186268), dom Lino de Carvalho (1873-94) e dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque (189497). No período, houve as inaugurações da Faculdade de Direito (1827), da linha férrea

(1865), da rede de bondes com tração animal (1872), da avenida Paulista (1891) e do Museu do Ipiranga (1895). A expansão da lavoura cafeeira no estado elevou a população na capital, especialmente pela chegada dos imigrantes. O Censo de 1872 indicava 31.385 moradores, o de 1900, 239.820. A Arquidiocese foi criada em 1908, disseminando a presença da Igreja pela cidade, sob o comando de sete arcebispos nos séculos 20 e 21 (veja ao lado)


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Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Para comunicar a Palavra às pessoas de hoje A Igreja em São Paulo e os desafios à evangelização, a partir do olhar de quem vive o dia a dia na metrópole Nayá Fernandes Redação

A Igreja na cidade de São Paulo busca, a cada dia, novas formas de anunciar a Palavra com aquele mesmo espírito do Apóstolo que falou a todos: judeus, gentios, gregos. E ele tem muito a ensinar, pois para alguns estudiosos, Paulo foi um dos únicos, na história da Igreja, a viver a inculturação do Evangelho. Hoje, a comunidade dos fiéis continua o projeto de comunicar às pessoas do seu tempo a mensagem perene da Boa-Nova. Para falar sobre os desafios da evangelização na metrópole, O SÃO PAULO ouviu o jornalista e leigo Paulo Teixeira; a irmã Lizete Soares da Cunha, religiosa da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, e o

padre Antonio Manzatto, professor de teologia na PUC-SP. Lizete acolhe as pessoas que passam pela Casa de Encontros que a Congregação tem no bairro do Ipiranga. Para ela, “o maior desafio é a inculturação, para acolher e compreender expressões culturais peculiares. São Paulo, por ser também um grande polo econômico que foi constituído a partir do fenômeno migratório e, portanto, carrega em seu bojo as contradições das desigualdades sociais. Assim, há muitas pessoas vivendo de forma desumana, abaixo da

linha da pobreza, e esse também é outro grande desafio”. Paulo afirmou que a Igreja na grande cidade tem o desafio de mostrar que também é grande. “Ela precisa mostrar que não é somente o templo, nem só o padre, mas que os católicos formam uma grande comunidade. Acho que é um desafio formar comunidades que acolham e evangelizam. As paróquias devem ser mais do que um grupinho ou uma prestadora de serviços religiosos.” O jovem apontou o desafio de entender que a evangelização se dá além das paróquias.

“Outro dia, uma senhora me disse que, às vezes, é difícil conciliar a vida social com a vida religiosa, mas o ideal é que o fiel leigo paute sua vida pelos valores cristãos e não haja distinção. A coerência é um testemunho que evangeliza”, disse. Padre Antonio Manzatto destacou dois desafios. O primeiro é a realidade da periferia. “Facilmente abandonada e esquecida por todos, sua força é grande e seu dinamismo é imenso. Foi a periferia inventar os ‘rolezinhos’ e o centro imediatamente se preocupou. De lá poderia vir, também,

grande impulso evangelizador atingindo o cerne da cidade.” “Mesmo quando se pergunta se da periferia pode vir algo de bom, é forçoso ver que as grandes transformações acontecem de baixo para cima. E Jesus mesmo rezava dizendo: ‘Eu te louvo Pai porque escondestes estas coisas aos sábios e entendidos e as revelastes aos pequeninos; sim, Pai, porque assim foi do teu agrado’ (Mt 11, 25)”, lembrou. Para o Padre, que atua nas comunidades de base da Brasilândia, zona noroeste da capital, o segundo desafio é o do protagonismo dos leigos. “Em tempos de clericalismo, leigos e leigas são facilmente esquecidos ou então vistos simplesmente como enviados do clero, a quem devem serviço e obediência. A afirmação do sagrado ahistórico apenas aumenta o poder clerical, visto como representante ou controlador do sagrado. O papa Francisco alerta contra este perigo. Privilegiar a formação de leigos e leigas e abrir-lhes espaço de participação na vida e na estrutura eclesial pode trazer renovada força evangelizadora para a Igreja desta cidade grande”, explicou.

São Paulo e os desafios para a evangelização edcarlos bispo de santana

Redação

Quando se fala em Arquidiocese de São Paulo, deve-se ter desenhada a ideia de que essa circunscrição eclesiástica é formada por uma parte da capital paulistana, sendo alguns extremos pertencentes a outras dioceses – Santo Amaro, São Miguel Paulista e Campo Limpo. De acordo com o Secretariado Arquidiocesano de Pastoral, nos dados enviados ao Vaticano no fim de 2012, a Arquidiocese de São Paulo possui mais de 6 milhões de habitantes, dos quais aproximadamente 5 milhões são católicos. Compreen-

de seis regiões episcopais, 300 paróquias, 2 vicariatos episcopais, aproximadamente 40 pastorais, 38 movimentos, 48 novas comunidades, além de outros organismos e entidades. Este é o cenário da Igreja Católica em São Paulo. No seu imenso desafio de evangelizar, o 11º Plano de Pastoral faz um convite a todos os católicos que vivem na metrópole, ser “Testemunha de Jesus Cristo na cidade” e mostrar que “Deus habita esta cidade imensa”, como recorda o arcebispo metropolitano, dom Odilo Pedro Scherer. O coordenador do Secretariado Arquidiocesano de Pastoral, padre Tarcísio Mar-

ques Mesquita, destacou, em entrevista ao O SÃO PAULO, que a palavra “dificuldade” é a mais adequada para definir “os imensos desafios desta grande cidade, com seus abismos sociais, suas imensas periferias povoadas por gente simples que merece uma grande e constante atenção do Poder Público e de todos nós”. “Há desafios pastorais a serem enfrentados no que tange a compreender e se expressar de acordo com a linguagem e o entendimento dos diversos grupos, tribos e movimentos, religiosos ou não, que estão presentes por toda a cidade. Há o desafio não somente das

periferias geográficas, mas as imateriais também”, afirmou o Padre. Para o Sacerdote, na realidade atual da cidade, um dos desafios que se destacam é a compreensão da juventude e atualização dos ensinamentos do Evangelho para sua linguagem e compreensão. “Não basta somente ensinar, mas é preciso reunir, formar comunidade em que os jovens sejam também agentes da evangelização”, afirmou. É preciso lembrar ainda, comenta o coordenador, os idosos e solitários, os presídios da cidade, as casas para menores infratores, o povo de rua, as

pessoas de outra denominação cristã e outras religiões, os sem religião ou ateus, os poucos recursos humanos para evangelizar e os poucos recursos financeiros para investir na formação e liberação de agentes de pastoral para tantos desafios onde a Igreja sempre deve estar presente. “A meu ver, o que se define por desafio acaba se tornando incentivo na promoção de um valor cristão inalienável: servir árdua e generosamente, sem esperar ganhos financeiros, mas prazerosamente em meio de todos como simples servidor, jamais como quem manda e oprime”, conclui padre Tarcísio.


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Especial 460 anos

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Um evento muda a história O encontro com Jesus transformou a vida do apóstolo que soube anunciar o Evangelho nas grandes cidades do seu tempo Nayá Fernandes Redação

São 720 pizzas por minuto para atender a 19 milhões de pessoas da cidade que conta com 160 teatros, a segunda maior frota de helicópteros do mundo e realiza 90 mil eventos por ano, cerca de 1 evento a cada 6 minutos. Os dados do site oficial de turismo da cidade de São Paulo (www.cidadedesaopaulo.com) mostram a grandiosidade da metrópole, que completa 460 anos no dia da Solenidade da Conversão do Apóstolo que lhe deu o nome. No tempo de Paulo ainda não tinha sido inventada a pizza, e ele só teve a experiência de viajar a cavalo, camelo ou de barco. Mas, o Apóstolo, que desejou ir até o centro do Império para ali testemunhar o Evangelho, passou em grandes cida-

des como Corinto, Atenas, Jerusalém e Roma e participou de importantes eventos, até a ponto de comparar sua vida a uma grande corrida. “Combati o bom combate. Completei a carreira. Guardei a fé” (2 Tm 4,7). Mas, o maior evento da vida do Apóstolo foi o encontro com Jesus na estrada de Damasco, como lembrou irmã Zuleica Silvano, biblista e professora na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia e no Serviço de Animação Bíblica em Belo Horizonte (MG). “Um evento marcante da história, que a Igreja sempre faz memória é a experiência de fé que fez o apóstolo Paulo. Experiência essa narrada nos Atos dos Apóstolos (At 9, 1-19; 22, 1-21 e 26, 2-23) e recordada pelo próprio Apóstolo nas cartas aos Gálatas, Filipenses e Coríntios.” Para celebrar a solenidade do dia 25, a Arquidiocese de São Paulo preparou um tríduo que tem como tema principal “São Paulo: Testemunha de vida cristã” e como temas cada um dos três dias: a fé, os frutos da Palavra e a missão dos discípulos missionários de Jesus. Irmã Zuleica explicou que, para Paulo, fé é, antes de tudo, aderir a Jesus Cristo Crucificado e Ressuscitado, o Filho de Deus. “Desse modo, fé é um dom de Deus e uma adesão livre. Adesão celebrada no seio de

uma comunidade, por meio do Batismo. Todo batizado é chamado a ser uma ‘nova criação’, que consiste no processo de configuração a Cristo (Gl 4,19). A palavra configuração, utilizada por Paulo, significa a dinâmica de crescimento do feto no ventre materno, deste modo somos gerados pelo Espírito e, pouco a pouco, assumimos as feições de Cristo.” A Religiosa lembrou que a fé não é separada de uma comunidade e da responsabilidade social e ética (cf. Caritas in Veritate 1-9), que Paulo chama de caridade (1Cor 13), baseada no esvaziamento de Cristo Jesus (Fl 2, 1-11). “Diante dessa certeza, Paulo formou as comunidades do seu tempo, num empenho constante. Hoje, mesmo sabendo que o cenário cultural não é tanto favorável à fé “se faz necessário um empenho eclesial mais convicto, para redescobrir a alegria de crer e de reencontrar o entusiasmo (Porta fidei 7).” “Assim, ao recordarmos o evento da experiência de Paulo, que sejamos capazes de mudar os critérios de discernimento da realidade; de confrontar nossa vida com a vontade de Deus; e nos fortalecer na vivência da comunhão, celebrar a vida e o Mistério Pascal na ação litúrgica e nos inserir no mundo como testemunhas da justiça e da caridade”, destacou irmã Zuleica.

Os 59 anos do jornal O SÃO PAULO PADRE CIDO PEREIRA DIRETOR DO O SÃO PAULO

No dia 25 de janeiro, a Igreja celebra na liturgia a solenidade da Conversão de São Paulo, e a cidade e a Igreja de São Paulo celebram sua fundação e seu patrono. É preciso, porém, lembrar que também faz aniversário de fundação este semanário, o jornal O SÃO PAULO. Ele completa 59 anos. Além de registrar a história da Igreja em São Paulo, este jornal também tem sua história. Na história do jornalismo no Brasil e do jornalismo confessional estão reservadas para o O SÃO PAULO bonitas páginas, que, além de mostrar a missão evangelizadora da Igreja, falam da presença da Igreja na vida da cidade, nas lutas pela redemocratização do Brasil, na árdua tarefa de tornar a cidade mais fraterna, solidária, acolhedora. Uma página importante da história do semanário arquidiocesano foi a sua resistência à censura política nos tempos da ditadura. De maneira firme, o jornal disse não à mordaça, seja mantendo os espaços em branco onde deveriam estar

matérias censuradas e, nesses espaços, a frase “Leia e divulgue O SÃO PAULO”; seja ainda mimeografando as matérias censuradas e enviando-as às paróquias e comunidades. Não contente de tentar calar a voz da Igreja, o regime de força chegou a divulgar uma edição apócrifa colocando na boca de dom Paulo Evaristo Arns um pedido de perdão, como se o “cardeal dos direitos humanos” se arrependesse por arrancar das garras da ditadura os que sonhavam um caminho novo para o Brasil. Jornal O SÃO PAULO! Quem assina este texto, padre Cido Pereira, é um padre cuja matrícula no seminário metropolitano, aos 12 anos, está registrada na primeira edição do jornal em 25 de janeiro de 1956. Hoje, com 43 anos de sacerdócio e 31 anos como repórter, editor e diretor do O SÃO PAULO, ele deixa a direção. Leva consigo, porém, o santo orgulho (orgulho santo a gente pode ter) de ter colaborado para que O SÃO PAULO continuasse sua missão de informar e formar o Povo de Deus, de construir comunhão na Igreja de São Paulo, de contribuir para que cada vez mais Deus habite esta cidade.

Em 1956, na primeira edição do O SÃO PAULO, o então arcebispo, cardeal Motta, afirmava que queria que o jornal enfrentasse a batalha da informação, fosse a “boa imprensa” que a Igreja e a sociedade brasileira precisavam. Naquele momento, chegava ao Brasil a televisão e outros meios de comunicação. A Igreja de São Paulo não perdeu tempo. No mesmo janeiro em que cidade e a Arquidiocese aniversariavam, o semanário O SÃO PAULO começava sua história e a rádio 9 de Julho também. Hoje novos meios se somam a eles. E vamos em frente. A missão da Igreja é evangelizar. Evangelizar é comunicar. E a competência no uso de todos os meios de comunicação permite colher mais frutos ainda da missão. Uma nova direção, com nova disposição, com novas ideias para tornar o jornal mais ansiosamente acolhido e lido pelo Povo de Deus, se apresenta agora. E vamos em frente! Que não faltem à brilhante e jovem equipe do O SÃO PAULO, agora até com novo formato, mais dinâmico, e ao novo diretor, o querido irmão padre Michelino, as bênçãos do grande apóstolo das nações, o incrível comunicador e apóstolo Paulo de Tarso.


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