Especial São José de Anchieta

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especial canonização do padre josé de anchieta ano 59 | Edição 2996 | 3 a 7 de abril de 2014

Óleo sobre tela de Benedito Calixto - Acervo do MP/USP - Foto de Hélio Nobre

mensagem do cardeal

Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer Arcebispo de São Paulo

Mensagem do Arcebispo de São Paulo na Canonização do Padre José de Anchieta Hoje é um dia de festa! Manifesto, em nome da Arquidiocese de São Paulo, profunda gratidão a Deus pela proclamação do bemaventurado Padre José de Anchieta como “santo”! Ad maiorem Dei gloriam – que tudo seja para a maior glória de Deus! Este momento foi longamente esperado por esta Igreja que está em São Paulo. Grande missionário, São José de Anchieta deu o testemunho de uma vida santa, já reconhecido assim enquanto ainda vivia; por isso, logo após o seu falecimento, em 1597, foi aclamado como “Apóstolo do Brasil!” Gratidão ao papa Francisco, conhecedor da história de Anchieta e dos primeiros missionários jesuítas no Brasil, que acolheu benevolamente o pedido da Igreja e, bem depressa, deu o reconhecimento oficial a Anchieta como “santo”. A Igreja, nesta Metrópole, deve seus inícios à obra evangelizadora de Anchieta e de seus companheiros na missão de São Paulo de Piratininga. Dessa missão, também nasceu a própria cidade de São Paulo. São José de Anchieta significa muito para nós, em São Paulo, e nos

sentimos honrados com a sua canonização! Seu exemplo - de jovem entusiasta por Cristo e pelo Evangelho, de homem santo, movido pelo amor a Deus e aos irmãos, de missionário incansável, zeloso na transmissão da alegria do Evangelho, de pacificador respeitoso das culturas dos povos originários do Brasil, de educador, pai dos pobres e enfermos – continue a nos motivar e inspirar na dedicação à missão. Somos continuadores do trabalho por ele iniciado. Que sua intercessão e seu exemplo nos valham sempre! São José de Anchieta, rogai por nós! São Paulo, na canonização de São José de Anchieta.

Odilo Pedro Scherer Arcebispo de São Paulo


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Modelo de vida para os jovens e ícone da evangelização Luciney Martins/O SÃO PAULO

Rafael Alberto

Especial para O SÃO PAULO

Envolvido com o processo de canonização do padre José de Anchieta há 12 anos, o padre César Augusto dos Santos, jesuíta como Anchieta, explicou ao O SÃO PAULO como é a dinâmica de uma canonização em que não há a constatação oficial de um milagre. De Roma, onde também exerce a função de diretor do setor brasileiro da Rádio Vaticano, padre César falou com exclusividade ao jornal sobre detalhes do processo que levará à canonização do Padre Anchieta. Leia a íntegra abaixo: O SÃO PAULO – O papa Francisco vai canonizar o Padre Anchieta sem um milagre oficialmente reconhecido. Como a Igreja procede nessas circunstâncias? Padre César Augusto dos Santos – No início do cristianismo não se exigia milagres para que a Igreja proclamasse alguém santo. Bastava o testemunho de uma vida santa e a grande devoção das pessoas. Também não havia a atual sequência no processo de canonização, em que primeiro se reconhece o candidato como Servo de Deus, depois Venerável, Beato e, por fim, Santo. A comprovação da santidade por milagre, bem como todas as exigências próprias de um processo de canonização foram introduzidas com o tempo para se evitar abusos. No caso de Padre Anchieta existem muitos milagres, até mesmo em vida. Mas não foram devidamente documentados – declarações médicas de mal incurável e de cura inexplicável, comprovação com exames laboratoriais e de imagem. Nas últimas décadas, muitos possíveis milagres ocorridos pela intercessão de Anchieta foram declarados por famílias de “miraculados”, mas faltavam alguns desses documentos. Anchieta foi beatificado pela fama de “milagreiro”. Quando isso foi noticiado, uma família, cuja neta havia sido miraculada, se lembrou de avisar. Realizados todos os procedimentos solicitados pela Santa Sé, o milagre não valeu para o processo de canonização porque havia acontecido antes da beatificação e a norma da Igreja pede que

Minha alma, por que tu te abandonas ao profundo sono? Por que no pesado sono, tão fundo ressonas? Não te move à aflição dessa mãe toda em pranto, Que a morte tão cruel do filho chora tanto? E cujas entranhas sofre e se consome de dor, Ao ver, ali presente, as chagas que ele padece? Em qualquer parte que olha, vê Jesus, Apresentando aos teus olhos cheios de sangue.

Padre César Augusto mostra relíquia de São José de Anchieta

seja após a beatificação. Com o pedido de canonização feito em 2013 pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, cardeal Ângelo Amato, pediu ao postulador da Causa dos Santos da Companhia de Jesus que fizesse o processo não mais voltado para a questão de milagres, mas para o outro aspecto contemplado pela Santa Sé que é a comprovação da amplidão do culto após a beatificação. O SÃO PAULO – E foram encontrados indícios de devoção pública para encaminhar à Santa Sé? Padre César Augusto – Sim, centenas. Na “Positio” – documentação preparada e entregue à Santa Sé, com vistas à canonização –, relatamos ao menos cem. E ficamos impressionados com o que constatamos: Anchieta possui pelo menos 50 devotos e multiplicadores de

sua devoção em cada um dos 26 estados da federação, mais o Distrito Federal, além de igrejas e capelas que levam o seu nome e altares erigidos em sua homenagem. Além disso, se perde o número de instituições educativas, hospitalares, governamentais, meios de comunicação, ruas, monumentos, pessoas que possuem seu nome, em todo o território nacional. A ideia de que Anchieta é reverenciado apenas em São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia não é plausível. Mais. Anchieta é admirado e reconhecido também fora do ambiente religioso. Sua memória está presente em todo o cenário nacional. Portanto, a canonização pode ser pela comprovação de milagres ou pela comprovação da devoção do culto na amplitude de uma nação. O SÃO PAULO – Anchieta é sempre lembrado como historiador, poeta, desbravador...

Como era o religioso? Padre César – Íntimo de Deus e da Virgem Maria. Um homem de fé que não esperava acontecer o que havia pedido a Deus, mas já contava como certo; um homem formado segundo os exercícios espirituais de Santo Inácio de Loyola, ou seja, homem de discernimento e que encontrava Deus em todas as coisas e todas as coisas Nele. Homem sem dicotomia, alegre, feliz, transparente. Toda sua inteligência e saúde colocadas integralmente a serviço de Deus, concretizado no serviço aos menos favorecidos (índios, negros, infância e juventude). Era um grande místico de realizações concretas, o famoso contemplativo na ação! O SÃO PAULO – Porque é importante canonizar o padre José de Anchieta? Quais serão os ganhos da Igreja? Padre César – Canonizar Anchieta será proclamar que Deus continua agindo por meio dos pequenos. Ele, um jovem e adoentado, chegou ao Brasil inóspito, sem facilidades e sem recursos de qualquer espécie, e se tornou um grande luzeiro a ponto de ainda hoje sua luz continuar nos iluminando, sua luz que é reflexo da Luz maior – Jesus Cristo! Canonizar Anchieta será proclamar que nem tudo na chegada dos cristãos ao Novo Mundo foi repleto de erros e maldades, como se costuma afirmar - mas algumas pessoas não só eram bem intencionadas como souberam fazer o bem – Anchieta é o ícone da evangelização em nossas terras! A Igreja coloca aos olhos de todos os homens de nosso tempo, mas especialmente aos olhos dos jovens sacerdotes, religiosos e leigos, um jovem que soube vencer a si mesmo, aos seus limites, tirando de dentro de si toda a força de que precisava para realizar sua missão. Santo jovem porque sua santidade começou a ser demonstrada e provada já ao sair de Coimbra com 18 anos, e vivida no Brasil em seus primeiros dez anos e continuada nos seguintes até morrer com 64 anos. Toda essa longa vida foi a continuação da edificação de uma grande e sólida obra erguida sobre os alicerces construídos na juventude. Ter Anchieta como modelo a ser seguido será um ganho não apenas para a Igreja, mas para os povos do mundo inteiro.


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Com Anchieta, Deus também falou Tupi Jovenal Pereira

textos: Nayá Fernandes fotos: luciney martins

Enviados especiais às cidades do litoral paulista

De carro, pela rodovia Anchieta, sobre o sol e a chuva fortes e nos comunicando pelo celular constantemente, seguimos viagem para visitar os lugares pelos quais São José de Anchieta percorreu, no litoral paulista. Nossos recursos muito diferentes daqueles utilizados pelo Apóstolo do Brasil, nos fizeram ir com mais rapidez que ele, mas, certamente, com menos perspicácia e intensidade. Peruíbe, Itanhaém, Mongaguá, Praia Grande, São Vicente, Cubatão, Santos, Guarujá, Bertioga, São Sebastião, Ilha-

bela, Caraguatatuba e Ubatuba são as cidades do estado de São Paulo que compõe o programa “Caminha São Paulo – passos dos jesuítas”. Não chegamos a todas estas cidades, mas, por aquelas que passamos, vimos o quão importante foi padre Anchieta e o que significa para os moradores, a sua canonização. O Abarebebê (padre voador), como Anchieta era conhecido pelas populações indígenas, deixou marcas profundas por estas terras de tupiniquins. Por meio da arte, da música, da poesia e da sua capacidade pedagógica, ele conseguiu transmitir os valores cristãos católicos nos quais acreditava, inclusive em Tupi, a língua mais falada no Brasil, à época, entre as populações locais. E, se o Tupi já foi a língua mais falada no Brasil, os brasileiros, falantes do português hoje, devem se perguntar o que Luciney Martins/O SÃO PAULO

ainda resta dessas populações que habitavam o nosso País, quando chegaram os colonizadores. Entre eles, os jesuítas, com seus anseios de evangelização. É nesse momento, que nos encontramos com a natureza. Impossível não pensar no encontro entre São José de Anchieta e os índios quando se caminha pela estradinha feita de madeira, que leva até a famosa “Cama de Anchieta”, em Itanhaém, ou quando se visita as ruínas de Abarebebê, em Peruíbe. Pedaços do passado preservados durante os séculos, pedaços de história que são como a fé que nos leva às origens de nós mesmos. Em tudo, para quem crê, a presença de Deus. Para Fátima Cristina Pires, historiadora em Peruíbe, padre Anchieta foi um grande didático. “Como primeiro professor do Brasil, escreveu a primeira cartilha do País. Gostava muito do Gil Vicente, teatrólogo [e literata] português e, por isso, não foi um evangelizador que agiu impulsivamente. Ao contrário, chegou devagar, fazia peças, músicas, danças. Percebeu que os índios adoravam dançar e foi muito inteligente ao aproveitar isso”, afirmou.

Se o não sabes, a mãe dolorosa reclama Para si, as chagas que vê suportar o filho que ama. Pois quanto sofreu aquele corpo inocente em reparação, Tanto suporta o coração compassivo da mãe, em expiação. Ergue-te, pois, e, embora irritado com os injustos judeus, Procura o coração da mãe de Deus. Um e outro deixaram sinais bem marcados Do caminho claro e certo feito para todos nós.

Projeto Caminha São Paulo A Secretaria de Turismo do Estado de São Paulo estimula o turismo religioso seguindo os passos de São José de Anchieta, por meio do projeto: “Passos dos Jesuítas – Anchieta”, uma rota organizada para estimular a visitação aos atrativos turísticos do litoral paulista – de Peruíbe a Ubatuba – remontando os passos trilhados pelos missionários jesuítas, sobretudo São José de Anchieta. São 370 quilômetros que compõe um acervo natural, histórico e cultural do Estado de São Paulo. Os caminheiros podem percorrer a pé, com uma rota preparada que contém os

lugares de passagem e de descanso dos jesuítas, monumentos naturais ou construídos - que, de alguma forma, estiveram integrados à vida e ao legado de Anchieta. Placas de sinalização e pórticos eletrônicos estão disponíveis em todo o trajeto, que contempla 13 cidades do litoral paulista e possui quatro tipos de rotas: a principal, a alternativa, as opcionais e as naturais. Para participar é necessário preencher o formulário de inscrição no site www.caminhasaopaulo.com.br, que contém muitas outras informações para apoiar os caminhantes.


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A herança dos Sambaquis em Peruíbe e as ruínas do Abarebebê por exemplo, foram construídas a partir dos sambaquis.

textos: Nayá Fernandes fotos: luciney martins

Enviados especiais às cidades do litoral paulista

Peruíbe é uma cidade com apenas 55 anos de emancipação, mas uma história que remonta a 4 ou 5 mil anos. Lá se encontram os Sambaquis (palavra que deriva de tamba: marisco; e ki: amontoamento, em tupi), um tipo específico de resquício do passado. São sítios arqueológicos construídos por várias gerações que habitavam a costa brasileira, adaptados ao ambiente litorâneo. Na região da Juréia, onde se encontra Peruíbe, existem 11 deles. São amontoados de conchas, onde, provavelmente os homens primitivos enterravam seus mortos. Esta tristeza é a primeira “Os Sambaquis punição da mãe, eram coletores e pescadores. Por volta No lugar da alegria, segura de 2 mil anos já existiam no litoral. Eles uma dor cruel, eram ceramistas, caEnquanto a turba gozava de çavam e tinham sua religiosidade expresinsensata ousadia, sa. Depois, os índios no Amazonas, que Impedindo aquele que foi acreditavam que se andassem no sentidestruído na cruz. do do nascer do sol, iriam encontrar a terra sem males, chegaMãe, mas este precioso fruto ram ao litoral. Então, aconteceu a primeira de teu ventre miscigenação entre Deu vida eterna a todos os fiéis os indígenas e os Sambaquis, que deque o amam, sapareceram por volta de 1.000 anos, ou E prefere a magia do nascer seja, 500 anos antes da chegada dos Porà força da morte, tugueses”, explicou Ressurgindo, deixou a ti Fátima Cristina Pires, historiadora. como penhor e herança. Com a destruição dos amontoados de conchas, misturamse aos fósseis, óleo de

São Vicente

De longe, quem vê a “Biquinha de Anchieta” não imagina que, durante séculos, ela foi uma das principais fontes de água dos habitantes de São Vicente (SP). Em 1554, Anchieta chegou a São Vicente, a vila fundada no Brasil por Martim Afonso de Sousa. Lá, o padre teve seu o primeiro contato com os índios e, na fonte que leva seu nome, não apenas catequizou: mas encenou, em 1562, a primeira peça teatral do Brasil.

Para reconstruir a história

Os índios convertidos eram batizados no átrio e depois entravam na igreja

baleia e areia, para fazer uma liga e construções novas. As ruínas do Abarebebê, por exemplo, devem ter algum resquício de sambaquis. “Só a partir do século 20 é que um grupo de japoneses, no Vale do Ribeira, começou a fazer um estudo sobre eles”, contou a historiadora. Fátima enfatizou a presença dos sambaquis, pois muitas

igrejas do século 16 foram construídas a partir deles. Além da miscigenação cultural entre os povos locais e os portugueses e jesuítas, houve uma mistura entre elementos da pré-história brasileira e a religião católica, no caso da construção de igrejas. A matriz de Sant’Anna e a Casa de Câmara e Cadeia, no centro histórico de Itanhaém,

As ruínas do Abarebebê são patrimônio arqueológico protegido pela lei federal 3.924/61. Situadas no município de Peruíbe, elas são o que restou da Igreja de São João Batista, lugar onde os índios convertidos eram batizados e que abrigava um colégio para a formação dos futuros padres. Permanecer ali, onde também se encontram ossadas humanas é, sem dúvida, uma experiência de voltar ao passado. Enquanto a reportagem andava pelas ruínas, Fátima contou que “quando chegaram os jesuítas, na região, viviam os tupiniquins, que foram totalmente extintos. Hoje, existem os guaranis, que chegaram ao início do século 20. Dentre eles, os mais guerreiros eram os tupinambás ou os tamoios, no Rio de Janeiro”. Sobre a questão da interação entre indígenas e jesuítas, a historiadora destacou que existem várias linhas de estudo. “Antes mesmo da chegada do padre Leonardo Nunes, que foi o precursor de Anchieta nesta região, havia aqui um cristão novo, o Pedro Correia, que escravizava e vendia os índios. Leonardo e Anchieta libertaram os índios e se preocuparam em transmitir a doutrina em que acreditavam”, explicou. “Quando padre Leonardo veio, provavelmente uma parte da igreja já existia. Na parte da frente, havia o batistério. Os índios convertidos eram batizados no átrio e só depois podiam entrar na igreja”, continuou Fátima.

Bertioga

O Forte de São João foi o primeiro projeto construído com alvenaria no Brasil. O local era estratégico, pois dava acesso à Vila de São Vicente e Santos. O Forte recebeu os jesuítas José de Anchieta e Manuel da Nóbrega que também ali realizaram um intenso trabalho de evangelização.

Igreja Matriz de Sant’Ana, em Itanhaém, con


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A cama à beira mar de Itanhaém Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

que fica no bairro do mesmo nome.

Um crime ecológico

A Cama de Anchieta conta com uma passarela para facilitar a visitação ao local onde o Apóstolo meditava a Bíblia

“Ao longo da praia, na terra firme, a nove ou dez léguas da Vila de São Vicente para o sul, tem uma vila chamada Itanhaém, que é de portugueses, e junto dela, da outra banda do rio, poucas léguas, tem duas aldeias pequenas de índios cristãos. Nessa vila, tem uma igreja de pedra e cal, na qual, quando se reedificou, o administrador deixou a primeira pedra com toda a solenidade: e da Conceição de Nossa Senhora, onde muitos moradores da Capitania, vão em Romaria e a ter novenas e fazem-se nela milagres.” Este é o relato do próprio José de Anchieta sobre a cidade de Itanhaém, publicado no livro “Os jesuítas na Capitania de São Vicente”, de Joaquim Thomas. A cidade, que mistura história e natureza, preserva e incentiva o turismo religioso, sobretudo relacionado à passagem do Apóstolo por ali.

onsiderada a segunda cidade do Brasil

Sentadas em frente à passarela que leva para a “Cama de Anchieta” estavam duas senhoras, mãe e filha, vendendo sorvete. O sol e o calor fortes e a passagem tímida de turistas pela passarela de madeira, as levavam a permanecerem em frente à Gruta de Nossa Senhora de Lourdes, que fica na praia da Gruta. Questionadas sobre a presença de São José de Anchieta naquela pedra, onde conta-se que ele permanecia ali para descansar, as duas tiveram opiniões divergentes, mas afirmaram que ele deveria sim andar por aquelas praias. Passeando com a família, estava Manuel Raimundo Pereira. Ele é de Teixeira, na Paraíba, e contou à reportagem que conhece um José de Anchieta que mora na Paraíba e que recebeu esse nome pelo pai em homenagem ao “padre voador”. “Fico imaginando o padre aqui, com os

Ilhabela

A estrada para se chegar à Ilhabela está em condições ruins e isso atrasa a viagem em algumas horas. Lá, a cerca de 200 quilômetros de São Paulo, na praia de Ponta das Canas, no norte de Ilhabela, teria sido o lugar onde aconteceu a missa rezada por padre Manoel da Nóbrega, ajudado por Anchieta.

índios. Ele devia ser mesmo muito corajoso”, falou Manuel. Mas, a “Cama de Anchieta” não é a única pedra viva que preserva a memória do Santo. A reportagem do O SÃO PAULO visitou também a igreja matriz de Sant’Ana e o Convento Nossa Senhora da Conceição, ambos do século 16. Além disso, o município incluiu em seu roteiro o chamado “Pocinho de Anchieta” e o “Púlpito de Anchieta”. Não há placas de identificação, e o caminho até lá é feito sobre as pedras. Com a ajuda de Alice dos Santos, assessora de comunicação da Secretaria de Turismo do município, a reportagem conseguiu chegar ao Pocinho. Conta-se que as pedras foram colocadas ali por Anchieta com a ajuda dos índios para formar uma espécie de poço e favorecer a pescaria quando da maré baixa. O local está na atual praia de Cibratel,

O lugar conhecido como “Púlpito de Anchieta” fica entre as praias dos Pescadores e dos Sonhos, em Itanhaém. Elton Sousa, o Bacana, trabalha na recepção da Secretaria de Turismo da cidade. Quando soube que havia uma equipe de reportagem que estava percorrendo os caminhos de Anchieta, ele advertiu para o crime que aconteceu no lugar onde ficava o púlpito do jesuíta. “A maior parte das pessoas não sabe desta história; mas nós, os moradores, sabemos bem. Foi construído um quiosque no lugar onde ficava o púlpito e isso é abafado pelas autoridades, porque foi um fato muito feio que aconteceu”, desabafou Bacana. Indo ao lugar onde ficaria o púlpito, O SÃO PAULO conversou com Geiza Pereira, dona do Morto Deus, então porque “Quiosque do Canvives tu a tua vida? to”, que disse não saber nada sobre o Porque não foste arrastada em fato narrado e que o quiosque existe há 16 morte parecida? anos. O Secretário de E como é que, ao morrer, não Turismo de Itanhaém, Milton Campos, levou o teu espírito, explicou que há uma ação na justiça conSe o teu coração sempre uniu tra o quiosque, mas está no Judiciário os dois espíritos? e que, dificilmente, acontecerá uma retirada do quiosque do Admito, não pode tantas dores local. Itanhém ainda em tua vida abriga uma cópia do Suportar, aguentando se não batistério de José de Anchieta, recebido com um amor imenso; das Ilhas Canárias e a imagem de Nossa Se não te alentar a força do Senhora, do Século 16, em frente à qual nascimento divino ele teria rezado. Na Deixará o teu coração cidade, o Santo teria retornado por diversofrendo muito mais. sas vezes, em uma delas, permanecendo por mais de 40 dias seguidos. (NF)

Ubatuba

São inúmeras as imagens e obras em que São José de Anchieta desenha com um graveto na areia. Foi nessa época que ele escreveu o Poema à Virgem (trechos podem ser lidos ao longos das páginas do Caderno). Fundada em 1637, a cidade foi palco do primeiro tratado de paz das Américas, a Paz de Iperoig, atual Cruzeiro. Lá, Anchieta ficou preso por quatro meses pela Confederação dos Índios Tamoios.

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Uma nova história é escrita Nayá Fernandes

Enviada especial às cidades do litoral paulista

Se São José de Anchieta evangelizou num tempo em que os nativos do litoral brasileiro eram os indígenas, hoje, os nascidos nessa região são chamados caiçaras. O termo tem origem no vocábulo Tupi-Guarani caá-içara e é usado para denominar os indivíduos do litoral dos estados do Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro. Arte, música, teatro e literatura fazem parte das atividades oferecidas pelo Recanto Colônia Veneza e pela Escola Família Agro-Ecológica, em Peruíbe (SP). O projeto é direcionado para crianças, adolescentes e jovens de baixa renda ou em situação de vulnerabilidade, não somente financeira, mas também sócio, psíquica ou familiar. Eliana de Sousa Torres, a Lica, trabalha na Associação há quase 20 anos. Ela foi uma criança atendida e fala com emoção da instituição. “Temos 250 crianças atualmente e mais de 300 na espera. O objetivo é oferecer atividades complementares, nas quais elas possam desenvolver suas capacidades e promover o exercício da cidadania dos direitos humanos e garantias individuais.” Lica mostrou também a capela, registrada como a primeira totalmente revestida

Vives ainda, Mãe, sofrendo muitos trabalhos, Já te assalta no mar onda maior e cruel. Mas cobre tua face, mãe, ocultando o piedoso olhar: Eis que a lança em fúria ataca pelo espaço leve, Rasga o sagrado peito ao teu filho já morto, Tremendo a lança indiferente no teu coração. Com o querido filho pregado à cruz, tu querias Que também pregassem teus pés e mãos virginais. Ele tomou para si a dura cruz e os cravos, E deu-te a lança para guardar no coração. Ver, ler, pesquisar

Filme: “Anchieta, José do Brasil”, de 1977, disponível na internet. Livros: “Anchieta, o Apóstolo do Brasil”, Hélio Viotti, Edições Loyola; “Um anjo no paraíso, José de Anchieta, da ilha de Tenerife a São Paulo e ao Rio de Janeiro”, Barbosa Filho, Edições Loyola; “O bem-aventurado Anchieta”, Armando Cardoso, Edições Loyola; “Anchieta, mensageiro de vida”, Armando Cardoso, Edições Loyola; “José de Anchieta, seu perfil e sua vida”, Roque Schneider, Edições Loyola; “Anchieta”, Ana Maria de Bulhões Carvalho, Salamandra; “Um carismático que fez história”, Armando Cardoso, Paulus; “José de Anchieta, poeta e apóstolo”, Ramos, Paulinas.

de mosaicos no Brasil. Depois da construção da capela, as crianças da Colônia também começaram a aprender a produzir mosaicos com material reciclado e o fazem também para venda, revestindo os lucros totalmente para o projeto. O projeto em Peruíbe, mantém viva a memória de Anchieta. Lica lembrou ainda, que desde pequenas, as crianças ouvem as histórias do Santo. “Muitas vezes, a tradição é contada por lendas, como Luciney Martins/O SÃO PAULO

aquela de que, nas noites de lua cheia, os vagalumes formam a imagem do Anchieta. As gerações recontam como foi importante o trabalho de evangelização deste jesuíta aqui na nossa região e como ele nos inspira ainda hoje, pois foi um grande educador”, enfatizou. Enquanto Lica contava sobre a Colônia, um grupo de crianças e adolescentes, ensaiava músicas para um concerto. Pôde-se ouvir música portuguesa, italiana e espanho-

la. E a própria educadora, ao escutar a música espanhola, lembrou-se de Anchieta, com um sorriso sereno no rosto. Coincidências à parte, a reportagem do O SÃO PAULO verificou que as sementes lançadas no século 16 pelos missionários jesuítas e posteriormente, franciscanos e demais religiosos e leigos, continuam germinando em projetos que pretendem promover o conhecimento, os valores humanos essenciais e a vida em plenitude.

Jovens nos passos do Apóstolo José de Anchieta chegou em terras brasileiras ainda muito jovem, com apenas 19 anos, e uma criatividade e vitalidade próprias de sua idade. As guias que acompanharam a reportagem do O SÃO PAULO nos passos dos jesuítas pelo litoral paulista também eram muito jovens e criativas. Entre elas, Alice Santos, 20, e Mariana Santos, 22, estudantes de jornalismo, transitam diariamente entre os lugares onde o Santo passou. Alice nos acompanhou à igreja matriz, que fica no centro de Itanhaém, ao “Pocinho”, à “Cama” e ao local conhecido como “Púlpito de Anchieta”. Com a tranquilidade própria de uma caiçara e seus característicos traços indígenas, Alice não hesitou em molhar os pés para nos indicar os melhores lugares para pisar no Pocinho. A jovem que trabalha na Secretaria de Turismo do município, contou que estudou so-

bre Anchieta na escola, mas só agora, com a notícia da canonização, começou mesmo a pesquisar sobre a biografia dele. “Quando penso que ele andou pelas nossas praias, cantou, dançou e fez teatro para os índios, me empolgo em falar dele para as pessoas têm nos procurado”, apontou Alice. Mariana, nasceu na capital paulista, mas trabalha como missionária desde pequena. Ela foi conosco até a Colônia Veneza, local que frequentou muitas vezes quando ainda era criança. Hoje, Mariana trabalha como estagiária na assessoria de comunicação da prefeitura municipal de Peruíbe. “Tenho um irmão que é missionário em Rondônia. Fui até lá conhecer a realidade onde ele trabalha. Fiquei assustada, pois lá, parece terra de ninguém. Imagina o que devia ser há mais de 500 anos este litoral onde estamos?”, enfatizou Mariana. (NF)


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Anchieta em diferentes espaços de São Paulo Luciney Martins/O SÃO PAULO

Associação Cultural Beato José de Anchieta: localizada em São Miguel Paulista, na zona leste, é mantida pelos Jesuítas e está ligada à Capela de São Miguel Arcanjo (foto), fundada por Anchieta em 1560, para marcar a presença cristã na aldeia dos Guaianases.

Arquivo pessoal

Comunidade Beato José de Anchieta: pertencente à Paróquia Santa Adélia, na Região Episcopal Belém, está localizada na rua Fernandes Tourinho, 182, no Jardim Vera Cruz.

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Arquivo pessoal

Teatro Anchieta: no SESC Consolação, conta com 320 lugares. Foi inaugurado em 1967, em projeto do arquiteto Ícaro de Castro Mello. Arquivo pessoal

UBS Padre José de Anchieta: atende aos moradores do bairro Arthur Alvim, na zona leste de São Paulo (rua Silvio Torres, 313).

Arquivo pessoal

Arquivo pessoal

Fundação Padre Anchieta: instituída pelo governo do estado de São Paulo, em 1969, mantém a TV Cultura e duas emissoras de rádio.

Biblioteca Municipal Padre José de Anchieta: no distrito de Perus, na zona norte, iniciou atividades em 24 de maio de 1968.

coletiva de imprensa, dia 2

“ O milagre não é o mais importante do processo de canonização, mas sim, a vida santa. O que faz de Padre José de Anchieta Santo não é a assinatura do decreto, mas sim sua vida modelada pela vida de Cristo. É santo porque teve uma vida santa”.

Dom Odilo, cardeal Scherer

“No Centro da preocupação de Anchieta estava o ser humano em sua dignidade. Em tempos de desconstrução da pessoa, Anchieta nos convida a olhar para o homem na sua essencialidade”. Padre Smyda, Provincial dos Jesuítas no Brasil

“Anchieta mereceria o título de ‘Pai da Nação’ brasileira já que ele, juntamente com outros missionários, foram os primeiros integradores dos povos do Brasil, iniciando o germe de uma consciência nacional”.

Dom Odilo, cardeal Scherer

Ó caminho real com pedras preciosas, porta do Céu, Torre de abrigo, lugar de refúgio da alma pura! Ó rosa que exala o perfume da virtude divina! Jóia lapidada que no Céu o pobre um trono tem! Doce ninho onde as puras pombas põem ovinhos, E as castas rolas têm garantia de suster os filhotinhos! Ó chaga, que és um adorno vermelho e esplendor, Feres os piedosos peitos com divinal amor!

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Museu e Capela Padre Anchieta: ficam no Pátio do Collegio, no centro de São Paulo, próximo à estação Sé do metrô. O museu tem cerca de 700 objetos, alguns dos quais pertencentes originalmente aos Jesuítas. Há, ainda, um vasto acervo histórico com manuscritos e dados da cidade de São Paulo.


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A vida do Apóstolo do Brasil Reprodução

até aquele que era hostil, fez-se prisioneiro dos Tamoios, colocando à prova seus votos de pobreza, castidade e obediência. Venceu esses obstáculos confiante. Naquele que o chamou e, entregue a Maria, a mãe de Jesus. Quis a Providência Divina que, enquanto a Companhia de Jesus comemora em 2014 os 200 anos de sua restauração, após a supressão e expulsão pelo Marquês de Pombal, o papa Francisco e a Igreja Uni-

versal declare o que o todo o nosso povo desde sempre reconhecia: padre Anchieta é santo. Confirmando-o assim como Apóstolo do Brasil, homem que viveu desde a sua juventude servindo a Deus a aos irmãos por amor. O processo de canonização começou logo após a sua morte, em 1597. Foi declarado pela Igreja como servo de Deus em 1652 e em 1736 foi chamado de Venerável. Em 1980, foi beatificado pelo papa João Paulo

2º e agora o papa Francisco o declara santo. Em 1554, esteve presente na celebração da missa de fundação do Colégio de São Paulo de Piratininga, onde foi educador e evangelizador dos índios, ensinando o latim e a sua cultura. Era um homem corajoso e de diálogo como na pacificação dos Tamoios, onde escreveu o grandioso Poema à Virgem. Essa atitude de diálogo motivada pela fé e oração traz mais vida e supera o ódio e os conflitos. Exemplo para o nosso mundo, cheio de conflitos e desrespeito à vida. Vida sem amor é vida sem sentido e sem realização plena, que só pode se dar em Deus. O diferente sempre é uma oportunidade de um novo olhar com mais possibilidades e crescimento. Podemos aprender com ele que vale a pena buscar e encontrar a vontade de Deus e empregar todos os nossos dons a serviço do outro e, assim, colaborar na construção de um mundo melhor, onde todos os povos possam ser irmãos em Cristo Jesus, vivendo como uma comunidade unida a Igreja. É pela educação para a liberdade e para o conhecimento na criatividade que os dons do ser humano se potencializam. Anchieta não poupava o esforço para suprir a falta dos livros e copiava à mão, à luz de vela, os textos para os seus pequenos alunos indígenas. Essa entrega e esse amor faziam mudar as atitudes daqueles que, inclusive, matavam e comiam os seus inimigos. A convivência com os pobres, o diálogo evangelizador e a Catequese são grandes marcas deste nosso Apóstolo do Brasil.

Superior em São Vicente, em 2 de janeiro. 1º de março: desembarcou na Praia Vermelha, junto ao “Pão de Açúcar”; assistiu à fundação da cidade do Rio de Janeiro. 31 de março: partiu para a Bahia de Todos os Santos, com o fornecedor da esquadra, João de Andrada. Esteve então alguns meses no Espírito Santo.

provincial, mas a mesma não lhe foi concedida.

de Reritiba, Guarapari, Reis Magos e Carapina.

1587

1595

padre Mieczyslaw Smyda

Provincial dos Jesuítas da Província Brasil Centro-Leste

Nove de junho de 1597: o padre José de Anchieta entregou a vida a Deus em Reritiba, hoje Anchieta, no Espírito Santo. Aportou na Bahia com 19 anos, em 1553, mergulhou na cultura dos povos que habitaram a nossa Terra. Nesse encontro com a cultura indígena, aprendeu a amar a Deus e ao outro. Além de aprender a língua nativa, escreveu poemas e a primeira gramática de Tupi, descreveu a natureza, cuidou dos doentes e, acima de tudo, levou a todos a esperança, que brota de Jesus Cristo. Pelos Exercícios Espirituais de Santo Inácio, entrou na vida religiosa como jesuíta e neles encontrou o método de discernimento por meio da oração contemplativa da realidade e da presença do Senhor em todas as coisas. Foi um homem incansável na busca do conhecimento a partir da realidade estudada na universidade em Coimbra; foi educador criativo dos pequenos índios; não se deixava abater pelas fadigas que aquela nova realidade lhe trazia, impulsionado pelo amor a Cristo. Apesar de uma saúde frágil, serviu aos mais necessitados não pela imposição, mas pela atração de viver a proposta do Evangelho. Com suas ações, questionava os que escravizavam o outro, pelo amor ao diferente e

Esta ferida do peito, ó mãe, é só tua, Somente tu sofres com ela, só tu a podes dar. Dá-me acalentar neste peito aberto pela lança, Para que possa viver no coração do meu Senhor! Entrando no âmago amoroso da piedade divina, Este será meu repouso, a minha casa preferida. No sangue jorrado redimi meus delitos, E purifiquei com água a sujeira espiritual!

Imagem oficial do novo santo que está sendo pintada para ser apresentada

Vida de Anchieta

1534

Nasce José de Anchieta em San Cristobal de La Laguna, na Ilha de Tenerife, Espanha, em 19 de março, festa de São José.

1548

Com apenas 14 anos, ingressou na Universidade de Coimbra, onde estudou filosofia.

1551

Ingresso do jovem José de Anchieta na Companhia de Jesus em 1º de maio.

1553

Após pronunciar os primeiros votos, o religioso é enviado ao Brasil, compondo a 3ª expedição de missionários jesuítas, chefiada pelo padre Luiz da Grã. A expedição parte de Portugal em 8 de maio e aporta na Bahia de Todos os Santos em 13 de julho. Anchieta tinha 19 anos. Após um período preparatório em que estudou tupi,

partiu em direção ao Sul do Brasil. Chega a São Vicente em dezembro, depois de quase sofrer um naufrágio.

1554

Na Vila de São Paulo de Piratininga, se torna o primeiro mestre no Colégio de São Paulo, fundado em 25 de janeiro.

1563

Em companhia do padre Manuel da Nóbrega, foi à praia de Iperoig (hoje Ubatuba-SP) para negociar o armistício com os confederados Tamoios. Permanece como refém dos índios por quatro meses. Compõe o extenso poema em honra de Nossa Senhora – Poema à Virgem.

1566

É ordenado sacerdote em 22 de agosto.

1567

Padre José de Anchieta é nomeado

1577

Voltou à Bahia

1578

Acompanhou Lourenço da Veiga às aldeias da Bahia. Promoveu a fundação de algumas casas no Espírito Santo.

1585

Fundou uma residência em Guarapari, onde construiu uma igreja dedicada a Sant’Ana. Em fins do ano anterior, pediu dispensa do cargo de

Fixou residência no Espírito Santo, a fim de concluir a obra do Colégio de São Tiago e da Igreja de Reritiba.

1588

Recebeu a notícia da chegada à Bahia de seu substituto, o novo provincial, padre Marçal Beliarte. Ficou na Vila de Vitória, como Superior.

1592

Ainda na função de Superior da Casa de Vitória, foi à Bahia participar da Congregação Provincial. Regressou nomeado Visitador das casas do Sul (de 1592 a 1594). Foi ao Rio de Janeiro.

1594

Voltou ao Espírito Santo para assumir o cargo de Superior da Casa de Vitória e governar igualmente as aldeias

Na passagem do Provincial Pero Rodrigues pela Vila de Vitória, Anchieta pediu exoneração do cargo de Superior. Recolheu-se, então, em Reritiba.

1596

Voltou a Vitória para ser conselheiro da Casa e governá-la até que chegasse o padre Pedro Soares. Foi ao Cricaré, aonde chegou em 21 de setembro, dia de São Mateus.

1597

9 de junho: faleceu em Reritiba (atual município de Anchieta, no Espírito Santo), assistido por cinco dos seus companheiros, missionários das aldeias vizinhas, após ter recebido, como pediu, a comunhão ou Santo Viático e o Óleo dos Enfermos. Seu coração foi levado pelos índios para Vitória, onde foi sepultado.


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