O SÃO PAULO - edição 2992

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Dom Edmar completa 4 anos de episcopado

Jovens se articulam motivados pela CF-2014

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O SÃO PAULO ouve padres que estudam em Roma

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Paróquia reinventa presença nas Perdizes

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Semanário da Arquidiocese de São Paulo

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ano 59 | Edição 2992| 6 a 10 de março de 2014

R$ 1,50

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Igreja quer o fim do tráfico humano A Quarta-feira de Cinzas na Arquidiocese de São Paulo e em todo o Brasil marcou a abertura da Campanha da Fraternidade sobre o tema: “Fraternidade

e Tráfico Humano” e o lema: “É para a liberdade que Cristo nos libertou”. Na missa presidida pelo cardeal Scherer na Catedral da Sé, agentes das regiões

episcopais foram enviados como divulgadores da CF, que também foi um dos temas da coletiva de imprensa que aconteceu antes da missa. Outros

assuntos da coletiva foram a canonização de Anchieta e a beatificação de madre Assunta. O Papa também enviou uma mensagem em que considerou

não ser “possível ficar impassível, sabendo que existem seres humanos tratados como mercadoria”.

Brasil é rota para mulheres traficadas

Copa: custo das arenas cresceu R$ 2,28 bilhões

A professora Tania Teixeira falou sobre tráfico internacional de mulheres na aula inaugural do Programa de Estudos Pós-Graduados em Teologia da PUC-SP. Sua tese foi usada para elaborar o Texto-base da CF.

A menos de cem dias para a Copa no Brasil, o O SÃO PAULO inicia uma série de reportagens sobre aspectos do megaevento. Nesta edição, crescimento de R$ 2,28 bilhões no custo das arenas é analisado.

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Luciney Martins/O SÃO PAULO

L’Osservatore Romano

Campanha da Fraternidade gera frutos na Igreja e sociedade Desde que foi criada, a Campanha da Fraternidade, além de estimular pontos de reflexão a cada ano, resultou

em ações de âmbito eclesial e social, tais como a criação das pastorais do Menor e de Fé e Política, e a influência na

implantação do Estatuto da Criança e do Adolescente e da Lei da Ficha Limpa. Página 23

Caderno especial recorda 1º ano de pontificado do papa Francisco O SÃO PAULO ouviu especialistas em História, Doutrina e Moral, jornalistas que cobrem Igreja e jovens sobre a transição entre Bento 16 e Francisco. Com simplicidade,

o cardeal Bergoglio, eleito no dia 13 de março do ano passado, tem conseguido colocar a Igreja no centro das discussões. Páginas 11 a 14


2 Fé e Vida

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frases da semana

“Foram detectadas 241 rotas. Sendo 110 relacionadas ao tráfico interno e 131 ao tráfico transnacional. Quando eu trabalhei nas fronteiras, vi muitos casos. Nas fronteiras, sobretudo, os tráficos de armas, drogas e humano convergem.”

Tania Teixeira Laky de Sousa, sobre o tráfico internacional de mulheres

“Não é possível ficar impassível, sabendo que existem seres humanos tratados como mercadoria! Pense-se em adoções de criança para remoção de órgãos, em mulheres enganadas e obrigadas a prostituir-se, em trabalhadores explorados...”

Papa Francisco, na mensagem para a Campanha da Fraternidade

você pergunta

Espiritualidade

Vale o batizado feito por um leigo em risco de morte da criança?

Sonho com um Médio Oriente cristão

Vigário Episcopal para a Pastoral da Comunicação

Padre Cido Pereira

“Padre Cido, gostaria de fazer uma pergunta quanto ao Batismo. Uma criança que nasce com risco de morte pode ser batizada por uma pessoa leiga? E se essa criança se recupera, deverá ser batizada na Igreja?” É o José Braz dos Santos, de Rolândia, no Paraná, que pergunta. Braz, quem, em caso de risco de morte, batiza uma criança, seguindo a fórmula trinitária e derramando água natural na cabeça dessa criança e desejando fazê-lo com as mesmas intenções com que a Igreja batiza, está fazendo uma ação que a Igreja recomenda, está fazendo daquela criança uma filha de Deus, um membro da Igreja, um templo do Espírito Santo, um discípulo de Jesus. Que bom seria se pais e mães católicos, tios e tias e as enfermeiras e enfermeiros católicos soubessem disso e fizessem disso uma prática. Sabe, Braz, a mãe Igreja é tão ciosa disso que não importam as condições de quem batiza. Importa, sim, a intenção do coração de quem batiza. Uma criança batizada em emergência tem os mesmos direitos daquela que recebeu solenemente o Batismo em sua paróquia. Então, Braz, não há a necessidade de se batizar novamente a criança, como você pergunta. É aconselhável, porém, que a criança, ao se recuperar, seja levada à Igreja e participe do rito do Batismo, sem, porém, o rito da infusão da água. O padre vai apenas completar a celebração feita no hospital ou em casa com o acolhimento na comunidade, com as unções com óleo e com o devido registro daquele Batismo no livro dos batizados. Aliás, importante, muito importante esse registro, para que a vida cristã daquela criança seja acompanhada pela Igreja. Fique com Deus, Braz. Espero ter esclarecido a sua dúvida.

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

Frei Patrício Sciadini

Quando lemos a história dos primeiros séculos da evangelização cristã, ficamos maravilhados em ver todo o Médio Oriente cheio de entusiasmo no anúncio do Evangelho. Depois, lentamente, as coisas foram mudando e chegamos a ver um Médio Oriente onde o Cristianismo é uma minoria, mas uma minoria forte e generosa, que anuncia a sua fé com amor, com perseverança. É um sinal dos tempos que sempre me faz refletir especialmente depois que Deus, pelos seus caminhos, me trouxe até o Egito. Recordo o profundo sentido espiritual e a comoção que senti quando consegui subir o monte Sinai e cheguei do cume. Do alto do monte, pude contemplar os

vales imensos que os mesmos olhos de Moisés tinham contemplado, pude sentir como Deus lá em cima continuava a se revelar a quem com sinceridade o buscava. Como esquecer a primeira visita ao deserto, onde nasceu a vida religiosa. Parecia-me ver pelas grutas ou andando pela terra seca e sob o sol o velho monge Antão, que, cantando os louvores ao Senhor, procurava o seu lugar de contemplação. Ele que, fugindo do mundo, tomou o caminho do deserto animado somente pelo desejo de seguir o Cristo Jesus. Parecia me ver os monges vestidos pobremente, mas felizes. É a vida eremítica que surgiu por essas terras e sempre foi animada por um verdadeiro espírito de solidão. O deserto é fascinante. Hoje nós vemos no Egito e em muitos lugares sagrados comunidades de coptos ortodoxos que se dedicam à agricultura e a uma intensa vida de louvor a Deus.

“A CF é um importante instrumento de evangelização e de cidadania. Permite ampliar a visão da temática, vislumbrar as origens dos problemas, verificar a situação atual, analisar sob a perspectiva da Palavra de Deus e agir em busca do Reino de Deus.”

Márcia Castro, da Pastoral Fé e Política sobre a CF-2014

Uma luz virá do Oriente para todos e iluminará a todas as nações, e os povos todos caminharão rumo a uma terra prometida, não mais circunscrita por fronteiras, mas sem fronteiras, porque tudo será regido pela solidariedade e pelo amor. É um tempo de semeadura intensa que dará o seu fruto. É o que sonho para o Médio Oriente. Deverá surgir novamente a árvore do diálogo, sob cuja sombra as várias religiões saberão, se sentar e manifestar respeito uns pelos outros, amando o bem de todos. Sonho que um dia o Médio Oriente, com todos os países que o compõem, seja uma terra fértil de fraternidade e de paz. Uma estrela surgirá e todos a seguiremos e lá, onde ela pousar, será fonte de paz. O Evangelho é sempre e só fonte de paz e de fraternidade. É um sonho, mas um dia será realidade, porque o sangue de tantos homens e mulheres de verdade não poderá ficar infecundo.

palavras que não passam

Na Liturgia, o Concílio adiantou a que veio (17.1) PADRE AUGUSTO CÉSAR PEREIRA

A constituição Sacrosanctum Concilium (SC), sobre a Sagrada Liturgia, foi talvez o documento melhor preparado e o mais esperado do Concílio Ecumênico Vaticano 2º. Por isso, merece a maior consideração. A geração atual não tem como fazer ideia do que deveria ser reformado e o que seria o novo por vir. A SC, documento estudado durante toda a segunda sessão do Concílio (1963), pode ser tal como um termômetro do espírito que iria regular as linhas do Concílio. É possível que essa expectativa explique a razão de a constituição sobre a Liturgia haver sido longamente debatida e votada, ou seja, para atender às esperanças. Há estudiosos que gostariam que o Concílio tivesse começado

pela constituição dogmática Lumen Gentium (Cristo, luz dos povos), o maravilhoso documento que definiu a natureza e a origem desta Igreja, e para qual missão foi destinada. Igualmente se julgava que a constituição dogmática que trata da revelação divina e sua transmissão pela Palavra de Deus na Igreja, a Dei Verbum, deveria mais cedo ter sido estudada. Acham ainda os mestres que os padres conciliares teriam tido melhor base para sua qualificação. Alguns até lamentam que outros textos poderiam ter-se beneficiado de grandes reflexões que foram deixadas já mais para o final do Concílio. No entanto, a SC impôs-se como um dos mais significativos documentos do Vaticano 2º: descortinou uma visão completamente nova da Liturgia da Missa e dos Sacramentos, pela reflexão teológica e pastoral. O impacto da SC sobre toda a Igreja foi muito grande. Diante da inusitada decisão do plenário conciliar (perdoe-me a gíria), pensava-se: “Se de cara o Concílio começa assim, o que

será que estará por vir?”. É claro que os cristãos católicos que esperavam por transformações de peso ficaram eufóricos! É bem verdade que boa parte dos participantes do Concílio demorou a perceber a profundeza e o alcance do documento. Mas soube deixar-se liderar pelos mais conscientes da reforma que se encorpava nas discussões plenárias. SC é, de fato, o documento que inovou e criou oportunidades para inovações. Além da surpresa inicial, pouco a pouco foram sendo desvendadas as enormes possibilidades de tornar mais participativas as celebrações litúrgicas. Ademais, o caráter do Concílio tinha por objetivo orientar o presente para o futuro, muito mais do que se voltar para o passado. A tentativa atual de certas correntes, de nivelar os textos conservadores aos mais inovadores, corre o risco de cometer um grave erro de interpretação.

Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação Semanal • www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Reportagem: Cônego Antônio Aparecido Pereira, Daniel Gomes, Edcarlos Bispo de Santana e Nayá Fernandes • Institucional: Rafael Alberto • Fotografia: Luciney Martins • Administração: Maria das Graças Silva (Cássia) • Assinaturas: Djeny Amanda • Projeto Gráfico e Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Impressão: Atlântica Gráfica e Editora Ltda. • Redação e Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinatura) • Números atrasados: R$ 1,50 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail• A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.


Fé e Vida

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encontro com o pastor

editorial

A canonização do padre Anchieta

Arcebispo metropolitano de São Paulo

cardeal odilo pedro scherer

Agora já não se trata só de um profundo desejo da Igreja no Brasil, nem apenas de uma possibilidade. A Santa Sé confirma, pelas palavras do cardeal Angelo Amato, prefeito da Congregação das Causas dos Santos, que Anchieta será canonizado pelo papa Francisco no início de abril deste ano. A canonização será feita por um decreto do papa Francisco, como foi feito no caso recente de São Pedro Favre, primeiro sacerdote da Companhia de Jesus. Com Anchieta, serão canonizados também dois missionários da América do Norte: dom Francisco de Laval (16231708), primeiro bispo do Canadá e de toda a América do Norte, e a irmã Maria da Encarnação (15991672), missionária ursulina, também do Canadá. Após a canonização, haverá várias solenidades; já se pensa numa celebração de ação de graças em Roma, possivelmente com a participação do papa Francisco, em data

ainda a ser fixada. E, no Brasil, não faltarão manifestações de jubilo e celebrações de ação de graças por esse momento, tão longamente esperado. De fato, a causa da canonização teve início já no século 17, sendo interrompida e longamente paralisada por várias circunstâncias históricas, como a injusta expulsão dos Jesuítas do Brasil e da posterior supressão da Ordem. Anchieta é o “apóstolo do Brasil”, assim já proclamado no seu funeral, em 1597. Algumas regiões e cidades do Brasil foram especialmente marcadas pela sua ação missionária, como Salvador, São Paulo, Santos e todo o litoral paulista, Rio de Janeiro, Vitória e o todo o estado do Espírito Santo, Porto Seguro e o sul da Bahia... Sem esquecermos, nem desmerecermos o imenso trabalho missionário realizado aqui, já no século 16, também por outros missionários e ordens religiosas, podemos afirmar, sem medo de errar, que a Igreja e o próprio Brasil devem muito a Anchieta: além de animador de missões já existentes, foi fundador de muitas iniciativas missionárias, educativas e de caridade social. Ele foi um homem de Deus, que, apesar de sua saúde frágil, desempenhou uma ativida-

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de dinâmica e eficaz, percorrendo distâncias enormes para assistir a um doente ou para visitar comunidades e missões. Entre os índios no litoral paulista, ele era conhecido como “o padre que voa”, por causa da agilidade com que se deslocava e se fazia presente em lugares diferentes em pouco tempo. No coração de Anchieta ardia o desejo de levar a luz do Evangelho a todos, consciente de que esse é o caminho bom para cada homem. É providencial que recebamos a notícia da canonização do padre José de Anchieta neste início de Quaresma. “Convertei-vos e crede no Evangelho” – este apelo, ouvido na Quarta-feira de Cinzas, nos recorda de que o Cristo, centro do Evangelho, é a referência, a luz, o caminho, a norma para nossa vida humana e religiosa. Por outro lado, que a santidade é a vocação de todos: “Sede santos porque eu, vosso Deus, sou santo”. A santidade de vida consiste na comunhão e na sintonia com Deus e, como consequência, a vida digna deste mundo e no amor, a exemplo de Cristo. “São” José de Anchieta viveu assim. A Igreja o reconhece oficialmente e propõe a todos que façamos como ele fez. Do nosso jeito, é claro. RCC

Fraternidade e tráfico humano A oração, a penitência e o amor fraterno são meios propostos aos fiéis pela Igreja Católica para a Quaresma, tempo de 40 dias que se inicia na Quartafeira de Cinzas e se estende até o Domingo de Ramos. Neste tempo, preparamos-nos para a Páscoa do Senhor, a maior e mais importante celebração do calendário cristão. A oração nos aproxima de Deus, o amor fraterno nos aproxima uns dos outros e, pela penitência, nos purificamos de nossos pecados e dominamos a nossa vontade para querer o que Deus quer. No Brasil, a Quaresma é tempo de Campanha da Fraternidade, e vale lembrar que ela não nos afasta da espiritualidade quaresmal. Pelo contrário. A Campanha da Fraternidade tornou-se o jeito brasileiro de viver essa espiritualidade. Porque nós oramos, nós fazemos penitência e nós nos exercitamos no amor fraterno, contemplando uma realidade sofrida do povo. Vem sendo assim há muitos anos. Tomemos o tema de que nos ocuparemos na Campanha desta Quaresma que se inicia, o tráfico humano. Quer realidade mais sofrida do que esta? Fruto de um sistema econômico que faz do lucro a coisa mais importante da vida, que entende que o dinheiro compra tudo, inclusive pessoas humanas, que apresenta o poder de consumo como um sonho a ser conquistado a qualquer preço. O tráfico humano transforma mulheres em coisas, transforma pessoas humanas em escravas, dilacera corpos de crianças para vendê-las aos pedaços no sinistro mercado de órgãos. É tempo de trazer às claras esse pecado que clama aos céus. É preciso entender a lógica cruel deste tráfico. É preciso acolher com amor as vítimas dele. É preciso exigir das autoridades políticas que lhe ponha fim. São necessários projetos que ajudem as vítimas a se reecontrarem, que resgatem nelas a dignidade aviltada. A oração e a reflexão haverão de nos aproximar de Deus para escutá-lo. A penitência nos levará ao domínio de nossa vontade para ajustá-la à vontade de Deus, para querer o que ele quer em relação a esse crime tão insano e cruel. E o amor fraterno nos levará a acolher, a ouvir, a partilhar o que temos e ajudar as vítimas do tráfico a se reencontrarem consigo mesmas, com a família, com os irmãos na fé e com Deus, que nos criou a todos para a liberdade. Eis o tempo de conversão! Eis o tempo de salvação! Vamos ao encontro do Cristo Pascal. Neste ir a ele, não vamos sós. Vão conosco as vítimas de todos os tipos de tráfico humano. Que elas entendam que não estão sozinhas e podem contar conosco, os discípulos do Cristo que vivem a certeza de que é para a liberdade que Cristo nos libertou. agenda do Cardeal Quinta-feira (6)

Na terça-feira, 4, dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, presidiu a missa de encerramento do 22º Alegrai-vos, que foi realizado desde o dia 2, no ginásio do Colégio São Miguel Arcanjo, na Vila Zelina, na zona leste.

Sábado (8)

@DomOdiloScherer iniciar com este dia de jejum o tempo da Quaresma, para que a penitência nos fortaleça”. 4 – De fato, papa Bento 16: É preciso dizer não àqueles meios de comunicação social que ridiculizam

Sexta-feira (7)

8h30 – Reunião do Conselho Pró-Santuário Nacional de Aparecida 14h – Reunião com os bispos auxiliares e os procuradores

Tweets do Cardeal

5 – Cinzas: “Concedei-nos, ó Deus,

8h30 – Encontro do Arcebispo com o clero da Arquidiocese 19h30 – Encontro de formação na Comunidade Canção Nova

a santidade do Matrimônio... 28 – Tg 1,2 “Irmãos, quando passais por provações, considerai isso motivo de grande alegria, para saberdes que a comprovação da fé vos dá a perseverança”. 28 – Anchieta era jovem, quando sen-

tiu o chamado para ser missionário. Tinha 19 anos quando chegou ao Brasil. Será canonizado no início de abril. 27 – 1Pd 4,10. “Como bons administradores da multiforme graça de Deus, cada um coloque à disposição dos outros o dom que recebeu”.

14h30 – Reunião da Comissão Pró-Beatificação de Madre Assunta Marchetti

Domingo (9)

11h – Missa na Catedral da Sé 17h – Missa na Catedral da Sé com os Cenáculos Marianos

Segunda-feira (10)

9h – Reunião da Província Eclesiástica de São Paulo 14h – Reunião com os bispos auxiliares


4 Fé e Vida liturgia e vida

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palavra do papa

Cristo se fez pobre por nós

1º DOMINGO DA QUARESMA 9 DE MARÇO DE 2014 Ana Flora Anderson

O dom superabundante O primeiro domingo da Quaresma apresenta o paradoxo entre o pecado e a graça na vida humana. A antífona de entrada (Sl 90) é nossa esperança. O Senhor promete que na tribulação devemos chamá-lo e Ele sempre nos livrará dela. A primeira leitura (Gênesis 2, 7-9; 3, 1-7) começa com a criação e o sopro de vida que recebemos de Deus. No meio da beleza da natureza, surge o tentador que atinge a fraqueza humana fundamental, querer ser como Deus. Nesse caso, significa saber tudo que Deus conhece. Na segunda leitura (Romanos 5, 12-19) São Paulo faz uma profunda reflexão sobre o pecado e a morte, a graça e a vida. O dom de Deus é a expressão do poder divino. Os seres humanos se impressionam com o poder do pecado, mas Paulo insiste que nada supere o amor de Deus. A salvação que nos vem através de Jesus Cristo frutifica em nós como um dom gratuito e superabundante. O Evangelho de São Mateus (4, 1-11) apresenta, através de Jesus, três tentações que atingem a vida humana. Jesus responde a cada provocação com uma palavra de sabedoria. Ele responde à primeira tentação afirmando que o verdadeiro sustento da vida humana consiste em ouvir e pôr em prática a Palavra de Deus. Em segundo lugar, Jesus ensina que ele não salvará a humanidade com um gesto mirabolante. Por fim, Jesus proclama que só Deus é nosso Senhor, e assim ele rejeita qualquer gesto que não seja a vontade do Pai. leituras da semana

Segunda (10) - Lv 19, 1-2.11-18; Sl 18; Mt 25, 31-46 Terça (11) - Is 55, 10-11; Sl 33; Mt 6, 7-15 Quarta (12) - Jn 3, 1-10; Sl 50; Lc 11, 29-32 Quinta (13) - Est 4, 17n.p-r.aa. bb.gg-hh; Sl 137; Mt 7, 7-12 Sexta (14) - Ez 18, 21-28; Sl 129; Mt 5, 20-26 Sábado (15) - Dt 26, 16-19; Sl 118; Mt 5,43-48

Santos e heróis do povo – 8 de março

“Aquele que se tornar pequenino como esta criança, esse é o maior no Reino dos Céus” (Mt 18,4) Hoje se recorda de um dos maiores heróis da caridade, semelhante a São Camilo de Lélis ou a São Vicente de Paulo. É São Jerônimo Emiliano (imagem), que viveu no século 16. Ele começou a vida como soldado. Participou de uma batalha, em que foi derrotado e preso. Começou exatamente aí a sua conversão. Na cadeia, descobriu o verdadeiro campo de batalha para o seu grande coração. Iria lutar, sim, mas em favor dos órfãos, das crianças abandonadas e dos jovens, rapazes e moças entregues à prostituição. Teve de enfrentar a carestia, a fome e as próprias epidemias da época. Seu trabalho começou em Veneza, no norte da Itália. Depois, estendeu-se a Bréscia, Bérgamo e Milão. Ele próprio foi morar no hospital dos “Incuráveis”, em 1531. Organizou orfanatos, escolas de treinamento para meninos e outras similares. Esses trabalhos todos enchiam sua vida de preocupações enormes, como se pode imaginar. A Igreja chama-o pai e protetor dos órfãos. Fonte: “Santos e Heróis do Povo”, livro do cardeal Arns

Papa francisco Transcrevemos a introdução da mensagem do papa Francisco para a Quaresma de 2014 Queridos irmãos e irmãs! Por ocasião da Quaresma, ofereço-vos algumas reflexões com a esperança de que possam servir para o caminho pessoal e comunitário de conversão. Como motivo inspirador, tomei a seguinte frase de São Paulo: “Conheceis bem a bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por vós, para vos enriquecer com a sua pobreza” (2Cor 8, 9). O Apóstolo escreve aos cristãos de Corinto encorajando-os a serem generosos na ajuda aos fiéis de Jerusalém que passam por necessidade. A nós, cristãos de hoje, que nos dizem essas palavras de São Paulo? Que nos diz, hoje, a nós, o convite à pobreza, a uma vida pobre em sentido evangélico?

A graça de Cristo Tais palavras nos dizem, antes de mais nada, qual é o estilo de Deus. Deus não se revela através dos meios do poder e da riqueza do mundo, mas com os da fragilidade e da pobreza: “Sendo rico, se fez pobre por vós”. Cristo, o Filho eterno de Deus, igual ao Pai em poder e glória, fez-se pobre; desceu ao nosso meio, aproximou-se de cada um de nós; despojou-se, “esvaziouse”, para se tornar em tudo semelhante a nós (cf. Fl 2,7; Hb 4,15). A encarnação de Deus é um grande mistério. Mas a razão de tudo

isso é o amor divino: um amor que é graça, generosidade, desejo de proximidade, não hesitando em se doar e se sacrificar pelas suas amadas criaturas. A caridade, o amor é partilhar, em tudo, a sorte do amado. O amor torna semelhante, cria igualdade, abate os muros e as distâncias. Foi o que Deus fez conosco. Na realidade, Jesus “trabalhou com mãos humanas, pensou com uma inteligência humana, agiu com uma vontade humana, amou com um coração humano. Nascido da Virgem Maria, tornou-se verdadeiramente um de nós, semelhante a nós em tudo, exceto no pecado”. A finalidade de Jesus de se fazer pobre não foi a pobreza em si mesma, mas – como diz São Paulo – “para vos enriquecer com a sua pobreza”. Não se trata de um jogo de palavras, de uma frase sensacional. Pelo contrário, é uma síntese da lógi-

ca de Deus: a lógica do amor, a lógica da Encarnação e da Cruz. Deus não fez cair do alto a salvação sobre nós, como a esmola de quem dá parte do próprio supérfluo com piedade filantrópica. Não é assim o amor de Cristo! Quando Jesus desce às águas do Jordão e pede a João Batista para batizá-lo, não o faz porque tem necessidade de penitência, de conversão; mas para se colocar no meio do povo necessitado de perdão, no meio de nós pecadores, e carregar sobre si o peso dos nossos pecados. Esse foi o caminho que ele escolheu para nos consolar, salvar, libertar da nossa miséria. Causa impressão ouvir o Apóstolo dizer que fomos libertados, não por meio da riqueza de Cristo, mas por meio da sua pobreza. E todavia São Paulo conhece bem a “insondável riqueza de Cristo” (Ef 3,8), “herdeiro de todas as coisas” (Hb 1,2).

O papa Francisco presidiu na quarta-feira, 5, a procissão penitencial partindo da Igreja de Santo Anselmo, no bairro romano do Aventino, até a Basílica de Santa Sabina, onde às 17h (13h de Brasília) presidiu a missa com o rito da bênção e a imposição das cinzas

há 50 anos

Renúncia total do pecado Há 50 anos já estava em pauta a preocupação com os efeitos colaterais que a modernidade poderia trazer para a vida; o homem moderno passava por uma vida de angústia, de dúvidas e confusão espiritual, com isso fazendo com que os conceitos fundamentais básicos para uma vida cristã não estivessem sendo mais raízes sólidas para sustentar a sociedade em que estavam vivendo. Ao se deparar com essas situações o jornal O SÃO PAULO preparou, uma matéria para lembrar da necessidade do ato penitencial durante a Quaresma. A edição lembrava os leitores sobre a necessidade do tempo da Quaresma. “Na

Liturgia da Santa Quaresma. Na liturgia convida seus filhos ao esforço da oração e da penitência”. A edição instruía que o pecado não é algo natural do homem, mas sim uma corrupção dessa natureza, como se fosse uma doença para restaurarmos a saúde, precisamos de uma ação curativa que nós cristãos chamamos de sacrifício. Outra preocupação do jornal era com aqueles que estavam às margens da sociedade, enclausurados em penitenciárias; presos estavam recebendo cursos de administração. A iniciativa mostrava que uma nova forma de se fazer o sistema penitenciário estava sendo pensada.

Capa da edição de 1º de março de 1964


Viver Bem

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literatura

dicas de cultura

Theatro Municipal em visita monitorada e gratuita Divulgação

5 Divulgação

Se você é aquele típico paulistano que quase não conhece a própria cidade onde mora, está na hora de começar a mudar isso. O Theatro Municipal de São Paulo passou a receber visitas monitoradas desde de 25 de fevereiro para que o público conheça melhor a sua arquitetura e arredores. As visitas acontecem de terça a sábado, e as inscrições são gratuitas e podem ser feitas até 10 minutos antes de o passeio começar. No Theatro Municipal, o público conhece espaços como o hall de entrada com suas escadarias, a sala de concertos, o Salão Nobre, dentre outros. Histórias e curiosidades sobre esse edifício centenário são apresentadas. Além do Theatro, o roteiro contempla, também, a Praça das Artes, equipamento da Fundação Theatro Municipal, que abriga as escolas municipais de música e dança. serviço O que: Visita ao Theatro Municipal de São Paulo Quando: Até a 24/05, as terças, quartas, quintas, sextas e sábados, às 11h Quanto: Grátis Onde: Praça Ramos de Azevedo, s/nº Observação: As inscrições podem ser feitas até 10 minutos antes de a visita começar

vamos cuidar da saúde!

direito do consumidor

HPV

Aposentadoria e falta de contribuição previdenciária por parte da empresa

Na próxima semana, se iniciará a vacinação contra o Papiloma do Vírus Humano, conhecido como HPV. Esse vírus é o causador do câncer de colo do útero. Inicialmente, a vacinação começa nas escolas públicas em todas as meninas de 11 a 13 anos completos de idade. No dia 29 de março, haverá a campanha nos postos de saúde para as meninas que ainda não tiverem sido vacinadas. A importância dessa imunização está em que o câncer do colo do útero é a segunda causa mais frequente de morte entre as mulheres no Brasil. Aproveite a campanha para verificar se existe vacina pendente em sua caderneta. Qualquer duvida procure o posto mais próximo de sua casa.. Dúvidas, dracassiaregina@gmail.com Dra. Cássia Regina é médica atuante na Estratégia de Saúde da Família (PSF).

Minha amada mãe, depois de trabalhar mais de 30 anos, tentou se aposentar, mas no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) foi informada de que a empresa para a qual trabalhara, apesar de descontar todo mês de seu salário um valor a título de contribuição previdenciária não repassara esse valor para a previdência social. Ela, mesmo assim, tem direito a se aposentar? Claro que sim, porque, no caso dela, que era registrada como empregada na sua Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), se enquadrava como segurada da previdência social, que é uma das espécies de contribuintes, e há uma presunção de recolhimento para o segurado empregado, mesmo que a empresa não tenha repassado tais contribuições para a previdência social. Nesse caso, era dever do INSS e dos órgãos públicos fiscalizar a arrecadação da contribuição previdenciária. Não aposentar minha amada mãe, assim como outras pessoas na mesma situação, seria ilegal. Saiba de seus direitos, procure um advogado. Dúvidas: ronaldquene@gmail.com. Ronald Quene é formado em Direito

Aparecida Devoção Mariana e a Imagem Padroeira do Brasil A história da imagem de Nossa Senhora Aparecida contada desde seu surgimento nas águas no rio Paraíba do Sul, em São Paulo, no século 18, até a visita do papa Francisco, em 2013, tornando-se o terceiro pontífice a visitar o Santuário Nacional de Aparecida, é o tema de “Aparecida Devoção Mariana e a Imagem Padroeira do Brasil”. O livro, de autoria de José Cordeiro, João Rangel e Denílson Luís foi concebido para auxiliar estudantes, pesquisadores e demais interessados em conhecer a invocação que é visitada anualmente por onze milhões de peregrinos de todo o Brasil e do exterior. “Aparecida Devoção Mariana e a Imagem Padroeira do Brasil” é resultado de consultas a acervos nos municípios de Aparecida e São Paulo. São 11 capítulos que mantêm o foco informativo nos episódios históricos: da narrativa da retirada da imagem do rio Paraíba do Sul por pescadores à construção do centro mariano, com capacidade para acolher cerca de 30 mil pessoas durante as celebrações. Aparecida: Devoção Mariana e a Imagem Padroeira do Brasil, de José Cordeiro, João Rangel e Denílson Luís foi impresso em dezembro de 2013, com edição da Cultor de Livros Preço R$ 48,00


6 Fé e Vida

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direito canônico

fé e cidadania

Os bens eclesiásticos

Crescimento desigual

Padre Carlos Roberto Santana da Silva

exemplo, a herança, o usufruto, as obrigações etc. As coisas corpóreas se distinguem em coisas corpóreas móveis e imóveis. Essa distinção é fundamental no Direito Civil. O sentido diversifica-se de acordo com as legislações, às quais se deve recorrer para apreender o verdadeiro significado. Estamos diante da canonização da lei civil. O atual Código Civil Brasileiro, nos artigos 79 e ss., registra a distinção entre “bens imóveis” e “bens móveis”, mencionando detalhadamente que bens são imóveis ou móveis. Sentimos que no universo dos bens culturais da Igreja está compreendido o que foi sintetizado pela CNBB: os bens (móveis e imóveis), “arquitetura, escultura, pintura,

Entende-se por bens eclesiásticos todos os bens temporais que pertencem à Igreja Universal, à Santa Sé e às pessoas jurídicas públicas eclesiásticas (cânon 1257, §1). Em relação às classes de bens, no Livro V do Código de Direito Canônico, são mencionados ocasionalmente os bens móveis, imóveis, culturais, direitos e ações pessoais e reais. O Código de Direito Canônico, porém, “ex-professo”, não faz nenhuma enumeração desses bens, nem os define, nem os classifica. Considerando o que afirma o cânon 1259, no qual se afirma os modos de aquisição de As coisas corpóreas se bens pela Igreja, distinguem em coisas corpóreas e que podem ser móveis e imóveis. Essa distinção de direito natural ou positivo. é fundamental no Direito Civil. Evidentemente O sentido diversifica-se de acordo que quando se com as legislações, às quais trata do direito positivo, se rese deve recorrer para apreender fere ao de cada o verdadeiro significado nação e, que, nesse caso, o Direito Canônico canoniza mobiliário e artes decoratisubstancialmente a legisla- vas e, além destes, os livros e ção civil (cânon 1290). Daí documentos escritos”. Acresse pode deduzir que o Direito centando ainda: “Estes bens Canônico adota em relação à pertencem à comunidade classificação e definição dos cristã, são patrimônio univerbens as leis respectivas de sal dos homens e, portanto, são inalienáveis”. cada país. Por uma especial imporPodemos aqui recordar a classificação tradicional dos tância jurídico-canônica, debens: Bens corpóreos (mó- vem-se considerar duas clasveis; imóveis) e não corpóre- ses de bens que mencionam o os. São coisas corpóreas as Código e que excepcionalmenque se podem tocar, como um te estão definidos pelo Código prédio, uma veste, o ouro, a de Direito Canônico: os bens prata etc. São coisas não cor- sagrados e os bens preciosos póreas as que não se podem e culturais, mas isso será obtocar, como as que consistem jeto das próximas edições. em um direito, como, por (Continua na próxima edição)

Padre Alfredo José Gonçalves

Escrevo desde Manila, Filipinas. Nessa cidade e nesse país, não é difícil se lembrar do Brasil. Tanto lá como cá, não faltam riquezas naturais, nem falta um povo disposto a trabalhar. Certo, os recursos brasileiros, bem como sua estrutura agrícola e industrial, sobrepõem-se ao que se encontra por aqui. Mas, nos dois países, verifica-se um crescimento desigual que favorece os que integram as classes dominantes, em detrimento da maioria da população. Aliás, em termos percentuais, o crescimento das Filipinas demonstra uma performance melhor que a do Brasil. Quase se equipara aos vizinhos Taiwan, Hong Kong, Cingapura, alguns dos chamados “tigres asiáticos”. Entretanto, a exemplo do que ocorre em terras brasileiras, os números de tal desempenho não se refletem em infraestrutura de transporte público, sistema educacional e sanitário, segurança, habitação etc. O resultado do trabalho

coletivo acumula-se em pou- entre o topo e a base da pirâcas mãos, gerando, ao mesmo mide social. Dito de maneira tempo, concentração de renda mais clara, enquanto a riqueza no andar de cima e exclusão e a renda são privatizadas, os social no andar de baixo. Nesse custos são socializados. Tema recorrente na Doutricaso, tanto as Filipinas quanto o Brasil se distanciam das na Social da Igreja, com deseconomias administradas com taque para a Gaudium et Spes princípios sociais mais justos e (1965) do Concílio Vaticano 2º sólidos, tais como a Coreia do e a encíclica Populorum ProSul e o Japão, para citar apenas gressio (1967), dois documendois exemplos. tos marcados pela lucidez do Qual o entrave desse abis- então papa Paulo 6º. O Pontífimo entre ricos e pobres? Onde se Em termos percentuais, o encontra o nó da questão? Vejamos crescimento das Filipinas dois motivos: o pridemonstra uma performance meiro tem a ver com melhor que a do Brasil. Quase a história de ambos os países. Nascese equipara aos vizinhos Taiwan, ram e cresceram Hong Kong, Cingapura, alguns de costas voltadas para o próprio povo: dos chamados “tigres asiáticos suas riquezas foram sempre apropriadas pelas potências internacionais. ce denunciava o descompasso A colonização, antiga ou mo- entre o progresso tecnológico e derna, deixa marcas que ainda o crescimento econômico, por sangram como feridas não ci- um lado, e a falta de desenvolcatrizadas. vimento integral, por outro. Ao lado da razão históriInfelizmente, suas observaca, porém, consolida-se uma ções continuam mais vivas e formação estrutural injusta e atuais do que nunca. Reapareviciada, que distorce qualquer cem com igual profetismo nas tipo de crescimento. De tal for- palavras do papa Francisco. ma que este, por maior robusto Até quando? – eis a pergunta que seja, aprofunda a distância que não quer calar.

espaço aberto

Viva o Carnaval João Baptista Herkenhoff

O desmancha-prazeres é a pessoa que deixa todo mundo calado e muda o clima reinante, de bom para ruim. Numa roda de conversa sobre música popular brasileira, ele resolve defender a tese de que música de verdade só mesmo a de Mozart e Chopin. Tudo o mais é lixo. O desmancha-prazeres é, decididamente, um indivíduo que só com muita paciência pode ser suportado. Tratar de qualquer outro tema, no artigo de hoje, fugindo do tema Carnaval, é agir como um desmancha-prazeres. Quero ficar livre desse estigma. Comecemos pelas escolas de samba. Na presença entusiasmada da gente mais simples do povo brasileiro, em escolas de samba e blocos de Carnaval, vejo, dentre outros aspectos, a profunda busca de identidade, tão forte na alma humana. Quem per-

tence a uma escola de samba tem endereço, raiz, deixa de ser alguém sem lenço e sem documento. Vibro com as escolas, sim, mas vibro mais ainda com o rosto feliz dos sambistas. Esses rostos me enternecem. Com muita frequência, aqueles que cometem crimes não têm uma identidade que os faz pessoas, na sociedade em que vivem. Só no submundo do crime têm nome e são ouvidos. As escolas de samba permitem que os mais pobres dentre os pobres, pelo menos por um dia, sejam aplaudidos nas avenidas e reconhecidos como gente com alma e coração. Na biografia de valorosos cidadãos que prestaram grandes serviços à comunidade, não é raro se registrar que passaram por uma escola de samba. Se houvesse menos preocupação em punir e lotar as prisões e mais preocupação com ações educativas e de valorização humana, a criminalidade teria uma imensa redução. O desfile de uma escola de samba é o teatro do povo, e o teatro, por uma longa tradição

histórica, construiu consciências. Não é por acaso que as ditaduras sempre perseguiram o teatro, proibiram a apresentação de peças, encarceraram autores e atores. Também temas de escolas de samba foram vetados na mais recente ditadura brasileira. Hoje vivemos no Brasil um clima democrático, em que as escolas de samba podem satirizar a presidente da República, os governadores, os prefeitos, os vereadores, os deputados, os senadores, os magistrados. Apesar de todas as dificuldades enfrentadas pelo povo nos dias de hoje, que tesouro sem preço é a liberdade. Bela saga do povo brasileiro na luta para “ser pessoa”: o sambista que se torna pessoa sambando; os populares que se tornam pessoas através da certidão de nascimento, do título de eleitor e da carteira profissional; o povo que trabalha e que transpira, que tenta na praia “ser pessoa” ocupando as areias que a todos pertencem e que só um elitismo caduco pode pretender privatizar.


Igreja em Ação

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pastoral da criança

pastoral vocacional

Acompanhamento nutricional

Organizando a Equipe Vocacional Paroquial

danielfieo@bol.com.br Um dos principais trabalhos realizados pela Pastoral da Criança é o acompanhamento nutricional, isto é, a avaliação do peso e da altura das crianças em todo o Brasil. Através desse acompanhamento personalizado, os voluntários da Pastoral ficam sabendo se as crianças estão ganhando ou perdendo peso e se estão crescendo conforme o esperado. Esse acompanhamento começa a ser realizado agora pela Pastoral da Criança da Arquidiocese. Nos dias 15 e 16 de fevereiro, foi realizada, na Paróquia São João Clímaco, uma capacitação onde foram preparados líderes de cinco comunidades da Região Ipiranga. Esses líderes foram preparados para fazer o acompanhamen-

to nutricional nas comunidades. Vão orientar as famílias sobre como observar o desenvolvimento do seu filho e vão dar dicas muito importantes sobre como prevenir a desnutrição e a obesidade e, se for o caso, como combater a obesidade. Alimentação saudável, hortas caseiras, atividades físicas, pequenas medidas que trazem grandes soluções. De acordo com pesquisas realizadas a partir da década de 1970 até 2010, houve uma diminuição significativa das taxas de baixo peso e desnutrição na população e, paralelamente, um aumento nas taxas de sobrepeso e obesidade, situação que evidencia um grave problema de saúde pública. No Brasil, observou-se que, entre os anos de 2008 e 2009, as taxas de excesso de peso atingiram cerca da

metade da população adulta, tanto homens quanto mulheres. Essa situação não se restringe somente à população adulta, crianças e adolescentes também são atingidos, em todas as classes sociais, tanto no interior quanto grandes cidades. Diante desses resultados, além dos cuidados com as crianças desnutridas, a Pastoral da Criança percebeu a necessidade de atuar em mais esse problema que afeta diretamente a saúde de tantas crianças. O programa de Acompanhamento Nutricional visa à melhoria dos padrões adotados para a determinação do estado nutricional das crianças e, com isso, uma melhor atuação com caráter preventivo, tanto sobre a desnutrição quanto sobre o sobrepeso e a obesidade infantil. Por Daniel Zampieri

manifesto social

Campanha contra a criminalização dos movimentos sociais Manifesto à população de São Paulo As entidades signatárias do Manifesto Contra a Criminalização dos Movimentos Sociais reunidas na cidade de São Paulo, no dia 25 de fevereiro, vêm a público denunciar as arbitrariedades cometidas pela Polícia Militar contra os participantes da manifestação realizada dia 22 de fevereiro, no centro da capital. O direito à manifestação é constitucional e foi cerceado violentamente pela ação da Polícia Militar. Diferentemente do que têm sido veiculadas, as novas táticas parecem ter sido aplicadas de forma arbitrária e planejadas sobre um grupo heterogêneo de manifestantes – que incluía professores, jornalistas, idosos e crianças – e não na contenção de um suposto início de quebra da ordem. Ao entrar em cena a chamada “tropa do braço”, com a aplicação da chamada chaleira, tática condenada internacionalmente de cerceamento e restrição da liberdade de ir e vir, o que se viu foi a ampliação das violações de direitos. Contando com quase o dobro de policiais do que manifestantes, o fato iniciou-se quando o cordão de policiamento, com muitos policiais sem portarem identificação, passou a comprimir e cercar os manifestantes, com uso de cassetetes e escudos, até fechar o cerco sobre uma parte dos mesmos, separado do restante. Cercados pela PM, mais de cem manifestantes, em cena registrada do alto e fartamente exibida pelos meios de comunicação, foram obrigados a permanecer sentados no asfalto, durante mais de duas horas, amontoados, debaixo de chuva. Eles foram tratados com extrema agressividade, incluindo o uso indevido da força sobre pessoas rendidas, revistas aleatórias e humilhantes, e uso de linguagem intimidatória e vexatória em seguidas agressões verbais e impropérios aos manifestantes.

Vale registrar os inúmeros relatos quanto aos arbitrários critérios de seleção das pessoas que, detidas e algemadas, eram retiradas do “cordão”, provocando o terror em todos. Posteriormente, transportados em micro-ônibus, em número muito superior à lotação dos veículos, os manifestantes foram conduzidos a diversas delegacias de polícia, permanecendo por longo tempo nos veículos e sendo impedidos de sair até para necessidades fisiológicas. No total, 262 pessoas foram presas, a maioria sem acusação nem flagrante, muitas obrigadas a permanecer sem possibilidade de comunicação com familiares ou advogados. Nas delegacias, há relatos de situações envolvendo registro de fotos de manifestantes com identificação do nome em placas, assinatura de documento com um espaço em branco não preenchido e a constrangedora situação da presença de advogados e alegados representantes da OAB, impedindo a ação dos advogados que acompanhavam a manifestação. Representantes da imprensa, como confirma nota pública da Associação Brasileira do Jornalismo Investigativo (Abraji), foram agredidos, presos e impedidos pelas forças públicas de trabalhar. Foi registrado caso lamentável de um jovem, em surto epilético, considerado por um policial como resistente à prisão e ameaçado de ser imobilizado com algemas; o mesmo jovem teve que esperar longo tempo até a chegada da ambulância, para atendimento adequado. Lamentavelmente, a política do Governo Federal e do Congresso de criar uma legislação antiterrorismo, que não tem procedência no contexto político social brasileiro e que pode criar situações de exceção, pondo em risco direitos constitucionais, reforça, com os fatos como o ocorrido durante a repressão da Polícia Militar do Esta-

do de São Paulo à livre manifestação e mobilização da população, a intenção de criminalizar movimentos sociais e manifestações populares. Repudiamos, veementemente, as situações aqui descritas e convocamos a sociedade a se manter atenta aos seus desdobramentos, seja no campo da apuração de responsabilidades pelos acontecimentos, seja pela vigilância necessária para que não se repitam. Presentes à reunião da Campanha Contra a Criminalização dos Movimentos Sociais, realizada dia 25 de fevereiro de 2014, assinam este Manifesto as entidades abaixo relacionadas: Comissão de Justiça e Paz de São Paulo Centro Santo Dias de Direitos Humanos da Arquidiocese de São Paulo Vicariato do Povo de Rua da Arquidiocese de São Paulo Grupo Tortura Nunca Mais (GTNM) Comitê Contra o Genocídio da Juventude Preta, Pobre da Periferia Centro de Direitos Humanos de Sapopemba Observatório da Juventude da Região Belém Mandato Toninho Vespoli Coletivo Autônomo de Trabalhadores Sociais Juventude, Socialismo e Liberdade (JSOL) Fraternidade Missionária O Caminho Mandato Ivan Valente – Deputado Federal PSOL/SP Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras) Pastoral Fé e Política da Arquidiocese de São Paulo Escola de Governo Apoiam: Conselho de Leigos da Arquidiocese de São Paulo (Clasp) Rede de Escolas de Cidadania de São Paulo (REC-SP)

Promotor vocacional da Arquidiocese de São Paulo

Padre Messias de Moraes Ferreira

Prezados animadores vocacionais de nossa Arquidiocese de São Paulo. Quero saudar a cada um em Cristo Jesus. “Graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e de nosso Senhor, Jesus Cristo” (Rm 1,5-7). Nosso empenho durante este ano de 2014 será para a implantação das Equipes Vocacionais Paroquiais (EVPs) em cada paróquia e comunidade da Arquidiocese de São Paulo. Para isso, foi pensado, refletido e planejado ações que favoreçam o surgimentos dessas equipes, bem como de vocações específicas e de especial consagração. As vocações estão em todo lugar, estão presentes nas paróquias e comunidades, basta apenas um olhar mais atento de uma equipe previamente formada, organizada e com planejamento específico, realize ações que despertem em cada batizado esse sentimento de pertença vocacional. Descobrir a própria vocação não é tarefa tão simples. Muitas vezes, o jovem ou mesmo aquela pessoa com mais idade, deseja fazer “algo mais” na e pela Igreja, mas não sabe por onde começar. A equipe vocacional paroquial seria essa ponte entre o despertar para a vocação e o encontrar-se da pessoa na comunidade. Esta “função” não será exclusiva da equipe paroquial, mas assumida por todos os membros da comunidade atuantes em todas as pastorais, ou seja, a animação vocacional não é responsabilidade de um grupo previamente definido, mas sim de toda a comunidade, desde o sacerdote até os leigos atuantes, bem como os religiosos e religiosas presentes na área paroquial. Assim, pensar, planejar, organizar e realizar atividades vocacionais bem como rezar e pedir ao “Senhor da Messe”, devem ser atividades diárias nas paróquias e comunidades, pois as vocações surgem em comunidades orantes A equipe vocacional paroquial deve ser o “combustível” das demais pastorais na paróquia, pois, sem vocação, nenhuma ação evangelizadora pode ir adiante e dar frutos que permaneçam. Num exemplo mais simples, seu papel é parecido com o do fermento na massa, ou do sal nos alimentos: não aparece, mas sem ele a massa não cresce e o alimento fica sem sabor. Você já pensou nisso? Então, se sua paróquia ou comunidade ainda não tem uma equipe que reza pelas vocações, vamos começar uma? Mais informações podem ser obtidas no Centro Vocacional Arquidiocesano (CVA) pelo e-mail cvasp@uol. com.br ou pelo telefone 3104-1795.


8 Igreja em Ação

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Mundo do trabalho – pastoral operária

pastoral da pessoa idosa

‘Vida de Trabalho x Vida de Fé x Vida de Família’

O que é a Pastoral da Pessoa Idosa?

Operário e ex-metalúrgico de São Paulo, é membro da coordenação da Pastoral Operária na Arquidiocese de São Paulo

José Lucas dos Santos

pois entendemos que o contexto social na cidade mudou de foco na medida em que a presença operária não tem a mesma potência e intensidade que havia nos anos de 1970, 1980 até a virada para o novo século. É imperativo que haja esse repensar, provocando inclusive a necessidade de aperfeiçoar a metodologia da pastoral. Tanta inspiração fez surgir na assembleia uma pista que tem como raiz os momentos comuns à vida dos trabalhadores de um modo geral: “Vida de Trabalho X Vida de Fé X Vida de Família”. São três momentos distintos,

A Pastoral Operária da Arquidiocese e mais três dioceses na cidade de São Paulo reuniram-se dias 7 e 8 de dezembro de 2013, em Assembleia Bienal, para refletir, pensar e elaborar as ações a serem desenvolvidas neste ano de 2014. Essa assembleia contou com a participação de representantes das regiões episcopais Belém, Brasilândia, Ipiranga, Santana e Sé mais as dioceses de Campo Não é de hoje que preocupa as Limpo, Santo principais lideranças da Pastoral Amaro e São Miguel, receOperária a necessidade de encontrar bendo também uma nova forma de abordagem a presença do Colegiado Nacional da Pasto- mas que se entrelaçam no ral Operária. cotidiano, pois o trabalhador Entre os destaques dos ou a trabalhadora vivencia, temas aprofundados a partir reflete e toma iniciativas que da análise econômica, políti- vão conduzir e definir sua caca, sindical e eclesial, surgiu minhada. a grande preocupação da O debate muito intenso necessidade de se repensar na assembleia colocou para a ação pastoral, tendo como todos os participantes o defonte inspiradora o primei- safio de, em 2014, se debruro documento lançado pelo çarem, discutindo nos grupos papa Francisco, sua exorta- de base, nas coordenações ção “Evangelii Gaudium - A regionais e diocesanas, proAlegria do Evangelho - Sobre curando contribuir para a o anúncio do Evangelho no caminhada da pastoral, com o reforço dos grupos, a formundo atual”. Não é de hoje que preo- mação de novos e motivando cupa as principais lideranças os diversos setores da Igreja da Pastoral Operária a ne- a olharem com mais intensicessidade de encontrar uma dade as questões do mundo nova forma de abordagem, do trabalho.

Para assinar O SÃO PAULO: Escolha uma das opções e a forma de pagamento. Envie esse cupom para: FUNDAÇÃO METROPOLITANA PAULISTA, Avenida Higienópolis, 890 São Paulo - SP - CEP 01238-000 - Tel: (011) 3666-9660/3660-3724

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Multiplicador da Pastoral da Pessoa Idosa da Arquidiocese de São Paulo

Jairo Fedel

A ação da Pastoral da Pessoa Idosa (PPI) está dividida em cinco partes: ver, julgar, agir, avaliar e celebrar. No “ver” a/o líder da PPI acompanha as pessoas idosas através de visitas domiciliares, a fim de conhecê-las. Conhecer a história, angústias, necessidades, sonhos, alegrias e realizações delas. Procura conhecêlas profundamente e identifica as que mais precisam de acompanhamento. Todo esse conhecimento que a/o líder tem das pessoas idosas permite, aos poucos, ajudá-las a ter mais conhecimento sobre o seu envelhecimento. Devagar, vamos mudando as práticas de vida delas. Para a PPI, evangelizar é mudar valores que não permitem que as pessoas idosas tenham vida em plenitude. Não é necessário falar de Deus para elas, mas levamos a dignidade de filhos e filhas de Deus. Le-

vamos critérios de vida que são muitas vezes, afligem as pessocritérios de vida que o Senhor as idosas das comunidades. O líder precisa estar infornos deixou: dignidade humana, respeito, fraternidade, solida- mado sobre os recursos disporiedade. Queremos que o mo- níveis na comunidade voltados delo de sociedade que estamos para o atendimento às pessoas construindo seja como Deus idosas, tais como unidades de planejou. Que as pessoas ido- saúde, equipes de saúde da sas sejam felizes, construtoras família, serviços que fornecem da paz e da harmonia entre os órteses, próteses, dentistas, homens, a fim de que Deus seja grupos de idosos para socialização, horários de missas e glorificado nelas. No “julgar”, a/o líder parti- cultos, e tantos outros que poslha com as famílias o que já sabia pela sua O líder precisa estar informado experiência de vida e os conhecimentos sobre os recursos disponíveis que adquire em sua na comunidade voltados para o capacitação básica atendimento às pessoas idosas, e na formação continuada. Ele tem a tais como unidades de saúde, alegria de partilhar equipes de saúde da família com as pessoas idosas e aprender com elas. Tem a atitude de humil- sam ajudar a pessoa idosa a ter dade, de alguém que está pres- mais qualidade de vida. Por ser um processo edutando um serviço muito importante para as famílias. Nunca cativo, a caminhada é longa e, as critica e guarda muito dis- muitas vezes, não percebemos cretamente o que vê no interior as mudanças rapidamente. Não das casas, só tratando disso na se muda maus hábitos arraigareunião mensal para reflexão e dos por tantos anos de uma avaliação, para entender mais hora para outra, e a paciência claramente como encaminhar é uma grande virtude. as soluções de problemas que, (Continua na próxima edição)

comiar

Missão e a dignidade de filho e filha de Deus Integrante de Comiar da Arqudiocese de São Paulo

Irmã Carolyn Moritz, MM

Deus optou por dar sua dignidade a todos nós, criando-nos a sua imagem e semelhança. É aquela dignidade que destruímos deixando acontecer o tráfico humano. Nesta Quaresma, o tema de nossa Campanha da Fraternidade é “Fraternidade e tráfico humano”. Esse tema cobre muitos aspectos que levam a destruir a dignidade da pessoa humana. Cristo veio para trazer salvação e ajudar-nos a reconhecer e respeitar essa dignidade em todas as pessoas. A missão do cristão também abrange um trabalho de proteger e lutar para que todas as pessoas no mundo sejam respeitadas em sua dignidade de filho e filha de Deus. A realidade do tráfico humano parece para muitos de nós como assunto de novela – “Salve Jorge”. Mas a realidade é que existe, e, muitas vezes, existe até em nossos bairros sem que tenhamos consciência do fato. Também o tráfico humano apresenta muitas faces diferentes.

O cartaz da Campanha mostra cinco mãos – uma em cima com as correntes que estavam amarradas nas mãos embaixo. As quatro mãos embaixo representam os diferentes tipos de tráfico humano que existe ao nosso redor. A primeira significa trabalho escravo, que existe em algumas fábricas, na roça e no trabalho mineiro. A segunda significa o tráfico de órgãos para o mercado de transplante, que muitas vezes acontece sem o conhecimento da pessoa. Por causa de médicos inescrupulosos que tiram, sem o paciente saber, um órgão, como um rim, durante uma cirurgia. A terceira mão representa as pessoas, normalmente mulheres, enganadas com promessas de melhor vida e trabalho em outros países ou estados, sem saberem que serão chantageadas para o trabalho sexual contra sua vontade. Finalmente, a última mão representa as crianças raptadas e vendidas para serem adotadas ou também para tirar seus órgãos para vender. Temos que notar que as correntes precisam ser rompidas. Isso é nossa tarefa como discípulos missionários de Jesus Cristo – buscar maneiras de romper todas as correntes do

tráfico humano ao nosso redor. Muitas vezes, pensamos que o problema do tráfico humano não acontece em nosso bairro. Às vezes, estamos mais conscientes e preocupados com outros tipos de violência que ocorre na cidade, esquecendo que, por causa de tanta pobreza e miséria que sofrem as pessoas ao nosso redor, há condições para elas aceitarem as tentações de um trabalho fora de um país que parece uma salvação de sua situação. Também ao nosso redor temos muitos migrantes e pessoas sem documentos e, para sobreviverem, aceitam trabalhos escravos em fábricas clandestinas que estão escondidas sem a população conhecer sua existência. Muitas vezes, frente a situações tão graves, perguntamos: “O que posso fazer?”. A primeira resposta pode ser fiquem atentos e façam reflexões com as pessoas em sua comunidade, especialmente com os jovens, para conscientizá-los sobre os perigos do tráfico humano. Qualquer coisa que fizermos pode ajudar. O trabalho de acabar com o tráfico humano é um desafio e começa com os nossos olhos abertos e com muita fé.


Geral

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PARÓQUIAS CENTENÁRIAS

Igreja adapta evangelização a mudanças do bairro Paróquia São Geraldo acolhe fiéis que nas últimas décadas passaram a viver nas Perdizes Daniel Gomes

Reportagem na zona oeste

Nas últimas duas décadas, o bairro das Perdizes, na zona oeste de São Paulo, passou por um intenso processo de verticalização, com casas dando lugares a prédios. Essa realidade, aliada ao falecimento dos paroquianos mais antigos, levou a mudanças na atuação da Paróquia São Geraldo, que em fevereiro completou 100 anos de fundação. “Era uma comunidade com muitas características de uma paróquia de interior, com muitas famílias tradicionais, no bairro todos se conheciam. Depois, muitos faleceram, famílias se mudaram e houve um ‘esfriamento’ da vida paroquial. Porém, nos últimos anos, com a construção de muitos prédios, com famílias passando a residir nas Perdizes, temos percebido uma influência na vida paroquial. Há novas pessoas que se ofereceram para participar da comunidade. Estamos vivendo um período de reanimação, uma nova esperança, que promete uma renovação significativa da vida paroquial”, comentou, ao O SÃO PAULO, o padre José Augusto Schramm Brasil, pároco. Beatriz da Conceição Barros de Queiroz Alonso, 70, mudouse para as Perdizes há 12 anos e passou a frequentar a Paróquia, que considera “acolhedora e muito bem organizada, com verdadeiro espírito missionário”. Atualmente, participa do Apostolado da Oração, das pastorais da Liturgia e da Saúde e dos Oratórios de São Geraldo, sendo uma das pioneiras dessa

iniciativa, pela qual 20 oratórios, contendo a oração e a biografia do santo, são levados às famílias do bairro. Dalva Aparecida Zaniboni, 62, está há mais tempo na Paróquia, 21 anos, 20 dos quais como sacristã. Ela recordou que ,ao se mudar para as Perdizes, se sentiu bem acolhida na São Geraldo e se envolveu nas atividades. “Dei minha vida por essa igreja, a amo de paixão, amo mais do que minha casa”, enfatizou. Outro modo pelo qual a Paróquia se aproxima das famílias é pelos grupos de reflexão, que acontecem às segundas-feiras nos prédios. Os trabalhos co-

meçaram na década de 1990, com os livretos dos encontros do projeto de evangelização da CNBB “Rumo ao Novo Milênio”, em preparação ao jubileu do ano 2000, e seguiram após o ano jubilar, contando, atualmente, com 14 grupos. A atenção às pessoas em situação de vulnerabilidade também é parte da atuação desta igreja, especialmente por meio da Pastoral da Criança e da Associação Paulista de Amparo à Mulher (Apam), que, conduzida pelas Irmãs Mensageiras do Amor Divino, cadastra famílias carentes, as visita e por um ano lhes oferece uma cesta básica, além de cursos profis-

sionalizantes para as mulheres. Para comemorar o centenário da Paróquia, que será concluído em outubro, uma comissão de fiéis se uniu para viabilizar reformas no templo e comprar um sino de mil quilos, que já pode ser visto no pátio da igreja e que, em breve, estará nas torres. O objeto recorda que a São Geraldo está em posse, desde 1942, do “Sino da Independência”, que naquele ano repicou para anunciar a procissão de encerramento do 4º Congresso Eucarístico Nacional, mas que antes, em 7 de setembro de 1822, já tocara para demarcar a proclamação da Independência do Brasil.

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Luciney Martins/O SÃO PAULO

História centenária da Paróquia São Geraldo é lembrada por padre José Augusto e leigas Dalva e Beatriz; para festejos, fiéis adquiriram um sino comemorativo

A paróquia do ‘Sino da Independência’, que repicou no 4º Congresso Eucarístico Nacional Da reportagem

Criada em 15 de fevereiro de 1914 por dom Duarte Leopoldo e Silva, então arcebispo metropolitano, a Paróquia São Geraldo foi desmembrada da Paróquia Santa Cecília e teve como primeira matriz a pequena Capela de Nossa Senhora da Conceição e Santa Cruz, localizada no atual território da igreja, que fica no Largo Padre Péricles (nome do primeiro pá-

roco, cônego Péricles Gomes Barbosa). Em 1920, teve início a construção do templo atual, concluído em 1932. Em 1942, partiu da Paróquia, em direção ao Vale do Anhangabaú, a procissão de encerramento do 4º Congresso Eucarístico Nacional, iniciada com o repicar do “Sino da Independência”, o mesmo que tocou em 7 de setembro de 1822, para anunciar à cidade a proclamação

da Independência do Brasil. Após o cônego Péricles, estiveram à frente da São Geraldo: monsenhor Deusdedit de Araujo, monsenhor Victor Nickelson, monsenhor Grilli, monsenhor Expedito Marcondes, padre Paulo Santana, cônego Ulisses Antonio Salvetti e padre José Augusto Schramm Brasil (atual). Em constante adaptação às mudanças do bairro, a Paróquia atua por meio das pas-

torais da Saúde, Dízimo, da Criança, da Iniciação Cristã e da Liturgia, grupos de oração e movimentos, tais como Mãe e Rainha, Ofício Divino, Apostolado da Oração, Oratórios de São Geraldo. De terça a sextafeira, há missas às 12h15 e às 18h30, aos sábados, às 17h, e aos domingos, às 9h, 11h, 16h e 18h30. O dia do padroeiro, São Geraldo Majela (17261755), é festejado em 16 de outubro. (DG)


10 Geral

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Mensagem do papa Francisco para a Campanha da Fraternidade 2014 Queridos brasileiros, Sempre lembrando do coração grande e da acolhida calorosa com que me estenderam os braços na visita de fins de julho passado, peço agora licença para ser companheiro em seu caminho quaresmal, que se inicia no dia 5 de março, falando-lhes da Campanha da Fraternidade que lhes recordo a vitória da Páscoa: “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1). Com a sua Paixão, Morte e Ressurreição, Jesus Cristo libertou a humanidade das amarras da morte e do pecado. Durante os próximos 40 dias, procuraremos conscientizar-nos mais e mais da misericórdia infinita que Deus usou para conosco e logo nos pediu que a transbordássemos para os outros, sobretudo aqueles que mais sofrem: “Estás livre! Vai e ajuda os teus irmãos a serem livres!”. Nesse sentido, visando mobilizar os cristãos e pessoas de boa vontade da sociedade brasilei-

ra para uma chaga social que é o tráfico de seres humanos, os nossos irmãos bispos do Brasil lhes propõem este ano o tema “Fraternidade e Tráfico Humano”. Não é possível ficarmos impassíveis, sabendo que existem seres humanos sendo tratados como mercadoria! Pensemos nas adoções de criança para remoção de órgãos, nas mulheres enganadas e obrigadas a se prostituir, nos trabalhadores explorados, sem direitos nem voz, etc. Isso é tráfico humano! “A este nível, há necessidade de um profundo exame de consciência: de fato, quantas vezes toleramos que um ser humano seja considerado como um objeto, exposto para vender um produto ou para satisfazer desejos imorais? A pessoa humana não se deveria vender e comprar como uma mercadoria. Quem a usa e explora, mesmo indiretamente, se torna cúmplice desta prepotência” (Discurso aos novos

Embaixadores, 12/12/2013). Se, depois, descemos ao nível familiar e entramos em casa, quantas vezes aí reina a prepotência! Pais que escravizam os filhos, filhos que escravizam os pais; esposos que, esquecidos de seu chamado para o dom, se exploram como se fossem um produto descartável, que se usa e se joga fora; idosos sem lugar, crianças e adolescentes sem voz. Quantos ataques aos

valores basilares do tecido familiar e da própria convivência social! Sim, há necessidade de um profundo exame de consciência. Como se pode anunciar a alegria da Páscoa, sem se solidarizar com aqueles cuja liberdade aqui na terra é negada? Queridos brasileiros, tenhamos a certeza: Eu só ofendo a dignidade humana do outro, porque antes vendi a minha. A troco de quê? De poder, de fama, de bens materiais... E isso – pasmem! A troco da minha dignidade de filho e filha de Deus, resgatada a preço do sangue de Cristo na Cruz e garantida pelo Espírito Santo que clama dentro de nós: “Abbá, Pai!” (cf. Gl 4,6). A dignidade humana é igual em todo ser humano: quando piso-a no outro, estou pisando a minha. Foi para a liberdade que Cristo nos libertou! No ano passado, quando estive junto de vocês, afirmei que o povo brasileiro dava uma grande lição de solidariedade; certo disso, faço

votos de que os cristãos e as pessoas de boa vontade possam se comprometer para que mais nenhum homem ou mulher, jovem ou criança, seja vítima do tráfico humano! E a base mais eficaz para restabelecer a dignidade humana é anunciar o Evangelho de Cristo nos campos e nas cidades, pois Jesus quer derramar por todo o lado vida em abundância (cf. Evangelii Gaudium, 75). Com esses auspícios, invoco a proteção do Altíssimo sobre todos os brasileiros, para que a vida nova em Cristo lhes alcance, na mais perfeita liberdade dos filhos de Deus (cf. Rm 8, 21), despertando em cada coração sentimentos de ternura e compaixão por seu irmão e irmã necessitados de liberdade, enquanto de bom grado lhes envio uma propiciadora bênção apostólica. Vaticano, 25 de fevereiro de 2014. Francisco

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ESPECIAL 1º ano de pontificado do papa francisco | Edição 2992| 6 a 10 de março de 2014 Reportagens: Padre Michelino Roberto, Rafael Alberto, Fernando Geronazzo e padre João Bechara Ventura L’Osservatore Romano

O papa Francisco concedeu uma entrevista ao jornal italiano “Corrierre della Sera”, tratando de assuntos relevantes do seu primeiro ano de pontificado. Desde a apresentação no balcão da Basílica de São Pedro, na noite de 13 de março de 2013, o Bispo de Roma lidou com diversos assuntos, tais como a Nova Evangelização, a reforma da Cúria Romana, a família, os escândalos de pedofilia e a pobreza na Igreja. Com perspicácia e bom humor, o Santo Padre falou desses temas, comentando ainda sobre certa “mitologia” criada em torno de sua imagem, e sobre suas relações com Bento 16. A seguir trechos da entrevista,

Balanço do pontificado

“[“Balanços”] Eu os faço apenas a cada 15 dias, com o meu confessor.”

Relações com Bento 16

“O papa Emérito não é uma estátua em um museu. É uma instituição. Não estávamos acostumados. Sessenta ou setenta anos, o bispo emérito não existia. Veio depois do Concílio. Hoje, é uma instituição. A

O Papa não é um ‘super-homem’ mesma coisa deve acontecer com o papa Emérito. Bento 16 é o primeiro, e talvez haverá outros. Não sabemos. Ele é discreto, humilde, não quer perturbar. Falamos a respeito e decidimos juntos que seria melhor que ele visse pessoas, saísse e participasse da vida da Igreja. Uma vez, ele veio aqui para a bênção da estátua de São Miguel Arcanjo, depois ao almoço em Santa Marta, e, depois do Natal, eu lhe dirigi o convite de participar do Consistório, e ele aceitou. A sua sabedoria é um dom de Deus. Alguns gostariam que ele se retirasse para uma abadia beneditina longe do Vaticano. Eu pensei nos avós que, com a sua sabedoria, os seus conselhos, dão força à família e não merecem acabar em uma casa de repouso.”

Modo de governo

“O Papa não está sozinho no seu trabalho, porque está acompanhado e é aconselhado por muitos. E seria um ho-

mem sozinho se decidisse sem ouvir ou fingindo ouvir. Mas há um momento, quando se trata de decidir, de colocar uma assinatura, em que ele está sozinho apenas com o seu senso de responsabilidade.”

Projetos de mudança

“Em março passado, eu não tinha nenhum projeto de mudança da Igreja. Eu não esperava essa transferência de diocese, digamos assim. Comecei a governar tentando colocar em prática o que havia surgido no debate entre cardeais nas várias Congregações. No meu modo de agir, espero que o Senhor me dê a inspiração. Dou-lhe um exemplo. Falou-se do cuidado espiritual das pessoas que trabalham na Cúria, e começaram a fazer retiros espirituais. Devia-se dar mais importância aos Exercícios Espirituais anuais: todos têm o direito de passar cinco dias em silêncio e meditação, enquanto antes, na Cúria, ouviam-se três pregações por

dia, e depois alguns continuavam trabalhando.”

Imagem pública

“Eu gosto de estar entre as pessoas, junto com quem sofre, ir às paróquias. Não me agradam as interpretações ideológicas, uma certa mitologia do papa Francisco. Quando se diz, por exemplo, que ele sai de noite do Vaticano para ir dar de comer aos sem-teto na Via Ottaviano. Isso nunca me veio à mente. Sigmund Freud dizia, se não me engano, que em toda idealização há uma agressão. Pintar o Papa como uma espécie de super-homem, uma espécie de estrela, parece-me ofensivo. O Papa é um homem que ri, chora, dorme tranquilo e tem amigos, como todos. Uma pessoa normal.”

O Papa e o marxismo

“Nunca compartilhei a ideologia marxista, porque não é verdadeira, mas conheci muitas pessoas boas que professavam o marxismo.”

Escândalos e abusos

“Os casos de abuso são terríveis, porque deixam feridas muito profundas. Bento 16 foi muito corajoso e abriu um caminho. A Igreja, nesse caminho, fez muito. Talvez mais do que todos. As estatísticas sobre o fenômeno da violência contra as crianças são impressionantes, mas também mostram com clareza que a grande maioria dos abusos ocorre no ambiente familiar e na vizinhança. A Igreja Católica talvez seja a única instituição pública que se moveu com transparência e responsabilidade. Ninguém fez mais. No entanto, a Igreja é a única a ser atacada.”

Uniões civis homoafetivas

“O matrimônio é entre um homem e uma mulher. Os Estados laicos querem justificar as uniões civis para regular diversas situações de convivência, impulsionados pela exigência de regular aspectos econômicos entre as pessoas, como por exemplo assegurar a assistência de saúde. Trata-se de pactos de convivência de várias naturezas, dos quais eu não saberia elencar as diversas formas. É preciso ver os diversos casos e avaliá-los na sua variedade.”




14 Especial

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Papa demonstra incrível confiança nos leigos ‘Ele nos atribui enorme autonomia e responsabilidade’, diz autora italiana FILIPE DOMINGUES

Especial para O SÃO PAULO em Roma

Tomar iniciativa e não esperar pelos outros para evangelizar. Segundo a professora Emilia Palladino, especialista em Doutrina Social da Igreja e autora do livro “Leigos e Sociedade Contemporânea”, foi essa a mensagem do papa Francisco para os fiéis leigos no seu primeiro ano de pontificado. Em entrevista exclusiva ao O SÃO PAULO, ela afirmou que

Francisco tem uma “incrível confiança” nos leigos e lhes dá uma “responsabilidade tão grande que até nos confunde”, avalia a italiana, que ensina na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. “O problema do laicato é importantíssimo, sobretudo na Itália. Temos uma tradição cultural clerical. Não somos habituados, como leigos, a tanta liberdade”, explica Palladino, que é casada e tem uma filha. “Mas Francisco nos pede que não deixemos para os outros o peso e a vocação à missão.” Segundo ela, o Papa sinaliza que os leigos não têm um papel marginal na Igreja. “Para Francisco, a minha autonomia pastoral está no fato de que sou uma pessoa que crê. Eu ca-

minho na fé e por isso estou em missão. E devo acompanhar o processo de crescimento de outras pessoas na fé. Não é pouca coisa”, brinca. De acordo com a professora, a mensagem deste Papa para os leigos é semelhante à de João Paulo II para a juventude, quando dizia que o jovem é o evangelizador do jovem. Mulheres – Muito se questiona sobre o que o papa Francisco quis dizer quando, na viagem de volta à Itália, após visitar o Brasil, afirmou que a Igreja precisa de uma Teologia da Mulher. “Ele não foi preciso e ainda não houve orientações”, reconhece a autora. “Mas, como mulher, tendo a pensar que Francisco é mais próximo de mim do

que outros papas do passado. Isso não quer dizer que eu tenha resistências a Bento 16 ou a João Paulo 2º. É uma questão de sensibilidade. Por outro lado, Francisco disse em diversas ocasiões que o papel da mulher na Igreja deve estar diretamente ligado à figura de Maria. “Uma Igreja sem as mulheres é como o colégio apostólico sem Maria”, declarou o Papa, após a visita ao Rio de Janeiro. “O papel da mulher na Igreja não é somente a maternidade, é mais forte. É exatamente o ícone da Virgem, aquela que ajuda a Igreja a crescer. Nossa Senhora é mais importante que os apóstolos! A Igreja é feminina: é Igreja, é esposa, é mãe”, completou. Em outras ocasiões, ele reafir-

mou que o sacerdócio feminino está fora de cogitação, como já haviam definido seus antecessores. “As mulheres na Igreja precisam ser valorizadas, e não clericalizadas”, resumiu Francisco certa vez, em entrevista ao jornal italiano “La Stampa”. De qualquer forma, para Palladino ainda é cedo para cobrar mudanças deste pontificado no tema das mulheres. “Não creio que seja o tempo, após apenas um ano. Mas espero que ele nos escute. Espero que coloque ações concretas em campo para escutar as mulheres”, diz, ponderando que o “mundo feminino” é muito diversificado, de modo que seria necessário ouvir várias vozes para se refletir bem sobre o papel da mulher na Igreja. L’Osservatore Romano

Francisco é um ‘grande homem de governo’ FILIPE DOMINGUES

Especial para O SÃO PAULO em Roma

“O Papa é um grande homem de governo”, avalia o padre Rocco D’Ambrosio, professor de Filosofia e Ética Política da Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, autor do livro “Como pensam e agem as instituições”. Ele faz parte de uma iniciativa de 15 professores que se uniram para publicar comentários sobre a exortação apostólica do papa Francisco, Evangelii Gaudium (“A Alegria do Evangelho”). A coletânea está prevista para maio, mas, em entrevista exclusiva ao O SÃO PAULO, padre D’Ambrosio adiantou suas impressões sobre o primeiro ano do pontificado. Para o professor,

italiano de Bari, as experiências de Jorge Mario Bergoglio como superior provincial dos Jesuítas na época de ditadura argentina e como arcebispo de Buenos Aires por 15 anos foram grandes escolas para que aprendesse a conduzir a Igreja. “É um homem que estuda as situações, aprende a conhecer as pessoas e toma decisões. Às vezes, decisões sofridas”, diz. “Não podemos esconder que a fraqueza física do papa Bento 16, que o levou à renúncia, havia criado certos problemas. Mas Francisco está buscando governá-los, e talvez isso seja uma coisa que não aparece muito.” Entretanto, D’Ambrosio recomenda cautela quando se fazem comparações entre os pon-

tificados. “Para mim, tudo deve ser lido na linha da continuidade e da descontinuidade. Existem coisas que estão em continuidade e existem coisas que são descontínuas. Mas isso não é um juízo de mérito, de dizer que um é melhor que o outro”, explica. Ele cita, por exemplo, os casos dos papas Pio 12 e João 23, ou Paulo 6º e João Paulo 2º, que tinham personalidades e estilos de governo completamente diferentes. “Podemos até falar das diferenças entre Bento 16 e Francisco, mas temos que observar elementos incompletos, porque a fase histórica não está fechada.” Além disso, acrescenta, “cada um traz à vida da Igreja a contribuição que considera útil”. Mesmo que haja desconti-

nuidade de estilo, “a fé é sempre a mesma”. Por sinal, o professor da Gregoriana avalia que o aspecto mais marcante deste primeiro ano de Francisco é justamente o seu estilo pessoal. “Pelo que pude entender, ele não mudou quando foi eleito. Tem sensibilidade na abordagem, na aproximação com as pessoas, e um perfil comunicativo”, resume. D’Ambrosio acredita que Francisco seja um grande comunicador, mesmo sem querer. Isso ficou claro na entrevista que deu ao padre jesuíta Antonio Spadaro, em setembro de 2012: “Eu consigo olhar as pessoas individualmente, uma de cada vez, e entrar em contato de maneira pessoal com quem

está à minha frente. Não estou acostumado com as massas”, revelou o Papa. Quanto ao conteúdo das mensagens do papa Francisco, D’Ambrosio entende que os valores transmitidos estão todos no Evangelho e vêm sendo interpretados pela Igreja ao longo da história. “Ele tem a capacidade de voltar ao núcleo do Concílio Vaticano 2º”, avalia, referindo-se à grande reforma realizada entre 1962 e 1965, iniciada sob João 23 e concluída no papado de Paulo 6º. “A renovação eclesial, um novo impulso missionário, a atenção aos problemas sociais... Quem aceita o Concílio, não rejeita Francisco. Do ponto de vista doutrinal, este Papa é o Vaticano 2º.”


Região Lapa

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Missas voltam a acontecer em templo restaurado No domingo, 2, fiéis da Paróquia Santa Mônica voltaram a celebrar na igreja matriz, que há dois anos está em reconstrução

as, ou seja, aproximando de todos os seus, aí está esse Reino de Deus. O Reino de Deus é viver como Jesus viveu, se nós quisermos construí-lo, e continuarmos essa construção, nós precisamos viver com o Jesus viveu.” Padre Donizete explicou o que significa viver como Jesus viveu: é ter suas atitudes, é viver intensamente esse amor a Deus Pai, mas amando a cada

um, cada pessoa. Jesus ensinou a todos essas coisas, e dizia que não se pode amar a Deus sem amar os irmãos, porque o amor a Deus passa pelo amor de uns pelos outros. Por isso, Jesus nos ensinou a conservar o amor com gestos, não só falar do amor, mas praticando verdadeiramente, ou seja: vivendo a fé intensificada da vida, no respeito uns com os outros e na solidariedade a todos.

Padre Donizete, em entrevista, deixou uma mensagem a todos os fiéis da Paróquia Santa Mônica: “Que primeiramente louvemos a Deus, por esta primeira etapa quase concluída, em que já estamos celebrando a nossa santa missa, aqui neste espaço. Isso com certeza é fruto do espírito de comunhão que cada um abraçou, em seu coração, no speu dinamismo. A gente

sabe. Que de fato é o esforço de cada um, e a credibilidade dessa comunidade é sinal visível da presença do Reino de Deus, como hoje nos fala o Evangelho. Eu agradeço a Deus tudo isso, esse trabalho bonito que a comunidade faz junto ao pároco padre Jaidan e todos nós que aqui estamos juntas trabalhando para edificação desta comunidade Santa Mônica”.

Benigno Naveira

Benigno Naveira

Colaborador de comunicação da Região

Na manhã de domingo, 2, a reportagem da LAPA Pascom da Região Episcopal Lapa acompanhou a celebração eucarística na Paróquia Santa Mônica, Setor Pirituba, após dois anos da obra de reconstrução do templo, demolido devido às instalações estarem comprometidas. Padre Jaidan Freire, pároco e responsável pela obra, reiniciou as celebrações na área já construída, porém inacabada, da nova igreja. Os fiéis que por dois anos participaram das celebrações numa área improvisada na Escola Estadual João Nogueira, nunca perderam a esperança e a fé na construção e na melhoria nas instalações da Paróquia. A celebração eucarística foi presidida pelo padre Donizete José Xavier, também responsável pela obra, que em sua homilia indagou: “Estamos preocupados com o Reino de Deus, em sua construção? O que entendemos por Reino de Deus, será que o Reino de Deus já aconteceu? Será que o Reino de Deus vai acontecer? Será que o Reino de Deus está acontecendo?”. Padre Donizete refletiu que sempre é preciso ver o Reino de Deus, que é Jesus Cristo já na cruz, que morreu por todos e deixou o Reino de Deus para que continuem ao longo de toda a história. “Aquilo que Jesus demonstrou e trouxe como testemunha da sua vida é o Reino de Deus, aquilo que Jesus nos ensinou como programa de vida é o Reino de Deus, aquilo que Jesus demonstrou amando as pessoas, servindoagenda regional

Quinta-feira (6), 20h Aula inaugural do Curso de Teologia, na Paróquia Nossa Senhora de Fátima (rua Barão Passagem, 971), com a presença de dom Julio Endi Akamine.

Padre Donizete Xavier preside missa na matriz da Paróquia Santa Mônica, que há dois anos está em reconstrução, após instalações estarem comprometidas

palavra do bispo

O fundamentalismo não leva em conta a revelação bíblica Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa

Dom Julio Endi Akamine

Querido leitor do jornal O SÃO PAULO, em nossa última reflexão, falamos que a inspiração bíblica é um carisma do Espírito Santo. Trata-se de um carisma que garante que o escrito é querido por Deus e por isso é “Palavra de Deus”. O carisma da inspiração bíblica continua na Igreja não no senso de que mais livros inspirados possam ser ainda escritos, mas no sentido de que o mesmo Espírito Santo, que inspirou os livros sagrados, continua a agir na Igreja para a sua reta interpretação e atualização. Assim, a aceitação de que

a Bíblia é inspirada por Deus (e por isso é Palavra de Deus) obriga os cristãos a interpretála e atualizá-la. Ignorar ou esquecer isso significa cair na leitura fundamentalista da Bíblia. E o que é leitura fundamentalista da Bíblia? A leitura fundamentalista parte do princípio de que a Bíblia, sendo Palavra de Deus, deve ser lida e interpretada literalmente em todos os seus detalhes. Essa “interpretação literal” nunca foi aceita pela Igreja porque exclui o esforço de compreensão da Bíblia que leve em conta seu crescimento histórico e seu desenvolvimento. Se bem que o fundamentalismo tenha razão em insistir sobre a inspiração divina da Bíblia e a verdade da Palavra de Deus, mas sua maneira de apresentar essas verdades está

enraizada em uma ideologia que não é bíblica. O problema de base dessa leitura fundamentalista é que, recusando levar em consideração o caráter histórico da revelação bíblica, ela se torna incapaz de aceitar plenamente a verdade da própria encarnação. Ela se recusa em admitir que a Palavra de Deus inspirada foi expressa em linguagem humana e que ela foi redigida, sob a inspiração divina, por autores humanos cujas capacidades e recursos eram limitados. Por essa razão, a leitura fundamentalista tende a tratar o texto bíblico como se ele tivesse sido ditado palavra por palavra pelo Espírito e não chega a reconhecer que a Palavra de Deus foi formulada em uma linguagem e em uma fraseologia condicionadas por uma época.

Muitas vezes, o fundamentalismo bíblico torna histórico aquilo que não tinha a pretensão de historicidade, pois ele considera como histórico tudo aquilo que é contado com os verbos em um tempo passado, sem a necessária atenção à possibilidade de um sentido simbólico ou figurativo. A abordagem fundamentalista é perigosa, pois ela é atraente para as pessoas que procuram respostas bíblicas para seus problemas da vida. Ela pode enganá-las, oferecendo-lhes interpretações piedosas, mas ilusórias, ao invés de lhes dizer que a Bíblia não contém necessariamente uma resposta imediata a cada um desses problemas (cf. Pontifícia Comissão Bíblica, A Interpretação da Bíblia na Igreja, Vaticano, 1993).


16 Região Santana

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Padre Selso assume a Paróquia Santa Cruz Silvia Faria

Sacerdote da Congregação dos Servos da Caridade, fundada por Don Guanella, narrou sua trajetória de vida ao assumir essa missão Diácono Francisco Gonçalves Colaborador de comunicação da Região

Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da SANTANA Arquidiocese na Região Santana, empossou na manhã do domingo, 2, o padre Selso Eügen Feldkircher, sc, como pároco da Paróquia Santa Cruz (avenida Santa Inês, 2.229). Nascido em 24 de março de 1941, no município de Carazinho (RS), Diocese de Passo Fundo, em uma família católica que frequentava assiduamente a igreja, tendo seu pai sido seminarista franciscano até o noviciado, Selso conviveu desde a infância com os preceitos de São Francisco. Nesse ambiente, Selso foi despertado para o sacerdócio desde garoto, e seu sonho era ser padre redentorista, influenciado por seminaristas redentoristas de um seminário próximo à sua terra natal, que vinham em férias se hospedar em sua casa. No entanto, na idade que era permitido seu ingresso no seminário não encontrou vaga. Morando na roça, só encontrava ali estudo até o quinto ano primário, devendo, quem quisesse, prosseguir seus estudos, se deslocar para um centro maior. Seus pais foram até o seminário diocesano e também não havia vaga. O garoto já sentia as dificuldades para viver sua vocação. Porém, naquele mesmo ano, em dezembro de 1953, chegaram a Carazinho os padres da Congregação dos Servos da Caridade, fundada por Don Guanella (1842 - 1915), para ali construírem um internato para meninos de rua. Como um deles foi celebrar na capela onde morava o menino Selso, e como seu pai era sacristão, este explicou o desejo sacerdotal do garoto e suas dificuldades para concretizar seu sonho de ser padre, apesar de um problema de comunicação, pois seu pai falava alemão e o padre só italiano, já que chegara há pouco ao Brasil. Ultrapassada mais essa dificuldade,

Padres Geraldo e Selso ladeiam dom Sergio na missa de posse. Padre Selso assume Paróquia Santa Cruz e padre Geraldo é enviado para Brasília lhe substituindo

o Padre entendeu e disse que não tinha seminário da ordem, mas poderia vir, em fevereiro do ano seguinte, buscar Selso para viver na casa dos Servos da Caridade. Assim, não tendo ainda completado 12 anos, Selso foi viver com os padres e seis outros garotos nesse primeiro local de formação da congregação no Brasil. Desses sete pio-

neiros, Selso e outro jovem se tornaram padres. Em 23 de dezembro de 1967, era ordenado sacerdote na Itália, onde fora fazer Teologia, após fazer noviciado na Argentina. Sua primeira missão foi cuidar da formação de seminaristas em Canela (RS), ali permanecendo por dez anos. Após exercer funções de pároco em outras cidades, foi

nomeado provincial dos Servos da Caridade, em Porto Alegre (RS), onde permaneceu durante 12 anos. Em novembro de 1995, veio residir no Recanto Nossa Senhora de Lourdes, no Tremembé, em São Paulo, até 2004, quando foi transferido para Brasília, para a Paróquia Santa Teresinha. E agora, retorna para a capital paulista para assumir a Paróquia Santa

Cruz. Padre Geraldo Ascari, sc, até agora, na Santa Cruz, vai lhe substituir em Brasília. “Quero, com os subsídios do Documento de Aparecida, da exortação do papa Francisco, Evangelii gaudium, e do 11º Plano de Pastoral da Arquidiocese de São Paulo, procurar, junto com o povo, assumir uma vida cristã”, disse padre Selso, como mensagem aos seus paroquianos.

palavra do bispo

Tempo de conversão! Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana

Dom Sergio de Deus Borges

Geralmente, quando falamos de conversão, pensamos logo na conversão pessoal e nas atitudes interiores que cada um deve fazer para se renovar em Jesus Cristo. A conversão pessoal desperta a capacidade de submeter nosso modo de agir, pensar, rezar ao serviço da instauração do Reino de Deus. Está correto pensar assim e a Quaresma é um tempo bonito para iniciar este percur-

so. Mas há uma dimensão da nossa vocação batismal que, geralmente, não faz parte do nosso exame de consciência e de nossos propósitos de renovação: a dimensão missionária do Batismo. O papa Francisco disse que “em virtude do Batismo recebido, cada membro do Povo de Deus se tornou discípulo missionário. Cada um dos batizados, independentemente da própria função na Igreja e do grau de instrução da sua fé, é um sujeito ativo de evangelização [..]. Cada cristão é missionário na medida em que se encontrou com o amor de Deus em Cristo Jesus...” (EG 120).

agenda regional

As palavras do Papa sobre a dimensão missionária do nosso Batismo falam ao nosso coração e nos deixam alguns questionamentos: Temos consciência de que somos discípulos missionários? Se temos consciência da missão, por que renunciamos ao compromisso evangelizador? Por que vemos tantas pessoas distantes da fé e não nos preocupamos? Por que experimentamos, com tanta alegria, o amor de Deus que nos salva e não partilhamos com os outros? Neste tempo de graça da Quaresma refletiremos sobre esta dimensão do nosso Ba-

tismo e vamos escutar com atenção e discernir o que o Espírito está dizendo às Igrejas e a cada um de nós, através dos sinais dos tempos em que se manifesta (cf. DA 366). “Se não estivermos convencidos disto, olhemos para os primeiros discípulos, que, logo depois de terem conhecido o olhar de Jesus, saíram proclamando cheios de alegria: encontramos o Messias (Jo 1,41). A Samaritana, logo que terminou o seu diálogo com Jesus, tornou-se missionária, e ‘muitos samaritanos acreditaram em Jesus devido às palavras da mulher’ (Jo 4,39)” (EG 120).

Domingo (9), 17h

Sábado (15), das 14h às 16h30

Abertura regional da Campanha da Fraternidade (CF) 2014 na Igreja de Santana (rua Voluntários da Pátria – 2.060), com a presidência de dom Sergio de Deus Borges.

Encontro com a Subprefeitura Vila Maria/Vila Guilherme na quadra da Paróquia Santa Zita (entrada pela Avenida Conceição, nº 3.400).


Região Sé

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Música litúrgica é tema de formação Assessor da CNBB orientou agentes de pastoral sobre a dimensão musical das celebrações Fernando Geronazzo

Colaborador de Comunicação da Região

A Região Episcopal Sé realizou o primeiro EnconSÉ tro de Formação Litúrgica de 2014, nos dias 25 e 26, na Paróquia Imaculado Coração de Maria, no Setor Santa Cecília. Os agentes de pastoral refletiram sobre o tema do canto litúrgico, proposto para as seis regiões episcopais pela Comissão Arquidiocesana de Liturgia. O encontro foi assessorado por Márcio de Almeida, professor, músico e liturgista, membro do Centro de Liturgia Dom Clemente Isnard e da Equipe de Reflexão de Música Litúrgica da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Logo no início, o assessor fez uma dinâmica com os participantes para que recordassem e compartilhassem as músicas que marcaram suas experiências de vida, com o objetivo de ressaltar o significado da música na vida do ser humano. “A música, a mais espiritual de todas as artes, tem tudo a ver com essa experiência. Que coisa, mais que o canto em uníssono, acompanhado dos toques e sons sugestivos de instrumentos e realçado pela força comunicativa da dança, poderá nos transportar a esses mundos recônditos e nos fazer experimentar juntos o invisível, o inefável, levando os corações a vibrar juntos por aquelas ‘razões que a própria razão desconhece?’” Márcio de Almeida explicou que a tradição musical da Igreja é um tesouro de inestimável valor, que excede todas as outras expressões de arte, sobretudo porque o canto sagrado, intimamente unido com o texto, constitui parte necessária ou integrante da liturgia solene. “Acima de tudo, o canto é atividade essencialmente coagenda regional

Terça-feira (11), 8h30 Reunião dos diretores de escolas católicas com dom Tarcísio Scaramussa, no Centro de Pastoral da Região Sé (avenida Pacaembu, 954, Pacaembu).

munitária. A expressão musical só se realiza plenamente no contexto de uma comunidade. A comunidade faz o cantar, e o cantar faz a comunidade.” Para o padre Elmo César Faccioli, coordenador da Comissão Regional de Liturgia, esses encontros têm uma finalidade formativa e multiplicativa, uma vez que os participantes se preparam e, depois,

socializam o conhecimento em suas paróquias e comunidades. “Ainda celebramos os 50 anos do primeiro documento do Concílio Vaticano 2º, a Sacrosanctum Concilium, que fala justamente sobre a necessidade de uma participação litúrgica ativa, consciente, piedosa e frutuosa.” Já foram definidos os próximos encontros formativos: 6 e

7 de maio, 26 e 27 de agosto, e 21 e 22 de outubro.

Pastoral da Saúde

Também na Paróquia Imaculado Coração de Maria, aconteceu, no dia 22, a primeira reunião da Pastoral da Saúde da Região Sé, em 2014. O encontro contou com a presença de agentes dessa pastoral e de seu coordenador arquidiocesano, padre Edson

Jorge Feltrin, e do coordenador regional, padre Luciano Naves. O tema principal da reunião foi “Atualidades das três dimensões da Pastoral da Saúde”, que são: “escuta, acolhida e participação. Também houve discussões sobre o acompanhamento dos idosos e as práticas integrativas no Sistema Único de Saúde (SUS), bem como sua inserção nas paróquias. Centro de Pastoral da Região Sé

Professor Márcio de Almeida, assessor da CNBB, dá formação sobre música litúrgica em encontro regional na Paróquia Imaculado Coração de Maria

palavra do bispo

A preparação para a Páscoa e a Campanha da Fraternidade Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Sé

Dom Tarcísio Scaramussa

“Voltai para mim de todo o coração” (Jl 2,12) é a chamada de Deus que abre o tempo litúrgico da Quaresma. O reencontro com o Senhor será celebrado com intensa alegria na Festa da Páscoa. A Quaresma é o tempo em que os catecúmenos se preparam para o Batismo, e os batizados renovam seus compromissos batismais. É tempo forte de conversão e de renovação interior, um voltar-se completamente para o Senhor, experimentar sua misericórdia e endireitar o caminho de nossa vida. Assim, poderemos viver a libertação

do pecado e da morte que a Páscoa significa, e viver a nova vida, como nova criatura no Senhor Ressuscitado. O profeta Joel fala de uma terra invadida por gafanhotos. É uma imagem da devastação e do mal que o pecado provoca. É interessante reler nesta ótica a descrição que o 11º Plano de Pastoral faz da realidade da cidade de São Paulo. Em meio a tantas afirmações de valor e de graça, certos de que “Deus habita esta cidade”, se manifestam também muitos sinais de afastamento e de ausência de Deus! O distanciamento de Deus se manifesta em nossa vida pessoal pelo fechamento em nós mesmos, em nossos pequenos interesses, em nossas fraquezas e infidelidades, em nossa acomodação e falta de

entusiasmo em assumir o caminho do discipulado e da missão como cristãos. Por isso, a Igreja faz ressoar novamente o convite insistente de Deus, nas palavras do Apóstolo Paulo: “Deixai-vos reconciliar com Deus”. “Este é o tempo favorável, o tempo de salvação (2 Cor 5,20 - 6,2). O caminho da regeneração social passa pela transformação de nosso ser e é facilitado por algumas práticas que nos aproximam de Deus e de seu coração. É importante intensificá-las neste tempo da Quaresma, e são: o jejum, a oração e a esmola. Mas Jesus nos orienta que só terão efeito se forem expressão de nossa conversão interior e de nossa comunhão com Deus: “E o teu Pai, que vê no escondido, te dará a recompensa” (Mt 6,4). Não precisa-

mos praticá-las para merecer o perdão misericordioso de Deus, mas necessitamos delas para mergulharmos no mistério pascal de Cristo. A esmola é uma prática de fraternidade, e pode ser concretizada de múltiplas formas. Este ano, somos chamados a vivê-la no compromisso de combater o tráfico de pessoas. Parece uma coisa muito longe do nosso alcance, mas a Igreja nos aponta alguns caminhos possíveis. Em síntese, o que devemos fazer é “identificar as práticas de tráfico humano em suas várias formas e denunciá-lo como violação da dignidade e da liberdade humana, mobilizando cristãos e a sociedade brasileira para erradicar este mal, com vista ao resgate da vida dos filhos e filhas de Deus”.


18 Região Brasilândia

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Padres Monfortinos assumem paróquia em Perus Após se despedirem do padre Luizinho, fiéis da Paróquia Santa Rosa de Lima recebem novos sacerdotes, que pertencem à mesma congregação Renata Moraes

Colaboradora de comunicação da Região

Na noite da sexta-feira, 28, no Setor Pastoral Perus, tomou BRASILÂNDIA posse como pároco da Paróquia Santa Rosa de Lima o padre Luciano Andreol, missionário Monfortino, e foi apresentado o vigário paroquial, padre Taddeo Pasini, da mesma congregação. A missa foi realizada no Centro Comunitário Padre Guilherme Kuypers, presidida por dom Milton Kenan Júnior, bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo na Região Brasilândia, e concelebrada pelos padres do Setor Perus e demais que atuam na Região. Os padres Luciano e Taddeo assumem a Paróquia e suas nove comunidades após a saída do antigo pároco e irmão de missão, padre Luiz Augusto Stefani, conhecido como padre Luizinho. Após quase dois anos de trabalho à frente da Paróquia, deixa o pastoreio da Santa Rosa de Lima para assumir a função de Superior Delegado da Delegação Monfortina Peru-Brasil. Na homilia, dom Milton destacou a primeira leitura da Carta de São Tiago, exortando a todos sobre a importância de serem verdadeiros consigo mesmo, com os outros e com a Igreja. O Bispo agradeceu, em especial, ao padre Luizinho, os dois anos de trabalho missionário com o povo e a administração da reforma da igreja. Assim como acolheu os novos padres monfortinos para essa nova missão. Padre Luciano Andreol expressou sua gratidão e confiança em pastorear a comunidade. “É uma grande oportunidade agenda regional

Domingo (9), 14h Abertura Regional da Campanha da Fraternidade 2014, na Paróquia Nossa Senhora Mãe e Rainha (avenida Pinheirinho D’Água, 435, Parque Panamericano). Outras informações em (11) 3924-0020.

e um desafio. Meu medo é de atrapalhar a comunidade, quero sim, fazê-la crescer.” O vigário paroquial também agradeceu a oportunidade de poder auxiliar a Paróquia. Em entrevista, padre Luizinho expressou, emocionado, sua partida. “A nova missão chegou antes do que eu esperava, mas a minha Congregação me pediu algo novo. Foi uma aceitação nada fácil.” O Padre já tinha organizado com a comunidade um programa pastoral e a reforma da igreja, que exigiu muita movimentação do povo. Ele expressou alegria como sinal de dever cumprido. “Entrei na missão paroquial feliz e saio feliz, não porque estou deixando a Paróquia, mas porque sei que há pessoas animadas a continuar o projeto.” O Sacerdote vai animar os 45 Monfortinos da Delegação espalhados pelo Brasil, Peru, Colômbia e Argentina. A duração do mandato é de três anos e o Padre residirá em Lima, no Peru. Casa de Cultura Salvador Ligabue

Cibele Barbi

Dom Milton Kenan Júnior entrega as chaves da Paróquia Santa Rosa de Lima ao padre Luciano Andreol, novo pároco

Padre Armênio Rodrigues lança seu primeiro livro Da Região Episcopal

Padre Armênio Rodrigues lança livro

Na noite da segunda feira, 24, na Casa de Cultura Salvador Ligabue, na Freguesia do Ó, o padre Armênio Rodrigues Nogueira, vigário paroquial da Igreja Santos Apóstolos, lançou seu primeiro livro “Acrósticos do Coração”,

que são formas textuais em que a primeira letra de cada frase ou verso forma uma palavra ou frase. Em entrevista à Pascom Brasilândia, o Padre falou da obra. “Neste livro, fiz acrósticos para homenagear as pessoas da minha vida, personalidades e acontecimentos. Comecei a

escrever, há quatro anos, quando cheguei aos 200 escritos e resolvi fazer um livro. A expectativa é que as pessoas homenageadas se sintam felizes, porque foi algo que nasceu do meu coração.” Após o momento de autógrafos, houve uma apresentação musical.

uma parte da noite. O evangelista Marcos narra uma dessas noites, depois do dia pesado da multiplicação dos pães, e escreve: ‘Jesus obrigou logo os seus discípulos a subirem para o barco e a irem à frente, por outro lado, rumo a Betsaida, enquanto ele próprio despedia a multidão. Depois de os ter despedido, foi ao monte para orar. Já era noite, o barco estava no meio do mar e ele sozinho em terra’ (Mc 6, 45-47). Quando as decisões se fazem urgentes e complexas, a sua prece torna-se mais prolongada e intensa. Na iminência da escolha dos 12 Apóstolos, por exemplo, Lucas sublinha a duração da oração preparatória de Jesus à noite: ‘Naqueles dias, Jesus foi para o monte fazer a oração e passou toda a noite a orar a Deus. Quando nasceu o dia, convocou os seus discípulos e escolheu 12 de entre eles, aos quais deu o nome de Apóstolos’ (Lc 6, 12-13)”.

O Catecismo da Igreja Católica chama a nossa atenção para o fato de que a oração de Jesus “brota de uma fonte bastante secreta, como deixa prever com a idade de 12 anos: ‘eu devo estar naquilo que é de meu Pai’ (Lc 2,49). Aqui começa a revelar a novidade da oração na plenitude dos tempos: a oração filial, que o Pai esperava de seus filhos, será enfim vivida pelo próprio Filho único em sua humanidade, com os homens e para os homens” (CIC nº 2.599). Aprender a rezar com Jesus e a fazer da oração a alma de toda nossa vida e atividade é a primeira exigência que nos impõe a atitude de Jesus, orante por excelência. Mas, não basta fazer como Jesus faz, quando se trata de oração; é preciso rezar com o espírito com que o Mestre reza: espírito de filhos (cf. Rm 8, 14-17). Como filhos no Filho, podemos clamar a Deus: “Abbá, ó Pai!”.

palavra do bispo

A oração de Jesus Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia

Dom Milton Kenan Júnior

Com a Quarta-feira de Cinzas, iniciaremos nesta semana o tempo quaresmal, que nos prepara para a celebração da Páscoa da Ressurreição do Senhor! Entre os exercícios quaresmais, destaca-se a oração. Coincidentemente, na sequência dos artigos sobre a oração, hoje quero escrever-lhes sobre a oração que nos é revelada, na plenitude dos tempos, pelo próprio Cristo; antes de tudo com o seu exemplo, mas também com o seu ensinamento. O Catecismo da Igreja Católica reserva nada menos que oito parágrafos (nº 2599-2606), para nos falar do Cristo orante; que, enquanto homem, apren-

deu com a sua mãe a rezar; e depois frequentando a Sinagoga de Nazaré e o Templo de Jerusalém aprendeu as fórmulas e os ritos da oração do seu povo (cf. CIC 2599). No Evangelho de São Lucas, vemos que a oração atravessa toda a vida de Jesus: “Jesus ora antes dos momentos decisivos de sua missão: antes de o Pai dar testemunho dele por ocasião de seu Batismo e da transfiguração e antes de realizar por sua paixão o plano do amor do Pai”; mas “também antes dos momentos decisivos que darão início à missão dos Apóstolos” (CIC nº 2.600). O papa Bento 16 numa Catequese (20/11/2011), diz que “a oração de Jesus diz respeito a todas as fases do seu ministério e a todos os seus dias. As dificuldades não a impedem. Aliás, os Evangelhos deixam transparecer um hábito de Jesus, de transcorrer em oração


Região Belém

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Dom Edmar celebra quatro anos de episcopado Missa realizada em 28 de fevereiro na Paróquia São Paulo Apóstolo, Setor São Mateus, comemorou também a chegada de novo pároco

tos amigos e amigas. “Serão necessários mais dez anos para eu conhecer todas as ruas, vielas, ruelas e avenidas da Região Belém. Para vocês, isso será uma

‘complicação’, mas, para mim, será um grande prazer permanecer mais tempo com vocês”, disse dom Edmar, que finalizou: “Muito obrigado pela presença,

pelo incentivo e pela vida de cada um de vocês, padres, diáconos, religiosas, leigos e leigas que vão cruzando em meu caminho de diferentes maneiras, mas

sempre com tanto amor e fé”. Ao final da celebração, os presentes foram convidados a uma confraternização no salão da Igreja. João Carlos Gomes

João CArlos gomes

Colaborador de comunicação da Região

Nem mesmo o trânsito, próprio de sexta-feira, bELÉM impediu que cerca de 300 pessoas participassem da missa em ação de graças pelo quarto ano de ordenação episcopal do bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, dom Edmar Peron, que aconteceu na noite de 28 de fevereiro, na Paróquia São Paulo Apóstolo, no Setor São Mateus da Região Episcopal Belém. A missa, presidida por dom Edmar e concelebrada por 35 padres e diáconos da Região Belém, marcou também a despedida do pároco da São Paulo Apóstolo, padre Omir Cícero Antonio de Oliveira, que, a partir do dia 10 de março, assume o Santuário Bom Jesus de Iguape, na Diocese de Registro (SP), e a chegada do novo pároco, padre Leonardo Neno, ambos missionários da Congregação do Verbo Divino.

‘Vem caminheiro’

Numa celebração cujo contexto foi de homenagem à missão, tanto de dom Edmar quanto a dos padres Omir e Leonardo, a homenagem feita ao aniversariante do dia não poderia ter sido mais apropriada, como bem disse a liderança da Paróquia, Liz Mari Silva Marques: “A nossa querida Região Episcopal, também chamada ‘A Casa do Pão’, com seus 10 setores, 64 paróquias, 8 áreas pastorais, 145 comunidades, 157 padres religiosos e diocesanos, cerca de 300 religiosas e com uma população de mais de 1,3 milhão de pessoas, necessita de um bom pastor, que seja também um romeiro, para, junto com as nossas comunidades, construirmos com ternura o Reino de Deus. Por querermos o nosso bom pastor sempre em caminhada, pensamos em presenteá-lo com esta sandália”, disse, enquanto padre Omir entregava a dom Edmar o presente. Emocionado, dom Edmar agradeceu o presente e, mais importante, a presença de tan-

Junto a fiéis, na Paróquia São Paulo Apóstolo, dom Edmar Peron celebra quatro anos de ordenação episcopal e dá posse a pároco na mesma celebração

palavra do bispo

Quaresma: tempo de retornar ao abraço do Pai! Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Belém

Dom Edmar Peron

Esses dias, enquanto dirigia, ouvi uma música que, pareceme, pode nos ajudar a entrar no mistério da Quaresma. Ela dizia: “O melhor lugar no mundo é dentro de um abraço. Tudo que a gente sofre, num abraço se dissolve. Tudo que se espera ou sonha, num abraço a gente encontra” (Jota Quest). Assim, como o filho pródigo, no tempo da Quaresma, desejamos reencontrar a Deus, o Pai cheio de bondade, que Jesus nos revelou. Ele é o Pai que nos aguarda e que, vendo-nos voltar, “corre” ao nosso encontro e nos acolhe (Lc 15,20); não pergunta o que fizemos, mas,

no abraço dele, “tudo o que a gente sofre (...) se dissolve”. É (re)encontro, é festa, é Páscoa! Seguindo o ritmo do ano litúrgico, é dada para nós, de novo, a graça de entrar no tempo da Quaresma, o qual tem por finalidade “preparar os fiéis para a celebração da Páscoa” (SC 109). A liturgia desse período quaresmal, com efeito, prepara para a celebração do mistério pascal os que se preparam para o Batismo e todos os fiéis; aqueles, conduzindo-os às águas batismais, e esses, às águas da penitência, bebidas no Sacramento da Penitência e nas muitas atitudes penitenciais, necessárias à conversão. O Concílio nos recorda, ainda, que essa preparação para a Páscoa, buscando uma vida nova, se dá por uma escuta “mais” frequente da Palavra de Deus e pela entrega “à

agenda regional

oração com mais insistência”. Palavra e Oração: eis o caminho que nos (re)conduzem ao abraço do Pai. O tempo da Quaresma vai da Quarta-feira de Cinzas até a tarde do dia em que celebramos a Missa da Ceia do Senhor (a Quinta-feira Santa, como a chamamos). Assim, quando a Semana Santa (que vai do Domingo de Ramos até quintafeira à tarde) se inicia, ainda estamos no tempo da Quaresma. Mas, como insiste a Palavra de Deus, o amor a Deus não é desvinculado do amor aos irmãos. Assim, no Brasil, a cada ano, no período quaresmal, desde 1964, a Igreja realiza a Campanha da Fraternidade, desejosa de que os cristãos se comprometam cada vez mais na “busca do bem comum”, sejam educados “para a vida

em fraternidade” e se renove “a consciência da responsabilidade de todos pela ação da Igreja na evangelização, na promoção humana, em vista de uma sociedade justa e solidária” (Objetivos Permanentes da Campanha da Fraternidade). Neste ano, a realidade gritante que pede o comprometimento de nossas comunidades é o tráfico humano. Com o tema “Fraternidade e Tráfico Humano”, e o lema “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1). Aproveitemos esses sagrados dias da Quaresma para voltar ao “abraço” do Pai, estendendo “a mão” aos irmãos e às irmãs que sofrem: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração... e amarás a teu próximo como a ti mesmo” (Mc 12, 3-31); dediquemo-nos ainda mais à escuta da Palavra de Deus e à Oração.

Sábado (8), 17h

Domingo (9), 14h30

Encontro de dom Edmar com os Crismandos do Setor Conquista, na Paróquia São Marcos (rua Professor Ciro Formícola, 17, Parque São Rafael).

Encontro de dom Edmar com os Crismandos do Setor São Mateus na Paróquia São Mateus Apóstolo (rua Antonio Previato, 1.343, São Mateus).


20 Entretenimento

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passa tempo

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ABRIGO DOS VELHINHOS FREDERICO OZANAM CNPJ Nº 48.221.824/0001-18

BALANÇO PATRIMONIAL

ENCERRADO EM 31 DE DEZEMBRO ATIVO 2013 2012 CIRCULANTE Disponível Caixa 1,59 Bancos Conta Movimento 12.968,57 6.642,65 Créditos a Receber Créditos de Terceiros 1.500,00 Adiantamentos 2.563,98 3.849,71 Impostos a Recuperar 96,19 Bancos Conta Poupança 671.040,81 581.589,90 TOTAL CIRCULANTE 686.573,36 593.680,04 NÃO CIRCULANTE PERMANENTE Móveis, Máquinas e Equip. 288.897,68 261.008,94 Instalações 87.504,96 87.504,96 Veículos 94.863,75 94.863,75 Equipamentos Informática 15.147,11 11.589,11 Benfeitorias 750.758,16 700.297,96 Depreciação Acumulada -602.386,98 -476.423,58 TOTAL NÃO CIRCULANTE 634.784,68 678.841,14 TOTAL GERAL DO ATIVO 1.321.358,04 1.272.521,18 PASSIVO CIRCULANTE Salários a Pagar Obrigações Previdenciárias Impostos a Pagar Fornecedores Provisões Trabalhistas Provisão Reserva Contingencial Doações p/ Projetos a realizar(ASVP) Doações p/ Projetos de Reforma TOTAL CIRCULANTE NÃO CIRCULANTE RECEITA DIFERIDA Subvenções Estaduais TOTAL NÃO CIRCULANTE PATRIMÔNIO SOCIAL Reservas de Reavaliação Superavit Acumulado Resultado do Exercício TOTAL DO PATRIMÕNIO SOCIAL TOTAL GERAL DO PASSIVO

2013 2012 25.712,04 24.516,36 6.681,82 7.027,28 2.444,02 596,54 4.159,33 3.088,66 50.582,00 171.740,92 528.860,02 405.754,53 34.300,00 34.300,00 49.557,58 702.296,81 647.024,29

110.493,25 110.493,25

101425,97 101.425,97

509.055,13 15.015,79 -15.502,94 508.567,98 1.321.358,04

509.055,13 70.279,50 -55.263,71 524.070,92 1.272.521,18

DEMONSTRAÇÃO DO SUPERAVIT OU DéFiCIT (+ ) RECEITAS Operacionais ( - ) DESPESAS Pessoal Administrativas Operacionais Financeiras Líquidas Não Operacionais Provisões (=) RESULTADO DO EXERCÍCIO Nancy Batista Fonseca Presidente CPF nº 114.375.408-56

ENCERRADO EM 31 DE DEZEMBRO 2013 2012 1.146.165,84 1.126.170,35 -493.571,21 -461.500,44 -235.600,25 -248.636,21 -350.683,17 -305.963,13 28.802,46 23.549,38 -274,15 25.401,96 -110.342,46 -214.285,62 -15.502,94 -55.263,71 Everton Angelini Ribeiro CRC 1SP.208356/O-6 CPF nº 296.426.588-79


Geral/Esporte

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Fotos: Arquivo pessoal

copa do mundo

Há explicação para R$ 2,28 bilhões acima do previsto nas arenas?

Padres Aldo e Tiago vivem no Pontifício Colégio Pio Brasileiro, em Roma

No Pio Brasileiro, padres têm acolhida para estudos Daniel Gomes Redação

Próximo de completar 80 anos de fundação, em 3 de abril, o Pontifício Colégio Pio Brasileiro (http://digilander.libero.it/brasileiro), em Roma, desmembrado do Pontifício Colégio Pio Latinoamericano, em 1934, acolhe sacerdotes, em sua maioria brasileiros, que buscam aprimorar estudos em universidades pontifícias. Atualmente, lá estão 90 padres, que também participam de momentos de oração e missas diárias. A rotina muda um pouco no fim de semana. “Sábado e domingo, não tenho aulas. É tempo para fazer faxina, lavar roupas e passálas. Temos uma pequena sala de vídeo que funciona nos fins de semana com alguns filmes. Também é quando posso sair um pouco para conhecer uma parte desse imenso patrimônio histórico e cultural que temos em Roma. Agora estou me preparando para fazer pastoral no período da Semana Santa em alguma paróquia aqui da Itália”, contou, ao O SÃO PAULO, por email, o padre Tiago Gurgel do Vale, 42, que está no Pio Brasileiro desde agosto de 2013. Ordenado na Arquidiocese de São Paulo, em 2012, tendo atuado na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Região Ipiranga, padre Tiago recordou que nos primeiros meses do mestrado em Bioética, encontrou dificuldades de adaptação ao idioma. “Ficava muito constrangido quando chegava à faculdade e não conseguia me comunicar com os demais colegas, professores, funcionários”, disse, lembrando que só não desistiu por ter o incentivo de familiares, amigos e outros padres que estão no Pio Brasileiro.

Há mais tempo no Colégio, desde agosto de 2012, padre Aldenor Alves de Lima (padre Aldo), 43, está prestes a concluir o curso de Teologia Moral. Ordenado na Arquidiocese em 2002, ele voltou aos estudos após 11 anos de trabalhos pastorais, tendo sido pároco da Paróquia São Paulo Apóstolo, na Região Belém. “Mudar não foi fácil: deixar amigos, família e partir para uma terra estrangeira. Mas tudo é aprendizado e uma grande graça, estudar, morar, conhecer o ‘velho mundo’, aprender costumes de uma cultura diversa”, analisou, também comentando que a adaptação ao novo ritmo de vida foi sua maior dificuldade nos primeiros meses. “Mas depois fui descobrindo as riquezas de habitar literalmente com todo o Brasil, pois aqui os padres procedem de todas as regiões do Brasil e alguns de outros países da América Latina, como Bolívia e Colômbia; tudo isso é muito rico e uma grande oportunidade de aprendizado quanto à tolerância e compreensão do outro”, afirmou. Padre Tiago espera multiplicar o que aprendeu no mestrado quando retornar ao Brasil, visitando paróquias e envolvendo o máximo de pessoas. “O avanço da tecnologia aplicada à biomedicina tem despertado polêmicas discussões no mundo inteiro e que envolvem questões relacionadas diretamente à vida humana. A Igreja não pode ficar fora desse debate.” Padre Aldo também se disse disposto a partilhar o que aprendeu, seja no campo da Teologia Moral, seja na formação dos futuros presbíteros. “Para isso, depois que terminar o curso de Teologia Moral, farei um curso para formadores de seminário”, detalhou.

Diferença entre orçamento e custo final dos 12 estádios daria a cada brasileiro R$ 11,3 mil

o orçamento encarece porque os prazos não foram cumpridos e algumas soluções previsíveis não foram pensadas”, completou. Os custos gerais da Copa, que incluem, ainda, obras de mobilidade urbana, aeroportos, segurança pública, portos e telecomunicações já chegam a R$ 29,3 bilhões, segundo dados do Tribunal de Contas da União (TCU). Em 2007, quando o país ganhou o direito de Daniel Gomes Redação sediar o Mundial, a orçamento foi estimado em R$ 10 bilhões “O inicialmente planejado, Em meio aos festejos do carnão foi executado. Quando a naval, a FIFA e os organizadoCopa foi anunciada, o comitê res locais da Copa no Brasil gestor e o governo brasileiro iniciaram, na terça-feira, dia disseram que seria um con4, a contagem regressiva de sórcio em que a CBF geriria a cem dias para o megaevento, iniciativa privada para a realique deveria ser apenas a feszação de estádios e o governo ta do futebol, mas se tornou garantiria a infraestrutura na a farra dos gastos acima do parte pública. Não deu certo: previsto. o governo está gastando diA projeção inicial de cusnheiro com arenas e não fez tos totais das 12 arenas consa infraestrutura; a iniciativa truídas ou reformadas era de privada não entrou nos R$ 6.061,5 bilhões, mas gastos e a CBF e o cochegará a R$ 8.342,4 biO Brasil em Copas – 1930 e 1934 mitê organizador não filhões, considerados os Na primeira Copa, no Uruguai, em 1930, venzeram o que lhes cabia. gastos dos estádios já cida pela seleção da casa sobre a Argentina, Não está tudo errado na entregues e as previsões o Brasil não foi além da primeira fase: perdeu Copa, mas há um desvirdos quatro restantes: a para a Iugoslávia por 2 a 1(Preguinho fez o gol tuamento generalizado Arena da Amazônia, que brasileiro) e venceu a Bolívia por 4 a 0. Na Copa dos propósitos. O legaserá inaugurada na próde 1934, na Itália, vencida pela anfitriã sobre a do, que seria a justificaxima sexta-feira, 7; e as Tchecoeslováquia, o Brasil foi eliminado na estiva para o investimento arenas Pantanal (Cuiabá), treia pela Espanha, por 3 a 1 (Leônidas da Silva público, não existe ou Corinthians (São Paulo) e marcou o gol brasileiro). Nessas edições e até será numa proporção da Baixada (Curitiba), em a Copa de 1950, o Brasil atuou com camisas e meias brancas e calções azuis. menor que o planejado”, abril ou maio. analisou Gurgel. A diferença entre o orçamento e o custo final das 12 arenas é de R$ 2.280,9 bilhões, com considerável parte dos recursos obtidos por empréstimos junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Se, supostamente, esse montante fosse ofertado em linhas de crédito aos cerca de 201 milhões de habitantes do Brasil, cada pessoa disporia de R$ 11,3 mil. De acordo com Anderson Gurgel, especialista em comunicação e esporte e professor das faculdades FMU, Mackenzie e FAAP, quase sempre o orçamento de projeto de um megaevento é diferente do custo final. “Quando as cidades estão concorrendo, se preocupam em montar um projeto para ganhar e, às vezes, isso descola da realidade dos custos reais”, explicou ao O SÃO PAULO. “Mas, às vezes, existe um problema de transparência ou de má gestão, ou seja,

Luciney Martins/O SÃO PAULO


22 Geral

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Atividades no Centro Cultural da Juventude marcam dia 8 de março O Centro Cultural da Juventude promove no sábado, 8, a partir das 10h uma homenagem ao Dia Internacional da Mulher. Haverá a exposição “Nem o tempo foi capaz de calar sua voz - 100 anos de Carolina Maria de Jesus”, Feira Cultural Solidária e Roda de Conversa sobre Políticas Públicas para Mulheres. Informações: (11) 3984-2466.

Tráfico de pessoas é o 2º negócio mais rentável Luciney Martins/O SÃO PAULO

Doutora em serviço social ministrou aula inaugural do Programa de Estudos PósGraduados em Teologia da PUC-SP Nayá Fernandes

Reportagem na zona sul

Tese da professora Tania é usada na elaboração do Texto-base da CF-2014

“Alguém da capital vai até o interior e, vendo famílias com muitos filhos, pede aos pais uma das crianças. Os pais, pensando que vai ser bom para a criança, permitem. Assim, começa o tráfico de pessoas e a exploração do trabalho.” O fato foi contado como exemplo pela professora Tania Teixeira Laky de Sousa, pós-doutoranda do Núcleo de Estudos sobre Identidade do Programa de Estudos PósGraduados em Serviço Social da PUC-SP, que ministrou a aula inaugural do Programa de Estudos PósGraduados em Teologia, na quintafeira, 27, no campus Ipiranga.

O tema escolhido foi o mesmo da sua tese de doutorado, usado também na elaboração do Texto-base da Campanha da Fraternidade 2014: “Tráfico Internacional de Mulheres – nova face de uma velha escravidão”. A estimativa é de 32 milhões de pessoas traficadas, somando o segundo negócio mais rentável do mundo, perdendo apenas para o tráfico de drogas. Em terceiro lugar está o tráfico de armas. Estima-se que 4,5 milhões são exploradas em atividades sexuais forçadas. Já em relação à exploração do trabalho infantil, por exemplo, estima-se que, para cada 10 crianças no Brasil, 1 é explorada. São 860 mil crianças, de 7 a 14 anos empregadas no Brasil, este número corresponde àqueles que estão destinados a trabalhos forçados. “É um crime silencioso, pois muitas vítimas não denunciam. Será uma invisibilidade ou um cinismo social? O crime organizado lembra a velha escravidão. Há rotas e agentes do tráfico e uma evolução do quadro legal do crime organizado”, explicou Tania. A Professora explicou também

as concentrações da rota do tráfico no Brasil, a partir de um estudo realizado em 2012. No Norte são 76 rotas; no Nordeste, 69; no Sudeste, 35; no Centro Oeste, 33, e no Sul, 28. Ela ressaltou as características desse crime, como a ampla estrutura e sofisticado meio, documentos falsos e lavagem de dinheiro. “Foram detectadas 241 rotas. Sendo 110 relacionadas ao tráfico interno e 131 ao tráfico transnacional. Quando eu trabalhei nas fronteiras, analisando o tráfico, vi muitos casos. Nas fronteiras, sobretudo, os tráficos de armas, drogas e humano convergem”, disse. O Brasil é origem e destino de tráfico de pessoas. Tania explicou que presenciou, em Santa Catarina, prostíbulos com mulheres latino-americanas. “Elas eram recrutadas no Paraguai e convidadas a trabalhar como camareiras ou domésticas, e, ao chegarem ao Brasil, caíam nas mãos do tráfico organizado. O tráfico de pessoas é uma vergonha para as nossas sociedades que se dizem civilizadas”, disse Tania, lembrando a frase do papa Francisco.

Jovens migrantes se unem contra exploração humana Nayá Fernandes Redação

Patrícia, Giovana, Daniela, Nazarena, Eduardo, Tiemi, Beto, Flaviene, Erick, Luiz, Aldo, Rosita, Juan, Erick, Nedher, Jenny. Eles seriam um grupo de jovens como tantos outros, porém, com um diferencial: vindos de diferentes países, se reúnem ao redor da área pastoral São João Batista e lutam pelo fim da exploração do trabalho de seus conterrâneos em São Paulo. Este ano, devido à Campanha da Fraternidade, iniciarão também uma campanha contra o tráfico de pessoas. A maior parte é da Universidade de São Paulo (USP) e, além de estudar, dedica seu tempo à comunidade e em trabalhos sociais voluntários. Patrícia Araújo Pantoja, por exemplo, iniciou como professora voluntária de espanhol. Ela dava aulas para a terceira idade. Porém, em agosto de 2013 voltou ao Peru depois de concluir seus estudos. A circularidade é outra característica forte do grupo, que

é rotativo, pois sempre tem gente que chega e gente que vai embora. Nedher Sánchez, colombiano, encarregou-se do voluntariado, não apenas pela disponibilidade de tempo, mas, principalmente, porque acredita na educação. Ao O SÃO PAULO, ele lembrou as palavras do papa Francisco: “O importante... não é olhar desde longe... ajudar de longe, mas ir

ao encontro. Isso é o cristão, o que nos ensina Jesus”. Nazarena Ojeda, 34, argentina, também já voltou para seu país, mas, por e-mail, disse como foi participar do grupo da Igreja São João Batista. “Chegamos ao Brasil em março de 2012, no começo, nossa estadia foi um tanto difícil, já que éramos somente meu marido e eu com um bebê de 4 meses. Fui

muito bem recebida, como se estivesse na minha comunidade, com a minha família. Acredito que as pessoas de Deus têm esse poder de fazer sentir que o amor não tem fronteiras, não tem cor, nem língua, pois somos todos da mesma comunidade. Para mim, estes meses foram os melhores no Brasil.” O grupo está também criando um espaço de sensibiJenny dela Rosa

lização à CF-2014. Aldo Hinojosa Calvo, boliviano, com sua esposa, Rosa Zabalaga Davila, a Rosita, também boliviana, sugeriu a realização de atividades concretas como cartazes e campanhas dentro do aeroporto de Guarulhos, distribuindo folhetos com informação para os migrantes. “Porém, o que mais fere a dignidade do migrante são os baixos salários e o fato de não terem qualquer benefício. Os migrantes acabam sendo invisíveis, sem nome, e não se sentem nem mesmo pessoas”, afirmou Maria Tieme Masuki Oliveira. Jenny dela Rosa, equatoriana, trabalha num projeto universitário na área de migração, conhece de perto a realidade daqueles que estão aqui de forma irregular e tentam ganhar a vida fora de seu país de origem. “É fácil julgá-los, pensar que se eles vieram para cá devem aguentar discriminação e exclusão, e não falo apenas dos estrangeiros, mas também de brasileiros que vêm de outros lugares menos favorecidos do País.”


Geral

www.arquidiocesedesaopaulo.org.br 6 a 10 de março de 2014

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frutos das campanhas

1995 A Fraternidade e os Excluídos – Eras tu, Senhor?! Grito dos Excluídos 1996 Fraternidade e Política – Justiça e Paz se Abraçarão. Comitê Lei 4.080 Contra a Corrupção Eleitoral 1999 Fraternidade e os Desempregados – Sem Trabalho... Por quê? Casa de Solidariedade ao Desempregado

campanhas da fraternidade

2000 Dignidade Humana e Paz (ecumênica) – Novo Milênio sem Exclusões. Movimento Nacional de Fé e Política 2001 Fraternidade e as Drogas – Vida Sim, Drogas Não Amor Exigente. Grupos de Autoajuda 2003 Fraternidade e Pessoas Idosas – Vida, Dignidade e Esperança. Pastoral da Pessoa Idosa 2005 Solidariedade e Paz (ecumênica) – Felizes os que Promovem a Paz. Projetos de Capacitação para Mediação de Conflito; Publicação de Cartilhas sobre a paz;

A efetiva contribuição da CF para a Igreja e a sociedade brasileira Diversas iniciativas e projetos já brotaram ao longos desses anos de Campanha, alguns apenas eclesialmente, outros para criar debate na sociedade civil Edcarlos Bispo de Santana

Redação

Desde que surgiu, em 1962, a Campanha da Fraternidade já realizou diversas ações, tanto em âmbito eclesial quanto social. Os temas e lemas das CFs buscam causar um ponto de reflexão, bem como levar o fiel a se questionar sobre suas ações em relação à problemática estabelecida. “A CF é um importante instrumento de evangelização e da cidadania cristã, em vista de um problema que a cada ano é aprofundado. Permite ampliar a visão da temática, vislumbrar as origens dos problemas, verificar a situação atual (ver), analisar sob a perspectiva da Palavra de Deus (julgar) e agir em busca do Reino de Deus e sua justiça”, afirma Márcia Castro, da Pastoral Fé e Política. Dentro do âmbito eclesial, pode ser destacado o surgimento de grupos e pastorais como, por exemplo, a Pastoral do Menor, que, na Arquidiocese de São Paulo, antes de 1987, já era articulada por dom Luciano Mendes de Almeida, na época bispo auxiliar na Região Episcopal Belém.

A Campanha daquele ano falava da realidade do menor, “Fraternidade e o Menor – Quem acolhe o menor, a mim acolhe”, e, como conta Sueli Camargo, coordenadora arquidiocesana da Pastoral do Menor, o Texto-Base da CF de 87 formulava critérios teológicos, pastorais e eclesiais para a proposta pedagógica da Pastoral do Menor. “Optar pelo menor, numa sociedade em conflito, é optar pelo fraco, onde se valoriza o forte; pelo pequeno, onde se valoriza o grande; pelo despossuído, onde se valoriza o que tem. É estar ao lado dos excluídos, dos que não contam, dos que não produzem, não dão lucro: é escolher e celebrar a vida em uma sociedade de morte. É defender a vida onde ela se apresenta desprezada e ameaçada”(CF 1987, nº 160). Esta Campanha extrapola os muros das paróquias e comunidades e con-

segue chegar até às esferas do Poder Legislativo na qual procura influenciar na elaboração do artigo 227 da Constituição Federal de 1988, assim como na elaboração, implantação e implementação do Estatuto da Criança e do Adolescente, promulgado em 13 de julho de 1990. No quadro que ilustra esta reportagem, destacamos, com a ajuda da equipe de articulação da CF na Arquidiocese de São Paulo, as iniciativas desencadeadas, desde 1995, por Campanhas da Fraternidade. Porém, vale lembrar, que algumas Campanhas por mais que não tenham gerado algo visível ou palpável, foram responsáveis pela conscientização da população em relação ao tema abordado, como, por exemplo, as que abordaram as questões ambientais e de preservação da natureza. A coordenadora da Pastoral Fé e Política destaca, ainda, o surgimento de leis que melhoraram o sistema político eleitoral e que são frutos de lutas iniciadas nos temas da CF. “Em 1996, deu-se a CF. ‘Fraternidade e Política “Justiça e Paz se Abraçarão’. Contribuindo para a organização da Pastoral Fé e Política, foi motivadora para o grande esforço que conquistou as Leis de iniciativa popular como a Lei 9.840/99 que proíbe a compra de voto e a 135/2010, Lei da Ficha Limpa. A lei torna inelegível por oito anos um candidato que tiver o mandato cassado, renunciar para evitar a cassação ou for condenado por decisão de órgão colegiado (com mais de um juiz), mesmo que ainda exista a possibilidade de recursos. As duas com foco no combate à corrupção eleitoral, atualmente outros projetos de iniciativa popular estão em fase de coleta de assinaturas em busca de mudanças no sistema político.”

2006 Fraternidade e Pessoas com Deficiência – Levanta-te, Vem para o Meio! Pastoral da Pessoa com Deficiência 2008 Fraternidade e Defesa da Vida – Escolhe, pois, a Vida. Campanha em Defesa da Vida; Dia do Nascituro 2009 Fraternidade e Segurança Pública – A Paz é Fruto da Justiça. Plano Nacional de Segurança; Articulações de – Conselhos de Segurança Pública (Consegs) 2010 Economia e Vida (ecumênica) – Vocês Não Podem Servir a Deus e ao Dinheiro. Projetos de Geração de Renda (Cáritas) 2011 Fraternidade e a Vida no Planeta – A Criação Geme em Dores de Parto. Projetos de Reciclagem do Lixo; Movimento de Integração Campo e Cidade (Belém); Campanha a Dívida Não Acabou (Programa Justiça Econômica); SPM – Migrantes comprometidos com a Defesa Ambiental; Cooperativa de Trabalho com Matérias Reaproveitáveis e Recicláveis Chico Mendes; Cooperativa de Trabalho em Assessoria a Empresas Sociais de Assentamentos de Reforma Agrária 2012 Fraternidade e Saúde Pública – Que a Saúde se Difunda sobre a Terra! Projeto de Lei para destinar 10% do Orçamento da União para a Saúde Pública; Fortalecimento da Ação Pastoral para a Defesa da Vida nas Cidades – Associação de Auxílio Fraterno; Pastoral da Mulher Marginalizada (desenvolveu projetos); Apoio na prevenção das doenças, mediante estratégias de informação, capacitação e formação de agentes comunitários, para migrantes latino-americanos, em São Paulo – Brasil – SPM; detecção precose de quadros demenciais na população de baixa renda – Associação Brasileira de Alzheimer e Doenças Similares Abraz; cooperação visão sistêmica no atendimento à população em situação de rua e no combate à tuberculose – Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto Fonte: Equipe de Articulação da CF na Arquidiocese de São Paulo


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www.arquidiocesedesaopaulo.org.br 6 a 10 de março de 2014 Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Na Quarta-feira de Cinzas, Arquidiocese abre a CF Além das práticas próprias da Quaresma, fiéis foram convidados a refletir e realizar atitudes concretas contra o tráfico de pessoas Nayá Fernandes

Reportagem no centro

Durante a oração do Pai-nosso, uma criança com roupas rasgadas, provavelmente em situação de rua, levantava a mão como se estivesse dançando. Os ir-

mãos mais velhos, ao lado, a repreendiam, mas ela continuava como se estivesse numa festa. Afinal, foi Jesus mesmo, no Evangelho segundo Mateus, que disse àqueles que fazem jejum para que “não fiquem com o rosto triste como os hipócritas” (Mt 6,16). A cena foi presenciada pela reportagem do O SÃO PAULO na quarta-feira, 5, durante a missa das Cinzas na Catedral da Sé, às 15h. Neste dia, os cristãos em todo o mundo, iniciaram o tempo de preparação à Páscoa: a Quaresma. A criança, na missa, com seu gesto provavelmente inocente, anunciava a Ressurreição, e, sem saber, representava as crianças do mundo, também

aquelas que estão sendo exploradas pelo trabalho escravo, para transplante de órgãos ou exploração sexual. Esse é o tema da Campanha da Fraternidade deste ano, que foi solenemente aberta durante a missa na Arquidiocese de São Paulo. Com a presença de muitos padres, diáconos e seminaristas, o cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, presidiu a celebração que teve também a presença do cardeal Cláudio Hummes, arcebispo emérito, e dos bispos auxiliares dom Tarcísio Scaramussa, da Região Episcopal Sé, e dom Julio Endi Akamine, da Região Episcopal Lapa. Na homilia, o Cardeal lembrou que a Quarta-feira de

Cinzas é o início de um tempo forte em que a Igreja convoca à conversão. “É um tempo de acolher Jesus que nos anuncia o Reino de Deus. O Evangelho de hoje nos apresenta as três práticas que somos convidados a viver durante a Quaresma: o jejum, a esmola e a oração.” Ele ressaltou também que o tráfico humano, tema da CF2014, “não cabe dentro do Reino de Deus”. As pastorais sociais da Arquidiocese de São Paulo, que lidam diariamente com a realidade para a qual a Campanha chama atenção, também foram lembradas no início da missa. As pastorais: da mulher marginalizada, do menor, da criança, afro, do povo da rua e a Cári-

tas. “As pessoas se deslocam de um país para outro em busca de melhores condições de vida, mas encontram, muitas vezes, a escravidão, a exploração e a dor”, comentou Edson Silva, coordenador arquidiocesano da CF. Dois agentes de cada região episcopal foram enviados a serem multiplicadores da Campanha. E dom Odilo enviou também todos os padres, religiosos e religiosas e os jornalistas presentes na celebração. “A missa foi um momento de encontro profundo com Jesus e de conversão dos pecados para continuar lutando contra o mal deste mundo, como o tráfico de pessoas”, disse Maria Aparecida Pereira, da Pastoral da Liturgia.

Em coletiva de imprensa, Cardeal fala da Campanha da Fraternidade 2014 Luciney Martins/O SÃO PAULO

edcarlos bispo de santana

reportagem no centro

Na Quarta-feira de Cinzas, tradicionalmente, acontece em todo o Brasil o lançamento da Campanha da Fraternidade. Na Arquidiocese de São Paulo, o arcebispo metropolitano, dom Odilo Scherer, concedeu entrevista coletiva à imprensa, na qual falou do início da CF–2014, canonização do beato padre José de Anchieta, beatificação da madre Assunta Marchetti e, por fim, um ano do pontificado do papa Francisco. Sobre a CF, o Cardeal afirmou se tratar de um “tema muito sério e uma questão que é mais presente que se possa imaginar hoje em dia”. De acordo com o Arcebispo,

a sociedade parece viver um momento de regressão histórico, voltando a questões que já pareciam ter sido superadas, como a questão da escravidão e semiescravidão. Com o tema “Fraternidade e Tráfico Humano”, a Campanha quer denunciar, como afirmou dom Odilo, que o tráfico humano é o terceiro negócio mais rentável do mundo, perdendo para o tráfico de armas e de drogas. “Por outro lado, esse crime está associado a situações sociais igualmente perversas, como a miséria que não se supera, a pobreza que não se enfrenta devidamente, as condições de vida de populações que não saem da exclusão social e, com isso estão mais facilmente expostas

ao tráfico humano”, afirmou. Sobre a Arquidiocese, dom Odilo destacou que haverá um incentivo ao estudo e aprofundamento do tema, mas para além disso a busca de que os trabalhos existentes sejam fortalecidos, bem como lutar para que haja políticas de atendimento às vítimas do tráfico e a ampliação da legislação.

Beatificação Em 25 de outubro acontecerá na Catedral da Sé a beatificação de madre Assunta Marchetti, cofundadora da Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo, Scalabrinianas, que tem como missão principal o acolhimento e atendimento dos migrantes.

Canonização Sobre a canonização do beato José de Anchieta, o Prelado destacou que ela acontecerá por decreto, provavelmente, no início de abril. Em momento oportuno, serão anunciadas as celebrações, tanto no Vaticano quanto no Brasil, de ação de graças pela canonização do Apóstolo do Brasil.

Um ano do pontificado do papa Francisco Para dom Odilo, a comunicação fácil que possui o Papa tem aproximado as pessoas. Outro detalhe que o Cardeal destacou sobre o pontificado de Francisco são as reformas empreendidas pelo Pontífice, que mudaram a administração da Santa Sé.


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