O SÃO PAULO - edição 2995

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Copa SP14 movimenta cidade antes do Mundial

Tensão entre Rússia e Ucrânia preocupa Ocidente

Página 21

Assembleia em Santana reúne lideranças jovens

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Padre Zezinho celebra 50 anos de evangelização

Página 16

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

Página 24

ano 59 | Edição 2995| 25 de março a 2 de abril de 2014

R$ 1,50

www.arquidiocesedesaopaulo.org.br

Os aliciadores vão ao ponto fraco das vítimas e, depois, é muito difícil sair Luciney Martins/O SÃO PAULO

Alice (nome fictício) contou ao O SÃO PAULO sua história de sofrimento e exploração sexual. Em 2003, com 23 anos, saiu do interior de SP para juntar dinheiro e pagar uma dívida. Desde então, sua vida tomou rumos que ela só entenderia nove anos depois. Ao voltar a São Paulo, após ter passado por Santa Catarina e Rio Grande do Sul e também pela Espanha e o Caribe, ela procurou um advogado. Foi quando ouviu, pela primeira vez, que tinha sido vítima do tráfico de pessoas. Páginas 12 e 13

Papa Francisco proclamará Marco Civil quer garantir direitos na internet da sociedade civil está uma TV a cabo com pacotes de e dos Governos”. Nessa edição, Anchieta santo em 2 de abril Projeto baseado sobre três pilares “a conteúdos diferenciados. Sem O SÃO PAULO entrevista Pedro Acervo do MP/USP - Foto de Hélio Nobre

Óleo sobre tela de Benedito Calixto

O Vaticano confirmou que o papa Francisco proclamará santo o padre José de Anchieta, no dia 2 de abril. Na Arquidiocese, o anúncio acontecerá de forma especial. “Vamos acolher a sua canonização com manifestações de júbilo e ação de graças a Deus. Convido os padres a fazerem tocar os sinos na mesma hora, em todas as igrejas e capelas da Arquidiocese no dia 2 de abril, às 14h, por cinco minutos, ao menos”, orienta o cardeal Odilo Scherer, em carta ao clero, religiosos e leigos. Em 6 de abril, haverá, ainda, um momento de oração no Pátio do Colégio às 10h, seguido de procissão até a Catedral da Sé, onde dom Odilo presidirá missa às 11h.

defesa da privacidade, da liberdade de expressão e da neutralidade de rede, que impede que a internet seja vendida como

o Marco Civil, consumidores e cidadãos não têm ferramentas adequadas para se defender dos interesses das corporações

Ekman, do Coletivo Intevozes, e esclarece o projeto que tem sido motivo de inúmeros embates. página 11 Fotomontagem: Jovenal Pereira

Revolução

ou Golpe?

1964 - 50 anos

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PUC-SP e pastorais dialogam para ações Na quinta-feira, 20, no campus Perdizes da PUC-SP, as pastorais sociais da Arquidiocese e o Programa de Estudos Pós-graduados da Faculdade de Direito promoveram um diálogo para mútua cooperação, que

segundo dom Milton Kenan Júnior, poderá levar a PUC-SP a recuperar consciência da própria identidade e as pastorais sociais a encontrar mecanismos para ações que realizam. Página 24

Nos dias 31 de março e 1º de abril, o Brasil lembrará o cinquentenário do golpe militar que mudou a história do País. Nesta edição, O SÃO PAULO apresenta dois testemunhos

opostos. A perspectiva de duas mulheres que, em lados distintos durante o golpe, vivenciaram de formas diferentes as emoções e tragédias que cercaram a nação. Dois doutores em

História Social avaliam as conjunturas que levaram ao golpe e se há a possiblidade que, 50 anos depois, o Brasil caia em outro período de autoritarismo. paginas 22 e 23


2 Fé e Vida

www.arquidiocesedesaopaulo.org.br 25 de março a 2 de abril de 2014 Sergio Ricciuto Conte

frases da semana

“Os aliciadores vão ao ponto fraco e, depois, é muito difícil sair. A maioria fica dependente de drogas ou acaba enlouquecendo, vivendo pelas ruas, se afasta da família. É preciso dar segurança às vítimas, do contrário, correm risco de vida.”

“Não deu tempo de fazer nada, não desliguei nada e nem tirei o lixo. Saí com a roupa do corpo, achei que ia ali e voltaria logo. Retornei para Brasília só depois da anistia. Dalí, fomos para o exílio no Uruguai.”

Alice, vítima do tráfico de pessoas

você pergunta

Espiritualidade

Como surgiu a missa de 7º Dia? E por que acender velas para os mortos?

O cristão do Médio Oriente Frei Patrício Sciadini

Vigário Episcopal para a pastoral da Comunicação

Padre Cido Pereira

Uma das perguntas mais recorrentes é esta que a Marli Pereira, de Santo André, me faz: Como surgiu a missa de sétimo dia? Só que ela acrescenta mais um detalhe sobre acender velas para os defuntos. Essas missas, próprias para os defuntos, começaram a ser celebradas no século 5º ou 6º de nossa Era Cristã. O porquê exato de serem no 3º, 7º e no 30º dia pouco se sabe. Estudiosos afirmam que desde o início do Cristianismo se acha que nesses dias Deus é mais propício à clemência. Afinal, no 3º dia, Jesus ressuscitou. No sétimo, Deus descansou da obra da criação do mundo. No 30º, porque 30 dias durou o luto do povo de Israel pela morte de Moisés. Eu penso que hoje, o mais importante é a gente orar pelos mortos independentemente do dia. Em algumas comunidades se celebram missas pelos mortos num único dia da semana, reunindo várias famílias em torno do altar para proclamar a fé na vida eterna e na ressurreição, o amor pelos que partiram e a esperança de revê-los junto do Pai. Acender velas nas intenções dos mortos faz parte da religiosidade popular. Eu penso, porém, Marli, que o ato de acender velas deve ser acompanhado de oração e súplicas pelo descanso eterno da pessoa por quem rezamos. Se não, a gente acaba atribuindo à vela uma força que ela não tem. A vela significa a luz que desejamos para os nossos mortos na oração que fazemos. Se você tem o costume de acender velas na Igreja, continue. Se for acender velas em sua casa, porém, muito cuidado, viu Marli, para que não aconteça algum incêndio. Fique com Deus, minha irmã, e que ele abençoe você e sua família.

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

Nestes últimos tempos, tenho experimentado pessoalmente uma frase de Santa Edith Stein que diz: “Deus nos conduz, não sabemos para onde nos conduz, mas ele nos conduz.” Quando houve no Brasil Jornada Mundial da Juventude, na minha viagem para o Rio, comecei a conversar com uma pessoa que estava perto de mim no ônibus. Falei que estava no Egito e que era carmelita descalço. A pessoa me contou que era devota de nossa Senhora do Carmo e que embora tivesse deixado de ser católico romano, continuava a ser devoto em forma escondida e que sempre trazia o escapulário. Perguntei por que ia ao Rio e ele me disse candidamente: “Veja bem, este Papa que vem aí é diferente

“Logo depois que me casei, o Ademar de Barros, governador de São Paulo, montou a Escola Superior de Guerra. Os industriais estavam preparados: um fazia armas, outro fazia roupas, agasalhos, tudo o que fosse preciso.”

Dodora, militante política que viveu o exílio em 1964

de todos, ama a todos e todos nós nos sentimos bem. Como eu posso não ir vê-lo se ele vai ao Rio, e escutar o que ele diz? Em casa não dá para escutar e ver a TV porque minha mulher não deixa, ela é crente de carteirinha. Então devo ir ao Rio e assim aproveito. Mas não vou contar isso à minha mulher”. Tranquilizei o cara. Que belo testemunho de alguém que vive também o seu cristianismo em conflito interior! Mas as coisas aqui no Egito são diferentes. A população toda do Médio Oriente é de meio bilhão de pessoas. Uma cifra considerável e sabe quantos são os cristãos de todos os matizes? Só dois por cento... Significa que não chegam a mais de 10 milhões. Mas este “só” é que faz diferença e que nos ajuda e nos dá força e coragem e nos anima a continuar o nosso caminho com fé e esperança sempre maior. Tão pouco fermento, mas forte no Senhor, sem medo. É difícil pensar que é tão pouco

Anna Maria Tuma, sobre o apoio paulista aos militares em 1964

fermento para uma massa de farinha tão grande. São muitíssimos, segundo a estatística, os que deixam o próprio país: Egito, Síria, Líbano, Jordânia e outros países, em busca de uma vida melhor e em busca de uma possibilidade de viver melhor a própria fé. A minha tristeza por sermos poucos se transformou em alegria porque compreendi que somos chamados a viver com autenticidade, com coragem, sem medo, ao céu aberto e de cabeça erguida a nossa fé. É Deus que conduz a vida. Não sei por que ele me conduziu até aqui, talvez para ver com os meus olhos que viver a fé é uma graça e um esforço corajoso. Deus continua a mostrar o seu amor e nos enviam para que sejamos semeadores de esperança, de vida. À noite, fui passear na frente da nossa basílica de Santa Teresinha e senti dentro do meu coração uma grande paz, um desejo que Santa Teresinha mesma experimentou. eu quero amar a Deus e torná-lo amado, sempre e em todos os lugares!

palavras que não passam

Jesus: o intérprete credenciado da Palavra (17.5) PADRE AUGUSTO CÉSAR PEREIRA

O Pai outrora já se havia comunicado de várias maneiras com a humanidade. Porém, mantinha coisas escondidas, mas que fossem um dia, reveladas. Mas sem o perigo de não serem entendias. Jesus e o Pai, na força do Espírito, optaram pela maneira mais eficaz de se entender com os homens: “A Palavra se fez carne”. Na verdade, a Palavra existiu sempre. Mas, para dialogar com os homens de igual para igual, a saída foi a Palavra se fazer gente como a gente. Foi a grande “sacada pastoral” da Trindade. E o problema de Comunicação estava bem resolvido! O ponto forte que sustentava a oratória de Jesus é sua encarnação. Jesus se fez homem como nós e assumiu todas as consequências de tornar-se hu-

mano. Foi com base nessa verdadeira inculturação que Jesus se fez o especialista como ninguém conhecedor da alma e da vida humanas. O povo se via retratado na vida que as parábolas apresentavam. Nada do que é humano escapou à misericórdia do Coração de Jesus. Ele foi enviado e aceitou a missão para dar conhecimento ao povo das coisas que ele viu e ouviu do Pai (cf. Jo 8,38). Trata-se de um diálogo entre a Palavra na missão da Igreja e a vida concreta e cotidiana do povo com suas dores e esperanças (cf. Mt 11,27; Jo 8,16). Percebe-se logo que o Concílio quis impactar as mudanças a partir da importância de a Igreja se fazer entender pelo povo. Pode-se até ver aí o símbolo representativo do conjunto das reformas não só litúrgicas. Remontando ao tempo do uso do Latim como idioma oficial da Liturgia, até se admitia que algum ministro litúrgico tropeçasse nas palavras que não conhecia. Porém, com o ingresso

do vernáculo, cada ministro terá que conhecer sua língua pátria para se fazer entendido pelos conterrâneos. Por respeito à Palavra, à assembleia de fé reunida e ao próprio ministério, o ministro ordenado – e todos os outros que prestam algum serviço pela Palavra falada como escrita – têm uma responsabilidade muito grande que os obriga a se capacitarem para exercer com exatidão o ministério. Qual outro Moisés, o pregador da homilia, por exemplo, Jesus é o intérprete credenciado pela Igreja que busca ligar a Palavra com a realidade cotidiana concreta da vida do povo. É ele que ajuda a conduzir o discernimento do Povo de Deus, para orientar por ela a sua vida. “O Povo de Deus congrega-se, antes de mais nada, pela Palavra do Deus vivo, Palavra que se há de procurar com pleno direito nos lábios dos sacerdotes”. Pois eles têm, como “primeira tarefa, anunciar o Evangelho de Deus a todos” (PO 4).

Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação Semanal • www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Reportagem: Cônego Antônio Aparecido Pereira, Daniel Gomes, Edcarlos Bispo de Santana e Nayá Fernandes • Institucional: Rafael Alberto • Fotografia: Luciney Martins • Administração: Maria das Graças Silva (Cássia) • Assinaturas: Djeny Amanda • Projeto Gráfico e Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Impressão: Atlântica Gráfica e Editora Ltda. • Redação e Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinatura) • Números atrasados: R$ 1,50 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail• A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.


Fé e Vida

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encontro com o pastor

editorial

Na canonização de José de Anchieta Arcebispo metropolitano de São Paulo

cardeal odilo pedro scherer

Ao clero, Religiosos e Leigos da Arquidiocese de São Paulo

Caríssimos, Conforme já foi divulgado por noticiários do Vaticano, o papa Francisco proclamará “santo” o bem-aventurado padre José de Anchieta no próximo dia 2 de abril, mediante a assinatura e a publicação do Decreto da canonização. Esta canonização, há muito esperada por nós, é motivo de especial alegria para todo o Brasil, uma vez que Anchieta é o “Apóstolo do Brasil”, assim proclamado já no seu funeral, em 1597. Ele marcou profundamente o início da evangelização, não apenas em São Paulo, mas em boa parte do Brasil. No centro histórico da capital paulista, o Pátio do Colégio lembra que Anchieta foi um dos fundadores desta cidade e também um dos iniciadores da Igreja nesta metrópole. Por isso, vamos acolher a sua canonização com manifestações de júbilo e ação de graças a Deus. Convido os padres a fazerem tocar os sinos na mesma hora, em todas as igrejas e capelas da Arquidiocese no dia 2 de abril, às 14h, por cinco minutos, ao menos. Ao mesmo tempo, convido o povo a fazer celebrações espontâneas de louvor e agradecimento a Deus no mesmo dia 2 de abril, em horários que as paróquias possam marcar. A CNBB preparou um roteiro de celebração para a ocasião, que se encontra também no site da Arquidiocese (www.arquidiocesedesaopaulo.org.br), de onde pode ser baixado e impresso para o uso. Artigos sobre Anchieta também se encontram no mesmo site e podem ser úteis para falar ao povo sobre o novo Santo du-

rante as celebrações. Convido ainda a que, no domingo seguinte, dia 6 de abril, se faça especial louvor a Deus pela canonização de Anchieta, embora mantendo normalmente a liturgia do 5º domingo da Quaresma. A santidade, de fato, é a meta da Quaresma e da vida cristã... Na Catedral da Sé, naquele mesmo domingo, dia 6 de abril, às 11h, faremos um solene Te Deum laudamus pela canonização do padre Anchieta; para essa celebração serão também convidadas as autoridades do Município e do Estado. A missa será precedida de uma procissão, saindo do Pátio do Colégio às 10h15 na direção da Catedral.

Os padres queiram ajudar o povo das comunidades a perceber a importância e o significado dessa canonização e da própria figura de Anchieta, tão ligada a São Paulo e ao Brasil. Deus nos oferece uma ocasião singular para o testemunho eloquente do Evangelho do Reino e da ação amorosa de Deus junto de seu povo nesta cidade. Ao mesmo tempo, a Providência nos convida a renovar-nos na dimensão missionária e da caridade pastoral, olhando para “São” José de Anchieta. Ad maiorem Dei gloriam. Que seja tudo para a maior glória de Deus! “São” José de Anchieta, rogai por nós! Deus os guarde no seu amor. Acervo do MP/USP - Foto de Hélio Nobre

Após a grande manifestação do Espírito Santo que foi a Jornada Mundial da Juventude que reuniu o então recém-eleito papa Francisco com jovens do mundo inteiro, uma pergunta passou a incomodar nossos bispos. Entre eles, o arcebispo de São Paulo, dom Odilo Pedro Scherer. E ele se perguntou e perguntou ao seu clero e aos fiéis: onde estão os jovens? Os jovens estão em nossas comunidades, é claro. Mas são muito poucos, alguns se preparando para a Crisma, outros sendo acolhidos pela Pastoral da Juventude, outros atuando nas novas comunidades que florescem na Igreja nestes tempos. Mas a pergunta – “Onde estão os jovens? – fez e faz pensar em cerca de 2 milhões de jovens que em nossas universidades vivem longe da fé, numa atitude hostil à Igreja, mergulhados em preconceitos contra ela. No meio desses 2 milhões de jovens há os que optaram por Jesus Cristo, amam a Igreja e são hostilizados. O jornal O SÃO PAULO mostrou as dificuldades enfrentadas pelos jovens católicos, alguns militando na pastoral universitária, outros não. Por conta disso, a Igreja entende urgentíssimo o ir ao encontro do mundo acadêmico, dos professores e dos próprios jovens universitários e, num diálogo respeitoso, ouvi-los e ser ouvida. É parte do mundo da cultura que precisa ser evangelizado, que precisa despir-se de pré-juízos, que precisa conhecer a Igreja em que a imensa maioria foi inserida pelo Batismo. No coração do Arcebispo de São Paulo, com a aprovação de seus bispos auxiliares e do conselho de presbíteros e de padres e leigos empenhados em evangelizar o mundo acadêmico, nasceu a ideia de um vicariato ambiental, com um bispo à frente, para enfrentar o desafio de fazer a Igreja presente no mundo universitário, numa atitude dialogante, aberta, exercendo sua missão. A Igreja sempre teve homens e mulheres do mundo acadêmico, do mundo da cultura, testemunhando os valores evangélicos e discutindo em alto nível as verdades da fé e as implicações morais da opção de seguir Jesus Cristo. Honra seja feita a esses homens e mulheres que defenderam e defendem nas mais diferentes manifestações culturais dentro e fora da universidade os valores que a Igreja anuncia e defende. Que venha o Vicariato Episcopal para a Universidade, e que a juventude acadêmica se dispa dos preconceitos e aceite o diálogo que a Igreja propõe e ouça as razões que a Igreja lhe dá para conhecer, seguir, viver e testemunhar Jesus Cristo.

Terça-feira (25)

São José de anchieta arquidiocese de são paulo

canonização: 2/4/2014 ação de graças nas igrejas: 6/4/2014

9h30 – Reunião com os bispos auxiliares 11h – Missa no Seminário de Filosofia 20h – “Admissio” no Seminário Arquidiocesano “Redemptoris Mater”

Quarta-feira (26)

9h30 – Reunião dos grupos de trabalho para a celebração em ação de graças pela canonização do beato José de Anchieta 19h30 – Reunião do Conselho do Núcleo Fé e Cultura

Quinta-feira (27)

14h30 – Reunião com a Escola Diaconal 19h – Assembleia da Caritas Arquidiocesana

@DomOdiloScherer tolo do Brasil, será proclamado “santo” pelo papa Francisco no dia 02/04. 23 – Disse Jesus: “A vida eterna é esta: Conhecer-vos, ó Pai, um só Deus verdadeiro e a Jesus, que enviaste”.

Onde estão os jovens?

agenda do Cardeal

Tweets do Cardeal

23 – Padre José de Anchieta, Após-

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23 – Disse Jesus: “Se tu conheces-

ses o dom de Deus e quem é que te pede: ‘Dá-me de beber’, tu mesma lhes pedirias e ele te daria água viva” Jo 4,10. 21 – “São as águas de março, fechando o verão”... Que venham abundantes para São Paulo!

21 – Jr 3, 12b-14: “Voltai, é o Senhor

que chama, não desviarei de vós minha face, porque sou misericordioso. Convertei-vos, filho, diz o Senhor”. 19 – “Ave, Rainha do céu: ave, dos anjos Senhora; ave, raiz, ave, porta; da luz do mundo és aurora. Exulta, ó Virgem e pede a Cristo por nós”.

Sexta-feira (28)

17h – Início de “24 horas para o Senhor” (Adoração e Confissão) 19h – Missa na comunidade O Caminho e benção da capela

Domingo (30)

9h – Missa na Paróquia Imaculada Conceição – Setor Cerqueira César – Região Sé 11h – Missa na Catedral da Sé


4 Fé e Vida liturgia e vida

4º DOMINGO DA QUARESMA 30 DE MARÇO DE 2014

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palavra do papa

A misericórdia é maior que o preconceito

Ana Flora Anderson

O caminho da fé Neste domingo, somos convidados a refletir sobre o ato de fé. A primeira leitura (1 Samuel 16, 1.6-7.10-13) apresenta o enviado de Deus, Samuel. Naquele tempo, o rei Saul causava sofrimento no meio do povo. Deus então enviou Samuel a ungir um novo rei segundo seu agrado. Com isso, o Senhor Deus ensina a Samuel que ele vê o coração de seus filhos e esta é a base de cada vocação. Na segunda leitura (Efésios 5, 8-14) São Paulo ensina que porque Jesus é a luz do mundo, cada cristão é chamado a ser filho da luz. Por isso, devemos viver na verdade, na bondade e na justiça. O Evangelho de São João (9,1-41) narra a cura de um cego de nascença. A falta de fé é uma cegueira espiritual. Jesus é a luz do mundo e através dele recebemos a graça da fé. A cura do cego de nascença é o agir de Deus na vida humana. Mas os vizinhos, os pais e os fariseus teólogos não querem compreender assim, diz o evangelista. Por causa de sua fé em Jesus o cego é expulso da comunidade. Procura, porém a Jesus e confessa sua fé nele, o Messias. Jesus confirma que ele veio ao mundo para que todos possam ter fé e sair das trevas, causa da cegueira espiritual. O ato de fé é um ato de amor que nos une a Deus e a toda a humanidade. A narrativa da cura do cego nos convida a superar os obstáculos que nos cercam na vida diária, e nos entregar a verdadeira luz. leituras da semana Segunda (31) Terça (1) Quarta (2) Quinta (3) Sexta (4) Sábado (5)

Is 65,17-21; Sl 29; Jo 4,43-54 Ez 47,1-9.12; Sl 45; Jo 5,1-16; Is 49,8-15; Sl 144; Jo 5,17-30 Ex 32,7-14; Sl 105; Jo 5,31-47 Sb 2,1a.12-22; Sl 33; Jo 7,1-2.10.25-30 Jr 11,18-20; Sl 7;Jo 7,40-53

Santos e Heróis do povo – 25 de março

25 de março é a festa da Anunciação, dia em que veremos o começo da vida de Jesus Cristo. Começa exatamente aqui, um novo período da história. Deus está conosco! Esta festa é, de fato, uma das mais antigas solenidades marianas da história. Já foi celebrada no Oriente, na metade do século 5. E temos notícia de que no século 7 se fazia a procissão da Quaresma, neste dia, para a igreja de Santa Maria Maior. É curioso que os cristãos associaram a este dia, em Jerusalém, a festa do bom ladrão, são Dimas, aquele que morreu ao lado de Cristo, na cruz. O ato de fé abriu para ele - como para nós todos - as portas do Paraíso. Mas, não vamos esquecer a mulher. Desta vez, é santa Lúcia Filippini (imagem), fundadora das escolas para meninas, no começo do século 17. Foi uma mulher angustiada pela educação da juventude. Aliás, quem é que não se angustia quando não se tem escola para gente humilde! E ela deu provas de imensa paciência e zelo pela educação das jovens de seu tempo. Fonte: “ Santos e Heróis do Povo” livro do cardeal Arns

Papa francisco Abaixo, parte da mensagem do papa Francisco, antes da oração mariana do Angelus, do domingo, 23. O Evangelho de hoje nos apresenta o encontro de Jesus com a mulher samaritana, acontecido em Sicar, junto a um antigo poço para onde a mulher ia todos os dias para pegar água. Naquele dia, encontrou Jesus, sentado, “fatigado da viagem” (Jo 4, 6). Ele logo lhe disse: “Dá-me de beber” (v.7). Deste modo, supera as barreiras de hostilidade que existiam entre judeus e samaritanos e rompe o esquema de preconceito contra as mulheres... Aquela sede de Jesus não era tanto de água, mas de encontrar uma alma seca. Jesus precisava encontrar a samaritana para abrir-lhe Tweets do papa

@Pontifex_pt @Pontifex_pt 23 - Jesus nunca está longe de nós, pecadores. Ele quer derramar sobre nós, sem medida, toda a sua misericórdia. 22- Jesus é a nossa esperança. Não há nada – nem o mal, nem mesmo a morte – que nos possa separar da força salvífica do seu amor. 21 - A doença e a morte não são tabus. São realidades que devemos enfrentar na presença de Jesus. 20 - Aprendamos a dizer “obrigado” a Deus e aos outros. Ensinamo-lo às crianças, mas depois esquecemo-lo!

o coração: pede a ela de beber para dia que jorra para a vida eterna. Encolocar em evidência a sede que ha- controu a água que procurava desde via nela mesma. A mulher fica toca- sempre! Corre ao vilarejo, aquele da por este encontro: dirige a Jesus vilarejo que a julgava, condenava-a aquelas perguntas profundas que e a rejeitava e anuncia que encontodos temos dentro de nós, mas que trou o Messias: um que mudou sua muitas vezes ignoramos. Também vida. Porque cada encontro com Jenós temos tantas perguntas a fazer, sus muda a nossa vida, sempre. É mas não encontramos a coragem de um passo adiante, um passo mais dirigi-las a Jesus! próximo a Deus. Sempre, é sempre A Quaresma, queridos irmãos assim... e irmãs, é o tempo oportuno para Neste Evangelho, encontramos olharmos dentro de nós, para fazer também nós o estímulo para “deixar emergir as nossas necessidades es- o nosso cântaro”, símbolo de tudo pirituais mais verdadeiras e pedir a ajuO Evangelho diz que os discípulos da do Senhor ficaram maravilhados com o fato de o na oração. O exemplo da saseu mestre estar falando com aquela maritana conmulher. Mas o Senhor é maior que vida-nos a nos exprimir mos os preconceitos, por isto não teve assim: “Jesus, medo de parar com a samaritana: a dá-me aquela misericórdia é maior que o preconceito água que me saciará para e Jesus é tão misericordioso! sempre”. O Evangelho diz que os discípulos ficaram mara- aquilo que aparentemente é imporvilhados com o fato de o seu mestre tante, mas que perde valor diante do estar falando com aquela mulher. “amor de Deus”... Mas o Senhor é maior que os preSomos chamados a redescobrir conceitos, por isto não teve medo a importância e o sentido da nossa de parar com a samaritana: a mise- vida cristã, iniciada no Batismo e, ricórdia é maior que o preconceito e como a samaritana, testemunhar Jesus é tão misericordioso! aos nossos irmãos. O quê? A alegria! O resultado daquele encontro no Testemunhar a alegria do encontro poço foi que a mulher foi transfor- com Jesus, porque eu disse que cada mada: “deixou o seu cântaro” (v.28), encontro com Jesus muda a nossa com o qual tinha ido pegar água, e vida, e também cada encontro com correu à cidade para contar a sua Jesus nos enche de alegria, aquela experiência extraordinária. “Encon- alegria que vem de dentro. E assim trei um homem que me disse todas é o Senhor. E contar quantas coisas as coisas que eu fiz. Seria o Mes- maravilhosas o Senhor sabe fazer no sias?”. Estava entusiasmada. Tinha nosso coração quando nós temos a ido pegar água do poço e encontrou coragem de deixar de lado o nosso outra água, a água viva da misericór- cântaro.

há 50 anos

Com a justiça, o mundo não está perdido A fotografia publicada em primeira página apresenta duas crianças atendidas pelo Recolhimento de Emergência e é chamada para o artigo publicado em página interna “Sem Justiça não pode haver caridade”, em que o jornal O SÃO PAULO denunciava a desigualdade social já presente na cidade de São Paulo na década de 60. “Aí está o reflexo de uma sociedade injusta em que são numerosíssimos os que dependem da caridade alheia para poder comer”. A mesma edição traz uma

interessante matéria intitulada “Não, o Mundo ainda não está perdido” em que conta a história de uma senhora inglesa deficiente auditiva que não conseguia ouvir o despertador e por isso, perdia a hora do trabalho. Ao tomarem conhecimento da questão, crianças de uma escola vizinha se mobilizaram e inventaram um novo dispositivo para despertar surdos: um despertador que em hora indicada acionava automaticamente um secador de cabelos que disparava ar quente sobre o rosto da pessoa.

Capa da edição de 22 de março de1964


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ASSOCIAÇÃO FRANCISCANA DE SOLIDARIEDADE CNPJ 11.861.086/0001-63 - São Paulo - SP

DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO

EM 31 DE DEZEMBRO (Em Reais R$ 1)

ATIVO NOTA

2.013 CIRCULANTE 365.888 Caixa e equivalentes de caixa 4 310.570 DIREITOS REALIZÁVEIS 55.318 Adiantamento a funcionários 21.163 Adiantamento a fornecedores 33.003 Outros direitos realizáveis 1.152 NÃO CIRCULANTE 175.688 IMOBILIZADO 5 175.688 TOTAL DO ATIVO 541.576

2.012 248.868 216.930 31.938 28.428 3.510 176.832 176.832 425.700

(As notas explicativas integram o conjunto das demonstrações contábeis)

CONTAS ESPECIFICAÇÕES SALDOS EM 01/ JAN./2012 Incorporação ao Patrimônio Social (Déficit) do Período SALDOS EM 31/ DEZ./2012 Incorporação ao Patrimônio Social (Déficit) do Período SALDOS EM 31/ DEZ./2013

PATRIMÔNIO SUPERÁVIT/ TOTAL SOCIAL (DÉFICIT) DO GERAL PERÍODO (81.818) 100.922 19.104 100.922 (100.922) - (45.573) (45.573) 19.104 (45.573) (26.469) (45.573) 45.573 - (100.723) (100.723) (26.469) (100.723) (127.192)

(As notas explicativas integram o conjunto das demonstrações contábeis)

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO PERÍODO

BALANÇO PATRIMONIAL

(Em Reais R$ 1)

EM 31 DE DEZEMBRO (Em Reais R$ 1

PASSIVO NOTA 2.013 CIRCULANTE 668.768 Fornecedores 7 30.260 Tributos a recolher 5.716 Obrigações com pessoal 8 157.387 Contribuições sociais a recolher 9 101.116 Direito de férias adquirido e encargos sociais 271.236 Parcerias e convênios 10 94.701 Outras obrigações 8.352 PATRIMÔNIO LÍQUIDO (127.192) Patrimônio Social (26.469) (Déficit) do período (100.723) TOTAL DO PASSIVO 541.576

PERÍODO DE 01/JAN./2012 A 31/DEZ./2013 (Em Reais R$ 1)

2.012 452.169 43.406 3.851 6.606 149.618 229.757 7.539 11.392 (26.469) 19.104 (45.573) 425.700

(As notas explicativas integram o conjunto das demonstrações contábeis)

PERÍODO 01/JAN./2013 01/JAN./2012 NOTA A A 31/DEZ./2013 31/DEZ./2012 RECEITA BRUTA 12 2.639.469 2.772.932 RECEITA LÍQUIDA 2.639.469 2.772.932 CUSTOS ASSISTENCIAIS (2.391.154) (2.268.265) Custo com projetos sociais e assistenciais 14 (2.391.154) (2.268.265) SUPERÁVIT BRUTO 248.315 504.667 RECEITAS (DESPESAS) OPERACIONAIS (349.038) (550.240) Despesas gerais e administrativas (336.156) (538.954) Receitas financeiras 3.832 7.121 Despesas financeiras (22.478) (20.434) Outras receitas operacionais 5.764 2.027 (DÉFICIT) DO PERÍODO (100.723) (45.573) (As notas explicativas integram o conjunto das demonstrações contábeis)

DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA (Em Reais R$ 1)

PERÍODO 01/JAN./2013 01/JAN./2012 A A 31/DEZ./2013 31/DEZ./2012 FLUXO DE CAIXA NAS ATIVIDADES OPERACIONAIS (Déficit) do Período (100.723) (45.573) Ajustes: Depreciação 37.442 17.397 Direito de férias adquirido e encargos sociais 41.479 76.696 Resultado líquido ajustado (21.802) 48.520 Variações: Adiantamentos a funcionários 7.265 (10.682) Adiantamentos a fornecedores (33.003) Outras variações ativas 2.358 (2.573) Fornecedores (13.146) 5.720 Tributos 1.865 871 Obrigações com pessoal 150.781 (7.831) Encargos sociais (48.502) 80.454 Convênios 87.162 (10.887) Outras variações passivas (3.040) 5.217 Caixa líquido proveniente das atividades operacionais 129.938 108.809 FLUXO DE CAIXA NAS ATIVIDADES DE INVESTIMENTO Aplicações no ativo imobilizado (36.298) (137.153) Caixa líquido usado nas atividades de investimento (36.298) (137.153) VARIAÇÃO LÍQUIDA DE CAIXA E EQUIVALENTES DE CAIXA 93.640 (28.344) CAIXA E EQUIVALENTES DE CAIXA 93.640 (28.344) No início do período 216.930 245.274 No fim do período 310.570 216.930 (As notas explicativas integram o conjunto das demonstrações contábeis.)

notas explicativas NOTA 1. CONTEXTO OPERACIONAL A Associação Franciscana de Solidariedade foi constituída juridicamente no início de 2.010, e a partir do segundo semestre de 2.010 iniciou sua operação. É uma entidade beneficente de assistência social, de direito privado, de natureza associativa, de fins socioassistencial, sem fins lucrativos, constituída por número ilimitado de associados e com duração por tempo indeterminado. Tem como missão promover ações e atitudes de solidariedade com os empobrecidos e marginalizados, contribuindo para o exercício da cidadania e inclusão social, no modo franciscano de viver e anunciar o Evangelho. Tem como finalidade: I – Executar serviços de Assistência Social, no horizonte da defesa dos direitos humanos e do exercício da cidadania, tendo como público usuário, pessoas que se encontram em situação de vulnerabilidade e riscos sociais e econômicos. II – Sob o entendimento de que a Assistência Social tem como função dialogar com outras políticas, no sentido de promover a defesa, o acesso e a garantia aos direitos humanos e sociais, a Associação Franciscana poderá executar serviços e projetos, integrados a outras políticas setoriais, especialmente àquelas relacionadas à defesa de direitos humanos, à promoção da igualdade e superação das violências de gênero, etnias e geracional, o direito à cultura, bem como à defesa e proteção do meio ambiente. Parágrafo Primeiro: A visão que a Associação Franciscana persegue para o cumprimento de sua finalidade é a de ser um Serviço social fundamentado nos direitos humanos e ecológicos, a partir dos princípios cristãos e franciscanos, voltado para a busca da equidade social, articulando atendimento imediato e construção de políticas públicas que assegurem os direitos da população. Parágrafo Segundo: A prestação de serviço ou as ações assistenciais serão realizadas de forma gratuita, continuada e planejada, para os usuários e a quem deles necessitar, sem qualquer discriminação. Para auxiliar no cumprimento dos objetivos sociais, a Associação mantem as seguintes filiais: • Centro Franciscano de Acolhida para Crianças e Adolescentes, CNPJ 11.861.086/0002-44, Pinhão Tanguá/RJ; • Centro Franciscano de Convivência e Proteção à Criança e ao Adolescente Andorinha, CNPJ 11.861.086/0003-25, São Sebastião/SP; • Centro Franciscano de Convivência da Criança e do Adolescente Gente Viva, CNPJ 11.861.086/0004-06, Petrópolis/RJ; • Centro Franciscano de Acolhida do Largo da Carioca, CNPJ 11.861.086/0005-97, Rio de Janeiro/RJ; • Sefras Porciuncula, CNPJ 11.861.086/0006-78, Niterói/RJ; e • Centro Franciscano de Proteção e Acolhida de Curitiba, CNPJ 11.861.086/000759, Curitiba/PR. A Associação está inscrita nos seguintes conselhos e possui: • COMAS - sob n° 27, aprovada pela Resolução COMAS-SP n° 560 de 01/12/2011, publicada no Diário Oficial da Cidade de São Paulo de 03/12/2011; • Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente sob o n° CMDCA/1650/11, de acordo com a Lei Federal n° 8.069 de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA), conforme Resolução n° 059/CMDCA/01; • Certificado de Utilidade Pública Municipal de São Paulo, através do Decreto 52.842/2011 de 09 de dezembro de 2011;

NOTA 3. PRINCIPAIS POLÍTICAS CONTÁBEIS Dentre as principais políticas contábeis adotadas para a elaboração das demonstrações contábeis ressaltamos: a) RECEITAS E DESPESAS As receitas com contribuições e donativos foram reconhecidas por seus valores originais e de acordo com sua realização financeira, as demais receitas contratuais foram reconhecidas por seus valores originais e de acordo com a sua competência. As despesas foram reconhecidas por seus valores originais e de acordo com sua competência. b) APLICAÇÕES FINANCEIRAS DE LIQUIDEZ IMEDIATA Estão demonstradas pelos valores aplicados, atualizadas com os respectivos rendimentos até a data de encerramento do balanço patrimonial. c) IMOBILIZADO Está demonstrado pelo custo de aquisição, ajustado por depreciações acumuladas, calculadas pelo método linear, a taxas estabelecidas em função do tempo de vida útil, por espécie de bens. d) DIREITO DE FÉRIAS ADQUIRIDO E ENCARGOS SOCIAIS Foram constituídas provisões, com base no regime de competência, observando as férias transcorridas e ainda não gozadas, num montante julgado suficiente para cobertura das obrigações com férias dos seus funcionários, apropriadas até a data de encerramento do balanço. Essas provisões foram calculadas partindo do número de dias de férias, convertidos para valor em moeda pelo salário atual de cada funcionário, acrescido dos encargos mais um terço constitucional, conforme legislação trabalhista em vigor. e) DOAÇÕES As doações, subvenções e contribuições espontâneas captadas da comunidade são contabilizadas em contas de receita. NOTA 4. CAIXA E EQUIVALENTES DE CAIXA Estão representados pelos valores originais, conforme demonstrado no quadro seguinte: Saldo em Descrição 31/dez./2013 31/dez./2012 Caixa 2.820 2.800 Bancos - conta movimento 56.866 30.301 Aplicações financeiras 250.884 183.829 Total 310.570 216.930 As aplicações financeiras correspondem a investimentos em fundos, poupança e CDB. NOTA 5. IMOBILIZADO Está representado pelos valores originais, deduzidos das depreciações acumuladas, conforme demonstrado no quadro seguinte: Saldo em Descrição 31/dez./2013 31/dez./2012 Instalações em Geral 19.399 19.399 Móveis e utensílios 20.922 11.566 Aparelhos e Instrumentos Musicais 2.152 2.152 Máquinas e equipamentos 32.787 27.845 Equipamentos de informática 85.606 63.606 Veículos 79.000 79.000 (-) Depreciação acumulada (64.178) (26.736) Total 175.688 176.832

• Grande Conselho Municipal do Idoso da Prefeitura de São Paulo, registro n°. GCMI/0003/12 de 22/11/2012 de acordo com a Lei Federal n° 10.741 de 1 de outubro de 2003; • Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Tanguá sob o n° 021/2012 de 15/05/2012; • Certificado de matrícula de organização de Assistência Social do município de São Paulo sob o nº 16.89 de 29/08/2012; e • Certificado de Regularidade Cadastral de Entidades – CRCE do Governo do Estado de São Paulo sob o nº CRCE 2012/2012 de 10/09/2012 de acordo com o Decreto nº 57.501 de 08 de novembro de 2011. NOTA 2. APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS As demonstrações contábeis foram elaboradas segundo as práticas contábeis adotadas no Brasil, que abrangem, além das disposições da legislação societária brasileira, os Pronunciamentos, Orientações e Interpretações emitidas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC. As alterações trazidas pela Lei número 11.638/07 e pela Lei número 11.941/09 à Lei número 6.404/76 estão sendo observadas integralmente e adotadas quando aplicável. Foi adotada, também, a Resolução do Conselho Federal de Contabilidade 1.409/2.012, que se refere à ITG 2002 – Entidade sem finalidade de Lucros, a qual trata em específico dos aspectos contábeis das entidades sem fins lucrativos.

NOTA 6. SEGUROS Para atender medidas preventivas, a Entidade, a seu critério, procede à contratação de seguros em valores considerados suficientes para a cobertura de eventuais sinistros. NOTA 7. FORNECEDORES Estão representados pelos valores originais, conforme demonstrado no quadro seguinte: Saldo em Descrição 31/dez./2013 31/dez./2012 Fornecedores de materiais diversos 8.168 12.986 Fornecedores de serviços 22.092 30.420 Total 30.260 43.406 NOTA 8. OBRIGAÇÕES COM PESSOAL Estão representados pelos valores originais, conforme demonstrado no quadro seguinte: Saldo em Descrição 31/dez./2013 31/dez./2012 Ordenados a pagar 149.833 0,00 RCT a pagar 6.606 6.606 Pensão alimentícia a pagar 948 0,00 Total 157.387 6.606

(Em Reais R$ 1)

NOTA 9. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS A RECOLHER Estão representadas pelos valores originais, conforme demonstrado no quadro seguinte: Saldo em Descrição 31/dez./2013 31/dez./2012 INSS 74.743 124.707 PIS 3.659 3.357 Contribuições Sindicais 439 541 FGTS 22.275 21.013 TOTAL 101.116 149.618 NOTA 10. PARCERIAS E CONVÊNIOS 1) Convênio com a Prefeitura Municipal de São Sebastião, firmado em 12 de abril de 2.013, através do Convênio de Cooperação Assistencial, cujo objeto é o atendimento gratuito à população carente, em conformidade com as diretrizes de ação social, na área do atendimento ao adolescente, conforme demonstrado abaixo: Saldo em Descrição 31/dez./2013 Valores liberados 140.814 Valores aplicados (136.866) Saldo a Aplicar 3.948 2) Convênio com a Prefeitura Municipal de São Sebastião, firmado em 01 de maio de 2.013, através do Convênio de Cooperação Assistencial, cujo objeto é o atendimento gratuito à população carente, em conformidade com as diretrizes de ação social, na área do atendimento ao adolescente, conforme demonstrado abaixo: Saldo em Descrição 31/dez./2013 Valores liberados 18.000 Valores aplicados (2.121) Saldo a Aplicar 15.879 3) Convênio com a Prefeitura Municipal de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal da Saúde/Fundo Municipal da Saúde, firmado em 02 de julho de 2.013, através do Termo de Convênio n° 025/2013-SMS-G, cujo objeto é a realização do projeto “Informar e Multiplicar para Prevenir”, conforme demonstrado abaixo: Saldo em Descrição 31/dez./2013 Valores liberados 103.035 Rendimento financeiro 2.939 Valores aplicados (31.100) Saldo a Aplicar 74.874 Resumo das parcerias e convênios: Saldo em Descrição 31/dez./2013 1) Convênio com a Prefeitura de S.Sebastião 3.948 2) Convênio com a Prefeitura de S.Sebastião 15.879 3) Convênio com a Prefeitura de SP TOTAL

74.874

94.701

NOTA 11. PATRIMÔNIO LÍQUIDO A Associação não remunera os membros componentes de sua diretoria, conselheiros, associados ou equivalentes e não distribui ou concede vantagens sob nenhuma forma. NOTA 12. RECEITA BRUTA Está representada pelos valores originais, conforme demonstrado no quadro seguinte: Saldo em Descrição 31/dez./2013 31/dez./2012 a) Contribuições e donativos 2.341.301 2.320.346 Pessoas físicas 196.970 291.597 Pessoas jurídicas 45.407 18.265 Contribuições em espécie 12.848 1.532 Telemarketing 2.072.308 2.002.460 Doação de Ativo Imobilizado 13.768 6.492 b) Doações do Exterior 298.168 452.586 Pessoas jurídicas 298.168 452.586 Total (a + b) 2.639.469 2.772.932 NOTA 13. BENEFÍCIOS FISCAIS A Associação, na condição de entidade sem fins lucrativos, nos termos da legislação vigente, se beneficiou do não recolhimento de tributos e contribuições. O quadro a seguir apresenta os principais benefícios: Valores estimados Descrição 2013 2012 COFINS – Contribuição social sobre o faturamento 3% 79.472 83.462

Continua

BALANÇO PATRIMONIAL


Continuação

6 Fé e Vida

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fé e cidadania

ASSOCIAÇÃO FRANCISCANA DE SOLIDARIEDADE NOTA 14. ASSISTÊNCIA SOCIAL A Entidade mantém projetos de assistência social para crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos, homens e mulheres, sem distinção de raça, cor, escolaridade, crença religiosa, opção política ou condição social, na formação humana, social e cultural, na área de assistência social, visando promover a dignidade humana. Os projetos de assistência social estão dentro dos parâmetros estabelecidos pela Lei 12.101/2009, regulamentada pelos Decretos 7.237/2010 e 7.300/2010. No quadro seguinte está resumida a abrangência dos projetos e os valores aplicados durante o período de 2013: TIPIFICAÇÃO NÚMERO DE VALOR NA ASSISTÊN- ATENDIMEN- APLICADO CIA SOCIAL TOS/MÊS EM 2013 SÃO PAULO/SP Centro Infantil Clara de Assis - Espaço de convivência e fortalecimento Serviço de de vínculos familiares e comunitários, Convivência e 11.019 292.200 que promove atividades visando esti- Fortalecimento mular a participação cidadã de crian- de Vínculos ças de 04 a 8 anos e 11 meses. SERVIÇOS

Centro de Convivência e Apoio ao Idoso “Casa de Clara”- Espaço de Serviço de convivência que tem por objetivo proporcionar uma convivência saudável Convivência e Fortalecimento e de forma integral à pessoa idosa, contribuindo para o protagonismo na de Vínculos busca de seus direitos e seu espaço social.

7.017

350.590

52.774

270.145

Centro Franciscano de Apoio à ReciServiço clagem – Recifran – Serviço de inclusão produtiva que visa contribuir com Especializado para Pessoas a inclusão social e produtiva da população em situação de rua / catadores em Situação de Rua na perspectiva da justiça ambiental

9.658

129.584

Centro Franciscano de Luta contra a AIDS – Cefran – Serviço que tem como objetivo promover e asseServiço de gurar um espaço de convivência, Convivência e contribuindo para a emancipação, o fortalecimento exercício da cidadania e a melhoria de Vínculos da qualidade de vida das pessoas vivendo / convivendo com HIV/AIDS

10.462

291.683

Centro Franciscano de Atendimento à Pessoa em Conflito com a Lei e familiares – Serviço que possui Serviço de como objetivo contribuir na poten- Assessoramencialização da consciência crítica e na to e Defesa de construção de relação mais fraternas Direitos e humanizadoras entre mulheres e adolescentes presas, os familiares e a sociedade.

3.355

Centro Franciscano de Atendimento e Proteção à População de Rua “Chá Serviço do Padre” - Serviço especializado de atendimento e defesa de direitos que Especializado para Pessoas tem como objetivo contribuir para o exercício da cidadania e a mobiliza- em Situação de Rua ção política da população em situação de rua.

Conselheiro geral na Congregação dos Scalabrinianos

Padre Alfredo José Gonçalves

O processo de globalização vem modificando gradualmente a noção de pátria. “Minha pátria é a língua portuguesa”, dizia o poeta Fernando Pessoa. Dom J. B. Scalabrini, bispo de Piacenza, Itália, por sua vez, sustentava no final do século 19 que “para os migrantes a pátria é a terra que lhes dá o pão”. E acrescentava que o fenômeno migratório “funde e aperfeiçoa as civilizações, amplia o conceito de pátria para além dos confins materiais, tonando o mundo a pátria do homem”. A emergência histórica dos estados nacionais na modernidade se consolida com a Declaração da Independência dos Estados Unidos (1776) e com a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789), dois documentos que nas-

cem, respectivamente, com a guerra da independência, nas terras novas de além-mar, e, com a Revolução Francesa, no velho continente. O conceito de pátria, nação e cidadania, particularmente na Europa, vinculava-se a uma certa homogeneidade não só física e territorial, mas também linguística, histórica e cultural. De fato, se tomamos a França e a Inglaterra como dois exemplos clássicos, língua, território, história e cultura unificam a população numa certa origem comum. A forte emigração europeia em direção às Américas, como também à Austrália e Nova Zelândia, no decorrer do século 19 e primeiras décadas do século 20 – estimase que mais de 60 milhões de pessoas deixaram a Itália, Alemanha, Grã Bretanha, Polônia, Irlanda, Espanha, Portugal, etc. – a bem dizer, inaugura uma nova concepção de pátria. Nesta, “a terra que dá o pão” tomo o lugar da terra natal como referência de solo pátrio. A migração corta raízes, rom-

pe fronteiras e, do ponto de vista geográfico, desloca inteiras massas humanas. Ao mesmo tempo, porém, as desterritorializa, dissociando-as de um determinado lugar. Não é fácil expor as raízes ao sol, digamos assim, mas, depois de desenraízadas, as pessoas ou famílias se encontram mais predispostas a novos deslocamentos, bem como a “optar” por uma nova pátria, desde que garantam ali sua sobrevivência. Isso não obstante a saudade das origens e o sonho do retorno. Este último, aliás, constitui uma das características mais recorrentes nas “histórias de migrantes”. Por isso é que, de um ponto de vista sociopastoral, a comunidade eclesial figura muitas vezes como uma retomada da noção de pátria. Ali, no espaço da Igreja, o migrante reencontra seus conterrâneos, refaz laços antigos e costura novos relacionamentos. Esse suporte inicial, além da ajuda familiar, é condição básica para uma integração saudável.

espaço aberto

87.870

Serviço à unidade pelo amor Coordenador do Secretariado de Pastoral da Arquidiocese

•Renovação da Inscrição no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de São Paulo/SP – Nº 1650 até 24/09/2015 (04/09/2012); •Inscrição no Grande Conselho Municipal do Idoso de São Paulo/SP – nº GCMI/0003/12 com validade até 22/11/2014 (22/11/2012); •Certificado de Matrícula de Organização de Assistência Social perante a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social de São Paulo – nº 16.89 com validade até 30/06/2015 (29/08/2012); •Inscrição no Conselho Municipal de Assistência Social sob nº 27, com prazo de validade por tempo indeterminado (08/12/2011); •Declaração de Utilidade Pública Municipal conforme decreto 52.842/2011 (09/12/2011); e • Certificado de Regularidade junto ao Cadastro Municipal, Único das Entidades Parceiras do Terceiro Setor da Prefeitura do Município de São Paulo com validade até 21/10/2014 (22/11/2013). PETRÓPOLIS/RJ Centro Franciscano de Acolhida à Criança e ao Adolescente Gente Viva Serviço de – Serviço de convivência de crianças Convivência e 25.975 236.669 e adolescentes, que tem como objeti- Fortalecimento vo acolher e promover ações educa- de Vínculos tivas no exercício consciente da cidadania e da solidariedade humana. •Inscrição perante o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente nº 006 com validade até novembro de 2014. (11/2012). TANGUÁ/RJ Centro Franciscano de Acolhida para Serviço de Crianças e Adolescentes Santo An4.187 707.779 tônio – serviço de acolhimento insti- Acolhimento Institucional tucional de crianças e adolescentes. •Inscrição perante o Conselho Municipal de Assistência Social de Tanguá/RJ, sob nº 11 (18/10/2012) •Inscrição perante o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Tanguá/RJ, sob nº 021/2012 (15/05/2012) SÃO SEBASTIÃO/SP Centro Franciscano de Proteção à Serviço de Criança e ao Adolescente Andorinha Proteção Social – serviço de execução de medidas a Adolescentes socioeducativas de Liberdade Assis- em Cumprimentida (LA) e Prestação de Serviço à to de Medida Comunidade, contribuindo para a ga- Socioeducativa 955 24.634 rantia dos direitos dos adolescentes de Liberdade em cumprimento de medida. Assistida (LA), e de Prestação de Serviços à Comunidade (PSC); - Inscrição no Conselho Municipal de Assistência Social de São Sebastião, sob nº 017 com validade por tempo ideterminado (10/07/2013). - Inscrição no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de São Sebastião sob nº 050/2013 com validade até 11/10/2016 (11/10/2013). - Declaração de Utilidade Pública Municipal de 03/05/2012. - Cadastro Pró-Social junto à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo sob nº SEDS/PS – 27/2013 com validade até 03/12/2014 (21/05/2013). - Certificado de Regularidade Cadastral de Entidade do Governo do Estado de São Paulo (29/04/2013). TOTAL

Pátria e comunidade eclesial

125.402

2.391.154

INFORMAÇÕES ADICIONAIS - Durante o período de 2013, a Entidade cumpriu sua obrigação perante o INSS – Cota Patronal, no valor de R$ 723.233. Em 2012, no valor de R$ 628.609; e - A Entidade, aguarda o resultado, referente ao pedido de concessão de Certificação de Entidade Beneficente de Assistência Social, junto ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome, sob protocolo nº 71000.059751/2012-22.

Padre Tarcísio Mesquita

A cada ano, várias atividades direcionadas aos padres buscam renovar-lhes o ânimo e o entendimento em relação aos desafios que se põem no caminho da Igreja e de suas próprias vidas. Encontros mensais, cursos de atualização pastoral, retiros, encontros com o bispo são promovidos pela Arquidiocese de São Paulo como forma objetiva de responder ao desafio de todos se manterem unidos e motivados a evangelizar nesse nosso lugar, que é esta imensa Cidade de São Paulo. Não

há duvida que a união entre os padres favorece a Igreja em todos os aspectos. Seja na sua relação com a comunidade em que desempenha seu ministério, seja nas pastorais que formam a ação evangelizadora e, até mesmo, na sua individualidade, o padre feliz com a sua condição de ministro ordenado faz reluzir nos demais membros da comunidade a força unificadora de seu ministério, que, entre tantos importantes aspectos, provoca a união de pessoas e serviços, que atualizam o anúncio contínuo do Evangelho na Metrópole. No início deste mês, por exemplo, o clero realizou seu primeiro encontro formal com o seu bispo, dom Odilo. O encontro com o papa, que acaba de promulgar

sua primeira exortação apostólica, Evangelii Gaudium, foi um dos componentes da fala do arcebispo de São Paulo, que, entre outros assuntos, também discorreu sobre o numeroso contingente universitário de 500 mil pessoas somente no âmbito da Arquidiocese, sendo que, em todo Município, esse contingente chega a aproximadamente 1 milhão de pessoas. O ambiente universitário, portanto, não pode ser esquecido, muito menos ainda em áreas de grande adensamento populacional como a nossa cidade. Especificamente no que tange à exortação apostólica Evangelii Gaudium, o tema da alegria de evangelizar ocupa um espaço significativo em suas páginas. Fundamentado na proposta de produzir o ânimo que não pode faltar aos anunciadores do Evangelho, o papa Francisco, ressaltava dom Odilo durante o encontro, busca sustentar a todos por meio da consideração que o Evangelho deve ser anunciado com disposição e confiança; é o que diz o papa Evangelii Gaudium: “Os males do nosso mundo – e os da Igreja – não deveriam servir como desculpa para reduzir a nossa entrega e o nosso ardor”. Prosseguindo, dom Odilo afirmava que é por meio de expressões e gestos correlatos que Francisco estimula a todos, principalmente o clero, a mergulhar na denominada alegria do Evangelho, deixando-a transparecer em toda sua pujança cristã. (Veja o artigo completo no site da Arquidiocese)


Igreja em Ação

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7

CAMi

bioética

Imigrantes modelos de superação

Bélgica: agora, eutanásia infantil? Carmem Hilari

cami.comunicacao@gmail.com “Quero que meus filhos se orgulhem de mim, gosto de fazer roupas e me orgulharia se reproduzissem as minhas próprias criações, além disso, me daria mais serviço. Acho que é mais fácil trabalhar como modelista porque o meu trabalho, hoje, é muito cansativo e mais ainda com quatro filhos”. A jovem, mãe boliviana, Sonia Blanco, que mora em Osasco, se inscreveu no curso de modelagem e cidadania, somando-se, assim, a mais de cem alunos imigrantes, vindos de diferentes regiões da Grande São Paulo, para participarem da cerimônia de abertura dos cursos que o Centro de Apoio e Pastoral do Migrante- CAMI oferece gratuitamente há oito anos aos imigrantes. A acolhida aconteceu, no sábado, 15, – nas dependências da Paróquia Santuário das Almas (lado sede CAMI), no bairro Ponte Pequena. Foi um grande encontro de reflexão, cidadania e motivação, onde o imigrante viu sua realidade refletida na exposição do vídeo sobre Tráfico de Pessoas produzido pela Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) para a 50ª edição da Campanha da Fraternidadede 2014. Entre os participantes estava Miguel Arantes, peruano, que há 4 anos, vive no Brasil sugeriu que esse vídeo deveria chegar aos países de origem onde são recrutadas pessoas para trabalho. “Se eu tivesse sabido que neste País, tão grande e avançado, existe esta realidade, jamais teria aceita-

padre leo pessini

do em vir. Não foi a minha escolha vir e, pior ainda, ficar. Aqueles que acham que aqui a vida é ideal, não é, não é mesmo. Para quem sofre de discriminação trabalhando incansavelmente, sem escolha como no meu caso, sem opção porque tenho a família, é uma luta diária. Estas realidades devem ser conhecidas por nossos irmãos, lá, onde te ‘pintam’ bonito e enganam pra vir”. O encontro foi de reflexão sobre a atual situação do tráfico humano e trabalho escravo no País, realidade que rompe com sonhos e projetos de vida e que viola a dignidade e os direitos dos seres humanos, realidade onde imigrantes estão envolvidos, muitos deles, sem ciência desse cruel crime. A esta reflexão, somouse também o padre Valmir Teixeira, pároco do Santuário das Almas, que disponibilizou os espaços da paró-

quia para cursos e atividades com os imigrantes.

Formação e Cidadania, um passo importante na vida dos imigrantes

Além de capacitar os alunos, os cursos do CAMI são voltados para o exercício da cidadania, com a finalidade de uma plena consciência dos direitos e deveres.O Cami oferece cursos de Informática, Língua Portuguesa, Modelagem e Música, todos com o eixo central, a cidadania. Nos cursos se inscreveram crianças, adolescentes, jovens, adultos, e, em vários casos, a família inteira. Com este grande e importante encontro para a comunidade imigrante, o CAMI, como pastoral, somou-se à Campanha da Fraternidade da CNBB. Por Carmem Hilari

apostolado da oração

O Ministério feminino na Igreja ana25lucia@hotmail.com Em encontro com o padre Manzatto, Apostolado da Oração Arquidiocesano discutiu o Ministério feminino na Igreja. Iniciamos o nosso encontro com o Oferecimento Diário, no qual o Papa pede para que todas as culturas respeitem os direitos e a dignidade da mulher. Para que muitos jovens acolham o convite do Senhor a consagrar a vida ao anúncio do Evangelho. Padre Manzatto cumprimenta as mulheres pelo seu dia, graça a chuva que se fez presente. Também a Deus na presença na igreja. Temos que parar e perceber como Deus vai dirigindo a Igreja, sem que a gente perceba. Também as nossas vidas. Por isso não podemos ficar olhando muito para frente, porque só enxergaremos somente o que precisamos. Temos que olhar um pouco para o lado para ver o que os outros precisam e olhar para traz e ver o que Deus já nos concedeu. Na Bíblia há vários livros que falam de personagens masculinos. Mas também apresenta uma série de texto que ressalta não só o valor, mas também

da importância das mulheres, e elogia grandemente as mulheres pelas suas qualidades. A ação de Deus através do comportamento das mulheres. Se não fosse Ana dizendo “sim” ao projeto de Deus, como o povo de Israel se organizaria sem o profeta Samuel. Se Maria não tivesse a coragem de dizer o “sim” nós também não teríamos recebido o salvador. O papa João Paulo 2º escreveu um documento sobre a dignidade da mulher. Fala da importância feminina na vida da igreja, e na importância do ministério feminino na vida da igreja. Não somente a sua fé, mas as mulheres testemunham, sobretudo. O amor de Deus tem para com o seu povo. Mulheres que são canais da expressão do seu povo pelo amor de Deus. O papa Francisco faz um ano de Pontificado. Sua forma simples cativa muito. No entanto, para nós é muito normal. O estranho é o outro jeito. O mais importante é ser humano. É que Deus quando quis se aproximar de nós, se encarnou se fez ser humano. O papa Francisco fala muito da Misericórdia de Deus. A Igreja tem que ser anunciadora

da misericórdia de Deus. Ela deve ser um hospital de batalha para cuidar das feridas. Tantas gentes feridas e machucadas no mundo. . Ninguém é tão misericordioso como as mulheres. As mulheres têm na sua própria natureza a misericórdia. Mulher é solidária se colocar no lugar do outro. Mulheres são atraídas por sentimentos ternuras afetos, o que a nossa igreja está precisando. Ministério da convivência. Onde nenhum de nós é tão bom quanto nos todos juntos. Seria muito bom se as nossas comunidades fossem contagiadas pelas ternuras femininas. Deixar o coração comunicar com o coração Não é fazer uma Igreja sentimentalista. Mas sim uma Igreja com capacidade de ternura e afeto. Nossas comunidades precisam ser afetuosas. As pessoas têm que se sentir como gente. Não somente como mais um. Mais sim como parte integrante. Toda mulher tem um pouco de Eva. Eva é a mãe de todos os viventes. Testemunha de vida. Mulheres são sinais e canais da vida de Deus. Mulheres são Sacramento da vida de Deus.. Por Ana Lúcia Contareli

A Bélgica é o primeiro país no mundo a aprovar a eutanásia de menores, sem requisito de idade. Com esta nova lei, aprovada pelo Parlamento Belga em 13 de fevereiro, os menores com doenças incuráveis poderão ter acesso a essa prática, sempre que cumpram com alguns requisitos rigorosos, dos quais o principal será sempre o de “demonstrar a capacidade de discernimento”. A solicitação deve ser feita de modo “voluntário, refletido e repetido e que não seja fruto de pressões externadas”, segundo a lei. Os responsáveis legais também deverão autorizar a prática. O texto final estabelece que o médico encarregado do caso que avaliará se o menor é capaz de tomar a decisão, mas terá que consultar previamente também um psiquiatra/psicólogo infantil para atestar a maturidade do paciente e ter a concordância dos pais. Um ponto bastante polêmico do debate foi como definir se a criança tem discernimento ou não. A atual lei da eutanásia na Bélgica, em vigor desde 2002, reconhece a eutanásia para maiores de idade ou menor emancipado (a partir dos 15 anos) capaz, com diagnóstico de doença irreversível, que padeça de um sofrimento físico ou psíquico constante e insuportável ou uma doença grave incurável. A Holanda era, até agora, o único país que incluía crianças na prática da eutanásia, com o requisito de idade entre 12 e 18 anos e desde que entrou em vigor a legislação favorável à eutanásia naquele país ocorreram apenas cinco casos de eutanásia infantil. A Bélgica deu um passo além ao optar por avaliar a maturidade mental da criança em vez de estabelecer uma determinada idade. Em 2012 na Bélgica, segundo dados oficiais, houve 1.432 casos de eutanásia. Em média, cerca de mil por ano, mas esse número vem crescendo anualmente desde 2002. Perante esses fatos, que avalição moral fazer? Essa lei gerou muita discussão na sociedade belga, religiões e mesmo entre os médicos pediatras, sendo que estes últimos divididos se colocaram a favor e contra essa prática. Representantes das religiões judaica e muçulmana num comunicado conjunto dizem que: “Também nós somos contra o sofrimento, seja ele físico ou moral, especialmente das crianças. Mas propor que os menores possam decidir sobre sua própria eutanásia é uma forma de distorcer sua capacidade de julgar e, portanto, sua liberdade”. Dom Léonard, arcebispo de Malinas-Bruxelas, recorda que a Lei belga “não permite que os menores assinem contratos econômicos, nem que contraiam Matrimônio ou assinem documentos que possam comprometer seu futuro; no entanto, com essa lei, eles poderão decidir morrer. (...) Essa é uma porta que tende a se abrir cada vez mais”. Na verdade, é muito difícil encontrarmos uma criança com plena faculdade de discernimento para pôr um fim à própria vida, sobretudo quando se está mais fragilizado mentalmente pelo sofrimento da doença! É verdade também que o sofrimento amadurece muito as pessoas, desde a mais tenra idade. A perspectiva que melhor respeita a dignidade intrínseca do ser humano vulnerabilizado pela doença é a de potencializar cuidados paliativos, terapias paliativas e analgésicas, para aliviar a dor e o sofrimento, em vez de tirar a vida por causa da dor e sofrimento humanos. Sem dúvida, envelheceu moralmente a sociedade que busca ideologicamente uma solução técnica para um problema humano ético, ao alardear liberdade sem compaixão, em vez de propor e implementar cuidados paliativos integrais. A morte aqui não seria a solução de livrar-se do outro e não cuidar da dor e sofrimento humanos?


8 Igreja em Ação

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Mundo do trabalho – pastoral operária

“Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21,5) Professor da rede pública estadual e membro da coordenação da Pastoral Operária Metropolitana de São Paulo

Osvaldo de Andrade

Inspirados e animados por esta frase bíblica, nós, trabalhadores cristãos, organizados em torno da Pastoral Operária, reunimo-nos nos dias 1º, 2, 3 e 4 de março de 2014, em pleno carnaval, no município de Ribeirão Pires (SP), área da diocese de Santo André, para revermos nossas ações pastorais junto aos trabalhadores, refletindo as condições de vida da classe trabalhadora brasileira na atualidade e planejar novas e futuras ações pastorais, a luz dos documentos da Igreja e da Palavra de Deus. Nesta reunião denominada “Assembleia Nacional”, estavam presentes trabalhadores e trabalhadoras de dezenas de dioceses brasileiras onde a Pastoral Operária se organizou na sua longa caminhada – 44 anos – ou está em vias de se organizar, contando, nesses casos, pelo menos, com um pequenino grupo de trabalhadores cristãos dedicados à missão desta pastoral no seio da classe trabalhadora. Nesta Assembleia, por meio de trabalhos em grupos, testemunhos vivos e reflexões, fizemos um levantamento dos problemas e das

Durante encontro, Pastoral refletiu a passagem bíblica de Apocalipse 21,5

condições gerais de vida dos operários e dos trabalhadores assalariados de baixa renda dos bairros, cidades, municípios, comunidades e dioceses onde atuamos e das lutas ocorridas, bem como, elaboramos um quadro geral da Pastoral Operária do Brasil: número de grupos de bases, número de dioceses, categorias de trabalhadores atingidos, tipo de atividades e ações desenvolvidas, espaços e instâncias da Igreja que participam os, resultados e benefícios obtidos, obstáculos, dificuldades, fraquezas e forças percebidas e constatadas por nossos companheiros

erramos

Na edição 2994, de 18 a 24 de março publicamos que o artigo “Os bens sagrados”, da sessão “Direito Canônico” (página 6) é de autoria de Edson Luiz Sampel, mas o artigo “Os bens sagrados” é de autoria do padre Carlos Roberto Santana da Silva.

Também nos equivocamos na edição 2992, de 6 a 10 de março, ao não dar os créditos devidos da foto da matéria “Jovens migrantes se unem contra a exploração humana” (página 22) para Angela Santos, fotógrafa autônoma da Região Lapa.

de pastoral e de caminhada. Contudo, por meio de testemunhos, dados e fatos, constatamos que a realidade tanto de operários como de trabalhadores assalariados e de baixa renda continua muito

dura e difícil nas regiões sul, sudeste, nordeste e norte do Brasil, apesar das grandes obras do P.A.C. e do elevado desenvolvimento econômico alardeado pelo governo, pelos empresários e pela mídia. Problemas como, desemprego, baixos salários, terceirização, quarteirização, acidentes de trabalho, doenças ocupacionais, extensas jornadas de trabalho, sonegação de direitos trabalhistas, custo de vida, exclusão social, serviços públicos precários, violência e injustiças sociais, continuam afligindo dramaticamente a vida cotidiana dos (as) trabalhadores (es) e de suas famílias. Diante dos mesmos, os grupos da Pastoral Operária buscam reagir de forma solidária, consciente e crítica, fazendo denúncias, exigindo direitos e justiça social, anunciando, sobretudo, o Reino de Deus. Embasando as suas mensagens e as suas ações nos documentos da Igreja e também na Palavra de Deus.

Apesar das dificuldades e dos inúmeros obstáculos para se viver dignamente e também para se organizar de maneira solidária, nós, trabalhadores cristãos da Pastoral Operária não temos medido esforços para estar junto de outros operários e trabalhadores de baixa renda, buscando forjar sua organização a partir de contatos pessoais, visitas, reuniões, encontros, atividades sociais e solidárias no chão de nossas comunidades, locais de trabalho, bairros, paróquias e dioceses. Enfim, a Pastoral Operária vem trabalhando no sentido de manter acesa a chama da esperança no seio da classe trabalhadora em parceria e comunhão com as outras pastorais sociais, Cebs e movimentos populares, esforçando-se, desse modo, para fazer novas todas as coisas, conforme os documentos da Igreja e, principalmente, da Palavra de Deus.

Pastoral da 3ª Idade

Sair no entusiasmo de evangelizar mjhilkner@uol.com.br No dia 13 deste mês, tivemos nosso encontro com Jesus Eucarístico na missa celebrada pelo reverendo monsenhor Beraldo, na Igreja Santa Cecília. Agora, renovados e fortificados na graça de Deus, vamos continuar nossa missão. Que esta nova etapa seja marcada pela alegria do Espírito Santo que irá nos indicar o caminho a percorrer. Vamos ter a coragem de arriscar novos passos, abrindo-nos ao surpreendente, ao inusitado e a tudo aquilo que nosso já tão

O jornal O SÃO PAULO

querido papa Francisco tem ensinado desde o primeiro dia de seu papado.Quando o cérebro humano é estimulado e reage a novidade, à atividade cortical aumenta em mais variada áreas do cérebro. Vamos desbravar novos caminhos, na perspectiva da “Palavra de Deus”, que certamente nos dará coragem de olhar para além dos projetos rotineiros e ao mesmo tempo, nos capacitará para estender esse olhar a quem está próximo. Use a imaginação, improvise, a pastoral precisa quebrar a rotina, pois

esta entorpece o cérebro, e nos leva ao comodismo. Há grupos que parecem um casulo, fechados em si mesmo, sem deixar espaços para que outros interajam com eles. Vamos sair da passividade, gozar da alegria do Espírito Santo e levar entusiasmo a outros irmãos queixosos da vida... É Quaresma, tempo de renovação , de transformação. “Não perturbe o vosso coração...” (Jo 14) .Vamos permitir que Deus nos conduza para além de nós mesmos. Por Maria José

está de cara nova

Assine O SÃO PAULO faça parte você também desta mudança e-mail: assinaturas@osaopaulo.org.br (11) 3666-9660 / 3660-3723 / 3660-3724


Geral

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Obama quer que G7 aumente pressão sobre Putin Gabinete primeiro ministro Rutte

Conflito se agrava e líderes do Ocidente buscam estratégia coordenada para contê-lo Filipe Domingues

Especial para O SÃO PAULO em Roma

O envio de milhares de soldados russos para a fronteira com o sudeste da Ucrânia vem preocupando autoridades dos Estados Unidos e da Europa. Os líderes estão cada vez mais insatisfeitos com a conduta do presidente da Rússia, Vladimir Putin, que mesmo após dominar a península da Crimeia, no sul da Ucrânia, agora busca ampliar o controle militar também na fronteira. A Ucrânia está numa área estratégica para Rússia e Europa, tanto do ponto de vista militar quanto econômico. Em referendo realizado no dia 16 de março, a população da Crimeia, de maioria russa, aceitou que o território fosse anexado à Rússia. Tropas da Ucrânia começaram a abandonar a região, mesmo sem reconhecer a legitimidade do referendo. O primeiro-ministro da Ucrânia, Arseniy Yatseniuk, havia dito que o referendo era ilegal, mas o governo admitiu que 25 mil ucranianos que vi-

Barack Obama, com o primeiro ministro holandês Mark Rutte; presidente dos EUA está em Amsterdã para reunião do G7

viam na Crimeia estão sendo repatriados. O atual presidente, Oleksander Turchinov, afirmou que as tropas russas ameaçam “as vidas e a saúde” dos ucranianos que vivem na península. Na prática, a Ucrânia está evitando um conflito armado. Neste contexto, o grupo dos sete países mais industrializados do mundo (G7, que inclui Estados Unidos, Alema-

nha, França, Reino Unido, Itália, Japão e Canadá) condenou a “tentativa ilegal da Rússia de anexar a Crimeia, em desrespeito à lei internacional”. Várias sanções passaram a ser aplicadas contra a Rússia, como sua exclusão de debates internacionais e o bloqueio de contas e vistos de cidadãos russos. “Estamos prontos para intensificar ações coordenadas que tenham impacto significa-

tivo sobre a economia russa, caso a Rússia continue agravando a situação”, declararam, em comunicado conjunto. Porém, aliados da Rússia, como Venezuela, Síria e Afeganistão, reconheceram a nova Crimeia. O presidente americano, Barack Obama, chegou na segunda-feira, 24, à Holanda, onde tentará obter apoio de países europeus para conter o avanço da Rússia na Ucrâ-

nia. Ele quer convencer o G7 a aumentar a pressão sobre Putin - alguns países, como a Alemanha, têm evitado elevar o tom por terem intensa relação comercial com os russos. Cerca de 40% do gás natural consumido na Europa é russo. Nesta semana, Obama visita também Bélgica, Itália e Arábia Saudita. A secretária de segurança nacional dos Estados Unidos, Susan Rice, declarou que o objetivo é encontrar uma solução diplomática para o conflito e apoio econômico para a Ucrânia. “Conforme for necessário, vamos aumentar os custos dos impostos à Rússia por suas ações”, disse. Obama prepara fortes ações contra o setor de energia da Rússia, caso Putin resolva avançar em terreno ucraniano. O conflito começou em novembro do ano passado, quando o então presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, se recusou a assinar um acordo comercial com a União Europeia e gerou uma verdadeira crise política interna e, internacionalmente, diplomática. Ele vinha se aproximando do governo russo e se submetendo a Vladimir Putin, o que provocou grande insatisfação na Ucrânia. Ele foi derrubado por uma onda de protestos populares e um novo governo provisório, instituído.


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50 anos do Golpe Civil-Militar e 30 anos do Movimento das Diretas O Centro Universitário Nossa Senhora da Assunção promove nos dias 31 de março, 1º e 2 de abril seu 1º Colóquio Interdisciplinar com o tema “Direita, esquerda... assim caminha a política brasileira”. O evento é aberto ao público com vagas limitadas. A inscrição pode ser feita pelo e-mail eventosunifai@gmail.com. ponto de vista

Igreja pelo mundo

Destaques das Agências Internacionais Católicas Padre michelino roberto diretor do o são paulo

Vaticano

O papa Francisco instituiu, em 20 de março, a Pontifícia Comissão para a Tutela de Menores. As competências da nova comissão pontifícia ainda não foram totalmente definidas, mas seu objetivo principal é garantir a segurança de menores contra abusos sexuais. As pessoas escolhidas pelo Papa para integrarem a nova comissão são personalidades internacionalmente conhecidas por seu empenho no combate à pedofilia. Fazem parte da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores a Dra. Catherine Bonnet, da França; a senhora Marie Collins, da Irlanda; a professora Sheila Hollins, do Reino Unido; o cardeal Sean Patrick O’Malley, dos Estados Unidos; o Prof. Claudio Papale, da Itália; Hanna Suchocka, da Polônia; o reverendo do Humberto Miguel Yáñez, SJ, da Argentina; o reverendo Hans Zollner, SJ, da Alemanha. Na sexta-feira, 28 de março, acontecerá em Roma o Dia do Perdão. Promovido pelo Pontifício Conselho para a Nova Evangelização, será uma atividade penitencial com o objetivo de promover o Sacramento da Confissão. Neste dia, durante 24 horas, as principais igrejas localizadas na região central de Roma manterão suas portas abertas noite e dia, com sacerdotes disponíveis para ouvir confissões. O Dia do Perdão terá início com uma celebração penitencial presidida pelo papa Francisco, na Basílica de São Pedro. Ao final, o Santo Padre atenderá alguns fiéis em confissão. Espera-se que o dia de promoção do sacramento da reconciliação seja reproduzido em diversas dioceses do mundo. Vatican News - www.news.va

Paquistão: Intolerância religiosa

A Comissão Justiça e Paz dos Bispos do Paquistão, em nota à Agência Fides do Vaticano, repudiou o ataque ao templo religioso hindu Dharam Shala, ocorrido em 15 de março, na cidade de Larkana, Paquistão. Segundo a nota, o ataque foi realizado por extremistas islâmicos que acusavam a comunidade hindu de blasfêmia.

Jerusalém: Não à proposta de Yariv Levin

O Conselho dos Bispos Católicos da Terra Santa diz não à proposta do parlamentar israelense Yariv Levin, que prevê a introdução de direitos diferenciados aos cristãos palestinos cidadãos de Israel, distinguindo-os dos palestinos muçulmanos. A proposta é parte de uma campanha realizada pela atual coalizão do governo de Israel da qual, Levin é o porta-voz e tem por principal objetivo separar os palestinos árabes cristãos dos palestinos árabes muçulmanos.

O projeto de lei prevê que os batizados palestinos cidadãos de Israel sejam identificados na carteira de identidade como “cristãos” e não mais “árabes cristãos” como é atualmente. Prevê ainda que os cristãos tenham representação própria nos conselhos municipais e de governo e estende a estes o serviço militar obrigatório. Segundo os Bispos Católicos o projeto visa ofuscar a identidade árabe que é um ponto de convergência cultural e político entre palestinos cristãos e palestinos muçulmanos que vivem na Terra Santa. Agência Fides - www.fides.org

Bangladesh: um milhão de crianças vivem nas ruas

Em Bangladesh, 95% das crianças de ruas – 1 milhão no total – fazem uso de drogas. Destes, 49% são menores de 10 anos. Estes dados foram apresentados por frei Ronald Drahozal, fundador e diretor do centro de reabilitação APON, durante o encontro do Social and Economic Enhancement Program (Programa de aprimoramento Econômico e Social) em Dacar, que em 19 de março reuniu membros de 18 diferentes ONGs humanitárias locais. A APON é o mais importante centro de reabilitação para drogados de Banglash. Criada em 1994, é uma ONG católica inscrita no Departamento de Controle de Narcóticos e afiliada à Federação Asiática da Comunidade Terapêutica.

Vietnã

No Vietnã, os “prisioneiros de consciência”denominação local para prisioneiros católicos que se opõem ao regime comunista – são proibidos de ler a Bíblia, participar da missa e receber assistência religiosa de um sacerdote. A denuncia foi feita através de uma carta escrita pelo blogueiro Paul Trãn Minh Nhât ao arcebispo e ex-presidente da Conferência Episcopal do Vietnã dom Nguyên Van Nhdn. Existe atualmente no Vietnã cerca de 60 prisioneiros de consciência. Tanto a eles como aos prisioneiros políticos opositores ao regime comunista, são negadas assistência médica, espiritual, boa refeição e seus direitos humanos são continuamente violados. O caso mais conhecido de “prisioneiro de consciência” do Vietnã é o da blogueira Maria Ta Phon Tân, 45, condenada a 10 anos de prisão fechada e mais 5 anos de liberdade vigiada, por “atividades subversivas” e escritos contra o governo considerados ”infames”. Maria Ta Phon Tân usava a internet para denunciar a corrupção galopante e os desvios do sistema judiciário vietnamita. Na véspera de seu julgamento, sua mãe, em protesto. colocou fogo no próprio corpo diante de um prédio do governo. Asia News - www.asianews.it

Marqueteiro de fé e amor Jornalista, assina colunas em diversos jornais brasileiros com o pseudônimo de Giba Um, é também consultor de comunicação

Gilberto Di Pierro

Os papas João Paulo 2º e Bento 16 nos deixaram heranças diversas em matéria de comunicação: Woytila celebrizou o beijo no chão, dado todas as vezes que desembarcava num país que visitava, num gesto de humildade, tinha bom humor e, entre as vezes que esteve no Brasil, brincou no Rio de Janeiro: “O Papa é carioca”. E cumpriu seu papado até o final: achava que apenas a morte encerraria sua missão. Ratzinger era mais contido: sua comunicação se deu especialmente através de encíclicas e chegou a pedir perdão em países percorridos por erros históricos da Igreja, em outra demonstração de humildade. Se a Igreja havia errado em algum momento, Bento 16 se penitenciava como seu maior representante perante o mundo inteiro. O papa Francisco começou mudando uma espécie de ritual de vestuário que sempre envolveu pontífices anteriores: nada de vermelho, vestes brancas, a manutenção de seus sapatos (pretos) habituais, sua pasta (ele mesmo carrega) e sua maneira coloquial de falar e de ser, iniciando por lembrar que o novo ocupante do trono de Pedro “vinha do fim do mundo”, um referência à Argentina. É um homem que faz questão de manter seus hábitos simples, de tomar café da manhã com amigos do próprio Vaticano e continuar sendo torcedor do San Lorenzo. Há pouco tempo, quando a presidente Dilma Rousseff foi recebida no Vaticano, lhe dando uma camiseta da seleção assinada por Pelé e uma bola com a assinatura de Ronaldo, Francisco agradeceu e não deixou por menos: “Mas, não tenho de torcer pela seleção brasileira, não é?”. Na Copa, não resistirá em dar uma torcidinha ou mais do que isso pela Argentina. O Papa Francisco já confessou que foi porteiro de boate, que roubou um crucifixo de um amigo no caixão e começou uma reforma administrativa no Vaticano, que certamente atormentava Bento 16 que, devido à saúde e à idade, não tinha mais forças para modificar. Todas essas atitudes formam um tipo de comunicação que, ao surpreender, ganha as pá-

ginas da mídia mundial e – aí é que está o avanço – leva o catolicismo, sua doutrina e até mesmo seus temas mais discutíveis, diariamente a bilhões de pessoas (católicas ou não) do planeta. Numa época em que o Brasil se prepara para novas eleições presidenciais e, nas campanhas, a figura do marqueteiro é fundamental, o papa Francisco se revela um mestre no segmento, um verdadeiro marqueteiro movido a fé, muito amor e, certamente, por inspiração de suas mais íntimas crenças. Quantas vezes, já nos perguntamos como seria a ação de Cristo em nossos dias, com televisão, rádio, internet e todas as alternativas eletrônicas de que dispomos. Francisco usa todas elas, com propriedade e é o primeiro Papa a dar uma entrevista coletiva num avião ou uma entrevista exclusiva a um jornalista, avisando antes que “poderia perguntar o que quisesse”. Em seus textos religiosos ainda nos tempos de arcebispo de Buenos Aires, Francisco, que andava de ônibus, já deixava à mostra suas opiniões e pensamentos sobre o funcionamento da Igreja – e dos padres. Num de seus livros, com trechos divulgados logo após sua escolha, ele dizia que “padres devem colocar os pés no barro”, ou seja, ir de encontro às populações mais pobres, deixando a arrogância que envolve muitos nomes de dirigentes do catolicismo até hoje e abdicando da suntuosidade de seus cargos e suas celebrações. O Papa quer servir de exemplo e cada vez mais clamará para que cardeais, bispos e sarcedotes de todo planeta sejam seus seguidores – alguns até com certo desconforto. E isso inclui tom coloquial e atual em suas homilias. Francisco está completando um ano no Vaticano, já com resultados mais que animadores. É olhado até por Chefes de Estado como uma figura muito importante e com fôlego decisório em quaisquer situações para as quais seja convocado (ou, às vezes, não) em toda cena internacional. O Pontífice fala dos assuntos que perturbam a humanidade, lhe leva conforto e força, a mesma força com a qual Jesus investiu contra “os vendilhões do templo, a casa de seu Pai”. E resultados estimulantes, admitamos, estão sendo conseguidos porque o Papa sabe se comunicar e ganha maior fascínio exatamente por isso a cada dia que passa.


Geral

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CNBB aprova Diretório de Comunicação para a Igreja no Brasil O Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) aprovou na quinta-feira, 13, o Diretório de Comunicação para a Igreja no Brasil. O documento tem como principal objetivo motivar a Igreja para a reflexão sobre os aspectos da comunicação e sua importância na vida da comunidade eclesial. Informações www.cnbb.org.br. Fábio Pozzebom/ABr

Em entrevista ao O SÃO PAULO, Pedro Ekman, do Coletivo Intervozes, fala da importância da aprovação do Marco Civil

A internet deve ser: ‘Um meio de comunicação livre e democrático’

Edcarlos Bispo redação

O Marco Civil da Internet tramita na Câmara dos Deputados, em regime de urgência constitucional, cujo prazo de votação está esgotado, e enquanto seu processo legislativo não terminar nenhum outro projeto avança na Casa – o que acontece desde outubro do ano passado. A “queda de braço” virou até moeda de troca entre a base aliada e o governo, causando um mal estar entre o PT e o seu principal e maior aliado o PMDB – o deputado Eduardo Cunha, PMDB, se coloca contrário ao projeto e, erroneamente diz que o mesmo é uma criação do PT. Para além dos problemas políticos partidários, o que representa o Marco Civil da Internet? O que sua aprovação – ou não representa para a população brasileira? A reportagem do O SÃO PAULO conversou com Pedro dos Santos Ekman Simões, arquiteto e coordenador do Coletivo Intervozes.

O Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social é uma organização que trabalha pela efetivação do direito humano à comunicação no Brasil. No site do Coletivo, eles classificam que o direito “à comunicação é indissociável do pleno exercício da cidadania e da democracia: uma sociedade só pode ser chamada de democrática quando as diversas vozes, opiniões, culturas e raças que a compõem têm espaço para se manifestar”. O SÃO PAULO - Qual a importância da aprovação do Marco Civil da Internet? Pedro Ekman - O Marco Civil é um projeto elaborado pela sociedade civil para garantia de direitos na internet. Os três pilares do projeto são a defesa da privacidade, da liberdade de expressão e da neutralidade de

rede que impede que a internet seja vendida como uma TV a cabo com pacotes de conteúdos diferenciados. Sem o Marco Civil consumidores e cidadãos não têm ferramentas adequadas para se defender dos interesses das corporações e dos governos. O SÃO PAULO - Qual o interesse do deputado Eduardo Cunha de que esse Marco não seja aprovado? Pedro Ekman - Ele advoga

no congresso os interesses das operadoras de telefonia que não querem uma lei que defina que a rede seja neutra. Elas querem poder manipular os conteúdos que passam por suas redes de acordo com o que for mais lucrativo para elas, mesmo que isso não seja a melhor opção para consumidores e cidadãos. Eduardo Cunha quer inviabilizar a aprovação do projeto, pois sem uma lei que regulamente os serviços, eles podem ser oferecidos seguindo apenas o que for prioritário para as empresas que já são campeãs em reclamações nos serviços de proteção ao consumidor. O SÃO PAULO - O que significa dizer que há uma pressão das teles contra a aprovação? Pedro Ekman - Justamente uma pressão das empresas que querem estabelecer as re-

gras elas mesmas, sem ter que respeitar o interesse público na prestação de um serviço público cada vez mais fundamental. O SÃO PAULO - Como a população pode entrar na briga pela aprovação dessa lei? Pedro Ekman - Na terça-feira, 25, deve ir a voto o projeto. A população pode compartilhar nas redes sociais seu apoio ao projeto, mandar e-mails e fazer telefonemas para os seus deputados comunicando a importância da aprovação deste projeto para a manutenção da internet como um meio de comunicação livre e democrático. O SÃO PAULO - Com base no atual contexto que temos de internet, você imagina como será daqui a 10 anos? Pedro Ekman - Teremos uma internet fatiada e vendida por partes. Quem puder pagar muito terá ela por inteiro como temos hoje e quem tiver menos dinheiro vai ter que se contentar com pequenas partes da rede. Teremos um ambiente de apartheid social na rede.


12 Geral Pastoral se dedica ao trabalho de prevenção

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‘Quando fui levada para o quarto, r Luciney Martins/O SÃO PAULO

por: Daniel Gomes, Edcarlos

A Igreja no Brasil possui uma pastoral que trabalha junto às mulheres que sofrem os mais diversos tipos de abusos e violências. À frente da Pastoral da Mulher Marginalizada (PMM), a socióloga Sueli Aparecida da Silva afirmou que a Pastoral “tem acompanhado poucos casos de mulheres que foram traficadas para a prostituição no exterior, temos trabalhado mais na prevenção do que na acolhida às vítimas, devido à falta de estrutura, não só da PMM, mas em todos os órgãos públicos e civis que atuam com este público, para acolher essas mulheres”. A coordenadora comenta sobre um caso na Bahia, em que a PMM tem dado suporte no acompanhamento psicológico e encaminhamentos diversos à vítima e à família. De acordo com Sueli, a mulher conseguiu voltar ao Brasil, mas “vive num estado de loucura pelos maus tratos sofridos na Europa, quando permaneceu sendo violentada e explorada por anos”. “No caso das mulheres que foram traficadas internamente, algumas não têm consciência que foram traficadas, sobretudo as mulheres que estão nas casas de prostituição. Muitas vezes, participam das atividades da PMM, sobretudo no que tange a profissionalização, com intuito de conseguir um emprego e sair da prostituição.” “As principais formas de aliciamento são: proposta de casamento com estrangeiros; proposta de trabalhar como modelos, atrizes, dançarinas e stripers; proposta de emprego fora do país; convencimento de que a viagem a outros países será algo muito bom, que nunca mais a vítima terá outra oportunidade; que a vítima vai conseguir ganhar muito dinheiro e sanar todas as dificuldades vividas e/ ou ficar famosa.”

As marcas são visíveis. Alice* tem duas grandes cicatrizes no pescoço. “Tentaram me matar, mais de uma vez”, disse a jovem de 31 anos que está no sétimo mês de gestação. Ela saiu do interior de São Paulo em 2003 para tentar a vida na capital paulista, depois de ser vítima de um estelionato quando trabalhava com vendas. “Depois disso, comecei a ser difamada na minha cidade, pois diziam que eu havia dado o golpe nas pessoas. Fiquei com o nome sujo e sem conseguir emprego, aí entrei em desespero e, nesse momento, vieram os aliciadores. Eles me disseram que, se eu não quisesse fazer programas, podia atuar como dançarina”, contou. Levada para uma casa de prostituição em São Paulo, ela sonhava em pagar a dívida e voltar. “Quando fui levada para o quarto, recusei. Aí, começaram as ameaças. Eles disseram que tinham muitas fotos minhas e, que se eu não aceitasse a prostituição, iriam mostrar as fotos para toda a minha família e ninguém acreditaria em mim.” A história de Alice, porém, teria outros rumos bem menos previsíveis. De São Paulo, ela foi levada para os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Depois, voltou a São Paulo, quando recebeu a proposta de ir para a Espanha. “Fiquei cinco meses lá, mas pareceu uma eternidade. Na Espanha, eu não tinha um quarto para ficar, pois aquele pelo qual eu pagava 55 euros, era o mesmo no qual fazia programas”. E, além disso, precisava pagar por tudo, cada roupa lavada, por exemplo, eram 10 euros. “Pagávamos multa se nosso cabelo não estivesse bonito e, percebi que estava sendo explorada quando alguns clientes, mal entravam comigo no quarto e iam reclamar para o chefe, e, por esse motivo, eu também pagava multa. Foi quando comecei a adquirir dívida.”

Falso resgate

Resgatada por um estrangeiro, que, à época, pagou cerca de 4 mil dólares, Alice voltou para São Paulo com a

condição de ser es “Fiquei assim por q esperança que ele mim e, quem sabe casar.” Porém, qua contar para ele os estrangeiro, cerca velho, começou a s “Ele me disse meiro que era ger depois que trabal [de valores]. Dizia Canadá, mas falav outra língua que eu rante todo o tempo numa casinha, ma a levar para ele os ele foi se afastand bém a ser ameaça

Quando Alice cho

Alice voltou para morar com a famíl cularizada e, para fui morar em outro nheiro que tinha, r nome e consegui quando parecia q a paulista viveu u mais difíceis da su “Eram quatro h garam em casa e p que eu tinha guarda de, eu não tinha. E para um sítio e me banheiro. Sangrei ia morrer. Foi quan garam e jogaram e consegui sair com denunciar os home me ignoraram, dize não pode ser estup Os mesmos ali ram a jovem, em a ameaçá-la e tam lia. “Ele disse que sobrinho ia à esco os dedinhos dele. a polícia e os alici descobrem detalhe Fiquei desesperad Paulo”, contou, e momentos que ch entrevista.

Texto-base da CF-2014, parágrafo 16

Pesquisa realizada pela Pastoral da Mulher Marginalizada

Exploração sexual nas fronteir

“Tráfico para exploração sexual – a criminalização dessa atividade resulta da exploração da prostituição ou de outras formas de exploração sexual, típicas do tráfico humano. A exploração utiliza-se: da pornografia, do turismo, da indústria do entretenimento, da internet. É oportuno lembrar que a palavra ‘prostituição’ faz pesar sobre as pessoas nessa condição, um duro juízo carregado de preconceito. Dados apontam que 80% dos traficados nessa modalidade são mulheres”.

Segundo levantamento feito pela Pastoral da Mulher Marginalizada em 2012, junto a 284 mulheres em situação de prostituição nas cidades paulistas de Jundiaí, Barretos, Santos e São Sebastião, a maioria, 134, tem entre 22 e 30 anos; 95 não chegaram a concluir o ensino fundamental. A média de tempo de vida de uma mulher na prostituição em Barretos é de 20 anos; e em Santos, três anos. Segundo a mesma pesquisa, em São Sebastião a remuneração semanal de uma mulher nessas condições é de R$ 250.

Em outubro de 2013, o Ministério da Justiça, em parceria com o escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime e o Centro Internacional de Desenvolvimento de Políticas de Migração apresentou o “Diagnóstico sobre Tráfico de Pessoas nas Áreas de Fronteira no Brasil”, o qual revelou grande incidência do tráfico para exploração sexual no Acre, Amapá, Roraima, Pará, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. No Amapá, mulheres que emigram para a Guiana Francesa são exploradas sexualmente nos garimpos.


Geral

recusei. Aí começaram as ameaças’ Luciney Martins/O SÃO PAULO

carlos Bispo e nayá fernandes

scrava sexual dele. quatro anos, com a se apaixonasse por e, pudéssemos nos ando Alice precisou s seus problemas, o a de 30 anos mais se afastar. várias coisas. Prirente da Microsoft, lhava com a bolsa a também ser do va inglês, francês e u não conheço. Duo, ele me mantinha as quando comecei s meus problemas, do e comecei tamada”, contou.

orou

a sua cidade e foi lia. “Lá, eu era ridia proteger os meus, o bairro. Com o diresolvi limpar meu trabalho.” Porém, que tudo melhorar, um dos momentos ua vida. homens. Eles me pepediram os dólares dado. Mas, na verdaEntão, me levaram estupraram em um muito e achei que ndo eles me carreem um lago. Mas eu m vida. Fui à polícia ens e na delegacia, endo que prostituta prada.” iciadores que leva2003, começaram mbém à sua famísabia quando meu ola e que iria cortar . A diferença entre iadores, é que eles es da vida da gente. da e voltei pra São em um dos únicos horou ao longo da

ras do País

13

Irmãs lutam contra exploração das mulheres A Revolução Industrial, no século 19, trouxe crescente desemprego e muita pobreza. Havia, na época, muitas mulheres que trabalhavam nas fábricas. Na Espanha, que tinha 200 mil habitantes, 12 mil eram mulheres que ficaram sem emprego, e, por isso, cresceu o exercício da prostituição. Nesse contexto sóciopolítico e eclesial é que nasceu a Congregação de Irmãs Oblatas do Santíssimo Redentor para ajudar mulheres em situação de prostituição. “O objetivo não é só o de tirar as mulheres da prostituição, porque a visão da prostituição vai além da responsabilidade individual. Essa realidade está permeada e construída por condicionamentos e fatores sóciopolíticos, culturais e econômicos”, explicou irmã Manuela Rodríguez Piñeres, religiosa da Congregação das Irmãs Oblatas no Brasil, que participa do “Projeto Antônia” e é integrante da “Rede Um Grito pela Vida” em São Paulo e da Coordenação Nacional. Em 2002, na Argentina, irmã Manuela acompanhou mulheres da República Dominicana vitimadas pelo tráfico de pessoas. “Lutou-se para que as mulheres não fossem expatriadas, ou seja, para que não perdessem o direito de sair do país quando quisessem. Que tivessem um acompanhamento ao chegar à República Dominicana e garantida uma renda”, explicou. A Religiosa disse, ainda, que o programa estava voltado para mulheres, mas, se encontraram homens traficados pedindo ajuda para problemas graves de saúde e para retornar ao país de origem. “Nem a Organização Internacional das Migrações, nem as embaixadas, nem os consulados tomaram providência, apesar da pressão que foi feita pelo Projeto e suas entidades parceiras”.

Alice iria ainda para o Caribe, após ser vendida por portugueses e brasileiros. “Lá atendíamos os navios de turistas, o dia inteiro, de duas em duas horas, e o único tempo livre que tínhamos para dormir era entre as 15h e 18h.” Tendo sofrido outra tentativa de estupro, Alice conseguiu fugir e foi presa, mas após intervenção do Governo brasileiro, conseguiu voltar.

A ‘galerinha do bem’

Ao voltar para o Brasil, Alice procurou um advogado. Foi nessa ocasião que a jovem ouviu, pela primeira vez, que tinha sido vítima do tráfico de pessoas. “Então, comecei a me informar sobre o que isso significava. Decorei, por exemplo, todos os artigos da lei Maria da Penha e passei a frequentar debates, fóruns e tudo o mais que se refere ao tráfico, foi então que conheci uma ‘galerinha do bem’.” Sua vida começou a mudar. Em contato com as irmãs Oblatas do Santíssimo Redentor, conseguiu um emprego e agora está grávida de 7 meses. “Ele queria que eu tirasse a criança, mas, na verdade, ela é tudo o que eu tenho.” Para Alice, não é suficiente o enfrentamento ao tráfico. Mas é preciso trabalhar na prevenção. “É preciso alertar os jovens. Os aliciadores vão ao ponto fraco das vítimas e, depois, é muito difícil sair. A maioria fica dependente de drogas ou acaba enlouquecendo, vivendo pelas ruas, se afasta da família, para não prejudicá-la. E, se a Igreja quer recuperar as pessoas, é preciso dar segurança a elas, do contrário, correm risco de morte.” Quando a jovem teve o pescoço cortado, foi à delegacia da mulher. “Eles escreveram no boletim que eu não sabia quem tinha me agredido. Mas isso não é verdade. Como uma pessoa não sabe quem a tentou degolar? O que acontece, na verdade, é que a palavra de uma jovem que está nesta situação, não tem valor nenhum.” * Nome fictício

Em todo o mundo, o tráfico de mulheres para sexo

Canais de denúncia

Segundo dados de 2012 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), as vítimas de trabalho forçado e de exploração sexual chegam a 20,9 milhões de pessoas em todo mundo. Dessas, 4,5 milhões (22%) são exploradas em atividades sexuais forçadas. Outro estudo, da Organização Internacional para Migrações (OIM) indicou que 27% dos casos de tráfico humano acompanhados em 2011 foram relacionados à exploração sexual. Do total de casos atendidos pela OIM, 62% das vítimas eram mulheres.

A Central de Atendimento à Mulher (Disque 180) recebe denúncias, orienta e encaminha para órgãos competentes os casos de tráfico de pessoas e de cárcere privado. Também orienta nos casos de violência contra a mulher. O serviço pode ser acessado no exterior em algumas embaixadas e consulados. Também através do Disque 100 é possível denunciar as situações de tráfico humano relacionadas à exploração sexual. As denúncias podem ser anônimas.


14 Região Ipiranga

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Assessores avaliam ações pastorais e traçam metas Temática da Iniciação à Vida Cristã teve destaque no encontro; subsídio preparado pela Arquidiocese de São Paulo será estudado na Região

ca e enviado para todas as regiões da Arquidiocese. Os coordenadores e responsáveis vão fazer um estudo do mesmo junto às suas pas-

torais, procurando observar e destacar esse estilo catecumenal já existente nos grupos, provocando um amplo debate e aprofundamento do tema,

tendo em vista a elaboração do Diretório Pastoral para a Iniciação à Vida Cristã. No Conselho Regional de Pastoral, a ser realizado no iní-

cio do mês de maio, as pastorais irão apresentar o trabalho realizado por esse estudo para uma reflexão mais aberta do tema. Pascom Ipiranga

Francisco David

Colaborador de comunicação da Região

Na manhã da quinta-feira, 20, aconteceu o IPIRANGA encontro da coordenação pastoral na sede da Região Episcopal Ipiranga. Estiveram presentes os representantes da comissão de pastoral e os assessores eclesiásticos das pastorais que exercem seu trabalho na Região. A reunião iniciou-se com uma oração conduzida pelo frei José Maria Mohomed Junior, religioso mercedário, pároco da Paróquia Nossa Senhora das Mercês e coordenador do Setor Anchieta, e pelo padre Benedito Vicente de Abreu, pároco da Paróquia Santo Afonso Maria de Ligório, no Setor Cursino e coordenador regional de pastoral. Logo depois, a reunião foi coordenada pelo padre Anísio Hilário, vigário episcopal e pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, Setor Ipiranga. O padre Márcio Rogério Manso, pároco da Paróquia Santa Cristina e assessor da pastoral bíblico-catequética, destacou a Iniciação à Vida Cristã em todas as pastorais, utilizando-se do subsídio com sugestões pastorais para implementação da Iniciação à Vida Cristã, preparado pela Comissão Arquidiocesana de Animação Bíblico-Catequéti-

Representantes da comissão de Pastoral e assessores eclesiásticos participam de encontro de formação, na quinta-feira, 20, na Região Episcopal Ipiranga

Padres participam de manhã de espiritualidade na Quaresma Da Região Episcopal

Os padres da Região Episcopal Ipiranga participaram, na última semana, de uma manhã de espiritualidade sobre a Quaresma na Casa de Apostolado Salvatoriano, na zona sul de São Paulo. O frei Rildo Fonseca de Lima, coordenador do Setor Vila Mariana e pároco da Paróquia Santo Ivo, apresentou um estudo sobre o tema: “É para a liberdade que Cristo nos libertou.” Falou sobre o sentido de liberdade na vida sacerdo-

tal e fez uma ligação ao tema da Campanha da Fraternidade 2014. Logo após, os padres fizeram uma Via-Sacra em torno da Casa de Apostolado (foto). A Via-Sacra foi conduzida pelo padre Jorge Bernardes, pároco da Paróquia Santa Rita de Cássia, no Setor Vila Mariana, com o auxílio do frei José Maria Mohomed Junior, pároco da Paróquia Nossa Senhora das Mercês. Em seguida, os padres fizeram adoração ao Santíssimo Sacramento.

Pascom Ipiranga


Região Lapa

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Paróquia no Jaguaré comemora dia de São José Na procissão de entrada, fiéis apresentaram as imagens que peregrinaram durante nove dias nas casas dos paroquianos

te a novena em louvor a São José, novena esta preparatória dos 70 anos da Paróquia, que se completarão no dia 19

de março do próximo ano. Após a missa, padre Roberto agradeceu a presença de todos e desejou que Deus

abençoe a cada um pela dedicação à Paróquia no seu caminho missionário. Foi servido o tradicional bolo de São José.

Fotos: João César Fernandes

Benigno Naveira

Colaborador de comunicação da Região

Na noite de quarta-feira, 19, a Pastoral da LAPA Comunicação da Região Lapa, acompanhou a festividade do padroeiro da Paróquia São José, no Jaguaré, Setor Butantã. A missa solene, com a presença de mais de novecentos fiéis, foi presidida pelo pároco, padre Roberto Grandmaison, csc, e concelebrada pelo vigário paroquial, padre José Paim, csc. Na procissão de entrada, fiéis carregaram as imagens que peregrinaram durante nove dias nas casas dos paroquianos e colocaram em frente ao altar. Padre Roberto, em sua homilia, recordou os temas meditados na novena do padroeiro, destacando o papel de José enquanto educador do menino Jesus e modelo justo, presente nos momentos fundamentais da Sagrada Família. Destacou, também, os aspectos ocultos do Evangelho, mas facilmente identificados em quaisquer famílias daquela e da atual época, tornando-se modelo para os dias atuais, sobretudo quando a família é atacada por todos os lados. Padre Roberto, antes da bênção final, refletiu sobre a figura do santo irmão André, o primeiro santo canonizado da Congregação de Santa Cruz: de saúde muito frágil, viveu mais de 70 anos, foi porteiro do colégio Canadá, sempre servindo a todos, em especial às pessoas mais humildes, que acorriam a ele para serem acolhidas e até mesmo curadas de suas enfermidades. Padre Roberto disse, ainda, que o santo irmão André, devoto de São José, atribuía as curas e demais sinais à intercessão de São José junto a Deus; e que construiu no Canadá o maior santuário no mundo dedicado ao Santo. Em seguida, o pároco fez a bênção dos objetos de devoção dos fiéis e destacou a cesta com diversas preces recolhidas duran-

Imagens de São José são apresentadas na procissão de entrada da missa festiva do dia do padroeiro, presidida pelo padre Roberto Grandmaison (det.), dia 19

palavra do bispo

O motivo da fé é, sobretudo, o encontro com uma pessoa: Jesus Cristo Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa

Dom Julio Endi Akamine

Querido leitor do jornal O SÃO PAULO, algumas vezes os cristãos e os católicos são pintados como religiosos fanáticos, devotos cegos e intolerantes. Na raiz dessa caricatura está a crença (mais exatamente: o preconceito) de que a fé exerça sobre as pessoas uma ação que as cega e as conduza ao fanatismo. Será verdade que a fé cristã é em si mesma facciosa? Outro problema que os cristãos devem enfrentar no seu ato de crer é a dificuldade de justificar e explicar a fé como uma decisão definitiva. A cultura atual está convicta de que é impossível que as pessoas façam escolhas definitivas e fundamentais. Não há ou

não se deve jamais tomar uma decisão definitiva: os relacionamentos são provisórios; o amor não empenha; mesmo os compromissos consigo mesmo e com a própria consciência podem ser mudados conforme a conveniência. Esse “dogma”, aceito tacitamente ou defendido explicitamente, torna muito difícil o entendimento da fé e a sua realização. Então, quais são os motivos que nos levam a crer? Essa pergunta é legítima tanto para o fiel quanto para quem não acredita. A decisão de crer é uma opção sensata própria do ser racional, pois a própria revelação divina é crível e não exige dele o sacrifício da razão. Mesmo que a fé não seja produto da razão humana, o mistério da encarnação revela que Deus vem ao encontro do homem e lhe fala como a um amigo (cf. DV 2) e não como um tirano que coage.

agenda regional

O cristão, portanto, sempre se pergunta se o conteúdo de sua fé é aceitável e inteligível, e, ao mesmo tempo, se pode encontrar na história indícios que o ajudem a aceitar essa irrupção de Deus que deu origem a um novo ser. Ele se pergunta também se é possível encontrar na revelação bases certas e suficientes para poder correr o risco da fé. Refletir sobre o motivo de crer significa, portanto, arrancar a fé do mundo do arbitrário, do absurdo e do subjetivismo desvairado. Crer tem uma coerência com a estrutura humana, racional e livre, e, por isso, tal ato pode passar pelo crivo da racionalidade concreta, histórica e prática. Tratar sobre o “motivo de crer” consiste em falar do significado da revelação; a proposta da fé concerne àquilo que é percebido pela pessoa como autenticamente signi-

ficativo para a existência, ou seja, seriamente pensável, digno de ser levado em consideração e verificado, válido para uma vida plenamente humana. Em suma, aquilo que me é proposto solicita ao menos minha atenção e o meu tempo e – por que não? – meu compromisso definitivo de vida. É próprio de toda pessoa buscar o sentido para a sua vida. Sem encontrar o sentido, a própria personalidade não se realiza e toda a existência se degrada em gestos e momentos fragmentados. O motivo para crer em Cristo está estreita e internamente vinculado à busca e à escolha do sentido que a existência humana reclama de todos nós. Para o cristão, o motivo da fé é, sobretudo, o encontro com uma pessoa, Jesus Cristo, que “revela plenamente o homem ao próprio homem e lhe faz conhecer a sua vocação sublime” (GS 22).

Quarta-feira (26), 14h

Quinta-feira (27), 20h

Reunião da equipe ampliada para a preparação da 8ª Mostra Cultural: distribuição e avaliação CF-2014, na Cúria da Lapa (rua Afonso Sardinha, 62).

Confissões no período da Quaresma para o Setor Rio Pequeno, na Paróquia São Tomás More (rua Juvevê, 52, Vila Dalva).


16 Região Santana

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Setor Juventude retoma suas atividades Pascom Santana

Encontros com lideranças de diversos carismas buscam motivar grupos paroquiais a dar continuidade à Jornada Mundial da Juventude Diácono Francisco Gonçalves

Colaborador de comunicação da Região

Realizou-se na Cúria da Região Episcopal SantaSANTANA na, no domingo, 16, a Assembleia da Juventude com o objetivo de reunir todas as lideranças de diversos carismas e movimentos existentes nas paróquias da Região para construir a missão dos jovens de acordo com a Jornada Mundial da Juventude. “Com a Jornada Mundial da Juventude tem sido despertado o interesse dos jovens em participar das atividades da Igreja, então, é preciso que haja um trabalho de conjunto de todos os grupos paroquiais”, disse Gabriel Souza Galdino, da Pastoral da Juventude. O evento contou com assessoria de Marcelo Naves, especialista em juventude. “Auxiliados por Marcelo Naves, fomos vendo a grandiosidade e a realidade da juventude que desde muito tempo vem se edificando com as diferentes vivências de espiritualidades desde PJ, grupos da renovação, comunidades de vida e grupos paróquias. Buscamos no período da tarde delinear as ações para criar na Região uma comissão do Setor Juventude. Assim, foi criada e constituída por um jovem de cada um dos noves setores que compõe a Região Santana”, disse padre Guttemberg Souza, coordenador regional do Setor Juventude. Esta foi a primeira assembleia realizada, em 2014. No entanto, essas lideranças já anteriormente haviam participado, em 15 de fevereiro, de um dia inteiro de formação sobre a Campanha da Fraternidade 2014. Inicialmente prevista só para a Região Santana, devido ao interesse, foi ampliada para toda a Arquidiocese de São Paulo. O encontro de formação teve inicialmente uma parte teórica na manhã, assessorada por Ildete Souza, de Brasília (DF), e na parte da tarde, oficinas direcionadas a um determinado tópico da exploração, como exploração sexual, de crianças, do trabalho etc.

Lideranças de jovens de diversos grupos paroquiais da Região Santana se reúnem em atividades para discutir evangelização através de ações missionárias palavra do bispo

O direito à intimidade da vida conjugal e familiar Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana

Dom Sergio de Deus Borges

O ambiente da família, o lar, é o lugar normal da formação das crianças e dos jovens para a consolidação e o exercício dos valores fundamentais da vida, para a experiência da doação no amor recíproco, testemunhado pelos pais para com os filhos. As ciências psicológicas e pedagógicas, na reflexão atual, concordam em sublinhar a importância decisiva no desenvolvimento dos filhos, quando na família reina um clima afetivo e de profundo respeito, especialmente nos primeiros anos da infância e da adolescência. Coloca-se em destaque a importância do equilíbrio, da aceitação

e da compreensão em nível de casal, que terão uma presença positiva – tanto do pai quanto da mãe – nos anos importantes para os processos de identificação, e da relação de tranquilizante afeto para com as crianças (cf. Pontifício Conselho para a Família - Sexualidade Humana: verdade e significado, 50). A colocação da dimensão econômica como valor supremo da sociedade tem forçado a desagregação familiar e conjugal, fazendo com que muitos casais tenham que viver uma ausência prolongada da vida familiar. Há também em alguns ambientes um desinteresse educativo por parte de um dos pais, desvalorizando seu papel educador da personalidade dos filhos etc. A perda da função educadora dos pais e a distorção na escala de valores têm consequências no amadurecimento emocional e

afetivo, como também na formação dos valores que nortearão a vida dos filhos. Quando o Beato João Paulo 2º afirmou que a família tem direito à intimidade da vida conjugal e familiar estava defendendo o valor essencial do lar como ambiente primário de formação e amadurecimento da pessoa para a sociedade. Quis recordar que na escala de valores, a família deve estar em primeiro lugar. É necessário repensar os valores que fundamentam nossas famílias e nossa sociedade, para que a família seja o centro de interesse de todo o corpo social, ou o centro do mundo, como disse o papa Francisco. É necessário redescobrir o papel educativo do lar, colocando em foco a necessidade da presença dos pais junto aos filhos. Os pais precisam encontrar tempo para estar com os filhos e

entreter-se no diálogo com eles. Os filhos são a sua tarefa mais importante. Neste clima de intimidade familiar é necessário escutá-los com atenção, esforçar-se por compreendê-los, para reconhecer a parte de verdade que pode estar presente em algumas formas de insatisfação. Os pais, na intimidade do lar, poderão ajudar os filhos a canalizar seus sonhos e aspirações, ensinando a refletir sobre a realidade da vida e das coisas. Os pais não vão impor um caminho aos filhos, mas apresentarão os recursos humanos e da fé que ajudarão os filhos a percorrer o próprio caminho. Dedicando tempo aos filhos e colocando-se ao lado deles com amor, saberão orientá-los para um verdadeiro amadurecimento da própria personalidade, segundo o exemplo do Cristo, o Senhor da vida e da esperança.

Pastoral Familiar inicia formação de agentes da região episcopal

Com a presença de mais de 60 agentes de toda a Região Santana e de toda a Arquidiocese, a Pastoral Familiar iniciou, na terça-feira, 18, a formação de agentes de pastoral do Núcleo de Formação e Espiritualidade (Nufesp). A aula inaugural, com o tema “Motivação Pastoral” foi minis-

trada por dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, que discorreu sobre a vocação do cristão em evangelizar, ressaltando a graça especial que recebemos para bem desempenhar esta fundamental missão. A formação prosseguirá na próxima terça-feira, 25, e se estenderá até novembro, ten-

do um intervalo em julho, com encontros quinzenais às terçasfeiras, no Centro de Formação Pastoral Frei Galvão (avenida Marechal Eurico Gaspar Dutra, 1853). Ainda é possível fazer inscrição pelo site nufesp.pfsp. com.br. É cobrada uma taxa de participação, para cobrir os custos com sala, pessoal e material da Cúria e ressarcimento

agenda regional

das despesas de deslocamento de professores que virão do interior do Estado. “Se você, como nós, é apaixonado pela família, venha aumentar seus conhecimentos, fortalecer sua fé e compartilhar a alegria de nos encontrar”, convidam Luiz Fernando e Ana Filomena Garcia, casal coordenador regional da Pastoral Familiar.

Quinta-feira (27), das 9h às 17h Sábado (29), das 8h às 16h

Terça-feira (1º)

Encontro de secretárias com dom Sergio Borges na Cúria (avenida Marechal Eurico Gaspar Dutra, 1877).

Às 8h30, reunião do Clero na Cúria (avenida Marechal Eurico Gaspar Dutra, 1877).

Retiro privado da Pastoral da Saúde - “Evangelium Gaudium” pregado por dom Sergio de Deus Borges e padre Zacarias Paiva, no Pensionato Filhas de São Camilo

Às 13h30, reunião Coordenadores de Setor na Cúria (avenida Marechal Eurico Gaspar Dutra, 1877).


Região Sé

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Clero reflete sobre vivência da fé Padre Marcelo Delcin

Em retiro pregado por dom Odilo, padres aprofundam relação do ministério sacerdotal à luz de uma fé sólida Fernando Geronazzo

Colaborador de Comunicação da Região

O clero da Região Episcopal Sé realizou seu SÉ retiro espiritual anual entre os dias 17 e 21, na cidade de Campos do Jordão, no interior de São Paulo. Os exercícios espirituais dos padres e diáconos foram orientados pelo arcebispo de São Paulo, cardeal Odilo Pedro Scherer, e o retiro contou com a presença de dom Tarcísio Scaramussa, bispo auxiliar da Arquidiocese e vigário episcopal na Região Sé. A participação de dom Odilo no retiro estava prevista para 2013, como aconteceu com as demais regiões episcopais. Porém, o encontro coincidiu com o Conclave que elegeu o papa Francisco em março do ano passado, evento do qual o Cardeal participou. De acordo com dom Tarcísio, o retiro teve uma boa representatividade. A participação nas celebrações foi outro ponto marcante dos exercícios espirituais, pois cada setor da Região se encarregou de preparar um momento de oração. “A espiritualidade e a vivência que pudemos perceber nesses momentos foram muito marcantes. Foi um momento de encontro fraterno e sereno de convivência e oração”. A presença de dom Odilo no retiro foi também uma oportunidade de o Arcebispo conviver mais de perto com o clero na Região. “O próprio Cardeal destacou que na sua vivência, numa Igreja tão grande como a de São Paulo e com os encargos que ele tem até fora da Arquidiocese, nem sempre ele tem oportunidade estar em contato mais direto com o clero. O retiro certamente é a oportunidade de diálogo e vivência com os padres. Isso é bom tanto para o Arcebispo quanto para todo o clero que tem a oportunidade de estar mais próximo dele e receber essa reflexão e partilha de vivência espiritual que o retiro oferece”, concluiu dom Tarcísio.

Clero da Região Episcopal Sé participa de um dos momentos de oração do retiro espiritual anual, em Campos do Jordão (SP), cujo tema central foi a fé

Nomeações da região episscopal

Dom Tarcísio Scaramussa prorrogou as nomeações de párocos dos padres Michelino Roberto, Paróquia Nossa Senhora do Brasil, e Antonio Fusari, Paróquia Santa Margarida Maria. Também foi nomeado administrador paroquial o padre Sergio Lucas Câmara para a Paróquia Santa

Rosa de Lima, permanecendo pároco na Paróquia Nossa Senhora Aparecida (Setor Pinheiros). Na Paróquia Imaculada Conceição, os freis José Carlos de Oliveira e José Moacyr Cadenassi foram nomeados vigários paroquiais. Já o padre Pedro Divino de Vilas Boas foi nomeado vigário para a Paróquia Imaculado Coração de Maria. Padre Alessandro Enrico de Borbón é o novo vi-

gário paroquial da Paróquia Nossa Senhora da Consolação. A Paróquia Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos acolhe o padre Francisco de Assiz Muchiutti. Enquanto a Paróquia Sagrado Coração de Jesus recebe o padre Vicente de Paulo Moretti Guedes. Padre Helmo Cesar Faccioli assume a missão de vigário paroquial da Paróquia Santa Cecília e Anderson Bernardes Banzatto

foi designado para mesma função na Paróquia Santa Margarida Maria A Paróquia Santa Teresinha recebe o frei Francisco Aurílio Matias Costa como vigário paroquial e na Paróquia São Francisco de Assis, o novo vigário paroquial é o frei Carlos Pierezan. Para a Paróquia São Joaquim, foi nomeado vigário paroquial o padre Hélio de Campos Vergueiro Filho.

palavra do bispo

Inspiração catecumenal e mistagogia Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Sé

Dom Tarcísio Scaramussa

As profundas mudanças do tempo em que vivemos exigem uma transformação no modo de educar as pessoas para a vida de fé. Na realidade das primeiras comunidades cristãs, a sociedade não era cristã, e as pessoas precisavam ser evangelizadas e iniciadas na fé. De forma semelhante hoje, não está mais acontecendo uma transmissão da fé nas famílias e na sociedade. Neste contexto, a Igreja revê seus métodos catequéticos e busca novas práticas para iniciar as pessoas na fé. Para isso, busca iluminação na realidade bem

sucedida do catecumenato das primeiras comunidades, e propõe uma catequese de inspiração catecumenal. A inspiração catecumenal significa colocar a catequese a serviço de um processo de iniciação integral à vida de fé, ou seja, no conhecimento do mistério de Cristo, na vida evangélica, na oração e na celebração da fé, no compromisso missionário. Essa é a restauração atual do catecumenato, enquanto experiência de iniciação. Não se trata apenas de uma iniciação na doutrina, mas também na vida e no culto da Igreja, bem como na sua missão no mundo (Cf. Diretório Geral para a Catequese, n. 63). “Não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande ideia, mas pelo encontro com

agenda regional

um acontecimento, com uma Pessoa, que dá um novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva” (Bento 16). A fé é um encontro vital, um processo de identificação crescente a Cristo, uma configuração a ele. A catequese deve visar essencialmente o encontro com Cristo vivo e atuante no seu corpo que é a Igreja. Esta nova compreensão deve levar-nos a uma conversão pastoral, a uma mudança profunda na catequese da Igreja, porque não é mais suficiente a catequese voltada para a preparação para os sacramentos de iniciação: Batismo, Crisma e Eucaristia. O papa Francisco, na Evangelii Gaudium, fala da opção da Igreja por “uma catequese querigmática e mistagógica” (nn. 163-168).

A catequese de inspiração catecumenal é essencialmente mistagógica. Mistagogia significa introdução ao mistério, e inclui também a ação daquele que inicia alguém nos mistérios, que revela progressivamente o sentido do mistério. Cristo foi o grande mistagogo que nos revelou o mistério de Deus. Assim também devem ser mistagogos os ministros ordenados, os catequistas, os introdutores, os pais, os padrinhos, a comunidade de fé. Além de dimensão transversal da catequese, a mistagogia é entendida também como um tempo específico de prolongamento da experiência dos iniciados, para o conhecimento mais completo dos mistérios e aprofundamento da experiência dos sacramentos recebidos (Cf. RICA, nn. 37-40).

Terça-feira (26), 9h30

Quarta-feira (27), 15h

Sábado (22), 8h30

Reunião dos Coordenadores de Setor, no Centro de Pastoral Regional (avenida Pacaembu, 954, Pacaembu).

Reunião das Coordenadoras paroquiais do Apostolado da Oração, no Centro de Pastoral Regional (avenida Pacaembu, 954, Pacaembu).

Encontro Regional de Catequese – Crisma, na Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Fátima (avenida Dr. Arnaldo, 1831 – Sumaré).


18 Região Brasilândia

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Conselho de Pastoral realiza 1ª reunião do ano Juçara Terezinha Zottis

A abertura da Campanha da Fraternidade e a implementação da Iniciação à Vida Cristã foram alguns dos temas discutidos no encontro Renata Moraes

colaboradora de comunicação da Região

Na manhã do sábado, 22, as lideranças pastorais e os padres, juntamente com o BRASILÂNDIA bispo regional, dom Milton Kenan Júnior, reuniram-se na Paróquia Santos Apóstolos, no Jardim Maracanã, para o primeiro Conselho Regional de Pastoral (CRP) do ano. Após a oração inicial, o Bispo saudou os participantes e apresentou o novo coordenador regional de pastoral, padre Reinaldo Torres. Os sete setores pastorais que compõem a Região estavam representados por suas lideranças e assessorias. Cada setor apresentou um resumo das atividades desenvolvidas no primeiro bimestre. O encontro regional de formação sobre a Campanha da Fraternidade realizado em fevereiro foi avaliado como positivo, com boa participação das lideranças. Porém, devido ser um tema complexo e polêmico, apenas uma manhã foi pouco tempo para tamanho conteúdo a ser partilhado. Assim como a abertura da CF-2014, em março, foi positiva principalmente pela quantidade de participantes, destacando a presença massiva da juventude. Dom Milton falou aos participantes sobre o aprofundamento do documento “Sugestões pastorais para a implementação da Iniciação à Vida Cristã”, que foi apresentado como uma das urgências do 11º Plano de Pastoral. O Bispo fez referências às paróquias que já estão trabalhando o tema. E expressou que o subsídio deve ser objeto de estudo e reflexão nos grupos e pastorais de toda a Arquidiocese. Também foi debatida a necessidade do planejamento pastoral de todos os setores e pastorais, que ajudarão a Região a caminhar em sua totalidade. Ao final do encontro foi apresentado uma proposta de organizar uma comissão para a construção da escola de Fé e Política. Em entrevista à Pascom Brasilândia, padre Reinaldo Torres, novo coordenador pastoral, falou deste primeiro encontro: “Surpreendeume o relato dos setores com tantas atividades e riqueza na sua organização. O CRP hoje se mostra aberto aos problemas pastorais e sociais que afetam diretamente a Região”, encerrou.

Dom Milton, bispo regional, e padre Reinaldo Torres, coordenador de pastoral, conduzem os encaminhamentos do encontro realizado no sábado, dia 22

Pastoral promove debate sobre saúde e violação de direitos Renata Moraes

O debate foi muito produtivo e teve grande participação do povo, com reflexões sobre a saúde pública e exposição de suas maiores queixas sobre a violação dos seus direitos na periferia. A construção do Hospital

Vila Brasilândia foi uma das pautas do debate, cuja audiência pública para apresentação do projeto aconteceu em fevereiro, mas ainda será discutido melhor com a prefeitura. Um dos principais encaminhamentos do encontro foi à formação política e conscientização das pessoas, e foi sugerida a criação da escola de formação política na Região, oferecida pelo Instituto Paulo Freire. Em entrevista, padre Jorge expressou a alegria da ampla participação de todos. “Umas das dimensões da Pastoral da Saúde é a política institucional e foi pensando nela que pensamos esse encontro, que superou as expectativas e logo mais começaram a dar frutos”.

O Evangelho não reprova a atitude daquele que dirige a Deus suplicando por uma necessidade. Ao contrário, na perspectiva do Evangelho, a oração de súplica é uma homenagem que o orante presta a Deus! Ele sabe que a eficácia da oração não depende da clareza dos conceitos que utiliza, nem da quantidade das palavras que pronuncia, mas da disposição que o leva a elevar a Deus a sua alma, e a entregar-se a ele! Mas, por que rezar e apresentar a Deus as nossas necessidades e desejos, se Deus sabe tudo e se a sua vontade não pode ser de algum modo modificada? Santo Agostinho insiste que a oração é útil e

necessária – não para Deus, porém, antes para o próprio orante; pois ela nada acrescenta a Deus, mas ao contrario, ela acrescenta àqueles que a exercitam. À luz de Mt 6,7-8, a oração aparece como um ato de fé em que o homem é chamado a aderir á verdade de Deus. Assim, vale a pena insistir, é falsa a oração que pretende levar algo ao conhecimento de Deus ou modificar de algum modo a sua vontade. O homem evangélico compreende que a sua oração é um meio, concedido-lhe misericordiosamente, para tornálo capaz de receber de Deus aquilo que Deus está sempre pronto a conceder-lhe.

da região episcopal

Na tarde do domingo, 23, na Paróquia São Francisco de Assis, do Jardim Guarani, aconteceu o debate: “Saúde, violação de direitos na periferia e construção de estratégias de enfrentamento”. Promovido pela Pastoral da Saúde e pelo coordenador arquidiocesano, padre Edson Jorge Feltrin, e pelo moderador do debate, o leigo Alex Mota, reuniu pessoas do bairro, região e também da cidade para debater a problemática. A mesa foi composta por Francisca Rodrigues Pini, diretora pedagógica do Instituto Paulo Freire e integrante do Comitê Estadual de Direitos Humanos de São Paulo; padre Edson Jor-

Encontro debate a saúde pública e o direito social dos cidadãos, dia 23

ge Feltrin, coordenador Arquidiocesano da Pastoral da Saúde; vereador Toninho Vespoli, e o deputado federal Ivan Valente. Também contribuíram com a discussão, os pastores Manoel e Mario, militantes da causa em suas comunidades religiosas.

palavra do bispo

Não rezar como os pagãos Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia

Dom Milton Kenan Júnior

Ao advertir os discípulos sobre o risco de rezar como os hipócritas, Jesus fala também do perigo de orar como os pagãos que “imaginam que é pelo palavreado excessivo que serão ouvidos” (Mt 6,7). Os pagãos são os que desconhecem o verdadeiro Deus, o Deus da Revelação, e por isso recorrem ao culto de “imagens” para exprimir o sentido religioso que eles possuem. Eles, a partir da

compreensão bíblica, provocam uma inversão na compreensão divina: ignorando ou não reconhecendo o fato de que Deus cria os seres humanos à sua imagem e semelhança; eles criam para si um deus à sua própria imagem. Eles não se dirigem a Deus como aquele que é infinitamente perfeito, e por isso, não se entregam a ele com aquela totalidade que deve caracterizar a verdadeira devoção. Quando rezam, os “pagãos” acreditam necessitar informar a Deus das coisas que ele ignora, ou corrigi-lo de alguma falta de atenção, ou então persuadi-lo a fazer o que se espera que ele faça.


Região Belém

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19

Missa oficializa novo nome de comunidade João Carlos Gomes

Comunidade Ezequiel Ramin passa a se chamar Comunidade São Judas Tadeu João Carlos Gomes

Colaborador de Comunicação da Região

Após um processo de escolha iniciado ano passabELÉM do e que envolveu toda a paróquia Imaculado Coração de Maria, no Setor Conquista da Região Episcopal Belém, culminando com a votação do nome de seu santo padroeiro, a comunidade Padre Ezequiel Ramin passou a ser chamada desde outubro último de Comunidade São Judas Tadeu e Padre Ezequiel Ramin. A celebração que oficializou a mudança do nome aconteceu no dia 23 de março, com a presença do bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo para a Região Belém, dom Edmar Peron e dos cerca de 200 fiéis que lotaram a comunidade.

“Dá-me de beber”

Inspirado pelo Evangelho do dia (Jo – 4, 5-15. 19b – 26. 39a – 40-42), dom Edmar mostrou que a santidade dos padroeiros da comunidade, São Judas Tadeu e padre Ezequiel Ramin em muito se assemelha com a atitude da samaritana da Leitura, que compreendeu que Jesus é a Água Viva. “Consideremos os dois nomes, São Judas Tadeu e padre Ezequiel Ramin: ambos foram duas pessoas que beberam da ‘água viva’ da santidade; um lá no tempo de Jesus, como seu seguidor, outro, assassinado em meados da década de 1980”, disse dom Edmar, que continuou: “Alguém pode perguntar, ‘Mas como pode eles podem ter bebido da água viva’ e terem morrido?’ Ora, dar a vida por sua fé, diz Jesus, é viver para sempre”. Ainda sobre a samaritana do Evangelho, dom Edmar concluiu: “Que esta celebração nos ajude a realizar este propósito de escutar a Palavra de Deus a cada dia. A mulher a quem Jesus pediu água para beber compreendeu bem isso. Ela inicia o texto questionando ‘Tu, um judeu’, depois disse ‘Vejo que és um profeta’, e finalmente, ela reconhece: ‘Ele é o Cristo, aquele que esperávamos, o nosso Salvador’. Que nós também aprendamos cada vez mais a aumentar a nossa fé assim como fizeram os nossos padroeiros São Judas Tadeu e padre Ezequiel Ramin”, finalizou.

Missa presidida por dom Edmar Peron oficializa novo nome de comunidade São Judas Tadeu, no Setor Conquista da Região Episcopal Belém, no domingo, 23 palavra do bispo

Quaresma e Anunciação do Senhor: fazer a vontade do Pai livremente nos comprometer, nesse tempo da Quaresma, a renovar nossa disposição em ir descobrindo e realizando a cada dia a vontade de Deus. Essa conversão do nosso coração à vontade do Pai – salvar o homem e a mulher por ele criados (1Tm 2,4) – nos dá a graça de participarmos do amor misericordioso do nosso Deus, e levarmos uma vida nova, vida de filhos e filhas de Deus, irmãos e irmãs. Para isso, continuemos nossos esforços por ler e meditar a cada dia a Palavra de Deus: ouvir a Palavra e tornar-se servidor de Deus, comprometendo toda a liberdade em realizar a vontade do Pai. Nos é dado a conhecer o mistério da encarnação do Servo Sofredor, profetizado por Isaías. A esse servo, diz o Senhor: “Eu te chamei para a justiça e te tomei pela mão; eu te formei e te constituí como o centro de aliança do povo, luz das nações” (Is 42,6). Esses textos, chamados de Cantos do Servo do Senhor, serão lidos na Semana Santa. A encarnação do Servo Sofredor Nesta semana celebramos a solenidade da Anunciação do Senhor. Os primeiros dias da Quaresma nos ofereceram a leitura do Gênesis: o pecado do primeiro Adão: desobediência...

Normalmente queremos também fazer a nossa vontade... Cristo, o novo Adão, por sua obediência até a morte e morte de Cruz foi exaltado (cf. 2) e nos concede a graça de participarmos de sua divindade (“participar da divindade de nosso Redentor” – Coleta, Anunciação): o meu alimento é fazer a vontade do Pai.. (3º Domingo da Quaresma). Não seja feita a minha, mas a tua vontade... na anunciação (2ª leitura) e na paixão: horto – cruz (obediente até a morte e morte de Cruz); Ele obedeceu somente a Deus, não apenas quando das tentações no deserto, mas em toda a sua vida, especialmente na “última tentação”, a hora de sua morte. Por isso, tornou-se para nós fundamento de uma vida nova. Reparou o pecado de Adão. Somos chamados a ser solidários com Cristo na sua “obediência”, pela qual ele supera a “desobediência” de Adão e nos liberta dos laços do pecado. São José e Anunciação do Senhor são solenidades que não interrompem a caminhada quaresmal, mas a reforçam: assim como Jesus (eis que venho, com prazer faço a vossa vontade), São José “fez tudo como o anjo do Senhor havia mandado” e Maria, na Anunciação: “Sou a servidora do Senhor... realize-se em mim a vontade de Deus”.

Sábado (29)

Domingo (30), 15h

Segunda-feira (31), 19h30

Às 14h30 - Encontro de dom Edmar com os Crismandos Setor Vila Alpina na Paróquia Santa Bernadete (avenida do Oratório, 4246 – Vila IVG).

Encontro de dom Edmar com os Crismandos Setor Carrão / Formosa na Paróquia Nossa Senhora do Sagrado Coração (avenida Renata, 1 – Vila Formosa).

Encontro de Fé e Política – De olho no Plano de Metas no Centro Pastoral São José (Avenida Álvaro Ramos, 366 – Belém).

Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Belém

Dom Edmar Peron

A anunciação do Senhor (25 de março) aparentemente poderia parecer que interrompesse o nosso caminhar da Quaresma; mas não, pelo contrário, ela o reforça; revela-nos a unidade que existe entre a Paixão e a Encarnação, como duas faces da mesma moeda: a Encarnação do Verbo aponta para a sua Paixão e Morte de Cruz. Essa unidade pode ser vislumbrada no texto proposto para ser refrão do canto de entrada dessa missa: “Ao entrar no mundo, Cristo disse: Eis-me aqui, ó Pai, para fazer a tua vontade” (Missal Romano). Esse texto pertence à Carta aos Hebreus (10,5.7). O autor sagrado retoma o Salmo 40, aplicando-o a Jesus Cristo: “Tu não quiseste sacrifício e oferenda. Tu, porém, formaste-me um corpo. Por isso eu digo: Eis-me aqui, no rolo do livro está escrito a meu respeito, eu vim, ó Deus para fazer a tua vontade”. O Filho de Deus, no mistério da sua Encarnação, afirmando que veio fazer a vontade do Pai, nos santifica pela oferenda de seu próprio corpo, “realizada uma

vez por todas” (Hb 10,10), em seu mistério Pascal, mistério do rebaixamento e da exaltação do Filho de Deus, o Verbo que se fez carne e habitou entre nós (Jo 1,14). Também a Carta de São Paulo aos Filipenses (2,6-11), que será lida no Domingo de Ramos, fala desse mistério único do rebaixamento do Filho de Deus, realizado na sua Encarnação e na sua Morte/Sepultura. Ele, “existindo em condição divina, [...] esvaziou-se a si mesmo” e se fez homem; “humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz”. Essa unidade do mistério da Salvação em Cristo, nós a professamos no Creio: “Foi concebido pelo poder do Espírito Santo; nasceu da Virgem Maria; padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos Céus [...] de onde há de vir”. Portanto, na solenidade da Anunciação do Senhor, celebrada dentro da Quaresma, reconhecemos que o amor sem medidas do nosso Deus, raiz da Encarnação, encontra, na Paixão, a sua manifestação mais clara, o seu pleno coroamento. Também nós, como Jesus Cristo, Maria e José, vamos

agenda regional

Às 18h - Posse do padre Elcio Rubens Mota Félix na Paróquia Santo Emídio (rua Ingaí, 67 – Vila Prudente).


20 Entretenimento

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passa tempo

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Esporte

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21

copa do mundo

Seleções do Mundial nos pés dos garotos de São Paulo Daniel Gomes

Reportagem na zona sul

Com placar favorável, 2 a 1, a Bélgica seguiu no ataque no segundo tempo contra a Suiça. Após lançamento em profundidade, Paulo recebeu na esquerda, passou por dois zagueiros e cruzou na medida para Murilo. Gol da Bélgica, 3 a 1. Murilo ainda faria outro, dando números finais ao jogo. Não, não foi uma partida da Copa do Mundo da Fifa a que se disputou no sábado, dia 22, no Parque da Aclimação, mas o torneio Copa SP14, iniciado em 15 de março e que segue até de 3 de maio, é inspirado no Mundial de Futebol. Cada uma das 32 subprefeituras da cidade representa uma seleção. Ao todo, 572 garotos, com até 14 anos, participam da disputa, com jogos com dois

tempos de 25 minutos. Eles foram escolhidos em seletivas realizadas nos campos de várzea e centros esportivos da capital. Paulo Henrique Carvalho, 14, o autor do passe para o gol relatado no começo da reportagem, foi aprovado nas seletivas da Subprefeitura de Santana. “O campeonato é legal e nosso time é bom, vai pro ataque, vamos longe na competição”, garantiu ao O SÃO PAULO. Na partida seguinte, com disputa acirrada, a Itália, com garotos da Subprefeitura da Mooca, e a Costa Rica, com adolescentes da Subprefeitura de Aricanduva, empataram em 2 a 2. Um dos gols da Itália foi de Cristhian Barbosa de Paula, 12, cobrando falta. “Vim para o torneio querendo participar do grupo e para ajudar o time”, afirmou. Cristhian sabe que nem todos vão se

tornar jogadores profissionais. “Se não der no futebol, pretendo trabalhar muito e pra isso vou continuar estudando”. De acordo com Carlos Alberto Silva, 56, supervisor de esportes da Subprefeitura da Mooca, muito mais que revelar jogadores, a meta da iniciação ao futebol é formar pessoas. “Formando o cidadão, já estamos dando um passo importante na vida do garoto, da família dele, e de sua própria carreira. Se for para ser jogador acontecerá naturalmente, se não for, temos esse orgulho de formar o cidadão para a sociedade”. Pensamento semelhante tem Cosme Brito, 38, técnico do time da Bélgica. “Desde o primeiro dia que a gente conhece o menino, já fala que pode ser que ele não seja jogador, mas se tem um sonho que lute. Porém, paralelo a

1958 –A TAÇA DO MUNDO É NOSSA Na Copa do Mundo de 1958, na Suécia, o Brasil conquistou o mundial de futebol pela primeira vez. Foi uma campanha quase perfeita, com cinco vitórias e um empate. Pelé e Garrincha, promissores jogadores do Santos e do Botafogo, respectivamente, estrearam na terceira partida, na vitória de 2 a 0 contra a União Soviética. Na final, em 29 de junho, o Brasil derrotou a Suécia por 5 a 2, e coube ao capitão Bellini erguer o troféu Jules Rimet. Bellini faleceu na última quinta-feira, dia 20, aos 83 anos.

isso, que valorize o estudo, porque se não virar jogador, poderá fazer outra coisa”.

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22 Geral

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Renúncia de Jânio Quadros Em 25 de agosto de 1961, Jânio Quadros renunciou ao cargo de presidente alegando pressão de “forças terríveis” que o obrigavam a renunciar.

Posse de Jango No dia 2 de setembro de 1961, o sistema parlamentarista foi aprovado pelo Congresso Nacional. No dia 8, Jango assumiu a presidência

Discurso na central do brasil Em 13 de março, em frente à sede da Estrada de Ferro Central do Brasil, o Comício da Central, como ficou conhecido, reuniu cerca de 150 mil pessoas. Luciney Martins/O SÃO PAULO

por: Daniel Gomes, Edcarlos Bispo e nayá fernandes

‘São Paulo era totalmente contra o João Goulart’ “Quando chegou o dia da revolução, todo mundo estava preparado, os paulistas estavam esperando a batalha. Todos estavam apavorados com o que poderia acontecer. Os supermercados esvaziaram. Todo mundo abasteceu suas casas, comprou o que precisava, estava preparado para o que viesse”, recordou, ao O SÃO PAULO, Anna Maria Tuma Zacharias, 72, sobre como a alta sociedade paulistana viveu o dia 31 de março de 1964, véspera da deposição de João Goulart (Jango) da presidência da República. Segundo Anna Maria, meses antes, a alta sociedade paulista já se articulava para retirar Jango do poder. Ela recordou que quando do seu casamento, em julho de 1963 – pouco depois do plebiscito de abril que determinou a volta do presidencialismo (Jango assumirá a presidência com a renúncia de Jânio Quadros, em 1961, mas somente após o Congresso instituir o parlamentarismo) – começaram as mobilizações. “Logo depois que me casei, o Ademar de Barros, governador de São Paulo, montou a Escola Superior de Guerra. Os industriais estavam preparados: um fazia armas, outro fazia roupas, agasalhos, tudo o que fosse preciso. São Paulo era totalmente contra o João Goulart”, lembrou-se, comentando que “os clubes de São Paulo chamaram seus sócios para fazer o curso da Escola Superior de Guerra, onde as pessoas tinham o panorama do que poderia acontecer”. De acordo com Anna Maria, o temor pelo avanço comunista uniu os paulistas. “Meu pai [Nicolau Tuma, que foi deputado federal] era da UDN, partido oposto ao do Ademar, e dizia ‘ou eles ou nós’. Montou-se uma oposição total. João Goulart não

era preparado para a presidência”, opinou. Anna Maria também recordou sobre como foi articulada a primeira Marcha da Família com Deus pela Liberdade, em 19 de março de 1964. “Tinha uma associação, que era das mulheres de negócios, que preparou a Marcha. Elas saíram às ruas um pouquinho antes da revolução, eu não fui porque estava grávida, mas foi minha madrasta, minha sogra, todas as mulheres de São Paulo que conheço, que eram pessoas presentes em tudo, estavam nessa manifestação rezando o terço e andando São Paulo inteiro a pé”, detalhou, destacando que na Marcha, embora não se declarasse explicitamente, todos sabiam que o objetivo era de oposição ao comunismo e ao governo Jango. A entrevistada comentou, ainda, que, ao assumir o poder, os militares não queriam permanecer por tanto tempo. “Castelo Branco, quando ficou presidente da República, queria que voltasse a democracia em seguida, mas ele foi voto vencido no Exército. Não era para ter a Ditadura Militar. Eles queriam tomar o poder, tirar os comunistas, e começar uma democracia”. Passados 50 anos do início do processo que conduziu os militares ao poder, Anna Maria avalia que “ditadura não é bom para ninguém, hoje nós não temos líderes, isso é fruto da ditadura”, mas se lembra que os que apoiaram os militares em 1964 não se arrependeram, embora “uma parte desse grupo foi às ruas pedir a redemocratização, pois não estavam satisfeitos. Começou muito bem, mas depois desandou para uma ditadura. Os militares faziam o que queriam por decreto”.

Anna Maria Tuma Zacharias diz que temor pelo avanço comunista uniu os paulistas na Marcha pela Família

Há 50 anos, um dia de re 13 de março de 1964: na central do Brasil, no Rio de Janeiro, 150 mil pessoas participam do comício em que o presidente João Goulart (Jango) lançou as reformas de base, com proposta de inclusão social. Seis dias depois, os opositores ao governo organizaram, em São Paulo, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que colaborou para que na noite de 31 de março e madrugada de 1º de abril o presidente fosse deposto e, semanas depois, os militares assumissem o poder do Brasil, permanecendo por duas décadas. Para os doutores em His-

tória Social, Maximiliano Martin Vicente e Maria Aparecida de Aquino, o que aconteceu em 1º de abril de 1964 foi um golpe à democracia. “Não foi revolução, pois revolução é um processo que carrega consigo uma enorme participação popular, com uma série de desejos da população que vão sendo conquistados ou não ao longo do processo revolucionário. Quem participou do golpe de 1964? Meia dúzia de pessoas que tinham interesses de mudar aquela sociedade inclusiva que vivenciávamos”, opinou Maria Aparecida, professora aposentada titular da USP. “João

Goulart foi eleito de maneira democrática, portanto, tal como previsto na Constituição, deveria ter governado até o final do mandato. Se teve o governo interrompido e foi destituído por um movimento militar, não legítimo, só podemos falar em golpe”, avalia Vicente, professor da Unesp. Segundo Maria Aparecida, a deposição de Jango e não implantação das reformas de base prejudicaram o desenvolvimento do Brasil. “Se essas reformas fossem implementadas, haveria uma inclusão social. Elas mexeriam com diversos setores,


Geral

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23

Fotos: Arquivo pessoal - ABr - Reprodução

Marcha das famílias Em 19 de março, em São Paulo, foi organizada a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, cujo objetivo era mobilizar a opinião pública contra o governo de Jango.

Golpe Militar No dia 1º de abril de 1964, Jango foi deposto e em 11 de abril o marechal Castelo Branco foi eleito pelo Congresso presidente da República Luciney Martins/O SÃO PAULO

Maria Auxiliadora de Almeida Cunha Arantes conta experiência vivida em 1º de abril de 1964

evolução ou de golpe? tais como reformas agrícola e agrária e reforma inclusiva na educação. Portanto, o que havia naquela época era uma inclusão da sociedade, um pensar a sociedade àquelas pessoas que não têm acesso nem as migalhas que caem da mesa. Hoje no Brasil, temos um processo de inclusão social, mas não é um processo perfeito, não incluiu todos os setores da sociedade”. Para Vicente, após o regime militar, a sociedade brasileira aprendeu a importância de se respeitar as normas institucionais. “O ideário pelo respeito da cidadania e dos direitos humanos é uma das ‘boas’ consequências do golpe. Esse ideário sim deve ser o causador de outra revolução, uma revolução social que beneficie os mais necessitados. Esta, penso que seja a

melhor ‘herança’ do golpe de 64”. Após 50 anos do episódio, os dois historiadores não visualizam riscos de uma nova tomada de poder pelos militares. “A democracia está bem consolidada, as forças militares não se encontram nem um pouco em condições de dar um golpe. A pressão internacional jamais aceitaria isso. Qualquer mudança deve seguir as normas constitucionais, ou seja, via processo eleitoral”, avalia Vicente. “Existe ditadura boa? E algum lugar do mundo criou-se uma ditadura boa? Então, ter saudade do que? Aquele tempo era melhor? Melhor para o que e para quem? A quem atendia o governo militar? Sabemos que não eram às camadas populares”, comenta Maria Aparecida.

Um presidente militar Em 15 de abril de 1964, Castelo Branco tomou posse. Seu mandato durou até 1967 e foram suspensas as eleições presidenciais diretas.

A ‘revolução’ do 1º de abril “Estava em casa, vi os tanques desfilando por Brasília, a minha casa tremeu. Recebi a uma prima dizendo ‘Dodora saia imediatamente de casa’. Estava sentada, era hora do almoço, nem discuti. ‘Estou chegando da rodoviária estava com o Aldo, pois estava tendo um comício lá. Ele disse que é para você ir para a casa de tia fulana’. Levantei da mesa [repete o gesto feito há 50 anos] saí e fechei a porta. O que estava na mesa ficou, e o que estava na mesa, era meu almoço. A mesa ficou posta por semanas, uma amiga voltou lá em maio e disse que tinha rato, barata... Não deu tempo de fazer nada, não desliguei nada e nem tirei o lixo. Saí com a roupa do corpo, achei que ia ali e voltaria logo. Retornei para Brasília só depois da anistia. Dalí fomos para o exílio no Uruguai.” Maria Auxiliadora de Almeida Cunha Arantes, conhecida como Dodora, 74, tinha 24 anos quando viu sua vida, sua história e a do seu País mudar drasticamente. Formada em psicologia, casada, a jovem morava em Brasília e fazia parte de um projeto de alfabetização de adultos do governo João Goulart (Jango). “As forças armadas se insubordinaram e traíram o Jango. Ministros do Jango, vinculados dentro do governo dele, as Forças Armadas fizeram uma conspiração tendo Magalhães Pinto, que era governador de Minas Gerais, como polo aglutinador civil e tramaram a usurpação do poder”, assim, no relato de Dodora, se deu o golpe de 1964.

Militante desde os 14 anos, Dodora fez parte da Juventude Estudantil Católica, sendo dirigente do braço feminino da entidade. Militou, como muitos da época, na Ação Católica, mas viu, de forma frustrada, a Igreja se retirar da luta política e dissolver os grupos e agremiações que possuíam esse viés. Logo depois, os diversos integrantes da Ação Católica criaram a Ação Popular, e com eles, estava Dodora. “Ninguém tinha a menor noção de que as forças armadas pudessem se voltar contra o povo. Voltar os seus canhões contra o povo brasileiro. [...] Não tínhamos a noção de que seria um golpe, um golpe armado e com a potência que ele tinha. Naquela ocasião, não tínhamos essa ideia”, relata. De acordo com Dodora, o problema surgiu antes do golpe. A disseminação da Doutrina de Segurança Nacional, uma ideia que estabelecia que o inimigo não estava fora do país, mas dentro dele, desenvolvimento da concepção de inimigos internos. “Uma noção que perdura até hoje. Quando você volta as armas e os canhões para os próprios brasileiros que estão reivindicando melhorias das mais diversas, quando você considera que essas pessoas são inimigas. Como se trata o inimigo? Matando. O inimigo é para ser morto.” Para Dodora, o golpe foi claro: “O poder no Brasil foi usurpado, do ponto de vista da legitimidade, das mãos do governante eleito pelo povo que era

o João Goulart. Houve um golpe branco, então comandado pelo presidente do Congresso Nacional que era o Auro de Moura Andrade em conluio com as Forças Armadas, pois eles já tinham escolhido um presidente militar.” Estando em Brasília, ela não acompanhou nem o comício do dia 13 de março, na Central do Brasil, ocasião na qual Jango reforçou as reformas de base, nem a “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”, que para ela e para os demais membros do governo “não passava de uma procissão”. Quando as tropas saíram de Minas Gerais, unidos aos demais regimentos de São Paulo e Rio de Janeiro, chegaram a Brasília na tarde do dia 31. Dodora lembra que a casa tremia, dado ao peso e quantidade de tanques que adentaram a recémconstruída capital federal. Na madrugada do dia 1º de abril, Dia Mundial da Mentira, Auro de Moura Andrade, presidente do Congresso Nacional, reuniu os parlamentares e anunciou que o presidente havia renunciado e que isso tinha que ser comunicado a nação. Dias depois, o marechal Castelo Branco assumiu o cargo de presidente. “Não imaginávamos que duraria 21 anos. Ninguém imaginava. Não se tinha noção dessa construção sorrateira e vil dentro do próprio governo e das Forças Armadas, houve um financiamento maciço dos Estados Unidos para a organização das ‘Marchas da Família com Deus pela Liberdade.’”


24 Geral

www.arquidiocesedesaopaulo.org.br 25 de março a 2 de abril de 2014

Os 50 anos do Zezinho, padre, cantor, escritor Ele começou cantando nas missas do Santuário São Judas Tadeu e hoje soma 1.500 canções, 120 álbuns e mais de 80 livros publicados Nayá Fernandes

Reportagem na zona sul

“Pequenas águias correm riscos quando voam, mas devem arriscar. Só que é preciso olhar os pais quando eles voam e aperfeiçoar.” O trecho da música “Águia Pequena”, do padre Zezinho, expressa bem o que este mineiro de Machado (MG) viveu durante toda a sua vida, como ele mesmo lembrou na homenagem que recebeu no sábado, 22, na zona sul de São Paulo, pelos seus 50 anos de evangelização. O Padre, que começou tocando nas missas do Santuário São Judas Tadeu, se emocionou com os depoimentos, canções e homenagens feitas a ele, como o selo comemorativo dos Correios, que poderá ser adquirido em qualquer agência nos próximos 30 dias. José Fernandes de Oliveira, o padre Zezinho, é membro da

Província dos Sacerdotes do Coração de Jesus, e lembrado como um padre, cantor, profeta e evangelizador sem fronteiras. Ao todo, são 1.500 canções e mais de 120 álbuns registrados, que somam milhões de discos vendidos no mundo inteiro, além é de mais de 80 livros publicados. Nascido em 1941 e criado em Taubaté (SP), no Vale do Paraíba, ele gravou seu primeiro disco com Paulinas-Comep e não quis migrar para outras gravadoras, sendo fiel a quem confiou nele desde o princípio. Na cerimônia, padre Zezinho também entregou às irmãs, o original de um novo livro, que provavelmente terá o título “Manual do servo inútil”. “Nunca achei que eu era o número 1 e tenho muito medo disso. Na verdade, fui contra essa homenagem, porque pode correr o risco de acontecer cedo demais. Mas pensei que ela pode ser uma maneira de incentivar outros jovens na sua vocação”, disse. Padre Zezinho falou ainda que é preciso ser teimoso para comunicar o Evangelho. “Tudo o que fizerem, pensem que um dia vai dar fruto, mesmo que demore. Estamos neste mundo para servir. Num mundo de tanta competição e fome de sucesso, Jesus continua a dizer que não devemos ocupar os primeiros lugares. Sejamos gratos ao bom Deus façamos de tudo para que

outros possam fazer o que fizemos e até melhor. Deus seja louvado porque nós somos servos e nunca tivemos a pretensão de sermos senhores.” Em seu discurso de agradecimento, ele lembrou nomes de santos como Teresa, Teresinha, Dulce, Domingos, Francisco, Clara, Vicente, Helder. “A Igreja os proclamou servos, bem-aventurados e depois santos porque foram discípulos que souberam viver pelos outros e não se colocaram acima de ninguém, ao lado sim, e até abaixo, mas acima nunca.” A cantora Dalva Tenório foi uma das convidadas a dar seu testemunho sobre o padre Zezinho. Dalva o acompanha há cerca de 30 anos e, para ela, o Padre é como um pai. “Aprendi muito com o senhor, padre, devo muitas coisas nas áreas profissional, financeira e espiritual. O senhor sabe que tem uma ‘filhona’ que te ama muito.” As Irmãs Paulinas garantiram que outros eventos acontecerão durante o ano e uma exposição no hospital Santa Catarina, em São Paulo, vai apresentar a trajetória de evangelização do padre que mobilizou multidões. Documentos com letras de músicas censuradas pela ditadura, capas de livros, fotos de shows, DVDs e discos antigos poderão ser conferidos a partir de 14 de maio, às 15h, no saguão principal do hospital, na avenida Paulista, 200.

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Padre Zezinho agradece a todas as pessoas que fizeram parte de seu caminho

PUC-SP e pastorais dialogam para ações sociais na cidade de São Paulo Daniel Gomes

Reportagem na zona oeste

Com a proposta de iniciar um diálogo para mútua cooperação, o Serviço da Caridade, Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo e o Programa de Estudos Pós-graduados da Faculdade de Direito da PUC-SP realizaram um encontro na quinta-feira, 20, no campus Perdizes da Universidade. No início dos trabalhos, Anna Maria Marques Cintra, reitora da PUC-SP, disse que a Universidade tem como alicerce o ensino, a pesquisa e a extensão, sendo esta última o elo para o diálogo com as pastorais sociais. Dom Milton Kenan Júnior, bispo auxiliar da Arquidiocese e referencial das pastorais sociais, apontou que o propósito do encontro toca à ação social da Igreja, que faz ressoar o Evangelho em todas as realidades, especialmente pela atuação organizada das pastorais para o serviço da caridade. O Bispo alertou para a necessidade da sensibilização dos alunos e apontou que o diálogo ajudará a Universidade a recuperar consciência da própria identidade e as pastorais sociais a encontrar mecanismos para que as ações que realizam produzam frutos. As pastorais do Povo da Rua, do Me-

nor, Fé e Política, Migrante, da Mulher Marginalizada, do Mundo do Trabalho, da Pessoa com Deficiência e da Criança, além da Cáritas, apresentaram as ações que desenvolvem e de que maneira a PUC-SP poderá auxiliá-los. Padre Julio Lancellotti, vigário episcopal para o povo da rua, sugeriu que a Faculdade de Direito crie um núcleo permanente de observação sobre as condições das pessoas que vivem nas ruas; Caci Amaral, da Pastoral Fé e Política,

comentou que a Universidade pode auxiliar que os operadores do Direito tenham maior conhecimento sobre a legislação eleitoral; e Sueli Camargo, da Pastoral do Menor, considerou que as pastorais não devem ser usadas apenas como campos de pesquisa pelos estudantes. “A Pastoral do Menor não quer que se utilize a realidade do menino e da menina na rua como interesse de pesquisa. A proposta é sensibilizar esse aluno para que ajude na mudança da Luciney Martins/O SÃO PAULO

conjuntura atual, contribuindo com a questão técnica, didática, profissional”, afirmou ao O SÃO PAULO. Após as intervenções das pastorais, docentes da PUC-SP comentaram sobre possíveis ações que podem ser adotadas. Segundo o professor Gustavo Junqueira, do departamento processual penal, há grande interesse dos alunos em atuar voluntariamente para conhecer a realidade do que estudam. Já para o professor Francisco Borba, do Núcleo Fé e Cultura, o diálogo entre as pastorais e a Universidade deve resgatar a dimensão da solidariedade, pois a maioria dos estudantes, imersos em uma sociedade individualista, sente a necessidade de realizar algo em benefício do outro. Segundo o professor Wagner Balera, da Faculdade de Direito e um dos coordenadores do diálogo, os conhecimentos das ações e desafios das pastorais serão transmitidos a outros docentes da Faculdade para a elaboração de projetos. “Na nossa área do direito, cada setor da Universidade terá um contato mais próximo com a pastoral que queira atuar. Faremos as aproximações necessárias, que podem resultar em um convênio da PUC com essas pastorais e também numa prestação de serviço acadêmico”, explicou à reportagem.


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