O SÃO PAULO - edição 2999

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Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 59 | Edição 2999 | 23 a 28 de abril de 2014

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Noite de alegria verdadeira, que a todos acende no seu brilho

Como se canta na Proclamação da Páscoa durante a Vigília Pascal, na “noite mil vezes feliz”, Jesus Ressuscitado é a luz que a todos ilumina. Por isso, nessa celebração,

acende-se o Círio Pascal num fogo novo. As celebrações do Tríduo Pascal começaram na Quinta-feira Santa. Neste dia, em Roma, o Papa lavou os pés de pessoas com defi-

Na Capital, sobe número dos casos de dengue Página 32

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Marcos Paulo

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Luciney Martins/O SÃO PAULO

ciência, gesto realizado por sacerdotes em todo o mundo. Na Sextafeira Santa, na Arquidiocese de São Paulo, aconteceram encenações e orações da Via-Sacra,

como a da Região Episcopal Brasilândia, que reuniu 8 mil pessoas. Na Vigília, os fiéis renovaram as promessas do Batismo e o compromisso de serem, como Jesus,

promotores do Reino de Deus. A missa de Páscoa, no domingo, foi marcada pela certeza de que Jesus “vive no meio de nós”. Páginas 13 a 17

Papas serão canonizados no domingo, em Roma

Projeto do ‘Itaquerão’ supera previsão de gastos

Dom Erwin denuncia violência contra indígenas

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23 a 28 de abril de 2014 | www.arquidiocesedesaopaulo.org.br Sergio Ricciuto Conte

frases da semana

“Na merenda comunitária depois da santa missa alguns homens me falaram do igarapé Cipó que já está com a água contaminada pelo novo lixão, uma obra planejada “segundo padrões de primeiro mundo” como fanfarreiam os construtores de Belo Monte”.

Dom Erwin Kräutler, em entrevista ao O SÃO PAULO

“O clamor tem que ser mais forte esse ano [por causa da Copa], por isso as camisetas. O Povo da Rua é o primeiro que é posto fora, é tratado como lixo. De mil maneiras, dizemos que a exclusão foi do hostil para o gentil”.

Padre Júlio Lancellotti, na Via-Sacra do Povo da Rua

você pergunta

Espiritualidade

Como orientar os filhos na vida sexual?

São José de Anchieta, o novo Santo do Brasil

Vigário Episcopal para a Pastoral da Comunicação na Arquidiocese de São Paulo

Padre Cido Pereira

Maria Antonieta Brás, preocupada, pergunta: como os pais devem orientar os filhos na vida sexual? E ela acrescenta: “Mas orientar de uma forma cristã!” Minha querida irmã, eis uma pergunta difícil de responder. Sabe por quê? Porque hoje as crianças têm acesso a informações sobre sexo na escola, nos livros, na internet, nas revistas e jornais e na televisão. Hoje há pais que se preocupam com isso, outros deixam as coisas correrem soltas. Por isso, Antonieta, eu estou pensando aqui que, em vez de terceirizar a educação sexual dos filhos, os pais devem assumí-la com o diálogo carinhoso e firme, esclarecendo, orientando, alertando, protegendo... Os pais devem deixar entender aos filhos que podem contar com eles sempre e que não há assunto proibido. Fica muito bonito os pais dizerem aos filhos que a sexualidade humana não é suja, que sexo não é sujo. Deus colocou a sexualidade humana no homem e na mulher a serviço do amor e da procriação dos filhos. Dizer a eles que são frutos de uma comunhão de amor entre pai e mãe. Ficará muito bem dizer aos filhos que há tempo para tudo. Que a natureza não dá saltos e que haverá de chegar o tempo deles exercerem sua sexualidade com amor, muito amor, com respeito, muito respeito, e dentro do matrimônio. Quando eu falo desse assunto às crianças do catecismo, eu costumo mostrar um botão de rosa bem bonito, mas fechadinho. Tentar fazer este botão de rosa se abrir na marra, antecipar a sua transformação numa flor linda é correr o risco de estragar tudo. O botão de rosa precisa de tempo para se abrir, precisa de cuidados especiais. Assim é a sexualidade na criança e no adolescente. Maria Antonieta, não tenha medo de conversar com seus filhos. Mostre que em tudo o que bonito e humano está também um projeto divino que, se respeitado, faz a gente ser mais feliz. Boa sorte! Deus abençoe você e sua família.

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

Frei Patrício Sciadini

Todos nós brasileiros somos felizes por este dom que o papa Francisco fez ao Brasil no dia 3, ao instituir o novo Santo brasileiro, que não é brasileiro: São José de Anchieta. Esse jesuíta marcou para sempre a vida da Igreja, do Cristianismo no Brasil pela sua coragem, pelo seu amor à Virgem Maria e pelo seu amor ao povo. Mostrou com sua vida que o Evangelho não é nem europeu e nem de nenhuma outra terra, é um dom de Deus e todos os que se abrem a Jesus fazem parte do novo povo de Deus. O papa Francisco, com sua autoridade, dispensou o beato José de Anchieta da necessidade de um milagre para ser canonizado e o canonizou, declarando-o Santo. Não há nada de errado nisso, é uma prova a mais de como a Igreja é sensível às necessidades evangelizadoras. E, sobretudo, reconhece que algumas pes-

soas, amadas pelo povo e sempre conside- lâmpada viva da alegria do Evangelho, de radas santas, são uma chama viva da fé e quem fala o papa Francisco na sua encíclido amor verdadeiro a Deus e aos irmãos. ca. É alguém que sentiu no seu coração a A vida de São José de Anchieta é mui- alegria de amar Jesus e não guardou para to simples. Nasceu em Tenerife, entrou na si esta alegria, a soube transmitir a todos, Companhia de Jesus e depois foi enviado dando sua vida para isso. No dia da sua caao Brasil para anunciar, nesta terra recém- nonização, às 9h, as igrejas de todo o Bradescoberta, o Evangelho. Chegou à terra sil repicaram com seus sinos em sinal de de Santa Cruz não com a força das armas alegria, por esse novo santo. Também no e nem com o desejo de se enriquecer, tão Egito, na igreja do meu coração, o único somente tendo no coração a força do amor a Cristo e fez de tudo para que os José de Ancieta é alguém que sentiu povos indígenas pudessem no seu coração a alegria de amar ver nele um irmão, que vinha para ajudá-los a sair da Jesus e não guardou para si esta pobreza e da ignorância. alegria, a soube transmitir a todos, Soube respeitar a cultura do povo e ele mesmo, para dando sua vida para isso anunciar o Evangelho, aprendeu o tupi-guarani, a língua do povo. Foi para todos um pai, sino do meu amor, um pouco desentoado, um irmão. Mostrou-se sempre atento e repicou para José de Anchieta. Pedi para sempre desejoso de entrar no coração dos ele que reavive, em todos os missionários outros, para compreendê-los e amá-los do mundo, o entusiasmo pela evangelizamelhor. ção! São José de Anchieta, rezai pelo BraSem dúvida, José de Anchieta é uma sil e pelo Egito!

palavras que não passam

A Palavra do Concílio PADRE AUGUSTO CÉSAR PEREIRA

A Palavra é Deus, anterior a tudo - garante João no início do seu evangelho (Jo 1, 1-14). Não é sem fundamento que o Concílio dá primazia à Palavra sobre tudo, por isso ela se destaca em ser o primeiro testemunho e garantia da existência, do ensinamento e da missão de Jesus. Ademais, Jesus é o ungido do Espírito e o credenciado para interpretar com autenticidade a Palavra de Deus (DV 21; 18; Lc 4,18). A Palavra de Deus revelada recebe distinção especial no conjunto das escrituras: “Os Evangelhos gozam de merecida primazia, uma vez que constituem o principal testemunho sobre a vida e a doutrina do Verbo Encarnado, nosso Salvador” (DV 18). Por isso, a Igreja sempre venerou as divinas escrituras da mesma forma que

o próprio mistério eucarístico do Senhor. Daí que a Palavra é a “suprema regra de fé” da Igreja (cf. DV 18; 21). O homem foi criado imagem semelhante a Deus, portanto, um ser relacional. Comunicar-se faz parte da essência da pessoa humana, porque o homem foi criado para se relacionar consigo, com Deus, com o outro diferente de si e com o mundo. A natureza humana de Jesus Cristo é relacional, dado que ele veio ao mundo para que o diálogo entre o Pai se revestisse nele do jeito humano para dialogar com os humanos. A Comunicação de Jesus era direta. O ensinamento das parábolas vinha da vida e, por isso, era bem entendido, aceito e assumido. Jesus relacionou sua missão de comunicador do Pai, privilegiando os pobres, assim nomeou: “O Espírito do Senhor está sobre mim e me consagrou para anunciar a Boa Notícia aos pobres” (Lc 4,18; (cf. DAp 402,207).

A missão de continuar as palavras e as obras libertadoras de Jesus foi confiada à Igreja, ao povo das comunidades, inicialmente às de Jerusalém. E se estendeu às comunidades pelos séculos afora (cf. Lc 24,44-52; At 2,42-47; 4,32-37; 5,12-16). Normalmente o uso gasta tudo. A Palavra de Deus, porém, conservou-se nas comunidades exatamente na prática da vida cotidiana como a maneira eficaz de preservar a integridade e a continuidade desse uso da Palavra na vida de cada dia. A Palavra sustenta a vida cotidiana e a vida cotidiana preserva a integridade e a difusão da Palavra (cf. Hb 1, 1-4)”. O pregador da Palavra não pode ignorar as necessidades da vida do povo na sua pregação. Porque a vida é a fonte e o destino da evangelização: “A Assembleia Litúrgica é o destinatário privilegiado da Palavra de Deus” (cf. DV 21; VD 52-71). E o Povo de Deus é também responsável pelo diálogo da Igreja com o mundo, corresponsável pela missão evangelizadora.

Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação Semanal • www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Reportagem: Cônego Antônio Aparecido Pereira, Daniel Gomes, Edcarlos Bispo e Nayá Fernandes • Institucional: Rafael Alberto • Fotografia: Luciney Martins • Administração: Maria das Graças Silva (Cássia) • Assinaturas: Djeny Amanda • Projeto Gráfico e Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Edição Gráfica: Ana Lúcia Comolatti • Impressão: Atlântica Gráfica e Editora Ltda. • Redação e Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinatura) • Números atrasados: R$ 1,50 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail• A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.


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encontro com o pastor

editorial

Santos Papas e Pastores: Rogai por nós! Arcebispo metropolitano de São Paulo

cardeal odilo pedro scherer

A Páscoa da ressurreição de Jesus marca também a nossa passagem para uma vida nova. São Paulo lembra aos cristãos: todos vós que fostes batizados em Cristo, é na sua morte que fostes batizados, para também viverdes com ele para vida nova. Sois agora “nova criatura” (cf Rm 6, 1-11; 2Cor 5,17). O dom do Senhor ressuscitado é, por excelência, o Espírito Santo, “espírito de santidade”, que nos capacita a viver a novidade da fé cristã e a transformar nosso viver, para torná-lo semelhante ao de Cristo, “em justiça e santidade verdadeiras”. A Páscoa da Páscoa deste ano será lembrada por dois fatos extraordinários, relacionados com a santidade de vida que desabrochou e frutificou de maneira abundante em três santos muito queridos: São José de Anchieta e os papas João 23 e João Paulo 2º. Dia 24 de abril, o papa Francisco celebra em Roma a ação de graças pela canonização de Anchieta, na Igreja de Santo Inácio, com os jesuítas e os brasileiros que lá estiverem.

Anchieta já foi, recentemente, reconhecido e proclamado como “santo” pela Igreja, não por algum milagre que tenha operado, mas pela sua vida santa; ele é um religioso e sacerdote santo, um missionário e evangelizador dedicado e ardoroso, um homem de Deus entre os homens, um pacificador, uma testemunha da caridade de Deus. A canonização dos dois Pontífices pelo papa Francisco, no dia 27 de abril, é um fato extraordinário; não se tem notícia na história da Igreja da canonização simultânea de dois papas. João 23, reconhecido como “o Papa do Concílio”, por ter convocado e iniciado o Concílio Ecumênico Vaticano 2º, caracterizou-se como um corajoso visionário, que soube perceber e discernir os “sinais dos tempos” e tomar as decisões oportunas para a renovação da vida eclesial. Posto à frente da Igreja, foi um pastor bom e sábio, e assim foi reconhecido amplamente pelo povo de Deus. João Paulo 2º, de quem recordamos ainda muito bem, pois faleceu há menos de 10 anos, foi um pastor e missionário de extraordinárias qualidades. Durante seus quase 27 anos de pontificado, ele foi ao encontro dos povos e da Igreja inserida no contexto das mais variadas culturas, encorajando os cristãos e confirmando-os na fé. É enorme a sua contribuição

para a vida da Igreja; seu magistério envolve praticamente todas as áreas do ensino da Igreja. Teve também um peso moral muito significativo para a comunidade dos povos e nações; um claro reconhecimento disso apareceu no seu funeral, ao qual compareceram numerosos chefes de Estado e de Governo, das mais diversas culturas e orientações ideológicas, bem como líderes religiosos muito diversos entre si. Ele teve o papel de pai e autoridade moral da grande família humana. Os santos Papas e Pastores João 23 e João Paulo 2º deram a vida pela Igreja e se entregaram sem reservas pelo bem do rebanho de Cristo, tanto pelas ovelhas próximas quanto aquelas que ainda andam distantes ou dispersas por muitos caminhos. Foram fiéis servidores de Jesus Cristo, Supremo Pastor da Igreja. Essa é a marca principal da sua santidade. Eles figurarão entre os grandes santos pastores da Igreja; e nós temos a graça de ter vivido no seu tempo e sob o seu pastoreio. Na Vigília Pascal, transcorridos os dias da Quaresma e da celebração da Paixão do Senhor, também nós renovamos as promessas do Batismo e nossa disposição para viver unidos e sintonizados com Deus e seguindo os passos de Cristo, nosso Salvador e Mestre. A vida cristã é chamado à santidade e proposta de vida santa.

mensagem do cardeal Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer Arcebispo de São Paulo

São Paulo, 22.04.2014 Aos Bispos Auxiliares Aos padres da Arquidiocese de São Paulo Caríssimos, Estamos na Oitava da Páscoa e lhes desejo mais uma vez feliz e abençoada Páscoa da Ressurreição! Tive notícia de vários padres, dizendo que as celebrações foram bem participadas e que também houve muitas confissões em preparação à Páscoa. Isso é bom sinal, graças a Deus. Agora, desejo que também descansem um pouco... Eu mesmo estarei em Roma, nesta semana, acompanhando a ação de graças pela canonização de São José de Anchieta (24/04, 18h de Roma, o que corresponde às 13h do Brasil). Certamente será televisionada e valerá a pena assistir; convidem o

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povo a fazer o mesmo. Domingo, dia 27/04, o papa Francisco vai proclamar “santos” os papas João 23 e João Paulo 2º. Também esse será um momento de graça especial para a Igreja. Em Roma, será às 10h (5h do Brasil). Escrevi meu artigo para o jornal O SÃO PAULO, desta semana, sobre este evento. Aqui na Arquidiocese, faremos a ação de graças e o especial louvor a Deus no domingo, 11 de maio (Domingo do Bom Pastor). Celebrarei uma Missa na Catedral da Sé às 11h, com essa intenção especial. Convido que também o façam nas missas de suas paróquias e comunidades, no mesmo domingo. Sendo dois papas, o Te Deum laudamus não é só feito nas igrejas locais, onde viveram, mas em toda a Igreja. Mas também nos preparamos para a 113ª. Romaria Arquidiocesana para Aparecida, que será feita, como todos os anos, no 1º domingo de maio, dia 4. Nossa missa na Basílica de Aparecida será às 10h. Sei que já há uma movimentação do povo para organizar os grupos da Romaria; peço

aos padres que incentivem a participação do povo na Romaria. A Arquidiocese de São Paulo tem uma relação estreita com a devoção a Nossa Senhora Aparecida, cujo Santuário pertenceu à Arquidiocese até 1958; só então, foi criada a Arquidiocese de Aparecida e a Basílica passou para ela. Dia 30 de maio iniciará a Assembleia Geral anual da CNBB, em Aparecida. Peço que também rezem pela Assembleia, cujo tema principal será o da “Paróquia, Comunidade de Comunidades”. Haverá também vários outros temas. Deus os abençoe e guarde! Em Roma, vou rezar por vocês e pela Arquidiocese de São Paulo junto aos túmulos dos novos Santos Pastores da Igreja, João 23 e João Paulo 2º. Aproveito a ocasião para saudá-los e para lhes desejar todo o bem!

Card. Odilo Pedro Scherer Arcebispo de São Paulo

É Páscoa! Jesus ressuscitou! Aleluia! Os profetas da desgraça gostam de anunciar o fim da Igreja, a implosão da Igreja. Enganam-se redondamente. Porque a Igreja nasceu do lado aberto do Cristo morto e ressuscitado. Ela não está sujeira à implosão. Ela é uma explosão de amor, ela é fruto da explosão de amor que foi aquela que arrebentou o túmulo de Jesus, túmulo de pedra, com uma pedra enorme na entrada. Essa explosão de amor, ampliada com o fogo do Espírito Santo, fundou a Igreja, a comunidade dos discípulos de Cristo. Depois de celebrar a Páscoa de Jesus e de celebrar a Páscoa de cada um de nós que aceitamos o Ressuscitado como Senhor e Mestre, prossigamos a missão recebida de anunciar sua boa notícia de salvação ao mundo. Somos a Igreja, sempre viva, sempre renovada, sempre impelida pelo Espírito para dizer a cada homem e a cada mulher deste mundo que Deus nos ama e não desiste de nenhum de nós. A nos inspirar, temos o papa Francisco, incansável no anunciar o Deus misericordioso que não se cansa de amar e perdoar e que se alegra com nossa felicidade. Quantos sinais luminosos de esperança se acenderam na Quaresma e na Semana Santa. Sinal de esperança foi o itinerário de reflexão proposto pela liturgia em cada domingo da Quaresma. Sinal de esperança foi a compreensão do Povo de Deus do crime hediondo do tráfico humano. Sinal de esperança foi o reencontro de muitos com o Cristo que lhe foi apresentado no colo da mãe, com o Cristo do seu Batismo, da sua Crisma, da sua Primeira Eucaristia, do seu Casamento. Sinal de esperança foram as muitas confissões após longos anos de indiferença religiosa. Sinal de esperança foram as multidões que entraram com Jesus em Jerusalém, que receberam o dom da Eucaristia na Quinta-feira Santa, que dobraram os joelhos diante do Cristo morto na cruz na Sexta-feira Santa, que cantaram a vitória da vida na noite luminosa do Sábado Santo e que, com os discípulos e as mulheres, proclamaram que o Senhor está vivo na Igreja, com a Igreja pela Igreja e para a Igreja, sustentando-a no propósito de uma nova, criativa e alegre evangelização. É Páscoa! O Senhor ressurgiu! Aleluia!

A nos inspirar, temos o papa Francisco, incansável no anunciar o Deus misericordioso que não se cansa de amar e perdoar e que se alegra com nossa felicidade Tweets do Cardeal

@DomOdiloScherer 20 – Feliz Páscoa! “Não procureis entre os mortos Aquele que está vivo!” – Ele está no meio de nós! 18 – Hoje é o dia de dizer um grande obrigado. “Ele me amou e por mim se entregou na cruz!” 17 – “Temos um sumo-sacerdote eminente, que entrou no céu, Jesus, o Filho de Deus... capaz de se compadecer de nossas fraquezas”. 16 – Hoje, no Evangelho de São Mateus, foi recordado a traição de Judas. Por ganância. O amor cego ao dinheiro... Pode levar às piores decisões.


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liturgia e vida

palavra do papa

Onde é a minha Galileia?

2º Domingo da Páscoa 27 de abril de 2014 Ana Flora Anderson

O leite espiritual Neste domingo, tanto a antífona quanto a segunda leitura citam a Primeira Carta de São Pedro (1, 2.3-9), na qual ele louva a grande misericórdia de Deus, que, na Ressurreição de Jesus, nos faz nascer de novo e receber um puro leite espiritual. Recebemos, ainda, uma esperança viva que nos sustenta em tempos de provação e nos ajuda a caminhar na alegria da salvação eterna. A primeira leitura (Atos dos Apóstolos 2, 4247) é um verdadeiro manual que revela como a comunidade cristã deve viver. Em primeiro lugar, a base de tudo é a comunhão fraterna e a união no partir do pão. Os seguidores de Jesus devem colocar tudo em comum para responder às necessidades de todos. Sua maneira de viver é a fonte da estima de quem não pertence à comunidade. O Evangelho de São João (20, 19-31) apresenta os discípulos com medo, fechados num lugar de portas trancadas. Jesus aparece no meio deles e deseja-lhes a sua paz. O Ressuscitado sopra neles seu Espírito e os envia em missão. Na semana seguinte, com a presença de Tomé, Jesus deseja a paz e Tomé faz um ato profundo de fé: Meu Senhor e meu Deus. Jesus, porém, afirma que felizes são aqueles que acreditam nele sem ter visto. Esta fé nos dará a plenitude de vida. leituras da semana

Segunda-feira (28): Terça-feira (29): Quarta-feira (30): Quinta-feira (1º): Sexta-feira (2): Sábado (3):

At 4, 23-31; Sl 2; Jo 3, 1-8 At 4, 32-37; Sl 92; Jo 3, 7b-15 At 5, 17-26; Sl 33; Jo 3, 16-21 At 5, 27-33; Sl 33; Jo 3, 31-36 At 5, 34-42; Sl 26; Jo 6, 1-15 1 Cor 15, 1-8; Sl 18; Jo 14, 6-14

Papa francisco

Da homilia do papa Francisco na Vigília Pascal, selecionamos o texto abaixo, que é um convite a retornar aos inícios de nosso caminho com Jesus. Depois da morte do Mestre, os discípulos tinham-se dispersado; a sua fé quebrantara-se, tudo parecia ter acabado: desabadas as certezas, apagadas as esperanças. Mas agora, aquele anúncio das mulheres, embora incrível, chegava como um raio de luz na escuridão. A notícia espalha-se: Jesus ressuscitou, como predissera... E de igual modo, a ordem de partir para a Galileia; duas vezes a ouviram as mulheres: primeiro do anjo, depois do próprio Jesus: “Partam para a Galileia. Lá me verão”. A Galileia é o lugar da primeira chamada, onde tudo começa-

ra! Trata-se de voltar lá, voltar ao lugar da primeira chamada. Jesus passara pela margem do lago, enquanto os pescadores estavam a consertar as redes. Os chamara, e eles, “deixando tudo, seguiram-no” (cf. Mt 4, 18-22). Voltar à Galileia significa reler tudo a partir da cruz e da vitória. Reler tudo – a pregação, os milagres, a nova comunidade, os entusiasmos e as deserções, até a traição – reler tudo a partir do fim, que é um novo início, a partir deste supremo ato de amor. Também para cada um de nós há uma “Galileia”, no princípio do caminho com Jesus. “Partir para a Galileia” significa uma coisa estupenda, significa redescobrirmos o nosso Batismo como fonte viva, tirarmos energia nova da raiz da nossa fé e da nossa experiência cristã. Voltar para a Galileia significa, antes de tudo, retornar lá, àquele ponto incandescente onde a graça de Deus me tocou no início do caminho. É dessa fagulha que posso acender o fogo para o dia de hoje, para cada dia, e levar calor e luz aos meus irmãos e às minhas ir-

Num tweet lançado no Sábado Santo, 19, o Pontífice escreveu: “Convido-vos a uniremse a mim na oração pelas vítimas do trágico naufrágio na Coreia e pelos seus familiares”. Até agora, foram recuperados cerca de 30 corpos, mas há mais de 270 desaparecidos. A bordo estavam 475 passageiros, a maioria doa quais estudantes da Coreia do Sul em viagem de turismo para a ilha de Jeju na quarta-feira, 16.

SANTOS E HERÓIS DO POVO – 23 DE ABRIL

Hoje é o “Dia do Escoteiro”. E é também a festa de São Jorge. Na Inglaterra, já no século 13, se celebrava a festa de São Jorge (imagem) como dia santo de guarda; portanto, bem antes do descobrimento do Brasil. Conta-se que São Jorge foi soldado, no tempo da perseguição aos cristãos. Tornando-se cristão, ele próprio foi perseguido e torturado. Inicialmente, o enterraram e nenhum mal lhe aconteceu. Em seguida, obrigaram-no a andar com calçados em brasa, saindo igualmente ileso. Ahistória de luta com o dragão também é do século 13. Segundo a lenda, São Jorge, em vez de permitir que se alimentasse o dragão da cidade com cabrito e com pessoas humanas, feriu e domou o animal feroz. Hoje, São Jorge, a cavalo e lutando, significa para o povo proteção contra todos os assaltos do inimigo. No dia 23 de abril, venera-se ainda Santo Adalberto, beneditino da Prússia, atual Alemanha, sagrado bispo em 983 e martirizado em 997. Na França, São Gerardo de Toul, Bispo e Confessor do século 10, e, na Itália, o Bem-aventurado Egídio, Confessor, cuja simplicidade encantou a São Francisco. E, finalmente, também na Itália, a Bem-aventurada Maria Gabriela Sacheddu, contemporânea nossa, falecida em 1939, no Domingo do Bom Pastor. Foi monja cisterciense e beatificada por João Paulo 2ª em 1983. Fonte: “ Santos e Heróis do Povo”, livro do cardeal Arns

mãs. A partir daquela fagulha, acende-se uma alegria humilde, uma alegria que não ofende o sofrimento e o desespero, uma alegria mansa e bondosa. Na vida do cristão, depois do Batismo, há também uma “Galileia” mais existencial: a experiência do encontro pessoal com Jesus Cristo, que me chamou para o seguir e participar na sua missão. Nesse sentido, voltar à Galileia significa guardar no coração a memória viva dessa chamada, quando Jesus passou pela minha estrada, olhou-me com misericórdia, pediu-me para o seguir; recuperar a lembrança daquele momento em que os olhos d’Ele se cruzaram com os meus, quando me fez sentir que me amava. Hoje, nesta noite, cada um de nós pode interrogar-se: Qual é a minha Galileia? Onde é a minha Galileia? Lembro-me dela? Ou a esqueci? Andei por estradas e sendas que me fizeram esquecer. Senhor, ajudai-me! Dizei-me qual é a minha Galileia. Como sabeis, eu quero voltar lá para vos encontrar e deixar-me abraçar pela vossa misericórdia.

há 50 anos

Uma ilustre visita na penitenciária Para mostrar a continuação dos projetos do papa João 23, O SÃO PAULO trouxe em sua primeira página, em 26 de abril de 1964, uma matéria sobre a visita do papa Paulo 6º à penitenciária Regina Coeli, em Roma. Para receber o Papa, a penitenciária teve o seu espaço adaptado para um altar, construído por um dos prisioneiros, que tinha como profissão a arquitetura e em alguns meses estaria livre da reclusão. Além de personalidades da magistratura, cerca de 250 reclusos encontravam-se agrupados próximos ao altar, para a recepção do Pontífice. Dentre os presentes entregues para o Paulo 6º, o genuflexório chamou a atenção do Papa por ter sido feito

a mão por um dos encarcerados. Para agradecer a gentileza, o Pontífice, por sua vez, prometeu enviar doces e exemplares dos Evangelhos. Ao se dirigir aos reclusos, o Papa salientou o quanto era necessário ter fé no momento que estavam vivendo: “Vim dizer-lhes, que vós sois dignos de ajuda e de resgate; que o Altíssimo vos permita sair daqui, para iniciar uma existência digna...” Ao realizar a missa, quatro presos serviram de voz para o coro e cerca de 470 detentos comungaram. Ao fim da visita, os seguranças tiveram dificuldade para abrir caminho para o Papa, pois estava cercado pela massa de presos que desejavam se aproximar do ilustre visitante. Capa da edição de 26/4/1964


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dicas de cultura

literatura

Espetáculo ‘Filhos da Dita’ é apresentado no CCJ

Celso Antunes esclarece conceitos e fundamentos da educação

Divulgação

A Cia Arlequins apresenta no Centro Cultural da Juventude (CCJ), na Vila Nova Cachoeirinha, o espetáculo “Filhos da Dita”. A apresentação acontece na sexta, 25, às 20h. A entrada é livre. O espetáculo propõe, de forma bem humorada, uma reflexão sobre os anos de repressão vividos no Brasil, após o golpe de 1964. São discutidas as consequências do acontecimento nos dias atuais. O elenco é formado por Camila Scudeler e Ana Maria Quintal e a direção é de Sérgio Santiago. O espetáculo é recomendado para maiores de 14 anos. O QUE: Peça “Filhos da Dita” QUANDO: Sexta-feira, 25, 20h. QUANTO: Gratuito ONDE: Centro Cultural da Juventude - CCJ (avenida Deputado Emílio Carlos, 3.641, próximo ao terminal de ônibus Cachoeirinha) - http://ccjuve. prefeitura.sp.gov.br.

vamos cuidar da saúde!

Insuficiência renal Um a cada dez brasileiros tem problemas nos rins. Mas não cuidamos dele da forma mais adequada. E seu comprometimento nem sempre apresenta sintomas importante. Caso você se identifique com uma das seguintes perguntas, procure um médico para verificar como está sua função renal: Tem pressão alta ou diabetes? Está acima do peso? Tem mais de 50 anos? Alguém na família já teve problema nos rins? Faz uso constante de anti-inflamatório? Toma medicação por conta própria? Prevenir é sempre melhor que remediar. Dúvidas: dracassiaregina@gmail.com Dra. Cássia Regina é médica atuante na Estratégia de Saúde da Família (PSF).

direito do consumidor

Licença por motivo de doença na família (1) Esse tipo de licença está previsto no artigo 83, da Lei 8112/90 e poderá ser concedida ao servidor por motivo de doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos filhos, do padrasto ou madrasta e enteado, ou dependente que viva às suas expensas e conste do seu assentamento funcional, mediante comprovação por perícia médica oficial, sendo que a licença somente será deferida se a assistência direta do servidor for indispensável e não puder ser prestada simultaneamente com o exercício do cargo ou mediante compensação de horário (§1º, do artigo 83, Lei 8.112/90). Ronald Quene é formado em Direito

Dando continuidade com o lançamento das obras didáticas e paradidáticas de Celso Antunes, a Paulus Editora lança “Introdução à Educação”. Em meio à grande diversidade de publicações especializadas na área, essa obra tem como qualidade maior afastar-se de uma especialização e de maneira objetiva, mas ampla e detalhada, relatar aspectos fundamentais e mudanças que caracterizam a educação no agudo de transição que passamos. Afastandose de uma linha exclusivamente metodológica e teórica, o autor sugere práticas. Quando interrogado sobre vícios, preconceitos e problemas que envolvem a educação brasileira, destaca com especial ênfase a preocupação com o enciclopedismo e a superposição de teorias. “Creio que essas são imprescindíveis, não podendo, entretanto, deixar de se fazer prática. Nesse sentido, o livro perpassa ideias estruturais de múltiplas teorias, sem omitir como fazê-la”, explica. Celso Antunes foi, por mais de três décadas, professor em cursos de graduação e pós-graduação para alunos de pedagogia

e professores iniciantes no magistério. Introdução à Educação é voltada aos alunos dos cursos de Educação e de Pedagogia, para professores iniciantes e todos quantos, inquietos com a

fase de transição que em cada aula se manifesta, buscam uma referência que explica como e por que agir na sala de aula ou em outros ambientes pedagógicos. Ficha Técnica Título: Introdução à Educação Autor: Celso Antunes Coleção: Introduções Acabamento: Costurado Páginas: 208 Formato: 13,5 cm x 21 cm Área de interesse: Educação


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direito canônico

fé e cidadania Luciney Martins/O SÃO PAULO

Os bens preciosos e culturais (2) Padre Carlos Roberto Santana da Silva

De modo particular, na atual época, o patrimônio cultural eclesiástico corre vários perigos: a desagregação das tradicionais comunidades urbanas e rurais, o desequilíbrio ambiental e a poluição atmosférica, as alienações irrefletidas, e por vezes dolorosas, as pressões do mercado de antiguidades, bem como os furtos sistemáticos, os conflitos bélicos e as expropriações contínuas, a maior facilidade de fazer transferências devido a abertura de fronteiras entre muitos países, tal com a escassez de meios de pessoal encarregado de tutelar e, enfim, a falta de integração do sistema jurídico, exige um mecanismo de defesa, e a inventariação é um meio de dissuasão valiosa, um sinal de civismo e um instrumento de tutelar. E a nível eclesiástico, a inventariação é uma tarefa de cada Igreja local, valendo-se das eventuais orientações das Conferências Episcopais e tendo como ponto de referência as diretrizes da Santa Sé. O acordo entre a República

Federativa do Brasil e a Santa Sé relativo ao estatuto jurídico da Igreja Católica no Brasil, no art.6º, estabelece o seguinte: “As Altas Partes reconhecem que o patrimônio histórico, artístico e cultural da Igreja Católica, assim como os documentos custodiados nos seus arquivos e bibliotecas, constituem parte relevante do patrimônio cultural brasileiro e continuarão a cooperar para salvaguardar, valorizar e promover a fruição dos bens, móveis e imóveis, de propriedade da Igreja Católica ou de outras pessoas jurídicas eclesiásticas, que sejam considerados pelo Brasil como parte de seu patrimônio cultural e artístico. §1º. A República Federativa do Brasil, em atenção ao princípio da cooperação, reconhece que a finalidade própria dos bens eclesiásticos mencionados no caput desse artigo deve ser salvaguardada pelo ordenamento jurídico brasileiro, sem prejuízo de outras finalidades, que possam surgir da sua natureza cultural. §2º. A Igreja Católica, ciente do valor do seu patrimônio cultural, compromete-se a facilitar o acesso a ele para todos os que queiram conhecê-lo e estudá-lo, salvaguardadas as suas finalidades religiosas e as exigências de sua proteção e da tutela dos arquivos”.

Páscoa: Fonte de Vida Nova Padre Alfredo José Gonçalves

Páscoa representa vida nova. Eis um dos maiores desejos de todas as pessoas, expresso com frequência nas mensagens pascais. O calendário, aliás, entre outras coisas, tem essa função: abre espaço e tempo para refazer laços entorpecidos e recomeçar a vida. Natal, Páscoa, dia de ação de graças, festas cívicas etc oportunizam um renovação mais ou menos generalizada. O desejo de vida nova, porém, ao mesmo tempo, pressupõe e esconde uma vida velha, existência em declínio, marcada pela rotina que paralisa. De fato, o cotidiano costuma desgastar as relações que, com fios invisíveis e frágeis, tentamos costurar no tecido social: família, amizade, vida comunitária... A engrenagem dos relacionamentos se enferruja, destilando, não raro, tédio, desconfiança, asfixia e até veneno. Quantas vezes lhe falta o óleo lubrificador que faz a máquina funcionar sem “ranger os dentes”. Como se o outono estivese batendo à porta, anunciando o frio do inverno. Resignação, comodismo e inércia costumam ser os sintomas desse processo de envelhecimento precoce. Disso resulta a necessidade de uma injeção de ânimo, no sentido de rejuvenescer o corpo e o espírito. Acomodar-se é ceder o terreno ao inimigo invisível mas inexorável. De onde provém a energia

que nos renova e nos faz retomar o caminho? A resposta é simples e direta: só o amor pode reanimar um organismo em decadência. Só o amor é capaz de conferir vitalidade a uma existência ferida pela necrose progressiva. A necrose, como sabemos, mutila e mata as células de um membro ou de determinada parte do organismo. Se não for diagnosticada a tempo, estende-se a outras áreas e pode conduzir à sua total destruição. Uma a uma, lenta e irremediavelmente, as células vão sendo devoradas pelo espectro silencioso e avassalador da morte. “Eu vim para que todos tenham vida” – diz Jesus Cristo – “e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Aí está o mistério mais profundo da encarnação, vida, obra, morte e ressurreição de Jesus. O tempo litúrgico da Páscoa relembra e celebra esse dom da vida em plenitude. A presença do Filho que “se fez carne e armou sua tenda entre nós” (Jo 1, 1-18) revela o amor incondicional do Pai. Revela-o sobretudo no Mistério Pascal. Primeiro, no alto da cruz, onde, em meio às dores e à tortura mais atroz, Jesus é capaz de perdoar seus assassinos. Na contramão do “olho por olho, dente por dente”, o Crucificado mostra que, diante da violência humana mais atroz, a vingança de Deus é o amor. Revela-o, em segundo lugar, na ressurreição, arrancando o Filho das garras e das trevas da morte e conferindo-lhe uma vida nova, cujo brilho e cuja glória não terão fim. O texto completo pode ser acessado em www.adital.com.br

espaço aberto

A santidade de Anchieta Para assinar O SÃO PAULO: Escolha uma das opções e a forma de pagamento. Envie esse cupom para: FUNDAÇÃO METROPOLITANA PAULISTA, Avenida Higienópolis, 890 São Paulo - SP - CEP 01238-000 - Tel: (011) 3666-9660/3660-3724

ASSINATURA SEMESTRAL: R$ 45 ANUAL: R$ 78 FORMA DE PAGAMENTO CHEQUE (Nominal à FUNDAÇÃO METROPOLITANA PAULISTA) DEPÓSITO BANCÁRIO Bradesco ag 3394 c/c44159-7 COBRANÇA BANCÁRIA

NOME___________________________________________________________ _________________________________________________________________ DATA DE NASC. ___/___/____CPF/CNPJ _________________________________ ENDEREÇO ___________________________________________________________ __________________________________________________________ nº __________ COMPLEMENTO ______________________ BAIRRO ___________________________ CEP ____________ - ___________ CIDADE____________________________________ ESTADO ______ E-MAIL: ________________________________________________ TEL: (__________) ______________________________________ DATA ____/___/____

PADRE ANTONIO MANZATTO

São José de Anchieta é personagem conhecido em nossa cidade e no País inteiro. Ou quase. O fato é que se fala bastante de seu trabalho como educador, como literato, como fundador de cidades, desbravador de terras que vão de São Vicente a Salvador. Compôs o poema da Virgem, foi refém entre os índios, escreveu uma gramática da língua Tupi. Missionário jovem que para aqui veio e se deixou moldar

pelo povo do País que escolheu para viver. Tudo isso é verdade, e é bom que o conheçamos assim. Nunca se poderá esquecer, contudo, de seu compromisso de defesa dos índios, e disso nunca se falará o bastante. Sim, seu propósito missionário era o de evangelizar os índios. Anunciar-lhes uma boa notícia: a de que Deus se encontra de seu lado! Já no início de sua estada no Brasil, enfrentou o governador geral. Duarte da Costa, com quem veio de Portugal, por conta da defesa dos indígenas, que o governador queria tão somente escravizar. Opôs-se às guerras travadas contra os povos indígenas e envolveu-se de

corpo e alma nas negociações de paz quando da Confederação dos Tamoios. Não há dúvidas sobre a santidade de Anchieta, agora afirmada pela Igreja, segundo a disposição do papa Francisco. E não há dúvidas porque ele consagrou sua vida ao serviço dos mais pobres, transformando-se, nos limites de sua época, em defensor da paz para os povos indígenas. Sua santidade foi forjada na dura lida do serviço aos índios, cotidianamente. Não há dúvidas de que esse caminho, o da defesa dos pobres, é caminho de santidade. Foi assim para Anchieta, continua sendo assim para os cristãos de hoje em dia.


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APOSTOLADO DA ORAÇÃO

bioética

Ações do Apostolado da Oração da Arquidiocese de São Paulo

Bioética e CF-2014 (3)

Luciney Martins/O SÃO PAULO

ana25lucia@hotmail.com

O Apostolado da Oração (AO) está presente e tem um trabalho conjunto com diversas pastorais, movimentos e ministérios nas paróquias da Arquidiocese de São Paulo. Participa e ajuda, por exemplo, na celebração da missa como ministros da Eucaristia, da música, leitores, salmistas ou em alguns lugares com ministros da Palavra. O Movimento tem a missão de propagar e praticar a devoção a comunhão reparadora da primeira sexta feira do mês, a Hora Santa, a Consagração das Famílias ao Sagrado Coração de Jesus, a entronização da imagem ou quadro do Coração de Jesus nos lares, realiza novenas, terços e vias-sacras. Também realiza visitas às famílias, faz novenas de Natal e encontros da Campanha da Fraternidade. Há grupos que preparam enxovais para mães carentes, outros doam alimentos, visitam enfermos, idosos, encarcerados e moradores de rua. Faz ainda as orações pelas vocações e pelo auxílio material para o sustento dos seminários; e realiza ações beneficentes como bingo, chá ou mesmo recolhendo produtos de higiene pessoal. Junto às famílias ou na Catequese, o Movimento Eucarístico Jovem (MEJ), seção jovem do AO, representa um campo de Catequese infantil e juvenil para atuação dos membros. Infelizmente, na Arquidiocese de São Paulo, não há muitos grupos de MEJ.

padre Christian de Paul de Barchifontaine

O Oferecimento Diário é uma oração feita diariamente, por meio da qual os membros oferecem a Deus suas orações, trabalhos, sofrimentos e alegrias, pedindo as bênçãos para cada momento vivenciado durante o dia. O AO reza pelas intenções: Universal e pela Evangelização, preparadas mensalmente pelo santo padre, o Papa, e se preocupa em participar de formações, sejam elas, espiritual, bíblica, li-

túrgica, apostólica ou doutrinária. Outra atividade constante é a participação dos membros na reunião mensal, Hora Santa, encontros, retiros, palestras e a utilização de matérias importantes como o Manual do Coração de Jesus, livros sobre a devoção, a revista Mensageiro do Coração de Jesus, e os bilhetes mensais disponibilizados pelas Edições Loyola. Por Ana Lúcia Contarelli

PASTORAL DA CRIANÇA

Pastoral é contrária a alteração da meta 5 do Plano Nacional de Educação p_crianca@terra.com.br

A Pastoral da Criança, desde sua criação, defende que a criança tenha espaço, tempo e o direito de ser criança. Tenha garantido o seu tempo para brincar e explorar o mundo. A alteração da meta 5 do Plano Nacional de Educação (PNE), visando antecipar a alfabetização plena aos 6 anos de idade, vem ferir esse direito. O Plano Nacional de Educação, apresentado pelo governo federal em 2011, apresenta dez diretrizes objetivas

e 20 metas. O texto prevê formas de a sociedade monitorar e cobrar cada uma das conquistas previstas. A meta 5 - “alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o final do 3º (terceiro) ano do ensino fundamental”, pressupõe a alfabetização como um processo contínuo, que respeita o modo de ser e pensar da criança em desenvolvimento. A mudança no texto, antecipando a alfabetização plena aos 6 anos de idade, “significa olhar apenas para números, esquecendo que atrás deles estão crianças, suas famílias

e professores, que terão que atingir um resultado, independentemente de onde partiram e das condições que lhe são oferecidas”, relata a nota produzida pela Rede Nacional Primeira Infância - RNPI. A Pastoral da Criança, participante da RNPI, se une às demais instituições contra essa alteração na meta 5, por entender que a criança deva ser respeitada, deva ter garantindo o seu direito de brincar e aprender no seu ritmo. Por Daniel Zampieri

espaço do leitor

‘No hospital, retiraram os órgãos do meu filho ainda vivo’ (edição 2997)

qualidade. Que Deus abençoe a to- Um abraço”. Carlos Alberto Beatriz (pelo Facebook) dos!” Sueli Camargo (pelo Facebook)

“Acontece todo dia, aos montes... uma tragédia em que o governo simples- E o bebê, tem que pagar mente vira as costas: não previne, não ingresso? (edição 2997) combate, e não dá qualquer tipo de as- “Pô, sacanagem isso aí, hein...” sistência às famílias das vítimas. Um Arthur Kleiber (pelo Facebook) horror, onde muitos ganham muito!” Ligia Cássia

Sobre o jornal

“É verdade? Está em meio digital definitivo? Poderei ler do IPAD e do ce“Belíssima capa! Parabéns para a lular? Muitas perguntas, mas agradeequipe do jornal O SÃO PAULO cido pela iniciativa. A semana vai ser por mais uma edição de extrema difícil e trabalhosa. Muitos eventos.

Semana Santa (edição 2998)

Superintendente da União Social Camiliana

“A plástica do O SÃO PAULO está linda. Fico feliz em ver/ler o trabalho profissional e competente da equipe. Parabéns pelo profissionalismo e dedicação”. Osnilda Lima (pelo Facebook)

Redação do jornal O SÃO PAULO. Endereço: Avenida Higienópolis, 890, São Paulo (SP), CEP. 01238-000. E-mail: osaopaulo@uol.com.br Twitter: @JornalOSAOPAULO Facebook: Jornal O SÃO PAULO

O 2º Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (2013-1016) pretende: a integração e fortalecimento das políticas públicas, redes de atendimento e organizações para a prestação de serviços; capacitação para o enfrentamento; produção, gestão e disseminação de informação; campanhas e mobilização. Há necessidade de conscientizar a sociedade da importância de informar, de denunciar ao poder público para que se possa investigar e punir os que praticam o crime do tráfico humano, através dos canais oficiais de denúncia disponíveis em todo o Brasil. A Igreja é solidária com as pessoas traficadas e comprometidas com a evolução da consciência sobre o valor da dignidade humana, fundamentada na Sagrada Escritura. Essa dignidade é assumida na medida em que o ser humano vive seus relacionamentos: consigo, com a natureza, com o outro e com Deus em seu plano de amor. A ruptura dessas relações leva ao pecado da violência, da exploração do outro, agressões à dignidade humana, como o tráfico de pessoas. A Boa Nova de Jesus como vemos em Gálatas “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (5,1) é uma liberdade para o serviço (Rm 6,22) e para o compromisso com a justiça do Reino (Rm 6,16). O “Fostes chamados para a liberdade” (Gl 5,13) nos impele a vencer a idolatria do dinheiro, da ideologia e a tecnologia que se encontra na origem do pecado do tráfico humano, em que o ter sobrepõe-se ao ser. Todo cristão é ungido no Batismo para ser um libertador como Jesus, por isso, o tráfico humano não é somente uma questão social, mas também, eclesial e desafio pastoral. A Igreja é desafiada a ser advogada da justiça e a defensora dos pobres, cabe a ela emprestar sua voz para quem não consegue gritar, denunciar. Os três caminhos de ação que desponta são: prevenção, cuidado pastoral das vítimas e a sua proteção e reintegração na sociedade. O tráfico humano, beneficiado por preconceitos sociais, raciais e sexuais, agride a dignidade e liberdade de todos. Por isso, sua erradicação deve ser assumida por todos. Uma conversão dos corações para a solidariedade e cuidado que aponta para um caminho de menos opulência, menos concentração de riqueza e esbanjamento. Várias pastorais e vários organismos envolvidos com o tema foram reunidos pela CNBB (2011) no Grupo de Trabalho de Enfrentamento ao Tráfico Humano. Sem essas articulações da Igreja e também com a sociedade civil, não se transformará em realidade os três Ps (prevenção, punição e proteção) planejados pelo 2º Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (2013-216).

O tráfico humano, beneficiado por preconceitos sociais, raciais e sexuais, agride a dignidade e liberdade de todos. Por isso, sua erradicação deve ser assumida por todos. Uma conversão dos corações para a solidariedade e cuidado que aponta para um caminho de menos opulência, menos concentração de riqueza e esbanjamento


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Mundo do trabalho – pastoral operária

COMIAR

1º de Maio de celebração e de luta em São Paulo

Não há missão sem encontro com Cristo

Membro da Pastoral Operária Metropolitana

José Lucas dos Santos

Em todos os anos, no dia 1º de maio, as centrais sindicais promovem mega-shows e disputam quem têm mais público em suas atividades. Felizmente, o 1º de maio em São Paulo não se resume somente à festa. Como ocorre tradicionalmente na Catedral Metropolitana, acontece a Celebração de São José Operário, para nós a Missa do Trabalhador, preparada pelo Secretariado Arquidiocesano de Pastoral. Essa celebração para todos os que são convidados vai refletir o momento pelo qual passa o trabalhador, e com especial olhar, quer demonstrar a solidariedade e compromisso da Pastoral Operária com o sofrimento e com as lutas das diversas categorias de trabalhadores e trabalhadoras, de modo particular em São Paulo. A Campanha da Fraternidade de 2014 procura chamar a atenção para o tráfico humano, com preocupação para o “trabalho escravo”, em que a pessoa humana é tratada como mercadoria, pois suas energias, sugadas em jornadas exautivas, aniquilam suas forças e a tornam força de trabalho descartável. A esses trabalhadores surgem, solidários e solidárias, ações da Pastoral na zona norte – Região Santana, procurando criar as condições para que possam se organizar e resistir.

Os trabalhadores vítimas das Obras da Copa

O Brasil passa por momentos em que se estimula uma falsa euforia com o advento da Copa da FIFA das grandes empreiteiras. Nas obras dos estádios até agora morreram nove operários e mais de uma dezena ferida, tudo dentro dos horários de

trabalho. A última vítima, na obra do estádio da Odebrecht, em Itaquera – zona leste de São Paulo, despencou de uma altura de mais de oito metros, por absoluta negligência nas condições de trabalho. A família até hoje luta na justiça para ter seus direitos reconhecidos. O descaso com as mortes e acidentes com os trabalhadores chega ao absurdo de Edson Arantes do Nascimento – o Pelé –, dizer que isso não tem importância, pois acontece. A indústria da Construção Civil assassinou de 2012 até os dias de hoje mais de uma centena de trabalhadores no Estado de São Paulo, sem contar o número espantoso de trabalhadores acidentados dentro do local de trabalho, por pura negligência. Também devemos lembrar as péssimas condições dos trabalhadores no comércio de bares e restaurantes de São Paulo, com constantes situações de risco à sua integridade física e mental. São tantas as situações de exploração em diversas categorias, são tantos os descasos e negligências que a Pastoral Operária na Arquidiocese e na cidade de São Paulo, o Fórum das Pastorais Sociais da Arquidiocese, organizações sindicais, populares e culturais, partidos políticos estão organizando, depois da Celebração de São José Operário, um ato conjunto com o objetivo de denunciar, marcando este momento, que a exploração velada e maquiada vitima a classe trabalhadora, ainda que alguns tentem escamotear e esconder essa dura realidade na cidade de São Paulo. Por isso, inspirados nas palavras do papa Francisco quando diz: “hoje devemos dizer não à uma economia de exclusão e da desigualdade social, essa economia mata”. Assim, convidamos todos os católicos e as católicas a partilharem da Celebração de São José Operário no dia 1º de maio, às 9h, na Catedral da Sé.

Iintegrante do Comiar da Arquidiocese de São Paulo

Irmã Carolyn Moritz

Durante o tempo de Páscoa, todos os Evangelhos tocam a ressurreição. Em cada ocasião, vimos os discípulos encontrando Jesus Ressuscitado. O Evangelho de Lucas 24, 13-35, que é a narração da experiência dos dois discípulos voltando a sua casa na cidade de Emaús, é uma das mais completas expressões da vocação missionária. Vamos anotar aqui que provavelmente esses dois discípulos eram um casal, lembrando que um era Cleofas e que no Evangelho de João vimos que “A mãe de Jesus, a irmã da mãe dele, Maria de Cleofas, e Maria Madalena es-

tavam junto à cruz”. (João 19,25). Seria obvio que os dois estavam voltando juntos. Isso é um ponto interessante e inclui a mulher na vocação missionária. Mas a mensagem importante desse Evangelho é a descrição da vocação missionária. O que é central na vocação de todo cristão que deve ser missionário? Vamos caminhar por esse casal. No começo da narração, encontramos os discípulos desanimados. Seu entendimento do Messias e sua missão foram tombados. Jesus foi crucificado e morto. Todas as suas esperanças também foram tombadas. No meio de sua caminhada Jesus apareceu. Isso é o primeiro passo na caminhada de ser missionário. Sem um encontro com Cristo não há missão. Os discípulos no caminho de Emaús descobriram que a

missão de Jesus não terminou com sua morte. Nesse encontro, descobrem a Ressurreição. Jesus explica as escrituras sobre o Messias e “o coração arde”. Mas somente na partilha do pão, seus olhos estão abertos e reconhecem Jesus. No encontro há um novo olhar. Com os olhos abertos, têm uma nova motivação. E com isso voltaram a Jerusalém para levar a Boa Nova que o Messias está vivo; ressuscitou! A missão dos dois começou! Para nós é a mesma coisa – está no partir do Pão, na Eucaristia, em que descobrimos a missão de Cristo. Somente com esse encontro, somos capazes de se levantar e voltar a nossa Jerusalém para levar a Boa Nova a quem está lá. Somente nesse encontro, podemos começar nossa jornada de discípulos-missionários de Jesus Cristo. Edcarlos Bispo/O SÃO PAULO

PASTORAL DO DÍZIMO

Com o Dízimo, transformaremos a Terra Integrante da Pastoral do Dízimo da Arquidiocese de São Paulo

Marta Sampaio Lima Elia

Será ainda possível? Com tantas guerras, tráfico de drogas, sexo desregrado, roubos imensos, sequestros, injustiças sociais, misérias e tantas outras coisas? Partindo do princípio de que nada é impossível para quem ama a Deus, imaginemos que muitas paróquias, como já é nossa realidade, implantaram o Dízimo e estão com ótimo serviço de evangelização; conseguem cuidar de seus pobres e sustentar as pastorais. Continuemos imaginando:

mais uma paróquia; outra mais; paróquias de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Piauí, Santa Catarina, enfim, do Brasil, das Américas, Europa, do mundo todo. Se houver boa mobilização da Igreja, dos sacerdotes e membros das pastorais, principalmente da Pastoral do Dízimo, será possível! Os cristãos precisam unir as forças e trabalhar muito nesse sentido. O Dízimo, “dinheiro do céu”, do amor, da partilha, que proporciona evangelização, deve correr o mundo levando a paz, o amor e a alegria a todos os povos. Em 2 Cor 8, 13-15 lemos: “Não se trata de vos sujeitar à penúria ajudando os outros,

mas de estabelecer a igualdade. Nessa ocasião, o que tendes em demasia compensará o que eles têm de menos, para que um dia o que eles tiverem em demasia compense o que tiverdes de menos: assim haverá igualdade como está escrito: a quem colhera muito nada sobrou, a quem colhera pouco nada faltou”. Atualmente, em primeiro lugar, está a economia. O capital é empregado na especulação mundial. O homem não é mais o centro. Os pobres ficaram miseráveis. Já pensou como seria bom se todos os homens pusessem o Dízimo - Plano Econômico de Deus - em ação? Você pode fazer a diferença!


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Para ajudar a população da Síria e dos países vizinhos A Caritas Internacional, a Caritas Brasileira e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançaram uma campanha de arrecadação de recursos para enviar à Síria e aos países vizinhos. Para ajudar é só depositar qualquer quantia no Banco do Brasil – Agência 3475-4 – Conta 29.596-5. Informações: (11) 3241-3239. Diocese de União de Vitória

113ª Romaria Arquidiocesana a Aparecida

Dom João Bosco assumirá Diocese de Osasco

Bispo já trabalhou na Arquidiocese de São Paulo e desde 2007 está à frente da Diocese de União de Vitória (PR)

Daniel Gomes Redação

“Ao povo de Osasco, quero bater na porta com humildade, pedir guarida, vou com alegria, sempre disposto a servir. Desde já, contem com minhas orações e peço o mesmo de todos”, disse, em entrevista ao jornal Estrela Matutina, da Diocese de União de Vitória (PR), dom João Bosco Barbosa de Souza, 61 anos, nomeado bispo da Diocese de Osasco, na quarta-feira, 16, pelo papa Francisco. Dom João Bosco, desde 2007 bispo de União de Vitória, substituirá a dom Ercílio Turco, que teve seu pedido de renúncia aceito pelo Papa.

realiza:

Natural de Guaratinguetá (SP), dom João Bosco fez sua profissão religiosa, tornando-se frade franciscano, em 1972, três anos depois, realizou profissão perpétua e foi ordenado padre em 1978. Inicialmente, foi vigário paroquial na Paróquia Santo Antônio do Pari, na capital paulista, depois, entre 1983 e 1986, foi pároco na Paróquia São Francisco de Assis, na Vila Clementino, e neste mesmo período cursou jornalismo na PUC-SP. Após oito anos de trabalhos no Rio de Janeiro, retornou a São Paulo, em 1995, para atuar na mesma igreja onde fora pároco. No ano seguinte, foi escolhido pela Província Franciscana para ser diretor de uma rede de Rádio e TV sediada em Pato Branco (PR), onde permaneceu por sete anos, até novo retorno a São Paulo, para a mesma Paróquia São Francisco de Assis, até ser nomeado, em 2007, bispo de União de Vitória, pelo papa Bento 16. “Acompanhamos dom João Bosco com nossas preces, suplicando a Deus para que faça frutificar em muitas bênçãos seu pastoreio

junto a todas as comunidades da Igreja Particular de Osasco, sob a proteção de São Francisco de Assis. Na ocasião, em nome dos irmãos do episcopado, agradecemos a dom Ercílio Turco a dedicação à Diocese de Osasco. O Senhor lhe conceda saúde e paz”, expressou a CNBB, por meio de seu secretário geral, dom Leonardo Ulrich Steiner, bispo auxiliar de Brasília.

A Arquidiocese de São Paulo convida todos a participar da 113ª Romaria a Aparecida, sob o tema “Com Mãe Aparecida, Mestra de Vida Cristã”, no dia 4 de maio, com missa na Basílica, às 10h, presidida pelo cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano. Os interessados devem procurar a sua paróquia para informar-se. Nela está sendo organizada saída de ônibus à Aparecida. Se não, o pároco indicará a paróquia mais próxima. Antes da Missa, terá a entrada das bandeiras das regiões. Todos os peregrinos deverão levar consigo um lenço medindo 30x30, de TNT, na cor da sua região, o qual será agitado em determinados momentos. A organização orienta que os peregrinos não saiam tarde de São Paulo para que não corram o risco de não conseguir estacionar os ônibus ou carros. “Nos preparamos para a 113ª Romaria Arquidiocesana para Aparecida, que será feita, como todos os anos, no 1º Domingo de maio, dia 4/05. Nossa Missa na Basílica de Aparecida será às 10h. Sei que já há uma movimentação do povo para organizar os grupos da Romaria; peço aos Padres que incentivem a participação do povo na Romaria. A Arquidiocese de São Paulo tem uma relação estreita com a devoção a Nossa Senhora Aparecida, cujo Santuário pertenceu à Arquidiocese até 1958; só então foi criada a Arquidiocese de Aparecida e a Basílica passou para ela” afirma o cardeal Odilo Pedro Scherer, em carta aos bispos auxiliares e padres da Arquidiocese de São Paulo. Fonte: www.arquidiocesedesaopaulo.org.br

Dom João Bosco Barbosa de Souza, ofm Nascido em Guaratinguetá (SP), em 1952; Fez profissão religiosa como frade franciscano em 1972; Ordenado padre em 1978; Nomeado bispo de União de Vitória (PR), em 2007, pelo papa Bento 16; Nomeado bispo de Osasco (SP), pelo papa Francisco em 16 de abril de 2014; Lema episcopal: “Cristo nossa vitória”.

15ª Turma 01 a 07 de junho em São Leopoldo/RS Inscreva-se: www.institutoaxis.com.br - (31) 3284-6480

Exclusivo: Provinciais e Conselheiros


10 | Geral |

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Igreja pelo mundo

Destaques das Agências Internacionais Católicas Padre michelino roberto diretor do o são paulo

VATICANO

Papa Francisco aos participantes do Congresso de Cirurgia Oncológica: “Sejam guiados por uma visão integralmente humana da enfermidade”

O papa Francisco recebeu um grupo de cerca de 120 profissionais de saúde, participantes do Congresso de Cirurgia Oncológica realizado em Roma. Em seu discurso, lembrou que a pesquisa científica multiplicou as possibilidades de prevenção e de cura, descobrindo terapias para o tratamento de patologias mais variadas, e acrescentou: “Vocês também trabalham para isso. Trata-se de um serviço de alta importância, que dá resposta às expectativas e às esperanças de muito enfermos no mundo inteiro. Mas, para falar de plena saúde, é preciso não perder de vista a pessoa humana, a unidade de corpo e alma criada à imagem e semelhança de Deus. Estes dois elementos são distintos, mas não separados, porque a pessoa é una”.

TERRA SANTA

Patriarca de lomeu I recorda várias questões e 26 de maio, pretende assinalar Constantinopla antecipa que hoje pedem uma “ação con- os 50 anos do histórico enconencontro com o Papa junta da parte das Igrejas cristãs”, tro realizado na mesma cidade

O Patriarca ecumenico de Constantinopla, Batolomeu I, afirmou que seu encontro com o Papa Francisco, marcado para 25 e 26 de maio em Jerusalém, surge num momento em que o mundo precisa urgentemente de “sinais de reconciliação”. Numa entrevista veiculada pelo serviço informativo da Santa Sé, Barto-

como “o sofrimento das pessoas em todos os cantos do planeta”, as “dificuldades” que enfrentam os cristãos em países como o Iraque, a Síria e o Paquistão e a instrumentalização da religião “para fins políticos e de outro tipo”. A visita do Papa a Bartolomeu I, inserida na viagem de Francisco à Terra Santa, entre 24

entre o Papa Paulo VI e o então patriarca Atenágoras I. Bartolomeu I espera que a iniciativa permita aos líderes das Igrejas cristãs “darem passos decisivos” rumo à “reconciliação” e assumirem-se como resposta para “as necessidades urgentes deste tempo”. Fonte: Ecclesia

L’Osservatore Romano

Adrianne recebeu um nervo e uma artéria da perna de seu marido, para que a prótese pudesse ser implantada. O professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), Hugh Herr, que teve as duas pernas amputadas após um acidente em 1982, conheceu a dançarina quando estava hospitalizada, e percebeu que talvez pudesse ajudá-la. Com uma equipe de especialistas em próteses, robótica e biomecânica, conseguiu desenvolver a perna adapda para a dança. O marido de Adrianne, o capitão da Aeronáutica Adam Davis, doou um nervo e uma artéria de seu pé esquerdo para a esposa, que declarou: “Estou muito animada de ter dançado de novo. Foi revigorante dançar em público com minha nova perna e perceber que meu retorno pode ter o poder de inspirar outras pessoas a alcançarem suas metas e serem proativas”. Fonte: La Cara Amable del Mundo

Fonte: Rádio Vaticano

“O Seminário não é abrigo: que é a mãe. Nunca se esque- tou: “Nunca tive uma televisão; juntaram-se ao Arcebispo. Dom Ai dos maus pastores!” çam dela! Os místicos russos só tive um rádio. As pessoas es- Áquila subiu os degraus do Ca-

No encontro com os seminaristas do Pontifício Colégio Leoniano de Anagni, na Sala Clementina do Palácio Apostólico, o Papa Francisco falou aos jovens aspirantes ao sacerdócio sobre os “quatro pilares da educação”, segundo ele: “A vida espiritual, forte; a vida intelectual, séria; a vida comunitária e a vida apostólica”, não necessariamente nessa ordem de importância. A reunião com os futuros sacerdotes da região do Lazio deu ainda ocasião ao Santo Padre para advertir: “Ai dos maus pastores, porque o seminário, digamos a verdade, não é um refúgio para as muitas limitações que possamos ter, um refúgio porque eu não tenho a coragem de seguir em frente na vida e busco um lugar que me abrigue. Não, não é isso. Se o seminário de vocês fosse isso, ele se tornaria uma hipoteca para a Igreja! Não, o seminário é justamente para seguir em frente nesse caminho. E quando ouvimos os profetas dizerem ‘ai!’, que esse ‘ai!’ lhes faça refletir seriamente sobre o futuro de vocês”. Se não for assim, aconselhou o Papa, “é melhor ter coragem para encontrar uma outra maneira (de viver)”. E concluiu: “Acompanho-os com a minha oração e a minha bênção, e os confio à Virgem,

a apresentação de um número de rumba, usando uma prótese especial. A performance foi parte da conferência TED 2014, em Vancouver, no Canadá.

diziam que, no momento das turbulências espirituais, é preciso se refugiar sob o manto da Santa Mãe de Deus, e não sair de lá, cobertos com o manto. E, por favor, rezem por mim”. Fonte: Asia News

SUÍÇA

Adaptar-se ou morrer?

A falta de adaptação, – à tecnologia, ao consumismo e à comida fast food – parece ser uma nova justificativa para se pedir a eutanásia na Suíça. A vítima do último assassinato legalizado tem nome e tem história: inglesa de nacionalidade, queniana de nascimento, Anne era aposentada como professora de arte e fez seu apelo para morrer alegando, simplesmente, a inadaptação descrita acima. O pedido foi aceito e essa senhora de 89 anos foi legalmente assassinada. A professora tinha declarado em várias ocasiões que “as coisas não eram mais como antes”. Em entrevista concedida ao The Sunday Times, dias antes de morrer (‘It’s adapt or die — she couldn’t adapt’, 6/4/2014), Anne manifestou seu horror a uma sociedade em que “tantas pessoas passam a vida sentadas na frente de um computador ou de uma televisão”, e acrescen-

tão cada vez mais afastadas. Es- pitólio rezando o Terço da Ditamos virando robôs. Isto é falta vina Misericórdia, junto com a de humanidade”. multidão: “A principal preocupação que muitos têm sobre esse O caso está se transforman- projeto de lei é que é ao mesmo do em bandeira para grupos que tempo extremo e perigosamente promovem a eutanásia sob qual- ambíguo. Ao contrário do que alquer pretexto (a professora não guns relatórios tentam apresentar tinha nenhuma doença grave como fato, esta legislação abre que pretensamente justificasse as portas para que se desafiem as a aplicação da eutanásia). E foi normas vigentes, especialmente novamente a célebre “clínica” através do sistema judicial”, dissuíça Dignitas que fez valer o se o Arcebispo. princípio de que “qualquer moEm 11 de abril, numa carta tivo é válido para matar”. aberta, dom Áquila conclamou Fonte: Zenit “todos os cidadãos de boa vontade do Colorado” a dedicar ao meESTADOS UNIDOS nos 10 minutos de oração para a Bispos pedem oposição derrota do projeto de lei. Três dias radical à lei do aborto depois, ele e os bispos Michael J. Três bispos enviam cartas Sheridan (Colorado Springs), e aos deputados estaduais pedindo Stephen J. Berg (Pueblo), enviaoposição ao projeto de lei que ram cartas aos deputados. visa definir o aborto como “direiFonte: Catholic News to fundamental” no Estado norteProfessora de dança, americano do Colorado. Em 10 sobrevivente do ataque de abril, a medida foi aprovada de Boston, teve a perna (por 4-3 votos), e segue agora amputada, mas volta para o Plenário. a dançar graças à O Arcebispo de Denver, dom tecnologia e ao amor do Samuel J. Áquila, liderou pessoesposo almente um grupo que se maniQuando perdeu (a maior) parfestou com orações em frente te de sua perna esquerda após os ao Capitólio, na tarde de 15 de ataques à bomba na Maratona abril, enquanto uma audiência de Boston, em 2013, Adrianne sobre a medida acontecia no Se- Haslet-Davis achou que nunca nado. Esta acabou sendo adiada mais voltaria a dançar. Na última para o dia seguinte, quando mais quarta-feira, porém, a bailarina de 1000 manifestantes pró-vida profissional subiu ao palco para

PANAMÁ

A Igreja convida à serenidade e a participar do voto responsável

Os representantes da Igreja e de outros setores da sociedade do Panamá estão preocupados com o clima político que se tornou particularmente tenso no último período da campanha presidencial, e convidaram a população a ter calma, recordando a importância do voto. O arcebispo de Cidade do Panamá, dom José Domingo Ulloa, pediu a todos os políticos que serão eleitos em 4 de maio que tenham sempre em primeiro lugar o bem comum da sociedade e a tutela dos mais vulneráveis. Dom Ulloa também recordou aos cidadãos que é dever deles votar conscientemente, enquanto será responsabilidade de cada um escolher o melhor candidato, pedindo ainda aos meios de comunicação de massa que evitem a publicidade difamatória. A Conferência Episcopal do Panamá propôs aos políticos aderirem ao Pacto Ético, pelo mútuo respeito durante a campanha eleitoral. A tensão cresceu nos últimos tempos porque partidos políticos começaram a veicular propaganda difamatória contra seus adversários, no lugar da tradicional campanha eleitoral, além de vários confrontos violentos que ocorreram nas ruas, entre simpatizantes de partidos opostos. Fonte: Fides


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Capelania Pessoal Polonesa realiza missa pela canonização de João Paulo 2º No domingo, 27, às 11h, a Capelania Pessoal Polonesa e a Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora (rua Três Rios, 75, próximo da estação Tiradentes do metrô) se reúnem para a missa solene pela canonização do papa João Paulo 2º. A presidência será de dom Tarcísio Scaramussa, bispo auxiliar da Arquidiocese. Informações em (11) 3227-6023.

27 de abril: um dia para os santos papas Nayá Fernandes e Daniel Gomes Redação

A canonização de dois papas na história da Igreja Católica não é algo de todo inédito. O próprio papa João Paulo 2º, no ano 2000 beatifi-

cou os papas João 23 e Pio 9º, que mostra-se fiel a essa tradição. representam momentos eclesiais Semelhantes e diferentes, os padistintos. A Igreja parece manter a pas e, a partir do dia 27 de abril de conciliação dos opostos, e Francisco 2014, santos João 23 e João Paulo 2º,

João 23 pela paz e pelo diálogo entre a Igreja e o mundo João 23, eleito para ser “um papa de transição”, surpreendeu com a convocação do Concílio Vaticano 2º, que “abriu as janelas” da Igreja e foi um acontecimento marcado profundamente pelo desejo de mudança e diálogo com o mundo. Tais transformações podem ser verificadas em afirmações como a de que Igreja é Povo de Deus e há um sacerdócio comum dos fiéis. Aspecto essencial do Concílio foi recolocação da Palavra de Deus como centro de toda a reflexão eclesial e teológica e a abertura ao mundo moderno. A Igreja tem seu lugar próprio no mundo, aberta à humanidade e ao humanismo, como ensina a Gaudim et Spes. Outros temas importantes do Concílio são: a reforma litúrgica, o ecumenismo, os meios de comunicação e os Direitos Humanos. Em entrevista ao O SÃO PAULO, padre Oscar Beozzo, historiador, comentou a Pacem in Terris, encíclica escrita por João 23 antes do Concílio. “Ele tomou a iniciativa de escrever diretamente a Kennedy e a Kruscev, e a encíclica nasceu diretamente da crise dos mísseis ou crise de Cuba, com a instalação pelos soviéticos em Cuba de mísseis com ogivas nucleares, em outubro de 1962.” O “Papa bom”, como era chamado, conseguiu que sua voz fosse ouvida e que, superada a crise, fosse instalado o telefone vermelho com ligação direta e constante entre a Casa Branca e o Kremlin, para evitar qualquer má interpretação das intenções recíprocas ou eventual passo em falso que desencadeasse guerra termo-nuclear. “Ele alertava que tão ou mais importante que a redução das armas era o desarmamento dos espíritos, a criação de um clima de confiança mútua e a construção das bases para um frutuoso diálogo”, explicou Beozzo, ainda sobre a Pacem in Terris. Pouco antes da abertura do Concílio,

serão canonizados no Vaticano pelo atual Pontífice. Os dois Joãos, homens da Páscoa, testemunharam a Palavra de Deus no seguimento de Jesus.

João Paulo 2º e a abertura às demais religiões

Reprodução

Reprodução

João 23 foi alertado por seus médicos, do prognóstico sombrio de que, por causa do câncer intestinal que fora detectado, teria apenas alguns meses mais de vida. Nesse horizonte de sua morte pessoal próxima e anunciada, pode-se dizer que o discurso de abertura do Vaticano2º a Gaudet Mater Ecclesia (Alegra-se a Mãe Igreja) foi o testamento espiritual de João 23 para a Igreja, enquanto a Pacem in Terris foi seu testamento para a humanidade toda.

O papa João Paulo 2°, que permaneceu quase 27 anos à frente da Igreja Católica, teve o grande mérito do diálogo com o Judaísmo, pois foi o primeiro Papa da história a visitar uma sinagoga de Roma. Foi também o primeiro a ir até o Muro das Lamentações e a promover o diálogo com outras religiões, como os dois encontros em Assis e o convite à oração em comum. “Outra característica é a internacionalização da Igreja Católica”, apontou o te-

ólogo Vito Mancuso, em entrevista à uma TV italiana. O Papa teve grande abertura a outras religiões e merece destaque a maneira que lidou com questões éticas, sobretudo em relação à bioética. João Paulo 2° também lutou durante todo o seu papado contra os comunistas e criticou alguns excessos do capitalismo. No Brasil, o Papa esteve em três ocasiões. A primeira delas, em 1980, foi marcada pela expectativa dos brasileiros em receber pela primeira vez um papa no país e pela beatificação do jesuíta espanhol José de Anchieta, fundador da cidade de São Paulo. Na ocasião, ele participou do 10° Congresso Eucarístico Nacional, realizado entre 30 de junho a 12 de julho 1980, em Fortaleza, no Ceará. A segunda aconteceu em 1991, quando o Pontífice aproveitou para visitar Irmã Dulce, em Salvador, que estava com a saúde debilitada. A religiosa ficou conhecida por se dedicar às crianças carentes da Bahia. A última passagem de João Paulo 2° pelo Brasil foi em 1997, quando rezou uma missa campal no Aterro do Flamengo, para 2 milhões de pessoas, e participou do 2º Encontro Mundial do Papa com as Famílias. Ele ficou por quatro dias na cidade. Em seus discursos, condenou o divórcio, o aborto e os métodos contraceptivos. Em 1982, o papa João Paulo 2º fez uma visita não oficial ao País ao realizar um rápido discurso durante a escala de seu voo no Rio de Janeiro. Ele tinha quanto destino a Argentina. Durante as três visitas no Brasil, tanto o Vaticano quanto os Correios editaram selos comemorativos para registrar a passagem do Pontífice.


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Papa Francisco reforça: ‘Não tenham medo’ L’Osservatore Romano

No Tríduo Pascal, o Pontífice recordou situações de sofrimento, mas destacou a alegria de crer na ressurreição Filipe Domingues

Especial para O SÃO PAULO, em Roma

Não tenham medo. Uma frase do Evangelho que se tornou célebre na boca de João Paulo 2º foi repetida com ênfase pelo papa Francisco na Vigília Pascal, no Sábado Santo, na Basílica de São Pedro, no Vaticano. Francisco se referia ao momento em que, conforme São Mateus, um grupo de mulheres percebe que o corpo de Jesus já não está mais no sepulcro. Quando se encontram com Jesus ressuscitado no caminho, elas se assustam, mas Cristo diz: “Não temais. Ide anunciar aos meus irmãos”. Para o Pontífice, essa forte afirmação “é uma voz que encoraja o coração”. O destaque para esse trecho não ocorre por acaso. Embora o papa Francisco não tenha feito nenhuma referência explícita a

João Paulo 2º, nos últimos meses vem sinalizando sua sintonia com os papas que serão canonizados em 27 de abril – João Paulo 2º e João 23. Para citar dois exemplos: no Domingo de Ramos, Francisco usou vestes que pertenceram a Karol Wojtyla (João Paulo 2º). E, já no último Natal, visitou o hospital infantil Bambino Gesù (Menino Jesus), como fizera Angelo Roncalli (João 23). “Caros irmãos e irmãs, não

tenham medo de acolher Cristo e de aceitar o seu poder!”, proclamou João Paulo 2º na primeira homilia de seu pontificado, em 1978. “Não tenham medo! Abram, ou melhor, escancarem as portas a Cristo!” A frase está exposta em vários cartazes da cidade de Roma, que nesta semana intensifica os preparativos para as canonizações. Organizadores preveem a chegada de 5 a 7 milhões de peregrinos de todo o mundo para o evento.

Semana Santa

Foi a segunda vez que Jorge Mario Bergoglio celebrou o Tríduo Pascal como papa. Neste ano, ele decidiu celebrar a Missa de Lava-Pés em um centro para pessoas com deficiência física, e assim resumiu a mensagem de Cristo: “Ele é Deus e se fez servo, nosso servidor. É esta a herança: também vocês devem ser servidores uns dos outros.” No mesmo dia, pela manhã, o Papa celebrou a Missa do Crisma na Basílica

de São Pedro, que se encheu de padres e bispos do mundo inteiro. Com eles, lembrou o dia em que Cristo instituiu o sacerdócio. “O Senhor nos ungiu com óleo de alegria”, disse. “A alegria do sacerdote é um bem precioso não só para ele, mas para todo o povo fiel de Deus.” Na Sexta-feira da Paixão, a via-sacra reuniu 40 mil pessoas ao redor do Coliseu, em Roma, e recordou diversos tipos de crises vividas pelo ser humano: refugiados, mulheres vítimas de violência, crianças doentes, prisioneiros, desempregados, pessoas que vivem na miséria... “A cruz de Cristo era pesada como a noite das pessoas abandonadas. Mas diante da cruz, sentimos o quanto somos amados e nos sentimos filhos de Deus.” No domingo de Páscoa, Francisco retomou o raciocínio, falando na bênção Urbi et Orbi (Para a cidade e para o mundo) de situações de violência na Síria, na Nigéria, na República Centroafricana, na Venezuela, no Sudão do Sul e na Ucrânia. Mas o Papa deu uma mensagem de esperança, pois, conforme afirmou, a ressurreição é o verdadeiro ápice do Evangelho. “É a Boa-Notícia por excelência: Jesus crucificado ressuscitou! Por isso, digamos a todos: venham e vejam!”

Um dia de bênção para Roma e todo o mundo Padre Cido Pereira

Redação

Ao final da missa de Páscoa, que celebrou no domingo, 20, em Roma, o papa Francisco proferiu a bênção Urbi et Orbi (para a cidade de Roma e para o mundo), que, no início, recordou o anúncio do anjo às mulheres: “Não tenhais medo. Sei que buscais Jesus, o crucificado; não está aqui, pois ressuscitou (...). Vinde, vede o lugar onde jazia” ( Mt 28, 5-6). Para o Papa, esta é a BoaNova, por excelência: “Jesus, o crucificado, ressuscitou!” Ela é a base da nossa fé e nossa esperança. Ela dá sentido ao Cristianismo e à missão da Igreja. E cabe aos cristãos levar ao mundo esta mensagem: “o Amor encarnado morreu na cruz por nossos pecados, mas Deus o ressuscitou e fez dele Senhor da vida e da morte”. Cabe a nós dizer; “Venham e vejam”. O Papa, então, se dirige a Jesus ressuscitado dizendo: “Com esta jubilosa certeza no coração, hoje voltamo-nos para vós, Senhor ressuscitado!” Ajudai-nos a vencer a chaga da fome, agravada pelos conflitos e por um desperdício imenso, do qual muitas vezes somos cúmplices.

Tornai-nos capazes de proteger os indefesos, sobretudo as crianças, as mulheres e os idosos, por vezes objeto de exploração e de abandono. Fazei que possamos cuidar dos irmãos atingidos pela epidemia de ebola na Guiné Conacri, Serra Leoa e Libéria, e daqueles que são afetados por tantas outras doenças, que se difundem também pela negligência e a pobreza extrema. Consolai quantos hoje não

podem celebrar a Páscoa com os seus entes queridos porque foram arrancados injustamente dos seus carinhos, como as numerosas pessoas, sacerdotes e leigos, que foram sequestradas em diferentes partes do mundo. Confortai aqueles que deixaram as suas terras emigrando para lugares onde possam esperar um futuro melhor, viver a própria vida com dignidade e, não raro, professar livremente a sua fé. Pedimo-vos, Jesus glorioso,

que façais cessar toda a guerra, toda a hostilidade grande ou pequena, antiga ou recente! Suplicamo-vos, em particular, pela Síria, a amada Síria, para os que sofrem as consequências do conflito possam receber a ajuda humanitária necessária e as partes em causa cessem de usar a força para semear morte, sobretudo contra a população inerme, mas tenham a audácia de negociar a paz, há tanto tempo esperada. Jesus glorioso, pedimo-vos L’Osservatore Romano

que conforteis as vítimas das violências fratricidas no Iraque e sustenteis as esperanças suscitadas pela retomada das negociações entre israelitas e palestinos. Imploramo-vos que se ponha fim aos combates na República Centro-Africana e que cessem os hediondos ataques terroristas em algumas zonas da Nigéria e as violências no Sudão do Sul. Pedimos-vos que os ânimos se inclinem para a reconciliação e a concórdia fraterna na Venezuela. Pela vossa ressurreição, que este ano celebramos juntamente com as Igrejas que seguem o calendário juliano, vos pedimos que ilumine e inspire as iniciativas de pacificação na Ucrânia, para que todas as partes interessadas, apoiadas pela Comunidade internacional, possam empreender todo esforço para impedir a violência e construir, num espírito de unidade e diálogo, o futuro do País. Que eles, como irmãos, possam cantar Xphctoc Bockpec. Pedimo-vos, Senhor, por todos os povos da terra: Vós que vencestes a morte, dai-nos a vossa vida, dai-nos a vossa paz! Queridos irmãos e irmãs, feliz Páscoa!”.


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Cardeal Scherer preside celebração da Sexta-feira Santa na Catedral Na tarde da Sexta-feira Santa, 18, o cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, presidiu, na Catedral da Sé, a celebração da Paixão e Morte de Jesus Cristo. Após a celebração, muitos dos fiéis participaram da procissão do Senhor Morto e de Nossa Senhora das Dores pelas ruas do centro de São Paulo.

Missa do Crisma: ‘O sacerdote é um dom de Deus para a humanidade’ Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Na Catedral da Sé, padres e religiosos se comprometeram a presidir as comunidades na caridade, a ensinar a Palavra com fidelidade e a santificar o povo de Deus com os sacramentos

Tentações

“O papa Francisco, na exortação Evangelii Gaudium (A Alegria do Evangelho), fala das diversas tentações dos agentes de pastorais, o que inclui, mas não se limita, aos padres e bispos. Entre essas, o Papa fala da tentação do individualismo que se revela no pragmatismo cinzento e sem alegria. A tentação do desanimo, que no fundo, manifesta falta de fé. Desânimos que são paralisantes. A tentação do mundanismo espiritual que se manifesta nas facilidades do ter, do poder e do prazer. Na desertificação espiritual. Tentações de divisões que se tornam rinchas e um mal testemunho dos cristãos para a humanidade”.

Fernando Geronazzo Especial para O São Paulo

Cerca de 450 padres, diocesanos e religiosos, compareceram à Missa do Crisma, na manhã da quinta feira, 17, na Catedral da Sé. Eles enovaram suas promessas sacerdotais com uníssono “sim” diante do cardeal Scherer, arcebispo de São Paulo. A Missa do Crisma, também chamada de missa crismal, faz parte das celebrações próprias da Semana Santa. Acontece na quinta-feira, pela manhã, e reúne o bispo diocesano com os seus padres e diáconos, seus colaboradores diretos. Nesta celebração, são abençoados os óleos usados nos sacramentos do Batismo e da Unção dos Enfermos, e é consagrado o óleo do Crisma, usado no sacramento da Confirmação e nas ordenações presbiterais e episcopais. A celebração acontece no dia em que a Igreja também comemora a instituição do sacerdócio e da Eucaristia, evento celebrado solenemente à noite, na Missa da Ceia do Senhor, que abre o Tríduo Pascal. Na missa crismal, o clero renova suas promessas sacerdotais diante do Arcebispo, como sinal de comunhão e unidade. Dom Odilo Scherer fez uma homilia diretamente dirigida aos sacerdotes. Após recordar aos padres que a vida da Igreja depende em muito do bom exercício deste ministério, propôs uma reflexão sobre as principais tentações a que os sacerdotes estão sujeitos e contra as quais devem lutar. Seguem alguns trechos da homilia do cardeal Odilo Pedro

os batizados irão renovar as suas promessas batismais. A primeira promessa é também a mais importante. Na ordenação, somos ungidos nas mãos quando presbíteros, na cabeça, quando bispos. É pela força do Espírito Santo que desempenhamos a m i s são para a qual fomos escolhidos e designados”.

O Remédio

“O remédio para estas tentações é a oração. É deixar-se mover e guiar pelo Espirito Santo. Só assim seremos autênticos sacerdotes de Jesus Cristo”.

Testemunhos

Scherer aos padres da Arquidio- ção de forma especial para os sacerdotes. Queridos sacerdotes, cese de São Paulo. hoje estamos aqui para agradeIgreja, povo sacerdotal cer pelo imenso dom oferecido “Meus queridos irmãos e irmãs, por Deus que é o sacerdócio (...), com muita alegria saúdo a todos, grande dom para ser um dom saúdo todo este povo sacerdotal. para a Igreja e a humanidade. Todos os batizados fomos un- Dom que se faz serviço da Igreja gidos para que com a forca do e para a Igreja. A vida da Igreja Espirito Santo, santifiquemos o depende em muito do bom exermundo oferecendo a Deus, como cício deste ministério”. hóstias santas, a nossa vida modelada segundo o exemplo de Je- O sacerdócio de Cristo e o sus Cristo”. nosso “Deus Pai consistiu Jesus Cristo Padre: um dom de Deus Pontífice da nova e eterna Aliança. Ele é o Sumo Sacerdote estapara a humanidade “Hoje, quero voltar minha aten- belecido pelo Pai para reconciliar

com Deus a humanidade. Mas o sacerdócio de Cristo se estende nos homens, para presidir na caridade as comunidades na Igreja, para alimentar o povo de Deus na Palavra, Palavra de Deus e de Vida Eterna. Para restaurar mediante os sacramentos a amizade com Deus e para chamar a humanidade a se assemelhar, para conformar suas vidas cada vez mais a Jesus Cristo sacerdote e pastor.”

Pela força do Espírito Santo

“Hoje, iremos renovar as nossas promessas sacerdotais da mesma forma como no sábado. Todos

Sacerdote há menos de um ano, padre João Bechara Ventura, vigário paroquial na Paróquia de São Vito Mártir, na Zona Cerealista, participou pela primeira vez da missa crismal como presbítero. “Embora eu tenha feito as promessas sacerdotais há poucos meses, essa renovação traz à tona o dia da minha ordenação e, além disso, essa data faz com estejamos muito mais unidos com os demais padres e nos sintamos, de fato, cooperadores do bispo na missão da Igreja”. Em uma cadeira de rodas, com o olhar fixo no altar, padre Pedro Carlos Vicente, manifestou sua alegria em renovar as promessas do sacerdócio vivido há 17 anos. “Louvo e dou graças a Deus por poder estar aqui com meus irmãos padres e com nossos bispos”, disse, com dificuldade, mas sem perder o ânimo de continuar celebrando missas, atendendo confissões e colaborando em paróquias da Região Santana.


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Ceia do Senhor, celebração da inclusão e acolhimento Na Quinta-feira Santa inicia-se o “Tríduo Pascal” com a celebração da Ceia do Senhor, momento em que a Igreja rememora a Instituição da Eucaristia e do ministério ordenado. Popularmente conhecida como Missa do Lava-pés, esta conduz os fiéis a uma vivência íntima da doação e da partilha

Roma

Arquidiocese de São Paulo Luciney Martins/O SÃO PAULO

L’Osservatore Romano

Edcarlos bispo

Edcarlos bispo

com Agências inernacionais

Reportagem no centro

O papa Francisco presidiu celebração no centro Santa Maria da Providência, da fundação dom Gnocchi, em Roma. Trata-se de um centro de saúde que acolhe cerca de 200 pacientes. Após a homilia, o Santo Padre lavou os pés de 12 pessoas assistidas pelo Instituto. O grupo, com idades entre 16 e 86 anos, era formado por nove italianos e três estrangeiros, um dos quais de confissão muçulmana. Todos portadores de doenças ortopédicas, neurológicas e oncológicas que provocaram invalidez. Entre estes, chamou a atenção o mais jovem do grupo, Oswaldinho, de 16 anos, nascido em Cabo Verde e residente em Roma. Em agosto de 2013, ao jogar-se no mar num local raso, teve um trauma vértebro-medular com tetraplegia imediata. Hoje se locomove uma cadeira de rodas. Os doze assistidos simbolizam as velhas e novas formas de

Na Catedral da Sé, dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, lavou os pés de seis jovens ligados à comunidade Shalom e de outras seis pessoas, imigrantes bolivianos e peruanos, atendidos pelo Centro de Apoio ao Migrante (CAMI). Alguns estavam vestidos de forma característica da cultura de seus países de origem. Para Grecia Delgado, que pela primeira vez participava da celebração de Lava-pés na Catedral da Sé, foi um momento emocionante e representou “uma mão aberta para os migrantes terem os pés lavados”, além de ser um “ato simbólico importante” Para Nelson Bizom, um dos coordenadores do CAMI, que também teve os pés lavados, o convite feito aos migrantes foi um “gesto simbólico importante para eles, neste ano onde a Igreja celebra a Campanha da Fraternida-

fragilidade, nas quais a comunidade cristã é chamada a reconhecer Cristo sofredor e a dedicar atenção, solidariedade e caridade. Na homilia, antes do rito do Lava-pés, o Santo Padre recordou que aquilo que Jesus fez na última Ceia foi um gesto de entrega. “É como a herança que nos deixa”, afirmou. “Ele que é Deus se fez servo, servidor nosso. “E Jesus faz este gesto, um trabalho, um serviço de escravo, de servo”, e acres-

centou, “nós devemos ser servidores uns dos outros. E por isto a Igreja, no dia de hoje, em que se comemora a Última Ceia, quando Jesus instituiu a Eucaristia, também faz, na cerimônia, este gesto de lavar os pés, que nos recorda que nós devemos ser servos uns dos outros. Agora eu farei este gesto, mas todos nós, no nosso coração, pensemos nos outros e pensemos no amor que Jesus disse que devemos ter pelos outros”, disse o Papa

de sobre tráfico de pessoas, os imigrantes, infelizmente, são vitimas desse crime de tráfico de pessoas e do trabalho escravo”. “No ano passado foram resgatados 84 trabalhadores de trabalho escravo nas oficinas de costura em São Paulo, todos migrantes bolivianos e peruanos, todos jovens. Inclusive não podiam sair das oficinas. Esse gesto é algo que, para eles, humaniza, levanta a estima.

É algo muito importante, por isso eles vieram com todo gosto”, comentou Nelson, completando que “todo ser humano deve ter direitos iguais em toda parte do mundo”. Durante a homilia, o Cardeal destacou a frase do evangelho de João, “tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13, 1), destacando que nessa frase se resume toda a paixão do Senhor – da ceia à ressureição.

Paróquia Nossa Senhora do Bom Parto Luciney Martins/O SÃO PAULO

Edcarlos bispo

Reportagem na zona Leste

A paróquia do bairro do Tatuapé, na zona leste da capital paulista, foi um grande local de acolhida para os membros da Pastoral da Pessoa com Deficiência da Arquidiocese de São Paulo durante a Semana Santa. Todas as missas do Tríduo Pascal foram celebradas com recursos de acessibilidade como audiodescrição e intérprete de libras. “Eu chorei de emoção pelo padre lavar meu pé, eu fiquei muito emocionada”, assim a cadeirante Onofra dos Santos Manuel, 66, conta a experiência de ter os pés lavados durante a celebração da Quinta-feira Santa. A recepção era feita desde a calçada da Paróquia, por Márcia Colella, da equipe de acolhida. Ela ficava na entrada da comunidade recepcionando e direcionando as pessoas. A preparação, de acordo com ela, ocorreu por muito tempo antes, com a designação do local onde as pessoas iam sentar e as di-

cas de como conduzir cadeirantes e deficientes visuais. Para o coordenador da Pastoral das Pessoas com Deficiência, Carlos Campos, a celebração da Quinta-feira Santa, e os demais dias do

Tríduo Pascal, foram “momentos únicos e significativos, pois é a primeira vez que a Pastoral participa, enquanto Pastoral, desse momento. Esperamos que possamos inspirar para que isso se torne rotina e não

seja o primeiro, mas um trabalho mais amplo e que inclua a todos”. A celebração foi presidida pelo padre José Geraldo, vigário paroquial, e concelebrada pelo padre Tarcísio Marques Mesquita, páro-

co. Para Estelita Toledo, deficiente visual, a felicidade foi muito grande. Cega desde os três anos por conta de uma meningite, a senhora de 88 anos conta que já conhecia a missa de Lava-pés, pois sempre era levada à igreja e já teve os pés lavados em outra oportunidade. De acordo com ela, na paróquia que frequenta, Santo Afonso Maria de Ligorio, na Água Funda, ela sempre é incluída em tudo e os demais fiéis lhe dão suporte na realização das atividades, porém foi “diferente participar de uma celebração onde as pessoas a acolheram”, afirmou. “Precisamos tirar os deficientes que estão dentro de casa, ou que os parentes têm vergonha de trazê-los para a igreja”, afirmou. Para ela o grande exemplo que fica é o da humildade. Tanto a humildade de Jesus que lavou os pés dos discípulos, quando a dos padres que repetem o gesto de Cristo, “fiquei tão emocionada quando o padre beijou meu pé e me abraçou que pedi a Deus para que me fizesse humilde”.


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8 mil pessoas testemunham a Paixão de Cristo Marcos Paulo

Daniel Gomes

Reportagem na zona noroeste

O enredo é conhecido há mais de dois milênios, mas a cada Sextafeira Santa se atualiza nas encenações do Grupo Teatral Arte de Viver (GTAV). Na sexta-feira, 18, a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus voltou a ser encenada no estacionamento de um hipermercado em Taipas, na zona noroeste, diante de 8 mil pessoas. Este ano, além do GTAV, integrantes da Cia de Teatro Monfort, Comunidade Missão Mensagem de Paz e Ministério de Artes Cristo Libertador, ligados à paróquias da Região Brasilândia, junto aos atores Victor Delboni (Jesus), Carolina Lelis (Maria) e Daniel Langer (anjo Gabriel) participaram da encenação, que fez alusão à temática da CF-2014. O tráfico humano apareceu como uma das tentações da sociedade atual; Jesus foi açoitado

assim como eram os escravos; Judas indagou se muitos ainda hoje não entregam o Salvador; e Maria lembrou que as pessoas aliciadas pelo tráfico humano são marginalizadas, assim como Luciney Martins/O SÃO PAULO

foi Cristo ao ser crucificado. No início da peça, que durou duas horas e meia, incluindo a procissão, dom Milton Kenan Júnior, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região, comentou que

a encenação teatral coroava a celebração da Sexta-feira Santa nas comunidades. “Ao representarmos, contamos a mesma história de uma maneira diferente e as pessoas

prestam mais atenção quando interpretamos o Evangelho e falamos de amor e dos ensinamentos de Jesus”, opinou, ao O SÃO PAULO, Roberto Bueno, diretor da peça. A encenação foi especial para a atriz Carolina Lelis, 24. Evangélica, ela interpretou Maria pela primeira vez. “A história de Jesus é importante para nós, cristãos, e foi muito interessante estudar sobre Maria, uma das figuras mais presentes no catolicismo”. Para Márcio Souza, 44, ator da peça desde a primeira encenação, há 18 anos, “o mais importante é que sempre a gente consegue passar a mensagem da Paixão de Cristo para as pessoas, evangelizá-las”. “Todo ano saio emocionada e reavivo minha fé”, garantiu Inês Francisca de Souza, 63, que junto à multidão bradou ao fim da encenação: “Rei, Rei, Rei, Jesus é nosso rei”.

No Povo de Rua, as dores do Crucificado Edcarlos Bispo

reportagem no centro

“Povo de Rua, 1º eliminado da Copa”, com camisetas onde era possível ler essa frase, dezenas de grupos que realizam trabalhos com moradores de rua, juntamente com o Vicariato Episcopal do Povo da Rua da Arquidiocese de São Paulo, realizaram na Sexta-feira Santa, 18, a “Via Sacra do Povo da Rua”. “O clamor tem que ser mais forte esse ano [por causa da Copa], por isso as camisetas. O Povo da Rua é o primeiro que é posto fora é tratado como lixo. De mil maneiras, dizemos que a

exclusão foi do hostil para o gentil”, afirmou o padre Júlio Lancellotti, vigário episcopal para o Povo de Rua. Com saída da praça do Patriarca, ao lado da Prefeitura de São Paulo, a procissão percorreu os pontos históricos da cidade, passou por prédios ligados a órgãos públicos, como a Secretária de Segurança Pública e o Tribunal de Justiça de São Paulo. À frente da Via-Sacra, um morador de rua encenava Jesus Cristo, que carregava sobre seus ombros a “Cruz do Povo de Rua”, com dezenas de nomes de moradores de rua assassinados ou que perderam a vida por conta do

descaso do Poder Público. No Largo São Francisco, diante de uma das faculdades de direito mais famosas do País e que, como salientou padre Júlio, forma uma grande parte dos advogados, juízes e promotores brasileiros, foi realizado um momento de oração em memória de Wilson Santana, morador de rua, que no dia anterior havia morrido nas calçadas da capital. Para o padre Júlio, os poderes públicos devem se voltar para o povo e ouvir o seu clamor, pois “ou eles se voltam para o povo ou eles ficaram sozinhos como o poder que não se sustenta, que a traça corrói e vai cair”, afirmou.

No Minhocão, fiéis rezam pelo fim da violência e da exploração Nayá Fernandes Reportagem no centro

Enquanto uma senhora, em situação de rua, gritava com um cachorro que passava perto dela, o grupo dos fiéis da Paróquia Nossa Senhora da Consolação se unia à outros das paróquias São Geraldo e Santa Cecília para um momento de oração e caminhada na Sexta-feira Santa, 18. A Via-Sacra começou em frente à Paróquia Nossa Senhora da Consolação e seguiu pelo Elevado Costa e Silva, o Minhocão, até a Paróquia Santa Cecília. Quando os fiéis passaram pela senhora, que antes gritava, ela permaneceu de joelhos, sobre o pedaço de papelão, com as mãos postas e em silêncio, chamando a atenção de todos. Do outro lado,

um senhor, que provavelmente só passava por ali, tirava o chapéu como se estivesse dentro da igreja. Enquanto rezava-se cada uma das estações da Via-Sacra, preparada pelo padre José Augusto Schrammum, pároco da Paróquia São Geraldo, um grupo de jovens da Paróquia Nossa Senhora da Consolação encenava paralelamente à crucificação de Jesus, o caso de um grupo de jovens traficados, para chamar atenção sobre o tema da CF-2014: “Fraternidade e Tráfico Humano”. Em meio aos prédios, padre José Roberto Pereira, pároco da Paróquia Nossa Senhora da Consolação, lembrou que ali existem muitas casas de prostituição e que, talvez, pessoas estejam sendo exploradas. Também lembrou

Luciney Martins/O SÃO PAULO

que, naquela região, durante a semana, há muito tráfico de drogas e violência urbana. “Peçamos a Deus que olhe para todas as pessoas do nosso bairro e que passam por este elevado, tão importante

para a cidade”, disse o Padre. Marcelo Rosas, que estava fazendo exercícios físicos por ali, parou para ver os fiéis e começou também a rezar com eles. “A Igreja está saindo às ruas. Isso é mui-

to importante, principalmente no centro de uma cidade tão grande como São Paulo”, opinou. A Via-Sacra terminou com o encontro dos fiéis de todas as comunidades na Paróquia Santa Cecília.


16 | Geral |

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Ex-usuários de drogas são batizados na Vigília Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Rafael Alberto

Especial para O SÃO PAULO

Na Catedral, no Sábado Santo, 19, o cardeal Scherer batizou e crismou 15 jovens e adultos resgatados pela Comunidade Missão Belém. Entre eles, Adilson, 40, e Alexandre, 39. Adilson conheceu as drogas aos 22 anos. Começou com álcool e maconha. Engravidou sua namorada e resolveu morar com ela. Sete anos depois, a filha morreu afogada e o crack surgiu como forma de aliviar seus sofrimentos. “Crucificado” pelo vício, perdeu a mulher e passou a morar na Cracolândia. Alexandre também era um dos “zumbis” que perambulam pelas ruas da Cracolândia. Órfão, foi morar na casa dos avós, onde se desentendeu com um tio e chegou a pensar em matá-lo. “Estou muito feliz por ter sido batizado. Sinto que tenho uma nova vida agora”, disse Adilson. Já Alexandre pretende arrumar emprego e tentar se reaproximar da família.

Região Ipiranga

Paróquia São João batista

Paróquia São Paulo Apóstolo

Karina Oliveira

paróquia santo emídio

Claudio Seiji

Paróquia São João Batista do Brás

santuário santa edwiges

Paróquia São João Batista

área pastoral São João batista

Paróquia são paulo apóstolo Paróquia Santo Emídio

Paróquia santa rita de cássia Angela Santos

Paróquia santa maria goretti

Região belém Paróquia Santa Rita de Cássia

Osvaldo Reis

Região Lapa

Paróquia santa cristina

Paróquia são joão batista do brás


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| Geral | 17

‘Jesus ressuscitado está no meio de nós’ Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Rafael Alberto

Especial para O SÃO PAULO

Na missa que celebrou no Domingo de Páscoa, 20, na Catedral da Sé, a mensagem central da homilia do cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, ressaltou que Jesus Cristo, morto e ressuscitado, “está no meio de nós”. O Cardeal chamou a atenção para o fato de não haver, na Catedral, estátuas retratando o Cristo ressuscitado, como as de santos. “Ele está no meio de nós! Quando partilhamos a Eucaristia em seu nome! Quando estamos reunidos em seu nome. Ele está na Igreja, comunidade dos seus discípulos. No irmão e na irmã mais pobre. Nos prisioneiros. Naqueles que estão sem eira nem beira”, disse. A missa contou com a participação da Orquestra Filarmônica do Senai, acompanhada da Capela Musical Arquidiocesana.

Região santana

Região brasilândia

Paróquia Santa Francisca

Paróquia Nossa Senhora ds Dores

Fernando Giovannelli

Região sé

Paróquia santa cruz de itaberaba Rubria Mazza

Paróquia nossa senhora das dores

Sérgio Aparecido

Paróquia Consolação

Paróquia santa francisca xavier cabrinni

paróquia natividade do senhor

missa na praça do cruzeiro (freguesia)

Paróquia santo antônio

Elaine Lima

Leonardo Campos

Liliam Oliveira

paróquia nossa senhora da consolação

Paróquia santa zita

Paróquia são francisco de assis


18 | Geral |

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“Estamos caminhando para um extermínio ‘legal’ dos indígenas”, diz dom Erwin Bispo do Xingu, convidado a colaborar na elaboração de uma encíclica sobre ecologia, denuncia violência e descaso

L’Osservatore Romano

Nayá Fernandes Redação

Dom Erwin Kräutler, presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e bispo na prelazia do Xingu, concedeu uma entrevista ao O SÃO PAULO (JOSP), desde a cidade de Altamira (PA) onde passa a rodovia Transamazônica. Ele foi recebido pelo papa Francisco, na sexta-feira, 4, para uma audiência cujo tema principal era as violações dos direitos indígenas no Brasil. Leia a íntegra da entrevista no site www.adital.org.br. JOSP – Como o senhor ava-

lia o interesse do Papa e da Igreja em todo o mundo pela questão indígena brasileira? Dom Erwin – O Papa disse

Durante audiência com o papa Francisco, dom Erwin entrega a ele um relatório com questões indígenas brasileiras

cultural, mas também física. o Brasil caminha para um nas. Essa onda anti-indígena Se, ao contrário, entendemos extermínio legal indígena? no Congresso Nacional é um desenvolvimento como melhor Dom Erwin – Lamenta- tremendo retrocesso e arranha qualidade de vida para todos, velmente, se os rumos não mu- a imagem do Brasil no exterior. então os indígenas são valori- darem, estamos caminhando em seu discurso aos bispos do zados e sua sabedoria milenar para um extermínio “legal” dos JOSP – E sobre a não deBrasil por ocasião da Jornada considerada uma riqueza para indígenas. As Portarias 419/11 marcação de terras indígeMundial da Juventude que a todo o Brasil. e 303/12 e o Decreto 7957/13 nas nos últimos anos? Que Amazônia é um “teste decisivo do Poder Executivo, as Pro- prejuízos esta ação do Gopara a Igreja e a sociedade bra- JOSP – O papa Francisco postas de Emendas Constitu- verno têm causado e pode sileiras”. Penso que o mesmo o chamou para contribuir cionais (PECs) 215/00, 038/99 causar nos próximos anos? pode ser dito a respeito da ques- em uma encíclica sobre e os Projetos de Lei 1610/96 e Dom Erwin – A demarcatão indígena que nos desafia ecologia. O senhor poderia 227/12 do Poder Legislativo e o ção de todas as áreas indígenas a todos e requer uma resposta detalhar um pouco mais o instrumento das “Suspensões de no Brasil deveria ter sido conde compromisso da Igreja para conteúdo e objetivo da en- Segurança” do Poder Judiciário cluída já em 1993, pois a Conscom esses povos sempre colo- cíclica? vão nesta direção. Creio que a tituição Federal de 1988 estacados de escanteio e consideDom Erwin – O Papa falou mais perigosa ameaça aos povos beleceu o prazo de cinco anos rados pelo sistema econômico que pretende escrever uma en- indígenas é a PEC 215 em que a para estes procedimentos. Das como “supérfluos” e “descartá- cíclica sobre a ecologia e já en- bancada ruralista quer arrancar 1.046 áreas indígenas no Brasil veis” (Cf. DAp 65) porque “não carregou o cardeal africano Peter do Executivo a prerrogativa apenas 464 são homologadas ou produzem”. Turkson, presidente do Ponti- de demarcar áreas indígenas registradas ou então declaradas fício Conselho Justiça e Paz, a que é um processo técnico que como tais. Quer dizer apenas JOSP – Petróleo, açúcar, preparar um esboço. Ainda não exige estudos antropológicos, 44,3% do total. Uma área indígado, hidrelétricas, minera- há detalhes, ele frisou que o tema etnológicos, cartográficos para gena não demarcada escancara doras são algumas das ame- será abrangente e incluirá “tam- determinar se uma área é terra as portas para todo tipo de invaaças aos indígenas. Mas, bém a ecologia humana”. Falei indígena ou não. Esses estu- são, conflito e violência. poderíamos detectar uma então para ele que a Amazônia, dos não podem ser submetidos devido à sua vocação específica a uma votação no Congresso. JOSP – O senhor já relacioameaça principal? Dom Erwin – O problema na Terra, não poderia faltar nesta Pior, essa bancada ruralista quer nou o Pessach à migração subjacente à marginalização encíclica como também os povos mudar a Constituição Federal indígena em busca da terra dos povos indígenas é um con- indígenas deveriam ser lembra- em relação aos povos indíge- sem males? ceito equivocado de desenvol- dos. Disse a ele que Dom Erwin – vimento. Se desenvolvimento no dia anterior havia Páscoa não é fato é entendido apenas como cres- prometido minha PásA demarcação de todas as áreas consumado, cimento econômico e aumento contribuição neste coa é sempre camidas exportações, aí, o índio é sentido ao cardeal nho aberto. Conto indígenas no Brasil deveria ter considerado estorvo, obstáculo, Turkson. O Papa uma história: Há sido concluída já em 1993, pois milhares de anos empecilho e atrapalha. Por isso, agradeceu minha os índios viviam ele tem que desocupar suas ter- disponibilidade em a Constituição Federal de 1988 em terras doadas ras, cair fora. Se ele defender os colaborar. seus direitos, corre risco de vida estabeleceu o prazo de cinco anos por Deus. Sempre e um povo todo é ameaçado em JOSP – Poderíprestavam culto a para estes procedimentos sua sobrevivência, não apenas amos dizer que Deus, dançaram e

cantaram já de madrugada seus salmos e lhe agradeciam pelo sol que sempre nasce de novo. Muitos séculos passaram e um dia levantou-se o esquadrão de Caim e começou a matar um Abel atrás do outro. Alguns fugiram e passaram a viver no exílio, na imundície das beiras de estrada ou favelas. O esquadrão de Caim comemorou, pois para ele cada Abel é um demais. E Deus viu essa desgraça, ouviu o clamor dos índios, desceu, chamou os Caim e perguntou pelos índios. E os Caim se zangaram com Deus e responderam: “Acaso somos guardas desses miseráveis que ocupam terras férteis que poderíamos explorar para plantar soja, cana de açúcar ou transformar em pasto?” Aí Deus exclamou: “Ouço o sangue de seus irmãos do solo clamar por mim” (Cf. Gn 4,10). E Deus enviou o seu Filho para salvar os índios. No entanto, o esquadrão de Caim matou também o Filho de Deus. Mas seu sangue derramado despedaçou as armas do esquadrão de Caim, inaugurou uma nova era, tornou-se garantia de vida, fez os índios sair da casa da escravidão, ressurgir das sombras da morte e retornar jubilosos às suas terras. Aí celebraram a Páscoa e cantaram de novo os cânticos do Senhor.

JOSP – Paulo afirma que a terra “geme em dores de parto”. Estaríamos ainda numa Sexta-feira Santa ecológica? Ou já existem sinais de ressurreição? Dom Erwin – Ontem à

noite [15 de abril] celebrei na comunidade Santo Antônio de Cipó-Ambé. Sei que o nosso povo tem mais afinidade com a Paixão do Senhor do que com a Ressurreição, pois experimenta diariamente a cruz. Na merenda comunitária, depois da santa missa, alguns homens me falaram do igarapé Cipó que já está com a água contaminada pelo novo lixão, uma obra planejada “segundo padrões de primeiro mundo” como fanfarreiam os construtores de Belo Monte. Esse igarapé é de vital importância para os colonos e suas famílias. A poluição do igarapé que perpassa a comunidade Santo Antônio é apenas mais um exemplo das gritantes agressões ao meio-ambiente que revelam o desrespeito ao nosso povo em suas necessidades mais elementares e resultam em menos qualidade de vida para as famílias. Mas, continuamos lutando pela vida onde outros semeiam a morte.


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| Região Ipirnga | 19

A Semana Santa na Nossa Senhora Aparecida Pascom Ipiranga

Comunidade de fiéis lotou celebrações e atividades referentes à Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo Da Região Episcopal

O Tríduo Pascal é a maior celebração das comunidades cris- IPIRANGA tãs, onde todos fazem memória de tudo que Jesus passou para salvar a humanidade, ou seja, dando sua vida. A comunidade de fiéis da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Setor Ipiranga, se fez presente em todos os momentos da Semana Santa. Na Quinta-feira Santa, foi vivenciado que Jesus faz a última ceia, instituindo a Eucaristia e também ensinando que o serviço é a prática concreta do mandamento do amor. Todos que participaram da cerimônia do Lava-pés, como os discípulos, tiveram seus pés lavados e ficaram emocionados, recordando a presença daquele que veio para servir e não ser servido, o próprio Jesus. A comunidade ficou em vigília a partir das 22h.

31ª encenação da Paixão de Cristo é dramatizada por jovens da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na sexta-feira, 18, como parte das atividades da Semana Santa

Na Sexta-feira Santa, o clima era de total silêncio e respeito. A partir das 15h, houve a Celebração da Paixão do Senhor. Naquele momento, se ressaltou, por meio do anúncio da narrativa da Paixão, o que Jesus passou, sendo humilhado, difamado, injustiçado, julgado e condenado à morte de Cruz.

Após as leituras, os fiéis refletiram que também, por vezes, são humilhados, injustiçados, excluídos, intimados a darem a própria vida, como fez Jesus. E com essa reflexão interiorizada em cada um, saíram em procissão pelas ruas do bairro com o Senhor Morto, meditando e rezando para externar o reco-

nhecimento do amor dado por Jesus. Em seguida, houve a 31ª Encenação da Paixão de Cristo, na qual os jovens dramatizaram as passagens que Jesus teve em sua vida. No Sábado Santo, houve a Vigília Pascal, como denominava Santo Agostinho: “Mãe de todas as vigílias”. Os fiéis

puderam acompanhar a preparação do Círio Pascal e todo o significado que tem, após aceso passa a ser a luz de Cristo. Todos da comunidade, depois de escutarem as leituras proclamadas, renovaram as promessas do Batismo. No domingo, houve a missa de Páscoa, com a Ressurreição do Senhor.

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20 | Região Lapa |

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2 mil fiéis participam da procissão do encontro Dom Julio Endi Akamine acompanhou atividade, organizada pelas paróquias São Francisco de Assis e Sagrado Coração de Jesus

chegarmos à paróquia do padre Flávio e continuarmos juntos a procissão. Quero dar os parabéns para o grupo de jovens pela encenação, que nos fez refletir sobre a vida, paixão e morte do Senhor”. “Foi uma experiência que eu acredito que daqui pra frente vai

dar certo, porque a união das paróquias já era um projeto de muito tempo, de fazer algo parecido, mas não na ocasião da Semana Santa e sim no dia da Padroeira do Brasil. Já que o padre Rocha aceitou o convite de fazermos juntos, conseguimos reunir mais

de 2 mil pessoas, demostrando que o feriado prolongado não tira o desejo dos fiéis de participar desse momento bonito da vida da nossa igreja, celebrar a paixão, morte e ressureição de Jesus. Esta motivação também atingiu os jovens, frutos da Jornada Mun-

dial da Juventude, que sentiam que precisavam fazer algo mais. O resultado foi nessa belíssima apresentação que assistimos”, comentou padre Flávio. Dom Julio, após apresentação, agradeceu a todos pela presença e concedeu a benção final. Benigno Naveira

Benigno Naveira

Colaborador de comunicação da Região

Na noite da sextafeira, 18, a reportagem da Pastoral LAPA da Comunicação da Região Lapa acompanhou a realização da procissão do encontro, com a participação de 2 mil fiéis das paróquias São Francisco de Assis e Sagrado Coração de Jesus, com a presença do bispo dom Julio Endi Akamine, do pároco da Paróquia São Francisco de Assis, padre Flávio Heliton da Silva, do pároco da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, padre Jorge Rocha Pierozan, e do diácono André Iass Filho. Dom Julio, em entrevista, destacou que a procissão do Senhor Morto traz, neste ano, a novidade de ser feita por duas paróquias vizinhas. “Nesta caminhada de fé, queremos acompanhar Jesus, rezando, cantando e também meditando sobre a morte de Cristo na Cruz , sua sepultura e sua decida na mansão dos mortos”, afirmou. O encontro aconteceu em frente à Paróquia São Francisco de Assis, onde os paroquianos, carregando no andor a imagem de Jesus Morto, aguardavam os fiéis que vinham da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, carregando no andor a imagem de Nossa Senhora das Dores. Após o encontro, a procissão continuou até praça Candido Mota Filho, ao lado da Capela São Francisco de Assis. Ali também aconteceu, pelo grupo de jovens da Paróquia São Francisco de Assis, a encenação da Vida, Paixão e Morte do Senhor. Em entrevista, o ator Felipe Augusto B. da Silva, que representou Jesus, falou que foi uma honra ter sido chamado para este papel gratificante e glorioso, principalmente quando sentiu as dores de Jesus, que não chegava nem perto do que ele sentiu para a salvação da humanidade. Também em entrevista, padre Jorge destacou a união das paróquias, e que este ano ele recebeu o convite do padre Flávio para fazerem a procissão juntos. “Conversei com a nossa comunidade que aceitou, então, saímos da nossa Paróquia em procissão, fazendo algumas paradas, até

Com dom Julio Akamine, fiéis das paróquias São Francisco de Assis e Sagrado Coração de Jesus realizam procissão com o Senhor Morto na sexta-feira, dia 18

palavra do bispo

A ressurreição de Cristo e a nossa Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa

Dom Julio Endi Akamine

O Catecismo da Igreja Católica (cf. 638-647; YOUCAT 104108), partindo do testemunho do Novo Testamento, afirma que a ressurreição não é fruto da alucinação ou uma piedosa invenção dos Apóstolos, mas, que é um fato real (cf. 643). A ressurreição é um fato que se refere a Cristo. Não é somente a sua mensagem que ressurge na pregação dos apóstolos, nem é somente a sua causa que continua na luta dos seus discípulos. É a sua pessoa que está presente e atuante realmente no aqui e no agora da história. Portanto, não é correto pen-

sar que seja a fé dos discípulos a ressuscitar e a manter viva a causa de Jesus. Ao contrário, é o Ressuscitado que conduz os discípulos à fé na ressurreição e ao seu testemunho até o sangue. Não é o Mestre que vive graças à luta e ao idealismo dos seus discípulos; são eles que vivem dele, porque está vivo, presente e atuante. A mensagem da ressurreição é, de fato, testemunho de fé. Mas a ressurreição não é produto desse testemunho. Cristo ressuscita em toda a sua realidade pessoal. Não é somente a sua alma que vive. A ressurreição de Cristo é também corpórea. A insistência dos relatos das aparições na realidade corporal de Jesus sublinha que a ressurreição não é a diminuição, mas a plenitude da vida. Nesse sentido, a ressurreição não é absolutamente a libertação da cor-

agenda regional

poreidade. Pelo contrário, Jesus ressurge com e na corporeidade. Nesse mesmo sentido, o túmulo vazio é significativo: a ressurreição de Cristo não é uma realidade puramente espiritual, mas tem referência também ao corpo, à realidade histórica e material. E exatamente em sua humanidade glorificada, Cristo permanece unido ao mundo e a nós. De fato, ele ascende ao céu “não para se afastar de nossa humildade, mas para dar-nos a certeza de que nos conduzirá à glória da imortalidade” (prefácio da Ascensão do Senhor I). A ressurreição não significa um retorno de Jesus à sua vida terrena ordinária. Ela não é como a de Lázaro. Além de não ser um retorno à vida terrena, a ressurreição de Jesus tampouco é uma continuação dessa vida. Ele retoma a

vida, mas se trata da vida nova, definitiva, própria de Deus. A ressurreição de Cristo é princípio e modelo de nossa ressurreição, por isso a esperança cristã é esperança para a realidade total da vida humana. A promessa de vida feita por Deus ao homem não pode ser entendida somente em termos unilateralmente espiritualistas. Isso seria um empobrecimento indevido da promessa divina revelada e realizada na ressurreição de Cristo. Com efeito, o cristão crê na “ressurreição da carne e na vida eterna”. Agora, que a morte já não é mais o fim de tudo, veio ao mundo a alegria e a esperança. Depois de a morte deixar de ter poder sobre Jesus (Rm 6,9), também já não tem mais poder sobre nós, que pertencemos a Jesus (YOUCAT, 108).

Quinta-feira (24)

Sábado (26)

Às 14h, reunião do CRAE, na Cúria da Lapa (rua Afonso Sardinha, 62, Lapa).

Das 8h às 12h, reunião do Conselho Regional Pastoral, na Paróquia São Mateus (avenida Professor José Maria Alkimim, 254, no Jardim Esmeralda).

Às 20h, Curso Bíblico na Paróquia Nossa Senhora de Fátima (rua Barão da Passagem, 971, na Vila Leopoldina).

Às 19h, missa pelos 25 anos de ordenação sacerdotal do padre Ezenaldo Silva Araújo, na Paróquia São João Batista, na Vila Mangalot, Setor Pirituba.


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| Região Santana | 21

Dom Sergio visita unidades prisionais femininas A convite da Pastoral Carcerária, Bispo encontrou presas e funcionários e atendeu confissões e orações em presídios em Santana

do ano, recebam os sacramentos”, afirmou Eliana Rocha, coordenadora da Pastoral. A PCr também ajuda o preso quando sai da prisão a tirar documentos, em encaminhamentos jurídicos - por meio de de parceria

com a defensoria pública, oportunidades de trabalho e cursos, por meio de parcerias com organismos. Ainda auxilia com doação de cestas básicas, roupas, material de higiene infantil, cobertores e agasalhos.

Pascom forma paróquias na operação de seus sites Diácono Francisco Gonçalves

Eliana Rocha

Diácono Francisco Gonçalves Colaborador de comunicação da Região

No sábado, 12, dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da SANTANA Arquidiocese na Região Santana, a convite da Pastoral Carcerária (PCr), realizou visitas às unidades prisionais femininas localizadas em Santana: Penitenciaria Feminina de Santana e a Penitenciaria Feminina da Capital. Sendo recebido com muita alegria pelos agentes da PCr presentes nas duas unidades prisionais, o Bispo também teve excelente acolhida dos funcionários do sistema penitenciário, diretores e presas. Dom Sergio atendeu todos que o procuraram, por meio de confissões (ouviu cerca de 30 pessoas), oração e diálogo com as presas. A cada presa acolhida, o Bispo fazia questão de conversar, perguntar o nome, de onde provinha, prometia orar por todas e pedia que o procurassem sempre que quisessem enviar uma carta ou pedido especial para ele. Ao se dirigir ao pátio da Penitenciária Feminina de Santana, dom Sergio viu vários pastores de Igrejas protestantes e os cumprimentou, se colocando a disposição para o diálogo. Já com um grupo espírita, amigo da PCr, o Bispo orou junto e pediu que um dos membros partilhasse uma oração, o que comoveu o grupo, já que, segundo relatou seu líder, a queda de preconceitos começa com este tipo de atitude. “Passei todo o dia visitando as presas nos presídios femininos aqui na Região Santana. Rezei, conversei, abençoei e atendi muitas confissões. Foi um dia abençoado junto com os membros da Pastoral Carcerária da Região”, disse dom Sergio, relatando que foi uma experiência marcante em seu pastoreio. “O trabalho da Pastoral Carcerária não se limita apenas a visitas de solidariedade ou cortesia. Dentro destas visitas, além do apoio psicológico e espiritual, muitas vezes também os preparamos para os sacramentos - Batismo, Eucaristia e Crisma. Neste momento, estamos preparando várias presas para que, até o fim

Agentes participam de oficina sobre sites no Laboratório do Colégio Consolata Da Região Episcopal

Dom Sergio confessa uma das presas durante visita às unidades prisionais

Dando continuidade ao projeto de disponibilizar sites para paróquias que não possuem e conjugados ao Site da Região Santana, a Pascom Regional realizou, dia 12, no Laboratório de Informática do Colégio Consolata, oficina de formação prática sobre sites. As paróquias da Região Santana enviaram representantes para essa primeira oficina

que envolveu as seguintes paróquias: Nossa Senhora das Dores, Santo Antônio do Limão, Nossa Senhora da Consolata, Nossa Senhora de Fátima do Imirim, Santo Antônio, São José Operário do Imirim, São Roque, Natividade do Senhor, Nossa Senhora da Penha, Santo Antônio dos Bancários, Nossa Senhora de Loreto, Sant’Ana, São Pedro Apóstolo e São Camilo de Lellis.

palavra do bispo

O tempo do testemunho entusiasmado: Ele ressuscitou Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana

Dom Sergio de Deus Borges

No Tempo Pascal, a liturgia recorda vários encontros que Jesus teve com seus discípulos depois de sua Ressurreição. A Ressurreição, fato histórico e centro da fé, foi comprovada por testemunhas fidedignas, como podemos ver no santo Evangelho: “Depois do sábado, ao raiar o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro. De repente, houve um grande terremoto: o anjo do Senhor desceu do céu e, aproximando-se, removeu a pedra e sentou-se nela. Sua aparência era como um relâmpago, e suas vestes brancas como

agenda regional

a neve. Os guardas ficaram com tanto medo do anjo que tremeram e ficaram como mortos. Então, o anjo falou às mulheres: vós não precisais ter medo! Sei que procurais Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui! Ressuscitou, como havia dito! Vinde ver o lugar em que ele estava. Ide depressa contar aos discípulos: Ele ressuscitou dos mortos e vai à vossa frente para a Galiléia. Lá o vereis” (Mt 28, 1-7). As mulheres que foram ao túmulo receberam a alegre notícia de que o Senhor não estava morto: procurais o Crucificado. Não está aqui, ressuscitou. Jesus não pertence ao mundo dos mortos e não é uma personagem do passado. Ele está vivo. Não só está vivo, como também caminha à nossa frente. Essas testemunhas, animadas por tão bela e entusiasmante

notícia, receberam do anjo uma missão: “ide depressa contar aos discípulos”. Elas foram firmes e testemunharam aos discípulos o que viram e ouviram, porque quem recebeu a alegre notícia e se encontrou com o Ressuscitado tem a missão de levar essa notícia aos outros, com rapidez e sem demora. Na noite santa da Vigília Pascal, também recebemos a feliz notícia da vitória da luz sobre as trevas, da vida sobre a morte, da ressurreição gloriosa do Senhor. Agora, no Tempo Pascal, somos convocados pelo mesmo anjo a seguir o caminho realizado pelas santas mulheres. O anjo nos diz: ide depressa contar aos que não participaram da solene Vigília Pascal, aos que duvidam da ressurreição, aos que imaginam que a ressurreição é

um mito, aos que pensam que a ressurreição foi somente uma visão que os apóstolos tiveram, aos que não creem que o único caminho para a vida eterna é a ressurreição. Para todos eles contai... Devemos contar, testemunhar e proclamar a ressurreição de Jesus de Nazaré, o acontecimento real, histórico, confirmado por muitas e respeitáveis testemunhas. Devemos afirmar com vigor, hoje, a ressurreição como fizeram inteiras gerações de homens e mulheres ao longo dos séculos, testemunhando muitas vezes com a própria vida e ao preço do sangue esta boa notícia: Jesus morto na Cruz ressuscitou, vive glorioso porque derrotou o poder da morte. Essa é a vitória da Páscoa, a nossa vitória. E este deve ser o nosso testemunho no tempo pascal.

Sexta (25), 20h

Sábado (26), 17h

Domingo (27)

Encontro das entidades sociais da Região Santana, na Cúria de Santana (avenida Marechal Eurico Gaspar Dutra, 1.877).

Sacramento da Confirmação na Comunidade São Miguel Arcanjo (rua Maria Elisa Siqueira, 219).

Às 10h30, Sacramento da Confirmação na Paróquia Sagrada Família (rua Sete Cachoeiras, 35, Jardim Peri). Às 16h, Santa Missa, presidida por dom Sergio Borges no retiro Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão, no Setor Jaçanã (rua Michel Ouchana, 50).


22 | Região Sé |

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Clero celebra a reconciliação e a comunhão Em preparação para a Páscoa, padres celebraram o perdão e misericórdia de Deus e confessamse mutuamente

se que se é verdade que a palavra convence, é o exemplo que arrasta. “Nós padres pregamos muito para o povo sobre a importância de viver os sacramentos, sobretudo a Reconciliação. Hoje é para nós este momento de nos reconciliarmos, porque é o sacramento que nos traz a salvação e a alegria”. Ele também recordou o recente fato de Fernando Geronazzo o papa Francisco ter ido confes-

Colaborador de comunicação da Região

sar-se durante uma celebração penitencial em Roma. “O exemplo do Papa foi a mais bela palestra sobre a Confissão”. Para cônego Dario Bevilacqua, colaborador na Paróquia Santíssimo Sacramento, no Setor Paraíso, celebrar a reconciliação com Deus é sempre algo que leva também à reconciliação com os irmãos. “Se você se reconcilia com Deus, certamente você pas-

sa a ser mais acolhedor com os irmãos, mais compreensivo com suas dificuldades. O nosso pedido de perdão a Deus é uma oportunidade, como consequência natural, de estreitarmos os laços de amizade entre irmãos”. Sacerdote há um ano, padre Isaac Madureira Silva, da Comunidade Aliança de Misericórdia, afirmou que o mais bonito dessa celebração é a comunhão

do presbitério. “É um momento de estarmos juntos e vivermos a experiência que todos nós somos convidados, a reconciliação com Deus, e partilharmos entre irmãos, essa realidade”. Após a celebração, foi servido um almoço de confraternização do clero que contou com a presença do arcebispo metropolitano de São Paulo, cardeal Odilo Pedro Scherer. Fernando Geronazzo

O clero da Região Episcopal Sé participou de uma SÉ celebração penitencial na manhã da Quarta-feira Santa, 16, no Mosteiro de São Bento, centro de São Paulo. A cerimônia foi presidida por dom Tarcísio Scaramussa, bispo auxiliar da Arquidiocese e vigário episcopal para a Região Sé, e contou com a presença de muitos padres, diocesanos e religiosos. A celebração também foi uma oportunidade de confraternização pascal do clero e de preparação para o Tríduo Pascal, celebrado nas paróquias e comunidades da Região. Dom Tarcísio afirmou que no espírito e na vivência da Quaresma e do tempo pascal, a conversão e a penitência são exatamente os exercícios espirituais mais importantes. “Todos estamos nessa dinâmica de conversão. Por isso, é um momento forte para a vida e espiritualidade do presbítero, que aprofunda sua comunhão com Cristo, em um processo de con- Na Região Episcopal Sé, presbíteros confessam entre si durante celebração penitencial do clero realizada no Mosteiro de São Bento, na quarta-feira, dia 16 versão constante e os padres, que atendem o povo no sacramento da Reconciliação, também expe- palavra do bispo rimentam a misericórdia de Deus e crescem na sua configuração a Cristo Bom Pastor”. Após a pregação feita pelo auxiliar da pecados. E recebereis o dom do A iniciação na fé e na vida É no Concílio Vaticano 2º abade dom Matthias Tolentino Bispo Arquidiocese na Espírito Santo” (At 2, 37-38). cristã nos primeiros séculos rece- (1962-1965) que o catecumenaBraga, os padres se confessaram. Região Sé Os escritos do Novo Testa- beu atenção prioritária da Igreja, to é reproposto como caminho Tanto na igreja quanto no jardim mento não falam de “Iniciação que chegou a institucionalizar o mais adequado para a realidade do claustro do Mosteiro, era posDom Tarcísio Cristã”, mas apresentam muitas catecumenato como caminho bem do nosso tempo, no qual não sível ver os padres celebrando a Scaramussa informações sobre como os no- estruturado para se chegar a ser acontece mais a transmissão reconciliação uns com os outros. vos discípulos de Jesus Cristo cristão. Esse caminho, que durava natural da fé nas famílias e na “Quem ministra o sacramento da Reconciliação tem que ter a A celebração da Páscoa é tempo entravam na comunidade. Os em média três anos, previa a ins- sociedade. Expressão dessa reconsciência do significado do oportuno para recordar a histó- elementos característicos da vida trução catequética, a conversão e tomada, foi a reformulação do sacramento como comunhão no ria da iniciação à vida cristã. Na cristã nas primeiras comunida- a mudança radical de vida, a expe- Ritual de Iniciação Cristã de projeto de Deus e experiência de vigília pascal, os catecúmenos des sintetizados nos Atos dos riência litúrgica e de oração, a for- Adultos (1972), que se apresenta sua misericórdia, reconhecimen- eram batizados, crismados e par- Apóstolos eram: o ensinamento mação espiritual, a celebração dos como base de um itinerário de dos apóstolos, a vida em frater- sacramentos do Batismo, Confir- iniciação com inspiração catecuto dos próprios limites e falhas”, ticipavam da comunhão. A primeira pregação de Pe- nidade e comunhão, a participa- mação e Eucaristia, pelos quais os menal. acrescentou dom Tarcísio. Assim como nos primeiPadre Pedro Facci, missio- dro, no dia de Pentecostes, apre- ção na Eucaristia, a perseverança candidatos são incorporados ao ros séculos da vida da Igreja, nário do Pontifício Instituto das senta uma síntese do anúncio na oração (At 2, 42-47). Para a mistério de Cristo e à sua Igreja. Esse sistema se modificou a iniciação à vida cristã volta a Missões Exteriores (Pime), dis- do querigma sobre Jesus Cristo iniciação de novos membros, (At 2, 14-36). Os ouvintes fi- eles seguiam um itinerário que após o Edito de Milão (Constan- receber atenção prioritária, e a cam sensibilizados e perguntam continha como elementos essen- tino, 313) e com a oficialização Catequese de inspiração catecuo que devem fazer. Pedro lhes ciais: a pregação do Evangelho, do Cristianismo como religião menal tem se revelado o melhor agenda regional indica as condições para come- a acolhida da fé e a conversão, oficial do império romano (Te- caminho para a iniciação de noQuarta-feira (23), 9h30 çar a fazer parte da comunidade: a Catequese, o escrutínio, o Ba- odósio, 381), quando o Batismo vos discípulos e também para a Reunião da Comissão Regional “Convertei-vos e cada um de vós tismo, o dom o Espírito Santo, a em massa, inclusive o Batismo formação de batizados que não de Presbíteros, no Centro de seja batizado em nome de Jesus incorporação ao povo de Deus, a de crianças, começa a suplantar passaram pelo processo de iniPastoral da Região Sé (avenida Cristo, para o perdão dos vossos participação no corpo de Cristo. o catecumenato. ciação. Pacaembu, 954, Pacaembu).

Páscoa, cume da Iniciação à Vida Cristã


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| Região Brasilândia | 23

Dom Milton lava os pés de 12 fiéis na Vila Zatt Celebração da Instituição da Eucaristia e do Lava-pés aconteceu na Paróquia Nossa Senhora Aparecida Renata Moraes

Colaboradora de Comunicação da Região

Na noite da Quinta-feira Santa, 17, quando toda a Igreja Católica inicia o Tríduo Pascal da Paixão, BRASILÂNDIA Morte e Ressurreição de Jesus, é momento também em que se recorda a última ceia, a Instituição da Eucaristia e do Ministério Sacerdotal. Na Brasilândia, dom Milton Kenan Júnior, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região, presidiu a missa da Ceia do Senhor na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Vila Zatt. Durante a celebração, relembrando o ato de amor, serviço e humildade de Jesus Cristo, ao lavar os pés dos apóstolos durante a última ceia, o Bispo refez o gesto de Jesus, lavando os pés de 12 fiéis da comunidade: homens, mulheres, idosos,

Renata Moraes

jovens e crianças que fazem parte da Paróquia. Na homilia, dom Milton relembrou que celebrar a Quinta-feira Santa é rememorar a última ceia. “Nós celebramos a Páscoa, comendo da carne e bebendo do sangue de Jesus Cristo, assim nos tornamos um com ele, e comungamos da sua vida, acontecendo em nós o mistério Pascal”, afirmou. O Bispo também exortou a todos sobre a necessidade de ir ao encontro do outro e o sentido real da passagem da morte para a ressureição. “A Páscoa não acontece uma só vez ao ano, mas todos os domingos e todas as vezes que somos capazes de servir uns aos outros, de lavarmos os pés dos nossos irmãos. Se queremos ter parte com Jesus, temos que aprender a ser como ele, amar como Jesus amou”. Para a jovem Priscila de Oliveira Matos, receber o convite para ter os pés lavados nessa celebração foi uma grande surpresa e benção. “Senti a presença de Deus forte em mim, jamais esquecerei esse gesto de humildade do nosso Bispo, revivendo os ensinamentos de Jesus”. Ao fim da celebração, o Santíssimo Sacramento foi trasladado para um lugar reservado no salão paroquial, onde permaneceus durante toda a madrugada para adoração.

agenda regional

Sábado (26 )

Às 9h, reunião do Conselho Regional de Pastoral (CRP), na Paróquia Santos Apóstolos (avenida Itaberaba, nº 3907, Itaberaba). Outras informações em (11) 3924-0020.

Às 20h, Cristoteca e Festa do Padroeiro na Paróquia São Luís Maria de Grignion de Montfort (rua Doutor Carmelo D’Agostino, 149, Jardim Rincão). Outras informações em (11) 3941-1868.

Dom Milton lava os pés de fiéis, assemelhando-se ao ato de humildade e serviço de Jesus Cristo

Comunidades reúnem-se para Missa da Alvorada no Domingo de Páscoa Renata Moraes

Vestidos de branco, cor que simboliza a ressurreição de Jesus Cristo, os fiéis participam da Missa da Alvorada na matriz da Paróquia Nossa Senhora do Retiro, no domingo, 20 Da Região Episcopal

A escuridão da madrugada foi vencida com a luz de Cristo, resplandecente no Círio Pascal, ecoando a mensagem central da Páscoa: Jesus Ressuscitou. Vestidos de branco, os fiéis da Paróquia Nossa Senhora

do Retiro, na Vila Mirante, se reuniram às 5h para a Missa da Alvorada, presidida pelo padre Natanael Pires, atual pároco. A comunidade respondeu ao convite da liturgia e compareceu em grande número. A assembleia estava cheia. As comunidades São Pedro Apóstolo, Rainha da Paz,

São Judas Tadeu e São Francisco de Assis, que juntas com a matriz compõem a paróquia, se fizeram presente. A celebração foi marcada pela alegria e comoção dos fiéis. A imagem de Cristo Ressuscitado foi entronizada pelos jovens do Movimento Escalada, que,

com balões brancos, anunciavam a boa nova de Jesus, que venceu a morte e trouxe vida por sua ressurreição. Na homilia, padre Natanael destacou a importância de se deixar renovar pela Páscoa de Cristo, a passagem da morte e da escravidão para a liberdade

e salvação; de todos anunciarem a boa notícia do Evangelho e da importância de servir aos irmãos. Após fim da celebração, foi servido um café da manhã comunitário no salão paroquial, preparado pela pastoral do Terço dos Homens.


24 | Região Belém |

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Sacramentos são concedidos em missa de Páscoa João Carlos Gomes

Dom Edmar presidiu celebração na Paróquia Jesus Ressuscitado, em que 26 jovens receberam o Batismo, a 1ª Eucaristia e a Crisma João Carlos Gomes

Colaborador de comunicação da Região

A Paróquia Jesus Ressuscitado, no Setor Conquista bELÉM da Região Episcopal Belém, celebrou a Páscoa no dia 20, de uma maneira especial: com o Batismo de dois jovens, a Primeira Eucaristia de 16 pessoas e a Crisma de outros oito jovens. A missa foi presidida pelo bispo auxiliar da Arquidiocese para o Belém, dom Edmar Peron, e concelebrada pelos padres da Paróquia Jesus Ressuscitado, Madrid Rodrigues e Jaime Soria Cabeza. Cerca de 600 pessoas participaram.

Vida nova

Para dom Edmar, não poderia haver data mais apropriada para conceder os sacramentos a um cristão. Logo no início da celebração, o Bispo exultou o dia da Páscoa e o momento em que a Paróquia estava passando: “Hoje faz todo o sentido esta celebração, ainda mais nesta igreja, sede da Paróquia Jesus Ressuscitado; Aquele que por nós foi crucificado, morto e sepultado, não permaneceu no sepulcro, mas está vivo entre nós. Passou da escuridão da morte do pecado para a vida. Ele triunfou”, alegrou-se dom Edmar, que continuou: “E Deus nos concede esta vida nova com seus sacramentos também. E nessa comunhão de fé, em que tantos colaboraram para vocês jovens chegarem até aqui, estão presentes os catequistas, os padres, o bispo e seus parentes e amigos, todos para celebrar o dia da Ressurreição de Cristo”. E citando, sobretudo, a Segunda Leitura do Dia, a Carta de São Paulo aos Colossenses (Cl 3, 1-4) dom Edmar disse aos jovens que estavam recebendo seus sacramentos, e a toda a assembleia, o que fazer para honrar o Cristo Ressuscitado. “Buscar as coisas do alto não é pisar nas pessoas, sobrepujálas para ficar por cima, mas é ser solidário, ser capaz de perdoar, de amar, de dialogar para ter uma boa relação familiar, social e de trabalho. Aí sim, buscando o que é de Deus, estaremos promovendo diariamente a Páscoa”, finalizou.

Dom Edmar, bispo auxiliar da Arquidiocese, preside a missa de Páscoa, em que 26 jovens da Paróquia Jesus Ressuscitado recebem sacramentos, no domingo, 20 palavra do bispo

Espiritualidade pascal: as leituras bíblicas Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Belém

Dom Edmar Peron

Os Evangelhos propostos para esse Domingo de Páscoa chamam a atenção sobre a necessidade de compreendermos a Bíblia para aprofundar nossa fé em Cristo Ressuscitado e encontrá-lo vivo. Pela manhã, o Evangelho disse, a respeito de Maria Madalena, Simão Pedro e “e o outro discípulo, aquele que Jesus amava”, que: “de fato, eles ainda não tinham compreendido a Escritura, segundo a qual ele – Jesus – devia ressuscitar dos mortos” (Jo 20,9). À tarde, poderia ser lido o Evangelho dos discípulos de Emaús, aos quais Jesus censurou: “Como vocês custam para entender e como demo-

ram para acreditar em tudo o que os profetas falaram! Será que o Messias não devia sofrer tudo isso para entrar na sua glória?”. Então, Jesus começou a explicar para os discípulos “todas as passagens da Escritura que falavam a respeito dele” (Lc 24, 25-27). Penso, pois, que a espiritualidade do tempo pascal passa também, necessariamente, pela meditação da Palavra de Deus. Há vários esquemas para ler a Bíblia nesses dias: o esquema das celebrações dos Domingos, o das celebrações durante a semana, e aquele proposto na Liturgia das Horas. Quero sugerir a vocês, irmãos e irmãs, que meditemos com maior empenho os textos evangélicos, escolhidos para a celebração dominical. A respeito deles, a Introdução do Lecionário ou Ordem das Leituras da Missa, OLM, nos oferece uma primeira

compreensão: “Até o terceiro domingo da Páscoa, as leituras do Evangelho relatam as aparições de Cristo ressuscitado. As leituras do Bom Pastor são proclamadas no quarto domingo da Páscoa. No quinto, sexto e sétimo domingo da Páscoa leem-se passagens escolhidas do discurso e da oração do Senhor depois da última ceia” (OLM 100). A Ascensão do Senhor tem “texto próprio, segundo as variantes de cada evangelista”; e em Pentecostes “a leitura evangélica traz à memória como Jesus, na tarde do dia da Páscoa, torna os discípulos participantes do Espírito, ao passo que os textos opcionais tratam da ação do Espírito nos discípulos e na Igreja” (OLM 102). Surge claramente o centro dos domingos da Páscoa: Jesus Cristo, o Bom Pastor. Aquele que foi crucificado, morto e sepultado, ressuscitou ao terceiro dia; ele se

manifesta ressuscitado aos seus discípulos e os ensina; elevado aos Céus, envia de junto do Pai, sobre a Igreja, o Espírito Santo Paráclito. Portanto, as meditações dessas passagens do Evangelho, indicados para os domingos de Páscoa e de Pentecostes, são uma oportunidade para deixar o próprio Senhor nos falar hoje, e abrir as nossas mentes para entendermos as Escrituras (Lc 24,45). Creio que, desse modo, poderá se realizar em nossas vidas a convicção do papa Francisco: “A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria” (Evangelii Gaudium, 1). Quero, em tempo, desejar-lhes uma feliz Páscoa!

Evento reúne 600 jovens no Dia Mundial da Juventude Fábio Gomes

Da Região Episcopal

No dia 12, cerca de 600 jovens dos dez setores da Região Episcopal Belém se reuniram na quadra do colégio Nossa Senhora de Lourdes, no Setor Belém, para a Celebração do Dia Mundial da Juventude. O evento foi organizado por uma comissão de jovens, orientados pelo bispo auxiliar da Arquidiocese para o Belém, dom Edmar Peron, e pelo coordenador da Pastoral Presbiteral Regional, padre Fausto Marinho. Além de dom Edmar e padre Fausto, participaram os padres Cláudio Oliveira, coordenador regional de pastoral, e os padres Wesley Machado, José Antonio Tejada e Hernán Moises Muñoa de La Ossa, Paulo Borges de Moraes e Alexandre Ferreira, e também religiosos, seminaristas, e leigos das comunidades. Durante o encontro, vários grupos apresentaram encenações, can-

Encontro é inspirado nas Bem Aventuranças, escolhidas pelo Papa para a Jornada Mundial da Juventude deste ano

tos e danças, cativando os presentes com sua criatividade. As apresentações associaram ensinamentos e realidade vivida pela juventude. Foram lembradas as motivações e compromissos com os pobres em São Francisco de Assis e madre Teresa de Calcutá, a vocação evangelizadora do jovem São José de

Anchieta, a lembrança dos “50 anos do Golpe Militar” e a dedicação de líderes cristãos católicos na defesa vida, direitos humanos e da democracia, como dom Helder Câmara, dom Paulo Evaristo Arns, frei Tito de Alencar, Santo Dias da Silva e o jornalista Vladmir Herzog. Dom Edmar acompanhou o

evento fazendo-se jovem em meio aos jovens, como aconselhou o papa João Paulo 2º aos evangelizadores adultos. No fim da celebração, leu trechos da mensagem inspiradora do papa Francisco, abençoou e enviou a juventude como “alegres discípulos evangelizadores dos demais jovens da sociedade”.


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copa do mundo Da proposta de reforma do Morumbi à construção do Itaquerão, arena paulista da Copa saltou de R$ 240 milhões para mais de R$ 1 bilhão

Estádio em São Paulo: custo 4 vezes acima do projetado Luciney Martins/O SÃO PAULO

1970 – Tricampeonato com 100% de aproveitamento Na Copa de 1970, no México, a campanha brasileira foi irretocável: seis jogos, seis vitórias, 19 gols e tricampeonato mundial conquistado. Para chegar ao título, os brasileiros triunfaram sobre o Uruguai nas semifinais; e venceram a Itália, na final, por 4x1, com gols de Pelé, Gérson, Jairzinho e Carlos Alberto Torres. Com o título, o Brasil ganhou a posse definitiva da Taça Jules Rimet, que acabaria roubada e derretida por ladrões na década de 1980.

Daniel Gomes

Assim que a Fifa definiu o Brasil como sede da Copa, em 2007, o Morumbi foi apontado como o estádio paulista para o Mundial. Para adequá-lo, o São Paulo Futebol Clube estimava investir R$ 240 milhões. Porém, em 2010, o Morumbi foi descartado como sede do Mundial, e a CBF e o Governo paulista anunciaram que as partidas aconteceriam no futuro estádio do Corinthians (Itaquerão), na zona leste. No último dia 15, após quase três anos de obras, a construtora Odebrecht entregou ao Corinthians a Arena, mas ainda faltam algumas intervenções, especialmente nas arquibancadas provisórias, que abrigarão, na Copa, 20 mil pessoas a mais que os 48 mil lugares fixos do estádio, palco do jogo de abertura do Mundial, em 12 de junho. Na solenidade de entrega, a diretoria do clube admitiu que o orçamento de R$ 820 milhões deve saltar para R$ 960 milhões, e já há informações de que o estádio custará mais de R$ 1,15 bilhão, 40% acima do valor estimado. “O contrato do Corinthians com a Odebrecht era para a entrega do estádio em dezembro de 2013, mas aconteceram problemas. O valor fechado era de R$ 820 milhões, só que por conta da não liberação de recursos do Ban-

SPFC

Redação

Ponto de Vista

Estádio do Morumbi (det.), primeira opção para sediar jogos da Copa em SP, teria custo menor que a construção da Arena Corinthians

co Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) [de R$ 400 milhões], a Odebrecht teve que buscar dinheiro no mercado, financiamento em bancos privados. Isso fez com que, por conta dos juros, houvesse esse encarecimento”, explicou, ao O SÃO PAULO, Rodrigo Prada, diretor do Portal 2014, mantido pelo Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco). Prada comentou, ainda, que as paralisações, turnos extras de trabalho e incidentes encareceram a Arena Corinthians; e também avaliou que o valor de R$ 240 milhões, estimado para a reforma do Morumbi, não se manteria. “Quando o Morumbi

foi excluído da Copa, o valor do estádio já estava em R$ 630 milhões, e mesmo essa reforma não comportaria as exigências que a Fifa faz para o jogo de abertura”. Para o jornalista esportivo Rodrigo Viana, não havia necessidade de um novo estádio em São Paulo para a Copa. “Construir um estádio na cidade foi um exagero. O São Paulo tinha um estádio praticamente pronto. Quando trabalhava em uma emissora de tevê, fiz uma reportagem em que entrevistei um diretor de patrimônio do São Paulo e ele me disse que, com pouquíssimas obras, o Morumbi estaria pronto para a Copa”, recordou. Apesar de contrário à construção, Viana acredita que a nova

Arena tem uma capacidade de público ideal para um ambiente multiuso e poderá redundar em melhorias para a zona leste. “As construções que serão feitas em torno da arena vão trazer para aquela região certa visibilidade comercial, financeira e até educacional”, afirmou. “Espero que a Copa deixe um legado positivo e que a região de Itaquera não seja esquecida após a Copa. Que não se façam mais desapropriações e que haja desenvolvimento e qualidade de vida para a região”, desejou. A primeira partida oficial da Arena deve acontecer em 17 de maio, entre Corinthians e Figueirense. No dia 20 do mesmo mês, o estádio será entregue à Fifa.

Sobre Luciano do Valle No auge da carreira, entre as décadas de 1970 e 1990, Luciano do Valle foi o mais cativante locutor esportivo da televisão brasileira. Especialmente na tevê Bandeirantes, a partir da segunda metade dos anos 1980, conquistou respeitáveis índices de audiência se valendo apenas da capacidade vocal. Desbravador, incutiu nos telespectadores o hábito de assistir corridas de automóvel, jogos de vôlei e de basquete e até partidas de sinuca. Genial: assim foi Luciano do Valle, que, morreu no sábado, 19, a caminho de mais uma jornada esportiva e às vésperas daquela que seria sua 11ª cobertura de Copa do Mundo. Por Daniel Gomes


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Casos de dengue sobem e são 42% maiores que no mesmo período do ano anterior Primeiro trimestre de 2014 já registra 1.745 ocorrências; moradores denunciam falta de fiscalização

ano passado foram 2.617 casos e índice 23,3”, informa o site. A família de Lilian Martuci, catequista na Paróquia da Natividade do Senhor, entrou para as estatísticas e foi afetada pelos problemas da dengue. Sua mãe, e logo em seguida seu filho, ficaram doentes e tiveram que ser hospitalizados. A catequista diz que por mais que a comunidade tenha se uniEdcarlos Bispo do e esteja alertando os fiéis, não redação

tem sido suficiente para diminuir os casos da doença no bairro. Só entre amigos e conhecidos, Lilian sabe de cinco casos, porém entre conversas com vizinhos e demais moradores do Jardim Fontális, acredita que os casos passem de 50. O seu filho, Lucas Martuci, 18, foi atendido no hospital particular, graças ao convênio que a família possui, porém Lilian afirma que muitos moradores têm

procurado atendimento no Sistema Único de Saúde, mas voltam para casa sem atendimento adequado, apenas com a recomendação de que conservem o repouso e tomem bastante água. De acordo com Lilian, os médicos do hospital particular onde seu filho ficou internado afirmaram que a cidade passa por um surto da doença, porém as autoridades públicas não querem afirmar, pois temem o

Por uma conhecida rede social as pessoas relatam os sintomas – febre, dor de cabeça, dor no corpo – e reclamam da suspeita do diagnóstico: dengue. Informações, até um tanto quanto irresponsáveis, como supostos óbitos por causa da doença começam a surgir – de acordo com informações oficiais, há apenas um óbito confirmado –, e atingir alto número de “compartilhamentos” e “curtis”, ferramentas utilizadas na citada rede. Na Paróquia Natividade do Senhor, no Jardim Fontális, zona norte de São Paulo, o padre Andrés Gustavo Marengo, dedicou mais de dez minutos durante os avisos finais da missa para alertar os fiéis sobre os riscos da dengue. Uma das funcionárias da Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro entregava panfletos para alertar os moradores dos cuidados que devem ser tomados. Os números de casos, somente no primeiro trimestre do ano, teve um aumento de 42% em relação ao mesmo período do ano anterior. De acordo com balanço apresentado no site da Secretária de Saúde do Município, os casos estão em 1.745. “O dado considera as notificações recebidas nas primeiras 14 semanas epidemiológicas e pode variar na medida em que os casos são registrados pelas unidades de saúde.” “Neste período, foram notificados 1.745 casos de dengue em 2014, o que resulta em uma taxa de incidência de 15,5 (casos para cada 100 mil habitantes), considerada baixa de acordo com o Ministério da Saúde. Em 2013, em 14 semanas, foram notificados 1.229 casos. Durante todo o

Entenda o índice Taxa de incidência de dengue* 0 a 100 casos por 100 mil habitantes - baixa incidência 100 a 300 casos por 100 mil habitantes - média incidência Acima de 300 casos por 100 mil habitantes - alta incidência * Ministério da Saúde

Como prevenir Pratos de vasos de plantas devem ser preenchidos com areia; Tampinhas, latinhas e embalagens plásticas devem ser jogadas no lixo e as recicláveis guardadas fora da chuva; Latas, baldes, potes e outros frascos devem ser guardados com a boca para baixo;

impacto negativo que a notícia teria com aproximação da Copa do Mundo. Outro problema apresentado por Lilian é a falta de agentes de saúde. Segundo ela, desde o começo do ano, apenas uma vez apareceu um agente de saúde para alertar sobre medidas de precaução que devem ser tomadas para se prevenir a dengue. Além disso, segundo a catequista, os moradores acham que quando uma pessoa está com dengue o foco da doença está na casa dela, o que, por vezes, pode não ser verdade. “As pessoas pensam nelas mesmo. Por exemplo: o Lucas e minha mãe tiveram, então eles pensam que o foco está aqui. Eu não tenho planta, nem quintal e muito menos caixa d’água descoberta. Acham, que por elas não serem picados, o foco é na casa do vizinho”. A assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde do Município não respondeu às perguntas da reportagem, porém passou o link do site da prefeitura (http:// www.capital.sp.gov.br/) para que as dúvidas referentes ao tema fossem tiradas. Contudo, o mesmo não traz informações como o número de agentes de saúde e as áreas que estão visitando para alertar sobre o aumento e o combate aos casos da dengue. Os números não representam um surto, pois para as autoridades é considerado surto quando são registrados 300 casos por 100 mil habitantes. O recorde anterior no País havia ocorrido em 2010, quando o mesmo índice chegou a 530,3. A marca se repetiu no Estado de São Paulo, onde foram notificados 479,6 casos por 100 mil habitantes, contra 458,9 em 2010.

Sintomas Caixas d’água devem ser mantidas fechadas com tampas íntegras sem rachaduras ou cobertas com tela tipo mosquiteiro; Piscinas devem ser tratadas com cloro ou cobertas; Pneus devem ser furados ou guardados em locais cobertos; Lonas, aquários, bacias, brin-

quedos devem ficar longe da chuva; Entulhos ou sobras de obras devem ser cobertos, destinados ao lixo ou “Operação Cata-Bagulho”; Cuidados especiais para as plantas que acumulam água, como bromélias e espadas de São Jorge; ponha água só na terra.

A presença de dois sinais, combinada com febre alta, é indicação para procurar o serviço médico, principalmente, quem está chegando de viagem de região contaminada. Os sintomas da dengue clássica como é chamada, acrescida de dor abdominal contínua, suor intenso e queda de pressão carac-

terizam a dengue hemorrágica. Febre alta (acima de 38°C) Fraqueza e prostração ou fraqueza Dor no corpo e nas juntas Dor de cabeça Dor no fundo dos olhos (Sem resfriado ou coriza) Site da Secretaria da Saúde do Município


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