O SÃO PAULO - edição 3004

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Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 59 | Edição 3004 | 27 de maio a 2 de junho de 2014

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Encontro do papa Francisco e do patriarca Bartolomeu I em Jerusalém Um passo a mais a caminho da unidade

Pedro visita André L’Osservatore Romano

O mundo acompanhou atento a visita do papa Francisco à Terra Santa. Dias repletos de emoção e de surpresa. Diante do chamado “muro da separação”, encostou a cabeça e as mãos. Orou. Na busca pela paz, o Papa ofereceu-se para mediar um encontro entre o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, e o presidente Shimon Peres. Deixou à disposição dos dois a sua própria casa, no Vaticano. Página 24

Veja ainda: “Vários chapéus, uma só cabeça: a unidade da Igreja”, escreve o cardeal Scherer em seu artigo.

Página 3

São Paulo ganha Santuário Paroquial da Mãe Rainha Peregrinos da Paróquia Nossa Senhora do Brasil cultivam a devoção à Mãe Rainha. História do Servo de Deus João Pozzobon é inspiração para missionários de Schoenstatt. Páginas 11 e 17

Comunidade São Marcos é elevada a Paróquia Na Região Episcopal Santana está a mais nova paróquia da Arquidiocese de São Paulo. A missa foi presidida pelo cardeal Odilo Scherer, no domingo, 25. Página 16

Insegurança preocupa turistas da Copa do Mundo Por conta do Mundial de Futebol, 600 mil turistas estrangeiros devem vir ao Brasil. Situação de violência nas cidades brasileiras levou embaixadas a elaborar orientações sobre os cuidados que seus cidadãos devem ter durante a Copa do Mundo. Página 21

Pela criação de novas leis migratórias Coletiva de imprensa na Missão Paz fez um apelo ao Congresso e ao governo brasileiro para que seja estudada e criada uma lei que atenda as atuais necessidades do sistema migratório, pois a atual legislação remete aos tempos da ditadura e é seletiva. Página 22

Famílias peregrinam a Aparecida e refletem desafios Entre os dias 24 e 25, em Aparecida (SP), famílias de todo Brasil, como os Muscarelli (foto), do Mato Grosso, estiveram no Santuário Nacional para participar do 4º Simpósio e 6ª Peregrinação Nacional da Família, que refletiu sobre os desafios do Matrimônio e a espiritualidade familiar, alicerçada no “caminhar com a luz de Cristo e a sabedoria do Evangelho”, como apontou o tema dos eventos. Ao O SÃO PAULO, dom João Carlos Petrini, bispo de Camaçari (BA) e presidente da Comissão Episcopal para a Vida e a Família da CNBB, comentou que em um mundo de solidão, abandono e violência, “a família cristã pode ser um ponto de luz” e a espiritualidade ajuda na união entre as pessoas e entre as famílias. Página 13

Luciney Martins/O SÃO PAULO


2 | Fé e Vida | Editorial

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O segredo do sucesso de Francisco

Quando Bento XVI renunciou ao pontificado e foi sucedido pelo papa Francisco, em um conclave bastante rápido – esperava-se que a escolha do novo papa seria mais demorada e complicada –, alguns profissionais da comunicação comentaram: “Deus é excelente em marketing”. O comentário é irônico, mas não de todo descabido. Nos dias que sucederam a renúncia de Ratzinger ao ministério petrino e durante todo o período que antecedeu o conclave, até o dia em que a fumaça branca provocou uma verdadeira explosão de alegria na praça de São Pedro, a Igreja Católica foi o assunto principal de todos os noticiários. Nos dias que sucederam a renúncia de Bento XVI, durante semanas, proliferaram, nas televisões do mundo intei-

opinião

ro, documentários que passaram a vida do papa Ratzinger a limpo. O saldo final foi positivo. Depois, as congregações dos cardeais (reuniões preparatórias para o Conclave), antes quase de tudo desconhecidas pelo mundo laico, ganharam holofotes e significado. Todos queriam saber quem seria e palpitar sobre como deveria ser e o que deveria fazer o novo papa. Surpreendente o fato de que a abdicação ao trono de Pedro ter sido bem recebida pela mídia e pela opinião pública, assimilada como um ato corajoso e humilde. Mas a surpresa maior foi a conquista imediata do papa Francisco da opinião pública e de toda a mídia. Seus gestos marcantes, sua fala direta e sincera, a simplicidade de vida que prega recordando com palavras

e exemplos, que somos seguidores de um “Deus Crucificado”, cativaram os corações. Um papa tão humano, avesso à solidão e à pompa. Um papa que confia no que existe de melhor na humanidade e, por isso, não se proteje das multidões de quem ele é o pastor. Fora isso, em suas homilias, o número de alusões que faz ao demônio constrange os teólogos mais racionalistas. O Papa tem fé, é filho da Igreja e crê nas realidades sobrenaturais. Francisco é, sem dúvida, um fenômeno midiático a ser estudado. Qual o segredo de seu sucesso? Francisco fala a verdade, doa a quem doer. Suas homilias não são grandes tratados de sociologia ou economia. Seus discursos não são meras conjecturas das quais o povo de Deus está farto, até porque

Os cristãos e a opinião pública Sergio Ricciuto Conte

Jornalista e assessor de imprensa master em gestão de empresas de comunicação, diretor da RZ.com Jornalismo e Comunicação

Roberto Zanin

São João Paulo II definia os meios de comunicação como o “novo areópago” dos tempos modernos. O apóstolo Paulo foi àquele reduto de sábios atenienses, para anunciar à sociedade politeísta a existência do Deus verdadeiro. O que o Santo Papa dizia há algumas décadas se torna ainda mais atual. Tal como a Atenas dos tempos paulinos, o mundo contemporâneo tem estátuas de vários “deuses”, todos debaixo do guarda-chuva da doutrina do politicamente correto. Há muitas estátuas, para muitos deuses, muitas “verdades”. Nessa Atenas do século 21, a “midiatização” da sociedade, aliada à falta de vontade e de tempo da população em estudar a fundo as questões éticas e morais, tornam os meios de comunicação os grandes formadores de opinião. Vivemos o tempo dos rótulos, dos carimbos, dos slogans. Apregoa-se à exaustão que “a Igreja é contra a ciência, contra os direitos da mulher, contra os homossexuais” etc e isso acaba se tornando “verdade” para muitos. É nesse ambiente que os cristãos devem expor e defender seus valores. Os canais de comunicação entre o público e a mídia se multiplicaram e tornaram mais fácil a interatividade. Ora, vejam: 20 anos atrás, se um jor-

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

não entende. Suas perspectivas são simples. Seu referencial é sempre Jesus Cristo. E, assim, Francisco ensina o Evangelho, fala do amor e da misericórdia de Deus, fala sobre a vida. Propõe soluções simples e acertadas para problemas complicados. Na Terra Santa, simplesmente, reza diante do vergonhoso muro que separa Israel dos Palestinos e ensina o óbvio: que os dois Estados têm o direito de subsistir dentro de territórios internacionalmente reconhecidos e, com a simplicidade de um padre camponês, convida os presidentes de Israel e Palestina a rezarem no Vaticano. Em outras palavras: Francisco, em tudo o que faz, evangeliza e fala de Deus. Uma bela lição a ser seguida por todos os sacerdotes em suas homilias!

nalista escrevesse uma mentira ou informação errada sobre determinado tema, o que o leitor descontente poderia fazer? No “máximo”, escrever uma carta ao jornal e rezar para que fosse publicada, após ter tido o trabalho de ir ao correio. Em 2014, o leitor conta com e-mail, com a área de comentários nos portais jornalísticos e pode entrar em contato com o jornalista via Twitter, Facebook ou outra rede social. Mas não basta para o cristão que quer transmitir suas ideias, ter acesso a esses canais. Há que cuidar da forma e do conteúdo de sua mensagem. Com frequência, os “filhos das trevas” são mais espertos que os “filhos da luz”. Quantas vezes o discurso cristão é amargo, severo, negativo. Não pare-

ce ser portador da luz do Evangelho. O politicamente correto, verdadeira “religião” pós-moderna, é mestre em revestir as maiores barbaridades com a capa da doçura, com o charme da sofisticação. O politicamente correto conhece a força do verbo, da palavra. Termos como “aborto”, já trazem em si mesmo a força, a gravidade do ato. Dificilmente alguém aceitaria fazer um aborto. Mas uma “interrupção de gravidez”, (termo que eles usam em substituição à palavra “aborto”) talvez aceite. Tudo isso para dizer que o cristão que quer dar sua voz na opinião pública, deve ter a mesma sagacidade. Ao comentar uma notícia, ao debater com um amigo, ao defender uma causa

pró-vida, pró-família etc, a melhor estratégia é não utilizar um discurso religioso. O Laicismo conseguiu consolidar a ideia de que as postulações religiosas devem ser confinadas à sacristia. Nesse sentido, termos como “tal coisa é pecado”, ou “a Igreja diz que...”, tendem a ser menos eficazes. Pode-se defender o mesmo ideal utilizando palavras sem “cheiro de vela”, como a “violação da dignidade humana”, “direito humano” etc. Mas para fazer isso é preciso ter formação. Conhecer o Catecismo, o ensino dos Papas, os principais pronunciamentos da Igreja. Um cristão razoavelmente formado não vai engolir em seco quando a mídia diz, por exemplo, que a “Igreja é contra as pesquisas com células-tronco”. Vai explicar que a Igreja é a favor e estimula as pesquisas com células tronco adultas, as que têm dado mais resultados. É contrária, apenas, às pesquisas com embriões, estágio pelo qual todo adulto já passou. Além disso, começa a crescer no Brasil uma modalidade de participação bastante eficaz: as listas de assinaturas via internet. Iniciativas como a CitizenGO, permitem que, com um clique, você possa mandar uma mensagem solicitando àquele deputado que vote em favor da vida, àquele patrocinador que não dê mais dinheiro para programas de televisão apelativos etc. Meios para influir na opinião pública não faltam. Basta querer se preparar. Basta querer agir e fazer a diferença. Se o Brasil que se diz cristão tiver cristãos que manifestem suas opiniões a quem decide, será, de fato (e não apenas “de nome”) um país cristão.

Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação Semanal • www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Reportagem: Cônego Antônio Aparecido Pereira, Daniel Gomes, Edcarlos Bispo e Nayá Fernandes • Institucional: Rafael Alberto • Fotografia: Luciney Martins • Administração: Maria das Graças Silva (Cássia) • Assinaturas: Djeny Amanda • Projeto Gráfico e Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Edição Gráfica: Ana Lúcia Comolatti • Impressão: Atlântica Gráfica e Editora Ltda. • Redação e Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinaturas) • Números atrasados: R$ 1,50 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail• A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.


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Encontro com o pastor

Vários chapéus, uma só cabeça: a unidade da Igreja

martírio dos apóstolos Pedro e Paulo, e já tendo sido encerado o Concílio, PauArcebispo lo VI escreveu ao mesmo patriarca Atemetropolitano de São Paulo nágoras, com o propósito de avançar no caminho ecumênico: “este desejo leva cardeal a uma vontade resoluta de fazer tudo o odilo pedro que estiver ao nosso alcance para que scherer chegue o dia do restabelecimento pleno da comunhão entre a Igreja do Ocidente O fato eclesial de maior destaque des- e a Igreja do Oriente”. ses últimos dias foi, sem dúvida, a Muito caminho de aproximação peregrinação do papa Francisco à Terra Santa, com vários momentos muito significativos. O principal deles foi o encontro com o patriarca ecumênico greco-ortodoxo Bartolomeu I, na Basílica do Santo Sepulcro, no dia 25 de maio. Francisco quis repetir, 50 anos depois, o encontro histórico de Paulo VI com o patriarca Atenágoras, que aconteceu ainda em pleno andamento do Concílio Ecumênico Vaticano II. Aquele memorável encontro rompeu o gelo entre Roma e Constantinopla, que perdurava há vários séculos, sem que tivesse havido mais nenhum encontro entre um papa de Roma e um patriarca ortodoxo de Constantinopla. O abraço entre os dois chefes de Igrejas abriu imensas esperanças para o caminho ecumênico, tão desejado pelo Concílio, levando a crer que, em breve, poderia acontecer tem sido feito ao longo desses 50 a reconciliação plena entre as duas anos, mesmo que isso não apareça Igrejas e a reconstituição da unidade sempre claramente a todos: foram leentre católicos e ortodoxos, rompida vantadas as recíprocas excomunhões, pelo cisma do Oriente, em 1054. A instaurou-se um diálogo teológico e questão mais complicada nas relações mesmo doutrinal entre as duas Igrejas; ecumênicas entre as duas Igrejas é acontecem gestos de recíproco apreço, eclesiológica, relativa ao primado do como a presença de um representante sucessor de Pedro e ao exercício do do Patriarca de Constantinopla na soministério petrino na Igreja. lenidade de São Pedro e São Paulo e Em 25 de julho de 1967, iniciando de um representante do Papa na festa o ano da fé em memória do 19º século patronal de Santo André, no patriarca-

do de Constantinopla. Mais que tudo, foi significativa a presença do próprio patriarca Bartolomeu I na missa de início do pontificado do papa Francisco, no dia 19 de março de 2013. Agora, no encontro ecumênico de Jerusalém, muito desejado por Francisco e patrocinado pelo Patriarca ortodoxo, esse caminho ecumênico retoma fôlego. A Declaração comum entre os dois chefes de Igrejas deixa claro o propósito de buscar a plena unidade e de não se deixar abater pelas dificuldades que o caminho da unidade plena apresenta. Os discursos diante do monumento ao santo sepulcro recordaram bem: não parecia também o túmulo o fim de toda esperança? E eis que ele está vazio! Jesus venceu até mesmo a morte, último obstáculo para a realização do desígnio de Deus. Pode haver algo impossível para que o sonho da unidade plena da Igreja se realize?! Claramente, as dificuldades não são desconhecidas ou subestimadas, nem pelo Papa, nem pelo Patriarca. Mas as falas foram repletas de esperança e de convites à perseverança, na firme certeza de que o desejo expresso de Jesus não é a divisão, mas a unidade da sua Igreja. Durante a cerimônia ecumênica, alguém comentou sobre a variedade das vestes dos representantes das Igrejas cristãs, sobretudo dos solidéus, véus e capuzes de ortodoxos, armênios, coptas, católicos latinos, armênios, maronitas, coptas, melquitas... “Os chapéus são diversos, mas... uma só é a cabeça da Igreja”. Mesmo que as tradições rituais, disciplinares e histórico-culturais sejam diversas, a unidade da Igreja se constrói sob a única cabeça do corpo, que é Cristo, Senhor da Igreja.

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INFORMAÇÕES Por mandato do Em.mo senhor cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano da Arquidiocese de São Paulo, foi nomeado:

Em 13 de maio de 2014, o Rev. mo Pe. Edegard Silva Junior, Congregação dos Missionários de Nossa Senhora da Salette, Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, Região Episcopal Sant’Ana, Setor Jaçanã. Em 25 de maio de 2014 , o Rev.mo Pe. Mauro de Cintra Santos, Instituto Missões Consolata, Pároco da Paróquia São Marcos, Região Episcopal Sant’Ana, pelo período de 6 anos.

Tweets do Cardeal @DomOdiloScherer

27 O encontro do papa Francisco com o patriarca Bartolomeu foi como o encontro entre os apóstolos Pedro e André.

26 1 Jo,9 “Quem diz estar na luz,

mas odeia seu irmão, ainda está nas trevas. Quem ama seu irmão permanece na luz e não corre perigo de tropeçar”.

26 1 João 1,4: “Quem diz: ‘Eu

conheço a Deus’, mas não guarda os seus mandamentos, é mentiroso e a verdade não está nele”.

21 Ef 4, 23-24 “Renovai o vosso

espírito e a vossa mentalidade. Revesti o homem novo, criado à imagem de Deus, em verdadeira justiça e santidade”.

21 “Os discípulos ficaram muito

alegres. Aleluia, aleluia. Quando viram o Senhor Ressuscitado. Aleluia, aleluia.”

mensagem do cardeal

Mundial das Comunicações Sociais. Jesus Cristo enviou os Apóstolos ao mundo inteiro, para pregarem Arcebispo de São Paulo a Boa Nova da salvação a todos os povos; também hoje, a Igreja contiSão Paulo, 12.05.2014 nua essa missão e o papa Francisco nos convida a sermos “uma Igreja Estimados Padres em saída”, uma Igreja “estado perda Arquidiocese de São Paulo: manente de missão”. Os Meios de Comunicação Social Caríssimos, podem ser muito úteis, quando bem No Domingo da Ascensão do Se- empregados e usados, para realizar nhor ao céu, dia 1º de junho, a Igreja a obra sempre urgente da evangelicomemora em todo o mundo o Dia zação. Convido a lerem a MensaCardeal Odilo Pedro Scherer

gem deste ano, do Papa Francisco, para o Dia Mundial das Comunicações Sociais. Como todos os anos, no Domingo da Ascensão é feita em todas as igrejas da nossa Arquidiocese a COLETA PARA A RÁDIO 9 DE JULHO. Ela tem sido importante para ajudar a nossa Rádio a prestar seu serviço à evangelização. Pe. José Renato, Diretor da Rádio 9 de Julho, oferece a esse respeito algumas informações úteis. Portanto, convido também neste

ano a motivarem o povo para um gesto generoso de apoio à nossa Rádio Católica – Rádio 9 de Julho. O fruto da Coleta seja enviado logo às Regiões Episcopais, que lhe darão sua destinação final. Agradecendo sua colaboração, aproveito a ocasião para saudá-los e para lhes desejar todo o bem! Card. Dom Odilo P. Scherer Arcebispo de São Paulo


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liturgia e vida A ASCENSÃO DO SENHOR 1º DE JUNHO DE 2014

palavra do papa

Papa, em Belém, chama atenção para as crianças

Ana Flora Anderson

Chamados à esperança Na Festa da Ascensão, a primeira oração é uma síntese dos dons de Deus nesta celebração. Diante da glorificação de Jesus, devemos conhecer uma alegria profunda e agradecer a Deus que nos chamou à esperança, pois fazemos parte do Corpo de seu Filho. A segunda leitura (Efésios 1, 17-23) é uma meditação sobre a glória dada a Jesus, Filho de Deus. Pedimos o dom da sabedoria para conhecer profundamente o mistério de Jesus. Precisamos de uma luz especial do Pai para alcançar a esperança de participar de sua glória. O Pai revelou o seu poder na ressurreição e na glorificação de Jesus, Cabeça da Igreja. Na primeira leitura (Atos dos Apóstolos 1, 1-11), São Lucas introduz este seu segundo livro, narrando o começo da Igreja Primitiva. A Igreja nasce a partir da pregação de Jesus sobre o Reino de Deus e a vinda do Espírito Santo. O Evangelho de São Mateus (28, 16-20) revela que, antes de sua glorificação, o Senhor Jesus entregou aos discípulos uma autoridade espiritual. Eles devem sair em missão pregando a Palavra para todos os povos. O Batismo na Trindade é uma libertação para o amor fraterno. Ela é sinal da promessa de Jesus: estarei convosco todos os dias até o fim do mundo. leituras da semana

Segunda-feira (2): At 19, 1-8; Sl 67, 2-3. 4-5. 6-7; Jo 16, 29-33; Terça-feira (3): At 20, 17-27; Sl 67, 10-11. 20-21; Jo 17, 1-11a; Quarta-feira (4): At 20, 28-38; Sl 67, 29-30. 33-36; Jo 17, 11-19; Quinta-feira (5): At 22,30. 23,6-11; Sl 15, 1-10.11; Jo 17, 20-26; Sexta-feira (6): At 25, 13-21; Sl 102, 1-2. 11-20; Jo 21, 15-19; Sábado (7): At 28, 16-20. 30-31; Sl 10, 4.5.7; Jo 21, 20-25

santos e heróis do povo - 27 de maio Hoje, vamos encontrar um grande bispo e missionário, chamado Agostinho de Canterbury (imagem). Santo Agostinho foi enviado pelo papa Gregório Magno como missionário, à Inglaterra. Isso, no século 6º. Apoiado, ele e seus companheiros, pelo rei Etelberto e por sua esposa católica, Berta, teve imenso êxito em sua missão. Seus companheiros atribuíam o grande sucesso ao mestre que os orientava, Santo Agostinho de Canterbury. Após a conversão do rei, praticamente todo o povo pediu o Batismo. Foi pena que o seu sonho de penetrar em outras partes da Inglaterra, para aí implantar a fé católica, não pudesse ter-se realizado já nessa época! Mas na mesma Inglaterra, quase mil anos depois, viveu uma santa mulher, venerada hoje. Foi Santa Margarida Pole, condessa de Salisbury. Embora tivesse sido esposa de um sobrinho de Henrique 8º, foi presa, passando dois anos na horrorosa prisão da torre de Londres. Tudo por causa de um livro, escrito por seu filho, o cardeal Reinaldo, sobre a unidade da Igreja! Após tanta crueldade, acabou sendo decapitada. Fonte: “ Santos e Heróis do Povo” livro do cardeal Arns

Papa francisco Transcrevemos abaixo a homilia do papa Francisco na missa que presidiu em Belém, no domingo, 25. “Isto vos servirá de sinal: encontrareis um menino envolto em panos e deitado numa manjedoura” (Lc 2,12). Que graça grande celebrar a Eucaristia junto do lugar onde nasceu Jesus! Agradeço a Deus e agradeço a vós que me acolhestes nesta minha peregrinação: o presidente Mahmoud Abbas e demais autoridades; o patriarca Fouad Twal, os outros Bispos e os Ordinários da Terra Santa, os sacerdotes, os dedicados Franciscanos, as pessoas consagradas e quantos trabalham por manter viva a fé, a esperança e a caridade nestes territórios; as delegações de fiéis vindas de Gaza, da Galileia, os imigrantes da Ásia e da África. Obrigado pela vossa recepção! O Menino Jesus, nascido em Belém, é o sinal dado por Deus a quem esperava a salvação, e permanece para sempre o sinal da ternura de Deus e da sua presença no mundo. O Anjo disse aos pastores: “Isto vos servirá de sinal: encontrareis um menino…”. Também hoje as crianças são um sinal. Sinal de esperança, sinal de vida, mas também sinal de “diagnóstico” para compreender o estado de saúde duma família, duma sociedade, do mundo inteiro. Quando as crianças são acolhidas, amadas, protegidas, tuteladas, a fa-

mília é sadia, a sociedade melhora, o mundo é mais humano. Pensemos na obra que realiza o Instituto Effathá Paulo VI em favor das crianças surdas-mudas palestinenses: é um sinal concreto da bondade de Deus. É um sinal concreto de que a sociedade melhora. Hoje Deus repete também a nós, homens e mulheres do século 21: “Isto vos servirá de sinal”, procurai o menino… O Menino de Belém é frágil, como todos os recém-nascidos. Não sabe falar e, no entanto, é a Palavra que se fez carne e veio para mudar o coração e a vida dos homens. Aquele Menino, como qualquer criança, é frágil e precisa de ser ajudado e protegido. Também hoje as crianças precisam de ser acolhidas e defendidas, desde o ventre materno. Infelizmente, neste mundo que desenvolveu as tecnologias mais sofisticadas, ainda há tantas crianças em condições desumanas, que vivem à margem da sociedade, nas periferias das grandes cidades ou nas zonas rurais. Ainda hoje há tantas crianças exploradas, maltratadas, escravizadas, vítimas de violência e de tráficos ilícitos. Demasiadas são hoje as crianças exiladas, refugiadas, por vezes afundadas nos mares, especialmente nas águas do Mediterrâneo. De tudo isso, nos envergonhamos hoje diante de Deus. Deus que se fez Menino. E interrogamo-nos: Quem somos nós diante de Jesus Menino? Quem somos nós diante das crianças de hoje? Somos como Maria e José que acolhem Jesus e cuidam d’Ele com amor maternal e paternal? Ou somos como Herodes, que quer eliminá-lo? Somos como os pastores, que se apressam a adorá-lo prostrando-se diante d’Ele e oferecendo-lhe os seus presentes humildes? Ou então ficamos indi-

ferentes? Por acaso, limitamo-nos à retórica e ao pietismo, sendo pessoas que exploram as imagens das crianças pobres para fins de lucro? Somos capazes de permanecer junto delas, de “perder tempo” com elas? Sabemos ouvi-las, defendê-las, rezar por elas e com elas? Ou negligenciamo-las, preferindo ocupar-nos dos nossos interesses? “Isto nos servirá de sinal: encontrareis um menino…”. Talvez aquela criança chore! Chore porque tem fome, porque tem frio, porque quer colo... Também hoje as crianças choram (e choram muito!), e o seu choro interpela-nos. Num mundo que descarta diariamente toneladas de alimentos e remédios, há crianças que choram, sem ser preciso, por fome e doenças facilmente curáveis. Num tempo que proclama a tutela dos menores, comercializam-se armas que acabam nas mãos de crianças-soldado; comercializam-se produtos confeccionados por pequenos trabalhadores-escravos. O seu choro é sufocado: o choro desses meninos é sufocado! Têm que combater, têm que trabalhar, não podem chorar! Mas choram por elas as mães, as ‘Raquéis’ de hoje: choram os seus filhos, e não querem ser consoladas (cf. Mt 2,18). “Isto vos servirá de sinal”: encontrareis um menino. O Menino Jesus nasceu em Belém, cada criança que nasce e cresce em qualquer parte do mundo é sinal de diagnóstico, que nos permite verificar o estado de saúde da nossa família, da nossa comunidade, da nossa nação. Desse diagnóstico franco e honesto, pode brotar um novo estilo de vida, em que as relações deixem de ser de conflito, de opressão, de consumismo, para serem relações de fraternidade, de perdão e reconciliação, de partilha e de amor.

você pergunta

Batalha espiritual? O que é isso? Vigário Episcopal para a Pastoral da Comunicação na Arquidiocese de São Paulo

Padre Cido Pereira

A pergunta é da Cristiane, que reside no bairro de Santa Cecília, no centro de São Paulo. Ela quer saber o que é uma batalha espiritual. Cristiane, você sabe o que é uma batalha espiritual. Quando você se angustia diante de um mal a vencer, diante de pecado em que você insiste em cair, diante de uma luta em que você busca incessantemente vencer com a oração, com o sacrifício, com a ascese cristã, você está numa batalha

espiritual. Quando há injustiças, ódios e preconceitos a superar... Aí está uma batalha espiritual. A batalha espiritual, como toda batalha, tem dois lados. De um lado, as forças do mal que nos ameaçam, que querem nos desviar dos caminhos de Deus, que querem nos dividir para nos enfraquecer. Do outro lado nós, os discípulos de Cristo, que, embora já marcados com o sinal da filiação divina, permanecemos humanos, frágeis, sujeitos ao pecado. Escutemos, Cristiane o que nos diz o apóstolo Paulo em Efésios 6, 1-18. Vou reproduzir aqui para você: “Enfim, fortalecei-vos no Senhor, no poder de sua força, para que possais resistir às ciladas do diabo. Pois

a nossa luta não é contra o sangue e a carne, mas contra os principados, as potestades, os dominadores deste mundo, os espíritos malignos espalhados pelos espaços. Por isso, protegei-vos com a armadura de Deus, a fim de que possais resistir no dia mau, e assim, empregando os meios, continueis firmes. Ficai, pois de prontidão, tendo a verdade como cinturão, a justiça como couraça e os pés calçados com o zelo em anunciar a Boa-Nova da Paz. Enfim, ponde o capacete da salvação e empunhai a espada do Espírito que é a Palavra de Deus...”. Com esse escudo maravilhoso, podemos enfrentar toda e qualquer batalha, não é mesmo?


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fé e cidadania

bioética

Sobre a violência

PADRE ANTONIO MANZATTO

Já há muito tempo, programas de televisão se especializaram em explorar a violência urbana, programas que são exibidos em plena tarde e que são chamados de jornalísticos. A cada dia, nos assustamos mais com tais programas, mas eles revelam a face cruel da violência que se instala em nossa sociedade. Assistimos, estarrecidos, a linchamentos em série, com inocentes sendo trucidados

por cidadãos enfurecidos: namorados tramam assassinatos por ciúmes; nos presídios se instala clima de barbárie; cotidianamente, famílias choram a perda de alguém vítima da criminalidade. Ônibus são incendiados, caixas eletrônicos explodem, shoppings são assaltados e, mesmo em cidades do interior, o assalto a bancos virou rotina, com espantoso arsenal e violência usados pelos bandidos. Há banalização de justiceiros, insolência do crime organizado, toda sorte de golpe contra o sistema financeiro, uma exacerbação da violência que se respira no ar. Parece até que todo mundo quer resolver seus problemas no braço. Se os meios de comunicação falam bastante desta violência, o ministro Joaquim Barbosa não fala

nada a respeito. Ele que é o maior frequentador das manchetes jornalísticas dos últimos tempos, presidente do Conselho Nacional de Justiça e do Supremo Tribunal Federal não tem uma única frase sobre a banalização da violência no País. Parece que não a vê, não a enxerga ou não lhe dá importância. Todos sabemos qual é a atual preocupação do Ministro, mas parece que esta é sua única preocupação. A violência no País ele desconhece, ou não se importa, o que é ainda pior. Como fica o judiciário nesta questão? Bem, se ninguém se importa, o resultado é impunidade. E isso aumenta a violência e o círculo vicioso parece não ter fim.

que os avós, adultos especiais, adultos extraordinários, com muita sabedoria, revogam. Como será o mundo que a netinha que me fez avô encontrará quando se tornar adulta? Será um mundo civilizado, um mundo de paz? Ou será um mundo que governantes imbecis, que financiados por fabricantes de armas, transformarão em cenário de guerra? Como será o Brasil do amanhã? Um Brasil regido por padrões de justiça social, onde mães deem filhos à luz com segurança, em hospitais públicos de excelente qualidade, confiantes do futuro? Ou um país onde a mãe, para livrar a criança da fome, aborta a vida nascente? Os avós não são importantes apenas no círculo da família. Exercem também um papel relevante na sociedade. Transmitem às gerações seguintes a experiência que a vida lhes proporcionou. A experiência não é para ser guardada como bem individual. É patrimônio coletivo, como muito bem colocou o filósofo inglês Alfred Whitehead. A aposentadoria é um direito as-

segurado por anos de trabalho, mas não tem de implicar, necessariamente, em encerramento de atividades. Pode apenas sinalizar redução de compromissos exigentes. São múltiplas as novas experiências possíveis. Que cada um encontre seu caminho. Que a sociedade não cometa o desatino de desprezar a sabedoria dos mais velhos. Quando me aposentei, por tempo de serviço, na magistratura e no magistério, fui tomado por uma crise de identidade. O vazio manifestou-se forte quando tive de preencher a ficha de entrada num hotel. Se era aposentado como juiz e como professor, qual profissão me identificaria? “Ser ou não ser?”, eis a questão. Shakespeare, pela boca de Hamlet, percebeu a tragédia humana antes de Freud. “Ah, sim. Já sei”. E escrevi na ficha do hotel, resolutamente: professor itinerante, autodefinição, que me fixou um itinerário de vida pós-aposentadoria.

E-mail: amanzatto@pucsp.br

espaço aberto

O que é ser avô? É juiz de Direito aposentado, Livre-Docente da Universidade Federal do Espírito Santo, escritor e avô

JOÃO BAPTISTA HERKENHOFF

O título de avô é sumamente democrático. Podem ser avô o ministro, o embaixador, o industrial, o funcionário público, o comerciário, o gari. Quando o netinho ou a netinha sorri, o avô seja rei ou súdito, rico ou pobre, brasileiro ou portador de outra nacionalidade, se desmancha de alegria. Quando o pequenino faz uma arte criativa, o avô e a avó batem palmas incondicionais. Dizem que avós deseducam, mas não concordo com essa tese. Por que uma criança não tem direito de dar mel ao gatinho, jogar pela janela os selos que o avô ciosamente colecionava? Tirar do armário a grinalda que lembra a avó no dia do casamento, para desfilar garbosamente pela casa com aquela coroa na cabeça? Os adultos comuns, adultos ordinários, estabelecem regras autoritárias

E-mail: jbherkenhoff@uol.com.br

há 50 anos

Papa Paulo VI anuncia novo núncio apostólico para o Brasil “Anunciando aos católicos a feliz escolha do Santo Padre, este jornal envia desde já ao novo representante de Paulo VI os votos de uma permanência demorada e feliz e em nossa terra, ao mesmo tempo em que lhe hipoteca a mais irrestrita submissão.” Assim acabava o artigo que estampava a capa do O SÃO PAULO, de 31 de maio de 1964. A publicação noticiava a nomeação de um novo núncio apostólico para o Brasil, dom Sebastião Baggio, “natural de Rosa, na província de Vicenza, na Itália, o novo representante da Santa Sé conta com 51 anos de idade”. Em uma segunda publicação, também na capa do Semanário Arquidio-

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cesano, um artigo intitulado “Sagrado Dom Romeu Alberti” divulgava a posse de um novo bispo para a Arquidiocese de São Paulo. “Domingo último, festa da Santíssima Trindade, o cardeal dom Carmelo de Vasconcellos Motta sagrou o novo bispo dom Romeu Albertini, recentemente eleito pelo papa Paulo VI. A missa do novo bispo contou com presença de familiares e de bispos de dioceses distintas”, consta em um dos trechos. “O eleito se posta por terra sobre o tapete, à esquerda do sagrante, isto é, ao lado do Evangelho o sagrante e os assistentes se ajoelham, e se entoam as ladainhas para pedir, pela intercessão dos santos, graças para o eleito”.

Capa da edição de 31 de maio de 1964

O futuro da vida no planeta em perigo (3) padre leo pessini

Alguém já afirmou que o século 21 ou será ético ou nós simplesmente não existiremos. Esta é a hora urgente da ética e bioética planetárias, que, no nível socioambiental e político, apontam para a necessidade de uma mudança radical de atitude do ser humano (sociedade e governos) perante à mãe natureza. Temos que abandonar a intervenção predadora e a exploração iníqua da mãe natureza, alimentada por uma visão ideológica de progresso errada e passar para o cultivo de uma convivência respeitosa. A questão em pauta na nossa discussão do aquecimento global tem a interferência direta do ser humano, e isto evidencia essa urgência ética, que resgate a esperança de um futuro promissor e não o temor de estarmos caminhando para uma degradação lenta e gradual, rumo a um verdadeiro apocalipse. É muito engraçado o que ouvi recentemente, num debate sobre ciência e religião, de um ilustre cientista que se definia como agnóstico: “Antigamente, quem mandava ou prometia inferno para todos, com muita insistência, era a Igreja. Hoje mudou, passou ser a ciência”. Não deixa de ser uma ponta de verdade irônica essa afirmação, principalmente quando falamos de climatologia. Basicamente, alardeiam-se perigos, ameaças e catástrofes, e aponta-se à necessidade de todos os “pecadores” (consumidores inescrupulosos, poluidores, fabricantes de lixo etc) de “conversão”, isto é, mudança de relação com a Terra, de exploração, para o cuidado e convivência respeitosa. Lembramos aqui o famoso documento “Carta da Terra”, que teve inspiração inicial na Conferência Mundial do Clima, em 1992, no Rio de Janeiro, e que foi adotada pela UNESCO. Trata-se de um grito ético e bioético para salvar o planeta! Esse documento não pode ficar numa mera declaração de boas intenções, como tantos outros documentos. Disso estamos fartos e cansados. Para alimentar nossa esperança ética de algo novo, destacamos alguns pontos nevrálgicos de seu preâmbulo: “Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global, baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz”. “A Terra, nosso lar, está viva com uma comunidade de vida única. As forças da natureza fazem da existência uma aventura exigente e incerta, mas a Terra providenciou as condições essenciais para a evolução da vida. A capacidade de recuperação da comunidade da vida e o bem-estar da humanidade dependem da preservação de uma biosfera saudável com todos seus sistemas ecológicos, uma rica variedade de plantas e animais, solos férteis, águas puras e ar limpo. O meio ambiente global com seus recursos finitos é uma preocupação comum de todas as pessoas. A proteção da vitalidade, diversidade e beleza da Terra é um dever sagrado”. Precisamos nos comprometer com essa perspectiva que aponta para a construção de um novo horizonte, renovada esperança, que nos livra do dogmatismo pessimista de muitos “Phdeuses”, comprometidos com nada, mas que proclamam o fim apocalíptico de tudo! E-mail: superintendencia usc@saocamilo.br


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Dicas de Cultura

Literatura

Exposição ‘As Donas da Bola’ mostra a relação da mulher com o futebol

Marcia Zoet

Deus não se cansa de perdoar! Se você acha que mulher e futebol não tem nada a ver, prepare-se para mudar de opinião: a exposição “As Donas da Bola” fica em cartaz no Centro Cultural São Paulo de 18 de maio a 13 de julho, levando fotos que mostram a presença da mulher e suas relações com o futebol, esporte tão característico do universo masculino. São 121 imagens, que reúnem 11 dos mais representativos nomes

da fotografia brasileira: Ana Araújo, região, vê-se que o fanatismo e o Ana Carolina Fernandes, Bel Pedro- amor pelo time também pertensa, Eliária Andrade, Evelyn Ruman, cem ao universo feminino. Luciana Whitaker, Luludi Melo, Marcia Zoet, Marlene Bergamo, O QUE: As Donas da Bola Mônica Zarattini e Nair Benedicto. QUANDO: Até 13 de julho, de terça Para o projeto, as imagens fo- a sábado, das 10h às 20h. ram feitas em diversos locais do Domingo, das 10h às 18h. Gratuito país – como São Paulo, Rio de QUANTO: ONDE: Centro Cultural São Paulo Janeiro, Pernambuco, Amapá e (rua Vergueiro, 1.000, bairro da Bahia, entre outros –, na mostra, Liberdade). além das peculiaridades de cada

Direitos do Consumidor

Nesta enriquecedora coletâ- de que Deus não se cansa de nea de homilias quaresmais, perdoar. o papa Francisco nos mostra que apesar de sermos falhos, a plenitude do amor de Deus Ficha Técnica Deus não se cansa de por nós sempre será maior Título: perdoar que qualquer pecado. O San- Autor: Jorge Mario Bergoglio to Padre resgata com suas papa Francisco palavras, no coração de cada Páginas: 88 páginas informações: www. cristão, a confiança na mise- Outras avemaria.com.br ricórdia do Senhor e a certeza

Vamos cuidar da saúde

Auxílio-reclusão

Herpes zoster

O auxílio-reclusão foi instituído pela Lei n. 8.213, de 24 de junho de 1991. É concedido apenas se o requerente (preso em regime fechado ou semiaberto) comprovar sua condição de segurado, ou seja, desde que tenha exercido atividade remunerada que o enquadre como contribuinte obrigatório da previdência social, sendo que o benefício será dado para os familiares que dele dependam economicamente. Saiba dos seus direitos. Procure um advogado.

O herpes zoster é um vírus que acomete os nervos provocando dor intensa que pode durar meses. Manifesta-se com pequenas vesículas (bolinhas de água) que se agrupam no trajeto do nervo, sendo mais frequente no tórax, causado incômodo como coceira e dor ao mais leve toque. Também pode aparecer no nervo do rosto e se complicar, levando à cegueira. Mas,

Ronald Queane é advogado

para desenvolver essa doença, é necessário ter tido a varicela, vulgo catapora, ou ao menos ter desenvolvido imunidade com a vacina quando criança. Existe uma vacina que é indicada para pessoas a partir de 50 anos, mas só está disponível na rede privada. Não é uma vacina acessível, mas pensando nos benefícios e em possíveis sequelas, vale a pena “investir”. Procure seu médico para ter mais informações ou mande suas dúvidas pelo e-mail dracassiaregina@gmail.com. Dra. Cássia Regina é médica atuante na Estratégia de Saúde da Família

O SÃO PAULO: UMA EQUIPE TRABALHANDO POR VOCÊ

CÁSSIA

Na Arquidiocese de São Paulo, a atuação pastoral de Maria das Graças de Oliveira Silva, a Cássia, 51, começou em 1988, e desde 1995 ela é a administradora do O SÃO PAULO “Fazer parte desta equipe é um orgulho. São pessoas comprometidas em usar da arte de comunicar, usando os fatos e acontecimentos com esclarecimento e informação a quem precisa”. E o que ela faz após cada edição finalizada? “Quando chego, a primeira coisa que faço é pegar o jornal impresso e folhear, verificar se tudo saiu como planejado, cada detalhe é muito importante, pois conheço de perto o processo que fica registrado na história”.

Filipe Domingues

Desde fevereiro, O SÃO PAULO tem um jornalista em Roma: Filipe Domingues, 27. “Roma é uma cidade muito internacional e podemos dizer que praticamente toda a Igreja está representada aqui”. Filipe considera que tem ajudado com “um jornalismo de religião mais analítico, e não só informativo. Não opinião, mas análise – apresentar os fatos, suas causas e possíveis consequências”. Para ele, o ‘dever cumprido’ não se resume a uma reportagem que desperte interesse: “só isso não basta, temos de ser também relevantes para o leitor, dizer aquilo que é importante para ele entender melhor o mundo, os problemas, as expectativas, enfim, saber ‘como vão as coisas’”.


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instituto do negro padre batista

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espiritualidade

Marcha relembra 514 anos de tortura da população negra, pobre e periférica

As estatísticas me fazem muitíssimo mal

Instituto do Negro Padre Batista

Frei Patrício Sciadini

padrebatista@bol.com.br

O Instituto do Negro Padre Batista (INPB), junto com outras entidades do Movimento Negro, realizou no dia 12, a Marcha Noturna, que teve como tema: “Dos 514 anos de Tortura da População Negra, Pobre e Periférica aos 50 Anos de Golpe Militar”. Durante o evento, foi lembrado que os negros, até hoje, são alvos preferenciais da repressão da Polícia Militar, criada pelo regime golpista 1964, e tiveram a sua resistência invisibilizada. O racismo estrutural, que sempre esteve presente na sociedade brasileira, foi potencializado, nesse momento, em que as violências do Estado se intensificaram. Mais de 40 negros e negras constam na lista de 437 mortos e desaparecidos por razões políticas. Esse número de vítimas é exponencialmente aumentado se considerarmos a enorme quantidade de

negros que foram presos e torturados, além daqueles que foram submetidos a execuções sumárias e a desaparecimentos forçados pelos esquadrões da morte. Infelizmente, essas práticas continuam acontecendo até hoje, exatamente do mesmo jeito, mostrando que a ditadura ainda permanece contra, especialmente, os jovens negros e pobres que vivem nas periferias. O objetivo da Marcha marcou e reverenciou pontos que fazem parte da história do negro na cidade de São Paulo. Na preparação, antecedendo o evento, houve show com os grupos Filhos de Gandhi, Os Crespos, Versão Rap, Trio Odu, Perfomance Marcha Mundial das Mulheres, Mc Sophia, que no cantar, dançar, jogar capoeira e representar, prestaram homenagem aos antepassados, escravizados, e apontaram às injustiças que permanecem até hoje, relativas à discriminação racial. Outra forma de

denúncia foi o grupo que fez um ato simbólico dramatizando o assassinato de mulheres, sobretudo negras, com enfoque nos acontecimentos mais recentes divulgados pelas mídias. Depois, houve a marcha passando por locais onde, outrora, os escravos eram conduzidos à venda, ao açoite, mortos e enterrados. Há que se ressaltar a grande participação dos movimentos, assim com o interesse dos cidadãos, que passavam ao largo da caminhada. Em frente à Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, no Largo Paissandú, aconteceram os pronunciamentos e a celebração inter-religiosa de encerramento. Com o abraço simbólico circundando a praça e emocionando as pessoas que participavam, houve o fechamento dessa importante manifestação. Por padre José Enes de Jesus

pastoral afro brasileira

Irmã Marieta Pinheiros completa 90 anos Pastoral Afro Brasileira

araujolindaura@hotmail.com

O grupo da Pastoral Afro Arquidiocesana de São Paulo comemorou, no dia 15, os 90 anos de vida da irmã Marieta Siqueira Pinheiros (foto), Missionária de Jesus Crucificado (MJC). Irmã Marieta colaborou, incansavelmente, nas várias atividades promovidas junto aos vários núcleos da Pastoral Afro, principalmente, e, sobretudo, nos encontros com as crianças negras, ocorridos por vários anos. Irmã Marieta nasceu dia 15 de maio de 1924 em São José do Rio Pardo (SP) e ingressou na Congregação das Missionárias de Jesus Crucificado aos 21 anos de idade, em Campinas (SP). Há 69 anos, vem atuando como Missionária nas periferias do mundo a serviço e em defesa da vida. A equipe da Pastoral Afro da Arquidiocese de São Paulo, juntamente com as Comunidades Negras das diversas regiões, parabeniza Irmã Marieta pelos 90 anos. Por irmã Lindaura Araújo

Não sou muito fácil em acreditar nas estatísticas políticas ou nas previsões de fim de ano dos magos que, através dados e mais dados, querem fazer-nos entender o branco quando é preto e o verde quando é amarelo. Mas existem estatísticas que não têm nenhuma intenção de falsificar porque não levam a nenhum lugar e nem dão cargos e credibilidade a ninguém. São frias, mas transmitem uma mensagem dolorosa que devem fazer refletir. Nestes dias, li uma estatística que o alimento que estraga por ano daria para matar a fome quatro vezes de toda a população mundial. Essa estatística é desastrosa e deve levar-nos a colocar a mão na consciência e pedir perdão a Deus dos nossos pecados. Um dia, Deus nos vai perguntar “eu tive fome e você não me deu de comer porque jogou no lixo o meu alimento?”. A descrição da estatística é dura, verdadeira, nós mesmos podemos constatar. Vamos ao supermercado, compramos e compramos e muitas vezes depois jogamos no lixo porque estão com a data vencida ou simplesmente porque se estragam pelo não uso. É alimento que foi roubado aos pobres. E todos os dias é lançado com uma inconsciência impressionante no lixo comida boa, que é de “ontem” e que nós não nos dignamos a comer e preferimos a comida nova, e jogamos fora a outra. Assim vão as coisas na vida. Não somente a comida, mas tantas outras coisas necessárias para uma vida digna de milhões de nossos irmãos. Houve por estes dias uma reunião em Roma sobre este assunto e os dados que li foram os seguintes: na Itália, que é um pedacinho de terra, todos os anos se jogam no lixo o valor de alimento correspondente a 8,7 bilhões de euros... O que fazer diante de tudo isso? Se começarmos hoje a não jogar o alimento no lixo, a estarmos atentos em observar o que temos, a repartir com os pobres que passam ao nosso lado. Como também convidássemos outras pessoas a fazer o mesmo, em pouco tempo, a nossa rede de “contra o desperdício de alimento” seria enorme. É uma preocupação não só econômica, como também um problema de fé, de Cristianismo e de caridade. Ninguém tem direito de ser feliz sozinho. Essas estatísticas me fizeram muito mal e ao mesmo tempo me fizeram muito bem porque me obrigaram a fazer um exame de consciência e ver se sou do número que joga o alimento no lixo ou permite que os outros o joguem e vi que não estou sem pecado. É preciso nos converter.

errata Na edição 3003, página 10, a foto de maior dimensão da reportagem “Legião de Maria: fé vivenciada no orar e agir” retrata funcionários do Centro de Orientação à Família – COR (organização social fundada por alguns legionários) e não os integrantes da Legião de Maria.


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pastoral da pessoa idosa

15 de junho, Dia Mundial de Combate à Violência contra a Pessoa Idosa

pastoral da criança

Capacitação para missão e gestão acontece em São Paulo danielfieo@bol.com.br

Jairo Fedel

Temos assistido, lido e conversado sobre o crescimento da violência em nossa sociedade, especialmente contra crianças e jovens. Estamos nos aproximando, se já não chegamos à barbárie, como os casos de linchamentos realizados por uma turma revoltada e insatisfeita contra um sistema policial e judiciário que não funciona, na maioria das vezes. Existe outra violência que não tem sido tão divulgada e comentada: é a cometida contra a pessoa idosa, e ela ocorre de diversas formas. Essa violência é quase sempre silenciosa, pois quem a pratica obviamente não divulga, quem sofre se cala para não se sofrer represálias por parte do agressor, e quem presencia ou sabe, se cala por omissão e por “não querer se envolver em briga de família”. Para esses casos, pode-se telefonar para o número 100, a ligação é gratuita e o sigilo é garantido. O dia 15 de junho marca o Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa, data instituída em 2006, pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Rede Internacional de Prevenção à Violência à Pessoa Idosa. O objetivo da data é criar uma consciência mundial, social e política da existência da violência contra a pessoa idosa e, simultaneamente, disseminar a ideia de não aceitá-la como normal. A violência contra as pessoas de mais idade deve ser entendida como uma grave violação aos Direitos Humanos. É preciso formar uma consciência para denunciar e romper com esse ciclo de ocorrências e proteger as pessoas idosas. Tendo a Declaração dos Direitos Humanos por princípio, a Pastoral da Pessoa Idosa também desenvolve uma rede de ações em favor das pessoas idosas: visitas domiciliares mensais, acompanhando principalmente as vulnerabilizadas pela pobreza e abandono, além de estimular as pessoas idosas acompanhadas de suas famílias para uma inserção nas ações por um envelhecimento digno, sem violência. E, sobretudo, realizando a sua missão para que as pessoas idosas tenham mais vida, dignidade, fé e esperança. No que se refere às violências e os maus tratos contra as pessoas idosas têm-se os abusos físicos, psicológicos, sexuais e financeiros, além da negligência de cuidados. A negligência se refere à falta de higienização, alimentação de má qualidade, medicação fora do horário e o abandono propriamente dito. Os sinais de tais violências seriam: internações constantes, idosos com odores desagradáveis, com roupas sujas e apresentando desnutrição. A forma mais explicita de violência é a física, pois são visíveis as marcas de socos, tapas, pontapés e empurrões, queimaduras, cortes e etc, além das lesões, dificuldades ao caminhar e hematomas. A violência psicológica atinge a autoestima, a identidade e suas referências. Nessa categoria, podemos mencionar: agressão verbal, humilhação constante, insultos, infantilização do idoso, privação de informação e isolamento social intencional. Os sinais de tal violência seriam baixa autoestima, isolamento e depreciação da própria imagem. Há também a violência sexual, que se resumiria em fazer atos libidinosos, manter relação sexual a força, carícias não consentidas e constrangimentos. Sabemos deste tipo de violência quando notamos sangramentos, vermelhidão e dor nas partes íntimas, doenças sexualmente transmissíveis, corrimentos e roupas íntimas rasgadas. Outra terrível violência é a violência econômica: do idoso é retirada a pensão ou o seu dinheiro é usado sem autorização. As pessoas são forçadas a assinar uma procuração, delegando plenos poderes, inclusive para tomar empréstimos e financiamentos chamados consignados. Muitas vezes são forçadas a vender suas propriedades ou fazerem mudança no testamento, incluindo o próprio agressor. E-mail: jairo.fedel@terra.com.br

A Paróquia Nossa Senhora da Lapa foi o palco de um encontro da Pastoral da Criança, que se realizou entre os dias 17 e 18 no salão paroquial. Foi a capacitação de Missão e Gestão para as nove novas coordenadoras de ramos do Setor Lapa e Sé. Todos foram recepcionados pela

coordenadora do Setor, Dalila Aparecida Costa, e pela coordenadora da Área Butantã, Sônia Regina Faila dos Santos, e pelas capacitadoras Selma Leite, Regina Silva Bardella e Aparecida Gonçalves, que também é a coordenadora arquidiocesana (SP1). Nesse encontro, os coordenadores aprendem a desempenhar a sua missão de orientar os seus líde-

res e gerir os recursos financeiros enviados a seus ramos. Foram dois dias muito intensos de estudo, reflexão e partilha. Ao final, ficou o desejo de que Deus guie cada um desses novos coordenadores e os fortaleça dia a dia para desempenharem a missão a que foram chamados. Daniel Fieo

Arquivo pessoal

concílio vaticano II

O Vaticano II na América Latina PADRE AUGUSTO CÉSAR PEREIRA

O Concílio acontece na América Latina fundamentalmente nas cinco reuniões solicitadas pelas conferências episcopais Latino-americanas e do Caribe e convocadas pelo papa para encontrar maneiras de implantar as propostas contidas nele para todo o continente. A imagem positiva da Igreja brotou do seu empenho em favor do povo escandalosamente explorado e empobrecido: pobreza não é herança de nascença, mas fruto da injustiça institucionalizada. Nas décadas de 70 e 80 vigorou o incentivo da Teologia da Libertação, que brotou da mística das Comunidades Eclesiais de Base. A pobreza é o maior mal do mundo, porque fere em cheio a essência dos seres humanos, originalmente, filhos de Deus. Assim, as relações da Igreja com o Povo dos Pobres na América

Latina e Caribe são caracterizadas pelo evangélico diálogo com as realidades típicas de cada local e pelo desafio em favor da justiça e da dignidade da pessoa humana. A conferência do Rio de Janeiro (1955), inaugurando essas reuniões, caracterizou-se pela fundação da própria Conferência Episcopal Latino-Americana e Caribenha (CELAM). Entre os temas principais destacam-se questões sobre a fé e a proposta da Doutrina Social como contribuição da Igreja ao mundo econômico-social da época. Sucedeu-lhe a Conferência de Medellín (1968), que começou a realmente a dar força e importância ao CELAM. O tema da Justiça destacou a libertação como obra de Deus, na libertação das consequências do pecado e da trágica injustiça social vigente, esta sendo responsável pelo surgimento do mundo dos pobres. A característica da evangelização do continente passou a ser libertadora. Outro ponto que se refletiu foi o testemunho de pobreza na Igreja no continente marcado pela injustiça. A terceira conferência, em

Puebla (1979), após 11 anos de experiência de Medellín, decidiu praticamente aprovar e dar-lhe continuidade, procurando dar resposta ao questionamento: “Qual é o tipo de mundo atual que a Igreja pretende evangelizar?”. Da reflexão, surgiram as novas opções evangélicas da defesa e promoção da dignidade do homem e dos direitos fundamentais da pessoa humana para criar a civilização do amor. Além disso, foi proposto como método o “ver-julgar-agir”, a comunhão, a participação assim como o incentivo às Comunidades Eclesiais de Base. Juntou-se, ainda, a opção preferencial pelos jovens à opção pelos pobres, uma vez que a maioria da população continental é jovem e pobre. Talvez a maior penetração do Concílio no mundo tenha sido no continente da América Latina e Caribe. Tivemos pastores e profetas igualmente importantes, entre eles, os nossos muito admirados: dom Hélder Câmara e dom Luciano Mendes de Almeida.

so país. Usando uma linguagem de fácil compreensão, compara um jogo de futebol com um Estado, e o principal: apresenta-nos como protagonista de um resultado final...”

Abraços ao Alderon, homem justo e correto. Fará a diferença”.

E:mail: peaugustocesar@yahoo.com.br

Espaço do leitor Sobre o jornal “O jornal em si traz sempre a oportunidade de conhecimento tanto da igreja em SP quanto de amadurecimento na fé. Sendo assim, destaco o artigo do padre Alfredo José, no espaço Fé e Cidadania, que com o tema falando do Futebol e a Cidadania leva-nos a uma reflexão sobre o exercício consciente participativo nos rumos democráticos em nos-

Israel Freitas (pelo Facebook)

‘Os serviços podem sim ser de qualidade’ (edição 3003) “Boa sorte e muito empenho e serenidade. Conte conosco.

Fernando Altemeyer Junior (pelo Facebook)

“Uma boa escolha e uma ótima reportagem! Parabéns”. Padre Jaime Patias (pelo Facebook)

Redação do jornal O SÃO PAULO. Endereço: Avenida Higienópolis, 890, São Paulo (SP), CEP. 01238-000. E-mail: osaopaulo@uol.com.br Twitter: @JornalOSAOPAULO Facebook: Jornal O SÃO PAULO


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A Igreja

Pelo Mundo

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Destaques das Agências Internacionais Padre MICHELINO ROBERTO, Diretor do o São Paulo

Vaticano

Comissão que preparou reformas econômicas termina seus trabalhos A Comissão de Organização Econômica e Administrativa da Santa Sé (COSEA) encerrou seus trabalhos, e deve enviar seus arquivos ao Secretariado de Economia. Todos os membros da Comissão receberam uma carta de agradecimento do Santo Padre pelo trabalho realizado gratuitamente. A COSEA foi instituída pelo papa

Francisco mediante uma carta manuscrita de 18 de julho de 2013, que explicava que a comissão reuniria informações, informaria o Santo Padre e cooperaria com o Conselho de Cardeais no estudo das questões organizativas e econômicas da Santa Sé, a fim de preparar reformas nas instituições do Vaticano voltadas a simplificar e racionalizar os

organismos existentes e programar mais adequadamente as atividades econômicas de suas administrações. A comissão foi formada por membros leigos, especialistas em matérias jurídicas, econômicas, financeiras e organizativas, que já tinham trabalhado como consultores ou auditores de instituições econômicas vaticanas ou eclesiásticas.

Em fevereiro último, a comissão se reuniu com o chamado C8, Conselho de Cardeais que assessora o Santo Padre na reforma da Cúria e o ajuda no governo da Igreja. O professor Joseph Zahra, responsável por receber os relatórios, está apresentando os resultados do trabalho ao Santo Padre. Fonte: Zenit

Estados unidos Alegria de casal por conseguir adotar uma menina com Síndrome de Down emociona Arquivo pessoal

ANGOLA

Primeiro censo após a independência

Angola realiza seu primeiro censo desde que o País conquistou a independência em 1975. Mais de 90 mil agentes, entre técnicos e sensores, trabalham, com o apoio da Igreja Católica, percorrendo casa por casa, nas diversas províncias angolanas, reunindo informações sobre quantos são e como vive a população. O objetivo do censo é reunir informações que ajudem a planificar a distribuição de serviços essenciais nos próximos anos. Fonte: Radio Vaticano

ÍNDIA

Oficialmente livre da poliomielite

Há alguns anos, a Índia tinha a metade dos casos de poliomielite no mundo inteiro. Hoje, está oficialmente livre da doença. Esta incrível façanha foi possível, em boa parte, devido ao trabalho de um verdadeiro exército de mulheres que, passo a passo, cruzaram o País a pé para vacinar as crianças menores de cinco anos. Sita Devi é uma das chamadas “tias da pólio”: esta brava mulher, de 57 anos, muitas vezes percorreu vários quilômetros a pé e sob um calor escaldante, para levar esperança às populações de localidades remotas que precisavam ser vacinadas. – Centenas de milhares de “tias da pólio”, recrutadas pelos centros de saúde da Índia, ofereceram seus serviços gratuitamente para os que não podiam pagar. Fonte: La Cara Amable del Mundo

“Pessoas com problemas especiais nos ensinam a compreender o essencial da vida”. É este o pensamento de Andy e Mercedes Lara, expresso no vídeo que o jovem casal compartilhou no canal YouTube, no qual manifestam sua grande alegria por terem conseguido adotar uma menina com Síndrome de Down. Andy é de origem filipina; Mercedes é peruana. Decidiram adotar uma criança especial, e conseguiram através da organização “Christian Homes and Special Kids” (‘Lares Cristãos e Crianças Especiais’), que convida a rezar pelas mães em

perigo de aborto, ajudando-as a continuar com a gravidez e facilitando a adoção de crianças portadoras de diversas necessidades especiais. Andy explicou como a história começou: “Em nosso casamento, decidimos adotar crianças sem nos importar como Deus as trouxe para o mundo. Mercedes tinha trabalhado com pessoas com necessidades especiais durante nove anos e me falou do desejo que tinha: adotar uma criança com Síndrome de Down. Eu concordei e decidimos dar o passo. Não poderia estar mais seguro desta bênção que procurávamos”. Fonte: ACI DIGITAL

Oriente médio

Papa denuncia sofrimento no Oriente Médio O papa Francisco denunciou duramente situações de sofrimento causadas pela guerra e a desunião no Oriente Médio. O pontífice criticou a venda de armas; o abuso de crianças nas guerras; o uso da violência em nome de Deus, o terrorismo, a separação forçada de famílias. Suas denúncias mais fortes foram feitas sem palavras. Em Belém, Francisco fez uma parada imprevista enquanto se dirigia à missa na praça Manger. Apoiou a mão e a testa no chamado “muro da separação”, onde rezou por alguns minutos. A barreira, que tem 700 km e começou a ser construída em 1994 por Israel, é um ícone do sofrimento dos palestinos, que afirmam ter o território dividido. E Francisco repetiu o gesto num memorial dedicado a israelenses que foram vítimas do terrorismo, mortos principalmente em ataques de militantes palestinos – um sinal de que o sofrimento existe em ambos os lados do conflito. Durante toda a viagem, o Papa se reuniu com líderes judeus e muçulmanos. Aliás, desde Roma, levou no avião seu amigo rabino Abraham Skorka e o líder islâmico Omar Abboud, ambos da Argentina. No último dia em Jerusalém, o Papa pediu aos líderes religiosos: “Caros amigos, neste lugar santo, faço um apelo de coração a todos os povos e comunidades de Abraão. Que ninguém abuse do nome de Deus com violência. Que nós compreendamos o sofrimento dos outros. Que ninguém abuse do nome de Deus com violência.” Por Felipe Domingues, de Roma

L’Osservatore Romano


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Missa em homenagem aos 100 anos de nascimento do Anjo Bom da Bahia Na segunda-feira, 26, irmã Dulce, o Anjo Bom da Bahia, estaria completando 100 anos. Em Salvador, no domingo, 25, foi celebrada uma missa campal no Bairro de Roma em homenagem ao nascimento de irmã Dulce. A celebração foi presidida pelo arcebispo de Salvador, dom Murilo Krieger, com a presença de devotos de todo o País.

4º centenário da morte de São Camilo é lembrado Carlos Rodrigues Menino ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

Em 20 de maio, nas dependências do auditório do Centro Universitário São Camilo, no bairro do Ipiranga, em São Paulo, foi realizado o evento comemorativo do 4º centenário da morte de São Camilo de Lellis. O evento teve como finalidade fortalecer as ações de mútua ajuda entre en-

Carlos Rodrigues Menino

tidades, além de incentivar a formação humana e cristã na linha do carisma Camiliano. Antes do início da solenidade, o superintendente da União Social Camiliana, padre Christian de Paul de Barchifontaine, fez um momento de oração, após a qual se seguiu a composição da mesa oficial de abertura, com o provincial e presidente das Organizações Camilianas no Brasil,

ASSOCIAÇÃO MARIA FLOS CARMELI C.N.P.J.: 06-272-037/0001-55

BALANÇO PATRIMONIAL Encerrado em 31/12/2013 CONTA NOME DA CONTA SALDO 1-0-0-00-000 A T I V O............................................................................ 1.775.317,15 D 1-1-0-00-000 ATIVO CIRCULANTE........................................................ 950.359,62 D 1-1-1-00-000 DISPONIBILIDADES........................................................ 905.917,36 D 1-1-1-01-000 CAIXA................................................................................ 986,96 D 1-1-1-01-001 Caixa - Quintal da Criança................................................ 0,93 D 1-1-1-01-002 Caixa - Assoc Maria Flos................................................... 0,56 D 1-1-1-01-003 Caixa - Polo Literasampa.................................................. 808,07 D 1-1-1-01-004 Caixa - Espaço da Criança................................................ 175,88 D 1-1-1-01-005 Caixa - Projeto Virando o jogo........................................... 1,52 D 1-1-1-02-000 BANCOS C/MOVIMENTO................................................ 55.479,34 D 1-1-1-02-001 Bco do Brasil - c/21.291.................................................... 10.807,48 D 1-1-1-02-003 Bco do Brasil - c/34.617.................................................... 16.756,29 D 1-1-1-02-004 Bco Bradesco - c/124.828................................................. 1,00 D 1-1-1-02-005 Bco Itau - c/67.244............................................................ 150,00 D 1-1-1-02-006 Banco Brasil c/c 27702-9................................................... 17.498,61 D 1-1-1-02-007 Bco. Brasil c/39.087-9....................................................... 10.265,96 D 1-1-1-04-000 APLICAÇÕES FINANCEIRAS......................................... 849.451,06 D 1-1-1-04-001 Bco do Brasil - Poupança c/21.291................................... 27.109,69 D 1-1-1-04-002 Bco do Brasil-Poup c/27.702 Var 51.................................. 51.190,25 D 1-1-1-04-007 Bco Itau - Poupança c/654-1/500...................................... 1.347,58 D 1-1-1-04-008 Bco Itau - Aplicação c/67.244............................................ 18.684,08 D 1-1-1-04-009 Bradesco 124828 INVEST PLUS...................................... 40.228,17 D 1-1-1-04-010 Banco Brasil c/34617 RF LP 90 MIL................................. 680.524,57 D 1-1-1-04-011 Bco Brasil - Poup c/27702 Var 01 ..................................... 18.724,30 D 1-1-1-04-012 Bco Brasil CDB c/21291-1................................................. 3.650,50 D 1-1-1-04-013 Bco Brasil c/39087-9 Poupança........................................ 7.991,92 D 1-1-5-00-000 OUTROS CRÉDITOS........................................................ 43.261,25 D 1-1-5-05-000 ADIANTAMENTOS A FORNECEDORES......................... 1.520,06 D 1-1-5-05-001 Obraplan Construtora Ltda................................................ 1.520,06 D 1-1-5-06-000 ADIANTAMENTOS A FUNCIONÁRIOS........................... 41.741,19 D 1-1-5-06-002 Empréstimos a Funcionários............................................. 1.300,00 D 1-1-5-06-003 Adiantamento de Férias.................................................... 40.441,19 D 1-1-6-00-000 ESTOQUES....................................................................... 751,26 D 1-1-6-01-000 MERCADORIAS/DOAÇÕES............................................ 751,26 D 1-1-6-01-001 Mercadorias/Doações........................................................ 751,26 D 1-1-9-00-000 DESPESAS DE EXERCÍCIO SEGUINTE......................... 429,75 D 1-1-9-01-000 DESPESAS ANTECIPADAS............................................ 429,75 D 1-1-9-01-002 IRF Antecipado.................................................................. 429,75 D 1-3-0-00-000 ATIVO NÃO CIRCULANTE............................................... 824.957,53 D 1-3-5-00-000 ATIVO IMOBILIZADO....................................................... 599.394,78 D 1-3-5-01-000 BENS EM OPERAÇÃO.................................................... 648.881,53 D 1-3-5-01-005 Máquinas e Equipamentos................................................ 25.006,18 D 1-3-5-01-010 Imoveis.............................................................................. 500.000,00 D 1-3-5-01-011 Instalações........................................................................ 1.669,76 D 1-3-5-01-012 Móveis e Utensílios........................................................... 35.693,59 D 1-3-5-01-013 Equipamentos de Informática............................................ 28.012,00 D 1-3-5-01-015 Veículos............................................................................. 58.500,00 D 1-3-5-09-000 DEPRECIAÇÕES E AMORTIZAÇÕES............................ 49.486,75 C 1-3-5-09-005 Deprec Máquinas e Equipamentos................................... 3.609,24 C 1-3-5-09-010 Deprec Imoveis.................................................................. 29.999,96 C 1-3-5-09-011 Deprec Instalações............................................................ 250,44 C 1-3-5-09-012 Deprec Móveis e Utensílios............................................... 2.464,42 C 1-3-5-09-013 Deprec Equipamentos de Informática............................... 5.779,37 C 1-3-5-09-015 Deprec Veículos................................................................ 7.383,32 C 1-3-6-00-000 IMOBILIZADO EM ANDAMENTO.................................... 225.562,75 D 1-3-6-01-000 IMOVEIS EM CONSTRUÇÃO.......................................... 225.562,75 D 1-3-6-01-001 OBRA - Rua São Paulo, 269/271...................................... 225.562,75 D CONTA 2-0-0-00-000 2-1-0-00-000 2-1-3-00-000 2-1-3-01-000 2-1-3-01-251 2-1-5-00-000 2-1-5-01-000 2-1-5-01-003 2-1-5-01-011 2-1-5-01-016 2-1-5-03-000 2-1-5-03-001 2-1-6-00-000 2-1-6-01-000 2-1-6-01-002 2-1-6-01-003 2-1-6-01-005 2-1-6-01-011 2-7-0-00-000 2-7-1-00-000 2-7-1-01-000 2-7-1-01-001

NOME DA CONTA P A S S I V O..................................................................... PASSIVO CIRCULANTE................................................... FORNECEDORES............................................................ FORNECEDORES NACIONAIS....................................... Das Trilhas Coração Prod Artisticas Ltda.......................... OBRIGAÇÕES FISCAIS/TRABALHISTAS...................... OBRIGAÇÕES FISCAIS................................................... PIS/Folha de Pagamento a Recolher................................ IR Fonte Funcionários a Recolher..................................... PIS/Cofins/CSLL Fonte a Recolher................................... OBRIGAÇÕES SOCIAIS/TRABALHISTAS...................... Salários a Pagar................................................................ OUTRAS OBRIGAÇÕES.................................................. CONTAS E SERVIÇOS A PAGAR.................................... Energia Elétrica a Pagar.................................................... Telefone a Pagar............................................................... Agua e Gas a pagar.......................................................... Honorários Contábeis a Pagar.......................................... PATRIMÔNIO LÍQUIDO SOCIAL...................................... PATRIMÔNIO SOCIAL...................................................... FUNDO PATRIMONIAL SOCIAL...................................... Fundo Patrimonial.............................................................

GERSON DINIZ BRANCO CRC 1SP068651/O-4 CPF 498-509-978/34

SALDO 1.775.317,15 C 6.332,36 C 500,00 C 500,00 C 500,00 C 512,56 C 482,56 C 366,68 C 79,15 C 36,73 C 30,00 C 30,00 C 5.319,80 C 5.319,80 C 442,51 C 271,16 C 2.736,73 C 1.869,40 C 1.768.984,79 C 1.768.984,79 C 1.768.984,79 C 1.768.984,79 C

MARIAHELENA MONTES SILVA DIRETORA GERAL CPF 035-216-328/30

padre Léo Pessini, além do padre Antonio Mendes Freitas, padre José Carlos Dias Sousa, padre Mário Luís Kozik, irmã Eliane Degasperi – da Congregação Filhas de São Camilo, padre Wilson Enrique Gonzales Carbajal – do Peru, José Bessa Barros, pró-reitor administrativo no Espirito Santo e o vereador Paulo Frange. O auditório estava repleto de representantes das entidades de São Camilo no Brasil e havia também uma delegação Camiliana dos Estados Unidos, composta pelo padre Pedro Celso Tramontin, os senhores Kevin Charles Schwab e Rick Lee Jonhson, e a senhora Marie Elizabeth D’Amico. Uma homenagem póstuma ao professor Antônio Celso Pas-

quini foi proferida pelo padre Léo Pessini e, logo após a fala, a assistente social da União Social Camiliana, Ana Lúcia Agostinho, entregou uma placa de agradecimento à senhora Iria Pasquini, esposa do professor, pelos anos de dedicação à União Social Camiliana. A equipe Camiliana norte americana apresentou as obras Camilianas nos Estados Unidos, incluindo os novos projetos da Instituição. Após a pausa para o almoço, houve o momento para o lançamento da obra, “Bioética, Cuidado e Humanização”, editorial organizado e escrito por padre Léo Pessini, pela professora Luciana Bertachini e pelo padre Christian de Paul de Barchifontaine.

Durante o evento, houve um momento em comemoração aos 60 anos da União Social Camiliana. Um retrospecto mostrou a evolução da instituição no Brasil. O encerramento das festividades do dia foi marcado pela presença do cardeal arcebispo de São Paulo, dom Odilo Pedro Scherer, que presidiu a celebração eucarística em ação de graças pelos 400 anos da morte de São Camilo de Lellis. A cerimônia foi animada pelo Coral da São Camilo, composto por funcionários e alunos. Além do coral, a bateria da Atlética São Camilo se juntou à equipe e finalizou a cerimonia ao som do Hino Oficial de São Camilo de Lellis.

São José de Anchieta é homenageado no Congresso Agência Câmara

da redação

O Congresso Nacional homenageou na quarta feira, 21, em Brasília, São José de Anchieta, Apóstolo do Brasil, que em 3 de abril foi canonizado pelo papa Francisco. A sessão solene foi presidida pelo deputado federal Gabriel Chalita e contou com as presenças de dom Giovanni d’Aniello, núncio apostólico do Brasil, o cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, e o secretário geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner. “E uma homenagem justa e merecida que ajudará a recolocar a figura de São José de Anchieta no lugar de maior destaque no cenário da história do Brasil e para nós, da Igreja, enquanto missionário e evangelizador, nos inspira a fazer o mesmo que ele fez enquanto aqui esteve”, declarou dom Odilo Pedro Scherer.


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Um missionário com marcas nos ombros

O Servo de Deus Luiz Pozzobon percorreu 140 mil quilômetros em todo o mundo carregando a imagem da Mãe Rainha

Ana Lúcia Comolatti

Nayá Fernandes

Enviada especial a Santa Maria (RS)

As marcas no cabo da enxada utilizada pelo Servo de Deus João Luiz Pozzobon (1904-1985) nas quais ele rezava o terço, expressam a simplicidade e a intensidade com que este pai de sete filhos vivia a devoção à Mãe Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt. Pozzobon recebeu a imagem da Mãe Rainha pela primeira vez no dia 10 de setembro de 1950 e deveria devolvê-la um mês depois. “Ele disse que não conseguia mais devolver a imagem”, contou padre Argemiro Ferracioli, postulador da causa de canonização de Pozzobon. Após esse primeiro contato, o “João de Maria” foi um dos maiores divulgadores do Instituto Missionário de Schoenstatt pelo mundo. “Ela andou mais de 140 mil quilômetros no ombro do Pozzobon e quando eu participei da exumação do corpo, vi as marcas desse sacrifício em seus ombros”, continuou. A casa em que morou João Pozzobon pode ser conhecida em Santa Maria (RS) onde viveu a maior parte da vida. teve sete filhos e, além do trabalho rural, foi dono de um hotel e de um armazém. “Papai sempre nos ensinou a medir tudo com justiça, nem um grama a mais, nem um a menos”, contou Nair Pozzobon de Sousa, 79, que mora ao lado da casa onde residia com a família quando criança. Os peregrinos que foram de São Paulo com o objetivo de receber a imagem da Mãe Rainha, também se emocionaram ao conhecer a casa em que viveu ooServo de Deus. “Na cama podese ver, uma homenagem que fez aos filhos escrita com a própria letra: ‘Aqui nasceram minhas sete graças’”, destacou o Postulador. “Esse texto, escrito por ele, foi um ponto positivo para o processo de canonização, pois eles

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de retiro que foram construídos com madeira de reflorestamento. “Esse santuário nasceu porque, quando compramos o terreno, percebemos que João Pozzobon já tinha passado por aqui e as pessoas tinham grande devoção à Mãe Rainha”, disse, enquanto colhia uma muda da flor que enfeitava o Santuário.

A viagem até Santa Maria

puderam verificar que a santidade de Pozzobon estava diretamente ligada à vida cotidiana dele”, continuou padre Argemiro. Nair, de bengala e caminhando devagar, acompanhou com muita alegria o grupo e, de vez em quando, compartilhava uma lembrança. “Meu pai nunca nos obrigou a ir à igreja, ele dava o exemplo”. Ela tem oito filhos e é a mais velha do segundo casamento, no qual João se uniu a Vitória Filipetto. Pozzobon morreu atropelado em Santa Maria no dia 27 de junho de 1985 e, em 2009, o processo de canonização foi para Roma. “Certa vez, ao viajar de ônibus com a imagem, ele comprou uma passagem para que a Mãe Rainha fosse ao seu lado. As pessoas começaram a criticar, mas ele explicou o motivo do gesto. Depois disso, o ônibus inteiro começou a rezar o terço”, contou padre Argemiro em entrevista ao O SÃO PAULO.

O Movimento de Schoenstatt Agradecer, pedir e oferecer. Esses são os três verbos de todos os que conhecem e participam do

Ana Lúcia Comolatti

Movimento Apostólico de Schoenstatt. Espalhado e pelo mundo, o Movimento faz parte da Obra Internacional de Schoenstatt, que começou na Alemanha, fundada pelo padre José Kentenich, em 18 de outubro de 1914. Por isso, em todo o mundo, os membros do movimento estão se preparando para o centenário em outubro dese ano. No Brasil, o Santuário de Santa Maria recebe peregrinações de todo o País e de países vizinhos, como a Argentina. “Mesmo com a crise, os argentinos vêm sempre aqui. Muitas vezes, eles não têm dinheiro nem para comprar uma lembrancinha”, comentou padre Argemiro. Estima-se que, em todo o mundo, cerca de 9 milhões de famílias recebem Arquivo pessoal a imagem em casa. Além dos padres, José Kentenich fundou também a Congregação das Irmãs de Maria de Schoenstatt e outros quatro institutos. Ernst Brandstetter, 76, é leigo consagrado do Instituto e mora em Itaara, cidade vizinha à Santa Maria. Ele é arquiteto e responsável pelo projeto de um santuário e uma casa

O desejo de ter na Paróquia Nossa Senhora do Brasil, zona oeste de São Paulo, um santuário dedicado à Mãe Rainha, levou um grupo de paroquianos em peregrinação até Santa Maria para conhecer o Santuário e participar da missa de envio que foi presidida pelo padre Argemiro Ferracioli e concelebrada pelo padre Michelino Roberto, pároco da Nossa Senhora do Brasil e diretor do O SÃO PAULO. Ana Lúcia Comolatti, Regina Della Manna, Anna Maria Tuma Zacharias, Rosângela Della Libera e padre Michelino Roberto chegaram em Santa Maria na quinta-feira, 22 e, durante três dias peregrinaram pelos caminhos de Pozzobon. Ansiosos para ver a imagem que logo mais estaria na paróquia de origem dos peregrinos, eles visitaram a marcenaria de Manfred Worlitschek, leigo consagrado do Instituto de Schoenstatt. “Esta imagem foi a primeira com estas dimensões e estou muito feliz em poder acompanhá-la até São Paulo”, comentou Manfred, que foi convidado para participar da missa em que a imagem foi entronizada na capital paulista. “Nossa Paróquia, que abraça a cidade de São Paulo, será também um lugar que reúne os movimentos marianos. Schoenstatt evangeliza e realiza o que o papa Francisco nos pede: ir para a rua”, afirmou padre Michelino. “A acolhida em Santa Maria é sempre maravilhosa e vivemos uma linda experiência nesses dias. Há muito tempo recebo a imagem em casa e estou muito feliz com esta conquista”, contou Ana Lúcia.


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‘Por que você tirou meu coração?’ Fotos: Nayá Fernandes/O SÃO PAULO

Nayá Fernandes

Enviada especial a Santa Maria (RS)

“Esse é meu filho. Ele estava vivo, ele estava vivo”, contou emocionada Deocleci Inês Turra Kraulich, a mãe do Bruno Kraulich, 29, que morreu na tragédia da boate Kiss em 27 de janeiro de 2013 em Santa Maria (RS). Enquanto falava, ela mostrava a foto de uma revista de circulação nacional em que seu filho era carregado nos braços. Bruno não sofreu queimaduras, morreu devido à fumaça tóxica provocada pelo incêndio e, antes de ser tirado da porta da boate, ele salvou uma jovem que conversou com Deocleci e agradeceu o gesto do filho. Pela casa, as muitas fotos do filho espalhadas pela casa demonstravam a saudade e, ao mesmo tempo, a presença. A gaúcha de Santa Maria tem uma filha e uma neta que moram com ela. O marido ela perdeu há sete anos num acidente de carro e agora, está lutando contra um câncer de mama. “O Bruno era meu braço direito. Depois que o pai morreu ele me disse: ‘Mãe, não chore. Eu vou cuidar de você’.” “Tivemos que nos mudar depois que meu marido morreu e foi ele quem cuidou de tudo. Pedi que a gente não se afastasse muito do Santuário, porque lá é meu

Deocleci se emociona diante da foto do filho; fachada da boate recebe flores em homenagem aos jovens; Bruno é tirado ainda vivo dos escombros

porto seguro”, disse Deocleci, referindo-se ao Santuário da Mãe Rainha. “No Natal, o Bruno e eu fomos comprar algumas coisas para a ceia e passamos em frente à boate Kiss: ‘Mãe, de vez em quando eu venho aqui’. Mas eu nem sabia

o que era a Kiss e só depois me lembrei desse fato. Meu filho era formado em agronomia e, naquele dia era a festa dos agrônomos pois um deles estava aniversariando. Antes de sair, ele apareceu na porta do quarto e perguntou se estava bonito. Eu respondi que

sim, mas que a minha opinião não valia tanto”, narrou a mãe. Então, Deocleci foi dormir e nem viu o filho sair. “Acordei com os amigos dele buzinando aqui embaixo às 5h. Eles me disseram que tinha acontecido “uma coisa bem terrível”. Desde então,

comecei a ligar para o celular dele, que tocava, mas ninguém atendia. O pior não era saber se ele estava vivo ou não, mas nem saber onde estava o corpo. Fiquei sabendo que ele estava morto às 14h, mas ninguém sabia dizer mais nada. Depois, vi que no celular dele tinha uma mensagem: ‘Bruno, vem pra cá, porque aqui está melhor’. Devia ser de um amigo”, contou. No quarto em que Bruno dormia está um banner com o nome dele. “Ele escolheu este quarto, quando nos mudamos pra cá, porque aqui tem uma bela vista da cidade.” Ao ser questionada sobre a maternidade após a perda de um filho, Deocleci disse que “espera cumprir sua missão aqui na terra para se encontrar com ele”. “Se não fosse minha comunidade, que é o primeiro socorro que me veio, eu estaria sozinha. Eu as considero como irmãs. Agora é o momento mais difícil, porque no início, no meio da confusão, eu nem percebia o que tinha acontecido direito. Ainda hoje, me pergunto se tudo isso é verdade e vivo muitos conflitos. Às vezes, culpo Deus, porque sou um ser humano e, muitas vezes me pergunto: ‘Por que você tirou meu coração?’. Mas hoje tenho uma fé mais madura. E sei que todos nós vamos morrer”, expressou Deocleci.

Em Aparecida, IAM realiza seu primeiro congresso da redação

“IAM da América a serviço da missão” esse foi o tema que iluminou o 1º Congresso Americano da Infância e Adolescência Missionária (IAM) realizado em Aparecida (SP), de 23 a 25. O lema do encontro promovido pelas Pontifícias Obras Missionárias (POM) em parceria com as POM do continente americano teve como lema: “Vocês são meus amigos!” (Jo 15-14). Participam do encontro continental, 654 assessores e coordenadores da IAM, vindos de 17 países, sendo 523 do Brasil. Além disso, mais de 80 voluntários que prestarem serviços nos diversos setores da organização. O diretor das Pontifícias Obras Missionárias (POM) da Colômbia e coordenador dos diretores das POM no Continente, padre Mário Álvarez Gómez, relatou o que foi discutido na reunião entre os diretores das POM presentes em Aparecida e os secretários nacionais da IAM. “O que vivemos aqui foi essencialmente apreciar o esforço da Igreja do Brasil que compromete todas as igrejas do Continente”, afirmou.

O Padre falou ainda dos compromissos e comunicou que, no mês de novembro acontecerá em Honduras, um encontro de diretores das POM do Continente, bispos responsáveis pela dimensão missionárias nos vários países e secretários executivos destas comissões. Entre outros assuntos, serão retomados os resultados do 1º Congresso da IAM, para que, segundo ele, “cada país receba a riqueza deste encontro e se comprometa a continuar este trabalho tão bonito que iniciou na Igreja do Brasil”. Foi decido que será criado uma Confederação Americana de IAM formada por representantes de todos os países para coordenar o trabalho de animação. A iniciativa foi da secretária geral da IAM, a doutora Jeane Baptistine que veio de Roma para participar do Congresso.

Painel discute realidade das crianças e adolescentes A jovem mexicana Aline Beatriz Zunica partilhou experiências da IAM em seu país e suas ações mais importantes de animação missionária. Entre outras, a jovem destacou o Congresso Nacional da Infância e Adolescência Mis-

Luciney Martins/O SÃO PAULO

sionária, que acontece de dois em dois anos e que na edição de 2014 reuniu cerca de 30 mil crianças e adolescentes de todo o México. Ainda sobre o mesmo Congresso, Aline destacou a união com as crianças indígenas, trabalho este desenvolvido sempre com muita alegria e disposição. “Discípulos para serem missionários, devem ter ardor no coração” e com alegria Ainda enfatizou: “Eu sou IAM porque sou discípula missionária”. Isso denota o grande amor pela missão

que nasce do ardente desejo de anunciar Jesus a todas as crianças. “Que minha vida não passe se não for para servir”, finalizou. Ao apresentar a situação atual das crianças e adolescentes, o secretario da IAM no Brasil, padre André Luiz Negreiros, assim indagou: “O que estamos fazendo para suprir as necessidades atuais de nossas crianças?” E prosseguiu: “Essa pergunta deve ressoar em nossos corações e nos levar a uma ação concreta de movimento ao encontro do outro”. Ele su-

blinhou que a educação pode ser uma das soluções para as dificuldades atuais. Padre André terminou sua exposição com algumas orientações acerca das ações que devemos ter para dar mais dignidades as nossas crianças, e deixou mais uma pergunta: “O que a IAM está fazendo para amenizar os sofrimentos de nossas crianças? Que essa pergunta possa nos fazer doação, de vida e de esperança, para todas as crianças do mundo”, arrematou. Com agências


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| Geral | 13 Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Para caminhar com a luz de Cristo e na sabedoria do Evangelho

Daniel Gomes

Enviado especial a Aparecida (SP)

O último fim de semana foi especial para a família Muscarelli: Luciano, 44, e Karina, 43, junto aos filhos Cássia, 12, Lucas, 10 e Clara, 6, foram de Bom Jesus do Norte (ES) a Aparecida (SP) para participar da 4º Simpósio e da 6ª Peregrinação Nacional da Família, nos dias 24 e 25. “O que nos motiva estar aqui é o aprendizado e o amadurecimento como família”, revelou Luciano, ao O SÃO PAULO, sobre a participação dos Muscarelli nos eventos, que tiveram como tema “Família: caminhar com a luz de Cristo e a sabedoria do Evangelho”. Na abertura do 4º Simpósio, o cardeal Raymundo Damasceno Assis, arcebispo de Aparecida e presidente da CNBB, lembrou que a presença das famílias manifestava a devoção mariana e a importância do papel da família para a Igreja e o Mundo. “Com a luz de Cristo e a sabedoria do Evangelho, a família pode viver a sua fé, a sua vocação matrimonial e educar os filhos nos valores humanos, nos valores cristãos e assim construir o futuro de nosso País e da humanidade”, afirmou em entrevista. Dom João Carlos Petrini, bispo de Camaçari (BA) e presiden-

Aparecida (SP) sedia 4º Simpósio e 6ª Peregrinação Nacional da Família, momento de devoção e partilha dos desafios familiares te da Comissão Episcopal para a Vida e a Família da CNBB, alertou que a família tem sido agredida por diversos aspectos e está fragilizada em sua missão de transmitir o verdadeiro amor. Constatação similar fez Adélia Prado, uma das debatedoras do Simpósio. A escritora minei-

ra, mãe de cinco filhos, ressaltou que a instituição familiar está em crise profunda, mas que a recuperação pode acontecer com a conversão individual. Também apontou que a primeira pastoral a ser vivenciada é a doméstica e que o casamento requer constante serviço e conhecimento. “Não

existe casamento sem conflito. Ele é necessário para que as coisas venham à tona e a gente renove a convivência”. Dom José Antônio Peruzzo, bispo de Palmas-Francisco Beltrão (PR), falou sobre a espiritualidade. “Quando cuidamos da nossa espiritualidade, perdoamos

mais, amamos mais, pecamos menos”. O Bispo também recomendou que as famílias pratiquem a leitura orante da Bíblia. “A Bíblia é a ternura que se tornou letra e se em casa ela for acolhida e se tornar prática orante, haverá o encontro com a espiritualidade”. Para Roque Rhoden, da Diocese de Sinop (MT), coordenador nacional da Pastoral Familiar, junto à esposa Verônica Melz, a família é a fronteira da nova evangelização e a Pastoral tem a missão de defendê-la, de maneira inteligente e corajosa. “Uma das prioridades é levar novamente Jesus e Deus ao coração da família”, afirmou. Integrantes da Pastoral Familiar da Arquidiocese de São Paulo, junto ao bispo referencial, dom Sergio de Deus Borges, participaram dos eventos. À reportagem, Sílvio e Ester dos Santos, coordenadores arquidiocesanos, falaram sobre as dificuldades para a manutenção Matrimônio entre os mais jovens. “Se na primeira briga do casal, os pais dizem ‘ai filhinho, ai filhinha, venha de volta aqui pra casa’, estarão ajudando o casal na separação. Temos que fazer a nossa parte e mostrar que uma vez assumida a decisão de se unir a outra pessoa, isso tem que ser levado até o fim”, opinou Ester.

‘A família cristã pode ser um ponto de luz’ Do enviado especial a Aparecida (SP)

Em entrevista ao O SÃO PAULO, dom João Carlos Petrini, bispo de Camaçari (BA) e presidente da Comissão Episcopal para a Vida e a Família da CNBB, explica a temática do 4º Simpósio e da 6ª Peregrinação Nacional da Família, e comenta expectativas com o Sínodo Extraordinário sobre a Família, em outubro.

O SÃO PAULO – O que motivou a Comissão Episcopal para a Vida e a Família da CNBB a escolher o tema deste ano para

o Simpósio e a Peregrinação? Dom João Carlos Petrini – O tema - “Família: caminhar com a luz de Cristo e a sabedoria do Evangelho” - nasceu da vontade de que cada casal possa aprofundar mais sua relação com Deus, e ser mais fortalecido porque o mundo de hoje é muito desumano, há muita solidão, abandono e violência. A família cristã pode ser um ponto de luz, e a espiritualidade ajuda a unir as pessoas da família, unir esta família a Jesus e à Igreja, e unir as famílias entre si para que constituam uma pequena comunida-

de. A espiritualidade da família é de fundamental importância, porque o contexto que temos ao redor não favorece essa maneira mais séria de viver.

O SÃO PAULO – A desestrutura da sociedade é reflexo de famílias desestruturadas? Dom Petrini – Acho que são caminhos de duas mãos: uma sociedade desestruturada interfere na família, e a família desestruturada interfere na sociedade. O ponto que afeta todos, tanto a família quanto a sociedade, é uma vida que se constrói sem Deus: não há

educação religiosa nas escolas, não pode haver símbolos religiosos nos lugares públicos, não se pode falar de Deus, de Jesus, quando se defende a vida. Essa vida sem Deus é desumana.

O SÃO PAULO – Qual a expectativa do senhor com a 3ª Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos sobre a família, em outubro? Dom Petrini – Um grande sinal de Deus, no meu entender, é que a Igreja vai dedicar dois anos para pensar a família, este ano com o Sínodo extraordinário, e

em 2015 com o Sínodo ordinário. O Sínodo extraordinário quer enfrentar, ou identificar pelo menos, os desafios que são muitos, ou seja, quais desafios a Pastoral Familiar deve enfrentar? Como vamos enfrentá-los? Isso é uma provocação para viver não apenas do que aprendemos do passado, mas para ter mais coragem de nos defrontarmos com toda essas realidades novas e ver como Jesus Cristo, que é luz que ilumina tudo isso, e a sabedoria que vem do Evangelho nos ajudam a extrair o melhor de todas essas situações que vivemos. (DG)


14 | Entretenimento/Editais |

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EDITAL DE CONVOCAÇÃO

www.triguito.org.br www.triguito.org.br

A FUNDAÇÃO CAPELLA MENINO JESUS E SANTA LUZIA, convoca seus membros diretores para a assembleia extraordinária a realizar-se no dia 09 de junho de 2014, às 15h, em sua sede à Avenida Higienópolis, 890, São Paulo, SP, em primeira chamada com 2/3 dos diretores presentes, e, às 15h30, em segunda chamada, com os que estiverem presentes. A assembleia terá como pauta: 1 - assuntos ordinários da Fundação Capella Menino Jesus e Santa Luzia; 2 - nomeação da nova diretoria para o próximo quinquênio; 4 - outros assuntos. São Paulo, 27 de maio de 2014. O Presidente

EDITAL DE CONVOCAÇÃO A FUNDAÇÃO METROPOLITANA PAULISTA, convoca seus membros diretores para a assembleia ordinária a realizar-se no dia 09 de junho de 2014, às 14h, em sua sede à Avenida Higienópolis, 890, sala 16, São Paulo, SP, em primeira chamada com todos os diretores presentes, e, às 14h30, em segunda chamada, com os que estiverem presentes. A assembleia terá como pauta: 1 - assuntos ordinários da “Rádio 9 de Julho”; 2 – assuntos ordinários do Jornal “O SÃO PAULO”; 3 – nomeação da nova diretoria para o próximo quinquênio; 4 - outros assuntos. São Paulo, 27 de maio de 2013. O Presidente

EDITAL DE CONVOCAÇÃO A FUNDAÇÃO SANTA TEREZINHA, convoca seus membros da mesa administrativa para a assembleia extraordinária a realizar-se no dia 09 de junho de 2014, às 16h, em sua sede à Avenida Higienópolis, 890, São Paulo, SP, em primeira chamada com 2/3 dos membros presentes, e, às 16h30, em segunda chamada, com os que estiverem presentes. A assembleia terá como pauta: 1 - assuntos ordinários da Fundação Santa Terezinha, 2 – nomeação da nova diretoria para o próximo quinquênio; 3 - outros assuntos. São Paulo, 27 de maio de 2014. O Provedor

Para assinar O SÃO PAULO: Escolha uma das opções e a forma de pagamento. Envie esse cupom para: FUNDAÇÃO METROPOLITANA PAULISTA, Avenida Higienópolis, 890 São Paulo - SP - CEP 01238-000 - Tel: (011) 3666-9660/3660-3724

ASSINATURA SEMESTRAL: R$ 45 ANUAL: R$ 78 FORMA DE PAGAMENTO CHEQUE (Nominal à FUNDAÇÃO METROPOLITANA PAULISTA) DEPÓSITO BANCÁRIO Bradesco ag 3394 c/c44159-7 COBRANÇA BANCÁRIA

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15ª Turma 01 a 07 de junho em São Leopoldo/RS Inscreva-se: www.institutoaxis.com.br - (31) 3284-6480

Exclusivo: Provinciais e Conselheiros


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| Região Lapa | 15

Visita Pastoral na Paróquia São Mateus Dom Julio, na visita de cinco dias, celebrou missa, visitou doentes, acompanhou o trabalho das pastorais e conversou com fiéis

faz um trabalho de evangelização dade, acompanhou o expediente, teórico, abstrato, como conceito, com os moradores e comunidade. visitou a casa dos idosos e almo- mas sim uma realidade, Jesus A paroquiana Teresa muito con- çou na casa de um paroquiano. fala: ‘Como o Pai me amou astente e emocionada agradeceu ao Às 15h, foi realizada a celebração sim eu vos amei’. Jesus estende dom Julio e padre Oliveira pela da missa em memória a Santa este amor para nós, e para saber vista em sua casa. Visitou ainda Rita de Cássia, presidida por dom como é este amor basta olhar para a casa das Irmãs Voz dos Pobres, Julio e concelebrada pelo pároco cruz”. conheceu o trabalho do grupo padre Oliveira. Dom Julio, na Dom Julio refletiu que hoje de artesanato, conversou com a homilia, lembrou que a “pala- celebramos a memória de Santa equipe da pastoral da saúde, re- vra amor está muito desgastada, Rita de Cássia, que se identificou zou o terço, celebrou missa, e ain- qual o verdadeiro amor autêntico tanto com Jesus Cristo, que mada falou com os alunos do curso que os cristãos buscam? Quando nifestou também no seu próprio de teologia. falamos de amor o que verda- corpo, as chagas, o estigma do Quinta-feira, último dia de deiramente queremos dizer? O amor de Cristo. Por isso, Santa Benigno Naveira sua visita, dom Julio após a ora- Evangelho de hoje nos fala disso, Rita de Cássia é considerada a Colaborador de Comunicação da Região ção, tomou café com a comuni- Jesus não fala do amor como algo Santa das causas impossíveis. Na manhã de Benigno Naveira domingo, 18, a reportagem da LAPA Pastoral da Comunicação da Região Episcopal Lapa acompanhou a visita pastoral de 18 a 22 (domingo a quinta- feira) do bispo auxiliar na Região dom Julio Endi Akamine, à Paróquia São Mateus, Setor Rio Pequeno. No domingo, dom Julio foi recebido pelo pároco padre José Oliveira dos Santos e muitos fiéis que o aguardavam. Iniciou sua visita presidindo a celebração da missa das 8h e na sequência tomou café com os pais, crianças da Catequese e jovens da Crisma. Segunda-feira, dom Julio, após a oração da manhã, tomou café com a comunidade (grupo de ginástica) e acompanhado do pároco visitou estabelecimentos comerciais, fiéis doentes em suas residências e almoçaram na Dom Julio Endi Akamine, na quinta-feira, 22, concede a bênção das rosas em memória de Santa Rita de Cássia casa de um paroquiano. Após o almoço o bispo visitou as dependências da Paróquia e ouviu con- palavra do bispo fissões dos fiéis, rezou terço dos homens e presidiu missa. Terça-feira, após a oração, dom Julio tomou café com o auxiliar da os evangelhos para garantir a Jerusalém, Catechese illuminanApostolado da oração, acompa- Bispo na comunhão na mesma fé? Será dorum 5,12. nhou o expediente da Paróquia, Arquidiocese Região Lapa São Cirilo define o Símbolo que os símbolos de fé não seatendeu os fiéis no confessionáriam mera elaboração teórica e de fé como síntese. A oração do rio, rezou o terço, celebrou misDom Julio Endi abstrata sobreposta às Sagradas “Creio” é uma composição que sa e conversou com o coral São Akamine sintetiza de maneira orgânica e Escrituras? Mateus. No parágrafo 186 do Ca- articulada o essencial da fé da Já na quarta-feira, o café da manhã foi com o grupo da Equipe Querido leitor do jornal O SÃO tecismo da Igreja Católica en- Igreja. O conteúdo dessa elaboração Mãe Peregrina, seguido pela visi- PAULO, todos os domingos, contramos uma citação de São ta, com o padre Oliveira, ao con- quando vamos à missa, rezamos Cirilo de Jerusalém, um padre resumida da fé, no entanto, não é domínio Esmeralda, onde reside juntos a profissão de fé, ou seja, da Igreja do século 4. Referin- fruto de opiniões humanas; não a paroquiana Teresa Duarte, que a oração do “credo”, o símbolo do-se à fórmula da profissão é uma invenção que se sobrepoda fé. Qual é o significado da de fé, Cirilo de Jerusalém, ex- nha à Escritura a ao Evangelho oração do “Credo”? Qual é a plica: de Jesus Cristo. importância disso para a vida Todo o conteúdo do SímboEsta síntese da fé não foi feiagenda regional cristã? ta segundo as opiniões humanas, lo da fé é tirado da Escritura. O Sexta-feira (30), 20h A oração do “creio” é muito mas se recolheu de toda a Escri- Símbolo da fé diz em pouquís12º Encontro de Casais com antiga. Por isso podemos tam- tura o que nela há de mais im- simas palavras tudo e só aquilo Cristo, na Paróquia São Patrício bém nos perguntar: Uma vez que portante, para apresentar na ín- que está na Bíblia. É como o (avenida Octacílio Tomanik, os símbolos de fé são tão antigos, tegra aquilo e só aquilo que a fé grão de mostarda, que mesmo 1555 Rio Pequeno). não estariam eles ultrapassados ensina. E, tal como a semente de pequeno contém dentro de si e desatualizados e, por isso, não mostarda contém, num pequeno uma grande planta. Sábado (31), 14h deveriam ser abandonados? grão, numerosos ramos, do mesSe você ler o Novo TestaSetor Lapa e Leopoldina – Outra pergunta que podemos mo modo este resumo da fé en- mento com atenção, notará que Formação para a metodologia fazer é quanto à necessidade de cerra em algumas palavras todo essa prática de exprimir em fórdas visitas missionárias, na rezá-los para garantir que todos o conhecimento da verdadeira mulas brevíssimas o conjunto Paróquia Nossa Senhora da Lapa os fiéis tenham a mesma fé. piedade contido no Antigo e no total da fé tem suas raízes na (rua Nossa Senhora da Lapa, 298 Afinal de contas, não bastam Novo Testamento (São Cirilo de própria Bíblia. Exemplos de pro– Lapa).

Antes da bênção final, dom Julio concedeu a bênção das rosas dos devotos de Santa Rita, e novamente, às 19h, presidiu outra celebração da missa em memória de Santa Rita de Cássia. Padre Oliveira, em entrevista à reportagem, falou da importância da visita pastoral de dom Julio, que motivou toda a comunidade por meio de um contato maior com seu bispo, participando junto com ele todas atividades durante sua visita. Padre Oliveira agradeceu a dom Julio pela visita. Com a presença do pároco, todas as pastorais, movimentos e a comunidade às 20h, aconteceu a Catequese do Bispo, em que dom Julio refletiu sobre os Atos dos Apóstolos (At 8,26-40): Felipe e o Eunuco, o caminho, a Palavra e o anúncio. Após o término, dom Julio agradeceu ao padre Oliveira e a comunidade pela participação de todos, encerrando sua visita pastoral. Em entrevista à reportagem, o Bispo fez uma retrospectiva de sua visita pastoral, dizendo que foram cinco dias muito intensos começando as 7h da manhã com muitas atividades durante todo o dia e que ficou satisfeito com a presença e participação de todas as pastorais, movimentos e a comunidade, tendo um maior contato pessoal com todos. Disse ainda: “Espero que esta minha visita venha contribuir ainda mais para o crescimento da Paróquia São Mateus”.

Rezar o “Creio” é uma forma de nos encontrar com Jesus Cristo clamações sintéticas são: “Jesus é Senhor” (1Cor 12,3). “Jesus é o Filho de Deus” (1Jo 4,15). “Se tu confessares com a tua boca Jesus como Senhor e creres com o coração que Deus o ressuscitou da morte, serás salvo” (Rm 10,9). Muito cedo, porém, surgiram outras composições mais longas e mais apropriadas para a recitação frequente. Não são fórmulas mágicas nem talismãs, pois pressupõem a colaboração humana que se realiza nos atos de “receber” reverentemente da Igreja e de transmitir fielmente aos outros. Rezar o “Creio” é uma forma de nos encontrar com Jesus Cristo e de meditar no coração as maravilhas que Deus realizou em nossa salvação. Rezar o “creio” é uma prática que a Igreja nos propõe para que possamos viver o mistério da fé, para que sejamos continuamente iniciados na vida cristã.


16 | Região Santana |

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São Paulo ganha Paróquia São Marcos Evangelista Cardeal Scherer presidiu celebração de elevação paroquial da comunidade da Pedra Branca, na encosta da Serra da Cantareira

quial e das pastorais e movimen- lembrou à reportagem que Padre São Marcos. Com o entusiasmo tos, religiosos e religiosas, todos José, empenhou suas forças e todo contagiando a todos, outros grucomprometidos com a missão de o seu zelo pastoral e sacerdotal no pos de reflexões foram criados. anunciar o Evangelho de Cristo. pastoreio da Comunidade de São Assim surgia a comunidade de“Espero que a transforma- Marcos, consagrando, ao mesmo nominada “Comunidade Sagrado ção em paróquia seja para me- tempo, todas as suas capacidades Coração de Jesus”. lhor, pois como comunidade ela e energias na construção da nova As atividades da Comunidade me ofereceu diversos cursos que igreja de São Marcos e do Centro se multiplicavam, todos já aspiramelhoraram a minha formação”, Pastoral, na Pedra Branca. Tinha vam contar com a própria Igreja. disse Benedita das Dores Benet- 87 anos de idade quando faleceu, Assim, foi adquirido um terreno ti, uma das primeiras participan- 66 de vida religiosa consagrada na rua Itabira, nº 170, à época, tes da comunidade. Já os jovens, como Missionário da Consolata e de esquina, parecia ser o ideal, Lucas Barreto, Samara Camargo 62 anos de sacerdócio. mais prático e viável. Em 25 de e Caroline Barreto têm a esperanabril de 1974, dia de São Marcos, Ao final da missa, dom OdiDiácono Francisco Gonçalves ça que o grupo de jovens, atual- lo homenageou padre Spirito foi lavrada a escritura do terreno Colaborador de comunicação da Região mente com cerca de 30 membros, Sevega pelos 90 anos de idade, para construção da Igreja. Na manhã de possa ser dinamizado. Os mutirões, com intensa convidando todos os presentes a domingo, 25, a Na celebração foi lembrada cantar os parabéns para ele. No participação da Comunidade, se Comunidade São com aplausos a figura do padre dia 20 de junho fará 66 anos de desenvolviam nos fins de semaMarcos amanhe- SANTANA italiano José Radici, missionário sacerdócio. na e nos feriados. Enquanto as ceu em festa, pois da Consolata, falecido em 8 de obras progrediam, as atividades a trajetória de História de uma fevereiro de 2012. religiosas se desenvolviam, num sua vida, iniciada O responsável pela Pasto- comunidade de fé primeiro momento num galpão em 1973, quando padre Eduardo ral da Comunicação (Pascom) Tudo começou em 1973, no gru- de madeira, depois no salão do Bauville, pároco da Igreja Nossa na paróquia, Sebastião Soares, po que refletia o Evangelho de subsolo. Senhora da Penha, criou uma CoDorival Rosa munidade Eclesial de Base para refletir nas casas dos participantes, o Evangelho de São Marcos, se tornava a mais nova paróquia da Arquidiocese de São Paulo. Os novos paroquianos tinham também outro motivo a comemorar: a cerimônia de elevação como paróquia seria presidida pelo cardeal arcebispo de São Paulo, dom Odilo Pedro Scherer. A razão é que o Cardeal faz parte da história da nova paróquia, pois, em 21 de março de 2004, celebrou a missa campal de lançamento da “Pedra Fundamental” da nova igreja, e, em 31 de dezembro do mesmo ano, celebrou a primeira missa, com a igreja ainda em construção. Dom Odilo era, então, bispo auxiliar da Iniciada em 1973, Comunidade São Marcos, na Pedra Branca, se torna paróquia em missa presidida por dom Odilo Região Episcopal Santana. Coube ao padre Luiz Carlos Emer, superior provincional dos Missionários da Consolata, con- palavra do bispo gregação responsável pela paróquia, saudar dom Odilo, dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região auxiliar da Santana e os padres concelebran- Bispo instituições educacionais prepa- O Concílio diz que os primeiros na tes Zacarias Paiva, Pietro Plona, Arquidiocese rem os seus filhos para o mundo educadores e formadores dos fiRegião Santana Anthony Murigi, Selso Feldkire para o futuro. lhos são os pais e não a escola ou cher e ao novo pároco, padre É uma realidade que nos outras instituições. Dom Sergio Mauro de Cintra Santos. assombra, porque muitas famíA educação dos filhos é, na de Deus Borges Em sua homilia, dom Odilo lias estão desconhecendo uma verdade, um verdadeiro ministédestacou os compromissos de das finalidades essenciais da rio, que Santo Tomás não hesita elevação de uma Comunidade Hoje encontramos muitas crian- união matrimonial: a educação em compará-lo ao ministério dos a Paróquia: a ampliação do seu ças que se aproximam da Cate- dos filhos. Renunciar à edu- sacerdotes: “Alguns propagam e território como comunidade de quese e não sabem as orações cação dos filhos é renunciar à conservam a vida espiritual com vida, o Templo do Deus vivo. A principais dos cristãos como o participação na obra criadora um ministério unicamente espiriparóquia tem que contar com a Sinal da Cruz e a Ave Maria. Pen- de Deus, é macular o próprio tual: é a tarefa do sacramento da colaboração do Conselho Paro- sávamos que alguns pais haviam matrimônio. ordem; outros fazem-no quanto habidicado somente da educaEducar os filhos, mais do que à vida corporal e espiritual o que ção na fé de seus filhos. Porém, um dever, é um direito próprio e se realiza com o sacramento do conversando com educadores e primário dos pais. O Concílio matrimônio, que une o homem agenda regional observando o comportamento e Vaticano II afirma que ‘os cônju- e a mulher para que tenham desDe segunda (26), 12h, atitudes de muitas crianças, per- ges, munidos com a dignidade e cendência e a eduquem para o cebemos que também em outras o múnus da paternidade e mater- culto de Deus” (FC 39). a quinta-feira (29), 13h áreas se encontra o mesmo fenô- nidade, cumprirão diligentemenEm Aparecida, os bispos Retiro do clero da Região meno: os pais têm renunciado à te o ofício da educação, sobre- afirmaram que os “pais devem Santana na Casa de Retiros sua missão de educar os filhos e tudo religiosa, que em primeiro tomar nova consciência de sua Schoenstatt-Tabor (rodovia Dom exigem que a escola e as outras lugar compete a eles’ (GS 48). alegre e irrenunciável responPedro I, Km 78 - Atibaia (SP)).

Finalmente, em solenidade presidida pelo então arcebispo de São Paulo, cardeal dom Paulo Evaristo Arns, a primeira Igreja foi inaugurada e entregue ao culto no dia 30 de abril de 1978, consagrada a São Marcos, como padroeiro. A Comunidade São Marcos, em princípio pertencia à Paróquia Nossa Senhora da Penha, sendo que, com a instalação do seminário, filosófico – teológico no “Castelinho” na Pedra Branca, à rua Ita, 381, os padres ali sediados, da congregação dos Missionários da Consolata, assumiram a assistência religiosa e pastoral. Para dirigir, organizar e redirecionar o Centro Missionário José Allamano, chegava a Pedra Branca, em 1989, o padre José Radici. Foi-lhe confiado, também, o pastoreio da Comunidade São Marcos. Diante da crescente necessidade de espaço para a ação evangelizadora e catequese, com esforço pessoal, padre José, com a comunidade, adquiriu o terreno e construiu o Centro Pastoral São Marcos. Inaugurado em 1996, na rua Itabira, nº 222, com várias salas.

Nova Igreja São Marcos

Com a chegada do novo milênio, padre José com sua clara visão de futuro alertou sobre a necessidade de um novo terreno para futuramente construir uma igreja que comportasse a população em crescimento na região. Em 2002, foi adquirido o sonhado terreno de 2.560 m2, na Rua Itá, nº 313, próximo da Igreja Velha. Finalmente, em 17 de Dezembro de 2006, o sonho se tornou realidade.

A missão educativa e o sacramento do Matrimônio! sabilidade na formação integral dos filhos” (DAp 118). No entanto, para que os pais tomem consciência de sua responsabilidade é urgente uma nova atitude da Comunidade eclesial, porque fora da Comunidade não há real interesse em promover a missão educativa dos pais; temos no mundo uma onda desagregadora da família e da missão dos pais na família e junto aos filhos. Cabe a nós, enquanto membros das comunidades fomentar este ministério sagrado desde a catequese, passando pela homilia dominical e pelas pastorais das comunidades, para que os casais possam redescobrir a beleza da sua vocação ao matrimônio e seu direito a dedicar-se com zelo no serviço de educar os filhos.


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| Região Sé | 17

A Mãe Rainha na Paróquia Nossa Senhora do Brasil A igreja celebrou no domingo, 25, a entronização da imagem que, a partir de Santa Maria (RS), se difundiu mundialmente Nayá Fernandes

Reportagem na zona oeste

A primeira vez que Ameli Lobão Nascimento, 1 SÉ ano e três meses saiu de casa, foi para participar com os pais da missa que acontece a cada dia 18 do mês na Paróquia Nossa Senhora do Brasil, zona oeste da capital. A avó, Rosane Lobão é missionária do Movimento Apostólico de Schoenstatt há dois anos e participou da Missa Festiva da Consagração do Santuário Paroquial da Mãe Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt no domingo, 25. Rosane levou consigo a imagem da Mãe Rainha na procissão de entrada da missa, junto a outras missionárias do Movimento. “Há dois anos, quando comecei a receber a Mãe em casa, muita coisa mudou em minha vida e sinto que Maria está mais perto de nós”, afirmou. A missa e a entronização da imagem de madeira, que foi construída na marcenaria dos leigos consagrados do Instituto em Santa Maria (RS) nasceram do sonho de algumas paroquianas, entre elas Ana Lúcia Comolatti. agenda regional

Quinta-feira (29) Às 9h, reunião das secretárias paroquiais da Região – Centro Regional de Pastoral (avenida Pacaembu, 954, Pacaembu). Às 15h, reunião das coordenadoras paroquiais do Apostolado da Oração – Centro Regional de Pastoral (avenida Pacaembu, 954, Pacaembu).

“Foram 4 anos até conseguirmos que a Paróquia Nossa Senhora do Brasil fosse um Santuário Paroquial da Mãe Rainha. Fiz um caminho de conquista pessoal e comunitária”, disse Ana Lúcia em entrevista ao O SÃO PAULO. Ela é coordenadora paroquial do Movimento e destacou também a aprovação e apoio do

pároco, Michelino Roberto. O “burburinho” antes da missa era acompanhado de grande alegria e, ao mesmo tempo, ansiedade. A imagem da Mãe Rainha, uma das primeiras do Brasil com 1,30 m de altura foi carregada por Regina Della Manna e mais três pessoas. Regina está envolvida com o Movimento de Schoenstatt

há 20 anos e já foi seis vezes a Santa Maria visitar o Santuário e a casa de João Pozzobon, um dos primeiros “schoensttatianos” que começou a difundir a devoção. “Esta celebração, na minha vida, significou a conclusão de uma etapa de nove anos em que fui coordenadora da Diocese Sé e o nosso objetivo sempre foi o

de ter este Santuário aqui nos Jardins. Por isso, nos últimos quatro anos, enfrentamos muitos obstáculos, mas todos cresceram muito”, disse Regina, que tem três filhos e está na espera da sexta neta. Padre Michelino, presidente da celebração, destacou a diversidade dos movimentos na Igreja e o porquê do Santuário na ParóMárcio Gallinaro quia. “Nossa padroeira é Nossa Senhora do Brasil e por isso, a Paróquia acolhe as devoções marianas de todo o País”, afirmou. Padre Michelino também ressaltou que a Campanha da Mãe Rainha se expandiu pelo trabalho de João Pozzobon, um pai de família que andou mais de 140 mil quilômetros com uma imagem nos ombros, como se vivesse uma procissão contínua em sua vida. Em procissão, seguiram também o Grupo de Jovens Divino Espírito, que nasceu na Paróquia Nossa Senhora do Brasil, a partir da Jornada Mundial da Juventude. “Eles pediram para viver a consagração a Nossa Senhora durante a celebração e foi muito bonito”, contou Rafael de Andrade, 34, atual coordenador Imagem de 1,30m de altura é entronizada na Paróquia Nossa Senhora do Brasil, Santuário Paroquial da Mãe Rainha do Grupo. palavra do bispo

Caminhos da Iniciação Cristã (4) Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Sé

Dom Tarcísio Scaramussa

A vida em comunidade é parte essencial do caminho de iniciação. O papa Francisco fala do desafio de “descobrir e transmitir a ‘mística’ de viver juntos, misturar-nos, encontrar-nos, dar o braço, apoiar-nos, participar nesta maré um pouco caótica que pode transformar-se numa verdadeira experiência de fraternidade, numa caravana solidária, numa peregrinação sagrada” (EG, 87). E continua estimulando a trilhar este caminho como nova perspectiva de vida e como

vivência de uma dimensão humana mais profunda, uma verdadeira libertação: “Como seria bom, salutar, libertador, esperançoso, se pudéssemos trilhar este caminho! Sair de si mesmo para se unir aos outros faz bem. Fechar-se em si mesmo é provar o veneno amargo da imanência, e a humanidade perderá com cada opção egoísta que fizermos” (Idem). O comprometimento com os outros deve ser um desdobramento natural da vida de fé. Uma prática religiosa intimista e isolada da comunidade, sem criar vínculos profundos e estáveis com os outros, “é um remédio falso que faz adoecer o coração e, às vezes, o corpo” (EG, 91). Precisamos encontrar

a Deus no “rosto dos outros, na sua voz, nas suas reivindicações; e aprender também a sofrer, num abraço com Jesus crucificado, quando recebemos agressões injustas ou ingratidões, sem nos cansarmos jamais de optar pela fraternidade” (Idem). A vida em comunidade se desenvolve também através da participação nos grupos, pastorais, associações e movimentos da comunidade. Para os jovens, de modo especial, o grupo é espaço de iniciação e de vivência na fé. A comunidade precisa criar estes espaços para os jovens, pois eles não encontram habitualmente nas estruturas ordinárias “respostas para as suas preocupações, necessidades, problemas e feridas”. É um

desafio para os adultos, ouvir com paciência e compreender as preocupações ou reivindicações juvenis, e principalmente “aprender a “falar-lhes na linguagem que eles entendem”. O papa ressalta que o crescimento de associações e movimentos juvenis podem ser vistos como uma “ação do Espírito que abre caminhos novos em sintonia com as suas expectativas e a busca de espiritualidade profunda e dum sentido mais concreto de pertença” (EG, 105). Outro desafio constante do trabalho de iniciação é consolidar esta participação nos grupos com o envolvimento das pessoas e dos grupos no “âmbito da pastoral de conjunto da Igreja” (Idem).


18 | Região Brasilândia |

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Missão Mensagem de Paz celebra jubileu de 20 anos Um movimento eclesial, uma comunidade composta por leigos engajados, que têm a vocação e o carisma de levar paz aos corações

pela unção para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos presos, aos cegos a recuperação da vista, para restituir a liberdade aos oprimidos, e para proclamar um ano de graça do Senhor” (Lc 4,18-19). Liderados pelo fundador Fernando Baptista e pela co-fundadora Lidiane Vaz, eles vivem o carisma das novas comunidades, conforme recomenda o Documento de Aparecida “os novos Renata Moraes movimentos e comunidades são

Colaboradora de Comunicação da Região

Na noite do sábado, 24, os membros, e amigos da Missão Mensagem BRASILÂNDIA de Paz reuniramse em festa na sede da comunidade, em Pirituba, para comemorar os 20 anos de seu jubileu. Em uma noite de louvor com a presença dos cantores católicos Raquel Mendes, Júnior Silva (Comunidade Fala Senhor) e o frei Orlando José. Fundada em 13 de maio de 1994, a Comunidade Missão Mensagem de Paz nasceu a partir de encontros e vigílias de orações de um grupo de jovens da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, no bairro do Jaraguá, que tinham o desejo de evangelizar a todos com o carisma de levar paz aos corações. No início com 12 membros tendo crescido e assumindo o compromisso de ser instrumento da nova evangelização. Trabalhos com dependentes químicos, pessoas em situação de rua, evangelização de jovens, retiros kerigmáticos, grupo de oração, encontros de casais e missões de evangelização fazem parte do dia a dia desta comunidade. E que a luz do Evangelho de São Lucas, trazem o carisma: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou agenda regional

Sábado (31), 9h Reunião do Conselho Regional de Pastoral (CRP), na Paróquia Santos Apóstolos (avenida Itaberaba, 3907, Itaberaba). Outras informações em (11) 3851-4535.

um dom do Espírito Santo para a Igreja. Neles, os fiéis encontram a possibilidade de se formar na fé cristã, crescer e se comprometer apostolicamente até ser verdadeiros discípulos missionários.” (Documento de Aparecida, n. 311). Para Fernando, é uma grande alegria celebrar esse aniversário. Em entrevista à Pascom Brasilândia, ele recorda emocionado também todas as pessoas que passaram pela comunidade, que fizeram parte da história. “Te-

mos consciência de que a Missão Mensagem de Paz não nasceu por vontade humana, mas sim por desígno Divino, deste modo como tudo provém da vontade Divina e é gerada para Cristo. Podemos afirmar que a Missão Mensagem de Paz nasceu do coração de Deus e só existe enquanto permanecer em Cristo (cf. Col 1,15-17).”

to dos membros renovarem os seus vínculos, em uma missa presidida pelo padre Francisco Rangel Pestana, assessor das novas comunidades na região Brasilândia. Em sua homilia, padre Rangel exortou aos membros sobre a vivência em comunidade e a diversidade dos dons e carismas: “Vocês juntos formam um só corpo, Missa de Renovação dos um só Espírito e o maior segredo de uma comunidade é a capacidaVínculos No domingo, 25, foi o momen- de do perdão”. Emocionados, os membros Marcos Paulo fizeram a renovação dos seus vínculos de acordo com o tempo na comunidade, com as diversas formas de caminho. Iniciando pelos primeiros dois anos os vínculos de participação, colaboração e perseverança; seguidos dos vínculos de comunhão no Postulantado I e II, Discipulado I e II até chegarem ao vínculo de aliança e consagração. Ao todo 117 membros realizaram a renovação de seus vínculos através dos diversos votos no almejo de perseverarem cada dia mais na fé, na justiça, no amor a Deus e aos irmãos, através do carisma “Levando Paz aos CoraUma comunidade que completa 20 anos a serviço da evangelização, pessoas que doam seu tempo em favor dos outros ções”.

palavra do bispo

O caminho da oração Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia

Dom Milton Kenan Júnior

O Catecismo da Igreja Católica dedica os parágrafos 2663-2679 para falar do caminho da oração. Trata-se de um caminho que tem um destino definido: o coração do Pai. Por meio da humanidade de Cristo, temos acesso ao coração do Pai. “A santa humanidade de Jesus é, portanto, o caminho pelo qual o Espírito santo nos ensina a orar a Deus, nosso Pai” (n. 2664). Quando contemplamos Jesus, compreendemos o valor e o

significado absoluto que tinham para Ele, a figura e a presença do Pai. Nestes dias, na liturgia, ouvimos Jesus que diz: “Há tanto tempo estou convosco, e não me conheceis, Felipe? Quem me viu, viu o Pai... (Jo 14,9). Com Jesus aprendemos a falar com Deus, como a nosso Pai! Nele, tornamo-nos “filhos no Filho”, podemos clamar “Abbá, Pai!”. Aprendemos, também, com os textos do Novo Testamento, a dirigir-nos ao próprio Jesus. Ele é o “Filho de Deus, Verbo de Deus, Senhor, Salvador, Cordeiro de Deus, Rei, Filho bem-amado, Filho da Virgem, Bom Pastor, nossa Vida, nossa Luz, nossa Esperança, nossa Ressurreição, Amigo dos homens...” (n. 2665).

Lemos no Catecismo da Igreja Católica: “O Nome de Jesus contém tudo: Deus e homem e toda a economia da criação e da salvação. Orar a “Jesus” é o invocar, é o chamar em nós. Seu nome é o único que contém a presença daquilo que significa. Jesus é ressuscitado, todo aquele que invoca seu nome acolhe o Filho de Deus que o amou e por ele se entregou” (n. 2666). Os monges do Sinai transmitiram uma invocação do Nome de Jesus que tornou-se célebre não só no Oriente, mas também para os cristãos do Ocidente: “Jesus Cristo, Filho de Deus, Senhor tem piedade de nós, pecadores!”. Trata-se de recitá-la pausadamente, no ritmo da respiração, em todos os momentos

e em todas as circunstâncias, a ponto do próprio coração habituar-se a rezá-la. Os “Relatos do Peregrino Russo” atestam a beleza e a fecundidade desta oração (cf. CIC 2667-2669). Neste caminho, não podemos nos esquecer de que “é o Espírito Santo que, por sua graça proveniente, nos atrai ao caminho da oração. O Espírito Santo, cuja unção impregna todo o nosso ser, é o Mestre interior da oração cristã. É o artífice da tração viva da oração. Sem dúvida, existem tantos caminhos na oração quantos são aqueles que rezam, é, porém, o mesmo Espírito que atua em todos e com todos. Na comunhão do Espírito Santo, a oração cristã se torna a oração da Igreja” (n. 2672).


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Paróquia São Filipi Neri promove a 32 Festa do Padroeiro Atividade nos finais de semana de maio atrai cerca de 3 mil pessoas por noite. Missa solene foi dia 26 João Carlos Gomes

Colaborador de comunicação da Região

Seguindo o exemplo de seu padroeiro, São Filipi bELÉM Neri, conhecido como o ‘Santo da Alegria’ e cuja data de morte é 26 de maio, a Paróquia São Filipi Neri, no Setor Vila Alpina da Região Episcopal Belém, promove em todos os finais de semana de maio sua festa, onde o grande combustível é a alegria. Organizada por uma comissão de 10 casais, a festa recrutou mais de 280 pessoas para os trabalhos nas barracas e infra-estrutura, todos envolvidos em cerca de 50 trabalhos pastorais diferentes da paróquia. O público participante da festa em cada noite, é de cerca de 3 mil pessoas. “É um desafio”, afirmou Benedito Jesus Junqueira, coordenador da festa. “Mas as pessoas envolvidas, que se doam com paixão e carinho tornam o desafio fácil de transpor”, continuou.

32 anos depois

Quando iniciou, a festa era realizada do lado de fora da paróquia. Por isso mesmo, tinha um público visitante muito maior. “Era cerca de 13 mil pessoas por noite. Nossa fes-

João Carlos Gomes

se fazer a Festa do Padroeiro. “Com o passar dos anos, a gente foi crescendo, tanto na forma de organizar a festa, na qualidade, como também na união entre as pessoas envolvidas”, disse Edson. Benedito concordou com o amigo: “Se é desafiador, é também uma grande satisfação, pelo comprometimento, dedicação e a integração de todo o grupo, que não se deixa levar somente pelo lado comercial, mas também da fé, pois não iniciamos um dia de trabalho sem nossas orações, junto com os nossos seminaristas”. Para o pároco da São Filipi, padre Norival da Silva, toda a organização se resume numa palavra: família. “É a partilha da família, que se reúne para o bem comum. ‘E um presente de Deus”, finalizou. A festa continua no próximo final de semana, dias 31 de maio Cerca de 3 mil pessoas por noite da 32ª Festa de São Filipi Neri, no Setor Vila Alpina da Região Episcopal Belém e 1 de junho. A arrecadação será revertida em benfeitorias na pata foi considerada a segunda que ela diminuísse até acabar. te”, contabilizou Benedito. róquia e ajuda às suas mais de maior festa da capital”, relem“Mas, de qualquer forma, a Benedito e Edson ressaltam 50 pastorais e movimentos. brou Edson Francisco de As- festa ainda continuou grande, o que é mais importante em sis, colaborador da festa desde pois são cinco ambientes disua primeira edição. Ao reali- ferentes nas dependências da zar a festa nas dependências paróquia, que suportam muito da paróquia, o receio era de bem até 5 mil pessoas por noiagenda regional

Quinta-feira (29), 19h30

Sábado (31), 18h

Missa em comemoração aos 60 anos da Paróquia Nossa Senhora de Fátima (rua José Antonio Fontes, 36 – Sapopemba).

Encerramento do Jubileu de Diamante da Paróquia Santa Luzia (avenida Sapopemba, 1500 – Vila Leme).

Domingo (1º) Às 10h30, Crisma Paróquia Natividade do Senhor (rua Buono, 62 – Vila Guarani). Às 18h30, Crisma Paróquia Santo Antonio de Pádua (rua Monte Mogno, 842 – Chácara Mafalda).

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copa do mundo

Países temem por segurança de turistas Luciney Martins/O SÃO PAULO

Embaixadas alertam sobre a incidência da criminalidade, mas torcedor confia que estar no megaevento será divertido e inesquecível

A maior derrota em uma final de Copa – 1998

Daniel Gomes Redação

O norte-americano André Conde, 20, morador de Fullerton, nos Estados Unidos, já está contando os dias para embarcar para Brasil. “Estou ansioso por isto há muito tempo”. Ele será um 600 mil turistas estrangeiros no País durante a Copa do Mundo, conforme projeções da Embratur. “Eu espero que seja muito divertido e, definitivamente, uma experiência inesquecível”, revelou ao O SÃO PAULO. André acredita que por vir ao País na companhia de um brasileiro será bem acolhido, mas teme pela violência. “Viajando para qualquer lugar do mundo, você ouve histórias e há sempre um medo de que algo possa acontecer. Então, eu tenho medo, mas coloco isso na parte de trás da minha mente, tento ficar alerta e me divertir”. A preocupação de André com

a segurança no Brasil também é a da embaixada dos Estados Unidos, que nas orientações que divulgou aos turistas que virão para a Copa, alerta para a capacidade do crime organizado em promover atos de violência. Também as embaixadas do Reino Unido, França, Espanha e Austrália apontaram para os altos índices de criminalidade no Brasil, alertando que os turistas são alvos de assaltos, e a embaixada

da Alemanha até sugere que seus cidadãos reservem um dinheiro a ser entregue ao ladrão em caso de abordagem. Na avaliação de Roberto Mauro dos Santos, mestre em Serviços pela Universidade Paris-Sorbonne, algumas das recomendações são exageradas, mas a preocupação com a segurança é justificável. “Se nós considerarmos a relação que a administração pública tem com seus cidadãos no Brasil, é melhor

‘Os governos estão cumprindo os seus papéis ao advertir as pessoas’ Da redação

gente deve levar em consideração que um estrangeiro que vem para o Brasil, se for mais organizado, saberá que há muito mais possibilidade de sofrer algum tipo de violência do que se estivesse no seu próprio país.

Em entrevista ao O SÃO PAULO, Roberto Mauro dos Santos, mestre em Serviços pela Universidade Paris-Sorbonne e especialista em Turismo e Hotelaria, comenta as recomendações de segurança das embaixadas aos turistas que O SÃO PAULO – As recomenvirão para a Copa. dações das embaixadas foram exageradas? O SÃO PAULO - É compreen- Roberto dos Santos - Exageradas sível o medo de alguns turistas em parte, mas se nós consideracom a violência durante a Copa mos a relação que a administração no Brasil? pública tem com seus cidadãos Roberto Mauro dos Santos - no Brasil, é melhor pecar pelo exQuando se fala de violência, a cesso do que pela falta. Então, os gente tem que lembrar que existe governos estão cumprindo os seus a violência em si e a percepção papéis ao advertir as pessoas que de violência. Qualquer estrangeiro elas podem correr risco no Brasil. de um país onde a questão da se- A gente não deve desconsiderar gurança pública seja levada mais que os ambientes urbanos no Braa sério terá a percepção que nosso sil têm passado por um processo de País é muito perigoso, mas acredi- degradação muito significativo, na to que a gente deve lembrar que os medida em que a organização do outros países também têm proble- crime vai se profissionalizando. mas sérios. O problema existe, mas há um exagero midiático no meio O SÃO PAULO – O quanto as dessa historia. Há perigo, mas a eventuais experiências negativas

dos estrangeiros com a Copa podem impactar no turismo brasileiro? Roberto dos Santos - Um dos grandes geradores de divisas para o mundo é o setor de turismo, não só pela quantidade de turistas como pessoas físicas que viajam, mas também pelo acolhimento de eventos internacionais. Vamos considerar que praticamente haverá uma blindagem durante a Copa, de modo que é muito pouco provável que alguma desgraça aconteça, mas se acontecer, o que o Brasil está conseguindo é justamente fazer com que toda a possibilidade de atração de novos eventos seja reconsiderada por aqueles que estavam considerando as cidades brasileiras para atividades. Isso tem sim um impacto negativo profundo do ponto de vista de atração do País como um possível receptor de eventos internacionais e também atinge os turistas. Então, se a gente tem algum tipo de sinistro muito ruim durante a Copa, é óbvio que isso afastará os turistas. (DG)

pecar pelo excesso do que pela falta. Então, os governos estão cumprindo os seus papéis ao advertir as pessoas que elas podem correr risco no Brasil” disse em entrevista (leia a íntegra abaixo). No começo de maio, Jérôme Valcke, secretário geral da Fifa, também comentou sobre os cuidados que os turistas devem ter em vir ao Brasil. Entre outros apontamentos, ele recomendou que não durmam nas praias, já

Campeão da edição anterior do Mundial, o Brasil chegou à França, em 1998, como favorito ao título. O time comandado por Zagallo teria o poder ofensivo de Ronaldo e Romário, mas este se contundiu a poucos dias da Copa. Após duas vitórias e uma derrota na primeira fase e triunfos sobre Chile, Dinamarca e Holanda (nos pênaltis) nos jogos eliminatórios, o Brasil sofreu sua maior derrota em uma decisão de Copa: 3 a 0 para a França, liderada em campo por Zinedine Zidane. Ronaldo teve atuação irreconhecível, atribuída a uma suposta convulsão que sofreu no dia da final.

viajem tendo uma hospedagem certa e se preparem para dificuldades de locomoção no País. “Minha mensagem para os torcedores seria: apenas certifique-se de que você está organizado para ir ao Brasil”.

Seleção brasileira inicia preparação para a Copa Da redação

22 dos 23 jogadores convocados pelo técnico da seleção brasileira, Luiz Felipe Scolari, se apresentaram na segunda-feira, 26, em um hotel no Rio de Janeiro para a preparação à Copa do Mundo (o lateral Marcelo se apresentará nesta terça-feira). O atacante Fred foi o primeiro a chegar. “Vamos a partir de agora dar a vida para trazer o hexa pra gente”, afirmou a jornalistas. “O Brasil é um dos favoritos, estamos jogando em casa, diante do nosso povo, e com essa união do povo, com nosso trabalho, temos

tudo para fazer uma grande Copa do Mundo, conquistar o título, estamos muito confiantes para isso”, garantiu. Da capital fluminense, a seleção seguiu para a Granja Comary, em Teresópolis (RJ), onde ficará concentrada. Nos dois primeiros dias, os atletas passarão por exames médicos, e na quarta-feira, 28, começarão os treinos com bola. Antes da estreia no Mundial, em 12 de junho, contra a Croácia, o Brasil realizará dois amistosos: enfrentará o Panamá, em Goiânia, no dia 1º, e a Sérvia, no dia 6, no Morumbi, em São Paulo. (DG) Rafael Ribeiro/CBF


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Campanha jogue a favor da vida é lançada no Vaticano Representantes da vida religiosa consagrada lançaram na terça-feira, 20, no Vaticano, a campanha da Rede Talita Kum “Jogue a favor da Vida – denuncie o Tráfico de Pessoas”, que no Brasil é coordenada pela Rede Um Grito pela Vida, da CRB Nacional. A campanha visa prevenir e combater o tráfico de pessoas durante a Copa do Mundo.

Missão Paz pede nova lei de migração Coletiva de imprensa realizada no local onde, recentemente, cerca de 650 haitianos foram recebidos, destacou a precariedade na acolhida de estrangeiros Edcarlos Bispo

reportagem no centro

“Realmente precisamos de uma lei migratória, humanista e clara. O nosso estatuto do estrangeiro que é a atual lei que vigora para regular a situação de estrangeiros no Brasil é deficitária, seletivista, ela tem mais deveres que direitos, prioriza uma imigração de cérebros e de países mais privilegiados em detrimentos de outros, é da época da ditadura militar o objetivo dela é a segurança nacional”. Essa foi a afirmação da dou-

tora Eliza Donda, advogada da Missão Paz que junto a outras entidades faz um apelo ao Congresso Nacional e ao governo brasileiro para que haja uma imediata revisão da lei de migração que vigora no país. No apelo, divulgado em coletiva de imprensa na quarta-feira, 21, realizada no mesmo local onde cerca de 650 haitianos foram acolhidos – entre 11 de abril e 7 de maio –, as entidades pedem a criação de uma política nacional de migração, baseada nos direitos humanos, iniciando com a recepção e aprovação de uma lei migratória humanista e clara, com instrumentos e estruturas necessários à sua implementação. Além de exigir uma participação mais ativa do governo, em todas as suas esferas, no acolhimento, e na orientação aos migrantes, bem como na criação de mecanismos para sua real integração à sociedade brasileira; que o papel da Sociedade Civil seja de apoiador e não de substituição ao poder público. Para o padre Paolo Parise, diretor do Centro de Estudos Missionários (CEM), é preciso que todos que trabalham com

Luciney Martins/O SÃO PAULO

migrantes, os próprios imigrantes e a sociedade civil pressionem o congresso para que eles se sensibilizem e entendam que a migração é um assunto prioritário. De acordo com o Padre, o Brasil é um dos últimos países da América-Latina que possui uma legislação de migração da época da ditadura. Segundo ele o

projeto de lei prevê que as questões migratórias não fiquem mais sobre a responsabilidade da Polícia Federal, a ela caberá emitir passaportes e cuidar dos assuntos legais, porém é preciso tirar o caráter de polícia das migrações, além de olhar a questão migratória sobre a ótica dos direitos humanos e a criação de um órgão Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

A Igreja da Ordem Terceira de São Francisco foi reaberta na sexta-feira, 23, após ser restaurada. Construída em 1726, é um dos poucos locais históricos a guardar sua estética original. No dia 1º de junho será celebrada missa para marcar a reabertura do templo.

unitário para cuidar desse assunto. A doutora Eliza vai além, para ela, quanto mais se endurecem as leis de migração, mais ainda aumenta o número de migrantes no país, que entram de diversas formas, nas diversas falhas que as extensas fronteiras do País possuem. Para a advogada, é preciso fazer uma migração justa.

Visita da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima à Catedral No sábado, 31, acontecerá na Catedral da Sé a visita da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima. O evento acontece como parte dos preparativos para a comemoração do centenário das aparições de Nossa Senhora de Fátima, a ser celebrado no ano de 2017, em todo o mundo. 9h30 – Chegada e acolhida da Imagem na Catedral da Sé - (Corpo de Bombeiros e Arautos do Evangelho) 10h – Coroação da Imagem 10h30 – Laudes Solene 11h – Terço Meditado 12h – Missa - presidida dom Sérgio de Deus e padres Arautos) 14h – Meditação / Louvor - (Comunidade Shalon) 15h – Santa Missa - presidida pelo cardeal Scherer 16h – Vésperas solenes (padre Baronto e Comunidade Shalom) 17h – Visitação / Louvor 19h – Saída da Imagem - (Comunidade Shalom e Corpo de Bombeiros).


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As realidades e os desafios do tráfico humano são debatidos na PUC Luciney Martins/O SÃO PAULO

No encontro, padre Júlio Lancellotti pediu que o Ministério Público e a Secretaria de Segurança olhem com atenção para o Serviço de Verificação de Óbitos Edcarlos Bispo

reportagem na zona oeste

A Pastoral Universitária da PUC-SP juntamente com a Coordenação Pastoral do Serviço da Caridade Justiça e Paz e a Arquidiocese de São Paulo realizaram, na terça-feira, 20, no Tucarena, o encontro: “Diálogo na Universidade - Vozes do Tráfico Humano: Realidades e Desafios”. Dentro do contexto do tema, a presença, em especial, de dois grupos no evento – Vicariato Pastoral do Povo da Rua e Mães da Sé –, destaca o pedido de que haja investigação dos desaparecimentos na capital. O padre Júlio Lancellotti, vigário do povo de rua, durante sua fala, pediu atenção

Evento promovido pela Pastoral Universitária da PUC-SP conta com a presença de representantes das Mães da Sé

especial sobre o número de sepultamentos “indigentes” na cidade de São Paulo e os problemas com o Serviço Funerário Municipal e o Serviço de Verificação de Óbito (SVO). “Será que o povo da rua só vai ser visto nessa cidade porque seus órgãos são doados para a Faculdade de Medicina? Essas pessoas que não têm sua vida inteira respeitada. Nós temos reclamado do serviço funerário e da situação de sepultamento dessas pessoas.

O que é feito desses órgãos? De que pessoas esses órgão estão sendo levados e estudados? Será que existe um tráfico?”, questionou o padre Júlio. Nessa perspectiva, a doutora Eliana Faleiros Vendramini Carneiro, promotora de justiça do Ministério Público (MP) de São Paulo, disse que desde 2013 o MP tem trabalhado em cima desse tema. “O IML não possui estatísticas dos números de indigentes enterrados; o SVO possui o

nome, mas não tem números e os mistura com os reclamados, deduzindo que são indigentes e não reclamados; já a Delegacia não cruza os boletins de ocorrência”. Outra questão levantada foi que o Serviço de Verificação de Óbitos não possui em seu quadro funcional um profissional de serviço social que contate às famílias, comunicando-as sobre a existência de um cadáver. Esta obrigação está em vigor desde 1931 na cidade de São Paulo.

Por sua vez, segundo a promotora, o Instituto de Identificação do Estado não cruza dados das impressões datiloscópicas com eventuais impressões que estão no arquivo que possui. Apenas se informado o nome que é confirmado ou não o dado datiloscópico. O Ministério Público Estadual procurou a Secretaria de Segurança Pública - SSP, pedindo a criação de um banco de dados datiloscópicos de desaparecidos. Presente na abertura do evento, o cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano e grãochanceler da PUC, destacou que com o passar do tempo, fica em evidência os resultados de todo trabalho realizado durante a Campanha da Fraternidade, e que toda temática continue sendo objeto de reflexão e discussão até a tomada de decisões. O Coordenador do Núcleo Fé e Cultura da PUC, o sociólogo Francisco Borba, destacou que é importante que a Universidade promova esse debate, ainda mais uma universidade católica, pois mostra a importância da universidade praticar a boa ciência e de formar profissionais a serviço dos outros, do próximo, e não apenas de si mesmos. (com informações do site da arquidiocese)

Ato na Câmara ressalta a temática da Campanha da Fraternidade 2014 Luciney Martins/O SÃO PAULO

Daniel Gomes

Reportagem no centro

Segundo crime mais rentável do mundo, gerando U$$ 32 bilhões anuais a seus praticantes, segundo a ONU, o tráfico humano foi o tema da Campanha da Fraternidade de 2014, que repercutiu na sociedade brasileira e na Igreja em todo mundo, a ponto de o papa Francisco solicitar que o assunto seja refletido este ano e também em 2015. Em Brasília, no começo do mês, a Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania da Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei nº 5.317/13, que inclui entre os crimes hediondos o tráfico interno e o tráfico internacional de pessoas para fim de exploração sexual (a tramitação ainda segue no Congresso); e na quarta-feira, 21, a presidente Dilma Rousseff sancionou a lei nº 7.220/2014, que torna crime hediondo a exploração sexual de crianças, adolescentes ou pessoa vulnerável. Essas repercussões e conquistas contra o tráfico humano foram lembradas no Ato em Continuidade à Campanha da Fraternidade de 2014, na quinta-feira,

Professora Tânia Teixeira Sousa apresenta reflexões sobre o tráfico humano em ato que enaltece realização da CF-2014

22, na Câmara Municipal de São Paulo, por iniciativa dos vereadores Jair Tatto, Nabil Bonduki, Paulo Fiorilo e Juliana Cardoso (que não pôde comparecer). Os vereadores enalteceram a realização da CF-2014, falaram sobre a crise de valores na sociedade, comentaram sobre o possível aumento do tráfico humano na Copa e defenderam ações conjun-

tas de enfrentamento ao problema. A professora Tânia Teixeira Laky Sousa, uma das autoras do texto-base da CF-2014, ressaltou que o combate ao tráfico humano requer prevenção, punição a quem pratica e proteção às vítimas, que geralmente estão entre as pessoas de maior vulnerabilidade social e econômica. “Precisamos que o poder le-

gislativo fique atento, precisamos de uma lei especial e não de arremedos, pois o Código Penal não dá conta disso, temos que ter uma lei sobre o tráfico humano e ter a acolhida também no Estatuto da Criança e do Adolescente, no Estatuto do Estrangeiro”, comentou Tânia ao O SÃO PAULO. Rogério Sotilli, secretário municipal de Direitos Humanos

e Cidadania, disse que a Prefeitura tem agido no enfrentamento ao tráfico humano e que, junto à Organização Internacional do Trabalho (OIT), definiu uma agenda de ações, envolvendo sete secretarias, para erradicar o trabalho escravo e infantil; e que será criado um comitê intersetorial para o enfrentamento do tráfico de pessoas. Dom Milton Kenan Júnior, bispo auxiliar de São Paulo e referencial do Serviço da Caridade, Justiça e Paz da Arquidiocese, defendeu uma ampla sensibilização sobre a realidade do tráfico humano, que “se alastra onde encontra a violência social” e pediu atenção especial com o período da Copa, para que o Brasil “não bata recordes de violação de direitos humanos”. “Em relação à Igreja, até que ponto nós estamos convencidos da gravidade desse tema, dessa realidade, que exige um esforço enfático?”, indagou à reportagem. “Uma iniciativa como a de hoje faz despertar as pessoas para a importância do tema e para o envolvimento que deve ter a sociedade, a Igreja e o Estado no enfrentamento do problema”, avaliou.


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Pedro visita André

análise

O Papa Francisco no Oriente Médio L’Osservatore Romano

Papa Francisco e patriarca Bartolomeu I se encontram em Jerusalém para promover a fraternidade entre católicos e ortodoxos

Cônego Celso Pedro

FILIPE DOMINGUES

Especial para O SÃO PAULO, em Roma

Cinquenta anos atrás, o papa Paulo VI e o então patriarca ecumênico, Anthenagoras I, se encontravam pela primeira vez em Jerusalém desde o cisma entre as igrejas do Ocidente e do Oriente em 1054. Celebrar a memória desse encontro foi o principal motivo da ida do papa Francisco à Terra Santa por três dias, a convite do atual patriarca, Bartolomeu I. Pela primeira vez na história os sucessores dos apóstolos irmãos Pedro e André rezaram juntos na Igreja do Santo Sepulcro, construída no lugar onde morreu e foi sepultado Jesus. O encontro do dia 25 de maio, novamente em Jerusalém, foi forte e significativo, pois a cidade remete à origem do cristianismo, quando a Igreja era uma só. Chamando um ao outro de “amadíssimo irmão”, os dois trocaram cumprimentos fraternais. Francisco chegou a beijar a mão do patriarca de Constantinopla após ouvir seu discurso, algo inimaginável alguns anos atrás, quando era forte a rivalidade entre as igrejas católica e ortodoxa. Um gesto surpreendeu, embora seja já um hábito do papa Francisco: ele beija as mãos de sacerdotes idosos, pes-

soas doentes ou sofredores, como também fez com os sobreviventes do holocausto. Bartolomeu o acolheu com um abraço e diversas vezes o amparou enquanto caminhavam, alertando-o que o piso da igreja era escorregadio. “O único caminho que leva ao cumprimento da vontade do Senhor é ‘que todos sejam uma só coisa’”, afirmou Bartolomeu em seu discurso. Francisco recordou os cristãos que são perseguidos por causa da fé. “Aqueles que perseguem os cristãos, não perguntam se são ortodoxos ou católicos: são cristãos. O sangue cristão é o mesmo.”

Na declaração conjunta que assinaram, o bispo de Roma e o bispo de Constantinopla lembraram o encontro de seus predecessores Paulo VI e Anthenagoras I no lugar “onde nosso comum Redentor, Cristo Senhor, viveu, ensinou, morreu, ressuscitou e subiu ao céu, de onde enviou o Espírito Santo sobre a Igreja nascente”. Juntos, eles dizem: “O nosso encontro fraterno de hoje é um novo e necessário passo no caminho rumo à unidade, à qual somente o Espírito Santo nos pode guiar: aquela da comunhão na legítima diversidade.”

Uma proposta inesperada Francisco convida presidentes de Israel e Palestina a rezarem juntos no Vaticano L’Osservatore Romano

Do enviado especial a roma

Em sua primeira visita à cidade de Belém, onde nasceu Jesus, o papa Francisco fez um convite inusitado. Chamando o conflito entre Israel e Palestina de “cada vez mais inaceitável”, propôs uma reunião entre os presidentes dos dois países no Vaticano para um momento de oração pela paz. “Ofereço a minha casa para hospedar esse encontro”, afirmou o pontífice na oração do Regina Coeli (Rainha dos Céus), no domingo, 25. “Neste lugar onde nasceu o Príncipe da paz, desejo apresentar um convite ao senhor, presidente (da autoridade palestina) Mahmoud Abbas, e ao senhor presidente Shimon Peres, a elevar junto comigo uma intensa oração pedindo a Deus o dom da paz”, declarou o papa. “Todos desejamos a paz. Temos o dever de fazer-nos instrumentos e construtores de paz, antes de tudo na oração.” Ambos os presidentes aceitaram o convite e o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, confirmou. “Esperamos que seja uma contribuição para dar-se um passo à frente, naturalmente na ordem moral e religiosa da conversão dos corações, que compete à Igreja e que, no fim das contas, talvez seja a coisa mais importante de todas”, comentou. “As pessoas receberam o Papa como um profeta da paz.” Especula-se que a oração possa ocorrer já em 6 de junho. Diplomacia – Embora o encontro en-

Durante sua visita à Terra Santa, papa Francisco se encontra com o presidente Shimon Peres

tre os dois presidentes e o papa tenha um caráter mais simbólico do que decisivo, o jornal norte-americano The New York Times ressaltou a relevância diplomática do apelo de Francisco. “As atitudes do Papa apresentam um exemplo impressionante de como ele está buscando reafirmar o antigo papel do Vaticano como árbitro na diplomacia internacional”, analisou. Outras publicações internacionais, como o italiano Corriere della Sera, destacaram o fato de que Francisco foi o primeiro papa a voar diretamente à Palestina, sem parar antes em Israel, e a falar de um verdadeiro

“Estado da Palestina”, algo não reconhecido pelo governo israelense. De acordo com o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, o Papa pretendia insistir em três pontos durante sua viagem à Terra Santa: o direito de Israel “de existir e usufruir de paz e segurança dentro das fronteiras internacionalmente reconhecidas; o direito do povo palestino de ter uma pátria soberana e independente, de mover-se livremente e viver com dignidade; e o reconhecimento do caráter sagrado e universal de Jerusalém, como lugar de peregrinação de fiéis das três religiões monoteístas”. (FD)

“Era uma vez um padre, um rabino e um sheik”, assim começam muitas histórias ou pequenas “piadas”. Desta vez, não se trata de uma piada e sim de um gesto simbólico, muitas vezes usado pelos profetas, um gesto profético, que não prevê o futuro, mas transmite uma mensagem e cria uma situação didática. O papa Francisco cria uma situação levando consigo ao Oriente Médio dois companheiros de viagem: o judeu Abraham Skorka, rabino, e o muçulmano Omar Abboud, presidente do Instituto para o diálogo inter-religioso de Buenos Aires. Não ocupam nenhum lugar de destaque na viagem e, no entanto, estão lá. Constituem com Francisco um gesto simbólico. A interpretação fica por conta de quem vê. Aos efésios foi dito que Cristo é a nossa paz e que ele veio para derrubar os muros de separação matando em si mesmo a inimizade. Francisco quebra o protocolo, desce do carro e vai ao muro que separa judeus e palestinos. Coloca a mão e a cabeça no muro. Gostaria de derrubá-lo para matar a inimizade e aproximar os corações? Jesus estava passando, escreve São João, e viu um homem que ninguém via e que também não via porque era cego de nascença. O Papa vê e almoça com famílias palestinas, encontra-se com crianças refugiadas. Ele passa, vê e destaca para que vejam. Não precisa destacar cardeais e patriarcas naturalmente visíveis em suas vestes. Não precisa destacar as autoridades civis que se destacam por si mesmas. A estas ele as convida para rezarem juntos em sua casa. Gestos simbólicos e proféticos, situações criadas. O grande gesto dessa viagem se dá no mútuo abraço do bispo de Roma e do bispo de Constantinopla. O Patriarca ecumênico estava muito à vontade, estava em seu território e talvez mais descansado. Com quanta gentileza deu o braço ao Santo Padre, arrumou-lhe a corrente da cruz, ajudou-o a subir e descer escadas. No centro de tudo a vontade de que o amor impere, as pessoas vivam em paz, abandonem as armas, se entendam de vez. E no centro dessa vontade, a Síria. Tudo difícil e complicado. Ninguém se entende. Basta ver os comentários pelo mundo a fora. Coragem, papa Francisco! Os pequenos gestos podem desmantelar exércitos.


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