O SÃO PAULO - edição 3016

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Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 59 | Edição 3016 | 27 de agosto a 2 de setembro de 2014

R$ 1,50

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Organismo cuidará do mundo da educação

Com a palavra: Carlos Alberto di Franco

O SÃO PAULO relembra a história do Palmeiras, pelo olhar de uma família palestrina. A Società Palestra Itália surgiu em 26 de agosto de 1914.

O Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade foi apresentado na sexta-feira, 22, em evento, realizado no campus Ipiranga da PUC-SP.

‘Rasgar a embalagem do candidato e mostrar o conteúdo’, afirma o jornalista e professor de ética

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Luciney Martins/O SÃO PAULO

Roberto Zanin

Uma paixão centenária nascida entre amigos

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O que diz o Magistério da Igreja sobre o voto? O catecismo e a cidadania; Sobre o dever de votar; Igreja e marxismo; Cidadania e o aborto. Esses são temas tratados nessa reportagem que mostram, o que os documentos da Igreja dizem a respeito desses aspectos. O Catecismo da Igreja Católica ensina que “é dever dos cidadãos

colaborar para o bem da sociedade”, porque “o amor e o serviço à pátria derivam do dever de gratidão e da ordem da caridade” (2239). Esse dever implica normalmente “o pagamento de impostos, o exercício do direito de voto, a defesa do país” (2240). Com relação ao voto, a Igre-

ja deixa aos leigos a decisão de julgar qual partido e qual candidato é mais indicado para a promoção do bem comum. No entanto, essa escolha deve ser feita de acordo com os princípios da moral católica. Nem toda escolha é moralmente aceitável. Página 14

Cami promove seminário Após reforma, Santa Rosa sobre mulheres imigrantes de Lima é reinaugurada Situações vivenciadas por mulheres imigrantes, desafios e perspectivas de avanço na construção da igualdade, foram temas do encontro.

No sábado, 23, foi reinaugurado o templo da matriz da Paróquia no bairro de Perus, na zona noroeste de São Paulo, após um ano e três meses de reforma.

Leigos: fermento, sal e luz Página 7

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Candidatos ao governo apresentam propostas para SP Em uma série de reportagens, O SÃO PAULO apresenta os planos de governo dos nove candidatos ao Governo do Estado, para a gestão 2015-2018. Nesta edição, são tratados os projetos para as áreas de habitação, educação e saúde.

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Eleições 2014: Arquidiocese publica orientações Arte de Jovenal Pereira sobre foto de Luciney Martins

A Igreja no Brasil recordou a vocação dos leigos, no domingo, 24. Na Catedral da Sé, o arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, presidiu missa, em que destacou a vida e missão dos homens e mulheres chamados a testemunhar Jesus Cristo no Mundo. Ao O SÃO PAULO, o Cardeal Scherer aponta que “cabe aos cristãos leigos, sobretudo, levar o fermento, o sal e a luz do Evangelho para as estruturas e organizações da sociedade, onde eles estão inseridos como cidadãos; aí eles vão contribuir para que o mundo seja sempre mais iluminado pela luz do Evangelho e tenha o jeito do Reino de Deus”. Dom Odilo também comenta que é necessário que o leigo participe da vida interna da Igreja, e alerta para o risco da “clericalização” do laicato. “O Concílio Vaticano II não excluí os leigos da participação de todo o bem da Igreja; e os pastores da Igreja sabem que não foram instituídos por Cristo para assumirem sozinhos toda a missão salvífica da Igreja no mundo (cf.: Lumen Gentium, 30)”.

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Com o apoio da PUC-SP e da União dos Juristas Católicos, o documento busca levar o eleitor a uma consciência de seu papel de cidadão na construção de uma política democrática. Página 11

Padres e irmãos paulinos celebram seu centenário

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2 | Ponto de Vista |

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editorial

A missão do leigo na Igreja No domingo, 31, a Igreja no Brasil recordará em todas as missas a vocação do leigo na Igreja. De fato, o leigo, uma vez incorporado ao corpo místico de Cristo através do Batismo, participa em modo ativo e eficaz da missão evangelizadora que é própria da Igreja de Cristo, expressa na Constituição Dogmática Lumen Gentium com os seguintes dizeres: “A Igreja recebeu dos Apóstolos este mandato solene de Cristo, de anunciar a verdade da salvação e de a levar até aos confins da terra (cfr. Act. 1,8)”. Enquanto povo sacerdotal, a Igreja, Corpo Místico de Cristo, exerce uma certa mediação entre Deus e o mundo: através da evangelização, ela suscita a fé; pelo Batismo, torna uma pessoa fiel e discípula de Cristo e membro da Igreja; pela Eucaristia, celebra e ao mesmo tempo anuncia a morte e ressurreição de Cristo; através dos sacramentos da

Penitência e Unção, a Igreja cura seus fiéis das feridas abertas pelo pecado; mediante o sacramento da Ordem, institui diáconos, sacerdotes e bispos como aqueles que pastoreiam in persona Cristi, ensinando, santificando e governando a Igreja como verdadeiros administradores dos bens de Deus; através do Matrimônio, os fiéis constituem famílias que são verdadeiras comunidades cristãs domésticas de onde surgem novos fiéis e todos os tipos de vocações. E assim, a Igreja, ao longo dos séculos, vem atuando em modo a dar continuidade à obra salvífica de Deus, exercendo o seu múnus profético, sacerdotal e régio. Este múnus é comum a todo batizado, no sentido que todo fiel dele participa, de diferentes modos, segundo o seu estado de vida. Todos somos chamados a ser profetas e ensinar as verdades salvíficas, o que exercemos através do nosso apostola-

do pessoal, mas também como catequistas em nossas comunidades. A todos os fiéis batizados se aplicam essas palavras do Apóstolo: “ai de mim, se não prego o Evangelho” (1 Cor. 9,16). Desde o Concílio Vaticano II, muito tem se falado sobre a participação dos fiéis leigos ao interno da Igreja. Não poucas vezes, considera-se essa participação como poder fazer coisas que antes somente os padres faziam, o que revela uma compreensão equivocada e redutiva sobre a missão do leigo, provocando uma espécie de “clericalização” do leigo e “secularização” dos sacerdotes. É pena. Ao que parece, não se compreendeu ainda que o leigo, em realidade, tem um lugar na Igreja que lhe é próprio: o mundo que Deus amou apaixonadamente. As palavras da Constituição Lumen Gentium ensinam com singular clareza essa verdade. “Por vocação

própria, compete aos leigos procurar o Reino de Deus tratando das realidades temporais e ordenando-as segundo Deus. Vivem no mundo, isto é, em toda e qualquer ocupação e atividade terrena, e nas condições ordinárias da vida familiar e social, com as quais é como que tecida a sua existência. São chamados por Deus para que, aí, exercendo o seu próprio ofício, guiados pelo espírito evangélico, concorram para a santificação do mundo a partir de dentro, como o fermento, e deste modo manifestem Cristo aos outros, antes de tudo pelo testemunho da própria vida, pela irradiação da sua fé, esperança e caridade. Portanto, a eles compete, especialmente, iluminar e ordenar de tal modo as realidades temporais, a que estão estreitamente ligados, que elas sejam sempre feitas segundo Cristo e progridam e glorifiquem o Criador e Redentor” (LG 31).

opinião

O Tombamento da Vergonha ANA PAULA DE ALBUQUERQUE GRILLO Em meados do ano passado, o Núcleo Memória, entidade que trabalha na defesa dos interesses de ex-presos políticos, vítimas da ditadura civil-militar, representado por Ivan Seixas, ingressou junto ao Condephaat, com um pedido de tombamento do prédio localizado na rua Tutoia nº 921, Vila Mariana, onde funcionou o chamado DOI-CODI. Posteriormente, se juntaram a essa nobre iniciativa o Grupo Tortura Nunca Mais, o Fórum dos Ex-presos Políticos do Estado de São Paulo, o Núcleo de Preservação da Memória Política e a Comissão de Familiares de Presos Políticos Mortos e Desaparecidos. O lugar foi tido na década de 70 como Centro da Inteligência e Repressão do regime civilmilitar, no estancamento de um temido “avanço comunista”, o DOI era um órgão subordinado ao CODI e funcionava em alguns dos principais estados da nação, com atuação preponderante em São Paulo e no Rio de Janeiro. O órgão reunia sob a mesma égide os militares das três forças armadas, e ainda policiais militares, civis e a policia federal, que atuavam de forma coordenada na chamada “caça aos comunistas”. Em São Paulo, o DOI teve sua criação impulsionada no ano de 1969 com a denominada Operação Bandeirante (OBAN), que procurava combater de forma articulada, em todo o território nacional, as lutas armadas de esquerda, denominadas pelos militares de “subversivas”. Tudo isso tendo como pano de fundo o AI-5 (Ato Institucional nº5) e uma Constituição promulgada por decreto.

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

Sergio Ricciuto Conte

A atuação do DOI-CODI em São Paulo rapidamente passou a ser sinônimo das maiores barbáries perpetradas contra a vida e a dignidade humana. Em suas dependências, mais de 50 pessoas foram comprovadamente assassinadas e quase 7 mil foram presas ao longo de sua existência. Dentre as ações arbitrárias ocorridas no DOI-CODI não se pode deixar de mencionar a prisão do jornalista Vladmir Herzog, diretor da TV Cultura, que foi torturado e morto no ano de 1975, por “disseminar ideias comunistas” e não se curvar à politica da mordaça imposta. Na época, os militares tentaram argumentar, mediante apresentação à imprensa de um registro fotográfico montado, que o jor-

nalista teria se enforcado após um interrogatório. Porém, as marcas de tortura em seu corpo eram evidentes, além de não haver altura suficiente para que Herzog pudesse atentar contra a própria vida. Esse caso tornou-se emblemático, pois o registro fotográfico montado para “explicar” sua morte marcou o início da indignação da população contra o regime ditatorial, dando ensejo a mobilizações sociais, que passaram a questionar mais fortemente os meios atentatórios utilizados pela ditadura na busca de seus objetivos. A verdade é que como o caso de Vladmir Herzog, inúmeros outros ocorreram naquele período, e muitos deles nas dependências do DOI-CODI. Outras pessoas que ali entravam, simplesmente desapareciam, sob a falsa imputação de suicídio ou de fuga. Essas parcas explicações do Estado, aliadas às ações de grupos opositores ao regime ditatorial como: a OAB, CNBB, Associação Brasileira de Imprensa (ABI), a Comissão Justiça e Paz de São Paulo, acrescidos às firmes, incansáveis e inspiradoras ações de Dom Paulo Evaristo Arns, à frente da Arquidiocese de São Paulo, aos poucos foram desestabilizando o regime militar e implantando o embrião da democracia. Por tudo isso, o Tombamento do Prédio do DOI-CODI, efetivado em 27 de janeiro deste ano, é um reconhecimento do erro. Do erro de um Estado que, ao invés de preservar e garantir os direitos dos seus cidadãos, punia-os em nome da ideologia da segurança nacional. Ana Paula de Albuquerque Grillo é membro da Comissão Justiça e Paz de São Paulo, membro da Comissão da Verdade da PUC-SP e conselheira do Condephaat.

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| Encontro com o Pastor | 3 Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo

Mais de uma vez, o Papa Francisco tem apelado às consciências e aos senhores das guerras feitas com supostas motivações religiosas: “não se pode justificar a guerra e a violência apelando para o nome de Deus!”. O conceito de “guerra santa” é preocupante e é repugnante a violência feita contra o próximo com justificação religiosa. Acontece em nossos dias em várias partes do mundo. Cristãos são os mais atingidos. Existe uma guerra “santa”? A resposta é um decidido não! É absolutamente descabido aplicar à guerra o conceito de “santa”, que tem a ver com “sagrado”. E, fazer guerra “em nome de Deus”, parte de uma compreensão inadequada de Deus e da religião. A violência contra o próximo não presta glória a Deus, nem honra seu nome. A religião pode ser usada como pretexto ideológico e político para alcançar objetivos nada religiosos, como o poder, as vaidades, a dominação e o dinheiro. Nesse caso, da mesma forma, ela é usada e manipulada indevidamente e desviada de sua verdadeira finalidade, que é a glória de Deus e a “salvação” do homem. Não é raro que, atrás de tensões e manifestações de violência,

Em nome de Deus, paz! ou até de guerras, haja motivos re- e desaprovações a essas violênligiosos. Foi o caso da longa guer- cias também estão aparecendo. rilha dos católicos na Irlanda do Em São Paulo, será feita uma Norte. Geralmente, porém, não manifestação conjunta de crisé por questões de fé religiosa que tãos, judeus e muçulmanos, que se combate, mas por haver pro- convivem e querem continuar a fundas injustiças e discriminação conviver em paz nesta Metrópole. religiosa, às quais os cidadãos Será no dia 7 de setembro, às 16h, oprimidos reagem, para a sua na Catedral da Sé, escolhida de superação. Quando algum grupo comum acordo entre represende “crentes” é vítima de discrimi- tantes dos três grupos para sediar nação e opressão, estão em jogo o evento. “Em nome de Deus, direitos humanos e direitos civis. juntos pela paz: cristãos, judeus e Nesse caso, requer-se a supe- muçulmanos” – este será o tema ração das injustiças e da negação de fundo da manifestação interde legítimos direitos humanos. religiosa, que será aberta a todos Justifica-se, então, a guerra? A resposta Estamos assistindo, é: não se corrigem infelizmente, a formas brutais violências com mais de negação da liberdade violências. O que se religiosa e de imposição da requer é toda forma vontade de “poder religioso”, de diálogo constru- com a negação radical do tivo para “desarmar” direito à liberdade religiosa os opressores e a pressão política local e internacional, aqueles que quiserem participar. Em nome de Deus, não a para chegar a uma convivência respeitosa dos direitos humanos guerra, mas a paz! Não podemos fundamentais e dos direitos civis. ficar resignados e passivos diante Estamos assistindo, infe- das várias guerras fratricidas, que lizmente, a formas brutais de estão acontecendo no mundo. negação da liberdade religiosa Mais ainda, quando manipulam e de imposição da vontade de a religião, como “força de guerra”. “poder religioso”, com a nega- Não é justo e é perigoso, além de ção radical do direito à liberdade desmoralizar a religião. A violênreligiosa, até mesmo mediante cia, em nome da religião, é uma a tortura e o martírio. Por ou- profunda ofensa a Deus e ao prótro lado, as notícias falam da ximo; ela deve ser “força de paz”, imposição da religião à força. de reconciliação, de fraternidade Acontece em nossos dias em vá- e de compaixão. Só esses sentirios lugares do Oriente Médio mentos e atitudes podem legitie do mundo. Muitos protestos mar o recurso ao nome de Deus.

Incrementar a Iniciação à Vida Cristã O Conselho Arquidiocesano de Pastoral (CAP) teve reunião ordinária no sábado, 23, no Centro de Pastoral São José do Belém. O assunto principal debatido foi o desenvolvimento de novos modelos pastorais e de novas metodologias a serem aplicadas nas paróquias no serviço de Iniciação à Vida Cristã.

Apostar na formação contínua dos fiéis leigos Dom Odilo destacou que é preciso encarar a preocupação com a Iniciação à Vida Cristã segundo a ótica de perceber que os batizados não foram suficientemente evangelizados. Na consulta que o Cardeal fez aos membros do CAP para que indicassem ações práticas que enfrentem esse desafio, a maioria indicou a necessidade de promoção de mais formação em todos os âmbitos arquidiocesanos. “A Iniciação à Vida Cristã deve ser uma preocupação de todos. Todos que formam a Igreja devem ajudar na sua missão evangelizadora”.

Conselho Arquidiocesano de Pastoral deve ser revitalizado O Arcebispo solicitou ao Secretariado de Pastoral que promova uma reflexão sobre a metodologia das reuniões do Conselho Arquidiocesano de Pastoral de modo a revitalizá-lo. Atualmente, o CAP se reúne ordinariamente uma vez por ano, como instância de reflexão mais global do andamento pastoral na Arquidiocese, com previsão, quando necessário, de participação de assessores que ajudem os membros do organismo a avaliarem melhor a realidade apresentada.

Novos mandatos O Cardeal pediu ainda ao Secretariado que verifique a situação dos mandatos dos membros do CAP, para que sejam renovados ou nomeados novos membros. Pelo atual regulamento do Organismo, participam do CAP, além do arcebispo e dos bispos auxiliares, o coordenador geral e um leigo do Secretariado de Pastoral, os coordenadores pastorais nas regiões episcopais, um representante da Procuradoria da Mitra e representantes das coordenações pastorais e dos vicariatos episcopais.


4 | Papa Francisco |

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L’Osservatore Romano

‘Nosso coração é duro como rocha ou arenoso?’ No domingo, 24, o 21º do Tempo Comum, às 12h, antes de rezar a oração mariana do Ângelus, o Papa Francisco refletiu com os peregrinos concentrados na Praça de São Pedro sobre o Evangelho do dia. Nele, Simão, após confessar que Jesus é o Cristo, o filho de Deus, é chamado por Jesus de “feliz”, pois o que Ele afirmou lhe foi dito pelo Pai. E Jesus acrescentou: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”. Francisco chama atenção para o novo nome que Jesus dá a Simão. “Na Bíblia, o termo ‘rocha’ se atribui a Deus. Jesus o aplica a Simão não pelas suas qualidades e seus méritos humanos, mas por sua fé genuína, firme que lhe vem do alto”. “Jesus sente em seu coração uma grande alegria, porque reconhece em Simão a mão do Pai, a ação do Espírito Santo. Reconhece que Deus Pai deu a Simão uma fé confiável, sobre a qual ele, Jesus, poderá construir a sua Igreja, a sua comu-

nidade, isso é, todos nós.” Segundo Francisco, Jesus deseja dar vida à sua Igreja, o povo fundado não mais na descendência, mas na fé, na relação com ele mesmo, uma relação de amor e confiança. “É esta nossa relação com Jesus que constitui a Igreja”, afirma o Papa. Era preciso encontrar um discípulo com uma fé sólida. Ele pensa na Igreja como um edifício, razão porque encontra firmeza na confissão de Pedro e o chama de rocha sobre a qual ele quer construir a sua Igreja. O Papa, então, se dirigiu aos fiéis e peregrinos que o escutavam: “Irmãos e irmãs, o que aconteceu de modo único em São Pedro, acontece também em cada cristão que amadure uma sincera fé em Jesus Cristo, o Filho do Deus vivo. O Evangelho de hoje interpela também a cada um de nós. Como vai a tua fé? Cada um dê a resposta no próprio coração”. Por várias vezes, o Papa repetiu a pergunta: “Como

vai a tua fé? Como o Senhor encontra teu coração?”. “Um coração firme como a pedra ou um coração arenoso, isto é, duvidoso, sem fé, incrédulo? Fará bem a nós no dia de hoje pensar nisto. Se o Senhor encontra no nosso coração uma fé não digo perfeita, mas sincera, genuína, então, ele vê também em nós pedras vivas, com as quais construir a sua comunidade.” E concluindo, disse Francisco: “Também em nossos dias, tantos pensam que Jesus é um grande profeta, um mestre de sabedoria, um modelo de justiça... E também hoje pergunta aos seus discípulos, a todos nós: “Mas e vós: que dizeis que eu sou?”. O Papa convidou a todos a pedir a Maria que conceda a graça de responder, com coração sincero: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo!” Após a oração do Ângelus, Francisco desejou paz para a Ucrânia, que celebrava o seu Dia Nacional naquele domingo. (Por Padre Cido Pereira)

Ajuda financeira ao Iraque O Papa Francisco enviou uma ajuda de 1 milhão de dólares aos cristãos e outras minorias religiosas iraquianas que tiveram que deixar suas casas em fuga dos milicianos do Estado Islâmico. Uma parte dessa doação foi levada pelo Cardeal Fernando Filoni, que esteve em missão especial no país, entre os dias 12 e 20. Ao voltar a Roma, o Cardeal teve um encontro com o Papa para ilustrar a sua missão. Ele disse que levou consigo apenas um décimo da ajuda e que 75% do dinheiro foi entregue aos católicos e 25% à comunidade dos ‘yazidis’.

Mensagem à família de jornalista assassinado O Papa enviou domingo, 24, um telegrama – assinado pelo Secretário de Estado, Cardeal Pietro Parolin – ao bispo de Rockville Centre, Dom Francis Murphy, por ocasião da missa em sufrágio do jornalista norte-americano James Foley, decapitado por jihadistas no Iraque. Na quinta-feira, 21, o Santo Padre telefonou à família de Foley. De acordo com a Sala de Imprensa da Santa Sé, no início, o Papa conversou com a mãe do jornalista, que é católica. Depois, Francisco conversou com outro membro da família, que sabia falar espanhol, podendo assim se expressar melhor. Enfim, o desejo de todos, do Santo Padre e da família Foley, é que estes trágicos acontecimentos jamais se repitam.

Guerra ‘em pedaços’ No voo de volta da Coreia, no dia 18, o Papa Francisco falou aos jornalistas de uma Terceira Guerra Mundial “por pedaços”, que está em andamento. E deteve-se em particular, em duas palavras: tortura e crueldade. “Não digo que as guerras convencionais sejam uma coisa boa… Não! Mas hoje chega a bomba e mata o inocente com o culpado, a criança com a mulher, com a mãe... Mata a todos. Devemos parar e pensar um pouco no nível de crueldade a que chegamos”.

Gratidão à Coreia Na audiência geral da quarta-feira, 20, o Papa Francisco falou sobre sua viagem apostólica à Coreia. Ele definiu a Igreja naquele país como “dinâmica, fundada sobre o testemunho dos mártires e animada por espírito missionário”. Resumiu também o significado da viagem em três palavras: “memória, esperança e testemunho”. “Caros irmãos, na história da fé na Coreia se vê como Cristo não anula as culturas, não suprime o caminhar dos povos, que através dos séculos e milênios buscam a verdade e praticam o amor a Deus e ao próximo. Cristo não abole o que é bom, mas o leva avante, o leva à realização total”, disse Francisco.


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| Fé e Vida | 5

Espiritualidade

Apresentado o Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade Luciney Martins/O SÃO PAULO

Fernando Geronazzo Especial para O SÃO PAULO

O Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade foi oficialmente apresentado na sexta-feira, 22. O evento, realizado no campus Ipiranga da PUC-SP, contou com a presença do arcebispo metropolitano de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, do bispo auxiliar da Arquidiocese e vigário episcopal para a educação e a universidade, Dom Carlos Lema Garcia, além dos demais bispos auxiliares, da subsecretária de articulação regional da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, Raquel Volpato, e representantes de universidades, colégios e instituições de ensino público e privado presentes na Arquidiocese.

Ao explicar a motivação para a instauração do novo organismo pastoral, criado em 27 de julho, Dom Odilo destacou que só na Arquidiocese de São Paulo, que corresponde a apenas uma parte da cidade, com aproximadamente 6,5 milhões de habitantes, há um número significativo de instituições de educação e ensino superior. Um levantamento prévio do novo Vicariato indica que seriam mais de 2 milhões de pessoas envolvidas nestes âmbitos. Ainda de acordo com o Arcebispo, a criação do Vicariato corresponde ao “apelo de ser uma Igreja em saída, missionária, que procura se renovar nas iniciativas para melhor alcançar os objetivos de sua missão”. Dom Carlos salientou que as escolas e universidades devem promo-

ver uma formação integral da pessoa. “Não basta apenas dar uma instrução, nem a mera capacitação técnica e acadêmica. A educação verdadeira tem que chegar mais longe. É preciso atingir o desenvolvimento em todos os âmbitos da pessoa humana, não só do ponto de vista social, acadêmico, profissional, familiar, mas tem que chegar também ao âmbito transcendente”. De acordo com a professora Raquel Volpato, a escola, principalmente a pública, está precisando de ajuda. “A violência que ronda a nossa cidade também invadiu a sala de aula. Se nossos alunos tiverem a educação integral da qual Dom Carlos falou, talvez os jovens tenham ferramentas para sobreviver melhor na sociedade e poder fugir da violência”.

fé e cidadania

Por que a cruz é fonte de alegria nas perseguições? FREI PATRÍCIO SCIADINI Felizes sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque é grande a vossa recompensa nos céus. Pois foi deste modo que perseguiram os profetas que vieram antes de vós (Mt 5, 11-12). Quantas vezes tenho lido e meditado esse texto. Ele me parecia uma bela utopia, uma história de Jesus para nos animar a sermos fiéis, mas que tudo isso não fosse possível. E pensava comigo mesmo: “cruz é sempre cruz, e alegria é sempre alegria, as duas não podem conviver. É um absurdo”. Mas chegou o dia na minha vida para comprovar tudo isso e ter a certeza que as palavras de Jesus são confirmadas na vida. Fica sempre a pergunta no mais íntimo de nós mesmos: por que ser

cristão perturba tanto e por que o cristão é alguém que quando vive com seriedade a sua vocação é necessariamente colocado à margem e considerado “perigoso”? Os motivos não são nem de Teologia e nem de Filosofia, mas são motivos vivenciais, concretos. O cristão é alguém que, com sua atitude de viver, condena e grita contra toda injustiça. Às vezes, nem abre a boca, mas o seu olhar, o seu sorriso, o seu “ser gente” no meio da multidão é alguém que provoca e aceita ser provocado. A cruz não é um sinal decorativo e tampouco uma jóia para ser carregada no pescoço, obra de joalheiro e de artista, é um sinal da fé - dura, seca, desnuda, numa pessoa que morreu na cruz de madeira e para que não fugisse foi pregado nessa cruz. Desde então, uma cruz, seja ela com o crucifixo ou sem, é sempre uma palavra que questiona a

consciência mais enaltecida no mal. Hoje chegando já perto do horizonte para o meu encontro com o Ressuscitado, sei que ainda me resta passar pela porta da cruz e da morte, antes de vê-lo. Sou convencido que não se pode jamais sermos felizes se um dia não olharmos silenciosamente para a cruz e a assumirmos na nossa vida. Ser perseguido por Cristo não é um fenômeno só, que acontece em alguns países, ocorre em todos os países. O cristão caminha sem olhar a que, e fala sem se importar com outros, e vive a sua vida na consciência que só em Cristo está a salvação. É o caminho do amor que nos faz assumir a cruz e abraçá-la com alegria. Compreendi porque a cruz é fonte de alegria, pois é amor. Não a cruz, mas o Crucificado, Cristo Jesus, é o amor verdadeiro, que une a dor e a alegria.

A Igreja é um dom DOM TARCÍSIO SCARAMUSSA

Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Sé e nomeado coadjutor da Diocese de Santos

Cheguei a São Paulo em 2008, ano do centenário da Arquidiocese. Mergulhei na vida desta Igreja e desta cidade acreditando realmente que “Deus habita esta cidade”. Identifiquei-me de imediato com essa convocação, pois meu lema episcopal deseja testemunhar vivamente que Cristo “habitou entre nós”. Por isso, disse em minha primeira saudação ao povo de São Paulo: “Aproximo-me com reverência desta cidade, espaço habitado por Deus, disposto a ir ao seu encontro, reconhecê-lo em suas múltiplas formas de presença e anunciá-lo para que todos possam reavivar a esperança e receber a vida em plenitude, dom maior de seu amor”. E acrescentava: “alimento esta esperança de viver como irmão entre vocês, que são tantos e serão minha nova família nesta cidade tão grande”. Passados seis anos, estou ainda mais convicto dessa presença misteriosa e verdadeira, às vezes oculta em meio a tantos desafios que esta cidade imensa apresenta, e ofuscada pelas fraquezas e descrença que carregamos como Igreja pecadora, mas também manifestada ainda mais vezes, pela santidade e testemunho de tantos irmãos e irmãs, e sustentada pela força do Espírito Santo de Deus, que conduz sua Igreja. Disse, na época, que tinha certeza de ser recebido de coração aberto, e que contaria com a ajuda e as orações dos irmãos e irmãs desta Igreja. E foi isso que experimentei, pois fui acolhido como irmão entre irmãos, como pastor do qual as pessoas se aproximam com fé, pois vivem na convicção de que Cristo age na pessoa do Bispo. Empenhei-me em realizar a missão que o Senhor me confiou, e sempre confiei na graça do divino Espírito Santo, mas sou consciente também de minhas fraquezas, e, por isso, peço perdão se ofendi ou fui motivo de desânimo na fé para algum irmão. São Paulo é um lugar surpreendente, espaço de múltiplas expressões sociais, culturais, religiosas, inclusive no interior da Igreja. É uma cidade bem desenvolvida, e talvez por isso nela aparece mais drasticamente a brecha entre riqueza e miséria, entre as grandes tecnologias e edifícios, e a marginalização de grande parte da população de seus benefícios. É lugar de desafios imensos, mas também de grandes possibilidades, especialmente pelo grande número de pessoas altamente qualificadas e comprometidas com um projeto de vida melhor para todos, e também de uma Igreja servidora, buscando tornar-se sempre mais missionária. Quem tem olhos e coração não fica acomodado nesta cidade. As experiências aqui vividas nestes anos proporcionaram-me grande crescimento. Agradeço a todos e agradeço ao Senhor pela graça desses anos vividos nesta Igreja de São Paulo. Contemplando esse tempo, reconheço que a Igreja é um grande dom de Deus para nós, e que ela é realmente sinal e instrumento de sua presença em nosso meio. Realidade que o Concílio Vaticano II reconhece como “sacramento, ou sinal, e o instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano” (LG 1). Agradeço a Deus por este dom, com as palavras do apóstolo Paulo a Timóteo: “Dou graças àquele que me deu forças, Jesus Cristo, nosso Senhor, porque me julgou digno de confiança e me chamou ao ministério... E a graça de nosso Senhor foi imensa, juntamente com a fé e a caridade que está em Jesus Cristo” (1 Tm 1, 12.14).


6 | Fé e Vida |

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LITURGIA E VIDA 22º DOMINGO DO TEMPO COMUM 31 DE AGOSTO DE 2014

O Caminho de Jesus ANA FLORA ANDERSON

A liturgia deste domingo ensina o que significa amar como Jesus nos ama. Nas Escrituras Sagradas, amar sempre significa doar-se aos outros. A antífona reza para que a misericórdia de Deus nos sustente no caminho da vida. A oração pede que Deus derrame em nós seu grande amor para que possamos tratar com solicitude aqueles que encontramos no caminho. Na primeira leitura (Jeremias 20, 7-9), o profeta revela o quanto sofreu ao pregar a Palavra de Deus e revelar sua vontade. Jeremias suplica para que Deus lhe envie um fogo ardente que o leve a realizar sua vocação no meio da hostilidade do mundo. Na segunda leitura (Romanos 12, 1-2), São Paulo começa exortando seus leitores a se oferecerem a Deus como um sacrifício que agrada o Pai. Precisamos da graça de conhecer a vontade de Deus na hora de pensar e de discernir. O Evangelho de São Mateus (16, 21-27) narra o momento em que Jesus explica para os discípulos que o amor dele pela humanidade o levará à paixão e à morte. Ele esclarece que são as autoridades que irão condená-lo. Pedro, porém, insiste que Deus não permitirá que isso aconteça. Jesus repreende Pedro e esclarece que seus seguidores devem abraçar a cruz, pois o amor é doação de vida. Quem compreender esse ensinamento e se entregar com amor receberá do Pai a felicidade eterna.

você pergunta

Se há técnicas que me curam emocionalmente, para que a confissão? cônego Cido Pereira

Vigário Episcopal para a Pastoral da Comunicação

O Vítor, que não informou seu sobrenome, me faz um longo questionamento. Diz ele ser discípulo de uma comunidade onde a psicóloga usa uma técnica de acupuntura emocional, que funciona que é uma beleza! Para ele, foi um caminho de cura emocional. Ficou livre do medo e de muitos problemas. E ele pergunta: “Padre, se eu consigo uma libertação com a autossugestão e outras técnicas, para que serve o sacramento da Confissão, a penitência, o jejum, a espiritualidade?”. Vítor, todas as técnicas que ajudam a pessoa a ficar bem consigo mesma, a encontrar equilíbrio emocional, afetivo, etc., são válidas. Só que não existem técnicas que resolvam tudo. Não existem técnicas que vão deixar a pessoa plenamente de bem consigo mesma, com o próximo e com Deus. Eu penso que você está confundindo as coisas. Por exemplo: sentimento de culpa não tem nada a ver com consciência do pecado. O sentimento de culpa pode ser mórbido. A consciência do pecado é a dor no coração por ter ofendido a Deus e ao próximo. Outro exemplo: as fobias todas da pessoa são adquiridas e provocadas por tantas causas, a maioria delas sem ter nada a ver com a religião. Já o medo de ofender a Deus é fruto da consciência do quanto ele nos ama. Assim como a confissão não é sessão de psicoterapia, a psicoterapia não tem nada a ver com confissão. Quem procura resolver seus problemas todos pela psicoterapia, prescindindo de Deus, um dia terá fome de Deus. E quem faz da religião uma fuga dos seus problemas, um jeito de não assumir a própria construção mental e psicológica, não está entendendo nada de religião. Que nosso relacionamento com Deus seja simples, direto, confiante, tranquilo, uma relacionamento de filho para Pai. E um viva para as ciências da alma, da psique, que nos ajudam a encontrar o equilíbrio até para viver uma religião tranquila, que nos abre o coração para Deus e para o próximo. Será que me fiz entender, Vítor? Espero que sim!

novos santos e beatos

São João Gabriel Perboyre 11 de Setembro

João Gabriel Perboyre nasceu em 5 de janeiro de 1802, em Mongesty, na Diocese de Cahors, na França, numa família de agricultores, numerosa e profundamente cristã. Foi o primeiro dos oito filhos, sendo educado para seguir a profissão do pai. João Gabriel recebeu a ordenação sacerdotal em 1826. Ficou alguns anos em Paris, como professor e diretor nos seminários vicentinos. Porém, seu desejo era ser um missionário na China, onde os vicentinos atuavam e onde, recentemente, Padre Clet fora martirizado. Em 1832, seu irmão, Padre Luís, foi designado para lá. Mas ele morreu em pleno mar, antes de chegar às Missões na China. Foi assim que João Gabriel pediu para substituí-lo. Seu pedido foi atendido e, três anos depois, em 1835, estava em Macau, deixando assim registrado: “Eis-me aqui. Bendito o Senhor que me guiou e trouxe”. Na Missão, aprendeu a disfarçar-se de chinês, porque a presença de estrangeiros era proibida por lei. Estudou o idioma e os costumes e seguiu para ser missionário nas dioceses Ho-Nan e Hou-Pé. Entretanto, foi denunciado e preso na perseguição de 1839. Permaneceu um ano no cativeiro, sofrendo torturas cruéis, até ser amarrado a uma cruz e estrangulado, no dia 11 de setembro de 1840.

Reprodução

Beatificado em 1889, João Gabriel Perboyre foi proclamado santo pelo Papa João Paulo II em 1996. Festejado no dia de

sua morte, tornou-se o primeiro missionário da China a ser declarado santo pela Igreja. Fonte: http://www.paulinas.org.br/

0 5 A Casa de Maria na Turquia há

anos

A edição do O SÃO PAULO de 30 de agosto de 1964 apresentou a história do Santuário de PanayáKapulu, na Turquia, onde teria sido a residência da Virgem Maria. “A bávara Ana Catarina Emerick (1774-1824), por muitos anos presa a um leito de dores, descreveu, em suas visões com precisão e exatidão maravilhosas, a casa de Nossa Senhora, sem jamais ter conhecido e visto este lugar. Suas revelações serviram para encontrar e identificar em Panayá-Kapulu aquela que teria sido a última morada terrestre de Maria Santíssi-

ma”, aponta a reportagem. Feita a descoberta, o terreno foi adquirido pela Madre Maria de Mandat Grancey, em 1892, e transferido em 1912 para Eugene Poulin, Superior dos Lazaristas de Esmirra. Depois, em 1962, o santuário foi confiado aos Padres Monfortianos. “O Santuário de Panayá-Kapulu foi enriquecido de indulgências por Pio X e Pio XII e por um documento do Papa João XXIII, que concedeu indulgencia plenária cotidiana”. Conforme descreve o texto, o santuário “é um lugar onde cristãos e muçulmanos de qualquer rito e de

Capa da edição de 30 de Agosto de 1964

qualquer nação podem encontrar-se para venerá-la [Maria Santíssima]” e muitos procuram o local para “um alívio ou conforto para seus sofrimentos espirituais e materiais”.


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cami

Mulheres Imigrantes em busca da igualdade Cami

Situações vivenciadas por mulheres imigrantes, desafios e perspectivas de avanço na construção da igualdade de condições para mulheres e homens, foram temas em pauta no seminário promovido pelo CAMI, em conjunto com a Paróquia-santuário das Almas, dos padres do Sagrado Coração de Jesus. O seminário teve a colaboração de palestrantes da Argentina, Bolívia, Peru, Paraguai e Brasil e contou com a participação de aproximadamente 200 pessoas.

‘Os Direitos Humanos não necessitam de passaporte’ A representante da Argentina, Lourdes Rivadeneira, apresentou um panorama geral da situação das comunidades de imigrantes na Argentina, com um quadro abrangente da legislação migratória e de dados relevantes que contribuem para o empoderamento das mulheres naquele País. A morte da boliviana Marcelina Meneses e seu filho de 2 anos, atirados na linha do trem em Buenos Aires, caso que teve repercussão internacional, provocou um forte sentimento de indignação e de mobilização, que resultou na criação do Dia Nacional da Mulher Imigrante. A proposta de articulação em âmbito latino-americano e outros espaços internacionais,

que buscam o empoderamento das mulheres, foi destacado como proposta de interação em defesa de seus direitos. O convidado boliviano, Apolinar Flores, assessor dos povos indígenas, fez um retrato das desigualdades sociais na Bolivia, ressaltando e resumindo a situação social, política e as condições laborais das mulheres nas áreas rurais e urbanas, refletindo sobre a questão do bem-viver como contraponto ao consumismo.

Outro tema discutido foi a mulher migrante paraguaia, exposto pela Irmã Terezinha Santin, que assim se expressou: “Quando se fala do Paraguai, quase sempre se remete ao país do contrabando e da pirataria e não se fala da força cultural e indígena e das mulheres”; “elas calam e obedecem, assumem a responsabilidade de educar, mantém viva a cultura com sua identidade guarani e sustentam o lar. A força de empoderamento da mulher paraguaia vem de suas raízes”.

Por sua vez, a peruana Soledad Requena reforçou o duplo papel da mulher andina imigrante na luta pelos seus direitos e apontou caminhos para o enfrentamento à violência: “As mulheres representam à Pachamama, (mãe terra), para o mundo andino, a mulher é muito importante e tem o poder de dar a vida; a mulher é como a mãe terra que cuida dos frutos, os filhos. Na cosmovisão andina existe a complementariedade onde o homem é igual à

mulher e essa é a base da organização social andina”. Na parte da tarde, na segunda mesa, houve colocações que realçaram a necessidade da organização e da luta para a garantia dos direitos das mulheres. O seminário destacou a importância das mulheres nos movimentos migratórios contemporâneos e a imigração feminina em mudança como ponto comum entre os debatedores. E-mail: cami.imigrantes@terra.com.br

pascom

pastoral da pessoa idosa

Por que criar uma Pascom na sua paróquia?

Pastoral no combate a estenose aórtica

Para ajudar nessa reflexão, a Pastoral da Comunicação da Arquidiocese de São Paulo (Pascom) e o Sepac Paulinas promovem no sábado, 30, das 9h às 16h30, no auditório das Paulinas (rua Dona Inácia Uchoa, 62 Bloco A – próximo à estação Vila Mariana do Metrô), o evento gratuito “Curso Pastoral da Comunicação”, que abordará, na parte da manhã, o Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil, com assessoria de Helena Corazza, e Comunicação: rede de serviços, com assessoria de Adriano Miranda. O encontro terá, na parte da tarde, laboratórios sobre comunicação nas pastorais sociais, diálogos interpastorais – integrar, campanhas de comunicação integrada, comunicação nos planos das pastorais e comunicação de engajamento de jovens. Informações e inscrições: Sepac - Tel. (11) 2125-3540

Jairo Fedel A Sociedade Brasileira Hemodinâmica (SBHCI) e a Pastoral da Pessoa Idosa (PPI) acertaram parceria para levar informações para milhares de idosos no Brasil sobre a estenose aórtica, doença que afeta um em cada 20 idosos com mais de 75 anos. A união das entidades firmou-se em reunião realizada em Curitiba (PR), com a presença dos médicos Marcelo Queiroga, Costantino Costantini, Deborah Nercolini (SBHCI) e a Irmã Terezinha Tortelli, coordenadora Nacional da PPI. Segundo a Irmã, é importante fazer chegar às informações sobre a estenose aórtica, doença muito comum em idosos, e suas modalidades de tratamento, entre elas o implante por cateter de bioprótese valvar aórtica (TAVI). Ela ainda destacou: “Certamente, vamos divulgar e fazer chegar esse tema tão importante às pessoas idosas que são acompanhadas por meio de nossos 18 mil voluntários em 812 Municípios de 25 Estados do nosso Brasil.” As orientações sobre a estenose aórtica e o TAVI serão incluídas no Guia do Líder – que estão no livro básico, para que

a missão do Líder Comunitário (que faz as visitas às pessoas idosas) seja eficaz e esteja em linguagem acessível. Também serão gravadas entrevistas com os especialistas indicados pela SBHCI para os programas de rádio “Envelhecer de bem com a vida”.

Entendendo a estenose aórtica A aorta é a maior artéria que deixa o coração. Quando o sangue sai do coração, ele passa pelo ventrículo esquerdo, através da válvula aórtica, dentro da aorta. Na estenose aórtica, a válvula aórtica não se abre completamente, o que restringe o fluxo de sangue. Com a redução da válvula aórtica, a pressão aumenta dentro do ventrículo esquerdo do coração. Isso leva o ventrículo esquerdo a ficar mais grosso, o que diminui o fluxo de sangue e pode acarretar dor torácica. Com o continuo aumento da pressão, o sangue pode retornar aos pulmões e o paciente começa a sentir uma redução no fôlego. Outras formas mais severas da estenose aórtica dificultam a chegada de sangue ao cérebro e ao corpo todo, o que pode causar tonturas e desmaios. Multiplicador da Pastoral da Pessoa Idosa


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Destaques das Agências Nacionais

PADRE MICHELINO ROBERTO

Dioceses promovem encontros com candidatos Diante da intensificação das campanhas eleitorais, algumas dioceses estão preocupadas em contribuir para um voto consciente e responsável. Para isso, organizam debates e encontros com os candidatos aos cargos públicos, para que apresentem suas propostas aos eleitores cristãos. Em 25 de agosto, cerca de 40 candidatos a depu-

tados federais e estaduais das cidades que compõem a Diocese de São José dos Campos (SP) participaram de um encontro promovido pela Associação para Ensino Social da Igreja Leão XIII. Inicialmente, os candidatos se apresentaram e expuseram seus interesses no exercício do mandato. Depois, responderam, por meio de sorteio, perguntas formuladas pelos mem-

bros da Associação com base na mensagem da CNBB a respeito das eleições 2014, que aborda temas como financiamento de campanha, corrupção, reforma política, ética, meio ambiente e defesa da vida. Coordenadores de pastorais, líderes e a comunidade em geral puderam assistir ao encontro no auditório. Fonte: CNBB

CNBB fará debate com candidatos à Presidência O arcebispo de Aparecida e presidente da CNBB, Cardeal Raymundo Damasceno Assis, fará a abertura do debate com presidenciáveis, no dia 16 de setembro, no Santuário Nacional de Aparecida, a partir das 21h30. O evento será transmitido por oito

emissoras de orientação católica e 230 rádios e portais católicos, com a proposta de atingir o maior número de eleitores. De acordo com Dom Damasceno, o debate quer proporcionar aos eleitores a oportunidade de conhecer

melhor os candidatos que concorrem à presidência do Brasil: “Desejamos que nosso eleitor exerça seu direito de cidadania com liberdade, responsabilidade e consciência, pensando no bem do País a partir do conhecimento das propostas que os candidatos

irão apresentar. (...) O debate oferecerá elementos para que o eleitor possa discernir em quem votar, não apenas pensando em seus benefícios pessoais, mas no bem comum”, explicou o presidente da CNBB. Fonte: CNBB

Comitê de combate à corrupção eleitoral é lançado em Maringá Arquidiocese de Maringá

Pastoral da Saúde de Curitiba lança Campanha Nacional de Órgãos e Tecidos Num esforço para esclarecer e sensibilizar a sociedade em prol da doação de órgãos e tecidos para transplantes, a Pastoral da Saúde da Arquidiocese de Curitiba, com o apoio do Fundo Diocesano de Solidariedade, lança campanha para discutir o tema com a comunidade curitibana.

Na semana de 21 a 27 de setembro, se intensificarão as reflexões e iniciativas em favor da vida, com meditação dirigida da Sagrada Escritura, celebrações especiais, gestos de oferta simbólica da vida, cadastro de doação de medula óssea e de sangue e outras iniciativas. Fonte: Arquidiocese de Curitiba

A Arquidiocese de Maringá (PR) e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) uniram-se para o lançamento do Comitê 9840 de Combate à Corrupção Eleitoral. Na quarta-feira, 20, o arcebispo de Maringá, Dom Anuar Battisti, e o conselheiro federal da OAB, César Augusto Moreno, estiveram reunidos para o lançamento da iniciativa. Em seu pronunciamento, Dom Anuar destacou a importância do processo de conscientização do eleitor e pediu a união de forças para promover a reforma política. “Juntos, CNBB, OAB

e outras entidades, estamos todos empenhados em coletar as assinaturas para o projeto de iniciativa popular que propõe a reforma política”, disse. O objetivo do Comitê 9840 é informar e educar sobre o processo eleitoral, esclarecer sobre a ocorrência de crimes eleitorais e destacar a importância do voto para a cidadania. O Comitê poderá também receber denúncias de irregularidades nas campanhas eleitorais, que serão encaminhadas ao Ministério Público e ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Fonte: Diocese de Maringá

Beatificação de Madre Assunta A celebração da beatificação da Venerável Serva de Deus Madre Assunta Marchetti, cofundadora da Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeu, acontecerá na Catedral Metropolitana da Sé, São Paulo, no dia 25 de outubro, presidida pelo prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, Cardeal Angelo Amato. Assunta Marchetti nasceu em Lombrici, Camaiore (Itália), em 15 de agosto

de 1871, e faleceu em São Paulo, junto às crianças do Orfanato Cristóvão Colombo (atual Associação Educadora e Beneficente Casa Madre Assunta Marchetti), no dia 1º de julho de 1948, na Vila Prudente. A religiosa chegou ao Brasil em 1895 e teve uma vida exemplar de fé, esperança e caridade, dedicando-se, especialmente, aos migrantes, órfãos, doentes, sofredores e pobres. Fonte: Arquidiocese de São Paulo

Diocese de Jundiaí dá inicio a triênio celebrativo de Jubileu de Ouro A Diocese de Jundiaí (SP) deu início às comemorações em vista de seu jubileu de 50 anos de instalação canônica em 2017. A programação começou a entrar em contagem regressiva no último dia 5, com a peregrinação da imagem de Nossa Senhora do Desterro pelas regiões pastorais diocesanas. Em 15 de agosto, depois de dez dias peregrinando pelas dez regiões pastorais, a imagem chegou à Catedral, para

a missa de encerramento, que foi presidida por Dom Vicente Costa, bispo diocesano. Outras atividades ainda serão divulgadas em vista do triênio celebrativo de fundação da Diocese. A Diocese de Jundiaí foi criada em 7 de novembro de 1966, pela bula Quantum Conferat, de Paulo VI, e foi instalada canonicamente no dia 6 de janeiro de 1967, numa memorável celebração festiva que contou com

imensa multidão de fiéis e numerosas autoridades eclesiásticas, civis e militares. Nesse dia, tomou posse o primeiro bispo diocesano, Dom Gabriel Paulino Bueno Couto, OCarm, natural da cidade de Itu. A padroeira da diocese, Nossa Senhora do Desterro, é também patrona da cidade de Jundiaí desde 1615. O território da nova Diocese foi praticamente todo desmembrado da Arquidiocese de São Paulo. A diocese é formada por 65 pa-

róquias, distribuídas em 11 cidades: Jundiaí, Cabreúva, Cajamar, Campo Limpo Paulista, Itu, Itupeva, Louveira, Pirapora do Bom Jesus, Salto, Santana de Parnaíba e Várzea Paulista. Possui uma população de mais de um milhão de habitantes, dos quais 66% professam a fé católica. Atualmente, conta com 84 sacerdotes incardinados, 28 sacerdotes membros de Institutos Religiosos e 98 diáconos permanentes. Fonte: A12


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Destaques das Agências Internacionais

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Reino Unido

Malefícios da pornografia e da ‘educação’ sexual Pesquisa realizada no Reino Unido pelo Instituto de Pesquisa em Política Pública com adolescentes de 18 anos tem resultados preocupantes. Segundo apurou o Instituto, entre 7 e 8 em cada 10 desses adolescentes concordam que a pornografia pressiona as mulheres e meninas na sociedade a ter um certo visual e a agir de uma certa maneira, que é muito fácil para

jovens ver pornografia na internet, mesmo acidentalmente, e que acessar pornografia enquanto estão na escola é “típico”, enquanto quase metade deles afirmou que enviar imagens sexuais ou de nudez é parte do dia a dia dos adolescentes. Os próprios adolescentes reconhecem muitos dos malefícios da pornografia: 6 em cada 10 afirmaram que ela

complicou o processo de amadurecimento deles, 7 em cada 10 concordam que ela conduz a atitudes irrealistas com relação ao sexo, pode se tornar um vício e encoraja a sociedade a ver as mulheres como objetos sexuais. Muitos dos adolescentes criticaram suas aulas de educação sexual por não terem contrabalançado a pressão social para o sexo: “Eu sempre me sen-

ti pressionada pelos professores, que diziam: ‘sexo é normal, apenas use proteção’, quando na verdade eu não estava interessada em sexo na época e preferiria esperar pela pessoa certa” afirmou uma adolescente de 18 anos. Muitos também se queixaram de não terem sido prevenidos contra as imagens irrealistas da pornografia. Fonte: LifeSiteNews

Oriente Médio

191 mil pessoas mortas na Síria Em novo relatório conduzido por especialistas em análise dados, a ONU afirmou que o número de mortos no conflito sírio nos últimos três anos já chega a 191 mil. O conflito começou em meados de 2011. Na esteira da famosa e aclamada (pela mídia ocidental) “primavera árabe” – série de movimentos revolucionários que supostamente trariam a democracia para o oriente médio – alguns adolescentes que pintaram slogans revolucionários no muro de uma escola foram presos e torturados. O episódio provocou indignação e protestos tanto na Síria quanto no mundo. Na cidade de Deraa, forças de segurança abriram fogo

contra manifestantes, matando ao menos três pessoas e ferindo “centenas”, segundo ativista entrevistado pela AFP. O uso da força para reprimir os protestos só serviu para aumentar a indignação geral e, em julho de 2011, centenas de milhares de manifestantes foram às ruas para protestar. Muitos opositores começaram a recorrer às armas, jogando o País em uma verdadeira guerra civil. Aos poucos foi ficando claro que os grupos mais fortes entre os opositores eram extremistas islâmicos, dos quais o grupo mais notório era o que deu origem ao Estado Islâmico, oriundo do grupo terrorista al Qaeda – responsável pelos atentados de 11 de

setembro de 2001. Crimes de guerra foram cometidos pelos dois lados e há indícios de que o governo sírio fez uso de armas químicas. Enquanto os países ocidentais eram simpáticos aos rebeldes (pelo menos à ala moderada dos rebeldes), a Rússia e o Irã apoiaram o regime de Bashar al-Assad, presidente ditador sírio. O Qatar foi um dos principais fornecedores de armas aos rebeldes. Do caos sírio, o Estado Islâmico foi conquistando territórios, expandiu-se para dentro do Iraque – onde tem perpetrado inúmeros crimes contra minorias religiosas, notadamente cristãos e yazidis – e se auto proclamou um

novo califado, isto é, um regime teocrático absoluto em que o líder ocupa o lugar de sucessor do profeta Maomé. O número total de pessoas que tiveram que abandonar suas casas na Síria desde o

início da guerra civil é de 9 milhões, metade da população do País, dos quais 2,5 milhões já deixaram o país, em um dos maiores êxodos de refugiados da história recente. Fontes: ONU/ BBC L’Osservatore Romano

Nígéria

Mais de 4 mil morrem em ataques do Boko Haram

Os ataques começaram em 2009, mas se intensificaram neste ano, que tem sido o mais violento no nordeste da Nigéria, com mais de 3,3 mil mortes em ataques do grupo extremista islâmico conhecido como “Boko Haram”, apenas no primeiro semestre. O grupo se tornou conhecido mundialmente após o sequestro de 276 meninas na escola pública da cidade de Chibok, no nordeste do País. Chibok é majoritariamente cristã e há indícios de que muitas das meninas sequestradas têm sido forçadas a se

converter ao Islã. Teme-se ainda que as meninas sejam vendidas como escravas ou forçadas a se casar. O Boko Haram – o nome significa “educação ocidental é proibida” – deseja estabelecer na Nigéria um Estado islâmico, à imagem do que têm feito na Síria e no Iraque os combatentes do grupo com esse nome, embora metade dos 170 milhões de habitantes do País sejam cristãos. Os extremistas têm feito uso inclusive de “mulheres-bomba” em seus atentados e afirmam que imporiam a lei islâmica na cidade de Gwoza,

com 250 mil habitantes. As autoridades militares da Nigéria negam que o grupo tenha o controle da cidade. Mais de 400 mil pessoas já tiveram que abandonar suas casas desde o início dos ataques e mais de 200 igrejas já foram queimadas e destruídas. O arcebispo de Lagos (sudoeste do País), Dom Alfred Adewale Martins, disse em declaração que “A guerrilha de Boko Haram tornou-se ainda mais preocupante agora, que tenta ‘conquistar’ territórios”, e que “é realmente desconsolador ver mulheres e crianças

explodirem sob o pretexto de combater uma guerra de religião”. O Arcebispo aproveitou também para convidar os nigerianos a não se desesperarem por causa da difusão do vírus Ebola no País, que já registrou 14 casos até agora. O vírus já provocou a morte de 1,4 mil pessoas na África Ocidental. A difusão do vírus na Nigéria levou o Camarões a fechar as suas fronteiras com o País, do qual vinha recebendo muitos refugiados por causa dos ataques do Boko Haram. Fontes: BBC/ DailyPost/Bloomberg/ Fides

Estados Unidos

Grupos pró-vida denunciam: campanha do balde de gelo financia pesquisa com células tronco embrionárias Líderes pró-vida americanos têm denunciado que a Associação ALS apoia e financia pesquisas com células tronco embrionárias. A Associação é a responsável pela famosa campanha do balde de gelo,

que já mobilizou políticos, artistas e outras pessoas famosas nos Estados Unidos e no mundo. A campanha já arrecadou mais de 15 milhões de dólares para combater a doença neurodegenerativa de Lou Gherig.

No entanto, pelo fato de apoiar pesquisas com células tronco embrionária, que exigem a destruição de vidas humanas (de embriões), grupos pró-vida têm pedido que as pessoas comovidas com a campanha e

que queiram ajudar a combater a doença escolham outras organizações que não tenham os mesmos problemas éticos. A Igreja Católica ensina que os fins não justificam os meios: todos os seres humanos devem

ser respeitados, pois são pessoas desde a concepção, e não podem ser destruídos para se fazer pesquisa científica, mesmo que a pesquisa tenha uma finalidade boa. Fonte: LifeSiteNews


10 | Viver Bem |

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Pedro Paulo de Magalhães Oliveira Jr.

Direito do Consumidor

Começo uma série quinzenal de artigos, que pretende tratar de temas tecnológicos de forma informativa e também prática, oferecendo aos leitores sugestões sobre como usar bem as tecnologias que estão ao nosso alcance. Depois de muito refletir sobre qual seria o conteúdo da minha primeira coluna, decidi falar sobre um projeto que comecei há dois anos: o site HorarioDeMissa. com.br. Como é comum as pessoas terem dificuldades em saber os locais e horários de missa quando estão fora de suas cidades, de seus bairros ou quando querem assistir à missa durante a semana, idealizei este projeto para tornar mais acessíveis e organizadas essas informações sobre as quase 11 mil paróquias do Brasil que têm missas. Neste site (HorarioDeMissa. com.br) e em dois aplicativos gratuitos que fizemos para o iPhone,

Perda de comanda. Multa Não pode o fornecedor de serviços, como restaurantes ou bares, exigir do consumidor ao ter este extraviada, furtada ou roubada a comanda do estabelecimento, o pagamento de uma multa, como, por exemplo, de R$ 200, pois isso é uma medida desproporcional. O empresário não pode impor o pagamento a título de saída do estabelecimento, tampouco intimidar o consumidor por seus seguranças, sob a pena de até cometer algum crime. Deve o fornecedor dos serviços controlar o que é consumido em seu estabelecimento por outros meios. Se isso ocorrer, há duas saídas: ou ligar para a polícia imediatamente ou pagar voluntariamente e depois ingressar com ação judicial. Saiba dos seus direitos, procure um advogado.

o fiel consegue saber qual o próximo horário de missa, qual a Igreja mais próxima de sua localização e quais são os horários de missa e confissão de uma Igreja à qual ele deseje ir. Em dois anos, já reunimos dados de cerca de 85% das paróquias brasileiras. E posso afirmar que tem sido muito recompensador perceber que dezenas de milhares de pessoas diferentes visitam o site semanalmente em busca de informações. O trabalho não tem fim: tratase de um projeto que requer atualização contínua, e que é desenvolvido, basicamente, com trabalho voluntário e uso de inteligência artificial para conseguirmos manter sempre os dados corretos. E tem mais: visitando esse site você também pode conhecer mais sobre a Igreja Católica no Brasil, suas dioceses, bispos e até algumas curiosidades. Engenheiro pela PUC-Rio e Doutor em Medicina pela USP. Atualmente ocupa o cargo de Diretor de Operações da Netfilter.

Cuidar da saúde

Tecnologia

A que horas tem Missa?

Sergio Ricciuto Conte

Longevidade Envelhecer com qualidade de vida é tudo o que queremos. Mas será que estamos fazendo por onde? Com o avanço da medicina, a expectativa de vida vem aumentando gradativamente. Mas não é só à medicina que devemos isso. Obter informações sobre o que faz bem ou mal está muito mais acessível nos dias de hoje. E

isso ajuda a quem realmente quer ficar velhinho de uma forma independente e saudável. Existem três fatores comuns entre as pessoas que hoje se encontram acima dos 90 anos com a saúde invejável: comem de forma saudável e em pouca quantidade; fazem atividade física regularmente; e não têm vícios.

Existem vários outros fatores que contribuem e ninguém melhor que seu médico para dizer quais são. Mas se aderir a esses que são essenciais, já será um bom começo para envelhecer do jeito que tanto almejamos. Dra. Cássia Regina é médica atuante na Estratégia de Saúde da Família (PSF).

ATOS DA CÚRIA DECRETOS E NOMEAÇÕES Em 4 de agosto de 2014, Sua Eminência o Senhor Cardeal Odilo Pedro Scherer, na condição de Grão-chanceler da Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo da Arquidiocese de São Paulo, assinou o decreto de aprovação do regimento interno da mesma, apresentada pelo seu Decano, o Revmo. Cônego Martim Segü Girona.

Em 15 de agosto de 2014, Sua Eminência o Senhor Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano e Grão-chanceler da Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo nomeou o Revmo. Padre Carlos Roberto Santana da Silva como Vice-Decano da mesma, pelo período de 4 anos. Na mesma data, erigiu o Conselho Diretivo da Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo e nomeou como membros S. Excia.

Revma. Dom Tarcísio Scaramussa, Bispo Coadjutor de Santos; S. Excia Revma. Dom Sergio de Deus Borges, Bispo Auxiliar de São Paulo; S. Excia. Revma. Dom Roberto Fortes Palau, Bispo Auxiliar de São Paulo, pelo período de 4 anos. Nomeou ainda o Revmo. Padre Jean Rafael Eugênio Barros para o cargo de Secretário Geral da Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo para um mandato de 4 anos.

Ronald Quene é bacharel em direito

erramos Na edição 3015, de 20 a 26 de agosto, na reportagem “A busca da terra na selva de pedra, um drama contado em guara-

ni”, páginas 12 e 13, Benedito Prezia foi apresentado como membro do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), mas

ele é membro da Pastoral Indigenista da Arquidiocese de São Paulo e não do Cimi.


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| Reportagem | 11

A Igreja e a participação no processo eleitoral para o cargo de deputado federal, há dois candidatos pelo Partido Social Democrata Cristão (PSDC), que se intitulam padres, mas não são da Igreja Católica Apostólica Romana, e não deixam claro essa informação em seus sites ou perfis de campanha política. Para o cargo de deputado estadual, três candidatos se apresentam como padres. Dois deles, Padre Afonso e Padre D’Elboux, são sacerdotes Católicos e receberam licença de seus respectivos bispos, conforme prevê o Código de Direito Canônico. Já o candidato Padre Félix, não é membro da Igreja Católica Apostólica Romana.

Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com

“Ninguém pode nos exigir que releguemos a religião para a intimidade secreta das pessoas, sem qualquer influência na vida social e nacional, sem nos preocupar com a saúde das instituições da sociedade civil, sem nos pronunciar sobre os acontecimentos que interessam aos cidadãos”. Assim afirma o Papa Francisco, na Evangelii Gaudium, e o Secretariado de Pastoral da Arquidiocese de São Paulo o transcreve no documento “Eleições 2014: Orientações para as Comunidades Católicas da Arquidiocese de São Paulo”. Com o apoio da PUC-SP e da União dos Juristas Católicos (Ujucasp), as Orientações são compostas de 12 pontos que buscam levar o eleitor a uma consciência de seu papel de cidadão na construção de uma política democrática. “A eleição é uma oportunidade para confirmar os políticos e os partidos que estão nos cargos públicos e o modo como estão governando e legislando; ou para mudar os mandatários e os rumos da política do País e do Estado. Os cristãos são chamados a participar ativamente na edificação do bem comum, escolhendo bons governantes e legisladores e acompanhando com atenção o exercício de seus mandatos”, afirma o segundo ponto do Documento, que pode ser lido na íntegra no Site da Arquidiocese (www.arquidiocesedesaopaulo. org.br). Além de indicar que os fiéis conheçam seus candidatos, as Orientações para as Comunidades Católicas salientam a preocupação com o combate à corrupção eleitoral e à escolha, por parte dos eleitores, de candidatos comprovadamente corruptos. “Não votar em candidatos comprovadamente corruptos, envolvidos em escândalos, que promovam

discriminação ou intolerâncias, ou tenham como parte de seu programa e partido a aprovação de leis contrárias à justiça, aos direitos humanos, ao pleno respeito pela vida humana, à família e aos princípios da própria fé e moral”. Para o jurista Ives Gandra Martins, presidente da Ujucasp, as orientações são “absolutamente necessárias”. De acordo com ele, o documento não toma “posição em relação aos candidatos”, apenas mostra “quais são os critérios que os católicos devem usar para escolher seus candidatos”, ressaltando que “aqueles que não ostentaram os valores próprios de uma vida condizente com a dignidade que o Cristianismo trouxe para o ser humano, não devem ser votados”. Para a coordenadora da Pastoral Fé e Política da Arquidiocese de São Paulo, Carmen Cecília de Souza Amaral, a Caci, as Orientações são um “instrumento útil para início e ampliação de debates sobre o processo eleitoral”, facilitando as oportunidades para que pequenos grupos as comunidades paroquias “expressem as possibilidades e dificuldades para a formação de critérios para a melhor escolha possível de partidos e candidatos”. Caci destaca ainda, que o conjunto das orientações forma um “conteúdo abrangendo pontos nevrálgicos das possibilidades de participação e de testemunho cristão no mundo da política”. E esse conteúdo, que traz alguns itens específicos para o universo

cristão, pode e deve ser comunicado a toda a sociedade, colaborando para a criação de uma cultura que valorize a interferência ativa na política. “A sociedade não é mera espectadora. O povo, além de ser constitucionalmente o soberano detentor do poder de governar, também, constitucionalmente, é chamado a participar, decidir, fiscalizar e exercer o controle social sobre o governo escolhido”, afirmou Caci. Ainda sobre a participação dos cristãos na política, o doutor Ives destacou esperar que os fiéis, “como são defensores dos valores cristãos, venham considerá-los no momento em que forem votar”.

Padres na eleição Quem acompanha o horário eleitoral já deve ter visto candidatos que se intitulam “padre”, mas o que diz a Igreja sobre clérigos se candidatarem ou assumirem cargos públicos? De acordo com o Código de Direito Canônico, no cânon 285, parágrafo 3º, “os clérigos são proibidos de assumir cargos públicos que implicam

participação no exercício do poder civil”. Na nota de rodapé, o referido Código salienta que o poder civil a que se refere o parágrafo 3º, deve “entender-se tanto do legislativo quanto do executivo e do judiciário”, destacando que os “inconvenientes dessa presença são maiores do que as vantagens que dela poderia derivar-se”. As Orientações divulgadas pela Arquidiocese de São Paulo, no ponto nove, destacam que a Igreja já possui orientações sobre a participação de membros do clero no exercício de cargos públicos ou de militância partidária, e que essa política “é espaço de atuação dos cristãos leigos, que neles podem exercer melhor seu direito e dever de cidadania, orientados pelos princípios da fé e da moral cristã, e contribuir para a edificação do bem comum”. Segundo apurou a reportagem,

Templos como palanque As Orientações para as Comunidades Católicas da Arquidiocese de São Paulo “ressaltam” que “os templos e lugares de culto, bem como os eventos religiosos, não devem ser usados para a propaganda eleitoral partidária”, item esse que consta na Lei 9504, art. 37, parágrafo 4º, “bens de uso comum, para fins eleitorais, são os assim definidos pela Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil e também aqueles a que a população em geral tem acesso, tais como cinemas, clubes, lojas, centros comerciais, templos, ginásios, estádios, ainda que de propriedade privada”. “A Igreja Católica Apostólica Romana valoriza a liberdade de consciência e as escolhas autônomas dos cidadãos. A religião não deve ser usada como ‘cabresto político’ e as comunidades da Igreja não devem ser transformadas em ‘currais eleitorais’”, afirmam as Orientações. Luciney Martins/O SÃO PAULO

O documento “Eleições 2014: Orientações para as Comunidades Católicas da Arquidiocese de São Paulo” pode ser baixado no site Arquidiocesano


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27 de agosto a 2 de setembro de 2014 | www.arquidiocesedesaopaulo.org.br

por Daniel Gomes, Edcarlo osaopaulo@

Um estado, nove candid Pt Alexandre Padilha Saúde Pública: Fortalecimento do SUS, com planejamento e coordenação de serviços humanizados, na hora em que a pessoa precisa, próximos à residência, à escola ou ao trabalho. Em parceria com municípios e entidades filantrópicas, ampliar a Rede Lucy Montoro para as modalidades: auditiva, visual, física e intelectual. “Temos, potencialmente, a maior plataforma industrial de medicamentos do Hemisfério Sul. Vamos fomentar a articulação dos setores público, privado e acadêmico”. Educacão: Investir em infraestrutura, em capacidade de gestão de equipes, reorientação curricular, formação sistemática e permanente dos educadores e avaliação do sistema educacional. Ampliar a educação em tempo integral. Expandir o Pronatec e oferecer um programa de intercâmbio internacional para estudantes do ensino médio. As escolas públicas terão banda larga e wi-fi. Haverá um programa de transporte noturno para quem estuda em áreas de elevado índice de violência.

Propostas não faltam nos horários eleitorais na tevê, no rádio e nos debates. São elas, as propostas, a apresentação dos projetos de governo de cada candidato que fazem com que, em cada eleição, as opiniões se dividam e os eleito-

Habitação: Estimular a oferta de casas pela CDHU e o Casa Paulista; Ampliar o programa de urbanização de favelas, erradicação de cortiços e recuperação de assentamentos precários; Estabelecer a política estadual de reassentamento habitacional para apoio às obras de infraestrutura urbana a cargo de empresas ou concessionárias de serviços públicos; Manter linha de microcrédito subsidiado para o programa de melhoria habitacional, em parceria com o Banco do Povo Paulista.

Psol Gilberto Maringoni

Saúde Pública: Entrega de 11 hospitais; Ampliar a quantidade de AMEs, que têm médicos especialistas, a Rede Lucy Montoro, que atende pessoas com deficiência, além da Rede Hebe Camargo para atendimento, tratamento do câncer; valorização dos profissionais de saúde; Implantar a rede estadual de prevenção, diagnóstico, tratamento e internação dos pacientes com DST/AIDS e hepatites; Ampliar a rede de internação para dependentes químicos; implantar o cartão SUS em São Paulo.

de reportagens e a de governo dos cand vo Paulista. Nesta e os projetos para as educação e saúde. A nário entrevistará o

Educação: Ênfase ao ensino integral, elevando para 120 mil vagas o “Vence”, em que o aluno faz o ensino médio e o técnico juntos; Ampliação do “Creche Escola”; prosseguir o planejamento de valorizar os professores; Criar um programa de formação inicial de professores, em regime integral; Criar um programa de desenvolvimento de habilidades sócio-emocionais para os alunos da rede estadual; Aperfeiçoar a infraestrutura física e tecnológica das escolas.

Habitação: No plano de governo do candidato enviado à reportagem não há propostas específicas para a área de habitação.

PsdB Geraldo Alckimin

res façam suas escolhas. Afinal, serão os eleitos que, nos próximos quatro anos (2015-2018), irão representar o povo brasileiro nos estados e no governo federal. O SÃO PAULO preparou uma série

Saúde Pública: Inversão de prioridades no orçamento, com estabelecimento de valores mínimos vinculados; Valorização do servidor público; Fim das OSs nos serviços de saúde e recuperação dos equipamentos dessa área por parte do Estado. Educação: Estabelecer um regime de colaboração com os municípios para buscar soluções para a educação infantil, que garanta atendimento integral às crianças; Reforma curricular do ensino fundamental e do ensino médio; Revisão da fonte de recursos das universidades estaduais; Discussão e instituição do PEE (Plano Estadual de Educação), com forte participação da sociedade civil; Valorização dos profissionais de educação.

Habitação: “A lógica do lucro ao capital prevalece no campo e na cidade, disputando terras e expulsando a população dos espaços de direito econômico e social. Invertemos essas prioridades e afirmamos a necessidade de uma reforma agrária e urbana que ressignifique o território e coloquem a sustentabilidade social e ambiental no centro da ocupação das terras no estado de São Paulo, lutando contra a hegemonia do agronegócio no campo e da especulação imobiliária nas cidades”.

Pv Gilberto Natalini Saúde Pública: Implementar políticas do financiamento do SUS, inclusive aumentando o percentual do financiamento estadual destinado ao SUS; Exigir a destinação dos recursos federais para o financiamento do SUS; Estreitar o relacionamento

e as parcerias entre a rede estadual e as redes municipais de assistência; Integração dos sistemas para reduzir as filas de espera. Ampliar a oferta de consultas com especialistas e de exames de imagem e laboratoriais à população. Educação: Promover a integração das especificidades culturais, regionais e patrimônio ambiental; Definição de uma política de metas para avaliação e premiação dos professores; Promover a educação para a sustentabilidade, ampliar a escola de tempo integral, tanto no ensino fundamental como no ensino médio; Disseminar o ensino de idiomas e da microinformática, “essenciais num mundo globalizado e altamente tecnológico”. Habitação: Implementar a política de habitação sustentável; Estabelecer regras e incentivos nesse sentido para os projetos privados e dos municípios; Ampliar a oferta de habitações populares e próximas ao local de trabalho; Fomentar o adensamento das cidades; Realocar para locais com infraestrutura adequada a população que ocupa áreas de risco e de preservação permanente com recuperação ambiental destes locais.

PHS Laércio

Saúde Pública programas de me reduzir drasticamen ra por consultas e e públicos e usar os r pelo SUS de forma volver um program médicos formados públicas para qu atuem no serviço p mais distantes; amp de medicamentos g ao atendimento de e drogas.

Educação: Mel de trabalho, segura remuneração de pr com a progressão c evitar o analfabetism mulo à produção ci al nas escolas técnic


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os Bispo e Nayá Fernandes @uol.com.br

datos e muitas propostas

apresenta os planos ndidatos ao Executiedição, são tratados áreas de habitação, Além disso, o Semaos candidatos para

o Benko

ca: Implementar edicina preventiva, nte as filas de espeexames nos serviços recursos repassados a planejada; Desenma de residência para s em universidades ue necessariamente público em regiões mpliar a distribuição gratuitos; e atenção e usuários de álcool

lhorar as condições ança, capacitação e rofessores e acabar continuada, a fim de mo funcional; Estiientífica e intelectucas e universidades,

aprofundar esses projetos e proporcionar aos eleitores o conhecimento da opinião dos candidatos sobre questões que tocam os valores cristãos. Por ordem alfabética, as propostas dos candidatos Alexandre Padilha (PT),

Geraldo Alckmin (PSDB), Gilberto Maringoni (PSOL), Gilberto Natalini (PV), Laércio Benko (PHS), Paulo Skaf (PMDB), Raimundo Sena (PCO), Wagner Farias (PCB) e Walter Ciglioni (PRTB) são apresentadas a seguir.

Luciney Martins/O SÃO PAULO

e mais barata; Atrair para o Estado de São Paulo o máximo de recursos de programas federais, a exemplo do Minha Casa Minha Vida; Incentivar projetos privados e PPPs para moradia popular.

PCO Raimundo Senna

com o foco em melhoria dos serviços públicos; Educação em período integral; e auxilio aos municípios para garantia de vagas a todas as crianças e jovens. Habitação: Uso de novas tecnologias de construção que sejam mais rápidas, econômicas e sustentáveis; Aproveitar a existência de rede de transporte, saneamento, equipamentos de saúde e educação para construir as moradias sociais e diminuir a distância entre moradia e trabalho, contemplando, ainda, a aproximação aos equipamentos públicos de esporte, cultura e lazer. Transferir a população de áreas de risco para áreas de moradia popular, respeitando a proximidade geográfica.

PMDB Paulo Skaf Saúde Pública: Construir novos hospitais e Ambulatórios Médi-

cos de Especialidades (AMEs) para aumentar a oferta de serviços nas regiões do estado menos atendidas, podendo ser concretizados por meio de parcerias público-privadas; Criar mecanismos de articulação dos serviços municipais e estadual, buscando eficiência e efetividade na prestação dos serviços de saúde. Em ação conjunta com os municípios, estabelecer mecanismos que permitam incrementar o alcance do Programa Saúde da Família. Educação: Apoiar os municípios na construção e operação de creches; Incentivar a criação de vagas em creches de organizações beneficentes e/ou religiosas; Extinção da progressão continuada; Ensino em tempo integral; Implementar um plano escalonado para a universalização do ensino em tempo integral na rede estadual de Ensino; Valorização da carreira do professor. Habitação: Aumentar a eficácia solução dos problemas habitacionais do estado - e a produtividade dos recursos destinados à habitação; Incentivar o desenvolvimento de novas tecnologias para a construção de moradias populares de maneira mais eficiente

Educação: Estatização das escolas privadas. Fim da municipalização e de todas as medidas de destruição do ensino público. Colocar as escolas sob o controle da comunidade escolar (educadores, pais e alunos). Governos tripartites nas universidades: estudantes, funcionários e professores. “Não ao golpe das escolas de tempo integral em parceria com grupos capitalistas”. Fim da “aprovação automática”. Jornada máxima 26 horas/ aula semanais. Saúde Pública: Acabar com o comércio da saúde, através da expropriação dos grandes laboratórios farmacêuticos. Atendimento público e de boa qualidade em todas as áreas da saúde. Plano Nacional de emergência, sob o controle dos trabalhadores da saúde e da população explorada em geral, por meio de suas organizações de luta, “para combater as endemias e epidemias que massacram o povo brasileiro” e imediata implementação de um plano de obras públicas para garantir saneamento básico e moradia. Habitação: Estatização do Sistema Financeiro da Habitação sob o controle dos trabalhadores para garantir crédito barato e desburocratizado à população de baixa renda, para a aquisição da casa própria. Na área da habitação, apenas para a construção de moradias populares, sem lucros para os banqueiros, especuladores e grandes empreiteiras. Expropriação das residências ociosas e imóveis destinados à especulação, para garantir moradia para toda população trabalhadora.

PCB Wagner Farias Saúde Pública: Reestatização dos serviços de saúde pública e extinção dos contratos com as organizações sociais. Educação: Reorganização do sistema educacional, com educação integral e garantia de 1/3 da jornada dos professores fora da sala de aula para realização de estudo, pesquisa e preparação de aulas. Habitação: Reforma urbana com a desapropriação de todos os imóveis e terremos abandonados, visando a construção de moradias populares.

PrtB Walter Ciglioni Saúde Pública: Criação de um Sistema Integrado de Informação da Saúde Pública. Uso do cartão SUS para armazenar os dados do paciente, incluindo o próprio prontuário eletrônico unificado, assim como o controle na compra de medicamentos nas farmácias populares. Criação de um Plano de Saúde do Governo de São Paulo, com o qual o cidadão contatará com procedimentos com desconto, similares aos planos particulares; Médicos e dentistas presentes nas escolas estaduais. Educação: Com realojamentos tributários, pretende aplicar verbas em novos sistemas. Uma das propostas é a escola digital pública, na qual o estado locará laptops e tablets para que estudantes e professores acessem uma biblioteca virtual para aulas à distância. Haverá um portal participativo orientado para que professores e gestores de escolas troquem experiências e conteúdos. Em contato com as prefeituras, trará a iniciativa privada para patrocinar o transporte escolar gratuito. Habitação: No plano de governo do candidato enviado à reportagem não há propostas específicas para a área de habitação.


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Orientacões do Magistério sobre o voto Filipe David

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

O catecismo e a cidadania “Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor, teu Deus, te dá” (Ex 20,12). Segundo o Catecismo, “a família é a célula originária da vida social” (2207) e, portanto, o quarto mandamento também “ilumina os deveres daqueles que exercem a autoridade, bem como os daqueles que por esta são beneficiados” (2234). O Catecismo ensina também que “é dever dos cidadãos colaborar para o bem da sociedade”, porque “o amor e o serviço à pá-

tria derivam do dever de gratidão e da ordem da caridade” (2239). Esse dever implica normalmente “o pagamento de impostos, o exercício do direito de voto, a defesa do país” (2240). A obediência e o respeito às autoridades legítimas sejam um dever do cidadão, no momento em que suas prescrições se opõem “às exigências da ordem moral, aos direitos fundamentais das pessoas ou aos ensinamentos do Evangelho” (2242), o cidadão está obrigado em sua consciência a não segui-las.

Sobre o dever de votar Com relação ao voto, a Igreja

deixa aos leigos a decisão de julgar qual partido e qual candidato é mais indicado para a promoção do bem comum. No entanto, essa escolha deve ser feita de acordo com os princípios da moral católica. Nem toda escolha é moralmente aceitável. Em primeiro lugar, a Igreja se opõe claramente a todas as ideologias totalitárias. Assim ensina a Carta Encíclica Centesimus Annus (São João Paulo II, 1991): “A cultura e a práxis do totalitarismo comportam também a negação da Igreja. O Estado, ou então o partido, que pretende poder realizar na história o bem absoluto e se arvora por cima de todos os

valores, não pode tolerar que seja afirmado um critério objetivo do bem e do mal para além da vontade dos governantes, o qual, em determinadas circunstâncias, pode servir para julgar o seu comportamento. Isso explica porque o totalitarismo procura destruir a Igreja ou, pelo menos, subjugá-la, fazendo-a instrumento do próprio aparelho ideológico”.

Igreja e marxismo Um exemplo de ideologia totalitária é o marxismo: “[O totalitarismo] na forma marxistaleninista, defende que alguns homens, em virtude de um conhecimento mais profundo das leis do desenvolvimento Luciney Martins/O SÃO PAULO da sociedade, ou de uma particular consciência de classe ou por um contato com as fontes mais profundas da consciência coletiva, estão isentos de erro e podem, por conseguinte, arrogar-se o exercício de um poder absoluto. Acrescente-se que o totalitarismo nasce da negação da verdade em sentido objetivo: se não existe uma verdade transcendente, na obediência à qual o homem adquire a sua plena identidade, então não há qualquer princípio seguro que garanta relações justas entre os homens” (Idem). Por isso, na hora de escolher um candidato, deve-se considerar se ele não baseia sua ação política em uma ideologia totalitária, como o comunismo. Essas ideologias foram muitas vezes condenadas pelo Magistério da Igreja, como se vê nos seguintes documentos: Quanta Cura (Pio IX, 1864), Syllabus Errorum (Pio IX, 1864), Quod Apostolici Muneris (Leão XIII, 1878), Diuturnum Illud (Leão XIII, 1881), Humanum Genus (Leão XIII, 1894), Divini Redemptoris (Pio XI, 1938) e o Decretum contra Communismum (Pio XII, 1949). Dado o grande número de políticos que ainda hoje professam o socialismo, destaca-se um trecho da Quadragesimo Anno

(Pio XI, 1931), em que o socialismo é condenado explicitamente mesmo em suas formas mais atenuadas: “O socialismo, quer se considere como doutrina, quer como fato histórico, ou como ‘ação’, se é verdadeiro socialismo, mesmo depois de se aproximar da verdade e da justiça nos pontos sobreditos, não pode conciliarse com a doutrina católica; pois concebe a sociedade de modo completamente avesso à verdade cristã. (...) Socialismo religioso, socialismo católico são termos contraditórios: ninguém pode ser ao mesmo tempo bom católico e verdadeiro socialista”.

Cidadania e o aborto Diversos documentos do Magistério da Igreja mostram que os governantes têm a obrigação de defender a vida e a família, já que “o aborto e o infanticídio são crimes abomináveis” (Gaudium et Spes). Pode-se mencionar aqui os seguintes exemplos: Arcanum Divinae Sapientiae (Leão XIII, 1880), Casti Conubii (Pio XI, 1930), Humanae Vitae (Paulo VI, 1964), Gaudium et Spes (Paulo VI, 1965), Familiaris Consortio (São João Paulo II, 1981), Instrução sobre o respeito à vida humana (Congregação para a Doutrina da Fé, 1987) e a Encíclica Evangelium Vitae (São João Paulo II, 1995), da qual destaca-se o seguinte trecho: “as leis que legitimam a eliminação direta de seres humanos inocentes, por meio do aborto e da eutanásia, estão em contradição total e insanável com o direito inviolável à vida, próprio de todos os homens, e negam a igualdade de todos perante a lei.” Numa democracia, quem escolhe os governantes é o cidadão, pelo exercício do seu direito de voto. Assim, à responsabilidade dos governantes com relação ao respeito à vida humana e à família, corresponde a obrigação de escolher candidatos e partidos que defendam não só no discurso, mas também na prática, esses mesmos princípios, e de se engajar na atividade política, terreno próprio dos leigo. Nesse sentido, o Papa Francisco ensina na sua exortação apostólica Evangelii Gaudium que “A política, tão denegrida, é uma sublime vocação, é uma das formas mais preciosas da caridade, porque busca o bem comum”, e tem dito em alguns pronunciamentos que, para os católicos, “envolver-se na política é uma obrigação”.


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Carlos Alberto di Franco

‘Rasgar a embalagem do candidato e mostrar o conteúdo’ Roberto Zanin

Roberto Zanin

lidade. Nenhum jornal é neutro e nem deve ser. É óbvio que quando eu leio uma informação no Le Monde ou no Nem York Times há isenção, mas a maneira de tratar a informação é diferente. O leitor espera que o jornal expresse o que ele espera do perfil editorial do veículo.

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

O jornalista e professor de ética em comunicação, Carlos Alberto di Franco, acredita que, em época de eleições, a mídia tem um papel fundamental: prestar um serviço ao eleitor e mostrar o verdadeiro candidato que, muitas vezes, se esconde sob a camada fabricada pelos marqueteiros. Abaixo segue a entrevista que pode ser vista na íntegra no Site da Arquidiocese (www.arquidiocesedesaopaulo.org.br).

As pesquisas de intenção de voto ganham grande destaque excessivo na mídia?

O SÃO PAULO - Qual o modelo de ética jornalística em cobertura eleitoral? Carlos Alberto di Franco - Mais do que modelo ético, o que se deve fazer é bom jornalismo. Isso significa que o papel da imprensa deve ser rasgar a embalagem que o marketing fabrica para os candidatos e mostrar o produto, o candidato real. Vemos no Brasil e em outros países o domínio do marketing político, ferramenta legítima, mas que no Brasil se tornou um instrumento que matou a política. Apresenta um produto muito bem embalado, vistoso, atraente. O debate político não reside nisso, mas em mostrar quem é o candidato. O trabalho do jornalismo feito com ética é rasgar a embalagem e mostrar o produto.

Como a imprensa pode ajudar a desnudar esse candidato “fabricado” e mostrar o verdadeiro? Com a força dos fatos. Fazer a devida apuração para mostrar que essa figura meiga e simpática, moldada pelo marqueteiro, talvez não seja nem meiga, nem simpática. Jornalismo é contraponto. Exatamente o contrário do marketing político, que, aliás, está fazendo o que o cliente espera que ele faça. Só que esse não é o papel do jornalismo.

Qual a melhor estratégia para que a mídia mostre o retrato mais fiel possível do candidato para o eleitor? Mostrar quais são as propostas do candidato para temas que interessam à população: Saúde, Educação, Mobilidade Urbana, Segurança Pública. Demandas que foram expostas nas manifestações de junho do ano passado. A mídia tem que divulgar o que o candidato pretende fazer e se ele tem propostas concretas, políticas públicas que sejam factíveis. Por exemplo: o candidato diz que vai transformar a situação da saúde pública. O que o jornalista deve fazer? Deve perguntar “com qual orçamento?”

O que o senhor acha do horário eleitoral gratuito?

que os candidatos informam se torna ainda mais importante?

A programação eleitoral gratuita já começa errada porque não há tempo igual para todo mundo. É uma falácia dizer que a propaganda eleitoral coloca todos no mesmo patamar. Além disso, o horário eleitoral é marketing puro. O candidato promete, por exemplo, que vai fazer uma revolução na saúde, mas não explica como vai fazer.

O que eles dizem deve ser o ponto de partida da matéria; não o ponto de chegada. Temos bancos de dados, elementos e analistas que podem ser consultados para confrontar o que é dito.

Quais os erros mais frequentes que a imprensa comete ao cobrir as eleições? Diria que há um erro fundamental e os demais equívocos têm sua origem nele: o jornalismo de aspas, quem fica no declaratório e que não vai além do declaratório. Se você analisar as páginas de política nesse período, verá que os jornais são espaço de bate-boca, de polêmica. Por exemplo, a Dilma fustiga o Aécio com uma frase e o Aécio responde essa frase. Ficamos cobrindo esse show político e não as políticas públicas. Não discutimos profundamente as questões. Por exemplo, a candidata Dilma está falando que se tiver um novo mandato, vai fazer o que não teve condições de fazer no primeiro. O jornalista deve perguntar: uma mudança para que, efetivamente? Por que não aconteceu no primeiro mandato? Durante quatro anos não teve investimento em infraestrutura, a gestão foi centralizadora, houve perda de capacidade de crescimento da indústria. Qual argumento que a candidata tem para dizer que o próximo mandato vai ser melhor? Veja o Plano de Aceleração do Crescimento, o PAC. Já estamos no terceiro. O papei do jornal não é divulgar o PAC 4, mas mostrar quais foram os resultados dos outros três PACs.

Em época de eleições, investigar e checar os dados

Outro tema que o senhor aborda em seus artigos é a importância de que a cobertura das eleições seja focada no eleitor. Isso não acontece? O eleitor é o grande ausente no noticiário. A agenda dos jornais continua sendo determinada pelos candidatos. O que ele diz ou coisas que as assessorias de comunicação divulgam. O papel do jornalismo deve ser ouvir o eleitor, conhecer suas queixas, identificar suas carências e cobrar soluções dos candidatos. O centro do debate deve ser o cidadão, não o candidato ou a própria imprensa.

Todo jornalista tem preferência política. Isso é levado para o noticiário? Penso que nesse sentido houve um avanço bastante grande. As redações estão menos partidárias. O jornalista sempre será uma pessoa que teve formação para duvidar, questionar. Se compararmos o que ocorria 20, 30 anos atrás, veremos que hoje há mais isenção. Os meios de comunicação têm sua linha editorial. De forma geral, conseguem que o espaço da informação, o noticiário, seja isento ou acabam contaminando as notícias com a opinião do veículo? Deve haver um esforço para que haja isenção, que é diferente de neutra-

Acho que não. É um instrumento importante em qualquer democracia do mundo, mas as pesquisas têm que ser bem interpretadas. A mídia não pode se tornar refém das pesquisas. Os principais meios de comunicação têm todos os elementos e especialistas para interpretar e fazer a leitura da pesquisa.

As redes sociais ocupam cada vez mais espaço na sociedade. O jornalismo tradicional deve tomar cuidado com o que se propaga nesses ambientes virtuais? A rede social é o grande problema moderno. Uma ferramenta espetacular que se tornou finalidade. Há nesse ambiente o desejo de protagonismo, de opinar. Mas para opinar, a pessoa deve ter capacidade para enxergar e analisar os fatos. A quantidade de notícias falsas propagadas na internet é impressionante. E o pior: o Brasil está perdendo a capacidade de matizar as opiniões. No Facebook, as discussões tomam forma de “Fla-Flu”. Ou a Dilma é um demônio ou é uma santa. E ela não é nem uma coisa nem outra. Tem defeitos e tem virtudes. A regra na internet é só aplaudir o pensamento igual ao meu ou agredir quem pensa diferente; é um empobrecimento. Isso ocorre inclusive quando o tema é religião. E a democracia é um sistema de abertura ao contraponto, de conversa, de reflexão. Eliminar isso não é nada bom para o País.

Os modelos atuais de debate na TV propiciam que se saiba o que realmente os candidatos pensam? Penso que o principal problema está na estrutura das eleições. Há uma quantidade imensa de candidatos de partidos que não representam ninguém e que participam dos debates. Deveriam participar apenas os candidatos que realmente são viáveis. E o formato dos debates está desgastado. O candidato fica engessado, com tantos minutos para responder as perguntas, tantos para a réplica. Mas é melhor que o horário eleitoral gratuito, sem dúvida.


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27 de agosto a 2 de setembro de 2014 | www.arquidiocesedesaopaulo.org.br


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Uma paixão centenária: entre amigos e de pais para filhos Fotos: Arquivo pessoal

Jornal O SÃO PAULO relembra a história do ‘Alviverde Imponente’, pelo olhar de uma família palestrina Daniel Gomes

danielgomes.jornalista@gmail.com

“Todos que desejarem participar da criação de um clube italiano de futebol devem comparecer, às 20h de hoje, no número 2 da Rua Marechal Deodoro, Salão Alhambra, para uma reunião”. Talvez os italianos Luigi Cervo, Ezequiel De Simone, Luigi Emanuell Marzo e Vicenzo Ragognetti, moradores do Brás, em São Paulo, não imaginassem que esse anúncio que fizeram na edição de 19 de agosto de 1914 do jornal Fanfulla, mantido pela colônia italiana, se transformaria na “certidão de nascimento” do clube que hoje reúne mais de 12 milhões de torcedores. A Società Palestra Itália surgiu uma semana depois daquele anúncio, em 26 de agosto de 1914. O nome foi mantido até 14 de setembro de 1942, quando clube passou a se chamar Sociedade Esportiva Palmeiras, atendendo à determinação do Ministério da Justiça de que nenhuma entidade esportiva tivesse o nome de outros países, por conta da participação do Brasil na 2ª Guerra Mundial.

Amor alviverde em família: Felippe, 9, é palmeirense, assim como o avô José Bento Pane, 82, e o pai, Eduardo César, 49

Naquele ano de 1942, o Palmeiras conquistou o Campeonato Paulista de Futebol, torneio que venceu 22 vezes, a primeira em 1920 e a última em 2008. Aliás, o Verdão, como é chamado pela torcida, foi o único clube que barrou o “Santos de Pelé” no Paulistão, sendo campeão em 1959, 1963 e 1966.

Uma família alviverde Em 6 de março de 1958, Palmeiras e Santos se enfrentaram no estádio do Pacaembu, um jogo inesquecível para muitos torce-

dores palmeirenses, entre estes José Bento Pane, 82. “Foi espetacular, apesar da derrota, porque o Palmeiras perdia por 5x2 [ao final do primeiro tempo], virou o jogo para 6x5 e perdeu por 7x6. Um clássico de 13 gols, em que do lado palmeirense tínhamos Mazzola [fez dois gols] e pelo Santos, Pelé [um gol]”. José Bento é natural de Ibaté (SP) e viveu por muitos anos na capital paulista. “Já nasci palmeirense”, contou, lembrando que a torcida pelo clube “era uma forma de brincar com meu pai,

que era corintiano”. Ele cresceu ouvindo os jogos do time pelo rádio e transmitiu o amor pelo Verdão aos dois filhos. Um deles, Eduardo César Canini, 49, não se esquece de um jogo em que assistiu: Palmeiras 2x1 Portuguesa. “Na época, era a denominada ‘Academia’ e lembro que o segundo gol do Palmeiras foi feito pelo Ademir da Guia”. O “Divino”, como ficou conhecido, jogou pelo Palmeiras entre 1961 e 1977, tendo conquistado cinco títulos nacionais e é considerado por José Bento, e por muitos ou-

MUNDO DOS ESPORTES

• Palestra Itália e Corinthians jogaram pela primeira vez 1917, pelo Campeonato Paulista. Deu Verdão, 3x0. Naquele ano, o Alviverde ficaria com o vice-campeonato. O inédito título só viria em 1920, quando o clube superou o time do Paulistano.

• O Palmeiras tem 22 títulos paulistas e 12 títulos nacionais - Taça do Brasil (1960 e 1967), Torneio Roberto Gomes Pedrosa (1967 e 1969), Brasileirão (72,73, 93 e 94), Copa do Brasil (98 e 2012) e Série B do Brasileiro (2003 e 2013). As maiores conquistas internacionais são a Taça Libertadores, em 1999, e a Copa Rio, em 1951, recentemente reconhecida pela Fifa como título mundial. • O Palmeiras não é só futebol. O clube monta equipes de basquete desde 1923 e também têm tradição no fut-

‘Torcida que canta e vibra’... e espera melhoras O filho de Eduardo, Felippe da Rocha Pane, 9, também é palmeirense e até já jogou na escolinha de futebol do clube. “Ganhamos todos os campeonatos disputados, invictos”. Para ele, o ano de 2012 foi o de maior alegria, com a conquista da Copa do Brasil, mas de tristeza com o rebaixamento para a Série B do Brasileirão. Também para o avô e o pai, os rebaixamentos em 2002 e 2012 foram os piores do Palmeiras, tanto assim que o José Bento até brinca que os seus presentes ao clube pelo centenário seriam “meu par de chuteiras, não deixar cair de novo para a Série B e a contração de um craque de referência”. Já Eduardo pede “renovação completa da diretoria e de alguns jogadores”, fazendo coro ao que manifestou parte da torcida alviverde em uma das festas de comemoração do centenário, no sábado, 23, na praça da Sé, que reuniu cerca de 4 mil torcedores e ídolos do clube, com o ex-goleiro Marcos, que jogou por 20 anos no Palmeiras, sendo o titular na conquista da Taça Libertadores da América de 1999. Por ora, a boa notícia mais próxima é a inauguração do novo estádio do time, o Allianz Parque, que deverá acontecer até o final de setembro.

AGENDA ESPORTIVA

Sociedade Esportiva Palmeiras • Embora tenha surgido em 1914, o primeiro jogo do clube só aconteceu em janeiro de 1915 contra o Savóia, de Votorantim (SP). Vitória alviverde por 2 a 0, com gols de Bianco e Alegretti.

tros torcedores, o maior craque da história alviverde.

sal e no tênis de mesa, O mesatenista Hugo Hoyama, dez vezes medalhista de ouro em jogos Pan-americanos, é jogador do Verdão. • Heitor Marcelino, o maior artilheiro do Palmeiras com 327 gols marcados, também jogou pela equipe de basquete. Ele foi atleta alviverde entre 1917 e 1931. Ao se aposentar, virou árbitro de futebol e apitou, em 28 de abril de 1940, o primeiro jogo oficial do estádio do Pacaembu, em que o Palestra Itália venceu o Coritiba por 6 a 2.

Quarta-feira (27) 19h30 - Brasileirão de Futebol Palmeiras x Atlético Mineiro (Pacaembu) Quinta-feira (28) 20h – Paulista de Basquete Masculino Paulistano x São José (Ginásio do Paulistano – rua Colombia, 77, Jardim América) Sábado (30) 14h30 – Paulista de Basquete Masculino Pinheiros x Internacional (Ginásio do Pinheiros – rua Hanz Nobiling, 132)

18h - Paulista de Basquete Masculino Palmeiras x Franca Basquete (Ginásio do Palmeiras – rua Turiassu, 1.840, Perdizes) 18h30 - Brasileirão de Futebol Palmeiras x Internacional (Pacaembu) Domingo (31) 16h – Brasileirão de Futebol Corinthians x Fluminense (Arena Corinthians)


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Brasilândia

Renata Moraes

Colaboradora de Comunicação da Região

Uma resposta de fé e esperança na Paróquia Santa Rosa de Lima

Na noite do sábado, 23, dia dedicado à memória de Santa Rosa de Lima, padroeira da América Latina e tam-

bém da paróquia no bairro de Perus, na zona noroeste de São Paulo, foi reinaugurado o templo, após um

ano e três meses de reforma. A missa que marcou a reinauguração foi presidida por Dom Milton Kenan Cibele Barbi

Júnior, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, e concelebrada pelos padres monfortinos (SMM) Luiz Augusto Stefani (Padre Luizinho), Superior da delegação geral dos Monfortinos do Brasil e Peru; Luciano Andreol, atual pároco; e Taddeo Pasini, vigário paroquial. A Paróquia, que foi construída em 1940, já tinha passado por algumas reformas, sendo a última há mais de 35 anos. E para atender melhor aos fiéis da matriz e das nove comunidades, iniciou-se, em 2013, a reestruturação da igreja. Em entrevista a Pascom Brasilândia, Padre Luizinho falou sobre as expectativas durante o processo. “A res-

posta do povo foi uma resposta de fé e esperança. Todos acreditaram e investiram: as pastorais, as comunidades, os jovens, todos trabalham muito e deram sua contribuição”. Todo o projeto arquitetônico e religioso foi alterado, painéis religiosos foram inseridos, nas laterais houve aberturas para iluminação solar. No altar, ao lado da imagem de Cristo ressuscitado as imagens de Santa Rosa de Lima e de Nossa Senhora de Guadalupe. foram alocadas. Os fiéis aprovaram as mudanças. “A nova estrutura da igreja significa para todos nós a renovação da fé e da vida. É um sonho de muito tempo sendo concretizado”, avaliou Fátima Trentin, líder de pastoral.

Formação sobre Evangelho de São Mateus tem grande adesão de leigos

Entre os dias 18 e 21, aconteceu na Região Episcopal Brasilândia uma semana de formação com o tema “Evangelho de São Mateus”. Os encontros foram divididos pelos setores pastorais que compõem a Região, registrando a participação de grande número de leigos em

todas as paróquias. Os Setores São José Operário e Freguesia do Ó se reuniram na Paróquia Santos Apóstolos e foram assessorados pelo Padre Raimundo Aristide da Silva. Os Setores Nova Esperança e Cântaros estiveram na Paróquia Santo Antônio, com a assessoria

Juçara Terezinha Zottis

de Maria Gisele Canário de Souza. Reunidos na Paróquia São Luiz Gonzaga, foi a vez de os Setores Jaraguá e Pereira Barreto serem orientados pelo assessor Paulo César Portellada. E por fim, o Setor Perus se reuniu na Paróquia São José, com a assessoria de Luiz Carlos Cataplan.

Festa de 434 anos da Freguesia do Ó terá ato inter-religioso Começaram no sábado, 23, os atos comemorativos dos 434 anos do bairro da Freguesia do Ó. Entre as atividades previstas acontecerá um

ato inter-religioso na quarta-feira, 27, às 20h, na Casa de Cultura Salvador Ligabue (Largo da Matriz, 215, na Freguesia do Ó, ao lado Paróquia

Nossa Senhora da Expectação). O encerramento das festividades será no mesmo local, na segunda-feira, dia 1º, às 19h30, em uma sessão sole-

ne da Câmara Municipal de São Paulo. Outras informações sobre a programação podem ser obtidas pelo telefone (11) 3931-8266.

Ricardo Luciano

Na tarde do domingo, 24, Dom Milton Kenan Júnior presidiu a celebração da Crisma na Paróquia São Judas Tadeu, no Setor Pastoral Nova Esperança, no bairro da Vila Miriam.


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da redação

Paulo Ruggieri

Arte e livro

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Belém

A Alegria do Evangelho na vida de quem encontra Jesus A equipe de Liturgia e Canto Pastoral da Região Episcopal Belém, promove no sábado, 30, das 8h às 18h, e no domingo, das 8h às 17h, o encontro anual regional que terá por tema “A Alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus!” A atividade será no Centro Pastoral São José (rua Álvaro Ramos, 366,

Aconteceu no sábado, 23, na Paróquia São José do Maranhão, no bairro do Tatuapé, a posse do novo pároco, o Cônego Walter Caldeira. A missa foi presidida por Dom Edmar Peron, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Belém, e contou com a presença de autoridades e de vários sacerdotes, entre os quais o Padre Eduardo Vieira dos Santos, atual cura da Catedral da Sé, função que já foi exercida pelo Cônego Walter.

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próximo ao Metrô Belém). As inscrições e informações podem ser obtidas em (11) 2693-0287. O curso contempla a formação litúrgica; aprendizagem de novo repertório litúrgico-musical para a celebração Eucarística, da Palavra, Ofício Divino, partes fixas, refrãos orantes, cantos litúrgicos, marianos e outros; além de troca de vivências.

O encontro será assessorado pela Irmã Idê Maria Cunha, pela Irmã Miria Kolling, com a colaboração especial de Giuliana Frozoni (regente e instrumentista, gestora pedagógica do Programa Guri - Santa Marcelina), e por toda a equipe da Região Belém. A celebração eucarística será presidida pelo Frei Telles Ramon, no sábado, às 17h.


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Santana

Diácono Francisco Gonçalves e Luiz Fernando Garcia

Colaboradores de comunicação da Região

Para unificar consciências dos Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão Diácono Francisco Gonçalves

Dom Sergio Borges saúda os ministros extraordinários da Sagrada Comunhão dos Setores Casa Verde e Imirim que se reunem no Colégio Consolata, dia 16, em encontro regional.

A Equipe Regional de Pastoral para Liturgia da Região Santana, sob a supervisão do Padre Everaldo Sanches Ribeiro, realizou no dia 16 um encontro com os Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão dos Setores Casa

Verde e Imirim, no Colégio Consolata, a despeito do mandato dos mesmos entre 2014 a 2016. “O evento não é de formação específica, já que os participantes recebem essa formação em liturgia, atendimento

ao doente, etc., nas próprias paróquias, mas tem o objetivo de unificar a consciência de todos sobre a função ministerial, pois, sendo mais de 2.600 Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão na Região Santana, é necessário

que haja um objetivo comum, senão, cada um cuida só dos problemas locais. Assim são apontadas visões de Igreja, de Região”, explicou Padre Everaldo. O encontro, o sétimo da história, teve palestras do Padre Dalmir Oliveira dos Anjos e do diácono Nilo José de Carvalho Neto. Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, esteve no encontro para orientar o trabalho missionário exercido pelo ministério. Essa formação faz parte da programação a ser dada em todos os setores da Região e que se iniciou, em 26 de julho, com os Setores Jaçanã e Tremembé, na Paróquia São Benedito. Os próximos encontros serão os seguintes: em 30 de agosto, das 8h às

12h30, para os Setores Santana, Tucuruvi e Mandaqui, na Paróquia Nossa Senhora da Salette (rua Doutor Zuquim, nº 1.746); e em 13 de setembro, das 8h às 12h30, para os Setores Medeiros e Vila Maria, na Paróquia Nossa Senhora da Candelária (praça Nossa Senhora da Candelária, nº 1). Os encontros se encerram no domingo, 14 de setembro, das 13h às 17h, na Paróquia Nossa Senhora dos Prazeres (avenida General Ataliba Leonel, 3.013) para aqueles ministros que não puderam ter formação nos sábados. A missa de entrega dos mandatos dos Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão será no dia 19 de outubro, às 15h, no Colégio Salesiano (rua Dom Henrique Mourão, 201).

Dom Sérgio exorta diáconos: ‘Preparem-se para transmitir a Palavra de Deus’ Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, reuniu-se, na quinta-feira, 21, na Cúria de Santana, com os diáconos que atuam na Região, para um

momento formativo e também de discussão sobre a função do diaconato. Inicialmente, o Bispo procurou, com base no Evangelho do dia, extrair dos participantes a mensagem do Diácono Francisco Gonçalves

Diáconos transitórios e permanentes da Região Santana reúnem-se com Dom Sergio para refletir sobre homilia em encontro realizado na Cúria de Santana

AGENDA REGIONAL Sábado (30), 8h às 12h30 Formação Mesac para os Setores Santana, Tucuruvi e Mandaqui, na Paróquia Nossa Senhora da Salette (rua Doutor Zuquim, 1.746). Terça (2) Às 8h30, reunião do clero na Cúria de Santana (avenida Mel. Eurico Gaspar Dutra, 1.877). Às 13h30, reunião de Dom Sergio Borges com coordenadores de setor na Cúria de Santana (avenida Mel. Eurico Gaspar Dutra, 1.877).

Texto Sagrado, evidenciando a importância de se preparar bem para poder transmitir a Palavra de Deus. O tema do encontro foi homilética, que é a ciência ou a arte de elaborar e expor uma pregação. Em sua exposição, Dom Sergio mostrou que o ato de comunicar está na base do conhecimento e do progresso humano, pois, segundo ele, é comunicando entre si que os seres humanos entram em contato autêntico, são e permanecem seres sociais, se entendem, realizam atividades e progridem. Um indivíduo excluído de qualquer comunicação com os próprios semelhantes terminaria por aniquilar-se. É portanto inegável a importância da comunicação, como confirmam as ocasiões cotidianas da vida nas quais se experimenta a contínua necessidade de estabele-

cer relações com os semelhantes. Entre as formas de comunicação tem um lugar importantíssimo a pregação da Palavra de Deus. Conforme a tradição, há três formas fundamentais de pregação: Kerigma, que é o anúncio do Evangelho a quem não crê, ou tem necessidade de reavivar a fé; Catequese, que é a exposição sistemática e metódica das verdades da fé a quem já acolheu a fé e tem necessidade de ser instruído sobre o seu conteúdo para torná-la regra de sua vida; Homilia que é conversação sobre a Sagrada Escritura e outros textos, que acontece em várias ocasiões e especialmente durante a celebração dos sagrados mistérios. Ao final do encontro, ficou agendada a continuação da reflexão para 24 de setembro, às 20h, na Cúria de Santana.

‘Espiritualidade na família: um casamento que dá certo’ Diversos eventos marcaram a Semana da Família deste ano na Paróquia Santa Teresinha, no Setor Santana, que teve como tema “Espiritualidade na Família: um casamento que dá certo”. Na segunda-feira, 18, jovens casais animaram com música e uma dinâmica o Sarau com Sopa. No dia seguinte, os jovens do grupo de Crisma apresentaram dois esquetes ressaltando a importância que eles dão à família. Foram marcantes os depoimentos espontâneos de dois jovens sobre o papel da comunidade em suas vidas e de como eles levam a espiritualidade para

a própria família. Na quarta-feira, 20, André e Ritinha Kawahala falaram sobre a espiritualidade cristã na família. Uma espiritualidade com “a cabeça no céu, mas com os pés fincados no chão, com a dimensão humana, realizada no dia a dia, a começar pela família”, como afirmou André. Nos dias seguintes, manifestações concretas dessa espiritualidade em família: a “Hora Santa pelas Famílias e pela Paz no Mundo” e a missa solene, com a participação do Coral Santa Teresinha. “Prometemos trabalhar ainda mais para o desenvolvimento espi-

ritual familiar e das relações entre os membros das famílias, buscando na Terra a concretização deste maravilhoso projeto de Deus: a família”, afirmou Luiz Fernando Garcia, coordenador da Pastoral Familiar. Já no âmbito da Região Santana, Dom Sergio de Deus Borges, bispo referencial da Pastoral Familiar na Arquidiocese de São Paulo, encerrou no dia 16 as atividades da Semana Nacional da Família, destacando, durante a homilia, a relevância dos símbolos de fé – a imagem da Sagrada Família, a Bíblia, o Terço e a Vela – apresentados no altar da Igreja de Santana.


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Fernando Geronazzo

Colaborador de comunicação da Região

Família Paulina completa 100 anos de história A Pia Sociedade de São Paulo, dos padres e irmãos paulinos, celebrou 100 anos de fundação na quarta-feira, 20. Em São Paulo, a comemoração aconteceu na Paróquia Santo Inácio de Loyola, na Vila Mariana, em uma missa com a participação de vários membros da Família Paulina. A celebração foi presidida por Dom Angélico Sândalo Bernardino, bispo emérito de Blumenau (SC) e membro do Instituto Jesus Sacerdote, pertencente à Família Paulina. Fundada em 1914 pelo bemaventurado Tiago Alberione, a congregação dos Paulinos deu origem a mais quatro congregações religiosas (Irmãs Paulinas, Pias Discípulas do Divino Mestre, Irmãs Pastorinhas e Irmãs Apostolinas), quatro institutos de vida secular consagrada (Gabrielinos, Anunciatinas, Jesus Sacerdote, Santa Família) e uma associação de leigos (Cooperadores Paulinos). Inspirados pelo patrono, São Paulo Apóstolo, a Família Paulina tem como principal missão o anúncio do Evangelho pela comunicação social. “Nos unimos hoje para agradecer pelas graças derramadas por Deus nestes 100 anos de congregação”, afir-

Everton Cesar Moisés

Presentes em São Paulo há 83 anos, padres e irmãos paulinos celebram seu primeiro centenário, em missa na Vila Mariana

mou o Padre Valdir José Castro, superior provincial dos Paulinos no Brasil. Os Paulinos chegaram ao Brasil em 1931 por um desejo pessoal do Beato Alberione. A capital paulista foi a primeira cidade fora da Itália a acolher uma fundação da Congregação. Hoje, está presente em mais de 30 países. “Nosso fundador quis que a primeira cidade fora da Itália tivesse o nome do nosso padroeiro. Portanto, nossa ligação com esta cidade e esta Arqui-

diocese é muito grande”, destacou o Provincial. Nestes 83 anos, os Paulinos desenvolveram muitos trabalhos na Arquidiocese. Além dos cuidados da Paróquia Santo Inácio de Loyola, administram a Paulus Editora, uma rede de livrarias e a Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação (Fapcom). Atualmente, todas as expressões da Família Paulina estão presentes em São Paulo, com livrarias, editoras e o

Serviço à Pastoral da Comunicação (Sepac), mantido pelas Irmãs Paulinas. No sábado, 23, os membros da Família Paulina também peregrinaram ao Santuário Nacional de Aparecida (SP), para agradecer a Deus pelo primeiro centenário. As comemorações estão apenas começando, pois, em junho de 2015, será a vez das Irmãs Paulinas comemorarem os 100 anos de fundação. Sermig

Praça aberta para a comunidade A Paróquia Nossa Senhora Aparecida dos Ferroviários, na Mooca, com o apoio da Fraternidade Esperança, do Arsenal da Esperança (Sermig), realizou no sábado, 23, um encontro da iniciativa “Praça Aberta”, que reúne as crianças e jovens com o objetivo de “mudar o mundo” a partir do bairro. Realizada em uma pequena capela localizada na esquina do cruzamento da rua Doutor Almeida Lima com a rua Visconde de Parnaíba, próxima ao

Memorial do Imigrante, no bairro da Mooca, desde o ano passado, a “Praça” organiza gincanas para crianças da região, além de outras ações como mutirões de limpeza e até um bloco de carnaval, o “Batuca-Bresser”. Quem passou pela rua pode ver crianças, jovens e adultos jogando bola, pintando, fazendo artesanato, ou simplesmente conversando. Para saber mais sobre a “Praça Aberta”, acesse: www.sermig.org/br/a-praca.

Cenro de Pastoral da Região Sé

A reunião do Conselho Regional de Pastoral (CRP), realizada na quarta-feira, 20, destacou o tema da Iniciação à Vida Cristã à luz da exortação apostólica Evangelii gaudium, com a assessoria do Padre Tarcísio Mesquita, coordenador do Secretariado Arquidiocesano de Pastoral. O CRP também contou com a presença do Cardeal Odilo Scherer.

‘Praça Aberta’ oferece lazer e integração para moradores da Mooca

Missa de 7º dia deAntônio Ermírio de Moraes A celebração eucarística em sufrágio do empresário Antônio Ermírio de Morais, que morreu na noite do domingo, 24, será no sábado, 30, às 11h, no Mosteiro de São Bento, no centro de São Paulo. Aos 86 anos, o empresário e presidente de honra do Grupo Votorantim, morreu em sua casa, no Morumbi, zona sul, por insuficiência cardíaca. Seu corpo foi velado na segunda-feira, 25, no Salão Nobre do Hospital Beneficência Portuguesa e sepultado no mesmo dia no Cemitério do Morumbi. O empresário deixou a esposa, Maria Regina Costa de Moraes, com quem teve nove filhos. Antônio Ermírio nasceu em São Paulo, em 1928. Seu pai, o engenheiro pernambucano José Ermírio de Moraes, criou o Grupo Votorantim, depois de comprar as ações de uma empresa de tecelagem.

Formado em engenharia metalúrgica pela Colorado School of Mine, nos Estados Unidos, Antônio Ermírio iniciou sua carreira no Grupo Votorantim em 1949, ajudando a empresa a se destacar na produção de cimento, extração de alumínio, agronegócio e finanças, entre outras atividades. O empresário também se destacou por sua atuação área social. Presidiu por 40 anos a diretoria-administrativa do Hospital Beneficência Portuguesa, que entre seus serviços presta atendimento a pessoas de baixa renda.

AGENDA REGIONAL Sábado (30), 16h Missa pelo Dia do Catequista, na Paróquia Santa Cecília (largo Santa Cecília).


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Ipiranga

Padre Ricardo Pinto e Gustavo Rosendo Colaboradores de Comunicação da Região

Jovens de paróquia na Vila Arapuá unidos pelo sonho de um centro da juventude

Na Paróquia Nossa Senhora Aparecida da Vila Arapuá, Setor Anchieta, o legado da JMJ Rio-2013 somado à proposta da Iniciação à Vida Cristã está resultando em uma nova ação voltada à juventude. Trata-se do projeto “Jovens de Deus”, que objetiva um novo diálogo com os jovens para ajudá-los a construir um centro da juventude em um terreno da Paróquia. Para dar visibilidade ao projeto, foram impressos mais de 3 mil folders com linguagem jovem questionadora: “3 Propostas – 1 Escolha: Deus! Qual é a sua Escolha?”. Durante vários dias, os jovens recentemente crismados se organizaram em pequenos grupos e foram pessoalmente às casas dos jovens apresentar o Projeto e entregar os folders. Estavam no foco três grupos: os jovens que já participaram de grupos na paróquia, os que receberam o sacramento da Eucaristia e da Crisma nos últimos anos, e os que desejam se preparar para serem crismados. – “O Alexandre, está?”, perguntavam nas casas. A resposta era imediata: – “Quem são vocês?”. – “Somos jovens da Paróquia e queremos saber como está o Alexandre, a Camila, o Sérgio, a Juliana, o Júlio, a Carolina, o Antônio,

Fernanda Dias

Amparo Maternal: 75 anos a serviço da vida

o Murilo, a Bárbara” e tantos outros, afirmavam. Alguns pais comoveram-se ao ver os jovens indo ao encontro dos filhos que se afastaram da caminhada eclesial. Outros agradeciam pela coragem deles, que fazem a diferença em uma cidade com poucas oportunidades para os jovens. Animados por seminaristas salesianos e pelas lideranças da Pastoral Familiar, da Catequese, da Pascom e de outros serviços da Paróquia, o projeto “Jovens de Deus” começou a decolar

no dia 17 de agosto. Os três grupos se reuniram distintamente com dinâmicas e diálogo sobre os próximos passos. No final, fizeram um momento de oração comovente e profético. No terreno onde sonham construir o centro da juventude como espaço para lazer, formação e convivência fraterna, enterraram em várias partes as medalhinhas de Nossa Senhora Auxiliadora e de Dom Bosco, o patrono e mestre da juventude, querendo contar com a intercessão deles para que esse sonho se realize o quanto antes.

No domingo, 24, foi celebrada missa em comemoração aos 75 anos do Amparo Maternal, na Paróquia Nossa Senhora da Esperança, em Moema. Em sua 21ª visita às paróquias da Região Episcopal Ipiranga, Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese, celebrou a Eucaristia juntamente com o Cônego Dagoberto Boim, pároco, e o Padre Edson Toneti, vigário paroquial. Em sua homilia, Dom José ressaltou a pergunta feita aos discípulos: “quem é Jesus?”. “Nós também temos que dar essa resposta nos dias de hoje, mas a pergunta só pode ser respondida com um encontro pessoal com Jesus. Temos na Iniciação à Vida Cristã o caminho para aprender a ter esse encontro, mas o mais importante é que essa pergunta ‘quem é Jesus?’, só pode ser respondida com a vida de cada um de nós”, concluiu o Bispo.

Divulgação

VENHA ESPALHAR A PAZ E O BEM! SENDO FRANCISCANA DA AÇÃO PASTORAL NOSSO CARISMA FRATERNIDADE E PASTOREIO

AGENDA REGIONAL Sábado (30), 17h Celebração para o sacramento da Crisma na Paróquia Nossa Senhora de Fátima (Jardim Maristela). Domingo (31), 9h30 Visita de Dom José Roberto à Paróquia São José – Ipiranga, para celebração de missa.

Vem e segue-me

Venha nos conhecer Ir. Magda de Assis Ramalho Rua: Iperana, 137 Altos da Mooca (4ª.parada) CEP: 03177-090 - São Paulo - SP Tel.(11) 2268-4966

facebook.com/Franciscanas DaAcaoPastoral

De quarta-feira a sextafeira (de 3 a 5), 19h30 Semana de Formação Bíblica, com Padre Mauro Negro, na PUC-SP, campus Ipiranga (Avenida Nazaré, 993) .


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Benigno Naveira

Colaborador de Comunicação da Região

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Lapa

‘Lugares humanos e Lugares Sagrados’ em diferentes ambientes Na noite de quinta-feira, 21, no campus Pio XI do Centro Unisal, na Região Episcopal Lapa, aconteceu o 2º Café Teológico, com o tema “Lugares Humanos, Lugares Sagrados: A antropologia da religião em diálogo com outros saberes”. O palestrante convidado foi Dom Robson Medeiros Alves, OSB, monge beneditino, doutor em Ciências Sociais e prior do Mosteiro da Congregação Valombrosana da Ordem de São Bento, em Pirituba. Dom Robson iniciou sua palestra, que foi acompanhada por 110 participantes, entre professores, padres e leigos, falando da presença de Deus, como Ele se mostra completamente para cada um de nós, através dos nossos lugares. O homem nasce como espécie humana e suas referências são os lugares que frequenta desenvolvendo relações sociais e religiosas, fazendo que a vida transcorra num certo sentido, buscando algo mais que lhe faça transcender, lugares huma-

nos, que estão cheios da presença dos lugares de Deus. O palestrante comentou ainda que segundo suas pesquisas o Sagrado não ficava só nos templos, mas também nos espaços físicos, e citou duas comunidades: uma (favela) que era o “caos”, pois as pessoas viviam em barracos em condições mínimas de

higiene, mas na quala se era possível encontrar o Sagrado, em comunidades como a “Deus é Amor” um condomínio de luxo, somente havia uma capela, que pegou fogo, no qual estava o Sagrado. Dom Robson acrescentou que depois de muitas pesquisas, encontrou o lugar do Sagrado diversificado, como Natal nas casas com seus

Leigos se dedicam a ações missionárias na Fundação Casa Na noite da sexta-feira, 22, na Paróquia São Francisco de Assis, Setor Butantã, no bairro do Jaguaré, a equipe de missionários “Evangelizando a Casa” reuniu-se para coordenar o trabalho de visitas missionárias na Fundação Casa, que possui quatro unidades na Região Lapa. O coordenador desse projeto, Dom Fernando José Penteado, bispo emérito de Jacarezinho (PR), com atuação na Região Lapa, falou da importância desse trabalho com os internos da Fundação Casa, jovens entre 15 e 21 anos. Dom Fernando ressaltou ainda, que, levando a Palavra de Deus àque-

les que estão longe da Igreja e ouvindo o que têm a dizer, é possível refletir e ajudar essa juventude para que encontre o caminho da evangelização do amor e fraternidade e do compromisso de uma sociedade melhor. Uma comissão composta por sete missionários: professor João Clemente, Yara Schramm, Maria Virginia Alves, Daniela Silva Martinez, Claudia de Lima, Ivan de Oliveira Silva e Evelice Silva Martinez - é responsável pela formação dos grupos de visitas. No total, são dez missionários que, em duplas, conversam com cerca de 70 jovens internos da Fundação Casa.

Benigno Naveira

Na tarde do sábado, 23, na Associação Civil “Gaudium et Spes” Ages/Pastoral do Menor, aconteceu a missa pela vida dos catequistas do Instituto Catequético Secular São José. A celebração, que é realizada uma vez por ano, teve a presença de cerca 80 pessoas e foi presidida por Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar na Região Lapa, que parabenizou os catequistas pelo trabalho de evangelização como missionários e missionárias.

Benigno Naveira

presépios, indicando a presença de Deus. Concluindo, o prior, aproveitando as festividades do primeiro o ano da JMJ Rio-2013, deixou uma mensagem aos jovens: “procurem dar razão ao sentido profundo da vida, realidade que se encontra no contato e na relação com Deus”. Benigno Naveira

‘Envolver-se na política é uma obrigação de todo cristão’ A Igreja reconhece a importância da atuação no mundo da politica e assim incentiva toda comunidade a exercer seu papel de cidadania, elegendo representantes aos Poderes Executivo e Legislativo. A Pastoral Fé e Politica da Região Episcopal Lapa, no sábado, 23, na Paróquia Nossa Senhora da Lapa, realizou um seminário com o tema “Envolver-se na politica é uma obrigação de todo cristão”, com base em declarações do Papa Francisco. Foram convidados três palestrantes para abordar assuntos relacionados com as eleições deste ano. Cerca de 60 pessoas participaram do evento. O primeiro palestrante, Luciano Caparroz Pereira dos Santos, do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), falou sobre a corrupção eleitoral, compra de votos, sobre a “Lei 9.840”, lei da ficha limpa, financiamento de campanha, doa-

ções atingindo quase 20 mil empresas (empreiteiras e sistema financeiro). O segundo palestrante, Daniel Monteiro, membro do Conselho Nacional de Leigos do Brasil da Regional Sul 1, ressaltou os desafios atuais com um olhar para as eleições, entre os quais o direito da mulher na politica, lentidão da reforma agrária, urgência de uma reforma da política e a série de protestos de rua em 2013. A terceira palestrante, Sandra Costa, da Pastoral da Fé e Politica, falou do compromisso de cidadania como plebiscito popular, mudanças politicas e participação social.

AGENDA REGIONAL Sábado (31), das 8h às 17h Cenáculo – Região Episcopal Lapa – Louvor, adoração, pregações e celebrações. Será no CEE Edson Arantes do Nascimento – Pelezão (rua Belmonte, 957 – Vila Leopoldina).


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27 de agosto a 2 de setembro de 2014 | www.arquidiocesedesaopaulo.org.br

‘Os leigos têm uma missão insubstituível’, afirma Cardeal Fernando Geronazzo Especial para O SÃO PAULO

Na Catedral da Sé, o arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, presidiu missa no domingo, 24, com destaque para vida missão dos leigos. Em entrevista ao O SÃO PAULO, Dom Odilo ressaltou que “cabe aos cristãos leigos, sobretudo, levar o fermento, o sal e a luz do Evangelho para as estruturas e organizações da sociedade”.

O SÃO PAULO – A Igreja vem refletindo bastante sobre a Nova Evangelização e sobre a necessidade de ser uma Igreja “em saída”. Que significa ser “uma Igreja em saída”? Dom Odilo Pedro Scherer – Na exortação apostólica Evangelii Gaudium, o Papa Francisco exorta toda a Igreja a colocar-se em atitude missionária permanente e a não se contentar com uma “pastoral de manutenção”, voltada apenas sobre si mesma. Essa mesma orientação também já havia ficado clara na Conferência de Aparecida (2007). O chamado a uma nova “missionariedade” e a ser uma Igreja “em saída” é feito tanto aos cristãos leigos como aos ministros ordenados da Igreja; ambos têm formas próprias de responder e de realizar a sua parte numa Igreja

“em saída missionária”.

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Qual é o papel do leigo para a concretização dessa missionariedade? Cabe aos cristãos leigos, sobretudo, levar o fermento, o sal e a luz do Evangelho para as estruturas e organizações da sociedade, onde eles estão inseridos como cidadãos; aí eles vão contribuir para que o mundo seja sempre mais iluminado pela luz do Evangelho e tenha o jeito do Reino de Deus. Isto requer dos leigos uma “conversão missionária”, ou seja, uma mudança de mentalidade, para compreender e aceitar que a Igreja, com tudo o que faz parte dela, não existe para si mesma, mas para a missão e para testemunhar a vida nova que vem do Evangelho; essa é a sua primeira e mais importante missão e sua própria razão de ser e existir.

É importante que o leigo participe da vida interna da Igreja? Faz-se necessário participar da vida interna da Igreja, acolher sempre de novo a Palavra de Deus, celebrar e receber os sacramentos e contar com o apoio da vida comunitária; tudo isso é

dom e graça de Deus, para cultivar a fé, crescer e amadurecer nela, em comunhão eclesial; mas esta participação, se for autêntica e bem compreendida, deve levar a uma atitude missionária mais dinâmica, generosa e perseverante. Não se pode guardar apenas para si os dons recebidos. A vida cristã bem vivida leva a ser bons discípulos-missionários.

Tanto o Papa Francisco quanto seus predecessores falaram em diferentes ocasiões sobre o risco de uma “clericalização” do laicato. Em que consiste isso, na prática? A clericalização do laicato seria uma forma parcial de com-

preender e de realizar a vocação dos cristãos leigos, como se eles tivessem que assumir a missão própria dos ministros ordenados e da hierarquia da Igreja. Seria confundir as competências dos diversos membros do Povo de Deus e fazer do leigo um clérigo, ou pretender que sua missão se esgote inteiramente na vida intraeclesial, não levando a sério a “dimensão secular” da sua missão. O risco de clericalização está no não reconhecimento da vocação e missão própria dos leigos, como também da negação da vocação e missão própria dos ministros ordenados.

Como evitar a clericalização dos leigos? A questão precisa ser bem compreendida: o Concílio Vaticano II não exclui os leigos da participação de todo o bem da Igreja; e os pastores da Igreja sabem que não foram instituídos por Cristo para assumirem sozinhos toda a missão salvífica da Igreja no mundo (cf.: Lumen Gentium, 30). De maneira própria aos leigos, e sem confusão com a missão própria do clero, os leigos também participam, na Igreja, da missão de anunciar o

Evangelho, de santificar e de governar (cf.: LG 34-37). Em outras palavras, não devem se desinteressar pela vida da própria Igreja, ou sentir-se estranhos a ela; nem devem ser impedidos de assumir seu papel próprio.

O que é próprio da vocação e missão dos leigos? Ao falar dos leigos na Igreja, o Concílio destacou a “índole secular” da vocação e missão do leigo: “específico dos leigos, por sua própria vocação, é procurar o Reino de Deus exercendo funções temporais e ordenando-as segundo Deus”. Aos leigos, portanto, “cabe de maneira especial iluminar e ordenar de tal modo todas as coisas temporais, às quais estão intimamente unidos, que elas continuamente se façam e cresçam segundo Cristo, para louvor do Criador e Redentor” (cf LG 31). O mesmo se diz novamente no decreto Apostolicam Actuositatem, sobre o apostolado dos leigos (cf. AA 2). Na Igreja, é preciso manter a clareza sobre a vocação e missão própria dos leigos e um sadio equilíbrio, para não reduzir seu papel a “complemento” de funções próprias dos clérigos. Os leigos têm uma missão insubstituível, própria deles, dentro da Igreja e no mundo: eles precisam ser formados para essa missão e estimulados a assumi-la com fé e generosidade.


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