Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 59 | Edição 3022 | 8 a 14 de outubro de 2014
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L’Osservatore Romano
Na abertura do Sínodo, Papa pede clareza de discursos e escuta humilde “Peço-vos, por favor, estas duas atitudes de irmãos no Senhor: falar com ‘parresia’ – clareza e coragem evangélicas – e escutar com humildade”, disse o Papa Francisco na primeira sessão da Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos, na segunda-feira, 6. Iniciado no domingo, 5, o Sínodo segue até o
dia 19, tratando dos desafios pastorais da família no contexto da evangelização, com intervenções de cardeais, bispos e casais leigos convidados. Participante da Assembleia Extraordinária, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, comenta que é preciso que todos ajudem a zelar pelas famílias “para o benefício da pessoa, da sociedade política e também da comunidade de fé”. Além disso, o Arcebispo questiona: “Será que é a família que tem que mudar ou são nossas atitudes em relação à família que precisam mudar? A verdade é que a família vem sendo desconfigurada há muito tempo; atualmente, parece que se chegou num momento crucial, estando em crise a própria identidade da família”. Páginas 3, 12 e 13
Com a palavra: Angela Barbour
Dia do Idoso: para refletir e comemorar
Página 15 Luciney Martins/O SÃO PAULO
Página 11
Tietê Esperança Aparecida 2014 Na solenidade de Nossa Senhora Aparecida, no domingo, 12, a Arquidiocese de São Paulo convida os fiéis para a manifestação pública de devoção à Mãe Aparecida. Às 9h15, a imagem peregrina chegará de barco à Ponte do Piqueri, na Marginal Tietê, seguindo em carreata até a Catedral Sé, onde haverá missa, às 11h.
Dom Julio celebra para mais de 200 em CDP
Igreja e sociedade é o tema da CF-2015
Página 23
Página 8
O que muda na política após 1º turno das eleições? O SÃO PAULO apresenta um panorama sobre o 1º turno das eleições 2014. No maior estado do País, Geraldo Alckmin foi reeleito com 57,3% dos votos válidos. O governador contará com amplo apoio na Assembleia Legislativa de São Paulo. Além disso, seu partido, PSDB, conquistou mais uma cadeira no Senado, com José
Serra. Nas eleições presidenciais, Dilma Rousseff e Aécio Neves disputam o 2º turno. O Legislativo – tanto estadual como federal – passou por uma reconfiguração com bancadas de grandes partidos perdendo cadeiras, contrapondo o crescimento de partidos ‘nanicos’, ou recém-criados. Página 24
2 | Ponto de Vista |
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editorial
Os dilemas do Sínodo para a Família A 3ª Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos, com o tema “Os desafios pastorais da família no contexto atual da nova evangelização” apresenta uma série de dilemas à Igreja. O próprio tema do Sínodo surge do entendimento do episcopado e do Papa sobre o impacto que a sociedade pós-moderna tem exercido sobre a família, com o aprofundamento de algumas situações pastorais delicadas e o surgimento de outras tantas. O Sínodo apresenta dilemas para
a Igreja que, guiada por Deus, deverá encontrar soluções que conciliem, ao mesmo tempo, a sabedoria da Mestra e o amor da Mãe, duas das características que norteiam sua missão na Terra. Diante do crescente número de separações, como simplificar os processos de nulidade de Matrimônio, sem que isso se torne uma espécie de “divórcio” católico? Ainda nesse âmbito, como admitir a comunhão para católicos em segunda união, sem violar a indissolubilidade do Matrimônio decla-
rada por Cristo? Como fazer com que esses casais se sintam acolhidos em suas paróquias? Como ministrar o Batismo a filhos adotivos de uniões homoafetivas? Na mais tenra idade, ou esperar que cresçam e, com o uso da razão, queiram voluntariamente fazer parte da Igreja, já que o Sacramento é dado às crianças em nome da fé da família? A Igreja, farol que ilumina o caminho de homens e mulheres para Cristo, não pode se render às pressões de quem quer que ela se adapte às
demandas do tempo. Mas, por outro lado, ela é esposa do Bom Samaritano que acolheu a todos, especialmente os mais feridos e do Pastor que vai atrás da ovelha perdida. No redil de Cristo, ninguém pode se sentir excluído. Atendendo aos apelos do Papa Francisco, peçamos ao Espírito Santo que ilumine os trabalhos do Sínodo, para que a Igreja não abra mão da verdade, nem se arvore como sendo sua dona, mas que seja, de fato, sua depositária.
opinião
Cidadania: não basta votar Sergio Ricciuto Conte
Padre Alfredo José Gonçalves Ninguém em sã consciência ousaria negar que o voto constitui um instrumento do cidadão. Mas também ninguém em sã consciência afirmaria que o simples ato de votar a cada dois anos – alternadamente em eleições municipais e estaduais/federal - esgote os “direitos e deveres” de uma verdadeira cidadania. Esta, quando real e eficaz, inclui outros compromissos bem mais empenhativos do que depositar o voto na urna. O primeiro deles tem um alcance local. E a pergunta é muito simples: de que maneira cada cidadão acompanha a administração pública de sua rua, seu bairro, seu município? ou seja, qual o estado da escola local, do sistema de saúde e de segurança, do transporte coletivo e de outros serviços públicos? Em poucas palavras, o Estado se faz presente através dos representantes eleitos pela população? Em seguida, devemos ampliar o raio de ação. Como se comportam as pessoas públicas eleitas, seja no âmbito do Poder Executivo (municipal, estadual e nacional), seja nas atividades do Poder Legislativo, como vereadores, deputados e senadores? Em geral, notar-se-a sempre um desequilíbrio entre as “promessas do can-
didato” durante a campanha eleitoral e a “realizações do político” no exercício do mandato. Até que ponto vai essa distância? Há possibilidades de diminuí-la através da pressão popular? E chegamos à tarefa mais exigen-
te da cidadania numa efetiva prática democrática. Além de escolher os candidatos através do voto e fiscalizar a presença (ou não) do poder público na vizinhança, todo cidadão tem “o direito e o dever” de acompa-
nhar de perto a ação múltipla do Estado. O que significa participar ativamente das decisões que orientam os destinos do país, especialmente em sua política econômica, social e cultural. Em síntese, não basta o voto. Não basta a visita periódica à urna. Faz-se necessário criar e/ou fortalecer outros canais, instâncias e mecanismos de participação popular. São instrumentos que podem ajudar, não somente no controle sobre o comportamento político dos eleitos, mas também no acompanhamento das finanças públicas. Concretamente, no controle efetivo do orçamento do município, do estado e da União. E mais, na pressão consciente e organizada para implementar ou melhorar os serviços públicos. É esse o papel, por exemplo, dos conselhos populares, das consultas regulares à população sobre temas decivivos para qualquer país, dos movimentos populares, das organizações de base e de tantas outras formas de participação ativa. Vale deixar aberta a pergunta: além de votar, você participa ativamente de algum tipo de organização? Padre Alfredo José Gonçalves é vigário geral da Congregação dos Missionários Scalabrinianos
espaço do leitor O grito da Vida (edição 3020) É muito triste a realidade do suicídio. Mas, como foi descrito, às vezes pode acontecer em nossa volta, com nossos amigos e a gente não percebe. E só se dá conta depois de acontecer. É muito frequente o suicídio de pessoas que se sentem solitárias. A repórter soube descrever bem sobre o assunto. Parabéns”. Michele Mesquita (pelo Facebook)
“Num mundo tão populoso, boa parte dessa população encontrase totalmente ‘solitária’, com seus medos, angústias, culpas, fantasmas, problemas... Sabe aquela pessoa que você encontra em um ponto de ônibus, e, do nada, te conta a vida toda, em meia hora ou dez minutos? Pense que você pode a ter tirado desse triste abismo que leva ao suicídio. A frase ‘cada um com seus
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problemas’ é egoísta demais. Tudo bem, não temos que virar ‘esponjas’ e absorver tudo, mas o que custa ser um ouvido amigo, um coração que não julga? Jesus Cristo mostrou isso o tempo todo. Que Deus abençoe esses corações solitários e cheios de dúvidas, e que sempre haja uma pessoa com dez minutos sobrando para ouvir”. Claudete Santana (pelo Facebook)
“Parabéns! Aqui em São Miguel (GO), desde que eu cheguei, soube de três suicídios. Média de um por mês. Eu acredito que esse número de 25 pessoas por dia no Brasil deve ser maior”.
da vida. Fico ainda mais triste, desconcertada quando foi alguém que conhecia ou que de alguma forma passou por minha vida”. Rosiana Gois (pelo Facebook)
Pollyana Brandão (pelo Facebook)
“Gostei muito da reportagem. Sempre fico muito frustrada ao saber que alguém desistiu
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| Encontro com o Pastor | 3 Helena Ueno
Família: como continuar? cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo
Há uma grande expectativa em relação à 3ª Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos, sobre a família, que está acontecendo no Vaticano, de 5 a 19 de outubro. Muitos esperam que dessa assembleia saiam soluções para os vários tipos de problemas que hoje envolvem o casamento e a família. Será que, depois do Sínodo, casamento e família ainda serão os mesmos que foram até agora? O que, por exemplo, deveria mudar? Que o casamento deixe de ser entre duas pessoas de sexos diversos? Que o homem possa ir com todas as mulheres que queira, sem ter compromisso com nenhuma delas, nem responsabilidade pessoal e social sobre os atos praticados com elas? Que também a mulher faça a mesma coisa? Que a promiscuidade seja erigida em ideal de convívio entre homens e mulheres? Que os casais deixem de procriar? Ou que a mulher tenha que se virar sozinha com os filhos? Que os filhos sejam gerados em laboratórios e entregues à responsabilidade do
Estado, sem contato com os pais? Deveríamos resignar-nos e concordar com aqueles que dizem que a família acabou e faz parte de um tempo que já se foi? Quem olha para as crianças, os idosos, as pessoas com deficiência? O Estado ou a sociedade deveria assumir inteiramente o papel da família? As relações de parentesco deveriam ser ignoradas? O sonho dos jovens enamorados, que querem ter família, seria apenas ilusão romântica? Deveria a Igreja mudar seu pensamento em relação à família? O exagero das perguntas é proposital, para ajudar a ver que há coisas essenciais em relação à família, que não poderiam mudar sem comprometer seriamente a própria existência da comunidade humana. As questões relacionadas à família e do casamento são, ao mesmo tempo, simples e complexas, pois dizem respeito aos elementos básicos da existência humana, como a afetividade e o amor, o respeito delicado de pessoa a pessoa, a complementariedade, a vida gerada, acolhida e doada, o senso de pertença, de aconchego e de intimidade, a confidência, a aceitação da pessoa como ela é, a gratuidade e o amor desapegado, o projeto de vida realizado juntos, a confiança, a alegria simples, a esperança... São todas coisas boas, e quem não as gostaria de ter?
Cardeal Scherer participará do III Canção Nova Abraça São Paulo Na atividade programada para 2 de novembro, das 7h30 às 18h, no Estádio da Portuguesa de Desportos (Marginal Tietê, próximo à ponte Cruzeiro do Sul), haverá momentos de oração,
adoração e reflexões. O Cardeal Scherer falará aos participantes na parte da manhã. As vagas são limitadas. Saiba detalhes em (11) 3382-9800 ou pelo e-mail eventossp@cancaonva.com.
Será que isso deveria mudar no casamento e na família? Se tiver que mudar, que seja para melhor ainda! Ninguém pensará em acabar com isso. Tenho a certeza de que os jovens que se enamoram de verdade e querem casar, também pensam assim. E a Igreja quer continuar a contribuir para que isso aconteça na vida dos casais e das famílias. Em que consiste o mal-estar, tão frequente, em relação ao casamento e à família, a ponto de muitos preferirem viver como “singles”? Tem-se, por vezes, a impressão de que a família é terra de ninguém, onde qualquer um pode entrar, pegar, arrancar, devastar, levar embora... Ou como um campo devastado, cheio de destroços e com muitos feridos! Pobre família, tão maltratada e desprestigiada... Ao mesmo tempo, tão cobrada para assistir os órfãos de afeto, de referência e proteção, os abandonados pela sociedade dos fortes e eficientes, as vítimas do desmantelamento da própria família, esse primeiro bem, que Deus pensou para as pessoas! O Papa Francisco, ao abrir o Sínodo, no dia 5 de outubro, tomou a parábola do Evangelho sobre os “vinhateiros homicidas” (cf Mt 21, 33-43), para dizer que a família é um bem precioso, que Deus confiou a todos os “administradores” e responsáveis da sociedade: dela devemos tomar conta, com muito carinho, não deixando que seja devastada
por invasores e assaltantes mal intencionados... Que a ajudemos a florescer e frutificar, para o benefício da pessoa, da sociedade política e também da comunidade de fé. Será que é a família que tem que mudar ou são nossas atitudes em relação à família que precisam mudar? A verdade é que a família vem sendo desconfigurada há muito tempo; atualmente, parece que se chegou num momento crucial, estando em crise a própria identidade da família. Quando se coloca em xeque a diferenciação e a identidade sexual; quando se pretende que casamento também poderia ser entre pessoas do mesmo sexo; quando custa pensar que os filhos também são parte da família; quando o projeto da vida a dois parece ter perdido o interesse; quando a relação afetiva é deixada apenas à precariedade dos sentimentos e oportunidades fugazes: o que ainda sobrou da família?! É o caso de se recomeçar pelo mais essencial no casamento e na família: o amor sincero e generoso, a confiança nos sentimentos bons, a fidelidade aos propósitos assumidos, a firmeza na edificação do projeto comum, a alegria partilhada, a disciplina da virtude, a fé em Deus... Para o futuro da família, é bem isso que vai continuar, pois está na própria base da família. E que Deus continue a abençoar essa obra do seu amor!
Divulgação
Cardeal Odilo Pedro Scherer Arcebispo de São Paulo
Roma, 05.10.2014 Excelentíssimo senhor Dr. Geraldo Alckmin Governador de São Paulo Senhor Governador, Mesmo estando longe, em Roma, onde participo da assembleia extraordinária do Sínodo dos Bispos convocada pelo papa Francisco, acompanho com vivo interesse o resultado das eleições no Brasil. Quero congratular-me com o senhor pela sua reeleição para o cargo de Governador de São Paulo, já em primeiro turno. A vontade popular, expressa nas urnas, confere-lhe mais um mandato para servir o povo deste Estado. Faço-lhe votos de feliz e frutuoso exercício deste mandato! Que Deus ilumine, abençoe e fortaleça. Nossa Senhora Aparecida interceda pelo senhor e pelo povo paulista! Respeitosas saudações: Card. Odilo Pedro Scherer Arcebispo de São Paulo
4 | Papa Francisco |
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A família precisa alimentar-se da Palavra de Deus Uma missa presidida pelo Papa Francisco na manhã do domingo, 5, abriu a Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos sobre os desafios da família. Francisco refletiu, na homilia, sobre os textos bíblicos do 27º Domingo do Tempo Comum, que trazem a parábola da vinha contada pelo profeta Isaías e recontada por Jesus no Evangelho. O Papa lembrou que o Povo de Deus é a vinha do Senhor e cabe aos Pastores cuidar desta vinha “com um amor paciente e fiel”. E continuou acentuando que eles, os bispos de todo o mundo, são chamados “a trabalhar para a vinha do Senhor, no Sínodo dos Bispos. As assembleias sinodais não servem para discutir ideias bonitas e originais, nem para ver quem é mais inteligente… Servem para cultivar e guardar melhor a vinha do Senhor, para cooperar no seu sonho, no seu projeto de amor a respeito
do seu povo. Neste caso, o Senhor pede-nos para cuidarmos da família, que, desde os primórdios, é parte integrante do desígnio de amor que ele tem para a humanidade”. Após a celebração, o Papa rezou com os fiéis e peregrinos a oração mariana do Ângelus e ainda tendo o Sínodo como tema, lembrou que a “a família precisa ser alimentada com a Palavra de Deus, para que possa caminhar bem, com confiança e esperança”. Francisco elogiou e agradeceu a iniciativa dos Paulinos que distribuíram exemplares da Bíblia ao povo na praça para comemorar o centenário da fundação de sua congregação pelo Beato Tiago Alberione, “grande apóstolo da comunicação”. O Papa entendeu ser uma feliz coincidência aquela distribuição que proporcionou a cada família ali presente uma Bíblia, bem no início
dos trabalhos do Sínodo. Para os que, por acaso, afirmassem que em casa já tinham duas, três bíblias, o Papa perguntou: “Mas onde vocês as esconderam?” E salientou: “A Bíblia não é para ser colocada em uma prateleira, mas para tê-la em mãos, para lê-la sempre, todos os dias, seja individualmente seja juntos, marido e mulher, pais e filhos, talvez à noite, especialmente aos domingos. Assim, a família cresce, caminha com a luz e a força da Palavra de Deus!” Francisco convidou a todos a apoiarem com a oração os trabalhos do Sínodo e invocou a materna intercessão de Maria. “Neste momento, associamo-nos espiritualmente a quantos, no Santuário de Pompeia, elevam a tradicional ‘Súplica’ à Nossa Senhora do Rosário. Que se obtenha a paz às famílias e ao mundo inteiro!” (por Padre Cido Pereira)
L’Osservatore Romano
Vigília pelo Sínodo dos Bispos O Papa Francisco participou no sábado, 4, da vigília de oração pelo Sínodo da Família, na praça de São Pedro, promovida pela Conferência Episcopal Italiana (CEI), com o tema “Acende uma luz na família”. Foram apresentados testemunhos de três casais italianos em diferentes fases da vida: o noivado, a vinda dos filhos e a reconciliação depois de seis anos de separação. “A comunhão de vida assumida pelos esposos, a sua abertura ao dom da vida, a atenção recíproca, o encontro e a memória das gerações, o acompanhamento educativo, a transmissão da fé cristã aos filhos… com tudo isso, a família continua a ser escola incomparável de humanidade, contributo indispensável para uma sociedade justa e solidária.”, exortou o Pontífice aos cerca de 40 mil fiéis presentes na vigília.
Atletas com deficiência Também no sábado, o Santo Padre recebeu cerca de 7 mil atletas com deficiência física, provenientes do mundo inteiro, promovido pelo Comitê italiano Paraolímpico, que participam do evento “Believe to be Alive” (Acredite para viver). Na saudação que fez aos numerosos atletas e acompanhantes, o Pontífice disse que “cada um leva consigo a própria experiência de esportista e, antes de tudo, de homem e mulher; leva as suas conquistas, as metas atingidas com tanto suor e dificuldade”. Porém, recordou o Papa, cada um é testemunha da importância de alcançar suas metas, com alegria e com amigos e concorrentes.
Visita ao Parlamento Europeu Foi divulgado na terça-feira, 7, o programa da visita do Papa Francisco às instituições europeias em Estrasburgo, na França, em 25 de novembro. O discurso do Pontífice está programado para as 10h35 (horário local), seguido de uma visita ao Conselho da Europa, com um discurso. No contexto da publicação do programa da visita do Papa ao Parlamento Europeu, o Vaticano comunicou que o Santo Padre pretende realizar, em 2015, uma viagem apostólica à França. (por Fernando Geronazzo)
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Espiritualidade
fé e cidadania
Grandes amizades DOM CARLOS LEMA GARCIA
Vigário Episcopal para o Vicariato para a Educação e a Universidade
Cheguei de Roma há alguns dias, onde participei - juntamente com Dom José Roberto Fortes Palau - de um curso para bispos nomeados recentemente em todo o mundo. No dia 18 de setembro, tivemos a graça de sermos recebidos na Sala Clementina pelo Papa Francisco. Estávamos numa alegre expectativa do momento de ver, ouvir e cumprimentar o Papa. Logo de início, o Papa disse que já nos conhecia de algum modo, mas queria ver o nosso rosto e auscultar os sentimentos do nosso coração: “depois de ter ouvido falar de vós, posso ouvir pessoalmente o coração de cada um e fixar o meu olhar em cada um de vós para divisar as numerosas esperanças pastorais que Cristo e a sua Igreja depositam em vós. É bonito ver revelado nos rostos o mistério de cada um e poder ler aquilo que Cristo escreveu neles”. Sentíamos a profunda compreensão do Papa para conosco: “Estimados irmãos, o nosso encontro tem lugar no início do vosso caminho episcopal. Já passou o clamor suscitado pela vossa escolha; foram superados os primeiros temores, quando o vosso nome foi pronunciado pelo Senhor; e agora até as emoções vividas na consagração se vão gradualmente depositando na
memória e, de certa forma, o peso da responsabilidade adapta-se aos vossos ombros frágeis.” No final, cumprimentou-nos um a um. Apesar de ser um grupo grande, o Papa Francisco se dirigia a cada um com um sorriso amável e carinhoso: como se tivesse todo o tempo disponível para nós. Todos nos sentimos mais irmãos, mais unidos, sentindo fortemente a comunhão do Colégio Episcopal. Que alegria ter muitos irmãos e verdadeiros amigos! Queria aproveitar para fazer uma pergunta: quantos amigos você e eu temos? Em certa ocasião, um rapaz, diante dessa pergunta, respondeu sem titubear: 1.262 amigos! Como assim? Saiu naturalmente a pergunta. Tenho exatamente 1.262 amigos no Facebook! Todos esses serão verdadeiros amigos? Eu queria hoje chamar a atenção de todas as pessoas para a grande responsabilidade que nós temos de defender o tesouro da amizade, porque no nosso mundo, materialista, superficial, frio e individualista, esse valor se está perdendo. Pensando nas palavras do Papa, podemos encontrar alguns sinais da verdadeira amizade. Vejamos: Primeiramente, as grandes amizades são como uma conquista: conseguir uma amizade verdadeira exige esforço, tempo.
Custa para fazer uma amizade, mas depois o amigo verdadeiro não nos abandona nunca. As amizades que se rompem com facilidade não são autênticas. Em segundo lugar, a amizade permite compartilhar sentimentos. Diante de um amigo se pensa alto, pois é uma pessoa com quem podemos falar dos nossos sentimentos e convicções mais interiores. Alguém falava da fórmula matemática da amizade: quando há amizade verdadeira as alegrias se somam e os problemas se dividem. Saint Exupéry ressalta outro sinal da amizade em seu livro “O pequeno príncipe”: somos responsáveis por aqueles que cativamos. Sentimento desinteressado: a amizade não pode ser interesseira. Querer o bem da pessoa: procurar ajudá-la sabendo sacrificar o interesse pessoal. Querer as pessoas tal como são, com os seus defeitos. Não existe nenhuma pessoa perfeita. Vencer diferenças de temperamento. Por último, um conselho exigente, do Livro dos Provérbios, ressalta outra característica da amizade: “Melhor é a correção manifesta do que uma amizade fingida”. Corrigir quando necessário. Uma conversa clara, aberta, exigente. Ver a alegria do Papa Francisco, a sua atenção, o seu sorriso, servem de estímulo para todos nós aprendermos a cultivar verdadeiras amizades.
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Dia das Crianças! O que temos a comemorar? SUELI MARIA DE LIMA CAMARGO É importante retomarmos a história da comemoração desta data, não só Brasil, que foi de extrema importância na conquista dos direitos da criança e do adolescente. Nasce como Dia Mundial da Criança, oficialmente dia 20 de novembro. Essa data foi reconhecida pela ONU como Dia Universal das Crianças por ser a data em que foi aprovada a Declaração dos Direitos da Criança, proclamada pela Resolução da Assembleia Geral 1.386, de 20 de novembro de 1959. Tem como base e fundamento os direitos à liberdade, estudos, brincar e convívio social das crianças, que devem ser respeitadas e preconizadas em dez princípios transformadores da realidade da criança e do adolescente. A data efetiva de comemoração varia de país para país. Em 1924, o deputado federal Galdino do Valle Filho propôs o dia das crianças e os outros deputados aprovaram. O dia 12 de outubro foi oficializado como Dia da Criança pelo presidente Arthur Bernardes, por meio do decreto nº 4867, de 5 de novembro de 1924. Por estratégia de grandes empresas, esse dia perdeu seu verdadeiro sentido e passou a ser comemorado com muitos presentes, tornando-se um dia mais importante para o setor de brinquedos
do que para continuidade da defesa do direito da criança. Atualmente, mesmo com todo avanço na legislação do país, o drama de nossas crianças e adolescentes continua. Uma grande parte da população, que tem menos de 18 anos e possui direitos e deveres, é desconsiderada. Constatamos que crianças e adolescentes são especialmente afetados pela violência. Estatísticas apontam um cenário desolador em relação à violência contra crianças e adolescentes. Em 2013, o Disque 100 recebeu mais de 124 mil denúncias de violência – física, psicológica, abandono, negligência...- sem contabilizar os crimes que não são registrados. Isso consta, em média, de 14 casos de violência por hora. São Paulo apresentou um aumento de 4,01% (3.889) nos casos referentes à violência sexual (Dados da Secretaria da Segurança Pública). Destaco, ainda, as excessivas medidas de acolhimento institucional (abrigo), onde crianças “perdem o bonde da história” permanecendo em instituições, sendo cerceado seu direito a família biológica ou substituta. O que dizer da influência da mídia na educação e no consumismo? Crianças e adolescentes são especialmente afetados. A influência da mídia vai além das roupas, calçados e brinquedos. Afeta valores funda-
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mentais para a formação de um ser humano livre de condicionamentos atrelados a uma necessidade inexistente. O estímulo ao consumismo não pode e não deve ter como alvo a criança. Estimulam sonhos em crianças que, nesta data, se quer serão lembradas. Fica a pergunta: “O que temos mesmo a comemorar?” São muitos os desafios a serem superados. O que fica, nas entrelinhas desses dados, é que somos responsáveis pela garantia e defesa dos direitos da criança. O art. 227 da Constituição Federal deixa claro: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.” A Pastoral do Menor quer comemorar, celebrar o Dia da Criança! Defendemos o direito de brincar, garantido no Estatuto da Criança e do Adolescente; defendemos o direito do lúdico, do pedagógico, o direito de ser criança, mas acima de tudo defendemos o direto à vida, e vida em abundância (Jo 16,21). Sueli Maria de Lima Camargo é advogada e coordenadora da Pastoral do Menor da Arquidiocese de São Paulo
A contribuição da espiritualidade familiar PADRE AUGUSTO CÉSAR PEREIRA “A Igreja é especialista em pessoa humana”, segundo o Paulo VI. A espiritualidade integra todos os aspectos da vida familiar, para que a pessoa humana se realize dentro do projeto de Deus. A espiritualidade familiar fundamenta-se na prática da Santíssima Trindade - é a comunidade de três pessoas divinas diferentes uma da outra, que convivem em relações de amor. O Pai, quando contempla o Filho, o ama e se reconhece Pai; e o Filho contemplando o Pai sente-se amado, retribui ao amor do Pai e se reconhece Filho (cf. Jo 5,20). Ninguém é pai sem o filho nem filho sem o pai. Quem garante a relação de amar e ser amado entre o Pai e o Filho é o amor, também conhecido como Espírito Santo. O Espírito é o amor que procede das relações amorosas entre o Pai e o Filho. O Espírito não pode ser amor sem haver ao menos dois diferentes “seres” que se completem (cf. 1Jo 4, 7-8). As pessoas são diferentes - uma não é a outra – elas se unem pela tolerância. O segredo da unidade da Trindade é essa experiência de relações de amor no eterno diálogo entre as três pessoas divinas. Doravante, porém, não é mais segredo, porque sabemos que o elo entre o Pai e o Filho é o amor. (cf. Jo 14,26; 3,34-36; 15,26; Hb 1,5; 5,5). A Trindade é o modelo da família cristã. A convivência cria oportunidades de encontro para formar a vivência das relações de amor e a testemunhar num estilo de vida solidário e fraterno. Creio que a experiência do amor no modelo da Trindade possa ser vivida nos seguintes procedimentos: aceitar-nos mutuamente uns aos outros como cada um é, valorizando a importância de cada membro da família; compreender-nos uns aos outros, considerando as diferentes personalidades como riqueza para o discernimento familiar; esforçar-nos para chegar ao ponto de amar-nos verdadeiramente, tentando mais doar do que receber: encontrar tempo e abertura para o diálogo, pelo qual nos empenharemos em mais em ouvir do que em falar; para as famílias, apesar dos problemas, seja ela própria a solução de nossos problemas. Porque a família não resolve todos os problemas, mas dificilmente algum problema será resolvido sem a família. O exercício da solidariedade e a compaixão exigem o ato de colocar-se na situação do outro para sentir o momento que ele atravessa para ajudá-lo no que ele precisa. Aprender a receber e dar o perdão, eis a grande experiência da vida familiar. Espiritualidade é incorporar o modelo de vida da Trindade em nossa família. É essa a colaboração principal que a Igreja Católica julga ser sua missão junto à instituição da família. E-mail: peaugustocesar@yahoo.com.br
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novos santos e beatos
LITURGIA E VIDA NOSSA SENHORA APARECIDA 12 DE OUTUBRO DE 2014
A nossa Mãe ANA FLORA ANDERSON
A liturgia de hoje começa com alegria e júbilo, pois celebramos a festa do povo brasileiro, Nossa Senhora Aparecida. Pela intercessão dela, encontramos a justiça e a salvação. A oração expressa o que é importante em tempos de eleições políticas: pedir paz e justiça para o povo. A primeira leitura (Ester 5, 1-2. 7, 2-3) apresenta a Rainha Ester, uma judia casada com um rei estrangeiro. Quando o povo judeu foi perseguido, Ester se colocou como mediadora, pedindo paz e salvação para seu povo. A liturgia faz lembrança dela como uma figura que nos ajuda a entender a Mãe Maria, intercessora de nosso povo. A segunda leitura (Apocalipse 12, 1.5.13.15-16) é proclamada em várias festas que celebram Nossa Senhora. A Mulher vestida de sol usa uma coroa com doze estrelas que representam todo o povo de Deus. Ela dá à luz um Filho que governará todas as nações. O Evangelho de São João (2, 1-11) narra o papel de Maria na celebração do casamento em Caná. Jesus está presente com sua mãe e seus discípulos. Mas, é o coração da mãe que vai evitar que falte vinho para todos os convidados. O centro desse anúncio está no fato de Jesus afirmar que não está na hora de ele começar a fazer milagres. Mas, a Mãe Maria tem fé profunda no amor e no poder do Filho. Ela não discute. Simplesmente ordena que os serventes obedeçam a Jesus. O Filho realiza a vontade da Mãe que tem tanta fé nele. Por essa razão, o povo brasileiro vai à Aparecida. A Mãe Maria sempre nos recebe e intercede ao Filho Amado.
você pergunta
Sentimentos maus são problemas espirituais ou psicológicos? padre Cido Pereira
Vigário Episcopal para a Pastoral da Comunicação
O Alexandre Nogueira mora em Belo Horizonte. Ele me escreve e pergunta: “Padre, tenho 35 anos e desde a adolescência sofro muito com pensamentos e sentimentos que vêm sem a minha vontade, como de fazer mal a alguém, inveja de pessoas próximas. Isto me deixa muito depressivo e triste. Por que me sinto uma pessoa ruim? Gostaria de saber se isso é um problema espiritual ou psicológico?” Ô Alexandre! Calma! Muitas vezes, o nosso senso de justiça vai nos deixar indignados. Pessoas que agem mal, que praticam injustiças, que ofendem os outros, dificilmente não vão incomodar e indignar aqueles que se esforçam para ter a bondade como norma de vida. Outra coisa, Alexandre: no nosso viver, de vez em quando, temos mesmo sentimentos de inveja. Eu penso que não estar feliz com o que se é e o que se tem é positivo, porque nos faz correr atrás da perfeição, correr atrás de uma vida mais digna. E acho que isso não é inveja ainda. Mas a inveja é não estar feliz com que o outro é e com o que o outro tem. Você não é uma pessoa má, Alexandre. O que se passa com você acontece com qualquer pessoa normal. O que é preciso é tomar cuidado para que, no caso de ficar indignado com alguma coisa, entrarmos pelo caminho da violência. E no caso da inveja? Se você inveja a fé, o amor, a bondade, a honestidade de alguém... santa inveja essa! Procure imitar essa pessoa. Mas se você se sente infeliz com o que outra pessoa tem e é, a ponto de odiá-la, cuidado! Isso não é bom para sua saúde física, mental e espiritual. Peça a Deus a graça da conversão. E nada de ficar oprimido, triste, meu irmão. Coloque um ideal de vida na sua frente, coloque muito amor no coração e vá em frente! Vale a pena ser bom, vale a pena correr atrás da perfeição cristã.
Francisco Xavier Seelos 5 de outubro
Francisco Xavier Seelos nasceu em 11 de janeiro de 1819, em Füssen, na região da Baviera, Alemanha. Francisco, após concluir os estudos filosóficos, seguiu admitido no Seminário de Mônaco da Baviera, em 1842. Assim, partiu em 1843. Após um ano de noviciado, recebeu a ordenação sacerdotal na Igreja de São Tiago de Baltimore, em Maryland, nos Estados Unidos, dedicando todo o seu apostolado à causa dos imigrantes alemães naquele País. Alguns meses depois, foi transferido para Pittsburg, na Pensilvânia, onde trabalhou como vice-pároco de João Neumann, superior da comunidade dos redentoristas e, hoje, também venerado como santo pela Igreja Católica. Em 1860, o bispo de Pittsburg propôs ao Papa Pio IX o nome de Francisco Xavier Seelos como seu sucessor, mas este escreveu ao Sumo Pontífice pedindo que fosse nomeado outro sacerdote no seu lugar. Depois disso, entre 1863 e 1866, trabalhou como missionário itinerante em vários outros estados e quando lhe foi designada a comunidade de New Orleans, ali permaneceu pouco tempo, pois, na assistência pas-
há
Reprodução
toral a vários doentes, contraiu a febre amarela. Ele suportou a enfermidade com paciência e resignação, mas foi obrigado a afastar-se de quase todas as atividades pastorais. Faleceu na noite de 4 de outubro de 1867.
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Francisco Xavier Seelos foi beatificado no solene Ano Jubilar de 2000 pelo Papa João Paulo II, que designou sua comemoração litúrgica para o dia seguinte à data de sua morte. Fonte: www.paulinas.org.br
anos
Papa Paulo VI posiciona-se contra a morte de nascituro
Capa da edição de 11 de outubro de 1964
“A vida humana inocente, qualquer que seja a sua condição, deve estar, desde o primeiro instante de sua existência, garantida de todo o ataque direto voluntário”. Assim afirmou o Papa Paulo VI em encontro, no Vaticano, com membros da Associação de Obstetrícia e Ginecologia de Nova Inglaterra, que foi reportado na edição do O SÃO PAULO de 11 de outubro de 1964. Segundo o Papa, tal princípio de defesa da vida “é válido para a vida do filho tanto quanto para a vida da mãe”. O Pontífice afirmou confiar que os profissionais de saúde se pautariam nisso “pelo bem da humanidade e a maior honra de vossa profissão”. O Semanário Arquidiocesano noticiou, ainda, o encontro de Paulo VI com os participantes de uma semana de estudos da Academia Pontifícia de Ciências, durante o qual declarou: “todo verdadeiro homem de ciência é um amigo da Igreja, a qual não é alheia a nenhum ramo do saber”. Segundo a reportagem, o Pontífice expressou também que “a Igreja não teme o progresso da ciência. Dialoga com prazer com o mundo criado e aplaude os maravilhosos descobrimentos dos homens de ciência”.
erramos Na edição 3020, página 8, na referência à Bartolomeu de Las Casas na reportagem “PUC-SP outorga título Dou-
tor Honoris Causa a Dom Pedro Casaldáliga”, está errada a menção de que ele foi jesuíta. Bartolomeu de Las Casas
foi dominicano e a Província dos Dominicanos do Brasil leva o mesmo nome por sua causa.
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| Pastorais | 7
Vicariato episcopal para a pastoral da Comunicação
Redes sociais: oficina apresenta dicas para melhor uso Agentes da Pastoral da Comunicação (Pascom) de paróquias da Arquidiocese de São Paulo participaram, em 27 de setembro, no teatro Tuca, da oficina “O uso das redes sociais”, promovida pela assessoria de comunicação da PUC-SP e o Vicariato Episcopal para a Pastoral da Comunicação (Vicom) da Arquidiocese de São Paulo. Foi um momento para saber dos riscos e benefícios de estar nas redes sociais, como alertou a reitora da PUC-SP, Anna Maria Marques Cintra; e de conhecer as ferramentas para potencializar o poder de convocação das mídias sociais, “fazendo de casa pessoa um comunicador em potencial”, como observou o Padre Antônio Aparecido Perei-
Luciney Martins/O SÃO PAULO
Padre Antônio Aparecido Pereira (Padre Cido) fala a participantes da oficina sobre o uso das redes sociais, dia 27
ra, vigário episcopal do Vicom. Fábio Fernandes, professor da PUC-SP e um dos assessores do encontro, lembrou que as redes sociais, enquanto “conjuntos de laços sociais de variadas métricas”, existem na história da
humanidade bem antes das mídias sociais. Nestas, segundo ele, é possível ver os múltiplos lados dos fatos e comunicar amplamente, mas é preciso descobrir uma linguagem específica para despertar interesse dos grupos
com que se quer dialogar. Ele sugeriu que, nas redes, os agentes de Pascom construam um diálogo aberto, franco, integrado e não restrito ao universo paroquial, utilizando-se de diferentes plataformas de áudio, vídeo e imagem.
David de Oliveira Lemes, também professor da PUC-SP, apresentou sugestões para o uso das mídias sociais e disse que os agentes da Pascom devem assumir o papel de curadores de conteúdo, aqueles dão direcionamento ao que será postado nas redes que administram, oferecendo, assim, motivações para acessos, compartilhamentos e curtidas dos conteúdos. Como dicas práticas, ele recomendou que nas mídias sociais sejam mantidas galerias de fotos com boas qualidades, informes paroquiais sem erros ortográficos e vídeos de curta duração, sendo todo este conteúdo postado e integrado em diferentes redes sociais. Colaborou Daniel Gomes
Curso de Verão
‘Juventude e relações afetivas’ Com o tema “Juventude e relações afetivas”, o Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular (CESEEP), promove o 28º Curso de Verão, a ser realizado dos dias 6 a 14 de janeiro de 2015, na PUC-SP. Serão refletidos assuntos como: corporeidade e identidades; sexualidade e família; sexualidade e espiritualidade; fraternidade; igreja e sociedade. A metodologia prevê momentos de apresentação dessas temáticas por assessores especializados e posterior debate e aprofundamento em grupos. Entre os assessores, estão: Ana Cristina Canosa, psicóloga, terapeuta e
educadora sexual; Edward Guimarães, teólogo e professor; Pedro Ribeiro de Oliveira, sociólogo e professor; Marcelo Barros, teólogo, biblista e escritor. O Curso de Verão destina-se a pessoas de diferentes Igrejas e Religiões comprometidas com trabalhos pastorais e comunitários, envolvidas com movimentos sociais populares e com causas por eles defendidas. É um espaço ecumênico e inter-religioso de estudo, convivência, troca de experiências, celebração e compromisso, utilizando metodologia, linguagem e dinâmicas da educação popular. Caracteriza-se
Divulgação
pela construção coletiva, em forma de mutirão, em que pessoas, grupos e instituições prestam serviço voluntário na preparação e realização do evento. O valor da inscrição para o curso é R$ 200,00, com desconto de R$ 20,00 para quem pagar até 14 de dezembro de 2014. Quem confirmar a presença de cinco participantes terá direito a uma inscrição gratuita. Os cursistas serão acolhidos em hospedagem solidária e gratuita em famílias e comunidades. Outras informações e a inscrição podem ser acessadas no site www.ceseep.org.br. Colaborou Dirceu Benincá
Pastoral da Pessoa Idosa
Pastoral da Criança
PPI completa 10 anos de atividades
Setor Belém realiza assembleia
A Pastoral da Pessoa Idosa (PPI) celebra em 2014, dez anos de atividades com muita alegria, mas também com muitos desafios pela frente. Na Arquidiocese, a PPI está presente em, apenas, 32 paróquias. São visitadas mensalmente 1.213 pessoas idosas, outro grande desafio, pois se considerado que a média estimada de pessoas idosas na cidade de São Paulo é cerca de 1.200 milhão. Tem-se uma ideia de quanto é preciso crescer ainda. Essas visitas são realizadas por 222 líderes comunitárias atuantes, que realizam este trabalho. Para comemorar essa data tão expressiva, foi reali-
zada uma missa na Paróquia Nossa Senhora da Lapa. A celebração foi presidida pelo vigário episcopal da Região Lapa, Dom Julio Endi Akamine. Na mesma ocasião, foi celebrado o Dia Internacional do Idoso. Ainda dentro das comemorações, está marcada uma romaria para a Basílica de Aparecida no dia 25 de outubro. Nessa ocasião, a coordenadora nacional da PPI, Irmã Terezinha Tortelli, estará presente, bem como vários bispos, grande número de líderes. O ponto alto das comemorações acontecerá em Curitiba (PR), local da sede
nacional, em 15 de novembro, com uma vasta programação que será divulgada oportunamente. A PPI é um Organismo vinculado à CNBB e foi criada oficialmente em 5 de novembro de 2004. Atua diretamente junto às famílias por meio de líderes comunitários que, voluntariamente, fazem visita domiciliar mensal às pessoas idosas, preferencialmente às mais vulnerabilizadas por fragilidade física ou situações de risco social, independentemente de credo religioso, ou tendência política. Colaborou Jairo Fedel, multiplicador da Pastoral da Pessoa Idosa.
Coordenadores de área e ramo, capacitadores, multiplicadores e conselheiros econômicos atuantes na Pastoral da Criança pelo Setor Belém, estiveram reunidos em 23 e 24 de agosto para a Assembleia Avaliativa 2014. Durante dois dias de ensinamentos, receberam orientações e refletiram sobre o real sentido da fé, caridade e doação ao próximo. “Os caminhos são difíceis, mas temos de ter força, vencer obstáculos. Temos que nos fortalecer para sair em missão”, disse a coordenadora Setor Belém, Deolinda da Cruz Santos Gomes, na abertura da assembleia realizada no Centro de Formação Sagrada Família, no Ipiranga. A assembleia teve espaço para a oficina Mil Dias, que focou o acom-
panhamento da gestante e das crianças até os dois anos de idade. Na oficina foi apresentado estudo sobre a relação entre crianças nascidas com baixo peso e o maior risco de desenvolver certas doenças (coração, colesterol, diabetes, obesidade), razão pela qual, se faz necessário priorizar o acompanhamento da gestante desde o inicio da gravidez e a disseminação da informação para reduzir fatores de risco. Ainda na oficina foi anunciado o projeto Vigilância Nutricional para crianças de zero a seis anos, que consiste em acompanhar a evolução do IMC (Índice de Massa Corporal). O projeto foi implantado no Setor Ipiranga e, em breve, deverá ser levado a todas as regiões da Arquidiocese. Colaborou Daniel Zampieri
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Destaques das Agências Nacionais
Nayá Fernandes
nayafernandes@gmail.com
CNBB publica texto base da Campanha da Fraternidade 2015 Já está disponível o texto base da Campanha da Fraternidade CF 2015, que terá como tema “Fraternidade: Igreja e Sociedade” e lema “Eu vim para servir”. O documento reflete a dimensão da vida em sociedade que se baseia na convivência coletiva, com leis e normas de condutas, organizada por critérios e, principalmente, por meio de entidades que “cuidam do bem-estar daqueles que convivem”. Organizado em quatro partes, o documento apresenta reflexões sobre o “Histórico das relações Igreja e Sociedade no Brasil”; “A sociedade brasileira atual e seus desafios”; “O serviço da Igreja à sociedade brasileira”; “Igreja – Sociedade: convergência e divergências”; aprofunda a relação entre Igreja e sociedade à luz da Palavra de Deus, do magistério da Igreja, da doutrina social. Debate uma visão social a partir do serviço, diálogo e cooperação entre Igreja e sociedade, além de refletir sobre “Dignidade humana, bem comum e justiça social” e “O serviço da Igreja à sociedade” e mostra os resultados da CF 2014, os projetos atendidos por região, prestação de contas do Fundo Nacional de Solidariedade
(FNS) de 2013 e as contribuições enviadas pelas dioceses, além de histórico das últimas Campanhas e temas discutidos nos anos anteriores. Inserida nas comemorações do Concílio Vaticano II, a CF 2015 baseia-se nos documentos Lumen Gentium e Gaudium et Spes, sobre a missão da Igreja no Mundo. Em entrevista ao O SÃO PAULO, na edição 3010, de 8 de julho de 2014, Padre Thierry Linard de Guertechin, jesuíta, filósofo, teólogo, demógrafo e geógrafo, afirmou que “a fé deve se traduzir em obras. Uma fé que fica só no ambiente eclesial, ‘na sacristia’, não produz nada. Obras sociais, outros tipos de obras, fazem parte de uma entonação da fé que vai ao encontro da realidade na qual se vive. É essencial viver bem a relação Igreja e sociedade, porque somos cristãos, mas, ao mesmo tempo, cidadãos. Por isso, é preciso assumir as duas identidades de igual maneira”. Para ele, “é imprescindível que a hierarquia da Igreja viva num modelo teológico que favoreça esta interação entre Igreja e sociedade, e, por isso, precisa escolher bem a teologia na qual se baseia toda a ação eclesial. Assim, é preciso
Reprodução CNBB
perguntar sempre sobre qual delas abre espaço para mais participação e, automatica-
mente, ajuda a valorizar a presença do leigo no mundo”. Fontes: CNBB/O SÃO PAULO
A festa da Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida Tiago Leon/A12
O dia 12 de outubro, na cidade de Aparecida (SP), é marcado, todos os anos, pela peregrinação de milhares de fiéis ao Santuário da Padroeira do Brasil. Este ano, seis procissões fazem parte da programação da Novena e Festa de Nossa Senhora Aparecida. A primeira é a dos ciclistas, o chamado ‘Cicicletaço’, que aconteceu em 6 de outubro, quarto dia da novena. A segunda foi dia 7, com charretes, conhecida como ‘Charretaço’, e a terceira no dia 8, sexto dia da Novena, a ‘Carreata’. Todas as procissões têm início às 16h30, e têm como ponto de partida e chegada o Santuário Nacional. No sábado, 11, véspera da Festa da Padroeira, acontecerá a Procissão Luminosa, uma simbólica peregrinação feita à luz de velas.
Beatificação da Madre Assunta Marchetti No dia 25, às 10h, a Catedral da Sé reunirá peregrinos de todo o Brasil e de diferentes países do mundo para a missa em que acontecerá a beatificação de Madre Assunta Marchetti, cofundadora da Congregação das Missionárias Scalabrinianas. A missa será presidida pelo prefeito da Congregação da Causa dos Santos, Cardeal Angelo Amato. A programação de eventos em São Paulo começa no dia 24, às
16h, no Memorial Madre Assunta Marchetti. Nesse dia, os peregrinos poderão conhecer melhor a vida da religiosa e apreciar o Memorial totalmente pensado por artistas e arquitetos do grupo “Reúna”. No dia 25, todos são convidados a participar da beatificação, às 10h na Catedral da Sé. No mesmo dia, às 16h, acontecerão várias atividades culturais e a apresentação de um musical no ginásio de
esportes do Colégio João XXIII. No domingo, 26, às 8h, haverá a missa na Basílica Menor de Nossa Senhora Aparecida e, em seguida, às 10h30, a cerimônia de encerramento no Centro de Eventos Padre Vítor Coelho de Almeida, também em Aparecida (SP). Informações e inscrições de caravanas podem ser feitas pelo site www.madreassunta.com Fonte: madreassunta.com
12 de outubro A primeira procissão do domingo, 12, será após a missa, que terá início às 10h30. Os devotos caminharão no entorno da Basílica Nova e finalizarão na Tribuna Bento XVI, onde haverá uma prece à Nossa Senhora Aparecida. A segunda e última procissão, a Procissão Solene, encerra as festividades do dia, às 17h. Um andor com a imagem de Nossa Senhora sairá da Basílica Velha, em direção ao Santuário Nacional. Na entrada principal da Basílica, a imagem será acolhida e recepcionada com fogos de artifício. Em seguida, a última missa será celebrada, com a presença dos funcionários do Santuário Nacional de Aparecida. Fonte: A12.com
8 de outubro Dia do Nascituro Dia 8 de outubro é dedicado ao nascituro. A data foi uma decisão da 43ª Assembleia Geral da CNBB, realizada em 2005, em Itaici (SP), e marca o encerramento da Semana Nacional da Vida, 1º a 7 de outubro. Neste período, dioceses e comunidades de todo Brasil organizam atividades e celebrações. Também está sendo organizado um abaixo-assinado, para a aprovação do Estatuto do Nascituro, que deve ser encaminhado ao Congresso Nacional. Fonte: CNBB
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Destaques das Agências Internacionais
| Igreja em Missão | 9 Filipe david
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FRANÇA
500 mil marcham em Paris pela família No domingo, 5, cerca de 500 mil pessoas participaram da manifestação convocada pela “Manif pour tous” (Manifestação para todos), em Paris, na França. O movimento “Manif pour tous” surgiu no final de 2012 em oposição ao projeto de lei - que foi aprovado no ano passado - do ‘casamento’ gay, chamado “mariage pour tous” (casamento para todos). Agora, o movimento quer acabar com o uso das “barrigas de aluguel” - recurso utilizado no mundo para que pares de homens homossexuais gerem filhos, pagando a uma mulher para engravidar de um dos dois. A lei francesa estabelece uma série de empecilhos para impedir ou dificultar o procedimento, mas o governo socialista de François Hollande, na esteira da aprovação do ‘casamento’ gay no ano passa-
Michel Richard
do, tem buscado modificar a legislação para facilitar a prática. O movimento argumenta que o ser humano não é uma mercadoria, que possa ser produzida sob medida em função dos desejos egoístas dos pais, mas uma pessoa, que tem direito a um pai e a uma mãe. A manifestação também se opõe a outros projetos contrários à família, como o ensino da “igualdade de gênero” nas escolas - defendido pela ministra da educação Najat Belkacem - que tem por objetivo eliminar todas as diferenças entre homens e mulheres desde a mais tenra infância. O argumento dos manifestantes é que as diferenças entre homens e mulheres têm fundamento na natureza humana e são importantes, pois o homem e a mulher se complementam. Fonte: lamanifpourtous.fr
ESPANHA
Beatificação de Álvaro del Portillo reúne 200 mil pessoas A cerimônia de beatificação de Dom Álvaro del Portillo, sucessor de São Josémaria Escrivá à frente do Opus Dei, reuniu em Madri , na Espanha cerca de 200 mil pessoas de todo o mundo, em 27 de setembro. A missa contou com a presença de 150 bispos e 18 cardeais. O milagre que permitiu a
beatificação foi a cura inexplicável de um menino que hoje tem 11 anos e que padecia de uma doença do coração ao nascer. Após diversas operações e com apenas 22 dias de vida, o menino teve uma parada cardíaca prolongada e foi considerado como morto pelos médicos, mas nesse momento seu coração voltou mi-
EUROPA
Organização em defesa da vida na Europa Foi constituída a Federação Europeia em Defesa da Vida e da Dignidade Humana – também chamada de “One of Us” (Um de nós), composta por cidadãos de 28 países, integrantes de 25 organizações em defesa da vida e da dignidade humana. Para fundar a organização, foram recolhidas mais de 1,8 milhão de assinaturas. A Federação, sem fins lucrativos, tem o objetivo de promover “o reconhecimento incondicional da dignidade inerente e inalienável de todo ser humano,
como fonte de todas as liberdades e direitos humanos”, que, por isso mesmo, “deve ser considerada inviolável e protegida por toda autoridade pública”. Um segundo objetivo da organização é de fomentar uma “cultura da vida na Europa, pela promoção e apoio a atividades que impliquem na proteção da vida humana, particularmente em seus estágios mais vulneráveis (concepção e gestação, infância, maternidade, enfermidade, idade avançada e terminal)”. Fonte: ACI
lagrosamente a bater. Sua mãe afirmou que, ao saber que seu filho morria, pôs-se a rezar, pedindo pela intercessão de Dom Álvaro, para que Deus fizesse pelo seu filho o que os médicos não podiam. Durante a homilia, o Cardeal Angelo Amato, prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, destacou que uma
das maiores virtudes de Dom Álvaro era a humildade, pela qual o Beato dizia que era preciso lutar toda uma vida, porque ela é a chave que permite abrir a porta para entrar na casa da santidade. Em mensagem enviada por ocasião da cerimônia, o Papa Francisco afirmou que Dom Álvaro era “livre de in-
teresses mundanos, estranho à discórdia, sempre em busca do bem dos outros: nunca foi de reclamar ou de criticar”. Segundo o Papa, o Beato “gastava muita energia para encorajar as pessoas a se aproximarem do sacramento da Confissão”, sacramento que mostra que “ainda é tempo de amar”. Fonte: ABC/ Zenith
SÉRVIA
‘Não dá para gastar milhões em parada da sem-vergonhice’ É o que pensa o Patriarca Irinej, da Igreja Ortodoxa Servia, a propósito dos planos para uma parada gay em Belgrado, capital da Sérvia, conforme declaração feita no fim de setembro. Segundo o Patriarca, a grande maioria do povo sérvio é contra esse tipo de demonstração. Para o Patriarca, “você tem o direito de fazer uma parada, mas somente se for com os seus próprios recursos (…), mas não às custas
da Sérvia – bombardeada, devastada, arruinada moral e economicamente, empobrecida, inundada e publicamente humilhada”. O Patriarca pergunta aos ativistas: “vocês estão tão cegos pela luxúria e pelo egocentrismo que já não se importam com os custos enormes e sem financiamento de fazer a parada?” Uma outra questão levantada pelo Patriarca é: como os direitos dos homossexuais poderiam ser defendidos
pelo escárnio e pela ofensa aos valores morais da vasta maioria da humanidade? Apesar das críticas, a manifestação ocorreu, como estava previsto em 28 de setembro. O número de manifestantes foi de apenas algumas centenas de pessoas, mas o evento contou com a presença de políticos importantes. Cerca de 5 mil policiais foram mobilizados para evitar potenciais conflitos e violência. Fonte: LifeSiteNews/ Wlec
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Câncer de pele Câncer de pele é uma transformação das células da pele que se multiplicam de forma descontrolada. É uma doença comum que se divide em dois grandes grupos: os carcinomas e melanomas. Os carcinomas são mais comuns e menos agressivos, respondendo a aproximadamente 95% dos casos. Os melanomas são mais raros, porém mais agressivos, e correspondem cerca de 2% a 4% dos casos. Os fatores de risco dos carcinomas estão diretamente relacionados com a exposição solar acumulada durante a vida, e são mais frequentes em pessoas de pele branca, olhos e cabelos claros. Já os melanomas podem ter relação com irradiação solar, mas de forma intensa e pontual e podem aparecer em áreas de
Sociedade Brasileira de Dermatolgia
pele coberta. Os sinais de alerta são pequenas feridas que não cicatrizam. Além de manchas e pintas escuras que mudam de cor ou formato, que sangram ou que aumentam de tamanho. Em casos de suspeita deve-se realizar biopsia para confirmar o diagnóstico, identificar qual o tipo de câncer de pele e iniciar o tratamento. Obtendo o diagnóstico em estágio precoce, há grandes chances de cura, mesmo no caso de melanoma. Algumas medidas de prevenção são essenciais: usar protetor solar, sendo mais importante do que o fator de proteção a frequência de reaplicação, que deve acontecer a cada 2 horas; evitar bronzeamento artificial, pois existem estudos que relatam au-
Data de vencimento conta de água ou luz. Opção do consumidor A Lei 9.791/99, em seus artigos 1º e 2º, dispõe sobre a obrigatoriedade das concessionárias de serviços públicos oferecerem ao consumidor e ao usuário datas opcionais para o vencimento de seus débitos. As concessionárias de serviços públicos, de direito público e privado, nos Estados e no Distrito Federal, são obrigadas a oferecer ao consumidor e ao usuário, dentro do mês de vencimento, o mínimo de seis datas opcionais para escolherem os dias de vencimento de seus débitos. Saiba de seus direitos, procure um advogado. Ronald Quene é bacharel em Direito
Tecnologia
Direito do Consumidor
Cuidar da saúde
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mento do risco de câncer de pele; pessoas com osteoporose que têm recomendação de exposição solar, devem expor somente braços e pernas, durante 15 minutos, por três vezes na semana e nos horários recomendados; atividade física ao ar livre deve ser realizada antes das 9h e depois das 15h; passar em consulta médica periódica com dermatologista se você tiver muitas pintas, principalmente se houver casos de câncer de pele na família. Com o avanço da medicina, temos cada vez mais êxitos no prognóstico do câncer de pele, mas o melhor “remédio” ainda é a prevenção. Dra. Cássia Regina é médica na Estratégia de Saúde da Família (PSF).
Windows 10: clientes poderão testar o produto enquanto é desenvolvido Luiz Otávio Ugolini Vianna Enquanto que nos smartphones já estamos bastante acostumados com as tecnologias touchscreen, que nos permitem acessar tudo com os dedos, nos PCs essa nova forma de interface ainda vem engatinhando. Prova disso foi o evento da Microsoft ocorrido no início deste mês, que apresentou o preview do que será o novo sistema operacional da empresa, o Windows 10, a ser lançado no ano que vem. Depois de um produto bem sucedido como foi o Windows 7, a Mi-
crosoft inovou bastante na interface do Windows 8. Pensando no mercado de tablets, a interface foi remodelada e projetada principalmente para usuários de dispositivos com interface por toque. O que ocorreu foi uma reclamação geral de seus usuários. Ao comprarem novos dispositivos ou atualizarem seus sistemas, sentiram falta de um pequeno botão: o “botão iniciar”. O “botão iniciar” é aquele que fica no canto esquerdo inferior do Windows, e que tem sido a chave para o acesso aos recursos do sistema nas últimas décadas, utilizando o mouse.
Conclusão: em resposta aos seus clientes, a Microsoft rapidamente lançou a versão 8.1, que, entre outras funcionalidades, trouxe de volta o recurso reclamado. A lição parece que serviu. Depois de concluir que “talvez tenha ido rápido demais”, agora os clientes poderão testar o novo produto enquanto é desenvolvido e poderão dar suas opiniões. Sobre o produto, se sabe que trará muitas inovações, mas uma coisa é certa: o “botão iniciar” já está confirmado, estará lá. Luiz Otávio Ugolini Vianna é engenheiro e Diretor de Tecnologia da Mult.Conect
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Quem fala com Agostinho? Sergio Ricciuto Conte
com gratidão, das mãos dos pais o testemunho da vida.” A cultura do descarte da qual fala o Papa pode ser identificada na quase inexistência de propostas de políticas públicas para idosos, por exemplo, nas recentes campanhas eleitorais. Jairo Fedel, coordenador da Pastoral da Pessoa Idosa (PPI) em São Paulo ressaltou que as principais dificuldades começam com a falta de centros de saúdes especializados. “Há o problema da mobilidade urbana, buracos e desníveis nas calçadas, semáforos para pedestres que são verdadeiras provas de maratona. E não poderia deixar de citar a questão da violência contra a pessoa idosa, violência financeira, física, moral e psicológica.”
“Descartam-se os idosos sob o pretexto de manter um sistema econômico equilibrado, no centro do qual não está a pessoa humana, mas o dinheiro”, afirmou o Papa Francisco Nayá Fernandes
nayafernandes@gmail.com
“Quem compra leva a sacolinha de brinde!” Gritava Agostinho José da Silva, 71, o “Agostinho da Paçoca” durante um festival de cultura em São Paulo. A cada cliente que comprava a paçoca, a brincadeira se repetia, até que alguém entendesse que aquela era a maneira de puxar conversa. Agostinho estaria cansado após horas de trabalho na sua idade? Não. Os pilões que trouxe de Guaratinguetá (SP) até a capital paulista, onde ele mistura farinha com amendoim, carne e torresmo, fez com as próprias mãos. Força para esculpir a madeira, ternura e sabedoria para contar histórias. “Uma nação que melhora seu ato de cozinhar, melhora sua civilização”, disse à reportagem, com um sabor diferente na voz, mistura de desabafo e orgulho, devido à autenticidade do talento sem efeitos. A cada ano, 1º de outubro é o Dia Internacional do Idoso, data estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) na Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento, em 1982. Além de ser uma oportunidade de comemorar é, sobretudo, ocasião para que os órgãos públicos responsáveis pela coordenação e implementação da Política Nacional do Idoso se responsabilizem e incentivem a valorização da pessoa idosa. Em Roma, no dia 28 de setembro, aconteceu a I Jornada Internacional dedicada à Terceira Idade, com a presença do Papa Francisco e do Papa Emérito Bento XVI. Promovido pelo Pontifício Conselho para a Família, reuniu idosos de todo o mundo. “A bênção da vida longa” foi o tema do encontro, que contou com testemunhos de vida e reflexões sobre a velhice.
Esquecidos? José Roque Junges, professor de Antro-
pologia da Saúde e Bioética na Universidade do Vale do Rio dos Sinos, apontou, em suas pesquisas, que a expectativa de vida aumentou consideravelmente no último século. “Se em 1940 a participação da população com mais de 65 anos era de 2,4%, em 2000 era de 5,8%. As últimas projeções indicam que esse segmento será de 15% da população no ano de 2020.” O professor explicou, ainda, que se vive uma contradição entre a busca de uma sempre maior longevidade e uma crescente situação de marginalização e indiferença do idoso. “Constata-se que, se por um lado, a ciência busca a realiza-
ção do sonho da imortalidade, por outro, a economia aponta para a inutilidade do idoso, reduzido à sua condição de puro consumidor de produtos que prometem longevidade.” “Quantas vezes se descartam os idosos com atitudes de abandono que são uma verdadeira e própria ‘eutanásia escondida’! É o efeito daquela cultura do descartável que faz muito mal ao nosso mundo”, denunciou o Papa Francisco durante o encontro com os idosos, enquanto ressaltou também a riqueza da interação entre as gerações. “Não há futuro para um povo sem este encontro entre as gerações, sem os filhos receberem,
Compartilhar o tempo Jéssica de Carvalho da Silva, 24, trabalha há quatros anos no Núcleo de Convivência do Idoso (NCI), em Pinheiros, zona oeste da capital. A jovem destacou que o principal motivo que os leva até o Núcleo é o isolamento social. “Não é a questão financeira, mas a solidão, o abandono dos filhos.” Como auxiliar administrativa no NCI e, atualmente, estudante de Filosofia, Jéssica quer continuar na área de Gerontologia. “Sempre considerei que os idosos têm muita sabedoria a compartilhar, e aqui confirmo isso, acrescentando que a sociedade, quando os valoriza, tende a infantilizá-los e não considera a autonomia e a dignidade de cada um”, disse. Lydia Silva Gonçalves, 79, foi mais longe. Moradora de Itanhaém (SP), ela começou a estudar aos 65 anos. Formou-se em Pedagogia e abriu uma biblioteca improvisada na garagem de casa. Para ela, “começou a viver depois que aprendeu a ler”. A idade foi a força para seguir adiante e ajudar outras pessoas que pensam não serem mais capazes de aprender qualquer coisa nova. Jovens e crianças perdem quando não compartilham o tempo com os idosos. Seria interessante que os pais deixassem aos avós a tarefa de contar histórias aos filhos, sobretudo porque são histórias que não existem nos livros. O tempo deu a eles sabedoria, uma sabedoria disponível. Mas buscar essa sabedoria guardada deve ser iniciativa dos adultos. Quem acha que velho é sinônimo de ruim pode não chegar a ser sábio, e talvez nunca apreciar o sabor de um bom vinho.
Crônica
Um banco vazio no metrô A cada estação, ela olhava rapidamente, quase com a cabeça fora da porta. - “Já é Consolação?”, perguntou à moça ao lado. - “Não senhora, ainda faltam duas estações. Eu vou descer na próxima, a senhora desce uma depois.”
- “Minha filha não pôde vir comigo”, disse ela, com tristeza e, ao mesmo tempo, aquela alegria adolescente de quem saiu sozinha de casa. “Eu disse pra ela: ‘deixa filha, vou sozinha, vou perguntando e chego lá’”. Os pés rachados, a sacola
presa junto a si, bem apertada ao peito. Os cabelos esvoaçados. A expressão assustada. Ao lado, não conseguia ser discreta. O vai e vem do metrô, que também me assusta cotidianamente, parecia ainda mais voraz aquele dia. Dentro da terra, o vento esfriava mi-
nhas mãos, presas às dele, que me viu absorta na cena. Eu, menina do interior, a quem a maior capital da América Latina conquistou com seus museus, praças, parques e amores também estava ali, clinicamente sendo analisada. Desci antes, a senhora conti-
nuou seu caminho. Aflita, em pé, ao lado da porta e de um banco de cor azul clara, vazio, designado para ela. A cidade pode ser grande e assustadora demais pra quem há muitos anos aprendeu a habitar em primeiro lugar, seu interior. Por Nayá Fernandes
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Papa convida bispos a terem coragem para fa FERNANDO GERONAZZO
Especial para O SÃO PAULO
Em dois dias de trabalho, já foram registradas mais de 70 intervenções na 3ª Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos sobre os desafios pastorais da família no contexto da evangelização, iniciada solenemente no domingo, 5, e que se encerrará no dia 19. “Peço-vos, por favor, estas duas atitudes de irmãos no Senhor: falar com ‘parresia’ – clareza e coragem evangélicas – e escutar com humildade”, aconselhou o Papa Francisco na primeira sessão do Sínodo. Francisco destacou que os padres sinodais são portadores da voz das Igrejas particulares, congregadas em conferências episcopais. Ele também ressaltou a grande responsabilidade que os bispos têm de trazer as realidades e as problemáticas das Igrejas.
Renovar a linguagem De acordo com o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Padre Federico Lombardi, muitas das intervenções até o momento foram marcadas por pedidos de mudanças na linguagem dos ensinamentos da Igreja sobre a família. Outro grande tema abordado foi referente à “gradualidade”, ou seja, o fato de que há um caminho através do qual os fiéis cristãos se aproximam àquele que é o ideal da família cristã e do Matrimônio cristão na apresentação do Magistério da Igreja. “Muitas intervenções insistiram sobre a importância de promover o conhecimento objetivo e profundo do Magistério da Igreja, que, muitas vezes, não é suficientemente conhecido”, resumiu Padre
Lombardi em um dos encontros diários com os jornalistas – uma das novidades deste Sínodo – realizado terça-feira, 7.
Olhar de amor e de misericórdia Indagado pelos jornalistas sobre a eventual necessidade de existirem mudanças doutrinais neste Sínodo, Dom Bruno Forte, arcebispo de Chieti-Vasto, na Itália, e secretário especial da Assembleia, considerou que a doutrina não tem um valor abstrato em si, mas sim quando é anunciada a pessoas concretas. “No centro da doutrina está a caridade de Deus, está a misericórdia. Eu creio que este seja o ponto verdadeiramente fundamental: dizer aquela que é a fé da Igreja – e certamente sobre isto não é que a fé da Igreja muda – mas dizê-la olhando as pessoas concretas, reais, para que essa não seja sentida como uma vara que te julga, mas como um olhar de amor e de misericórdia que te alcança”, disse. O Sínodo não é um parlamento “Não estamos ali para conquistar maiorias sobre posições apresentadas: estamos ali para trabalhar com o fim de fazer crescer uma vontade comum na Igreja”. Essas foram as palavras do Cardeal Vingt-Trois, arcebispo de Paris e um dos presidentes delegados desta Assembleia do Sínodo, ao ressaltar que a dinâmica do Sínodo não é semelhante à de um parlamento. “A vontade comum será a de mobilizar-se sobre objetivos mais precisos e claros possíveis e que deixem todo o espaço de ação e de colocar em prática nas Igrejas particulares.”, completou.
Um Sínodo mais reservado FILIPE DOMINGUES
Especial para O SÃO PAULO, em Roma
Os debates dos primeiros dias da 3ª Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos sobre os desafios pastorais para as famílias trazem uma novidade: uma privacidade maior para os participantes, buscando evitar excessivas especulações e pressões externas a respeito de temas tão delicados que estão sendo discutidos. O Papa Francisco, que desde a convocação do Sínodo vem estimulando o confronto de ideias divergentes, pediu aos mais de 250 participantes da reunião que “falem com plena liberdade e ouçam com respeito”. Por isso, para que os debatedores do Sínodo não se sentissem intimidados
em falar abertamente, a secretaria do Sínodo dos Bispos decidiu não divulgar todos os discursos dos participantes. Nas assembleias precedentes, todos os pronunciamentos sinodais eram publicados em forma de documento, em resumo ou na íntegra, o que se tornava um registro oficial e permitia a participação indireta do restante da Igreja, acompanhando, debatendo paralelamente e rezando. Agora, a sala de imprensa da Santa Sé tem publicado apenas os pronunciamentos oficiais e um pequeno resumo geral do que foi dito no dia. Alguns jornalistas observadores das atividades do Vaticano têm criticado a decisão, dizendo que se criou em Roma um grande ar de mistério em torno do Sínodo e os rumores correm em paralelo. O vati-
canista italiano Marco Tosati, que escreve para o jornal La Stampa e é comentarista na emissora católica TV 2000, afirmou que “o Sínodo vai viver entre o oficialismo e as fofocas, sem respaldo nos documentos”. Só mesmo no fim desta Assembleia, que vai de 5 a 19 de outubro, será publicado um relatório geral. Por outro lado, a medida tem sua razão de ser. O jornal americano National Catholic Reporter informou que, de fato, seria difícil para a Santa Sé preparar todos os dias 30 ou 40 textos traduzidos em cinco ou seis línguas. O cardeal secretário do Sínodo dos Bispos, Dom Lorenzo Baldisseri, justificou recentemente que o sigilo dá “liberdade aos palestrantes sem criar suspeitos”, de modo que eles podem falar sem medo de serem vistos por todo o mundo.
Esse problema ocorreu, em certa medida, com o Cardeal Walter Kasper. Renomado teólogo, na última reunião de cardeais em Roma, ele manifestou ser a favor, em certos casos, à readmissão de pessoas que vivem em segunda união ao sacramento da Eucaristia. Desde então, virou constante foco de polêmicas na imprensa internacional e na Igreja. Nesse contexto, a secretaria do Sínodo proibiu também o uso de redes sociais como Twitter e Facebook na sala sinodal. Encontros e jantares privados, conferências públicas nas universidades e mesas de discussão vêm sendo realizados em Roma. Tudo com muita cautela, para evitar que o Sínodo da Família, como vem sendo chamado, acabe sendo manipulado por algum grupo específico.
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alar e humildade para ouvir Fotos: L’Osservatore Romano
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Realizada a assembleia da Congregação para o Clero Cardeal Odilo Pedro Scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo
Casais apresentam a realidade das famílias no mundo FERNANDO GERONAZZO
Especial para O SÃO PAULO
Nesta Assembleia Extraordinária, os padres sinodais estão tendo a oportunidade de ouvir o relato de vários casais que participam como auditores. Como era de se esperar, alguns dos relatos refletem os dilemas que as famílias cristãs e os diversos movimentos pastorais focados na família enfrentam. É o caso do casal australiano Ron e Mavis Pirola, diretores do Conselho Católico da Austrália para a Família e o Matrimônio, que, no dia 6, narraram o
dilema de um casal de amigos seus que possui um filho homossexual e que desejava levar seu companheiro para as comemorações de Natal em família. Outro casal filipino, Cynthia e George Campos, casados há 27 anos e pais de quatro filhos, relatou que tentou sem sucesso criar dentro do movimento Casais para Cristo, do qual participam, um grupo destinado a casais que vivem em situação irregular e de segunda união. O casal manifestou o desejo de que a Igreja possa promover formas inovadoras de acompanhamento e participação inclusiva de casais
nesta situação na vida eclesial. Esses e outros testemunhos estão sendo ouvidos pelos padres sinodais que terão pela frente, a difícil e corajosa tarefa de discernir, em conformidade com o Evangelho, como a Igreja deverá orientar os seus fiéis diante dessas situações que, dado o contexto sociocultural de um mundo cada vez mais secularizado, são cada vez mais frequentes, e de encontrar fórmulas e atitudes pastorais que, ao mesmo tempo, sejam expressão da verdade e da caridade. (Com informações de Vatican Insider e Rádio Vaticano)
Entre 1º a 3 de outubro, participei da assembleia plenária da Congregação para o Clero, no Vaticano, sob a coordenação do Cardeal Beniamino Stella, prefeito da Congregação. Participaram cerca de 20 cardeais e bispos do mundo inteiro, refletindo sobre assuntos da competência desse dicastério. O primeiro tema da pauta foi a revisão da Ratio fundamentalis, uma espécie de diretrizes para a formação sacerdotal nos seminários. De fato, agora é a Congregação para o Clero que ficou encarregada de seguir a formação sacerdotal, inicial e permanente; até 2012, era a Congregação para a Educação Católica. As discussões sobre o projeto da nova Ratio fundamentalis referiram-se ao tipo de sacerdote que a Igreja deseja formar, à pastoral das vocações, aos estudos básicos que os candidatos ao sacerdócio devem fazer, à organização dos seminários e aos vários aspectos da formação sacerdotal. O projeto da nova Ratio, que será submetido às conferências episcopais de todo o mundo, deverá assimilar as mais recentes orientações do Magistério da Igreja para uma boa formação sacerdotal em nossos dias; mas também os oportunos ensinamentos das ciências humanas, como a Psicologia. Outro tema tratado foi o Diaconato permanente. Foram apresentados os resultados de uma pesquisa sobre a prática do Diaconato permanente em todo o mundo, desde o Concílio Vaticano II, quando ele foi restaurado novamente na Igreja Católica de rito latino. O levantamento mostrou que as experiências são bastante semelhantes quanto à formação e à missão confiada aos diáconos permanentes; mas é uma realidade eclesial mais presente na Europa e na América; bem menor é a sua expressão na Ásia e na África. Também neste caso, está em curso a revisão do Diretório para o Diaconato permanente, da Santa Sé, cujo novo esboço será submetido às conferências episcopais em breve. Depois de 50 anos, desde a sua restauração na nossa Igreja, muitas novas reflexões e experiências poderão ser agora integradas nas orientações para a formação dos diáconos e o exercício do seu ministério. Tema que também é da competência da Congregação para o Clero, e tratado na assembleia plenária, é o acompanhamento das questões patrimoniais e administrativas das dioceses e de outras estruturas da vida eclesial. Embora as dioceses tenham sua autonomia administrativa, seus bens são “bens da Igreja” e a Santa Sé oferece normas canônicas para a devida gestão desses bens, quer para a sua administração ordinária, quer para a sua eventual alienação. De fato, novas situações surgidas com a anexação de paróquias ou até a sua supressão, bem como o fechamento de igrejas e sua eventual alienação em algumas regiões do mundo, requerem hoje novas normas da Igreja. Os bens destinados ao sustento da Igreja e ao desenvolvimento de sua missão deverão, normalmente, continuar destinados a essas mesmas finalidades, não podendo ser desviados de legítima razão de sua existência. Também se tratou da vida dos presbíteros, sobretudo de iniciativas voltadas a suscitar a fraternidade sacerdotal. Muitas experiências positivas, nesse sentido, já existem por toda parte, desde aquelas que são organizadas localmente pelas dioceses, quer as linhas de espiritualidade e mística sacerdotal ligadas a Movimentos e Fraternidades sacerdotais de caráter mais universal. A Congregação para o Clero, na comemoração dos 50 anos do decreto Presbyterorum Ordinis, do Concílio Vaticano II, e seguindo as orientações do Papa Francisco, está empenhada em dar um novo impulso à pastoral das vocações, à vida e ao ministério dos presbíteros.
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‘Ninguém deve ser excluído porque é bom ou mau, o ser humano é obra de Deus’ Luciney Martins/O SÃO PAULO
Dom Julio Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese, celebrou missa para mais de 200 detentos, no cdp III de pinheiros Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com
Na manhã de quinta-feira, 2, o bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo e vigário da Região Episcopal Lapa, Dom Julio Endi Akamine, celebrou, no Centro de Detenção Provisória III (CDP) de Pinheiros, uma missa para mais 200 detentos, agentes penitenciários e diretores das outras unidades do CDP. Em uma saudação aos presos, Dom Julio destacou a importância do trabalho, afirmando que o “trabalho não só faz coisas. O trabalho edifica a pessoa humana, melhora a gente como pessoa”, além de afirmar que ninguém deve ser excluído “porque é bom ou mau, o ser humano é obra de Deus”. Ao refletir sobre o Evangelho da missa – a visita de Maria a sua prima Isabel –, Dom Julio ressaltou que a “obra por excelência é a pessoa humana” e que “aquilo que reconhecemos de bom em Maria, Deus quer realizar em nós”. O Bispo destacou, ainda, que o ser humano não somente é capaz de criar e construir coisas,
o homem é, nas palavras do celebrante, “capaz de educar e de ajudar as pessoas a serem melhores”.
Presos participam de reformas Ao falar sobre o trabalho, o Bispo fez referência à reforma que foi feita em um dos raios – lugar em que ficam as celas –, e onde a celebração aconteceu. A reforma, segundo contou o diretor da unidade, Ademir Muniz de França, foi realizada pelos
próprios detentos que possuíam mais conhecimento na área da construção. “Não só agradeço pelo trabalho, mas pela dignidade e confiança depositada”, afirmou João* um dos detentos que, antes do início da missa, falou em nome dos demais para agradecer a oportunidade de trabalhar na obra de reforma do raio. E prosseguiu, “acreditando firmemente nesse projeto e na capacidade de transformação do ser humano,
sei que esse momento para mim representa apenas uma passagem, mas sei que se acende uma luz, sei que esse legado será um ‘ponta pé inicial’ para o futuro brilhante de outros reeducandos”. O diretor do CDP III mostrou as instalações do local e as reformas e construções que estão sendo realizadas para tornar a vida no cárcere menos difícil. Mesmo não sendo obrigação em um CDP, já que a lógica é que a permanência no local seja provisória, Ade-
mir conta que teve a iniciativa de construir uma sala para estudos, biblioteca e uma oficina. “Quero ver uma condição melhor, que aguardem o julgamento da melhor forma possível”, afirmou Ademir, que destacou a importância do trabalho das religiões para dar “um conforto espiritual” aos presos. Para ele, a Pastoral Carcerária e os demais grupos que atuam nas penitenciárias fazem “um papel exemplar” e, muitas vezes, suprem uma carência familiar que os detentos possuem. Antônio*, outro detento, é o responsável pela igreja do raio. Para ele, a presença das religiões é “fundamental e essencial. Se não tivesse as igrejas aqui, fazendo esse trabalho, ajudando com esse equilíbrio espiritual, diria que a coisa seria uma catástrofe”. Ao relatar a rotina na prisão, o detento conta que são feitas duas orações por dia, fora momentos de estudo e leitura da Bíblia. Das muitas dificuldades da vida no cárcere, a superlotação talvez seja a mais grave delas. Presente na fala do diretor do presídio e dos próprios detentos, essa realidade dificulta o convívio e a realização de trabalhos nos CDPs e penitenciárias. Na unidade III de Pinheiros, por exemplo, são 1.500 presos. A sala de estudo, biblioteca e a oficina comportam, no máximo, 200 pessoas. * Nomes fictícios pra resguardar a identidade
Ato em memória aos 111 mortos no Carandiru e por melhorias no sistema penal Luciney Martins/O SÃO PAULO
Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com
“Nossos mortos têm voz!”, indicava a grande faixa preta que ia a frente dos manifestantes. A noite fria e com garoa da quintafeira, 2, não foi suficiente para espantar as pessoas, que em marcha pelas ruas da capital relembraram os 22 anos do massacre do Carandiru. O ato, convocado por mais de 15 entidades, entre elas a Pastoral Carcerária, Rede 2 de outubro e as Mães de Maio, lembrou, também, a morte de um camelô durante a Operação Delegada da Polícia Militar, no bairro da Lapa. Além de lembrar os 111 presos mortos em 1992, o protesto criticou o sistema carcerário e as políticas de segurança pública em
vigor no País. “Precisamos relembrar essa história porque é uma história que não foi contatada. Quem foi para o banco dos réus foi quem aperta o gatilho, queremos ver a ‘mão do mando’ no banco dos réus”, afirmou Débora Silva, coordenadora e organizadora do movimento Mães de Maio.
Débora não teve um filho assassinado no massacre do Carandiru, mas nos chamados “Crimes de Maio”, sequência de assassinatos ocorridos em maio de 2006 na Baixada Santista, Guarulhos e na capital. “O meu grito como mãe, o grito das Mães de Maio, é um grito de transformação. E o
único modo de transformar essa impunidade em justiça é se unir, porque o Estado é muito unido contra nós”, afirmou. Rodolfo Valente, da Rede 2 de Outubro, destacou que o massacre no sistema carcerário é cotidiano. De acordo com ele, “as pessoas morrem no sistema
carcerário, são apinhadas em espaços pequenos todos os dias. Presídios são lugares de morte, cada vez mais”. Para ele, os discursos sobre a privatização das penitenciárias são tentativas de “mercantilizar a liberdade alheia”. Sobre o julgamento e condenação de comandantes e policiais que estiveram no massacre, Rodolfo salienta que a “punição foi simbólica, um júri popular reconheceu o massacre, mas a gente não acredita nesse sistema penal. Enquanto no andar de cima estavam condenando os policiais – que provavelmente não vão cumprir pena nenhuma – no andar de baixo, centenas de milhares de jovens negros estavam sendo mandados para o sistema carcerário. Somos contra esse sistema penal, não acreditamos nele”.
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| Entrevista | 15
Angela Barbour
‘A questão não é desenhar, é ver’ Arquivo pessoal
Nayá Fernandes
mas para qualquer ser humano, é importante que se aprenda a ver.
nayafernandes@gmail.com
Como um cego pode ver o voo de uma borboleta? Para responder a essa inquietação pessoal, a ideia da artista Angela Barbour, gerente da Galeria Marta Traba na Fundação Memorial da América Latina, foi reproduzir a sensação do voo. Assim, milhares de fios de seda pendurados um a um se transformaram em uma instalação de quilômetros e quilômetros. “Seria como passar por dentro de um cabelo comprido. Os fios são de viscose com seda, bem geladinhos, e você os sente tocando todo o corpo. Essa experiência integra e coloca todos, deficientes visuais ou não, na mesma condição.” A inspiração veio da mãe, quando Angela ficou grávida pela primeira vez. “‘Filha, quando você sentir dentro da sua barriga uma asinha de borboleta tocando por dentro, é o bebê se mexendo’, foram palavras da minha mãe que nunca esqueci. Quando senti, foi um momento mágico. Por isso, para mim, o voo da borboleta é uma imagem do sublime.” Desde o ano 2000 no Memorial da América Latina, a artista, que divulgou no Brasil o método de desenho com o lado direito do cérebro, revelou ao O SÃO PAULO: “quando faço um trabalho, me coloco à disposição do universo criador”.
O SÃO PAULO – Quando você se descobriu artista?
Angela Barbour – Não nasci sabendo desenhar. Aos 14 anos, fui até a casa de uma vizinha que desenhava. Ela me deu uma fotografia, algumas dicas e um papel e comecei a desenhar. Levei para a minha mãe e ela não acreditou. Então, peguei duas fotografias e desenhei na frente da minha mãe. Ela comprou vários materiais pra mim. Quando você faz um rosto, precisa trazer a alma da pessoa. Senti que conseguia enxergar bem as pessoas e passei a desenhar dia e noite sem parar. Achava que um dia eu ia acordar e não ia desenhar mais. Então, fiz faculdade de farmácia e bioquímica, mas, depois de alguns anos, eu resolvi fazer artes visuais. Eu sabia que não tinha um talento inato e, por isso, fui buscar métodos alternativos.
Quais foram os métodos alternativos utilizados por você para ensinar a desenhar? Na pesquisa, me deparei com o livro “Desenhando com o lado direito do cérebro”, da Betty Edwards, em inglês. Comecei a ler e, a partir daquele livro, desenvolver um curso adaptado à realidade brasileira. A Betty é uma
Como você vê a produção cultural contemporânea no Brasil? Sou artista contemporânea e, vejo que, na verdade, o conceito é muito importante na arte, mas ele não é tudo. Eu sou da geração da arte conceitual e tive professores que me disseram: se você pensou não faça, você já fez. Mas acredito que, se não houver materialidade, não há arte. Vejo também que mostrar os processos é muito importante. Nem todos os artistas estão em busca da beleza. Antigamente era necessário imitar a criação, que seria o belo. Hoje, a arte mostra o homem contemporâneo, levado pela cidade, pela situação cosmopolita e pela situação do individualismo e da solidão. A arte expressa o estranhamento, a sensação ruim de que nem tudo é bonito e maravilhoso. É bom que a arte possa expressar o que ela quiser. pesquisadora norte americana, da Universidade da Califórnia, e percebeu que os seus alunos, em um determinado momento, começavam a desenhar. Na mesma universidade dela estava o Roger Sperry, pesquisador da função dos hemisférios do cérebro. Ele fez várias pesquisas e percebeu que pessoas que tinham lesionado algum dos lados do cérebro tinham perdas diferentes. Juntos, eles provaram que é possível aprender a desenhar exercitando o lado direito do cérebro. Aqui, comecei as pesquisas em 1987 e passei a aplicá-las nos anos 1990. Betty Edwards conseguiu desenvolver exercícios específicos para o lado direito do cérebro. É importante ressaltar que o nosso lado esquerdo está em vantagem porque nós só passamos de ano na escola, por exemplo, se soubermos ler e escrever, e não se não soubermos desenhar. O que ela desenvolveu foi uma série de exercícios para exercitarmos bem o direito.
Como se podem explicar as funções de cada um dos hemisférios do cérebro? Os hemisférios trabalham como dois programas e eles recebem as mesmas informações. Claro que os dois são imprescindíveis e você precisa deles muito bem integrados. Porém, o sistema educacional precisaria levar mais a sério essa questão. O grande empecilho é que a maioria das pessoas não acredita nisso e não chega à reflexão que, se todos conseguem aprender a escrever, podem também desenhar. Mas, então, por que a linha do desenho não sai no lugar certo? Porque a maioria das pessoas não vê a realida-
de como ela é. Durante a vida toda, o hemisfério esquerdo não se preocupa com desenho, mas com o nome e a função de cada coisa e acaba por desenvolver uma imagem estereotipada. Os dois lados conversam e um deles tem que decidir. O corpo tem que obedecer ao ganhador.
Qual o principal objetivo do método? O curso ensina a ver com profundidade. O desenho de rosto é o ponto final. Porque o rosto é o que o hemisfério esquerdo diz ser impossível fazer. O desafio do curso é convencer o hemisfério esquerdo que o direito não é um vagabundo que só quer dormir, sonhar e passear. Então, é equilibrar os dois. É um curso de 32 horas. Devido a outras atividades, só o faço com grupos específicos. Mas é bom que fique claro: não é um fast food das artes. Nem todo mundo pode ser artista, mas todos podem desenhar.
Qual sua opinião sobre a arte digital? Hoje, com a arte abstrata, fica a sensação errônea que não é necessário saber desenhar. Mas se o aluno for capaz de desenhar, ele vai ser capaz de fazer qualquer coisa. O importante é perceber a luz, as formas, os objetos com profundidade. Eu acho que o artista verdadeiro vai utilizar todos os instrumentos como se estivesse utilizando uma tela, um pincel. As ferramentas mudam, mas é muito importante que ele tenha a fundamentação. A questão não é desenhar, é ver. Não só para um artista,
O artista seria aquele que faz um diagnóstico do presente? Vejo que o homem contemporâneo está sozinho no mundo, tem que resolver os problemas sozinho. Isso é muito angustiante. Toda a arte engajada no mundo não funcionou, não acredito na arte engajada, ela tem que ser livre e expressar o artista. A arte deve ser livre. Esse diagnóstico do presente antes de vir com palavras surge como um insight. A obra de arte entende de maneira globalizada o mundo e, nesse sentido, consegue estar à frente do seu tempo.
O que você considera mais importante numa obra de arte? Eu olho para esta foto [da exposição de Angela na Galeria Marta Traba, que pode ser visitada no Memorial da América Latina] e me vejo porque para mim arte é isso: pegar um papel velho e rasgado e transformá-lo. Minha arte segue a linha de trazer a realidade para dentro da obra, de dar voz às pessoas. Nessa instalação, eu criei uma personagem, a Ester, que é a dona de uma mala. Assumi a personagem e conto as histórias dos objetos que estão dentro da mala. Em determinado momento, Ester vai para um hospital abandonado para ouvir e contar histórias. Assim, surgiram as caixas de documentos do Hospital São Marcos. Estive lá para explorar os documentos e prontuários antigos. Ao abrir as caixas, vi que alguns dos documentos tinham ficado roxos com o tempo. Eram como um “roxo de dor”. No fim, fiz uma instalação e senti que precisava tirar tudo do chão. Era preciso tirar o peso daquelas dores acumuladas.
16 | Fé e Cultura |
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Filipe David
Cavalleria Rusticana no Theatro Municipal Divulgação
‘Educar os filhos em casa é legal’ É o que garante Alexandre Magno, advogado especialista em educação domiciliar. Durante primeiro encontro regional de educação domiciliar, que ocorreu em setembro na cidade de Porto Alegre (RS), Magno ressaltou que, segundo a legislação brasileira vigente, a educação domiciliar – ou homeschooling – é legal. Alguns dos pontos ressaltados em entrevista ao educa-
dor Carlos Nadalim, logo após a palestra, foram: a Constituição Federal diz que os pais têm o dever de educar os seus filhos; a família tem a primazia na escolha da forma de educação a ser dada aos filhos, de acordo com diversos tratados internacionais; o Estado pode atuar na formação dos filhos apenas se a família assim decidir, ou em casos extremos em que ela não tenha condições de educar as crianças.
Política de transparência e portas abertas Segundo Alexandre Magno, as famílias que educam os filhos em casa não devem ter medo de receber visitas do conselho tutelar e explicar (e de preferência comprovar) como estão educando seus filhos: “As famílias não devem ter medo, porque nós, do movimento da educação domiciliar, não estamos fazendo nada
contra a lei, não estamos contra o sistema jurídico, nem queremos que as famílias façam algo clandestino. Pelo contrário, nós defendemos que isso é absolutamente legal e que é uma prerrogativa dos pais”. Para mais informações: comoeducarseusfilhos.com.br/ blog
Desenho
Entre os dias 18 e 29 deste mês, a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo realizará, no Theatro Municipal, a ópera “Cavalleria Rusticana”, de Pietro Mascagni, criada nos anos 1880 a partir de uma estória escrita por Giovanni Verga. A regência ficará a cargo de Ira Levin. A ópera contém algumas passagens bastante conhecidas e populares, como a Abertura Sinfônica e o Intermezzo, que chegaram até a ser usados como trilha sonora em novelas brasileiras. Para mais informações: prefeitura. sp.gov.br/cidade/secretarias/cultura/ theatromunicipal
Dica de Leitura
Educação
Ópera
osaopaulo@uol.com.br
O que é desenhar bem e como se desenha? No dia 19, entre às 14h e 18h, a Casa Guilherme de Almeida promoverá a oficina “Como enfrentar a folha em branco?”, para quem tem curiosidade ou vontade de desenhar, mas nunca teve a coragem de fazer a experiência. Segundo informa a Casa, “os participantes serão motivados a pensar o desenho não com foco nos resultados, mas no processo de sua criação, investigando-se
Viver o Evangelho no dia a dia com Santa Teresa do Menino Jesus É um pequeno livro, mas de imenso valor. Traz para cada dia do ano um versículo do Evangelho, um pensamento de Santa Teresinha e um breve comentário formulado pelo autor a partir de ambos. É um precioso auxílio para os que, em meio à vida agitada de hoje, não querem deixar dissipar sua vida espiritual, não querem perder o contato com essa fonte inesgotável: o Evangelho. Trata-se, justamente, de viver o Evangelho a cada dia, seguindo os passos da “pequena flor” do Carmelo. Esse livro revela o amor salvador de Jesus e seu chamado feito a cada um para segui-lo no Caminho do amor, com um coração de criança.
EDITAL DE CONVOCAÇÃO
1 - Leitura da Ata da última Reunião de 30/08/2014; 2 - Encerramento e dissolução da Associação Novos Rumos (art.36 do Estatuto) e consequente renúncia do seu corpo diretivo; 3 - Prestação de contas deste ano de 2014; 4 - Destino dos bens móveis do inventário; 5 - Destino do passivo sub judice para entidade semelhante e honorários advocatícios (Proc. 0191056-70.2010.8.26.0100 - 19° Câmara de Direito Privado - SP); 6 - Outros assuntos. São Paulo, 01 de outubro de 2014. Renato José Bicudo - Presidente.
Divulgação
Ficha técnica: Autor: Constant Tonnelier. 460 páginas. Editora: Cultor de livros.
ATOS DA CÚRIA
ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA Ficam convocados todos os associado(as) da Associação de Apoio à Promoção Humana “Novos Rumos” - AAPHNR - para participarem da ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA PARA DISSOLUÇÃO DA ASSOCIAÇÃO, a realizar-se no próximo dia 25 de outubro de 2014 às 09:00 horas em primeira chamada e às 09:30 horas em segunda chamada com os presentes, em nossa sede à Rua Canuto do Val, 170 - Santa Cecília São Paulo - SP, para tratar da seguinte ordem do dia:
elementos como ponto, linha, gestos e soluções que cada um encontra para registrar imagens. A proposta é que as reflexões e discussões gerem novas ações: um pequeno começo para que cada um descubra o seu potencial como desenhista e observador do mundo”. Para mais informações: (11) 3673-1883 ou (11) 3803-8525.
NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE PÁROCO Em 30 de setembro de 2014, foi nomeado Pároco da Paróquia São Mateus Apóstolo, Região Episcopal Belém, pelo período de 1 (um) ano, retroativo a 08 de agosto de 2013, o Revmo. Pe. Lauro Wisnieski.
Em 30 de setembro de 2014, foi nomeado Pároco da Paróquia Santa Maria Madalena, Região Episcopal Belém, pelo período de 1 (um) ano, retroativo a 03 de março de 2014, o Revmo. Pe. José Carlos dos Anjos. VIGÁRIO PAROQUIAL Em 29 de setembro de 2014, foi nomeado Vigário Paroquial “ad nutum episcopi” da Paróquia
São Sebastião, Região Episcopal Belém, o Revmo. Pe. Vanderlei Bervian, MCCJ. ADMINISTRADOR PAROQUIAL Em 01 de outubro de 2014, foi nomeado Administrador Paroquial da Paróquia São Bernardo de Claraval, Região Episcopal Ipiranga, o Revmo. Pe. Edson Chagas Pacondes, até 31 de janeiro de 2015.
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Fifa vai limitar o poder dos ‘empresários da bola’ Luciney Martins/O SÃO PAULO
Em 2015, função de agente de futebol deixará de existir; participação de terceiros nos direitos econômicos dos atletas será proibida em breve Daniel Gomes
danielgomes.jornalista@gmail.com
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), assim como as demais associações de futebol dos países filiados à Fifa, tem até o dia 30 deste mês para apresentar as maneiras pelas quais irá aplicar a regulamentação para a atuação, a partir de abril de 2015, da figura do negociador intermediário, em lugar dos agentes de futebol. Com a mudança, as compras e vendas de jogadores de futebol devem ser feitas por um intermediário que representará, mediante contrato registrado na CBF (para o caso brasileiro), determinado clube ou atleta em um negócio. “Com isso, a Fifa vai ter um controle melhor. A ideia, na realidade, é fazer com o agente seja remunerado e preste contas para as receitas federais de cada país”, explicou, ao O SÃO PAULO, Jorge Moraes, 59, presidente da Associação Brasileira de Agentes de Futebol (Abaf).
Com a nova determinação, há expectativa de que as negociações de jogadores sejam mais transparentes, pois valores pagos aos intermediários serão conhecidos. A temática tem sido tratada extracampo. Em julho, em reunião com representantes do Bom Senso FC (grupo de jogadores que exigem mudanças na gestão do futebol brasileiro), o Governo Federal anunciou que ainda este ano fará um estudo sobre a atuação dos empresários na venda dos jogadores.
“O governo tem uma preocupação com a atuação dos agentes. Crianças de 14 anos estão sendo aliciadas, entre aspas, por empresários”, afirmou, na oportunidade, Antônio Nascimento, secretário nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor, do Ministério do Esporte.
Fim da participação de terceiros nos direitos Em setembro, o Comitê Executivo da Fifa anunciou que irá
proibir a participação de terceiros nos direitos econômicos dos jogadores. As regras técnicas sobre a questão ainda serão definidas. Segundo Jérôme Valcke, secretário geral da Fifa, a mudança será efetuada em até quatro anos. “O que é certo é que vamos banir a presença de terceiros, de investidores. Até março, vamos definir o período de transição”. Segundo a entidade, a meta é “proteger a integridade do futebol e dos atletas”. Em teoria, os
MUNDO DOS ESPORTES
AGENDA ESPORTIVA
Agentes de jogadores de futebol • A atividade de agente de futebol foi regulamentada pela Fifa pela primeira vez em 1991, mas, em 2001, a entidade deixou de licenciar agentes, repassando essa tarefa às federações nacionais. • Durante o 59º Congresso da Fifa, em 2009, foram iniciadas discussões para a mudança da atuação de empresários no futebol. Somente em março de 2014, o Comitê Executivo da entidade aprovou a criação dos intermediários de jogadores, que substituirão, a partir de abril de 2015, os agentes de futebol. • Hoje, para se tornar agente de futebol cre-
denciado, o candidato deve apresentar documentações pessoais e participar de uma prova, com 50% de questões elaboradas pela Fifa e outros 50% pela federação de futebol do país. A partir de 2015, as negociações de atletas serão feitas pelos intermediários, contratados por clubes ou atletas. Os intermediários atenderão a critérios mínimos exigidos pela Fifa. • Em setembro deste ano, o Comitê Executivo da Fifa decidiu que irá proibir a participação de terceiros nos direitos econômicos dos jogadores. Haverá um prazo de transição para tal mudança.
clubes serão os donos dos direitos econômicos dos esportistas, acabando com o panorama atual em que empresários e grupos de empresas adquirem percentuais do “passe financeiro” do atleta. “Vai ter um grande impacto, principalmente para agentes ligados a fundo de investimento, pois quem vai ter que ir comprar o jogador é o clube, a não ser que o agente tenha um clube por ele gerido”, analisou Jorge Moraes, não descartando a possibilidade de que alguns empresários montem clubes-empresas ou adquiram agremiações tradicionais somente para viabilizar a negociação de esportistas. Para Jorge, o que mais prejudica o mercado de compra e venda de jogadores “é o assédio aos mais jovens, pois, às vezes, os pais não sabem conduzir isso de uma maneira mais profissional e acabam sendo reféns de algumas pessoas. Por isso que eu acho que a Fifa acertou, porque os clubes formadores ficam muito prejudicados”. Entre jogadores e clubes, há temor em comentar o assunto. A reportagem tentou contato com dois atletas que já tiveram problemas com agentes de futebol, bem como com dois clubes paulistas tradicionais na formação de jogadores, mas não obteve respostas sobre o que esperam com as mudanças anunciadas pela Fifa.
• Atualmente, existem 6.882 agentes de futebol licenciados em todo o mundo, mas estima-se que eles representem apenas 30% de todos os agentes. Há 246 brasileiros licenciados, mas apenas 20 fazem parte da Associação Brasileira de Agentes de Futebol (Abaf), entidade que existe há 16 anos. • Conforme dados da Fifa, em 2013, US$ 400 mil foram pagos aos agentes licenciados no Brasil. Segundo um estudo da empresa KPMG, 80% dos jogadores brasileiros têm seus direitos econômicos “fatiados” entre clubes, empresas e empresários.
Quarta-feira (8) 19h30 - Brasileirão de Futebol São Paulo x Atlético Paranaense (Morumbi) Quinta-feira a domingo (de 9 a 12) Troféu Brasil de Atletismo (Estádio Ícaro de Castro Mello – próximo ao parque do Ibirapuera). Informações em www.cbat.org.br. Sexta-feira (10) 21h30 – Paulista Masculino de Vôlei - semi-final SESI São Paulo x Vôlei Brasil Kirin (Ginásio do SESI – rua Carlos Weber, 835, Vila Leopoldina). Sábado (11) 21h - Brasileirão de Futebol Palmeiras x Grêmio (Pacaembu)
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Brasilândia
Renata Moraes
Colaboradora de Comunicação da Região
Das pequenas coisas e da pobreza: Santa Terezinha e São Francisco são rememorados
No mês de outubro, a Igreja convida a todos para celebrar o mês missionário e recordar que a missão dos leigos é evangelizar. A Região Brasilândia, em comunhão com a Igreja de São Paulo e do mundo, iniciou na última semana as celebrações do mês
missionário, comemorando dois santos populares e também missionários: Santa Terezinha do Menino Jesus e São Francisco de Assis. Três comunidades que levam o nome desses santos celebraram seus padroeiros.
Santa Terezinha, proclamada como a padroeira das missões em 1927, padroeira secundária da França, em 1944, e Doutora da Igreja, sem mesmo nunca ter saído do Carmelo em Lisieux, foi comemorada no dia 1º.
Já Francisco nasceu em Assis, na Úmbria, na Itália, em 1182. Jovem rico e vaidoso, ele conhece a Jesus e aos 24 anos renuncia a toda riqueza. Não foi missionário em terras estrangeiras, mas exerceu sua missão em Assis, e levou seu carisma ao mundo.
‘Amar a Jesus e fazê-lo amado’ O santo que desposou a pobreza Pascom Santa Terezinha
Durante nove dias, a Paróquia Santa Terezinha, do Setor Pastoral Cântaros, celebrou a novena em honra a sua padroeira. Com o tema “Amar a Jesus e fazê-lo amado”, a cada noite, com um tema e um celebrante diferente, os fiéis da comunidade puderam vivenciar e refletir sobre a vida da santa que escolheu no amor sua principal vocação. Na quarta-feira, dia 1º, a missa Divulgação
solene foi presidida por Dom Milton Kenan Júnior, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia e também muito devoto da “Santa das pequenas coisas”. Em sua página pessoal na rede social Facebook, o Bispo declarou todo seu amor a Santa Terezinha em diversas publicações e citações de frases da santa, que morreu jovem, aos 24 anos.
Diva Loturco
Entre os dias 1º a 4, a Comunidade São Francisco de Assis, localizada em Pirituba e pertencente à Paróquia Nossa Senhora do Retiro, do Setor Pereira Barreto, celebrou o tríduo em honra ao seu padroeiro. Os leigos refletiram sobre o tema: “Movidos pelo espírito franciscano, queremos: fortalecer nossa fraternidade, fortalecer o respeito mútuo e fortalecer a participação na comunidade”. No sábado, 4, duas missas marcaram o dia do santo padroeiro. Pela manhã, houve missa campal com a bênção dos animais, e à tarde a missa solene, ambas presididas pelo Padre Natanael Pires, pároco da Nossa Senhora do Retiro.
‘Fazei-nos instrumentos de vossa paz’ No bairro do Jardim Guarani, a Paróquia São Francisco de Assis, do Setor Cântaros, celebrou na noite do sábado, 4, a missa em honra ao seu padroeiro, presidida por Dom Milton e
concelebrada pelos padres João Mildner, capelão do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, e Genésio de Morais, atual pároco. Na homília, Dom Milton destacou
Sidney de Brito
a vida e a missão de São Francisco. “Francisco era alguém incansável, que se encontrou com o Cristo e gastou toda a sua vida anunciando o Evangelho de Jesus, homem que tinha como ideal de vida viver de bem com todas as criaturas”. O Bispo encerrou sua fala exortando a todos: “Peçamos a Deus, por intercessão de São Francisco, que possamos nos amar como irmãos, viver no amor, e que possamos mostrar ao mundo que o Evangelho não é palavra morta, é palavra viva. Amando uns aos outros, mostramos que Cristo está vivo no meio de nós”.
AGENDA REGIONAL
Na noite do sábado, 4, Dom Angélico Sândalo Bernardino, bispo emérito de Blumenau (SC), presidiu a missa do segundo dia da novena em louvor à padroeira da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Vila Zatt.
Domingo (12), 18h Missa solene de Nossa Senhora Aparecida, presidida por Dom Milton Kenan Júnior na Paróquia Nossa Senhora Aparecida (praça 25 de Novembro, 53, Vila Zatt).
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Santana
Diácono Francisco Gonçalves e Luiz Fernando Garcia
Colaboradores de comunicação da Região
Missões populares chegam às casas da Vila Maria Diácono Francisco Gonçalves
Logo cedo, na manhã do sábado, 4, precisamente às 7h30, reuniram-se cerca de 200 pessoas no salão da Comunidade Sagrado Coração de Jesus, na Vila Maria Alta, pertencente à Paróquia Nossa Senhora da Candelária, para um café de confraternização. Em seguida,
eles subiram até a capela para iniciar as orações e sair para um trabalho inovador na comunidade, a missão popular pelas casas do bairro. Na Comunidade, eles foram recepcionados pelo pároco, Padre Elói José Schons, SCJ, que explicou que aquela
era a primeira experiência que estava sendo feita e que depois será ampliada por todas as paróquias e comunidades do Setor Vila Maria (composto pelas paróquias Nossa Senhora da Candelária, Jesus no Horto das Oliveiras, São Sebastião, Anunciação, Nossa Senhora da Boa
Viagem, e Santa Rita de Cássia), do qual ele é coordenador. Os participantes anteriormente haviam realizado uma formação com o idealizador das Missões Populares, Padre Luis Mosconi, que criou em Belém do Pará, em 1990, esse instrumento de inspiração espiritual e revigoramento pastoral através do eixo permanente e prioritário da missão. Durante a semana que precedeu ao evento, foram estabelecidas as equipes de visita, normalmente constituídas por duas ou três pessoas, e o roteiro de ruas que seria coberto. Após o café, ocorreu adoração ao Santíssimo e Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da
Arquidiocese na Região Santana, abençoou todos e expressou o que o Papa Francisco já disse: “que não digamos que somos discípulos e missionários, e sim, discípulos missionários. Nós temos o dever importante de comunicar aos outros a grande beleza advinda da luz que recebemos em nosso coração pela presença do Senhor. E assim os outros também sejam iluminados”. As equipes saíram em missão pelo bairro, visitando os lares. Esse trabalho desenvolveu-se ao longo do dia e os missionários retornaram à comunidade às 19h, quando foi realizada missa em ação de graças pela missão.
Para fazer das paróquias uma rede de pequenas comunidades A iniciativa evangelizadora das missões populares acontecerá de 2014 a 2017, como um período de preparação para o desenvolvimento das atividades missionárias. As missões populares não são um movimento pastoral à parte e, sim, um serviço à pastoral com o objetivo de fazer das paróquias uma rede de pequenas comunidades eclesiais com as seguintes características: missionários vindos do meio do povo; missões
AGENDA REGIONAL Sexta (10), 9h30 Reunião da Comissão de Presbíteros, na Cúria (avenida Mal. Eurico Gaspar Dutra, 1.877). Sábado (11), 19h Sacramento da Confirmação, na Paróquia Nossa Senhora de Fátima (avenida João Simão de Castro, 260). Domingo (12), 10h Sacramento da Confirmação, na Paróquia Jesus no Horto das Oliveiras (rua Gabriel Orefice, 256).
inculturadas e seguimento a Jesus Cristo. Entre os objetivos desse trabalho missionário destaca-se: vivenciar a espirituali-
dade do seguimento de Jesus Cristo e do seu Evangelho; despertar nas pessoas o gosto pela missão, pelo conhecimento do outro, do diferen-
te, como algo que enriquece. O que se nota são grupos e pessoas que se desconheciam, agora se descobrem, partilham, criam laços, se
abraçam, dentro de um processo de conversão permanente que envolve a todos. É toda a paróquia em estado de missão.
Pastoral Familiar na Semana Nacional da Vida A Igreja comemorou, de 1º a 7 de outubro, a Semana Nacional da Vida, recordando o Dia do Nascituro, na quartafeira, 8. Assim, em todo o País, ocorre intensa programação nas dioceses, paróquias e comunidades, com objetivo de propor à sociedade um debate sobre os cuidados, proteção e a dignidade da vida humana, em todas as suas fases, desde a concepção até seu fim natural. No sábado, 4, na Cúria de Santana, celebrando a Semana Nacional da Vida, instituída em 2005, durante a 43ª Assembleia Geral da CNBB, a Pastoral Familiar promoveu um simpósio sobre dois temas atuais: no primeiro, a Dra. Alice Teixeira Ferreira,
Luis Fernando Garcia
médica e professora associada da UNIFESP, coordenadora de ensino do Instituto de Pesquisa de Célula Tronco e coordenadora do núcleo científico do Movimento Nacional em Defesa da Vida, falou e explicou sobre concepção e o que é vida. Abordou, também, sobre o fracasso das pesquisas
em células troncos embrionárias e o avanço das pesquisas em células troncos do cordão umbilical e células adultas. Depois, Enrico Misasi, 20, que cursa 3° ano na Faculdade de Direito do Largo São Francisco (USP), proferiu palestra sobre o que a lei e a Organização Mundial de Saúde pro-
põem sobre a questão, e o que isso implica na sociedade. “Para nós foi uma grata surpresa um jovem tão bem preparado e seguro dos valores humanos e cristãos. De fato, temos esperança”, disse Ana Filomena Garcia, coordenadora regional da Pastoral Familiar.
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Fernando Geronazzo
Colaborador de comunicação na Região
Sé
Assembleia regional indica desafios à evangelização da juventude e da família A Região Episcopal Sé realizou sua assembleia de pastoral no sábado, 4, na Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação (Fapcom), na Vila Mariana. O encontro reuniu párocos, administradores paroquiais, membros do Conselho Regional de Pastoral (CRP) e representantes das paróquias para refletir sobre as diretrizes arquidiocesanas da pastoral, avaliar a caminhada realizada no último ano, e apresentar propostas a serem encaminhadas para a Assembleia Arquidiocesana de Pastoral, que acontecerá em 8 novembro. A Assembleia também foi ocasião de acolhida do novo vigário episcopal para a Região Sé, Padre Aparecido Silva. O coordenador regional de pastoral, Padre José Enes de Jesus, apresentou a síntese do questionário entregue pelas paróquias da Região. As prioridades mais destacadas foram no campo da
saúde, família, juventude, missão permanente, social e iniciação à vida cristã, sendo esta última a urgência indicada para 2014 pelo 11º Plano de Pastoral arquidiocesano. “Analisando esses projetos pastorais, podemos perceber que houve trabalho nesses desafios”, afirmou o Padre Enes, chamando a atenção para a frequente necessidade de formação apontada nas assembleias anteriores. “Hoje, percebemos que a dimensão formativa tem sido colocada em prática. Em todas as paróquias há uma escola de fé, curso bíblico, ou mesmo estudos de documentos nos conselhos de pastoral paroquiais (CPP)”. Num segundo momento, divididos em grupos a partir dos setores, os agentes de pastoral elaboraram propostas para diferentes destaques pastorais em vista a urgência indicada para 2015, “A
Douglas Mansur/Região Sé
Igreja a serviço da vida plena para todos”. Padre Aparecido explicou que embora a urgência da iniciação cristã seja para este ano, quase todos os questionários respondidos pelas paróquias apresentavam essa urgência e cada grupo elaborou uma proposta para essa dimensão e mais uma
para as demais dimensões da síntese. “Muitas urgências destacadas já estão acontecendo em nossas paróquias e setores. No entanto, devemos continuar e aprimorar os nossos trabalhos”, disse o Padre Aparecido, chamando a atenção para as dimensões da família e da juventude, muito presentes nas respostas dos questionários.
São Francisco de Assis é festejado no centro de São Paulo No dia 4 de outubro, a Igreja celebrou a memória de São Francisco de Assis. Na histórica paróquia dedicada ao Santo no centro da capital paulista, durante todo o dia, aconteceram celebrações e bênçãos. A missa das 15h foi presidida pelo ministro provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, e concelebrada por frades da província. Na homilia, o Frei contou aos devotos um pouco da vida de São Francisco. “Todos nós conhecemos a vida de São Francisco, quando ele, um dia, na procura da vontade de Deus, entra na igrejinha de São Damião e se coloca diante do Cristo crucificado. E Francisco estava numa inquietação muito profunda, se perguntando, ‘Senhor, que queres que eu faça?’ E naquele dia, ele ouviu uma voz que dizia: ‘Francisco vai, restaura a minha igreja’!”, contou o Frade.
Ele lembrou, ainda, do pedido do Papa Francisco aos cristãos que estejam nas periferias. Mas recordou que não são apenas os espaços geográficos, mas também as periferias existenciais. “Essas periferias existem, em toda parte. Até nos apartamentos mais chiques, lá também existem pessoas que vivem a periferia do isolamento, da solidão”, concluiu o frade. A missa das 16h30, presidida por Frei Diego Melo, contou ainda com a presença de Frei Alvaci Mendes da Luz, que ajudou na tradução da celebração em libras, a linguagem de sinais usada pelos surdos. Frei Diego destacou, na homilia, a figura de São Francisco de Assis e sua importância não somente para os católicos, mas para toda a humanidade, por sua bondade, radicalidade e sua relação com o meio ambiente. “A decisão de
Paróquia Santo Eduardo
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São Francisco, e a alegria, tão radical, de deixar tudo, de ter descoberto na Palavra do Senhor a resposta para sua vida, a maneira como ele não só ouviu, mas encarnou e viveu esta Palavra, de fato, nos interroga e nos faz perguntar se nós já descobrimos a verdadeira Palavra, capaz de causar uma revolução dentro
de cada um de nós. Faz-nos perguntar a nós mesmos, qual é o verdadeiro amor de nossas vidas”, disse o Frade. (Com informações de www.franciscanos.org.br)
Paróquia Santo Eduardo comemora 75 anos A Paróquia Santo Eduardo, no Bom Retiro, está em festa pelas comemorações dos 75 anos de criação, que acontecerá entre os dias 10 e 12. As festividades acontecem em sintonia com o aniversário do bairro paulistano, prestes a completar 131 anos de existência. Na sexta-feira, 10, às 19h, as comemorações serão abertas com missa presidida por Dom Antonio Carlos Altieri, arcebispo de Passo Fundo (RS). Em seguida, às 20h, acontece um jantar tipicamente italiano. Nos dias 11 e 12, a partir das 17h, haverá a festa na rua Pedro Tomás. “Desde 2013, idealizamos cada detalhe com muita alegria, pois queremos que tudo saia per-
feito. Nossa paróquia merece e, para nós, é uma alegria poder celebrar os 75 anos junto com o aniversário do bairro”, diz o pároco, Padre José Enes de Jesus. A programação religiosa trará no dia 11, às 18h, a celebração do sacramento da Crisma, presidida por Dom Carlos Lema Garcia, bispo auxiliar de São Paulo e vigário episcopal para a Educação e a Universidade. No dia 12, será realizada uma procissão com as imagens de Nossa Senhora Aparecida e Santo Eduardo, às 16h30. Já em 13 de outubro, dia do padroeiro, uma missa às 19h fechará os festejos com concerto do coral Vox Anima.
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Ipiranga
Francisco David e Cristy Azevedo
Colaboradores de comunicação da Região
Festa franciscana recorda o cuidado com todas as criaturas
No sábado, 4, a Paróquia São Francisco de Assis, da Vila Clementino, na Região Ipiranga, celebrou a festa de seu padroeiro. Os feste-
jos começaram já no dia 1º, quando teve início o tríduo preparatório para a solenidade. Nos dias 3 e 4, na frente da igreja, foram preparadas
barracas com o tradicional bolo de São Francisco, contendo medalhinhas com a imagem do santo, bem como artigos religiosos, pães de Francisco David
mel e feira de adoção de animais. Ainda, no dia da solenidade, os paroquianos e devotos puderam participar de uma das sete missas celebradas e receber a bênção dada pelos frades às pessoas e animais durante todo o dia. São Francisco, há 35 anos, foi proclamado, pelo Papa João Paulo II, patrono da ecologia. Às 12h e às 15h aconteceu a chamada “Missa Ecológica”, esta última presidida pelo pároco, Frei Djalmo Fuck, OFM, que apresentou o tema da Festa de São Francisco: – “O cuidado com todas as criaturas” –, recordando que, ao celebrar São Francisco de Assis, se celebra toda a criação de Deus, tendo São Francisco com-
posto o belo “Cântico das Criaturas”, em que apresenta todas as coisas criadas como irmãs: o sol, a Terra, a água, o fogo, o vento, os animais, a criatura humana. Apontou, ainda, que os seres humanos devem aprender a cuidar uns dos outros, da natureza, das cidades, do mundo e dos irmãos mais necessitados, lembrando que o início da vocação de Francisco de Assis se deu também no cuidado com os leprosos, lavando suas feridas. Com a igreja lotada, entre palmas, exclamações de “vivas” para São Francisco e latidos, encerrou-se a celebração, seguida da distribuição de bolo especialmente feito para cães. A festa foi prolongada até às 20h.
Dom José Roberto: ‘para ser santo é preciso ser humilde’ Na quarta-feira, dia 1º, Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, visitou pela primeira vez a Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus, no Bosque da Saúde, no Setor Imigrantes. Com rosas nas mãos, os fiéis, que lotaram a igreja, puderam celebrar a festa da padroeira na Paróquia que é a primeira dedicada à Santa, em São Paulo. Na homilia, Dom José Roberto destacou a preferência de santidade de Santa Teresinha: “A santidade não é feita somente do esforço humano, vem de dois fatores: o primeiro o dom de Deus e, somente depois, o esforço pessoal. Santa Teresinha sabia disso.” O Bispo acrescentou que a principal condição para ser santo é a humildade: “para ser santo é preciso ser humilde. A palavra humildade vem de “húmus”, que significa terra.
É preciso voltar a si mesmo, se conhecer e, assim, corrigir seus defeitos e preservar suas qualidades”. Santa Teresinha foi canonizada em 17 de maio de 1925 pelo Papa Pio XI. Em São Paulo foi construída uma capela pela família Ottoni Rezende e doada a Cúria Metropolitana. No dia 21 de novembro de 1927, Dom Duarte Leopoldo e Silva, então arcebispo de São Paulo, abençoou a capela, que foi aberta para atendimento religioso e culto público pelos Padres Agostinianos da Paróquia Nossa Senhora da Saúde. No início de janeiro de 1929, o Padre Marcelo Gaydon, missionário de São Francisco de Sales, até então capelão da colônia francesa e do Mosteiro de Visitação em São Paulo, assumia a mesma obrigação, preparando a criação da nova paróquia. Por decreto da Cúria Metropoli-
tana de São Paulo, datado de 27 de junho de 1929, foi erigida a Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus do Bosque da Saúde, desmembrada das Paróquias da Saúde, de São José do Ipiranga e de São Caetano, um vasto território que confinava com o Planalto Paulista, Aeroporto, São Bernardo e São Caetano. No dia 14 de julho de 1929, foi dada a existência oficial à Paróquia com a tomada de posse de seu primeiro vigário: Padre Marcelo Gaydon, ajudado na sua responsabilidade pelo Padre Francisco Birraux, da mesma congregação dos Missionários de São Francisco de Sales. Hoje a Paróquia possui como administrador paroquial, o Padre Eldin Barnadu Singaraya, e como vigário paroquial o Padre Arockiaraj Devadoss, ambos missionários de São Francisco de Sales.
Cristy Azevedo
Divulgação
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Benigno Naveira
Colaborador de comunicação da Região
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Lapa
Missas e bênção a animais na festa de São Francisco de Assis A comunidade paroquial da Igreja São Francisco de Assis do Jaguaré, no Setor Butantã, festejou seu padroeiro com o tríduo, entre os dias 1º e 3, com os temas “São Francisco e o cuidado consigo mesmo”, “São Francisco e o cuidado com ser humano” e “São Francisco e o cuidado com a natureza”, tendo como celebrantes das missas, respectivamente, o Padre Jefferson Mendes; Dom Fernando Penteado, bispo emérito de Jacarezinho (PR); e Padre José de Oliveira. A reportagem da Pastoral da Comunicação da Região acompanhou a festa, no sábado, 4, dia do padroeiro, que começou com a bênção dos animais, às 8h e às 15h, na Paróquia, pelo pároco, Padre Flavio Heliton da Silva. Às 16h, teve inicio a procissão com o andor com a imagem do santo
pelas ruas do bairro. Na sequência, cerca de 600 fiéis participaram da missa solene, presidida pelo Padre Flavio, que na homilia lembrou que ninguém deve ficar inquieto com as coisas, mas apresentar as necessidades a Deus, com orações e súplicas, acompanhadas de ação de graça. “A paz de Deus, que ultrapassa todo o entendimento, guardará os nossos corações e pensamentos em Cristo Jesus”. No domingo, 5, encerrando as festivi-
dades, com a presença de cerca de 2 mil pessoas com seus animais de estimação (cachorros, gatos cavalos, coelhos, passarinhos), foi celebrada a missa campal ao lado da Capela São Francisco (praça São Francisco), presidida pelo Cardeal Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo, e concelebrada pelos padres Flavio Heliton e José de Almeida, com a participação do diácono André Iasz. Dom Cláudio, na homilia, falou do Papa
Francisco, que se confessou antes de ouvir as confissões dos fiéis, dizendo que todos são pecadores, têm a tentação de se apossar daquilo que é dom de Deus para todos. O Cardeal ainda refletiu que São Francisco entendeu que cada criatura é um dom de Deus, por isso viveu em função dos pobres, acolhendo os humildes e necessitados. Ao final da missa, houve a bênção dos animais. Fotos: Benigno Naveira
Paróquia São Patrício comemora o Dia do Idoso A Pastoral da Pessoa Idosa da Paróquia São Patrício, no Setor Rio Pequeno, em comemoração o Dia Internacional do Idoso, 27 de se-
tembro, realizou nos dias 24 e 25 do mesmo mês, momentos de lazer e confraternização para a comunidade da terceira idade. Todos que
participaram tiveram atendimentos de beleza, estéticas, corte de cabelo entre outras ações, fornecidas pelas empresas do ramo de cosméticos do
bairro. O pároco, Padre João Carlos Borges, agradeceu a iniciativa do Pastoral e a todos que colaboraram com o evento.
Para conhecer e melhor entender a Palavra de Deus A Bíblia é um livro que Deus e o seu povo escreveram juntos. Na Bíblia está o projeto de Deus que é liberdade e vida para todos. Para os cristãos, o centro de toda a Bíblia é a pessoa de Jesus Cristo, o Filho de Deus. Dois textos sintetizam a Bíblia a “Palavra de Deus”. O primeiro, tirado do livro da Sabedoria, resume toda a caminhada do povo de Deus antes de Jesus vir ao mundo: “Sim, ó Senhor! De todos os modos engrandeceste e tornaste glorioso o teu
Benigno Naveira
povo. Nunca, em nenhum lugar, deixaste de olhar por ele e de o socorrer”, (Sb 19,22). O outro, tirado da segunda carta
de Paulo a Timóteo, resume o sentido e a função da Bíblia: “Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para ensinar,
para refutar, para corrigir, para educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito, preparado para toda boa obra” (2 Tm 3, 16-17). Na noite da quarta-feira, 2, cerca de 30 fiéis participaram da aula inaugural do Curso Bíblico realizado na Paróquia São João Gualberto, no Setor Pirituba. O coordenador e animador do curso, o Padre João Carlos Deschamps, pároco, disse que a implantação do curso na Paróquia foi um pedido
Passeio e confraternização das secretárias na Região Na segunda-feira, 29, a Pastoral de Secretárias (os) da Região Lapa promoveu um passeio pelas cidades de Jacutinga e Monte Sião, em Minas Gerais. A motivação foi a comemoração ao Dia da Secretária e do padroeiro das secretárias, São Jerônimo, que aconteceu no dia 30. Reunindo cerca
de 20 secretárias (os) e oito convidados, entre eles o Padre Ailton Antonio dos Santos, pároco da Paróquia São João Bosco, no Setor Leopoldina, todos tiveram um dia de lazer e confraternização. A Pastoral de Secretárias (os) da Região Episcopal Lapa é coordenada pelo Padre João Carlos Borges,
vigário geral regional e pároco da Paróquia São Patrício. Entre os objetivos da Pastoral estão: promover a convivência, a troca de experiências e propiciar a formação periódica das (os) secretárias (os), visando capacitá-los para um melhor desempenho de suas funções nas paróquias e comunidades.
da comunidade, para conhecer melhor e entender a Palavra de Deus. Os encontros acontecem quinzenalmente, às quartas-feiras. Saiba mais detalhes pelo telefone (11) 3904-4960.
AGENDA REGIONAL Sábado (11), 14h Encontro de Dom Julio Endi Akamine com os crismados, na Paróquia Nossa Senhora da Lapa (rua Nossa Senhora da Lapa, 298, Lapa).
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8 a 14 de outubro de 2014 | www.arquidiocesedesaopaulo.org.br
‘Avançar o Brasil’ é discurso de Dilma e de Aécio, no 2º turno Petista venceu 1º turno com 43,2 milhões de votos; tucano deve ter apoio de Marina Silva, terceira colocada Daniel Gomes
danielgomes.jornalista@gmail.com
Os dois candidatos mais votados nas eleições presidenciais realizadas no domingo, 5, iniciaram a campanha do 2º turno enfatizando que vão fazer o Brasil avançar. Líder das votações, com 43,2 milhões de eleitores, a atual presidente, Dilma Rousseff (PT), afirmou, já no domingo, que se reeleita haverá “governo novo, ideias novas”. Ela garantiu ter entendido o recado das urnas de “que o povo brasileiro anseia por mais avanços, e disse ver no projeto que eu
represento a mais legítima e confiável posição de mudança”. Aécio Neves (PSDB), segundo colocado, com 34,8 milhões de votos, afirmou que no 2º turno sua candidatura “carrega a possibilidade concreta de o Brasil se reencontrar com o desenvolvimento, com a recuperação dos
empregos, com a melhoria da saúde e da segurança”. Na segunda-feira, 6, o tucano sinalizou que buscará o apoio de Marina Silva (PSB), terceira colocada nas eleições, com 22,1 milhões de votos. “Vejo absoluta convergência com aquilo que pensamos e com aquilo que
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41,6% 33,5%
queremos para o Brasil”, afirmou. “Todos aqueles que têm, como nós, o sentimento de que o Brasil precisa mudar para avançar, serão muito bem-vindos nessa caminhada”, complementou. Além dos eleitores de Marina e dos outros oito candidatos que concorreram no 1º turno, Dilma e Aécio buscarão votos entre os mais de 11 milhões brasileiros que votaram em branco ou nulo e os 27,6 milhões que não compareceram às urnas (19,4% do eleitorado). Para o cientista político Pedro Fassoni Arruda, 39, professor da PUC-SP, no 2º turno serão intensificadas as comparações entre PT e PSDB. “Fica um cenário de polarização entre dois projetos que são bem diferentes: um social desenvolvimentista, representado pelo PT, e um mais liberal, identificado com as forças do mercado, que é o projeto do PSDB”, avaliou ao O SÃO PAULO.
Com 12 milhões de votos, Alckmin é reeleito em São Paulo da redação
“Não vamos partir do zero. Vamos acelerar aquilo que está dando certo, consolidar avanços, melhorar os serviços públicos, como a educação, saúde e segurança, trazer novas soluções e ter humildade para corrigir o que precisa ser corrigido”, afirmou Geraldo Alckmin, 62, no domingo, 5, ao ser reeleito governador de São Paulo. O candidato do PSDB, partido que venceu as eleições estaduais pela sexta vez seguida,
foi escolhido por 12,2 milhões de eleitores, tendo 57,3% dos votos válidos, superando Paulo Skaf (PMDB) - 21,53% dos votos - e Alexandre Padilha (PT) - 18,22%. Em seu discurso após a vitória, o Governador reeleito descartou a possibilidade de racionamento de água, por conta a crise hídrica no Estado, e afirmou que pretende zerar os atrasos de cronograma das obras do Metrô. Na avaliação do cientista político Pedro Fassoni Arruda, a vitória de Alckmin não foi uma
surpresa. “Era o favorito para vencer a reeleição, pois embora a popularidade dele tenha caído a partir de junho do ano passado, não houve nenhum grande partido que pudesse se mostrar como uma alternativa efetiva nas eleições. O que surpreendeu foi a vantagem que ele conseguiu logo no 1º turno”. Ainda segundo o cientista político, com a maioria dos deputados estaduais sendo da base aliada, “Alckmin vai ter muito mais tranquilidade para governar e inclusive para enfrentar as de-
núncias de corrupção envolvendo o governo dele, como o cartel do Metrô, além do problema da Sabesp com o fornecimento de água. Diante de denúncias de corrupção, a oposição dificilmente vai conseguir instalar uma CPI”, avaliou. São Paulo foi um dos 13 estados em que a eleição para governador foi decidida no 1º turno. O PMDB elegeu quatro governadores, o PT três e o PSDB dois. PSD, PDT, PSB e PC do B também saíram vitoriosos, um em cada estado. (DG)
senadores 2010 2014
PMDB 20 PT 15 PSDB 10 DEM 7 PTB 6 PR 4 PP 4 PDT 4 PSB 3 PCdoB 2 PSOL 2 PPS 1 PMN 1 PRB 1 PSC 1
PMDB 19 PT 13 PSDB 10 PSB 7 PDT 6 DEM 5 PP 5 PSD 3 PR 3 PTB 3 PCdoB 1 PPS 1 PRB 1 PROS 1 PSC 1 PSOL 1 SD 1
Deputados Federais 2010 2014
PT 88 PMDB 78 PSDB 54 PP 48 DEM 42 PR 38 PSB 33 PDT 26 PTB 21 PSC 17 PCdoB 15 PV 14 PPS 12 PRB 9 PMN 4 PSOL 3 PTdoB 3 PHS 2 PRP 2 PRTB 2 PSL 1 PTC 1
PT 70 PMDB 66 PSDB 54 PSD 37 PP 36 PR 34 PSB 34 PTB 25 DEM 22 PRB 21 PDT 19 SD 15 PSC 12 PROS 11 PCdoB 10 PPS 10 PV 8 PHS 5 PSOL 5 PTN 4 PMN 3 PRP 3 PEN 2 PSDC 2 PTC 2 PRTB 1 PSL 1 PTdoB 1
Deputados estaduais 2010 2014
PT PSDB PV DEM PSC PPS PTB PDT PMDB PSB PRB PC do B PP PR PSOL
24 23 9 8 4 4 4 4 4 3 2 2 1 1 1
PSDB 22 PT 14 DEM 8 PV 6 PSB 6 PMDB 5 PRB 4 PPS 3 PTB 3 PR 3 PSD 3 PSC 3 SD 2 PC do B 2 Psol 2 Pen 2 PP 2 PTC 1 PHS 1 PDT 1
O número de cadeiras por partido pode sofrer alterações após a posse dos chefes do executivo e/ou tramitações judiciais
O Legislativo após as eleições Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com
As eleições não chegaram ao fim, ainda haverá o 2º turno para presidente e em alguns estados para governador, mas após a divulgação dos primeiros resultados para deputados e senadores é possível traçar o perfil do eleitorado e dos eleitos. Muito se tem dito sobre uma renovação na Câmara dos Deputados, mas até que ponto essa renovação aconteceu de fato? Para Lara Mesquita, 32, professora do Núcleo de Cidadania e Política da
Oficina Municipal, doutoranda em Ciência Política no Instituto de Estudos Sociais e Políticos da UFRJ e mestre em Ciência Política da USP, esse “fenômeno” deve ser observado com atenção, pois é preciso analisar quantos deputados tentaram a reeleição. De acordo com ela, alguns pleitearam outros cargos ou simplesmente, temendo uma derrota, não se candidataram. Analisando os que tentaram a reeleição, comenta a professora, a taxa de reeleitos foi muito alta, três em cada quatro. Outro detalhe salientado por Lara, que
faz ver com cautela a questão da renovação no Parlamento, é o número de “herdeiros políticos” sendo eleitos, ou seja, filhos, netos e sobrinhos de candidatos que já possuem uma “longa careira política”, como no caso de Eduardo Bolsonaro (PSC), que se elegeu deputado federal por São Paulo. Ele é filho de Jair Bolsonaro (PP), deputado mais votado do Rio de Janeiro. No balanço geral, PT e PMDB perderam cadeiras no Parlamento, mas ainda assim são as maiores bancadas do Congresso o que, em uma ree-
leição da presidente da República, garantirá a governabilidade ou, em um cenário de eleição do candidato do PSDB, criará uma forte oposição ao governo, ao menos em teoria. Em São Paulo, além de conseguir a reeleição do chefe do Executivo, o PSDB conquistou mais uma cadeira no Senado, com uma das maiores votações no País, mais de 11 milhões de votos para José Serra. Na Assembleia Legislativa, o partido do governador terá 22 cadeiras. Somando com os outros partidos que estavam na coligação durante as
eleições, esse número sobe para 45, sem contar os partidos que podem migrar para a base aliada após o início do mandato. Para a professora, esse cenário em São Paulo se dá pelo fato de o “eleitor paulista ser extremamente antipetista”. Além disso, Lara destaca que o fato de o PSDB estar a muito tempo governando o Estado, faz com que “o partido seja o partido com maior estrutura no Estado, além de controlar um grande número de prefeituras e ter uma grande rede de mobilização para fazer a campanha eleitoral”.