O SÃO PAULO - edição 3023

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Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 59 | Edição 3023 | 15 a 21 de outubro de 2014

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Outubro: prevenção ao Uma nova escola para câncer de mama uma nova educação

Cardeal diz que Sínodo não tem decisões finais

Colorir os monumentos e edifícios de rosa é a forma de chamar a atenção de mulheres e homens para a prevenção e combate ao câncer.

Dom Odilo enfatiza que relatório com a síntese das reflexões da assembleia extraordinária não é documento com decisões finais.

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Aproveitando as comemorações do Dia dos Professores, O SÃO PAULO mostra um modelo diferente de escola, o Projeto Âncora. Página 14

Página 15

Perspectivas pastorais sobre a família são debatidas no Sínodo dos Bispos Uma semana após o início da 3ª Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos, que reflete os desafios pastorais da família no contexto da evangelização, foi apresentado na segunda-feira, 13, o Re-

latio post disceptationem, que resume as intervenções e os debates já realizados. O relatório, que não é o documento final do Sínodo, apresenta algumas perspectivas pastorais em relação à preparação para o

Matrimônio e às questões de uniões civis e convivências, nulidade matrimonial e acolhida fraterna de pessoas homossexuais na Igreja. No Vaticano, clima de respeito entre os participantes faz lembrar sessões

Arquidiocese celebra Nossa Senhora Aparecida

do Concílio Ecumênico Vaticano II, conforme comparou o secretário especial para o Sínodo, Dom Bruno Forte. Atividades prosseguem até domingo, 19. Páginas 12 e 13

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Às margens do rio Tietê, um sinal de esperança. Essa foi a mensagem da 11ª edição do Projeto “Tietê. Esperança Aparecida”, que marcou a solenidade da Padroeira do Brasil, no domingo, 12, na Arquidiocese de São Paulo. Após procissão pelas águas do rio poluído que corta a capital paulista, a imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida chegou à ponte do Piqueri, (imagem), e seguiu em carreata até a Catedral da Sé, que ficou lotada para a celebração. O Projeto tem o objetivo de expressar a fé e a devoção à Padroeira do Brasil, e conscientizar a população sobre a importância de despoluição do rio Tietê. O Santuário Nacional de Aparecida bateu o recorde de romeiros na solenidade. No Japão, os católicos celebraram pela primeira vez a festa da padroeira do Brasil, manifestando a devoção pelas ruas de Nagoya. Página 24

Maurren Maggi de olho nas Olimpíadas Rio 2016 Página 17

No domingo, 19, Papa Paulo IV será proclamado beato Página 11

Regiões Belém e Ipiranga realizam assembleia Páginas 19 e 22

Madre Assunta: memorial será inaugurado dia 24 Página 11


2 | Ponto de Vista |

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editorial

Outubro, para a Igreja Católica, é o mês das missões. Um momento oportuno para refletirmos sobre o caráter essencialmente missionário da Igreja. São Paulo nos ensina que para que haja fé, é necessário ter quem anuncie: “Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue? (Rm 10, 13-14) O Papa Francisco, inicia a sua Mensagem para o Dia Mundial das

Evangelizar é preciso

Missões 2014, a ser celebrado no próximo dia 19, com uma informação aflitiva: “Ainda hoje há tanta gente que não conhece Jesus Cristo. Por isso, continua a revestir-se de grande urgência a missão ad gentes, para a qual são chamados a participar todos os membros da Igreja, pois esta é, por sua natureza, missionária: a Igreja nasceu ‘em saída’”. Com essas palavras, Francisco, ao mesmo tempo em que fala da urgência de se Evangelizar, nos recorda que não quer uma Igreja acomodada, comunidades cristãs com posturas defensivas em relação ao resto do

mundo, encerradas em si mesmas a ponto de se transformarem em verdadeiros guetos autocentrados de “eleitos”, mas uma Igreja corajosa, dinâmica, apostólica e atuante, ainda que “acidentada”, nos dizeres do próprio Francisco. A mensagem do Papa para o Dia Mundial das Missões deste ano ressalta, ainda, que “os discípulos de Cristo são aqueles que se deixam conquistar mais e mais pelo amor de Jesus e marcar pelo fogo da paixão pelo Reino de Deus, para serem portadores da alegria do Evangelho”. E que “todos os discípulos do Senhor

são chamados a alimentar a alegria da evangelização”. A coleta tradicionalmente realizada em todas as paróquias e comunidades no mês de outubro, em favor das missões, é uma ajuda tão importante quanto simbólica, no sentido em que revela o quanto os fiéis trazem no coração a causa da Evangelização nos locais mais distantes de nosso País e do mundo. Ao mesmo tempo, é um chamado que a Igreja faz aos seus fiéis para a missão. Para que evangelizem com palavras e exemplos, através do apostolado pessoal, os ambientes concretos em que vivem.

opinião

O Brasil depois do primeiro turno Sergio Ricciuto Conte

Francisco Borba Ribeiro Neto O desejo de mudança que se manifestou nos protestos do último ano e meio se refletiu na perda de cadeiras no Congresso dos grandes partidos no poder, que foram, de modo geral, para novos partidos. Contudo, a taxa de renovação do Congresso foi pouco maior que a de 2010 (43% a 42%), os “políticos de sempre” se reelegeram e muitos candidatos entrarão por conta da “transferência dos votos” de candidatos muito votados do mesmo partido. A política personalista (voto em quem eu confio) venceu a programática (voto nas ideias que defendo). Imaturidade política do eleitor? Talvez, mas também desconfiança e distância entre as lideranças mais ideológicas e o povo. A população mostrou nas urnas que quer a manutenção das políticas sociais voltadas aos mais pobres, mas não quer grandes partidos assistencialistas, que têm dificuldade de melhorar a saúde, a segurança e a educação – ou que facilmente se enredam em escândalos de corrupção. Está se consolidando uma “nova esquerda”, que rouba votos da esquerda tradicional e ganha expressão própria, numa dinâmica que já se anunciava nas eleições de 2010. A grande ameaça a essa esquerda tradicional reside na sua dificuldade em assimilar o novo que surge, pois isso a enfraquece em termos de alianças e de aceitação pelos jovens e nas grandes cidades. Muitos analistas apontam para o crescimento da “ala conservadora” do Congresso, mas misturam dados econô-

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

micos (como ser empresário) com outros comportamentais (ser contra o aborto, por exemplo). Isso cria certa confusão. O quer se vê, neste caso, é que numa sociedade pluralista e relativista, candidatos que defendem valores tradicionais – como a família

– tendem a ser mais votados pela população. Assim como a insegurança das periferias urbanas favorecem candidatos que defendem uma ação enérgica da polícia – ainda que pondo em risco os direitos humanos. Novamente aqui o problema, para muitos, é a dificuldade de en-

trar na “alma popular” e compreendêla, colocando realmente seus mandatos a serviço do povo e em sintonia com ele. A sociedade brasileira sai mais polarizada e as diferenças estão mais acirradas? Apesar dessa ser a impressão de muitos, uma análise cuidadosa dos dados históricos não evidencia isso. A sociedade brasileira passa por um processo de amadurecimento político, que sempre é lento e cheio de contradições. O que estamos vendo é principalmente uma tensão que nasce da percepção de uma urgência de respostas diante do contexto atual – respostas que não são fornecidas com segurança por nenhum candidato ou partido. Diante disso, tendemos a nos perder num confronto em que cada um quer, de forma até agressiva, se mostrar como certo e apontar o outro como errado. Porém, a grande pergunta não é quem está certo ou quem está errado, mas sim como podemos fazer para construir juntos? Todos os políticos eleitos deverão fazer este esforço de construir juntos o bem comum, atentos às reivindicações do povo, não colocando esquemas ideológicos ou interesses corporativos à frente das necessidades reais e das aspirações da população. Mas também o povo, e particularmente nós, que já participamos ativamente da Igreja e de outras associações, somos chamados a construir uma sociedade cada vez mais protagonista e capaz de lutar pelo bem comum. Francisco Borba Ribeiro Neto é sociólogo e coordenador do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP

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cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo

No domingo, 19 de outubro, a Igreja celebra a Jornada Missionária Mundial: todos somos lembrados de que somos parte de um povo missionário, enviado por Jesus Cristo ao mundo inteiro, a todos os povos, para anunciar o Evangelho do Reino de Deus. A Igreja é missionária por sua natureza e o anúncio do Evangelho deve ser, por isso, a primeira preocupação e a mais importante ocupação dos membros da Igreja e das organizações eclesiais. Essa é a razão pela qual a Conferência de Aparecida (2007) nos orientou a ir além de uma pastoral de conservação e a fazer uma verdadeira “conversão pastoral” no sentido missionário. Em seguida, na sua exortação apostólica Evangelii gaudium (2013), o Papa Francisco nos recordou que devemos ser uma Igreja “em saída”, no meio do povo, onde a vida acontece. Não devemos estar ocupados apenas com a gestão das questões da vida interna da Igreja, mas ter sempre presente que existimos para a missão. Recordou ainda o Papa que as portas da nossa Igreja devem estar sempre abertas, não apenas para receber quem queira entrar,

Assunta Marchetti, missionária mas, ainda mais, para que os que já estão dentro saiam ao encontro dos demais, para compartilhar com eles a alegria do Evangelho e as riquezas da nossa fé. A vocação missionária realiza-se de muitos modos: pelo anúncio explícito do Evangelho, convidando a acolher de coração aberto a Palavra de Deus e a converter-se a ela; pelas várias formas de catequese e formação cristã; pela celebração da Liturgia e a participação na eucaristia dominical, pela transmissão da fé em família; e não podemos esquecer nunca os que ainda estão distantes do Evangelho de Cristo, os de longe e os de perto... A missão “a todos os povos” nunca pode ser perdida de vista pelos cristãos e católicos, pois todos têm o direito de conhecer a BoaNova de Jesus Cristo. A missão realiza-se também através do testemunho de fé, esperança e caridade, pelo serviço ao próximo em nome de Cristo, sobretudo aos mais necessitados de ajuda e solidariedade; realizase pelo empenho corajoso na justiça social e em edificar o mundo conforme Deus. Atitudes missionárias são, por exemplo, o voluntariado e o serviço generoso prestado aos outros e o apoio material para que a obra missionária da Igreja seja levada avante em lugares carentes de recursos; esse é o sentido da coleta missionária, que se faz em todas as igrejas católicas do mundo no próximo domingo, Dia das Missões.

Os santos são os melhores missionários. Neste ano, já tivemos a canonização do missionário São José de Anchieta, que está nas origens da cidade de São Paulo e da Igreja nesta cidade. E, no próximo dia 25 de outubro, teremos na Catedral da Sé, de São Paulo, a beatificação de mais uma missionária: a serva de Deus, Assunta Marchetti, cofundadora das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeu (Scalabrinianas). Ela nasceu na Itália, em Camaiore, Lombrici (Toscana), em 15 de agosto de 1871. Em 1895, veio ao Brasil, com seu irmão, Padre José Marchetti; passou brevemente no Rio Grande do Sul e no interior de São Paulo, na cidade de Mirassol. Mas dedicou a maior parte de sua vida e atividade missionária na cidade de São Paulo. Dedicou-se à assistência dos migrantes, que chegavam em grande quantidade da Itália e de outros lugares, aos doentes e, sobretudo, aos órfãos, para os quais foi mãe atenciosa. Morreu com fama de santidade em São Paulo, em 1º de junho de 1948; seu túmulo está na Vila Prudente, junto da Igreja de São Carlos Borromeu. Missionária, ela consolidou a fundação de uma congregação missionária, para continuar a testemunhar a caridade de Cristo para com o próximo. Os santos são grandes evangelizadores: pelo exemplo de sua caridade e dedicação missionária, continuam a edificar a Igreja.

| Encontro com o Pastor | 3

Relatório acolhe preocupações manifestadas Em entrevista ao Programa Brasileiro, da Rádio Vaticano, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, que participa da 3ª Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos, afirmou que o Relatio post disceptationem, o Relatório da Assembleia, colheu de maneira positiva as diversas preocupações manifestadas pelos padres sinodais. “Houve muita coragem, muita abertura, em falar, também, das questões mais delicadas, mesmo, muitas vezes, com propostas um pouco diferentes daquilo que seria o ordinário das maneiras de como a Igreja faz”, destacou o Cardeal.

Papa tomará as decisões Na mesma entrevista, Dom Odilo reforçou que o Sínodo não vai decidir nada. “O Sínodo discute, apresenta propostas e depois, finalmente, o Papa tomará decisões a partir do que for apresentado”.

‘Estamos fazendo um caminho sinodal’ L’Osservatore Romano

O Arcebispo de São Paulo ainda explicou que o resultado dessa assembleia extraordinária será colocado em discussão nas dioceses, conferências episcopais, com o convite também de participação das famílias das organizações dos leigos. “De maneira que, de fato, estamos fazendo aquilo que o Papa previa, um caminho sinodal. É mais difícil, mais lento, porém a ideia é esta, de despertar um maior envolvimento, maior participação do povo. Porque só assim haverá, depois, uma maior recepção daquilo que forem as decisões após a Assembleia ordinária no ano que vem”. (Por Fernando Geronazzo)


4 | Papa Francisco |

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A Igreja precisa abrir-se às periferias Após a missa celebrada na Basílica de São Pedro, em ação de graças pela canonização de dois santos canadenses, o Papa Francisco saiu à janela de seu escritório no Palácio Apostólico do Vaticano para rezar o Ângelus com os fiéis peregrinos reunidos na praça de São Pedro e para o seu costumeiro compromisso dominical. Ele retomou o Evangelho do dia (Cf Mt, 22, 1-14), que registra a parábola do rei que fez um banquete e os convidados recusaram-se a participar, dando as mais diferentes desculpas. Na parábola, Deus é representado pelo rei, que faz um convite marcado pela “gratuidade, largueza, universalidade”. Nenhum dos convidados aceita participar da festa, têm muito que fazer. E o Papa comenta: Deus é bom para conosco, nos oferece sua amizade, sua alegria, a salvação “mas, muitas vezes, não acolhemos os seus dons, colocamos em primei-

ro lugar as nossas preocupações materiais, os nossos interesses...”. Alguns convidados até maltratam e matam os empregados que repetem o convite. Mas o projeto de Deus não se interrompe. Diante da recusa dos primeiros convidados, ele não desiste e manda seus empregados irem às praças e às encruzilhadas das estradas para reunir todos que eles encontrarem. Quaisquer pessoas, pobres, abandonados, deserdados, inclusive bons e maus, sem distinção. “A sala se enche de excluídos”, diz Francisco. “O Evangelho, rejeitado por alguém, encontra acolhida inesperada em tantos outros corações.” Todos são convidados para o banquete, continua a mensagem. “A bondade de Deus não tem limites e não discrimina ninguém”. É um banquete para todos e todos podem responder ao seu convite. Nesse banquete “ninguém tem o direito de sentir-se privilegiado ou de reivindicar exclusividade”. E o Papa lembra que é preciso

superar o hábito de nos colocar comodamente no centro, como faziam os chefes dos sacerdotes e os fariseus. E insiste: “nós devemos nos abrir às periferias, reconhecendo que também quem está à margem, inclusive o rejeitado e desprezado pela sociedade, é objeto da generosidade de Deus”. “Todos somos chamados a não reduzir o Reino de Deus aos limites de nossa ‘igrejinha’”, continua Francisco, “mas a dilatar a Igreja às dimensões do Reino de Deus”. A única condição é “vestir a veste nupcial, ou seja, testemunhar o amor para com Deus e o próximo” A mensagem se conclui com um convite a todos a confiar à intercessão de Maria “os dramas e as esperanças de tantos nossos irmãos e irmãs, excluídos, fracos, rejeitados, desprezados, também àqueles que são perseguidos por causa da fé, e invoquemos a sua proteção também para os trabalhos do Sínodo dos Bispos reunido nestes dias no Vaticano”. (Por Padre Cido Pereira)

Audiência com o primeiroministro do Vietnã O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Padre Federico Lombardi, comunicou na última semana que o Papa Francisco se encontrará com o primeiro-ministro do Vietnã, Nguyên Tán Dung, no sábado, 18. “O encontro servirá também para aprofundar as relações bilaterais entre Vietnã e Santa Sé”, declarou o Padre. Nguyên já esteve no Vaticano em 2007, quando se encontrou com Bento XVI, hoje papa emérito. Nos dias 10 e 11 de setembro, foi realizado, em Hanói, no Vietnã, o 5º Encontro do Grupo de Trabalho conjunto entre a Santa Sé e o Vietnã, quando as partes concordaram em dar continuidade ao diálogo, criando condições favoráveis à missão eclesial no País.

Solidariedade à população de Gênova Ansa

Gênova está cheia de entulhos após enchente

Ao tomar ciência de uma enchente que resultou na morte de uma pessoa e em vários danos na cidade de Gênova, na Itália, o Papa Francisco telefonou no sábado, 11, para o Cardeal Angelo Bagnasco, arcebispo. “Estávamos na estrada, com meus colaboradores, e gentilmente o Papa se informou da situação. Ele já havia sido informado – eu havia contado pra ele ontem [10] à noite, antes de partir de Roma, do Sínodo – e esta manhã ele me telefonou paternalmente. Assegurou-me a sua proximidade, a segurança da oração e da sua bênção. Foi muito querido”, contou Dom Bagnasco, que também é presidente da Conferência Episcopal Italiana (CEI). Cardeal Bagnasco disse que muitas pessoas perderam tudo. Ele recordou que isso já havia acontecido em 2011, só que agora está pior, e enfatizou a necessidade de ajuda adequada e rápida.

Agradecimento a novos santos canadenses No domingo, 12, o Papa presidiu, na Basílica de São Pedro, uma missa solene de agradecimento pelas canonizações de Francisco de Laval, primeiro bispo do Quebec, e de Maria da Incarnação, uma religiosa Orsolina francesa. Segundo Francisco, a “memória daqueles que nos precederam, daqueles que fundaram a nossa Igreja, a Igreja fecunda do Quebec, fecunda em tantos missionários que foram por todo o lado; o mundo foi enchido de missionários canadenses como estes dois”. (Por Daniel Gomes)


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Espiritualidade

fé e cidadania

Igreja em saída!

O absurdo desperdício de vidas humanas no Brasil

DOM MILTON KENAN JÚNIOR Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia

Diversas vezes, o Papa Francisco tem desafiado a Igreja a colocar-se numa atitude de “saída” e não de “espera”. Na exortação apostólica Evangelii Gaudium, Francisco diz que “fiel ao modelo do Mestre, é vital que hoje a Igreja saia para anunciar o Evangelho a todos, em todos os lugares, em todas as ocasiões, sem demora, sem repugnâncias e sem medo. A alegria do Evangelho é para todo o povo, não se pode excluir ninguém...” (n.23). À luz dessa afirmação do Bispo de Roma, quero partilhar com vocês o testemunho de Rita Valladares, da Paróquia São Francisco de Assis (Setor Cântaros), na Região Episcopal Brasilândia, da nossa Arquidiocese de São Paulo. É o testemunho de uma mulher que compreendeu o apelo de Francisco e, com criatividade e determinação, está colocando-o em prática: “Meu nome é Rita Valladares, e em janeiro de 2013, a convite do Padre Jorge Feltrin, convidei alguns jovens do grupo da Crisma para visitar algumas famílias no bairro, e começamos a rezar o terço nas casas. Em março deste ano, celebramos a primeira missa, em uma ga-

ragem... foi maravilhoso ver tantas pessoas reunidas. Hoje, temos um grupo de Crisma com 16 jovens, um grupo bem ativo na comunidade. Descemos as vielas e batemos nas portas em busca de crianças para a Catequese e hoje temos três catequistas e 31 crianças. A Catequese acontece aos sábados em cima da laje cedida por uma família da comunidade. Os encontros de Crisma e a missa acontecem numa garagem cedida por outra família. Confesso que não é fácil competir com o barulho da rua, mas a vontade de levar Jesus para aquelas famílias é muito maior. Foram formadas também seis ministras da Eucaristia. São mulheres sofridas, todavia muito alegres e cheias de vontade de caminhar... Ouvimos a voz do Papa que nos encoraja a sair da Igreja e ir ao encontro dos irmãos e é o que temos feito com muita alegria”. Conhecendo a realidade do Jardim Guarani e as condições que a comunidade Santa Rita de Cassia, da Paróquia São Francisco se encontra, a carta da Rita me encheu de emoção! Trata-se do testemunho de alguém que descobriu o essencial para a Igreja e para cada batizado hoje: conhecer Jesus e fazê-lo conhecido ou “amar Jesus e fazê-lo amado”, como dizia Santa Teresinha do Menino Jesus, a Patrona das Missões. Ao aproximar-nos da celebração do Dia Mundial das Missões, que ocorre no próximo domingo, o testemunho da Rita transforma-se num forte apelo, não só a um despertar da consciência missionária,

mas à solidariedade entre as comunidades na tarefa de evangelizar. Seria um gesto muito significativo da Igreja em saída, se comunidades em condições mais estáveis assumissem o compromisso de ajudar as comunidades em condições precárias, não só com recursos financeiros, mas com colaboração pastoral, disponibilizando agentes para assumir tarefas mais urgentes para as comunidades carentes, que não as realizam por falta de recurso humano, como, por exemplo, na preparação de ministros, na formação de lideranças, financiamento de obras sociais, construção de igrejas e outras iniciativas que atendam ou diminuam o drama dos que vivem em paróquias mais pobres da nossa Arquidiocese. O Papa Francisco reforça esse apelo quando diz: “Cada cristão e cada comunidade há de discernir qual é o caminho que o Senhor lhe pede, mas todos somos convidados a aceitar esta chamada: sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho” (n.20). Sejamos sensíveis ao que o Espírito de Deus nos diz pelos lábios da Rita, que faz eco ao apelo do Papa Francisco. Uma “Igreja em saída” é hoje a única “saída” para a Igreja num mundo globalizado e indiferente aos valores do Evangelho. O testemunho de coragem e solidariedade da Igreja é que levará muitos a se interrogarem sobre a força do Evangelho e a buscar o compartilhar da alegria dos cristãos!

eSPAÇO ABERTO

Dia dos professores, o xis da questão Dudu Cruz Sabemos que questão não tem “x”, o “xis da questão”, que ainda não foi colocado é o seguinte: quem pode ser responsabilizado ou qual o fator motivador do desenvolvimento de um povo? Essa pergunta, para mim, tem várias respostas, ou mesmo não teria um único fator responsável. Mas a educação, com certeza, é o principal fator que faz um povo se desenvolver. A educação agregada à boa comunicação e oportunidades. E essa educação é trazida diariamente pelos professores e professoras, como as formiguinhas, em seu trabalho incessante para preparar o futuro... Hoje, dia 15 de outubro, comemoramos o Dia dos Professores. E os nossos professores e professoras são o “xis da questão” (mesmo não

tendo xis, mesmo não sendo considerados). A questão da evolução deste País, sempre foi agregada às obras e investimentos em projetos absurdamente caros... e os professores, artistas, e demais setores da cultura? Esses, sempre deixados de lado... E hoje, comemorando o Dia dos Professores, eu não poderia deixar de declarar o que sinto. Gratidão aos professores que passaram na minha vida escolar e hoje passam na minha vida profissional, me ajudando a expressar e ver a vida melhor, pois os professores que eu quero agradecer não são somente os que dão aula nas escolas... mas, também, os que dão aula no dia a dia, me ajudam a escrever melhor, mesmo eu não aprendendo a lição, e sempre pedindo socorro a eles, me ajudam a ver melhor a vida, mesmo

vacilando depois das aulas... Aliás, esse texto pode estar com muitos erros de concordância, mas vocês vão ter que concordar que não tem como fazer surpresa mostrando o presente... Por isso, me exponho para dizer o quanto valorizo todos vocês. Ainda mais olhando para a “escola de hoje”, onde se paga mal aos professores, os alunos não querem aprender, os professores não têm motivação socioeconômica para fazerem um bom trabalho e enfrentam, muitas vezes, a ausência de uma educação humana de base familiar. Há alunos violentos, capazes, até mesmo, de bater em professor. E ainda há as várias fontes de comunicação que muitas vezes atrapalham o trabalho. Feliz Dia dos Professores. Dudu Cruz é artista plástico.

PADRE LEO PESSINI

Superior Geral dos Camilianos

O Mapa da Violência 2014, divulgado recentemente, que recolhe dados de 2012 colhidos pelo Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde (SIM), revela indicadores espantosos relacionados com mortes causadas pela violência em nosso País. Segundo o sociólogo Júlio Jacobo Waiselfisz, autor do Mapa, “nossas taxas são 50 a cem vezes maiores do que a de países como o Japão. Isso marca o quanto ainda temos que percorrer para chegar a uma taxa minimamente civilizada”, destaca o autor do Mapa da Violência 2014. Eis algumas estatísticas drásticas de morte. Na última década, morreram 556 mil pessoas vítimas de homicídio, número de mortes que excede de longe o número de mortes da maioria dos conflitos armados registrados no mundo, destaca o informe. Se compararmos os cem países que registraram taxa de homicídios, entre 2008 e 2012, para cada grupo de 100 mil habitantes, o estudo conclui que o Brasil ocupa o sétimo lugar no ranking mundial. O crescimento de homicídios no Brasil é maior que o crescimento da população atual. Além disso, as principais vítimas são sempre jovens negros e do sexo masculino. Os dados revelam que 154 pessoas morreram, em média, por dia no Brasil, em 2012. No total, foram 56.337 pessoas que perderam a vida assassinadas no ano, 7% a mais que em 2011. Os homicídios vitimam majoritariamente os negros: foram 41.127 mortos, em 2012 e 14.928 brancos. Considerando toda a década (2002-2012), enquanto o número de assassinatos de brancos diminuiu, passando de quase 20 mil, em 2002, para 15 mil, em 2012, as vítimas negras aumentaram de quase 30 mil para mais de 41 mil, no mesmo período. Em 2012, 112.709 pessoas morreram vítimas de violência no Brasil. O número equivale a 58,1 habitantes a cada grupo de 100 mil. Além das vítimas de homicídio, 46.051 perderam a vida em acidentes de transporte, que incluem aviões e barcos, além dos que ocorreram nas rodovias. Em relação aos suicídios, em 2012 aconteceram 10.321 suicídios. O Estado do Rio Grande do Sul é líder com 10,2 por 100 mil habitantes, em seguida vem Santa Catarina, com 8,6 registros em 2012, sendo que sua capital, Florianópolis, tem o maior número de suicídios, 9,5. Os dados apontam crescimento de 75,8% de 2011 para 2012. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o índice considerado “não epidêmico” é de 10 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes. Alagoas é o estado brasileiro que lidera o ranking no país com 64,6% casos por 100 mil habitantes, número semelhante ao registrado durante a Guerra do Iraque, de 2004 a 2007. A média nacional hoje é de 29 casos por 100 mil habitantes. A taxa de homicídios por 100 mil habitantes de algumas cidades brasileiras, assim se apresentou: Maceió – 79,76 (5ª. lugar); Fortaleza – 72,82 (7º.); João Pessoa 66,92 (9ª); Natal – 57,62%; Manaus – 42,53 (31ª); Belo Horizonte – 34,73 (44ª). Os Estados de Santa Catarina e São Paulo possuem as menores taxas de homicídios por 100 mil habitantes: 12,8 e 15,1 respectivamente. Eticamente falando, nos assusta perante esse verdadeiro “holocausto silencioso” a atitude de certo conformismo e até indiferença das elites de nossa sociedade e Governo, perante essas terríveis estatísticas de milhares de mortes perfeitamente evitáveis. Faz-se necessário a implementação do Plano Nacional de Segurança Pública, com a permanente vigilância cidadã da população. Infelizmente, essa situação acaba fazendo com que as pessoas, para se protegerem da violência, se fechem sempre mais através de grades e muros com medo do outro, em vez de construirmos pontes de fraternidade! A espiral de violência tem que ser vencida pela espiral-feminina da esperança, isto é da convivência respeitosa e cuidadosa da vida, senão não existirá manhã para muitos de nós!


6 | Fé e Vida |

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LITURGIA E VIDA 29º DOMINGO DO TEMPO COMUM 19 DE OUTUBRO DE 2014

A vida do Povo de Deus ANA FLORA ANDERSON

O salmo responsorial (95) da liturgia deste domingo canta louvor a Deus, que revela sua glória entre as nações. A primeira leitura (Isaías 45, 1.4–6) narra uma situação histórica fora do ordinário. Para libertar o seu povo de uma dominação cruel, Deus escolhe um imperador estrangeiro, Ciro, para salvar o seu povo e providenciar sua volta à Terra Santa. O profeta anuncia ao Imperador persa que é o Senhor, o único Deus, que o escolheu para salvar seu povo amado. No Evangelho de São Mateus (22,15–21), a situação é outra. Os fariseus que procuram a Jesus são teólogos e, pela Lei, não podiam usar ou possuir qualquer tipo de imagem. Mas, eles querem colocar Jesus numa situação difícil com os romanos. Se Jesus disser que se deve pagar imposto a Roma, o povo ficará contra ele. Por outro lado, se Jesus disser que não se deve pagar impostos ao Império Romano, ele será preso! Jesus, porém, pede para ver uma moeda e eis que os piedosos teólogos apresentam uma com a imagem de César, que o judeu praticante não deveria possuir! Jesus, então, sai dessa armadilha mandando que devolvam a César o que lhe pertence e louvem a Deus obedecendo a Lei contra o uso de imagens. Na segunda leitura (1 Tessalonicenses 1, 1–5), São Paulo e seus companheiros informam que rezam sempre a Deus agradecendo a vivência de fé, de amor e de esperança dos cristãos. Essa graça os tessalonicenses receberam pela força que é o Espírito Santo.

você pergunta

É pecado orar para que Deus leve meu pai alcoólatra? padre Cido Pereira

Vigário Episcopal para a Pastoral da Comunicação

Uma senhora chamada Gleice (que não disse o sobrenome), que mora em Pirassununga (SP), diz que se angustia porque seu pai, com 75 anos, bebe muito. É um homem que reza, tem fé, mas não quer largar de beber. A Gleice se angustia com essa situação, até porque a sua mãe tem o mal de Parkinson e sofre muito. E ela me pergunta se é pecado pedir a morte do pai. Gleice, pra começo de conversa, parabéns pelo carinho que você tem por seu pai e por sua mãe. Que bom que você reconhece que ele é um bom homem, homem de fé. Há tantos que entendem o alcoolismo como vício, como falta de caráter. No entanto, não é assim. O alcoolismo é uma doença, doença terrível, quase uma nova natureza na pessoa. Doença que não tem cura. Você a controla evitando o primeiro gole. Eu penso, Gleice, que agrava a enfermidade de sua mãe, o alcoolismo de seu pai e o faz prosseguir nessa autodestruição que dói em você e certamente em sua mãe. Minha irmã querida, você tem uma cruz imensa, cruz pesada. Eu acho que a melhor oração que você tem a fazer é pedir a Deus a coragem e a força para carregar essa cruz que pesa em seus ombros. Peça a Deus também a paciência. Não deixe de testemunhar a seu pai o quanto ele é amado, particularmente nos momentos em que ele estiver sóbrio. E jamais peça para que Deus o leve. O certo é pedir ao Senhor que faça por seu pai o que Deus entender que seja o melhor para ele. Você terá tentações de desânimo, terá momentos em que vai perder a calma... e o pior é que depois disso vem o sentimento de culpa. Ame, ame muito a seu pai. O desânimo, o cansaço, a irritação são normais. Você não é de ferro. Mas não deixe de amar o seu pai que está enfermo, talvez muito mais enfermo do que sua mãe.

novos santos e beatos

Alexandrina Maria da Costa 13 de Outubro

No dia 30 de março de 1904, nasceu Alexandrina Maria da Costa, na pequena cidade de Balazar, em Póvoa de Varzim, em Braga, Portugal. Em 1918, Alexandrina, sua irmã Deolinda e mais uma amiga aprendiz estavam na sala de costura, situada no piso superior da casa, quando três homens invadiram o local para molestá-las sexualmente. Alexandrina, para salvar a sua pureza, atirou-se pela janela, de uma altura de quatro metros. Assustados, os homens fugiram sem concluir suas intenções. Porém, as consequências foram terríveis, embora não imediatas. Alexandrina sofreu dores terríveis num processo longo, gradual e irreversível que a deixou paralítica. A partir do dia 14 de abril de 1925, Alexandrina nunca mais levantou da cama. Assim, paralisada, passou trinta anos de sua vida, embora nos três anos seguintes ela ainda pedisse a Deus, por intercessão de Nossa Senhora, a graça da cura. Desde 1934, orientada espiritualmente por um padre jesuíta, passou a escrever tudo quanto lhe dizia Jesus durante seus êxtases contemplativos. Em 1936, segundo ela por ordem de Jesus, pediu ao Papa Pio XI a consagração do mundo ao Coração Imaculado de Maria. O pedido foi renovado várias vezes até 1941, quando, então, Alexandrina parou de escrever ao papa e também seu diário. A

Reprodução

partir de 27 de março de 1942, deixou de alimentar-se, vivendo exclusivamente da Eucaristia. No ano seguinte, passou a ser estudada por uma junta médica. Em 1944, seu novo diretor espiritual, um padre salesiano, após constatar a profundidade espiritual a que tinha chegado, animou Alexandrina a voltar a ditar o seu diário; o que ela fez até a morte. No mesmo ano, ela

50

se inscreveu na União dos Cooperadores Salesianos, querendo colaborar com o seu sofrimento e as suas orações para a salvação das almas, sobretudo dos jovens. No dia 13 de outubro de 1955, Alexandrina morreu dizendo: “Sou feliz porque vou para o céu”. A 25 de abril de 2004, foi beatificada pelo Papa João Paulo II, que a propôs como modelo dos que sofrem.

anos

Capa da edição de 18 de outubro de 1964

Leigos mártires em Uganda são canonizados A canonização dos mártires Carlos Lwanga, Matias Mulumba Kalemba e de seus outros 20 companheiros assassinados em Uganda, no continente africano, pelo rei Mwanga, em 1885, por professarem a fé cristã, foi uma das notícias da edição do O SÃO PAULO de 18 de outubro de 1964. “São Lwanga, São Kalembra... Nomes exóticos, sem dúvida, mas que, justamente em pleno Concílio, em plenos debates que muitos julgam até mesmo ideológicos, entre os padres conciliares, vêm provar à sociedade aquela firmeza de doutrina, aquela perene juventude espiritual que são o apanágio da Igreja fundada por Cristo e hoje guiada pelo sucessor de Pedro”, destacava o jornal. Ainda segundo o semanário arquidiocesano, “as últimas canonizações estão demonstrando que, como sempre aconteceu, no tempo e no espaço, é a Igreja uma sociedade humana, sim, mas divinamente assistida... e vem mostrando que também no interior agreste, rude, vingativo, da África, assim como nas colinas misteriosas do Japão, nas ilhotas esparsas da Polinésia ou nas vulcânicas e revolucionárias terras de América também existem santos”.


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| Pastorais | 7

Vicariato episcopal para a Educação e a Universidade

Dom Carlos exorta jovens universitários à oração Na quente noite paulistana da sexta-feira, 10, muitos jovens, a maioria universitários, aglomeravam-se nos bares próximos à Paróquia Nossa Senhora dos Pobres, no Butantã. Muitos, mas não todos! Pois, dezenas de jovens estudantes da USP e de outras faculdades, juntamente com a comunidade paroquial, foram à Missa presidida por Dom Carlos Lema Garcia, bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo e vigário episcopal para a Educação e a Universidade, e concelebrada pelos padres Vandro Pisaneschi e Paulo Zygmunt Frackowiak, CR, pároco.

Dom Carlos lembrou a aliança de Deus com a humanidade e propôs um questionamento acerca do compromisso com essa aliança. “Convido a todos a se perguntarem se realmente somos filhos de Deus. Às vezes, nós dizemos: ‘sim, eu sou filho de Deus’, mas, na prática, vivemos como se Deus estivesse lá longe, atrás das nuvens. Um Deus distante. Um Deus grande, todo poderoso, mas alheio ao que acontece comigo”. Fábio de Oliveira, estudante de doutorado em Teoria Literária e Literatura Comparada na USP, acredita que o principal desafio

é a Igreja mostrar aos jovens de hoje que vale a pena assumir o papel de cristão. “Muitos jovens preferem os bares porque para eles é o que faz bem, é o que traz uma espécie de alegria, de alívio nessa correria do dia a dia”. E disse ainda que “a experiência da religião mostra que o sacrifício pessoal induz ao caminho de felicidade. É claro que pra chegar a isso é preciso uma Igreja que possa amparar essa juventude. Que mostre o Deus que é Pai, que sabe acolher e consegue esperar o tempo de cada um”. Os jovens universitários foram convidados por Dom Carlos

Arquivo pessoal

Dom Carlos preside missa na sexta-feira, 10, para universitários

a viver na presença de Deus. “Falem mais com Deus. Agradeçamlhe pelas coisas boas. Peçam ajuda para as coisas difíceis. Abram o coração, Ele conhece vocês. Deus

conhece os seus segredos. Aquilo que ninguém mais conhece. Deus conhece aquilo que, inclusive, nem nós mesmos conhecemos” . Colaborou Diego Monteiro

Comissão dos Estudantes de Teologia de São Paulo

Igreja nos anos de chumbo “Igreja e Resistência: Um olhar sobre a igreja nos anos de chumbo” foi o tema refletido na quarta-feira, 8, por cerca de 400 pessoas participantes do Simpósio de Teologia, assessorado por Dom José Maria Pires, bispo emérito de João Pessoa (PB). Organizado pela Comissão dos Estudantes de Teologia de São Paulo (Cetesp), o evento ocorreu na Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação (Fapcom). Dom José Maria Pires, com seus 95 anos de vida, tornou-se um símbolo da resistência, dentro e fora da igreja. Como arcebispo, na época da ditadura militar, atuou de forma incansável pela defesa dos direitos humanos, motivando e fazendo com que a Igreja também se tornasse um meio para se chegar à transformação social. Com uma voz firme e boa memória, Dom Zumbi - como também é conhecido devido sua

Arquivo pessoal

Dom José Maria Pires (centro) fala da luta da Igreja durante a ditadura

dos 50 anos do golpe militar, uma época em que ocorreu violação da liberdade, dos direitos humanos e que deixou milhares de mortos, exilados, desaparecidos e torturados, especialmente muitos membros da Igreja Católica, a comissão “achou importante organizar esse evento para mostrar como a Igreja se fez presente durante os 21 anos de ditadura em nosso País. E, para nos ajudar nessa tarefa contamos com a experiência de Dom José Maria Pires”. Para o professor Antônio Sa-

preocupação e luta por defender o direito dos negros - apresentou, a partir de sua experiência, como a Igreja se fez presente durante o período do regime militar, que durou de 1964 até 1985. Relatou que nos anos de chumbo, “a Igreja passou a organizar o povo não só para atividades exclusivamente religiosas, mas também, para a promoção humana e para a luta não violenta em prol das transformações sociais”. Para Manoel Gomes, um dos organizadores do evento passa-

Apostolado da Oração

Retiro com o Padre Otmar Jacob No sábado, 18, das 7h30 às 13h, acontecerá, na Casa Naim 4, da Aliança de Misericórdia (avenida Raimundo Pereira de Magalhães, 13.658, São Paulo, SP), o retiro do Apostolado da

Oração da Arquidiocese de São Paulo. O encontro terá a presença do Padre Otmar Jacob, SJ, do Secretariado Nacional do Apostolado da Oração e MEJ no Brasil, e do Padre Armênio Rodri-

gues, assessor do Apostolado da Oração da Arquidiocese. Entre em contato com o Apostolado da Oração e saiba mais; e-mail: apostoladoarquidiocesesaopaulo@gmail.com

Pastoral Afro Convite: Encontro das Mulheres 2014 A Pastoral Afro convida para o “Encontro das Mulheres 2014”. A atividade será no domingo, 19, no

Centro Pastoral São José do Belém (Metrô Belém), das 8h30 às 16h30. É preciso confirmar presença.

Mais informações, com Irma Lindaura: cel: 97369-7833 vivo / Residencial 5575-7653, após às 18h.

grado Bogaz, do ITESP, o evento superou as expectativas devido ao número de participantes e atingiu seu objetivo: “Foram quase 400 participantes que buscavam conhecer um pouco mais desse período da História que não foi marcado somente pela violência, mas, também, pela esperança e resistência por parte de alguns membros da Igreja e outras instituições que buscavam e lutavam por democracia e liberdade de

expressão. Encerramos esse simpósio felizes na certeza do dever cumprido “. Na atividade, foi realizada, ainda, a posse da nova Comissão dos Estudantes de Teologia, a qual ficará por dois anos na organização de eventos que promovam a reflexão teológica, entre eles, o Congresso Teológico que será realizado no segundo semestre do próximo ano. Colaborou Lucas Henrique dos Santos


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Destaques das Agências Nacionais

edcarlos bispo edbsant@gmail.com

De rosa para combater o câncer O Cristo está rosa, mas não só ele: a Catedral de Brasília e o Congresso Nacional também, e com eles mais de dezenas de monumentos, prédios sedes de órgãos públicos, pontes e viadutos pelo Brasil e ao redor do mundo. Todo esse movimento é o chamado “Outubro Rosa”, uma campanha que quer chamar a atenção das pessoas para a importância da prevenção ao câncer de mama. Josefa Clara do Carmo Silva, 47, todos os anos fazia a mamografia, e com oresultado desse exame o médico pediu que procurasse o mastologista. Ao fazê-lo foi diagnosticada com um nódulo, quando fez a biopsia, um mês depois, houve a confirmação de que, de fato, se tratava de um câncer. Ela foi submetida a retirada da mama. Histórias e casos como o da dona Josefa se multiplicam no Brasil. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca) são estimados para o

País, em 2014, 57.120 casos novos de câncer de mama, com um risco estimado de 56,09 casos a cada 100 mil mulheres. No site do Inca, “sem considerar os tumores de pele não melanoma, esse tipo de câncer é o mais frequente nas mulheres das regiões Sudeste (71,18/ 100 mil), Sul (70,98/ 100 mil), Centro-Oeste (51,30/ 100 mil) e Nordeste (36,74/ 100 mil). Na região Norte, é o segundo tumor mais incidente (21,29/ 100 mil)”. O câncer de mama é o tipo que mais acomete as mulheres em todo o mundo, tanto em países em desenvolvimento quanto em países desenvolvidos. Cerca de 1,67 milhões de casos novos dessa neoplasia foram diagnosticados no ano de 2012, em todo o mundo, o que representa 25% de todos os tipos de câncer nas mulheres. Suas taxas de incidência variam entre as diferentes regiões do mundo, com as maiores taxas em 2012 na Europa

Ocidental (96/ 100 mil) e as menores taxas na África Central e na Ásia Oriental (27/ 100 mil). Dona Josefa comemora. A moradora do Guarujá, litoral de São Paulo, mãe de dois filhos, descobriu cedo que estava com o nódulo no seio, o que, de acordo com ela, ajudou no diagnóstico e na cura. No Brasil, as taxas de mortalidade por câncer de mama continuam elevadas, muito provavelmente porque a doença ainda é diagnosticada em estágios avançados. Na população mundial, a sobrevida média após cinco anos é de 61%. De acordo com o médico Edison Mantovani Barbosa, coordenador de mastologia do Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC), o câncer de mama tem a particularidade de conseguir a cura quando detectado precocemente. Para ele, quanto mais cedo o paciente desco-

bre, menos a chance de mutilação ou de uma cirurgia conservadora, sendo mais rápida a recuperação. Doutor Edison destacou a importância do autoexame. Mesmo não sendo um método de detecção precoce, é uma forma “importante para a educação da mulher, ou seja, a mulher passa a fazer seu exame mensal e a qualquer pequena alteração, ela recorre ao mastologista e completou que a maioria dos módulos são descobertos pela própria mulher”, afirmou ao O SÃO PAULO. Tanto dona Josefa como o doutor Edison enfatizou a importância de campanhas, como “Outubro Rosa” e “Câncer de Mama no alvo da moda”, por exemplo, para chamar atenção da sociedade, e de forma mais particular das mulheres, na prevenção e combate ao câncer de mama. (Edcarlos Bispo)

J. Lucena

Valter Campanato/ABr

Igreja católica entra na campanha do Outubro Rosa e deixa monumentos como o Cristo Redentor e a Catedral de Brasília coloridos de rosa

Círio de Nazaré reúne 2 milhões nas ruas de Belém Fé e devoção foram os sentimentos que moveram mais de 2 milhões de pessoas na procissão do Círio de Nazaré pelas ruas de Belém, no Pará, no segundo domingo de outubro, 12. A berlinda chegou à praça Santuário, onde foi celebrada a missa de encerramento da procissão, às 11h45. Durante o trajeto de 3,6 km percorridos da Catedral de Belém até a praça Santuário, a imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré recebeu homenagens de católicos transformando as ruas da capital paraense em um mar de

gente, que rezando e cantando fez a edição 222 do Círio de Nazaré emocionante. Com o tema “Ensina teu povo a rezar”, os fiéis agradeceram a graça alcançada e pediram a intercessão da “Rainha da Amazônia” em causas consideradas impossíveis. Quem vem de outros estados se impressiona com a grandiosidade da festa religiosa, declarada Patrimônio Cultural da Humanidade e considerada a maior procissão católica do mundo. Fonte: Rádio Vaticano

Comissão prepara seminário sobre Iniciação à Vida Cristã Equipes de animação bíblico-catequética dos 18 Regionais da CNBB, equipe executiva da Catequese Junto às Pessoas com Deficiência e o Grupo de Reflexão Bíblico-Catequética (Grebicat) participarão do Seminário Nacional de Iniciação à Vida Cristã, que ocorrerá de 6 a 9 de novembro, em São Caetano do Sul (SP). A Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB é a organizadora do encontro, que tem como lema “Quanto a nós, não podemos deixar de falar sobre o que vimos e ouvimos” (Atos 4, 20). Os grupos conhecerão experiências

concretas de Iniciação à Vida Cristã, como a realidade de Abaetetuba (PA), onde o trabalho é realizado com as comunidades ribeirinhas, e a atuação do Regional Sul 1 da CNBB, que promove Catequese junto à Pessoa com Deficiência. A partir dessas iniciativas, haverá a reflexão sobre a prática catequética, com objetivo de motivar novos processos. O Seminário Nacional sobre Iniciação à Vida Cristã está previsto no 21º Plano Quadrienal (2012–2015) das lideranças de catequese ligadas à Comissão. Fonte: CNBB

Congresso Internacional da Doutrina Social da Igreja De 29 a 31 de outubro, em São Paulo, no campus Santa Teresinha, o UNISAL , Centro Universitário Salesiano de São Paulo e a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,

PUC-SP, realizarão o Congresso Internacional da Doutrina Social da Igreja (DSI), com o objetivo de discutir “A Doutrina Social da Igreja no Magistério Recente: Continuidade e Desafios”.

O evento busca estimular e difundir a discussão dos temas fundamentais da Doutrina Social da Igreja, como: economia globalizada, política em geral e os valores da família na sociedade moder-

na. Será um momento de debates, que buscarão propor uma conexão entre a Teologia e as Ciências Sociais. Mais informações em www.unisal.br Fonte: Unisal


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Destaques das Agências Internacionais

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NIGÉRIA/CAMARÕES

185 igrejas destruídas e 190 mil pessoas em fuga Esse é o resultado da violência perpetrada nos últimos dois meses pelo grupo Boko Haram, na Diocese de Maiduguri, no nordeste da Nigéria. O território da Diocese se estende pelos estados de Borno, Yobe e uma parte de Adamawa, região que tem sofrido com os atentados do grupo há alguns anos. Os ataques se intensifica-

ram a partir de meados de 2013 e, nos últimos dois meses, 11 cidades caíram sob as mãos do grupo, que pretende impor um Califado, à imagem do grupo Estado Islâmico, no Iraque. O Padre Gideon Obasogie, diretor de comunicações sociais da Diocese, afirmou que, 30 dias atrás, as comunidades católicas de Gulak, Shuwa,

Michika, Bazza e outras foram saqueadas em cruéis ataques do grupo. “Gwoza e Magadali estão sob o controle despótico e tirânico dos terroristas há 60 dias”, afirmou o Padre. Ele destacou, também, as más condições em que são obrigados a viver os refugiados, em estruturas improvisadas, recebidos nas casas de parentes ou

amigos – às vezes em grupos de até 60 ou 70 pessoas. Os refugiados pensam naqueles que não conseguiram fugir: principalmente idosos e doentes, mas também jovens. As mulheres são vítimas de violência sexual e aumenta a prática de decapitação de reféns pelos terroristas.

Refugiados no Camarões: só a Igreja ficou para ajudar AP

Somente no norte de Camarões, há 40 mil refugiados pelas sanções de conflito

Uma parte dos refugiados nigerianos tem buscado abrigo no Camarões e o grupo Boko Haram tem feito incursões no País em busca de suprimentos. O Frei Fabio Mussi, missionário do PIME (Instituto Pontifício para Missões Estrangeiras) e responsável pela Caritas Yagoua, que trabalha no extremo norte do País, contou à agência Fides o que se passa no local: “No norte do Camarões, ocorre uma guerra silenciosa, da qual poucas pessoas têm consciência, mas que tem consequências humanitárias sérias. Apenas no extremo norte do Camarões, há 40 mil refugiados vindos de dentro do País ou da Nigéria. Mais ao sul,

este número dobra”. O exército do Camarões se posicionou para impedir as invasões e ataques do Boko Haram em busca de suprimentos. Isso porque o exército nigeriano fechou o cerco às zonas sob o controle do grupo e impede a chegada de suprimentos. O grupo, após ter pilhado tudo o que podia nas zonas sob o seu controle na Nigéria, começou a atacar os mercados do Camarões. Nessa situação crítica, a comunidade do PIME decidiu ficar. A Igreja é a única instituição que permaneceu para oferecer ajuda humanitária aos refugiados. As organizações internacionais se retiraram por razões de segurança. Fonte: Fides

INGLATERRA

Escola institui banheiros unissex Uma escola em East Sussex, no sudeste da Inglaterra, tem atraído atenção e críticas por parte dos pais por ter decidido que todos os alunos – sejam meninos ou meninas – deverão usar os mesmos

banheiros, para prevenir a “transfobia”. A medida segue a lógica da ideologia de gênero, segundo a qual todas as diferenças entre os sexos são socialmente determinadas, sem nenhum fundamento na

natureza humana, e devem ser eliminadas desde a mais tenra infância. Alguns pais têm reclamado que seus filhos não querem usar os mesmos banheiros do sexo oposto, porque se

sentem desconfortáveis com a situação. A escola tem cerca de 500 alunos entre 3 e 11 anos de idade. Em uma carta aos pais, a escola afirma: “Nós queremos que as famílias se sintam informadas

sobre como apoiar de forma eficiente o transgênero e os questionamentos de gênero por parte de seus filhos, prevenindo qualquer ‘transfobia’ na escola”. Fonte: The Telegraph

ESTADOS UNIDOS

O medo do aquecimento global acabou Enquanto o Papa Francisco prepara sua encíclica sobre a Criação e o respeito que lhe é devido, cientistas reunidos pelo Instituto Heartland, em Chicago, nos Estados Unidos, afirmam categoricamente que acabou o medo do aquecimento global por causa do uso de combustíveis fósseis e outras atividades humanas. A questão do aquecimento global tem motivado há alguns anos uma onda de previsões apocalípticas e uma série de medidas econômicas visando

a reduzir a emissão de gás carbônico no mundo, muitas delas exigindo a criação de burocracias internacionais capazes de colocá-las em prática. Um exemplo do alarmismo é o filme “Uma verdade inconveniente”, do ex-candidato a presidente dos Estados Unidos, Al Gore, tão inconveniente que foi vencedor de dois Oscars e campeão de bilheteria. Outro grande crítico do aquecimento global é o ex-frei e expoente da teologia da libertação, Leonardo Boff: “se não mudarmos, vamos

em direção ao pior... Ou nós mudamos ou vamos todos perecer”, afirmou em entrevista à Tierramérica em 2010, sobre os problemas ambientais, incluindo o aquecimento global. Mas, segundo os cientistas, os dados disponíveis mostram que a temperatura média na superfície terrestre não aumenta há 18 anos consecutivos, apesar do aumento da emissão de gás carbônico no mesmo período. Os especialistas denunciam falhas nos modelos utilizados nas previsões alarmis-

tas feitas há alguns anos e desmentidas pela realidade. Outro dado interessante é sobre a camada de gelo acumulada em torno da Antártida, que atingiu neste ano o maior nível desde que começou a ser medida por satélite nos anos 70. Para quem se lembra do filme “Waterworld, o segredo das águas” (1995), que previa uma inundação mundial devido ao derretimento dos polos – causado pelo aquecimento global – a realidade é reconfortante. Fontes: WorldNetDaily/ RedOrbit


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O maior presente Simone Ribeiro Cabral Fuzaro Como pais, sempre estamos preocupados em fazer nossos filhos felizes! Gostamos de demonstrar nosso amor, nosso carinho, queremos proteger e cuidar dos pequenos! Nesse afã de amarmos sem medida, muitas vezes, acabamos cometendo excessos: presenteando demais, protegendo demais, conversando demais, mimando demais. Perdemos de vista o maior presente que realmente podemos oferecer aos nossos filhos pequenos! Existe um grande presente que somente nós, pais, podemos oferecer a eles e que vai permitir que eles sejam capazes de crescer bem, com equilíbrio e afeto, se relacionando de modo saudável com os demais e se importando com o que está a sua volta, enfrentando as situações difíceis que surgirem com equilíbrio e lucidez! O maior presente que podemos oferecer aos nossos pequenos é a frustração na medida certa! Sim, permitir que enfrentem pequenas frustrações que o cotidiano apresenta e ajudá-los a suportá-las, é oferecer a eles a possibilidade de entrar em contato com seus sentimentos, com suas reações e poderem elaborá-las, para oferecermos essa possibilidade aos nossos filhos, precisamos estar seguros de que esse é um grande bem! Com certeza, a reação deles não será agradável, não será de felicidade. Quando frustrada, uma criança pequena reage com raiva: grita, chora, esperneia... Isso é absolutamente normal, aliás, fisiológico. Trata-se de uma reação regida pelo sistema límbico, mais precisamente pelo hipotálamo e amígdalas cerebrais. Diante da frustração (do desprazer), produz-se um sentimento de raiva e uma reação agressiva. Ao

Pagamento indevido. Devolução em dobro Você sabia que qualquer pessoa que for vítima de alguma cobrança indevida pode exigir que o valor pago seja devolvido em dobro e corrigido monetariamente? Conforme consta do artigo 42 do Código de Defesa do Consumidor, isso é direito do consumidor. Por exemplo: se a conta de telefone foi de R$ 150, mas o cliente percebeu que o correto seriam R$ 100, ele tem direito de receber de volta não só os R$ 50 pagos a mais, e sim R$ 100 (o dobro) corrigidos. Saiba de seus direitos, procure um advogado. Ronald Quene é bacharel em Direito.

Sergio Ricciuto Conte

mantermos nossa posição, mesmo diante da reação negativa da criança, estaremos proporcionando uma experiência fundamental - ter contato com intensos e diferentes sentimentos, manifestá-los e relacionarse com a realidade dos fatos, enfim, e, no fim, perceber que ela sobrevive à frustração e que nós sobrevivemos à sua raiva. Aliás, além de sobrevivermos, continuamos amando-a. Quando a reação passa, fica a riqueza da experiência. Resultado da equação: amadurecimento, transformação de impulsos instintivos em atitudes humanas, possibilidade de lidar com essa que será uma questão recorrente na vida: a frustração. E, além disso, há a possibilidade de se importar com os outros, de cuidar dos demais - privilégio de quem construiu a capacidade de afeto! Nós, pais modernos, temos sentido muita dificuldade de oferecer aos nossos filhos o limite com clareza, sem negociações e muitas explicações! Temos declinado da tarefa de “vê-los chorar”, de suportar as manifestações de contrariedade. Tememos que, ao colocarmos um limite com clareza e, provocarmos com ele uma reação de raiva, deixamos de ser amados pelos nossos filhos... São muitas as fantasias e medos. Porém, não podemos perder de vista: o bom desenvolvimento e crescimento deles depende disso! Esse é fundamentalmente nosso papel e, com certeza, contribuir para que nossos pequenos se tornem pessoas lúcidas e equilibradas é o maior e melhor presente que podemos oferecer a eles e ao mundo! Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é fonoaudióloga, educadora, Mestre em Distúrbios da Comunicação pela PUC-SP, especialista em linguagem e coordenadora da Escola de Educação Infantil Pedrita.

Tecnologia

Direito do Consumidor

Comportamento

10 | Viver Bem |

Os filhos e o Facebook Pedro Paulo de Magalhães Oliveira Jr Em várias palestras que tenho dado pelo país sobre o uso responsável da internet e das redes sociais, uma pergunta é recorrente: “meu filho não sai do Facebook, que devo fazer?”. Coloco aqui o exemplo do Facebook porque é a rede social mais popular, no Brasil, no momento, mas poderia ser outra. Não existe uma resposta única e perfeita. No entanto, alguns conselhos podem ser úteis: – Estimule seu filho a se divertir sem computador ou videogame. Como a tendência natural do momento é buscar o ócio di-

gital, é fundamental que os pais mostrem alternativas: passeios, livros, viagens, esportes, desenvolver um hobby, são algumas dessas alternativas; – Ensine o que é um amigo. Atualmente, o Facebook permite classificar os antes chamados “amigos” em amigos, melhores amigos e conhecidos. Ajude seu filho a classificar os deles e aproveite para explicar o que é a verdadeira amizade; – Seja exigente com os estudos. Em São Paulo, há certa tolerância dos pais com a cultura do cursinho. “Filho não estude tanto, ano que vem você faz cursinho”. Ensinar que a educação em boas escolas tem um custo, e

que é preciso render dentro das capacidades de cada um, é uma forma de controlar o tempo usado na rede social; – Apreciar a verdade e a cultura. Muitos compartilhamentos no Facebook por parte de adolescentes são piadas, boatos e notícias de celebridades. É importante educar para que, sem perder o bom humor, se compartilhem coisas que enriqueçam os outros e prezem pela verdade. O tema é longo e meu espaço é curto. Pedro Paulo de Magalhães Oliveira Jr é engenheiro pela PUC-Rio e Doutor em Medicina pela USP. Atualmente ocupa o cargo de diretor de operações da Netfilter.


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| Reportagem | 11

Defensor da vida e da paz, Papa Paulo VI será beatificado no domingo L’Osservatore Romano

Sucessor de Pedro, entre 1963 e 1978, Pontífice concluiu trabalhos do Concílio Vaticano II e realizou viagens apostólicas pelo mundo Daniel Gomes

danielgomes.jornalista@gmail.com

No domingo, 19, o Papa Francisco presidirá, no Vaticano, a celebração de beatificação do Papa Paulo VI, morto em 6 de agosto de 1978, aos 80 anos. Nascido em Concesio, na Itália, em 1897, Giovanni Battista Enrico Antonio Maria Montini, foi ordenado padre em 1920, e, entre 1924 e 1954, trabalhou no serviço diplomático do Vaticano, antes de ser nomeado arcebispo de Milão pelo Papa Pio XII. Feito cardeal pelo Papa João XXIII, em 1958, participou da primeira sessão do Concílio Ecumênico Vaticano II, em 1962. Como Papa Paulo VI, desde 21 de junho de 1963, presidiu as outras três sessões do Concílio, entre 1963 e 1965, e escreveu sete encíclicas e 12 exortações

Paulo VI foi papa entre 1963 e 1978, tendo concluído os trabalhos do Concílio

apostólicas (veja relação ao lado). Paulo VI foi o primeiro papa a viajar de avião, tendo realizado visitas apostólicas em diversas localidades, como a Terra Santa, Portugal, Uganda, Índia, Turquia, Suíça e Colômbia. Em 1964, discursou na ONU em favor da paz mundial e, em 1977, ofereceu a própria vida em lugar de 86 reféns sequestrados por terroristas em um avião. “Se for de alguma utilidade, oferecemos a nossa pessoa em troca da

libertação dos reféns”, declarou ao mundo em um telegrama. “Reformou a Igreja mais do que qualquer um de seus predecessores. A partir dele, as angústias e as esperanças do mundo terão que ser sempre as angústias e as esperanças da mesma Igreja. Para tanto, teve que vencer inúmeras barreiras. Encontrou-se, pois, com todos os líderes religiosos e não hesitou em viajar para terras distantes, embora não fosse essa

a tradição dos papas”, expressou o Cardeal Paulo Evaristo Arns, então arcebispo de São Paulo, em artigo no O SÃO PAULO, em 1978, logo após a morte de Paulo VI.

esquecer que é Deus quem faz o milagre, não os santos, eles são os que intercedem diante de Deus”, complementou.

Processo de beatificação Em 9 de maio deste ano, o Papa Francisco promulgou o decreto sobre o milagre atribuído à intercessão do Papa Paulo VI, que está relacionado à cura de um bebê: em 2001, nos Estados Unidos, uma grávida foi informada sobre um grave problema cerebral do feto. Aconselhada a praticar aborto, ela continuou a gravidez e pediu a intercessão de Paulo VI para que o bebê nascesse com saúde, e foi isso que aconteceu. “Foi um milagre em sintonia com o magistério do Papa Paulo VI e a defesa da vida, e muito interessante porque nos diz que Deus nos protege desde o seio materno, desde o momento em que a vida começa. Para Deus, a vida humana é um valor não manipulável, não descartável, é um valor, porque Deus nos dá um valor”, declarou o Padre Antonio Marrazzo, postulador da causa de canonização de Paulo VI, que assegurou que mais pessoas já relataram outras graças alcançadas. “Mas não se pode

Publicações do Papa Paulo VI Encíclicas: Ecclesiam Suam (1964) Sobre os caminhos da Igreja Mense Maio (1965) Por ocasião do mês de maio, consagrado a Maria Santíssima Mysterium Fidei (1965) Sobre o culto da Sagrada Eucaristia Christi Matri Rosarii (1966) Pela verdadeira e duradora paz Populorum Progressio (1967) Sobre o desenvolvimento dos povos Sacerdotalis Caelibatus (1967) Sobre o celibato sacerdotal Humanae Vitae (1968) Sobre a regulação da natalidade Exortações apostólicas: Quarta Sessio (1965); Postrema Sessio (1965); Petrum et Paulum Apostolos (1967); Signum Magnum (1967); Recurrens mensis october (1969); Quinque iam anni (1970); Evangelica Testificatio (1971); Nobis in Animo (1974); Marialis cultus (1974); Paterna cun benevolentia (1974); Evangelii Nuntiandi (1975); Gaudete in Domino (1975).

Memorial Madre Assunta Marchetti: inauguração dia 24 Sônia Melo

nayá fernandes

nayafernandes@gmail.com

Memorial em obras na Vila Prudente

O Memorial Madre Assunta Marchetti que fica na rua do Orfanato, 883, na Vila Prudente, será inaugurado dia 24 deste mês, às 16h, um dia antes da beatificação da cofundadora da Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo (Scalabrinianas), na Catedral da Sé, às 10h. Mila Menegatti, arquiteta que participou do projeto do Memorial, contou ao O SÃO PAULO como foi a experiência de trabalhar no projeto. “As irmãs procuraram a Reúna, escritório especializado em arquitetura religiosa, onde trabalhamos eu e a Regina Machado; mas o sonho é fruto de longos anos de trabalho para chegar até a beatificação.” Por ser projetado no orfanato, construído pela Congregação quando chegou ao Brasil, “o Memorial contém toda a força da missão de acolher os órfãos e

imigrantes. Madre Assunta teve participação ativa nessa grande obra e, por muitos anos, administrou este lugar”, ressaltou Mila. Sônia Melo, da equipe de comunicação criada por ocasião da beatificação explicou que o Memorial congrega fotos, fatos, objetos pessoais de Madre Assunta e suas relíquias. Além da sala de recepção dos visitantes, o “Café da Madre Assunta” é um espaço especial do Memorial, pois resgata o gesto da Madre de serviço constante e gratuito. “Fazer o café, deixar as pessoas confortáveis o mais possível. Todos poderão experimentar essa atitude, que era constante na vida da Religiosa. Tem ainda a sala de exposição dos objetos pessoais e de projeção com a linha do tempo da missão da Madre Assunta e a missão atual das irmãs e três mosaicos. Outro espaço importante é a capela, com os restos mortais da futura beata. O visitante terá acesso ainda ao quarto em que ela passou os seus

últimos meses de vida e faleceu”, contou Sônia. Mila salientou que, na sua experiência profissional, cada projeto de arquitetura religiosa é uma experiência que vai além da criação. “Vivemos e experimentamos o carisma de cada comunidade, de cada congregação. Conhecer a vida da Madre, acompanhar o trabalho e ter a oportunidade de fazer parte deste momento, foi uma experiência única. Todo desafio de executar um projeto com tantos detalhes, e todos muito importantes, exigiu uma dedicação extrema. E, se podemos dizer que cada trabalho é uma missão, estou muito feliz pela conclusão desta.” Com a intenção de interagir com as pessoas que por ali passarem, “tudo foi pensado de modo sensorial, seja a capela, com todos os seus detalhes para um espaço de encontro e celebração, seja o Memorial, com iluminação e tecnologia para contar a história”, completou a Arquiteta.

Serviço: Nome: Memorial Madre Assunta Marchetti Local: Casa Madre Assunta Marchetti - (rua do Orfanato, 883, Vila Prudente, São Paulo) Telefone: (11) 2063-1269 Inauguração: Dia 24 de outubro, às 16h. Entrada gratuita.


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Clima é de respeito e de ‘espírito do Concílio Vaticano II’ Formato do Sínodo tem dado grande liberdade aos participantes e faz lembrar o encontro realizado entre 1962 e 1965 FILIPE DOMINGUES

Especial para O SÃO PAULO, em Roma

Tem se tornado cada vez mais comum nos últimos dias, em Roma, ouvir comparações entre o Concílio Vaticano II e a atual 3ª Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos, que discute os problemas da família. Embora haja grandes divergências de ideias entre os mais de 250 participantes do Sínodo da Família, o clima é de atenção e respeito. Em conversas informais com O SÃO PAULO, participantes do Sínodo e observadores de longa data do Vaticano disseram que, guardadas as devidas proporções, é inevitável não lembrar o “espírito do Vaticano II”, grande encontro que ocorreu entre 1962 e 1965, quando representantes de toda a Igreja se reuniram para promover um aggiornamento (atualização) na forma de pensar sua presença num mundo em transformação. O próprio secretário especial para o Sínodo, Dom Bruno Forte, usou essa comparação. Em uma coletiva de imprensa, ele declarou que um sínodo não se faz somente “escutando a todos”, mas “caminhando juntos”, e que, no fundo, era esse justamente “o espírito do Vaticano II”. “A lógica vencedora não é nunca aquela do tudo ou nada, mas é aquela da paciência com o que está por vir, da atenção às nuances, às diversidades, à complexidade das situações. Parece-me que um dos dados mais belos deste Sínodo é esse espírito de companhia, de acompanhamento e de progressividade, de maturação”, comentou, explicando que o trabalho está só no começo. Ainda há momentos de discussão em pequenos grupos. Segundo o vaticanista norte-americano John Allen Jr, que há 20 anos analisa o que

acontece no Vaticano, neste Sínodo “temos claramente uma reflexão honesta; há uma busca por uma abordagem mais pastoral”. Os padres sinodais têm o objetivo comum de se chegar a uma nova “linguagem”, uma nova maneira de apresentar a doutrina. Um participante do Sínodo afirmou à reportagem que a grande liberdade dada aos sinodais favorece esse clima de fraternidade. “Podemos dar entrevistas e falar sobre tudo o que acontece na sala sinodal”, disse, ponderando, que, para manter a discrição e o respeito ao debate, não mencionam nomes. A presença do Papa Francisco durante o Sínodo é constante, inclusive na pausa para o café. Os observadores de outras tradições cristãs, entre ortodoxos, anglicanos e protestantes, também foram acolhidos como se fossem já “de casa”, e se sentam perto dos cardeais.

Divulgação do relatório Um dos fatores que ajudou a garantir essa liberdade aos participantes do Sínodo foi a decisão da secretaria de não divulgar diariamente os discursos das reuniões – como se fazia em sínodos anteriores. A ideia é evitar manipulações externas, especialmente pela imprensa. Porém, alguns bispos, como o cardeal alemão Gerhard Müller, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, acreditam que o debate tem de ser realizado de forma pública. “Essas intervenções deveriam ser publicadas. Todos os cristãos têm o direito de ser informados sobre as intervenções de seus bispos”, criticou. Por outro lado, alguns prelados preferem que apenas resumos sejam publicados. Nesse contexto, o Vaticano surpreendeu a muitos quando divulgou um relatório (relatio post disceptationem), no dia 13, que resume qual é o estado das discussões. Parte dos sinodais crê que isso possa gerar confusão entre os fiéis, já que o texto será modificado. Alguns conceitos precisam ser esclarecidos e outros submetidos à reflexão. Outros acreditam que seja uma forma de transparência e, além disso, de garantir o registro do quanto foi dito até o momento.

Relatório sintetiza debatidos por Fernando Geronazzo

Especial para O SÃO PAULO

“Encontrar caminhos de verdade e misericórdia para todos” segundo uma abordagem que permita apreciar mais “os valores positivos do que os limites e carências”. Este é o objetivo do Sínodo dos Bispos, segundo o relator-geral, Cardeal Peter Erdö, ao apresentar o Relatio post disceptationem na segunda-feira, 13. Trata-se de um documento de trabalho que resume as intervenções e o debate da primeira semana do Sínodo, que agora continua seus debates em círculos menores. Na primeira das três partes do Relatório, é apresentado um olhar sobre o contexto e os desafios da família nos âmbitos sociocultural, religioso e afetivo, tais como: - Realidades como o individualismo e a solidão, decorrentes das mudanças antropológicas e culturais, que requerem “uma aborda-

gem analítica e diversificada, capaz de compreender as formas positivas de liberdade individual”. - Problemas como a precarização do trabalho e os altos impostos, considerados “um peso”, que muitas vezes não incentiva os jovens para o casamento. - Desafios particulares decorrentes de contextos culturais e re-

ligiosos, como a prática da poligamia em sociedades africanas, ou o matrimônio misto em países onde o catolicismo é minoria religiosa. - O crescimento da prática da coabitação antes do Matrimônio, e, em muitos casos, não havendo o interesse de um vínculo institucional. - Os debates do Sínodo tamL’Osservatore Romano

Cardeal Scherer conversa com Papa Francisco durante assembleia extraordinária

Perspectivas pastorais d Do Especial para O SÃO PAULO

O Relatio post disceptationem destaca que o anúncio do Evangelho da família deve ser feito “com a ternura da mãe e a clareza mestra”, e lembra que “a verdade é incorporada na fragilidade humana não para condenar, mas para curá-la”. O texto ainda salienta que o diálogo sinodal permitiu chegar a um consenso sobre algumas instâncias pastorais mais urgentes, apresentando algumas perspectivas pastorais.

Preparação para o Matrimônio Os padres sinodais foram unânimes em sublinhar a neces-

sidade de um maior envolvimento de toda a comunidade com foco no testemunho das próprias famílias, bem como uma base de preparação para o Matrimônio no caminho da Iniciação Cristã, enfatizando a relação do Matrimônio com os outros sacramentos.

Uniões civis e convivências O Relatório propõe “acolher a realidade positiva dos Matrimônios civis e, diferenças à parte, das convivências”, para acompanhar os casais na redescoberta do sacramento nupcial. “Mas o anúncio não pode ser meramente teórico e avulso dos problemas reais das pessoas”.

Nulidade matrimonial O Relatio aponta ainda à necessidade de “tornar mais acessíveis e ágeis os procedimentos de reconhecimento da nulidade matrimonial”, de incrementar a responsabilidade dos bispos locais e instituir a figura de um sacerdote que, adequadamente preparado, possa aconselhar as pessoas. Recasados Também as situações de divorciados novamente casados exigem um cuidadoso discernimento e acompanhamento, evitando qualquer linguagem e atitude que faz com que se sintam discriminados. Sobre possível acesso aos sacramentos da Penitência e da Eu-


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L’Osservatore Romano

Dom Damasceno anuncia monumento a Aparecida nos jardins do Vaticano Padre José Reinaldo da Silva

a principais assuntos r padres sinodais bém trouxeram à tona a preocupação pastoral com as muitas crianças que nascem fora do casamento e crescem com apenas um dos pais ou em um “contexto de família alargada ou reconstituída”. - Sobre o crescente número de divórcios, o Relatório frisa que não é incomum que

muitos casais tomem essa decisão “unicamente por fatores econômicos”. Sem contar quando as crianças são objeto de disputa entre os pais, sendo “as verdadeiras vítimas de dificuldades familiares”. - As condições das mulheres vítimas das muitas situações de violência no seio das

famílias, ou mesmo a violência causada pela guerra, terrorismo ou crime organizado, também são constatados pelo Relatório como realidades em que se encontram famílias deterioradas. - A falta de maturidade afetiva é um desafio real para o crescimento dos casais. L’Osservatore Romano

a do Sínodo dos Bispos; Relatório das intervenções dos participantes é apresentado pelo Cardeal Peter Erdö

“Muitos são aqueles que tendem a permanecer nas primeiras fases da vida emocional e sexual. A crise do casal desestabiliza a família e pode levar à separação e ao divórcio a ter graves consequências para adultos, para crianças e para sociedade, enfraquecendo os laços individuais e sociais”. Diante desse contexto, o Relatório afirma que “acolher as pessoas com a sua existência concreta, aprender a apoiar essa busca, incentivar o desejo de Deus e um desejo de se sentir totalmente parte da Igreja, mesmo aqueles que experimentaram falha ou é nas mais diversas situações”, e ainda acrescenta que “isto requer que a doutrina da fé, conhecida mais e mais em seus conteúdos fundamentais, seja proposta junto com a misericórdia”.

diante dos desafios da família caristia, foi sugerido que seja precedido por um caminho penitencial - sob a responsabilidade do bispo diocesano - e com um compromisso claro em favor dos filhos. “Esta seria uma oportunidade não generalizada, o resultado do discernimento implementado caso a caso, de acordo com uma lei da gradualidade, que leva em conta a distinção entre um estado de pecado, estado de graça e atenuantes”, diz o texto.

Acolhida de pessoas homossexuais O Relatório apresenta a questão da homossexualidade como um “importante de-

safio educativo” e convida os católicos a se questionarem se são capazes de acolher estas pessoas, garantindo-lhes espaços de fraternidade em suas comunidades. “A questão homossexual nos interpela em uma séria reflexão sobre como elaborar caminhos realistas de crescimento afetivo e de maturidade humana e evangélica integrando a dimensão sexual: se apresenta, portanto, como um importante desafio educativo. Sem negar as questões morais relativas às uniões homossexuais é reconhecido que há casos em que o apoio mútuo

e até o sacrifício constitui um valioso apoio para a vida dos parceiros. Além disso, a Igreja tem uma atenção especial às crianças que vivem com casais do mesmo sexo, insistindo que em primeiro lugar deve sempre colocar as necessidades e direitos das crianças”. Comentando esse ponto do Relatório, o secretário especial do Sínodo, Dom Bruno Forte, reforçou que a Igreja não partilha que a mesma terminologia “família” possa ser indiferentemente aplicada à união entre um homem e uma mulher, aberta à procriação, e à

união homossexual. “Dito isso, parece-me evidente que as pessoas humanas envolvidas nas várias experiências têm direitos que devem ser tutelados. Portanto, o problema é, sobretudo, não a equiparação tout court (tal qual, sem mais), inclusive terminológica, mas naturalmente isso não quer dizer que é preciso então excluir a busca também de uma codificação de direitos que possam ser assegurados a pessoas que vivem em uniões homossexuais. É uma questão – creio – de civilidade e de respeito à dignidade das pessoas.” (FG)

Dom Damasceno preside missa no Pio Brasileiro

FILIPE DOMINGUES

Especial para O SÃO PAULO, em Roma

Um monumento em homenagem a Nossa Senhora Aparecida será construído nos jardins do Vaticano, celebrando o tricentenário da aparição da imagem de Maria no Rio Paraíba aos pescadores Domingos, João e Filipe. O anúncio foi feito pelo Cardeal Raymundo Damasceno Assis, arcebispo de Aparecida e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), durante missa celebrada no Colégio Pio Brasileiro, em Roma, na tarde do dia 11 (véspera da festa da padroeira). O Colégio completou recentemente 80 anos de existência e já foi residência de mais de 2 mil sacerdotes brasileiros que foram estudar na Itália. O Cardeal, que está em Roma porque participa do Sínodo dos Bispos como presidente-delegado, revelou que o artista sacro Cláudio Pastro será o responsável pela criação da obra. “Hoje pela manhã estive com o senhor embaixador [do Brasil junto à Santa Sé] e mais outro sacerdote para escolher um local para o memorial a Nossa Senhora Aparecida nos jardins do Vaticano”, disse Dom Raymundo. “Os brasileiros que vierem a Roma poderão visitar esse memorial e aí rezar. Em breve será inaugurado.”

Sínodo Dom Raymundo fez também um breve comentário sobre a importância do atual Sínodo dos Bispos sobre o tema da família, cuja primeira de duas assembleias começou em 5 de outubro e vai até o dia 19. “Este sínodo está sendo uma riqueza muito grande. Escutamos tantas experiências, temos pessoas de todos os continentes entre os padres sinodais, além dos auditores e auditoras”, observou. Em um de seus pronunciamentos durante o Sínodo, o Cardeal comentou as chamadas “situações pastorais difíceis” das famílias, dizendo que a Igreja precisa acompanhá-las de perto. “É preciso fazer com que a Igreja seja a casa paterna, onde há lugar para cada um, com sua vida árdua.” Na homilia da missa, ele também procurou relacionar o Sínodo com a festa da Aparecida: “Ser mãe de família foi o que caracterizou a vida de Nossa Senhora. Ser mãe de Jesus Cristo. A devoção à Nossa Senhora é indissociável da vida familiar”.


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‘A velha escola há de parir uma nova educação’ Projeto Âncora

José Pacheco enfatizou que a educação ainda sofrerá, “enquanto a tecnocracia e a burocracia continuarem a invadir domínios onde deveria prevalecer a pedagogia” nayá fernandes

nayafernandes@gmail.com

Lohan Machado de Oliveira Pezato, 11, começa sua rotina escolar planejando o seu próprio roteiro de estudos junto a um tutor. Ele mora em São Paulo e estuda na Escola Projeto Âncora. A ONG é uma associação civil de assistência social que, há 19 anos, já beneficiou mais de 6 mil crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social na região de Cotia (SP). Após alguns anos de experiência e o sonho de ampliação do projeto, com auxílio direto do conselheiro, Professor José Pacheco, fundador da Escola da Ponte (Portugal), referência mundial da nova educação, nasceu a Escola Projeto Âncora, onde estuda Lohan. Ele já havia passado por outras escolas, mas diz que agora consegue perceber bem a diferença. “O Âncora é um lugar mais livre e onde não tem uma pessoa falando o que estudar, e sim você escolhe o que fazer”, afirmou. Lohan e outras crianças e adolescentes permanecem nove horas por dia na Escola, e dividem suas atividades entre arte, cultura, esportes, educação, refeições e horas de descanso. “Praticamos o aprendizado autoral, partindo das áreas de interesse dos alunos e quebrando antigos conceitos da educação tradicional, cujos fundamentos são do século XIX”, explica o material de divulgação oficial do Projeto Âncora. O tema da educação, recorrente nos debates eleitorais, ganha ainda mais destaque devido ao dia 15 de outubro, que no Brasil é dedicado ao professor. Na capital paulistana, uma visita às escolas públicas é suficiente para perceber a situação de descaso que se encontra o sistema educacional. Em algumas instituições, as janelas não têm cortinas, faltam tomadas, não há material didático suficiente e as salas de aula mais parecem celas, supervisionadas constantemente. Além dos baixos

Educadores e aprendizes da Escola Projeto Âncora, em Cotia (SP), acreditam que a educação transforma a sociedade

salários dos professores, há questões como insegurança, falta de formação e métodos obsoletos. Em entrevista ao O SÃO PAULO, José Pacheco afirmou que hoje as escolas são espaços de incomunicabilidade. “Os professores continuam remetidos para uma atitude de autossuficiência e individualismo, que anula qualquer possibilidade de criação de vínculos, em salas de aula, que são arquipélagos de solidões”. Ele enfatizou que a profissão de professor não deve ser um ato solitário, mas solidário. “Quando os professores se aperceberem de que precisam reelaborar a sua cultura pessoal e profissional, acontecerá efetiva comunicação”, disse.

Projeto Âncora O Âncora destaca-se como uma iniciativa ousada e, ao mesmo tempo, conservadora daqueles valores que não passam de moda. Os espaços são coletivos e uma grande tenda inspira a circularidade. Aliás, na Escola todos

Arquivo pessoal

Lohan Machado de Oliveira, 11 anos

são educadores, também quem está na cozinha ou na secretaria. Quando a reportagem visitou o Projeto, em Cotia, foi conduzida por uma das crianças que fez uma pausa suas atividades de Geografia para acompanhar a visita. Em determinado momento da visita, uma garotinha nos avisou que ali era proibido o uso do celular e que a decisão havia sido tomada pelas próprias crianças em assembleia. Assim, a nova e

compartilhada metodologia utilizada pelo Âncora acredita que uma mudança na educação é capaz de mudar a realidade. Sem fins lucrativos, a ONG conta com mantenedores, patrocinadores e colaboradores financeiros. A doação por parte de pessoas físicas se dá pelo direcionamento de parte do Imposto de Renda, por meio do incentivo fiscal ou apadrinhamento de uma criança. A Escola atende crianças da região e mantém uma estrutura com salas de convivência, biblioteca, rampa de skate, a tenda onde acontecem atividades circenses e outros tipos de arte. Há um ateliê de mosaicos e outros espaços de convivência e lazer. Além disso, há encontros com familiares e visitas dos educadores às comunidades onde as crianças vivem. Especialista em humanidade: a experiência de Pacheco “Se existir uma ‘escola ideal’, ela será um tempo-espaço de desenvolvimento humano, segundo uma nova concepção de socieda-

de e de pessoa. Será uma comunidade de aprendizagem, na qual os educadores e aprendizes se orientem por valores e princípios conducentes à reconfiguração da escola e à produção de humanidade”, afirmou o professor José Pacheco, idealizador da metodologia da Escola da Ponte. Em entrevista à reportagem, ele contou que, como qualquer projeto, o Âncora começou com o sonho de um homem, Walter Steurer, que investiu os seus haveres e esperança numa obra extraordinária, destinada a “salvar vidas humanas”. Pacheco viaja pelo Brasil compartilhando sua experiência com grupos que se interessam por desenvolver inciativas semelhantes. Ana Caroline Viera, 27, é graduanda de Serviço Social na PUC-Rio e, junto com um grupo de amigos “sonhadores”, como ela mesma definiu, quer começar uma rede de comunidades de aprendizagem na capital carioca. Após receber a visita do Professor, Rejane Vargas Pimenta, do mesmo grupo, expressou em seu perfil no Facebook que Pacheco e sua esposa, são “seres que inspiram um novo mundo aqui e agora”. Pacheco acredita que “o Brasil tem tudo aquilo que precisa para se livrar da sina de produzir 30 milhões de analfabetos. Tem excelentes professores e os melhores teóricos do mundo. Mas o drama educacional brasileiro poderá sintetizar-se numa frase: jovens do século XXI são ensinados por professores do século XX, com recurso a práticas do século XIX, em práticas desprovidas de fundamentação científica. Mas já são visíveis os excelentes efeitos alcançados, o alcance da excelência acadêmica, a par da garantia da inclusão social. Temos razões para acreditar que a educação do País pode melhorar”. O Professor acenou ainda que um caminho é o de apelar ao bom senso dos titulares do poder público, pedir-lhes que estejam atentos a excelentes práticas que muitos educadores brasileiros vêm produzindo. Ele enfatizou que é importante não importar modas pedagógicas, “que são o contraponto da construção social ‘escola’, que a modernidade nos deixou como herança. A velha escola há de parir uma nova educação, mas as dores do parto serão intensas, enquanto a tecnocracia e a burocracia continuarem a invadir domínios onde deveria prevalecer a Pedagogia”.


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Cardeal Odilo Pedro Scherer

Não há ainda um documento final ou decisões do Sínodo L’Osservatore Romano

Rafael Alberto

em relação às muitas situações de fragilidade e de sofrimento das famílias, junto com a valorização de tudo o que possa haver de bom e construtivo nas diversas situações e condições da família, apesar das insuficiências e precariedades em que vive. E o Papa Francisco, que acompanha a tudo com muita atenção, encorajou a todos a terem coragem, liberdade e franqueza para falar.

Especial para O SÃO PAULO

De Roma, onde participa da 3ª Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos, sobre os desafios da família no âmbito da evangelização, o Cardeal Odilo Pedro Scherer – que é membro do Conselho do Sínodo – falou com exclusividade ao O SÃO PAULO sobre questões delicadas debatidas pelos padres sinodais na primeira semana de trabalhos. Com a divulgação do Relatório que compila esses debates, as reações e repercussões em relação ao texto deram a impressão de que se trataria já de uma decisão final do Sínodo. Dom Odilo esclarece que o texto é apenas uma síntese e ainda deverá ser trabalhado ao longo desta semana. “Portanto, não se tratou ainda de um ‘documento’ final do Sínodo, nem de ‘decisões’ do Sínodo”, enfatizou.

O SÃO PAULO – O relatório apresentado no dia 13 de outubro já é uma palavra final do Sínodo? Do que se trata? Cardeal Odilo Pedro Scherer – O Relatório apresentado no dia 13 de outubro pelo Cardeal Peter Erdö, de Budapeste, relator do Sínodo, foi uma síntese das mais de 200 reflexões apresentadas pelos participantes no plenário do Sínodo ao longo da primeira semana de trabalhos. O relator, ajudado pelo secretário especial do Sínodo, tentou

A tônica geral foi de apreço pelo casamento e a família, que fazem parte do Evangelho e cujo zelo a Igreja considera parte de sua missão evangelizadora e pastoral

O Relatório deverá agora ser trabalhado nas Igrejas Particulares. Em São Paulo, o senhor já tem planos para fazer isso acontecer?

reproduzir um resumo orgânico das muitas posições que foram aparecendo. Nos trabalhos desta semana, os diversos grupos menores estão propondo novas contribuições e ajustes, aperfeiçoando o texto do Relatório, que deverá ser votado antes da conclusão dos trabalhos desta assembleia do Sínodo. Portanto, não se tratou ainda de um “documento” final do Sínodo, nem de “decisões” do Sínodo.

O relatório afirma que, sem negar as problemáticas morais decorrentes das uniões entre pessoas do mesmo sexo, em alguns casos a relação de apoio mútuo é benéfica aos parceiros. Isso foi interpretado pela mídia como a primeira vez que a Igreja estaria reconhecendo algum valor nas uniões homoafetivas. Como foram os debates sobre esse assunto? O tema das uniões civis de pessoas do mesmo sexo estava previsto no instrumento de trabalho, anterior ao Sínodo e, portanto, também foi abordado em algumas reflexões apresentadas na assembleia. A avaliação da Igreja em relação às uniões homossexuais não mudou, o que também fica claro no mesmo Relatório apresentado, mas isso não

impede de reconhecer que haja coisas boas nas pessoas homossexuais. A reflexão do Sínodo sobre esses casos foram orientadas pela preocupação de acolher essas pessoas na Igreja e de ajudá-las, de maneira, para que também possam receber o Evangelho de Cristo e vivê-lo, como é proposto a todos. Mais uma vez, o Sínodo afirmou o que já é conhecido: essas pessoas não estão excluídas da Igreja, mas são convidadas a acolher o Evangelho e a vivê-lo de maneira fiel, como todas as demais.

Que rumo tiveram os debates do Sínodo sobre a sagrada comunhão a ser dada a pessoas divorciadas e casadas novamente no civil? Evidentemente, essa questão esteve bem presente nas reflexões da assembleia sinodal; as tendências manifestadas foram, sobretudo, três: a) manter a atual posição, no sentido de não dar a santa comunhão e, para isso, foram apresentadas várias justificações teológicas relevantes; b) abrir a possibilidade do acesso à santa comunhão em casos determinados e em situações bem consideradas; para isso foram apresentadas várias razões pastorais importantes; c) agilizar mais o atendimento,

nos tribunais eclesiásticos, de eventuais situações de nulidade matrimonial, para que muitos casais possam regularizar a sua situação canônica e receber os sacramentos. Em todo caso, há um desejo forte do Sínodo de ajudar da melhor forma possível os casais que vivem essa situação, para que possam participar de maneira mais plena da vida da Igreja. A solução, porém, não deverá ser resolvida por um simples “pode” ou “não pode”.

Quais outras grandes questões estão surgindo no Sínodo? A tônica geral foi de apreço pelo casamento e a família, que fazem parte do Evangelho e cujo zelo a Igreja considera parte de sua missão evangelizadora e pastoral; notou-se a necessidade generalizada de retomar a evangelização no mundo da família; causou forte impressão a perda de apreço pelo casamento e a família, sobretudo no mundo ocidental; também tiveram a sensibilidade do Sínodo as situações de milhões de famílias que vivem os tormentos da guerra, das perseguições, da violência, da miséria, das migrações forçadas e tantos outros empecilhos a uma vida familiar serena. A tônica geral do Sínodo está sendo a da atenção samaritana da Igreja

O texto final desta assembleia extraordinária do Sínodo ainda não será um “documento final”, mas será novamente remetido às Conferências Episcopais e às Dioceses, para que reflitam sobre ele e apresentem novas contribuições para as questões postas. O Papa Francisco quer que a Igreja faça um “caminho sinodal” e, assim, participe da busca de caminhos a serem feitos em comum (sínodo significa isso). Vamos aguardar que o próprio Sínodo e o Papa Francisco deem as orientações para esse trabalho, que agora vai prosseguir em vista da 15ª Assembleia Ordinária do Sínodo, em outubro de 2015; esta deverá ter ainda o mesmo tema da família, mas com enfoques novos: “a vocação e a missão da família no mundo contemporâneo”.

O texto final desta assembleia extraordinária do Sínodo ainda não será um “documento final”, mas será novamente remetido às Conferências Episcopais e às Dioceses


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Filipe David

A Psicologia do sentido da vida para fundamentar suas teses e que se concentram sobre o comportamento e a percepção humana, bem como sobre os fatores que os condicionam. Embora ambas as correntes tenham algo a dizer sobre o homem, nenhuma delas parece ter percebido que o homem não é apenas um produto de desejos mais ou menos instintivos e condicionamentos sociais, mas um ser dotado de razão e que, por isso mesmo, busca um sentido para a sua vida. Por isso é importante a obra do psiquiatra e filósofo Viktor Frankl (1905-1997), sobrevivente dos campos de concentração nazistas, que teve a ideia de criar a Logoterapia – “logos” em grego significa “verbo”

Em 2014, a Igreja Católica celebrará o primeiro dia dedicado a São João Paulo II desde que foi canonizado pelo Papa Francisco. Para marcar a festa litúrgica, o Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP, a Aliança de Misericórdia e a Comunidade Católica Shalom promoverão este evento no dia 22, às 19h30, no Mosteiro de São Bento. A entrada é gratuita.

Dica de Leitura

Quem já passou por algum curso de Psicologia na faculdade sabe que, em sua grande maioria, os psicólogos de hoje, sobretudo no Brasil, podem ser agrupados em duas grandes linhas. De um lado, as diversas escolas de cunho psicanalista, que procuram estudar a gênese dos problemas psicológicos no “inconsciente” ou nas pulsões – Freud distinguia uma pulsão sexual ou de vida, e uma pulsão de morte na raiz de todos os sentimentos e ações humanas. De outro lado, temos os psicólogos dos tipos comportamentalista e cognitivista, que pretendem ter uma abordagem mais “científica” da Psicologia, utilizando amplamente estudos estatísticos

ou “razão”, a Logoterapia seria, portanto, a terapia da razão ou sentido da vida. No Brasil, a primeira obra publicada sobre a Logoterapia foi recentemente reeditada pela Vide Editorial. Trata-se do livro “A psicologia do sentido da vida”, de Izar Aparecida de Moraes Xausa. No livro, a autora explica a origem e o desenvolvimento da Logoterapia, incluindo o seu contexto filosófico e da ciência contemporânea: “De fácil leitura, a obra é referência fundamental como uma introdução para quem pretende entender a Logoterapia e como um guia para os que querem se aprofundar nos estudos sobre a Terceira Escola de Psicologia de Viena.” (Descritivo do livro).

Cinema

osaopaulo@uol.com.br

Conflito e reconciliação em “O Juíz” Robert Duvall e Robert Downey Jr interpretam pai e filho no filme “O Juiz”. Duvall faz o papel de um juiz, pai ausente, que é apontado pela polícia como suspeito de um homicídio. Hank Palmer, seu filho, é um advogado de defesa acostumado a trabalhar com os piores tipos de criminosos. A relação entre os dois não é das melhores. Agora, Hank deverá resolver seu conflito para defender o pai nesse momento crítico e, quem sabe, tornar-se uma pessoa melhor no processo. O lançamento no Brasil está previsto para esta semana nos cinemas.

A Boa Educação

“A boa educação”, conhecido também na tradução de Portugal como “O moço educado”, é um ensaio admirável de Tihamer Toth, que apresenta um roteiro repleto de conselhos práticos para a formação integral do jovem. Tihamer Toth (1889-1934), bispo húngaro e escritor, trabalhou com muitos jovens, nos seminários e nas universidades, o que o motivou a destinar parte de seus escritos a eles. Ao longo de sua breve vida, produziu numerosas obras destinadas ao esclarecimento da doutrina e à formação pessoal. Em 1943, iniciou-se seu processo de beatificação.

“Será você um adolescente bem educado, um homem honesto e virtuoso, um bom cidadão e um bom cristão? Ou será uma dessas plantas loucas que não aceitam nenhuma cultura, nenhuma direção, e que ocupam inutilmente a terra, quando não lhe causam devastações? Quando se tratar de escolher uma carreira, que caminho você seguirá? Saberá fazer honra à sua profissão? Ou não passará de um desses frutos definhados, cuja única habilidade é a preguiça? Foi para a sua formação, para a juventude que é a esperança da Igreja, que o escrevi”, explica o autor.

Reprodução

Ficha técnica Autor: Tihamer Toth Editora: Cultor de livros 286 páginas


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Maurren Maggi quer estar nos Jogos Rio 2016 Luciney Martins/O SÃO PAULO

Campeã olímpica em Pequim 2008 no atletismo voltará às competições em 2015, de olho na próxima olimpíada, quando estará com 40 anos Daniel Gomes

danielgomes.jornalista@gmail.com

Maurren é campeã olímpica e tricampeã pan-americana de salto em distância

Recordista do salto em distância no Troféu Brasil de Atletismo, com 6,99 metros, alcançados em 2008, Maurren Higa Maggi, 38, não esteve na edição 2014 do torneio realizado em São Paulo na última semana. Desde o final do ano passado, a campeã olímpica em Pequim 2008 não compete, mas pretende voltar em 2015. “Tenho trabalhado bastante, mas estou me segurando, me preservando um pouco, para entrar com tudo o ano que vem para o Pan de Toronto”, afirmou, ao O SÃO PAULO, a atleta que foi medalhista de ouro nos Pans de Winninpeg 99, Rio 2007 e Guadalajara 2011. Maurren era favorita ao ouro também no Pan de Santo Domingo 2003, mas não foi à competi-

ção e nem à Olimpíada de Atenas 2004 por ter sido suspensa, após um exame antidoping. Em 2006, reiniciou a carreira, e dois anos depois conquistou a única medalha olímpica do Brasil na história do salto em distância, quando “voou” a 7,04 metros, no Estádio Ninho de Pássaro, em Pequim, na China. Inspirada nas superações passadas, Maurren se prepara para mais um sonho: disputar a quarta olimpíada da carreira (além de Pequim 2008, esteve em Sydney 2000 e Londres 2012, quando não chegou às finais), no Rio de Janeiro, em 2016, quando estará com 40 anos. “Os Jogos Rio 2016 estão nos meus planos, dentro ou fora das pistas, ou dentro e fora das pistas, que seria trabalhando, porque eu tenho um contrato a cumprir até 2016. Estando dentro das pistas, vou ter que ter uma pausa para competir”, explicou. Caso retorne às competições, Maurren terá boas chances de se classificar para os Jogos. Afinal, a campeã do Troféu Brasil de Atletismo 2014, Keila Costa, venceu a disputa com a marca de 6,63 metros, em uma temporada que tem se dedicado mais aos treinamentos do salto triplo, ou seja, há um

espaço a ser ocupado no salto em distância. Enquanto 2015 não chega, a campeã olímpica, que no começo da carreira viveu em um alojamento no Estádio Ícaro de Castro Mello, no Ibirapuera, em São Paulo, está envolvida em ações sociais. “Quero ver se a gente acha outras ‘maurrens’, mas esse é um trabalho que precisava ter sido feito desde 2008, mas a gente não tem tanto recurso para descobrir atletas. Eu tenho o Troféu Maurren Maggi, que abrange crianças de 7 a 14 anos, que precisam estar matriculadas na escola para participar desse evento”, detalhou. Com a experiência de muitas competições internacionais, Maurren, que é recordista brasileira e sul-americana do salto em distância, com 7,26 metros, acredita que o modelo de formação de atletas no Brasil está distante do ideal, mas a superação do esportista faz a diferença. “Estamos longe de ser um primeiro mundo do esporte com relação a estrutura e material humano, mas alcançamos resultados de primeiro mundo, pois conseguimos em qualquer olimpíada pegar medalhas. Isso mostra que a gente é capaz, muito pela força de vontade”.

MUNDO DOS ESPORTES

AGENDA ESPORTIVA

Atletismo – salto em distância • O Atletismo é chamado de esporte-base, porque sua prática corresponde a movimentos naturais do ser humano: correr, saltar, lançar. Atualmente, é um esporte com provas de pista (corridas), de campo (saltos e lançamentos), provas combinadas, como decatlo e heptatlo (que reúnem provas de pista e de campo), o pedestrianismo (corridas de rua, como a maratona), corridas em campo (cross country), corridas em montanha e marcha atlética.

• Em olimpíadas, as provas de salto em distância são disputadas desde Londres 1948. Atualmente, acontecem no masculino e no feminino. O salto é efetuado em uma área dividida em três segmentos: uma pista de impulso, com no mínimo de 45 metros de comprimento; uma tábua de madeira maciça fixada ao solo ao nível da pista de impulso, antes da caixa de areia; e a caixa em si, onde o atleta deve cair ao saltar.

• A distância do salto é medida do ponto em que o saltador tocou a areia até a tábua de salto. Se o saltador, ao cair, colocar as mãos para trás para se apoiar, tal distância será medida a partir do local em que tocou o chão com as mãos. Se o esportista cair fora da caixa de areia é considerado falta, assim como se pisar na tábua de salto. Se isso se der nas três tentativas, o atleta é eliminado, pelo juiz da prova ou seus auxiliares.

Quinta-feira (16) 21h30 – Copa do Brasil Santos x Botafogo (Pacaembu) Sábado (18) 18h30 - Brasileirão de Futebol São Paulo x Bahia (Morumbi) Domingo (19) 16h - Brasileirão de Futebol Palmeiras x Santos (Pacaembu)


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João Carlos Gomes

Colaborador de comunicação da Região

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Belém

Missão, Vida Plena e Juventude: prioridades para 2015 No sábado, 11, cerca de 120 coordenadores de pastorais e movimentos dos dez setores que formam a Região Episcopal Belém se reuniram com a coordenação regional de pastoral e com o bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo para o Belém, Dom Edmar Peron, para juntos realizarem a Assembleia Anual de avaliação e planejamento. A Assembleia teve inicio com um momento de oração, seguido pela saudação inicial de dom Edmar: “Para chegar a esta Assembleia, tivemos de percorrer um caminho: demos o primeiro passo em nossas paróquias, depois foram as assembleias setoriais,

para chegarmos hoje aqui e em novembro, 8, estaremos na Assembleia Arquidiocesana”, explicou Dom Edmar, que ressaltou a importância da paróquia em todo o processo, já que é nela que estão o início e o fim das ações a serem implementadas pelas assembleias. Dando continuidade à avaliação, o coordenador de pastoral da Região, Padre Alexandre Ferreira Santos, apresentou o resultado das assembleias setoriais, ajudado pelo Padre Marcelo Maróstica Quadro, que integra o Secretariado Regional de Pastoral. Após a leitura e observação das propostas feitas pelos Setores, a assembleia foi

dividida em 12 grupos para a discussão das propostas, tendo como luz as três urgências pastorais: A Igreja em Estado Permanente de Missão; A Igreja a Serviço da Vida Plena para Todos; e a Igreja e a Evangelização da Juventude. Ao final, os grupos definiram propostas de ações para levar à Assembleia Arquidiocesana, que fortaleçam a Missão, a Vida Plena e a Juventude. “Estas serão as nossas três opções, e o que saiu dos grupos entrará como propostas de como concretizar essas opções como perspectivas da Região Episcopal Belém para Assembleia Arquidiocesana”, concluiu dom Edmar.

João Carlos Gomes

Dom Edmar preside Assembleia Regional, com a participação de leigos e padres

Celebrações, festas e carreatas no Dia da Padroeira do Brasil O dia 12 marcou a alegria das comunidades que têm Nossa Senhora Aparecida como padroeira. Na Paróquia Nossa Senhora Aparecida do Setor Vila Antonieta, cerca de 150 pessoas acompanharam a celebração presidida pelo bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Belém, Dom Edmar Peron, e concelebrada pelo pároco, Padre Paulo Eduardo Santos, com a participação do diácono Marcos Antonio Domingues. Após a missa, todos saíram em procissão com o andor de Nossa Senhora pelas ruas do bairro Vila Nova Iorque, para encer-

rar com a festa, depois com a partilha do tradicional bolo e Nossa Senhora. “Nos reunimos nesta tarde para celebrar, venerar, amar a Mãe de Deus e nossa, Nossa Senhora Aparecida! Que ao celebrarmos a nossa Mãe, os laços de fraternidade da comunidade se fortaleçam em cada irmão e em cada irmã para que, cheios de confiança, possamos caminhar a partir do Evangelho de Jesus Cristo, como nos pede Nossa Senhora”, disse Dom Edmar. As palavras de Dom Edmar ganham ainda mais significado quando se observa o exemplo da Paróquia Nossa Senhora

Aparecida e São Luciano, no Setor Guarani. Até a chegada de seu pároco há cinco anos, Padre Arlindo Teles Alves, a Paróquia carecia de ânimo e de reforma no prédio da igreja. A partir da data da padroeira, promovendo festas, que incluíram carreatas nas ruas do bairro da Vila Ema, a comunidade passou por um reavivamento e hoje celebra sua padroeira com a fé renovada. “Vejo com muita alegria neste dia o reavivamento da fé e o resgate da espiritualidade Mariana, que estava um pouco apagada”, avaliou Padre Arlindo, que valoriza

o trabalho das lideranças da Paróquia, como Marlene Ribeiro Cesar e Odete Rossane, no processo de evangelização. “Nossas lideranças comprometidas com a evangelização e inspiradas pelo documento ‘Comunidade de Comunidades’ têm conseguido ir ao encontro dos irmãos e mostrar que a nossa Igreja está viva. Depois que o povo está animado pela fé, ele corresponde aos ensejos da vida em comunidade. Foi assim que conseguimos, em três anos, reformar o piso, o forro e colocar os vitrais de nossa Paróquia”, finalizou o Padre.

João Carlos Gomes

Devota diante da imagem na Vila Antonieta

AGENDA REGIONAL Domingo (19), 17h Crisma no Colégio Santo Antonio de Lisboa (rua Francisco Marengo, 1.317, Tatuapé)

Brasilândia

Renata Moraes

Colaboradora de Comunicação da Região

‘Com a Mãe Aparecida, vivemos a Fé’ Renata Moraes

Devotos vão ao encontro da Mãe Aparecida em paróquia na Vila Zatt

O domingo, 12 de outubro, feriado nacional em que se rememora Nossa Senhora Aparecida, a Padroeira do

Brasil, foi também dia de oração, devoção e festa na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no bairro da Vila Zatt.

Durante todo o dia, a igreja esteve lotada e recebeu os fiéis devotos de diversos lugares, que levaram suas homenagens e expressões de fé à Mãe de Jesus. No total, cinco missas foram celebradas. Durante nove dias, a Paróquia realizou a novena em honra à padroeira. Com o tema “Com a Mãe Aparecida, vivemos a Fé”, a cada noite houve uma temática e um celebrante diferente, e os fiéis da comunidade puderam vivenciar e refletir sobre os milagres e graças de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, que há quase trezentos anos apareceu nas águas do Rio Paraíba. No dia 12, a missa das 15h foi animada pela Pastoral Afro da Região

Brasilândia e presidida pelo Padre Juarez Dirceu Passos (Padre Dirceu), pároco. Durante a procissão de entrada, os membros da Pastoral trouxeram ao altar os símbolos de luta e do trabalho da comunidade negra na região e a imagem de Nossa Senhora, em meio a cantos animados. Eles estavam vestidos com trajes típicos da comunidade afrodescendente. Na homilia, Padre Dirceu destacou a importância da presença de Maria na vida da comunidade e a expressão desta festa dedicada à Virgem Aparecida. “A grande denúncia que Nossa Senhora Aparecida traz marcada em sua cor é pra nos dizer que somos todos iguais e somos todos irmãos perante o nosso Deus”.

Como já de costume, a missa solene em honra a Nossa Senhora Aparecida, celebrada às 18h, foi presidida por Dom Milton Kenan Júnior, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, e concelebrada pelo Padre Dirceu. Na homilia, o Bispo exortou a todos sobre a importância de Maria para os cristãos católicos: “Aquela que fez brilhar no mundo o sol da justiça: Jesus Cristo, nosso Senhor. A força de Maria, assim como a força da Igreja, está na oração. É ela que nos ensina a orar: Fazei tudo o que ele vos disser”, encerrou. Ao final da celebração, os devotos percorreram as ruas do bairro em procissão.


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Santana

Diácono Francisco Gonçalves e Carlos Roberto Minozzi

Colaboradores de comunicação da Região

Canto de Maria: 25 anos de evangelização pela música A Comunidade Canto de Maria comemorou, no dia 5, seus 25 anos de existência, com missa na Paróquia Sant`Ana, presidida por Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na

Região Santana, e concelebrada pelos padres João Luiz Miqueletti e Everaldo Sanches Ribeiro. “A comunidade nasceu em 8 de outubro de 1989 e nessa sua caminhada milhares de

pessoas rezaram, cantaram e vivenciaram a experiência do encontro com Cristo pelas evangelizações realizadas”, disse o diácono Nilo Carvalho, um de seus membros. Na homilia, Dom Sergio Nilo Carvalho

Canto de Maria, durante missa em que celebra 25 anos de atividades de evangelização na Igreja Sant’Ana

lembrou que o Canto de Maria deve ser lugar para o encontro com Cristo. “Canto de música, mas canto de lugar”, disse o Bispo, evidenciando que a comunidade deve ser um espaço onde se partilha a alegria do encontro, como discípulos missionários. “Compreendemos nesses 25 anos que somos um povo escolhido para que dê frutos! Por isso, nas mãos do Senhor, entregamos a nossa vida, nossa missão, para que o Senhor continue realizando em nós a sua obra. Ele nos impulsiona a continuar na caminhada como discípulos missionários, anunciando com alegria o Evangelho”, afirmou Valéria de Carvalho Rigolon, uma das fundadoras. Ao final da celebração, o moderador da comunidade, José Carlos dos Santos, declarou: “Somos instrumentos

nas mãos do Senhor. Somos discípulos (as) missionários (as) que, com alegria, anunciam o Evangelho”. Valéria de Lima, que está na comunidade há 20 anos, lembrou que “o jubileu de prata é momento para agradecermos a Deus por tudo o que ele realizou em nós, e, ainda, por tudo que irá realizar. Somos uma comunidade missionária que se dispõe a servir com alegria, servir a Cristo, a Igreja e ao povo de Deus”. Seguindo as comemorações dos 25 anos de vida, a Comunidade Canto de Maria realizará, dia 25, a partir das 18h30, uma noite de louvor, com a apresentação do Evangelizashow “Frutos”. A noite terá ainda a presença da Comunidade Aeternum Dei. Informações sobre o evento estão no Facebook Comunidade Canto de Maria.

Santa Teresinha é exemplo por escolher a Deus ainda jovem “Somos chamados a ser anunciadores do Evangelho”. Esse foi o tema da novena e festa de Santa Teresinha do Menino Jesus, na paróquia a ela dedicada no Setor Santana. No primeiro dia da novena, Padre André Torres, lembrando que Santa Teresinha é padroeira das missões, exortou todos a evangelizar saindo de suas zonas de conforto e indo ao encontro dos irmãos que precisam ter contato com a Palavra de Deus. Uma das noites da novena teve a presidência da celebração do inspetor salesiano, o Padre Edson Castilho, que discorreu sobre os frutos que a Palavra produz nos corações. Ele lembrou que o que se faz na própria vida, ressoa aqui e na eternidade e, por isso, as escolhas, desde já, devem levar isso em conta e, nesse aspecto, Santa Teresinha é um grande exemplo, porque desde muito jovem fez a escolha por Deus. Essa abordagem foi retomada no encerramento da novena, quando Padre Maurício Miranda lembrou que

AGENDA REGIONAL Domingo (19), 15h Missa de entrega dos mandatos de Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão, no Colégio Salesiano (rua Dom Henrique Mourão, 201). Sábado (25), 17h Sacramento da Confirmação, com missa presidida por Dom Sergio Borges, na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, Setor Mandaqui (rua Gomes Leal - 329 Vila Dionísia).

todos os santos tiveram de fazer escolhas, abandonando velhos hábitos e fazendo das decepções, experiências para a santificação. Os alunos dos colégios Salesiano Santa Teresinha e Instituto Mazzarello, vizinhos à Paróquia, participaram dos festejos, que tiveram seu ápice em 1º de outubro, festa da padroeira. Uma pequena multidão de fiéis tomou conta da praça, em frente à igreja, participando da procissão seguida da missa, em que foi lembrado que todos aprendem com Santa Teresinha a moldar-se à vontade de Deus.

Carlos Roberto

Crianças participam da celebração em paróquia no Setor Pastoral Santana

Clero reflete a renovação paroquial Padres e diáconos se reuniram, dia 7, para sua reunião mensal com Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana. Na oportunidade, houve prosseguimento ao estudo do Documento 100 da CNBB, “Comunidade de comunidades: uma nova paróquia”, com assessoria do Padre Everaldo Ribeiro. Em sua palestra, Padre Everaldo mostrou que para a paróquia se converter em comunidade de comunidades, será preciso manter algumas características fundamentais: formar pequenas comunidades a partir do anúncio querigmático,

unidas pela fé, esperança e caridade; meditar a Palavra de Deus pela Leitura Orante; celebrar a Eucaristia, unindo as comunidades da paróquia; organizar retiros; estabelecer o Conselho de Pastoral Paroquial e o Conselho de Assuntos Econômicos, garantindo a comunhão e participação; valorizar o laicato e incentivar a formação para os ministérios leigos; acolher a todos, especialmente os afastados, atraindo-os para a vida em comunidade, expressão da missão; viver a caridade e fazer a opção preferencial pelos pobres; estimular que a igreja matriz e as demais igrejas da paróquia tornem-

Diácono Francisco Gonçalves

Padre Everaldo fala a padres e diáconos em encontro

-se centros de irradiação e animação da fé e da espiritualidade; dar maior atenção aos condomínios e conjuntos de residências populares; garantir a comunhão com a totalidade da Arquidiocese; utilizar os recursos da mídia e as novas formas de comu-

nicação e relacionamento; ser uma Igreja “em saída missionária”. Padre Everaldo estabeleceu com todos os setores da Região Santana proposições pastorais a serem discutidas nas próximas reuniões de setor.


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Fernando Geronazzo

Colaborador de comunicação na Região

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‘Os ministros extraordinários são instituídos para levar a comunhão para fora da Igreja’ Os ministros extraordinários da Sagrada Comunhão Eucarística da Região Episcopal Sé participaram do encontro anual na Catedral Metropolitana, na manhã do sábado, 11. Os ministros das paróquias, comunidades e capelanias refletiram sobre aspectos da missão específica desse serviço eclesial, assessorados pelo Padre Luiz Eduardo Baronto, auxiliar do cura da Catedral. Padre Baronto recordou que esse ministério leigo é vivido em suplência, ou seja, “na falta de um presbítero, um ministro ordenado, os extraordinários vêm em auxílio da Igreja”. Nesse sentido, o Assessor salientou que a primeira missão de um ministro extraordinário é fazer com que a Eucaristia chegue a quem não veio participar da celebração. “A missão de distribuir a comunhão na celebra-

ção é secundária, até porque isso pode ser feito por outra pessoa designada pelo presidente da celebração”. “Os ministros extraordinários são instituídos para levar a comunhão para fora da Igreja, como aos enfermos, idosos impossibilitados de vir à celebração, os encarcerados”, acrescentou. Também de acordo com o Padre Baronto, a Igreja busca de todas as formas fazer com que a comunhão eucarística chegue a todos. “Por que a Igreja se preocupa para que a comunhão chegue a todos? De alguma forma, esses que estão impedidos fazem parte da comunidade e a Eucaristia é o sacramento da comunhão da Igreja. Não se pode deixar um membro da comunidade sem a participação da comunhão, senão a Eucaristia não realiza aquilo que é seu grande objetivo, nos tornar um só corpo e um só espirito”, disse. O encontro dos ministros

Centro de Pastoral da Região Sé

Encontro anual dos ministros extraordinários da Sagrada Comunhão lota a Catedral da Sé, dia 11

também contou com um momento de adoração eucarística inicial e foi encerrado com uma missa presidida pelo Padre Helmo César Faccioli, coordenador regional dos ministros extraordinários da comunhão. Lívia Miranda

Devotos conduzem imagem de Nossa Senhora Aparecida pelas ruas da Mooca

Festa de Nossa Senhora do Rosário na Pompeia Na terça-feira, 8, a Paróquia Nossa Senhora do Rosário da Pompeia, na zona oeste da capital, celebrou a festa de sua padroeira, com missa presidida pelo novo superior provincial da Ordem dos Ministros dos Enfermos (Camilianos), Padre Antônio Mendes, e concelebrada pelos padres camilianos responsáveis pela Paróquia. Essa paróquia foi criada em novembro de 1939. A igreja matriz começou a ser construída dez anos antes, a partir de pequena capela no bairro da Pompeia, onde se celebravam as missas. Funcionava lá também uma escolinha popular e foi instalado o primeiro ambulatório médico de toda a região, que marcou a chegada dos religiosos camilianos no Brasil.

A Região Sé conta com aproximadamente 1.500 leigos, que se colocam a serviço de suas paróquias e comunidades para exercer o ministério extraordinário da Sagrada Comunhão Eucarística. Esse ministério é insti-

tuído pelo bispo. Seu mandato é de três anos, podendo ser renovado por mais três. Em algumas paróquias, pela falta de pessoas disponíveis para o serviço, alguns ministros permanecem por mais tempo.

Solenidade de Nossa Senhora Aparecida na Mooca Os fiéis da Paróquia Nossa Senhora Aparecida dos Ferroviários festejaram a solenidade da Padroeira do Brasil no domingo, 12, com uma procissão pelas ruas do bairro da Mooca. Foram três missas ao longo do dia, além da celebração com a coroação de Nossa Senhora no sábado, 11, no Arsenal da Esperança, com a participação das pessoas em situação de rua que são acolhidas diariamente pela Instituição.

Instituída em 1975, a Paróquia teve sua origem no culto a Nossa Senhora Aparecida, nascido de uma promessa feita à Padroeira do Brasil pelo ferroviário paulista Henrique Teixeira, fundador da União dos Ferroviários Católicos do Brasil. Nossa Senhora Aparecida tornou-se também padroeira dos ferroviários por decreto do então arcebispo de São Paulo, Cardeal Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta.

Aniversário de paróquia no Bom Retiro Os dias 10, 11 e 12 foram de festa e de oração na Paróquia Santo Eduardo. Tudo porque em 2014 a Paróquia, localizada no bairro do Bom Retiro, comemora seus 75 anos. Os festejos contaram com missas presididas por Dom Antonio Carlos Altieri, arcebispo de Passo Fundo (RS), na sexta-feira, 10, e por Dom Carlos Lema Garcia, bispo auxiliar de São Paulo no sábado, 11. No domingo, 12, aconteceu a procissão com as imagens de Nossa Senhora Aparecida e Santo Eduardo. A festa foi concluída no dia 13, com missa solene seguida do concerto do coral “Vox Anima”.

Patrícia Morgado

Dom Carlos preside missa pelos 75 anos da Paróquia Santo Eduardo


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Ipiranga

Francisco David, Cidinha Panhoca, Renata Quito e Priscila Nuzzi

Colaboradores de comunicação da Região

Assembleia aponta ações para o trabalho em 2015

Aconteceu, no sábado, 11, a Assembleia de Pastoral da Região Episcopal Ipiranga no auditório da PUC-SP, campus Ipiranga. A Assembleia tratou sobre as urgências pastorais do 11º Plano de Pastoral da Arquidiocese de São Paulo e a renovação das ações pastorais na Região para 2015. Aproximadamente 200 pessoas participaram entre padres e leigos. O paroquiano da Igreja Santa Rita de Cássia, Cesar Lemos, ressaltou a importância da participação dos leigos na missão de evangelização. “Estávamos prontos a escutar para produzir bons frutos e agora temos que fazer nossa parte, mãos à obra.” A Assembleia foi apresentada pelo Frei José Maria Mohomed Jr, religioso mercedário e pároco da Paróquia Nossa Senhora das Mercês, e a

Francosco David

Padres e leigos participam da Assembleia Regional de Pastoral no campus Ipiranga da PUC-SP

mediação foi feita pelo Padre Jorge Bernardes, pároco da Paróquia Santa Rita de Cássia. Os participantes foram divididos em oito grupos

para o desenvolvimento dos trabalhos e logo após foram apresentadas, em plenária, as propostas pastorais para o próximo ano. Segundo Phi-

lomena Bussab, secretária de Pastoral na Região, “agora os resultados da Assembleia serão apresentados a Dom José Roberto e à Comissão de

Pastoral e, posteriormente, enviados à Arquidiocese de São Paulo para a sua Assembleia, que acontecerá em 8 de novembro”.

Paróquias comemoram o Dia de Nossa Senhora Aparecida Cidinha Panhoca

Dom José Roberto preside missa à Padroeira do Brasil, na rua Labatut

A Região Ipiranga possui três paróquias dedicadas a Nossa Senhora Aparecida. As localizadas no Setor Ipiranga e no Setor Anchieta festejaram com grande público o dia da padroeira. A Paróquia Nossa Senhora Aparecida do Setor Anchieta realizou a festa entre os dias 7 e 12, com uma série de atividades e missas, com diversos padres que visitaram a Paróquia durante a semana. No dia 12, aconteceu a tradicional carreata. Como todos os anos, este momento dá uma grande visibilidade para a Paróquia. As casas por onde a carreata vai passar recebem

um dia antes um convite para participar da carreata, enfeitando a casa: as pessoas saem de seus lares, fazem festa e se emocionam com a passagem da imagem de Nossa Senhora Aparecida. E a festa ainda continuou com um delicioso almoço, apresentação da Banda Marcial de São Caetano e da banda dos jovens da Paróquia. A Paróquia dedicada à Padroeira do Brasil, no Setor Ipiranga, localizada na rua Labatut, contou com a presença de mais de 25 mil fiéis, devotos e paroquianos, que passaram pela Igreja durante o dia.

‘Com São Judas Tadeu, oremos pelas Famílias!’ Durante as próximas três semanas, a Região Episcopal Ipiranga, em parceria com a Paróquia-santuário São Judas falará sobre a devoção ao Santo, até à sua festa, que acontecerá no dia 28. A Novena preparatória para a Festa de São Judas Tadeu, de 18 a 26, terá como tema “Com São Judas Tadeu, oremos pelas Famílias!” Serão duas celebrações diárias na igreja nova: às 15h e às 19h30. Sobre a devoção a São

Judas Tadeu, não existem fatos, aparições ou mensagens extraordinárias que explicam a atração pelo Santo. Atribui-se ao povo, que sentiu a seriedade e a fidelidade à Igreja e a tradição familiar de pais para filhos. Poucos são os dados históricos que mostram a veneração dos primeiros cristãos com amor e admiração ao apóstolo e mártir São Judas Tadeu, particularmente na Ásia Menor, onde evangelizou

e consumou seu martírio. O reaparecimento da devoção a São Judas deve-se a Santa Brígida. Em sua biografia, conta-se que Jesus lhe apareceu, aconselhando invocar São Judas até nos casos mais desesperados. São Bernardo de Claraval, abade e sábio teólogo da Igreja, também foi devoto. Durante toda sua vida, venerou uma relíquia de São Judas e foi sepultado com ela. No Brasil, nos últimos 70 anos, manifestou-se um

surto extraordinário de devoção a São Judas Tadeu. Há quem afirme que o Apóstolo é o segundo santo mais popular do Brasil. As formas de ação de graças são as mais variadas, incluindo as que se expressam em atos de caridade para o irmão mais necessitado. Hoje, costuma-se afirmar que não são os desesperados que se tornam devotos de São Judas Tadeu, mas os que ainda têm esperança de que sempre é possível, e recorrem ao santo.

O bispo auxiliar de São Paulo, Dom José Roberto Fortes Palau, participou da procissão e caminhou com o povo. Depois, presidiu a missa campal e na homilia destacou que Maria nunca deixa de interceder pela humanidade. “Maria foi corajosa e perseverante na dor, manteve-se unida ao seu filho até a cruz, e espera que também sejamos corajosos e perseverantes. O cristão nunca perde a alegria de viver, porque vive da esperança mesmo na dor e no sofrimento. O verdadeiro discípulo, inspirado em Maria, transmite esperança às pessoas”, concluiu o Bispo. Priscila Nuzzi

Novena de São Judas começa no dia 18


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Benigno Naveira

Colaborador de comunicação da Região

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Lapa

‘A Voz dos Pobres’ em missão junto à população em situação de rua Na noite de quinta-feira, 9, a reportagem da Pastoral da Comunicação da Região Lapa visitou a Casa de Acolhida São José Mascati, da Comunidade Missão Eucarística Voz dos Pobres, no Jardim Bonfigliolli, Setor Rio Pequeno. Claudio Vaz, fundador da Comunidade, falou do trabalho que a Missão Eucarística realiza com pessoas em situação de rua, tendo seu carisma inspirado na Eucaristia e no anúncio da Palavra de Deus. Claudio ressaltou que a nova casa, inaugurada em 12 de outubro de 2013, é a quarta casa da Comunidade Voz de

Pobres na Arquidiocese de São Paulo. Há, ainda, uma casa na Diocese de Campo Limpo (SP) e uma casa na Diocese de Umuarama (PR). A casa acolhe moradores de rua em estado grave de saúde ou que necessitem de cuidados especiais. Nela moram quatro irmãs consagradas e a guardiã da casa é a Irmã Salete, que é enfermeira. Durante a visita, aconteceu a celebração eucarística, presidida pelo Padre Sergio Roberto Farias (Padre Serginho), da Diocese de Campo Limpo, com a participação dos doentes e de toda a comunidade.

Benigno Naveira

Atendido pela Comunidade Missão Eucarística Voz dos Pobres recebe a Eucaristia

Paróquia Santa Maria Goretti realiza 2º Encontro de Noivos Na Paróquia Santa Maria Goretti, no Setor Butantã, no sábado, 11, aconteceu o 2º Encontro de Noivos, coordenado pela Pastoral Familiar, que tem como

objetivo a preparação dos noivos ao sacramento do Matrimônio. Participaram do encontro cinco casais que durante um dia inteiro refletiram e avaliaram

seus conhecimentos, trocaram experiências e ouviram a Palavra de Deus. Segundo Manoel Peres e sua esposa, Teresa Peres, coordenadores do

encontro, nessa atividade os casais aprendem com experiências de outros casais a estrutura e responsabilidades de uma família.

‘Os jovens devem se sentir comprometidos com a missão de evangelização’ Na tarde de sábado, 11, Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese da Região Lapa, encontrou-se com a juventude da Região, na Paróquia São Domingos Sávio, no Setor Pirituba. O encontro teve com tema “Jornada da Juventude um novo Olhar” e o lema “Faço nova todas as coisas” (Ap 21,5). A coordenação e animação foi do Padre Geraldo Pereira e a equipe da Pastoral da Juventude regional. Cerca de 300 jovens, de várias paróquias da Região, cantaram, louvaram e refletiram sobre seus compromissos como missionários. Dom Julio destacou que o jovem deve se sentir personagem principal,

Benigno Naveira

Dom Julio Endi Akamine encontra-se com jovens na Paróquia São Domingos Sávio

sendo chamado em causa. Os jovens mais do que ninguém devem se sentir comprometidos com essa missão de evangelização. O Bispo refletiu, ainda, que nada melhor do que colocar essa exortação nas mãos dos jo-

vens para que eles possam compreender o apelo que hoje Deus faz à sua Igreja e a cada fiel para o anúncio do Evangelho. Na sequência, alguns jovens deram seus testemunhos de encontro com Deus. Camila Aparecida Pereira, 26, da Pa-

róquia São José Operário, da Diocese de Osasco, disse que ficou órfã de pai aos 7 anos, e quando tinha 18 anos sua mãe contraiu uma doença degenerativa, perdendo aos poucos o movimento muscular das pernas, tendo que usar muletas

Benigno Naveira

Fiéis mostram devoção à Padroeira do Brasil Em 12 de outubro, duas paróquias celebraram sua padroeira: a Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição Aparecida, no Jardim Ester, Setor Rio Pequeno; e a Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Vila Anglo Brasileira, Setor Lapa. A reportagem da Pastoral da Comunicação da Região acompanhou no domingo, 12, os festejos na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, que começaram antes, com o tríduo: na quinta-feira, 9,

com o tema “Maria e a Alegria de Servir”, a missa foi presidida pelo Padre Amado Lopes; na sexta-feira, 10, com o tema “Maria e a Paz de Jesus”, o presidente da celebração foi o Padre Edson Siqueira Silva; e no sábado,11, com o tema “À Maria, nossa gratidão”, o presidente da celebração foi o Padre Élio Vigo. No domingo, 12, dia da padroeira, cerca de 200 fiéis participaram da celebração eucarística, presidida pelo

bispo auxiliar da Arquidiocese na Região, Dom Julio Endi Akamine, e concelebrada pelo pároco Padre Élio, com a participação do diácono Gleidson Novaes. Dom Julio, na homilia, lembrou que a Mãe de Jesus falou para Ele que o vinho tinha acabado e disse aos que estavam servindo: “Fazei o que ele vos disser”, e Ele transformou a água em vinho. O Bispo lembrou que não foi um milagre, mas o início dos sinais. Antes da bênção

para locomoção. Camila disse ter se encontrado com Deus na Jornada Mundial da Juventude (JMJ): chegando ao Rio de Janeiro, ela não sabia que teria que andar mais de sete quilômetros para chegar ao lugar do encontro com o Papa Francisco. Junto com outros jovens da sua comunidade, ela percorreu o trajeto demostrando sua fé e devoção a Deus. Para finalizar o encontro, houve a celebração eucarística, presidida por Dom Julio e concelebrada pelo pároco da Paróquia São Domingos Sávio, Padre José Carlos Spínola, e pelo Padre Cristiano de Souza Costa, pároco da Paróquia Santa Domitila.

Dom Julio participa da procissão pelas ruas da vila Anglo Brasileira

final, aconteceu a procissão, saindo da igreja, com os fiéis carregando no andor a imagem de Nossa Senhora pelas ruas do bairro, com a participação de Dom Julio e do Pároco.

AGENDA REGIONAL Quarta-feira (15), 14h Assembleia anual do Apostolado da Oração, na Paróquia Nossa Senhora da Lapa (rua Nossa Senhora da Lapa, 298, Lapa).


24 | Geral |

15 a 21 de outubro de 2014 | www.arquidiocesedesaopaulo.org.br

Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Conduzida por Padre Palmiro, imagem peregrina chega à ponte do Piqueri, onde o rio Tietê é abençoado por Dom Milton; após carreata, a Padroeira do Brasil é acolhida na Catedral da Sé

Nossa Senhora Aparecida, sinal de esperança para um Tietê mais limpo Fernando Geronazzo

Especial para O SÃO PAULO

A Arquidiocese de São Paulo celebrou a Solenidade de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, rainha e padroeira do Brasil, no domingo, 12, com uma missa que lotou a Catedral da Sé. A celebração concluiu a peregrinação da 11ª edição do Projeto “Tietê: Esperança Aparecida”, que tem o objetivo de expressar a fé e a devoção à Padroeira do Brasil e conscientizar a população sobre a importância da despoluição do rio Tietê. A peregrinação com o fac-símile da imagem de Nossa Senhora Aparecida partiu em 22 de setem-

bro da nascente do Tietê, em Salesópolis (SP), e seguiu para a capital paulista, passando por várias cidades ao longo do percurso do rio. No domingo, a imagem foi conduzida de barco do Parque Ecológico do Tietê até a ponte do Piqueri, onde foi acolhida por Dom Milton Kenan Júnior, bispo auxiliar de São Paulo e vigário episcopal para a Região Brasilândia. Em seguida, a imagem seguiu em carreata até o centro da cidade. Na Catedral, a missa foi presidida por Dom Carlos Lema Garcia, bispo auxiliar da Arquidiocese e vigário episcopal para a Educação e a Universidade, que celebrou em nome do arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Sche-

rer, que participa da assembleia extraordinária do Sínodo dos Bispos, no Vaticano. Na homilia, Dom Carlos destacou o Evangelho do dia, que narra o milagre de Jesus nas bodas de Caná, e recordou que a presença de Jesus naquela festa santifica o casamento e consequentemente a família. Nesse aspecto, ele recordou o momento vivido pela Igreja com a realização o Sínodo dos Bispos sobre os desafios pastorais da família. O Bispo também salientou que a frase de Maria na mesma passagem bíblica – “fazei tudo o que ele vos disser” – é o fundamento da devoção mariana, pois mostra àquela que conduz

os fiéis a Cristo e sua mensagem. Padre Palmiro Carlos Paes, idealizador do projeto, relatou o quanto foi marcante acompanhar a peregrinação. “Navegar pelo Tietê de águas poluídas no sofrimento da cidade. Percebemos a força da vida que luta quando hoje, nas águas totalmente poluídas, uma capivara luta para vencer a poluição do rio, por exemplo. Mas também nos entristecemos quando vemos homens e mulheres que se banham no rio poluído”. O Padre também destacou a manifestação de fé das pessoas ao longo da carreata com a imagem. “Em muitos momentos, tivemos que parar para que as pessoas pudessem tocar na imagem de Nossa

Senhora. Alguns bares tiveram as portas fechadas em respeito à procissão que passava”. Janete Bento Pereira, 66, veio de Itaquera, zona leste, para a celebração. Ao falar sobre a devoção a Nossa Senhora Aparecida, ela se emocionou, lembrando a graça alcançada por sua intercessão. “Em 1984, meu filho sofreu um acidente de moto e foi dado como morto. Hoje ele já está com 47 anos, mora na Espanha e não ficou com nenhuma sequela. Nossa Senhora Aparecida ajudou para que alguém o socorresse a tempo”, afirmou Janete, que também participou do show com o Padre Juarez de Castro, realizado após a missa, na praça da Sé.

Santuário Nacional bate recorde de peregrinos Santuário Nacional de Aparecida

da Redação

De acordo com um balanço parcial, passaram pelo Santuário Nacional de Aparecida no domingo, 12, ao menos 182 mil devotos. Ao longo do final de semana, a contagem atingiu 250 mil peregrinos, que chegaram de todas as partes do Brasil, muitos

Após ser coroada, imagem é apresentada aos milhares de romeiros

Festa da Padroeira do Brasil no Japão Redação

Um grupo de nipo-brasileiros, residentes na Diocese de Nagoya, no Japão, celebrou no domingo, 12, a primeira festa em homenagem a Nossa Senhora Aparecida em terras japonesas. O senhor José Massao Arakaki relatou a intensa fé dos brasileiros na Mãe Aparecida e a alegria de celebrarem pela primeira vez a Padro-

eira do Brasil em solo japonês. Além da procissão, com direito a andor, o grupo de brasileiros participou de uma missa campal no Mosteiro de Tajimi. Após a missa, houve também brincadeiras para as crianças e a tradicional quermesse. Estimativas apontam para mais de 200 mil brasileiros vivendo no Japão, segundo dados do governo japonês. Fonte: A12

A12

Nipo-brasileiros em procissão no Japão

em romarias a pé, como forma de penitência e pagamento de promessa por graças alcançadas. Na última celebração da Solenidade de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, fiéis acolheram a imagem milagrosa da Padroeira do Brasil, após a procissão solene que durou quase duas horas. O cortejo saiu às 17h da matriz da basílica e chegou ao Santuário Nacional quando já era noite, onde outros milhares de devotos aguardavam a imagem de Aparecida. Presidida por Dom Darci Nicioli, bispo auxiliar da Arquidiocese de Aparecida, a celebração foi iniciada com a coroação da imagem de Nossa Senhora Aparecida. Na homilia, o Bispo parabenizou todos os voluntários e colaboradores que realizaram a Festa da Padroeira, e lembrou que a última celebração é dedicada a eles, para que também se façam romeiros de Nossa Senhora.

“Estamos cansados, todos nós, mas felizes! (...) Foram uma batalha estes nove dias e muito particularmente este final de semana. (...) Cumprimos com nossa obrigação. Isso nos alegra muito, porque dá sentido à vida, nos motiva a continuar fazendo da Casa da Mãe Aparecida, a casa onde bate o coração católico do povo brasileiro”. Em seguida, ao falar sobre a dor de Maria, o Bispo citou o sofrimento de cada devoto, afirmando que, a exemplo do que ela fez, devemos assumi-lo. “Todo sofrimento deve ser carregado. É a cruz de nosso Senhor que nos ensina esta verdade. (...) Confiamos. Felizes aqueles que se apoiam em Maria para viver sua fé, e todos os obstáculos são superados, porque temos com ela a força de Deus. E se Deus é por nós, quem ou o que será contra nós? Nada e ninguém!”, garantiu. Fonte: A12


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