Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 59 | Edição 3035 | 21 a 27 de janeiro de 2015
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6 milhões de pessoas unidas na fé e na esperança com Francisco Terminou na segunda-feira, 19, a visita apostólica do Papa Francisco às Filipinas, localizada no continente asiático. Em sua passagem pelo País, houve o registro do novo recorde de participantes de uma
missa presidida por um papa: mais de 6 milhões de pessoas, no parque Rizal, em Manila, no dia 18. O Papa ressaltou a necessidade de valorizar a família, lembrou as autoridades locais sobre os problemas
financeiros que afligem os lares dos filipinos, ouviu atentamente as perguntas e angústias das crianças, e estimulou os jovens à solidariedade. “Há sempre alguém perto de nós que está em necessidade: material,
psicológica ou espiritual. O maior presente que podemos dar é nossa amizade, a nossa ternura e zelo, nosso amor por Cristo”, ressaltou o Pontífice. Página 24
L’Osservatore Romano
São Paulo
O Apóstolo, a cidade e a prática past ano 59 | Edição Especial 3035 | 21 a
Papa é saudado por filipinos, durante sua passagem pela cidade de Tacoblan, área mais afetada pelo tufão Haiyan, em novembro de 2013
No domingo, 25, às 9h, na Catedral da Sé, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, presidirá celebração solene da festa da Conversão de São Paulo Apóstolo, patrono da Arquidiocese e do Estado.
Especial: O apóstolo, a cidade e a prática pastoral A Arquidiocese, a cidade e O SÃO PAULO, no domingo, 25, na Festa da Conversão de São Paulo Apóstolo, terão um dia de comemoração. Nesta edição, o jornal, que inicia comemorações pelos 60 anos de criação, apresenta um caderno especial sobre a cidade e o desafio enfrentado pela Igreja para levar adiante sua prática pastoral e a evangelização na realidade da maior metrópole do País, à luz do 11º Plano de Pastoral. Caderno especial de E1 a E8
27 de janeiro de 2015
oral
Na cidade em mudança, a constante renovação de práticas pastorais
No domingo, 25, na Festa de Conversão de São Paulo Apóstolo, a maior cidade do Brasil completa 461 anos de fundação. Nascida pela missão dos Jesuítas, a cidade tem no apóstolo dos gentios, padroeiro da Arquidiocese e de todo Estado, o exemplo de que o seguimento a Cristo é o caminho para não perder a esperança diante das dificuldades. Neste caderno especial, O SÃO PAULO, que inicia comemorações pelos seus 60 anos de criação, mostra como a prática pastoral da Igreja na ca-
pital paulista busca dar resposta às situações que se tornaram mais intensas nas duas últimas décadas, como a verticalização dos bairros e a maior presença dos imigrantes em diferentes locais. Além disso, é lançado um olhar para o futuro da vida na cidade, a partir das perspectivas de dois jovens paulistanos para as questões de educação e oportunidades de trabalho. Páginas E3 a E8
2 | Ponto de Vista |
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editorial
Je ne suis pas Charlie O noticiário ainda não esgotou a polêmica gerada pelo massacre em Paris que resultou na morte de 17 pessoas, a maior parte relacionada ao jornal Charlie Hebdo, conhecido pelo seu conteúdo de sátira sem limites em qualquer campo de acontecimentos. A gravidade das mortes promoveu de imediato um justificável sentimento de revolta, inicialmente em Paris, mas que rapidamente se espalhou para todas as praças do mundo, em defesa da liberdade de expressão da imprensa. O grito “Je suis Charlie” passou a ser uma convocação, quase um grito de guerra, a todos aqueles que acreditam na liberdade, na expressão da imprensa sem mordaças, ou aspiram o fim do fundamentalismo religioso. No centro desses acontecimentos,
dois eventos chamam a atenção de modo especial. O primeiro procede da própria França, onde um levantamento recente revela que 42% (quase metade da população!) acredita que se deva respeitar a fé e que os valores religiosos não podem ser achincalhados. O segundo são as palavras do Papa Francisco, que na sua linguagem coloquial e direta, afirmou ainda em voo para as Filipinas: “Se o meu amigo Gasbarri [médico que estava ao lado], ofende minha mãe, merece um soco.” E continua: “Quanto à liberdade de expressão, todos têm direito de se pronunciar, mas sem ofender. Há um limite, toda religião tem sua dignidade e não pode ser entregue à chacota.” O que esses dois fatos, já com a poeira
do massacre se assentando um pouco, nos revelam? Primeiro: nem todos os franceses “são Charlie”; segundo, é necessário, sem justificar a violência e morte por motivos de defesa de Deus, reavaliar o que se denomina liberdade de expressão sem quaisquer limites. Seria a volta da censura? Certo que não! Contudo, é necessário sim se opor radicalmente à divulgação de críticas divergentes - muito importantes para o enriquecimento cultural - quando essas são utilizadas e instrumentalizadas em favor da propaganda de ideologias totalitárias e quando ofendem a terceiros por considerar divertido ridicularizar valores que estão interiorizados no coração humano. Não se pode zombar, gratuitamente, de
um valor universal: a crença religiosa. Não faz tempo, um processo contra escolas de samba do Rio de Janeiro, solicitado pela cúria local, proibiu a participação de imagens sacras nas passarelas do carnaval carioca. É de se estranhar a aprovação de leis que proíbem todo e qualquer comentário contrário ao permitido sobre determinados temas, em defesa das “minorias”, a custo de comprometer conversas em ambientes públicos, ou parecer profissional, enquanto que ridicularizar a crença religiosa das maiorias deve ser aceita sem restrições! Evidentemente, nada justifica o massacre, mas isso não implica na aceitação incondicional do que um grupo determina para si como liberdade de expressão para o mundo: Je ne suis pás Charlie.
opinião
A tragédia do Charlie Hebdo: quem começa o diálogo? Sergio Ricciuto Conte
Francisco Borba Ribeiro Neto Iniciamos 2015 impactados pelo atentado ao Charlie Hebdo e seus desdobramentos. Pouca gente se deu conta, porém, que naqueles mesmos dias os extremistas islâmicos do Boko Haram mataram cerca de 2 mil pessoas no ataque a uma cidade nigeriana. É compreensível que os jornais ocidentais deem muito mais cobertura a um fato ocorrido em Paris, afetando direta ou indiretamente a vida de grande parte de seus leitores, que a outro acontecido no coração da África, num contexto que parece totalmente estranho a seus leitores. O problema é que esses acontecimentos estão interligados e exigem respostas conjuntas. O uso das armas – ainda que necessário em muitos casos extremos – não tem resolvido o problema. Pelo contrário, parece só aumentá-lo. Nesse sentido, a resposta da Igreja se revela cada vez mais sensata e abrangente: só o diálogo e o encontro entre religiões e culturas, associados a um desenvolvimento humano integral e justo de todos os povos, podem garantir a paz mundial. Não é uma ideia recente. Está presente em todas as mensagens papais sobre o tema desde a Pacem in Terris, de João XXIII – e até antes. Evidentemente, o caminho do diálogo não eliminará atos terroristas e ações extremistas. Nossa sociedade ocidental há poucas décadas se livrou de grupos como as Brigadas Vermelhas italianas e o Baader-
-Meinhof alemão, e ainda enfrentamos franco-atiradores que disparam contra dezenas de inocentes e se suicidam (lembram-se do massacre de Columbine, nos Estados Unidos?). O objetivo deve ser construir uma paz mundial para que esses episódios terroristas sejam casos de polícia (atos individuais, condenados por toda a opinião pública) e não de política (atos de grupos sociais que se sentem no direito de atentar contra os demais). Mas os desdobramentos do aten-
tado ao Charlie não parecem mostrar um grande espírito de diálogo e vontade de encontrar o diferente. Houve a espetacular manifestação que reuniu mais de 1 milhão de pessoas em Paris, com uma “comissão de frente”, que reuniu desde líderes europeus até Mahmoud Abbas, da Autoridade Palestina, e Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense. Mas no dia seguinte, os jornais estavam inundados com críticas a este ou aquele chefe de Estado e interpretações da manifesta-
ção como um gesto belicoso contra o terror e não como afirmação de um desejo de paz compartilhado. Não faltou quem usasse os atentados para atacar as religiões em geral, associando-as a todas as formas de violência da história. Ou que interpretasse as manifestações contra o terrorismo como defesa do relativismo, da incerteza e do ataque a todas as crenças, desrespeitando a heterogeneidade evidente que existe entre mais de 1 milhão de manifestantes. Essas pessoas não percebem que transformaram seu agnosticismo e seu relativismo numa nova religião, igual às mais fundamentalistas que criticam, dispostas não à violência física, mas sem dúvida à violência intelectual, tão incapazes de diálogo e encontro quanto os extremistas que combatem. E ainda criticam o Papa, acusando-o de um discurso ambíguo ou confuso. Não aceitam um discurso voltado ao diálogo, que procura entender as razões do outro, acolhê-lo em suas frustrações e seu desejo de realização, ao invés de massacrá-lo intelectualmente. Quem começa o verdadeiro diálogo? Quem é capaz de amar sinceramente o outro, quem se sabe amado e por isso se sente livre diante do outro. Nestes tempos difíceis, o Cristianismo não é uma objeção à paz, mas um dos poucos, talvez o único, caminho para construíla num mundo laico carregado de ódio, soberba e divisão. Francisco Borba Ribeiro Neto é sociólogo, coordenador do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP
As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.
Semanário da Arquidiocese de São Paulo
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| Encontro com o Pastor | 3 Arquivo pessoal
Liberdade e respeito cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo
Na semana que passou, o mundo foi abalado pelo assassinato de 12 pessoas na sede do jornal satírico Charlie Hebdo, de Paris; seguiram-se mais mortes de pessoas inocentes e também dos autores dos assassinatos da sede do citado jornal. A questão continua a render e, agora, em várias partes do mundo islâmico, a ira volta-se contra os cristãos e seus templos que, aliás, também foram alvo das caricaturas envenenadas do Charlie... Quem matou os jornalistas achou que estava vingando a honra de Maomé e a fé dos muçulmanos, que teriam sido ultrajadas pelas publicações do Charlie Hebdo; os responsáveis pelo Charlie, por sua vez, acharam que estavam exercendo seu “sagrado” direito de liberdade de expressão. Seguiu-se uma manifestação colossal na França e em outros países em favor da liberdade de imprensa e de expressão e de imprensa. A questão toda merece uma reflexão serena, nem sempre possível no calor dos acontecimentos. Até onde vai a liberdade de expressão e de imprensa? É irrestrita? Até onde vai a própria liberdade humana? É certo, em nome de Deus, fazer violência e matar quem nos ofende ou contradiz as nossas ideias e convicções religiosas? É certo, em nome da liberdade de imprensa, atacar e ridicularizar as
convicções mais sagradas das pessoas? A liberdade foi e continua a ser uma das questões mais complexas da existência humana. Ela é uma capacidade que Deus deu ao ser humano e que lhe confere uma dignidade superior à dos outros seres deste mundo. Pela liberdade, o homem é capaz de fazer escolhas autônomas, para o bem e para o mal. O próprio Deus respeita a liberdade da criatura humana, mesmo quando não aprova suas escolhas. O homem nem sempre consegue lidar com a própria liberdade; o uso que dela faz não é indiferente e as suas escolhas também levam a consequências contrastantes entre si. Por isso, dizemos que há um bom uso e um mau uso da liberdade. O uso é bom quando faz com que seu exercício leve ao verdadeiro objetivo da existência humana: a vida digna, o respeito ao próximo, a paz da consciência, o mérito e a glória do Criador, que deu a liberdade ao homem. Há limites para a liberdade? Certo que sim, pois nossa liberdade não é ilimitada. Nossa liberdade pessoal tem seu limite na liberdade e na dignidade do próximo. Nossas próprias escolhas implicam num limite à liberdade; quem escolhe a, renuncia a escolher b. As normas comuns do convívio põem limites à liberdade individual, em vista de um bem maior. Mas esse limite da liberdade de pensar, dizer, decidir e fazer deve ser posto pelo próprio sujeito da liberdade, ou assumido livremente por ele. E nisso está o mérito ou demérito no uso da liberdade: somos responsáveis pelas nossas escolhas e assumimos as consequências de nossas decisões.
Até onde vai a liberdade de expressão? Não é preciso colocar um limite externo: o limite deve ser posto pela própria pessoa, no exercício autônomo de sua liberdade. Assim, tanto os jornalistas do Charlie Hebdo quanto os seus assassinos respondem pelos seus atos. Não é o fato de serem livres, que todas as suas ações são boas. O julgamento sobre o bom ou mau uso da liberdade depende dos padrões éticos, culturais e morais da sociedade. Se, de um lado, é absolutamente inaceitável praticar violência ou matar o próximo em nome de Deus, ou para vingar supostas ofensas, também não é aceitável que, em nome da liberdade pessoal, se humilhe, desrespeite e despreze o próximo. O senso comum condena a violência verbal, os preconceitos raciais, sociais e religiosos, a ridicularização e o bullying; fazer troça dos humilhados e feridos, não desperta apreço para quem o pratica... O que dizer da perseguição, desprezo e violência por causa das convicções religiosas, que são algo sagrado e muito interior à consciência das pessoas? A questão não é colocar limites externos à liberdade, mas recuperar algo muito simples e fundamental para a convivência: o senso do respeito na relação com as pessoas. Trata-se de um “sensor” não ajustável com o controle remoto, mas regulado pela fórmula bem simples e já conhecida desde tempos remotos: “não faças aos outros o que não gostarias que fizessem a ti”. Sem esse regulador delicado, adquirido pela educação, todas as tempestades verbais e discussões acaloradas sobre a liberdade de expressão não levam a nenhuma solução boa.
Apresentação de Dom José Negri No sábado, 17, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, foi um dos concelebrantes da missa no Santuário Theotokos – Mãe de Deus, na zonal sul da capital paulista, durante a qual Dom José Negri foi apresentado como bispo coadjutor da Diocese de Santo Amaro. Arquivo pessoal
Missa no Carmelo de Santa Tereza Na manhã da sexta-feira, 16, o Cardeal Scherer, arcebispo de São Paulo, presidiu missa no Carmelo de Santa Teresa, na zona sul de São Paulo. Participaram as monjas, postulantes e noviças da Ordem da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo (Irmãs Carmelitas) que vivem no Carmelo. (por Daniel Gomes)
Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer Arcebispo de São Paulo
Mensagem na festa de São Paulo, Patrono da Arquidiocese Que devo fazer, Senhor? A comemoração do apóstolo São Paulo, como Patrono de nossa Arquidiocese, faz-nos olhar com especial atenção para este grande discípulo-missionário de Jesus Cristo. Suas palavras são para nós um estímulo e seu exemplo nos ensina a fazer como ele fez. Sua forte intercessão nos ajuda a levar avante nesta Metrópole a missão que ele desempenhou com tanto fervor nas cidades do seu tempo. O que devemos fazer, para viver retamente? No encontro surpreendente com Cristo às portas de Damasco, que marcou o início de sua conversão ao Evangelho, Paulo ouve a voz que o interpela: “por que me persegues?” Ouvindo a voz, que lhe diz – “eu sou Jesus, o Nazareno, a quem tu estás perseguindo” –, ele se desarma e pergunta: “Senhor, que devo fazer?” (cf At. 22,6-10). Esta pergunta manifesta logo a sua disposição para mudar o rumo de sua vida, como de fato aconteceu. Saulo já não era mais o mesmo e tornou-se Paulo, o grande pregador do Evangelho e testemunha do Senhor ressuscitado. Também nós deveríamos perguntar-nos diante de cada decisão que devemos tomar: Senhor, que queres que eu faça? Se o fizermos sinceramente, ouviremos dentro de nossa consciência a voz de Deus a nos orientar sempre para as escolhas e decisões justas. Parabéns à cidade São Paulo e a todos os Paulistanos, pela comemoração do aniversário da Cidade, cuja data referencial é o dia da primeira missa na missão “São Paulo”, celebrada neste “Planalto de Piratininga”, em 25 de janeiro de 1554; na ocasião, já estava presente São José de Anchieta, ainda jovem noviço. Desejo a todos os filhos e filhas da Arquidiocese de São Paulo uma bela festa do nosso Padroeiro! Deus os abençoe e guarde! S.Paulo, 19-25 01.2015 Cardeal Odilo P. Scherer Arcebispo de São Paulo
4 | Papa Francisco |
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Esclarecendo afirmação
Filhos de Deus, eis a nossa identidade Na homilia da missa celebrada em Manila, que fechou sua viagem ao Sri Lanka e às Filipinas, no domingo, 18, o Papa Francisco chamou atenção para as crianças, os jovens e a família. “Um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado.” Com esta citação de Isaías, o Papa Francisco iniciou a homilia, no “domingo do Menino Jesus”, nas Filipinas. Ele acentuou que a imagem do Menino Jesus acompanhou a evangelização daquele povo desde o seu início. O menino Deus, retratado com vestes reais, mostra “a ligação entre Reino de Deus e o mistério da infância espiritual”, e “quem não acolhe o Reino de Deus como uma criança não entrará nele”. “O Santo Menino proclama que a luz da graça de Deus brilhou sobre o mundo que estava nas trevas. Ele é a boa notícia da libertação de toda escravidão, guiando-nos no caminho da paz, do direito e da justiça, e nos recorda o chamado a difundir o Evangelho.” “Somos todos filhos de Deus”, diz uma canção repetida duran-
te a visita do Papa. Francisco acentuou que “o Santo Menino veio dizer-nos que esta é a nossa identidade: ‘somos filho de Deus, membros da família de Deus’”. E citando Paulo, reafirmou: “É isto o que somos e os filipinos manifestaram isso durante o tufão que golpeou o País, o primeiro país católico na Ásia, o que já é para ele um dom especial de Deus e faz dos filipinos missionários da fé na Ásia”. Segundo Francisco, todos são escolhidos por Deus para serem santos e irrepreensíveis aos seus olhos. Deus criou o mundo como um jardim e o confiou aos nossos cuidados. O pecado desfigurou toda esta “beleza natural, destruiu a unidade e a beleza da família humana, criou estruturas sociais que tornam permanente a pobreza, a ignorância e a corrupção. O demônio, “pai da mentira”, esconde sua aparência atrás da sofisticação, o fascínio do sermos modernos, de sermos como todos os outros. O demônio nos distrai com o supérfluo, com a futilidade. Gastamos o
que temos, os dons de Deus, nos jogos, nos passatempos superficiais, na bebida. Faz-nos esquecer que somos filhos de Deus. “O menino Deus nos recorda que esta identidade de filhos de Deus é protegida. Ele é o protetor deste País”. Neste mundo, ele teve sua vida ameaçada, mas foi protegida por São José. Teve uma família na terra. Assim, ele nos recorda a importância de proteger as nossas famílias a grande família de Deus e o mundo, a grande família humana. “Infelizmente, a família hoje precisa ser protegida dos ataques insidiosos e de programas contrários a tudo que entendemos como verdadeiro e sacro, tudo que em nossa mente é mais nobre e belo”. O Papa, preocupado com as crianças e os jovens, fala de Jesus, que “acolhe os meninos, abraçaos e os abençoa”, diz que é preciso guiar e encorajar os jovens a “construir uma sociedade digna do seu patrimônio espiritual e cultural e a ver em cada criança “um dom a acolher e proteger”. (por Padre Cido Pereira)
Na entrevista a bordo do voo de Manila a Roma, alguns jornalistas pediram ao Papa para esclarecer sua consideração feita na coletiva do voo do Siri Lanka às Filipinas, em relação ao “punho” – como evidenciado há dias, pela mídia – ou seja, quais são os limites da liberdade de expressão. “Em teoria, podemos dizer que uma reação violenta diante de uma provocação, em teoria sim, não é uma coisa boa, não se deve fazer. Em teoria, podemos dizer aquilo que o Evangelho diz: que devemos dar a outra face. Em teoria, podemos dizer que nós temos a liberdade de expressar e isso é importante”, disse, ressaltando que “a liberdade de expressão deve ter em conta a realidade humana” e por isso deve-se “ser prudente”. L’Osservatore Romano
Viagens para África e América O Papa Francisco também informou aos jornalistas a possibilidade de fazer uma viagem à República Centro-Africana e Uganda. Estes dois, ainda este ano. Porém, isso ainda não está confirmado. “Estão previstos para este ano três países latino-americanos – é tudo ainda como esboço – Equador, Bolívia e Paraguai. Para o próximo ano, gostaria de visitar – mas ainda não tem nada previsto – Chile, Argentina e Uruguai.” Ao falar sobre sua viagem aos Estados Unidos, para o Encontro Mundial das Famílias, na Filadélfia, em setembro, o Pontífice excluiu, por razões logísticas, sua ida à Califórnia. Mas confirmou que irá celebrar a canonização de Junípero Serra, “no Santuário de Washington”.
Corrupção Mais uma vez questionado pela corrupção também dentro da Igreja, o Santo Padre reiterou este é “um problema mundial” que “encontra facilmente o ninho nas instituições”, assim como no indivíduo, e que faz as suas vítimas preferidas entre os “pobres” e precisa ser combatido. Francisco contou um episódio do tempo do seu ministério episcopal em Buenos Aires, quando dois funcionários do governo foram lhe propor um substancial pagamento em dinheiro para as suas “villas miserias” desde que eles ficassem com a metade, e eles foram mandados de volta com elegante sutileza. “Eu acho que a Igreja deveria dar exemplo cada vez mais disso, de recusar toda mundanidade. Para nós consagrados, bispos, padres, irmãs, leigos que realmente acreditam, a maior ameaça é a mundanidade. É tão feio olhar quando você vê um consagrado, um homem da Igreja, uma irmã, mundano. É feio. Este não é o caminho de Jesus. É o caminho de uma ONG que se chamada Igreja. Mas esta ONG não é a Igreja de Jesus”. (Por Fernando Geronazzo)
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Dom Sergio de Deus Borges Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana
Estamos no início de janeiro e trabalhando nos projetos e sonhos que queremos colocar em prática durante o ano. São bonitos projetos em relação à vida familiar, cultural, profissional, comunitária e na vivência da fé. Fazemos nossos planos e queremos conduzi-los à nossa maneira, com nossas capacidades e uma “ajudinha” do Céu. Mas será que neste ano não seria bom pararmos diante da Palavra de Deus, do Santíssimo Sacramento ou do Cristo Crucificado para refletir sobre o plano que Deus faz para cada um de nós? Como Ele nos quer ver neste ano? A catequese do Papa Francisco, do dia 19 de novembro, pode apresentar algumas luzes em nosso caminho e nos projetos pessoais e familiares que temos para a caminhada. O Papa recorda, em primeiro lugar, o grande projeto de Deus para cada um de nós, segundo as palavras do Apóstolo: “Pois esta é a vontade de
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Espiritualidade
fé e cidadania
Sonhar com...
A Fraternidade, fundamento e caminho para a paz
Deus: a vossa santificação” (1Ts 4,3). do o teu tempo ao serviço dos irmãos. Esse é o projeto de Deus para mim e És pai, avô? Sê santo, ensinando com paixão aos filhos ou aos netos a conhepara você. Depois, ele ensina quem pode ser cer e a seguir Jesus Cristo. E é necessária santo: “Para ser santo, não é preciso ser tanta paciência para isso, para ser um bispo, sacerdote ou religioso: não, todos bom pai, um bom avô, uma boa mãe, somos chamados a ser santos! Muitas uma boa avó; é necessária tanta pacivezes, somos tentados a pensar que a ência, e é nessa paciência que chega à santidade só está reservada àqueles que santidade: exercendo a paciência! És têm a possibilidade de se desapegar dos catequista, educador, voluntário? Sê sanafazeres normais, para se dedicar exclu- to tornando-te sinal visível do amor de sivamente à oração. Mas não é assim! Deus e da sua presença ao nosso lado”. Alguns pensam que a santidade é fechar Para ser santo, não é preciso os olhos e fazer cara ser bispo, sacerdote ou religioso: de santinho! Não, a santidade não é isto! não, todos somos chamados a ser Aliás, somos cha- santos! Muitas vezes, somos mados a tornar-nos tentados a pensar que a santidade santos precisamente só está reservada àqueles que têm vivendo com amor a possibilidade de se desapegar e oferecendo o tesdos afazeres normais, para se temunho cristão nas ocupações diárias. E dedicar exclusivamente à cada qual nas con- oração. Mas não é assim! dições e situações de vida em que se encontra”. Deus nos ama e tem um alto projeto Mas como ser santo nas ocupações para cada um de nós. Vamos sonhar alto diárias? O Papa Francisco ensina: “És neste ano de 2015, porque na condição casado? Sê santo amando e cuidando do de vida de cada um de nós foi aberto teu marido, da tua esposa, como Cristo o caminho rumo à santidade e é Deus fez com a Igreja. És batizado solteiro? quem nos dá a graça de percorrer este Sê santo cumprindo com honestidade e caminho, de sonhar com os sonhos de competência o teu trabalho e oferecen- Deus.
Padre Luiz Eduardo Baronto será o cura da Catedral da Sé Redação
osaopaulo@uol.com.br
O Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, nomeou no sábado, 17, o Padre Luiz Eduardo Baronto, 44, como novo cura da Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Assunção e São Paulo (Catedral da Sé). Nascido em 22 de janeiro de 1970, em Aracaju (SE), Padre Baronto foi ordenado sacerdote em 13 de dezembro de 1997 pela Congregação Salesiana. Desde agosto de 2012, quando começou uma experiência no clero secular da Arquidiocese de São Paulo, atua como auxiliar do cura da Catedral. Padre Baronto é licenciado em Filosofia pela Universidade Católica de Pernambuco; bacharel em Teologia no Instituto Pio XI; tem especialização em Liturgia pela Faculdade Nossa Senhora da Assunção, e Mestrado em Educação pela Universidade Federal de Pernambuco. O Sacerdote sucederá ao Monsenhor Eduardo Vieira dos Santos, nomeado em dezembro pelo Papa Francisco, bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo. A posse do cura vai acontecer no sábado, 31, durante a missa das 12h. Na mesma ocasião, Padre Helmo César Faccioli assumirá a função de auxiliar do cura. Ao lado segue a mensagem do Cardeal Scherer aos padres Baronto e Helmo.
Frei Patrício Sciadini, OCD A paz é um valor pelo qual todos podemos nos unir e sentir-nos irmãos, não importa a religião, a ideologia, a raça, a política. Sem a paz não há nada que se possa salvar e com a paz tudo pode ser salvo e ser algo permanente e duradouro. A fraternidade é fundamento e caminho para a paz; a fraternidade é premissa para vencer a pobreza. É preciso redescobrir a fraternidade na economia. A fraternidade extingue a guerra, a corrupção e o crime organizado. A fraternidade ajuda a guardar e cultivar a natureza. Todos esses temas devem ser refletidos à luz da vontade e da ternura de Deus, que chama cada um de nós a não ser mero expectador diante das situações difíceis da guerra, mas a assumir a nossa responsabilidade para construir a paz com as nossas mãos, no dia a dia, porta a porta, no diálogo com todas as pessoas que o Senhor colocar no nosso caminho. Fortes, mas necessárias, são as admoestações do Papa Francisco contra o hediondo tráfico de seres humanos, contra o estrago que o comércio da droga provoca nas famílias e nas pessoas. Não é possível permanecer de olhos fechados. Fortes as palavras do Papa contra a corrupção que ele chama “capilar” e presente em tantas sociedades e países. Suas palavras sempre trazem uma mensagem, sobre a qual é necessário meditar bem e especialmente colocar em prática. Todos somos filhos do mesmo Deus e em Cristo somos todos irmãos. Ser irmãos significa se tornar responsáveis pela vida dos outros. E Deus um dia perguntou a Caim: “onde está o teu irmão?” Ele vai fazer essa mesma pergunta a cada um de nós. A redescoberta da fraternidade na economia é muito interessante porque as riquezas que um possui não são só para si, mas sim para ajudar os mais pobres. Somente por meio da fraternidade, é possível vencer a pobreza e com uma verdadeira fraternidade no amor, nós podemos vencer e superar todas as guerras. São nossos votos de um ano feliz, quando todos de mãos dadas, sob a proteção da Virgem Maria, mãe de Deus e nossa, possamos começar todos os dias na certeza que o anúncio dos anjos na noite de Natal não permanecerá vazio: “glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens de boa vontade!” Que encontremos a paz, vençamos toda a forma de ódio, de inimizade e possamos gerar a verdadeira paz. Felizes os construtores da paz porque serão chamados filhos de Deus! Feliz ano novo 2015 e felizes 365 dias na paz!
6 | Fé e Vida |
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LITURGIA E VIDA
novos santos e beatos
José Nascimbeni
3º DOMINGO DO TEMPO COMUM 25 DE JANEIRO DE 2015
O caminho para Deus ANA FLORA ANDERSON
A liturgia deste domingo apresenta um apelo forte à conversão. A oração é um pedido a Deus para, por amor, nos ajudar a frutificar as nossas boas obras. A primeira leitura (Jonas 3, 1-5) narra como Deus enviou o profeta à grande cidade de Nínive para pregar a destruição dessa metrópole por causa das práticas de vida pecaminosas. O povo acreditou na pregação de Jonas e se converteu, salvando a cidade. Na segunda leitura (1 Coríntios 7, 29-31), São Paulo prega para a grande cidade de Corinto, afirmando que chegou a hora da conversão. Nesse tempo, os esposos devem pensar em Deus em primeiro lugar. Tanto os que choram quanto os mais alegres devem parar de pensar nas suas dificuldades e felicidades, pois a figura deste mundo está passando! No Evangelho de Marcos (1,14-20) é interessante notar que as primeiras palavras de Jesus são o anúncio da vinda do Reino de Deus. É um anúncio curto e incisivo. Esse é o cerne da pregação de Jesus. Deus está chegando e por amor Ele se dá pessoalmente à humanidade. Para os infelizes e para os pecadores, o Reino de Deus é a novidade feliz. Deus os ama e se aproxima deles para salvá-los. Esse anúncio é um apelo que transforma e faz tomar uma decisão radical. O encontro definitivo de Deus com as pessoas se dá na decisão, no ato de conversão para o amor.
você pergunta
As cinzas dos corpos cremados são misturadas? padre Cido Pereira
Vigário Episcopal para a Pastoral da Comunicação
A Vilce (que não disse o sobrenome), de Mirandópolis (SP), ouviu uma conversa que as cinzas de uma pessoa cremada acabam sendo misturadas com outras. Desconfiada, ela pergunta: “Será?” Vilce, confesso que já ouvi essa conversa. Porém, a Cidinha Fernandes, que trabalha na rádio 9 de Julho comigo, e eu fizemos uma pesquisa na internet e encontramos todo o processo de cremação de corpos e, pelo que constatamos, eles tratam com seriedade o assunto. Cada corpo é cremado individualmente. Às vezes, as pessoas são contra a cremação e inventam um tanto de argumentos contra esse processo. Mas, eu tenho certeza de que cada família recebe sim as cinzas de seu ente querido. Você mesma pode investigar na internet, digitando a pergunta: “Como é feita a cremação dos corpos?” Você verá o processo e vai perceber que não procede àquilo que dizem por aí. Mas, me deixe dizer a você duas coisas importantes a respeito desse tema. A primeira é que a Igreja não é contra a cremação. No passado, houve, sim, certa reação, por conta da maçonaria que entendia que os corpos deveriam ser cremados e as cinzas usadas como adubo. A Igreja respeita profundamente o corpo humano. Hoje, porém, a Igreja não coloca objeção. No ritual das exéquias, existem orações apropriadas para se rezarem no crematório. Nós proclamamos que na morte o corpo se separa da alma e volta para a terra de onde foi tirado e torna-se pó. E na quarta-feira de cinzas, ouvimos o recado: “Lembra-te, homem, que és pó e ao pó retornarás”. Esse “voltar ao pó” acontece tanto no sepultamento quanto na cremação. A cremação só faz acelerar o processo de voltar ao pó. A segunda coisa que eu quero dizer a você e a todos que nos leem é que a Santa Sé, a Igreja enfim, nos lembra de que não é respeitoso, nem cristão, atirar as cinzas no mar, ao vento ou abandoná-las em qualquer lugar. As cinzas devem ser depositadas num lugar respeitoso no cemitério. Hoje, já existem até cemitérios com nichos onde se guardam as cinzas dos mortos. É isso aí, Vilce. Fique com Deus e celebremos a vida, dom maravilhoso de Deus.
22 de Janeiro
José Nascimbeni, o único filho do carpinteiro Antonio Sartori e da dona de casa Amadea, foi batizado no dia 22 de março de 1851. Em 1874, recebeu o diploma de professor e foi ordenado sacerdote. Logo, foi designado para a cidade de São Pedro de Lavanho, na Diocese de Verona, na Itália, como auxiliar do pároco e professor. Quando o velho pároco morreu, as famílias influentes pediram para que o Padre Nascimbeni fosse nomeado o seu sucessor, em 1885. Padre Nascimbeni empenhou-se com todo vigor na vida religiosa e civil daqueles mil habitantes. Estimulou as atividades dos paroquianos leigos, valorizando os talentos para a formação de associações e grupos religiosos. Teve igual empenho para o desenvolvimento da cidade, criando asilos, escolas para órfãos e internatos para crianças abandonadas. Para os jovens, ajudou a fundar uma fábrica de roupas, uma tipografia, uma fábrica de azeite e uma cooperativa rural. Em 1892, ele e mais quatro jovens, que depois tomaram o hábito religioso, fundaram a Congregação das Pequenas Irmãs da Sagrada Família. Essas religiosas hoje estão em toda a Itália, Suíça, Albânia,
há
Reprodução
Angola, Argentina, Paraguai, Uruguai e Brasil. No dia 31 de dezembro de 1916, Padre Nascimbeni sofreu uma isquemia cerebral que o deixou inválido. Foram cinco anos de sofrimentos físicos, orações e penitências,
até sua morte, em 22 de janeiro de 1922. O Papa João Paulo II beatificou José Nascimbeni em 1988, em Verona, e dedicou o dia 22 de janeiro para homenageá-lo. Fonte: www.paulinas.org.br
50
anos
Rio de Janeiro inicia festejos de 400 anos de fundação
Capa da edição de 17 de janeiro de 1965
O início das comemorações do quarto centenário de fundação da cidade do Rio de Janeiro foi uma das notícias da capa da edição do O SÃO PAULO de 17 de janeiro de 1965. A edição resgatou as etapas de fundação da cidade e falou da incorporação do nome de São Sebastião àquela que por décadas foi a capital do Brasil. “Foi descoberta a baía que se afigurou aos navegantes um rio, nome que prevaleceu para a cidade: o nome de Guanabara, dado à baía posteriormente, estenteu-se em 1960 ao novo Estado, com a transferência da capital para Brasília. São Sebastião foi o
nome dado à povoação de Estácio, em homenagem ao malogrado rei de Portugal, que tinha o nome do mártir, isto é, Sebastião, tendo sido conferido à cidade, como armas, um molhe de flechas, instrumento, como se sabe, do suplício santo”, detalhava o texto da capa. A edição também informava que em 20 de janeiro de 1965, dia de São Sebastião, padroeiro da cidade, seria inaugurado um monumento ao santo, em solenidade com a bênção do Cardeal Jaime de Barros Camara, arcebispo do Rio de Janeiro. Oficialmente, o aniversário de fundação da cidade do Rio de Janeiro é 1º de março.
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| Viver Bem | 7
Resgatando a confiabilidade Simone Fuzaro Como é difícil viver com o peso da desconfiança! Imaginamos quase sempre estarmos sendo lesados numa transação comercial, enganados por alguns, usurpados por outros. Com certeza na escola das crianças acontecem coisas que não são ditas, tem mais crianças nos grupos do que se promete, a mãe de um coleguinha “inventou” uma história para favorecer o seu filho... Enfim, muitas fantasias inundam nossa mente cotidianamente, nos “enlouquecendo” diante da possibilidade de estarmos sendo enganados. Acontece que se trata de uma verdadeira roda viva: não confio na palavra do outro porque sei que “todos” buscam o sucesso e o prazer que nem sempre são compatíveis com a sinceridade e a verdade. Logo, vão me enganar em benefício próprio e eu, então, automaticamente, ganho o direito de enganar também, de optar, não pela verdade e compromisso, mas sim pelo que me convém, pelo mais interessante para mim - fecha-se o ciclo e a confiabilidade tende a zero. Hoje, as relações se estabelecem exatamente do modo contrário ao que se estabeleciam até meados do século passado: naquela época, todos eram honestos e confiáveis até que provassem o contrário; hoje, todos são passíveis de desconfiança até que provemos o contrário. O pior: não estranhamos isso, aliás, achamos natural. Maior prova dessa ideologia vigente: ao entrarmos na maioria das lojas em grandes centros comerciais,
Falta de energia elétrica. Queima de equipamentos Ronald Quene O consumidor tem direito a ser ressarcido de prejuízos decorrentes de falta de energia elétrica, quando isso ocasionar danos em equipamentos. O pedido de ressarcimento do equipamento danificado deve ser feito à concessionária de energia no prazo de 90 dias da ocorrência, por telefone, internet, ou pessoalmente, obtendo-se o número de protocolo do pedido. As regras acima estão previstas nos normativos da Aneel (RN 499/12; RN 414/10 e RN 360/09) e no site do Procon (www.procon.sp.gov.br). Saiba dos seus direitos, procure um advogado. Ronald Quene é bacharel em Direito
Tecnologia
Direito do Consumidor
Comportamento
Sergio Ricciuto Conte
somos tomados como possíveis ladrões, na medida em que temos as sacolas lacradas para podermos entrar nas lojas e ninguém questiona ou reclama, é “normal”. Outro dia, ao entrar numa loja, me neguei a ter a sacola lacrada e quis conversar com a gerente. Diante dela, questionei: “quantos clientes entram por dia e levam algo sem pagar?” Ela me respondeu que, às vezes, nenhum, que na verdade raramente tinha acontecido. Então, qual é o sentido dessa atitude absurda? Mesmo que a porcentagem fosse maior, deveríamos nos conformar de sermos tomados por “ladrões”, assumindo a desonestidade de uns poucos? É preciso quebrarmos esse ciclo, interrompermos essa roda-viva e nos colocarmos como pessoas dignas de confiança. Lutarmos pelo direito de sermos respeitados e tratados como pessoas confiáveis e, evidentemente, de fato o sermos. Assumirmos posturas idôneas, nas quais a palavra tenha peso de compromisso, em que não esteja em primeiro lugar o prazer e conforto de cada um, mas sim o bem comum, o real compromisso de pôr em prática aquilo que é correto, ético, adequado. Por outro lado, confiarmos nos demais - na escola, na oficina mecânica, no prestador de serviço, na empregada, e promoveremos o “efeito da confiança” - Como tomamos mais cuidado para não decepcionar aquele que demonstra confiar em nós, não é mesmo? Desse modo, iremos gerar outro ciclo - o do resgate da confiabilidade. Evidentemente erros acontecerão, tanto de nossa parte como da
dos demais. Em alguns momentos, nos sentiremos enganados, porém, responde por isso aquele que enganou, que cometeu o erro. Portanto, fiquemos tranquilos se eventualmente formos vítimas de uma “enganação”, pois mais perde aquele que a provocou.
Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é fonoaudióloga, educadora, Mestre em Distúrbios da Comunicação pela PUC-SP, especialista em linguagem, e coordenadora pedagógica da Escola de Educação Infantil Pedrita.
Ansiedade Digital Pedro Paulo de Magalhães Oliveira Jr. A velocidade nas comunicações é algo que facilita muitos aspectos da nossa vida, mas que também tem seu lado negativo. Um dos aspectos negativos é a ansiedade criada pela urgência. A ansiedade é este sentimento difuso de medo de algo que não conseguimos localizar e, para explicar como isso pode ser amplificado pela velocidade de comunicação, conto uma breve história. Rebeca é uma universitária que está namorando Tomás. Na semana passada, eles brigaram e agora Rebeca quer se reconciliar, mas, em vez de telefonar, manda uma mensagem via WhatsApp, dizendo: “queria falar com você”.
Devido à tecnologia, Rebeca sabe quando Tomás recebeu a mensagem e fica aguardando uma resposta. Passa um minuto, passam cinco minutos e a ansiedade começa a crescer: “será que ele não quer mais saber de mim?”. Passam 10 minutos. “Será que ele decidiu me ignorar?” Passa meia hora. Rebeca já não consegue mais se concentrar no trabalho, cada vez que seu celular vibra há uma urgência de olhar a tela. Será a resposta? Cada minuto, cada vibração do celular, faz aumentar a angústia. Chega a noite, um dia de trabalho arruinado e uma mistura de ansiedade e raiva toma conta dela.
No dia seguinte, ela recebe um buquê de flores com uma mensagem: “Desculpe, esqueci o celular no taxi e só vi há pouco sua mensagem”. A velocidade nas comunicações é uma grande ferramenta, mas não quando ficamos escravos dessa velocidade e deixamos a imagi-
nação preencher os minutos até uma resposta. Sofre-se inutilmente e deixa-se de fazer muitas coisas importantes. Pedro Paulo de Magalhães Oliveira Jr. é Engenheiro pela PUC-Rio e Doutor em Medicina pela USP. Atualmente ocupa o cargo de Diretor de Operações da Netfilter.
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Destaques das Agências Nacionais
Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com
Pastoral da Juventude realiza 11º Encontro Nacional Acontece em Manaus (AM), até o dia 25, o 11º Encontro Nacional da Pastoral da Juventude (ENPJ), tendo como lema “No encontro das águas, partilhamos a vida, o pão e a utopia”, e como iluminação bíblica João 1, 3839: “Mestre, onde moras? Vinde e Vede.” Participam do Encontro mais de 600 jovens e assessores da Pastoral
da Juventude de todos os 18 regionais da Igreja do Brasil, além de aproximadamente mais 600 voluntários jovens, assessores e amigos da PJ da Arquidiocese de Manaus e do Regional Norte I, que estão servindo nas equipes locais de acolhida, ambientação, alimentação, bem-estar/saúde, comunicação, cultura, finanças, hospedagem, infraestru-
tura, lojinha, limpeza, liturgia/mística, missão, passeio, secretaria e transporte. Para dar conta de acolher esses jovens, foram mobilizadas 270 famílias em 34 paróquias e áreas missionárias, que abrirão suas casas para hospedar os participantes do 11º ENPJ. Na Paróquia Menino Jesus de Praga serão hospedado 54 delegados. A Ana Paula Gioia/ENPJ
Mais de 600 jovens e assessores da Pastoral da Juventude participam do 11º ENPJ, em manaus (AM)
Espiritanos reelegem Provincial do Brasil Religiosos da Congregação do Espírito Santo (Espiritanos) reunidos no Capítulo Provincial Eletivo, em Brasília, entre os dias 7 a 14, reelegeram na tarde de quinta-feira, 8, como Superior Provincial do Brasil, em primeiro escrutínio, o Padre Altevir da Silva. Para o provincial reeleito, a eleição e o capitulo geral significam “o reconhecimento dos próprios confrades, do trabalho de todo o conselho durante estes três anos, durante o qual centramos força na dimensão missionária e na relação comunitária, por meio de visitas, pois
a vida comunitária ajuda a viver a missão e esta, sendo vivida de forma comprometida, nos ajuda na vivência comunitária. É sinal – acrescentou – que eles sentem necessidade de dar continuidade a este processo”. A Congregação do Espírito Santo está em cinco continentes, em 56 países. No Brasil, chegou em 1885, em Belém do Pará, por meio de sete espiritanos franceses. Mas, foi em 1990, que nasceu a Província no Brasil, tendo como seu primeiro Superior Provincial, Dom Mosé João Pontelo. Fonte: CRB Nacional
jovem Luanna Kháris partilha: “neste encontro, queremos que os jovens possam se sentir bem acolhidos e amados por Deus e pela Igreja de Manaus e assim possam gerar frutos de vida no amor e na alegria”. A abertura do Encontro aconteceu na tarde do domingo, 18, com uma missa campal, no Anfiteatro da Ponta Negra. Segundo a secretária nacional da PJ, Aline Ogliari, “a expectativa é que esse encontro seja um profundo marco em nossa história pastoral. Que ele traga novos ares, fortaleça nossa identidade, e que sejamos capazes de, cada vez mais, ler e acolher os sinais dos tempos, traduzindo em experiências cada vez mais proféticas do anúncio e testemunho do Reino”. O Encontro terá mesa de debate, seminários, noites cul-
turais, partilha com as famílias. Porém, a equipe de coordenação destaca o passeio ao encontro das águas e a missão jovem. A missão acontecerá em 48 locais, nas estradas, comunidades indígenas, ribeirinhas e na área urbana do centro e periferia. No fim do encontro, como gesto concreto, a PJ fará um ato político. Segundo Matheus Fernandes, da coordenação nacional da PJ pelo Rio Grande do Sul, será um ato pela “reforma política. A política deve ser serviço e então é momento de renovação para que não sirva a interesses particulares e sim a toda sociedade. Assim podemos nos manifestar enquanto jovens cristãos conscientes, por uma reforma política que garanta, de fato, as políticas públicas e um sistema político mais limpo”. Fonte: Equipe de comunicação do 11º ENPJ
Curso de atualização para presbíteros acontece até dia 25 Desde o dia 5 de janeiro, 24 presbíteros de diversos lugares do País estão participando do Curso de Atualização para Presbíteros, oferecido pela Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB. O curso prossegue até o dia 25, em Cachoeira do Campo (MG). A aula inaugural foi ministrada pelo presidente da comissão e arcebispo de Palmas (TO), Dom Pedro
Brito Guimarães. Entre os assuntos abordados no decorrer do curso estão a vida humano-afetiva do sacerdote; questões éticas e morais; a vida espiritual do presbítero, animação bíblico-pastoral; análise de conjuntura eclesial e ainda a comunicação e evangelização pelas redes sociais. O curso já apresentou uma nutricionista e uma fisioterapeuta, que falaram sobre as respectivas áreas para a saúde do padre. Até
o final do encontro, um cardiologista também abordará a saúde do presbítero sob a sua especialidade. Os participantes, que têm aproximadamente dez anos de ministério, estão divididos em quatro grupos de serviço e convivência, sob o nome dos quatro evangelistas: Mateus, Marcos, Lucas e João. Diariamente, os grupos assumem a liturgia, o lazer, esporte, a comunicação e a partilha de vida. Fonte: CNBB
Cristãos, Judeus e Muçulmanos dizem não à violência em nome de Deus “Nós, Sheik Houssam al Boustani, do Instituto Futuro, representante da religião Islâmica, Cônego José Bizon, diretor da Casa da Reconciliação, da Igreja Católica, e Raul Meyer, diretor da Federação Israelita do Estado de São Paulo, condenamos veementemente toda e qualquer forma de violência praticada em nome de religiões, e confirmamos nosso compromisso em favor da paz, do respeito, da liberdade religiosa, cultural e de
expressão sem injúria, convidando a todas as pessoas de fé e de boa vontade a sermos juntos construtores de uma cultura de paz”. Assim se manifestaram as lideranças religiosas, em nota no início da semana. “Nosso País recebeu, e continua acolhendo pessoas de diferentes etnias, culturas e religiões, as quais vêm contribuindo para o seu progresso, desenvolvimento e cultura. Isso nos mostra que o Brasil é um exemplo
de boa convivência e de respeito ao diferente”, consta em outro trecho da nota. Também no início da semana, o Cônego Bizon e o Rabino Michel Schlesinger divulgaram nota conjunta em que apontam que a liberdade de expressão e a liberdade religiosa são direitos fundamentais que devem ser respeitados. “A Comissão do Diálogo Católico-Judaico pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil)
quer expressar o seu repúdio ao ataque terrorista contra os escritórios da Revista parisiense Charlie Hebdo, que levou ao assassinato de jornalistas e policiais. Também manifestamos nossa aversão ao ataque ao hiper casher, que terminou com o assassinato de judeus, comprometendo a paz do povo como um todo. Reiteramos que rejeitamos toda e qualquer manifestação antissemita”. Fonte: Casa da Reconciliação
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Destaques das Agências Internacionais
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Vietnã
Cardeal Fernando Filoni faz visita ao País O Cardeal Fernando Filoni, Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos está em visita pastoral ao Vietnã até a próxima semana. Ele se encontrará com bispos, sacerdotes, religiosos, religiosas, seminaristas e leigos. Na quartafeira, 21, o Cardeal visitará uma paróquia na Diocese
de Hung Hoa, caracterizada pela presença de minorias étnicas, e na quinta-feira, 22, irá ao Santuário mariano de La Vang, onde Nossa Senhora apareceu, em 1798, a fim de confiar à Virgem o caminho da evangelização no mundo e, em particular, no Vietnã. Na sexta-feira, 23, o Pre-
feito da Congregação para a Evangelização dos Povos visitará a paróquia de Hoi An, cidade mais antiga do Vietnã com mais de 400 anos de Cristianismo. Ele celebrará no centro pastoral de Da Nang a missa pelos 50 anos da diocese, concluindo, assim, dois anos de jubileu (2013-2015), e os 400 anos
da evangelização do Vietnã. Durante a celebração, administrará os sacramentos da iniciação cristã a cinquenta catecúmenos adultos. No dia seguinte, 24, o Cardeal Filoni presidirá uma missa solene na Catedral de Xuan Loc, no 50º aniversário desta Diocese, que se preparou para o evento com um
Níger
lojas e outras propriedades de não muçulmanos foram saqueadas. Uma delegacia de polícia e o centro cultural francês também foram atacados. Um dos manifestantes, Amadou Abdoul Ouahab, afirmou à Reuters:
“Eles ofenderam o nosso profeta Maomé, é disso que nós não gostamos”. Antes do atentado ao Charlie Hebdo, a tiragem do jornal era de 60 mil exemplares. Na semana seguinte,
devido à demanda extraordinária, 7 milhões de cópias estavam sendo impressas. O presidente do Níger participou da marcha republicana em Paris, em protesto contra o atentado. Fontes: Reuters/ BBC/ Libération Foto: AFP
Violência toma conta das ruas de cidades do Níger após nova publicação do jornal Charlie Hebdo
Estados Unidos
Milhares marcham em Los Angeles pela dignidade da vida humana Milhares de pessoas se reuniram no sábado, 17, em uma marcha pela dignidade da vida humana, da concepção à morte natural. O evento começou em La Placita Olvera, local histórico de fundação da cidade de Los Angeles. Após uma oração conduzida pelo Arcebispo José H. Gomez, a multidão começou sua marcha pela cidade. Entre outras organizações, o evento contou com o apoio de diversas dioceses norte americanas. Ethan Southard, um seminarista de Camarillo que já participou de
diversas manifestações pela vida e esteve presente na passeata, afirmou: “É realmente maravilhoso. O que eu mais gosto nesta aqui é a inclusão de toda vida humana, da concepção à morte natural”. Dom José Gomez resumiu assim o objetivo do evento: “Aos olhos de Deus, ninguém é um estranho. E não existem vidas que não valham a pena, que nós possamos deixar para trás ou jogar fora. Essa é a mais bela verdade, que estamos aqui hoje para celebrar”. Fonte: CNA
Fonte: Fides (redação: Daniel Gomes)
Líbia Estado Islâmico sequestra 21 cristãos
Manifestantes muçulmanos queimam igrejas em protesto contra Charlie Hebdo Dez dias após o atentado em Paris, que matou 12 pessoas na sede do jornal Charlie Hebdo, a violência tomou conta das ruas no Níger. Em resposta à nova edição do Charlie, publicada na quarta-feira, 14, em que Maomé aparece chorando com uma placa “Eu sou Charlie”, manifestantes tomaram as ruas em protestos violentos em diversos países, como a Argélia, o Níger e o Paquistão. Na capital e na segunda maior cidade do Níger – Niamei e Zinder – a violência afetou sobretudo os cristãos. Apenas 0,4% da população é cristã, num País em que 99% das pessoas são muçulmanas. A violência começou na sexta-feira e continuou no sábado. Dez pessoas foram mortas, algumas das quais queimadas dentro de igrejas. Além das diversas igrejas queimadas, casas de cristãos,
programa pastoral de cinco anos centralizado na família. No domingo, 25, presidirá missa na Catedral de Saigon, seguida do encontro com os sacerdotes, religiosos, religiosas e leigos, a visita ao Seminário Maior St. Joseph e a um lugar missionário, concluindo a visita pastoral.
O braço do grupo Estado Islâmico na Líbia afirmou ter sequestrado 21 cristãos no País. Há relatos conflituosos sobre os detalhes do incidente, mas, ao que tudo indica, trata-se de cidadãos egípcios, provavelmente cristãos coptas. Dezenas de milhares de egípcios trabalham na Líbia, principalmente no setor de construção. Desde a revolta que levou à morte o antigo ditador Muamar Kadafi, a Líbia sofre na mão de milícias e “governos” rivais que lutam pelo poder. Não é a primeira vez que a violência afeta os cristãos: em fevereiro do ano passado foram encontrados os corpos de sete cristãos egípcios baleados próximos à segunda maior cidade do País, Bengazi. Fontes: CNA/ The Guardian
Filipinas
Papa Francisco: ‘redefinição do casamento ameaça a família’ Em sua viagem às Filipinas, o Papa falou às famílias reunidas em Manila, pedindo que deem o exemplo e sejam testemunhas proféticas em um mundo que enfrenta ataques à família e à vida: “toda ameaça à família é uma ameaça à própria sociedade”, disse. O Papa afirmou que “a família também é ameaçada pelos esforços crescentes de alguns para redefinir a instituição do casamento, pelo relativismo, pela cultura do efêmero, pela ausência de abertura à vida”. A viagem do Papa Francisco às
Filipinas já pode contar com um recorde: entre 6 e 7 milhões de pessoas estiveram presentes à missa campal celebrada pelo Santo Padre, debaixo de chuva. Trata-se do evento com o maior número de pessoas já presidido por um pontífice. As Filipinas são um dos dois países da Ásia de maioria cristã (o outro é o Timor Leste): dos 100 milhões de habitantes, mais de 80% são católicos. Nos anos recentes, o País tem sofrido sucessivamente com terremotos, ciclones e outros desastres naturais. Fonte: CNA
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A última ao cadafalso História romanceada sobre a vida e o martírio das carmelitas do convento de Compiègne durante os dias sangrentos da Revolução Francesa. Novela de leitura apaixonante que é uma lição de fidelidade. Com esta obra de Gertrud von le Fort, a Quadrante oferece ao leitor uma novela histórica de primeira ordem que, na versão para o teatro, feita por Georges Bernanos sob o título de Diálogo das Carmelitas, conheceu enorme sucesso. A autora, Doutora honoris causa pela Universidade de Munique, falecida em 1971, foi romancista, ensaísta e poetisa de “mão-cheia”. Nesta pequena obraprima, “A última ao cadafalso”, baseada no episódio real do martírio das 16 carmelitas de Compiègne guilhotinadas durante a Revolução Francesa, criou um conjunto de personagens femininas inesquecíveis. Com Blanche de la Force, mergulhamos no íntimo do coração humano, na sua fragilidade e no seu heroísmo. Com Maria da Encarnação, aprendemos a conhecer e a admirar a nobreza de espírito, que no entanto precisa ser refundida ao
Invencível
Cinema
Dica de leitura
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calor da chama do Espírito Santo para ganhar dimensão divina. E na Madre Lidoine, vemos unirem-se a prudência com o senso do sobrenatural, num equilíbrio sereno e firme. Nesta edição, acrescentaramse dois estudos indispensáveis para a plena compreensão da obra. Um descreve as relações entre a Revolução Francesa e a Igreja, marcadas por uma dura perseguição e repletas de episódios duríssimos; o outro narra os acontecimentos autênticos do martírio das bem-aventuradas carmelitas de Compiègne tal
como foi possível reconstituí-los a partir dos recentes estudos históricos. Tanto a novela como a História nos ensinam toda uma lição de fidelidade. Leitura apaixonante, tese magistral de psicologia, panorama de um dos mais significativos períodos da modernidade, este livro é dos que nos falam diretamente ao coração. Ficha técnica: Autor: Gertrud von le Fort Páginas: 152 Editora: Quadrante
“Tudo pode ser tirado de um homem, exceto uma coisa, a última das liberdades humanas: escolher a sua própria atitude em quaisquer circunstâncias”, ensinava o psiquiatra judeu Viktor Frankl, sobrevivente de um campo de concentração nazista. “Invencível” conta a história real de um jovem esportista olímpico norte-americano que, lutando pelo seu país durante a segunda guerra mundial, sobrevive à queda de seu avião em alto mar para se tornar prisioneiro de guerra do Japão. É uma história de luta, coragem e esperança, mas também de perdão. Louis Zamperini, depois dos anos de cativeiro, costumava ter pesadelos em que estrangulava seus antigos carcereiros e, tentando esquecer suas experiências como prisioneiro, teve problemas com o álcool. Por influência de sua esposa evangélica e lembrando-se de suas preces enquanto prisioneiro, decide entregar sua
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vida ao serviço de Cristo, tornando-se um famoso pregador. Louis conta que, quando conseguiu perdoar seus antigos carcereiros, seus pesadelos acabaram. Ele foi ao Japão para encontrá-los pessoalmente e apertou a mão de vários deles. O filme é focado no período entre a sua captura e o fim da guerra, com alguns flashes de sua infância e vida esportiva. Portanto, sua conversão após a guerra não aparece, exceto de forma resumida nas notas finais. Ainda assim, trata-se de uma história emocionante de perseverança e autossuperação.
espaço do leitor Francisco está novamente na Ásia (edição 3034) “É sempre bom ver o Papa Francisco! Espalhando alegria”. Dom Milton Kenan Júnior, bispo de Barretos (pelo Facebook).
“Aprendemos muito com Papa Francisco e ouvi do Padre Julio Lancelotti que o ‘Papa Francisco visita as periferias do mundo’... Nossas orações ao Papa Francisco”. Maria Lúcia Baptista (pelo Facebook)
Como entender e se organizar diante dos aumentos do início do ano? (edição 3034, páginas 11 a 14) “As matérias ficaram ótimas!
Vou utilizar em sala com meus alunos para discutir a formação de preços em diferentes mercados!”. Cristina de Mello (por e-mail)
Redação do jornal O SÃO PAULO. Endereço: Avenida Higienópolis, 890, São Paulo (SP), CEP. 01238-000. E-mail: osaopaulo@uol.com.br Twitter: @JornalOSAOPAULO Facebook: Jornal O SÃO PAULO
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Kung Fu: corpo, mente e atitudes em equilíbrio Luciney Martins/O SÃO PAULO
Interesse dos jovens A prática do Kung Fu WuShu foi introduzida no Brasil na década de 1960, inicialmente voltada para a comunidade de imigrantes chineses, que passaram a ensinar esse esporte também para os brasileiros. O crescimento da modalidade levou à fundação da Confederação Brasileira de Daniel Gomes danielgomes.jornalista@gmail.com Kung Fu WuShu (CBKW), em 1992. “O Kung Fu é uma arte marcial bem Uma prática milenar surgida na Chiconsolidada no Brasil. Temos mais de 100 na ganha a cada dia mais adeptos em São mil participantes desse esporte”, detalha Paulo: o Kung Fu, que pode ser treinado Fábio. em 21 espaços esportivos da cidade (veja Nos últimos anos, tem aumentado o relação abaixo), por meio do Programa número de jovens brasileiros que praticam Temático de Artes Marciais, mantido pela Kung Fu, tanto assim que nos Jogos Olímpicos da Juventude, em 2014, em Nanjing, Prefeitura. na China, o Brasil enviou dois represen“O Kung Fu é uma das artes marciais tantes: Bruna Ellen, campeã brasileira e mais antigas do mundo. Suas origens remetem aos templos na China, aos quarsul-americana, para as provas de sanshou téis militares e às vilas camponesas. Hoje (combate), e Daniel Chen, campeão sulamericano e pan-americano, para as comem dia, há uma predominância dos estilos militares. Devido à série de guerras petições de taolu (sequência de movimentos com fundamentos marciais). que a China teve, os camponeses foram “O Kung Fu é um esporte completo, sendo absorvidos pelos militares, então, além de esporte serve como filosofia, só muito dos estilos camponeses estão nos traz benefícios. Por isso, é fácil chamar quartéis, e é isso que foi trazido aqui para o jovem para treinar Kung Fu, porque o o Brasil. Também existem os estilos de templo, aqueles praticados por monges Integrantes da Liga Garra de Águia de Kung Fu durante apresentação da modalidade em São Paulo jovem hoje não está procurando só violência ou alguém para trocar tapa”, opina que desenvolviam filosofias que combinavam arte marcial com a prática do Ta- marcial como esporte e também para po- corpo e a mente”, garante Fábio, integrante Fábio. oísmo ou Budismo”, explicou, ao O SÃO der se defender, mas a principal motivação da Liga Garra de Águia, que ensina o Kung Podem participar das atividades de PAULO, Fábio José de Melo, 37, prepara- do treino de Kung Fu é para ter uma filoso- Fu tradicional (a partir de artes marciais Kung Fu oferecidas pela Prefeitura de São fia de vida, é um esporte para fortalecer o comprovadamente chinesas). dor de Kung Fu. Paulo crianças a partir de 4 anos de idade, Uma prática que em uma de mas é necessário que o interessado tenha carteirinha nos centros suas derivações, o WuShu, envolve ações como socos e chutes esportivos municipais. Para fazêLocais para a prática gratuita do Kung Fu em São Paulo la, basta comparecer a um centro pode parecer, a princípio, algo Centro Zona Sul Zona leste esportivo com o RG, uma foto violento, mas tudo é feito com a CE Tietê; CE Santo Amaro; CE Vila Guarani; CE Guaianases; CE José Bonifácio; 3x4, comprovante de residência devida técnica para que os parEstádio Municipal Jack Marin (Acli- CE Tiradentes; CE Ermelino Mataticipantes não se agridam, mas e atestado médico indicando que Zona Norte mação); CE Ibirapuera; razzo; CE Vila Curuçá; CE Juscelino sim treinem a defesa pessoal e o não há restrição à prática esporCE Vila Maria; CE Vila Guilherme; Kubistchek; CEU Aricanduva; CEU tiva. As turmas são mistas e não autocontrole. CE Santana; CE Jardim São Paulo; Zona Oeste Formosa; CEU Azul da Cor do Mar; CE Butantã; CE Pirituba; CEU Rosa da China. há limite de idade. As aulas têm “O praticante de Kung Fu uma hora de duração e acontenão é treinado para brigar. Ele Os endereços completos dos centros esportivos podem ser consultados em: http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/esportes/clube_escola/ cem duas vezes por semana. é treinado para disfrutar da arte
Esporte surgido na China pode ser praticado em 21 espaços esportivos em São Paulo
MUNDO DOS ESPORTES
AGENDA ESPORTIVA Quarta-feira (21)
Kung Fu • As origens desta prática milenar remontam à sociedade chinesa. Inicialmente, foi adotada como técnica para caça, gradualmente passou a ser utilizada em conflitos tribais, depois como técnica militar de guerra, até chegar ao nível atual para entretenimento, defesa pessoal e competição esportiva.
• Em 1990, foi fundada a Federação Internacional de WuShu (IWUF). No ano seguinte, aconteceu o primeiro campeonato mundial da modalidade.
• O Kung Fu WuShu, adotado em competições esportivas, é assim definido pelas autoridades esportivas chinesas: “Modalidade cujo conteúdo principal é constituído por movimentos de ataque
• Em 1992, surgiu a Confederação Brasileira de Kung Fu Wushu (CBKW), mas a prática deste esporte foi trazida para o Brasil bem antes, na década de 1960, pelos imigrantes chineses.
e defesa e que se expressa através de rotinas (taolu) e de combate (sanshou/ sanda), visando tanto o aperfeiçoamento físico como espiritual”.
• O Kung Fu WuShu esteve como esporte demonstração na Olimpíada de 2008, em Pequim, e também nos Jogos Olímpicos da Juventude, em Nanjing 2014, ambos realizados na China. • Apesar de ser um esporte de intenso contato, nos combates do Kung Fu WuShu não são permitidas ações como: joelhadas e cotoveladas na cabeça do oponente; morder ou cuspir no adversário; golpear com a cabeça; e golpes direcionados à nuca, olhos, espinha dorsal, garganta, genitais, articulações e parte interior das coxas.
Liga Nacional de Basquete 19h – Pinheiros x Limeira (Ginásio do Pinheiros – rua Hans Nobling, s/nº, Jardim Europa).
Sexta-feira (23)
Liga Nacional de Basquete 20h – Pinheiros x Rio Claro (Ginásio do Pinheiros).
Sábado (24)
Liga Nacional de Basquete 18h – Paulistano x Bauru (Ginásio do Paulistano – rua Colômbia, 77, Jardim América).
Domingo (25)
Ciclismo 8h – Pedalada de Aniversário – São Paulo 461 anos (largada na Avenida Paulista em frente ao MASP) *Inscrições em www.minhasinscricoes.com.br 10h - Final da Copa São Paulo de Futebol Júnior (Estádio do Pacaembu) *horário sujeito a mudanças
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Santana
Diácono Francisco Gonçalves
Colaborador de comunicação da Região
‘Viver o passado com gratidão, o presente com paixão e o futuro com esperança’ Diácono Francisco Gonçalves
Dom Sergio junto às Irmãs Paroquiais de São Francisco, no encerramento da assembleia da Congregação
Com missa presidida, no dia 14, por Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, a Congregação das Irmãs Paroquiais de São Francisco encerrou sua 7ª Assem-
bleia Geral Ordinária, em São Paulo. Dom Sergio, na homilia, lembrou que muitas vezes o tempo de reflexão, como as irmãs estavam realizando, não é valorizado tanto porque
as pessoas se preocupam mais com as atividades pastorais, mas esse tempo é necessário para verificar a caminhada e traçar os melhores caminhos. “Hoje, terminamos a 7ª Assembleia, onde queremos
caminhar com a Igreja ainda mais neste ano da vida consagrada, em que o Papa Francisco convida as consagradas e consagrados a viverem o passado com gratidão, o presente com paixão e o futuro com esperança”, disse Irmã Dirce Camilo de Oliveira, Superiora Geral. Essa caminhada para essa comunidade se iniciou, em 8 de dezembro de 1953, quando Frei Ático Francisco Eyng. OFM, pároco na cidade de Nilópolis (RJ), na Diocese de Barra do Piraí, teve o desejo de ter irmãs que o ajudassem na missão pastoral e paroquial. Para a concretização desse sonho, ele contou, desde o início, com a ajuda de duas jovens, Maria da Glória Monteiro e Ruth Maria de Oliveira, que abraçaram a vida religiosa. Após seis meses, a
nascente obra foi surpreendida pela morte de Irmã Ruth, mas a Irmã Maria da Glória, que hoje vive na sede de São Paulo, aos 92 anos, deu continuidade à obra, que cresceu em número e em vários locais. Em 1970, por interesses congregacionais, a sede foi transferida para a Arquidiocese de São Paulo. Nesses 61 anos, a congregação atuou no Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Maranhão e Ceará. Hoje, as Irmãs estão presentes com casas em Lauzane Paulista e Vila Rosa, na capital paulista; Bonsucesso, em Guarulhos (SP); Januária e Miravânia, em Minas Gerais, e em Brejo de Areia (MA). Outras informações sobre a Congregação estão no site http://www.irmasparoquiais. org.br/
Pastoral Carcerária e Aliança de Misericórdia levam esperança às prisões Aconteceu na Penitenciária Feminina de Santana, de 15 a 19 de dezembro, a “Semana Missionária nos Presídios”, organizada pela Pastoral Carcerária da Região de Santana e por missionários da Comunidade Aliança de Misericórdia, em preparação para o Natal. Estiveram junto com a Pastoral, aproximadamente 30 missionários, que visitaram todas as dependências dos presídios, levando às mulheres encarceradas momentos de paz, ora-
ção e profunda reflexão, por meio de palestras, dinâmicas e diálogos. O encerramento da missão ocorreu em 20 de dezembro, com a presença de Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, que atendeu a inúmeras confissões sacramentais e presidiu missa. Na semana seguinte, no dia 23, o Bispo retornou à Penitenciária Feminina para celebrar a missa de Natal para os funcionários e diretores do presídio, acompanhado, mais uma
vez, por agentes da Pastoral Carcerária regional, que todos os sábados realizam trabalho religioso e humanitário nessa que é a maior penitenciária feminina da América Latina, com 2.407 detidas. A Pastoral Carcerária também organizou missa natalina na Penitenciária Feminina da Capital, outro presídio que mantém cerca de 800 presas estrangeiras. Durante a semana, foi ainda celebrada missa no Hospital Penitenciário, que recebe pre-
sos doentes de várias partes do País. “Quero convidar a todos que tenham o desejo de conhecer melhor este trabalho pastoral voluntário a me contatarem para que, se possível, possam nos ajudar com este belo e desafiador trabalho pastoral”, afirmou Eliana Rocha, coordenadora da Pastoral Carcerária da Região Santana. Os contatos da Pastoral são: (11) 29915335, para recados; (11) 98404-7152 ou pelo e-mail pastoralcarceraria.santana@gmail.com.
Há 74 anos, São Benedito intercede pela Casa Verde
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Na Casa Verde, bairro antigo da Região Santana, que possui a maior incidência de população negra, anualmente, no segundo domingo de janeiro, a comunidade se reúne na Paróquia Nossa Senhora das Dores para comemorar a festa de São Benedito, com missa e procissão pelas ruas em torno da igreja. Essa devoção ao santo siciliano de origem etíope fez surgir, em 1941, a Irmandade de São Benedito, com componentes oriundos das várias famílias que haviam se mudado do centro da cidade de São Paulo para aquele bairro que estava com preços mais baixos em seus imóveis. A festa de São Benedito
José Afonso Narciso
Segundo domingo de janeiro é dedicado a São Benedito na Casa Verde
começou também como uma forma de congraçamento das famílias, pois, após a missa, elas reuniam para almoço as pessoas que haviam participado da organização da festa, como a banda que havia toca-
do na missa. Com o tempo, o número de convidados foi crescendo e as ruas ao redor do templo, se tornaram parte do local do almoço. Hoje, a Irmandade é presidida por Carlos Egídio Silveira.
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Fernando Geronazzo
Colaborador de comunicação da Região
Sé
Recém-ordenado, Padre Pedro é o novo vigário da Paróquia Santa Cecília A Paróquia Santa Cecília acolheu no domingo, 18, o novo vigário paroquial, Padre Pedro Augusto Ciola de Almeida, que foi apresentado em missa presidida pelo arcebispo de São Paulo, o Cardeal Odilo Pedro Scherer. Aos 31 anos, Padre Pedro foi um dos seis sacerdotes ordenados no dia 6 de dezembro na Catedral da Sé e, agora, irá colaborar com o pároco, o Cônego Alfredo Nascimento Lima. Padre Pedro assume a nova missão em um período especial para a Paróquia, que em 24 de março completará 120 anos de criação.
Volta às origens Referindo-se à primeira leitura proclamada na missa, que narra o chamado de Deus a Samuel, o Cônego Alfredo recordou que foi na Paróquia Santa Cecília que o Padre Pedro ouviu pela primeira vez o
chamado divino para o sacerdócio. “Estudante de Engenharia Elétrica na Universidade Mackenzie, o jovem Pedro descia, de segunda a sexta-feira, na estação Santa Cecília do Metrô e passava ao lado da igreja. Até que um dia ele ‘ouviu de a voz de Deus’ de dentro do templo. Dez anos depois, Dom Odilo vêm trazê-lo para a nossa comunidade”, disse o Cônego, manifestando a alegria em acolher o Padre na Paróquia. “Depois que eu ingressei no seminário, fazia 10 anos que não entrava nesta igreja. Por isso, quando entrei aqui novamente passou um filme em minha mente das vezes em que vim aqui rezar o Terço e ler a Bíblia, quando tinha horários vagos na faculdade. Por isso, vejo como um desígnio da providência de Deus terem me confiado a missão de vigário paroquial aqui nes-
Fernando Geronazzo
sa igreja”, manifestou o jovem padre, que agradeceu ao Arcebispo pela confiança.
Aprender sempre Em entrevista a O SÃO PAULO, na ocasião de sua ordenação, o então diácono Pedro destacou que a formação de um padre deve ser permanente. “Eu terminei a minha formação inicial, mas a formação de um padre nunca acaba. Com serenidade e com o auxilio da graça de Deus, espero exercer o ministério para ajudar as pessoas a se encontrarem com Deus, a se santificarem, para favorecer a construção de uma comunidade cristã fraterna e que se preocupe com os últimos”, propósito esse que o jovem sacerdote reiterou ao assumir sua nova missão. Orar pelas vocações Dom Odilo manifestou a alegria em apresentar o novo
Padre Pedro (em pé) é apresentado na Paróquia Santa Cecília, dia 18
padre e desejou-lhe um frutuoso início de ministério na Paróquia. Ele também rendeu graças a Deus pelas últimas ordenações presbiterais e aproveitou a ocasião para exortar os fiéis sobre a importância de se rezar pelas vocações sacerdotais e religiosas, bem como para que haja cristãos leigos comprometidos na sociedade. O Cardeal pediu, ainda, orações pelos dois novos bis-
pos auxiliares da Arquidiocese, nomeados em dezembro pelo Papa Francisco, os monsenhores Devair Araújo da Fonseca e Eduardo Vieira dos Santos, que serão ordenados nos dias 1º e 7 de fevereiro, respectivamente, sendo que um deles será designado vigário episcopal para a Região Sé, tomando posse neste ofício no dia 8 de fevereiro, às 15h, na Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, no Bom Retiro.
Brasilândia
Ana Lúcia Contarelli e Daniel Gomes Colaboradores de comunicação da Região
3 paróquias acolhem novos vigários e pároco Cinco padres foram apresentados em novas funções na Região Brasilândia, pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, no último fim de semana. No domingo, 18, o Arcebispo deu posse ao Padre José Renato Ferreira, 52, como pároco da Paróquia Santo Antônio, no Setor Nova Esperança. Ele terá a companhia do Padre Márcio Clay Chen, 58, apresentado como vigário paroquial. Atual diretor da rádio 9 de Julho, Padre José Renato anteriormente estava como pároco na Paróquia Nossa Senhora Mãe de Deus, no Setor Freguesia do Ó. Já o Padre Márcio
ocupava a função de vigário na Paróquia São José, em Perus. No sábado, 17, o Cardeal Scherer esteve na Área Pastoral Santo Antônio, no Setor Jaraguá, quando presidiu a missa de apresentação dos novos vigários paroquiais: Padre Rogério Valadares, 37, e Padre Rodrigo Aguiar Freitas, 33, ambos vocacionados da associação privada de fiéis Aliança de Misericórdia. Em 2014, enquanto diácono, Padre Rodrigo atuou nesta Área Pastoral. “Continuamente, me esforçarei para manter uma profunda comunhão sacerdotal com meus irmãos de presbitério e com nosso bispo”, declarou Padre
Rodrigo, em entrevista ao O SÃO PAULO, às vésperas de sua ordenação sacerdotal em dezembro. O Cardeal Scherer também apresentou, na sexta-feira, 16, o Padre Gleidson Luís de Sousa Novaes, 32, como vigário da Paróquia São José, em Perus. O sacerdote, natural de Caeté (MG), foi ordenado no ano passado. “Meus irmãos de presbitério podem esperar um padre missionário e pastor”, declarou à época, em entrevista. Durante a missa de apresentação, o Padre Cilto José Rosembach, pároco, lembrou que é importante o sacerdote ter um bom começo de trabalho pastoral.
Fotos: Arquivo pessoal
Padres José Renato e Gleidson são apresentados em igrejas na Região
“Isso repercutirá na vida sacerdotal para sempre. Perus acolhe o Padre Gleidson com carinho e fará o possível para que dê certo sua caminhada”, comentou o Paróco. Nas três missas, o Cardeal
Scherer comentou as principais atribuições dos padres em uma paróquia, desejou sucesso nas atividades que desenvolverão e pediu aos fiéis que rezem pelas vocações sacerdotais.
‘O importante não é ter muitos anos, é viver bem’ Na segunda-feira, 19, Dom Angélico Sândalo Bernardino, bispo emérito de Blumenau (SC), completou 82 anos de vida. Por conta disso, a Região Brasilândia, onde atuou como primeiro
bispo auxiliar, organizou um missa no domingo, 18, na Paróquia Santos Apóstolos, presidida pelo próprio Bispo. Dom Angélico, na homilia, enfatizou que Deus se manifesta de maneira
especial em todos os acontecimentos da vida e que as pessoas devem estar atentas ao chamado permanente que faz a cada um. O Bispo também se referiu à data
festiva. “Amanhã, irei completar 82 anos. O importante não é ter muitos anos, é viver bem. Vejo cada um e a cada uma de vocês com propósito de no dia a dia ser missionário de Jesus”, afirmou.
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Lapa
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Padre Antonio Francisco Ribeiro e Benigno Naveira
Colaboradores de comunicação da Região
Cardeal Scherer nomeia vigário geral e coordenador regional de pastoral Fotos: Pascom Lapa
Padre Antônio e Padre Rocha assumem novas funções na Região
O Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, nomeou na segunda-feira, 19, o Padre Jorge Pierozan, mais conhecido como Padre Rocha, como vigário geral da Região Lapa, e o Padre Antonio Francisco Ribeiro, como coordenador de pastoral da Região. As nomeações entram em vigor no dia 25. Dom Julio Endi Akamine acolheu com alegria a nomeação e agradeceu ao Padre João Carlos Borges pelos anos dedicados na função de vigário geral e ao Padre João Carlos Deschamps pelos trabalhos como coordenador de pastoral. Padre Jorge Pierozan atualmente é pároco da Paróquia
do Sagrado Coração de Jesus, no Setor Butantã, e coordenador da Pastoral dos Nômades da Arquidiocese de São Paulo. Padre Antonio é vigário paroquial da Área Pastoral São João Batista, no setor Butantã, assessor eclesiástico da Pastoral de Comunicação da Região Lapa, coordenador da Pastoral Universitária, Ensino Religioso e Educação da Região. O vigário geral é um padre escolhido pelo bispo diocesano, que delega poder ordinário para ajudá-lo no governo de toda a diocese e/ou região episcopal. De acordo com o Código de Direito Canônico, “compete ao vigário geral o poder executivo que, por di-
reito, pertence ao bispo diocesano, para praticar os atos administrativos, exceto aqueles que o bispo tenha reservado a si, ou que, pelo direito, requeiram mandado especial do bispo” (Cân. 479). A coordenação de Pastoral na Região é confiada a um padre, que deve animar e articular as pastorais regionais para que se atentem para a realidade e os desafios da evangelização, acompanhem as diferentes ações e os diversos serviços, possibilitando que a ação da Igreja responda aos apelos do povo de Deus para que haja uma caminhada pastoral marcada pela unidade, comunhão e participação.
Condomínio na zona oeste tem espaço para missas e reza do Terço Na manhã de domingo, 18, a reportagem da Pastoral da Comunicação da Região Lapa visitou a Comunidade Mãe Rainha, localizada no Condomínio Ilha do Sul, na área da Paróquia São João Bosco, no Setor Leopoldina. Participante da celebração da missa, no auditório Antonio Roberto Muller, presidida pelo Padre Sigmundo Tarnoreslci, a coordenadora da comunidade, Maria Inês Martinelli Sadler, falou à reportagem sobre o condomí-
Belém
nio, que é um clube privado dentro da cidade e um braço da Paróquia São João Bosco. A coordenadora esclareceu que a Comunidade Mãe Rainha, há oito anos, foi estabelecida oficialmente como comunidade da Paróquia, desenvolvendo um trabalho de evangelização, com quatro missionárias, que cuidam da zeladoria da imagem da Mãe Rainha Três Vezes Admirável de Schoenstatt, junto com 30 famílias cada uma, que em sua maioria moram no condomínio.
Luciney Martins/O SÃO PAULO
Celebração de 25 anos de sacerdócio de Dom Edmar será dia 21
A Comunidade arrecada alimentos e distribui cestas básicas nas várias entidades sociais na Região. Inês explicou, ainda, que o auditório Muller é reservado aos domingos pela manhã para a celebração da missa, prática que começou há cinco anos, por iniciativa do presidente do condomínio na época, Antonio Roberto Muller, já falecido. Nesse mesmo espaço, às segundas-feiras, às 19h, acontece a reza do Terço. Na terça-feira, é realizado um culto
Benigno Naveira
Fiéis após missa na Comunidade Mãe Rainha no Condomínio Ilha do Sul
evangélico no auditório, e às quartas-feiras, às 20h, o curso de Teologia Católica, para
a comunidade, ministrado pelos diáconos e seminaristas do Instituto Teológico Pio XI.
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| Análise
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Luciney Martins/O SÃO PAULO
Padre Tarcísio Marques Mesquita
Coordenador arquidiocesano de Pastoral
Em 25 de janeiro de 1554, portanto há 461 anos, nasceu onde hoje se localiza o conhecido Patteo do Collegio, a cidade de São Paulo, que, também, passa a ser nascedouro de contornos cada vez mais inesperados e complexos dos caminhos geográficos e históricos desta que viria a ser a quarta maior área urbana do planeta. A também então chamada Vila de Piratininga nasceu no alto refrescante de uma colina, em que os padres jesuítas decidiram se estabelecer para a evangelização dos indígenas. O frescor do lugar derivava tanto da altura quanto dos cursos d’água que compunham aquele que era um cenário exuberante: a confluência dos rios Tamanduateí e Anhangabaú. Hoje, circulando pela zona central da cidade, poucos paulistanos lembram-se ou até mesmo sabem da existência de três ribeirões: o Saracura, que nasce ao lado da Paulista, seguindo pela Nove de Julho, até se encontrar com o Itororó, que nasce e segue sob a avenida 23 de Maio, e o Bixiga, que circula por galerias sinuosas das ruas do bairro que recebe seu mesmo nome. Todos esses ribeirões juntam-se onde hoje é o Terminal Bandeira e, juntos, formam o rio Anhangabaú, que, por sua vez, segue pelo Vale (do Rio Anhangabaú) até desembocar no Tamanduateí. E não são somente esses os mananciais da cidade. Por incrível
São Paulo tem cerca de 300 cursos de água, sendo que pelo menos 90% destes estão cobertos
São Paulo, cidade dos Grandes Mananciais pareça, são por volta de 300 cursos d’água, sendo que pelo menos 90% estão cobertos, como os citados, pelo leito carroçável de grandes avenidas, ruas e empreendimentos imobiliários, como se fossem motivo de vergonha e empecilho para o crescimento metropolitano. Para nossa maior vergonha, outros cursos d’água ainda seguem a descoberto, recebendo, entretanto, a desonrosa qualificação de “esgotos a céu aberto”. Para não falar somente dos imensos recursos hídricos desperdiçados por todo o Município, é necessário pousar o olhar
sobre como também a cidade carece de atuação efetiva e amorosa para com seu povo no que tange seus recursos financeiros. Com um PIB de R$ 320 bilhões, São Paulo responde por 15% de toda a riqueza da América do Sul, deixando claro que não há o porquê duvidar de seu pujante e desigual crescimento. Esta cidade nasceu para reunir e congregar desde sua antiga e exuberante diversidade ecossistêmica à diversidade cultural e racial, que a torna uma das cidades mais multiculturais entre todas. Como não admirar que, em suas 3,2 mil padarias, a cada dia, sejam feitos
7 milhões de pãezinhos e, em seus 12 mil restaurantes, dos quais metade são pizzarias, consuma-se 1 milhão de pizzas diuturnamente? E mais: só poderia ser numa cidade, também tão japonesa, que o segundo alimento mais consumido fora de casa fosse o sushi, preparado em por volta de 17 mil unidades por hora. Vamos ainda mais longe no conhecimento da cidade, quando, lançando olhar sobre as suas riquezas naturais e econômicas, constatamos suas precárias condições ambientais e sociais. Não há dúvidas que falta à Capital Gastronômica do País o resgate de uma grande e inadiável dívida ambiental e social, particularmente no que tange aos milhões de desassistidos de políticas públicas referentes a, pelo menos, quatro grandes desafios: saúde, educação, moradia e transporte. Nem mesmo São Paulo, Padroeiro da Cidade, seria capaz de imaginar que emprestaria seu nome para um dos maiores centros urbanos do mundo. Com sua intercessão, roguemos que chegue o dia – e que não tarde! – em que tiraremos das sepulturas da indigência os mananciais desta vidade: suas grandes e salutares águas e sua sofrida e trabalhadora gente. Certamente, se vivesse nos dias atuais, São Paulo veria nossa cidade como sua nova Atenas, e não deixaria de percorrer seus areópagos para persistentemente dizer junto conosco: “Deus habita esta cidade imensa e tem amor pelo seu povo!”.
ATOS DA CÚRIA NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE VIGÁRIO GERAL Em 19 de janeiro de, foi nomeado e provisionado Vigário Geral da Região Episcopal Lapa, o Revmo. Pe. Jorge Pierozan, em decreto que entrará em vigor em 25 de janeiro. NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE COORDENADOR REGIONAL DE PASTORAL Em 19 de janeiro, foi nomeado e provisionado Coordenador de Pastoral da Região Episcopal Lapa, o Revmo. Pe. Antônio Francisco Ribeiro, em decreto que entrará em vigor em 25 de janeiro. PRORROGAÇÃO DE MANDATO Em 23 de dezembro de 2014, o Cardeal Odilo Pedro Scherer prorrogou o mandato de Presidente do Conselho Arquidiocesano da Renovação Carismática Católica da Sra. Maria Helena Soriano, por um período máximo de 6 (seis) meses, a partir de 1º de janeiro.
ENCARGO ESPECIAL Em 27 de dezembro de 2014, o Cardeal Odilo Pedro Scherer nomeou o Revmo. Pe. Luiz Fábio Alves Peixoto para atender os projetos sociais da associação privada de fiéis Aliança de Misericórdia e as necessidades espirituais e materiais de todas as pessoas assistidas nessas obras sociais. NOMEAÇÃO DE ASSISTENTE ECLESIÁSTICO Em 18 de janeiro, o Cardeal Odilo Pedro Scherer nomeou o Revmo. Pe. Ricardo Cardoso Anacleto para atuar como Assistente Eclesiástico “ad hoc” da 2ª sessão da IV Assembleia Ordinária do Movimento Aliança de Misericórdia, a realizar-se de 24 de janeiro a 1º de fevereiro. NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE VIGÁRIO PAROQUIAL Em 12 de dezembro de 2014, foi nomeado Vigário Paroquial da Paróquia Sagrado Coração de Jesus em Sufrágio das Almas, da Região Episcopal Sé, o Revmo. Pe. Michael dos Santos, MSC.
Em 23 de dezembro de 2014, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial da Área Pastoral Santo Antônio, da Paróquia Nossa Senhora das Dores, da Região Episcopal Brasilândia, o Revmo. Pe. Rogério Valadares da Silva, em decreto que entrou em vigor em 17 de janeiro. Em 23 de dezembro de 2014, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial da Área Pastoral Santo Antônio, da Paróquia Nossa Senhora das Dores, da Região Episcopal Brasilândia, o Revmo. Pe. Rodrigo Aguiar Freitas, em decreto que entrou em vigor em 17 de janeiro. Em 23 de dezembro de 2014, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, da Região Episcopal Santana, o Revmo. Pe. Antônio Pedro dos Santos, em decreto que entrou em vigor em 17 de janeiro. Em 23 de dezembro de 2014, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial da Paróquia Santíssima Trindade, da Região Episcopal
Belém, o Revmo. Pe. Éverton Augusto de Souza, em decreto que entrou em vigor em 1º de janeiro. Em 23 de dezembro de 2014, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial da Paróquia São José, da Região Episcopal Brasilândia, o Revmo. Pe. Gleidson Luís de Sousa Novaes, em decreto que entrou em vigor em 1º de janeiro. Em 23 de dezembro de 2014, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial da Paróquia Sant´Anna, da Região Episcopal Santana, o Revmo. Pe. Maércio Ângelo Pissinatti Filho, em decreto que entrou em vigor em 17 de janeiro. Em 15 de janeiro, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial da Paróquia Santa Cecília, da Região Episcopal Sé, o Revmo. Pe. Pedro Augusto Ciola de Almeida, em decreto que entrou em vigor em 18 de janeiro. Em 15 de janeiro, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial da Paróquia Santo Antônio, da Região Episcopal Brasilândia, o Revmo. Pe. Márcio Clay Chen, em
decreto que entrou em vigor em 18 de janeiro. NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE PÁROCO Em 6 de janeiro, foi nomeado e provisionado Pároco da Paróquia São Januário, da Região Episcopal Sé, o Revmo. Pe. Claudiomiro Bispo, pelo período de 6 (seis) anos. Em 6 de janeiro, foi nomeado e provisionado Pároco da Paróquia Santo Eduardo, da Região Episcopal Sé, o Revmo. Pe. José Enes de Jesus, pelo período de 3 (três) anos. Em 15 de janeiro, foi nomeado e provisionado Pároco da Paróquia Nossa Senhora Mãe de Deus, da Região Episcopal Brasilândia, o Revmo. Con. José Adriano, pelo período de 6 (seis) anos, em decreto que entrará em vigor em 24 de janeiro. Em 15 de janeiro, foi nomeado e provisionado Pároco da Paróquia Santo Antônio, da Região Episcopal Brasilândia, o Revmo. Pe. José Renato Ferreira, pelo período de 6 (seis) anos, em decreto que entrou em vigor em 18 de janeiro.
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Fotos: L’Osservatore Romano
A maior missa papal da história Em visita às Filipinas, Papa Francisco preside celebração com mais de 6 milhões de pessoas Filipe Domingues
Especial para O SÃO PAULO, em Roma
Uma multidão de seis a sete milhões de pessoas participou da missa celebrada pelo Papa Francisco no domingo, 18, em Manila, nas Filipinas. O Pontífice realizou uma visita de cinco dias ao país asiático, depois de passar também pelo Sri Lanka. O número de pessoas na missa, divulgado pelas autoridades locais, é o maior já registrado na história dos papas – supera, inclusive, a missa presidida por João Paulo II no mesmo parque, chamado Rizal, em 1995, durante a Jornada Mundial da Juventude. Nas Filipinas, 86% da população de 100 milhões de pessoas se diz católica.
Em sua homilia, o Papa Francisco denunciou os problemas sociais. Para ele, a distorção da criação divina pelo ser humano construiu “estruturas sociais que tornaram permanente a pobreza, a ignorância e a corrupção”. No dia da celebração do Menino Jesus – terceiro domingo de janeiro –, o Pontífice comentou a importância de “proteger as nossas famílias, aquela maior família, que é a Igreja, família de Deus, e o mundo, nossa família humana”. Segundo o Papa, “hoje a família
precisa ser protegida de ataques traiçoeiros e de programas contrários a tudo o que consideramos verdadeiro e sagrado”. Cada criança precisa ser vista como “um dom a ser acolhido, amado e protegido”, disse, complementando que os jovens precisam de esperança. O frequente apelo do Papa por justiça social torna a figura de Francisco muito popular nas Filipinas, o que ajuda a explicar o porquê de tanta gente nos eventos. Um quarto da popula-
ção do País vive em situação de extrema pobreza, com menos de US$ 1,25 por dia (pouco mais de R$ 3,00). “Aqui nas Filipinas, inúmeras famílias ainda sofrem por causa dos efeitos dos desastres naturais. A situação econômica fez com que famílias fossem separadas pela migração e pela busca de emprego, e os problemas financeiros atingem muitos lares”, lamentou o Papa, durante encontro com o presidente filipino, Benigno S. Aquino III, assim que chegou.
Entre as atividades que realiza nas Filipinas, Papa Francisco visita orfanato e fala aos padres e bispos daquele País
Lágrimas
De fato, a dor do povo filipino foi o principal motivo para que Francisco tomasse pessoalmente a decisão de visitá-los. Quando o tufão Haiyan matou 6,3 mil pessoas e deixou mais de mil desaparecidas, em novembro de 2013, o Papa teve a certeza de que precisava ir às Filipinas. “Naquele dia, eu senti que deveria estar aqui”, declarou, na missa celebrada no dia 16 em Tacoblan, local mais atingido pelo desastre. “Estou aqui para estar com vocês. Um pouco atrasado, reconheço, mas estou aqui.” A forte chuva e o vento de 100 km/h levaram o Papa e os concelebrantes a usar capas de chuva de plástico, as mesmas distribuídas para o povo. Em clima de profunda emoção, ele admitiu não ter grandes respostas para um momento de tanta dor: “Não sei o que dizer a vocês. Muitos de vocês perderam parte de suas famílias. Tudo o que posso fazer é manter o silêncio. Caminho com todos vocês, com meu coração silencioso”.
Família: ‘o maior tesouro desta nação’ Fernando Geronazzo
Especial para O SÃO PAULO
Diante de cerca de 20 mil pessoas reunidas no Ginásio “Mall of Asia”, na sexta-feira, 16, Francisco motivou as famílias a serem proféticas em meio aos desafios do mundo atual. O Santo Padre advertiu que muitas são hoje as pressões sobre a vida da família, como a fragmentação devido à emigração, a pobreza extrema, o materialismo, e afirmou haver uma “colonização ideológica sobre as famílias”. “Nosso mundo tem necessidade de famílias sãs e fortes para superar estas ameaças. Toda ameaça à família é uma ameaça à própria so-
ciedade”, reiterou, pedindo aos filipinos que protejam as suas famílias, “maior tesouro desta nação”. Francisco ainda destacou que “a família está ameaçada também pelos crescentes esforços de alguns em redefinir a própria instituição do Matrimônio mediante o relativismo, a cultura do efêmero, a falta de abertura à vida”. Esse tema também foi tratado na entrevista coletiva no voo de volta para Roma. O Papa reiterou que a Igreja sempre promoveu o princípio da paternidade e maternidade responsáveis, contido na “Humanae vitae”, de Paulo VI, e reforçou que isso não significa que o cristão deve “ter filhos em série”. “Alguns acreditam
que – desculpem a palavra – para ser um bom católico devem ser como coelhos, não? Não. Paternidade responsável”. “Para as pessoas mais pobres, uma criança é um tesouro. É verdade, você tem que ser cauteloso aqui. Mas, para eles, um filho é um tesouro. Deus sabe como ajudá-los. Talvez alguns não estejam cautelosos nisso, é verdade. Paternidade responsável”, concluiu.
Aprender a chorar com a dor dos irmãos
Os jovens também tiveram a atenção especial do Papa. Em um encontro realizado na manhã do domingo, 18. Francisco convidou a juventude filipina e de todo o
mundo a aceitar os desafios da vida mantendo as convicções, defendendo o meio ambiente e dando atenção aos mais necessitados. Mais uma vez, o Pontífice deixou de lado o discurso escrito que havia preparado, para falar espontaneamente, em espanhol, respondendo a pergunta de alguns jovens, em especial, da garota Glyzelle Palomar, 12, ex-moradora de rua, que depois de partilhar sua experiência, perguntou ao Pontífice por que as crianças sofrem. “A mulher sabe fazer perguntas que nós, homens, não conseguimos compreender. Senão vede… Ela fez hoje a única pergunta que não tem resposta. E
não lhe vinham as palavras, teve de a dizer com as lágrimas”, salientou o Papa, acrescentando que “ao mundo de hoje falta chorar”. “Certas realidades da vida somente podemos ver com os olhos limpos pelas lágrimas. Aprendamos a chorar como ela nos ensinou. Se vocês não aprenderem a chorar, vocês não serão bons cristãos”. Outro conceito que alicerçou a reflexão de Francisco aos jovens é o cuidado com os mais necessitados. “Há sempre alguém perto de nós que está em necessidade: material, psicológica ou espiritual. O maior presente que podemos dar é nossa amizade, a nossa ternura e zelo, nosso amor por Cristo”, ressaltou o Pontífice.
São Paulo
O Apóstolo, a cidade e a prática pastoral ano 59 | Edição Especial 3035 | 21 a 27 de janeiro de 2015
Na cidade em mudança, a constante renovação de práticas pastorais ca pastoral da Igreja na capital paulista busca dar resposta às situações que se tornaram mais intensas nas duas últimas décadas, como a verticalização dos bairros e a maior presença dos imigrantes em diferentes locais. Além disso, é lançado um olhar para o futuro da vida na cidade, a partir das perspectivas de dois jovens paulistanos para as questões sobre educação e oportunidades de trabalho. Páginas E3 a E8
Luciney Martins/O SÃO PAULO
No domingo, 25, na Festa de Conversão de São Paulo Apóstolo, a maior cidade do Brasil completa 461 anos de fundação. Nascida pela missão dos Jesuítas, a cidade tem no apóstolo dos gentios, padroeiro da Arquidiocese e de todo Estado, o exemplo de que o seguimento a Cristo é o caminho para não perder a esperança diante das dificuldades. Neste caderno especial, O SÃO PAULO, que inicia comemorações pelos seus 60 anos de criação, mostra como a práti-
Verticalização da cidade, como acontece em torno da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Região Episcopal Ipiranga, traz novos desafios à ação evangelizadora da Igreja em São Paulo
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O Patrono de 44 milhões de habitantes
Luciney Martins/O SÃO PAULO
São Paulo Apóstolo intercede junto a Deus na Arquidiocese e em todo o Estado Daniel Gomes
danielgomes.jornalista@gmail.com
Na Festa da Conversão de São Paulo, o apóstolo dos gentios, missionários jesuítas realizaram, há 461 anos, a primeira missa no território da atual cidade de São Paulo, em 25 de janeiro de 1554, data que se tornou referência para a comemoração do aniversário da maior metrópole do País. Desde 2008, São Paulo Apóstolo é oficialmente o patrono da Arquidiocese de São Paulo, após pedido feito pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, à Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. “A Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, considerando o exposto, concorda com o pedido e, em virtude das faculdades a ela concedidas pelo Sumo Pontífice Bento XVI, excluídos outros patronos e revogadas quaisquer disposições contrárias, confirma o Apóstolo São Paulo como patrono junto de Deus da Arquidiocese de São Paulo, no Brasil”, consta no decreto assinado em 22 de novembro de 2007, pelo Cardeal Francisco Arinze, então prefeito da Congregação, e por Dom Alberto Malcom Ranjith, então arcebispo secretário da Congregação (veja ao lado). O Apóstolo dos Gentios também é o patrono do Estado de São Paulo e de seus 44 milhões de habitantes. Em 1958, quando a população paulista era de aproximadamente 12 milhões de pessoas, o então arcebispo metropolitano, Cardeal Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, por conta das comemorações dos 50 anos de elevação da diocese a arquidiocese, pediu ao Vaticano que confirmasse o Apóstolo como patrono do Estado. “Ouvida a Sagrada Congregação dos Ritos, por estas Letras e de maneira perpétua, de ciência certa e madura deliberação, por nosso pleno poder apostólico, confirmamos ou de novo declaramos, fazemos e constituímos o Apóstolo São Paulo padroeiro principal da cidade e de todo o Estado de São Paulo”, consta em trecho do decre-
to assinado pelo Papa Pio XII, em 24 de maio de 1958 (leia a íntegra ao lado) “A cidade foi fundada no dia da conversão de São Paulo, ou seja, na raiz de sua fundação está a própria fé cristã católica. Como a cidade de São Paulo se tornou capital do estado federativo, natural que São Paulo Apóstolo se tornasse o padroeiro geral do Estado de São Paulo”, analisou, ao O SÃO PAULO, o Padre Arnaldo Juliano, professor de Teologia e capelão do Mosteiro da Luz. Desde 1815, a cidade de São Paulo é a capital do Estado, completando em 2015, portanto, 200 anos nessa condição.
Apóstolo é exemplo a ser seguido A proclamação oficial de São Paulo Apóstolo como patrono arquidiocesano aconteceu durante as comemorações do centenário da Arquidiocese, em 2008. “As palavras do Decreto da Santa Sé, confirmando São Paulo nosso patrono, ajudam a entender melhor o porquê da escolha de um santo para ser titular de uma igreja, paróquia, diocese ou outra instituição: ‘Patrono junto de Deus’, esse é o conceito completo. E isso significa que a ele se confia a intercessão junto de Deus, em favor da instituição colocada sob o seu ‘patrocínio’. En-
tão, São Paulo é reconhecido e será invocado por nós, sobretudo, como amigo da Arquidiocese de São Paulo; a ele, poderemos recorrer para que interceda por nós e pelas necessidades de nossa Igreja paulistana”, explicou Dom Odilo, em artigo neste semanário arquidiocesano, em 27 de maio daquele ano. “Toda arquidiocese tem no seu patrono aquele exemplo fundamental. O patrono é aquele que vai estimular a Arquidiocese a seguir Jesus Cristo como ele o seguiu em sua própria vida”, explica Padre Arnaldo Juliano. “Tendo São Paulo, este apóstolo grandíssimo, como nosso patrono, ai está o caminho de vida pelo qual a Arquidiocese é chamada a viver, um caminho de intensa conversão. A exemplo de São Paulo Apóstolo, nunca devemos perder a confiança em Deus, segui-lo fielmente, e como bem diz o Apóstolo na carta aos Filipenses, ‘ter os mesmos sentimentos de Jesus Cristo e não desanimar’”, comenta Padre Arnaldo. “O grande convite de São Paulo como patrono de uma cidade como a nossa é este: tenhamos o nosso coração voltado para o tesouro maior que é Jesus Cristo, sabendo que temos grandes desafios para superar, especialmente os desafios do isolamento, da competitividade, do egoísmo, do orgulho e da soberba”, complementa.
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-americanos, estudantes da USP que se reúnem para a celebração eucarística. “Começamos, então, a participar e se abriu para nós uma nova janela da mobilidade humana: os estudantes. Pudemos perceber a sede de viver em comunidade, de partilhar suas experiências de vida embebidas de fé”, ressaltou a missionária.
Acolher os jovens que chegam de longe, olhar a cidade como um “resumo do mundo”, dar aulas de português para quem só fala espanhol. Qual o rosto da capital de todas as culturas?
Começar a falar
Nayá Fernandes
nayafernandes@gmail.com
“Ao contrário do que se imagina, a imigração é um processo contínuo. Não é algo que ficou perdido na História, mas um agente que transforma as sociedades em qualquer lugar.” A afirmação é de Rodrigo Borges Delfim, 29, jornalista e criador do blog MigraMundo, que tem informações atualizadas sobre iniciativas e eventos relativos à imigração em São Paulo. A maior capital do Brasil sempre foi um lugar de encontros culturais e os bairros foram crescendo com a colaboração de comunidades inteiras de imigrantes. Os novos fluxos migratórios e a inserção dos habitantes na capital vão aos poucos mudando também os hábitos dos paulistanos e fazem de São Paulo um lugar onde o mundo cria e transforma as paisagens humanas e urbanas. Rodrigo comentou à reportagem que ele percebe isso quando convive com pessoas de sobrenomes de diversas origens. “Italiana, portuguesa, espanhola, japonesa, judaica, russa, lituana, entre tantos outros, que são fruto de imigrantes que vieram para o Brasil no passado; hoje, é cada vez mais comum se deparar com alguém falando francês, inglês, créole, árabe ou mesmo algum idioma africano como suaíli, igbo ou bambara.” Para ele, a cidade é “uma espécie de resumo do mundo de fato”. Rodrigo lembrou o escritor e poeta Guilherme de Almeida, que ainda em 1929, escreveu uma coletânea de textos que deu origem ao livro “Cosmópolis”. “Eu vejo esse cosmopolitismo, essa possibilidade de poder dar uma minivolta ao mundo sem sair de São Paulo”, disse. Se, por um lado, um simples passeio pelo centro da capital abre possibilidades de ver o mundo, por outro, continua o jovem escritor, “é desapontador saber que há pessoas que preferem usar estereótipos de toda
Imigração e juventude: um papo sem fronteiras sorte como escudo para a própria ignorância”. Mas se Rodrigo chega a perder “um pouco da fé na humanidade com comentários xenófobos pelas redes sociais”, ele recupera essa fé quando os textos do seu blog são compartilhados, citados e até mesmo reproduzidos. “Tem sido uma experiência riquíssima entender mais e melhor quem são essas pessoas que nasceram tão longe e aqui tentam passar ao menos uma parte de suas vidas. Respeitar melhor o outro e suas diferenças, seja o que e quem são, é o melhor presente que podemos dar a essa Metrópole, ajudando-a a se tornar mais humana”, enfatizou Rodrigo.
Estudantes, uma nova janela
E como será a experiência de ser jovem atravessando fronteiras? Quando se sabe que, na juventude, a identificação com o grupo é parte essencial do seu estar no mundo? Preocupadas com os jovens imigrantes, as Missionárias Seculares Scalabrinianas promovem atividades para desenvolver, entre as culturas e as mentalidades, “um mundo novo, no qual pessoas e povos descobrem-se entre eles pertencentes a uma única família da humanidade”, como explicou Elaine da Silva, missionária que mora em um dos Centros Internacionais em São Paulo.
“No laboratório dos Centros Internacionais, aprendemos a nos deixar transformar em nossa maneira de pensar, de ver e de nos relacionar com o outro, que é sempre diferente. Vamos ao encontro dos migrantes e refugiados, fazendo visitas às famílias ou aos alojamentos, paróquias pessoais e em pequenos grupos”, comentou Elaine. E sempre novos desafios acontecem para esta pequena comunidade de mulheres que veem no encontro com o diferente um renovar de esperanças e de perspectivas. No ano passado, por meio do O SÃO PAULO, elas ficaram sabendo que há, na cidade, jovens universitários hispanoMissionárias Seculares Scalabrinianas
Jovens de diferentes nacionalidades visitam a comunidade das Missionárias Seculares Scalabrinianas em São Paulo
Na zona norte da capital, os jovens ficaram do outro lado da História. Eles começaram uma atividade, a partir do Grupo Fé e Política da Paróquia Santa Zita, na Vila Maria, para realizar um trabalho pastoral e social junto aos imigrantes daquela região. “Foram discussões, relatos e enfim ações solidárias para um número grande de estrangeiros. Em particular, assumi as aulas devido ao convite da Elaine Lima, membro da Pastoral da Juventude e do Grupo Fé e Política, em meados de agosto ou setembro de 2014”, contou Diego Daniel Pereira, professor de geog rafia e também membro do Grupo Fé e Política da mesma Paróquia. Ele começou a dar aulas de português, na maioria das vezes, para falantes de língua espanhola. “As aulas seguem um modelo pautado em Paulo Freire, de valorização do diálogo, o que potencializa a aquisição de novas palavras e costumes de nossa cultura. Aprendi a falar com mais calma e os mesmos me reorganizaram na didática e metodologia em sala de aula. Pediram para simplificar termos que não são de conhecimentos deles e isso me abriu um leque de ações pedagógicas”, enfatizou Diego. A Escola Estadual Carmosina Monteiro Vianna, na qual trabalha o professor de geografia, realizou uma ação coletiva e solidária de doação de livros de literatura brasileira para esse grupo, que já consegue interpretar, com a ajuda do professor, alguns dos textos. “A experiência está ótima, mas creio que falta a apropriação do espaço urbano em uma das maiores cidades do mundo. Afinal, São Paulo é uma terra imigrante”, ressaltou o Professor. Outra atividade de referência no trabalho com imigrantes é a Missão Paz, ao lado da Paróquia Nossa Senhora da Paz, no centro de São Paulo. Mantida pela Família Scalabriniana, a instituição tem um papel essencial na acolhida de imigrantes e refugiados com hospedagem, orientação e encaminhamento de documentação, trabalho e educação, além de manter a Casa do Migrante, o Centro de Estudos Migratórios e a Revista Travessia.
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O bairro cresceu? E agora? Luciney Martins/O SÃO PAULO
A cidade de São Paulo se transforma constantemente e, de repente, a casa da esquina dá lugar à construção de mais um prédio. Como as paróquias e comunidades atuam a partir dessas mudanças?
25-01-2015
Nayá Fernandes
nayafernandes@gmail.com
“Se as perguntas do Censo fossem mais a fundo, perguntando, por exemplo, além da religião que cada um diz professar, quais são as crenças e as práticas, a constatação poderia surpreender ao mundo todo. Seria uma confusão de crenças, superstições, interesses em negociação com o Divino, encobrimento de frustrações e complexos, incertezas e ignorâncias doutrinárias, concepções acerca do Reino de Deus, e o resultado, ao invés de esclarecer, confundiria.” A constatação é de Irineu Uebara, 64, advogado, atual tesoureiro da Cáritas na Arquidiocese de São Paulo e candidato ao diaconato permanente. A reflexão veio a partir do questionamento sobre a inserção da comunidade paroquial que ele participa, na Mooca, bairro onde mora há mais de 30 anos, com a vertica-
lização e construção desenfreada de prédios no lugar das casas. Para responder à reportagem, Irineu se lembrou do Censo de 1970, quando os números apontavam que 90% dos brasileiros se
confessavam católicos. “A Igreja Católica sempre teve grande influência no País. Basta ver a quantidade enorme de lugares aos quais se atribuíram nomes de santos, inclusive a cidade em que
habitamos e o Estado onde ela se localiza”, disse Irineu, que nasceu no interior de São Paulo e hoje mora com a família no último andar de um prédio próximo ao metrô Belém.
Renato Papis, jornalista que colabora no Setor de Comunicação do Secretariado da CNBB, regional Sul 1, mora na zona norte da capital há 4 anos, mas percebe o quanto as mudanças são rápidas e, na maioria das vezes, não respeitam a história do bairro. Ele observou que “a questão dos prédios em ruas que tinham somente casas, causa o aumento de carros e as pessoas ficam sempre mais sobrecarregadas com compromissos e a necessidade de deslocamento. Além disso, há mais asfalto, menos verde e menos espaços públicos. Sem contar o abandono de alguns desses espaços”. A mesma situação acontece em Sapopemba, uma das regiões mais conhecidas da zona leste da capital, onde mora Danton Dalas Deffert, ministro da Eucaristia na Paróquia Nossa Senhora de Fátima. “Para Sapopemba, 50 anos fizeram uma grande diferença, pois passou a ser um bairro com população maior que de muitas cidades, algo em torno a 250 mil habitantes”, contou. Cortada pela avenida de mesmo nome, a maior da América Latina, Sapopemba era um bairro rural. “Com o tempo, as chácaras foram dando lugar às primeiras casas e com isso recebemos, de forma massiva, a colônia de portugueses, que até hoje mantém sua presença. Em função do crescimento populacional, surgiu a Igreja Nossa Senhora de Fátima, construída pelos frades capuchinhos”, explicou Danton.
A comunidade pode fazer a diferença “O brasileiro não conserva a originalidade e a própria história arquitetônica de seus prédios. Um exemplo é o condomínio onde moro, que recentemente passou por uma reforma. Tínhamos pastilhas nos corredores internos, que davam amplitude e os refrescava. Para minha surpresa, pintaram as pastilhas. Mais um pouco de memória apagada”, contou Renato, que ressaltou a importância de ajudar as pessoas a verificar essas mudanças que podem ficar despercebidas. Para o jornalista, o papel da comunidade paroquial é participar nas mudanças do bairro. “Por isso insisto que é fundamental a atuação da comunidade, da paróquia local neste debate, na construção de um mundo mais ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo. Se tivermos um pouco de vontade e se esti-
vermos bem informados, veremos que é possível colaborar.” Sobre os ‘espigões’ que sugiram nos últimos tempos, criando uma paisagem urbana totalmente verticalizada na região da Moóca, Irineu disse que imaginava que as mudanças movimentariam também as paróquias e comunidades da região. “Nada disso, no entanto, aconteceu. Quando muito, percebeu-se o aumento na procura pelo Sacramento do Batismo, como obrigação social ou, então, na celebração de missas de sétimo dia e exéquias.” Irineu também falou sobre a dificuldade para formar grupos de Catequese e o desinteresse pela vivência comunitária. “O individualismo em busca de estabilidade e riqueza, o consumismo desenfreado, o distanciamento com os vizinhos de apartamentos e a geração do imediatismo, da tecnologia, das distâncias desconhecidas
pelas redes sociais; do Deus democrático e presente em tudo e em todos; do sucesso fácil.” Igualmente Danton descreveu as mudanças em Sapopemba, que causaram o afastamento da comunidade. “As festas em louvor a Nossa Senhora de Fátima ocupavam o quarteirão e vinham pessoas de muito longe. Porém, com o desenvolvimento do bairro, as casas foram dando lugar ao comércio e aos prédios e os relacionamentos foram esfriando. Sem falar na violência e com isso, a festa se reduziu apenas ao salão da paróquia”, constatou. “As chácaras deram lugar à avenida Luis Inácio de Anhaia Melo. Parece que o progresso havia mesmo chegado, e com ele os esfriamentos das relações. Somos vizinhos e estranhos ao mesmo tempo, não ‘perdemos mais tempo’ com as conversas
no fim da tarde. Ainda mais agora com a chegada do Monotrilho do Metrô, muitas casas foram desapropriadas e a maioria de moradores antigos do bairro teve que sair”, lamentou. Preocupada com o resgate da convivência da comunidade, a paróquia realiza anualmente as Santas Missões Populares. “Temos muito a fazer pelo nosso bairro, mas o que tem sido feito já faz a diferença”, afirmou Danton. Iniciativas como grupos que realizam encontros e celebrações nos condomínios para valorização dos momentos fortes da liturgia e as indicações do Plano de Pastoral da Arquidiocese de São Paulo, suscitam o surgimento de comunidades, movimentos de evangelização e pastorais ambientais que, inseridas no contexto urbano, apontam a participação mais efetiva dos leigos e uma Igreja atenta e aberta aos sinais dos tempos.
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Luciney Martins/O SÃO PAULO
60 anos: Olhar o passado e construir o futuro No dia 25 de janeiro, festa do Patrono da Arquidiocese e aniversário da cidade, O SÃO PAULO completa mais um ano de história
Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com
Em 1956, na primeira edição do O SÃO PAULO, o então arcebispo, Cardeal Motta, afirmava que queria que o jornal enfrentasse a batalha da informação e fosse a “boa imprensa” que a Igreja e a sociedade brasileira precisavam. O Cardeal desejava que o jornal fosse pautado por “princípios da verdade, do amor, da justiça e da paz” e lembrava que o nome sugeria “um programa de apostolado”, especialmente às cerca de 3 milhões de pessoas que viviam na capital paulista naquele ano. Além de registrar a história da Igreja em São Paulo, este jornal também tem a sua. Na história do jornalismo no Brasil e do jornalismo confessional estão reservadas para O SÃO PAULO bonitas páginas, que, além de mostrarem a missão evangelizadora da Igreja, falam da presença da Igreja na vida da cidade, nas lutas pela redemocratização do Brasil, na árdua tarefa de tornar a cidade mais fraterna, solidária e acolhedora. Uma página importante da história do semanário arquidiocesano foi a sua resistência à censura política nos tempos da ditadura. De maneira firme, o jornal disse não à mordaça, seja mantendo os espaços em branco onde deveriam estar matérias censuradas (veja mais no box) e, nesses espaços, a frase “Leia e divulgue O SÃO PAULO”; seja ainda mimeografando as matérias censuradas e enviando-as às paróquias e comunidades. Em 2015, O SÃO PAULO entra no seu 60º aniversário. Uma história que se mistura a da Igreja e a da cidade, formada por momentos de alegria e de tristeza. Por exemplo, a edição de 9 a 15 de fevereiro de 1974, noticiava a missa de 7º dia, celebrada na Catedral da Sé, em memória dos mortos no incêndio do Edifício Joelma. A mesma edição trazia, ainda, um telegrama do Papa Paulo VI se solidarizando com as vítimas desse trágico acidente.
Os momentos de alegria e luta do povo também tiveram espaço nas páginas do jornal. Na edição de 19 a 25 de abril de 1984, já na capa, noticiava-se: “Multidão de Paulistas pede: diretas já”, e na página 5, uma reportagem falava do ato que lotou a praça da Sé, além de uma entrevista com o Cardeal Arns, na qual o então arcebispo metropolitano destacava a importância das manifestações, da união das pessoas, e de se manter viva a esperança. Em entrevista ao jornal por ocasião da edição 3 mil, o arcebispo emérito de São Paulo, Cardeal Cláudio Hummes, ressaltou que, mesmo não tendo estatísticas da leitura do O SÃO PAULO fora da Arquidiocese, tem conhecimento que ele é enviado a muitas dioceses, se tornando, assim, “um intercâmbio muito importante, pois cria comunhão eclesial. As dioceses, assim, podem inspirar-se umas às outras, sobretudo na forma como põem em prática as orientações do próprio
papa e as da CNBB. É uma forma de caminharem mais unidas e de se encorajarem mutuamente”. “Sempre pude contar muito com O SÃO PAULO na animação da pastoral. Ele assumia e divulgava o que era planejado em conjunto nas nossas assembleias pastorais e as orientações pessoais do arcebispo, e depois acompanhava o que de fato se realizava. Mas também acolhia o que o povo pensava e propunha, sobretudo as várias pastorais. Informava e ajudava a formar”, lembrou o Arcebispo emérito. O Cardeal Scherer, arcebispo metropolitano, ressaltou que o jornal tem
importância, antes de tudo, “para a própria Igreja em São Paulo, onde ele fez sua história, já cinquentenária. Ao longo desse período, foi testemunha da vida da Igreja e, em certa medida, também da sociedade paulistana e brasileira. Penso que, além de informar e formar a opinião pública, um jornal tem o papel de fazer o registro da História, da qual ele deve ser um observador, analista e testemunha”. Quanto ao papel que O SÃO PAULO tem desenvolvido na divulgação e disseminação do plano de evangelização da Igreja, Dom Odilo afirmou que esse veículo “tem trazido, passo a passo, as propostas feitas à Arquidiocese para colocar em prática os apelos de evangelização da Igreja e tem colaborado para mostrar como isso vai acontecendo na Arquidiocese. Nisso, desempenha um papel importante e ajuda a criar a consciência de ‘pastoral de conjunto’”.
O futuro
Desde 2013, O SÃO PAULO passa por profundas mudanças tanto na parte gráfica quanto na editorial, com a inclusão de noticiário internacional, maior quantidade de articulistas, notícias sobre cultura e esporte, e reportagens de interesse humano, sempre à luz do Magistério da Igreja e em consonância com o 11º Plano de Pastoral da Arquidiocese. Em 2015, as ações para aperfeiçoamentos continuam. A equipe do jornal planeja relançar o site do semanário, contendo não apenas as reportagens das edições impressas da semana, mas outras notícias e reportagens. A ideia é criar uma plataforma digital que sirva de referência de notícias relacionadas à Igreja em São Paulo e no Brasil, agregando as redes sociais, áudio, vídeo e imagem, além de aumentar a contribuição e participação dos internautas/leitores do processo de criação e elaboração das notícias e reportagens. Este “senhor jornal”, pretende se modernizar e tornar-se atrativo para as novas gerações, sem perder, contudo, seus princípios históricos que claramente são expressos em sua linha editorial: “O jornal O SÃO PAULO defenderá a dignidade da pessoa em toda e qualquer circunstância. Combaterá toda e qualquer discriminação, sem com isso abdicar do seu direito de proclamar os princípios da moral cristã, particularmente no que diz respeito à dignidade da vida, da sexualidade humana, da família.”
Pesquisadores selecionam reportagens censuradas
Páginas censuradas Na história do O SÃO PAULO, assim como na história do jornalismo brasileiro, um período lembrado com tristeza é o da ditadura militar, que censurou e calou dezenas de jornais e jornalistas. Para tornar pública essas reportagens e matérias, o grupo de pesquisa “História, Cultura e Sociedade”, do CNPq/ Universidade Estadual de Londrina (UEL-PR), do Centro de Documentação e Pesquisa Histórica CDPH-UEL-PR, dos Programas de Pós-graduação em Ciências Sociais da PUC-SP e da UEL-PR e do apoio prestado pelo Centro de Documentação e Investigação Científica (CEDIC) da PUC-SP, digitalizou todo o acervo censurado. “A leitura do material censurado pode ser compreendida como lições sobre democracia, justiça, movimentos sociais, cidadania, direitos humanos, reforma agrária, direitos trabalhistas, economia, história, política, dentre outros, que não compuseram as grades disciplinares ou o cotidiano do povo brasileiro no processo de aprendizagem de formação da sociedade civil ou da participação popular”, afirma o Professor. Dr. Fabio Lanza, um dos responsáveis pela pesquisa. A pesquisa documental junto ao acervo do O SÃO PAULO e a descoberta do arquivo vetado pela censura prévia da ditadura militar foi para a equipe de pesquisadores “algo inspirador no processo de investigação e resultou na elaboração e disponibilização das páginas inéditas das 112 matérias jornalísticas vetadas, além de 70 documentos externos, recebidos de várias fontes e colaboradores que foram impedidos de serem publicados”. “A conjuntura em 2014 e 2015 favorece a emergência da organização e disponibilização pública de arquivos oficiais e privados, produzidos durante o período de ditadura militar brasileira (1964-1985), que até o momento encontravam-se restritos ao acesso da população. Esse processo pode ser atribuído às demandas provenientes do amadurecimento e fortalecimento da democracia brasileira, que vive hoje o seu período mais longo de vigência”, afirma o texto de apresentação da pesquisa no site da UEL-PR. Em breve, a pesquisa e o acesso ao material digitalizado estará disponível no site da UEL-PR (http://www.uel.br/portal/)
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Em entrevista ao O SÃO PAULO, dois jovens vestibulandos falam de estudo, trabalho e família
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Juventude e os desafios da cidade Luciney Martins/O SÃO PAULO
Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com
Em 2014, uma telenovela apresentada pela Rede Globo de Televisão mostrou um tema ainda desconhecido – ao menos pelo nome – da maioria da população brasileira: os chamados jovens “nem-nem” – nem estudam e nem trabalham. Apesar de ter entrado na mídia no ano passado, este tema já foi retratado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em dados de 2013, baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2012, que mostra que o número de jovens de 15 a 29 anos que não estudava nem trabalhava chegou a 9,6 milhões naquele ano, isto é, uma em cada cinco pessoas da respectiva faixa etária. Essa realidade, que atingia, à época da pesquisa, 19,6% da população de 15 a 29 anos, contudo não é algo próximo de toda a juventude. Ao menos para Leticia Junqueira Sena Alves, 18, e Mateus Macedo de Araújo, 17, a vida cotidiana é um turbilhão de atividades e tarefas. Ambos são moradores da zona norte de São Paulo. Letícia reside no Jaçanã, onde mora com a mãe e o irmão mais novo, e Mateus no Jardim Fontális, com os pais e três irmãs. Os dois estudaram juntos na Escola Técnica (ETEC) Parque da Juventude, onde fizeram o ensino médio regular e uma formação técnica em Meio Ambiente.
Estudo
Leticia, por causa de 12 pontos, não passou para a segunda fase da Fuvest – o vestibular da USP –, no curso de Direito. Porém, não desanima: já se inscreveu no Sistema de Seleção Unificada (SISU), dessa vez para o curso de Letras em uma universidade de Viçosa (MG), e destaca que vai continuar tentando. Para ela, o problema não é
o fato da formação acadêmica, A escolha do curso superior jovem, bem como na busca da pois acredita que tem uma boa está ligada com a formação téc- independência financeira e na bagagem e capacitação, que pos- nica que possuiu. Mateus conta garantia de que haja um emsibilitarão, mais cedo ou mais que já em seu Trabalho de Con- prego melhor no futuro. Mateus tarde, o ingresso em uma uni- clusão de Curso (TCC) abor- acredita que mesmo o ensino versidade. O que causa medo dou a questão do abandono de não sendo de qualidade, há por em Leticia é o mercado de traba- animais, e que o cuidado com o parte dos jovens uma falta de lho. “Eu tenho um receio muito meio ambiente está intimamen- vontade em buscar um aprofungrande em relação à profissão. te ligado ao que quer para o fu- damento nos estudos. Acho que consigo terminar a turo. Para ele, a formação e in- Mercado de trabalho faculdade, entrar no mercado de Mesmo tendo prestado vestrabalho só que uma coisa que dispensável na capacitação do a gente comenta tibular para Luciney Martins/O SÃO PAULO muito, o pessoal Direito, Leticia da minha idade, é deseja ser professora e acreque é muito difícil encontrar um dita que por bom emprego e mais que haja se manter nesse desvalorização emprego”, afirma. da profissão, o Mateus, por mercado precisa de prosua vez, passou fissionais da para a segunda Educação, que fase do vestibular fizeram a escoda Fuvest, onde lha de estar lá e prestou Medicina Veterinária e não de pessoas só aguarda o reque façam do sultado da prova “ser professor” que sairá no final uma última de janeiro. Ele já opção. se inscreveu no A jovem SISU, também em nunca teve uma universidade um emprego de Viçosa (MG). Mateus Macedo e Leticia Junqueira falam sobre educação, trabalho e família formal ou um
estágio, apenas faz trabalhos voluntários com outros jovens no Rotary Internacional, onde tem contato com experiências profissionais e ainda é uma forma de ajuda à comunidade local. Para Mateus é preciso que os jovens percebam que, por mais que hajam dificuldades e a obrigatoriedade de trabalhar para ajudar em casa, é preciso conciliar o emprego e os estudos. Para o jovem, o que o assusta é a instabilidade no emprego. Ele conta que há alguns dias o pai – que é o principal provedor da casa – informou à família que algo de ruim poderia acontecer em seu emprego e caso isso acontecesse, a família inteira sentiria o efeito. Mateus comenta, ainda, que a ETEC deveria oferecer aos alunos uma experiência de estágio, pois os mesmos estudam por três anos em período integral e não tem nenhum contato com o mercado de trabalho. “O mercado cobra muito essa experiência e para conseguir o primeiro emprego é muito difícil”, afirma.
Família
Com uma rotina dedicada aos estudos e à formação profissional, muitas vezes a vida e as relações familiares são relegadas a segundo plano. Os dois jovens são unânimes em afirmar que o foco primeiro de suas vidas é o estudo, a formação e estabilização profissional. “Eu penso em terminar a faculdade e poder viajar. Eu queria viajar para fora do Brasil, até por isso, fiz curso técnico de Meio Ambiente, pois admiro muito a natureza”, afirma Mateus, que destaca, ainda, que vislumbra em sua vida ter uma família, um relacionamento, filhos, educá-los e que imagina até os momentos de lazer com as crianças. Já Leticia afirma que foi mais sonhadora, mas que por motivos diversos, não relacionadas a desilusões amorosas, não tem uma ideia fixa em ter uma família. Sente esse desejo, sem a necessidade de ter “papéis assinados ou comprovações”. Ela disse que deseja encontrar alguém para viver e adotar uma criança.