Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 60 | Edição 3037 | 4 a 10 de fevereiro de 2015
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No Vale do Jequitinhonha, uma missão contra o trabalho escravo À convite do Serviço Pastoral dos Migrantes, a reportagem acompanhou a missão anual que acontece no Vale do Jequitinhonha há 30 anos e reúne missionários de todo o País. Um dos objetivos é atuar contra as injustiças sociais na região, como por exemplo, o crescimento da monocultura do eucalipto, uma das causas da desertificação do solo. De 24 a 31 de janeiro, 80 pessoas visitaram as comunidades rurais
do município de Araçuaí (MG). Durante o evento houve o lançamento da Campanha da Comissão Pastoral da Terra: “De olho aberto para não virar escravo” e um Seminário sobre o mesmo tema, com participação de indígenas e quilombolas. Apoiam o projeto o Fundo Nacional de Solidariedade e a Comissão Ecumênica de Serviço.
‘Com seus carismas, os religiosos e religiosas testemunham a luz de Cristo’
Luciney Martins/O SÃO PAULO
Páginas 14 e 15
Papa reconhece martírio de Dom Oscar Romero Arquivo/Arquidiocese de San Salvador
Dom Oscar Romero foi assassinado em 1980 enquanto celebrava missa
O Papa Francisco promulgou na terça-feira, 3, o decreto que reconhece o martírio de Dom Oscar Arnulfo Romero Galdámez, arcebispo de San Salvador (El Salvador), assassinado por um militar em 24 de março de 1980 enquanto celebrava a Eucaristia. O reconhecimento de seu martírio sinaliza que em breve, o salvadorenho será beatificado. Dom Vincenzo Paglia, arcebispo italiano postulador da causa de beatificação de Dom Romero, afirmou estar comovido com a notícia. “Depois de tantos anos, finalmente, se chega à conclusão deste longo processo, desta longa causa, e a alegria é redobrada”, disse, acrescentando que vê em Romero “um mártir da Igreja que brotou do Concílio Vaticano II”. Página 23
Na Itália, Igreja resiste à ideologia de gênero nas escolas Em reunião, o Conselho Permanente de Bispos da Itália tratou, entre outros assuntos, da introdução nas escolas daquele país de livros e textos que ensinam a ideologia de gênero. Os bispos italianos manifestaram sua preocupação com os efeitos da disseminação dessa ideologia no sistema escolar. O Cardeal Angelo Bagnasco lembrou a pre-
ocupação do Papa Francisco, que chamou de “colonização ideológica”. O objetivo da disseminação desses livros é, segundo o Cardeal Angelo Bagnasco, “colonizar a mente das crianças, meninos e meninas, com uma visão antropológica distorcida, sem ter pedido nem obtido previamente a autorização dos pais”. Página 9
O SÃO PAULO entrevista Imagem Peregrina de Dom Claudio Maria Celli Fátima está na Arquidiocese Página 11
Página 7
No Dia da Vida Consagrada, o Cardeal dom Odilo Pedro Scherer preside missa na Capela da Ordem Terceira de São Francisco Página 24
Dom Devair Araújo é ordenado em Franca O Ginásio Poliesportivo “Pedrocão”, em Franca (SP), ficou lotado na manhã do domingo, 1º de fevereiro, para a ordenação episcopal de Dom Devair Araújo da Fonseca, novo bispo auxiliar de São Paulo. Ordenante principal, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, ressaltou, na homilia, a importância dos ministérios ordenados para a vida e a missão da Igreja, destacando que os bispos, em colegialidade com o Papa, são os primeiros responsáveis por reunir em torno de si a Igreja de Jesus Cristo. “Antes de mais nada, é preciso conhecer a realidade. É importante saber que já existe uma história e um trabalho”, disse Dom Devair, que será designado vigário episcopal da Região Brasilândia, sendo acolhido sábado, 7. Páginas 12 e 13
Luciney Martins/O SÃO PAULO
2 | Ponto de Vista |
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editorial
Os recados da natureza É preciso entender os recados da natureza. Devem entendê-los, em primeiro lugar, aqueles que pensam poder fazer o que quiserem com ela: desmatar florestas, poluir o ar com suas máquinas e chaminés, apodrecer a água com o esgoto e o veneno de suas fábricas. É preciso entender os recados da natureza. Devem entendê-los também aqueles que classificam os ecologistas como “profetas da desgraça”, como gente que nada entende das coisas e que fica criando teorias bobas, aventando hipóteses absurdas. A seca que iguala o sudeste ao sofrido nordeste, o chão trincado das represas, o calor absurdo que nos angustia, o desequilíbrio no mecanismo das chuvas, o desgelo dos pó-
los da Terra, as enchentes que arrastam casas e pessoas, os terremotos que destroem o que construímos, são alguns desses recados. Que o leitor os complete. E certamente muitos estão entendendo que tudo isso é mais do que recados. É um grito de revolta, se não for já uma vingança da natureza pela nossa falta de responsabilidade na utilização dos bens que o Criador colocou à nossa disposição. Por trás dessa exploração irresponsável da natureza, está a sede do lucro, que não contente de saciar-se com o descarte das pessoas para que o mundo seja de poucos, arrasa a flora, a fauna, inventa monoculturas, inventa a caça e a pesca predatórias. É hora de entender os recados da nature-
za. São de revolta, de agonia? As duas coisas juntas. Podem ser traduzidos assim: “se vocês acabam comigo, vão se acabar comigo”. É hora de reler o livro da criação e entender o que Deus quis de nós, ao nos criar como a mais perfeita de suas criaturas e nos entregar como dádiva tudo mais que criou, e ao nos confiar o domínio de tudo. E nós? De mais perfeitas, nos tornamos as mais irresponsáveis e inconsequentes das criaturas, de dominadores, viramos devastadores, perdulários, criaturas brincando de Deus. A Igreja, não é de hoje, vem pedindo de seus filhos uma discussão mais séria sobre o desequilíbrio que provocamos de forma tão irresponsável. Campanhas da Fraternidade falaram da água, da terra, incomodaram-
nos exigindo de nós uma reflexão mais séria. A ecologia virou pastoral. Mas é pouco, quando percebemos que os países mais ricos pouco se lixam para o desastre que se prevê. Tem chovido muito. Damos graças a Deus por isso. Essas chuvas, porém, têm derrubado árvores, têm levado o pouco que os pobres conseguem conquistar, Deus sabe à custa de quantos sacrifícios. As tempestades têm destruído vidas com raios, com enchentes, com quedas de árvores. Elas, porém, não estão enchendo as represas, e as autoridades admitem que estão racionando água não é de hoje. Que Deus tenha compaixão de nós! Que Deus nos faça bons entendedores dos recados que a natureza nos dá.
opinião
A contribuição insubstituível da escola católica Sergio Ricciuto Conte
Cecília Canalle Fornazieri Gosto de me perguntar por que nossa Igreja construiu, ao longo de séculos, tantos colégios, creches e hospitais em vez de construir mais templos ou mesmo algum shopping ou supermercado. O questionamento pode parecer estranho, mas não tanto nos dias de hoje. Se Deus cria o homem é porque isso é bom. Portanto, se dedicar a hospitais se torna uma possibilidade de colaborar com sua obra, trabalhando para que, em primeiro lugar, ela viva. Cuidar do outro, assim, é “cuidar” da própria obra de Deus, dialogar com ele. Em segundo lugar, o envio do próprio Filho a nós indica que não basta viver. Deus deseja a consciência do que vivemos a partir de uma experiência totalmente encarnada, isto é, fundada na realidade, na vida cotidiana, na história dos homens. E sabemos que – se formos a fundo à realidade – sem precisarmos de nenhum proselitismo – o encontraremos. A escola é o espaço privilegiado dessa verificação. É uma aposta arriscada, feita por quem tem fé, porque acreditamos que, conhecendo a genialidade dos fenômenos físico-químicos, a maravilha das línguas, as lutas e desejos humanos, nossos alunos acabarão por se perguntar pelo autor, pelos porquês de si e do mundo. E, nessa hora, suplicamos a Deus para que a resposta esteja bem a sua frente, encarnada nas pessoas que o rodeiam na escola, no encontro com seus mestres e amigos. Qualquer escola séria entende que é esse o caminho que faz com seus alunos,
ao longo de anos: introduzir e acompanhar o conhecimento da realidade ajudando-os a compreender a grandeza do que veem. Mas há algo que a escola católica possa oferecer que lhe seja identitário, único? A genial escritora Adélia Prado
ao ser indagada sobre quais os grandes temas da escrita declara que “o grande tema é o real, a vida cotidiana, é, exatamente, aí – não há outro lugar – que a metafísica pisca para mim.” Então, o real, a realidade, é o ponto de partida para o encontro com
Cristo e a escola é o lugar privilegiado do encontro entre a realidade e a consciência do homem porque, incrivelmente, não basta a “exagerada” genialidade do universo que se oferece a nós a cada segundo para que isso sequer seja percebido como algo interessante por nós! Aliás, muitas vezes, na escola, o que vemos é, justamente, o contrário: o estudo da realidade é tão descolado da contemplação do mundo e das próprias buscas dos alunos, que o mundo do conhecimento passa a ser um peso, do qual eles buscam se livrar, e não mais um presente. Mas qual a diferença entre uma escola confessional ou não confessional? A grande diferença reside no fato de que uma escola como a católica apresenta uma hipótese de sentido total da realidade que é ofertada por sua tradição revelada no encontro com as autoridades que a portam. Entendendo, aqui, autoridade em seu sentido original: auctoritas, a partir do verbo augere: aumentar, portanto, aquele que faz o outro crescer. O encontro com esses que fizeram e fazem um constante caminho de verificação da hipótese de significado da vida é a grande contribuição da escola católica e seu grande diferencial: ser uma companhia que ajuda as crianças e os jovens a se perguntarem sobre o sentido de cada coisa. Esses jovens, vendo como os adultos se relacionam com a realidade e como reconhecem seu Criador, podem mais facilmente fazer seu próprio caminho de verificação. Cecília Canalle Fornazieri é Doutora em Educação pela USP, tem experiência no ensino universitário e na gestão de escolas católicas.
As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.
Semanário da Arquidiocese de São Paulo
Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação Semanal • www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Redator chefe: Daniel Gomes • Reportagem: Cônego Antônio Aparecido Pereira, Edcarlos Bispo, Filipe David e Nayá Fernandes • Institucional: Rafael Alberto e Fernando Geronazzo • Fotografia: Luciney Martins • Administração: Maria das Graças Silva (Cássia) • Secretaria de Redação: Djeny Amanda • Assinaturas: Ariane Vital • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Edição Gráfica: Ana Lúcia Comolatti • Revisão: Maria Aparecida Ferreira • Impressão: Alliance Editorial S.A. • Redação e Administração: Av. Higienópolis, 890 Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinaturas) • Números atrasados: R$ 1,50 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.
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Brilhe a vossa luz cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo
A festa bonita da Apresentação do Senhor, celebrada no dia 2 de fevereiro, tem múltiplos significados. Maria e José, cumprindo a Lei de Moisés e levando ao templo o menino Jesus, para apresentá-lo a Deus, revelam a profunda religiosidade que os animava, como acontecia com as demais famílias tementes a Deus. O filho era motivo de alegria, visto como sinal da bênção de Deus para o casal; mais ainda, quando se tratava do primogênito, cuja especial pertença a Deus era reconhecida com a apresentação ao Sacerdote, ministro de Deus. Mas também porque este filho significava o elo de continuidade da Aliança de Deus e da esperança do povo na realização das promessas de Deus. Quando adulto, por sua vez, ele teria a missão de zelar para que a fidelidade ao Deus da Aliança não se extinguisse no meio dos irmãos. A vida da família era centrada na fé e na confiança no Deus da Aliança e da Promessa. Quanta coisa bonita, sempre válida para as famílias de nossos dias também! A iniciação à vivência da fé começa na infância e envolve a vida inteira. A fé é pessoal, mas não “privada”, mas envolve a vida comunitária e as relações sociais.
Com o menino Jesus, apresentado no templo, algo novo aconteceu: Simeão, o velho sacerdote, reconhece que este mesmo menino é o fruto das promessas de Deus e a realização das esperanças do povo fiel: “Meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos, luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel!” (Lc 2,31-32). Da mesma forma, a profetisa Ana, velhinha piedosa, louva a Deus e fala a todos do menino Jesus, em quem reconhece a resposta do Deus fiel às suas promessas (cf. Lc 2,36-38). A cena simples e familiar é, ao mesmo tempo, solene e carregada de sentido teológico: o menino levado ao templo era, de fato, o “senhor do templo”, casa de “seu Pai” (cf. Lc 2,49); apresentado ao sacerdote, era ele o “pastor e guia do seu povo”, que vinha ao encontro de seu rebanho; tomado entre os braços por Simeão, emocionado, era esse menino o verdadeiro Sacerdote da Nova Aliança; introduzido no suntuoso templo de Jerusalém, ele era o verdadeiro templo vivo de Deus no meio dos homens e o Pontífice, por meio do qual todos podem ter acesso direto a Deus Pai. Cumprindo a Lei de Moisés, ele iniciava o novo e definitivo culto a Deus, feito em espírito e verdade, na comunhão e obediência a Deus... E Maria, sendo abençoada pelo sacerdote, introduzia no mundo a verdadeira Bênção! Na tradição religiosa popular, a festa da Apresentação do Senhor ficou muito relacionada com o simbolismo da luz: “Luz
para iluminar as nações”, anuncia o velho Simeão. Na sua pregação pública, Jesus convida a segui-lo, é ele a luz do mundo: “Quem me segue, não anda nas trevas, mas terá a luz da vida” (cf. Jo 8,12); e quem está em comunhão com ele, também reflete essa mesma luz: “Vós sois a luz do mundo; brilhe a vossa luz diante dos homens...” (cf. Mt 5,14-16). O Evangelho do reino de Deus, que tem Jesus Cristo no seu centro, é a verdadeira luz, concedida por Deus a todos os que procuram e têm fé nele (cf. Jo 1,8). Todo cristão, discípulo de Jesus Cristo pelo batismo, também é “discípulo da luz” e chamado a ser “luz do mundo” e testemunha do reino de Deus. A luz não deve ser escondida, mas colocada no alto, para que brilhe a todos os que entram na casa (cf. Mt 5,15-16). De um modo todo especial, os consagrados na Vida Religiosa têm a missão de irradiar a luz de Cristo na Igreja e no mundo; vivendo o carisma do Evangelho que lhes é próprio, eles são chamados a mostrar a vocação alta de todos à vida e à salvação, oferecidas por Deus em Jesus Cristo. O reino de Deus é o valor maior desta vida e deve orientar, como grande luz, tudo o que decidimos e fazemos. O Papa Francisco chamou a inteira comunidade eclesial a viver o Ano da Vida Religiosa Consagrada, como ocasião propícia para redescobrir o significado e a importância da consagração religiosa para a vida e a missão da Igreja.
| Encontro com o Pastor | 3
Monsenhor Eduardo professa fé Luciney Martins/O SÃO PAULO
Diante do Cardeal Odilo Scherer e de algumas testemunhas, Monsenhor Eduardo Vieira dos Santos professou a fé e prestou juramento de fidelidade ao Papa nesta segunda-feira, 3, na Capela da Mitra Arquidiocesana. As ações antecedem a ordenação episcopal, que acontece no próximo sábado, 7, às 9h30, na Catedral da Sé.
Vigários gerais Nomeados pelo Papa Francisco Bispos Auxiliares, Dom Devair Araújo e Monsenhor Eduardo Vieira foram designados pelo Cardeal vigários gerais de toda a Arquidiocese de São Paulo. A posse no ofício de auxiliares acontece na Catedral, também no sábado, logo após a ordenação de monsenhor Eduardo.
Acolhida nas regiões episcopais Dom Devair Ribeiro será apresentado na Região Episcopal Brasilândia no sábado, 7, às 15h, na Paróquia São Luiz Gonzaga, em Pirituba. O Monsenhor Eduardo Vieira será acolhido pela Região Episcopal Sé no domingo, 8, às 15h, na Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, no Bom Retiro.
Missa no curso dos bispos no RJ Gustavo de Oliveira/Arquidiocese do Rio de Janeiro
O Cardeal presidiu na quarta, 28, missa no 24º Curso para Bispos promovido pela Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ), na residência do Sumaré. O curso teve como tema central a reflexão sobre os documentos do Concílio Vaticano II.
4 | Papa Francisco |
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O Evangelho é capaz de mudar as pessoas O Papa Francisco, antes da oração mariana do Ângelus, refletiu com os peregrinos reunidos na Praça São Pedro, a partir do Evangelho do domingo, 1 de fevereiro, que mostra Jesus em Cafarnaum, cidade em que vivia Pedro. Jesus entra na cidade, vai à Sinagoga e ensina. Para o Papa, o texto “faz pensar no primado da Palavra de Deus” que é Palavra a escutar, a escolher e a anunciar. Francisco acentua que “Jesus não adia o anúncio do Evangelho, não pensa na sistematização logística, certamente necessária, da sua pequena comunidade, não perde tempo com a organização. A sua preocupação principal é aquela de comunicar a Palavra de Deus com a força do Espírito Santo”. A reflexão prossegue e o Papa chama atenção para a admiração do povo em relação à autoridade com que Jesus fala. E explica o significado deste falar “com autoridade” É que “nas palavras humanas de Jesus se sentia toda a força da Palavra de Deus, sentia-se a autoridade própria de
Deus, inspirador das Sagradas Escrituras”. E prossegue Francisco mostrando que a Palavra de Deus realiza aquilo que diz, ela corresponde à vontade de Deus., enquanto a palavra humana nem sempre. Muitas vezes “pronunciamos palavras vazias, sem raiz ou palavras supérfluas, palavras que não correspondem à verdade”. A Palavra de Deus corresponde à verdade, é unidade com a sua vontade e realiza o que diz. Prova disso é a cura do homem possuído pelo demônio que estava na Sinagoga. Francisco continua mostrando a reação de satanás “escondido naquele homem. E Jesus o repreende a manda que santanás se cale e saia daquele homem. As palavras de Jesus deixam admirados os presentes e o papa explica: “A Palavra de Deus cria em nós o estupor. Possuía a força de nos fazer maravilhar”. “O Evangelho é palavra de vida: não oprimie as pessoas, ao contrário, liberta quantos são escravos de tantos maus espíritos deste mundo.” E o papa cita
alguns desses espíritos: vaidade, apego ao dinheiro, orgulho, sensualidade. O Evangelho muda o coração, a vida, transforma em propósitos de bem as inclinações ao mal. “O Evangelho é capaz de mudar as pessoas.” E o papa, já concluindo, lembra que “é tarefa dos cristãos difundir por toda a parte a força redentora, tornando-se missionários e arautos da Palavra de Deus”. O texto evangélico sugere isso ao afirma que “a fama de Jesus logo se espalhou por toda a parte, em toda a região da Galileia” (v. 28). “A nova doutrina ensinada com autoridade por Jesus é aquela que a Igreja leva no mundo, junto com os sinais eficazes da sua presença: o ensinamento com autoridade e a ação libertadora do Filho de Deus tornam-se as palavras de salvação e os gestos de amor da Igreja missionária.” Após convidar todos a terem um contato cotidiano com o Evangelho, o Papa invoca a intercessão de Maria “aquela que acolheu a Palavra e a gerou para o mundo, para os homens.
Dia Mundial da Vida Consagrada L’Osservatore Romano
Na missa da Festa da Apresentação do Senhor e 19º Dia Mundial da Vida Consagrada, celebrada na Basílica de São Pedro, segunda-feira, 2, o Papa Francisco ressaltou aos religiosos e religiosas o profundo significado da imagem de Maria que leva o Filho, mas também dele que, no fundo, a leva neste caminho de Deus que vem até nós, a fim de que nós possamos ir até ele. “Jesus fez a nossa mesma estrada para indicar-nos o caminho novo, ou seja, o caminho novo e vivo, que é Ele mesmo. E para nós, consagrados, este é o único caminho que, concretamente e sem alternativas, devemos percorrer com alegria e perseverança”, disse o Pontífice.
500 anos de Santa Teresa d’Ávila O Papa Francisco abrirá em 28 de março, com uma Oração Mundial pela Paz, as celebrações dos 500 anos de nascimento de Santa Teresa de Jesus, que se prolongarão ao longo de todo o ano de 2015. Na Audiência Geral da quarta-feira, em 11 de março próximo, o Papa Francisco receberá no Vaticano a relíquia “bastão do peregrino”, de Santa Teresa, apresentada no contexto de uma mostra intitulada “Caminho da Luz”. Em outubro de 2014, a Arquidiocese de São Paulo recebeu o “bastão do peregrino”, que passou pelo Mosteiro Santa Teresa e paróquias carmelitas da cidade.
Viagem à Bósnia Após a oração do Angelus do domingo, o Papa Francisco anunciou sua viagem à Bósnia. “Sábado, 6 de junho, se Deus quiser, irei a Sarajevo, capital da Bósnia-Herzegóvina”, disse. “Desde já, peço a vocês que rezem a fim de que a minha visita àquelas queridas populações seja de encorajamento para os fiéis católicos, suscite fermentos do bem e contribua para a consolidação da fraternidade e da paz”, concluiu o Santo Padre. Na capital da Bósnia, o Núncio apostólico no país balcânico, Dom Luigi Pezzuto, afirmou que a escolha de Sarajevo confirma a sensibilidade do Papa Francisco pelos pobres, uma sensibilidade originária de um Pontífice vindo da América Latina. Por Fernando Geronazzo
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| Fé e Vida | 5
Espiritualidade
fé e cidadania
Afetividade e fé cristã
Jesus nos convida a mudar a cabeça e o coração
dom julio endy akamine Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa
A educação da afetividade é um aspecto decisivo na educação das pessoas independentemente da idade. Os sentimentos e as emoções são componentes naturais do psiquismo humano; constituem o lugar de passagem (cf. Catecismo da Igreja Católica, 1764) e garantem a ligação entre os “dois andares” que constituem a nossa personalidade. Nós somos como uma casa de dois andares: no andar de baixo estão cinco janelas: a visão, o olfato, o tato, a audição e o paladar. No andar de cima temos quatro janelas: o senso da beleza, o senso da verdade, o senso da bondade, o senso do mistério(cf. Edward Neves Guimarães, Curso de Verão, Ano XXVIII, p. 81-87). É aquilo que tradicionalmente se chamava a vida sensitiva e a vida espiritual. Ora, a afetividade é a escada que une e faz a comunicação dos dois andares: o que recebemos pelos sentidos são levados para a vida do espírito pela afetividade, e é a afetividade que conduz a vida do espírito para a nossa vida sensitiva. Nossos cinco sentidos captam e sofrem as impressões do meio circunstante em uma quantidade imensa de informa-
ções que são processadas em nosso espírito. Mas as impressões sensoriais não chegam até nós em seu estado bruto; elas são apropriadas por nós já carregadas de sentimentos e emoções. Tais sentimentos e emoções são acolhidos e enriquecidos de valores, significados e conceitos em nosso espírito. Podem, por fim, ser comunicados e partilhados com os outros através de nossos sentidos. Dou um exemplo. Meu olhar capta as imagens e vê. Posso ver você; a forma do seu corpo e da sua face; percebo seu modo de se vestir, de caminhar, de gesticular. Posso ainda notar seus olhos, suas mãos, seus lábios. Percebo os traços característicos que o tornam único. Chego até mesmo a perceber sinais que expressam o que você traz no interior e debaixo do que meu olhar capta à primeira vista. Parece-me que você está triste ou alegre ou preocupado. Todas essas impressões incidem em meus olhos e causam em meu interior sentimentos diversos, coincidentes e contrários. Com grau maior ou menor de consciência, caio na conta de estar diante de alguém, de uma pessoa, de um mistério que meu olhar de alguma forma mais intui do que capta. Tomo consciência de que estou diante de alguém com uma história de vida que desconheço, de alguém que experimentou a dor e a alegria deste mundo relativamente acolhedor e duro, que tem sonhos e desejos, que tem suas qualidades e defeitos.
Descubro admirado e assombrado que o que meu olhar vê é somente uma partícula de um universo insondável; que estou diante de um outro que me promete a surpresa: a felicidade do encontro e/ ou a desilusão da solidão. Caio na conta de que estou diante do oceano muito mais profundo do que a superfície que o meu olhar pode enxergar. Ao ser surpreendido com o mistério do outro, meu olhar pode se tornar também mais significativo: ele não somente vê; agora pode também comunicar admiração, temor, fascínio pelo outro. O olhar não somente capta, mas também transmite a profundidade de meu espírito que recebeu os sentimentos causados pelo outro e os devolve agora enobrecidos e enriquecidos de meu mundo interior através da janela de meu olhar. Espero que este exemplo simplificado possa ajudá-lo a entender o porquê da importância da educação da afetividade. Sem ela a nossa casa fica sem escada, sem uma boa educação afetiva sofremos de uma cisão interior desumanizadora. Viver só no andar de baixo é infra-humano, viver só no andar de cima é impossível; viver sem escada que liga os dois andares é desumano. A fé cristã não é alheia à educação da afetividade, pois compreende a salvação como uma oferta para a realização da pessoa humana como um todo. “Na vida cristã, o Espírito Santo realiza sua obra mobilizando o ser inteiro, inclusive suas dores, medos e tristezas” (Catecismo da Igreja Católica, 1768).
eSPAÇO ABERTO
O atentado em Paris e o islamismo João Baptista Herkenhoff O brutal atentado contra jornalistas em Paris, repudiado com veemência por todas as pessoas que tenham um mínimo de senso, está permitindo que se reacenda, por malícia de alguns, um sentimento de rejeição ao islamismo. Este sentimento preconceituoso contra o Islã, que algumas vozes pretendem semear, neste momento de pânico, é totalmente inaceitável. Não se pode confundir fundamentalismo imbecil com a Fé Islâmica. Não se pode aceitar que criminosos, que devem ser presos, julgados e punidos, sejam apresentados como protótipos de uma religião, como não se pode aceitar que os corifeus da Inquisição sejam considerados símbolo do Cristianismo. O islamismo ensina que o homem é “representante de Deus”, conforme se lê no Corão. Observa Jean-François Collange, um especialista em estudos sobre religiões, que a igualdade, a dignidade e a liberda-
de inerentes a todos os seres não podem ser contestadas por qualquer instância humana, segundo o ensinamento islâmico. O islamismo prescreve a fraternidade, adota a ideia da universalidade do gênero humano e de sua origem comum; ensina a solidariedade para com os órfãos, os pobres, os viajantes, os mendigos, os homens fracos, as mulheres e as crianças; define a supremacia da justiça acima de quaisquer considerações; prega a libertação dos escravos; proclama a liberdade religiosa e o direito à educação; condena a opressão e institui o direito de rebelar-se contra ela; estabelece a inviolabilidade da casa. Há uma semelhança estreita entre a visão islâmica do ser humano (homem, vigário de Deus), a ideia cristã ensinada por Paulo Apóstolo (homem, templo de Deus) e a ideia de homem como imagem de Deus (Gênesis, livro sagrado de judeus e cristãos). Mohammed Ferjani nega que o islamismo seja uma Religião obtusa, que impeça seus fiéis de ingressar na moder-
nidade, e rejeita a tese de que caiba ao Ocidente a missão civilizatória. Não escrevo esta página baseado apenas em pesquisas realizadas na carreira universitária. Experimentei um mergulho pessoal que confirmou tudo que li. Refiro-me à participação num Colóquio Internacional Islâmico-Cristão, ocorrido em Paris, uma das mais belas experiências que vivi. Nesse colóquio pude partilhar com crentes muçulmanos um projeto de mundo baseado na liberdade, na solidariedade e na justiça. Não se tratou apenas de um intercâmbio intelectual mas de algo muito mais profundo, radicado no afeto, na compreensão recíproca, na comunhão. A meu ver, esse mundo que, naqueles três dias, centenas de homens e mulheres de boa vontade supuseram possível construir, a partir do respeito mútuo e do diálogo, está bem próximo da utopia humanista redentora do mundo. João Baptista Herkenhoff é magistrado aposentado (ES), professor e escritor. E-mail: jbpherkenhoff@gmail.com
As opiniões expressas na seção “Espaço Aberto ” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.
Frei Patrício Sciadini, ocd. Estou convencido de que milhões de católicos do mundo inteiro acompanharam com amor e com uma certa apreensão e preocupação o Sínodo da Família, que já se encerrou com a publicação do documento final como reflexão para a próxima sessão, que será neste ano. E dentro de nós uma pergunta nos agitou e continua a nos incomodar, com certa tempestade: qual será afinal, a posição da Igreja sobre a família? Os divorciados e recasados poderão receber a comunhão e se aproximar a todos os sacramentos? E as famílias, de fato como serão? E a situação dos homossexuais, como será vista pela Igreja? E por aí vão as perguntas e questionamentos. Cada um de nós tem dentro de si uma resposta, mesmo que não diga por medo, por receio ou porque lhe falta o que o Papa Francisco chamou com uma palavra grega “parresia”, que significa coragem, honestidade e força de dizer o que se pensa, sem olhar o vizinho e sem medo das críticas. Na verdade eu me sinto felicíssimo por tudo isto e manifesto com coragem e simplicidade o meu pensamento: somos convidados, nós católicos, a fazer um transplante corajoso de cabeça e de coração e colocar no lugar da nossa cabeça curta e cheia de preconceitos - a cabeça de Jesus e no lugar do nosso coração meio fossilizado e petrificado pelo tempo - o coração de Cristo, e aí as coisas mudam e seremos, sem dúvida, felizes. O encontro com Jesus nos diz três coisas que nunca podemos esquecer: DEUS É AMOR: O amor de Deus foi derramado nos nossos corações e por isso gritamos “Abba”. Ele sabe o que se passa em nós e mesmo em situação que nós consideramos “de pecado”, ele nos ama e batem ao nosso coração, para que possamos compreender que sem o amor seremos sempre pessoas em luta, nos agredindo uns aos outros. NÃO ATIRAR AS PEDRAS: Jesus venceu os fariseus com o silêncio e com poucas palavras: “Quem estiver sem pecado atire a primeira pedra!” E aí diz o evangelista João, que um a um foram embora... Quem sabe que todos nós devemos ir embora, começando dos mais velhos, porque somos pecadores e perdoar e amar e ir em paz e não pecar mais. NÃO PEQUES MAIS: Jesus não é amigo do pecado, seja qual for. Isto é, do que fere a nós mesmos, a Deus e à consciência dos outros. Ele sempre condena o pecado, mas sempre ama os pecadores, com um amor infinito.
6 | Fé e Vida |
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LITURGIA E VIDA 5º DOMINGO DO TEMPO COMUM 8 DE FEVEREIRO DE 2015
Um incansável amor ANA FLORA ANDERSON
A liturgia deste domingo é uma reflexão sobre a tensão da vida humana que enfrenta tribulações e, ao mesmo tempo, é cercada pelo amor de Deus. A oração do dia diz que confiamos na graça de Deus, pois seu amor é incansável. Na primeira leitura (Jô 7, 1-4. 6-7) o profeta descreve com linguagem dura, mas poética, como o ser humano enfrenta o sofrimento. Deprimido, ele conclui que os seus olhos não voltarão a ver a felicidade. Na segunda leitura (1 Coríntios 9,16-19. 22-23) São Paulo insiste que, diante das tensões da vida humana, o mais importante é sua vocação de pregar o evangelho. Quem pregar essa Boa- Nova deve se tornar fraco com os fracos e fazer tudo que é possível para todos. O Evangelho de São Marcos (1, 29-39) narra como Jesus curou a sogra de Pedro e todos os doentes que se reuniram na frente da casa procurando ser libertados das suas doenças. A mensagem evangélica atinge a experiência mais dura da vida humana que é a de enfrentar as forças do mal. Deus não quer o mal e o sofrimento. A mensagem cristã é uma notícia feliz! O mal entra no mundo pela liberdade humana, mas Deus sempre nos oferece uma nova possibilidade de libertação!
você pergunta
Deus castiga os pais nos filhos? Padre Cido Pereira
Vigário Episcopal para a Pastoral da Comunicação
Está lá na Bíblia, diz a Terezinha da Vila Piauí. Em Números, 14, 18, lemos que os filhos pagam os pecados dos pais. Ela gostaria de entender isso melhor. Sabe, Terezinha, eu me entristeço quando alguém isola este versículo de todo o contexto em que ele foi escrito para ameaçar em nome de Deus ou, pior, inventar ritos para libertar pessoas de maldições dos antepassados. É preciso por um fim a isso. Deus não castiga nos filhos os pecados dos pais. O que acontece, e eu só consigo compreender este texto assim, acontece que todo pecado tem uma consequência social. E este trecho chama atenção para isso. Pais, que vivem afastados de Deus, acabam colocando seus filhos neste caminho. Pais que negam a Deus criam filhos ateus. Pais que praticam a iniquidade dão péssimo exemplo aos filhos. Pais que fecham o coração à graça de Deus fecham não só seus corações, mas o coração dos filhos. Não é justo, não é bom, não faz bem, imaginar que Deus seja tão duro nos seus julgamentos. Não é justo, não é bom, não faz bem, isolar esta frase do contexto lindo em que ela foi escrita. O capítulo inteiro que em que esta frase está inserida nos mostra a revolta do povo contra Moisés e Aarão, reclamando das agruras da caminhada pelo deserto. O povo queria até voltar para o Egito, imagine? Estava com medo de conquistar a terra prometida. “Até quando este povo não vai acreditar em mim apesar de todo o bem que eu lhe fiz?” - pergunta o Senhor. Moisés intercede pelo povo. E na sua intercessão ele passa fala com Deus, mas passa um recado ao povo: “O Senhor é lento para a cólera e rico em bondade; ele perdoa a iniquidade e o pecado, mas não tem por inocente o culpado”... e agora é que vem a frase: “castiga a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira geração”. E Moisés suplica: Perdoai ao pecado desse povo, segundo a vossa misericórdia, como já o tendes feito desde o Egito até aqui... Na verdade eu quero frisar isso: somos frutos de nossas escolhas, mas em qualquer época, qualquer pessoa, independentemente do pecado de seus antepassados, optou pelos caminhos do Senhor e já pode contar com a misericórdia dele. Deus não desiste de nós não, Terezinha. E que ninguém que nos ouviu fique pensando que os sofrimentos por que passa é fruto dos pecados dos pais. Não joguemos nas costas deles a nossa indiferença, nossa falta de fé, nossas escolhas erradas.
novos santos e beatos
Santa Catarina de Ricci 4 de Fevereiro
Aos 25 de abril de 1522, nasceu a linda menina na nobre e milionária família Ricci, de Florença, na Itália. Quem foi encarregada de sua criação foi sua avó paterna, que percebia na pequena neta a vocação pela fé cristã. Por isso, aos seis anos foi entregue à educação das irmãs beneditinas em Prato, uma cidade muito próxima da sua. Ali sua vontade de seguir a vida religiosa de fato se concretizou. Quando completou os estudos e teve de voltar ao lar paterno, recusou a convivência com o luxo e a riqueza, que a família ostentava e escolheu continuar vivendo sob as regras do convento. Seu pai, Pedro Francisco, ainda não estava convencido e lutava contra esse seu desejo. Mas ela insistiu na escolha de uma vida casta e religiosa, até que os familiares concordassem com seu ingresso num convento. Lá tomou o hábito e escolheu o nome de Catarina, o qual a remetia à sua falecida mãe e à Santa de Sena, de sua devoção. Catarina de Ricci se tornou uma das místicas mais respeitadas e viveu uma das experiências mais impressionantes que a Igreja pode comprovar. Ela faleceu em 02 de
há
Reprodução
fevereiro de 1590, no convento onde foi enterrada e onde as relíquias ainda são conservadas, em Prato, Itália. Beatificada em 1732, foi proclamada Santa Catarina de Ricci em 1746, pelo Papa Benedito XIV e sua festa designada para 04 de fevereiro. Papa João Paulo II, que durante sua visita de peregrinação ao Santuário de Santa Catarina
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de Ricci, assim se pronunciou sobre ela: “A sua profunda experiência contemplativa lhe possibilitou obter o dom da sabedoria que a fazia ofertar uma palavra de luz e de esperança com ânimo aberto e voltado às verdadeiras necessidades das mais variadas categorias de pessoas, graças às inspirações de uma caridade ardente e generosa”.
anos
Capa da edição de 31 de janeiro de 1965
Dom Agnelo Rossi recebe o barrete cardinalício Dom Agnelo Rossi, arcebispo de São Paulo, foi designado pelo Paulo VI como único prelado latino-americano incluído na lista dos purpurados. Também há 50 anos teve início o horário de verão, o primeiro do país. De acordo com o semanário a medida tinha como objetivo “o melhor aproveitamento do período diurno, mais do que a economia de energia, de vez que o fornecimento desta se encontra garantido pelas chuvas abundantes na bacia do Paraíba e em São Paulo”. Outra notícia relevante para a sociedade paulistana foi
a mudança da sede do Governo para o Palácio dos Bandeirantes, construído pela família Matarazzo. Continuando as notícias sobre a evangelização no Japão, o jornal noticiou que “o trabalho de evangelização é dos mais árduos, dada a profundidade das tradições nacionais, o arraigamento ao culto dos ancestrais de uma parte, principalmente da parte inculta”. Naquela época já havia igrejas protestantes no Japão e o número de católicos também aumentou, chegando a 110 mil fiéis.
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| Pastorais | 7
peregrinação
Arquidiocese recebe visita da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima No domingo, 1º, a Imagem Peregrina de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, vinda do Santuário de Portugal, foi acolhida no Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, no Sumaré. Houve celebração eucarística presidida pelo Padre Armênio Rodrigues Nogueira, responsável pela peregrinação na Arquidiocese de São Paulo, e pelo Frei José Maria, TOR, pároco do Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fatima-Sumaré. A imagem peregrinará, pelas paróquias da Arquidiocese de São Paulo até o dia 13 de Outubro deste
ano. Entre os dias 13 e julho até o dia 2 de Setembro a imagem estará na Diocese de Santos, em comemoração ao centenário de instalação de uma paroquia daquela diocese. Para quem quiser agendar a visita da Imagem Peregrina em sua Paróquia, entre em contato com o Padre Armênio, pelo e-mail: fatimaperegrina@yahoo.com.br ou pelo telefone 11 96691-5604. A programação da visita da Imagem a Arquidiocese de São Paulo, estará no facebook, no grupo “Imagem Peregrina de Fátima
Arquivo pessoal
em São Paulo’’, também no jornal O SÃO PAULO e na rádio 9 de Julho.
PROGRAMAÇÃO:
Sábado, 07 de Fevereiro. 9h - A imagem chegará ao Abrigo dos Velhinhos de Frederico Ozanam (rua Vilarinhos, 95 – Jardim Tremembé, zona norte de São Paulo) Fone: 2203 – 2761 A imagem ficará no Abrigo até domingo, 9, às 10h30 Colaborou equipe de organização da visita da imagem peregrina
Imagem Peregrina de Fátima é acolhida por fiéis em Santuário no Sumaré
vicariato episcopal para a pastoral da comunicação
Pastoral da Comunicação arquidiocesana inicia nova fase A primeira reunião da Pastoral da Comunicação (PASCOM) da Arquidiocese de São Paulo em 2015 marcou o início de uma nova fase: Padre Luiz Cláudio de Almeida Braga assumiu a coordenação do grupo, substituindo o diácono permanente Francisco Gonçalves. Rafael Alberto, secretário executivo do Vicariato Episcopal para a Pastoral da Comunicação, apresentou o novo coordenador arquidiocesano aos coordenadores das regiões episcopais e falou sobre as expectativas da Arquidiocese em relação ao grupo. “Com o novo portal, teremos um ambiente digital dinâmico e será fundamental a criação de uma rede de comunicadores de todas as paróquias”, disse. O encontro aconteceu na Catedral da Sé no dia 17 e contou com a presença de coor-
denadores das regiões episcopais Sé, Brasilândia e Belém. Seguindo uma dinâmica no método “Ver, Julgar e Agir”, padre Luiz Cláudio propôs uma reflexão sobre a situação atual da PASCOM na Arquidiocese e uma projeção para as expectativas de futuro. No momento “Ver”, foi possível constatar que a falta de articulação dos serviços e grupos de comunicação já existentes é o maior desafio da pastoral. O “Julgar” foi marcado pela esperança de “renovação”. Os coordenadores também apontaram a necessidade da realização de momentos de formação e de espiritualidade para os agentes pastorais que trabalham com comunicação, além do desejo de um diálogo mais frequente com rádio e jornal da Arquidiocese. No “Agir”, padre Luiz Cláudio se colocou à disposição
para conhecer a realidade e as dificuldades das regiões episcopais e propôs que as próximas reuniões da PASCOM arquidiocesana sejam de visitas às reuniões nas regiões. Ficaram agendadas as próximas duas reuniões: no dia 26 de fevereiro, às 19h30, no Centro Pastoral São José, no Belém; e no dia 17 de março, às 19h, na Paróquia Santos Apóstolos, na Brasilândia. Padre Luiz Cláudio, vigário paroquial na Igreja Santo Antônio da Barra Funda, é formado em jornalismo e tem pós-graduação com dissertação sobre o Jornal O SÃO PAULO. Além de coordenador, foi nomeado pelo Cardeal Odilo Scherer o Assistente Eclesiástico da PASCOM arquidiocesana. Colaborou Vicariato da Comunicação
Pastoral Carcerária
Pastoral da juventude
Por um mundo sem grades, por um mundo sem prisões!
Por em prática o que foi vivido no ENPJ
Nos dias 26 e 27 de janeiro a coordenação arquidiocesana da Pastoral Carcerária esteve reunida no Centro Pastoral São José, no Belém, para o planejamento de suas ações e diretrizes para o ano de 2015. Os desafios já haviam sido elaborados por agentes de pastoral em dezembro de 2014. A conjuntura do sistema carcerário do Estado de São Paulo, marcada pela violação da dignidade humana, norteou a reunião. Dentre as situações mais extremas, destacou-se a superlotação nos Centros de Detenção Provisória (CDP’s) - como no CDP da Vila Independência, com capacidade para 828 pessoas, mas abrigando 2446 presos; ou no CDP Belém II, onde estão presos 2738 homens, sendo que a capacidade oficial é para 844 -, os maus tratos e os castigos arbitrários sofridos pelas pessoas presas, a imensa quantidade de usuários de drogas presos e condenados como traficantes, a prática da revista vexatória mesmo sendo proibida por lei, e a seletividade punitiva do sistema judiciário. Atenta à 5ª urgência do 11º Plano de Pastoral, Igreja a serviço da vida plena para todos, e às palavras do Papa Francisco que dizem que “o aumento e endurecimento das penas com frequência não resolvem os problemas sociais nem levam à diminuição dos índices de delinquência”, a Pastoral Carcerária traçou seu trabalho de evangelização consi-
derando três frentes: a visita aos cárceres; o trabalho com egressas/os, familiares, paróquias e comunidades; e o combate ao encarceramento em massa, fim da tortura e democratização do sistema judiciário. As Agendas de Desencarceramento e Desmilitarização (disponíveis em www.carceraria.org.br) foram reafirmadas como as pautas urgentes a serem debatidas internamente na Igreja e com o conjunto da sociedade. Juntamente com as Agendas, a Justiça Restaurativa e o efetivo fim da revista vexatória são questões prioritárias para a Pastoral Carcerária. A mesma atenção será dada às condições dos Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP’s), dando continuidade ao grupo de trabalho, criado em 2014, que atua nessa realidade. A formação cristã dentro das prisões e a assistência religiosa através dos sacramentos, desenvolvidas intensamente em 2014, são ações constantes da pastoral nas visitas ao cárcere. A formação contínua das/os agentes de pastoral prosseguirá bimestralmente, e o primeiro encontro já está marcado para a manhã de 21 de fevereiro. Informações sobre a atuação da Pastoral Carcerária e sobre a realidade prisional podem ser obtidas no site www.carceraria.org.br e na página da pastoral no facebook. Colaborou Marcelo Naves
Viver a comunidade, ser profetas da esperança, reafirmar a opção pelos grupos de jovens, estas foram algumas das reflexões construídas durante o 11º Encontro Nacional da Pastoral da Juventude (ENPJ) que aconteceu de 18 a 25 de Janeiro em Manaus. Dentre os 600 delegados (jovens lideranças e assessores), a Arquidiocese de São Paulo também esteve presente com 15 delegados, e lá puderam trocar vivências, e a partir do olhar da Igreja Amazônica trazer na bagagem novas formas de ser e fazer a Pastoral da Juventude (PJ) na realidade da metrópole. Os jovens delegados da Arquidiocese de São Paulo, a partir das discussões, elaboraram pistas de ações para levar as diretrizes do encontro nacional até as bases, como foi reafirmado no encontro: “a base é onde a PJ acontece”, o encontro é o “pé inicial”, mas o retorno para as bases é que fomenta a vida da Pastoral.
O ENPJ tem como característica mística a percepção de que o Reino de Deus perpassa as pequenas coisas da vida, por esta razão todo o encontro foi concebido por meio dos eixos temáticos que contribuem com esta proposta de caminhada e estão inseridos no método ver-julgar-agir. São eles: teológico, missionário/social, espiritualidade e arte/cultura. Durante o encontro foram realizadas mesas de debate, discussões em grupo e plenária, além de momentos de celebração e oração como a Leitura Orante da Bíblia em grupo e a oração do Oficio Divino da Juventude. Outro momento que impactou e contribuiu para o desenvolvimento das reflexões foi a experiência missionária em diversos pontos da Arquidiocese de Manaus. Lá os jovens foram convidados a vivenciar as realidades urbana, rural, ribeirinha e indígena daquela região. Colaborou equipe de comunicação da PJSP
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Destaques das Agências Nacionais
Henrique Sebastião com agências Especial para o são paulo
Arcebispos da Arquidiocese de Curitiba e do Ordinariado Militar receberão a imposição do pálio em suas Arquidioceses O pálio, símbolo da ovelha sobre os ombros de Jesus, é um colarinho de lã branca, com dois apêndices (um na frente outro às costas) e seis cruzes bordadas em lã preta, quatro no colarinho e uma em cada apêndice. É confeccionada pelas monjas beneditinas do Mosteiro de Santa Cecília (Roma), com a lã de cordeiros ofertados ao Papa na solenidade de Santa Inês (21 de janeiro). São abençoados pelo Pontífice e guardados numa arca junto ao túmulo de São Pedro. A partir deste ano, o pálio será entregue aos Arcebispos metropolitanos (nomeados durante a solenidade de São Pedro e São Paulo) pelo Papa, no Vaticano, e imposto pelo Núncio apostólico nas respectivas Sedes episcopais. O Mestre de cerimônias pontifícias, Mons. Guido Marini, explica o significado do gesto: “A partir de 29 de junho, Solenidade de Pedro e Paulo,
os Arcebispos estarão em Roma, concelebrarão com o Pontífice e participarão do rito da bênção dos pálios, mas não haverá a imposição: apenas receberão o pálio de modo mais simples e privado”. – A imposição do pálio ocorrerá depois, nas respectivas Dioceses e na presença dos fiéis e Bispos. “O significado da mudança é evidenciar a relação dos Bispos metropolitas com sua Igreja local e possibilitar a mais fiéis estarem presentes nesse rito tão significativo”. Arcebispos do Brasil – Desde a última imposição do Pálio (2014) foram nomeados os Arcebispos do Ordinariado Militar, Dom Fernando José Monteiro Guimarães, e da Arquidiocese de Curitiba (PR), Dom José Antônio Peruzzo. O Arcebispo de Pelotas (RS), presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação
Bíblico-Catequética da CNBB, Dom Jacinto Bergmann, explica que o uso do pálio, nos primeiros séculos do cristianismo, era exclusivo dos Papas, mas passou aos Metropolitas a partir do século VI, tradição que perdura até hoje. Cada Província Eclesiástica é formada por Dioceses e uma Arquidiocese. À frente está o Metropolita, Arcebispo da Diocese-sede. As palavras “arqui” e “arce”, junto às palavras Diocese e Bispo, vêm do grego e significam “o primeiro”. Nomeado, o Metropolita pede o pálio ao Papa, símbolo de seu poder na Província Eclesiástica e de sua comunhão com a Sé Apostólica. Usa-o unicamente nas funções litúrgicas, sobre os paramentos pontificais, dentro da Província que preside. Rádio Vaticano / CNBB
Reinauguração da Basílica Velha de Aparecida Thiago Leon/Santuário Nacional
Após 11 anos de restauração, a Matriz-Basílica de Nossa Senhora Aparecida será reinaugurada em 2 de fevereiro. A tão querida imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, encontrada no Rio Paraíba do Sul, ficou na Matriz até 1982, quando foi transferida em definitivo para a Basílica nova (Santuário Nacional). O templo de arquitetura barroca foi inaugurado em 1888 (as obras foram iniciadas em 1845). Recebeu do Vaticano, em 1908, o título “Basílica de Aparecida”; em 1982 foi tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado como monumento de interesse histórico, religioso e arquitetônico. A restauração estrutural e artística da “Basílica Velha” foi iniciativa do Santuário Nacional; contou com a coordenação da restauradora Cláudia Rangel, que com sua equipe trabalhou na recuperação dos detalhes internos e externos do templo. Os trabalhos tiveram início em fevereiro de 2004. Durante as obras, Missas e visitas não foram interrompidas. A Basílica foi totalmente recuperada: janelas de madeira, peças de mármore, piso, telhado e paredes, com a restauração dos detalhes originais. Sobre o Altar, foi recuperada a pintura de 1904, uma coroa circundada por dois anjos e ornamentada com guirlanda e flâmula com a inscrição “Ave Maria”. Na tribuna leste do presbitério, uma pintura representando o Espírito Santo foi redescoberta. O coro teve assoalho trocado e readequação das paredes. Um órgão de tubos alemão foi reconstruído e poderá ser utilizado nas celebrações. A12 / CNBB
Arcebispo de Belo Horizonte convida o Papa a visitar o Santuário de Nossa Senhora da Piedade, Padroeira das Minas Gerais O Papa Francisco recebeu na manhã de quinta-feira (29/1), em Roma, o Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, que transmitiu ao Pontífice a admiração de sua Arquidiocese e um convite para visitar o Santuário Nossa Senhora da Piedade, em 2017. – Durante sua visita ao Brasil, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, o Santo Padre manifestou seu desejo de retornar ao país em 2017, para celebrar o quarto centenário da aparição de Nossa Senhora Aparecida. Durante o encontro, o Arcebispo
convidou o Santo Padre a participar das celebrações dos 250 anos de história do povo mineiro, no Santuário de Nossa Senhora da Piedade, padroeira do Estado de Minas Gerais. Entre os temas tratados na audiência estiveram os novos caminhos missionários da Igreja no Brasil, além da situação social, econômica e política do país. “Foi um encontro emocionante, que alegrou meu coração. A conversa com o Papa aumentou minha alegria de ser o primeiro servidor da amada Arquidiocese de Belo Horizonte”, disse Dom Walmor. CNBB
Presidente da CNBB consulta as Dioceses sobre o Sínodo da Família “Ficaria muito grato se o senhor promovesse uma consulta ampla com o Povo de Deus de sua Diocese para o bom êxito do processo que se concluirá com a segunda e última etapa do Sínodo sobre a Família, em outubro próximo”, disse o Arcebispo de Aparecida (SP) e presidente da CNBB, Cardeal Raymundo Damasceno Assis, em carta aos Bispos do Brasil. A iniciativa foi motivada pelo comunicado do secretário-geral do Sínodo, Cardeal Lorenzo Baldisseri, que pede a realização de “uma ampla consulta com todo o povo de Deus sobre a família”. A consulta é pedido do Papa Francisco, que tem incentivado a participação das comunidades nas reflexões do Sínodo. O pri-
meiro dos documentos da 3ª Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos, além das reflexões, apresenta perguntas. O objetivo é avaliar o texto e solicitar o aprofundamento do trabalho. Ao todo, o documento propõe 46 questões para reflexão. – A CNBB receberá as contribuições e produzirá uma síntese do material coletado. Depois, o conteúdo será enviado à secretaria geral do Sínodo, responsável pelo texto de trabalho da 14ª Assembleia Geral Ordinária, que ocorrerá de 4 a 25 de outubro próximo. O tema proposto será “A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo”. CNBB com informações da Secretaria do Sínodo/Vaticano
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Destaques das Agências Internacionais
| Igreja em Missão | 9 Filipe david
Especial para o são paulo em paris
Itália
Igreja resiste à ideologia de gênero nas escolas O Conselho Permanente de Bispos da Itália, em seu encontro entre 26 e 28 de janeiro, tratou, entre outros assuntos, da introdução nas escolas italianas de livros e textos que ensinam a ideologia de gênero. Os bispos italianos manifestaram sua preocupação com os efeitos da disseminação dessa ideologia no sistema escolar. O Cardeal Angelo Bagnasco lembrou a preocupação do Papa Francisco, que chamou de “colonização ideológica” o condicionamento de ajuda internacional a países pobres à aceitação da ideologia de gênero. O objetivo da disseminação desses livros é, segundo o Cardeal, “colonizar a mente das crianças, meninos e meninas, com uma visão antropológica distorcida, sem ter pedido nem obtido previamente a autorização dos pais”. Após a publicação de uma estratégia nacional para a prevenção de “discriminação baseada
em orientação sexual e identidade de gênero” em 2012 – que previa a disseminação de material didático contendo a ideologia do gênero – diversas associações de pais têm se manifestado contra a medida. Devido aos protestos, os livros, que já haviam sido impressos, não foram distribuídos. Em dezembro, uma petição eletrônica no CitizenGo recolheu quase 50 mil assinaturas pedindo ao Ministro da Educação italiano para banir a ideologia de gênero das escolas. Segundo a petição, “hoje em dia, os projetos educacionais são frequentemente apresentados como voltados a ‘combater a discriminação’, (...) mas o conceito genérico de ‘não discriminação’ muitas vezes esconde a negação de diferenças sexuais naturais e sua redução a um fenômeno cultural, a [consequente] liberdade para se identificar com qualquer gênero sem levar em conta o sexo biológico,
a equivalência de qualquer forma de união e família, e a justificação de praticamente todo comportamento sexual”. A ideologia de gênero defende que todas as diferenças sexuais são socialmente construídas, sem fundamento na natureza humana. Em vez de falar em “sexos”, que evoca as diferenças biológicas entre homens e mulheres, prefere o termo “gênero”, que, como na gramática, é apenas uma questão de convenção. A declaração final do Conselho dos Bispos diz que essa cultura “não preserva a família como célula central da sociedade”, mas a desnaturaliza, igualando-a a qualquer forma de relação afetiva. Segundo Dom Nunzio Galantino, “os direitos individuais são legítimos, mas não podem ser tomados como atalho para atentar contra o bem comum”. Fonte: CNA
África
Bispos nigerianos pedem ação militar contra o Boko Haram O bispo de Maiduguri, Dom Oliver Doeme, afirmou à organização Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) que os países ocidentais devem intervir, trazendo forças de paz, para conter o Boko Haram. Boa parte do território da diocese de Maiduguri está atualmente nas mãos do grupo fundamentalista, que, nas últimas semanas, sequestrou 80 pessoas em Camarões, tomou o controle de Monguno (cidade com 100 mil ha-
Mais que apresentar notícias, queremos fazer uma parceria: Sua paróquia nos ajuda a dar visibilidade ao O SÃO PAULO e nós facilitamos a distribuição do folheto O POVO DE DEUS.
SAIBA MAIS:
AIS
bitantes) e atacou duas vezes a cidade de Maiduguri, capital do estado de Borno, na Nigéria. O grupo já destruiu 50 igrejas e muitas outras foram abandonadas. O arcebispo de Jos, também na Nigéria, Dom Ignatius Ayau Kaigama, disse que a situação é “muito perigosa e perturbadora, porque uma vez capturada Maiduguri, as regiões vizinhas serão facilmente conquistadas”. Segundo Dom Ignatius, uma
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Adoração eucarística no Níger.
intervenção militar – não diplomática – é necessária, porque “estamos lidando com um grupo que perdeu toda racionalidade e mata pessoas à vontade... sejam cristãos ou muçulmanos”. No Níger, país que faz fronteira ao sul com a Nigéria, os recentes ataques aos cristãos nos protestos contra Charlie Hebdo, que terminaram com 10 pessoas mortas, 173 feridas e várias igrejas incendiadas, têm sido incentivados e mesmo organizados pelo grupo terrorista, segundo uma religiosa missionária que vive escondida no País – e cujo nome não é divulgado para a
sua proteção – informou à Ajuda à Igreja que Sofre. Segundo a religiosa, o grupo tem feito uma campanha de ódio contra os cristãos, prometendo queimar todas as igrejas e matá-los todos. A religiosa explicou como pretende enfrentar a situação: “não vamos nos deixar mover pelo medo. O amor é mais forte que o ódio”. Segundo a organização Human Rights Watch, o grupo foi responsável pela morte de 4 mil pessoas apenas em 2014. Mais de 1,5 milhão de pessoas já foram deslocadas por causa de sua ação terrorista. Fonte: CNA/ AIS
Comportamento
10 | Viver Bem |
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(Re) adaptação escolar – turbilhão de emoções valdir reginato A vida é uma sucessão de experiências, vivências e emoções que exigem a cada momento uma (re) adaptação. O (re)início da vida escolar é para alguns a primeira experiência para além do convívio familiar. O primeiro passo em direção a um ambiente novo, rotina nova, com pessoas diferentes. Para outros, que já frequentaram a escola, é um recomeço. Momento de resgatar vínculos, rever colegas, conhecer outros, conhecer um novo grupo e nova rotina. É fácil imaginarmos o quanto a (re) adaptação é desgastante especialmente para os pequenos que tem ainda uma gama de experiências e um funcionamento simbólico restritos e, portanto, necessitam de suporte, paciência e um ambiente acolhedor para passarem por essa experiência de modo positivo. Fundamental, porém, é a postura da família. Confiar na escola e na capacidade da criança de se adaptar, de “sobreviver” à ausência da mãe e de crescer com essa experiência é determinante para uma boa adaptação. Crianças choram diante do novo e isso é natural e esperado. O problema é como nós, adultos, reagimos ao choro da criança - precisamos ser otimistas, positivos e confiantes sem nos deixarmos abater pela fragilidade natural dos pequenos. Nós precisamos mostrar a eles com nossas atitudes, que são capazes de sobreviver à escola e, em pouco tempo, gostar muito dela!
Dicas para uma adaptação mais tranquila:
O cinema pode proibir a entrada do meu filho em virtude da censura por faixa etária? ronald Quene Não. Conforme disposto no artigo 19 da Portaria 1100 do Ministério da Justiça que dispõe: que “Cabe aos pais ou responsáveis autorizar o acesso de suas crianças e/ou adolescentes à diversão ou espetáculo cuja classificação indicativa seja superior à faixa etária destes, porém inferior a 18 (dezoito) anos, desde que acompanhadas por eles ou terceiros expressamente autorizados”. Saiba dos seus direitos, procure um advogado. Ronald Quene é bacharel em direito
Tecnologia
Direito do Consumidor
• Confiança é essencial. Caso ainda haja alguma dúvida ou receio em relação à escola busque es-
nova vivência podem gerar ansiedade; fale o básico e deixe que ela faça suas descobertas sobre a escola. • Siga as orientações da escola para o período de adaptação. Lembre-se - eles são profissionais no assunto e sabem o que estão orientando. • Na hora de entregar a criança ao professor faça-o com determinação - sem grandes despedidas e “declarações de amor”. A criança sabe que é amada e devemos tratar com naturalidade essa nova rotina. • Não deem asas à imaginação - às vezes, após alguns dias sem chorar, a criança passa a apresentar resistência para entrar na escola. Essa atitude é muito comum, pois as novidades iniciais já foram exploradas e as crianças acabam sentindo um pouco mais sua separação em relação aos pais e também tomam contato com as regras de convívio e com a rotina que nem sempre lhe são tão agradáveis. É comum nesse momento os pais se assustarem achando que algo de ruim aconteceu na escola. •Durante a adaptação a criança poderá apresentar alguns comportamentos que indiquem regressão: voltar a fazer xixi na calça, pedir mamadeira, apresentar sono agitado... Não se assuste. As reações citadas fazem parte do processo de adaptação e, normalmente desaparecem com o tempo. Acompanhe essas reações, sem dar excessiva importância a elas. Encarem com otimismo e coragem essa etapa nova e importante na vida das crianças. Todo o turbilhão passará, as coisas irão bem e sobrarão muitas histórias para contar!
clarecimentos. Quanto mais seguros estiverem mais segurança transmitirão à criança. • Nada de culpa e choradeira - estar na escola é importante para a criança. Que segurança ela terá se a mamãe estiver chorando ou com os olhos marejados? • Explicações excessivas à criança a respeito dessa
Uma rede social de livros Pedro Paulo de Magalhães oliveira Junior O consumo de livros, seja em formato eletrônico, seja em papel é algo muito baixo no Brasil. Nos EUA são publicados por ano cerca de 330.000 livros enquanto que no Brasil este número não ultrapassa muito 20.000 novos títulos. São raras as bibliotecas públicas brasileiras em que se pode obter novos lançamentos literários, coisa que é extremamente acessível mesmo nas menores cidades norte-americanas. Diante desse cenário é justo perguntar, quantos livros você leu ano passado? O que você pretende ler agora? Para ajudar a manter esta contabilidade e descobrir novos autores e coisas interessantes para ler há uma rede social chamada GoodReads (http://goodreads.com). Na rede você se inscreve com sua conta do Facebook ou Twitter e pode começar a anotar os livros que você leu, dar notas, escrever pequenas resenhas
que ajudem outros leitores e a você mesmo. Existe uma interessante funcionalidade que é acompanhar o que seus amigos estão lendo e o que comentam dos livros que leram, também é possível indicar livros uns para os outros e comparar os gostos literários de duas pessoas. Saber quais são seus autores mais lidos, fazer listas por assuntos, enfim, inúmeras possibilidades numa rede social onde não se discute quem dormiu com quem no Big Brother Brasil, mas literatura, história, arte, tecnologia e cultura. O Goodreads é excelente também para achar citações, e não poderia terminar sem uma do grande escritor da lingua portuguesa “A grande vaia é mil vezes mais forte, mais poderosa, mais nobre do que a grande apoteose. Os admiradores corrompem.” — Nelson Rodrigues. Pedro Paulo de Magalhães Oliveira Jr. é Engenheiro pela PUC-Rio e Doutor em Medicina pela USP. Atualmente ocupa o cargo de Diretor de Operações da Netfilter.
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| Entrevista | 11
Dom Cláudio Maria Celli
Igreja precisa adaptar linguagem à cultura atual Gustavo de Olivera/Arquidiocese do Rio de Janeiro
Rafael albeRto
especial paRa o sÃo paUlo
Presidente do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, da Cúria Romana, Dom Cláudio Maria Celli falou a O SÃO PAULO durante sua estada no Rio de Janeiro (RJ) graças a colaboração da assessoria de imprensa da Arquidiocese de São Sebastião, com o jornalista Paulo Ubaldino. Nessa entrevista, Dom Celli fala sobre os desafios da Igreja de ser presença no “ambiente digital”.
O SÃO PAULO – Quais são os desafios da Igreja no campo da comunicação atualmente? Dom Cláudio Maria Celli – As novas tecnologias tem originado um verdadeiro ambiente de vida. Hoje em dia se fala até de um “continente digital”. O primeiro desafio é o de anunciar o Evangelho nesse “continente digital” Nele habitam homens e mulheres que, provavelmente, nunca irão a uma igreja, mas a Igreja sente um dever profundo ligado à missão que foi entregue por Jesus, aquela de anunciar Jesus Cristo a todo mundo, e não só àqueles que vão à igreja, mas também àqueles que não conhecem Jesus Cristo. O segundo desafio é que devemos anunciar Jesus com uma linguagem que o homem e a mulher de hoje entendam. Uma coisa é falar para um menino, outra coisa é falar para um homem e outra para uma pessoa mais velha. O Evangelho é sempre o mesmo, mas tenho que anunciar Jesus em uma linguagem que as pessoas que me escutam possam me entender. Além disso, a Igreja é mãe e, em sua comunicação, deve manifestar essa dimensão de mãe, o que significa proximidade, significa caminhar com o homem e a mulher de hoje nos caminhos da vida, significa abrir as portas e o coração aos homens e mulheres de hoje
que sofrem, que estão tristes e que, muitas vezes, não tenham descoberto o sentido de suas vidas, o sabor de suas vidas.
Como o Senhor avalia a presença da igreja no chamado ambiente digital? A Igreja se move com ritmos distintos. Há setores da Igreja que se movem com mais velocidade e há setores da Igreja que se movem mais lentamente. Eu creio que a Igreja, de modo geral, tem condições de sintonizar e de entrar em harmonia com o continente digital e com os homens e mulheres que nele habitam. Eu conheço pouco o Brasil, mas na Europa, por exemplo, um menino de 10 anos passa de três a cinco horas por dia na frente do computador. Isso significa que sua mentalidade, sua maneira de ser, sua cultura está mudando. Ele sabe perfeitamente o que é estar conectado. A internet está mudando nossa maneira de ser presente no mundo. Os pais deveriam educar seus filhos para a internet? Como os pais educam seus filhos para estarem presentes no mundo di-
gital é um tema importante porque o mundo digital tem grandes e positivas oportunidades, mas também tem grandes perigos . De modo geral, os jovens conhecem mais as ferramentas da tecnologia do que seus pais . Ai há um fenômeno muito interessante e simpático: Há pessoas mais velhas que são avós e que compram um computador e aprendem a navegar porque querem falar com seus netos. Eu conheço avôs e avós que aprenderam a mexer no computador, pois seus netos estão longe, mas eles querem falar com os netos, assim que entram no Skype. E você encontra pessoas mais velhas que passam horas conversando com seus netos, isso é muito bonito.
Como fazer pastoral no ambiente digital? Papa Bento, antes do Papa Francisco, nos disse: “não tenham medo de entrar nas redes sociais, mas deem testemunhos de Jesus nelas”. Isso significa que minha presença não é apenas uma presença, mas que nessa presença eu possa dar testemunho dos valores do Evangelho.
As relações interpessoais podem ser prejudicadas pelo uso excessivo da internet. Como a Igreja vê essa questão? O risco que se corre é que eu posso ter mil amigos virtuais na internet e não ter amigos na vida. Eu passo muito tempo da vida na frente do computador, jogando com meus amigos virtuais. Um amigo meu logo contou para os senhores Bispos, que encontrou seu filho de 10 anos que estava jogando no computador com outro garoto, um japonês. Agora um menino estava na Espanha e o outro no Japão e os dois jogavam no computador, isso é um encontro muito positivo, porque abre as portas para a vida. Eu não estou somente ligado ao meu ambiente, não sou apenas um cidadão desta nação, desse país, eu passo a ser um cidadão do mundo. Mas há um risco de eu ser absorvido por esse mundo da internet e não ter relações com meus amigos, com aqueles que vão à escola, à paróquia. O que mudou nas orientações dentro do pontifício conselho com o Papa Francisco? O Papa Francisco é um Papa comunicador, ele comunica com sua palavra, com sua pessoa, com seus gestos e com sua maneira de ser. Eu tenho muitos contatos com o Papa Francisco pelo meu trabalho, e ele nos disse para ir adiante, para seguir em frente. Papa Francisco, em sua primeira mensagem para a Jornada Mundial das Comunicações disse: não tenham medo de entrar nas redes sociais, não apenas porque está na moda, mas também é um ambiente onde tenho que anunciar certos valores, como por exemplo, o valor da família em meio a uma cultura que, cada vez mais, as relações humanas são descartáveis.
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Ordenado bispo, Dom Devair é acolhido pela Região Brasilândia no sábado Rafael Aberto
Especial para O SÃO PAULO, Em Franca (SP)
Tímido, Jadir Araújo da Fonseca se curvou para receber a primeira benção episcopal do filho, Dom Devair Araújo da Fonseca, ordenado bispo no domingo, 1º de fevereiro, em Franca, cidade do interior de São Paulo, e não pôde segurar as lágrimas. Quem também não conteve o choro foi um outro “pai” de Dom Devair, Dom Diógenes Silva Matthes – 1º bispo de Franca e que o ordenou padre. “Eu chorei ao abraçá-lo como bispo porque é um filho que eu formei e a Igreja agora envia para uma missão maior”, revelou a O SÃO PAULO Dom Diógenes, um dos bispos ordenantes, que participou da ordenação auxiliado por um andador. “Mas eram lágrimas de extrema felicidade”, garante. Dom Devair foi eleito bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo pelo Papa Francisco no dia 10 de dezembro do ano passado – junto com monsenhor Eduardo Vieira dos Santos, que será ordenado no próximo sábado, 7, às 9h30, na Catedral da Sé. Dom Devair foi designado pelo Cardeal Odilo Scherer, arcebispo metropolitano, vigário epis-
copal na Região Brasilândia, onde será acolhido no próximo dia 7, às 15h, na Paróquia São Luiz Gonzaga (praça Pedro Fulco Morvidi, 1 – Pereira Barreto). “Meu filho sempre foi um padre dedicado”, revelou Ivanilde Eugênia da Conceição, mãe de Dom Devair. “Mas não quero falar muito. Ele é humilde e não vai mudar depois de bispo”, completou sorrindo. Ivanilde teve uma função importante durante o rito de ordenação. Foi ela quem levou até o altar o anel episcopal do filho. As outras insígnias também foram levadas por amigos e parentes do novo bispo. Outro co-ordenante, Dom Paulo Roberto Beloto, atual bispo diocesano de Franca, garante que São Paulo ganha um “pastor com sólida formação e experiência de contato com o povo”. “Já quando o Cardeal me telefonou para informar da nomeação, eu disse a ele que o padre Devair é um sacerdote exemplar. Ele deixou bons frutos por onde passou, tanto no seminário quanto nas paróquias. Na coordenação de pastoral, tem sido um importante colaborador na minha missão de pastorear essa Igreja Particular”, disse.
Bispos reúnem em torno de si a Igreja de Cristo Do Especial para O SÃO PAULO, Em Franca (SP)
Pela imposição do livro dos Evangelhos sobre a cabeça do ordinando, enquanto é proferida a Oração de Ordenação, e bem assim pela sua entrega nas mãos do Ordenado, manifesta-se que o principal ministério do Bispo é a pregação fiel da Palavra de Deus; pela unção da cabeça é significada a participação peculiar do Bispo no sacerdócio de Cristo; pela entrega do anel, indica-se a fidelidade do Bispo para com a Igreja, esposa de Deus, pela imposição da mitra, a incessante procura da santidade e pela entrega do báculo pastoral, o múnus de governar a Igreja que lhe é confiada.
Ordenante principal, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, iniciou sua homilia agradecendo a Deus, ao Papa Francisco, aos pais de Dom Devair e à Diocese de Franca pela formação oferecida ao novo bispo. “Agradeço por terem formado e encorajado a vocação de monsenhor Devair. Agora, a Diocese de Franca pode oferecer esse fruto amadurecido para o serviço mais amplo à Igreja”, disse. O Cardeal falou sobre a importância dos ministérios ordenados para a vida e a missão da Igreja, destacando que os bispos, em colegialidade com o Papa, são os primeiros responsáveis por reunir em torno de si a Igreja de Jesus Cristo. Nesse sentido, explicou, a autoridade dos bispos é dom e graça de Deus, para que possam conduzir e, sobretudo, servir o povo de Deus. “Os bispos zelam para que o anúncio missionário do Evangelho chegue a todos e não fique restrito dentro da Igreja”, disse, recordando que o Papa Francisco tem pedido “uma Igreja com os pés na rua”. Dom Odilo colocou o ministério episcopal de Dom Devair sob a proteção materna de Nossa Senhora. “É grande a missão que Deus preparou para você”, disse. (RA)
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Luciney Martins/O SÃO PAULO
Espero somar esforços “Antes de mais nada, é preciso conhecer a realidade. É importante saber que já existe uma história e um trabalho”, explicou Dom Devair Araújo da Fonseca a O SÃO PAULO, sobre as expectativas em relação ao seu trabalho na Arquidiocese. “Espero somar com os esforços dos bispos, do clero e do povo de Deus da Igreja de São Paulo”. Presente na celebração de ordenação, padre Neil Charles Crombie, vigário geral da Brasilândia, garantiu que a região está em festa e aguarda, ansiosa, a chegada de Dom Devair. “Aqui em Franca, ouvimos dos padres e leigos que tivemos grande sorte. Disseram que ele é simples, humilde e tem um coração grande”. Padre Neil afirmou que o novo bispo encontrará uma região rica em voluntariado e com grandes desafios pastorais e sociais. “Mas as respostas para enfren-
tar esses desafios ele vai encontrar no contato com o povo simples, especialmente quando visitar as grandes áreas pastorais presentes em nossas periferias”, garantiu. O leigo Fernando Batista, membro da Comunidade “Mensagem de Paz”, que atua na Região Brasilândia, foi à Franca “acolher o novo bispo e mostrar nossa abertura para colaborar na missão dele”. “Fiquei feliz de perceber que ele é um bispo antenado com as causas da juventude. Isso certamente trará a renovação que a Igreja tanto necessita”, disse. Estavam presentes na celebração 16 bispos, entre os quais o metropolita de Ribeirão Preto, Dom Moacir Silva. Ao comentar o que deseja a Dom Devair, Dom Diógenes, bispo emérito de Franca, reafirmou o pedido do Papa Francisco: “que ele tenha o cheiro do curral!”. Dom Paulo Berloto, atual bispo de Franca, também recordou o aspecto de serviço dos bispos. “Ser eleito bispo não é mérito. É serviço que fazemos a Deus por meio do serviço à Igreja”, disse. (RA)
FAPCOM oferece extensão universitária para agentes da PASCOM Rafael Alberto
Especial para O SÃO PAULO
Já estão abertas as inscrições para o Curso de Extensão Universitária “Comunicador em mídias católicas”, fruto de uma parceria entre a Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação (FAPCOM) e o Vicariato Episcopal para a Pastoral da Comunicação (VICOM) da Arquidiocese de São Paulo. O acordo foi estabelecido durante audiência entre o diretor da FAPCOM, padre Valdir José de Castro, e o Cardeal Odilo Scherer, arcebispo metropolitano, no dia 6 de novembro do ano passado. Segundo o VICOM, a ideia é “oferecer aos agentes que atuam com comunicação em nossas igrejas a oportunidade de uma formação profissional”. Com carga horária total de 152 horas, o curso será ministrado a partir de março, com aulas às terças e quintas-feiras, das 19h às 20h40. “A Arquidiocese de São Paulo participará nos cursos indicando os rumos para a formação do profissional de comunicação conforme suas necessidades e demandas ur-
gentes”, explicou o professor Adriano Miranda, coordenador do curso. Para ele, “a comunicação se tornou mais que uma ferramenta, mas um novo ambiente de atuação e evangelização”. “Os alunos serão capacitados nas mais modernas técnicas de produção de conteúdo católico para jornais, boletins, sites, blogs e redes sociais”, garantiu o professor Adriano. Segundo ele, durante o curso, “o aluno irá produzir projetos passando pela prática nos estúdios de TV e rádio, planejamento em laboratórios digitais”. Além disso, explicou, será trabalhado “o caráter humanista e católico na seleção dos conteúdos voltados para redes sociais e outros”. O curso é voltado “para pessoas interessadas em atuar na área das mídias católicas; estudantes e profissionais do campo da comunicação, estudantes da área de Filosofia, religiosos, leigos e demais interessados que desejam se capacitar na gestão, estratégia e produção das mídias religiosas (rádio, TV, web, impresso e editorial)”, explica o programa do curso. É pré-requisito ser graduado em qualquer área.
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E o caminhão levou... No Vale do Jequitinhonha, agronegócio, barragens e grandes obras, além da seca, são obstáculos para a agricultura familiar camponesa
Fotos: Sergio Ricciuto Conte
Nayá Fernandes
nayafernandes@gmail.com
Em apenas alguns dias no Vale do Jequitinhonha, região nordeste de Minas Gerais, foi possível ver uma centena de carretas carregadas com eucalipto trafegando pelas rodovias. No trecho da cidade de Virgem da Lapa, após Araçuaí, sentido Belo Horizonte, uma destas carretas, apelidadas pela população de “mamute” deslizava na via sem asfalto, tentando sair de um buraco, à frente do ônibus lotado de passageiros. A cena das carretas é forte e significativa para entender as injustiças sociais da região noroeste de Minas Gerais. O chão parece
Carreta carregada de eucalipto, monocultura da região nordeste de Minas Gerais, é uma cena cada vez mais comum nas estradas do Vale do Jequitinhonha
tremer cada vez que uma delas se aproxima. A maior parte do eucalipto transportado é utilizado na fabricação de celulose, exportada principalmente para a China e o Brasil têm as maiores empresas de celulose do mundo. Na BR-367, que liga Araçuaí a Itaobim, vimos dois homens carregando um tronco de eucalipto na beira da rodovia. “As vias estão cada vez mais esburacadas devido
ao tráfego intenso das carretas. O asfalto da rodovia é fino pois não foi feito para este tipo de tráfego e com frequência, caem pedaços de madeira pelo caminho”, contou Paulo André Alves de Amaral, agente da Comissão Pastoral da Terra (CPT) que nos acompanhou nas andanças pelo Vale. São 24 horas de viagem de São Paulo a Araçuaí, passando por Belo Horizonte. Pelo terceiro
ano seguido, a convite do Serviço Pastoral dos Migrantes Nacional (SPM), nossa reportagem participa da Missão do Migrante no Vale que, em 2015, completou 30 anos e é realizada anualmente no semiárido brasileiro. A Missão acontece em parceria com a Diocese de Araçuaí (MG), a Cáritas Diocesana e a Comissão Pastoral da Terra, com apoio da Coordenadoria Ecumê-
nica de Serviço (CESE) e do Fundo Nacional de Nacionalidade (FNS) entre 24 e 31 de janeiro. os 80 missionários visitaram as comunidades rurais no entorno de Araçuaí, cidade onde aconteceu também o lançamento da Campanha contra o Trabalho Escravo, na sexta-feira, 30 e o Seminário sobre “Migração e Trabalho Escravo – Protagonistas e Alternativas” , no sábado, 31.
‘De olho para não virar escravo’ Relatos não faltam. Maus tratos, alojares. Para o hospital ele foi no sábado seguinte mentos precários, atraso nos pagamentos, e, no domingo, voltou para o barraco, sem cobranças indevidas. E em alguns casos, fazer nenhum exame”. muita dor e saudade. Isso sem contar a quanNa terça-feira, o filho de Coleta faleceu. tidade de jovens que ficam inválidos devido Ela o recebeu exatamente oito dias depois que a problemas na coluna derivados de trabasaiu. “No atestado de óbito havia cinco causas. lhos forçados, sobretudo no corte de cana. Como um médico, um hospital, recebe um A história de Coleta Ferreira Magalhães, alguém mal, não faz nenhum exame e o doente vem a óbito com cinco causas no atesta57, se repete e confirma a necessidade de que do? Disseram que ele morreu por insuficiênse continue insistindo na prevenção, denúncia e punição dos responsáveis por manter cia respiratória e pulmonar, astenia (doença trabalhadores em situação análoga à escravicaracterizada pela perda de força muscular), dão. Coleta teve seis filhos, todos migrantes. hepatite e outra doença que não me lembro”, “A primeira vez que um dos meus filhos disse a mãe entre lágrimas, durante o Seminário da Pastoral dos Migrantes que aconteceu foi para o corte de cana, com 19 anos, morreu num acidente com uma máquina da usiem 2013, também durante uma semana misna. Após 12 dias, me chamaram pra receber sionária na cidade de Berilo (MG). a rescisão dele e disseram: “olha, mãe, seu Apresentação cultural no lançamento da Campanha contra o trabalho escravo em Araçuaí (MG) Edivaldo Ferreira Lopes é membro da filho só tem direito a isso, porque Comissão Pastoral e foi o responsável pelo lançamento da Camele morreu com uma máquina que panha contra o trabalho escravo era terceirizada, não temos resDireitos do trabalhador ponsabilidade”. Achei aquilo um em Minas Gerais, um dos últimos absurdo, entrei na justiça e ganhei Estados a realizar o lançamento • Alojamento, higiene, alimen• Carteira assinada; gosas justificam pagamento a causa”, contou. oficial. O Estado está em quarto • Jornada de trabalho de 8 horas adicional. tação; Sete meses depois, Coleta recelugar no ranking do trabalho es(se for a mais hora extra com • Transporte; beu outro filho no caixão lacrado. cravo, e teve 3.191 libertados no acréscimo de 50%; trabalho noTelefones para denúncia • Salário (pago até o 5º dia útil “Ele saiu de casa numa quarta-feiano passado. A Campanha aconProcuradoria do Trabalho (61) de cada mês e nunca menos do turno pago com 25% a mais); ra. Na sexta, começou a trabalhar. tece em todo o País com o apoio 3314 8585 valor do mínimo); • Ferramentas e equipamentos Disseram que, às 10h da manhã, do Ministério Público do TrabaSPM em São Paulo (11) 2063 de proteção ambiental de graça; • Férias e 13º terceiro salário; lho. “Temos que cobrar das autonão conseguia mais trabalhar e o 7064 • Aviso prévio; • Descanso semanal; ridades públicas a punição para os deixaram lá no canavial, só o levaMinistério Público Federal • Assistência médica (em caso de • Seguro-desemprego; ram para o acampamento à tarde, culpados”, disse Edivaldo durante Disque 100 • Atividades penosas ou periacidente ou doença); junto com os demais trabalhadoo lançamento.
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Na tenda da mandioca, a luta por direitos Moradores do Córrego Narciso, zona rural de Araçuaí (MG), buscam reconhecimento como comunidade quilombola Nayá Fernandes
nayafernandes@gmail.com
Milho, feijão catador, andu, abóbora, maxixe, mandioca, couve, alface e muitos outros tipos de hortaliças e frutas compõe o cardápio das famílias da comunidade rural que fica a 25 km de Araçuaí chamada Córrego Narciso. Porém, a comunidade sabe que a água tão desejada, não depende só das rezas a São Pedro ou São José e por isso, organizada, cobra das autoridades. Há poucos quilômetros da comunidade, que fica na zona rural do município de Araçuaí, há uma barragem no rio Calhauzinho. “Já pedimos para que tragam água de lá para nós, mas eles parecem não escutar e dificultar as coisas”, disse Maria Aparecida Nunes Silva, a Nenga,
42, enquanto cozinhava couve, maxixe, quiabo e jiló para nosso almoço. As negociações com as autoridades locais foram intensas e, atualmente, conseguiram a construção de um poço artesiano, que foi a contra proposta à transposição. “A gente aceitou o poço, mas, somente por um ano. Assim, eles constroem a tecnologia de distribuição da água e depois podem trazer a água
da barragem”, completou Nenga. José Carlos Pereira, o Carlinhos, nascido no Vale, doutor em Sociologia e membro da coordenação nacional do SPM confirmou que, tais situações acontecem porque as iniciativas de agricultura familiar camponesa da região do Vale do Jequitinhonha enfrentam o avanço do agronegócio e o incentivo desigual do Governo à monocultura. “Eles não levam
água da barragem, pois desde que foi construída, o objetivo não é favorecer as populações locais. Ela está ali para garantir o sucesso da monocultura, e o interesse não é que a água chegue às comunidades, pois eles sabem que, se uma conseguir, outras vão perceber que têm direito e eles não querem que isso aconteça”, explicou Carlinhos. Perto da casa de Nenga mora outra família que tem investido na Fotos: Sergio Ricciuto Conte
Crianças da comunidade rural do Córrego Narciso, que sonha crescer junto com a fabricação da farinha de mandioca
fabricação de farinha para sobreviver. O ofício foi herdado dos pais e unida a família faz todo o processo, desde o plantio da mandioca até a venda da farinha, manualmente. “Carregamos a mandioca em carrinhos de mão, e depois, todos vão para tenda trabalhar. A gente acorda às 4h da manhã e termina lá pelas 16h. Nossa mandioca vende muito bem”, disse Wagner Rodrigues Alves, que é casado e tem quatro filhos. A tenda de José é familiar, mas a vocação para fazer farinha é de toda a comunidade, pois o produto é considerado um dos melhores de Minas Gerais. Córrego Narciso recebeu uma verba do Fundo Nacional de Solidariedade para a construção de uma tenda comunitária, mas os recursos são para o maquinário que já chegaram e a comunidade está se organizando para construir a tenda. “Agradecemos muito à Pastoral que tem nos dado um grande apoio e sem a qual não teríamos força de lutar pelos nossos direitos”, afirmou Maria das Dores Nunes, a Roxa, durante a reunião em que a comunidade recontou sua história para abertura do processo de reconhecimento como comunidade quilombola.
Quando a terra dá o sustento Na Aldeia Cinta Vermelha Jundiba em que Domingos Pataxó é pajé, a comunidade indígena vive também as dificuldades de lidar com a falta de água. A terra onde fica a aldeia está às margens do rio Jequitinhonha, mas por estar localizada no alto, as oito famílias da aldeia não podem utilizá-la e sobrevivem com dois caminhões pipa de água por dia, fornecidos pela prefeitura de Araçuaí. Geralda Chaves Soares, a Gêra, da Associação Indígena Pankararu Pataxó (AIPPA) apoia a luta pela terra na Aldeia Cinta Vermelha Jundiba, das etnias Pankararu Pataxó e acompanha os movimentos populares e culturais da região. Para ela, um dos principais dramas da região hoje é o eucalipto. “Se no início da colonização no Estado, as guerras eram travadas com os índios que habitavam por aqui, os chamados Burun, palavra que significa: homens verdadeiros; a guerra hoje deve ser contra o eucalipto, que cresce assustadoramente na região. O Vale era Mata Atlântica e está num processo de desertificação”, lamentou. Domingos sonha com a am-
Ritual realizado pelos indígenas da Aldeia Cinta Vermelha Jundiba, durante o seminário sobre trabalho escravo
pliação da aldeia e está muito feliz com as conquistas. “Temos a língua preservada e uma escola para manter a cultura, além disso sentimos daqueles que podem visitar a aldeia, a valorização da nossa presença por aqui”, afirmou o Pajé, que também participou do Seminário sobre Trabalho Escravo. Importante ressaltar que a agricultura familiar camponesa continua sendo o principal meio
de subsistência das família no Vale, como é o caso da comunidade Córrego Narciso. “Se tiver água, e Deus dando saúde, coragem a gente tem. No tempo do plantio, todos vão para a roça, principalmente as mulheres”, explicou a Nenga. Assim como ela, mãe da pequena Richasline Helena Oliveira, 3, e esposa de Arlem Mendes Santos, as 65 famílias do Córrego
Narciso lutam para plantar e colher e assim, garantir a sobrevivência e o bem viver. A Organização das Nações Unidas (ONU) informou recentemente que 70% da alimentação mundial provêm de pequenas propriedades, mas fica visível que no Brasil, os investimentos dos Governos Federal e Estadual na região são direcionados, principalmente, para o agronegócio.
Isso pode ser constatado quando se verifica que o recurso total para fortalecimento da agricultura familiar camponesa é de R$ 61.420 para os Vales do Jequitinhonha e Mucuri, conforme o Plano Plurianual de Ação Governamental de MG - 2012-2015. Em contrapartida, para Plano Agrícola 2012-2015 de Minas Gerais, é previsto para o Grande Norte brasileiro, que compreende os Vales do Jequitinhonha, Mucuri e Norte de Minas, o montante de R$ 1,55 bilhões, a serem financiados pela cooperação do Governo do Estado com o Banco do Nordeste. Da terra vem a esperança e da tenda de farinha a promessa de um futuro mais estável, que favoreça a permanência das famílias na terra e a preservação da cultura. No Córrego Narciso tem batuque e na comunidade indígenas – os rituais próprios da espiritualidade Pankararu Pataxó. Juntos, eles fazem parte de um Brasil escondido, não mostrado nas novelas e pouco conhecido pela maioria dos brasileiros. Um País cheio de beleza e com muito a nos ensinar.
Villa-Lobos na sala São Paulo Na quinta e na sexta-feira, 12 e 13, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP) se apresentará na Sala São Paulo; a programação inclui o Prelúdio às Bachianas Brasileiras n. 4 e a Sinfonia n. 8, de Heitor Villa-Lobos, um dos maiores compositores da história da música brasileira. O programa termina com “O pássaro de Fogo: Suíte – Versão de 1919”, do compositor russo Igor Stravinsky. Ingressos a partir de R$15,00. Para mais informações: osesp.art.br
Dica de Leitura
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Dom Bosco Aos 9 anos de idade, o futuro Dom Bosco teve um sonho: “Parecia-lhe achar-se diante da porta de sua casa, no meio de uma multidão de meninos, que gritavam, berravam, blasfemavam, faziam toda a sorte de peraltices. Tentou fazê-los calar, primeiro com palavras, depois com tapas e socos. Nesse momento uma personagem misteriosa aparece e lhe diz: ‘Não com pancadas, mas com a bondade deves ganharlhes amizade’. Então Joãozinho viu aqueles meninos desaparecerem e o campo encher-se de cabritos, cães, gatos, ursos e outros animais ferozes. E uma senhora, de aspecto majestoso e belo, apareceu também e lhe disse: ‘O que acontecer a estes animais deves fazê -lo também aos meninos. Torna-te
Grandes livros da Filosofia No dia 23 de fevereiro começa o curso Grandes Livros da Filosofia 1, na Casa do Saber, realizado às segundas-feiras em 6 encontros. O curso, ministrado por Franklin Leopoldo e Silva, apresenta, sem a pretensão da cronologia, uma visão introdutória aos livros que deveriam ser lidos em toda a história da filosofia. Dos diálogos de Platão à obra de Locke, os maiores livros filosóficos vêm exer-
cendo um impacto no desenvolvimento da sociedade, política, moralidade, economia e cultura contemporânea. Os encontros tratam de questões e conceitos filosóficos presentes nos grandes livros, abrindo caminho para que suas ideias complexas e desafiadoras sejam conhecidas e debatidas posteriormente. Para inscrições ou mais informações: casadosaber.com.br
forte, humilde e robusto’. E Joãozinho viu com grande espanto todas aquelas feras transformarem-se em mansos e alvos cordeirinhos. O menino não entendia nada. Mas a senhora, para enxugar as lágrimas que já brotavam copiosas dos olhos do pequeno vidente disse-lhe: ‘Mais tarde tudo compreenderás’.” (Trecho do livro). Considerada uma das melhores biografias do santo, este livro passa minuciosamente por todas as etapas de sua vida. O melhor da obra é, sem dúvida, o fato de não tratar o santo como alguém que nasceu assim. O autor mostra suas lutas internas para vencer seu temperamento difícil e como a Providência lhe forneceu os meios necessários para construir a obra salesiana.
Eventos
Curso
Música
16 | Fé e Cultura |
Ficha Técnica: Autor: A. Auffray, S.D.B.; Editora: Cultor de Livros; Páginas: 496
Bicentenário de Dom João Bosco Em 1815, há exatos 200 anos, nascia São João Dom Bosco, no norte da Itália. Dom Bosco foi o criador da Pia Sociedade de São Francisco de Sales, mais conhecida como Congregação Salesiana ou Salesianos de Dom Bosco. Seu bicentenário será celebrado neste ano com diversas atividades em todos os 132 países em que
a Congregação se faz presente. No Brasil, o ponto alto das comemorações será a tradicional Romaria da Família Salesiana à Aparecida, que aconterá em 15 de Agosto. A peregrinação começará no Porto Iguassu (PR) e irá até à Basílica Nacional de Aparecida, onde será celebrada missa solene, ao meio dia. Fonte: A12
espaço do leitor Mãe de Leite (edição 3036)
Amamentar realmente é mais do que alimentar a criança. Vocês estão de parabéns pela matéria, tomara que muitas famílias se
sensibilizem e consigam usar essas palavras como estímulo para amamentar seus filhos em qualquer idade. Grande abraço! Fabiana Cainé (por e-mail)
Imigração e Juventude: um papo sem fronteiras (edição 3035)
Tive a honra de ser entrevistado para a matéria sobre jovens que lidam de alguma forma com
a temática migratória. Que a matéria sirva de incentivo para que outras pessoas estejam mais abertas, possam contribuir e entendam melhor aqueles que chegam de longe em busca de
uma nova vida - e dos quais muitos de nós são descendentes. Rodrigo Borges Delfim (pelo Facebook) Redação do jornal O SÃO PAULO.
Endereço: Avenida Higienópolis, 890, São Paulo (SP), CEP. 01238-000. E-mail: osaopaulo@uol.com.br Twitter: @JornalOSAOPAULO Facebook: Jornal O SÃO PAULO
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18 | Regiões Episcopais |
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Brasilândia
Juçara Terezinha Zottis
Colaboradora de Comunicação da Região
Formação sobre a CF 2015 reúne centenas de fiéis Juçara Terezinha Zottis
Formação sobre a Campanha da Fraternidade 2015 reúne centenas de membros de pastoral
Com tema “Fraternidade: Igreja e Sociedade”, a atividade aconteceu em duas paróquias, simultaneamente, e reuniu agentes de pastoral da região. AGENDA REGIONAL Sábado (7)
missa de acolhida de Dom Devair Araújo da Fonseca, às 15h na Igreja São Luiz Gonzaga, Praça Pedro Fulco Mornidi, 1, Pereira Barreto.
Na manhã de sábado, 31, agentes de pastoral da Região Episcopal Brasilândia se reuniram para refletir sobre o tema da Campanha da Fraternidade (CF) 2015: “Fraternidade: Igreja e Sociedade” e o seu lema “Eu vim para servir” (cf. Mc 10, 45). O encontro aconteceu em dois locais simultaneamente - reunindo cerca de 130 pessoas em cada -, na Paróquia São Luiz Gonzaga, no setor pastoral Pereira Barreto, e na Paróquia São José, no setor pastoral Perus. A Campanha da Frater-
nidade 2015 traz a proposta de buscar e recordar a vocação e missão de todo o cristão e das comunidades de fé, a partir do diálogo e colaboração entre Igreja e Sociedade, propostos pelo Concílio Ecumênico Vaticano II, retomando seus ensinamentos de uma Igreja atuante, participativa, consoladora, misericordiosa e samaritana. Aponta também que o seguimento de Jesus para Jerusalém gera conflitos, perseguições, dores, desafios, inquietudes. Contribuíram com a reflexão do tema, o sociólogo
Celso de Oliveira, a educadora e socióloga da Diocese de Guarulhos, Ozani Martiniano, o professor Antônio Leite Claro e o Padre Cilto José Rosembach, assessor regional da Pastoral da Comunicação. Na história de caminhada da Igreja percebe-se que sempre houve profetas comprometidos com os pobres, injustiçados. Homens, mulheres que receberam de Jesus Cristo o mandato missionário: “Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espirito Santo, ensinandoos a cumprir tudo quanto vos tenho mandado” (Mt 28,19-20). Ao fazer memória do caminho percorrido pela Igreja com a sociedade no Brasil é possível compreender os principais desafios da situação atual. A socióloga Ozani destacou que na história da sociedade brasileira, a Igreja Católica teve uma influência muito forte. Ela observou a importância de algumas pessoas como bispos, padres, religiosas, sindicalistas, operários, es-
tudantes que resistiram aos projetos dos opressores e aos poucos foram criando condições para projetos de democratização. Apresentar os valores espirituais do Reino de Deus e da Doutrina Social da Igreja, como elementos autenticamente humanizantes foram apontados pelo assessor Antônio Leite. “Documentos que a Igreja assumiu em momentos difíceis da conjuntura mundial, mostrou um rosto de Igreja defensora dos direitos dos povos” afirmou. A formação foi o momento inicial de reflexão do tema da Campanha da Fraternidade deste ano, e abriu ao diálogo e a discussão aprofundada que os agentes de pastoral levam para seus grupos, pastorais, movimentos e comunidades. Ao final do encontro, todos leigos foram convidados a participarem da abertura oficial da Campanha da Fraternidade, no próximo dia 22 de Fevereiro, às 14h, na Paróquia Bom Jesus dos Passos, no setor pastoral Freguesia do Ó.
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Fátima Brito
Colaboradora de Comunicação – Pascom Região Lapa
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Lapa
Paróquia comemora seu aniversário junto com a cidade de São Paulo
Pascom Lapa
BENIGNO NAVEIRA No domingo, 25, a reportagem da pastoral da Comunicação regional, acompanhou junto a comunidade da Paróquia São João Batista, da vila Ipojuca, Setor Lapa, os festejos, que além de comemorarem o aniversário de 461 anos da fundação da cidade de São Paulo, comemoraram também nesse dia, o 75º aniversário de sua Paróquia. Missa celebrada em comemoração ao “Jubileu de Brilhante”, foi presidida pelo Padre Donizete Fiel Rolim de Oliveira, pároco e concelebrada pelo Padre Paulo Francisco Santana Ribeiro. O pároco antes da homilia falou que a cidade de São Paulo, a 75 anos atrás ganhou um presente, a Paróquia São João Batista da Vila Ipojuca. Na homilia refletiu sobre o Evangelho do dia. Alguns paroquianos conversaram com a reportagem, como Dorival Antiqueira, com 76 anos, falou que é paroquiano desde o inicio, quando ainda era Capela, que fez sua 1ª Comunhão, com o Padre Walter Schewiora, e até hoje par-
Paróquia São joão Batista comemora jubileu de brilhante; missa foi presidida pelo padre Donizeti Fiel Rolim de Oliveira
ticipa das atividades da Paróquia. Justina Uliano Loch a paroquiana mais idosa com 98 anos disse que não perde uma missa aos domingos. O pároco Padre Donizete disse da sua alegria e contentamento neste cinco anos nesta Paróquia. E completou que quando chegou en-
controu algumas dificuldades, que aos poucos foram sendo solucionadas. Em 25 de janeiro de 1940, decreto assinado pelo então Arcebispo de São Paulo, dom José Gaspar de Afonseca Silva, criou a Paróquia São João Batista desmembrando-a das
paróquias da Lapa e do Calvário. Seu primeiro pároco foi o Padre Walter Schewiora, que ficou por 29 anos, depois vieram outros padres que deixaram suas marcas na história da Igreja e nessa comunidade, até o atual pároco Padre Donizete Fiel Rolim de Oliveira.
Paróquia São João Gualberto: Uma comunidade viva, celeiro de vocações Cleyton Pontes Silva, 20 anos, está cursando o 2º ano da Faculdade de Filosofia e é seminarista no Seminário de Filosofia Santo Cura D’Ars. Elias Júnior, 18 anos, ingressou no Seminário Propedêutico Nossa Senhora da Assunção. Ambos se preparam para, no futuro, abraçar a vocação sacerdotal como padres da Arquidiocese de São Paulo. Eliane Alves Estanqueiro, 21 anos, está fazendo missão com os Frades Franciscanos da Imaculada, em Anápolis, Goiás. Em comum, estes três jovens são membros da Paróquia São João Gualberto, em Pirituba, comunidade que entre os anos de 2000 a 2007 teve como pároco o Mons. Eduardo Vieira, recém-eleito bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo. A comunidade da paróquia de São João Gualberto sente-se feliz por ter gerado e visto florescer todas essas vocações. Estes jovens, filhos da comunidade, e com vários trabalhos realizados junto ao Povo de Deus em Pirituba, agora, no despertar da juventude, sentiram o forte chamado do Pai e decidiram mudar a rota de suas vidas, para viverem essa experiência. Tudo obra dos frutos seme-
ados na família e na igreja de Cristo. “Que a minha vida seja para a sua glória. Se não for assim, não quero viver”. foi com essas palavras que lágrimas caíram dos olhos dos fiéis convidados para a Missa de Envio do jovem Elias Junior celebrada no sábado (31 de janeiro) pelo pároco João Deschamps. O neo-seminarista ainda lembrou: “Senhor, os meus passos são teus. Se não for assim eu não quero. Louvo a Deus a minha vida, por cada um de vocês, aos meus professores aqui presentes, aos meus irmãos e minha mãe, a rainha de todas as horas, e ao meu pai que se encontra junto a Deus. Agradeço à Paróquia e a todos que me apoiaram nesta caminhada. Obrigada Nossa Senhora”, agradeceu Elias. Quanto à nomeação do Monsenhor Eduardo para Bispo Auxiliar da Igreja em São Paulo é visível a alegria e emoção dos paroquianos em participarem da ordenação de um bispo que ama o povo e transforma a cada dia a vida de muitas famílias com as suas orações, presença e amizade. “A vida e os serviços à frente das comunidades em Pirituba, sem dúvida foi um
período edificante e responsável pelo fortalecimento diário em minha fé. Só tenho a agradecer a todo esse povo de Deus pelas orações e amizade”, disse o futuro Bispo. Para o seu sucessor, o padre João Carlos Deschamps, a paróquia São Joao Gualberto é uma igreja que busca incessantemente a santidade. “É muito bonito viver esse despertar e acompanhar o crescimento pelas vocações” acrescentou o pároco. Os novos consagrados nos enchem de esperança e alegria frisou Regiane Estanqueiro, irmã da jovem Eliane, que aproveitou a ocasião para deixar uma mensagem aos amigos de caminhada: Ouçam a voz do Senhor sempre! E estejam abertos às podas de Deus, elas são necessárias para que a árvore cresça saudável e dê bons frutos! Sejam dóceis e não percam nunca de vista o caminho ao qual vocês escolheram seguir e renovem diariamente o “sim” ao Senhor! Tenham sempre a Virgem Maria como guia e companheira de jornada! E principalmente: estejam de ouvidos bem abertos para a voz do Amado que grita diariamente aos seus ouvidos dizendo: “Tu és meu,
Arquivo pessoal
filho! Vem e segue-me!”...
Jovens vocacionados da comunidade
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Santana
Diácono Francisco Gonçalves
Colaborador de comunicação da Região
Dom Sergio faz visita missionária à Paróquia São Sebastião no Pará Dom Sergio de Deus Borges
Povo católico da cidade de Igarapé-Açu, Pará, participa ativamente da festa do padroeiro da Paróquia São Sebastião
A Diocese de Castanhal, no Pará, é uma Igreja jovem, celebra neste ano dez anos de sua criação e ainda não tem sacerdotes suficientes para atender todas as comunidades paroquiais, necessitando do apoio de outras Igrejas. Foi por esta necessidade que surgiu o projeto de cooperação missionária entre a Arquidiocese de São Paulo e a Diocese de Castanhal. Coube à Região Episcopal Santana enviar, ano passado, o Padre Fabiano de Souza Pereira, como missionário para exercer o ministério
sacerdotal na Paróquia São Sebastião, na cidade de Igarapé-Açu, Pará. A Paróquia São Sebastião tem 37 comunidades e a cidade tem 36 mil habitantes. É uma paróquia muito viva e acolhedora. Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, chegou à cidade, em 16 de janeiro, para acompanhar o andamento do projeto e foi acolhido pelas lideranças da paróquia, jovens e adultos e por parte das autoridades civis e militares. A prefeita San-
dra Miki Uesugi Nogueira acolheu o bispo apresentando a cidade, suas riquezas e tradições. Houve apresentação de danças típicas organizadas pelos jovens e por um grupo da Terceira Idade. Dom Sergio celebrou missa nas comunidades da paróquia e também na Igreja Matriz por ocasião do tríduo em honra a São Sebastião, padroeiro da cidade. Destacou na homilia a força da fé de São Sebastião que, mesmo sofrendo a perseguição, não abandonou a fé católica e a comunhão com
a Igreja. Exemplo para todos nós que no meio das adversidades devemos manter a comunhão com a Igreja e a fé, caminho seguro para a salvação. O dia 20, festa do padroeiro, foi marcante pela procissão com grande participação do povo da cidade e, depois, pela missa presidida por Dom Carlo Verzeletti, bispo diocesano, e concelebrada por Dom Sergio. Dom Carlo ressaltou a necessidade de construir uma comunidade acolhedora, porque foi este o caminho de fé percorrido por São Sebastião. Complementou que o santo foi na comunidade acolhido, cresceu na fé, até dar a vida por Jesus, o Senhor. Após a missa houve a derrubada do mastro de São Sebastião, que é tradição da comunidade e elemento constitutivo da cultura local. Em seguida, o mastro é cerrado e as pessoas levam pedaços para suas casas, recordando a celebração da festa. “Fiquei muito feliz e emocionado pela acolhida do povo de Igarapé Açú. Desde o primeiro dia demonstrou a fé que sustenta sua vida e fortalece a família. Há no rosto de cada um uma alegria contagiante, própria dos discípulos missionários que se encontraram com Jesus e O vivem em comunidade. Obrigado, Padre Fabiano, pela sua disposição em participar deste projeto missionário. Obrigado ao povo da Paróquia São Sebastião pela acolhida e pelo testemunho da fé”, disse Dom Sergio.
Paróquia Nossa Senhora dos Prazeres festeja 75 anos A paróquia foi criada por Dom José Gaspar de Afonseca e Silva, então Arcebispo de São Paulo, em 25 de janeiro de 1940, sob o titulo de “Nossa Senhora da Consolata”, constituída de duas capelas existentes: a Capela São José (onde hoje está a Cúria de Santana) e a Capela Santa Luzia. No entanto, por uma promessa de Dom José Gaspar à colônia da cidade de Bemposta de Portugal, a devoção da padroeira sempre foi a Nossa Senhora dos Prazeres. A mu-
AGENDA REGIONAL Sábado (7), 18h
Celebração: 50 anos de vida consagrada de Irmã Bernardete (Naoko Hiraima). Na Igreja Nossa Senhora do Loreto (avenida Nossa Senhora do Loreto, 914 - Vila Medeiros).
dança do nome da padroeira atual da paróquia se deu, em 8 de outubro de 1952, com o “rescrito” da Santa Sé. Como não havia ainda a igreja matriz, no dia 5 de agosto de 1941, na Capela São José, tomou posse como primeiro vigário da paróquia, Padre Antonio Anacleto Brandão de Oliveira. Nesta época, a Congregação dos Padres Estigmatinos construiu o seu Instituto Teológico no território da paróquia e pelo tempo em que ele existiu, a paróquia foi a eles confiada. Em 1947, os Estigmatinos entregaram a paróquia à Cúria. Em 1949, chegaram as Irmãs Camilianas que compraram o prédio do Instituto Teológico e os Missionários da Salette assumiram a paróquia, até maio de 1950. Em 25 de julho de 1950, toma
Diácono Francisco Gonçalves/Pascom
Padres Nadir e Humberto precedem Dom Sergio na missa comemorativa dos 75 anos da Paróquia
posse como pároco diocesano, Padre Julio Martins Serra, ali permanecendo até a sua morte, ocorrida em 1991. Assume, então, Padre Nadir
Sérgio Granzotto, que administrou a paróquia até 2007. Depois assumiu Padre Carlos Alberto Doutel, e atualmente está sob o encargo do Padre
Humberto Robson de Carvalho, auxiliado pelos vigários paroquiais, padres Nadir e José Avari Campos.
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Fernando Geronazzo
Colaborador de comunicação na Região
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Sé
Novo cura da Catedral toma posse
Luciney Martins/O SÃO PAULO
O novo cura da Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Assunção e São Paulo (Catedral da Sé), Padre Luiz Eduardo Baronto, tomou posse do ofício no sábado, 31, em missa presidida pelo Arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer. Na mesma celebração foi apresentado o seu auxiliar no cuidado da “igreja-mãe da Arquidiocese”, padre Helmo Cesar Faccioli. Desde 2012, Padre Baronto era auxiliar do então cura da Catedral, Monsenhor Eduardo Vieira dos Santos, que em dezembro foi nomeado pelo Papa Francisco bispo auxiliar de São Paulo e receberá a ordenação episcopal no sábado, 7, na Catedral. Padre Helmo, até o momento, exercia a função de vigário paroquial na Paróquia Santa Cecília, além de ser o mestre de cerimônias do arcebispo e membro da Comissão Arquidiocesana de Liturgia.
Rito de posse
No rito de posse, padre Baronto, acompanhado do padre Helmo, renovaram sua profissão de fé, as promessas sacerdotais e o juramento de fidelidade diante do Arcebispo. Em seguida, receberam os símbolos do cuidado pastoral da Catedral: as chaves do templo e do sacrário, os óleos administrados no sacramento do batismo e a estola roxa, sinal do sacramento da confissão. Padre Baronto também recebeu das mãos o arcebispo o livro dos Evangelhos, como sinal de sua missão de anun-
O novo Cura, Padre Baronto (dir.), e seu auxiliar, padre Helmo, recebem do Cardeal a estola roxa, símbolo do Sacramento da Reconciliação
ciar a palavra de Deus na Catedral. “O povo de Deus quer ouvir na catedral, na Igreja do bispo, aquelas verdades que alimentam e nutrem a fé. Receber, genuinamente, os dons de Deus. Eu confio a vocês o serviço da catedral todos os dias, para que, todos os que aqui entrarem, crentes e não crentes, fiéis praticantes ou peregrinos, curiosos ou turistas, possam todos perceber algo deste mistério da fé no qual nós cremos e para o
qual foi edificada essa catedral e a cujo serviço ela está sendo confiado”, ressaltou Dom Odilo na homilia.
diocese, onde vocês prestam seu serviço, de alguma forma a toda a Arquidiocese”, concluiu o Dom Odilo.
Testemunho de fé no coração da Metrópole
Igreja em saída
O Cardeal também recordou que “a catedral por si mesma já é um testemunho de fé no coração da nossa metrópole”. “Sim, nossas igrejas, nossos templos materiais também são testemunhos de fé, foram edificados por causa da fé do Povo de Deus”, disse, recordando os muitos sacerdotes e fiéis que ajudaram a edificar a Catedral. “Que sejam exemplo e estímulo para seu ministério, nessa igreja-mãe da Arqui-
Ao dirigir suas primeiras palavras como cura da Catedral, Padre Baronto agradeceu ao Arcebispo pela confiança e convidou todas as “forças vivas da Catedral: grupos, equipes, associações, confrarias, corais” para que trabalhem juntos na missão evangelizadora. “Meu apelo é para que trabalhemos incansavelmente para o bem da nossa Catedral buscando todos os meios, sobretudo a acolhida, para fazer o bem e anunciar o Evangelho no meio desta cidade onde Deus habita”.
Formação para CF 2015 O Setor Pinheiro, realizará uma formação sobre a Campanha da Fraternidade (CF) 2015, no dia 12 de fevereiro, na Paróquia São Paulo da Cruz (Igreja do Calvário). O tema da CF este ano é “Fraternidade: Igreja e Sociedade” e o lema “Eu vim para servir”(Mc 10,45). O encontro, aberto para toda a Região Sé, será assessorado pelo padre Manoel Conceição
Quinta, coordenador arquidiocesano da Campanha da Fraternidade. O evento acontece a partir das 20h na rua Cardeal Arcoverde, 950, Pinheiros. Mais informações com o coordenador do Setor, Padre Adiair Lopes da Silva (Romano), pároco da Santa Maria Madalena e São Miguel Arcanjo, pelo telefone (11) 3032-4594.
Padre Baronto também chamou a atenção para a realidade desafiadora que circunda a Catedral. “O Corpo do Senhor está abandonado na praça da Sé e é preciso recolhê-lo, não como o governo às vezes faz, promovendo a higienização das áreas urbanas, mas recolhendo o corpo do Senhor e oferecendo a ele oportunidades de experimentar a Páscoa. A Catedral não tem condições de fazê-lo, mas há inúmeros grupos de cristãos que se dedicam a isto e a catedral precisa ser de alguma forma apoio para eles. A Igreja em saída tão evocada pelo Papa Francisco precisa ser experimentada também a partir daqui”, afirmou. Divulgação
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Ipiranga
Francisco David e Renata Quito
Colaboradores de Comunicação da Região
Setor juventude da região inicia ano com vários projetos Arquivo pessoal
Cerca de 70 jovens e adultos participam da primeira reunião do ano
Contando com a presença de representantes da ampla maioria das paróquias da Região, o Setor Juventude realizou no sábado, 31 de janeiro, sua 1ª reunião do ano, na sede regional. Contando com quase 70 jovens e adultos dos cinco Setores, a reunião foi aberta pelo novo Coordenador de Pastoral da Região, Pe. Pedro Luiz Amorim, que fez a oração de abertura e dirigiu palavras de incentivo, em nome do bispo regional, Dom José Roberto Fortes Palau. Em seguida, Nei Márcio Oliveira de Sá, Coordenador do Setor Juventude no Ipiranga e a Equipe de Assessores da Região deram
continuidade ao encontro, promovendo momentos de formação a respeito do tema da Campanha da Fraternidade 2015, que tem por tema: Fraternidade: Igreja e Sociedade, com o lema: “Eu vim para servir (Cf. Mc 10,45)”, utilizando trechos do DVD Oficial e entregando para cada representante o subsídio “Jovens na CF”. A ideia é que cada grupo de jovens e de preparação ao sacramento da Crisma utilizem este material, trabalhando o tema com a juventude e refletindo seu papel ativo de cristãos na família, escola, ambiente de trabalho e na sociedade. Foi apresentada a programação de 2015 para o Setor
Juventude da Região: foi distribuída a carta-convite do Retiro Espiritual do Setor Juventude Arquidiocesano, que terá como orientador o Bispo Auxiliar da Arquidiocese, Dom Carlos Lema Garcia, Vigário Episcopal para a Educação e a Universidade e Referencial para o Setor Juventude. O retiro acontecerá em 21 de fevereiro, das 8h às 17h, no Arsenal da Esperança, na Mooca. Os papéis da Arquidiocese, da Região Episcopal e dos Setores pastorais também foram refletidos, salientando a importância do trabalho conjunto entre as paróquias, o desenvolvimento de planos de pastoral, a comunhão na Igreja e as prioridades para o ano na Região Ipiranga: Formação e Criação de Grupos de Jovens. Para isto, a Equipe de Assessores procurará, junto com o Assessor eclesiástico, Pe. José Lino Freire, visitar as paróquias, colocando-se à disposição dos párocos e dos próprios jovens para fazer estas ações e animação. Os jovens foram consultados a respeito da proposta de celebração do Dia Mundial da Juventude (DMJ): a grande maioria dos presentes optou por uma Noite de Oração seguida de um show musical, como
forma de o celebrar na Região Ipiranga, previsto para sábado, 28 de março, com a presença do bispo regional. O evento terá como tema, o eixo bíblico proposto pelo Papa Francisco: a bem-aventurança: “Felizes os puros de coração, porque verão a Deus” (Mt 5,8). O tema deste ano dará continuidade à preparação para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que será realizada em 2016, na cidade de Cracóvia, Polônia. Foram divulgadas as datas dos cursos de formação para a juventude: 11 e 12 de abril, o Curso de Capacitação para Coordenadores (CCC); e duas edições do Curso de Dinâmica Cristã para Lideranças Jovens – CDC (16 e 17 de maio e 15 e 16 de agosto). Os cursos acontecerão no Centro de Apostolado Salvatoriano, no bairro do Jabaquara. Em 29 e 30 de agosto, mês das vocações, o Setor Juventude promoverá a “Jornada Regional da Juventude”, que integrará diversas atividades formativas: oficinas temáticas, artes, esportes, momentos de oração e Celebração Eucarística. A organização será feita com o envolvimento de todos. Após, os participantes foram divididos nos cinco Setores Pastorais (Anchieta, Cursino,
Imigrantes, Ipiranga e Vila Mariana): A proposta é que cada setor possa organizar atividades de integração, formação, espiritualidade e missões para a juventude, visando suscitar nos jovens o sentido de pertença à Igreja, criando e reforçando os grupos paroquiais e animando os adolescentes e jovens que se preparam para o sacramento da Confirmação para uma continuidade de seu itinerário de fé nas comunidades eclesiais. Na conclusão da reunião, o clima sentido no Setor Juventude é de alegria, com a esperança de que os vários projetos assumidos na Região Episcopal Ipiranga formarão novas lideranças para o trabalho de evangelização dos jovens, tanto para animar as comunidades eclesiais quanto para testemunhar a fé em outros ambientes, tanto indo ao encontro dos jovens que estão afastados da Igreja quanto aqueles que ainda não foram despertados em sua fé e que estão nas escolas, no mundo do trabalho e em outros ambientes. Mais informações sobre o Setor Juventude da Região Ipiranga podem ser obtidas na Sede Regional, ou através do e-mail: setordejuventude@uol. com.br
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Brasil comemora 100 anos do nascimento de Thomas Merton Luciney Martins/O SÃO PAULO
Fernando Geronazzo
Especial para O SÃO PAULO
Unido a outros países, o Brasil comemorou sábado, 31, o centenário de nascimento de Thomas Merton, monge trapista, escritor, poeta e artista plástico francês radicado nos EUA, onde viveu até sua morte. A data foi marcada com uma missa no Mosteiro de São Bento de São Paulo, presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, e concelebrada com abades e representantes das principais comunidades monásticas do País, além da presença de leigos membros da Sociedade Amigos Fraternos de Thomas Merton (SAFTM) e admiradores do Monge. Autor de mais de 70 livros sobre espiritualidade, com cerca de 40 títulos publicados em português, Merton é considerado um dos grandes místicos do século XX e um grande entusiasta do diálogo inter-religioso. Ele morreu em 1968, após uma conferência na Tailândia. Na homilia, Dom Odilo ressaltou que a celebração era um momento importante para todos os leigos que bebem da espiritualidade que se irradia dos mosteiros e da vida monástica. “Olhando para a figura histórica de Thomas Mer-
Exposição no Mosteiro de São Bento traz fotos e desenhos de Thomas Merton no centenário de seu nascimento
ton, vemos alguém que buscou intensamente e que encontrou na vida monástica uma resposta das suas procuras, por onde aproximar-se daquele que o atraía”. O cardeal também recordou que a missa teve um duplo sentido: “Agradecimento a Deus pela vida de Thomas Merton, e súplica a Deus no Ano da Vida Consagrada, para que o carisma tão antigo, tão rico e importante na
vida da Igreja possa continuar a crescer e a florescer”. Após a celebração, foi inaugurada uma exposição com fotos e desenhos de Merton e o lançamento do livro “Mertonianum 100”, que reúne artigos e depoimentos de autoridades religiosas, leigos e pesquisadores a respeito da vida e obra do Religioso. O organizador do livro, Fernando Paiser, explicou ao O SÃO
PAULO que a ideia inicial era produzir uma revista com os artigos de algumas brasileiros que já escreveram sobre Thomas Merton. “A ideia cresceu, convidamos vários acadêmicos, leigos e clérigos para escrever sobre Merton. Quando começamos a receber os artigos, percebemos a quantidade de pessoas interessadas em escrever e vimos que a revista iria se transformar em um livro”, disse,
Paiser, que também é membro da SAFTM e do grupo de leitura partilhada de Thomas Merton em São Paulo, que se reúne todos os meses para refletir e discutir os escritos do Monge. O evento também contou com uma conferência de Dom Bernardo Bonowitz, abade do Mosteiro Nossa Senhora do Novo Mundo, em Campo Tenente (PR), que tomou como base o livro “Na liberdade da solidão”. “Nesse livro, Thomas Merton usa a ideia de que a solidão é uma escola da liberdade, que nos livra do desejo de ser um anjo, um animal, que nos livra da submissão na sociedade e suas normas, que nos permite reconhecer nossa pobreza e a abandonar os grandes projetos que achamos justificar a nossa existência para entrar em uma relação amorosa com Deus e com o próximo”, explicou. Para Dom Bernardo, o maior legado de Merton para a sociedade atual a necessidade absoluta de encontro pessoal com Deus por uma vida que é contemplativa. “Não se trata somente momentos de oração, mas uma existência contemplativa. Ao mesmo tempo, essa atitude contemplativa nos dá a responsabilidade de agir ativamente nos grandes problemas da atualidade”.
Papa reconhece martírio de Dom Oscar Romero Redação
O Papa Francisco promulgou na terça-feira, 3, o decreto que reconhece o martírio de Dom Oscar Arnulfo Romero Galdámez, arcebispo de San Salvador (El Salvador), assassinado em 24 de março de 1980 enquanto celebrava a Eucaristia. O reconhecimento de seu martírio sinaliza que em breve, o arcebispo salvadorenho será beatificado. Em entrevista à Rádio Vaticano, Dom Vincenzo Paglia, arcebispo italiano postulador da causa de beatificação de Dom Romero, afirmou estar comovido com a notícia. “Depois de tantos anos, finalmente, se chega à conclusão deste longo processo, desta longa causa, e a alegria é redobrada, não somente porque os pareceres foram unânimes, tanto da parte dos teólogos quanto da
parte dos cardeais. “É uma alegria que significa também uma grande responsabilidade para todos: ainda hoje testemunhas como Romero continuam presentes para dizer que o amor até o limite extremo, o de dar a vida, é aquilo que transforma o mundo e que dá esperança, “relatou o Postulador, que também é presidente do Pontifício Conselho para a Família. “Vejo Romero como um mártir da Igreja que brotou do Concílio Ecumênico Vaticano II, querida por aquela assembleia dos Padres conciliares que pediam que se tomasse o caminho do bom samaritano, colocandose ao lado dos pobres e dos mais fracos. Romero se fez tão próximo destes que ele mesmo acabou morrendo”, afirmou Dom Paglia. Oscar Arnulfo Romero Gadamez nasceu em 15 de agosto de 1917, em Ciudad Barrios (El Sal-
vador). Sua família era numerosa e pobre. Com apenas 13 anos entrou no seminário. Foi para Roma completar o curso de Teologia com 20 anos e se ordenou sacerdote, em 1943. Em 1977, foi nomeado Arcebispo de San Salvador. Em 1979, o presidente do país foi deposto pelo golpe militar. A ditadura se instalou no país e, pouco a pouco, se acirrou a violência. De janeiro a março de 1980 foram assassinados 1015 salvadorenhos. Dom Romero teve que se posicionar e, de pronto, se colocou no meio do conflito. Não para aumentá-lo, mas para ajudar a resolvê-lo, o que resultou em seu assassinato, por um atirador de elite do exército salvadorenho. Em 1997 Romero foi declarado um Servo de Deus pelo Papa João Paulo II. (Com Rádio Vaticano e News.va)
Arquivo/Arquidiocese de San Salvador
Dom Oscar foi assassinado em 1980, enquanto celebrava a Santa Missa
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Vida Consagrada, um bem para toda a Igreja
Luciney Martins/O SÃO PAULO
Padre Michelino Roberto osaopaulo@uol.com.br
“Indo e vindo, trevas e luz, tudo é graça, Deus nos conduz”. Assim cantavam os religiosos e religiosas reunidos na Capela da Ordem Terceira de São Francisco para celebrar a Festa da Apresentação de Jesus no Templo e o Dia da Vida Consagrada, enquanto acendiam suas velas e preparavam-se para caminhar em procissão até a Igreja de São Francisco, no centro da capital paulista, no dia 2, onde participaram da missa presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo São Paulo. Frei Anacleto Luiz Gapisch, um dos religiosos presentes, franciscano há 40 anos, explicou em entrevista para O SÃO PAULO, que a celebração fora organizada pela Conferência dos Religiosos do Brasil, regional São Paulo (CRB-SP), como parte dos eventos que ocorrerão ao longo deste ano, dedicado pelo Papa Francisco como o Ano da Vida Consagrada e reuniu freiras, frades, monges, irmãos e irmãs de diversas congregações religiosas presentes na Arquidiocese de São Paulo. Segundo o Frei Anacleto, é a primeira vez, em muitos anos, que os religiosos e religiosas da Arquidiocese se reúnem para um momento de oração com o Arcebispo. Sobre o Ano da Vida Consagrada, o Frei explicou que a in-
Na festa da Apresentação de Jesus no Templo e no Dia da Vida Consagrada, Cardeal Scherer preside missa na capela da Ordem Terceira de São Francisco
tenção do Papa, ao proclamá-lo, é que todas as congregações religiosas redescubram sua importância e seu carisma. Que a Igreja viva um revigoramento da vida consagrada. Que cada uma das comunidades e congregações religiosas juntem forças, compartilhem seus carismas. O Cardeal Scherer, durante a homilia, fez menção à crise de vocações religiosas. “A vida religiosa está em crise”, afirmou Dom Odilo. “A Europa, que no passado ofereceu tantos missionários, hoje sofre com a falta de vocações. A vida
consagrada é um bem da Igreja. Por isso o Papa, o bispo, se interessam e incentivama vida consagrada. O que o Papa Francisco quer este ano é que toda a Igreja tome nova consciência do valor e importância da vida consagrada. Deseja também que os religiosos e congregações redescubram sua vocação original”, continuou. Segundo Dom Odilo, a essência da vida religiosa consiste em consagrar a vida a Deus e, uma vez consagrado, doar-se a serviço do Reino de Deus. Por meio de suas vidas, os religiosos são con-
vidados a dar testemunho de sua predileção por Deus. “São tantas as solicitações do mundo. Essas, infelizmente, podem tornar-se um substituto de Deus. Podem tomar no coração dos homens o lugar de Deus. A preferência por Deus dos consagrados é um testemunho de que existe mais, de que é preciso buscar mais”, afirmou Dom Odilo. “Com seus carismas, os religiosos e religiosas testemunham a luz de Cristo, a caridade de Cristo, o Evangelho de Cristo e o caminho de Cristo em toda a cidade”,
concluiu o Cardeal. A missa foi concelebrada por, Dom João Inácio Miller, bispo de Lorena; Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar de São Paulo e referencial para a Vida Consagrada na Arquidiocese; o abade Dom Mathias Tolentino Braga, do Mosteiro de São Bento; e Frei Estevão Ottembreind, vice-provincial da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil – que abrange os estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
‘Deus seja bendito por sua vocação’ Luciney Martins/O SÃO PAULO
Fernando Geronazzo
Especial para O SÃO PAULO
“Agradeço a Deus por mais um ano de ordenação episcopal. Também eu, sinto meu ministério episcopal relacionado com essa missão de irradiar a luz do evangelho”, afirmou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, na homilia da missa da Festa da Apresentação do Senhor, na Catedral da Sé, na segunda-feira, 2, data em que também comemora 13 anos de sua ordenação episcopal. O Arcebispo também refletiu que a festa que recorda a apresentação de Jesus no templo por Maria e José, é associada aos vários simbolismos da luz. Por isso, logo no início da celebração, há uma benção das velas acesas portadas pelos fiéis, que caminharam em procissão até o altar. “A chama da vela lembra Jesus luz do mundo [...]. Jesus, portanto, com seu Evangelho é luz para toda a humanidade”. No final da celebração, o Padre Luiz Eduardo Baronto, cura da Catedral, saudou o Cardeal em nome da Arquidiocese. “Deus seja bendito por sua vocação, mas,
Dom Odilo recebe os cumprimentos dos fiéis pelo seu 13º aniversário de ordenação episcopal
sobretudo, Deus seja bendito pelos frutos de sua vocação [...]. Dom Odilo, tenha certeza do nosso afeto, nossa adesão e de nossa profunda gratidão por seu ministério”, disse. Após a benção, Dom Odilo recebeu os cumprimentos dos fiéis. Padre Baronto afirmou que a imposição
das mãos do então arcebispo de São Paulo, Cardeal Cláudio Hummes, em 2 de fevereiro de 2002, “por ação do Espírito Santo, trouxe frutos de amor para Igreja, especialmente para esta Igreja de São Paulo, que desde a sua ordenação é sua esposa, uma esposa que o senhor ama, cuida e provê”.
O Cura também mencionou, com bom humor, a dedicação “incansável” de dom Odilo. “Nenhum dos seus colaboradores mais próximos conseguem acompanhar seu ritmo. Se um maratonista da São Silvestre tivesse que dar conta de sua agenda diária, talvez desistisse com poucos metros de percurso”. O Padre também recordou o cuidado do arcebispo com os mais pobres, aos quais “tanto publicamente como no silêncio”, se dedica e incentiva, bem como aos grupos que atuam junto a eles. Do mesmo modo, o Sacerdote agradeceu a Dom Odilo por seu zelo com a Eucaristia. “Todos saímos de suas celebrações sempre edificados por sua palavra, sua pregação feita com tanto zelo e preocupação em nos confirmar a fé”. Dom Odilo agradeceu pelo carinho, oração, estímulo e colaboração dos padres e de todos aqueles que atuam nas pastorais e organismos arquidiocesanos. “Rezem pelo bispo e, naturalmente, pela Igreja, para que nós possamos cumprir a missão que Deus nos confiou para o bem deste mesmo povo, desta mesma Igreja”, concluiu.