O SÃO PAULO - 3043

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Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 60 | Edição 3043 | 18 a 24 de março de 2015

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Dom Jean-Abdo Arbach: Como Cardeal Parolin detalha a colaborar para a paz na Síria? diplomacia de Francisco Em visita ao Brasil, o arcebispo greco-melquita fala da situação da comunidade cristã na região. Página 15

CNBB manifesta preocupação com o ‘delicado momento do País’ Em nota pública, aprovada em reunião do Conselho Permanente, a CNBB manifestou preocupação com o momento político vivido no país, especial-

mente quanto à corrupção, e alerta para o risco de enfraquecimento do Estado Democrático de Direito.

A comunicação dos “Jovens Conectados”

De volta às ruas, população pede mudanças

Jovens comunidcadores da Comissão Episcopal para a Juventude reuniram-se em Natal (RN) para avaliar trabalhos e traçar metas de trabalhos.

Reunindo milhares de pessoas, manifestações ocorreram em todo o País nos dias 13 e 15. Dentre as pautas, a mudança no cenário político e econômico do País.

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Ao O SÃO PAULO, Secretário de Estado do Vaticano fala sobre as diretrizes diplomáticas da Santa Sé Página 14

Quais as causas e consequências da falta d’água? Luciney Martins/O SÃO PAULO

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Página 11

Economia de água por parte da população é uma das maneiras de combater a crise hídrica

“Um dia de chuva é tão belo como um dia de sol. Ambos existem; cada um como é.” Já foi o tempo em que este poema de Fernando Pessoa causava certo desconforto e a chuva era considerada como motivo para um dia infeliz. Hoje, na cidade de São Paulo é comum ouvir comentários positivos para a chuva ou, ao escutar alguém reclamar do caos urbano que costuma acontecer depois dela, ser interrompido: “Mas ainda bem que está chovendo”. A chuva tão desejada pelos paulistas, que talvez não se imaginassem sem água na torneira, é apenas um dos fatores para a crise hídrica em São Paulo, quais são os outros? Páginas 12 e 13

Ano Santo da Misericórdia: jubileu extraordinário é convocado pelo Papa “Decidi convocar um jubileu extraordinário centralizado na misericórdia de Deus. Será um Ano Santo da Misericórdia. Queremos vivê-lo à luz da palavra do Se-

nhor”, afirmou o Papa Francisco, na sexta-feira, 13. Este Ano Santo se inicia em 8 de dezembro na Solenidade da Imaculada Conceição, e se concluirá em 20 de no-

vembro de 2016, na Solenidade Cristo Rei. No “Encontro com o Pastor” desta semana, o Cardeal Scherer destaca o simbolismo na convocação desse jubileu extraordinário e

que a misericórdia é exercida de várias maneiras, sendo uma “característica essencial da vida cristã, pois Deus é misericordioso”.

Páginas 3 e 4


2 | Ponto de Vista |

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editorial

A CNBB e o momento político O Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil manifestou sua preocupação diante do delicado momento pelo qual passa o País. Em nota oficial, a CNBB afirma que “o escândalo da corrupção na Petrobras, as recentes medidas de ajuste fiscal adotadas pelo Governo, o aumento da inflação, a crise na relação entre os três Poderes da República e diversas manifestações de insatisfação da população são alguns sinais de uma situação crítica que, negada ou mal administrada, poderá enfraquecer o Estado Democrático

de Direito, conquistado com muita luta e sofrimento.”. Quando os Bispos se manifestam sobre questões políticas, quase sempre são criticados. Mas quem reprova essa postura talvez não leve em conta que a má política é inimiga do Evangelho. Se os malfeitos cometidos no cotidiano pelos cidadãos são ofensa a Deus, muito mais graves são aqueles praticados por quem está no poder, não só pela maior abrangência dos danos causados, mas pelo escândalo, transformado em pedra de tropeço para o povo. Nesse sentido, a CNBB pede rigo-

rosa apuração dos fatos e punição aos corruptores e aos corruptos, além do combate ao fisiologismo, materializado na promíscua relação entre os agentes públicos e interesses privados. A entidade prossegue afirmando que “urge, ainda, uma reforma política que renove em suas entranhas o sistema em vigor e reoriente a política para sua missão originária de serviço ao bem comum”. A nota foi escrita às vésperas dos protestos dos dias 13 e 15, que, felizmente, espelharam o que a Conferência pedia: “comuns em épocas de crise, as manifestações populares são um direito

democrático que deve ser assegurado a todos pelo Estado. O que se espera é que sejam pacíficas. Nada justifica a violência, a destruição do patrimônio público e privado, o desrespeito e a agressão a pessoas e Instituições, o cerceamento à liberdade de ir e vir, de pensar e agir diferente, que devem ser repudiados com veemência”. Fazendo eco aos Bispos, esperamos que a democracia seja preservada em meio às reivindicações populares e, inclusive, a posteriori, como fruto da reforma política. Afinal, as ditaduras são inimigas da liberdade, inclusive da religiosa.

opinião

Confiança: um meio de transformação social Sergio Ricciuto Conte

Ricardo Gaiotti Silva Muito mais do que uma crise política, a sociedade brasileira vive uma crise de confiança. Esse fato é mais sério do que se possa imaginar. Pense em uma mãe que não confia no médico do seu filho adoentado. Imagine descer a estrada de Santos – com suas curvas sinuosas – desconfiando da perícia do motorista. Exemplos assim nos levam a concluir: a desconfiança gera um estado de desespero e medo. A confiança é geralmente relação entre “pessoas”. Há quem confia e aquele a quem é confiado. Há momentos em que confiamos, outros em que alguém confia em nós. Porém, queremos ser dignos de confiança, mas estamos demasiadamente feridos para depositar nossa confiança; consequentemente, esse fluxo de relação fica “engarrafado” – quem vive em São Paulo sabe muito bem o peso dessa palavra. Quando não confiamos, começamos a medir tudo simplesmente por meio dos nossos conceitos e preconceitos. Passamos a ser nós mesmos o critério da justiça, da verdade, da beleza etc. O exemplo de “Narciso” – personagem da mitologia grega – ilustra bem o perigo da “fantasia” da autoconfiança. Ele, apaixonado por si mesmo e sua imagem, acabou morrendo afogado no lago, quando contemplava o reflexo de sua “perfeição”. O escritor inglês G. K. Chesterton, em sua obra Ortodoxia, afirmou: “os homens que realmente acreditam em si mesmos estão todos em asilos de luná-

ticos” [...] “Toda autoconfiança não é simplesmente um pecado, total autoconfiança é uma fraqueza”. Trato essas questões para apresentar o que para mim é o centro dos problemas sociais, econômicos e políticos em nosso País: a crise de confiança. Não temos confiado nas pessoas, mas temos confiado demasiada-

mente em nós mesmos. Parece um absurdo, mas a autoconfiança desmedida, ao invés de gerar coragem, proporciona medo e desencontros. Como consequência, temos criado verdadeiramente espaços “engarrafados”, pois, “encantados” com nossa autoconfiança, estamos cada vez mais em uma sociedade de pessoas egoístas, fracas e tristes.

O remédio é a confiança!

A confiança caminha lado a lado com a solidariedade e com o senso de responsabilidade social, pelo simples fato de que não fomos criados para vivermos isolados, sendo nós mesmos a medida do que é bom, justo e belo. A decisão corajosa de confiar, de se colocar a serviço dos outros, é capaz não somente de transformar os homens, mas também toda a sociedade. Cabe às pessoas de boa vontade o dever de testemunhar a confiança e a solidariedade. Urge a manifestação dos homens de bem! Enfim, o fato é que ao tomarmos consciência que nossos atos, nossa vida tem uma dimensão maior do que simplesmente a dos interesses pessoais, tudo muda, passamos a viver mais leves, sóbrios, seguros. Contudo, é preciso desprender-se das amarras do isolamento e caminharmos para a solidariedade, pois a confiança é um ato de coragem! Se queremos um país mais justo, honesto, fraterno, solidário, o segredo é romper com a “fantasia” do amor próprio, da autoconfiança desmedida e colocarmos em prática uma velha regra que tem sido uma diretriz para a justiça: “Tudo aquilo que quereis que os outros vos façam, fazei vós a eles (Mt 7,12)”, sendo nós mesmos o instrumento de mudança social. Que tal confiarmos? Ricardo Gaiotti Silva é advogado e juiz eclesiástico no Tribunal Interdiocesano de Aparecida, mestrando em Filosofia do Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, e mestrando em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade de Salamanca, na Espanha.

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

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cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo

O Papa Francisco vinha falando da misericórdia de Deus desde o início de seu pontificado, há dois anos: “Deus não se cansa de perdoar”. Seu lema episcopal é miserando atque eligendo – “tendo misericórdia dele, também o escolheu”. Na sua recente Mensagem para a Quaresma, ele convidou a não fazer a “globalização da indiferença” e a superar a insensibilidade diante dos sofrimentos do próximo. A misericórdia, exercida de muitas maneiras, é característica essencial da vida cristã, pois Deus é misericordioso. Na mesma Mensagem, ele pediu que, entre 13 a 14 de março, fossem dedicadas “24 horas para o Senhor” na oração, penitência e em ações concretas em favor da paz e da reconciliação. No dia 13 de março, completouse o 2º aniversário de sua eleição. O Papa, que convidou várias vezes a “deixar-se surpreender por Deus”, surpreendeu a todos com o anúncio do Ano Santo extraordinário da Misericórdia, a ser aberto no dia 8 de dezembro, festa da Imaculada Conceição de Maria. Justamente. Francisco, interpretado por muitos, como “o Papa da reforma da Igreja”, deu a entender que a reforma prioritária é a interior, que não decorre da mudança de estruturas formais e burocráticas.

| Encontro com o Pastor | 3

Deus, rico em misericórdia: Ano Santo extraordinário Desde logo, é possível interpretar nesse anúncio vários simbolismos, que apontam para os principais objetivos do Ano Santo extraordinário. Cada um de nós, e a Igreja inteira, precisa renovar-se a partir da abertura à misericórdia divina. A Igreja, acima de tudo, é obra da graça e da misericórdia de Deus e não de convenções e decisões humanas: ”por causa do grande amor com que nos amou, quando estávamos mortos por causa das nossas faltas, Deus nos deu a vida com Cristo. É por graça que vós fostes salvos” (Ef. 2,4s). O Jubileu é proposto como um “tempo favorável” para essa renovação. O anúncio, feito no 2º aniversário de sua eleição, indica que este é um dos grandes desejos deste Papa para a Igreja: a busca do perdão e da reconciliação, deixando-se envolver pela misericórdia divina. O anúncio foi feito durante uma celebração penitencial na basílica de São Pedro, quando o próprio Papa se fez, primeiro, penitente e, em seguida, confessor, indo ao confessionário para atender às confissões e administrar o perdão sacramental. Francisco indica, assim, que uma das marcas deste Ano Santo extraordinário deverá ser a busca da reconciliação com Deus e com o próximo, condição para se ter a verdadeira paz: “em nome de Cristo, rogamos: reconciliai-vos com Deus!” (cf 2 Cor. 5,20). O mundo precisa de paz, reconciliação e perdão. A revalorização do Sacramento da Reconciliação

e do Perdão faz parte das grandes metas deste Ano Santo. A misericórdia precisa ser acolhida como um dom de Deus, “rico em misericórdia” (cf Ef. 2,4); mas também deve ser uma característica constante da vida cristã: “sede misericordiosos, como vosso Pai celeste é misericordioso” (Lc. 6,36). Falamos pouco das “obras de misericórdia” e corremos o risco de reduzir a vida cristã a manifestações rituais e pregações moralistas, ou de transformá-la num motivação ideológica desvinculada da realidade prática. As “obras de misericórdia”, que a Igreja ensina a praticar, são ações concretas, orientadas para pessoas reais, que nosso coração acolhe em suas necessidades também concretas: fome, sede, frio, doença, prisão, sem casa, sem roupa, vivendo na aflição, na dor e no luto... Jesus fala dessas ações no contexto do grande julgamento final (cf Mt. 25). O Jubileu anunciado deverá reavivar a prática das obras de misericórdia. Enfim, a abertura do Ano Santo extraordinário acontecerá no dia 8 de dezembro, no 50º aniversário do encerramento do Concílio Ecumênico Vaticano II: o grande Concílio continua a nos convidar para ir ao coração do Evangelho: a misericórdia divina. “misericórdia eu quero, e não sacrifícios” (cf Mt. 9,13). E a vivê-la na prática eclesial e pessoal: “bem-aventurados os misericordiosos porque alcançarão misericórdia” (cf Mt.5,7).

Visita de Dom Jean-Abdo Arbach Luciney Martins/O SÃO PAULO

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, recebeu, na Cúria da Arquidiocese de São Paulo, na sexta-feira, 13, a visita de Dom Jean-Abdo Arbach, arcebispo greco-melquita de Homs, na Síria, que esteve no Brasil na última semana a convite da “Ajuda à Igreja que Sofre” (AIS), para falar aos bispos brasileiros sobre a situação dos cristãos no Oriente Médio (leia mais na página 15).

Encontro com movimentos, associações e novas comunidades No sábado, 21, às 9h, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, se reunirá com os responsáveis dos movimentos, associações e novas comunidades. A atividade será na sede da Região Episcopal Ipiranga (rua Xavier de Almeida, 818, no Ipiranga). (Por Daniel Gomes)

TWEETS DO CARDEAL @DomOdiloScherer 17 - Tg 2, 14.17.18b: “Meus irmãos, que adianta alguém dizer que tem fé, quando não a põe em prática? A fé, que não se traduz em obras, está morta”. 16 – “Na tua angústia, tu voltarás para o

Senhor teu Deus, e ouvirás a sua voz. Pois o Senhor teu Deus é um Deus misericordioso, que não te abandona...”.

16 - Dt 4, 29-31: “Quando buscares o

Senhor teu Deus, tu o encontrarás, se o buscares com todo o teu coração e com toda a tua alma”.

16 - Sl 33,15s: “Afasta-te do mal e faze o

bem, procura a paz e segue em sua companhia. O Senhor olha para os justos e seu ouvido escuta seu clamor”.

14 - Toda forma de mentir, enganar, espa-

lhar falsidade, induzir ao erro... Também é “CORRUPÇÃO”.


4 | Papa Francisco |

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A cruz é prova do amor de Deus por nós Às 12h do domingo, 15, o quarto do tempo da Quaresma, o Papa Francisco, como sempre, rezou com os peregrinos reunidos na Praça de São Pedro a oração mariana do Ângelus. Antes da oração, ele refletiu sobre o Evangelho do dia, em que João transcreve a conversa de Nicodemos com Jesus. Jesus afirma que “Deus amou o mundo e lhe deu seu Filho único” e Francisco comenta que estas palavras nos fazem sentir interiormente que “Deus nos ama, nos ama de verdade, e nos ama muito!” E nos ama com um “amor gratuito e sem limites”. Este amor de Deus, ele o demonstrou na criação, porque, diz o Papa citando Santo Irineu: “Deus não criou Adão porque precisava do homem, mas para ter alguém para cumular com seus benefícios”.

A reflexão continua com o que a Igreja proclama na quarta oração eucarística: “E quando pela desobediência perderam a vossa amizade, não os abandonastes ao poder da morte, mas a todos socorrestes com bondade, para que, ao procura-vos, vos pudessem encontrar”. Ele veio ao nosso encontro com misericórdia, peossegue Francisco, em todas as etapas da história da salvação. Assim, ele escolheu para ser seu povo o menor entre todos os povos. E no final dos tempos, Deus, fiel à sua aliança, “estreitou com eles um novo vínculo com o sangue de Jesus, vinculo que jamais se romperá. E com São Paulo, Francisco lembra que “Deus é rico em misericórdia”, porque “nos deu vida quando estávamos mortos em consequência de nossos pecados”. “A cruz de

Cristo é a prova suprema do amor de Deus por nós”, insiste o Papa, exclamando: “Quão grande é a misericórdia de Deus, porque nos ama, nos perdoa com sua misericórdia. Deus perdoa tudo e perdoa sempre”. A reflexão conclui com uma referência a Maria, Mãe de misericórdia, que “coloca em nosso coração a certeza de que somos amados por Deus”. E Francisco pede a Maria que esteja perto de nós e nos dê os sentimentos de seu Filho, para que o nosso caminho quaresmal seja experiência de perdão, aceitação e caridade. Após a oração do Ângelus, Francisco referiu-se aos atentados com vítimas em duas igrejas do Paquistão e lamentou que o mundo não está dando atenção a essa perseguição dos cristãos. (Por Padre Cido Pereira)

Papa anuncia Ano Santo da Misericórdia L’Osservatore Romano

Durante a celebração penitencial da jornada “24 horas para o Senhor”, realizada na Basílica de São Pedro, na sexta-feira, 13, o Papa Francisco anunciou um jubileu extraordinário, o Ano Santo da Misericórdia. “Decidi convocar um jubileu extraordinário centralizado na misericórdia de Deus. Será um Ano Santo da Misericórdia. Queremos vivê-lo à luz da palavra do Senhor”, afirmou. Este Ano Santo se inicia em 8 de dezembro de 2015, na Solenidade da Imaculada Conceição, e se concluirá em 20 de novembro de 2016, na Solenidade Cristo Rei.

Oportunidade de testemunho Durante a homilia, Francisco ressaltou a riqueza da misericórdia de Deus evidenciando “com quanto amor Jesus olha para nós, com quanto amor cura o nosso coração pecador”. O Papa vê o Jubileu extraordinário como uma oportunidade mediante a qual “a Igreja pode tornar mais evidente a sua missão de ser testemunha da misericórdia”. A organização deste jubileu foi confiada ao Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, a fim de que possa animá-lo como uma nova etapa do caminho da Igreja em sua missão de levar a toda pessoa o Evangelho da misericórdia. “Estou certo de que toda a Igreja poderá encontrar neste Jubileu a alegria para redescobrir e tornar fecunda a misericórdia de Deus, com a qual todos somos chamados a dar consolação a todo homem e toda mulher de nosso tempo”, reforçou o Pontífice.

Deus rico em misericórdia O Santo Padre dedicou toda a homilia ao tema da misericórdia. “Deus jamais cessa, ao longo dos séculos, de mostrar a riqueza da sua misericórdia”. “O Evangelho nos abre um caminho de esperança e de conforto”, disse Francisco. Atendo-se ao trecho que narra o episódio da pecadora que lava os pés de Jesus e os enxuga com seus cabelos, beija-os e os unge com óleo perfumado, enquanto Simão, o dono da casa que convidou o Mestre à sua mesa, a julga uma pecadora. O Papa ressaltou duas palavras que retornam com insistência: amor e juízo. “Há o amor da mulher pecadora que se humilha diante do Senhor; mas antes ainda há o amor misericordioso de Jesus por ela, que a impele a aproximar-se.” (Por Fernando Geronazzo)


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Espiritualidade

Acolher melhor é também ir ao encontro... Dom Sergio de Deus Borges Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana

Uma comunidade missionária é uma comunidade acolhedora que se esforça em imitar o Senhor Jesus, porque Ele é o primeiro e maior evangelizador enviado por Deus (Lc 4,44). Como Missionário do Pai, Jesus acolhia as pessoas que vinham ao seu encontro e ia ao encontro das pessoas onde elas viviam. Neste sair ao encontro das pessoas, ‘Jesus, antes de tudo, valorizava as coisas boas que encontrava: a fé das pessoas (Lc 5,20); o pouco que o povo possuía, como cinco pães e dois peixes (Lc 9,13); o gesto afetivo da mulher pecadora (Lc 7,38); a sede que o povo tinha da Palavra de Deus (Lc 5,1); a confiança do povo na sua pessoa (Lc 6,19); a festa de um casamento (Jo 2, 1-2); o coração aberto de Zaqueu (Lc 19,6); a oferta singela de uma viúva pobre (Lc 21,2); a festa de despedida de Mateus, quando optou por segui-

lo (Mt 9, 9-10)... Conforme as situa- entusiasmo na evangelização funda-se ções, Jesus sabia combinar ternura (Lc nesta convicção” (EG 265). 15,1) e firmeza (Mc 7, 5-8), anúncio Sejamos imitadores de Jesus Crise denúncia (Lc 6, 20-26), compaixão to, discípulos missionários que ama(Lc 7,13) e indignação (Lc 11, 37-44). mos o Reino de Deus e a santa Igreja Muitas vezes, admiradas, as pesso- Católica, convencidos, pelo Espírito as glorificavam a Deus dizendo: um Santo, de que o grande número de bagrande profeta apareceu entre nós, e tizados, afastados da vida eclesial, queDeus veio visitar o seu povo (Lc 7,16) Caso, hoje, o missionário vá ao (Mosconi, Padre Luis. Santas mis- encontro das pessoas sem essa sões populares, 45). mesma convicção de Jesus, não Jesus assim fez e haverá acolhida, não haverá foi grande a alegria missão, faltará entusiasmo e de quem a Ele abriu os lábios ficarão mudos, os seu coração. Um braços se cruzarão e o coração traço bonito dessa saída acolhedora de esfriará. O Papa Francisco Jesus é que Ele, com disse que “o entusiasmo na a força do Espírito, evangelização funda-se nesta ia ao encontro das convicção” (EG 265) pessoas convicto que elas tinham sede de Deus e de seu amor. Essa é rem Deus, querem ser libertos do petambém a força do missionário, imita- cado e da morte, querem ser escutados dor de Jesus. Caso, hoje, o missionário e conhecidos em suas angústias e espevá ao encontro das pessoas sem essa ranças. Não vamos esperá-los na Igremesma convicção de Jesus, não have- ja, vamos visitá-los em suas casas para rá acolhida, não haverá missão, faltará levar-lhes a alegria da fé e a certeza de entusiasmo e os lábios ficarão mudos, que Jesus os ama, e, na Comunidade, os braços se cruzarão e o coração es- fala conosco, vive conosco, caminha friará. O Papa Francisco disse que “o conosco.

eSPAÇO ABERTO

Delação premiada João Baptista Herkenhoff A delação premiada está na ordem do dia, em razão de fatos que ocupam o noticiário. Entretanto, este texto não está focado nas circunstâncias do momento. Nesse artigo, trato da delação premiada, sob o ângulo ético e doutrinário. As reflexões baseadas na Ética e na Doutrina têm valor permanente, ou seja, valem para o presente, valeram para o passado e valerão para o futuro. Com uma ressalva que registro no final, não vejo com simpatia o instituto jurídico da delação premiada. Introduzida há poucos anos no Direito brasileiro, a delação premiada de muito tempo é utilizada em países como Estados Unidos, Alemanha e Itália. O fato de ser adotada em nações poderosas não aconselha a imitação porque cada país tem sua história, seus valores, o direito de traçar seu caminho. A meu ver, a delação premiada associa criminosos e autoridades, num pacto macabro. De um lado, esse expediente pode revelar tessituras reais do mundo do crime. Numa outra vertente, a delação que emerge do universo criminoso, quando

falsa, é injusta e pode enredar, como ví- o violentam, e alcançam, de soslaio, a timas, justamente aquelas pessoas que autoridade estatal? estejam incomodando o crime. A tudo isso, faço apenas uma ressalNa maioria das situações, creio que va. Merece abrandamento da pena ou o uso da delação premiada tem peque- mesmo perdão judicial aquele que, tenna eficácia, uma vez que a prova rele- do participado de um crime – o sequesvante, no Direito Penal moderno, é a tro de uma pessoa, por exemplo - desisprova pericial, técnica, científica, e não te de seu intento no trajeto do crime e a prova testemunhal, e muito menos fornece às autoridades informações que o testemunho pouco confiável de pessoas condenadas pela Jus- pode o Estado ter menos ética do que os cidadãos que o tiça. Ao premiar a dela- Estado encarcera? Pode o ção, o Estado eleva ao Estado barganhar vantagens grau de virtude a trai- para o preso em troca de ção. Em pesquisa só- atitudes que o degradam, que cio-jurídica que realizei, publicada em livro, o violentam, e alcançam, de constatei que, entre os soslaio, a autoridade estatal? presos, o companheirismo e a solidariedade granjeiam res- permitam - no exemplo que estamos cipeito, enquanto a delação é considerada tando - a localização do sequestrado e o uma conduta abjeta (Crime, Tratamen- consequente resgate da vida em perigo. to sem Prisão, Livraria do Advogado, Numa hipótese como essa, o arrependimento do criminoso tem a marca de Porto Alegre, página 98). Então, é de se perguntar: pode o Es- da nobreza e o Estado, premiando sua tado ter menos ética do que os cidadãos conduta, age eticamente. que o Estado encarcera? Pode o Estado João Baptista Herkenhoff é barganhar vantagens para o preso em magistrado aposentado, professor e escritor. E-mail: jbpherkenhoff@gmail.com troca de atitudes que o degradam, que

As opiniões expressas na seção “Espaço Aberto ” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.

| Fé e Vida | 5

fé e cidadania

O cristão cidadão e o abaixo-assinado Padre Augusto César Pereira, SCJ Nosso povo está vivendo momentos difíceis e decisivos para a convivência social fraterna. Todos conhecem a situação política criada pela corrupção e a disputa partidária pelo poder. Como não há males que não venham para bem, é positivo que o povo cristão católico se pergunte com a Campanha da Fraternidade qual será a marca da presença da Igreja – instituição e Povo de Deus – neste momento. Há, portanto, o despertar da consciência da missão da Igreja, também na cidade e no País. Mais urgente, no momento, é a necessidade de uma atitude pública de tomada de posição diante do caos que ameaça o povo. Hoje, existe a necessidade imperiosa de uma presença missionária da Igreja, revelada sua colaboração concreta para superar a crise política que está se transformando em crise social profunda pela divisão simplista da população entre a favor ou contra. Como o problema ameaçador à paz social está na vida política ultrapassada, é necessária a reforma profunda do sistema político, particularmente do sistema eleitoral. A Igreja alia-se à parcela da sociedade consciente de sua corresponsabilidade pela Nação, e apresenta ao povo de Deus o projeto de reforma eleitoral com a participação popular do povo de Deus, que se sente no dever cívico e cristão de marcar presença. Essa ideia está clara na proposta do abaixo-assinado que procura colher assinaturas das pessoas de bem, interessadas na reforma do sistema político-eleitoral atual. Assiná-lo é sinal de que a pessoa - cidadã e eleitora – não só não está satisfeita com o destino imposto à Nação, mas tem proposta para a transformação. Para nós, cristãos católicos, é a maneira de pôr em prática o espírito da Campanha da Fraternidade do serviço que a Igreja deve prestar diante de necessidades prementes da sociedade. Este é o momento! A Igreja marca presença na cidade unindo forças com as demais instituições sérias e comprometidas com o bem comum do povo de Deus. É importante o testemunho de que temos consideração e valorizamos o bem e a dignidade de outros cidadãos e cidadãs com os quais nos unimos de maneira organizada. E o testemunho será operativo, isto é, caracterizado por ações de participação concreta nos projetos comuns da sociedade civil e religiosa do País. Porém, é muito grande o número de pessoas preocupadas com a necessidade de, além de seu nome e assinatura, incluir a numeração de seu documento. Imaginam essas pessoas que seja uma tática sutil do Governo de se aproveitar desses dados para retaliar quem se manifestar contra o sistema e a favor da reforma. No entanto, o motivo da nossa decisão de assinar e fornecer nossos dados é de deixar bem clara e definida a posição de que somos pessoas do bem e não compactuamos de forma alguma com a corrupção e outros crimes que a vida política de hoje favorece. Assinamos porque temos a consciência limpa e formada no bem e na justiça, compromissados com o bem comum de todo o povo brasileiro. Na verdade, trata-se de uma ocasião muito especial de proclamar nosso verdadeiro espírito de cristãos comprometidos com a fraternidade e com nossa cidadania. Portanto, não podemos, de maneira alguma, nos omitir diante da gravidade da situação. Assine e convença outras pessoas a assinar, exercendo a cidadania também!


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LITURGIA E VIDA 5º DOMINGO DA QUARESMA 22 DE MARÇO DE 2015

Deus: nosso socorro ANA FLORA ANDERSON A antífona deste domingo nos ajuda a aprofundar a Campanha da Fraternidade. O salmo pede que Deus faça justiça numa sociedade de gente sem piedade, perversa e traidora. A oração pede a graça de caminhar com Jesus no seu amor pelo mundo. Na primeira leitura (Jeremias 31, 31-34), o profeta anuncia a nova aliança de Deus. Agora, a vontade divina será inscrita nos corações de seu povo. Nessa nova aliança, Deus promete que será nosso Deus e nós seremos o seu povo. Ele perdoará todas as nossas maldades. A segunda leitura (Hebreus 5, 7-9) apresenta Jesus como o modelo da obediência ao Pai. Ao se oferecer com amor, tornou-se a causa da salvação de toda a humanidade. O Evangelho de São João (12, 20-35) narra a ida de Jesus a Jerusalém para a celebração da Páscoa. Havia na Cidade Santa peregrinos do mundo grego que queriam conhecer a Jesus. Ele usa esse momento para anunciar que chegou a hora de sua glorificação. Como o grão de trigo, Jesus anuncia que Ele deve morrer para nos oferecer os frutos da salvação. O sentido da vida é o amor e o coração do amor é a doação. É nesse momento que o povo escuta uma voz que vem do alto afirmando a glorificação de Jesus. Na cruz, Jesus é o grão de trigo que une a humanidade no amor mútuo que constitui a Nova Aliança.

você pergunta

O que significa ‘metáfora’ e ‘parábola’? padre Cido Pereira

Vigário Episcopal para a Pastoral da Comunicação

A Zinha (que não informou seu sobrenome) mora na Vila Prudente e quer saber o significado das palavras “metáfora” e “parábola”. Vamos lá. Zinha, minha amiga. Jesus é um grande comunicador! Jesus sabe que as imagens falam mais do que as palavras, mais do que os discursos. Por isso, ele contava histórias e nessas histórias ele nos passava as verdades do Reino de Deus. E o povo simples entendia e se encantava com aquelas histórias cheias de verdades para a vida pessoal e para a vida em comunidade. E Jesus também gostava de usar metáforas transferindo o sentido de palavras de uma realidade para outra. Quando Jesus chamou Herodes de “velha raposa”, Ele estava transferindo o significado da esperteza da raposa para a esperteza malévola de Herodes. As parábolas ou as historinhas nasciam do coração de Jesus. Os rabinos e líderes religiosos de tradições religiosas sempre usaram parábolas. E todas elas, as de Jesus e as de outros mestres religiosos, trazem consigo lições de vida, lições de fé, lições de como relacionar-se com Deus e com os irmãos. Essas parábolas, copiadas da vida, nos ajudam muito a ir fundo nas verdades de que é preciso acolher e encarnar na própria vida. E as metáforas? Elas significam a transferência de significado. Por exemplo: quando nós lemos na Bíblia: “O Senhor é o meu pastor”, nós transferimos o sentido da palavra “pastor” da realidade do campo para o relacionamento com Deus. O pastor guia as ovelhas. Deus nos guia como um bom pastor. Quando Jesus nos diz: sejam simples como as pombas e prudentes como as serpentes, está usando uma metáfora, e acrescentando na metáfora um ensinamento. Mas as metáforas não são necessariamente carregadas de doutrinas. Na maioria das vezes, trata-se de um recurso literário, de um jeito diferente de dizer e mostrar a vida.

novos santos e beatos

Santa Maria Josefina do Coração de Jesus Sancho de Guerra 20 de Março

Maria Josefina nasceu em Vitória, na Espanha, em 7 de setembro de 1842, tendo recebido o Batismo no dia seguinte. Ficou órfã de pai muito cedo e foi sua mãe que a preparou para a Primeira Comunhão, recebida aos 10 anos. Regressou a Vitória aos 18 anos e logo manifestou à sua mãe o desejo de entrar num mosteiro, pois se sentia atraída pela vida de clausura. Mais tarde, costumava dizer: “Nasci com a vocação religiosa”. Foi assim que decidiu entrar no Instituto Servas de Maria, que havia sido recentemente fundado em Madri pela Madre Soledade Torres Acosta. Mas, os constantes contatos com o arcebispo de Saragoça, futuro santo, Antônio Maria Claret, e as conversas serenas com Madre Soledade Torres Acosta amadureceram nela a possibilidade de fundar uma nova família religiosa, que se dedicasse aos doentes, em casa ou nos hospitais. Assim, aos 29 anos, ela fundou o Instituto das Servas de Jesus, na cidade de Bilbao, em 1871. Depois, por 41 anos, foi a superiora do Instituto. Acometida por uma longa e grave enfermidade que a mantinha no leito ou numa poltrona, sofreu muito antes de seu trânsito, sem, contudo, deixar sua atividade

Reprodução

de lado. A sua morte foi muito sentida em toda a região e o seu funeral teve uma grande manifestação de pesar. A causa da canonização de Madre Maria Josefina começou

em 1951. Ela foi solenemente beatificada pelo Papa João Paulo II em 1992 e depois canonizada em 1º de Outubro de 2000, pelo mesmo Pontífice, em Roma. Fonte: www.paulinas.org.br

50

anos

Feito cardeal, Dom Agnelo é recebido com festa em São Paulo

Capa da edição de 14 de março de 1965

A festiva recepção das autoridades e da população de São Paulo a Dom Agnelo Rossi, em 6 de março de 1965, após ter sido feito cardeal pelo Papa Paulo VI, foi o destaque da capa da edição do O SÃO PAULO de 14 de março daquele ano. “Sua eminência foi calorosamente recebido pelos fiéis, tendo uma comissão de representantes do clero e do laicato ido a Guarulhos para recepcionar o arcebispo nos limites da Arquidiocese... Sua eminência, ao chegar aos limites de sua Arquidiocese desceu do carro e recebeu as homenagens daquela representação de fiéis, tendo sido cumprimentando e recebido ramalhetes de flores”.

Ao chegar à Catedral da Sé, o Cardeal Rossi discursou novamente, agradecendo por todo o carinho dos paulistas e à confiança do Papa. “Hoje, pela benignidade do Santo Padre, o Papa Paulo VI, sentimo-nos honrados e felizes de ser o primeiro prelado paulista a trazer a púrpura cardinalícia ao solo arquiepiscopal de São Paulo”. Ainda em seu discurso, o Cardeal apontou que “é preciso que Cristo reine em São Paulo e que São Paulo bandeirante, com a proteção de Nossa Senhora Aparecida, dê ao Brasil o espetáculo impressionante da pujança religiosa à altura do maior centro industrial da América Latina”.


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Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade

Calouros da USP são acolhidos em missa

Liturgia

Luckas Judocka

bém refletiu acerca da Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma, na qual o Santo Padre fala da globalização da indiferença. “Não podemos estar ao lado dos nossos colegas sabendo que temos o tesouro da fé e não o transmitimos de alguma forma”. Estudante do curso de Engenharia Civil, na Poli, Francisco Monteiro, 19, disse estar feliz ao saber que existem mais pessoas do que ele imaginava, empenhadas em ajudar os alunos da USP. Para ele, ainda falta divulgação, inclusive entre os estudantes, para que outras pessoas saibam das atividades ligadas à Igreja Católica. “A maioria das pessoas ficou sabendo da missa pelas redes sociais, através de alguns grupos católicos. No entanto, muita gente ainda não está nesses grupos, mas têm interesse”. Após a missa, Dom Carlos se reuniu com os jovens, no salão paroquial. Todos se apresentaram e estavam representantes de diversos grupos ligados à Igreja que se reúnem na USP explicaram suas atividades, tais como, grupos de ora-

sos presbíteros, diáconos e seminaristas. A igreja estava lotada de familiares e amigos de várias cidades e regiões da Itália. Um momento de Igreja e de fraternidade “que abraçou a nós e a muitos amigos que, com sua presença, seus rostos e suas emoções, manifestaram seu amor a Deus e a essa história de 50 anos”, comentou Ernesto Olivero, fundador do Sermig. (Colaborou comunicação Sermig)

(Colaborou Comissão Arquidiocesana de Liturgia)

ção, de estudos bíblicos, de bioética etc. O Bispo comentou que alguns estudantes têm receio ou medo de dizer que são católicos, e não dão testemunho da sua fé cristã, porque se perguntam: “Quem sou eu para falar da minha fé numa universidade tão grande?”. Como resposta Dom Carlos disse: “Porém, pela Comunhão dos Santos, todos estão unidos, e cada um, colocando o seu grão de areia, ou seja, fazendo a sua parcela, contribuirá para a missão evangelizadora de toda a Igreja,” concluiu. Também esteve na missa e no encontro o Professor Dr. Enrico Lippi Ortolani, diretor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP. Dom Carlos aproveitou a ocasião para anunciar a data da II Vigília Universitária de Adoração ao Santíssimo Sacramento, que será realizada entre os dias 3 e 4 de junho, na solenidade de Corpus Christi, na Paróquia Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, no bairro do Sumaré. (Colaborou Diego Monteiro)

ARSENAL DA ESPERANÇA

Consagrados são ordenados diáconos Há 19 anos, que o Sermig – Fraternidade da Esperança atua no Brasil, continuando uma história iniciada muito antes, em 1964, na cidade de Turim, na Itália. Italianos e brasileiros, casais leigos e consagrados tentam ser uma comunidade simplesmente cristã e, para tanto, compartilham a responsabilidade de cuidar do “Arsenal da Esperança”, casa que acolhe diariamente 1.200 pessoas no bairro Bresser-Mooca. Grande parte dessa aventura em São Paulo foi vivida também por Lorenzo Nacheli e Simone Bernardi, dois consagrados italianos que chegaram ao Brasil sem saber uma palavra em português, em 1999 e em 2005, respectivamente, para continuarem doando suas vidas. Mais de 48 mil homens já foram acolhidos no Arsenal da Esperança, onde os dois se dedicaram diariamente. Em outubro de 2014, Lorenzo e Simone (com o coração já um pouquinho brasileiro) retornaram à Itália. Ao longo de 2015, junto com Andrea Bisacchi (outro consagrado do Sermig), eles irão completar o processo de formação para se tornarem os primeiros sacerdo-

Arquivo Pessoal

Lorenzo Nacheli e Simone Bernardi, com atuação no Arsenal da Esperança, são feitos diáconos

tes da Fraternidade. Em 15 de fevereiro, os três deram um passo decisivo rumo a esse objetivo: receberam o ministério do diaconato, na Chiesa del Santo Volto, em Turim, em cerimônia presidida pelo arcebispo de Turim, Cesare Nosiglia, e concelebrada por Guido Fiandino, auxiliar, Michele Seccia, bispo de Teramo e de Atri, e por Luciano Pacomio, bispo de Mondovi. Estavam presentes numero-

Semana Santa é tema de formação arquidiocesana A Comissão Arquidiocesana de Liturgia realizou no sábado, 14, no Centro Pastoral São José do Belém, um encontro de formação sobre a liturgia da Semana Santa. A atividade, iniciada por Dom Edmar Peron, bispo auxiliar da Arquidiocese e referencial da Liturgia, teve assessoria do professor Márcio de Almeida, Doutor em Música. O professor apresentou um material de formação litúrgico-musical, formulado por ele e por Eurivaldo Silva Ferreira. Conforme o conteúdo, no Domingo de Ramos recorda-se com especial devoção e intensidade o Mistério da entrega de Jesus por amor à humanidade. Cristo é aclamado com ramos, sinal de vitória, e o “hosana dos humildes” é o grito antecipado da vitória dos que têm fome e sede de justiça. Certos de que a vitória final será da justiça e da vida, o canto é de exaltação: “Cristo se fez, por nós, obediente até a morte, e morte de cruz” (Fl 1,28-9), mas “Deus o exaltou e lhe deu um nome acima de todo nome”. Na celebração da Quinta-feira Santa é revivida Última Ceia. Jesus oferece ao Pai seu Corpo e Sangue, pela vida do mundo, na instituição da sagrada Eucaristia. A assembleia canta, por antecipação, o Mistério que se desdobrará nas celebrações da Morte, Sepultura e Ressurreição do Senhor. É cantar o Mistério da Cruz, no qual está a glória, que brilha no mandamento do amor, no canto do Lava-pés: “Dou-vos novo Mandamento: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei” (Jo 13,34). A Sexta-feira Santa é o dia da contemplação da morte do Senhor. Na Palavra rezada e proclamada, celebra-se a vitória na cruz. A Igreja reza pelo mundo inteiro. Os fiéis beijam a cruz em reverência e cantam o pranto da perda infinita, irreparável, a dor do Inocente injustiçado. Nas chagas do Senhor, choram pelas dores de todos os oprimidos, nos quais continua sua Paixão: “Sempre que o fizerdes a um dos meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes” (Mt 25,40). O Sábado Santo é o dia para velar o Senhor, que padeceu e foi sepultado; a Igreja conserva este dia em total reverência, junto ao sepulcro santo, meditando sua Paixão e Morte, e esperando em oração e jejum a sua Ressurreição. É o dia do grande silêncio. Não se celebra a não ser o Ofício Divino, valorizando-se a introspecção, com textos e cânticos que procuram retomar o ambiente de origem dessa memória. Na Vigília da Noite, canta-se em plena escuridão, ao crepitar da fogueira, o resplendor de uma luz que jamais se apagará. “Alegremo-nos, no júbilo que será prolongado por 50 dias! Jesus vive!”.

80 universitários de diversas faculdades e institutos da USP participam de missa e diálogo com Dom Carlos, na Paróquia Nossa Senhora dos Pobres

Diferentemente de alguns trotes com “brincadeiras” humilhantes e violentas, um grupo de estudantes veteranos na Universidade de São Paulo (USP) se mobilizou com o Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade da Arquidiocese para acolher os calouros de 2015, numa espécie de “trote do bem”, alicerçado na fraternidade cristã. No dia 5, cerca de 80 universitários das diversas Faculdades e Institutos da USP participaram da a missa presidida por Dom Carlos Lema Garcia, bispo auxiliar de São Paulo e vigário episcopal para a Educação e a Universidade, na Paróquia Nossa Senhora dos Pobres, no Butantã. Durante a homilia, Dom Carlos enfatizou ser muito oportuna a celebração da missa no início do ano, para pedir a Deus graças e ajuda para que as atividades desse ano letivo sejam realizadas de forma tranquila. “Vocês têm que ser bons estudantes para ter prestígio entre os colegas e depois falar de Deus”, disse Dom Carlos, que tam-

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Henrique Sebastião Especial para O SÃO PAULO

Seminário abordará acordo Brasil - Santa Sé Diferentes temas estão previstos para debate durante o “Seminário Acordo Brasil-Santa Sé: implicações jurídicas e administrativas”, nos dias 17 e 18, na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). O evento é promovido pela Arquidiocese de Olinda e Recife (PE) e pela CNBB. A solenidade de abertura terá a participação do Cardeal Raymundo Damasceno Assis, arcebispo de Aparecida e presidente da CNBB; de Dom Giovanni D’Aniello, núncio apostólico no Brasil, e de Dom Antonio Fernando Saburido, arcebispo de Olinda e Recife. Entre os palestrantes estão o bispo de Petrópolis (RJ), Dom Gregório Paixão, que falará sobre o tema “Proteção cultural dos bens eclesiásticos, bens tombados e patrimônio histórico”; Paulo Martins Leão Jr., procurador do

Destaques das Agências Nacionais

Reprodução

Estado do Rio de Janeiro e presidente da União dos Juristas Católicos daquele Estado, com a palestra “Ensino

religioso nas escolas públicas”; e Ubiratan de Couto Maurício, juiz federal e professor da Unicap, que falará sobre

os “Efeitos civis de sentenças eclesiásticas em matéria matrimonial”. Fonte: CNBB

Arquidiocese de Mariana lança livro sobre a peregrinação da imagem de Aparecida A equipe responsável pela peregrinação da imagem de Nossa Senhora Aparecida na Arquidiocese de Mariana (MG) organizou o subsídio “Caminhando com Maria”, disponível pela Editora Dom Viçoso. A peregrinação teve início em 14 de feve-

reiro, em comemoração aos 300 anos do encontro da imagem milagrosa no Rio Paraíba do Sul. “Caminhando com Maria” é uma obra simples que recolhe o pensamento da Igreja sobre Maria e reúne orações e cânticos sobre a Mãe de Jesus. Traz,

ainda, roteiros de celebrações que ajudarão as comunidades a se prepararem para acolher a imagem, além de outras orientações. Os pedidos do livro devem ser feitos diretamente na editora. Fonte: A12

Santuários de Fátima e Aparecida planejam Ano Internacional Mariano para 2017

Suspensão da ‘lista suja’ do trabalho escravo no Brasil é denunciada na ONU

Os Santuários marianos de Fátima, em Portugal, e de Aparecida, no Brasil, desejam que 2017 seja declarado o Ano Internacional Mariano. O pedido será feito ao Papa Francisco, como revelou, na sexta-feira, 13, Dom Darci Nicioli, bispo auxiliar de Aparecida. A notícia foi dada em Fátima durante os trabalhos do III Workshop Internacional sobre Turismo Religioso. “Vamos fazer um pedido ao Santo Padre para que decrete o Ano Interna-

A suspensão da chamada “lista suja” do trabalho escravo pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em dezembro último, foi alvo de denúncia na sexta-feira, 13, no Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, na Suiça. A portaria suspensa pelo STF impedia a concessão de crédito ou subsídio público a empresas flagradas utilizando mão de obra escrava. “A decisão de Lewandowski aca-

cional Mariano, devido ao centenário de Fátima e ao tricentenário de Aparecida, de forma que o mundo inteiro possa viver esta experiência de encontro com Deus através de sua Santa Mãe, a Virgem Maria”, afirmou Dom Darci. Em breve, deve chegar a Roma a carta assinada por Dom Antônio Marto, bispo de LeiriaFátima, e pelo Cardeal Raymundo Damasceno Assis, arcebispo de Aparecida, pedindo a realização do ano mariano. Fonte: A12

bou com uma ‘lista suja’, mas isso não significa que outras não possam ser elaboradas”, afirma Marcel Gomes, da ONG Repórter Brasil. “As empresas e o governo não podem ficar de braços cruzados. As empresas têm o dever de criar mecanismos internos para impedirem o beneficiamento de companhias e pessoas que se valem de mão de obra escrava”, complementou. Fonte: Adital

Representações da Igreja expõe violações de direitos humanos na Amazônia Em audiência pública marcada para quinta-feira, 19, em Washington, nos Estados Unidos, o Departamento de Justiça e Solidariedade do Conselho Episcopal Latino-americano (Celam), a Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam), o Secretariado Latino-americano e do Caribe da Caritas (Selacc), a Confederação Latino-americana e caribenha de Religiosos e Religiosas (CLAR) e a Comissão da CNBB para a Amazônia apresentarão na Comissão Interamericana de Direi-

tos Humanos a posição da Igreja ante a vulnerabilidade dos direitos humanos de populações indígenas e campesinas afetadas pelas indústrias extrativas na América Latina. Serão também expostos casos emblemáticos no Brasil, Equador, Honduras, México e Peru, e formuladas recomendações aos Estados e às sociedades civis do continente. O relatório a ser entregue aponta que muitos Estados da região permanecem indiferentes

às violações. A criminalização de defensores de direitos humanos e os graves efeitos na saúde e na integridade e na vida, especialmente de comunidades indígenas e campesinas, são comuns. O relatório destaca, enfim, a necessidade de adotar um modelo na América Latina que seja sustentável, em equilíbrio com o desenvolvimento econômico, os direitos humanos e o meio ambiente. Fonte: Rádio Vaticano


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Destaques das Agências Internacionais

| Igreja em Missão | 9 Filipe David

osaopaulo@uol.com.br

Paquistão

Ataque a igrejas deixa 14 mortos e 78 feridos Dois ataques contra igrejas – uma católica e outra anglicana – realizados por homens-bomba causaram 14 mortes e feriram 78 pessoas. Os ataques ocorreram no domingo, 15, em Lahore, no leste do Paquistão. O grupo Taliban do Paquistão reivindicou a responsabilidade pelos atentados. Um policial encarregado da segurança da Igreja Católica percebeu a aproximação do homem-bomba e se

adiantou para impedi-lo de entrar na igreja, obrigando-o a detonar o dispositivo no lugar em que estava, salvando assim muitas vidas que teriam se perdido a mais, caso ele tivesse explodido dentro da igreja. Na Igreja Anglicana, outro policial também percebeu o homem-bomba, mas, ao confrontá-lo, foi baleado na cabeça por outro cúmplice. Nasir Saeed, diretor de uma orga-

nização que auxilia cristãos perseguidos, afirmou que os fiéis vivem “em constante medo por suas vidas” no País. Ele acredita que o objetivo desses ataques é forçar os cristãos a deixar o País. O presidente da Conferência Episcopal Paquistanesa, Arcebispo Joseph Coutts, pediu ao governo que “tome medidas firmes para a proteção de igrejas e das minorias religiosas no Paquistão”.

Síria

O Papa Francisco afirmou que o “mundo está tentando esconder” a onda de perseguição anti-cristã em diversas partes e, comentando o incidente no Paquistão: “Com tristeza, muita tristeza, eu soube dos ataques terroristas hoje contra duas igrejas em Lahore... provocando inúmeras mortes e ferimentos”. Fonte: Catholic Herald

Itália

‘Negociar com Assad é obrigatório’

Dolce & Gabbana em defesa da família

É o que pensa o arcebispo de Hassaké-Nisibi, Dom Jacques Behnan Hindo. Comentando as declarações do secretário de Estado americano, John Kerry – que admitiu que os Estados Unidos devem negociar com Bashar el-Assad para pôr um fim ao conflito no País – o Arcebispo afirmou que a negociação com o regime de Assad “deveria ter sido feita há muito tempo”. Para Dom Jacques, “é pre-

Em entrevista à revista italiana Panorama, Stefano Gabbana e Domenico Dolce, ambos abertamente homossexuais, fundadores de um dos grandes impérios da moda mundial, saíram em defesa do casamento e do direito das crianças a um pai e uma mãe, e condenaram as técnicas de reprodução assistida que envolvem fertilização in vitro. Dolce afirmou que procriar deve ser um ato de amor, não um processo artificial: “Nós, um casal gay, dizemos não

ciso acabar com a farsa de que existem ‘rebeldes moderados’, já que, conforme foi passando o tempo, todas as facções armadas que se opõem a Assad aderiram à ideologia jihadista”. O conflito na Síria já causou a morte de mais de 200 mil pessoas e obrigou quase 8 milhões a abandonar seus lares, dos quais mais de 3 milhões estão refugiados fora do País. Fonte: Catholic Herald/ Fides

à adoção gay. Chega de crianças [produzidas] quimicamente e de úteros de aluguel. As crianças deveriam ter uma mãe e um pai”. Não é a primeira vez que a dupla se manifesta a favor da família. Em uma entrevista em 2013, Dolce havia declarado claramente: “Eu não acredito em casamento gay”. Para Dolce e Gabbana, a família tradicional não é apenas uma moda, mas “uma das coisas que não podem ser modificadas”. Fonte: CNA

Estados Unidos

‘Eu não criei a minha vida’ É o que afirmou o ex-jogador de futebol americano O. J. Brigance (foto), diagnosticado há oito anos com esclerose lateral amiotrófica, uma doença degenerativa sem cura que causa progressivamente a paralisia do paciente até finalmente ocasionar a sua morte. Mais de 12 estados americanos estão considerando a legalização do suicídio assistido, à qual se opõe firmemente o ex-jogador: “Desde que fui diagnosticado, eu fiz um bem maior para a sociedade durante oito anos, que durante meus 37 anos na terra”. Para Brigance, ninguém tem o direito de tirar a própria vida: “Eu

Foto: LifeSiteNews

não criei a minha vida, então não tenho o direito de negá-la”. Mary Ellen Russel, da Conferência Católica de Maryland, comentou o projeto de lei que pretende legalizar o procedimento em Maryland: “Não existe vida que nós não consideremos digna de ser vivida, nem pessoa que não mereça ser valorizada, pelo simples fato de ser um ser humano vivo”. Quatro estados americanos já legalizaram o suicídio assistido: Montana, Oregon, Vermont e Washington. No Colorado, o projeto de lei foi rejeitado pelos legisladores no mês passado. Fonte: LifeSiteNews

Índia

Página no Facebook para combater violência contra cristãos A polícia de Delhi criou uma página no Facebook para tentar combater a violência e perseguição aos cristãos. A primeira publicação expli-

ca o propósito da página: “Queridos irmãos e irmãs cristãos, esta página foi desenhada pela Polícia de Delhi com o objetivo de criar um fórum para que

toda a população cristã de Delhi compartilhe sua visão sobre a situação de lei e ordem em Delhi, especialmente com relação à segurança de igrejas e

instituições educacionais”. A iniciativa foi aprovada após os ataques ocorridos nos últimos meses contra igrejas e instituições cristãs presentes na

cidade. Um funcionário foi encarregado de acompanhar particularmente os problemas de comunidades minoritárias. Fonte: Fides


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Reflexões sobre o cotidiano: dormir, comer e brincar Sergio Ricciuto Conte

Simone Ribeiro Cabral Fuzaro

Gosto muito de pensar nas pequenas coisas. São cotidianas, repetitivas, aparentemente pouco importantes, especialmente no mundo em que vivemos hoje: cheio de flashes, eventos e produções. Se olharmos com cuidado e responsabilidade, conseguimos perceber que são fundamentais. Vamos olhar hoje para essas três atividades cotidianas e tão importantes na vida das crianças: comer, dormir e brincar. Contribuem tanto para o desenvolvimento físico como sócio-emocional das crianças. São direitos dos pequenos e são deveres de amor dos pais. Embora corriqueiras, são atividades bastante trabalhosas: é bom que façam parte de uma rotina (que tenham horários estabelecidos); as crianças nem sempre apreciam o cardápio mais adequado; fazem sujeira para comer; resistem e fazem manha para dormir; espalham tudo para brincar e nem sempre estão dispostos a recolher... Enfim, quantas coisas podem ser aprendidas e vivenciadas diariamente nessas atividades! Em primeiro lugar, é preciso lembrar algo muito importante: quem determina o cardápio, horário de sono, tempo de brincar e tipos de brinquedos somos nós, pais, tendo em vista o que é mais adequado para as crianças e não as conveniências da nossa vida atribulada e nem os “quereres” infantis, que já

Aluno inadimplente Ronald Quene Os alunos de escolas e faculdades muitas vezes são vítimas de “represálias” por parte de instituições de ensino quando, por várias dificuldades, ficam em dívida. Embora seja ilegal, é comum negarem a entrega de históricos, diplomas e outros documentos, impondo ao aluno a obrigação de pagar a dívida para poder obtê-los. Também é comum a aplicação de penalidades, como não deixar o aluno fazer provas, assistir às aulas e outras que até podem gerar situação de constrangimento para ele perante os seus colegas, o que no caso seria razão para ação de indenização por danos morais. A lei nº 9.870/99 garante os direitos do aluno inadimplente. Saiba de seus direitos procure um advogado. Ronald Quene é advogado

sabemos serem vazios de critérios. Feito isso, mãos à obra: comer, dormir e brincar se ensina. Comer: ofereça com constância os alimentos necessários e nutritivos, fazendo experimentar ao menos um pouquinho sempre, mostrando o cheiro gostoso da comida (o olfato aguça o paladar), tornando o momento da alimentação uma rotina familiar agradável, não substituindo o prato de comida por leite ou guloseimas. Não podemos nos deixar levar pelo “não gosto”, “não quero”, “é ruim”. Quando a criança percebe que não vai ficar “livre” do prato enquanto não comer ao menos um pouco, vai diminuindo a resistência e aprende a experimentar.

Tecnologia

Direito do Consumidor

Comportamento

10 | Viver Bem |

Dormir: comecemos diminuindo o ritmo quando se aproxima o horário estabelecido para o sono, fazendo uma oração, contando uma breve história e, principalmente, não nos deixando levar pelas necessidades que surgem no momento de dormir (fome, sede, xixi). Sejamos espertos, antecipemos tudo, antes de chegarmos ao quarto. Com constância e firmeza, a criança aprenderá que não tem opção, precisa dormir quando o adulto estabelece. Brincar: delimite lugares e brinquedos possíveis, combinando que se pega outro quando guarda o primeiro, buscando a simplicidade (tampas e vasilhas podem ser mais interessantes do que brinquedos) e brincando junto às vezes.

O mais importante de tudo isso é lembrarmos que essas são responsabilidades próprias dos pais, não podemos transferi-las. Quando os pais as assumem de fato, mesmo que alguma vez não estejam fisicamente presentes no momento, preparam, orientam, viabilizam. Ter filhos é uma escolha que muda a vida. Traz alegrias, realiza, nos faz conhecer um amor que não imaginávamos existir! Porém, exige doação, mudanças e escolhas. Tomara que tenhamos muita sabedoria nas escolhas porque disso depende a alegria e o futuro de nossos filhos! Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é fonoaudióloga e educadora, Mestre em Distúrbios da Comunicação pela PUC-SP, especialista em linguagem e coordenadora da Escola de Educação Infantil Pedrita.

Apple Watch, preciso ter um? Pedro Paulo de Magalhães Oliveira Jr. Não. Esta é a resposta curta. Uma resposta um pouco mais longa seria: ainda não. Após o anúncio do Apple Watch na segunda-feira, 9 de março, muitas pessoas fizeram essa pergunta. É natural que ao sair uma novidade as pessoas queiram saber do que se trata, se é algo que vale a pena considerar etc. No entanto, o meu “não” nesse caso não diz respeito tanto a uma questão de temperança na aquisição de bens materiais, mas sim a algumas questões práticas sobre lançamento de tecnologia. 1) A primeira versão em geral é cara e ruim. Não que a Apple lance produtos ruins, mas olhe o caso do

iPad, era um excelente produto que nasceu ultrapassado e foi abandonado rapidamente pelo fabricante. O iPad 2 sim foi o lançamento real e aqueles que esperaram usaram melhor o seu dinheiro. 2) Tecnologias revolucionárias podem funcionar ou não. Veja as pessoas que adquiriram o Google Glass, mais de mil dólares jogados no lixo, por um produto que é considerado por muitos abandonado. 3) Lançamentos revolucionários não têm suporte adequado. Sim, o Apple Watch terá uma série de programas integrados a ele, mas esses programas foram feitos sem o primeiro “feedback” do mercado e provavelmente ainda não estão maduros o suficiente. Em alguns meses,

você terá um cenário melhor do que pode ser usado no Apple Watch. 4) No Brasil, essas novas tecnologias chegam sem algumas funcionalidades. O sistema de pagamento integrado ao relógio, por exemplo, deve levar muitos meses para desembarcar por aqui. 5) Uma multidão pagará caro para testar o produto para você. No dia do lançamento, haverá filas quilométricas e durante meses você ouvirá comentários positivos e negativos, análises mais aprofundadas e, quando sair o Apple Watch 2, você poderá julgar adequadamente se precisa ou não ter um. Pedro Paulo de Magalhães Oliveira Jr. é engenheiro pela PUC-Rio e Doutor em Medicina pela USP. Atualmente ocupa o cargo de diretor de operações da Netfilter.


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| Reportagem | 11

Insatisfeitos com o Governo, brasileiros vão às ruas em protestos Daniel Gomes Edcarlos Bispo osaopaulo@uol.com.br

A ampla investigação da corrupção que redundou nos desvios de recursos da Petrobras e insatisfação com o panorama político e econômico do País foram pontos

comuns das manifestações de rua que aconteceram na sexta-feira, 13, e no domingo, 15. Organizada por centrais sindicais e movimentos sociais, os

atos do dia 13 aconteceram em 23 capitais, e apesar das críticas ao Governo, defenderam a continuidade do mandato de Dilma Rousseff (PT). Já os brasileiros

Luciney Martins/O SÃO PAULO

que foram às ruas no dia 15, em 185 cidades dos 26 estados e do Distrito Federal, manifestaram-se, em sua maioria, pelo impeachment da Presidente. Luciney Martins/O SÃO PAULO

Na Paulista, a maioria dos participantes exige o impeachment da presidente Dilma

Centrais sindicais e movimentos populares defendem Petrobras e mandato da Presidente

‘Fora, Dilma’?

Apoio ao Governo e críticas à economia

Na Avenida Paulista, em São Paulo, a manifestação contra o atual Governo aconteceu durante toda a tarde domingo, e reuniu o maior número de participantes desde as “Diretas Já”. Segundo a Polícia Militar e os organizadores, 1 milhão de pessoas estiveram no ato, mas a contagem do Instituto DataFolha foi de 210 mil participantes (o Instituto contou as pessoas por setores e levou em conta o fluxo por hora, já a PM valeu-se de imagens aéreas, considerando cinco pessoas por metro quadrado). Um dos momentos significativos aconteceu às 16h, quando todos entoaram o Hino Nacional Brasileiro, e na sequência se ouviu o uníssono “Fora, PT! fora, Dilma!”. Por toda a avenida, em faixas e com gritos, houve pedidos pelo impeachment da Presidente, um basta na corrupção e reclamações sobre o panorama econômico do País. Também inúmeras vezes, o PT, a Presidente e o ex-presidente Lula foram xingados em coro. “Chegamos a um ponto insustentável, hoje tivemos a gota da água de um balde que chegou ao limite”, opiniou Márcia Maria, 66. Segundo Kim Kataguri, 19, integrante do Movimento Brasil Livre (MBL), um dos grupos que articulou as manifestações, já estão sendo coletadas assinaturas para apresentar ao Congresso Nacional o pedido de impeachment da Presidente. “As pessoas estão nas ruas e os congressistas estão vendo que a população quer o impeachment. A

Reações do Palácio do Planalto Diante dos protestos de rua, o Governo Dilma se manifestou

gente espera que a oposição ao Governo tenha uma postura mais firme depois de hoje”, disse ao O SÃO PAULO. Para ele, em caso de impeachment, o vice-presidente Michel Temer deve assumir a presidência até 2018. “O MBL é um movimento liberal, somos contra qualquer tipo de ditadura, não defendemos a intervenção militar”. Durante o ato, alguns manifestantes chegaram a vaiar um grupo que, em um carro de som, em frente ao Parque Trianon, defendia a intervenção militar. Na avaliação de Maurício Tanurcov, 53, do grupo Revoltados Online, que também articulou as manifestações, “já há elementos mais que suficientes para o impeachment da presidente Dilma, que foi citada 11 vezes na Lava Jato, falta só vontade política, porque elementos para os juristas existem de sobra”, enfatizou. Também articulador do ato, o movimento Vem Pra Rua mostrou-se contrário ao impeachment da Presidente. “Não defendemos o impeachment neste momento porque não há um cenário político e jurídico que fundamente esse pedido”, afirmou Janaína Lima, 30, porta-voz do Movimento. “O Vem Pra Rua convocou o povo para defender a democracia, para dizer um basta à corrupção e saímos em defesa da operação Lava Jato, para que todos os corruptos e corruptores sejam devidamente investigados e condenados”, complementou.

no próprio domingo, 15, por meio dos ministros José Eduardo Cardozo, da Justiça, e Miguel Rossetto, da Secretaria Geral da Presidência, que consideraram as manifestações legítimas, mas

Na mesma avenida Paulista, na sexta-feira, 13, centrais sindicais e movimentos sociais realizaram o “Ato Nacional em defesa da classe trabalhadora, da Petrobras, da democracia e da reforma política”. De acordo com a PM, participaram 12 mil pessoas, já os organizadores apontaram para 100 mil manifestantes, e o Instituto Datafolha indicou a contagem de 41 mil participantes. O ato apresentou críticas à política econômica do Governo Dilma. “Estamos na rua para defender a Petrobras dos setores privatistas, pelos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras em especial a juventude, que têm sido atacados pelas medidas do Governo. Criticamos o Governo em relação as MPs 664 e 665 [para novas regras para acesso a benefícios previdenciários] e defendemos uma transformação mais estrutural e profunda, por meio de uma reforma política com constituinte exclusiva do sistema político”, afirmou Thiago Pará, 25, estudante de Direito, membro do movimento Levante Popular da Juventude, formado majoritariamente por jovens da periferia. “A Presidente tem que dar um sinal e governar para quem a elegeu, governar a partir do programa do qual ela foi eleita. Não temos nenhum problema de ir para rua criticar o Governo, somos um movimento autônomo e independente e se o Governo estiver fazendo besteira – como está fazendo na política econômica e trabalhista – iremos

apontaram que um impeachment da Presidente não seria legítimo. Eles anunciaram que nos próximos dias serão enviadas ao Congresso propostas anticorrupção. Na segunda-feira, 16, Dilma

criticar, mas temos a plena consciência que precisamos lutar pela democracia e pela legalidade”, afirmou Thiago. O ato saiu da Paulista e, mesmo debaixo de chuva, seguiu até a praça da República. Trajando uniforme laranja estava Agnaldo Araúna, técnico de operação e funcionário da Petrobras há 27 anos. “O momento que a Petrobras passa é difícil. Infelizmente, pessoas se aproveitaram de suas posições de direção e se juntaram a empresas, formaram um clube para saquear a nossa empresa e em alguma medida em conjunto com políticos”, avaliou. Ainda segundo Agnaldo, os movimentos que pedem a saída da Presidente estão errados. “Ao menos que seja comprovado que ela tenha cometido um crime de improbidade administrativa, ela tem que cumprir o mandato até o fim. Não é possível que ao perder as eleições democraticamente, você queira na marra tomar o poder, isso em qualquer lugar do mundo é golpe de Estado”. As centrais sindicais e os movimentos sociais farão outras manifestações, provavelmente em abril, de acordo Adriana Magalhães, dirigente do Sindicato dos Bancários e da executiva nacional da CUT. Ela detalhou que o ato do dia 13 não foi um fato isolado, pois desde o ano passado as entidades estão “retomando bandeiras históricas, dentro de um calendário de luta dos movimentos sociais”.

disse estar disposta ao diálogo com a sociedade e pediu ao Congresso urgência na aprovação do ajuste fiscal. A Presidente admitiu que pode ter tido “algum erro de dosagem” na política econô-

mica do primeiro mandato, mas discordou que a corrupção tenha começado no seu Governo. “Ela [corrupção] não só é uma senhora bastante idosa neste País, como não poupa ninguém”.


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Edcarlos Bispo e Nayá Fern

Falta d’água: de quem osaopaulo@uol.com

Ações conjuntas e bem planejadas podem minimizar crise hídrica Notícias dão conta que, com as famosas “águas de março”, o Sistema Cantareira já atingiu a marca de 15%. Oxalá continue chovendo e os níveis dos reservatórios que abastecem a cidade sigam crescendo. Mas a crise hídrica que assustou o Estado de São Paulo – e ainda assusta – é somente fruto da falta de chuvas ou de falhas na gestão? O estudo da pesquisadora Micheli Kowalczuk Machado, especialista em Educação Ambiental, mestre e doutora em Ecologia Aplicada, permitiu constatar que a atual situação do Sistema é um problema de governança, acentuado pelas questões climáticas e por sua realidade socioambiental. Falta de articulação e diálogo também contribuíram com o colapso do Cantareira. “Neste sentido, o que posso dizer é que a falta de governança com certeza colabo-

ra para a falta de água em São Paulo, tendo em vista que falta muita articulação entre os organismos presentes na área do Sistema Cantareira, tais como Conselhos de Unidades de Conservação e os Comitês de Bacias Hidrográficas, pois se os mesmos estivessem realizando ações conjuntas e bem planejadas esses problemas poderiam ser minimizados. Um exemplo seria a proteção/preservação das áreas ciliares que são fundamentais para a garantia de qualidade e quantidade de água, e são ações de longo prazo que já deveriam ter sido realizadas há muito tempo”, afirmou a pesquisadora em entrevista ao O SÃO PAULO. Além disso, para Micheli falta articulação entre os governos, comitês, conselhos e demais grupos que gerem a questão da água no Estado. O que salienta a falta de “governança” – no sentido de saber articular as diversas frentes de atuação. “Pensando na realidade do Sistema Cantareira e no que pode ser exemplo para outras regiões do Estado e do País, temos em uma mesma localidade organismos e instituições governamentais e não governamentais com atuações sobrepostas, mas não articuladas. De um lado, essa realidade poderia ser muito promissora diante da diversi-

dade de atores, percepções e ações que poderiam colaborar para a compreensão da complexidade que a questão hídrica envolve, e também para a implantação de programas que consideram esta complexidade e não se tornem apenas medidas paliativas de curto prazo. De outro lado, essa sobreposição apresenta apenas várias ações desarticuladas, o que impede que a governança na área do Sistema aconteça. Os organismos e instituições têm muita dificuldade de se articular dentro de sua própria estrutura, que dirá entre si e ainda mais com a população”, afirmou. “A crise hídrica é um problema que está posto, faz parte da nossa realidade. Pensando nisso e considerando que não é a primeira vez e nem a última que teremos quadros como este, já está mais do que na hora de investir em ações a longo prazo como, por exemplo, a recuperação das áreas de proteção permanente, planejamento urbano, sistemas de tratamento de água e esgoto para garantir a qualidade e disponibilidade hídrica, melhorar a eficiência da distribuição de água, já que uma quantidade enorme deste recurso é perdida, sistemas de reuso de água em empresas, na agricultura e residências, educação ambiental constante e permanente etc”, concluiu.

E o saneamento básico no Brasil, como está? “Quando você tem um cenário com água limitada ao consumo é preciso buscar novas fontes; as ideias até agora são de transposições de rios de outros Estados ou do interior para trazer água à Região Metropolitana de São Paulo. No entanto, a pergunta que fica no ar é: adianta trazer novas águas uma vez que a mesma irá virar esgoto em 5 minutos? O que iremos fazer com mais esgotos gerados? Iremos continuar a despejar sem tratamento nos rios, córregos e outros afluentes? É um tema um tanto quanto preocupante. A cidade de São Paulo trata metade do

esgoto, Guarulhos trata 25%, a região do ABC, exceto São Caetano, trata menos de 35% dos esgotos e por aí vai. Ou seja, as grandes cidades não estão fazendo o seu papel e iremos trazer mais água que em minutos se resultará em novos esgotos”, afirmou o presidente executivo do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos. Para ele, o reflexo do descaso dos poderes públicos com o saneamento básico é “bem visível”. A cidade tem dezenas de rios inacessíveis para uso humano direto, e até mesmo algumas represas da Região Metropolitana de São Paulo estão

inviáveis por terem uma concentração de esgotos sem tratamento, como a Guarapiranga e a Billings. “Há também os indicadores de perdas de água na distribuição. O Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) aponta 37% de perdas de água produzida no País, isto é, para cada 10 litros produzidos, 3,7 vão embora devido aos vazamentos, erros de medição e furtos, os famosos ‘gatos’. Talvez essa falta de saneamento reflita na falta de gestão por parte das prefeituras e do Governo do Estado, que fizeram vista grossa para a agenda hídrica”, afirmou.

Seminário Arquidiocesano cria sistema de captação de água da chuva

Atenção! Ao armazenar água, cuidado com a Dengue

A conta de água do Seminário de Filosofia Santo Cura d’Ars já foi reduzida em mais de 50%. O motivo da redução nos gastos não é segredo para ninguém: a utilização da água da chuva. O Padre Frank Antonio de Almeida, reitor do Seminário, se valendo do histórico

de padres inventores e de uma formação na área de edificações, adquirida antes do ingresso no Seminário, criou o sistema que abastece uma caixa d’água de 150 mil litros. A água recolhida só não é utilizada para o consumo – cozinhar e beber –, nas

demais tarefas substituiu a dependência do Seminário na água fornecida pela Sabesp. O sistema está em funcionamento desde janeiro, e já neste mês de março, a economia gerada cobriu as despesas com os materiais utilizados na elaboração do sistema.

Em todas as calhas são colocados canos


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ernandes

quem é a culpa? Para cada monocultura, múltiplas consequências São 300 mil hectares recobertos com o monocultivo de eucalipto só no Vale do Paraíba, em São Paulo. No Brasil todo, a produção chega a mais de 5 milhões de hectares, ficando atrás apenas da Índia, na escala mundial. “Em meio aos estéreis eucaliptais, cultivados por grandes papeleiras para produção de celulose, a maior parte delas exportada para os Estados Unidos, Europa e China, inexiste ciclo de vida, pois animal algum conseguiria estabelecer habitat no

seio de uma plantação de árvores clonadas que não geram alimento e que são cortadas de cinco em cinco anos”, explicou o defensor público de São Paulo, Wagner Giron De La Torre. Além de impactar diretamente qualquer ecossistema e colocar em risco de extinção muitas espécies vegetais e animais, o monocultivo faz do Brasil campeão mundial na incidência de agrotóxicos, abarcando 18% do mercado mundial, com descarte, no solo, de 780 mil toneladas a cada ano.

“Estima-se que, em média, cada árvore de eucalipto absorva cerca de 30 litros de água potável ao dia, gerando um desequilíbrio hídrico sem precedentes”, alertou Wagner, ao ressaltar também que até hoje, no Estado de São Paulo, não se consolidou nenhum mecanismo de controle dos danos socioambientais de uma atividade industrial tão impactante.

Não chove mais como antes. Por quê? Na prática, veem-se as consequências da estiagem em São Paulo, quando não há mais água nas torneiras e as notícias nos jornais anunciam os níveis cada vez mais baixos no principal sistema de abastecimento da cidade. Mas, ao se pensar num processo de diminuição das chuvas, é preciso refletir sobre as causas, para que sejam tomadas medidas de prevenção. Em novembro de 2014, em entrevista ao Correio da Cidadania, Marzeni Pereira, tecnólogo em saneamento da Sabesp, lembrou que a estiagem em São Paulo tem relação com o desmatamento da Amazônia e do Cerrado. “Obviamente, sempre que há desmatamento se reduz a evaporação de água pela evapotranspiração das árvores”, afirmou. O Cerrado brasileiro sofreu muito com a devastação promovida pelo agronegócio. É importante lembrar que o Cerrado é um bioma que não pode ser reflorestado e que o Novo Código Florestal, aprovado com controvérsias no fim de 2012, em vias de cumprimento, não fortaleceu as tentativas de preservação do mesmo. A questão se agrava quando

o assunto é a preservação da Amazônia, que se vê desnudada pelo avanço do agronegócio. Se a preservação da Amazônia é importante para o equilíbrio do ecossistema em nível mundial, imagina o que o desmatamento pode causar dentro do próprio País. Marzeni falou também que somente “no ano passado [2013], em torno somente de soja, carne, milho e café, o Brasil exportou cerca de 200 bilhões de m³ de água. Significa abastecer São Paulo por quase 100 anos. A umidade atmosférica, mantida através dos chamados ‘rios voadores’, que vêm do Norte do Brasil e precisam da continuidade da vegetação, foi reduzida. E teve também o desmatamento de todo o centro-oeste do Estado”. Além disso, é importante lembrar o que em qualquer classe de geografia aprende-se sobre a preservação das matas ciliares, dos mananciais e das nascentes dos rios: “Recuperar mananciais é outro ponto importante. Se isso não for feito, as consequências futuras podem ser mais graves. O Rodoanel passou pelos mananciais, o que mostra como não se deu importância a eles. Pessoas que moram

em áreas de mananciais precisam sair de lá, através de negociações sérias, com plano habitacional. A redução das matas ciliares dos rios que abastecem as represas é outro fator, pois provoca o assoreamento e um secamento mais rápido”, ressaltou Marzeni. E para quem acredita que o grande vilão é o cidadão que escova os dentes com a torneira aberta ou toma banhos demorados, os números indicam que no Brasil, 70% da água é consumida pela agricultura, 22% pela indústria e 8% pelas residências, segundo informações da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Claro que isso não significa o descuido individual, mas é importante alargar a discussão e pensar nos macro gastos provenientes dessas atividades.

Fotos: Arquivo pessoal

Os canos caem nos tambores azuis, onde há uma decantação da água e uma primeira filtragem

Depois vão para uma cisterna subterrânea, onde a água é clorada e filtrada novamente

Da cisterna subterrânea a água é bombeada para as caixa extras e daí distribuídas para o Seminário

Um prédio ecologicamente correto O prédio das Irmãs Paulinas, na Vila Mariana, em São Paulo, abriga diversos setores da missão da Congregação como televisão, rádio e revista, além das comunidades religiosas com cerca de 40 pessoas. A obra foi concluída em 2008 e vale destacar que, antes mesmo de se agravar a crise hídrica na cidade, as religiosas pensaram em um projeto sustentável.

Atitudes voltadas para a redução do desperdício e para o controle da poluição da água* 1. Para reduzir o desperdício de água: • Diminuir o desperdício de água na produção agrícola e industrial, a partir do controle dos volumes utilizados nos processos industriais, da introdução de técnicas de reuso de água e da utilização de equipamentos e novos métodos de irrigação; • Reduzir o consumo doméstico de água a partir da incorporação do conceito de consumo sustentável; • Reduzir o desperdício de água tratada nos sistemas de abastecimento de água, recuperando os sistemas antigos e introduzindo medidas de manejo. 2. Para reduzir a poluição decorrente das atividades agrícolas: • Reduzir o uso de agrotóxicos e fertilizantes na agricultura; • Implantar medidas de controle de erosão de solos e de redução dos processos de assoreamento de corpos de água, tanto em nível urbano como rural. 3. Para reduzir a poluição das águas: • Apoiar iniciativas que visem implantação de sistemas de tratamento de esgotos, como forma de reduzir a contaminação da água; • Exigir que o município faça o tratamento adequado dos resíduos; • Organizar-se. Os consumidores organizados podem pressionar as empresas para que produzam detergentes, produtos de limpeza e embalagens que causem menores impactos ambientais. * Elaborado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).

Segundo informações da Irmã Daniela Rodrigues, “quando começou a se pensar a construção do prédio, foi constituída uma equipe ampliada para elaborar um projeto que atendesse a um sistema de gestão ambiental responsável diante da crise socioambiental que vive o Planeta”. Irmã Daniela ressaltou que foi contratada uma empresa que ajudou a equipe a gerenciar e conciliar a edificação do prédio. “Temos um modelo sustentável de captação de água das chuvas, com capacidade para 22 mil litros, e o reuso da água do banho e torneiras.”


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Diplomacia a serviço da paz Nikos Papaxristou

Cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, falou ao O SÃO PAULO sobre as diretrizes diplomáticas da Santa Sé no pontificado de Francisco FILIPE DOMINGUES

Especial para O SÃO PAULO, em Roma

Construir pontes, lutar contra a pobreza e edificar a paz. São essas as três principais linhas de ação da diplomacia da Santa Sé no pontificado do Papa Francisco afirmou, ao O SÃO PAULO o Cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano. O “número dois” do Vaticano esteve em 11 de março na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, onde deu uma palestra sobre o papel da diplomacia pontifícia na promoção da paz. No final da conferência, Dom Parolin respondeu à pergunta da reportagem sobre qual é a influência e o poder de decisão dos papas nas atividades diplomáticas da Santa Sé, já que o Papa Francisco foi o principal articulador da recente retomada de relações bilaterais entre Estados Unidos e Cuba após 53 anos de impasse – além de suas tentativas de promover a paz entre Israel e Palestina. “Nós dizemos que o Papa é o primeiro diplomata da Santa Sé”, afirmou o Cardeal em sua réplica. “Efetivamente, todo o aparato da diplomacia pontifícia está a serviço das indicações que vêm do Papa.” Atualmente, a Santa Sé tem relações diplomáticas com 179 países, além da União Europeia e o Estado Palestino. De acordo com o Secretário de Estado, chefe de relações internacionais do Vaticano,

do acordo para retomar relações diretas. Segundo o Cardeal, cada papa, dependendo do seu perfil, “é mais ou menos ativo” na diplomacia. “No fundo, sempre existem orientações. A ação da Santa Sé é essencialmente religiosa e exatamente por essa motivação procura favorecer a convivência pacífica entre os povos, criando todas as condições que permitam a cada pessoa viver dignamente, segundo a sua dignidade, e como criatura e filho de Deus.”

Mais que uma voz crítica

“Todo o aparato da diplomacia pontifícia está a serviço das indicações que vêm do Papa”

Francisco tem um “protagonismo muito acentuado” nas questões diplomáticas. Foi no seu primeiro discurso a novos embaixadores que o Papa falou pela primeira vez sobre o que considera suas prioridades. “Ele deu três linhas diretivas para a ação da diplomacia da Santa Sé: construir pontes, lutar contra a pobreza e edificar a paz. Nós estamos nos movendo sobre essas linhas”, lembrou. “Muitas das iniciativas que a Secretaria de Estado e a diplomacia pontifícia

levam adiante nascem diretamente dele e do contato pessoal que ele tem com chefes de Estado, com representantes políticos”, acrescentou Dom Parolin. De fato, no caso Cuba-Estados Unidos, Francisco vinha enviando cartas privadas aos presidentes Barack Obama e Raúl Castro e, em março do ano passado, conversou pessoalmente com Obama. Posteriormente, o Vaticano, com a presença do Cardeal Parolin, sediou a última reunião entre as delegações dos dois países antes

Durante sua palestra, o Cardeal defendeu a ativa participação da Igreja nas questões de interesse internacional. “A ação diplomática da Santa Sé não se contenta a observar os acontecimentos ou avaliar sua grandeza, nem pode ser somente uma voz crítica. É chamada a agir para facilitar a coexistência e a convivência entre as várias nações”, afirmou. “A Santa Sé opera no cenário internacional não para garantir uma segurança genérica, mas para sustentar uma ideia de paz que seja fruto de relações justas, de respeito às normas internacionais, de tutela dos direitos humanos fundamentais, começando por aqueles dos últimos, dos mais vulneráveis.”

Diálogo ou intervenção militar

Quando um dos sacerdotes estudantes da Gregoriana perguntou a Dom Parolin sobre a dificuldade de promoção da paz junto a quem pensa de forma diversa à da Igreja, o Cardeal manteve a postura discreta. “A realidade é assim. Existem tantas pessoas, tantas instituições, tantos Estados que não pensam como a Igreja. Ainda assim, houve um crescimento e um desenvolvimento da consciência sobre a paz”, observou. “Hoje se fala muito de paz e eu diria que isso também foi um resultado da presença e das relações da Igreja.” Dom Parolin acrescentou que, frequentemente, a Santa Sé coloca em prática ações de “soft power” (algo como “poder suave”, em inglês), expressão que em política internacional se refere à capacidade de atração e persuasão, em vez da coerção e do uso da força. “Temos a ideia de paz como um bem precioso e insubstituível. Também individualmente nos países (por meio dos núncios apostólicos, os diplomatas do Papa), a diplomacia bilateral trabalha sobre esse ponto. Às vezes sem muito clamor, um pouco fora dos refletores, é possível progredir.” Para o Secretário de Estado, é urgente que a comunidade internacional estabeleça mais claramente quais são as diretrizes para “intervenções humanitárias” de caráter militar para restabelecer a paz em países que enfrentam grupos terroristas, guerras civis ou milícias. São necessárias, ainda, claras políticas de reconciliação pós-guerra. “É preciso mais do que nunca mudar o paradigma. Operar para prevenir a guerra em qualquer forma”, avaliou.


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Dom Jean-Abdo Arbach

15 de março de 2015: 4 anos de conflito na Síria Nayá Fernandes

nayafernandes@gmail.com

No dia 15 de março de 2015, domingo, foram mortas pelo menos 26 pessoas e mais de cem ficaram feridas num bombardeio próximo à cidade de Damasco, na Síria, segundo informações da ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). Damasco, citada nos relatos bíblicos por ser o cenário em que Paulo, o Apóstolo, teve um encontro com Jesus, está vivendo um conflito que já provocou mais de 215 mil mortes e quase 10 milhões de refugiados dentro e fora do País. Em outra cidade, Homs, que está localizada no oeste da Síria, próxima ao mar Mediterrâneo e à fronteira com o Líbano, vive Dom Jean-Abdo Arbach, arcebispo greco-melquita que visitou o Brasil a convite da “Ajuda à Igreja que Sofre” (AIS). Nascido na Síria, o Arcebispo que trabalha também nos arredores de Damasco, hoje pode sair e chegar em casa sozinho, mas há pouco tempo isso não era possível, devido aos conflitos e ameaças constantes. Dom Jean Abdo passou por Córdoba, na Argentina, de 1996 a 2005, e pelo Líbano, de 2005 a 2006. Em 2006, o Papa Bento XVI o nomeou exarca apostólico para os fiéis greco-melquitas na Argentina, e em junho de 2012, arcebispo da Arquidiocese de Homs, Hama e Yabroud. A Síria vive em conflito armado desde março de 2011, quando aconteceu a chamada Primavera Árabe e no dia 15 de março as pessoas saíram às ruas pedindo o fim do governo do presidente sírio Bashar al-Assad, no poder desde a morte do pai, no ano 2000. A maior parte da população no País é sunita, seita da qual fazem parte cerca de 90% dos islâmicos do mundo. O presidente pertence à seita islâmica alauita, uma vertente dos xiitas, que faz parte da elite econômica e política da Síria. Com apoio do Irã, da China e da Rússia, que tem uma base naval no País, o Governo recebe grande influência do grupo xiita Hezbolah, milícia islâmica que luta pela criação de um Estado Palestino. Embora a ONU e a União Europeia já tenham se manifestado contra a guerra civil, a situação na Síria continua sem perspectiva para acabar. Os conflitos principais são entre as Forças do Regime de Assad, do Exército Sírio e das Milícias Leais ao Governo contra o Conselho Nacional Sírio (perseguidos sunitas), o Comitê de Coordenação Nacional (dissidentes) e o Exército Livre da Síria (dissidentes, soldados, desertores e civis armados), além dos pequenos grupos extremistas que também possuem rivalidades internas. Com a ajuda do Padre Ziad Khoury na tradução do árabe para o português, a reportagem entrevistou Dom

Existem muitas crianças com traumas por causa da guerra e estamos tentando nos cercar da ajuda de profissionais para ajudá-las

Luciney Martins/O SÃO PAULO

e foram para outros lugares. A população cristã hoje é de 8%, cerca de 2 milhões, de vários ritos, além dos católicos ortodoxos e siríacos e os demais maronitas. Em Homs são 1.300 famílias cristãs que necessitam de ajuda. São 3,2 mil crianças. Há pessoas que andam 30 quilômetros para participar de uma missa, mas mesmo com a catedral bombardeada, celebramos a missa todos os dias.

Como a Arquidiocese de Homs está colaborando para a reconstrução?

Jean-Abdo na sexta-feira, 13. Ele falou sobre a situação da comunidade cristã na Síria e os esforços pela paz e reconstrução do País.

O SÃO PAULO – Por que os cristãos são perseguidos?

Dom Jean-Abdo Arbach – Não somente católicos, mas mulçumanos e as minorias dentro da Síria estão sendo perseguidas. Há muitas milícias e é difícil saber quantas, quais são e onde estão. Acontecem muitos sequestros e sumiços. Recentemente, sequestraram meu irmão e meu sobrinho, mas os conseguimos de volta pagando o resgate. Há dois bispos sequestrados, um é irmão do atual patriarca da Síria e outro um arcebispo siríaco-ortodoxo. Eles foram sequestrados juntos. Além disso, há outros quatro sacerdotes e um número enorme dos leigos, dos quais não se sabe o paradeiro.

Qual é a situação atual do País?

Em Homs, a vida está mais ou menos estabilizada, mas em 2013 e 2014 aconteceram muitos conflitos. O Governo conseguiu retomar algumas regiões tomadas pelos extremistas, inclusive o centro da cidade de Homs, o

que permite, por exemplo, entrar e sair sem problemas. Mas há muitas pessoas sem casa, as escolas estão destruídas, as igrejas também. Só em Homs, há 12 igrejas totalmente destruídas. No frio, as pessoas que têm algum dinheiro compram madeira e fazem fogueiras para se aquecer. Há energia elétrica somente cerca de quatro horas por dia e falta água constantemente. Também não há remédios e os alimentos e custo de vida está cada vez mais altos.

E os refugiados?

São 7 milhões deslocados e refugiados dentro do próprio País. Eles deixaram suas casas e foram para locais mais tranquilos, mas muitas vezes com condições precárias de vida e trabalho. Fora da Síria há 2,5 milhões de pessoas, 1,3 milhão no Líbano, 400 mil na Jordânia, 400 mil na Turquia e os demais em outros países do Oriente Médio e também fora do Oriente, como na Europa e nas Américas, inclusive São Paulo.

E sobre a comunidade cristã?

Antes da guerra, o convívio era tranquilo, depois da Primavera Árabe, em 2011, muitos cristãos deixaram o País

Até quando?

7 milhões deslocados dentro da própria Síria 1 milhão em áreas sitiadas ou onde a ajuda humanitária não consegue chegar 1,2 milhão em locais insalubres, onde comida, água e educação são limitados 3 milhões refugiados em países vizinhos 5,5 milhões de crianças devastadas pela guerra 215.518 mortos até 15 de março de 2015 9,3 milhões precisarão de ajuda até o fim de 2015 * De acordo com a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH)

Estamos tentando reconstruir as casas dos cristãos, e uma escola para as crianças. Chegamos a pagar a passagem para muitas crianças e jovens conseguirem chegar às poucas escolas que sobraram, porque muitos não podem sair de casa porque não têm nenhum dinheiro. Também há muitas viúvas com crianças. Além da reconstrução dos prédios, há a reconstrução psicológica. Existem muitas crianças com traumas por causa da guerra e estamos tentando nos cercar da ajuda de profissionais para ajudálas. Também faltam médicos, pois a maioria deixou o País desde que começaram os combates.

Como é possível colaborar com o Síria?

Qualquer ajuda é bem-vinda. A ajuda material pode ser enviada pela Cáritas ou pela AIS, também é possível entregar aos bispos de cada diocese. Uma moeda pode ajudar a salvar uma criança. Além disso, a oração pelos cristãos da Síria é essencial.

O senhor já foi perseguido pessoalmente?

Vivemos em um clima de tensão e por isso sempre há o risco de sequestro e morte. Após o assassinato do jesuíta holandês Frans Van der Lugt, em abril de 2014, no centro de Homs, a situação ficou um pouco mais complicada. Porém, sinto que minha missão é ficar cada vez mais perto das pessoas. Se o Senhor está comigo, quem pode estar contra mim? Tenho uma grande fé e a presença da comunidade fortalece os laços e o desejo de continuar vivendo no meu País.

Há esperança de paz para a Síria?

Sempre há esperança, para os cristãos e para as demais minorias não cristãs. Ano passado, sofremos muito, mas este ano as coisas já estão um pouco melhor. Essa guerra não é só da Síria, mas é internacional e o mundo precisa olhar para a Síria de maneira humanitária. O chamado do Papa Francisco, convocando o mundo para rezar pela Síria, foi uma força. Peça a todos que continuem rezando por nós.


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Filipe David

Nossa cultura... ou o que dela restou Apaixonado por literatura e filosofia, o médico psiquiatra Anthony Daniels, também conhecido pelo pseudônimo Theodore Dalrymple, acumula uma experiência de vida interessante: trabalhou em um hospital em Zimbábue, foi diretor de um hospital psiquiátrico nas Ilhas Gilbert, médico em um pequeno vilarejo na Tanzânia, viveu oito meses na Guatemala e trabalhou 14 anos na Inglaterra dividindo seu tempo como médico em uma prisão e em um hospital “onde quase todos os pacientes tentaram se matar ou fizeram gestos nesse sentido”. Neste livro, o autor trata – a partir de sua experiência de vida e reflexão pessoal – da condição humana, de sua inclinação para o mal e da barbárie que ameaça a civilização ocidental. Um dos sintomas da decadência civilizacional diagnosticada pelo doutor Dalrymple é a “depressão” de tantos e tantos de seus pacientes: “É preciso dizer algo sobre o termo ‘depressão’, que praticamente eliminou da vida moderna a palavra e até mesmo o conceito de infelicidade. Dos milhares de pacientes que atendi, apenas dois ou três disseram ser infelizes: todos os outros diziam estar deprimidos. Essa mudança semântica é profundamente significativa, pois ela implica que a insatisfação com a vida é ela mesma patológica, uma doença da qual o mé-

Exposição

Dica de leitura

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Arquivo pessoal

Autor, Anthony Daniels é também conhecido como Theodore Dalrymple

dico tem a obrigação de curar seus pacientes por meios medicinais. Todos têm direito à saúde; a depressão é contrária à saúde; logo, toda pessoa tem o direito de ser feliz (que é o contrário de estar deprimido). Essa ideia, por sua vez, implica que o Estado de espírito de uma pessoa, ou seu humor, é ou deveria ser independente da maneira que ela vive sua vida, crença que priva a

existência humana de todo sentido” (trecho do livro). Ficha técnica: Autor: Theodore Dalrymple Tradução: Maurício G. Righi Apresentação: Rodrigo Constantino Páginas: 400 Editora: É Realizações

Encontro com poemas nipobrasileiros A Casa Guilherme de Almeida realiza, de 24 de março a 22 de maio, em parceria com a Associação Cultural e Literária Nikkei Bungaku do Brasil, a mostra bilíngue “Encontro com Poemas Nipo-Brasileiros”, com haicais e tancas de diversos autores apresentados em painéis: uma oportunidade de conferir a produção poética de haicaístas brasileiros e japoneses radicados no País, integrantes de diversos grupos dedicados à criação de haicais. Parte dos poemas foi composta originalmente em português (caso dos autores brasileiros) e vertida ao japonês, e outra parte, composta em japonês e traduzida à nossa língua. À parte os poemas criados segundo os preceitos tradicionais da poesia nascida no Japão (incluindo-se o uso do “termo de estação”, o Kigo), expostos nos painéis na área externa da Casa, serão apresentados, nas vitrines internas do museu, a produção haicaística de Guilherme de Almeida – um dos principais divulgadores dessa poesia no país –, que criou um modelo adaptativo para o haicai em língua portuguesa: a mostra incluirá haicais originais do poeta e as traduções que ele realizou de criações do mestre japonês Matsuo Bashô (1644-1694), além de imagens e objetos relacionados aos poemas, crônicas do autor relativas à cultura japonesa, recortes de publicações originais e edições em que os haicais foram publicados. Para mais informações: casaguilhermedealmeida.org.br.

EDITAL DE CONVOCAÇÃO

Assembléia Geral Ordinária

A ASAAC – Associação de Apoio e Acompanhamento, de acordo com o artigo 12 e 15 inciso I de seu Estatuto, convoca os associados para sua Assembléia Geral Ordinária, que se realizará no dia 24 de março de 2015, na sede da Entidade, localizada na Praça Clovis Bevilacqua, nº 351, 5º andar, conj. 501 - Centro, São Paulo, com a primeira chamada às 14h00, com cinqüenta por cento mais um dos associados, e segunda chamada às 14h30 com qualquer número, de associados, quando estarão em pauta os seguintes assuntos: 1. Inclusão e exclusão de associados 2. Substituição de membros da Diretora 3. Assuntos gerais São Paulo, 12 de março de 2015 Maria Enedina Nogueira de Mello Viola Presidente da ASAAC


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Brasil pronto para o tricampeonato no Parapan ‘Estamos indo com mais força para Toronto do que quando fomos para Guadalajara’, garante Tubiba, diretor técnico do Comitê Paralímpico Brasileiro Daniel Gomes

danielgomes.jornalista@gmail.com

A cidade de Toronto, no Canadá, receberá entre 7 a 15 de agosto, a quinta edição dos Jogos Parapanamericanos. Dos 1.608 atletas com deficiência física, mental ou visual, de 28 países, entre 260 a 300 devem ser do Brasil, conforme estimativas do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). A lista completa dos nomes será anunciada em 1º de junho. Com mais atletas do que no Parapan de 2011, quando o País foi representado por 231 esportistas, o CPB espera repetir a liderança no quadro de medalhas das duas últimas edições – 228 conquistas, no Rio 2007, e 197 pódios, em Guadalaraja. “O Brasil está se consolidando como principal potência em algumas modalidades, por isso estamos indo com mais força para Toronto do que quando fomos para Guadalajara. Estamos no caminho certo para repetir o primeiro lugar”, afirmou, ao O SÃO PAULO, Edílson Alves Rocha, 43, diretor técnico do CPB. Tubiba, como é mais conhecido, avaliou que o avanço do Brasil no desporto paralímpico pode ser atestado pelos bons resultados recentes no tênis de mesa e ciclismo e no domínio em modalidades como o futebol de 5 e o futebol de 7, onde Estados Unidos e Canadá, adversários di-

Fotos: CPB

patrocinadores e outros níveis de governo. “Estamos crescendo, aumentando o número de atletas interessados no esporte de alto rendimento e acredito que o objetivo está a nosso alcance. Há uma geração de atletas pós-2012 que já conquistou medalhas em campeonatos mundiais neste ciclo e que está pronta para se juntar aos protagonistas de Londres para que possamos fazer nossa melhor participação em todos os tempos”. Tubiba avalia como funBrasil deve ter maior delegação no Parapan de Toronto em comparação a Guadalaraja 2011, quando terminou em 1º damental para o cumprimento desta meta a construretos, não alcançam bons resultados. têm de competir em torneios assim, com ção do primeiro Centro de Treinamento “Tudo isso nos dá vantagem e o pro- tantos adversários”, detalhou Tubiba. Paralímpico do Brasil, em São Paulo, que grama de modalidades e provas de Torondever ser concluído este ano, por meio de to nos ajuda. Com o nosso planejamento A caminho do Rio uma parceria do Governo do Estado com O desempenho do Brasil no Parapan o Ministério do Esporte, bem como as depara a Paralimpíada Rio 2016, tivemos o crescimento de todas as modalidades. Fo- de Toronto também servirá de parâmetro mais parcerias feitas com o Ministério, “um mos campeões mundiais de goalball mas- na preparação final à Paralimpíada, que apoio que, por meio de convênios, tamculino, no ano passado, e prata no mundial acontecerá em setembro do ano que vem bém nos dá condição de elaborarmos um de vôlei sentado masculino”, analisou. calendário de competições internacionais no Rio de Janeiro. Ainda segundo Tubiba, “um leque “Em algumas modalidades, o Parapan e treinamentos, além de podermos conenorme de atletas alcançará medalhas em é um excelente termômetro. Na natação tar com uma equipe multidisciplinar para Toronto. Entre os principais estão Daniel e no atletismo, enfrentaremos muitos orientação, desenvolvimento e avaliação Dias, da natação, que deve faturar acima dos nossos principais adversários norte- dos atletas em diversas modalidades”. Ele de dez. Na natação, devemos ter grandes americanos. Os Estados Unidos são um citou, ainda, os apoios das Loterias Caixas, conquistas, já que o número de provas país com o qual brigamos medalha por do Governo do Estado de São Paulo e da aumentou. Porém, é quase impossível dar medalha. Eles foram sextos colocados em Prefeitura do Rio de Janeiro para a manuum destaque específico. A gente acredita Londres e nós os sétimos. No último Mun- tenção de projetos. que até podemos medalhar no tiro e no dial de Atletismo, ficaram em segundo e a rugby em cadeira de rodas, que é estre- gente em terceiro. Teremos boas disputas ante”. também no ciclismo e no tênis de mesa”, No Parapan, diferentemente dos Jogos garantiu Tubiba. Pan-americanos, os países enviarão seus Ainda segundo o diretor técnico do QUARTA-FEIRA (18) melhores atletas, uma vez que todas as CPB, a meta do País de figurar entre os 20h – Liga Nacional de Basquete disputas serão classificatórias para a Para- cinco primeiros no quadro de medalhas na Palmeiras x Franca (Ginásio Palestra Itália – limpíada Rio 2016. “No Parapan, todos vão Paralimpíada de 2016 “é possível, mas difírua Turiassú, 1.840, Perdizes). com força total. No esporte paralímpico, cil”, e está alicerçada no trabalho conjunto 22h – Libertadores da América de Futebol são poucas as oportunidades que os atletas do Comitê com o Ministério do Esporte, São Paulo x San Lorenzo (Morumbi).

AGENDA ESPORTIVA

SEXTA-FEIRA (20) 19h – Liga Nacional de Basquete Pinheiros x Franca (Ginásio do Pinheiros – rua Hans Nobling, s/nº, no Jardim Europa).

MUNDO DOS ESPORTES

Jogos Parapan-americanos (Parapan) • As origens do Parapan remetem ao ano de 1967, quando seis países organizaram, no Canadá, os Jogos Pan-americanos para Paraplégicos, com esportes disputados em cadeiras de rodas. Outras edições foram realizadas até 1995. • O Comitê Paralímpico Internacional assumiu a organização do megaevento em 1999, quando foi disputada a primeira edição do Parapan, na Cidade do México, com a participação de mil atletas, de 18 países, em quatro esportes. O México liderou o quadro de medalhas com 307 pódios. O Brasil foi o segun-

do colocado, com 212 medalhas (107 ouros).

ros), seguido pelo Canadá, que alcançou 112 pódios.

• Na segunda edição do Parapan, em Mar del Plata 2003, participaram 1.500 atletas, de 28 países, em nove modalidades. Novamente, o Brasil terminou na segunda posição, com 165 medalhas (81 ouros), atrás do México, que teve 220 conquistas.

• Na última edição do Parapan, em Guadalaraja 2011, novamente o Brasil foi o campeão em medalhas, com 197 conquistas (81 ouros), a frente dos Estados Unidos, que alcançou 132 pódios. Participaram 1.300 atletas, de 26 países, em 13 esportes.

• O Rio de Janeiro foi a sede do terceiro Parapan, em 2007, acolhendo 1.150 atletas, de 25 países, em dez esportes. Dessa vez, o Brasil liderou o ranking de medalhas, com 228 conquistas (83 ou-

• A quinta edição do Parapan será em Toronto, no Canadá, entre 7 e 15 de agosto deste ano, com 1.608 atletas, de 28 países, em 16 modalidades.

20h – Liga Nacional de Basquete Palmeiras x Bauru (Ginásio Palestra Itália). SÁBADO (21) 16h – Paulistão de Futebol Santos x Osasco Audax (Pacaembu) DOMINGO (22) 16h – Paulistão de Futebol São Paulo x Marília (Morumbi)

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Santana

Diácono Francisco Gonçalves e Sônia Paulino

Colaboradores de comunicação da Região

Padre João Luiz Miqueletti é o novo pároco da Santa Terezinha do Menino Jesus O coordenador pastoral da Região Episcopal Santana, Padre João Luiz Miqueletti, foi empossado, no dia 8, por Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região, como

novo pároco da Paróquia Santa Terezinha do Menino Jesus, no Setor Tucuruvi. Padre João Luiz nasceu em Potirendaba (SP), em 31 de Janeiro de 1964, em um lar de pais cristãos. Sua mãe,

Ivaldy, era Filha de Maria e seu pai, Laudinor Miqueletti, era Mariano. “Depois de casados, se tornaram Vicentinos e assim cresci envolvido por uma fé tranquila e comprometida Maria Aparecida Sampaio Mendasoli

Dom Sergio dá posse ao Padre João Luiz Miqueletti como pároco da Santa Terezinha do Menino Jesus

com a comunidade e com os mais necessitados. Desde pequeno, já manifestava a vocação e, com 9 anos, tinha certeza que queria ser padre”, disse Padre João Luiz. Na Arquidiocese de São Paulo, foi acolhido por Dom Joel Ivo Catapan, então bispo auxiliar na Região Santana, sendo ordenado pelo Cardeal Paulo Evaristo Arns, em 4 de julho de 1993. Sua primeira função como pároco foi na Paróquia Rainha Santa Isabel, onde permaneceu por 11 anos. Depois, atuou por dez anos na Paróquia Sant´Ana. Nessa caminhada sacerdotal, Padre João Luiz deixou aflorar seus dotes artísticos: “Desde muito cedo, quando criança, já desenhava e pintava; era algo meio instintivo. Com o passar do tempo, fui aperfeiçoando meus conhecimentos em pintura, que continuo estudando até hoje. Já como padre, estudei restauração no Instituto Paulista de Restauro, com o professor Domingos Tele-

cheia. Exerci o ofício de restaurador por anos e me coloquei a serviço da Igreja na Comissão de Bens Culturais da Igreja da Arquidiocese de São Paulo”, declarou Padre João Luiz. “Aos queridos paroquianos da Paróquia de Sant´Ana, quero agradecer a colaboração nestes longos anos e, principalmente, o carinho e a amizade. Aos paroquianos da Paróquia Santa Terezinha, quero dizer que estou indo com alegria para este novo trabalho, com o desejo de contribuir para a caminhada da comunidade, de coração aberto e ansioso para conhecê-los; tenho plena certeza que logo nascerão o amor, a amizade, e o respeito. Minha vida, como pároco, foi marcada por três grandes mulheres: Santa Isabel, Sant´Ana e, agora, Santa Terezinha do Menino Jesus. Que elas continuem a interceder por mim e pela nova paróquia”, deixou como mensagem o novo Pároco.

50 anos de evangelização na Vila Albertina Aconteceu, no dia 1º, a abertura do ano jubilar na Paróquia Nossa Senhora Aparecida de Vila Albertina, que em 2015 completa 50 anos de fundação. Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, presidiu a missa, concelebrada pelo Padre Adailton Costa, pároco.

A celebração iniciou com Dom Sergio incensando a imagem de Nossa Senhora Aparecida. Em seguida, a comunidade seguiu em procissão para o interior da igreja. Na homilia, o Bispo destacou a importância de Jesus Cristo ser o centro de todas as vidas, e do compromisso

de cada cristão de ir à Igreja buscar um verdadeiro encontro com Jesus, deixando outros interesses de lado. Ao término da celebração, o cantor Sérgio Reis cantou a canção Romaria. Emocionado, ele lembrou ser devoto de Nossa Senhora Aparecida. Foi comemorado também, o ani-

Sacerdote canadense assume Paróquia Santa Zita e Nossa Senhora do Caminho Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, empossou, no dia 6, Padre Marcel Joseph Leopoldo Martineau como administrador paroquial da Paróquia Santa Zita e Nossa Senhora do Caminho. O Padre afirmou que vai se dedicar na nova paróquia à oração e à Palavra. “Eu quero ser um cristão entre eles para juntos sermos peregrinos em ida para a vida eterna”, afirmou. Marista, membro da Sociedade de Maria, Padre Mar-

cel nasceu em Quebec, no Canadá, onde fez seus estudos, complementados por outros nos Estados Unidos. Foi ordenado sacerdote, em 1982, em Quebec. Em 1986, chegou ao Brasil para fazer missão, inicialmente, na Diocese de Campo Limpo (SP). Depois, foi missionário nas dioceses de Livramento (BA), Ji Paraná (RO), e em Belém (PA). Transferido para o Rio de janeiro, ficou oito anos como formador da sua congregação nos seminários de São Paulo

(SP) e Curitiba (PR), indo depois para Roma, onde fez curso de espiritualidade. Decidido a sair da Sociedade de Maria e ser padre diocesano, procurou atuar na Região Santana, pois pertencendo ao movimento do Neocatecumenato desde jovem, gostaria de ficar próximo do Seminário Redemptoris Mater de São Paulo, cuidado pelo Movimento. Como o Neocatecumenato já tem sob seu encargo algumas paróquias na Região, optou por se mudar para São Paulo.

versário natalício de Padre Adailton, com almoço no salão de festas, onde Sérgio Reis cantou mais algumas canções de seu repertório. As festividades do jubileu se estenderão até o dia da padroeira, 12 de outubro.

Diácono Francisco Gonçalves

Padre Marcel assume Paróquia Santa Zita e Nossa Senhora do Caminho


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Brasilândia

Juçara Terezinha Zottis e Ana Lúcia Contarelli Colaboração especial para a Região

‘A vocação e missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo’ Foram diversos os espaços de reflexão e debates que aconteceram no último final de semana, dias 14 e 15, na Região Brasilândia. Os setores Cântaros, São José Operário e Nova Esperança realizaram encontros com enfoque no estudo do relatório sinodal sobre a Família, que tem como tema “A vocação e missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo”. O enfoque maior foi para a primeira parte do texto, que trata do contexto e os desafios sobre a Família. As situações familiares vivenciadas nas comunidades da Brasilândia foram tratadas nos encontros, com destaque para o problema das drogas, violência dentro e fora da família, ausência de dialogo, interferência das mídias, especialmente das novelas, abandono das pessoas idosas, perda dos valores, falta de res-

peito, de modo especial com relação aos homoafetivos, e traição. Também se problematizou a prática de uma Igreja centrada na família tradicional e com dificuldades de entrar no debate com as culturas pós-modernas, o que dificulta que seja acolhedora das pessoas com pensamentos diferentes. Destacou-se, ainda, pelo Setor Cântaros, que as políticas governamentais não atendem às demandas, especialmente nas áreas de Saúde e Educação. Outro ponto é que o Estado, em vez de salário digno, se coloca como benfeitor para a população. O Setor São José Operário apresentou algumas pistas de ação diante das problemáticas da família: ser uma Igreja mais solidária, acolhedora, missionária; despertar nos agentes das pastorais o espírito colaborativo para forta-

JUçara Terezinha Zottis

Leigos e padres do Setor Pastoral São José Operário participam de formação, no sábado, 14

lecer os laços comunitários; e ser uma Igreja seguidora dos ensinamentos de Jesus Cristo no contexto de hoje. No setor Cântaros, os participantes também ressaltaram que a Igreja deve ser corente e acolher as mulheres, mães solteiras e as crianças e

não condená-las ou excluí-las da vida comunitária. Também reforçou a necessidade de cuidar das crianças e adolescentes vítimas das violências, tais como abuso sexual, trabalhos degradantes, tráfico de drogas e ausência dos pais biológicos. As contribuições dos se-

tores pastorais farão parte de um relatório que o Padre Jaime Izidoro Sena e o diácono Rogério Lopes Camargo irão elaborar, para ser encaminhado a Dom Sergio de Deus Borges, bispo referencial para a vida e a família na Arquidiocese de São Paulo.

Pascom regional apresenta perspectivas de trabalhos a Dom Devair A equipe da Pastoral da Comunicação da Região Brasilândia reuniu-se na quartafeira, 11, com Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região, para tratar das perspectivas da comunicação regional. O projeto da Pastoral, preparado pela equipe com embasamento nos documentos da Igreja e em sintonia com

as prioridades da Brasilândia, foi o foco da reunião. Dentre as propostas está a necessidade de ampliar a equipe local, fortalecer os grupos de comunicação nas paróquias e comunidades e melhorar a comunicação regional. Para isso, algumas estratégias foram traçadas como a vivência da equipe regional nos setores, a realização de eventos e a

motivação dos padres, diáconos, lideranças e secretárias, para uma comunicação mais eficiente, intra e externa da atuação da Igreja. Outros assuntos tratados foram sobre as dificuldades da equipe da Pascom para manter o envio de notícias ao jornal O SÃO PAULO. Na oportunidade, também ficou acertado que a Pastoral

seguirá mantendo as atualizações do blog e do Facebook da Pascom, bem como o boletim semanal de notícias para a rádio 9 de Julho, rádios comunitárias e outras mídias. Dom Devair se mostrou sensível às preocupações da equipe. A próxima atividade da Pascom Regional será em 18 de abril, das 9h às 12h, com o estudo do diretório de

São José é exaltado em novena na Vila Palmeiras Pascom Brasilândia

comunicação, na Paróquia São José (rua João Jacinto de Mendonça, 134, Jardim do Russo, em Perus). O encontro destina-se às lideranças das comunidades, pastorais e movimentos eclesiais.

AGENDA REGIONAL Quinta-feira (19), 15h

Encontro do Núcleo da Brasilândia da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), com Dom Devair Araújo da Fonseca, na cúria regional (rua Rodrigues Blandy, 75, na Vila Itaberaba).

Sábado (21) 9h - Reunião do COMIDI, na Comunidade Santo Antônio de Taipas (Estrada de Taipas, 4.070, na Parada de Taipas). 9h - Reunião da Pastoral, na Paróquia Nossa Senhora do Retiro (rua Domingos Moreira, 424, no Jardim Cidade Pirituba).

“São José, protetor da família”. Este é o lema da novena e da festa do padroeiro da Paróquia São José da Vila Palmeiras (rua Ribeirão das Almas, 337), que iniciada no dia 10, segue até o dia 19.

Durante a semana, as celebrações são sempre às 20h, e no sábado e domingo, às 18h. Na quinta-feira, 12, Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, presidiu a missa, conce-

lebrada por padres atuantes no Setor Freguesia do Ó. No dia 19, serão realizadas missas às 9h e às 15h, além de uma procissão às 19h, seguida da missa solene de encerramento.

14h - Início da Escola de Catequese (ECAT), no espaço Creche Azul (avenida Deputado Cantídio Sampaio, 6.481, na Parada de Taipas). 15h - Reunião da equipe regional da Pastoral Fé e Política, na Paróquia Santos Apóstolos (avenida Itaberaba, 3.907, na Itaberaba).


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Ipiranga

Padre Pedro Luiz Amorim e Paulo Rossi Colaboradores de comunicação da Região

No Santuário São Judas Tadeu, a fé expressa em ‘24 Horas para o Senhor’ Padre Pedro Luiz Amorim

Vigília de oração acontece na Paróquia-santuário São Judas Tadeu, entre os dias 13 e 14

Em atenção ao pedido do Papa Francisco de uma mobilização de oração pela paz no mundo, a Região Episcopal Ipiranga organizou a ação “24 Horas para o Senhor”, nos dias 13 e 14, em uma jornada de oração que aconteceu na Paróquiasantuário São Judas Tadeu.

A forte chuva que caiu na cidade na noite da sexta-feira, 13, não espantou os fiéis que foram à celebração eucarística das 20h, que marcou a abertura das “24 Horas para o Senhor”. Presidida pelo Padre Wendel Quintino, pároco da Paróquia Nossa Senhora Mãe

de Jesus e assessor eclesiástico da Renovação Carismática Católica (RCC) na Região, a missa teve a presença de muitos fiéis que encheram a “Igreja Antiga”, como é conhecida a primeira sede da Paróquia São Judas Tadeu. A RCC no Ipiranga assu-

miu a organização das primeiras 12 horas, com vigília que durou até às 7h do sábado, 14. No entanto, mesmo ao final da vigília, muitos ainda permaneceram na igreja, junto ao Santíssimo Sacramento. O final da vigília foi marcado pela celebração penitencial, presidida pelo Padre Pedro Luiz Amorim, pároco da Paróquia de Santa Paulina no Heliópolis, e animada pelas Irmãs Apostolinas. As pastorais e organismos cuidaram da segunda parte. Às 8h, o Apostolado da Oração abriu a condução das orações, sendo seguido pela Pastoral Vocacional, famílias, religiosos, leigos, agentes da Pastoral da Criança, da Cáritas, do Setor Juventude, da Catequese, e demais leigos e leigas. Além dos diversos padres que frequentemente atendem

confissões na Paróquia-santuário São Judas Tadeu, sacerdotes de outras comunidades paroquiais colocaram-se à disposição para conferir o sacramento da Reconciliação, inclusive Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo e vigário episcopal da Região Ipiranga. Às 19h, o Santíssimo Sacramento saiu em procissão para a Igreja matriz e, após a bênção do Santíssimo, Dom José Roberto presidiu a missa que concluiu as 24 Horas para o Senhor, com a participação de muitos padres e diáconos. Na homilia, o Bispo lembrou a importância e o poder da oração do justo, citando a carta de São Tiago, e acrescentou: “imaginemos o poder da oração de uma comunidade inteira!”.

Leigos iniciam formação para Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão Cerca de 430 leigos e leigas estão inscritos no curso de preparação para o Ministério Extraordinário da Sagrada Comunhão (MESC) da Região Episcopal Ipiranga, dentre esses 40 desejam também ser agentes da Pastoral da Saúde. No primeiro dia dos encontros, no sábado, 14, os participantes foram acolhidos por Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga. Ao indicar para reflexão os livros “O Mistério da Ceia” e “Cinco pães e dois peixes”, ambos com a temática eucarística, Dom José Roberto desejou sinalizar

que todos os que são chamados a servir às comunidades precisam continuar a formação pessoalmente e nas paróquias. O diácono Anivaldo Blasques e a esposa Nilda Blasques, junto à equipe de coordenadores do Ministério nos cinco setores da Região, realizaram a organização logística e a acolhida aos participantes no Centro Universitário São Camilo, no Ipiranga. Nos cinco encontros previstos para o curso, a temática objetiva dar aos participantes os principais fundamentos para o desenvolvimento dos MESC nas comunidades. A

primeira manhã de reflexão foi dirigida pelo Padre Ricardo Pinto, assistente eclesiástico regional para o MESC. O estudo do dia teve como tema “A Paróquia, um novo olhar para uma nova prática pastoral”. Partindo do Concílio Vaticano II, revisitando a Conferência de Aparecida e principalmente a Evangelii Gaudium e o Documento 100 da CNBB “Comunidade de Comunidade: uma nova paróquia – A Conversão pastoral da Paróquia”, Padre Ricardo evidenciou a paróquia como espaço de onde se pode construir com a sociedade uma

João Nunes

Centro Universitário São Camilo acolhe formação para ministros

interlocução a partir da “linguagem da bondade e da ternura”, que tem caracterizado o pontificado do Papa Francis-

co. Os assuntos dos próximos encontros vão desde a liturgia da missa até outras ações inerentes aos MESC.

Comunidade deve ajudar na evangelização de todos, avalia Dom José Roberto Em 7 de março, ocorreu, na cúria regional, o primeiro encontro do ano com os catequistas de Primeira Eucaristia, Perseverança e Crisma da Região Episcopal Ipiranga, promovido pela Pastoral Catequética. O encontro teve a participação do bispo auxiliar da Arquidiocese na Região, Dom José Roberto Fortes Palau, e do Padre Adair Diniz, dc, da Paróquia São Francisco de Sales, do Setor Cursino. O Bispo deu início ao encontro apresentando a nova coordenação da

Pastoral Catequética, composta pelo Padre Adair e um casal de noivos e catequistas de Crisma: Paulo Rossi Ferreira Machado, da Paróquia Nossa Senhora da Saúde, do Setor Vila Mariana; e Marie Jesus Lima Araújo Malta, da Paróquia Nossa Senhora da Aparecida, no Setor Ipiranga. Na sequência, Dom José Roberto ressaltou a importância da participação da comunidade em evangelizar a todos que ainda não tiveram um contato pessoal com Cristo e, para aqueles que tiveram esse contato, a

comunidade deve ajudar a acompanhar o processo de crescimento na fé. Ele deu o exemplo de São Paulo, que teve um contato muito forte com Cristo a caminho de Damasco, sentiu sede por conhecer Cristo, mas não começou a evangelizar de forma imediatista. Ele teve ajuda de Ananias, seu primeiro “catequista”, na orientação da fé cristã e foi ele que testemunhou a favor de Paulo diante dos cristãos, já que, antes de sua conversão, era um perseguidor implacável dos cristãos. O Bispo também se

lembrou de Barnabé, fiel companheiro de Paulo, mostrando assim que não se caminha sozinho na evangelização, mas com a comunidade. Na sequência, o Padre Altair refletiu sobre a parábola do banquete do Reino de Deus (Lc 14, 15-24), orientando os catequistas a convidar as crianças, adolescentes e jovens, principalmente aqueles que não são conhecidos, a participarem do banquete de Deus para receberem o Corpo de Cristo na Eucaristia e a Confirmação da Fé pela Crisma.


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Padre Antônio Francisco Ribeiro e Benigno Naveira Colaboradores de comunicação da Região

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Lapa

CRP analisa dimensões dos desafios pastorais da família no contexto da nova evangelização Na manhã do sábado, 14, 90 integrantes do Conselho Regional de Pastoral (CRP) dos cinco setores da Região Lapa reuniram-se na Paróquia São Mateus, no Setor Rio Pequeno, para a assembleia regional, com a presença de Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região, do Padre Jorge Pierozan (Padre Rocha), vigário geral regional, e do Padre Antônio Francisco Ribeiro, coordenador regional de pastoral. No início das atividades, Dom Julio cumprimentou a todos e lembrou que o encontro tinha por objetivo fazer uma avaliação sobre os desafios pastorais da família no contexto da nova evangelização. Padre Antônio apresentou os novos assistentes eclesiásticos de pastoral na Região: Padre Edilberto Alves da Costa (Pastoral da Moradia), Padre João Carlos Borges (Pastoral

da Saúde e grupos da Mãe Peregrina) e Padre José Oliveira dos Santos (Pastoral do Batismo). Dom Julio recordou que neste ano, a urgência pastoral a ser trabalhada na Arquidiocese é “Igreja a serviço da vida plena para todos”. Tratou, ainda, sobre a celebração dos 50 anos do documento conciliar Gaudium et Spes, a Campanha da Fraternidade, o Ano da Paz, o Ano da Vida Consagrada para toda a Igreja, e um ano oportuno para tomar consciência da riqueza que são os carismas. O Bispo ressaltou, ainda, que neste ano haverá o Sínodo da Família, e fez uma breve descrição da realidade da família presente na Relatio Synodi, do Sínodo extraordinário de 2014: “A Escuta” (o contexto e os desafios da família); “Olhar para Cristo” (o Evangelho da família; a família no desígnio salvífico de Deus; a família nos

Benigno Naveira

90 pessoas participam do Conselho Regional de Pastoral, no sábado, 14, na Paróquia São Mateus

documentos da Igreja; a indissolubilidade do Matrimônio não é um “Jugo” imposto aos homens, mas um “Dom” feito às pessoas unidas em Matrimônio para que tenham a alegria de viver juntos; “O Confronto” (perspectivas pastorais; anunciar o Evangelho da família; guiar os nubentes no cami-

nho da preparação ao Matrimônio; cuidados das famílias feridas, separadas, divorciadas e dos que vivem juntos). Dom Julio disse, ainda, que será distribuído para todas as paróquias um questionário sobre a realidade da Família, cujas respostas serão encaminhadas pelo Secretariado Ar-

quidiocesano de Pastoral diretamente para o Sínodo. Durante o CRP, foram dados informes sobre a 114ª Romaria Arquidiocesana a Aparecida, em 3 de maio, e sobre a eleição do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, realizada no domingo, 15,

Oração e a iniciação à vida cristã são destaques da Semana Catequética A equipe da Animação Bíblico-catequética da Região Episcopal Lapa realizou entre os dias 10 e 13, na Paróquia Nossa Senhora dos Pobres, a Semana Catequética setorial, reunindo os setores Butantã e Rio Pequeno. O tema escolhido para o estudo foi “A oração e a iniciação à vida cristã”, com assessoria de Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região. A reportagem da pastoral da Comunicação

Benigno Naveira

Semana Catequética é realizada nos setores Butantã e Rio Pequeno

acompanhou na sexta-feira, 13, o último dia do encontro com a presença de mais cem fi-

éis. Dom Julio iniciou fazendo uma retrospectiva dos assuntos que já foram abordados, e

comentou sobre a “Oração do Pai Nosso”, dizendo que a estrutura do Pai Nosso, segundo a versão de Mateus, consiste em uma invocação inicial a sete pedidos. Os três primeiros pedidos se referem a Deus e os outros quatro se referem às esperanças, necessidades e dificuldades da humanidade. Assim, o Pai Nosso começa com Deus e, a partir d’Ele, conduz à realidade humana. O Bispo refletiu, ainda, que Jesus, num certo lugar,

quando terminou de orar recebeu de um de seus discípulos o seguinte pedido: “Senhor, ensina-nos a orar, como João ensinou a seus discípulos” (Lc 11,1). Em resposta a esse pedido, o Senhor confia aos discípulos e à Igreja a oração cristã fundamental. A oração do cristão não é seu primeiro ato; nasce de um choque existencial. A oração do Pai Nosso só se entende no interior da profunda experiência vivida por Jesus.

Confessar-se na Páscoa também é dever dos padres Todo o clero atuante na Região Episcopal Lapa participou na terça-feira, 10, da celebração penitencial em preparação para a Páscoa, realizada na capela do Instituto Teológico Pio XI. Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região, presidiu a celebração e animou a todos para um bom exame de consciência. O sacerdote, segundo ele, como fiel adulto, necessita e deve se confessar. Diz o Catecismo da Igreja Católica (CIC), §1457: Conforme mandamento da Igreja, “todo fiel, depois de ter

chegado à idade da discrição, é obrigado a confessar seus pecados graves, dos quais tem consciência, pelo menos uma vez por ano”. Certas pessoas pensam que o padre se confessa com o bispo e o bispo com o Papa. E o Santo Padre confessa com quem? O Papa tem o seu confessor, que até pouco tempo era um frade Capuchinho. Existem pessoas que chegam a acreditar que o sacerdote se confessa com o espelho. Não, o padre não pode se absolver, ele sempre procura outro sacerdote para se confessar. A celebração penitencial deste

ano foi conduzida pela reflexão de 15 questionamentos sobre a vocação sacerdotal: oração, escuta da Palavra, meditação e zelo pastoral, oportunidade de avaliação das dificuldades e esforços pessoais. Dom Julio, em um momento de reflexão, aproveitando o exame de consciência que o Papa Francisco realizou em um encontro com a Cúria Romana elencando 15 “doenças” que “enfraquecem” o serviço pastoral da Igreja, relacionou possibilidades na vida sacerdotal e paroquial para as quais todos devem estar atentos.

Padre Antonio Francisco Ribeiro

Na Lapa, padres participam de celebração penitencial


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18 a 24 de marรงo de 2015 | www.arquidiocesedesaopaulo.org.br


www.arquidiocesedesaopaulo.org.br | 18 a 24 de março de 2015

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Em Natal (RN), Jovens Conectados finalizam plano de comunicação Fernando Geronazzo

Especial para O SÃO PAULO, em Natal (RN)

Os jovens da equipe de comunicação da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB realizaram uma reunião em Natal (RN), entre os dias 13 e 15, para avaliar os trabalhos e traçar metas do projeto Jovens Conectados. Lançado em 2010, o Jovens Conectados (www.jovensconectados.org.br) é o canal oficial de comunicação da Comissão para a Juventude, que tem o objetivo

de integrar no ambiente digital as diferentes expressões eclesiais juvenis – pastorais, movimentos, novas comunidades e congregações religiosas - divulgando suas ações, bem como aproximando os jovens dos bispos e assessores que atuam na pastoral juvenil do Brasil. O ponto alto da reunião foi a discussão e a finalização do Plano de Comunicação e do Regimento Interno da equipe. “São dois documentos essenciais, ainda mais nessa fase de transição na Comissão para a Juventude, diante das eleições na CNBB em abril. É impor-

Luciney Martins/O SÃO PAULO

24 DE HORAS PARA O SENHOR – Atendendo ao pedido do Papa Francisco, algumas paróquias da Arquidiocese de São Paulo realizaram nos dias 13 e 14, momentos de oração, adoração eucarística, mutirão para atendimentos de confissões e missas, como na Catedral da Sé.

Ex-secretário do Cardeal Motta morre aos 89 anos Redação

osaopaulo@uol.com.br

A Arquidiocese de São Paulo comunicou na segunda-feira, 16, o falecimento do Padre Joaquim Inácio Ribeiro, 89, originário de Vila Real, em Portugal, onde viveu seus últimos anos. Ele pertencia ao clero da Arquidiocese de São Paulo desde quando foi ordenado sacerdote, em 8 de dezembro de 1967. Padre Joaquim desempenhou vários ofícios, dentre os quais o de secretário pessoal, durante oito anos, do Cardeal Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, 3º arcebispo de São Paulo. Na velhice, o Padre morou um período na Casa São Paulo. “No

ambiente, distinguiu-se pela sua jovialidade e pela capacidade de fazer versos e trovas...”, afirmou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, em carta endereçada ao bispo de Vila Real, Dom Arquivo pessoal Amândio José Tomás, manifestando o pesar pelo falecimento do sacerdote. “Padre Joaquim cumpriu sua missão e partiu deste mundo. Deus o receba e o Bom Pastor acolha em seus braços esse servidor das ovelhas de seu rebanho. Rezarei por ele e pedirei também ao clero de São Paulo que reze por ele. Repouse em paz, nos braços do Pai misericordioso!”, manifestou Dom Odilo. A íntegra da nota de Dom Odilo está disponível em www.arquidiocesedesaopaulo.org.br.

tante que tenhamos documentos por escrito que depois serão submetidos aos bispos da Comissão para serem aprovados”, explicou o jornalista Felipe Rodrigues, 24, coordenador geral da Equipe. O Plano de Comunicação é um documento para traçar metas, prazos, o que a equipe precisa alcançar e onde deseja chegar. “Portanto, temos metas de curto, médio e longo prazo. Com bases nessas metas, a própria equipe vai se dinamizando e criando uma estrutura própria para que sejam cumpridas”, disse Felipe. O Regimento Interno facilitará o trabalho da próxima composição da Comissão. “Lá estão estabelecidas sua organização, critérios para a inclusão de novos membros, faixa etária para ingresso ou saída da equipe”. Outra ação prioritária da equipe é a Rede Nacional de Jovens Comunicadores, lançada em julho de 2014, durante o 4º Encontro Nacional da Pastoral da Comunicação, em Aparecida (SP). A Rede vai permitir que o Projeto tenha capilaridade regional, ao captar possíveis colaboradores, chegando às bases da pastoral juvenil. Também se tratou das comemorações dos 300 anos da aparição da imagem de Nossa Senhora

Lívia Vilela

Jovens Conectados articulam ações de comunicação para a pastoral juvenil

Aparecida, que serão abertas em abril e seguem até 2017, ano do jubileu. Nesse contexto, será lançado um projeto para a juventude, cuja divulgação e comunicação ficarão a encargo dos Jovens Conectados. “O projeto dos 300 anos de Aparecida será o ‘carro chefe’ de todas as nossas atividades pastorais em relação à juventude da Igreja do Brasil nos próximos anos”, explicou o Padre Carlos Sávio da Costa Ribeiro, assessor da Comissão para Juventude responsável por acompanhar a equipe de comunicação. No sábado, 14, os comunica-

dores receberam a visita de Dom Bernardino Marchió, bispo de Caruaru (PE), membro da Comissão para a Juventude e referencial para a Juventude no Regional Nordeste 2. “Nós estamos felizes por termos esta equipe que nos assessora com a comunicação em todos os trabalhos da Comissão para a Juventude. Vocês fazem isso porque têm amor à causa e ao Evangelho, com suas características e seus carismas e sabem que a evangelização pelos meios de comunicação é fundamental”, ressaltou Dom Dino, como é mais conhecido pela juventude.

Inezita Barroso é lembrada em missa de 7º Dia na Catedral da Sé Fábio Augusto

Especial para O SÃO PAULO

Fãs, amigos e familiares de Inezita Barros participaram na segunda-feira, 16, na Catedral da Sé, da missa de 7º Dia da cantora e apresentadora, morta no dia 8, aos 90 anos. A missa foi presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, que na homilia recordou que Inezita sempre defendeu a música popular e que deu grande contribuição à cultura do País. O Arcebispo convidou a assembleia a refletir sobre o sentido da morte e ainda recordou-se do encontro que teve com Inezita, em 2014, por ocasião dos 460 anos da cidade de São Paulo, quando ela cantou na Catedral. Ao final da missa, Marta Barroso Macedo Leme, filha de Inezita, foi ao presbitério e agradeceu a presença de todos. Os integrantes

do regional Viola, Minha Viola Joãozinho, Arnaldo Freitas, Leandro Madeira, Escurinho Jr e Maestro Marinho – que acompanharam a carreira de Inezita, juntaram-se a Sérgio Reis para prestar homenagem à cantora, com a música “Romaria”, e foi ainda entoada a canção “Lampião de Gás”, um dos principais sucessos da artista.

Entre os muitos participantes da missa estava Elvira Pangassi. “Ela ia à minha casa comer rabada com polenta, eu frequentei muitas gravações do programa Viola, Minha Viola, eu e meu marido organizamos muitos shows para ela em Santo André”, contou Elvira, que disse que a amiga era uma pessoa guerreira e batalhadora. Luciney Martins/O SÃO PAULO

Amigos, fãs e familiares participam da missa de 7º Dia de Inezita Barroso


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18 a 24 de março de 2015 | www.arquidiocesedesaopaulo.org.br

CNBB manifesta preocupação com o momento político do Brasil Redação osaopaulo@uol.com.br

Em nota pública, divulgada na quinta-feira, 12, a CNBB manifestou preocupação com o momento político vivido pelo País, alertando para o possível enfraquecimento do Estado Democrático de Direito. “O escândalo da corrupção na Petrobras, as recentes medidas de ajuste fiscal adotadas pelo Governo, o aumento da inflação, a crise na relação entre os três Poderes da República e diversas manifestações de insatisfação da população são alguns sinais de uma situação crítica que, negada ou mal administrada, poderá enfraquecer o Estado Democrático de Direito, conquistado com muita luta e sofrimento”, consta em um dos trechos da nota, aprovada na reunião do Conselho Permanente da CNBB, realizada de 10 a 12 de março, e apresentada em coletiva de imprensa, pelo Cardeal Raymundo Damasceno Assis, arcebispo de Aparecida e presidente da CNBB, Dom José Belisário da Silva, arcebispo de São Luís do Maranhão e vice-presidente da CNBB, e por Dom Leonardo Ulrich Steiner, bispo auxiliar de Brasília e secretário geral da CNBB.

Na nota (leia a íntegra abaixo), a CNBB enfatiza que as denúncias de corrupção na gestão do patrimônio público “exigem rigorosa apuração dos fatos e responsabilização, perante a lei, de cor-

ruptos e corruptores”. Também aponta para a urgência de uma reforma política no País e pede que as manifestações populares ocorram de forma pacífica. “Na livre manifestação do pensamento, no

respeito ao pluralismo e às legítimas diferenças, orientado pela verdade e a justiça, este momento poderá contribuir para a paz social e o fortalecimento das Instituições Democráticas”. CNBB/Assessoria de Imprensa

Dom Leonardo Steiner e Cardeal Raymundo Damasceno Assis fazem apresentação da nota da CNBB sobre a realidade atual do Brasil, no dia 12

Nota da CNBB sobre a realidade atual do Brasil “Pratica a justiça todos os dias de tua vida e não sigas os caminhos da iniquidade” (Tb 4,5) O Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), reunido em Brasília (DF), nos dias 10 a 12 de março de 2015, manifesta sua preocupação diante do delicado momento pelo qual passa o País. O escândalo da corrupção na Petrobras, as recentes medidas de ajuste fiscal adotadas pelo Governo, o aumento da inflação, a crise na relação entre os três Poderes da República e diversas manifestações de insatisfação da população são alguns sinais de uma situação crítica que, negada ou mal administrada, poderá enfraquecer o Estado Democrático de Direito, conquistado com muita luta e sofrimento. Esta situação clama por medidas urgentes. Qualquer resposta, no entanto, que atenda ao mercado e aos interesses partidários antes que às necessidades do povo, especialmente dos mais pobres, nega a ética e desvia-se do caminho da justiça. Cobrar essa resposta é direito da população, desde que se preserve a ordem democrática e se respeitem as Instituições da comunidade política.

As denúncias de corrupção na gestão do patrimônio público exigem rigorosa apuração dos fatos e responsabilização, perante a lei, de corruptos e corruptores. Enquanto a moralidade pública for olhada com desprezo ou considerada empecilho à busca do poder e do dinheiro, estaremos longe de uma solução para a crise vivida no Brasil. A solução passa também pelo fim do fisiologismo político que alimenta a cobiça insaciável de agentes públicos, comprometidos, sobretudo, com interesses privados. Urge, ainda, uma reforma política que renove em suas entranhas o sistema em vigor e reoriente a política para sua missão originária de serviço ao bem comum. Comuns em épocas de crise, as manifestações populares são um direito democrático que deve ser assegurado a todos pelo Estado. O que se espera é que sejam pacíficas. “Nada justifica a violência, a destruição do patrimônio público e privado, o desrespeito e a agressão a pessoas e Instituições, o cerceamento à liberdade de ir e vir, de pensar e agir diferente, que devem ser repudiados com veemência. Quando isso ocorre, negam-se os valores inerentes às manifestações, instalando-se uma incoerência corrosiva, que leva ao seu descrédito” (Nota da CNBB 2013).

Nesta hora delicada e exigente, a CNBB conclama as instituições e a sociedade brasileira ao diálogo que supera os radicalismos e impede o ódio e a divisão. Na livre manifestação do pensamento, no respeito ao pluralismo e às legítimas diferenças, orientado pela verdade e a justiça, este momento poderá contribuir para a paz social e o fortalecimento das Instituições Democráticas. Deus, que acompanha seu povo e o assiste em suas necessidades, abençoe o Brasil e dê a todos força e sabedoria para contribuir para a justiça e a paz. Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, interceda pelo povo brasileiro. Brasília, 12 de março de 2015. Dom Raymundo Cardeal Damasceno Assis Arcebispo de Aparecida – SP Presidente da CNBB Dom José Belisário da Silva, OFM Arcebispo de São Luís do Maranhão – MA Vice-presidente da CNBB Dom Leonardo Ulrich Steiner, OFM Bispo Auxiliar de Brasília Secretário Geral da CNBB


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