O SÃO PAULO - 3045

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Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 60 | Edição 3045 | 1 a 7 de abril de 2015

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Unidos a Cristo nos passos de sua paixão, morte e ressurreição Em procissões pelas ruas e praças da cidade, organizadas por paróquias nas seis regiões episcopais da Arquidiocese, o vermelho das vestes litúrgicas de bispos e padres e o verde dos ramos nas mãos dos fiéis re-

cordaram a entrada messiânica de Jesus em Jerusalém: foi o Domingo de Ramos, que deu início à Semana Santa, “uma semana religiosa por excelência”, como enfatizou o Cardeal Scherer, arcebispo metropolitano,

na celebração que presidiu no domingo, 29, na Catedral da Sé, em que também exortou que todos participem do Tríduo Pascal e da Páscoa da Ressurreição do Senhor. Páginas 18, 19, 21, 22 e 24 Luciney Martins/O SÃO PAULO

A terceirização e os desafios das relações de trabalho No Brasil, não há uma legislação específica que estabeleça regras sobre a contratação de serviço terceirizado e as responsabilidades dos empregadores. Nesse caminho, desde 2004, tramita no Congresso um Projeto de Lei (PL) que versa sobre as questões da terceirização do trabalho. No centro da discussão, aproximadamente 20 milhões de trabalhadores terceirizados não possuem uma legislação que garanta seus direitos. Ouvindo alguns dos envolvidos nessas situações, O SÃO PAULO apresenta dados e explicações sobre esse fato. Páginas 12 e 13

Via-sacra da criança e adolescente pede mais direitos Realizada na sexta-feira, 27, atividade da Pastoral do Menor da Arquidiocese de São Paulo teve como lema “Eu vim para servir”, o mesmo da CF 2015. Pelas ruas do centro da cidade, milhares de crianças e adolescentes disseram sim à vida e a mais direitos e deram um não à redução da maioridade penal, que é a crucificação de crianças e adolescentes. Página 24

A família para além das crises e problemas do cotidiano Em SP, Monsenhor Livio Melina, presidente do Pontifício Instituto João Paulo II para Estudos sobre Matrimônio e Família, palestrou sobre o Sínodo e o desafio de ver a realidade familiar para além dos aspectos negativos, para valorizá-la como dom divino à sociedade. Página 14

Cáritas e pastorais contra a redução da maioridade penal Na praça da Sé, Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, abençoa ramos, no domingo, 29, no início da Semana Santa

Cardeal Scherer: Semana Igreja celebra 500 anos de Processo de beatificação Santa é reservada para Teresa de Ávila, primeira de Dom Helder já é Deus e às coisas da fé doutora da Igreja analisado no Vaticano Página 3

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A Cáritas Brasileira, as pastorais do Menor e da Juventude manifestaramse contra a proposta de emenda para a redução da maioridade penal e o aumento do período de internação de adolescentes, considerando-as medidas inúteis para a diminuição da violência. Página 7


2 | Ponto de Vista |

1 a 7 de abril de 2015 | www.arquidiocesedesaopaulo.org.br

editorial

Semana Santa, dias de retiro espiritual Que bom seria se os cristãos católicos entendessem que Semana Santa não é tempo de férias. E não é! Nunca foi! Se a mídia laica entende assim esses dias, paciência! Para os católicos é tempo de celebrar a Páscoa definitiva que Deus preparou para a humanidade: a Páscoa de Jesus e a Páscoa da humanidade. Na Páscoa, Jesus vence a morte e nos dá a prova definitiva de que Deus não desiste de nós. Ele vence a morte, fruto do pecado, e garante a mesma vitória para quem ouve sua Palavra e o segue. A Semana Santa é, portanto, um tempo de profunda oração e meditação. Mergulhamos fundo no mistério da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor.

Nesse sentido, é preciso muito cuidado para não transformar celebrações cheias de significado em simples teatralização dos episódios bíblicos. Corremos o risco de olhar o Mistério maior de nossa fé, como um acontecimento distante sem nenhuma ligação com o aqui e o agora de nossa vida. É aqui, é hoje que acontece a nossa salvação pessoal e comunitária. Celebremos, então, a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus com fervor, com piedade, com desejo de nos renovar, com o desejo de transformar a sociedade em que estamos inseridos. Deixemos que dentro de nós, em nossos lares, em nossas comunidades, em nossa Igreja, Jesus res-

suscite e seja presença viva e transformadora dos corações e das estruturas. Nós não somos seguidores de um Deus morto. O Filho de Deus que era Deus nas alturas veio ser Deus conosco e continua conosco, ressuscitado, na história de nossa vida e na história da humanidade. Por tudo isso, vale repetir, a Semana Santa não é um feriadão. É sim um grande retiro espiritual do povo de Deus. Entramos com Jesus em Jerusalém com nossos ramos, neste domingo; sentamonos com ele na ceia da quinta-feira para receber o dom da Eucaristia; contemplamos, na sexta-feira, Jesus erguido entre o céu e a terra realizando sua maior prova de amor por nós; Vigiamos na noite

do sábado, com a celebração da Luz e a recordação da História da Salvação. E na manhã luminosa do domingo, com as mulheres e os apóstolos, constatamos que o sepulcro está vazio e que o Senhor verdadeiramente ressuscitou, está vivo entre nós! É Pascoa! O Senhor ressuscitou! Jesus prova que o amor é mais forte do que a morte! Nossa esperança nele não é vazia! Levemos ao mundo, com a palavra e com a vida, o alegre testemunho da Ressurreição de Jesus, que garante a nossa ressurreição. Misturemo-nos à sociedade e, como fermento, a transformemos com a nossa fé, com a nossa esperança e com o nosso amor a Deus e ao próximo.

opinião

A Paixão de Jesus

Sergio Ricciuto Conte

Francisco Catão Há várias formas de abordar o mistério da Cruz e da Ressurreição. O importante é nunca separar esses dois aspectos, sob pena de violar a tradição da fé. Como, porém, pensar, num só mistério, a Cruz e a Ressurreição? A Teologia, desde os tempos apostólicos, enfrenta esse desafio. Guiados pela Revelação, os autores cristãos recorreram às Escrituras hebraicas, procurando encontrar as expressões mais adequadas para lançar alguma luz sobre a afirmação básica da fé, o querigma: Jesus, com quem os apóstolos haviam convivido, passou pela humilhação da Cruz no cumprimento da vontade do Pai, mas está vivo, como homem, e nos envia o seu Espírito, que, acolhido na fé, nos capacita a testemunhar a salvação, oferecida a todos. Um momento crucial na compreensão do mistério ocorreu nos inícios da escolástica, ou seja, da aventura de exprimir a fé em categorias lógicas, para iluminar o mistério de Deus. Explicava-se a Cruz, pela condição pecadora da humanidade: havia sido o meio escolhido por Deus para que Jesus, segundo Adão na expressão de Paulo, pagasse pelo pecado de toda a humanidade e nos resgatasse da escravidão do pecado, pelo oferecimento de si mesmo, cordeiro sem mancha, num sacrifício perfeito, para a purificação do pecado. Essa Teologia ganhou grande prestígio desde o século XII e ainda hoje subjaz a muitos ambientes cristãos, como se vê em numerosas celebrações da Semana Santa.

Como nos ensina a história, porém, já no século XIII, Tomás de Aquino, no fim de sua vida, mostrou que satisfação, resgate e sacrifício são formas humanas de fundo jurídico, usadas para exprimir a relação pessoal de Jesus com o Pai e conosco, que é de ordem estritamente pessoal, de fé, esperança e amor.

Deve-se, portanto, atribuir o gesto salvador de Jesus ao amor de Deus para conosco e ao amor do homem Jesus para com todos os homens e mulheres, seus irmãos, unindo dessa forma Cruz e Ressurreição como duas expressões intimamente conexas da misericórdia de Deus, que encontra eco no coração de Jesus.

Ainda hoje, a Teologia, por razões até certo ponto explicáveis, se apega à compreensão medieval do gesto redentor de Jesus, pois na Igreja, muitas pessoas, inclusive clérigos, ainda a entendem como uma estrutura de caráter jurídico e acabam projetando em Jesus sua limitada compreensão de Igreja. Felizmente, a partir do Vaticano II, cresce a compreensão de que a Igreja, na História, se reveste naturalmente de uma estrutura jurídica, mas é, de fato, em profundidade, antes de tudo, um povo sustentado pela misericórdia de Deus e por seu amor para conosco, que nos reconhecemos pobres pecadores. O Espírito com que Jesus deu a sua vida por nós, resultou da plenitude da misericórdia divina, vivida em seu coração humano. O amor de Deus por nós, vivido por Jesus, permite-nos compreender que Cruz e Ressureição são manifestações de um mesmo mistério de amor e de misericórdia. Místicos, como Santa Teresa de Jesus, cujo quingentésimo centenário do nascimento celebramos, e como o Papa Francisco, como o tem demonstrado, inclusive pela proclamação de um ano da Misericórdia, nos servem de guias no resgate da compreensão da Igreja como o Povo de Deus, nascido do amor e da misericórdia, no Espírito de Jesus. E é nesse Espírito que nos preparamos para celebrar a Páscoa. Francisco Catão se doutorou há 50 anos na Universidade de Estrasburgo (França) com uma tese sobre “A doutrina de Tomás de Aquino sobre a redenção e a salvação” (Paris: Aubier, 1965), é conselheiro do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP.

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

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cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo

Há várias semanas, os anúncios comerciais chamam para as compras no mercado da Páscoa. Mas os ovos de chocolate, neste ano, andam muito caros... A inflação e a crise econômica incidiram pesadamente no doce comércio de Páscoa! E o bacalhau, nem se fala! Os preços estão proibitivos. Sem bacalhau, será uma Sexta-feira da Paixão sem graça? Como se pode passar a Sexta-feira Santa sem comer uma pratada abundante de bacalhau?! Ainda não entendi por qual razão precisa ser justamente nesse dia, quando a Igreja convida todos os que podem a fazerem um dia de penitência, de jejum e abstinência de carnes... Alguém dirá que bacalhau não é carne... Como assim? Se carne de frango é carne, a de peixe, o que é? Parece que a preocupação maior desta Semana Santa é preservar alguns costumes culinários ou gastronômicos... Certo, Páscoa é festa grande e é justo que se faça uma refeição festiva; mesmo com poucos recursos e boa dose de criatividade, na Páscoa é possível fazer festa com a família e os amigos! Não seria bom ir um pouco além da cozinha e da mesa? O que torna esta Semana especial é o fato

Páscoa, com bacalhau e ovos de chocolate de ela ser “santa”, ou seja, reservada especialmente para Deus e as coisas da fé. Nela, deveríamos dedicar um tempo maior à oração, à busca de Deus, mesmo através de uma boa revisão da vida, tentando perceber a quantas andam as coisas com a vida da gente... Nem todos têm a nossa visão das coisas; quero dizer, a visão dos católicos. É compreensível e não queremos impor nada a ninguém. Falamos aos católicos, para o “povo de casa”... Tomemos consciência de que os dias feriados e a festa da Páscoa, com suas manifestações culturais, são de origem cristã. Cabe a nós, preencher de sentido estas festas e comemorações, que se estenderam para dentro da cultura. Poderá acontecer, se já não está acontecendo, que as tradições cristãs e católicas, pouco valorizadas e cultivadas até por católicos, vão perdendo o seu significado originário, que é alterado e até substituído por práticas que nada têm a ver com essas festas e tradições culturais cristãs. Cabe aos católicos manter vivo o significado genuíno da Semana Santa e da Páscoa. Não esperemos isso dos que não são cristãos ou católicos. No mundo plural de hoje, quem não tem convicções firmes e conceitos claros acaba sendo absorvido pelo ambiente... E já vamos percebendo sempre mais que, em lugar das procissões da Sexta-feira Santa, vão aparecendo ruidosas manifestações de massa, por vezes, bem pertinho de nossas

igrejas e procissões... Esta é a hora das convicções firmes e da consciência clara das nossas próprias manifestações de fé! A Semana Santa, que deveria ser um tempo mais voltado para a oração e para a participação nas celebrações da Igreja, vai se tornando sempre mais uma ocasião para um feriadão estendido, viagens e todo tipo de programas, sem mais nenhuma marca cristã... Fica estranho ver as igrejas meio vazias, no Domingo da Páscoa da Ressurreição, justamente quando elas deveriam estar mais cheias que nunca! Na Semana Santa, somos confrontados como infinito amor de Deus, que amou tanto o mundo, ao ponto de lhe enviar seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça para sempre, mas tenha a vida eterna. E somos colocados diante do amor de Cristo por nós, um amor sem reservas, “até o fim”. Ele desceu ao fundo do poço da miséria humana para estender a mão do perdão e da misericórdia de Deus a todos... Na Semana Santa, deixemonos envolver de graça e de perdão; e, com São Paulo, deixemonos levar por este pensamento: “Ele me amou e por mim se entregou na cruz!” E renovemos nossa adesão de fé e nossa disposição de segui-lo nos caminhos da vida. Vida que se renova na sua paixão, morte e ressurreição. E nada impede que também se faça festa na Páscoa! Apesar de ser com menos chocolate e bacalhau...

| Encontro com o Pastor | 3

Domingo de Ramos na Capela Santo Expedito Padre Ricardo Anacleto

No Domingo de Ramos, 29, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, presidiu missa na Capela de Santo Expedito, da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Na oportunidade, foi lido o decreto de nomeação do Padre Hélio Pereira Campos Vergueiro Filho, como novo capelão.

Semana Santa e Páscoa O Cardeal Scherer terá intensa agenda de Semana Santa na Catedral da Sé. Na quintafeira, 2, presidirá, às 9h, a Missa do Crisma, às 19h, a missa da Ceia do Senhor, com rito de Lava-pés, seguido de adoração ao Santíssimo. Na Sexta-feira Santa, presidirá a Memória da Paixão e Morte de Cristo, às 15h, e acompanhará a encenação da Paixão de Cristo nas escadarias da Catedral, às 17h, e a procissão recordando a morte e o sepultamento de Jesus, às 18h. No Sábado Santo, 4, às 11h, prestigiará o concerto musical “The Crucifixion (J. Steiner), e às 19h, presidirá a Solene Vigília Pascal na Catedral. Por fim, no domingo, 5, às 11, presidirá a celebração da Páscoa da Ressurreição do Senhor.

TWEETS DO CARDEAL @DomOdiloScherer 31 - Semana Santa: “Deus eterno e todo-pode-

roso, dai-nos celebrar de tal modo os mistérios da paixão do Senhor, para que possamos alcançar vosso perdão”.

27 – 1 Pd 2,24 “Sobre a cruz, carregou nossos pecados... Por suas feridas fomos curados”. Boa celebração da Páscoa!


4 | Papa Francisco |

1 a 7 de abril de 2015 | www.arquidiocesedesaopaulo.org.br

Nesta semana, onde Jesus estiver, estaremos nós também A homilia do Papa Francisco na celebração litúrgica do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, na praça de São Pedro, começou com a citação do apóstolo Paulo aos filipenses: “Humilhou-se a si mesmo”. A humildade é o estilo de Deus e deve ser o do cristão. Deus se humilha para caminhar com seu povo, prossegue o Papa. Foi assim no Êxodo. Ele suportou as murmurações e queixas do povo que havia libertado da escravidão. Francisco ainda propõe que na Semana Santa “caminhemos por esta estrada da humilhação de Jesus”. Nela, ouviremos o desprezo e as intrigas dos chefes do povo, a traição de Judas, a prisão de Jesus como um malfeitor, o abandono pelos discípulos, o julgamento, a condenação, a flagelação, a coroação de es-

pinhos. Caminhando nessa estrada, a semana será santa para nós também. Jesus assumiu a “forma de servo”, diz o Papa, citando Paulo. “Sua humildade quer dizer também serviço, significa dar espaço a Deus despojando-se de si mesmo, ‘esvaziando-se’, como diz a Escritura”. O mundanismo é outro caminho contrário ao caminho de Cristo, prossegue a reflexão de Francisco. O mundanismo oferece o caminho da vaidade, do orgulho e do sucesso. Foi um caminho proposto a Jesus no deserto pelo demônio. Jesus o rejeitou. Nós também, com a graça e a ajuda de Jesus, podemos rejeitá-lo, vencer essa tentação, nas grandes e pequenas circunstâncias da vida. O Papa sugere seguir “o exemplo de tantos homens e mulheres que a cada dia, no silêncio e escondidos, renunciam a si mesmos para servir

os outros: um familiar doente, um idoso sozinho, uma pessoa deficiente, um semabrigo...” E convida pensar “na humilhação das pessoas que, pela sua conduta fiel ao Evangelho, são discriminadas e pagam na própria pele” e ainda “nos nossos irmãos e irmãs perseguidos porque são cristãos, os mártires de hoje (e são tantos): não renegam Jesus e suportam, com dignidade, insultos e ultrajes. Seguem-no pelo seu caminho. Verdadeiramente, podemos falar duma “nuvem de testemunhas” (cf. Hb 12,1): os mártires de hoje”. Francisco conclui a homilia convidando todos a seguirem “a estrada da humildade, com amor a Jesus, “nosso Senhor e Salvador. Será o amor a guiar-nos e a dar-nos força nesta semana, e onde Jesus estiver, estaremos nós também”. (por Padre Cido Pereira)

Oração por vítimas de tragédia aérea Em sua mensagem antes da oração mariana do Ângelus, ao final da missa do Domingo de Ramos, 29, o Papa rezou pelos mortos na queda do avião da companhia Germanwings, que transportava 150 pessoas entre passageiros e tripulação, na última semana. “Confio à intercessão de Maria as vítimas do desastre aéreo de terça-feira passada, entre as quais havia também um grupo de estudantes alemães”, disse Francisco. O voo 4U9525, que fazia a rota Barcelona, na Espanha, a Düsseldorf, na Alemanha, caiu nos Alpes franceses. O copiloto Andreas Lubitz, 28, é apontado como responsável pela queda.

Sem-teto na Capela Cistina

AP

“Bem-vindos! Esta é a casa de todos, é a casa de vocês. As portas estão abertas a todos”, disse o Papa ao receber cerca de 150 moradores de rua na quinta-feira, 26, na Capela Sistina, durante visita aos Museus Vaticanos. Francisco agradeceu ao Elemosineiro Apostólico, Dom Konrad Kraijewki, por ter organizado a visita que o Papa definiu como sendo “um pequeno afago” para os convidados. “Rezem por mim. Preciso das orações de pessoas como vocês”, pediu Francisco antes de abençoar os presentes e cumprimentar todos, por cerca de 20 minutos. A seguir, o grupo dirigiu-se aos Museus Vaticanos onde jantou. De acordo com uma nota da Sala de Imprensa da Santa Sé, o Pontífice não quis que fossem feitas fotos ou vídeos de seu encontro com os sem-teto, sendo disponibilizadas apenas imagens da visita aos Museus.

Com familiares de vítimas do EI “Para derrotar o terror do Estado Islâmico, todos precisam fazer um gesto de caridade a mais”: é o apelo dos familiares de David Haines e Alan Henning, os dois reféns britânicos decapitados na Síria em setembro e outubro do ano passado. Mike Haines, irmão de David, e Barbara Henning, esposa de Alan, se encontraram com Francisco na praça de São Pedro, logo após a audiência geral da quarta-feira, 25. Ao Papa, ambos reiteraram seus compromissos na promoção de gestos de caridade para abater o ódio: “Os assassinos do EI não nos farão deixar de acreditar naquilo que levou nossos parentes à morte: servir quem mais precisa”. (Por Fernando Geronazzo)


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Espiritualidade

Paz: Bem-aventurança para o mundo Dom José Roberto Fortes Palau Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga

Em 2014, os bispos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) aprovaram, durante a 52ª Assembleia Geral, o Ano da Paz. Trata-se de um período de reflexões, orações e ações sociais, que se estenderá até o Natal de 2015. É uma ótima oportunidade para refletirmos sobre o nosso dever de sermos promotores da paz. O mundo tem necessidade de homens e mulheres que, impregnados do Espírito Santo, ajam como agentes efetivos da paz. A obra da paz é confiada a todos nós, discípulos do Senhor: “Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9). É nossa missão sermos testemunhas da força salvífica da paz. Não podemos ser indiferentes à falta de paz, pois Jesus não foi. Diante da cidade santa, Jerusalém, ele chorou e lamentou-se, segundo relato do Evangelho de Lucas: “Quando Jesus se aproximou de Jerusalém e viu a cidade, começou a chorar. E disse: ‘Ah, se também tu compreendesses hoje o que te pode trazer a paz!” (Lc 19, 41-42). O pranto de Jesus não é um ato que se refere simplesmente a sua psicologia pessoal, mas tem o significado de revelação de

um desígnio de Deus. É um ato público, tados e críticas destrutivas. O “terminal” pois ele chora diante da cidade. Mas para é um lugar onde um meio de transporte entrar no ânimo de Jesus é preciso com- conclui seu trajeto. Portanto, que a maldapreender o complexo de tradições, de cul- de não encontre eco em nós (…). Outra tura, de história e de afetos que Jerusalém comparação: precisamos ser, para o mal, significa para um hebreu: a cidade santa, como uma esponja, que tudo absorve, e desejada à distância pelos peregrinos, ci- não permite que o mesmo continue a se dade aonde os peregrinos chegam depois propagar. Mas a luta contra o mal exige de tantos sacrifícios. O pranto de Jesus, também fortaleza e coragem, e, certaportanto, diz respeito a todo o conjunto de mente, sacrifícios: não se conformar com valores que têm naturalmente seu ponto a corrupção; lutar pela justiça e pelo bem mais alto no templo, mas que compreen- comum. Essas são atitudes já conhecidas de toda a organização social, civil, cultural, de todos nós, mas que precisam ser copolítica, religiosa e artística do povo judeu. locadas em prática. Se assim fizermos, os A resposta para o pranto de Jesus resultados falarão por si só! Como agentes da paz, devemos rejeié dada por ele mesmo, dois versículos adiante: “(…) não reconheceste o tempo em que foste visitada” (Lc 19,44). até que ponto efetivamente Há uma ligação direta trabalhamos e até nos entre a visita de Deus e a sacrificamos pela paz? sorte de Jerusalém; entre a Somos, de fato, promotores rejeição de tal visita e a inda paz, em nossa comunidade, capacidade de gerar a paz. Jesus desejou a paz para Je- em nossa cidade, em nosso país? rusalém. E chora, porque a cidade não aceitou o anúncio da salvação, tar e trabalhar pelo fim de todas as formas não se abriu ao dom da paz… Mas Jesus de violência, física ou psíquica; combater não desiste, ele salvará Jerusalém, dando a fraude e os enganos; nunca aceitar o sia própria vida por ela. Aqui cabe uma re- lêncio covarde e a manipulação de pessoflexão pessoal: até que ponto efetivamen- as e de populações inteiras. À semelhança te trabalhamos e até nos sacrificamos pela de Jesus, devemos enfrentar desarmados paz? Somos, de fato, promotores da paz, e sem ódio o mal e todos aqueles que nos em nossa comunidade, em nossa cidade, perseguem. Aí está o específico da espiritualidade cristã: com a força do amor, em nosso país? Como ser, então, um agente da paz? resistir ao mal com determinação, com O primeiro passo é não difundir, não pro- energia! E assim poderemos fazer coro a pagar o mal. Tornar-se semelhante a um São Francisco de Assis: “Senhor, fazei de “terminal” para as fofocas, juízos precipi- mim um instrumento de vossa paz!”.

eSPAÇO ABERTO

Honra teus pais Eduardo Cruz Não faz muito tempo, presenciei uma cena enquanto caminhava por ruas e calçadas onde passo todos os dias a caminho de casa: um rapaz, já bem grandinho, destratava sua mãe idosa por ela ter esquecido um eletrodoméstico ligado em casa. Ao ultrapassá-los em meu passo rápido, vi também a minha frente um senhor, bem velhinho, subindo a ladeira em minha direção, carregando sozinho duas sacolas, uma em cada mão. Observei que seu passo era pesado e cansado, ele mal se aguentava em suas pernas. Sentia o peso da idade, o peso das sacolas, o peso da ladeira que tinha de subir... e quem sabe, o peso da solidão! A voz insolente do filho que brigava com a mãe gravada em minha mente associou-se à imagem do velho solitário subindo a ladeira e me fez compreender porque aquela mãe ouvia a bronca de forma tão resignada, suportando o mal

trato sem reclamar. Era medo! Medo de ça: usa fralda, é desobediente e tantos outros comportamentos (limitações) ficar só. Não era para aquele “velho” estar comuns às crianças... Com o detalhe subindo aquela ladeira, sozinho, car- que deixa a situação mais complicada, regando peso. Provavelmente, ele viu e que é o fato de, por ter vivido tanto, ouviu o mesmo que eu e pensou: “Cal- achar que ainda é capaz de fazer tudo... ma, querida, vá devagar, pois você pode O tempo! Este já foi o grande corficar sozinha, como eu estou agora”. Ou retivo de muitos erros que os idosos já pior: “Ainda bem que eu estou sozinho, cometeram. E hoje, este mesmo tempo não preciso ficar engolindo sapos e lagartos dos filhos desrespeitosos e Com o detalhe que deixa egoístas que o mundo me situação mais complicada, deu”. Não há como saber que é o fato de, por ter vivido ao certo o que as pesso- tanto, achar que ainda as pensam. Registro aqui é capaz de fazer tudo... e compartilho o que eu pensei, na esperança de que algum filho, que tenha pais idosos é o grande corrosivo do pouco que ainvivos, reflita sobre o modo como os tra- da lhes resta de tudo. ta e lhes dê suporte na velhice. E o faça Por isso, esse pouco deve ser tratacom o mesmo carinho com que eles fo- do com muito amor e com muita digram tratados quando eram crianças... nidade. Eduardo Cruz é artista plástico Pois na velhice, a gente volta a ser crian-

As opiniões expressas na seção “Espaço Aberto ” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.

| Fé e Vida | 5

fé e cidadania

Francisco indica caminhos para a Teologia Cônego Antônio Manzatto Em recente texto enviado à Universidade Católica da Argentina, aproveitando o centenário da Faculdade de Teologia daquela instituição e aludindo à renovação trazida pelo Concílio Vaticano II, o Papa Francisco afirma que a Teologia deve situar-se em uma fronteira, essa na qual o Evangelho encontra as necessidades das pessoas para as quais se faz o anúncio, de maneira compreensível e significativa. Em primeiro lugar, chama a atenção para o fato de que a Teologia, fiel a Jesus, precisa se encontrar com a vida das pessoas concretas dos tempos de hoje, mais não fosse pelo fato de que o próprio Evangelho as encontra. Trata-se, então, de levar a sério a relação entre a proclamação da Boa-notícia do Reino de Deus como salvação para a humanidade, e as reais situações vivenciadas pelas pessoas, sobretudo os pobres e todos os que sofrem, como lembra a Gaudium et Spes. Por isso, Teologia não se faz simplesmente em gabinete, mas nas fronteiras onde se encontra com o sofrimento humano. De um lado, a proclamação do caráter salutar da Teologia, pois sua reflexão é sobre a salvação; de outro lado, a insistência em ser presença nas periferias existenciais - as geográficas e as humanas, onde o humano vive sua dor. A compreensão de Teologia que daí deriva é extremamente dinâmica. Francisco não a compreende como simples apologia da fé, nem como elenco de elocubrações sobre compêndios doutrinais. Trata-se de compreender a Deus que é Amor manifestado como Misericórdia que vivifica, porque é o Ser do próprio Deus que tudo criou. Sem misericórdia, a Teologia, como outros aspectos da vida da Igreja, pode transformar-se em burocracia ou ideologia, ocultando a realidade do Deus que se aproxima dos pobres. Por isso, o teólogo, e por extensão a Teologia, não pode ser de museu ou espectador da vida, mas capaz de construir humanidade. Ainda há que se atentar ao fato de que a Teologia, como o anúncio do Evangelho, precisa ser compreensível e significativa, o que quer dizer que precisa ser acessível e relevante à humanidade contemporânea. Compreensível não apenas na linguagem reformada, mas nas realidades que sua reflexão contempla. São os problemas e as condições de vida das pessoas de hoje que interrogam nossa fé, e não um universo arcaico e vetusto que se quer reconstruir para que as palavras que se utilizam ali tenham sentido. É à humanidade contemporânea que a salvação precisa ser anunciada contemplando sua realidade existencial, sob pena de, realmente, virar artigo de museu. Não é difícil aqui reconhecer traços da Teologia latinoamericana, que o Papa que veio do “fim do mundo” apresenta como caminho para a Igreja.


6 | Fé e Vida |

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LITURGIA E VIDA

novos santos e beatos

DOMINGO DA PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO DO SENHOR 5 de abril de 2015

A luz da vida nova

4 de abril

ANA FLORA ANDERSON Hoje, celebramos a grande festa da esperança. Pelo amor do Pai, Jesus venceu a morte e oferece a todos o dom da plenitude da vida. O salmo 138 canta “Aleluia! A mão de Deus e sua Sabedoria estão sempre conosco”. A oração pede que, nesta festa da Ressurreição, Deus nos dê a luz da vida nova. Na primeira leitura (Atos dos Apóstolos 10, 34.37-43), São Pedro resume a missão de Jesus, o Ungido de Deus, que andava fazendo o bem para todos. As autoridades o mataram, mas Deus o ressuscitou e Jesus enviou os seus discípulos para pregarem a Boa-Nova do perdão dos pecados. A segunda leitura (Colossenses 3, 1-4) nos convida a ressuscitar com Cristo para uma vida nova unida a Ele. Pedimos

o dom de sempre querer realizar a vontade do Pai. O Evangelho de São João (20, 1-9) narra a experiência de três seguidores de Jesus diante do mistério da ressurreição: Maria Madalena, o Discípulo Amado e Pedro. Eles, como nós, são chamados a penetrar no mistério da transformação do Jesus da história no Cristo da fé. Crer na ressurreição de Jesus significa crer no amor e no poder de Deus para fazer a vida nascer de novo do sofrimento e da morte. Devemos ressuscitar com Cristo quando passamos as várias etapas da vida humana. As passagens são difíceis, mas, ao passar para a nova etapa com esperança, partilhamos da alegria da ressurreição.

você pergunta

Por que não se reza mais o Credo nas missas? Padre Cido Pereira

Vigário Episcopal para a Pastoral da Comunicação

A Salete (que não disse seu sobrenome) faz a pergunta de hoje e eu começo a responder a ela com outra pergunta. Salete, quem falou que não rezamos mais o Credo nas missas? Eu estou desconfiado que você não tem ido à missa aos domingos, ou não tem prestado atenção. Se a sua pergunta fosse assim: Por que não rezamos o Credo nas missas semanais, seria compreensível, porque de fato nós só rezamos o Credo aos domingos, mas afirmar que não se reza o Credo nas missas não é correto. Alguns anos atrás, essa pergunta me foi feita da seguinte maneira: “A missa fica completa mesmo quando não se reza o Credo?” Veja o que eu respondi, parece que vai esclarecer a sua dúvida. A Igreja estabelece algumas normas sobre quando rezar o símbolo dos apóstolos ou o “Credo”, que é uma palavra latina que significa “creio”. O “Credo” é a nossa grande profissão de fé. Cantado ou recitado, ele, na missa, logo após a Liturgia da Palavra, é uma resposta à Palavra de Deus que foi anunciada na leitura da Bíblia e explicada pelo povo no sermão ou na homilia. É assim que acontece: Deus nos fala pelos profetas, pelos apóstolos e pelo próprio Jesus. A nossa resposta é: “Eu aceito esta palavra a mim dirigida. Eu creio e quero fazer dela norma de fé para a minha vida.” E tem mais: ao recitar o Credo, nós recordamos e professamos os grandes mistérios de nossa fé, antes de celebrar essa fé na Eucaristia. Quando se reza o Credo? A Igreja prescreve que ele deve ser cantado ou

Beato Francisco Marto

recitado pelo sacerdote com o povo primeiramente aos domingos. É claro, o domingo é o Dia do Senhor, por excelência. É o dia de celebrarmos como Povo de Deus, como Igreja a nossa fé. Nas grandes solenidades se recita o Credo. Por exemplo: Na solenidade da Festa de Corpus Christi, de Cristo Rei, do Natal, da Festa da Imaculada Conceição, de Nossa Senhora Aparecida e em celebrações especiais de caráter mais solene. Outros exemplos: é um dia de semana e nesse dia celebramos a festa do padroeiro de nossa comunidade; e ainda, numa ordenação sacerdotal. O Credo pode ser recitado ou cantado. Mas veja bem, cantado ou recitado, o sacerdote e o povo rezam juntos. Eu acho que você já entendeu Salete que a missa com Credo ou sem Credo é sempre completa. Se alguém disser que ela com o Credo é mais solene, até dá para aceitar. Mas dizer que sem Credo ela não é completa, não é verdade. Termino fazendo mais uma observação. É muito importante que rezemos o Credo sempre, para que tenhamos sempre muito claras na memória e no coração as verdades de nossa fé. A repetição solene e comunitária, e também individual, mantém aceso em nosso coração o dom fé. Para terminar, Salete, lembro a você que nas missas transmitidas pela televisão o celebrante tem um tempo a cumprir. Por isso mesmo, às vezes, se omite o Credo, o que não significa, repito, que ela não foi completa. Fique com Deus e que ele abençoe você e sua família.

Francisco Marto nasceu em Aljustrel, aldeia de Fátima, na Diocese de Leiria-Fátima, em Portugal, no dia 11 de junho de 1908. Em 13 de maio de 1917, enquanto pastoreava o rebanho ao lado de sua irmã Jacinta e sua prima Lúcia, os três tiveram a graça singular de ver a Santíssima Mãe de Deus, que, por desígnio divino, veio à procura dos pequeninos privilegiados do Pai na Cova da Iria. As vidas de Francisco e das meninas sofreram uma transformação radical, certamente não comum para suas idades. Entregaram-se a uma vida espiritual intensa, em oração assídua e fervorosa, chegando a uma verdadeira comunhão com o Senhor. Porém, os dois irmãos, Jacinta e Francisco, contraíram pneumonia e foram obrigados a permanecer de cama. Naquela ocasião, receberam, novamente, a visita da Virgem Maria, que avisou Jacinta que iria buscar Francisco muito em breve. Ele, não suportando os grandes sofrimentos da doença, morreu no dia 4 de abril de 1919. Francisco tinha um profundo desejo de reparar as ofensas dos pecadores, esforçando-se por ser bom e oferecendo sacrifícios e oração. Ele foi enterrado no cemitério de Fátima e, em 1952, foi transferido para a Basílica do santuário. Em 2001, quando se

Reprodução

comemora no dia 13 de maio o dia de Nossa Senhora de Fátima, o Papa João Paulo II, em visita a Portugal, esteve no Santuário de Fátima para beatificar Francisco Marto, cuja festa determinou para o dia de sua morte. Na cerimônia estava presente sua irmã Lúcia de Jesus, a prima vidente, falecida em 13 de fevereiro de 2005. Fonte: www.paulinas.org.br

0 5 Pela primeira vez uma caminhada espacial há

anos

Capa da edição de 28 de março de 1965

A edição do O SÃO PAULO de 28 de março de 1965 teve como manchete a notícia sobre o sucesso da viagem

da nave espacial russa “Voskhod II”, conduzida pelos astronautas Pavel Belyayev e Alexei Leonov, quando pela primeira vez o homem caminhou no espaço. “A nota especialíssima ligada a esse voo cósmico está na proeza inaudita: a viagem do homem através do espaço”, consta em um dos trechos da reportagem. “Tudo que vi no espaço me surpreendeu”, declarou Leonov. “No céu negro, as estrelas brilhavam e o sol, sem auréola, parecia um disco brilhante incrustado em veículo negro”, complementou. O outro astronauta, Pavel Belyayev, que permaneceu na astronave, relatou suas emoções ao ver Leonov sair ao cosmos. “Devo confessar que eu estava inquieto e que o coração batia fortemente em meu peito. Todavia, mantivemo-nos em contato permanente, sem precipitarmos o trabalho”. Leonov ainda declarou: “Tempo chegará em que os encontros no espaço serão uma coisa comum. Aprenderemos a encontrar em nosso caminho outras espaçonaves e, inclusive, a passar de uma para outra”.


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| Pastorais | 7

PASTORAIS SOCIAIS

CAMI

Repúdio a propostas de redução da maioridade penal

Maior proteção às mulheres vítimas de violência

A primeira proposta de emenda constitucional sobre redução da maioridade penal (PEC 171/93), apresentada pelo então deputado Benedito Domingos (PP-DF), teve sua admissibilidade e juridicidade aprovadas pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), na terçafeira, 31, e agora passará a tramitar em uma comissão especial da Câmara. Existem mais de 60 projetos com o mesmo objetivo e 61 para o aumento do tempo de internação de adolescentes. A Cáritas Brasileira, organismo da CNBB, junto a 133 entidades membro no Brasil, assim como as Pastorais do Menor e da Juventude e a Frente de Defesa dos Direitos da Criança e Adolescente (MG) expressaram-se contra a redução da maioridade penal e contra o aumento do tempo de internação, em notas públicas na semana passada. A Cáritas entende que uma cultura de paz não virá “magicamente”, com medidas apenas punitivas, e que o simples cumprimento do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é capaz de promover a infância e adolescência dignas, para uma sociedade mais justa. Compreende que crianças e adolescentes respeitados em seus direitos dificilmente serão violadores dos direitos humanos. A Pastoral do Menor declara em nota: “Queremos sim a solução da violência! Não somos favoráveis à impunidade! Contudo, acreditamos e afirmamos que a redução da maioridade penal é uma falsa solução, pois não resolve as reais causas do problema”. A Pastoral da Juventude frisa que “trancar jovens de 16

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Cáritas e Pastorais do Menor e da Juventude manifestam repúdio à redução da maioridade penal

anos em um sistema penitenciário falido que não tem cumprido sua função social e tem demonstrado ser uma ‘escola do crime’, não assegura a reinserção e reeducação dessas pessoas, muito menos a diminuição da violência”. Os organismos manifestantes acreditam que a sociedade não é suficientemente informada para assumir uma posição consciente, pois a mídia é tendenciosa na divulgação da violência. Destacam que as medidas em questão atingirão principalmente os jovens marginalizados, negros e da periferia, que já tiveram os seus direitos de sobrevivência violados.

Entre outros pontos defendidos nas notas, há a convicção de que as medidas socioeducativas previstas no ECA, implementadas na íntegra, podem promover a mudança na relação adolescente/ sociedade; há compreensão de que a omissão do Estado, não tendo implementado os preceitos do ECA, promove a falsa ideia de que este é falho; há omissão do Estado quanto ao Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE, lei 12.594/2012); e há a ideia de que a violência tem causas complexas que envolvem desigualdade, injustiças sociais e aspectos culturais.

ATOS DA CÚRIA PRORROGAÇÃO DA NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE PÁROCO Em 25 de março de 2015, foi prorrogada a nomeação e provisão de Pároco da Paróquia Santos Apóstolos, da Região Episcopal Brasilândia, do Revmo. Pe. Antônio Leite Barbosa Júnior, pelo período de 1 (um) ano. NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE VIGÁRIO PAROQUIAL Em 15 de março de 2015, foi nomeado Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora dos Prazeres, da Região Episcopal Santana, o Revmo. Pe. Geraldo Alves Pereira. Em 19 de março de 2015, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora da Esperança, da Região Episcopal Ipiranga, o Revmo. Pe. Edson Donizete Toneti, pelo período de 2 (dois) anos, em decreto que entra em vigor em 1º de abril de 2015. Em 22 de março de 2015, foi nomeado Vigário Paroquial da Paróquia Santa Inês,

da Região Episcopal Santana, o Revmo. Pe. Edival Alves dos Santos. NOMEAÇÃO DE ADMINISTRADOR PAROQUIAL Em 25 de março de 2015, foi nomeado Administrador Paroquial da Paróquia Nossa Senhora da Anunciação, da Região Episcopal Santana, o Revmo. Pe. Antônio José Laureano de Souza.

Igreja de Santo Expedito, da Polícia Militar do Estado de São Paulo, o Revmo. Pe. Hélio Pereira de Campos Vergueiro Filho. A provisão entrou em vigor em 29 de março de 2015. OUTRAS NOMEAÇÃOES

NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE CAPELÃO

Em 10 de março, por mandato do Eminentíssimo Senhor Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, foi constituído Ecônomo da Região Episcopal Santana, o Revmo. Pe. Antônio Bezerra Moura, pelo período de 3 (três) anos.

Em 19 de março de 2015, foi nomeado e provisionado Capelão da Capela Nossa Senhora Auxiliadora, da Região Episcopal Ipiranga, o Revmo. Pe. Israel Mendes Pereira, pelo período de 1 (um) ano, em decreto que entrou em vigor em 31 de março de 2015.

Em 19 de março, por mandato do Eminentíssimo Senhor Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, foi nomeado Assessor Regional da Infância Missionária da Região Episcopal Santana, o Revmo. Pe. Robério Crisóstomo da Silva, IMC, pelo período de 2 (dois) anos.

NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE CAPELÃO DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO Em 23 de março, por mandato do Eminentíssimo Senhor Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, foi nomeado e provisionado Capelão da

Em 19 de março, por mandato do Eminentíssimo Senhor Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, foi nomeado Diretor Espiritual da Comunidade “Canto de Maria”, o Revmo. Pe. Roberto Fernando Lacerda, pelo período de 2 (dois) anos.

Devido às demandas levantadas pelo CAMI e pelo Grupo de Atuação Especial de Enfrentamento à Violência Doméstica (GEVID) sobre casos de mulheres vítimas de violência doméstica impedidas de registrar Boletim de Ocorrência na Polícia Civil sob o argumento de não estarem munidas de um documento de identidade, assim como de registrar Boletim de Ocorrência em uma Delegacia diferente da região onde ocorreu a agressão, foi aprovada a Portaria nº 10 da Delegacia da Polícia Civil, que estabelece, no seu artigo 1°, atenção às vítimas de violência doméstica, independentemente de estarem munidas de seus documentos de identidade, da mesma forma no seu artigo 2°estabelece que o registro do BO deverá ser realizado mesmo se a vítima não pertencer à região onde mora, conforme já estabelecido na portaria 18/98. É conhecido que em situações de violência doméstica a vítima, muitas vezes, é expulsa de casa pelo agressor apenas com a roupa no corpo, e quando consegue fugir para salvaguardar sua integridade física, sai de casa do jeito que está, muitas vezes, sem documento e sem dinheiro. Essa Portaria vale para todas as mulheres, brasileiras ou imigrantes. Em seu artigo 3º, estabelece, ainda, que em caso de descumprimento, poderá ser acionada a Corregedoria Geral da Polícia Civil. (Colaborou Luis Benavides, advogado do CAMI).

Cúria Metropolitana de São Paulo

NOTA DE CONHECIMENTO A Mitra Arquidiocesana de São Paulo por intermédio da presente nota, vem informar e dar ciência ao Povo Católico e membros das Comunidades Católicas, colaboradores e funcionários da Igreja de São Paulo, e a quem de interesse for, que a Direção Nacional das Pontifícias Obras Missionárias, na data de 16.12.2014, acusou o recebimento e emitiu agradecimento ao Emmo. Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, pela remessa do valor de R$ 347.153,00 (trezentos e quarenta e sete mil, cento e cinquenta e três reais), correspondente a “Coleta Missionária” do ano de 2014. São Paulo, 25 de março de 2015. Procuradoria Mitra Arquidiocesana de São Paulo


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Destaques das Agências Nacionais

Henrique Sebastião Especial para O SÃO PAULO

Em Recife, ato pela liberdade religiosa recorda cristãos perseguidos no Oriente A Comunidade Católica dos Viventes, em apoio aos cristãos perseguidos pelo mundo, sobretudo no Oriente, realizou na tarde do sábado, 28, o ato #EuMeImporto, no parque da Jaqueira, no Recife (PE). O objetivo foi chamar atenção para às gravíssimas violações do direito

humano fundamental à liberdade religiosa. Segundo relatório da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre, em dez anos, 160 mil cristãos foram assassinados em decorrência da intolerância religiosa, o que revela uma pavorosa realidade: a cada

5 minutos, uma pessoa inocente é vítima de violência em razão de sua fé. Para que se tenha ideia do tamanho do problema, desde 1945 10 milhões de cristãos foram obrigados a emigrar por causa de perseguições. O Arcebispo de Olinda e Recife,

Dom Fernando Saburido, participou do evento: “É um gesto de solidariedade para com os irmãos perseguidos no Oriente. (...) Possamos rezar nessa intenção e colaborarmos concretamente com eles”, disse o Prelado. Fonte: CNBB

Santuário Nacional de Aparecida deve Religiosos estudam a receber 200 mil pessoas na Semana Santa realidade amazônica Luciney Martins/O SÃO PAULO

Mais de 200 mil fiéis católicos devem visitar o Santuário Nacional de Aparecida durante o período da Semana Santa, iniciado no domingo, 29, quando a Igreja celebrou o Domingo de Ramos. Para a Sexta-feira Santa ou da Paixão, são esperados 45 mil peregrinos; para o Sábado Santo, 50 mil; e no Domingo de Páscoa, 88 mil visitantes devem passar pelo Santuário. As estimativas são feitas com base nas médias de anos anteriores, que tendem a um aumento crescente. Fonte: A12

OSIB do Nordeste trata da pedagogia cristã nos seminários O projeto de formação dos seminários foi discutido durante o Encontro da Organização dos Seminários e Institutos do Brasil (OSIB) do Regional Nordeste 3 (Bahia e Sergipe) da CNBB. O evento ocorreu entre os dias 22 a 25, no Seminário Santana Mestra, em Feira de Santana (BA). Compareceram o bispo auxiliar de Salvador (BA) e referencial para as vocações, Dom Gilson Andrade; o arcebispo e o bispo coadjutor de Feira de Santana, respectivamente, Dom Itamar Vian e Dom Zanoni Castro; e o bispo de Estância (SE), Dom Giovanni Crippa. A assessoria do evento ficou a cargo do reitor do Seminário de Teologia da Arquidiocese de São Paulo, Padre Cícero Alves de França, que abordou o tema do evento a partir das Diretrizes da Formação dos Presbíteros no Brasil. Os formadores refletiram sobre as bases da pedagogia cristã que devem permear o processo educativo do futuro sacerdote como condição elementar ao desenvolvimento de sua missão nas suas diversas dimensões. “Além disso, procurou-se aprofundar acerca do sujeito da formação na atual mudança de época”, pontuou Dom Gilson. Fonte: CNBB

e são enviados em missão Vinte e seis jovens missionários iniciaram encontro de formação como preparação para a missão que realizarão nas comunidades da Diocese de Óbidos e Prelazia de Itaituba, no interior do Pará. O encontro contou com a assessoria da religiosa psicóloga da Congregação das Missionárias de Santa Teresinha, Irmã Antonieta Pereira da Silva, mst; da socióloga Maria de Fátima da Fonseca; do bispo da Prelazia de Itaituba, Dom Vilmar Santin; e do teólogo diocesano, Padre Luis Pinto. Irmã Antonieta destacou a

importância da “descentralização do eu” como fundamental para o exercício da missão. “Estar em missão é fazer a travessia do próprio ‘eu’, o que significa dizer que somente na medida em que a pessoa se doa, se coloca à disposição, num movimento de saída de si mesmo, é que encontrará o sentido da vida”. Na manhã do sábado, 28, 12 religiosos partiram de Santarém para a Diocese de Óbidos, e 14 para a Prelazia de Itaituba, onde permanecerão com as comunidades até o domingo de Páscoa. Fonte: CRB

Vaticano recebe pedido de abertura do processo de beatificação de Dom Helder Menos de um ano depois do pedido de abertura do processo de beatificação do ex-Arcebispo de Olinda e Recife, Dom Helder Camara (foto), a Cúria Romana enviou carta à Arquidiocese de Olinda e Recife afirmando ter recebido a solicitação. Segundo correspondência expedida pelo prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, Cardeal Angelo Amato, SDB, aguarda-se agora o posicionamento dos diferentes dicastérios (departamentos do governo da Igreja que compõem a Cúria Romana) para a emissão do seu parecer. Caso o Nihil Obstat (Nada Consta) seja emitido pelo Vaticano, a Igreja Particular de Olinda e Recife terá autorização para iniciar o processo em nível diocesano. Com o aval do Vaticano, Dom Helder poderá, então, ser nomeado Servo do Senhor. A etapa seguinte consiste em reconhecer suas virtudes heróicas. Para isso, uma comissão jurídica se reunirá para estudar os textos publicados em vida e analisar testemunhos de pessoas que conheceram o “Dom da Paz”. Fonte: Arquidiocese de Olinda e Recife

Arquivo O SÃO PAULO


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Destaques das Agências Internacionais

| Igreja em Missão | 9 Filipe David

Correspondente do O SÃO PAULO na Europa

Peru

Marcha pela vida em Lima é a maior manifestação da história do País Em 21 de março, mais de 500 mil pessoas marcharam no Peru pelo direito à vida, contra o aborto, na maior manifestação da história da nação. Os pró-vidas se reuniram em Lima, capital do País, para a tradicional marcha anual pela vida. O evento disputa, com a Marcha pela Vida de Washington, nos Estados Unidos, o primeiro lugar entre as maiores manifestações pela vida no mundo. Em entrevista à LifeSiteNews, Carlos Polo, membro do conselho do Instituto de Pesquisa Populacional, contou a história da marcha pela vida no Peru, que começou em 2004. A ideia é defender os bebês ainda não nascidos do aborto e ser “a voz dos que não têm voz”. A marcha reunia em tor-

no de 20 mil pessoas por ano, até que o Cardeal Juan Luis Cipriani decidiu que a Arquidiocese de Lima deveria assumir a organização para aumentar a participação dos fiéis, em 2012. No ano se-

guinte, 100 mil pessoas aderiram à marcha. Em 2014, o número aumentou para 250 mil, metade do recorde obtido neste ano. Um dos segredos desse sucesso está no comitê or-

ganizador, estabelecido em 2013, que se reúne mensalmente e é composto por representantes de 17 movimentos eclesiásticos e 120 paróquias em Lima. O resultado se traduz não apenas

no número de participantes, mas também no impacto na mídia nacional, que noticiou em peso a maior manifestação pública da história do País. Fonte: LifeSiteNews Salesiano Peru

500 mil pessoas participam da tradicional marcha pela vida, articulada pela Igreja Católica, em Lima, no Peru, em 21 de março

Nações Unidas

O lobby do controle populacional Uma comissão da ONU deve se reunir em abril para discutir as consequências da “dinâmica populacional” para a nova agenda mundial de desenvolvimento. Trata-se da Comissão sobre População e Desenvolvimento, que no passado já promoveu a contracepção em regiões de alta fertilidade. Apesar das crescentes dificulda-

des enfrentadas pelos países em que a população já começou a diminuir, a versão inicial da resolução deste ano chama a atenção para “os potenciais benefícios de desenvolvimento oriundos da redução da fertilidade” e pede investimentos na “saúde reprodutiva” e sexual, bem como na promoção de “direitos reprodutivos”.

Tais expressões são bem conhecidas dos militantes pró-vida, que sabem tratar-se de uma maneira discreta de promover o aborto e outros elementos da “cultura da morte” – para utilizar a expressão consagrada do Papa João Paulo II. A ONU tem desempenhado um papel importante na arquitetura e im-

Roma/ Alemanha

plementação de transformações comportamentais em escala mundial. O Fundo Populacional das Nações Unidas, por exemplo, conta com 1 bilhão de dólares anuais para influenciar os governos e as sociedades de diferentes países a seguirem as diretrizes da Organização. Fonte: LifeSiteNews

Espanha

‘Conferência episcopal sozinha não é magistério’ 500 anos do nascimento de É o que afirmou o pre- dados pastorais pelo Matri- afirmou: “Uma conferência Santa Teresa de Ávila feito da Congregação para a Doutrina da Fé, Cardeal Gerhard Mueller, em entrevista ao jornal francês Famille Chrétienne. A entrevista ocorreu após as declarações do Cardeal Reinhard Marx, presidente da Conferência Episcopal alemã, que afirmou: “Nós não somos uma filial de Roma. Cada conferência episcopal é responsável pelos cuidados pastorais em seu contexto e deve pregar o Evangelho de uma maneira original e própria. Nós não podemos esperar que um Sínodo nos diga como formular os cui-

mônio e a família”. Para o Cardeal Mueller, a hipótese de que decisões doutrinais ou disciplinares possam ser delegadas às conferências episcopais “é uma ideia absolutamente anticatólica, que não respeita a catolicidade da Igreja. As conferências episcopais têm uma autoridade sobre alguns assuntos, mas não constituem um magistério ao lado do Magistério, sem o papa e sem a comunhão com todos os bispos.” Respondendo especificamente aos comentários do Cardeal Marx, Dom Mueller

episcopal não é um concílio particular, e menos ainda um concílio ecumênico. O presidente de uma conferência episcopal não é nada além de um moderador técnico, e ele não tem, a esse título, nenhuma autoridade magisterial particular. Escutar que uma conferência episcopal não é uma ‘filial de Roma’ me dá a ocasião de lembrar que as dioceses também não são filiais do secretariado de uma conferência episcopal, nem da diocese cujo bispo preside a conferência episcopal.” Fontes: Famille Chrétienne/ CNA

No sábado, 28, a Igreja comemorou os 500 anos de nascimento de Santa Teresa de Ávila, a grande reformadora do Carmelo e primeira mulher a ser proclamada doutora da Igreja. O Papa Francisco, em uma carta enviada ao superior geral dos carmelitas descalços, ressaltou a importância da santa para a Igreja, que “brilha como um modelo seguro e atraente de entrega total a Deus”. Santa Teresa de Ávila é a fundadora dos carmelitas descalços, ordem que sur-

giu com a reforma que ela promoveu no Carmelo. Ela é uma das maiores referências em Teologia Espiritual e, antes de tudo, mais, “uma mestra da oração”, como sublinhou o Papa Francisco. Sua obra mais notável é o livro “Castelo interior”, também conhecido como “Moradas”, no qual ela descreve as etapas – que ela chama de moradas – a percorrer na vida de oração até chegar à união íntima com Deus, na parte mais interior da alma. Fonte: CNA


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Reflexões sobre o cotidiano: Escola self-service é possível? Simone Ribeiro Cabral Fuzaro Como educadora, tenho me deparado diariamente com essa questão: o que se espera hoje da escola de educação infantil? Tomadas por aquilo que chamo de mentalidade self-service, as famílias têm buscado na escola resposta para problemas de logística, que com certeza acontecem e fazem parte da cultura pós-moderna em que vivemos, mas que precisam ser olhadas de modo crítico e mais aprofundadas. É necessário, para um crescimento saudável, que se garanta à criança uma rotina clara e bem determinada. Justamente por isso a escola proporciona um cotidiano estruturado, com horários bem estabelecidos de acordo com as necessidades de cada faixa etária. Também é importantíssimo o convívio em grupo. Por meio disso, a criança vai aprender a enxergar os outros, dividir brinquedos, ter atenção, esperar a vez... Vai experimentar o convívio social - será uma no grupo. Muitas virtudes e habilidades são aprendidas a partir dessa possibilidade de não ter todas as necessidades e desejos atendidos prontamente. Muitas famílias valorizam e se empenham em respeitar essa proposta, porém, outras tantas estão tomadas pela ideia de que cabe à escola atender suas demandas, se propondo a fazer aquilo que, devido ao trabalho e atividades afins, não estão conseguindo realizar. Surgem as mais diferentes necessidades: horários de entrada e saída flexíveis (dependendo dos compromissos de trabalho); horário do lanche determinado pela possibilidade ou não de um adulto ter oferecido o café da

manhã ou almoço à criança antes de sair de casa; a ideia de que a criança pode faltar no período escolar chegando somente no horário do almoço e permanecendo no período dedicado à recreação. Além disso, existem todas as exigências no sentido de que o filho seja atendido em suas “vontades”, como se fosse único na escola... Resta nos questionarmos: se a escola for atender a essas expectativas, continuará sendo escola?

É preciso que os pais estejam amadurecidos e saibam pensar no verdadeiro bem do filho e no bem coletivo, que saibam fazer opções e entendam: ter filhos e educá-los exige mudanças e renúncias. O grupo todo será prejudicado se a rotina não for garantida em prol de atender as necessidades paternas; como ensinar as crianças a conviverem, repartirem e esperarem se a escola atende à demanda de satisfazer as “vontades” de cada um? Se fizer isso, a escola contribuirá para o crescimento de toda uma geração de imaturos e mimados. Escola não pode ser algo como um “estacionamento de crianças” - onde se deixa e retira o filho de acordo com as

Vantagens e desvantagens do livro eletrônico Pedro Paulo de Magalhães Jr. Agora que há diversos modelos de leitor de livro eletrônico no mercado, algumas pessoas têm perguntado quais são as vantagens e desvantagens de ler um livro digital. Como pontos positivos, podemos listar: Portabilidade: o livro eletrônico é lido num leitor que tem a espessura de menos de um centímetro e pesa menos que um celular. No caso de livros, a portabilidade permite ler mais. Ler, por exemplo, no metrô lotado ou em pé no ônibus. Custo: o aparelho custa mais caro, mas os livros eletrônicos costumam

ter um preço 30% inferior ao livro físico. Com relação aos pontos negativos, os principais são: Não é possível emprestar livros. Na maior parte dos sistemas de leitores de livros eletrônicos o empréstimo é complicado ou, em alguns casos, impossível. Não é algo físico. Para muitas pessoas, o ato de virar páginas e sentir o papel ajuda a estar imerso na leitura e aproveitar mais intensamente o livro. Então, devo comprar ou não um leitor de livros eletrônicos? A melhor resposta para isso é que é uma questão de gosto. Se você se adapta bem

ao leitor, se lê com frequência e precisa ler em locais nos quais um livro é desconfortável, eu recomendaria um leitor eletrônico. Mas não esqueça que esse equipamento convive bem com os livros em papel e que algumas obras você preferirá ter em sua estante real. Sugiro que vá a uma boa livraria e teste um aparelho para ver se está confortável com ele, e aí pondere os pontos acima e veja se é o momento ou não de adquiri-lo. Pedro Paulo de Magalhães Oliveira Jr. é Engenheiro pela PUC-Rio e Doutor em Medicina pela USP. Atualmente ocupa o cargo de diretor de operações da Netfilter & SpeedComm Telecom.

necessidades, deixando orientações de “cuidado” no período em que está lá. Embora possa ser uma solução para a logística complicada da vida pós-moderna, é preciso deixar claro: escola não é lugar para isso, afinal essa segunda possibilidade tem objetivos muito diferentes dela. Os da escola estão a serviço do processo de aprendizagem e crescimento saudável das crianças e os do “estacionamento” a serviço de atender as demandas de uma vida atribulada. Educar é coisa muito séria! Só se garante um processo educativo de qualidade, com seriedade e respeito às reais necessidades, e não às vontades do aprendiz. Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é fonoaudióloga e educadora, Mestre em Distúrbios da Comunicação pela PUC-SP, especialista em linguagem e coordenadora da Escola de Educação Infantil Pedrita.

Direito do Consumidor

Tecnologia

Comportamento

10 | Viver Bem |

Produto enviado sem pedir Ronald Quene Você sabia que se algum fornecedor lhe encaminhar qualquer produto que não tenha sido pedido, o consumidor pode recebêlo como se fosse uma amostra grátis? E se alguém prestar a você um serviço que não foi contratado, não pague também, porque a Lei garante que você não é obrigado a pagar (art. 39, parágrafo único, Código de Defesa do Consumidor). Saiba dos seus direitos, procure um advogado. Ronald Quene é bacharel em Direitio


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| Reportagem | 11

Agora, eles têm um único ‘vício’: servir a Deus Fotos: Henrique Sebastião

O SÃO PAULO conta a história de Sebastião e João Batista, que serão batizados na Vigília Pascal, no sábado, 4, na Catedral da Sé

Henrique Sebastião Especial para O SÃO PAULO

comum, e os coordenadores da Missão sugerem um período entre seis e nove meses. Enquanto a esposa de Sebastião, que também teve papel fundamental em sua recuperação, “segura as contas em casa”, ele diz que se sente bem entre seus “irmãos”, os outros acolhidos, e conta que viu sua fé despertar, ganhando uma importância que nunca tivera, enquanto se liberta química e psicologicamente do vício. “Eu acordava e já ia para o boteco”, diz. “Chegava ao trabalho com pelo menos duas doses ‘no peito’. Era o dia inteiro bebendo, até não poder trabalhar mais. Graças a Deus, meu organismo aguentou; hoje, creio plenamente que

A Associação Missão Belém, obra da Igreja Católica em São Paulo, foi fundada pelo Padre Gianpietro Carraro e pela Irmã Cacilda da Silva Leste, no ano 2005, com o propósito de recuperar homens, mulheres e crianças em situação de rua, especialmente dependentes químicos, por meio do trabalho de missionários consagrados e leigos voluntários. Em uma década de atividades, já resgatou mais de 40 mil pessoas em suas 150 casas de restauração. Muitos dos internos, ex-drogados acolhidos, sabem como ninguém trabalhar no convencimento dessa população das ruas e praças, para que aceitem abandonar a vida das ruas e acreditar que a recuperação é possível. “Vila Guadalupe” é uma dessas casas de acolhida, localizada na rua Dr. Clementino, no bairro do Belém. Quem a visita e vê tanta gente vinda das ruas, João Batista Primo geralmente viciadas Sebastião Nunes de Souza em drogas e com pesadíssimos históricos de violência e retornarei bem para meus familiares, maus-tratos, fica impressionado com ajudando no sustento de casa. Aqui tem o ambiente fraterno e amoroso que a capela, tem missa, uma convivência reina ali. Desses acolhidos, um grupo muito boa, os padres que vêm e converde 32 pessoas será batizado na Vigília sam com a gente. Padre Gianpietro é um Pascal do Sábado Santo, no dia 4, na ‘santinho’, está sempre por aqui, dá uma atenção muito especial para a gente, nos Catedral da Sé. dá força”, testemunha. ‘Deus está comigo e tudo vai “Quando vou à capela, agora que mudando’ tenho fé, sinto a presença de Deus; na Um deles é Sebastião Nunes de frente do sacrário, sinto aquele calor Souza de Souza, 53, natural de Car- forte no coração, sinto que Deus está los Chagas (MG). Pedreiro, há 25 comigo e tudo vai mudando; isso liberanos deixou pai, mãe e irmãos e veio, ta a pessoa. Quando penso em beber, sozinho, aventurar-se em São Paulo, descobri um jeito certeiro de mandar a em busca de trabalho. Nessas duas vontade embora: é só ir à capela, falar décadas e meia, casou-se e teve três um pouquinho com Jesus: o pensamenfilhas, mas após alguns anos perdeu to ruim desaparece na hora! Sinto-me o controle do seu velho hábito de to- completamente recuperado, até já saio mar “aperitivos diários”. à rua sozinho, seguro para enfrentar o O costume se tornou vício. Se- mundo”, conclui Sebastião. bastião descobriu que era alcoólatra e não conseguia mais largar a ‘Limpo perante a justiça dos bebida. Aos poucos, o vício “tomou homens, mas ainda não diante conta de tudo”, recorda. Ele perdeu de Deus’ Outro acolhido na “Vila Guadalupe” o trabalho e quase a família, mas depois de longos anos de intenso so- é João Batista Primo, 27. Natural de Anfrimento, Jéssica, a filha mais velha, dirá (PR), praticamente fugiu para São 25, insistiu que ele procurasse ajuda Paulo, por conta dos constantes conflina Missão Belém. Sebastião, massa- tos com o padrasto. Torneiro mecânico crado moral e fisicamente, aceitou. de profissão, logo ao chegar, conseguiu Há quatro meses na casa de acolhi- emprego e endereço fixo. Cabeça cheia da, sente-se plenamente recuperado. de problemas, sozinho, coração repleto Sua família o visita regularmente e de mágoas e traumas, usou seu primeiespera ansiosa pela sua saída, mas ro salário numa “biqueira” de crack. consciente de que não adianta que- Viciou-se, fez amizades ruins. Logo perrer antecipar a lenta recuperação: há deu o emprego, passou a viver na rua. um tempo para a retomada da vida Meses e anos de desesperança se su-

cederam. Certo dia, completamente enlouquecido pela abstinência, num assalto para obter dinheiro para comprar a droga, uma vítima reagiu, ele usou a faca. Terminou ceifando uma vida inocente. Preso, foi condenado a 14 anos de cadeia. Com o empenho da mãe e por bom comportamento, saiu após sete anos. Hoje, diz que está “limpo perante a justiça dos homens, mas ainda não diante de Deus”, e procura “se limpar” todos os dias, com muita oração e no serviço voluntário ao próximo. João tem habilidades manuais. Com um Terço na mão, feito por ele mesmo, diz que reza todo dia e praticamente todas as horas pela alma daquele que matou. João Batista diz que não vai desperdiçar a chance que recebeu. “Sei o que já sofri, o que passei na vida lá fora. Se tiver que ficar dez anos aqui, servindo, fico. Tenho muita vontade de servir a Deus na Missão Belém. Sou monitor e evangelizador. Saio às ruas, falo do amor de Deus para quem está na mesma situação em que eu estava, uso meu testemunho para fazê-los ver que é possível sair, que existe Deus, existe uma outra vida”. O paranaense também se lembrou de como a família sofreu com seu vício. “Cheguei a querer oferecer o corpo de minha esposa por dinheiro, para comprar droga. Tenho um filho que está agora com 4 anos. Minha esposa atravessou todo esse inferno comigo. Ela chegava à noite do serviço, cansada, carregando uma cesta básica. Eu esperava ela entrar no banho, pegava aquela cesta e saía para vendê-la por qualquer trocado, para comprar droga”, conta com os olhos marejados de lágrimas. “Não sou digno do perdão de Deus, mas sei que Jesus sofreu na cruz por mim; isso me faz ter forças para continuar vivendo e lutando. Eu não teria coragem de sofrer o que ele sofreu pelo bem dos outros, mas tento fazer a minha parte e sei que ele aceita meu sacrifício de bom grado. Hoje sou calmo, tranquilo, paciente. Já fui orgulhoso, soberbo, rancoroso com tudo e com todos. Hoje, sei que Deus manda tribulações para aumentar a minha paciência”. João espera com ansiedade a Vigília do Sábado Santo, quando será batizado e poderá, conforme crê, receber o perdão dos seus erros e uma força maior para se tornar reflexo do Cristo no mundo. “Fui bandido, mas hoje me considero um ladrão diferente. Fui saqueado pelo demônio, mas hoje tiro almas do poder do diabo e as resgato para Jesus. Sou feliz e vivo uma vida de esperança”.


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Centrais sindicais dizem ‘não à precarização’ “Na verdade, esse é o único argumento que ele tem usado para colocar os trabalhadores e a população contra a organização sindical. É verdade que no momento em que for aprovado o PL 4330 do jeito que está, ele vai ampliar a terceirização para todos os setores da economia e isso significa que vai ser um ataque muito forte às centrais sindicais e à organização sindical, porque vai pulverizar, ainda mais, a organização. Mas isso não é o principal. O principal é o conteúdo do projeto de ampliar a terceirização para todas as atividades.” Graça Costa, secretária das relações de trabalho da CUT Nacional, é enfática quando responde à acusação feita pelo empresário e ex-deputado Sandro Mabel, autor do PL 4330 - de que as centrais sindicais só estão preocupadas com dinheiro. Nessa mesma linha, se posiciona o primeiro secretário geral da Força Sindical e Presidente da Federação dos Químicos, Sérgio Luiz Leite. “Dizer que somos contra só por uma questão de arrecadação de dinheiro é uma maneira que o ex-deputado usa para enfraquecer o debate. Pela legislação brasileira, o trabalhador sempre vai ter um sindicato, uma estrutura sindical que represente aquele trabalhador dependendo onde ele vai trabalhar”. Para ambos os dirigentes sindicais, o PL vai esbarrar na pergunta: Quais os limites para a terceirização? As centrais sindicais que ambos representam acreditam que é preciso limitar as terceirizações; o avanço delas pode ser sinônimo de precarização das condições de trabalho. “Vai fragilizar o mercado e deixar os trabalhadores vulneráveis por serem terceirizados. É muito grave o que está em debate, os empresários querem fazer essa legislação para garantir a diminuição dos custos. A própria CNI [Confederação Nacional da Indústria] fez uma pesquisa em que 91% dos empresários fazem terceirização para diminuição dos custos, isso significa que vamos colocar o mercado brasileiro a mercê dessa posição do empresariado de redução de custos o que vai, no nosso entendimento, alavancar a precarização do trabalho” completa Graça. Para Sérgio, quando se discute a terceirização tudo é para perder o parâmetro das empresas contratantes não terem com o que comparar, todos são terceirizados e nivela-se a precarização de forma geral. Essa é a impressão que, na visão dele, é passada pelo setor empresarial. O líder sindical dá um exemplo: “Na indústria farmacêutica, são 40 horas semanais, piso de R$ 1.400. A empresa que é farmacêutica pode comprar terceirizada na portaria, mas a empresa da portaria amplia os funcionários contratados para a recepção. Uma recepcionista prestadora de serviço que não está representada pela categoria preponderante, químico e farmacêutica, ganha um pouco mais que um salário mínimo. Vai falar que isso não é precarização do serviço?”. Graça ainda faz uma denúncia grave, de acordo com um dossiê feito pela CUT, “Terceirização e desenvolvimento – Uma conta que não fecha”, de dez atos de fiscalização para detectar trabalho escravo ou análogo a escravidão nos quais oito empresas eram terceirizadas, fato esse que não ocorreu no dossiê anterior. O PL deverá ser votado até o início de abril, de acordo com as centrais sindicais. O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, conversou com o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Ricardo Lewandowski, e foi acordada a criação de uma legislação sobre a matéria antes que o STF tenha que julgá-la, para assim não dar interferência nos poderes. A questão encerra no curto período, não abrindo espaço para um debate amplo sobre o assunto. Graça enfatiza ainda que a pressão e o lobby do setor empresarial é mais forte, fazendo com que os deputados se inclinem a aprovar o PL sem muitos debates. Dentre os pontos de conflito, os representantes sindicais apresentam alguns itens que, na visão de suas entidades, devem ser debatidos e observados: garantia da igualdade de direitos; a questão de não terceirizar na atividade-fim; a representação do sindicato pela categoria preponderante – hoje quem representa os terceirizados é a categoria geral; a questão da informação, que se tenha uma prévia informação antes de fazer a privatização naquele local.

Edcarlos Bispo e osaopaulo@

Terceirizaç um assunto pa

Desde 2004 tramita no Congresso um Projeto de Lei (PL) que versa sobre as questões da terceirização do trabalho. Após dez anos, o projeto não foi aprovado, porém, sua discussão foi reacendida e a quebra de braço entre parlamentares, empresários e centrais sindicais está a todo vapor. No centro da discussão, aproximadamente 20 milhões de trabalhadores terceirizados não possuem uma legislação que garanta seus direitos e os protejam. Ouvindo alguns lados dessa história, O SÃO PAULO apresenta dados e explicações sobre esse fato.

Para começar, a visão jurídica da matéria

No Brasil, a terceirização é um fenômeno que tomou fôlego a partir de 1990. Antes, sua prática era restrita, considerando-se lícita apenas a prestação de serviços de conservação e limpeza. Toda contratação intermediada era considerada fraudulenta, gerando vínculo empregatício dos trabalhadores terceirizados com a empresa tomadora dos serviços respectivos. Essa orientação, que se encontrava em rota de colisão com tendência universal - no sentido da terceirização como prestação de serviços especializados - veio a ser atenuada com a edição do Enunciado nº 331, do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ‘verbis’: “Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (lei nº 7.102, de 20.6.83), de conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e subordinação direta”, explicou, ao O SÃO PAULO, Gabriela Campos Ribeiro, advogada trabalhista e doutora em Direito pela USP. Gabriela comentou também que desde janeiro de 1994 – data da publicação do referido Enunciado 331, hoje Súmula 331 do TST – tornou-se possível a terceirização de atividade-meio das empresas. “Um hospital, por exemplo, passou a poder contratar, com empresas de colocação de mão de obra, os serviços de cozinheiro ou de recepcionista”, explicou. A partir daí, a terceirização se popularizou no Brasil. “Hoje ela é amplamente praticada, sendo que não se forma vínculo diretamente entre os trabalhadores terceirizados – trabalhadores empregados da empresa prestadora de serviços que atuam em favor do tomador de serviços – desde que não sejam diretamenLuciney Martins/O SÃO PAULO

Contratada e contratante dividem as responsabilidades e obrigações no que se refere ao trabalhador, seus direitos e garantias pre


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e Nayá Fernandes @uol.com.br

ções no Brasil: ara ser analisado te subordinados ao tomador e desde que a terceirização seja feita em atividades-meio”, continuou a advogada, ao ressaltar que “a terceirização de atividade-fim é repudiada pelos nossos tribunais. Ainda assim, a empresa tomadora de serviços precisa ser muito cautelosa na escolha da empresa para a qual irá terceirizar serviços, pois terá responsabilidade subsidiária em caso de inadimplemento das obrigações trabalhistas”.

Direitos e deveres de cada um

Os trabalhadores terceirizados têm os mesmos direitos dos demais trabalhadores regidos pela CLT. Sendo lícita a terceirização, eles terão além dos benefícios legais (salário, DSR, férias com 1/3, décimo terceiro salário, FGTS, entre outros), têm os benefícios da Convenção Coletiva aplicável à sua categoria profissional. A Convenção Coletiva aplicável ao trabalhador terceirizado é normalmente diferente da Convenção Coletiva aplicável aos trabalhadores da tomadora de serviços, pois no Brasil o enquadramento sindical que define a categoria profissional de cada trabalhador é dado pela atividade econômica preponderante do empregador. O responsável principal pelo trabalhador terceirizado é o seu empregador, ou seja, a empresa prestadora de serviços. Se ele sofrer um acidente do trabalho a empregadora deve acolhê-lo e tomar as providências para que o acidente seja comunicado aos órgãos oficiais e ele, se for o caso, seja afastado para que entre no gozo de be-

evistas nas leis trabalhistas

Para autor, PL protege o trabalhador

nefício previdenciário. Se o acidente decorrer de culpa ou dolo do empregador ou de terceiro (tomador de serviços) podem o empregador e o tomador de serviços ser responsabilizados e ter de pagar indenização por perdas e danos e por dano moral, dependendo da gravidade do evento. Além disso, é importante esclarecer que a jurisprudência trabalhista se consolidou no sentido de que, em principio, na terceirização lícita, não haverá responsabilidade solidária, mas apenas subsidiária. A solidariedade aparecerá na terceirização ilícita e em situações previstas em lei (fraude, abuso de direito etc). Na opinião de Gabriela, a terceirização é uma boa opção quando alguém tem um conhecimento especializado e consegue atender melhor e com mais eficiência os seus clientes. “ A terceirização não pode ser pensada como mecanismo para fragilizar direitos trabalhistas ou forma de intermediação fraudulenta de mão de obra. Quem terceiriza está delegando a outrem algo que o outro faz melhor e com expertise.

Entenda:

Atividade-meio e atividade-fim A atividade-fim da empresa é o principal produto ou serviço que ela presta ou desenvolve. Isso pode ser verificado em seu contrato social e no seu CNAE (Código Nacional de Atividade Econômica). A atividade-meio é aquela realizada como instrumento para chegar ao fim. Serviços de limpeza, segurança, informática, são imprescindíveis para a atividade bancária, por exemplo, mas não são o “core business” de um Banco. *Gabriela Ribeiro

Atenção!

Ao contratar ou ser contratado por uma empresa terceirizada, pesquise sobre como aquela empresa trata seus funcionários no que se refere à tempo de serviço, salário, décimo terceiro, férias, seguro saúde e seguro em caso de acidentes.

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Luciney Martins/O SÃO PAULO

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“Quantos trabalhadores terceirizados têm no Brasil hoje? 15 milhões. Quando criei o projeto, tinha 6 milhões que eram desprotegidos na época, hoje tem esses 15 milhões que continuam desprotegidos. Daqui a cinco anos, serão 20 milhões desprotegidos”. Assim começa a entrevista com o ex-deputado e empresário Sandro Mabel, autor do Projeto de Lei (PL) 4330. Criado em 2004, o PL está em “plena ebulição” como salienta Sandro, que afirma ainda a importância do mesmo para o Brasil e para os trabalhadores. Não há legislações claras no País que versem sobre as terceirizações – somente a súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho (TST) que aguarda julgamento do TSF –, por isso se faz necessário que uma lei venha regulamentar as terceirizações e definir um entendimento sobre atividade-meio e atividade-fim. É justamente o trabalhador que o empresário afirma defender. Para ele, mais da metade dos artigos da lei versam sobre a proteção do trabalhador, e as obrigações que as terceirizadas devem ter. “A lei cria uma proteção com depósito como cheque calção que a empresa tem que fazer para não deixar os trabalhadores desamparados – a empresa trabalha um ano, some e não deposita décimo terceiro, FGTS nada disso – e aí não tem quem responsabilizar. Com a lei, ela deverá adquirir uma responsabilidade solidária.” Sandro vai além. Destaca que o projeto deseja criar empresas especializadas em determinados ramos, pois não haverá mais a ideia de uma empresa que forneça mão de obra para diversas atividades, devendo, assim, se concentrar apenas em uma e fornecer funcionários especializados para a execução de determinada atividade. “Uma empresa que não é terceirizada, ela é, na verdade, locadora de mão de obra. O projeto acaba com as locadoras de mão de obra, por quê? Ele diz que a empresa só pode ter um objetivo social, a empresa tem que ser especializada”, enfatiza. O PL 4330, de acordo com o autor, prevê uma maior responsabilização das contratadas. Há hoje um calote por parte de empresas terceirizadas. O Projeto cria dispositivos para a fiscalização dessas empresas e a retenção de valores de pagamento quando a contratante percebe que a contratada não esta agindo conforme a lei, no trato com seus funcionários. “Quando esse Projeto de Lei for aprovado, a terceirização vai cair uns 30%, porque uma grande parte das empresas não vai se adequar, visto que são essas empresas que precarizam a relação de trabalho”, destaca Sandro. Porém, ele afirma que não se pode mais barrar o crescimento das terceirizações e cita um exemplo: “A pessoa que faz um curso de eletricista no Senai não quer ser mais empregado em uma empresa, ele quer prestar serviço para várias, montar uma empresinha, contratar pessoas”. Ao ser questionado sobre o porquê as centrais sindicais se colocarem contra a aprovação do seu projeto, Sandro é enfático: “Problemas financeiros. Elas têm medo de perder arrecadação. O problema delas é só financeiro”, destaca.


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‘A pessoa é primordialmente um fio que recebe a vida de outros’ Luciney Martins/O SÃO PAULO

Em visita ao Brasil, Monsenhor Livio Melina, Presidente do Pontifício Instituto João Paulo II para Estudos sobre Matrimônio e Família, tratou sobre a realidade familiar atual Nayá Fernandes

nayafernandes@gmail.com

Em São Paulo, Monsenhor Livio Melina analisa panorama familiar

Diego Vieira da Silva, 27, é médico da família em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) em Guarulhos (SP). Ele estava presente no evento que reuniu estudiosos e membros da Cátedra da Família André Franco Montoro, no campus Perdizes da PUC-SP, na tarde da quinta-feira, 26. O encontro aconteceu por

ocasião da visita do Monsenhor Livio Melina, professor titular de Teologia Moral e Presidente do Pontifício Instituto João Paulo II para Estudos sobre Matrimônio e Família, da Pontifícia Universidade Lateranense (Roma), a São Paulo. Diego participou do encontro em busca de mais conhecimento e auxílio para continuar o trabalho que escolheu como médico da família. Na mesa, ao lado do Monsenhor Melina, estavam o cardeal arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer; Dom Carlos Lema Garcia, bispo auxiliar da Arquidiocese e vigário episcopal do Vicariato para a Educação e a Universidade; Padre Rafael Fornasier, assessor nacional da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB; Gilberto Haddad Jabur, presidente da Cátedra de Família, associada à Faculdade de Direito da PUC-SP, e Francisco

Borba, presidente do Núcleo Fé e Cultura. Outro evento, aberto ao público, foi realizado no mesmo dia, no campus Santana da PUC-SP. Além dos já citados, estiveram na mesa Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana; Padre Valeriano dos Santos, diretor da Faculdade de Teologia e Presidente da Cátedra João Paulo II para a Nova Evangelização, e Padre Denilson Geraldo, professor de Direito Canônico na PUC-SP. Entre as perguntas no evento realizado em Santana, um dos participantes falou sobre a valorização da família e o papel dos intelectuais e formadores de opinião. “Precisamos escutar e aprender com a vida. Importante esta aproximação de humildade, pois a experiência é valiosa para o pensamento”, respondeu Monsenhor Melina.

Um modo de ver a família Em Santana, a palestra do Monsenhor Lívio Melina a respeito dos desafios pastorais sobre a família no contexto da evangelização versou sobre questões como o mal que uma possível “privatização” da família pode causar. “Para entender a intenção que impeliu o Papa Francisco a convocar o Sínodo sobre a Família, é importante retomar seus dizeres aos jornalistas no avião em uma determinada ocasião, sobre a intenção que provinha do Espírito do Senhor: ‘O que Jesus Cristo traz à família?’”, disse o Monsenhor, recordando as palavras do Papa. “Vemos que a urgência não se refere à questão do tempo, mas da profundidade. Sobre o tema família, se concentram todas as relações entre Igreja e sociedade. Assim, para compreender o Sínodo, devemos compreender a forma de observar a família e a tarefa pastoral que se espera à propósito dela”, continuou. O Monsenhor falou sobre três diferentes modos de ver a família: como problema, como recurso ou como boa notícia, isto é, Evangelho. “Muitas dificuldades derivam do fato de se concentrar somente sobre o primeiro aspecto. Fala-se com frequência sobre a crise da família e ela é real, mas é preciso entender as principais causas e considerar que a família cristã como tal, não entrou em crise, mas só a família moderna, porque reflete o individualismo moderno.” A respeito dos principais motivos dessa crise, o Monsenhor citou fatores

Fábio J. Parpinelli

No campus Santana da PUC-SP, evento do Núcleo Fé e Cultura trata da realidade da família

como falta de espaço, de tempo, de raízes profundas. “A família é isolada do restante da sociedade, por causa dos desmandos do individualismo, uma vez que seus membros são indivíduos isolados. Assim, ela é vista como lugar de relações íntimas, que não pertence à sociedade, a não ser como refúgio afetivo, onde a pessoa pode encontrar-se depois do árduo mundo do trabalho. Cria-se, desse modo, a privatização da família que corresponde a uma redução do amor somente ao aspecto sentimental. Uma vez que, por sua própria natureza, as emoções não duram no tempo, à família faltará tempo e esta

estará afundada em relações líquidas ou plásticas. Uma promessa que seja para sempre e fiel acaba por se tornar, nesta sociedade, impossível.”

Valor das relações

“Com a moderna separação entre corpo e alma, o ser humano perdeu suas raízes na natureza e no Cosmos. Este é o panorama atual da chamada cultura do pansexualismo. O homem realiza o sonho de gerar a si próprio e, em uma sociedade formada por indivíduos autônomos, a relação entre pais e filhos representa um paradoxo”, explicou Monsenhor Melina

em sua palestra, na qual ressaltou, também, que a família perde a conexão com a dimensão religiosa e quando a Igreja deixa de falar nesses temas, contribui para essa divisão. “O grande desafio para a família não é tanto a crise, mas o de perceber o grande dom que a família concentra-se em si. A pessoa é, primordialmente, um fio que recebe a vida de outros, nascida de um amor humano que aponta para um amor radicalíssimo. Existe a necessidade de uma hermenêutica familiar, a ecologia do ser humano. Quando se perde a experiência de ser filho, esposo, pai ou irmão, se destrói a base familiar. A privatização da família significa um desastre, pois nela está contido o DNA da sociedade”, disse o Presidente do Pontifício Instituto João Paulo II para Estudos sobre Matrimônio e Família. O Monsenhor considerou que “segundo a fé cristã, a família é, antes de tudo, um recurso divino. As famílias são de diversos modos marcadas pelas fragilidades, pelas culpas pessoais e sociais. No entanto, nelas existe sempre a luz. O ‘nós divino’ constitui o modelo eterno do ‘nós humano’. Na família, a fé acompanha, como uma luz, o caminho da vida. Existe outrossim, um nexo essencial entre a família e a proclamação do mistério do Cristo. Por outro lado, Cristo é essencial, para revelar o significado ontológico definitivo e a missão própria da família”. (colaborou Fábio José Parpinelli)


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Filipe David

osaopaulo@uol.com.br

É possível aprender a ser um escritor ou trata-se de um dom concedido a poucos bem-aventurados? Segundo o professor Rodrigo Gurgel, é possível sim aprender a ser um escritor, mas a empreitada é de longo prazo: “Durante as aulas, rompo com a ideia de que ser escritor é algo místico, um dom concedido a poucos, analiso aspectos centrais da narrativa — tempo, espaço, personagens, tipos de narrador etc. — e mostro como escrever é um trabalho de longo prazo, que exige disciplina, leitura e conhecimento de algumas regras.” Rodrigo Gurgel é o autor de “Muita retórica – pouca literatura”, coletânea de artigos sobre os principais prosadores da literatura brasileira, e sua continuação “Esquecidos & superestimados”, ambos publicados pela Vide Editorial

em 2012 e 2014. Nesses dois livros, Gurgel analisa criticamente o “cânone” da literatura brasileira, composto pela crítica literária ao longo da história, muitas vezes com critérios questionáveis. Pela internet, Gurgel disponibiliza cursos online sobre grandes autores da crítica literária brasileira e universal, como Otto Maria Carpeaux, autor da monumental “História da literatura ocidental”, e Joseph Conrad. Da mesma maneira, estão disponíveis cursos como “A prática de leitura e formação de estilo”, “A descoberta do ensaio”, “Conto – teoria e prática” e “Bases da criação literária”. O autor também oferece um curso presencial – a “Oficina de escrita criativa” – em São Paulo, no bairro de Santana. Vale a pena conferir: www. rodrigogurgel.com.br

A santa escada - um clássico da espiritualidade cristã

Dica de leitura

Internet

Como se tornar um escritor

A Escada do Céu (também conhecida como Escada Santa ou Clímax) é um precioso clássico de espiritualidade e vida interior, escrito por São João Clímaco (581606), o “eremita do Sinai”, a pedido do abade de Raite. Essa Santa Escada a que o santo se refere é a escada das virtudes, comparada à escada que Jacó viu em sonho e às correntes que caíram das mãos de Pedro. “Jesus Cristo”, explica o autor, “sendo de trinta anos, está posto no trigésimo degrau desta escada espiritual”. Portanto, o fim dessa escada é o próprio Senhor. “No meu fraco entender, como mestre e edificador pouco sábio, contei e assentei os degraus dessa escada espiritual: veja agora cada um em que degrau se acha. Quero dizer: considere cada um se escolheu esta vida para viver por seu próprio parecer, ou para alcançar glória dos homens, ou pela soltura de sua língua, ou pelo desenfrear de sua ira, ou para fugir às ocasiões dos apetites e afetos desordenados, ou para tomar vingança de seu corpo e de suas culpas, ou para viver com maior fervor de espírito por alcançar o suavíssimo fogo da divina caridade”. (...) “Subi, pois, irmãos; subi, ordenando alegremente os degraus desta escada em vosso coração, recordando-vos daquele que disse: ‘Vinde e subamos ao monte do Senhor, à casa do nosso Deus, que fez nossos pés ligeiros como de cervos, e nos pôs em lugar alto, para que sejamos vencedores neste caminho’. Correi, rogo-vos,

ao lado daquele que diz: ‘Apressemo-nos a receber o Senhor em unidade de fé e conhecimento de Deus’”. Ficha técnica Autor: São João Clímaco Páginas: 328 Editora: Cultor de livros


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Mais resistência e menos fadiga para vencer Técnica de précondicionamento isquêmico tem sido testada no esporte, levando a melhoras na performance dos atletas Daniel Gomes

danielgomes.jornalista@gmail.com

Nos esportes de alto rendimento, a resistência física em longas jornadas e a diferença de centésimos ou até de milésimos de segundo entre os competidores determinam resultados nas modalidades individuais e coletivas, bem como o sucesso das jogadas. Nesse contexto, diferentes tecnologias têm sido testadas para aprimorar performances. Uma delas é o pré-condicionamento isquêmico (PCI), que permite condicionar qualquer tecido do corpo por meio de ciclos curtos de interrupção e reestabelecimento do fluxo sanguíneo. A ideia base é que o tecido corporal exposto ao PCI apresente melhora de desempenho na hora do exercício e esteja menos suscetível a uma fadiga posterior. Em 2010, pesquisadores holandeses indicaram que a aplicação do PCI nos músculos das pernas de ciclistas, antes que realizassem técnicas de resistência, redundou em uma melhora significativa de desempenho. Na Capital paulista, pesqui-

sadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) que atuam no Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa aplicaram a técnica do PCI em praticantes amadores de futebol, mas que têm uma rotina regular de treinamentos. Por 40 minutos, um aparelho de pressão foi afixado na perna de cada pessoa, sendo inflado e desinflado diversas vezes, levando, assim, à interrupção e restabelecimento do fluxo sanguíneo nos tecidos da perna, antes do início dos testes físicos. “Basicamente, nós avaliamos o efeito do PCI em uma qualidade física importante para o esporte coletivo, chamada de capacidade de sprint repetido, que reflete a capacidade do atleta repetir com a maior velocidade possível, vários sprints separados por intervalos curtos de recuperação, uma situação que é comum em esportes como o futebol. Nossos resultados mostraram que os atletas que utilizaram o PCI obtiveram um melhor desempenho em um teste de sprints repetidos”, explicaram, ao O SÃO PAULO, Thiago Ribeiro Lopes, 32, e Jeann Lúccas de Castro Sabino de Carvalho, 24, educadores físicos que integram a equipe de pesquisadores que aplica o PCI no Centro Olímpico, sob a orientação do professor Dr. Bruno Moreira.

Maior capacidade muscular

Segundo os pesquisadores, os efeitos do pré-condicionamento isquêmico são semelhantes aos de outros recursos

Confederação Brasileira de Ciclismo

Aplicado inicialmente em ciclistas por pesquisadores holandeses, pré-condicionamento isquêmico possibilita melhoria de performance em esportes individuais e coletivos e está sendo testado no Brasil

ergogênicos (substâncias ou artifícios utilizados para melhorar o desempenho esportivo e a recuperação pós-exercício). “O PCI pode ser incorporado a outros recursos ergogênicos que visam aumentar a capacidade de trabalho muscular, dessa forma melhorando a performance”, explicam. Thiago e Jeann também comentaram à reportagem que, conforme estudos mais recentes, a técnica pode ser especialmente útil para esportes de resistência, como corridas, disputas de ciclismo e provas de natação de média e longa duração. “Apesar das diferenças téc-

nicas que esportes individuais e coletivos possuem, elas compartilham variáveis fisiológicas que têm o potencial de serem beneficiadas pela técnica de PCI. O PCI pode aumentar o consumo de oxigênio ao longo do exercício, bem como reduzir a concentração de lactato sanguíneo durante o exercício moderado, o que por si só já beneficia os atletas. Objetivamente falando, o PCI se mostra capaz de atenuar a fadiga, por meio de alterações no metabolismo energético predominante, tornando-o mais eficiente”, detalharam. No Centro Olímpico exis-

tem outros projetos sobre précondicionamento isquêmico, envolvendo treinos intervalados em piscina com atletas de nível universitário, aptidão aeróbica de corredores de longa distância, e modulação da recuperação da frequência cardíaca pósexercício. Apesar dos indicativos benéficos da adoção do PCI, os estudos sobre os efeitos dessa técnica no esporte são recentes e algumas literaturas científicas apontam para variáveis nos resultados conforme a modalidade, volume e intensidade de treinamentos, e grau de profissionalização dos esportistas.

AGENDA ESPORTIVA

Confederação Brasileira de Ginástica

OURO E PRATA PARA O BRASIL Na última semana, dois ginastas brasileiros conquistaram medalhas na etapa de Doha, no Qatar, da Copa do Mundo de Ginástica Artística. O campeão olímpico Arthur Zanetti venceu as disputas das argolas, e Diego Hypólito alcançou medalhas de prata nas provas de solo e de salto.

QUARTA-FEIRA (1º) Liga Nacional de Basquete 20h – Paulistano x Basquete Cearense (Ginásio do Paulistano – rua Colômbia, 77, Jardim América). Libertadores da América de Futebol 22h – Corinthians x Danúbio (Arena Corinthians). SEXTA-FEIRA (3) Liga Nacional de Basquete 20h – Paulistano x Brasília (Ginásio do Paulistano). SÁBADO (4) Campeonato Paulista de Atletismo 8h30 às 17h – Categorias adulto, juvenil e menor (Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa – avenida Ibirapuera, 1.315, Vila Clementino).

Superliga Feminina de Vôlei – Semifinal 11h30 – SESI-SP x Molico/ Nestle (Ginásio do SESI – rua Carlos Weber, 835, Vila Leopoldina). Paulistão de Futebol 18h30 – Palmeiras x Mogi Mirim (Allianz Parque). DOMINGO (5) Campeonato Paulista de Atletismo 8h30 às 16h40 – Categorias adulto, juvenil e menor (Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa – avenida Ibirapuera, 1.315, Vila Clementino). Paulistão de Futebol 16h – Corinthians x Santos (Arena Corinthians).


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Brasilândia

Juçara Terezinha Zottis e Ana Lúcia Contarelli Colaboração especial para a Região

4 mil pessoas pelas ruas da periferia no Domingo de Ramos Juçara Terezinha Zottis

Fiéis lotam ruas do Jardim Princesa e Jardim dos Francos no Domingo de Ramos

Ruas, praças e igrejas na Região Brasilândia ganharam o tom de verde dos ramos e o vermelho da cor litúrgica, no Domingo de Ramos, 29. Logo cedo, os fiéis com folhas de palmeira e plantas medicinais caminharam recordando a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, que marca o início da Semana Santa. Este ano, o lema da Campanha da Fraternidade, “Eu vim para servir”, no contexto da Igreja e sociedade, proporcionou a todos a possibilidade de meditar sobre a realidade de exclusão e sofrimento presente, principalmente, nas periferias. Nesse contexto, as 12 comunidades que

compõem a Paróquia Imaculado Coração de Maria, no Jardim Princesa, fizeram a memória da entrada de Jesus em Jerusalém, aclamado, à época, pelo povo oprimido pelo sistema romano de dominação. A concentração teve inicio às 8h, na praça João Amos, no Jardim Vista Alegre, onde houve a bênção dos ramos. Na sequência, se seguiu a caminhada com mais de 4 mil pessoas, percorrendo cerca de três quilômetros até a escola Estadual Flamingo, no Jardim dos Francos, onde foi realizada a missa do Domingo de Ramos, presidida pelo Padre José Gilmar Moreira, administrador paroquial.

‘Jesus entra em Jerusalém acompanhado de pessoas simples’ Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, presidiu no domingo, 29, a celebração do Domingo de Ramos, na Paróquia São Luís Gonzaga, em Pirituba. Para fazer a memória da entrada de Jesus em Jerusalém, a celebração teve iniício na praça Dom Pedro Fulco Morvidi, com a bênção dos ramos, e seguiu com a proclamação da leitura da Paixão de Cristo durante a missa. “Esta celebração de ramos

faz a gente refletir sobre as injustiças, a falta de amor entre as pessoas. Hoje, também, iniciamos a Semana Santa, em que Jesus é morto porque amou o seu povo”, comentou Irene de Souza, participante da Paróquia São Luís Gonzaga. Durante a homilia, Dom Devair refletiu que “Jesus entra em Jerusalém acompanhado de uma multidão de pessoas simples, pobres e excluídas da sociedade. Ele assume o sofrimento do martírio para cumprir a vontade

Ana Lúcia Contarelli

Dom Devair Araújo da Fonseca abençoa ramos durante missa na Paróquia São Luís Gonzaga

do Pai. O mistério da Paixão de Jesus continua presente hoje naqueles que sofrem e

que são injustiçados. Cabe a nós hoje assumir a cruz de Jesus para continuar a von-

tade de Deus de um mundo justo, solidário”/*, concluiu o bispo.

No CRP, Dom Devair partilha experiências de visitas pastorais O Conselho Regional de Pastoral (CRP) da Região Brasilândia realizou no sábado, 28, a segunda reunião do ano, na Paróquia Santos Apóstolos, no Jardim Maracanã. Houve a partilha dos trabalhos realizados nos setores pastorais, com destaque para o estudo do documento sobre o Sínodo da família, que será realizado este ano. O mutirão de confissões que aconteceu nas últimas duas semanas e a

motivação para a campanha de assinaturas para o projeto de lei de iniciativa popular por uma reforma política também foram ações permanentes nos setores. Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região, ressaltou a necessidade de manter permanentemente a motivação para o sacramento das confissões. “Encontrar um tempo para atender as pessoas durante a semana, seja para confissões, Juçara Terezinha Zottis

Junto a Dom Devair, padres e leigos participam do CRP, dia 28

seja para um aconselhamento, isso fortalece e anima a caminhada”. O Setor Nova Esperança comunicou sobre a criação de uma equipe de casais setorial, que irá cuidar da formação dos noivos. “Esta formação deveria ser um projeto continuado para as famílias, uma preparação para a vida matrimonial, não apenas a preparação dos noivos”, comentou Leda Maria, coordenadora regional de Catequese. No CRP também foi informado que a chapa de oito pessoas apoiadas pela Arquidiocese de São Paulo foi eleita para o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente. Na Região Brasilândia, cerca de 900 pessoas foram votar no dia 15 de março. Dom Devair informou que no mês de março visitou paróquias na Região e passou em quase todas as comunidades,

quando conheceu as diferentes realidades, conversou com os padres, diáconos e lideranças, e presidiu missas. “A acolhida afetuosa dos padres, das lideranças e do povo em geral me impressionou muito. Isso é preciso cultivar e manter. Foi muito importante conhecer um pouco a vida da Igreja da Brasilândia. São, na maioria, comunidades bem estruturadas, com uma vida ativa pastoralmente” destacou o Bispo.

Algumas preocupações também foram apontadas como a questão da acessibilidade de pessoas com deficiência e as pendências jurídicas de muitas comunidades. “A presença da juventude também me chamou atenção. Isso é um bom sinal para o futuro da Igreja. Também percebi que os padres são atuantes e atentos às necessidades das comunidades” concluiu Dom Devair.

AGENDA REGIONAL Quarta-feira (1º), 20h

Missa regional dos santos óleos, presidida por Dom Devair Araújo da Fonseca, na Paróquia São Luís Gonzaga (praça Dom Pedro Fulco Morvidi, n°1, Vila Pereira Barreto).

Sexta-feira (3), 19h30

Encenação da Paixão de Cristo, no estacionamento do supermercado Atacadão (avenida Raimundo Pereira de Magalhães, 11.980, Taipas).


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Benigno Naveira

Colaborador de comunicação da Região

No Jaguaré, Dom Julio une-se a fiéis no Domingo de Ramos Na noite do domingo, 29, na Paróquia São Francisco de Assis, aconteceu a celebração do Domingos de Ramos, com missa presidida por Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, e concelebrada pelo Padre Flavio Heliton da Silva, pároco. O Domingo de Ramos recorda a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, um fato mencionado nos quatros evangelhos: Marcos (11,1); Mateus (21, 1-11); Lucas (19, 28-44) e João (12, 12-19). Antes da missa, pelas ruas do bairro Jaguaré, os fiéis participaram da procissão com os ramos, que partiu da matriz da Paróquia até a casa dos paroquianos Adélia e João Barscevicus. O Senti-

do da procissão de ramos é a peregrinação sobre a terra que cada cristão realiza a caminho da vida eterna com Deus. Os ramos lembram a todos os cristãos, que estes são batizados filhos de Deus, membros de Cristo, participantes da Igreja, defensora da fé católica. Dom Julio recordou que durante as cinco semanas da Quaresma, todos preparam os corações pela oração, penitência e caridade, para vivenciar a Semana Santa e a Páscoa da Ressureição de Jesus. O Bispo afirmou, ainda, que Cristo entrou em Jerusalém celebrando com fé e piedade. “À memória dessa entrada, sigamos os passos de nosso Salvador, para que associados pela graça à sua Cruz, participemos também

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Lapa Benigno Naveira

Dom Julio e paroquianos da São Francisco de Assis durante procissão de ramos pelas ruas do Jaguaré

de sua ressureição e de sua vida”, expressou. Em seguida, Dom Julio proferiu a bênção dos ramos e deu sequência à procissão até a matriz, onde foi celebrada a missa, com a participação de mais 300 fiéis. Na homilia, o

Bispo explicou o porquê de Jesus ter sacrificado a própria vida em favor da humanidade. “Para reunir todos os filhos dispersos de Deus”. Dom Julio refletiu, ainda, que Jesus morreu para que a comunhão e a fraternidade

fossem possíveis: com base em sua ressureição, Ele restaura a comunhão do homem com Deus e dos homens com seus irmãos. O Bispo também realizou o rito de “Escrutínios” para dois catecúmenos adultos.

‘Impossível tirar leite de pedra! Viável é tirar água do telhado’ Em 20 de março, a reportagem da Pastoral da Comunicação regional conversou com o coordenador da Pascom do Setor Pirituba, Nilson Gomes. Ele explicou como foi feito o projeto de captação de águas pluviais na Paróquia Nossa Senhora da Assunção, no Setor Pirituba. Em 1998, o monge beneditino Dom Pedro Savelli, iniciou um projeto para aproveitar as águas da chuva,

que escorriam pelos telhados. Com o lema “Impossível tirar Leite de Pedra! Viável é tirar água do telhado”, o Monge idealizou a captação de águas da chuva, armazenando-as em uma caixa da água com capacidade para 60 mil litros. “Interessante observar que todos os cálculos pluviométricos feitos em 1998, foram superados alguns anos após com as fortes chuvas repentinas

que se intensificavam em São Paulo. Por volta de 2007, já não eram suficientes os meios de escoamentos das fortes chuvas, o que obrigou a construção de um segundo reservatório, feito em 2010, com a capacidade para aproximadamente 40 mil litros. Aprimorando-a, esta segunda foi dividida de modo que as águas chegam ao telhado e uma parte, vai passando por um filtro de areia e vai enchendo

a segunda parte, e por vasos comunicantes à caixa maior, chegando à capacidade máxima de 100 mil litros”, explicou Nilson Gomes. O projeto foi desenvolvido em duas etapas: a primeira caixa foi construída no final de 2002 e entrou em funcionamento em maio de 2003. A segunda, construída em 2010, entrou em funcionamento em setembro do mesmo ano.


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Santana

Diácono Francisco Gonçalves e Cintia Regina Carmin

Colaboradores de comunicação da Região

Paróquia Nossa Senhora da Anunciação tem novo administrador paroquial Diácono Francisco Gonçalves

Padre Antônio precede Dom Sergio na missa de posse na Nossa Senhora da Anunciação

Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, deu posse, na quarta-feira, 25, ao novo administrador paroquial da Paróquia Nossa Senhora da Anunciação, o Padre Antônio José Laureano de Souza. Com a igreja repleta de fiéis vin-

dos de paróquias onde havia atuado, – como Sant´Ana e São Benedito –, Padre Antônio ouviu o Cônego Laerte Vieira da Cunha ler seu decreto de nomeação. Foi um longo caminho percorrido por esse sacerdote nascido em Belém

do Pará, em 27 de dezembro de 1975, dentro de uma família de oito irmãos, que cultivou a fé dada por seus pais. “Em meio a dificuldades, mas com sabedoria e amor, semearam valores que nos fizeram procurar maior intimidade com Deus. Em particular, minha mãe, que na simplicidade testemunhava sua fé arraigada na vida com sua devoção aos santos que sempre atraíram minha atenção”, disse Padre Antônio. O Sacerdote desenvolveu sua vocação na Congregação de São José (Josefinos de Murialdo), sendo ordenando presbítero em 2009. Foi a realização de um projeto de vida, pensado ainda na infância. “Procuro retribuir tudo o que recebi exercendo também com alegria e dedicação meu sacerdócio”, afirmou Padre Antônio, agora sacerdote diocesano. O novo Administrador Paroquial

deixa esta mensagem aos paroquianos da Nossa Senhora da Anunciação: “A missão que recebi é assumida com muito amor, esperança e fé. Estou aqui para somar forças com todos os paroquianos comprometidos com a caminhada pastoral da nossa comunidade, contribuindo para a comunhão e participação em nossa Arquidiocese. Procurarei exercer o meu ministério com zelo e disponibilidade para levar o Cristo à vida do nosso povo. Venho como pastor, e principalmente como discípulo e missionário, para fazer a vontade de Cristo, colocando nas mãos de Deus meus planos, e permitindo que ele os mude, se for de sua vontade. Procurarei ser o Bom Samaritano e o Cristo Misericordioso na acolhida aos que me procurem para reconciliar-se com Deus, para juntos celebrarmos a Eucaristia em uma liturgia viva e encarnada na vida”.

Com Nossa Senhora da Salette, 75 anos de uma história missionária No dia 24, a Paróquia Nossa Senhora da Salette completou 75 anos de fundação. Para comemorar, houve uma uma série de atividades, destacando-se o “Projeto Missão Paroquial”. Tendo como fundamento o Documento 100 da CNBB e para testemunhar Jesus Cristo na cidade, as lideranças paroquiais, após o cadastramento dos moradores e estabelecimentos comerciais pertencentes à área paroquial, saíram em missão, juntamente com a Equipe Missionária de Marcelino Ramos. Ao todo, a missão proporcionou 520 momentos de bênçãos, entre os dias 1º e 23 de março. No dia do aniversário do jubileu foi realizada missa solene, presidida por Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região

Santana, e concelebrada pelos padres saletinos Marcos Queiroz, reitor e pároco; Alfredo Granzotto; Nilto Gasparetto; Luciano Batista; Bolivar Hauck; Atico Fassini; Marcos Almeida; Renildo Brito; João Holekm, e Edegard Silva Junior, provincial. Padre Marcos Queiroz, em agradecimento, lembrou-se dos sacerdotes e leigos que atuaram na vida pastoral da Paróquia. Dom Sergio, na homilia, exaltou a coragem dos missionários saletinos, que iniciaram a missão na Paróquia Sant’Ana, passando, posteriormente, à Paróquia Santa Cruz e pela região do alto de Santana. O Bispo elogiou a determinação dos padres em levar a Palavra de Deus, mesmo expostos às dificuldades de acesso, às doenças e ao isolamento da época.

Jocely Araújo

Jovem, personificando Nossa Senhora da Salette, leva ao altar bênção apostólica do Papa

Ao final da celebração, embalados pelo hino dos 75 anos, composto pelo maestro Enzo Bertolini e por Raquel Carone, uma jovem, personifican-

Secretaria: espaço de acolhida paroquial Reunidos na Cúria de Santana, no dia 24, secretários paroquiais tiveram dia de formação com base no Documento 100 da CNBB,

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“Comunidade de comunidades: uma nova paróquia”, que propõe reflexão e ações práticas para uma conversão pastoral da paróquia. A acolhida foi feita por Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, que apresentou os objetivos do evento assessorado pelo coordenador regional de pastoral, Padre João Luiz Miqueletti. O sacerdote abordou o papel da secretaria no acolhimento paroquial, espe-

cialmente dos afastados, a partir da conversão paroquial e pastoral, com ideias do significado da paróquia como “casa do pão, casa da caridade e acolhida”. Na parte da tarde, Elaine Mendes, da administração da Cúria, tratou de sanar dúvidas na elaboração de documentos encaminhados pelas paróquias à Cúria. Dom Sergio presidiu missa de encerramento desse encontro, que terá prosseguimento no próximo semestre.

do Nossa Senhora da Salette, caminhou até ao altar trazendo nas mãos a bênção apostólica enviada pelo Papa Francisco.

Diácono Francisco Gonçalves

Padre Edival Alves dos Santos, à esquerda de Dom Sergio Borges e de Padre Cândido da Costa, foi apresentado, em 22 de março, como vigário paroquial da Paróquia Santa Inês, para atuar na Comunidade Nossa Senhora de Fátima, onde foi realizada a missa de sua apresentação.


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Fernando Geronazzo

Colaborador de comunicação da Região

Dom Eduardo: Jesus se entrega à morte pela salvação da humanidade A Paróquia São Joaquim, no Cambuci, celebrou o Domingo de Ramos, no dia 29, com a presença do bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, Dom Eduardo Vieira dos Santos, em sua primeira visita à comunidade. A chuva fraca que caía não impediu os fiéis de se reunirem na praça central do bairro para a primeira parte da celebração, o rito da bênção dos ramos, quando é proclamado o trecho do Evangelho que narra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, sobre um jumentinho, sendo aclamado pela multidão. “Somos convidados pelo Senhor a nos unirmos a ele nos seus últimos dias sobre a terra. Jesus entra em Jerusalém, toma a firme decisão de, por amor, se entregar à morte pela salvação da humanida-

de”, exortou o Bispo, antes de convidar o povo a seguir em procissão pelas ruas do bairro. No caminho da procissão, houve uma parada diante do Hospital Cruz Azul, onde a Paróquia desenvolve trabalhos pastorais, para um momento de oração pelos enfermos e os profissionais da saúde. Ao chegar à frente da matriz paroquial, os jovens da Paróquia fizeram uma encenação de duas passagens do Evangelho: a cura do cego pelo caminho e a expulsão dos vendilhões no templo. No interior da igreja, a celebração continuou com a sequência da liturgia da Palavra e a proclamação da narrativa da Paixão de Cristo. Na homilia, Dom Eduardo recordou que a Paixão de Jesus se prolonga na vida de

‘Jovens, não tenham medo da cruz’ Na mesma celebração, Dom Eduardo também recordou que no Domingo de Ramos, a Igreja celebra o Dia Mundial da Juventude. “Jovens, não tenham medo do compromisso, de proclamar a vossa fé, de dizer que pertencem a Jesus, que caminham

Fernando Geronazzo

No Domingo de Ramos, na Paróquia São Joaquim, jovens fazem encenação de passagens bíblicas

tantas pessoas, nas diferentes situações de morte existentes na sociedade, mas salientou que em Jesus a morte foi vencida. “Se ainda hoje há

com ele. Não tenham medo de viver profundamente a vossa juventude, de viver autenticamente a vossa fé. Não tenham medo da Cruz. Se tivermos o nosso olhar fixo no crucificado, iremos até o fim com ele”, acrescentou. O Padre José Donizeti Coelho, pároco da São Joaquim e assessor do Setor Juventude na Região Sé, explicou que a Paróquia se preocupou em envolver os jovens o máximo possível

inúmeros casos de morte no mundo, sobretudo de inocentes, precisamos estar certos que Cristo não morreu em vão, mas para que todos

nas celebrações da Semana Santa. “Nós temos criado esse caminho de buscar a formação e informação e fazer com que os jovens tenham vontade de estar e viver na Igreja. São os jovens que evangelizam os próprios jovens, sendo transformadores de mentalidades, convencidos de que é importante experimentar Jesus em suas vidas”, disse o Padre. Luciano Henrique Tomczinski

nós tivéssemos vida em plenitude. Na sua Paixão e morte, Cristo sepultou a morte para que a vida triunfasse”, disse.

Novellini, 23, coordenador do grupo Jovens Católicos (Juca), explicou que todos os anos é feita a encenação do Domingo de Ramos e na Sexta-feira Santa, a encenação da Paixão de Cristo. “O Padre nos dá a liberdade para sermos atuantes em uma missa grande, com a presença do bispo. É um sinal de confiança e incentivo. É uma maravilha ver os jovens empenhados na Semana Santa”, destacou.

Belém

Diácono Jorge Luiz de Almeida Colaboração especial para a Região

700 pessoas no Domingo de Ramos juntas a Dom Edmar Peron Diácono Jorge Luiz de Almeida

Dom Edmar abençoa ramos dos fiéis na Paróquia Divino Espírito Santo

Na manhã do domingo, 29, a Paróquia Divino Espírito Santo acolheu a Dom Edmar Peron, bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Belém, que presidiu a celebração de Domingo de Ramos. Foram concelebrantes o Padre Carlos Mariano, pároco, e o Padre Vitor, ambos religiosos da Congregação do Espirito Santo e do Imaculado Coração, Padres Espiritanos. A celebração contou também com a participação do diácono permanente Jorge Luiz. A celebração foi bem participada pelos paroquianos das nove comunidades que compõem a Paróquia Divino Espírito Santo. O início foi com a procissão dos ramos na Comunidade Cristo Salvador, percorrendo a avenida Arquiteto Vilanova Artigas, até a Comunidade Sagrada Família. A Assembleia reunida contou com a participação de 700 pessoas, aproximadamente. Dom Edmar, na homilia, exortou a assembleia a viver intensamente a Semana Santa.

AGENDA REGIONAL Quarta-feira (1º), 12h

Missa dos santos óleos, no Colégio Nossa Senhora de Lourdes (rua Aureliano Lessa, 127, Água Rasa).

Quinta-feira a Sábado (2 a 4)

Tríduo Pascal, com a presença de Dom Edmar Peron, na Paróquia São José de Vila Zelina (praça República Lituana, 74, Vila Zelina). Dias 2 e 4, às 20h; e dia 3, às 15h.

Domingo (5), 6h

Páscoa da Ressurreição do Senhor, na Paróquia São José de Vila Zelina.


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Ipiranga

Padre Pedro Luiz Amorim e Nei Márcio de Oliveira Sá Colaboradores de comunicação da Região

Jovens, ‘felizes os puros de coração, porque verão a Deus’ Claudio Seiji

No Dia Mundial da Juventude, 120 jovens participam da procissão das luzes na Região Ipiranga

OBRA KOLPING DO BRASIL

Balanços patrimoniais em 31 de dezembro e de 2014 e de 2013

Em reais

Ativo Nota 2014 2013 Circulante Caixa e equivalentes de caixa 34.574 72.269 Caixa e equivalentes de caixa – com restrição - 17.245 Aplicações financeiras 03 89.447 232.364 Aplicações financeiras - com restrição 04 1.102.012 Créditos a receber 07 99.632 261.181 1.325.665 583.059 Não circulante Imobilizado 16 19.292.576 1.154.841 19.292.576 1.154.841 Total do ativo 20.618.241 1.737.900 Passivo Nota 2014 2013 Circulante Fornecedores 678 34.724 Obrigações sociais 05 4.094 32.427 Obrigações tributárias 06 1.834 2.240 Provisão de férias e encargos 29.438 62.875 Projetos a desenvolver 15 1.102.012 Outros passivo circulante - 88.101 1.138.056 220.367 Não circulante Provisão para contingências 38.332 Total do patrimônio líquido 38.332 Patrimônio liquido Patrimônio líquido Total do patrimônio líquido Total do passivo e patrimônio líquido

19.441.853 1.517.533 19.441.853 1.517.533 20.618.241 1.737.900

Área de atuação Nota 2014 2013 Eduação Receitas de convênios 209.946 234.756 Outras receitas - Despesa com pessoal (161.702) (165.714) Outras despesas (53.774) (74.174) Resultado Líquido (5.530) (5.132) Assistência Social Receitas de convênios 10 1.572.095 16.498 Outras receitas 150.873 1.138.688 Despesa com pessoal (206.235) (413.304) Outras despesas (1.533.395) (1.052.826) Resultado Líquido (16.662) (310.944) Demais atividades Receitas de aluguéis 106.287 Outras receitas 794.057 1.530.743 Despesa com pessoal (331.268) (646.000) Outras despesas (794.897) (483.031) Resultado Líquido (225.821) 401.712 TOTAL LÍQUIDO (248.013) 85.636 Nota: As demonstrações completas e auditadas bem como as respectivas notas explicativas estão à disposição na Sede da Obra Kolping do Brasil.

Wagner Carneiro de Santana RG: 26.625.197-7 CPF: 199.922.428-09 Presidente

Catherine Jean Marcouizos CRC: 229.095/0-1 CPF: 806.243.758-20 Técnica de Contabilidade

O Setor Juventude da Região Ipiranga celebrou o Dia Mundial da Juventude no sábado, 28, com uma Noite de Oração, no Colégio Marista Arquidiocesano. Reunindo cerca de 120 participantes, o evento contou com a jovens de várias

comunidades da Região. Na abertura houve uma animação musical feita pelo grupo “Ministério Eucarístico”, da Paróquia-santuário São Judas Tadeu. Nei Márcio Oliveira de Sá, coordenador do Setor Juventude na Região, acolheu os participantes e, na sequência, jovens do Movimento Juvenil Dominicano, da Paróquia São Vicente de Paulo, entoaram refrões de Taizé, para melhor interiorização. Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, apresentou reflexões a partir do tema da Mensagem do Papa Francisco aos jovens do mundo, “Felizes os puros de coração, porque verão a Deus” (Mt 5,8). Dom Carlos Lema Garcia, bispo Auxiliar

da Arquidiocese e referencial para o Setor Juventude, também comentou a mensagem do Papa e convidou os jovens a viverem uma Semana Santa com profundidade e fé. Padre Pedro Luiz Amorim, pároco da Paróquia Santa Paulina, no Heliópolis, e coordenador de pastoral da Região, falou sobre a profissão de fé e coordenou uma “Procissão das Luzes” no espaço do colégio. Ao retornar à capela, Padre José Lino Freire, assessor eclesiástico do Setor Juventude, coordenou um breve momento de adoração eucarística. O Dia Mundial da Juventude foi criado por São João Paulo II, em 1985, e prepara os jovens do mundo inteiro para as Jornadas Mundiais da Juventude.

Arquivo pessoal

Laize Teixeira

O Conselho Regional de Pastoral (CRP) da Região Ipiranga reuniu-se no sábado, 28, para tratar do questionário de preparação para o Sínodo ordinário que acontecerá em outubro próximo, cujo tema será a evangelização das famílias. Os resultados dessa discussão serão anexados aos outros questionários já enviados pelas comunidades paroquiais, e serão entregues ao Secretariado Arquidiocesano de Pastoral, que repassará para as instâncias responsáveis.

No domingo, 29, Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, presidiu a celebração do Domingo de Ramos, na Paróquia São João Clímaco.

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Cardeal Scherer convida à intensa vivência da Semana Santa Redação

osaopaulo@uol.com.br

Em mensagem a toda a Arquidiocese de São Paulo, no domingo, 29, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, convida todos os fiéis a vivenciarem de forma intensa a Semana Santa. “(...) desejo convidar a todos os filhos da Igreja a participarem intensamente das celebrações da Semana Santa nas paróquias e igrejas. A Semana Santa deveria ser um grande retiro anual do povo católico, mediante a participação nas celebrações da Igreja, sobretudo do Tríduo Pascal”, aponta em um dos trechos da mensagem. Dom Odilo também exorta os fiéis a retomarem o significado originário da Páscoa. “Talvez nos deixamos levar por um processo gradual de ‘secularização’ da Páscoa, colocando mais atenção no ‘feriadão da Páscoa’, ocasião para viajar e se divertir, nas comidas típicas ou nos presentes da Páscoa... Precisamos voltar ao significado originário da Páscoa cristã!”. A íntegra da mensagem pode ser lida ao lado.

Viver a Semana Santa Cardeal Odilo Pedro Scherer

Arcebispo de São Paulo São Paulo, 29.03.2015

Viver a Semana Santa Com o Domingo de Ramos, iniciamos a celebração da Páscoa. A Semana Santa inteira é “celebração da Páscoa” e, também, a Oitava da Páscoa, depois do Domingo da Ressurreição de Jesus Cristo. Estas são as celebrações centrais da nossa Igreja, nas quais recordamos os últimos dias de Jesus aqui na terra, suas recomendações mais fortes aos discípulos, seus dons mais excelentes à Igreja, sua “entrega” pela humanidade na paixão e morte de cruz pelos nossos pecados, sua ressurreição, glorificação e o dom da “vida nova” para a humanidade.

Por isso, desejo convidar a todos os filhos da Igreja a participarem intensamente das celebrações da Semana Santa nas paróquias e igrejas. A Semana Santa deveria ser um grande retiro anual do povo católico, mediante a participação nas celebrações da Igreja, sobretudo do Tríduo Pascal. Nós perdemos muito dos belos costumes do povo católico, ligados às celebrações da Semana Santa e da Páscoa. Talvez nos deixamos levar por um processo gradual de “secularização” da Páscoa, colocando mais atenção no “feriadão da Páscoa”, ocasião para viajar e se divertir, nas comidas típicas ou nos presentes da Páscoa... Precisamos voltar ao significado originário da Páscoa cristã! Os pais e avós pensem como podem motivar as crianças e os jovens para assimilarem a “alma católica” das festas e celebrações da nossa Igreja. Nas comunidades e paró-

quias, não se deixe de oferecer abundante ocasião para a participação de todos nos diversos momentos da rica Liturgia da Semana Santa. Também para uma boa confissão pascal. No Domingo de Ramos, fizemos em todas as igrejas e comunidades o “gesto concreto de solidariedade”, da Coleta da Campanha da Fraternidade. Com nossa ajuda generosa, muitas obras e iniciativas de solidariedade e caridade cristã podem ser apoiadas nas dioceses, pelo Brasil afora. Na Sexta-Feira Santa é feita em todas as igrejas a Coleta para os Lugares Santos, gesto de solidariedade para com os cristãos que vivem na Terra Santa (lugares bíblicos), testemunhando sua fé no Evangelho de Cristo, com frequência, em meio a perseguições e até martírios! Desejo que todos possam viver bem esta celebração da Páscoa! O Senhor da vida nos conceda a vida!


24 | Geral |

1 a 7 de abril de 2015 | www.arquidiocesedesaopaulo.org.br

Domingo de Ramos

Dom Odilo Scherer recorda: A Semana Santa não é um período de férias Luciney Martins/O SÃO PAULO

Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com

Após a bênção dos ramos, fiéis se dirigem em procissão para a Catedral

Nem a chuva que caiu na manhã do domingo, 29, impediu que os fiéis, com ramos nas mãos, se reunissem próximo ao Marco Zero, coração da cidade de São Paulo, para celebrar o Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor. A celebração, que dá início a Semana Santa, faz um memorial da entrada messiânica de Jesus em Jerusalém. Na homilia, o Cardeal Scherer destacou que a Semana Santa para os católicos não é uma semana de férias, mas um momento de intensa oração, na qual os fiéis são convidados a se unirem a Cristo nos passos de sua paixão, morte e ressureição. “Esta é uma semana religiosa por excelência, Semana Santa, e por isso não podemos perder a oportunidade de participar intensamente

das celebrações”, afirmou Dom Odilo. O Arcebispo destacou, ainda, que todas as celebrações desta semana “fazem parte da celebração da Páscoa”. Dom Odilo convidou os fiéis a acompanharem com fé o Tríduo Pascal. Ele afirmou que durante esses dias, a Igreja é convidada a sentar à mesa com o Senhor, comer o Pão – seu Corpo e seu Sangue -, e ter os pés lavados, um sinal do amor-serviço de Jesus pelos seus discípulos. Da mesma forma, a Igreja, na Paixão de Cristo, é condenada à morte, carrega a cruz, é crucificada, posta no túmulo e ali permanece. No sábado, ao celebrar a Vigília Pascal, a Igreja espera a “solene renovação da vida”, que com alegria se dá no Domingo de Páscoa da Ressureição do Senhor, momento para junto com Jesus se livrar das amarras da morte e viver a vida nova.

Dom Odilo destacou ainda as atitudes que o católico deve ter diante da Paixão de Cristo. Para ele, o fiel deve, em primeiro lugar, fazer uma autêntica profissão de fé, como destaca a narrativa da Paixão: “Na verdade, esse homem era filho de Deus”. Em um segundo momento, uma adesão a Jesus Cristo, a seus caminhos e a seu Evangelho. Por fim, o Cardeal destacou que os fiéis devem ver que a “Paixão de Cristo continua ainda hoje nas pessoas”, principalmente nos mais sofredores, carentes e abandonados, portanto, é preciso, como consequência da fé e da adesão a Cristo, viver a solidariedade aos outros, reconhecendo neles o Cristo sofredor. Dom Odilo ainda ressaltou que principalmente na Sexta-feira Santa, a Igreja não manda as pessoas comerem peixes caros, mas recomenda o jejum e a abstinência até de peixe.

Via-sacra do Menor rechaça a redução da maioridade penal

Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com

“O que está acontecendo ai? É mais uma manifestação?”, perguntou um senhor que passava pelo Pátio do Colégio, na sexta-feira, 27. Para o morador da Capital, se fosse uma manifestação não seria novidade. Porém, a aglomeração de crianças e jovens no local onde nasceu a cidade, tinha um motivo mais especial, a “Via-sacra da criança e do adolescente”. Este ano, o tema da Via-sacra seguiu as reflexões da Campanha da Fraternidade: “Eu vim para servir”. “O tema e lema da Campanha da Fraternidade animam a nossa caminhada, que com antecedência é trabalhado nos projetos de atendimento a criança e ao adolescente. Faixas, cartazes, palavras de ordem são construídos pelas crianças e, também, as Es-

tações são apresentadas por elas, acompanhadas pelos educadores. É a oportunidade de serem vistos e mostrar para a sociedade o trabalho da Igreja. A Via-sacra educa, informa, anuncia e denuncia de uma forma lúdica e cativante”, afirmou a coordenadora da Pastoral do Menor da Arquidiocese de São Paulo, Sueli Camargo. Realizada há 27 anos, a Viasacra é organizada pela Pastoral do Menor da Arquidiocese de São Paulo e busca refletir, à luz do caminho da crucificação de Cristo, as lutas, dores e dificuldades das crianças e adolescentes no Brasil. O encontro dá protagonismo aos jovens, deixando que sejam responsáveis por elaborar e apresentar as Estações da Via-sacra. Este ano, as paradas foram realizadas em formas de “encontros”. Partindo da crucificação, realizada no Pátio do Colégio, a

Pastoral do Menor mostrou os crucificados da sociedade, com ênfase nas crianças. Um adolescente, representando Jesus, carregou uma cruz pelas ruas da cidade. Nas três Estações seguintes – largo do Patriarca, largo São Francisco e praça da Sé – foram refletidas passagens do Evangelho em que a presença de Jesus gerou uma mudança de vida nas pessoas que estavam pelo caminho – Zaqueu, a mulher hemorrágica, a Samaritana. Ainda na Sé, nas escadarias da Catedral, foi interpretado a cena do Lava-pés, dando a dimensão do serviço ao outro.

‘Muitas das crianças presentes, são vítimas do individualismo da sociedade’

“A Via-sacra, da primeira estação em que apresentamos os crucificados da sociedade, durante as

procissões nas quais afirmamos a importância de ser cristãos em meio ao mundo, até o lava-pés na escadaria da Catedral, salientou a importância do servir. A mensagem fica. Tenho certeza que esta lição eles levarão para vida, não só as crianças, mas muitos transeuntes que pararam, participaram e cantaram”, comentou Sueli. Além da Pastoral do Menor das regiões episcopais, participaram do evento a Rede Marista de Solidariedade e o BomPar, entre outras instituições. Para Ana Paula Ferreira Curcio, 30, diretora da Creche Sapopemba 1, a Via-sacra é “um momento de trabalhar a espiritualidade na unidade”. Ana Paula destacou que o tema e lema da CF 2015 colaboraram muito com os trabalhos realizados na creche. De acordo com a diretora, todas as quintas-feiras

há momentos de espiritualidade, neste início de ano. Iluminados pela CF, as educadoras aprofundaram ainda mais, as questões de amor ao próximo e de serviço. Tema muito presente na Viasacra, a redução da maioridade penal foi rechaçada por todos os participantes do encontro. Educadores e estudantes traziam cartazes contrários à redução da idade penal. “Aprovar a redução da idade penal é crucificar a juventude. É retroceder na história de conquista dos direitos da criança e do adolescente. É jogar o adolescente em um sistema penitenciário falido. A Pastoral do Menor, a Pastoral da Juventude, a CNBB e outros organismos já se manifestaram que ser favorável a esta medida é ferir o direito de vida em plenitude para toda a juventude, adolescentes e crianças”, afirmou Sueli.


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