Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 60 | Edição 3050 | 6 a 12 de maio de 2015
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Cardeal Scherer: não é aceitável cumplicidade com o genocídio Na sexta-feira, 8, às 19h, na Catedral da Sé, será celebrada missa em sufrágio das vítimas do primeiro grande massacre do século XX, o “Genocídio Armênio”, ocorrido em 1915, quando o império turco-otomano matou cerca de 1,5 milhão de armênios. Nesta edição do O SÃO PAULO, o Cardeal Scherer, arcebispo metropolitano, enfatiza que as ações de genocídio “devem ser condenadas com firmeza e veemência, não sendo aceitável nenhuma cumplicidade com elas”. O Cardeal também alerta que “o genocídio, ge-
Luciney Martins/O SÃO PAULO
ralmente, é a ‘solução final’ de um longo processo de discriminação, intolerância e ódio, alimentado no meio da população por grupos fundamentalistas radicais e fanáticos, ou por partidos oportunistas”. Ainda segundo Dom Odilo, “alimentar ódios e discriminações de qualquer tipo pode ser cômodo para caudilhos sedentos de poder. Para o convívio social, no entanto, isso pode ser fermento de imensas tragédias, como o genocídio armênio”. Página 3
114ª Romaria arquidiocesana leva 15 mil devotos a Aparecida Uma multidão de 15 mil fiéis de diversas paróquias da Arquidiocese de São Paulo participou da 114ª Romaria arquidiocesana ao Santuário Nacional de Apareci-
da, realizada no domingo, 3. “Queremos renovar nosso pedido a Nossa Senhora Aparecida: velai por nossas famílias”, afirmou o Cardeal Odilo Pedro Scherer,
terceirizações
arcebispo metropolitano de São Paulo, durante a missa que presidiu na basílica dedicada à Padroeira do Brasil. Página 23 Luciney Martins/O SÃO PAULO
sem limites
todos podem perder Empresas contratantes, trabalhadores e terceirizadas em todo o País podem ser prejudicados se o Projeto de Lei 4330 for aprovado da forma como chegou ao Senado. A terceirização ilimitada será um retrocesso em relação às conquistas trabalhistas adquiridas. O SÃO PAULO, ao conversar com especialistas, constata que hoje uma empresa que contrata terceirizados, objetiva, sobretudo, cortar gastos. Profissionais que já estão sobre esse regime têm excessivas horas de trabalho, salários baixos e metas impossíveis de serem cumpridas. Páginas 11 a 14
São José Operário inspira mundo do trabalho Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, no interior paulista, lota durante 114ª Romaria da Arquidiocese de São Paulo, no domingo, 3
Diálogo pela paz une Processo de beatificação Padre Júlio critica de Dom Hélder Câmara ação violenta do poder jovens cristãos, judeus é aberto em Olinda (PE) público na Cracolândia e islâmicos em SP Página 8
Página 15
Páginas 7 e 21
Na memória litúrgica de São José Operário, em 1º de maio, Dia do Trabalho, Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar de São Paulo, presidiu missa na Catedral da Sé, junto a representantes de pastorais e organismos do Mundo do Trabalho. Após a celebração, houve ato público na praça da Sé, com críticas ao projeto de lei das terceirizações. Página 15
2 | Ponto de Vista |
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Editorial
O trabalho e a construção do Brasil
N
esta edição, o jornal O SÃO PAULO dedica um grande espaço à discussão projeto de lei que propõe novas regras para a terceirização do trabalho, e às comemorações do Dia do Trabalho. Num momento difícil para a nossa sociedade, é fundamental retomar a importância do trabalho e da dignidade do trabalhador para a construção do bem comum. Nenhum bem duradouro pode vir de soluções fáceis que não reconheçam esses dois pilares de um desenvolvimento humano integral. Dificuldades do presente e opções erradas do passado podem fazer com que a redução dos direitos e das garantias dos trabalhadores apareçam como soluções para os problemas. Porém, esse é um en-
gano que trará consequências adversas no futuro. O Brasil se destacou, em sua história recente, por leis e políticas sociais avançadas, que reconhecem e valorizam a dignidade da pessoa humana, como a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que vem de 1943, e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), de 1990. Mazelas dos homens públicos, políticas econômicas demagógicas e pouco realistas, gestão ineficiente do governo, vantagens indevidas dadas a empresários e políticos têm criado um falso antagonismo entre essas políticas sociais e o desenvolvimento econômico ou até mesmo a segurança dos cidadãos. Momentos de crise são importantes ocasiões de reflexão e correção de rota.
Muitas coisas devem mudar na condução da vida política, econômica e social brasileira. Mas o caminho a seguir tem que conciliar os ajustes e os “endurecimentos” necessários em todas as áreas com o reconhecimento dos direitos. A produtividade do trabalhador brasileiro é relativamente baixa, quando comparada à de outros países. É menor, por exemplo, do que a de nossos vizinhos, a Argentina (em grave crise econômica) e o Chile. Em 1980, nossa produtividade por trabalhador era parecida com a da Coreia, hoje é cerca de dois terços menor. O trabalhador brasileiro não é mais “preguiçoso” ou menos empreendedor que o trabalhador desses países – ainda que muitos queiram dizer o contrário. Todos conhecemos brasileiros muito tra-
balhadores, e estudos recentes mostram que até mesmo o favelado brasileiro, tão discriminado em certos âmbitos, pode ser muito empreendedor. O que está errado? Faltam políticas sociais e econômicas que valorizem o esforço e o empreendedorismo do trabalhador brasileiro: educação de qualidade, investimentos em infraestrutura, apoio ao empreendedorismo, legislação ágil e eficiente. Todas essas coisas têm feito parte de discursos demagógicos dos governantes, mas pouco tem sido vistas na prática. O Brasil não deve eliminar os direitos a tanto custo conseguidos por seus trabalhadores, mas precisa desenvolver uma cultura de respeito ao trabalho e ao trabalhador que nos ajude a superar os gargalos da atual situação econômica.
Opinião
O desejo de família semeado pelo Criador Sergio Ricciuto Conte
Padre Denilson Geraldo A transformação no conceito de família está levando à dificuldade de compreensão e aceitação da unidade e indissolubilidade como propriedades essenciais do Matrimônio entre os batizados. No entanto, a questão é mais grave no que se refere a tais conceitos relacionados aos matrimônios naturais, isto é, entre os não batizados. O Sínodo dos bispos, para este ano, colocou alguns questionamentos para o recebimento e o aprofundamento da Relatio Synodi (n.6): Quais são as linhas de ação predispostas para suscitar e valorizar o “desejo de família” semeado pelo Criador no coração de cada pessoa, e presente especialmente nos jovens, até mesmo de quantos vivem em situações familiares não correspondentes à visão cristã? Entre os não batizados, quão forte é a presença de matrimônios naturais, inclusive em relação ao desejo de família dos jovens? A relativização do Matrimônio é uma característica da nossa cultura e o reconhecimento da união civil como família de pessoas do mesmo sexo é uma de suas consequências. Nesse contexto, é urgente recordar o conceito de natureza humana ou, como Bento XVI oportunamente utilizou em seu discurso ao Parlamento alemão em 2011, a noção de ecologia humana. As propriedades do Matrimônio, unidade e indissolubilidade, referem-se ao caráter antropológico desse ato, sendo
exigidas pela profundidade e extensão do vínculo matrimonial em proporção ao compromisso para com a pessoa envolvida e com a sociedade. Além do mais, torna-se garantia para o futuro na educação dos filhos, que sempre esperam a unidade da própria família. Em muitos ambientes, o Matrimônio tornou-se um assunto exclusivamente religioso, deixando de ser considerado natural ao ser humano. Pelo contrário, ao considerar o Matrimônio como inerente ao ser hu-
mano, a indissolubilidade e a unidade são conceitos que também dizem respeito ao social e não somente ao religioso. Desse modo, o tema família diz respeito ao bem público, considerando que as dificuldades experimentadas pelas famílias têm influência na participação da criança na escola, no trabalho dos pais, no conceito de lazer e divertimento necessários à família, no mundo da economia e no desenvolvimento psicológico, emocional, religioso e social da pessoa. De fato, a pastoral familiar tem muito a
trabalhar para ser capaz de influenciar as políticas públicas em favor das famílias e para que sejam eleitas como prioridades. Tais políticas exigem que a família tenha casa própria, trabalho digno, educação de qualidade às crianças e assistência médica condizente. Ora, o bem-estar da pessoa passa pela família e, sem essa natural instituição humana, nenhuma sociedade se sustenta porque a família é a primeira, fundamental e natural experiência de sociabilidade, considerando quão determinante seja para pessoa. Assim, as propriedades essenciais do Matrimônio, unidade e indissolubilidade, tornam-se elementos-chaves para a vida em sociedade. Jesus Cristo, quando perguntado sobre o assunto, relembrou o projeto do Criador, a ecologia humana que está inscrita na natureza humana: “Não lestes que desde o princípio o Criador os fez homem e mulher? E que disse: Por isso, o homem deixará pai e mãe, se unirá à sua mulher e os dois serão uma só carne?”. Entre os batizados, essa união humana foi elevada à dignidade de sacramento, isto é, pelo consentimento matrimonial dos noivos transmite-se uma graça invisível. Consequentemente, o matrimônio natural possui as propriedades essenciais, unidade e indissolubilidade, presentes desde o início do vínculo. Afinal, o desejo de família foi semeado pelo Criador no coração humano. Padre Denilson Geraldo, SAC, é professor da Faculdade de Teologia da PUC-SP e membro da Cátedra Franco Montoro de Direito da Família da PUC-SP.
As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.
Semanário da Arquidiocese de São Paulo
Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação Semanal • www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Redator chefe: Daniel Gomes • Reportagem: Cônego Antônio Aparecido Pereira, Edcarlos Bispo, Filipe David e Nayá Fernandes • Institucional: Rafael Alberto e Fernando Geronazzo • Fotografia: Luciney Martins • Administração: Maria das Graças Silva (Cássia) • Secretaria de Redação: Djeny Amanda • Assinaturas: Ariane Vital • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Edição Gráfica: Ana Lúcia Comolatti • Revisão: Maria Aparecida Ferreira • Impressão: Alliance Editorial S.A. • Redação e Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 36669660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinaturas) • Números atrasados: R$ 1,50 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.
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cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo
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o próximo dia 8 de maio, na Catedral da Sé, em São Paulo, será celebrada uma Missa em sufrágio das vítimas do primeiro grande massacre do século 20, conhecido como “Genocídio Armênio”. Em 1915, o partido dos “Jovens Turcos”, que mandava no império turco-otomano, resolveu suprimir a minoria armênia que vivia em seu território; na ocasião, morreram cerca de um milhão e meio de armênios. Já no final do século 19, de 1894 a 1896, o sultão Abdul Hamid, do mesmo império, havia promovido a eliminação de cerca de 300 mil armênios. Na raiz desse genocídio esteve a situação territorial do povo armênio não resolvida, a discriminação étnica das presentes em várias partes do território turco, bem como a intolerância e o racismo. O ódio crescente contra os armênios levou à “solução final”, ou seja, à expulsão e eliminação dessa minoria. Circunstâncias históricas, como as atenções do mundo concentradas sobre as frentes de batalha da primeira grande guerra mundial, favoreceram o descaso geral em relação ao sofrimento do povo armênio. Os armênios, no entanto, vivendo na pequena República da Armênia criada naquelas circunstâncias ou nos vários países do mundo, inclusive no Brasil, para onde emigraram, sempre lutaram pelo reconhecimento do massacre sofrido e pela dignidade da memória de suas vítimas.
Intolerância, fanatismo e genocídio Embora a Turquia moderna não aceite que aquela tragédia promovida pelo império turcootomano mereça a qualificação de “genocídio”, muitos países assim a reconhecem e qualificam. Recentemente, em meados de abril deste ano, a União Europeia afirmou, em bloco, que foi um genocídio. Também a Santa Sé tem se manifestado nesse sentido e, em 12 de abril passado, o Papa Francisco celebrou no Vaticano uma Missa pelas vítimas daquela tragédia. No século 20, o mundo assistiu vários outros genocídios, como o dos judeus promovido pelo regime nazista da Alemanha durante a segunda grande guerra; mais para o final do século, houve também genocídio e limpeza étnica nas guerras balcânicas, que sucederam à fratura da Iugoslávia pós-comunista. No século 21, já estamos assistindo ao genocídio promovido no Iraque e na Síria pelo “Estado Islâmico”. Genocídio é um crime contra a humanidade, que consiste em promover todo tipo de ações com o objetivo de destruir ou eliminar total ou parcialmente um grupo nacional, étnico, racial ou religioso (cf. Aurélio). Embora não seja sempre fácil ter de imediato a informação e a noção exatas dessas ocorrências criminosas, elas devem ser condenadas com firmeza e veemência, não sendo aceitável nenhuma cumplicidade com elas. Vale uma reflexão para o que acontece atualmente em várias partes do mundo, onde novos genocídios estão em curso. Em diversas regiões da África (“África esquecida”), estão sendo dizima-
dos ou eliminados inteiros grupos étnicos e religiosos. O mesmo faz o “Estado Islâmico”, impondo-se com terror e violência sobre minorias cristãs e outras, no Iraque e na Síria. O mundo assiste perplexo, mas parece pouco convencido da gravidade da situação e do risco do alargamento desse crime para outras áreas. O genocídio, geralmente, é a “solução final” de um longo processo de discriminação, intolerância e ódio, alimentado no meio da população por grupos fundamentalistas radicais e fanáticos, ou por partidos oportunistas. No início, parece apenas ação de alguns “extremistas”, que até são vistos como antissociais e intratáveis; no entanto, geralmente, decide-se ignorá-los e seguir em frente. Grupos assim, porém, podem alimentar a discriminação e o ódio que, não corrigidos, acabam tomando força e levando a verdadeiras paranoias de intolerância e ódio na sociedade. Não raro, tais arroubos de intolerância têm alguma motivação político-religiosa equivocada. Quem pensa ou crê diferente passa a ser visto como inimigo perigoso, que precisa ser destruído. A carga explosiva se alimenta de episódio em episódio, até que um estopim de conflito se acende e deflagra a tragédia. Alimentar ódios e discriminações de qualquer tipo pode ser cômodo para caudilhos sedentos de poder. Para o convívio social, no entanto, isso pode ser fermento de imensas tragédias, como o genocídio armênio que recordamos.
| Encontro com o Pastor | 3 Conferência na Diocese de Ponta Grossa (PR) Maurílio de Paula Júnior/Jornal diocesano A Boa Nova
Nos dias 29 e 30, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, esteve na Diocese de Ponta Grossa, no Estado do Paraná, para ministrar uma conferência sobre a 14ª Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, que será realizada de 4 a 25 de outubro, no Vaticano, com o tema “A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo”. O Cardeal será um dos delegados do episcopado brasileiro no Sínodo.
Encontro com o superior geral dos Dominicanos Frei Zilton Salgado
Na quarta-feira, 29, dia de Santa Catarina de Siena, dominicana e doutora da Igreja, o mestre da Ordem dos Pregadores (superior geral dos Dominicanos), Frei Bruno Cadoré, durante visita canônica à província dominicana do Brasil, encontrou-se com o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo. Acompanharam Frei Bruno o seu assistente para América Latina e Caribe, Frei Javier Pose; o regente de estudos da Província do Brasil, Frei André Tavares; e frei Bruno Moreira, da comissão de comunicação dos Dominicanos do Brasil. Durante a visita, o Cardeal e Frei Bruno trocaram impressões sobre o cenário religioso no Brasil e no mundo. Também foi recordada a proximidade do jubileu de 800 anos de confirmação da Ordem dos Pregadores, em 2016. (Por Daniel Gomes – colaboraram Maurílio Júnior e Frei Zilton Salgado)
4 | Papa Francisco |
O
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Papa Francisco refletiu sobre o evangelho do 5º Domingo da Páscoa, às 12h do domingo, 3, com os peregrinos reunidos na praça de São Pedro, antes de rezar com eles a oração mariana Regina Coeli. O Papa lembrou que Jesus estava ceando pela última vez com os discípulos, por que tinha chegado a sua hora. E Jesus quis deixar claro uma “verdade fundamental”, até porque em breve não estaria mais fisicamente com eles. Unidos com Cristo de um modo novo, eles renderão muito fruto. Para exprimir esse “jeito novo” de estar unidos com Ele, diz Francisco, “Jesus usa a imagem da videira e dos ramos: ‘como o ramo não pode dar fruto por si mesmo se não permanece na videira, assim nem vocês se não permanecerem em mim’”. Jesus é a videira e através dele, como a seiva na árvore, passa aos ramos o próprio amor de Deus, o Espírito Santo. E o Papa aprofunda a explicação, lembrando que com essa parábola Jesus “quer fazer-nos entender a importância de permanecer unidos a ele”. Os ramos dependem da videira na qual
Quem se une a Cristo faz bem ao próximo e à sociedade está a fonte da sua vida. Assim cebemos, “a vida de Cristo se também nós cristãos, inseridos torna nossa; pensamos, agimos, em Cristo pelo Batismo, recebe- como Cristo e vemos o mundo e mos dele a vida nova e podemos as coisas com os olhos dele. Enestar em comunhão com ele. tão, podemos amar os irmãos, Para isso, é preciso manter-se fi- a partir dos mais pobres e soéis ao Batismo e crescer na ami- fredores, como fez Jesus, e amázade com o Senhor pela prece los com o coração dele, levar ao diária, pela escuta e docilidade mundo os frutos de bondade, caà Palavra, a participação nos ridade e paz”. Ramos de uma única videisacramentos, particularmente a ra, somos chamados a oferecer Eucaristia e a Penitência. Quem está unido a Cristo – os frutos dessa pertença a Crisprossegue a mensagem – goza to e à Igreja. E o Papa exorta dos dons do Espírito Santo referi- Jesus “quer fazer-nos entender dos por São Paulo: a importância de permanecer “amor, alegria, paz, unidos a ele”. Os ramos dependem magnanimidade, da videira na qual está a fonte benevolência, bon- da sua vida. Assim também nós dade, fidelidade, cristãos, inseridos em Cristo mansidão, domí- pelo Batismo, recebemos dele a nio de si (Gl 5,22). vida nova e podemos estar em E uma pessoa as- comunhão com ele sim unida a Cristo “faz muito bem ao próximo todos a se confiarem à intercese à sociedade”. Esses comporta- são de Maria “para que possamentos revelam a um verdadei- mos ser ramos vivos da Igreja e ro cristão como se reconhecem testemunharmos, de modo coos frutos de uma árvore. E toda erente, a nossa fé – coerência de a nossa alma fica transformada vida e de pensamento, de vida e pelo Espírito Santo: “alma, inte- de fé – conscientes que todos, ligência, vontade, afetos e até o conforme nossas vocações parcorpo, porque nós somos uma ticulares, pertencemos à única unidade de espírito e de corpo”. missão salvífica de Cristo.” (Por Padre Cido Pereira) É um modo novo de ser que re-
Visita ao litoral
L’Osservatore Romano
O Papa Francisco visitou no domingo, 3, a Paróquia Regina Pacis de Ostia Lido, no litoral da Diocese de Roma. Pouco antes de chegar à Paróquia, o Santo Padre fez uma visita fora do programa, passando pelo Luna Park de Ostia, onde visitou as Pequenas Irmãs de Jesus de Charles de Foucauld, que vivem ali em meio aos nômades do Luna Park. Trata-se de mulheres consagradas que, em resposta ao Amor de Deus e a seu chamado, seguem Jesus e vivem o Evangelho no espírito de Belém e de Nazaré, espírito de encarnação silenciosa e de gratuidade, espírito de oração e de amizade, contemplativas no mundo. O Papa disse estar muito impressionado pela escolha dessas mulheres e pela extrema pobreza em que vivem.
Ano da Misericórdia A programação e o logotipo do Jubileu Extraordinário da Misericórdia (imagem) foram apresentados na manhã da terça-feira, 5, na coletiva na Sala de Imprensa da Santa Sé. Os detalhes foram expostos pelo presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, Dom Rino Fisichella, responsável pela organização do evento. O logotipo representa uma “suma teológica” da misericórdia e do lema que o acompanha. No lema, “Misericordiosos como o Pai” (Lc 6,36), propõe-se viver a misericórdia seguindo o exemplo do Pai, que pede para não julgar e não condenar, mas perdoar e dar amor e perdão sem medida (cf. Lc 6, 37-38). O logotipo é obra do padre jesuíta M. I. Rupnik. A imagem mostra o filho que carrega aos seus ombros o homem perdido. A programação completa pode ser acessada no website oficial do Jubileu: www.iubilaeummisericordiae.va (acessível também em www.im.va), disponível em sete línguas: italiano, inglês, espanhol, português, francês, alemão e polonês. (Por Fernando Geronazzo)
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Espiritualidade A serva do Senhor!
Fé e Cidadania
A Igreja e a ciência econômica Padre Sancley Lopes Gondim
Dom Sergio de Deus Borges Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana
A Virgem Maria, quando responde às palavras do Arcanjo Gabriel com o seu sim, sente necessidade de exprimir sua relação pessoal a respeito do dom que lhe foi revelado: “Eis a serva do Senhor” (Lc 1,38), diz. A resposta da Virgem Maria – serva do Senhor – se inscreve na perspectiva integral da História da salvação e da relação da Mãe e do Filho. O profeta Isaías já havia anunciado o “servo do Senhor”: “Eis que meu servo prosperará, crescerá e se elevará, será sumamente exaltado” (Is 52,13). Maria acolhe a profecia e antecipa, na anunciação do Arcanjo, o que o seu Filho dirá muitas vezes de si, especialmente no momento culminante de sua missão: “O próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida para resgatar a multidão” (Mc 10,45). Com a alegre notícia da realização das profecias, a Virgem corre ao encontro de sua prima e se põe a serviço, sendo causa de espanto até para a própria Santa Isabel: “Como me é dado que venha a mim a mãe do meu Senhor?” (Lc 1,43). Santa Isabel, iluminada pelo Espírito Santo, compreende a grandeza do amor de Deus que está se concretizando em Maria e tem a convicção de que é ela que deveria servir à Mãe de Deus, mas vê a Virgem que vem ao seu encontro para ajudá-la em sua necessidade. O assombro de Santa Isabel é semelhante ao assombro de São Pedro, quando o Senhor se põe a serviço dos apóstolos na última Ceia. Muitos ainda se espantam com tamanha simplicidade de Deus, de Seu Filho unigênito e da Virgem Santa. Mas essa é a lógica do novo Reino, é a lógica de Jesus. Acolher a Palavra, viver em união com o Filho que o Pai enviou ao mundo - são atitudes que levam ao serviço os irmãos e as irmãs. Esse serviço é parte do ser cristão, do ser discípulo missionário e devoto da Mãe de Deus, que é também nossa Mãe. A iniciativa da Virgem foi um gesto de caridade autêntica, humilde e corajosa, movida pela fé na Palavra de Deus e pelo estímulo interior do Espírito Santo. Quem ama esquece-se a si mesmo e coloca-se ao serviço do próximo. Eis a imagem e o modelo da Igreja! (Papa Bento XVI). Devotos da Virgem Mãe, discípulos missionários de Jesus Cristo como eu, aproveitando este mês dedicado a Nossa Senhora, vamos nos comprometer a verificar que tudo, na nossa vida, assim como nas atividades da comunidade, nas pastorais, movimentos e serviços, seja movido pela lógica do serviço ao Reino e aos irmãos e irmãs. Fora dessa lógica, o homem e a mulher, criados à imagem e semelhança de Deus, não poderão realizar-se. Vamos conversar menos e trabalhar mais, anunciando corajosamente a Palavra de Deus e auxiliando os mais frágeis como fez a Mãe de Deus.
| Fé e Vida | 5
O Brasil atravessa uma fase de retração econômica. A corrupção, o baixo investimento na infraestrutura e a desconfiança do investidor internacional são as principais causas do desaquecimento da economia, e trazem de volta os fantasmas da inflação e da tímida abertura de vagas de trabalho. De acordo com a Doutrina Social da Igreja, que não pretende apresentar soluções técnicas, mas diretivas inspiradas na ética do Evangelho, “a tarefa fundamental do Estado em âmbito econômico é o de definir um quadro jurídico apto a regular as relações econômicas, com a finalidade de “salvaguardar as condições primárias de uma livre economia, que pressupõe certa igualdade entre as partes, de modo que uma delas não seja de tal maneira mais poderosa que a outra que praticamente a possa reduzir à escravidão” (João Paulo II). A atividade econômica, sobretudo num contexto de livre mercado, não pode desenrolar-se num vazio institucional, jurídico e político: “Pelo contrário, supõe segurança no referente às garantias da liberdade individual e da propriedade, além de uma moeda estável e serviços públicos eficientes” (João Paulo II). Para cumprir a sua tarefa, o Estado deve elaborar uma legislação apropriada, mas também orientar cuidadosamente as políticas econômicas, de modo a não se tornar prevaricador nas várias atividades de
mercado, cuja atuação deve permanecer livre de superestruturas e coerções autoritárias ou, pior, totalitárias. É necessário que mercado e Estado ajam de concerto um com o outro e se tornem complementares. O livre mercado pode produzir efeitos benéficos para a coletividade somente em presença de uma organização do Estado que defina e oriente a direção do desenvolvimento econômico, que faça respeitar regras equitativas e transparentes, que intervenha também de modo direto, pelo tempo estritamente necessário, nos casos em que o mercado não consegue obter os resultados de eficiência desejados e quando se trata de traduzir em ato o princípio redistributivo. Na realidade, em alguns âmbitos, o mercado, apoiando-se nos próprios mecanismos, não é capaz de garantir uma distribuição equitativa de alguns bens e serviços essenciais ao crescimento humano dos cidadãos: neste caso, a complementaridade entre Estado e mercado é sobremaneira necessária. O Estado pode concitar os cidadãos e as empresas na promoção do bem comum cuidando de atuar uma política econômica que favoreça a participação de todos os seus cidadãos nas atividades produtivas. O respeito do princípio de subsidiariedade deve mover as autoridades públicas a buscar condições favoráveis ao desenvolvimento das capacidades de iniciativa individuais, da autonomia e da responsabilidade pessoais dos cidadãos, abstendo-se de qualquer interven-
ção que possa constituir um condicionamento indébito. Em vista do bem comum, se deve sempre perseguir com constante determinação o objetivo de um justo equilíbrio entre liberdade privada e ação pública, entendida quer como intervenção direta na economia, quer como atividade de suporte ao desenvolvimento econômico. Em todo o caso, a intervenção pública deverá ater-se a critérios de equidade, racionalidade e eficiência... O Estado, neste caso, se torna deletério para a sociedade: uma intervenção direta excessivamente açambarcadora acaba por desresponsabilizar os cidadãos e produz um crescimento excessivo de aparatos públicos guiados mais por lógicas burocráticas do que pela preocupação de satisfazer as necessidades das pessoas (Compêndio de DSI, 352-354). Cabe à Igreja e a cada um de seus membros, pelo testemunho pessoal e de modo articulado, em propostas de ação de âmbito pastoral – mundo do trabalho, universidades, dirigentes cristãos de empresa, associações de profissionais, movimentos comunidades de vida e afins -, contribuir com a sua reflexão e, de acordo com o princípio da subsidiariedade, apresentarem alternativas viáveis em vista de uma “economia de comunhão e participação”. Padre Sancley Lopes Gondim é presbítero da Arquidiocese de São Paulo, bacharel em História, Mestre em Direito Canônico, e defensor do Vínculo do Tribunal Eclesiástico de São Paulo. E-mail: sancleygondim@uol.com.br
6 | Fé e Vida |
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Liturgia e Vida 6º DOMINGO DA PÁSCOA 10 de maio de 2015
O amor e a plena alegria ANA FLORA ANDERSON
A liturgia de hoje é uma contemplação sobre o Deus do Amor e o que isso significa para quem nele crê. A antífona é um grito de alegria, pois, pelo seu amor infinito, Deus nos libertou! A primeira leitura (Atos dos Apóstolos 10, 25-26. 3435. 44-48) narra uma história sobre São Pedro, que revela que o amor de Deus é universal. Quando um gentio cai aos pés de Pedro, este começa a compreender que Deus não faz distinção entre as pessoas. A fé é uma graça dada a todos que praticam a justiça.
A segunda leitura (1 João 4, 7-10) começa com uma grande revelação: todo aquele que ama conhece a Deus porque Deus é Amor! O sentido da encarnação está na vida de Jesus de Nazaré, que nos ensina como amar os outros. O Evangelho de São João (15, 9-17) apresenta as últimas palavras de Jesus aos seus discípulos. Jesus os chama para permanecer no seu amor. É o amor que Ele recebeu do Pai e o amor que Ele nos ofereceu durante toda sua vida. Todos nós procuramos a alegria. Jesus ensina que quando nós nos amamos uns aos outros, conhecemos a plena alegria.
Atos da Cúria NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE PÁROCO Em 27 de abril de 2015, foi nomeado e provisionado Pároco da Paróquia Nossa Senhora dos Remédios, da Região Episcopal Sé, o Revmo. Pe. Enivaldo Santos do Vale, pelo período de 6 (seis) anos.
NOMEAÇÃO DE COORDENADOR REGIONAL DOS COROINHAS Em 24 de abril, por mandato do Eminentíssimo Senhor Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, foi nomeado Coordenador Regional dos Coroinhas da Região Episcopal Santana, o Revmo. Pe. Roberto Fernando Lacerda, pelo período de 2 (dois) anos.
Você Pergunta
O que dizer do comércio que existe em nossas igrejas? padre Cido Pereira osaopaulo@uol.com.br
O Vicente Alves, de Brasília (DF), lembra que a grande preocupação de Jesus era que não fizessem da casa de seu Pai um lugar para comércio. Mas, diz o Vicente que esse comércio é justamente o que ocorre nas igrejas atualmente. Os padres, afirma, sempre vendem algo desde comidas até livros. E ele pergunta o que eu penso disso. Vicente, há várias linhas de resposta para a sua pergunta. Eu começo lembrando a você que nenhuma paróquia vive “de brisa”. A paróquia tem uma folha de pagamentos. Se a Igreja prega justiça, ela deve dar o exemplo: bons salários, encargos sociais em dia. Ela tem dívidas mensais com água, luz e telefone. Ela tem a manutenção da Igreja - reformas, limpeza. A Casa de Deus precisa ser digna, bonita. Ela tem a manutenção do padre. São Paulo é taxativo ao falar disso: o operário merece o salário. Ela tem todo o trabalho de evangelização - mídias, livros, cursos para formar os agentes de pastoral. Para tudo isso, a paróquia
precisa do dízimo. Mas nós católicos ainda não entendemos bem o dízimo como mandamento de Deus. Acostumamo-nos com festas beneficentes, quermesses... Que bom seria se todos entendessem as três razões fundamentais que justificam o dízimo para nós cristãos: a manutenção do templo; a obra da evangelização; e o auxílio aos pobres. Vale lembrar também, meu irmão, que o dízimo, para nós, católicos, não é investimento para receber mais. É gratidão porque de Deus já recebemos tudo. Aproveito a sua pergunta para lembrar ainda, Vicente, que hoje os católicos são bombardeados com pedidos de dinheiro para sustentar movimentos religiosos, associações, canais de TV, san-
tuários etc... E eles são generosos, mas não o são tanto em relação ao dízimo em suas comunidades. Concluindo, Vicente, as pequenas lojas de artigos religiosos, os almoços, jantares e chás beneficentes, as lojinhas de nossas paróquias têm sua razão de ser. E lembre-se que os vendilhões que Jesus expulsou do templo faziam o comércio no espaço religioso e trabalhavam para si mesmos... E o templo tinha seus cofres também, tanto que há um episódio muito bonito do Evangelho em que Jesus, perto do cofre, observa uma viúva que deu uma moedinha. Jesus elogiou a generosidade dela porque deu tudo o que tinha, enquanto os outros davam o que lhes sobrava. Um abraço, Vicente!
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| Pastorais | 7
Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso
Jovens em um só diálogo pela paz Diego Monteiro
Especial para O SÃO PAULO
Ainda que exista resistência de adeptos de algumas religiões, aos poucos torna-se comum o anseio pelo diálogo para a construção de um mundo mais unido, justo e fraterno. É uma caminhada de muita entrega e doação, que passa pela experiência de ir ao outro, de enxergar o mundo através do outro. Fundamentados nessa premissa do diálogo, 60 pessoas, entre jovens e adultos, participaram na segunda-feira, 4, na Paróquia São Luís Gonzaga, na avenida Paulista, do encontro “Dialogando pela Paz”, promovido pelo grupo de diálogo inter-religioso Jovens pela Paz, composto por jovens das três grandes religiões monoteístas: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo, em parceria com os Jovens por um Mundo Unido,
do Movimento dos Focolares. A missa que abriu o encontro foi presidida por Dom Carlos Lema Garcia, bispo auxiliar da Arquidiocese e vigário episcopal para a Educação e a Universidade, e concelebrada pelo Cônego José Bizon, responsável pela Comissão de Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso da Arquidiocese, e diretor da Casa da Reconciliação. Gustavo Henrique, cristão, acredita que, em muitos casos, o que dificulta esse diálogo é pressupor que todos veem o mundo igualmente. “Quando você faz esse tipo de pressuposição, você acha que o outro vai se comportar da mesma maneira que você se comportaria. Ao ver que isso não aconteceu, você se frustra”. Segundo ele, essa frustração é a origem para muitos desentendimentos. Representante da comunidade muçulmana, Cláudio Santos, presidente do Centro Islâmico e
Apostolado da Oração
O Coração de Jesus na família e na juventude Membros e líderes do Apostolado da Oração (AO) e do Movimento Eucarístico Jovem (MEJ) de vários estados participaram de seu 11º Encontro Nacional, em 25 de abril, na sede das Edições Loyola, na zona sul de São Paulo. O encontro, que reuniu 200 pessoas, teve como tema central “A entronização do Coração de Jesus”, e contou com a participação do novo diretor nacional do AO-MEJ, Padre Eliomar RibeiroEm palestra, ele destacou os desafios e os cuidados que todo membro do Apostolado deve ter como compromisso. “Recordamos que a entronização é uma das 12 promessas que foram reveladas a Santa Margarida Maria Alacoque e tem fundamentação no texto bíblico de Lucas 19,9: ‘Hoje a salvação entrou nesta casa’”. “A revelação feita por Jesus a Santa Margarida deu origem à 9ª promessa: ‘Abençoarei a casa em que se achar exposta e for venerada a imagem do meu Coração’. Para nós, a imagem é sacramental; se a temos em nossa casa é para pedir a proteção de Deus”, afirmou Padre Eliomar. Ainda segundo o novo diretor nacional, “a oração nos equilibra, nos dá inteligência, capacidade de organizar a vida e,
para nós, o mais importante é o encontro com o Senhor por meio da oração, pois a nossa missão é rezar. Gente que não reza não pára em pé”. Também palestrante do encontro, Padre Roque Schneider, SJ, discorreu sobre como resgatar a consagração das famílias. “Precisamos reverter a situação, retornar às fontes, recolocando Deus em nossos lares. A mãe da família mais realizada do mundo chamase alegria, o pai chama-se motivação, o filho chama-se trabalho e a filha, perseverança”. O evento teve ainda a participação do Padre Alexandre de Souza, SJ, diretor do Anchietanum, na capital paulista. Ele propôs reflexão sobre os desafios do mundo juvenil e a atuação do MEJ. “Quando queremos criar um grupo do MEJ, precisamos estar atentos ao Coração de Jesus e às realidades de cada jovem, atento ao meio em que vive e que está inserido, sentir e perceber todos os desafios que existem. O jovem carece de espiritualidade e, quem sabe, o Apostolado atento, ativo e unido em oração possa ser um meio para resgatar e integrar parte dos jovens marginalizados”, enfatizou Padre Alexandre. (Colaborou Vanessa Fonseca)
Cláudio Santos
de Diálogo Inter-religioso e Intercultural (CIDI), disse que trabalhar em prol do diálogo inter-religioso é prazeroso para aqueles que amam a si mesmos, pois assim conseguem amar também o próximo. “Essa troca de informação, cultura e diálogo faz com que as pessoas se achem nelas mesmas para, assim, conseguirem partilhar com o outro”.
‘Menos Blá e mais Pá!’
Influente nas redes sociais com publicações de incentivo ao diálogo, promoção da paz e de um judaísmo cidadão, o rabino More Ventura também é conhecido por um slogan que exprime, de forma concreta, o diálogo entre irmãos de diferentes culturas e credos: “Menos Blá e mais Pá”. O Blá simboliza a conversa e o Pá a ação. O Rabino considera importante que continuem a realização de movimentos em prol do diá-
Jovens judeus, cristãos e islâmicos durante evento na São Luiz Gonzaga
logo inter-religioso. No entanto, é necessário que se utilizem os frutos desse diálogo e se vá mais além. “Muitas pessoas, especialmente os religiosos, já estão extremamente próximas de alguma religião, já compreendem a amplitude dessa questão do diálogo e, para elas, o diálogo já não se faz tão necessário”, afirmou More. Já compreendemos que somos
irmãos, que temos diferenças e temos que respeitá-las; mas isso não impede que cultivemos a unidade. É preciso dar um passo além: o Pá, a ação. Porque hoje em dia, muito mais que discursos, as pessoas precisam de ações. Se eu apenas falar de amor ao próximo e não traduzir esse amor em ações, esse discurso cai no vazio”, concluiu. Divulgação
8 | Igreja em Missão |
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Henrique Sebastião
Destaques das Agências Nacionais
Especial para O SÃO PAULO
Arcebispo de Maringá (PR) diz que governo deve pedir perdão aos professores As ruas que circundam o Palácio Iguaçu, sede do Executivo, e a Assembleia Legislativa do Paraná, se transformaram em cenário de guerra na tarde da quarta-feira, 29. Mais de 2 mil policiais militares reagiram violentamente às manifestações dos professores que, impedidos de entrar no plenário da Assembleia para acompanhar a votação
do projeto de lei que altera a previdência estadual, ocupavam as ruas e a praça. Por volta das 15h, policiais lançaram bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha e jatos d’água contra os manifestantes. Mais de 200 pessoas foram feridas, oito gravemente; 56 foram encaminhadas aos hospitais da cidade. Uma sala foi
improvisada na sede da Prefeitura de Curitiba como pronto-socorro. Entre os feridos estavam quatro jornalistas. “Uma crueldade foi praticada contra os professores paranaenses. Nós, como Igreja, repudiamos todo e qualquer tipo de violência. Como arcebispo de Maringá, conclamo o povo de Deus a rezar pelas vítimas,
mas também a se manifestar por uma cultura de paz, uma cultura em prol da vida. Com que ânimo nossos mestres vão voltar às salas de aula? Nosso pedido é que o governo do Estado e os deputados estaduais peçam perdão aos professores”, declarou Dom Anuar Battisti, arcebispo de Maringá. Fonte: Arquidiocese de Maringá
Em Olinda (PE), é aberto processo de beatificação de Dom Hélder Renata Gabrielle /Arquidiocese de Olinda e Recife
Dom Fernando Saburido assina trâmites para o início do processo de beatificação de Dom Hélder
A Catedral do Santíssimo Salvador do Mundo, também chamada Catedral da Sé de Olinda (PE), ficou repleta de fiéis no domingo, 3, para a missa de abertura do processo de beatificação e canonização de Dom Hélder Câmara. Presidida pelo arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, a celebração contou com diversas autoridades civis e religiosas, entre as quais o arcebispo emérito de João Pessoa e amigo de Dom Hélder, Dom José Maria Pires, que na homilia falou sobre quem foi e continua sendo Dom Hélder Câmara para a Igreja no Brasil.
“Queremos que todo o processo aconteça de forma clara e que todas as testemunhas sejam ouvidas. Todos os detalhes são importantes (...), já que estamos cuidando das causas de um candidato a santo. Quem conheceu Dom Hélder sabe de seu empenho em sempre fazer a coisa certa. Por isso, nosso empenho”, disse Dom Saburido. A expectativa, segundo o juiz delegado, Dom Antonio Tourinho Neto, é de que essa primeira fase do processo, onde várias testemunhas serão ouvidas, dure de um a dois anos. Fonte: Canção Nova
Integrante da ONU visita Cáritas no Rio Grande do Sul
Abertas as inscrições para o 10º Encontro de Arquitetura e Arte Sacra
A Cáritas Regional Rio Grande do Sul recebeu, na quarta-feira, 29, a visita do senhor Carlos Biasi, Oficial Nacional da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO). Dentre diversos assuntos, falou-se das ações que colaboram com o meio ambiente e as boas práticas na segurança alimentar e nutricional de ambas as organizações. Foram apresentados os principais projetos relacionados aos temas alimentação e agricultura, como o “Banco de
Estão abertas as inscrições para o 10º Encontro Nacional de Arquitetura e Arte Sacra, promovido pela Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da CNBB, de 18 a 22 de agosto, na PUC-Minas, em Belo Horizonte (MG). O evento terá como tema os 50 anos da constituição conciliar Sacrosanctum Concilium, sobre a Sagrada Liturgia. Na ocasião serão debatidos os avanços e as perspectivas do documento com vistas ao crescimento do
Sementes Crioulas”, reconhecido com o prêmio Odair Firmino da Cáritas Brasileira, e também o da recuperação de fontes (uma ação do Projeto de Prevenção), que desde 2013 é reconhecida como Tecnologia Social pelo Banco do Brasil. O Regional foi convidado a fazer parte de uma nova plataforma web da FAO que seleciona as principais boas práticas do sul do Brasil e que podem servir de exemplo ao mundo. Fonte: Cáritas Brasileira
cuidado com a qualidade dos espaços celebrativos. A formação visa o aprofundamento dos temas relacionados à arquitetura, liturgia e arte, além de auxiliar na difusão do interesse e da aplicação de conhecimentos em projetos, adaptações e construções de espaços de celebrações católicas. Profissionais de arquitetura, engenharia e artes, estudantes, padres, diáconos, seminaristas, religiosos, membros dos conselhos de economia e administra-
ção de paróquias e santuários, equipes de liturgia e também o público leigo podem participar da formação, além dos envolvidos em construções, reformas e decorações das igrejas, como decoradores, organizadores de casamentos e formaturas e técnicos de som e iluminação. O conferencista principal do evento será o Padre Francisco Taborda. Inscrições e informações na página do Sistema de Inscrição em Eventos da CNBB. Fonte: CNBB
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Destaques das Agências Internacionais
| Igreja em Missão | 9 Filipe david
correspondente do O SÃO PAULO NA EUROPA
Nepal
Igreja presta ajuda às vítimas do terremoto A Igreja e outras organizações e voluntários procuram socorrer os feridos no segundo pior terremoto desde 1934 no País. Em 25 de abril, um violento terremoto de 7,9 na escala Richter provocou a morte de ao menos 7,5 mil pessoas e deixou 14,5 mil feridos, conforme a última atualização das autoridades locais, na terça-feira, 5. O epicentro foi em Katmandu, no centro do País. Devido à precariedade das comunicações e da coordenação local, muitas perdas podem ainda ser descober-
tas. A eletricidade e o sistema de telefonia começaram a ser restabelecidos após vários dias de serviço interrompido. A região é conhecida por atrair alpinistas do mundo inteiro para escalar suas altas montanhas: 18 dentre eles foram mortos e 61 feridos por uma avalanche no Everest, causada pelo terremoto. Os hospitais da capital estão lotados e as equipes médicas trabalham dia e noite para atender os feridos. Face às limitações do governo local – o Nepal é um dos países mais pobres da
Getty Images
Mulher caminha em meio a escombros em Katmandu, no Nepal
Ásia –, diversas organizações e voluntários têm buscado ajudar. A Igreja, em ligação com a Cáritas Internacional e a Catholic Relief Services,
já começou a atuar nos locais menos acessíveis. Jesuítas e Salesianos reagiram rapidamente à catástrofe, visitando vilarejos e levando material
de socorro, cobertores e alimento. Diversas igrejas e escolas católicas estão servindo de abrigo. O Vaticano doou 100 mil dólares à Igreja local. O Papa Francisco ofereceu seu apoio espiritual às vítimas e suas famílias, com suas orações. O vicário apostólico no Nepal, Dom Paul Simick, forneceu à Famille Chrétienne um relato da situação e fez um apelo: “Nós contamos com aqueles que, como nós, sentem a urgência de oferecer socorro, de uma forma ou de outra.” Fontes: Famille Chrétienne/ CNA
China Manipulação genética de seres humanos Uma equipe de pesquisadores chineses manipulou embriões humanos, modificando seus genes. A pesquisa tem sido objeto de polêmica, pois as modificações feitas afetam não apenas o embrião em questão, mas tam-
bém seus potenciais descendentes. O objetivo é que os cientistas se tornem capazes de curar doenças genéticas. Jean-Marie Le Méné, presidente da Fundação Jérôme-Lejeune, criticou o procedimento: os progressos
Nigéria
em engenharia genética não justificam uma transgressão. Para JeanMarie, o erro moral começa quando se toma um embrião como um mero objeto, esquecendo que ele é um ser humano. Por enquanto, a pesquisa
ainda obteve um “sucesso” bastante moderado: uma parte dos embriões não sobreviveu ao tratamento e apenas quatro entre 71 sobreviventes tiveram seus genes “corrigidos”. Fonte: Famille Chrétienne
Paquistão
Libertadas 300 mulheres Líderes muçulmanos e cristãos juntos e meninas do Boko Haram em prol da harmonia religiosa O exército da Nigéria afirmou ter libertado quase 300 mulheres e meninas após uma ofensiva contra o grupo Boko Haram. O porta-voz da Defesa nigeriana, Chris Olukolade, precisou: “Tropas do exército capturaram e destruíram três campos de terroristas dentro da floresta de Sambisa, resgatando 200 meninas e 93 mulheres”. As 200 meninas não são aquelas que foram capturadas em Chibok – cujo desti-
no ainda é desconhecido – e que foram motivo de uma campanha internacional pedindo sua libertação. O arcebispo de Jos, Dom Ignatius Kaigama, afirmou que pode imaginar o sofrimento das famílias cujas filhas foram sequestradas e que a “comunidade e as famílias da Nigéria estão com eles”. Já o bispo de Maiduguri, Dom Oliver Dashe, espera que esse avanço militar marque o “começo do fim do Boko Haram”. Fonte: Catholic Herald
Recriar harmonia, segurança e confiança entre os cristãos de Youhanabad, distrito de Lahore, no Paquistão, atingido por dois ataques recentes contra as igrejas cristãs. Este é o objetivo da reunião organizada nos últimos dias pelo “Conselho para o Diálogo Inter-religioso” de Lahore e pela “Conferência inter-religiosa de paz”, duas organizações presentes na cidade que trabalham para o diálogo inter-religioso. Os participantes discuti-
ram profundamente sobre a situação social e religiosa do Paquistão. Todos concordaram que “há uma tentativa de fazer aumentar os conflitos e os desentendimentos entre cristãos e muçulmanos do país”, afirma o Padre Nadeem, superior provincial dos Frades Capuchinhos do Paquistão. “Os esforços realizados pelo fórum e organizações como as nossas – prossegue - produziram resultados positivos e conseguiram desen-
volver a harmonia religiosa no País. Nós condenamos fortemente os atos de terrorismo e a matança de seres humanos inocentes no Paquistão e em outros países do Oriente Médio”, declarou. Os participantes também acenderam velas como símbolo da paz, lançando um apelo aos governos e aos líderes políticos para que adotem a iniciativa para o desenvolvimento harmonioso e pacífico do Paquistão. Fonte: Agência Fides
10 | Viver Bem |
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Comportamento
A voz da consciência Valdir Reginato samentos. Lá eu encontro quem como nos devemos comportar eu sou de fato. No reino de sua diante dos outros e sozinhos. Devo Temos falado neste espaço de majestade, a consciência vê clara- estar em paz com minha consciêndiferentes aspectos do comporta- mente as oportunidades nas quais cia, como se estivesse diante de tomento que envolve as nossas ati- realmente me senti feliz. Os acon- dos. De fato, existe sempre Alguém tudes com o mundo e também as tecimentos que me encheram de que nos olha como nós realmente repercussões do mundo nas nossas alegria. As pessoas com quem vivo somos, e Dele não podemos fugir. atitudes. Contudo, existe um lugar com imenso amor. Os sucessos Como dizia o ex-presidente norespecial onde nos encontramos, profissionais. As boas realizações te-americano Abraham Lincoln: aparentemente isolados, longe da familiares. Mas também enxerga- “Você pode enganar todo mundo vista de todos, como se somente eu rei nitidamente quando enganei os por algum tempo. Poderá até enestivesse comigo e mais ninguém. demais, fui inconveniente num re- ganar alguns o tempo todo. Mas Esse esconderijo que chamamos de lacionamento, faltei com a verdade, nunca poderá enganar todo munintimidade. Na intimidade, estou pensei mal, escolhi a máscara mais do por todo o tempo”. Não estamos sós. A luz da eu comigo mesmo. Um pedaço do adequada para determinadas situmundo onde eu preservo a minha ações. Enfim, percebo como me consciência procede da Verdade de privacidade: o direito que temos de comporto verdadeiramente, com Deus, que aos cristãos revela não revelar a outro somente o que eu sinceridade ou quem sabe por con- somente o ambiente da consciênpermito. Para alguns pode assustar veniências nem sempre honestas cia diante dos seus mandamentos, mas também os recursos por Ele tamanha solidão, para outros é o nas suas ações ou intenções. É fato que neste mundo agita- oferecidos nos sacramentos para espaço preferido do silêncio. Será que realmente posso ficar a sós co- do possamos esquecer até que haja a nossa retificação de intenção e migo mesmo e mais ninguém? este lugar. Vamos comportando- recomeço da caminhada. Cabe É difícil imaginar neste mun- nos conforme a do com bilhões de pessoas num dança, indo de cá barulho contínuo e muitas vezes para lá, como um Como agimos nas nossas perturbador, que se possa estar uns grupo que anda se- atitudes familiares, instantes nas condições desejadas guindo alguém sem acima. No entanto, verifica-se que saber aonde che- profissionais, relações de cada vez mais se buscam as con- gará. Vamos quase amizade, e, principalmente, dições que permitam respirar este que empurrados nas nossas intenções ar de tranquilidade da privacida- por uma correnteza de. Viaja-se para o campo, para qualquer. Esquece- e pensamentos. Lá eu praias desertas; corre-se de todos mos a consciência, encontro quem eu para poder se ficar só consigo mes- ou muitas vezes femo. É o desejo de limpar a mente chamos a sua porta sou de fato. e encontrar um vazio onde só se para que ela não escute o silêncio. É quando nessas nos mostre o que não queremos à nossa liberdade determinar o condições percebemos que aí en- ver. Optamos por ser mais um na que queremos para nós após esta contramos mais vivo do que nunca maioria, sem o peso do compro- clareza dos fatos. Uma liberdade o reinado de sua majestade a cons- misso, ou a responsabilidade em que deve se guiar pelo sentido do ciência. avaliar ao certo o que estamos fa- crescimento do Amor. Que neste A consciência não seria eu zendo. Trocam-se as máscaras, mês de maio, que começamos com pensar comigo mesmo e mais nin- conforme a ocasião, e não consigo José, operário, e estaremos por guém? Não! É verdade que pen- mais lembrar o próprio rosto. Só todo o mês com Maria, peçamossamos somente com nós mesmos importa agradar a todos que me lhes procurar ouvir melhor a consa respeito de como nos compor- interessam, ainda que isso possa ciência e segui-la à luz do Espírito tamos. Como agimos nas nossas me incomodar por dentro. Santo. atitudes familiares, profissionais, “Agirei sozinho como se todos Dr. Valdir Reginato é médico de família, relações de amizade, e, principal- me olhassem”. As palavras do fiprofessor da Escola Paulista de Medicina mente, nas nossas intenções e pen- lósofo Sêneca são um alerta para e terapeuta familiar.
Cuidar da Saúde
Vacinação contra a influenza Cássia Regina
Neste mês de maio, acontecerá a campanha de vacinação contra a influenza, que acontecerá entre os dias 4 e 22. O dia 9, sábado, será o dia D, quando os postos de saúde ficarão abertos para você, que não pode se vacinar durante a semana. Devem ser vacinados:
crianças entre 6 meses e 5 anos, gestantes, idosos e pessoas com doenças crônicas como hipertensão arterial e diabetes. Caso você tenha outra doença que necessite da imunização, peça para seu médico fazer um relatório e o apresente em qualquer unidade de saúde. Essa vacina é importante para evitar
que as gripes se compliquem causando pneumonia, entre outros agravantes, incluindo óbito. É importante saber que, mesmo vacinado, você pode ter gripe, mas de forma bem mais leve. Não deixe de se vacinar. Prevenir é melhor que remediar! Dra. Cássia Regina é médica atuante na Estratégia de Saúde Família (PSF)
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| Especial Terceirizações | 11 Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr
Presidente do Senado acena com possível mudança no PL 4330 Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com
Aprovado na Câmara dos Deputados, o PL 4330, que trata da regulamentação das terceirizações, segue para o Senado. O presidente da casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), já deu sinais de que o projeto obedecerá à tramitação legal de qualquer PL, ou seja, passando pelas comissões de Constituição e Justiça (CCJ), Assuntos Econômicos (CAE), Assuntos Sociais (CAS) e Direitos Humanos (CDH). Além disso, Renan decidiu convocar uma sessão temática em Plenário para
debater a proposição com os senadores, mas a data ainda não foi definida pelo peemedebista. Ao contrário do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que buscou acelerar a tramitação do PL estabelecendo caráter de urgência – o que permitiu que não necessitasse passar pelas comissões -, o presidente do Senado afirmou que o projeto será submetido a uma discussão criteriosa. “Não podemos de forma nenhuma permitir uma discussão apressada de modo a revogar a CLT [Consolidação das Leis do Trabalho]. É esse
o papel que o Senado terá”, declarou. Para o Senador, é preciso que haja um “limitador”, um “percentual” máximo de terceirizações de atividadefim. Já Eduardo Cunha afirmou que se o projeto da terceirização aprovado pelos deputados demorar a ser votado pelo Senado, as propostas aprovadas pelos senadores passarão a ter “o mesmo tratamento” quando chegarem à Câmara. “Pau que dá em Chico dá em Francisco”, disse. Tudo indica que o assunto ainda renderá muitos debates. (com agências de notícias)
Eduardo Cunha e Renan Calheiros têm posições diferentes sobre o PL 4330
A terceirização ilimitada reduz os direitos dos trabalhadores Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com
Para o doutor Carlos Eduardo de Azevedo Lima, presidente da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT), há inúmeras questões que deveriam ser reavaliadas no projeto de lei 4330. Porém, a que deveria ser mudada sumariamente é a que toca na questão da terceirização da atividade-fim. “Caso se continue a permitir a terceirização das atividades finalísticas das empresas, o projeto não perderá sua essência precarizadora e sequer se tornará minimamente palatável sob o ponto de vista de respeito, ainda que mínimo, dos direitos sociais”. “O imprescindível respeito à isonomia [igualdade de critério
de julgamento] entre os trabalhadores contratados de forma direta e os terceirizados - isso, repita-se, sem que se possa terceirizar as chamadas atividadesfim, pois se tudo for terceirizado sequer haverá um paradigma para que se possa exigir isonomia - e a responsabilidade solidária de toda a cadeia produtiva, em todas as hipóteses, são medidas que sem as quais não há como se avançar em qualquer discussão em relação à malsinada proposição legislativa da qual ora tratamos”, afirmou. Sobre a questão da atividadefim, os defensores da aprovação do projeto argumentam que atualmente não há uma distinção clara do que seja atividade-meio e atividade-fim. O relator do projeto, deputado Arthur Maia (SD-
BA), por meio de sua assessoria de imprensa, destaca que mesmo que o Tribunal Superior do Trabalho (TST), com a súmula 331, tenha limitado a terceirização somente às atividades-meio, na prática, não existe nenhuma condição de distinguir o que seja efetivamente uma e outra. “Quando nós vamos para uma empresa de automóvel, por exemplo, tudo que está lá é basicamente terceirizado porque numa montadora nós temos uma linha de produção: uma empresa monta o chassi, a outra monta o motor, a outra a cavidade do carro, e todas são terceirizadas, trabalham na atividade-fim e a Justiça do Trabalho permite”, destaca o Deputado. Para o presidente da ANPT essa discussão, porém, é uma
questão superada, sendo as atividades-fim aquelas relacionadas ao próprio núcleo da atividade da empresa, que com este têm relação direta. “Os defensores do projeto alegam que só serão terceirizadas atividades a partir de empresas especializadas, no que se ganharia em competitividade. Geralmente, eles apresentam exemplos emblemáticos de serviços dotados de altíssimo grau de especialização. Não é pra isso, contudo, que o projeto será utilizado. Ele será usado como subterfúgio, por exemplo, para que um banco contrate uma empresa ‘especializada no serviço de caixa’ ou uma escola contrate uma empresa ‘especializada em ministrar aulas no ensino médio e fundamental’, entre inúmeros outros exemplos que podería-
mos mencionar, cujo resultado não é outro senão precarizar as condições de trabalho”. Além disso, Carlos Eduardo destaca que “a legislação trabalhista, a Constituição e as diversas convenções internacionais das quais o Brasil é signatário já deixam claro, de maneira expressa e enfática, que o trabalho não é uma mercadoria. A terceirização retira do trabalhador a sua identidade, fazendo com que ele seja tratado apenas como um número, um posto de serviço. A terceirização ilimitada, como permite o PL 4330 (ou, na sua nova numeração, já agora no Senado, o PLC 30/2015), trata da terceirização de mão de obra sob esse enfoque, fazendo com que o trabalhador passe a ser uma peça descartável do processo produtivo”. Luciney Martins/O SÃO PAULO
12 | Especial Terceirizações |
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43,4 horas semanais
e metas impossíveis de serem alcançadas Nayá Fernandes
nayafernandes@gmail.com
“Abandono da gestão, menosprezo pela atividade, inferioridade diante da diferença salarial e falta de benefícios, tratamento diferenciado das empresas contratantes, insegurança, dificuldade de entender qual regra seguir e sensação de perseguição por ter vários chefes. Esses são fatores presentes na vida de pessoas que já trabalham terceirizadas hoje e, na maioria das vezes, estão relacionados à grande rotatividade e a indiferença de estar ou não trabalhando.” O relato é da professora Angelica Jorge Leão e foi elaborado a partir de sua experiência como gestora de docentes, responsável por recrutamento e seleção, além do desenvolvimento e capacitação dos professores, plano de carreira e controle para resposta de indicadores do MEC. Ela trabalha no Centro Universitário Assunção (Unifai), desde 2005, e também na Faculdade Sumaré desde 2012 e atua, ainda, em consultoria própria para projetos de Recursos Humanos (RH). A questão do Projeto de Lei (PL 4330) que está tramitando no Senado alarga a discussão sobre os benefícios ou não da legalização da terceirização de atividades-fim e não somente das atividadesmeio. Se aprovado o Projeto de Lei, uma escola, por exemplo, poderá terceirizar não somente trabalhadores para serviços como segurança e limpeza, mas inclusive os professores. O primeiro emprego de Maria Gisele Canário de Sousa, hoje com 29 anos, foi no Grupo Contax, multinacional líder em contact center (uma das áreas de telemarketing), que emprega mais de 107 mil funcionários, segundo o site da própria empresa. Ela trabalhava 43,4 horas semanais, num esquema de sete dias trabalhados para uma folga semanal, recebia um salário mínimo à época, e mais as possíveis comissões. “Para ter direito à comissão, eu não podia faltar, mesmo que isso fosse atestado por médico. Além do mais, era preciso atingir, em cada ligação, o tempo de atendimento de, no máximo cinco minutos por cliente. Isso se tornava quase impossível, pois eu dependia de um sistema lento e complexo de manipular, que demorei mais de um mês para aprender. Sendo assim, nunca recebi comissão. Só trabalhei quatro meses na empresa e de-
pois pedi demissão. Quando saí, recebi o proporcional ao que tinha trabalhado”, contou Gisele. A operadora de telemarketing explicou ainda que a relação com os colegas de trabalho era boa, mas quase não tinha tempo para conversar ou tentar qualquer aproximação e com seus diretores, era uma relação extremamente formal. “Não me sentia valorizada na empresa. Era apenas mais uma. Além disso, o ambiente era pesado, pois se exigiam metas impossíveis de serem alcançadas. Todos os dias saía gente e, a cada quinzena, entravam centenas de pessoas.”
Onde mora a insegurança?
Gisele acredita que se trabalhasse em uma empresa não terceirizada, teria um salário melhor, “pois a terceirizada lucra com o serviço que presta e isso é retirado do salário do trabalhador”, afirmou. “Além de resolver problemas e receber xingamentos constantes dos clientes, os coordenadores impunham tensão quando as metas não eram atingidas e isso me deixava completamente insegura.” Situação semelhante vive Aparecida Silva (nome fictício), que trabalha em uma prestadora do Banco do Brasil criada pelo próprio banco. Ela cumpre 40 horas semanais, em regime de Consolidação das Leis de Trabalho (CLT), têm férias, décimo terceiro salário e Programa de Participação nos Resultados (PLR), mas não tem plano de carreira. “Ganho R$ 1.600 por mês e, em setembro, completo três anos na mesma empresa, tendo recebido reajuste somente por dissídio e inflação. Acredito que se a empresa não fosse terceirizada ganharia bem mais, afinal a função que executo hoje era realizada por funcionários próprios do banco, que ganham mais e trabalham seis horas diárias”, explicou. Ainda assim, Aparecida, que é responsável pela monitoração e manutenção dos caixas eletrônicos das agências bancárias, não se sente feliz na empresa, pois tem objetivos pessoais, como o de trabalhar mais perto de casa. E, embora tenha uma boa relação com os colegas de trabalho, e uma “justa relação com a chefe”, como ela mesma disse, sente que os superiores não a valorizam em seu trabalho e quando acontece algum problema, ainda que não seja de sua competência, acaba sendo cobrada.
Para Rafael Senise, analista sênior de Recursos Humanos na HProjekt, empresa especializada em recrutamento e seleção de pessoas, a insegurança acontece porque o trabalhador “nunca saberá para quem deve se subordinar. Estando
na empresa, ele deverá se reportar a um responsável e também terá que fazer o mesmo com quem tem seu vínculo empregatício. Assim, haverá um conflito interno que acabará interferindo nas suas atividades”.
Quem se beneficia com a terceirização? A pergunta oportuna diante da possibilidade de terceirizar as atividades-fim é, quem se beneficia com isso? Os empresários, os trabalhadores, as terceirizadas? Nenhum, ou todos eles? Irineu Uebara, advogado, formado em Letras e com experiência em gestão de pessoas, afirma que “uma questão que surgirá é a verdade que sempre prevaleceu no mundo trabalhista: a alegação de que a remuneração das empresas de serviços terceirizados sempre está abaixo do mercado em que atuam os profissionais. É evidente que isso acontece, pois a terceirizada não teria como obter a margem de lucro no contrato. E nem a empresa contrataria os serviços terceirizados se o
custo fosse igual ou maior do que o vínculo empregatício. Há uma súmula do Tribunal Superior do Trabalho (TST) que impede a terceirização de atividades-fim. O que era ilegal, agora, por ter sido votado pelo Congresso passa a ser totalmente legal? Ou estava sendo de rigor excessivo o relacionamento trabalhista?”. Ele explicou, ainda, que não há como comparar, por exemplo, um terceirizado com uma pessoa jurídica. A comparação se faz entre terceirizado e empregado direto de determinada empresa. “Caso seja aprovado o projeto parado no Senado, um hospital, por exemplo, poderá contratar os serviços terceirizados de uma empresa de enfermagem, considerada
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atividade-fim do hospital. Hoje, não há possibilidade disso.” O Advogado levantou ainda a questão das cooperativas, cujos trabalhadores fazem adesão e não são empregados. “As cooperativas, por analogia, também não podem oferecer trabalhadores para atividades-fim. Mas se a lei permite isso a empresas terceirizadas, por que não também a elas? É a continuação da novela.”
Os vínculos com a empresa podem ser prejudicados?
A professora e consultora de RH, Angelica, aposta que o mercado da terceirização sempre ocultará a realidade organizacional. “O problema vai parecer sempre da empresa terceira, sem
perceber que a maior prejudicada é a contratante, uma vez que a sua imagem estará associada a um formato de gestão incompetente, que resulta em um péssimo relacionamento com o cliente.” Ela lembrou que hoje, ao contratar terceirizados para atividades-meio, a maioria das empresas entende isso como sinônimo de redução de custos, diminuição na gestão de pessoas e envolvimento nas tomadas de decisões. “Na prática, essa conduta reflete diretamente na relação empregado-empregador, pois o sentimento do não pertencimento é muito forte nessa situação.” Para ela, o trabalho passou a significar uma troca, ou seja, a empresa depende do funcionário para se desenvolver e sobre-
viver, assim como o trabalhador necessita da remuneração e conhecimento para melhorar seu autodesenvolvimento e sobrevivência. “Antes, nas gerações mais antigas, o trabalho, em primeiro lugar, dignificava o homem, se trabalhava pela honra e dignidade de contribuir para a produtividade do mercado. Trabalhar era também dar uma resposta à sociedade de forma ética e moral.” Assim, Angelica considera que “a questão é bastante polêmica, porém, o favorecimento dessa nova Lei, ou de qualquer outra no País, dependerá diretamente de uma transformação cultural em que, deixamos a atitude de vítima para assumir a postura protagonista, não só de nossas vidas, mas a de todos os envolvidos”. Já Rafael Senise, da HProjekt, enfatiza que a empresa contratada deverá exigir do profissional tereceirizado o mesmo tipo de atendimento e contato com o público que os demais funcionários têm. Caso necessite algum treinamento específico, a con-
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tratante deverá exigir da prestadora de serviços certificado de capacitação do trabalhador para a execução do serviço ou fornecer o treinamento adequado. “E, por outro lado, não tem como esse profissional não se envolver com a empresa. Ele está sempre com as demais pessoas, tem horários, rotinas e acaba fazendo parte do dia a dia da empresa. Não existe uma separação por vínculos. A própria equipe, acaba ‘adotando’ sem distinção”, completou Rafael, que explicou, ainda, a impossibilidade de existir a pessoalidade e a subordinação direta do funcionário terceiro com a empresa. “Essa preocupação é explícita na Sumula 331 do TST e serve como base para tomada de decisões por juízes trabalhistas. Atualmente, existem muitos processos trabalhistas solicitando o vínculo empregatício e pleiteando todos os direitos de um CLT.” Em artigo publicado no site do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco (SP) e região, Jorge Nazareno, presidente dos sindicatos afirma que “o argumento de que
é necessário regulamentar o trabalho dos 12 milhões de terceirizados é válido, já que estes trabalhadores precisam ter acesso às mesmas garantias que os demais. O que não dá para concordar é que haja o inverso: se escolha reduzir direitos para que todos tenham acesso ao mínimo”. A reportagem procurou empresas como a Cenibra, produtora de celulose nipo-brasileira que foi condenada ao terceirizar trabalhadores de atividade-fim, ou seja, empreiteiras para o florestamento e reflorestamento. Por e-mail, a Cenibra respondeu que “no momento, não irá se pronunciar sobre o assunto” e também os responsáveis da Contax, que alegou “falta de tempo hábil” para colaborar com a reportagem.
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Arrecadação previdenciária em risco Edcarlos Bispo
R$ 56.698,1 bilhões
Déficit acumulado no final do ano
R$ 394.201,2 bilhões
Despesas previdenciárias
R$ 337.503,1 bilhões
Segundo os dados do resultado do Tesouro Nacional, as receitas previdenciárias no ano de 2014 totalizaram R$ 337.503,1 bilhões, já as despesas previdenciárias somaram R$ 394.201,2 bilhões, um déficit de R$ 56.698,1 bilhões. Em uma conta rápida, esse valor poderia manter o Bolsa Família por dois anos já que, de acordo com o Governo Federal, foram gastos, em 2014, R$ 27 bilhões com 14 milhões de famílias. Mas o cenário ainda pode piorar. Para a doutora em Economia pela FGVSP Cristina Helena Pinto de Mello, professora de economia da PUC-SP, com o projeto de lei que regulamenta as terceirizações do trabalho (PL 4330), tal como foi aprovado na Câmara dos Deputados, o déficit da previdência tende a aumentar diante da perda da arrecadação. “Estima-se uma queda nas receitas previdenciárias piorando o problema em longo prazo. Para se ter uma ideia da dimensão, a arrecadação em março de 2015 foi de R$ 27.037,9 bilhões . Mas, os gastos com benefícios previdenciários foram de R$ 33.560,9 bilhões, um déficit de R$ 6.522,9 bilhões. Recursos que poderiam ser destinados a investimento em educação ou em infraestrutura, por exemplo, e que financiam o déficit da previdência”. Na fase de negociação com os deputados, o Governo Federal tentou alterar um ponto previsto no projeto relacionado à contribuição previdenciária com o objetivo de evitar fraudes e queda nas arrecadações. A ideia do Governo era que uma parte da contribuição, correspondente a 11% da folha de pagamento, fosse antecipada por todas as empresas que terceirizam a contratação de funcionários. Essa mudança, porém, foi rejeitada pelo relator do projeto, o deputado federal Arthur Maia (SD-BA). O texto final aprovado prevê que apenas os contratantes de serviços terceirizados
Receitas previdenciárias no ano de 2014
edbsant@gmail.com
Fonte: professora Cristina Helena Pinto de Mello
de limpeza, conservação e zeladoria, de vigilância e segurança, e de empreitada de mão de obra retenham até 11% do valor bruto da nota fiscal ou da fatura mensal de prestação de serviço e repassem à Receita Federal, na forma de contribuição previdenciária. “Em princípio, é possível afirmar que o principal reflexo previdenciário da aprovação da regulamentação
da terceirização da mão de obra no Brasil é a definição do status jurídico do trabalhador: empregado ou terceirizado. E isso impacta diretamente a forma como será feita a contribuição para a Previdência. No primeiro caso, esse trabalhador será regido pela CLT e, consequentemente, terá condição de segurado obrigatório empregado. No segundo caso, o terceirizado pres-
tador de serviços será considerado, para fins previdenciários, como segurado contribuinte individual, o que muda bastante, já que ele passa a ser o único responsável pelo recolhimento de suas próprias contribuições previdenciárias. Importante lembrar que, se o contribuinte individual deixar de recolher as contribuições previdenciárias por qualquer motivo, poderá até mesmo perder o direito aos benefícios. Assim, a arrecadação previdenciária tende a diminuir em razão dessa possível inadimplência. Infelizmente, hoje ainda temos casos de esquecimento ou até mesmo falta de conhecimento sobre como é possível recolher tais contribuições”, afirma, em artigo publicado na internet, Moacir Filho, superintendente de riscos patrimoniais e financeiros da TRR Securitas. Para a professora Cristina há duas questões essenciais relacionadas ao PL 4330 e que dividem pontos de vista. A terceirização permite reduções de custo com mão de obra significativas e, portanto, reduz o custo unitário do salário. Como consequência, espera-se um aumento na competitividade das empresas locais e um aumento das exportações. Por outro lado, há uma precarização nas relações de trabalho com consequências para as contas públicas. Moacir Filho destaca que a aprovação da regulamentação com o texto atual deve gerar uma redução salarial e um déficit ainda maior. “Normalmente, quando existe um intermediário na relação jurídica, o valor que o destinatário final recebe (no caso, empregado terceirizado) tende a ser menor, já que parte dele fica com o intermediário (empresa prestadora de serviço). Com isso, quanto às contribuições previdenciárias incidentes sobre o salário e a folha de pagamento, pode haver redução de valores que são destinados ao custeio da Previdência Social. O que, em tese, pode gerar déficit, em razão da possível queda do nível salarial global”.
Propostas principais do Projeto Lei 4330 • A empresa contratante das prestações de serviços será responsável pela fiscalização das empresas terceirizadas, quanto ao cumprimento do pagamento trabalhista e aos benefícios legais como férias remuneradas e outros; • No caso de qualquer irregularidade,
tanto a contratante quanto a terceirizada responderão de forma punitiva; • O tipo de responsabilidade da empresa contratante é de forma subsidiária, ou seja, o tomador de serviço somente assumirá as irregularidades diante da falta de pagamento da empresa terceira;
• A terceira assumirá todos os direitos definidos pela convenção coletiva da categoria da empresa correspondente a atividade-fim. Um exemplo: se terceirizar o cargo de docente, os direitos que devem ser respeitados não são os da convenção coletiva do sindicato dos terceirizados, mas
sim, do sindicato dos professores; • Esse tipo de regime reduz os encargos sobre a folha de pagamento e o investimento na gestão do trabalhador, ficando tudo a cargo da empresa terceirizada. (Com informações de Angelica Jorge Leão)
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‘Através do trabalho, continuamos a realizar no mundo a criação de Deus’ Luciney Martins/O SÃO PAULO
Fernando Geronazzo Especial para O SÃO PAULO
Dom Devair preside missa na Sé na memória litúrgica de São José Operário
A Arquidiocese de São Paulo celebrou a memória litúrgica de São José Operário, no feriado do Dia do Trabalho, na sexta-feira, dia 1º, com missa na Catedral Metropolitana, presidida por Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese e vigário episcopal para a Região Brasilândia. A missa contou com a presença de representantes de pastorais e organismos eclesiais do Mundo do Trabalho. Na homilia, Dom Devair destacou que há quase 60 anos o Papa Pio XII fazia essa ligação entre o mundo do trabalho e a figura de São José, “homem simples, que testemunhou pela sua vida e com a sua vida a força de Deus”. Partindo da Campanha da Fraternidade de 2015, cujo tema é “Fraternidade: Igreja e Sociedade”, dentro do contexto dos 50 anos do Concílio Vaticano II, o Bispo perguntou se aquilo que foi pensado, discutido e escrito
naquele tempo continua atual nos dias de hoje. “Como estamos misturados com as coisas do mundo testemunhando a nossa fé? qual é a resposta que cada um de nós pode oferecer diante das situações do mundo atual?” Referindo-se a uma das leituras da missa, que narra a criação do ser humano e sua missão de colaborar com a criação, o Bispo afirmou: “Não somos criadores do mundo, mas temos uma responsabilidade sobre toda essa obra criada e é através do trabalho, do esforço humano, que nós continuamos a realizar no mundo a criação de Deus”. “Muitas vezes, pelos nossos atos, destruímos essa obra criadora de Deus e pagamos as consequências disso. Muitas vezes, pelo trabalho desregrado, também exploramos e maltratamos o irmão. Tudo isso faz parte da morte que vem pelo pecado. Nem sempre nos damos conta disso e quantas situações são criadas pela destruição do homem. Nós somos chamados a conversão para adentrar no-
vamente na vontade de Deus”, acrescentou o Bispo, que também motivou todos a buscarem, pelo trabalho, o compromisso de manifestar no mundo, o Reino de Deus.
Terceirização
Após a celebração, houve um ato público na praça da Sé, onde foram tratados os principais desafios enfrentados pelos trabalhadores, neste ano, especialmente, a preocupação com o projeto de lei sobre a terceirização que tramita no Congresso (saiba mais nas reportagens das página 11 a 14). De acordo com o coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo, Paulo Pedrini, este projeto, se aprovado, configura “um retrocesso para a classe trabalhadora”. “Ainda falta muita informação sobre o que, de fato, significa isso. É importante que se promovam encontros e espaços para o debate oeaprofundamento do tema; e o que temos buscado fazer nas paróquias e comunidades”.
Cracolândia precisa de atitudes mais humanizadas, afirma Padre Júlio Henrique Sebastião Especial para O SÃO PAULO
A chamada região da “Cracolândia”, no centro da cidade, foi palco de tensões na quarta-feira, 29, quando policiais feriram à bala dependentes de drogas, que por sua vez ameaçaram quem por ali passava com facas e paus, depredaram ônibus e cometeram furtos, em meio a explosões de bombas de gás, barricadas em chamas, batalha de pedras e comerciantes desesperados que fechavam portas. Pela manhã, a situação já era tensa, quando a Prefeitura deu início à nova ofensiva para acabar com a “favelinha” ali instalada, um conjunto de barracos postos pelos usuários. O primeiro confronto ocorreu às 14h. Policiais militares à paisana foram descobertos por um grupo de dependentes químicos, que iniciou um tumulto. Cercado, um policial efetuou disparos; um dos tiros ricocheteou e atingiu a perna de um usuário; outro foi atingido por estilhaços. A partir do meio da tarde, desalojados, os dependentes se espalharam pelo centro, em confronto com a Polícia Militar
e a Guarda Civil Metropolitana. “Há algum tempo vinha sendo negociada a retirada das barracas do local. Os agentes da Prefeitura negociaram com alguns, que chamam de ‘líderes’. Na realidade, essa liderança que imaginam é formada pelo pessoal do tráfico. A Prefeitura entrou no terreno e passou a retirar todas as coisas. Assim começou todo o tumulto, a briga, a chuva de bombas, numa verdadeira operação de guerra. As bombas eram lançadas a certa altura e caíam todas ao mesmo tempo em cima de nós, que estávamos ali. A situação ficou descontrolada. A Irmã Chiara, da Missão Belém, que estava presente socorrendo as pessoas, sofreu perfuração de úlcera, está internada na Santa Casa e vai passar por cirurgia”, relatou, ao O SÃO PAULO, o Padre Júlio Lancellotti, vigário episcopal para a Pastoral do Povo da Rua.
Possíveis soluções
No entender do Padre Júlio, há indícios de participação de agentes do Estado no crime organizado na Cracolândia. “É preciso superar isso, e é preciso baixar a tensão, acabar com esse
Padre Júlio Lancellotti acompanha missionários da fraternidade O Caminho no socorro a atingidos na Cracolândia
estado de sítio. Hoje, todos que passam por ali são revistados, o que cria um clima tenso. É preciso tomar atitudes mais humanizadas”, afirmou. O Vigário Episcopal também considera necessário desburocratizar processos e facilitar os encaminhamentos para o tratamento dos dependentes e o retorno às famílias. “As ações da Prefeitura são muito burocratizadas. Por exemplo: se alguém que está lá e aceita ir para a Missão Belém, pode ir sem do-
cumentos, sem burocracia, do jeito que está. Já o para ir com o pessoal da Secretaria de Saúde, a pessoa precisa estar em abstinência, livre da droga”, explica. “Uma solução imediata, que resolva tudo até amanhã, não existe. Precisa-se fazer uma experiência com o que está dando certo, algo que dê respostas melhores. O pessoal da Missão Belém e da fraternidade do O Caminho, por exemplo, não hostilizam; eles ouvem as pessoas. As ameaças tornam as rela-
ções violentas”, avaliou o Padre. Segundo o Sacerdote, a Pastoral do Povo da Rua seguirá se posicionando contra o higienismo e acompanhando as pessoas de perto. “O poder público é impermeável ao diálogo. Querem uma solução imediata, mas não estão abertos a novas soluções. No fundo, o que há sempre são programas de controle; o problema é complexo, e o controle é exercido sobre um grupo só, o dos usuários: o lado mais fraco da situação toda”.
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Filipe David
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Dica de Leitura
Cinema Discernimento dos Espíritos Um pombo e Velozes No meio do caminho de nossa vida, a estrada que percorremos pode se tornar um tanto sombria: “Há caminhos que parecem retos ao homem e, contudo, o seu termo é a morte”, afirma-nos o sábio em Provérbios 16,25; alguns versos anteriores nos inspiram cautela a respeito de nossas próprias ações: “Todos os caminhos ao homem parecem puros, mas o Senhor é quem pesa os corações” (Pr 16,2). Por essa razão, a Santa Igreja não cansa de advertir sobre os diversos critérios para afastar as falácias e os engodos espirituais que seus filhos costumam experimentar. Esses ensinamentos, que compõem o Magistério e a santa Tradição, um tesouro indizível para o guiamento das almas, estão reunidos nesta obra clássica do Padre Scaramelli. Um livro essencial, que traz realismo à vida espiritual, sem falsas ilusões a respeito de nossas experiências, sem sentimentalismos superficiais, mas com estímulo à prudência, à temperança, inclinando-nos à
Reprodução
humildade e nos desiludindo quanto às consolações sensíveis e às emoções passageiras dos sentidos. Ficha técnica: Autor: Padre Giovanni Battista Scarameli, SJ Páginas: 224 Editora: Ecclesiae
Estreia nesta semana o filme sueco “Um pombo pousou num galho refletindo sobre a existência”. Não deixa de ser engraçado que o filme chegue aos cinemas ao mesmo tempo que “Super velozes, mega furiosos”, devido ao contraste surreal entre os dois. “Super velozes” é o sétimo filme de uma sequência, cuja história é menos importante que as explosões, lutas e mulheres seminuas. É um filme de ação, do tipo enlatado americano tão clichê quanto possível, com uma excelente produção. Já “Um pombo” é um filme alternativo, do tipo intelectual pretensioso, que parece conter uma mensagem profunda, mas que ninguém é capaz de entender. O filme lembra a peça de Samuel Beckett, “Esperando Godot”. Tanto na peça como no filme, a vida humana e em sociedade é retratada como uma sequência de eventos sem sentido. Nos dois casos, o humor e o riso são provocados apenas para manifestar de forma crua e fria o quanto a nossa vida é absurda. O contraste entre os dois filmes esconde uma profunda unidade. Quem assiste a “Super velozes” concorda em colocar o cérebro para descansar e se deixar inebriar pela sequência frenética de cenas de ação. A ima-
gem é tudo, não há mensagem ou sentido a entender. O filósofo francês Blaise Pascal diz em alguns de seus “Pensamentos” o que é um “divertimento”: um meio para que o homem, incapaz de escapar à morte, à miséria e à ignorância, simplesmente pare de pensar no assunto, ocupando-se com outra coisa. A morte e a fragilidade da vida são onipresentes em “Um pombo”. O filme começa precisamente com três “encontros” com a morte: três pessoas antes ou depois de seus últimos instantes de vida. No extremo oposto de “Velozes”, “Um pombo” é incrivelmente lento, monótono mesmo. No lugar de belas mulheres e homens musculosos, maquiados para parecerem mais atraentes e cheios de vida, os personagens de “Um pombo” são feios, velhos, maquiados para parecerem quase mortos. Em vez de fugir do absurdo com um divertimento, o filme propõe que o encaremos olhos nos olhos e com um sorriso sarcástico nos lábios. A unidade dos dois filmes está no pressuposto de que a vida realmente não tem sentido. Edmund Husserl, fundador da fenomenologia, diagnosticava a crise da civilização ocidental como uma crise de sentido. “Super velozes” e “Um pombo” mostram que ele tinha razão...
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Confederação Brasileira de Tênis de Mesa
brado que Hugo Calderano, medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos da Juventude em 2014, realizou na derrota por 4 sets a 2 para o japonês Jun Mitzuti, quinto colocado no ranking mundial. “Eu queria jogar no meu melhor nível e chegar o mais longe possível”, afirmou Hugo ao O SÃO PAULO, declarando já estar focado para o Pan de Toronto, em julho. “Tenho dois meses de treinamento até o Pan. É a minha principal competição este ano, pois classifica o campeão para os jogos olímpicos de 2016. Espero melhorar todos os aspectos do meu jogo até lá”.
61 anos depois, Brasil tem uma dupla nas quartas de final do Mundial de Tênis de Mesa, realizado na China Daniel Gomes
danielgomes.jornalista@gmail.com
Cazuo Matsumoto e Thiago Monteiro estiveram muito próximos de entrar para a história do tênis de mesa brasileiro na quinta-feira, 30. No campeonato mundial da modalidade, em Suzhou, na China, a dupla fez equilibradíssimo duelo contra os sul-coreanos Sangsu Lee e Hyundeok Seo pelas quartas de final, mas perdeu por 4 sets a 3. Se vencessem, garantiriam, ao menos, uma inédita medalha de bronze para o País. “Estivemos a um único jogo da medalha, mas é difícil pensar nesse feito agora. Ainda estamos pensando o que poderíamos ter feito de diferente. Pelo lado racional, só temos coisas positivas a tirar. No emocional, vai ficar sempre o gostinho de que poderíamos ter feito um pouco melhor”, afirmou Thiago Monteiro, ao site da
Cazuo e Thiago em partida na qual avançam às quartas de final do Mundial da modalidade
Confederação Brasileira de Tênis de Mesa. Mesmo sem medalhas, Cazuo e Thiago alcançaram um resultado significativo, pois a última vez que uma dupla brasileira chegou às quartas de final foi no Mundial de 1954, com Dagoberto Midosi e Ivan Severo. Outras performances do Brasil em Suzhou provam que o tênis de mesa está em evolução no País. Gustavo Tsuboi e Hugo Calderano chegaram às oitavas de final nas duplas. Hugo e Caroline Kumahara ficaram entre os 32 melhores nas duplas mistas, e CaRodrigo Corse/FPF
roline alcançou o mesmo feito com Lin Gui nas duplas femininas. No individual masculino, tanto Hugo quanto Gustavo figuraram entre os 64 mais bem colocados. Em relação ao Mundial de 2013, em Paris, o maior avanço brasileiro foi classificar duas duplas masculinas às oitavas, com uma chegando às quartas de final. No individual masculino, a performance foi igual a do Mundial anterior, com dois atletas eliminados na estreia e dois na segunda partida. A diferença dessa vez foi o jogo equiliConfederação Brasileira de Ginástica
Domínio chinês
Principal potência do tênis de mesa, a China foi soberana no Mundial. Os chineses conquistaram todas as cinco medalhas de ouro em disputa, além de quatro pratas e quatro bronzes. Na aguardada final do individual masculino, Ma Long, líder do ranking mundial, venceu o compatriota Fang Bo, que não estava entre os favoritos para chegar à decisão. “Fang Bo foi o atleta que se destacou pois apesar de ser o 14º cabeça de chave, eliminou dois favoritos ao título para chegar até a final”, avaliou Hugo Calderano.
AGENDA ESPORTIVA QUARTA-FEIRA (6) Libertadores da América de Futebol 22h – São Paulo x Cruzeiro (Morumbi)
AGORA QUEM DÁ BOLA É... O Santos conquistou no domingo, 3, o 21º título Paulista de sua história, ao derrotar o Palmeiras nos pênaltis, por 4 a 2, na Vila Belmiro, após vencer a partida no tempo normal, por 2 a 1, devolvendo a derrota no primeiro jogo da final, por 1 a 0, na semana anterior.
NOVATA DE OURO – Flávia Saraiva, 15, foi o destaque do Brasil na etapa de São Paulo da Copa do Mundo de Ginástica, encerrada no domingo, 3. Ela conquistou ouro no solo e prata na trave. No total, o País teve nove medalhas, entre essas os ouros de Arthur Zanetti, nas argolas, e de Ângelo Assumpção, no salto.
SÁBADO (9) Brasileirão de Futebol 18h30 – Palmeiras x Atlético Mineiro (Allianz Parque) DOMINGO (10) Brasileirão de Futebol 16h – São Paulo x Flamengo (Morumbi)
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Brasilândia
Padre Cilto José Rosembach e Juçara Terezinha Zottis Colaboração especial para a Região
Dom Devair partilha com o clero experiências da 53ª Assembleia Geral da CNBB Na quinta-feira, 30, o clero atuante na Região Brasilândia esteve reunido com Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região, na Paróquia São José, em Perus. Uma das pautas do encontro foi a repercussão sobre a 53ª Assembleia Geral da CNBB, realizada em Aparecida (SP), em abril. “Foi uma experiência muito boa.
Foi a primeira que participei como bispo. Transcorreu com muita tranquilidade e paz, uma convivência fraterna, rica com muita troca de experiências”, afirmou Dom Devair. O Bispo relatou, ainda, que a CNBB tomou posição crítica sobre os diversos conflitos nacionais e internacionais. Ele ressaltou, ainda, que as diretrizes pas-
torais elaboradas durante a Assembleia serão adequadas à linha de ação do Papa Francisco. Durante o encontro, também foi conversado sobre as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). Padre Cilto José Rosembach, pároco da São José, alertou à necessidade de uma reflexão sobre as CEBs tendo presente as mudanças sociais, políticas,
econômicas e eclesiais. “Não podemos ficar apenas na saudade ou fantasias, e sim apontar propostas de motivação e esperança para as comunidades”. Padre Cilto, que também é assessor regional da Pastoral da Comunicação, motivou os padres e diáconos à participação no Dia Mundial das Comunicações 2015, que terá por tema “Co-
Uma semana de fé e compromisso social A Pastoral Fé Política da Região Brasilândia, em sintonia com o Conselho Regional de Pastoral (CRP), realizará entre os dias 14 e 16, na Paróquia Santa Cruz de Itaberaba (avenida de Itaberaba, 2.093), a “Semana de Fé e Compromisso Social”, uma formação sobre temas de relevância nacional, tais como a regulação e democratização da mídia, crise econômica e o desenvolvimento, e a reforma política e democracia. Para ajudar no aprofundamento desses temas já estão confirmados os seguintes assessores: Padre
municar a família: ambiente privilegiado do encontro na gratuidade do amor”, e será celebrado no dia 17 em todas as paróquias e comunidades. Para essa celebração, a Pascom regional enviou para todas as paróquias, padres e algumas lideranças o link de acesso ao conteúdo da carta enviada pelo Papa Francisco e sugestões para preparar a celebração. Reprodução
Cilto José Rosembach e Altamiro Borges, para tratar da regulação da mídia e sua democratização, no dia 20, às 14h. Para tratar do tema da crise econômica e o desenvolvimento, foi convidado o professor de economia da PUC-SP, Ladislau Dowbor, e Valdemar Rossi, no dia 15, às 20h. O tema da reforma política e democracia será no sábado, 16, às 14h, com assessoria de Américo Sampaio, Julio Turra e Padre Antonio Manzatto. Para informações e demais inscrições os contatos são (11) 3924-0020 ou pastbrasilandia@uol.com.br.
Dízimo em destaque no Setor Perus No sábado, 2, na Paróquia Cristo Rei, no Jardim Britânia, foi realizada a reunião mensal do Conselho de Pastoral do Setor Perus. As atividades da Pastoral do Di-
zimo foram o destaque do encontro. As equipes paroquiais apresentaram as estratégias que têm utilizado para manter os trabalhos e animar constantemente as comunidades.
Também foram acertados os detalhes da celebração de Corpus Christi no Setor, marcadas para 4 de junho, às 15h, na Praça do Samba, em Perus.
A próxima reunião setorial será em 6 de junho, às 9h, na Paróquia Nossa Senhora das Graças, no Morro Doce, com enfoque para a Pastoral da Juventude (PJ).
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Peterson Prates
Colaboração especial para a Região
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Belém
São José Operário é sinal de esperança na Favela da Vila Prudente Na rua da Igreja, na favela da Vila Prudente, na zona leste de São Paulo, está a capela que é base das ações da Área Pastoral São José Operário, e nela aconteceu entre os dias 28 de abril e 1º de maio missas em louvor ao padroeiro. A cada dia de tríduo, um padre presidiu as celebrações: na terça-feira, 28, o Padre Michael Foody, um dos vigários da Área Pastoral; Na quarta, 29, o Padre Reginaldo Donatoni, administrador paroquial da Paróquia São Paulo Apóstolo, que já fez atuação pastoral na favela; e na quarta-feira, 30, o Padre Assis Tavares, também vigário da Área Pastoral. Na sexta-feira, dia 1º, a missa solene foi presidida por Dom Edmar Peron, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Belém, concelebrada pelos Missionários do Espírito Santo (Espiritanos) e pelos vigários da Área Pastoral: Padre Michael Foody, Padre Assis Tavares, e o Padre Patrick Clarke, criador do Centro Cultural Vila Prudente (CCVP), que em 2015 completa 25 anos de fundação. “Se a gente não acreditar nas pequenas coisas, a gente nunca vai acreditar nas grandes coisas”, disse Dom Edmar, em referência ao CCVP. “O Centro Cultural ajuda a pensarmos as coisas juntos”, completou. Entre as cem pessoas que foram à missa, estavam 40 crianças moradoras da favela e participantes do
Peterson Prates
Dom Edmar Peron junto a crianças em capela na Favela da Vila Prudente, no Dia de São José Operário, na sexta-feira, 1º
Centro Cultural. A todos, Dom Edmar dirigiu palavras de fé e de afeto, e alertou para a importância de se preocupar com o próximo. “Nós queremos viver e ser felizes”, repetiu o Bispo várias vezes com as crianças, que depois de algumas tentativas diziam também: “Queremos amar Jesus, que por nós morreu e ressuscitou” . Durante a missa, Dom Edmar relembrou o trabalho da Pastoral do
Menor, e uma famosa frase de Dom Luciano Mendes de Almeida, vigário episcopal da Região Belém entre 1976 e 1988: “Se você acender uma luz na vida de uma criança, essa criança será a luz da sua vida”. No sábado, 2, a comunidade encerrou os festejos de São José Operário com uma confraternização no Centro Pastoral Dom Oscar Romero, e a apresentação de sanfoneiros que participam da capela.
AGENDA REGIONAL Terça-feira (12), 17h
Festa da padroeira da Comunidade Nossa Senhora de Fátima, da Paróquia Santíssima Trindade (rua Serra da Cachoeira, 51).
Quarta-feira (13), 19h30
Festa da padroeira da Paróquia Nossa Senhora de Fátima (rua José Antônio Fontes, 36, Sapopemba).
Aos 25 anos, Centro Cultural Vila Prudente gera transformações com educação e arte Na sexta-feira, dia 1º, o Centro Cultural Vila Prudente (CCVP) completou 25 anos de atuação na Favela da Vila Prudente. A programação de aniversário começou com a missa do Dia de São José Operário na capela da favela (leia mais acima). O Centro Cultural Vila Prudente nasceu em 1990, idealizado pelo missionário irlandês Espiritano, Padre Patrick Clarke. Após a missa, as crianças fizeram uma apresentação de percussão e foram em cortejo para o Prédio São Francisco do CCVP, onde foi exibido um vídeo sobre o Centro Cultural e realizadas outras apresentações culturais com aqueles que participam das oficinas. Foi entregue a Dom Edmar um livreto com fotos dos mosaicos produzidos pelas crianças do Centro Cultural Vila Prudente na oficina de arte sacra, orientada pelo educador Marcos Pereira. O volume original foi enviado ao Papa Francisco, junto com
Peterson Prates
Centro Cultural Vila Prudente acolhe 120 crianças e jovens em favela na zona leste
uma carta escrita em nome do CCVP e um quadro em mosaico com a imagem do Papa. Por fim, foi partilhado um bolo em comemoração à data. O CCVP realiza diversas oficinas e atividades, entre elas: oficinas de
pintura, música, arte sacra, alfabetização, artes marciais, teatro, ginástica, entre outros. O CCVP atende cerca de 120 crianças e jovens por dia. “A importância do CCVP é educar as crianças e também integrar cada
vez mais os moradores da comunidade”, contou Eduardo Nascimento, morador da favela há 45 anos, educador e mestre em artes marciais, que ministra oficinas no Centro Cultural. Para o Padre Assis Tavares, missionário Espiritano que trabalha na Favela da Vila Prudente, o Centro Cultural é importante para oferecer atividades no período em que as crianças e jovens não estão na escola. Além disso, lembrou o Padre, o CCVP é “uma contraproposta ao tráfico”.
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Santana
Diácono Francisco Gonçalves
Colaborador de comunicação da Região
Centro Social Leão XIII: 74 anos junto aos trabalhadores e aos mais pobres Diacono Francisco Gonçalves
Dom Sergio de Deus preside missa no Centro Social Leão XIII, dia 1º
O Centro Social Leão XIII comemorou, na sexta-feira, dia 1º, 74 anos de fundação. Após uma apresentação da Camerata da Policia Militar,
Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, presidiu missa, concelebrada pelo Padre Marcel Martineau, pá-
roco da Paróquia Santa Zita e Nossa Senhora do Caminho, a qual a capela faz parte. Dom Sergio enalteceu a obra benemérita e demonstrou alegria em participar daquela comemoração que rememorava o 1º de maio de 1941, quando, com as bênçãos de Dom José Gaspar d´Afonseca e Silva, então arcebispo de São Paulo, a senhora Edith Junqueira de Azevedo Marques junto amigas da Ação Católica, entre as quais Lucy Montoro e Helena Junqueira, inauguraram a Obra que tinha o objetivo de melhorar a formação de operárias, em atividades de
corte e costura, uma vez que a cidade começava sua fase de industrialização e muitas pessoas chegavam do interior do Estado com pouca instrução. Iniciada no Brás, logo a Obra passou para a Vila Maria. “A primeira coisa que fez dona Edith foi criar a capela, para que a oração irradiasse sua Obra. Em seguida, vieram as creches e vendo a necessidade, já na época, criou um ‘sopão’ para os pobres”, relembra Virginia Pantaleo, responsável pelo atendimento à terceira idade. “Hoje, o Centro Social Leão XIII possui quatro creches que atendem cerca de
700 crianças: uma no Belém, outra no Parque Novo Mundo e duas na Vila Maria, sendo a sede central na rua Santa Maria Goretti, 179, na Vila Maria Alta. Cuida também de cerca de 250 idosos e o centro de juventude com 120 jovens”, afirma Nelson Teixeira, conselheiro fiscal da entidade e que há 40 anos atua na Obra. O Centro Social Leão XIII realiza também eventos e festas culturais que promovem a confraternização entre todos. Doações em dinheiro ou mantimentos e materiais de limpeza podem ser feitas na sede.
Leigos preparados para as Santas Missões Populares A terceira etapa do projeto Santas Missões Populares (SMP) no Setor Vila Maria foi constituída por retiros ocorridos em abril, na Paróquia São Sebastião, no dia 18; na Paróquia Nossa Senhora da Anunciação, no dia 19; e na Paróquia Nossa Senhora da Candelária, no dia 25. A assessoria foi feita pelo Padre Antônio dos Santos da Silva, assessor do projeto SMP no Setor Vila Maria e pelo leigo Robson Soares Urschei, da equipe das SMP.
O projeto foi elaborado em Belém (PA) e tem sido implantado no Setor, desde 2013. “Nossa Igreja deve ser uma Igreja em saída, sempre aberta como a Trindade em seu movimento. Nossa expressão, o nosso movimento deve ser sempre o amor”, comentou Robson. Já Padre Antônio afirmou que “o propósito da Igreja é construir o Reino de Deus, não como uma experiência técnica, mas com uma ex-
periência pessoal com Jesus, que nos leva a um sentido de vida; e levar aos outros que ainda não fizeram essa experiência, essa vida que descobrimos”. “O retiro me motivou a ser Igreja e apresentar Jesus às pessoas”, expressou Maria de Fátima Silva, leiga atuante na Paróquia Nossa Senhora da Candelária. Os retiros movimentaram até agora cerca de 400 agentes pastorais. Os próximos retiros, com o foco na
Teka Louro
Fiéis durante retiro na Paróquia São Sebastião, no Setor Vila Maria
espiritualidade missionária, serão realizados, em maio, nas paróquias Santa Rita de
Cássia, Jesus no Horto das Oliveiras, e Nossa Senhora Aparecida da Boa Viagem.
Dom Sergio capacita diáconos para aprimoramento de homilias Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, realizou na quinta, 30, uma formação sobre
homilia para os diáconos. O Bispo apontou que entre as formas de exercício do ministério pastoral tem lugar importantíssimo a pre-
gação da Palavra de Deus, e que conforme a tradição há três formas fundamentais de pregação: Kerigma, que é o anúncio do Evangelho
a quem não crê, ou tem necessidade de reavivar a fé; A Catequese, exposição sistemática e metódica das verdades da fé a quem já acolheu a fé e tem necessidade de ser instruído sobre o seu conteúdo para torná-la regra de sua vida; A homilia, que é conversação sobre a Sagrada Escritura e outros textos, que acontece em várias ocasiões e especialmente durante a celebração dos sagrados mistérios. Dom Sergio explicou que já no Antigo Testamento, “muitas vezes e de modos diversos, falou Deus, outrora, aos pais pelos profetas; agora, nestes dias que são os últimos, falou-nos por meio do filho (Hb 1,1-2). Cristo, o Filho de Deus feito homem, é a Palavra única, perfeita e in-
superável do Pai. Nele, o Pai disse tudo e não haverá outra palavra senão esta”. O Bispo continuou sua instrução mostrando que Jesus institui a Igreja com fundamento nos apóstolos e, mandando sobre eles o Espírito Santo, por parte do Pai, enviou-os a pregar o Evangelho em todo o mundo. Nessa função de pregar estão os diáconos, que conforme a constituição dogmática Lumen Gentium, 29, “servem ao povo de Deus na diaconia da liturgia, da palavra e da caridade”. Dom Sergio, ao final, informou aos diáconos que a formação terá continuidade em 11 de junho, às 20h, na Cúria de Santana (avenida Mal. Eurico Gaspar Dutra, 1.877, na Parada Inglesa).
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Sé
Fernando Geronazzo
Colaborador de Comunicação na Região
‘Gaudium et Spes é a porta do Concílio em direção ao mundo’ O Conselho Regional de Pastoral (CRP) da Região Episcopal Sé teve sua primeira reunião do ano na quarta-feira, 29, com a presença de Dom Eduardo Vieira dos Santos, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região, que participou pela primeira vez do CRP como bispo. No encontro, realizado no Centro de Pastoral da Região, no Pacaembu, o tema refletido foi a constituição pastoral Gaudium et Spes, do Concílio Vaticano II, documento que norteia a urgência pastoral proposta pelo 11º Plano Arquidiocesano de Pastoral para 2015, “Igreja em estado permanente de missão”. O assessor do tema foi o Cônego Sérgio Conrado, pároco da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, na Aclimação. Ele ressaltou que cada
documento do Vaticano II representa “uma janela que se abre à renovação da própria Igreja e ao diálogo com o mundo”. “Dos documentos conciliares, a constituição pastoral Gaudium et Spes é o coração pulsante dos anseios de tantos que esperaram para ver a face da Igreja voltada para todos os homens e mulheres sem distinção; é a porta do Concílio em direção ao mundo; revela o coração da Igreja como mãe atenta à vida, às dificuldades, às alegrias e angústias de seus filhos dispersos pelo mundo”, disse. Para o Cônego, a Gaudium et Spes foi o “plano de voo” de uma Igreja que pretendeu ultrapassar os muros do Vaticano e ainda possui pertinência e relevância suficiente para nortear a reflexão e ação dos cristãos hoje. “É
o velho desafio de ‘estar no mundo’ sem ‘ser do mundo’ (cf. Jo 17, 11-18)”, destacou. “Dentro do contexto do 11º Plano de Pastoral, é colocada diante de nós não só a urgência, mas realidades que, queiramos ou não, temos que enfrentar. Sentimos certo cansaço nas nossas comunidades e setores, mas é para
isso que o Plano existe, para nos dar impulso não só em termos de nós mesmos, mas despertar outras pessoas para o trabalho de evangelização”, salientou. Para o coordenador regional de Pastoral, Padre José Enes de Jesus, as reflexões e o estudo tanto do Plano quando da Gaudium et Spes
devem ser aprofundados nos setores. Dom Eduardo reforçou a importância do estudo de documentos como a Gaudium et Spes. “Também o Papa Francisco nos instiga a sermos uma Igreja em saída, que vai ao encontro dos anseios e necessidades da sociedade atual”. Centro de Pastoral da Regiao Se
Cônego Sérgio Conrado reflete sobre constituição Gaudium et Spes no Conselho de Pastoral da Região
Há 40 anos, ferroviários expressam devoção a São José Operário Na sexta-feira, dia 1º, a Paróquia Nossa Senhora Aparecida dos Ferroviários, na Mooca, completou 40 anos de sua fundação. Embora a comunidade tenha nascido nos anos 1930, a partir da promessa dos ferroviários em construir uma capela em agradecimento a Nossa Senhora Aparecida, apenas
em 1975 a pequena capela foi oficialmente reconhecida como paróquia. Ao longo dos anos, a Paróquia passou por mudanças, incluindo o local da matriz. A celebração da Festa de São José Operário é uma tradição na comunidade, já que os ferroviários que viviam no bairro da Mooca
aproveitavam o Dia do Trabalho para comemorar sua data, 30 de abril. As grandes procissões eram uma marca da pequena capela da rua Dr. Almeida Lima. Por isso, apesar de levar o nome da Virgem Aparecida, a inauguração da Paróquia se deu em 1º de maio de 1975, e guarda até hoje a devoção a São
José Operário, padroeiro dos trabalhadores. A data foi celebrada com um tríduo preparatório e, no dia da festa, houve missas às 9h e às 16h, sendo que às 15h30 foi realizada uma procissão saindo da antiga capela até a matriz atual. Além disso, houve uma festa típica italiana.
Jovens unidos por um mundo de fraternidade Movimento dos Focolares
Diego Monteiro
colaboração especial para a região
Mas afinal: o que é a fraternidade? É reconhecer o outro como irmão? Fazerse um? Ir ao encontro do outro e estar aberto a ele? Esses questionamentos são constantes diante das adversidades da sociedade e fazem parecer que a fraternidade é utópica e apenas paira na imaginação de alguns. E por que não descobri-la? Foi isso que dezenas de jovens se propuseram a fazer no sábado, 2, no Arsenal da Esperança, ao participarem da Jornada Mundo Unido, promovida pelos Jovens por um Mundo Unido, do Movimento dos Focolares Foi um dia com muita música, apresentações, oficinas em grupo e relatos de
rais, shows e manifestações pela paz, reunindo jovens de diversas etnias, religiões, idades e condições sociais.
‘Afago’ de fraternidade
Jovens da ONG Afago explicam ações que realizam na Jornada
experiências. Como parte do cenário, havia um painel, no qual os participantes colavam peças para montagem de um quebra-cabeça que continha imagens da cidade de São Paulo e seus contrastes: favelas, centro histórico e alguns pontos turísticos. “É uma metáfora da cidade que a gente vive. Quer mostrar que cada um tem a sua im-
portância e o seu dom para colocar a serviço do outro. Se cada um fizer a sua parte, esse Mundo Unido acontece”, explicou Samara Chedid, idealizadora do painel. A Jornada é uma das atividades da Semana Mundo Unido (SMU), realizada desde 1996 em vários países, com ações concretas de solidariedade, atividades cultu-
Cerca de 20 jovens acordaram cedo, saíram num ônibus fretado do bairro Jardim Pedreira, na zona sul, até o bairro da Mooca, na zona leste, onde aconteceu a Jornada Mundo Unido, para também viver de forma concreta a fraternidade. Eles são assistidos pela ONG Afago, que promove atividades recreativas para crianças e cursos profissionalizantes para adolescentes e jovens desprovidos de recursos, além de dar assistência a famílias em situação de vulnerabilidade social. Regiane Mares, 19, participa desde os 6 anos da Afago.
“Eu agradeço muito do que sou à Afago. Eu vejo muitas pessoas da minha idade que estão num caminho errado e eu fico pensando que se eu não tivesse a Afago para me apoiar onde estaria hoje? Eu não sei”, disse à reportagem. Regiane é voluntária na biblioteca da entidade e foi convidada para dirigir a oficina de poesia. “Surgiu uma proposta para eu orientar a oficina de literatura marginal, para as crianças e adolescentes. Essa oficina tem por objetivo orientá-los para que transformem em poesia a realidade que vivem e a marginalidade que os rodeia”, afirmou a jovem. “Se você for pedir a qualquer um dos jovens que estão aqui para que em uma palavra descrevam a Afago, eles vão responder: família”, concluiu.
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Lapa
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Benigno Naveira e Padre Raimundo Ribeiro Martins Colaboradores de comunicação da Região
Dom Julio: ‘o trabalho santifica, dignifica e faz crescer o ser humano’ Paroquia São Jose Operario
Benigno Naveira
Festa de São José Operário tem celebrações em praças e missa com Dom Julio na matriz da paróquia
Após nove dias de orações, louvores e reflexões nas ruas e na matriz da Paróquia São José Operário, no Setor Rio Pequeno, aconteceu na sexta-feira, dia 1º, a festa em louvor ao padroeiro, iniciada às 9h, com a reza do Ofício de São José. Na sequência, às 17h, houve missa solene, presidida por Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região
Lapa, concelebrada pelo Padre Raimundo Ribeiro Martins, SJC, pároco, e pelo Padre Joaquim Crispim. Dom Julio iniciou a homilia recordando passagens do Evangelho do dia (Mt 13, 54-58), que indicam ser Jesus “o filho do carpinteiro” e que um profeta é desprezado em sua pátria e na própria família. Segundo o Bispo, ainda
que tenha se decepcionado com o povo, Cristo não deixou de fazer o bem. O Bispo lembrou que Jesus viveu 30 anos junto à própria família e outros três em atividade pública, o que mostra que é necessário o cultivo pessoal na convivência familiar e na dedicação ao trabalho para o próprio sustento. Segundo Dom Julio, Jesus deu um sentido
santo à rotina da vida, exemplo que deve ser seguido por todos. No contexto da festa de São José Operário, modelo e protetor dos trabalhadores, Dom Julio enfatizou que o trabalho é uma atividade nobre, pois apesar de cansativa também santifica, dignifica e faz crescer o ser humano. Além disso, é um meio para humanizar a terra, sendo o homem um agente de recriação da natureza (cf. Gn 1,22). O Bispo comentou, ainda, que humanizar a própria sociedade assumindo o trabalho não um castigo, mas uma forma de participação da obra na criação. Dom Julio lembrou que Deus não fez o mundo perfeito nem imperfeito, porém perfectível, ou seja, em condições de ser aperfeiçoado pelo ser humano mediante o trabalho. O
Bispo também recordou que Deus descansou, não porque estivesse cansado, mas sim por estar satisfeito com tudo que criara. Assim, o ser humano é convidado a trabalhar bem, não apenas para ter direito ao repouso, mas para descansar bem. “O preguiçoso nunca descansa, está sempre cansado e entediado”, afirmou. O Bispo convidou a assembleia a pedir a Deus para que todos tenham trabalho, para que a vantagem do capital não se sobreponha ao trabalho e para que não haja a exploração dos trabalhadores. Antes do encerramento, Dom Julio abençoou miniaturas de galões de água que foram oferecidas ao povo como lembrança da festa, e disse que água lembra o Batismo e estimula à fidelidade a Jesus.
Pastoral vocacional regional conta com a experiência do Padre Élio Vigo
Benigno Naveira
Despertar os vocacionados por meio de encontros, momentos de oração e em contato direto nas paróquias e comunidades é o objetivo da Pastoral Vocacional atuante na Região Lapa, coordenada pelo Padre Élio Vigo, 72. Por seis anos, o Padre coordenou a Pastoral em âmbito arquidiocesano e assumiu a mesma função na Região Lapa a convite do Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região. Padre Élio, em conversa
Padre Élio Vigo coordena Pastoral
com a reportagem da Pastoral da Comunicação regional, na quarta-feira, 29, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Vila Anglo Brasileira, onde é pároco, afirmou que o vocacionado sai da base da família, ligada a uma paróquia na qual o padre é o primeiro a dar o encaminhamento vocacional. Padre Élio ressaltou que a Pastoral está intensificando ações junto a paróquias e comunidades, para despertar a vocação no meio das crianças, jovens e adultos, e articular os
diversos grupos de coroinhas nas comunidades. Ao falar da própria trajetória vocacional, Padre Élio lembrou que desde os seis anos desejava ser padre, mas que seguiu a vida como leigo até os 37 anos, quando iniciou estudos no seminário, após uma entrevista vocacional com Dom Alfredo Novak, então bispo auxiliar da Região Lapa. Antes havia cursado Geografia na USP e trabalhado na Faculdade de Educação da mesma universidade. Finalmente, em 1985, foi
ordenado padre, na Paróquia Santa Maria Goretti, pela imposição das mãos do Cardeal Paulo Evaristo Arns, então arcebispo metropolitano. Atuou inicialmente na Paróquia Santíssima Trindade, no Setor Rio Pequeno, até 2006, quando passou a se dedicar exclusivamente à Pastoral Vocacional da Arquidiocese de São Paulo. Em 2010, assumiu a Paróquia São Domingos Sávio, por seis meses, sendo transferido para a Paróquia Nossa Senhora Aparecida, onde está até hoje.
PROVÍNCIA FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL CNPJ/MF 62.340.203/0001-84 Rua Borges Lagoa, 1209 - Vila Clementino - CEP 04038-033 - São Paulo/SP.
AVISO DE ERRATA No quadro da nota explicativa 11.a) Valores lançados no Passivo Não Circulante, integrante das Demonstrações Financeiras do ano de 2014 da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, publicado no dia 29/04/2015, página 18, neste veículo, que trata do detalhamento dos valores recebidos durante o exercício de 2014 e os respectivos Projetos de Restauração: ONDE SE LÊ
LEIA-SE:
11.a) Valores lançados no Passivo Não Circulante: Projeto Cidade Estado Restauração e revitalização do Complexo Arquitetônico do Convento Santo Antônio Largo da Carioca Total
Rio de Janeiro
FIDENCIO VANBOEMMEL Presidente
RJ
11.a) Valores lançados no Passivo Não Circulante: Inscrição no PRONAC
067408
Saldo em 2013
Recebido em 2014
Baixado em 2014
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0
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ADRIEL DE MOURA CABRAL Contador CRC/SP 219.719/O-0
Projeto Cidade Estado Restauração e revitalização do Complexo Arquitetônico do Convento Santo Antônio Largo da Carioca Total
Rio de Janeiro
RJ
AUDIACTO AUDITORES INDEPENDENTES SS CRC-PR - 004.618/O-9-S-SP
Inscrição no PRONAC
Saldo em 2013
Recebido em 2014
Baixado em 2014
Saldo em 2014
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27.401.258
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SANDRO GABRIEL DA SILVA KAIBER Contador CRC – PR – 045.891/O-1
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Na Casa da Mãe, Arquidiocese pede proteção para as famílias Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO
Fernando Geronazzo Especial para O SÃO PAULO, em Aparecida (SP)
Com o tema “Virgem Mãe Aparecida, velai por nossas famílias”, a Arquidiocese de São Paulo realizou sua 114ª Romaria ao Santuário Nacional de Aparecida, no interior paulista, no domingo, 3. Aproximadamente 15 mil fiéis de diversas paróquias e comunidades da Arquidiocese se concentraram na Basílica dedicada à Padroeira do Brasil para a celebração presidida pelo arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, e concelebrada pelos sete bispos auxiliares e inúmeros padres. Antes da missa, houve um momento que marcou a presença das seis regiões episcopais da Arquidiocese representadas por bandeiras entronizadas pelos corredores do Santuário. Na assembleia, os fiéis acenavam lenços das cores das regiões, como manifestação da unidade da Igreja de São Paulo. Na homilia, Dom Odilo ressaltou que a Romaria dá continuidade a uma tradição antiga, que remonta uma devoção que vem de longe do povo paulistano em relação a Nossa Senhora Aparecida. O Cardeal também lembrou que a cidade de Aparecida já pertenceu ao território da Arquidiocese, de 1745 a 1958, quando, então, foi criada a Arquidiocese de Aparecida. Nesse sentido, o Arcebispo destacou, ainda, que essa Romaria acontece no ano em que se comemoram os 270 anos de criação da diocese de São Paulo. Ainda de acordo com o Cardeal Scherer, a Romaria se insere na preparação do terceiro centenário do encontro da imagem de Nossa Senhora da Conceição nas águas do Rio Paraíba, a ser celebrado em 1917.
Na 114ª Romaria arquidiocesana, cerca de 15 mil pessoas participam da celebração no Santuário Nacional
‘Velai por nossas famílias’
“Nas mãos de Nossa Senhora, trazemos um pedido. Esse pedido está dentro de um grande contexto, da atenção especial da Igreja em relação à família”, afirmou Dom Odilo sobre o tema da Romaria, referindo-se ao caminho sinodal que se conclui em outubro com a Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos e o Encontro Mundial das Famílias com o Papa Francisco, nos Estados Unidos, em setembro. “A família está passando por uma crise muito grande nos nossos tempos. A família é necessária e importante para a comunidade humana como um todo. Se
a família desaparecesse, teríamos muito mais problemas do que já temos. Queremos renovar nosso pedido a Nossa Senhora Aparecida: velai por nossas famílias”, afirmou o Cardeal. O Arcebispo motivou o povo a não ter medo de manifestar essa devoção filial a Nossa Senhora, que é tão própria da Igreja, “sabendo bem que ela nunca vai tomar o lugar de Jesus, único senhor e salvador, porém ela sempre encaminha para ele”. No final da celebração, o coordenador arquidiocesano de pastoral, Padre Tarcísio Marques Mesquita, saudou o Cardeal Scherer, em nome de toda a Arquidiocese, por sua missão
à frente da Igreja em São Paulo. No dia 29 de abril, completaramse oito anos da posse de Dom Odilo como 7º arcebispo metropolitano. “Manifestamos publicamente nosso carinho e apreço ao senhor, Dom Odilo, nosso pai e pastor”, disse o Padre, seguido de um caloroso aplauso dos fiéis ao Arcebispo. A missa foi encerrada com o momento da tradicional consagração a Nossa Senhora Aparecida, com a entrada da imagem da Padroeira do Brasil trazida por uma família da Arquidiocese.
Fé e comunhão
O Secretariado Arquidiocesano de Pastoral estima que cer-
ca de 300 ônibus das paróquias e comunidades de São Paulo foram à Romaria, além das muitas famílias que viajaram de carro. Com apenas 7 anos, Mariani Leite de Souza foi à Romaria em um dos seis ônibus levados pela Paróquia São José do Jaguaré, da Região Lapa. Pela primeira vez em Aparecida, a garota estava encantada com tudo o que via. “É muito bonito aqui. É bem maior que a minha igreja em São Paulo. Eu pretendo vir mais vezes aqui”, disse à reportagem. Maria Aparecida de Oliveira foi ao Santuário com um grupo da Paróquia Nossa Senhora da Consolação, da Região Sé. “Nós viemos em três ônibus. Todos os anos fazemos questão de participar da Romaria da Arquidiocese. É muito bonito ver nossa Igreja toda reunida na casa da Mãe”. Sandra Poplavsky, que peregrinou com a Paróquia São Pedro do Tremembé, da Região Santana, se emocionou ao ver a presença de outras comunidades e paróquias da Arquidiocese na Romaria. “É uma bênção poder ver nossos bispos, rever os padres que passaram por nossa paróquia. É muito bom vir para cá e vermos que não estamos sozinhos, estamos em uma grande família”. Entre os milhares de romeiros estava Akira Yamashita, 37. Emocionado, ele entrou na Basílica segurando a bandeira que representava a Região Lapa. Quem a carregaria seria sua mãe, Roseli Cardoso Yamashita, mas na última semana, aos 55 anos, ela faleceu, vítima da epidemia de dengue que assola o Estado de São Paulo. “Todos os anos, nós participávamos juntos da Romaria, e nada mais justo do que homenageá-la neste dia. Apesar da tristeza, foi gratificante representá-la, pois ela gostaria de estar aqui”, disse. (Colaborou Luciney Martins)
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