O SÃO PAULO - 3057

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Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 60 | Edição 3057 | 24 a 30 de junho de 2015

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Luciney Martins/O SÃO PAULO

ideologia de gênero Risco ainda persiste

A Câmara de São Paulo adiou para agosto a votação do Plano Municipal de Educação. Embora texto preliminar não faça mais menção às questões de gênero, “Igreja e os grupos da sociedade civil

precisam se mobilizar para pressionarem a Câmara”, afirmou, ao O SÃO PAULO, Enrico Misasi, jovem católico que acompanha as discussões. Páginas 2, 14 e 15

Encíclica Laudato si’ repercute em todo mundo A encíclica Laudato si’, do Papa Francisco, foi apresentada na quinta-feira, 18, e alcançou repercussão mundial. À imprensa, o Cardeal Scherer apresentou três chaves de leitura da Encíclica: fé

cristã no Deus criador, responsabilidade do homem sobre a natureza, e preocupação solidária da relação com a natureza. Páginas 3, 12 e 13

Dom Odilo comenta a encíclica Laudato si´, do Papa Francisco, em coletiva de imprensa, dia 19

Dia Nacional do Migrante: não ao preconceito e sim à luta por direitos

CNBB exorta sociedade: ‘Digamos não à redução da maioridade penal’

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Após reunião do conselho permanente da CNBB, entre os dias 16 e 18, os bispos emitiram nota pública com posicionamento contrário à redução da idade penal. “Digamos não à redução da maioridade penal e reivindiquemos das autoridades competentes o cumprimento do que estabelece o ECA para o adolescente em conflito com a lei”. Segundo a Conferência, é equivocada “a afirmação de que há impunidade quando o adolescente comete um delito e que, com a redução da idade penal, se diminuirá a violência”. Página 8

Cardeal Scherer valoriza ampla atuação do laicato na Arquidiocese de São Paulo Página 7

Na Catedral da Sé, migrantes brasileiros e imigrantes africanos e latino-americanos expressam que não há fronteiras para a fé

Na Arquidiocese de São Paulo e em muitas outras comunidades do País, a Igreja celebrou o Dia Nacional do Migrante, no domingo, 21, encerrando a semana que teve como tema “Sociedade e Migração” e lema “Não ao preconceito, por direitos e partici-

pação”. Em missa na Catedral da Sé, com a participação de imigrantes da África, Haiti e Bolívia e de migrantes brasileiros, o Cardeal Scherer, arcebispo metropolitano, lembrou que todos devem estar atentos aos migrantes, pois os cristãos também são “pere-

grinos nesta terra até chegar à pátria definitiva”. O Arcebispo ressaltou, ainda, os apelos do Papa Francisco e as denúncias que a Igreja tem feito da exploração econômica em torno da problemática da migração. Página 23

Catedral e Mosteiro de São Bento participam da ‘Virada Coral’ no fim de semana Página 16

Festa de São João Batista proporciona acolhida de imigrantes em igreja no Brás Página 19


2 | Ponto de Vista |

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Editorial

Ideologia de gênero: respeito ou totalitarismo?

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“arrastamento” da discussão sobre a introdução da ideologia de gênero nos planos municipais de educação é forçado, inútil, irresponsável e com danos para todos. Primeiro, porque ao colocar em rota de colisão direta grupos sociais e religiosos, que têm a família como célula vital da sociedade, e militantes LGBT, os promotores da ideologia de gênero conseguem o efeito contrário daquele que dizem pretender alcançar – o respei-

to à pessoa humana. Prova disso, é a hostilidade manifesta contra católicos e demais cristãos nas sessões sobre a discussão do tema na Câmara, que ocorreram nas duas últimas semanas. Em segundo lugar, porque tira do foco da discussão outras tantas questões importantes do PME, como o plano de financiamento, a diminuição do número de alunos por sala, as jornadas de trabalho dos professores e as parcerias com as instituições privadas, religiosas e sem fins lucrativos, que durante

décadas têm ajudado o governo a manter crianças em idade pré-escolar em creches. Por fim, inútil e irascível o desejo de uma minoria de impor uma ideologia que pretende, mais do que promover a não discriminação, descontruir as bases da família como educadora e mestra por excelência, na mesma medida em que o Estado cresce nesse papel. Não se pode diminuir a atuação da família como protagonista principal na educação e na formação dos filhos sem que isso gere grandes prejuízos

para o desenvolvimento do ser humano e coloque em risco a democracia. É papel do Estado ajudar a família na educação escolar da criança – ensinar a ler, escrever, fazer contas, iniciá-las no campo das descobertas da ciência, fomentar o interesse das mesmas por boas leituras, estimular habilidades naturais e desportivas, sempre em ampla parceria e com o máximo de intercâmbio com os pais - e não substitui-la como agente formador e educador.

Opinião

Laudato si’ e a conversão ecológica proposta pelo Papa Francisco Sergio Ricciuto Conte

Francisco Borba Ribeiro Neto

Laudato si’, a encíclica ecológica do Papa Francisco, chegou precedida de grande expectativa. Talvez a melhor imagem do que o mundo espera da Encíclica seja um vídeo humorístico em que o Papa é apresentado como um herói na luta em defesa do clima. O vídeo saiu do ar por pressão de grupos católicos norte-americanos, mas ilustra tanto a imagem alegre e simpática quanto a carga de esperança despertada pelo papa atual. A Encíclica vem para fortalecer a Conferência das Nações Unidas sobre o Clima, que acontecerá em Paris, em dezembro. Depois do Protocolo de Kyoto, de 1997, pacto mundial anterior para a redução dos gases responsáveis pelo efeito estufa, por falhas do acordo e pela falta de vontade política dos maiores poluidores (Estados Unidos e China), a concentração desses gases aumentou, assim como a percepção dos desastres naturais associados a eventos climáticos (como furacões, secas prolongadas, invernos muito frios e enchentes). Diante dessa situação, o Papa Francisco coloca toda a sua autoridade moral – ele que é o líder mundial mais respeitado e admirado da atualidade – a serviço da defesa do meio ambiente e da sustentabilidade da vida humana e de todos os seres vivos no planeta. Ele deixa claro que não deseja entrar em polêmicas científicas sobre o peso das causas naturais e das atividades humanas nas variações climáticas – mas

pede que os países tomem medidas concretas para não aumentarem os riscos do aquecimento global e outros problemas ambientais. Todos são vítimas da crise ecológica, mas são sempre os mais pobres, os excluídos, quem mais sofrem. Por isso, ao enfrentar os problemas ambientais, temos que ter uma preocupação particular com as questões sociais correlacionadas. A responsa-

bilidade ambiental é de todos, ricos e pobres. Porém, aqueles que mais usufruíram dos recursos naturais têm um dever maior na conservação do meio ambiente, devendo fazer maiores sacrifícios e colaborar com os demais. Laudato si’ é a primeira encíclica ecológica da história, mas o tema ambiental já há muito preocupa a Igreja. A nova encíclica segue uma

linha traçada por Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI, que enfatiza a responsabilidade da humanidade diante da criação. Uma famosa citação da bíblica diz que Deus criou o homem para que ele dominasse a terra (Gn 1,26). No entanto, numa correta interpretação, essa frase não quer dizer que o homem pode fazer o que bem entender com a natureza, mas sim que ele deve cultivá-la e guardá-la (Gn 2,15) segundo o desígnio de Deus – que deseja a harmonia entre todas as coisas. A Encíclica de Francisco deverá se orientar nesta perspectiva de reforçar a responsabilidade do ser humano como guardião que cultiva com amor a criação e não como dominador que a explora e desfruta para depois a descartar ou abandonar. A ética ambiental de Francisco, como não poderia deixar de ser, ainda que precisa e vigorosa na denúncia dos erros dos poderosos, é marcada pela misericórdia e pela mística do encontro com Cristo. Sua Encíclica não é uma simples reafirmação da necessidade de conservar o ambiente por um imperativo moral nascido da crise ecológica. É também um convite para uma “conversão ecológica”, uma postura de amor ao próximo e à natureza, uma ética do cuidado profundamente mística e religiosa, que “religa” o homem ao cosmo e a sua própria natureza. Francisco Borba Ribeiro Neto, biólogo e sociólogo, coordenador do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP; foi professor de Ecologia na PUCCampinas, dedicando-se à pesquisa sobre as interações entre sociedade e ecossistemas.

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

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cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo

A

nova encíclica do Papa Francisco – “Laudato si’ – sobre o cuidado da casa comum” – propõe uma reflexão fundamental para encarar com seriedade e responsabilidade a questão ambiental. Antes de tudo, desvincula o “discurso ecológico” das ideologias de partido, como se isso interessasse apenas a alguns ou a uma parte da sociedade. Por isso, o Papa não se dirige apenas aos católicos e cristãos: o seu apelo é dirigido a toda a família humana, a quem tem religião e a quem não tem também (cf n.13-14). A questão interessa a todos, pois se trata de cuidar da “casa comum”, que é a natureza e, de modo geral, o mundo que nos hospeda, abriga, sustenta e encanta, junto com todos os seres que o habitam. O subtítulo da encíclica – “sobre o cuidado da casa comum” – dá a entender, justamente, aonde o Papa quer chegar: que todos juntos cuidemos desse “bem comum global” que é a natureza. A globalização, sobretudo da informação e do mercado, nos permitem hoje perceber, melhor do que em outros tempos, que o mundo, sobretudo nosso planeta Terra, por grande que seja, é uma “aldeia global”; nele, todos estão relacionados e dependentes todos, no que acontece de bom e de mau, mesmo sem o saber. E os estudos científicos também mostram sempre mais que, na natureza, todas as coisas também estão relacionadas ente si e dependem umas das outras.

Encíclica: o cuidado da casa de todos Isso está plenamente de acordo com o relato da criação, no começo da Bíblia. O ato criador de Deus foi também um ato organizador do “abismo”, sobre o qual o Espírito do Criador já pairava, “no princípio” (cf Gn 1,1). Deus não deu origem ao caos, nem introduziu no mundo um princípio de desordem e confusão, ou uma espécie de princípio de desagregação e destruição. Pelo contrário: organizou todas as coisas com sabedoria e harmonia. E, depois que havia feito todas as coisas, Deus “viu que tudo era bom”. Muito bom! (cf Gn 1,31). Nada estava em desordem na “casa comum”. E, logo em seguida, vem a questão: quem foi que introduziu novamente o caos e a confusão no mundo? Segue, então, a narração sobre o pecado, lá nas origens da história do homem. E o paraíso deixou de ser um “jardim” para o homem. Mesmo assim, Deus confiou a terra ao homem e à mulher para que dela cuidassem (cf Gn 3). No primeiro capítulo da Encíclica, o Papa pergunta: Que está acontecendo com nossa casa? Nada mais natural: se na nossa casa há goteiras, infiltrações, rachaduras nas paredes, curtoscircuitos, insetos pelos cantos ou mofo aparecendo nas paredes, nada mais natural que perguntar: que está acontecendo? Que precisamos fazer para cuidar melhor da nossa casa? A primeira coisa é uma boa tomada de consciência da situação. É o que o Papa faz, ao tratar da natureza, “casa comum” da família humana. As constatações são aquelas

que estão sendo faladas, discutidas e divulgadas há tempos por muitos: poluição do ar, das águas e do solo; mudanças climáticas, que começam a mostrar sempre mais claramente as suas consequências; o problema da água potável que, além de escassear em muitas partes do mundo, ainda está sendo desperdiçada, contaminada e empregada mal. E quem mais sofre com isso? Aqui mesmo, em São Paulo, ameaçados pela carestia desse bem indispensável à vida, estamos aprendendo duramente que a água potável é um bem precioso, que precisamos cuidar melhor. Mas existe mais: a natureza está perdendo rapidamente sua biodiversidade, com muitas espécies em fase de extinção, ou já extintas. E não é somente a natureza que se vai degradando: a qualidade da vida humana vai junto com essa degradação. A vida social e as relações entre os povos são marcadas por novas tensões e conflitos, em consequência de problemas ambientais. A própria paz fica ameaçada. O problema do degrado ambiental já passou até os limites da atmosfera: lá no alto, muito acima de nossas cabeças, já flutua uma infinidade de “lixo” cósmico, produzido pelo homem. Onde as coisas vão parar?! O Papa Francisco constata que as reações do homem, de suas organizações e seus governantes e responsáveis, ainda são muito fracas. Há discussões infinitas, mas pouco consenso e ação efetiva para cuidar melhor da nossa casa comum. Que fazer? Por onde começar?

| Encontro com o Pastor | 3 II Kairós Canção Nova Abraça São Paulo Canção Nova

“O dom que nos torna corajosos é o dom da fortaleza. Precisamos muito desse dom, hoje em dia, para não abandonarmos nossa fé e não seguirmos pelo caminho mais fácil.” Essas foram as palavras do Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, aos participantes do II Kairós Canção Nova Abraça São Paulo. Dom Odilo presidiu a missa de encerramento do evento, no domingo, 21, no Ginásio do Ibirapuera, com o tema “Agindo Deus, quem impedirá?” (Is 43,13), e que contou também com a presença dos missionários da Canção Nova: Padre Adriano Zandoná, Padre Paulinho, Cleto Coelho e Pitter di Laura; do pregador da Renovação Carismática Católica, Ironi Spuldaro; dos cantores Olívia Ferreira, da Arquidiocese do Rio de Janeiro; Davidson Silva, da Comunidade Shalom; Ziza Fernandes; e do Ministério de Música Canção Nova. Nesta segunda edição do evento, participaram aproximadamente 10 mil pessoas e foram arrecadadas 10 toneladas de alimentos. Desde que o Projeto Canção Nova Abraça São Paulo começou, 70 mil pessoas já foram alcançadas com atividades evangelizadoras. Nos cinco eventos já realizados pelo projeto, foram arrecadadas 70 toneladas de alimentos, destinados a entidades sociais e comunidades que atendem famílias carentes e trabalham na recuperação de dependentes químicos.

Tweets do Cardeal @DomOdiloScherer

20 - Louvado sejais, ó Deus, fonte de todas as coisas; vós enchestes o mundo de dons e, depois de criar o universo, concluístes que tudo era bom! 20 - “Ao Senhor pertence a terra e tudo o que ela contém” 18 - Louvado sejas, meu Senhor, por todas as tuas criaturas!


4 | Papa Francisco |

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estacamos hoje dois pronunciamentos do Papa Francisco em visita pastoral a Turim, na Itália, no último fim de semana. O primeiro foi o seu encontro com os jovens. Francisco preferiu responder a perguntas de três jovens a ler um discurso previamente preparado. Ele falou de amor, de vida e de amigos. Antes, porém, afirmou que é duro ver um jovem “parado, que vive, mas vive como um vegetal: faz as coisas, mas a vida não é uma vida que se move, é parada... Me dão tristeza os jovens que se aposentam aos 20 anos! Envelheceram depressa”. Sobre o amor, Francisco explicou que este tem dois eixos em que se move, e sem eles não há amor. O amor está mais nas obras do que nas palavras. O amor é concreto. E o amor se faz no diálogo e na comunhão, se comunica. O Papa falou, também, sobre a castidade e pediu coragem aos jovens, porque se trata de uma virtude muito difícil. É preciso, porém, superar a mentalidade hedonista, o culto ao prazer. “Vale a pena viver? O que esperamos desta vida?” E convidando os jovens a observar o amor de seus pais, ele afirmou que “o amor é serviço aos outros”. Enfim, o Papa convidou os jovens a irem avante em projetos

Entristecem-me os jovens que se aposentam aos 20 anos comuns de serviço aos outros. É preciso desenvolver anticorpos “Pensemos nas crianças de rua, contra a mentalidade que descarta nos migrantes, em tantos que têm os idosos, as pessoas com deficinecessidade, mas não só lhes dar ência. Francisco lembrou que São de comer e beber, e sim promo- José Cotolengo meditou e viveu vê-los com educação para que se Mateus 25. “Dele podemos aprenafaste o sentido de desconfiança der a concretude do amor evangéna vida, comum nos dias de hoje. lico, porque muitos pobres, se doEm Turim, Francisco também entes, podem encontrar uma ‘casa’, encontrou-se com idosos, enfer- viver como uma família, sentir-se mos e pessoas com deficiência, pertencente à comunidade e não no domingo, 21, na Igreja do Co- excluídos ou tolerados”. Dirigindo-se aos anciãos, entolengo. Ele falou que não podia deixar de ir à Pequena Casa da fermos e com deficiência, disse Divina Providência, fundada há quase dois séculos é duro ver um jovem “parado, por São José Be- que vive, mas vive como um nedito Cotolengo. vegetal: faz as coisas, mas Confiando na Di- a vida não é uma vida que vina Providência, se move, é parada... Me dão esse santo “acolheu tristeza os jovens que se as pessoas pobres, aposentam aos 20 anos! abandonadas e do- Envelheceram depressa”. entes que não podiam ser acolhidas nos hospitais daquele tempo”. o Papa: “saúdo a todos de coraEsse problema ainda é atual, ção!”; “E agradeço muito e peço infelizmente, constata Francisco. que orem por mim, orem pela Embora tenha havido progres- Igreja, orem pelas crianças que sos na medicina e na assistência aprendem o catecismo, orem pesocial, ainda há a cultura do des- las crianças que fazem a primeira carte, fruto de uma crise antropo- comunhão, orem pelos pais, pelógica que “não coloca o homem las famílias... e orem para a Igreja no centro e sim o consumo e os para que o Senhor envie sacerdointeresses econômicos”. tes e irmãs para fazer este trabaO Papa aponta os anciãos, lho, tanto trabalho!”. “memória e sabedoria dos povos”. (Por Padre Cido Pereira)

Sínodo sobre a família O Instrumentum Laboris (Instrumento de trabalho) do Sínodo ordinário sobre a família foi apresentado na terça-feira, 23, na Sala de Imprensa da Santa Sé. O documento inclui a Relatio Synodi – texto conclusivo do precedente Sínodo realizado em outubro de 2014 –, integrado com a síntese das respostas ao questionário proposto no decorrer do ano a todas as Igrejas no mundo. O Instrumento está divido em três partes: a escuta dos desafios sobre a família, o discernimento da vocação familiar, e a missão da família hoje. Leia mais no site da Arquidiocese (arquisp.org.br).

Encontro com RCC L’Osservatore Romano

A Renovação Carismática Católica italiana realizará sua 38ª Convocação com dois grandes eventos em Roma. O tema “Caminhos de unidade e de paz – Vozes em oração pelos mártires de hoje e por um ecumenismo espiritual” marcará o encontro com o Papa Francisco na praça de São Pedro, em 3 de julho, às 16h. No dia seguinte, haverá o encontro no Estádio Olímpico, com o tema “O Povo de Deus proclama as suas obras maravilhosas”. O evento terá a participação de artistas conhecidos, como Andrea Bocelli e a israelense Noa, mas também de artistas do meio religioso como Don Moen, dos Estados Unidos, e Darlene Zschech, da Austrália. Será um “Concerto em oração” que chamará a atenção da opinião pública para o drama das perseguições religiosas e a necessidade de se praticar um “ecumenismo espiritual” que represente um caminho de unidade e de paz entre os povos, em resposta à causa do “ecumenismo de sangue”, muito evocado pelo Papa Francisco.

Unidade dos cristãos O Papa Francisco enviou uma mensagem ao secretário-geral do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), Reverendo Olav Fykse Tveit, pelo 50º aniversário do grupo misto de trabalho entre a Igreja Católica e esse organismo. “O nosso diálogo deve continuar”, frisa o Pontífice no documento lido na terça-feira, 23, pelo presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Cardeal Kurt Koch, no encontro comemorativo realizado, em Roma, no Centro Pró-união. (Por Fernando Geronazzo)


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Espiritualidade Virtudes e dons do Espírito Santo Dom Carlos Lema Garcia

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Vigário Episcopal para a Pastoral da Educação e a Universidade

erta vez, um aluno da Catequese de Crisma perguntou ao professor sobre a diferença entre os sete dons do Espírito Santo e as sete virtudes principais. De fato, tratase de uma questão interessante, uma vez que há uma certa coincidência entre os dons e as virtudes, e até se pode fazer uma correlação entre eles: fé-entendimento; esperança-ciência; caridade-sabedoria; prudência-conselho; justiça-piedade; fortaleza-fortaleza e temperança-temor de Deus. Para explicar a diferença, o catequista recorreu à tradicional comparação: as virtudes são o barco a remo e os dons uma embarcação à vela. O crescimento nas virtudes se dá quando a pessoa começa a remar, ou seja, a fazer atos de fé, de prudência, de fortaleza etc. Mas, assim como ao levantar as velas a embarcação, impelida pela força dos ventos, desliza com maior velocidade sobre a água, sob a ação dos dons do Espírito Santo, a pessoa deixa-se conduzir diretamente pelas inspirações divinas. Os remos são os atos das virtudes e as velas os dons do Espírito Santo. No entanto, essa comparação é limitada porque as virtudes e os dons atuam conjuntamente na alma e também é sabi-

do que os barcos à vela movimentam-se Uma explicação interessante sobre a sem o auxílio de remos. O crescimento na diferença entre virtudes e dons vem de vida espiritual passa pelas virtudes e che- São Tomás: as virtudes são insuficientes ga aos dons, e vice-versa. Quando há luta para que possamos atingir o grau de sanpara praticar as virtudes com o auxílio da tidade que Jesus nos pede: “Sede perfeitos graça, a alma é cada vez mais conduzida como vosso Pai celestial é perfeito” (Mt 5,48) e “Amai-vos como Eu vos amei (Jo pela ação dos dons do Espírito Santo. No Novo Testamento, há muitos re- 13,34). Se pensarmos seriamente, nunca latos da ação do Espírito Santo, como no seremos capazes de atingir essas metas: dia de Pentecostes, em que umas línguas ser santos como Deus é santo e amar com de fogo se repartiram e pousaram sobre a grandeza do amor de Jesus. Uma criacada um deles e todos ficaram repletos do tura humana jamais poderia ousar atingir Espírito Santo e começaram a falar outras esses graus de perfeição. Por essa razão, o línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia Sob a ação do dom da ciência, que falassem (At 2,4). Fa- São Francisco de Assis abraçava lam à sua maneira e o inuma árvore ou extasiava-se fluxo divino traduz suas vendo num pássaro a maravilha palavras de modo claro de uma criatura de Deus. E hoje aos ouvintes. Há outros episódios um cientista pode maravilhar-se parecidos na vida dos com o Criador ao ver a imensidão santos: com a ajuda do do universo, ou a penetrar no Espírito Santo, Agosti- mundo ínfimo de um átomo nho converteu-se ao ouvir uma voz de criança cantando “Toma Espírito Santo, por meio dos dons, realiza e lê”, que ele entendeu como “toma e lê a uma intervenção direta na alma, de maEscritura” e, abrindo-a, encontrou a luz neira que, atuando dentro de nós, possapara a sua conversão definitiva. Sob a mos amar com o Amor de Deus, desejar a ação do dom da ciência, São Francisco perfeição da qual Deus é o modelo. Assim, de Assis abraçava uma árvore ou extasia- Deus ama em nós e por nós. O Espírito va-se vendo num pássaro a maravilha de Santo nos ilumina. Muitas vezes, notamos uma criatura de Deus. E hoje um cientista que alguns conselhos, palavras, ideias que pode maravilhar-se com o Criador ao ver nos ocorrem não são nossas, mas fruto a imensidão do universo, ou a penetrar das inspirações do Espírito Santo em nós. no mundo ínfimo de um átomo (cfr. Luiz Nos próximos artigos, vamos tratar esFernando Cintra, “Catecismo do Espirito pecificamente dos dons do Espirito Santo e das virtudes principais Santo”, Ed. Quadrante, pp. 66 e 90).

| Fé e Vida | 5

Fé e Cidadania Migração e Mediterâneo Padre Alfredo José Gonçalves, CS

Nos últimos anos, as palavras Migração e Mediterrâneo tornaram-se quase sinônimas e, ao mesmo tempo, quase indissociáveis. O certo é que um fluxo migratório massivo, contínuo e mais ou menos desordenado, proveniente da margem sul em direção à margem norte do mar, particularmente dos países da África (Líbia, Egito, Eritreia, Sudão, Nigéria, Somália, Tunísia...) e dos países do Oriente Médio (Síria, Iraque, Palestina, Afeganistão, Líbano, Jordânia...), estreitou entre si o fenômeno sociológico da Migração e a denominação geográfica do mar Mediterâneo. Em 7 de maio de 2015, nada menos que 14 embarcações foram abordadas pela Guarda Costeira Italiana nas proximidades da Líbia. Resgatados cerca de 1,5 mil pessoas, mas fontes não confirmadas estimam em mais de 3 mil o número de migrantes, refugiados e fugitivos em tais embarcações. Na mídia em geral e na opinião pública correm vozes de que uma multidão incalculável de pessoas estaria esperando do lado de lá para embarcar em direção ao sul da Itália (e com menor intensidade da Grécia), aventurando-se na busca de um futuro menos carente no velho continente europeu. As estimativas vão de 500 mil a 1 milhão, com expressivo número de mulheres e crianças. Deixam atrás de si terras devastadas pela pobreza, pela violência e por inúmeros conflitos armados. Autoridades italianas, por outro lado, sobretudo nas Províncias do norte do País (Lombardia, Piemonte, Venezia...), emitem um alerta aos responsáveis municipais para o “risco de receber mais migrantes”. Quem o fizer, afirmam, “deve arcar com todas as consequências”. “Uma bomba está parar explodir”, concluem tais autoridades. Quanto aos demais membros da Comunidade Europeia, a resposta ao apelo dos migrantes e da Itália tem sido tímida e de modo tíbio, para não falar do rechaço puro e simples por parte de alguns países.

Arquidiocese de São Paulo

1º Encontro com os candidatos ao Conselho Tutelar da cidade de São Paulo Quinta-feira, 25, das 9h às 13h Local: Colégio Arqudiocesano (rua Domingos de Moraes, 2.565, Vila Mariana (ao lado do Metrô Santa Cruz) Informações: (11) 3105-0722 ou pastoralmenor@gmail.com


6 | Fé e Vida |

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Liturgia e Vida SÃO PEDRO E SÃO PAULO 28 de junho de 2015

O bom combate ANA FLORA ANDERSON

A festa destes dois grandes apóstolos torna-se uma graça para a Igreja hoje. Na Palestina no tempo de Jesus não havia dois homens que apresentassem maior diferença entre si do que Pedro e Paulo. Nas primícias da Igreja e até hoje, Pedro representa a unidade da comunidade e Paulo representa a abertura e a diversidade que leva a Palavra de Jesus até os quatro cantos do mundo. As primeiras duas leituras descrevem a perseguição que esses apóstolos sofreram por causa de sua vida missionária. Pedro foi preso por Herodes (Atos dos Apóstolos 12, 1-11), que pretendia matar as lideranças da Igreja em Jerusalém. Ele escapa da prisão e da morte pela intervenção direta de Deus. A segunda leitura, 2 Timóteo

(4, 6-8.17-18), narra a experiência de Paulo na prisão. Ele sente que a morte está próxima e dá graças a Deus pela graça de ter combatido o bom combate e ter guardado a fé. Paulo anunciou o Evangelho às nações e o Senhor o libertou de todo mal. O Evangelho de São Mateus (16, 13-19) narra a confissão de São Pedro. Inspirado por Deus, este pescador da Galileia vê com os olhos da fé, o que muitos outros não conseguiam ver ou aceitar. Jesus de Nazaré é o Salvador do mundo, o Filho do Deus Vivo! Numa época na qual muitos cristãos se dividem acerca de ideias e maneiras de agir, Pedro e Paulo tornam-se modelos do verdadeiro cristão que ama Jesus acima de tudo e lembram sempre que o rebanho pertence ao Senhor!

Você Pergunta Qual o significado da cruz de Jesus? padre Cido Pereira osaopaulo@uol.com.br

Eu não sei se o Euler Martins quis fazer uma brincadeira que, por sinal, eu achei de mau gosto. Ele me colocou a seguinte questão: “Se Jesus viesse hoje e nascesse nos Estados Unidos e fosse condenado à morte na cadeira elétrica, teríamos que pendurar uma cadeirinha no pescoço para representar Jesus?” E ele prossegue falando de forca, de injeção de veneno, de guilhotina. Por fim, afirma que a cruz não representa Jesus, mas a maldade humana. Uma estrela teria sido um símbolo melhor... Euler, para começo de conversa, quem foi que disse a você que a cruz representa Jesus? A cruz é um sinal, uma logomarca cheia de significados que vem nos lembrando ao longo dos séculos que Deus nos amou a ponto de entregar sua vida por nosso amor.

Se você quer mais, Euler, acolheu o corpo de Cristo se lembre-se que a cruz é forma- tornou um sinal de bênção. Foi da de duas hastes, uma haste assim a história, meu amigo, e vertical que sustenta a haste fazer exercícios mentais sobre horizontal. Até nisso esse sím- a morte de Cristo por outros bolo é maravilhoso. A haste meios é fugir da questão prinvertical nos lembra do amor cipal: a cruz é o sinal maior do que Deus nos tem e o amor que amor imenso de Deus por nós. Se você tivesse dito em devemos ter a Deus. E a haste horizontal nos lembra do amor A cruz é um sinal, uma que devemos ao logomarca cheia de nosso próximo. E o que sustenta significados que vem nos o amor ao pró- lembrando ao longo dos ximo? O amor séculos que Deus nos a Deus. A haste amou a ponto de entregar vertical (amor a sua vida por nosso amor Deus) sustenta a haste horizontal (amor ao pró- sua pergunta que hoje muitos ximo). morrem em diversos tipos de Por isso, meu irmão, a cruz instrumentos e que Jesus morque era um instrumento de re em cada pessoa humana morte como a forca, a guilhoti- que é ferida pela morte, seria na, a cadeira elétrica, o veneno uma pergunta com mais lógie sei lá o que mais, se tornou ca e uma reflexão bem mais séum sinal de vida. E de instru- ria. Demos graças a Deus por mento de maldição, a cruz que Deus não ter desistido de nós.

Atos da Cúria NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE PÁROCO Em 16 de junho de 2015, foi nomeado Pároco da Paróquia São Marcos Evangelista, da Região Episcopal Belém, Setor Pastoral Conquista, o Revmo. Pe. Boniface Issaka,

SVD, pelo período de 6 (seis) anos. PRORROGAÇÃO DE PROVISÃO DE PÁROCO Em 12 de junho de 2015, foi prorrogada a provisão de Pároco da Paróquia Santo Inácio de Loiola, da Região Episcopal Sé, Setor Pastoral

Paraíso, do Revmo. Pe. Mário Pizetta, SSP, pelo período de 3 (três) anos. NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE VIGÁRIO PAROQUIAL Em 9 de junho de 2015, foi nomeado Vigário Paroquial da Paróquia Santuário São Judas Tadeu, da Região Episcopal

Ipiranga, Setor Pastoral Imigrantes, o Revmo. Pe. Damião Pereira da Silva, SCJ, pelo período de 2 (dois) anos. Em 12 de junho de 2015, foi nomeado Vigário Paroquial “ad nutum episcopi” da Paróquia São Luís Maria Grignion de Montfort, da Região Episcopal Brasilândia, Setor Pastoral Ja-

raguá, o Revmo. Pe. Fabrício Mendes de Moraes, CRL. Em 12 de junho de 2015, foi nomeado Vigário Paroquial da Paróquia Santo Inácio de Loiola, da Região Episcopal Sé, Setor Pastoral Paraíso, o Revmo. Pe. Manoel Conceição Quinta, SSP, pelo período de 3 (três) anos.


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| Geral/Pastoral | 7

Em encontro, Cardeal Scherer valoriza a multiplicidade do laicato Fernando Geronazzo

Especial para O SÃO PAULO

O arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, se reuniu na manhã do sábado, 20, na sede da Região Episcopal Ipiranga com representantes de movimentos eclesiais, novas comunidades, associações e demais organizações de leigos que atuam na Arquidiocese. O encontro deu continuidade à série de reuniões realizadas para refletir sobre a organização do laicato na Arquidiocese. “Eu sonho muito com um laicato organizado, unido e atuante”, manifestou Dom Odilo, ao destacar a importância da criação de um conselho arquidiocesano de leigos – ainda em estudo – que seja mediador da variedade do conjunto das expressões laicais. O Cardeal lembrou que há também muitos leigos que não participam de nenhum grupo. “Os batizados, povo fiel que vive a fé, que procure caminhar juntamente com a Igreja e, como Igreja, praticar a

sua fé e viver os frutos da fé, serem, portanto, testemunhas de Jesus Cristo”, completou. Dom Odilo explicou, ainda, que todas essas organizações são consideradas pela Igreja como associações de fiéis. Porém, com o tempo, esses grupos foram tomando configurações diversas, apresentando-se como novas comunidades, movimentos, associações de vida cristã, pias uniões, irmandades e organizações de leigos ligados a um carisma da vida religiosa. Está sendo feito o levantamento dos dados cadastrais de todos os grupos, coordenado pelo Padre Ricardo Cardoso Anacleto, secretário do Arcebispo. Dom Odilo solicitou que as associações que ainda não possuem seus estatutos o providenciem, e que grupos vindos de outras dioceses se apresentem para que sejam devidamente acolhidos e acompanhados. Para valorizar essa multiplicidade de organizações de leigos, o Cardeal pediu para que elas pró-

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Representantes de diversas organizações de leigos participam de reunião com Arcebispo de São Paulo, dia 20

prias manifestem como querem ser consideradas dentro da dinâmica eclesial. Padre Ricardo explicou que entre os conselhos previstos para as dioceses pelo Código de Direito Canônico – de Assuntos Econômicos e de Pastoral –, são propostos, diante da complexidade de missões presentes em uma Igreja local, outros conselhos, como os de presbíteros, formadores, leigos, entre outros.

“Quero contar muito com uma animação do laicato que respeita a diversidade de carismas das organizações e contar com a atuação dos leigos na Arquidiocese de uma forma incisiva nos diversos campos, quer na vida interna da Igreja, quer, muito especialmente, na sociedade enquanto presença da Igreja naquelas frentes onde se dá o contato mais direto com as várias situações e realidades da sociedade: o mundo

do trabalho, da ciência, da educação, da comunicação, das relações políticas, da saúde, das responsabilidades sociais, da economia e o mundo do dia a dia, da família. Aí estão os leigos, aí está a Igreja”, ressaltou Dom Odilo, acrescentando: “Precisamos de um laicato consciente e formado. Para isso, há a necessidade de uma instância arquidiocesana que ajude a promover uma formação integral quanto a sua vida e missão”.

Pastoral Carcerária

Maus-tratos, descaso e revista vexatória em presídios paulistas Num cenário de encarceramento em massa e de uma justiça deficiente, as denúncias e reclamações sobre as prisões paulistas se multiplicam. Segundo disseram os agentes da Pastoral Carcerária da Arquidiocese de São Paulo, em reunião no sábado, 20, no Centro Pastoral São José do Belém, a arbitrariedade e o descaso nas prisões têm aumentado, dificultando o trabalho da Pastoral. Problemas como racionamento de água e a não entrega de itens de higiene pessoal aos presos são constantes. Padre Valdir Silveira, coordenador nacional da Pastoral,

fez um levantamento sobre a realidade dos presídios no País e contou sobre sua última viagem ao norte do Brasil, relatando os problemas encontrados. Segundo pesquisa feita pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), 37,2% dos presos provisórios no País não são condenados à prisão ao final do processo ou recebem penas menores do que a já cumprida. O Padre ressaltou a superlotação nas unidades. “Criar mais presídios no país? Bastaria julgar quem deveria ser julgado”, comentou. A revista vexatória nos pre-

Pastoral Carcerária

Pastoral Carcerária reunida no Centro Pastoral São José do Belém, dia 20

sídios foi outro tema abordado durante a reunião. A prática, de caráter humilhante e abusivo, obriga os visitantes a ficar nus, agachar diversas vezes, sendo

inspecionados sem qualquer cuidado ou higiene antes da visita. Para Érica Silva, coordenadora da Pastoral em Pinheiros, a reunião foi uma importante

partilha das dificuldades enfrentadas pelos agentes. “Nada comparado às vultuosas denúncias de violação de direitos dos nossos irmãos presos, relatadas em todas as unidades, mas, de esperança em esperança, seguimos essa missão, que não é nossa, mas sim de Cristo”, lembrou. Padre Valdir questionou os agentes sobre a importância de continuar na Pastoral. Entre as respostas estavam a transformação dos presos e presas com as visitas da Pastoral e a fé dos agentes, que insistem na luta por um mundo sem cárceres. (Colaborou Lauana Aparecida/ Pastoral Carcerária)

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8 | Pelo Brasil |

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Nayá Fernandes

Destaques das Agências Nacionais

nayafernandes@gmail.com

CNBB: ‘Digamos não à redução da maioridade penal’ Durante a reunião do conselho permanente, entre os dias 16 e 18, os bispos da CNBB aprovaram a nota contra as propostas de redução da maioridade penal, discutiram a nova encíclica do Papa Francisco, avaliaram a 53ª Assembleia Geral da CNBB e definiram os membros das 12 comissões episcopais pastorais, entre os quais os bispos auxiliares de São Paulo, Dom José Roberto Fortes Palau, eleito membro da Comissão Episcopal para os Ministérios Ordenados e Vida Consagrada; Dom Edmar Peron, que fará parte da Comissão Episcopal Pastoral para Liturgia; Dom Devair Araújo da Fonseca, escolhido membro da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação; e Dom Julio Endi Akamine, que participará da Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura e Educação. Na nota pública, a CNBB dirigiu-se “a toda a sociedade brasileira, especialmente às comunidades eclesiais, a fim de exortá-las a fazer uma opção clara em favor da criança e do adolescente. Digamos não à redução da maioridade penal e reivindiquemos das autoridades competentes o cumprimento do que estabelece o ECA

[Estatuto da Criança e do Adolescente] para o adolescente em conflito com a lei”, consta em um dos trechos. Conforme a nota, é equivocada “a afirmação de que há impunidade quando o adolescente comete um delito e que, com a redução da idade penal, se diminuirá a violência. No Brasil, a responsabilização penal do adolescente começa aos 12 anos. Dados do Mapa da Violência de 2014 mostram que os adolescentes são mais vítimas que responsáveis pela violência que apavora a população. Se há impunidade, a culpa não é da lei, mas dos responsáveis por sua aplicação”. Ainda segundo a CNBB, “se aprovada a redução da maioridade penal, abrem-se as portas para o desrespeito a outros direitos da criança e do adolescente, colocando em xeque a Doutrina da Proteção Integral assegurada pelo ECA. Poderá haver um ‘efeito dominó’ fazendo com que algumas violações aos direitos da criança e do adolescente deixem de ser crimes como a venda de bebida alcoólica, abusos sexuais, dentre outras”.

São Paulo sedia a II Copa dos Refugiados No sábado, 20, aconteceu em São Paulo o lançamento II Copa dos Refugiados, no Sesc Interlagos. A estreia do campeonato fez parte da celebração do Dia Mundial do Refugiado e, durante o evento, houve a apresentação da música composta e produzida por jovens refugiados para o projeto Refugees in Brazil. As atividades contam

com o apoio da Cáritas Arquidiocesana de São Paulo, do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), do Sesc Interlagos, da Prefeitura Municipal de São Paulo e de doações particulares. Este ano, 24 seleções e cerca de 270 atletas participarão. Fonte: Caritas Arquidiocesana de São Paulo

Fonte: CNBB

Imprensa CNBB

Presidência da CNBB durante coletiva de imprensa em Brasília, na quinta-feira, 18

Relatório de Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil Há mais de duas décadas, acontece anualmente o lançamento do Relatório de Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil, organizado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), com informações recolhidas na imprensa com as comunidades indígenas, os missionários do Cimi e instituições públicas e privadas, relacionadas com a questão indígena. É um recolher criterioso com informações sobre as lutas

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de mais de 300 povos indígenas e cerca de cem comunidades em situação de isolamento voluntário na Amazônia brasileira. O lançamento do Relatório contou com a presença do Secretário Geral da CNBB, Dom Leonardo Steiner. Ele enfatizou que a violência contra os povos indígenas exige de todos conversão no modo de nos relacionarmos com esses povos. O presidente do Cimi, Dom Erwin Kraütler, enfatizou uma vez

mais a importância de ações concretas e urgentes que acabem com as violências impetradas contra os povos indígenas no País. Tito Vilhalva, Guarani-Kaiowá, do Mato Grosso do Sul, denunciou que continuam matando seu povo, de muitas maneiras, na terra indígena Guyraroká, já reconhecida, mas cujo processo foi recentemente anulado pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Fonte: Cimi

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Destaques das Agências Internacionais

| Pelo Mundo | 9 Filipe David

Correspondente do O SÃO PAULO na Europa

Itália

Visita do Papa a Turim

Em sua viagem ao norte da Itália, o Papa Francisco visitou a cidade de Turim, nos dias 21 e 22, onde está o Santo Sudário. A coincidiu com o bicentenário de nascimento de São João Bosco, que foi sacerdote em Turim. O Papa rezou diante do Santo Sudário e celebrou uma missa. Ele também se encontrou com sem-tetos, desempregados, presos e imigrantes. Para o Papa Francisco, a via-

gem a Turim foi como um “retorno à casa”, porque seu pai, Mario Bergoglio, era turinense de nascimento e foi batizado na Igreja de Santa Teresa, que o Papa aproveitou para visitar. Para o Papa, o Santo Sudário nos coloca “diante da face e do corpo martirizado de Jesus e ao mesmo tempo nos conduz à face dos que sofrem ou são injustamente perseguidos”. O Santo Sudário é a mortalha

L’Osservatore Romano

que se acredita ter envolvido o corpo de Cristo após a paixão. O pano, com a imagem de um homem torturado e crucificado, era objeto de veneração no Oriente e chegou ao Ocidente na época das cruzadas. A imagem de Cristo é muito mais clara no negativo, como se descobriu no fim do século XIX, quando se tirou uma foto da relíquia. O Santo Sudário é raramente exposto. A última vez foi em 2010. Fontes: ACI\ CNA\ News.va\ Catholic Herald

Papa Francisco visita a exposição do Santo Sudário em Turim, dia 21

Venezuela Greve de fome pela libertação de prisioneiros políticos O arcebispo de Mérida, Dom Baltazar Enrique Porras Cardozo, encontrou-se com os jovens que fazem greve de fome. A greve está sendo feita por diversos manifestantes em 12 dos 23 estados do País para exigir do governo a libertação de prisioneiros políticos. Segundo os manifestantes, nem mesmo a Cruz Vermelha está autorizada a prestar auxílio aos prisioneiros em questão. Fonte: Fides

Senadores brasileiros são hostilizados Uma comissão de senadores brasileiros viajou à Venezuela para tentar visitar os líderes políticos oposicionistas Leopoldo López e Antônio Ledezma, que estão presos na penitenciária militar de Ramo Verde, em Caracas. Os senadores foram impedidos de chegar ao local devido ao engarrafamento, que foi explicado pelas autoridades locais por diversos motivos diferentes, como um túnel que estaria sendo lavado e a chegada a Caracas de

um prisioneiro detido na Colômbia. Já segundo o ministério das relações exteriores venezuelano, a causa dos engarrafamentos que impediram a visita foi um “caminhão tombado carregado com substâncias inflamáveis”. Preso no engarrafamento, o micro-ônibus dos senadores foi então cercado por militantes chavistas que gritavam “Chávez não morreu, se multiplicou” e “Fora, fora”. O grupo também teria agredido o veículo, ba-

Israel

tendo na lataria e arremessando objetos. O ministério das relações exteriores brasileiro lamentou os incidentes que impediram a visita dos senadores brasileiros aos opositores do regime de Nicolás Maduro, sucessor de Hugo Chávez e aliado histórico da presidente Dilma e do PT. Um dia depois do incidente, o governo venezuelano negou ter dificultado a visita dos senadores. Fontes: G1\ Veja\ Estadão

Roma

Igreja da multiplicação dos pães é incendiada Manifestações contra a A Igreja que fica no local onde acredita-se que Jesus realizou o milagre da multiplicação dos pães foi incendiada por extremistas. Doze pessoas foram afetadas pela fumaça. No local, foi encontrada uma inscrição em hebraico – “Os fal-

sos ídolos serão arrancados” –, trecho de uma oração judaica. A polícia acredita que os responsáveis sejam judeus extremistas e, por isso, prendeu 16 jovens suspeitos, estudantes de uma escola judaica em Yitzar. Eles foram liberados após interrogatório.

O primeiro-ministro israelense denunciou o incidente como um ato violento que afetou todos os israelenses: “A liberdade de culto é um dos pilares de Israel. O ódio e a intolerância não têm lugar em nossa sociedade”. Fonte: ACI

ideologia de gênero

A praça de San Giovanni, que pode comportar até 300 mil pessoas, estava lotada de jovens, pais e idosos que manifestavamse contra a introdução da ideologia de gênero nas escolas e o “casamento” gay.

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Entre os cartazes, viam-se dizeres como “A família salvará o mundo” e “Defendamos nossas crianças”. Segundo os organizadores do evento, 1 milhão de pessoas participaram da manifestação. Fonte: WorldNetDaily


10 | Viver Bem |

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Comportamento Quando se teme o sofrimento Simone Ribeiro Cabral Fuzaro do sofrimento e culto ao prazer

Hoje, gostaria de propor uma reflexão importante àqueles que assumiram a grande responsabilidade de gerar a vida, de ter filhos. Estamos iludidos de que somos capazes de evitar o sofrimento na vida de nossos filhos ou nas nossas próprias vidas? Pensamos que, já que não poderemos evitar os sofrimentos futuros, precisamos, ao menos, evitar agora enquanto são pequenos? Temos consciência do quão enorme é o prejuízo que será causado para eles e para toda a sociedade quando os evitamos de todo modo o sofrimento? Devem estar pensando não é bom evitar sofrimentos? Com certeza, nenhum de nós buscará de livre e espontânea vontade o sofrimento. Não seríamos saudáveis se o fizéssemos, porém, evitá-los a qualquer custo tem tornado nossa sociedade doente e desequilibrada. Aprofundemos-nos no assunto: desde que nascem, as crianças ficam expostas a situações de desconforto naturais - fome, sede, frio e dor. A vida, em sua sabedoria, já vai mostrando suas características e limites. Sim, limites! Fazem parte tanto da vida do sujeito como da sociedade e trazem em si um sofrimento. Sofrimento que funda a criação, a sublimação, o amadurecimento, a superação, o conhecimento de si e do outro. Na sociedade contemporânea, vivemos tamanho medo

sustentar uma escolha lúcida, que sentimos imensa dificul- equilibrada e que os fizesse dade de colocar limites claros realmente felizes. Esse medo à nós mesmos e a nossos fi- de promover o sofrimento ao lhos. Negamos às crianças um deixar claros os limites tem direito que elas têm: de serem nos colocado num mundo orientadas, instruídas, direcio- onde as doenças e os dispanadas. Abrimos mão de nossa rates são cada vez maiores - a função de “superego”, daqueles violência, a crise de gêneros, que têm papel de estabelecer e as famílias desagregadas, a transmitir as leis, o senso críti- necessidade de conviver em co, as proibições: o que é bom, tribos, o excesso de álcool na promove o bem e precisa ser adolescência, a sexualidade feito; o que é ruim, destruti- desenfreada... - Tudo pode e vo, traz prejuízos ao sujeito é é “normal”. à sociedade. Tiramos também Pais, é urgente nos consda escola a autonomia de colo- cientizarmos que os sofricar as leis de funcionamento e mentos trazidos pela lei, para de transmitir valores culturais além da dor, geram maturidae sociais - tudo é questionável de e equilíbrio. Conhecer os em nome da vontade e prazer limites, as proibições, promoda criança. Vivemos uma A vida, em sua sabedoria, crise de supere- já vai mostrando suas gos e, sem supe- características e limites. rego, fomos nos Sim, limites! Fazem parte transformando tanto da vida do sujeito em seres regidos como da sociedade e pelo prazer, pelo trazem em si um sofrimento. i m e d i a t i s m o , Sofrimento que funda pelo narcisismo, a criação, a sublimação, ou seja, “o bem o amadurecimento, a dá lugar ao bom superação, o conhecimento e o ético ao estéde si e do outro tico” (Ivan Capelato). Uma vez regidos pelo ve sabedoria, a possibilidade prazer e sem crítica, ficamos de criar, dá asas à autoria, à reféns dos instintos. Tudo capacidade de fazer e fixar pode desde que dê prazer escolhas. Forma sujeitos lúciimediato. dos. Aqueles que vivem subNão podemos abrir mão metidos ao prazer se tornam desse dever, pois estaremos incapazes de fixar escolhas. pondo em risco nossos filhos Suas escolhas são frágeis, e a sociedade. transitórias. E, ao contrário Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é fonoaudo que se imagina, não gadióloga e educadora; Mestre em Educação/ Distúrbios da Comunicação pela PUC-SP; nham liberdade, pois seriam especialista em linguagem; e coordenadora da Escola de Educação Infantil Pedrita livres se pudessem escolher e

Cuidar da Saúde

Sífilis

Cássia Regina

Sífilis é uma doença infectocontagiosa, sexualmente transmissível, causada pela bactéria Treponema pallidum. Pode também ser transmitida verticalmente, da mãe para o feto, por transfusão de sangue ou por contato

direto com sangue contaminado. A doença pode se manifestar de 10 a 90 dias. Os sintomas principais são manchas pelo corpo e na palma das mãos, feridas nos órgãos genitais, gânglios que só aparecem quando já existem comprometimentos importantes no organismo. O tratamento é fei-

to com medicação injetável e tem cura. Se não for tratado podem acontecer várias complicações, sendo as mais graves, as alterações neurológicas, principalmente no recém-nascido, que pode ter déficit mental grave. Dra. Cássia Regina é médica atuante na Estratégia de Saúde da Família (PSF)


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| Reportagem | 11

3,2 milhões, entre 5 e 17 anos, trabalham de forma irregular no País Reprodução

Nayá Fernandes

nayafernandes@gmail.com

No Brasil, o Dia das Crianças é comemorado a cada 12 de outubro, mas há outras datas que lembram dos pequenos e que foram instituídas para defendê-los de violências e abusos. O mês de junho é um exemplo disso: Dia Internacional da Criança, dia 1º; Dia Internacional das Crianças Vítimas de Agressão, 4; e Dia Internacional de Combate ao Trabalho Infantil, 12. As datas recordam que, mesmo depois de medidas para proteção aos menores e, no Brasil, da publicação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), ainda há relatos de exploração de crianças, mas, muitas vezes, sem denúncias ou ações incisivas de combate. O Governo brasileiro só ratificou a Convenção Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, em 1999, embora esta já tivesse sido concluída em Haia, em 1993. Já no primeiro artigo, há clareza de que a Convenção visa “estabelecer garantias para assegurar que as adoções internacionais sejam feitas no interesse superior da criança e no respeito dos seus direitos fundamentais, nos termos do direito internacional”. A Convenção, com seus 48 artigos, é um instrumento de defesa para as crianças em casos duvidosos de adoção. No Brasil, grupos, instituições e pastorais têm defendido os direitos das crianças. Durante reunião de planejamento estratégico da Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (Anec), em 12 de junho, Dom Leonardo Ulrich Steiner, bispo auxiliar de Brasília e secretário-geral da CNBB, afirmou que “cabe à sociedade exigir do Estado não só a efetiva implementação das medidas socioeducativas, mas também o investimento para uma educação de qualidade, além de políticas públicas que eliminem as desigualdades sociais. Saiamos ao encontro de nossos políticos, sociedade civil e estendamos a mão a essas pessoas”. Dom Leonardo re-

cordou o Papa Francisco e ressaltou que “por meio de suas palavras, gestos e documentos, o Papa tem demonstrado que a Igreja não pode se calar diante das injustiças, que poderão ainda mais agravar a situação em vez de superá-las”. Outra ação realizada este mês foi o Fórum em Rede, promovido pela Fecomerciários para discutir propostas e fortalecer a rede de proteção às crianças e adolescentes. Um dos objetivos traçados “foi unificar as discussões entre os 68 sindicatos filiados, prefeituras, comércio, microempresários, comunidade, escola, pais e familiares, promovendo a luta pela erradicação do trabalho infantil para que as crianças tenham uma vida plena, sem problemas físicos, emocionais e psicológicos”, informou a Fecomerciários, por meio de sua assessoria de imprensa.

Brasil dificilmente erradicará trabalho infantil até 2020

Entre abril de 2014 e abril de 2015, no Brasil, foram retirados do trabalho infantil 5.688 crianças e adolescentes, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego. Po-

rém, de acordo com a Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (PNAD 2013), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), este número não chega nem perto dos mais de 3,2 milhões de meninos e meninas de 5 a 17 anos que trabalham de forma irregular no País. Dados da PNAD indicam que entre 2012 e 2013, houve uma pequena redução de 10,6%. Se a queda continuar nesse ritmo, dificilmente o Brasil conseguirá alcançar a meta de erradicar o trabalho infantil até 2020. Para celebrar o Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil, foram organizados eventos em cerca de 55 países. Em Genebra, na Suiça, na sede da OIT, o Prêmio Nobel da Paz, Kailash Satyarthi, e a primeira dama do Panamá, Lorena Castillo de Varela, participaram de uma mesa redonda com delegados que assistem à Conferência Internacional do Trabalho. No Brasil, o Dia Mundial contou com atividades promovidas pelo Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI). No site do Fórum, é possível ler notícias sobre a

questão, como, por exemplo, a de que a empresa Vamoquevamo Pontocom, que comercializa produtos do grupo do apresentador Luciano Huck, terá que custear a veiculação de peças de campanha sobre o combate ao trabalho infantil. “A medida é resultado de Termo de Ajuste de Conduta (TAC) firmado com o Ministério Público do Trabalho no Rio de Janeiro (MPT-RJ), em razão do uso de crianças na divulgação de camisetas com conteúdo impróprio. Segundo o MPT-RJ, as blusas produzidas para o carnaval deste ano, com estampas como ‘Vem ni mim que eu tô facin’ e ‘Me beija que eu sou carioca’, foram anunciadas na página da marca por modelos infantis, sem autorização judicial e sem observar os parâmetros exigidos para garantir a proteção de artistas mirins”, informa a notícia. O trabalho para menores de 16 anos é proibido pela Constituição Federal, sendo o trabalho artístico aceito em caráter excepcional, desde que precedido de autorização judicial prevista no artigo 149 do Estatuto da Criança e do Adolescente. (Com agências)


12 | Reportagem |

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Lançamento da Laudato si’ tem tom de evento histórico no Vaticano

REPERCUSSÕES NA IMPRENSA INTERNACIONAL El País Papa Francisco abraça a teoria científica sobre o aquecimento global Correio da Manhã Papa: Países ricos devem sacrificar crescimento Le Figaro Papa Francisco: ‘Trata-se simplesmente de redefinir o progresso’ Le Monde Clima: o Papa enfrenta a ‘cultura do descarte’ dos países ricos BBC Papa Francisco culpa o ‘egoísmo humano’ pelo aquecimento global The Times Idosos e jovens devem fazer parceria com Deus para cuidar da Terra Daily News A nova encíclica do Papa Francisco é sobre mudanças climáticas – e muito mais Washington Post Papa desafia o mundo a limpar sua sujeira The New York Times Papa Francisco, em Encíclica avassaladora, pede por uma ação rápida com relação à mudança climática Die Zeit Papa critica a destruição do meio ambiente e busca egoísta de lucro Corriere Della Sera Papa Francisco, na Laudato si’: “Parar de saquear o mundo” Agência Reuters Papa pede ‘ação agora’ para salvar o planeta da ruína ambiental BRASIL Folha de S.Paulo Em encíclica, Papa pede redefinição de progresso para proteger ambiente O Estado de São Paulo ‘Encíclica verde’ une ecologia à justiça social O Globo Países ricos devem pagar dívida ambiental limitando consumo de energias não renováveis, diz Papa (colaborou: Filipe David)

Filipe Domingues

Especial para O SÃO PAULO, na Cidade do Vaticano

Poucas vezes o lançamento de um documento de um papa chamou tanta atenção internacional como no caso da nova carta encíclica Laudato si’ (Louvado sejas), do Papa Francisco. “Em nove anos, raramente ou talvez nunca tinha visto uma expectativa assim tão grande e prolongada por um documento papal”, declarou o Padre Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano, na abertura da conferência de lançamento, na quinta-feira, 18, à qual O SÃO PAULO compareceu. Segundo o Padre, a Laudato si’ já é um marco histórico porque foi escrita com a ajuda dos bispos de todo o mundo – 15 conferências episcopais nacionais são citadas no texto, além de outras regionais. Francisco contou com a habitual consulta a especialistas, mas também mencionou amplamente o patriarca ortodoxo de Constantinopla, Bartolomeu, um dos primeiros líderes cristãos a lançar voz em favor do ambiente. “Papa Francisco tem um modo particular de liderança eclesial. Essa Encíclica foi feita de um modo novo em relação às anteriores”, disse Padre Lombardi. De acordo com Cardeal Peter Turkson, presidente do Pontifício Conselho para Justiça e Paz, e principal articulador na preparação do documento, a Laudato si’ é especial porque o Papa “nos convida a inverter a rota atual e construir a casa comum em vez de destruir”. Do ponto de vista teológico, explicou o Arcebispo Ganês, Francisco coloca no centro do debate o conceito de “ecologia integral”. Para Dom Turkson, as perguntas que o Papa lança no texto levam a questionar o sentido da existência e os valores que estão na base da vida social.

De fato, diz Francisco no documento, “essas questões não têm a ver somente com o ambiente de forma isolada; esse tema não pode ser abordado separadamente”. O Cardeal acrescentou que a ideia do Papa de escrever a primeira encíclica sobre ecologia veio da observação da realidade: “Hoje, a Terra, nossa irmã, maltratada e abusada, está reclamando e seus gemidos se unem àqueles de todo o mundo desamparado e descartado”, disse. “Papa Francisco nos convida a ouvi-los, alertando a cada um, indivíduos, famílias, comunidades locais, nações e a comunidade internacional, à uma ‘conversão ecológica’, usando as palavras de São João Paulo II.” Um dos mais renomados teólogos da atualidade, o metropolita ortodoxo de Pergamo, Ioannis Zizioulas, também comentou a Encíclica (foi a primeira vez que um ortodoxo apresenta um documento papal no Vaticano). Ele destacou três aspectos principais: a importância do significado teológico da ecologia; a

dimensão espiritual do problema ecológico; e a dimensão ecumênica da Encíclica. “A ruptura da adequada relação entre a humanidade e a natureza se deve ao surgimento do individualismo em nossa cultura. Em nossos tempos, a busca da felicidade individual foi transformada em um ideal”, declarou. “O pecado ecológico vem da ganância humana, que cega o homem e a mulher ao ponto de ignorar ou negligenciar a verdade básica de que a felicidade do indivíduo depende de sua relação com o resto dos seres humanos.” Também comentaram o texto o cientista John Schellnhuber, fundador e diretor do Instituto Postdam de Pesquisa sobre Impacto Climático, representando especialistas em ciências naturais; a professora Carolyn Woo, presidente da agência Catholic Relief Services, representando o setor econômico-financeiro; e a professora Valeria Martano, que há 20 anos trabalha na periferia de Roma com situações de “degradação humana e ambiental”. L’Osservatore Romano

Encíclica é apresentada em coletiva de imprensa na Cidade do Vaticano, na quinta-feira, 18

Como foi feita a encíclica No voo de ida às Filipinas, em 15 de janeiro, o próprio Papa Francisco explicou como foi feita a encílcia Laudato si’: “O cardeal Turkson e sua equipe prepararam o primeiro rascunho. Então, com alguma ajuda, eu trabalhei nele e, depois, com alguns teólogos, eu fiz um terceiro rascunho e mandei uma cópia para a Congregação para a Doutrina da Fé, para a segunda seção

da Secretaria de Estado e para o Teólogo da Casa Pontifícia (o sacerdote dominicano Wojciech Tomasz Giertych). (…) Três semanas atrás, recebi as respostas deles, (…) todas elas construtivas. Agora, vou tirar uma semana em março, uma semana inteira, para completá-la.” O lançamento oficial foi em 18 de junho. A encíclica foi enviada com antedecência a todos os bispos

do mundo, acompanhada de um bilhete pessoal do Papa: “Caro irmão no vínculo da unidade, da caridade e da paz (L.G. 22) no qual vivemos como bispos, te envio minha carta “Laudato si’”sobre o cuidado da nossa casa comum, acompanhada da minha bênção. Unidos no Senhor, e, por favor, não esqueças de rezar por mim. Francisco.”


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| Reportagem | 13

Dom Odilo apresenta ‘chaves de leitura’ da Encíclica papal Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com

“‘Laudato si’, mi’ Signore – Louvado sejas, meu Senhor’, cantava São Francisco de Assis. Neste gracioso cântico, recordava-nos que a nossa casa comum se pode comparar ora a uma irmã, com quem partilhamos a existência, ora a uma boa mãe, que nos acolhe nos seus braços: ‘Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, a mãe terra, que nos sustenta e governa e produz variados frutos com flores coloridas e verduras’”, assim inicia o Papa Francisco a sua encíclica “Laudato si’ - Sobre o cuidado da casa comum”, publicada na quinta-feira, 18. Na Arquidiocese de São Paulo, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, em coletiva de imprensa na sexta-feira, 19 – com a participação do teólogo Francisco Catão e do ex-ministro do Meio Ambiente e Amazônia Legal, Rubens Ricupero - destacou que a publicação da Encíclica representa uma “reflexão sistemática sem precedentes do Magistério da Igreja sobre a ecologia”. “O Papa Francisco, desde que foi eleito, deu sinais de sua preocupação ambiental e nem poderia ser diferente, dado a escolha de seu nome, pois também é missão da Igreja e do Magistério falar do sentido sobrenatural de toda realidade e da dimensão moral e ética de toda atividade humana, portanto, também de sua relação com o ambiente”, afirmou. Dom Odilo explicou que não é a primeira vez que o Magistério da Igreja se ocupa com

questões ambientais. O próprio Papa Francisco ressalta isso no início do documento, citando seus predecessores. “São João Paulo II abordou o tema em diversas ocasiões. Bento XVI abordou o tema principalmente na encíclica Caritas in Veritate, de 2009, convidando a humanidade a um novo relacionamento com a natureza, tendo em conta o desígnio de Deus criador e a solidariedade social. Falou da urgente necessidade moral de uma nova solidariedade moral. Ensinou que a responsabilidade pelo cuidado do planeta é global que é preciso pensar em um governo responsável sobre a natureza para cuidar dela, fazê-la frutificar para que possa acolher e alimentar a família humana”, recordou.

Chaves de leitura

O Cardeal apresentou três chaves de leitura da Encíclica: Fé cristã no Deus criador; Responsabilidade do homem sobre a natureza; Preocupação solidária da relação com a natureza. Ele destacou que é “importante ir ao texto, cavar no texto e tecer os comentários a partir dele”. Para Dom Odilo, na Encíclica estão as preocupações do pontificado de Francisco, e que são preocupações da humanidade, tais como as questões ambientais, de justiça social e do bem comum.

Ecologia humana

O Cardeal Scherer chamou a atenção, ainda, para expressão ecologia humana, recuperada de pontífices anteriores por

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Cardeal Scherer, ao lado de Rubens Ricupero e do professor Francisco Catão, comenta Laudato si’, na sexta-feira, 19

Francisco, quando escreve sobre o cuidado do ser humano não somente com a natureza, mas também do ser humano na sua natureza. “Quando o Papa fala de ecologia humana, ele traz uma nova chave de leitura para uma porção de questões morais que estão sendo propostas pela Igreja não simplesmente para os católicos, mas como sendo importantes para todo ser humano e, justamente, dizendo da importância em relação ao todo da natureza humana no meio ambiente. O Papa fala de questões sobre o aborto, fala também do respeito ao corpo humano, até mesmo da questão de não reconhecer o próprio sexo enquanto um dom de Deus. O Santo Padre apresenta um horizonte de interpretação de questões morais muito interessante que não parte simplesmente de afirmações dogmáticas, de fundo bíblico e religioso, mas de fundo natural”. (colaborou: Fernando Geronazzo)

Chaves de leitura da Encíclica – segundo Dom Odilo Fé cristã no Deus criador: “Estamos sendo levados por teorias sobre as origens do universo e da natureza a ‘crer’ cientificamente que o mundo surgiu por si mesmo, descartando a necessidade de um criador. A teoria da evolução não é bem usada, muitas vezes, exatamente para isso. Ela, por si, não é incompatível com a fé cristã, contanto que não exclua o Deus criador. Mas a exclusão absoluta do ato criador divino no princípio de tudo requer um ato de fé ainda maior na ciência do que na fé religiosa em um Deus criador”. Responsabilidade do homem sobre a natureza: “A natureza está entregue aos cuidados do homem, é a ‘casa comum’ da família humana, é o ‘jardim’ que acolhe, sustenta e alegra o ho-

mem com as demais criaturas. Não podemos nos considerar donos absolutos do mundo e nos transformar, por isso, em predadores da natureza, usando um poder arbitrário em relação à natureza. Dela devemos ser cultivadores, responsáveis, para que continue a ser pródiga de Deus para as criaturas que ela abriga. Estragar e depredar a natureza é pecado contra Deus e contra o próximo”; Preocupação solidária da relação com a natureza: “A natureza não é propriedade privada de ninguém em absoluto, mas um bem destinado a todas as criaturas de Deus. O uso individualista, egoísta e ganancioso da natureza é o contrário à justiça e à solidariedade social e, por isso, contrário à paz e ao bem comum”.

Um documento inovador Para o professor Francisco Catão, surpreendeu o caráter inovador da Encíclica quanto à forma de expor uma posição da Igreja. O Teólogo ressaltou que essa Encíclica começa com um louvor, algo raro ou até inédito nesse tipo de documento. “As encíclicas são documentos que tradicionalmente começam com uma afirmação da doutrina ou resposta a uma situação social da Igreja ou do mundo”, detalhou. O Professor explicou, ainda, que o louvor é considerado a forma superior da prece. “Isso nos coloca numa perspectiva espiritual de valorização daquilo que dá sentido à vida, pois, como diz o Catecismo da Igreja Católica, o louvor é aquela atitude que trata Deus como Deus, como Senhor de tudo”, afirmou. Quanto ao conteúdo, Francisco Ca-

tão destacou que este é um documento extremamente didático. “No primeiro capítulo, ele expõe a questão ambiental; em seguida, apresenta o grande argumento de que nós, cristãos, assim como os judeus e os islâmicos veneramos um Deus criador. No terceiro capítulo, orienta uma solução, mostrado a importância do fato de encarar a ecologia do ponto de vista humano. Depois, no quarto capítulo, dá o argumento fundamental tirado de Bento XVI em seu discurso no Parlamento Alemão, em setembro de 2011”, detalhou. Ainda sobre a estrutura do texto, o Teólogo destacou que o Papa apresenta duas grandes consequências. “No capítulo quinto, é que essa questão [ambiental] que interessa a todos deve ser discutido. E, depois, no capítulo sexto, fala de um

reposicionamento dos cristãos ou de toda a humanidade em face do clima do ponto de vista educacional, com uma pedagogia de iniciação ao cuidado com a ‘casa comum’, e do ponto de vista da espiritualidade”, disse Catão, acrescentando que o Pontífice termina o documento mostrando preocupação com a qualidade espiritual das pessoas. Rubens Ricupero, que participou da fundação Painel Intergovernamental de Mudança Climática, da ONU, em 1992, esteve nas reuniões de preparação da Eco 92, no Rio de Janeiro, e de 1993 a 1994, e foi ministro do Meio Ambiente e da Amazônia Legal, destacou o conceito de “ecologia integral” presente na encíclica. “O Papa afirma claramente que a atmosfera, o clima, a biodiversidade, são bens globais de uso comum, que em in-

glês chamamos de Global Commons. O Documento não é a repetição do que é tem sido feito, mas vai além do que é dito nos documentos das Nações Unidas, pois não defende consenso de governos”, ressaltou Ricupero. Para o ex-ministro, a Encíclica mostra com clareza que o problema ambiental não tem uma essência técnica somente, mas que precisa ser visto na sua integralidade, nas interligações, e predomina o aspecto social, não apenas no sentido da desigualdade, mas também no sentido de que a organização da economia é uma coisa que é feita pela sociedade. “O Papa mostra claramente que esse problema não tem solução se não houver uma ruptura da sociedade, no sentido de um sistema de produção, de consumo e de distribuição diferente do atual”. (EB)


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Manifestantes pró-família temem que medida seja uma estratégia para se tentar reinserir a ideologia de gênero no PME POSICIONAMENTO DOS VEREADORES Aurélio Nomura (PSDB) Afirmou ser contra a qualquer tipo de discriminação, mas que “a educação à “indiscriminação” não se faz através da ideologia de gênero”. Ricardo Nunes (PMDB) Disse que as crianças do ensino fundamental são muito jovens para serem abordadas pelas questões de gênero e reafirmou o papel primordial da família na educação da criança. Adilson Amadeu (PTB) Afirmou não ver motivos para o adiamento da votação do PME no plenário para agosto e que seu voto sempre será em favor da família. Paulo Fiorilo (PT) Declarou “para aqueles que vieram falar contra e ou a favor da ideologia de gênero, que o projeto do PME vem para o debate com a garantia do Presidente da Câmara que vamos poder fazer um amplo debate sobre o tema”. Avisou, portanto, que a questão de gênero não está encerrada e que o debate vai continuar.

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Protelada para agosto a votação final do Plano Municipal de Educação michelino roberto osaopaulo@uol.com.br

A Comissão de Finanças e Orçamento da Câmara Municipal de São Paulo rejeitou novamente, desta vez por unanimidade, a inserção da ideologia de gênero no Plano Municipal de Educação, em nova votação ocorrida na sexta-feira, 19. Na mesma sessão, o vereador Police Neto (PSD), que preside a Comissão, anunciou a decisão do presidente da Câmara Municipal, vereador Antônio Donato (PT), de adiar a votação final do PME no plenário para o mês de agosto. A Comissão de Orçamento já havia se pronunciado contrária à inserção das questões de gênero e diversidade no ensino básico municipal em votação ocorrida em 10 de junho, conforme informou ao O SÃO PAULO. Contudo, Police Neto, em sessão no dia 17, declarou nula a votação, alegando irregularidade regimental e, assim, marcou nova votação. Um assessor do vereador Police Neto declarou à reportagem que a irregularidade ocorreu na escolha do vereador Ricardo Nunes (PMDB) como relator do voto. Milton Leite (DEM) foi escolhido como o relator do novo relatório submetido e aprovado na sexta feira, 19. A justificativa apresentada por Police Neto sobre a decisão da presidência da Câmara em protelar a votação da PME no plenário foi a de que os vereadores não terão tempo hábil

para fazê-lo no prazo determinado pelo governo federal, que termina na quinta-feira, 24, além do desejo de possibilitar participação popular nos debates. “Estamos agendando a votação do PME, em todos os seus aspectos, para o mês de agosto. A presidência resolve que faremos a primeira votação em uma sessão exclusiva no dia 11 e a segunda no dia 25 de agosto. Queremos dar possibilidade para a participação de todos”, anunciou ao final da sessão.

Repercussão

Os vereadores Abbou Anne (PV) e Adilson Amadeu (PTB) protestaram contra a decisão de protelar a votação do PME para agosto. Adilson Amadeu defendeu que não existem razões para o adiamento, pois a casa já estaria pronta para realizar pelo menos a primeira votação. Abbou Anne afirmou que o adiamento da votação “só servirá para gerar mais confusão”. O adiamento da votação preocupa também manifestantes pró-família. Na opinião de Enrico Misasi, um dos líderes católicos que acompanharam a votação, a medida pode ser “uma forma de dar tempo para o governo municipal neutralizar a ação dos manifestantes contrários a inserção da ideologia de gênero no PME”. Enrico, porém, concorda que tal adiamento pode ser positivo, no sentido de possibilitar a ampliação do debate para outras

tantas questões importantes, como o financiamento da educação pública e a participação mais efetiva dos pais na escola. A estudante de direito Maria Clara Lopes Guimarães, que também tem acompanhado todo o debate na Câmara sobre o PME, afirmou à reportagem que não vê motivos para o adiamento da votação do PME no plenário. “Não tem nada que impeça. Ninguém sabe o verdadeiro motivo [do adiamento]. Poderia ter sido feita pelo menos a primeira votação no plenário”. Já na opinião do líder do movimento Família Nova, que também se opõe à ideologia de gênero, Benedicto Gattolini, a decisão do Presidente da Câmara não tem forte impacto para nenhum dos lados. “O perigo teria sido deixado a data da votação final em aberto”, avaliou.

Clima de confronto e hostilidade

O clima entre os manifestantes prós e contra a introdução das questões de gênero e diversidade presentes no plenário do Palácio Anchieta da Câmara foi tenso, com agressões verbais por parte de grupos LGBT. Os manifestantes começaram a chegar ao palácio cedo. Por volta do meio-dia, a sala do plenário, com capacidade para 500 pessoas, estava lotada, ocupada por uma maioria composta de pais e mães de famílias, jovens cristãos e líderes religiosos, que com cartazes com dizeres “Respeito sim,

ideologia de Gênero não”, ou “Por uma escola sem ideologia de gênero” exigiam a não intervenção do Estado em assuntos da família. Em resposta, grupos LGBT xingavam os religiosos e hostilizavam os demais participantes chamando-os de “assassinos”, “fascistas”, “retrógrados” e “homofóbicos”. “Isto não está sendo um debate sadio e sim um confronto hostil,” lamentou o Padre Vandro Pisaneschi, coordenador do Vicariato da Educação e da Universidade da Arquidiocese de São Paulo, também presente ao plenário. Por volta das 13h, as portas do plenário foram fechadas e os manifestantes impedidos de entrar. Houve protestos e tumultos quando o vereador Toninho Vespoli (PSOL) passou a facilitar a entrada exclusiva de militantes LGBT para o plenário, desrespeitando a fila de espera, já que o critério de entrada era por ordem de chegada. Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra Toninho Vespoli levando para o plenário um grupo de transexuais enquanto a segurança local impedia os manifestantes pró-família de entrar, alegando que a sala estava lotada. Questionado por manifestantes, o vereador respondeu que “não dá para ter 80%, 90% de um lado e 10% de outro”.


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| Entrevista | 15

Com a Palavra Enrico Misasi

Ideologia de gênero desconstrói a família e agiganta o poder do Estado Arquivo pessoal

Daniel Gomes

danielgomes.jornalista@gmail.com

Nas últimas semanas, acaloradas discussões foram travadas na Câmara de Vereadores de São Paulo acerca do Plano Municipal de Educação (PME), que vai orientar as ações do Executivo paulistano na área de educação pelos próximos dez anos. Entre as propostas, havia o indicativo da introdução da temática das questões de gênero em sala de aula. Após mobilizações de representantes de grupos da sociedade e da Igreja, a ideologia de gênero foi retirada do texto do Plano pela Comissão de Finanças e Orçamento da Câmara. Aos 20 anos, o católico Enrico Misasi, estudante da Faculdade de Direito da USP, é uma das principais vozes contra a inclusão da ideologia de gênero no PME em São Paulo. Nesta entrevista ao O SÃO PAULO, ele alerta que o texto preliminar do PME “é um reflexo de uma tendência mais ampla da educação contemporânea: o crescimento da influência da escola e do Estado na educação das crianças, proporcionalmente à diminuição do papel da família”. O SÃO PAULO - O que motiva um jo-

O vereador Toninho Vespoli (PSOL), que introduziu as questões de gênero no substitutivo do PME, tem dito que há “cristãos fundamentalistas” fazendo pressão para que se retire do PME os termos relativos às questões de gênero. Como você recebe tais críticas?

É oportuno e há caminhos para discutir a diversidade sexual nas escolas sem que as questões de gênero estejam previstas no Plano Municipal de Educação?

vem católico de 21 anos a ser uma das principais vozes contra a ideologia de gênero na educação na cidaNa minha opinião, não é oportuno. Isso de de São Paulo? porque os pais têm o direito constitucio-

Enrico Misasi - A minha motivação é dupla. Enquanto católico, vejo a ideologia de gênero querendo impor-se sobre a criação de Deus, sobre seus mandamentos e sobre a Igreja doméstica, e isso me impele a agir. Enquanto cidadão, percebo com a luz natural da razão que essa ideologia está contribuindo para a desconstrução da família, célula básica da sociedade, enfraquecendo-a na mesma medida em que agiganta o poder do Estado em questões morais. Diante dessa afronta aos valores religiosos e ao direito natural, não há como omitir-se.

Se as questões de gênero passassem a ser tratadas na escola, que risco isso representaria para a sociedade como um todo, e para a família especificamente?

A ideologia de gênero, ao desprezar o sexo biológico e convocar todos à construção livre e arbitrária da sua “identidade de gênero”, promove, no âmbito da escola: a sexualização precoce das crianças, a confusão na formação de suas identidades, a equivalência moral entre tudo aquilo que gere prazer sexual, o abandono da complementaridade entre os sexos masculino e feminino. Parece-me evidente que tudo isso abala nas bases o conceito de família, ensejando uma profunda desorganização na sociedade como um todo.

do MEC, via CONAE, é quase certo que teremos problemas no âmbito estadual também.

nalmente garantido de educar moralmente seus filhos, direito ao qual a escola não pode sobrepor-se. A escola deve ser uma extensão dos valores das famílias brasileiras, não um instrumento do Estado para incutir nelas novos valores e concepções. O respeito, a caridade, a tolerância e a civilidade devem ser incentivados nas salas de aulas. Mas não se pode, a pretexto de combate ao preconceito, impor às crianças uma moral ideologizada e autoritária, como o é a ideologia de gênero.

Após grande mobilização de grupos da sociedade e da Igreja, as questões de gênero foram retiradas do texto do PME pelo relator, o vereador Milton Leite. Você teme que o Plenário volte a inserir algo a respeito no texto final do PME?

Sim, é uma preocupação que temos. É quase certo que haverá uma articulação por parte de vereadores para tentar reintroduzir as questões de gênero no texto final. O que devemos fazer é continuar o trabalho de esclarecimento e diálogo com os parlamentares para mostrarmos os malefícios que a ideologia de gênero pode trazer à educação paulistana. Além disso, a Igreja e os grupos da sociedade civil precisam se mobilizar para pressionarem a Câmara e estarem presentes nos dias de votação.

Essas críticas só demonstram que o vereador Toninho Vespoli é autoritário e preconceituoso. Em nenhum momento do processo foi utilizado qualquer argumento de fé. O que existe são cidadãos alertando seus representantes dos perigos e inconvenientes da ideologia de gênero por meio de argumentos filosóficos, antropológicos e científicos. Se o vereador vê nisso uma ação ilegítima de “cristãos fundamentalistas”, isso indica seu desconforto com o ambiente democrático de diálogo e convencimento. Portanto, a crítica que era endereçada a nós se volta contra ele mesmo.

Além da pressão sobre os vereadores, em algum momento você e outras Além das questões de gênero, há oupessoas que são contra a inclusão de tros aspectos que lhe preocupam no questões de gênero no PME dialogatexto preliminar do PME? ram com o prefeito Fernando HadO que me preocupa no texto preliminar dad e com o secretário de Educação, do PME é um reflexo de uma tendência Gabriel Chalita? mais ampla da educação contemporânea:

Com o prefeito Fernando Haddad não tivemos nenhum contato. De qualquer forma, o Partido dos Trabalhadores (PT), de uma maneira geral, fecha questão no apoio à introdução da ideologia de gênero na legislação. Já o secretário Chalita, nós o encontramos em uma audiência pública, e ele afirmou que sua posição seria a de manter os parâmetros do Plano Nacional de Educação, que retirou a ideologia de gênero. Soubemos depois, por meio do vereador Ricardo Nunes (PMDB), que o secretário teve uma importante ação nesse sentido nos bastidores.

o crescimento da influência da escola e do Estado na educação das crianças, proporcionalmente à diminuição do papel da família. Eu vejo como sintomas disso a padronização rígida dos parâmetros curriculares a nível nacional, a idade cada vez menor que as crianças entram na escola, o tempo cada vez maior que elas passam dentro da sala de aula. Reconheço a complexidade da situação, mas me deixa preocupado o fato de as famílias estarem caminhando para se tornarem meras auxiliares do Estado na educação dos filhos.

A educação pública municipal abrange crianças e adolescentes de 0 a 14. Acima desta idade, geralmente, os jovens estão cursando o ensino médio na rede pública estadual de ensino. Há alguma preocupação com as questões de gênero no ensino público estadual?

O Plano, com a atual redação, têm que aspectos positivos?

Há sim essa preocupação. Assim como os municípios estão adequando seus planos municipais de educação ao Plano Nacional aprovado no ano passado, os estados da federação também devem fazê-lo. Ainda não analisei o texto do Plano Estadual que deverá ser discutido na Assembleia Legislativa, mas como a introdução das questões de gênero foi uma recomendação abusiva

Reconheço no PME uma autêntica vontade de melhoria na qualidade de ensino da cidade de São Paulo. Por exemplo, a ampliação e controle dos investimentos públicos na educação, inclusive com a adoção de instrumentos como o Custo Aluno Qualidade (CAQ). Ademais, me parece corretíssima a meta de reduzir o número de alunos por professor para garantir uma melhor dinâmica de ensino-aprendizagem. Além disso, há um bom foco na valorização do professor, que é urgente. Enfim, há diversos aspectos louváveis no texto aprovado pela Comissão de Finanças e Orçamento da Câmara.


16 | Fé e Cultura |

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‘Virada Coral’

Vozes e tons em São Paulo Luciney Martins/O SÃO PAULO

Nayá Fernandes

nayafernandes@gmail.com

A Virada Cultural, que acontece há 12 anos na cidade de São Paulo, teve uma novidade em 2015: a “Virada Coral”. Nos dias 20 e 21, vários corais se apresentaram em diferentes pontos da capital. Um dos destaques foi o Coral Paulistano Mário de Andrade, que tem como regente titular Martinho Lutero Galati e é um dos conjuntos que integram a Fundação Theatro Municipal de São Paulo, da Secretaria Municipal de Cultura. A Cripta da Sé e a própria Catedral da Sé foram lugares que acolheram corais. Além de outros pontos como o cemitério da Consolação, o claustro do Museu de Arte Sacra, as escadarias do Theatro Municipal, a Igreja Nossa Senhora da Boa Morte, a Igreja Nossa Senhora da Consolação e o Mosteiro de São Bento. Durante a missa do domingo, 21, às 11h, na Catedral da Sé, houve a presença do Coro da Diocese de Santo Amaro, regido por Rafael Carvalho de Fassio. O próprio Coro Titular da Catedral da Sé, regido por Ronaldo Santurbano, foi incluído na programação, tendo par-

Catedral da Sé é um dos locais onde acontece a ‘Virada Coral’, nos dias 20 e 21

ticipado da missa do domingo, às 9h. Ana Beatriz Valente Zaghi é regente do Coro Adulto da Emesp Tom Jobim. O Coro se apresentou na Catedral da Sé às 12h30 e preparou um repertório sacro para a ocasião. “Somos cerca de 60 pessoas que pela primeira vez se apresentam na Catedral da Sé, que é um lugar maravilhoso. Para este momento, preparamos peças do Mozart, Verdi, três peças para solistas, inclusive Pa-

nis Angelicus, de Cesar Franck. Durante o aquecimento, o Coro Tom Jobim se reuniu nas escadarias laterais da Catedral da Sé para exercícios de respiração e voz e chamou atenção dos passantes. Alguns, inclusive, entraram para ver o Coro em seguida. Marinês Rosa dos Santos foi prestigiar o Coro da Emesp na Catedral. Ela iria igualmente se apresentar no claustro do Museu

de Arte Sacra, às 15h, no Coral do Tribunal de Justiça de São Paulo, e convidou toda a família para participar daquela que foi sua primeira apresentação. “Além de tudo, é um momento de aproximação entre público e os coros, muito importante e, é claro, uma oportunidade para quem gosta de música clássica”, disse. Na Catedral da Sé se apresentaram: o Coral Gerações, o Coral MAP, o Coral titular da Catedral da Sé, o Coro da Diocese de Santo Amaro, o Coro Adulto Emesp Tom Jobim e o Coro OAB/CAASP. Já na Cripta da Catedral, a programação foi mais extensa e por lá passaram 17 corais, entre eles o Coral Vozes Paulistanas e o Coro Luther King, o último a se apresentar.

A Catedral Nossa Senhora da Assunção de São Paulo – Catedral da Sé – está com inscrições abertas para quem desejar cantar no Coral Chorus Voces (Coral Vozes). As missas acontecem nos primeiros, segundos e terceiros domingos de cada mês, às 17h. Todas as sextas-feiras, às 18h30, há estudo de teoria musical e técnica vocal e os ensaios são feitos aos domingos, às 15h. Inscrições e informações em www.estudomusical.com.br ou pelo telefone (11) 3441-0975.


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| Esporte | 17

Melhor que o ‘planejado’ Fifa

Seleção conquista vice-campeonato no Mundial Sub20, após mudar de técnico às vésperas da competição Daniel Gomes

danielgomes.jornalista@gmail.com

Em fins de maio, quando a seleção brasileira chegou à Nova Zelândia para o Mundial Sub-20, não faltavam razões para um fracasso: o técnico Rogério Micale assumira o cargo há poucas semanas, substituindo Alexandre Gallo, com a missão de comandar os atletas selecionados pelo antecessor e resgatar a autoestima brasileira, após um modesto quarto lugar no Sul-americano da modalidade, em fevereiro. Com quatro vitórias e dois empates, o Brasil chegou à final do Mundial contra a Sérvia, no sábado, 20. No jogo, teve mais chances de finalização, manteve 63% da posse de bola, mas acabou derrotado: após 1 a 1 no tempo normal, com gols de Mandic e Andreas Pereira, Maksimovic, no segundo tempo da prorrogação, fez o gol do título para a seleção europeia. “Saio daqui com a sensação de que esses rapazes deram o melhor, se superaram a todo o momento. Só tenho que dar parabéns, não tenho muito a lamentar. Gostaria demais do título, mas estamos iniciando um projeto que a gente

Atacante Mandic faz o primeiro gol da vitória da Sérvia sobre a seleção brasileira na decisão do Mundial Sub-20

acredita que vai render muitos frutos ao futebol brasileiro”, afirmou o técnico Rogério, em coletiva de imprensa após o jogo.

Experiência com a base

Antes de assumir a seleção, Rogério Micale comandava, desde 2009, a base do Atlético Mineiro, e em 2008 venceu a Copa São Paulo de Futebol Júnior com o Figueirense, experiências determinantes para o desempenho do Brasil no Mundial, conforme apontaram dois treinadores de categorias de base ouvidos pelo O SÃO PAULO. “O Micale por várias vezes foi campeão brasileiro Sub-20, e a seleção melhorou muito. O Gallo no Sul-americano foi mal, o time não tinha esquema de

jogo, era cada um por si, estava muito mal trabalhado”, avaliou Darlan Barroso, técnico da base do Fast Clube, de Manaus. “O Gallo é um técnico acostumado a trabalhar com o profissional, já o Rogério Micale sempre atuou na base, tinha uma noção dos jogadores que podia usar. O conhecimento dele na parte técnica é muito grande”, elogiou Celso Spadoti, o Celinho, técnico do time sub-20 do Rio Claro (SP). Para ele, Rogério deveria ser o técnico nos Jogos Rio 2016. “Se ficasse o mesmo treinador para a olimpíada seria mais fácil, pois os jogadores já estariam acostumados com ele”, opinou. A CBF, no entanto, já anunciou que Dunga comandará a seleção olímpica.

Mudar a base e não só o técnico

“Após a Copa não houve reestruturação nenhuma, ficou é pior. Na base, temos muitos bons jogadores, mas o problema é que eles saem cedo para a Europa, não permanecem nos clubes profissionais como antigamente, por isso que não estamos revelando grandes jogadores, nossa grande última revelação foi o Neymar”, opinou Darlan, comentando, ainda, que, em Manaus a falta de patrocínio dificulta a manutenção dos trabalhos com os times de base. Para Celinho, algo que precisa mudar é a duração das competições no futebol de base. “No passado, a gente usava quase o ano todo disputando o campeonato de categorias: júnior, juvenil, infantil e aspirante. Isso deveria voltar, pois hoje é diferente: pelo formato das competições, com cinco, seis jogos, você já está fora de um campeonato. O tempo que estão dando para a base é muito pouco”.

Dos 23 jogadores da seleção vice-campeã Mundial Sub-20, apenas quatro atuam fora do Brasil, o que indica que uma reestruturação do futebol de base, como prometido pela CBF após o fracasso na Copa de 2014, pode redundar em resultados ainda melhores. Essa era a proposta SÁBADO (27) Brasileiro de Futebol – Série C quando Gallo se tornou 19h - Portuguesa x Tupi (Pacaembu) o coordenador das categorias de base, em 2013, Brasileirão de Futebol mas o planejamento 21h – Corinthians x Figueirense (Arena Corinthians) não resistiu aos fracassos no Mundial Sub-17 DOMINGO (28) e no Sul-americano Brasileirão de Futebol Sub-15, em 2013, e nos 16h – Palmeiras x São Paulo (Allianz Parque) Sul-americanos Sub20 de 2013 e de 2015.

AGENDA ESPORTIVA


18 | Regiões Episcopais |

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Brasilândia Pastoral da Mulher: 25 anos de luta por vida e dignidade Renata Moraes

Integrantes da Pastoral da Mulher posam para foto com a Medalha Theodosina Ribeiro, dia 19

Renata Moraes

jornalismorenata@gmail.com

Uma pastoral que luta pela vida e pela dignidade das mulheres na periferia da zona noroeste de São Paulo. Assim é a Pastoral da Mulher da Região Brasilândia, que em 2015 completa 25 anos de história e caminhada, sobretudo no trabalho com as

mulheres vítimas de violência doméstica. Na sexta-feira, 19, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, a Pastoral recebeu a medalha Theodosina Ribeiro, em reconhecimento pelo trabalho realizado. Instituída em 2013, a medalha Theodosina Ribeiro é destinada às mulheres ou entidades de mulheres que se

destacam na sociedade, em razão de sua contribuição ao enfrentamento da discriminação racial e na defesa dos direitos das mulheres no Estado de São Paulo. “Esse prêmio é um reconhecimento de todo esse trajeto, uma homenagem a todas a mulheres de luta, que passaram por nossa pastoral nestes 25 anos”, afirmou Tais-

laine Santos Nepomuceno, uma das coordenadoras da Pastoral da Mulher da Região Brasilândia. Para celebrar o jubileu da Pastoral, em 8 de março, Dia Internacional da Mulher, aconteceu um dia de reflexão e atividades voltadas para as mulheres, na Paróquia Santos Apóstolos, no Jardim Maracanã. Com o tema ‘Mulheres em Sociedade, unidas por igualdade’, em sintonia com a CF 2015 “Fraternidade: Igreja e Sociedade”, foram desenvolvidas oficinas de economia solidária, apresentações culturais, debates, assim como uma poesia, construída de modo coletivo, com um texto retratando a vida das mulheres em sociedade.

Formação para promotoras legais

Em parceria com o Instituto da Mulher Negra Gelédes e a Associação Ação Mulher, a Pastoral da Mulher

oferece o Curso de Formação de Promotoras Legais Populares – Capacitação de Lideranças Femininas. O curso é um projeto que tem por objetivo capacitar as lideranças comunitárias femininas em direitos humanos e das mulheres, no sentido de multiplicar as informações nesses temas, instrumentalizar e fortalecer a busca da cidadania e o acesso à justiça. O curso gratuito com duração de um ano, inicia-se no dia 25 de julho, e é voltado para as mulheres. Acontecerá todos os sábados, das 9h às 13h, no Hospital Maternidade Vila Nova Cachoeirinha (avenida Deputado Emílio Carlos, 3.000, na Vila Nova Cachoeirinha). Inscrições e informações pelos e-mails m.sylviaadv@hotmail.com; amssantos@ig.com.br; ou pelos telefones (11) 984982658, (11) 96863-0420, (11) 3918-6373, com Maria Sylvia.

Padre Vidal: jubileu sacerdotal de quem vive em missão Juçara Terezinha

Colaboração especial para a Região

“A orientação pastoral da Conferência dos Bispos e de nosso Papa me motivam a trabalhar em áreas de missão. Manter uma Igreja de portas

Benê Melo

abertas para fora acolhendo e servindo os mais pobres e sofridos é minha missão aqui no Brasil”, afirmou o Padre Vidal Enrique Becerril, no sábado, 20, durante a missa em que celebrou 50 anos de vida sacerdotal, na Paróquia

No último fim de semana, dias 20 e 21, jovens do movimento Escalada se reuniram na Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Fátima, em Pirituba, para o encontro de aprofundamento “Escalada Nível 2”. O tema da formação foi “O olhar da Igreja sobre aspectos da vida”, ministrado pelo Padre Reinaldo Torres, que convidou os jovens a terem um novo olhar sobre o mundo como criação de Deus e refletirem sobre o tempo, os efeitos do pecado e a busca das virtudes em suas vidas. Andréia Luz

Lideranças da Paróquia Santa Terezinha parabenizam Padre Vidal pelos 50 anos de sacerdócio

Santa Terezinha, no Setor Cântaros da Região Brasilândia. Fiéis das cinco comunidades que compõem a Paróquia participaram da celebração. Padre Vidal, nascido na Espanha, proveniente da Diocese de Madrid, foi ordenado sacerdote em 29 de junho de 1965 e faz parte de um grupo missionário de padres diocesanos do Instituto Espanhol de Missionários (IEME). Chegou ao Brasil em 1972 e após um breve curso de história da Língua Portuguesa, o Presbítero ini-

ciou seu pastoreio na Paróquia Santa Catarina, na zona sul de São Paulo. Vivendo em fraternidade com outros dois colegas do mesmo grupo missionário, Padre Vidal trabalhou alguns anos em indústrias gráficas e acompanhou várias pastorais sociais. Auxiliou a Pastoral Vocacional para missões entre padres e seminários diocesanos da Espanha. Em 1982, se tornou pároco em Mauá, na região do grande ABC paulista. Em seguida, foi para o exterior para concluir estudos bíbli-

cos sobre os Salmos. No retorno ao Brasil, o Sacerdote trabalhou na Paróquia São Pedro da Vila Industrial, na Região Belém. Naquele período, acompanhou a Pastoral da Moradia. Padre Vidal sempre cuidou da dimensão do acolhimento, apoio humano e espiritual nas áreas de favelas, cortiços e terrenos irregulares, com a mesma esperança e alegria do Evangelho que hoje nosso Papa não para de testemunhar”, expressou o Sacerdote.


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Renata Moraes

Paróquia São joão Batista do Brás

Paróquia São joão Batista do Brás

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Belém

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Na Região Belém, paróquia centenária no bairro do Brás cultiva tradições juninas, com apresentação de quadrilha, e a fé, com missas e reza do Terço, na festa de São João

Festa de São João Batista: porta de evangelização dos imigrantes Luciney Martins/O SÃO PAULO

Renata Moraes

jornalismorenata@gmail.com

“O nosso trabalho é de também conscientizar a comunidade paroquial, para que possa acolher e entender que o imigrante chega para somar, acrescentar e agregar aos paroquianos”, afirmou o Padre Marcelo Monge, pároco da Paróquia São João Batista, no Brás, região central de São Paulo. Fundada em 4 de outubro de 1908, a Paróquia é uma das mais antigas da Arquidiocese de São Paulo e tem reconhecido trabalho no acolhimento aos imigrantes. “Antes da Paróquia ser erigida, já existiam grupos que aqui rezavam. O Apostolado da Oração, por exemplo, existe há mais de 111 anos”, afirmou o Pároco. O bairro do Brás é popularmente conhecido pelo comércio de roupas e tecidos, e ali existem muitas oficinas de costura, situação que atrai imigrantes de diversos países, que buscam oportunidades de trabalho.

Refúgio na Fé

Segundo o Padre Marcelo, nas últimas duas décadas, o número de paroquianos aumentou, especialmente após a intensa chegada dos imigrantes bolivianos. A Paró-

quia São João Batista do Brás vem tentado se adequar a tal realidade. “Nós oferecemos cursos de Língua Portuguesa para estrangeiros, preparação para o sacramento do Batismo em espanhol, e temos também missas hispânicas. É um jeito de dizermos para eles, ‘vocês são bem-vindos, nós o acolhemos e aprendemos muito com vocês’”. O curso de alfabetização em língua portuguesa é feito em parceria com o Colégio Espírito Santo, junto com as Irmãs da Congregação Missionárias Servas do Espirito Santo. Já as missas em espanhol, celebradas todas as quartas-feiras, são presididas pelos padres da Paróquia Nossa Senhora da Paz, do bairro do Glicério. O haitiano Gertho Joseph, pintor, está no Brasil há mais de um ano e conheceu a Paróquia após participar da Festa de São João Batista, tradicionalmente realizada em junho. “Eu era ministro da Eucaristia no meu país e agora, aqui no Brasil, atuo na Pastoral do Migrante desta paróquia e com isso posso ajudar outros irmãos imigrantes como eu”, expressou. Assim também aconteceu com Idalina Duarte, que veio do Paraguai há mais de um ano, e que trabalha como modelista em uma oficina de costura do Brás. “Tudo é muito difícil pra quem vem de fora. Com a Pastoral do Migrante, a gente é bem acolhido. Eu já fiz as aulas de língua portuguesa e isso tem me ajudado”, afirmou Idalina, que participou da festa em 2014, e neste ano é voluntária das barracas e também ajuda na Pastoral.

A Pastoral do Migrante visitas as oficinas do Brás, organiza missas nas ruas e atua no acolhimento e inserção dos imigrantes no bairro e na Paróquia. “Muita gente chega na Pastoral para ser escutado. Emprestar o ouvido para escutar as realidades e ajudar a dar os encaminhamentos é a nossa missão”, expressou a Irmã Malgarete Scapinelli Conte, coordenadora paroquial da Pastoral.

Dia do padroeiro com programação especial

A Paróquia São João Ba-

tista mantém as tradições e costumes juninos. A festa deste ano segue até 5 de julho com barracas de comidas típicas, culinária nordestina e paulistana, além de atrações musicais de diversos estilos. Segundo o Padre Marcelo, a cada ano, o número de participantes só tem aumentado, especialmente pela vinda de pessoas de diversos locais da cidade. “A festa é uma porta de evangelização”, afirmou. No domingo, 21, iniciouse o tríduo em honra ao padroeiro, que se encerrou na terça-feira, 23. Nestes dias, os

fiéis refletiram sobre a vida de São João Batista, mantiveram a tradição da apresentação da quadrilha, do acendimento da fogueira, da elevação do Mastro de São João e da reza do Terço. Na quarta-feira, 24, dia em que a Igreja celebra o nascimento de São João, haverá festa de rua durante todo o dia e seis missas, a última, solene, às 19h, terá toda liturgia preparada pela Pastoral do Migrante, com a participação de seis a sete culturas diferentes. Em seguida, haverá procissão com a imagem do Santo pelas ruas do bairro.

Peterson Prates

Peterson Prates

O CRP da Região Belém se reuniu no sábado, 20, com Dom Edmar Peron e o coordenador de Pastoral, Padre Marcelo Maróstica. O tema central foi as diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2015-2019).

Na tarde da sexta-feira, 19, o bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Belém, Dom Edmar Peron, ministrou o sacramento da Confirmação, na Paroquia São João Batista do Brás, a 106 crismandos da Missão Belém.

Peterson Prates

Peterson Prates

Aconteceu no sábado, 20, a primeira aula do curso de formação de Lideranças do Movimento Sem Terra Leste 1, que reuniu mais de 300 militantes no Centro Pastoral São José. O objetivo é a formação de coordenadores do Movimento.

Em reunião com Dom Edmar Peron, no dia 17, os diáconos e presbíteros da Região Belém refletiram sobre a Pastoral da Comunicação, a Pastoral Presbiteral e o perfil dos presbíteros, e a manutenção do Centro Pastoral São José.


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Santana

Diácono Francisco Gonçalves, Padre Silvano dos Santos e Maria das Graças Lacerda Colaboradores de comunicação da Região

‘Misericordiosos como o Pai’: programa de vida para o clero O estudo da “Misericordiae Vultus: o rosto da misericórdia”, bula de proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, publicada pelo Papa Francisco, foi o tema da formação dos padres e diáconos atuantes na Região Santana, no dia 16, com a participação de Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região. A assessoria foi feita pelo Padre Augusto César Pereira, SCJ, que fez uma síntese do documento, fornecendo uma chave facilitadora de compreensão, mas que conforme ele expressou não dispensa a meditação e o testemunho.

“O contexto da celebração do Ano da Misericórdia está no mergulho no projeto de amor misericordioso de perdão do Pai para a salvação da humanidade”, disse Padre Augusto, ao fazer uma análise da vinculação entre a missão de Jesus e a missão da Igreja por ele fundada. “Como Cristo não iria permanecer na terra, a nomeou para dar continuidade ao projeto”, comentou o Sacerdote. Padre Augusto evidenciou que o Concílio Ecumênico Vaticano II está na linha de continuidade da Igreja com o projeto do Pai. Nesse sentido,

na abertura do Concílio, o Papa João XXIII já sinalizava: “Muitas vezes, a Igreja condenou os erros com a maior severidade. Hoje, a Esposa de Cristo usa o remédio da misericórdia: julga satisfazer melhor às necessidades de hoje, mostrando a validade de sua doutrina mais que condenando erros, como mãe amorosa, cheia de misericórdia com os filhos separados”. Cinquenta anos depois, o Papa Francisco, consciente dessa continuidade, inaugura o Ano da Misericórdia usando a linguagem desejada por João XXIII.

A abertura do Ano Santo será na festa da Imaculada Conceição, em 8 de dezembro, e terminará na Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo, em 20 de novembro de 2016. Padre Augusto concluiu sua palestra dando as palavras chaves: “Somos herdeiros e continuadores fiéis ao projeto misericordioso do Pai em nosso tempo”. Em seguida, na reunião do clero, Carlos Campos apresentou a Pastoral das Pessoas com Deficiência e presenteou Dom Sergio com o Novo Testamento em Braile.

São Luiz Gonzaga é modelo de fé na Vila Santa Maria Diácono Francisco Gonçalves

Dom Sergio durante homilia na Paróquia São Luiz Gonzaga, dia 19

Nas festividades do padroeiro da Paróquia São Luiz Gonzaga, na Vila Santa Maria, no Setor Pastoral Casa Verde, Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, presidiu, na sexta-feira, 19, missa solene, que teve como concelebrante o Padre

Mauricio Luchini, pároco. Dom Sergio, na homilia, falou aos fiéis os ensinamentos sobre o padroeiro São Luiz Gonzaga, valendo-se da experiência adquirida quando era padre assessor da Pastoral da Juventude no Paraná. O Bispo deu exemplos da vida do Santo como testemu-

nho para todos, principalmente para os paroquianos que o têm São Luiz Gonzaga como padroeiro. O Bispo anunciou, ainda, que estenderá o tempo de provisão como pároco do Padre Mauricio por mais três anos, em virtude da boa administração exercida.

Projeto Raquel leva misericórdia aos angustiados pelo aborto Diferentes pesquisas indicam que cerca de 10% das mulheres que fizeram um aborto podem apresentar graves problemas psiquiátricos e 40% sofrem com problemas psicológicos. Neste momento, a Igreja Católica as ajuda por meio do Projeto Raquel. Criado nos Estados Unidos, em 1984, na Diocese de Milwaukee, o Projeto espalhou-se rapidamente por vários países. Consiste em uma rede de pessoas que prestam

auxílio com sessões de escuta e passos que ajudam os envolvidos em aborto a se aproximarem do sacramento de Penitência para obter uma reconciliação mais eficaz. O Projeto se destina a mulheres, homens, profissionais da saúde e todos os que sofrem a perda de crianças por aborto. Em 2011, Dom João Carlos Petrini, presidente da Comissão para a Vida e Família da CNBB, e Dom Joaquim Justino Carrera, então bispo

Diácono Francisco Gonçalves

Na Capela São José da Cúria de Santana, no dia 13, o CRP esteve reunido com a Dom Sergio de Deus Borges, para estudar ações pastorais.

auxiliar da Arquidiocese de São Paulo na Região Santana, acolheram o projeto com a Comunidade Unidos em Cristo (rua Gabriel Piza, 566, Santana). Sonia Ragonha, coordenadora da Comunidade Unidos em Cristo, se coloca à disposição para atender toda a Arquidiocese de São Paulo a partir da sede em Santana. Saiba mais detalhes pelo telefone (11) 2579-4175 ou pelo e-mail projetoraquel.saopaulo@gmail.com.

Diácono Francisco Gonçalves

No domingo, 21, Dom Sergio de Deus Borges conferiu a Crisma a 48 jovens na Paróquia Santo Antônio do Lausane.

Reprodução

Setor juventude realiza manhã de espiritualidade No sábado, 20, o Setor Juventude da Região Santana promoveu uma manhã de espiritualidade para todos os jovens que atuam em diversos movimentos, pastorais e comunidades de vida ligados à juventude. O encontro foi assessorado pelo diácono permanente Nilo de Carvalho Neto, que expressou aos jovens que na vida da Igreja, “há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo”. “Nós, que desejamos a esses jovens uma espiritualidade verdadeira e duradoura, permitamos que eles encontrem seus caminhos e sejam cada dia mais atraídos pelo coração de Jesus, almejando não apenas ser uma juventude com ardor missionário, mas irem além, e ser uma juventude profética, que exerça com dignidade seu papel na sociedade e na Igreja”, afirmou o Diácono.


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Fernando Geronazzo

Colaborador de comunicação da Região

Clero atento à realidade dos migrantes O clero atuante na Região Episcopal Sé realizou sua reunião mensal na quarta-feira, 17, na Paróquia São Dimas, na Vila Nova Conceição. No encontro de oração, formação e convivência entre os padres e Dom Eduardo Vieira dos Santos, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região, foi analisado o trabalho das pastorais sociais, dando continuidade às reflexões do

Dias para aprofundar o mistério da Divina Misericórdia A Paróquia Santa Cecília realizou o 3º Congresso da Divina Misericórdia nos dias 20 e 21. O evento, organizado pelo Apostolado Eucarístico da Divina Misericórdia, reuniu fiéis de várias paróquias, que foram assessorados por Dom Estevão da Divina Misericórdia, monge do Mosteiro da Divina Misericórdia em Lucélia (SP). Dom Estevão refletiu sobre temas relacionados a essa devoção nascida na Polônia – confiança em Deus, necessidade de meditar o mistério da misericórdia e do sacramento da Reconciliação. “Em nossa Paróquia, entronizamos o quadro de Jesus Misericordioso para começarmos a nos preparar para o jubileu”, informou Waldeia Silva, coordenadora do Apostolado Eucarístico da Divina Misericórdia.

tema da Campanha da Fraternidade 2015. “Fraternidade: Igreja e Sociedade”. Essa reunião contou com a presença do Padre Antenor João Dalla Vecchia, pároco da Paróquia Nossa Senhora da Paz, no centro, que falou sobre o trabalho pastoral junto aos migrantes, especialmente os haitianos que chegam em grande nú-

mero a São Paulo e são acolhidos naquela igreja. A Irmã Sonia Maria Martins, coordenadora regional da Cáritas, apresentou o trabalho da Missão Belém junto às pessoas em situação de rua. Sueli Camargo e Ivan Bezerra, da Pastoral do Menor, falaram sobre o trabalho no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.

Cultura na festa de São Luís Gonzaga A Paróquia São Luís Gonzaga, na região central, celebrou seu padroeiro com missa solene, no domingo, 21, presidida pelo pároco, Padre Geraldo Lacerdini. A celebração encerrou as comemorações iniciadas no dia 9, que também contaram com novenas e apresentações culturais, entre as quais o Sarau Gonzaga de Música e Poesia, com o grupo vocal Voz Moscada, na quinta-feira, 18. O coro, com a regência de Giuliana Frozoni, apresentou músicas sacras e de gêneros populares. No dia 19, aconteceu o Concerto Sinfônico,

Paróquia São Luís Gonzaga

Concerto sinfônico é realizado na Paróquia São Luís Gonzaga, dia 19

com a obra “Requiem de Mozart”, sob a regência de Emiliano Patarra e organizado pela Orquestra Jovem Municipal de Guarulhos, em par-

ceria com o Collegium Musicum de São Paulo e o Coral Companhia Energética de São Paulo (CESP). (Colaborou Rafael Lins)

Lapa

Padre antônio francisco ribeiro e Benigno Naveira Colaboradores de comunicação da Região

‘Faz parte da identidade da Igreja ser missionária’ “Temos de sair de nós mesmos, de nossas comunidades, de nossas pastorais, de nossos movimentos, de toda a estrutura que edificamos (construções, projetos, planos) e irmos ao encontro das pessoas, para falar de Jesus Cristo e dos valores do Evangelho”, expressou Dom Julio Endi Akamine, bispo auxi-

liar da Arquidiocese na Região Lapa, no encontro com o clero, na terça-feira, 16, na cúria regional. O encontro teve como objetivo a reflexão do documento da CNBB - Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2015-2019. Dom Julio destacou que este não

se trata de um documento novo, mas uma atualização das diretrizes de 2011-2015. Foram mantidas as cinco urgências: Igreja em estado permanente de missão; Igreja - casa da Iniciação à Vida Cristã; Igreja - lugar de animação bíblica da vida e da pastoral; Igreja - comunidade de comunidades; e Igre-

ja a serviço da vida plena para todos O Bispo também falou sobre o Ano Santo da Misericórdia, que começará em 8 de dezembro, explicando que o Papa Francisco tem como desejo uma Igreja que cumpra a missão dada a ela por Jesus: “Ser sinal e instrumento da misericórdia do Pai a todos os homens e mulheres”.

‘Evangelizando a casa’ com agentes da Pastoral do Menor “Evangelizando a Casa da Arquidiocese” foi o tema de um encontro no sábado, 20, na sede da Associação Ages Gaudium et Spes - entidade

da Pastoral na Região Episcopal Lapa –, que reuniu aproximadamente 80 agentes da Pastoral do Menor. Em entrevista, Sueli CaAntônio Gaspar

Na última semana, Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, ministrou a formação “Espiritualidade do Agente de Pastoral”, na Paróquia Nossa Senhora da Lapa.

margo, coordenadora da Pastoral do Menor na Arquidiocese, explicou que o projeto “Evangelizando a Casa” visa acompanhar os adolescentes que cumprem medidas socioeducativas de internação em unidades da Fundação Casa. Ela afirmou que encontro como os do último sábado acontecerão a cada dois meses. Dom Fernando José Penteado, bispo emérito de Jacarezinho (PR), e presidente da Associação Ages Gaudium et Spes, presidiu missa ao final do encontro, concelebrada pelos padres Jorge Pierozan Rocha, vigário geral da Região Lapa, e Daniel Koo, vigário

Benigno Naveira

Dom Fernando preside missa no encerramento do encontro, dia 20

paroquial da Área Pastoral São João Batista. Na homilia, Dom Fernando comentou o Evangelho de Marcos (cf Mc 14, 12-16.2226), sobre o dia do ázimos, em que se imolava o cordeiro pascal. “Será que este dia tem alguma coisa para a gente?”,

indagou, respondendo a seguir: “O primeiro dia sempre é o começo, a nossa missão na casa sempre é o primeiro dia, porque não nos repetimos, porque as coisas sempre são diferentes, não vamos para repetir, mas vamos para celebrar o presente”.


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Ipiranga Na Paróquia São João Clímaco ecoa a música erudita

Padre Ricardo Pinto, Caroline Dupim, Noberto Sorato e Priscila Thomé Colaboradores de comunicação da Região

Norberto Sorato

Quarteto de Cordas em apresentação na Paróquia São João Clímaco, no Setor Anchieta

Há três anos, a Paróquia São João Clímaco, no Setor Anchieta, juntamente com o Instituto Baccarelli, vem promove uma série de eventos culturais, apresentados pelo Coral da Gente, pelo Quinteto de Metais, pelo Quinteto de Sopros e pelo Quarteto de Cordas. Esse projeto visa a integração da comunidade com entidades locais, bem como difusão da música erudita. Os eventos, com duração de aproximadamente 30 minutos, são gratuitos e apresentados aos domingos, uma vez por mês, após a missa das 18h, de acordo com a agenda das instituições. Os músicos são alunos e professores do Instituto, que estudam e tocam sob a orientação e direção

artística do maestro Isaac Karabtchevsky. Trata-se de uma troca: os alunos desejam se apresentar, com parte do seu currículo de formação profissional, e o povo pode ouvir e ter contato com esse tipo de musica. A Paróquia procurou, então, unir o útil ao agradável, oferecendo seu espaço de boa acústica e divulgando as apresentações no aviso das missas. Esta é a agenda dos próximos concertos:19 de julho, 23 de agosto, 27 de setembro, 25 de outubro e 29 de novembro. Outros detalhes podem ser obtidos com o professor Noberto Sorato, coordenador do Ministério da Música, pelo e-mail sorato@outlook.com.br ou pelo telefone (11) 2946-0033.

Pastoral da Escuta: serviço de acolhida e solidariedade Ouvir, acolher, refletir, pensar, meditar, silenciar parece não fazer parte de todo o processo moderno e criativo de comunicação. Há uma maior preocupação em “falar” (teclar, digitar) e pouco em ouvir. O diálogo é fundamental para o entendimento e crescimento humano, pois favorece o respeito, a troca de opiniões, o conhecimento do novo, a revisão do que já foi vivido, o questionamento. É comum encontrar

pessoas que precisam ser ouvidas por alguém e por isso saem de casa à procura de um ouvido que as escute. Elas precisam de atenção, de acolhida, de serem ouvidas. A Pastoral da Escuta é um serviço de acolhida das pessoas para auxiliá-las, quando possível, na tomada de decisões, diante dos sofrimentos, em meio aos problemas que passam, ou simplesmente para ouvi-las.

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Trata-se de um serviço voltado ao atendimento de pessoas que queiram conversar, desabafar, mas com sigilo absoluto. Segundo a coordenadora da Pastoral da Escuta da Paróquia-santuário São Judas Tadeu, Luiza Santana, “tratase de famílias, cada uma com seus problemas, que precisam se comunicar. Não deixa de ser uma orientação familiar. As pessoas saem mais leves e até voltam para agradecer e falar dos resultados”. A Paróquia-santuário possui uma equipe de 11 pessoas, voluntárias, que fazem plantão na Pastoral da Escuta, às terças, quartas, quintasfeiras e aos sábados, das 14h às 17h, na sala em frente à secretaria paroquial, e no dia 28 de cada mês na capela da Paróquia-santuário (avenida Jabaquara, 2.682). Outras informações em www.saojudas.org.br.

Priscila Thomé

Luiza Santana e seu marido Brás, a serviço da Pastoral da Escuta


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Migrantes na ‘casa comum’ querem direitos, participação e respeito Missa na Catedral da Sé recordou situações como a exploração econômica e falta de políticas públicas nos contextos de migração Nayá Fernandes

nayafernandes@gmail.com

O medo de perecer no mar e do naufrágio não aconteceu somente com os discípulos de Jesus em meio a uma tempestade, conforme narrou Marcos, no Evangelho da liturgia do domingo, 21, nas comunidades católicas. Medo semelhante vive cada um dos imigrantes que entram, por exemplo, no mar Mediterrâneo, a maioria em direção à Europa em busca de melhores condições de vida ou em situação de refúgio, devido a tragédias e guerras em seus países de origem. Na Catedral da Sé, em São Paulo, e em muitas outras comunidades do País, a Igreja lembrou o Dia Nacional do Migrante, no encerramento na semana que teve como tema “Sociedade e Migração” e lema “Não ao preconceito, por direitos e participação”. A missa das 11h, presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, lembrou a situação da migração e do refúgio em São Paulo e em todo o mundo. Participaram da celebração, imigrantes da África, Haiti e Bolívia e também migrantes internos. Na procissão inicial e na apresentação das oferendas, eles trouxeram símbolos, cartazes, objetos e frutos da terra, que representam seus

lugares de origem e também as causas da migração forçada, como a falta de água. Com uma lata d’água na cabeça, uma migrante simbolizou a situação que faz com que muitos trabalhadores rurais deixem suas terras, sobretudo no Nordeste do País, e venham para São Paulo. Hoje, essa realidade continua com faces diferentes e o fluxo de trabalhadores que saem para as co-

lheitas de café, laranja, para o corte de cana ou mesmo para trabalhar em áreas urbanas mostra números significativos e dinâmicos. A mensagem do Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM) para o Dia Nacional do Migrantes (veja trechos da mensagem abaixo) fala brevemente sobre as migrações internas dentro desses novos processos. “Em geral, os migrantes internos fo-

gem de violências; da pobreza; conflitos agrários; de enchentes devastadoras; da falta de água potável. Se antes as migrações internas eram percebidas através dos fluxos de nordestinos para a Região Sudeste, de sulistas para as respectivas Regiões Norte e Centro-Oeste, hoje o mapa dessas migrações mostra fluxos migratórios mais complexos e voláteis entre todas as regiões brasileiras.” Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Em missa na Catedral da Sé, migrantes expressam religiosidade e recordam desafios que enfrentam no cotidiano

‘O mundo é para todos’

Ao abordar o tema sociedade e migração, a proposta dos grupos e institutos que trabalham na acolhida dos imigrantes é considerá-los como oportunidades de novos caminhos para a humanidade. Por isso, as preces durante a celebração eucarística eram de agradecimento por aqueles e aquelas que aprenderam a valorizar os migrantes, mas também de perdão, por toda forma de preconceito, xenofobia e até mesmo a falta de políticas públicas efetivas por parte dos governantes. Na homilia, Dom Odilo saudou a todos os que se dedicam aos migrantes e refugiados, especialmente à família religiosa scalabriniana, que mantém a Missão Paz, e a Cáritas Arquidiocesana. Ele lembrou que todos devem ter esse olhar atento e pessoal para com os migrantes, pois os cristãos são também migrantes, “peregrinos nesta terra até chegar à pátria definitiva”. Ele ressaltou, ainda, os apelos do Papa Francisco e as denúncias que a Igreja tem feito da exploração econômica em torno da problemática da migração. O Cardeal falou, também, sobre a encíclica do Papa Francisco “Laudato Si’, sobre o cuidado da casa comum”. Ele insistiu que é preciso cuidar dessa casa que é para todos e que o uso dos bens também deve ser compartilhado. Vestida com roupas típicas, Veronica Ramirez é a fundadora do grupo Tinkus Jairas, que faz apresentações de dança da região norte de Oruro, na Bolívia. Ela também é migrante e criou o grupo para manter a cultura do seu país de origem vivendo aqui, no Brasil. Junto a ela na procissão foi trazido um quadro com a imagem da Virgem de Socavon, devoção mariana boliviana.

TRECHOS DA MENSAGEM PELO DIA DO MIGRANTE 2015

“Sociedade e Migração. Não ao preconceito, por direitos e participação!” Que relações há entre a imigração contemporânea no Brasil e as migrações de cerca de 240 milhões de pessoas em todo o mundo, inclusive as da costa do mar Mediterrâneo em direção à Europa? Podemos considerar ao menos três aspectos comuns à imigração no Brasil e no mundo: O primeiro é que muitos imigrantes são fugitivos da pobreza; da vergonhosa desigualdade social; de perseguições políticas, religiosas; preconceitos; de violências contra minorias

étnicas etc. O segundo aspecto tem a ver com as mudanças climáticas aceleradas pelo intenso ritmo de produção e consumo; do não acesso à água potável; de catástrofes naturais, como tsunamis, terremotos. E o terceiro aspecto relaciona as migrações às crises econômicas; guerras; grandes obras, grandes eventos; à impunidade de crimes como tráfico de pessoas e trabalho escravo que, de acordo com a ONU (2013), logo atrás do tráfico de drogas e de armas, são o terceiro crime mais praticado no mundo e

que movimenta cerca de 32 bilhões de dólares por ano; à escassez de políticas públicas e políticas migratórias que viabilizem a promoção do migrante como pessoa de direitos. A maioria dos 240 milhões de migrantes no mundo atual vivencia problemas sociais semelhantes aos vividos por boa parte dos imigrantes que tentam melhorar ou recomeçar suas vidas em terras brasileiras. A imigração não é fato isolado, nem exclusivo de um país. Então, como tratá-la com foco na garantia de direitos

universais? Não há dúvida da urgência de políticas de gestão humanitária articuladas entre regiões de origem, trânsito e destino dos migrantes. Nesse aspecto, o Brasil precisa dar passos concretos e ágeis implementando políticas que viabilizem processos justos e acessíveis de documentação; ao trabalho decente; à moradia; à saúde; ao aprendizado da língua; a programas culturais e pedagógicos, como formas de inculturação, prevenção e enfrentamento ao preconceito e à xenofobia.


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