O SÃO PAULO - 3058

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Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 60 | Edição 3058 | 1º a 7 de julho de 2015

R$ 1,50 Luciney Martins/O SÃO PAULO

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Pilar da sociedade, família tem na Igreja apoio à missão no mundo contemporâneo “A família não é apenas ‘objeto’ de cuidados e preocupações; ela tem uma grande e importante missão em relação às pessoas, à comunidade humana na qual está inserida e também em relação à vida eclesial”, afirma o Cardeal Odilo Scherer, em artigo no qual analisa o Instrumentum laboris da assembleia ordinária do Sínodo

dos Bispos, que acontecerá em outubro. No último fim de semana, Dom Odilo participou de dois eventos que trataram de desafios atuais das famílias: o Congresso da Pastoral Familiar do Regional Sul 1, em Itaici, que abordou questões como a ideologia de gênero, as políticas familiares e a preparação dos casais para o Matrimônio;

São Pedro e São Paulo, colunas que sustentam a Igreja L’Osservatore Romano

Papa Francisco durante visita ao papa emérito Bento XVI, dia 30

“São Pedro e São Paulo nos lembram que somos Igreja Católica Apostólica, presentes em todo mundo e enviada a todo mundo. Igreja que vem dos apóstolos, de modo particular, Pedro e Paulo, duas colunas da casa do Senhor”, disse o Cardeal Odilo Scherer, na Solenidade de São Pedro e São Paulo, na Catedral da Sé, no domingo, 28. No Vaticano, na segunda-feira, 29, o Papa Francisco entregou o pálio a 46 novos arcebispos do mundo inteiro, entre os quais o arcebispo de Curitiba, Dom José Antônio Peruzzo. Na terça-feira, 30, o Pontífice fez uma visita ao papa emérito Bento XVI, que passará o verão na residência dos pontífices, em Castelgandolfo. Páginas 4, 9 e 23

Quase metade da população É possível ter um não faz atividades físicas casamento feliz e fecundo? Página 15

Eleição do conselho tutelar terá candidatos católicos

Página 23

Página 10

Comportamento: Punir é o melhor caminho?

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e um simpósio sobre as famílias, promovido pela Comunidade Shalom, em São Paulo, que, entre outros aspectos, destacou os cuidados com a educação dos filhos. Nesta edição, O SÃO PAULO também apresenta um resumo dos principais pontos do Instrumentum laboris. Páginas 3, 11,12, 13 e 14

cátedra

Michel Foucault cardeal esclarece indeferimento

Em carta aberta, o Cardeal Odilo Pedro Scherer respondeu a carta pública da Professora Marilena Chauí, sobre as críticas ao indeferimento da instalação de uma cátedra dedicada ao filósofo Michel Foucault. Dom Odilo enfatizou que a PUC-SP é espaço para a liberdade intelectual e que “não pode ser mostrado

sequer um fato de censura ou intolerância contra atividades de pesquisa e ensino. Também no que se refere a Michel Foucault, professores e estudantes continuam lendo, estudando e ensinando Michel Foucault, quanto quiserem, sem que lhes tenha sido tolhida a liberdade para fazê-lo”. Página 16

Maior parte dos municípios diz não à ideologia de gênero Propostas dos Planos Municipais de Educação que tramitam nas câmaras pelo País tentavam aprovar em seus textos a ideologia de gênero para ser ensinada nas escolas. Após mobilizações por todo o Brasil, o

termo está sendo sumariamente tirado da redação dos PMEs. Nesta edição, veja alguns dos municípios que não aprovaram a inclusão da ideologia de gênero na educação. Página 8


2 | Ponto de Vista |

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Editorial

‘Ensinai a oração, orando; anunciai a fé, acreditando’

É

costume da Igreja Católica marcar a Solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, considerados colunas da Igreja primitiva, com a cerimônia de entrega do pálio – faixa branca de lã com seis cruzes bordadas que representa a potestade de governo e pastoreio da igreja local à qual foram designados e de unidade com o Santo Padre – aos novos arcebispos nomeados pelo Papa. Este ano, Francisco entregou o pálio a 46 arcebispos provenientes de diversas partes do mundo, entre eles o brasileiro Dom José Antônio Peruzzi, arcebispo de Curitiba, em missa celebrada na Basílica de São Pedro, em Roma, na manhã de 29 de junho. Como é próprio de seu estilo, Francisco fez uma homilia simples, direta, marcada por seu otimismo

proveniente de uma fé em Cristo inquebrantável, na qual transmitiu com absoluta clareza o que espera dos pastores da Igreja: “Ensinai a oração, orando; anunciai a fé, acreditando; dai testemunho, vivendo”. O Papa não ignora as dificuldades que cristãos de todo o mundo, com os seus bispos, padres, pastores e fiéis, enfrentam. Também não ignora os pecados dos membros da própria Igreja, que depõem contra ela. Talvez poucas pessoas tenham uma ideia precisa sobre a que o Papa Francisco se refere quando fala das “atrozes, desumanas e inexplicáveis perseguições”, presentes em tantas partes do mundo, “muitas vezes sob o olhar e o silêncio de todos”, ou quando, de forma realista reconhece: “ao longo da história, quantas for-

ças procuraram – e procuram – aniquilar a Igreja, tanto a partir do exterior como do interior”. De forma geral, o senso comum, incluindo o de muitos cristãos, tende a considerar que o martírio é coisa do passado, talvez pelo pouco interesse que o noticiário dá ao assunto. Mas a realidade dos fatos é bem outra. Segundo um estudo realizado pelo investigador britânico Dr. David Barret, atualmente, aproximadamente um cristão é assassinado a cada cinco minutos em alguma parte do mundo. A pesquisa que cruzou dados coletados ao longo de 20 anos, em mais de 5 mil cidades, 3 mil províncias e 239 países, revela que 45 milhões de cristãos foram mortos durante o século XX por revoluções e regimes totalitários, o que representa mais de sete holocaustos judeus. Uma

reportagem publicada no site da Canção Nova aponta que, no Iraque, a população cristã estimada em 3 milhões antes da invasão dos Estados Unidos ao País caiu para 400 mil. Diante desse estado de coisas, Francisco não se detém com vitimismos, ressentimentos ou temores. Pelo contrário, profetiza: “Tudo passa, só Deus resta. Na verdade, passaram reinos, povos, culturas, nações, ideologias, potências, mas a Igreja, fundada sobre Cristo, não obstante as inúmeras tempestades e os nossos muitos pecados, permanece fiel ao depósito da fé no serviço, porque a Igreja não é dos papas, dos bispos, dos padres e nem mesmo dos fiéis; é só e unicamente de Cristo. Só quem vive em Cristo promove e defende a Igreja com a santidade da vida, a exemplo de Pedro e Paulo”.

Opinião

A civilização do amor Sergio Ricciuto Conte

Wagner Balera Na alocução com que encerrou, solenemente, o Ano Santo de 1975, precisamente no dia de Natal, o Beato Paulo VI lançou o tema essencial para o nosso tempo que é o da civilização do amor. Pretendo delinear, ainda que brevemente, em que pode consistir esse ambicioso programa, verdadeira antevisão do único futuro possível para a humanidade. Demarquemos, desde logo, que o fenômeno da globalização mais acirrou a busca egoísta pelas lideranças mundiais, em determinados setores, cujo propósito deveria ser posto a serviço do ideário da civilização do amor. Veja-se, somente a título exemplificativo, a questão da energia nuclear. Utilizada para finalidades médicas, essa energia permitiu e proporcionou, e segue proporcionando, minoração do sofrimento humano. No entanto, as lideranças egoístas só pensam nela para manterem ou ampliarem a dominação nuclear para fins militares. No programa da civilização do amor, o primeiro e sobranceiro item é o relativo ao valor da vida humana. Tudo deve fazer a comunidade internacional para prestigiar a vida, que é de ser o bem por excelência. De nenhum modo a comunidade internacional pode associar-se a ideologias que querem implantar a cultura de morte, fautora de genocídios e homicídios sem conta. Basta! É necessário que a pacificação social se infiltre por

toda a parte como ideia essencial da civilização do amor e que, graças a ela, nenhuma vida se perca. O programa da civilização do amor organiza, impõe e sustenta a solidariedade como elemento essencial de convivência humana. Uma ordenação econômica que mantenha em retentiva a solidariedade não tolera nenhuma modalidade de embargo como instrumento

de coação política ou ideológica, que acaba não atingindo os governantes, mas sempre atinge o povo pobre. A solidariedade exige que uma nova ordem econômica internacional governe as relações entre povos e que a economia esteja a serviço da distribuição dos bens deste mundo. O programa da civilização do amor dá importância à cultura e às culturas, não pretendendo e tampou-

co admitindo o pensamento único ou as embalagens culturais pré-fabricadas pelo assim chamado Ocidente. Cumpre apreender os valores culturais dos povos ancestrais, como os indígenas, os asiáticos e os africanos, respeitando costumes e modos de ser, nem sempre condizentes com nossa cultura. O programa da civilização do amor se dá conta que mesmo o proselitismo religioso pode ter que ficar em suspenso. Como sublinha Bento XVI, “o cristão sabe quando é tempo de falar de Deus e quando é justo não o fazer, deixando falar somente o amor.” (Deus caritas est, 31). Nesse programa, a participação social é o fio condutor da vida das comunidades. Identificaremos as características da civilização do amor na medida da participação popular; na medida do debate e da troca de experiências entre as pessoas. Fomentar o formato próprio que a nova modelagem da civilização – aquela na qual o amor seja a força motora e propulsora – venha tomar o lugar desta era atual, na qual há fome, exclusão social, guerras e o poderio econômico do imperialismo internacional do dinheiro (expressão de Pio XI), é nossa primeira tarefa. A vitória da civilização do amor, como profetizou o Beato Paulo VI, significará a transfiguração da humanidade. Só nela os homens todos e todos os homens viverão novos tempos de justiça e de paz. Wagner Balera é professor titular de Direitos Humanos na Faculdade de Direito da PUC-SP.

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

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cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo

H

á poucos dias, o Sínodo dos Bispos publicou o Instrumentum laboris (Instrumento de trabalho) da 14ª assembleia geral ordinária do Sínodo, que será realizada em Roma, de 4 a 25 de outubro deste ano, sobre o tema da “vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo”. Ainda não se trata de um “documento”, mas exatamente daquilo que o título diz: um “instrumento de trabalho” para orientar as reflexões da assembleia, para que tenham um foco e não sejam dispersivas; suas partes serão a referência para as intervenções dos participantes e orientarão as intervenções e os grupos de trabalho. A elaboração desse texto é fruto de uma grande participação de esforços em vários níveis. A assembleia extraordinária do Sínodo, de 2014, tratou dos desafios enfrentados pela família em nosso tempo, que também desafiam a evangelização e a missão da Igreja; esse olhar sobre a realidade da família contemporânea, no mundo inteiro, produziu um Relatório final (Relatio Synodi), a partir do qual novas perguntas e questionamentos foram enviados às Conferências Episcopais, dioceses e outros organismos da Igreja em todo o mundo. As abundantes respostas, enviadas à Secretaria Geral do Síno-

Vocação e missão da família do dos Bispos até o final de abril de 2015, ofereceram muita matéria, integrada no Instrumentum laboris, sobretudo indicações sobre “como” enfrentar esses desafios hodiernos da família na evangelização. Portanto, como o Papa Francisco vem destacando em diversas ocasiões, a Igreja encontra-se num “caminho sinodal”, olhando com muita atenção e carinho para a família, desejando fazer o melhor por ela, pois ela é muito importante; e quer contar com uma reflexão e participação amplas da comunidade eclesial. Na assembleia de outubro, a palavra será dada novamente aos “delegados” de cada Conferência Episcopal, eleitos para isso; o próprio Papa Francisco também convocará outros participantes, não eleitos, entre bispos, teólogos peritos, observadores de outras Igrejas e casais. A assembleia terá cerca de 300 participantes. Das três grandes partes do Instrumentum laboris, a primeira é dedicada inteiramente à reflexão sobre os desafios que a realidade familiar enfrenta; o Relatório final da assembleia de 2014 é retomado e enriquecido com as respostas do questionário enviado a toda a Igreja. Consideram-se as mudanças culturais, antropológicas, sociais e econômicas do nosso tempo, que atingem em cheio a realidade familiar. Olha-se também para as situações familiares necessitadas de maior atenção, como a velhice, a viuvez, a infância e a juventude, as situações de dor e luto, a desabilidade e deficiência, as migrações... Mas também é lançado um olhar

atento sobre a “explosão” atual da afetividade e sua relevância na vida familiar. Na segunda parte, que bem corresponde ao “julgar”, tratase da vocação da família, com a pergunta de fundo: o que Deus quer da família? Para que criou o homem e a mulher? Como revelou Deus o seu desígnio de vida, amor e salvação por meio da família? Como Deus quis a família e o casamento? A reflexão também busca luzes e orientações na palavra da Igreja, que tem a missão de anunciar ao mundo a BoaNova e de iluminar toda realidade com a luz da fé sobrenatural. A missão da família é abordada na terceira parte do texto de trabalho. A família não é apenas “objeto” de cuidados e preocupações; ela tem uma grande e importante missão em relação às pessoas, à comunidade humana na qual está inserida e também em relação à vida eclesial. Nessa parte, aborda-se também a missão da própria Igreja em relação à família, em especial, diante das questões mais desafiadoras do mundo contemporâneo. Durante a nova fase de preparação da assembleia do Sínodo, até outubro, toda a Igreja é convidada a rezar pelo bom êxito do Sínodo “da família”. E quem lá deve tomar parte, tem o tempo de se preparar, a partir do Instrumentum laboris, e de receber novas contribuições para a assembleia sinodal. Que o Espírito Santo conduza a Igreja e anime todas as famílias com sua divina inspiração.

| Encontro com o Pastor | 3

40 anos do Caminho Neocatecumenal Luciney Martins/O SÃO PAULO

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, presidiu na tarde do domingo, 28, na Catedral da Sé, missa em ação de graças pelos 40 anos de atuação do Caminho Neocatecumenal na Arquidiocese de São Paulo. No total, em São Paulo, há 65 comunidades distribuídas em sete paróquias. Também participaram da celebração as Famílias em Missão que atuam em diversas paróquias da Arquidiocese e os 15 seminaristas do Seminário Missionário Arquidiocesano Redemptoris Mater São Paulo Apóstolo. O Caminho Neocatecumenal é um itinerário de iniciação cristã, fruto do Concílio Vaticano II que está presente em todo mundo com mais de 30 mil comunidades espalhadas por 125 nações, sendo cerca de 1,5 milhão de pessoas que fazem este Itinerário. No Brasil, atualmente, são 1.800 comunidades espalhadas por 90 dioceses. (Fonte: Caminho Neocatecumenal)

Festividades de São Pedro Apóstolo Telma Feleto

Na segunda-feira, 29, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, presidiu a missas na memória litúrgica de São Pedro Apóstolo. Às 15h, o Arcebispo presidiu o encerramento da festa do padroeiro da Paróquia São Pedro Apóstolo, no Alto da Mooca, na Região Belém. A missa teve com um dos concelebrantes o pároco, Padre Jesus Andrade da Silva. Às 20h, Dom Odilo presidiu missa na Paróquia São Pedro Apóstolo (foto), do bairro do Tremembé, na Região Episcopal Santana. Um dos concelebrantes foi o Padre Edimilson da Silva, pároco. A missa teve como tema a família, com intenções do bom relacionamento familiar.

Memória da Beata Assunta Marchetti Na quarta-feira, dia 1º, às 20h, a Arquidiocese de São Paulo celebrará pela primeira vez a memória litúrgica da Bem-aventurada Assunta Marchetti, que foi beatificada em 25 de outubro de 2015. A celebração solene será presidida pelo Cardeal Scherer, na Paróquia São Carlos Borromeu (rua Conselheiro Cotegipe, 933, Belenzinho). (Por Daniel Gomes)


4 | Papa Francisco |

N

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o dia 29 de junho, Solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, o Papa Francisco celebrou missa e abençoou os pálios dos novos arcebispos metropolitanos. Na homilia, ele lembrou as atrocidades e perseguições vividas pelos apóstolos e pela comunidade primitiva, relatadas nos Atos dos Apóstolos. Sem deter-se nessas perseguições, “infelizmente ainda hoje presentes em tantas partes do mundo, muitas vezes sob o olhar e o silêncio de todos”, ele afirmou venerar “a coragem daquela comunidade e dos apóstolos que levaram a obra de evangelização, sem medo da morte nem do martírio. A vida cristã deles é para nós, hoje, “um forte apelo à oração, à fé e ao testemunho”. A primeira comunidade era uma Igreja em oração: “Enquanto Pedro estava encerrado na prisão, a Igreja orava a Deus, instantemente, por ele” (Act 12, 5). E as catacumbas para as comunidades de Pedro e de Paulo “não eram lugares para escapar das perseguições, mas principalmente lugares de oração, para santificar o domingo e para elevar, do seio da terra, uma adoração a Deus, que nunca se esquece de seus filhos”. “Uma Igreja em oração é uma Igreja de pé, sólida, em caminho!”, prosseguiu o Papa. E “um cristão

Sejam os arcebispos mestres de oração, fé e testemunho que reza é um cristão protegido, bateu o bom combate, terminou a guardado e sustentado, mas, sobre- corrida e guardou a fé. Francisco está convencido de tudo, não está sozinho”. Deus ainda nos envia anjos que “uma Igreja ou um cristão sem como enviou a Pedro, “para nos sal- testemunho é estéril; um morto que var de situações difíceis, nos livra da pensa estar vivo; uma árvore ressemorte, nos acaricia, consola o nosso quida que não dá fruto; um poço coração, desperta-nos do sono exis- seco que não dá água!” É preciso tencial ou simplesmente nos garan- coragem para testemunhar como Pedro: “Tu és o Cristo, o Filho do te que não estamos sozinhos”. Quanto à fé, Francisco lembra Deus vivo!” Dirigindo-se aos arcebispos, Paulo dizendo a Timóteo que “o Senhor esteve com ele, lhe deu for- o Papa lembrou-lhes que o páças para o anúncio do Evangelho”. lio que receberam representa a Ao longo da história, muitas forças E as catacumbas para as “procuraram e pro- comunidades de Pedro e de curam aniquilar a Paulo “não eram lugares para Igreja, tanto de fora escapar das perseguições, quanto de dentro mas principalmente lugares dela”. Mas a Igreja de oração, para santificar o “fundada por Cristo, domingo e para elevar, do seio da não obstante as inúterra, uma adoração a Deus que meras tempestades e os nossos muitos nunca esquece os seus filhos” pecados, permanece fiel ao depósito da fé no serviço, ovelha que o pastor carrega nos porque a Igreja não é dos papas, ombros, como faz Cristo, o Bom dos bispos, dos padres e nem mes- Pastor. É o símbolo da tarefa deles mo dos fiéis; é só e unicamente de e é sinal de união do sucessor de Pedro com os metropolitas e os Cristo”. Enfim, a vida cristã da comuni- bispos de todo o mundo. Ele exordade de Pedro e Paulo é um apelo tou os arcebispos a serem mestres ao testemunho. Os dois beberam o de oração, de fé, e de testemunho: cálice do Senhor e tornaram-se os “ensinai a oração, orando; anunamigos de Deus. O próprio Paulo ciai a fé, acreditando; dai testemudiz a Timóteo estar pronto a ofe- nho, vivendo!” recer-se em sacrifício porque com(Por Padre Cido Pereira)

Francisco visita Bento XVI L’Ossevatore Romano

O Papa Francisco fez uma visita ao papa emérito Bento XVI na terça-feira, 30. No encontro de cerca de meia hora realizado no Mosteiro Mater Ecclesiae, nos Jardins Vaticanos, Francisco saudou o Bispo emérito de Roma, que passará o verão na residência dos pontífices, em Castelgandolfo. Com o início do verão romano, as audiências gerais das quartas-feiras estão suspensas durante todo o mês de julho. Em agosto, elas serão retomadas na Sala Paulo VI. O único compromisso público de Francisco neste período, quando estiver no Vaticano, segue sendo o Ângelus de Domingo. As missas matutinas do Papa com os grupos de fiéis na Casa Santa Marta estão suspensas nos meses de julho e agosto, sendo retomadas em setembro.

Rumo à América Latina Entre os dias 5 e 12, o Papa Francisco fará sua viagem apostólica ao Equador, Bolívia e Paraguai. Na última semana, o Pontífice enviou uma vídeo-mensagem aos fiéis desses países. “Meu desejo é estar com vocês, compartilhar suas preocupações, manifestar-lhes o meu afeto e proximidade e alegrar-me também”, afirmou o Papa, referindo-se aos países como “nações-irmãs”. Durante uma semana, Francisco presidirá cinco missas, pronunciará 22 discursos, encontrará os presidentes dos três países, os bispos, a sociedade civil e os consagrados. No Equador, uma atenção especial será reservada aos idosos; na Bolívia, aos detentos e aos movimentos populares; no Paraguai, às crianças, aos pobres e aos jovens.

Diálogo cristão-hebraico O Papa recebeu na terça-feira, 30, uma delegação do Conselho Internacional dos Cristãos e Judeus, que reúne 40 organizações, as quais promovem o diálogo entre as duas tradições de fé no mundo inteiro. No ano em que se celebram os 50 anos da declaração conciliar Nostra aetate, o Papa afirmou que este documento foi o “‘sim’ definitivo às raízes hebraicas do Cristianismo e o ‘não’ irrevogável ao antissemitismo”. O Pontífice lembrou que “todos os cristãos têm raízes hebraicas” e afirmou que a Santa Sé segue com “grande interesse” as atividades do Conselho, que “proporcionam notáveis contribuições ao diálogo hebraico-cristão”. (Por Fernando Geronazzo)


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Espiritualidade A ação de Satanás Dom Julio Endi Akamine

Q

Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa

ual é alcance da ação de Satanás e dos demônios? Tem Satanás acesso aos nossos pensamentos? Pode ele controlar a nossa mente da mesma forma como ele pode – no caso das possessões – controlar o corpo? O Catecismo da Igreja Católica nos ajuda a responder a essas perguntas: “O poder de Satanás não é infinito. Ele não passa de criatura, poderosa pelo fato de ser puro espírito, mas sempre criatura: não é capaz de impedir a edificação do Reino de Deus. Embora Satanás atue no mundo por ódio contra Deus e seu Reino em Jesus Cristo, embora sua ação cause graves danos – de natureza espiritual e, indiretamente, até de natureza física – para cada homem e para a sociedade, essa ação é permitida pela divina providência, que, com vigor e doçura, dirige a história do homem e do mundo. A permissão divina da atividade diabólica é um grande mistério, mas ‘sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam Deus’ (Rm 8,28)” (395). O poder de Satanás não é infinito. Só Deus é o Onipotente, só Ele pode

agir na nossa alma, no mais profundo pensamentos. Ninguém poderá dizer: de nosso ser. Somente Deus pode atin- “Não pude fazer nada contra os meus gir essa profundidade do nosso ser. Por maus pensamentos. Não tive como eviisso, o Batismo não é mero rito exter- tá-los”. no, mas, realmente e misteriosamente, Também as outras pessoas podem nos dá um novo ser. conhecer nossos pensamentos na meSatanás e os demônios são criaturas dida em que os expressamos com papoderosas porque são espíritos puros. lavras e ações. Enquanto criatura puO que Deus faz, não o desfaz mais; os ramente espiritual, a capacidade do seus dons são sem arrependimento e demônio em conhecer os nossos pensem volta; se Ele dá, não mais retira. samentos é ainda mais aguda perspicaz Por isso, não retira dos demônios a in- e sutil. Mas somente Deus é Oniscienteligência com a qual eles foram criados te; somente Ele pode penetrar o mais enquanto anjos. Assim, eles podem influir poSatanás e os demônios são derosamente em nossos pensamentos no senti- criaturas poderosas porque são do de que podem nos espíritos puros. O que Deus faz, induzir a ter maus pen- não o desfaz mais; os seus dons samentos. Uma pessoa são sem arrependimento e sem humana tem o poder volta; se Ele dá, não mais retira. de sugerir maus pen- Por isso, não retira dos demônios samentos quando nos a inteligência com a qual eles sugere: “Veja esse filme foram criados enquanto anjos pornô”: “Não seja careta! Veja essa revista!” Se isso é verdade profundo do nosso pensamento sem, em relação à pessoa humana, quanto contudo, violar a dignidade humana. mais em relação ao demônio! Devemos nos angustiar ou ficar asMas, “devemos discernir entre ser sustados porque o demônio nos tenta tentado e consentir na tentação” (2.847 também em nossos pensamentos? Não. - Catecismo da Igreja Católica). O de- Porque é vencendo a tentação que nós mônio não tem o poder de nos obri- crescemos e nos santificamos. “O Espígar a pecar em pensamento; não tem o rito Santo nos faz discernir entre a propoder de controlar os pensamentos, a vação, necessária ao crescimento do não ser que sejamos nós a entregar-lhe homem interior em vista de uma virtutal controle. Assim, devemos distinguir de comprovada, e tentação que leva ao entre ser provados em nossos pensa- pecado e à morte” (2.847 - Catecismo mentos e consentirmos com os maus da Igreja Católica).

| Fé e Vida | 5

Fé e Cidadania Igreja e Reforma Política Padre Sancley Gondim

Temos assistido, não sem perplexidade e desencanto, ao crescente descrédito da classe política, que por vezes nos tem dado a impressão de mais buscar os próprios interesses do que o bem comum. A CNBB, a OAB e outras 98 entidades da sociedade civil propõem: 1) financiamento das campanhas dos candidatos 2) eleição em dois turnos: um para se votar em um programa e outro para se votar em uma pessoa; 3) aumento de candidaturas de mulheres para cargos eletivos; 4) regulamentação do Artigo 14 da Constituição, com o objetivo de se melhorar a participação do povo brasileiro nas decisões mais importantes, por meio de projetos de lei de iniciativa popular, de plebiscitos e de referendos, mesclando a democracia representativa com a democracia participativa. Eis o que nos diz a Igreja a respeito em sua Doutrina Social. “A responsabilidade de perseguir o bem comum compete, não só às pessoas consideradas individualmente, mas também ao Estado, pois que o bem comum é a razão de ser da autoridade política (Catecismo, 1910), de modo que o bem comum possa ser conseguido com o contributo de todos os cidadãos. O indivíduo humano, a família, as corpos intermédios não são capazes por si próprias de chegar ao seu pleno desenvolvimento; daí serem necessárias as instituições políticas, cuja finalidade é tornar acessíveis às pessoas os bens necessários - materiais, culturais, morais e espirituais - para levar uma vida verdadeiramente humana. O fim da vida social é o bem comum historicamente realizável (Leão XIII). Para assegurar o bem comum, o governo de cada país tem a tarefa específica de harmonizar com justiça os diversos interesses setoriais (Catecismo, 1.908). A correta conciliação dos bens particulares de grupos e de indivíduos é uma das funções mais delicadas do poder público. Além disso, não se há de olvidar que, no Estado democrático — no qual as decisões são geralmente tomadas pela maioria dos representantes da vontade popular —, aqueles que têm responsabilidade de governo estão obrigados a interpretar o bem comum do seu país, não só segundo as orientações da maioria, mas também na perspectiva do bem efetivo de todos os membros da comunidade civil, inclusive dos que estão em posição de minoria. O bem comum da sociedade não é um fim isolado em si mesmo; ele tem valor somente em referência à obtenção dos fins últimos da pessoa e ao bem comum universal de toda a criação. Deus é o fim último de suas criaturas e por motivo algum se pode privar o bem comum da sua dimensão transcendente (João Paulo II). A nossa história — o esforço pessoal e coletivo de elevar a condição humana — começa e culmina em Jesus: graças a Ele, por meio d’Ele e em vista d’Ele, toda a realidade, inclusa a sociedade humana, pode ser conduzida ao seu Bem Sumo, à sua plena realização, e não apenas puramente histórica e materialista, que acabaria por transformar o bem comum em simples bem-estar econômico, destituído da sua mais profunda razão de ser” (Compêndio de DSI, 168-170).


6 | Fé e Vida |

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Liturgia e Vida

Você Pergunta Padres e catequistas têm boa didática na evangelização?

14º DOMINGO DO TEMPO COMUM 5 de julho de 2015

A força da graça ANA FLORA ANDERSON

A liturgia deste domingo apresenta a maneira pela qual a graça de Deus age na fraqueza humana. A antífona proclama que a justiça de Deus se manifesta na misericórdia. A oração nos faz lembrar que foi a pobreza de Jesus na cruz que salvou o mundo. A primeira leitura (Ezequiel 2, 2-5) narra a experiência do profeta Ezequiel que recebe o Espírito de Deus para se levantar de novo e ir profetizar para o povo de Deus. Este afirma que seu povo tem uma cabeça dura e um coração de pedra, mas a sua misericórdia envia o profeta para chamar o povo à conversão. Na segunda leitura (2 Corín-

tios 12, 7-10), São Paulo descreve sua própria fraqueza como um dom de Deus. É na fraqueza humana que a força de Deus se manifesta. Porque o amor de Cristo está nele, Paulo pode enfrentar as injúrias, as angústias e a perseguição. O amor de Cristo faz com que quando estamos mais fracos nós nos tornamos mais fortes. O Evangelho de São Marcos (6, 1-6) narra que aqueles que conheciam Jesus desde sua juventude não conseguem se entregar à fé. Reconhecem a sua sabedoria e admiram seus milagres, mas não têm a humildade de receber um carpinteiro vizinho como enviado de Deus. A fraqueza sem a graça leva à negação do dom de Deus.

Atos da Cúria PRORROGAÇÃO DA NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE PÁROCO Em 12 de junho de 2015, foi prorrogada a nomeação e provisão de Pároco da Paróquia São Luiz Gonzaga, da Região Episcopal Santana, Setor Casa Verde, do Revmo. Pe. Mauricio Luchini, pelo período de 3 (três) anos.

NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE ADMINISTRADOR PAROQUIAL Em 28 de junho de 2015, foi nomeado Administrador Paroquial “ad nutum episcopi” da Paróquia São Benedito das Vitórias, da Região Episcopal Belém, Setor Pastoral Carrão/Vila Formosa, o Revmo. Pe. José Antonio Cruz Nunes.

padre Cido Pereira osaopaulo@uol.com.br

A querida leitora do O SÃO PAULO, dona Maria Gilka Bastos da Cunha, 81, paulistana, professora, advogada, artista plástica, mandou uma linda foto de seus 11 netos e comentou o verdadeiro “samba do crioulo doido” que aconteceu na casa dela durante um almoço, quando o assunto foi religião. Saiu de tudo. Gente dando explicações as mais inacreditáveis para verdades da fé, que para a querida avó são fundamentais. Corpus Christi virou os 40 dias de jejum de Jesus no deserto, e outros temas vieram à tona como Páscoa, carnaval etc. E olhe que todos os netos estudaram em colégios religiosos e tiveram formação religiosa neles. E veio a pergunta: “Padre, será que a didática de nossos padres e catequistas é adequada para uma boa evangelização?” Gostei da pergunta. O problema todo não é a Catequese de iniciação que seus netos tiveram. Garanto que eles fizeram a primeira comunhão sabendo da presença real de Jesus no sacramento da Eucaristia. Acontece que ficaram, como a maioria de nossas crianças e jovens fica,

apenas com aquela iniciação. Faltou-lhes a iniciação à vida cristã. Iniciação cristã é uma coisa. Iniciação à vida cristã é outra. E é essa a preocupação da Igreja hoje. Garanto que a senhora teve a iniciação cristã e teve a iniciação à vida crista acompanhando seus pais, participando em família da Eucaristia. Mas o mundo secularizou-se de tal forma que as famílias deixaram de ser a escola de fé. E é uma pena. Vamos precisar uns bons cem anos para recriarmos a bela e santa cultura de crescer na fé, de viver como filhos de Deus no Batismo, de fortalecermos nossa fé com a unção do sacramento da Crisma e de alimentarmos

nossa fé com o sacramento da Eucaristia. Outra coisa, minha querida e feliz vovó que tem tantos netos: É tempo de ajudar nossas crianças, adolescentes e jovens a terem uma experiência bonita e transformadora com Jesus Cristo. Essa experiência irá ajudá-los a conhecer mais a nossa fé, a aprofundar mais as verdades da fé. Mas tudo deverá partir dessa experiência. E diga à neta que não soube explicar o que é Corpus Christi, que a celebração é sim um ato de fé público e coletivo na presença real de Jesus Cristo no sacramento do altar, no pão e no vinho consagrados. Escreva sempre, minha querida.

A Mitra Arquidiocesana agradece à Professora Anna Maria Garzone Furtado pelos seus anos de magistério dedicado à Pontifícia Universidade Católica PUC/SP.

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Comportamento

Educar para não punir Valdir Reginato e verificar que ações mais trucu- criminalidade, uma convivência lentas como a “pena de morte” ou a cotidiana, a pretexto de informaA redução da maioridade pe- própria diminuição da maioridade ção. O que se afasta disso é “ennal para 16 anos tem sido um dos penal em outros países não favore- xugar gelo”. Nessa decisão reside a temas mais comentados no País. A ceu a melhoria dos índices de cri- coragem de se valer do que é bom sequência de episódios repetitivos minalidade ou de qualquer delito para se recuperar o que foi desvirde violência assustadora e brutal, a médio ou longo prazo. Afirmar tuado, sem, contudo, negligenciar, que se podem verificar nos notici- que se enquadrarão somente os quando necessário, de se aplicar as ários todos os dias, levou a popula- jovens que cometerem “graves de- medidas necessárias para limitar as ção a decidir por uma ação que pu- litos” leva-nos ao relativismo do ações perversas, onde não há limidesse por um fim a este “tsunami que seriam “graves delitos”, nem tes estabelecidos pela idade, mas criminoso” que carrega a cada dia sempre tão fáceis de serem classi- pelas condições de sanidade menvítimas que incluem desde crian- ficados. Certamente, a alternativa tal do agressor. São condições doças a idosos, passando por mulhe- da impunidade ou de se afrouxar entias, algumas vezes de dificílima res grávidas e deficientes. No meio as penas não pode ser o caminho recuperação, nas quais o convívio dessas ações, constata-se que um pela melhoria da situação devasta- social se torna um enorme risco número, não desprezível, dos cri- dora que nos encontramos, onde para todos. minosos é de jovens, sendo alguns somente os que padecem do soO incentivo à recuperação soadolescentes ainda na idade dos 13 frimento pela morte de um filho, cial, mediante atividades de incluou 14 anos. O terreno desolador pai, marido ou amigo podem res- são com a promoção de cursos que regado por sangue e lágrimas faz ponder. Contudo, o ódio nunca foi ofereçam educação baseada nas dicrescer sementes de justiça que cla- resposta ou caminho para os que ferentes manifestações da arte, do mam por um fim a essa condição de querem viver melhor. Nada trará esporte e da cultura humanística, insegurança, angústia e crueldade. de volta essas vítiNuma visão imediatista, as es- mas ou recuperará tatísticas apontam para uma faixa as sequelas de tan- Certamente, a alternativa crescente de jovens entre 16 e 18 tos outros. Nada, da impunidade ou de se anos, que estão livres de uma pe- inclusive o ódio. afrouxar as penas não nalidade maior, ficando reclusos Somente um pode ser o caminho pela por breve tempo em casas de recu- olhar a longo prazo, peração que têm demonstrado se- pelo qual se procu- melhoria da situação rem mais “escolas de crime” do que re atingir as causas devastadora que nos incentivo a restabelecer a convi- deste pavor, poderá encontramos, onde vência social pacífica. As histórias trazer uma espe- somente os que padecem da FEBEM ainda são bem vivas na rança à sociedade. do sofrimento pela morte memória de todos nós. Aponta- A resposta a isso foi se para a alternativa de se colocar dada por um filó- de um filho, pai, marido ou esses jovens nos mesmos critérios sofo grego há 2.500 amigo podem responder daqueles que já passaram dos 18 anos, chamado Pianos, e que, assim, podem arcar tágoras: “Educai as com todas as consequências de crianças e não será preciso punir tem demonstrado eficácia supesuas ações criminosas. Em um País os homens”. E a educação se inicia rior a qualquer carceragem. Não onde não há condições adequadas dentro da família. Favorecer para se pode é deixar-se levar pela apade presídio para os já existentes, que os pais possam oferecer condi- rente solução fácil do impulso do não há um sistema de educação e ções dignas de moradia, alimenta- ódio; ao invés da trabalhosa, mas recuperação aos indiciados, como ção, estudo, trabalho a seus filhos é certeira e perene, resposta da soliimaginar que a entrada desses jo- a única resposta. Ao mesmo tem- dariedade pela caridade, exercida vens poderá levá-los a qualquer po, não se pode, a título da “cen- na educação perseverante desde o perspectiva de recuperação? Di- sura zero”, promover escancarada- berço alicerçada no amor. minuiria o medo desses jovens de mente programas, filmes, notícias Dr. Valdir Reginato é médico de família, cometerem crimes? que fazem do sensacionalismo da professor da Escola Paulista de Medicina e terapeuta familiar. É preciso olhar para o passado violência em todos os âmbitos e da

Cuidar da Saúde

‘Pedra’ nos rins Cássia Regina

Litiase renal, mas conhecida como pedra nos rins ou calculose renal, é a presença de cálculos nos rins. Eles são formados pelo acúmulo de cristais produzidos pelo corpo ou por meio de medicamentos. Quando tomamos bastante líquido,

evitamos que esses cristais se unam e formem os cálculos. Os sintomas são dores na parte inferior das costas, que podem ser moderadas ou intensas, dependendo da localização e tamanho do cálculo. Alguns pacientes até pensam que estão com problema de coluna, mas não é. Outros sintomas

são náuseas e sangramento na urina. Nem todo cálculo é cirúrgico. Por isso, é importante beber bastante líquido, principalmente água, não se automedicar e procurar um médico periodicamente. Dra. Cássia Regina é médica atuante na Estratégia de Saúde da Família (PSF)

| Viver Bem | 7


8 | Pelo Brasil |

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Filipe David

Destaques das Agências Nacionais

osaopaulo@uol.com.br

Ideologia de gênero é rechaçada na maior parte dos municípios Introduzida discretamente nos planos municipais de educação, a proposta sofre uma grande derrota em quase todas as câmaras municipais do País Nas últimas semanas, observou-se em diversos municípios brasileiros uma ampla mobilização social em torno dos Planos Municipais de Educação (PMEs), que contêm as diretrizes a serem aplicadas à educação infantil nas escolas municipais pelos próximos dez anos. O centro das discussões foram as questões relativas à ideologia de gênero. Sob o pretexto de promover a tolerância e o respeito às diferenças, procurouse introduzir, de forma sub-reptícia, ex-

pressões como “identidade de gênero” ou “diversidade de gênero”. Tais expressões trazem uma redefinição do ser humano, segundo a qual homem e mulher são conceitos socialmente construídos, sem nenhum fundamento natural e sem relação necessária com o corpo com o qual nascemos. Advertidos por educadores e líderes religiosos católicos e protestantes sobre os riscos de tal ideologia para a família e na formação das crianças, pais e jovens estudantes compareceram em massa às câmaras municipais para exigir dos vereadores a retirada de tais expressões ideológicas e em defesa do direito dos pais educarem seus filhos de acordo com suas próprias consciências, sem a intromissão do Estado. Como resultado, na vasta maioria dos municípios, o PME foi aprovado sem o “gênero”. De todas as capitais brasileiras de onde se pôde obter a informação, ape-

nas Campo Grande aprovou o seu PME com o “gênero”. A ideologia de gênero foi derrotada em Manaus, Fortaleza, Brasília, Vitória, Goiânia, Cuiabá, João Pessoa, Curitiba, Recife, Teresina e Porto Alegre, embora em alguns lugares ainda esteja pendente uma segunda votação. Em São Paulo, a Comissão de Orçamento e Finanças da Câmara Municipal rejeitou por unanimidade a inserção do “gênero” no PME, que irá ao plenário nos dias 11 e 25 de agosto. Nas demais capitais, a votação também está atrasada (o prazo era até o dia 24 de junho) – como é o caso de Boa Vista e do Rio de Janeiro – ou a informação não foi encontrada. Das 32 cidades com mais de 100 mil habitantes das quais se obteve a informação, à exceção de Campo Grande, nenhuma aprovou seu PME com “gênero”. O SÃO PAULO tem conversado com

alguns dos manifestantes pró-família que acompanham de perto o assunto. Segundo eles, a questão não está encerrada: em muitas cidades ainda há votações a serem feitas e, daqui a pouco tempo, o mesmo processo deve se repetir nos planos estaduais de educação. (Colaborou Andréia Medrado)

Bispos do Regional Sul 3 da CNBB divulgam nota sobre ideologia de gênero nos PMEs Segundo os bispos, “a ideologia de gênero sustenta que a pessoa humana é sexualmente indefinida e indefinível”. A consequência da ideologia de gênero é, segundo a nota, “a desvalorização da família em favor da liberdade individual”, com prejuízo da maternidade natural, do Matrimônio e dos valores religiosos. Fonte: CNBB

Goiás

Milhões devem comparecer à festa do Divino Pai Eterno Santuário do Divino Pai Eterno

Fiéis lotam dependências do Santuário do Divino Pai Eterno, em Trindade (GO), em festa tradicional iniciada no século XIX

Teve início na sexta-feira, 26, a Festa do Divino Pai Eterno, em Trindade (GO), para a qual são esperados 2,5 milhões de fiéis. A festa atinge o seu momento mais importante no primeiro domingo de julho, dia 5. Nos nove dias que a precedem, há missas e os fiéis rezam novenas e o Terço. Porém, a principal tradição dessa festa são as romarias. Os fiéis percorrem a pé os 18 quilômetros entre Goiânia e Trindade para pagar promessas, pedir graças e agradecer a Deus. A tradição dessa festa remonta aos anos 1840, quando um casal – Constantino Xavier e Ana Rosa de Oli-

veira – encontrou um medalhão enquanto trabalhava no campo. Ele trazia a imagem da Santíssima Trindade coroando a Virgem Maria. Levando a peça para casa, o casal começou a rezar o Terço junto com outros moradores da região. Em 1843, foi construída a primeira capela e em 1912 foi construído o primeiro santuário, que hoje é conhecido como Santuário Velho ou Igreja Matriz. O atual santuário não terminou de ser construído antes dos anos 90 e recebeu, de Bento XVI, em 2006, o título de Basílica Menor. Fonte: ACI


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Destaques das Agências Internacionais

| Pelo Mundo | 9 Filipe David

Correspondente do O SÃO PAULO na Europa

Estados Unidos

Suprema Corte redefine ‘casamento’ Reprodução de Internet

Foto de Mark Zuckerberg, criador do Facebook, alterada no ‘celebrate pride’

A Suprema Corte norte-americana decidiu que o “casamento” entre pessoas do mesmo sexo é um direito constitucional e obrigou todos os estados do País a reconhecê-lo. O juiz da Suprema Corte, Anthony Kennedy, escrevendo a opinião da maioria, afirmou que a Corte agora considera que os “casais” de mesmo sexo podem “exercer o direito fundamental de casar”. Tal direito seria, segundo o juiz, uma liberdade que até agora lhes era negada. A decisão não foi unânime: cinco votos favoráveis e quatro contrários. O juiz John Roberts, que discordou da decisão, escreveu sua opinião separadamente: “A decisão da maioria é um ato de vontade, não de julgamento legal”. Segundo o juiz, o direito ao casamento entre pessoas do mesmo sexo não tem nenhum

fundamento na constituição. Para ele, “cinco advogados fecharam o debate e transformaram sua própria visão sobre o casamento em uma matéria de direito constitucional”. O juiz Clarence Thomas, que também discordou da decisão da maioria, chamou a atenção para as implicações “inevitáveis” da decisão, que podem ser “potencialmente ruinosas para a liberdade religiosa”. O arcebispo William Lori, de Baltimore, presidente da comissão para a liberdade religiosa, da Conferência dos Bispos dos Estados Unidos, foi categórico: “O livre exercício da liberdade religiosa significa que temos o direito não apenas de debater abertamente em praça pública, mas também de exercer nossos ministérios e viver nossas vidas de acordo com a verdade sobre

o casamento, sem violência, sem ser penalizado, sem perder isenções fiscais e sem perder nossa capacidade de servir o bem comum pelos nossos serviços sociais e de educação”. A decisão da Suprema Corte norte-americana teve uma repercussão imediata nas redes sociais em todo o mundo. Milhares de pessoas “pintaram” suas fotos com um arco-íris em sinal de “apoio aos homossexuais”. A onda começou graças a um aplicativo desenvolvido pelo Facebook, “celebrate pride” (celebre o orgulho). Além do Facebook, diversas outras gigantes multinacionais e organizações milionárias têm apoiado a causa do “casamento” entre pessoas do mesmo sexo, tais como Apple, Google, Amazon e Microsoft. Fontes: CNA\ Forbes

Roma Papa entrega o pálio aos novos arcebispos

Tunísia\França\Kuwait Três novos atentados deixam 52 mortos

A Igreja celebrou na segunda-feira, 29, a solenidade de São Pedro e São Paulo, na qual o Papa Francisco entregou o pálio a 46 novos arcebispos do mundo inteiro, entre os quais o arcebispo de Curitiba, Dom José Antônio Peruzzo. O pálio é uma faixa de lã branca, usada apenas durante a liturgia. Originalmente utilizado apenas pelo papa, ele pas-

Na Tunísia, um homem abriu fogo contra turistas em um hotel de praia, matando 38 pessoas. No Kuwait, 13 pessoas foram mortas por um homem bomba que se explodiu em uma mesquita xiita. Na França, uma explosão foi causada por um carro que invadiu uma usina de gás. No local foi encontrada uma cabeça decapitada e uma bandeira com inscrições em árabe.

sou a ser usado também pelos arcebispos metropolitas, em sinal de unidade com o bispo de Roma. Seguindo a determinação do próprio Santo Padre, os pálios foram entregues – não impostos – pelo Papa Francisco. A imposição será feita pelos núncios apostólicos locais nas arquidioceses, dando maior evidência à relação dos arcebispos com suas

igrejas locais e permitindo a participação dos fiéis. “Amados arcebispos que hoje recebestes o pálio! Este é o sinal que representa a ovelha que o pastor carrega aos seus ombros como Cristo, Bom Pastor”, disse o Papa, convidando-os a serem “mestres de oração”, “mestres de fé” e “homens de testemunho”. Fonte: Arquidiocese de Curitiba

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O Papa Francisco expressou sua solidariedade às vítimas dos três atentados e suas famílias, condenando “a violência que causa tanto sofrimento” e pedindo que Deus “possa conceder o dom da paz”. O Papa conclui sua mensagem abençoando as famílias das vítimas e as populações dos três países. Fontes: Catholic Herald\ ACI


10 | Entrevista |

1º a 7 de julho de 2015 | www.arquidiocesedesaopaulo.org.br

Com a Palavra Valdir Reginato ‘No Matrimônio está nosso caminho para a felicidade’ Arquivo pessoal

Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com

Casado há 30 anos e pai de três filhos, o médico de família e terapeuta familiar Valdir Reginato apresenta ao O SÃO PAULO pistas para os casais que querem a alegria de um Matrimônio fecundo e feliz. Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, membro do Centro de História e Filosofia das Ciências da Saúde da UNIFESP e coordenador da Pastoral da Família da Paróquia Nossa Senhora do Brasil, doutor Valdir destaca que “um casal feliz é aquele que, unido a Maria e José, se empenha pela santidade nas pequenas coisas do dia a dia, a exemplo do lar de Nazaré”.

O SAO PAULO – Qual a importância do diálogo em família? Que dicas o senhor deixaria para estimular esse diálogo?

Valdir Reginato - O tema da comunicação está entre os prioritários quando se fala de família. Vivemos com o mundo todo nas redes sociais e muitas vezes nos falta uma pessoa para conversar. Isso também ocorre nas famílias, quando cada um ocupa-se com o seu aparelho, e não enxerga e nem ouve quem está ao lado. O lar é o ambiente onde somos mais espontâneos e, portanto, podemos nos conhecer melhor; compartilhar alegrias, desafios e dificuldades. “Lares luminosos e alegres”, dizia São Josemaria Escrivá. E para isso é fundamental que os pais acolham com um sorriso e braços abertos os filhos, e não se assustem com o que falam. Que estejam disponíveis para ouvir, sem interrupção, ou já oferecendo soluções precipitadas. Que aproveitem o assunto de cada ocasião para fazê-los refletir, trocando ideias com flexibilidade que favoreçam o discernimento e crescimento. O horário das refeições deve estimular o diálogo familiar descontraído e alegre.

Como transmitir valores morais e éticos para os filhos?

“Frei Exemplo é o melhor pregador” é uma verdade, principalmente quando se trata de passar valores aos filhos. Deve-se dar exemplo, desde o cuidado na maneira como usamos as coisas materiais (roupas, utensílios domésticos etc), até o que é mais precioso, que é o valor da crença em quem vivemos a nossa fé; incluindo o trato na caridade com as pessoas de casa e amigos, assim como os comentários dos assuntos cotidianos e o interesse pelo trabalho profissional bem feito, do início ao fim. Tudo está ao alcance da observação dos filhos. Não se passam valores em família por palestras de virtudes, mas esforçando-se a cada dia em vivê-las me-

Deverão ocupar-se, principalmente, da sua preparação religiosa. Quero dizer: rezar juntos por essa nova família que nascerá do sacramento que deverão receber, participando da santa missa e alimentando-se da Palavra. Procurar conhecer bem a doutrina que está vinculada a esse sacramento que deverão viver e amar por toda a vida. Depois, conhecerem-se mais a cada dia, principalmente os defeitos, para ajudarem-se; e as virtudes, para animarem-se. Conversarem sobre tudo: dos filhos que poderão ter, das condições de emprego e trabalho doméstico, moradia, dos recursos financeiros, dos sonhos e realizações, famílias de origem... Com alegria e esperança! Quanto à festa: saber que ela dura um dia, e que festejamos o casamento; e não casamos para festejar. Não se endividem por isso.

Atualmente os jovens têm medo de casar? Por quê?

lhor; sem medo que os filhos percebam nossas falhas, mas que acompanhem a nossa luta de santidade por viver o que acreditamos.

De alguma forma a religião contribui para o fortalecimento do casal?

Dentre os valores que determinam a perseverança do casal o principal é a religiosidade. É o valor que dá referência à eternidade, assim como deve ser o amor que deverá manter essa união. A força do casal não está na dependência do que se conquista materialmente, que pode ser perdido ou roubado; ou mesmo pelos encantos do corpo, que se transforma e envelhece. O casal cresce quando consegue fortalecer-se interiormente pelo caminho da fé, e insere a religião nas atitudes dos fatos cotidianos. E aqui é valido assinalar que para querer crescer no amor ao cônjuge é preciso crescer antes no amor que se tem a Deus. Lembre-se: do que se tem, podem levar tudo, do que se crê, não podem levar nada.

Quais os maiores problemas que os casais modernos enfrentam?

A falta de comprometimento, paciência e esperança. Vivemos uma crise de compromissos, em que se perdeu o sentido da entrega incondicional do amor que se pede no Matrimônio. A ansiedade quer tudo de imediato e ocasiona a falta de paciência em respeitar o tempo do outro, perceber as diferentes velocidades de um caminho; enfrentar adversidades.

Saber perdoar e recomeçar com ânimo. A esperança é o que move o sentido da vida. É acreditar que no Matrimônio está nosso caminho para a felicidade, com aquela família, apesar das dificuldades de uma doença ou falta de recursos. A esperança está diretamente ligada à fé de como Deus participa em nossa vida.

Como terapeuta, o senhor atende muitos casos de brigas por causa do uso de celular e redes sociais? Como essa questão é trabalhada?

Não se pode negar esta evidência em vários casais. O celular é dos maiores fenômenos da história da humanidade! As redes sociais, sem uso adequado, podem propiciar uma exposição indevida da intimidade do casal. Recentemente, se tem falado delas até como fator de separações. O uso do celular, que, para alguns, já é considerado uma extensão do próprio corpo, deve comportar-se com limites, evitando-se intromissões indesejáveis, de modo a preservar os nossos valores. Estão substituindo o esforço dos encontros pessoais por mensagens. É um erro! Também não se deve interromper uma conversa presencial para atender o celular (salvo exceções imprescindíveis). No horário das refeições, que sejam mantidos em silêncio, mesmo para fins profissionais.

Quais passos um casal que está iniciando uma preparação para o Matrimônio deve seguir?

É verdade, mas ainda são muitos os que encaram esse fantástico desafio! O medo está em querer ter segurança máxima em tudo! Não gostam do risco de se comprometerem para uma vida toda. Priorizam estabilidade profissional e segurança econômica. Querem casar “responsavelmente”. É certo, mas não podem esquecer de ter fé, pois não há certeza do que acontecerá. Lançam suas metas num programa como se a vida estivesse controlada em suas mãos, sem fatos inesperados. E aí surge a gravidez e tomam um susto, como uma surpresa! A criança adoece, e o cansaço estoura etc. É preciso esforçar-se, mas contar com Deus. Casar é um risco sim! Maravilhoso! Porque nos exige constantemente uma melhora pessoal. Uma vida construída a dois! A segurança está em permanecermos sempre bem unidos a Deus.

O que fazer para ter um casamento feliz?

Antes de tudo, lembrar que o casamento é só um mesmo! (os viúvos poderão ter outro, mas um por vez). E aí reside a sua preciosidade irrepetível, que nasceu no amor para a felicidade. Nunca pensamos no amor com data de validade. Não seria amor. O que fazer? Buscar a plenitude do mandamento do Senhor: “e serão uma só carne” (Gn 2,24). Porque na unidade da entrega se vive a verdadeira caridade, que nos afirma o Apóstolo “jamais acabará” (1Cor 13,8). Contudo, adverte o Apocalipse: “...Mas tenho contra ti que deixaste a tua primeira caridade (amor). Lembra-te, pois, donde caíste, arrepende-te e volta às tuas obras...” (Ap 2, 4-5). Recomeçar sempre! Um casal feliz, eu diria, é aquele que, unido a Maria e José, se empenha pela santidade nas pequenas coisas do dia a dia; a exemplo do lar de Nazaré.


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| Reportagem | 11

Consumismo, internet, bullying e gênero: desafios à educação dos filhos Luciney Martins/O SÃO PAULO

Renata Moraes

jornalismorenata@gmail.com

“Os pais devem ser os primeiros e principais educadores de seus filhos, são eles os responsáveis em educar para o amor e para a vida”, disse Moysés de Azevedo, fundador da Comunidade Shalom, durante um simpósio sobre as famílias, realizado no Auditório das Faculdades Integradas Campos Salles, no bairro da Lapa, entre os dias 27 e 28. Inspirada no Instrumentum laboris do Sínodo dos Bispos, que tratará sobre “A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo” e em face da convocação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, a atividade teve como tema “O amor é a nossa missão: a família plenamente viva”, o mesmo que será tratado no Encontro Mundial das Famílias com o Papa Francisco, em setembro, nos Estados Unidos. A proposta foi ressaltar como a Igreja olha a realidade familiar e como as famílias podem ser instrumentos eficazes da misericórdia divina, como lugar qualificado de encontro entre o humano e o divino. Durante os dois dias do Simpósio, os casais puderam refletir sobre os diversos temas dentre eles: a família como expressão da Misericórdia de Deus; a importância do cuidado pastoral com a família; a família à luz do Magistério; a família chamada a ser Igreja de encontro e missão, e o desafio educativo da família de hoje.

Em São Paulo, simpósio sobre as famílias, da Comunidade Católica Shalom, discute as principais questões e desafios para a educação nos dias de hoje

Lugar de computador é na sala e não no quarto

Pais de três filhos, o casal Tatiana Almeida Silva Fonseca e Flávio Brás da Fonseca, consagrado da Comunidade, falou sobre o desafio na educação dos filhos, sobretudo no uso da internet e das novas tecnologias. “Temos que estar sempre atentos com o conteúdo que os nossos filhos acessam na internet. Nós procuramos estar sempre junto com eles. Lembrando que lugar

Moysés de Azevedo, falou sobre os principais desafios da família hoje. “O cerne da vida da família, é o amor. O amor como a essência e vocação fundamental da família, que é a nossa Igreja doméstica e o primeiro lugar da vivência da nossa fé”, afirmou. Para Moysés, os pais são os primeiros educadores da fé de seus filhos, e os filhos são as testemunhas dessa fé. “A família é convocada a ser missionária e a evangelizar, transmitir a fé no interior da famíLuciney Martins/O SÃO PAULO

Na Solenidade de São Pedro e São Paulo

Como educar os filhos?

No colóquio sobre a educação dos filhos, na mesa de debate composta por casais consagrados da comunidade sobre os principais aspectos da educação dos filhos foram a tônica da reflexão. Para Magna Rocha, casada há 13 anos com Silvio Pereira da Rocha, com quem tem quatro filhos, são muitos os desafios para educar as crianças hoje. “O consumismo, a ideologia de gênero, o bullying, a discriminação, o preconceito e todas as demais questões que estão na sociedade assolam a educação dos nossos filhos, mas o grande desafio hoje é sermos testemunhas para os nossos filhos. Quando os pais têm um embasamento e uma vivência cristã e uma vida de espiritualidade, os filhos tornam-se mais seguros. Que as famílias eduquem as crianças e os jovens na beleza da sua vocação”, expressou a mãe.

trumentum laboris da próxima assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, que acontecerá no Vaticano, entre os dias 4 e 25 de outubro, Dom Odilo apontou os principais temas que serão abordados no Sínodo, como vocação da família e a situação da família nos dias de hoje e na evangelização, enfatizando que a Igreja é formadora de pessoas, transmissora da fé e do desenvolvimento humano. Questões sobre as uniões de segundo casamento também serão pauta do Sínodo. O Arcebispo exortou os fiéis a lerem todo o instrumento de trabalho: “vão aos textos, não se deixem pautar apenas pela imprensa. Temos que ter um olhar atento, rezar pelo Sínodo e acompanhar com carinho e com fé”.

Mírian das Graças e Danildo Amorim, namorados, participam do Simpósio sobre as famílias em SP

de computador é na sala e não no quarto. Também prestamos atenção ao que os nossos filhos estão assistindo na TV”, afirmou Tatiana, ressaltando que os pais devem dar atenção aos filhos e não deixá-los sob a responsabilidade da TV e da internet. Mirian das Graças Barbosa e Danildo André Amorim dos Santos são namorados e se preparam para receber o sacramento do Matrimônio. “O casamento deve ser embasado na pessoa de Jesus Cristo, doando-se mutuamente um ao outro”, afirmou Mirian. “O tempo de preparação para o Matrimônio vai nos mostrando o verdadeiro sentido da doação e do amor, unidos com a Santíssima Trindade”, expressou Danildo.

A família é convocada a ser missionária e a evangelizar

Em entrevista ao O SÃO PAULO, o fundador da Comunidade Shalom,

lia. Ela existe para edificar o mundo, por meio do amor de Jesus Cristo”. Na opinião do fundador, atualmente a transmissão da Fé está sob risco. “Os pais não podem terceirizar a educação dos seus filhos, sobretudo com a televisão, a internet e o avanço das novas tecnologias. Temos que educar os filhos com os nossos testemunhos. O primeiro evangelho que uma criança lê, é o evangelho que está escrito na vida de seu pai e de sua mãe, no cotidiano da vida”, explanou.

Dom Odilo fala às famílias

Com o auditório das Faculdades Integradas Campos Salles lotado de famílias, jovens casais e crianças, o Cardeal Odilo Scherer, arcebispo metropolitano, explicou a visão geral do Sínodo e as perspectivas da ação missionária da família na Igreja de São Paulo. Em sua explanação, baseada no Ins-

Encerrando os trabalhos do sábado, às 19h, Dom Odilo presidiu missa, durante a qual elogiou a presença de muitos jovens casais e seus filhos pequenos. Na homilia, o Arcebispo convidou os pais a contarem aos seus filhos as histórias dos santos. “Os santos são parte da nossa Igreja, assim como São Pedro e São Paulo, que deram suas vidas em favor do Evangelho de Cristo. Contem a história dos santos para seus filhos, pois os santos nos ajudam com seus testemunhos e exemplos”, expressou. Na Solenidade de São Pedro e São Paulo, o Cardeal pediu que todos rezassem pelo Papa Francisco. “A comunhão da Igreja se faz com o povo unido ao seu Pontífice”. Encerrando o Simpósio, no domingo, 28, Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, abordou sobre o desafio educativo da família hoje e sobre a importância de se transmitir a fé aos filhos no contexto atual, e a transformação da educação como meio de evangelização. Além de palestras, houve apresentações artísticas, momentos de louvor, oração das laudes da Liturgia das Horas, adoração ao Santíssimo Sacramento e missa. As crianças também foram contempladas com espaço para atividades e brincadeiras.


12 | Reportagem |

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A mídia entendeu o Instrumentum laboris?

Instrumento de

INTERNACIONAL

El Pais (Espanha) Os bispos debaterão em outubro sobre homossexuais e divorciados

Texto apresentado na última semana orientará as discussões na assembleia geral ordinária de outubro

The New York Times (EUA) Vaticano lanças bases para discussões sobre família

Fernando Geronazzo

La Repubblica (Itália) Sínodo: acolhida a divorciados recasados e a gays

A

Especial para O SÃO PAULO

madurecer, com verdadeiro discernimento espiritual, as ideias propostas e encontrar soluções concreClarín (Argentina) tas a tantas dificuldades de inumeráveis Vaticano insiste que o casamento desafios que as famílias devem enfrenheterossexual é essencial para tar”. Esta foi a tarefa confiada pelo Papa o “desenvolvimento integral da Francisco a toda a Igreja durante o caminho sinodal por ele proposto no tércriança” mino da 3ª Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos, em outubro Le Figaro (França) de 2014, sobre “Os desafios pastorais da Sínodo sobre a família: a Igreja família no contexto da evangelização”, e não aceita o casamento gay recordada pelo Instrumentum laboris (Instrumento de trabalho) da 14ª Assembleia Geral Ordinária, que aconteDaily Mail (Inglaterra) ce de 4 a 25 de outubro deste ano e vai Os gays devem ser tratados com abordar o tema “A vocação e a missão respeito, diz o Vaticano ... mas da família na Igreja e no mundo conainda não há sinal de reconhecer temporâneo”. O Instrumento de 80 páginas, apreo casamento gay sentado no Vaticano, no dia 23, foi preparado pelos bispos a partir do relatório BRASIL conclusivo da assembleia anterior (ReFolha de São Paulo latio Synodi) e das respostas dos fiéis de todo o mundo que contribuíram preenTexto preparatório para o sínodo chendo o questionário de 46 perguntas reitera posições da Igreja sobre no Lineamenta enviado às Igrejas Cagays tólicas de rito Oriental, à todas as conferências episcopais e a organismos da Portal G1 Cúria Romana. “Até a data [15 de abril], a Secretaria Gays e seus filhos não deveriam [do Sínodo] recebeu 99 respostas dos ser discriminados pela Igreja, diz organismos beneficiários. A estas foram Vaticano adicionadas 359 observações, enviadas livremente por dioceses, paróquias, O Estado de São Paulo associações de igrejas, movimentos e organizações civis, muitas famílias e Igreja nega casamento e adoção fiéis individuais. Ao mesmo tempo, as a gays universidades, instituições acadêmicas, centros de pesquisa e pesquisadores estão enriquecendo o aprofundamento dos temas do Sínodo com suas contribuições - por meio de O Instrumentum Laboris chama simpósios, conferências a atenção para as “contradições e publicações”, explicou o sociais” que levam à dissolução secretário geral do Sínodo, da família: guerras, migrações, o Cardeal Lorenzo Baldisseri, durante a conferência pobreza, exploração, cultura de apresentação do Insdo descartável e realidade trumentum laboris. econômica “desfavorável e O texto está dividido ambígua”. em três partes: a escuta

dos desafios sobre a família, o discernimento da vocação familiar e a missão da família hoje. Dom Lorenzo explicou, ainda, que os trabalhos vão ser divididos em três semanas, abordando cada uma das partes do Instrumento de trabalho com intervenções gerais e trabalhos de grupo (círculos menores) semanais. As indicações presentes no Instrumentum laboris, no entanto, não devem se converter diretamente em prática dentro da Igreja Católica, uma vez que o Sínodo é um organismo consultivo. Cada item contido no texto será refletido e aprofundado na assembleia que redigirá um texto final, que será submetido à aprovação dos bispos e será entregue nas mãos do Papa Francisco que, posteriormente, deve publicar um documento conclusivo. O jornal O SÃO PAULO preparou um resumo dos principais pontos contidos no instrumento de trabalho que orientará as atividades do Sínodo.

Família, pilar fundamental da sociedade

O Instrumentum laboris chama a atenção para as “contradições sociais” que levam à dissolução da família: guerras, migrações, pobreza, exploração, cultura do descartável e realidade econômica “desfavorável e ambígua”; e aponta para a necessidade do desenvolvimento de “políticas adequadas” de amparo à família, “pilar fundamental da sociedade”.

Idosos, deficientes e migrantes

O texto ressalta a importância da família como

instrumento de inclusão, sobretudo de categorias frágeis, como os viúvos, os idosos e os deficientes. Cita, ainda, a relevância de uma pastoral específica para as famílias migrantes, sobretudo em contextos onde não existe um acolhimento autêntico, para não alimentar fenômenos de fundamentalismo.

Indissolubilidade do Matrimônio

O Instrumento reafirma a indissolubilidade do Matrimônio sacramental. Ao mesmo tempo, diz que a Igreja deve “acompanhar” os momentos de sofrimento conjugal, numa ótica de misericórdia, que não compromete a verdade da fé.

Divorciados em segunda união civil

Sobre os divorciados que vivem em uma segunda união civil, tratado nos parágrafos 120 a 125, o texto manifesta amplo consenso quanto à necessidade de buscar uma maior integração destes à vida da comunidade cristã, dado que “não estão fora da Igreja”. Além disso, aponta para a necessidade de acompanhar os filhos frutos dessas uniões, tendo em vista o insubstituível papel educativo dos pais. Quanto à comunhão eucarística para os divorciados recasados, o Instrumentum laboris evidencia “o acordo comum” sobre a hipótese de uma “via penitencial” sob a autoridade de um bispo. Apresenta posicionamentos diferentes em relação ao que seja esse caminho penitencial. Uma primeira via retoma a orientação da exortação apostólica Familiaris Consortio, que propõe a continência


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| Reportagem | 13

trabalho do Sínodo

reflete sobre desafios, vocação e missão da família L’Osservatore Romano

Após assembleia extraordinária em 2014, Sínodo ordinário acontecerá no Vaticano, de 4 a 25 de outubro, com o tema ‘A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo’

sexual ou a comunhão espiritual. A segunda, propõe a admissão à comunhão em casos específicos, mediante o acompanhamento de um presbítero nomeado pelo bispo. Sobre a verificação de nulidade, o texto registra “um amplo consenso sobre a oportunidade de tornar os processos mais acessíveis e ágeis”.

Homossexualidade e uniões entre pessoas do mesmo sexo

O tema relacionado às “pessoas com tendências homossexuais”, é tratado em três parágrafos do Instrumento de trabalho (130 a 132), quando reconhece que algumas famílias vivem a experiência de ter em seu interno pessoas com orientação homossexual

e que isso têm questionado os bispos sobre uma “atenção pastoral adequada para lidar com essa situação”. O texto reitera que “toda pessoa, independentemente da própria tendência sexual, deve ser respeitada na sua dignidade e acolhida, com sensibilidade e delicadeza, na Igreja e na sociedade”. As Igrejas locais, portanto, são encorajadas a realizar projetos pastorais específicos para as pessoas homossexuais e suas famílias. Sobre a uniões gays, o documento enfatiza: “Não há base alguma para assimilar ou estabelecer analogias, mesmo remotas, entre as uniões homossexuais e o plano de Deus para o casamento e a família” e acrescenta ser “completamente inaceitável que os Pastores da Igreja sofram pressões nessa

matéria e que as organizações internacionais condicionem a ajuda financeira a países pobres à introdução de leis que estabelecem o ‘casamento’ entre pessoas do mesmo sexo”.

Ideologia de gênero

O texto condena a ideologia de gênero e convida ao aprofundamento humano e cultural das diferenças, entre homem e mulher, que vão muito além do biológico. Cita a fala do Papa Francisco, em audiência geral de 15 de abril, na qual afirmou que a remoção das diferenças entre os sexos “é o problema, não a solução”.

Bioética

Nos parágrafos 133 a 135, foi salientado que se continue a divulgar documentos do Magistério da Igreja

“que promovem a cultura da vida em face da cada vez mais generalizada cultura de morte”. Instrumentum laboris salienta a importância de alguns centros que estão fazendo a pesquisa sobre a fertilidade humana e infertilidade, que promovem o diálogo entre católicos bioeticistas e cientistas de tecnologias biomédicas. Também afirma que a Pas-

toral Familiar deve envolver mais especialistas católicos em biomédica nos cursos de preparação para o Matrimônio, assim como no acompanhamento dos cônjuges. “É urgente que os cristãos empenhados na política promovam escolhas legislativas apropriadas e responsáveis em relação à promoção e defesa da vida”. (Colaborou Michelino Roberto)

Sobre os divorciados que vivem em uma segunda união civil, tratado nos parágrafos 120 a 125, o texto manifesta amplo consenso quanto à necessidade de buscar uma maior integração destes à vida da comunidade cristã, dado que “não estão fora da Igreja”.


14 | Reportagem |

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Manter as famílias plenamente vivas é a missão Congresso da Pastoral Familiar do Regional Sul 1 ressaltou pressões sociais e do Estado para a desconstrução da família Daniel Gomes

Enviado especial a Itaici, em Indaiatuba (SP) danielgomes.jornalista@gmail.com

“O amor é nossa missão: a família plenamente viva”, tema do 8º Encontro Mundial das Famílias com o Papa Francisco, em setembro deste ano nos Estados Unidos, inspirou as reflexões do XVIII Congresso da Pastoral Familiar do Regional Sul 1 da CNBB, entre os dias 26 e 28, em Itaici, no município de Indaiatuba (SP). Dilemas atuais que envolvem a família, como as discussões sobre a ideologia de gênero nas escolas, as políticas familiares, a formação dos casais e o permanente desafio da educação dos filhos, foram alvo de atenção dos cerca de 300 participantes do Congresso, assim como o aprimoramento do agir da Pastoral Familiar. “A Pastoral Familiar supõe uma preparação remota, próxima e continuativa. Temos que enfatizar esses pontos que são nossa responsabilidade na nova evangelização. Acredito que nós temos que aprimorar a preparação do Matri-

mônio. Muito me preocupa essa situação atual de pessoas vivendo junto antes de casar”, opinou, ao O SÃO PAULO, Dom Emílio Pignoli, bispo emérito de Campo Limpo e referencial da Pastoral no Regional Sul 1. Casados há 33 anos, Alberto Fregolente e Rita de Cássia, da Diocese de Jundiaí, coordenaram o Congresso. Para eles, “formar família é um compromisso de fé, pois o próprio Cristo quis nascer em uma família”, e cabe à Pastoral orientar a constituição das famílias. “Se a preocupação começar desde a criança, quando ela se casar formará uma família cristã, inspirada na Sagrada Família e, assim, não vamos ter tantos problemas”, comentou Alberto.

Fundamental para a Igreja e a sociedade

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo e membro do Pontifício Conselho para a Família, presidiu missa e palestrou para os participantes do Congresso, no sábado, 27, quando explicou a estrutura do Sínodo dos Bispos e contou detalhes da assembleia extraordinária de 2014 e da assembleia ordinária que acontecerá em outubro no Vaticano. De acordo com o Cardeal, em 2014, o Sínodo tratou dos desafios da família e este ano falará da vocação e missão da família diante dos atuais contextos antropológicos e culturais. Ele enfatizou que o instrumento de trabalho da próxima assembleia - Instrumentum laboris (leia Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

detalhes nas páginas 12 e 13) - não é um documento final, e sim uma proposta de trabalho, elaborada a partir das respostas dos questionários enviados às dioceses e dos apontamentos da assembleia extraordinária. “O Sínodo é consultivo. Não é decisório. Quem faz o documento final, a exortação apostólica, é o Papa”, detalhou. Pela terceira vez um Sínodo tratará da temática familiar, o que para Dom Odilo demonstra que a família é relevante para a Igreja e para a sociedade, especialmente neste momento de confusão antropológica sobre a concepção do ser humano e de uma cultura centrada nos direitos individuais e não nos direitos fundamentais de todos. Para o Cardeal, o Estado tem desmantelado as famílias. “E o que colhe?”, indagou. “Problemas: pessoas abandonadas, pessoas sós, que cada vez precisam recorrer ao Estado para serem apoiadas, pois estão desajustadas. Se o Estado quer assumir tudo para si, desautorizando as famílias a cumprir seu dever, colhe uma sociedade desorganizada”, comentou. Sobre as propostas da inserção da ideologia de gênero na educação, Dom Odilo destacou que a ideologia de gênero não é uma ciência, mas um olhar para a realidade a partir de interesses específicos. “Deus não faz as coisas por engano, faz com sentido, e é bom. Temos base na Ciência e na Antropologia de que há distinção entre homem e mulher”.

Com Cardeal Scherer, representantes da Pastoral Familiar de dioceses paulistas participam de Congresso do Regional Sul 1 em Itaici, que enfatiza a relevância da família para a Igreja e a sociedade

Ideologia de gênero afeta a família e desconstrói identidades “A ideologia de gênero não protege a mulher e não protege minorias. Gênero é para combater a família”, enfatizou o professor Felipe Nery, pedagogo e especialista na temática da ideologia de gênero, durante palestra no Congresso da Pastoral Familiar do Regional Sul 1. Valendo-se das postulações dos principais mentores da ideologia de gênero, entre os quais a norte-americana Judith Butler, Felipe Nery explicou que gênero é ideologia e não ciência, que propõe a autoconstrução da identidade sexual livre da biologia. Assim, por essa ideologia, ninguém pertence a um gênero, não há homem ou mulher, nem homossexual ou heterossexual, cada pessoa pode construir o próprio gênero e modificá-lo ao longo da vida, por quantas vezes quiser. “As consequências e os efeitos são desastrosos, pois se tira a identidade das pessoas. Você falar que não tem uma identidade é muito arbitrário. Gênero não é dizer que existe um gênero três, quatro ou cinco de homem e mulher. Gênero é dizer que não existe nada do que

nós estamos vendo de objetivo”, comentou ao O SÃO PAULO. Segundo o Professor, tem se tentado por diferentes modos introduzir a ideologia de gênero na educação brasileira, por meio dos planos de educação, da introdução da temática nas grades curriculares dos cursos de Pedagogia, dos materiais de formação dos professores, de concursos culturais que ressaltam as questões de gênero e até na adoção de banheiros unissex nas escolas. Porém, segundo ele, a sociedade brasileira tem resistido, tanto que em 2014 as questões de gênero foram retiradas do Plano Nacional de Educação e atualmente 95% das quase 3 mil cidades que já votaram seus planos municipais de educação vetaram as questões de gênero. Felipe Nery lembrou, ainda, dos problemas enfrentados nos países onde a ideologia de gênero já foi adotada na educação: na Suécia, aumentou a quantidade de estupros; e na Alemanha, pais já foram multados

e presos por impedirem seus filhos de frequentarem as aulas de educação sexual com ideologia de gênero. Também palestrante do Congresso, Marcelo Couto Dias, sociólogo e Mestre em Família na Sociedade Contemporânea, alertou para a gravidade da ideologia de gênero. “É uma tentativa de negar a própria família, porque se levarmos adiante o pressuposto dessa teoria, de que homem e mulher são simplesmente uma construção social, ou seja, não fazem parte da própria identidade constitutiva do ser humano, a família, fundada no Matrimônio, a partir da complementariedade entre homem e mulher, deixa de existir”, disse à reportagem. Ainda de acordo com o Sociólogo, é prerrogativa dos pais educar os filhos e não do Estado. “A escola pode instruir, mas a tarefa de educar é dos pais, é da família, é da comunidade onde aquela criança vive e cresceu. Quando o Estado assume tarefas entendendo a educação como os valores, os princípios, os sentimentos que mobiliza cada pessoa, ele viola os direitos das famílias”, enfatizou. (DG)


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| Esporte | 15

‘Prática esportiva? Não... não tenho tempo’ Ministério do Esporte

Diagnóstico Nacional do Esporte revela que quase 46% dos brasileiros não praticam atividades físicas ou esportivas Daniel Gomes

danielgomes.jornalista@gmail.com

Ir à academia cinco vezes por semana e correr todos os sábados ao lado do namorado são hábitos que entraram este ano na vida da universitária Luana Waiteman Silva, 23, moradora da zona noroeste de São Paulo. “Pensei em fazer academia primeiro para emagrecer, firmar o corpo, e depois entendi os benefícios para a saúde. Quando fiz o primeiro teste físico, minha avaliação era de uma pessoa de 28 anos. Hoje, seis meses depois, já consegui melhoras, estou na minha média de idade, tenho mais disposição e resistência”, contou a jovem ao O SÃO PAULO. Ao inserir a prática esportiva em seu cotidiano, Luana deixou de fazer parte dos 45,9% dos brasileiros, entre 14 e 75 anos, que não realizam atividades físicas ou modalidades esportivas, conforme apontou o Diagnóstico Nacional do Esporte (http:// www.esporte.gov.br/diesporte), divulgado pelo Ministério do Esporte, em junho, a partir de uma pesquisa realizada em 2013 junto a 8.902 pessoas.

Conforme o Diagnóstico, 76,6% jogam futebol, 21,4% praticam vôlei, 4,5% fazem academia ou musculação e 3,8% são adeptos das corridas. Entre os entrevistados, 41,4% declararam como motivação principal para a prática esportiva a melhoria na qualidade de vida e bem-estar.

‘Falta de tempo’

Futebol, vôlei, academia, corrida e natação são as práticas em que há o maior índice de desistentes. Falta de tempo por conta de estudo, trabalho ou compro-

missos familiares foram apontadas por 69,8% dos entrevistados como razões para o abandonar o esporte ou as atividades físicas. “A falta de tempo não pode ser usada como desculpa. Eu trabalho das 8h às 18h, estudo até às 23h. A questão não é ter tempo, é encaixar na rotina. Sempre você vai ter uma hora, meia hora e pode decidir como usar: vai dormir? conversar? mexer no celular? Nesse tempo dá para fazer exercício, hoje há muitas academias, dá também para correr, subir escada”, disse Luana. Opinião similar tem Diego Oliveira, 31, estudante de educação física e integrante do Grupo de Corrida do Palmeiras e FINDyourself. “As pessoas têm tempo para novela, balada, gastam

Arquivo pessoal

Ministério do Esporte

abandono da prática esportiva

dinheiro com bebida, cigarro e outras coisas que prejudicam a saúde. Aquelas que param com a prática esportiva não descobriram o que as motiva”, avaliou. Segundo o Diagnóstico Nacional do Esporte, 80,4% das pessoas sedentárias conhecem os riscos da falta de atividade física e de esporte para a saúde. De acordo com Diego, quem retira a prática esportiva do cotidiano sente os impactos rapidamente.

CAMINHO DA PAZ – Funcionários da Imput Tecnologia, anunciante do O SÃO PAULO, participaram no domingo, 28, da corrida e caminhada “Caminho da Paz”, que enalteceu a importância da convivência pacífica entre pessoas de diferentes religiões.

“A pessoa tende a sentir cansaço, irritação, insônia, aumento da ansiedade e ganho de peso. Perde-se qualidade de vida, porque muitas atividades envolvem contato social. Eu prático atividade física todos os dias, e quando permaneci um mês ‘de molho’, fiquei mal fisicamente e mentalmente. A atividade física, mesmo a de final de semana, é uma terapia, faz parte das bases para um viver saudável”, garante.

AGENDA ESPORTIVA QUARTA-FEIRA (1º) Brasileirão de Futebol 21h – Palmeiras x Chapecoense (Allianz Parque) QUINTA-FEIRA (2) Brasileirão de Futebol 19h30 – Corinthians x Ponte Preta (Arena Corinthians) DOMINGO (5) Brasileirão de Futebol 16h – São Paulo x Fluminense (Morumbi)


16 | Fé e Cultura |

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Dom Odilo esclarece indeferimento da Cátedra Michel Foucault na PUC-SP Redação

osaopaulo@uol.com.br

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo e Grão-Chanceler da PUC-SP, escreveu, em 26 de junho, carta aberta à professora Marilena Chauí, do Departamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da

USP (leia abaixo), em resposta à carta pública da Professora, de 16 de junho, com críticas ao indeferimento da instalação de uma cátedra ao filósofo Michel Foucault. Dom Odilo enfatizou que na PUC-SP há espaço para a liberdade intelectual e que “não pode ser mostrado sequer um fato de censura ou intolerância contra atividades de pesquisa e ensino.

Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer Arcebispo de São Paulo São Paulo, 26.06.2015 À Prof.a Marilena Chauí Departamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP Prezada Professora Marilena Chauí: Com minha saudação, também lhe agradeço por ter dirigido a mim uma “carta aberta” sobre a questão da pretendida Cátedra dedicada ao filósofo Michel Foucault na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Tendo recebido uma “carta aberta”, permito-me responder da mesma forma. Fico feliz em ver dirigidos tão largos elogios aos méritos da PUC-SP por uma ilustre docente de Filosofia da prestigiosa Universidade de São Paulo. A PUC-SP, de fato, foi abrigo para renomados pensadores e intelectuais em tempos de censura ao pensamento livre na história recente do Brasil. Não encontrando espaço para suas atividades acadêmicas e intelectuais em Universidades do Estado, eles tiveram guarida e liberdade para fazêlo na PUC-SP, que será lembrada por ter promovido o pensamento sem censura e as liberdades democráticas em São Paulo e no Brasil. Felizmente, a Democracia foi restabelecida e as Universidades do Estado, bem como as demais, podem novamente desempenhar suas atividades de maneira desimpedida. Mas desejo afirmar à ilustre Professora que a PUC-SP, também hoje, não deixou de ser espaço de liberdade intelectual. Não pode ser mostrado sequer um fato de censura ou intolerância contra atividades de pesquisa e ensino. Também no que se refere a Michel Foucault,

Também no que se refere a Michel Foucault, professores e estudantes continuam lendo, estudando e ensinando Michel Foucault, quanto quiserem, sem que lhes tenha sido tolhida a liberdade para fazê-lo”. O Cardeal disse que “a decisão - quase unânime - dos membros do Conselho Superior da Fundação São Paulo, Mantenedora da PUC-SP, não consistiu na ‘proi-

bição’ de uma Cátedra dedicada a Michel Foucault, mas no indeferimento de um pedido de criação da Cátedra, nos termos em que foi apresentado, ‘independentemente de se manterem os trabalhos do Grupo de Pesquisa deste, ou de qualquer filósofo na Universidade’ (Ata da reunião do Conselho). A alguns pode parecer que indeferir e proibir sejam a mesma coi-

professores e estudantes continuam lendo, estudando e ensinando Michel Foucault, quanto quiserem, sem que lhes tenha sido tolhida a liberdade para fazê-lo. Para desfazer qualquer equívoco, esclareço que a decisão - quase unânime - dos membros do Conselho Superior da Fundação São Paulo, Mantenedora da PUC-SP, não consistiu na “proibição” de uma Cátedra dedicada a Michel Foucault, mas no indeferimento de um pedido de criação da Cátedra, nos termos em que foi apresentado, “independentemente de se manterem os trabalhos do Grupo de Pesquisa deste, ou de qualquer filósofo na Universidade” (Ata da reunião do Conselho). A alguns pode parecer que indeferir e proibir sejam a mesma coisa, mas são duas ações diversas. Além do mais, diversamente do que tem sido divulgado, antes daquela decisão ainda não havia uma Cátedra Foucault na PUC-SP. O que havia, e continua havendo, é um Grupo de Pesquisa dedicado ao filósofo francês. E esse Grupo pode continuar em plena atividade, sem nenhum impedimento. Digo mais: diversamente do que tem sido alegado, até em publicações na imprensa, não havia, e não há até agora, um compromisso institucional da PUC-SP com uma Instituição ou Entidade nacional ou estrangeira com o objetivo de criar uma Cátedra Michel Foucault na PUC-SP. Portanto, Foucault continua sendo estudado na PUC-SP, da mesma forma como tem sido até o presente. Oxalá suas ideias também fossem avaliadas com discernimento crítico, como é próprio de toda boa prática filosófica, para verificar a consistência de seus argumentos. A informação correta sobre os fatos é absolutamente indispensável para não nos debatermos num mundo de fantasias ou construções intelectuais arbitrárias, que também podem ser injustas. Informações passadas à opinião pública sobre a decisão do Conselho Superior da Mantenedora da PUC-SP a respeito de estudos sobre Michel Foucault, ou de uma Cátedra a ser dedicada ao filósofo na PUC-SP, diversas das acima expostas,

sa, mas são duas ações diversas”. Ainda segundo Dom Odilo, “em tempos de liberdade, é salutar que nem todas as Universidades leiam pela mesma cartilha da liquefação e vaporização do pensamento, das verdades e das referências no convívio humano. A PUC-SP, como todas as Universidades, tem o direito de possuir a própria identidade”.

carecem de verdade, ou procedem de interpretações forçadas. Provavelmente, o próprio Foucault ficaria perplexo diante da celeuma criada em torno da pretendida Cátedra em sua honra, na PUC-SP. Se é verdade que ele foi um baluarte na luta contra “verdades cristalizadas”, por certo não se importaria se alguém discordasse também dele. Será que ele negaria aos responsáveis pela decisão da Mantenedora da PUC-SP o direito de terem um pensamento próprio e de serem coerentes, em suas decisões, com as convicções que esposam? Provavelmente não. Mesmo não concordando com eles. Reconheço e sei bem que é próprio da Universidade colocar tudo em discussão, no afã de encontrar e de expressar a verdade. Também eu estudei e ensinei Filosofia. Mas quando se trata de tomar decisões, alguém precisa tomá-las, mesmo quando elas não agradam a todos. Assim acontece na PUC-SP e também na USP. É preciso considerar, também, que nem todas as Universidades são iguais; talvez isso pode acontecer em países totalitários... Seria um empobrecimento cultural muito grande se assim fosse. Com identidades próprias e linhas diferentes, as Universidades podem, assim, assegurar melhor o diálogo entre os diferentes e a preservação do horizonte universal da cultura, tão necessário à alma, quando o clima do politicamente correto tende a estreitar e sufocar também o ambiente da intelectualidade. Em tempos de liberdade, é salutar que nem todas as Universidades leiam pela mesma cartilha da liquefação e vaporização do pensamento, das verdades e das referências no convívio humano. A PUC-SP, como todas as Universidades, tem o direito de possuir a própria identidade. Com meus respeitos: Cardeal Odilo Pedro Scherer Mestre em Filosofia e Doutor em Teologia Arcebispo Metropolitano de São Paulo Grão-Chanceler da PUC-SP


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| Balanço | 17

MITRA ARQUIDIOCESANA DE SÃO PAULO DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS EM 31 DE DEZEMBRO DE 2014 E 2013 CNPJ: 63.089.825/0001-44

BALANÇO PATRIMONIAL

DEMONSTRAÇÕES DE RESULTADOS

Exercícios findos em 31 de dezembro de 2014 e 2013 (Valores expressos em reais)

Ativo Circulante Caixa e equivalentes de caixa Aplicações financeiras Contas a receber Empréstimos e adiantamentos Despesas antecipadas Total do ativo circulante

Nota 2014 2013 Reclassificado 4 5 6 7

43.000.804,82 17.034.186,47 1.833.349,01 8.948.376,88 48.848,82

70.865.566,00

39.121.838,38 22.065.276,71 1.517.934,21 8.597.531,83 71.302.581,13

Não circulante Realizável a longo prazo Empréstimos conced.outras organizações 28.158,40 Depósitos judiciais 47.317,51 40.259,40 Investimentos 1.258.676,76 1.258.676,76 Imobilizado 8 104.172.317,63 100.050.949,54 Intangível 9 518.684,61 504.659,68 Total do ativo não circulante 106.025.154,91 101.854.545,38 Total do ativo 176.890.720,91 173.157.126,51 Passivo Nota 2014 2013 Reclassificado Circulante Fornecedores 648.809,27 831.683,31 Salários, férias e encargos sociais a pagar 10 1.426.713,71 1.041.366,02 Obrigações fiscais a recolher 263.523,83 253.477,09 Outras contas a pagar 2.336.711,22 2.187.182,52 Repasses de coletas a pagar 4.267.995,13 3.990.658,83 Total do passivo circulante 8.943.753,16 8.304.367,77 Não circulante Exigível a longo prazo Impostos parcelados a recolher 42.349,02 92.923,56 Total passivo não circulante 42.349,02 92.923,56 Patrimonio líquido 11 Superávit acumulado 143.156.586,15 131.493.808,82 Superávit do exercício 3.144.783,55 11.662.777,33 Ajustes avaliação patrimonial 21.603.249,03 21.603.249,03 Total patrimônio líquido 167.904.618,73 164.759.835,18 Total do passivo 176.890.720,91 173.157.126,51 As notas explicativas são parte integrante das demonstrações financeiras

DEMONSTRAÇÕES DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Exercícios findos em 31 de dezembro de 2014 e 2013 (Valores expressos em reais)

Receita operacional bruta Receitas de serviços Donativos, dízimos e coletas Cemitério Gethsêmani Receita operacional líquida Despesas operacionais Despesas com salários, férias e encargos sociais Despesas com serviços Despesas paroquiais Despesas com pastorais Despesas com água, luz,correios, telefone e gás Despesas com expediente Despesas com locações Despesas com manutenção Despesas com viagens e estadias Outras despesas administrativas Despesas com depreciações Superávit operacional antes do resultado financeiro Despesas financeiras Receitas financeiras Superávit do exercício

Nota 2014 2013 Reclassificado 12 13 14

55.048.611,67 99.513.705,13

51.934.149,03 84.293.145,89

3.174.608,94 2.495.749,16 157.736.925,74 138.723.044,08

Saldos em 1º de janeiro de 2013 Transf. resultados acumulados Superávit do exercício Saldos em 31 de dezembro de 2013 Transf. resultados acumulados Superávit do exercício Saldos em 31 de dezembro de 2014

acumulado 122.514.037,50 8.979.771,32 131.493.808,82

exercício patrimonial 8.979.771,32 21.603.249,03 (8.979.771,32) 11.662.777,33 11.662.777,33 21.603.249,03

11.662.777,33 (11.662.777,33)

- 143.156.586,15

Total 153.097.057,85 11.662.777,33 164.759.835,18

-

-

3.144.783,55 - 3.144.783,55 3.144.783,55 21.603.249,03 167.904.618,73

As notas explicativas são parte integrante das demonstrações financeiras.

15 16 17 18

(60.328.322,48) (30.120.194,78) (7.679.410,72) (26.271.668,90)

(47.815.400,82) (24.297.969,73) (6.021.378,65) (27.073.002,15)

19 20 21 22 23 24

(7.466.561,63) (9.052.939,91) (1.582.928,99) (7.083.338,07) (196.048,50) (2.043.080,21)

(7.194.582,35) (5.001.591,91) (988.661,03) (4.630.108,59) (253.553,01) (1.297.236,98)

(5.468.035,29) (4.771.539,95) (157.292.529,48) (129.345.025,17)

25 26

444.396,26 9.378.018,91

(1.098.919,72)

3.799.307,01 2.700.387,29 3.144.783,55

(472.810,12)

2.757.568,54 2.284.758,42 11.662.777,33

As notas explicativas são parte integrante das demonstrações financeiras

DEMONSTRAÇÕES DOS RESULTADOS ABRANGENTES Exercícios findos em 31 de dezembro de 2014 e 2013 (Valores expressos em reais)

2014 3.144.783,55 Superávit do exercício 3.144.783,55 Superávit abrangente total

Exercícios findos em 31 de dezembro de 2014 e 2013 (Valores expressos em reais)

Ajuste de Superávit Superávit avaliação

2013

11.662.777,33 11.662.777,33

As notas explicativas são parte integrante das demonstrações financeiras.

DEMONSTRAÇÕES DOS FLUXOS DE CAIXA (MÉTODO INDIRETO)

Exercícios findos em 31 de dezembro de 2014 e 2013 (Valores expressos em reais)

2014 2013 Reclassificado Caixa líquidas provientes das atividades operacionais 13.479.235,75 13.577.973,51 Lucro líquido 3.144.783,55 11.662.777,33 5.464.876,29 4.771.539,95 Mais: depreciação Lucro ajustado 8.609.659,84 16.434.317,28 Aumento de aplicações financeiras 5.031.090,24 (4.065.246,76) Aumento em duplicatas a receber (315.414,80) (60.669,80) Aumento em empréstimos e adiantamentos (379.003,45) (1.223.445,63) Aumento em despesas pagas antecipadamente (48.848,82) Aumento em depósitos judiciais (7.058,11) Aumento em salários, férias e encargos sociais 385.347,69 (97.056,29) Aumento em obrigações fiscais a recolher (40.527,80) 60.256,67 Aumento em repasses/outras contas a pagar 94.462,26 1.496.656,47 Variação de saldos outros passivos 149.528,70 1.033.161,57 Caixa líquidas provientes das atividades de investimentos (9.600.269,31) (10.496.765,62) Pagamento pela aquisição de imobilizado e intangível (9.586.244,38) (10.496.765,62) Pagamento pela aquisição de intangíveis (14.024,93) Aumento líquido de caixa 3.878.966,44 3.081.207,89 Caixa e equivalentes de caixa no início do período 39.121.838,38 36.040.630,49 Caixa e equivalentes de caixa no final do período 43.000.804,82 39.121.838,38 Variação do caixa e equivalentes de caixa 3.878.966,44 3.081.207,89

As notas explicativas são parte integrante das demonstrações financeiras.

Notas explicativas às demonstrações financeiras A Mitra Arquidiocesana de São Paulo, também conhecida por Mitra de São Paulo, de caráter religioso, educacional e de assistência social, sem fins lucrativos, designada canonicamente “Arquidiocese de São Paulo” fundada e constituída pelo Papa Bento XIV, em 06 de dezembro de 1745, pela Bula “Candor Lucis aetamae”, como circunscrição da Igreja Católica Apostólica Romana e inscrita no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica sob o nº 63.089.825/0001-44. A Mitra Arquidiocesana de São Paulo, como instituição eclesiástica, entidade civil beneficente, tem por escopo realização de atividades religiosas, educacionais, culturais e de assistência social, inclusive de assistência à saúde, e nesta condição integra, abrange e representa sob sua personalidade jurídica, as paróquias, freguesias, templos católicos, confrarias, irmandades, devoções, invocações, cúria arquidiocesana e órgãos de administração eclesial, detendo em consequência, a titularidade de todos os bens e direitos de uso e serventia que lhe são próprios, dentro dos limites territoriais da Arquidiocese de São Paulo e submetidos à autoridade canônica do Arcebispo Metropolitano. Atualmente a Mitra Arquidiocesana de São Paulo compreende cerca de 480 unidades das quais podemos citar aproximadamente 452 paróquias e comunidades distribuídas dentro do território. 2 Base de preparação a. Declaração de conformidade (com relação às normas IFRS e às normas do CPC) As demonstrações financeiras foram elaboradas de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil. A emissão das demonstrações financeiras foi autorizada pelo Conselho de Assuntos Econômicos da Arquidiocese de São Paulo em 15 de Junho de 2015, cuja publicação foi autorizada em reunião extraordinária na data de 15 de Junho de 2015.

todos os riscos e benefícios da titularidade do ativo financeiro são transferidos. Eventual participação que seja criada ou retida pela Mitra nos ativos financeiros é reconhecida como um ativo ou passivo individual. Os ativos ou passivos financeiros são compensados e o valor líquido apresentado no balanço patrimonial quando, e somente quando, a Mitra tenha o direito legal de compensar os valores e tenha a intenção de liquidar em uma base líquida ou de realizar o ativo e liquidar o passivo simultaneamente. A Mitra tem os seguintes ativos financeiros não derivativos: ativos financeiros registrados pelo valor justo por meio do resultado e recebíveis. Ativos financeiros registrados pelo valor justo por meio do resultado Um ativo financeiro é classificado pelo valor justo por meio do resultado caso seja classificado como mantido para negociação e seja designado como tal no momento do reconhecimento inicial. Os ativos financeiros são designados pelo valor justo por meio do resultado se, e somente se a Mitra gerencia tais investimentos e toma decisões de compra e venda baseadas em seus valores justos de acordo com a gestão de riscos documentada e a estratégia de investimentos da Mitra. Os custos da transação, após o reconhecimento inicial, são reconhecidos no resultado como incorridos. Ativos financeiros registrados pelo valor justo por meio do resultado são medidos pelo valor justo, e mudanças no valor justo desses ativos são reconhecidas no resultado do exercício. Recebíveis Recebíveis são ativos financeiros com pagamentos fixos ou calculáveis que não são cotados no mercado ativo. Tais ativos são reconhecidos inicialmente pelo valor justo acrescido de quaisquer custos de transação atribuíveis. Após o reconhecimento inicial, os recebíveis são medidos pelo custo amortizado através do método dos juros efetivos, decrescidos de qualquer perda por redução ao valor recuperável. Os recebíveis abrangem caixa e equivalentes de caixa e outros créditos.

b. Base de mensuração As demonstrações financeiras foram preparadas com base no custo histórico com exceção pelos instrumentos financeiros mensurados pelo valor justo por meio do resultado.

Caixa e equivalentes de caixa Caixa e equivalentes de caixa abrangem saldos de caixa, bancos conta movimento e aplicações financeiras com vencimento original de três meses ou menos a partir da data da contratação, os quais são sujeitos a um risco insignificante de alteração no valor, e são utilizadas na quitação das obrigações de curto prazo.

c. Moeda funcional e moeda de apresentação

c. Passivos financeiros não derivativos

Essas demonstrações financeiras são apresentadas em Real, que é a moeda funcional da Mitra. d. Uso de estimativas e julgamentos A preparação das demonstrações financeiras da Mitra Arquidiocesana de São Paulo requer que a Administração faça julgamentos e estimativas e adote premissas que afetam os valores apresentados de receitas, despesas, ativos e passivos, bem como as divulgações de passivos contingentes, na data-base das demonstrações financeiras. Revisões com relação a estimativas contábeis são reconhecidas no período em que as estimativas são revisadas e em quaisquer períodos futuros afetados. As informações sobre incertezas de premissas e estimativas que possuam um risco significativo de resultar em um ajuste material dentro do próximo exercício financeiro e julgamentos críticos referentes às políticas contábeis adotadas que apresentam efeitos sobre os valores reconhecidos nas demonstrações financeiras estão incluídas nas seguintes notas explicativas: • Determinação da vida útil do ativo imobilizado. O resultado das transações e informações quando da efetiva realização podem divergir dessas estimativas. 3 Principais políticas contábeis As políticas contábeis descritas em detalhes abaixo têm sido aplicadas de maneira consistente aos períodos apresentados nessas demonstrações financeiras. a. Transações em moeda estrangeira Transações em moeda estrangeira são convertidas para as respectivas moedas funcionais da Mitra pelas taxas de câmbio nas datas das transações. Ativos e passivos monetários denominados e apurados em moedas estrangeiras na data de apresentação são convertidos para a moeda funcional à taxa de câmbio apurada naquela data. O ganho ou perda cambial em itens monetários é a diferença entre o custo amortizado da moeda funcional no começo do período, ajustado por juros e pagamentos efetivos durante o período, e o custo amortizado em moeda estrangeira à taxa de câmbio no final do período de apresentação. b. Instrumentos financeiros Ativos financeiros não derivativos A Mitra reconhece os recebíveis e depósitos inicialmente na data em que foram originados. Todos os outros ativos financeiros são reconhecidos inicialmente na data da negociação na qual a Mitra se torna uma das partes das disposições contratuais do instrumento. A Mitra não reconhece um ativo financeiro quando os direitos contratuais aos fluxos de caixa do ativo expiram, ou quando a Mitra transfere os direitos ao recebimento dos fluxos de caixa contratuais dele em uma transação no qual essencialmente

A Mitra reconhece títulos de dívida emitidos e passivos subordinados inicialmente na data em que são originados. Todos os outros passivos financeiros são reconhecidos inicialmente na data de negociação na qual a Mitra se torna uma parte das disposições contratuais do instrumento. A Mitra baixa um passivo financeiro quando tem suas obrigações contratuais retirada, cancelada ou vencida. A Mitra tem os seguintes passivos financeiros não derivativos: fornecedores, diferenças salariais e outras contas a pagar. Tais passivos financeiros são reconhecidos inicialmente pelo valor justo acrescido de quaisquer custos de transação atribuíveis. Após o reconhecimento inicial, esses passivos financeiros são medidos pelo custo amortizado através do método dos juros efetivos. Instrumentos financeiros derivativos A Mitra não possuía em 31 de dezembro de 2014 e 2013 nenhuma operação com instrumentos financeiros derivativos, incluindo operações de hedge. d. Contas a receber Representam basicamente operações ocorridas no Cemitério Gethsêmani. O reconhecimento do ajuste para créditos duvidosos foi constituído em montante considerado suficiente pela Administração para fazer face, a eventuais perdas na realização destes ativos e é calculada levando-se em consideração os índices históricos de recuperação em suas diversas modalidades. Estes índices são revisados anualmente buscando uma melhor estimativa para a mensuração desses valores. e. Passivo circulante e não circulante Os passivos circulantes e não circulantes são demonstrados pelos valores conhecidos ou calculáveis acrescidos, quando aplicável dos correspondentes encargos, variações monetárias e/ou cambiais incorridas até a data de levantamento do balanço patrimonial. f. Provisões Uma provisão é reconhecida no balanço patrimonial quando a Mitra possui uma obrigação legal ou constituída como resultado de um evento passado, e é provável que um recurso econômico seja requerido para saldar a obrigação. As provisões são registradas tendo como base as melhores estimativas, de escritórios jurídicos independentes, do risco envolvido. g. Imobilizado Reconhecimento e mensuração Itens do imobilizado são mensurados pelo custo histórico de aquisição ou construção, deduzido de depreciação acumulada e perdas de redução ao valor recuperável (impairment) acumulada. Ganhos e perdas na alienação de um item do imobilizado são apurados pela comparação entre os recursos advindos da alienação com o valor contábil líquido do imobilizado e são reconhecidos em outras receitas/despesas operacionais no resultado.

Depreciação A Mitra Arquidiocesana em 2011 passou a reconhecer o desgaste natural de seus bens. As vidas úteis estimadas para os períodos corrente e comparativo são as seguintes: Móveis e utensílios 10 anos Computadores periféricos de informática 5 anos Máquinas e equipamentos 10 anos Instalações 10 anos Ferramentas 10 anos Veículos 5 anos Outras imobilizações 10 anos Os métodos de depreciação, as vidas úteis e os valores residuais serão revistos a cada encerramento de exercício financeiro e eventuais ajustes são reconhecidos como mudança de estimativas contábeis. h. Receitas e despesas financeiras As receitas financeiras abrangem receitas de juros sobre aplicações financeiras e juros sobre contas a receber. A receita de juros é reconhecida no resultado, através do método dos juros efetivos. As despesas financeiras abrangem despesas com juros sobre empréstimos, despesas com juros e multas sobre passivos em abertos. Custos de empréstimo que não são diretamente atribuíveis à aquisição, construção ou produção de um ativo qualificável são mensurados no resultado através do método de juros efetivos, além dos encargos financeiros incidentes sobre tributos parcelados junto ao Governo. i. Demonstrações financeiras comparativas As Demonstrações financeiras do exercício findo em 31 de dezembro de 2013 tiveram saldos reclassificados para uma melhor comparabilidade com as demonstrações financeiras do exercício corrente. 4 Caixa e equivalentes de caixa 2014 2013 Caixa matriz e regiões 448.772,24 399.396,38 Caixa paróquias 41.664.475,13 37.755.673,23 Caixa Cemitério Gethsêmani 205.941,07 187.869,26 Caixa colônias, residências e seminários 640.212,93 627.481,07 Outros caixas 41.403,45 151.418,44 43.000.804,82 39.121.838,38 As disponibilidades da Instituição ficam sob a responsabilidade da Matriz e de suas filiais (paróquias, regiões episcopais, seminários, cemitério entre outros). 5 Aplicações financeiras 2014 2013 Matriz Recursos sem restrição 14.379.413,40 15.423.053,38 (i) Recursos com restrição 147.188,29 3.086.649,43 14.526.601,69 18.509.702,81 Cemitério Gethsêmani 183.098,20 100.027,30 Regiões Episcopais 2.324.486,58 3.455.546,60 17.034.186,47 22.065.276,71 As aplicações financeiras de curto prazo referem-se, substancialmente, aos fundos de renda fixa e são remunerados a taxas praticadas pelo mercado. Existem ainda aplicações em certificados de depósitos bancários remunerados a taxas que variam entre 92% a 98% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI). (i) Recursos com restrição Composição dos recursos com restrição a) Convênio Ordem Terceira (b) Convênio Minc Pronac (c) Convênio Seminário Luz

2014 2013 - 1.646.317,59 147.188,29 1.367.813,00 - 147.188,29

72.518,84 3.086.649,43

(a) Convênio com a Secretaria de Estado da Cultura (unidades de preservação do patrimônio histórico UPPH) para o projeto de restauração e reabertura da Igreja Ordem Terceira do Seraphico Pai São Francisco. (b) Convênio com o Ministério da Cultura para a restauração da Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Santa Ifigênia. (c) Convênio com a Secretaria de Estado da Cultura para obras de restauração do Seminário da Luz.

continua

1 Contexto operacional


continuação

18 | Regiões Episcopais |

1 a 7 de julho de 2015 | www.arquidiocesedesaopaulo.org.br

MITRA ARQUIDIOCESANA DE SÃO PAULO CNPJ: 63.089.825/0001-44

6 Contas a receber 2014 Clientes (mercadorias) 830.537,07 Clientes (locações) 197.040,81 Cheques devolvidos 382.635,76 Cartões de crédito 365.405,17 57.730,20 Unidades coligadas/controladas 1.833.349,01

2013 944.743,66 197.040,81 376.149,74 -

1.517.934,21

Compreendem basicamente a operações ocorridas no Cemitério Gethsêmani. 7 Empréstimos e adiantamentos 2014 Empréstimos e adiantamentos 8.948.376,88 8.948.376,88

2013

8.597.531,83 8.597.531,83

Referem-se aos empréstimos realizados para atender às necessidades gerais da Mitra Arquidiocesana, suas paróquias, regiões, etc. 8 Imobilizado 2014 2013 Terrenos, prédios e edificações 57.637.673,44 51.050.665,68 Móveis e utensílios 10.042.742,15 10.634.494,31 Computadores e periféricos de informática 1.915.703,97 2.468.302,34 Máquinas e equipamentos 4.208.913,68 3.520.257,26 Instalações 3.070.482,87 3.177.852,20 Veículos 3.368.107,50 4.587.208,71 Imagens, esculturas e quadros 467.864,81 417.443,40 Biblioteca/videoteca 351.970,29 383.078,83 Construções em andamento 22.787.073,13 23.568.638,31 321.785,79 243.008,50 Outras imobilizações 104.172.317,63 100.050.949,54 Compreendem os ativos da Instituição. Esses bens estão reconhecidos pelo custo de aquisição sendo deduzidas as depreciações. 9 Intangíveis 2014 2013 518.684,61 504.659,68 Intangível 518.684,61 504.659,68 10 Salários, férias e encargos sociais a pagar 2014 Salarios, férias e outras obrigações a pagar 918.282,80 INSS, FGTS e PIS 106.258,70 402.172,21 Previsões de férias 1.426.713,71

2013 802.847,34 107.759,78

130.758,90 1.041.366,02

Referem-se basicamente às obrigações trabalhistas junto aos funcionários da Instituição. 11 Patrimônio líquido 2014 2013 Superávit acumulado 143.156.586,15 131.493.808,82 Superávit do exercício 3.144.783,55 11.662.777,33 21.603.249,03 21.603.249,03 Ajustes avaliação patrimonial 167.904.618,73 164.759.835,18 O Patrimônio líquido é composto de todas as doações de bens, bem como dos superávits gerados ao longo dos exercícios sociais. Destacamos que as receitas, decorrentes de doações e contribuições para custeio, recebidas pela Mitra são empregadas integralmente nos seus objetivos sociais. 12 Receitas de serviços 2014 2013 Batizados 1.813.523,04 1.441.991,23 Casamentos 7.252.467,15 7.951.699,07 Taxas de processos 266.113,85 228.195,47 Espórtulas de missas 1.985.040,02 1.703.196,90 Receita de certidões 112.882,71 42.196,91 Cursos 294.094,22 125.719,94 Velas, vinhos e hóstias 2.308.320,56 1.654.731,79 Livros e periódicos 515.443,14 388.067,36 Imagens, santinhos e crucifixo 2.323.926,52 1.144.605,45 Ações de solidariedade 18.017.259,77 12.547.827,06 Aluguéis de imóveis e espaços físicos 17.907.004,39 14.821.380,69 Hospedagens 312.308,87 265.540,93 Folhetos 668.166,33 645.477,65 Estacionamento 247.108,95 57.667,00 Recuperação de despesas e receitas diversas 681.996,98 8.258.658,33 Receitas c/ganhos na alienação de bens 328.640,00 574.197,04 14.315,17 82.996,21 Outras receitas 55.048.611,67 51.934.149,03 As receitas auferidas são revertidas para os objetivos sociais da Instituição.

13 Donativos, dízimos e coletas 2014 Donativos 23.481.182,77 Dízimos 47.082.708,45 28.949.813,91 Coletas de missas 99.513.705,13

2013 24.725.388,28 37.680.547,01

21.887.210,60 84.293.145,89

14 Cemitério Gethsêmani 2014 2013 Vendas de jazigos e gavetas 1.664.054,25 1.348.675,26 Receita de ossuário locado 28.900,00 13.054,25 Receita de sepultamento 113.415,57 91.790,20 Receita de velório 263.312,93 175.046,40 Receita de manutenção 911.272,81 834.103,51 Receita de lápides 88.650,00 7.000,00 Receita de serviço funerário 36.372,95 Receita de filete 22.380,00 660,00 Receita de exumações/reinumação 30.876,28 20.520,20 15.374,15 4.899,34 Outras receitas 3.174.608,94 2.495.749,16 Referem-se a receitas do Cemitério Gethsêmani em suas operações. 15 Despesas com salários, férias e encargos sociais 2014 2013 Desp.c/salários e ordenados 19.982.768,40 16.987.702,62 Desp.c/côngruas e verbas de representação 15.858.287,84 11.307.297,77 Desp.c/férias e 13º salário 3.632.459,13 3.008.318,46 Desp.c/INSS, FGTS e PIS 11.031.248,54 8.353.379,83 Desp.c/assistência médica e odontológica 6.695.892,10 5.563.720,77 Desp.c/cesta básica e vale refeição 1.653.944,89 1.372.443,47 Desp.c/vale transporte 594.841,10 557.018,99 Desp.c/seguro de vida 61.041,06 44.096,88 Desp.c/treinamento de pessoal 32.781,86 64.071,94 Desp.c/rescisões contratuais 601.973,39 553.961,53 Desp.c/auxílio creche 83.297,93 3.388,56 99.786,24 Outros benefícios sociais 60.328.322,48 47.815.400,82 Refere-se a despesas e gastos com pessoal da Instituição. 16 Despesas com serviços 2014 2013 Desp.c/serv.-autonômos 8.844.297,07 6.470.587,31 Desp.c/Serv.-estagiários 82.900,90 97.248,00 Desp.c/serv.-construção civil e reformas 18.171.293,97 17.725.268,73 Desp.c/serv.-educação 79.948,47 Desp.c/serv.-limpeza patrimonial 897.873,61 Desp.c/serv.-segurança patrimonial 1.112.447,85 Desp.c/serv.-assessoria e consultoria 702.621,14 Desp.c/serv.-propaganda e publicidade 88.674,47 4.865,69 Desp.c/serv.-representação comercial 94.812,84 45.324,46 Outras despesas com serviços 30.120.194,78 24.297.969,73 17 Despesas paroquiais 2014 Desp.c/utilidades copa e cozinha 576.955,53 Desp.c/utilidades cama e banho 88.552,44 Desp.c/medicamentos e mat.hospitalares 445.644,05 Desp.c/roupas e paramentos 368.500,71 Desp.c/serviços médicos 424.459,64 Desp.c/alimentação e refeição 4.768.065,28 Desp.c/higiene pessoal e limpeza 948.508,23 58.724,84 Outras despesas paroquiais 7.679.410,72

2013 196.024,35 103.871,86 337.357,77 161.791,19 265.151,11 3.837.702,17 1.119.480,20

6.021.378,65

18 Despesas com pastorais 2014 2013 Desp.c/cursos/encontros e retiros 854.927,35 1.740.491,85 Desp.c/espórtulas de missas pagas 1.631.029,18 1.294.088,46 Desp.c/velas, vinhos e hóstias 2.043.785,70 1.597.852,59 Desp.c/livros 836.310,65 704.407,10 Desp.c/confecções, impressões e cartazes 2.156.612,47 1.976.533,23 Desp.c/ornamentações 1.168.799,50 1.148.629,39 Desp.c/imagens, santinhos e terços 698.205,02 536.487,37 Desp.c/alfaias e medalhas 564.556,83 366.676,46 Desp.c/materiais para as pastorais 2.068.518,86 2.705.297,12 Desp.c/material de escritório 897.066,09 796.401,29 Desp.c/condução e transportes 259.871,07 531.229,45 Desp.c/cartório/xerox 132.543,58 243.985,18 Desp.c/processos/custas judiciais 195.433,96 251.014,79 Desp.c/donativos e contribuições pastorais 11.357.901,61 9.772.905,13 1.406.107,03 3.407.002,74 Desp.c/verba pastoral 26.271.668,90 27.073.002,15 19 Despesas com água, luz, correios, telefone e gás 2014 Desp.c/água e esgotos 2.402.624,93 Desp.c/correios e malotes 306.083,78 Desp.c/energia elétrica 2.814.667,98 Desp.c/gás 235.276,07 1.707.908,87 Desp.c/telecomunicações 7.466.561,63

2013 2.555.543,88 315.454,25 2.506.044,75 216.997,10

1.600.542,37 7.194.582,35

20 Despesas com expediente 2014 Desp.c/assinat.de jornais e revistas 716.026,32 Desp.c/bens de natureza permanente 774.897,58 Desp.c/brindes e presentes 247.774,32 Desp.c/combustiveis e lubrificantes 872.328,32 Desp.c/transporte público e taxi 147.360,70 Desp.c/refeições 126.210,50 Desp.c/contrib.a entidades de classe 226.832,31 Desp.c/estacionamento 107.605,51 Desp.c/pedágio 45.439,22 Desp.c/ações de solidariedade 4.272.741,47 Desp.c/internet-tv a cabo 779.957,32 Desp.c/seguros patrimoniais 445.131,58 Desp.c/uniformes 9.967,52 Desp.c/materiais de informática 49.083,08 Outras despesas com expediente 231.584,16 9.052.939,91 21 Despesas com locações 2014 Desp.c/locações de imóveis 607.139,90 Desp.c/condomínio 663.399,02 Desp.c/locações de móveis e utensílios 78.872,84 Desp.c/locações de máquinas e eqptos. 114.315,12 Desp.c/locação de veículos 119.202,11 1.582.928,99 22 Despesas com manutenção 2014 Desp.c/manutenção de veículos 646.977,32 Desp.c/manut.de imóveis(consert./reparos) 4.393.473,09 Desp.c/manutenção de máquinas e eqptos. 1.656.041,95 Desp.c/manutenção de sistemas 386.845,71 7.083.338,07 23 Despesas com viagens e estadias 2014 Desp.c/viagens e estadias 196.048,50 196.048,50 24 Outras despesas administrativas 2014 Desp.c/IPTU 487.323,07 Desp.c/IPVA 111.103,63 Desp.c/licenciamentos de veiculos 47.590,75 Desp.c/seguro obrigatorio de veiculos 148.328,43 Desp.c/taxas municipais diversas 300.134,61 Desp.c/multas por infração a legislação 105.588,59 Desp.c/taxas servicos funerarios 54.278,26 Desp.c/placas e lapides 21.396,59 Desp.c/processos (civeis, trabalhistas e tributários) 426.524,12 Desp.legais, judiciais, custas e emolumentos 340.812,16 2.043.080,21 25 Despesas financeiras 2014 Desp.c/tarifas báncarias 435.486,68 Desp.c/juros/encarg.financ.s/emprest.banc 193.827,90 Desp.c/desconto concedido 408.595,65 Desp.c/cartões 57.859,52 Desp.c/perda com variação cambial 1.937,29 Multas, juros, at.monet. s/pgto em atraso 1.212,68 1.098.919,72 26 Receitas financeiras 2014 Juros sobre aplicação financeira 2.906.856,15 Ganhos com título de capitalização 6.782,17 Receitas financeiras - das operações 113.647,61 Descontos obtidos 10.422,28 Outras receitas financeiras 761.598,80 3.799.307,01

2013 706.218,23 15.789,00 728.818,13 207.014,70 106.591,04 37.109,66 2.411.211,41 581.839,04 148.336,71 58.663,99 -

5.001.591,91

2013 416.966,51 571.694,52 -

988.661,03

2013 407.095,96 3.139.778,08 1.071.854,69

11.379,86 4.630.108,59

2013

253.553,01 253.553,01

2013 428.802,75 103.973,35 60.119,48 427.906,50 172.503,45 36.976,10 60.748,82 5.877,18 -

329,35 1.297.236,98

2013 383.143,60 42.773,30 2.141,54 -

44.751,68 472.810,12

2013 2.706.117,80 1.235,35

50.215,39 2.757.568,54

27 Cobertura de seguros A Mitra adota a política de contratar cobertura de seguros para os bens sujeitos a riscos por montantes considerados suficientes para cobrir eventuais sinistros, considerando a natureza de sua atividade.

Padre João Júlio Farias Júnior Procurador da Mitra Arquidiocesana

Padre Dr. José Rodolpho Perazzolo Procurador da Mitra Arquidiocesana

José Olímpio Cardoso Neto Contador CRC 1SP181828/O-5

Padre Zacarias José de Carvalho Paiva Procurador da Mitra Arquidiocesana


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Belém Paróquia São Rafael: 80 anos de evangelização na Mooca Peterson Prates

Colaborador de Comunicação da Região

“Estamos nos alegrando e dando graças a Deus por esses 80 anos de presença desta comunidade paroquial, na Mooca, bairro tradicional de São Paulo”, expressou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, na missa comemorativa das oito décadas de fundação da Paróquia São Rafael, no Setor Episcopal Belém. A celebração aconteceu no domingo, 28, na Solenidade de São Pedro e São Paulo, data em que se completou os exatos 80 anos de fundação da Paróquia. O Cardeal pediu aos fiéis que rezem pelo Papa Francisco, visto que a Igreja celebrou naquele domingo, o Dia do Papa. “Queremos estar unidos à Igreja, queremos estar unidos ao Papa. Que possamos ouvir e seguir o Papa”, finalizou. Dom Odilo recordou o cenário vivido na época da criação da Paróquia, na década de 1930, um período entre as duas grandes guerras mundiais e com forte fluxo migratório. “A Paróquia São Rafael tem uma origem missionária e deve estar sempre a serviço dos mais fracos”, afirmou.

Fotos: Peterson Prates

Da acolhida aos imigrantes à Igreja nos condomínios

Em 28 de junho de 1935, quando se celebrava a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, foi assinado o decreto de criação, pelo qual se fundou oficialmente a Paróquia São Rafael, que desde o início se destacou na acolhida aos milhares de imigrantes, em sua maioria italianos, atraídos para o bairro operário. “O bairro não pode contar sua história sem falar na presença da Igreja neste local. A Igreja no início assumiu a assistência aos operários, funcionava um ambulatório que prestava os primeiros socorros quando um operário se acidentava”, relatou o Padre Wesley Pereira, pároco. A Paróquia funcionou em um galpão até 1937, quando foi lançada a pedra fundamental do templo de inspiração gótica. Desde sua fundação, os Clérigos Regulares de São Paulo, conhecidos como Padres Barnabitas, administram a Paróquia, na animação pastoral e formação na fé, tendo a colaboração da comunidade religiosa da Congregação Paróquia Nossa Senhora da Esperança

Ícone de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro está com Redentoristas

Cardeal Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, preside missa pelos 80 anos da Paróquia São Rafael

das Angélicas de São Paulo. Eda Dalla Zanna, 79, é filha de italianos e conta ter sido batizada e catequizada na Paróquia. Emocionada, ela diz que todas as vezes que vai à Paróquia São Rafael se recorda de seus pais imigrantes que participavam da comunidade. “Hoje, o nosso desafio é a nova configuração em que o bairro foi se transformando. Iniciamos com a presença dos operários italianos, agora temos os edifícios e condomínios e muita gente nova chegando à Paróquia. Devemos chegar até essas pessoas”, relatou o Padre Wesley.

Em 1968, a paroquiana Rose Lopes recebeu a primeira comunhão. Ela participa ativamente da vida paroquial há 25 anos. “As paróquias têm sempre os altos e os baixos, mas agora acredito que a nossa está numa ascensão muito grande”, relatou.

Ação de graças com missa na TV e carreata

Desde 2014, a Paróquia São Rafael se prepara para a celebração dos 80 anos de fundação. A primeira ação foi a restauração dos sinos. Na semana que antecedeu a festa, alguns padres que já

‘Fazei-a conhecida no mundo inteiro’ No sábado, dia 27, a Paróquia Nossa Senhora da Esperança, no Setor Sapopemba, celebrou a festa de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. A celebração marcou o início das comemorações do jubileu pelos 150 anos da restauração do culto público do ícone de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, que será festejado em todo mundo nas paróquias e comunidades atendidas pelos missionários Redentoristas. Durante os três dias anteriores à festa, a comunidade paroquial se reuniu para rezar a novena de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Na abertura

do jubileu, foram entregues oito capelas com o ícone de Nossa Senhora, para que sejam feitas visitas às famílias da Paróquia, ao longo de todo o ano jubilar, que se encerra em 27 de junho de 2016. O ícone, pintado e venerado pelos cristãos do Oriente, passou por uma longa história, desde que foi roubado, no século XV, por um comerciante na Ilha de Creta até chegar a Roma. Em 1866, o Papa Pio IX entregou o ícone de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro aos missionários Redentoristas, com um pedido: “Fazei-a conhecida no mundo inteiro”.

haviam trabalhado na Paróquia celebraram com a comunidade paroquial. A missa do domingo, 28, transmitida ao vivo pela Rede Vida de Televisão, foi presidida pelo Cardeal Scherer, tendo como concelebrantes os Padres Barnabitas Wesley Pereira, Giuseppe Mariano e Vittorio Baderacchi. Após a missa, a comunidade paroquial participou de uma carreata pelas ruas da Mooca, quando se ouviu a buzinas dos carros e a queima de fogos. Para finalizar os festejos, foi servindo um bolo comunitário.

Padre Fausto Marinho

No domingo, 28, o Padre José Antônio Cruz tomou posse como pároco da Paróquia São Benedito das Vitórias, no Setor Pastoral Carrão/Vila Formosa, em celebração presidida por Dom Edmar Peron, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Belém.


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Santana

Diácono Francisco Gonçalves

Colaborador de comunicação da Região

Acolher portadores de deficiência é dizer não à cultura do descartável Diácono Francisco Gonçalves

Dom Sergio de Deus Borges preside missa no Centro Educacional Sagrado Coração, dia 26

“Nosso crescimento ao longo destes 30 anos devese à providência de Deus, ao apoio de amigos, ao compromisso e seriedade de todos os que atuam no CESC [Centro Educacional Sagrado Coração], à comunidade que reconhece nosso serviço e aprecia nossos esforços em proporcionar uma melhor qualidade de vida para a pessoa com

deficiência”, afirmou Irmã Alice de Mello Paz, diretora do CESC, que completou três décadas de fundação, na sexta-feira, 26. Localizado na Vila Zilda, na região norte de São Paulo, o CESC é mantido pela Associação Filhas de Santa Maria da Providência, obra feminina fundada na Itália por São Luis Guanella, em 6 de abril de 1886. A entidade atua no

bairro, na área educacional, atendendo 165 crianças, jovens e adultos com deficiência intelectual, nos períodos da manhã e tarde. Para celebrar a data, Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, presidiu missa em ação de graças, concelebrada pelos Padres Servos da Caridade, que formam o ramo masculino da

família fundada por Dom Guanella, em 24 de março de 1908. O Bispo explicou, na homilia, que no coração de Jesus há um lugar especial para todos. “Esse coração que derrama esperança e nos torna capazes de construir uma nova humanidade”. Dom Sergio expressou que as pessoas que trabalham por meio do coração de Jesus, junto àqueles que sofrem, junto aos portadores de tantas deficiências, dizem não à cultura do descartável existente na nossa sociedade, em que só tem valor quem produz. Desde o início de suas atividades, em 1985, o CESC acolhe pessoas na faixa etária de 6 aos 45 anos, oferecendo atendimento educacional especializado, também para jovens e adultos que já ultrapassaram a idade escolar, que contam com aprendizado nas oficinas de jardinagem,

artes e culinária. Além disso, a instituição fornece atendimento terapêutico: fonoaudiologia, fisioterapia, psicologia e terapia ocupacional. A equipe de trabalho é composta por profissionais de diversas áreas, voltados prioritariamente para a formação integral das pessoas atendidas. A entidade conta com 50 funcionários e quatro irmãs da Associação Filhas de Santa Maria da Providência. “Sentimo-nos felizes por constatar no dia a dia o crescimento e desenvolvimento de nossos educandos, contando hoje com nove alunos inseridos no mundo do trabalho em mercados, farmácias e na própria instituição. Embora com dificuldades para manter-se, o CESC oferece uma educação diferenciada e não mede esforços para que cada assistido desenvolva suas capacidades de forma integral”, salientou Irmã Alice.

Um templo aberto para a sétima arte Carlos Rizzo

Moradores do Jardim Fontalis durante sessão de cinema, dia 27

AGENDA REGIONAL Sábado (4), das 8h às 18h

Encontrão de Líderes da Pastoral da Criança da Região Santana, na Paróquia Nossa Senhora de Fátima da Vila Dionísia (rua Gomes Leal, 329).

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O frio do sábado, 27, não foi empecilho para que os moradores do Jardim Fontalis, na periferia da zona norte, assistissem a animação infantil “Rio 2”, que foi exibida no templo da Paróquia Natividade do Senhor, em sessão que fez parte da 16ª edição do Cinema Petrobras em Movimento, iniciativa que difunde e exibe filmes de longa-metragem da recente produção nacional por todo o País. Para o pároco, Padre Andrés Gustavo Marengo, foi uma ocasião de trazer o cinema para o bairro. “Acredito que é uma oportunidade de abrir [a igreja] e reunir a fa-

mília”, afirmou. O Padre destacou, ainda, que a igreja é a casa das pessoas, lugar onde elas se reúnem e, sobretudo, a casa de Jesus, em que “acolhemos a todos com carinho”, além de ser um espaço que pode trazer cultura, pois “evangelizar também significa trazer cultura”. Além da questão cultural, o momento do cinema foi especial, pois reuniu as famílias da comunidade, como a de Joana Maristela, que assistiu ao filme com o marido e os filhos. Ela conta que a única vez que foi ao cinema não pôde entrar “porque já não havia ingressos”. Jirlaine de Oliveira Santos, acompanhada das duas filhas, também estava lá e lembrou que sempre “deixou para depois ir a uma sessão de cinema. Mas hoje, eu vim e gostei muito do filme, foi uma boa oportunidade, um encontro bonito. Poderia acontecer mais vezes”, destacou. Foi a segunda vez nos oito anos de história do projeto que uma sessão de cinema aconteceu dentro de uma igreja. O chamado CINEB é um circuito itinerante de cinema

realizado pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e pela Brazucah Produções. A iniciativa busca democratizar o acesso ao cinema nacional e divulgar os filmes produzidos no Brasil. Já foram exibidos mais de 75 longas-metragens e 50 curtasmetragens, além da realização de pré-estreias exclusivas. “Nós levamos toda a infraestrutura para montar

nossa sala de cinema, que contempla telão, som, cadeiras, projetor, material de divulgação e um pipoqueiro”. “Dessa forma, o CINEB tem ajudado a democratizar o acesso à produção brasileira, especialmente nas regiões mais carentes da cidade”, afirmou Cidálio Vieira Santos, coordenador do projeto. (Com informações de http:// cineb.spbancarios.com.br)

Comunidade Canto de Maria

A Paróquia Sant’Ana promoveu, nos dias 19 e 20 de junho, um retiro para 45 Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão, tendo como tema a bula ‘Misericordiae Vultus’ (O rosto da Misericórdia), do Papa Francisco. O pároco, Padre Mauricio Souza, assessorou o evento, refletindo o tema à luz da Palavra de Deus e também a partir do Catecismo, especialmente sobre o sacramento da Reconciliação.


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Benigno Naveira e Padre Antonio Francisco Ribeiro Colaboradores de comunicação da Região

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Lapa

‘Os jovens devem se sentir comprometidos com a evangelização’ O jovem deve se sentir personagem principal na missão evangelizadora, enfatizou Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, durante encontro com a juventude do Setor Pastoral Rio Pequeno, na Paróquia São Mateus, no sábado, 27. “Somos chamados a servir” foi o tema da atividade, coordenada pela equipe de

pastoral de Catequese-formação do Setor e pelo Padre José Oliveira dos Santos, pároco da Paróquia São Mateus e coordenador do Setor. Dom Julio manifestou alegria pelas 250 pessoas que foram ao encontro. Destacou ainda, a participação de um grupo da Pastoral Carcerária, que realiza visitas religiosas no Centro de Detenção provisória (CDP) de Pinheiros

e em outras três unidades, onde há 7 mil detentos. O Bispo convidou todos à colaboração com as ações da Pastoral. Em sua catequese, Dom Julio refletiu sobre os três primeiros capítulos do livro do Gênesis, a respeito da criação, e indagou: “Será que isto tem importância? Tem atualidade? Será que traz alguma coisa para os dias de hoje?”,

e concluiu: “Vocês sabem como é problemático falar sobre os primeiros capítulos do Gênesis. É mais fácil falar sobre a criação do mundo, do homem e da mulher, e do pecado”. Entre os participantes do encontro estavam muitos jovens e catequistas dos sacramentos do Batismo, Eucaristia e Crisma, incluindo os coordenadores no Setor:

Angela Santos

Angela Santos

Vilma Azevedo, da Paróquia São Tomás More (Batismo); Maria do Rosário de Fátima Ferreira, da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição Aparecida (Primeira Eucaristia); Ivanilda Lino Alves, da Paróquia São José Operário (Crisma); e Jaqueline Manuel, da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição Aparecida (Grupo de Jovens). O encontro foi finalizado com missa presidida pelo Bispo e concelebrada pelo Padre José Oliveira.

AGENDA REGIONAL Quarta-feira (1º), 14h

Reunião da Equipe ampliada para a preparação da IX Mostra Cultural, na Cúria da Lapa (rua Afonso Sardinha, 62)

No domingo, 28, os fiéis da Área Pastoral São João Batista-Mercadinho, no Setor Pastoral Butantã, festejaram o padroeiro, com procissão pelas ruas do bairro e missa solene, presidida pelo Padre Daniel Koo, vigário paroquial.

No sábado, 27, aconteceu uma feijoada beneficente da Comunidade Voz dos Pobres, na Paróquia Santo Alberto Magno, da Região Episcopal Lapa, do Jardim Bonfiglioli. O Padre Antonio Francisco Ribeiro, pároco, participou da atividade.

Sexta-feira (3), 14h

Reunião mensal do Curso de Teologia na Cúria da Lapa

Brasilândia

Padre Cilto José Rosembach

Colaborador de Comunicação da Região

‘Misericordiae Vultus’ é tema de encontro do CRP “Misericordiae Vultus” (O rosto da misericórdia), a bula papal de convocação do Ano Santo Extraordinário da Misericórdia, foi o tema central da reunião do Conselho Regional de Pastoral, no sábado, 27, na Paróquia Nossa Senhora da Expectação, no Setor Freguesia do Ó. Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, explicou os aspectos principais do documento escrito pelo Papa Francisco, e

que será tema de formação na Região no final deste mês. A equipe regional das CEBs (Comunidades Eclesiais de Base) conduziu a oração inicial, com o tema dos Mártires, refletindo os principais desafios e lutas em que vivem os leigos da Brasilândia, sobretudo nas questões de saúde e moradia, como as desapropriações que estão acontecendo na região por conta das obras do Rodoanel e a construção da linha 6 do Metrô (Vila Brasilândia – São Joaquim).

Preocupados com a vivência sacramental e com a formação e participação do povo nas comunidades, os representantes dos sete setores pastorais relataram as experiências vividas em suas paróquias e comunidades O Padre Jaime Estevão Gomes, coordenador do Setor Pastoral São José Operário, explicou que o Setor apoiará três candidatas para a eleição de conselheiros tutelares, que acontecerá em 4 de outubro. A Pastoral de Fé e Polí-

Padre Jaime Estevão Gomes

Dom Devair Araújo da Fonseca conduz encontro do CRP, dia 27

tica, representada por Sandra Oliveira e Luciene Silva, apresentou uma proposta de formação e debate contínuo sobre a realidade social, po-

lítica, econômica e cultural da Brasilândia. O primeiro encontro será em 20 de agosto, às 20h, na Paróquia Santa Cruz de Itaberaba.

‘A Igreja anuncia: Alegria e Esperança’ Entre os dias 27 e 30 deste mês, acontecerá a Semana Regional de Formação, com o tema “A Igreja anuncia: Alegria e Esperança”. “Envolvidos pela mensagem do Concílio Vaticano II, pela dimensão do projeto de evangelização e pelos clamores que brotam da realidade social que permeia nossas comunidades, queremos lançar um olhar mais profundo sobre a Gaudium et

Spes, a Doutrina Social da Igreja e a bula Misericordiae Vultus. Assim, desejamos transmitir aos leigos o conteúdo da Gaudium et Spes, atualizando sua mensagem sob as orientações do ponto de vista do pontificado do Papa Francisco. Julgamos oportuno apresentar em linhas gerais os aspectos fundamentais da Doutrina Social da Igreja para melhor compreensão do que a Igreja

orienta a esse respeito. Finalizaremos esse conjunto de exposições com uma apresentação da bula que orienta o Ano Santo Extraordinário da Misericórdia”, expressou, em entrevista, o Padre Reinaldo Torres, coordenador de pastoral da Região Brasilândia. O estudo da Gaudium et Spes acontecerá durante duas noites e em outras duas serão estudadas as

temáticas da Doutrina Social da Igreja e da Misericordiae Vultus, alternadamente nas seguintes paróquias: Santos Apóstolos (avenida Itaberaba, 3.907, Itaberaba); São José de Perus (rua João Jacinto de Mendonça, 134, no Jardim Russo), Santo Antônio (rua Parapuã, 1.903, na Vila Brasilândia) e São Luís Gonzaga (praça Dom Pedro Fulco Morvidi, 1, Vila Pereira Barreto).


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1º a 7 de julho de 2015 | www.arquidiocesedesaopaulo.org.br

Ipiranga

Caroline Dupim

Colaboradora de comunicação da Região

Dom José Roberto é eleito membro da Comissão para os Ministérios Ordenados e Vida Consagrada Durante a reunião do Conselho Permanente da CNBB, entre 16 e 18 de junho, em Brasília (DF), foram eleitos integrantes das comissões episcopais pastorais, compostas por um bispo presidente e bispos membros. Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo na Região Episcopal Ipiranga, foi escolhido para fazer parte do corpo de membros da Comissão para os Ministérios Ordenados e Vida Consagrada, juntamente com Dom Juarez Souza da Silva, bispo de Oeiras (PI); e Dom João Francisco Salm, bispo de Tubarão (SC). A comissão é presidida por Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre (RS). Conforme previsto pelo Estatuto Canônico e Regimento da CNBB, artigo 68, “as Comissões Episcopais,

cada qual em seu âmbito, pelos seus presidentes, no Conselho Episcopal Pastoral, promovem a Pastoral Orgânica Nacional, com suas dimensões globais e setores especializados”. Compete a cada comissão animar os programas e projetos em seu âmbito de atribuições em comunhão com as demais comissões, pela unidade e vivência das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora na Igreja no Brasil (DGAE).

Luciney Martins/O SÃO PAULO

AGENDA REGIONAL Sábado (4), 18h

Inauguração da Capela de São Peregrino da Paróquia Nossa Senhora das Dores (rua Tabor, 283, Ipiranga), com a presença Dom José Roberto Fortes Palau.

Bispo integra Comissão para os Ministérios Ordenados e Vida Consagrada


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Cardeal Scherer: ‘Sem o papa não somos a Igreja de Cristo’ Luciney Martins/O SÃO PAULO

No domingo, 28, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, preside missa na Solenidade de São Pedro e São Paulo, na Catedral da Sé, quando também se recorda o Dia do Papa

Fernando Geronazzo

Especial para O SÃO PAULO

“A Igreja hoje nos convida a termos firmeza e perseverança na fé, tendo a orientação dos apóstolos anunciada a nós autenticamente por aqueles que na Igreja são constituídos sucessores dos apóstolos”, afirmou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, na celebração da Solenidade de São Pedro e São Paulo, na Catedral da Sé, no domingo, 28, ocasião em que também se celebrou o Dia do Papa. Dom Odilo, na homilia, ressaltou que a comemoração dos apóstolos considerados colunas da Igreja coloca todos em contato próximo com a essência da Igreja de Cristo. “São Pedro e São Paulo nos lembram

que somos Igreja Católica Apostólica, presentes em todo mundo e enviada a todo mundo. Igreja que vem dos apóstolos, de modo particular, Pedro e Paulo, duas colunas da casa do Senhor”, disse. O Cardeal recordou o que já se dizia nos primórdios do Cristianismo: “A comunidade perseverava na doutrina dos apóstolos, na fração do pão e nas orações em comum”. “Nossa Igreja é comunidade de fiéis, não é formada simplesmente de cada um em particular. Todos nós somos irmãos. Somos parte de um povo, família de Deus. Nossa Igreja se reúne em comunidades de fé, que são presididas pelos sucessores dos apóstolos, os bispos, com seus sacerdotes, unidos ao sucessor de Pedro, que servem à comunidade, conduzem na fé, administram os tesouros da

graça de Cristo, que são os sacramentos, e anunciam a Palavra de Deus com a autoridade que lhes foi dada”.

Sucessor de Pedro

Entre os sucessores dos apóstolos, lembrou o Arcebispo, destaca-se aquele que sucede a Pedro. “Sem o papa não somos a Igreja de Cristo, porque Jesus a fundou e a confiou a Pedro e seus sucessores, que possuem o encargo de manter a comunidade unida em torno dele”. O Cardeal também alertou sobre a importância de ouvir os apóstolos de Cristo legitimamente constituídos, anda mais quando existem tantas vozes de falsos pastores que buscam confundir o rebanho e semear a desunião na comunidade. Dom Odilo exortou a todos a serem

Católicos se articulam para a eleição de conselhos tutelares Luciney Martins/O SÃO PAULO

Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com

O Colégio Marista Arquidiocesano acolheu, na quinta-feira, 25, o 1º Encontro dos candidatos ao conselho tutelar da cidade de São Paulo. Promovido pela Equipe em Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente da Arquidiocese de São Paulo (Equipe Criad) – composta por diversas pastorais, Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) e Conselho Tutelar –, o grupo tem como principal objetivo articular as políticas públicas de atendimento à criança e ao adolescente em São Paulo. A proposta do encontro foi a de apresentar aos candidatos católicos ao conselho tutelar o trabalho que já é feito na Arquidiocese. Sueli Camargo, coordenadora arquidiocesana da Pastoral do Menor e membro do CMDCA, falou aos mais de 50 participantes do encontro, destacando a atuação que a Arquidiocese possui no âmbito da defesa da criança e do adolescente, e qual o papel dos conselheiros tutelares na proteção e garantia de direitos.

A Equipe Criad pretende, a exemplo de 2011, realizar articulações para apresentar às comunidades católicas, padres e bispos, os candidatos que serão apoiados pela Arquidiocese. Neste ano, de acordo com Sueli, houve alguns avanços e conquistas que trouxeram melhorias para o trabalho dos conselheiros, como, por exemplo, os direitos sociais – salário e férias remuneradas –, a eleição que será unificada em todo território nacional em 4 de outubro, a punição à entidade e ao candidato que apresentar informações falsas para se candidatar, e, por fim, a possibilidade de cada eleitor votar em cinco candidatos, favorecendo, assim, a eleição de membros da mesma paróquia, setor pastoral ou região. Em 2015, serão implantados oito novos conselhos tutelares: Capão Redondo, Cidade Líder/Parque do Carmo, Jaraguá, Anhanguera, Sacomã, Tremembé, Vila Curuçá e Cidade Tiradentes II. Ao todo, serão 52 conselhos tutelares na cidade, sendo que 27 deles estão localizados no território de abrangência da Arquidiocese de São Paulo.

perseverantes na fé da Igreja que é “integral”. “Nossa fé apostólica é inteira, não em partes. Se alguém não tem suficiente convicção ou não consegue explicar suficientemente alguma parte dessa fé, creia com a Igreja que é conduzida pelo Espírito Santo e não deixa enganar”, afirmou. Por fim, o Cardeal reforçou o pedido da Igreja para que se reze pelo Papa Francisco, para que ele continue firme na fé e em seu ministério petrino. “Rezem pelo Papa, como nós rezamos todos os dias na missa, mas o façam com intensidade. Rezem também pelos bispos, que participam dessa mesma missão de cuidar da Igreja, para que possam desempenhá-la sempre com a coragem os apóstolos, com a sabedoria do Espirito Santo”, disse.

Conselheiros enaltecem apoio da Igreja “Avalio de forma positiva, de boa qualidade. Está sendo uma experiência única. Vejo a importância de ter candidatos e conselheiros da Igreja nesses espaços. Nós temos um diferencial: trabalhamos não só para o povo da nossa Igreja, trabalhamos para a sociedade, então, fazemos um trabalho para o bem comum”. A afirmação é de Aparecida Pereira Gomes Peruchi, a Cida, conselheira tutelar no Jaçanã, na área da Região Episcopal Santana. Ela não será candidata à reeleição e destacou que nos momentos de dificuldade busca forças na Palavra e também na comunidade. “É importante a comunidade reconhecer que você está a serviço deles”, afirmou. Elisabeth Maria da Silva, conselheira tutelar na Freguesia do Ó, na área da Região Episcopal Brasilândia, tentará a reeleição. Ela considerou o apoio da Igreja como fundamental e recordou que a Igreja foi umas das principais instituições que lutaram pela formulação do Estatuto da Criança do Adolescente, sendo pioneira na defesa dos direitos do menor. “Ainda hoje, o conselheiro tutelar é visto como alguém que tira as crianças da família. Nossa sociedade, culturalmente falando, não tem uma visão de que o nosso trabalho é tentar ajudar as famílias”, afirmou Elisabeth (EB).


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