O SÃO PAULO - 3060

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Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 60 | Edição 3060 | 15 a 21 de julho de 2015

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Presidencia de la Republica de Paraguay

Em todos os países que visitou na nona viagem apostólica de seu pontificado, entre os dias 5 e 12, Papa Francisco tem carinho da população latino-americana, em especial de jovens e crianças.

Com Francisco, a voz da Igreja ressoa nas múltiplas realidades da América latina A visita de um papa era aguardada há três décadas pela população do Equador, da Bolívia e do Paraguai. Como mensageiro da paz, o Papa Francisco esteve nesses três países latino-americanos, entre os dias 5 e 12, e fez ressoar a voz da Igreja diante de múltiplas realidades. O

Papa lembrou que é na família que as pessoas recebem os valores fundamentais do amor, da fraternidade e do respeito mútuo. Aos jovens, pediu que tenham “coragem e fortaleza” para enfrentar os desafios; e aos religiosos (as) e padres, recordou que são sempre chamados ao

laudato si’

serviço e à atenção especial aos excluídos. A todos, e de modo especial à imprensa, sinalizou para a recomendável postura de não se instrumentalizar discursos: “Um texto não pode ser interpretado em uma frase”, pontuou.

Seminaristas encerram Missão de Férias Luciney Martins/O SÃO PAULO

Reciclagem: um caminho a ser seguido por todos Dentro das propostas apresentadas na Laudato Si’, a mais recente encíclica do Papa Francisco, há um convite para a mudança de comportamento em relação ao meio ambiente. Mudança essa que está aberta a todas as pessoas e instituições. Nesta edição, O SÃO PAULO analisa o panorama da reciclagem no País e apresenta a história de dona Maria Elsa, 69, moradora da periferia da zona norte de São Paulo, que recicla latinhas para ajudar na paróquia que frequenta. O Brasil é o pais campeão quando o assunto é reciclar latas de alumínio para bebida, mas deixa a desejar em outras ações de reciclagem. Página 11

Páginas 4, 12, 13 e 14

Seminaristas durante Missão de Férias no Hospital Dom Pedro II

Os seminaristas da Arquidiocese de São Paulo estiveram reunidos no Seminário de Teologia Bom Pastor, na segunda-feira, 13, para partilhar com os padres formadores, os bispos auxiliares da Arquidiocese e o Cardeal Scherer as experiências e frutos da Missão de Férias 2015, encerrada no domingo, 12. Durante uma semana, os seminaristas visitaram paróquias, comunidades e as chamadas realidades de fronteira, em presídios, hospitais e junto a população em situação de rua. “A presença, a alegria, a escuta, as visitas aos doentes devem fazer parte da rotina do padre”, afirmou Dom Odilo. Páginas 19, 20, 21 e 23

Beatificado, Padre Evangelizar famílias e ECA: 25 anos na defesa da Caburlotto é festejado na Sé construir a Igreja doméstica criança e do adolescente Página 22

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2 | Ponto de Vista |

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Editorial

Afinal, o que diz o Papa Francisco?

I

nfelizmente, por desconhecimento ou interesse, a grande imprensa, em suas notícias, frequentemente muda o sentido das palavras dos papas. Francisco não foge da regra. Pelo contrário, como é muito simpático e amado por pessoas de todos os credos, todos querem instrumentalizá-lo como porta-voz de suas ideias – deturpando o sentido original da sua mensagem. A missa pelas famílias, no Equador, em 6 de julho, foi um exemplo típico. Na homilia, o Papa, referindo-se às bodas de Canaã (onde Cristo transforma a água das talhas em vinho) e ao Sínodo sobre a Família, convida a todos a rezar para que: “mesmo aquilo que nos pareça impuro como a água das talhas, nos escandalize ou nos espante, Deus [...] possa milagrosamente transformar”.

Francisco estava pregando a tolerância aos gays? Mais do que isso, porque na família, como ele lembra ao longo da homilia, as pessoas mais do que toleradas são acolhidas e educadas ao amor recíproco. Francisco estava pedindo que, num milagre, os homossexuais se transformem em heterossexuais ou que os homofóbicos deixem de sê-lo? O milagre não é um projeto humano, mas um dom da misericórdia de Deus – não podemos confiná-lo a nossas concepções ideológicas, estejam elas num extremo ou no outro. A “transformação” que o Papa pede refere-se principalmente às relações interpessoais no interior da família, implica na acolhida ao homossexual, mas também ao bêbado, ao drogado, ao filho extraviado, ao pai egoísta e prepotente, etc., etc., etc. A lista de “impuros”

no mundo é imensa, porque inclui – em maior ou menor grau – a todos nós. Todos precisamos ser acolhidos assim como somos, e todos precisamos – a cada dia e em todos os dias – deste milagre que é a nossa mudança para melhor. Por isso, as palavras do Papa também não podem ser confundidas com conivência ou falta de um compromisso transformador – compromisso que será definido nos tempos e nas modalidades que o Senhor determina, mas que implica na disponibilidade de cada um de nós a mudar de alguma forma. O maior perigo da instrumentalização ideológica das palavras do Papa Francisco não está no fortalecimento desta ou daquela corrente ideológica, mas na perda da integralidade da mensagem cristã que ele apresenta. Quem ler com atenção sua

homilia verá que suas palavras vão muito além da tolerância, porque o compromisso com a acolhida e o amor é muito mais exigente. Verá que suas palavras sobre o “vinho da alegria” que falta em muitas famílias interpela a todos nós, pois todos ansiamos por uma família, um lar, onde vamos alegrar-nos e repousar nosso coração cansado de uma sociedade cheia de convites, mas pobre de eventos que realmente saciem nossa fome de vida e amor. A homilia de Francisco em Guayaquil, no Equador, é um convite, espiritual e moral, feito a todos nós e a todas as famílias, para seguir o exemplo de Maria – uma pobre jovem nazarena que se abriu totalmente a Deus e ao próximo. E também a reapresentação de uma promessa de alegria e vida plena que continua a fascinar o mundo.

Opinião

No caos grego, é preciso justiça e solidariedade Sergio Ricciuto Conte

Antônio Carlos Alves dos Santos O plebiscito de 5 de julho foi mais um capítulo na longa e emocionante novela em que se transformou a relação entre a Grécia e a chamada troica: Banco Central Europeu (ECB), Fundo Monetário Internacional e Comissão Europeia. A vitória esmagadora do “não” à última proposta de socorro apresentada pela troica foi uma surpresa para a maioria dos políticos europeus e os coloca em mares nunca dantes navegados. A situação delicada em que se encontra a economia grega é o resultado da irresponsabilidade da sua elite política, que sempre gastou mais do que arrecadava e chegou ao desplante de forjar os dados sobre a sua real situação fiscal. O mercado sabia que as estatísticas oficiais gregas não eram um primor, mas nem por isso os bancos europeus, principalmente alemães e franceses, deixaram de emprestar à Grécia. Quando o governo grego expôs a real situação das finanças públicas do País, esses bancos ficaram em situação de fragilidade e, caso a Grécia tivesse dado o calote em 2010, os contribuintes alemães e franceses é que teriam assumido a conta. A elite política grega foi, sem dúvida alguma, irresponsável e a ela cabe a maior parcela da culpa pelo desastre grego, mas os seus credores, particularmente esses bancos, também têm culpa no cartório. Ambos, no entanto, saíram ilesos e repassaram a conta para a população grega de baixa renda, em uma

manobra que entra para a longa lista da conhecida prática de lucros privados e prejuízos socializados. O primeiro socorro à Grécia foi, na verdade, um socorro aos bancos franceses e alemães. O governo grego recebeu recursos financeiros para honrar as dívidas que tinha com esses bancos e permitir que eles ganhassem tempo para reduzir a sua exposição no mercado financeiro grego. Os ricos países do norte europeu aproveitaram a oportunidade para obrigar o

governo grego a implementar reformas estruturais importantes como privatizações, mudanças na aposentadoria, redução do número de funcionários públicos. Em outras palavras, em troca dos recursos necessários para salvar os bancos, a população grega foi obrigada a aceitar uma dose cavalar de medidas de austeridade que resultaram em queda brutal do produto interno bruto (PIB), aumento do desemprego e da pobreza. O segundo socorro insistiu em

medidas de austeridade, sem oferecer nenhuma contrapartida que beneficiaria a maioria da população. Criou o ambiente propício ao fortalecimento político de partidos com posições extremas à direita e à esquerda. A vitória eleitoral do Syriza ocorreu justamente em um momento em que, pela primeira vez, em anos, a Grécia estava arrecadando mais do que gastava, isso, apesar de o governo não ter implementado várias medidas de reformas estruturais demandadas pela troica. É preciso reconhecer que tais medidas eram e são necessárias para tornar a economia grega mais eficiente e competitiva. O Governo liderado pelo Syriza, infelizmente, optou pelo caminho mais fácil de reversão de políticas que haviam permitido o aumento na arrecadação fiscal e que, com as devidas correções, poderiam colocar a Grécia no caminho do crescimento sustentável com justiça social. Ele acertou, no entanto, em demandar a redução na dívida grega com os credores, assim como na sua reestruturação. A forte oposição liderada pela Alemanha à redução e reestruturação da dívida grega é um comportamento triste, exemplo de memória seletiva: esquece que mais da metade da sua dívida foi perdoada em 1953. Essa medida e os recursos do Plano Marshall criaram as condições necessárias para o famoso milagre econômico alemão. Antônio Carlos Alves dos Santos é professor titular de Economia da PUC-SP e conselheiro do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

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cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo

N

a encíclica “Laudato si’. Sobre o cuidado da casa comum”, o Papa Francisco pede que vamos além de noções e preocupações apenas fragmentárias da questão ambiental: é preciso olhar os vários lados da questão. Não estaria bem, por exemplo, a preocupação com o desaparecimento de espécies animais e vegetais, que não fosse acompanhada com a preocupação diante da violência contra a pessoa humana. Na “casa comum”, nenhuma sujeira deve ser varrida para debaixo do tapete... Somos parte do ambiente; devemos cuidar bem dele para que ele cuide de nós. A contaminação do ar, da terra e das águas faz mal para esses elementos da natureza; mas também faz para nós mesmos. Na natureza, tudo está relacionado e também interligado com os modos de vida da sociedade. O Papa observa: não há duas crises separadas, a ambiental e a social: há uma única crise socioambiental muito complexa. E a sua superação requer uma abordagem integral, como cuidar do ambiente, combater a pobreza e dar dignidade aos excluídos (cf. nº 139). Quando a organização econômica da sociedade e dos povos é agressora e predatória do meio ambiente, a “casa comum” sofre danos. Por isso, também a economia precisa ser ecologicamente correta. Uma sociedade em crises e tensões, ou até con-

Cuidado da natureza e ecologia humana flitos, também provoca danos ao ambiente; países em guerra pouco se importam com os danos ambientais causados pelos conflitos em curso. Por isso, é necessário promover uma organização social harmônica e solidária, que possa dedicar-se melhor aos cuidados ambientais indispensáveis. É preciso pensar, também, numa cultura ecologicamente correta; isso requer a elaboração de modos de vida afinados com as realidades ambientais. Uma visão consumista da vida só consegue enxergar a natureza como um depósito de bens a consumir; a ganância e o desejo desenfreado de lucro passam por cima de qualquer regra de bom senso em relação à preservação da natureza. Não se pode esquecer que não somos os primeiros, nem os últimos a ocupar este planeta; nossa cultura não deve ficar conhecida nos séculos futuros como aquela que deixou atrás de si terrenos desertificados, águas contaminadas e montanhas de lixo plástico... A cultura de cada povo e grupo humano precisa levar em conta o ambiente da vida. O Papa Francisco também aborda a dimensão humana da ecologia. Essa é uma preocupação relativamente recente, que vai no sentido inverso do movimento da globalização: enquanto este pode ter como efeito colateral a massificação e a destruição de culturas locais e originárias, a “ecologia humana” é movida pela preocupação de preservar a identidade das culturas locais e de

grupos humanos minoritários. O desaparecimento de línguas locais deve merecer, no mínimo, preocupação semelhante à que se dedica à extinção de espécies animais ou vegetais... A ecologia humana requer esforços de todo tipo para a superação de doenças, miséria e fome, de analfabetismo, ignorância, ódio e violência... Mas também requer políticas e investimentos para que todos tenham habitação digna, acesso à informação, oportunidades de trabalho e atenção social para os membros mais frágeis da comunidade. Requer a superação de preconceitos aviltantes, da mesma forma que se cuida para não sujar praças e ruas, ou para evitar incêndios florestais... A ecologia do homem, observa o Papa, requer o estímulo para desenvolver um convívio humano dignificante, com comportamentos conformes à lei moral; sim, porque o homem, diversamente das plantas, pedras e bichos, é capaz de fazer escolhas livres e tem responsabilidade pelos seus atos. O homem recebeu do Criador natureza e dignidade inigualáveis, que ele deve respeitar; inclusive seu corpo e sua sexualidade. Precisa, também, aprender a conviver harmonicamente consigo mesmo; “não é salutar um comportamento que pretenda cancelar a diferença sexual”, diz o Papa (cf. nº 155). Contrária à ecologia humana também é toda lógica de domínio de um sobre o outro, ou de exploração egoísta do próximo.

| Encontro com o Pastor | 3

Acolhida a Dom Gebhard Fürts Rafael Alberto

Na terça-feira, 14, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, recepcionou o presidente da Comissão de Comunicação Social da Conferência Episcopal Alemã, Dom Gebhard Fürst, que realiza visita ao Brasil.

Celebração com o Cardeal Lorenzo Baldisseri Luciney Martins/O SÃO PAULO

Na tarde do sábado, 11, o Cardeal Lorenzo Baldisseri, que já foi núncio apostólico no Brasil e atualmente é secretário geral do Sínodo dos Bispos, presidiu missa no Santuário Mãe de Deus, na Diocese de Santo Amaro, concelebrada pelo bispo diocesano, Dom Fernando Figueiredo; pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo; e por padres daquela diocese e da Arquidiocese de São Paulo.

Tweets do Cardeal @DomOdiloScherer 14 – São Camilo: “... pensando serem outros

cristos, chegava a pedir-lhes a graça e o perdão dos pecados”

8 – Rm 8, 35.37 “Quem nos separará do amor

de Cristo? Fome? Espada? ...mas em tudo isso, somos mais que vencedores, graças àquele que nos amou!”


4 | Papa Francisco |

N

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o voo de volta a Roma, após terminar sua viagem apostólica ao Equador, Bolívia e Paraguai, o Papa Francisco, num diálogo franco e aberto com os jornalistas, disse não saber porque o Paraguai ainda não tem um cardeal. Afirmou, com simplicidade, que a escolha de cardeais não se trata de merecimento, até porque, segundo o Papa, a Igreja do Paraguai “mereceria ter dois, mas isso não ter nada a ver com méritos. A Igreja paraguaia é viva, alegre, lutadora e com uma história gloriosa”. Sobre uma saída da Bolívia para o mar, Francisco afirmou respeitar o recurso da Bolívia ao Tribunal Internacional de Haia. “Estando em ação um tribunal internacional não se pode falar de mediação, nem facilitação, tem que se esperar”. E depois o diálogo e uma sã negociação. Questionado sobre a situação no Equador e a instrumentalização de frase sua “o povo do Equador se pôs de pé com dignidade”, ele pediu aos jornalistas que fizessem a justa hermenêutica dos pronunciamentos, levando em consideração o contexto, a situação e a história; e explicou que sua frase dizia a respeito do pós-guerra do Equador e do Peru por limites territoriais. O Papa também explicou sobre sua crítica à economia, afirmando ter alergia pelo assunto, porque

A Igreja latino-americana é jovem e pode nos dar tanto! viu seu pai, que era contador, levar Francisco, estão no Instrumentum serviços para casa. Ele não se con- laboris do Sínodo. forma que quando se fazem ajustes Perguntado sobre o processo econômicos, são os pobres que têm entre Cuba e Estados Unidos, o que apertar o cinto. E explicou que Papa explicou mais do que uma “a economia como está hoje mata”. mediação “foi o Senhor e circunsSobre sua futura viagem aos tâncias casuais que tornaram possíEstados Unidos, o Papa afirmou vel o restabelecimento de relações. que agora vai começar a se prepa- Preocupa-o agora a Colômbia. Sorar para isso, uma vez que teve que bre a Venezuela, nada a dizer. dedicar-se a estudar os três “países Foi motivo de risos, quando belíssimos que são uma riqueza e perguntaram ao Papa o que o susuma beleza”. Primeiro vai estudar tenta a fazer tudo o que faz. Ele resobre Cuba, depois sobre os Esta- trucou: “Qual a ‘droga que eu uso?’, dos Unidos. e, ao responder, afirmou que “cerEra inevitável a pergunta sobre o presente do presidente Evo Morales: o Cris- Ele não se conforma to sobre a foice e o martelo. que quando se fazem Francisco afirmou não saber ajustes econômicos, que o Padre Espinal era escultor e poeta. Ficou saben- são os pobres que do lá. Entende que se trata apertam o cinto de uma arte de protesto, que em alguns casos pode ser tamente não é a coca. O mate ajuda ofensiva. O escultor, Padre Espinal, foi um pouco” No final do diálogo, Francisco morto em 1980, nos tempos da teologia da libertação. “Façamos se referiu à Igreja latina, como uma a hermenêutica da época”, disse o Igreja jovem, com certo frescor, Papa, fechando o assunto. também com algumas informaliSobre sua reflexão sobre a famí- dades. Tem uma teologia rica. Eu lia, que precisa limpar-se da sujeira, quis dar coragem a esta igreja e como Jesus que transformou a água creio que esta igreja pode dar tanto para limpeza em vinho nas bodas a nós. Afirmou ter ficado encantade Canaã, disse o Papa: “A família do ao ver nas ruas pais e mães com está em crise. Que o Senhor nos suas crianças. “Esse povo dá lições purifique e vamos em frente”. As para a Europa”. particularidades dessa crise, disse (Por Padre Cido Pereira)

Papa envia mensagens para o Brasil L’Osservatore Romano

Ao sobrevoar algum país, o Santo Padre sempre envia um telegrama ao seu mandatário. Na última semana, Francisco sobrevoou o espaço aéreo brasileiro por duas vezes, nos voos do Equador para a Bolívia e do Paraguai para Roma, trecho no qual praticamente cruzou o País. O Pontífice também sobrevoou a Itália, Espanha, Portugal, Venezuela e Colômbia.

Cordial ‘saludo’ “Excelentíssima senhora Dilma Rousseff, presidente da República Federativa do Brasil, Brasília. Ao sobrevoar o território brasileiro, para dar início a minha visita pastoral à Bolívia e ao Paraguai, é muito grato desejar um cordial ‘saludo’ a V. Exa. e renovar a aproximação e afeto pelo povo brasileiro, para quem eu peço ao Senhor abundantes graças. E que vocês possam progredir os valores sociais e espirituais aumentando o compromisso pela justiça, solidariedade e paz, atentamente”, disse o Pontífice, ao passar pela primeira vez sobre o Brasil, na quinta-feira, 9.

Bênção apostólica “Regressando da visita, que me levou a encontrar tantos irmãos no Equador, Bolívia e Paraguai, saúdo vossa Excelência desejando ao Brasil um futuro sereno e feliz para seus filhos, que recordo com saudades e a quem envio uma propiciadora bênção apostólica”, escreveu o Papa no domingo, 12. (Por Fernando Geronazzo)

QR Code para ler os discursos do Papa Francisco durante sua viagem à América Latina. Basta ter um leitor de QR Code instalado em seu celular ou tablete, abra o aplicativo e direcione a câmera do seu celular para a imagem. Caso não tenha o Aplicativo, vá a loja virtual do seu celular (Play Store – Android, App Store – iOS, Marketplace - Windows Phone) procure por QR Code e faça o download gratuito. Se não conseguir entre no site www.arquisp.org.br e leia os discursos.


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Espiritualidade Chamados e enviados: Missão de Férias dos diáconos e seminaristas da Arquidiocese DOM EDUARDO VIEIRA DOS SANTOS

O

Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Sé

Evangelho do 14º Domingo do Tempo Comum nos apresenta Jesus que chama e envia os seus discípulos em missão, dois a dois, transmitindo-lhes seu poder libertador e curador (cf. Mc 6,7). Os discípulos devem levar na missão apenas o cajado e sandálias nos pés. Não devem levar nem pão, nem sacola, nem dinheiro. Devem entrar nas casas, motivar para a conversão, expulsar os demônios e curar os doentes (cf. Mc 6, 8-13). Dando essas orientações, Jesus chama e envia os seus 12 discípulos para anunciarem o “Reino de Deus”. Com essas orientações missionárias, os diáconos transitórios e seminaristas da Arquidiocese de São Paulo também foram enviados para um período intenso de missão de férias na Arquidiocese, entre os dias 3 e 13 deste mês. Dando continuidade à missão salvadora de Jesus, os seus 12 discípulos e, hoje, os diáconos e seminaristas da Arquidiocese, assim como cada um de nós, são pessoalmente chamados e enviados em missão para as diversas realidades de

nossa cidade, para anunciar Jesus Cristo, o Bom Pastor. Neste 15º Domingo do Tempo Comum, o Evangelho nos apresenta Jesus que se encontra com seus discípulos, os quais retornam da missão cheios de entusiasmo e felizes pelo sucesso da missão. Convidados por Jesus para um merecido descanso, são interrompidos pela agitação das multidões, que os procuram para serem atendidos em suas necessidades. Vendo a realidade das multidões desesperadas, Jesus teve compaixão, pois eram como ovelhas sem pastor. Os diáconos e seminaristas enviados em missão também viveram, nestes dias de intenso serviço missionário, uma experiência semelhante a de Jesus e seus discípulos. Indo ao encontro das pessoas nas famílias, locais de trabalho, nas comunidades, hospitais, presídios, praças e ruas de nossa cidade, entre tantos lugares, encontraram também “multidões” que diante de suas necessidades e sofrimentos vivem “como ovelhas sem pastor”, à espera de “libertação e cura”. Foram para eles dias de profunda vivência do chamado que Jesus faz a cada um nós: “Vinde, e eu farei de vocês pescadores de homens”. Chamados e enviados em missão, a fé e a confiança em Jesus Cristo e na sua Palavra, a alegria de partilhar da sua missão evangelizadora, está estampada no rosto de cada um dos diáconos

e seminaristas missionários, agora também chamados para uns dias de descanso, visto que a missão é árdua e faz-se necessário descansar. Continuará a ecoar nos seus ouvidos e corações, assim como nos nossos, o chamado e o envio de Jesus para darmos atenção a tantas pessoas que com suas necessidades, aflitas aguardam o nosso terno e misericordioso cuidado pastoral. O exemplo de Jesus, Bom Samaritano e Bom Pastor, nos comovida a um incansável trabalho missionário, que não é como outro trabalho qualquer, pois nasce da fé n’Ele e na sua Palavra e nos leva a uma autêntica paixão pelas pessoas e por suas necessidades. Sem essa paixão pelas pessoas e verdadeira atenção às suas necessidades e sofrimentos, nenhum cristão ou cristã, nenhum missionário ou missionária será buscado como foi Jesus e seus discípulos pelos pobres, sofredores e multidões. Aos diáconos e seminaristas da Arquidiocese de São Paulo, que apoiados pelo nosso arcebispo, Dom Odilo Pedro Scherer e seus bispos auxiliares, pelos padres formadores, pelos padres das paróquias e inúmeros leigos e leigas, tiveram a coragem e a alegria de irem em diversas realidades, muitas delas desafiadoras, anunciar Jesus Cristo, Bom Pastor, o nosso muito obrigado. Que Deus vos abençoe e vos confirme como batizados o alegre desejo do cuidado pastoral do seu povo. Boas férias.

| Fé e Vida | 5

Fé e Cidadania O Papa é o novo Francisco de Assis Frei Patrício Sciadini, OCD O mundo fica, todos os dias, de olhos esbugalhados diante a simplicidade e a mística do Papa Francisco. A sua encíclica que tem uma clara referência a Francisco de Assis, “Laudato Si’ ”, é uma obra prima, é uma sinfonia, um cântico de amor, não à natureza em si mesma, mas à natureza como casa do ser humano, preparada por Deus para todos e não para um “grupinho de felizardos”, que fechando os olhos para não ver, tentam cada vez mais explorar tudo para ser mais e mais rico. O Papa levanta a voz contra essa exploração e recorda a todos que não é lícito violentar a natureza, e assim preparar um amanhã sombrio para todos os que vierem depois nós. Não temos direito de desertificar as florestas, secar os rios, desfrutar os minérios, contaminar a água da qual todos têm necessidade absoluta. Todos os povos da terra têm direito de ter uma “casa” bela, cheia de vida. Li com muita atenção essa encíclica e confesso que não entendi tudo, mas creio ter compreendido a mensagem que está por detrás de cada palavra: cada um de nós é responsável com a mãe terra, e essa defesa começa no nosso pequeno jardim de casa. A Amazônia, as florestas do Congo estão aí ao nosso lado, não devemos aniquilar nada, mas tudo defender e cuidar com amor. Essa encíclica é cientifica, econômica, política e por isso alguns “magnatas do mundo” não se sentiram bem com ela e disseram que o Papa, a Igreja, não devem se meter na economia, mas falar só de coisas religiosas. Porém, como pode a Igreja se calar quando vê que o mundo, deteriorado, empobrece o ser humano? Por que os seres humanos constroem cidades onde só os ricos podem entrar e os pobres são marginalizados? Quem dá este direito ao homem de excluir os outros e de se sentir dono da terra? Eu fiquei feliz quando descobri que o Papa Francisco dedica dois números a dois santos do Carmelo: a Santa Teresinha do Menino Jesus e São João da Cruz. São os números 230 e 234. Vamos ler essa encíclica e o que não entendermos deixemo-lo para os inteligentes, mas para nós, pobres de sandálias, que vamos por estradas e desertos, conservemos a mensagem, cuidemos da natureza, toda e integral e do chamado do Papa para que a vida seja melhor. E cantemos com Francisco “Louvado sejas meu Senhor, por nossa mãe terra!”.

cada um de nós é responsável com a mãe terra, e essa defesa começa no nosso pequeno jardim de casa. A Amazônia, as florestas do Congo estão aí ao nosso lado, não devemos aniquilar nada, mas tudo defender e cuidar com amor


6 | Fé e Vida |

15 a 21 de julho de 2015 | www.arquidiocesedesaopaulo.org.br

Liturgia e Vida

Você Pergunta Noiva católica e noivo evangélico podem se casar na nossa Igreja?

16º DOMINGO DO TEMPO COMUM 19 DE JULHO DE 2015

O rebanho do Senhor ANA FLORA ANDERSON Neste domingo, parece que os textos litúrgicos foram escolhidos pelo Papa Francisco! O tema central é o cuidado com o povo de Deus. Aprofundase o verdadeiro sentido de ser Igreja. A antífona louva a revelação de que Deus sempre nos ajuda e nos defende nesta vida. A primeira leitura (Jeremias 23, 1-6) mostra os cuidados de Deus para com seu povo. Esse é seu rebanho e, pelo profeta, Deus critica quem deixa as ovelhas se perderem ou se dispersarem. Ele nos chama para cuidar de seu povo e fazê-lo crescer. A segunda leitura (Efésios 2, 3-18) é um hino de louvor a Jesus Cristo que, por seu amor e entrega na cruz, nos traz a paz e a unidade. Cristo destruiu

o muro da separação entre as raças, as classes e os sexos. Em Cristo Jesus foi criado um só povo, o Homem Novo. O Evangelho de São Marcos (6, 30-34) narra como Jesus, no seu ministério, revela o que significa sermos verdadeiramente pastores no meio do povo de Deus. Jesus enviou seus apóstolos para pregar o Evangelho ao povo. Eles voltam exaustos e Jesus os leva para um lugar deserto para descansar. Porém, o povo necessitado vê Jesus sair da cidade. Uma multidão se apressa para chegar ao lugar deserto antes de Jesus. Ele, naquele momento, nos ensina o que é o coração do ministério, a compaixão. As ovelhas encontraram o verdadeiro Pastor que ensina tudo que é necessário para vivermos unidos na paz e na tranquilidade.

padre Cido Pereira osaopaulo@uol.com.br

Jackeline Dias, católica, está prestes a ficar noiva de um evangélico. Os dois são muito religiosos. Jackeline quer saber se é possível realizar o Matrimônio sem que nenhum dos dois tenha que passar para a religião do outro. “Eu já sou batizada e crismada e meu futuro noivo não. Conseguimos realizar a cerimônia na Igreja Católica?” Jackeline, sua pergunta é ótima porque me permite esclarecer muitas pessoas que vivem a mesma situação que a sua. A primeira coisa a dizer a você é que o seu casamento somente poderá se realizar na Igreja Católica com um compromisso formal seu de educar os filhos na fé católica. E a parte não católica, no caso, o seu noivo, deverá ser notificado e aceitar o seu compromisso. Caso contrá-

rio, nada feito. Em segundo lugar, é bom que você saiba que o casamento na Igreja Católica poderá ser assistido pelo pastor do seu noivo que, em diálogo com o padre, poderá fazer uma reflexão antes ou depois do compromisso de vocês. Eu penso que assim se respeitará a opção religiosa dos noivos. Em terceiro lugar, em conversa com o padre, é possível pedir uma licença na cúria para que o seu casamento seja realizado em um lugar neutro, de forma que não haja constrangimento nem dos católicos nem dos não católicos. E lembre-se: como católica, que você seja firme na sua fé. Estou cansado de ver a parte católica fazer concessões e a parte evangélica não fazer concessão alguma. O diálogo nesse caso deve ser sincero, amoroso e, principalmente, respeitoso. Espero tê-la ajudado. Deus a abençoe.

Atos da Cúria NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE PÁROCO Para assinar O SÃO PAULO: Escolha uma das opções e a forma de pagamento. Envie esse cupom para: FUNDAÇÃO METROPOLITANA PAULISTA, Avenida Higienópolis, 890 São Paulo - SP - CEP 01238-000 - Tel: (011) 3666-9660/3660-3724

ASSINATURA SEMESTRAL: R$ 45 ANUAL: R$ 78 FORMA DE PAGAMENTO CHEQUE (Nominal à FUNDAÇÃO METROPOLITANA PAULISTA) DEPÓSITO BANCÁRIO Bradesco ag 3394 c/c44159-7 COBRANÇA BANCÁRIA

NOME___________________________________________________________ _________________________________________________________________ DATA DE NASC. ___/___/____CPF/CNPJ _________________________________ ENDEREÇO ___________________________________________________________ __________________________________________________________ nº __________ COMPLEMENTO ______________________ BAIRRO ___________________________ CEP ____________ - ___________ CIDADE____________________________________ ESTADO ______ E-MAIL: ________________________________________________ TEL: (__________) ______________________________________ DATA ____/___/____

Em 7 de julho de 2015, foi nomeado e provisionado Pároco da Paróquia Santa Rosa de Lima, da Região Episcopal Sé, Setor Pastoral Perdizes, o Revmo. Pe. Sérgio Lucas Câmara, pelo período de 6 (seis) anos. PRORROGAÇÃO DA NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE PÁROCO Em 7 de julho de 2015, foi prorrogada a nomeação e provisão de Pároco da Paróquia São Dimas, da Região Episcopal Sé, Setor Pastoral Jardins, do Revmo. Pe. Pedro Antonio Ariede, pelo período de 3 (três) anos.

Em 1º de julho de 2015, foi prorrogada a nomeação e provisão de Pároco da Paróquia Cristo Rei, da Região Episcopal Belém, Setor Pastoral Tatuapé, do Revmo. Pe. Marcelo Maróstica Quadro, pelo período de 3 (três) anos. NOMEAÇÃO DE ADMINISTRADOR PAROQUIAL Em 8 de julho de 2015, foi nomeado Administrador Paroquial da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, da Região Episcopal Sé, Setor Pastoral Pinheiros, o Revmo. Pe. Valmir Neres de Barros. NOMEAÇÃO DE ECONÔMO Em 1º de julho de 2015, foi nomeado Ecônomo da Região Episcopal Belém, o Revmo. Pe. Reginaldo Donatoni, pelo período de 3 (três) anos.


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| Pastorais | 7

CAMI

Imigrantes diante do desafio da casa própria em São Paulo Cientes da realidade dos imigrantes no espaço urbano, das dificuldades encontradas para locação de imóvel, a discriminação e o desconhecimento jurídico para conquistar a casa própria, o Centro de Apoio e Pastoral do Migrante (CAMI) e a Associação Padre Bento da Praça Kantuta realizaram, no dia 5, uma assembleia popular sobre a moradia para os imigrantes. Participaram cerca de 200 imigrantes que vivem na capital e na Grande São Paulo, juntamente com representantes da Secretaria de Habitação da Prefeitura de São Paulo, a Frente de Luta pela

Moradia e dirigentes do Movimento de Moradia. A representante da Unificação das Lutas de Cortiço e Moradia, Elisabete Silverio, explicou que o movimento milita há mais de 25 anos na cidade de São Paulo em favor de um direito básico de cidadania, o direito à moradia digna. O movimento articula-se em diferentes regiões da capital. Os associados participam de plenárias quinzenais ou mensais de acordo com agenda da Associação de Moradia e estão no cadastro do “Programa Minha Casa Minha Vida”. O representante da Frente de Luta por

Moradia, Manoel Del Rio, demonstrou-se solidário com o sofrimento do imigrante que não encontra moradia. O artigo 5º da Constituição Federal diz: “todos são iguais perante a lei”; portanto, é imprescindível que os imigrantes sejam contemplados em suas carências habitacionais. Quanto à locação de imóveis, Nello Pulcinelli, assistente social do CAMI, denunciou a arbitrariedade em relação aos imigrantes, preços abusivos dos aluguéis, exageros nas documentações para locação e exigência de depósitos abusivos. Ele disse que o CAMI coloca-se à disposição dos imigrantes

para orientá-los na garantia de direitos. Alguns imigrantes testemunharam suas conquistas por meio do movimento de moradia, outros dirigiram-se à mesa solicitando esclarecimentos sobre os critérios para realizar o cadastro no programa “Minha Casa, Minha Vida”, o tempo de espera para obter a casa própria, se há alguma restrição em participar do plano do governo e de algum movimento da moradia simultaneamente e se o trabalho autônomo gera algum impedimento para cadastrar-se, entre outras questões. (Fonte: CAMI, com colaboração de Elisete Avelar)

Pastoral Carcerária Dom Otacílio Luziano da Silva é o novo bispo referencial da Pastoral A Pastoral Carcerária Nacional anunciou na terça-feira, 14, que Dom Otacílio Luziano da Silva, 60, bispo de Catanduva (SP), é o novo bispo referencial da Pastoral. Ele substituirá a Dom Pedro Luiz Stringhini, atual bispo de Mogi das Cruzes, que por 14 anos esteve como referencial da Pastoral. Dom Otacílio já exercia essa função no Regional Sul 1 da CNBB (São Paulo) e em 2014 teve destacado empenho para que o governador do Estado, Geraldo Alckmin, sancionasse a lei que proíbe a revista vexatória nas unidades prisionais paulistas. Para o novo Bispo referencial, assumir a função “é um grande desafio por se tratar de uma pastoral que tem a missão de trabalhar com pessoas mais excluídas de nossa sociedade, pessoas que a sociedade sente medo, alimenta desejo de vingança, quer ver longe de seus caminhos. No entanto, esse desafio temos que enfrentar e ver na pessoa do preso a própria pessoa de Jesus de Cristo. Porém, esse contato exige dos agentes da Pastoral Carcerária atitudes

Pastoral Carcerária

Dom Otacílio Luziano durante assembleia estadual da Pastoral Carcerária de São Paulo

que vão além da mera compaixão, pois é necessário fazer com que a pessoa encarcerada reconheça seu erro e busque caminhos de conversão, de libertação.

Nota de Falecimento

Faleceu, no dia 3, a senhora Cecília Beli Falciano, coordenadora e fundadora da Pastoral da Pessoa Idosa da Arquidiocese de São Paulo. Por mais de 20 anos, ela também atuou na Pastoral da Criança.

E isso só será possível através de Jesus Cristo”. Dom Otacílio considera que a Pastoral Carcerária pode aprimorar ainda

mais a busca da defesa dos direitos do encarcerado, “que no Brasil significa os mais pobres, e que muitas vezes não contam com quem os defenda”; a indicação de novos caminhos, “que lhes ajudem a mudar de vida”; a escuta do que o encarcerado tem a dizer, “inclusive de sua própria vida, de sua história e de seus anseios”. Outros desafios da Pastoral, segundo Dom Otacílio, são a “luta pela humanização do cárcere, que, infelizmente, é um mal necessário e reflexo de uma sociedade que ainda caminha longe dos caminhos de Deus. É preciso a transformação dos cárceres em ambientes que deem oportunidade para o preso se reabilitar e voltar a conviver normalmente na sociedade”; e a “defesa do desencarceramento como solução contra a crescente violência em nosso País, propondo políticas públicas mais justas que abram caminhos para a inclusão de todas as pessoas, não somente no que toca à redistribuição de renda”. (Com informações da Pastoral Carcerária)

COMIRE Aberta inscrições para o Encontro Missionário do Regional Sul 1 Entre 28 e 30 de agosto, acontece em São Paulo (SP), o 35º Encontro Estadual Missionário do Conselho Missionário Regional (Comire) do Regional Sul 1 da CNBB, à luz do tema “A fé que testemunhamos” (At 1,8) e do lema: “Vós sereis minhas testemunhas” (At 1,8). O encontro tem o objetivo de

rever a prática missionária a partir das dioceses e espalhar o entusiasmo da missão nas paróquias e comunidades. A iniciativa é também uma oportunidade para o aprofundamento e retomada do ardor missionário, além das partilhas vivenciadas pela espiritualidade

missionária. Cada diocese do regional tem direito a quatro vagas no encontro, e pelo menos uma deve ser destinada a um seminarista. As inscrições devem ser feitas até 10 de agosto. Outras informações podem ser obtidas pelo e-mail comire@cnbbsul1.org.br.


8 | Pelo Brasil |

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Filipe David

Destaques das Agências Nacionais

osaopaulo@uol.com.br

ECA: 25 anos depois As discussões a respeito da maioridade penal ocorrem num momento em que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) completa 25 anos. Instituído no dia 13 de julho de 1990, o ECA seguiu os princípios estabelecidos pela Constituição de 1988. Esta, por sua vez, guiou-se, nesse ponto, pelas diretrizes de uma resolução da Organização das Nações Unidas (ONU): as Regras mínimas das Nações Unidas para administração da Justiça da Infância e da Juventude, mais conhecida como Regras de Pequim, já que boa parte do texto foi elaborado em uma conferência na cidade chinesa. Entre as inovações trazidas pelo ECA está o amplo direito à defesa, incluindo a participação

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Crianças participam de manifestação no centro de São Paulo em valorização ao Estatuto da Criança e do Adolescente

obrigatória de um advogado de defesa em todo processo que possa resultar em aplicação de medida restritiva de liberdade

(como a internação ou regime de semiliberdade), que só deve ser aplicado em casos graves. O período máximo de internação

para um menor infrator foi estipulado em três anos. Além disso, foi estabelecido que crianças e jovens em situ-

ações conflitivas deverão ser atendidos pelo Conselho Tutelar, composto por psicólogos, pedagogos e assistentes sociais, eliminando ou reduzindo o contato do menor com a polícia. Entre 1990 e hoje, os indicadores mostram uma drástica redução do trabalho infantil (23/1.000 nascimentos em 1992 e 1,9 em 2010), do analfabetismo entre menores de 15 anos (19,4% em 1990 e 8,5% em 2013) e da mortalidade infantil (47/1000 nascimentos em 1990 e 14,4 em 2014). No entanto, o número de homicídios de crianças e adolescentes quase dobrou no período e as unidades de internação estão superlotadas em quase todo o País. Fonte das estatísticas: G1

Metade dos menores Projeto de lei pretende infratores foi criada sem o pai autorizar o porte de armas De acordo com matéria publicada pelo Estadão, a Fundação Casa afirma existirem 9.978 jovens que cumprem medidas socioeducativas na Instituição. Destes, mais da metade viveu apenas com a família da mãe ou

é filho de pai que está preso. Segundo o IBGE, das 50 milhões de famílias brasileiras, 8 milhões são chefiadas por mulheres sem cônjuge, o que representa 15% do total. Fontes: Estadão/ Veja

Embora o plebiscito de 2005 tenha rejeitado a proibição das armas de fogo, o fato é que o porte de armas já havia sido severamente restringido com o Estatuto do Desarmamento, de 2003. Um

novo projeto de lei pretende reverter essa restrição e autorizá-la para todos os cidadãos que atendam aos requisitos de idoneidade, estabilidade psicológica e treinamento adequado. A proposta é do

deputado Rogério Peninha Mendonça (PMDB-SC) e está sob análise de uma comissão especial criada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Fonte: Veja

Muticom acontece nesta semana em Vitória (ES) Com o tema “Ética nas comunicações”, o 9º Mutirão Brasileiro de Comunicação, o Muticom, acontecerá na cidade de Vitória (ES), entre os dias 15 a 19. Pensar a comunicação social

a partir de valores e princípios é o que se propõe no 9º Muticom, por meio de palestras com especialistas, debates, grupos de trabalho, apresentação de modelos de comunicação que estão dando certo e avaliação de pu-

blicações, sites e outras mídias produzidas por grupos comprometidos e Igrejas. O encontro levará a Vitória profissionais como Caco Barcelos, jornalista da TV Globo, que irá tratar do tema “A espetacu-

larização da notícia”, e o jornalista Elson Faxina, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O Muticom, que acontece a cada dois anos, é um projeto da Comissão Episcopal Pastoral

para a Comunicação da CNBB, com o objetivo de partilhar experiências, conhecimentos e ideias no campo da comunicação. Fonte: Muticom.com e CNBB (Redação: Daniel Gomes)


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Destaques das Agências Internacionais

| Pelo Mundo | 9 Filipe David

osaopaulo@uol.com.br

Irã/Roma

Vaticano acolhe o acordo nuclear iraniano O porta-voz do Vaticano, Padre Federico Lombardi, disse que “o acordo sobre o programa nuclear iraniano é visto com bons olhos pela Santa Sé”. O acordo, negociado entre o Irã e seis países – Estados Unidos, Inglaterra, França, China, Rússia e Alemanha –, foi feito para impedir que o Irã utilize tecnologia

nuclear para fins militares. Em troca, as sanções econômicas internacionais serão removidas. O acordo tem sido objeto de crítica por parte de políticos conservadores americanos: “Em vez de parar a disseminação de armas nucleares no Oriente Médio, esse acordo vai provavelmente alimentar uma

corrida armamentista nuclear ao redor do mundo”. Israel também criticou o acordo, que “fornecerá centenas de bilhões de dólares com os quais o Irã poderá alimentar sua máquina de terror e sua expansão e agressão por todo o Oriente Médio e pelo mundo”. Segundo o presidente norte-america-

no, Barack Obama, o acordo deve obrigar o Irã a remover dois terços de suas centrífugas, abdicar de 98% de seu urânio enriquecido, aceitar a volta das sanções em caso de violação do acordo e permitir o acesso da Agência Internacional de Energia Atômica para inspeções. Fonte: BBC/ Catholic Herald

ACN

Sudão/ Sudão do Sul Milhares de refugiados em necessidade Milhares de pessoas que foram deslocadas pelos conflitos no Sudão se veem forçadas a procurar no mato por pequenas frutas para comer. A informação é da entidade Ajuda à Igreja que Sofre (AIS). Muitos têm buscado refúgio no Sudão do Sul, onde estão sob o constante risco de abusos. Além disso, nos dois países, as agências da ONU foram banidas, o que obriga toda ajuda internacional a passar

pelo governo local para poder chegar até os refugiados. A Igreja Católica anunciou uma nova iniciativa de mediação para pacificar o conflito que já dura desde 2013. Dom Paolino Lukudu Loro, arcebispo de Juba, convidou os líderes a não deixar o País no caos e pediu aos sul-sudaneses para não se dividirem entre diferentes líderes e facções armadas. Fonte: Fides/ Catholic Herald

Igreja tenta mediar conflitos no Sudão, que têm afetado de modo especial população mais vulnerável do País

Argentina

Arcebispo denuncia: vida e liberdade de consciência estão ameaçadas O arcebispo de San Miguel de Tucumán, Dom Alfredo Zecca, por ocasião do Te Deum de ação de graças no dia da independência argentina, 9 de julho, denunciou as tentativas de impor medidas que violam direitos humanos fundamentais: “estão tentando impor protocolos para o aborto e a

inseminação artificial absolutamente inaceitáveis, porque violam o direito fundamental à vida e a seguir a própria consciência”. O Arcebispo denunciou também o “clima de medo” que se está instaurando: “Vemos leis de legitimidade jurídica duvidosa, com base num

positivismo inaceitável; se propõem políticas públicas que ignoram os direitos humanos fundamentais; se ataca impunemente a Igreja e há violação de seus direitos, mesmo através de alguns meios de comunicação, agridem injustamente a Igreja, ridicularizando os valores religiosos e aqueles que os pro-

fessam. Não se persegue abertamente os fiéis, mas eles são ameaçados: não se respeita o direito de agir de acordo com sua consciência, e isso cria um clima de medo, em que não é possível professar a fé abertamente e agir em conformidade”

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Fonte: Fides


10 | Viver Bem |

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Comportamento

7x1 para não esquecer! Valdir Reginato costumes. Diante de uma paisa- lhes, a cada dia em circunstâncias

Revivemos, na última semana, o aniversário de um ano da dolorosa derrota para a seleção da Alemanha. Em território nacional, se disputava a Copa do Mundo, que deveria ser para apagar outra dor, de mais de cinquenta anos, quando perdemos a final para o Uruguai, em pleno Maracanã. Não só não se apagou, como se estabeleceu um novo marco, que deverá se perpetuar para a eternidade futebolística mundial! Nem sequer os alemães acreditaram em quatro gols em seis minutos, que arrasaram a seleção canarinho, seguidos dos demais até completar a fabulosa goleada. Fica a pergunta: De fato foi tão inesperada assim? Não vou me aventurar por comentários e análises técnicas do futebol. Como todo brasileiro, respirava uma atmosfera de que “vai dar”. Contudo, não havia o respaldo na arte e na competência dos jogadores que convencesse a nossa esperança; a exceção de um, que por motivo de lesão não pôde jogar. Na verdade, apoiávamo-nos todos num passado de tradições do futebol brasileiro – pentacampeão - com uma história gloriosa, sem dúvida, de ser o melhor mas que há muito tempo já não trazia as mesmas alegrias, e muito menos confiança. A desclassificação recente da Copa América confirma a nossa modesta análise. Fico pensando se isso não ocorre conosco em outros campos, que não o gramado para futebol: aqueles que se apresentam para se “jogar a vida”. Trabalhamos duro durante anos. Esforçamo-nos de verdade para crescer. E crescemos com méritos. Constituímos famílias. Lutamos para o seu crescimento saudável, dentro dos princípios da nossa fé e da moral. Consideramos que estamos vivendo a tradição dos bons

gem sem grandes tempestades, variadas, que exige uma educação neblinas ou ventanias, o caminho familiar, fora enfraquecida. “Tsupassa a ser percorrido com certa namis” existem e provocam calatranquilidade, aonde a atenção, midades, mas são raros. É quando quase imperceptivelmente, vai nos esquecemos de verificar os diminuindo, e esperamos chegar freios, ver se os pneus não estão caao destino programado. Afinal, recas, ou a revisão vencida, porque já trabalhamos muito por isso. E é nessa estrada conhecida e tranacontece de um dia nos sentirmos quila, que ocorrem os “acidentes como o Brasil diante da goleada inesperados”. A educação é exigente aos da Alemanha. Somos chamados à delegacia pais, e muito! Atenção às peporque o filho adolescente foi pego quenas mudanças de comportacom drogas. A filha se apresenta mentos: nos horários de saída e com a notícia da gravidez no na- chegada; no parecer “esquisito” moro, que começou há menos de na hora do jantar; mudanças do seis meses. O garoto quer abandonar Diante de uma paisagem a faculdade, por- sem grandes tempestades, que entrou numa neblinas ou ventanias, crise existencial e se tornou adepto o caminho passa a da geração “nem- ser percorrido com nem”: nem estuda certa tranquilidade, e nem trabalha. aonde a atenção, quase Sem prolongar-se de modo alarmante imperceptivelmente, vai nos exemplos, vem diminuindo, e esperamos o filho que resolve chegar ao destino ir morar com a na- programado morada, mas não quer saber de casar, porque para apetite; na convivência com amieles isso não é importante... A per- gos que não se esperava; no novo gunta natural dos pais: “O que fize- vestuário sensual; nas rusgas mais mos de errado?!” frequentes, muitas vezes sem cauCom certeza, vencer a seleção sa; ou nos silêncios prolongados, brasileira já seria um marco, mas surgem os indícios de que alguma de goleada foi surpresa até para coisa não vai bem. É o momento os alemães, que entraram atônitos de aproximar-se, interessar-se, no vestiário no intervalo para o ajudar. Falar “tu-a-tu”, com carisegundo tempo, achando estar vi- nho e compreensão. As conquisvendo um delírio. Não poderiam tas que tornaram uma seleção de esperar o Brasil tão despreparado tradições gloriosas oferecem o diante do peso da responsabilidade modelo que deve ser vivido por da tradição, em sua própria casa! aqueles que a estão defendendo Também alguns “fatos” entram em hoje. Devemos colocar, dia-a-dia, nossos lares, e em princípio, cientes o mesmo empenho e a mesma de nossos costumes e tradições, até garra daqueles que a fizeram uma acharíamos difícil uma mudança, equipe respeitada. quiçá tão radicais. No entanto, a Dr. Valdir Reginato é médico de família, atenção amorosa, cuidadosa e perprofessor da Escola Paulista de Medicina e terapeuta familiar. severante, em todos os seus deta-

Cuidar da Saúde

Dermatite atópica

Cássia Regina aparecem na face e geralmente nos quartos. Deve-se usar hidraDermatite atópica é um processo inflamatório da pele bem frequente, principalmente em pessoas que têm rinite, asma e bronquite. Causa coceira, descamação e vermelhidão na pele. Em crianças pequenas, essas lesões

se dão pelo uso de amaciantes na roupas e uso de colônias. Nos maiores, aparece, ainda, nos cotovelos e se deve também à pele seca. Por isso, deve-se evitar banhos longos e quentes, cosméticos perfumados demais, manter tapetes, bichos de pelúcia e cortinas

tante na pele, tomar bastante água e deixar a casa bem ventilada para evitar acúmulo de ácaros. Além dessas prevenções, existe o tratamento medicamentoso, que deve ser indicado pelo seu médico. Dra. Cássia Regina é médica atuante na Estratégia de Saúde da Família (PSF)


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| Reportagem | 11

Todo mundo pode reciclar educação ambiental tem vindo a ampliar os seus objetivos. Se, no começo, estava muito centrada na informação científica e na consciencialização e prevenção dos riscos ambientais, agora tende a incluir uma crítica dos ‘mitos’ da modernidade baseados na razão instrumental (individualismo, progresso ilimitado, concorrência, consumismo, mercado sem regras) e tende também a recuperar os distintos níveis de equilíbrio ecológico: o interior

consigo mesmo, o solidário com os outros, o natural com todos os seres vivos, o espiritual com Deus. A educação ambiental deveria predispornos para dar este salto para o Mistério, do qual uma ética ecológica recebe o seu sentido mais profundo. Além disso, há educadores capazes de reordenar os itinerários pedagógicos duma ética ecológica, de modo que ajudem efetivamente a crescer na solidariedade, na responsabilidade e no cuidado assente na compaixão.” Laudato Si’ , 210 Luciney Martins/O SÃO PAULO

Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com

“Acho que a limpeza na mãe terra é muito importante de ser feita, pois ela nos cria. A terra tem que ser cuidada, tem que ser limpa, nosso chão tem que estar limpo”. Dona Maria Elsa Furtado, 69, moradora do Jardim Fontalis, na zona norte da capital paulista, é uma das muitas pessoas que tem vivido na prática o que pede o Papa Francisco na encíclica Laudato Si’. Antes mesmo de a Encíclica ser escrita, antes até que o Cardeal Bergoglio se tornasse bispo de Roma, dona Elsa já estava preocupada com a “casa comum” e colocava em prática, dentro de seu alcance, formas de preservar e ajudar o planeta. Quando mais jovem, Elsa foi empregada por 25 anos de uma empresa de papel de carbono; sua irmã tinha uma pequena reciclagem. Ela conta que a pedido do dono da empresa, recolhia as sobras de papel, limpava o local, e ainda ganhava um dinheiro junto com a irmã que recolhia os papéis e vendia. Mesmo depois de aposentada, Elsa não parou. Associada do Apostolado da Oração da Paróquia Natividade do Senhor, ela se sentiu impelida a ajudar quando ouviu o pároco pedir donativos para a manutenção e construção da igreja. Como a aposentadoria mal ajudava a pagar as contas, ela resolveu recolher os materiais que poderiam ser reciclados após as festas da igreja, vender e reverter o dinheiro para a Paróquia. “Nas primeiras festas da igreja, eu fiz muito dinheiro [juntando a reciclagem e vendendo]. As pessoas separavam os materiais, eu ia buscar e vender”, conta, sorrindo. E acrescenta, “catar reciclagem não é para men-

QR Code para baixar a Encíclica do Papa Francisco, Laudato Si’. Basta ter um leitor de QR Code instalado em seu celular ou tablete, abra o aplicativo e direcione a câmera do seu celular para a imagem. Caso não tenha o Aplicativo, vá a loja virtual do seu celular (Play Store – Android, App Store – iOS, Marketplace - Windows Phone) procure por QR Code e faça o download gratuito. Se não conseguir entre no site www.arquisp.org.br e leia a encíclica.

digo é para qualquer pessoa”. Dona Elsa foi catequista na Paróquia Natividade do Senhor, e dizia sempre para as crianças não jogarem papel no chão e cuidarem da natureza. “O ambiente é nossa vida, é o ar que respiramos, é a água que tomamos banho. Deus nos deu tudo isso”. Na casa da dona Elsa, somente o resto de comida e o papel do banheiro é que vão para o lixo. Com orgulho, destaca que na porta de casa “não se vê um papel”. Para ela, o ser humano tem que viver, aproveitar e cuidar das coisas da natureza.

Um país que não sabe onde pôr seu lixo

Cada dia que você põe o lixo para fora, consegue imaginar quantos R$ - reais - está jogando no lixo? Isso mesmo, R$ (reais).

De acordo com dados de 2011, do diretor executivo da Secretaria Nacional de Ambientes Urbanos do Ministério do Meio Ambiente, Silvano Costa, por não reciclar resíduos compostos por plástico, metal, papel e vidro, o Brasil possuía, à época, um gasto anual de R$ 8 bilhões. Na 11ª edição do relatório anual da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2013 mostrou que no ano anterior à pesquisa, foram geradas mais de 76 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos, um aumento de 4,1%. A pesquisa mostrou que 60% dos municípios brasileiros ainda encaminham seus resíduos para locais inadequados.

Conforme os dados apresentados no Panorama, é justamente a destinação final o ponto mais deficiente no sistema de gestão de resíduos brasileiro. Apenas 58,3% dos resíduos sólidos urbanos coletados têm destinação final adequada. Essa situação se mantém praticamente inalterada em relação ao cenário de 2012. A outra parcela, que corresponde a 41,7% do que é coletado e totaliza 28,8 milhões de toneladas por ano, é depositada em lixões e aterros controlados, que pouco se diferenciam dos lixões, em termos de impacto ambiental.

Brasil: o campeão de reciclagem de latas de alumínio

O Brasil é o país que mais recicla latas de alumínio para bebida no mundo. De acordo

com os dados da Associação Brasileira de Alumínio (ABAL) e da Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade (ABRALATAS), divulgados em 2013, o País reciclou 267,1 mil toneladas de latas de alumínio para bebidas, das 272,8 mil toneladas disponíveis no mercado em 2012. Com isso, o índice de reciclagem de latas de alumínio para bebidas atingiu 97,9%, mantendo o Brasil na liderança mundial, desde 2001. Conforme dados das duas entidades, foram recicladas no ano passado 19,8 bilhões de embalagens, o correspondente a 54,1 milhões/dia, ou 2,3 milhões/hora. Além disso, a coleta de latas de alumínio para bebidas injetou R$ 630 milhões na economia nacional, em 2012. Como o processo de reciclagem consome menos energia elétrica que o processo de metal primário, a ABAL destaca que a reciclagem das 267,1 mil toneladas de latas proporcionou uma economia de 4.000 GWh ao País, número equivalente ao consumo residencial anual de 6,6 milhões de pessoas, em 2 milhões de residências.


12 | Reportagem |

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o domingo, 12, o Papa Francisco encerrou sua viagem apostólica à América latina. Desde o dia 5, o Pontífice passou pelo Equador, Bolívia e Paraguai, falando às autoridades e à população desses países e também aos padres e religiosos (leia mais na página 14). Nas reportagens a seguir, O SÃO PAULO apresenta uma síntese dos principais discursos do Papa.

As mensagens de Francisco para a América latina

‘Olhem o contexto’, diz Papa sobre instrumentalização de discursos Fernando Geronazzo Especial para O SÃO PAULO

D

urante a entrevista coletiva concedida a bordo do voo de Assunção a Roma, na noite do domingo, 12, o Papa Francisco chamou atenção dos jornalistas para o cuidado com a instrumentalização de seus discursos, muitas vezes tirados do contexto. O Santo Padre alertou para o risco de não se levar em conta o que ele chama de “hermenêutica”

do texto. Uma das respostas foi a um repórter equatoriano, que falou sobre um possível uso político de uma frase do Pontífice em meio à onda de protestos de grupos de oposição ao atual governo do País. Diante da afirmação de Francisco de que “o povo do Equador se colocou de pé com dignidade”, o jornalista perguntou: “A que se refere essa frase? O senhor simpatiza com o projeto político do presidente Correa?” O Santo Padre respondeu, ressaltando a importância de que se faça uma “hermenêutica”, isto L’Osservatore Romano

Francisco pede que seus discursos sejam analisados de modo contextualizado

Jovens com esperança e felizes de verdade Daniel Gomes

danielgomes.jornalista@gmail.com

N

a visita à América latina, o Papa Francisco, em diferentes discursos, dirigiu-se aos jovens, como sinais da esperança para a Igreja e a sociedade. No Paraguai, no domingo,

12, no Encontro com os Jovens, Francisco exortou-lhes a ter um coração livre, “um coração que possa dizer o que pensa, que possa dizer o que sente e que possa fazer o pensa”. Lembrou, ainda, que “a exploração, a falta de meios para sobreviver, a dependência de drogas, a tristeza, tudo isso nos tira a liberdade”.

é, uma interpretação da frase em seu contexto. “Uma frase pode ser instrumentalizada e eu acho que vocês têm que ter muito cuidado [...]. Um texto não pode ser interpretado em uma frase”, disse. Ainda de acordo com o Papa, entender esse contexto é compreender do que se está falando. No caso específico da questão, Francisco se referia a um dado do passado do povo equatoriano que, segundo ele, adquiriu maior consciência de seu valor depois do conflito fronteiriço com o Peru na década de 1930. “Após a guerra, o povo levantou-se e tornou-se cada vez mais consciente de sua dignidade e riqueza da unidade na sua unidade e variedade”, disse. Já a uma jornalista espanhola que lhe perguntou se não tinha medo de ter seus discursos instrumentalizados pelos governos, grupos de poder e movimentos, Francisco afirmou que algumas vezes tem conhecimento que alguma frase sua foi tomada fora de contexto, por isso, reforça a importância de que haja um cuidado com a interpretação. “Não tenho medo, simplesmente digo, mas olhem

O Papa também pediu que os jovens tenham coragem de “ir contra a corrente”: “queremos jovens que não se cansem rápido, queremos jovens fortes, com esperança e fortaleza”; Exortou, ainda, que saiam do lugar comum. “Façam uma bagunça que nos dê um coração livre, solidariedade, esperança, uma bagunça que nasça de ter conhecido Jesus e de saber que Deus é nossa fortaleza.”.

Jovens ‘aposentados’

Ainda no Paraguai, em encontro com a sociedade civil, no sábado, 11, o Papa enfatizou que a juventude “é um tempo de grandes ideais” e que se entristece ao “ver um jovem aposentado”. O Pontífice lembrou, ainda, que não há verdadeira felicidade sem fraternidade e aconselhou que os jovens deem ouvidos aos idosos, “eles são os guardiões desse patrimônio espiritual de fé e de valores que definem um

o contexto! Se eu estiver errado, com um pouco de vergonha, peço desculpas e sigo adiante”.

papa Francisco explica que não se ofendeu com presente de Evo Morales

O Papa também esclareceu aos jornalistas outra polêmica veiculada pela mídia a respeito de um dos presentes recebidos do presidente da Bolívia, Evo Morales, durante sua visita a La Paz, na quinta-feira, 9. A imagem de Jesus crucificado sobre uma foice e um martelo era uma réplica da obra feita pelo jesuíta Padre Luis Espinal Camps, assassinado por paramilitares em 1980. O Pontífice declarou que o presente pode ser considerado como “arte de protesto que, em alguns casos, pode ser ofensivo” e disse, ainda, que, para ele, “não foi uma ofensa”. “Foi curioso, eu não sabia disto e não sabia que o Padre Espinal era escultor e poeta, soube nestes dias. Foi uma surpresa para mim”, garantiu. O Santo Padre falou da importância de se compreender o contexto vivido pelo Sacerdote.

povo e iluminam o caminho”. No mesmo discurso, lembrou que felicidade e prazer não são sinônimos. “Uma coisa é a felicidade e o gozo que vem e outra é um prazer passageiro. A felicidade constrói, é sólida, edifica. A felicidade exige compromisso e entrega... Não tenhais medo de dar o vosso melhor. Não busquem o conchavo prévio para evitar o cansaço, a luta. Não corrompam”.

Juventude, Igreja e Educação

Em discurso na Pontifícia Universidade Católica de Quito, no Equador, no dia 7, o Papa exortou que as famílias, centros educativos e professores ajudem os jovens a não ver a formação universitária como sinônimo de dinheiro e prestígio social, mas “como sinal de maior responsabilidade perante os problemas de hoje, perante o cuidado do

“Era uma época na qual a teologia da libertação tinha muitos ramos. Um desses ramos defendia a análise marxista da realidade, e o sacerdote jesuíta pertencia a esta”, explicou o Papa, recordando que tanto o superior geral da Companhia de Jesus, quanto a Congregação para a Doutrina da Fé se manifestaram na época criticando essa corrente de pensamento e abrindo a “perspectivas mais cristãs”. “Para mim não foi uma ofensa, mas tive que fazer esta hermenêutica e digo a vocês, para que não haja interpretações erradas”, afirmou o Papa, informando que levou consigo o presente, enquanto as duas condecorações recebidas de Morales foram deixadas diante da imagem de Nossa Senhora de Copacabana, padroeira da Bolívia. “Jamais aceitei honorificências, eu não posso ... Mas ele [Evo Morales] fez isso com boa vontade e com o desejo de me agradar. Se as levo ao Vaticano, irão parar no Museu, terminará neste lugar e ninguém jamais as verá. Então, pensei em deixá-las à Virgem de Copacabana, a padroeira da Bolívia”.

mais pobre, perante o cuidado do meio ambiente”. Dirigindose aos jovens, disse que ter acesso ao estudo é um direito e um privilégio. “Quantos amigos, conhecidos e desconhecidos, queriam ter um lugar nesta casa, mas por várias circunstâncias não conseguiram? Em que medida o nosso estudo nos ajuda a ser solidários com eles?”, indagou. Na chegada à Bolívia, no dia 8, Francisco destacou que a Igreja tem “uma preocupação especial pelos jovens que, comprometidos com sua fé e com grandes ideais, são uma promessa de futuro ‘vigias que anunciam a luz da alvorada e a nova primavera do Evangelho’ (João Paulo II, Mensagem para a XVIII Jornada Mundial da Juventude, 6). Cuidar das crianças e fazer com que a juventude se comprometa em ideais nobres é garantia de futuro para uma sociedade”.


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| Reportagem | 13

Pensar a sociedade a partir dos valores aprendidos na família Filipe David

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a visita ao Equador, o Papa Francisco ressaltou a importância da família – uma escola de virtudes – para a vida em sociedade: “na família, ‘aprende-se a pedir licença’ sem servilismo, a dizer ‘obrigado’ como expressão de uma sentida avaliação das coisas que recebemos, a dominar a agressividade ou a ganância; lá se aprende também a pedir desculpa quando fazemos algo de mau quando nos ofendemos.” Além de ser o lugar próprio para o aprendizado das virtudes básicas, a família é também um meio de santificação, uma “igreja doméstica”: “A família também forma uma pequena Igreja – chamamo-la ‘Igreja doméstica’ – que, juntamente com a vida, canaliza a ternura e a misericórdia divina. Na família, a fé mistura-se com o leite materno: experimentando o amor dos pais, sente-se mais perto do amor de Deus.” Ainda no Equador, no seu “encontro com a sociedade civil”, o Papa fez uma analogia entre a família e a sociedade. “Já em várias ocasiões, me referi à importância da família como célula da sociedade. No âmbito familiar, as pessoas recebem os valores fundamentais do amor, da fraternidade e do respeito mútuo, que se traduzem em

valores sociais fundamentais: a gratuidade, a solidariedade e a subsidiariedade. Então, partindo deste ser de casa, olhando para a família, pensemos na sociedade por meio destes valores sociais que “mamamos” em casa, na família: a gratuidade, a solidariedade e a subsidiariedade.”

Gratuidade, solidariedade e subsidiariedade

Sobre a gratuidade, o Papa deu o exemplo dos meninos que aprendem a dividir e a pensar no outro na família, o que se torna a base para a justiça social na sociedade: “Este menino que aprende a abrir-se ao outro. No âmbito social, isto supõe assumir que a gratuidade não é complementar, mas requisito necessário para justiça. O que somos e temos foi-nos confiado para o colocarmos ao serviço dos outros – de graça recebemos, de graça o damos. A nossa tarefa é fazer com que frutifique em boas obras.” O Papa explicou que a solidariedade na sociedade nasce da fraternidade na família: “Da fraternidade vivida na família, nasce este segundo valor, a solidariedade na sociedade, que não consiste apenas em dar ao necessitado, mas em sermos responsáveis uns pelos outros. Se virmos no outro um irmão, ninguém pode ficar excluído, nin-

guém pode ficar marginalizado.” Sobre a subsidiariedade, o Papa ressaltou a importância da liberdade individual e dos diversos grupos sociais: “Os homens, os grupos têm direito de percorrer o seu caminho, ainda que isso às vezes suponha cometer erros. No respeito da liberdade, a sociedade civil é chamada a promover cada pessoa e agente social, para que possa assumir o seu papel e contribuir, a partir da sua especificidade, para o bem comum.”

Reclusão não é exclusão

Ainda em seu discurso à sociedade civil no Equador, o Papa elogiou o exemplo das mulheres – mães e esposas – que continuam visitando seus maridos e filhos presos, dizendo: “Numa família, os pais, os avós, os filhos são de casa; ninguém fica excluído”. Antes de deixar a Bolívia, o Papa Francisco visitou o centro de reabilitação Santa Cruz Palmasola, onde lembrou que “reclusão não é exclusão” e mencionou alguns dos problemas do sistema carcerário, como “a superlotação, a morosidade da justiça, a falta de terapias ocupacionais e de políticas de reabilitação, a violência, a carência de facilidades de estudos universitários”. Francisco também fez questão de afirmar que sempre há coisas que podemos fazer: “Aqui, neste Centro de Reabi-

litação, a convivência depende em parte de vós. O sofrimento e a privação podem tornar o nosso coração egoísta e levar a confrontos, mas também temos a capacidade de os transformar em ocasião de autêntica fraternidade. Ajudai-vos mutuamente. Não tenhais medo de vos ajudar entre vós. O diabo procura a briga, procura a rivalidade, a divisão, os bandos. Não lhe deis ouvido. Lutai para sairdes vencedores contra ele, unidos.”

Engajamento, diálogo e inclusão

Já em seu discurso aos representantes da sociedade civil em Assunção, no Paraguai, o Papa respondeu a três perguntas, tratando do engajamento dos jovens para transformar a sociedade num “espaço de fraternidade, justiça, paz e dignidade para todos”, da importância do diálogo e da atenção aos pobres para “construir uma sociedade mais inclusiva”. O Papa chamou a atenção

para a importância do diálogo e pediu que se evite o diálogo falso, o “diálogo-teatro”: “Se tu, no diálogo, não dizes realmente aquilo que sentes, aquilo que pensas, e não te comprometes a escutar o outro, mas vais ajustando aquilo que estás pensando e conversando, o diálogo não serve, é uma representação.” Sobre a inclusão e atenção aos pobres, o Papa Francisco alertou os jovens contra os perigos das ideologias que instrumentalizam os pobres: “Um aspecto fundamental na promoção dos pobres é também o modo como os vemos. Não serve uma visão ideológica, que acaba por usar os pobres ao serviço de outros interesses políticos ou pessoais. As ideologias terminam mal, não servem. As ideologias têm uma relação incompleta, enferma ou ruim com o povo. As ideologias não assumem o povo. Por isso, observem o século passado. Como terminaram as ideologias? Em ditaduras, sempre.” L’Osservatore Romano

‘Terra, teto e trabalho são direitos sagrados’ Edcarlos Bispo

A

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o discursar para os participantes do II Encontro dos Movimentos Populares, na quinta-feira, 9, o Papa Francisco fez veementes críticas ao sistema econômico mundial, e recordou os “3Ts” – expressão usada no primeiro encontro que aconteceu em novembro de 2014 no Vaticano – terra, teto e trabalho. “A Bíblia lembra-nos que Deus escuta o clamor do seu povo e também eu quero voltar a unir a minha voz à vossa: terra, teto e trabalho para todos os nossos irmãos e irmãs. Disse-o e repito: são direitos sagrados. Vale a pena, vale a pena lutar por eles. Que o clamor dos excluídos seja escutado na América latina e em toda a Terra”. A fala do Papa foi construída em torno de quatro eixos. No primeiro, o Pontífice abordou a questão da necessidade

de mudanças. “Se é assim – insisto – digamo-lo sem medo: Queremos uma mudança, uma mudança real, uma mudança de estruturas. Esse sistema é insuportável: não o suportam os camponeses, não o suportam os trabalhadores, não o suportam as comunidades, não o suportam os povos.... E nem sequer o suporta a Terra, a irmã Mãe Terra, como dizia São Francisco”. O Papa, no segundo ponto, coloca os membros dos movimentos populares como “semeadores da mudança”. “A mudança concebida, não como algo que um dia chegará porque se impôs esta ou aquela opção política ou porque se estabeleceu esta ou aquela estrutura social. Sabemos, amargamente, que uma mudança de estruturas, que não seja acompanhada por uma conversão sincera das atitudes e do coração, acaba a longo ou curto prazo por burocratizar-se, corromper-se e sucumbir”. No terceiro eixo, o Santo Pa-

dre propõe uma reflexão sobre “tarefas importantes” para que haja uma mudança “positiva em benefício de todos os nossos irmãos e irmãs”. São elas: “pôr a economia ao serviço dos povos”; “unir os nossos povos no caminho da paz e da justiça”; “assumir hoje, é defender a Mãe Terra”. O Papa, no último eixo, reforçou o que propõe na Laudato Si’, afirmando que “a casa comum de todos nós está a ser saqueada, devastada, vexada impunemente. A covardia em defendê-la é um pecado grave. Vemos, com crescente decepção, sucederem-se uma após outras cimeiras internacionais sem qualquer resultado importante. Existe um claro, definitivo e inadiável imperativo ético de atuar que não está a ser cumprido. Não se pode permitir que certos interesses – que são globais, mas não universais – se imponham, submetendo Estados e organismos internacionais, e

Papa Francisco destaca o papel da família como célula da sociedade

continuem a destruir a criação. Os povos e os seus movimentos são chamados a clamar, mobilizar-se, exigir – pacífica, mas tenazmente – a adopção urgente de medidas apropriadas. Peçovos, em nome de Deus, que defendais a Mãe Terra”. Por fim, o Santo Padre afirmou que “o futuro da humanidade não está unicamente nas mãos dos grandes dirigentes, das grandes potências e das elites. Está fundamentalmente nas mãos dos povos; na sua capaci-

dade de se organizarem e também nas suas mãos que regem, com humildade e convicção, este processo de mudança”. Ainda conclamou todos a dizerem juntos: “nenhuma família sem teto, nenhum camponês sem-terra, nenhum trabalhador sem direitos, nenhum povo sem soberania, nenhuma pessoa sem dignidade, nenhuma criança sem infância, nenhum jovem sem possibilidades, nenhum idoso sem uma veneranda velhice”.


14 | Reportagem | Em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, Francisco exortou o clero, religiosos e religiosas a desenvolverem atitudes de compaixão diante dos que sofrem e afirmou que não somos testemunhas de ideologias

Michelino Roberto

N

osaopaulo@uol.com.br

a programação de sua viagem à América Latina, o papa Francisco reservou três encontros com o clero, religiosos (as) e seminaristas, em cada país pelo qual passou, no âmbito dos quais, pontuou com absoluta clareza o que espera dos pastores da Igreja: vida abnegada, espírito missionário e serviço. O primeiro encontro ocorreu na manhã da quarta-feira, 8, no Santuário Nacional Mariano El Quinche, no Equador. Lá, Francisco, desejoso de falar em modo direto e espontâneo aos religiosos reunidos, abandonou o discurso escrito que havia preparado para a ocasião e fez um outro de improviso: “Hoje, eu tenho que falar aos sacerdotes, seminaristas, religiosos, religiosas e dizer-vos alguma coisa. Tenho um discurso preparado, mas não quero lê-lo. Portanto, eu o entrego ao Presidente da Conferência dos Religiosos para torná-lo público mais tarde”. Francisco lembrou a todos os religiosos que a vocação não é uma questão de mérito pessoal, mas um dom gratuito de Deus. “Vós não pagastes a entrada para entrar no seminário, para entrar na vida religiosa. Vós não a merecestes. Se algum religioso, sacerdote ou seminarista ou uma freira que está aqui acredita que a merecia, que levante a mão. Tudo é gratuito. E a vida inteira de um religioso, de uma religiosa, de um sacerdote e de um seminarista tem de ir por este caminho – e, já que estamos aqui, digamos também –, a vida dos bispos têm de ir por este caminho da gratuidade”. Segundo Francisco, a cons-

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Papa adverte religiosos contra o ‘Alzheimer espiritual’ e a indiferença diante dos excluídos ciência de que somos todos objeto da gratuidade de Deus é um remédio contra a doença que denominou “Alzheimer espiritual”, que se caracteriza pela perda da memória de onde foi tirado. Uma vez desenvolvida essa doença, passa-se a se dar excessiva importância pessoal e a perder o sentido da missão a que os consagrados foram chamados: servir. “A gratuidade é uma graça que

coisa… não posso…, que eu já estou por fechar a secretaria… sim é verdade que eu tinha que ir abençoar as casas mas… não posso, estou cansado…’ ou – aqui falo com as freirinhas: ‘hoje se transmite uma bela telenovela na televisão…’. Serviço, servir, servir, e não fazer outra coisa, e servir quando estamos exaustos e servir quando as pessoas nos cansam”.

que o cego Bartimeu, tomando consciência que era Jesus quem passava com o seus discípulos, grita por Jesus e se une ao grupo dos seus seguidores. “Cego e mendigo, Bartimeu estava à beira do caminho – mais exclusão que isso, impossível! -, marginalizado;”, observou o Papa. E continuou: “Ao redor de Jesus, caminhavam os apóstolos, os discípulos, as L’Osservatore Romano

Em encontro com sacerdotes, seminaristas, religiosos e religiosas, Papa exorta a não perderem o sentido da missão

não pode conviver com a promoção e, quando um sacerdote, um seminarista, um religioso, uma religiosa entra na carreira – não o digo por mal, na carreira humana – começa a ficar doente de Alzheimer espiritual…” O Santo Padre apontou duas atitudes notáveis em um consagrado que vive o sentido da gratuidade: serviço e alegria. “Deus me escolheu, me tirou de algum lugar. Para quê? Para servir. E servir num serviço que me é peculiar. ‘Mas eu devo ter o meu tempo… devo fazer essa

Atenção aos excluídos

O segundo encontro do Papa com o clero e os religiosos ocorreu na tarde da quinta-feira, 9, na Escola Dom Bosco, em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, país em que na opinião de diversos observadores Francisco fez sua crítica mais dura ao capitalismo e à cultura do descarte. Aos religiosos, o Papa proferiu um discurso bastante contundente exigindo destes atenção especial aos excluídos. Refletindo sobre o episódio do Evangelho de Marcos, em

mulheres que habitualmente o seguiam...E uma grande multidão. Se traduzimos isto, forçando a linguagem, em torno a Jesus iam os bispos, os padres, as freiras, os seminaristas, os leigos comprometidos, todos os que seguiam-no, escutando a Jesus, junto com o povo fiel de Deus”. Francisco falou sobre as possíveis atitudes e reações dos discípulos diante do “grito do mendigo. “Pensemos nas diferentes reações dos bispos, padres, freiras, seminaristas aos

gritos que vamos escutando ou não escutando (...); mostrar como reagem perante o sofrimento de quem está na beira da estrada, com quem ninguém se importa – no máximo dão uma esmola – da pessoa que está sentada na sua dor, que não entra neste círculo de pessoas que está seguindo o Senhor”, provocou o Santo Padre. A seguir, constatou três atitudes: a indiferença dos que consideram que os excluídos não são um problema seu ou que se habituam a ver o sofrimento alheio como algo natural; a atitude do desprezo diante daqueles que gritam e sofrem e os repreendem por considerarem que a vida de Jesus é apenas para aqueles que consideram aptos e sentindo-se superiores, atuam não mais como “pastores”, mas como “capatazes”; e, por fim, a atitude daqueles que, tendo observado e aprendido com a atitude de Jesus, que se detem diante do cego, desenvolvem por este uma atitude de compaixão que resulta em sua inclusão. “Um dia, Jesus viu-nos à beira da estrada, sentados nas nossas dores, nas nossas misérias, nas nossas indiferenças. Cada um conhece a sua história antiga. Não silenciou os nossos gritos; antes, deteve-se, aproximou-se e perguntou o que podia fazer por nós. E, graças a tantas testemunhas que nos disseram “coragem, levanta-te”, gradualmente fomos tocando aquele amor misericordioso, aquele amor transformador que nos permitiu ver a luz. Não somos testemunhas de uma ideologia, não somos testemunhas de uma receita, uma forma de fazer teologia. Somos testemunhas do amor sanador e misericordioso de Jesus”, concluiu o Papa.


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| Entrevista | 15

Com a Palavra: Benedicto Carlos Gatollini

Unidas, famílias edificam a Igreja doméstica Luciney Martins/O SÃO PAULO

Daniel Gomes

casa”. O nosso carisma é edificar a Igreja doméstica, é ir em cada lar e renovar a Igreja. Além dos retiros para as famílias, consagrados e consagrandos, fazemos o sarau para os jovens, que é quando eles vão visitar as famílias dos próprios jovens da comunidade, uma vez por mês, fazem festa, ouvem a história da família, rezam por ela. São os próprios jovens evangelizando os pais.

danielgomes.jornalista@gmail.com

Há dez anos, Benedicto Carlos Gatollini, 46, reencontrou o caminho da fé, após receber o perdão da esposa por um caso de adultério. Com ela, fundou a comunidade católica Famílias Novas do Imaculado Coração de Maria (www.familiasnovas. com.br). Hoje, o casal e seus cinco filhos estão unidos a outras 200 famílias, 150 jovens e 130 crianças, com atuação nas dioceses de Campo Limpo Paulista, Mogi das Cruzes, Santo Amaro, Osasco, São Miguel Paulista, Santo André e na Arquidiocese de São Paulo. Nesta entrevista ao O SÃO PAULO, Benedicto explica como o carisma da comunidade é vivenciado e revela sua preocupação com os rumos da família brasileira, especialmente diante das tentativas do avanço da ideologia de gênero no País. “É uma ameaça à família, uma ameaça à Igreja, e temos que partir para a defesa da família”, enfatiza.

O SÃO PAULO – O que levou o se-

nhor a criar a comunidade Famílias Novas do Imaculado Coração de Maria?

Benedicto Gatollini - A comunidade começou em 2006, com uma conversão pessoal muito forte. No começo de 2005, vivemos um processo de restauração profundo em casa, tivemos um encontro com o Senhor, e passamos a valorizar as coisas pequenas do dia a dia. Antes, a nossa vida, e a minha principalmente, tinha se aburguesado muito, foi quando perdi a fé e cometi adultério. Minha esposa, Maria Leonor Gattolini, aprendeu os valores da fé na família e por isso teve a força para me perdoar e nesse perdão sincero e puro me mostrar a verdadeira face de Deus. Percebi o quanto ela me amava e o quanto a família era importante, pois o mundo tinha me cegado de tal forma que eu esqueci o principal, o valor da minha vida e da família. Eu me lembro que meu sogro, o Dr. José Geraldo Barreto Fonseca, desembargador decano do Tribunal de Justiça, já falecido, ciente da minha derrocada, me levou para um confessionário e falou “filho, você não é esse homem, eu o conheço, você precisa retomar o seu coração”.Eu fiz uma confissão profunda, de duas horas, e, no dia seguinte, mudei completamente a minha vida: passei a rezar o Terço, a ir à missa diariamente, me renovei. Em seis meses, minha casa era outra. Passei a valorizar coisas pequenas, como tomar um

Após quase uma década de evangelização nas casas, o que mudou no desafio de evangelizar as famílias?

lanche na padaria com a minha filha e, ao mesmo tempo, ter uma vida sacramental de oração. Essas coisas fizeram minha casa resplandecer. Com o tempo, um ardor missionário muito grande foi batendo em nosso coração. Vendo as janelas dos apartamentos, eu sentia a presença do inimigo destruindo as famílias. Foi então que percebi que precisava partilhar minha experiência com as pessoas. Foi surgindo o carisma. Começamos a ter a necessidade de encontrar uma comunidade de família, com pais e filhos, para viver uma espiritualidade mariana, aberto aos carismas e louvores de uma maneira serena. Assim foi fundada a comunidade, em 2006, justamente para dar um suporte para as famílias viverem a beleza de ser família: à luz do sacramento do Matrimônio, pais e filhos vivendo e testemunhando o Evangelho em casa. O reconhecimento oficial da comunidade, com estatuto aprovado, veio em 2008.

O senhor disse que se cegou para o valor da própria vida e da família. O que leva alguém a chegar a tal situação?

No meu caso, e penso que acontece com muitos outros, é um aburguesamento, é você se deixar levar pelo consumismo. O consumismo é a pior arma contra a família e eu fui vítima dessa arma. O egoísmo foi brotando no meu coração de tal forma, que eu só pensava em mim, me ceguei completamente, e fui buscar no mundo a satisfação para os meus prazeres. Eu não tinha nenhuma visão da felicidade realizada a partir de Deus.

Hoje a comunidade está em quais dioceses?

A nossa diocese mãe, onde temos o de-

creto de reconhecimento, é a Diocese de Campo Limpo, com um decreto do Dom Emílio Pignoli, hoje bispo emérito, convalidado por Dom Luís Antônio Guedes, atual bispo. Também temos grupos na Arquidiocese de São Paulo e nas dioceses de Mogi das Cruzes, Santo Amaro, Osasco, São Miguel Paulista e estamos começando trabalhos na Diocese de Santo André.

Como é a rotina de evangelização da comunidade Famílias Novas?

A proposta é de ir ao encontro. Desde o começo, tivemos acesso ao método de evangelização em células, que nos pareceu condizente com essa visão. Formamos células, devagar, sempre abordando temas tratados principalmente na exortação apostólica Familiares Consortio, de São João Paulo II. Fomos formando roteiros de uma forma muito interativa para pais e filhos ao mesmo tempo e também fazíamos uma vigília mensal para dar um suporte espiritual às famílias, além de celebrações festivas. Hoje, o ritmo normal da comunidade é com as células, quinzenais, a vigília e a confraternização mensal. Além disso, nas férias, fazemos o acampamento com as crianças, jovens e os pais, com vários jogos interativos para evangelização. Os acampamentos acontecem duas vezes por ano, nas férias. Também temos o retiro da família, com seções divididas por faixa etária.

A juventude tem um papel especial na comunidade?

Sim. Muitos jovens foram atraídos para a comunidade com um chamado muito forte: “Jovem, volta pra casa pra ser santo e salva a tua família”, e também “Ide em cada lar e renovai a Igreja, a partir da tua

Quando criamos a comunidade, já estava se formando um ataque forte à família. O panorama era muito triste, já havia muitas separações de casais, o índice era de 50% nos primeiros cinco anos de Matrimônio. Em dez anos, o panorama “avançou” de uma tal forma que se chegou nessa aberração que é a ideologia de gênero, é algo que quer desmontar completamente a família natural, destruindo a raiz cristã. Isso é um absurdo! O que a gente viu foi um ataque frontal, a partir de ONGs que se infiltraram na ONU, dando financiamentos altíssimos, visando a destruição da família, a reconstrução da sociedade, a partir de um modelo que elas imaginam que será melhor, uma sociedade em que não há pais ou mães e onde os seres são completamente manipulados.

Então o senhor considera a ideologia de gênero um risco efetivo para as famílias?

A ideologia de gênero é um risco para a família, porque ela desconstrói um princípio básico do direito natural nas crianças, o direito delas serem segundo as suas próprias naturezas. Essas crianças vão crescer sem nenhuma referência, inclusive sem a referência cristã. Se deixarmos, no futuro, chegaremos ao mesmo patamar do que acontece na Suécia, uma sociedade onde é impenetrável a evangelização, uma sociedade totalmente doente, onde aumentou em 1.000% o índice de estupro, é uma sociedade enlouquecida. Se permitimos que essa ideologia de gênero avance no Brasil, como querem alguns setores do Governo Federal, vamos assistir a destruição total do princípio básico da família. A ideologia de gênero é uma ameaça à família, uma ameaça à Igreja, e temos que partir para a defesa da família. Essa reação contra a ideologia de gênero no Brasil é esperançosa. A CNBB se movimentou, a Pastoral Familiar e as comunidades também. Nós lotamos as câmaras municipais. Enquanto comunidade católica Famílias Novas, estivemos em 13 câmaras municipais e na Assembleia Legislativa de São Paulo. Então, estamos lutando junto com a Igreja e foi bom vemos a união do povo de Deus para a defesa da família e da Igreja.


16 | Fé e Cultura |

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Filipe David

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Dica de Leitura

Gender, quem és tu? “Com rapidez e meios desconcertantes, o conceito polimorfo de gender (gênero, em inglês) se implantou no cerne das políticas internacionais, regionais, nacionais e locais, instrumentos jurídicos, programas culturais, códigos éticos, universidades e escolas. (...) Quais são as realidades que esse novo conceito designa?” “Por meio do estudo do feminismo radical e de seus aliados históricos, queremos perceber a intuição de base que guia os teóricos do gender radical, penetrar no cerne da inteligibilidade de suas ideias, encontrar seu princípio estruturante e articulador e o movimento íntimo que o anima”. “Alguns apontam hoje para uma tendência do Estado de querer substituir à família no que concerne à educação das crianças, adolescentes e jovens (postura

estatizante); por um lado, fazendo apelo aos direitos das crianças e, por outro, criando seu próprio departamento de planejamento familiar, que, no fundo, não leva em conta os interesses da família, mas tende a propor seu ponto de vista em função de estudos de especialistas que, muitas vezes, sequer têm a família como horizonte ou a valorizam”. “(...) A educação da sexualidade requer uma educação para o amor. Essa noção está ausente das propostas de educação sexual comumente veiculadas (muitas vezes sanitaristas e contraceptivas)”.

Oficina e leitura Os sabores da literatura

(Trechos do posfácio do Pe. Rafael C. Fornasier.) Ficha técnica Autor: Olivier Bonnewijn Páginas: 104 Editora: Ecclesiae

A Casa Guilherme de Almeida oferece uma oficina de leitura e interpretação de texto: “Aprender a saborear um texto literário permite melhorar a expressão individual e aumenta o traquejo social de quem lê. Esta oficina buscará aprofundar a interação entre leitura e literatura, por meio da apresentação de textos de grandes autores, tanto ficcionistas quanto poetas. De modo “não acadêmico”, serão analisados recursos literários nas obras de escritores luminares como Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade, João Guimarães Rosa, Roberto Piva, Hilda Hilst, William Faulkner, Konstantino Kavafys, Jorge Luis Borges, Anna Akhmátova e Paul Celan, entre outros.” “João Silvério Trevisan é escritor, cineasta e ensaísta. Publicou 12 livros, entre ensaios, romances e contos. Realizou inúmeros trabalhos como roteirista e diretor de cinema, dramaturgo e jornalista. (...) Já colaborou com os mais importantes jornais e revistas brasileiros, além de vários órgãos internacionais. É tradutor do espanhol e do inglês, tendo vertido para o português obras de Jorge Luis Borges, Guillermo Cabrera Infante e Melanie Klein, entre outros. Para inscrições e mais informações: (11) 3673-1883 ou www.casaguilhermedealmeida.org.br


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| Esporte | 17 Fotos: Comitê Olímpico do Brasil

Flávia Saraiva, da ginástica artística; Isaquias Queiroz, da canoagem; Marcel Stürmer, da patinação artística; e Tiago Camilo, do judô, são alguns dos donos das mais de 40 medalhas do Brasil

Nos primeiros dias de competições em Toronto, judô brasileiro confirma boa fase; canoagem e badminton surpreendem Daniel Gomes

danielgomes.jornalista@gmail.com

Vencer. Marcel Stürmer, 29, não pensava em outra possibilidade ao chegar ao Pan de Toronto para as provas da patinação artística. Na modalidade que não é olímpica, ele já havia conquistado ouro em Santo Domingo 2003, Rio 2007 e em Guadalaraja 2011, No domingo, 12, Marcel se tornou o primeiro brasileiro tetracampeão em Pans em uma mesma categoria. “Indescritível a sensação de ser o primeiro brasileiro a conquistar quatro ouros seguidos. A lição que fica é de que tudo aquilo que estiver ao seu alcance, seja pouco ou muito, você pode conquistar”, disse Marcel, em entrevista. Quem também confirmou o favoritismo em Toronto foi o judoca Tiago Camilo, 32, que na categoria até 90 kg alcançou sua terceira medalha em Pans. “Cada conquista é especial. O Pan sempre mexeu comigo pela atmosfera. Estou muito feliz com este resultado”, declarou ao site da Confederação Brasileira de Judô.

O Brasil em conhecidos e novos pódios no Pan No Pan 2015, o judô brasileiro ratificou a boa fase: foram 13 medalhas das 14 possíveis. Além de Tiago, subiram ao lugar mais alto do pódio Charles Chibana (até 66 kg), Érica Miranda (52 kg), Luciano Correa (100kg) e David Moura (+100kg). Campeão olímpico na ginástica artística, Arthur Zanetti manteve a soberania na disputa das argolas faturou a medalha de ouro. Ele ainda impulsionou o Brasil na conquista da prata por equipes masculina. O conjunto feminino chegou ao bronze, com destaque para Flávia Saraiva Lopes, 15, também medalhista de bronze no individual geral.

Surpresa nos lagos e nas petecas

Em duas modalidades, de modo especial, o desempenho brasileiro foi surpreendente. A equipe de canoagem velocidade alcançou nove medalhas no Pan, três das quais com Isaquias Queiroz, 21, que foi ouro no C1 1.000 metros e no C1 200 metros, e prata no C2 1.000 metros, com Erlon de Souza. “É uma satisfação muito grande ajudar o Brasil no resultado por equipes,

porque não somos um só, somos o Time Brasil”, disse Isaquias, em entrevista ao site da Confederação Brasileira de Canoagem. Ainda na canoagem, duas mulheres se tornaram as primeiras medalhistas em Pans pelo Brasil nesse esporte: Ana Paula Vergutz, bronze no K1 500 metros, e Valdenice Conceição, também bronze no C1 200 metros. Foram também pioneiras em medalhas femininas para o Brasil em Pans, as atletas da equipe de rugby sevens, que alcançaram bronze; as halterofilistas Bruna Piloto e Jaqueline Ferreira, igualmente medalhistas de bronze no levantamento de peso; e as irmãs Luana e Lohaynny Vicente, que nesta quarta-feira, 15, disputam as finais das duplas no badminton, popularmente conhecido como o esporte da “raquete na peteca”. Na terça-feira, 14, Lohaynny, junto a Alex Tjong, assegurou o terceiro lugar nas duplas mistas. Ainda na quarta-feira, 15, o Brasil disputa, pela primeira vez, a final das duplas masculinas do badminton, com Hugo Arthuso e Daniel Paiola. “Melhorou o nível

do badminton brasileiro. Os juniores estão vindo com uma base muito maior do que tive. Na minha época, o incentivo era muito menor, era um esporte 100% amador, nenhum atleta se dedicava integralmente, mas hoje, já existe badminton nas escolas, nas olimpíadas escolares, o pessoal já sabe o que é o esporte e como funciona”, afirmou Daniel, 26, em entrevista ao O SÃO PAULO, em novembro do ano passado. O Pan de Toronto segue até o dia 26 e a perspectiva do Comitê Olímpico do Brasil é de, ao menos, ultrapassar as 141 medalhas alcançadas em Guadalaraja 2011.

AGENDA ESPORTIVA Brasileirão de Futebol SÁBADO (18) 21h – Corinthians x Atlético Mineiro (Arena Corinthians) DOMINGO (19) 16h – Palmeiras x Santos (Allianz Parque)


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Fernando Geronazzo

Colaborador de Comunicação da Região

No coração da cidade, beneditinos testemunham seguimento a Cristo Fernando Geronazzo

Na oração e no trabalho, monges seguem o legado de São Bento

Os monges do Mosteiro de São Bento, na região central de São Paulo, celebraram solenemente o dia de seu padroeiro, no sábado, 11. A Basílica Nossa Senhora da Assunção, igreja do Mosteiro, ficou lotada para a missa, que contou com o

tradicional canto gregoriano, entoado pela comunidade monástica. Dom Mathias Tolentino Braga, abade do mosteiro, explicou, em entrevista, que os monges se prepararam para a festa inspirados pelo Ano da Vida Consagrada,

instituído pelo Papa Francisco. “O Santo Padre nos convidou a refletir sobre o dom da vida consagrada, que é um dom para a Igreja. Nós refletimos sobre nossa vocação nesse sentido. Nestes 417 anos no centro de São Paulo, este é o testemunho dos monges: conviver fraternalmente no segmento do Cristo”, afirmou. Dom Mathias destacou, ainda, que toda vida consagrada tem a missão de tornar evidente algum aspecto do próprio Cristo no mundo. “A especificidade da vida monástica é justamente, por meio da vivência litúrgica, lembrar que Deus deve ser o centro de nossa vida e, ao mesmo tempo, fazê-lo na vida comunitária”. Ao falar sobre São Bento, que viveu entre os anos 480 e 547, e é considerado o “pai do monarquismo oci-

dental”, o Abade considera que o Patrono é conhecido por prescrever nos relacionamentos um trato humano fundamental não somente para a vida. Atualmente, a comunidade do Mosteiro de São Bento conta com 37 monges. Dom Pio Teixeira Duarte, 75, é um deles. Há 55 anos no Mosteiro, ele conta que antes de ingressar na vida monástica viveu 20 anos no seminário dos Padres e Irmãos Camilianos, mas os próprios superiores julgaram que a sua vocação era para a vida contemplativa e o encaminharam para os beneditinos. “Para mim, a presença da vida religiosa contemplativa é um contínuo apelo a lembrar que nossa vida é transitória, que nossa finalidade é estar em Deus, que vale a pena renunciarmos as coisas passa-

geiras em vista daquelas que são eternas”.

Preservação da história

A fundação do Mosteiro de São Bento é datada em 14 de julho de 1598. Em janeiro de 1650, foi lançada a pedra fundamental para sua construção. Em 1903, foi inaugurado o Colégio de São Bento. Logo após, em 1908, aconteceu a fundação da Faculdade de Filosofia, a primeira do Brasil. A atual abadia começou a ser construída em 1910. Seu projeto é do arquiteto alemão Richard Berndl. Quatro anos mais tarde, em 1914, estava completado o conjunto beneditino. A Basílica passa por um processo de restauro completo, do qual já foram concluídos o presbitério, as naves laterais e a capela do Santíssimo.

Brasilândia

Reprodução

15º retiro Kerigma: oportunidade para um encontro maior com Deus Missão Mensagem de Paz

Pregadores e participantes do 15º retiro Kerigma posam para foto

REDAÇÃO 43,10a). Este foi o tema do

osaopaulo@uol.com.br

“Vós sois minhas testemunhas, diz o Senhor, e meus servos que eu escolhi, a fim de que se reconheça e que me acreditem e que se compreenda que sou eu” (Is

15º retiro Kerigma, realizado pela comunidade católica Missão Mensagem de Paz, na Casa de Oração Maria de Nazaré, na cidade de Itu (SP), entre os dias 3 e 5. Segundo os organizadores da Comunidade,

que têm atuação na Região Brasilândia, o retiro teve a proposta de aproximar ainda mais as pessoas de Deus, visto que estiveram presentes jovens e adultos que não tinham intimidade com a Palavra e também aqueles que são de caminhada e responsáveis por grupos ou ministérios. A atividade foi composta por momentos de louvor, pregações com temas querigmáticos, conduzidos pelos pelos pregadores Paulo Escudeiro de Maria, Valter Carrielo, Gilberto Brito, Roniel Rodrigues e Luciana Gomes, celebração da Palavra, com fundador Fernando Baptista, e encenações e expressão artística, nas quais os jovens puderam vivenciar a espiritualidade cristã. O 16º retiro Kerigma já está marcado para os dias 18, 19 e 20 de setembro. Saiba mais detalhes pelo telefone (11) 2362-8093.

Arraial da Missão Com comidas típicas, música, brincadeiras e quadrilha, termina no próximo fim de semana, dias 18 e 19, o Arraial da Missão, na sede da comunidade católica Mis-

são Mensagem de Paz (avenida Paula Ferreira, 3.715, ao lado da estação de trem de Pirituba). (Com informações da comunidade católica Missão Mensagem de Paz)


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Peterson Prates

Colaborador de comunicação da Região

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Belém

Santa Paulina é modelo de fraternidade na periferia da zona leste Para os moradores do Parque das Flores, na periferia da zona leste de São Paulo, a quinta-feira, 9, não foi apenas dia de celebrar o feriado estadual da Revolução Constitucionalista de 1932. Na data, eles também recordaram a memória litúrgica de Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus, padroeira da comunidade instalada no bairro, pertencente à Paroquia Santo André Apostolo, do Setor Pastoral Conquista. A celebração em honra à Santa foi presidida por Dom

Edmar Peron, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Belém, e teve como um dos concelebrantes Padre Neidson Gomes, administrador paroquial. Dom Edmar frisou, na homilia, que a exemplo de Santa Paulina e dos santos “nós queremos chegar à casa do Pai”, mas que para isso é preciso viver em fraternidade, acolher a Palavra de Deus, e se converter. “Conversão é crer no Evangelho”, enfatizou. Ao longo de toda a história da Capela de Santa Paulina foram realizadas duas reformas

de ampliação, mas por conta da grande número de fiéis, já há o plano da construção de um novo templo. O terreno já está comprado e a planta arquitetônica concluída. Segundo Joaquim Rodrigues, coordenador da comunidade, as obras terão início no próximo mês. Ao fim da celebração, Dom Edmar exortou os fiéis para que a construção da nova capela “seja um treino de fraternidade”, a fim de que todos possam viver como irmãos, como se é esperado de uma comunidade cristã.

Peterson Prates

Dom Edmar durante celebração na Comunidade Santa Paulina

Férias: época de missão para os seminaristas ‘Igreja e sociedade: Sete seminaristas da Arquidiocese de São Paulo, em diferentes etapas de formação, estiveram em Missão de Férias na Paróquia São Paulo Apóstolo, no Setor Pastoral Belém, entre os dias 5 e 11. Para o seminarista Afonso Pereira, a missão “representa um contato mais próximo com as pessoas e com as mais diversas realidades, ou seja, um maior aprendizado e desenvolvimento da dimensão pastoral da nossa formação”. Durante a semana, divididos em grupos, os seminaristas visitaram asilos, cortiços e casas, tendo contato com as múltiplas realidades dos fiéis na área de abrangência da Paróquia. Em duas oportunida-

Peterson Prates

Seminaristas despedem-se dos fiéis da Paróquia São Paulo Apóstolo, no dia 11

des, Dom Edmar Peron, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região, esteve com eles e rezou missas nas casas. No sábado, 11, houve um encontro com as famílias, no qual

os seminaristas partilharam um pouco da experiência missionária. Logo após, foi celebrada missa, presidida pelo Padre Reginaldo Donatoni, pároco, encerrando os trabalhos da Missão de Férias.

Caroline Dupim e Vanessa Perobelli Linhares Colaboradoras de comunicação da Região

Reprodução

desafios e esperanças’ Entre os dias 27 e 29 acontece a XVI Semana de Fé e Política da Região Belém, que terá como tema “Igreja e Sociedade: desafios e esperança”, no Centro Pastoral São José do Belém (avenida Álvaro Ramos, 366, perto ao metrô Belém). A atividade, organizada pela Pastoral Fé e Política, Pastoral da Juventude, CEBs e CLASP da Região Belém, acontecerá sempre das 19h30 às 21h30, com as seguintes temáticas e assessores: dia 27, “Caminhada da Igreja da ditadura aos dias atuais”, com o Padre José Oscar Beozzo; dia 28, “Análise histórica e atual social e política”, com Plínio Sampaio Jr; e no dia 29, “Desafio e esperanças pastorais e sobretudo políticas”, com o Padre Nelito Dornelas.

Ipiranga

Namoro: compromisso mútuo assumido com Deus Onze casais de namorados, que estão juntos há pelos menos um ano, participaram, no dia 5, do 12º Encontro de Namorados com Cristo (NCC), organizado pela Pastoral Familiar da Região Ipiranga, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida de Moema. Dentre os temas abordados em palestras, estiveram os “Conflitos na Juventude”, “Sexualidade, Afetividade e Compromisso”, “Vida em Família” e “Vocação Matrimonial”. Para trabalhar com as equipes foram convidados casais que fizeram os encontros anteriores, desde que ainda estejam namorando, além dos casais pertencentes à Pastoral Familiar ou outros movimentos da Igreja.

Paróquia Santa Paulina

FESTA DE SANTA PAULINA – Na quinta-feira, 9, o Padre Pedro Luiz Amorim presidiu missa na memória litúrgica de Santa Paulina do Coração Agonizante, na paróquia dedicada a Santa Paulina, no bairro do Heliópolis, na periferia da zona sul de São Paulo.


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Santana

Diácono Francisco Gonçalves

Colaborador de comunicação da Região

Seminaristas levam esperança nas casas e nas situações de fragilidade humana Yago Barbosa

Seminaristas da Arquidiocese em missão no Imirim visitam o Colégio da Consolata

Na última semana, seis seminaristas da Arquidiocese de São Paulo - Yago Barbosa e Gabriel Matos (Seminário Propedêutico Nossa Senhora da Assunção); Fernando Santesso e Rômulo Rofreibar (Seminário de Filosofia Santo Cura D’Ars); e Orisvaldo Carvalho e Daniel Corrêa (Seminário de Teologia Bom Pastor) - estiveram em Missão de Férias na Região Episcopal Santana. A sede da Missão foi a Paróquia Nossa Senhora de Fátima do Imirim, onde os seminaristas foram acolhidos, no dia 4, pelo pároco, Padre Dalmir dos Anjos, e pelo vigário, Padre Antonio dos Santos, após a recitação do Ofício da Imaculada junto dos paroquianos. Os futuros padres visitaram o Cemitério Chora Menino, atendido pelas paróquias do Setor Pastoral Imirim, onde rezaram, celebraram exéquias e levaram palavras de conforto aos parentes dos falecidos.

Também estiveram no Conjunto Hospitalar do Mandaqui, e junto aos diversos doentes atendidos pela Pastoral da Saúde, rezaram, cantaram e pediram as bênçãos de Deus. Participaram, ainda, das atividades da Paróquia, como o grupo de oração, Terço dos Homens, adoração e missas; e foram a diversos comércios e casas do bairro, levando comunhão aos doentes, conversando com os idosos, e meditando a Palavra com as famílias. Os seminaristas também visitaram outras paróquias da Região, como a São Francisco de Paula e São Benedito, Nossa Senhora dos Prazeres e Nossa Senhora da Penha. Na quarta-feira, 8, eles receberam a visita de Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, com quem dividiram um pouco da experiência da missão. E foram, também, ao Colégio Consolata, mantido pelo Instituto Irmãs Missionárias da Consolata. (Colaborou Yago Barbosa Ferreira)

Preparados para levar o Cristo nas Santas Missões Populares “A missão que era de Jesus, após a ascensão se tornou missão dos apóstolos e, hoje, essa missão é nossa”, afirmou Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Episcopal Santana, no sábado, 11, durante o 2º Retiro Espiritual Interparoquial das Santas Missões Populares, realizado na Paróquia Santa Rita de Cássia, do Setor Vila Maria. O evento foi assessorado pelo Frei Maciel Alves Bueno, OSA, pároco, e pelo diácono Jose Carlos Iziquiel. Segundo Luciomar Santos Werneck, da Pascom da Paróquia Santa Rita de Cássia, o processo de implantação das Santas Missões Populares no Setor Vila Maria tem avançado, pois inicialmente contava com 20 missionários

e agora no retiro já estiveram mais de cem pessoas, muitas das quais tinham recebido a visita anterior dos missionários em suas casas. Dom Sergio, na abertura do retiro, ressaltou a importância de que cada missionário leve aos outros Jesus Cristo, que age para que as visitas missionárias transformem vidas. “É muito gratificante, para mim, pessoalmente, participar das Santas Missões. Para a Paróquia, vejo que após o início desse projeto existe uma aproximação das pessoas. Está ocorrendo uma união e as pessoas estão sendo esclarecidas de que não se trata de uma pastoral, mas de algo que é o núcleo da Igreja, ser missionária”, disse Sandra Testoni, uma das missionárias da Paróquia.

Diácono Francosco Gonçalves

Dom Sergio de Deus motiva os participantes do Retiro Espiritual Paroquial das Santas Missões Populares

CRISMADOS – No domingo, 12, Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, ministrou, na Paróquia Santa Terezinha, do Setor Tucuruvi, o sacramento da Crisma a 26 jovens paroquianos e a quatro crismandos da Paróquia São Camilo de Lellis. O Bispo destacou que todos são chamados à santidade, por serem criados à imagem e semelhança de Deus. Dom Sergio salientou que no mundo existem os discípulos do mal e conclamou os crismandos a serem os discípulos do bem, os discípulos de Jesus. Giuseppe Daleo

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Benigno Naveira

Colaborador de comunicação da Região

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Lapa

150 famílias abrem suas casas para visitas de seminaristas na Vila Anastácio A comunidade de fiéis da Paróquia Santo Estevão Rei, no Setor Pastoral Leopoldina, acolheu na última semana sete seminaristas da Arquidiocese de São Paulo, que estiveram em Missão de Férias na área de abrangência da Paróquia. Orientados pelo Padre Donizete José Xavier, os seminaristas Felipe Toledo Grabe, Luiz Felipe Silva, Fabio Almeida, Cláudio José Ribeiro, Fábio Nunes dos Santos, Luiz Felipe Souza Campos e Lucas Jonata Esteves visitaram as casas de aproximadamente 150 famílias, além de indústrias e comércios instalados nas proximidades da Vila Anastácio. Em entrevista à Pastoral da Comunicação da Região Lapa, o seminarista Lucas recordou que o desejo de seguir o sacerdócio começou na infância, quando foi coroinha na Comunidade São Miguel Arcanjo, na Região Episcopal Santana. Ele destacou que nesses dias de Missão foi com os colegas às casas para partilhar a Palavra de Deus. Estudante do segundo

Benigno Naveira

Seminaristas da Arquidiocese de São Paulo posam para foto com o Padre Donizete José Xavier no encerramento da Missão de Férias

ano de Filosofia, o seminarista Cláudio José disse que o contato com a comunidade, por meio da visita pastoral, proporcionou uma ação evangelizadora no caminho missionário e

na formação para o sacerdócio. Na avaliação do Padre Donizete, a Missão foi fundamental para que o seminaristas conhecessem as diferentes realidades da

vida paroquial e os anseios das famílias, imersas em um bairro industrial, com grande número de idosos. Também segundo o Sacerdote, a presença dos jovens seminaristas inspira um renovar

na vida das pessoas e uma reestruturação da Paróquia. Ele também agradeceu aos futuros sacerdotes por serem atenciosos nas ações de evangelização, especialmente com as pessoas idosas.

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Voz dos Pobres

4 ANOS DE EPISCOPADO – Na quinta-feira, 9, Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, festejou quatro anos de ordenação episcopal. Neste tempo, têm sido marcantes as catequeses que ministra nos setores da Região e as visitas pastorais às paróquias. O Bispo mantém, ainda, uma página na Facebook, com mais de 350 mil visualizações (www.facebook.com/domjulioendi.akamine).

VOZ DOS POBRES NA CRACOLÂNDIA – No dia 4, a comunidade de missão eucarística ‘Voz dos Pobres’, que está instalada na Região Episcopal Lapa, esteve na Cracolândia (nas proximidades da alameda Cleveland com a rua Helvétia, no centro da cidade), para um momento de espiritualidade e diálogo com os dependentes químicos e outras pessoas em situação de rua.

AGENDA REGIONAL Sábado (18), 9h Reunião da Pastoral Vocacional da Região Episcopal Lapa, na Paróquia Nossa Senhora da Lapa (rua Nossa Senhora da Lapa, 298). Domingo (19), 9h Reunião Pastoral da Moradia, no Centro Comunitário de Educação Popular Imaculada ConceiçãoCEPIC (rua Antonio de Almeida Naves, 4, no Jardim São Domingos).


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Luciney Martins/O SÃO PAULO

‘Padre Caburlotto: um exemplo digno de ser imitado’ Fundador do Instituto das Filhas de São José, recentemente beatificado, foi recordado em missa na Catedral da Sé Fernando Geronazzo Especial para O SÃO PAULO

A Catedral da Sé ficou lotada na manhã do domingo, 12, para a celebração de ação de graças pela beatificação do Padre Luís Caburlotto, fundador do Instituto das Filhas de São José. Religiosas, professores, alunos das instituições mantidas pela Congregação presente na Arquidiocese de São Paulo participaram da missa presidida pelo arcebispo metropolitano, o Cardeal Odilo Pedro Scherer. Também concelebraram Dom Nelson Westrupp, administrador apostólico da Diocese de Santo André

(SP), e Dom Diógenes Silva Matthes, bispo emérito da Diocese de Franca (SP). Dom Odilo ressaltou, na homilia, que com a beatificação, a Igreja reconhece que o Padre Luís Caburlotto viveu de maneira exemplar como cristão e como sacerdote. “Agradecemos à Igreja, que acolheu o pedido de beatificação na pessoa do Papa Francisco, mas também agradecermos a Deus pela vida, pela pessoa do Padre Luís, que viveu no século XIX, em uma época difícil, em sua cidade, Veneza, e ali deixou uma obra admirável que continua até hoje”, disse Dom Odilo, que participou da cerimônia de beatificação em Veneza, em 16 de maio. O Cardeal também destacou a oração da liturgia do 15º Domingo do Tempo Comum, na qual se pede a Deus, “que mostra sempre a luz da verdade aos que erram para que possam reencontrar um bom caminho”, dê “a todos os que professam a fé, rejeitar o que não convém ao cristão e abraçar tudo o que é digno deste nome”.

Irmãs Filhas de São José apresentam relíquia de Padre Caburlotto em missa na Catedral da Sé

“A Igreja proclama santos aqueles que deram um bom exemplo, abraçaram tudo o que é digno da boa nova do cristão e rejeitaram o que não é digno do nome de cristão”, afirmou Dom Odilo. Ludovico Gaspar Paulo Caburlotto (1817-1897) foi um sacerdote atuante na Diocese de Veneza, e pároco por 22 anos em ‘San Giácomo dall’Ório’. Como sacerdote, preocupou-se com a situação social e moral da população, especialmente das crianças e jovens abandonados, realidade marcante nas ruas de sua cidade. “O Padre Caburlotto deu um exemplo digno de ser imitado. Santos fazem santos, bons exemplos são contagiantes. A

santidade também é contagiante. Que ele interceda por todos nós”, concluiu o Arcebispo. “Neste dia de louvor, gratidão, alegria e festa, queremos dar glória da Deus por este momento de fé e certeza da sua presença que caminha com nossa família religiosa das Filhas de São José, marcando a história com a missão de salvar crianças e adolescentes e jovens com amor”, afirmou, no final da missa, a superiora provincial da Congregação no Brasil, Madre Edna Aparecida Gadoti, seguida do agradecimento da superiora geral da Congregação, Madre Idangela Del Bem, pelo apoio de Dom Odilo às comemorações da beatificação. Luciney Martins/O SÃO PAULO

AJunto a Dom Odilo, as irmãs da Congregação das Filhas de São José, que nasceu em 1850, na Itália, com o trabalho de um sacerdote veneziano, Padre Luis Caburlotto, beatificado em maio

‘Se salvares uma jovem, salvará uma família’ Renata Moraes fundar o Instituto das Filhas de São José, particulares, são concedidas bolsas de es-

jornalismorenata@gmail.com

“A nossa Congregação das Filhas de São José é uma família, que nasceu do coração do Padre Luís Caburlotto, para dar uma família às meninas que foram acolhidas por ele no seu tempo”, expressou a Madre Francesca Lorenzet, vigária geral da Congregação das Filhas de São José. A Congregação nasceu em 1850, na Itália, a partir do apelo e da necessidade da época, com o trabalho de um sacerdote veneziano, Padre Luís Caburlotto (1817-1897), beatificado em 16 de maio, que iniciou o serviço de acolhimento das jovens, oferecendo educação, formação religiosa e cultural, com vistas à promoção da dignidade humana. Padre Caburlotto foi o primeiro a investir na educação das meninas como forma de tirá-las da extrema pobreza, ao

no século XIX. No Brasil, a entidade beneficente de caráter educacional e de assistência social foi fundada em 12 de junho de 1927, quando instalou a primeira casa em Santa Rita do Passa Quatro (SP). No Brasil, cerca de 200 irmãs atuam em seis casas. No mundo, a Congregação está também na Itália, Quênia e Filipinas, que, juntamente com os leigos, atua na educação e assistência social de crianças e jovens, com especial atenção à juventude feminina. “Uma casa de acolhida está sendo construída nas Filipinas para atenção a crianças em situação de rua”, relatou Madre Francesca.

tudos. Nas obras sociais, a Congregação possui duas unidades, uma no bairro do Tatuapé, outra na cidade de Santa Rita do Passa Quatro. Também na Comunidade Tamarutaca, em Santo André (SP), próximo à casa provincial, as irmãs oferecem às mulheres atividades de cultura e artesanato, gratuitamente. “As obras sociais vêm dar respostas aos problemas cotidianos que hoje as crianças, os jovens e as mulheres apresentam”, afirmou Irmã Simone Pereira de Araújo, secretária provincial.

Assistência social e pastoral

“Se salvares uma jovem, salvará uma família”, sempre repetia o Padre Caburlotto, ao falar da importância da formação educativa das jovens. “No início, Padre Caburlotto acolhia as meninas em institutos e orfanatos, e

No Estado de São Paulo, o Instituto das Filhas de São José possui três unidades escolares na capital paulista, no bairro da Vila Matilde; e nas cidades de Salto e Porto Feliz. Apesar de serem colégios

Atenção à educação das jovens

depois começou a acolhe-las nas escolas. O Sacerdote, além de se preocupar com a formação educativa, religiosa e moral, também se atentava com a formação cultural e a dignidade da mulher”, afirmou Madre Francesca.

Responsabilidade formativa dos pais e educadores

“Transmitir o carisma, enquanto religiosas, fazer com o que os leigos educadores assumam o carisma como seu, para que depois possam transmiti-lo, esse é um dos nossos principais desafios”, afirmou a Madre, lembrando que esse era um desejo do Padre Caburlotto. Ele também dizia que as irmãs devem atuar em relação de parceria com a família para a educação secular e religiosa dos filhos. Outro trabalho oferecido pelas irmãs é o discernimento vocacional das jovens, seja para a vida consagrada seja para o testemunho cristão como leigas.


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Luciney Martins/O SÃO PAULO

MISSÃO DE FÉRIAS

EU FUI!

Na segunda-feira, 13, reunidos no Seminário de Teologia Bom Pastor, os seminaristas da Arquidiocese partilham a Missão de Férias 2015

Seminaristas da Arquidiocese testemunham à cidade a ‘Igreja em saída’ Luciney Martins/O SÃO PAULO

Após uma semana de Missão, futuros padres partilham experiências com arcebispo metropolitano Renata Moraes

jornalismorenata@gmail.com

Na manhã da segunda-feira, 13, os seminaristas da Arquidiocese de São Paulo estiveram no Seminário de Teologia Bom Pastor, no bairro do Ipiranga, juntamente com padres formadores, bispos auxiliares e o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, para partilhar e testemunhar os frutos da Missão de Férias 2015, encerrada no domingo, 12. Durante uma semana, os 80 estudantes das quatro casas de formação do Seminário Arquidiocesano Imaculada Conceição visitaram paróquias, comunidades e as chamadas realidades de fronteira, em presídios, hospitais e junto a população em situação de rua. Os grupos foram divididos em seis paróquias das regiões episcopais, e também em missão de rua, com a Comunidade Aliança de Misericórdia; em visita aos presídios, com a Pastoral Carcerária, e na Capelania Hospitalar, que visitou o Hospital Geriátrico de Convalescentes Dom Pedro II, mantido pela Capelania Arquivo pessoal

A beleza do encontro retratada na Capelania do Hospital Dom Pedro II

São José dos Frades Inacianos. O encontro foi um momento para os seminaristas relatarem, testemunharem e partilharem o que viveram na semana de Missão. A importância da escuta, de “gastar um tempo” ouvindo as pessoas, da beleza do encontro e do acolhimento, foram os principais relatos apresentados pelos seminaristas. Realidades de encontro com pessoas pobres e doentes, em situação de rua, muitos jovens nos cárceres, idosos abandonados e também muita gente de fé acolhedora marcaram a Missão (veja ao lado).

Hospital de Campo em tempo de guerra

O Cardeal Scherer, diri-

gindo-se aos seminaristas, falou sobre o momento especial dessa missão, na mesma semana em que o Papa Francisco esteve na América do Sul, visitando o Equador, Bolívia e Paraguai. “Assim como o Papa Francisco, vocês também estiveram em missão, indo ao encontro das situações de periferia, visitando as famílias, as comunidades carentes, hospitais e presídios. O Papa deu exemplo indo ao encontro de uma gente ferida e machucada, similar a vocês que fizeram esta missão na nossa cidade”; e concluiu dizendo que a Igreja precisa estar sempre em atitude de saída. “A nossa Igreja precisa ser um hospital de campo em tempo de guerra”, finalizou.

Sempre missionários

O Arcebispo também ressaltou a necessidade de a Igreja continuar sempre em missão, e estar sempre a serviço do Evangelho, tendo missionários continuamente. “Já estamos pensando para o próximo ano em realizar a Missão, quem sabe também fora da cidade de São Paulo”, disse Dom Odilo, que também questionou os seminaristas sobre o que eles aprenderam com essa experiência, e o que dela podem levar para a vida sacerdotal. Trabalharem juntos, saírem da paróquia e irem ao encontro do outro, saber se comunicar com todas as realidades e estudar um segundo idioma foram as principais respostas dos jovens.

‘temos que ir ao encontro do povo’

“A presença, a alegria, a escuta, as visitas aos doentes devem fazer parte da rotina do padre. Temos que ir ao encontro do povo, ir aos doentes, aos pobres, estar próximo ao povo levando o amor de Deus”, enfatizou Dom Odilo. Além de rezarem juntos a oração das Laudes, e partilharem seus testemunhos, os seminaristas participaram da missa presidida pelo Cardeal e concelebrada pelos bispos auxiliares da Arquidiocese.

Pastoral Carcerária

Seminaristas evangelizam nas ruas de São Paulo, testemunham a Fé em visita aos encarcerados e anunciam que ‘Deus habita esta cidade’

Arquivo pessoal

“A questão da escuta é algo bem marcante que vivemos na missão no hospital. A piedade que os pacientes têm com o Sagrado é lindo de se ver”.

Felipe Batista, Seminário Propedêutico Nossa Senhora da Assunção

“Participar da missão para mim significou cumprir o que o Papa Francisco nos pediu: ‘ir às periferias existenciais’. Ouvir as angústias, medos, problemas e deixar nossas preces, súplicas a Deus e olhar um rosto de esperança e confiança em Cristo após cada oração”.

Diego Ferreira de Oliveira - Seminário de Filosofia Santo Cura D’Ars

“Um dos momentos mais marcantes foi quando rezamos junto aos irmãos que estavam no castigo (solitária), foi um momento de grande emoção! É perceptível como Deus não desiste do ser humano e como o ser humano se entrega à graça de Deus quando é tudo o que possui. ”

Luiz Carlos Ferreira Tose Filho, Seminário de Teologia Bom Pastor

“Essa missão foi um tempo de graça. Grandes coisas fez conosco o Senhor e por isso estamos alegres. Tantas histórias, testemunhos, lágrimas e sorrisos eu pude ver nessa semana missionária. Poder participar dessa missão este ano foi mais uma oportunidade de entender porque o Senhor me chama”.

Alex Paulo da Silva - Seminário de Filosofia Santo Cura D’Ars

“A Missão me fez ver como a Igreja necessita de pessoas que estejam dispostas a estar em saída. O que foi mais marcante durante essa missão foi a alegria com que as pessoas nos acolhiam em suas casas”. Gabriel Matos - Seminário Propedêutico Nossa Senhora da Assunção

“No início, tive receio do fechamento das pessoas, em virtude do medo e do individualismo, mas fiquei agradavelmente surpreso com a receptividade. Foi revigorante ver os sinais de esperança e fiquei convencido do acerto da decisão de nosso Cardeal de nos enviar nessa Missão de Férias”.

Nilo Massaaki Shinen – Seminário de Filosofia Santo Cura D’Ars


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