O SÃO PAULO - 3063

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Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 60 | Edição 3063 | 5 a 11 de agosto de 2015

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Luciney Martins/O SÃO PAULO

Católicos coreanos em SP: protagonismo dos leigos há 50 anos

Crianças com Dom Lázaro, bispo de Daejeon, e o Cardeal Scherer em paróquia pessoal coreana

Espalhada pela cidade de São Paulo, a comunidade coreana, que imigrou para o Brasil no século XX, tem raízes fortes na cultura e na vivência da fé. O primeiro núcleo de católicos se formou no bairro do Bom Retiro e se reunia na Igreja de São Gonçalo, atrás da Catedral da Sé. Em 2015, recorda-se a primeira missa celebrada em coreano, em 9 de maio de 1965, e a formação oficial da

comunidade que hoje se encontra, sobretudo, na Paróquia Pessoal Nossa Senhora Rainha e São Kim Degun. No sábado, dia 1º, o Cardeal Scherer, arcebispo metropolitano, presidiu missa na Paróquia, concelebrada por Dom Lázaro You Heung-sik, bispo de Daejeon, na Coreia do Sul. Houve a participação dos jovens da comunidade e apresentações culturais.

Arquidiocese tem novos leitores e acólitos

Clero de SP vivencia a alegria do sacerdócio

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Audiência pública aborda ideologia de gênero Página 8

laudato si’ ser pai, conversões necessárias para o bem da ‘casa comum’

Nos dias 28 e 29, no auditório das Paulinas Livraria, na Vila Mariana, aconteceu um evento de estudos sobre a encíclica Laudato si´, do Papa Francisco. A responsabilidade do homem com a natureza, criação de Deus; o cuidado com o meio ambiente - ‘a nossa casa comum’; e o

futuro do planeta nortearam as reflexões durante os dois dias de estudos, com assessorias do Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano; e dos professores da PUC-SP, Padre Denílson Geraldo, e o Professor Francisco Borba Ribeiro Neto.

Como está o atendimento à população em situação de rua em São Paulo?

‘Deus na cidade’ é tema de curso de aprofundamento do clero

A Arquidiocese de São Paulo apresentou ao poder público municipal, no dia 28, um relatório sobre a população em situação de rua na cidade e o trabalho que a Igreja desenvolve na atenção a ela. Padre Júlio Lancellotti, vigário do povo da rua, pede a revisão do censo dessa população feito pela Prefeitura.

Segue até quinta-feira, 6, a 13ª edição do Curso de Aprofundamento Teológico e Pastoral do Clero da Arquidiocese de São Paulo, em Itaici, Indaiatuba (SP). Tema “Deus na cidade” é o foco das reflexões, com assessoria do Padre Carlos Maria Galli, professor da Universidade Católica de Buenos Aires, na Argentina.

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No domingo, 9, comemora-se o Dia dos Pais. Para a educadora Simone Fuzaro, a “autoridade do pai, exercida com lucidez, é de fundamental importância para que os filhos aprendam valores, adquiram virtudes e saibam

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A música católica na ótica de Ziza Fernandes Página 15

uma sublime vocação

viver socialmente com equilíbrio e adequação”. No editorial desta edição, resgatamos as catequeses do Papa Francisco sobre a sublime vocação da paternidade. Páginas 2 e 10 Arte: Jovenal Pereira sobre foto de Fabiana Azevedo


2 | Ponto de Vista |

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Editorial

A sublime vocação da paternidade

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este domingo, somos convidados a celebrar a vocação paterna. O chamado que Deus dirige a determinados homens para que sejam, na Terra, instrumentos Dele ao educar seus filhos para que sejam bons cristãos e bons cidadãos. Mais do que nunca, é importante ressaltar o papel do pai e a referência da figura masculina para as crianças, já que a famigerada ideologia de gênero - cujos feitores querem implementar em nossas escolas a todo o custo - quer anular a natural complementaridade entre os sexos. Estudo da Universidade de Minnesotta, nos Estados Unidos, identificou

que os resultados da interação entre pais e mães no desenvolvimento das funções cerebrais em crianças de 3 anos são similares. No entanto, segundo o estudo, os pais mais presentes dão mais autonomia aos filhos, o que influencia positivamente no desenvolvimento. O Papa Francisco, em sua série de catequeses sobre a família, ressalta a importância da figura paterna. Citando o livro dos Provérbios, “meu filho, se o teu espírito for sábio, o meu coração alegrarse-a contigo” (Pr 23,15), o Pontífice ressalta que o pai, ao dizer isso, não se sente orgulhoso do filho por este ser igual a ele, ou simplesmente porque o filho re-

pete o que o pai diz ou o que o pai faz. Francisco explica que o pai que é guiado por Deus na missão de educar, quer dizer ao filho: “Serei feliz cada vez que te vir agir com sabedoria e comoverme-ei todas as vezes que te ouvir falar com retidão. Foi isto que desejei deixarte, para que se tornasse algo teu: a atitude de ouvir e agir, de falar e julgar com sabedoria e retidão. E para que pudesses ser assim, ensinei-te coisas que não sabias, corrigi erros que não vias. Fiz-te sentir um afago profundo e ao mesmo tempo discreto, que talvez não tenhas reconhecido plenamente quando eras jovem e incerto. Dei-te um testemunho

de rigor e de firmeza que talvez não entendesses, quando só querias cumplicidade e tutela. Fui o primeiro que tive de me pôr à prova da sabedoria do coração e velar sobre os excessos do sentimento e do ressentimento, para poder carregar o peso das incompreensões inevitáveis e encontrar as palavras certas para me fazer entender. Agora — continua o pai — comovo-me quando vejo que tu procuras comportar-te assim com os teus filhos e com todos. Estou feliz por ser teu pai!” Que essas palavras do Papa inspirem nossos pais em sua missão cada vez mais importante para a nossa sociedade.

Opinião

A desconhecida e valiosíssima importância da Igreja Católica Sergio Ricciuto Conte

Gilberto Haddad Jabur A importância da Igreja Católica na história da humanidade é inexcedível. É pena que muitos não se interessem por ela, senão por garimpar desvios humanos daqueles que a serviram e servem, confundindo sua incorruptível origem e santidade com a natural falibilidade humana. A notícia de um sacerdote acusado de pedofilia, cuja evidente gravidade não se discute, é divulgada com destaque e, com frequência, habilmente acompanhada de outras tantas acusações à Igreja. Mas não há interesse dos mesmos comunicadores sociais, tampouco no ambiente universitário, de se veicular a comprovada informação histórica de que a Igreja resgatou a dignidade das crianças (ao banir o costumeiro infanticídio instituído entre gregos e romanos), dos idosos (ao impedir que os mais frágeis e não mais produtivos fossem descartados em abismos e montanhas) e — para citar apenas três exemplos da antiguidade — das mulheres (tomadas como instrumento de prazer). A Igreja fez muito mais em favor da civilização ocidental do que trazer luzes à arte, à música e à arquitetura. Sua contribuição para o reconhecimento da dignidade da pessoa humana foi fundamental e aconteceu desde suas origens. Com a instituição do catolicismo como religião oficial do império romano do ocidente, no final do século IV, aboliu-se “o cada um por si e Deus

por todos”. A justiça social, o repúdio às injustiças e a responsabilidade coletiva se instalaram como amor ao próximo, documentado pelas práticas de caridade espalhadas pelo império romano após sua cristianização. Abriram-se escolas, asilos, orfanatos, hospitais, manicômios e leprosários. Resgatou-se a dignidade da mulher, considerada na antiguidade como reprodutora ou objeto de prazer. A moral sexual, antes perversa e sadista, foi

restaurada. A traição do marido também caracterizava adultério para Igreja, ao contrário do que o mundo antigo estabelecida, apenas em prejuízo da mulher. A proibição ao divórcio passou a conferir grande proteção às mulheres. A vida humana valia pouco antes do Cristianismo chegar à Roma. O banimento de jogos brutais e mortais, a que Sêneca chamava de “neurose coletiva”, em teatros e arenas, onde se propagavam o

gosto pelo sangue e pela ociosidade, também foi obra da Igreja. São Telêmaco, monge, chegou a invadir um anfiteatro romano para separar dois gladiadores e foi morto pela multidão. Teria sido a última luta entre gladiadores em uma arena romana. Tudo isso não ocorreu da noite para o dia, mas ao longo de quase dois séculos. Com o fim do paganismo, no final do século IV, muitos bispos chegaram a substituir os funcionários imperiais, dadas suas capacidades e virtudes reconhecidas pela população. Nas palavras do historiador Thomas E. Woods Jr.: “A Igreja Católica configurou a civilização em que vivemos e o nosso perfil humano de muitas maneiras além das que costumamos ter presentes. Por isso, insistimos em que ela foi a construtora indispensável da civilização ocidental. Não só trabalhou para reverter aspectos moralmente repugnantes do mundo antigo – como o infanticídio e os combates de gladiadores -, mas restaurou e promoveu a civilização depois da queda de Roma.” Que a verdadeira história da humanidade possa ser levada aos estudantes, livre de juízos apriorísticos e ideias preconcebidas, mirando o autêntico conhecimento do qual tanto carece nossa valiosa e promissora juventude. Gilberto Haddad Jabur, professor em Direito Civil na PUC-SP, membro da União dos Juristas Católicos de São Paulo (Ujucasp), presidente da Cátedra de Família, associada à Faculdade de Direito da PUC-SP.

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação Semanal • www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Redator chefe: Daniel Gomes • Reportagem: Cônego Antônio Aparecido Pereira, Edcarlos Bispo, Filipe David, Nayá Fernandes e Renata Moraes • Institucional: Rafael Alberto e Fernando Geronazzo • Fotografia: Luciney Martins • Administração: Maria das Graças Silva (Cássia) • Secretaria de Redação: Djeny Amanda • Assinaturas: Ariane Vital • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Edição Gráfica: Ana Lúcia Comolatti • Revisão: Maria Aparecida Ferreira • Impressão: S.A. O ESTADO DE S. PAULO • Redação e Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinaturas) • Números atrasados: R$ 1,50 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.


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cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo

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Igreja de Cristo é uma comunidade de pessoas, de discípulosmissionários da BoaNova do Reino de Deus no meio do mundo. Mas não apenas de pessoas isoladas e sem relação entre elas: ela é “comunidade de comunidades”, reunidas em torno de Cristo e que têm em comum a mesma fé, esperança e caridade. Nas metrópoles, como São Paulo, além das paróquias territoriais, existem as comunidades católicas voltadas para grupos étnicos, como os japoneses, chineses, italianos, hispano-americanos, alemães, franceses... Todas elas têm um forte significado missionário e ajudam a acolher pessoas e a cultivar, expressar e transmitir, de forma inculturada, as riquezas da mesma fé e da vida cristã e eclesial. Nossa fé se expressa com revestimentos culturais e sociais próprios de cada povo. A paróquia pessoal Nossa Senhora Rainha e Santo André (Kim) Degun, da comunidade coreana em São Paulo, está comemorando os 50 anos do seu início na Metrópole paulistana. Celebrei com essa comunidade no dia 1º de agosto, juntamente com Dom Lázaro You Heungsik, bispo de Daejeon (Coreia do Sul), de cuja diocese vêm os sacerdotes missionários que assistem a paróquia. Estiveram presentes também vários sacerdotes que já trabalharam na paróquia no passado, além de

Igreja na Metrópole: a comunidade católica coreana muito povo, sobretudo crianças e jovens. A imigração coreana no Brasil já começou na década de 1920, quando algumas famílias coreanas chegaram aqui junto com imigrantes japoneses; naquela época, a Coreia ainda estava sob a dominação do império japonês, que durou de 1910 a 1945. Algumas famílias eram católicas. Um fluxo imigratório mais expressivo iniciou-se após a guerra da Coreia (1945), quando o País reconquistou a sua autonomia. Na década de 1960, chegaram vários grupos de imigrantes coreanos, que foram encaminhados inicialmente para projetos agrários no interior de São Paulo e do Paraná. Esses projetos, porém, duraram pouco, pois não ofereciam aos imigrados as condições necessárias para trabalharem autonomamente e para progredirem na vida. Foi assim que eles, e os que foram chegando sucessivamente, se estabeleceram, sobretudo, em São Paulo, Campinas e Curitiba. Os católicos coreanos que, no início, contavam apenas umas poucas famílias, sentiram a necessidade de se organizar em comunidade e de terem a assistência religiosa da Igreja. Em 1965, com as bênçãos do cardeal Agnelo Rossi, então arcebispo de São Paulo, foi celebrada na igreja de São Gonçalo, perto da Catedral da Sé, uma primeira missa para cerca de 40 católicos coreanos; e foi ainda em língua japonesa... Daí por diante, eles receberam assistência religiosa de mis-

sionários americanos e italianos; em 1973, finalmente, chegou um sacerdote coreano. Em 1972, o Cardeal Paulo Evaristo Arns criou a paróquia pessoal Nossa Senhora Rainha, para a comunidade coreana, cuja sede passou por vários bairros, como Ipiranga, Aclimação e Liberdade. Em 1990, foi iniciada no Bom Retiro a construção da atual igreja e de uma sede paroquial ampla e funcional. Inaugurada e abençoada em 2004 pelo Cardeal Cláudio Hummes, a igreja recebeu o nome de Santo André (Kim) Degun, que foi o primeiro sacerdote mártir da Coreia. Atualmente, a comunidade agrega cerca de 3.600 fiéis de origem coreana e tem ricas e variadas expressões de vida eclesial, social e cultural. Essa comunidade contribui com riquezas próprias para nossa Igreja na Metrópole. Ela traz as marcas de um ardor missionário original e exemplar: a Igreja na Coreia teve início com leigos, antes mesmo que chegassem os missionários sacerdotes. Em São Paulo, essa história se repetiu; mesmo agora, a paróquia é caracterizada por forte atuação laical. Ela também traz a riqueza de uma fé heroica: na jovem Igreja coreana já são numerosos os mártires reconhecidos pela Igreja. E o Papa Francisco, em sua recente viagem àquele País, acrescentou mais outras centenas de bem-aventurados mártires, quase um milhar, à lista dos testemunhas da fé que deram seu sangue por Cristo.

| Encontro com o Pastor | 3

Universidade nascida do coração da Igreja Leonardo Britos

O Centro Universitário da FEI recebeu na sexta-feira, 31, durante o evento - Semana da Qualidade no Ensino, Pesquisa e Extensão - o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo. Além de presidir missa na Festa de Santo Inácio, realizada na capela do campus São Bernardo do Campo, o Cardeal ministrou ao corpo docente e à diretoria da FEI a palestra: “Universidade nascida do coração da Igreja – A educação católica no jubileu de prata da constituição apostólica”, durante a qual destacou a importância que as instituições de ensino superior católicas têm para a humanidade como organismos vivos de propagação da verdade e do diálogo entre a fé a razão. Ele ressaltou a atuação dos professores. “O papel de todo professor é ser um estimulador de cada aluno, partilhando e transmitindo conhecimento, ajudando-o a amadurecer, mas sempre respeitando a liberdade e o seu espaço. O aluno só vai buscar se for motivado”, afirmou.

Dia Internacional de Oração pelos Cristãos no Oriente Médio Na quinta-feira, 6, às 16h30, na Catedral da Sé, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, presidirá missa por conta do Dia Internacional de Oração pelos Cristãos no Oriente Médio, promovido pela Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre.

Encontro com o Cardeal João Braz de Aviz No dia 17, às 14h30, o Cardeal João Braz de Aviz, prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, concelebrará missa na Catedral da Sé com o Cardeal Scherer, para a qual os religiosos são especialmente convidados. (Por Daniel Gomes – com colaboração da assessoria de imprensa da FEI e secretaria da Catedral da Sé)


4 | Papa Francisco |

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continuação da leitura do Capítulo 6 do Evangelho de João, que fala do que aconteceu após a multiplicação dos pães, foi comentada pelo Papa Francisco, no domingo, 2, às 12h, na reflexão com os peregrinos antes da oração do Ângelus, na praça de São Pedro. A multidão corre atrás de Jesus e o encontra em Cafarnaum. Jesus sabe o motivo desse entusiasmo e diz com clareza que eles o procuram unicamente por terem comido pão e se saciado. Eles não tinham compreendido, diz o Papa, que “aquele pão repartido para tantos, para muitos, era a expressão do amor do próprio Jesus. Deram mais valor ao pão do que ao seu doador”. Trata-se de uma “cegueira espiritual”, comenta Francisco, e Jesus torna claro que é preciso olhar para além do dom “e descobrir e conhecer o doador. O próprio Deus é o dom e também o doador”. Daquele pão e daquele gesto se pode encontrar aquele que o dá, “que é o próprio Deus. E convida a abrir-se a uma perspectiva que vá além

O Pão da Vida sacia a fome e a sede do coração humano das preocupações com comer, cia a fome e a sede do coração. beber, sucesso e carreira. É de Encontrar e acolher em nós um outro alimento incorruptí- Jesus, Pão da Vida, continua vel e permanente de que Jesus Francisco, “dá significado e esfala e que é preciso procurar e perança ao caminho da vida, acolher, isto é “a salvação, o en- tantas vezes tortuoso. Mas há contro com Deus”. uma tarefa que nos é dada com Francisco explica que as pa- este Pão da Vida: “que possalavras de Jesus nos levam a en- mos nós também saciar a fome tender que para lá da fome físi- espiritual e material dos irca, há uma outra fome comum mãos, anunciando o Evangelho a todos nós, fome mais impor- a todos”. Com o testemunho de tante e que não é satisfeita pelo nossa atitude fraterna e solidáalimento comum: a fome de vida, de Jesus torna claro que é eternidade que só preciso olhar para além do ele, “o Pão da Vida dom “e descobrir e conhecer pode saciar”. Je- o doador. O próprio Deus é sus não minimiza o dom e também o doador”. a preocupação e Daquele pão e daquele gesto se a busca do pão de pode encontrar aquele que o cada dia, que torna dá, que é o próprio Deus a vida melhor. Ele, porém, nos recorda que o verda- ria para com o próximo, tornadeiro significado do nosso exis- mos presente Cristo e seu amor tir terreno “está na eternidade, no meio dos homens. no encontro com Ele, o dom e o Uma prece final foi feita pelo doador, e que a história humana Papa: “Que a Virgem Santa nos com suas dores, sofrimentos e sustente na busca e no seguialegrias, “deve ser vista no ho- mento de seu Filho Jesus, o Pão rizonte de eternidade, naquele Verdadeiro, o Pão Vivo que não encontro definitivo com Ele”, o se corrompe e permanece para a Pão da Vida. Está presente aqui vida eterna”. (Por Padre Cido Pereira) o dom da Eucaristia, que sa-

Encontro com coroinhas L’Osservatore Romano

O Papa Francisco se encontrou com cerca de 9 mil coroinhas e jovens servidores do altar na terça-feira, 4, na praça de São Pedro. O grupo participou da Peregrinação Internacional que acontece a cada cinco anos em Roma. Eles eram provenientes de 20 países, entre os quais Itália, França, Portugal, Suíça, Hungria e Sérvia. Em seu discurso, o Santo Padre agradeceu aos ministrantes pela disponibilidade em servir o altar do Senhor, fazendo desse serviço “uma academia de educação na fé e na caridade para com o próximo”. “Queridos ministrantes missionários, quanto mais estareis próximos do altar, mais vos lembrareis de conversar com Jesus na oração diária, mais vos alimentareis da Palavra e do corpo do Senhor, e sereis muito mais capazes de ir até ao próximo, levando como dom aquilo que recebestes, dando com entusiasmo a alegria que vos foi dada”, disse.

10 anos do Movimento Eucarístico Jovem Os cerca de 2 mil participantes do Encontro Mundial do Movimento Eucarístico Jovem (MEJ) realizado em Roma, entre os dias 4 e 9, por ocasião de seu centenário, terão uma audiência privada com o Papa Francisco na sexta-feira, 7. Representando o Brasil, 42 jovens dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Paraíba, Alagoas e Pernambuco, além do Distrito Federal, estão no encontro. Entre elas, a coordenadora do MEJ na Arquidiocese de São Paulo, Ana Carolina Santos Cruz, que dará um testemunho e fará uma pergunta ao Santo Padre sobre a temática da missão.

Mensagem ao congresso teresiano O Santo Padre enviou, no domingo, 2, uma carta aos participantes do Congresso Interuniversitário “Santa Teresa de Jesus, Mestra de vida”, realizado na cidade de Ávila, na Espanha. O evento que marca as comemorações dos 500 anos de nascimento da mística espanhola conta com a participação de 450 pessoas provenientes de 26 países. Francisco exortou-os a descobrir na contemplação e meditação de Santa Teresa de Jesus, mestra de oração, a fonte da ciência verdadeira e os valores autênticos que geram vida, a fim de que nas universidades católicas se formem os “fortes amigos de Deus”, tão necessários em tempos difíceis como estes. (Por Fernando Geronazzo)


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Espiritualidade

Prudência e precipitação Dom Carlos Lema Garcia

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Bispo auxiliar da Arquidiocese e vigário episcopal para a Educação e Universidade

o dia em que aquele rapaz se preparava para fazer o seu primeiro voo como piloto, sua avó, preocupada, lhe pediu: “você vai me prometer que sempre voará devagar e bem baixinho”. Isso é o pior para um piloto: voar baixo e devagar é estar em risco constante de chocarse com o solo. Muitas vezes se identifica prudência com cautela e receio. Assim, prudente seria quem não arrisca nunca, não se lança. É certo que a precaução é um dos aspectos da prudência: ponderar os benefícios e as desvantagens de uma escolha antes de tomar uma decisão. Mas a prudência é muito mais, pois tem o papel de reitora das demais virtudes cardeais: indica a melhor atitude em determinada circunstância. Encontramos uma referência à prudência na recomendação de Jesus: “sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas” (Mt 10,16). São João Crisóstomo explica que a serpente, quando atacada, defende-se escondendo a cabeça. Ou seja, prefere ser ferida em outra parte do corpo, desde que não perca a cabeça. Aqui está a prudência:

manter a capacidade de discernir, de fa- seu azeite e isso, numa leitura rápida e zer um bom uso da inteligência. inadvertida, fez com que fossem condePor isso, o exercício da prudência nadas por serem mesquinhas e egoístas. também é chamado de ponderação. Uma leitura mais profunda mostra-nos Ponderar vem do latim “pondus”, que a grandeza da sua atitude, porque não significa literalmente peso. É a experiên- repartiram o ‘irrepartível’ e não arriscacia do pêndulo: lançado em movimento, vam o ‘inarriscável’: o encontro com o oscila de um lado para o outro até che- seu Senhor e o preço desse encontro”. gar ao ponto de repouso. Para sermos Aqui está a imprudência: dar imporprudentes, precisamos fazer o mesmo: tância a coisas acessórias e descuidar ponderar, pesar os prós e os contras de o azeite que permite o encontro com uma decisão, ouvir as pessoas com dife- Deus. Dispersar-se em atividades em rentes pontos de vista, examinar as expe- detrimento do essencial, como quem se riências do passado, verificar as circunstâncias do presente, pedir con- São João Crisóstomo explica selho aos entendidos na que a serpente, quando atacada, matéria e assim dispor defende-se escondendo a cabeça. dos elementos suficien- Ou seja, prefere ser ferida em tes para decidir. outra parte do corpo, desde que Contrárias à ponde- não perca a cabeça. ração são as atitudes precipitadas, superficiais, as decisões motivadas pelos impulsos mo- empenha de tal maneira em seu trabamentâneos dos sentimentos ou das pai- lho que se ausenta da família, ou quem xões. Isso fica patente na Parábola das investe em seu descanso e bem-estar e Dez Virgens (Mt 25, 1-13): cinco delas deixa de frequentar a missa dominical. são néscias e cinco prudentes. Eram as O exercício da prudência é de espedamas de companhia que aguardavam cial importância em nossos dias: a vida os noivos na noite do casamento. Todas moderna nos impõe um ritmo intenso, estariam bem vestidas, com o cabelo acelerado, e não estamos acostumados a cuidado, as pulseiras e os brincos bem esperar, a refletir, a ponderar. Mas se quiescolhidos etc. Porém, as néscias descui- sermos ser prudentes e não superficiais, daram da provisão do azeite para man- precisamos aprender a pensar, a pedir terem suas lâmpadas acesas. Aqui incluo conselho e a pensar bem antes de tomarum comentário do Cardeal Bergoglio, mos as nossas decisões. Uma vez tomapregando um retiro em 2006: “as vir- das as decisões, a prudência recomenda gens prudentes negaram compartilhar o colocá-las em prática sem adiamentos.

| Fé e Vida | 5

Fé e Cidadania Queremos uma mudança, uma mudança real, uma mudança de estruturas Cônego Antonio Manzatto As palavras de Francisco na Bolívia continuam a ressoar em toda a América latina e alcançam o mundo inteiro. Não são palavras antiquadas, do século passado. São atuais, palavras do Papa latino-americano em terras latino-americanas para uma igreja com rosto latino-americano que não pode ter medo de sua história, de sua realidade presente e de sua missão. A nós todos, membros dessa Igreja, Francisco convoca para dizermos juntos e sem medo que queremos uma mudança real e verdadeira. Aliás, é preciso começar reconhecendo que precisamos dessa mudança porque as coisas vão mal, muito mal, diz ele. E vão mal não apenas aqui, e a solução dos problemas globais nenhum país resolve por si mesmo. A questão não é mudar o governo, é mudar o sistema porque ele é insuportável. O mundo vai mal porque existem muitos camponeses sem terra, muitas famílias sem teto, muitos trabalhadores sem direitos, muitas pessoas feridas na sua dignidade. Indicadores de que as coisas vão mal não são os índices econômicos, mas a realidade de vida das pessoas. Neste mundo, explodem guerras sem sentido e a violência fratricida se apodera até dos nossos bairros; e o solo, a água, o ar e todos os seres da criação estão sob ameaça constante. Todas essas exclusões e situações de calamidade estão ligadas entre si por esse sistema que impôs a lógica do lucro a todo o custo, sem pensar na exclusão social nem na destruição da natureza. É preciso mudá-lo porque não o suportam mais nem os camponeses, nem os trabalhadores, nem as comunidades, nem os povos, nem a natureza. Palavras do Papa. A mudança das estruturas do sistema econômico que tanto mal causam à humanidade começa quando se vai além da preocupação de cada um em cuidar de si e do pequeno círculo da família e dos amigos. Para todos os que se perguntam: “o que posso fazer?” Responde o Papa: “podem fazer muito. Vós, os mais humildes, os explorados, os pobres e excluídos, podeis e fazeis muito. Atrevo-me a dizer que o futuro da humanidade está, em grande medida, nas vossas mãos, na vossa capacidade de vos organizar e promover alternativas criativas”. E Francisco nos incentiva: Não se acanhem! Vós sois semeadores de mudança!? E isso porque, a partir dos movimentos populares, assumem as tarefas comuns motivados pelo amor fraterno que se rebela contra a injustiça social. A convocação para lutar contra a injustiça social não se ouve em todos os lugares. Há um silêncio a respeito, mas ele foi quebrado pela voz do Papa em visita a países da periferia. Lembra que a Igreja não pode nem deve ficar alheia ao combate pela justiça social e aponta para um caminho bastante concreto de transformação que inclui três passos: colocar a economia a serviço dos povos, unir os povos no caminho da paz e da justiça, e defender a Mãe Terra. É tempo de transformar essas palavras em ações e fazê-las se tornarem programa de ação pastoral de todos os grupos e comunidades eclesiais.


6 | Fé e Vida |

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Liturgia e Vida 19º DOMINGO DO TEMPO COMUM 9 DE AGOSTO DE 2015

O Pão que desce do céu ANA FLORA ANDERSON A liturgia de hoje começa com uma antífona que pede a Deus que nos defenda e que não nos abandone no caminho. Como o profeta Elias (1 Reis 19, 4-8) muitos cristãos se cansam no caminho. A vida apresenta tantos desafios, desentendimentos, separações e frustrações que, a exemplo de Elias, procuramos a sombra de uma árvore e rezamos para não ser necessário enfrentar tudo que aparece de infelicidade. Mas, a liturgia de hoje vem como o anjo de Elias, dizendo que devemos levantar e continuar a caminhar. A segunda leitura (Efésios 4,30-5,3) explica o dom de Deus como um selo do Espírito Santo que nos liberta de toda amargura, cólera, irritação e maldade. Recebemos a graça de viver em comuni-

dade de maneira bondosa e compassiva, perdoando-nos mutuamente. Devemos viver no amor como Cristo nos amou. O Evangelho de São João (6, 41-51) nos oferece uma reflexão contemplativa sobre a encarnação e a Eucaristia. Depois da multiplicação dos pães, Jesus mostra a relação entre o pão que alimenta o corpo e o pão que vem de Deus e que sustenta a totalidade da vida humana. As autoridades religiosas não aceitam que Jesus se proclame como o pão que desce do céu. Por um lado, para eles, o único pão que desce do céu é o maná que sustentou o povo judeu no deserto. Por outro, os galileus conhecem a família de Jesus e não aceitam que Ele seja o Enviado do Pai. Jesus revela que quem acredita na encarnação possui a vida eterna.

Atos da Cúria NOMEAÇÃO DE COORDENADOR REGIONAL DE PASTORAL Em 24 de fevereiro de 2015, por mandato do eminentíssimo senhor Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, foi nomeado Coordenador Regional de Pastoral da Região Episcopal Belém, o Revmo. Pe. Marcelo Maróstica Quadro,

pelo período de 2 (dois) anos. NOMEAÇÃO DE DIRETOR ESPIRITUAL DE SEMINÁRIO Em 30 de julho de 2015, foi nomeado Diretor Espiritual do Seminário filosófico São João Maria Vianney, da Arquidiocese de São Paulo, o Revmo. Pe. Aldenor Alves de Lima, em decreto que entrou em vigor em 1º de agosto de 2015.

Você Pergunta Um papa pode rever a canonização de santo feita por outro papa? padre Cido Pereira osaopaulo@uol.com.br

A pergunta é do Edson (que não disse seu sobrenome). “Padre, para um homem ou mulher ser considerado santo ou santa há todo um processo investigativo. Gostaria de saber: uma vez que uma pessoa tenha sido canonizada pelo papa, outro papa pode invalidar essa canonização?” Edson, primeiramente é bom lembrar que a Igreja quando declara alguém “bem-aventurado ou santo” legitima aquilo que o povo de Deus já acredita a respeito daquela pessoa. A Igreja não faz o santo ou o bem-aventurado. Ela ouve o povo, lê os escritos da pessoa, ouve testemunhas, se certifica da

intercessão daquela pessoa, e declara que esta viveu uma vida de santidade. E o processo de verificação dessa santidade, você mesmo já percebeu que é longo. Nós nem precisamos apelar aqui para a infalibilidade do papa em questões de fé, porque os testemunhos e os estudos da Igreja não deixam dúvidas sobre a santidade da pessoa. De forma que você, Edson, está imaginando uma situação absurda em que um papa declare a santidade de uma pessoa e outro a negue. E por que os santos na Igreja? Primeiramente, para que os imitemos em seus compromissos cristãos. Imitemos suas virtudes, imitemos seu amor a Deus e ao próximo, aprendamos

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com sua espiritualidade. Quantos de nós invocam graças aos santos e não pedem a graça de serem fiéis ao Evangelho como eles foram. Já reparou as orações que a Igreja faz a Nossa Senhora e aos santos? Nós pedimos que eles roguem por nós, que eles intercedam por nós. Na Ave-Maria, nós dizemos “rogai por nós pecadores!” e quando pedimos a intercessão de um santo dizemos “rogai por nós!”. Após o Concílio Vaticano II, a Igreja tirou alguns santos do calendário litúrgico. Mas veja bem, ela o fez porque havia dúvidas sobre a santidade dessas pessoas e até mesmo sobre a existência deles. É isso aí, meu irmão. Fique com Deus.

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Igreja questiona políticas públicas da Prefeitura à população de rua Luciney Martins/O SÃO PAULO - 10.abr.2014

Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com

Qual a realidade da população em situação de rua em São Paulo? Pouco se sabe. O “Relatório sobre a situação da população de rua da cidade de São Paulo”, feito pela Arquidiocese de São Paulo, lança luzes sobre a questão e cobra responsabilidades do poder público. “O primeiro passo de nossos grupos pastorais é mostrar a importância da dignidade humana, salvaguardando sua vida espiritual, moral, intelectual e familiar. Nossos agentes de pastoral têm consciência que a população de rua não é considerada como composta de cidadãos em pleno gozo de seus direitos a ponto de suscitarem, como em outras camadas sociais, o respeito e o cuidado dos órgãos de governo. Complexifica a situação o fato de que muitos vivem jogados no mundo das drogas e da violência. Em suma, em muitos casos, são vítimas de próprio poder instituído, que não parece adequadamente fazer uma leitura sociológica do modus vivendi desta gente”, consta no Documento. O Relatório foi entregue a vereadores e à secretária municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, Luciana de Toledo Temer Lulia, na terça-feira, 28, em reunião na Câmara Municipal

de São Paulo, da qual participaram os padres Júlio Lancellotti, vigário episcopal para a Pastoral do Povo da Rua, Tarcísio Mesquita, coordenador arquidiocesano de pastoral, e Zacarias José de Carvalho Paiva, procurador da Mitra Arquidiocesana. O documento de quatro páginas descreve a ação da Igreja Católica na cidade, bem como o trabalho que tem no acolhimento das pessoas em situação de rua, além de criticar duramente o governo municipal sobre suas ações no tratamento da população em situação de rua. “Todos os atendimentos que a Igreja realiza só o faz na medida em que católicos da cidade de São Paulo e do exterior conseguem investir na reconstrução do ser humano e na busca da dignidade humana. Se conseguimos realizar tanto com tão poucos recursos, o que, então, poderia fazer o governo da cidade que dispõe de recursos financeiros muito mais abundantes?” Nessa perspectiva, o documento destaca que é papel do Estado, em primeiro lugar, “reconhecer e promover a dignidade do ser humano, defendendo e zelando pelo bem-estar físico e psicológico da pessoa”. Porém, quando por diversos motivos o mesmo Estado “não cumpre adequadamente essa sua tarefa, a Igreja assume essa função como supletiva, empenhando-se em

destacar as falhas, denunciar os abusos, sobretudo os atos de violência contra o ser humano. Sem o esforço ou o apoio devido de quem administra a vida pública de tal modo a socorrer os excluídos e marginalizados, a Igreja se mobiliza para obter, por meio de suas fontes de suporte material, aquilo que é necessário para atender essa parcela fragilizada, esquecida e, muitas vezes, até vitimada pela violência e descaso da sociedade”.

Ação da Igreja

O Documento destaca a promoção do ser humano que a longo de anos a Arquidiocese de São Paulo vem realizando, de forma mais particular com aqueles que padecem do descuido do poder público. Para se ter uma ideia, por exemplo, pela Missão Belém, que acolhe em suas casas dezenas de pessoas com enfermidades crônicas ou temporárias, passam mensalmente um total de 900 pessoas, sendo que 90% são provenientes da Cracolândia. Os números não param por aí. Atualmente, a Missão Belém possuiu 300 pessoas que necessitam de cuidados médicos. Destes, 35 necessitam de banho no leito, 270 não têm autonomia para ministrar seus medicamentos, 93 necessitam de curativos duas vezes ao dia, 65 fazem uso de fraldas geriátricas

e 40 necessitam de cuidados na área de fisioterapia. “Tudo isso financiado pela Igreja”, afirma o Documento. O Arsenal da Esperança é outro exemplo de entidade da Igreja que, mesmo não tendo um maior apoio do poder público, realiza um serviço de promoção e resgate da pessoa humana. De acordo com os dados do Documento, são acolhidas 623.533 pessoas ao mês, numa média mensal de 78.505 refeições. No Arsenal há, ainda, várias esferas no campo do resgate da dignidade da pessoa humana, como no campo educacional, em que são acolhidas mensalmente 13.094 pessoas, nas atividades de leitura há a participação de 24.538 pessoas. Além disso, há a realização de cursos profissionalizantes que visam a inserção de 901 pessoas no mundo do trabalho.

Mudanças urgentes

O censo da população de rua apresentado pela Prefeitura em maio de 2015, de acordo com o Padre Júlio Lancellotti, não traduz a realidade, nem os verdadeiros números e, muito menos, as ações que deveriam ser tomadas para atender a essas pessoas. O Padre Júlio, desde a divulgação do Censo pede que os dados sejam revistos. Em entrevista ao O SÃO PAULO, o Sacerdote afirmou que a Secretária

de Assistência Social acenou com a possiblidade de rever o trabalho realizado e atualizar os números. Para se ter uma ideia, é este Censo que dá as diretrizes das ações da Prefeitura no acolhimento e atendimento da população em situação de rua. Por exemplo, no campo da saúde e psicossocial, indica quantas unidades de atendimento serão construídas. De acordo com o Padre Júlio, os números não levaram em consideração as pessoas que estão em situação de rua, mas que temporariamente estão acolhidas nas casas das entidades ligadas à igreja Católica, o que jogou o número para baixo, consequentemente, diminuindo as ações que devem ser tomadas pela Prefeitura para acolher essa população. Outro ponto criticado no documento é o uso de “aparelhos repressivos, que agem com surpreendente violência contra a população de rua”. Em face a essas “ações desumanas do Rapa e da Guarda Municipal”, o documento pede a extinção desse mecanismo de repressão. Por fim, é pedido ao prefeito Fernando Haddad, por meio dos vereadores, a “criação de uma secretaria de governo capacitada para atender respeitosamente e de perto as organizações sociais”.


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Filipe David

osaopaulo@uol.com.br

‘A tirania da minoria não deve ser tolerada num regime democrático’ “A tirania da minoria não deve ser tolerada num regime democrático”. Foi o que afirmou o vereador Eduardo Tuma (PSDB) na audiência pública na Câmara dos Vereadores de São Paulo, em que seis especialistas explicaram como a ideologia de gênero está sendo utilizada para destruir a família e se criar uma nova ordem social. A audiência foi na terça-feira, 4, no salão nobre da Câmara, com seus 400 lugares todos ocupados: muitos jovens sentaram-se no chão para acompanhar as palestras. A mesa foi composta pelo vereador Eduardo Tuma, que viabilizou a realização do evento, pelo Padre José Eduardo, pelos professores Felipe Nery, Eduardo Melo, Ana Luísa Melo, João Lima e Fernanda Takitani.

O último objetivo de Karl Marx: destruir a família

De acordo com o Padre José Eduardo, o pensamento de Karl Marx, durante muito tempo, concentrou-se no aspecto econômico da “luta de classes”, cuja causa parecia ser a propriedade privada dos meios de produção. Mas, no fim de sua vida, influenciado pelos estudos do antropólogo Lewis Henry Morgan, Marx “descobriu” que a origem da exploração capitalista está na divisão do trabalho entre homens e mulheres e que a primeira grande exploração era o próprio Matrimônio. Para

Cãmara Municipal de São Paulo

Audiência pública sobre temática da ideologia de gênero lota Câmara Municipal de São Paulo, na terça-feira, 4

fazer a verdadeira revolução seria preciso, portanto, destruir a família. Essa conclusão foi publicada por Friedrich Engels no livro “A origem da família, da propriedade e do Estado”. O Padre também explicou como alguns teóricos comunistas, principalmente Karl Korsch, demonstraram a necessidade de trabalhar na esfera cultural em vez de partir direto para a luta armada. Assim, a Escola de Frankfurt foi fundada no intuito de desenvolver os instrumentos teóricos para a revolução na cultura. Max Horkheimer, o primeiro diretor dessa escola, extraiu do marxismo uma nova teoria do conhecimento, uma nova lógica. Era preciso mudar radicalmente a forma de pensar para se promover a revolução. Daí surgiu o que ficou conhecido como “teoria crítica”. Mas um dos autores mais importantes a aplicar direta-

mente essa nova visão crítica da sociedade à família foi Shulamith Firestone, que pregava a liberdade sexual para que “mulheres e crianças usem sua sexualidade como quiserem”, o fim do “tabu do incesto”, entre outras práticas imorais, com o intuito explícito de destruir a família para, supostamente, libertar as mulheres da opressão dos homens.

A experiência sueca

O Professor Eduardo Melo mostrou como foi desenvolvida experimentalmente na Suécia as técnicas de engenharia social que, depois, seriam utilizadas no mundo inteiro pelos ideólogos do gênero. Segundo o Professor, por meio de estudos em psicologia social, linguagem e educação, sob a liderança do casal de especialistas Alva e Gunnar Myrdal, o Estado sueco começou a agir diretamente para influenciar as escolhas de seus cidadãos em questões de vida pessoal, como o número de filhos de cada um. Pouco a pouco, passou-se a defender o Estado, por meio da escola, como um substituto para a família na educação dos filhos, como se fôssemos apenas um “material humano” feito para ser modelado e não pessoas. Algumas décadas depois de políticas como essas, a Suécia registra alguns de seus efeitos mais nocivos: um aumento de mais de 1.000% no número de estupros, fazendo do País o recordista europeu em matéria de violência contra a mulher, o maior índice de suicídio entre os jovens, o maior índice de divórcios, a menor taxa de casamentos e um dos maiores números de pessoas solitárias, que vivem sem família.

John Money e o desastre do conceito de gênero

A Professora Ana Luísa Melo contou a história do doutor John Money, que defendia a tese de que é a criação que determina o “sexo social” ou “gênero” de uma pessoa, não o seu sexo biológico. O experimento que serviu de base para essa teoria foi considerado durante muitos anos um grande sucesso, quando na verdade era um trágico desastre, que terminou com a destruição de uma família utilizada como cobaia. Trata-se do caso de David Reimer, menino que, devido a um acidente, teve seu órgão genital mutilado e foi “transformado” em menina pelo doutor Money. Na internet, pode-se encontrar o documentário que conta essa triste história.

As três ondas do movimento feminista

O Professor João Lima explicou que a teoria desenvolvida por Judith Butler, uma das principais figuras da ideologia do gênero, não tem nada de científico nem de filosófico. Fazendo uso de referências bem conceituadas no mundo acadêmico de hoje, como Freud, Lacan e Derrida, Butler desenvolveu, com grande habilidade retórica, uma linguagem e um discurso claramente ideológicos. Segundo o Professor, houve na história do movimento feminista três grandes “ondas” ou vertentes. A primeira remonta ao século retrasado, quando as mulheres ainda não tinham direito a voto e suas oportunidades de estudo eram restritas. O movimento feminista dessa primeira onda buscava, sobretudo, garantir às mulheres di-

reitos políticos equivalentes aos dos homens. Com a igualdade política alcançada, a segunda onda feminista procurou obter resultados sociais, como lançar a mulher no mercado de trabalho e legalizar o aborto. A terceira onda feminista é ainda mais radical – sendo inclusive rejeitada pelas feministas das outras duas vertentes – e é nela que se insere o pensamento de Butler. Trata-se de eliminar toda diferença entre homem e mulher, de destruir a própria ideia de uma identidade sexual fixa e definível, substituindo-a pelo conceito fluido e indeterminado de “gênero”. Segundo a autora, não existe um número determinado de gêneros, existem “tantos gêneros” quantas são as pessoas na Terra.

A aplicação política do gênero

A Professora Fernanda Takitani explicou como a ideologia de gênero tem sido promovida na esfera política com o apoio da ONU e pela influência de grandes organizações internacionais, desde as conferências de Cairo, em 1994, e de Pequim, em 1995. Ela também mostrou como a declaração de Yogyakarta, que não possui nenhum valor jurídico, feita apenas por ONGs e ativistas, tem sido utilizada atualmente até mesmo para embasar decisões judiciais em questões de gênero, inclusive no Brasil. O Professor Felipe Nery mostrou que uma das principais estratégias dos ideólogos do gênero é a guerra de linguagem. Usa-se uma linguagem com termos cada vez mais absurdos, mudando gradualmente o significado das palavras, para se conseguir fazer avançar o que antes era considerado inaceitável. Ele citou também o uso de rótulos para desqualificar os adversários da ideologia do gênero, tais como “fundamentalistas”, “conservadores” etc. O Professor também mencionou algumas das consequências negativas da aplicação dessa ideologia e concluiu: “o gênero não quer proteger as mulheres, não quer defender as minorias, o gênero quer dissolver a identidade das pessoas, quer dissolver a família”.


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Destaques das Agências Internacionais

China

Filipe David

osaopaulo@uol.com.br

Estados Unidos

Campanha do governo Milhões de dólares para remove cruzes e demole igrejas atacar a liberdade religiosa Uma campanha do Partido Comunista Chinês já arrancou a cruz do topo de mais de 1.200 igrejas na China. O governo alega que a campanha está sendo conduzida “para promover a segurança e a beleza” das cidades. Desde que a iniciativa começou, em 2013, centenas de igrejas católicas e protestantes tiveram suas cruzes removidas e algumas foram completamente demolidas. Além disso, os servidores públicos foram proibidos de praticar uma religião.

Em uma manifestação, no dia 24, um grupo de 20 padres protestou contra a campanha. O protesto contou com a presença do bispo Vincent Zhu Weifang, já com 89 anos de idade. A polícia monitorou o evento, mas não interveio. De acordo com algumas estimativas, o número de cristãos já chega a 100 milhões na população chinesa e o rápido crescimento da Igreja tem preocupado o governo comunista. Fontes: CNA\ UCA News\ The Guardian

Grandes organizações doam milhões ao ativismo judicial LGBT para combater a liberdade religiosa no que se refere ao “casamento” entre pessoas do mesmo sexo. Tim Sweeney afirmou que pretende vencer a guerra política em torno da liberdade religiosa e do “casamento” entre pessoas do mesmo sexo. Tim foi diretor do Fundo Evelyn & Walter Haas Jr, Fund e presidente da Fundação Gill, organizações que têm financiado o ativismo judicial LGBT. Segundo uma pesquisa feita pela Catholic News Agency (CNA), ao menos seis grandes fundações já contribuíram com 4,8 milhões de dólares para combater a liberdade religiosa em casos ligados ao “casamento” entre pessoas do

Síria Casamento nas ruínas da paróquia Reprodução da internet

Um casal de noivos, Fadi e Rana, decidiu se casar no que sobrou de sua paróquia, em Homs. Devido à guerra civil que assola o País, a cidade de Homs foi o palco de um longo conflito até fevereiro do ano passado. Hoje o conflito continua, mas os rebeldes já não estão mais na cidade. Fadi e Rana tiveram que fugir durante a guerra que chegou, literalmente, até Paróquia na cidade de Homs, mesmo em ruínas, é palco de casamento de jovens sírios a porta de suas casas. Foi trabalhando para a agência Após a saída dos rebeldes, te o conflito – ficou sem telhado de refugiados da ONU que Fadi, muitos ex-moradores de Homs e ainda há escombros por toda um jovem de 28 anos, conheceu começaram a retornar à cidade. a parte –, mas isso não impediu Rana, uma jovem que também Entre eles estava o jovem casal. que o casal celebrasse seu Matriprecisou fugir de seu bairro em A Igreja Ortodoxa de S. George mônio no local. Fonte: ACI Homs. foi gravemente danificada duran-

mesmo sexo. O Fundo Evelyn & Walter Haas, por exemplo, fez duas grandes contribuições para um projeto “para garantir que as alegações de ‘liberdade religiosa’ não prejudiquem os ganhos na proteção à igualdade de casamento e à não discriminação”. O ataque à liberdade religiosa tem sido apoiado não apenas por grandes fundações, mas também por grandes empresas multinacionais. Elas alegam que a liberdade religiosa é utilizada como desculpa para a discriminação contra homossexuais e muitos veem aqueles que ensinam que os atos homossexuais são pecaminosos como seus piores inimigos. Fonte: CNA

Oriente Médio Turquia bombardeia forças curdas A Turquia lançou uma ofensiva aérea contra posições ocupadas pelos curdos no norte do Iraque e da Síria. A ofensiva tem atingido principalmente bases do grupo separatista curdo PKK, inimigo histórico do governo turco. O governo da Turquia também tem como alvo os combatentes do grupo Estado Islâmico e somente agora decidiu permitir aos Estados Unidos o uso de suas bases para atacá-los. No entanto, até este momento, os ataques contra o PKK têm sido muito mais severos do que os contra o Estado Islâmico, o que tem provocado críticas e suspeitas por parte dos curdos de que o governo turco estaria apoiando disfarçadamente este último. Com a guerra civil, a fragmentação político-militar tem favorecido o PKK, que assumiu o controle do norte da Síria, o que é visto com maus olhos pelo governo turco. O Curdistão é um território de população curda sem independência política, que se estende por parte da Turquia, da Síria, do Iraque, do Irã, da Armênia e do Azerbaijão, com 28 milhões de habitantes, a maior parte na Turquia. Historicamente, grupos separatistas têm lutado por independência, incluindo o PKK, considerado um grupo terrorista pela Turquia e pelos países ocidentais, embora seja atualmente um dos principais inimigos do Estado Islâmico na região. Fontes: Reuters\ BBC


10 | Viver Bem |

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Comportamento

Pai: amor, segurança e direção Simone Ribeiro Na família, cabe ao pai e Cabral Fuzaro à mãe amar incondicional-

Neste mês em que se celebra o dia dos pais vale a pena pensarmos um pouco sobre o papel do pai na vida dos filhos e da família. Historicamente, o pai foi o provedor, aquele que se responsabilizava pelo sustento material da família e que zelava pela segurança física e moral da prole. Ele trabalhava, dizia o que podia ou não, colocava objetivos claros aos filhos. Com o olhar, conseguia “frear” comentários ou comportamentos inadequados - exercia uma autoridade. Mãe era mãe, pai era pai e cabia aos filhos obedecer e seguir as orientações que davam. Com a ascenção do feminismo, a busca da igualdade, os papéis dentro da família foram sofrendo mudanças. Hoje é difícil respondermos quando questionados sobre qual o papel do pai na família. Uma coisa sabemos: quase sempre quem exerce a autoridade são os filhos. Essa falta de clareza nos papéis têm criado gerações de crianças confusas, autoritárias e submetidas à ordem do desejo. Por estarmos vivendo uma cultura hedonista e ficarmos impregnados pela mentalidade da busca de realizações rápidas e fáceis, tem faltado quem as lapide, quem transforme a pedra bruta em diamantes preciosos. Processo um pouco trabalhoso e por vezes dolorido, mas que traz um resultado maravilhoso.

por natureza, costuma ter mais facilidade de exercer a autoridade, de indicar direção, de estabelecer objetivos, de transmitir segurança, de interditar a relação simbiótica da mãe com o bebê e a partir daí participar na criação de um novo sujeito: o filho. Não podemos perder de vista que a autoridade do pai, exercida com lucidez, é de fundamental importância para que os filhos aprendam valores, adquiram virtudes, saibam viver socialmente com equilíbrio e adequação. Ela mantém a segurança dos filhos e, mais do que isso, ensina-os a lutarem, conquistarem, traçarem objetivos e

mente, acolher e nomear os sentimentos, compreender as dificuldades e ajudar a superá-las. Pai e mãe precisam compreender as necessidades dos filhos e diferenciálas dos desejos e, tendo essa clareza, agir promovendo que as necessidades sejam saciadas e que os desejos sejam contidos, submetidos à vontade, ao que é bom e adequado para um crescimento saudável. Muitos estudos sérios e conceituados mostram as diferentes características do homem e da mulher, desde o funcionamento cerebral até a elaboração de sentimentos e as manifestações Por estarmos vivendo de linguagem. Na uma cultura hedonista dinâmica familiar e ficarmos impregnados se fazem muipela mentalidade da to importante o olhar materno e o busca de realizações olhar paterno. São rápidas e fáceis, tem olhares diferentes faltado quem as lapide, e complementa- quem transforme a pedra res: um acolhe, o bruta em diamantes outro direciona; preciosos um se compadece, o outro propõe soluções; um dá conforto, o alcançá-los. Pai, assemelhaoutro direção, impulso. Pai se a um farol voltado ao alto e mãe - carinhos diferen- mar: oferece luz, indica um tes, acolhimentos diferen- caminho seguro. tes, brincadeiras diferentes, Que riqueza é para a vida possibilidades diferentes de dos filhos uma presença parelação –, modos diversos de terna atuante e comprometida, é um verdadeiro tesouro! perceber, sentir e viver. Enfim, diante da nova diSimone Ribeiro Cabral Fuzaro é fonoaunâmica que a vida nos oferedióloga e educadora; Mestre em Educação/ Distúrbios da Comunicação da PUC-SP; ce, precisamos (re) definir o Especialista em linguagem; e coordenadora da Escola de Educação Infantil Pedrita. papel do pai. Daquele que,

Cuidar da Saúde

Delírio no idoso é normal?

Cássia Regina idoso, é comum os familiares responderem: ele está um pouDelírio é um problema men- co confuso, mas é normal pela tal orgânico que se define por idade. Existem várias patoloalteração do juízo da realidade gias que não têm relação com a e implica em lucidez da consci- idade e sim com algum tipo de ência. É bem frequente entre os infecção. Pneumonia e infecção idosos. Quando perguntamos urinária são doenças que muitas sobre a lucidez de um paciente vezes em vez de se manifesta-

rem com febre, se manifestam com delírio. Se uma pessoa lúcida bruscamente começa a ficar confusa, não hesite: procure um pronto-socorro. Esse é um problema que deve ser resolvido imediatamente. Dra. Cássia Regina é médica atuante na Estratégia de Saúde da Família (PSF)


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Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

| Reportagem | 11

‘Senhor, aqui estou’ Na abertura do mês vocacional, 20 seminaristas da Arquidiocese e 13 candidatos ao diaconato permanente recebem ministérios do leitorato e acolitato Daniel Gomes

danielgomes.jornalista@gmail.com

Posicionados para a procissão de entrada da missa do domingo, 2, na Catedral da Sé, eles já podiam ver o símbolos das vocações à frente do presbitério: a imagem de Nossa Senhora das Divinas Vocações; o barco, que representa a Igreja missionária; a rede, sinal do alcance do trabalho missionário vocacional; as sandálias, que demarcam a caminhada pelo mundo; e a túnica e a estola, que indicam o serviço dos ministros ordenados. A eles, ministros ordenados – padres, diáconos e o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano - juntaram-se naquela procissão 13 candidatos ao diaconato permanente e 20 seminaristas da Arquidiocese de São Paulo, que receberam durante a missa os ministérios do leitorato e do acolitato. Ernandes Alves de Lima Júnior, 26, seminarista do terceiro ano de

Teologia foi um dos que respondeu “aqui estou” ao ter seu nome apresentado para receber o ministério do acolitato. “Para nós que estamos caminhando no seminário há sete anos, hoje é uma confirmação de tudo aquilo que é o plano de Deus na nossa vida. É um momento de alegria, pois a nossa felicidade é fazer a vontade de Deus”, afirmou ao O SÃO PAULO. Também o fizeram os 13 candidatos ao diaconato permanente, que devem ser ordenados em dezembro de 2016. “O ministério de leitor e acólito significa os primeiros passos dos candidatos ao diaconato permanente rumo à ordenação diaconal. Agora, eles se tornam leitores e acólitos instituídos, estão preparados para exercer esses dois ministérios”, explicou, à reportagem, o diácono permanente Ailton Machado Mendes, um dos formadores da Escola Diaconal São José da Arquidiocese de São Paulo.

Servir o Pão da Vida

Presidente da celebração, o Cardeal Scherer explicou que alguns seminaristas receberam o ministério do leitor “para proclamar a Palavra de Deus, para se aprofundar na dedicação do anúncio do Evangelho”; e outros o ministério de acólitos “para se dedicarem ao serviço da Eucaristia, quer na celebração da missa, quer na preparação do povo para bem celebrar a missa e também na preparação

ACOLITATO E LEITORATO A: Leitorato aos seminaristas: Anderson Bispo, Antônio Santos, Cláudio Ribeiro, Elzio Silva Júnior, Gilson dos Reis, Maykom Florêncio, Paulo da Silva Júnior, Renan Dantas e Tiago dos Santos. Acolitato aos seminaristas: Carlos Romualdo, Christopher Velasco, Eduardo de Andrade, Ernandes da Silva Júnior, Daniel da Silva, Francisco Rocha Neto, José Barreto, José Ferreira Filho, Rodrigo da Silva, Maykon da Silva e Rodrigo Moraes. Leitorato e acolitato aos candidatos ao diaconato permanente: Antonio de Souza, Dalton Deffert, Evangelista João de Souza, Fábio Parpinelli, Francisco Pereira, Haroldo Macedo, Irineu Uebara, Márcio Cesena, Marçal de Lima, Mauricio de Lima, Paulo de Oliveira, Raimundo Ferreira, Ricardo dos Santos.

dos doentes para que possam bem receber a Eucaristia”. O Cardeal, na homilia, enfatizou que a vocação dos sacerdotes e diáconos é “oferecer ao mundo todo o Pão do Céu, Jesus Cristo”, aquele que é o Pão da Vida e que convida a todos a se nutrirem Dele e da sua Palavra. Durante a celebração, em diferentes momentos, Dom Odilo motivou os fiéis a rezarem pelas vocações na Igreja em especial pelos padres, recordados no primeiro domingo do mês vocacional. “Que nós, sacerdotes de Cristo, sejamos sempre bons pastores no meio do povo”, exortou.

Com a Catedral da Sé lotada, 13 candidatos ao diaconato permanente e 20 seminaristas da Arquidiocese recebem do Cardeal Scherer ministérios do leitorato e acolitato, no domingo, 2

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12 | Reportagem |

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Há 50 anos, coreanos vivem a fé e a Nayá Fernandes

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João Hyung’sik Jun nasceu em Seul, na Coreia do Sul, e hoje, aos 62 anos, 50 deles vividos no Brasil, participa da comunidade católica coreana em São Paulo, que em 2015 celebra cinco décadas de atuação na capital paulista. Católico há 28 anos, João é de família budista, mas veio ao Brasil por conta da imigração dos católicos coreanos. “Viajamos dois meses pelo mar, desembarcamos em Porto de Paranaguá, distante 220 quilômetros do Distrito e Fazenda Santa Maria, no município de Ponta Grossa, no Paraná. Lá, naquela época, não havia a energia elétrica, água encanada, hospital, nem farmácias, nem a escola, nem a igreja que, aliás, ajudei a construir, mesmo sem frequentá -la, porque minha família não era católica”, lembrou. Ele contou que foram tempos muito difíceis, sofridos e até com riscos de perder a vida. “No começo, pensamos que aquela seria a nossa vida para sempre. Nenhuma luz ou qualquer leve esperança de um futuro, nem ledos raios de sol para aquecer e iluminar o caminho... Quando me lembro daqueles tempos, sempre me emociono e até choro”. Depois da vida na Fazenda Santa Maria, João conseguiu vir para São Paulo e, então, começou uma nova etapa, na cidade que ele considera “de oportunidades, decepções, traições, Evangelho e vida nova”. A primeira comunidade coreana brasileira, assim como as esperanças de João, também nasceu na cidade de São Paulo, no dia 9 de maio de 1965, com a presença de 44 membros na Igreja de São Gonçalo, localizada atrás da Catedral da Sé. “Ela se forma pela necessidade dos imigrantes coreanos de ter uma comunidade na qual possam se encontrar e vivenciar a fé de forma comunitária”, explicou o Padre Daniel Koo, responsável pela Área Pastoral São João Batista, na Região Episcopal Lapa. De origem coreana, Padre Daniel nasceu em Düsseldorf, na Alemanha, pois seus pais eram imigrantes e ali se conheceram. A mãe de Daniel queria ser freira antes de conhecer o esposo, que trabalhava nas minas de carvão mineral do vale Ruhr. “Naquele País, a comunidade católica coreana já tinha volume. Minha mãe e meu pai se conheceram por meio dessa comunidade e se casaram lá. Meu irmão mais velho nasceu em Wuppertal, e dois anos depois

eu, em Düsseldorf. Depois de trabalhar 11 anos na Alemanha, meu pai decidiu imigrar para o Brasil. Chegamos a São Paulo em 1976.” Coroinha desde 1986, Daniel disse que começou a sentir o chamado para a missão sacerdotal por volta do ano 1989, mas sempre postergou a decisão. “Tentei de tudo, chegando a cursar mecânica de aviação, até que finalmente, em 2005, entrei para o seminário, à época chamado Seminário Propedêutico Beato Antônio de Sant’Anna Galvão”, recordou o Padre, ordenado em 2009, na Catedral da Sé.

Protagonismo leigo

“A Igreja na Coreia conserva também a memória do papel primário desempenhado pelos leigos, quer nos alvores da fé, quer na obra de evangelização. Com efeito, nessa terra, a comunidade cristã não foi fundada por missionários, mas por um grupo de jovens coreanos na segunda metade de 1700; fascinados por alguns textos cristãos, estudaram-nos a fundo e escolheram-nos como regra de vida. Um deles foi enviado para Pequim a fim de receber o Batismo, e depois esse leigo batizou por sua vez os companheiros. Daquele primeiro núcleo, desenvolveu-se uma grande comunidade, que, desde o início e durante cerca de um século, padeceu perseguições violentas, com milhares de mártires. Por conseguinte, a Igreja na Coreia está fundamentada na fé, no compromisso missionário e no martírio dos fiéis leigos.” O trecho acima é da audiência proferida pelo Papa Francisco no dia 20 de agosto de 2014, por ocasião da sua visita à Coreia do Sul. A força e presença dos leigos na fundação da comunidade católica coreana é também uma característica forte da história que começou há 50 anos no Brasil, mais especificamente em São Paulo. Ainda na Coreia, mesmo perseguidos e martirizados, os leigos formavam pequenas comunidades, escondidas, para compartilhar o Evangelho e para a oração. “Os primeiros imigrantes coreanos católicos que aqui chegaram, logo formaram comunidade. Sem um padre coreano por um longo tempo, a Arquidiocese de São Paulo cedeu padres para cuidar da primeira e pequena comunidade. E, no segundo domingo de maio, dia das mães, em 1965, foi celebrada a primeira missa”, ressaltou João Jun.

Uma paróquia pessoal

A Paróquia Pessoal Coreana Nossa Senhora Rainha e São Kim Degun faz parte das paróquias pessoais pois, conforme explica artigo 518 do Código de Direito Canônico, é “conveniente, que se constituam paróquias pessoais, em razão de rito, língua, nacionalidade dos fiéis de um território, e também por outra razão determinada”. Assim, ela não tem um caráter territorial, como a maioria das paróquias da Arquidiocese de São Paulo, mas, sim, de reunir a comunidade coreana da cidade de São Paulo e de outros lugares como Campinas (SP), Curitiba e Ponta Grossa (PR) e Belo Horizonte (MG).

“A Paróquia tem à frente três pastores, sendo um pároco e dois vigários, um conselho paroquial composto por lideranças das diversas pastorais reunidas e também uma missão beneditina composta por religiosas. Possui uma escola de língua coreana, uma creche aberta para toda a comunidade coreana, católica ou não, e uma ordem terceira de São Francisco”, enumerou Padre Daniel. Participam da Paróquia aproximadamente 4.500 fiéis, sem contar com as comunidades do interior de São Paulo e de outros estados. Mantém vínculos com a comunidade local e realiza, anualmente, uma feira cultural co-

reana, com barracas de comidas típicas e venda de diversos produtos. Possui uma ação conjunta com a Congregação das Irmãs de Maria de Banneux, em Santo André (SP), que tem uma obra social com creche, serviços médicos e odontológicos junto à população carente da cidade. “A Paróquia tem uma importância vital para os coreanos no Brasil, pois não somente reúne a comunidade católica, mas mostra a sua importância para um povo que necessita de uma comunidade que perpetue a sua cultura. Vivifica e torna presente essa cultura mesmo dentro de uma realidade muito diferente que é a do Brasil”, completou o Padre.

Durante a celebração dos 50 anos, Dom Odilo Scherer recebe símbolos da cultura coreana trazidos pelas crianças


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cultura em São Paulo

Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Jovens da Paróquia Pessoal Coreana Nossa Senhora Rainha e São Kim Degun após a celebração, no dia 1º

Imigração coreana em São Paulo

“Na capital paulista, o ponto de referência em termos de moradia para os primeiros coreanos foi a ‘Vila Coreana’, no bairro da Liberdade, tradicional reduto de japoneses em São Paulo. Tratava-se de uma zona relativamente central e pouco valorizada, onde se praticavam aluguéis relativamente baratos. A localização dos coreanos no seio do bairro dos japoneses significava facilidades tanto em termos de comunicação quanto no que se refere a usufruir dos benefícios de se passar por anônimo, misturando-se a uma comunidade mais antiga e já adaptada na década de 1960. Esse último ponto foi muito importante para atenuar possíveis choques culturais. Apesar de se tratar de uma imigração bastante recente, a socie-

dade paulista já se encontrava há muito habituada com a imagem de asiáticos, sobretudo de japoneses. Para grande parte dos que se estabeleceram na Vila Coreana, o trabalho disponível foi ou a confecção, ou sair com uma mala repleta de mercadorias para mascatear roupas e outros produtos baratos. A maior parte dos coreanos aqui chegados jamais havia operado no ramo de confecções antes de sua chegada a São Paulo. Contudo, as atividades de costura eram abraçadas pelos recém-chegados graças à pouca necessidade de capital (muitas fábricas de tecidos concediam prazos dilatados para pagamento das mercadorias retiradas), ao risco pequeno e à possibilidade de empregar toda a família.

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‘Agradeçam a seus pais e avós’ Fernando Geronazzo

Especial para O SÃO PAULO

“Esta é uma paróquia missionária”, destacou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, na homilia da missa celebrada no sábado, dia 1º, na matriz da Paróquia Pessoal Coreana Nossa Senhora Rainha e São Kim Degun, com jovens, adolescentes e crianças, por ocasião do cinquentenário da comunidade. A celebração também contou com a presença do bispo da Diocese de Daejeon, na Coreia do Sul, Dom Lázaro You Heungsik, e do bispo eleito de Blumenau (SC), Dom Rafael Biernaski, além de padres da missão coreana e amigos. O Arcebispo recordou a história da comunidade católica coreana e motivou os jovens e adolescentes a levarem adiante a fé, a tradição e cultura da Coreia. “Esta Igreja está em São Paulo e aqui há todo tipo de povo. Não devemos esquecer a nossa identidade de católicos, e com todas as outras comunidades queremos viver o nosso tesouro da fé. Não esqueçam de professar a sua fé nesta cidade. Que a fé continue a ser expressada na língua, cultura e tradições coreanas. Agradeçam a seus pais e avós que lhes transmitiram a fé”, afirmou (leia mais na página 3). “Aqueles que deixam sua pátria geralmente vão atrás do pão, do sustento, de uma vida tranquila. Os seus antepassados não esqueceram aquele outro pão. Também buscaram o Pão do Céu”, afirmou Dom Odilo, que ainda lembrou do testemunho missionário do povo coreano. “A Igreja de Jesus Cristo é missionária, isso significa que nós recebemos o

Outro fator se refere à estrutura de acolhimento que a comunidade oferece para facilitar a inserção dos imigrantes no novo País. A esse respeito, as instituições mais notáveis, que desempenham papéis de maior relevância, são as igrejas, pontos de condensação de toda uma rede intracomunitária de sociabilidade e solidariedade. De modo geral, as famílias coreanas não deixam de frequentar alguma igreja, protestante ou católica. As igrejas constituem, naquele contexto, o local por excelência de contato para diversas experiências: funcionam tanto como estrutura de recepção para recém-chegados quanto como ponto de agregação para os já estabelecidos. Ali

Evangelho e levamos aos outros. Não seguramos para nós. A Igreja da Coreia e marcada por um grande heroísmo dos mártires. Eles perseveraram na fé mesmo quando tiveram que dar a vida”.

Como os primeiros cristãos

“Nossos antepassados coreanos vieram para cá com uma nova esperança na vida. Aquele período depois da Guerra da Coreia havia muitos pobres, faltavam muitas coisas”, contou Dom Lázaro ao O SÃO PAULO, ressaltando o árduo trabalho dos primeiros imigrantes coreanos. O Bispo afirmou, ainda, que os imigrantes puderam viver experiência semelhante a dos primeiros cristãos leigos que levaram o catolicismo para a Coreia. “Eles, sem ter nada, buscaram participar da missa, ter uma igreja própria, tiveram o mesmo ardor daqueles que começaram a Igreja na Coreia”. Representando os grupos de jovens da Paróquia, Isaac Ko destacou que esse era um dia especial para todos eles. “Além de sermos gratos a Deus por tudo o que temos, relembramos os caminhos, obstáculos, conquistas dos nossos avós e pais nesses 50 anos. Vivemos em um mundo cheio de desigualdade e injustiça e hoje, mais do que nunca, os jovens têm um papel fundamental na construção de um futuro melhor, com mais oportunidades, valores e respeito”. Após a celebração, houve apresentações culturais e gincanas entre os adolescentes e jovens. No domingo, 2, toda a comunidade se reuniu para uma missa solene presidida por Dom Lázaro, em língua coreana.

discutem-se oportunidades de trabalho e negócios favoráveis, trocam-se notícias da Coreia e de parentes distantes, cultivamse novas amizades, ensinam-se tanto a cultura, a história e a língua do país de origem quanto a língua do novo país; organizam-se torneios esportivos e outras atividades de lazer; discute-se a educação dos filhos, arranjam-se parceiros para casamentos, e os mais velhos encontram-se para trocar impressões a respeito da vida no novo país. As igrejas cumprem, portanto, uma espécie de papel mediador entre a cultura original e a adquirida”. (Trecho do artigo “Etnias em convívio: o bairro do Bom Retiro em São Paulo”, de OswaIdo Truzzi, publicado no site da Fundação Getúlio Vargas).


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Conversões pessoal, ecológica e social para o bem da ‘casa comum’ Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Em evento nos dias 28 e 29, Cardeal Scherer e professores da PUC-SP trataram de aspectos da Laudato si’

Ideologia de gênero

Renata Moraes

jornalismorenata@gmail.com

“Não é apenas uma encíclica verde, é mais do que isso, é uma encíclica socioambiental. O documento também está falando sobre economia, sociedade, direitos humanos, falando de uma ecologia humana”, expressou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, na primeira noite de estudos sobre a encíclica do Papa Francisco, Laudato si’, na Paulinas Livraria, realizados nos dias 28 e 29, na Vila Mariana. A responsabilidade do homem com a natureza, criação de Deus; o cuidado com o meio ambiente - ‘a nossa casa comum’; e o futuro do planeta foram os eixos principais que nortearam as reflexões durante os dois dias de estudos. Entre os participantes do encontro foram comuns questionamentos sobre como fomentar a responsabilidade de todos com o meio ambiente e que contribuição os jovens podem dar

gica atual precisa ser analisada a partir dos olhares religioso, cientifico, cultural e filosófico.

Professores da PUC-SP, Francisco Borba e Padre Denilson, e Cardeal Scherer durante evento sobre a Laudato si’

efetivamente para as questões socioambientais.

sobre a preocupação com a natureza”.

Uma encíclica social

Dimensão teológica, antropológica e social

O Cardeal Scherer apresentou chaves de leitura e compreensão da encíclica, que é composta por seis capítulos e foi lançada em 18 de junho. “Esta é uma encíclica social, inserida na ótica da Doutrina Social da Igreja”, afirmou, recordando que a preocupação ambiental não é recente no Magistério da Igreja, e que o assunto é comentado desde o Concílio Vaticano II, no documento Gaudium Et Spes. “O Papa Paulo VI falou um pouco do assunto, João Paulo II falou bastante e quem deu continuidade foi o papa emérito Bento XVI em sua encíclica Caritas in Veritate, de 2009 (parágrafos 48 a 52), que já tratava de maneira incisiva

Dom Odilo apresentou as três chaves de leitura da encíclica. Na dimensão teológica, o Documento aponta que a preocupação “com o meio ambiente acontece a partir da fé cristã em Deus Criador. A obra da criação tem um significado e temos que cuidar de toda essa criação”. Sob o prisma antropológico, “o homem tem um lugar especial no conjunto da criação, uma responsabilidade especial no zelo desta criação”. Na dimensão social, segundo o Cardeal, a encíclica “indica que a criação é um bem comum e a natureza é um bem destinado para todas as criaturas de Deus”. “A natureza está perdendo

a sua biodiversidade e o Papa Francisco constatou que os governos não trabalham em favor da natureza, mas mantêm um estilo de vida e de economia suicida”, afirmou Dom Odilo, recordando que o Papa pede aos cristãos que tenham coragem e sejam protagonistas da mudança.

A raiz humana da crise ecológica

Em um dos capítulos do Documento, o Papa Francisco evidencia que há uma crise ecológica. Para o Cardeal Scherer, tal crise está associada ao antropocentrismo moderno e à cultura tecnocrática. “O homem é a medida de todas as coisas, a visão antropocentrista e o individualismo estão no centro da crise”, destacou Dom Odilo, comentando que o Papa observou que a crise ecoló-

‘O consumismo é um resultado do vazio existencial do homem moderno’ Na segunda noite do evento, 29, o debate sobre a Laudato si’ contou com a participação do Padre Denílson Geraldo, coordenador da Graduação em Teologia pela PUC-SP, e do Professor Francisco Borba Ribeiro, coordenador do Núcleo Fé e Cultura da mesma Universidade. Padre Denílson tratou dos principais aspectos que o Papa apresenta nos seis capítulos da encíclica, destacando que o texto está arquitetado no “Ver-Julgar-Agir”; e também comentou que a “deterioração do ser humano leva à deterioração da natureza”. O Professor Francisco Borba comentou que a proposta da Laudato si’, no campo dos comportamentos domésticos e empresarias, traz aproximações com a Regra dos 3 Rs - reduzir, reutilizar, reciclar. Assim, segundo o Professor, para causar menos impactos ambientais, uma família

deve reduzir o seu consumo onde isso seja possível (não deixando luzes acesas inutilmente, demorando menos no banho, só usando máquinas de lavar quando estas estiverem cheias etc.). Onde não for possível reduzir, deve-se procurar reutilizar (evitando produtos descartáveis, preferindo garrafas e louças que podem ser reutilizadas, escrevendo rascunhos no verso das folhas usadas de computador, usando sacos plásticos de compras para jogar o lixo etc.). Por fim, onde não for possível nada disso, colaborar na coleta seletiva de lixo, a fim de que os materiais reaproveitáveis sejam reutilizados ou reciclados. Para ele, a reciclagem deve sempre ser a última opção, pois implica em gasto de energia para carregar e reprocessar o lixo. Também segundo Borba, na encíclica, o Papa Francisco questiona o consumismo exacerbado. “Como resistir ao con-

sumismo da sociedade atual? Francisco explica: ‘Quando as pessoas se tornam autorreferenciais e se isolam na própria consciência, aumentam a sua voracidade: quanto mais vazio está o coração da pessoa, tanto mais necessita de objetos para comprar, possuir e consumir’ (LS 204). O consumismo é um resultado do vazio existencial do homem moderno. Uma ‘sobriedade feliz’ implica numa paz interior, e isso exige uma espiritualidade adequada (LS 225). Por isso, a Laudato si’ termina com o convite a uma ‘conversão ecológica’, a um reencontro com Deus, uma espiritualidade mariana e duas orações: uma que pode ser rezada por todos os crentes que compartilham a noção de um Deus de amor e outra ‘pedindo que nós, cristãos, saibamos assumir os compromissos para com a criação que o Evangelho de Jesus nos propõe’ (LS 246)”. (RM)

Questionado sobre os apontamentos da encíclica às questões de gênero, Dom Odilo lembrou que mesmo sem mencionar explicitamente a ideologia de gênero, é possível perceber na Laudato si’ a recomendação do Papa em reconhecer e aceitar a própria natureza, como citado no parágrafo 155. “A aceitação do próprio corpo como dom de Deus é necessária para acolher e aceitar o mundo inteiro como dom do Pai e casa comum; pelo contrário, uma lógica de domínio sobre o próprio corpo transforma-se numa lógica, por vezes subtil, de domínio sobre a criação. Aprender a aceitar o próprio corpo, a cuidar dele e a respeitar os seus significados é essencial para uma verdadeira ecologia humana. Também é necessário ter apreço pelo próprio corpo na sua feminilidade ou masculinidade, para se poder reconhecer a si mesmo no encontro com o outro que é diferente. Assim, é possível aceitar com alegria o dom específico do outro ou da outra, obra de Deus criador, e enriquecer-se mutuamente. Portanto, não é salutar um comportamento que pretenda ‘cancelar a diferença sexual, porque já não sabe confrontar-se com ela”.

Luciney Martins/O SÃO PAULO

‘Pode ser pouco, mas eu também colaboro com o meio ambiente’ Geraldo José Cardoso, comerciante da zona norte de São Paulo, esteve no evento de estudos sobre a Laudato si´ e contou ao O SÃO PAULO uma iniciativa que tem feito em benefício da “casa comum”. “Desde 1997, eu uso um detergente concentrado e biodegradável. Eu só diluo o produto e utilizo o mesmo frasco de detergente por até dez anos. Isso pode ser pouco, mas eu também estou colaborando com o meio ambiente”, garante. Para Geraldo, é como um sonho que o Papa Francisco tenha publicado um documento que traz um apelo às questões do cuidado com a ecologia.


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| Entrevista | 15

Com a Palavra: Ziza Fernandes

‘É difícil imaginar a Igreja sem música’ Divulgação

Rafael Alberto

la sinfonia diz, e, muitas vezes, quando eu preciso rezar, quando eu preciso estar no mais fundo da minha alma, no lugar mais lúcido, mais consciente de mim, só aquela sinfonia me leva àquele lugar. Ela é uma música instrumental, uma música clássica de um “cara” extremamente católico, extremamente cristão e ela, às vezes, tem uma função terapêutica, uma função organizadora, uma função curativa, uma função educadora da minha alma que eu não encontro em lugar nenhum. Então, sim, eu acredito que a música ajuda nessa formação integral, em especial nessa estruturação do ser humano. É uma ajuda adequada.

Especial para O SÃO PAULO

Ziza Fernandes completa, em 2015, 25 anos dedicados à música católica. Intérprete e compositora, Ziza também é musicoterapeuta e mosaicista. “Eu sirvo ao belo, de todas as maneiras possíveis”, diz. Para celebrar os 25 anos de carreira, Ziza grava em 31 de agosto, no Theatro Municipal de São Paulo, seu primeiro DVD, do show “Segredos”. Os ingressos estão à venda no site www. compreingressos.com.

Suas músicas não falam explicitamente de temas bíblicos e nem são propriamente de louvor. Mas todas falam sobre valores humanos. Essa opção é consciente?

O SÃO PAULO – Você está há 25 anos na música católica brasileira. Qual a situação atual deste mercado? Ziza Fernandes – Nomear a música católica brasileira de mercado já é um avanço que exige maturidade e uma visão de longo alcance pra ser bem vivido, bem visto e bem administrado. É difícil ter essa visão amplificada com precisão e senso de justiça, porque um mercado pode ser visto sob diversos focos, diversos aspectos. Eu acredito que, sim, é um mercado em expansão do ponto de vista da pluralidade artística, do ponto de vista específico das expressões culturais, porque é um mercado onde a gente pode observar diversos estilos musicais cada vez mais se desenvolvendo, cada vez mais tendo espaço para essa expressão e esse espaço sendo respeitado, assimilado, digerido pelo público e fazendo com que realmente o seu sentido aconteça, que é portar o Evangelho por meio da sua expressão artística. Acho que o mercado tem muito para evoluir, tem muito para se desenvolver e melhorar, e temos que manter esse espírito missionário de levar o Evangelho por meio da arte. Porém, nós não fomos formados profissionalmente –, mercadologicamente falando, não fomos formados como marqueteiros da fé, não fomos formados como pessoas que se preocupam muito mais com a venda do produto do que o conteúdo. Graças a Deus que é assim porque, de alguma forma, o que é essencial, pontual e estruturante se mantém. Mas, principalmente por causa da urgência da comunicação e da velocidade das mídias, da velocidade da internet e de todo esse mundo digital, desse universo visual e auditivo-digital, a gente precisa se atualizar constantemente e, naturalmente, isso faz com que a gente se atualize comercialmente falando também, porque vai

aprendendo a observar o que é comercial, o que é assimilável para as pessoas.

A música católica tem contribuído para a missão da Igreja? O que falta por parte dos músicos? E da própria Igreja? É muito difícil imaginar a Igreja sem música. É como um corpo sem coração, é como uma vida sem alma, porque a música anima a vida interior do seu povo, do povo da igreja. A música facilita o diálogo com Deus, a música facilita o conhecimento de si mesmo e do outro, a música facilita e promove uma socialização e, ao mesmo tempo, uma comunhão profunda, não só humana, mas espiritual de todo o povo da Igreja, de todo o povo de Deus. Acho que o que falta talvez, por parte dos músicos, é profissionalização e estudo, uma subida de nível, uma possibilidade de expressão musical mais profissional, não no sentido comercial, mas no sentido de responsabilidade artística, no sentido de responsabilidade de sentido de vida vocacional mesmo, como em épocas um pouco atrás aqui da história, como os músicos que eram mantidos pelos mecenas nas igrejas e nas paróquias. Eles eram contratados pelas igrejas para manter a qualidade da Igreja. Hoje a gente não tem muito essa realidade mais. A música católica é mantida por voluntários, por gente que trabalha o dia inteiro e ensaia às 10 horas da noite, pra cantar na missa às 6 da manhã. Então, é uma arte que se sustenta por generosidade pura. O que falta talvez seja por parte da liderança da Igreja, de muitas paróquias do Brasil, ter uma consciência mais ou-

sada talvez, ou dar um passo um pouco mais ousado financeiramente falando, para começar um processo de profissionalização de músicos dentro das paróquias, não pensar em profissionalização de músicos que gravem discos e sejam de gravadores e de editoras. Estou falando de músicos contratados da igreja, mantidos pelo padre, com a sua carteirinha assinada, mas que sejam responsáveis pela qualidade musical daquela paróquia.

Você é, além de cantora e compositora, uma estudiosa de música. Como a música pode ajudar na formação integral da pessoa humana? Eu acredito que uma alma humana sem musicalidade, sem movimento interior, musicalmente falando, é como uma alma engessada, uma alma sem vida. A música dá possibilidade de expressão do interior da alma humana, onde essa própria alma humana, às vezes, não tem nem condição de ter consciência de si mesma e nem dar nomes aos seus estados. A arte existe para isso, para que o ser humano tenha a possibilidade de se expressar mesmo que no seu vocabulário, ele não encontre palavras capazes de alcançar ou de abarcar aquele estado interior. Quando, por exemplo, eu escuto a 7ª Sinfonia de Bruckner, é uma força de expressão tão grande, é uma capacidade harmônica maravilhosa, uma sucessão de temas únicos. Quando eu ouço aquela sinfonia, eu penso que não existe no vocabulário inglês, italiano, francês, português, não existe uma tradução em um vocabulário que eu conheça que expresse o que aque-

Completamente consciente. Eu não me declaro uma compositora tendenciosa e enraizada em algum movimento da Igreja, mas me considero uma compositora que tem sede de expressões reais, profundas e curativas pra alma humana. Eu gosto de observar o ser humano, dar nome aos movimentos da alma do ser humano. Acho que essa percepção é movida pelo Espírito Santo, porque sem o Espírito acho que não conseguiria transformar esses movimentos em poesia. Mas é uma vocação, acho que sou chamada, desde muito nova, a isso. Desde o meu primeiro disco, lembro que recebi até críticas porque muitas pessoas acharam que era um disco “umbigocêntrico”, egoísta, só falava de mim. Com o tempo, as pessoas foram entendendo que é uma vocação, uma forma de falar com Deus e é necessário que num quebra-cabeça montado por tantos, tantas expressões diferentes da música religiosa brasileira, eu sou só uma pecinha, só uma, que se completa com os demais. Eu gosto de assumir essa peça, porque sei que ela me pertence, é minha e ninguém pode exercer essa vocação e viver esse sentido de vida artística no meu lugar. É uma responsabilidade pessoal, única, individual e que me enche de sentido, é desafiadora, e me alegra muito quando eu consigo acertar a mão e fazer realmente algo que inspire valores tão evidentes e tão fortes. Eu gosto muito que Deus tenha me escolhido justamente para fazer isso da minha vida, me alegro muito com isso. Eu me completo com os meus irmãos, com outros que têm uma linguagem de adoração, uma linguagem de louvor, uma linguagem mais social, uma linguagem mais crítica, e tenho essa linguagem humana, que adoro. (Leia a íntegra desta entrevista no Portal da Arquidiocese de São Paulo – http://arquisp.org.br)


16 | Fé e Cultura |

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Filipe David

osaopaulo@uol.com.br

Dica de Leitura

O homem – a vida, a ciência e a arte “Os trabalhos que compõem este volume tendem todos ao mesmo objetivo, mas por vias diferentes. Inspirados por um sopro único, basta que sigam esse sopro para encontrar seu lugar, e é a esse sopro que os abandono. Esse lugar é a Unidade. A Unidade que é o sinete do Verdadeiro, do Belo e do Bem, impresso em cada talo de erva e em cada esfera celeste. (...) Este livro é um essencialmente e diverso acidentalmente. Sua unidade consiste em apresentar sempre as aplicações da mesma Verdade, e em buscar, na vida, na ciência, na arte, seus reflexos e símbolos. Procurei mostrar a vida, a ciência e a arte como três espelhos em que se refletem a mesma face, como três galhos da mesma árvore, como três artigos da mesma lei.” (Ernest Hello, autor). FICHA TÉCNICA Autor: Ernest Hello Páginas: 396 Editora: Ecclesiae

Reprodução

Música

Concerto - Música de câmara (quinteto de cordas) A abertura da série “Ouvido Absoluto” se dará com três concertos do brilhante quinteto de cordas Quintal Brasileiro, a serem realizados nos dias 15, 22 e 29 de agosto, sempre às 12h, com o mesmo programa, no Teatro Eva Herz, da Livraria Cultura do Conjunto Nacional (avenida Paulista, 2.073, Bela Vista). A série tem sempre no palco formações de dois a sete integrantes, todos eles profissionais de altíssimo nível, na maioria músicos que fazem parte dos corpos estáveis de grandes orquestras existentes na cidade – entre elas OSESP, Sinfônica Municipal e OSUSP – e que, além de tocar com suas sinfônicas se organizam em formações menores, para dedicar-se ao riquíssimo e fascinante repertório da música de câmara. Formado em 2002, o Quintal Brasileiro é um quinteto de cordas (dois violinos, uma viola, um violoncelo e

um contrabaixo) formado por músicos que trabalham juntos há mais de 15 anos. O Quintal Brasileiro tem como proposta uma maneira de tocar na qual se diluam as fronteiras entre a música clássica e a música instrumental brasileira. Seus cinco músicos aliam a espontaneidade e o prazer de tocar do músico popular ao rigor técnico e à virtuosidade do músico erudito. No programa dos três concertos que faz na série “Ouvido Absoluto”, o Quintal Brasileiro apresentará obras de Heitor Villa-Lobos, Béla Bartók, Edmundo Villani-Côrtes, André Mehmari e outros compositores. Algumas delas são obras originais para quinteto de cordas, outras serão apresentadas em criativos arranjos para a formação. Os preços variam de R$ 40,00 (inteira) e R$ 20,00 (meia). Para mais detalhes: www.livrariacultura.com.br.


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Nas Américas, a superação esportiva veste verde e amarelo Luciney Martins/O SÃO PAULO

Entre os dias 7 e 15, em Toronto, 272 brasileiros buscarão manter a liderança do Brasil no Parapan

Comitê Paralímpico Brasileiro

Daniel Gomes

danielgomes.jornalista@gmail.com

Em 2007, pela primeira vez na história, os jogos Pan e Parapan-americanos foram disputados na mesma cidade, o Rio de Janeiro. Naquele ano, de maneira inédita, o Brasil terminou na liderança do Parapan, feito que se repetiria em Guadalaraja 2011, com 197 medalhas, sendo 81 de ouro. No intervalo entre as duas edições dos jogos, novos atletas se juntaram ao paradesporto brasileiro, entre esses Jady Martins Malavazzi. A paranaense, hoje com 20 anos, sofreu um acidente de carro em 2007, que a deixou paraplégica. “Toda a minha reabilitação foi baseada no esporte. Pratiquei natação, basquete, mas como esporte competitivo, profissional, me encontrei no ciclismo”, recordou Jady ao O SÃO PAULO. Praticante do ciclismo handbike, Jady conquistou medalha de prata no Parapan de 2011, na corrida de estrada. A partir da sexta-feira, 7, ela estará na

Jady Malavazzi, do ciclismo, e Daniel Dias, da natação, estão entre os 272 atletas do Brasil no Parapan do Toronto

equipe de 272 atletas que representarão o Brasil no Parapan de Toronto, que segue até o dia 15. O Brasil contará com representantes no atletismo (50 atletas), natação (40), tênis de mesa (28), basquete em cadeira de rodas (24), vôlei sentado (24), halterofilismo (15), judô (15), futebol de 7 (14), goalball (12), rugby em cadeira de rodas (12), bocha (10), futebol de 5 (10), tiro com arco (9), ciclismo (5) e tênis em cadeira de rodas (4). A meta do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) é que o País lidere novamente o quadro de medalhas. “Sabemos que não será fácil. O Canadá tem uma nova geração e virá, com certeza, com bastante força, aproveitan-

do o fato de estar competindo em casa. Mas estamos entusiasmados e confiantes em manter a hegemonia nas Américas”, avaliou Andrew Parsons, presidente do CPB, em entrevista ao site da entidade.

Projeções douradas

No Parapan de 2011, a natação brasileira assegurou 85 das 197 medalhas do País. Para Toronto, a expectativa é de mais pódios. A maior aposta está em Daniel Dias, 26, que já possui 19 ouros em parapans. O atleta nasceu com má formação congênita nos braços e na perna direita, mas isso não o impediu de alcançar 15 medalhas paralímpicas. Em julho, no mundial da

Brasil, em junho, alcançou o terceiro lugar no mundial da modalidade. “Estamos indo com mais força para Toronto do que quando fomos para Guadalajara. Podemos citar o tênis de mesa e o ciclismo, duas modalidades em que conseguimos importantes conquistas nos últimos tempos. Temos domínio, também, no futebol de 5 e o futebol de 7. Fomos campeões mundiais de goalball masculino no ano passado e prata no mundial de vôlei sentado masculino. Temos um leque enorme de atletas que devem ganhar medalhas em Toronto. Entre os principais, estão Daniel Dias, que deve faturar acima de dez. Porém, é quase impossível dar um destaque específico. A gente acredita que até podemos medalhar no tiro e no rugby, que é estreante”, avaliou Edilson Alves Rocha, 44, diretor técnico do CPB, em entrevista ao O SÃO PAULO em março.

modalidade, na Escócia, Daniel venceu sete provas. O Brasil também está entre os favoritos no atletismo, com destaques para os medalhistas paralímpicos Alan Fonteles e Teresinha Guilhermina, além de Mateus Evangelista, que recentemente estabeleceu novo recorde mundial no salto em distância na classe T37, para atletas com paralisia cerebral. DOMINGO (9) Nos esportes coCircuito Popular de Corrida de Rua letivos, as melhores de São Paulo chances de pódios 7h – Etapa de Pinheiros-Butantã (aveniestão no goalball, no da Politécnica, próximo à avenida Torres de Oliveira) futebol de 5 (para cegos) e no futebol de Brasileirão de Futebol 7 (para paralisados 16h – São Paulo x Corinthians (Morumbi) cerebrais), no qual o

AGENDA ESPORTIVA


18 | Regiões Episcopais |

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Santana ‘Tenham certeza que o Espírito Santo habita em seus corações’

Diácono Francisco Gonçalves

Colaborador de comunicação da Região

Diácono Francisco Gonçalves

Dom Sergio durante missa na Paróquia Nossa Senhora Aparecida

No domingo, 2, à noite, 50 jovens receberam o sacramento da Crisma, ministrado por Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim São Paulo. A missa foi concelebrada pelo Padre Antônio Moura, pároco e administrador regional da cúria de Santana. Dentre os crismandos, quatro jovens eram pertencentes a Paró-

quia Santo Antônio do Tucuruvi. Ao falar aos padrinhos, o Bispo reforçou sobre a importância da escolha. “Esses jovens precisarão de vossa ajuda para crescerem na fé. Sejam verdadeiras testemunhas da fé católica para eles. Eles amam vocês, confiam em vocês. Eles não foram à estação do metrô pegar um padrinho entre os transeuntes. Não! Eles escolheram vocês porque os têm como amigos em

quem acreditam”, afirmou. Dom Sergio também animou os jovens. “A partir desta data, tenham certeza que o Espírito Santo habita permanentemente em seus corações, por isso, não tenham receio de enfrentar dificuldades, pois o Espírito os fortalece”. O Bispo recordou, ainda, que assim como os apóstolos receberam em Pentecostes o Espírito Santo, os jovens também estavam vivendo o seu Pentecostes.

Atenção à Semana da Família e à ‘Misericordiae Vultus’ “Misericordiae Vultus (O rosto da misericórdia)”, a bula de proclamação do jubileu extraordinário do ano da misericórdia publicada pelo Papa Francisco, foi alvo de reflexões dos coordenadores e assessores eclesiásticos de pastorais e movimentos no sábado, dia 1º, durante o Conselho Regional de Pastoral (CRP), na cúria regional, junto a Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, e o Padre João Luiz Miqueletti, coordenador regional de pastoral.

A assessoria foi feita pelo Padre Augusto César Pereira, SCJ, que fez uma síntese do documento, fornecendo uma chave facilitadora de compreensão. “Hoje, o Padre Augusto César falou duas ‘coisinhas’ para pensar: nosso rosto reflete nossa situação. O que nosso rosto está refletindo? Ele também disse que Deus vai nos perguntar: ‘O que você fez com tanto amor que lhe dei?’”, expressou Ana Filomena Garcia, que com seu esposo, Luiz Fernando, coordena a Pastoral

Familiar na Região. Durante o CRP, o casal anunciou a programação da Semana Nacional da Família. Em âmbito arquidiocesano, a abertura será no sábado, 8, com uma caminhada do Pátio do Colégio até a Catedral da Sé, seguida de missa solene, presidida por Dom Sergio. “A caminhada visa dar visibilidade à família, projeto de Deus, vocação ordinária de todo ser humano”, informou Luiz Fernando. Durante toda a semana, a Pastoral Familiar realizará

Brasilândia

Diácono Francisco Gonçalves

Padre Augusto assessora encontro sobre ‘Misericordiae Vultus’

nas paróquias diversas atividades, como palestras, missas, adorações, a partir do tema “O amor é a nossa missão: A família plenamente viva”, com

encerramento no sábado, 15, na Cúria regional, a partir das 14h, com duas palestras voltadas especialmente para agentes da Pastoral Familiar.

Padre Cilto José Rosembach e Matheus Maciel Colaboração especial para a Região

‘A Igreja anuncia Alegria e Esperança’ A fim de aprofundar os estudos sobre os documentos e práticas da Igreja que tratam da atuação social dos cristãos, a Região Brasilândia promoveu a Semana Regional de Formação, com o tema “A Igreja anuncia Alegria e Esperança”. Os encontros aconteceram simultaneamente em quatro núcleos setoriais, nas paróquias São José, Santos Apóstolos, Santo Antônio e São Luís Gonzaga. Ao todo, mais de 800 pessoas participaram da formação, que teve como assessores os teólogos Ariovaldo e Regina Lunardi, que falaram sobre a Doutrina Social da Igreja; o Professor Antônio Claro Leite

e o Padre Antônio Manzatto, que palestraram sobre a constituição pastoral conciliar Gaudium et Spes; além do Padre Augusto César Pereira, SCJ, e Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, que apresentaram a proposta da bula do Papa Francisco sobre o Ano Santo da Misericórdia, Misericordiae Vultus. Dom Devair abordou o tema da misericórdia e o definiu segundo o pensamento bíblico, destacando que o termo significa compaixão e indica afeto e ternura pelo outro, que se traduz em um ato. “Essa compaixão, quase instintiva, nasce nas entranhas ou no co-

ração. É um sentimento materno”.

Alegria e esperança

Ao falar sobre a Gaudium et Spes, o professor Antônio Claro expressou que é um documento que trata das relações entre a Igreja e o mundo contemporâneo, sendo a única constituição pastoral e a quarta das constituições do Concílio Vaticano II. “O documento parte da constatação de uma situação de miséria coletiva, que causa uma situação de injustiça que brada aos céus”, afirmou. O Padre Antônio Manzatto, professor da PUC-SP, fez uma análise sobre a realidade da Igreja no mundo, e desta-

cou que após a eleição do Papa Francisco, “a Igreja é chamada a sair de si mesma e ir para as periferias, não apenas geográficas, mas também as periferias existenciais: as do mistério do pecado, da dor, das injustiças, das ignorâncias e recusa religiosa, do pensamento, de toda miséria”.

Muitos com pouco e poucos com muito

Discorrendo sobre a Doutrina Social da Igreja, os teólogos Ariovaldo e Regina Lunardi levaram os leigos à reflexãosobre o papel da Igreja em uma sociedade onde permeiam as injustiças sociais, má distribuição de renda e miséria. “Compete à Igreja anun-

ciar sempre e por toda parte os princípios morais, mesmo referentes à ordem social, e pronunciar-se a respeito de qualquer questão humana, enquanto o exigirem os direitos fundamentais da pessoa humana ou a salvação das almas”. Em entrevista à Pascom Brasilândia, o Padre Reinaldo Torres, coordenador pastoral da Região, avaliou que os assessores motivaram os leigos a se aprofundarem no conhecimento dos documentos da Igreja. “A semana foi excepcional sobre o ponto de animar o conhecimento e a caminhada de tantas pessoas que são chamadas a trabalhar com esses aspectos sem, no entanto, terem o devido aprofundamento”.


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Belém Diante dos desafios da sociedade, a Igreja tem olhares de esperança Peterson Prates

Colaborador de comunicação da Região

“Somos gente cheia de esperança, queremos entrar na roda, queremos fazer parte deste momento novo e sermos semeadores da esperança, onde quer que estejamos”, expressou Dom Edmar Peron, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Belém, durante a XVI Semana de Fé e Política, realizada no Centro Pastoral São José. Com o tema ‘Igreja e sociedade: desafios e esperanças’, o encontro contou com a participação dos agentes de pastoral, movimentos e religiosos que durante os dias 27 a 29 refletiram as perspectivas pastorais, sobretudo no âmbito político. Dom Edmar, na abertura do encontro, recordou as palavras do Papa Francisco no discurso dirigido aos movimentos populares na Bolívia, durante sua viagem apostólica à América latina em julho. “Digamo-nos sem medo: queremos uma mudança, uma mudança real, uma mudança de estruturas. Esse sistema é insupor-

tável: não o suportam os camponeses, não o suportam os trabalhadores, não o suportam as comunidades, não o suportam os povos, e nem sequer a Terra, a irmã Mãe Terra, como dizia São Francisco. [...] A globalização da esperança, que nasce dos povos e cresce entre os pobres, deve substituir essa globalização da exclusão e da indiferença”. Padre José Oscar Beozzo, coordenador geral do Centro Ecumênico de Serviço à Evangelização e Educação Popular (CESEEP), tratou da caminhada da Igreja no Brasil desde a época da ditadura militar até os dias atuais, e também mencionou os impactos do Concílio Vaticano II, especialmente da constituição pastoral Gaudium et Spes. Comentou, ainda, que os documentos “Eu ouvi os clamores do meu povo”, elaborado pelos bispos do Nordeste; e “Marginalização de um povo”, pelos bispos do centro-oeste, ambos lançados em 1973, que denunciavam as

Peterson Prates

Participantes da Semana de Fé e Política apresentam algumas das recorrentes mazelas sociais

situações de injustiça, como a fome, a má distribuição de terra, a ofensa contra os povos nativos, foram exemplos de anúncio e profetismo da Igreja em tempos de desafios. A análise histórica, social e política do País foi refletida pelo Professor Plínio de Arruda Sampaio Júnior, durante o segundo dia do evento. Ele citou o sociólogo Florestan Fernandes, para recordar que o Brasil não esqueceu sua herança escravagista e

ainda sofre com resquícios do colonialismo. Para o Professor, a atual crise pela qual passa o Brasil é resultado do impacto da grande crise mundial. Os desafios e as esperanças pastorais, sobretudo no âmbito político, foram tema da última noite de evento, com assessoria do Padre Nelito Dornellas, ex-assessor da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz da CNBB.

Ele utilizou o exemplo do profeta Jeremias, que denunciava os males sociais da época, como o latifúndio, as leis injustas, a escravidão, e pregava a prática da justiça e do direito. Relembrou, ainda, das conferências episcopais latino-americanas, e a atuação de Dom Luciano Mendes de Almeida, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Belém, entre 1976 a 1988, na Conferência de Santo Domingo em 1992.

Paróquia-santuário Santa Isabel Rainha recebe visita do Cardeal Peterson Prates

Fiéis se alegram com a presença de Dom Odilo na Paróquia Santa Isabel Rainha

Os fiéis da Paróquia-santuário Santa Isabel Rainha, no Setor Pastoral Carrão-Vila Formosa, acolheram no domingo, 2, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, que realizou sua primeira visita pastoral à Paróquia. A visita teve por finalidade um contato direto do Cardeal com o Padre José Carlos dos Anjos, pároco, bem como com os ministros extraordinários, cerimoniários, acólitos, coroinhas, líderes de pastorais e demais leigos, para que vivam uma vida de fé e prática cristã. Dom Odilo, na homília, destacou a importância de que os cristãos

Semana jovem de oração e solidariedade A juventude da Paróquia Sagrada Face, do Setor Pastoral Antonieta, realizou entre 26 de julho e 2 de agosto, a Semana Jovem, com o tema “Vai e reconstrói a minha Igreja”. A atividade aconteceu entre os dias 26 de julho a 2 de agosto e reuniu a juventude paroquial. Durante a sema-

na, os jovens participaram tanto de atividades religiosas, na participação das missas, quanto de passeios culturais e ações sociais. Como gesto concreto de solidariedade, na sexta-feira, 31, distribuíram 700 pratos de sopas, água, pão e cobertores para pessoas em situação de rua,

na região central da cidade. Para o Padre Cássio de Almeida, pároco, o papel fundamental da juventude na continuidade da fé é viver o Evangelho e a santidade, “para que o jovem se identifique com a Igreja, e, assim, com Jesus Cristo possa assumir a Igreja”, expressou.

tenham a fome do Pão do Céu, que leva à vida eterna. “Buscar Jesus Cristo com a mesma força e, ainda mais, como buscamos o alimento”, afirmou. “Que a fome da vida eterna, seja maior que a fome física”, enfatizou. O Cardeal Scherer também conheceu detalhes do templo, que foi elevado à categoria de santuário pelo Cardeal Paulo Evaristo Arns, quando era arcebispo de São Paulo. Em sua nave central, quatro cruzes, com velas colocadas em quatro pilares laterais, indicam essa consagração, que é comemorada, todos os anos, em 9 de agosto. (Com informações complementares da Paróquia-santuário Santa Isabel Rainha)

Rosana Goi

Jovens da Paróquia Sagrada Face com o Padre Cássio de Almeida


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Lapa Gaudium et Spes traz critérios para discernir os sinais dos tempos Benigno Naveira

Colaborador de comunicação da Região

Benigno Naveira

Para Dom Julio, documento assinala ponto de encontro entre Cristo e o homem moderno

Com o tema “Reflexão sobre a Constituição Pastoral Gaudium et Spes do Concílio Vaticano II sobre a Igreja no mundo de hoje”, o Curso de Teologia para Agentes de Pastoral (CTAP), atuante na Região Lapa há 20 anos, promoveu na Paróquia Nossa Senhora da Lapa, nos dias 27 e 28, o XI Curso de Férias voltado para os leigos e agentes de pastoral. Participante do encontro, Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, falou que a Gaudium et Spes levou de novo a Igreja ao meio da vida contemporânea,

não para dominar a sociedade nem para dificultar o desenvolvimento de sua atividade, mas para iluminar, sustentar e consolar. “A Gaudium et Spes apresenta critérios para discernimento dos sinais dos tempos, pistas à ação da Igreja e incentiva os cristãos leigos e leigas em sua missão no caminho da evangelização”, disse Dom Julio, que também expressou que o Documento assinala o ponto de encontro entre Cristo e o homem moderno, sua alegrias e esperanças, as tristezas e as angústias da humanidade.

Paróquia Santa Luzia acolhe atletas de jiu-jitsu do Amazonas Entre os dias 23 a 26, a Paróquia Santa Luzia, do Setor Pastoral Pirituba, acolheu sete atletas e o treinador da equipe de jiu-jitsu da cidade de Autazes (AM), que estiveram em São Paulo para participar do Campeonato Mundial de Jiu-Jitsu, no Ginásio do Pacaembu, que reuniu atletas brasileiros e de outros países como Argentina, Paraguai e Estados Unidos. Os lutadores Andrean Pinheiro, Dhiego Thai, Lucas Pontes, Davi Orlando,

Jander Silva, Jackson Correa, Deivison Sá e o coordenador e mestre José Ribeiro vieram a São Paulo mesmo sem o devido apoio dos órgãos públicos e demonstraram estar bem preparados: na classificação geral da competição, Andrean, Dhiego e Lucas terminaram suas categorias em 5º lugar, e o atleta Davi concluiu a participação no campeonato na 3ª posição. A equipe foi acolhida na Paróquia Santa Luzia a convite do Padre Geraldo Pedro

dos Santos, pároco, que se tornou amigo dos atletas quando esteve à frente da Paróquia Santa Joaquina e Santa Ana, em Autazes (AM), por três anos. Em entrevista à Pastoral da Comunicação da Região Lapa, José Ribeiro falou do trabalho realizado pelo grupo, que além do esporte desenvolve um projeto de integração social, e reúne a arte do jiu-jitsu com o trabalho missionário de evangelização com crianças e jovens, e tem como

Benigno Naveira

Padre Geraldo dos Santos (ao centro) junto a atletas de jiu-jitsu

objetivo afastá-los das ruas e das drogas. José Ribeiro agradeceu o apoio da Paróquia e também de Dom

Eduardo Vieira dos Santos, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Sé.

Associados do Apostolado da Oração reafirmam: ‘Eu vim para servir’ Benigno Naveira

400 associados do AO durante encontro na Paróquia Cristo Jovem

A Paróquia Cristo Jovem, no bairro da Lapa, acolheu no sábado, dia 1°, o 2º Encontro Arquidiocesano do Apostolado da Oração (AO), com a participação de 400 associados do Apostolado atuantes nas seis regiões episcopais da Arquidiocese. Acolhidos pelo Padre Euclides Eustáquio de Castro, pároco, os zeladores participaram de palestra

com o Padre Eliomar Ribeiro, diretor nacional do Apostolado da Oração e do Movimento Eucarístico Jovem (MEJ). Ele falou sobre o tema do encontro “Eu vim para servir” e da presença do Apostolado, que nasceu há 170 anos na França. Para marcar as comemorações do centenário do MEJ, acontecerá, entre os dias 4 e 10, um encontro

mundial em Roma, que reunirá mais de 1.800 jovens do mundo inteiro, que se encontrarão com o Papa Francisco, na sexta-feira, 7. Padre Eliomar afirmou que o Brasil participará com uma delegação de 40 pessoas. O MEJ está presente em mais de 37 países nos cinco continentes, ajudando crianças e jovens a viverem a espiritualidade de Jesus.


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Fernando Geronazzo

Colaborador de Comunicação da Região

Novos diáconos Scalabrinianos têm missão junto aos migrantes nas, no Peru, o diácono Eber ingressou no seminário em 2005. Veio para o Brasil há quatro anos para concluir os estudos teológicos e agora atuará pastoralmente na província da qual o Brasil faz parte. O diácono Felimón nasceu em 4 de maio de 1981, na cidade de Irámuco, no México. Ele ingressou na Congregação em 2005. Em 2013, foi enviado a Manaus (AM) para experiência pastoral e agora atuará na província que compreende o leste dos Estados Unidos, Colômbia, Equador, Venezuela e Haiti. Natural de Coupeau, no Haiti, o diácono Pierre nasceu em 15 de novembro de 1978, e iniciou a formação religiosa em 2005. Passou pelo México de 2008 a 2010 e, em seguida, atuou na Paróquia Nossa Senhora da Paz. Agora, ele desempenhará o diaconato na região que compreende o oeste do Canadá e dos Estados Unidos, México, Guatemala e El Salvador. “Recebendo o ministério ordenado, serão transformados por dentro, pelo sim de vocês a Jesus Cristo, que Paróquia Santo Inácio de Loyola

Fachada da Paróquia Santo Inácio de Loyola, na Vila Mariana

Fernando Geronazzo

Missionários Scalabrinianos são ordenados diáconos por Dom Eduardo, dia 1º

um dia vos chamou antes mesmo que fossem formados no ventre materno”, afirmou Dom Eduardo, na homilia. Ele convidou a comunidade a apoiar e acompanhar pela oração os novos

Há 75 anos, Santo Inácio de Loyola intercede pela Vila Mariana A Paróquia Santo Inácio de Loyola (rua França Pinto, 115, Vila Mariana) completou 75 anos de criação, festejados solenemente no sábado, dia 1º, em missa presidida pelo Padre Luiz Miguel Duarte, superior provincial da Sociedade de São Paulo (Paulinos), e concelebrada pelos demais padres da Congregação. Na oportunidade também se comemorou a memória litúrgica do Padroeiro, celebrada em 31 de julho. Criada em 25 de janeiro de 1940, pelo então arcebispo de São Paulo, o Cardeal Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, a Paróquia foi confiada

aos cuidados dos Padres Paulinos, que chegaram ao Brasil para iniciarem seu apostolado. Teve como primeiro pároco o Padre José Romano Gori, que ficou à frente da comunidade por 50 anos. Em 1941, foi lançada a pedra fundamental da matriz paroquial, inaugurada em 1945, com o título de Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos. Nos anos de 1946, 1952, 1955 e 1963 a Paróquia, que é a única da Congregação no mundo, recebeu a visita do fundador dos Paulinos, o Bemaventurado Tiago Alberione. Em mensagem dirigida aos paroquianos, o Padre Mário Pizetta, pároco, enal-

‘O amor é a nossa missão: a família plenamente viva’ A Pastoral Familiar do Setor Aclimação irá promover um Encontro das Famílias nos dias 11 e 12, na Paróquia Nossa Senhora do Carmo (rua Braz Cubas, 163, Aclimação), com o tema “O amor é a nossa missão: a família plenamente viva”. O evento, que contará com a presença de Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, acontece em preparação para o Encontro Mundial das Família, a ser realizado nos Estados Unidos em setembro.

diáconos. “O sim que vocês deram à Igreja, de modo particular, à vida religiosa, hoje pedindo o ministério diaconal, seja acolhido por todo o povo de Deus”.

teceu os sacerdotes e religiosos que atuaram na Paróquia, bem como as famílias dos migrantes italianos, portugueses, espanhóis, de todas as nacionalidades que participaram ativamente na criação e crescimento da comunidade, e àqueles que hoje vivem e atuam na Paróquia. “Assim como o milagre do pão foi um sinal para o povo, uma paróquia é também um sinal para a vida dos que acreditam no Evangelho”, afirmou Padre Mário, relacionando o aniversário da Paróquia com a liturgia do domingo, 2, na qual Jesus afirma ser “o Pão descido do Céu”.

Saudável

Vida

A Congregação dos Missionários de São Carlos Borromeu (Scalabrinianos) acolheu três novos diáconos no sábado, dia 1º, na Paróquia Nossa Senhora da Paz, no centro. O peruano Eber Oblitas Cabrera, o mexicano Felimón Rodrigues Sixtos e o haitiano Pierre Vertus foram ordenados diáconos pela imposição das mãos de Dom Eduardo Vieira dos Santos, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Sé. Com o lema “Eu era estrangeiro e me acolhestes (Mt 25,35)”, os Scalabrinianos têm por missão acompanhar os migrantes em diferentes realidades. “Nossa missão surgiu com o atendimento aos migrantes italianos e depois, com o passar do tempo, com a intuição do fundador, o Beato João Batista Scalabrini, está aberta aos migrantes de todas as nacionalidades”, explicou o Padre Agenor Sbaraini, superior provincial regional da Congregação, que compreende Peru, Bolívia, Argentina, Paraguai, Uruguai, Brasil e Chile. Nascido em 20 de novembro de 1981, no departamento de Amazo-

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Ipiranga ‘O protagonismo dos leigos na comunicação evangelizadora’

Caroline Dupim

Colaboradora de comunicação da Região

Caroline Dupim

Aldo Quiroga, da TV Cultura, durante encontro de comunicação

Com o intuito de apresentar a Pastoral da Comunicação e convidar mais pessoas à sua participação,

o Conselho Regional de Pastoral da Região Ipiranga realizou no sábado, dia 1º, sua reunião mensal com o tema

voltado para a comunicação. Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, fez a abertura do encontro com a oração do comunicador. Aldo Quiroga, jornalista da TV Cultura, falou sobre “O protagonismo dos leigos na comunicação evangelizadora”, tema do 5º capitulo do Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil. A influência da internet na vida das pessoas, a dependência das novas tecnologias, a cultura do selfie e a ansiedade por um alto número de

curtidas e compartilhamentos nas redes sociais foram destacados pelo jornalista como itens que podem promover a individualidade e a dependência desse meio de comunicação. Ele indicou como dever ser a comunicação na Igreja: “Nós, como Igreja, utilizando os meios de comunicação, precisamos publicar o que deve ser publicado, sem visar o número de curtidas, comentários e compartilhamentos”, comentou, sinalizando que os comunicadores são chamados à verdade e à caridade. Também nesse encontro,

o Padre Tarcísio Mesquita, coordenador arquidiocesano de pastoral, foi convidado a comentar alguns aspectos sobre a encíclica Laudato si´, do Papa Francisco. O sacerdote enfatizou que não se trata de uma encíclica verde, mas sim de um documento que alerta para as realidades sociais e ambientais, fatores que estão inteiramente interligados. Também alertou: “os que mais sofrem são os que menos depredam; a encíclica nos convida a termos uma relação de intimidade com o meio ambiente, cuidarmos da nossa casa”. Caroline Dupim

Dom Carlos dialoga com Setor Juventude regional O Setor Juventude da Região Ipiranga acolheu Dom Carlos Lema Garcia, vigário episcopal para a Educação e a Universidade da Arquidiocese de São Paulo, no sábado, dia 1º na sede da Região.

Dom Carlos explicou que o Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade tem o objetivo de englobar toda pastoral, movimento e instituição que esteja ligada à educação. O Bispo partilhou o que já viveu como vigário,

em visitas a colégios e universidades. Os jovens contaram experiências por eles vividas no primeiro semestre e apresentaram o calendário do Setor da Juventude para o este semestre.

Dom Carlos Lema Garcia com participantes do Setor Juventude

O SÃO PAULO nos passos do Padre José Lino Renata Moraes

jornalismorenata@gmail.com

Para demarcar a data em que a Igreja comemora a memória litúrgica de São João Maria Vianney, o padroeiro dos sacerdotes, em 4 de agosto, O SÃO PAULO acompanhou um dia na rotina de um sacerdote da Arquidiocese de São Paulo. Padre José Lino Mota Freire, 36, atualmente é pároco na Paróquia Santa Ângela e São Serapião, da Região Ipiranga, e conversou com a reportagem no domingo, 2, após ter presidido duas missas e almoçado com casais da Pastoral dos Noivos. Ao final da entrevista, ele ainda iria ministrar exéquias e voltaria ao encontro com os noivos.

Despertar da vocação

Natural de Vitória da Conquista (BA), foi ordenado sacerdote na Catedral da Sé, em dezembro de 2009. Já em sua cidade natal, na juventude, percebeu os sinais de Deus e o desejo de servir à Igreja como padre. “Aos 11 anos, eu estava na feira da minha cidade, e vi passar alguns frades paramentados de branco. Sai correndo com medo, achando que eram os homens que roubavam os corações das crianças para vender, hoje,

Luciney Martins/O SÃO PAULO

algo conhecido por menos de como tráfico de dois meses na órgãos. Somente Paróquia Santa Ângela e São mais tarde, fui Serapião, na entender que já Vila Moraes, era Deus querendo arrancar sendo transferido para a meu coração e Paróquia Santorná-lo um coração sacerdota Paulina, no tal”, recordou. bairro Heliópolis, na periAos 15 anos, feria da zona a vontade de sul de São Pautornar-se padre lo. aumentou, tendo contato com Desde o os seminaristas Padre José Lino Mota Freire durante missa começo, foram muitos capuchinhos. Porém, aos 17 anos, começou a namo- os desafios enfrentados, sobretudo rar. Aos 19, mudou-se para São Paulo e na evangelização com a juventude, passou a frequentar a Paróquia Nossa em um bairro em que a violência, Senhora de Fátima, na Vila Leopoldi- o tráfico de drogas e os famosos na, onde iniciou o processo de discer- “pancadões” de bailes funks eram nimento vocacional, período que, con- constantes. “Saber dialogar com forme lembra, foi de escolhas difíceis, todo mundo, usar as palavras cercom a de excluir a possibilidade de ser tas, delimitar as palavras, sobretudo pai e de formar uma família. Porém, o na evangelização, foram uma das desejo de ser padre falou mais alto e minhas principais dificuldades”. Com apenas dois meses de saJosé Lino deixou a namorada e ingressou no Seminário Arquidiocesano em cerdócio, como administrador paroquial, ele teve ajuda de muitos fevereiro de 2002. padres amigos. Na Região IpiranNo coração do Heliópolis ga assumiu o trabalho da Pastoral Recém-ordenado, permaneceu Vocacional, retomou os trabalhos

da Pastoral da Criança na Santa Paulina, realizou missões com seminaristas e leigos dentro da favela, celebrou missas nas casas, e o sacramento da unção dos enfermos. As visitas aos doentes e idosos também faziam parte da sua rotina. Nesse período, assumiu a Capelania do Hospital Heliópolis, onde atua até hoje.

Na Santa Ângela e São Serapião

Após permanecer quatro anos na Paróquia Santa Paulina, o Padre assumiu a Paróquia Santa Ângela e São Serapião, onde é pároco há um ano e sete meses. Atualmente, o Sacerdote também coordena o Setor Juventude da Região. “Como pároco, a gente consegue tomar as decisões. Temos a responsabilidade maior na evangelização das pessoas”, avaliou. É nessa Paróquia, que desde 2014, o Padre José Lino promove o CiniCristi, uma sessão de cinema com exibição de filmes cristãos para a evangelização da juventude. Segundo o Pároco foi uma forma de trazer mais jovens para a comunidade paroquial, assim também como seus pais. “Através do cinema, da arte e da música nós também podemos evangelizar”.


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Clero arquidiocesano diante do desafio da pastoral na grande cidade Luciney Martins/O SÃO PAULO

Rafael Alberto feta Jonas, enviado por Deus para anunciar o Evangelho na grande cidade. Teve início na tarde da segunEm sua primeira confeda-feira, 3, e segue até quinta- rência, o Assessor do Curso feira, 6, em Itaici, no município fez uma reflexão sobre o sigde Indaiatuba (SP), a 13ª edição nificado de realizar pastoral do Curso de Aprofundamento numa grande cidade. Ele desTeológico e Pastoral do Clero da tacou o fato de toda a AmériArquidiocese de São Paulo, com ca latina ser majoritariamente o tema “Deus na cidade”, asses- urbana e lembrou que a Consorado pelo Padre Carlos Maria ferência de Aparecida adotou Galli, professor da Universidade a frase “Deus vive na cidade” Católica de Buenos Aires, na Ar- no lugar de “Deus habita na gentina. Neste ano, o curso conta cidade”. com aproximadamente 260 parPadre Galli também resticipantes, entre bispos, padres e saltou o fato de que os três equipes de trabalho. primeiros documentos do Na oração da Hora Média, Papa Francisco - Lumen Fidei, que abriu as atividades, o Carde- Evangelii Gaudium e Laudato al Odilo Pedro Scherer, arcebispo si’ – abordam a problemática de São Paulo, falou sobre o tema, da pastoral e da evangelização recordando a experiência do pro- nos contextos urbanos. Especial para O SÃO PAULO em Itaici, município de Indaiatuba (SP)

Em Itaici, Padre Carlos Maria Galli assessora curso de aprofundamento teológico e pastoral do clero arquidiocesano

‘Alegramo-nos porque somos sacerdotes de Cristo’ Fernando Geronazzo

Especial para O SÃO PAULO

No contexto da comemoração do Dia do Padre, lembrado no dia 4 de agosto, na memória litúrgica de seu patrono, São João Maria Vianney, a Arquidiocese realizou sua confraternização anual do clero na quintafeira, 30, na Paróquia Nossa Senhora Mãe de Deus, na Freguesia do Ó. Dom Odilo ressaltou, no início do encontro, que a confraternização deve colocar em evidência a alegria pelo sacerdócio. “Alegramo-nos porque somos sacerdotes de Cristo, ministros da Igreja, servidores do povo de Deus e, por isso, nos confraternizamos uns com os outros porque valorizamos esse dom reciprocamente. Que também se estenda ao longo do ano o interesse uns pelos outros, especialmente nas situações de sofrimento”, disse, recordando os sacerdotes idosos e enfermos.

De acordo com Dom Odilo, a Arquidiocese hoje conta com 950 padres, sendo que desses, cerca de 350 são incardinados, isto é, estão ligados canonicamente à Arquidiocese, enquanto os demais são membros de congregações e ordens religiosas, são padres residentes ou em missão. Porém, o Cardeal ressaltou que o grande número de padres não significa abundância, uma vez que existe um número significativo de sacerdotes idosos e enfermos. “Por isso, continuemos a rezar pelo Senhor da messe para que envie operários”, afirmou, lembrando que essa não é somente uma missão da Pastoral Vocacional. “Todos os padres são promotores vocacionais”.

Pastoral a serviço da fraternidade

O evento foi organizado pela Pastoral Presbiteral da Arquidiocese, que tem como referencial o Padre Fausto

Marinho. “A Pastoral Presbiteral é feita de padres para padres. Tem como objetivo o cuidado dos sacerdotes consigo mesmos e com os irmãos em relação ao bem-estar físico e espiritual, ou seja, de maneira integral”, explicou o Padre. Além dessa confraternização arquidiocesana, a Pastoral Presbiteral promove as confraternizações semestrais nas proximidades da Páscoa e do Natal, além de colaborar na organização dos retiros do clero. Padre Fausto também chamou a atenção para o fato de os presbíteros não estarem isentos dos “males da sociedade moderna”, como o isolamento e a solidão. “Por isso, promovemos visitas, especialmente aos enfermos, momentos de oração e convivência que solidifiquem a fraternidade entre os padres para que possamos ter condições de desempenhar nossa missão de cuidar do povo a nós confiado”, acrescentou.

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Cardeal Scherer durante encontro com o clero

Medalha São Paulo Apóstolo será entregue no dia 25 Divulgação

Redação

osaopaulo@uol.com.br

Foi divulgada na quinta-feira, 30, a lista dos contemplados com a Medalha São Paulo Apóstolo, da Arquidiocese de São Paulo, prêmio de reconhecimento que tem como objetivos valorizar, estimular e dinamizar a vida eclesial e pastoral na Arquidiocese. Conforme o previsto no Regulamento da Medalha, os contemplados foram selecionados pela Comissão Julgadora, em reunião realizada no dia 27. A cerimônia de entrega da Medalha acontecerá em 25 de agosto, às 19h, no auditório do Mosteiro de São Bento (largo de São Ben-

to s/nº, junto à Estação São Bento do Metrô). Contemplados e se suas respectivas categorias: Testemunho laical – Luiza Erundina, deputada federal;

Serviço Sacerdotal – Cônego Luís Geraldo Amaral Mello, arcediago do Cabido Metropolitano de São Paulo; Ação Caritativa e de Promoção Humana – Dalmo Dallari, jurista; Ação Missionária – Padre Patrick

Clarke, missionário a Área Pastoral São José Operário, Vila Prudente; Inovação na Metodologia de Pastoral – Padre Andrés Gustavo Marengo, pároco da Paróquia Natividade do Senhor, Jardim Fontalis; Educação Cristã – Luiz Antônio Souza Amaral, professor e coordenador da Pastoral da Educação; Defesa e Promoção da Vida Humana – Padre Júlio Renato Lancellotti, vigário episcopal para a Pastoral do Povo da Rua; Cultura – Coro Luther King; Comunicação – Rádio Jovem Pan AM, pelo programa “O sermão da Paixão segundo a Jovem Pan”; Serviço Social - Amparo Maternal.


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5 a 11 de agosto de 2015 | www.arquisp.org.br


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