Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 60 | Edição 3064 | 12 a 18 de agosto de 2015
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Semana da família sem ideologia de gênero Luciney Martins/O SÃO PAULO
Na semana em que a Igreja no Brasil destaca atenção à família, a Câmara de São Paulo, em primeira votação, aprovou na terça-feira, 11, o texto substitutivo da Comissão de Finanças, que removeu os termos e conceitos da ideologia de gênero do Plano Municipal de Educação, após intensa mobilização das famílias e da Igreja. O segundo turno da votação será no dia 25. No sábado, 8, na abertura da Semana Nacional da Família, que segue até o dia 15, a Pastoral Familiar promoveu caminhada pelas ruas do centro, seguida de missa na Catedral da Sé, enfatizando o tema da Semana: “O amor é a nossa missão: a família plenamente viva”. Páginas 22 e 23
No Oriente Médio, perseguição aos cristãos é permanente
Jovens católicos participam de manifestação contra a inclusão da ideologia de gênero no Plano Municipal de Educação, dia 11
Em todo mundo, 6 de agosto foi dia de oração pelos cristãos perseguidos no Oriente Médio. Na Catedral da Sé, houve missa presidida pelo Cardeal Scherer, e entre os concelebrantes estava o arcebispo da Igreja Católica de Rito Greco-Melquita, Dom Joseph Gebara. Página 15 Luciney Martins/O SÃO PAULO
UMA IGREJA INSERIDA NA REALIDADE URBANA Mais de 250 padres trataram sobre a Pastoral Urbana durante 13ª edição do Curso de Aprofundamento Teológico e Pastoral do Clero da Arquidiocese de São Paulo, que aconteceu em Itaici, município de Indaiatuba
laudato si’ A espiritualidade no cuidado com a ‘casa comum’
Página 14
(SP), entre os dias 3 e 6. Com o tema “Deus na cidade”, o encontro foi assessorado pelo padre argentino Carlos Maria Galli, autor do livro “Deus vive na cidade” e professor da Universidade Católica de Buenos Aires,
na Argentina, que ao O SÃO PAULO falou sobre as questões e realidades da Pastoral Urbana, sua relação com as outras pastorais e a dinâmica das grandes cidades.
Mosteiro da Visitação: há 100 anos na história paulistana
Um encontro inesquecível: Papa Francisco e os jovens do MEJ
No domingo, 9, o Cardeal Scherer presidiu missa pelo centenário do Mosteiro da Visitação, na Vila Mariana, pertencente à Ordem de Santa Maria da Visitação.
Em comemoração ao centenário do Movimento Eucarístico Jovem (MEJ), o Papa encontrou-se na sextafeira, 7, com 2 mil jovens de diferentes partes do mundo.
Páginas 3 e 21
Páginas 11, 12 e 13
Página 7
2 | Ponto de Vista |
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Editorial Esperança
D
esde que o ex-presidente Lula cunhou a expressão “nunca antes na história deste país” para introduzir seus discursos políticos sobre o que defendia ser avanços de seu governo, a expressão ganhou uso comum, ora para criticar o governo federal, ora para fazer uma piada em rodas de amigos, já que o bom humor brasileiro não perde a ocasião por nada. Hoje, a encontramos nos lábios de opositores que afirmam que nunca antes na história deste País houve tanta corrupção; que nunca houve corrupção envolvendo cifras tão elevadas; que nunca na história deste País houve corrupção tão generalizada, que desde a reinstauração da democracia no Brasil houve índices tão baixos de aprovação do governo presidencial; que nunca antes na história deste País houve uma crise das instituições de governo tão grande, e por ai vai.
Os que defendem o governo afirmam, por sua vez, que nunca antes na história deste País houve tanta transparência nas contas públicas, já que, como disse o Secretário Nacional da Justiça, Beto Vasconcelos, em recente entrevista concedida à revista Vice, desde 2013 todos os gastos do governo federal são publicados e podem ser vistos por qualquer cidadão interessado. Defendem, ainda, que nunca houve tantas ferramentas de investigação de atos corruptos e daí, a tese subliminar de que o que assistimos não é o aumento da corrupção e sim aumento da liberdade de investigar. O que tudo isso tem de falso ou verdadeiro será matéria para a história depurar. Ou talvez não. Contudo, o que nos parece certo é que nunca na história deste País, desde a reabertura democrática, houve tanta a necessidade de ESPERANÇA. Surge então a pergunta inevitável: o brasileiro tem razões para alimentar esperança
em relação ao futuro deste País? Assumimos que a resposta é sim. Há muito não se via neste País tamanha mobilização política em forma de manifestações populares. O povo protesta, sai às ruas e manifesta suas insatisfações precisamente porque tem esperança e sabe que a solução para a crise existe. Diversos setores da sociedade parecem acompanhar o noticiário político e econômico com interesse crescente e isso é muito bom, representa, no mínimo, um marco bastante positivo para a consolidação da democracia, tão jovem e, por que não dizer, inexperiente. Mas nós vamos chegar lá. Outra razão para se ter esperança: a grande massa de jovens que está se envolvendo cada vez mais com as questões políticas. São futuros líderes políticos e formadores de opinião em plena gestação. Talvez por causa disso, em breve, nas eleições, os brasileiros não se sentirão mais
tão sem saída, pressionados pela falta de opção e constrangidos em ter que escolher o menos pior entre tantas “caras manjadas” e conhecidas. Talvez, o bom resultado de toda essa crise seja o surgimento de uma geração de cidadãos e líderes menos egoístas, mais conscientes e comprometidos com o bem comum, mais maduros, livres tanto dos vícios políticos da herança colonial quanto das ideologias marxistas que em décadas passadas pareciam ser a única alternativa. A sociedade brasileira vive um verdadeiro purgatório. Ele é necessário, mas são muitos os sinais de mudanças. No País onde muito se fala da impunidade, figuras até então consideradas intocáveis estão sendo investigadas, processadas e condenadas. E essas punições exemplares ajudam sim o cidadão comum a repensar sua conduta pessoal e libertar-se daqueles velhos hábitos do “jeitinho brasileiro”, e isso é muito bom!
Opinião
Evangelizar é preciso Sergio Ricciuto Conte
Padre Reginaldo Manzotti Evangelizar é preciso porque este foi o mandato de Nosso Senhor Jesus Cristo, que disse: “Ide por todo mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura” (Mc 16,15). São João Paulo II fez ecoar essas palavras de Jesus, quando disse que muitos são batizados, mas pouquíssimos são evangelizados. Evangelizar é preciso em sintonia com a Igreja do Brasil e seu Projeto: “Queremos ver Jesus, caminho, verdade e vida”. Nunca o nome de Jesus foi tão falado e propagado, mas, infelizmente, como um “fast food espiritual”, que resolve o problema de todos principalmente daqueles que arrecadam no uso de Seu nome. A única forma de lutar contra todas essas leviandades de uma fé banalizada é levar as pessoas a uma experiência profunda com Jesus, resgatando-as para Ele. A própria Igreja no Brasil nos lança os desafios quando pede uma evangelização que atinja a pessoa, a comunidade e a sociedade. Desafio que se torna maior ainda quando nos questionamos se evangelizar, segundo as palavras de Jesus “Eu vos farei pescadores de homens” -, significa pescar num aquário ou reduzir nossa evangelização a sermões dados e bem preparados àqueles que frequentam a Igreja. A Igreja nos desafia a evangelizar e a trazer de volta o católico “de ocasião”, aquele que só vem para batizados, missa
de sétimo dia ou quando o desgosto da vida faz com que a pessoa busque a Igreja como um “supermercado de graças”. O desafio da evangelização se faz maior quando somos chamados a “lançar redes em águas mais profundas”, para resgatar os jovens que, cada vez mais, estão distantes da Igreja e dos quais exigimos, quando nela estão, que se comportem como adultos e pessoas da terceira idade. Faz-se necessário lembrar que os protagonistas da evangelização deste milênio não são, necessariamente, os sacerdotes, mas os leigos chamados a
evangelizar pelo testemunho da vida, pelas obras e pela fé. Deus não é um “supermercado de graças” e não precisamos querer arrancar algo Dele. Se evangelizar é uma urgência e se somos evangelizadores, então, como evangelizar? Para nós que somos evangelizadores, evangelizar é acolher cada pessoa que chega e que se sente deslocada. Evangelizar é acolher aqueles que tropeçam no decorrer de sua vida e se desviaram da graça. Evangelizar é estender o braço àquele que está caído. Evangelizar é oferecer uma nova chance ao que quer se re-
dimir. Evangelizar é acolher e trazer de volta a ovelha machucada e desgarrada, que já sofreu muito no mundo e levou pancada demais, de outros e falsos pastores. Evangelizar é falar o que Jesus disse, fazer o que Jesus fez. Evangelizar é encurtar distâncias, é ser ponte onde há inimizades, é saber criar situações onde o bem comum fale mais alto e a justiça de Deus aconteça. A humanidade está faminta de Deus e não é justo que deixemos que as pessoas vivam de migalhas. Não podemos nos esquecer dos ensinamentos da multiplicação dos pães. A humanidade está sedenta de água viva e se envenena com água contaminada do medo, da violência e da insegurança. Não é justo guardarmos as talhas para nós e deixarmos que a água pura e cristalina jorre somente entre os átrios de nossas Igrejas. Creio numa evangelização feita com arte, como uma grande sinfonia, onde no todo há harmonia e cada instrumento é importante e singular. Evangelizar é preciso porque é na Palavra de Cristo que encontraremos as ferramentas necessárias para despertar consciências adormecidas e relaxadas, que semeiam valores contrários à família, à fidelidade ao respeito e ao amor. Padre Reginaldo Manzotti é coordenador da Associação Evangelizar é Preciso, e pároco-reitor do Santuário Nossa Senhora de Guadalupe, em Curitiba (PR). Apresenta diariamente programas de rádio e TV
As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.
Semanário da Arquidiocese de São Paulo
Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação Semanal • www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Redator chefe: Daniel Gomes • Reportagem: Cônego Antônio Aparecido Pereira, Edcarlos Bispo, Filipe David, Nayá Fernandes e Renata Moraes • Institucional: Rafael Alberto e Fernando Geronazzo • Fotografia: Luciney Martins • Administração: Maria das Graças Silva (Cássia) • Secretaria de Redação: Djeny Amanda • Assinaturas: Ariane Vital • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Edição Gráfica: Ana Lúcia Comolatti • Revisão: Maria Aparecida Ferreira • Impressão: S.A. O ESTADO DE S. PAULO • Redação e Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinaturas) • Números atrasados: R$ 1,50 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.
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cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo
O
s Institutos de Vida Consagrada Religiosa representam uma riqueza muito grande na vida eclesial. Inspirados no Evangelho e vivendo diversos carismas, eles ajudam a Igreja a expressar e testemunhar melhor a vida segundo o Evangelho de Cristo e a ajudam a cumprir sua missão de anunciar a Boa-Nova ao mundo. No domingo, dia 9 de agosto, o Mosteiro da Visitação (Vila Mariana), da Ordem de Santa Maria da Visitação, celebrou o centenário de sua fundação em São Paulo. A Ordem da Visitação de Santa Maria foi fundada em 1610 por São Francisco de Salles e Santa Joana de Chantal. São Francisco de Salles era fascinado pelo mistério da visita de Maria a sua prima Santa Isabel e quis que o Instituto por ele fundado tivesse o carisma de comunicar ao mundo o “mistério escondido”, como fez Nossa Senhora. O Mosteiro da Visitação, de São Paulo, nasceu graças ao entusiasmo de Monsenhor Maximiano da Silva Leite, reitor do Seminário de São Paulo, e da ajuda generosa de uma senhorita, Anésia da Silva Prado Pacheco e Chaves, que também viria a ser uma das monjas da comunidade. A construção foi iniciada em 19 de março de 1912, com a pedra fundamental abençoada por Dom Duarte Leopoldo e Silva, 1º arcebispo de São Paulo.
A mensagem do silêncio: Centenário do Mosteiro da Visitação O novo Mosteiro começou a viver no dia 10 de agosto de 1915, com o translado de toda a comunidade da mesma Ordem, de 16 irmãs e três postulantes, já existente desde 1902 em Pouso Alegre (MG). A primeira superiora do Mosteiro de São Paulo foi Madre Maria de Sales Diniz. Ao longo dos 100 anos de sua existência, o Mosteiro da Visitação de Santa Maria revelou-se um lugar de silêncio, de oração e adoração a Deus “em espírito e verdade”. As portas da capela estão abertas para todas as pessoas que também queiram entrar e rezar. No “parlatório”, muitas pessoas vão pedir orações, partilhar angústias e ouvir conselhos das irmãs. As religiosas vivem na clausura, no meio da cidade agitada, mas participam da vida da Metrópole: o Mosteiro é um oásis, onde buscar a água refrescante da graça de Deus; é sinal e testemunho da presença de Deus na cidade. No seu silêncio, quebrado somente pelas orações e cânticos, as monjas recordam aos habitantes desta cidade grande, sempre atarefados e correndo atrás de tantas coisas, que “uma só é a coisa verdadeiramente necessária” e indispensável na vida: “buscar o reino de Deus e a sua justiça”. Nenhuma outra coisa, por importante que seja, deve nos levar a colocar Deus em plano secundário. Os mosteiros e as demais Comunidades de Vida Consagrada têm um papel profético fundamental na Igreja e na sociedade, mesmo sem dizerem uma
palavra: o seu silêncio, cheio de fé e oração, fala alto e anuncia o Evangelho do Deus vivo! Ajudam a perceber que “Deus habita esta cidade e tem amor pelo seu povo”. No próximo dia 19 de agosto, o Cardeal Dom João Braz de Aviz, Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as sociedades de Vida Apostólica, estará em São Paulo e celebrará a missa com os religiosos e religiosas da Arquidiocese na Catedral Metropolitana. O encontro e a missa com o “Prefeito dos religiosos” será um momento especial na vivência do Ano da Vida Consagrada Religiosa, desejado pelo Papa Francisco para renovar esse dom de Deus na vida da Igreja. Em várias partes do mundo, a Vida Consagrada passa por dificuldades: as vocações são poucas e vários Institutos tradicionais já não conseguem renovar-se, nem continuar com as obras que vinham animando nos diversos campos da vida e da missão da Igreja. Enquanto isso, porém, surgem novos Institutos e novas formas da consagração a Deus na Igreja. O Espírito Santo não deixa de atuar para que o Evangelho seja testemunhado de formas sempre novas e atuais pela Igreja. No Ano da Vida Consagrada, o Papa Francisco conclama toda a Igreja a redescobrir o sentido originário das comunidades de vida religiosa consagrada e a rezar pelas vocações à vida religiosa consagrada.
| Encontro com o Pastor | 3
Missa no Seminário Santo Cura D´Ars Diego Ferreira
Na sexta-feira, 7, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, presidiu missa por ocasião da festa do padroeiro do Seminário Santo Cura D´Ars. Na oportunidade, o Arcebispo oficializou a nomeação do Padre Aldenor Alves de Lima como diretor espiritual do Seminário.
Visita do Cardeal João Braz de Aviz Na edição 3063, publicamos erroneamente que a visita a São Paulo do Cardeal João Braz de Aviz, prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, seria no dia 17 deste mês. A informação correta é que o Cardeal Aviz estará na Arquidiocese na quarta-feira, 19, para encontro com religiosos a partir das 14h e missa com o Cardeal Scherer, arcebispo metropolitano, às 16h, na Catedral da Sé.
Acolhida ao arcebispo de Barcelona O Cardeal Scherer, arcebispo de São Paulo, receberá a visita do Cardeal Luis Martinez Sistach, arcebispo de Barcelona, no fim deste mês. Ele estará em São Paulo no dia 28, para encontro com a comunidade da PUC-SP, pela manhã; participação em um momento formativo na Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo, à tarde; e encontro com a União dos Juristas Católicos de São Paulo (Ujucasp), à noite, com a temática “Família e direito natural diante das atuais questões antropológicas”. No dia 29, das 8h30 às 12h, o Arcebispo de Barcelona terá encontro com agentes de Pastoral da Arquidiocese, na Fapcom (rua Major Maragliano, 191, Vila Mariana). A participação está condicionada a inscrições no Secretariado Arquidiocesano de Pastoral. Informações em (11) 3660-3700. (Por Daniel Gomes)
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O
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Papa Francisco na reflexão que sempre antecede a oração mariana do Ângelus, no domingo, 9, às 12h, na praça de São Pedro, continuou a refletir com os peregrinos sobre o capítulo 6º de São João. Jesus, após a multiplicação dos pães, explicou à multidão o significado desse milagre (Jo 6, 41-51). Como fez com a Samaritana, falando do sinal da água após a experiência da sede, aqui Jesus explica a experiência da fome e o sinal do pão e revela-se a si mesmo e convida-nos a crer nele. O povo procura Jesus e o escuta, entusiasmado com o milagre dos peixes e dos pães. Muitos, porém, se escandalizam quando ele afirma que é o pão dado por Deus. E questiona: Como ser o pão descido do céu se conhecemos seu pai e sua mãe? E Jesus responde: “Ninguém pode vir a mim, se não o atrai o Pai que me enviou”, e acrescenta: “quem crê, possui a vida eterna”. Francisco explica que esta palavra introduz na dinâmica da fé, que é “uma relação entre o ser humano – todos nós – e a pessoa de Jesus, onde o Pai e o Espírito Santo desempenham um papel decisivo”. Um coração fechado para Deus impede a entrada da fé. O Pai nos
A única forma de vencer a guerra é não fazê-la atrai, mas “somos nós a abrir ou a tilhado: um dom ‘para a vida do fechar o nosso coração”. É preci- mundo!’” Após o Ângelus, o Papa fez breso deixar-se atrair pelo Pai rumo a Jesus, “com ânimo aberto, com ve alusão aos bombardeios atômio coração aberto, sem preconcei- cos sobre Hiroshima e Nagasaki, tos”. Então, reconhecemos no ros- 70 anos atrás “trágico evento que to de Cristo o rosto de Deus, nas já distante no tempo ainda suscita palavras dele a Palavra de Deus horror e repulsão”. Ele criticou o “porque o Espírito Santo nos fez uso distorcido dos progressos da entrar na relação de amor e de ciência e da técnica. A humanivida que existe entre Jesus e Deus dade deve repudiar para sempre Pai. E aí recebemos o dom, o pre- a guerra e proibir as armas nusente da fé”. cleares bem como toda arma de O sentido do Pão da Vida que destruição em massa. “Essa triste Jesus nos dá só pode ser compreendido Um coração fechado para numa atitude de fé, Deus impede a entrada da fé. na qual podemos O Pai nos atrai mas “somos c o mp r e e n d e r o nós a abrir ou a fechar o sentido do “Pão da nosso coração”. É preciso vida”, pão que dá a vida eterna a quem deixar-se atrair pelo Pai rumo dele come. “Em Je- a Jesus, “com ânimo aberto, sus, em sua “carne” com o coração aberto, sem – ou seja, na sua preconceitos” humanidade concreta – está presente todo o amor data nos chama, sobretudo, a rede Deus, que é o Espírito Santo. zar e a empenhar-nos pela paz, Quem se deixa atrair por esse amor para difundir no mundo uma éticaminha rumo a Jesus e vai com fé, ca de fraternidade e um clima de e recebe dele a vida, a vida eterna.” serena convivência entre os povos. E Francisco invoca Maria “que De todas as terras se eleve uma só viveu essa experiência de forma voz: não à guerra, não à violência, exemplar”, ela que por primeiro sim ao diálogo, sim à paz! Com a acreditou em Deus acolhendo a guerra sempre se perde. A única carne de Jesus. “Aprendemos dela, maneira de vencer uma guerra é nossa Mãe, a alegria e a gratidão não fazê-la”. (Por Padre Cido Pereira) pelo dom da fé, “dom a ser par-
Oração pelo Cuidado da Criação L’Osservatore Romano
O Papa Francisco instituiu na Igreja Católica o “Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação” que, já a partir deste ano, será celebrado em 1° de setembro, em comunhão com a Igreja Ortodoxa, que já celebra a data. “Como cristãos, queremos oferecer a nossa contribuição à superação da crise ecológica que a humanidade está vivendo. Por isso, devemos, antes de tudo, buscar no nosso rico patrimônio espiritual as motivações que alimentam a paixão pelo cuidado da criação, recordando sempre que para os que creem em Jesus Cristo, Verbo de Deus que se fez homem por nós, ‘a espiritualidade não está desligada do próprio corpo nem da natureza ou das realidades deste mundo, mas vive com elas e nelas, em comunhão com tudo o que nos rodeia’”, escreve o Pontífice, na carta enviada na segunda-feira, 10, aos presidentes da do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz, Cardeal Peter Turkson, e do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Cardeal Kurt Koch.
Mensagem para o Dia Mundial da Paz “Vence a indiferença e conquista a paz”. Este é o título da Mensagem para o 49º Dia Mundial da Paz, celebrado em 1º de janeiro de 2016, divulgada na terça-feira, 11. Terceira do Papa Francisco para essa ocasião, a mensagem pretende ser um ponto de partida para todas as pessoas de boa vontade, em particular àquelas que atuam na educação, na cultura e nos meios de comunicação, para que ajam, cada uma segundo suas próprias possibilidades e de acordo com as melhores aspirações, para construírem juntas um mundo mais consciente e misericordioso e, portanto, mais livre e mais justo.
Alimento aos imigrantes A pedido do Santo Padre, o esmoleiro apostólico, Dom Konrad Krajewski, doou alimentos para serem distribuídos aos imigrantes do Centro Baobab de Roma. Ele entregou pessoalmente os alimentos na instituição de abrigo durante visitas na semana passada e na segunda-feira, 10. Foram entregues caixas contendo macarrão, leite, biscoitos, alimentos em conserva e óleo de oliva. “Isso a gente faz frequentemente, inclusive nos vários lugares onde ficam os nossos peregrinos sem casa. O Papa também é bispo de Roma!”, destacou Dom Krajewski. (Por Fernando Geronazzo)
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Espiritualidade
Existem os anjos? Dom Julio Endi Akamine
Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa
E
xistem os anjos? O que eles são? Qual é a missão deles? Os parágrafos 325 a 336 do Catecismo da Igreja Católica tratam sobre os seres puramente espirituais que são os anjos. Há duas atitudes extremas e opostas que devemos evitar: de um lado, a cética desconfiança em relação à existência real dos anjos, como se eles fossem mera invenção, própria de uma psicologia imatura, e, de outro, a fantasia exagerada e esotérica, que pretende conhecer uma infinidade de coisas sobre os anjos (seus nomes, a hora em que agem, o modo de invocá-los etc.). A doutrina católica afirma a existência dos anjos, como “verdade de fé” testemunhada pela Escritura e pela Tradição (328), e a sua “criação do nada” (327). Especifica a identidade deles como criaturas espirituais, dotadas de inteligência e vontade e superiores às criaturas visíveis (330). Expõe a missão dos an-
jos como servidores e mensageiros femininos. A individualidade deles de Deus e fiéis executores de suas não procede da corporeidade. ordens (329). Destaca e acentua a A perfeição dos anjos depende relação dos anjos com o mistério da proximidade ao Criador. Quande Cristo (331). A centralidade de to mais próximos de Deus, tanto Cristo tem dois motivos: a) os anjos mais perfeitos. Não se trata, porém, e toda a criação foram criados por de uma perfeição que coincida com meio Dele e para Ele; b) os anjos são a perfeição divina, uma vez que são mensageiros dos desígnios de salva- criaturas e receberam a existência ção de Cristo. de Deus. O ser deles é recebido e, Faz parte da nossa fé crer na por isso, eles não são eternos. existência dos anjos. A Bíblia dá Os anjos são pessoas, mas difetestemunho sóbrio dessas criaturas ce- Os anjos são criaturas espirituais lestes que se colocam que dependem de Deus. Elas como mensageiros subsistem na plena identidade entre Deus e os ho- de sua condição puramente mens, sobretudo nos espiritual. Nesse sentido, eles não Evangelhos, nos quais têm corpo e, por isso, não estão os anjos são descritos ligados às funções do corpo: com um papel bem eles não conhecem por meio dos definido. A Escritura sentidos do corpo e a Tradição nos falam somente o que precisamos sa- rente das pessoas humanas, não são ber sobre eles. pessoas compostas de alma e corpo. Os anjos são criaturas espiri“Desde o seu começo até a mortuais que dependem de Deus. Elas te, a vida humana é acompanhada subsistem na plena identidade de pela sua assistência e intercessão. sua condição puramente espiritual. ‘Cada fiel tem a seu lado um anjo Nesse sentido, eles não têm corpo e, como protetor e pastor para o guiar por isso, não estão ligados às fun- na vida’. Desde este mundo, a vida ções do corpo: eles não conhecem cristã participa, pela fé, na sociedapor meio dos sentidos do corpo de bem-aventurada dos anjos e dos (como acontece conosco), não têm homens, unidos em Deus” (Catecisinstintos, não são masculinos nem mo da Igreja Católica, nº 336).
| Fé e Vida | 5
Fé e Cidadania A identidade do padre muda nos séculos? Frei Patrício Sciadini, OCD
O sacerdote é sempre o maior dom que Deus pode fazer à humanidade e à sua Igreja. Nestes dias, estava pensando em algo que, para alguns, pode ser uma bobagem nostálgica e social, mas para mim é importante e me coloca numa crise boa, de purificação. A identidade do sacerdote ao longo dos séculos muda, ou é sempre a mesma? Creio que não seja necessário recorrer a psicólogos e biblistas, mas cada padre na intimidade do seu coração pode tentar dar uma resposta. Eu dou a minha simples, e me parece que seja verdadeira e que se fundamenta no primeiro e único Sacerdote, Jesus de Nazaré. A identidade do sacerdote não muda, é sempre a mesma. O modelo não muda, é sempre o mesmo: Jesus. Não pode existir outro modelo para o padre. Jesus se coloca na nossa frente com as características que todos os sacerdotes devem ter. Não só na parábola do Bom Pastor, mas todo o Evangelho nos mostra os traços de Jesus preocupado com o bem do povo, e um péssimo sacerdote que tem necessidade de uma conversão profunda, radical. A conversão pastoral de que nos fala o Documento de Aparecida é, antes de tudo, necessária para os sacerdotes. O sacerdote que não ama sentar-se horas e horas no confessionário ou num banco da Igreja, esperando os pecadores e dando-lhes todo o tempo necessário para que mostrem suas feridas e sejam curados pelo doce óleo da misericórdia, é um péssimo pastor. E o sacerdote que sobe ao altar com pressa, rezando para que a celebração termine rápido, e logo, e que não prepara as suas homilias, como alimento substancioso para ele e para o povo, não se pode chamar de Bom Pastor. É maravilhoso ler as homilias de Santo Agostinho sobre os pastores, ou de outros padres da Igreja. Vivemos num momento que pensamos realizar tudo via internet ou Skype. É bobagem. O sacerdote será sempre aquele que, à imitação de Jesus, senta-se à beira do poço da Samaria e espera, quem sabe horas e horas, para que a samaritana venha buscar a água. É aquele que vai pelas estradas poeirentas das cidades e das roças para ver se em alguma árvore há um Zaqueu esperando ser chamado a descer da sua árvore, para iniciar uma vida nova. O sacerdote é sempre o mesmo, a imagem do coração de Deus, que deve revestir-se mais do que de cultura, do vestido do amor, da ternura e da bondade. A nossa identidade de padre é sempre a mesma: configurar-nos a Jesus, Bom Pastor.
Erramos Na página 16, da edição 3063, foi publicada a imagem do livro “Suma Gramatical”, que não tem relação com as notícias da página. Na reportagem “Novos diáconos Scalabrinianos têm missão junto aos migrantes”, página 21, edição 3063, o crédito correto das fotos é de Miguel Ahumada.
6 | Fé e Vida |
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Liturgia e Vida
Você Pergunta Qual o significado do ‘Olho que tudo vê?’
ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA 16 DE AGOSTO DE 2015
Um grande sinal ANA FLORA ANDERSON
O evangelista João nos revela que Deus tanto amou o mundo que enviou seu Filho Amado para salvá-lo. Nesta festa de Nossa Senhora, celebramos esse amor. O Livro do Apocalipse (11,19; 12, 1.3-6.10) apresenta uma visão cósmica da salvação. Jesus nasce da Mulher para salvar todas as nações. A leitura termina revelando o sentido da encarnação. A salvação, a força e a realeza de Deus são realizadas no poder de Cristo, que nasce da Mulher. O Evangelho de São Lucas (1, 3956) usa as palavras de Isabel para revelar a vocação de Maria. Ela é abençoada porque acreditou e nela será realizado o que Deus lhe prometeu.
O “Magnificat” é o hino que apresenta em profundidade a vida de Maria e a razão de sua vocação. Sua alegria está em Deus, que apreciou sua pobreza e nela fez maravilhas. O grande poder dele se manifesta na sua misericórdia. Seu amor sustenta os pobres e os famintos e derruba os poderosos em seu orgulho. Jesus de Nazaré, filho de Maria, se revelou ao povo como sendo pobre e manso de coração. Maria partilha dessa pobreza e mansidão, mostrando o caminho da graça que nos leva à glória do Pai. A liturgia desta grande festa de Maria anuncia o coração do Evangelho: a graça e o amor de Deus agem em nós, suas criaturas, quando cultivamos a mesma humildade que glorificou a Mãe de Deus.
padre Cido Pereira osaopaulo@uol.com.br
O Victor Hudson Veloso de Arruda quer saber o significado do “olho que tudo vê” para a Igreja Católica? Victor Hudson, a expressão “olho que tudo vê” sempre significou um olho que vê além do tempo e do espaço. Um olhar que vê para lá das aparências. Era o olhar que só o Mestre, por excelência, tinha. O substantivo que mais explica é “clarividência”, a mais elevada, a mais perfeita e que só podia ter o mais perfeito dos mestres. Os hindus chamam esse olhar de “o olho de Shiva”.
Atos da Cúria NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE VIGÁRIO PAROQUIAL Em 20 de julho de 2015, foi nomeado Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, da Região Episcopal Sé, Setor Pastoral Aclimação, o Revmo. Pe. Sérgio Henrique Nouh. Em 20 de julho de 2015, foi nomeado Vigário Paroquial da Paróquia Santa Cecília, da Região Episcopal Sé, Setor Pastoral Santa Cecília, o Revmo. Pe. Wagner Fernandes Marques da Silva, até 31 de dezembro de 2016. Em 7 de agosto de 2015, foi nomeado Vigário Paroquial “ad
nutum episcopi” da Paróquia Santo André Apóstolo, da Região Episcopal Belém, Setor Pastoral Conquista, o Revmo. Pe. Jonatas Alex Mariotto. Em 7 de agosto de 2015, foi nomeado Vigário Paroquial “ad nutum episcopi” da Área Pastoral Santa Cruz, Paróquia Nossa Senhora das Graças, da Região Episcopal Belém, Setor Pastoral Vila Alpina, o Revmo. Pe. Gerson de França Silva. NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE ADMINISTRADOR PAROQUIAL Em 3 de agosto de 2015, foi nomeado Administrador Paroquial “ad nutum episcopi” da Paróquia São Carlos Borromeu, da Região
Episcopal Belém, Setor Pastoral Belém, o Revmo. Pe. Cristian Uptmoor, em nomeação retroativa a 31 de julho de 2015. CONFIRMAÇÃO NO CARGO Em 31 de julho de 2015, o eminentíssimo senhor Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, em atenção às disposições do Regimento do Vicariato Episcopal para a Pastoral da Comunicação (item 3.3), e acolhendo a indicação de Dom Devair Araújo da Fonseca, encarregado do Vicariato, confirmou no cargo de Secretário Executivo do mesmo Vicariato o senhor Rafael Alberto, que exercerá suas atribuições conforme o previsto no mesmo regimento.
Os egípcios representavam Osíris com o símbolo de um olho aberto e esse olho era encontrado em todos os templos. A maçonaria entende o “olho que tudo vê” como o olhar do “grande arquiteto do universo”, expressão que para os maçons significa Deus. Trata-se de um olho sempre aberto, que não dorme. Este “olho que tudo vê” também significa a visão superior, como nos mistérios antigos. Esse símbolo como você vê, Victor Hudson, os cristãos de hoje não dão muita importância, mas por ser usado por tradições religiosas muito antigas, ele, de
certa forma, nos faz entender que o olhar de Deus é o olhar de quem está onipresente na História, de quem tudo sabe, é onisciente, e de quem tudo pode, é onipotente. O símbolo será sempre o olho aberto. Mas para entender a grandeza imensurável de Deus, nós não precisamos mais desses símbolos, não é mesmo? Nossa percepção de Deus, de seu amor, de seu desígnio de salvação já nos faz entender isso, não é mesmo? Fique com Deus, Victor. E se você quiser compreender mais ainda a imensidão desse Deus que nos ama, leia o Salmo 138.
EDITAL DE CONVOCAÇÃO DE ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA A Associação Civil Gaudium et Spes-AGES com sede provisória nesta cidade, rua Aliança Liberal, 703 Vila Leopoldina, por meio de seu presidente, Dom Fernando José Penteado, Bispo Emérito da Região Lapa, CONVOCA seus associados para a Assembleia Extraordinária, no dia 29 de agosto de 2015, das 08:00 às 12:00, na Rua Guaipá, 1605, Vila Leopoldina, com a seguinte ordem do dia: 1) Eleição e posse da Diretoria Executiva e do Conselho Fiscal, conforme estatuto 2) Apresentação e aprovação do Plano de Trabalho 2015. 3) Apresentação e aprovação do Relatório de Atividades 2014. 4) Apresentação e aprovação do Balanço Patrimonial 2014. 5) Informações gerais. A Assembleia Geral instalar-se-á em primeira convocação às 08h30 com a presença da maioria dos associados e, em segunda convocação, com qualquer número, de acordo com o estatuto. São Paulo, 12 de agosto de 2015. Dom Fernando José Penteado Presidente
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| Pastorais | 7
Movimento Eucarístico Jovem
‘Um jovem deve ter a virtude da coragem’ No contexto da comemoração do centenário do Movimento Eucarístico Jovem (MEJ), o Papa Francisco encontrou-se na sexta-feira, 7, com 2 mil jovens de diferentes partes do mundo e lhes deixou uma mensagem de coragem e de respeito às diversidades culturais. “Um jovem deve ter a virtude da coragem. Um jovem sem coragem é um jovem aguado, um jovem velho. Às vezes quero dizer, e já disse, aos jovens: por favor, não se aposentem”, afirmou, também pedindo respeito à diversidade cultural dos povos. “Uma cultura com tantas culturas diferentes dentro, deve procurar a unidade mas com o respeito a cada uma das identidades. O conflito se resolve com o respeito à identidade”.
A verdadeira paz
Francisco também respondeu a perguntas dos jovens, uma dessas feitas por Ana Carolina Santos Cruz, 19, do MEJ da Arquidiocese de São Paulo, que viajou ao Vaticano num grupo de 40 mejistas brasileiros, de oito estados, acompanhados pelo Padre Eliomar Ribeiro, diretor do
L’Osservatore Romano
Brasileira Ana Carolina durante participação no encontro de mejistas com o Papa Francisco
MEJ e do Apostolado da Oração no Brasil. “Qual foi o maior desafio ou dificuldade que o senhor, Papa, enfrentou na Missão como religioso?”, questionou Ana Carolina. “Saber distinguir a verdadeira paz de Jesus. A verdadeira paz vem sempre de Jesus. Mesmo se, às vezes, embrulhada em uma cruz. Mas, é Jesus que te dá a paz naquela prova. Ao contrário, a paz superficial, aquela que te deixa ‘um pouco contente’, vem do ini-
migo, do diabo”, respondeu Francisco.
Descontração em um encontro inesquecível
Após dirigir a pergunta ao Papa, Ana Carolina, ao cumprimentá-lo, foi surpreendida. “Brasileira?”, questionou o Pontífice. “Sim, do Brasil”, respondeu a jovem. “Quem é melhor: Pelé ou Maradona”, perguntou Francisco. “Lógico, Pelé”, respondeu Ana, levando o
Papa e todos os participantes aos risos. Em entrevista à Rádio Vaticano, Ana Carolina disse que o encontro com o Papa a revigorou para a sequência da missão no MEJ. “Vivemos uma missão e eu quis saber do Papa qual é a dificuldade, pois a minha dificuldade é de levar adiante, de falar, de trazer mais jovens para o Movimento Eucarístico Jovem. Ele respondeu completamente o que perguntei e me motivou mais a continuar, mesmo que seja difícil”, afirmou. Também à Rádio Vaticano, Padre Eliomar comentou que no Brasil há cerca de 6 mil mejistas e o encontro com o Papa revigorará o Movimento. “Esse encontro, eu creio, que dá uma força muito grande, uma vontade, um impulso para continuar na nossa missão de levar a Boa-Nova de Jesus e fazer com que outros grupos surjam (...) O Papa tem dito que o Apostolado da Oração e o Movimento Eucarístico Jovem são a rede de oração do Papa e isso se nos engrandece de um lado, mas também nos compromete muito mais”. (Redação: Daniel Gomes com informações do MEJ e Rádio Vaticano)
Pastoral do Povo da Rua
Pastorais Sociais
‘Um gesto tão bonito, tão simples e tão forte’
CF 2015 inspira reflexões em seminário sobre Igreja e sociedade
Helena Ueno
Dom Odilo apresenta solidéu dado pelo Papa Francisco ao Vicariato Episcopal para a Pastoral do Povo da Rua
Em atenção ao trabalho realizado pelas pastorais, movimentos e novas comunidades da Arquidiocese de São Paulo junto à população em situação de rua, o Papa Francisco enviou à Arquidiocese o próprio solidéu, que foi entregue ao Padre Julio Lancelotti, vigário episcopal para a Pastoral do Povo da Rua, pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, ao final da missa do domingo, 9, na Catedral da Sé. O presente foi dado pelo Papa em 22 de julho, após ele ter recebido, em audiência no Vaticano, das mãos do Padre Luiz Eduardo Baronto, cura da Catedral da Sé, e do Cardeal Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo, um crucifixo e rosários feitos com
materiais recicláveis pelos moradores em situação de rua de São Paulo. “Ele visivelmente emocionado quis retribuir a esses presentes, e além da sua bênção, também pediu que entregasse ao Vicariato Episcopal do Povo da Rua o solidéu que ele usou na última audiência que havia realizado antes das férias, e disse que na impossibilidade de agradecer a cada um pessoalmente, que deixaria esse sinal da sua proximidade com todos aqueles que trabalham e se dedicam às pessoas em situação de rua, mas também a cada um desses que vivem nessa situação e que são muito caros ao coração do Santo Padre”, esclareceu o Padre Baronto, na Catedral da Sé. Dom Odilo lembrou que o
gesto do Papa representa que o Pontífice deseja sempre estar perto das pessoas em situação de rua e também daqueles que a elas se dedicam na Arquidiocese. Ainda no domingo, o solidéu foi apresentado pelo Padre Julio aos fiéis da Paróquia São Miguel Arcanjo, na Região Belém, onde é pároco. “Um gesto tão bonito, tão simples e tão forte, o Papa mandar o seu solidéu para o povo da rua de São Paulo. É a única pastoral que recebeu esse gesto tão carinhoso do Papa Francisco, que tirou da sua cabeça e disse ‘levem para o povo da rua de São Paulo e que seja o sinal da minha ternura e meu carinho’”, expressou o Sacerdote. (Redação: Daniel Gomes, com informações do site oarcanjo.net)
“Sociedade e Igreja” foi o tema central do Seminário das Pastorais Sociais do Regional Sul 1 da CNBB, realizado entre 31 de julho e 2 de agosto, no Centro de Formação Sagrada Família, mantido pelas Irmãzinhas da Imaculada Conceição. Aproximadamente 40 pessoas, entre as quais 21 representando pastorais e movimentos, participaram do encontro promovido pelo Fórum das Pastorais Sociais, cuja temática esteve em sintonia com a Campanha da Fraternidade 2015 “Fraternidade: Igreja e Sociedade”. Segundo o moderador do Fó-
rum das Pastorais Sociais, José Carlos Pascoal, o objetivo foi reunir todos os seguimentos e estudar a participação de todos na Igreja, na sociedade. “Foi um verdadeiro debate sobre como representar a sociedade na Igreja. Nossa motivação foi a ‘Alegria do Evangelho’, de acordo com o Papa Francisco”, informou. A conclusão do seminário foi com missa, no domingo, 2, presidida pelo Padre João Júlio de Farias, da Paróquia Imaculada Conceição do Ipiranga, capelão da Capela Sagrada Família. (Com informações de Elis Facchini)
Luciney Martins/O SÃO PAULO
Prêmio Vladimir Herzog - Na segunda-feira, 10, a comissão organizadora do 37º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos reuniu-se na cúria metropolitana para definir detalhes sobre o prêmio, que será entregue em 20 de outubro, às 20h, no teatro Tuca (rua Monte Alegre, 1.024, Perdizes), da PUC-SP.
8 | Pelo Brasil |
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Destaques das Agências Nacionais
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CNBB realiza semana de capacitação para novos bispos Imprensa CNBB
Encontro de novos bispos do Brasil segue até sexta-feira, 14, na sede da CNBB, em Brasília
Segue até sexta-feira, 14, em Brasília (DF), o Encontro de Novos Bispos, com a participação dos 13 bispos nomeados pelo Papa Francisco entre o meses de agosto de 2014 e maio deste ano. Essa é a 26ª edição do evento, promovido pela Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB. Entre os participantes estão os bispos auxiliares da Arquidiocese de São Paulo, Dom Devair Araújo da Fonseca e Dom Eduardo Vieira dos Santos, ordenados em fevereiro deste ano. A programação conta com formação, visitas e conhecimento da estrutura do secretariado da CNBB. A missão do bispo, as questões de Direito Canônico, liturgia do ministério episcopal, visitas
pastorais, solidariedade e partilha e as perspectivas das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE), presentes no Documento 102 da CNBB, são alguns elementos do eixo formativo do encontro. Os novos bispos já conheceram a Nunciatura Apostólica e ouviram a palestra do ecônomo da CNBB, o Monsenhor Nereudo Freire, sobre a administração financeira da Diocese. No dia 12, houve encontro dos novos bispos com os assessores da CNBB. Na ocasião, foi apresentada a estrutura e o funcionamento das comissões episcopais e da sede do secretariado da Conferência. Fonte: CNBB (Redação: Renata Moraes)
Congresso Mariológico tratará da iconografia de Aparecida Entre 10 e 13 de setembro, a Academia Marial de Aparecida realizará o IX Congresso Mariológico. O evento dará direito aos seus participantes de um certificado de curso de extensão universitária pela Faculdade Dehoniana.
O Congresso, que tem como tema este ano “A Iconografia de Aparecida - A teologia da Imagem”, vai refletir sobre a imagem em torno da qual surgiu uma cidade, paróquias, comunidades, e que inspirou nomes de muitas pessoas, culminando na cons-
trução de todo o complexo Santuário Nacional de Aparecida. Segundo o missionário redentorista Padre Valdivino Guimarães, diretor da Academia Marial, a imagem encontrada nas águas e a sua aparição convidam a uma reflexão sobre a
proporção da fé. “De uma Imagem tão pequenina, guardada no seio das águas por, não sabemos quanto tempo, e da fé do povo, surge tudo isso que vemos até onde nossos olhos alcançam e onde os olhos da fé vislumbram”, disse.
As inscrições podem ser feitas pelo e-mail academia@ santuarionacional.com ou pelo Portal A12 (www.a12.com/ academia). Outras informações pelo telefone (12) 31041549. Fonte:A12 (Redação Renata Moraes)
Lideranças indígenas sofrem atentado no Rio Grande do Sul
Marcha das Margaridas: a maior manifestação pelos direitos das mulheres no mundo
Na noite de 1º de agosto, na retomada da Terra Indígena (TI) Re Kuju, localizada em Campo do Meio, município de Gentil (RS), o vice-cacique Kaingang, Isaías da Rosa Kaigõ, e a liderança Deivid Kaigo sofreram um atentado a tiros, disparados por dois homens ainda não identificados. O vice-cacique e o líder trafegavam de carro, do entroncamento da BR-285 em direção à comunidade Campo do Meio, quando sofreram emboscada e o carro foi alvejado por tiros. Isaías da Rosa Kaigõ saiu ileso na região da coluna e Deivid não foi atingido. A comunidade Kaingang prestou os primeiros socorros e encaminhou o vice-cacique ao hospital, em Passo Fundo (RS).
A quinta edição da Marcha das Margaridas acontece na terça-feira, 11, em Brasília (DF) e conta com a participação de 27 federações e 11 entidades parceiras. Organizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), a marcha tem por objetivo apresentar uma pauta de reivindicações que atenda às necessidades das mulheres que vivem e trabalham no campo. Entre as principais reinvindicações das manifestantes estão o fim da violência contra a mulher e o combate ao uso de agrotóxicos. Na quarta-feira, 12, a presidenta Dilma Rousseff participará de um ato, no Estádio Mané Garrincha, onde apresentará o compromisso do governo federal com as reivin-
As lideranças da comunidade Kaingang Re Kuju comunicaram imediatamente às polícias o atentado, porém, não ocorreu nenhuma diligência tampouco comparecimento das autoridades ao local do atentado para o levantamento dos fatos, a apuração dos responsáveis pelos disparos e a investigação dos motivos. As lideranças Kaingang estão formalizando uma denúncia junto ao Ministério Público Federal de Passo Fundo, exigindo a identificação e a criminalização dos autores, que estavam em uma caminhonete. Outros atentados semelhantes aconteceram na comunidade Kaingang, em 2012 e 2013. Fonte: Adital (Redação Nayá Fernandes)
dicações listadas na pauta do movimento. A Marcha das Margaridas é considerada a maior manifestação pelos direitos das mulheres no mundo. De acordo com a secretária de Mulheres Rurais da Contag, Alessandra Lunas, nos últimos meses, práticas de diversos setores da política têm dificultado o acesso das mulheres a uma série de direitos, como o direito à educação, participação na política e ocupação de cargos nas esferas decisórias do País – além de colocar em risco direitos sociais já conquistados e a própria democracia. “Chegamos ao ponto de assistir a agressões machistas feitas à presidenta da República, sem nenhum pudor, afirma. Fonte: IHU (Redação: Nayá Fernandes)
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Oriente Médio Estado Islâmico toma mais uma cidade e sequestra 250 pessoas O grupo Estado Islâmico conquistou uma cidade na Síria com 40 mil habitantes –muçulmanos sunitas e cristãos – e lar do monastério Mar Elian. A cidade de Quaryatayn fica na Província de Homs, a apenas 50 quilômetros da fronteira com o Líbano. Aproximadamente 1.500 pessoas conseguiram fugir, mas 250 cristãos – católi-
cos e ortodoxos – foram sequestrados em meio aos combates, que terminou com a vitória do Estado Islâmico sobre as forças fiéis ao presidente sírio Bashar al-Assad. Trata-se da maior conquista do grupo desde Palmyra, cidade capturada em maio. Entre os raptados estão pelo menos 45 mulheres, 19 crianças e 11 famílias. O bispo de Homs pede doações para
ajudar os refugiados que foram acolhidos pela sua Arquidiocese. Em um pronunciamento recente, o ministro da defesa iraquiano, Khaled al -Obeidi, disse que o Estado Islâmico já executou mais de 2 mil habitantes da planície de Nínive, conquistada há um ano pelo grupo.
Em uma carta por ocasião do aniversário de um ano da chegada dos refugiados iraquianos à Jordânia, o Papa Francisco agradeceu o País por tê-los recebido e pediu à comunidade internacional para não permanecer indiferente. Fontes: CNA\ Christian Today\ Catholic Herald
Europa China Calais: ‘um lugar de tensão, violência e morte’ Primeira ordenação O bispo de Troyes, Dom Marc Stenger, disse, em um pronunciamento, no dia 3, que “quando um túnel sob o mar que liga dois países se torna um lugar de tensão, violência e morte, é hora de acordarmos”. Calais é uma cidade portuária localizada no ponto em que o Canal da Mancha é mais estreito e, desde 1994, fica próxima ao túnel que liga a França e a Inglaterra por baixo do canal. A cidade possui milhares de imigrantes ilegais acampados, que desejam cruzar o canal para viver no Reino Unido. As autoridades francesas estimam o número de imigrantes no acampamento, conhecido como “a selva”, em 3 mil pessoas. Entre 2014 e 2015, as autoridades inglesas e francesas já impediram 39 mil tentativas de cruzar a fronteira ilegalmente. Os imigrantes chegam à França
AP/Emilio Morenatti
tréia, o Paquistão, a Síria, o Irã e o Sudão, entre outros.
O Padre Joseph Zhang Yinlin foi ordenado bispo na China continental, na Catedral de Anyang, no dia 4. Foi a primeira ordenação episcopal em três anos. A escolha do novo Bispo foi acordada pelo Vaticano e pelo governo chinês. Dom Joseph tornou-se bispo auxiliar na Diocese de Weihui. A missa de ordenação foi concelebrada por 75 sacerdotes e assistida por 1.400 fiéis. A celebração ocorreu com forte esquema de segurança feito por centenas de policiais. O último bispo ordenado na China tinha sido Dom Ma Daqin, em julho de 2012. Ele pertencia à Igreja Patriótica (ala da Igreja Católica reconhecida e sob o controle do Partido Comunista Chinês), mas ao ser ordenado bispo, decidiu deixar a organização e foi preso pelo governo.
Fonte: BBC\ Catholic Herald
Fonte: CNA
Imigrantes se alinham para receber alimentos distribuídos pelo Banco Alimentar de Calais
pela Itália, muitas vezes após terem cruzado o mar Mediterrâneo para fugir da guerra e da miséria, de países como a Eri-
episcopal em 3 anos
10 | Viver Bem |
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Comportamento
Home office e os filhos
Valdir Reginato Mas será realmente assim? tante exigente aos pais o esquema Estar em casa, frequentemen- home office, quando não se tem A era da informatização tem te, é visto pelas crianças como um temperamento adequado promovido mudanças radicais no disponibilidade para fazer qual- para tal, associado a uma discomportamento humano em di- quer coisa; assim como entre os ciplina bastante rígida. Ensinar ferentes setores e atividades. Uma próprios cônjuges, muito atare- aos filhos que estar em casa não dessas transformações que mais fados, as solicitações são mais significa que está em férias; que tem chamado a atenção, tanto comuns: “Já que você está aí...”. E não é possível parar a qualquer pelo crescimento verificado nos assim ocorrem as saídas para pa- hora; que o espaço do home offiadeptos quanto pelas implicações gar uma conta, participar de uma ce deixa de pertencer à casa; que no núcleo familiar, é o sistema consulta, ou comparecer à escola, não poder atendê-los de imediato home office. Em outras palavras: ou buscar os filhos na natação, não significa desinteresse, assim tenha o seu local de emprego para quando não estava previsto. Deli- como não sair para fazer aquela trabalho – escritório - na sua pró- mitar uma área de trabalho exige comprinha para a esposa(o) porpria casa. comprometer, em certas situa- que está lá, não é possível. Tudo Home office tem se demons- ções, um espaço coletivo, onde as isso se torna um exercício discitrado uma excelente opção para pastas de serviço e o computador plinar virtuoso (incluída a temdeterminados grupos de traba- podem se perder entre brinque- perança diante da geladeira e da lhadores. Pessoas que vivem so- dos de crianças ou os trabalhos cama) que necessita da comprezinhas e têm necessidade de tra- escolares. Outro aspecto são os ensão de todos e, principalmenbalhar online com o mundo todo. horários das refeições, em que se te, de quem faz home office; para Outros que se encontram numa torna incompreensível porque o não ficar trabalhando além do faixa etária sem filhos pequenos, papai ou a mamãe não almoçam horário, com carga horária abue escolhem um quarto que isolam com todos, já que para o seu território de trabalho. estão em casa naDelimitar uma área Aqueles que têm atividades que quela hora. E o que permitem alternar trabalho em fazer com a visita de trabalho exige casa com reuniões externas extra- inesperada: “Não comprometer, em ordinárias, que podem ser adap- esperava te encontadas às rotinas paralelas com o trar em casa, que certas situações, um lar... Por outro lado, temos obser- bom...” (e o tempo espaço coletivo, onde vado que quando se trata de atu- passa). Sem esqueas pastas de serviço e o ar em home office nas condições cer os amigos dos de famílias com filhos pequenos, filhos que podem computador podem se onde nem sempre se tem espaço combinar de estu- perder entre brinquedos sobrando na casa, as circunstân- dar na sua sala. cias merecem uma atenção muito Outro aspecto de crianças ou os diferente. peculiar do home trabalhos escolares. À primeira vista, isso apre- office é trabalhar senta uma proposta cativante e os ao lado da cozinha, onde esca- siva que compromete a dinâmica atrativos são muitos. Diminuição padas do cafezinho (do antigo familiar, porque se está em casa. das horas perdidas em trânsito escritório) tornam-se intervalos O esforço para que se equilibre a para deslocamentos e possibili- demorados para um lanchinho. É economia das horas de trânsito dade de economia e na qualida- preciso lembrar que o quarto de em benefício da disponibilidade de de alimentação. Ao mesmo dormir está chamando para uma para a família não é fácil, mas vale tempo, aparentemente, possibi- soneca, “muito justa”, em função a pena. Afinal, o trabalho em casa lita-se uma maior autonomia ao do dia trabalhoso anterior, até a sempre existiu, e muito; mas agofuncionário ou empresário, para madrugada. Aquele jogo que não ra tem um período e local para o resolver problemas simultâneos assistiria, mas agora só um pou- emprego: home office. do trabalho e em casa. Estar mais quinho... São as tentações humaDr. Valdir Reginato é médico de presente nas rotinas familiares... nas, comuns a qualquer mortal. família, professor da Escola Paulista de Medicina e terapeuta familiar. Percebemos que se torna basParece que só temos vantagens.
Cuidar da Saúde
Impetigo, o que é isso? Cássia Regina
É uma infecção superficial da pele provocada pelas bactérias streptococcus pyogenes ou staphylococcus aureus, que normalmente estão na pele, sem provocar danos, como uma barreira protetora. Por meio de cortes, feridas ou até picada de
mosquito, essas bactérias entram em contato com outras camadas da pele e provocam a infecção. Ela se manifesta com uma ferida de difícil cicatrização e que se dissemina com rapidez por todo o corpo. Pode aparecer em tronco, membros e face, incluindo o couro cabeludo. Não é dolorosa, em alguns
casos, causa coceira. A contaminação ocorre por meio do contato direto da lesão ou de pertences da pessoa infectada. É frequente em crianças de 2 a 6 anos e em pessoas imunodeprimidas. O tratamento é simples, com antibiótico via oral. Dra. Cássia Regina é médica atuante na Estratégia de Saúde da Família (PSF)
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| Entrevista | 11
Com a Palavra: Padre Carlos Maria Galli
Pastoral Urbana para uma vida mais digna e uma sociedade mais justa na cidade Luciney Martins/O SÃO PAULO
Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com
Autor do livro “Deus vive na cidade” – ainda sem tradução para o português – o padre argentino Carlos Maria Galli, é professor da Universidade Católica de Buenos Aires, na Argentina, membro da Comissão Teológica Internacional e especialista no tema da Pastoral Urbana. No Brasil, para assessorar o 13º Curso de Aprofundamento Teológico e Pastoral do Clero da Arquidiocese de São Paulo (leia mais nas páginas 12 e 13), o Sacerdote conversou com O SÃO PAULO e falou das perspectivas para a vivência pastoral da grande cidade. O SÃO PAULO - Como interagir com a diversidade cultural, levando em conta que São Paulo é uma “cidade com várias cidades”? Padre Carlos Maria Galli - Ao dizer uma cidade com várias cidades, o Papa chama isso de “uma cidade visível com várias cidades invisíveis”. São Paulo é multicultural, a cultura urbana não é uniforme, em uma grande cidade há diversas culturas. Evangelizar na cultura da grande cidade é saber reconhecer o comum como marco e descobrir as diferenças como desafio, provocação, interpelação.
E como os problemas das grandes cidades afetam a vida pastoral da Igreja? Por exemplo, em toda grande cidade há aglomeração de trânsito. Uma grande cidade reúne muita gente em pouco espaço. E com isso, há aglomeração nas casas, nos bairros, nos shoppings, nas ruas, no metrô, nos ônibus. Existem grandes cidades com bons sistemas de trânsitos e outras com péssimos sistemas de trânsitos. Isso é um problema de trânsito? Não! Isso é um problema humano. E se é um problema humano, é um problema pastoral. Porque se uma pessoa leva três horas para ir ao trabalho e três horas para dele voltar, por um mau trânsito em uma cidade grande, fica com mais cansaço, mais estresse, mais tensão, menos paciência, menos tempo para Deus, para a família, para os amigos e para a Igreja. Então, o tema de trânsito, não é o tema do trânsito. Do ponto de vista pastoral é como as pessoas vivem e como isso afeta sua vida e sua fé. Como posso convocar a uma reunião para pais e padrinhos de Batismo, em uma periferia,
onde a senhora sai às 5h para trabalhar e chega às 8h, termina às 17h de trabalhar e chega em casa às 20h. Tem que ver o marido, atender os filhos, ver se fizeram as tarefas escolares, tem que cozinhar, lavar a roupa, falar com a mãe pelo telefone. E aí eu lhe digo “venha à reunião do Batismo?” Isso é um problema da pastoral da grande cidade. Muito espaço e pouco tempo, muitas tarefas e pouco tempo. A Igreja tem que acompanhar isso, não tem que impor mais cargas aos leigos que já vivem com essas tensões.
A Pastoral Urbana não é mais uma pastoral, mas o envolvimento de todas. Como realizar um trabalho conjunto entre as pastorais? A pergunta é sempre como, e te falo: não sei como. Não há receitas, nem iluminados que digam “é assim” ou “é assado”, façam “isso” ou “aquilo”. Contudo, é preciso entender a pastoral da grande cidade como um desafio, entendê-la como um convite a pensar, dialogar, construir e responder juntos. Outro ponto: a pastoral de conjunto tem dois sentidos. Para a Pastoral Urbana, significa reconhecer que a cidade é um grande conjunto humano de nossa pastoral, ou seja, tenho que pensar os problemas na perspectiva urbana. Não é suficiente pensar na perspectiva da minha paróquia, da minha escola, da minha comunidade de base, do meu movimento e meu setor pastoral. Não é suficiente. Temos que mudar o pensamento para uma Pastoral Urbana e descobrir a dimensão da pastoral na grande cidade, onde está meu bairro, paróquia e minha comu-
nidade. Isso é o conjunto da cidade. Há outro sentido da pastoral de conjunto: só podemos responder a todos os desafios da cidade, com uma pastoral de conjunto que une, coordena e fortalece. Aqui não é mais o conjunto da cidade, mas o conjunto da Igreja que em comunhão pensa e faz a pastoral.
A Pastoral urbana pressupõe um aspecto político e de diálogo com o poder público? A missão da Igreja é pública. Evangelizar não é algo privado, evangelizar é anunciar o Evangelho ao ser humano que vive na sociedade e a sociedade tem uma dimensão pública. E pública significa política. A palavra grega que se traduz cidade, é polis, a política vem da polis, que era a cidade, a convivência na cidade, o governo da cidade. A missão da Igreja tem uma dimensão social, pública e “política”. Não é só para a pessoa em seu coração, para a família em sua casa, é para toda a sociedade. O Papa Francisco na Evangelii Gaudium, capítulo 4, chama isso de a dimensão social do Evangelho, o impacto na vida pública, política em sentido amplo, não partidário. Política como aqueles que fazem a coisa comum, o bem comum. Há o aspecto da Pastoral Urbana, como em qualquer pastoral, como em um povoado do campo, a relação entre as autoridades pastorais da Igreja e as autoridades políticas da cidade, do estado e do país. Aqui os princípios da Igreja são autonomia e cooperação. As autoridades políticas têm sua esfera, sua autonomia, sua competência. As autori-
dades da Igreja possuem sua autonomia e sua competência no âmbito pastoral. O prefeito não deve interferir no trabalho do bispo, e nem o bispo no do prefeito. O segundo é cooperação. O poder político deve estar - mas não está -, a serviço do povo. E a autoridade pastoral deve estar a serviço do povo na cidade. Ambas deveriam se juntar e cooperar para o serviço à pessoa, à família, à sociedade e ao povo. Em um terceiro aspecto, muitos políticos são cristãos e batizados na Igreja, portanto, como leigos e leigas cristãos, deveriam exercer seu serviço ao bem comum, como um serviço ao próximo, de amor a Deus e ao próximo. Isso é um espaço de cooperação, pois a Igreja não são só os padres, a Igreja é todo o Povo de Deus. A maioria do Povo de Deus é de leigos e leigas que estão na família, no trabalho, na economia, na cultura e na política. Então, a Igreja, dando força a seus leigos, pode transformar a vida pública a serviço das pessoas, e este é um objetivo da Pastoral Urbana. Uma vida mais digna e uma sociedade mais justa na cidade.
E quando pode haver conflito? Quando a missão pastoral da Igreja questiona o poder político, ou quando o poder político quer controlar a vida pastoral. Quais são os espaços de tensão? As questões sociais, porque a Igreja defende o bem comum de todos, especialmente dos mais pobres. Espaço público para todos. E, às vezes, as autoridades públicas se preocupam com isso e, às vezes, não se interessam pelos pobres e governam para alguns, e nisso pode haver conflito. E aí tem que existir cooperação, a nível do bispo, do padre e de qualquer cristão.
Nesse sentido, a articulação da Pastoral Urbana deve se dar pela Arquidiocese? A grande organizadora da Pastoral Urbana é a diocese. Para a diocese tudo, para aqueles que querem atuar como se estivessem fora da diocese, nada. Quero dizer: a diocese deve combinar e trabalhar em comunhão a pastoral territorial dos bairros, as pastorais setoriais - como a pastoral da Saúde, dos Migrantes, Carcerária, da Educação -, e as comunidades e movimentos com seus carismas e suas atividades. Tudo isso, pastoral territorial, pastoral setorial, pastoral querigmática, ordens religiosas, congregações, movimentos e novas comunidades devem colocar seus dons a serviço da pastoral de conjunto na diocese. Isso é um desafio para o movimento saber integrar e não ser um gueto fechado. Se abrir, colaborar e participar. É um desafio para os bispos e padres que conduzem a pastoral diocesana, saber reconhecer, integrar e dar lugar.
12 | Reportagem |
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Padre Vandro Pisaneschi
Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade
Evangelizar no mundo da Educação O Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade já nasceu do desafio da Igreja de estar presente no mundo da educação. Nesse sentido, o Padre Vandro Pisaneschi, coordenador de Pastoral do Vicariato, destaca que a educação na metrópole é “diferenciada pelos desafios que a própria metrópole traz”. “Para você conversar com um aluno em sala de aula, ou se aproximar dele e oferecer um serviço eclesial ou a presença da Igreja, é necessário que você reconheça todos os desafios da metrópole, todas as realidades da metrópole, e esteja aberto a aceitar as diferenças, aberto ao diálogo. Sempre com um convite e uma proposta desafiadora”. Nesse caminho, o Sacerdote destaca que os esforços do Vicariato devem ser no
sentido de conhecer a realidade, a cidade e seus desafios, além de ter a percepção que o jovem tem uma gama de opções muito grande, quando ele procura uma escola, procura algo que responda seus anseios. Para a Igreja conseguir entrar na instituição e dialogar com o aluno, é necessário que conheça essa gama de opção que todas as pessoas têm. Padre Vandro acrescenta que o Vicariato não pode ser isolado, se não perde o sentido de vida eclesial. Para isso, tem que acolher o jovem e trabalhar com as diferentes “tribos” da juventude. “Temos que estar juntos, caminhar com eles e perceber que mesmo que ele tenha outra religião ou não tenha religião, é chamado a praticar o bem e exercer a caridade no meio da sociedade”, afirmou.
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UMA IGREJA INSERIDA N
Temática esteve em destaque no curso de aprofundamento teológico e pastoral do clero da Arquidiocese de São Paulo, em Itaici (SP) Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com
P
“
astoral Urbana em São Paulo é pensar e viver a Igreja na cultura paulistana e paulista. Então, o que significaria a Pastoral Urbana? Significaria pensar e realizar a missão da Igreja na perspectiva da
cidade, assumindo a novidade que significa viver na cidade e na grande cidade contemporânea”, afirmou o Padre Carlos María Galli ao O SÃO PAULO (leia a íntegra da entrevista na página 11), durante a 13ª edição do Curso de Aprofundamento Teológico e Pastoral do Clero da Arquidiocese de São Paulo, que aconteceu em Itaici, na cidade de Indaiatuba (SP), de 3 a 6, com a participação de mais de 250 padres. Para o Padre Galli, especialista no assunto e professor da Universidade Católica de Buenos Aires, na Argentina, a “novidade da Pastoral Urbana” se percebe sobre três
Padre Rodrigo Custódio
Padre Giampietro Carraro
Acolhida 24 horas
Uma evangelização dos pobres
Fundador da Missão Belém
Aliança de Misericórdia
Mercado, banco, farmácia, academia, transporte público.... Tudo isso funcionando 24 horas. São Paulo faz jus ao título de cidade “que nunca dorme”. E não poderia ser diferente com a Igreja. No centro de São Paulo, a Igreja Nossa Senhora da Boa Morte está dioturnamente atenta e aberta para acolher os fiéis. “A Aliança de Misericórdia é responsável pela Igreja Nossa Senhora da Boa Morte, aberta 24 horas, onde há adoração eucarística durante vários momentos do dia, atividades especificas de evangelização, as celebrações e sacramentos. É muito interessante ver a igreja aberta durante a noite e ver as pessoas que aparecem para pedir auxílio, pessoas que pensaram em suicídio e encontraram a igreja aberta, prostitutas pedindo auxilio...”.
O Padre Rodrigo Custódio, da Aliança de Misericórdia, destaca que o trabalho da comunidade acontece praticamente no período da noite. “A Aliança entendeu que numa realidade como São Paulo, a evangelização não acontece mais durante o dia, as pessoas estão trabalhando, então, grande parte das nossas evangelizações e atividades acontecem à noite”. Além disso, há a Cristoteca, uma discoteca de Cristo. Um espaço que é uma “balada”, “com dança, música e alegria, mas é uma ‘balada cristã’ com missa, adoração eucarística, atendimento espiritual. É uma experiência muito bonita e muito forte. Um espaço de diversão, mas que também é um espaço de encontro com Deus”.
“Vou falar uma coisa que poucos sabem: nós estamos fazendo uma evangelização dos pobres e não uma obra social como é entendida normalmente. Muitos confundem a Missão Belém pelo trabalho que fazemos. Falam ‘vocês são uma grande obra social, vocês fazem uma coisa boa’. Eu espero que seja verdade, que estejamos fazendo uma coisa boa, porém, é preciso entender algo até mais profundo, uma pessoa que vive na rua usa droga e álcool e se queremos oferecer a libertação para essa pessoa, temos que oferecer Deus e valores tais que vençam o prazer das drogas o prazer das bebidas”. O Padre Giampietro Carraro, italiano, fundador da Missão Belém, é claro e direto: o trabalho da comunidade criada por ele é mais que um trabalho social, é um trabalho de evangelização. Em meio
a sorrisos, o Sacerdote de fala mansa e calma, comenta a alegria de ser na Cidade de São Paulo um ponto de acolhida e cuidado para o povo da rua. “Vivemos no centro desta cidade e acreditamos que Deus vive nesta cidade, que Deus habita esta cidade e está em todas as pessoas. Vejo nossa missão com um serviço, servimos a Cristo nos pobres, servimos à Igreja, somos Igreja, somos uma pequena expressão da mão misericordiosa da Igreja que alcança os últimos e mais humildes”. O Sacerdote destaca que que a Igreja “atua e vive em diversos organismos”, sendo que a paróquia é, “sem dúvida, a célula base, a célula fundamental”, mas, para ele, a Igreja atua, também, por meio das congregações que nem sempre coincidem com a paróquia, além dos movimentos, das associações e outras várias formas.
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na cidade
NA REALIDADE URBANA aspectos: “O que anda bem na pastoral tem que ser mantido e, além disso, melhorar; o que não funciona, terminar; e o que não estamos fazendo, começar”. Para ele, a Pastoral Urbana não é algo “absolutamente novo”, mas sim em continuidade com a evangelização anterior, pois “se vem evangelizando na cidade de São Paulo, mas a novidade é evangelizar e fazer uma pastoral não apenas na cidade de São Paulo, mas na dimensão da Grande São Paulo”. E acrescentou: “isso não é uma novidade de 2015, é uma novidade dos últimos 50 anos, desde de que a Igreja no Concílio Vaticano II toma consciência
de que a grande cidade contemporânea é um dos signos de nosso tempo, portanto, há 50 anos que estamos pensando e continuaremos pensando por mais 50 anos. Aproveitamos a experiência anterior e renovamos a Pastoral com novos desafios e novos impulsos”. O Cardeal Scherer destacou que é preciso que haja uma reflexão sobre o encontro e uma “avaliação de nossas realidades”, e comentou que a Arquidiocese “tem muita coisa boa, muita coisa caminhando. A Igreja não está começando agora, muita coisa que precisa continuar e ser encaminhada para que continue bem”, afirmou em entrevista.
Padre Marcos Roberto Pires Paróquia Santíssima Trindade
Música como forma de evangelização O Padre Marcos Roberto Pires, pároco na Santíssima Trindade, na Região Lapa, é um dos novos expoentes da música católica. Para ele, a “Igreja tem que ter um atrativo, desde atendimentos diferentes para o povo, para que todos saibam que nas igrejas há um atendimento “bacana”. A parte estrutural, física da igreja, é um contribuinte muito forte”, comenta. Com a evangelização por meio da música, o Sacerdote destaca que sua mensagem chega a diversas pessoas e com isso ele se obriga a usar uma linguagem mais simples, mais moderna, que consiga cativá-las. “Pela música, atinjo um público de vários lugares, com meu jeito de ser, com meu jeito de padre, tento usar um discurso que as pessoas entendam. Se usarmos um
discurso antigo, ele ‘não pega’ mais hoje. Uso um discurso um pouco mais moderno”. Outro ponto de destaque para ele é a relação com as pessoas. Sem proselitismo, destaca o Padre, mas se abrindo ao diálogo. “Sabemos o que o povo precisa: as pessoas têm medo de morrer, não sabem lidar com as doenças, o desemprego - que é uma realidade nossa -, então, como dar um testemunho sem falar de Deus necessariamente? Mas você pode dar uma palavra, um sorriso, um testemunho e uma música de esperança e alegria. Um testemunho de vida. Na minha casa, o meu pai ficou doente, ele morreu com essa doença, não ficou curado, mas nós nos unimos, encontramos a alegria apesar de tudo isso”, afirmou.
Padre José Roberto Pereira
Padre João Bechara Ventura
Presença nos prédios e condomínios
Igreja aberta para o Karatê
Para as paróquias da região central da capital paulista há uma realidade que se apresenta cada vez mais desafiadora: como evangelizar nos prédios e condomínios da cidade? O Padre José Roberto Pereira, pároco na Nossa Senhora da Consolação, não tem uma receita, uma fórmula, mas conta o que tem feito para que a Igreja de São Paulo seja presença junto aos moradores dessa realidade urbana. “Percebemos que além das 28 missas que temos ao longo da semana, há uma necessidade de irmos aos prédios e condomínios, onde há muitos idosos - alguns abandonados pelos filhos, pelas famílias, ou que são procurados apenas quando deixam testamento”, conta. De acordo com o Padre, em dois prédios já surgiram duas comunidades com missas mensais, uma dedicada a São José, esposo da Virgem, e outra a Santa Margarida; e que está
Você imagina um sacerdote fazendo exame para passar de faixa no Karatê? Isso aconteceu com o Padre João Bechara Ventura, vigário na Paróquia São Vito Mártir. “Quando teve o exame de faixa o ano passado foi muito engraçado, pois os pais me viram fazer o exame de faixa, então, viram o padre lutando karatê com as crianças e foi bom, pois sentiram que a igreja é um lugar de portas abertas para eles”. De acordo com o Padre, o projeto de karatê dentro da Paróquia é um modo de atrair crianças e adolescentes de famílias que não frequentam a igreja. Além disso, segundo ele, o karatê é formativo, pois ajuda a dar condições humanas para que as crianças assimilem a Palavra de Deus e o Evangelho. “É muito interessante, em um ano
Pároco na Nossa Senhora da Consolação
Paróquia São Vito Mártir
em diálogo com o síndico e moradores do Edifício Copan para que lá seja permitida a celebração de missas mensais. De acordo com o Sacerdote, no Copan há mais de 5 mil moradores, dentre esses muitos paroquianos da Consolação, mas que por serem idosos enfrentam dificuldades para irem à igreja. “As pessoas se surpreendem, pois não sabiam que um padre saia da igreja para celebrar a missa nas casas e nos prédios”, afirma o Sacerdote, que destaca a necessidade de ter um olhar atento para as realidades do povo e um “cuidado na hora de falar ao povo”. “Nossa maneira de acolher, sobretudo no aspecto misericordioso de ir ao encontro do povo. Saber acolher, pois lá temos pessoas com câncer, abandonadas pela família, pessoas problemáticas, pessoas nas suas mais diversas escolhas e opções de vida, e temos que saber acolher e não dizer pode ou não pode”.
e meio de trabalho, temos um universo entre 40 e 50 crianças que participam do Karatê, com muitos bons frutos, porque até os pais vêm falar que as crianças estão diferentes, mais dóceis, algumas com mais confiança, menos tímidas. Além disso, essas crianças ficam ligadas à Igreja, mais abertas à Palavra de Deus, pedindo espontaneamente para fazer a Catequese”, afirmou. Atualmente, até os pais das crianças querem fazer karatê e em breve iniciarão uma turma. E para quem acha estranho essa prática como forma de evangelização, o Padre João afirma que “tudo que é bom e tem aspectos humanamente positivos, serve para levar a algo maior que é conhecer a Cristo. Aquilo que é bom, serve para que as pessoas conheçam Cristo”.
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‘A relação de ecologia e espiritualidade se dá na dimensão do cuidado’ Luciney Martins/O SÃO PAULO
Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com
“Como cristãos, queremos oferecer a nossa contribuição para a superação da crise ecológica que a humanidade está vivendo. Por isso, devemos, antes de tudo, buscar no nosso rico patrimônio espiritual as motivações que alimentam a paixão pelo cuidado da criação, lembrando sempre que para aqueles que creem em Jesus Cristo, Verbo de Deus que se fez homem por nós, ‘a espiritualidade não está desligada do próprio corpo nem da natureza ou das realidades deste mundo, mas vive com elas e nelas, em comunhão com tudo o que nos rodeia’”. Assim escreve o Papa Francisco em uma carta enviada ao Cardeal Turkson, presidente do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz. O Documento é um comunicado de que, a partir deste ano, a Igreja Católica, em sintonia com a Igreja Ortodoxa, celebrará, em 1º de setembro, o “Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação”. “A celebração deste Dia, na mesma data com a Igreja Ortodoxa, será uma ocasião profícua para testemunhar a nossa crescente comunhão
com os irmãos ortodoxos. Vivemos num tempo em que todos os cristãos enfrentam idênticos e importantes desafios, diante dos quais, para ser mais críveis e eficazes, devemos dar respostas comuns. Por isso, é meu desejo que este Dia também possa envolver, de alguma forma, outras Igrejas e comunidades eclesiais, e ser celebrado em sintonia com as iniciativas que o Conselho Mundial de Igrejas promove sobre este tema”. Na carta, o Santo Padre chama atenção para a “crise ecológica” pela qual o mundo passa, e com isso conclama os cristãos há uma “profunda conversão espiritual”. “Os cristãos são chamados a uma ‘conversão ecológica, que comporta deixar emergir, nas relações com o mundo que os rodeia, todas as consequências do encontro com Jesus’ (Laudato si´, 217). De fato, ‘viver a vocação de guardiões da obra de Deus não é algo de opcional nem um aspecto secundário da experiência cristã, mas parte essencial duma existência virtuosa’”. Nesse convite à conversão espiritual para uma “ecologia integral”, a Laudato si’ se apresenta não como “uma encícli-
ca verde”, mas como uma “encíclica social”, como destacou o Papa Francisco no encontro com prefeitos realizado em julho no Vaticano.
A espiritualidade na Laudato si’
Falar de uma espiritualidade ecológica não significa sair por aí abraçando árvores e rezando um Pai-Nosso ou uma Ave-Maria. De acordo com Irmã Maria Freire, professora de Teologia da PUCSP, ao abordar essa questão na Encíclica, o Papa Francisco “faz uma explanação do problema mundial a respeito do meio ambiente e isso vem articulado com a questão social, pois é uma reflexão articulada ao grito da terra e ao grito dos pobres”. Para a Professora, ao dedicar o capítulo 2 da Encíclica à criação a partir do livro do Gênesis, há uma relação automática com uma “questão de espiritualidade e de mística, porque a Teologia da criação demonstra a partir do Gênesis uma mística do cuidado”. “A relação de ecologia e espiritualidade se dá na dimensão do cuidado. Ao trabalhar a ecologia, ele mostra o sentido relacional da compreensão ecológica, pois ele vai dizer
que tudo está relacionando, dando sequência a um pensamento que já existe há muito tempo na Teologia da Trindade”, afirma a Irmã. Além disso, a Encíclica propõe uma espiritualidade “mostrando uma dimensão profética contemplativa na defesa do meio ambiente”, e, de acordo com a Irmã, “está relacionada à dimensão ética do ser humano”, é uma visão geral do Papa, que tem “relacionando Teologia e ecologia, já que o termo ecologia é um termo filosófico que só o compreendemos na Teologia a partir da Teologia da criação”.
Como viver essa espiritualidade?
“Exige um comportamento ético, uma espiritualidade relacional a perspectiva sócio cultural”, além de procurar reencontrar um “equilíbrio diante dos conflitos sociais que surgem hoje no cenário mundial”. A Professora apontou que viver essa espiritualidade hoje exige uma “kenosis” [termo que significa aniquilamento, esvaziamento] do ser humano”, o que, para ela, “é bastante sacrificial na sociedade que estamos vivendo, pois o ser humano está situado no cen-
tro da História e da sociedade com uma dificuldade enorme de ser ‘kenótico’, então, essa espiritualidade significa que é necessário esvaziar-se de si mesmo para ser habitado pelo outro e deixar-se habitar também por Deus dentro desse contexto”. Para viver essa espiritualidade, é preciso mudar o comportamento, tomar consciência de que a defesa do meio ambiente e a questão ecológica exigem uma consciência coletiva, com a necessidade que a ecologia “não seja algo isolado da questão dos pobres ou isolada da nossa vida como um todo viver uma espiritualidade disso precisa se doar tomar consciência e a nossa fé tem consequências práticas”. “Lá na pastoral, um grupo que quer se organizar ecologicamente e tem uma espiritualidade, primeiro precisa ter a consciência e saber inter-relacionar o conjunto da comunidade, não pode ser algo isolado. E depois, a consciência de que essa espiritualidade é uma espiritualidade da compaixão, paciência, harmonia, responsabilidade e da política do grupo. Ela não vem sem esses elementos ela precisa estar ligada à vida política”, afirmou.
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‘Pedimos e queremos plantar a paz naquela terra onde nasceu o Rei da Paz’ Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO
Na quinta-feira, 6, Cardeal Scherer presidiu missa na Catedral da Sé, em que se recordou os cristãos perseguidos no Oriente Médio Fernando Geronazzo Especial para O SÃO PAULO
Na Catedral da Sé, católicos e ortodoxos se uniram aos cristãos do mundo em oração pelos irmãos perseguidos no Oriente Médio, na quinta-feira, 6. A iniciativa, organizada pela Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), com o apoio da CNBB, marcou um ano da fuga de milhares de cristãos do norte do Iraque, convidando as comunidades católicas a celebrarem missa por essa intenção. A celebração foi presidida pelo arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, e entre os concelebrantes estavam o arcebispo da Igreja Católica de Rito Greco-Melquita, Dom Joseph Gebara, e o assistente eclesiástico da AIS-Brasil, Padre Evaristo Debia-
Em missa com o Cardeal Scherer, Dom Damaskinos recorda que os cristãos priorizam a harmonia entre os povos
si. Também estavam na Catedral o arcebispo da Igreja Ortodoxa Antioquina, Dom Damaskinos Mansour, seu bispo auxiliar, Dom Romanós Daoud, acompanhados do Padre Gregório Teodoro, e do cônsul-geral da Síria em São Paulo, Sami Salama. Dom Odilo destacou, na homilia, que muitos cristãos estão sendo martirizados ou reduzidos a cidadãos de “segunda categoria”, sendo-lhes negados a dignidade e os direitos civis por causa de sua fé em Cristo, sendo aquela região considerada o berço do Cristianismo, onde os apóstolos por primeiro difundiram o Evan-
gelho. “Esta é ocasião de manifestarmos nossa solidariedade espiritual por meio da oração, rezar pelos perseguidos e também pelos que perseguem”, afirmou o Cardeal, recordando que Jesus ensina a rezar pelos inimigos. “É difícil, mas é a lei do Evangelho”, acrescentou. Ao recordar a Festa da Transfiguração, celebrada na mesma data, o Arcebispo lembrou que Jesus transfigurado é anúncio da transfiguração do homem, da humanidade. “Que o rosto glorioso de Jesus, manifestado na transfiguração, possa dar coragem, ânimo, para enfrentar todo so-
frimento da vida e perseverar no caminho do bem, na verdade do Evangelho”. Dom Odilo também lembrou do testemunho de muitos que chegaram ao ponto de darem a própria vida por causa da fé. “Onde há cristãos que derramam sangue por Cristo, nascem novos cristãos”, disse. Dom Damaskinos, ao final da celebração, agradeceu em nome de sua comunidade pela iniciativa da Igreja Católica. Nascido em Damasco, o Arcebispo ortodoxo recordou que da capital da Síria, o apóstolo São Paulo saiu pelo mundo para pregar o Evangelho. “Os cristãos sempre viveram em
A força da fé, mesmo diante do caos Nayá Fernandes
CAPNI
nayafernandes@gmail.com
O dia 6 de agosto foi, em todo o mundo, o Dia de Oração pelos Cristãos Perseguidos no Oriente Médio, pois a data recordou um ano da fuga de milhares de cristãos no norte do Iraque. O SÃO PAULO apresenta um testemunho de quem vive, dia a dia, o drama da perseguição: Pierbattista Pizzaballa, padre franciscano e custódio da Terra Santa. Durante o evento “Rimini Meeting 2014”, que aconteceu na Itália com o tema: “O poder do coração – Buscadores da verdade”, ele falou sobre o “Oriente Médio, o poder do coração, buscadores da verdade”, e enfatizou que não precisaria fazer uma crônica dos acontecimentos, pois isso já faz a mídia. Abaixo, está um trecho da fala do padre Franciscano, que está disponível, em italiano, no endereço eletrônico https://www. youtube.com/watch?v=m55lxigJ_PE.
A principal preocupação agora é com o medo que nasce da ascensão ao poder na Síria e no Iraque, especialmente, mas não só, dos movimentos islâmicos integristas. As imagens que vemos dia-
Igreja de Santa Maria, na Vila de Tal Nasri, na Síria, atacada por extremistas do Oriente Médio
riamente abalam nossas consciências. Refiro-me, em particular, ao chamado Estado Islâmico ou Califado, que tem como alvo não apenas as minorias não islâmicas, mas também outros muçulmanos que não compartilham de sua doutrina. As interrogações sobre esses movimentos estão hoje no centro das preocupações de comunidades religiosas inteiras, em todo o Oriente Médio. Dentro da comunidade cristã, se assiste a uma crescente tensão, talvez o lamento pelas garantias perdidas, a tentação de ir em-
bora, o que, às vezes, tornou-se realmente uma necessidade, como vimos no Iraque. A “limpeza religiosa” que está manchando o chamado Estado Islâmico, mas que é sutil também em outras partes dos países árabes, vai em primeiro lugar contra a história e o caráter do Oriente Médio e não pode ser contemplada em silêncio. É necessário que todas as comunidades religiosas levantem a voz contra essa abominação. O mundo islâmico começou a reagir finalmente, mas, honestamente, devemos dizer que é muito tímido na de-
harmonia com os demais povos na Síria, porque seguem os ensinamentos de Cristo. Mas, nestes dias, chegaram ao nosso País aqueles que têm o interesse de dividir e matar o amor no coração dessas pessoas, espalharam o ódio”, lamentou. “Nós, cristãos do Oriente Médio, da Síria, do Líbano, do Iraque, da Palestina, aonde foram os apóstolos, não pedimos somente por proteção dos outros países, pedimos e queremos plantar a paz naquela terra onde nasceu o Rei da Paz. Acreditamos que Deus vivo escuta as nossas orações”, acrescentou Dom Damaskinos. Padre Evaristo agradeceu a todos por acolherem à convocação e afirmou que “a paixão de Jesus continua a acontecer no mundo de hoje”. “Imaginem que 62 milhões de pessoas, que estão errantes, saindo de suas casas pelo mundo. Doze milhões de sírios estão deslocados internamente, 4 milhões no exílio. Igrejas foram destruídas. Mais de 11 mil crianças assassinadas, três milhões de crianças sem estudar e mais de 1 milhão sem os pais. São milhares de pessoas entre a Síria e Iraque que perderam tudo”, relatou.
núncia. Os meios de comunicação árabes realmente não exageraram ao relatar as declarações dos vários líderes religiosos muçulmanos. O diálogo inter-religioso neste momento não pode ser separado de uma denúncia, forte e feita por todos, daquilo que está acontecendo. É exigida pela gravidade do momento e da necessidade de continuar a viver e dialogar juntos. É também claro que este tipo de fanatismo deve ser interrompido, se necessário, até mesmo pela força, com todas as garantias necessárias. O uso da força, no entanto, sem uma perspectiva de reconstrução em todos os níveis, não vai resolver nada. A força pode parar a destruição, mas também destrói. Se, no entanto, não se constrói, o vazio criado pela utilização de força irá criar um maior extremismo. Porque há sempre alguém que se considera mais puro e mais justo que você [...] Precisamos de tudo no Oriente Médio: ajuda financeira, militar, política, mediação, apoio. Mas, sobretudo, de ainda acreditar que é possível querer-se bem. Os testemunhos nos dizem que, apesar de tudo, graças aos pequenos, esta força ainda está viva. (Colaborou Francisco Borba Ribeiro Neto)
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Filipe David
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Dica de Leitura A beleza salvará o mundo Vivemos em um tempo altamente politizado. Os conflitos político-ideológicos reduziram o discurso público a uma guerra de slogans gritados por militantes adversários. Mas em vez de apenas reclamar da vulgaridade desta era, o aclamado autor e editor Gregory Wolfe nos propõe trabalhar para enriquecer a linguagem do discurso público. E a melhor forma de fazê-lo é buscar inspiração nas fontes mais profundas da cultura: a arte e a fé religiosa. Wolfe tem sido chamado de “uma das vozes mais incisivas e persuasivas de nossa geração” e, neste livro vasto e ao mesmo tempo profundo, defende a importância da beleza e do imaginário para a renovação cultural. Ele começa contando a sua própria jornada que foi de jovem militante empenhado em criticar o mundo moderno a uma carreira dedicada a fomentar a criação cultural por meio da literatura e da arte
para renovar a tradição ocidental. No meio do caminho, Wolfe encontra nos humanistas cristãos da Renascença, como Erasmo e Tomás Moro, um “espelho distante” no qual podemos ver nossos próprios tempos e nos sugere utilizar a imaginação e as artes para neutralizar o perigo das abstrações ideológicas. “A beleza salvará o mundo” oferece uma introdução reveladora aos artistas e pensadores que são os cristãos humanistas da era moderna, tanto na literatura quanto nas artes visuais. Finalmente, Wolfe trata de alguns pensadores que lhe serviram de mentores, como Russel Kirk, Gerhart Niemeyer, Marion Montgomery, e Malcolm Muggeridge – todos os quais rejeitaram a rigidez das ideologias e abraçaram a cultura e a tradição. Em uma época em que o discurso público tornou-se dominado por facções em
Reprodução
Curso
Grandes Clássicos da ficção
guerra com pouco respeito pela verdade, a afirmação da beleza como uma força redentora é um conforto e um encorajamento. (Traduzido e adaptado da descrição do livro em inglês.) Ficha técnica: Autor: Gregory Wolfe Páginas: 396 Editora: Vide Editorial
“O curso tem como objetivo apresentar um panorama dos grandes momentos da literatura por meio da descoberta e do reencontro com obras-primas que são patrimônio da humanidade. Os clássicos escolhidos representam os registros literários fundamentais da cultura ocidental, cada qual apresentando uma faceta diferente da trajetória humana da descoberta e interpretação de seu lugar no mundo. Os encontros percorrem desde as narrativas do tempo em que os deuses intervinham no mundo dos homens com Homero até o surgimento da subjetividade em Shakespeare”. O curso acontecerá na Casa do Saber (rua Dr. Mario Ferraz, 414). Saiba mais detalhes pelo telefone (11) 3707-8900 ou http://casadosaber.com.br
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Das águas de Kazan desembocam vagas para o Rio Fotos: Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos
Brasil encerra Mundial de Esportes Aquáticos com sete pódios, e com conquistas especiais para Ana Marcela Cunha e Etiene Medeiros Daniel Gomes
danielgomes.jornalista@gmail.com
Não havia como imaginar outro resultado: campeã da Copa do Mundo de Maratonas Aquáticas em 2010, Ana Marcela Cunha era favorita a uma das vagas para a olimpíada de Londres 2012, mas no Mundial de Esportes Aquáticos, em Xangai 2011, ela ficou a três segundos da classificação olímpica, ao concluir a disputa dos 10 km na 11ª posição (somente as dez primeiras foram aos Jogos). Quatro anos depois, Ana Marcela, no Mundial em Kazan, na Rússia, encerrado no domingo, 9, nadou novamente a prova dos 10 km valendo classificação para os Jogos Rio 2016 e desta vez conseguiu mais que a vaga olímpica: foi medalhista de bronze, conquista que para ela “representa a volta por cima. É saber que todo meu esforço e dedicação valeram a pena. Todas as horas de treino, as milhares de voltas na piscina e todo o traba-
Nicholas, Bruno, Thiago e Etiene, medalhistas da natação; Ana Marcela (det) conquista três medalhas nas maratonas
lho que fizemos deram resultado”, afirmou ao O SÃO PAULO. Em Kazan, Ana Marcela também conquistou medalhas em duas provas não olímpicas: ouro nos 25 km e prata nos 5 km, ao lado de Diogo Vilarinho e Alan do Carmo (que também se classificou para o Rio 2016, com a nona posição nos 10 km masculino). “Na prova dos 25 km entrei super tranquila e fiz o meu melhor. Sem dúvida foi sensacional”, recordou Ana Marcela, que já pensa nos Jogos Rio 2016, a sua segunda olímpiada, pois ela também esteve em Pequim 2008, quando foi quinta colocada. “Tenho que continuar fazendo um bom trabalho pra fazer bonito em casa”.
Desempenho pior?
Além das medalhas nas ma-
ratonas aquáticas, o Brasil alcançou outras quatro na natação, e não teve medalhistas no polo aquático, nado sincronizado e saltos ornamentais. O total de sete pódios foi inferior aos dez do Mundial de Barcelona 2013. Nas águas de Kazan, a liderança foi dos chineses, com 35 pódios (15 ouros), seguidos pelos norte -americanos, com 33 medalhas (13 ouros). Entre as quatro medalhas do País na natação, a prata de Etiene Medeiros nos 50 metros costas foi histórica, pois pela primeira vez a natação feminina brasileira chegou ao pódio em um mundial de piscina longa (50 metros, a distância olímpica). No masculino, Thiago Pereira alcançou a prata nos 200 metros medley, a terceira medalha do atleta em mundiais; Nicholas
temos que analisar em bloco. Não dá pra desvincular Toronto [Pan, onde o Brasil alcançou 26 medalhas na natação] do que foi feito aqui. Os resultados que aconteceram por lá continuam valendo para ranking mundial. Aquelas coisas que fugiram um pouco do esperado vão servir também como motivo de pauta e discussão para o ano que vem. A natação do Brasil evoluiu muito e isso é evidente. O calendário internacional foi apertado este ano. Nunca aconteceu de dois eventos tão grandes serem tão próximos e tivemos que nos adaptar. A gente não tem dois times. Foi uma situação nova e dentro deste contexto saímos satisfeitos”, afirmou Alberto ao Site da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos.
Santos também faturou prata nos 50 metros borboleta; e Bruno Fratus, com um centésimo de vantagem para o russo Vladimir Morozov, ganhou o bronze nas disputas dos 50 metros livre. Ele foi o único brasileiro na prova, já que Cesar Cielo não competiu, por conta de uma lesão no ombro esquerdo. O Brasil ainda Brasileirão de Futebol esteve perto do pódio Quarta-feira (12) com os quartos lugares 22h – Corinthians x Sport (Arena Corindo revezamento 4x100 thians) metros livre masculino Sábado (15) e de Felipe França nos 21h – São Paulo x Goiás (Morumbi) 50 metros peito, que ficou a um centésimo da Domingo (16) medalha de bronze. 11h – Palmeiras x Flamengo (Allianz Parque) Para Alberto Silva, técnico-chefe da deleSegunda-feira (17) – Série C gação brasileira, o de20h30 – Portuguesa x Madureira sempenho em Kazan foi (Canindé) o esperado. “Acho que
AGENDA ESPORTIVA
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Brasilândia Com Bom Jesus, há 40 anos, nos passos da paz Fotos: Diego Nicoletti
fim, e lembrou que a transfiguração do Senhor é sinal de glória e esperança. “Que o Bom Jesus dos Passos nos ajude a ter coragem e abraçar com Ele a nossa cruz”, afirmou. A missa foi concelebrada pelo Padre Roberto Moura, pároco desde 2014, popularmente conhecido como Padre Beto.
Com a Beata Dulce dos Pobres
Festa do padroeiro da Paróquia Bom Jesus dos Passos tem missa com Dom Odilo e bênção da imagem da Beata Dulce dos Pobres
Renata Moraes
jornalismorenata@gmail.com
“Que Jesus nos ajude a sustentar os nossos passos, as nossas dores na caminhada da vida”, expressou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, em missa presidida na Paróquia Bom Jesus dos Passos, no Moinho Velho, na quinta-feira, 6.
Na data, festa litúrgica da Transfiguração do Senhor e também dia dedicado ao padroeiro, a matriz paroquial encerrou a novena, com o tema “Com Bom Jesus, nos passos da paz”, em sintonia com o Ano da Paz, proposto pela CNBB para 2015. “Revelado no alto do Monte Tabor, na sua transfiguração, Deus reve-
la a sua glória ao mundo, manifestando-se em Jesus sofredor a caminho da cruz, o Bom Jesus dos Passos” disse o Cardeal Scherer, durante a homilia, destacando, ainda, que a grandeza e a bondade de Deus, que ama seus filhos, permanecem até o fim. Sobre o seguimento a Cristo, o Arcebispo exortou a todos que sejam discípulos de Jesus, seguindo-o até o
Finalizando os festejos deste ano, em que a Paróquia comemora quatro décadas de fundação, houve a recepção no sábado, 8, das relíquias da Beata Dulce dos Pobres, em missa presidida pelo Padre Beto. A imagem do “Anjo Bom da Bahia”, como era conhecida a Beata Dulce, foi entronizada na Paróquia, junto com uma relíquia (uma parte do osso) vinda de Roma. “Sua relíquia ficará exposta permanentemente junto com a sua imagem, esculpida pelo Mestre Santeiro Gilson Firmino para a veneração pública na Paróquia Bom Jesus dos Passos”, explicou Padre Beto.
Irmã Clara: vida consagrada à transformação da sociedade Renata Moraes
cheia de orgulho, apresentava cada um dos “seus meninos”. Hoje com a saúde debilitada, Irmã Clara já não sobe mais Impossível andar pelos os morros do Jardim Elisa Mamorros do Jardim Elisa Maria, ria, mas continua atuante no na periferia da zona noroeste de bairro e na luta por melhorias São Paulo, sem conhecer ou ouvir falar da Irmã Clara Amadio, nos direitos a moradia, atendimento médico e transporte 83, e a obra social que realiza público dos 35 mil moradores com crianças e adolescentes. do local. Há 17 anos, a Irmã ajudou E por que ainda mantém a fundar a Associação Madre tanta dedicação mesmo aos 83 Teresa de Jesus, que hoje atende anos de idade? “Para transfor210 crianças e adolescentes carentes de 6 a 15 anos, oferecenmar o mundo e as pessoas, para do capacitação profissional e que todos tenham uma vida atividades culturais como múmais digna, para que possamos sica, teatro, esportes e poesia. A ajudar os nossos jovens e as sede da Associação fica ao lado Irmã Clara desenvolve projeto de educação no Jardim Elisa Maria, na periferia da zona noroeste nossas crianças a ter melhores da Comunidade Nossa Senhocondições de vida e um futuro ra de Fátima, pertencente à Paróquia para entrar na Congregação. Minha de adultos. Não havia luz na cidade. melhor”, afirmou. Imaculado Coração de Maria, na Re- família, no começo, era contra, mas Nosso período de aula terminava Todos os dias, Irmã Clara acomgião Brasilândia. com o passar do tempo começaram quando apagavam as velas, que cada panha os trabalhos na sede da Associação. Aos sábados, também atua na Irmã Clara é religiosa da Congre- a ter orgulho da minha escolha, e se aluno levava para iluminar a sala”. gação das Irmãs Escolares de Nossa tornaram muito mais religiosos”. vida pastoral da Comunidade Nossa Senhora e professou os votos religioSenhora de Fátima, na Catequese, Desde que professou os votos Educação para transformar sos em 1956. Desde então, dedica-se como religiosa, a Irmã procurou sem- o mundo e as pessoas nas missas e no convívio com os paQuem acompanha um dia da ro- roquianos. a obras sociais, sobretudo com po- pre estar junto aos pobres, trabalhanbres, crianças e adolescentes. do com crianças em situação de rua, tina da religiosa logo percebe sua de“Com Deus, tudo é possível e com meninas internas em reeducação, e na dicação, zelo e carinho pelas crianças nosso esforço também”, disse à Irmã, Chamada para servir os e adolescentes que estão na Associa- na conclusão da conversa com a realfabetização de adultos e crianças. mais pobres Uma experiência marcante em ção Madre Teresa. Foi o que a repor- portagem, recordando, ainda, o lema Com 15 anos de idade, ela sentiu sua vida foi na cidade de Enéias Mar- tagem do O SÃO PAULO verificou de sua vida religiosa e da Associação. o chamado à vocação religiosa e o de- ques (PR), em missão com agriculto- na sexta-feira, 7: a cada criança que a “Educamos na convicção de que o sejo de fazer mais pelas pessoas. “Tive res analfabetos. “Naquele povoado, Irmã encontrava, sempre era recebi- mundo pode ser mudado pela transque esperar completar os 21 anos iniciei o trabalho de alfabetização da com um abraço e um sorriso, e ela, formação das pessoas”. Renata Moraes
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Lapa Paróquia São João Maria Vianney guarda a memória da fé paulistana Padre Raimundo Rosimar Vieira da Silva Colaboração especial para a Região
Para comemorar a memória litúrgica de São João Maria Vianney, na paróquia dedicada ao santo, localizada na Água Branca, foi celebrada missa em ação de graças, no dia 4, presidida por Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, e concelebrada pelo Padre Raimundo Rosimar Vieira, pároco. São João Maria Vianney faleceu em
4 de agosto de 1859, aos 73 anos, e foi canonizado pelo Papa Pio XI, em 1925. Foi proclamado pela Igreja padroeiro dos sacerdotes e o dia de sua festa, 4 de agosto, escolhido para celebrar o Dia do Padre. A história da Paróquia, a única na Arquidiocese de São Paulo dedicada ao Santo, está ligada a canonização d Cura D’Ars: ao voltar da solenidade de cano-
nização em Roma, Dom Duarte Leopoldo e Silva, então arcebispo de São Paulo, decidiu construir uma paróquia na Arquidiocese em homenagem ao Santo. A comunidade do bairro da Água Branca uniu os esforços e, em 1933, a Paróquia São João Maria Vianney foi erigida. Ao redor dessa igreja nasceu o bairro, que hoje é conhecido como Vila Romana, por conta do conside-
rável número de imigrantes italianos. O estilo arquitetônico da matriz paroquial é inspirado na igreja da Irmandade de São Francisco de Assis, em São João Del Rei (MG). A Paróquia também conserva o baldaquino que carregou o ostensório durante o Congresso Eucarístico de 1942, e que hoje sustenta a imagem do Padroeiro.
Ângela Santos
No domingo, 9, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, esteve na Paróquia Sagrado Coração de Jesus, quando presidiu missa e junto aos paroquianos comemorou o aniversário de 51 anos do Padre Jorge Rocha Pierozan, pároco. Pelas redes sociais, o sacerdote agradeceu pela celebração: “Obrigado, Dom Odilo!!! Ser homenageado pelos paroquianos, em comemoração antecipada do aniversário natalício, numa missa presidida pelo nosso Arcebispo, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, foi mais do que eu poderia esperar... Muito obrigado ao querido povo desta Paróquia!!! Deus vos abençoe!!!”.
Ipiranga
Diácono permanente Anivaldo Blasques e Elis Facchini Colaboração especial para a Região
O Sim de 330 Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão Nas últimas semanas nas paróquias que compõem a Região Ipiranga, houve a investidura e a renovação de 330 Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão, em celebrações presididas por Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região. Todos os anos, os párocos apresentam os novos candidatos ao Ministério e também promovem nas paróquias a
atualização dos ministros já instituídos, que cumprem o mandato de até dois anos, conforme a necessidade da Paróquia, servindo à Igreja na distribuição da Eucaristia. Como parte do processo formativo teológico e doutrinal, os novos e antigos ministros receberam formações durante cinco encontros, com as temáticas da “Comunidade de Comunidades: uma nova paróquia”, baseado no Docu-
mento nº 100 da CNBB; “A Santa Missa”; “A liturgia da Palavra e a liturgia eucarística” e “A simbologia na celebração eucarística e o agir do Ministro Extraordinário da Sagrada Comunhão”. Para o encerramento das formações neste ano, todos os ministros participarão de um dia de retiro, no Centro Mariápolis Ginetta, em Vargem Grande Paulista (SP), no dia 22.
Diácono Anivaldo Blasques
Bispo em foto com Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão
Religiosas focadas no aprimoramento da gestão de pessoas Elis Facchini
Religiosas posam para foto em curso de formação de gestão de pessoas
Um grupo de religiosas da Congregação Irmãzinhas da Imaculada Conceição (CIIC) participou, entre os dias 21 a 31 de julho, do curso de gestão de pessoas, no Centro de Formação Sagrada Família, no Ipiranga. Promovido pela CIIC e ministrado pelo Instituto Áxis, o curso teve carga horária de 80 horas. “O objetivo é contribuir para um aprofundamen-
to de conhecimentos técnicos na área de gestão de pessoas, trabalhando especialmente em duas dimensões: pessoal, tendo o líder como indivíduo, e o papel da instituição”, relatou Sebastião Castro, diretor e docente do Instituto Áxis. Além de estudos e dinâmicas, o curso ofereceu discussões técnicas, atividades culturais e vivências. Participaram da forma-
ção as religiosas que são líderes em diversos segmentos e instituições coordenadas pela CIIC em todo o Brasil. “Ao longo do curso, vamos obtendo elementos para o melhor desempenho na nossa missão, pois atuamos na liderança de pessoas”, afirmou a Irmã Edenir Biancato Alberton, da Comunidade Nossa Senhora do Carmo, de Cuiabá (MT).
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Santana Dom Sergio: colocar os filhos sob a proteção de Deus é ato de amor
Diácono Francisco Gonçalves
Colaborador de comunicação da Região
Diácono Francisco Gonçalves
Dom Sergio abre Semana da Família na Paróquia São Marcos Evangelista, no Setor Mandaqui
Flávio Caetano
do cuidado, da dedicação, da fé, pois, assim, os pais estarão dando para os filhos um brilhante futuro”. Este ano, a Semana Nacional da Família aborda o tema “O amor é a nossa missão: a família plenamente viva”. A Região Santana promoverá diversas atividades nas paróquias e setores, e no dia 15, na cúria regional (avenida Marechal Eurico Gaspar Dutra, 1.877), a partir das 14h, haverá o encerramento da Semana, com a realização de duas palestras de formação para agentes da Pastoral Familiar.
Relíquias de São Luís Guanella em exposição na zona Norte de São Paulo Silvia Maria Marciano Faria
Especial para O SÃO PAULO
A Pastoral da Juventude da Região Santana promoveu um encontro, no dia 2, no Parque da Juventude, zona Norte de São Paulo. Os jovens dos setores pastorais Medeiros, Tucuruvi, Imirim e Casa Verde debateram temas como a mobilização dos jovens e a participação política, em sintonia com o lema do Dia Nacional da Juventude de 2015, “Juventude construindo uma nova sociedade”. Recentemente, a Pastoral da Juventude arquidiocesana foi eleita para ocupar as cadeiras do eixo de diversidade religiosa no Conselho Municipal dos Direitos da Juventude.
O papel amoroso dos pais e a preocupação com futuro dos filhos foram temas de atenção de Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, em missa no domingo, 9, na Paróquia São Marcos Evangelista, no Setor Mandaqui, na abertura regional da Semana Nacional da Família, que segue até sábado, 15. Dom Sergio, na homilia, exortou as famílias para que o sinal mais evidente do amor seja colocar os filhos sob a proteção de Deus. “Essa é uma forma concreta de amor, por meio
Como parte das celebrações em homenagem ao centenário da morte de São Luís Guanella, fundador das congregações dos Servos da Caridade e das Filhas de Santa Maria da Providência, a Região Santana recebeu, entre os dias 6 a 8, a visita das relíquias do Santo, que estiveram em exposição no Recanto Nossa Senhora de Lourdes, na Casa das Irmãs Guanellianas no Sagrado Coração e na Paróquia Santa Cruz. A peregrinação ofereceu a toda a comunidade um momento de reflexão e aprofundamento na espiritualidade de São Luís Guanella, que sempre exercitou duas especiais devoções: à Maria Santíssima e ao Sagrado Coração de Jesus. A ele se atribuí a frase “Sede devotos do Sagrado Coração de Jesus, fonte perene de santidade
da qual pode derivar a verdadeira caridade para com os nossos irmãos. Ao coração de Jesus são dedicadas as nossas casas, os nossos altares, os nossos pobres, o nosso humilde trabalho, que vamos fazendo no exercício das obras de misericórdia”. São Luís Guanella foi um sacerdote italiano, nascido em 19 de dezembro de 1842. Conhecido como “o pai dos pobres” e um dos grandes santos da caridade, trabalhou sobretudo com os órfãos, pessoas abandonadas, crianças e adolescentes com deficiência física e mental, e idosos. Para o Santo, a dignidade do ser humano foi sempre prioridade, especialmente a daqueles que eram considerados inúteis pela sociedade como os pobres e os deficientes. Ele foi canonizado em 23 de outubro 2011, pelo Papa Bento XVI, hoje emérito. (Com informações complementares do site Paulinas.org e do blog Padre Guanella Santo)
Silvia Maria Marciano Faria
Expostas as relíquias de São Luís Guanella
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Sé
Fernando Geronazzo
Colaborador de Comunicação da Região
Mosteiro da Visitação: 100 anos como sinal profético para a cidade “A vida contemplativa nos está a indicar aquilo que é o indispensável na vida”, afirmou o arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, na homilia da celebração em ação de graças pelos cem anos de fundação do Mosteiro da Visitação de Santa Maria, na Vila Mariana, zona sul da Capital, no domingo, 9. A pequena capela do mosteiro ficou lotada de fiéis para a missa, que foi concelebrada por Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese e referencial para a vida consagrada, além de padres amigos da comunidade monástica.
Profecia na cidade
Dom Odilo destacou que em meio à agitação da cidade, da clausura, as monjas visitandinas são um “sinal profético” de que é preciso buscar o Reino de Deus em primeiro lugar e que tudo mais será acrescentado. “Todos os dias, vamos para o nosso trabalho e tarefas... Tudo isso é o ‘acréscimo’. Mesmo em silêncio, esse Mosteiro fala sempre ao nosso coração sobre o que
Fernando Geronazzo
Cardeal Odilo Pedro Scherer preside missa no Mosteiro da Visitação de Santa Maria, acompanhada por monjas visitandinas na clausura
deve vir em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça, ou seja, a sua santidade”, disse, recordando, também, que o centenário acontece no momento no qual a Igreja celebra o Ano da Vida Consagrada, instituído pelo Papa Francisco. A madre superiora do Mosteiro, Irmã Maria Clara Cuervo, 70, consagrada há 52 anos, confirmou à reportagem que a missão das visitandinas em São Paulo é irradiar a presença de Deus para a cidade. “Nós somos missionárias desde a contem-
plação. Esse é um apostolado de toda a nossa vida. A oração e o testemunho de nossa vida no coração de São Paulo deve ser eloquente”, disse.
conhecida por Santa Margarida Maria Alacoque, monja do Mosteiro de Paray-le-Monial, na França, famosa vidente do Sagrado Coração de Jesus.
A Ordem
No Brasil
A Ordem da visitação foi fundada por São Francisco de Sales e Santa Joana Francisca de Chantal em 1610. Contemplativas na Igreja pela sua união com Deus e sua forma de vida comunitária, as Irmãs Visitandinas procuram, dentro da clausura, desenvolver nelas e entre elas o vínculo da caridade. A Ordem também é
A História do Mosteiro da Visitação em São Paulo começou em Pouso Alegre (MG), em 1902, com uma fundação vinda de Montevidéu, no Uruguai. Porém, anos mais tarde, devido à transformação da cidade mineira em região militar, e a solicitação da propriedade do Mosteiro pelo Governo de Minas Gerais
para a construção de quartel, a comunidade monástica foi transladada para São Paulo, em 10 de agosto de 1915. Nestes cem anos, o Mosteiro em São Paulo deu origem a três novas comunidades da Visitação pelo Brasil: Niterói (RJ), em 1946; Barretos (SP), em 1990; e a mais recente fundação, na cidade Maracajá, na Diocese de Criciúma (SC), em março de 2015. Atualmente, a comunidade visitandina da Capital conta com sete irmãs professas, uma noviça, três postulantes e três aspirantes.
Belém
Peterson Prates
Colaborador de comunicação da Região
‘Alegrai-vos! No caminho da música há 45 anos’ A equipe de liturgia da Região Belém realizará um encontro de liturgia e canto pastoral, voltado para religiosos, salmistas e animadores
de canto e agentes de pastoral. O curso é coordenado pela Irmã Miria Kolling e terá como tema “Alegrai-vos! No caminho da música
há 45 anos”. Neste ano, o curso fará memória dos 45 anos de serviço da Religiosa à música litúrgica. A atividade será no Centro Pastoral São
José (avenida Álvaro Ramos, 366, próximo ao metrô Belém), no sábado, 29, das 8h às 18h; e no domingo, 30, das 8h às 17h.
Peterson Prates
Peterson Prates
Entre os dias 2 a 5, a Paróquia Santo Emídio, na Vila Prudente, realizou a 75ª festa em honra ao Padroeiro. Na quarta-feira, 5, dia da memória do martírio do Santo, houve missa solene, presidida pelo Padre Elcio Rubens Mota Felix, pároco, da Congregação dos Sagrados Corações de Jesus e de Maria. As comemorações continuam com as festas nos dias 15 e 22 e a cantina de Santo Emídio, nos dias 16 e 23.
Em 6 de agosto toda a Igreja celebrou a festa da Transfiguração do Senhor, que faz memória ao que ocorreu no Monte Tabor, onde Cristo manifestou o esplendor de sua glória. A Paróquia Sagrada Face celebrou tríduo em preparação à festa. “A face de Jesus é o rosto humano de Deus”, disse na missa solene de encerramento o Padre Cássio de Almeida, pároco. “A Sagrada Face tem que ficar impressa em nós, tem que ficar gravada em nossa alma”, afirmou.
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Plano Municipal de Educação de São Paulo é aprovado sem gênero filipe david
osaopaulo@uol.com.br
Na primeira votação, vereadores da cidade de São Paulo deixam clara a mensagem de que a missão de educar é, antes de tudo, dos pais e da família. Foi aprovado, nesta terça-feira, 11, o Plano Municipal de Educação (PME) em primeira votação no plenário da Câmara Municipal, por 42 votos favoráveis contra apenas dois desfavoráveis. O texto aprovado é o substitutivo que veio da Comissão de Finanças, que removeu os termos e conceitos da ideologia de gênero. O texto já havia passado pelas comissões de Constituição e Justiça, Administração Pública, Educação e Finanças e Orçamento. Na Comissão de Educação, foram introduzidas as referências ao “gênero”, que foram removidas na Comissão de Finanças e Orçamento, na qual se deu o maior embate público, com ampla participação da sociedade e das igrejas cristãs. O primeiro dia da votação foi marcado por intensa movimentação na Câmara, com muitos manifestantes na porta da Casa protestando contra a ideologia de gênero e pedindo que ela seja mantida fora do texto final. Também havia militantes ligados ao movimento LGBT pedindo a inclusão do gênero nas escolas. Foi distribuído aos dois lados (contra e a favor do gênero) o mesmo número de senhas para a entrada nas galerias do plenário, mas, como havia muito mais manifestantes contrários ao gênero, a maior parte deles não pôde entrar.
O debate
A votação foi precedida por um debate entre os vereadores no Plenário, que durou cerca de três horas. O primeiro a falar foi o vereador Eduardo Tuma (PSDB), que lembrou que a questão da ideologia de gênero já havia sido discutida em âmbito nacional e fora rejeitada do Plano Nacional de Educação (PNE). Sua intro-
dução nos PMEs seria, portanto, ilegítima. O Vereador também apontou pontos importantes do PME, como a valorização dos professores e o aumento do número de vagas em creches. Ele igualmente defendeu a “escola sem partido”, ou seja, a ideia de que o ensino escolar deve ser “neutro”, sem nenhum tipo de doutrinação partidária. O vereador Toninho Vespoli (PSOL) – que fora o relator do substitutivo aprovado na Comissão de Educação, em que as referências ao “gênero” foram introduzidas – foi o segundo a falar. Em seu discurso, defendeu alguns pontos importantes no PME, como a redução do número de alunos por sala e um ensino de qualidade. Vespoli disse que o Papa Francisco o representa e foi aplaudido pelo movimento LGBT. Indagado pela reportagem se ele tinha ciência de que o Papa Francisco se pronunciou contra a ideologia do gênero, respondeu que o mesmo “se pronunciou contrário ao que explicaram para ele ser a ideologia de gênero”. Vespoli e o vereador Ricardo Young (PPS) deram os únicos dois votos contrários ao texto aprovado. Os vereadores Ricardo Nunes (PMDB), Edir Sales (PSD), Adilson Amadeu (PMDB) e Andrea Matarazzo (PSDB) se pronunciaram em defesa do direito fundamental dos pais e da família de educarem seus filhos segundo suas consciências e valores, ao mesmo tempo em que se manifestaram contra qualquer tipo de discriminação e violência. A vereadora Juliana Cardoso (PT) criticou o jornal O SÃO PAULO por publicar uma matéria na qual se dizia que ela era uma das responsáveis pela tentativa de introduzir no PME a ideologia de gênero, sem, no entanto, dar-lhe direito a réplica. Procurada, durante a votação, pela reportagem, a Vereadora disse que não existe uma “ideologia de gênero” e que, sempre que se refere ao “gênero”, quer apenas defender os
Andréia Medrado
Painel da Câmara mostra vereadores que votam sim (S) ou não (N) ao substitutivo do Plano Municipal de Educação
direitos das mulheres e a inclusão dos direitos dos negros, LGBT e minorias, sem, contudo, negar as diferenças naturais entre homens e mulheres ou os direitos da família na educação das crianças. O SÃO PAULO marcou uma nova entrevista com a Vereadora, que votou a favor do texto aprovado, excluindo as menções ao “gênero”.
Futuras emendas
O vereador Andrea Matarazzo anunciou que pretende apresentar três emendas ao PME, no próximo dia 25. Duas emendas alterariam as metas 1 e 3 do Plano, que tratam do investimento em educação com recursos provenientes do financiamento da Educação determinado pelo Plano Nacional
da Educação e da promoção da cidadania e erradicação de todas as formas de discriminação, respectivamente. A outra emenda incluiria um inciso com a promoção do direito dos pais e dos tutores sobre a educação moral e religiosa de seus filhos e pupilos, de acordo com as convicções daqueles. (colaborou Michelino Roberto)
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‘O amor é a nossa missão’ Em São Paulo, Semana Nacional da Família tem início com caminhada pelas ruas do centro e missa na Catedral da Sé Nayá Fernandes
nayafernandes@gmail.com
De saia florida e rodada e uma bolsinha rosa em uma das mãos, Raquel Brochini, 12, levantou o braço direito durante o ato penitencial da missa de abertura da Semana Nacional da Família. O gesto da adolescente, simples, mas carregado de significado, é expressivo quando toda a Igreja Católica no Brasil e no mundo pensa os desafios vividos pelas famílias, talvez o mais profundo deles, aquele da falta de amor entre pais, mães e filhos. Raquel é irmã de Lucas, 11, e filha de Onivaldo Brochini e Rita. Eles participaram da celebração na Catedral da Sé, no sábado, 8, às 12h, que aconteceu logo após a caminhada organizada pela Pastoral Familiar da Arquidiocese de São Paulo. Do Pátio do Colégio à Catedral, o percurso foi curto, mas cheio de momentos que marcaram tanto os membros da Pastoral quanto os curiosos que pararam para ver a movimentação ou acompanhar os cantos. Uma jovem que se emocionou e começou a chorar; o senhor que parou para cantar enquanto engraxava sapatos de outro em plena Praça da Sé, ou a pequena Maria Eduarda, 5, que pediu ao pai, Júnior Braga, que a colocasse no chão, para que ela pudesse andar sozinha e acompanhar a procissão. “Que os filhos caminhem com as próprias pernas” é o desejo de muitos pais como Vanessa e Fábio Regatieri, pais da Hellen, 14, da Isabelle, 9, e da pequena Stella, que aos nove meses acompanhava tudo no colo da mãe. “Para nós, o principal desafio é educar os filhos sem tantas influências negativas. Não são todas as famílias que se preocupam com a educação dos filhos, então, você educa com a preocupação do que eles vão aprender lá fora com os amigos, na escola ou na televisão. Mesmo sem sair de casa, a criança pode desaprender o que os pais ensinaram”, disse Vanessa. O pai, Fábio, enfatizou a importância de acompanhar as
amizades dos filhos e de que o casal precisa sempre colocar a família em primeiro lugar. “A família deve vir sempre em primeiro lugar. Assim, conseguiremos educar no amor.”
Momento propício Silvio e Ester dos Santos têm dois filhos e são coordenadores da Pastoral Familiar arquidiocesana há seis anos. Eles expressaram ao O SÃO PAULO que a Pastoral está em crescimento e que houve uma resposta muito positiva para a procissão. “Há mais de seis anos, fizemos uma caminhada do largo de São Francisco até a Sé, mas a Pastoral Familiar não tinha a força que tem hoje. Aqui temos representantes de todas as regiões episcopais da Arquidiocese, menos da Região Lapa, onde a Pastoral está se reestruturando. Uma estatística nacional nos comunicou que este ano foram feitos mais livros “Hora da Família”. Este é um sinal que a Pastoral está em franco crescimento”, explicou Ester. Priscila Castor estava também na praça da Sé com o filho Leonardo Castor, 3, e ocasionalmente parou para acompanhar a atividade promovida pela Pastoral. Ela é auxiliar de produção e o esposo operador de caixa. Para Priscila, as crianças de hoje são tão teimosas e difíceis também devido “à loucura que vivemos. A correria do trabalho, a falta de tempo, a cidade cada vez mais violenta, coisas que dificultam a educação dos filhos e, neste sentido, a religião nos ajuda a ensinar os principais valores da vida”, desabafou a mãe.
Celebrar a comunhão “Meu filho está nas drogas, vive a cultura do descarte. Não participa da comunidade, foi seduzido pela confusão. Em meio a tantas incertezas, precisamos confiar”, disse Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana e referencial para a Pastoral da Vida e da Família, que presidiu a missa de abertura da Semana da Família na Arquidiocese de São Paulo. Em todo o Brasil, as comunidades vivem esta Semana, que segue até o sábado, 15. Para auxiliar nas atividades de oração e reflexão, a Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB e a Comissão Nacional da Pastoral Familiar prepararam o subsídio “Hora da Família”. O texto propõe sete encontros voltados às famílias,
jovens, crianças, casais de namorados e noivos. A edição do Subsídio está em sintonia com o tema do Encontro Mundial das Famílias, que acontecerá no mês de setembro, entre os dias 22 e 25, na Filadélfia, com presença do Papa Francisco. O encontro é um evento trienal promovido pelo Pontifício Conselho para a Família, cujo tema inspirou a Semana da Família no Brasil: “O amor é a nossa missão: a família plenamente viva”.
Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO
‘Aprender e ensinar a olhar o outro’ Lucas, 11, gosta muito de jogar bola e brincar com o Toby, seu cachorro. Ele está no 6º ano e participa com os pais e a irmã, Raquel, da Pastoral Familiar. Onivadlo Brochini, o pai, contou à reportagem que passou a fazer parte da Pastoral após um encontro para casais de segunda união. “Sinto que estar dentro de um ambiente religioso ajuda para que os filhos sigam o mesmo ambiente, pois todas as nossas escolhas têm influência na educação deles. Tudo agrega e ajuda”, contou o pai, que destacou a sociedade consumista como um dos desafios mais difíceis de lidar. “Tirar um pouco do consumismo, da internet e levar um pouco para o lado espiritual, é uma questão difícil, mas necessária. Às vezes, temos que lutar contra toda a influência da sociedade e, para a criança, esse outro ambiente é muito mais atrativo.” O pai avaliou que a Igreja precisaria também utilizar desses meios e adequar a linguagem para atrair e dialogar com as crianças e jovens. Rita, esposa de Onivaldo, é psicóloga e trabalha num posto de saúde municipal. “O desafio que vejo é a questão de manter a família próxima, de passar os valores e, sobretudo, estabelecer limites.” Ela enfatizou que os próprios pais podem se perder quando se preocupam unicamente com as necessidades dos filhos. “Podemos nos perder em atender às necessidades das crianças. Por isso, precisamos também orientar a interação com as outras pessoas. A questão não é dar mais em material, mas dar mais em formação, orientação. Aprender e ensinar a olhar o outro. Muitas vezes, buscamos só o próprio interesse ou dos filhos, mas precisamos pensar que vivemos em sociedade. Contribuir para uma sociedade mais humana, esse é o desafio nosso do dia a dia.”
Rita e Onivaldo Brochini, junto aos filhos Raquel e Lucas, participam de caminhada da Pastoral Familiar, que antecede a missa de abertura da Semana Nacional da Família na Catedral da Sé
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