O SÃO PAULO - 3065

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Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 60 | Edição 3065 | 19 a 25 de agosto de 2015

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Luciney Martins/O SÃO PAULO

Coroinhas, acólitos e cerimoniários lotam a Catedral Vindos de paróquias e comunidades das seis regiões episcopais da Arquidiocese de São Paulo, 1.200 coroinhas, acólitos e cerimoniários participaram no sábado, 15, na Catedral da Sé, do 13° encontro

anual de crianças e jovens servidores do altar, na memória litúrgica de São Tarcísio, padroeiro dos coroinhas e acólitos. Padre Messias de Moraes Ferreira, promotor vocacional na

laudato si’ Povos, cultura e biodiversidade amazônica são temas da encíclica

Página 23

Protesto contra corrupção e pelo impeachment tomam a Paulista Luciney Martins/O SÃO PAULO

Arquidiocese de São Paulo, recordou que a partir do momento que as crianças começam a servir o altar, elas descobrem a verdadeira vocação. “Muitos jovens começam a fazer seu

projeto de vida pensando na santidade, no Reino, em ser padre por olharem a figura do Padre, e as meninas querem ser religiosas”. Página 12

O que a alta do dólar muda na vida do trabalhador brasileiro? Essas e outras perguntas são respondidas pelo economista formado pela UNB e diretor de planejamento financeiro, Gustavo Caldas. A pedido do O SÃO PAULO, Gustavo faz uma análise e apresenta seis questionamentos mais frequentes sobre a valorização da moeda americana - um Dólar que em agosto de 2014 valia R$ 2,19 já está valendo aproximadamente R$ 3,50 - e sua influência na economia nacional. A valorização do dólar de quase 60% tem diversas implicações: afeta importações e exportações, inflação e muitas outras coisas. Página 10

Peça teatral é inspirada Vereadores pensam na vida de Santa Teresa emendas ao PME Ana Cecília Costa, 44, atriz, fala sobre seu projeto pessoal que deu origem a peça “A língua em pedaços”, inspirada na vida de Santa Teresa D’Ávila. Página 11

As principais pautas dos manifestantes era a saída da presidente Dilma do governo e o fim do PT

No domingo, 16, ocorreu em SP mais uma manifestação. De acordo com dados da PM, participaram do protesto cerca de 350 mil pessoas. O Datafolha estima

um público de 135 mil e os organizadores afirmam que passaram pela Paulista de 900 mil a 1,5 milhão de manifestantes Página 14

Após aprovação do Plano Municipal de Educação, vereadores iniciam articulações para propor emendas. Segunda votação deve ocorrer no dia 25 Página 15

Na festa da Assunção de Maria, devoção e fé por toda a cidade Em missas presididas pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Padroeira da Catedral da Sé e do Seminário Arquidiocesano, Nossa Senhora

da Assunção, foi festejada na Arquidiocese de São Paulo, na sextafeira, 14, e no domingo, 16. Página 13


2 | Ponto de Vista |

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Editorial

Nem golpe, nem pizza

É

inegável que as manifestações contra o governo no domingo, 16, foram um sinal claro e contundente da desaprovação do governo por grande parte da sociedade brasileira. O sinal só não tem impacto maior porque é comparado aos índices de rejeição à presidente Dilma – os maiores já aferidos nas pesquisas – e aos desdobramentos potenciais da Operação Lava Jato e da reprovação das contas do governo em 2014. Alguns temem que o tamanho das manifestações, ainda que grande, não tenha sido suficiente para evitar o risco de que novos acordos realizados entre o governo, lideranças do Congresso e mesmo com juízes das altas esferas façam tudo “terminar em pizza”. Outros

insistem na tese de que, apesar de o PT realmente ter traído a confiança da população e os ideais da esquerda, um impeachment da presidente seria golpismo da direita, uma negação da democracia e um gesto de autoritarismo político, contrário aos ideais que nortearam a sociedade brasileira no período recente. Para quem viveu os últimos 40 anos da história política nacional, é muito triste ver um partido que catalisou as esperanças de grande parte da população brasileira, que se apresentou como modelo de ética pública e defesa dos interesses da população mais pobre, reduzido à condição de defender-se de acusações de corrupção e enriquecimento ilícito de suas lideranças, ou de temer “a

voz das ruas”. Os erros morais de alguns não podem servir à condenação de ideais de justiça social e reconhecimento dos direitos de todos. Mas nos alertam de que, mesmo em política, “os fins não justificam os meios” e não é possível construir um mundo melhor prescindindo do compromisso ético pessoal de cada um de nós. Impeachment não é obrigatoriamente golpismo. Trata-se de um instrumento válido e reconhecido pela legislação para restaurar a moralidade e o bom funcionamento da vida política nacional. Deve, porém, ser conduzido de forma justa, com evidências comprovadas e procedimentos legais e legítimos. Mas o impeachment (ou a renúncia) também não é solução. Ele apenas abre

espaço para um novo reordenamento político, que poderá ou não ser melhor que o anterior. Aqui, tudo depende da grandeza de alguns homens públicos, e da força e coesão das organizações sociais. Se os protagonistas desse jogo souberem colocar o bem comum acima de ideologias e interesses particulares ou de grupos, um novo caminho poderia começar a ser trilhado na política nacional. Contudo, ironicamente, se essas condições estiverem dadas – o impeachment (ou a renúncia) talvez nem seja significativo. Seja como for, o futuro do Brasil depende de uma opção (nem sempre fácil ou óbvia) pela justiça e pela construção do bem comum, acima de posições ideológicas ou interesses particulares.

Opinião

Educação, inovação e realização pessoal Sergio Ricciuto Conte

Marcelo Barroso Anualmente realiza-se o Campus Party Brasil, intitulado o melhor acontecimento de tecnologia, inovação, empreendedorismo, cultura e entretenimento digital do Brasil e da América latina. Milhares de jovens literalmente acampam ali por dias. Mas, em busca do quê? Em última instância, de suas realizações, de felicidade e beleza. Um espaço de encontro de experiências envolvendo jovens, educação, cultura e inovação. Durante a realização da última edição desse evento, foi interessante perceber a atração e encantamento que causavam alguns “gurus”, jovens expoentes empreendedores e inovadores desse circuito. Suas palestras causavam frisson, principalmente quando se reportavam ao sentido e utilidade do que fazem, com a aprendizagem e a aplicação das tecnologias desenvolvidas por eles mesmos. Suas falas – como “seu esforço, seu arroz e feijão viram um código ou programa...”, “tudo o que você sabe é útil para outra pessoa, para alguém” – levavam ao delírio o público jovem. A própria relação com o conhecimento – “não sou eu que tenho que aprender uma linguagem de programação, mas eu preciso ensinar o meu computador a fazer alguma coisa que vai servir para alguém” – causava um brilho nos olhos da grande maioria dos jovens. Tais ideias, ainda que postas como fórmulas e estratégias para inovar, criar produtos que tenham demanda ou clientes em potencial e possibilidade de

realização material, deixavam transparecer o anseio de realização daqueles jovens, motivados de tal maneira a se superarem continuamente, em longas madrugadas, regadas a sanduíches e Coca-Cola. Nessa experiência, evidencia-se o anseio pelo sentido das “coisas”, da vida, de dar sentido ao que fazemos, ainda mais quando isso vai ao atendimento do outro. Por outro lado, mostra uma inquietação, uma esperança num mundo melhor que parece mo-

ver uma boa parte dessa juventude inovadora e transformadora da realidade. Nesse sentido, podemos avistar a educação como um caminho favorável para a realização da pessoa. Neste momento, em que é cada vez mais presente e exigido o desenvolvimento de uma educação voltada para a inovação, os esforços para o desenvolvimento de modelos pedagógicos ou métodos inovadores, na sua grande maioria, se baseiam na melhor compreensão da realidade,

observando-a para depois procurar a solução dos problemas. Segundo o pensador e educador católico Luigi Giussani, “quando eu consigo ter uma postura original, uma resposta original diante de uma realidade que se apresenta, consigo ter uma resposta nova, original”. Por isso, descobrir o sentido do “que estou vivendo” pode tornar mais natural a inovação, como uma postura diante da vida. Em salas de aula, essa percepção da educação, não só colabora para a realização pessoal do estudante, mas também favorece a produtividade e a eficiência de aprendizagem, uma vez que proporciona a calma necessária para observar, contemplar a realidade e buscar a melhor solução para os problemas. As palavras do Papa Francisco num recente encontro com educadores do mundo inteiro: “não frustrem as aspirações profundas dos jovens: a necessidade de vida, abertura, alegria, liberdade, futuro; o desejo de colaborar na construção de um mundo mais justo e fraterno, no desenvolvimento para todos os povos, na tutela da natureza e dos ambientes de vida”. Assim também o Pontífice vem reforçar e indicar como estabelecer um adequado diálogo entre a juventude, seus anseios e a relação com a educação e inovação, tão necessárias e exigidas em nosso tempo. Marcelo Barroso é doutor em Engenharia Hidráulica e Saneamento pela USP, coordenador do curso de Engenharia de Inovação do ISITEC/SP e membro da comunidade Totus Mariae

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação Semanal • www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Redator chefe: Daniel Gomes • Reportagem: Cônego Antônio Aparecido Pereira, Edcarlos Bispo, Filipe David, Nayá Fernandes e Renata Moraes • Institucional: Rafael Alberto e Fernando Geronazzo • Fotografia: Luciney Martins • Administração: Maria das Graças Silva (Cássia) • Secretaria de Redação: Djeny Amanda • Assinaturas: Ariane Vital • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Edição Gráfica: Ana Lúcia Comolatti • Revisão: Maria Aparecida Ferreira • Impressão: S.A. O ESTADO DE S. PAULO • Redação e Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinaturas) • Números atrasados: R$ 1,50 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.


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cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo

N

o dia 19 de agosto, o Cardeal João Braz de Aviz, Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, terá um encontro e missa com os Religiosos e as Religiosas na Catedral Metropolitana de São Paulo. Ele é o encarregado do Papa Francisco para acompanhar os religiosos em toda a Igreja. O encontro é parte da programação do Ano da Vida Consagrada, que se estenderá até o dia 2 de fevereiro de 2016. Qual é a vocação e a missão própria dos Religiosos e Religiosas numa metrópole, como São Paulo e em tantas outras, com enormes populações a serem evangelizadas? O que a Igreja espera das comunidades de Vida Consagrada? Os ensinamentos do Magistério da Igreja, geralmente, colocam em evidência a importância do testemunho dos Consagrados, como contribuição para a vida e a missão da Igreja. A Vida Consagrada é uma enorme graça do Espírito de Deus à Igreja; enquanto ajuda a expressar melhor a vida segundo o Evangelho, ela tem participação essencial na missão da Igreja. O Concílio Vaticano II, na Constituição dogmática Lumen Gentium, sobre a Igreja (21.11.1964), diz que a Vida Religiosa existe para manifestar de maneira mais eficaz a relação entre Cristo Salvador e a Igreja (cf nº44). Cada Ins-

Consagrados: testemunhas de Deus na cidade tituto de Vida Consagrada, vivendo os Conselhos Evangélicos de pobreza, castidade e obediência, tem a finalidade e a graça (carisma) de manifestar algum aspecto, em particular, do Mistério de Cristo e da sua Igreja. O mesmo Concílio, no Decreto Perfectae Caritatis (28.10.1965), estabeleceu os princípios e as orientações “para uma conveniente renovação da Vida Religiosa”. Desejava o Concílio que a Vida Consagrada tomasse parte, como todas as dimensões e aspectos da vida da Igreja, de maneira mais eficaz do grande esforço de traduzir a mensagem da Igreja para os homens e as culturas do nosso tempo. A renovação proposta devia servir para que o valor excelente da Vida Consagrada, pela profissão dos Conselhos Evangélicos, resultasse em maior bem para a Igreja (cf. PC nº1). Paulo VI, para dar efetivo encaminhamento à renovação da Vida Consagrada, desejada pelo Concílio, escreveu a Exortação Apostólica Evangelica testificatio (“O testemunho Evangélico no meio do Povo de Deus” - 29.06.1971), também destacou o aspecto testemunhal da Vida Consagrada: os religiosos são testemunhas excepcionais do primado do amor de Deus na nossa vida e do valor supremo do Reino de Deus para o homem. A Igreja não pode dispensar a preciosa contribuição, sobretudo testemunhal, das diversas formas de Vida Consagrada no cumprimento de sua missão (cf nº 50-53).

Também o Papa São João Paulo II deu orientações preciosas aos Religiosos e Religiosas sobre a sua consagração a Deus, à luz do mistério da Redenção, na Exortação Apostólica Redemptionis donum (“O dom da Redenção” 25.03.1984): “a vossa vocação peculiar e o conjunto da vossa vida na Igreja e no mundo vão haurir a sua força espiritual na própria profundidade do mistério da Redenção” (nº 1). O Papa recorda que a consagração religiosa está vinculada de maneira estreita à consagração batismal; é um chamado a expressar de forma mais perfeita a vida cristã. Por isso, a Vida Consagrada é um precioso auxílio para que todos os cristãos vivam a graça do Batismo (cf RD, nº 7). São João Paulo II exorta os Religiosos a se dedicarem generosamente ao testemunho do amor de Deus aos irmãos: ”que este testemunho se torne presente em toda parte e universalmente legível. Que o homem do nosso tempo, cansado espiritualmente, encontre nesse testemunho apoio e esperança. Portanto, servi aos vossos irmãos com a alegria que nasce de um coração habitado por Cristo” (nº 16). E retoma as palavras da Exortação Evangelii nuntiandi (1976): “que o mundo do nosso tempo (...) possa receber a Boa-Nova, não de evangelizadores tristes e desalentados, mas de ministros do Evangelho cuja vida irradie o fervor de quem já recebeu antes, em si mesmo, a alegria de Cristo” (EN nº 80).

| Encontro com o Pastor | 3

Gratidão a Ruth Maria Luciney Martins/O SÃO PAULO

Na quarta-feira, 12, o Cardeal Scherer, arcebispo de São Paulo, presidiu missa na cúria metropolitana, com ação de graças pelos 30 anos de trabalhos da leiga consagrada Ruth Maria de Carvalho, que se aposentou das funções que exercia no Secretariado Arquidiocesano de Pastoral. Dom Odilo a agradeceu pelo empenho e dedicação de Ruth.“Vale a pena dar a vida pela Igreja nesta Cúria”, afirmou a leiga.

Missa na PUC-SP Letícia Peixoto/ACI PUC-SP

O Cardeal Scherer, arcebispo de São Paulo e Grão-Chanceler da PUC-SP, presidiu na segunda-feira, 17, missa na capela do campus Perdizes, com ação de graças pelos 69 anos da PUC-SP e pela Festa de Nossa Senhora Rainha. A reitora da universidade, Anna Maria Marques Cintra, participou da celebração.

No seminário de Teologia Padre Luis Cláudio Braga

Na quinta-feira, 13, o Dom Odilo presidiu missa no Seminário de Teologia Bom Pastor, com a participação dos seminaristas e padres formadores. (Daniel Gomes – com informações do Portal da Arquidiocese de São Paulo e da Assessoria de Imprensa da PUC-SP).

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4 | Papa Francisco |

N

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o sábado, 15, Festa da Assunção da Virgem Maria, o Papa, antes da oração mariana do Ângelus, às 12h, refletiu com os peregrinos sobre o mistério de fé que afirma: “No fim de sua vida terrena, a Mãe de Cristo foi levada em corpo e alma ao céu, à glória da vida eterna, à plena comunhão com Deus”. Francisco lembrou a cena do encontro de Maria e Izabel (Lc 1, 39-56). Maria grávida por obra do Espírito Santo e Izabel também miraculosamente grávida. É um encontro “cheio do Espírito Santo”, diz Francisco. “Maria exprime a sua alegria com o Cântico do Magnificat, porque tem plena consciência do significado das grandes coisas que estão acontecendo em sua vida: por meio dela, cumpre-se toda a expectativa do seu povo. Francisco explica que o Evangelho mostra a grandeza de Maria e sua santidade é a fé. Isabel a saúda lembrando que ela “acreditou em tudo o que o Senhor lhe havia dito”. “A fé é o coração de toda a história de Maria” diz Francisco - “ela é a crente,

A fé é o coração de toda a história de Maria a grande crente”, a que sabe do temos um sinal de consolação peso da violência dos prepo- e esperança. Esse sinal tem um tentes, do orgulho dos ricos, da rosto, tem um nome: o rosto empáfia dos soberbos, mas crê e luminoso e o bendito nome de proclama que Deus socorre seus Maria, “a cheia de graça, porque filhos com misericórdia e derru- acreditou na Palavra do Senhor.” ba os poderosos de seus tronos e Como membros da Igreja, partidispersa os soberbos. “Esta é a fé lharemos a glória de nossa Mãe, “porque, graças a Deus, também de nossa Mãe!”, diz o Papa. E Francisco continua mos- cremos no sacrifício de Cristo e trando que o canto de Maria nos pelo Batismo somos inseridos permite intuir o pleno sentido em tal mistério de Salvação”. da vida dela e nossa, porque “as E o Papa conclui convidando grandes coisas feitas a Maria dizem Temos um Pai que nos espera e temos também Maria a nos respeito também esperar com amor. Enquanto a nossa, nos fa- nossa vida transcorre, temos um lam da nossa via- sinal de consolação e esperança. gem na vida, nos Esse sinal tem um rosto, tem recordam a meta um nome: o rosto luminoso e o que nos espera: a bendito nome de Maria, “a cheia casa do Pai. À luz de graça, porque acreditou na Palavra do Senhor.” de Maria assunta ao céu, nossa vida não é um a todos a suplicar a Maria para “vagabundar sem sentido”, mas que, enquanto estamos a camimesmo com incertezas e sofri- nho nesta terra, “ela volte a nós mentos tem uma meta segura: “a seus olhos misericordiosos, nos Casa do Pai que nos espera com trace o caminho, nos indique a amor”. meta e nos mostre após este exí“É belo pensar nisso”, diz o lio Jesus, o Fruto Bendito de seu Papa. Temos um Pai que nos ventre. E, digamos juntos: Ó cleespera e temos também Maria mente, o piedosa, o doce Virgem a nos esperar com amor. En- Maria!” quanto nossa vida transcorre, (Por Padre Cido Pereira)

Atenção às vítimas de explosões na China L’Osservatore Romano

“O meu pensamento vai, neste momento, à população da cidade de Tianjin, na China setentrional, onde algumas explosões na área industrial causaram numerosos mortos e feridos e grandes danos. Asseguro a minha oração por aqueles que perderam a vida e por todas as pessoas provadas por esse desastre: que o Senhor dê conforto a eles e o sustento a quantos estão empenhados em aliviar os seus sofrimentos”. Essa foi a oração do Papa Francisco, após rezar o Ângelus, no sábado, 15, dirigindo seu pensamento e orações às vítimas das explosões - 107 mortos e mais de 700 feridos - ocorridas na China na quarta-feira, 12, e que provocou, além das vítimas, danos incalculáveis.

Jubileu da Misericórdia Em uma mensagem enviada a Manuel Martin Sjöberg, presidente do Serviço Sacerdotal de Urgência, o Papa destacou que o próximo Jubileu extraordinário da misericórdia será “uma boa oportunidade para intensificar a colaboração entre os pastores e os leigos na missão de cuidar com afeto e assistir com ternura os doentes e moribundos”. Na mensagem, o Santo Padre recorda a bula jubilar Misericordiae vultus para lembrar de que é preciso se aproximar dos mais necessitados, “para que sintam o calor da nossa presença, da nossa amizade e da nossa fraternidade”. Sobre as obras de misericórdia corporais e espirituais, de fato, “seremos julgados” - adverte Francisco – “sabendo que em cada um destes ‘pequenos’ está presente o próprio Cristo”. O Serviço Sacerdotal de Urgência é uma experiência nascida em 1952 em Córdoba, na Argentina, com a finalidade de garantir aos fiéis os sacramentos, também em horários em que não é fácil encontrar um sacerdote.

Pesar pela morte do Cardeal Paskai O Papa Francisco divulgou nota de pesar pela morte do Cardeal László Paskai, arcebispo emérito de Esztergom-Budapeste, na Hungria, ocorrida na segunda-feira, 17. “A notícia de sua morte entristeceu-me”, escreveu o Pontífice no telegrama endereçado ao Cardeal Péter Erdő, líder da Igreja húngara. Com o falecimento do purpurado, aos 88 anos, o colégio cardinalício conta agora 219 cardeais, sendo 120 eleitores e 99 não eleitores. (Por Edcarlos Bispo)


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Espiritualidade Espiritualidade e crise (1) Dom Devair Araújo da Fonseca

C

Bispo auxiliar na Região Brasilândia e vigário episcopal para a Pastoral da Comunicação

rise é uma condição humana e essa constatação pode parecer muito difícil de ser aceita, porque a palavra vem carregada de sentidos desfavoráveis e de pessimismo. Na linguagem mais comum, crise ressoa como angústia diante de uma situação, ou como acontecimento desfavorável e perigo. Na origem do termo, a palavra crise tem outros significados, desfazendo uma leitura unilateral. Crise pode indicar uma força distintiva ou de separação, uma eleição, decisão ou escolha. Uma pessoa em crise seria alguém que está diante de uma situação difícil, mas aberta a possibilidades que passam pelas escolhas. O processo de purificação de certos metais nos oferece uma imagem da crise, enquanto processo de separação. O crisol, ou cadinho, é um objeto utilizado pelo artesão para purificar metais preciosos como o ouro e a prata. Os metais colocados no crisol são submetidos a altas temperaturas, até que se tornem líquidos e através desse processo são separados das impurezas. Esse caminho da purificação é a ver-

dadeira crise em que o metal, submetido ao fogo intenso, passa pelo estado líquido e retorna ao estado sólido livre das impurezas. Quando pensamos a vida humana, encontramos semelhanças entre a purificação do metal e as experiências de vida; entre as crises vividas pelas pessoas e o resultado dessas crises enquanto experiência de purificação, separação e eleição. Na vida, somos acrisolados pelos acontecimentos e deles podemos sair mais fortalecidos. A Sagrada Escritura relata muitas crises vividas pelo povo de Deus. Já nas primeiras páginas do Gênesis, nos deparamos com a crise fundamental da pessoa humana. Adão e Eva se encontravam numa situação de escolha, o que atingiu toda a obra criada. A causa foi a escuta do maligno que levou a uma mudança de relacionamento do homem com Deus, do homem consigo mesmo, e do homem com a obra criada. Deus, porém, não se esqueceu da bondade que Ele mesmo imprimiu na criação e, por isso, reafirmou o diálogo de salvação: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a descendência da mulher. Ela (a descendência da mulher) te esmagará a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3,15). Nas experiências vividas por personagens específicos – um patriarca, um profeta, um homem ou uma mulher do povo – e também nas experiências coletivas como o êxodo ou o exílio, encontramos outros momentos de crise

| Fé e Vida | 5

Fé e Cidadania na história de Israel. Tomemos alguns exemplos: José e Noemi, no Antigo Testamento. José, um dos filhos de Jacó, foi vítima da inveja de seus irmãos (cf. Gn 37,11). Sua história pessoal apresenta uma série de acontecimentos aparentemente desconexos, uma crise de sentido. Vendido pelos irmãos, ele foi levado para o meio de um povo estranho e de costumes diversos. Sofreu assédio, foi prisioneiro, envolveu-se em questões políticas e econômicas. No reencontro com os irmãos, e na experiência do perdão, a crise de sentido encontrou sua resposta na certeza da presença providente de Deus (cf. Gn 45,5). Um outro exemplo: Noemi e sua família que precisaram migrar de seu país por causa da fome. O drama dessa família envolveu ainda outras questões como a misturas das raças, diferenças de fé, cultura e valores. A narrativa descreve os caminhos e as escolhas de Noemi, e como ela superou tudo conservando sua fidelidade a Deus e, finalmente, encontrou Nele sua libertação (cf. Rt 4,14). As experiências relatadas indicam que a fé não se separa dos fatos da vida cotidiana, isto é, da história, mas integra a vida da pessoa. A crise é geralmente uma realidade inevitável, ou que foge ao controle. Quando essas duas realidades, experiência de fé e crise, se encontram, surge uma força capaz de dar sentido à existência humana. Porém, a fé não esconde a dor do momento vivido na crise, e espera ver realizada a promessa.

Os migrantes e a favela de Calais Padre Alfredo José Gonçalves, CS

Em torno de 5 mil imigrantes e refugiados encontram-se acampados numa espécie de “favela” junto à cidade portuária de Calais, no extremo norte da França. Sua esperança é cruzar o Eurotúnel que liga esse País à Inglaterra, sob o canal da Mancha. A duras penas, após a via-crucis de deixarem o próprio país escapando da pobreza ou violência, cruzarem o Mediterrâneo e atravessarem todo o território de Itália e França, tentam agora infiltrarse no tráfico do Eurotúnel. As autoridades francesas e britânicas, junto com a polícia de ambos os lados, os rechaçam de todos os modos. Erguem muros e cercas de arame farpado ao redor da entrada e saída do túnel. Mas os migrantes seguem pressionando: abrem buracos nos obstáculos para atingir o outro lado do Canal. Nas vizinhanças do Canal são frequentes os conflitos entre policiais e migrantes. Estes, a bem dizer, já criaram uma “nova” e precária cidade nos arredores de Calais. Essa pressão cresce e sobe do Norte da África e do Oriente Médio em direção ao velho continente europeu. Ali, bate-se com redobrada força contra a intolerância da União Europeia diante da imigração. E é justamente David Cameron, primeiro ministro do Reino Unido, quem vem mostrando particular intransigência. Uma e outra vez, sós ou em grupos, os migrantes tentam romper a barreira. Descobertos, voltam atrás e começam a preparar uma nova investida. Está em jogo a sobrevivência, os direitos e a dignidade humana e, num voo mais ousado, um futuro diferente do que lhes reserva a terra de origem. O que está em jogo não é apenas o amanhã dos migrantes, mas também o futuro dos próprios países que lhes negam a entrada. Constituem sociedades envelhecidas, avizinhando-se ao outono, que necessitam de força jovem para trabalhar e contribuir com o desenvolvimento. Uma nova página na história está sendo escrita.

Atos da Cúria NOMEAÇÃO DE COORDENADOR REGIONAL Em 6 de agosto de 2015, foi nomeado Coordenador Regional da Pastoral Vocacional, da Região Episcopal Santana, da Arquidiocese de São Paulo, o Revmo. Pe. Antonio Pedro dos Santos, para um mandato de 2 (dois) anos.


6 | Fé e Vida |

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Liturgia e Vida 21º DOMINGO DO TEMPO COMUM 23 DE AGOSTO DE 2015

A verdadeira alegria da fé

Você Pergunta Posso fazer de qualquer dia o meu domingo?

Ao ler seu artigo no Jornal, nhor”, você sabe bem disso. Se do dia 19 de maio, fiquei ainda para os judeus o Dia do Senhor mais contente e continuo indo era o sábado, nós cristãos, celeANA FLORA ANDERSON uma cena semelhante no O José Geraldo, leitor assíduo toda a semana, quase sempre, na bramos o domingo, o primeiro do O SÃO PAULO, me mandou segunda-feira, mas gostaria que dia da semana, o Dia em que ministério de Jesus. Muitos A liturgia deste domin- discípulos que o seguiam um recado e uma pergunta. Diz o senhor respondesse para mim, Jesus ressuscitou. E o que é o go nos convida a refletir so- murmuravam porque a ele: “Há mais de 40 dias, mandei se posso continuar indo nas se- domingo se não a nossa Páscoa bre a Palavra de Deus e o ato pregação do Mestre parecia um e mail para o senhor sobre gundas-feiras”. semanal. Por isso, meu irmão, de fé. Na primeira leitura muito dura. Jesus declara José Geraldo, meu irmão. eu estou pensando aqui naqueum artigo que escreveu no jornal O SÃO PAULO – ‘que motivos Uma coisa é eu não po(Josué 24, 1-2.15-18), Josué, que haverá momentos no me dispensam de ir à missa aos der ir à missa num sásucessor de Moisés, reúne futuro que exigirão ainda domingos’ e não recebi a respos- bado ou no domingo e Se para os judeus o Dia todo o povo e suas lideran- mais fé. A pessoa humana, ças para tomar uma decisão sem o dom do Espírito, não ta. Eu me sinto muito bem indo cumprir o meu precei- do Senhor era o sábado, fundamental. à missa toda a semana, sempre na to num outro dia da seconsegue ter uma fé proO povo murmurava so- funda. Pedro, em nome dos segunda-feira ou na terça-feira, na mana. Outra coisa é eu, nós cristãos, celebramos bre as dificuldades que en- Doze, não diz que eles enCatedral, na São Bento, na Mar- decididamente, sem o domingo, o primeiro dia frentava e sentia fascínio pe- tendem toda a profundeza garida Maria, na Santo Antônio razão alguma, trocar a da semana, o Dia que Jesus los deuses de seus vizinhos. das palavras de Jesus, mas e em outras paróquias. Sinto-me missa do domingo ou ressuscitou Josué, em nome de Deus, faz declara aceitar que é somentranquilo, com mais vontade. Faço do sábado à tarde por a pergunta central à assem- te Ele que tem as palavras de isso com mais amor a Deus e me qualquer dia. bleia: “Se vos parece mal ser- vida eterna. sinto muito feliz. Uma vez, era o Uma coisa é eu não ser ape- les que têm sérias razões para vir ao Senhor, escolhe hoje Neste domingo, somos primeiro sábado do mês, na Cate- gado à lei e quando por necessi- não participar da missa aos dodral, com a missa dos Arautos do dade eu a descumpro ou a troco mingos: médicos e enfermeiros a quem quer servir”. O povo convidados a aprofundar a Evangelho em louvor a Nossa Se- por alguma razão. Outra coisa de plantão, feirantes, policiais e recorda todas as bênçãos que nossa vida de fé como pesnhora, fui me confessar e o padre é eu fazer a minha própria lei e tantos outros. Se não podem ir recebeu de Deus e faz um ato soas e como comunidade me disse: ‘Fale à Nossa Senhora deixar de ir ao domingo porque à missa no domingo, que façam de fé de que servirá ao Se- chamada a ser uma discínhor, porque Ele é seu Deus. pula missionária dessa reque você quer dedicar um dia da prefiro outro dia da semana. o seu dia do Senhor num outro O Evangelho de São velação que Jesus nos faz de semana que não seja o domingo e Meu irmão, a palavra “Do- dia da semana. Mas no caso que mingo” significa “Dia do Se- você me coloca, é uma preferênJoão (6, 60-69) apresenta novo hoje. você vai receber a resposta. cia sua, sem levar em conta o significado do domingo, os textos bíblicos lidos, o tempo litúrgico, o encontro com os irmãos na fé. CONVOCAÇÃO PARA ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA Não faça isso, meu imão. Não SOCIEDADE AMIGOS DA PARÓQUIA BOM JESUS DO BRÁS faça uma religião a seu modo. Nos termos do disposto na Cláusula 30, item vocação, a Assembléia Geral Extraordiná- (iii) Consolidação do novo Estatuto Social Vá ao encontro de Deus, reúna“a” do Estatuto Social da Sociedade Amigos ria será instaurada em segunda convoca- A reunião ocorrerá na própria Paróquia, se em torno da mesa eucarística da Paróquia Bom Jesus do Brás, ficam os só- ção, às 19:00h, com qualquer número de (Av. Rangel Pestana, 1421) na sala da Cacom os irmãos na fé e viva a alecios de todas categorias convocados para a presentes, para a seguinte Ordem do Dia: tequese. gria de ser família de Deus, de Assembléia Geral Extraordinária que será re- (i) Eleição de novo Presidente, diretoria e ser Povo de Deus, de ser Igreja alizada no dia 31 de Agosto de 2015, às 18:00h. Conselho Fiscal São Paulo, 12 de agosto de 2015 reunida para se alimentar do Pão Não havendo quorum mínimo em 1ª con- (ii) Alteração do Estatuto Social Pe. Enivaldo Santos Lima - Presidente da Palavra e do Pão da Vida que é Jesus.

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Comportamento

Ser menino, ser menina negar a predominância. Profissionalmente, por posteriormente pelos bebês. Os que produzem mais testostero- exemplo, embora existam na antes de nascer, costumam químicas, engenheiras, mateapresentar um ritmo mais len- máticas excelentes, esse é um to de aquisição de linguagem, campo onde a predominância menos contato visual e um de- é masculina. Já na educação, senvolvimento social mais len- enfermagem, trabalho social, to. Aos 8 anos, essas crianças há predominância feminina. têm uma maior dificuldade de O mais interessante é que isso desenvolver empatia, de reco- acontece especialmente nos nhecer as emoções dos outros países onde crianças de difee apresentam maior interesse rentes sexos são tratadas de em sistemas e em saber como modo e com direitos iguais as coisas funcionam. Muito desde pequenas (Noruega, interessante lermos essa pes- por exemplo), o que leva a quisa à luz do convívio com crer que não se trata de uma as crianças, pois identificamos escolha estimulada por traços desde muito cedo tais carac- culturais. Vamos sim construir uma terísticas mais presentes em meninos. Ignorar as diferen- sociedade mais justa, mais huças ou reduzi-las a culturalmente aprendidas, seria O mais interessante é que muito simplista. isso acontece especialmente Não parece óbvio nos países onde crianças que uma meni- de diferentes sexos são na, determinada tratadas de modo e com pela própria natureza para no direitos iguais desde futuro procriar, pequenas (Noruega, por precise de um exemplo), o que leva a crer aparato biológico que não se trata de uma e psíquico que escolha estimulada por a predisponha a traços culturais se vincular com mais facilidade com os outros, a se disponibili- mana, mais acolhedora. Vamos zar ao cuidado e etc.? Essas ca- fazer isso melhorando o que racterísticas estão a serviço da somos: gerando pessoas mais própria preservação da espécie. lúcidas e equilibradas que cuiEvidentemente, vamos sofren- dem melhor de si e dos outros do também as influências cul- e não negando nossa natureza turais e do processo de identi- e sofrendo preconceitos por vificação psíquico, pois somos vermos de acordo com ela. um todo: estrutura biológica, Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é fonoauemocional/psíquica, cultural, dióloga e educadora; Mestre em Educação/ Distúrbios da Comunicação pela PUC-SP; espiritual - somos singulares, Especialista em linguagem; e coordenadora únicos. Não há, porém, como da Escola de Educação Infantil Pedrita.

Simone Ribeiro cabral Fuzaro comportamento desenvolvido

Trabalhando com crianças há muito tempo, venho observando o que muitas pesquisas constataram e o que a maioria de nós em nossas próprias famílias pode observar: meninos e meninas têm características diferentes. Fico estarrecida diante da ideologia de gênero, que vem negar o óbvio, tirando o direito de sermos o que por natureza somos: homens e mulheres. O que é preconceito? O que é acolher diferenças? O que é saúde e doença? Numa sociedade adoecida, todos ficamos doentes e começamos a enxergar a realidade de modo distorcido. Do ponto de vista físico, a diferença é óbvia - existem os órgãos genitais femininos e masculinos. Para além dos órgãos visíveis, existem, também, as diferenças hormonais, de funcionamento cerebral, de comportamento - são diferentes os modos de brincar, de caminhar, de explorar o ambiente, de se comunicar com os colegas... É muito interessante observar nas brincadeiras dos pequenos o modo de eleger e explorar os brinquedos. Podemos imaginar que se trata de uma aprendizagem exclusivamente cultural, porém, um estudo realizado por Simon Baron-Cohen (professor inglês de psiquiatria) com bebês de um dia de vida mostra que meninos tendem a fixar mais o olhar em imagens mecânicas e meninas em rostos. Segundo suas pesquisas, o nível de testosterona produzido ainda na fase intrauterina tem relação com o

Cuidar da Saúde

Enxaqueca: não deixe o tratamento para depois Cássia Regina

Enxaqueca é uma dor de cabeça de forte intensidade acompanhada de náuseas, vômitos e fotofobia (sensibilidade à luz). Muitos pacientes têm adormecimento de metade do rosto e até da língua. Podem

apresentar, também, transtorno visual, como luz piscante. Geralmente, melhoram em ambiente escuro. Essas crises acontecem na abstinência de café ou refrigerante a base de cola, período menstrual ou quando se consome grande quantidade de chocolate. Se

você se identificou com esse tipo de dor de cabeça é preciso procurar o médico, pois é necessário saber sobre o tratamento de crise e de manutenção. Não deixe para depois, já que as crises podem piorar. Dra. Cássia Regina é médica atuante na Estratégia de Saúde da Família (PSF)

| Viver Bem | 7


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Filipe David

Destaques das Agências Nacionais

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natal”, “feliz páscoa” ou qualquer outra saudação. Sobre os ministros extraordinários, o Bispo lembrou que eles devem auxiliar os ministros ordinários – não substituí-los – e que, portanto, “não é permitido que o ministro ordenado sente-se durante a comunhão eucarística deixando a distribuição da sagrada comunhão ao encargo dos ministros [extraordinários]”.

O Supremo Tribunal Federal julga o porte de drogas para consumo próprio. A decisão poderá descriminalizar tal prática. O julgamento é de um condenado a dois meses de prestação de serviços à comunidade por porte de maconha. Na hipótese de descriminalização, uma das maiores dificuldades seria estabelecer critérios para distinguir o porte para uso próprio ou para venda. Os que defendem a descriminalização dizem que o porte de drogas não pode ser crime, porque não gera conduta lesiva a terceiros. Além disso, a tipificação ofenderia os princípios constitucionais da intimidade e a liberdade individual. Entidades médicas, entre elas a Associação Brasileira de Psiquiatria, criticaram a descriminalização e pediram ao Supremo que respeite a lei atual. Elas afirmam que a descriminalização teria como resultado prático o aumento do consumo e do número de usuários, bem como dos que se tornarão dependentes, com a consequente destruição de suas famílias. Segundo as entidades, “não existe experiência histórica ou evidência científica que mostre melhoria com a descriminalização. Ao contrário, são justamente os países com maior rigor no enfrentamento às drogas que diminuem a proporção de dependentes e mortes violentas”.

Fonte: ACI

Fonte: Agência Brasil

Devotos de Dom Bosco em oração diante das relíquias e da réplica do corpo do Santo, que desde 2009 está em peregrinação por diversos países

Relíquias de Dom Bosco ficarão em Brasília Arquidiocese de Brasília acolherá permanentemente as relíquias de Dom Bosco, que estão peregrinando por diversos países desde o ano de 2009. Trata-se de uma urna contendo uma réplica

do corpo do Santo e um pedaço de seu braço direito. A peregrinação começou por ocasião dos 150 anos da fundação da Congregação Salesiana e chega ao fim neste ano, em que se comemora o

bicentenário de nascimento de Dom Bosco (1815-2015). A urna ficará exposta no Santuário Dom Bosco, na capital federal. Fonte: ACI

Abraço da paz não é parabéns Dom Milton Kenan Júnior, bispo de Barretos (SP), publicou um decreto episcopal sobre a distribuição da sagrada comunhão sob duas espécies, o abraço da paz e a atuação dos Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão, para relembrar o que determina o Magistério da Igreja Católica nessas matérias. Sobre a comunhão em duas espécies, o Bispo ressaltou que ela nunca deve ser

ministrada na mão dos fiéis e que os fiéis não devem eles mesmos molhar a hóstia no cálice: “ou seja, para a distribuição da comunhão eucarística [sob duas espécies] é somente permitida a comunhão na boca”. Dom Milton pediu, também, que se evitem alguns abusos no abraço da paz, como o deslocamento do padre para ir cumprimentar os fiéis ou o uso de outros cumprimentos como “parabéns”, “feliz

Porte de droga para consumo chega ao STF

Diocese de Osasco lamenta chacina na Grande São Paulo Em nota publicada no site e na página do Facebook, na sexta-feira, 14, a Diocese de Osasco lamentou a chacina ocorrida nos municípios paulistas de Osasco, Barueri e Itapevi, na quinta-feira, 13, que deixou 18 pessoas mortas. A nota foi assinada pelo Padre Alexandre Pessoa Garcia, coordenador do Setor Pastorais Sociais.

“Lamentamos profundamente os mortos desta noite de 13 de agosto de 2015. Lamentamos por cada um que teve sua vida ceifada, independente de virtudes ou traços biográficos. Lamentamos por cada um que sente a dor da perda destas vidas preciosas. Lamentamos por todos nós, que nos sentimos quase impotentes diante de semelhante realidade”.

Na sexta-feira, 14, Dom João Bosco Barbosa de Sousa, bispo da Diocese de Osasco, presidiu missa na Catedral de Santo Antônio, em vigília de encerramento da Semana da Família, em que rezou pela paz, pelas famílias e vítimas da chacina. (Com informações da Diocese de Osasco/ Redação: Renata Moraes)


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Destaques das Agências Internacionais

| Pelo Mundo | 9 Filipe David

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Chile Mulher com gestação difícil precisa de ajuda, não de aborto Em meio às discussões sobre um projeto de lei que poderá, se aprovado, permitir o aborto em casos difíceis (estupro, incesto e deformidade fetal), um grupo

de mulheres lançou um vídeo em que afirma que mulheres em nessas situações precisam de ajuda, não de aborto. “Eu não quero ser uma víti-

ma de estupro ou perder o meu emprego por estar grávida, mas não posso matar uma criança por essas razões, nem por nenhuma outra razão. Por ser meu

filho e estar no meu ventre, eu sou antes de todos quem deve cuidar dele, protegê-lo e respeitá-lo, e defender o seu direito à vida mesmo que ele seja tão do-

ente que não possa viver após o nascimento. Nenhuma lei pode mudar isso.”, afirmou uma das participantes do vídeo. Fonte: CNA

Espanha

Myanmar

Sacerdote completa 100 anos: ‘buscai somente a Deus’

Minoria na população, católicos estão ajudando vítimas das enchentes

No dia 1º de agosto, o padre mais velho da Diocese de Málaga, na Espanha, completou 100 anos. O Padre Francisco Acevedo concedeu uma entrevista que foi divulgada pelo bispo local, na qual afirmou que ainda precisa resistir ao demônio: “O demônio não quer que haja padres santos, é perigoso não levar isso a sério”. Aos seminaristas e jovens sacer-

As fortes enchentes que começaram no final de julho e continuaram durante agosto deixaram mais de cem mortos, destruíram 15 mil casas e afetaram seriamente a vida de mais de um milhão de pessoas em Myanmar, um dos países mais pobres da Ásia. A região das dioceses de Haka e Kalay foi a mais prejudicada e algumas capelas ainda estão submersas. Teme-se o rompimento de diques e o transbordamento de represas. Muitas pessoas tiveram que evacuar as

dotes, Padre Francisco aconselhou: “buscai somente a Deus”. Para o Padre Francisco, “a oração é tudo”. Ele disse que quem despreza o tempo de oração por não querer subtraí-lo de outras atividades “não sabe o que significa ser cristão”: “Eles podem ter ouvido falar dele, mas não conhecem Jesus. Se o conhecessem, eles procurariam [por Cristo na oração]”.

Tailândia Atentado ao Santuário de Erawan Um atentado a bomba ao santuário hinduísta de Erawan, em Bancoque, capital do País, deixou 22 mortos e 123 feridos. O santuário é um ponto de atração turística na região e possui uma estátua de Brahma, que, segundo o hinduísmo, seria o deus da criação. A explosão ocorreu nas proximidades do santuário, às 19h, da segunda-feira, 17. Até terça-feira, ninguém havia assumido a autoria do atentado. As investigações do caso estão em andamento. Fontes: Catholic Herald/ Bangkok Post

Fonte: CNA

zonas de risco e foram acolhidas em acampamentos nas paróquias. A pequena comunidade católica (pouco mais de 1% da população) tem coletado doações nas paróquias para comida, roupas e medicamentos a serem enviados às vítimas. As más condições sanitárias provocam um verdadeiro desafio médico, com o salto do número de casos de febre, diarréia e outras doenças associadas à água contaminada, bem como dengue e malária. Fonte: CNA/ Flood List

Venezuela

Crise afeta até a produção de hóstias Reprodução de Internet

Venezuelanos saqueiam supermercado em San Felix, em 31 de julho

A crise econômica da Venezuela atingiu até mesmo a produção de hóstias, que caiu 60% no último mês, por falta da farinha de trigo utilizada em sua fabricação. No norte do País, as paróquias têm recebido, em média, 1,5 mil hóstias por mês, em vez das habituais 8 mil de que precisam. A Venezuela está enfrentando escassez de comida, papel higiênico, medicamentos, autopeças, chocolate, óleo, entre outros. No ano passado, os preços de comida subiram 92% e a inflação acumulada nos últimos dez anos é de 1.250%. Desde 2003, o governo venezuelano tem imposto o controle de preços sobre 165 produtos. Assim, essas mercadorias desaparecem rapidamente das prateleiras do supermercado. O governo tem tentado controlar, também, o quanto cada pessoa pode comprar desses produtos. Em 80% dos supermercados há falta de ítens básicos. Fonte: CNA


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6 coisas importantes a saber sobre o aumento do dólar Gustavo Caldas

Especial para o São Paulo

Protagonista das últimas notícias econômicas, o câmbio (relação de trocas entre diferentes moedas) tem afetado nossas vidas de modos que mal podemos imaginar. Um dólar que em agosto de 2014 valia R$ 2,19 já está valendo aproximadamente R$ 3,50. Essa valorização do dólar (desvalorização do Real, se preferir) de quase 60% tem diversas implicações: afeta importações e exportações, planos de viagens, inflação, contas públicas, as dívidas das empresas e muitas outras coisas. Como as relações econômicas são complexas e existem muitas variáveis inter-relacionadas, o impacto da alta do dólar não é simples de medir, mas abaixo tentaremos responder às perguntas mais frequentes sobre este tema.

1

Porque a cotação das moedas varia?

A cotação cambial de uma moeda pode ser entendida como o preço dessa moeda no mercado internacional. O preço da moeda, como dos demais produtos, é estabelecido pela oferta e demanda. Se um país tem economia forte, segura e respeitável, os agentes financeiros vão querer fazer negócio com esse país: comprar seus produtos, investir em suas empresas e, inclusive, no

governo que emite a moeda do país. Quando isso tudo acontece, o câmbio do país se valoriza. Se, pelo contrário, a economia é precária e instável, pouco interesse há pelo país, ninguém demanda sua moeda e ela perde valor.

2

Por que o dólar aumentou tantos nos últimos meses?

Não há como apontar um fator exclusivo, mas uma série de fatos recentes levaram à depreciação do real. Primeiramente, a nossa situação interna: o país está com inflação em alta e, ao mesmo tempo, em recessão. O governo não fez uma gestão responsável das contas públicas, maquiando resultados, não cumprindo metas e fazendo gastos irresponsáveis. Além disso, vivemos um cenário de revelações estarrecedoras sobre esquemas de corrupção envolvendo empresas estatais e o governo. E no meio disso tudo, uma crise política se instalou. Todo esse cenário indica que o risco de fazer negócios e investir no Brasil aumentou, espantando investidores. Você confiaria em comprar um carro de uma revenda que está envolvida em negócios ilícitos, que está com o “nome sujo”

na praça? Se sua resposta é não, você usou a mesma lógica que os investidores internacionais e empresas em geral usam ao pensar em fazer negócio no país diante do que está acontecendo ultimamente.

3

Mas, então, o problema da alta do dólar é culpa inteiramente dos nossos problemas internos?

Não exatamente. Existe outro problema que está afetando a valorização do dólar: a possibilidade de alta de juros nos Estados Unidos. A economia norte-americana tem dado sinais de estar aquecida: diminuição do desemprego, aumento do produto interno bruto, maiores investimentos. Tudo isso traz de volta o risco inflacionário. Atualmente, as taxas de juros nos Estados Unidos estão próximas de zero. Essa política foi adotada justamente para estimular o crédito, o investimento e, por consequência, o crescimento

da economia. Agora que o objetivo parece ter sido alcançado, as autoridades monetárias norte-americanas sinalizam que é hora de aumentar os juros. Se eles aumentam os juros, mais dinheiro tenderá a ser investido nos títulos do governo norte- americano (investimento considerado absolutamente seguro, sem possibilidade de default, ou seja, de inadimplência). E mais dinheiro indo para lá, significa menos dinheiro investido no Brasil, desvalorizando nossa moeda.

4

Até aonde vai a desvalorização do real? Podemos chegar a R$ 4 por dólar?

Ninguém sabe dizer ao certo. Como são muitas variáveis envolvidas, ninguém tem capacidade de prever com precisão as flutuações nas cotações das moedas. O que sabemos é que não interessa ao governo brasileiro que a cotação do real esteja tão desvalorizada, pois isso encarece as importações e, portanto, aumenta a inflação no nosso País. Além disso, o governo tem dívida em dólar e paga juros em dólar. Como a arrecadação de impostos é em real, o real desvalorizado significa que o governo vai ter mais dificuldade ainda em pagar suas contas. Por tudo isso, o Banco Central tenta influenciar a cotação de moeda comprando e vendendo dólar. Mas se nossa situação econômica e política continuar se deteriorando, podemos ver um dólar ainda mais alto.

5

De que maneira a alta do dólar afeta a vida do trabalhador brasileiro?

Afeta de várias formas, especialmente gerando inflação. Existem produtos que mesmo sendo fabricados no Brasil têm componentes ou ingredientes importados na sua fabricação. O exemplo mais direto é o pão. Estima-se que aproximadamente 50% do trigo utilizado no País seja importado. Desse modo, um dólar mais forte implica em trigo mais caro, impactando todos seus derivados. Os fertilizantes também são em grande parte

importados, bem como defensores agrícolas. Ambos com a alta do dólar acabam aumentando a inflação dos alimentos. Alguns consumidores vão sentir também o impacto nos preços dos medicamentos. Estes estão entres os grupos de produtos mais relevantes das importações brasileiras e seu custo maior é repassado diretamente ao consumidor. Outro produto que importamos bastante é o petróleo e seus derivados. Com a valorização do dólar, a tendência seria que o custo dos combustíveis e de seus derivados aumentasse e impactasse toda cadeia produtiva que depende deles. No entanto, o preço do petróleo tem caído no mercado internacional, contrapondo de certa forma a alta do dólar. Um efeito indireto que pode acontecer também é o encarecimento no mercado interno de produtos que o Brasil é exportador. Se o exportador percebe que o mercado externo está pagando melhor que o interno, vai direcionar o máximo possível da produção para fora. Com menor disponibilidade do produto internamente, os preços tendem a subir. Isso acontece, por exemplo, com o frango e a soja, produtos em que o Brasil é um exportador relevante.

6

E quais são os efeitos positivos da desvalorização do real?

Como já falamos, os primeiros beneficiados são os exportadores, que têm o preço de seus produtos aumentados, dado que vendem em dólar. Essa maior receita de bens exportados gera crescimento econômico. No entanto, mesmo para os exportadores, o efeito não é tão simples. Muitas indústrias exportadoras têm insumos ou máquinas importadas e, por isso, a alta do dólar torna o custo do produto vendido maior, diminuindo seus lucros. O mercado interno em geral se beneficia com a mudança nos preços relativos que a desvalorização cambial ocasiona. O turismo interno é um exemplo: como as viagens internacionais ficam mais caras, as pessoas tendem a dar preferência pelos destinos nacionais, impulsionando o setor com empregos e estimulando investimentos. Gustavo Caldas é economista formado pela UNB e diretor de planejamento financeiro


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| Entrevista | 11

Com a Palavra: Ana Cecília Costa

‘A língua em pedaços’, peça inspirada na vida de Santa Teresa de Jesus Nayá Fernandes

nayafernandes@gmail.com

Há 500 anos nascia, em Ávila, na Espanha, Teresa, doutora da Igreja e fundadora da ordem das Irmãs Carmelitas Descalças. Mística, poeta e amante da literatura, Santa Teresa D’Ávila ou de Jesus é considerada uma mulher à frente do seu tempo que promoveu a reforma do Carmelo devido à sua grande busca espiritual e humana. Inspirada pela vida de Santa Teresa, Ana Cecília Costa, 44, atriz, sentiu que devia levar à frente um projeto para encenar a história desta santa que, se tornaria, para ela, uma mestra de vida. Ana Cecília, que fez diversos trabalhos em cinema e televisão, como atuação na novela Joia Rara e na Minissérie JK, ambas da Emissora Globo, concedeu entrevista ao O SÃO PAULO em que explica com surgiu “A língua em pedaços”. Dirigida por Elias Andreato, a peça tem no elenco, além da atriz, Marco Antônio Pâmio e está em cartaz no teatro Eva Herz, na avenida Paulista, até dezembro. O SÃO PAULO – Como surgiu a peça “A língua em pedaços”? Foi um projeto pessoal seu?

Ana Cecília Costa – Sim. “Senti que Santa Teresa poderia ser uma personagem muito interessante para se levar ao teatro. Comprei a autobiografia dela, o “Livro da Vida” e pensei que precisaria convidar um dramaturgo para elaborar um texto de teatro, em que a Teresa fosse a personagem principal. Mas, conversando com Washington Gonzales, um amigo que depois veio a ser o tradutor do espetáculo, ele falou do texto de Juan Mayorga, dramaturgo espanhol que ganhou, em 2013, o prêmio de melhor texto de teatro na Espanha. Eu li o texto em espanhol, fiquei encantada e achei que ficaria perfeito. Comecei a reunir a equipe, diretor, produtor, ator e a fazer uma pesquisa sobre a vida de Santa Teresa. Fui ao Carmelo da Bahia conversar com as irmãs e elas me indicaram outras obras e filmes. Então, comecei a me preparar como atriz, ao mesmo tempo em que fui colaborando na produção da peça.

E como você chegou a Santa Teresa?

Eu já conhecia um pouco dos poemas dela, sabia, superficialmente, que ela era

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Podemos ver Santa Teresa sobre diferentes aspectos, a mística, a poeta, a fundadora, a política, a reformadora, uma mulher completa e muito à frente do seu tempo

uma grande mística e poeta. Tenho uma formação católica e me interesso pela vida dos santos e dos místicos. Acho que diferente do que o grande público imagina, os santos são personagens cheios de humanidade e de conflitos, imbuídos de uma certa coragem e de uma certa “loucura”. São pessoas que atendem a um chamado divino, a uma vocação. E, nesse sentido, eu vejo um paralelo com a vocação do artista, com o desejo de ir além da realidade. Tanto para o santo quanto para o artista, não basta a realidade do jeito que é. Acho misterioso e atraente este chamado vocacional, pois são figuras extremamente humanas, mas atravessadas pelo divino. A intimidade com Deus me atrai. Gabriela Mistral, poetisa chilena, escreveu um poema que se chama “Decálogo do Artista” onde afirma que não existe artista ateu, pois ainda que ele se considere ateu, de alguma maneira, está reproduzindo um impulso divino, aquele de criar, contar uma história. Acredito muito nisso. Acho que a arte é sim um lugar para transcender a realidade do jeito que ela é. Tanto para o artista, quanto para quem consome arte, há um ampliar do universo, um expandir a realidade e, nesse sentido, o teatro é uma arte extremamente humana, porque você está contando histórias de seres humanos, de conflitos.

O que mais chama atenção na vida de Santa Teresa?

O que me impressiona é o fato de ela ser uma mulher que, além da profunda intimidade com Deus, é prática e articulada, inclusive politicamente. De inteligência extraordinária e grande paixão pela literatura. Podemos ver Santa Teresa sobre diferentes aspectos, a mística, a poeta, a fundadora, a política, a reformadora, uma mulher completa e muito à frente do seu

trumento a serviço da história da Santa Teresa. A peça é muito fiel ao texto autobiográfico de Teresa e temos recebido visitas de pessoas da Igreja Católica, bem como gente que nunca ouviu falar dela. Todos saem do teatro com interesse pela vida da Santa Teresa, justamente por ser uma mulher à frente do seu tempo, de muita coragem e movida pelo amor de Deus.

Em 2015, celebra-se o 5° centenário de Santa Teresa. Foi também este um dos motivos da peça?

tempo. Percebemos que as questões colocadas por ela, inclusive sobre a posição da mulher na Igreja e na sociedade, são atuais. Além disso tudo, ela era uma mulher muito corajosa. O contato com Santa Teresa me deu estímulo e força para tocar meus próprios projetos e sonhos.

Por que “A língua em pedaços”?

“A língua em pedaços” quer dizer que a linguagem não abarca, não dá conta de traduzir o amor de Deus. No fim do espetáculo, quando acontece o êxtase de Santa Teresa, sua fala final é: “Não existe mais nada a ser dito, deixe apenas que o amor fale”. O texto é extremamente fiel aos aspectos místicos e políticos e podemos ver ali não somente uma mulher santa, que vai para o céu. Mas, uma mulher que acabou de fundar o Carmelo e está sendo julgada por suas ideias subversivas.

Como tem sido a interação com os diferentes públicos?

É um espelho crítico. Achei muito apropriado, neste desejo meu de voltar ao teatro, trazer uma figura como Santa Teresa porque o teatro tem uma força de comunhão grande e estou contando a história de uma mulher, de uma mística, de uma santa. Sinto-me mensageira, porta voz dela e o espaço do teatro proporciona uma comunicação que vai direto ao coração. Além disso, é uma arte muito antiga, no nosso caso, baseada somente na força da palavra e da interpretação do ator. Acontece então, a comunhão entre o artista e a plateia. É um espaço ritualístico. O estudioso polonês chamado Grotowski fala sobre o ator santo, da mesma maneira que o santo se se coloca como instrumento para servir a Deus, o ator se coloca a serviço da história. E eu, nesse momento me sinto como ins-

Quando eu me interessei por Santa Teresa, tive uma intuição muito forte, mas eu desconhecia que em 2015 celebra-se o 5º Centenário dela. Quando soube, me senti chamada mesmo por ela. Além disso, foi a primeira vez que eu escolhi minha personagem e, ao mesmo tempo, ela me escolheu. A partir do momento que eu decidi pelo projeto, as coisas foram se encaminhando. Temos duas produtoras muito boas, mas a grande produtora é a Teresa mesmo. Quando enviamos projeto para o Ministério da Cultura (MINC), em Brasília, ele foi aprovado de primeira e eu recebi o carimbo do MINC no dia 15 de outubro, dia de Santa Teresa de Ávila. Aconteceram várias outras coincidências ao longo desse processo que ilustram bem essa escolha dela. Mas, para além dessas coincidências, sinto que a palavra da Teresa está tocando o coração e a mente das pessoas.

Você disse que se considera uma pessoa de grande busca espiritual. Com tem sido interpretar Santa Teresa?

Estou muito feliz, porque sinto que, quando termina a peça, a missão se completa. Sem dúvida, a relação dela com Deus, esse Deus que não amedronta, mas está no mais profundo do ser é um legado que eu levo para a vida inteira. Ela vai ser uma mestra e uma amiga que vai me seguir sempre. Teresa ensina a relação com Cristo em si. Era tocada pela humanidade do Cristo e tudo isso tem enriquecido a minha vida. A própria oração dela que a gente reza antes de entrar em cena – Nada te perturbe, nada te amedronte... – tem feito toda diferença para mim. Ela me deu muita coragem. Como ela mesma disse: “Eu sem Deus não sou nada. Eu com Deus sou uma fortaleza. Eu com Deus e dinheiro sou uma potência”.

Ana Cecília Costa e a equipe de “A língua em pedaços” está aberta para convites de apresentação da peça em diferentes lugares. Há, ainda, o projeto de levar o espetáculo para os mosteiros carmelitas do Brasil, que, por enquanto, não foi viabilizado.


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Na Catedral da Sé, jovens e crianças reafirmam o sim ao serviço do altar Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

1.200 coroinhas, participaram de missa na memória litúrgica de São Tarcísio, presidida por dom odilo Fábio Augusto da Silva, Igor Andrade e Millena Guimarães Especial para O SÃO PAULO

Vindos de paróquias e comunidades das seis regiões episcopais da Arquidiocese de São Paulo, 1.200 coroinhas, acólitos e cerimoniários participaram no sábado, 15, na Catedral da Sé, do 13° encontro anual de crianças e jovens servidores do altar, na memória litúrgica de São Tarcísio, padroeiro dos coroinhas e acólitos. O Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, iniciou a homilia da missa perguntando aos jovens e crianças se gostam de ser coroinhas, acólitos e cerimoniários em suas paróquias e comunidades. O “Sim” como resposta ecoou por toda a Catedral. Dom Odilo explicou o significado de alguns símbolos da liturgia, das cores do tempo litúrgico e também falou sobre as ofertas do pão e do vinho. O Arcebispo afirmou que as vestes dos coroinhas representam o encontro com Deus. A fumaça perfumada do incenso indica as orações que sobem ao céu, lembrando a presença de Deus; o pão, na forma de hóstia,

No sábado, 15, Cardeal Odilo Pedro Scherer preside missa no 13º encontro anual de crianças e jovens servidores do altar na Catedral da Sé

e o vinho lembram a passagem do Evangelho em que Jesus disse “Eu sou o pão da vida” e também fazem memória à última ceia,quando Cristo pegou o pão, o partiu e distribuiu entre seus apóstolos. Para finalizar a homilia, o Cardeal lembrou a todas as crianças, adolescentes e jovens: “vocês pertencem a Jesus, Ele gosta de vocês. Lá nas suas paróquias, comunidades, mostrem

isso também participando das celebrações da Igreja, sendo coroinha, fazendo a Catequese e aprendendo muitas coisas bonitas. Eu tenho certeza que vocês vão aproveitar isso para toda a vida”.

Grande celeiro de vocações para a Igreja

Arthur Barbosa Pereira, 17, é coroinha na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, no bairro da

Reprodução

São Tarcísio Padroeiro dos coroinhas e acólitos, São Tarcísio foi um mártir da Igreja dos primeiros séculos, vítima da perseguição do imperador Valeriano, em Roma. À época, a Igreja de Roma contava, então, com 50 sacerdotes, sete diáconos e cerca de 50 mil fiéis. Tarcísio era acólito do Papa Xisto II, servindo ao altar e acompanhando o Pontífice nas celebrações eucarísticas. Diante do desejo do Papa de levar a Eucaristia a um grupo de mártires que esperavam a execução, Tarcísio, então com 12 anos, ofereceu-se e o Pontífice lhe entregou uma pequena caixa com as hóstias consagradas. Tarcísio, no entanto, não conseguiu chegar à cadeia. No caminho, foi identificado e, como se recusou a dizer e entregar o que portava, foi abatido e apedrejado até morrer. Depois de morto, foi revistado e nada acharam do sacramento de Cristo. Seu corpo foi recolhido por um soldado, simpatizante dos cristãos, que o levou às catacumbas, onde foi sepultado. Em 1596, seu corpo foi transferido e colocado definitivamente embaixo do altar principal da Basílica de São Silvestre, no Vaticano. (Com informações do Site Paulinas.org)

Pompeia. Ele contou ao O SÃO PAULO que decidiu ser coroinha por ter vontade de ser sacerdote, mas a escolha não foi bem aceita por seu pai. “Quando falei para o meu pai que estava no grupo de coroinhas, ele foi totalmente contra. Falou, ‘filho meu não vai usar saia’. A partir daí, fiquei sem servir o altar. Depois de um tempo atuando em outras funções na Paróquia, vi que lá não havia coroinha. Então, procurei o padre, expliquei minha situação e ele conversou com minha família, e meu pai desta vez aceitou, e juntamente com o padre criamos um movimento de coroinhas na Paróquia”, recordou. Irmão Marcos Gandarez, OSB, monge professo e coordenador dos coroinhas da Paróquia Nossa Senhora da Assunção, na Região Episcopal Lapa, afirmou que descobriu sua vocação à vida religiosa por meio do serviço como coroinha. “Acho muito importante valorizarmos os coroinhas, os cerimoniários e os acólitos, porque esse serviço é o grande celeiro de vocações para a Igreja. É preciso ‘dar o sangue por eles’, tendo em vista as dificuldades que o mundo moderno põe para deixarmos as crianças na Igreja”. Irmão Marcos recordou, ainda, que na animação do grupo de Coroinhas usa a me-

todologia “do jovem evangeliza jovem, criança evangeliza criança”. “Quando criamos o grupo de coroinhas na Paróquia, eu disse que eles são os primeiros e que deveriam trazer os outros para a Igreja, se quiserem que o grupo cresça e que tenha continuidade”, afirmou o irmão.

‘Uma comunidade de verdadeiro amor’

“Eu aconselho os jovens e crianças a serem coroinhas para estarem perto de Jesus e perto do altar’’, afirmou, à reportagem, o Padre Messias de Moraes Ferreira, promotor vocacional da Arquidiocese de São Paulo, atuante na Pastoral Vocacional há seis anos. O Padre ainda recordou que a partir do momento que as crianças começam a servir o altar, elas descobrem a verdadeira vocação. “Muitos jovens começam a fazer seu projeto de vida pensando na santidade, no Reino, em ser padre por olharem a figura do padre, e as meninas querem ser religiosas”. O Promotor vocacional da Arquidiocese disse que os coroinhas têm que permanecer ligados à Igreja, já que a escola ou grupos de fora não ajudam nessa evangelização. “A Paróquia é uma comunidade de fé, uma comunidade de verdadeiro amor”.


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‘O que Deus realizou para Maria é anúncio do que quer realizar para todos nós’ Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Nossa Senhora da Assunção, padroeira da Catedral da Sé, foi festejada no domingo, 16, com três missas na ‘igreja mãe’ da Arquidiocese Daniel Gomes

danielgomes.jornalista@gmail.com

Quem chegava à Catedral da Sé no domingo, 16, logo percebia a imagem de Nossa Senhora da Assunção em frente ao presbitério, ornamentada com flores, e junto a ela muitos fiéis em oração. Naquele terceiro domingo de agosto, a Igreja celebrou a Assunção da Virgem Maria aos céus, e a Catedral Metropolitana de São Paulo também encerrou os festejos de sua padroeira, Nossa Senhora da Assunção, com a realização de três missas. Anteriormente, aconteceu o tríduo preparatório, com o ofício da oração da manhã e missas às 12h, presididas pelo Padre Luiz Eduardo Pinheiro Baronto, cura da Catedral, na quinta-feira, 13; e pelos bispos auxiliares de São Paulo, Dom Julio Endi Akamine, na sexta-feira, 14, e Dom Edmar Peron, no sábado, 15, quando também houve um momento de oração mariana com as pessoas em situação de rua (veja abaixo). “O tríduo foi um momento de fé muito intenso.Fomos agraciados com a presença dos bispos, com as orações e com as bênçãos”, relatou, ao O SÃO

Após tríduo preparatório, fiéis lotam a Catedral Metropolitana de São Paulo na solenidade de Nossa Senhora da Assunção, em missa no domingo, 16

PAULO, Marli Carlos Gomes, 60, leiga que atua nas pastorais da Catedral da Sé há dez anos. “Aqui é muito grande a devoção a Nossa Senhora da Assunção. As pessoas chegam, encontram fácil a oração e vão rezar em frente à imagem”, garantiu. “O Documento de Puebla diz claramente que o povo cristão sabe que encontra Maria na Igreja Católica e nós temos a certeza que a devoção à Mãe do Senhor, sob os mais diversos títulos, é uma devoção muito forte, arraigada na fé do povo brasileiro. A Catedral, por ser dedicada a ela, guarda o título da Assunção como um título muito querido ao povo de Deus”, analisou, à reportagem, o Padre Baronto.

A grande esperança da vida

“Com a festa de hoje, a Igreja, ao mesmo tempo em que olha para a Virgem Maria elevada ao céu em corpo e alma, se alegra, porque o que Deus realizou para Maria é anúncio do que quer realizar para todos nós. Um dia também nós estaremos participando da glória de Deus no céu. Essa é a grande esperança da vida, o grande horizonte da nossa existência, expressou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, durante a homilia da missa das 11h do domingo. Dom Odilo apontou que com a Ressurreição de Jesus e a Assunção de Nossa Senhora aos céus, Deus oferece à humanidade uma esperança segura. O Cardeal

lembrou que a fé, a esperança e a caridade são três virtudes fundamentais dos cristãos e que devem ser expressadas ao longo de toda vida. Ele também recordou as palavras do Papa Francisco, em missa no Vaticano, no sábado, 15, quando o Pontífice enfatizou que a vida neste mundo não é um caos sem sentido e quem tem comunhão com Cristo está em um bom caminho de realização da esperança. “Temos um rumo, um caminho, direção, uma grande esperança, que hoje recordamos na Assunção de Nossa Senhora”, disse o Arcebispo. Ao recordar que no terceiro domingo de agosto a Igreja celebra a vida consagrada religiosa, o Cardeal pediu aos fiéis que rezem pelas vocações e destacou

que os religiosos consagrados já vivem e anunciam a grande esperança, e renunciam a muitas coisas para ficar com o que é definitivo; a vida eterna, a participação na glória de Deus. O Arcebispo, ao final da missa, elogiou o empenho do Padre Baronto e do Padre Helmo Cesar Faccioli, auxiliar do Cura, com o zelo pela Catedral da Sé. O Cura, por sua vez, agradeceu a todos que colaboraram para a realização da festa da padroeira. Quem permaneceu na Catedral após a celebração ainda pôde acompanhar apresentação o Coral “A Tempo”, que auxiliou na execução dos cantos da missa, junto ao coral “Capela Musical Arquidiocesana da Sé Catedral de São Paulo”.

Casa de Oração do Povo da Rua

Carlos Ramalho

ORAÇÃO COM O POVO DA RUA – Na tarde do sábado, 15, moradores em situação de rua participaram de um momento de oração mariana na Catedral, após o qual foi servido um lanche. “Nós fizemos um momento de oração, que quis ser um gesto de proximidade com aqueles que circundam a Catedral e que muitas vezes, talvez por algum receio, não conseguem entrar na Catedral, não se sentem à vontade”, contou o Padre Baronto, cura da Catedral da Sé.

PADROEIRA DO SEMINÁRIO – Na sexta-feira, 14, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, presidiu missa no Seminário Propedêutico Nossa Senhora da Assunção, na zona Norte da cidade, por ocasião da solenidade da assunção da Virgem Maria ao céus. Concelebraram a missa os bispos auxiliares de São Paulo, Dom Carlos Lema Garcia, Dom Edmar Peron e Dom Julio Endi Akamine, além dos padres formadores dos seminaristas


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Luciney Martins/O SÃO PAULO

Centenas de milhares de manifestantes tomam a avenida Paulista, no domingo, 16, e protestam contra a corrupção, o Partido dos Trabalhadores, ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff

Manifestantes voltam às ruas para pedir o impeachment de Dilma Rousseff Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com

A avenida Paulista foi palco, no domingo, 16, de mais uma manifestação – a terceira do ano – contra a corrupção, pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff e pelo fim do Partido dos Trabalhadores. Diferentemente das duas anteriores, ao menos em São Paulo, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB–AL), também virou alvo dos manifestantes e foi acusado de “trair o País” ao tentar, com a “Agenda Brasil”, um plano de salvamento do governo e uma saída para a crise econômica. De acordo com dados da Polícia Militar, participaram do protesto aproximadamente 350 mil pessoas. O Datafolha estima um público de 135 mil e os organizadores afirmam que passaram pela Paulista de 900 mil a 1,5 milhão de manifestantes. Desde as estações do metrô, as pessoas que se direcionavam para a manifestação já gritavam palavras de ordem contra a presidente, seu partido e o ex-

EM APOIO A LULA E DILMA Um ato em frente ao Instituto Lula, na zona Sul de São Paulo, contou com a participação de 5 mil pessoas, conforme o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Já segundo a CUT foram 10 mil participantes, e na contagem da Secretaria de Segurança Pública, lá estiveram 600 pessoas. Os manifestantes fizeram um contraponto à manifestação contra o governo Dilma, que aconteceu na avenida Paulista, também no domingo, 16.

presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Cartazes e faixas traziam a indignação e o descontentamento com os rumos que o País está tomando. O casal Anselmo e Rita Gorgatte participou das duas manifestações anteriores. Para eles, só com a saída da Presidente o País voltará a caminhar. “É uma questão de recuperar a credibilidade, dar um basta na corrupção, colocar o País no caminho de desenvolvimento que pegou anos atrás no governo Fernando Henrique, que, na minha opinião, era um caminho de inflação baixa de investimentos, mas agora descambou com a corrupção”, comentaram. Quanto à corrupção, o engenheiro e a empresária destacam que ela deve ser investigada em todos os níveis “da máfia no ISS, aqui em São Paulo, à máfia do metrô, passando pelo Eduardo Cunha [presidente da Câmara] e Renan Calheiros, mas o foco neste momento é a ingovernabilidade e a crise política e essa corrupção que se implantou no governo federal que serve como modelo para todo mundo”.

Ambos acreditam que as manifestações não irão “resolver muita coisa”, mas estimulam que as questões de corrupção e da ingovernabilidade do País sejam discutidas e provoquem mudanças. “Precisa haver uma mudança. Se for um pacto nacional que consiga dar governabilidade, ótimo. Se não for um pacto nacional, que seja o impeachment, a impugnação da chapa, que seja o que for que provoque uma mudança. Nós estamos retrocedendo muitos anos”.

Organizadores

Alguns grupos, como a União Nacionalista Democrática (UND), pediam uma “intervenção constitucional” com base no artigo 142 da Constituição Federal. De acordo com o presidente da UND, Antônio Ribas Paiva, a sociedade pode pedir aos militares que deponham os governantes que corromperam a ordem no País, e após esse processo uma “junta governativa” ficaria no comando até convocar novas eleições. Outros grupos como o Vem

Henrich Aikawa/Instituto Lula

Pra Rua, Movimento Endireita Brasil, Movimento Brasil Livre (MBL), Revoltados On Line, Acorda Brasil, Avança Brasil e Brasil Melhor centraram suas pautas na saída da Presidente do governo e no combate à corrupção. Rogério Chequer, porta-voz do Vem pra Rua, destacou que já há indícios suficientes para que o impeachment de Dilma Rousseff seja votado. Ele enfatizou que uma das bandeiras do grupo é o “fora corruptos”. Rogério pediu que todos que têm indícios de envolvimento com corrupção sejam investigados. Se caso ocorrer o impedimento da Presidente, o porta-voz do Vem Pra Rua defende uma união dos partidos políticos para a “reconstrução do Brasil”. Já Kim Kataguiri, do MBL, destaca que além da pauta do impeachment, o movimento foi para as ruas no domingo repudiando o acordo da Presidente com Renan Calheiros, que, segundo ele, serviu para que a mandatária consiga mais três votos no Tribunal de Contas da União (TCU) e para que a indicação do nome de Rodrigo Janot para a Procuradoria Geral da República (PGR) fosse aceita. Para Kataguiri, esse acordo é danoso para o País, pois “o discurso de novo projeto de Brasil e de governo não passa de balela. Tudo que ela fez foi para se blindar usando o Senado e a Procuradoria Geral da República”. Sobre a corrupção, o líder do MBL destaca que a saída por impeachment, cassação ou renúncia de um político deve ser pedida com base jurídica, porém, é a favor de que haja abertura de inquérito contra Renan

Calheiros e Eduardo Cunha. “Não podemos pedir que todos caiam com base em delação premiada”, ponderou.

Políticos nas ruas

Políticos de partidos de oposição ao governo também participaram da manifestação. A reportagem do O SÃO PAULO encontrou entre os manifestantes o deputado federal Paulinho da Força, presidente do Solidariedade. Histórico apoiador do PT, de Lula e de Dilma, Paulinho afirmou que “ninguém aguenta mais a Dilma, ninguém aguenta mais o governo do PT”, e que as pessoas se sentem traídas pelo governo. O deputado disse acreditar que uma substituição de Dilma por Michel Temer, vice-presidente, ajudaria na construção de um “governo de coalisão nacional”. Paulinho defendeu o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e afirmou que as denúncias contra ele são uma “tentativa de envolver a Câmara” nos escândalos de corrupção. Já para o vereador Andrea Matarazzo (PSDB-SP), a “insatisfação popular vai crescendo à medida que você tem um governo inerte, desconectado da sociedade, e uma crise econômica se aprofundando”. Diferentemente do que pregou seu colega de partido, o senador Aloysio Nunes, de deixar a Presidente “sangrar”, o Vereador destacou que a oposição precisa ter “responsabilidade com o País”, e que o PSDB apoia as “manifestações de indignação sobre o mal governo. Impeachment é uma consequência de questões jurídicas e de administração”.


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Vereadores preparam emendas para o Plano Municipal da Educação Segundo do turno do PME será apreciado no plenário na terça-feira, 25 Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com

Após ser aprovado em primeiro turno e sem alteração, o Plano Municipal de Educação (PME) voltará ao plenário da Câmara Municipal de São Paulo na terça-feira, 25. Diferentemente da primeira votação, em que, segundo apurado pela reportagem do O SÃO PAULO, houve um acordo para que não fossem apresentadas emendas, nesta segunda votação os vereadores poderão indicar propostas de mudança do texto aprovado. Segundo alguns vereadores, haverá um esforço para a apresentação de emendas que retomem aspectos importantes que estavam contemplados em versões anteriores do Plano Municipal de Educação . Toninho Vespoli (PSol), em entrevista à reportagem, citou a questão do aumento da verba orçamentária. O Vereador defende o aumento do percentual para 35% da arrecadação municipal e a diminuição dos alunos por sala de aula, o que implica na abertura de novas unidades escolares. Já Eliseu Gabriel (PSB) irá propor um texto substitutivo ao que foi aprovado no dia 11, em que inclui o combate à qualquer tipo de discriminação. Professor e membro da Comissão de Educação, Cultura e Esportes, o Vereador afirma que tirou todas as referências às questões de gênero e apresentará um projeto que verse mais sobre o respeito, contra a discriminação de raça, sexual e outras, além do combate à intolerância. Das outras medidas que Eliseu apresentará, estão as questões do ensino em tempo integral, que diferentemente do substitutivo aprovado, constará no 2º

artigo do PME como uma de suas diretrizes. Outra mudança que o vereador Eliseu Gabriel tentará implantar no PME é o que se refere à redução na relação de aluno/docente. O plano aprovado prevê uma redução progressiva até o final da vigência do plano, já a proposta do Vereador indica na relação educando/ docente na educação infantil (que atende crianças de 0 a 3 anos e 11 meses), primeiro deve ser assegurado o “atendimento da demanda registrada”, e até isso acontecer, a “relação educando/aluno não excederá as proporções atuais”. Eliseu destaca que não tem certeza se conseguirá o apoio suficiente para apresentar o projeto com as alterações e emendas, mas que sentará com os vereadores do governo e da oposição, além de representantes da Secretaria Municipal de Educação, para que o projeto possa ser construído em conjunto e traga, de fato, melhorias para o ensino municipal. O vereador Ricardo Nunes (PMDB), que teve um importante papel na retirada da palavra “gênero” do PME quando esse passou pela Comissão de Finanças e Orçamento, da qual o vereador faz parte, disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que apresentará emendas ao Plano, uma delas constará logo nas diretrizes do PME. “Promoção do direito dos pais e dos tutores de que seus filhos e pupilos recebam a educação religiosa e moral que esteja de acordo com suas próprias convicções”. As outras emendas versam sobre o financiamento do ensino, que deve estar de acordo com o Plano Nacional de Educação; e sobre a promoção da cidadania e a erradicação de todas as formas de discriminação com a implementação a Educação em Direitos Humanos na Educação Básica. É válido lembrar que após a aprovação em segunda votação, o PME seguirá para a sanção ou veto do prefeito Fernando Haddad (PT)

Luciney Martins/O SÃO PAULO


16 | Fé e Cultura |

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Filipe David

osaopaulo@uol.com.br

Dica de Leitura

O Uso da Poesia e o Uso da Crítica “O Uso da Poesia e o Uso da Crítica” reúne as conferências Norton, proferidas por Thomas Stearns Eliot, em Harvard, em 1932-33, nas quais Eliot procura responder às seguintes perguntas: O que é poesia? O que ela faz ou deve fazer? Para que ela serve? Qual é a relação entre poesia e crítica? Vemos nestas páginas o poeta refletir a respeito de seu próprio ofício, numa apresentação bastante estimulante da poesia em geral e, em particular, de poetas como Dryden, Wordsworth, Coleridge, Shelley e Keats. “Muitos de nós temos medo de poemas, porque, quando os lemos, temos a impressão de não entender nada. Assim, para aqueles dentre nós que temos ‘poemofobia’, eu recomendo esse pequeno e agradável trabalho, em que Eliot se interroga sobre o que é a poesia e sobre o uso da crítica em poesia, bem como sobre a relação entre essas duas coisas.” (opinião de um leitor). Ficha técnica: Autor: T. S. Eliot Páginas: 160 Editora: É Realizações

Reprodução

Cinema

Paul Leni em Hollywood – o gato e o canário O próximo “encontro cinematographos”, na Casa Guilherme de Almeida, tratará do filme de Paul Leni, “O gato e o canário”. O alemão Paul Leni (18851929), pioneiro do cinema expressionista, definiu uma nova corrente de filmes de horror para as produções hollywoodianas. Os Encontros “Cinematographos” de agosto e setembro relembram duas das mais representativas obras de Leni, comentadas por Guilherme de Almeida em sua coluna de crítica para o jornal O Estado de S. Paulo. “O gato e o canário” é uma trama de mistério envolvendo uma jovem herdeira e seus parentes excêntricos. Esse filme redefiniu o conceito de produções de suspense em Hollywood e abriu caminho para que a Universal Pictures passasse a produzir um novo filão de

obras de terror, com personagens como Drácula e Frankenstein. Na ocasião, haverá a execução de trilha sonora ao vivo pelo músico improvisador Antonio Panda Gianfratti e comentários sobre a crítica ao filme, escrita por Guilherme de Almeida, em 1928, por Donny Correia. Antonio Panda Gianfratti é baterista, percussionista, construtor de peças de percussão e free improviser. Donny Correia, poeta e cineasta, é mestre em Estética e História da Arte pela USP e bacharel em Letras – tradutor e intérprete pelo Centro Universitário Ibero-Americano (Unibero). O evento será no sábado, 29, às 17h, na Casa Guilherme de Almeida. Para inscrever-se ou obter mais informações: (11) 36731883 ou casaguilhermedealmeida.org.br.


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| Esporte | 17

Brasileiros com eficiência esportiva Com 257 medalhas em Toronto, Brasil estabelece novo recorde de conquistas e termina na liderança do Parapan Daniel Gomes

danielgomes.jornalista@gmail.com

Ouro para Daniel Dias, prata para Clodoaldo Silva. No Parapan de Toronto, encerrado no sábado, 15, a cena se repetiu nas finais dos 50, 100 e 200 metros livre da categoria S5, e talvez seja a síntese do sucesso brasileiro na competição. Nascido com má formação congênita nos braços e na perna direita, Daniel, 27, começou a praticar natação com 16 anos, quando Clodoaldo, hoje com 36 anos, já fazia sucesso. “O Clodoaldo é um cara que eu vi pela TV competindo. Ele inspirou a mim e outras pessoas para praticar o esporte adaptado”, afirmou Daniel, que foi o maior vencedor de Toronto 2015, com oito ouros, e é o recordista em medalhas douradas em parapans, 27, ao todo. “Eu vi os Jogos nascerem em 1999, quando não aconteciam em conjunto com o Pan. Tivemos a honra de ver isso no Brasil em 2007. Pude acompanhar a evolução das Américas e principalmente do Brasil. É algo que me deixa feliz e emociona-

do”, afirmou Clodoaldo, que em Toronto participou de seu último parapan. Ele, que deve competir na paralimpíada de 2016, conquistou quatro medalhas e chegou a 23 pódios em parapans.

Comitê Paralímpico Brasileiro

Planejamento e renovação

A melhor campanha do Brasil em uma edição do Parapan, com 257 medalhas (109 ouros, 74 pratas e 74 Nadadores Daniel Dias e Clodoaldo Silva, medalhistas do Brasil no Parapan, assim como a tenista Natália Mayara bronzes) – superando os 228 pódios do Rio 2007 -, foi “Cumprimos aqui a terceira nino. Foi, ainda, ouro no mascu- chamou a atenção: Joaquim impulsionada pelos 104 pódios das nossas quatro metas do pla- lino e prata no feminino do vôlei Cruz, campeão olímpico nos da natação e pelos 80 do atletis- nejamento que fizemos em 2009. sentado, e bronze no basquete 800 metros do atletismo em Los mo. Houve, ainda, medalhas no A primeira foi sermos campeões em cadeira de rodas feminino. Angeles 1984, foi atleta-guia da tênis de mesa (31), bocha (9), hal- em Guadalajara 2011, a segunda Individualmente, além de Da- norte-americana Ivone Mosqueterofilismo (8), judô (7), tênis em o sétimo lugar em Londres 2012 niel Dias, se destacaram os nada- ra-Schmidt, que não conquistou cadeira de rodas (4), ciclismo (4), e agora a vitória em Toronto”, dores André Brasil (seis ouros e medalhas. “Foi uma experiência tiro com arco (3), vôlei sentado destacou Parsons, lembrando uma prata) e Joana Silva (cinco sensacional e estou aqui para aju(2), goalball (2), basquete em ca- que em Toronto 21,9% dos me- ouros); os esportistas de atletismo dar a promover também o movideira de rodas (1), futebol de 7 (1) dalhistas tinham menos de 23 Verônica Hipólito (três ouros e mento paralímpico”, declarou. e futebol de 5 (1). O Brasil só náo anos. “Uma campanha como uma prata), Terezinha medalhou no rugby em cadeiras essa aqui vai estimular mais gen- Guilhermina (três oute a entrar no esporte paralímpi- ros) e Mateus Evangelisde rodas. “É uma campanha que nos co e assim vamos ampliando a ta (três ouros); o ciclista Quarta-feira (19) Lauro Chaman (dois deixa extremamente otimistas. nossa base de atletas”, avaliou. Copa do Brasil ouros e uma prata); a É claro que a Paralimpíada é 22h – Palmeiras x Cruzeiro (Allianz jovem tenista Natália uma competição diferente, mas Destaques coletivos e Parque) Mayara, 21 (ouro no inentramos nesse último ano de individuais Quinta-feira (20) De acordo com o CPB, 78% dividual e nas duplas); e preparação sabendo que podeCopa do Brasil mos chegar à nossa meta, que dos 271 atletas do Brasil alcan- Maciel Santos, campeão 21h30 – São Paulo x Ceará (Morumbi) é o quinto lugar no Rio”, decla- çaram medalhas. Nos esportes paralímpico de bocha rou, em coletiva de imprensa, coletivos, o País conquistou ouro (ouro no individual e Domingo (23) Brasileirão de Futebol Andrew Parsons, presidente do no futebol de 5 (para cegos), no por equipes). 16h – Corinthians x Cruzeiro (Arena Comitê Paralímpico Brasileiro de 7 (para paralisados cerebrais) Um brasileiro que Corinthians) (CPB). e no goalball masculino e femi- atuou por outro país

AGENDA ESPORTIVA


18 | Regiões Episcopais |

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Lapa Irmã Dulce na tela de cinema da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes

Benigno Naveira e Paulo Ramicelli Colaboradores de comunicação da Região

Benigno Naveira

Frei Rhuan e Cidálio dos Santos, durante sessão de cinema, dia 14

A trajetória de vida da Beata Dulce dos Pobres é apresentada no filme “Irmã Dulce”, que foi exibido na sexta-feira, 14, na Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, no Setor Pastoral Leopoldina. O filme, que conta detalhes da dedicação da Beata indicada ao Prêmio Nobel da Paz e conhecida como “Anjo Bom da Bahia”, atraiu a atenção de 150 pessoas no salão paroquial. Todos foram acolhidos pelo Frei Rhuan Ferreira Rodrigues de Almeida, da Ordem dos Agostinianos Recoletos (OAR), do Seminário Teológico Santa Môni-

ca, na ocasião representando o Padre Marcos Vinícius Dorigo Leite, pároco. A iniciativa faz parte do Projeto Cineb, organizado pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. Segundo Cidálio Vieira Santos, coordenador do projeto, “o Cineb é um circuito comunitário itinerante, que percorre os bairros da cidade de São Paulo, Osasco e Região, e desde 2007 leva toda a estrutura às comunidades carentes, incluindo telão, projetor, cadeiras, caixas de som e o pipoqueiro oficial”. O projeto prevê a exibição

de curtas e longas-metragem às pessoas que não possuem acesso ao cinema, e busca despertar o gosto pela sétima arte. A iniciativa percorre vários lugares, fazendo sessões em praças ao ar livre, nas quadras de escolas, sociedade amigos de bairros e igrejas, desde que haja um trabalho social. O filme “Irmã Dulce” terá mais duas apresentações na Região Lapa: no dia 29, às 19h, na Paróquia Santo Estevão Rei (rua Martinho de Campos, 420, Vila Anastásio) e no dia 17 de setembro, às 19h, na Paróquia São José (rua Bartolomeu de Ribeira, 33).

9º Mostra Cultural reforça atenção à temática da CF-2015 Paulo Ramicelli

Dom Julio participa das atividades da 9ª Mostra Cultural da Lapa

AGENDA REGIONAL Sábado (22), 15h

Missa de Formatura do Curso de Teologia para Agentes de Pastoral (CTAP), presidida por Dom Julio Endi Akamine, na Paróquia Nossa Senhora da Lapa (rua Nossa Senhora da lapa, 298).

O Colégio Santa Cruz, no Alto de Pinheiros, sediou no sábado, 15, a 9ª Mostra Cultural, organizada pela Região Episcopal Lapa, com assessoria do Padre Geraldo Pereira, administrador paro-

quial da Paróquia Santa Maria Goretti. A atividade teve a participação de 30 paróquias, diversas pastorais e o apoio de instituições de ensino e outras entidades. O tema da Campanha da Fraternidade deste ano “Fraternidade: Igreja e Sociedade” e o lema “Eu vim para servir”, foram a base para que crianças, jovens, adultos e idosos criassem trabalhos que expressem sentimentos e conhecimentos a respeito da temática. Exposições de trabalhos

Brasilândia

de Paz, sediada na Região Brasilândia, lembrou que com o amor misericordioso de Deus, Jesus “olha para os menos favorecidos e com a ajuda de seus discípulos, estende suas mãos para resgatar cada um de seus filhos”. Ao caminharem pelas ruas do centro até a praça da Sé, os membros da comunidade entregaram alimentos às pessoas em situação de rua, oraram, partilharam histórias e ouviram aqueles que desejavam conversar.

panha da Fraternidade e do empenho dos cristãos que buscam mobilizar a sociedade. “Eu não conheço outra paróquia ou região que desenvolva um trabalho como este, com continuidade de nove anos e tanta representatividade”. “A Mostra Cultural é uma oportunidade de expor o que vivemos e aprendemos. Nisso percebemos que o melhor caminho é o de Jesus Cristo”, disse Erika Raquel Cardoso, 10, do Centro da Criança e do Adolescente (CCA- Santa Cruz).

Késia Silva Pereira

Colaboração especial para a Região

Em visita à Cracolândia, Missão Mensagem de Paz partilha o pão e a Palavra “Vocês são as mãos de Deus estendidas a estas pessoas’’, expressou o Padre Alberto Jhonny, ao falar aos membros da Comunidade Católica Missão Mensagem de Paz, do bairro de Pirituba, que junto com seu fundador, Fernando Baptista realizaram, no dia 8, uma missão na região conhecida como Cracolândia, no centro de São Paulo. Na missa que deu início à evangelização, Padre Alberto, que é venezuelano e está em visita pela Missão Mensagem

e apresentações marcaram o dia. As pastorais da Criança, Menor, Moradia e da Pessoa Idosa apresentaram painéis que expressavam o serviço que desempenham em sintonia com a proposta da CF 2015 e o 11º Plano de Pastoral da Arquidiocese. Ao final, houve entrega de troféus e certificados. Em entrevista a Pascom Lapa, Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região, afirmou que o evento, que reuniu aproximadamente 500 pessoas, é fruto da Cam-

Padre Alberto expressou sua felicidade em participar da atividade e comentou que na Venezuela quase não há esse tipo de trabalho evangelizador com as pessoas em situação de rua e com usuários de drogas. “Muitas pessoas só ajudam e entregam alimento, sem ao menos olhar quem são elas, já vocês param para conversar, aconselhar e orar por cada uma. Isso sim é ser a presença de Deus no meio delas. Isso é evangelizar”, afirmou o Padre.

Laércio Silva

Integrantes da Missão Mensagem de Paz oram junto a morador de rua


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Peterson Prates

Colaborador de comunicação da Região

‘Unidos todos nós dizemos: Deus habita esta cidade’ Para os fiéis do rito latino a igreja na rua das Valerianas, 168, na Vila Bela, é a Paróquia Nossa Senhora da Glória; para os ucranianos, é a Paróquia Nossa Senhora Imaculada Conceição, isso porque, no mesmo espaço celebrativo estão as comunidades tanto de rito latino, vinculada à Arquidiocese de São Paulo, quanto a de rito Greco-Católico Ucraniano, pertencente à Metropolia Católica Ucraniana São João Batista, com sede em Curitiba (PR). No sábado, 15, ao final da tarde, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, presidiu missa na Paróquia, com a participação de brasileiros e ucranianos. “É uma alegria estar nesta Paróquia Nossa Senhora da Glória, justamente quando a Igreja celebra solenemente a Assunção

de Nossa Senhora aos céus”, afirmou o Arcebispo, referindo-se à celebração da Assunção de Nossa Senhora. Embora sejam duas comunidades diferentes, ambas são atendidas pelos padres da Congregação de São Basílio. “É uma riqueza a unidade das duas comunidades, já que unidos todos nós dizemos ‘Deus habita esta cidade’”, afirmou o Padre Antonio Nazarko, pároco. Em 2015, as duas comunidades festejam 60 anos de história, tendo como referência a bênção da pedra fundamental do que viria ser a matriz paroquial. Ainda hoje na Vila Bela vivem muitos ucranianos e seus descendentes. Foi a colônia ucraniana e a Congregação de São Basílio que iniciaram os trabalhos de

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Belém Peterson Prates

Dom Odilo Pedro Scherer preside missa na Paróquia Nossa Senhora da Glória, no sábado, dia 15

criação da Igreja da Imaculada Conceição, para que os imigrantes ucranianos pudessem celebrar a liturgia em rito próprio e de acordo com os costumes. Somente em 1957 passou-se a rezar também o rito latino. Para Bohdan Antônio, filho de ucranianos, que participa da Paróquia desde a

fundação, a diminuição de famílias participantes no rito ucraniano preocupa, mas não fará com que se acabem as celebrações. Atualmente, 60 famílias participam da liturgia no rito bizantino ucraniano, mas antes eram até 500. Para Bohdan, a diminuição se deve à imigração dos ucraniano-brasileiros e

à morte de muitos que colaboraram para a construção e formação da Paróquia. “É um momento impar participar da história de sua igreja”, contou José Anésio, participante do rito latino, que recebeu os sacramentos de Iniciação Cristã e o Matrimônio na Paróquia, e há mais de 30 anos dela participa.

A fé sempre, mesmo diante das dificuldades Renata Moraes

Renata Moraes

jornalismorenata@gmail.com

No domingo, 23, o quarto do mês de agosto, a Igreja recorda a vocação dos leigos e leigas, que em meio aos seus compromissos encontram tempo para se dedicar aos trabalhos voluntários e à atuação pastoral. Esse é o caso de Márcio Aparecido Maffei, 46. Ele é motorista, tem cinco filhos e participa da Paróquia Santa Maria Madalena, na Região Belém. Em entrevista ao O SÃO PAULO, ele contou sua história de vida e de experiência de fé. Quando jovem, fez parte da Pastoral da Juventude e na fase adulta ajudou a fundar a Comunidade Dom Oscar Romero, da Paróquia Santa Maria Madalena. Atuou nos en-

Casal Márcio e Miraíldes junto aos filhos Carlos Miguel e Maria Clara

contros de jovens com Cristo, e nos últimos anos colaborou em diversas atividades pastorais, sobretudo no trabalho com antigo pároco, Padre José Carlos dos Anjos. Há oito anos, Márcio é casado com Miraíldes Santana dos Santos Maffei, 32, e com ela adotou Maria Clara, 4, ainda quando era bebê, e gerou a vida a Carlos Miguel, em ou-

tubro de 2014, que assim que nasceu foi diagnosticado com Tetralogia de Fallot, que é uma má-formação congênita do coração. Carlos Miguel começou tratamento médico no Instituto do Coração (Incor), onde permaneceu internado durante nove meses, recebendo alta no último dia 3, após passar por sete cirurgias, dentre elas

uma traqueostomia (abertura na traqueia para permitir a passagem do ar) e uma gastrostomia (abertura do estômago para receber alimentação via sonda). As dificuldades não fizeram o casal esmorecer na fé. Devotos de Nossa Senhora Aparecida, eles continuaram a rezar o Terço e entregaram a vida de Carlos Miguel à Virgem Maria.

‘Deus é maior que todos os nossos problemas’

A volta do filho Carlos Miguel para casa ajudou a atenuar a dor que Márcio sentiu em abril pelo assassinato de outro filho, Caio Maffei, 20, fruto de seu primeiro casamento. “Foi o pior momento da minha vida, meu chão caiu”, expressou. Diante de mais uma situ-

ação de dor, ele não perdeu a fé e garante que em sua oração a Deus obteve consolo. “Eu creio que Deus é maior que todos os nossos problemas, sejam quais forem eles, pequenos ou grandes. Deus sempre será maior que eles”.

Evangelização via redes sociais

Por meio das redes sociais, Márcio dedica algum tempo diariamente para enviar aos seus amigos o Evangelho do dia, sempre acompanhado de uma mensagem de fé. “Eu acredito sempre no amor, o amor é a única maneira de mudarmos o mundo. Deus sempre tem feito coisas boas na minha vida. Mesmo diante de todas essas batalhas, eu encontrei ajuda e apoio de muitos anjos bons”, garantiu.


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Santana Dom Sergio é homenageado com título de cidadão santanense

Diácono Francisco Gonçalves

Colaborador de comunicação da Região Santana

Diácono Francisco Gonçalves

Dom Sergio durante sessão solene na Câmara Municipal, em que recebe título de cidadão santanense

Em comemoração ao aniversário de 233 anos do bairro de Santana, acon-

teceu na quinta-feira, 13, no salão nobre da Câmara Municipal de São Paulo, a

entrega do título de cidadão santanense a 23 homenageados, entre os quais Dom

Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana. A sessão solene, que reuniu 350 pessoas, foi presidida pelo vereador Nelo Rodolfo (PMDB). Dom Sergio conduziu a oração inicial e expressou que nestes três anos como bispo auxiliar em Santana foi estabelecido um vínculo de fé, que também se transformou em um vínculo de amor pela Região. O Bispo expressou que quer “aumentar esse vínculo de fé para abençoar, para proteger e para que Deus habite o bairro de Santana”. Para o Bispo, a iniciativa é um reconhecimento do trabalho dos padres, diáconos e leigos para edificar a Igreja sonhada por Jesus.

Junto a Dom Sergio na mesa de solenidade estiveram o Dr. Felipe Locke Cavalcanti, presidente da Associação Paulista do Ministério Público; Coronel da Policia Militar Mário Fonseca Ventura, presidente da Sociedade Veteranos de 32-MMDC; Coronel Antonio Valdir Gonçalves Filho, comandante de Policiamento da Área Metropolitana; Carlos Roberto Candella, subprefeito de Santana/Tucuruvi/Mandaqui; João Carlos Dias, jornalista e diretor do Semanário da Zona Norte; Inspetor Nilson da Silva Coutinho, comandante operacional Norte da Guarda Civil Metropolitana; e o Prof. Dr. Luiz Flávio Borges D´Urso, ex-presidente da OAB-SP.

180 crianças conhecem aspectos culturais e missionários da Ásia Para celebrar os 172 anos de fundação da Pontifícia Obra da Infância e Adolescência Missionária (IAM), representantes das seis regiões episcopais da Arquidiocese de São Paulo estiveram reunidos no domingo, 16, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Vila Al-

bertina, na Região Santana. Acolhidos pelo pároco, Padre Adailton Costa, aproximadamente 180 crianças e monitores participaram de atividades recreativas e oficinas, tendo como tema a Ásia, enfocando os aspectos missionários e culturais. Em 130 países, a IAM

Diácono Francisco Gonçalves

possui cerca de 3 mil projetos envolvendo crianças e adolescentes. Fundada em 1843, chegou ao Brasil em 1848 e atualmente no País existem cerca de 30 mil grupos, com mais de 600 mil crianças e adolescentes. (Com informações completares do site das Pontifícias Obras Missionárias)

Crianças participam de oficina promovida pela IAM, no domingo, 16

Na Parada Inglesa, ‘a festa da esperança e da alegria’ Renata Moraes

Cardeal incensa imagem de Nossa Senhora dos Prazeres, dia 16

Renata Moraes

jornalismorenata@gmail.com

Na Solenidade da Assunção de Maria, a Paróquia Nossa dos Prazeres, na Parada Inglesa, realizou o encerramento da festa da padroeira, no domingo, 16, com missa solene presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, e concelebrada pelos padres Humberto Robson de Car-

valho, pároco, e Nadir Sérgio Granzotto, vigário paroquial. Em 2015, a Paróquia completa 75 anos de fundação, que estão sendo comemorados com diversos eventos como formação catequética mensal aos paroquianos, seminário formativo com diferentes temas, leitura orante da Bíblia e oração das laudes e vésperas, aos domingos. Nossa Senhora dos Prazeres é um antigo título de Nos-

sa Senhora. Em português, o título seria melhor compreendido como “Nossa Senhora das Alegrias”, pois esta denominação refere-se às sete alegrias da Virgem Maria. “A Festa da Assunção é a festa da esperança e da alegria. Maria que é elevada à glória de Deus, depois de ter caminhado na vida alinhada com a vontade de Deus, unida a sua vida a vida de seu filho, Jesus Cristo. Perseveremos com coragem, olhemos para a Nossa Senhora, elevada aos ceús, e possamos renovar a coragem e a alegria em viver a nossa fé”, exortou o Cardeal. No sábado, 15, também no contexto da festa da padroeira, Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, presidiu uma das missas.

75 anos de fundação

A Paróquia foi criada em 25 de janeiro de 1940, pelo então arcebispo de São Paulo, Dom José Gaspar d´Afonseca e Silva, sob o título de Nossa Senhora da Consolata, constituída por duas capelas já existentes: Santa Luzia e São José (onde hoje está a Cúria de Santana). No entanto, por uma promessa de Dom José à colônia portuguesa de Bemposta, a devoção da padroeira foi substituída por Nossa Senhora dos Prazeres. A mudança do nome da Paróquia se deu em 8 de outubro de 1952, com documento oficial da Santa Sé. Como não havia ainda a igreja matriz, em 5 de agosto de 1941, na Capela São José, tomou posse o primeiro pároco, Padre Antonio Anacleto Brandão de Oliveira.

Neste período, a Congregação dos Padres Estigmatinos construiu o seu Seminário Teológico no território paroquial e enquanto este existiu, a Paróquia foi a eles confiada. Em 1947, os Estigmatinos devolveram a Paróquia à Arquidiocese, que por um período ficou sob a responsabilidade dos Saletinos. Em 25 de junho de 1950, tomou posse como pároco diocesano o Padre Júlio Martins Serra, que permaneceu até morrer, em 1991, quando assumiu o Padre Nadir Sérgio Granzotto, sendo pároco até 2007, substituído posteriormente, pelo Padre Carlos Alberto Doutel. Desde 2009 o pároco é o Padre Humberto Robson de Carvalho, tendo como vigários paroquiais os padres Nadir e Geraldo Alves Pereira.


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Diego Monteiro

Colaboração especial para a Região

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Dom Bosco: 200 anos do defensor da dignidade das crianças e jovens A Família Salesiana festejou com júbilo os 200 anos do nascimento de seu fundador, São João Bosco, com missa presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, e concelebrada por padres salesianos, no domingo, 16, na Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, no bairro do Bom Retiro. Nascido em 16 de agosto de 1815, em Becchi, no Piemonte, na Itália, Dom Bosco tinha um estilo original de viver o Evangelho, dedicando-se à educação cristã dos jovens, principalmente os marginalizados, ensinando que, para educar, é preciso amar primeiro. Em sua juventude, já dizia: “quando crescer, quero ser sacerdote para tomar conta dos meninos. Os meninos são bons; se há meninos maus é porque não há quem cuide deles”. Dom Bosco foi canonizado pelo Papa Pio XI, em 1934, e aclamado “Pai e Mestre da Juventude”, por São João Paulo II, em 1988. Dom Odilo recordou a herança de Dom Bosco para a Igreja e a sociedade, destacando os problemas sociais que já assolavam as crianças, os adolescentes e os jovens daquela época, muitos dos quais vivendo em situação de rua e sem oportunidades e nem perspectivas para um futuro digno. “A prisão é a pós-graduação do mundo do crime”, afirmou o Cardeal, ao falar sobre os importantes feitos de Dom Bosco para o mundo da educação. Segundo Dom Odilo, é um equívoco reduzir a maioridade penal no Brasil como solução para a redução

Fotos: Lucas Silva

Em missa presidida por Dom Odilo Scherer, que demarca bicentenário de Dom Bosco, jovens conduzem andor com a imagem do Santo

ou o fim da criminalidade. “Dom Bosco compreendeu muito cedo que a solução não era prender; a solução é a educação, o amor às crianças, aos adolescentes e aos jovens para ajudá-los a descobrir o caminho bom da vida e a desenvolverem as suas capacidades. Quando não há educação, depois tentam corrigir nas prisões”, afirmou, enfatizando que Dom Bosco dedicou o seu trabalho a uma verdadeira educação, não a uma educação com ideologia.

Bons cristãos e honestos cidadãos

A espiritualidade salesiana de Dom Bosco está ali-

cerçada em São Francisco de Sales, de quem Dom Bosco foi grande admirador. “A Espiritualidade Salesiana quer juntar estas duas questões: podemos e devemos rezar na Igreja, mas também fora dela. Ser um bom cristão dentro da Igreja e um honesto cidadão fora da Igreja, anunciando o Evangelho com a própria vida no dia a dia, querendo o bem comum da sociedade”, explicou, à reportagem, o Padre Edmilson Morares, SBD, pároco da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora. “A nossa espiritualidade hoje, como herança de Dom Bosco, continua tendo a tô-

Nossa Senhora no canto litúrgico A Região Episcopal Sé realizou nos dias 11 e 12, na Paróquia Nossa Senhora de Fátima do Sumaré, mais uma edição do Encontro Regional de Formação Litúrgica, coordenado pelo Padre Helmo Cesar Facciolli. O encontro deu continuidade ao itinerário sobre o canto litúrgico e teve como tema “Cantar as Festas do Senhor, de Maria,

a Mãe do Senhor e as Festas dos Santos e Santas no Ano Litúrgico”, assessorado pelo Professor Eurivaldo Silva Ferreira, mestre em Teologia pela PUC-SP, com foco de estudos em liturgia. “A memória de Maria está organicamente inserida na estrutura do ano litúrgico, com profundo respeito à hierarquia dos símbolos, na qual Cristo

tem a primazia. Por ele, o Enviado do Pai, conduzido pelo Espírito, o universo é redimido. As antífonas e os textos garantem em sua formulação de maneira admirável a compreensão que a Igreja tem a respeito do lugar de Nossa Senhora na obra da redenção, evitando sempre dar a ela o lugar que é de Deus”, explicou o assessor.

nica da simplicidade, do cotidiano, da alegria e da festa”, ratificou a Irmã Helena Gesser, provincial da Inspetoria Santa Catarina de Sena, no Estado de São Paulo.

A Família Salesiana na Arquidiocese

Os salesianos e salesianas têm presença significativa no âmbito da Arquidiocese de São Paulo, com um centro universitário (dois campis), seis colégios católicos, além de diversas obras sociais com cursos profissionalizantes e outras atividades gratuitas para crianças, adolescentes e jovens carentes. Somente no Instituto Dom Bosco, localizado no

bairro do Bom Retiro, são atendidos mais de 1.020 jovens todos os dias, com cursos profissionalizantes de mecânica, elétrica, assistente administrativo, design gráfico. Aproximadamente 90% dos jovens conseguem uma colocação profissional. Outra grande herança de Dom Bosco são os oratórios, que oferecem lazer, refeição e evangelização às crianças, adolescentes e jovens. “O nosso trabalho é baseado em todos os ensinamentos de Dom Bosco, no tripé da caridade, do carinho e da atenção”, explicou Evely Galute, responsável pelo Oratório da Mooca.

‘Família e a Igreja são mutuamente dependentes’ Com o tema “O amor é a nossa missão: a família plenamente viva”, a Pastoral Familiar da Região Episcopal Sé realizou um encontro no Setor Aclimação nos dias 11 e 12, marcando a Semana Nacional da Família. O evento reuniu casais e agentes de pastoral das paróquias do Setor, na Paróquia Nossa Senhora do Carmo, na

Aclimação, e contou com a assessoria de Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, que comentou sobre como a Igreja pode servir às famílias e como estas podem ajudar a Igreja. O Bispo também destacou que a família e a Igreja são mutuamente dependentes, de modo que se a família vai mal, a Igreja também vai mal.


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Ipiranga

Padre Ricardo Pinto e Caroline Dupim Colaboradores de comunicação da Região

Grupos de jovens não devem ser ilhas Caroline Dupim

Participantes de Curso de Dinâmica Cristã do Setor Juventude da Região Episcopal Ipiranga posam para foto

A falta de fraternidade com os mais necessitados e o alto crescimento do individualismo são os fatores que explicam o desrespeito à dignidade humana. Essa foi a conclusão a que chegaram os 35 participantes do Curso de Dinâmica Cristã (CDC),

promovido pelo Setor Juventude da Região Ipiranga, nos dias 15 e 16. O objetivo do curso, organizado pela Coordenação Regional de Juventude, foi formar e auxiliar os jovens na construção e animação de grupos paroquiais. A importância da

formação dos jovens foi destacada, bem como a necessidade de um estudo aprofundado dos documentos da Igreja para a criação e estruturação dos grupos de jovens. Dinâmicas para estimular o senso de responsabilidade e o trabalho

em equipe fizeram parte do curso, no qual também se sinalizou para a necessidade da troca de experiências entre os grupos paroquiais. Nei Márcio Oliveira Sá, coordenador Regional da Juventude, alertou que os grupos de jovens não são “ilhas isoladas” em suas paróquias, mas, sim, parte conjunta da Região Ipiranga. “Francisco nos alerta para sermos uma ‘Igreja em saída’ e que não devemos enterrar nossos dons e conhecimento, pois o cristão deve dar testemunho, mantendo sempre o foco de sua vida em Jesus Cristo. Os jovens não devem temer as mudanças e, por isso, o Papa convida: ‘Avante, Jovens! Levem adiante esta certeza: o Senhor está vivo e caminha ao nosso lado na vida’”, afirmou Nei Márcio. Também participante do encontro, o Padre José Lino Mota Freire, assessor da juventude na Região Ipiranga, presidiu a missa de encerramento.

Acolher, exercer e praticar a misericórdia “Vim para estar com os padres. O Concílio Vaticano II, de fato, propõe que as relações entre o bispo e os sacerdotes diocesanos devem, sobretudo, apoiar-se nos vínculos de caridade sobrenatural, e que estes devem chamar os sacerdotes a um diálogo, mesmo comum, principalmente sobre assuntos pastorais, conforme propõe o decreto Christus Dominus”, expressou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, no dia 11, no encontro com o clero da Arquidiocese de São Paulo atuante na Região Ipiranga, com a participação de Dom José Roberto Fortes Pau-

lo, vigário episcopal para a Região. O Cardeal falou aos padres sobre o Ano Santo da Misericórdia, proclamado pelo Papa Francisco por meio da bula Misericordiae Vultus. Dom Odilo apresentou alguns motivos que levaram o Papa Francisco a proclamar o Jubileu Extraordinário, entre os quais a experiência pessoal do amor de Deus durante a juventude, o lema episcopal tirado de São Mateus: “olhou-o com misericórdia e escolheu-o”, e a conexão do seu nome papal com a experiência de São Francisco de Assis, que compreendeu ter em Deus o verdadeiro Pai. Segundo o Arcebispo,

a centralidade da proposta do Ano Santo da Misericórdia está, sobretudo, em Jesus, que veio para os “descartados” do mundo que necessitam da misericórdia. Voltar à motivação primeira do Concílio Vaticano II também é um dos objetivos do Jubileu. As palavras que São João XXIII pronunciou na abertura do Concílio ajudam a entender o porquê: “Nos nossos dias, a Esposa de Cristo prefere usar mais o remédio da misericórdia que o da severidade”. “A Igreja não deseja autodefender-se, condenar, julgar a humanidade, mas abrir os tesouros da misericórdia”, ressaltou Dom Odilo.

Segundo o Arcebispo, acolher, exercer e praticar a misericórdia também são apontados como caminhos para a Igreja testemunhar a misericórdia. “Acolher e evangelizar para que mundo conheça o rosto misericordioso do Deus revelado em Jesus Cristo. Ir ao encontro dos que estão feridos na humanidade é a atitude central da Igreja. Praticar as obras de misericórdia, como exercício sistemático para as comunidades eclesiais assumirem no Ano Santo, irá ajudar a sociedade a se reorganizar a partir da ótica da misericórdia com os pobres, os excluídos e, especialmente, as famílias”.

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No domingo, 16, o Padre Assis Moser, diretor do Seminário Teológico Salesiano em São Paulo, proferiu palestra na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, da Vila Arapuá, sobre os 200 anos do nascimento de São João Bosco. Ele participou da celebração presidida pelo Padre Ricardo Pinto, administrador paroquial. Após a missa, Padre Assis falou aos jovens e adolescentes sobre o carisma salesiano. A atividade aconteceu no terreno de um futuro centro da juventude.


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Biodiversidade e a vida dos povos devem ser consideradas na atenção à Amazônia mas quem está fazendo isso é o próprio governo, pela questão da privatização do ouro verde ou do ouro azul, ou seja, da flora e da água”. Além disso, o Padre comentou sobre uma certa xenofobia contra os nativos. “Em nome de uma unidade nacional, dizem quais caminhos os amazônidas devem percorrer, sem escutá-los. Há, por exemplo, comentários sobre uma possível guerra pela água, pois aqui temos a maior bacia de água doce do mundo”, continuou.

veio o trabalhador, depois sua família. Isso gerou bairros novos, e a cidade não estava preparada para responder a necessidades como saúde, educação e saneamento básico. Isso acaba por criar uma instabilidade em toda a região. Ou seja, há mudanças na biodiversidade, mas também populacionais e os novos fluxos migratórios acabam por gerar miséria”, avaliou. Segundo o Padre, as usinas vão modificar sim o ambiente, o clima, o ciclo das chuvas, a conformação etc. Ele acrescentou que não vão responder ao potencial de energia, pois o assoreamento dos rios acaba por diminuir, aos poucos, o volume

versais, as cidades, sobretudo os grandes centros urbanos, vivem problemas também globalizados, como a diminuição das áreas verdes. São Paulo, que já teve, na metade do século XIX, 80% do seu território coberto por Mata Atlântica, hoje conta com pouquíssimas áreas preservadas. Entre elas, a Serra da Cantareira e os parNayá Fernandes ques. nayafernandes@gmail.com O desejo por uma cidade mais verde levou movimentos Considerada o “pulmão da ligados à sustentabilidade para humanidade”, com a maior bacia a reunião da Comissão do Meio Antes e depois hidrográfica do planeta, a AmaAmbiente no dia 11, na Câmazônia talvez seja mesmo, neste das usinas ra Municipal de São Paulo. A “A floresta não é só biodivermomento, a “insônia do mundo”, nova lei de zoneamento, apresidade, mas também vida dos sentada durante a reunião, prevê como já cantou o músico Roberto Carlos. Trata-se da implantação, manuGreenpeace/Fábio Nascimento tenção e incentivo da maior floresta tropical ampliação das áreas do planeta, com cerca verdes que hoje são de 5,5 milhões de km², 507,2 km2 na capital em nove países: Brasil, para um total de 586,1 Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, km2. Guiana, Suriname e Enquanto a Organização Mundial da Guiana Francesa. Porém, mais de 3 milhões Saúde recomenda 12 dessa área estão em term2 de área verde por ritório brasileiro, nos habitante, na capital o número chega a estados de Amazonas, apenas 2,6 m2. Além Rondônia, Roraima, disso, áreas já existenMato Grosso, Tocantins, Amapá, Acre, Pará tes, como é o caso do e parte do Maranhão. Parque Augusta, estão Na encíclica Laudato ameaçadas por empreiteiras de grandes si’, a Amazônia é citada no ponto 38 e, para além construtoras. O Parque, na região central da questão da preservação da biodiversidade, de São Paulo, reabriu o Papa Francisco lemas portas para acesso bra que “a importância do público em julho Obras da hidrelétrica de Belo Monte, na região amazônica, uma das intervenções humanas que põem em risco o equilíbrio da floresta destes lugares para o deste ano, em cumprimento a uma decisão conjunto do planeta e para o futuro da humanidade afirma claramente que “há pro- povos”, insistiu Padre Gianfran- da barragem. “É um mundo judicial. A entrada estava fechanão se pode ignorar”. O texto, postas de internacionalização da co ao ressaltar as implicações que bate às portas da Amazô- da há um ano meio, desde que que se serviu também de contri- Amazônia que só servem aos in- do desmatamento para a eco- nia, modifica costumes, cria duas construtoras formalizaram buições da Comissão Episcopal teresses econômicos das corpo- logia humana. Ele acompanhou violência por um desconheci- a aquisição do terreno. Segundo para a Amazônia da CNBB, cujo rações internacionais. É louvável a construção da Usina Santo mento da cultura. O grande de- o projeto das construtoras, quapresidente é o Cardeal Cláudio a tarefa de organismos interna- Antônio, em Porto Velho (RO), safio, hoje, não é só o impacto tro torres de uso misto devem Hummes, arcebispo emérito de cionais e organizações da socie- e falou sobre os impactos am- ambiental, mas o modelo eco- ser erguidas no terreno de 23,7 São Paulo, critica os cultivos que dade civil que sensibilizam as po- bientais, mas sobretudo as con- nômico que vem sendo adota- mil m2 na rua Augusta, entre a substituem os ecossistemas das pulações e colaboram de forma sequências para a população do. Há 500 anos continuam as Caio Prado e a Marquês de Paflorestas tropicais. “Ao falar so- crítica, inclusive utilizando legí- local. “Estão previstas a cons- mesmas atitudes de desrespeito ranaguá. bre estes lugares, impõe-se um timos mecanismos de pressão, trução de 30 usinas hidrelé- e de colonização. Mortes, assasManifestações favoráveis à delicado equilíbrio, porque não para que cada governo cumpra tricas na Amazônia. E isso vai sinatos, martírios. O respeito a transformação da área em paré possível ignorar também os o dever próprio e não-delegável ter consequências na questão esses povos é muito importan- que ocuparam o terreno no iníenormes interesses econômicos de preservar o meio ambiente e da biodiversidade, da deflores- te. Respeitar sua autodetermi- cio deste ano. A Polícia Militar internacionais que, a pretexto os recursos naturais do seu país, tação, mas vai ter também um nação, sua cultura, que o mer- cumpriu reintegração de posse de cuidar deles, podem atentar sem se vender a espúrios interes- impacto na questão da ecolo- cado vê, muitas vezes, como em março, e logo em seguida o gia humana. Colocaram no rio algo a ser sugado, agindo como Tribunal de Justiça determinou contra as soberanias nacionais”, ses locais ou internacionais”. Padre Gianfranco afirmou, Madeira cerca de 42 turbinas, aves de rapina”, disse o Padre. que o espaço deveria ser mancontinua o artigo. tido aberto para passagem da Em entrevista ao O SÃO ainda, que “há políticos que que terão um impacto muito PAULO, Padre Gianfranco acusam organizações da socie- grande. Para criar isso, foi tra- Áreas verdes por aqui população, como determinado Enquanto a questão Ama- na matrícula do terreno. Graziola, missionário da Con- dade civil, sobretudo ONGs, de zida mão de obra de todo o Brasolata, que já acompanhou, na internacionalizar a Amazônia, sil. Num primeiro momento, zônica ganha dimensões uni(Colaborou Daniel Gomes)

Projetos de construção de hidrelétricas põem em risco o equilíbrio da maior floresta tropical do planeta, mencionada na encíclica Laudato si’

Amazônia o Povo Yanomami e tem atualmente um trabalho junto às pastorais sociais, sendo vice-coordenador nacional da Pastoral Carcerária, enfatizou o crescimento do desmatamento e aparecimento de outras culturas, como, por exemplo, a soja. Ainda na década de 1990, havia o boato de que em livros de geografia dos Estados Unidos, a Amazônia era considerada propriedade internacional. Esse boato, nunca confirmado, teme que organizações internacionais tomem a Amazônia, com a alegação de que o governo brasileiro não tem autonomia e competência suficiente para preservá-la. Nesse sentido, a Laudato si’


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19 a 25 de agosto de 2015 | www.arquisp.org.br


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