O SÃO PAULO - 3068

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Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 60 | Edição 3068 | 9 a 15 de setembro de 2015

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Nostra Aetate: caminhos para o diálogo inter-religioso A Arquidiocese de São Paulo e a Confederação Israelita do Brasil promoveram, no dia 2, uma cerimônia para comemorar os 50 anos da declaração Nostra Aetate, do Concílio Ecumênico Vaticano II. Na companhia do Cardeal Scherer, arcebispo metropolitano, o Cardeal Kurt Koch, presidente do

Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos e da Comissão para as Relações Religiosas com os Judeus, afirmou que a declaração conciliar “serve ainda hoje e no futuro como uma útil bússola na reconciliação entre cristãos e judeus”. Página 23 Luciney Martins/O SÃO PAULO

Papa fará uma das viagens mais difíceis de seu pontificado Após mediar um histórico acordo diplomático entre Cuba e Estados Unidos, o Papa Francisco fará sua primeira viagem aos dois países, entre os dias 19 e 28. A viagem é considerada uma das mais difíceis do pontificado, pois deve tocar em temas delicados e enfrentar severos críticos na política e na economia. O SÃO PAULO apresenta cinco motivos pelos quais a viagem deve chamar a atenção de todo o mundo. Página 9

Cada um dos brasileiros pode, sim, reinventar o Brasil

Na PUC-SP, cardeais Scherer e Kurt Koch, junto ao Rabino Michel Schlesinger, participam das comemorações dos 50 anos da Nostra Aetate

Na Sé, aniversário de dedicação da Catedral No sábado, 5, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, presidiu missa na Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Assunção e São Paulo

Com a Palavra, a jovem Ana Carolina Cruz Ana Carolina Cruz, a brasileira que levou o Papa Francisco aos risos em 7 de agosto deste ano, fala do Movimento Eucarístico Jovem e da participação no encontro mundial de mejistas. Página 15

O que cantar e o porquê cantar na liturgia? A Comissão Arquidiocesana de Liturgia realiza no sábado,12, o 2º Encontro Arquidiocesano de Formação Litúrgica de 2015. Página 7

(Catedral da Sé) em ação de graças pelo aniversário da dedicação do templo. O altar-mor, feito de pedras verdes e amarelas, foi decorado com parte

Missa pela Pátria e pelo Povo Brasileiro O feriado da Independência do Brasil, no dia 7, foi celebrado na Sé, com missa presidida pelo Cardeal Scherer. Página 11

Obesidade infantil: causa ou consequência? A obesidade infantil é uma das maiores preocupações no campo da saúde neste século. Doutor Valdir Reginato explica as causas, as consequências e a prevenção para esse problema. Página 10

de sua ornamentação original, de 1954, data da dedicação a Deus em honra da assunção da Virgem Maria. Página 11

O povo vai pra rua gritar pelos excluídos Depois da missa pela pátria, celebrada na Catedral da Sé na segunda-feira, 7, cerca de 300 pessoas se reuniram, mesmo debaixo de chuva, na praça da Sé, para participar do 21º Grito dos Excluídos. Página 14

Mudança no processo de nulidade matrimonial Na terça-feira, 8, o Papa anunciou mudanças para deixar mais rápidos os processos de nulidade matrimonial. Página 4

O que entendemos quando nos perguntamos sobre o que é ser brasileiro? A Semana da Pátria e as comemorações do 7 de setembro ajudam a repensar essa questão e buscar as raízes da nossa cultura, ao mesmo tempo em que questionamos a profundidade de características tão difundidas como a hospitalidade e a alegria, próprias do jeito brasileiro. Peculiaridades à parte, o “ser brasileiro com muito orgulho e com muito amor” vai muito além dos estereótipos, e dessa opinião muitos compartilham. E não necessariamente precisamos colocar as diferenças de lado, pois essas são importantes, mas não podem ser motivo de preconceitos ou discriminação. O SÃO PAULO ouviu brasileiros de diferentes estados e com diferentes profissões, que apontam caminhos para a reinvenção do Brasil, a partir do que há de melhor em cada brasileiro. Páginas 12 e 13


2 | Ponto de Vista |

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Editorial

A misericórdia e o encontro com Cristo no pecado

N

osso pecado, individual e social, desvirtou ao longo dos séculos o sentido de algumas das mais belas palavras do Cristianismo. A caridade, que é a mais bela e gratuita forma de amor, virou esmola; a piedade virou dó; a misericórdia, uma comiseração. O dom de Deus que salva e revaloriza o ser humano se tornou concessão social que humilha e discrimina. Por isso, os últimos papas têm se dedicado a recuperar o sentido cristão dessas palavras. Bento XVI falou muito sobre a caridade, que aparece no título de duas de suas encíclicas. São João Paulo II e agora o Papa Francisco demonstram igual atenção pela misericórdia – como evidenciado por este Ju-

bileu Extraordinário da Misericórdia. Neste início de setembro, os jornais estamparam manchetes e mais manchetes sobre a carta do Papa a Dom Rino Fisichella, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização. Referiam-se a Francisco permitir, neste Jubileu, que qualquer padre absolva o pecado do aborto (que normalmente só pode ser absolvido por um bispo ou padre encarregado para isso). Alguns pensaram que isso significava que o Papa estaria caminhando para a afirmação de que o aborto não é pecado. Tudo o contrário: a absolvição do pecado, em qualquer situação, inclusive nessa, lembra Francisco, depende do arrependimento sincero – isto é, do reco-

nhecimento da culpa pelo grande pecado que é o aborto. A má interpretação das palavras do Papa Francisco traz uma confusão de valores morais e o incitamento à cultura da morte. Mas há outro problema, que é a perda da percepção do amor de Deus, pois sem a noção do pecado – naturalizado e banalizado pela cultura da morte – perdemos a capacidade de compreender a grandeza e a gratuidade da misericórdia. Nas palavras de Francisco: “Só quem foi acariciado pela ternura da misericórdia conhece verdadeiramente o Senhor. O lugar privilegiado do encontro é o afago da misericórdia de Jesus Cristo em relação aos meus pecados. E por isso, às vezes, vós ouvistes-me dizer

que o lugar privilegiado do encontro com Jesus Cristo é o meu pecado [...] A moral cristã não é o esforço titânico, voluntarista de quem decide ser coerente e é bem sucedido, uma espécie de desafio solitário perante o mundo [...] A moral cristã é uma resposta, é a resposta comovida a uma misericórdia surpreendente, imprevisível e, segundo os critérios humanos, até ‘injusta’” (07/03/2015). Agora, cabe a nós, não com discursos moralistas, mas com o testemunho de quem foi “acariciado pela ternura da misericórdia” e com as “obras de misericórdia”, que são gestos de solidariedade aos que sofrem na carne ou no espírito, demostrar isso ao mundo.

Opinião

Meu Deus, basta! Arte: Sergio Ricciuto Conte

Ana Lydia Sawaya Basta, meu Deus, basta de tanto sofrimento! Este artigo tem a finalidade de pedir a você leitor para rezarmos juntos pelos refugiados. Calcula-se que sejam 60 milhões de refugiados. Um número ímpar, mesmo em relação à Segunda Guerra Mundial. Peçamos a Deus, todos juntos, para que Ele acabe com o sofrimento de tantas famílias de refugiados! Desfilam-se diariamente diante dos nossos olhos, nos jornais, fotos de crianças, mulheres, homens jovens, idosos que pagam o preço de uma casa, um carro, para serem transportados por traficantes para a Europa. Perderam tudo, deixaram trabalho, deixaram, muitas vezes, parentes mortos brutalmente. Em número já incontável de vezes, lemos que os traficantes de pessoas os abandonam em barcos à deriva, ou eles mesmo afundam os barcos no meio da travessia. Outras vezes, os barcos soçobram durante o resgate por serem muito frágeis e estarem superlotados. Li sobre uma náufraga que não conseguiu sobreviver que, ao ser retirada do mar, foi encontrada com o terço na mão. Pensei que só pode ter havido festa no céu quando ela chegou lá, pois nós cristãos sabemos o fim dos injustiçados deste mundo, que Cristo quis, misteriosamente, abraçar carregandoos consigo na cruz. Os jornais relatam, ainda, que o número de mortes tem aumentado porque se tem elevado as medidas de repressão

por parte dos países europeus. A Hungria está construindo um muro na divisa da Sérvia para impedir a chegada de refugiados. Mais de 1 milhão dos que conseguiram chegar à Europa foram expulsos. Alguns países europeus têm colocado soldados armados que agem violentamente contra famílias com crianças de colo que chegam ao seu território. Mesmo no Brasil, a vinda dos haitianos, após o terremoto que devastou o seu país, tem encontrado muitas hostilidades. Recentemente, alguém atirou em vários deles. A Europa envelhece, falta mão

obra, o número de nascimentos só diminui com o maciço controle de natalidade. O número de europeus encolhe a cada ano. A Europa precisa de imigrantes para financiar aposentadorias e permitir boa condição de vida para seu número crescente de idosos. Análises econômicas mostram as vantagens de ter mão de obra baseada na imigração. Por que, então, não organizar um fluxo migratório de famílias cujos países estão enfrentando guerras loucas, cruentas, e sem sentido? Assim fez o Governo de São Paulo no início do

século XX, quando chegaram aqui, de forma relativamente organizada, cerca de 6 milhões de imigrantes europeus. Esse quadro revela o quão grande é o egoísmo e a visão mesquinha do Velho Continente. A ONU tem pedido insistentemente para os países da União Europeia receberem os imigrantes, feito propostas e exortado esses países a se organizarem. As políticas de aumento de repressão aos imigrantes só tem aumentado o número de traficantes de pessoas, o seu ganho e a crueldade do processo. O que nós, brasileiros, que vivemos tão longe geograficamente dessa tragédia humana, podemos fazer? O Brasil, por meio da Cáritas e outras organizações, tem procurado dar sua contribuição na acolhida a esses refugiados e nós, caro irmão, podemos fazer algo fundamental: rezar. Podemos pedir ao Senhor que, na Sua infinita misericórdia, mude a sorte de tantos refugiados, abra espaço para eles. Podemos pedir que este mal do nosso tempo termine. Podemos pedir que Nossa Senhora interceda pelos europeus e “co-mova” o coração de pedra dos cristãos da primeira hora. Que o povo europeu pressione os seus governos para abrir as portas, colocar mais água no feijão, e não para aumentar as barreiras como tem acontecido. O Senhor responderá a quem pede com insistência e comunitariamente. Ana Lydia Sawaya é professora da UNIFESP, fez doutorado em Nutrição na Universidade de Cambridge e foi pesquisadora visitante do MIT. É Conselheira do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP.

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação Semanal • www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Redator chefe: Daniel Gomes • Reportagem: Cônego Antônio Aparecido Pereira, Edcarlos Bispo, Filipe David, Nayá Fernandes e Renata Moraes • Institucional: Rafael Alberto e Fernando Geronazzo • Fotografia: Luciney Martins • Administração: Maria das Graças Silva (Cássia) • Secretaria de Redação: Djeny Amanda • Assinaturas: Ariane Vital • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Edição Gráfica: Ana Lúcia Comolatti • Revisão: Maria Aparecida Ferreira • Impressão: S.A. O ESTADO DE S. PAULO • Redação e Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinaturas) • Números atrasados: R$ 1,50 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.


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cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo

N

o aniversário da Independência, Dia da Pátria, foram muitas as manifestações pelas ruas e praças do Brasil. A favor ou contra o Governo, cada grupo, a seu modo, tinha em vista o bem do Brasil. Na Igreja, também celebramos a Missa “pela Pátria e pelo povo”, de acordo com o formulário proposto pelo Missal. Embora nem todos creiam ser importante rezar pela Pátria, nós cremos que é. A Pátria representa o conjunto daquilo que nos une e irmana nesta família grande e muito diversificada, chamada Brasil, onde vivemos nossas relações sociais, nossa cultura e as responsabilidades comuns. Na Pátria, somos parte de um povo, com laços profundos, e somos chamados a expressar nossa solidariedade de maneira concreta. Não se deve confundir Pátria com governantes: estes são representativos e transitórios; aquela permanece e é servida pelos Governos. Não é de hoje que a Igreja recomenda rezar pela Pátria, pelo povo e também pelos governantes. São Paulo já recomendava a Timóteo que se fizessem “súplicas, orações, intercessões e ação de graças por todas as pessoas, pelos reis e pelas autoridades em geral”, para que todos pudessem ter uma vida calma e tranquila (cf. 1Tm 2, 1-2). Em diversas outras passagens do Novo Testamento recomenda-se rezar

Oremos pelos que governam pelos governantes. E não era apenas pelos governantes bons e honestos; não devemos esquecer que, nos tempos apostólicos, já havia corrupção e imoralidade entre os governantes; e já havia governantes que perseguiam e martirizavam os cristãos. Pode parecer estranho que rezemos pelos governantes, mesmo suspeitando que alguns deles possam ser maus, desonestos e corruptos... Entretanto, não rezamos apenas pelos governantes bons, mas também, e mais ainda, por aqueles que não parecem bons, para que se convertam e se tornem bons. É necessário pedir que Deus mova as mentes e os corações dos governantes, para que governem com sabedoria, retidão e justiça e para que assegurem aos governados a dignidade, a liberdade, a justiça e a paz. Devemos rezar pelos governantes que atuam nos três poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário; e nas três esferas do Estado Brasileiro: Municípios, Estados e União. Nossa oração pelos legisladores é para que façam leis justas e sábias, mediante as quais o bem comum seja assegurado de maneira equitativa para todos os cidadãos; pelos governantes do Executivo, que executam as leis e administram o País, para que governem com prudência e honestidade; pelos governantes, que devem interpretar as leis e administrar a Justiça, para que sejam sábios e justos, tenham o reto discernimento e não se deixem corromper. É necessário rezar pelos bons governantes, para que perseverem no bem; e, mais ainda,

pelos maus governantes, para que se convertam e cumpram retamente seus deveres. Quando interrogado pelos fariseus sobre o tributo a César, Jesus respondeu: “devolvei a César o que é de César e, a Deus, o que é de Deus” (Mc 12,17). Essas palavras podem ter vários significados e são uma recomendação para que os deveres cívicos e de solidariedade social sejam cumpridos por todos, e não apenas quando gostamos dos governantes. Mas também significam que César não pode reclamar para si uma submissão que só a Deus é devida; “os Césares”, de fato, recebiam honras divinas e muitos cristãos foram martirizados porque se negavam a prestar culto divino ao imperador romano. Jesus ensina, sobretudo, que governados e governantes devem lembrar sempre que “soli Deo gloria” - somente a Deus são devidas adoração e glória. A Deus, juiz supremo, todos devem prestar contas. Desnecessário é dizer que os cidadãos também devem fazer a sua parte para o bem da Pátria; por eles também devemos rezar, para que sejam disponíveis e capazes de dar a sua contribuição para a edificação do bem comum; este não depende apenas dos governantes. O Papa Francisco recordou, na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, que “todos os cristãos, incluindo os Pastores, são chamados a preocupar-se com a construção de um mundo melhor” (nº 183). Não é possível ser um bom cristão e um mau cidadão, ao mesmo tempo. O bom cristão deve também ser um bom cidadão.

| Encontro com o Pastor | 3 Visita a Aparecida Hyanne Patrícia/A12

Na quarta-feira, 3, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, visitou o Santuário Nacional de Aparecida na companhia do Cardeal Kurt Koch, presidente Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, que no dia anterior esteve na capital paulista para eventos comemorativos pelos 50 anos da declaração conciliar Nostra Aetate e o avanço do ecumenismo e do diálogo católicojudaico (leia mais na página 23). Acompanhado pelo Arcebispo de São Paulo, pelo Cardeal Raymundo Damasceno Assis, arcebispo de Aparecida; e por Dom Francesco Biasin, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso, o Cardeal Kurt Koch presidiu missa na Capela dos Apóstolos, no Santuário. Essa foi a primeira vez que o Cardeal Kurt Koch esteve no Santuário Nacional de Aparecida, onde conheceu os principais locais de visitação e se impressionou com sua grandeza, movimento e organização. (Fonte: A12)

Missa com o Cardeal Arns O Cardeal Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito de São Paulo, estará presente na missa das 11h na Catedral da Sé, no domingo, 13, que será presidida pelo Cardeal Odilo Scherer, arcebispo metropolitano. Na segunda-feira, 14, Dom Paulo completa 94 anos de vida.

Tweets do Cardeal @DomOdiloScherer 7 - Is 2, 4-5 “Uma nação não se armará mais contra a outra, nem haverão de exercitar-se para a guerra. Vinde, caminhemos sob a luz do nosso Deus!” 7 – “Vós que sois o Imutável, Deus fiel, Senhor da História, nasce e morre a luz do dia, revelando a vossa glória”

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4 | Papa Francisco |

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L’Osservatore Romano

Vaticano se prepara para acolher refugiados Um dia após o apelo do Papa, o arcipreste da Basílica de São Pedro, Cardeal Angelo Comastri, anunciou segunda-feira, 7, que sua paróquia acolherá uma família de refugiados com cinco pessoas. O núcleo será alojado em um apartamento nas proximidades do Vaticano e terá assistência médica e sanitária gratuita, a mesma oferecida aos funcionários do Vaticano. “O esmoleiro pontifício, Dom Konrad Krajewski, entrará em contato com o Cardeal Francesco Montenegro, de Agrigento, na Sicília, e com

Deus pacifica e reconcilia caminhando com o povo Deus reconcilia e pacifica o seu povo caminhando com este, em meio a santos e pecadores. Essa foi a mensagem central da homilia do Papa Francisco, em missa celebrada na capela da Casa Santa Marta, na memória da Natividade de Nossa Senhora, na terça-feira, 8. Referindo-se à genealogia de Jesus no Evangelho de Mateus, Francisco explicou que o texto apresenta um elenco que significa o caminhar de Deus com seu povo. “É um elenco, mas é o caminho de Deus. O caminho de Deus entre os homens, bons e maus, porque neste elenco estão santos e criminosos pecadores. Há tanto pecado aqui, mas Deus não se assusta: caminha. Caminha com seu povo”. E neste caminho Deus faz crescer no seu povo a esperança no Messias.

Deus sonha coisas belas para o povo

A reforma foi elaborada com base nos seguintes critérios:

(Por Padre Michelino Roberto, com informações da Rádio Vaticano)

Comoção Em entrevista à TV local, o Cardeal disse que o apelo do Papa os emocionou e envolveu imediatamente. “Ele sofre intimamente ao ver essas pessoas desenraizadas de seus países, origens e afetos; sente necessidade de fazer alguma coisa e nós queremos responder. Francisco quis que duas

famílias fossem alojadas em apartamentos bem perto do Vaticano, como se estivessem sob a sua ‘paternidade’; que recebessem também assistência médica, para não ‘pesarem’ no Estado italiano. E esse também é um gesto belo e delicado da parte do Papa”. As duas paróquias vaticanas, São Pedro e Sant’Ana, assumirão a emergência. Já há ofertas de trabalho para as famílias. “O coração do povo é grande. Diante de dramas como este, a generosidade é infinita”, concluiu o Cardeal Comastri. (Por Fernando Geronazzo)

Mudanças nos processos de nulidade matrimonial Foram anunciadas na terça-feira, 8, as principais mudanças decididas pelo Papa Francisco em relação aos processos de nulidade matrimonial. O objetivo do Pontífice não é favorecer a nulidade dos Matrimônios, mas a rapidez dos processos, simplificando-os e a fim de que, por causa de atrasos no julgamento, o coração dos fiéis que aguardam o esclarecimento sobre seu estado “não seja longamente oprimido pelas trevas da dúvida”. As alterações constam nos dois documentos Mitis Iudex Dominus Iesus’ (Senhor Jesus, meigo juiz), para o Código de Direito Canônico, e Mitis et misericors Iesus (Jesus, meigo e misericordioso), para o Código dos Cânones das Igrejas Orientais apresentados na Sala de Imprensa da Sé.

Falando sobre o sonho de José narrado no Evangelho, Francisco ensinou que “o povo sonhava a libertação. O povo de Israel tinha este sonho porque recebeu a promessa de ser libertado, de ser pacificado e reconciliado. José sonha: o sonho de José é como a síntese do sonho de toda a história do caminho de Deus com o seu povo. Mas não só José tem sonhos. Deus sonha. O nosso Pai, Deus, tem sonhos e sonha coisas belas para o seu povo, para cada um de nós, porque é Pai e, sendo Pai, pensa e sonha o melhor para os seus filhos”. Deus é onipotente e grande, continuou Francisco, e nos ensina a fazer a grande obra da pacificação e da reconciliação em nosso próprio contexto, no caminho, sem perder a esperança e “com aquela capacidade de sonhar grandes sonhos”. “Hoje, na comemoração de uma etapa determinante da história da Salvação – o nascimento de Nossa Senhora – peçamos a graça da unidade, da reconciliação e da paz”. Mas sempre em caminho, em proximidade com os outros e também, com grandes sonhos, convidou o Papa.

a Cáritas de Lampedusa para identificar as famílias mais carentes dentre as que desembarcaram ultimamente. Elas serão acolhidas de braços abertos no Vaticano”.

1. Uma só sentença favorável para a nulidade executiva: não será mais necessária a decisão de dois tribu-

nais. Com a certeza moral do primeiro juiz, o Matrimônio será declarado nulo. 2. Juiz único sob a responsabilidade do Bispo: no exercício pastoral da própria “autoridade judicial”, o Bispo deverá assegurar que não haja atenuações ou abrandamentos. 3. O próprio Bispo será o juiz: para traduzir na prática o ensinamento do Concílio Vaticano II, de que o Bispo é o juiz em sua Igreja, auspicia-se que ele mesmo ofereça um sinal de conversão nas estruturas eclesiásticas e não delegue à Cúria a função judicial no campo matrimonial. Isso deve valer especialmente nos processos mais breves, em casos de nulidade mais evidentes. 4. Processos mais rápidos: nos casos em que a nulidade do Matrimônio for sustentada por argumentos particularmente evidentes. 5.O apelo à Sé Metropolitana: este ofício da província eclesiástica é um sinal distintivo da sinodalidade na Igreja.

6. A missão própria das conferências episcopais: considerando o afã apostólico de alcançar os fiéis dispersos, elas devem sentir o dever de compartilhar a “conversão” e respeitarem absolutamente o direito dos Bispos de organizar a autoridade judicial na própria Igreja particular. Outro ponto é a gratuidade dos processos, porque “a Igreja, mostrando-se mãe generosa, ligada estritamente à salvação das almas, manifeste o amor gratuito de Cristo, por quem fomos todos salvos”. 7. O apelo à Sé Apostólica: será mantido o apelo à Rota Romana, no respeito do antigo princípio jurídico de vínculo entre a Sé de Pedro e as Igrejas particulares. 8. Previsões para as Igrejas Orientais: considerando seu peculiar ordenamento eclesial e disciplinar, foram emanados separadamente as normas para a reforma dos processos matrimoniais no Código dos Cânones das Igrejas Orientais. (Por Fernando Geronazzo)


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| Fé e Vida | 5

Espiritualidade Fé e Cidadania Nossas famílias dizem não à ideologia de gênero A política é necessária Dom Carlos Lema Garcia

Vigário Episcopal para a Educação e a Universidade

H

á alguns dias, em votação na Câmara Municipal de São Paulo, os vereadores da Capital rejeitaram - com expressiva maioria de votos - a inclusão da ideologia de gênero no Plano Municipal de Educação. O texto aprovado ainda deverá passar pela sanção do Prefeito. Zelando pela sadia formação de seus filhos, milhares de famílias mobilizaram a opinião pública para defender o direito dos pais em definir uma educação de qualidade para seus filhos. O Papa Francisco, reiteradamente, tem alertado sobre esse assunto. Vejamos, por exemplo, o que dizia numa de suas audiências sobre o Matrimônio: “pergunto-me se a chamada teoria do gênero não é também expressão de uma frustração e resignação, que visa cancelar a diferença sexual porque já não sabe confrontar-se com ela. Sim, corremos o risco de dar um passo atrás. Com efeito, a remoção da diferença é o problema, não a solução” (audiência geral, 15/04/2015). Na sua recente encíclica Laudato sí’, o Papa também se refere ao assunto ao falar da diferença sexual no contexto da

Encerro enfatizando uma verdade há ecologia humana: “Aprender a aceitar o próprio corpo, a cuidar dele e a respeitar muito conhecida, mas que parece esqueos seus significados é essencial para uma cida: a família é a instituição educadora verdadeira ecologia humana. Também é por excelência. A escola exerce um papel necessário ter apreço pelo próprio corpo fundamental, sem dúvida, tanto do ponna sua feminilidade ou masculinidade, to de vista da formação integral quanto para se poder reconhecer a si mesmo da socialização. Mas é a família, no clima no encontro com o outro que é diferen- de amor e afeto, que transmite às criante. Assim, é possível aceitar com alegria ças os valores fundamentais e oferece as o dom específico do outro ou da outra, condições necessárias para o seu sadio obra de Deus criador, e enriquecer-se amadurecimento. Portanto, o maior inmutuamente. Portanto, não é salutar um vestimento na educação é o fortalecicomportamento que pretenda ‘cancelar mento das famílias e a ajuda aos pais, a diferença sexual, porque já não sabe confron- Zelando pela sadia formação tar-se com ela’”. de seus filhos, milhares de A ideologia de gênefamílias mobilizaram a ro traz também diversos inconvenientes para opinião pública para defender a educação nas nossas o direito dos pais em definir escolas: 1) a confusão uma educação de qualidade causada nas crianças no para seus filhos processo de formação de sua identidade, fazendo-as perder as para serem protagonistas na formação referências; 2) a sexualização precoce, de seus filhos. Dada a importância do assunto, o na medida em que a ideologia de gênero promove a diversidade de experiências Vicariato para a Educação e a Universisexuais para formação do próprio “gêne- dade promoverá um Seminário de Bioéro”; 3) a banalização da sexualidade hu- tica, em que três especialistas farão uma mana, dando ensejo ao aumento nos ín- análise crítica da Ideologia de Gênero, dices de violência sexual; 4) a usurpação em seus fundamentos antropológicos, da autoridade dos pais em matéria de biológicos e morais. O evento, dirigido educação de seus filhos, principalmen- a pais de família, professores e educadote em temas de moral e sexualidade, já res, será realizado no dia 26 de setembro, que todas as crianças seriam submetidas sábado, das 8h30 às 12h30, no auditório à influência da citada ideologia, muitas do Colégio Madre Cabrini (rua Madre vezes sem o conhecimento e o consenti- Cabrini, 36, na Vila Mariana, em São mento dos pais. Paulo).

Cônego Antonio Manzatto

A atual crise política que o País atravessa, ligada a uma crise econômica não sem importância, tem sido tratada pela imprensa e por vários setores da sociedade como uma questão de mão única, como se houvesse apenas uma saída: encontrar os culpados e destruí-los. Porque toda situação deve ter culpados, e eles são sempre os outros. Então, se escolhe o adversário, o culpabiliza e se faz campanha visando sua destruição, de preferência em execração pública. É a repetição da antiga figura do bode expiatório, o animal expulso da cidade carregando sobre si as maldades de seus habitantes. A cerimônia devia se repetir todos os anos, porque o bode morria lá fora, mas a maldade continuava cá dentro. Tem-se orquestrado uma verdadeira demonização da atividade política, apresentando-a como responsável pelos problemas enfrentados pela população. Assim, todas as decepções e dificuldades da vida de cada um e da sociedade toda são culpa dos políticos e suas mazelas. Chega-se mesmo a insinuar que o País viveria melhor sem política, sem os políticos e sem partidos, como se isso resolvesse todos os problemas do mundo. A solução seria, segundo esse raciocínio, o estabelecimento de uma ditadura que não se submetesse às discussões dos partidos políticos e, simplesmente, impusesse sua vontade sobre todos. E há quem apoie descaradamente essa proposta. Essa maneira de enxergar as coisas não é nova e costuma vir daqueles setores elitistas que se consideram melhores que os outros e, por isso mesmo, não precisam nem devem submeter-se a regras. Práticas do nazismo, do fascismo e de fundamentalismos atuais são exemplos claros. Muitos gritam contra a situação, mas esquecem de seus compromissos éticos: sonegam impostos, não respeitam leis de trânsito, furam filas, pulam catracas, não participam de discussões e se aproveitam das situações mais variadas para levar vantagem ou obter privilégios. Já lembrava o Papa Francisco que a crise que se vive hoje é antropológica, isto é, um problema de compreensão do ser humano e de seu lugar no mundo. Uma falsa compreensão do humano faz pessoas pensarem que o importante é aproveitar a vida de todas as maneiras, enquanto que o fundamental para o ser humano é viver bem, o que é muito diferente. A ação política permanece necessária para a solução das crises que atravessamos. Porque política se faz com diálogo e não com ofensas, com argumentos e não xingamentos, com debate e não imposição de pontos de vista. A ideia é encontrar os melhores argumentos para convencer o maior número de pessoas em vista da realização do bem-comum. Democracia não se faz sem debate, e seus princípios precisam ser afirmados e defendidos sob pena de se perder de vista o que significa civilização humana.


6 | Fé e Vida |

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Liturgia e Vida 24º DOMINGO DO TEMPO COMUM 13 DE SETEMBRO DE 2015

Quem é Jesus? ANA FLORA ANDERSON

Os textos litúrgicos deste domingo refletem sobre aspectos diferentes do ato de fé. É no Evangelho que encontramos a reflexão central. Jesus dirige-se à nossa fé: “Quem é que vocês dizem que eu sou?” Na primeira leitura (Isaías 50, 5-9), o profeta mostra que ter fé em Deus é um dom. Ele abre nossos olhos e nossos ouvidos, com sua graça não vamos para trás. No meio dos sofrimentos desta vida, Deus é nosso auxiliador e não permite que fiquemos desanimados. A Carta de São Tiago (2, 14-18) mostra que não é suficiente verbalizar a fé. Quem crê que Jesus é o Senhor preocupa-se com os famintos e

com os demais necessitados. O Evangelho de Marcos (8, 27-38) apresenta Jesus questionando os discípulos sobre o que pensa dele a multidão que o segue. O povo acredita até na volta de Elias ou de João Batista. Jesus, porém, insiste em saber o que os discípulos mais próximos pensam dele: “Vocês que me acompanham de perto o que pensam que eu sou?” Pedro, em nome de todos, responde que Jesus é o Messias, o Salvador esperado pelo povo judeu. Jesus, então, explica que Ele deve sofrer para salvar todos que Deus ama. Pedro reage, mas Jesus mostra que, por amor, Ele deve sofrer assumindo em si o sofrimento do mundo.

Você Pergunta Quero voltar à Igreja, mas tenho medo da reação de meus pais. O que faço? padre Cido Pereira osaopaulo@uol.com.br

O Pablo tem 8 anos, fez Catequese e primeira Eucaristia, Comunhão. Seus pais, há cinco anos, tornaram-se evangélicos e pediram-lhe que o acompanhassem. Como ele não se sentia à vontade na Igreja evangélica, após frequentá-la por seis meses, se afastou e quer voltar à Igreja Católica, após participar de encontros e momentos de adoração com a ex namorada. Ele tem o apoio dela e dos seus avós, mas tem medo da reação dos pais. Pablo, qual o problema de seus pais terem se tornado evangélicos? Você já é bastante adulto para dizer a eles que você respeita a decisão deles e quer que respeitem a sua decisão de

permanecer católico. Não tem nada de ficar preocupado com a pressão de seus pais. O seu coração é quem manda, meu irmão. Ficar afastado da Igreja, ficar como que pisando nos ovos para não ofender os pais, acaba sendo uma omissão muito triste de sua parte, meu irmão. Eu estou pensando cá comigo a sorte sua de ter uma ex-namorada católica e que deseja que você seja um fiel católico bem consciente. Você me pergunta como voltar. Eu respondo a você: voltando, retornando à comunidade católica, testemunhando sua fé, sua alegria. As cobranças de seus pais podem até acontecer. Essas cobranças, porém, serão a sua maior prova de fidelidade a Deus. E qual o problema de seus

pais reagirem com a sua volta à Igreja? Ou você tem medo de não ter argumentos para dizer a eles que os ama, que os respeita, mas que é feliz como católico e não vai mudar? O que você não pode fazer é uma guerra religiosa. Não entrar também nas provocações que lhe farão. Vai em frente. Distanciar-se não é uma boa solução, meu irmão. E por que não é? Porque você ficará como uma ovelhinha sem defesa cercada de lobos. Volte à Igreja, viva sua fé em comunidade, seja uma pessoa firme na fé, na oração, na participação da Eucaristia. E lembre-se que você até pode, com inteligência e com a força do Espírito Santo, trazer seus pais de volta à Igreja. Eu fico daqui torcendo por você. Um abraço.

Pastoral Catedral, o Revmo. Pe. Reni Nogueira dos Santos, pelo período de 3 (três) anos.

va Moreira, pelo período de 6 (seis) meses.

Atos da Cúria NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE PÁROCO Em 28 de agosto de 2015, foi nomeado e provisionado Pároco da Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus, da Região Episcopal Ipiranga, Setor Pastoral Imigrantes, o Revmo. Pe. Uilson dos Santos, pelo período de 6 (seis) anos, em decreto que entrou em vigor em 7 de setembro de 2015.

NOMEAÇÃO DE VIGÁRIO PAROQUIAL Em 20 de agosto de 2015, foi nomeado Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora Achiropita, da Região Episcopal Sé, Setor Pastoral Cerqueira César, o Revmo. Pe. Cristiano Aparecido dos Santos, PODP. Em 27 de agosto de 2015, foi nomeado Vigário Paroquial da Paróquia Santa Generosa, da Região Episcopal Sé, Setor

Pastoral Paraíso, o Revmo. Pe. Cássio Alberio Pereira de Carvalho, em nomeação que entrou em vigor em 1º de setembro de 2015. NOMEAÇÃO DE CAPELÃO COOPERADOR Em 27 de agosto de 2015, foi nomeado Capelão Cooperador da Igreja da Venerável Irmandade de Nossa Senhora dos Homens Pretos, da Região Episcopal Sé, Setor

NOMEAÇÃO DE ASSISTENTE ESPIRITUAL Em 27 de agosto de 2015, foi nomeado Assistente Espiritual “ad experimentum” da Capela do Hospital Sírio-Libanês, situada na Região Episcopal Sé, Setor Pastoral Santa Cecília, o Revmo. Pe. Fernando da Sil-

Em 31 de agosto de 2015, foi nomeado Assistente Espiritual “ad experimentum” da Capela da Benemérita Associação Portuguesa de Beneficência, situada na Região Episcopal Sé, Setor Pastoral Cerqueira César, o Revmo. Pe. Fábio Fernandes, pelo período de 6 (seis) meses, em nomeação que entrou em vigor em 8 de setembro.


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| Pastorais | 7

Vicariato para a Educação e a Universidade

Comissão de Liturgia

‘Educação e formação da pessoa humana’ é destaque em seminário internacional

O que cantar e o porquê cantar na liturgia?

Padre Antionio Francisco Ribeiro

Padre Antonio Ribeiro, Irmã Jacinta e Edilene Machado ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

O auditório da Diretoria Regional de Ensino Der Leste 1, da Secretaria Estadual de Educação, sediou na sexta-feira, 4, o seminário internacional “Educação e Formação da Pessoa Humana”, com a participação de 120 pessoas. A coordenação do Seminário foi do Professor Amarildo Luchetti, dirigente Regional de Ensino; da Professora Dra. Edileine Machado, com o apoio do Professor Alípio da Silva Leme Filho, diretor do Núcleo Pedagógico da DER-Leste 1. Foram palestrantes Dom Carlos Lema Garcia, bispo auxiliar da Arquidiocese e vigário episcopal do Vicariato para a Educação e a Universidade; a Professora Dra. Angela Ales Bello, da Pontifícia Universidade Lateranense de Roma; e a Professora Dra. Irmã Jacinta Turolo Garcia, apóstola do Sagrado Coração de Jesus, que apresentou alguns aspectos da vida e da proposta formadora da filósofa alemã Santa Edith Stein. Professora Angela falou sobre pensamento de Edith Stein sobre a formação da pessoa humana. Ela par-

Dom Carlos participa de seminário internacional com educadores em São Paulo, dia 4

tilhou com os educadores um projeto que consiste em repensar e aprofundar o fato educacional em seus aspectos intrapessoais e interpessoais, partindo da análise da noção de pessoa, considerada como sujeito, isto é, capaz de uma autorreflexão numa abordagem fenomenológica. A palestrante levou os participantes a adentrarem a própria interioridade, por meio das vivências que se articulam nas três dimensões do corpo, da psique e do espírito. Dom Carlos tratou sobre o tema “Ser professor nos dias de hoje”, diferenciando o profissional professor do vocacionado educador, indicando que o primeiro é responsável pela instrução eficiente do aluno, enquanto o outro, além de ser profissional, é vocacionado e tem como responsabilidade a formação integral do seu aprendiz. O educador é aquele capaz de cons-

truir, juntamente com seus alunos, um aprendizado voltado para seus interesses e realidades. Ele não despreza as falas dos educandos, tampouco faz uso do velho “magister dixit” (o mestre disse – expressão latina utilizada para se enfatizar algo inquestionável), vendo os erros de seus alunos não como obstáculos, mas como base para novos aprendizados e conquistas. Em agosto, Dom Carlos e os padres Vandro Pisaneschi e Antonio Ribeiro, respectivamente coordenador e colaborador do Vicariato, visitaram a Diretoria de Ensino Região Centro Oeste com objetivo de formar uma parceria de trabalho na Educação na rede pública de São Paulo. Algumas atividades já estão programadas e, segundo Dom Carlos, será uma grande oportunidade de inserção e participação da Igreja no sistema escolar de ensino estadual.

Apostolado da Oração e MEJ Em encontro, associados reafirmam compromissos com a Igreja Com a participação de 200 pessoas, aconteceu na quinta-feira, 3, no Centro Pastoral São José do Belém, o encontro arquidiocesano dos associados do Apostolado da Oração e do Movimento Eucarístico Jovem (MEJ). Padre Eliomar Ribeiro, diretor nacional do Apostolado e do MEJ, recordou o encontro de mejistas com o Papa, por ocasião do centenário do

Movimento, realizado em 7 de agosto, com a participação de 40 brasileiros, entre os quais três jovens do MEJ da Arquidiocese de São Paulo. O Apostolado tem aproximadamente 6 milhões de associados no Brasil, que vivenciam a fé a partir de três atitudes: Oferecimento diário (de alegrias e tristezas); intenções mensais do Papa (neste mês, para que abun-

Luciney Martins/O SÃO PAULO

“Que modelo de Pastoral e Assistência Espiritual Necessita o Mundo Moderno?”. Este foi o tema central do XXXIV Congresso Brasileiro de Humanização e Pastoral da Saúde, que lotou o auditório do Centro Universitário São Camilo, na Região Ipiranga, nos dias 5 e 6. Durante o evento também foi realizada a Assembleia Ordinária da Coordenação Nacional da Pastoral da Saúde.

dem as oportunidades de formação e de trabalho aos jovens; e para que a vida dos catequistas seja um testemunho coerente da fé que anunciam); e exame de consciência antes de dormir, com a recorrente pergunta: “vivi o meu dia de hoje como Deus queria?”. Para informações: apostoladoarquidiocesesaopaulo@gmail.com. (Com informações de Ana Contarelli)

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Na segunda-feira, 7, na Catedral da Sé, Dom Carlos Lema Garcia, bispo auxiliar da Arquidiocese, presidiu missa em ação de graças pelos 94 anos da Legião de Maria, movimento formado por pessoas devotas a Nossa Senhora, que trabalham nas diversas pastorais com uma espiritualidade própria. As atividades características dos legionários são a visita aos idosos, doentes e famílias.

A Comissão Arquidiocesana de Liturgia convida os responsáveis pela animação do canto litúrgico das comunidades paroquiais para o 2º Encontro Arquidiocesano de Formação Litúrgica de 2015. O objetivo da atividade é de ajudar os responsáveis diretos pelas celebrações litúrgicas a formarem critérios sobre o que cantar e o porquê cantar na liturgia.

O encontro será no dia 12, das 08h30 às 16h30, no Centro Pastoral São José do Belém (avenida Álvaro Ramos, 366, próximo ao metrô Belém), com assessoria de Márcio de Almeida, doutor em Música. As inscrições devem ser feitas pelo e-mail regiaobelem@uol.com.br ou pelo telefone (11) 26930287, com Iracema. (Com informações da Comissão Arquidiocesana de Liturgia)

Erramos Na edição 3067, página 19, o bairro correto do Centro de Educação Infantil Dom Luciano Men-

des de Almeida é Parque Bancário (Jardim Sinhá) e não bairro Lajeado, como noticiado.

CONGREGAÇÃO MISSIONÁRIA DA IMACULADA CNPJ: 44.373.520/0001-15 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ENCERRADO EM DEZEMBRO/14 Renda Operacional Bruta Receitas com Donativos Receitas com Locações Receitas Financeiras Res.Oper.Bruto Despesas Operacionais Desp.Recursos Humanos Desp.Financeiras Desp.Manutenção Result. Operacional Líquido Result.do Exercício anterior

R$ 311.552,50 R$ 164.213,94 R$ 24.948,44 R$ 500.714,88 R$ (10.968,99) R$ (3.792,15) R$ (548.809,48) R$ (563.570,62) R$ (62.855,74) R$ 3.290.642,09 R$ 3.227.786,35

BALANÇO PATRIMONIAL DE 01/01/2014 À 31/12/2014 ATIVO ATIVO CIRCULANTE DISPONIBILIDADES Bancos Conta Movimentos R$ 11,00 VALORES À RECEBER Aplicações à Curto Prazo R$ 478.699,64 Total do Ativo Circulante R$ 478.710,64 ATIVO PERMANENTE IMOBILIZADO Imóveis Móveis e Utensílios Máquinas e Equipamentos Veículos Depreciação Acumulada Total do Ativo Permanente

R$ 2.865.467,75 R$ 33.057,26 R$ 6.510,00 R$ 117.500,03 R$ ( 272.620,88) R$ 2.749.914,16

R$ 3.228.624,80

TOTAL DO ATIVO

PASSIVO PASSIVO CIRCULANTE VALORES À PAGAR A CURTO PRAZO Obrigações Trabalhistas Encargos Sociais Total do Passivo Circulante

R$ 572,24 R$ 266,21 R$ 838,45

PATRIMÔNIO LÍQUIDO RESULTADO ACUMULADO Superávits Acumulados Déficit do Exercício Total Superávits

R$ 3.290.642,09 R$ (62.855,74) R$ 3.227.786,35

TOTAL DO PASSIVO R$ 3.228.624,80 Reconhecemos a exatidão do presente BALANÇO PATRIMONIAL, levantado em 31/12/14, que soma a importância de R$ 3.228.624,80 (Três Milhões Duzentos e Vinte e Oito Mil Seiscentos e Vinte e Quatro Reais e Oitenta Centavos). Bragança Paulista, 31 de Dezembro de 2014. Ir.MARIA AUXILIADORA QUEIROZ MOTTA Presidente LUIZ MARQUES SPERANDIO Contador - CRC 1SP119134/O-5


8 | Pelo Brasil |

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Filipe David

Destaques das Agências Nacionais

osaopaulo@uol.com.br

Homem dá a vida para salvar uma mulher em frente à Catedral da Sé Luciney Martins/O SÃO PAULO

Buraco de bala periciado acima da cruz no portão da Catedral

Para salvar uma mulher ameaçada de morte em frente à Catedral da Sé, Francisco Erasmo Rodrigues de Lima, 61, arriscou a própria vida e foi assassinado. O fato ocorreu na tarde da sextafeira, 4. Luiz Antonio da Silva e Elenilza Mariana de Oliveira Martins teriam entrado juntos na Catedral para rezar, mas, logo em seguida, saíram e começaram uma discussão do lado de fora. O homem a agrediu e dois policiais que faziam ronda no local deram-lhe voz de prisão. Foi, então, que ele rendeu a mulher e atirou em direção aos policiais. Um segurança da Catedral fechou as portas da igreja, onde ha-

via 80 crianças fazendo uma visita. Armado e cada vez mais irritado, Luiz Antonio ameaçava matar a mulher. A Polícia ainda estava se posicionando no local enquanto os dois lutavam pela arma. Foi, então, que Francisco furou o bloqueio policial e interveio. Ele empurrou o homem, permitindo que a mulher fugisse, mas acabou baleado duas vezes por Luiz antonio que, em seguida, foi baleado pela Polícia. Luiz Antonio tinha várias passagens pela Polícia por roubo, furto, dano, lesão corporal, tráfico e fuga da cadeia, e já havia cumprido 22 anos de prisão. Francisco Erasmo era morador de rua, costumava pedir dinheiro nas proxi-

midades da Catedral e dormia em um abrigo. A Polícia afirmou que a hipótese de Francisco também ter sido atingido por algum disparo dos policiais no momento em que balearam o bandido é remota, mas será apurada pela perícia. Em nota, o cura da Catedral, Padre Luiz Eduardo Baronto, manifestou seu pesar pelo ocorrido: “rezamos em sufrágio dos que perdem a vida nas tragédias e violências de todos os dias e convidamos todos a suplicar a Deus para que a paz se restabeleça em nossa cidade e cenas como essa não venham a se repetir”. Fontes: G1/ TV Bandeirantes/ portal da Arquidiocese de São Paulo

Prorrogado período de inscrições ao Conselho Participativo Municipal A Prefeitura de São Paulo prorrogou o prazo para inscrições de candidatos ao Conselho Participativo Municipal, que agora podem ser efetuadas até 25 de setembro. Instituído em 2013, o Conselho Participativo Municipal é um organismo autônomo da sociedade civil, reconhecido pelo Poder Público Municipal como instância de representação da população. A atuação

de cada conselheiro eleito abrange o território da subprefeitura onde reside, auxiliando no processo de planejamento, fiscalizando a utilização dos recursos públicos e sugerindo políticas públicas. O interessado em concorrer a uma das vagas deve registrar a candidatura na sede da subprefeitura onde reside. Para ser elegível, é necessário ter 18 anos ou mais, residir na área da subprefeitura para a qual

está se candidatando, não ocupar cargo em comissão no Poder Público Federal, Estadual ou Municipal ou deter mandato eletivo no Poder Executivo ou Legislativo. Também é vedada a participação de membros da Comissão Eleitoral Central ou Local e de pessoas que já estejam concorrendo a uma vaga em outro Conselho Participativo Municipal. A eleição dos 1.162 novos conselhei-

A chave para a paz é a justiça “Não pode existir justiça entre os homens se não há justiça para com Deus”, afirmou o Cardeal Peter Kodwo Appiah Turkson, presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz, no simpósio internacional “Promoção da cultura da paz num mundo em conflito”, promovido pela PUC-RJ. Segundo o Cardeal, a paz é irmã da justiça e ambas exigem a conversão do coração. Dom Peter Turkson apontou alguns elementos para se promover uma sociedade mais justa e pacífica, entre eles, o discernimento, a visão do

todo, a confiança, a paciência e o diálogo. Para o Cardeal, uma das razões da violência é o egoísmo, que nos impede de ver no outro um semelhante; “uma cultura da paz é desenvolvida por aqueles que praticam a paz em sua vida diária”, concluiu. O evento ocorreu entre terça-feira, dia 1°, e quinta-feira, 3, e além da presença do Cardeal Turkson, que fez as duas primeiras conferências, teve a participação de professores e discussões em mesas interdisciplinares. Fontes: ACI/ PUC-RJ

ros será realizada em 6 de dezembro, por meio de voto facultativo, direto e secreto, em locais que ainda serão anunciados. Por conta do Decreto nº 56.021, de março deste ano, ao menos 50% dos conselheiros deverão ser mulheres. Os eleitos cumprirão mandato de dois anos, com início em janeiro de 2016. Fonte: Portal da Prefeitura de São Paulo (Redação: Daniel Gomes)

Solidariedade à população gaúcha atingida por emergências Por conta dos danos causados pelas chuvas à população do Rio Grande do Sul em agosto, o núcleo da Cáritas naquele estado lançou uma campanha para arrecadar fundo para ações emergenciais de solidariedade. Os recursos arrecadados até o final de setembro serão destinados a ações de apoio às familias

e comunidades afetadas, além da compra de itens como colchões e materiais de limpeza e de construção. As doações em nome da Rede Permanente de Solidariedade podem ser feitas em: Banco do Brasil, Ag. 1248-3, CC: 55450-2. Fonte: Cáritas Brasileira – Regional Rio Grande do Sul (Redação: Daniel Gomes)


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Análise

| Pelo Mundo | 9 Filipe domingues

Especial para O SÃO PAULO, em Roma

Visita do Papa a Cuba e Estados Unidos é uma das mais difíceis do pontificado Após mediar um histórico acordo diplomático entre Cuba e Estados Unidos, o Papa Francisco fará sua primeira viagem aos dois países, entre os dias 19 e 28. A viagem é considerada uma das mais difíceis do pontificado, pois deve tocar em temas delicados e enfrentar severos críticos na política e na economia. Veja a seguir cinco motivos pelos quais a viagem deve chamar a atenção de todo o mundo. Primeiro - Jorge Mario Bergoglio nunca pisou nos Estados Unidos. Alguns norte-americanos com sentimento de patriotismo mais acentuado não conseguem entender como isso é possível. A agência Associated Press, por exemplo, diz que o fato é “uma lacuna em seu currículo”. Alguns observadores questionam o quanto ele realmente conhece a cultura e a Igreja norte-americanas. Para eles, um papa argentino que mal fala o inglês deve ser recebido com um “pé atrás” – embora ele já tenha discursado na língua quando foi à Coreia do Sul e ao Sri Lanka. Por outro lado, o editor da revista jesuíta America, de Nova York, Padre Matt Malone, disse à Associated Press que não está surpreso. “Ele dedicou toda a sua vida ao povo da Argentina e da América do Sul”, afirmou. O jornal The New York Times explicou assim o fato de que Bergoglio nunca esteve no País: “Ele é um crítico latino-americano da hegemonia econômica e política dos Estados Unidos, um jesuíta com ancestrais italianos, que olha mais para a Europa do que para a América do Norte, alguém que fala espanhol e que não se sente

World Meeting of Families

Famílias da Filadélfia, já em preparação para encontro mundial, posam para foto com tótem do Papa Francisco

confortável falando inglês, e um pastor que despreza ‘bispos de aeroporto’ – sua própria expressão para prelados que passam mais tempo viajando do que servindo em suas dioceses.” Segundo – Será a primeira vez na história que um Papa fará um discurso no Congresso dos Estados Unidos. Quando confirmou a notícia de que o Pontífice falaria às duas Casas, o porta-voz da Câmara, John Boehner, disse que “em um momento de turbulência, a mensagem de compaixão e dignidade humana do Santo Padre moveu pessoas de todas as fés e contextos”. Embora, de modo geral, a recepção seja bastante positiva, espera-se que o Papa traga mensagens duras aos políticos dos Estados Unidos, como fez no Parlamento Europeu e como tem feito em seu magistério, em geral. É de se esperar, portanto, que ele repita sua crítica ao modo como hoje se desenvolve o sistema econômico global, liderado pelos Estados Unidos. A vaticanista Cindy Wooden, da agência Catholic News Service, escreveu que os discursos do Papa no Con-

gresso e nas Nações Unidas serão mais políticos e menos pastorais. “Como seus predecessores, o Papa Francisco deve elogiar os ideais fundadores dos Estados Unidos e das Nações Unidas; os desafios estão no alerta aos seus líderes para que vivam aqueles ideais e o façam de forma consistente”, explicou, em artigo. “Ao centro de ambos os discursos estão um chamado para o bem comum, não só o interesse dos apoiadores de suas campanhas ou mesmo de seus eleitores.” Terceiro – Além do discurso ao Congresso, o Papa também falará nas Nações Unidas. Em conferência organizada na Filadélfia, pela Pontifícia Universidade da Santa Cruz, de Roma, a professora de Relações Internacionais da Catholic University of America, Maryann Cusimano, apostou que serão quatro os tópicos abordados pelo Papa nas Nações Unidas: a pobreza, o planeta (e a ecologia), as pessoas (e o impacto da economia sobre elas), e a paz. “Não são problemas separados, mas sintomas de um mundo que perdeu sua identidade”, disse,

insistindo que “o Papa não é ideológico” e, portanto, não pode ser categorizado com os rótulos tradicionais de “direita” e “esquerda”. Quarto – O Encontro Mundial das Famílias, a ser realizado na Filadélfia com a presença do Papa Francisco, ganha ainda mais importância no contexto do Sínodo dos Bispos, que deve se reunir novamente em outubro. Espera-se que o Papa analise novamente as problemáticas da família e sinalize o que espera do Sínodo. Na mesma conferência na Filadélfia, o secretário do Pontifício Conselho para a Família, Dom Jean Laffitte, declarou que o Papa Francisco “quer conscientizar a todos de que não podemos resumir nosso serviço à mera afirmação de verdades doutrinais e preceitos éticos, mas temos que estar preocupados com a forma como as pessoas podem receber a Boa Notícia do Evangelho em sua situação atual”. Quinto – O acordo que levou à retomada das relações diplomáticas entre Estados Unidos e Cuba, mediado por Francisco, sua encíclica Laudato si’, sobre o meio

ambiente, e a crítica ao sistema econômico que ele faz, destacando o combate à pobreza, desagrada a ala política mais conservadora. Porém, a passagem do Papa por Cuba antes de chegar aos Estados Unidos tem um tom conciliador. O Bispo de Roma deve encontrar as autoridades locais e celebrar uma missa campal na praça de Havana, exigindo uma retomada dos direitos individuais, como também o fizeram Bento XVI e João Paulo II. Em carta à Cumbre de las Américas, o Papa mandou um recado para ambos. “Estou convencido de que a desigualdade, a distribuição desigual de riqueza e recursos, é uma fonte de conflito e violência entre os povos porque considera que o progresso só é construído sobre o sacrifício necessário de outros e que, para viver com dignidade, precisamos lutar contra os outros.” Por frases como essa, alguns grupos que criticam o Papa costumam chamá-lo de “comunista”. Outros, como o candidato à presidência dos Estados Unidos, Jeb Bush, do Partido Republicano, creem que o Pontífice não tenha conhecimento para falar de economia e política. Nesse contexto, o arcebispo de Nova York, Cardeal Timothy Dolan, assumiu que o Papa está um pouco ansioso com a viagem. No entanto, Francisco já mostrou que está aberto a ouvir. No voo de retorno a Roma após a viagem à América latina, ele reconheceu que precisava examinar melhor seus críticos. “Ouvi dizer que existem alguns críticos nos Estados Unidos. Tenho que começar a estudar essas críticas, não?”, confessou. “Então, nós dialogaremos sobre elas”.


10 | Viver Bem |

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Comportamento

Obesidade infantil: causa ou consequência? Valdir Reginato que não se faz? Talvez, porque seja mais fácil aos pais ficar “culpando” Todos nós já ouvimos falar al- os filhos pelo que estão fazendo de guma coisa sobre este importan- errado, do que apontar o dedo para tíssimo assunto: obesidade infan- a omissão em promover uma edutil. Ele se apresenta como uma das cação mais saudável. maiores preocupações, no campo “Pare de comer tanto doce! da saúde, para o século XXI. A Eu não compro mais chocolate constatação do crescimento per- nesta casa! Saia desta televisão e centual de crianças acima do peso vá fazer alguma coisa! Vou tirar desejado, principalmente nos pa- o seu celular, enquanto não emaíses desenvolvidos, atualmente grecer! Desligue este computador preocupa empresas seguradoras e vá andar!! Você está ficando que cuidam da saúde da popu- horrível! Deste jeito como espera lação, assim como as políticas arrumar namorado! Não comegovernamentais. Cálculos e esta- ce a se comparar com seu pai, é tísticas, cada dia mais pessimis- diferente!...” Essas e outras frases, tas, alertam quanto à epidemia com uma agressividade de cenmetabólica que se instala e suas sura e acusação que arrasam a prováveis repercussões na vida autoestima, ou que cortam qualsocial, inclusive com impactos quer ânimo pela recuperação, econômicos significativos no or- são comuns de serem ouvidas no çamento na área da saúde. Se os cotidiano dos lares. O julgamento idosos, um grupo bem conhecido do “crime” constatado implica na pelas necessidades de assistência aplicação imediata da pena. Mas, médica ao crescente número de o mesmo empenho não é aplicapacientes crônicos, já era uma do às medidas de prevenção. Seria uma ousadia no breve preocupação, agora, as previsões estimadas pelo comportamento espaço deste artigo uma análise da obesidade infantil colocam as aprofundada sobre a complexidade desse comportamento infantil autoridades em alerta vermelho. Como todo serviço médico que vem assustando pais, médimoderno, os programas devem cos e programas de saúde pública. voltar-se não somente para agir Os fatores são diversos em connas consequências. Isto pode ser textos de adversidades distintas, como “enxugar gelo”. A prevenção que englobam desde aspectos de na busca efetiva das causas deve vícios alimentares familiares até ser a prioridade, ainda que possa doenças de origem emocional, exigir um trabalho mais demora- incluindo o “sedentarismo tecnodo e custoso. A obesidade infantil lógico”, para o qual a orientação é apresenta-se como exemplo típico a mesma: cada caso merece sua dessa situação. Correr atrás do pre- atenção individualizada. Contujuízo, depois que a criança já ad- do, o que se constata, na maioria quiriu certos hábitos, sempre será das vezes, é a aplicação do camimuito mais difícil do que se ocupar nho mais fácil, que não resulta no em intervir preventivamente. E por melhor. Como em tantas outras

situações, o remendo não torna a roupa mais nova! É preciso aplicar-se num processo de renovação, no qual a conscientização de que a ação educadora dos pais será sempre mais importante do que as penalidades sofridas pelas crianças. A ausência dos pais, os conflitos conjugais, a falta de alternativas sobre o que fazer em troca da TV ou do computador, o ceder às solicitações das guloseimas para evitar mais brigas diante do cansaço do dia, negar-se a programação do passeio da caminhada e brincadeiras, vencidas pelo sono prolongado na tarde de sábado e manhãs de domingo, são algumas circunstâncias que revelam a exigência de uma maior participação na vida dos filhos. Nada fácil?! Com certeza. Mas é o necessário. Não podemos ser nutricionistas ou o personal trainer para os nossos filhos. Somos pais que, conscientemente, se esforçam em conviver com hábitos saudáveis que possam cativar os filhos. E isso se processa, principalmente, pelo exemplo e não por “orientações teóricas”. A expectativa de uma medicação que diminua a obesidade infantil, ou de uma “vacina” que possa bloquear uma possível participação genética na obesidade, fica na esperança para muitos pais. Contudo, nada substituirá as mudanças de hábitos comportamentais, que implicam na participação atenta e carinhosa no projeto de incentivo para uma educação saudável de seus filhos. Dr. Valdir Reginato é médico de família, professor da Escola Paulista de Medicina e terapeuta familiar

Cuidar da Saúde

Estou com diarreia, e agora? Cássia Regina

Qual é a primeira reação de uma pessoa quando está com diarreia? Parar de comer ou tomar somente líquidos. Está errado. Você deve comer, sim! Existem “cílios” dentro do intestino que auxiliam na formação das fezes. Esses se perdem durante a diarreia e só voltam a nascer quando passa alimento sólido pelo intestino. É normal evacuar logo após as primeiras refeições. Porém, aos poucos, o trânsito in-

testinal volta ao normal. Não se deve tomar nada para “prender”, pois em alguns casos a diarreia é uma reação do corpo para expulsar toxinas. Se interromper, pode causar infecção intestinal, causando febre e importante dor abdominal. Nesse caso, terá que ter intervenção médica com antibiótico. Casos graves de diarreia requerem hidratação com soro na veia, mas a maioria se resolve com hidratação oral e boa alimentação com purê de batata, arroz, frango grelhado,

pão, bolacha, gelatina, banana, maçã e goiaba. Não se deve ingerir leite, iogurtes, queijo, frituras, embutidos, bebidas alcoólicas nem refrigerantes. Crianças menores de 2 anos e idosos desidratam-se com muita facilidade. Ao perceber que as frequências e sintomas pioram a cada dia, em vez de diminuir a ingestão de alimentos, procure um serviço de urgência. Dra. Cássia Regina é médica atuante na Estratégia de Saúde da Família (PSF) E-mail: dracassiaregina@gmail.com


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Luciney Martins/O SÃO PAULO

| Reportagem | 11

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Arquivo Metropolitano

Cardeal Scherer preside missa em ação de graças pela dedicação da Catedral da Sé; Cardeal Legado Dom Adeodato Giovanni Piazza realiza sagração da igreja mãe da Arquidiocese, em 1954

Na Catedral da Sé, ‘as portas não se fecham para ninguém’ Igor de Andrade

Especial para O SÃO PAULO

No sábado, 5, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, presidiu missa na Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Assunção e São Paulo (Catedral da Sé) em ação de graças pelo aniversário da dedicação do templo. O altar-mor, feito de pedras verdes e amarelas (que, como vários detalhes da igreja mãe da Arquidiocese, lembra o Brasil), foi decorado com parte da sua ornamentação original, de 1954,

data da dedicação a Deus em honra da assunção da Virgem Maria. Dom Odilo, na homilia, saudou os integrantes dos Arautos do Evangelho, que participam da celebração na Catedral todo primeiro sábado do mês, em desagravo aos pecados cometidos contra o Sagrado Coração de Jesus e o Imaculado Coração de Maria. Também fez menção aos fiéis que lotaram a missa e aos concelebrantes - Dom Jose Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese, os padres dos Arautos do Evangelho, que tam-

bém foram responsáveis pelo coral, além do Padre Luiz Eduardo Baronto, cura da Catedral, e outros sacerdotes da Arquidiocese que estão à frente da coordenação de pastorais. O Cardeal lembrou, também, que a Igreja se prepara para a comemoração do centenário das aparições de Nossa Senhora em Fátima, em Portugal; e recordou que em 2015 comemoram-se os 270 anos da criação da Diocese de São Paulo, fato que, segundo ele, “nos deve ajudar a agradecer a Deus e a tomar consciência da nossa vida como Igreja em São Paulo”.

‘O templo de pedra é imagem do verdadeiro Templo: Jesus Cristo’

Fazendo menção à segunda leitura, Dom Odilo disse que “a Igreja é a casa de Deus; a Escritura afirma que Deus não precisaria de casa, porque nós somos a casa de Deus”. “[A Igreja] é o lugar de louvar a Deus e de lhe agradecer, e também de lhe pedir perdão, misericórdia”, prosseguiu. “Aqui todos podem entrar, também os pecadores. As portas não se fecham para ninguém. Por isso, temos aqui o sacramento da Re-

conciliação”, disse, fazendo menção ao sacramento da Confissão, ministrado de segunda-feira a sexta-feira das 9h às 11h e das 14h às 16h, na Catedral. Ao final da missa, o Cardeal pronunciou-se a respeito das mortes ocorridas no dia anterior nas escadarias da Catedral (leia mais na página 8). Ele acalmou os fiéis lembrando que o acontecido foi um incidente isolado e que o ambiente da Catedral possui segurança, por isso, não é preciso ter medo e nem parar de frequentar tanto o templo quanto a Praça da Sé.

Não se pode pretender ser um bom cristão sendo um mau cidadão Luciney Martins/O SÃO PAULO

Fernando Geronazzo

Especial para O SÃO PAULO

O feriado da Independência do Brasil, no dia 7, foi celebrado na Catedral da Sé com a Missa pela Pátria e pelo Povo Brasileiro, presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo. A celebração contou com representações de autoridades civis e militares, e inúmeros fiéis, que participaram das manifestações pelo Dia da Pátria na cidade (leia mais na página 14). “Nossa pátria, de alguma forma, é a extensão também da nossa comunidade, da nossa família. Somos parte disso, somos parte de um povo, de um país dentro do qual vivemos e com o qual somos chamados a contribuir e colaborar para que se possam exercer as funções públicas necessárias para que todos tenham paz e tranquilidade e as necessidades básicas de todos possam ser asseguradas, sobretudo, o respeito, a dignidade e a liberdade de todas as pessoas”, afirmou Dom Odilo, na homilia. O Cardeal também desejou que nas manifestações realizadas

Cardeal Scherer ladeado por Padre Helmo e Padre Baronto durante Missa pelo Dia da Pátria, na segunda-feira, 7

ao longo do dia, todos tivessem “a liberdade de expressar, pois, com certeza, quem o faz quer também contribuir, da sua maneira, para o bem do Brasil”.

Cristianismo e cidadania

Ao meditar sobre o Evangelho proclamado na celebração, que narra o diálogo no qual Jesus é questionado se é lícito pagar impostos a César, Dom Odilo recordou que o Papa Francisco, na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, alertou que não se pode pretender ser um bom

cristão sendo um mau cidadão. “Ser bom cidadão e ser bom cristão não estão em oposição, pelo contrário”, disse o Arcebispo. “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Esta frase, conhecida dos evangelhos, é, muitas vezes, de acordo com o Arcebispo, aplicada de maneira equivocada. “César representa a autoridade que governa. Jesus recomenda que os cidadãos obedeçam às autoridades naquilo que é justo, na contribuição para que se possa realizar o que é necessário para o bem comum”,

explicou, salientando que essa colaboração também requer que os cidadãos acompanhem os governantes de maneira que “aquilo que compete a César seja bem cumprido”.

Participação

Dom Odilo acrescentou que a narrativa bíblica também indica que os cidadãos não são “meros expectadores passivos daquilo que as autoridades fazem. Mas que com a participação, a vigilância e a crítica, se for preciso, dos cidadãos, os governantes

possam governar com justiça”. Jesus distingue, assim, a autoridade divina com a autoridade do mundo. “O governo deste mundo é necessário, mas nunca pode ser divinizado ou absolutizado. Governados e governantes devem lembrar sempre que, em última análise, todos devemos dar glórias e contas a Deus daquilo que fazemos”, acrescentou. Dom Odilo ressaltou, ainda, que a oração pelo povo e pelos governantes faz parte da vida da Igreja e que é preciso rezar por todos, indistintamente, para que governem com justiça e honestidade em todas as instâncias. “A Igreja, na sua oração, pede especialmente pelos que governam com justiça, sabedoria, honestidade, para que estejam atentos àquilo que são as prioridades e necessidades primeiras a que devem estar atentos”. “Que ninguém perca o interesse pelo bem comum. O País somos nós, o povo brasileiro”, concluiu o Cardeal, invocando a intercessão de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, para que o País encontre alegria, a paz e a fraternidade.


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Arte: Sergio Ricciuto Conte

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Nayá Fernandes

nayafernandes@gmail.com

O dia 7 de setembro passou e nas escolas as crianças provavelmente aprenderam o significado da data e quem sabe, da Bandeira ou do Hino Nacional. Enquanto isso, as notícias falam de crise, de um “Brasil em risco” e em processo de decadência. Com uma história em construção, a “Terra de Santa Cruz” foi, desde a chegada dos portugueses, um lugar de encontro de culturas e costumes. Portugueses, espanhóis, holandeses, africanos e depois italianos, japoneses, bolivianos e recentemente, haitianos, sírios. Esses povos transformaram e ainda continuam a mudar o rosto do Brasil, e as inúmeras etnias indígenas que aqui viviam talvez foram as que mais viram acontecer essa transformação – não sem conflitos – muitos passando da existência à extinção. Mas, e hoje, o que significa “ser brasileiro”? Quem é o jovem que nasce no centro da metrópole paulista ou no interior do Amapá? Há características comuns que identificam o ser brasileiro? Não são perguntas fáceis de responder porque no Brasil cabem muitos “brasis” e, de norte a sul, mudam não somente os sotaques, mas o jeito de cozinhar, de brincar, de pensar e, também, de reconhecer-se pertencente a este país de 204.450.649 pessoas, segundo dados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O carioca acostumado a comer feijoada no sábado, enquanto escuta samba, ou o paulista que vai todas as semanas na feira comer pastel com caldo de cana, talvez nem saiba que os gaúchos preferem chimarrão ao café pela manhã e que, embora um dos peixes mais famosos do Norte seja o Pirarucu, o manauara não dispensa um bom Jaraqui frito. Peculiaridades à parte, o “ser brasileiro com muito orgulho e com muito amor” vai muito além, e dessa opinião, muitos compartilham, com certeza. Para o sociólogo e membro da coordenação nacional do Serviço Pastoral dos Migrantes, José Carlos Pereira, o modo de ser de um povo, de uma nação, de uma cultura, é sempre alterado por influências recebidas de outros povos, de outras culturas. “Quero dizer que não existe um modo de ser cristalizado, imutável. Qualquer cultura vive sempre em transformação,

mesmo aquelas mais fechadas ou situadas em lugares remotos. A sua própria dinâmica interna, suas organizações e instituições sociais, as gerações vão cuidando de transformá-la, ainda que lentamente, ao longo do tempo. Quando essa cultura, esse modo de ser estabelece contatos mais regulares ou intensos com outras culturas, aí as mudanças tendem a ser mais recorrentes e intensas.”

‘Vou cantar-te nos meus versos’

Há, porém, algumas características que o brasileiro aprendeu a ver como suas e até a cultivá-las no dia a dia. A hospitalidade e a alegria, por exemplo, são duas delas. Mas até que ponto são verdadeiramente impregnadas no modo de ser brasileiro? Para Rita Silva, 30, que nasceu em Ibirapitanga (BA), mas mora em São Paulo há mais de dez anos, “alegria de viver e a cordialidade em receber as pessoas” são sim as características que mais identificam os brasileiros. E essa ideia é compartilhada por Levi José Diniz, professor em Curitiba (PR), pela Rosiana dos Santos Gois, de Fortaleza (CE), que trabalha na gestão de Recursos Humanos; e pela Jordana Rodrigues, que nasceu e mora em Manaus (AM). Para o Eduardo Luis Cormanich, 30, que mora em Belo Horizonte (MG) e é psicólogo e bombeiro militar, muito se fala de uma ‘brasilidade’ que pudesse ser entendida como uma alegria, hospitalidade ou uma manei-

ra apaixonada de lidar com os acontecimentos. “Mas eu me permito dizer que o que define bem o brasileiro é um modo de ser um pouco passivo. Somos passivos, por exemplo, quando

br

acabamos aceitando os movimentos que nos são oferecidos e aceitamos que estamos ‘ou de um lado, ou de outro’, como se não houvesse uma terceira opção.”

‘É hora de rein Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com

De acordo com o dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, a palavra crise possui mais de 14 definições. Ultimamente no vocabulário dos brasileiros é a palavra que mais tem sido usada. Uma busca rápida no Google Notícias gera aproximadamente 245 mil resultados para a palavra, quase sempre usada da forma mais pessimista e catastrófico possível. O cientista social Carlos Eduardo de Souza, em entrevista ao O SÃO PAULO, destacou ter certa dificuldade com a palavra crise. Para ele, o País enfrenta um momento conturbado do ponto de vista político e de recessão muito profunda na economia, mas é preciso pensar “no que se fala em termos de crise”. Formado pela PUC-SP, com

mestrado em Ética Social pela Universidade Padre Alberto Hurtado, em Santiago, no Chile, Carlos Eduardo destaca que “a crise é o que abre os olhos para enxergarmos melhor”. Mesmo não sendo, na visão dele, o caso do Brasil, o cientista social destaca que “é quando chegamos ao fundo do poço que conseguimos olhar para frente e ver o que vai ser construído”. Se, deste momento de dificuldade que passa o País, for possível tirar grandes lições “podemos sair melhor disso, mais fortalecidos enquanto povo”, afirmou. Para além do aparente pessimismo que tem deixado os brasileiros com os ânimos mais exaltados, Carlos Eduardo, recordando o antropólogo Darcy Ribeiro, afirma que “é hora de reinventar o Brasil, olhando o que não deu certo, fortalecer aquilo que é riqueza do País como um todo,


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O que significa

ser

rasileiro? Outro mineiro, o André Furtado Lara, 33, critica o momento atual do País e considera que a principal característica está sendo a falta de informação. “Esses dias estavam fazendo uma

campanha contra o trabalho infantil, passou um cidadão pela rua e falou: ‘trabalhar não pode, mas roubar e matar pode!’ Eu fiquei pensando: ‘será que ele não sabe que essa campanha

ventar o Brasil’ enquanto povo, e olhar para frente com alegria e esperança. Fundar um Brasil melhor para as novas gerações”.

A hora de um pacto nacional

Diferente do que se espera, Carlos Eduardo acredita que não haverá um “salvador da pátria” que unirá o País para enfrentar este momento de dificuldade, mas que, na verdade, é um “momento que precisamos, enquanto sociedade, superar sentimentos de ódio, assumir responsabilidades para olhar o futuro e construir um País diferente, um País efetivamente republicano”. Para ele, não haverá um novo Getúlio Vargas ou Tancredo Neves. “É hora de fortalecer outras lideranças, as lideranças comunitárias, as lideranças dos educadores e das associações, para que possam fazer

um grande pacto social no Brasil para buscar saídas. Elas não virão de uma só pessoa e nem de um só lugar”. Ainda assim, é preciso que as grandes figuras públicas, que possuem projeção e alcance nacional, decidam apoiar e fazer parte dessa “refundação do Brasil”. O cientista político acredita ainda que os líderes religiosos têm um papel importante nessa reconstrução. Como exemplo, destacou que o Papa Francisco tem assumido papeis muito importantes, de projeções mundiais. Ao escrever a Evangelii Gaudium, o Pontífice “nos ensina que no momento de ódio, de desesperança, em que se fala tanto de crise, temos que falar da ‘alegria do Evangelho’ e da esperança que o cristão tem que ter de olhar para a vida com alegria”.

é para as crianças que são abusadas com o trabalho forçado? ” E, se a América foi considerado o “continente da esperança”, sobretudo para países europeus após as guerras, há uma tendência de brasileiros desejarem morar fora do País: 70% dos jovens entrevistados para esta reportagem têm ou já tiveram esse desejo, a maior parte pelo sonho de conhecer outras culturas ou aprender novos idiomas.

E aí, somos ou não hospitaleiros? Abrir logo um sorriso, oferecer um café ou até oferecer-se para acompanhar o desconhecido até o destino procurado. Puxar conversa na fila ou no ônibus e tantas outras pequenas atitudes vivenciadas são ou não sinais de uma hospitalidade brasileira? Aurislene Aparecida Santos de Sousa, 30, é jornalista e mora em São Paulo e diz ser muito crítica em relação a isso. “Para mim, hospitaleiro é aquele que hospeda e acolhe por bondade ou caridade e a todos, não somente alguns”, disse à reportagem do O SÃO PAULO. Vimos um Brasil diferente e muito mais dividido, por exemplo, após as últimas eleições presidenciais, como se vivêssemos em uma constante partida de futebol entre

Palmeiras e Corinthians. José Carlos afirmou que as últimas eleições ajudaram a tornar visíveis os preconceitos no Brasil e a desnudar a intolerância de determinados setores sociais em relação à diversidade cultural, étnica, religiosa e política. “Há fatores internos e externos que contribuem para isso. No caso dos fatores externos, não há dúvidas de que o modelo produtivista consumista amplamente adotado por países da Europa e, sobretudo, pelos Estados Unidos da América, têm influenciado mudanças no modo de ser brasileiro. Veja, por exemplo, o aumento do consumo de alimentos em conserva, os famosos enlatados.”

Um país melhor

Se essa análise sociológica critica a instrumentalização do “ser brasileiro”, é importante que ela seja colocada ao lado da afirmação de que a diversidade cultural continua sendo uma das marcas fortes do povo, que representam formas “diferenciadas de organização social e manejo de recursos naturais, valorizando o equilíbrio social, ecológico e ambiental, portanto, uma contribuição valiosa para a humanidade tão fragilizada e violentada”, ressalta José Carlos. Ele também insiste que essa diversidade étnica do povo brasileiro em vez de ser considerada nas suas potencialidades de trocas culturais e aproximação entre os povos, desde a sua formação, é muitas vezes classificada como sendo de ‘terceiro mundo’. Em outras palavras, ao falar em um país melhor, o único critério utilizado não pode ser o do amento do consumo, como se fosse um desejo unânime de todo brasileiro ter um carro do ano ou um guarda-roupa na moda. Para alguns, crescimento pode ser a valorização da sua identidade, seja ela indígena, negra, rural ou urbana. “Somos muito mais que qualquer estereótipo ingênuo. Sabemos de nossos defeitos, percebemos nossas virtudes e vícios. O mais importante, portanto, é o fato de sermos e querermos ser respeitados pelo o que somos, independente de algum tipo de rotulação”, disse Jordana. Para o Sociólogo uma pergunta que fica é: “Temos esse sentimento como nação? Ou, entendemos que apesar do profundo rastro de devastação humana e ambiental, que são consequências do consumismo e da cultura do descarte, há um único ‘sonho de liberdade’?”


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‘Que país é este que mata gente, que a mídia mente e nos consome?’ Luciney Martins/O SÃO PAULO

Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com

Depois da Missa pela Pátria, celebrada na Catedral da Sé e presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, na segunda-feira, 7, (leia mais na página 11), cerca de 300 pessoas se reuniram, mesmo debaixo de chuva, na praça da Sé, para participar do 21º Grito dos Excluídos. Com o tema “Que país é este que mata gente, que a mídia mente e nos consome”, o evento apresentou críticas à forma como as grandes empresas de comunicação retratam os fatos e acontecimentos que envolvem a vida do povo brasileiro, em espacial a dos mais pobres. De acordo com Paulo Pedrini, da Pastoral Operária, o Grito dos Excluídos 2015 trabalhou com três eixos: juventude, violência e extermínio; violência contra a população de rua; e o papel da mídia. Ao falar sobre a população de rua, Paulo destacou a ação de Francisco Erasmo Rodrigues de Lima, morador de rua, que foi assassinado na sexta-feira, 4, nas escadarias da Catedral da Sé (veja mais na página 8), “um excluído, com um gesto de intervir em uma situação onde ele acabou perdendo a vida sem conhecer a pessoa, esse é um ato que nos faz pensar muito. Um excluído, que como os outros que são tratados de uma maneira tão degradante em nossa sociedade, faz um gesto de dar a vida por alguém que nem conhece, isso marca muito no dia de hoje. É difícil dissociar o que aconteceu na sexta-feira com o ato de hoje”. Para o Padre Julio Lancellotti, vigário episcopal para a Pasto-

Mesmo debaixo de chuva, membros de pastorais sociais participam, na praça da Sé, do 21º Grito dos Excluídos

ral o Povo da Rua, a população em situação de rua “é vista como um povo descartado” e que até os próprios movimentos sociais precisam ser “mais popularizados” e olhar o mundo “a partir do olhar dos moradores de rua”.

Por uma mídia mais democrática

No bojo das críticas deste 21º Grito dos Excluídos, as grandes empresas de comunicação não foram poupadas. Padre Julio, por exemplo, destacou que elas procuram “coisificar o sofrimento do povo de rua. É feito espetáculo assim como toda violência e não se olha para toda complexidade humana que existe e também não se dá voz ao grito deles, ao sofrimento deles. Faz parte do esquema de domesticação e de tornar a população de rua um produto de consumo”. Já Paulo destaca que uma das

principais críticas se dá a alguns programas de televisão que “tratam a questão da violência e da desigualdade de uma forma sensacionalista”, além de apoiarem “retrocessos históricos no País”. Para ele, “a mídia tem que ter o papel de informar de fato e ter uma posição democrática”. O vice-coordenador da Pastoral Carcerária da Arquidiocese de São Paulo, Marcelo Naves, relembrou o surgimento do Grito dos Excluídos, nos anos 1990, que ainda hoje está “ligado a forma como o Papa Francisco busca pautar assuntos importantes, principalmente sua relação com os movimentos sociais”. Marcelo recordou o encontro do Papa com os movimentos sociais, no qual o Pontífice defendeu os três “Ts” – terra, teto e trabalho. “Então, trabalho, terra e teto é a pauta que a Igreja assume, que o Papa nos propõe e

que as pastorais sociais também assumem, e neste Grito dos Excluídos a gente coloca como uma discussão importante para o Brasil, para a população pobre poder ter dignidade”. Sobre a grande mídia, Marcelo destacou que “as grandes empresas que monopolizam a informação no País encobrem ou mentem e não mostram os reais conflitos ou contradições que estão em jogo em nossa sociedade”. Sobre a crise que vive a sociedade, Marcelo destacou que essa “viola a vida dos mais pobres, então, o que esperamos é que as medidas governamentais sejam não para favorecer o capital, mas sim para que promovam justamente terra, trabalho e teto para os marginalizados”.

Por vida plena para a juventude

Ao fazer um momento de

mística e oração durante o ato, Franklin Felix, da Rede Ecumênica da Juventude (Reju), pediu para que as pessoas escrevessem em cartolinas o que desejavam para os jovens. Os votos foram os mais variados: “educação”; “saúde”; “trabalho”; “não à redução da idade penal”. Para Franklin é importante que os coletivos religiosos, como a Reju e a Pastoral da Juventude (PJ), ocupem esses espaços, “para mostrarmos para todo mundo em especial para a grande mídia que existem religiosos e religiosas que são contra a violação dos direitos humanos”. “Acreditamos que a vida tem que ser dada em abundância para toda a juventude. Juventude que temos próximo e a juventude que não está tão perto assim, a juventude das periferias e a juventude de dentro de nossa casa. Vida em abundância para toda a juventude”, afirmou Franklin. Participante da PJ na Região Brasilândia, Simone Alves de Araújo destacou que a mídia “reporta os jovens de forma negativa”. Para ela, a Pastoral da Juventude é a favor da vida, por esse motivo se coloca contra a redução da idade penal.

Como surgiu

O Grito dos Excluídos realizado pela Igreja Católica surgiu em 1994 com o objetivo de aprofundar o tema da Campanha da Fraternidade do mesmo ano, que tinha como lema “Eras tu, Senhor”, e responder aos desafios levantados na 2ª Semana Social Brasileira, cujo tema foi “Brasil, alternativas e protagonistas”. Em 1999, o Grito rompeu fronteiras e estendeu-se para as Américas. Luciney Martins/O SÃO PAULO


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Com a Palavra: Ana Carolina Santos Cruz

O desafio é convencer o jovem que ele é importante para a Igreja Luciney Martins/O SÃO PAULO

Daniel Gomes

danielgomes.jornalista@gmail.com

A imagem da jovem brasileira que levou o Papa Francisco aos risos, em 7 de agosto deste ano, foi destaque na imprensa mundial. Estudante de relações públicas e participante, desde os 11 anos, do Movimento Eucarístico Jovem (MEJ) – ramificação juvenil do Apostolado da Oração –, Ana Carolina Santos Cruz, 19, é a atual coordenadora do Movimento na Arquidiocese de São Paulo e atuante na Paróquia São Geraldo, em Perdizes. Nesta entrevista ao O SÃO PAULO, ela conta detalhes de sua participação no encontro mundial, que reuniu 2 mil mejistas em Roma – incluindo 40 brasileiros de oito estados, acompanhados pelo Padre Eliomar Ribeiro, diretor nacional do MEJ e do Apostolado -, o momento de descontração com o Papa e o quanto o episódio tem a ajudado na divulgação do MEJ.

O SÃO PAULO – Como surgiu o convite para falar ao Papa Francisco?

Ana Carolina Santos Cruz - Eu sabia que ia a Roma para comemorar os 100 anos do MEJ e para participar de um encontro com o Papa Francisco. Três dias antes da nossa viagem, o coordenador nacional do MEJ, o Everson Lima, me ligou falando que tinha uma notícia pra me dar. “Senta, se acalma e bebe um copo com água”, ele me disse. Fiz isso. “Se você pudesse fazer uma pergunta para o Papa sobre missão, já que esse é um dos pilares do Movimento, qual você faria?”, me perguntou. E eu disse ao Everson, “perguntaria sobre qual o maior desafio que ele teve como sacerdote em uma missão?”. Nisso, o Everson falou: “tá bom, essa é a pergunta que você vai fazer a ele pessoalmente”. Eu reagi: “O que? Como assim? Você está louco? Faltam só três dias para a viagem?”. Daí ele explicou que os assessores do Papa ligaram, que a gente tinha a oportunidade de fazer uma pergunta e que eu tinha sido uma das seis jovens escolhidas. E eu concordei, como iria dizer não?!

O que você consegue descrever do dia de encontro com o Papa?

Antes da chegada do Papa, tivemos que falar nosso testemunho de vida para os outros participantes. Quando o Papa entrou no auditório, eu comecei a chorar muito. Fui a quarta a ser chamada para falar. Fui, respirei fundo e fiz a pergunta. Depois, subi aquele degrau, que parecia que não acabava nunca [risos], já chorando de

da Igreja e diz pra seus amigos “olha, eu não posso sair com você porque tenho que ir para a Igreja”. As pessoas lhe enxergam como alguém à parte da sociedade. Hoje, o jovem é muito aberto a tudo, e quando num grupinho de amigos há um jovem que é muito católico, praticante mesmo, o pessoal se assusta.

Mas vale apena seguir esse caminho com a Igreja, não?

Eu diria que vale a pena porque permite que você saiba valorizar o amor, e dentro desse amor retribuir para outras pessoas e também viver em comunidade. A comunidade se torna a sua família.

No encontro com os mejistas o Papa disse que tem insistido em pedir aos jovens, “por favor, não se aposentem”. Como você interpreta esse pedido?

emoção. Achei que ia desmaiar. E pensei: “E agora?”. Antes, já tinham me falado pra eu ir até o Papa e só pegar na mão dele. Na hora, então, fui em direção à mão dele, mas ele me puxou e me deu um beijo. Ai comecei a chorar de novo, estava muito nervosa. Entreguei para ele a minha cruz do MEJ e um lenço. Então, perguntou se o presente era pra ele. Depois, se eu era brasileira. Foi quando começou a brincadeira. Eu disse “sim, sou brasileira”. E ele falou: “ah, então uma pergunta. Quem que é melhor: Pelé ou Maradona?”. Pensei, “mas como assim, uma pergunta dessa?” Eu imaginava que ele ia fazer uma pergunta super difícil, vai perguntar algo do movimento que eu não saberei responder, mas ai ele me fez essa e eu falei na hora, “lógico que é o Pelé”. E ai ele veio e me abraçou. Eu achei muito fofo.

Depois desse episódio você ficou muito conhecida e o MEJ também. O que mudou na projeção do Movimento?

Mudou muita coisa. O MEJ tem 100 anos de existência, antigamente era muito forte, mas passou por um esvaziamento até se estabilizar. Então, poucos sabiam o que era o MEJ, até mesmo algumas pessoas do Apostolado da Oração desconheciam. Esse episódio permitiu uma grande visibilidade para o MEJ, o que foi bom, pois em São Paulo e na Região Sul, o movimento enfrenta muitas dificuldades, são poucos os mejistas. Aqui na Arquidiocese, por exemplo, existem só dois grupos, com 60 pessoas no total, mas já estamos trabalhando, articulando com o pessoal do Apostolado da Oração para que se dê continuidade a isso. No Brasil são 6 mil mejistas.

E depois do encontro com o Papa vocês divulgaram mais o Movimento?

Sim! Em toda a reportagem, eu falo a mesma coisa: explico que o Movimento Eucarístico Jovem é uma rede mundial de oração do Papa Francisco, tanto é que sempre temos o oferecimento diário, fazemos a intenção universal do Papa para o mês em que estamos e fazemos evangelização. Sempre reforço isso para as pessoas saberem que a nossa ida a Roma para a reunião com o Papa não foi à toa.

Nunca tinha pensado sobre isso [silêncio]. Acho que ele quer dizer pra gente ser jovem e continuar na caminhada. Pode sair, passear, curtir seus amigos, mas ter a cabeça no lugar, um direcionamento, não ter uma cabeça, assim digamos, sem Cristo.

Que mensagem um mejista deve dar ao mundo?

O mais difícil é as pessoas terem responsabilidade. Hoje, chegamos em uma paróquia, explicamos o que é o Movimento, damos todas as diretrizes, nos colocamos à disposição para ajudar, mas as pessoas não assumem. Ninguém consegue criar um movimento sozinho. Eu não posso estar em todas as paróquias todos os finais de semana. A gente vai, auxilia nos primeiros meses, mas depois os grupos têm que caminhar.

O mejista precisa saber distinguir o que é o amor e o que é algo ruim, levar a missão adiante, divulgando para outras pessoas. Precisa saber olhar para o outro de uma forma diferente e não apenas como mais um. Quando a pessoa tem uma religião, participa sempre, aprende a ter valores, amor ao próximo. Hoje há um individualismo exacerbado na cabeça das pessoas. O MEJ existe para mostrar que não é assim, que a gente tem que viver o amor, o amor à Eucaristia, o amor ao Sagrado Coração de Jesus. Cristo está a mostrar que você tem que ser humilde, viver como ele viveu, e segui-lo sempre.

Em todo o Brasil há essa dificuldade?

Como uma criança ou jovem faz para ingressar no MEJ?

O que é mais desafiador para o trabalho do MEJ na Arquidiocese?

Eu sei que o MEJ é muito forte no Nordeste, caminha legal, mas aqui é mais complicado. Há uma dificuldade de convencer o jovem de que ele é importante para a Igreja e que pode caminhar junto com outras crianças, adolescentes e jovens. O MEJ abrange participantes de 7 a 30 anos aqui no Brasil.

Você está no MEJ há oito anos. As pessoas próximas a você questionam essa opção de ser uma jovem católica atuante?

Eu comecei no MEJ com 11 anos. Ia na Igreja todo fim de semana, no Movimento, no grupo de Coroinha, na Catequese. Ainda sou atuante, embora hoje só focada no MEJ. É “tenso” quando você participa

Primeiro, não existe problema se o jovem ou a criança já estiver na Crisma ou na Catequese. O caminho é falar com as catequistas e o Apostolado da Oração. Procure a presidente do Apostolado de sua paróquia, pois algumas têm contato direto com a gente; ou pode falar direto comigo, que sou a coordenadora arquidiocesana do MEJ, pelo telefone (11) 94944-9822 ou no e-mail mejarquidiocesanosp@hotmail. com. Há também as coordenadoras nas regiões Brasilândia, Belém e Sé.

Pra encerrar uma dúvida: Messi ou Neymar?

[risos] Complicado, hein!? O Neymar é bom, o Messi também. Não sei, viu. Bom mesmo só o Pelé.


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Filipe David

osaopaulo@uol.com.br

Dica de Leitura

Formação

Homens em guerra Publicado anonimamente pela primeira vez em 1917, e inédito no Brasil, “Homens em guerra” é uma das grandes obras-primas da literatura feitas durante a Primeira Guerra Mundial. O livro é composto por seis contos, que trazem um relato pungente, e ao mesmo tempo, poético do horror, da loucura e do absurdo do conflito em curso. Muitas das cenas descritas foram vividas pelo autor, Andreas Latzko (1876-1943), húngaro de expressão alemã, que atuou como oficial do Exército Real do Império Austro-Húngaro. Lançado na Suíça, onde o autor se recuperava de traumatismos sofridos no front, o livro foi traduzido em várias línguas e prontamente censurado nos países envolvidos no conflito. Latzko foi identificado como autor e destituído de

seu posto militar. O livro tornouse um dos principais libelos dos militantes pacifistas na Europa. Sobre a recepção de “Homens em guerra”, o escritor austríaco Stefan Zweig relatou: “Soltamos um grito de alegria: a verdade, acorrentada, tinha rompido suas correntes, suplantou as cem barricadas da censura, foi ouvida no mundo inteiro! Esperamos pelo livro, o livro proibido que os guardas espreitavam vigilantemente nas fronteiras para que não viesse envenenar a mentira tão bem cuidada pelo grande entusiasmo”. Ficha técnica: Autor: Andreas Latzko Páginas: 160 Editora: Carambaia

Divulgação

Ciclo de palestras Santa Generosa

Desde agosto, está sendo realizado um ciclo de palestras na Paróquia Santa Generosa, todas as quintas-feiras. Em cada encontro, um palestrante diferente trata de um tema de sua especialidade. As palestras anteriores trataram de assuntos diversos como: cinema, política, a importância do pensamento aristotélico-tomista, as raízes históricas e filosóficas da ideologia de gênero e a importância da literatura para a formação do imaginário. Na palestra do dia 10, o tema será “Por que ler G. K. Chesterton hoje?” e, no dia 17, Enrico Misasi tratará da questão do aborto e da agenda da cultura da morte. As palestras continuam até o final de outubro e os temas estãos descritos em sua página no Facebook “Ciclo de Palestras Santa Generosa”. As palestras ocorrem na Paróquia Santa Generosa (avenida Bernardino de Campos, 360, próximo ao metrô Paraíso), todas as quintas-feiras. É preciso chegar antes da 20h para entrar.


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Após o apito, muitos gritos flickr.com/clubeatleticomineiro

Associação Nacional dos Árbitros de Futebol garante que reagirá a insultos aos juízes e assistentes, criticados por atuações nos jogos do Brasileirão

‘O bode expiatório é a arbitragem’

Daniel Gomes danielgomes.jornalista@gmail.com

A atenção deveria ser apenas para os 22 jogadores em campo, mas no Brasileirão 2015 também os árbitros têm sido alvo de comentários negativos de atletas, torcedores, dirigentes e da imprensa, por conta de atuações questionáveis. O ápice das críticas aconteceu na 22ª rodada, em quatro jogos realizados em 2 de setembro, quando as arbitragens foram acusadas de interferência direta na vitória do líder Corinthians sobre o Fluminense (um gol do time carioca foi anulado por impedimento), na derrota do Atlético Mineiro para o Atlético Paranaense (um jogador do time mineiro foi expulso por reclamação e os paranaenses venceram com um gol de pênalti polêmico), no triunfo do Cruzeiro sobre a Ponte Preta (o time de Campinas reclamou de um gol anulado e de um pênalti não marcado) e na derrota do Palmeiras para o Goiás (os dois times lamentaram por pênaltis não assinalados e os palmeirenses também protestaram pela anulação de um gol). Em resposta, a CBF afastou, no dia seguinte, o árbitro do jogo entre Ponte Preta e Cruzeiro, Emerson Sobral, e também cinco assistentes (bandeirinhas) que atuaram nas partidas: Elan Vieira, Marlon Rafael, Bruno Cesar, Fábio Pereira e Marcelo

rei com ação civil criminal... Fiquei profundamente ofendido e triste”, desabafou.

árbitro Marcelo de Lima (centro) vai processar ex-presidente do Atlético Mineiro após insultos

Barison. Segundo a Confederação, eles tiveram desempenho abaixo do padrão estabelecido e passarão por treinamentos teóricos e práticos na Escola Nacional de Arbitragem. Ainda na quinta-feira, 3, a Comissão de Arbitragem da CBF, em nota, afirmou que “os árbitros não erram de propósito. Eles dependem das boas atuações para serem mantidos na escala e trabalharem nas próximas rodadas. A Comissão de Arbitragem confia na honestidade de todos eles e não duvida da lisura de suas atuações”.

De reclamações a insultos

Após os jogos, alguns dirigentes questionaram a intencionalidade da arbitragem. Gustavo Bueno, gerente de futebol da Ponte Preta, afirmou que a atuação do árbitro Emerson Sobral na partida contra o Cruzeiro “foi uma piada. Desde o começo do jogo mostrou estar mal intencionado”.

Também o técnico do Palmeiras, Marcelo Oliveira, falou sobre os erros da arbitragem. “Acho que isso não é uma tendência, não podemos levar por esse lado. É mais uma questão de melhor preparação. Existem erros, assim como erramos também, mas muda o rumo do jogo”, analisou. Já Alexandre Kalil, ex-presidente do Atlético Mineiro, pelo Twitter, pôs em questão a imparcialidade do presidente da Comissão Nacional de Arbitragem, Sérgio Correia, “infelizmente você tem camisa” e dirigiu palavrões ao árbitro da partida contra o Atlético Paranaense, Marcelo de Lima Henrique, que só deixou o Estádio Independência, em Belo Horizonte, três horas após o jogo, temendo represálias da torcida. Em entrevista ao site ESPN.com, Marcelo Henrique disse que irá acionar a Justiça contra Kalil. “Vou tomar atitude normal quando uma pessoa ofende a outra. Entra-

Marcelo Henrique deverá ter o respaldo da Associação Nacional dos Árbitros de Futebol (Anaf), conforme informou ao O SÃO PAULO, Marco Antônio Martins, presidente da entidade. Martins considera que os árbitros estão apenas aplicando as regras de futebol “Há quem não esteja concordando. São os querem viver na mentira desse futebol medíocre que a gente tem. Querem arrumar um bode expiatório, e o bode expiatório é a arbitragem”, enfatizou. O Presidente da Anaf garantiu que a entidade não ficará indiferente às ofensas aos árbitros. “Nós não aceitamos ataque à índole da arbitragem, ou coisas parecidas. Erros podem acontecer, tanto do atacante, do zagueiro e a arbitragem nunca vai ser infalível. Ninguém nunca diz que um dirigente contratou um jogador por má índole, para ter algum tipo de vantagem. Em contrapartida, sempre falam da arbitragem”, lamentou.

AGENDA ESPORTIVA Brasileirão de Futebol QUARTA-FEIRA (9) 22h – Corinthians x Grêmio (Arena Corinthians) SÁBADO (12) 21h – Palmeiras x Figueirense (Allianz Parque) DOMINGO (13) 11h – Corinthians x Joinville (Arena Corinthians)


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Brasilândia Movimento Escalada: Igreja jovem presente em todos os lugares Carolina Leandro

sol, e ao final do retiro escalavam uma montanha. Assim nasceu o Escalada.

‘Ser pessoa em clima de oração’

Jovens do Escalada Pirituba durante missa de envio, no dia 30

Renata Moraes

jornalismorenata@gmail.com

“Vocês estão em muitos lugares onde talvez os colegas, os amigos

CENTRO DE FORMAÇÃO IR. RITA CAVENAGHI CNPJ: 01.409.519/0001-90 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ENCERRADO EM DEZEMBRO/14 Renda Operacional Bruta Receitas Convênio Prefeitura Receitas com Donativos Receitas Financeiras Res.Oper.Bruto

R$ 710.248,39 R$ 206.985,28 R$ 13.916,08 R$ 931.149,75

Despesas Operacionais Desp.Recursos Humanos Desp.Financeiras Desp.Manutenção Desp.Adm. Conv.CEI Result. Operacional Líquido Result.do Exercício anterior

R$ (101.789,24) R$ ( 2.945,79) R$ (104.084,17) R$ (686.464,36) R$ (895.283,56) R$ 35.866,19 R$ 245.951,76 R$ 281.817,95

BALANÇO PATRIMONIAL DE 01/01/2014 À 31/12/2014 ATIVO ATIVO CIRCULANTE DISPONIBILIDADES Bancos Conta Movimentos R$ 281.655,63 REALIZÁVEL A CURTO PRAZO Provisão Trabalhista R$ (103.536,24) Total do Ativo Circulante R$ 178.119,39 ATIVO PERMANENTE IMOBILIZADO Imóveis Móveis e Utensílios Máquinas e Equipamentos Depreciação Acumulada Total do Ativo Permanente TOTAL DO ATIVO

R$ 238.489,39 R$ 60.221,07 R$ 11.845,54 R$ (124.236,27) R$ 186.319,73 R$ 364.439,12

PASSIVO PASSIVO CIRCULANTE VALORES À PAGAR A CURTO PRAZO Obrigações com Pessoal Obrigações Sociais Total do Passivo Circulante

R$ 67.119,37 R$ 15.501,80 R$ 82.621,17

PATRIMÔNIO LÍQUIDO RESULTADO ACUMULADO Superávits Acumulados Superávit do Exercício Total Superávits Acumulados

R$ 245.951,76 R$ 35.866,19 R$ 281.817,95

TOTAL DO PASSIVO R$ 364.439,12 Reconhecemos a exatidão do presente BALANÇO PATRIMONIAL, levantado em 31/12/14, que soma a importância de R$ 364.439,12 (Trezentos e Sessenta e Quatro Mil Quatrocentos e Trinta e Nove Reais e Doze Centavos). Bragança Paulista, 31 de Dezembro de 2014. Ir.MARIA AUXILIADORA QUEIROZ MOTTA Presidente LUIZ MARQUES SPERANDIO Contador - CRC 1SP119134/O-5

de vocês, não escutam falar de Jesus. Então, que eles vejam Jesus por meio da vida de vocês. Esse é o sinal da Igreja jovem. Esse é o sinal da Igreja presente em todos os lugares”. Assim expressou Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, durante missa de envio dos jovens do Movimento Escalada Pirituba, em 30 de agosto, na Paróquia Nossa Senhora do Retiro, no Setor Pereira Barreto. Todos os anos, os jovens de Pirituba, junto com os jovens de Alphaville e de Araras (SP) participam do retiro anual do Movimento Escalada, e durante três dias vivenciam uma experiência de encontro pessoal com Cristo. “São jovens de realidades bem diferentes que acabam criando laços de amizade e mostrando que a fé que nos une é mais importante do que diferenças sociais e culturais”, disse Rene Rodrigues, que integra a coordenação do Movimento Escalada, em Pirituba. O movimento foi criado pela Irmã Gilia Eiras, em 1970. Ela reuniu um grupo de jovens de diversas classes sociais, em uma casa de retiro no interior de São Paulo, para viverem um final de semana diferente, em clima de oração. Eles faziam reflexões ao ar livre, em contato com a natureza, contemplando o pôr do

Com o objetivo de despertar o jovem para a Missão de Jesus no meio em que vivem, e a convidá-los a participar da vida em comunidade de suas paróquias e pastorais, o movimento tem como caráter convocar o jovem a “ser pessoa em clima de oração”, em todos os lugares que o jovem estiver, seja em casa, na escola, no trabalho, na Igreja e na sociedade. O encontro fez sucesso, cresceu e se expandiu para Brasília (DF) e Vitória (ES). O roteiro e orientações das atividades e palestras para o encontro de jovens eram passadas por cartas pela Freira. Foi implantado em Salvador (BA), em 1978, e, desde então, passou a espalhar-se por outras cidades do Brasil. No início, não existia uma estrutura de pós-encontro e apenas um único encontro era realizado por ano nas cidades. O Escalada só ganhou a dimensão de movimento em 1988, em Salvador, quando os alpinistas (que é o nome dado às pessoas que já participaram do retiro) resolveram concretizar a organização “pós-escalada”, realizando encontros semanais e após a criação de projetos pastorais.

Movimento Escalada em São Paulo

Apesar de ter surgido em São Paulo, o Movimento encerrou suas atividades temporariamente em 1983. Porém, continuou a atuar nos demais estados. Em 1999, Alberto de Moura Ribeiro, atual conselheiro do Movimento, que participava do Escalada em Salvador, se reuniu com a Irmã Gília e retomaram as atividades com participação de jovens do bairro de Pirituba, Araras, Alphaville e do centro da capital. Atualmente, o Movimento Escalada se divide em localidades, sendo elas: Pirituba (na Paróquia Nossa Senhora do Retiro, na Região Brasilândia), em Araras (na Basílica Menor de Nossa Senhora do Patrocínio) e em Alphaville (na Paróquia Bom Pastor). Na Região Brasilândia, o Escalada evangeliza a 18 anos de excelência nos juventude há 16 serviços prestados anos. Além do retiro anual, os • TRABALHISTA • CIVEL • TRIBUTÁRIO • participantes se 11 – 3883.3131 – www.rribeiro.com.br encontram sema-

nalmente no grupo de jovens e atuam nas pastorais e movimentos da Paróquia Nossa Senhora do Retiro, sobretudo na liturgia e no canto. “No início, os jovens se reuniam apenas para preparar o encontro. Com o tempo, fomos evoluindo. Então, em 2006, com o apoio e a orientação do Padre Reinaldo Torres, então pároco, passamos a nos integrar nas atividades pastorais da Paróquia, Setor e Região. Criamos o grupo de jovens e fortalecemos os vínculos com a comunidade. Essa foi uma transição importante para o Movimento e para a localidade”, relatou Rene Rodrigues.

‘O amor nasce a cada manhã’

Entre os dias 5 a 7 deste mês, 120 jovens das três localidades participaram do retiro anual do Movimento, no Mosteiro de São Bento, em Vinhedo (SP). Dentre esses, 50 são de Pirituba e região. Com o tema “O amor nasce a cada manhã” e acompanhados pelo Padre Reinaldo Torres, pároco da Nossa Senhora do Rosário de Fátima e orientador espiritual do Movimento, e pelo Padre Natanael Pires, pároco da Nossa Senhora do Retiro, os jovens vivenciaram dias de oração, encontro pessoal com Deus, partilhas e amizade. Tiago Vinícius Andrade, 24, da Paróquia São Judas Tadeu, na Vila Miriam, aceitou o convite para participar do retiro depois de muita insistência dos amigos. “Para mim, o retiro foi mágico, fui sem nenhuma expectativa e volto com o sentimento de que preciso evangelizar mais”. Para a coordenação do Movimento em Pirituba, o importante é que a partir do retiro, os jovens comecem a evangelizar outros jovens, para que assumam trabalhos pastorais em suas comunidades “Ser uma porta de entrada para a Igreja. Mostrar ao jovem que ele tem espaço e que a Igreja possui diversos serviços com os quais ele pode se identificar e se dedicar. Nós incentivamos para que o jovem crie essas raízes em sua comunidade”, encerrou Rene Rodrigues. “O retiro espiritual proporciona, além de uma formação católica, uma formação pessoal, um momento no qual a pessoa se olha por dentro e por fora e descobre o que é ser pessoa em clima de oração, e consegue entender o quanto ela deve ser melhor para si mesmo e para os outros a cada dia”, expressou Tomaz Lourenço, também da equipe de coordenação do Movimento Escalada Pirituba.


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Peterson Prates

Colaborador de Comunicação da Região

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Belém

‘Alegrai-vos! No caminho da música há 45 anos’ Entre os dias 29 e 30 de agosto, no Centro Pastoral São José do Belém aconteceu a edição 2015 do encontro de liturgia e canto pastoral, com o tema “Alegrai-vos! No caminho da música há 45 anos”, assessorado pela Irmã Miria Therezinha Kolling, religiosa da Congregação do Imaculado Coração de Maria, com o auxílio da Irmã Idê Maria Cunha, FIC. O encontro, que teve a participação de 150 pessoas, proporcionou a formação litúrgica e a apresentação de novos cantos para celebrações. Foi oportunidade, também, de fazer memória dos 45 anos do caminho musical percorrido pela Irmã Miria, que foi iniciado com a gravação da “Missa da Amizade”, em 1970.

No caminho da música

Gaúcha da cidade de Dois Irmãos, Irmã Miria é pedagoga, musicista e compositora há mais de quatro décadas. Desde cedo, aprendeu a cultivar o amor pela música. Além de compor e cantar – já são 700 cantos e aproximadamente 40 gravações entre LPs e CDs – a Irmã percorre o Brasil ministrando cursos e encontros de liturgia e canto pastoral. Em 2009 e 2012, foi premiada com o troféu “Louvemos ao Senhor”. “Deus me fala através do canto, como ele me fala através da Palavra”, lembra Irmã Miria. “Sou apenas artista, o músico divino, que se serve

Peterson Prates

de nós para se revelar”. Ela acredita que “o canto não é enfeite, simples adorno, mas sim parte integrante da liturgia” Irmã Miria vivenciou as principais mudanças e transformações no campo litúrgico, sobretudo após o Concílio Vaticano II. “Foi um grande impulso à vida litúrgica, ao canto renovado, levando a uma participação ativa do povo nas celebrações. Começamos a entender o canto como parte integrante da liturgia, a assembleia tendo a primazia, todo um povo celebrante”.

A música nas comunidades

Para a Irmã Miria, um dos problemas centrais da música nas comunidades são as “missas-shows”: segundo ela, celebrações onde uma só pessoa canta ou um pequeno grupo, sem a participação da assembleia. A Religiosa também alertou sobre a escolha dos cantos, que devem estar de acordo com o tempo litúrgico. “Para a liturgia não pode ser escolhido um canto qualquer, pois ele é ritual, tem uma razão de estar ali: ajudar a expressar e mergulhar no Mistério da fé”. E sobre os instrumentos musicais, ressaltou: “são sempre bem-vindos, mas, muitas vezes, são colocados acima das vozes, abafando o canto da comunidade. O instrumento não pode abafar a voz do povo, mas tem que apoiar, embelezar, dar ritmo e harmonia ao canto. É a música em função do texto, de

Irmã Miria Kolling durante encontro de canto pastoral na Região Episcopal Belém

modo que eleve o coração a Deus, ajude a rezar, traga um pouco o céu para a terra, antecipando a liturgia celeste”.

A vida pastoral dos músicos católicos

A Irmã motivou que todos os músicos católicos coloquem os dons a serviço da Igreja. “É preciso ter vivência cristã, ser pessoas de oração, buscar formação litúrgica, servir com humildade e competência, e, sobretudo, ter paixão pelo Senhor, pela Igreja, pela liturgia. Conhecer, aprofundar, celebrar com consciência, saboreando o mistério de Cristo celebrado na liturgia e concretizado na prática da vida”.

Na liturgia existe música velha e ultrapassada?

“Deus não se repete, sua Palavra é sempre nova, atual – Hoje não fecheis o vosso coração! Lembro o que dizia Santo Agostinho: ‘É melhor cantar um canto velho com um coração novo do que cantar um canto novo com um coração velho’. No coração novo, aberto, atento a Deus, cada palavra repercute sempre como única, irrepetível, no hoje da vida. O contrário também é verdadeiro”. Para Irmã Miria, o segredo é dosar entre cantos antigos e cantos novos, sempre respeitando o tempo litúrgico, com o cuidado de evitar a rotina de cantar por cantar.

Ipiranga

Elis Facchini e Orlando Luciano da Silva Colaboração especial para a região

A vocação e os desafios da missão no 35º Encontro do Comire “Os missionários querem tornar a Igreja sempre em saída, no espírito de fé, de esperança e caridade, como nos orienta o Papa Francisco”. A avaliação é do Padre Robério Crisóstomo da Silva, missionário da Consolata, que participou do 35º Encontro Estadual do Conselho Missionário Regional (Comire), entre 28 e

30 de agosto, no Centro de Formação Sagrada Família, no Ipiranga. Na atividade, coordenada pelo Conselho Missionário Nacional (Comina), o tema foi “A fé que testemunhamos” e o lema “Vós sereis minhas testemunhas” (At 1,18). Os agentes missionários das 41 dioceses paulistas reuniram-se para

refletir em conjunto sobre a vocação e os desafios a enfrentar nestes tempos com relação à missionaridade. “Parte do nosso carisma é incentivar a vocação missionária de todos os cristãos”, afirmou a Irmã Carolyn Moritz, da Congregação das Irmãs Missionárias Maryknoll, atuante no

Conselho Missionário arquidiocesano (Comiar). O evento contou com oficinas de reflexão, formação com temáticas missionárias, espiritualidade, planejamento e convivência, desenvolvido pelo Padre José Altevir da Silva, da Congregação dos Missionários Espiritanos.

Padre Uilson dos Santos assume Paróquia Santa Teresinha Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, deu posse, na segundafeira, 7, ao Padre Uilson dos Santos, como pároco, para um período de seis anos, da Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus, no Bosque da Saúde. Natural de Pacatuba (SE), Padre Uilson foi ordenado sacerdote em 2007 e atua na Região Ipiranga desde abril de 2008, quando assumiu, como pároco, a Paróquia Santa Cristina, no Parque Bristol. Lá realizou diversos

trabalhos, entre eles, o início da reforma paroquial. Em junho do mesmo ano, Padre Uilson assumiu o Economato da Região Ipiranga, no qual ainda permanece. No início de 2014, assumiu a Paróquia Nossa Senhora de Fátima, no Jardim Maristela, e agora estará à frente da Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus. Durante a missa de posse, Padre Uilson recebeu as chaves da Paróquia, o evangeliário, uma estola roxa, significando o Sacramento da Pe-

nitência e o óleo do Batismo, pelas mãos do Bispo. Dom José Roberto destacou a importância da dedicação do sacerdote em sua missão e agradeceu ao Padre Uilson pelo seu sim e disposição. Padre Uilson pediu que rezem por ele e agradeceu a todos pela presença, em especial aos padres Sérgio Hemkemeier, SCJ; Paulo Siebeneichler, OSJ; Rodrigo Pires Vilela da Silva, que assumirá a Paróquia Nossa Senhora de Fátima, na Vila Guarani, em 20 de setembro.

Leonardo Tókio

Dom José Roberto dá posse a Padre Uilson


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Santana A missão da Igreja não é ser uma ONG e sim evangelizar

Diácono Francisco Gonçalves

Colaborador de comunicação da Região

Diácono Francisco Gonçalves

Doutor Leandro Machado explica sobre plano de contabilidade

“Neste ano, tivemos contato com vários textos do Magistério universal e particular que destacam a necessidade de conversão pastoral, a urgência da missão e a necessidade de ir ao encontro dos afastados. Recentemente, recebemos o texto das novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil e não há referência ao papel do pároco e dos pres-

bíteros em geral. Somente o Documento 100 apresenta alguns elementos da missão do pároco à frente da comunidade paroquial”. O apontamento é de Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, e foi feito no dia 1º, durante encontro na Cúria de Santana, com padres e diáconos que atuam na Região.

O Bispo comentou que o objetivo do encontro era dar atenção à missão do pároco como pastor, testemunha da misericórdia, sujeito dinamizador da missão e animador da conversão pastoral na comunidade paroquial. Tendo por base o Código de Direito Canônico, Dom Sergio evidenciou que não se pode falar somente no poder de jurisdição do pastor, mas deve se pôr em relevo a missão de apascentar. O Bispo destacou alguns pronunciamentos do Papa Francisco a respeito dos temas. Um desses, sobre o sonhar uma Igreja que viva a compaixão de Jesus. Uma Igreja que tenha um coração sem confins, mas não só o coração, também o olhar, a docilidade do olhar de Jesus, que frequentemente é muito mais eloquente do que muitas palavras. Ainda citando os pro-

nunciamentos do Papa, lembrou que os sacerdotes devem tornar-se cada vez mais conscientes de que sua tarefa de governar é um serviço profundamente espiritual e que sejam sinal da proximidade, da bondade, da solidariedade e da misericórdia do Senhor. Porém, essa é uma tarefa também de quantos estão comprometidos nos diversos âmbitos da pastoral. O Bispo, ainda citando Francisco, lembrou que o pastor não é multiplicador de atividades, mas deve estar atento às pessoas e ao seu encontro com Deus; que a Pastoral sem oração nem contemplação nunca poderá alcançar o coração das pessoas, e é o testemunho o início de uma evangelização que atinge o coração e o transforma; e que o grande desafio da Igreja hoje é tornar-se mãe, não uma ONG. A identida-

de da Igreja é evangelizar, ou seja, fazer filhos. É ser acolhedora e terna. “Sair de si não é uma aventura, é um caminho que Deus indicou aos homens... E quando eu saio de mim, encontro Deus e os outros. Ser pastor é ter criatividade, acolhida, oração, paciência, pregação, proximidade, discipulado, perseverança, fé. Não se assuste, pastor. O Senhor, o bom Pastor, está contigo na missão. No planejamento da missão para 2016, não se esqueça de olhar para esses elementos com calma, oração e com o povo”, concluiu Dom Sergio. Também na reunião, os procuradores da Mitra Arquidiocesana, acompanhados do Doutor Leandro da Costa Machado, do departamento jurídico da Arquidiocese, explicaram ao clero detalhes sobre plano de contabilidade.

‘Ministério do Catequista- elementos básicos para a formação’ “Desejo que a exemplo de Jesus, nosso Mestre e Senhor, de sua Mãe, discípula por excelência e exímia catequista, dos apóstolos, dos mártires e dos primeiros cristãos, os catequistas possam exercer o ministério catequético em casa, no trabalho ou em qualquer lugar em que estejam, sobretudo junto aos catequizandos. Desse modo, poderemos mergulhar no mistério de Deus, na vida do seu Filho, vivenciado, celebrado e contemplado na Catequese e na Liturgia, fontes de renovação e transformação da Igreja, tornando-nos autênticos discípulosmissionários a serviço da vida e da esperança do povo de Deus para o qual somos enviados em missão”.

Assim expressou-se o Padre Humberto Robson de Carvalho, que recentemente lançou o livro “Ministério do Catequista- elementos básicos para a formação”, editado pela Paulus Editora. Segundo o autor, a formação dos cristãos, particularmente dos catequistas, é e será sempre uma dimensão indispensável para o processo de evangelização da Igreja, e o livro busca ensinar a doutrina e levar a uma experiência vital do Mistério de Cristo. O conteúdo do livro está organizado em quatro partes, contendo 12 temas. Inicia-se com a pessoa de Jesus Cristo como Filho de Deus feito

Diácono Francisco Gonçalves

Padre lança livro sobre a Catequese

homem, morto e ressuscitado, catequista e centro da Catequese; enaltece a relação da Catequese com a Liturgia como “duas irmãs gêmeas” insepará-

veis; aprecia a iniciação à vida cristã como processo pelo qual alguém é incorporado ao mistério pascal de Jesus Cristo; mostra um pouco da história da Igreja e da Catequese, salienta a importância do Concílio Vaticano II para a Igreja; e apresenta um breve resumo dos documentos, decretos e declarações. Padre Humberto é pároco da Paróquia Nossa Senhora dos Prazeres e Mestre em Educação, especialista em Catequese, Espiritualidade e Liturgia, e coordenador dos cursos de pós-graduação em Catequese e Espiritualidade no Centro Universitário Salesiano de São Paulo (UNISALPio XI).

Diácono Francisco Gonçalves

Giusepe D’Aleo

Diácono Francisco Gonçalves

A Paróquia Santa Zita e Nossa Senhora do Caminho acolheu, em 30 de agosto, Dom Sergio de Deus Borges, que ministrou o sacramento da Crisma para 17 crismandos. A missa foi concelebrada pelo pároco, Padre Marcel Joseph Leopoldo Martineau, e acolitada pelo diácono permanente Gilson Crema.

Aconteceu, em 29 de agosto, na Paróquia São Luiz Gonzaga do Jaçanã, a formação de 27 agentes da Pastoral da Saúde paroquial. O encontro teve a orientação espiritual do Padre Benedito Hercules Daniel, pároco, assessorado pela equipe da Pastoral da Saúde.

Dom Sergio de Deus Borges celebrou na sexta-feira, 4, na Capela São José, da Cúria de Santana, missa em ação de graças por seu aniversário natalício. Após a celebração, o Bispo e o Padre Antonio Moura, administrador regional, se reuniram com os funcionários para discussão dos trabalhos na Cúria.


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Fernando Geronazzo

Colaborador de Comunicação da Região

‘Lugar onde se irradie o consolo de Deus para os aflitos’ O arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, presidiu, no domingo, 6, missa solene na Paróquia Nossa Senhora da Consolação, no centro, na festa da Padroeira. Na ocasião, o Cardeal reforçou que a igreja histórica da capital paulista deve continuar sendo um “lugar onde se irradie o consolo de Deus para os aflitos”. A festa da Padroeira – geralmente celebrada no segundo domingo de agosto, nas proximidades da festa da natividade de Nossa Senhora, dia 8 – começou com uma novena preparatória entre os dias 28 de agosto e 5 de setembro. Também no domingo, houve mais duas celebrações, uma delas presidida por Dom Carlos Lema Garcia, bispo auxiliar de São Paulo e vigário episcopal para a Educação e a Universidade, se-

Fernando Geronazzo

guida de procissão pelas ruas com a imagem da Padroeira.

Testemunha na cidade

Dom Odilo, na homilia, destacou que a Paróquia é significativa no centro da cidade, e até já foi pró-catedral da Arquidiocese, entre 1999 e 2002, no período no qual a Catedral da Sé esteve fechada para restauro. O Cardeal também manifestou alegria e satisfação ao ver que a Igreja continua sendo cuidada, os restauros estão sendo feitos. “De fato, essa é uma igreja que merece todos os cuidados, pois tem preciosidades artísticas e culturais”, disse, acrescentando que o templo é um testemunho, é um sinal daquilo que cremos. “Nossas igrejas nos centros das cidades, nas periferias, nos bairros, devem ser testemunhas da fé que nós professamos, da presença da

Cardeal Scherer preside missa da festa da padroeira na Paróquia Nossa Senhora da Consolação, dia 6

Igreja na comunidade de fé. Onde estão as comunidades católicas convém que esse testemunho fale, apareça na cidade, seja um sinal daquilo que afirmamos: Deus está com este povo também, Deus não abandonou esta ci-

dade, habita no meio de nós”, salientou o Arcebispo. Padre José Roberto Pereira, pároco, ao final da celebração, reafirmou o compromisso da Paróquia em ser presença consoladora no centro da cidade. “Somos

Etapa paroquial da Assembleia da Região Sé será concluída até o dia 13 Centro de Pastoral da Região Sé

Assembleias paroquiais e setoriais levarão em conta urgências da ação evangelizadora assumidas na Assembleia Regional de 2014

A Região Episcopal Sé iniciou o processo de preparação para a Assembleia Regional da Pastoral, que será em 24 de outubro. A primeira etapa acontece nas assembleias paroquiais, que devem ser realizadas até 13 de setembro. “A realização de uma assembleia é ocasião propícia para: reunir o povo, especialmente suas lideranças; celebrar a caminhada que se está fazendo; renovar a esperança, olhando para o futuro, assumindo novos compromissos e, também, retomando aqueles que precisam ser continuados; dar unidade à Paróquia, gerando maior comunhão entre as lideranças e os grupos;

favorecer o conhecimento pessoal, o entrosamento e o sentido de pertença eclesial”, destaca a carta enviada a todas as paróquias pelo Centro Regional de Pastoral. As assembleias em nível paroquial acontecem com a participação das coordenações das pastorais e movimentos eclesiais. Desses, serão escolhidos os que participarão das assembleias setoriais, segunda etapa do processo, a ser feito até 11 de outubro. Em sintonia com a estrutura do projeto de evangelização proposto pelo 11º Plano de Pastoral da Arquidiocese, nas assembleias paroquiais e setoriais serão avaliadas as urgên-

cias da ação evangelizadora a partir do que foi assumido na Assembleia Regional de 2014 – “Igreja: Casa da Iniciação à Vida Cristã” e “Igreja em estado permanente de missão”. Os setores deverão enviar ao Secretariado de Pastoral da Região Episcopal Sé o relatório de suas assembleias até o dia 15 de outubro, para que seja preparada a Assembleia Regional de Pastoral, em 24 de outubro, das 8h às 12h, na Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora (rua Três Rios, 75, Bom Retiro). Esse processo culminará na Assembleia Arquidiocesana de Pastoral, prevista para 7 de novembro.

uma paróquia que tem 28 missas ao longo da semana, 38 pastorais ativas no centro de São Paulo. Temos nos empenhado muito para, como o senhor, Dom Odilo, nos costuma dizer, sermos ‘consoladores’”.

Seminário de Cultura Beneditina O Mosteiro de São Bento (largo São Bento) realiza, de 17 a 19, o I Seminário de Cultura Beneditina. O primeiro dia do evento contará com uma Oficina da Música Barroca da Escola Municipal de Música de São Paulo. No dia 18, haverá conferências sobre os seguintes temas: “Os arquivos monásticos como memória da fé”; “O valioso trabalho do bibliotecário beneditino”; “Cultura das letras e vida monástica”; Ciência histórica do monarquismo beneditino”; “As bibliotecas beneditinas do Brasil: Diagnóstico”; “A função de catarse do canto cristão”; e “Vida Consagrada: um desafio”. No dia 19, os temas das conferências serão: “O sentido da vida monástica hoje na Igreja”; “As paixões de um monge: o caminho espiritual de Dom Abade Joaquim de Arruda Zamith”; “A presença beneditina em Portugal e no Brasil (séculos XVI-XIX)”; “A preservação do patrimônio sacro-beneditino paulistano”; “Presença monástica brasileira na Dinamarca”; “Uma reflexão sobre o sentido da escuta segundo o método counseling”; “Meio ambiente e religiosidade” e “Liturgia e espiritualidade beneditina no contexto atual”. Outras informações sobre a atividade pelo telefone (11) 3326-8796.


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Lapa

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Benigno Naveira

Colaborador de comunicação da Região

Na zona Oeste, Paróquia Santo Estevão Rei assume missas em condomínio Benigno Naveira

Padre Donizete ladeado por fiéis e por Dom Robson assume atividades pastorais da Comunidade Nossa Senhora Aparecida

No condomínio Portal dos Bandeirantes (avenida Raimundo Pereira de Magalhães, 1.720, na Vila Anastácio), está instalada a Comunidade Nossa Senhora Aparecida, que fica na área de abrangência da Paróquia Nossa Senhora da As-

sunção, do Setor Pastoral Pirituba. Por duas décadas, os monges da Congregação Beneditina Valombrosana da Ordem de São Bento (OSB) animaram a vida pastoral da Comunidade, que era conduzida pela Paróquia. Após um acordo en-

tre Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, e Dom Robson Medeiros, prior do mosteiro dos beneditinos, instalado no bairro de Pirituba, a Paróquia Santo Estevão Rei assumiu a Comunidade.

Fiéis na companhia da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima Padre Raimundo Rosimar Vieira da Silva

Por conta disso, no domingo, 6, o Padre Donizete José Xavier, pároco da Santo Estevão Rei, presidiu a primeira missa na Comunidade, concelebrada por Dom Robson, que saudou o novo pároco e desejou sucesso no trabalho de evangelização. À reportagem da Pascom Lapa, Dom Robson esclareceu que até abril de 1991, a Comunidade esteve sob os cuidados da Região Lapa, mas que passou a ser administrada pelos beneditinos valombrosanos a pedido de Dom Fernando José Penteado, à época bispo auxiliar na Região Lapa. Padre Donizete, durante a missa, ao refletir sobre o Evangelho do dia (Mc 7, 31-37), que narra as curas que Jesus fez a um cego, a um mudo e a um surdo, lembrou que muitas vezes os cristãos agem como surdos, cegos e mudos diante da Palavra de Deus, não enaltecendo a presença divina no dia a dia. Ao final, agradeceu pela acolhida e foi homenageado pelos fiéis.

Paulo Benedito dos Santos

Padre Raimundo Rosimar Vieira da silva Colaboração especial para a Região

Fiéis com a imagem de Nossa Senhora de Fátima

A imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima foi acolhida na Paróquia São João Maria Vianney na quinta-feira, 3, após ser transladada em uma carreata, conduzida pelo Padre Hélio Vigo, que partiu da Capela Rainha dos Apóstolos e passou próxima ao Hospital Metropolitano e por outras ruas da Vila Romana, na zona Oeste. Até a sexta-feira, 4, a imagem permaneceu na Paróquia e foi venerada pelos fiéis. As peregrinações da imagem de Fátima começaram em 1945, pouco depois do final da Segunda Guerra Mundial, quando um pároco de Berlim propôs que uma imagem de Nossa Senhora de Fátima percorresse todas as capitais e as cidades episcopais da Europa até à fronteira da Rússia. A ideia foi retomada em abril de 1946 por um representante de Luxemburgo no Conselho Internacional da Juventude Católica Feminina e, no ano seguinte, no mesmo dia da sua coroação, teve início a primeira viagem. Hoje, há muitas imagens peregrinas e a devoção se espalhou por vários países, incluindo o Brasil.

PARABÉNS, DONA ROSA – No domingo, 6, a Região Lapa antecipou as comemorações pelos 80 anos da senhora Teruco Oshiro Akamine, a Dona Rosa, mãe do bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, Dom Julio Endi Akamine. Ela aniversaria na quarta-feira, 9. A data foi comemorada com missa de ação de graças na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, seguida de almoço festivo, que contou com a presença do Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, além de amigos e familiares da aniversariante. Dona Rosa constantemente acompanha o filho nas atividades pastorais e o Bispo sempre fala do apoio e dos conselhos que recebeu de sua mãe, em especial quando lhe disse: “Filho, lembre-se: quanto mais você sobe na árvore, mais fino é o tronco e mais forte é o vento”.


www.arquisp.org.br | 9 a 15 de setembro de 2015

Nostra Aetate: 50 anos do diálogo entre católicos e judeus Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

| Reportagem | 23

Perspectivas do Concílio Ecumênico Vaticano II A Declaração Nostra Aetate marca uma importante mudança de orientação no relacionamento entre católicos e judeus. Ela foi promulgada no final do Concílio Vaticano II, em 28 de novembro de 1965, com uma votação quase unânime, ou seja, com 2.221 votos favoráveis, 88 votos contrários e três votos nulos e promulgada pelo Papa Paulo VI. As principais perspectivas do Concílio:

Cardeal Scherer e autoridades civis e religiosas acompanham palestra do Cardeal Kurt Koch, no teatro da PUC-SP, na quarta-feira, dia 2

Fernando Geronazzo e Nayá Fernandes osaopaulo@uol.com.br

As comunidades católica e judaica se reuniram na noite de quarta-feira, 2, no Teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (Tuca), para a cerimônia de comemoração dos 50 anos da declaração Nostra Aetate (Nossa Época), do Concílio Ecumênico Vaticano II, sobre a Igreja e as religiões não cristãs, que abriu caminhos para o diálogo inter-religioso entre católicos e demais religiões. Organizado pela Arquidiocese de São Paulo e a Confederação Israelita do Brasil (Conib), o evento contou com a presença do Cardeal Kurt Koch, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos e da Comissão para as Relações Religiosas com os Judeus. Também participaram autoridades civis e religiosas, entre elas, o arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, o presidente da Conib, Fernando Lottenberg, e o Rabino da Congregação Israelita Paulista, Michel Schlesinger. Logo no início da cerimônia, o ator Odilon Wagner fez a leitura do quarto capítulo da declaração conciliar promulgada pelo Papa Paulo VI em 28 de novembro de 1965. “Sendo assim tão grande o patrimônio espiritual comum aos

cristãos e aos judeus, este sagrado Concílio quer fomentar e recomendar entre eles o mútuo conhecimento e estima.” O Cardeal Kurt Koch que ocupou-se, desde sua juventude, com o tema do ecumenismo e foi nomeado, em 2010, presidente do Pontifício Conselho, iniciou a conferência destacando que a Nostra Aetate marca uma importante mudança de orientação no relacionamento entre católicos e judeus. Para ele, a Declaração não perdeu em atualidade e “serve ainda hoje e no futuro como uma útil bússola na reconciliação entre cristãos e judeus” (veja ao lado trechos da Conferência).

Convergências entre judeus e cristãos

O Rabino Michel Schlesinger afirmou que considera São João XXIII um visionário que “conseguiu transformar 2 mil anos de desconfiança e perseguição em 50 anos de respeito, diálogo e compreensão”. Ele explicou que, inspirada pela Declaração Conciliar, a comunidade judaica também sentiu um dever de que se delineasse as relações entre cristãos e judeus. Assinado por mais de 200 rabinos e intelectuais, o documento Dabru Emet (Digam a verdade) foi publicado pela primeira vez no jornal The New York Times, em 2000.

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Na manhã do dia 2, aconteceu um evento no campus Ipiranga da PUC-SP sobre os 50 anos da Declaração Conciliar Nostra Aetate e o diálogo ecumênico e inter-religioso. O Cardeal Kurt Koch fez a conferência principal e houve participação de outros líderes religiosos, como Padre Valeriano dos Santos, diretor da Faculdade de Teologia; Dom Francisco Biasin, bispo de Barra do Piraí-Volta Redonda (RJ); Dom Damaskinos Mansour, arcebispo da Igreja Católica Antioquina; e o Rabino Yonatan Szewkis, da comunidade judaica Shalom.

“Este documento afirma, por um lado, a existência de diferenças teológicas importantes entre as duas religiões, mas, por outro, destaca pontos de convergência e legitima o Cristianismo a partir de uma perspectiva judaica. Nós éramos os únicos monoteístas até a chegada do Cristianismo, e a crença em um único Deus deve ser, por si só, um fato de aproximação e respeito.” O texto judaico também enfatiza que o nazismo não é um fenômeno cristão, “não é uma consequência inevitável do Cristianismo, embora tenha se aproveitado de uma longa história de violência e antijudaísmo cristãos”, ressaltou o Rabino. Para o presidente da Conib, Fernando Lottenberg, a cerimônia foi o ponto alto na história do diálogo entre católicos e judeus no Brasil. “A Nostra Aetate estimulou essa aproximação inédita e abriu o campo também para, menos de 30 anos depois, o Vaticano estabelecer relações diplomáticas com o Estado de Israel”. Ele afirmou que o extremismo religioso supostamente em nome de Deus procura tomar a cena e ocupar espaço em diversas regiões do globo. “Festejar essa Declaração significa rechaçar toda forma de fanatismo e reafirmar o compromisso da comunidade judaica brasileira com o pluralismo”.

Afirmação conjunta dos direitos humanos

Para o Arcebispo de São Paulo “quis o Concílio que o diálogo orientasse a própria vida interna da Igreja, suas relações com as outras igrejas cristãs, com as religiões não cristãs, em particular com o Judaísmo, mas diálogo também com o mundo, as culturas, a ciência e a arte”. “O Concílio apontou para novas atitudes que deveriam orientar os cristãos na sua relação com os judeus. Em São Paulo, graças a Deus, o diálogo católico-judaico desenvolveu-se de maneira particular por meio da afirmação e da defesa conjunta da dignidade humana e dos direitos da pessoa em tempos particularmente difíceis da vida nacional, da repressão política”, acrescentou Dom Odilo.

* Condenação teológica do antissemitismo – É impossível ser, ao mesmo tempo, cristão e antissemita. A Igreja “lamenta os ódios, as perseguições, as manifestações antissemitas, em qualquer tempo e por qualquer pessoa”. Um dos principais motivos que levou à elaboração da Nostra Aetate se encontra no processo histórico da assimilação da Shoah, planejada pelos nazistas, semelhante a um processo industrial, como genocídio dos judeus europeus. A Declaração foi preparada por outros acontecimentos, principalmente pela Emergency Conference of Antisemitism (Conferência de Emergência do Antissemitismo). * O estudo do antijudaísmo cristão – Nesta Declaração, as manifestações de ódio e antissemitismo não foram descartadas por razões políticas, mas por amor ao Evangelho. A Igreja, em sua própria história, se vê aqui confrontada com uma grande dívida. Ela quer superar essa dívida enquanto põe numa luz positiva o que, no passado, foi avaliado apenas negativamente. Percebe-se o esforço do Concílio de esclarecer, de forma crítica e construtiva, a história da relação entre Cristianismo e Judaísmo. * Retorno à consciência de se ter uma herança espiritual comum – O Concílio visa superar as culpas num horizonte teológico, ou, de acordo com a Nostra Aetate: “consciente da herança que ela, ou seja, a Igreja tem em comum com os judeus”. No que diz respeito às raízes judaicas da fé cristã, a Declaração se refere explicitamente à imagem paulina da “boa oliveira, na qual os gentios foram enxertados como brotos de uma oliveira silvestre”, a fim de lembrar que a Igreja recebeu a revelação do Antigo Testamento do povo com quem Deus tinha realizado a antiga aliança. * Relação única entre judeus e cristãos na História da Salvação – A importância dessa fundamentação histórico-salvífica para o Concílio se descobre, quando se observa que ela foi incorporada também em outros textos importantes do Concílio. Com esse fundamento, a Declaração Nostra Aetate expressa que a Igreja possui com o Judaísmo um relacionamento único e exclusivo como com nenhuma outra religião. * Serviço mútuo à fé do outro – A diferença mais elementar entre o Judaísmo e o Cristianismo se refere à questão da salvação do mundo e no mundo. Com isso, é destacado o específico do Cristianismo, o qual, baseando-se no evento de Cristo, é convencido de que, em meio a um mundo ainda não reconciliado e não salvo, o amor de Deus já está presente, na pessoa de Jesus Cristo. Se Judaísmo e Cristianismo ficarem fiéis às suas respectivas convicções de fé e se respeitarem mutuamente nisso, sendo que assim se desafiam, eles podem prestar este serviço à fé do outro. Leia a íntegra da conferência do Cardeal Koch no site da Arquidiocese de São Paulo (www.arquisp.org.br).


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9 a 15 de setembro de 2015 | www.arquisp.org.br


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